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Uma breve instrução essencial (Upadesha),

a instrução oral da Dakini Dorje Palgyidronma.

Homenagem a Palgyidronma, a Rainha das Dakinis,


Que está completamente preenchida pelo néctar da grande felicidade da união,
De modo que ela revela sua forma em várias manifestações ilusórias dentro do Dharmadhatu
que é puro desde o início e livre de todas as elaborações conceituais.
A raiz de tudo que pertence ao Samsara, que é a existência condicionada, e ao Nirvana, que é a paz
suprema, pode ser encontrada em sua própria mente. No entanto, se você examinar essa mente, o
que é que está lá para ser alcançado na realidade?

No entanto, entre todos os seres sencientes que nascem e partem novamente, não há nem mesmo um
deles que não seja permeado pela natureza búdica, que é a Base.

Todavia, devido aos movimentos dos ventos cármicos, que na realidade são pensamentos delusórios
desprovidos de lucidez, todos os seres se entrelaçam na teia dos apegos dualistas e assim surge a
causa de perambularem indefinidamente no Samsara.

Mas a Bodhichitta, a essência que é a Base Primordial, ou, em outras palavras, a natureza da mente
que é ela própria a condição natural da mente, desde o início jamais foi criada por nenhuma causa,
boa ou ruim. E, assim, é auto-originada.

No Caminho, não há prática de meditação porque (a natureza da mente) é auto-liberadora. E não há


realização do Fruto porque é perfeita desde o princípio.

É inexprimível em palavras porque transcende todas as características definíveis. E não pode ser
analisada pelo pensamento e pelo raciocínio, porque transcende totalmente o intelecto.
Completamente além de todas as elaborações conceituais em termos dos oito extremos, é total
lucidez vazia.

Uma vez que ela permanece tranquila no estado da Clara Luz natural, tudo é liberado em sua
própria condição.

No entanto, como num sonho, você é levada à "cidade" do Samsara pelas ilusões criadas por vários
pensamentos discursivos. Por outro lado, quando você olha para a natureza deles (como esses
pensamentos surgem), devido ao fato de que eles são na realidade vazios, o que é chamado "Estado
de Buda" nada mais é do que o modo de existência de sua própria disposição inerente. Assim, o que
há então para procurar?

Nem mesmo os fenômenos ativos são capazes de mudar ou alterar essa condição natural, que é a
verdadeira disposição da Base. Se você for capaz de permanecer na auto-ocorrência dessa natural
condição, apenas deixando assim, surgirá um estado de integração.

No entanto, por outro lado, se você confiar em antídotos para estes (pensamentos que surgem),
então esses antídotos mesmos se tornarão como enganos e obstruções. Assim, você não deve buscar
por antídotos.

Mesmo que pensamentos discursivos, que podem ser bons ou ruins, surjam, você deve permitir que
eles permaneçam com uma lucidez brilhante em sua própria condição, sem tentar fabricar ou
adulterar qualquer coisa. Se você continuar nesse estado que é apenas clareza e apenas presença,
então surgirá a capacidade de liberar multidões de pensamentos em sua própria condição.
Prolongando e continuando neste estado exatamente como é, sem qualquer meditação, à medida que
se torna estável e familiarizado, as paixões (suas emoções negativas conflituosas) tornam-se
gradualmente reduzidas.

Quanto a continuidade neste estado: Assim como é necessário esticar corretamente as cordas (de um
instrumento musical) para um som agradável, portanto, em um estado em que a tensão seja
adequadamente relaxada, você deve continuar em sua condição de atenção plena sem se distrair.

Além disso, praticando uma meditação que emprega um processo de análise, você certamente não
alcançará o estado búdico. Pelo contrário, despojando-se a uma lucidez nua e crua no instante em
que surge um pensamento, você pode continuar na translucência radiante desse estado de
consciência primordial.

Dizem que isso é como a própria raiz da vitalidade da prática.

De fato, existem várias pessoas que fazem suposições e pretendem explicar que todos fenômenos
são vazios. Mas a lucidez vazia nascida espontaneamente, que é revelada no momento da iniciação
é, de fato, a consciência imediata (falada aqui) que transcende toda análise intelectual.

A liberação através da plena atenção (aos pensamentos que surgem) é a essência do momento
presente. Apenas deixar-se estar lá, sem tentar fabricar ou modificar nada, é o estado da Grande
Perfeição.

Ademais, nem sequer existe aqui algum sistema para selar as coisas com a vacuidade. Em termos
dessa presença ou lucidez intrínseca, não há nada sobre o qual você deve se fixar no espaço.

Não importa o que quer que possa surgir (na mente ou nos sentidos), ainda haverá uma presença ou
consciência que transcende diretamente a própria experiência.

Você deve entender que isso é a essência de todas as instruções essenciais (Upadesha).

Assim ela falou.

Traduzido por Maria Simmons e John Myrdhin Reynolds

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