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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

ROTTEN: EP. 04 RAPOSA NO GALINHEIRO

Disciplina: É
Professora: Ana Paula Perrota
Acadêmicos: Anne Kely Gonçalves
Ignacio, Silena Marci Rocha Tavares
e Valeska Cardozo Batista

Três Rios/ RJ
NOVEMBRO/2021
RESUMO

Obra: ROTTEN

Categoria: Documentário / Seriado – Episódio 4 – Raposa no Galinheiro

Produtor: Netflix /2019

Rotten, podre em português, é um documentário seriado, que pode ser visto

através da Netflix. Tratativas investigativas trazem à tona diversas informações críticas

quanto aos processos produtivos e de comercialização de diversos alimentos, considerando

suas inconsistências nas cadeias produtivas, mercado financeiro, monopólio entre outros.

Nosso grupo resume neste trabalho o episódio 4 – Raposa no Galinheiro. Por se

tratar de um episódio que retrata monopólio, corrupção política e um tipo de maltrato animal,

eticamente se torna de grande relevância.

Quando comemos um simples pedaço de frango, o que há de oculto em tudo

que acontece para que ele chegue ali em perfeitas condições de consumo e ainda como uma

das proteínas mais acessíveis e barata? Este episódio começa voltado para o mercado de aves

no Estados Unidos, com a história da Pilgrim’s Pride, uma das maiores manipuladoras de

frangos, que crescia exponencialmente rumo a ser a maior do mercado, o que ocorre com a

compra da Gold Kist. Girando em torno do depoimento de dois granjeiros ou criadores

“integralizados” à Pilgrin’s, expondo as práticas abusivas por parte dessa grande empresa, que

vão desde contratos que contemplam vantagens apenas uma das partes, neste caso os da

Empresa contratante, culminando em formação de monopólio e corrupção.

A criação dos frangos, é trabalhosa e requer 100% de comprometimento do

tratador 24hs por dia, o que envolve muito trabalho, custos e mão de obra, com pouca

vantagem financeira e apoio da contratante. As empresas lucram mais com a manipulação do

animal, abate, recorte e distribuição. Os criadores recebem os animais e sua cota de ração. A
luz, a temperatura ideal, água, ambiente apropriado e limpeza dos galpões é de

responsabilidade exclusiva do criador. O documentário informa que o criador recebe 0,37$

por kg, enquanto a empresa vende por 7,00$. Apesar desse enorme problema, estes criadores

sofrem ainda mais um revés ao serem vítimas de um crime único, supostamente um criador

descontente e desligado da empresa, sabota os 8 galpões matando cerca de 120.000 aves,

trazendo prejuízos incalculáveis.

Durante alguns minutos é possível compreender que não importa o que

aconteça no processo de produção, as empresas abatedoras não interferem de modo algum

nesse processo, com fins de apoio aos criadores.

A Pilgrin’s, seguindo seu alvo de ser a maior do mercado, foi comprando

várias empresas e agregando estes milhares de criadores. Com a crise de 2007 essa empresa

não subsiste e vai a falência, vendendo em 2009, seus ativos a JBS, empresa brasileira que já

despontava como uma potência em produção e distribuição de proteína. A JBS utiliza 2.5

bilhões emprestados pelo BNDES, para este negócio e a partir daí começa a crescer cada vez

mais no mercado mundial, tendo empresas em todos os continentes e sendo proprietários de 3

das 10 maiores empresas do mundo. Todo este monopólio brasileiro, que deveria ser

regulamentado pelo CADES, passa tranquilamente pelas barreiras legais e traz instabilidade

ao mercado mundial.

A JBS foi a maior doadora em 2014, para campanhas políticas no Brasil,

contribuindo com 400 milhões de reais, o que a coloca num lugar confortável para processar

seus ousados planos comerciais. Sentindo que os principais aliados eram alvos de prisão e

investigação, os irmãos Joesley e Wesley gravam uma conversa suspeita com o então

presidente com a intenção de se blindarem. Fortes reações populares, com protestos contra a

corrupção culminam com a descoberta do envolvimento da JBS em esquema de propina. Com

todo este evento, os irmãos aproveitam para um ganho financeiro astronômico, valendo-se da

queda da bolsa, o que culminou na prisão de ambos em setembro de 2017, acusados de


manipulação do mercado. Em acordo de delação premiada, os irmãos são soltos, mas a

companhia sofre entre outras, crise de imagem e começou a vender ativos por todo o mundo.

A queda da JBS mostra que a busca por um crescimento rápido traz

consequências incalculáveis.

CONCLUSÃO

Este episódio permite um olhar mais investigativo e reflexivo sobre o quanto

de fato custa nossa alimentação. Aqui falamos de frangos, mas poderia tratar-se de diversos

segmentos de nossa alimentação. A amplitude de questões a serem discutidas eticamente só

vai se estendendo na medida que a investigação se afunila.

O Brasil devido ao seu solo fértil, e apesar de boa parte da população ainda

passar fome, é um dos países que mais desperdiça comida no mundo. De acordo com o site

www.verakis.com: “O Brasil é um dos 10 países que mais desperdiçam alimentos no mundo,

segundo dados da  Food and Agriculture Organization the United Nations

(2015), desperdiçando cerca de 35% da sua produção anualmente. “Afirma ainda que cada

brasileiro desperdiça em média 41,6kg de comida por ano.” É uma quantidade absurda de

alimento! Saber o verdadeiro custo do alimento pode nos levar a uma consciência e proceder

mais respeitoso. Não se trata de racionamento, mas uso racional do alimento disponibilizado.

O episódio, resumidamente nos torna responsáveis em trazer a realidade

pessoal entre muitos, os temas abaixo:

- O animal doa a vida para nos permitir viver através do alimento. Ele deveria ser tratado

dignamente. O seu valor deveria ir além do preço fixado no açougue.

- As empresas tratam estes animais com desumanidade, por um motivo: Leis que as

favorecem.
- As empresas tratam os criadores com desumanidade e total abstenção de responsabilidade,

isto também devido à falta de legitima fiscalização destes contratos arbitrários e novamente

Leis que as favorecem.

- As empresas têm acesso a dinheiro publico para crescer e dominar um mercado que tem

sistemas de negócios ilegais. Órgãos públicos são viciados e corrompidos.

- Como administradores, que mudanças podemos fazer, que gere empregos, lucros e uma

cadeia de produção positiva do ponto de vista ético?

Concluímos que não importa o que conhecemos, sempre existem mais

descobertas a serem feitas e novas formas de enxergar o mundo e mudá-lo para melhor. Ainda

ontem nos orgulhávamos de termos em nosso país uma empresa tão bem-sucedida

mundialmente como a JBS. Hoje esta empresa depois de um grande revés se reergue, e com

tantos olhares sobre ela tem a chance de reescrever sua história.

A escravidão no Brasil demorou a ser extinta devido a interesses comerciais.

Hoje vemos todo o mal que isso gerou em nossa nação. Não há preço que pague! Da mesma

forma, ao vermos as mudanças que devem ser feitas hoje, precisamos lembrar que os

interesses dificilmente estão certos. Assim como nos episódios de Rotten e até mesmo nas

situações mais relevantes da história os “interesses” eram de fato a única coisa que podiam e

deviam ser flexibilizados. A vida de um humano ou de um animal não pode ser flexibilizada.

Não devemos esquecer o do porquê as coisas existem. As coisas existem por causa da vida

humana e não o contrário.

A vida é relevante!

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