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DIREITO INTERNACIONAL
1. EXTRADIÇÃO
1.1. Não se deve conceder a extradição se o país requerente vem enfrentando um quadro
de instabilidade política – (Info 946) – IMPORTANTE!!!
1.3. Não se deve conceder a extradição se, na época do fato, a conduta imputada ao
extraditando não era punida como crime no Brasil – (Info 946) – IMPORTANTE!!!
1.6. Cabe pedido de extensão da extradição caso se descubra outro delito que tenha sido
praticado pelo extraditando antes da extradição e que não tenha sido mencionado no pedido
original – (Info 926)
O estrangeiro que estava no Brasil e foi extraditado para outro país somente pode ser
julgado ou cumprir pena no estrangeiro pelo crime contido no pedido de extradição.
Se o extraditando havia cometido outro crime antes do pedido de extradição, não poderá,
em regra, responder por tais delitos se não constou expressamente no pedido de
extradição. A isso se dá o nome de “princípio da especialidade”.
Ex.: a Alemanha pediu ao Brasil a extradição do alemão mencionando o crime 1; logo, em
regra, o réu somente poderá responder por este delito; se havia um crime 2, praticado antes
do pedido de extradição, o governo brasileiro deveria ter mencionado expressamente não
apenas o crime 1, como também o 2.
Para que o réu responda pelo crime 2, o governo alemão deverá formular ao Estado
estrangeiro um pedido de extensão da autorização da extradição. Isso é chamado de
“extradição supletiva”.
No caso concreto, o STF autorizou o pedido de extensão.
É possível o pedido de extensão ou de ampliação nas hipóteses em que já deferida a
extradição, desde que observadas as formalidades em respeito ao direito do súdito
estrangeiro (dupla tipicidade, inexistência de prescrição e demais requisitos).
STF. 1ª Turma. Ext 1363 Extn/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 4/12/18 (Info 926).
OBS:
Por que foi necessário que a Alemanha fizesse esse pedido de extensão? Alfred, nacional
alemão, já estava lá... Era só a Alemanha julgá-lo sem pedir nada ao Brasil...: Não é bem
assim que funciona. Se o extraditando havia cometido outros crimes antes do pedido de
extradição, em regra, ele não poderá responder por tais delitos se não constaram
expressamente no pedido de extradição. A isso se dá o nome de “princípio da especialidade”.
Havendo uma situação assim, o Estado que pediu a extradição deverá formular ao Estado
que concedeu a medida um pedido de extensão da autorização da extradição para que o réu
seja julgado pelo crime 2. Isso é chamado de “extradição supletiva”.
Regras de direito internacional: Assim, esse pedido de extensão do Estado alemão foi
formulado para que sejam cumpridas as regras de direito internacional sobre extradição.
Quando o Estado autoriza a extradição, ele precisa saber exatamente por quais crimes a
pessoa responderá no Estado de destino. Isso porque o Estado poderá recusar a extradição
se o delito pelo qual o acusado irá responder não for também previsto como crime no
Estado de origem (requisito da dupla tipicidade). Dessa forma, não se pode omitir no
pedido de extradição a existência de crimes que serão apurados no Estado requerente a
respeito do mesmo réu porque isso seria uma forma de burlar a inteira análise do pedido
pelo Estado requerido.
1.7. Se a vítima do sequestro não foi encontrada, o prazo prescricional não começou a
correr – (Info 888)
O crime de sequestro, por ser permanente, não prescreve enquanto não for encontrada a
pessoa ou o corpo.
Assim, se o Estado requerer a extradição de determinado indivíduo pelo crime de
sequestro, se a vítima ou o corpo nunca foi encontrado, não terá começado a correr o prazo
prescricional.
STF. 1ª Turma. Ext 1270/DF, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, j. 12/12/17 (Info 888).
1.9. Extradição concedida mesmo com pedido instruído de forma deficiente – (Info 883)
Mesmo que o Estado requerente não junte cópia dos textos legais dos crimes que teriam
sido praticados pelo indivíduo, ainda assim é possível conceder a extradição caso a defesa
não impugne o descumprimento dessa formalidade e o extraditando manifeste
concordância em ser prontamente extraditado.
STF. 2ª Turma. Ext 1512/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 24/10/17 (Info 883).
OBS:
Extradição: A extradição ocorre quando o Estado entrega a outro país um indivíduo que
cometeu um crime que é punido segundo as leis daquele país (e também do Brasil), a fim de
que lá ele seja processado ou cumpra a pena por esse ilícito.
Ex: um cidadão dos EUA lá comete um homicídio e foge para o Brasil. Os EUA requerem a
extradição desse indivíduo e, se for deferida pelo Brasil, ele é mandado de volta ao território
estadunidense.
Veja o que diz a Lei nº 13.445/2017 (Lei de Migração):
Art. 81. A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado
brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa
sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de
processo penal em curso.
§ 1º A extradição será requerida por via diplomática ou pelas autoridades
centrais designadas para esse fim.
§ 2º A extradição e sua rotina de comunicação serão realizadas pelo órgão
competente do Poder Executivo em coordenação com as autoridades judiciárias
e policiais competentes.
Quem decide o pedido de extradição? O pedido de extradição é decidido pelo STF, conforme
prevê o art. 102, I, "g", da CF/88.
Imagine agora a seguinte situação hipotética: Nathan, cidadão belga, está respondendo a
processo criminal em seu país pela prática de tráfico de drogas. O réu está morando no Brasil,
razão pela qual o Governo da Bélgica requereu a sua extradição para lá. O pedido formulado
pela Bélgica foi instruído de forma deficiente, considerando que o país requerente não juntou
cópia dos textos legais aplicáveis aos fatos que, em tese, correspondem aos crimes de tráfico
de drogas e de associação para o tráfico. Em outras palavras, não se juntou a legislação.
Ocorre que Nathan, por meio de seu advogado, não contestou isso e disse que concorda com
a extradição.
Neste caso, mesmo sem se cumprir esta formalidade, é possível conceder a extradição? SIM.
Lei de Migração: Os fatos acima ocorreram antes da vigência da Lei de Migração (Lei
13.445/17). Veja como o tema é tratado no novo diploma:
Art. 87. O extraditando poderá entregar-se voluntariamente ao Estado
requerente, desde que o declare expressamente, esteja assistido por advogado e
seja advertido de que tem direito ao processo judicial de extradição e à proteção
que tal direito encerra, caso em que o pedido será decidido pelo Supremo
Tribunal Federal.
1.10. É possível extraditar estrangeiro mesmo que ele possua filho e mulher brasileiros –
(Info 873)
Neste julgado o STF reafirmou a sua súmula 421 e extraditou um cidadão português
mesmo ele possuindo dois filhos brasileiros com uma companheira, também brasileira.
Súmula 421-STF: Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditado casado com
brasileira ou ter filho brasileiro.
STF. 2ª Turma. Ext 1497/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 15/8/17 (Info 873).
1.12. O fato de o Estado requerente ter qualificado os delitos do extraditando como de lesa-
humanidade não torna tais crimes imprescritíveis no Brasil – (Info 846) – IMPORTANTE!!!
O Brasil não deverá deferir pedido de extradição se o delito praticado pelo extraditando
estiver prescrito segundo as leis brasileiras, considerando que deverá ser respeitado o
requisito da dupla punibilidade (art. 77, VI, do Estatuto do Estrangeiro).
O fato de o Estado requerente ter qualificado os delitos imputados ao extraditando como
de lesa-humanidade não torna tais crimes imprescritíveis no Brasil. Isso porque:
1) o Brasil não subscreveu a Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de
Guerra e dos Crimes contra a Humanidade, nem aderiu a ela;
2) apenas a lei interna pode dispor sobre prescritibilidade ou imprescritibilidade de
crimes no Brasil.
STF. Plenário. Ext 1362/DF, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Teori Zavascki, j.
9/11/16 (Info 846).
2ª) que a data do cumprimento da prisão preventiva, para fins de extradição, fosse
considerada como início do cumprimento da pena, causa interruptiva da
prescrição, nos termos do art. 117, V, do CP.
O STF também não concordou com esse argumento. Mesmo em caso de extradição
executória (ou seja, extradição para que o condenado cumpra pena no exterior), a
prisão preventiva dele aqui no Brasil possui natureza cautelar. É uma prisão
realizada como condição de procedibilidade para o processo de extradição,
destinada, em sua precípua função instrumental, a assegurar a execução de
eventual ordem de extradição. Não se trata do início do cumprimento da pena.
STF. 2ª Turma. Ext 1.346 ED/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 6/9/2016 (Info 838).
1.15. Não é possível conceder a extradição de estrangeiro se o crime está prescrito no Brasil
– (Info 780)
O Governo da Itália pediu a extradição de nacional italiano que está no Brasil em virtude
de ele ter sido condenado por crimes de falência fraudulenta naquele país.
O STF negou o pedido já que houve a prescrição da pretensão executória da pena do
referido delito segundo a lei brasileira.
Em outras palavras, estando o crime prescrito, não é possível conceder a extradição por
faltar o requisito da dupla punibilidade (art. 77, VI, do Estatuto do Estrangeiro).
STF. 2ª Turma. Ext 1324/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 7/4/15 (Info 780).
O terrorismo não é tipificado como crime pela legislação brasileira, não sendo válido o art.
20 da Lei 7.170/83 para criminalizar essa conduta.
Logo, não é cabível que seja concedida extradição de um estrangeiro que praticou crime de
terrorismo no Estado de origem, considerando que, pelo fato de o Brasil não ter definido
esse crime, não estará presente o requisito da dupla tipicidade.
Vale ressaltar que, mesmo o Brasil não prevendo o crime de terrorismo, seria possível, em
tese, que a extradição fosse concedida se o Estado requerente tivesse demonstrado que os
atos terroristas praticados pelo réu amoldavam-se em outros tipos penais em nosso país
(exs: homicídio, incêndio etc.). Isso porque a dupla tipicidade não é analisada sob o ponto
de vista do “nomen juris”, ou seja, do “nome do crime”. O que importa é que aquela
conduta seja punida no país de origem e aqui, sendo irrelevantes as diferenças
terminológicas. No entanto, no caso concreto, o pedido feito pelo Estado estrangeiro estava
instruído de forma insuficiente.
STF. 2ª Turma. PPE 730/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 16/12/14 (Info 772).
1.17. Legitimidade da Interpol para requerer prisão cautelar para fins de extradição – (Info
767) - Atenção! Concursos federais!
A Interpol tem legitimidade para requerer, no Brasil, prisão cautelar para fins de
extradição.
O Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815/80) foi recentemente alterado pela Lei 12.878/2013 e
passou a prever expressamente que o pedido de prisão cautelar pode ser apresentado ao
Ministério da Justiça pela Interpol, desde que exista ordem de prisão proferida por Estado
estrangeiro (art. 83, § 2º).
Um dos requisitos para que o Brasil conceda a extradição é a chamada “dupla tipicidade”,
ou seja, que o fato seja considerado crime no Estado estrangeiro de origem e também aqui
no Brasil (art. 77 do Estatuto do Estrangeiro). Se na data em que foi praticado (2011, p. ex.),
o fato era considerado crime apenas no país estrangeiro (não sendo delito no Brasil), não
caberá a extradição mesmo que, posteriormente, ou seja, em 2012 (p. ex), ele tenha se
tornado crime também aqui em nosso país. Resumindo: a dupla tipicidade deve ser
analisada no momento da
prática do crime (e não no instante do requerimento).
O tratado bilateral de extradição é qualificado como lei especial em face da legislação
doméstica nacional, o que lhe atribui precedência jurídica sobre o Estatuto do Estrangeiro
em hipóteses de omissão ou antinomia.
STF. 2ª Turma. PPE 732 QO/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 11/11/14 (Info 767).
2. EXEQUATUR
2.1. Possibilidade de concessão de exequatur por decisão monocrática do Ministro do STJ
– (Info 896)
É possível a concessão de exequatur de carta rogatória, para fins de citação, por meio de
decisão monocrática de relator no STJ, posteriormente confirmada na Corte Especial, em
homenagem aos princípios da cooperação e da celeridade processual.
O STJ, com fundamento no art. 216-T de seu Regimento Interno, vem concedendo, por
meio de decisões monocráticas, exequatur a cartas rogatórias destinadas à citação em
território brasileiro das partes interessadas para que tomem conhecimento de ações que
tramitam na Justiça rogante. O STF entendeu que não há qualquer ilegalidade ou
inconstitucionalidade nesta prática.
STF. 2ª Turma. RE 634595, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 3/4/2018 (Info 896).