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RESUMO DOS INFORMATIVOS - SITE DIZER O DIREITO

DIREITO INTERNACIONAL

Atualizado em 19/09/2019: novos julgados.

Pontos atualizados: nº 01 (Info 939); nº 01 (Info 941); nº 01 (Info 946 – 3 julgados)

1. EXTRADIÇÃO
1.1. Não se deve conceder a extradição se o país requerente vem enfrentando um quadro
de instabilidade política – (Info 946) – IMPORTANTE!!!

Não se deve conceder a extradição se o país requerente vem enfrentando um quadro de


instabilidade política, tendo ocorrido a demissão de juízes e a prisão de opositores do
governo. Isso porque, neste caso, haveria o risco de o extraditando ser submetido a um
tribunal ou juízo de exceção (art. 82, VIII, da Lei nº 13.445/2017).
STF. 2ª T. Ext 1578/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 6/8/19 (Info 946).

1.2. Não se deve conceder a extradição se a conduta do extraditando de financiar grupo


terrorista que pretendia tomar o poder caracteriza-se como crime político – (Info 946) –
IMPORTANTE!!!

Não se deve conceder a extradição se a conduta do extraditando de financiar grupo


terrorista que pretendia tomar o poder caracteriza-se como crime político, tendo em vista a
vedação prevista no art. 5º, LII, da CF/88.
STF. 2ª T. Ext 1578/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 6/8/19 (Info 946).

1.3. Não se deve conceder a extradição se, na época do fato, a conduta imputada ao
extraditando não era punida como crime no Brasil – (Info 946) – IMPORTANTE!!!

Não se deve conceder a extradição se, na época do fato, a conduta imputada ao


extraditando não era punida como crime no Brasil, ainda que, no momento do pedido de
extradição, já exista lei tipificando como infração penal. Isso porque seria uma ofensa à
irretroatividade da lei penal brasileira.
Ex: extraditando financiou grupo terrorista em 2013; ocorre que a Lei de Terrorismo
somente foi editada em 2016 (Lei nº 13.260/2016).
STF. 2ª Turma. Ext 1578/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 6/8/19 (Info 946).

1.4. Se o extraditando concordar com o pedido, a extradição poderá ser autorizada


monocraticamente pelo Ministro do STF em um procedimento simplificado – (Info 941)

Se o extraditando manifestar expressamente, de modo livre e voluntário, com assistência


técnico-jurídica de seu advogado, concordância com o pedido de sua extradição, será
possível que o Ministro Relator do processo no STF autorize, monocraticamente, a
extradição, desde que o extraditando não tenha cometido crime no território nacional e se
preenchidos os demais requisitos.
Quando o extraditando concorda com o pedido, é adotado um procedimento simplificado
(mais célere) no STF, sendo isso chamado de “extradição simplificada”, “entrega
voluntária” ou “extradição voluntária”.
Vale ressaltar que, mesmo com a declaração expressa do extraditando concordando com a
extradição, o Ministro do STF ainda realizará um controle de legalidade do pedido.
STF. 1ª T. Ext 1564/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 21/5/19 (Info 941).
STF. 2ª T. Ext 1520, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 13/3/18.

1.5. Brasil deve negar a extradição se houver possibilidade concreta de o Estado


requerente condenar o extraditando a prisão perpétua ou a pena de morte – (Info 939)

O Brasil deve negar a extradição se houver possibilidade concreta de o Estado requerente


condenar o extraditando a prisão perpétua ou a pena de morte, sanções que são
expressamente proibidas pela Constituição brasileira (art. 5º, XLVII).
Além disso, é possível negar a extradição se houver uma excessiva abertura dos tipos
penais no Estado requerente, o que viola o princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX, da
CF/88).
As hipóteses previstas na lei nas quais a extradição é proibida podem ser expandidas pela
jurisprudência para atender ao respeito a outros direitos fundamentais do extraditando.
STF. 2ª T. Ext 1428/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 7/5/19 (Info 939).

1.6. Cabe pedido de extensão da extradição caso se descubra outro delito que tenha sido
praticado pelo extraditando antes da extradição e que não tenha sido mencionado no pedido
original – (Info 926)

O estrangeiro que estava no Brasil e foi extraditado para outro país somente pode ser
julgado ou cumprir pena no estrangeiro pelo crime contido no pedido de extradição.
Se o extraditando havia cometido outro crime antes do pedido de extradição, não poderá,
em regra, responder por tais delitos se não constou expressamente no pedido de
extradição. A isso se dá o nome de “princípio da especialidade”.
Ex.: a Alemanha pediu ao Brasil a extradição do alemão mencionando o crime 1; logo, em
regra, o réu somente poderá responder por este delito; se havia um crime 2, praticado antes
do pedido de extradição, o governo brasileiro deveria ter mencionado expressamente não
apenas o crime 1, como também o 2.
Para que o réu responda pelo crime 2, o governo alemão deverá formular ao Estado
estrangeiro um pedido de extensão da autorização da extradição. Isso é chamado de
“extradição supletiva”.
No caso concreto, o STF autorizou o pedido de extensão.
É possível o pedido de extensão ou de ampliação nas hipóteses em que já deferida a
extradição, desde que observadas as formalidades em respeito ao direito do súdito
estrangeiro (dupla tipicidade, inexistência de prescrição e demais requisitos).
STF. 1ª Turma. Ext 1363 Extn/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 4/12/18 (Info 926).
OBS:
Por que foi necessário que a Alemanha fizesse esse pedido de extensão? Alfred, nacional
alemão, já estava lá... Era só a Alemanha julgá-lo sem pedir nada ao Brasil...: Não é bem
assim que funciona. Se o extraditando havia cometido outros crimes antes do pedido de
extradição, em regra, ele não poderá responder por tais delitos se não constaram
expressamente no pedido de extradição. A isso se dá o nome de “princípio da especialidade”.

Conforme explica a Min. Rosa Weber:


“A extradição é concedida sempre tendo presente determinados crimes que
constituíram o seu objeto. Pelo princípio da especialidade, não pode o
Extraditado no País Requerente ser processado por fato diverso daquele que
motivou a extradição. Não obstante, esta Corte tem admitido a apresentação de
pedidos de extensão em extradições, condicionando o seu deferimento ao
devido processo legal.” (STF. 1ª Turma. Ext 1139 Extn, Rel. Min. Rosa Weber, j.
18/12/12).

Ex: a Alemanha pediu a extradição narrando o crime 1; o Brasil autorizou a extradição


analisando o crime 1; logo, em regra, o réu somente poderá responder por este delito; como o
crime 2 tinha sido praticado antes do pedido de extradição, o governo brasileiro deveria ter
mencionado expressamente não apenas o crime 1, como também o 2.

Havendo uma situação assim, o Estado que pediu a extradição deverá formular ao Estado
que concedeu a medida um pedido de extensão da autorização da extradição para que o réu
seja julgado pelo crime 2. Isso é chamado de “extradição supletiva”.

Segundo entende o STF, o pedido de extradição supletiva ou suplementar não viola o


princípio da especialidade, sendo juridicamente possível (STF. Ext 1.052 extensão - Reino
dos Países Baixos, DJe 5/12/2008).

Regras de direito internacional: Assim, esse pedido de extensão do Estado alemão foi
formulado para que sejam cumpridas as regras de direito internacional sobre extradição.
Quando o Estado autoriza a extradição, ele precisa saber exatamente por quais crimes a
pessoa responderá no Estado de destino. Isso porque o Estado poderá recusar a extradição
se o delito pelo qual o acusado irá responder não for também previsto como crime no
Estado de origem (requisito da dupla tipicidade). Dessa forma, não se pode omitir no
pedido de extradição a existência de crimes que serão apurados no Estado requerente a
respeito do mesmo réu porque isso seria uma forma de burlar a inteira análise do pedido
pelo Estado requerido.

E se o crime for posterior ao pedido de extradição? Neste caso, não há necessidade de


nenhuma solicitação ou providência adicional junto ao país que autorizou a extradição. Ex:
imagine que Alfred, após ser extraditado para a Alemanha, matou um colega de cela na
penitenciária. Poderá responder normalmente por esse crime na Justiça alemã, sem
necessidade de qualquer autorização do Brasil. A necessidade da “extradição supletiva” é
apenas para os fatos anteriores ao pedido de extradição e que não constaram neste
requerimento.

Onde está previsto o princípio da especialidade? Normalmente, este princípio está


expressamente consignado nos tratados de extradição envolvendo os países. Além disso,
encontra-se também previsto no art. 96, I, da Lei de Migração:
Art. 96. Não será efetivada a entrega do extraditando sem que o Estado
requerente assuma o compromisso de:
I - não submeter o extraditando a prisão ou processo por fato anterior ao pedido
de extradição;

Duas observações finais:


 O pedido de extensão é possível mesmo que o processo de extradição já esteja
arquivado no STF.
 A decisão do STF é autorizativa, cabendo ao Presidente da República determinar a
extensão da extradição.

1.7. Se a vítima do sequestro não foi encontrada, o prazo prescricional não começou a
correr – (Info 888)

O crime de sequestro, por ser permanente, não prescreve enquanto não for encontrada a
pessoa ou o corpo.
Assim, se o Estado requerer a extradição de determinado indivíduo pelo crime de
sequestro, se a vítima ou o corpo nunca foi encontrado, não terá começado a correr o prazo
prescricional.
STF. 1ª Turma. Ext 1270/DF, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, j. 12/12/17 (Info 888).

1.8. Desnecessidade de novo processo de extradição em caso de reingresso de


extraditando foragido – (Info 885) – Atenção! Concursos Federais!

Em caso de reingresso de extraditando foragido, não é necessária nova decisão


jurisdicional acerca da entrega, basta a emissão de ordem judicial.
STF. 2ª Turma. Ext 1225/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 21/11/17 (Info 885).

1.9. Extradição concedida mesmo com pedido instruído de forma deficiente – (Info 883)

Mesmo que o Estado requerente não junte cópia dos textos legais dos crimes que teriam
sido praticados pelo indivíduo, ainda assim é possível conceder a extradição caso a defesa
não impugne o descumprimento dessa formalidade e o extraditando manifeste
concordância em ser prontamente extraditado.
STF. 2ª Turma. Ext 1512/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 24/10/17 (Info 883).
OBS:
Extradição: A extradição ocorre quando o Estado entrega a outro país um indivíduo que
cometeu um crime que é punido segundo as leis daquele país (e também do Brasil), a fim de
que lá ele seja processado ou cumpra a pena por esse ilícito.
Ex: um cidadão dos EUA lá comete um homicídio e foge para o Brasil. Os EUA requerem a
extradição desse indivíduo e, se for deferida pelo Brasil, ele é mandado de volta ao território
estadunidense.
Veja o que diz a Lei nº 13.445/2017 (Lei de Migração):
Art. 81. A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado
brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa
sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de
processo penal em curso.
§ 1º A extradição será requerida por via diplomática ou pelas autoridades
centrais designadas para esse fim.
§ 2º A extradição e sua rotina de comunicação serão realizadas pelo órgão
competente do Poder Executivo em coordenação com as autoridades judiciárias
e policiais competentes.

Quem decide o pedido de extradição? O pedido de extradição é decidido pelo STF, conforme
prevê o art. 102, I, "g", da CF/88.

Imagine agora a seguinte situação hipotética: Nathan, cidadão belga, está respondendo a
processo criminal em seu país pela prática de tráfico de drogas. O réu está morando no Brasil,
razão pela qual o Governo da Bélgica requereu a sua extradição para lá. O pedido formulado
pela Bélgica foi instruído de forma deficiente, considerando que o país requerente não juntou
cópia dos textos legais aplicáveis aos fatos que, em tese, correspondem aos crimes de tráfico
de drogas e de associação para o tráfico. Em outras palavras, não se juntou a legislação.
Ocorre que Nathan, por meio de seu advogado, não contestou isso e disse que concorda com
a extradição.

Neste caso, mesmo sem se cumprir esta formalidade, é possível conceder a extradição? SIM.

Lei de Migração: Os fatos acima ocorreram antes da vigência da Lei de Migração (Lei
13.445/17). Veja como o tema é tratado no novo diploma:
Art. 87. O extraditando poderá entregar-se voluntariamente ao Estado
requerente, desde que o declare expressamente, esteja assistido por advogado e
seja advertido de que tem direito ao processo judicial de extradição e à proteção
que tal direito encerra, caso em que o pedido será decidido pelo Supremo
Tribunal Federal.

1.10. É possível extraditar estrangeiro mesmo que ele possua filho e mulher brasileiros –
(Info 873)

Neste julgado o STF reafirmou a sua súmula 421 e extraditou um cidadão português
mesmo ele possuindo dois filhos brasileiros com uma companheira, também brasileira.
Súmula 421-STF: Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditado casado com
brasileira ou ter filho brasileiro.
STF. 2ª Turma. Ext 1497/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 15/8/17 (Info 873).

1.11. Procedimento simplificado no caso de o extraditando concordar com o pedido – (Info


864)

Em regra, o simples fato de o extraditando estar de acordo com o pedido extradicional e de


declarar que deseja retornar ao Estado requerente a fim de se submeter ao processo
criminal naquele País não exonera (não exime) o STF do dever de efetuar o controle da
legalidade sobre a postulação formulada pelo Estado requerente.
No entanto, é possível que ocorra uma peculiaridade. É possível que o tratado que rege a
extradição entre o Brasil e o Estado estrangeiro preveja um procedimento simplificado no
caso de o extraditando concordar com o pedido. É o caso, por exemplo, da “Convenção de
Extradição entre os Estados Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”.
Este tratado internacional estabeleceu regime simplificado de extradição, que autoriza a
entrega imediata do extraditando às autoridades competentes do Estado requerente,
sempre que o súdito estrangeiro manifestar, de forma livre e de modo voluntário e
inequívoco, o seu desejo de ser extraditado. Nesta hipótese, a tarefa do STF será a de
homologar (ou não) a declaração do extraditando de que concorda com a extradição.
STF. 2ª Turma. Ext 1476/DF, rel. Min. Celso de Mello, j. 9/5/2017 (Info 864).

1.12. O fato de o Estado requerente ter qualificado os delitos do extraditando como de lesa-
humanidade não torna tais crimes imprescritíveis no Brasil – (Info 846) – IMPORTANTE!!!

O Brasil não deverá deferir pedido de extradição se o delito praticado pelo extraditando
estiver prescrito segundo as leis brasileiras, considerando que deverá ser respeitado o
requisito da dupla punibilidade (art. 77, VI, do Estatuto do Estrangeiro).
O fato de o Estado requerente ter qualificado os delitos imputados ao extraditando como
de lesa-humanidade não torna tais crimes imprescritíveis no Brasil. Isso porque:
1) o Brasil não subscreveu a Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de
Guerra e dos Crimes contra a Humanidade, nem aderiu a ela;
2) apenas a lei interna pode dispor sobre prescritibilidade ou imprescritibilidade de
crimes no Brasil.
STF. Plenário. Ext 1362/DF, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Teori Zavascki, j.
9/11/16 (Info 846).

1.13. A data do protocolo do pedido de extradição e a data do cumprimento da prisão


preventiva para fins de extradição não são considerados marcos interruptivos da prescrição –
(Info 838)

O Governo da Espanha pediu a extradição de nacional espanhol que está no Brasil em


virtude de ele ter sido condenado por crime naquele país.
O STF negou o pedido, já que houve a prescrição da pretensão executória da pena do
referido delito segundo a lei brasileira. Estando o crime prescrito, não é possível conceder
a extradição por faltar o requisito da dupla punibilidade (art. 77, VI, do Estatuto do
Estrangeiro).
O que é interessante deste julgado, contudo, é que o Estado requerente sustentava duas
teses:
 1ª) que a data do protocolo do pedido da extradição fosse considerada como marco
interruptivo da prescrição. Assim, não teria se passado o prazo prescricional se
fosse computado o período entre a data do trânsito em julgado do crime e o dia do
protocolo, no STF, do pedido de extradição.
O STF, porém, não concordou com o pedido e decidiu que isso não tem amparo
legal. O Código Penal e a Lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro) não preveem a
apresentação do pedido de extradição como causa interruptiva da prescrição. Da
mesma forma, isso não está previsto no tratado de extradição. Logo, criar um marco
interruptivo em desfavor do extraditando viola o princípio da legalidade estrita.

 2ª) que a data do cumprimento da prisão preventiva, para fins de extradição, fosse
considerada como início do cumprimento da pena, causa interruptiva da
prescrição, nos termos do art. 117, V, do CP.
O STF também não concordou com esse argumento. Mesmo em caso de extradição
executória (ou seja, extradição para que o condenado cumpra pena no exterior), a
prisão preventiva dele aqui no Brasil possui natureza cautelar. É uma prisão
realizada como condição de procedibilidade para o processo de extradição,
destinada, em sua precípua função instrumental, a assegurar a execução de
eventual ordem de extradição. Não se trata do início do cumprimento da pena.
STF. 2ª Turma. Ext 1.346 ED/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 6/9/2016 (Info 838).

1.14. Legitimidade para requerer, duração da prisão, âmbito de análise do STF e


retroatividade do tratado – (Info 816) – IMPORTANTE!!!

Algumas conclusões sobre este julgado:


1) A Interpol tem legitimidade para requerer, no Brasil, prisão cautelar para fins de
extradição.
2) A prisão do extraditando deve perdurar até o julgamento final, pelo STF, do pedido de
extradição.
3) A ação de extradição passiva não confere, ordinariamente, ao STF qualquer poder de
indagação sobre o mérito da pretensão deduzida pelo Estado requerente ou sobre as
provas que embasam o pedido de extradição.
4) A pessoa pode ser extraditada mesmo que o tratado de extradição firmado entre o Estado
estrangeiro e o Brasil seja posterior ao crime cometido naquele país, mas desde que o
tratado preveja expressamente que as suas disposições também serão aplicadas aos delitos
praticados antes de sua vigência.
STF. Decisão monocrática. PPE 769, Rel. Min. Celso de Mello, j. 18/02/16 (Info 816).

1.15. Não é possível conceder a extradição de estrangeiro se o crime está prescrito no Brasil
– (Info 780)

O Governo da Itália pediu a extradição de nacional italiano que está no Brasil em virtude
de ele ter sido condenado por crimes de falência fraudulenta naquele país.
O STF negou o pedido já que houve a prescrição da pretensão executória da pena do
referido delito segundo a lei brasileira.
Em outras palavras, estando o crime prescrito, não é possível conceder a extradição por
faltar o requisito da dupla punibilidade (art. 77, VI, do Estatuto do Estrangeiro).
STF. 2ª Turma. Ext 1324/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 7/4/15 (Info 780).

1.16. Pedido de extradição formulado com base em terrorismo – (Info 772) –


IMPORTANTE!!!

O terrorismo não é tipificado como crime pela legislação brasileira, não sendo válido o art.
20 da Lei 7.170/83 para criminalizar essa conduta.
Logo, não é cabível que seja concedida extradição de um estrangeiro que praticou crime de
terrorismo no Estado de origem, considerando que, pelo fato de o Brasil não ter definido
esse crime, não estará presente o requisito da dupla tipicidade.
Vale ressaltar que, mesmo o Brasil não prevendo o crime de terrorismo, seria possível, em
tese, que a extradição fosse concedida se o Estado requerente tivesse demonstrado que os
atos terroristas praticados pelo réu amoldavam-se em outros tipos penais em nosso país
(exs: homicídio, incêndio etc.). Isso porque a dupla tipicidade não é analisada sob o ponto
de vista do “nomen juris”, ou seja, do “nome do crime”. O que importa é que aquela
conduta seja punida no país de origem e aqui, sendo irrelevantes as diferenças
terminológicas. No entanto, no caso concreto, o pedido feito pelo Estado estrangeiro estava
instruído de forma insuficiente.
STF. 2ª Turma. PPE 730/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 16/12/14 (Info 772).

1.17. Legitimidade da Interpol para requerer prisão cautelar para fins de extradição – (Info
767) - Atenção! Concursos federais!

A Interpol tem legitimidade para requerer, no Brasil, prisão cautelar para fins de
extradição.
O Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815/80) foi recentemente alterado pela Lei 12.878/2013 e
passou a prever expressamente que o pedido de prisão cautelar pode ser apresentado ao
Ministério da Justiça pela Interpol, desde que exista ordem de prisão proferida por Estado
estrangeiro (art. 83, § 2º).
Um dos requisitos para que o Brasil conceda a extradição é a chamada “dupla tipicidade”,
ou seja, que o fato seja considerado crime no Estado estrangeiro de origem e também aqui
no Brasil (art. 77 do Estatuto do Estrangeiro). Se na data em que foi praticado (2011, p. ex.),
o fato era considerado crime apenas no país estrangeiro (não sendo delito no Brasil), não
caberá a extradição mesmo que, posteriormente, ou seja, em 2012 (p. ex), ele tenha se
tornado crime também aqui em nosso país. Resumindo: a dupla tipicidade deve ser
analisada no momento da
prática do crime (e não no instante do requerimento).
O tratado bilateral de extradição é qualificado como lei especial em face da legislação
doméstica nacional, o que lhe atribui precedência jurídica sobre o Estatuto do Estrangeiro
em hipóteses de omissão ou antinomia.
STF. 2ª Turma. PPE 732 QO/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 11/11/14 (Info 767).

2. EXEQUATUR
2.1. Possibilidade de concessão de exequatur por decisão monocrática do Ministro do STJ
– (Info 896)
É possível a concessão de exequatur de carta rogatória, para fins de citação, por meio de
decisão monocrática de relator no STJ, posteriormente confirmada na Corte Especial, em
homenagem aos princípios da cooperação e da celeridade processual.
O STJ, com fundamento no art. 216-T de seu Regimento Interno, vem concedendo, por
meio de decisões monocráticas, exequatur a cartas rogatórias destinadas à citação em
território brasileiro das partes interessadas para que tomem conhecimento de ações que
tramitam na Justiça rogante. O STF entendeu que não há qualquer ilegalidade ou
inconstitucionalidade nesta prática.
STF. 2ª Turma. RE 634595, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 3/4/2018 (Info 896).

3. COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL


3.1. Oitiva de estrangeiro, preso por ordem do STF em processo de extradição – (Info 835)

A oitiva de estrangeiro, preso por ordem do STF em processo de extradição, enquadra-se


como providência a ser cumprida por meio de auxílio direto.
Compete ao STF apreciar o pedido de cooperação jurídica internacional na hipótese em
que solicitada, via auxílio direto, a oitiva de estrangeiro custodiado no Brasil por força de
decisão exarada em processo de extradição.
STF. 1ª Turma. Pet 5946/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson
Fachin, j. 16/8/16 (Info 835).

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