[1] O documento trata de um recurso de apelação contra uma sentença que julgou procedente uma representação do Conselho Tutelar contra uma mãe por descumprimento dos deveres com sua filha. [2] A prova mostrou que a mãe foi negligente e omissa nos cuidados com a filha ao longo dos anos, colocando sua saúde e segurança em risco. [3] O recurso foi negado e a guarda da criança foi mantida com uma tia.
[1] O documento trata de um recurso de apelação contra uma sentença que julgou procedente uma representação do Conselho Tutelar contra uma mãe por descumprimento dos deveres com sua filha. [2] A prova mostrou que a mãe foi negligente e omissa nos cuidados com a filha ao longo dos anos, colocando sua saúde e segurança em risco. [3] O recurso foi negado e a guarda da criança foi mantida com uma tia.
[1] O documento trata de um recurso de apelação contra uma sentença que julgou procedente uma representação do Conselho Tutelar contra uma mãe por descumprimento dos deveres com sua filha. [2] A prova mostrou que a mãe foi negligente e omissa nos cuidados com a filha ao longo dos anos, colocando sua saúde e segurança em risco. [3] O recurso foi negado e a guarda da criança foi mantida com uma tia.
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0009798-
88.2009.8.26.0189, da Comarca de Fernandópolis, em que é apelante JANE MEIRE ROCHA RIBEIRO sendo apelados PROMOTOR JUSTIÇA VARA INFÂNCIA E JUVENTUDE DE FERNANDÓPOLIS e CONSELHO TUTELAR DE FERNANDÓPOLIS.
ACORDAM, em Câmara Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo,
proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JOSÉ
SANTANA Vice-Presidente (Presidente sem voto), MAIA DA CUNHA (Presidente da Seção de Direito Privado) e MARIA OLÍVIA ALVES.
São Paulo, 26 de setembro de 2011.
LUIS ANTONIO GANZERLA
Presidente da Seção de Direito Público Relator Assinatura Eletrônica PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Presidência da Seção de Direito Público
CÂMARA ESPECIAL VOTO Nº 19.201
APELAÇÃO CÍVEL Nº 0009798-88.2009.8.26.0189
APELANTE: JANE MEIRE ROCHA RIBEIRO
APELADOS: PROMOTOR DE JUSTIÇA DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DE
FERNANDÓPOLIS E CONSELHO TUTELAR DE FERNANDÓPOLIS
APELAÇÃO - Infração administrativa - Descumprimento dos
deveres decorrentes do poder familiar e de determinações do Conselho Tutelar - Prova suficiente nesse sentido - Genitora omissa em relação aos cuidados com a filha - Situação de abandono material e emocional constante - Jovem colocada sob guarda em família substituta - Situação inalterada, mesmo após várias intervenções do Conselho Tutelar - Violação ao art. 249 do Estatuto da Criança e do Adolescente - Recurso não provido.
Trata-se de recurso de apelação (fls. 111/117) interposto
contra sentença que julgou procedente a representação oferecida pelo Conselho Tutelar de Fernandópolis em face de Jane Meire Rocha Ribeiro, à qual foi imputada infração ao art. 249 do Estatuto da Criança e do Adolescente, por descumprimento dos deveres inerentes ao poder familiar com relação a sua filha Amanda Ribeiro Martins Flores, impondo-lhe multa de três salários de referência.
Sustenta a recorrente o cerceamento de defesa, uma vez
que não foram ouvidas as testemunhas por ela arroladas, devendo ser anulada a sentença ou alternativamente, ser aplicada prestação de serviços à comunidade ao invés de multa.
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O Ministério Público opinou desfavoravelmente à apelação
a fls. 120/124 e foram apresentadas contrarrazões a fls. 129/131). A Procuradoria Geral de Justiça manifestou-se no sentido ser negado provimento ao recurso (fls. 139/141).
É o relatório.
A prova reunida neste processo é farta a evidenciar que a
recorrente descumpriu, ao menos de forma culposa, seus deveres em relação à filha Amanda, não havendo que se falar em nulidade processual por cerceamento de defesa.
A situação da jovem passou a ser acompanhada pelo
Conselho Tutelar em 2002, uma vez que a genitora solicitou auxílio aquele órgão quando passava por dificuldades financeiras.
Em 2006 chegou ao conhecimento do ora
representante que a menina, na época com cinco anos de idade, havia sido surpreendida sozinha pelas ruas, não tendo sido localizada a genitora no momento. Houve informações de vizinhos de que a mãe a deixava sozinha na rua, e foi encaminhada a um orfanato. A genitora foi advertida quanto à inadequação do fato e a criança voltou para sua companhia.
No mesmo ano, foi informado pela escola
onde Amanda estudava, que esta tinha comportamento inadequado para sua faixa etária, com sexualidade precoce, saía de casa à noite, somente retornando de madrugada, sendo a genitora novamente advertida.
A menor foi encaminhada para tratamento
psiquiátrico, constatando-se problemas neurológicos, com
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necessidade de medicação.
Existiram novas denúncias no mesmo
sentido nos anos seguintes, e notícias de prática de pequenos furtos pela infante.
Recentemente a menina foi colocada em lar
substituto, sob a guarda de uma tia materna, após ter sido novamente abrigada.
Todo o exposto consta não só dos relatórios
do Conselho Tutelar, mas também das informações prestadas pela Diretoria Municipal de Educação, assinadas por testemunhas presenciais, do relatório do CREAS/Sentinela, e do oficio da Associação Nosso Lar de Fernandópolis, documentos os quais não foram impugnados pela apelante.
Ademais, a requerida em sua peça
contestatória negou parcialmente os fatos acima narrados, limitando- se a imputar de mendazes as informações de que Amanda apresenta sexualidade exacerbada e de que saía de casa e voltava de madrugada.
Entretanto, conforme explanado, os fatos que
ensejaram a imposição de pena por descumprimento dos deveres inerentes ao poder familiar não são somente aqueles negados pela recorrente. Entretanto, também estes ficaram demonstrados pelos documentos acima citados e também pelo estudo social elaborado no caso.
Consta do relatório da avaliação social e
psicológica da genitora ter esta confirmado que a filha apresentava
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comportamento agressivo, fugia de casa a noite, e ao invés da
recorrente manter diálogo com a menor, dar-lhe amor e limites, como lhe foi orientado, impingia-lhe castigos físicos.
Ressalte-se que o histórico de maus tratos
pela recorrente se iniciou ainda em tenra idade de Amanda, por denúncia de uma tia materna, restabelecendo-se contato entre mãe e filha em 2001, quando esta tinha ainda um ano de vida (fls. 83).
Conforme ponderou a assistente social do
CREAS-Sentinela :
“Diante de todos os fatos narrados no histórico de atendimento desta
família realizado pelo CREAS/Sentinela e pelos inúmeros fatos que também já foram notificados ao Conselho Tutelar, torna-se clara a existência da negligência. Para a família já foi oferecido atendimento psicossocial pelo CREAS/Sentinela (ao qual não houve adesão), orientações por parte do Conselho Tutelar (por diversas vezes), porém, em nenhum momento foi identificado interesse por parte da mãe em modificar a situação visando a segurança e bem-estar de Amanda. Desta forma, solicitamos que sejam tomadas as providências necessárias para que Amanda tenham garantidos seus direitos a uma infância num ambiente saudável, livre de violências e livre de influências que possam colocar em risco seu bem- estar físico, psíquico e social. A equipe do CREAS/Sentinela coloca-se a disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessária.”
Ainda segundo a avaliação psicológica elaborada pela
equipe do juízo: “Jane é imatura e despreparada para lidar com as demandas e responsabilidades da criação dos filhos. Acredita que Amanda tenha má índole herdada do pai e por isso não dedicava-se à filha e empenhava-se em amá-la e educá-la. Amanda apresenta traços de psicose infantil, tais como: reações antisociais (contrário a idéias, costumes e interesses da sociedade, transgressor das regras e moral social), persecutoriedade (ideação de perseguição), dificuldade afetiva, superficialidade, dramatização dos seus conflitos, impulsividade e agressividade (Ajuriaguerra/1991). Sua inteligência está preservada e não há
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presença de delírios e alucinações...” (Fls. 89/90).
E concluiu que “Amanda deve permanecer sob os cuidados e
responsabilidade da tia materna, que tem demonstrado preocupação e empenho na sua criação e educação. A genitora mostrou-se omissa e ausente, bem como não demonstrou interesse em reassumir efetivamente a guarda da filha. Assim agiu também com a filha Loiane, quando a deixou em tenra idade com família substituta (guarda de fato). Hoje está com cinco anos. Sugerimos, S.M.J. o deferimento da guarda de Amanda à tia materna Rosilene e a aplicação da medida de orientação,
apoio e acompanhamento temporário” (fls. 90).
Depois de todo o ocorrido ao longo desses anos, e em que
pese ter sido reiteradamente advertida, a genitora, em lugar de se conscientizar da necessidade de dar maior atenção à filha, agravou ainda mais a situação de omissão, sem demonstrar qualquer interesse em alterar essa realidade.
Diante desse contexto, não há dúvida de que a apelante
descumpriu sua responsabilidade na criação, educação e assistência à filha, situação que justificaria até pedido de destituição de poder familiar, e que é suficiente para responder, por sua conduta, a qual viola o art. 249 do Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo despicienda a produção de prova em audiência.
Não é outro o entendimento desta C. Câmara Especial:
“APELAÇÃO Infração administrativa Evasão
escolar Descumprimento dos deveres decorrentes do poder familiar e de determinações do Conselho Tutelar Prova suficiente a demonstrar o descaso e omissão dos genitores no cumprimento de seus deveres - Justificativas não comprovadas - Aplicação dos artigos 22 e 55 do ECA Não provimento do recurso” (Ap. nº 172.031-0/2-00, rel. DES. MARIA
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OLÍVIA ALVES, j. 23.03.09).
Por fim, a multa foi bem aplicada, ante a ausência técnica
de reincidência e diante da situação econômica da apelante, não havendo que se falar em prestação de serviços à comunidade, uma vez que não prevista na hipótese legal.
Resultado do Julgamento: Nega-se provimento ao
recurso. LUIS GANZERLA Desembargador Relator Presidente da Seção de Direito Público (Assinatura eletrônica)
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