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Brazilian Journal of Development 116614

ISSN: 2525-8761

Proposta de um plano de manutenção predial preventiva e corretiva

Proposal of a preventive and corrective building maintenance plan

DOI:10.34117/bjdv7n12-425

Recebimento dos originais: 12/11/2021


Aceitação para publicação: 13/12/2021

Will José de Lima Júnior


Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (Universidade Federal
de Alagoas/Campus A. C. Simões)
Universidade Federal de Alagoas, Centro de Tecnologia, Campus A. C. Simões, Av.
Lourival Melo Mota, S/N, Tabuleiro do Martins, Maceió - AL, 57072-970
E-mail: will.junior@ctec.ufal.br

Patrícia Figuereido de Sousa


Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geotecnia (Universidade de
Brasília/Campus Darcy Ribeiro)
Universidade de Brasília, Faculdade de Tecnologia, Campus Universitário Darcy
Ribeiro, Asa Norte, Brasília – DF, 70910-900
E-mail: patriciafiguereidodesousa@gmail.com

Karlisson André Nunes da Silva


Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Materiais (Universidade Federal de
Alagoas/Campus A. C. Simões)
Professor Assistente, Universidade Federal de Alagoas, Campus do Sertão, Rodovia AL
145, Km 3, nº 3849, Bairro Cidade Universitária, Delmiro Gouveia – AL, 57480-000
E-mail: karlisson.silva@delmiro.ufal.br

Viviane Regina Costa Sá


Doutora em Arquitetura e Urbanismo (Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas/Campus A. C. Simões)
Professora Adjunta, Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo, Campus A. C. Simões, Av. Lourival Melo Mota, S/N, Tabuleiro do Martins,
Maceió - AL, 57072-970
E-mail: viviane.costa@progep.ufal.br

RESUMO
O tema manutenção de edifícios não tem recebido a importância requerida nas
edificações, mesmo que isso possa gerar inúmeras consequências, como o surgimento de
problemas patológicos, que compromete a qualidade da edificação, diminuindo a
durabilidade e a vida útil, podendo ainda tornar-se o fator responsável pelo surgimento
de problemas estruturais de maior relevância, implicando em gastos significativos. Com
um planejamento de manutenção adequado essas consequências poderiam ser
minimizadas, ou até mesmo eliminadas. Nesse contexto, a presente pesquisa tem como
objetivo apresentar uma proposta para a implantação de um programa de manutenção
preventiva e corretiva para a Universidade Federal de Alagoas, Campus Sertão – Sede,
uma edificação que apesar de ser relativamente nova, apresenta um considerável quadro

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de problemas patológicos nos seus revestimentos, que conforme observado, pode evoluir
para o surgimento de novas manifestações patológicas e o agravamento das existentes.
As principais etapas do procedimento metodológico para criação do programa de
manutenção preventiva e corretiva são: (1) levantamento bibliográfico, (2) subsídios para
análise (vistoria no local e anamnese), (3) diagnóstico da estrutura, (4) elaboração de um
programa de manutenção. O resultado do plano elaborado propõe como as tarefas de
manutenção devem ser realizadas, a periodicidade em que o serviço deve ser repetido, e
os responsáveis técnicos que estão aptos para serem contratados para efetivação das
atividades, tais informações podem ser usadas para a recuperação e a manutenção da
edificação, evitando o aparecimento sucessivo das patologias e a deterioração irreversível
da edificação.

Palavras-chave: Problemas patológicos, Revestimentos, Manutenção de edificações,


Plano de manutenção predial.

ABSTRACT
The building maintenance theme has not received the required importance in buildings,
even though this can generate numerous consequences, such as pathological problems,
compromised on the quality of the building, decreased durability and useful life, and may
become the factor responsible for the emergence of structural problems of greater
relevance, implying high costs. With proper maintenance planning, these consequences
could be minimized or even eliminated. In this context, this research aims to present a
proposal for the implementation of a preventive and corrective maintenance program for
the Federal University of Alagoas, Campus Sertão - Sede, despite being a relatively new
building presents a large frame of the pathological problems in its coatings, which as
noted, can evolve into the emergence of new pathological manifestations and worsening
of existing ones. The main steps of the methodological procedure for creating the
preventive and corrective maintenance program are (1) bibliographic survey, (2)
subsidies for analysis (on-site inspection and anamnesis), (3) structure diagnosis, (4)
elaboration of the maintenance program. The result of the prepared plan proposes how
the maintenance tasks must be performed, the frequency at which the service must be
repeated, and the technical responsible who can be hired to carry out the activities; such
information can be used for recovery and maintenance of the building, avoiding the
successive appearance of pathologies and the irreversible deterioration of the building.

Keywords: Pathological problems, Coatings, Building maintenance, Building


maintenance plan.

1 INTRODUÇÃO
O conceito de durabilidade dos elementos construtivos vem sendo discutido
internacionalmente desde o início da década de 80 devido a criação de normas
internacionais que definiram o termo durabilidade como uma necessidade do usuário da
estrutura [1, 2]. Este conceito foi incorporado tardiamente no Brasil, apenas em 2003,
pela NBR 6118 [3], que definiu durabilidade, como a capacidade de uma estrutura resistir
às influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto e o

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contratante. De forma geral, a manutenção é o conjunto de ações técnicas e práticas que


permitem o bom desempenho do edifício e dos seus elementos, durante a vida útil [4 - 7].
Nesse contexto, a durabilidade está associada ao desempenho contínuo satisfatório da
estrutura, mantendo sua resistência e condições normais de serviço durante a vida útil
especificada ou esperada [8].
O termo vida útil longa é considerado como sinônimo de durabilidade [9], assim
entende-se por vida útil de projeto o período de tempo durante o qual se mantêm as
características das estruturas, sem intervenções significativas, desde que atendidos os
requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, bem como da
execução dos reparos necessários decorrentes de danos acidentais [10].
De acordo com as definições supracitadas é possível afirmam que para que as
estruturas tenham desempenho satisfatório, mantendo durabilidade e vida útil, é
imprescindível que sejam realizadas diversas manutenções periódicas.
Mas, para que se atinja essa durabilidade e vida útil não é “simplesmente realizar
uma manutenção”, deve-se executar um processo integrado de gestão com tecnologias
para o acompanhamento recorrente de atividades e estados de conservação dos elementos
construtivos [11] e isso pode ser feito a partir de um programa de manutenção contínua e
periódica, o que é mais econômico e aprimora um padrão de desempenho das construções
[12]. O plano de manutenção consiste na determinação das atividades essenciais de
manutenção, sua periodicidade, os responsáveis pela execução, os documentos de
referência e os recursos necessários, todos referidos individualmente aos sistemas, e
quando aplicável aos elementos, componentes e equipamentos [4] podendo ser
preventiva, em que mantém o edifício operando com eficiência máxima por meio de
inspeção e reparo regulares, ou, corretiva, consistindo em reparos no prédio e em seus
componentes devido ao desgaste natural ou à manutenção preventiva incorreta [13].
O planejamento de manutenção fornece subsídios para a correta preservação da
estrutura, a fim de minimizar os problemas patológicos [14], pois esses problemas, em
sua grande maioria, são ocasionados por manutenções inadequadas ou inexistentes. A
origem dessa problemática está ligada ao desconhecimento técnico e a problemas
econômicos, podendo ser o fator desencadeante do surgimento de problemas estruturais
mais complexos, o que implica no dispêndio de recursos significativos e, no limite, a
própria demolição da estrutura [15,16].
Frente a essa problemática e diante da incipiência de trabalhos sobre planos de
manutenção em edificações públicas, o presente trabalho trata-se do desenvolvimento de

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um roteiro de programa de manutenção aplicado à uma edificação pública, a Universidade


Federal de Alagoas, Campus Sertão – Sede, que está localizada no município de Delmiro
Gouveia, no alto sertão alagoano, região Nordeste, com um pouco mais de 10 anos de
construção, inaugurada em 2010. Ressalta-se que este plano pode ser tranquilamente
replicado, dadas as especificidades do local, a outras obras do tipo.
Apesar de ser uma edificação relativamente nova, ela apresenta um considerável
quadro de ocorrência de anomalias nos seus revestimentos [17]. Além disso, devido à
falta de manutenção da estrutura, é recorrente o surgimento de novas manifestações
patológicas. Nesse contexto, é relevante a elaboração do programa de manutenção
preventiva e corretiva, como uma estratégia de minimização, ou até mesmo eliminação,
dos problemas patológicos presentes nos revestimentos da edificação, a fim de reduzir os
custos a longo prazo, manter a estética do local, garantir segurança aos usuários e a
operação adequada da estrutura.
Para se atingir o proposto foi identificada as principais manifestações patológicas
incidentes nos revestimentos de argamassa, pintura e revestimento cerâmico, por meio de
uma vistoria, constituída de levantamento e análise das principais manifestações,
verificação do índice de ocorrência das mesmas e identificação as suas prováveis causas.
Através das análises realizadas nessa pesquisa será possível obter informações que podem
ser usadas pelos responsáveis técnicos para recuperação e manutenção da edificação,
evitando o aparecimento sucessivo das patologias e a deterioração irreversível da
edificação.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O procedimento metodológico utilizado para a composição do plano de
manutenção preventiva e corretiva desenvolvido nesta pesquisa é esquematizado na
Figura 1. Ele é baseado em: levantamento bibliográfico, visitas técnicas, histórico da
edificação com responsáveis técnicos envolvidos na execução do edifício, tipos de
manutenções realizadas, periodicidade e memorial fotográfico. A partir desses insumos,
foi realizado um diagnóstico em que as manifestações patológicas detectadas serviram
como objeto de estudo, pesquisa e análise através de deduções das hipóteses causadoras,
possibilitando a elaboração do programa de manutenção adequado. A descrição das
etapas desse procedimento metodológico é feita nos subitens dessa seção.

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Figura 1 – Procedimento metodológico

Fonte: Autores (2021)

2.1 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO


A primeira etapa da pesquisa foi voltada para a compreensão do tema de estudo,
para tal foi realizado o levantamento bibliográfico de textos científicos em âmbito
nacional e internacional, por meio de referências normativas, livros, periódicos, teses,
dentre outros, com objetivo de coletar informações necessárias para o desenvolvimento
da pesquisa.

2.2 SUBSÍDIOS
Esta etapa baseia-se na coleta e organização das informações necessárias para o
entendimento completo do fenômeno patológico que ocorre na estrutura. Com as
informações sendo obtidas através da vistoria do local, levantamento do histórico de
problemas e do edifício (anamnese do caso) e análises das informações coletadas [18].

2.2.1 Vistoria do Local


Inicialmente, realiza-se uma vistoria prévia do ambiente (salas de aulas,
corredores, cantina, laboratórios, auditórios, banheiros, dentre outros), sem haver uma

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preocupação com a classificação das manifestações patológicas ou com o nível de


deterioração dos elementos construtivos que apresentam desempenho insatisfatório.
Após essa vistoria foi elaborado um check-list, que será apresentado no item 3
deste trabalho, com todas as possíveis manifestações patológicas presentes na edificação,
com base nas revisões bibliográficas, que possibilitasse uma coleta de dados sistemática,
através do quantitativo de manifestações patológicas observadas pelo sistema construtivo.
Com o check-list elaborado, foi realizada uma nova vistoria na edificação,
associando o problema detectado com o número de ocorrência, nesta etapa foi feito,
também, um memorial fotográfico das manifestações observadas durante a vistoria.

2.2.2 Anamnese
Para facilitar o entendimento dos problemas identificados, foi solicitado à direção
do local de estudo, informações sobre elementos considerados importantes
(especificações técnicas, o memorial descritivo, projeto arquitetônico) e histórico do
prédio, como periodicidade e tipos manutenções realizadas.

2.3 DIAGNÓSTICO
A etapa do diagnostico teve como objetivo analisar de forma mais detalhada as
anomalias encontradas, através dos dados coletados nas etapas anteriores, apontando suas
possíveis causas e efeitos de acordo com especificado na bibliografia [19].
Ainda nesta etapa elencou-se as manifestações patológicas por quantidade de
ocorrência, através da formatação de gráficos e tabelas, com intuito de facilitar a
interpretação. Foi, também, classificado as prováveis origens dos problemas
diagnosticado (projeto, execução, uso e materiais) conforme referência específica [20].

2.4 PLANO DE MANUTENÇÃO


A partir do diagnóstico foi possível elaborar uma proposta do programa de
manutenção preventiva e corretiva com base nas manifestações patológicas detectadas, o
que visa uma maior eficiência da edificação estudada.
O programa de manutenção preventiva, o registro de manutenção e a lista de
verificações para um elemento de construção são descritos nas subseções abaixo.

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2.4.1 Plano de Manutenção


Não existe regra geral sobre a frequência com que as manutenções precisam ser
realizadas, essa frequência será influenciada pelas taxas de deterioração de vários
elementos de construção. Um dos principais objetivos de um plano de manutenção deve
ser fornecer orientação sobre este assunto, juntamente com as tarefas que devem ser
realizadas e o responsável técnico habilitado para tal. A Tabela 1 foi construída baseada
em referências [21] e [4] em que apresenta a periodicidade, as especificações técnicas e
o responsável pela execução do serviço, a partir do elemento construtivo.

Tabela 1 – Programa de Manutenção Preventiva


Tarefa de
Elemento de Construção Responsável Periodicidade
manutenção
Verificar a integridade
Impermeabilização em: da proteção mecânica,
áreas molhadas internas e sinais de infiltração ou Equipe de Manutenção
A cada ano
externas, reservatórios, falhas da Local
coberturas impermeabilização
exposta
Verificar e refazer
onde necessário a
Equipe de Manutenção
Revestimentos de Paredes calafetação de calhas e
Local/ Empresa A cada ano
externas/ Fachadas rufos, fixação de para
Especializada
raios, antenas e
elementos decorativos
Revestimentos de paredes Inspecionar e se
e tetos Internos revestidos necessário repintar Empresa especializada A cada 2 anos
de Argamassa/ Gesso liso nas áreas úmidas
Inspecionar e se Equipe de Manutenção
Pintura necessário repintar Local/ Empresa A cada 3 anos
nas áreas úmidas Especializada
Verificar fixação das Equipe de Manutenção
Cobertura telhas e integridade da Local/ Empresa A cada ano
estrutura Especializada
Verificar sua
integridade e
reconstituir os
rejuntamentos dos
Empresa capacitada/
Revestimentos Cerâmicos pisos, paredes, A cada ano
Empresa especializada
peitoris, soleiras,
ralos, chaminés,
grelhas de ventilação
e outros elementos.
Revestimento de Piso Verificar e refazer Equipe de Manutenção
Cimentado, Piso Acabado onde necessário a Local/ Empresa
A cada ano
em Concreto calafetação Especializada
Fonte: Autores (2021)

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2.4.2 Modelo de livro de registro de manutenção


Para cada manutenção realizada, por elemento de construção, deve ser preenchido
o registro de manutenção (Tabela 2), contendo, as atividades executadas, responsável
técnico, periodicidade, custos, bem como, devem ser anexados nota fiscal de prestação
de serviço da empresa ou profissional executor juntamente com documento
comprobatório de sua habilitação para o serviço prestado. Essas informações auxiliam no
controle, para que possa verificar se as atividades, periodicidade e responsável técnico,
estão sendo realizadas de acordo com o especificado na proposta do plano.

Tabela 2 – Registro de manutenção


Elemento de Data da Responsável
Construção Atividade realização pela atividade Prazo Custos

Fonte: Adaptado de [4]

2.4.3 Procedimentos para o sistema


Cada elemento construtivo (Tabela 1), apresenta particularidades quanto
procedimentos para a tarefa de execução, sua periodicidade, e responsável técnico
habilitado para realização das inspeções e manutenções de acordo com as referências
normativas, bem como recomendações dos fabricantes. Para cada sistema construtivo é
construído uma tabela de manutenção em que possui procedimentos que devem ser
essencialmente verificados (Tabela 3), com intuito de detalhar com exatidão as atividades
que serão executadas, além disso, auxiliar para que os responsáveis pela administração
do plano de manutenção tenham um entendimento sobre a tipologia dos serviços a serem
contratados e executados.

Tabela 3 – Lista de verificações para um elemento de construção


Serviços a serem realizados Status

Fonte: Adaptado de [4]

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este item apresentará os resultados obtidos na pesquisa. Inicialmente serão
apresentadas as manifestações patológicas através de tabela sistematizada com número
de ocorrência do problema, classificação das prováveis origens (projeto, execução, uso e
materiais), bem como, a apresentação dos resultados em gráficos, para uma melhor
interpretação. Posteriormente serão analisadas as prováveis causas das manifestações
patológicas diagnosticadas na edificação. E por fim, a composição do programa de
manutenção.

3.1 PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DETECTADAS


Por meio dos dados coletados pelos autores da pesquisa [17] foram detectadas as
principais manifestações patológicas presentes nos revestimentos da edificação, das
partes interna e externa. Foram vistoriados todos ambientes supracitados, a fim de coletar
a maior quantidade de informação. Através do levantamento realizado foi elaborada a
Tabela 4, que apresenta os problemas encontrados, o número de ocorrência, o percentual
em que ocorria, bem como com as suas prováveis origens de acordo com as observações
realizadas.

Tabela 4 – Principais problemas detectados na vistoria


Manifestação Nº de
% Origem
patológica ocorrência
Fissuras 106 35,22
Vertical 61 20,27 E,U
Horizontal 45 14,95 E
Infiltração 36 11,96 E,P
Destacamento de placa 35 11,63 E,M
cerâmica
Deslocamento por 34 11,30 E
empolamento
Manchas causas por 31 10,30 P
pingos de chuva
Descolamento de 23 7,64 E
argamassa
Eflorescência 19 6,31 P
Desagregação da 17 5,65 E
pintura
Total 301 100,00 -
Legenda:
E - Problemas provenientes da qualidade da execução
P - Problemas provenientes da qualidade do projeto
M - Problemas provenientes da qualidade do material
U - Problemas provenientes de uso e/ou manutenção
Fonte: [17]

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Para uma melhor interpretação dos resultados tem-se o gráfico em que relaciona
o problema detectado com o percentual de ocorrência (Figura 2).

Figura 2 – Problemas detectados na vistoria

Fonte: [17]

A partir dos problemas listados (Tabela 4), tem-se na Figura 3 o percentual de


ocorrência das suas origens, isto é, quantas vezes os problemas oriundos de falhas de
projeto, execução, materiais e utilização foram observados durante a etapa de vistoria.

Figura 3 – Ocorrência das manifestações patológicas

Fonte: [17]

É notado que os problemas provenientes de falhas na etapa de execução ocorreram


com maior predominância, 58% das manifestações patológicas detectadas,

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representados, principalmente, por problemas associados a fissuras horizontais e


verticais, infiltração, argamassas de assentamento e revestimento. Os problemas
decorrentes de projeto ocorreram em 20%, representados, principalmente, por
deficiências nos seus projetos, como lajes de cobertura mal impermeabilizadas,
propiciando, a partir das infiltrações, diversas anomalias. Por fim, os problemas
ocasionados por materiais e a utilização inadequada pelos usuários representam 14% e
8%, respectivamente.

3.2 PLANO DE MANUTENÇÃO


Com base em todas as etapas anteriores, foi elaborado o programa de manutenção
predial para utilização na edificação da presente pesquisa (Figura 4), contemplando os
principais elementos de construção dando enfoque as principais manifestações
patológicas observadas.
Foi feito um sumário, organizando por páginas cada sistema do manual, dessa
forma possibilita uma maior facilidade para uso do manual (Figura 4).

Figura 4 – Capa do manual

Fonte: Autores (2021)

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Figura 5 – Sumário do manual

SUMÁRIO

Histórico da edificação……………………………………........... 1
Apresentação do plano………………………………………...… 2
Fissuras………………………………………………………… 3
….
Infiltração………………………………………………………… 4
..
Destacamento de placa cerâmica……………………………… 5
Deslocamento por empolamento……………………………… 6
Manchas causas por pingos de chuva…………………………. 7
Descolamento de argamassa…………………………………… 8
Eflorescência…………………………………………………… 9

Desagregação da pintura………………………………………... 10

Fonte: Autores (2021)

3.2.1 Composição do Plano


Para cada elemento de construção foi sintetizado em uma página, todos os critérios
definidos como essenciais para a realização correta das manutenções, sendo estes,
serviços a serem realizados, responsáveis técnicos com habilitação para tal atividade,
periodicidades, observações de maior relevância detectadas na inspeção, tipos de
manutenções corretivas que devem ser realizadas, custos, dentre outros. Essa
estruturação, permite que os responsáveis pela administração do plano realizem um
melhor controle, além disso, acompanhe com melhor exatidão se os respectivos pré-
requisitos estão sendo obedecidos. A Tabela 5, apresenta o exemplo de um dos elementos
de construção no presente plano.

Tabela 5 – Manual de manutenção.


SISTEMA OU SUBSISTEMA: REVESTIMENTOS CERÂMICOS
PERIODICIDADE: A CADA ANO
RESPONSÁVEL: EMPRESA CAPACITADA / EMPRESA ESPECIALIZADA
LISTA DE VERIFICAÇÕES
SERVIÇOS A SEREM STATUS
REALIZADOS
Verificar a calafetação e fixação de
rufos, para-raios, antenas, esquadrias,
elementos decorativos
Efetuar lavagem no revestimento
Verificar a ocorrência de um som cavo
(oco) nas placas cerâmicas
Verificar o estufamento da camada de
acabamento (placas cerâmicas e
rejuntes)

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Verificar a aderência das camadas de


revestimento à base
Verificar a integridade do chapisco,
reboco e emboço, ou massa corrida,
caso necessário refazer, com
proporções adequadas
Verificar a integridade do
revestimento e reconstituir os
rejuntamentos dos pisos, paredes,
peitoris, soleiras, ralos, chaminés,
grelhas de ventilação e outros
elementos.
Realizar um novo revestimento
cerâmico em locais em que ocorra
necessidade
REGISTRO DE MANUTENÇÃO
Elemento de Atividade Data da Responsável Prazo Custos
Construção realização pela atividade

Manutenções corretivas a serem realizadas em função do status:

Hora início
Hora término
Data
Data próxima verificação
Responsável pelo serviço ou empresa responsável:
Fonte: Autores (2021)

Analisando o resultado final do plano de manutenção predial preventivo e


corretivo, entende-se que esta pode ser uma ferramenta essencial para a minimização do
aparecimento de manifestações patológicas, e consequentemente, redução de custos com
recuperação. Todos os procedimentos estabelecidos neste plano estão fundamentados em
revisão bibliográfica de grande relevância, apresentando pontos particulares para cada
sistema construtivo, com rotinas, procedimentos de execução, responsáveis pela
atividade, custos e prazos de serviços, entre outros, o que permitiu atingir o objetivo geral
do trabalho.
Deve-se enaltecer o modelo de plano criado, uma vez que, devido a generalidade
deste, este pode ser aplicado em diversos tipos de edificações além da estudada,

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contribuindo para a difusão e facilitação da introdução de programas de manutenção em


edificações e ainda, do aumento da vida úteis desses elementos construtivos.

4 CONCLUSÕES
A pesquisa exploratória desenvolvida na Universidade Federal de Alagoas,
Campus do Sertão - Sede, atingiu o seu principal objetivo, uma proposta de plano de
manutenção predial preventiva e corretiva, a partir da incidência e classificação das
anomalias detectadas nos revestimentos de argamassa, pintura e cerâmico.
Tendo em consideração o estado sucessivo de degradação da edificação e a crise
global no setor da construção, verifica-se uma necessidade de reduzir custos com a sua
recuperação. Para tal, é essencial implantar um planejamento e fiscalização mais rigoroso
e eficiente ao longo da vida útil dos edifícios. Verifica-se que a adoção de planos de
manutenção de edifícios é de grande valia para garantir continuamente um bom estado de
conservação de toda a estrutura.
Diante de tal investigação, verificou-se que essas manifestações patológicas estão
se acentuando com o tempo, além disso podem estar surgindo novas manifestações
decorrentes dos problemas existentes, devido à ausência de qualquer tipo de intervenção.
Em caso da implantação do Programa de Manutenção essas manifestações poderão ser
minimizadas, ou até mesmo eliminadas, evitando o aparecimento sucessivo das
patologias e a repetição dos mesmos erros, pois as informações contidas poderão ser
usadas por responsáveis técnicos para recuperação da edificação, trazendo redução de
custos, qualidade do material recuperado, melhor qualidade de vida para os usuários, sem
comprometer sua segurança e saúde.

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REFERÊNCIAS

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[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5674:


Manutenção de edificações - Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de
Janeiro, 2012.

[5] BS 8210. British standart guide to building maintenance management. BSI,


London, UK, 2012.

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Brazilian Journal of Development 116629
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