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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
COMPONENTE CURRICULAR: TEORIAS DA APRENDIZGEM
DOCENTE: EDUARDO ONOFRE
DISCENTE: JOCÉLIO PROCÓPIO SIMPLÍCIO

Educação sexual integral em uma perspectiva de gênero e direitos humanos

A educação sexual em sua conjuntura histórica foi e é aprendida e ensinada na


sociedade de modo unicamente sexista, biológico e reprodutor. Assim nas práticas cotidianas
e nos espaços sociais o entendimento de gênero foi construído, porém encontra-se em
constante modificação.

Os exemplos de construção social do gênero apenas em sua dimensão genitália e


reprodutiva impôs ao longo da história papeis bem definidos como deveria se comportar uma
pessoa de acordo com seu sexo biológico. A escola assim é local de reprodução e construção
social desse gênero desde o seu currículo escolar.

A professora Antonela explica que os saberes sobre a educação sexual, portanto, se


validaram e legitimaram socialmente com o reforço dos tipos de currículos que de forma
intencional ou não discutem sobre gênero e suas temáticas, por exemplo, sancionando ou
corrigindo comportamentos de acordo com o gênero: As mulheres eram ensinadas a ser donas
de casa e na academia algumas carreiras não eram ocupadas por mulheres. Com o passar do
tempo tais comportamentos foram se modificando e historicamente as mulheres ocuparam
vários espaços.

Mas a ideia da educação formal, tradicional e conservadora tende a negar e silenciar o


prazer e os desejos das pessoas, focando no lado reprodutivo com discussão de técnicas
preventivas, contraceptivas e muitas vezes ainda carregadas de tabus e medos, é o chamado
“enfoque abstencionista”. Essa primeira educação sexual vinha das necessidades sociais, e, se
elas mudavam, os currículos mudavam.
Surgem, então, necessidades de discutir sobre os problemas sociais já que o “enfoque
abstencionista” não tem bom resultado. Em lugar de ajuda pioram, pois, a supressão de
informações cria tabus e medos, e consequentemente problemas nos jovens que iniciam a sua
vida sexual e não tiveram acesso a essas informações.

Posteriormente, devido aos movimentos socias, feministas, etc. essas ideias foram
sendo modificadas pois havia a necessidade de tentar romper com esse pensamento hétero
normativo hegemônico e assim surge a demanda de uma definição de sexualidade mais ampla
que envolve questões sentimentais, psicológicas, os desejos e vontades, não apenas biológicas
e reprodutivas. Sexualidade em uma perspectiva social.

Em 2006 na Argentina é promulgada a Lei de Educação Sexual Integral, fruto das


lutas anteriores pelos direitos sexuais, direitos reprodutivos junto com o apoio de convenções
e declarações internacionais, obrigando a todas as escolas a dar formação docente em uma
perspectiva transversal (incorporando as discussões de gênero, diversidade e diretos humanos
a todos os espaços escolares) em nível básico, visto que a lei não contempla as universidade.

Discutir gênero é um processo de transformação demorada, pois essas mudanças são


lentas e profundas e que enfrenta bastante resistência ainda de um sistema machista e
preconceituoso que não está aberto ao diálogo. Essas leis e esses programas que ampliam a
perspectiva de gênero tem a incumbência de mudar esse pensamento e estrutura social.

Entidades que não eram atendidas têm garantido legalmente seu reconhecimento civil
e ético. A perspectiva transversal da sexualidade até então oculta por um sistema
abstencionista é revelada torna-se visível e passível de ser modificada.

Poder incorporar a perspectivas transversais assegura a transmissão de conhecimentos


precisos e confiáveis adequados, promove atitudes responsáveis consigo mesmo e com os
outros, previne problemas a respeito da saúde reprodutiva, gera reflexões acerca de inclusão
ao trabalho docente ampliando a responsabilidade das escolas em ensinar e formar sobre
educação sexual, retirando também a ideia de que apenas profissionais da saúde entendem e
discutem sobre o tema.

A figura do professor tem uma posição privilegiada para discussão das temáticas de
educação sexual apontando para o valor e o reconhecimento com as múltiplas diferenças das
pessoas em suas distintas habilidades, sexualidades, afetividades.
“Inclusão sonhos, tessituras e desafios”

Falar de inclusão é refletir sobre pertencimento. A fala inicial da professora


Dolores Fortes traz a tona a necessidade de entender-se enquanto sujeito limitado que
precisa das relações, partilha e companheirismo social para atribuir ai sua totalidade
humanitária. A necessidade do reconhecimento mútuo gera afetividade e de modo
contrário a “negação de si” também gera a “negação do outro”.

Assim a fala da professora permite entender que há uma necessidade de


entendimento e superação pessoa enquanto indivíduos sociais, atuantes, no sentido de
autoconhecimento e autoaceitação para poder também compreender o outro e legitimá-lo:
“olhar para si para acolher o outro em sua legitimidade”.

Dessa forma abre-se o espaço para discussão sobre a diversidade: a pluralidade


de ideais, de sentimentos, de personalidades, de pessoas, precisa ser vista, acolhida,
entendida e respeitada, pois, tal entendimento garantirá o olhar diverso também para com
as pessoas com deficiências (em suas diversidades).

A necessidade desse entendimento de respeito é clara e necessário, basta lançar


um olhar sobre a sociedade, visto que enfrentamos desde muito tempo questões de
violência em cadeia escancaradas nas redes sociais, genocídio, guerras, atitudes racistas e
preconceituosas.

No âmbito escolar refletiram sobre os obstáculos de acessibilidade e inclusão da


pessoa com deficiência, com um olhar para o Decreto 10.502 de 30 de setembro de 2020
que versa sobre a Educação Social no país, levantando duras críticas, visto que o decreto
flexibiliza para as escolas a oportunidade de veto de alunos especiais negando o direito de
estudo contribuindo assim para uma escola excludente, indo portanto de encontro as leis de
inclusão institucional.

A diversidade deve ser naturalizada ou a inclusão não é vivenciada, os


professores compartilharam suas vivências e comentou-se sobre as barreiras arquitetônicas
que são enfrentadas e a necessidade de investimento não apenas em tecnologias de
acessibilidade, mas também permitindo customizar para atender a diversidade de pessoas.

Em um momento final, refletiu-se sobre a formação docente em âmbito inicial e


continuada, apontando para os investimentos em questões salariais dos professores para
garantir conforto, estabilidade, promovendo assim possibilidade de estudo e preparo para
exercício da profissão.

Os currículos das IES não abrangem em sua maioria os componentes que


refletem sobre inclusão, nem garante o incentivo em pesquisas como o PIBIC e extensão
remunerados muitas vezes dando assistência básica aos estudantes. Sobre o processo de
avaliação da pessoa com deficiência, principalmente deficiência intelectual e o processo de
alfabetização falou-se sobre os desafios de adaptação nessas avaliações sendo necessário
pensar sobre os aspectos singulares da avaliação que deveria ser individual para atender
alunos plurais no sentido de consciência emocional e intencionalidade.

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