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UMA ABORDAGEM DO ENSINO DE PESQUISA OPERACIONAL BASEADA NO

USO DE RECURSOS COMPUTACIONAIS

Ricardo Villarroel Dávalos - E-mail: rdavalos @unisul.br


Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL - CCEAE
Grupo de Sistemas Integrados de Gestão Empresarial - GSIGE
Campus Universitário – Grande Florianópolis
Ponte Imaruim – 88130-000 – Palhoça - SC

RESUMO
A Pesquisa Operacional (PO) é utilizada em grande parte dos cursos de administração,
engenharia e informática, e seu ensino torna-se muito abrangente, sendo difícil para os professores
atingirem todos os itens nela considerados, de forma satisfatória. O objetivo principal deste artigo é
avaliar algumas experiências para dar suporte ao ensino de PO na Universidade do Sul de Santa
Catarina - Unisul, baseadas no uso de recursos computacionais tais como planilhas eletrônicas,
linguagens de programação, pacotes específicos e pesquisas na internet. Além disso, para verificar as
melhorias alcançadas no ensino, serão comentadas algumas aplicações já realizadas pelos alunos.
As principais contribuições deste artigo estão ligadas ao uso adequado destes recursos, tendo estas
práticas apresentado bons resultados no ensino por considerar a motivação e a participação efetiva
dos alunos.
Palavras-chave: Aplicações, Ensino, Pesquisa Operacional.

ABSTRACT
The Operational Research (OR) is used in a large part of the administration courses,
engineering and computer science, and its teaching becomes very including, being difficult for the
teachers to reach all the items in her considered, in a satisfactory way. The main objective of this
article is to evaluate some experiences to give support to the teaching of OR in the University of Santa
Catarina's South - Unisul, based on the use of computation resources, such as spreadsheet,
programming languages, specific packages and researches in the internet. Besides, to verify the
improvements reached in the teaching, some will be commented some applications accomplished by
the students. The main contributions of this article are tied up to the use adequate of these resources,
tends these practices presented good results in the teaching for considering the motivation and the
students' effective participation.
Key-words: Applications, Teaching, Operational Research.

1.0 INTRODUÇÃO

Um estudo típico de PO agrega, em sua teoria, quatro ciências fundamentais para o processo
de análise e preparação de uma decisão: a economia, a matemática, a estatística e a informática. Existe
uma grande variedade de aplicações em diferentes indústrias como, por exemplo, aviação e mísseis,
automóveis, comunicações, computadores, energia elétrica, eletrônica, alimentos, metalúrgica,
mineração, papel, petróleo, transporte, etc. As instituições financeiras e de negócios, as agências
governamentais e os hospitais, também vêm manifestando maior interesse na sua aplicação, sendo que
possui como característica importante, facilitar o processo de tomada de decisão racional em
problemas complexos.
A PO considera-se como uma ciência aplicada cujo objetivo é a melhoria da performance em
organizações, ou seja, em sistemas produtivos, recursos materiais, financeiros, humanos e ambientais
(os chamados "meios de produção"). Trabalha através da formulação de modelos matemáticos a serem
resolvidos com o auxílio de computadores, sendo feita em seguida a análise e a implementação das
soluções obtidas. Desta forma, a técnica de solução é precedida pela modelagem, e seus resultados
estão sujeitos à análise de sensibilidade.
A modelagem tem muito de arte e exige o desenvolvimento de uma capacidade de interação
com o problema, com seus agentes, com a escassez de recursos e com seu meio ambiente. O modelo
matemático, que é uma simplificação, dificilmente pode levar em conta muitos aspectos não
qualificáveis que aparecem no exame do problema e por isso a análise de sensibilidade deve ser
realizada para avaliar o seu significado e a sua influência. Enfim, a implementação da decisão relata o
contato com a realidade do problema e com o meio no qual ele se encontra inserido.
Os modelos, dependendo de sua natureza, podem ser solucionados por métodos e técnicas
matemáticas específicas. Algumas destas técnicas são: Programação Linear, Programação Dinâmica,
Programação Inteira, Teoria dos Estoques, Teoria das Filas, Simulação, Teoria dos Jogos, Teoria dos
Grafos, Planejamento com PERT/CPM, Análise de Risco, etc.
O campo de atuação da PO se estende da produção de matérias-primas e bens de consumo ao
setor de serviços e às aplicações de interesse social como as relacionadas à saúde, à educação e à
psico-sociologia, no que concerne a modelos organizacionais e descritivos. É importante destacar que
esta multiplicidade de aplicações aponta para a necessidade de se evitar a estreiteza das áreas de
atuação dos cursos.
A PO é utilizada em grande parte dos cursos de administração, engenharia e informática, e seu
ensino torna-se muito abrangente, sendo difícil para os professores atingirem todos os itens, nela
considerados, de forma satisfatória. Quando se fala de seu ensino, a atenção se volta, principalmente,
para a modelagem, solução e análise de problemas decisórios, sendo que um estudo de caso baseado
em PO corresponde a realização de experimentos numéricos com modelos lógico-matemáticos. Estes
experimentos envolvem geralmente grande volume de cálculos repetitivos, fazendo-se necessário o
uso intensivo do computador.
No ensino de PO, torna-se necessário o emprego de um conjunto de fórmulas e técnicas
matemáticas que, se não forem ilustradas de forma aplicada, corre-se o risco de que o alcance destas
não seja compreendido pelos alunos.
Da literatura existente, aquela voltada para o ensino apresenta uma grande variedade de
exemplos, sendo alguns, porém, desatualizados ou fora do novo perfil que se vem aplicando nos
cursos, não fornecendo suficiente suporte ao ensino de PO através do uso de recursos computacionais.
Se por um lado, o uso de pacotes com interfaces gráficas, cada vez mais amigáveis, favorecem o
ensino, quando aplicados de forma criteriosa, por outro, o uso destes, sem uma orientação teórica
adequada, poderá prejudicar o alcance pretendido.
Este trabalho apresenta algumas experiências do ensino de PO na Unisul, baseadas no uso de
recursos computacionais, tais como planilhas eletrônicas, linguagens de programação, pacotes
específicos e pesquisas na internet. Além disso, serão avaliadas as melhorias alcançadas no ensino
mediante algumas aplicações já realizadas pelos alunos.

2.0 O ENSINO DE PESQUISA OPERACIONAL

Educadores, pedagogos e psicólogos, há tempos, propõem novos paradigmas para o processo


de ensino-aprendizagem. Os estudos de Papert e a Teoria das Múltiplas Inteligências, de Gardner, são
dois importantes exemplos dessas mudanças. Nessa nova visão, o professor deixa de ser o centro
irradiador de conhecimento, passando o aluno a ser o centro de construção desse conhecimento.
Nos cursos de administração, engenharia e informática, é comum o uso de práticas de
laboratório e desenvolvimento de projetos como forma de complementação do conteúdo teórico. Essas
práticas costumam apresentar bons resultados justamente por atenderem alguns princípios como
motivação, participação e personalização. O emprego de recursos computacionais, no ensino de PO,
pode complementar algumas dessas práticas e possibilitar o atendimento dos requisitos e conceitos
aqui apresentados, em que os objetivos são normalmente mais difíceis de serem atingidos pelos meios
convencionais de ensino.
O ensino deve dar ao estudante uma grande visão de modelagem, solução e análise de
problemas decisórios a partir dos conhecimentos adquiridos nas disciplinas dos cursos, tais como
Cálculo, Economia, Probabilidade e Estatística, Linguagens de Programação e aquelas que estão
destinadas a dar a base teórica e aprofundamento dos problemas e sistemas típicos, abordados no
ensino.
Dado a natureza abrangente e multidisciplinar da PO, seu ensino se torna obrigatório para os
cursos de administração, engenharia e informática da Unisul e, de forma geral, o conteúdo básico
abordado considera o estudo da Programação Linear, Simulação de Sistemas, Programação de Projetos
e outras especificamente definidas pelo curso (Teoria dos Estoques, Grafos, Jogos, Risco, etc).
Dependendo dos cursos, o seu ensino pode ser dado em uma disciplina que se considera uma
introdução básica ou também pode ser lecionada em até três disciplinas, sendo que seu conteúdo está
baseado em exemplos e estudos de casos adequados com o perfil empreendedor e inovador dos cursos,
fazendo uso intensivo de recursos computacionais.
Os planos de ensino propostos, nos cursos em que é ministrado a PO, apresentam uma
metodologia que está definida por aulas expositivas, seminários, trabalhos de pesquisa, exercícios
teóricos e práticos, assim como o atendimento paralelo aos alunos.
O conteúdo programático geral do ensino da PO nos diferentes cursos é definido conforme o
projeto pedagógico da Universidade, em que são consideradas as necessidades de atualização, boa
formação teórico-acadêmica e evolução gradual para enfoques aplicados e específicos, conduzindo,
naturalmente, ao estabelecimento dos seguintes Blocos:

Base teórica
Os tópicos apresentados, a seguir, têm por objetivo proporcionar ao aluno uma revisão de
conceitos gerais adequados para o curso:
- conceitos básicos;
- formulação de problemas;
- construção de modelos;
- principais técnicas matemáticas e métodos;
- obtenção de soluções a partir de modelos e
- análise de sensibilidade.
Neste Bloco, é dada grande importância à teoria e à sua utilização dos princípios na aplicação
prática de sistemas reais.

Uso de recursos computacionais


Este Bloco tem por objetivo dar ao aluno uma visão geral sobre o uso de recursos
computacionais utilizados na PO e uma aplicação mais criteriosa dos conceitos estudados no bloco
anterior. A seguir são apresentados os principais tópicos abordados:
- uso de planilhas eletrônicas;
- Implementação de modelos mediante linguagens de programação (Delphi
e Pascal);
- utilização de pacotes específicos;
- uso de programas desenvolvidos pelo professor e alunos e
- utilização de outros recursos computacionais disponíveis na internet.

Mediante o estudo de caso de vários exemplos adequados para os cursos, aplica-se aqui o uso
de recursos computacionais para dar suporte ao ensino de PO.

Aplicações reais e pesquisas


Este Bloco apresenta, a seguir, um estudo das aplicações da PO que se vem realizando em
sistemas reais e a forma de como implementar sistemas com características reais nos pacotes:
- pesquisa de aplicações de sistemas reais;
- experiências relatadas pelo professor;
- visitas técnicas realizadas às empresas e
- projeto de implementação de um sistema com características reais nos
pacotes estabelecidos.

Neste último Bloco, a participação do aluno é importante e o projeto final é criteriosamente


orientado pelo professor. São verificadas as habilidades de modelagem e análise de problemas
decisórios.
Conforme descrito anteriormente nos três Blocos, a PO é lecionada nos diferentes cursos da
Unisul. Nos itens 3.0, 4.0 e 5.0, apresenta-se o uso de recursos computacionais utilizados no ensino da
Programação Linear, Simulação e Planejamento com PERT/CPM, respectivamente. Dado que o
ensino da Teoria dos Estoques, Grafos, Jogos, Risco, etc., dependem especificamente de alguns
cursos, este trabalho se limita a comentar as experiências de ensino das técnicas lecionadas, em
comum, para os cursos em consideração, ou seja, administração, engenharia e informática. .

3.0 RECURSOS COMPUTACIONAIS UTILIZADOS NO ENSINO DE PROGRAMAÇÃO


LINEAR

O ensino de Programação Linear na Unisul está baseado na modelagem e solução de


problemas e o uso dos recursos computacionais para dar suporte ao seu ensino é basicamente definido
pela utilização de planilhas eletrônicas, linguagens de programação, pacotes específicos e pesquisas na
internet.
A Figura 1 ilustra a solução gráfica de Problemas de Programação Linear (PPL) via planilhas
eletrônicas. As restrições inicialmente são consideradas como equações e à estas são atribuídos
conjuntos de valores positivos, para logo representar estas equações num gráfico. A seguir, é colorida
a área do domínio de soluções limitado pelas restrições originais do problema e, em seguida, são
medidos os principais pontos para, posteriormente, dar solução ao problema.

Ponto de máximo

Figura 1 - Solução gráfica via planilhas eletrônicas

O procedimento de solução gráfica via planilhas eletrônicas é muito simples de implementar e


este se torna um importante exercício para apoiar a compreensão do problema a ser resolvido. Neste
sentido, também é recomendado que, pelo menos, um problema seja solucionado manualmente.
Os aplicativos utilizados para dar solução ao PPL podem ser vistos como a conjunção de dois
softwares, distintos um do outro, mas complementares nas suas funções. A seguir, são apresentadas as
características principais destes programas:

No primeiro, a interface tem a função básica de gerar a matriz que representa o PPL, a
partir de um formato que dependerá da implementação, podendo ser uma linguagem de
modelagem algébrica, planilha eletrônica, etc. As interfaces possuem instrumentos para
preparação de dados, análise de resultados, alteração e preparação de modelos.
O segundo recebe como dado a matriz que representa o PPL com suas restrições e função
objetivo, aplica métodos de otimização (Simplex, Dual Simplex, Simplex Revisado, etc.),
retornando os valores ótimos das variáveis.
No ensino de Programação Linear, são utilizados aplicativos com interfaces baseadas em
planilhas eletrônicas (SOLVER) e em linguagens de modelagem algébricas (LINDO). O uso de
planilhas não exige o conhecimento de álgebra, cálculo ou mesmo de uma notação matemática
tradicional, e o uso de linguagens de modelagem algébricas é familiar aos alunos, que têm bom
conhecimento de matemática.
A Figura 2 ilustra a solução de um problema de transportes através do programa SOLVER
que utiliza, como entrada de dados, a planilha eletrônica EXCEL. As principais vantagens
apresentadas são a facilidade de compreensão, sem exigir o conhecimento de uma linguagem de
programação específica, facilidade de alterar e incluir características ao modelo, e facilidade de
importação e exportação de dados.

Figura 2 - Solução do PPL via SOLVER

A Figura 3 ilustra a solução de um PPL através do programa LINDO. Este programa é de fácil
compreensão e, pode apresentar, em detalhe algumas características relevantes da solução do
problema. Apresenta dificuldades para a inclusão de características ao problema e, também,
dificuldades de importação e exportação de dados.

Figura 3 - Solução do PPL via LINDO

É importante enfatizar que os programas LINDO e SOLVER não são utilizados apenas para
encontrar resultados, sendo que o uso de recursos, neles contidos, favorece a interpretação adequada
dos resultados, modificação da solução pela alteração de alguns dados do problema (Análise de
Sensibilidade) e verificação de sua abrangência.
A Figura 4 apresenta um programa elaborado pelo professor e alunos que tem como objetivo
dar uma solução iterativa ao PPL, através do Método Simplex. O uso deste recurso computacional
serve de base para aprimorar o entendimento do processo de solução.
Figura 4 - Programa de apoio ao ensino do Método Simplex

É importante pesquisar na internet aplicações que se vêm realizando em diferentes sistemas e


países, assim como a existência de outros programas disponíveis. Recomenda-se realizar debates
críticos destas pesquisas para tornar o aprendizado mais inovador e mais adequado aos objetivos do
curso. Isto pode implicar uma maior motivação dos alunos no uso de outros pacotes tais como
MATLAB, WATH’s BEST!, etc., também em conhecer outras aplicações da Programação Linear
como a Análise Envoltória de Dados (DEA) e sua implementação nos aplicativos existentes mediante
o uso de linguagens de programação (VBA, Fortran, C++, etc.).

4.0 RECURSOS COMPUTACIONAIS UTILIZADOS NO ENSINO DE SIMULAÇÃO

O uso dos recursos computacionais, para dar suporte ao ensino de simulação de sistemas na
Unisul, é basicamente definido pela utilização de planilhas eletrônicas, linguagens de programação,
pacotes de simulação e pesquisas na internet. A seguir é comentado sucintamente o uso destes
recursos.
A Figura 5 ilustra um exemplo de uma a simulação feita através de uma planilha eletrônica e
mediante este são discutidos princípios estabelecidos pela teoria. As principais vantagens de uso são:

facilidade de compreensão por utilizar apenas fórmulas padrões, permitindo aos seus
usuários um entendimento de sua lógica, sem exigir o conhecimento de uma linguagem de
programação específica;
facilidade de customização ou de alterar e incluir características ao sistema, de forma a
adequá-lo às necessidades específicas dos alunos e
alta conectividade, o que se refere a capacidade da interface de estabelecer conexões entre
diferentes bases de dados, facilitando a importação e exportação de dados.

Figura 5 - Simulação via planilhas eletrônicas

A Figura 6 ilustra um programa elaborado numa linguagem de programação que gera números
aleatórios entre dois valores que são especificados pelo usuário, sendo que estes números são
representados por um histograma, com a indicação dos valores médio, máximo e mínimo da amostra.
O uso deste recurso computacional serve de base para o aprimoramento dos princípios básicos da
simulação.

Figura 6 - Programa que gera números aleatórios

No ensino de simulação discreta, na Unisul, apresenta-se uma introdução à linguagem de


simulação Arena, podendo ser amplamente empregada para a modelagem, programação e simulação
de diversos exemplos, exercícios e estudos de casos propostos. A Figura 7 apresenta o ambiente de
trabalho deste pacote.

Figura 7 - O Ambiente de trabalho do Arena

A interface gráfica deste pacote facilita a modelagem de sistemas mais complexos que os
implementados mediante as linguagens de programação e planilhas eletrônicas explicados
anteriormente. Para aprimorar os conceitos estudados, recomenda-se comparar criteriosamente o uso
destes recursos computacionais em função das dificuldades encontradas experimentalmente. Além
disso, deve ser reconhecido o aprendizado do desenvolvimento lógico adquirido anteriormente. Caso
contrário, se corre o risco de não utilizar este pacote de forma criteriosa e bem orientada.
É importante pesquisar na internet outros pacotes de simulação e debater mediante os
programas “demos” as aplicações que se vêm realizando em diferentes sistemas e países. Também é
realizada uma pesquisa das principais aplicações da simulação para, posteriormente, debater
criteriosamente em sala de aula. Desta forma, o aprendizado se torna mais amplo e geral, implicando
uma maior motivação por parte dos alunos.

5.0 RECURSOS COMPUTACIONAIS UTILIZADOS NO ENSINO DE PLANEJAMENTO


COM PERT/CPM

Os métodos de Planejamento de Projetos podem ser considerados como ferramentas da PO,


sendo que os mais importantes são o PERT (Técnica de avaliação e controle de programas) e CPM
(Caminho Crítico), existindo outros que se baseiam nestes métodos, tais como o MPM (Método –
Metra Potencial), GERT (Técnica de Avaliação e Revisão Gráfica), LESS (Estimativa de Custo
Mínimo), RAMPS (Alocação de Recursos), PMS (Sistema de Gerência de Projetos) e BKN (Método
de Partes Complementares).
A aplicação do método PERT, quando existem aspectos probabilísticos, e do método CPM,
quando existem aspectos determinísticos, tornou-se conhecida com a sigla PERT/CPM, sendo esta
técnica possível de ser empregada para várias finalidades, tais como lançamento de um novo produto,
construção de um prédio, implantação de um programa de qualidade, etc.
O ensino de Planejamento de Projetos na Unisul está baseado no estudo da técnica
PERT/CPM e inicialmente são dados conceitos básicos relativos a Teoria de Grafos. Definem-se os
grafos direcionados, arcos, vértices, predecessores, sucessores, caminhos, árvore, rede e caminhos.
Dá-se o nome de Rede de Planejamento ou Redes PERT/CPM à representação gráfica de um
programa (conjunto de tarefas, duração, suas interdependências e prazos), na qual se apresenta a
seqüência lógica do planejamento visando atingir um objetivo.
Constrói-se uma rede usando um exemplo adequado para o curso e são discutidos os
princípios de uma administração de projetos, tais como, previsão, organização, execução, coordenação
e controle. Também é importante responder questões como: quais os objetivos do projeto e quais são
os resultados finais esperados.
O que se deseja, num planejamento, é uma estrutura lógica de tarefas a serem executadas, suas
interdependências e suas durações normais de tempo, possibilitando saber qual a duração mínima da
execução total planejada e, com relação a cada tarefa, qual a data mais apropriada para iniciá-la e
conclui-la.
Depois de compreendido o alcance do Planejamento de Projetos mediante um estudo de caso
manual, é utilizado o programa MICROSOFT PROJECT 98 para efetuar o planejamento de exemplos
mais completos. Assim, por exemplo, a Figura 8 ilustra o gráfico de Gantt, que apresenta as durações
das várias tarefas previstas.

Figura 8 - Gráfico de Gantt que apresenta as durações das tarefas

A Figura 9 ilustra os gráficos PERT apresentados pelo MICROSOFT PROJECT 98 como


fluxogramas e permite aos alunos concentrarem-se mais facilmente nas implicações dos vínculos entre
as tarefas.

Figura 9 - Gráfico PERT que apresenta as relações entre as tarefas

Depois de montada a rede, é necessário quantificar a duração da realização do projeto, que


será igual à soma dos tempos das atividades, os quais serão considerados no caminho mais
desfavorável ou denominado caminho crítico.
Note-se que, na Figura 9, os relacionamentos entre tarefas são apresentados como linhas
vermelhas e pretas. As linhas vermelhas apresentam relacionamentos de caminho crítico (tarefas que
devem ser consideradas dentro do prazo, para manter a agenda do projeto) e as linhas pretas
representam os relacionamentos de caminho não crítico (tarefas com margem de atraso e podem ser
concluídas após sua data de término).
A interface do MICROSOFT PROJECT 98 facilita a aplicação e o entendimento dos
exercícios propostos e apresenta um tutorial de demonstração, de conceitos básicos e uso do programa,
tornando este aplicativo fácil de ser utilizado. Recomenda-se o uso criterioso deste programa, baseado
em uma orientação teórica adequada, sem o que será difícil atingir o alcance pretendido.
É importante pesquisar na internet aplicações que se vêm realizando em diferentes sistemas e
países, assim como a existência de outros programas disponíveis. Desta forma o aprendizado se torna
mais amplo e geral, implicando uma maior motivação por parte dos alunos.
O ensino de Planejamento de Projetos produziu resultados animadores, sendo que os alunos
vêm realizando aplicações em diferentes lugares e com os mais diversos fins. Também se têm
constatado a necessidade de planejar e controlar os empreendimentos, seguindo técnicas apropriadas.

6.0 APLICAÇÕES REALIZADAS

Como trabalho final da disciplina os alunos apresentam um projeto de implementação de um


sistema com características reais, num dos aplicativos comentados anteriormente, em que o objetivo é
aplicar os conhecimentos adquiridos na disciplina e propor algumas alternativas para uma melhoria do
desempenho do sistema a ser aplicado.
Considerando a abrangência das técnicas comentadas nos itens 3.0, 4.0 e 5.0, são mencionados
apenas, abaixo, nos próximos parágrafos, alguns trabalhos desenvolvidos pelos alunos.
Como aplicações de simulação foram apresentados modelos de simulação do fluxo de
informações na rede de computadores que considera cinco laboratórios de informática da Unisul. O
objetivo é verificar onde se dá o maior tráfego e avaliar a quantidade deste. A modelagem do sistema
se baseia em um estudo das operações da rede internet e intranet. Foi também apresentado um
modelo de simulação do acesso dos veículos procedentes da BR 101 à cidade de Tubarão, nos trevos
Humaitá, Morretes e Acesso Sul. Os veículos, na sua maioria, têm duas procedências: Porto Alegre e
Florianópolis. O objetivo é verificar qual dos acessos possui maior tráfego (VILLARROEL
DÁVALOS, 2001).
Existem outros trabalhos baseados em simulação que, na atualidade, servem de base para
estudos que se vêm realizando em Indústrias Cerâmicas, Sistemas Help Desk e Sistemas de Transporte
Coletivo. A Figura 10 apresenta um modelo de simulação do processo de produção de azulejos,
aplicado à Indústria Cerâmica Portinari, do Grupo Cecrisa. Foi modelado de forma análoga ao
processo de produção de pisos. O objetivo deste trabalho foi verificar um programa de manutenção
preventiva das máquinas e equipamentos que intervém neste processo, visando a incrementar a
capacidade de produção anual destes produtos. (BORGES e COSTA, 2000).

Figura 10 - Modelo de Simulação do processo de produção de Azulejos

Como aplicações da Programação Linear, foram apresentados modelos de planejamento de


uma indústria têxtil, em que os tecidos de algodão (não acabados) comprados são submetidos a uma
série de operações (preparação, tinturaria e acabamento), a fim de obter tecidos de diversas cores,
brilhos, texturas, padrões e, ainda, acabamentos especiais. Considerando a capacidade produtiva
horária, a margem bruta total das vendas de cada tecido é maximizada. Apresentou-se também um
modelo de planejamento agrícola em nível microeconômico, isto é, da unidade de produção. O
problema consiste em considerar recursos escassos, tais como superfície arável, mão-de-obra, água,
etc., à produção de diversos bens, de modo a maximizar o resultado de exploração. Consideram-se
estudos técnicos e economicamente viáveis para região das atividades vegetais (culturas) e atividades
relacionadas com animais (criação de novilhos para produção de carne).
Existem outros trabalhos de aplicação da Programação Linear, em que são apresentadas
propostas para modelar os indicadores da saúde através de uma Análise Envoltória de Dados (DEA).
Comparam-se as condições de saúde encontradas nas 20 Microrregiões de Saúde do Estado de Santa
Catarina e constitui-se uma ferramenta de apoio às decisões em relação a investimentos sociais. A
avaliação dos indicadores é desenvolvida através da análise da produtividade em saúde nas diferentes
Microrregiões. Os índices gerados pelo modelo permitirão elaborar uma análise da situação da saúde
nos diferentes setores avaliados. Entende-se como produtividade, numa Microrregião, a razão entre o
que gera em produtos e o que consome para termos apropriados. Como insumos são considerados a
rede hospitalar, rede ambulatorial, recursos e, como produtos, a produção ambulatorial e as
intervenções hospitalares. O objetivo é fornecer subsídios aos órgãos da saúde para contribuir com o
processo de planejamento e avaliação do setor. A Figura 11 apresenta o mapa coroplético geral com as
Microrregiões de Saúde divididas em eficientes e ineficientes (verde para as Microrregiões eficientes
e vermelho para as ineficientes), conforme os resultados gerados pelo modelo (MAGAJEWSKI e
VILLARROEL DÁVALOS, 1999; VILLARROEL DÁVALOS, et alii, 1999).

Figura 11 - Mapa coroplético das Microrregiões Catarinenses

O método PERT/CPM foi aplicado ao planejamento de diferentes projetos considerando várias


finalidades, tais como, lançamento de um novo produto, construção de um prédio, implantação de um
programa de qualidade, etc. A Figura 12 apresenta a implementação e lançamento de um pacote
computacional que considera as atividades de desenvolvimento lógico, implementação do banco de
dados, estudos ergonômicos da interface, utilização via internet e intranet, elaboração de manuais,
publicidade, documentação, etc.

Figura 12 - Gráfico de Gantt e PERT aplicados à produção de um software


Os dados utilizados em todos os trabalhos, comentados neste item, foram coletados via
telefone, fax, manualmente, através de visitas às instalações e pesquisas na internet. É importante
realizar este contato para motivar os alunos com aplicações de problemas reais, sendo que a
participação das equipes nestes trabalhos é grande, desde a obtenção dos dados até a implementação
do modelo.
As melhorias alcançadas no ensino de PO na Unisul podem ser verificadas mediante a
evolução paulatina dos trabalhos finais, sendo que estes apresentam um aprimoramento no uso dos
conceitos, de desenvolvimento lógico e do detalhamento das partes envolvidas no desempenho do
sistema.

7.0 CONCLUSÕES

Considerando a natureza abrangente e multidisciplinar da PO, seu ensino se torna obrigatório


para os cursos de administração, engenharia e informática da Unisul e, de forma geral, o conteúdo
básico abordado considera o estudo da Programação Linear, Simulação de Sistemas e Planejamento
com PERT/CPM.
Este trabalho apresentou algumas experiências realizadas no ensino de PO, a partir do
conteúdo programático definido no projeto pedagógico da Universidade e explicado no item 2.0,
mediante os três Blocos apresentados. Procurou-se, através do conteúdo dado, atingir objetivos
concretos, pois permite considerar desde aspectos básicos até os mais reais.
As experiências com o uso planilhas eletrônicas, linguagens de programação, pacotes
específicos e pesquisas na internet fazem com que o ensino esteja sendo considerado dentro das novas
Teorias de Ensino e Aprendizagem, nas quais o aluno constitui o centro do conhecimento e o docente
assume o papel de facilitador do processo de aprendizagem. Essas práticas apresentaram bons
resultados justamente por atenderem princípios como motivação, participação e personalização. O
emprego destes recursos computacionais possibilitou o atendimento das práticas de laboratório e
desenvolvimento de projetos, como forma de complementação do conteúdo teórico, sendo estes,
normalmente, mais difíceis de serem atingidos pelos meios convencionais de ensino.
A aplicação de planilhas eletrônicas estabelece um melhor entendimento dos conceitos básicos
relacionados com a PO. A facilidade de uso deste recurso proporciona maior participação dos alunos.
O uso de linguagens de programação ajudam à aplicação de soluções iterativas e podem complementar
a utilização das planilhas.
Devido a sua interface gráfica, recursos de animação e a facilidade de modelagem de sistemas,
o uso de pacotes específicos de PO se traduz em maior motivação dos alunos em aprender e aplicar
esta ferramenta em sistemas que são estudados nos diferentes cursos. O bom uso destes recursos
depende da experiência do professor e da fundamentação teórica ministrada. Recomenda-se
desenvolver habilidades de modelagem e análise de problemas decisórios com apoio de recursos
computacionais.
É importante realizar visitas técnicas à instalações industriais e mostrar as aplicações reais que
se vêm realizando. Também, o uso de uma apostila elaborada pelo professor com orientação ao curso
pode produzir um melhor entendimento do alcance pretendido com a(s) disciplina(s) de PO. Além
disso, para poder atingir satisfatoriamente a finalidade do trabalho final, é importante realizar uma
orientação criteriosa e motivar a apresentação de pesquisas relativas a sua aplicação.
O emprego dos recursos computacionais propostos verificam as melhorias alcançadas no
ensino, pois as aplicações relatadas no item anterior servem atualmente para estudos e pesquisas em
desenvolvimento na Unisul. Através destas aplicações, pode-se notar a complexidade e abrangência
dos trabalhos, sendo que estes modelos apresentam muitas simplificações. Os alunos têm percebido
estas simplificações e se encontram motivados para poder apresentar o modelo aperfeiçoado em
Congressos de Iniciação Científica, publicações internas da Universidade e nas indústrias aplicadas
que têm demonstrado interesse pelos estudos.
Considerando que a PO é ministrada em vários cursos e seu ensino torna-se muito abrangente,
é difícil para os professores atingirem todos os tópicos nela considerados de forma satisfatória, por
isso propõe-se e recomenda-se aqui levar a cabo discussões com o objetivo de rever a forma de como
deve ser lecionada nos diferentes cursos, com base nas experiências aqui relatadas.
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