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RESUMO
A Pesquisa Operacional (PO) é utilizada em grande parte dos cursos de administração,
engenharia e informática, e seu ensino torna-se muito abrangente, sendo difícil para os professores
atingirem todos os itens nela considerados, de forma satisfatória. O objetivo principal deste artigo é
avaliar algumas experiências para dar suporte ao ensino de PO na Universidade do Sul de Santa
Catarina - Unisul, baseadas no uso de recursos computacionais tais como planilhas eletrônicas,
linguagens de programação, pacotes específicos e pesquisas na internet. Além disso, para verificar as
melhorias alcançadas no ensino, serão comentadas algumas aplicações já realizadas pelos alunos.
As principais contribuições deste artigo estão ligadas ao uso adequado destes recursos, tendo estas
práticas apresentado bons resultados no ensino por considerar a motivação e a participação efetiva
dos alunos.
Palavras-chave: Aplicações, Ensino, Pesquisa Operacional.
ABSTRACT
The Operational Research (OR) is used in a large part of the administration courses,
engineering and computer science, and its teaching becomes very including, being difficult for the
teachers to reach all the items in her considered, in a satisfactory way. The main objective of this
article is to evaluate some experiences to give support to the teaching of OR in the University of Santa
Catarina's South - Unisul, based on the use of computation resources, such as spreadsheet,
programming languages, specific packages and researches in the internet. Besides, to verify the
improvements reached in the teaching, some will be commented some applications accomplished by
the students. The main contributions of this article are tied up to the use adequate of these resources,
tends these practices presented good results in the teaching for considering the motivation and the
students' effective participation.
Key-words: Applications, Teaching, Operational Research.
1.0 INTRODUÇÃO
Um estudo típico de PO agrega, em sua teoria, quatro ciências fundamentais para o processo
de análise e preparação de uma decisão: a economia, a matemática, a estatística e a informática. Existe
uma grande variedade de aplicações em diferentes indústrias como, por exemplo, aviação e mísseis,
automóveis, comunicações, computadores, energia elétrica, eletrônica, alimentos, metalúrgica,
mineração, papel, petróleo, transporte, etc. As instituições financeiras e de negócios, as agências
governamentais e os hospitais, também vêm manifestando maior interesse na sua aplicação, sendo que
possui como característica importante, facilitar o processo de tomada de decisão racional em
problemas complexos.
A PO considera-se como uma ciência aplicada cujo objetivo é a melhoria da performance em
organizações, ou seja, em sistemas produtivos, recursos materiais, financeiros, humanos e ambientais
(os chamados "meios de produção"). Trabalha através da formulação de modelos matemáticos a serem
resolvidos com o auxílio de computadores, sendo feita em seguida a análise e a implementação das
soluções obtidas. Desta forma, a técnica de solução é precedida pela modelagem, e seus resultados
estão sujeitos à análise de sensibilidade.
A modelagem tem muito de arte e exige o desenvolvimento de uma capacidade de interação
com o problema, com seus agentes, com a escassez de recursos e com seu meio ambiente. O modelo
matemático, que é uma simplificação, dificilmente pode levar em conta muitos aspectos não
qualificáveis que aparecem no exame do problema e por isso a análise de sensibilidade deve ser
realizada para avaliar o seu significado e a sua influência. Enfim, a implementação da decisão relata o
contato com a realidade do problema e com o meio no qual ele se encontra inserido.
Os modelos, dependendo de sua natureza, podem ser solucionados por métodos e técnicas
matemáticas específicas. Algumas destas técnicas são: Programação Linear, Programação Dinâmica,
Programação Inteira, Teoria dos Estoques, Teoria das Filas, Simulação, Teoria dos Jogos, Teoria dos
Grafos, Planejamento com PERT/CPM, Análise de Risco, etc.
O campo de atuação da PO se estende da produção de matérias-primas e bens de consumo ao
setor de serviços e às aplicações de interesse social como as relacionadas à saúde, à educação e à
psico-sociologia, no que concerne a modelos organizacionais e descritivos. É importante destacar que
esta multiplicidade de aplicações aponta para a necessidade de se evitar a estreiteza das áreas de
atuação dos cursos.
A PO é utilizada em grande parte dos cursos de administração, engenharia e informática, e seu
ensino torna-se muito abrangente, sendo difícil para os professores atingirem todos os itens, nela
considerados, de forma satisfatória. Quando se fala de seu ensino, a atenção se volta, principalmente,
para a modelagem, solução e análise de problemas decisórios, sendo que um estudo de caso baseado
em PO corresponde a realização de experimentos numéricos com modelos lógico-matemáticos. Estes
experimentos envolvem geralmente grande volume de cálculos repetitivos, fazendo-se necessário o
uso intensivo do computador.
No ensino de PO, torna-se necessário o emprego de um conjunto de fórmulas e técnicas
matemáticas que, se não forem ilustradas de forma aplicada, corre-se o risco de que o alcance destas
não seja compreendido pelos alunos.
Da literatura existente, aquela voltada para o ensino apresenta uma grande variedade de
exemplos, sendo alguns, porém, desatualizados ou fora do novo perfil que se vem aplicando nos
cursos, não fornecendo suficiente suporte ao ensino de PO através do uso de recursos computacionais.
Se por um lado, o uso de pacotes com interfaces gráficas, cada vez mais amigáveis, favorecem o
ensino, quando aplicados de forma criteriosa, por outro, o uso destes, sem uma orientação teórica
adequada, poderá prejudicar o alcance pretendido.
Este trabalho apresenta algumas experiências do ensino de PO na Unisul, baseadas no uso de
recursos computacionais, tais como planilhas eletrônicas, linguagens de programação, pacotes
específicos e pesquisas na internet. Além disso, serão avaliadas as melhorias alcançadas no ensino
mediante algumas aplicações já realizadas pelos alunos.
Base teórica
Os tópicos apresentados, a seguir, têm por objetivo proporcionar ao aluno uma revisão de
conceitos gerais adequados para o curso:
- conceitos básicos;
- formulação de problemas;
- construção de modelos;
- principais técnicas matemáticas e métodos;
- obtenção de soluções a partir de modelos e
- análise de sensibilidade.
Neste Bloco, é dada grande importância à teoria e à sua utilização dos princípios na aplicação
prática de sistemas reais.
Mediante o estudo de caso de vários exemplos adequados para os cursos, aplica-se aqui o uso
de recursos computacionais para dar suporte ao ensino de PO.
Ponto de máximo
No primeiro, a interface tem a função básica de gerar a matriz que representa o PPL, a
partir de um formato que dependerá da implementação, podendo ser uma linguagem de
modelagem algébrica, planilha eletrônica, etc. As interfaces possuem instrumentos para
preparação de dados, análise de resultados, alteração e preparação de modelos.
O segundo recebe como dado a matriz que representa o PPL com suas restrições e função
objetivo, aplica métodos de otimização (Simplex, Dual Simplex, Simplex Revisado, etc.),
retornando os valores ótimos das variáveis.
No ensino de Programação Linear, são utilizados aplicativos com interfaces baseadas em
planilhas eletrônicas (SOLVER) e em linguagens de modelagem algébricas (LINDO). O uso de
planilhas não exige o conhecimento de álgebra, cálculo ou mesmo de uma notação matemática
tradicional, e o uso de linguagens de modelagem algébricas é familiar aos alunos, que têm bom
conhecimento de matemática.
A Figura 2 ilustra a solução de um problema de transportes através do programa SOLVER
que utiliza, como entrada de dados, a planilha eletrônica EXCEL. As principais vantagens
apresentadas são a facilidade de compreensão, sem exigir o conhecimento de uma linguagem de
programação específica, facilidade de alterar e incluir características ao modelo, e facilidade de
importação e exportação de dados.
A Figura 3 ilustra a solução de um PPL através do programa LINDO. Este programa é de fácil
compreensão e, pode apresentar, em detalhe algumas características relevantes da solução do
problema. Apresenta dificuldades para a inclusão de características ao problema e, também,
dificuldades de importação e exportação de dados.
É importante enfatizar que os programas LINDO e SOLVER não são utilizados apenas para
encontrar resultados, sendo que o uso de recursos, neles contidos, favorece a interpretação adequada
dos resultados, modificação da solução pela alteração de alguns dados do problema (Análise de
Sensibilidade) e verificação de sua abrangência.
A Figura 4 apresenta um programa elaborado pelo professor e alunos que tem como objetivo
dar uma solução iterativa ao PPL, através do Método Simplex. O uso deste recurso computacional
serve de base para aprimorar o entendimento do processo de solução.
Figura 4 - Programa de apoio ao ensino do Método Simplex
O uso dos recursos computacionais, para dar suporte ao ensino de simulação de sistemas na
Unisul, é basicamente definido pela utilização de planilhas eletrônicas, linguagens de programação,
pacotes de simulação e pesquisas na internet. A seguir é comentado sucintamente o uso destes
recursos.
A Figura 5 ilustra um exemplo de uma a simulação feita através de uma planilha eletrônica e
mediante este são discutidos princípios estabelecidos pela teoria. As principais vantagens de uso são:
facilidade de compreensão por utilizar apenas fórmulas padrões, permitindo aos seus
usuários um entendimento de sua lógica, sem exigir o conhecimento de uma linguagem de
programação específica;
facilidade de customização ou de alterar e incluir características ao sistema, de forma a
adequá-lo às necessidades específicas dos alunos e
alta conectividade, o que se refere a capacidade da interface de estabelecer conexões entre
diferentes bases de dados, facilitando a importação e exportação de dados.
A Figura 6 ilustra um programa elaborado numa linguagem de programação que gera números
aleatórios entre dois valores que são especificados pelo usuário, sendo que estes números são
representados por um histograma, com a indicação dos valores médio, máximo e mínimo da amostra.
O uso deste recurso computacional serve de base para o aprimoramento dos princípios básicos da
simulação.
A interface gráfica deste pacote facilita a modelagem de sistemas mais complexos que os
implementados mediante as linguagens de programação e planilhas eletrônicas explicados
anteriormente. Para aprimorar os conceitos estudados, recomenda-se comparar criteriosamente o uso
destes recursos computacionais em função das dificuldades encontradas experimentalmente. Além
disso, deve ser reconhecido o aprendizado do desenvolvimento lógico adquirido anteriormente. Caso
contrário, se corre o risco de não utilizar este pacote de forma criteriosa e bem orientada.
É importante pesquisar na internet outros pacotes de simulação e debater mediante os
programas “demos” as aplicações que se vêm realizando em diferentes sistemas e países. Também é
realizada uma pesquisa das principais aplicações da simulação para, posteriormente, debater
criteriosamente em sala de aula. Desta forma, o aprendizado se torna mais amplo e geral, implicando
uma maior motivação por parte dos alunos.
7.0 CONCLUSÕES
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