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ESEnfC 2020-2021 1º Ano 2º Semestre

Enfermagem de Saúde Pública e Epidemiologia

Enfermagem de Saúde Pública e Epidemiologia


Licenciatura em Enfermagem
2020-2021
ESEnfC 2020-2021 1º Ano 2º Semestre
Enfermagem de Saúde Pública e Epidemiologia

Sumário:
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS DESCRITIVOS E ANALÍTICOS
Classificação dos diferentes tipos de estudos em epidemiologia
Variáveis associadas ao espaço, ao tempo e à pessoa

ESEnfC – 2020/2021
Rogério Rodrigues e Carlos Silva - Turma A B C
Armando Silva e Cristina Veríssimo - Turma D E
Estudos Epidemiológicos ESEnfC 2020-2021 1º Ano 2º Semestre
Enfermagem de Saúde Pública e Epidemiologia

Conceitos prévios – Fatores e grupos de risco

RISCO
FATOR DE RISCO
Estudo de novas
doenças infeciosas e
Epidemiologia reemergência de
das doenças IMPORTANTE doenças
infecciosas
- O estudo de
doenças não
transmissíveis

A partir da utilização do conceito de risco, procura-se a associação de determinados


fatores (os fatores de risco) com as patologias - a moderna Epidemiologia passa a
prevenir as doenças combatendo os fatores de risco a elas associados.
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Conceitos prévios – Fatores e grupos de risco

 Risco - A probabilidade de um membro de uma população definida desenvolver uma dada


doença em um período de tempo

Almeida-Filho (1989)

Probabilidade da ocorrência de uma doença, agravo, óbito ou condição relacionada à saúde


(incluindo cura, recuperação ou melhoria), numa população ou grupo, durante um período de
tempo determinado.

(Rouquayrol, 4ª ed - 2006)
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Conceitos prévios – Fatores e grupos de risco

 Fator de risco – Atributo de um grupo da população que apresenta maior incidência da doença.
(Rouquayrol, 4ª ed - 2006)

Um fator de risco é toda a característica ou circunstância determinável de uma pessoa ou de um


grupo de pessoas que se sabe estar associado a um risco anormal de aparecimento ou evolução de
processo patológico ou de afeção especialmente desfavorável por tal processo .
(OMS, 1983)
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Conceitos prévios – Fatores e grupos de risco


• Os fatores de risco podem ser classificados também de acordo com determinantes mais gerais:
• Ambientais – exposição solar, acesso a água fluoretada, exposição a agentes poluentes (monóxido de carbono)
• Sociais – escolaridade, rendimento, ocupação
• Individuais/comportamentais – dieta, atividade física, uso de cigarros, ingestão de bebidas alcoólicas
• Individuais/bioquímicos e fisiológicos – colesterol total, glicemia, pressão arterial
• Individuais/intrínsecos – sexo, idade.
• Exemplo: O tabagismo, stress, altos níveis de colesterol sérico, sedentarismo, constituem fatores de risco para as
doenças cardíacas
• Quanto à origem:
- Fator de Risco - endógeno - São fatores de risco endógenos quando advindos do próprio organismo sob risco
por ex.: fatores genéticos e constitucionais (diabetes – tipo 1, hemofilia, etc);
- Fator de Risco - exógeno - São fatores de risco exógenos os considerados externos ao organismo sob risco -
presença de mosquito (dengue, febre amarela) em águas paradas em determinada região, agrotóxicos, fatores
nutricionais, exposição a radiação, etc)
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Conceitos prévios – Fatores e grupos de risco

 Marcador de risco – Atributos inevitáveis, já dados, cujo efeito se encontra, portanto, fora da
possibilidade de controle.

Atributos inevitáveis, cujos efeitos para a saúde se encontram fora da ação


preventiva:
 Sexo, grupo étnico – doença coronária

 Idade e ascendência familiar – cancro do pulmão


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Conceitos prévios – Fatores e grupos de risco

Sinal de risco
É um termo que em geral se aplica a qualquer fator endógeno ou
exógeno, ligado à ocorrência de forma estatística significativa, e engloba
fenómenos diversos, fatores hereditários, estado sanitário ou os sinais de
uma doença. Este termo tem em conta a relação de causalidade.
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Conceitos prévios – Fatores e grupos de risco


Grupo de risco:

“grupo populacional exposto a um dado factor de risco ou identificado por um marcador de risco”

(Rouquayrol, 4ª ed - 2006)

População em risco:

“a população exposta ao risco de enfermidade ou morte” (Stone, 1999)

“parte da população que revela suscetibilidade para contrair uma determinada doença”
(Beaglehole, 1ª ed - 2003)
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Conceitos prévios – VARIÁVEIS

Atributos e “eventos” dos indivíduos que variam e podem ser medidos

As VARIÁVEIS são características ou atributos que podem assumir

diferentes valores ou categorias…


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Conceitos prévios – VARIÁVEIS

As variáveis podem ser classificadas de diversas maneiras:

1. Dentro de um estudo, são classificadas como variáveis dependentes e


independentes.

Variável de causa (preditora) = variável independente

Variável de efeito = variável dependente

2. Conforme a característica que medem, podem ser qualitativas ou quantitativas.


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Conceitos prévios – VARIÁVEIS

Variáveis quantitativas:
 Medem quantidades; podem ser continuas, quando assumem valores infinitos, ou
discretas, quando assumem um numero limitado de valores.

Variáveis qualitativas:
 Medem qualidades, também conhecidas por categóricas. Podem ser ordinais,
quando há uma ordem entre os diversos níveis da variável. Quando as categorias não
obedecem a uma ordem, são chamadas nominais.

 Um tipo especial de variável qualitativa muito comum na bioestatística é a variável


dicotómica, aquela que só assume dois valores (exemplo: presença ou ausência de
doença)
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Conceitos prévios – VARIÁVEIS

Exemplos de Variáveis conforme o tipo:


Variáveis quantitativas
Continuas (medidas) Discretas (contadas)
Pressão arterial Numero de filhos
Altura Nº de crises de asma por mês
Peso Nº de gravidezes
Idade Tempo de internamento em dias

Variáveis qualitativas
Ordinais (noção de ordem) Nominais (categorias sem ordem intuitiva)

Estadio de tumor Sexo: Masculino, Feminino (dicotómica)


Melhor, igual, pior Vivo ou Morto (dicotómica)
Discordo, não tenho opinião, concordo Grupo sanguíneo: O, A, B ou AB,
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Classificação dos estudos – Os estudos epidemiológicos podem ser classificados em Observacionais


e Experimentais.

 Estudos Observacionais – Permitem que a natureza determine o seu curso: O investigador mede,
mas não intervém - esses estudos podem ser descritivos e analíticos:

 Um estudo descritivo limita-se a descrever a ocorrência de uma doença numa população.

 Um estudo analítico aborda, com mais profundidade, as relações entre o estado de saúde e as
outras variáveis.
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 Estudos Experimentais

Também classificados de Intervenção envolvem a tentativa de mudar os determinantes de


uma doença, tais como a exposição ou comportamento, ou cessar o progresso de uma
doença através de tratamento.
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Tipos de estudos epidemiológicos

Fonte: BEAGLEHOLE et al (2003)


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Estudos descritivos:

 Frequentemente são o 1º passo numa investigação epidemiológica.

 Descrevem o estado de saúde de uma população a partir de uma recolha de


dados sistemática (dados secundários) ou recolhidos diretamente através de
questionários específicos (dados primários).

 Os estudos puramente descritivos não tentam analisar possíveis associações


entre exposição e efeito.

 Usualmente, são baseados em estatísticas de mortalidade e podem analisar a


ocorrência de óbitos de acordo com a idade, sexo ou grupo étnico durante um
período especifico de tempo ou em vários países.
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Estudos analíticos:

 Os estudos analíticos são aqueles que são delineados para examinar a existência de
associação entre uma exposição e uma doença ou condição relacionada à saúde. Este
tipo de estudos podem ser utilizados para a investigação de doenças e fatores a elas
associados (incluem os experimentais).

 Um estudo analítico vai mais longe do que um estudo descritivo, pois envolve a
análise das relações entre o estado de saúde e as outras variáveis.

 Se excetuarmos os estudos descritivos mais simples, os estudos epidemiológicos têm


características analíticas.

(Nota: Este tipo de estudos irá ser abordado nas próxima aula)
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EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA - “Estudo da distribuição da frequência das doenças e dos agravos à


saúde colectiva, em função de variáveis ligadas ao tempo, ao espaço – ambientais e populacionais –
e à pessoa, possibilitando o detalhe do perfil epidemiológico, com vista à promoção da saúde”.

(Rouquayrol, 2006)

“Um elemento essencial de um estudo descritivo é uma clara, específica e mensurável definição da
doença ou agravo em questão”

O que é que está ocorrer?


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• Onde, quando e sobre quem ocorre determinada doença?

• Existe alguma época do ano na qual aumenta o número de casos? Qual o


período de duração da epidemia? Qual o período provável de exposição?

• Em que regiões a doença é mais frequente? Há diferenças regionais ou


locais?

• Há grupos especiais mais vulneráveis?

• Pertencer a uma determinada classe social está relacionado com diferenças


nos riscos?

EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA
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Dizem respeito às variações na frequência de


doenças/ocorrências quanto a:

• TEMPO - quando?

• LUGAR - onde?

• PESSOA - a quem?

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Variáveis Epidemiológicas
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A base da maioria dos estudos epidemiológicos consiste no exame cuidadoso de três


questões fundamentais:
• QUEM – Pessoa - Quem adoeceu?
• Analisa a distribuição da doença segundo o sexo, idade, ocupação, hábitos alimentares,
culturais…
- Ex: Sarampo mais frequente na infância
• ONDE – Lugar – Onde a doença ocorreu?
• Analisa a ocorrência de algum padrão espacial da doença
- Ex: Diarreia infecciosa/Áreas com saneamento precário
• QUANDO – Tempo – Quando a doença ocorreu?
• Analisa o período e a velocidade de ocorrência da doença.
- Toxi – infecções alimentares mais frequentes no Verão
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1. VARIÁVEIS RELACIONADAS COM O TEMPO

A distribuição temporal de uma doença pode obedecer a um determinado padrão


temporal – ex. Afogamentos/Verão

Podemos prever e contrariar períodos de maior risco para determinada doença.

A análise da distribuição dos eventos relacionados com a saúde no tempo fornece


importantes contributos sobre as causas de doenças e informações relevantes para o
planeamento e avaliação em saúde - Prevenção e Diagnóstico precoce.
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1. VARIÁVEIS RELACIONADAS COM O TEMPO

 Intervalo de tempo – intervalo de tempo decorrido entre dois eventos sucessivos -


Horas; dias; semanas; meses ou anos
• Incidência e período de incubação

 Intervalo cronológico – referência a uma sequência de alguns anos - possibilita a


elaboração de uma expectativa epidemiológica
• Cobertura vacinal /incidência de doenças no período 1999/2009

 Período – partes do tempo delimitadas, marcadas cronologicamente e


especificadas.
• Mês de Maio do ano /Semana de… a …/Dia da semana x/ 16h do dia y
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As análises relacionadas com o tempo podem ser apresentadas sob a


forma de:

• Distribuição cronológica: relação entre uma sequência de marcos cronológicos e


uma variável de frequência de doença
• Cronologia de frequência de casos ou de óbitos

• Série temporal/Séries cronológicas: conjunto de observações ordenadas no tempo


– permite elaborar previsões
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Distribuição cronológica

Objetivos:
• Avaliar as medidas de controle

• Compreender eventos inusitados

• Detetar epidemias

• Fornecer subsídios para explicações causais

• Apoiar o planeamento em saúde


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Série temporal/séries cronológicas - Podem distinguir-se:

• Tendência: comportamento de eventos de saúde em um período longo - vários anos


(tendência secular/histórica ou geral). Caracteriza-se por estabilidade, intensificação ou
decréscimo. Pode ser expressa pelo coeficiente de inclinação de uma reta - influenciada por
alterações na tecnologia, população, riqueza.

• Variação sazonal: valores máximos e mínimos ocorrem sempre no mesmo período (mesma
estação do ano, mês, semana ou dia) Resultantes de acontecimentos periódicos que ocorrem
anualmente – influenciada por condições climatéricas, costumes sociais ou religiosos.

• Ex. gripe; acidentes de trabalho/colheitas agrícolas…


Variáveis epidemiológicas - Tempo ESEnfC 2020-2021 1º Ano 2º Semestre
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• Variação ou flutuação cíclica: o padrão repete-se em intervalos sucessivos (ciclos), é


influenciada por várias causas.

Flutuações na incidência de uma doença ocorrida num período maior que um ano – Ex.
sarampo

• Variações irregulares – alteração na incidência da doença diferente do esperado para a


mesma – duração curta.

Refere-se a deslocamentos esporádicos das distribuições, provocados por acontecimentos


como: catástrofes – inundações, furacões, incêndios - greves; eleições; acidentes
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Distribuição cronológica Enfermagem de Saúde Pública e Epidemiologia
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Distribuição cronológica Enfermagem de Saúde Pública e Epidemiologia
Diagrama da tendência geral de uma doença assinalando as suas variações ESEnfC 2020-2021 1º Ano 2º Semestre
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cíclicas e sazonais

Taxa/ Variações Variação


cíclicas sazonal
100.000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Meses do ano

Tendência
geral

1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995


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2. ESPAÇO – VARIÁVEIS DE LUGAR

O uso das informações sobre a a distribuição geográfica permite:

- Indicar os riscos a que a população está exposta;


- Acompanhar a disseminação dos eventos;
- Fornecer subsídios para explicações causais (Ex. Mapa da cólera – Jonh Snow);
- Definir prioridades de intervenção;
- Avaliar o impacto das intervenções.
Variáveis Epidemiológicas - Lugar ESEnfC 2020-2021 1º Ano 2º Semestre
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Podem ser organizadas e subdivididas em lugares delimitados e perfeitamente


definidos:

• Variáveis geopolíticas

Permitem comparações internacionais – permitem monitorizar o estado de saúde e a avaliação


do progresso relativo ao controle das doenças e à melhoria da qualidade de vida.

- Ex: Países do 3º mundo/países ricos/EU/países da ONU – países do mesmo


continente/de igual desenvolvimento económico e com problemas de saúde
semelhante.
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A diferença entre países também pode ser explicada pelas condicionantes geográficas (ex.
clima), ecológicas, genéticas, político-culturais, cuidados de saúde e classe social.

• Variáveis político administrativas


Os territórios podem estar organizados segundo estes critérios:
separam áreas homogéneas ou unem áreas com características completamente
diferentes sob o ponto de vista fisiográfico, ecológico, social ou de estrutura
produtiva – em situações específicas também podem ser subdivididos em função de
critérios geográficos.
Portugal/Continente (Nut I)/Região Centro (Nut II)/Baixo Mondego I (Nut III)/ Concelho/Freguesia
Variáveis epidemiológicas- Lugar ESEnfC 2020-2021 1º Ano 2º Semestre
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• Variáveis geográficas
a) Variáveis Ambientais

Ambiente natural - independente da intervenção humana


- Localização – latitude/ longitude
- Relevo
- Hidrografia
- Solo, clima, flora, fauna
Ambiente artificial – acrescentados pelo homem à paisagem
-modificação da paisagem natural,
-poluição ambiental,
-contaminação de alimentos
-restrição na qualidade e quantidade de alimentos disponíveis,
-condições de trabalho
-fatores psico-sociais
-saneamento, urbanização… Em que tipo de ambiente?
Variáveis epidemiológicas- Lugar ESEnfC 2020-2021 1º Ano 2º Semestre
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• Variáveis geográficas

b) Variáveis Populacionais
• Fatores demográficos - associados a diferenças no nível de saúde – maiores
diferenças encontradas nos estudos ao nível da idade e sexo – taxas de
natalidade/esperança média de vida/densidade populacional.

• idade; sexo; residência; estado civil; profissão; etnia; nível sócio - económico.

• Fatores sociais - Culturais e padrões de comportamento, religião, condição


socioeconómica, organização social.

Quais as características da população onde isso ocorre?


Variáveis epidemiológicas- Lugar ESEnfC 2020-2021 1º Ano 2º Semestre
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• Variáveis geográficas

c) Variação Urbano-Rural
• Analisa e compara a distribuição do padrão de morbilidade e mortalidade nas regiões
urbano- rurais;

d) Variação Local
• Abrange as ocorrências que se dão em espaços restritos

Ex. comunidades residenciais familiares; bairros; cidades…


Variáveis epidemiológicas- Lugar ESEnfC 2020-2021 1º Ano 2º Semestre
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Fator a ter em atenção:

Mobilidade Espacial – Consequências epidemiológicas

- A ocupação do espaço natural pode levar à oclusão de surtos;

- A mobilidade humana no espaço é um dos fatores que pode originar a disseminação de


doenças transmissíveis;

- A população migrante é mais suscetível aos problemas de saúde;


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3. VARIÁVEIS RELACIONADAS COM A PESSOA

• Características gerais - idade e sexo;

• Características familiares – estado civil, idade dos pais, dimensão da família,


posição na ordem do nascimento, privação de pais, de um ou de ambos;
morbilidade familiar por causas específicas;

• Características étnicas – cultura, religião, lugar de nascimento, raça/etnia;


Variáveis epidemiológicas - Pessoa ESEnfC 2020-2021 1º Ano 2º Semestre
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• Nível socioeconómico – ocupação, rendimentos (pessoal/familiar ou per capita),


nível de instrução, tipo e zona de residência

• Ocorrências durante a vida intra-uterina e ao nascer – relacionadas com a


mãe/gestação

• Características endógenas

• Ocorrências acidentais

• Hábitos e actividades
(Continuação)
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 Surto - Ocorrência epidémica onde todos os casos estão relacionados entre si, atingindo uma
área pequena e delimitada (bairros, vilas, …) ou uma população institucionalizada (colégios,
quartéis, creches…).

(Medronho, 2006)

Ocorrência epidémica restrita a um espaço extremamente delimitado: edifícios de


apartamentos…

(Rouquayrol,2006)

Ex: Maria Tifosa - EUA


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Epidemia - “Concentração de casos de uma mesma doença em determinado local e


época, claramente em excesso ao que seria teoricamente esperado”.

(Pereira, 2006)

“Elevação brusca, temporária e significativa acima do esperado para a incidência de


uma determinada doença” .

(Medronho, 2006)
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Epidemia

Não representa necessariamente a ocorrência de um grande nº de casos de doença, mas sim


um claro excesso de casos quando comparado á frequência esperada em determinado
espaço e período de tempo.

• Caso alóctone - SARS (Pneumonia asiática) – importado de outra localidade.

• Caso autóctone – Transmissão secundária - oriundo do mesmo local em referência ou


sob investigação.
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ASPECTOS DIFERENCIAIS NAS EPIDEMIAS

Epidemia explosiva ou maciça – Nº de casos com elevada progressão, atingindo o


pico de incidência num curto período de tempo, declinando logo a seguir.
Epidemia Lenta – Epidemias decorrentes de doenças de longo período de
incubação.
Epidemia progressiva – Progressão mais lenta, sugerindo contacto pessoa a
pessoa.
Epidemia por fonte comum
 pontual (Ex. exposição a alimentos contaminados num evento social) ou persistente/contínua
(exposição a contaminação fecal através da rede de águas de abastecimento)
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Pandemia
Epidemia de grandes proporções envolvendo extensas áreas e um número elevado de
pessoas.

Ampla distribuição espacial da doença atingindo diversas nações ou


continentes.
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• Endemia – “Presença usual de uma doença dentro dos limites esperados, em uma determinada
área geográfica por um período de tempo ilimitado “
(Medronho, 2006)

“Ocorrência colectiva de uma determinada doença que, no decorrer de um largo período histórico,
acomete sistematicamente grupos humanos distribuídos em espaços delimitados e caracterizados,
mantém a sua incidência constante “.

- doença espacialmente localizada

- temporalmente ilimitada

- habitualmente presente

- incidência mantém-se em níveis convencionados para aquela população e época


(Rouquayrol, 2006)
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Ex. Epidemiologia descritiva – HIV/SIDA


• Desde o início da epidemia,
aprox. 75 milhões de pessoas,
foram infectadas com o vírus HIV
e cerca de 36 milhões de pessoas,
morreram
• Em 2012, 35 milhões de pessoas,
em todo o mundo, viviam com
HIV.
• Estimava-se que 0.8% pertenciam
ao grupo etário dos
15–49 anos;
• A África Subsaariana é a mais
afetada, com quase 1 em cada 20
adultos vivendo com HIV e é
responsável por 71% das pessoas
- http://www.who.int/gho/hiv/epidemic_status/cases_all/en/ que vivem com HIV em todo o
mundo.
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Ex. Epidemiologia descritiva – Consumo tabaco/Portugal

- http://who.int/tobacco/surveillance/policy/country_profile/prt.pdf?ua=
1
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BIBLIOGRAFIA
- Almeida Filho, N., Rouquayrol, M. Z. (2006). Introdução à Epidemiologia. 4ª edição, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, pg. 73-84. ISBN 978-85-277-
1187-6.

- Almeida Filho, N., Rouquayrol, M. Z. (2003). Epidemiologia & Saúde. 6ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, pg. 17-35

- MEDRONHO, R. A. (2006). Epidemiologia. São Paulo: Atheneu,.

- Beaglehole, R., Bonita, R. & Kjellstrom, T. (2003). Epidemiologia Básica. Lisboa: ENSP.

- Pereira ,M. G. (2006). Epidemiologia teoria e pratica. 10ª ed.. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

- RouquayroL, M. Z. (2006). Epidemiologia e saúde. 6ª ed.. Rio de Janeiro: Medsi, pp. 83-147.

- SITE: http://www.who.int/gho/hiv/epidemic_status/cases_all/en

- http://who.int/tobacco/surveillance/policy/country_profile/prt.pdf?ua=1

Informação complementar:

Trabalho autónomo do estudante – 2 horas

Organização e estudo dos temas lecionados conjugando o conteúdo dos suportes disponibilizados com a leitura dos textos recomendados.

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