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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – CEDU

DISCIPLINA: DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM


ORIENTADOR(A) ANA MARIA VERGNE
LICENCIATURA EM PEGADODIA - NOTURNO
EDNA CEDRO CORREIA

RESENHA CRÍTICA

O presente trabalho se trata de uma resenha crítica, tendo como base o 1° capítulo de
PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento humano e o documentário A invenção da infância.
Produção de Liliana Sulzbach e Mônica Schmiedt. Começaremos assim, respeitando as
respectivas ordens.
O ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
O capítulo se inicia contanto o caro de Victor, o menino selvagem de Aveyron. Este
menino, foi encontrado em 1800 num lugar remoto do sul da França. O menino aparentava
ter 12 anos, não falava, nem respondia perguntas. Se alimentava de raízes e frutos, escalava
árvores e bebia água de córregos. O comportamento do menino sugere que o mesmo tenha se
criado sozinho, em região de mata.
Na época deste caso, a França e o mundo estavam em efervescência cultural e
intelectual e várias teorias sobre a natureza dos seres humanos estavam sendo formuladas e
discutidas. O menino ficou sob os cuidados de Jean-Marc-Gaspard Itard, um estudioso da
"Medicina Mental". Este caso é considerado como uma das primeiras tentativas
fundamentadas e embasadas de se compreender a importância do contato social durantes os
anos de formação, as questões sobre as características inatas da criança (natureza) e a criação,
educação e outras influências do meio social (experiência).
Desenvolvimento humano é o estudo científico da mudança e da continuidade durante
todo o ciclo humano da vida. Vários estudos na Universidade de Stanford (iniciados em 1921
sob a direção de Lewis Terman) demonstraram que crianças que cresceram e se
desenvolveram em épocas e contextos diferentes, tiveram desenvolvimento diferente. No
experimento de Terman, sua amostra chegou a idade adulta por volta dos anos 30, na época
da Grande Depressão. Já a amostra de Oakland chegou a idade adulta durante a Segunda
Guerra Mundial e a amostra de Berkeley chegou a idade adulta nos anos 50, no Pós-guerra.
Esses estudos demonstraram que o meio onde se cresce e vive, as influências da sociedade e
o contexto das interações sociais trazem impactos significativos no desenvolvimento desses
indivíduos.

Após esses estudos, Paul Baltes identificou princípios fundamentais no que chamou de
Desenvolvimento do Ciclo Vital, que são:
• O desenvolvimento é vitalício, ou seja, cada período da vida sofre influência do período
anterior e influenciara o seguinte;
• O desenvolvimento depende de história e contexto, isto quer dizer que onde se vive, as
condições, contexto histórico e social influenciam no desenvolvimento;
• O desenvolvimento é multidimensional e multidirecional, ou seja, por toda a vida o
desenvolvimento envolve um processo de crescimento e declínio e
• O desenvolvimento é flexível ou plástico, isto quer dizer que pode sofrer modificações, por
meio de treinamento e pratica, independentemente da idade.
O estudo do desenvolvimento humano hoje está pautado em quatro objetivos
norteadores: a descrição, explicação, predição e modificação do comportamento. Esses
procedimentos possibilitam que uma situação seja descrita em sua essência, para que se possa
formular explicações de determinado tipo de comportamento, permitindo a predição de
atitudes e situações que podem acontecer baseadas no estágio anterior e atual. Além disso,
após análise dos ^ desdobramentos, pode-se fazer experimentos para modificar ou tentar
modificar o comportamento.

Partindo para uma outra dimensão, mas nem tanta, o filme “A invenção da infância”,
um curta-metragem dirigido por Liliana Sulzback, também responsável pelo roteiro e, ao lado
de Mônica Schmiedt, pela produção executiva, recebeu 15 prêmios no Brasil e exterior.
Seguindo um estilo de documentário, o filme contempla diversos depoimentos com o intuito
de retratar um desequilíbrio existente e que abala o conceito de infância em diferentes
âmbitos, em um mesmo país.
Pressupondo que a ideia de infância nem sempre se fez presente na cultura e que foi
criada em um determinado período para demarcar uma época tranquila, perfeita e protegida,
diferenciada da vida adulta, o filme vem, pontualmente, revelar que a realidade atual não
condiz com tal contexto.
Denunciando grandes diferenças sociais, apresenta, alternadamente, as realidades
extremamente distintas em que as crianças estão inseridas. De um lado, em famílias de baixo
poder aquisitivo, o índice de mortalidade infantil é elevado. As crianças que sobrevivem são
impelidas a trabalhar para obterem recursos, mesmo que mínimos, para subsistência. De
outro lado, famílias com melhores condições financeiras exigem que suas crianças preencham
seu tempo com atividades mais referidas aos ideais sociais. O que fica marcado não são
somente as diferentes incumbências destas crianças, mas também a diferença temporal
presente em um mesmo período e país que comporta realidades tão extremas.
A invenção da infância se dá na Modernidade. A primeira das realidades referidas
anteriormente é situada por Sulzback em uma dimensão temporal Pré-moderna. Não há
diferenciação dos encargos adultos e infantis. A morte de crianças parece não causar tanto
impacto. Nesse “salve-se quem puder” as crianças, como adultos, devem ir em busca de
sustento. A segunda, já referida por ela como Pós-moderna, conduz também à mesma questão
de não diferenciação; aqui, porém, como uma “evolução” do conceito moderno forçada por
algumas transformações, envolvendo principalmente a mídia, e que fizeram com que esses
mundos se confundissem novamente.
Enquanto algumas crianças precisam comprometer-se com o trabalho expondo-se,
muitas vezes, a riscos e perigos de algumas atividades, outras precisam comprometer-se com
atividades diversas, que lhe são designadas pelos adultos. São duas faces da mesma moeda, já
que ambas, independentemente do mundo em que vivem, são demandadas a
responsabilizarem-se pelos seus atos, assim como adultos.
O filme encerra com a frase “Ser criança não significa ter infância”. Ela remete- nos a
pensar que aquela época ideal, feliz, isenta de obrigações é cada vez mais utópica e que este
tempo diferenciado está sendo invadido por valores pertencentes a um tempo que, se essa
diferenciação persistisse, seria posterior.

REFERÊNCIAS
PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento humano [recurso eletrônico] / Diane E.
Papalia, Ruth Duskin Feldman, com Gabriela Martorell. – 12 ed. – Dados eletrônicos – Porto
Alegre: AMGH, 2013. (Parte 1, Capítulo 1).
A invenção da infância. Produção de Liliana Sulzbach e Mônica Schmiedt e Roteiro
de Liliana Sulzbach. Porto Alegre. Distribuição: Tamanduá. Ano: 2000. Link de acesso ao
Documentário: https://portacurtasvod.azurewebsites.net/filme/?
name=a_invencao_da_infancia .

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