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FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

Cursos de Licenciatura em

C/GC/E CONTABILIDADE / GESTÃO DE COMÉRCIO/ECONOMIA

Contabilidade Financeira II (TEXTO 1)

Estudo de Contas

Contas de Meios Financeiros

Consistem nos meios com um elevado grau de liquidez, ou seja, aqueles meios que mais facilmente
se transformam em moeda, ou a própria moeda em si. Estes meios financeiros líquidos estão
tipificados na classe 1 do Sistema Nacional de Contabilidade (SNC).

A classe de Meios Financeiros compreende os meios monetários em poder da empresa e os direitos


que ela detém relativamente a terceiros (Outros Instrumentos Financeiros) e é constituída pelos
recursos financeiros distintos uns dos outros, isto devido ao grau de liquidez dos respectivos
elementos e valores patrimoniais. Por Ex: os valores em numerário e depósitos a ordem são mais
líquidos comparativamente aos depósitos a prazo, etc.

Segundo as notas de enquadramento do SNC, “esta classe destina-se a registar os meios financeiros
líquidos que incluem quer o dinheiro e depósitos bancários quer todos os activos ou passivos
financeiros mensurados ao justo valor, cujas alterações sejam reconhecidas na demonstração de
resultados.”

Fazem parte de meios financeiros as seguintes contas:

 Caixa;

 Banco:

- Depósitos à Ordem;

- Depósitos com Pré-Aviso;

- Depósitos à Prazo;

O Docente: Mestre José Penane Chibomane


 Outros instrumentos Financeiros.

Conta 1.1 - Caixa

A conta 1.1 - Caixa compreende os meios líquidos em poder da empresa tais como:

 Notas e moedas metálicas de curso legal, nacionais ou estrangeiras;


 Cheques e vales postais1 ou de correios recebidos de terceiros, expressos em meticais ou outra
moeda.

O conceito apresentado, conduz a que não sejam considerados como fazendo parte do saldo desta conta:
 Selos de correio;
 Títulos representativos de pré-pagamentos (combustível, refeição);
 Vales de caixa;
 Cheques pré-datados.

Contas Divisionárias
A conta Caixa deve ter, de um ponto de vista contabilístico, o desenvolvimento que se possa considerar
adequado em cada empresa. A entidade poderá ter necessidade de movimentar várias contas-caixa, em
função das suas necessidades operacionais e de localização das suas unidades. Assim, apesar do código do
SNC não mencionar a forma como a conta Caixa se pode dividir, nada impede de subdividí-la, conforme as
necessidades de empresas para empresa, como referido anteriormente, por exemplo:
1.1 – Caixa
1.1.1 – Caixa A ou Caixa Sede ou Caixa Filial ou Loja A
1.1.2 – Caixa B ou Caixa Filial B ou Loja B
1.1.3 – Caixa C ou Caixa Filial C ou Loja C
1.1.4 – Caixa Fundo de Maneio
1.1.5 – Caixa Pequena
1.1……
1.1.9 – Transferências de Caixa

1
Um vale postal é um meio de pagamento, ou seja, um documento emitido pelos correios que pode ser convertido em dinheiro,
tal como um cheque de um banco
2

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Nas empresas que utilizam algumas subcontas de Caixa, por exemplo; Caixa A, Caixa B, etc., poderão,
nas operação de transferências de fundos de “Caixa A” para “Caixa B”, efectuar o seguinte lançamento
no diário geral:
Lançamento de Movimento de Caixa no Diário geral

1.1 - Caixa
1.1.2- Caixa B
a 1.1 -Caixa
1.1.1- Caixa A
P/ Transferência de fundos de "Caixa A" Para "Caixa B" 0.00

No entanto, quando os fundos saídos da “Caixa A” só entram na “Caixa B” em data posterior, em


consequência do tempo exigido pelo respectivo processo de transferência, será conveniente utilizar a
subconta transitória “1.1.9-Transferências de Caixa", ou seja, a utilização da conta 1.1.9-Transferência
de Caixa justifica-se especialmente quando há desfasamento de datas de saída e de entrada nos vários
Caixas e quando esta conta não está saldada, significa que há valores monetários em trânsito.

Os movimentos reativos às transferências de Caixa, e caso a empresa utiliza estas subcontas, são
seguintes:

a) No dia da remessa ou de transferência de fundos:

1.1 - Caixa
1.1.9- Transferência de Caixa
a 1.1 - Caixa
1.1.1- Caixa A
P/ Remessa transitória de fundos de “Caixa A” que destinam-se à “Caixa B” 0.00

b) No dia recepção de fundos:

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1.1 - Caixa
1.1.2- Caixa B
a 1.1 -Caixa
1.1.9- Transferência de Caixa
P/ Recepção de fundos transitados de "1.1.9-Transferência de Caixa" Para "Caixa B" 0.00

Caixa Pequena

Com a finalidade de suprir pequenas despesas, poder-se-ão atribuir meios monetários a determinadas
secções ou pessoas, debitando-se então, a subconta "caixa Pequena", por contrapartida da subconta
correspondente à origem desses fundos (Caixa A, Caixa B, etc., ou inclusivamente, "Caixa Principal", não
existindo aquelas subcontas).

1.1 - Caixa
1.1.5-Caixa Pequena
a 1.1 - Caixa
1.1.1-Caixa A/ 1.1.2-Caixa B/1.1…- Conta correspondente creditada
P/ Meios monetários atribuídos à secção X, Y, …, ou Z 0.00

Periodicamente, as despesas realizadas pela secção X, respeitantes geralmente a Fornecimentos e Serviços,


serão registadas, em conjunto, por um lançamento do seguinte género:

6.3-Fornecimentos e Srrviços de Teceiros


6.3. (…)-
a 1.1 - Caixa
1.1.5-Caixa Pequena
P/ Despesas realizadas pela “Secção X, Y,…, ou Z” 0.00

No fim do exercício após o registo das despesas do último período, a subconta "Caixa Pequena" deverá
ficar saldada, efectuando-se um lançamento inverso do inicial, pelo respectivo saldo.

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1.1 - Caixa
1.1.1- Caixa A
a 1.1 - Caixa
1.1.5-Caixa Pequena
P/ Transferência de saldo final de "Caixa Pequena" para "Caixa A" 0.00

Movimentação
A Conta 1.1 - Caixa como conta do activo será debitada pelo valor inicial e pelos aumentos
(recebimentos), ou seja, em consequência dos levantamentos efectuados em bancos, venda de bens e
serviços a pronto pagamento, cobrança de dívidas, indemnizações por sinistros, outros proveitos recebidos
em Caixa, diferenças de câmbio favoráveis, etc. O seu saldo é sempre devedor ou nulo e corresponde ao
valor dos meios monetários em cofre. Conforme talões de depósitos, recibos ou outros comprovativos
equivalentes emitidos pelos terceiros, a conta 1.1-Caixa será creditada pelos depósitos bancários, compras
de bens e serviços a pronto pagamento, diferenças de câmbio desfavoráveis, etc.

Conferência Periódica de Saldo


Deve verificar-se periodicamente (diariamente) a concordância entre o saldo da conta 1.1-Caixa e o
dinheiro efectivamente existente em cofre. Este processo constata-se normalmente falhas ou diferenças de
Caixa, ou seja, valor a mais ou a menos comparativamente ao encontrado em cofre e o registado nos livros
de controlo de caixa escriturado pelo sector de contabilidade.

A Diferença de Caixa, ou seja, a não concordância dos valores registados com os apurados em cofre pode
ser devida a arredondamentos ou enganos nos pagamentos e recebimentos, que importa descobrir, de modo
a se fazer a devida rectificação, dependendo da natureza do erro.

A diferença apurada “Diferença de Caixa” pode ser no sentido positivo (Rendimentos e Ganho), ou
negativa (Gasto e Perda), tal quando não é responsabilizado o tesoureiro.

Isto significa que quando são detectadas as falhas de Caixa (negativas) uma empresa tem duas opções: ou
resposabiliza-se pelo ocorrido e reconhece Gasto e Perda, ou esta é imputada ao trabalhador, que terá de
repor a falha, seja pela diminuição de seu salário, por pagamento directo, ou, ainda, pela utilização da
caução previamente constituída.
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Relativamente à utilização da conta 4.6.2.9.1- Caução de Pessoal, nota –se que esta deve ser movimentada à
crédito pelos depósitos de garantia em dinheiro prestados pelos membros dos órgãos sociais ou pelo
restante pessoal, sejam eles determinados pela lei, pelos estatutos ou pelos regulamentos aplicáveis. As suas
regularizações (a débito) referem –se à utilização ou devolução da caução.

1. Diferença a mais no cofre (positiva)


Neste caso, poderá ter acontecido um dos dois casos:

 Pagamentos a menos do que se devia; ou,

 Recebimentos a mais do que se devia.

O lançamento seria:

1.1-Caixa
a 7.8 - Rendimentos e Ganhos
78.9 - Outros Rendimentos e Ganhos Financeiros
P/ Sobra/diferença a mais no cofre 0.00

2. Diferença a menos no cofre (negativa):


Neste caso, poderá ter acontecido um dos dois casos:

 Pagamentos a mais do que se devia; ou,

 Recebimentos a menos do que se devia.

Conforme referido anteriormente, quando são detectadas as falhas de Caixa negativas uma empresa pode
optar: ou pelo reconhecimento da falha como Gasto e Perda, ou imputando-a ao trabalhador, que terá de
repor a diferença constatada pelo desconto directo do seu salário ou pelo recurso à caução existindo.

No caso em que é responsabilizado o tesoureiro, o lançamento seria:

1. Recurso à caução, especialmente nas empresas em que se atribui um subsídio de falha ao trabalhador
para fazer face à falhas ou diferenças negativas de caixa:

1.1 - Constituição da caução

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1.1 - Caixa
a 4.6- Outros Credores
4.6.2-Pessoal
4.6.2.9-Outras Operações com os Trabalhadores
4.6.2.9.1-Cauções de Pessoal (1)
P/ Constituição da caução 0.00

(1) - Divisão não existente no PGC-NIRF, Decreto 70/2009, de 22 de Dezembro

1.2- Utilização da caução

4.6- Outros Credores


4.6.2-Pessoal
4.6.2.9-Outras Operações com os Trabalhadores
4.6.2.9.1-Cauções de Pessoal (1)
a 1.1-Caixa
P/ Utilização da caução 0.00

(1) - Divisão não existente no PGC-NIRF, Decreto 70/2009, de 22 de Dezembro

2. Responsabilização ao trabalhador/ desconto de salário

4.5-Outros Devedores
4.5.1-Pessoal
4.5.1.2-Adiantamento aos Trabalhadores
4.6.2.9-Outras Operações com os Trabalhadores
a 1.1-Caixa
P/ Responsabilização ao trabalhador 0.00

No caso em que a empresa reconhece a falha ou diferença de Caixa como Gasto e Perda. Esgotados, sem
qualquer êxito, todos os recursos para a descoberta do erro e, caso não seja possível responsabilizar o

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trabalhador pela reposição do valor no cofre, deve-se elevar a diferença encontrada à conta "6.9.8- Outros
Gastos e Perdas Financeiras ", e o lançamento seria:

Reconhecimento da falha ou diferença de caixa negativa

6.9 - Gastos e Perdas Financeiras


6.9.8 - Outros Gastos e Perdas Financeiras
a 1.1-Caixa
P/ Assunção da falha como gasto e perda do período 0.00

Exemplo

Uma determinada empresa movimenta a conta Caixa regularmente. O responsável pela “Caixa A” registou
no dia 10 de Junho do ano X um saldo de 1.350.000,00Mt enquanto que da sua contagem física resultava
um total de 1.300.000,00Mt.

Devido as responsabilidades de sua função, a empresa exigiu inicialmente (à data de contratação – 1 de


Fevereiro) uma caução de 100.000,00Mt. Neste caso, deve se recorrer a caução, uma vez constituída:

Constituição da caução

D 4.6.2.9.1- Cauções de Pessoal H D 1.1-Caixa H


1) 100.000,00 1) 100.000,00

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Utilização da caução

D 4.6.2.9.1- Cauções de Pessoal H D 1.1-Caixa H


2) 50.000,00 2) 50.000,00

Nota: a divisão 4.6.2.9.1 não existente no PGC-NIRF, Decreto 70/2009, de 22 de Dezembro

Observação:

1. Os lançamentos efectuados nos primeiros razões esquemáticos têm a ver com a constituição da
caução

2. Os lançamentos efectuados no terceiro e quarto razões esquemáticos refererem-se à utilização da


caução

O Diário / Folha de Caixa

Nele se registam todas as entradas e saídas de dinheiro. Uma vez que o maior número dos movimentos
envolve a conta Caixa e para fazer face aos custos de escrituração que o Diário Geral envolve uma vez que
é selado, registam-se os movimentos respeitantes a entradas e saídas de caixa num diário divisionário não
selado, centralizando-se no final do mês no Diário Geral selado, através de dois lançamentos relativos aos
recebimentos e aos pagamentos do mês. O Diário ou Folha (ou livro) de Caixa para o nosso estudo é
apresentado a seguir em modelo próprio.

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A contabilização e a centralização das operações realizadas por meio de Caixa no Diário Geral são
efectuadas através de dois lançamentos: o primeiro, referente a recebimentos do mês e outro (o segundo),
referente aos pagamento de Caixa do período, por exemplo:

Recebimentos de Caixa

1.1-Caixa
a Diversos
P/ Recebimentos do mês/ do período 0.00

Pagamentos de Caixa

Diversos
a 1.1-Caixa
P/ Pagamentos do mês/ do período 0.00

Exercício n° 1:

O Comerciante Peixe da Mamã possuía em 02 de Janeiro de 2006 os seguintes elementos Patrimoniais


iniciais:

 Numerário em cofre…………………………………………………………….…….13.250,00Mt
 Saques s/ clientes……………………………………………………………….…… 25.650.00Mt
 Saques de diversos fornecedores……………………………………………………..23.230,00Mt
 Depósitos no BCI…………………………………………………………………….59.800,00Mt

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 Empréstimos no BIM para construção de uma loja…………………………………180.000,00Mt
 Diverso mobiliário…………………………………………………………………….56.700,00Mt
 2 computadores para uso……………………………………………………………...16.980,00Mt
 2 máquinas registadoras………………………………………………………………14.680,00Mt
 1 edifício em construção…………………………………………………………….. 83.900,00Mt
 2 viaturas…………………………………………………………………………….128.900,00Mt
 Cheques de diversos………………………………………………………………….23.890,00Mt
 Vales de correio de diversos clientes…………………………………………………12.300,00Mt
 Depósitos no BIM…………………………………………………………………….52.890,85Mt
 Débitos de clientes……………………………………………………………………32.750,00Mt
 Débitos a fornecedores……………………………………………………………….28.950,00Mt
 Débitos de diversos pelo aluguer de viaturas…………………………………………18.960,00Mt
 Créditos de diversos pela reparação de viaturas……………………………………….2.800,00Mt
 IRPS por entregar a repartição de finanças……………………………………………6.380,00Mt
 Diversas despesas com a constituição da empresa…………………………………...24.650,00Mt
 Diversas mercadorias………………………………………………………….188.670,6225,00Mt
 Diversas embalagens não devolvíveis…………………………………………………6.860,00Mt
 1 edifício…………………………………………………………………………….280.900,00Mt
 1 armazém…………………………………………………………………………...198.600,00Mt

Durante o mês realizou entre outras as seguintes operações:

Dia 6 – cobrança de saques sobre clientes

Dia 10 – Depósito de 1.000,00Mt

Dia 20 – Cheque nº 50 para pagamento aos fornecedores 1.000,00Mt

Dia 31 - Pagamento do IRPS

Pretende – se:

a) A elaboração do Diário de Caixa;

b) Os lançamentos resumos ou de centralização no Diário Geral.

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Exercício n° 2

A empresa ALFA, Lda possuía em cofre em 1 de Novembro de 2003, 6.750 contos, representados
em numerário.

Durante o mês realizou as seguintes operações:

02- Compra de mercadorias a pronto pagamento, conforme V/D n° 268 de M. Bachir –

4.350 contos;

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05- Venda a Ana Márcia – 7.750.800,00Mt;

10- N/ Recibo n° 230 referente a renda do armazém – 3.350.000,00Mt;

15- Pagamento de salários atrasados 9.350 contos;

15- V/D nº 1163 da Minerva Central – 4.378 contos;

18- Cheque n° 234895/BIM – 10.750 contos;

22- Compra a J. Melo de mercadorias de 20.782 contos, nas seguintes condições;

- 20% em numerário;
- 40% por cheque 234896/BIM;
- O restante a prazo de 30 dias;
25- Processamento de salários do mês no valor de 14.600 contos com 18% de

Descontos;

28- Cheque n° 234896/BIM para reforço de caixa – 6.800 contos;

28- Pagamento de salários do mês;

30- Venda a Mª Graciete de mercadorias de 12.780 contos, nas seguintes condições:

- 50% pela factura n° 78;


- 35% por cheque 630780/BIM;
- O restante em numerário.
Pretende-se:

a) Preenchimento do Diário de Caixa;


b) Centralização dos movimentos do Diário de Caixa no Diário Geral.

A CONTA 1.2 -Bancos

A conta 1.2- BANCOS compreende os meios líquidos de pagamento que a empresa dispõe á custódia das
instituições de credito (bancos), a ordem, com pré-aviso ou a prazo.

Movimentação

A conta "1.2 Bancos", como conta do activo, será debitada pelo valor inicial e pelos aumentos (depósitos e
operações equivalentes - descontos e cobranças bancárias, transferências de contas, juros a nosso favor) e
creditada pelas diminuições (levantamentos e operações equivalentes - ordens de pagamento e de
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transferência), etc. O seu saldo é sempre devedor ou nulo e corresponde ao valor dos meios líquidos de
pagamento existentes nas instituições de crédito.

Nota: Se na data do Balanço houver saldo credor em algumas subcontas, elas deverão ser representadas no
Passivo dentro de créditos bancários, numa conta de descoberto bancário, não havendo, de e, préstimos
obtidos.

Contas Divisionárias

Os comerciantes raramente trabalham apenas com um banco, pelo que a conta “1.2 BANCOS” é sempre
colectiva e havendo uma conta divisionária para cada depósito ou banco poder-se-ão ser criadas subcontas
do 2º, 3º grau, etc.

Exemplo:

1.2 BANCOS

1.2.1 C/ Depósitos à ordem

1.2.1.1 BCI

1.2.1.2 BIM

1.2.1.3 B.A.

1.2.2 C/ Depósitos com aviso prévio

1.2.2.1- BCI

1.2.2.2 -BIM

1.2.2.3- B.A.

1.2.3 - Depósitos ao prazo

1.2.3.1- BCI

1.2.3.2- BIM

1.2.3.3 - BA

A reunião destas contas elementares, geralmente escrituradas em dispositivo unilateral de coluna simples
com saldo (as chamadas Contas Correntes), constitui o Razão Auxiliar de Bancos. A Conta Corrente é
também designada por Livro de Bancos.

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Modelo do Razão Auxiliar2/Livro de Bancos / Conta Corrente de Bancos

Data Descrição/Operações Débito Crédito Saldo (D/C)

Exercício N° 1

Determinada empresa comercial possuía em 1 do mês passado os seguintes saldos iniciais em contas
bancárias:

- B.A. - 85.220.000,00MT;
- BIM – 120.685.300, 00MT;

Durante o mês realizou se entre outras as seguintes operações:

02- Depósito no B.A., conforme o T/D n° 1105 de 11.680 contos;

03- Cheque 2.325/BIM de 16,800 contos;

06- Transferência do cliente A. Mateus para a conta do B.A., conforme a Nota de

Crédito 3356/B.A. de 17.750 contos;

10- Cheque n.º 22326/BIM para a compra de diverso mobiliário – 48.880 contos;

12- Desconto no BIM do saque n° 20 de 16.800 contos com 12% de encargos;

15- Nota de Débito n° 3620/B.A. referente a despesas com livros de cheques –

398.000,00MT;

18- Cheque n° 4625/B.A. para liquidação da factura de Lúcio de 18.600 contos, com

7,5% de desconto por antecipação de pagamento;

20- Cheque 4626/B.A. pela compra de mercadorias 17.381.520,00MT;

25- Transferência de 50% do saldo do BIM para o B.A.;

30- Pagamento à Repatriação de Finanças por cheque 4627/B.A. – 4.820 contos.

2
Modelo aplicável para Conta Corrente de Clientes, de Fornecedores e de mais entidades cujo uso é relevante.
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Pretende-se:

a) Conta Corrente do Banco Austral na escrita da empresa;


b) Conta Corrente do BIM na escrita da empresa.

Conferência Periódica de Saldo

A conferência do saldo de cada conta bancária deve ser feita periodicamente, sempre que o banco envia um
extracto da conta, mas tendo em atenção que os débitos da empresa correspondem aos créditos do banco.

No processo de conferência do saldo podem surgir diferenças nas datas de alguns registos, como tal, poderá
acontecer que certas operações ainda não tenham sido registadas pelo banco, convindo então fazer um
apanhado das diferenças verificadas que poderão afectar a desigualdades de saldos nas escritas da empresa
e do banco.

Para o efeito de reconciliar tais diferenças (conferência e ajuste de saldos) é necessário:

1. Solicitar ao banco o extracto da conta onde se espelha os valores lançados à débito e a crédito;
2. Com base nos canhotos passados pela empresa, total dos depósitos, borderaux enviados pelo banco,
notas de transferência, etc., comparar os saldos;
3. Anotar os movimentos lançados no livro bancário;
4. Feita a reconciliação o saldo do banco deve ser igual ao da empresa menos o valor dos cheques em
circulação.
Situações possíveis:

 Existência de cheques passados pela empresa que ainda não deram entrada no banco (cheques em
circulação);
 Juros a favor da empresa ainda não lançados por esta;
 Ordens de transferências dadas pela empresa ainda não registadas pelo banco;
 Troca de colunas, isto é, movimentos lançados a débito em vez do crédito e, vice-versa.

Exemplo:

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As informações relativas aos extractos da empresa e do Banco em Março de 2002 fora seguintes:

BANCO: BIM
DATA OPERAÇÕES DÉBITO CRÉDITO SALDO

2002 Saldo 25.000.000,00 25.000.000,00


6 Cheque n° 12356 10.000.000,00 15.000.000,00
15 Cobrança do saque n° 15 7.000.000,00 8.000.000,00
16 Depósito n° 851 no BSTM 15.000.000,00 23.000.000,00
17 Cheque n° 12357 1.500.000,00 21.500.000,00
25 Cheque n° 12358 550.000,00 20.950.000,00
30 Transferencia p/ o BCI 2.000.000,00 18.950.000,00
30 Transferencia do B.A. p/ o BIM 3.550.000,00 22.500.000,00

CLIENTE: Veja Bem, Lda


DATA OPERAÇÕES DÉBITO CRÉDITO SALDO

2002 Saldo 30.000.000,00 30.000.000,00


8 Cheque 12355 10.000.000,00 20.000.000,00
13 Cheque 12356 10.000.000,00 10.000.000,00
14 Depósito 0012 5.000.000,00 15.000.000,00
15 Cobrança Letra 15 7.500.000,00 22.500.000,00
16 Comissão cobrança Letra 15 500.000,00 23.000.000,00
18 Cheque 12357 5.100.000,00 28.100.000,00
25 Cheque 12358 550.000,00 27.550.000,00
30 Juros vencidos 800.000,00 28.350.000,00

Informações complementares: o valor correcto do cheque n° 12357 é de 1.500.000,00Mt.

Para o apuramento do saldo real (comum/disponível/efectivo) pode-se recorrer o quadro a seguir


apresentado:

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MAPA DE RECONCILIAÇÃO BANCÁRIA
ESCRITA DA EMPRESA ESCRITA DO BANCO
DATA OPERAÇOES
DÉBITO CRÉDITO DÉBITO CRÉDITO

2002 Saldo 22.500.000,00 28.350.000,00


15 Anulação da cobrança da letra n° 15 7.000.000,00
15 Registo da cobrança da letra n° 15 7.000.000,00
16 Anulação do depósito no BSTM 15.000.000,00
30 Juros de depósitos 800.000,00
16 Anulação da cobrança da letra n° 15 500.000,00
16 Registo de encargos da letra n° 15 500.000,00
18 Anulação do cheque n° 12357 5.100.000,00
18 Cheque n° 12357 1.500.000,00
30 Transferencia p/ o BCI 2.000.000,00
30 Transferencia do B.A. 3.550.000,00
Sub-total 37.300.000,00 15.000.000,00 9.600.000,00 31.900.000,00
Saldo disponível 22.300.000,00 22.300.000,00
Total 37.300.000,00 37.300.000,00 31.900.000,00 31.900.000,00

Exercício 1

Com base nos seguintes extractos da empresa e do banco, proceda a devida reconciliação bancária:

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Resolução do Exercício 1

Para fazer a reconciliação bancária anota-se os valores comuns obtidos nos dois extractos (da empresa e do
banco) e, depois, os valores divergentes são à posterior justificados e mencionados como abertos. Para a
resolução do presente exercício pode optar, ou pelo modelo de reconciliação bancária anteriormente
apresentado, ou pelo modelo seguinte utilizado para a resolução do exercício 1.

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Exercício 2

Mozalândia, cliente do BCI, recebeu do banco extractos de contas referentes aos movimentos do mês de
Julho último e o razão geral da empresa para efeito de reconciliação:

Data
Descrição Débito Crédito Saldo
(2010)
01-Jul Saldo 85.000,00
02-Jul Cheque nº 3215 25.000,00
05-Jul Talão de depósito nº 145 20.000,00
08-Jul Cheque nº 3216 15.000,00
10-Jul Talão de Depósito nº 151 10.000,00
18-Jul Cheque nº 3218 12.500,00
27-Jul Talão de depósito nº 187 11.000,00
29-Jul Cheque nº 3219 26.250,00
30-Jul Talão de depósito nº 190 7.750,00

Pretende – se a elaboração do Mapa de Reconciliação bancária

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Outros Instrumentos Financeiros

Um Instrumento Financeiro é qualquer contrato que dá origem quer a um activo financeiro de uma
empresa, quer a um passivo financeiro ou a um instrumento financeiro de capital próprio de outra
empresa, por exemplo: acções ou quotas.

Esta conta, do activo, destina-se a classificar os investimentos financeiros temporários (excedentes e


tesouraria), ou seja, as aplicações de tesouraria de curto prazo. Os Outros Instrumento Financeiros têm a
característica de serem facilmente convertidos ou seja, investimentos rapidamente realizáveis (trocados
em dinheiros) e são detidos por um prazo menor ou igual a um ano, por exemplo: acções, obrigações, etc.

As notas de enquadramento do SNC mencionam que a rubrica de Outros Instrumentos Financeiros visa
reconhecer todos os instrumentos financeiros que não sejam Caixa ou Depósitos bancários que não
incluam derivados que sejam mensurados ao justo valor, cujas alterações sejam reconhecidas nas
demonstrações de resultados. Excluem-se desta conta os restantes instrumentos financeiros que devam
ser mensurados ao custo, custo amortizado ou método de equivalência patrimonial (outras contas a
receber e a pagar ou investimentos financeiros).

Contas divisionárias

A conta 1.3-Outros Instrumentos Financeiros subdivide-se nas seguintes contas:

 Derivados;

 Instrumentos Financeiros Detidos para a Negociação;

 Outros Activos e Passivos Financeiros.

De acordo com a NCRF 25, são exemplo de instrumentos financeiros detidos para negociação as acções,
obrigações, etc., adquiridas com a finalidade de venda ou de recompra num prazo muito curto.

Os instrumentos financeiros detidos para a negociação subdividem em:

 Activos Financeiros;

 Passivos Financeiros;

 Outros Activos Financeiros;

 Outros Passivos Financeiros.

Como exemplos de activos financeiros detidos para a negociação temos: investimentos de capital (acções,
títulos de participação de fundos de investimentos,), títulos de dívida pública, etc.
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Reconhecimento e Mensuração

De acordo com a NCRF 25, uma empresa deve reconhecer um instrumento financeiro apenas quando a
empresa se torne parte das disposições contratuais do instrumento.

A mensuração inicial dos instrumentos financeiros detidos para a negociação é feita ao justo valor que é o
preço da transacção. Todavia, os custos de transacção suportados com os instrumentos financeiros
detidos para a negociação não devem ser considerados na mensuração inicial dos mesmos, sendo então
considerados gastos do período.

Neste caso e conforme a NCRF 25, os instrumentos financeiros detidos para a negociação devem ser
mensurados ao justo valor e as suas alterações devem ser reconhecidas na demonstração dos resultados.

Deste modo e, no âmbito de mensuração subsequente prevista na norma, os gastos e perdas devem ser
imediatamente reconhecidos em resultados.

Exemplo:

Contabilização das operações com Instrumentos Financeiros detidos para a Negociação

D 1.1-Caixa /1.2-Bancos H D 1.3…. Instrumento financeiro H

Pelos custos de transacção incorridos (comissões, e imposto de selo) em instrumento financeiros


mensurados ao justo valor detidos para a negociação.

D 1.1-Caixa /1.2-Bancos H D 6.9.8-OGPF H

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Pelo rendimento proporcionado pelos activos financeiros (juros ou dividendos)

D 7.8.3 - RIF/Justo Valor H D 1.1-Caixa /1.2-Bancos H

D 4.4.1 - I s/ R H

Pelo Registo das Alterações do Justo Valor


a) Se ocorrer um ganho nos instrumentos financeiros
D 7.8.3 - RIF-Ganhos p/aum. do Justo Valor H D 1.3…Instrumento Financeirso H

b) Se ocorrer uma perda nos instrumentos financeiros

D 1.3…Instrumento Financeirso H D 6.9.8-OGPF-Perdas por dim. do JV H

Desreconhecimento de Activos Financeiros


Uma entidade deve desreconhecer um activo financeiros apenas quando:
a) Os direitos contratuais ou fluxos de caixa resultantes do activo financeiro expiram;

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b) A entidade transfere para outra parte os riscos significativos e benefícios relacionados com o activo.
A diferença entre a retribuição recebida e o montante desreconhecido deverá ser incluída na demonstração
de resultados. As perdas relacionadas com o desreconhecimento dos instrumentos financeiros devem ser
registadas numa conta de gastos e perdas e os ganhos relacionados com o desreconhecimento, na conta de
rendimentos e ganhos, apropriada.

Contabilização do desreconhecimento dos instrumentos financeiros detidos para a negociação


a) Se existir ganho na alienação

D 1.3…Instrumento Financeirso H D 7.8.3 - RIF-Ganhos p/aum. do Justo Valor H D 1.2-Bnacos H

P/ valor do título P/ valor da venda

b) Se existir perda na alienação

D 1.3…Instrumento Financeirso H D 6.9.8-OGPF-Perdas por dim. do JV H D 1.3…Instrumento Financeirso H

P/ valor do título P/ valor da venda

Caso prático

A JPC, SA, adquiriu, em 10 de Setembro do ano N, 10.000 acções da empresa Mabuluku & Xikitau, SA,
por 1.90Mt cada acção. Os custos de transacção ascenderam a 200,00Mt. A empresa detém estes títulos
para a negociação.
A entidade JPC SARL, apresenta contas mensalmente e decidiu vender este título no dia 15/11/N. As
cotações de fecho das acções da empresa Mabuluku & Xikitau, SA, nas datas relevantes foram as seguintes:

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Dia Cotação de Fecho
30-09-N 2,00 Mt
31-10-N 1,82Mt
15-11-N 1,93 Mt
Pretende-se que efectue os registos contabilísticos necessários associados à aquisição, valorização e
alienação das acções da empresa Mabuluku & Xikitau, SA.

Aquisição de Instrumento Financeiro, em 10 de Setembro/N

10-Sep
1.3-Instrumento Financeiros
a 1.2-Bancos
a 1.2.1-Depósitos à Ordemaixa
P/ Aquisição do Instrumento Financeiro (10.000 acções x 1,90Mt) 19,000.00

Registo de custos com a transacção (comissões), em 10 de Setembro/N

10-Sep
6.3-FST
6.3… Comissões
a 1.2-Bancos
1.2.1-Depósitos à Ordemaixa
P/ Custos/comissões da transacção 200.00

Reconhecimento de ganho das acções, em 30 de Setembro/N

30-Sep
1.3-Instrumento Financeiros
a 7.8-Rendimentos e Ganhos Financeiros
7.8.3 - RIF-Ganhos p/aum. do Justo Valor
P/ desreconhecimento do ganho de acções (2,00 -1.90)x 10.000 acções 1,000.00

Reconhecimento da perda das acções, em 31 de Outubro/N

31-Oct
6.9-Gastos e Perdas Financeiras
6.9.8-OGPF-Perdas por dim. do JV
a 1.3-Instrumento Financeiros
P/ reconhecimento da perda de acções (1.82-2,00)x 10.000 acções 1,800.00

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Registo da alienação das acções, (desreconhecimento) e da Mais –valia, em 15 de Novembro/N

15-Nov
1.2-Bancos
1.2.1-Depósitos à Ordemaixa
a Diversos
P/ Alienação das acções
a 1.3-Instrumento Financeiros/Desreconhecimt° (19.000,00 + 1.000,00 - 1.800,00) 18,200.00
a 7.8-Rendimentos e Ganhos Financeiros
7.8.3 - RIF-Ganhos p/aum. do Justo Valor / (Mais-valia = Preço de venda -
quantia escriturada = 19.300,00 - 18.200,00) 1,100.00 19,300.00

Normas de Relevo Aplicáveis

Das NCRF destacam-se as seguintes, por se entender que são as que têm maior influência na
movimentação das contas de Meios Financeiros Líquidos:

NCRF n.º 2 – Demonstração de Fluxos de Caixa


Os registos efectuados na Classe 1- Meios Financeiros são os que se reconhecem para efeitos de elaboração
da demonstração financeira “Demonstração de Fluxos de Caixa”.

NCRF n.º 23 – Os Efeitos de Alterações em Taxas de Câmbio


É com base e em função desta norma que os registos efectuados em moeda funcional são ajustados quando
se verificam alterações em taxas de câmbio.

NCRF n.º 25 – Instrumentos Financeiros


É com base e em função desta norma que se procede ao reconhecimento e mensuração dos instrumentos
financeiros.

Meios Financeiros Líquidos em Moeda Estrangeira


Uma empresa pode a qualquer momento efectuar transacções em moeda estrangeira que originam variações
nos resultados da empresa, em virtude das flutuações de taxas de câmbio da moeda. Neste sentido, deve ser

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aplicada a NCRF 23 - Efeitos de Alterações em Taxas de Câmbio, pois ela regula a forma como as
transacções e os saldos em moeda estrangeira devem ser incluídos nas demonstrações financeiras.

Mensuração/ Reconhecimento

Mensuração/ Reconhecimento Inicial


A este respeito, a NCRF 23 prescreve que uma transacção em moeda estrangeira deve ser registada, no
momento de reconhecimento inicial na moeda funcional, pela aplicação à quantia da moeda estrangeira da
taxa de câmbio à vista entre a moeda funcional e a moeda estrangeira à data da transacção.

Isto significa que os meios financeiros líquidos em moeda estrangeira são contabilizados ao câmbio do dia
em que são adquiridas, ou seja, o reconhecimento inicial é feio pela aplicação à quantia da moeda
estrangeira da taxa de câmbio entre a moeda funcional e a moeda estrangeira à data da transacção;

Mensuração/ Reconhecimento subsequente / Relato à Data do Balanço


A NCRF 23 refere que, à data de cada balanço, os itens monetários em moeda estrangeira devem ser
transpostos pelo uso de taxa de câmbio da data de balanço ou de fecho. Isto significa que, à data das
demonstrações financeiras, normalmente 31/12/N, os valores monetários em moedas estrangeira devem ser
expressos ao câmbio em vigor nesta data, ou seja, à data do balanço, os elementos monetários devem ser
transpostos para a moeda de referência através do uso da taxa de câmbio da data de fecho.

Contabiização das Diferenças de Câmbio


Os meios financeiros líquidos em moeda estrangeira deverão ser expressos em meticais ao câmbio em
vigor, à data em que seja necessário apresentar informação financeira. No máximo no final de cada
exercício económico. Esta conversão poderá dar origem a diferenças de câmbio, positivas ou negativas.

As diferenças de câmbio (positivas ou negativas), devem ser reconhecidas nos resultados do período em
que ocorrem, em obediência à norma e ao princípio de acréscimo ou de especialização dos exercícios
estabelecido pelo SNC.

Registo das Diferenças de Câmbio em Meios Financeiros Líquidos nos Razões Esquemáticos
Diferenças de Câmbio Favoráveis

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D 7.8.4-Dif. Câmbio Favoráveis H D 1.1- Caixa H

P/ Diferenças de câmbio favoráveis

D 7.8.4-Dif. Câmbio Favoráveis H D 1.2- Bancos H

P/ Diferenças de câmbio favoráveis

Diferenças de Câmbio Desfavoráveis

D 1.1- Caixa H D 6.9.4-Dif. Câmbio Desfavoráveis H

P/ Diferenças de câmbio desfavoráveis

D 1.2- Bancos H D 6.9.4-Dif. Câmbio Desfavoráveis H

P/ Diferenças de câmbio desfavoráveis

Caso Prático 1

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Mensuração inicial
Conversão para a moeda funcional (metical), considerando a taxa de câmbio em vigor em 1/11/N.

1 USD 58.00 Mt

10.000 USD X

X = USD 10.000 x 58,00 Mt = 580,000.00 Mt

Mensuração Subsequente
Actualização da moeda estrangeira, considerando a taxa de câmbio em vigor à data de balanço (31/12/N)
1 USD 59.00 Mt

10.000 USD X

X = USD 10.000 x 59,00 Mt = 590,000.00 Mt

Determinação e Registo da diferença de câmbio apurada nos Razões Esquemáticos

1. Câmbio à data da transação 580,000.00 Mt


2. Câmbio à data do balanço 590,000.00 Mt
3. Diferença de câmbio favorável 10,000.00 Mt

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D 1.2- Bancos H D 1.1-Caixa H
580.000,00 580.000,00

D 7.8.4-Dif. de Câmbio Favoráveis H D 1.1-Caixa H


10.000,00 10.000,00

Caso Prático 2
A UP, Lda, que se dedica a compra e venda de material eléctrico e electrodoméstico, apresentava em 29 de
Dezembro do ano N, um saldo na conta Caixa, o valor de 2.680.944,00Mt, assim composto:
 Notas e moedas nacionais 200.000,00Mt
 Moedas estrangeiras: USD 6.568 (USD 1 = 58,00Mt) 380.944,00Mt
 Cheques de terceiros (recebidos de clientes) 1.500.000,00Mt
 Vales de adiantamento de trabalhadores 550.000,00Mt
 Valores selados 50.000,00Mt

Sabe-se ainda que esta empresa possui as seguintes contas bancárias:


 Depósito à Ordem no BIM, contas n°s 2323 e 3434
 Depósito à Ordem no BCI, conta n° 4545
 Depósito a Prazo no BIM, conta n° 5656

No que respeita a Outros Instrumentos Financeiros, a empresa detém em carteira as seguintes acções da
empresa JPC, Lda para negociação:
 Quantidade 200 acções
 Cotação (data de aquisição) 29.000,00Mt
 Custos de transacção (comissões) 60.000,00Mt
 Valor nominal de acções 26.000,00Mt
 Cotação em 31/12/N 27.000,00Mt

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No dia 30 de Dezembro efectuou entre elas as seguintes operações:
 Talão de depósito n° 375 na conta do BCI, relativo ao depósito de cheques em carteira
 Cheque n° 211, do cliente XYZ, Lda, para o pagamento de 150.000,00Mt da sua dívida
 Cheque n° 304 da conta bancária do BIM para pagamento ao fornecedor ABC, Lda, no valor de
350.000,00Mt
 Cheque n° 509 sobre o BCI para reforço de caixa 200.000,00Mt
 Venda de mercadorias a prazo de 45 dias, no valor de 250.000,00Mt

Pedido:
1. Regularização do saldo de caixa, no dia 29 de Dezembro do ano N
2. Registo contabilístico das operações do dia 30 de Dezembro e apuramento o respectivo saldo de
caixa
3. Correcção necessária de acordo com o preceituado na NCRF 23 considerando que em 31 de
Dezembro do ano N o câmbio era de USD 1 = 59,00Mt

Resolução:
Pedido 1- Regularização do saldo de caixa, no dia 29 de Dezembro do ano N
A conta Caixa não deve incluir elementos que não correspondem a um meio de pagamento, tais como vales
de adiantamento aos trabalhadores e valores selados. Deste modo, o registo contabilístico das
regularizações do saldo de Caixa, no dia 29/12/N.

Descrição Conta Debitada Conta Creditada Valor

Vales de adiantamento aos


4.5.1.2-Adiantamento 1.1-Caixa 550,000.00
trabalhadores
aos Trabalhadores

Valores selados 6.3-Fornecimento e 1.1-Caixa 50,000.00


Servi.cos de Terceiros

O saldo de Caixa no dia 29 de Dezembro, seria:

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(+) Saldo inicial 2,680,944.00
(-) Regularizações 600,000.00
(=) Saldo final 2,080,944.00

Pedido 2- Registo contabilístico das operações do dia 30 de Dezembro e apuramento do respectivo


saldo de Caixa

RECEBIMENTOS (ESTRADAS)
Reebimento do cheque do cliente 150,000.00
Reforço do numerário em caixa 200,000.00
TOTAL 350,000.00
PAGAMENTOS (SAIDAS)
Depósito de cheques 1,500,000.00
TOTAL 1,500,000.00

Resumo de Caixa

Saldo anterior 2,080,944.00


Recebimentos (entradas) 350,000.00
Soma 2,430,944.00
Pagamentos (saidas) 1,500,000.00
Saldo do dia 930,944.00

Pedido 3- Correcção necessária de acordo com o preceituado na NCRF 23 considerando que em 31


de Dezembro do ano N o câmbio era de USD 1 = 59,00Mt
De acordo com a NCRF 23 – Efeitos de Alterações em Taxas de Câmbio, relativo ao reconhecimento
inicial, os meios financeiros líquidos em moeda estrangeira são contabilizados ao câmbio do dia em que são
adquiridos. Por essa razão, no enunciado encontramos que USD 6.568 correspondem a 380.944,00Mt,
considerando uma taxa de câmbio de USD 1 = 58,00Mt.

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Estabelece, também, a NCRF 23 que à data do balanço, normalmente 31 de Dezembro, os valores
monetários em moeda estrangeira, resultantes das diferenças cambiais, devem ser reconhecidos nos
resultados do período em que ocorram, como gastos ou como rendimentos.

Deste modo, podemos determinar o valor dos dólares, convertidos em meticais, em 31/12/N, considerando
uma taxa de câmbio em vigor nesta data (1USD = 59,00Mt):

X  6 . 568
0 . 0169491525  387 . 512 , 00 Mt
Ou

1 USD 59.00 Mt

6.568 USD X

X = USD 6.568 x 59,00 Mt = 387,512.00 Mt

Diferenças de câmbio:

1. Câmbio à data da transação 380,944.00 Mt


2. Câmbio à data do balanço (31/12/N) 387,512.00 Mt
3. Diferença de câmbio favorável 6,568.00 Mt

Conclui-se, então, que o valor de 6.568,00Mt teria de ser considerado ganho do período N.

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