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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ - UNIFAP

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – TURMA 2014

RELATÓRIO DE DANOS:
IGREJA DE SÃO JOSÉ DE MACAPÁ

MACAPÁ-AP
2016
ANANDA BRITO
BRUNO TITO
GABRIEL GALEÃO
LORENA MORAIS

RELATÓRIO DE DANOS:
IGREJA DE SÃO JOSÉ DE MACAPÁ

Trabalho referente à avaliação final, apresentado na


disciplina de Técnicas Retrospectivas, do Curso
Bacharelado de Arquitetura e Urbanismo, na
Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), sob a
orientação das Prof.ªs Eloane Cantuária e Patricía
Takamatsu.

MACAPÁ-AP
2016
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo o estudo de danos na Igreja de São José de Macapá, o
qual visa identificar seu real estado de conservação, além de analisar a evolução da edificação
ao longo do tempo. Tendo como base registros e fotografias antigas, fica evidente a
descaracterização de sua linguagem arquitetônica no decorrer de sua história. Porém, baseado
em no período que fora construída e nas plantas do projeto original, pode-se considerá-la
como maneirista, apesar de seu aparente estilo neoclássico, em decorrência de adições
posteriores.
Começou a ser construída em 1752 e ficando pronta somente em 1761, sua inauguração teria
sido “um grande acontecimento sócio religioso” (CAVALCANTI), isso só teria sido possível
pela promoção do povoamento à categoria de vila, além do planejamento da coroa portuguesa
para tornar Macapá “um centro agrícola e industrial”. Segundo relatórios do IPHAN (Instituto
do Patrimônio Histórico e Nacional), sua primeira grande reforma data de 1948, com padres
missionários assumindo sua gestão.
Baseado em observações in loco é perceptível a conservação inadequada desta edificação
histórica para a cidade. Apesar das constantes tentativas para seu tombamento, baseado na sua
importância histórico e religiosa para a cidade de Macapá, ainda não é considerado
patrimônio histórico tanto nas esferas Estadual ou Federal. Devido a isso, não há uma gestão
de preservação própria, que permita a constante manutenção da Igreja de São José com ajuda
de profissionais especializados.
Logo, a estrutura da Igreja de São José está constante mente sendo “ameaçada” seja pela
utilização de técnicas e materiais inapropriados para sua conservação, ou pelo crescimento
urbano intenso em seu entorno, além de prejudicar a visibilidade da edificação, a estrutura
como um todo é prejudicada pelo constante fluxo de automóveis na frente da fachada
principal.

Igreja de São José – 2016 (Fonte: Ananda Bastos)


2. CRONOLOGIA
1751 – Durante o período de colonização do povoado de Macapá, houve a necessidade de
catequizar seus habitantes, além de celebração de cultos religiosos;
1752 – Mendonça Furtado, então Governador da Província do Grão-Pará, manda edificar
uma casa de colmo maior que as outras para atender as necessidades paroquiais;
1754 - Mendonça Furtado envia uma carta à Coroa Portuguesa incentivando a construção
de uma igreja na região;
1761 - Inauguração da nova Igreja Matriz, fortificando a união entre a Igreja católica e a
Coroa Portuguesa;
Início do século XIX – Ocorre a reforma mais expressiva, feita antes da chegada dos
padres italianos, é mérito do sacerdote francês François Rellier;
1948 - Chegavam a Macapá, por via fluvial, os padres do Pontifício das Missões
Estrangeiras. Sendo o mestre em restaurações, Padre Mário Limonta, encarregado de
reformar a igreja e a casa paroquial;
1980 – Foi elevada à categoria de Dioceses pelo Papa João Paulo II, com a Bula
“Confarentia Epsicopalia Brasiliensis”, sendo instalada solenemente no ano seguinte;
2016 – Recentemente iniciou-se uma reforma na Igreja de São José, segundo entrevista
com a equipe da reforma, trata-se de uma iniciativa do pontificado. Logo, assim como
intervenções anteriores, não conta com especialistas em restauro neste empreendimento.

3. HISTÓRICO

Igreja São José – 1935 (Fonte: http://casteloroger.blogspot.com.br)

A igreja é um importante marco histórico- religioso para a população macapaense, estando


intimamente ligada a memória cultural da cidade, pois leva o nome do santo padroeiro da
cidade, e assim, tornando-se um símbolo.
Sua origem vem com o crescimento do povoado de Macapá e a necessidade de uma
edificação para realizar as atividades religiosas. A região de Macapá era planejada para se
tornar um “grande centro agrícola e industrial” (CAVALCANTI), logo o então Governador da
Capitania do Grão-Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, incentivou este crescimento
e em 1758, elevou Macapá a categoria de vila. Quanto a necessidade de uma paroquia,
Mendonça Furtado já havia tomado iniciativa (1752) de edificar uma casa de colmo para tal
finalidade.
No entanto antes de tornar-se Macapá uma vila, conseguiu convencer o rei de Portugal, D.
José I, sobre a importância de se construir uma igreja na região. A edificação só ficou pronta
em 6 de março de 1761, durante a gestão de Melo e Costa, sendo sua inauguração um grande
evento sócio religioso e marcando a união entre os poderes religioso e político
(CAVALCANTI).

Planta original da Igreja (Fonte: Seminário – Teoria da Restauração)

As plantas da Igreja foram traçadas pelo sargento-mor Manoel Pereira de Abreu e aprovadas
pelo engenheiro Antônio José Landi, este responsável por elaborar desenhos e mapas
planejados para a região (MONTORIL) . Sobre seu aspecto original, Nilson comenta:
“O aspecto do templo era bem singular. Nas laterais havia uma porta e uma janela
alta. A frente do prédio tinha uma porta central de uma só folha. Ao alto, figuravam
duas janelas gradeadas com ferro. Ao lado esquerdo do templo se levanta um
campanário com uns 15 metros de altura. Em cada face do campanário há um sino. O
acesso ao campanário era feito por uma porta posterior à fachada, cujo acesso era
feito através da “Passagem Espírito Santo”, existente à esquerda do templo, entre o ele
e a Casa Paroquial À direita da Igreja de São José havia a “Passagem Santo Antônio”,
separando a casa de orações do prédio do Senado da Câmara”
(NILSON MONTORIL, 2012)
É uma das poucas edificações do século XVIII, ainda presente na cidade de Macapá.
Apesar das várias intervenções a mais significativa data de 1948, com a vinda do PIME
(Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras), sendo o Padre Mário Limonta,
encarregado de reformar a igreja e a casa paroquial. As modificações mais aparentes
foram: o surgimento de três portas nas laterais de cada lado e fechadas as janelas, retirou-
se o púlpito, o batistério e os bancos próximos ao altar principal, os altares laterais da nave
principal foram eliminados, o púlpito permaneceu recebendo melhoramentos, a mesa de
comunhão de ferro fundido foi retirada e substituída por outra de alvenaria, a Igreja foi
pintada por dentro e por fora, além da troca das imagens religiosas (MONTORIL).

Igreja de São José em 1949 (Fonte: http://porta-retrato-ap.blogspot.com.br)

Por ser um monumento histórico para a cidade, a Igreja presenciou o crescimento de


Macapá em seu entorno, onde desenvolveu-se o centro comercial da cidade. Tal
acontecimento pode ser considerado sobre dois aspectos, visto que por causa do constante
fluxo de pessoas e eventos culturas ligadas à figura da Igreja, a mesma sempre é
frequentada por fies e turistas. Porém, devido a certo descaso com esta edificação tão
importante para os macapaenses, é visível a ação do tempo e os danos causas por pessoas,
seja por vandalismo ou por uso incorreto de técnicas e materiais aplicados na igreja.
Mapa de localização da Igreja São José (Fonte: Estudo de Restauro: Igreja São José)

Planta atual da Igreja São José (Fonte: elaborado por Bruno Tito)
REFERÊNCIAS:
 http://casteloroger.blogspot.com.br/2011/05/patrimonios-do-amapa-igreja-de-sao-
jose.html <acesso em: 20/03/2016>;
 http://porta-retrato-ap.blogspot.com.br/2012/08/a-velha-igreja-matriz-de-sao-jose.html
<acesso em:20/03/2016>;
 MONTORIL, NELSON; A Igreja Matriz De São José De Macapá; Macapá, AP;
setembro de 2012. Disponível em http://montorilaraujo.blogspot.com.br/2012/09/a-
igreja-matriz-de-sao-jose-de-macapa.html <acesso em:20/03/2016>;
 CAVALCANTI, JARBAS A.; Fortaleza de São José; 2ed.; 1997.

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