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EAD - NÚCLEO COMUM

POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Maria Helena Quaite Rodrigues


Natália Keneeip Gonçalves
APRESENTAÇÃO

O caráter universalizante dos


direitos do homem (...) não é da
ordem do saber teórico, mas do
operatório ou prático: eles são
invocados para agir, desde o
princípio, em qualquer situação
dada
François Julien, filósofo e sociólogo

Caros (as) alunos (as)

A presente disciplina vai delinear os caminhos e os rumos percorridos pelas

diversas reformas no campo educacional que o Brasil vem enfrentando desde o


início da História da Educação brasileira, bem como planos de financiamento,

formação de docentes e avaliação do sistema.


Nossa proposta é enfocar a educação como um direito social, assentado

no âmbito da Constituição Federal. Para tanto, faremos uma breve abordagem


sobre as grandes transformações ocorridas na sociedade contemporânea, que

reconfiguraram as relações de produção e impuseram novas demandas para os


sistemas educacionais. Em seguida, analisaremos a retomada das constituições

brasileiras até chegarmos a nossa atual Constituição Federal de 1988,


destacando os artigos referentes à educação, a fim de compreendermos as

determinações gerais que regem o conceito de educação nacional, bem como


seus objetivos e finalidades mais amplas.

Enfocaremos, de forma mais detalhada, a Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional nº. 9394/96, seus significados, determinações e trajetórias,
buscando compreender e analisar a organização e a estruturação do sistema

educacional brasileiro.
Para compreender a ação do Estado como regulador da educação,

identificaremos aspectos definidos na elaboração do Plano Nacional de


Educação bem como das ações previstas para os rumos da educação no país na

próxima década.
A formação docente e os sistemas de avaliação para a compreensão do

funcionamento do ensino brasileiro serão apresentados nas unidades finais

dessa disciplina.
PROGRAMA DA DISCIPLINA

Ementa: Os direitos sociais e educativos, as responsabilidades das esferas

educacionais. O financiamento da educação pública. O plano nacional de


educação e suas metas. A formação do professor. Acesso, qualidade, e equidade

na educação. A avaliação no sistema educacional. O contexto escolar na estrutura


do sistema educacional brasileiro com base na Constituição Federal de 1988 e Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394/96 e leis complementares.

Objetivos
· Adquirir conhecimentos sobre as políticas educacionais da Educação

Básica, bem como suas reformas;


· Reconhecer as transformações da sociedade contemporânea como

determinantes da reconfiguração dos sistemas educacionais;


· Refletir sobre a educação enquanto um direito social e os fundamentos da

legislação educacional;
· Estudar os aspectos relativos à educação na atual Constituição Federal

(1988);
· Conhecer a trajetória da LDB nº. 9394/96, realizando uma análise crítica

sobre a mesma;
· Analisar a estrutura e a organização do sistema educacional brasileiro,

discutindo aspectos da gestão;


· Refletir sobre a formação docente, bem como as incumbências do

educador, no atual cenário educacional.


CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

A Educação antes da instituição escola.


A Evolução da escola.

Políticas Educacionais na Educação Básica no Brasil após 1.930.


Reformas do Ensino: Gustavo Capanema.

Reformas do Ensino (1.960-1.970).


A Reforma do Ensino de 1º e 2º graus.

Políticas Educacionais na Nova República.

Políticas Educacionais e o Governo FHC (Fernando Henrique Cardoso).


Fundo de Manutenção e Desenvolvimento de Educação Básica (FUNDEB)

A educação escolar no contexto das transformações da sociedade


contemporânea: transformações técnico-científicas, econômicas e políticas.

A educação como um direito social


A formação docente e suas incumbências legais

A legislação educacional brasileira


A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9394/96:

O Plano Nacional de Educação


Avaliação do Sistema Educacional brasileiro.

METODOLOGIA
Será adotada uma metodologia que alia a teoria à prática reflexiva,

proporcionada por meio de atividades e questionamentos que permitam ao aluno


enriquecer os seus conhecimentos necessários à sua formação de profissional da

educação.

AVALIAÇÃO

No sistema EAD, a legislação determina que haja avaliação presencial, sem,


entretanto, se caracterizar como a única forma possível e recomendada. Na

avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e


espaço pré-determinados. De forma diversa, a avaliação a distância permite que o

aluno realize as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, obviamente,


a necessidade de estabelecimento de prazos.

Assim, a avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os


seguintes instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem:

Ø Trabalhos individuais ou a partir da interatividade com seus pares;


Ø Provas bimestrais realizadas presencialmente;

Ø Trabalhos de pesquisa bibliográfica e de aprofundamento.

As estratégias de recuperação incluirão:


Ø Retomada eventual dos conteúdos abordados nos módulos, quando não

satisfatoriamente dominados pelo aluno;


Ø Elaboração de trabalhos com o objetivo de auxiliar a vivência dos

conteúdos.

Bibliografia Básica:
DEMO, P. A Nova LDB: Ranços e Avanços. Campinas-SP: Papirus, 1997.

LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F. O.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas,


estrutura e organização. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2005.

MENESES, J. G. de C. et al. Estrutura e Funcionamento da Educação Básica. São


Paulo-SP: Pioneira Thompson Learning, 2002.

Bibliografia Complementar:

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria da Educação Média e Tecnológica.

Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação,


1999.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais:


terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação/CEB. Resolução CEB nº 2. Institui as


diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Fundamental.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação/CEB. Resolução CEB nº 3. Institui as

diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Médio.


BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei nº 9.394/96. Estabelece as Diretrizes


e Bases da Educação Nacional. Brasília: 1996.

FAVERO, Osmar (org.). Educação nas Constituintes Brasileiras 1823 – 1988.


Campinas: Autores Associados, 2001.

GARCIA, Walter. Administração Educacional em Crise. 2ª. Ed. São Paulo: Cortez,

2001.
NOVOA, Antônio. Relação Escola – Sociedade: Novas Respostas para um Velho

Problema. IN. SERBINO, Raquel et al (org). Formação de Professores. São Paulo


/SP: UNESP, 1.994.
Unidade 01 - A Educação antes da Instituição Escola

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Relatar como se dava a instrução antes da Instituição Escola.

ESTUDANDO E REFLETINDO
Nessa Unidade, o enfoque à Instituição Escola vem apresentar como a

arquitetura e o espaço da instituição contribuiu para o aprimoramento da


Educação Básica, bem como, compreender o rompimento da atividade educativa

familiar.
A função da escola, enquanto arquitetura institucional deve ser a de

proporcionar ao aluno uma proximidade do conhecimento, e que este não seja


diferente da vida escolar. Desse ponto de vista, a escola não é o único espaço

onde ocorre o ensino/aprendizagem. A escola pode ser um espaço sociocultural


que implica o resgate dos sujeitos na trama social que a constitui enquanto

instituição.
A palavra escola, em grego, significa o lugar do ócio e surge, na Idade

Média, para atender à demanda de uma nova classe social que não precisava
trabalhar para garantir a sua sobrevivência, mas que precisava ocupar o seu

tempo ocioso de forma nobre e digna.


Logo, este espaço chamado “escola” era para o lazer e o prazer. Por isso,

concordamos com Brandão (1988), quando defende a ideia de que a escola não é o
único lugar em que se aprende.

Nesse sentido, pode-se dizer que tudo aquilo que é aprendido fora da
escola é visto com reserva, com desconfiança, marcando a diferença entre a

Educação Formal e a Educação Informal, que se constrói no cotidiano dos atores


sociais, a partir da interação entre os sujeitos.
A escola consegue mudar a sociedade, porque pode partilhar de projetos

com segmentos sociais que assumem os princípios democráticos, articulando-se


com eles, e constituindo-se como um espaço de transformação.

A educação formal tem objetivos claros e específicos e é representada pela


Educação Básica Brasileira, englobando o Ensino Infantil, o Fundamental, o Médio

e o Superior. Ela depende de uma diretriz educacional centralizada no currículo,


com estruturas hierárquicas e burocráticas, determinadas em nível nacional, com

órgãos fiscalizadores do Ministério da Educação e Desportos (MEC).

Segundo Teixeira (1968), a Educação tradicional apresentava-se centrada


no professor e com métodos organizados com currículos fechados, além de uma

organização baseada num ensino dualista e num sistema excludente, com


metodologia que privilegiava a exposição oral e a reprodução, com atividades

concentradas em aulas seletivas e classificatórias.


A nossa sociedade tradicional via a criança como um “adulto em miniatura”

(Philippe Ariès), isto é, não passava pelas etapas da infância e da juventude


aprendendo os aspectos essenciais das sociedades evoluídas de hoje. A

transmissão dos valores e dos conhecimentos e, de modo geral, a socialização da


criança, não eram asseguradas pela família, pois a criança bem cedo, se afastava

de seus pais, indo morar com outra família que não fosse a sua. Essa família antiga
tinha como prática a conservação dos bens, ensinar ofício, proteção da honra e a

convivência necessária à sobrevivência.


Logo, a educação era garantida pela aprendizagem com a convivência com

os adultos, ajudando-os a fazer seus deveres. Portanto, entendemos que a


educação se dava através da ação genérica de um grupo de adultos sobre as

gerações jovens, com o fim de conservar e transmitir a existência coletiva. Assim,


esse modelo de educação era por imitação, era essencialmente uma educação

natural, espontânea, inconsciente, adquirida na convivência de pais e filhos,


adultos e menores. Não havia ainda uma educação sistemática, intencional com

pessoal preparado para a função da ação educadora. Mais tarde, com o advento
da escola, a criança deixou de ser misturada aos adultos e de aprender a vida

diretamente, através do contato com eles. Passaram, em geral, a ter contato com
a escrita, que fixa o saber.

Para prosseguir no estudo da história da educação brasileira, convém


assinalar a diferença entre a educação para os nobres e para os menos

favorecidos. Assim, apresentaremos a antiga situação educacional brasileira e


algumas características da educação moderna. Segundo TEIXEIRA,

Não se cogitava de dar ao pobre a Educação conveniente ao rico, mas,


antes, se dar ao rico a Educação conveniente ao pobre, pois a nova
sociedade democrática não deveria distinguir a educação de trabalhar, mas
a todos queria educar para o trabalho, distribuindo-os pelas ocupações,
conforme o mérito de cada um e não segundo a sua oposição social ou
riqueza. (TEIXEIRA, 1.968, p. 29)

ESCOLA ANTIGA ESCOLA MODERNA


· Método expositivo e memorizado · Método pela ação
· Conhecimento repetitivo e · Conhecimento diversificado
compartamentalizado
· Currículo enciclopédico · Currículo transversal
· Classificatória e excludente · Inclusiva e aprendente
· Organização centrada no · Organização centrada no aluno
professor · Professor estimulador da
· Transmitir conhecimento aprendizagem
· Organização em forma de turmas · Organização em série e classe
· Quantidade · qualidade

Dentre as características apontadas por Teixeira (1968), na Educação

Brasileira mais antiga, algumas se conservam até hoje; outras foram substituídas
para atender melhor à nova demanda. Segundo o estudo acima as características

que se conservaram foram aquelas que não influenciaram na perpetuação da


sociedade, tais como: estrutura arquitetônica da escola, localização, transporte e

infraestrutura. Assim, a escola moderna tanto quanto a escola antiga procura


cumprir seu papel de equalizadora social.

Portanto, com o advento da globalização, a Educação é tida como o maior


recurso de que se dispõe para enfrentar a nova estruturação do mundo escolar e
atender às necessidades da demanda técnica. Da globalização depende a

continuidade do atual processo de desenvolvimento econômico e social, também


conhecido como período pós-industrial.

Vale ressaltar que hoje a Educação está centrada no aluno, valorizando o


currículo baseado no seu cotidiano. O modelo da proposta pedagógica segue a

orientação dos PCN, segundo a qual o importante é ensinar as questões


ambientais, geográficas, políticas e econômicas, tanto no nível local, quanto no

regional e no global.

BUSCANDO CONHECIMENTO

O homem é um ser que se transforma, o que faz dele um ser histórico,


logo, a educação é possível e necessária ser apresentada a ele. Contudo, essa

evolução só se revela, quando os fins e os meios da educação como etapas a


serem vencidas e propagadas acompanham a marcha da humanidade.

Verificada a historicidade dos fins da educação, observa-se que há uma


diversidade histórica dos fins. Sobre esse aspecto Spencer (apud in Meneses, 2001)

coloca que tal diversidade é uma proposta a respeito dos conteúdos dos meios
(processo educacional).

Assim, os conteúdos propostos querem sempre moldar o homem para que


ele seja eficiente, para a realização dos fins: colocar o homem em condições para

desfrutar do seu próprio ser para si mesmo. No entanto, há que se ressaltar que,
do ponto de vista pedagógico e moderno, os fins da educação estão voltados

para a realização dos fins sociais.


A partir dessas verificações, a educação deve proporcionar ao educando os

meios necessários para entender o mundo em que vive e o momento histórico


que está sendo apresentado a ele, podendo criar as possibilidades de

sobrevivência e de defender-se de influências nocivas para a sua existência e para


a comunidade a qual pertence.
A escola como instituição arquitetônica surge para dar continuidade da

atividade educativa familiar, isto é, os pais foram os primeiros educadores com o


fim de assegurar a vida e o desenvolvimento da geração mais nova.
Unidade 02 – A Evolução a escola.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE


Mencionar as semelhanças e as diferenças entre as escolas jesuíticas e as demais.

ESTUDANDO E REFLETINDO
Educação antes da República: Educação Colonial

A história do Brasil colônia não pode ser desvinculada da história europeia,


já que a colonização deve ser compreendida como a necessidade de expansão

comercial da burguesia enriquecida com a Revolução Comercial.


Nesse contexto, percebe-se que a economia era o modelo agrário,

baseado na monocultura da cana de açúcar e o grande proprietário de terras era


o patriarcal da sociedade, centrada no poder do senhor do engenho. A mão de

obra foi inicialmente dos índios e, depois, dos negros africanos. Por isso, a
educação não era meta prioritária para o colonizador, uma vez que para a

agricultura não precisa de trabalho especializado. O escravo era a força do

trabalho.
São os religiosos que iniciam o trabalho pedagógico, no Brasil, e os jesuítas

desenvolveram a melhor atividade pedagógica. A vinda dos jesuítas para o Brasil


se deu em 1549, acompanhados pelo Padre Manoel da Nóbrega, juntamente com

a chegada do primeiro Governador Geral, Tomé de Souza.


A primeira escola elementar fundada no Brasil foi em Salvador/Bahia. José

de Anchieta foi mestre-escola. Ressalte-se que os Padres não ficaram só na


fundação de escolas elementar, pois, após alguns anos, começaram a criar

colégios no Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia. A regulamentação dos


documentos das escolas jesuíticas era através da Ratio Studiorum.

Uma característica marcante do método jesuítico são os exercícios fixados


na repetição a fim de serem memorizados. O método estimulava a competição. O

conteúdo era baseado na leitura dos clássicos gregos e latinos.


Por mais de duzentos anos, o ensino público ficou entregue aos padres da

Companhia de Jesus, sendo mais tarde acusada a ação pedagógica jesuítica de


ultrapassada, pois sua maior preocupação era com a formação de novos jesuítas e

não com a educação dos jovens: pregavam a fé católica ao trabalho educativo, a


catequização dos índios e a obediência.

Desse modo, percebe-se que a elite na época colonial era formada pelos
jesuítas e os índios apenas catequizados. A principal marca da influência jesuítica

na formação da cultura brasileira está na tradição religiosa do ensino, que perdura

sempre.
Com o intuito em proteger os índios dos colonos, os jesuítas ensinavam-

lhes também a mão de obra na lavoura e, com isso, garantiam uma fonte de
renda. Nesse sentido, a educação profissional era aprendida no convívio entre os

índios, os negros e os mestiços. A mulher aprendia as prendas domésticas.

BUSCANDO CONHECIMENTO
Educação Pombalina

Com a ruína do ensino jesuítico, o Marquês de Pombal assume a


responsabilidade pela instrução pública e pretende renovar o ensino e seus

métodos e recriar um sistema educacional. Tal programa não foi possível,

somente criaram-se as aulas régias de humanidade, ciências e primeiras letras.


A reforma proposta por Pombal apresentou problemas de ordem

financeira e carência de professores. Vale dizer que a escola que pretendia


organizar era para servir aos interesses da Coroa Portuguesa.

D. João VI, em sua administração, sediada no Brasil, tinha o objetivo de


formar pessoal especializado, logo, o ensino técnico destacava-se para atender às

necessidades do momento histórico.


Não era só o ensino técnico especializado que desabrochava, o ensino

superior nas Academias da Marinha e Militar também começam ganhar força.


Entretanto, a educação do povo continuava ao interesse pessoal e social da coroa

no exercício do poder.
Mediante o cenário criado pela Reforma de Pombal, há necessidade de

recuperar a economia atual, momento oportuno para o Governo Central instituir


os tributos.

Nesse período da Educação Pombalina, muda-se a organização do ensino


secundário que antes era oferecido em forma de curso-humanidades, passa-se

para aulas avulsas (aulas régias). Porém, inúmeras dificuldades foram enfrentadas,

principalmente, por não existir mais a formação de mestres, não havendo,


portanto, uniformidade no ensino.

Educação Joanina

A chegada de Dom João VI no Brasil, acompanhado da corte, trouxe


medidas e consequências de ordem econômica muito importantes para o país.

Instituiu-se, na Carta Régia de 1808, a abertura dos portos a todas as nações


amigas, além de liberar o comércio. O contrabando diminuiu, mas o lucro da

coroa portuguesa aumentou, formando uma grande fortuna que pode elevar o
Brasil a Reino Unido. Cresceu o desenvolvimento das cidades portuárias.

A cidade do Rio de Janeiro tornou-se a capital do império e sofreu diversas


modificações. Missões estrangeiras vieram estabelecidas ao país, para avaliar as

riquezas da região. Houve a criação do primeiro jornal do país. Alguns prédios


públicos foram estabelecidos: A casa da Moeda, Banco do Brasil, a Academia Real

Militar e o Jardim Botânico.


Nesse período a educação ganhou força graças a chegada da imprensa,

biblioteca pública, revista e o museu. Porém, o curso superior era voltado para a
formação militar; os engenheiros, médicos e cirurgiões para o exército; técnicos

em economia, agricultura e indústria para a marinha. Mesmo assim, não eram


considerados como cursos em nível superior, porque organizavam-se com a
preocupação básica do ensino profissionalizante. Quanto ao ensino primário

continuava voltado para o aprendizado da leitura e escrita.

Educação no Período do Império


Em 1822, o Brasil ficou independente e isso se deu com muita luta. Com a

independência, D. Pedro I convocou a “Constituição da Mandioca”, assim,


chamada porque só poderiam votar, para eleger representantes aqueles que

possuíssem uma renda equivalente a cento e cinquenta alqueires de mandioca, de

forma que o número de eleitores foi restrito, pois poucos tinham essas posses.
Essa medida peculiar em colocar o voto exposto ao poder tinha uma

razão: excluir as camadas populares e os comerciantes portugueses. Os primeiros,


porque não tinham renda suficiente; os segundos, por serem comerciantes,

tinham a renda expressa em dinheiro e não em alqueires de mandioca. Assim,


num só golpe o “partido português” estava afastado da vida pública.

Essa Assembléia Constituinte deveria elaborar as leis que passariam a


organizar o sistema educacional brasileiro. Tudo não passou de um anteprojeto,

pois, logo, D. Pedro I engavetou a Constituição que estava sendo elaborada e fez
ele mesmo uma nova Constituição, promulgada em 1824.

As leis que serviram de base para a organização do ensino no Brasil foram


tributárias desta. Esta Constituição ficou em vigor e com poucas alterações, até a

proclamação da República em 1889.


A educação tornou-se elitista, seguindo a iniciada por D. João VI, reforçada

durante o reinado de D. Pedro II. As leis promulgadas por D. Pedro I tiveram


como objetivo formar um sistema educacional popular e gratuito.

Os últimos anos do Império foram marcados por fatores de ordem


econômica, social e política, que configuraram a crise da Monarquia e prepararam

o advento da República.
A Constituição de 1824, outorgada em 25 de março de 1824 por D. Pedro I,

divide o governo em três poderes: Legislativo, Executivo, Judiciário e moderador.


Unidade 03 - Políticas Educacionais da Educação Básica no Brasil

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE


Apresentar de que forma os rumos da educação no Brasil foram articulados

e desenhados em acordos com os governos em vigor.

ESTUDANDO E REFLETINDO
O percurso da História da Educação no Brasil é permeado de leis e

reformas que estabeleciam a organização do ensino brasileiro. Embora, muitos


fracassados, mesmo antes de serem colocados em vigor. Essa unidade trará o

esboço das transformações políticas, econômicas e educacionais ocorridas no


Brasil na década de 30.

Num ideário reformista, intelectuais e políticos do período de 1910 a 1920,


acreditavam ser indispensável a modernização do Brasil com a montagem de um

Estado Nacional, centralizador. Esse movimento deu origem à Revolução de 1930,


pois valorizavam o papel da educação como imprescindível, porque nele pareciam

estar contidas as soluções para os problemas do país: sociais, econômicos ou


políticos. Essa concepção salvacionista considerava que a reforma da sociedade

estava atrelada a reforma da educação e do ensino.


No governo de Getúlio Vargas, cada vez mais tinha-se consciência de que

a função da escola era uma questão de reprodução social.


A primeira medida do Governo Provisório, instalado com a Revolução de

1930, foi criar o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública. O objetivo
era criar um ensino mais adequado à modernização. Essa revolução dá início a um

período em que todos os setores são atingidos, caracterizando a passagem de


uma sociedade pré-capitalista, agrário comercial e artesanal para uma sociedade

urbano-industrial.
Esse novo modelo político-econômico deu origem ao crescimento da

população urbana devido às novas ocupações ligadas à vida urbano-industrial.


Assim, cresce a demanda por educação, mas o Governo Provisório não tinha até o

momento implementado toda a organização e um sistema nacional integrado, ou


seja, não havia uma política nacional de educação que estabelecesse diretrizes

gerais e a elas subordinasse os sistemas estaduais.


Uma característica dessa Reforma é a modificação do status social da

mulher, ela passa a ter direito à educação, isto é, direito à matrícula no ensino
secundário. A reforma de 1930 não atingiu todos os níveis de ensino, apenas o

ensino secundário, ensino comercial e ensino superior puderam contar com o

privilégio das mudanças em todo o território nacional. Houve uma ampliação da


demanda e, como o baixo rendimento do ensino foi expressivo por causa da

evasão, reprovação e o alto índice do crescimento populacional, a Reforma


fracassou.

Com a criação do Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, o


Ministro Francisco Campos é o primeiro titular da pasta, promovendo a realização

de reformas que evidenciariam ampliação das funções federais relativas a as


modalidades de ensino por ela abrangidas.

O Decreto 19.852 foi o que ganhou maior expressividade, pois ele dispunha
sobre a organização da Universidade do Rio de Janeiro. Os Decretos propostos

por Francisco Campos que mudaram o desenho da educação foram:


· Decreto 19.850, de 11 de abril de 1931, que criou o Conselho Nacional de

Educação;
· Decreto 19.851, de 11 de abril de 1931, que dispôs sobre a organização do

ensino superior no Brasil e adotou o regime universitário;


· Decreto 19.852, de 11 de abril de 1931, que dispôs sobre a organização da

Universidade do Rio de Janeiro;


· Decreto 19.890, de 18 de abril de 1931, que dispôs sobre a organização do

ensino secundário;
· Decreto 19.941, de 30 de abril de 1931, que instituiu o ensino religioso como

matéria facultativa nas escolas publicas do país;


· Decreto 20.158, de 30 de junho de 1931, que organizou o ensino comercial

e regulamentou a profissão de contados;


· Decreto 21-241, de 14 de abril de 1932, que consolidou as disposições sobre

a organização do ensino secundário.


A Reforma de Francisco Campos significou a definitiva superação os

exames parcelados e estabeleceu o currículo seriado, a frequência obrigatória, a


divisão do ensino secundário em dois ciclos e a sua ampliação para sete anos. O

primeiro ciclo, ou fundamental, com a duração de cinco anos, destinava-se a

proporcionar a formação geral básica. O segundo ciclo, ou complementar, com a


duração de dois anos, diversificava a função dos cursos superiores para os quais

constituíam pré-requisitos: Direito, Engenharia, Arquitetura, Medicina, Farmácia e


Odontologia. Esse desenho educacional teve o caráter seletivo, elitista e

preparatório para o curso superior.


Desde 1.920, havia um grupo de educadores que vinha estruturando a

nacionalidade do ensino brasileiro, entre eles, “Manifesto dos Pioneiros da Escola


Nova”, publicado em 1932, e endereçado ao povo e ao governo. Nele estavam as

ideias dos educadores da Assembleia de Educação (ABE) que pleiteavam a


atribuição de amplos poderes à União, defendiam a autonomia dos estados na

organização e administração do ensino. Atribuía à União o papel de coordenar e


estimular as atividades educativas em âmbito nacional. Esse Manifesto reconhecia

a educação como direito de todos e dever do estado, reivindicava uma escola


pública, assentada nos princípios de laicidade, obrigatoriedade, gratuidade e

coeducação (ensino para os dois sexos).


Para os intelectuais do Manifesto, o emergente processo de

industrialização demandava políticas educacionais que asseguravam uma


educação capaz de incorporar novos métodos e técnicas que fossem eficazes na

formação do perfil da sociedade adequada ao processo de industrialização. Assim,


essa organização racional do trabalho demandava uma pedagogia específica no

campo da distribuição “racional” da população pelas atividades rurais e urbanas.


Tanto os defensores da educação nova quanto os ideais da Igreja Católica,

lutavam pela hegemonia de suas propostas junto ao governo Francisco Campos e


Getúlio Vargas, procuravam conciliar reivindicações divergentes, sempre que

possível em seu proveito. A divulgação do documento elaborado pelos


educadores e intelectuais do Manifesto provocou violentos contra-ataques da

direita católica e da hierarquia da igreja.


Contra os ideais do grupo dos intelectuais o grupo dos católicos venceu,

conseguindo com que o ensino religioso de freqüência facultativa e, ministrado de

acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno, fosse introduzido como


matéria nos horários das escolas públicas primárias, secundárias, profissionais e

normais (Art. 153).

BUSCANDO CONHECIMENTO
A expansão do ensino

A partir da década de 30, a educação alcança níveis de atenção nunca


antes atingidos, quer pelos movimentos dos educadores, quer pelas iniciativas

governamentais, ou pelos resultados concretos. Segundo Fernando de Azevedo,


de 1930 a 1940, dá-se um desenvolvimento do ensino primário e secundário que

jamais se registrará até então no país. De 1936 a 1951 as escolas primárias


dobraram e as secundarias quase quadruplicam, em número ainda que tal

desenvolvimento não seja homogêneo, tendo se concentrado nas regiões urbanas


dos estados mais desenvolvidos.

Também as escolas técnicas se multiplicam, segundo Lourenço Filho, se em


1933 havia 133 escolas de ensino técnico industrial, em 1945, este número sobe

para 1.368 e o número de alunos que era de quase 15.000, em 1933, ultrapassa,
então 65.000.

Em 1930, é criado o Ministério de Educação e Saúde, órgão


importantíssimo para a organização do planejamento das reformas em âmbito

nacional, e para a estruturação da universidade.


Em 1934, é fundada a Universidade de São Paulo, pela aglutinação de

diversas faculdades. O mesmo ocorre no ano seguinte, no Rio de Janeiro, com a


criação da Universidade do Distrito Federal. Em 1936, é reconhecida pelo governo

federal Faculdade de Filosofia São Bento, fundada em 1908 e que, desde 1911, se
agregará à Universidade Católica de Louvain (Bélgica).

Merece ser registrado o impulso no campo de formação do magistério,


com a reorganização de algumas escolas de nível secundário, já existentes.

Também, na recém fundada Faculdade de Filosofia de São Paulo, os alunos que se

formam passam a obter complementação pedagógica no Instituto de Educação.


Assim, em 1937, são diplomados no Brasil os primeiros professores licenciados,

para o ensino secundário:

Com esse acontecimento inaugurou-se, de fato, uma nova era do


ensino secundário, cujos quadros docentes, constituídos até então de
egressos de outras profissões, autodidatas ou práticos experimentados
no magistério, começaram a renovar e a enriquecer-se, ainda que
lentamente, com especialistas formados nas faculdades de filosofia que
além do encargo da preparação cultural e cientifica receberam por
acréscimo o da formação pedagógica dos candidatos professorado do
ensino secundário.
É possível compreender tais mudanças a partir da análise do contexto
social e econômico a que nos referimos no início. Com a crise do
modelo agrário exportador e o delineamento do novo modelo nacional
desenvolvimentista com base na industrialização, passa a ser exigida
melhor escolarização. ARANHA, 1989, p 58
Unidade 04 - Reformas do Ensino: Gustavo Capanema

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE


Evidenciar que Gustavo Capanema implementou uma série de reformas no

ensino brasileiro, que flexibilizaram e ampliaram as Reformas de Francisco


Campos, ex-Ministro da Educação.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Houve uma série de reformas propostas por Capanema, no período de

1942 – 1946, sendo chamadas de Leis Orgânicas do Ensino. Essas leis


regulamentavam os diversos ramos e modalidades de ensino: secundário,

industrial, comercial, agrícola, normal e primário.


O Ministro Gustavo Capanema fez os seguintes decretos-leis:

· Decreto Lei 4.048, de 22 de janeiro de 1942, Lei Orgânica do Ensino


Industrial;

· Decreto-Lei 4.073, 30 de janeiro de 1942, cria o Serviço Nacional de


Aprendizagem Industrial (SENAI) outros Decretos se seguiriam a este,

completando a regulamentação da matéria;


· Decreto-Lei 4.244, de 09 de abril de 1942, Lei Orgânica do Ensino

Secundário;
· Decreto-Lei 6.141, de 28 de dezembro de 1943, Lei Orgânica do Ensino

Comercial;
· Decretos-Leis 8.529 e 8.530, de 02 de janeiro de 1946, Lei Orgânica do

Ensino Primário e Normal, respectivamente;


· Decretos-Lei 8.621 e 8.622, de 10 de janeiro de 1946, cria o Serviço Nacional

de Aprendizagem Comercial (SENAC);


· Decreto-Lei 9.613, de 20 de agosto de 1946, Lei Orgânica do Ensino

Agrícola.
Esse conjunto de Decretos-Leis compôs as Leis Orgânicas que

completaram o processo político aberto com a criação do Ministério dos


Negócios da Educação e Saúde Pública, em 1930. As demais eram poder ao

governo da União para estabelecer diretrizes sobre todos os níveis da Educação


no país.

A reforma Capanema foi diferente da reforma Campos, do ponto de vista


do ensino profissional, a segunda era voltada para os interesses da economia

agroexportadora, enquanto a primeira contemplava o ensino técnico profissional


industrial, comercial e agrícola, além do ensino primário e normal.

Assim mesmo continuava o dualismo: as camadas mais favorecidas da

população procuravam o ensino secundário e superior para a sua formação, os


menos favorecidos ou a classe trabalhadora, as escolas primárias e profissionais,

com vistas à preparação para o mercado e trabalho.


Nesse sentido, crescia o trabalho especializado para a indústria e fazia-se

urgente um sistema de ensino para atender à demanda. O governo obrigou-se a


recorrer à Confederação Nacional da Indústria (CNI), criando assim, um sistema

paralelo ao ensino oficial.


Com o reconhecimento da incapacidade governamental em promover a

formação profissional em larga escala, o Serviço Nacional da Aprendizagem


Industrial (SENAI) assume a formação técnica almejada, patrocinada pelos

empresários filiados da CNI. Essas filiações com suas contribuições deveriam


organizar e administrar as escolas de aprendizagem e treinamento industrial.

Essa situação não perdurou por muito tempo, o SENAI reconhece que é
função do Estado oferecer e cuidar da alfabetização e educação geral primária.

Para o SENAI, sua função era a formação de trabalho. Ao longo dos anos, foi
abandonado os cursos e atividades com vinculação à preparação da mão de obra,

dedicando-se apenas à formação especializada de nível técnico.


A luta ideológica sobre os rumos da educação brasileira continuava, sendo

assunto de debate no Congresso Nacional, pois o Ministro da Educação da época,


Clemente Mariano, nomeou uma Comissão de especialistas, com o objetivo de

estudar e propor uma reforma geral da educação nacional. Isso resultou que uma
nova Constituição fosse elaborada: Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Essa lei elimina o dualismo


administrativo do sistema de ensino herdado do Império, inicia-se a

descentralização do sistema, concedendo certo grau de autonomia. Com a


descentralização entre os órgãos, um ficou com a função normativa; outro, com a

função executiva.
Para as funções normativas criou-se o Conselho Federal de Educação e os

Conselhos Estaduais de Educação. Além das funções normativas referentes ao

sistema federal e aos sistemas estaduais, ficavam responsáveis também de


elaborar o plano de educação referente a cada Fundo (Fundo Nacional do Ensino

Primário, do Ensino Médio, e do Ensino Superior.


Com a autonomia que LDB deu aos estados, eles puderam organizar-se

seus sistemas de ensino em nível e instrução, de modo que o regime


administrativo, disciplinar e didático fosse menos uniforme.

Vale ressaltar que a LDB não trouxe soluções inovadoras, pelo contrário,
conservou as linhas de organização anterior. Manteve o ensino secundário e os

vários ramos profissionais. Englobou o ensino secundário e o profissional, sob a


denominação comum de “Ensino Médio”, cuja finalidade era a “Formação do

Adolescente”. Generalizou as denominações “Ginásio” e “Colégio”, para o primeiro


e segundo ciclo de todos os ramos. Admitiu a equivalência de todos os cursos

médios (a continuação dos estudos sem exames). Ainda com o objetivo de reduzir
as diferenças entre os diversos ramos e de proporcionar uma formação básica

comum, estabeleceu um núcleo de matérias obrigatórias a serem indicadas pelos


CFE (Conselho Federal da Educação), para todas as modalidades de ensino médio,

prevendo um currículo comum, no tocante às matérias obrigatórias, para as duas


séries iniciais do primeiro ciclo.

Apesar dessas inovações o ensino primário continuava distante do ensino


médio, pois, para ingressar ao ginásio o aluno passava pelo exame de admissão.

Essa era uma exigência que dificultava o ingresso, pois se o aluno não fosse
aprovado deveria aguardar a matrícula do próximo ano e prestar outro exame

para habilitar-se para o ingresso.

BUSCANDO CONHECIMENTO
A Reforma Capanema

Diversos Decretos-Leis são assinados entre 1942 e 1946 e denominados Lei


Orgânicas do Ensino.

O curso secundário é novamente reestruturado, passando a ser O Ginásio

com quatro anos e colegial com três. Vale dizer o colegial divide-se em curso
clássico (com predominância de humanidades) e científico.

A lei do ensino secundário, em seu artigo 1º: especifica que as finalidades


desse ensino são “formar a personalidade integral dos adolescentes”, “acentuar e

elevar a consciência patriótica e a consciência humanística”, “ dar preparação


intelectual geral que possa servir de base a estudos mais elevados de formação

especial” e, ainda, segundo o artigo 25, “formar as individualidades condutoras”.


Quanto ao ensino profissional, as alterações foram consideráveis. O país

passava por grande desenvolvimento industrial e a importação de técnicos


estrangeiros achava-se comprometida pela guerra, o que exigia uma solução

nacional para o problema. A Lei Orgânica cria, então, dois tipos de ensino
profissional: Um mantido pelo sistema oficial; o outro, paralelo, mantido pelas

empresas. Assim é criado, em 1942, o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem


Industrial), organizado e mantido pela Confederação Nacional das Indústrias, com

diversos cursos de aprendizagem, aperfeiçoamento e especialização, além de


possibilitar a reciclagem do profissional. Em 1946, é criado o SENAC (Serviço

Nacional de Aprendizagem Comercial), desenvolvendo o mesmo processo.


A população de baixa renda, desejosa de se profissionalizar, encontra

nesses cursos a condição ideal, mesmo porque os alunos são pagos para estudar.
Daí o êxito desse empreendimento particular paralelo.
Mesmo considerando o êxito do SENAI e SENAC, é preciso reconhecer aí a

manutenção do sistema do alto ensino.


A reforma do ensino primário só é regulamentada por lei, após o Estado

Novo, em 1946, e institui diversas novidades. A criação do ensino supletivo de dois


anos, por exemplo, foi importante para a diminuição do analfabetismo.

Nos termos da lei, aparece novamente a influência do movimento


renovador. É estipulada a necessidade do planejamento escolar e constitui

novidade a previsão de recursos para a implantação reforma. Também é dada

atenção à necessidade de estruturação da carreira docente, bem como a


remuneração condigna do professor. Porém, se a lei leva ao otimismo, a realidade

nem tanto. São inúmeras as dificuldades enfrentadas para sua aplicação e se acha
inadequada à nossa realidade.

Outra medida da Lei Orgânica foi a regulamentação dos cursos de


formação de professores. A novidade da lei é a centralização das diretrizes. No

entanto, um defeito é a predominância de matérias de cultura geral em


detrimento das de formação profissional, bem como o mesmo caráter rígido de

avaliação.
Unidade 05 - Reformas do Ensino (1960 – 1970)

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE


Compreender o sentido político social da Educação para todos.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Na década de 60, a educação popular, é alvo de discussões e idealizações.


Paulo Freire foi um dos principais pensadores deste movimento. Seu método de

alfabetização de adultos centrado na adequação do processo educativo às


características do meio e do educando. Alcançou repercussão nacional e

internacional.
Os ideais dos educadores da década de 20 e início dos anos 30, somente

em 1961 foram efetivamente obtidos. Nesse ano, a União passa a assumir a função
de coordenação educativa nacional. Os estados organizam os seus sistemas de

ensino em todos os níveis e modalidades.


Inicia-se um período contrário à descentralização política e administrativa.

Nesse período, o planejamento da educação, que era incumbência do Conselho


Federal de Educação – CFE transferiu-se para os órgãos executivos com o reflexo

da hegemonia do Poder Executivo sobre o Legislativo.


Em 1962, instala-se no Brasil o Regime Militar, a fim de garantir o capital e

o continente contra o socialismo, impedindo qualquer abuso na economia e


política do país. Neste regime, o Poder Executivo é repressor, controlava os

sindicatos, os meios de comunicação, a universidade. Assim, os militares


contiveram a crise econômica, abafaram a movimentação política e consolidaram

os caminhos para o capital multinacional.


As reformas do ensino no regime militar tiveram o planejamento da

educação na concepção econômica de desenvolvimento. Essa política


desenvolvimentista, ou seja, educação para a formação de capital humano,

vínculo entre educação e mercado de trabalho, modernização de hábitos de


consumo, integração da política educacional aos planos gerais de consumo,

integração da política educacional aos planos gerais de desenvolvimento e


segurança nacional, defesa do estado, repressão e controle político ideológico da

vida intelectual e artística do país. Assim, essa perspectiva “economicista” em


relação à educação foi confirmada no Plano Decenal de Desenvolvimento

Econômico e Social (1967 – 1976), para qual a educação deveria assegurar


“estrutura do capital humano do país”.

Para assegurar uma política educacional orgânica, nacional que garantisse

o controle político e ideológico sobre a educação escolar, uma série de leis,


Decretos-Leis, e pareceres declararam seus motivos para elaborar uma única lei:

Lei nº 5.692/71 - Ministro Jarbas Passarinho.

· Lei 4.464, de 09 de novembro de 1964, que regulamentou a participação


estudantil;
· Lei 4.440, de 27 de outubro de 1964, que institucionalizou o salário educação,
regulamentado no Decreto 55.551, de 12 de janeiro de 1965;
· Decreto 57.634, de 14 de janeiro de 1966, que suspendeu as atividades da UNE;
· Decretos 53, de 18 de novembro de 1966, e 252, de 28 de fevereiro de 1967, que
reestruturaram as universidades federais e modificaram a representação
estudantil;
· Decreto-Lei 228, de 28 de fevereiro de 1967, permitindo que reitores e diretores
enquadrassem o movimento estudantil na legislação pertinente;
· Lei 5.540, de 28 de novembro de 1968, que fixou as normas de organização e
funcionamento do ensino superior;
· Decreto-Lei 477, de fevereiro de 1969, e suas Portarias 149-A e 3.524, que se
aplicavam a todo corpo docente, discente e administrativo das escolas, proibindo
quaisquer manifestações políticas nas universidades.
· Lei 5.370, de 15 de dezembro de 1.67, que criou o Movimento Brasileiro de
Alfabetização (MOBRAL), regulamentado em setembro de 1970;
· Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, que fixou as diretrizes e bases para o ensino de
1º e 2º graus;
· Lei 7.044, de 18 de outubro de 1882, que alterou dispositivos da lei 5.692,
referentes à profissionalização do ensino de 2º grau.

No período do regime militar que deram apoio a política educacional

foram as seguintes leis: Lei nº 5.540/68 – Reformulou o ensino superior; Lei nº


5.692/71 – Reformou o ensino de 1º e 2º graus.
A Lei nº 5.540/68 promove a reforma universitária ou ensino de 3º grau. Ela

extingue a cátedra, unifica o vestibular e aglutina as faculdades em universidades.


Institui o curso básico para suprir as deficiências do 2º grau e, no ciclo profissional.

Estabelece cursos de curta e longa duração. Desenvolve um programa de pós-


graduação.

Além disso, uma reestruturação completa, visando a racionalizar e


modernizar o modelo, com a integração de cursos, áreas e disciplinas. Uma nova

composição curricular permite a matrícula por disciplina, fica instituído o sistema

de créditos. Para a nomeação de reitores e diretores da universidade não há


exigência de que sejam pessoas ligadas ao corpo docente universitário.

A Lei 5.540/68, além da proposta da reforma no ensino superior, introduziu


o regime de tempo integral e dedicação exclusiva aos professores. Como leis

anteriores, essa não rompeu com os antigos laços de poder, nem feriu os
interesses constituídos, manteve a tradição das elites.

Estiveram participando do movimento da Reforma de 1968 além dos


pesquisadores e docentes o movimento estudantil. O movimento estudantil

realizou seminários sobre a reforma universitária, criticando seu caráter elitista,


denunciou a existência cátedra vitalícia, indicou a necessidade de realização de

concursos públicos para a admissão de professores e lutou por currículos


atualizados e pela ampliação da participação estudantil nos órgãos colegiados.

Os Decretos nº 4.464/1964; o Decreto nº 2.28/1967, o Decreto nº 477/1969


foram de caráter repressivo: extinguiu a União Nacional dos Estudantes (UNE)

limitou a existência de organizações estudantis ao âmbito estrito de cada


universidade; puniu estudantes, professores e funcionários que não

desenvolvessem as atividades de acordo com os planos do regime militar. Criou,


no MEC, uma divisão de segurança e informação para fiscalizar as atividades

políticas de professores e estudantes nas instituições.


Essa repressão foi a primeira medida para impulsionar o golpe de 64, o

setor da educação era o mais controlado, pois bastava que um programa


educativo ou um livro tivesse inspiração comunista já era suficiente para acontecer

a perseguição. Nos casos de pessoas que ocupavam cargos, ocorriam as


demissões. Dessa forma, impediam que programas de educação, voltados para o

povo fossem desenvolvidos. Com isso, traçam o modelo capitalista moderno no


sistema educacional. Os defensores do ensino público foram substituídos por

aqueles que lutavam pela hegemonia da escola particular subsidiada pelo estado,
com os militares empenhados na repressão. Nesse sentido, começam as

faculdades a tornarem-se mera transmissoras de conteúdos, onde bastava o aluno

ter presença, ouvir e reproduzir, em decorrência da não autonomia didática do


professor.

BUSCANDO CONHECIMENTO

O Manifesto dos Pioneiros


Devido ao clima de conflito aberto, em 1932, é publicado o Manifesto dos

Pioneiros da Educação Nova, encabeçado por Fernando de Azevedo e assinado


por 26 educadores. O documento considerava dever do Estado, tornar a

educação obrigatória, pública, gratuita e leiga. Tal ação deve também ser ampla,
mediante um programa de âmbito nacional. Diante do caráter social da educação,

o Manifesto critica o sistema dual (que destina uma escola para os ricos e outra
para os pobres), reivindicando uma escola básica única.

Esse manifesto é muito importante na história da pedagogia brasileira,


porque representa a tomada de consciência da defasagem entre a educação e as

exigências do desenvolvimento.
Dentre os adeptos da escola nova, que, na década de 20, tinham

empreendido reformas de ensino, destaca-se Francisco Campos, autor da mesma


reforma no estado de Minas Gerais. Uma vez tornado Ministro da Educação,

imprime essa tendência renovadora em diversos decretos de 1.931 e 1.932.


Pode-se dizer que, pela primeira vez, no Brasil, ocorre uma ação planejada

visando a uma organização em nível nacional (as reformas anteriores foram


estaduais), sobretudo no que se refere ao ensino secundário, ao comercial e à

organização do sistema universitário.


O ensino secundário passa a ter dois ciclos: um fundamental, de cinco

anos, e outro complementar, de dois anos, visando à preparação para o ingresso


no curso superior. Com isso, pretendia-se evitar que o ensino secundário

permanecesse meramente propedêutico, ao não enfatizar a formação geral do


aluno. Todas as escolas são equiparadas ao Colégio Pedro II (até então

considerado modelo) e são estabelecidas normas de admissão de professores e

formas de inspeção do ensino ministrado.


No entanto, apesar do real avanço, algumas críticas podem ser feitas.

Houve total descaso pela educação primária e pela formação de professores.


Quanto às demais áreas do ensino profissionalizante, a atenção foi dada ao

comercial, tendo sido descuidado o industrial, de premente necessidade. Grave


também foi o desenvolvimento de programas de caráter enciclopédico que, ao

lado de uma avaliação rígida, tornavam o ensino altamente seletivo e elitizante.

Unidade 06 – A Reforma do Ensino do 1º e 2º Graus

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Proporcionar ao educando esclarecimentos sobre a obrigatoriedade do


ensino escolar de oito anos.

ESTUDANDO E REFLETINDO

A Lei nº 5.692/1971 representou uma elevação dos gastos dos


estabelecimentos privados de ensino, devido a sua extensão de quatro para oito

anos de escolaridade obrigatória. No 2º grau também ocorrem despesas


adicionais, igualmente de difícil transferência para os pais como ocorreu no ensino

de 1ª grau.
Nesse sentido, os lucros dos estabelecimentos ficaram ameaçados, bem

como sua sobrevivência. Um exemplo que ficou claro foram as faculdades que se
abriram nas periferias das grandes cidades. Logo, o setor privado do ensino ficou

desvantajoso não compensando mantê-los em funcionamento.


A Lei nº 5.692/1971, de 11 de agosto de 1971, fixou as diretrizes e bases para

o ensino de 1º e 2º graus. Introduziu mudanças no ensino que estava


desarticulado, mas continua assegurando o amparo técnico e financeiro à

iniciativa privada. Dessa vez, a luta não foi com a Igreja e os defensores da escola

pública e leiga, como forma prevista na Constituição de 1934 e 1946, seus


partidários é que estavam divididos.

Mudanças introduzidas pela referida lei:


· ampliar a obrigatoriedade escolar e quatro para oito anos; com a idade

de 7 a 14 anos;
· exclui o exame de admissão;

· necessidade de educador para a educação elementar;


Desvantagens:

· seletividade do curso primário na rede particular;


· elevado número de vagas;

· inexistência de escola na zona rural.


Tudo isso tornou impraticável a extensão e a obrigatoriedade da

escolaridade para oito anos. Privilegiou-se a quantidade à qualidade.


O governo militar havia diminuído os recursos para e educação, isto é, não

cumpriu o previsto na Lei nº 4.020/1964, que tinha o objetivo de incrementar o


ensino de 1º grau. Assim, o salário-educação que a União deveria repassar aos

Estados da Federação para a construção de escolas, era desviado para os


interesses de políticos e empreiteiros. Portanto, o governo não valorizava o

empreendimento de construção como era o sonho dos educadores.


Com apenas dois anos de promulgação da lei, em 1973, foi baixado o

Decreto 72.495, de 19 de junho de 1973, que estabelecia: “norma para a concessão


de amparo técnico e financeiro às entidades particulares de ensino”.

Esse decreto estabelece que os recursos a serem repassados teriam sua


origem o FNDE (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação).

Objetivos do repasse:
· “suprir deficiências locais da rede oficial de ensino de 1º e 2º graus,

· “adotar a intercomplementariedade entre estabelecimentos oficiais e

particulares de ensino,
· “equipar, reequipar e instalar unidades escolares,

· “ampliar e recuperar imóveis destinados exclusivamente a atividades


escolares;” (art. 3º).

Estava previsto, na criação do FNDE, que os recursos conferidos às escolas


privadas não seriam reembolsadas ao cofre público. As escolas devolveriam em

forma de gratuidade total ou parcial de ensino oferecido, ou seja, uma parceria


entre o governo e a instituição. Essa parceria estabelecia que, onde houvesse

escola privada que atendesse a demanda, o governo não construiria a escola


pública.

Nesse sentido, era fácil cumprir o acordo, pois os empresários do ensino


tinham a maioria dos membros que compunham os conselhos Estaduais de

Educação, logo, seus interesses eram vencidos. Isso posto, os conselhos estaduais
tinham recebido o decreto a incumbência de baixar as normas complementares

para o cumprimento de tais exigências.


Esse privilégio dado às escolas privadas é porque se entendia que ensino

público e privado são equivalentes. Então, seria um critério visando aos interesses
de ambas as partes: poder público e privado.

Em relação ao 2º grau, com duração de três anos, a lei nº 5.692/1971


recomendava o Art. 1º. “Proporcionar ao educando formação necessária ao

desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de autorrealização,


qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania”.

De acordo com o previsto nesse artigo, o ensino de 2º grau perde seu tradicional
perfil propedêutico, sua função agora é preparar para o trabalho.

Frente ao grande número de vagas particulares no ensino superior, esse


tipo de ensino profissionalizante era o mais procurado ao ensino de qualificação

do nível médio. Tudo não passava de um engodo, pois, excluindo da carga


horária da formação básica, as disciplinas de Filosofia, Sociologia e Psicologia, os

cursos estavam longe de formar um egresso para obtenção de emprego.

BUSCANDO O CONHECIMENTO

A Lei nº 5.692//71 obedece aos princípios da continuidade e da


terminalidade. Para tanto, diversos pareceres regulamentam para currículo que

consta de uma parte de educação geral e outra de formação especial. Além disso,
foram incluídos como matérias obrigatórias, Educação Física, Educação Moral e

Cívica, Educação Artística, Programa de Saúde e Religião (esta, obrigatória para a


escola, mas optativa para o aluno).

Em 1967 é criado o Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) para


começar a suprir a taxa de analfabetismo no Brasil. Paulo Freire teve seu método

consagrado, mas logo tornou-se fracassado, por ter sido seu conteúdo
considerado subversivo, segundo o ponto de vista da política vigente.

Algumas vantagens da Lei nº 5.692:


· extensão da obrigatoriedade do 1º grau (1ª a 8ª séries);
· escola única: superação da seletividade com a eliminação do
dualismo escolar, já que não existe mais separação entre o
secundário e o técnico;
· profissionalização a nível médio para todos: superação do
ensino médio propedêutico, já que existe a terminalidade;
· integração geral do sistema educacional do primário ao
superior (continuidade);
· cooperação das empresas na educação. ARANHA, 1989. p:
257.
Essas vantagens não tiveram sucesso no campo da terminalidade e da

formação para o trabalho, pois o ensino profissionalizante oferecido era de baixa


qualidade, pela insuficiência de laboratórios adequados às exigências dos cursos.

Portanto, consegue-se vasta mão de obra barata no mercado, porque a escola


prepara um exército de reserva”.

Nesse sentido, a escola particular leva vantagem, mas o ensino em sala de


aula continua com o sentido propedêutico entregando seus alunos às vagas das

melhores universidades. Como consequência a reforma não consegue desfazer o

dualismo (uma escola para o rico e outra para o pobre). O dualismo estende-se
até ás faculdades.

A Lei n. 5.692, teve a caráter tecnocrático, segundo o qual eficiência e


produtividade tem validade por si só. Outro aspecto que deve ser mencionado é,

a Lei foi política e não apolítica como pode transparecer. Por volta de 1.980
essa Lei torna-se obsoleta, uma nova Lei n.7.044/82 dispensa as escolas da

obrigatoriedade profissionalizante, voltando a ênfase para formação geral. O


cenário brasileiro é outro e os debates em prol de ser reconquistado o tempo e o

espaço perdido, começam a ganhar força com a volta dos políticos que haviam
sido exilados e as organizações estudantis retornam a atividade. A forca do

regime militar começa enfraquecer.


Vale registrar que a lei n. 5.692/71 foi alterada pela Lei n.
7.044/82, em virtude da reorientação quanto à profissionalização
do 2º grau. O ponto fundamental alterado foi a substituição da
proposta de que o ensino deveria qualificar para o trabalho pela
ideia que deveria preparar para o trabalho. MENESES, 2.001. p.
164.
Unidade 07 - Políticas Educacionais na Nova República

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE.


Efetuar um estudo sobre o período que antecede a criação da Lei n.

9.394/96.

ESTUDANDO E REFLETINDO
Nessa unidade será apresentada a crise que enfraqueceu o regime militar e

as pressões por eleições diretas à escolha presidencial e como seriam definidas as


políticas educacionais, ou seja, caberia ao Executivo Federal decidir quando e a

que descentralizar.
O regime militar estava enfraquecido e suas antigas alianças desfaceladas.

A sociedade civil organizava-se para intervir nas políticas públicas educacionais,


firmando um consenso sobre um novo projeto educacional com o interesse em

subsidias o MEC na busca de soluções que respondessem às diversidades locais e


regionais.

A força do regime militar mesmo enfraquecida mantinha o poder de


decisão entre o poder centralizado do governo federal com os estados e

municípios. O repasse do salário-educação era distribuído de acordo com seus


critérios.

Com o objetivo de recuperar as forças, o governo federal decidiu atuar


diretamente nos municípios. O resultado não foi dos benéficos, pois a política

confusa permitiu maior comprometimento no planejamento global e articulado da


educação. Assim, para atender a maioria da população, defendendo a escola

pública, um novo projeto de LDB seria elaborado pela comunidade escolar para
enfrentar o século XXI.

Inicia-se o neoliberalismo na década de 90, com a posse para Presidente

da República de Fernando Collor de Mello que governou de 1990-1992. As


políticas educacionais foram marcadas por forte clientelismo, privatização e
enfoques fragmentados. Nesse período, houve muito debate sobre a

redemocratização do ensino brasileiro, mas de pouca ação, pois os acessos do


governo no plano da educação era a maioria conservador, inclusive no MEC.

Algumas intenções do governo federal para o setor educacional:


· O Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania PNAC (1990);

· O Programa Setorial de Ação do governo Collor na área da educação


(1991-1.995);

· Brasil: um Projeto de Reconstrução Nacional (1991).

O ponto culminante do governo José Sarney (1985-1990) com relação ao


projeto de redemocratização foi a vitória alcançada com a aprovação da

Constituição de 1988. A nova Carta Magma do país conseguiu varrer diversos


mecanismos que sustentaram o regime autoritário (militar). O fim da censura, a

livre organização partidária, o retorno das eleições diretas e a divisão dos poderes.
A Constituição foi uma vitória política, mas, no campo econômico, não,

apesar do entusiasmo do plano cruzado. Quanto à indústria foi um furo, teve uma
pane no setor da produção e da falta de produtos de primeira necessidade.

Nesse sentido, o setor econômico foi abalado, pois as ações não freavam o
índice inflacionário. Os Planos: Bresser e Verão tentaram articular ações de

correção da inflação, mas a intenção foi em vão e a crise econômica financeira


estava declarada. Essa crise convivia com a esperança e a perspectiva de

democratização. Assim, o governo José Sarney perdia o apoio da sociedade civil.


No que concerne à educação, a oposição erguia a bandeira da mudança,

pois era um movimento que vinha reivindicando mudanças já a tempo.


Como movimento da oposição pode-se citar:

· Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – ANPED;


· Associação Nacional de Docentes do Ensino Superior ANDES;

· Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação CNTE;


· Educação & Sociedade;

· Revista da ANDE;
· Cadernos do CEDES;

· Conferencia Brasileira de Educação (CBES);


· - As reuniões anuais da SBPC.

Assim, esses movimentos defendiam a educação pública e gratuita como


direito público subjetivo e dever do Estado. Além disso, defendiam a erradicação

do analfabetismo e a universalização da escola pública.

BUSCANDO CONHECIMENTO

O projeto educacional na Nova República teria, então, como principal


diretriz assegurar o acesso, ingresso e permanência no ensino de boa qualidade.

a-) Melhoria da qualidade da Educação

· Merenda escolar;
· Distorção idade e série;

· Transporte;
· Material didático;

· Redução de números de aluno na sala de aula;


· Bibliotecas e laboratórios;

· Melhor infraestrutura;
· Alteração no currículo;

· Superação da formação profissional;


· Implementação da educação politécnica;

· Adequação do calendário regional;


· Revisão de técnicas e métodos de ensino;

· Revisão de critérios de avaliação do rendimento escolar;


· Mudança dos conteúdos dos livros didáticos;

· Formação docente e retribuições salariais dignas e justas.


b-) Plano de carreira nacional aos profissionais da educação que compreendia:

valorização e qualificação.

c-) Democratização da gestão.

d-) Financiamento da Educação.

e-) Ampliação da escolaridade obrigatória, abrangendo creche, pré escola 1 e 2

graus.
Com o fim do Governo Sarney, quem assume, eleito pelo voto direto, foi

Fernando Collor de Mello. Ao assumir, anunciou seu pacote de modernização


administrativa, cujo objetivo era conter a inflação.

Com a crise política somada à crise econômica, Collor foi alvo de uma CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) e, comprovado as irregularidades no seu

governo deixou a presidência federal. Quem assumiu foi o seu Vice Itamar Franco
(1992-1994).

O presidente então eleito não teve quase nenhuma participação no setor


educacional, seu compromisso maior foi de “arrumação da casa”, pois havia

herdado do governo anterior problemas que foram possíveis de ser sanados


somente com o ministro da Educação Paulo Renato Souza, na gestão de FHC

(Fernando Henrique Cardoso).


Como avanço pode ser citado a decisão de fechar o Conselho Federal de

Educação, pois esse era alvo de denúncias no sentido de vender pareceres para a
abertura de cursos superiores. Vale ressaltar que Paulo Renato implantou o

programa para avaliação de livros didáticos e de universidades públicas. Os


vetores da administração educacional da Nova República foram: Clientelismo,

tutela e assistencialismo.
Unidade 08 - Políticas educacionais e o governo FHC

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE


Analisar o período político (1995-2003) quanto suas ações do setor da

educação brasileira.

ESTUDANDO E REFLETINDO
A primeira Lei de Diretrizes e Bases (Lei n.4.024/61) conceituou a educação

como processo formativo da infância e da juventude. Consideraram-se os fins da


liberdade e ideais de solidariedade humana e os hegemonizou em relação aos

meios (processos formais e informais de educar.


Enquanto que a Lei n.9.394/96, atual LDB buscou privilegiar o processo,

que visa à formação para a sociedade, a Lei n.5.692/71 em relação ao artigo1º da


Lei n.4.024/61 referendou o seu respeito à formação do eu essencial. A Lei

n.9.394/96 foi promulgada no Governo FHC, embora, o projeto estava sendo


discutido na Assembleia desde o governo anterior.

As Leis 5.692/71 e 5.840/l68 não podem ser consideradas LDB na medida


em que se voltam apenas para uma fração da educação brasileira: a primeira para

a educação pré-escolar e para o ensino de 1º e 2º graus e a outra para o ensino


superior. Duas leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional são entendidas

como normas para todo o Sistema Educacional desde a pré escola até o ensino
superior: Lei n. 4.024/61 e Lei n. 9.394/96

A primeira Lei de Diretrizes e Bases foi a (4.024/61).

O princípio da municipalização do ensino fundamental apareceu pela


primeira vez na Lei n. 5.692/71, que previa em seu Art. 58 a progressiva passagem

para a órbita municipal dos encargos de educação, especialmente do 1º grau. Esta

legislação deu amparo ao MEC para desenvolver programas com os Municípios.


Em 1974: Pró Município-Projeto de Coordenação e Assistência Técnica ao

Ensino Municipal, com o objetivo de um processo contínuo de articulação entre


Estados e Municípios visando o aperfeiçoamento do ensino repassando recursos

aos municípios por critérios políticos.


Em 1980: Edural-Programa de Expansão e Melhoria da Educação Rural no

Nordeste. Seu objetivo era a melhoria das redes municipais no que se refere a
recursos humanos, materiais e ao currículo.

Em 1983: Decreto Federal 88.374-Estabelece que da cota estadual do

salário educação 25% seriam destinados a programas municipais.


Em 1985: Educação para Todos- Os municípios participantes do programa

deveriam ter Estatuto do Magistério Municipal, ter aplicado no ano anterior 20%
do Fundo de Participação dos Municípios no setor educativo.

Em 1988: Promulgação da Nova Constituição Federal. Os Municípios se


tornam membros da Federação, aumenta a autonomia financeira dos municípios.

No artigo 211, a Lei estabeleceu que a União, os Estados, o Distrito Federal


e os Municípios deveriam organizar em regime de colaboração seus sistemas de

ensino.
Ainda da Constituição, Parágrafo 1º. A União deveria organizar e financiar o

sistema federal de ensino e prestar assistência técnica e financeira aos Estados,


Distrito Federal e Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino

e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória.


Parágrafo 2º. Os Municípios deveriam atuar prioritariamente no ensino

fundamental e pre-escolar.
Em 1996, 20 de dezembro, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

n. 9.394. Apesar de a LDB estabelecer um regime de colaboração entre União,


Estados, Distrito Federal e Municípios prevê prioridades para atuação de cada

esfera do poder público. Para o Município, prioriza em primeiro lugar o ensino


fundamental e, em segundo, a educação infantil. O ensino médio e a educação

superior somente serão desenvolvidas pelo município, quando sua demanda


privilegiada (ensino fundamental e educação infantil) estiver totalmente atendida.

As escolas privadas de educação infantil ficam ligadas ao sistema municipal. A LDB


define como atribuição específica dos Estados o ensino médio.

A Lei n.9.394/96 delimita dois níveis de ensino:

ü Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental e o Ensino


Médio;

ü Educação Superior

Esses níveis podem se desenvolver através de quatro modalidades de


ensino de acordo dom as necessidades de sua clientela:

· Ensino regular
· Educação especial

· Educação e jovens e adultos


· Educação profissional

· Educação continuada
Esses dois últimos como formas de desenvolvimento dos diversos níveis e

modalidades.
Quanto ao currículo escolar para a educação básica, a LDB prevê:

· Base nacional comum que assegura através dos conteúdos mínimos


a formação básica nacional comum;

· Parte diversificada que atenda as características regionais e locais da


sociedade, da cultura, da economia e da clientela.

BUSCANDO CONHECIMENTO

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Quanto à política de formação profissional, a referida lei propõe o prazo de


dez anos para que todos estejam formados em nível superior.
Em 1995, assume o governo federal Fernando Henrique Cardoso,. Nesse

governo, como eixos da política educacional permaneceram o estabelecimento de


um mecanismo objetivo e universalista de arrecadação e repasse de recursos

mínimos para as escolas. Entra, assim, o eixo da política de financiamento e a


avaliação como a base da reforma educacional, tendo como foco a qualidade.

Esse controle seria de modo a possibilitar maiores responsabilidades e


compromissos para cada esfera de governo, portanto, a descentralização na

gerência de recursos. Com isso mudava-se o padrão de gestão no setor público.

O documento “Mãos à obra Brasil”, proposta do governo FHC, era para


estabelecer as diretrizes direcionadas à reformulação ao ensino fundamental; à

valorização da escola e de sua autonomia. Previa-se ainda a implantação de um


canal de TV via satélite nas escolas públicas.

Outros dispositivos legais foram considerados como medidas necessárias à


inovação, como: Emenda Constitucional/94 e a Lei n. 9.424/96, que dispunha

sobre a criação do FUNDEF- Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino


Fundamental e de Valorização do Magistério e o Plano Nacional da Educação-Lei

n. 10.174/2001.
Quanto à avaliação foram instituídos os seguintes dispositivos:

· CENSO ESCOLAR
· SAEB-Sistema de Avaliação da Educação Básica

· ENEM-Exame Nacional do Ensino Médio


· ENC-Exame Nacional de Cursos (Provão)
Unidade 09 – O Financiamento da Educação – o FUNDEF

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Analisar a Lei n. 9.424/96 e a Regulamentação do FUNDEF-Fundo de


Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do

Magistério.

BUSCANDO CONHECIMENTO
Segundo SHIROMA,
Uma política nacional de educação é mais abrangente do que a
legislação proposta para organizar a área. Realiza-se também
pelo planejamento educacional e pelo financiamento de
programa governamentais, em suas três esferas, bem como por
uma série de ações não governamentais que se propagam, com
informações, pelos meios de comunicação. SHIROMA, 2011.p.73

A Lei n. 9.424/96, sancionada em 24/12/96, é uma lei federal e traz em seu


art. 1º que: obedecendo ao § 7º do artigo 60 do Ato das Disposições Transitórias,

alterado pela Emenda Constitucional 14/96. A EC 14/96 foi promulgada em 12 de


setembro de 1.996 e foram alterados os artigos 34, 208, 211 e 212 do corpo

constitucional permanente, além do artigo 60 das Disposições Transitórias. As


determinações são que:

· Fundo se constitui numa alternativa de natureza contábil ao “regime


de colaboração” entre União, Estados e Distrito Federal previsto no

artigo 211 da Constituição Federal para o desenvolvimento do


ensino fundamental;

· Da constituição do Fundo participam recursos estaduais e


municipais, além da possibilidade de complementação da União. É

composta basicamente das transferências do ICMS (Imposto sobre


Circulação de Mercadoria), FPE (Fundo de Participação do Estado),

FPM (Fundo de Participação do Município), IPI – Exportação


(Imposto sobre Produto Industrializado e o Fundo de Ressarcimento

de Exportações;
· Pelo artigo 212 da Constituição, 25% desses recursos vão para o

Fundo e 10% devem ser aplicados em outras despesas de


“manutenção e desenvolvimento do ensino”.

· O ISS e o IPTU não entram no Fundo, mas continua a obrigação


prevista no artigo 212 da Constituição de aplicar 25% das receitas

provenientes desses impostos em “manutenção e desenvolvimento

do ensino”.
· Dos 25% destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino

fundamental 60% dos recursos para o magistério em efetivo


exercício, remuneração e habilitação de leigos e até 40% para outras

despesas, incluindo-se a remuneração do pessoal administrativo e


os inativos do ensino fundamental, reformas de escolas, transporte e

educação infantil.
· O critério para a distribuição do dos recursos do Fundo é o do

número de alunos matriculados anualmente nas escolas cadastradas


das redes públicas de ensino. Esses dados são obtidos pelo Censo

Educacional, realizado anualmente pelo MEC.


· O custo aluno definido pelo FUNDEF parte das disponibilidades

financeiras do FUNDO.

· Para acompanhamento e controle social sobre a repartição,

transferência e articulação dos recursos do FUNDO (artigo 4º)


deveriam ser criados os Conselhos Municipais, até 30 de junho de

1997 através de mensagem do Executivo à Câmara Municipal.

A Lei 9.424/96 trata também da valorização do magistério através da


instituição de novos planos de carreira e remuneração. Esses planos deveriam

estar aprovados até junho de 1997. Aos professores leigos passam a integrar um
quadro em extinção, de duração de cinco anos, Após esse prazo a carreira só terá

professores com habilitação.


O FUNDEF foi a principal característica do governo FHC como política

educacional. Nesse sentido, as políticas públicas do Brasil, pode-se afirmar, foram


marcadas pela influência do capital na era da globalização econômica na década

de 80.
De acordo com o discurso de posse do governo federal, percebe- se o

interesse de países estrangeiros pelo Brasil, pois, FHC, deixa clara a abertura ao

capital estrangeiro.
No sentido de o governo garantir a permanência do aluno na escola, ele

criou vários programas: Acorda Brasil!, Tá na hora de escola!, Aceleração da


Aprendizagem, Guia do livro didático – 1ª a 4ª série do ensino fundamental.

Vale ressaltar que o programa Bolsa-Escola também foi relevante, pois, ele
contribuía com um valor financeiro a toda família com criança em idade escolar,

que fizesse a matrícula da criança na escola. Talvez, tenha sido o incentivo maior
da política educacional daquele contexto.

Nesse patamar de inovação ou renovação, o governo FHC, com a criação


do FUNDEF, encontrou uma solução para estimular a matrícula de crianças de 7 a

14 anos e propiciou maior transparência do gasto público com a educação. Mas


os Estados e os Municípios encontraram dificuldades para financiar a expansão da

educação infantil (0 a 6 anos) e do ensino médio (15 a 17 anos) e a educação e


jovens e adultos.

Assim, percebe-se que o FUNDEF não era um fundo para toda a Educação
Básica. Ele estimulou a municipalização do ensino fundamental, ficando sob a

responsabilidade do Estado o ensino médio. Nesse período, o então Ministro da


Educação, Paulo Renato, afirmou que o fundo não pode ser responsabilizado pela

falta de investimento nos outros setores. O fundo além desse fato, apresenta
outro ponto negativo devido ao governo federal ter fixado um valor baixo para o

custo anual por aluno, ele exime-se de contribuir no orçamento com mais rigor.
Nessa perspectiva, o ensino fundamental foi o que mais esteve perto de

cumprir as metas, mas o governo não cumpriu sua promessa de campanha, a de


elevar o número de concluintes do ensino fundamental e a de ampliar o ensino

fundamental obrigatório para nove anos. Outro nível que não foi cumprido é o
ensino médio, esse o governo federal não conseguiu expandir nem equipar as

escolas com computadores, laboratórios e bibliotecas. Ainda, ficou sem definir


uma política de valorização dos docentes, deixando de estimular a formação

docente.

BUSCANDO CONHECIMENTO
Embora o governo federal tenha implantado diversos programas de

incentivo e melhoria à educação, a universalização do ensino fundamental não

atinge a meta proposta. Logo, o MEC avalia ser desnecessária a expansão da rede
pública de ensino, pois, admite que o fundamental é melhorar a eficiência e a

qualidade desse nível de ensino. Como estratégia, introduziu o Programa de


Aceleração de Aprendizagem, cuja finalidade era corrigir a distorção idade/série.

Outro ponto negativo em relação ao FUNDEF é a pressão que o ensino


médio vai sofrer para atender o grande contingente e alunos concluintes do

ensino fundamental à procura de vaga. Para preparar a escola, no campo de


investimentos básicos e equipamentos, a União conta com o apoio do BID (Banco

Interamericano de Desenvolvimento) que já havia anunciado seu interesse em ser


cooperador das linhas de ação desenvolvidas na educação no sentido e política

educacional.
Essa não era uma previsão que o governo federal havia pensado para o

ensino médio, mas mesmo assim, dá a cobertura adequada. Através do Decreto


2.208 de 17 de abril de 1997, pretendia estabelecer a separação do ensino médio

com o ensino técnico, para tanto, cada um teria sua organização e seus currículos
específicos, ambos de caráter flexível. O ensino técnico deveria ter uma formação

básica e outra específica.


Contudo, outros aspectos ameaçaram as políticas do governo, a grande

procura por uma vaga no ensino superior. De acordo com o desenho à procura
de vaga, o governo baixa leis, medidas provisórias, decretos, decretos-leis,

portarias, resoluções; tudo isso, para definir os rumos do ensino superior


brasileiro, medida iniciada no regime militar.

No governo FHC, a reforma do ensino superior estava amparada na


avaliação, na autonomia e na melhoria do ensino, todos os itens ligados à eficácia

e produtividade, ou seja, a melhoria do ensino depende da avaliação e da

autonomia. Outro ponto que marcou o governo FHC foi a promulgação da


LDBE/96, Lei n.9.394- em 20 de dezembro e 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases

da Educação Nacional.
Unidade 10 – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica (FUNDEB).

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE


Mostrar o que o Fundo trouxe de benefícios para o desenvolvimento da

Educação Básica.

ESTUDANDO E REFLETINDO
Percebe-se que a implantação do FUNDEB rompeu com algumas políticas

do governo FHC e deu continuidade em outro setor público e privado para a


efetivação dos programas e projetos e seu governo, entre eles os voltados para a

educação, deslocando parte dessas funções para o Terceiro setor.


O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e da

Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB foi criado pela Emenda


Constitucional n. 53/2006 e regulamentada pela Lei n. 11.494/2007 e pelo Decreto

n. 6.253/2007, em substituição ao FUNDEF, que vigorou de 1998 a 2006. É um


Fundo especial, de natureza contábil (um fundo por estado e Distrito Federal)

formado por recursos provenientes dos impostos e transferências dos estados,

Distrito Federal e municípios, vinculados à educação por força do disposto no


artigo 2121 da Constituição Federal. Independentemente da origem, todo recurso

gerado é redistribuído para aplicação exclusiva na Educação Básica. Com vigência


estabelecida para o período de 2007 a 2020, sua implantação começou em 1º de

janeiro de 2007.
Além dos recursos originários dos entes estaduais e municipais, verbas

federais também integram a composição do referido fundo, a título de


complementação financeira, com o objetivo de assegurar o valor mínimo nacional

por aluno/ano.
Lei n. 11.494, de 20 de dezembro de 2007 – Regulamenta o Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos


Profissionais da Educação Básica – FUNDEB, de que trata o artigo 60 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei n. 10.195, 14 de fevereiro de


2001; revoga dispositivos das Leis n.9.424, de 24 de dezembro de 1996, n. 10880,

de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004, e dá outras


providencias.

Esse fundo é um importante compromisso da União com a Educação

Básica, na medida em que aumenta o volume anual dos recursos federias. Além
disso, materializa a visão sistêmica da educação, pois financia todas as etapas da

Educação Básica e reserva recursos para os programas direcionados a jovens e


adultos. A estratégia é distribuir os recursos pelo país, levando em consideração o

desenvolvimento social e econômico das regiões – a complementação do


dinheiro aplicado pela União é direcionada às regiões nas quais o investimento

por aluno seja inferior ao valor mínimo fixado para cada ano. Ou seja, o FUNDEB
tem como principal objetivo promover a redistribuição dos recursos vinculados à

educação.
Segundo Tarso Genro, ex-ministro a educação, acessado na internet em

17/04/2012, Teoria e Debate n. 63 – junho/agosto de 2005, publicado em


20/12/2006 O FUNDEB pode ser considerado a terceira revolução educacional no

país, uma vez que a segunda foi a universalização do ensino fundamental. A


criação do fundo pode ser considerada uma vitória da sociedade e de todos os

segmentos que participaram da elaboração e das discussões relativas ao projeto,


junto com a vontade do governo Lula em ter um sistema de Educação Básica de

boa qualidade.
O grande parceiro na distribuição da renda investida por aluno pode se

afirmar que é o MEC, pois, com os dados em base ao SAEB (Sistema de Avaliação
da Educação Básica) que avalia o desempenho de alunos a 4ª a 8ª série do ensino

fundamental e da 3ª série do ensino médio, informa ao fundo, onde estão os


alunos que precisam ser compensados financeiramente quanto ao investimento

previsto na lei. Com base nisso, os estados que foram constatados pobres são em
número de dez: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pará,

Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte.


Dados de pesquisas realizadas pelo SAEB mostram que os avanços

relativos às matrículas nas diversas etapas da educação não foram acompanhados


por um desenvolvimento qualitativo da educação ofertada. Vale ressaltar que o

IBGE (Instituto Brasileiro) também é colaborador das pesquisas educacionais,

através dos indicadores sociais apontados por ele. Percebe-se que a necessária
equidade na oferta de educação entre os brasileiros em sua diversidade regional,

racial e étnica, localização urbana ou rural, ainda não é possível ter avanços
educacionais no sentido e matrícula no ensino público e obrigatório.

O financiamento de educação no Brasil provém de recursos públicos de


empresas privadas e dos cidadãos. No entanto, é difícil estimar o gasto total em

educação, pelo fato de o Brasil não contabilizar os recursos mobilizados pelo


setor particular. Parcelas expressivas do produto de arrecadação tributária

nacional são vinculadas à manutenção e desenvolvimento da educação nos três


níveis de governo, de maneira regular e predefinida, segundo disposições

incluídas no Corpo da Constituição da República.

BUSCANDO CONHECIMENTO
São fontes de financiamento da educação os recursos originários de:

· Receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos municípios;

· Receita de transferências constitucionais e outras transferências;


· Receita da contribuição social do salário- educação e de outras

contribuições sociais;
· Outros recursos previstos em lei.
Além desses, há os recursos externos destinados ao financiamento de

pesquisas e projetos suplementares, assim como: o UNICEF, o PNUD e a UNESCO.


Empréstimos externos, tanto do BIRD (Banco Interamericano de Desenvolvimento

) como do Banco Mundial, eles são fontes importantes para financiar projetos cujo
objetivo central consiste na melhoria da qualidade do sistema educacional.

Exemplo de projetos financiados:


· Projeto Nordeste, voltado para as áreas mais pobres do país, que foi

sucedido pelo programa Fundescola;

· Programa de Expansão da Educação Profissional ( PROEP );


· Escola jovem, destinado a apoiar a expansão e reforma do ensino

médio.
A Constituição Federal determina que a União deve aplicar, no mínimo, 18%

dos recursos econômicos públicos na educação, excluídas as transferências, e os


Estados, o Distrito Federal e os municípios, 25% do total da receita resultante de

impostos, incluídas as transferências constitucionais, na manutenção do ensino


público.

O financiamento da Educação Superior em instituições públicas é de 0,7% do


PIB (Produto Interno Bruto). Os recursos para as universidades federais provêm de

fontes orçamentárias, diretamente ou por meio de convênios celebrados com a


Secretaria de Educação Superior e com a CAPES, órgãos do próprio Ministério da

Educação, e de apoios obtidos junto ao CNPq e à FINEp, vinculados ao Ministério


da Ciência e Tecnologia. Somente o orçamento do Ministério da Educação

corresponde a cerca de 1% do PIB. Desse total 70% são apropriados pelas


instituições federais de ensino superior. São destinados ao pagamento dos

salários, ao custeio das instalações, ao investimento físico em prédios, laboratórios


e equipamentos e a qualificação de recursos humanos, por meio de bolsas de

estudo de mestrado e doutorado aos professores. Além disso, há os recursos


próprios obtidos pelas universidades, mediante convênios ou serviços prestados.
A política de financiamento da educação é um risco a sua qualidade, isso

porque ela privilegia uma ou mais etapas da educação, descuidando do


fenômeno educativo de outras.

O que muda de acordo com EC 53/2006 em relação ao financiamento da


Educação Básica, FUNDEB. Impostos que contribuem para o Fundo:

· Fundo de Participação dos Estados – FPE;


· Fundo de Participação dos municípios – FPM;

· Impostos sobre Produtos Industrializados, proporcional às

Exportações – IPI-exp;
· Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS;

· Desoneração de Exportações ( LC n.87/96);


· Imposto sobre Transmissão Causa Mortis – ITCM;

· Imposto Territorial Rural – ITR;


· Imposto sobre propriedade de Veículos Automotores – IPVA; e

· Complementação da União, caso necessário aos Estados menos


favorecidos.

Assim, esses impostos são incorporados ao FUNDEB, mas continuam de


fora as receitas próprias municipais, como:

· Imposto Predial Território Urbano, IPTU;


· Imposto Sobre Serviços – ISS;

· Imposto Sobre Transmissão de Bens Interinos-ITBI.


De acordo com a Medida Provisória (MP) 339/06, foi instituída, no âmbito

do MEC, uma Junta de acompanhamento dos Fundos, tinha representantes do


MEC, do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Educação (CONSED),

representante do Conselho Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (


UNDIME ).

Vale ressaltar que a MP 339/96 teve importante participação no FUNDEB,


pois, fixou um teto máximo para com os gastos com EJA (Educação de Jovens e

Adultos ), isto é, em até 10% do total do Fundo. Outro ponto foi a fixação de um
piso salarial profissional para os profissionais do magistério público, e não apenas

dos professores.
Unidade 11 – Mudanças e permanência nas Leis do Ensino

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE


Analisar comparativamente os textos da Constituição Federal de 1988 e das

Leis de Diretrizes e Bases para a Educação Brasileira e identificar as mudanças e


permanências das políticas educacionais.

ESTUDANDO E REFLETINDO

O que mudou na LDB 9394/96 em relação à LDB-4.024/61:


“Artigo 1º - A educação nacional, inspirada nos princípios da
liberdade e os ideais de solidariedade humana tem por fim:
· A compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do
cidadão, do Estado, da família e dos grupos que compõem a
comunidade;
· O respeito à dignidade e às liberdades fundamentais;
· O fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade
internacional;
· O desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua
participação na obra do bem comum;
· O percurso do indivíduo e da sociedade para domínio dos
recursos científicos e tecnológicos que lhes permitam utilizar
as possibilidades e a vencer as dificuldades do meio;
· A preservação e expansão do patrimônio cultural;
· A coordenação a qualquer tratamento desigual por motivo de
convicção filosófica ou religiosa, bem como, a quaisquer
preconceito de classe ou de raça”.

Na Lei n.º 4.024/61, dava-se prioridade aos mais altos valores humanos

àqueles que permanentemente elevam o homem sobre tudo o mais, sejam

objetos.
A Lei n. 5.692/71, manter em vigor o artigo 1º da Lei n.4.024/61 –

referendou o seu respeito à formação do eu essencial, em face dos processos


circunstancias.

A Lei n. 9.394/96 parece haver diminuindo em parte a preocupação com a


humanização, buscou-se privilegiar o processo, que é circunstancial e visa mais à

formação para a sociedade, do que para a vida. Perdeu a filosofia, ganhou a


sociologia. A reforma universitária marcou o governo de FHC com seus objetivos

de: avaliação, autonomia e a melhoria do ensino.


Os artigos 22,23, 24, 25, 26,27 e 28 da Lei n.9.394/96 – tratam das

Disposições Gerais da Educação Básica.


O artigo 22- mantém alguma semelhança com o artigo 1º da Lei n.

5.692/71, onde coloca a importância de se preparar o individuo para o exercício


da cidadania e para o seu desenvolvimento pessoal. A diferença está no fato de

que a lei anterior, a qualificação para o trabalho era um componente marcante do

ensino de 1º e 2º graus, enquanto que, nessa, tem-se o compromisso da


Educação Básica não a qualificação para o trabalho.

Artigo 23- Equivale aos artigos 8º, 14 § 4º e artigo 11, § 1º e 2º da Lei n.


5.692/71. Esse artigo a escola pode criar sua própria identidade, estimulando-a a

apresentar proposta pedagógica diferencia-a das demais. As disciplinas podem


ser oferecidas por semestre e não como oferta anual. Pode ser abolido o regime

seriado. À escola é dado o direito, de usar diferentes formas de organização de


turmas, aproveitar as experiências dos alunos “ o histórico escolar”. A avaliação e

promoção dos alunos serão com base na assiduidade e aproveitamento de


estudos.

Artigo 24 – Amplia a carga horária mínima de 720 horas ( artigo 18 da Lei


n. 5.692/71) para 800horas e a duração mínima do ano letivo de 180 dias para 200

dias letivos.
Vale lembrar que tanto na Lei n.5.692/71, quanto na Lei n. 9.394/96

determina-se que o período de provas e exames não sejam computado como dia
letivo. Na verdade, isto não tem sido obedecido, quer na escola pública ou

privada. Quanto à verificação do rendimento escolar na Lei atual mantém muita


identidade com o já disposto na legislação anterior, Lei n. 5.692/71 – Avaliação

acumulativa.
O que muda em relação à legislação anterior em relação Seção I das Disposições
Gerais do Capítulo II, sobre Educação Básica.
a) A qualificação para o trabalho não é objetivo do ensino fundamental e

médio, como acontecia com o 1º e 2º Grau; agora, o objetivo é


fornecerão educando meios para progredir no trabalho e em estudos

posteriores (artigo22);
b) As escolas podem organizar grupos não seriados, com base na idade, na

competência ou em outros critérios, substituindo, se assim o desejarem,


a tradicional organização em série escolar (artigo 23). Na legislação

anterior isso era possível apenas com a aprovação de projeto especial,


sob o rótulo de experiência pedagógica (Lei 4.024/61, artigo 104, não

revogado pela 5.692/71);


c) A carga horária do ano letivo passa do mínimo de 720 horas, para um

mínimo de 8oo horas e a duração do ano letivo passa de 180 dias para
200 dias letivos (artigo 24, I);

d) Permite à escola fazer a avaliação das experiências e conhecimentos dos


alunos a fim de matriculá-los na série ou grupo adequado, quando eles

não possuírem a documentação formal,embora a questão ainda careça

de regulamentação por parte dos sistemas de ensino (artigo 24, II, c);
e) O ensino da Língua Portuguesa retoma o seu lugar, deixando de

integrar a chamada “Comunicação e Expressão” (artigo 26;§1º);


f) O estudo da História do Brasil levará em conta as contribuições das

diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro (artigo


26§4º);

g) A Lei inclui a obrigatoriedade do estudo de uma língua estrangeira


moderna, a partir da 5ª série do ensino fundamental (artigo 26;§5º);

h) Comprometimento curricular com o desporto educacional e as práticas


desportivas não formais (artigo 27, IV).

i) Propõe uma nova escola para o meio rural.


SOUZA, Paulo N. Pereira; SILVA, Eurides Brito. Como Entender e Aplicar a Nova LDB. São Paulo/SP.

Pioneira Thomson Learning, 2002. P. 49-50.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Quadro comparativo entre a Constituição Federal e a Emenda


Constitucional nº 14/96.
TEXTO CONSTITUCIONAL TEXTO APÓS EMENDA N. 14/96
Art. 34 – A União mão intervirá nos Estados nem no Art. 34 – A União não intervirá nos Estados nem no Distrito
Distrito Federal , exceto para: (...) federal, exceto para: (...)
VII – assegurar a observância de alguns princípios VII – (...)
constitucionais: a-) forma republicana, sistema e-) aplicação do mínimo exigido da receita estadual na
representativo e regime democrático ; b-) direitos da manutenção e desenvolvimento do ensino.
pessoa humana; c-)autonomia municipal; d-)
prestação de contas da administração pública direta
e indireta.
Art. 208 – O dever do estado com a educação será Art. 208 – O dever do estado com a educação será
efetivado mediante a garantia de: efetivado mediante a garantia de:
I- Ensino fundamental obrigatório e gratuito, I- Ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada,
inclusive para os que a ele não tiveram acesso na inclusive, sua oferta gratuita para todos os que não
idade própria; tiveram acesso na idade própria;
II- Progressiva extensão da obrigatoriedade e II- Progressiva universalização do ensino médio gratuito;
gratuidade do ensino médio; (...). (...).
Art. 211- A União, os Estados, o Distrito Federal e os Art. 211 –
Municípios organizarão, em regime de colaboração, §1° - A União organizará o sistema federal de ensino e o
seus sistemas de ensino. dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas
§1°- A União organizará e financiará o sistema federal federais e exercerá, em matéria educacional, função
de ensino e dos territórios, e prestará assistência redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e de oportunidades educacionais e padrão mínimo de
aos Municípios para o desenvolvimento dos seus qualidade do ensino mediante assistência técnica e
sistemas de ensino e o atendimento prioritário á financeira aos Estados. Ao Distrito Federal e aos Municípios.
escolaridade obrigatória. §2° - Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
§2° - Os Municípios atuarão prioritariamente no fundamental e na educação infantil.
ensino fundamental e pré-escolar. §3° - Os Estados e o Distrito Federal atuarão
prioritariamente no ensino fundamental e médio.
§4° - Na organização de seus sistemas de ensino, os
Estados e os Municípios definirão formas de colaboração,
de modo a assegurar a universalização do ensino
obrigatório.
Art. 212 – (...) Art. 212 – (...)
Parágrafo 5° - O ensino fundamental público terá Parágrafo 5° - O ensino fundamental público terá como
como fonte adicional de financiamento a fonte adicional de financiamento a contribuição do salário-
contribuição social do salário-educação, recolhida, na educação, recolhida pelas empresas na forma da lei.
forma da lei, pelas empresas, que dela poderão
deduzir a aplicação realizada no ensino fundamental
de seus empregados dependentes.
art. 60 – Nos dez primeiros anos da promulgação da Art. 60 – Nos dez primeiros anos de promulgação desta
Constituição, o poder público desenvolverá esforços, Emenda, os estados, o Distrito Federal e os Municípios
com a mobilização de todos os setores organizados destinarão não menos de sessenta por cento dos recursos a
da sociedade civil com a aplicação de, pelo menos, que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal, á
cinquenta por cento dos recursos a que se refere o manutenção e ao desenvolvimento do ensino fundamental,
art. 212 da Constituição, para eliminar o com o objetivo de assegurar a universalização de seu
analfabetismo e universalizar o ensino fundamental. atendimento e a remuneração condigna do magistério.
(...) §1° A distribuição de responsabilidade e recursos entre os
Estados e seus Municípios a ser concretizada com parte dos
recursos definidos neste artigo, na forma do disposto no
art. 211 da Constituição Federal, é assegurada mediante a
criação, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de
um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério, de natureza
contábil.
§2° O Fundo referido no parágrafo anterior será constituído
por, pelo menos, quinze por cento dos recursos a que se
referem os arts. 155, inciso II; inciso IV, e 159, inciso I, alínea
a e b;e inciso II da Constituição Federal, e será distribuído
entre cada Estado e seus Municípios, proporcionalmente ao
número de alunos nas respectivas redes de ensino
fundamental.
§3° A União complementará os recursos dos Fundos a que
se
Refere o § 1°, sempre que, em cada Estado e no Distrito
Federal, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido
nacionalmente.
§ 4° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
ajustarão progressivamente, em um prazo de cinco anos,
suas contribuições ao Fundo, de forma a garantir um valor
por aluno correspondente a um padrão mínimo de
qualidade de ensino, definido nacionalmente.
§ 5° Uma proporção não inferior a sessenta se a
municipalização não puder contribuir para que cheguemos
mais perto de alcançar tais ideais, de nada adiantará. Estes
devem ser os princípios que norteiem qualquer politica
educacional.
_______ por cento dos recursos de cada Fundo referido no §
1° será destinada ao pagamento dos professores do ensino
fundamental em efetivo exercício no magistério.
§ 6° A União aplicará erradicação do analfabetismo e na
manutenção e no desenvolvimento do ensino fundamental,
inclusive na complementação a que se refere o § 3°, nunca
menos que o equivalente a trinta por cento dos recursos a
que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal.
§ 7° A lei disporá sobre a organização dos Fundos, a
distribuição proporcional de seus recursos, sua fiscalização
e controle, bem como sobre a forma de cálculo do valor
mínimo nacional por aluno.
Unidade 12 – A formação docente e suas incumbências legais

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE


Discutir questões referentes à formação Docente.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Há diferentes exigências legais ao educador que atua na educação básica e


para aqueles que atuam em cursos do ensino superior. Assim, a formação do

professor que atuará em nível superior possui como exigência a preparação em


cursos de pós-graduação.

A pós-graduação pode ser lato sensu (especializações) e stricto sensu


(mestrado, doutorado).

Para a formação do professor de nível superior enfatiza-se a formação de


Mestres e Doutores, já que as universidades precisam ter, pelo menos, um terço

do seu corpo docente com titulação acadêmica de Mestrado ou Doutorado


(artigo 52, inciso II da LDB nº. 9394/96).

TÍTULO VI
Dos Profissionais da Educação

Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de


pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.

Já, para a formação do professor de Educação Básica, a lei determina que


seja em nível superior, nos cursos de licenciatura, admitindo também, como

formação mínima para a atuação na educação infantil e em séries iniciais do


ensino fundamental, o curso normal.
TÍTULO VI
Dos Profissionais da Educação

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível
superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e
institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o
exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.
(Regulamento).

Entretanto, mais adiante, a lei estabelece que a formação do professor

será, até o final da década da educação (dezembro de 2007), em nível superior ou


por treinamento em serviço.

Esse termo “treinamento em serviço” não é explicado, mas, será que treino
forma?

Bem, o fato é que a formação do professor caminha para uma exigência


mínima em nível superior, e este pode ser um fator positivo para o

aprimoramento do ensino nas escolas, desde que, é claro, essa formação possua
bases sólidas e seja conduzida por profissionais competentes, em universidades

bem estruturadas, que desenvolvam uma formação de qualidade para o futuro


professor.

TÍTULO IX
Das Disposições Transitórias

Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da


publicação desta Lei.

§ 4º Até o fim da Década da Educação somente serão admitidos professores


habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço.

Quanto às incumbências legais da atividade docente, fica estabelecido que:


TÍTULO IV
Da Organização da Educação Nacional

Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:


I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de
ensino;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar
integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional;
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a
comunidade.

Pelo estabelecido, podemos concluir que o professor possuirá funções de:

a) Elaborar e coordenar o ensino;


b) Ministrar aulas;

c) Desenvolver estratégias diversificadas, visando à aprendizagem dos alunos;


d) Cumprir a proposta pedagógica;

e) Planejar, avaliar e executar suas tarefas, a fim de acompanhar o rendimento


da classe e propor a recuperação aos alunos que apresentem dificuldades;

f) Auxiliar na interação da escola com a família e a comunidade, no âmbito


da gestão democrática.

Desta forma, o professor estará cumprindo aquilo que se encontra


determinado pela LBD, garantindo e trabalhando pela melhoria do processo

educacional, pela aprendizagem dos alunos e pela qualidade do ensino.

BUSCANDO CONHECIMENTO
Leia abaixo o que Bernadete Gatti (2010) postula sobre a formação de professores

no Brasil, no artigo “Formação de Professores no Brasil: Características e


Problemas”
(...)
Licenciaturas, profissionalidade e profissionalização

As licenciaturas são cursos que, pela legislação, têm por objetivo formar
professores para a educação básica: educação infantil (creche e pré-escola);
ensino fundamental; ensino médio; ensino profissionalizante; educação de jovens
e adultos; educação especial. Sua institucionalização e currículos vêm sendo
postos em questão, e isso não é de hoje. Estudos de décadas atrás já mostravam
vários problemas na consecução dos propósitos formativos a elas atribuídos
(Candau, 1987; Braga, 1988; Alves, 1992; Marques, 1992).
Hoje, em função dos graves problemas que enfrentamos no que respeita às
aprendizagens escolares em nossa sociedade, a qual se complexifica a cada dia,
avoluma-se a preocupação com as licenciaturas, seja quanto às estruturas
institucionais que as abrigam, seja quanto aos seus currículos e conteúdos
formativos. Deve ser claro para todos que essa preocupação não quer dizer
reputar apenas ao professor e à sua formação a responsabilidade sobre o
desempenho atual das redes de ensino. Múltiplos fatores convergem para isso: as
políticas educacionais postas em ação, o financiamento da educação básica,
aspectos das culturas nacional, regionais e locais, hábitos estruturados, a
naturalização em nossa sociedade da situação crítica das aprendizagens efetivas
de amplas camadas populares, as formas de estrutura e gestão das escolas,
formação dos gestores, as condições sociais e de escolarização de pais e mães de
alunos das camadas populacionais menos favorecidas (os “sem voz”) e, também, a
condição do professorado: sua formação inicial e continuada, os planos de
carreira e salário dos docentes da educação básica, as condições de trabalho nas
escolas.
Mesmo considerando essa conjunção de fatores, pensamos ser importante
chamar a atenção para a questão específica da formação inicial dos professores, o
que envolve diretamente as instituições de ensino superior, em especial as
universidades. Abordaremos a questão a partir de dados de pesquisa. Procura-se
contribuir para o debate que busca a melhoria da qualidade da formação desses
profissionais, tão essenciais para a nação e para propiciar, nas escolas e nas salas
de aula do ensino básico, melhores oportunidades formativas para as futuras
gerações.
Estamos assumindo que o papel da escola, e dos professores, é o de ensinar-
educando, uma vez que postulamos que sem conhecimentos básicos para
interpretação do mundo não há verdadeira condição de formação de valores e de
exercício de cidadania.

Para a leitura completa desse artigo acesse o endereço eletrônico

http://www.scielo.br/pdf/es/v31n113/16.pdf
Unidade 13 – As transformações científico culturais e o sistema
educacional brasileiro

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Analisar as recentes transformações que ocorreram na sociedade e como


elas interferem na concepção de humanidade, de sociedade e determinam as

demandas de formação no campo da educação.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Libâneo (2006) postula que as acentuadas transformações no campo


técnico e científico podem ser apontadas como responsáveis pelas profundas

modificações na produção e nas relações sociais.


A partir da segunda metade do século XX destacaram-se como eixos

basilares do que alguns autores têm denominado de revolução tecnológica a


microeletrônica, a microbiologia e a energia termonuclear. Esses setores da

pesquisa demonstram potencial para oferecer respostas às questões que se


anunciam como desafios para o desenvolvimento da humanidade. Ressalve-se, no

entanto, que as ações humanas também revelam, igualmente, potencial para


utilizar esses recursos na perspectiva destrutiva. O mesmo século XX foi palco de

duas grandes guerras que se mostraram pródigas em comprovar o potencial

autodestrutivo da humanidade.
No campo da microbiologia se somam às conquistas, pontos positivos e

negativos. No campo das positividades o domínio do conhecimento genético


permite avanços inegáveis no aprimoramento da produção de alimentos que

contribuem para o combate à fome e à miséria do mundo, favorecem a supressão


de doenças humanas e outras fragilidades sociais. Em contrapartida, há que se

considerarem questões éticas no que diz respeito a temas como a clonagem


humana, criação de vírus e possibilidade do uso de bactérias para finalidades

bélicas.
Mais perceptível na vida cotidiana das pessoas a microeletrônica provoca

profundas modificações nas necessidades, hábitos, costumes. Essas, por sua vez,
repercutem na formação das habilidades cognitivas e no entendimento da

realidade. A compreensão do universo virtual é o grande desafio lançado pelo


avanço da microeletrônica.

Nos tempos atuais já não é possível conceber a produção, em todos os


setores da sociedade, sem o uso do computador, por exemplo. Esse recurso está

presente em quase todas as esferas da produção humana como lazer, saúde,

indústria, pesquisa. Sua expansão já permite que muitos estudiosos considerem o


computador como a maior invenção do século XX. Exemplo mais próximo de

todos nós sobre a importância desse recurso na organização e desenvolvimento


da sociedade pode ser o próprio fato de estarmos aqui, professores e alunos,

construindo um processo de formação acadêmica por meio da educação a


distância. Isso, somente torna-se possível, pela existência do computador e da

ciência da comunicação
Os reflexos dessa grande transformação são perceptíveis na organização

do trabalho e nas relações sociais, gerando novas necessidade e habilidades.


“Aldeia global” é como vem sendo denominada a sociedade que se

constrói a partir da revolução informacional. Isso porque, com o desenvolvimento


das telecomunicações, mídias e tecnologias da informação, as fronteiras se

tornaram quase imperceptíveis uma vez que humanidade dominou os recursos


que possibilitam conexão praticamente simultânea. Essa condição interfere

profundamente no campo das relações políticas e também evidencia


necessidades de habilidades relacionais no campo da diversidade cultural que,

antes, estava “protegida” pelas barreiras físicas.


Libâneo (2006), aponta como características da revolução informacional:

1) Surgimento de nova linguagem comunicacional; 2) Diferentes mecanismos de


informação digital; 3) Novas possibilidades de entretenimento e 4) Acúmulo de

informações e condições de armazenamento.


Para esse autor, a revolução informacional está na base da nova forma de

divisão social e de exclusão.


A partir da configuração desse novo cenário que evidencia o estágio mais

evoluído do capitalismo e agrega dimensões políticas, econômicas, sociais e


culturais, as possibilidades de se produzir relações sociais mais díspares ficam

determinadas, ainda mais, pela capacidade de acesso e aquisição aos avanços da


ciência e tecnologia. Isso significa que a humanidade, ao mesmo tempo em que

avança no domínio de recursos importantes para gerar desenvolvimento e

qualidade de vida, paradoxalmente, intensificou sua capacidade de produzir


distorções e injustiças.

É a partir da compreensão desse cenário que é preciso analisar as


estruturas definidoras e reguladoras dos sistemas educacionais. O grande ponto

de partida para a elaboração dessa análise pode ser orientado pela ideia da busca
do significado de inclusão e exclusão social.

Para produzir essa análise nos apoiaremos em princípios do campo da


economia que apontam o final do século XX como um período de intensas

transformações do capitalismo e profundos impactos no modo de vida das


pessoas.

O princípio da globalização econômica pode ser interpretado como uma


estratégia de enfrentamento da crise do capitalismo e de constituição de uma

nova ordem mundial. Esse enfrentamento pode ser notado, após a década de 80,
na produção de mercados comuns e blocos econômicos como a União Européia,

Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) e Mercado comum do


sul (Mercosul), entre outros.

Fica evidente, na reconfiguração do modelo produtivo, a necessidade de


abertura econômica e de competição internacional. A Globalização pressupõe

uma racionalidade econômica baseada no mercado global competitivo e auto-


regulável.
Essa emergente racionalidade econômica produz a necessidade de

redução, ou até mesmo exclusão da regulação do mercado de Estado. Neste


processo os países de industrialização tardia, inclusive o Brasil, precisam

desmontar sua estrutura de proteção e regulação. Precisam entrar na era


neoliberal. Para essa nova demanda econômica é preciso um novo modelo de

Estado.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Podemos apontar como efeitos mais imediatos dessa transformação a


reconfiguração das grandes corporações em busca de ampliação de mercados.

Grandes empresas fixam suas bases produtivas em diferentes lugares do planeta.


O trabalho desformaliza-se; dispersa-se, espalha-se, dessindicaliza-se, diversifica-

se e torna-se cada vez mais escasso. Esses efeitos do processo de globalização


parecem indicar para uma grande reconfiguração das relações de trabalho com

resultados que podem indicar a superação do trabalho manual e assalariado.


Da base do pensamento neoliberal, no qual o mercado é entendido como

referência fundadora, unificadora e auto-reguladora da sociedade, destacam-se


duas tendências:

1) Concorrencial: Essa tendência é marcada pela liberdade econômica, orientada


pelo princípio da auto-regulação do mercado e livre concorrência;

fortalecimento da iniciativa privada; eficiência e qualidade dos produtos e


serviços; sociedade aberta e educação para o desenvolvimento econômico

em atendimento às exigências de mercado.


2) Estatizante: De natureza igualitarista-social, tem como princípio a efetivação

uma economia de mercado planejada e administrada pelo Estado na qual é


propósito a promoção de políticas públicas de bem-estar social como forma

de oportunizar o mais equitativo das aptidões e das capacidades, sobretudo


por meio da educação.
Essas duas tendências se sustentam nos Paradigmas da liberdade

econômica, da eficiência e da qualidade e no paradigma da igualdade


respectivamente.

O Paradigma da liberdade econômica, da eficiência e da qualidade tem


como princípio a reordenação da ação do Estado e estabelece limites para sua

ação no campo das políticas públicas. A partir desse princípio, a ampliação dos
índices de escolarização e as condições de permanência das pessoas nas escolas,

podem ficar comprometidas. Como o eixo basilar é o da competitividade, ocorre a

hierarquização pelas excelências e o sistema de ensino também se transforma em


aparato de reforço da competitividade, sendo orientado pela meritocracia e

definição de prioridades pelas demandas de mercado. A expansão da educação


apóia-se em conceitos como modernização, diversidade, flexibilidade,

competitividade, excelência, desempenho, eficiência, descentralização, integração,


autonomia, eqüidade, etc.

No paradigma da igualdade o princípio orientador é o da sociedade


democrática, moderna e científica que garanta a igualdade de oportunidades. Daí

decorre fundamentos como a necessidade de Universalização do ensino e


promoção de condições para a sociedade democrática, moderna, científica,

industrial e plenamente desenvolvida.


Evidente que os efeitos das transformações econômicas, políticas e sociais

impactam diretamente na forma de organização dos sistemas educacionais.


Diante dessa constatação, verificaremos o funcionamento da Educação Básica no

Brasil foi reconfigurado no cenário das transformações estruturais apontadas


nessa unidade e que a base para a compreensão do funcionamento da educação

será analisada, sobretudo, a partir de 1988, com a promulgação da constituição


brasileira.
Unidade 14 - Os direitos sociais e educativos de acordo com a
Constituição Federal

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE


Conceituar a Constituição Federal e explicitar o lugar da Educação na

Constituição.

ESTUDANDO E REFLETINDO
No ano de 1988 é promulgada a nossa atual Constituição Federal, que já

apresenta 6 emendas constitucionais de revisão (EMR) do ano de 1994 e 53


emendas constitucionais (EMC) do período de 1992 à 2006, além de algumas

propostas de novas emendas para o ano de 2008.


Em nossa atual Constituição são explicitados os direitos sociais dos

homens, destacando-se o direito à educação:


Art. 6º: São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.
Assim, a educação fica caracterizada, como um fundamental direito social
do cidadão.

Com isso, a educação ultrapassa a mera transmissão de conhecimentos, já


que ela é o próprio processo de humanização e formação para a vida, possuindo

aspectos tanto sociais, como individuais.


Além disso, a educação é assegurada como direito de todos e dever do

Estado e da família, tendo a colaboração e o incentivo da sociedade, a fim de que


os indivíduos sejam plenamente desenvolvidos:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
No entanto, fica mantido, por meio desse artigo, o debate ao redor de

algumas questões polêmicas, tais como:


· A base da educação é o desenvolvimento do cidadão ou a qualificação

para o trabalho?
· Esses objetivos ocorrem juntos ou separados? O aspecto da cidadania se

sobrepõe ao aspecto da qualificação?


Essas são questões que até hoje não encontram uma única resposta.

Quanto aos princípios que embasarão o ensino, fica definido, no artigo 206
que:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e
privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de
carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes
públicas;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade;
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos
termos de lei federal.
Assim, podemos perceber alguns avanços expressos nesses princípios: a
questão do acesso e permanência na escola, por exemplo, passa a ser

considerada, já que antes era mais discutida apenas a questão do acesso.


Outro fator importante é a gratuidade do ensino público em todos os

níveis, asseguradas nos estabelecimentos oficiais.


Além disso, há a preocupação com a qualidade do ensino, a valorização do

profissional da educação e a existência de um ambiente democrático nas escolas,


por meio do desenvolvimento da gestão democrática.

O direito à educação volta a ser assegurado no artigo 208, quando são


especificados os deveres do Estado. Vejamos a seguir:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos
os que a ele não tiverem acesso na idade própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de
material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público, ou sua oferta irregular,
importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a
chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.
Dessa forma, vão sendo especificadas garantias importantes por parte do
Estado para que a educação seja, de fato, um direto social.

No artigo 208, inciso I, determina-se que o ensino fundamental será


caracterizado como um direito público subjetivo (obrigatório e gratuito),

incluindo-se nessa garantia aqueles que não tiveram acesso a esse nível na idade
adequada.

Esse inciso sofreu uma mudança pela Emenda Constitucional 14 (EC 14), de
12/9/1996, ficando expresso da seguinte forma:
I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito assegurado, inclusive sua oferta gratuita para todos
os que a ele não tiveram acesso na idade própria.
Outra modificação feita pela EC 14, de 12/9/1996, deu-se no inciso II,

substituindo-se o texto “progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao


ensino médio” para a expressão “progressiva universalização do ensino médio gratuito”

A mudança traz a previsão de que o ensino médio será progressivamente

expandido, mas a emenda diminuiu a força dessa progressão, que antes estava
assegurada na lei pela gratuidade e obrigatoriedade.

Entretanto, essa expansão do ensino médio é uma tendência muito forte


em vários países, já que as exigências sociais do mundo moderno trouxeram a

necessidade de um aumento no nível da escolaridade da população de uma


maneira geral.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Quanto ao tema inclusão, no artigo 208, inciso III, é determinado que o


atendimento aos portadores de necessidades especiais será realizado,

preferencialmente, na rede regular de ensino.


Já no inciso IV, desse mesmo artigo, aparece um importante avanço. É

garantida a extensão do direito à educação para a educação infantil, acabando


por incluir esse nível no conceito de educação básica.

Outra garantia fundamental é vista no inciso VI do artigo 208,


determinando-se a oferta de um ensino regular noturno. Com isso, os jovens e

adultos trabalhadores passam a ter garantidos seus diretos de estudos, na forma


da lei.

No último inciso desse artigo, é incorporada a garantia de serviços

necessários à efetivação do direito à educação no nível fundamental quanto ao


material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

Ainda segundo o artigo 208, são especificados três parágrafos, que


auxiliam a garantir e reforçar o direito à educação.

Define-se, assim, o ensino fundamental como direito público subjetivo. Essa


medida possibilita que seja exigido do poder público o cumprimento desse

direito, sob pena de responsabilizar-se a autoridade competente pelo não-


oferecimento ou por quaisquer irregularidades que venham a ocorrer.

É determinado ainda que o poder público se responsabilizará pelo


recenseamento dos alunos do ensino fundamental (aperfeiçoando as estatísticas

educacionais), garantindo a freqüência dos alunos nesse nível junto às famílias ou


responsáveis.

Também encontramos no artigo 227, o qual gerou o Estatuto da Criança e


do Adolescente (ECA) – Lei nº. 8069/90, as garantias de que a educação constitui-

se, de fato, em um direito social.


Desta forma, encontra-se expresso que:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) regulamenta o direito à

educação presente na Constituição e este fato auxilia na ampliação e efetivação


desse direito em nossa sociedade; ele possui grande importância não apenas para

o setor educacional, como também para outras áreas sociais, sendo um


instrumento de luta para todos os cidadãos.

Diante de tudo que foi discutido é possível percebermos que a educação


configura-se em um instrumento valioso para que se efetive o desenvolvimento

da população.

Assim, a educação configura-se como um direito social privilegiado, já que


propicia o avanço social e individual. Torna-se, portanto, primordial que

repensemos os fins da educação em nosso país, relacionando o que se encontra


estabelecido na legislação e o que está sendo efetivado na prática.
Unidade 15 – Constituição e Lei de Diretrizes e Bases

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Explicitar alguns termos referentes à Constituição e propiciar conhecimentos sobre


a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

ESTUDANDO E REFLETINDO

As leis possuem uma hierarquização. Temos as leis constitucionais (que


determinam as leis complementares), as leis orgânicas e as leis ordinárias. Essas

leis encontram-se hierarquizadas nas esferas federal, estadual e municipal.


O sistema educacional brasileiro é, portanto, orientado primeiramente,

pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei Federal que fixa a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional nº. 9394/96.

Assim, a LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) toma


como referência as disposições da Constituição Federal de 1988, assegurando

também os direitos estabelecidos no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)

– Lei nº. 8069/90, com a finalidade de garantir o direito à educação.


A LDB nº. 9394/96 não foi a primeira lei federal a ser instituída para

regulamentar o sistema educacional brasileiro.


A primeira LDB nº. 4.024 foi promulgada em 1961 e, de forma geral, fez

prevalecer as reivindicações da Igreja Católica e dos estabelecimentos particulares


de ensino, no confronto com os que defendiam o monopólio estatal para a oferta

da educação aos brasileiros. Por outro lado, estabeleceu conquistas importantes,


já que organizava o sistema educacional brasileiro, definindo seus caminhos e

possibilidades.
Apresentava como principais objetivos e estrutura:
a) Objetivos: liberdade, solidariedade e igualdade; compreensão dos direitos e

deveres da pessoa humana, do cidadão, do Estado, da família e dos demais


grupos que compõem a comunidade; respeito à dignidade e às liberdades

fundamentais do homem; fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade


internacional; desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua

participação na obra do bem comum; preparo do indivíduo e da sociedade para o


domínio dos recursos científicos e tecnológicos que lhes permitam utilizar as

possibilidades e vencer as dificuldades do meio; preservação e expansão do

patrimônio cultural; condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de


convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de

classe ou de raça.
b) Estrutura :

1. O pré-primário – destinado às crianças até 7 anos;


2. O primário – duração mínima de 4 anos, com o intuito de desenvolver a

expressão, o raciocínio e a integração da criança ao meio;


3. A educação de grau médio - era formada pelo ensino médio, que se

subdividia em dois ciclos: ginasial (duração de 4 anos) e colegial (duração


de 3 anos), e abrangia os seguintes ramos: cursos do ensino secundário,

técnico e de formação do professor pré-primário e primário; visando a


ampla formação do adolescente;

4. O superior – abrangia a graduação, pós - graduação, especializações,


aperfeiçoamento e extensões, voltava-se à pesquisa, desenvolvimento das

ciências, letra e artes.


Após a LDB nº. 4024/61, tivemos algumas leis federais importantes, que

modificaram alguns níveis específicos de nosso sistema educacional brasileiro. No


entanto, essas Leis não se configuraram em novas LDBs, pois sua abrangência era

limitada, relacionando-se a graus específicos do ensino.


Tivemos reformas no ensino superior e no ensino de 1º e 2º graus,

influenciadas, sobretudo, pelos acordos do MEC com a Agência Interamericana de


Desenvolvimento dos EUA (os Acordos MEC-USAID).

No ensino superior houve a reforma de Lei nº. 5540/68, que tratava da


instituição do vestibular classificatório, transformando a universidade em uma

espécie de empresa, dividindo-a em unidades isoladas (departamentos) e


favorecendo o aumento de vagas em escolas superiores particulares.

No ensino de 1º e 2º graus, a Lei nº. 5692/71 reformou, sem discussões

ou participações populares, a formação nesses níveis. De acordo com essa lei, o


ensino de 1º e 2º graus voltava-se à preparação para o trabalho e ao exercício da

cidadania.
O ensino de 1º grau estruturava-se em 8 anos, unindo o primário e o

ginásio. Não haveria mais os ramos do ginásio profissionais, como estava


estabelecido, na LDB nº. 4024/61.

Com isso, os ensinos industrial, comercial, agrícola e normal do ginasial


seriam incorporados na forma de uma educação geral de oito anos.

O ensino de 2º grau, antigo colegial, teria a duração de 3 ou 4 anos,


sendo todo profissionalizante. Com a duração de 3 anos seria formado o auxiliar

técnico e com 4 anos formar-se-ia o técnico.


Tendo cursado o 3º ano do ensino de 2º grau já seria possível que o

aluno prestasse exames, a fim de tentar o ingresso no nível superior.


A reforma definida pela Lei nº. 5692/71 não funcionou na prática, pois as

escolas não eram equipadas com laboratórios ou materiais necessários para a


formação técnico-profissional, as escolas particulares acabavam preparando os

alunos para o vestibular e as escolas públicas optavam por oferecer habilitações


mais baratas, ainda que não tivessem mercado de trabalho.

Isso se estendeu até 1982, quando a Lei nº. 7044/82 modificou


novamente o ensino de 2º grau, tornando livre o oferecimento ou não de

habilitações profissionais.
BUSCANDO CONHECIMENTO
A fim de facilitar a compreensão do que foi exposto até o momento,

serão apresentados três quadros, que pretendem sintetizar a organização e a


estruturação propostas pela LDB nº. 4024/61 e pelas Leis que a reformaram: Lei

nº. 5692/71 e Lei nº. 7044/82. Vejamos:

LDB nº. 4024/61


NÍVEL TEMPO
1) Ensino Pré-primário Máximo 7 anos
2) Ensino Primário Mínimo 4 anos
3) Educação de grau médio: o ensino médio Total: 7 anos
Ensino Médio era composto pelos seguintes ramos:
ensino Secundário, Técnico (industrial, agrícola e Os 7 anos do ensino médio estavam
comercial) e de Formação de Professores (pré-primários e
subdivididos em dois ciclos:
primários), sendo que cada um desses ramos subdividia-
se em dois Ciclos: Ginasial e Colegial
Ginasial: mínimo 4 anos
(para ingressar nesse ciclo era necessário passar
pelo Exame de Admissão);
Colegial: mínino de 3 anos
4) Ensino Superior Tempo: variável (exame)

Lei nº. 5692/71


NÍVEL TEMPO
1) Ensino Pré-primário Não alterou
2) Ensino 1º grau 8 anos (Uniu o primário e o ginasial, eliminando o
Exame de Admissão)
3) Ensino de 2º grau Mínimo: 3 anos (Auxiliar técnico)
(Característica principal: ensino profissionalizante, com
obrigatoriedade de conferir Habilitação Profissional.
Máximo: 4 anos (Técnico)
Eliminaram-se os ramos do antigo ensino médio, bem
Transformou-se o ciclo colegial em ensino de 2º
como os ciclos que o formavam)
grau
4) Ensino Superior Tempo: variável (exame)

Lei nº. 7044/82


NÍVEL TEMPO
1) Ensino Pré-primário Não alterou
2) Ensino 1º grau Não alterou
3) Ensino de 2º grau Mínimo: 3 anos
(Formação profissional optativa, ou seja, os
estabelecimentos de ensino poderiam ou não oferecer as
Habilitações Profissionais no ensino de 2º grau)
4) Ensino Superior Tempo: variável (exame)
É importante ressaltar que as mudanças que ocorreram no sistema

educacional brasileiro, a partir da década de 1980, encontravam-se atreladas ao


próprio contexto social vivido, sendo marcadas pelo fim da ditadura militar e pelo

movimento de redemocratização que vinha se desenvolvendo em nosso país. Esse


processo inicia-se por volta de 1985; em 1987 é instituída a Assembléia Nacional

Constituinte e em outubro de 1988 é promulgada Constituição Federal. No ano


seguinte, ocorreram as eleições diretas para presidente, na qual foi eleito

Fernando Collor de Mello, no segundo turno.

Devido à aprovação da CF/88 fazia-se necessária a discussão de uma


nova LDB, que pudesse representar as atuais demandas e as aspirações desse

cenário político-econômico-social que se delineava.


Estava, dessa forma, apenas se iniciando o longo caminho pelo qual

passaria a nossa atual LDB.


Um caminho marcado por discussões, modificações e diversos trâmites

legais, até alcançar a aprovação final, com a promulgação e a publicação da Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9394 no ano de 1996.
Unidade 16 - A trajetória da LDB nº. 9394/96: significados e
organização

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Conhecer os pressupostos básicos assentados na Lei de Diretrizes e Bases


da Educação Nacional nº 9394/96;

Levantar questões a respeito das responsabilidades das esferas


educacionais e Financiamento da Educação Pública.

ESTUDANDO E REFLETINDO

A LDB nº. 9394/96 disciplinou o que constava na CF/88, sofrendo


complementações posteriores e substituiu as leis anteriores, juntamente com seus

decretos e leis correlatas. Assim, foram revogadas a LDB nº. 4024/61, as leis nº.
5540/68 (referente ao ensino superior), 5692/71 (relativa ao ensino de 1º e 2º

graus) e 7044/82 (que modificou parte da Lei 5692/71 quanto ensino profissional
compulsório).

Mas, você sabe o que significa uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional?

Para respondermos a essa questão, vamos definir os termos que a


compõem. São eles: lei, diretrizes e bases.

Como já vimos anteriormente, o conceito abrangente de lei, na vida


social, refere-se ao “dever ser”, indicando caminhos a serem seguidos pela

conduta humana, delimitando normas e regras, expressando deveres, mas

também garantindo direitos.


De acordo com Motta (1997, p. 91) o significado de diretrizes e bases, no

âmbito educacional, pode ser entendido como:


Diretriz (...) é a linha que mostra o caminho, define objetivos e
tendências e significa direção, orientação (..) conjunto de
instruções, indicações e regras gerais que conduzem as ações em
uma determinada área.
Bases são os alicerces que servem de apoio a uma estrutura ou
de sustentáculo a uma construção. As bases indicam a disposição
das partes e mantêm a coesão de toda a estruturação.
(...) em um sistema educacional, enquanto as diretrizes dão as
finalidades (as “normas gerais bastantes para garantir uma certa
planificação”, como diz Miguel REALE), as bases definem o
funcionamento e a instrumentação (as “condições mínimas de
eficiência do ensino”, segundo Paulo BARBOSA).

A LDB nº. 9394/96 encontra-se estruturada e organizada da seguinte

forma:
Título I – Da Educação

Título II – Dos princípios e fins da educação nacional


Título III – Do direito à educação e do dever de educar

Título IV – Da organização da educação nacional


Título V – Dos níveis e das modalidades de educação e ensino

Capítulo I – Da composição dos níveis escolares


Capítulo II – Da educação básica

Seção I – Das disposições gerais


Seção II – Da Educação infantil

Seção III – Do Ensino Fundamental


Seção IV – Do Ensino Médio

Seção V – Da Educação de Jovens e Adultos


Capítulo III – Da Educação Profissional

Capítulo IV – Da Educação Superior


Capítulo V – Da Educação Especial

Título VI – Dos Profissionais da Educação


Título VII – Dos Recursos Financeiros

Título VIII – Das Disposições Gerais


Título IX – Das Disposições Transitórias
Agora que já sabemos o significado da expressão Lei de Diretrizes e Bases

da Educação e conhecemos um pouco sobre a sua organização, passaremos a


discutir e analisar a trajetória da atual LDB, que durou oito anos até ser aprovada

e publicada.
O projeto inicial da LDB nº. 9394/96 foi elaborado na Câmara Federal, com

o apoio de instituições acadêmicas, científicas, culturais, sindicais e estudantis,


agregadas ao Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, na tentativa de tornar

essa Lei o mais democrática possível. Na Câmara Federal ficou durante cinco anos,

de 1988 a 1993, devido às intensas disputas de interesses.


Em seguida, esse projeto de lei da Câmara (PLC1258/88) foi aprovado em

1993 e encaminhado ao Senado para apreciação e aprovação.


Chegando ao Senado, o projeto inicial foi descaracterizado, sendo

elaborado, praticamente, um novo projeto, o qual se voltava aos interesses


internacionais e cujo relator foi o senador Darcy Ribeiro.

De acordo com Minto e Muranaka (1997), esse novo projeto do Senado


não atendia aos interesses da sociedade civil organizada, sendo contrário, em

vários aspectos, ao projeto inicial da Câmara Federal (PLC 1258/88).


Logo depois, o novo projeto do Senado volta à Câmara Federal para sua

aprovação. Mas, depois de tanto tempo, o relator da Câmara não era mais o
mesmo que havia iniciado o projeto em 1988.

O relator responsável da Câmara seria agora o deputado José Jorge do


PFL/PE, que acabou aprovando o projeto do Senado, incorporando apenas

fragmentos do projeto inicial, mantendo, de forma geral, os ideais do novo


projeto do Senado.

Para Minto e Muranaka (1997), a LDB nº. 9394/96, da forma como foi
aprovada, concretizou um papel empresarial para a União, com finalidades de

colaborar e não administrar efetivamente um sistema integrado de ensino.


Além disso, o Conselho Nacional de Educação, na LDB aprovada, ficou

apenas com funções normativas e de supervisão, sendo subdividido em Câmara


de Educação Básica (CEB) e Câmara de Educação Superior (CES).

Se compararmos ao projeto inicial da Câmara, o CNE tinha funções de


coordenação, elaboração e acompanhamento, participando de forma mais efetiva.

Extinguiu-se também o Fórum Nacional de Educação, que era


representado por setores sociais envolvidos, centralizando-se as decisões na

esfera do Executivo.

Com isso, podemos perceber que veio ocorrendo uma perda do exercício
da democracia pela sociedade civil.

BUSCANDO CONHECIMENTO

"LEI DARCY RIBEIRO", UM OLHAR CRÍTICO-SOCIAL


César Augusto Minto - UFSCAR
Maria Aparecida Segatto Muranaka - UFSCAR

Preocupados com a possibilidade de formar para a cidadania, nesta breve análise da "Lei Darcy
Ribeiro" - a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) -, nosso olhar fixou-se em
alguns aspectos que dizem respeito, direta ou indiretamente, à qualidade do ensino, à formação
de educadores e à gestão democrática. são e atividade permanente, criado por lei." (Art. 9º, § 1º).
O Plano Nacional de Educação previsto na C.F./ 88 (Art. 214) pouco se diz, afora que sua
elaboração compete à União, "em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios"
(Art. 90) e que deverá ser encaminhado (pela União) ao Congresso Nacional, um ano a partir da
publicação da LDB, "com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a
Declaração Mundial sobre Educação para Todos" (Art. 87, § 1º, DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS).
Considerando que um Plano Nacional de Educação só faz sentido enquanto instrumento para a
implantação de uma Política Nacional de Educação e que tanto este Plano, como as diretrizes e
bases da política a ser implementada (definidas na LDB) foram e serão prerrogativas do Executivo
(também pela própria LDB), aponta-se para uma centralização ímpar na área educacional. A
legislação correlata imposta paralelamente à LDB é um forte indicador da tendência que se
vislumbra.
Sobre as incumbências educacionais das diversas esferas administrativas - União, Estados e
Municípios,- nesta LDB, enquanto a União não se incumbe explicitamente de assegurar com
prioridade algum nível de educação, sequer de sua própria rede (Art. 9º), os Estados devem
"assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio" (Art. I O, VI) e os
Municípios "oferecer a educação infantil e, com prioridade, o ensino fundamental" (Art. 11, V). Aqui
está definida a municipalização do ensino fundamental reforçada na Lei que dispõe sobre o Fundo
de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério.
Ressalte-se a brecha que permite aos municípios optarem por se integrar ao "sistema estadual de
ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica." (Art. 11, Parágrafo único).
A gestão democrática dos sistemas e das instituições educacionais é tema pouco caro a esta LDB.
Assim, a reivindicação histórica dos setores democráticos e populares de que haja participação da
comunidade em todas as instâncias deliberativas e órgãos colegiados, na escolha de dirigentes, no
financiamento com gestão transparente dos recursos, deixa muito a desejar nesta LDB.
Isto é socialmente pernicioso, sobretudo se reconhecermos que, na área educacional, tem
vigorado a tradição de um suposto "consenso" de que a gestão dos sistemas de ensino e das
escolas é prerrogativa, direta ou indireta, daqueles que detém a hegemonia do Estado. Tem
prevalecido a definição de critérios de escolha de prepostos para as funções de gestão que, em
geral, privilegiam o saber que advém apenas da competência técnica, com doses variadas de
burocracia. Esta LDB não faz mais do que retroceder no que tange à gestão democrática dos
sistemas de educação e das instituições escolares, oficializando e ratificando prerrogativas
centralizadoras e impositivas das chamadas "autoridades educacionais".
A LDB, por exemplo, ao invés de estabelecer a relação número de alunos/ professor, optou por
uma redação genérica que pouco esclarece (Art. 25). O PLC 101/93 (Art. 136, I, II, III) estipulava que
as creches teriam 20 crianças/professor, as classes de pré-escola e alfabetização comportariam 30
crianças/professor e as demais do ensino fundamental e médio, o máximo de 45 alunos/professor.
Sem entrar no mérito numérico, parece-nos que, devidamente disciplinada na LDB, esta matéria
contemplava necessidades referentes à adequação ao trabalho pedagógico, às condições dignas
de trabalho profissional, enfim, à qualidade do ensino constitucionalmente garantida. Cabe
ressaltar que, este assunto sofreu sucessivas "perdas" durante a tramitação, até desaparecer por
completo nesta LDB. [..]

Para a leitura desse artigo na íntegra


http://www.cefetsp.br/edu/eso/ldbcesar.html
Unidade 17- As determinações da LDB nº. 9394/96 para o ensino
brasileiro

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Explicitar as principais determinações legais da LDB nº 9394/96;


Discutir questões sobre responsabilidades das esferas educacionais.

ESTUDANDO E REFLETINDO
No texto legal, a União não se responsabiliza de fato em assegurar

prioritariamente algum nível de educação e, mesmo o superior, pode ser


delegado para estados e Municípios. Vejamos:
TÍTULO IV
Da Organização da Educação Nacional
Art. 9º A União incumbir-se-á de:
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do sistema federal de ensino e
o dos Territórios;
III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o
desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade
obrigatória, exercendo sua função redistributiva e supletiva;
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências
e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os
currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum;
V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação;
VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental,
médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de
prioridades e a melhoria da qualidade do ensino;
VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação;
VIII - assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a
cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino;
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das
instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino.

Já os Estados devem assegurar o ensino fundamental e oferecer,


prioritariamente, o ensino médio.
Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino;
II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais
devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a
ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos
nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios;
IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das
instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino;
V - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;
VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio.
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual. (Incluído pela Lei nº 10.709, de
31.7.2003)
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competências referentes aos Estados e aos
Municípios.

Enquanto isso, os Municípios devem oferecer a educação infantil e com

prioridade o ensino fundamental.


Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de:
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino,
integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos Estados;
II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;
III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino;
V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino
fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem
atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos
percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do
ensino.
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. (Incluído pela Lei nº. 10.709, de
31.7.2003)

Quanto à gestão democrática, Minto e Muranaka (1997) afirmam que,


apesar de abordar esse tema, a atual LDB não garante efetivamente a participação

da comunidade em instâncias deliberativas, a escolha de dirigentes ou a


transparência do uso de recursos financeiros.

A questão da gestão democrática é tratada nos artigos 3º; 14 e 56. Ficando


estabelecido que:
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de
ensino.

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na
educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
Art. 56. As instituições públicas de educação superior obedecerão ao princípio da gestão
democrática, assegurada a existência de órgãos colegiados deliberativos, de que participarão os
segmentos da comunidade institucional, local e regional.
Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão setenta por cento dos assentos em cada
órgão colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e modificações estatutárias
e regimentais, bem como da escolha de dirigentes.

Portanto, a gestão escolar vai buscando maior transparência e participação

dos envolvidos, sejam eles: direção, coordenação, professores, demais


funcionários da escola, alunos, responsáveis e comunidade, de forma geral.

O foco é que todos os envolvidos participem de forma integrada na


elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola, atuando nos órgãos

colegiados, nas decisões e nos caminhos a serem trilhados.

BUSCANDO CONHECIMENTO
No que se relaciona ao financiamento da educação pública, tema que já

tratamos nas unidades 09 e 10 podemos destacar os artigos 68, 69, 70, 74, 75 e 77.
Assim, de acordo com o texto da LDB, essas questões ficam determinadas

da seguinte forma:
Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os originários de:
I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II - receita de transferências constitucionais e outras transferências;
III - receita do salário-educação e de outras contribuições sociais;
IV - receita de incentivos fiscais;
V - outros recursos previstos em lei.

Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas Constituições ou Leis
Orgânicas, da receita resultante de impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na
manutenção e desenvolvimento do ensino público.

Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvimento do ensino as despesas


realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais de todos os
níveis, compreendendo as que se destinam a:
I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação;
II - aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários
ao ensino;
III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;
IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da
qualidade e à expansão do ensino;
V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino;
VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas;
VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos incisos
deste artigo;
VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar.

Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, estabelecerá
padrão mínimo de oportunidades educacionais para o ensino fundamental, baseado no cálculo do
custo mínimo por aluno, capaz de assegurar ensino de qualidade.
Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo será calculado pela União ao final de
cada ano, com validade para o ano subseqüente, considerando variações regionais no custo dos
insumos e as diversas modalidades de ensino.

Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos Estados será exercida de modo a corrigir,
progressivamente, as disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo de qualidade de ensino.

Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas
comunitárias, confessionais ou filantrópicas que:
I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam resultados, dividendos, bonificações,
participações ou parcela de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto;
II - apliquem seus excedentes financeiros em educação;
III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou
confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades;
IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos recebidos.
§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para a
educação básica, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando
houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública de domicílio do educando, ficando o
Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão da sua rede local.

Percebemos que, no texto da LDB nº. 9394/96, há uma importante


preocupação em se definir o que é ou não considerado gasto destinado à

educação, buscando-se, desta forma, garantir a qualidade e o bom


funcionamento do ensino.

Além disso, fica estabelecido que a União aplicará, anualmente, um mínimo


de dezoito por cento da receita resultante de impostos, enquanto os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios, aplicarão pelo menos vinte e cinco por cento (ou
o que constar nas respectivas Constituições ou Leis Orgânicas) na manutenção e

desenvolvimento do ensino público.


No que se refere à composição da educação escolar, fica determinado que

o sistema educacional será composto por dois níveis de ensino, estruturados em


dois blocos.
Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio;
II - educação superior.

Vale destacar, também, que as escolas deverão estruturar o ensino de nove

anos no fundamental até o ano de 2010. Esse é um processo que já vem


ocorrendo, desde 2005/2006.

Assim, fica estabelecido em lei que:

Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola
pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão,
mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006).
Unidade 18- O Plano Nacional de Educação

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE


Discutir o Plano Nacional de Educação.

O Plano Nacional de Educação (PNE), previsto na Constituição Federal de


1988, possui duração plurianual e possui como principal objetivo conhecer a

realidade, diagnosticá-la, propor metas e objetivos a longo, médio e curto prazo,


integrando a educação brasileira às metas do cenário internacional.

ESTUDANDO E REFLETINDO

O planejamento em educação é fundamental para definição dos


princípios orientadores, diretrizes e ações necessárias para dar cumprimento às

políticas educacionais.
É muito importante que você saiba que o ato de planejar também

decorre de decisão política e é historicamente condicionada.


O planejamento educacional acontece em diferentes esferas de poder e

inclui ações de níveis, abrangências e finalidades diferentes:


1) Planejamento nas esferas dos sistemas e redes de ensino: É por meio do

planejamento que o Estado exerce sua função interventora e reguladora da


educação. Para tal finalidade se vale de uma série de atos legais e

normativos para que os propósitos educacionais se realizem. Dependendo


do tipo de modelo de Estado e das circunstâncias históricas, o

planejamento poderá ser marcado por características emancipadoras ou


dominadoras. A História da Educação brasileira revela momentos, como a

ditadura militar, nos quais o planejamento educacional esteve voltado para


o estabelecimento de uma ordem condizente com os princípios do Estado

autoritário.
2) O planejamento no âmbito da unidade educacional. A expressão mais

visceral desse nível de planejamento está relacionada à elaboração do


projeto político pedagógico das unidades educacionais.

3) E, finalmente, o planejamento no âmbito do ensino. Essa etapa decorre da


ação direta do professor e deve relacionar-se aos princípios estabelecidos

nas etapas anteriores de planejamento. Por isso é imprescindível que o


educador reconheça as condicionantes políticas e históricas da sua prática

profissional.

Nessa etapa do nosso estudo, analisaremos as especificidades do


planejamento no âmbito macro da educação brasileira, e para isso nos valeremos

do PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO.


O Plano Nacional enfoca questões como: combate ao analfabetismo, busca

da qualidade do ensino, formação voltada ao trabalho, universalização do


atendimento escolar e desenvolvimento científico, tecnológico e humanístico para

o país.
Desta forma, fica estabelecido na CF/88 que:
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à
articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do
poder público que conduzam à:
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - formação para o trabalho;
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.

De acordo com a LDB 9394/96, a elaboração do PNE será de competência


da União em colaboração com Estados, Municípios e Distrito Federal, sendo

encaminhado pela União ao Congresso Nacional (um ano após a publicação da


LDB), com metas e diretrizes para os próximos 10 anos, levando em conta as

normas internacionais.
Os estados, Distrito Federal e municípios devem elaborar os Planos

Decenais correspondentes, a fim de adequar o Plano Nacional às especificidades


de cada um.
Com isso, é possível perceber que o Executivo detém o poder, pois, de

acordo com a LDB nº. 9394/96 determina-se que:


Art. 9º A União incumbir-se-á de:
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios;

Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta Lei.
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei, encaminhará, ao Congresso
Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em
sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos.

Assim, tanto o Plano Nacional de Educação, como a política nacional de


educação (definida pela LDB) e a legislação correlata (imposta antes mesmo de a

LDB ser promulgada) foram e serão prerrogativas do Executivo.


O Plano Nacional de Educação (PNE) é uma ferramenta da política

educacional que estabelece diretrizes, objetivos e metas para todos os níveis e


modalidades de ensino, da educação básica ao ensino superior, assegurando a

formação e valorização do magistério, o financiamento e a gestão da educação.


Atenção! - Para ler o texto integral do Plano Nacional de Educação (PNE) acesse o

site: http://www.inep.gov.br/download/cibec/2001/titulos_avulsos/miolo_PNE.pdf
Ele é uma peça fundamental no direcionamento da política educacional do

país, pois tem como finalidade orientar e coordenar as ações do poder público
nas três esferas da administração (União, Estados e Municípios).

O Plano Nacional de Educação (PNE) precisa, portanto, ser desdobrado nas


esferas estaduais e municipais, a fim de que possa ser concretizado.

Como já foi dito, ele foi instituído pela Lei 10.172 de 2001 e possui respaldo
legal na Constituição de 1988 e na LDB 9394/96, estabelecendo a necessidade de

que Estados e Municípios elaborem seus Planos Decenais, os quais nortearão toda
a sua política educacional nos próximos dez anos

Atualmente, esgotado o prazo de vigência do Plano Nacional de Educação


instituído pela lei 10172, a sociedade brasileira está mobilizada para a elaboração

de um novo plano Nacional de educação.


No ano de 2010 foi realizada, em Brasília, a Conferência Nacional de

Educação (CONAE), cujo propósito anunciado é de ser “um espaço democrático


aberto pelo Poder Público para que todos possam participar do desenvolvimento

da Educação Nacional”. Precederam a essa conferência a realização, durante o


ano de 2009, de conferências municipais e estaduais. Como resultado dessa

mobilização de entidades, associações e demais formas de representações do


campo educacional, propostas foram encaminhadas para serem incorporadas ao

próximo Plano Nacional de Educação. O resultado dessa mobilização está

parcialmente contemplado no projeto de Lei que está tramitando no congresso


nacional.

BUSCANDO O CONHECIMENTO

Os principais destaques desse projeto de lei são:


Art. 2º São diretrizes do PNE - 2011/2020:
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - superação das desigualdades educacionais;
IV - melhoria da qualidade do ensino;
V - formação para o trabalho;
VI - promoção da sustentabilidade sócio-ambiental;
VII - promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção
do produto interno bruto;
IX - valorização dos profissionais da educação; e
X - difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática da
educação.
Art. 5º A meta de ampliação progressiva do investimento público em educação será avaliada no
quarto ano de vigência dessa Lei, podendo ser revista, conforme o caso, para atender às
necessidades financeiras do cumprimento das demais metas do PNE - 2011/2020.
Art. 10. O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios deverão ser formulados de maneira a assegurar a
consignação de dotações orçamentárias compatíveis com as diretrizes, metas e estratégias do PNE
- 2011/2020 e com os respectivos planos de educação, a fim de viabilizar sua plena execução.

As metas anunciadas por esse documento são:


Meta 1: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar, até
2020, a oferta de educação infantil de forma a atender a 50% da população de até 3 anos.
Meta 2: Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda população de 6 a 14 anos.
Meta 3: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e
elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%, nesta faixa etária.
Meta 4: Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede
regular de ensino.
Meta 5: Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de idade.
Meta 6: Oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica.
Meta 7: Atingir as seguintes médias 2011 2013 2015 2017 2019 2021
nacionais para o IDEB:

Anos iniciais do ensino fundamental 4,6 4,9 5,2 5,5 5,7 6,0

Anos finais do ensino fundamental 3,9 4,4 4,7 5,0 5,2 5,5

Ensino médio 3,7 3,9 4,3 4,7 5,0 5,2

Alguns aspectos como a preocupação com a garantia de diretrizes

orçamentárias para a execução do PNE pode-se considerar um avanço. No


entanto, como já pudemos observar, o planejamento educacional decorre de

resultados obtidos no campo das forças políticas. Por essa razão é absolutamente
necessário que as diretrizes estabelecidas sejam objeto de permanente

acompanhamento por parte das diferentes forças políticas da sociedade


(associações, sindicatos, universidades).
Unidade 19 – Avaliação do sistema educacional

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE


Compreender o que é um sistema de ensino quanto a sua definição, seu

processo de escolarização e avaliação.

ESTUDANDO E REFLETINDO
Em 1954, Querino Ribeiro apresentou a seguinte definição de sistema

escolar:
Por sistema escolar se entende um conjunto de escolas que,
tomando o individuo desde quando, ainda na infância, pode ou
precisa distanciar-se da família, leva-o até que , alcançado o fim
da adolescência ou a plena maturidade , tenha adquirido as
condições necessária para definir-se e colocar-se socialmente ,
com responsabilidade econômica , civil e política. Dias, in,
MENESES 2001, p. 127.

Ainda em Meneses, 2001 encontra-se outra definição por Lalande, André

(1960):
Conjunto de elementos, materiais ou não, que dependem
reciprocamente uns dos outros , de maneira a formar um todo
organizado.

A definição dada por José Augusto Dias trata do resultado do processo


de escolarização, enquanto que, André Lalande aborda a questão da estrutura do

sistema, tendo o olhar para o interior do sistema. A escola está contida no sistema
escolar e, esse, está contido no super sistema escolar, que por sua vez esta

contidos na sociedade.
Meneses (2001) considera que sistema de ensino é uma denominação

ampla, pois é uma expressão que engloba a sociedade, portanto, vê a razão em


dizer sistema escolar, porque abrange a educação dada na escola, e que

compreende uma rede de escola e sua estrutura de sustentação.


Meneses (2001) afirma:
O sistema escolar recebe da sociedade uma multiplicidade de
elementos (inputs) e devolve o elo os produtos de sua atuação
(outputs). MENESES, 2001, p. 129.

Como colaboradora do sistema escolar, a sociedade tem objetivos a serem


buscados, destacando-se:

· Conteúdo cultural: o sistema escolar retiro da sociedade o conteúdo de


seus currículos e programa.

· Recursos humanos: é da sociedade que o sistema escolar retira pessoas


com diferentes graus e tipos de qualificação para as exigências do

trabalho.
· Recursos financeiros: os sistemas escolares absorvem parcela dos

orçamentos públicos e particulares.


· Recursos materiais: a indústria é grande colaboradora, possui: material

didático, mobiliário, artigos de escritório, artigos para manutenção e


limpeza e recursos da informática.

· Alunos: os sistemas escolares existem porque existem alunos.


A contribuição do sistema escolar para a sociedade deve ser:

· melhoria do nível cultural da população


· aperfeiçoamento individual

· formação de recursos humanos


· resultados de pesquisas: realizada dentro das universidades.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Sistema Escolar Brasileiro


Seria difícil justificar a existência de um sistema escolar brasileiro no sentido

que Lalande dá à palavra sistema. Há uma série de dificuldades que debilitam esta
noção de sistema como “conjunto de elementos que formam um todo

organizado”. Contudo, existem alguns fatores que contribuem para unificação do


sistema escolar brasileiro, a saber:
· O fato óbvio de estarem as escolas localizadas dentro dos limites do

território nacional;
· O fato de o sistema escolar estar a serviço da cultura brasileira, de tal

maneira que escola e cultura se influenciam mutuamente;


· O fato de o ensino ser dado na língua nacional;

· O fato de que todas as escolas estão sujeitas a uma legislação comum;


· O fato de existirem disposições legais que determinam, ao menos

formalmente, articulação entre os graus e a equivalência entre as

modalidades de ensino.

Funcionamento do Sistema Escolar Brasileiro


Um sistema escolar que funcionasse em sua plenitude deveria apresentar

as seguintes características:
a) Do ponto de vista das entradas para o sistema (inputs):

· Entrada de recursos financeiros em quantidade suficiente para manter o


sistema em plena atividade.

· Recrutamento de pessoal em número e qualidade adequados para os


diferentes postos.

· Admissão de alunos de maneira a que não houvesse falta, nem excesso de


vagas, com atendimento de 100% da clientela, na idade certa.

b) Do ponto de vista do processo:


· Currículos e programas constantemente atualizados, em função das

necessidades individuais e sociais.


· Pessoal -em especial pessoal docente – com qualificação adequada ás suas

atribuições.
· Índices satisfatórios de desempenho dos estudantes, respeitadas as

diferenças individuais. Ausência de evasão e repetência.


c) Do ponto de vista das saídas do sistema (outputs):
· Formação de profissionais dos vários níveis em quantidade adequadas ás

necessidades sociais.
· Desenvolvimento cultural da população em nível suficiente para cada

indivíduo pudesse expressar-se, oralmente ou por escrito, com fluência e


elegância e usufruir nosso patrimônio artístico e cultural.

· Suficiente orientação individual no sentido do emprego dos próprios


recursos para fruição de uma vida plena.

Um exame, ainda que superficial, de nossa realidade educacional levará à

constatação de que vamos longe de um funcionamento do sistema escolar que,


de leve, se aproxime do quadro acima descrito. Não dispomos de recursos

financeiros suficientes; os recursos existentes nem sempre são bem empregados;


legiões de crianças continuam sem possibilidade de frequentar escola. Os

currículos e programas não se renovam com a velocidade necessária, o pessoal


docente, muitas vezes, não tem a qualificação exigida. Há excesso de evasão e

repetência; não formamos os técnicos de que precisamos e formamos em


excesso para determinadas ocupações cujo mercado de trabalho está saturado.

A estrutura e a funcionalidade da educação no Brasil são estabelecidas, sob


a forma de um sistema, por isso, faz-se necessário entender a definição de

sistema.
O sistema educacional vincula-se à formação formal, informal e não formal.

O sistema educacional formal é aquele que acontece dentro da escola. O


processo ensino aprendizagem está organizado em parâmetros específicos como:

currículo, disciplinas, metodologias, objetivos, avaliação e planejamento. O corpo


normativo de sustentação desse sistema é a LDBEN.

O sistema educacional não formal está vinculado a outras instituições que


não sejam a escola: a família, a igreja, a mídia, associações, clubes e comunidades.

Nesse caso, o processo ensino aprendizagem dispensa a rigorosidade sistemática


do modelo do sistema formal. Já, o sistema educacional informal se dá nas
relações interpessoais travadas no cotidiano de cada individuo e se pauta no

senso comum.
O sistema de ensino brasileiro está organizado em séries anuais, períodos

semestrais, cestos, alternaria regular de períodos de estudos, com base na idade,


na competência e em outros critérios , sempre que o processo de aprendizagem

assim recomendar. (Art. 23 da LDBE)


Conforme Meneses, 2001, para a efetiva funcionalidade do sistema Escolar

no Brasil de acordo com as características acima apresentadas precisamos de:

· dispor de recursos financeiros suficientes e serem bem empregados;


· o número de crianças que se encontram fora da escola, ainda é grande;

precisam ser colocados na escola;


· o currículo e programas precisam serem reprovados renovados com mais

velocidade;
· qualificar o pessoal docente;

· acabar com evasão e a retenção;


· formar técnicos para atenderem ás necessidades do mercado de trabalho.
Unidade 20 – Avaliação de resultados na Educação Básica

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Conhecer as concepções que orientam os processos de avaliação de


resultados, bem como os procedimentos pelos quais o Estado, nas suas diferentes

esferas de atuação, exerce sua função reguladora e controladora dos resultados


esperados dos sistemas educacionais.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Estudamos que a forma como a sociedade se organiza e define suas


demandas produtivas interfere na dinâmica do sistema de educação. Já sabemos

também que compete ao Estado cuidar para que o sistema educacional seja
eficiente e consiga produzir resultados condizentes com o que se espera para o

desenvolvimento da nação. Para isso, o planejamento é fundamental.


Nessa etapa do nosso estudo sobre o funcionamento da educação

brasileira vamos analisar aspectos relacionados às formas para avaliar os


resultados da educação.

Na atual estrutura do Ministério da Educação (MEC) destacamos alguns


recursos que contribuirão para nosso entendimento de como o Estado vêm

exercendo sua função reguladora no campo educacional:


Segundo Castro, 2000, em 1990, foi criado o SAEB (Sistema de Avaliação

da Educação Básica) no sentido de promover informações sobre o desempenho


da educação básica em todo país. O SAEB teve como objetivos:

· monitorar a qualidade, a equidade e a efetividade do sistema de educação


básica;

· oferecer ás administrações públicas de educação informações técnicas e


gerenciais que lhes permitam formular e avaliar programas de melhoria da

qualidade de ensino;
· proporcionar aos agentes educacionais e á sociedade, uma visão clara e

concreta dos resultados dos processos de ensino e das condições em que


são desenvolvidos e obtidos.

Essa avaliação acontece a cada dois anos, além de avaliar o rendimento,


investigam-se fatores socioeconômicos e contextuais que interferem na

aprendizagem, avalia a escola, a gestão escolar, professor e aluno.


Os alunos que participam dessa avaliação são os alunos do final de cada

ciclo de escolaridade a 4ª série e 8ª série do EF e a 3ª série do EM.

O SAEB procura aferir a proficiência do aluno, entendida como um


conjunto de competência habilidades evidenciadas pelo rendimento apresentado

nas disciplinas avaliadas. Nesse sentido o SAEB revela se há distância entre o


currículo proposto e o currículo ensinado, assim , permite identificar as principais

deficiências na aprendizagem do aluno.


Com base no resultado do SAEB é possível mudar o currículo que vem

sendo proposto e desnecessário para a formação geral na educação básica, bem


como permitir que os órgãos responsáveis, dirigentes estaduais e municipais

promovam um trabalho de formação continuada para os professores.


Vale ressaltar que as disciplinas avaliadas são Português, Matemática e

Ciências para os alunos da 4ª e 8ª séries do ensino fundamental, e de Português,


Matemática, Biologia e Física para os alunos da 3ª série do EM.

O SAEB, coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas


Educacionais (INEP), é um dos mais amplos esforços empreendidos em nosso país

de coleta, sistematização e análise de dados sobre o ensino fundamental e médio.


Para atingir seus objetivos, articula-se com um conjunto de ações voltadas para a

melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem.


Por um lado, o SAEB pretende contribuir para a universalização do acesso

á escola e, por outro, para a ampliação da equidade e da eficiência do sistema


educacional brasileiro. Ele utiliza procedimentos metodológicos de pesquisa,

formais e científicos. Os instrumentos de avaliação são: provas e questionários


contextuais. É uma avaliação em larga escala, pois é realizada por amostragem

representativa do aluno brasileiro da 4ª a 8ª séries do EF e da 3ª série do EM.


Como objetivos específicos podem citar:

· identificar os problemas do ensino e suas diferenças regionais;


· oferecer dados e indicadores que influenciam o desempenho dos alunos;

· desenvolver competência técnica e científica na área de avaliação


educacional;

· consolidar uma cultura de avaliação nas redes e instituições de ensino.

Como avaliação de larga escala o conteúdo que podem ser relacionados


são: cidadania, participação social e política, exercício de direitos e deveres,

valores, atitudes e condutas, identidade pessoal e nacional, respeito ás


diversidades, auto confiança, desenvolvimento da capacidade afetiva, física,

cognitiva, ética, estética, musical, matemática, gráfica, plástica, corporal, para


expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir produções culturais,

capacidade de intervir para o uso do pensamento lógico, a criatividade,a intuição,


a capacidade de análise crítica.

Quanto às finalidades da avaliação podem-se inferir: certificação;


comparação; seleção/classificação/progressão; diagnóstico e controle

BUSCANDO CONHECIMENTO

Prova Brasil

São apresentadas como avaliações que permitem o esboço de um


diagnóstico da educação brasileira em todo território nacional. Os objetivos

anunciados dizem respeito à preocupação com a melhoria da qualidade. Para tal


finalidade são aplicados testes aos alunos em etapas diferentes da trajetória

escolar. Outra dimensão dessa avaliação relaciona-se ao trabalho dos professores


e outros especialistas da educação que são consultados sobre questões

profissionais e de condições de trabalho. O Ministério da educação propugna que,


com base nas informações obtidas na prova Brasil e no SAEB é possível para as
diferentes esferas do poder público (estadual, municipal) definir novas ações para

correção de rumos, com destinação mais adequada dos recursos públicos. Esse
também é um dos índices que subsidia o cálculo do IDEB (Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica).

Provinha Brasil
Este instrumento de avaliação é destinado para verificação do nível de

alfabetização das crianças que estão no segundo ano de escolaridade. A proposta

é para que essa avaliação ocorra em duas etapas. Os resultados aferidos deverão
subsidiar os gestores educacionais para que tenham condições de identificar os

aspectos mais relevantes para que a aprendizagem escolar corresponda às metas


anunciadas no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação.

Para que a realização dessa avaliação esteja condizente com as diretrizes


do processo inicial de escolarização os profissionais são orientados em

campanhas de esclarecimentos.

ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio


Da mesma forma que ocorre com os demais níveis de escolaridade, o

Exame Nacional do Ensino Médio também é um instrumento do Estado para


diagnosticar o desempenho da educação. Esse exame é organizado em função de

competências e habilidades esperadas dos alunos que se aproximam do final da


escolarização básica. O ENEM é realizado anualmente e tem sido,

progressivamente, utilizado como referência para ingresso nas universidades. São


anunciados como objetivos do ENEM:
a. oferecer uma referência para que cada cidadão possa proceder a sua
auto-avaliação com vistas às suas escolhas futuras, tanto em relação ao
mercado de trabalho quanto em relação à continuidade de estudos;
b. estruturar uma avaliação da educação básica que sirva como
modalidade alternativa ou complementar aos processos de seleção nos
diferentes setores do mundo do trabalho;
c. estruturar uma avaliação da educação básica que sirva como
modalidade alternativa ou complementar aos exames de acesso aos
cursos profissionalizantes pós-médios e ao
ensino superior.

IDEB - Índice de desenvolvimento da Educação Básica

O Índice de desenvolvimento da Educação Básica foi criado em 2007 e faz


parte de um conjunto de ações desenvolvido pelo MEC para diagnosticar o

desempenho da Educação Básica. Para calcular o IDEB são utilizados resultados


do Censo Escolar e no SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica). Com base

nos resultados do IDEB, que são divulgados bienalmente, são redefinidas ações
tanto no campo das orientações curriculares como na destinação de recursos. Isso

significa que as regiões que obtiverem menores índices de desempenho serão


objeto de maiores investimentos.
APRESENTAÇÃO

O caráter universalizante dos


direitos do homem (...) não é da
ordem do saber teórico, mas do
operatório ou prático: eles são
invocados para agir, desde o
princípio, em qualquer situação
dada
François Julien, filósofo e sociólogo

Caros (as) alunos (as)

A presente disciplina vai delinear os caminhos e os rumos percorridos


pelas diversas reformas no campo educacional que o Brasil vem enfrentando
desde o início da História da Educação brasileira, bem como planos de
financiamento, formação de docentes e avaliação do sistema.
Nossa proposta é enfocar a educação como um direito social, assentado
no âmbito da Constituição Federal. Para tanto, faremos uma breve
abordagem sobre as grandes transformações ocorridas na sociedade
contemporânea, que reconfiguraram as relações de produção e impuseram
novas demandas para os sistemas educacionais. Em seguida, analisaremos
a retomada das constituições brasileiras até chegarmos a nossa atual
Constituição Federal de 1988, destacando os artigos referentes à educação,
a fim de compreendermos as determinações gerais que regem o conceito de
educação nacional, bem como seus objetivos e finalidades mais amplas.
Enfocaremos, de forma mais detalhada, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional nº. 9394/96, seus significados, determinações e
trajetórias, buscando compreender e analisar a organização e a estruturação
do sistema educacional brasileiro.
Para compreender a ação do Estado como regulador da educação,
identificaremos aspectos definidos na elaboração do Plano Nacional de

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