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Aula 13

Direito Penal p/ DPE-MG (Defensor Público)

Michael Procopio

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Michael Procopio
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AULA 13
CRIMES CONTRA A VIDA

1191486

Sumário
Sumário ...................................................................................................................................... 2
1 – Considerações Iniciais .......................................................................................................... 3
2 – Os crimes contra a vida ........................................................................................................ 4
3 – Homicídio ............................................................................................................................. 5
3.1 – Homicídio Simples .............................................................................................................. 8
3.2– Homicídio Privilegiado .......................................................................................................... 8
3.3 – Homicídio Qualificado ........................................................................................................ 10
3.4 – Homicídio Qualificado: Feminicídio ...................................................................................... 16
3.5 – Homicídio Doloso Majorado ................................................................................................ 19
3.6 – Homicídio Culposo ............................................................................................................ 21
4 – Induzimento, Instigação ou Auxilio ao Suicídio .................................................................. 24
5 – Infanticídio ......................................................................................................................... 26
6 – Aborto ................................................................................................................................ 28
6.1 – Autoaborto e aborto consentido .......................................................................................... 28
6.2 – Aborto sem consentimento da gestante ............................................................................... 29
6.3 – Aborto com consentimento da gestante........................................................................... 29
6.4 – Aborto Majorado ............................................................................................................... 30
6.4 – Aborto Legal .................................................................................................................... 31
7 – Questões Objetivas ............................................................................................................. 34
6.1 – Lista de Questões sem Comentários .................................................................................... 34
6.2 – Gabarito .......................................................................................................................... 49
6.3 – Lista de Questões com Comentários .................................................................................... 49
7 – Questão Dissertativa .......................................................................................................... 87
8 - Destaques da Legislação e da Jurisprudência ...................................................................... 89
9 – Resumo..............................................................................................................................118

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Sanção Penal.......................................................................................................................... 118


Teoria sobre a finalidade da pena.............................................................................................. 118
Princípios sobre as penas ......................................................................................................... 119
Justiça Restaurativa ................................................................................................................ 119
Penas em espécie ................................................................................................................... 119
Suspensão Condicional da Pena ................................................................................................ 133
Livramento condicional ............................................................................................................ 135
10 - Considerações Finais ........................................................................................................137

CRIMES CONTRA A VIDA


1 – Considerações Iniciais
Nesta aula, iniciaremos o estudo da Parte Especial do Código Penal, que traz os
crimes em espécie. Tudo o que estudamos até aqui – é importante frisar – é
imprescindível para a compreensão dos crimes, razão pela qual, se alguma
matéria não foi compreendida, recomendo que retorne e reforce a sua
aprendizagem.
Para a análise dos crimes em espécie, utilizaremos o conhecimento dos institutos
tratados pela Parte Geral do Código Penal, além de adotarmos a classificação dos
crimes, abordada na última aula.
A Parte Especial se inicia pelos crimes contra a pessoa, que são numerosos e
demandam um estudo mais prolongado. Por isso, nesta primeira aula,
estudaremos apenas os crimes contra a vida.
Esta aula será composta pelos seguintes capítulos:

Induzimento,
Os crimes contra a
Homícidio Instigação ou
vida
Auxílio ao Suicídio

Infanticído Aborto

Os crimes contra a vida são aqueles que, quando dolosos, são da competência
do Tribunal do Júri. Portanto, temos mais uma razão didática para seu estudo
separado. Veremos os crimes de homicídio, de induzimento, instigação ou auxílio
ao suicídio, infanticídio e aborto.

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Espero que a aula seja didática e abrangente. Nosso estudo, como sempre, deve
ser aprofundado, para que a prova nos pareça leve. Realmente desejo que a
modificação do tema, com o início da Parte Especial, renove a motivação e o
entusiasmo, mesmo porque os crimes em espécie são matérias mais ligadas ao
nosso dia a dia, inclusive em filmes, seriados e noticiários.
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legislativas e tudo o que houver de atualização, de forma ágil e com contato
direto. Use as redes sociais a favor dos seus estudos.

2 – Os crimes contra a vida


Os crimes contra a vida estão inseridos no Título I, denominado “Dos Crimes
Contra a Pessoa”. Deste, estão tratados no Capítulo I, sendo, portanto, os
primeiros crimes tratados no Código Penal. Para alguns, essa precedência indica
a importância da vida no nosso ordenamento jurídico, que é o núcleo e o princípio
de todo o Direito.
A vida tutelada pelos crimes previstos no Capítulo I do Título I do Código Penal é
tanto a extrauterina quanto a intrauterina. São os crimes contra a vida o
homicídio; o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, o aborto e o
infanticídio.
Referidos delitos, se dolosos, são da competência do Tribunal do Júri, nos termos
do que dispõe o artigo 5º, inciso XXXVIII:
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

A Constituição previu, portanto, a competência do Tribunal do Júri para o


julgamento dos crimes dolosos contra a vida, o que é a competência mínima de
referido órgão jurisdicional. A lei pode estender sua competência para outras
hipóteses, como ocorre no caso dos crimes conexos.
Vistas essas notas introdutórias, passemos ao estudo de cada um dos delitos
contra a vida.

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3 – Homicídio
O crime de homicídio está previsto no artigo 121 do Código Penal, sendo
denominado, por Nelson Hungria, de “o crime por excelência”. É a morte de um
ser humano (vida extrauterina) por outro.
Referido dispositivo legal prevê as figuras do homicídio doloso simples, do
homicídio doloso privilegiado, do homicídio doloso qualificado, do feminicídio, do
homicídio culposo, do homicídio culposo majorado, do homicídio doloso majorado
e do feminicídio majorado. Vejamos seu teor:
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Aumento de pena

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§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de


inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção
penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com
deficiência;
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.

Temos algumas características referentes ao crime de homicídio, em suas


diferentes modalidades:
❑ Objeto jurídico: vida humana extrauterina.
❑ Objeto material: a pessoa contra a qual recai a conduta.
❑ Núcleo do tipo (ação nuclear): “matar”.
❑ Forma de realização típica: crime de ação livre.
O crime de homicídio pode ser:
❑ Comissivo. É a regra.
❑ Omissivo impróprio.
❑ Omissivo por comissão. Não reconhecido por parte da doutrina.
Em relação à vítima, qualquer ser humano (vida extrauterina) pode ser sujeito
passivo. Há, entretanto, normas especiais em relação à vítima:
❑ Se praticado contra Presidente da República, da Câmara dos Deputados,
do Senado Federal ou do STF pode configurar o crime do art. 29 de Lei
7.170/83.
❑ Crime doloso praticado contra menor de 14 anos: incide a causa de
aumento de pena do § 4º do art. 121 do CP.
❑ Cometido com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional,
étnico, racial ou religioso: art. 1º da Lei 2.289/56.
❑ contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: configura-se a
forma qualificada denominada de feminicídio.

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❑ contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição


Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
dessa condição: há incidência da forma qualificada.
O elemento subjetivo é a intenção de matar, denominado de animus necandi ou
occidendi. O elemento subjetivo é encontrado nas circunstâncias do fato. Por
exemplo, que dispara vários projéteis de arma de fogo em direção à cabeça da
vítima, em princípio, queria matá-la, diversamente de quem dá uma facada na
mão do ofendido. É possível a ocorrência da aberratio ictus ou erro sucessivo,
situações estudadas na aula sobre erro no Direito Penal.
Sobre a consumação, é necessário o resultado naturalístico consistente na morte
da vítima. A morte pode ser considerada nos seguintes aspectos:
❑ Morte clínica: parada cardíaca e respiratória.
❑ Morte biológica: destruição molecular.
❑ Morte encefálica ou cerebral: paralização cerebral. Este é o critério
adotado pela Lei 9.434/97, a Lei de Transplante de Órgãos, no caput do
seu artigo 3º:
Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano
destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte
encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes
de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos
definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina

A tentativa é possível, pois se trata de crime plurissubsistente. Admite-se


tentativa inclusive em caso de dolo eventual. A tentativa pode ser perfeita
(acabada ou crime falho) ou imperfeita (propriamente dita). Pode, ainda, ser
branca (incruenta) ou vermelha (cruenta).
A classificação geral do crime de homicídio é a seguinte:
❑ Crime comum.
❑ Crime de dano.
❑ Crime material.
❑ Crime instantâneo de efeitos permanentes.
❑ Crime simples (protege apenas um bem jurídico).
❑ Crime plurissubsistente.
❑ Pode ser doloso ou culposo.
❑ Crime de ação penal pública incondicionada.

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3.1 – Homicídio Simples


Homicídio, em sua forma simples, está previsto no caput do artigo 121 do Código
Penal:
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Como já mencionado, o núcleo do tipo é o verbo “matar”. Como elementar do


crime, há ainda o termo “alguém”, que se refere a uma pessoa viva. Refere-se à
vida extrauterina, não abrangendo o feto, cuja vida é tutelada pelo crime de
aborto.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, a intenção de matar. Exige-se o chamado
animus necandi, isto é, a vontade livre e consciente do autor de matar outro ser
humano que, deve estar, por óbvio, vivo.
A pena prevista no preceito secundário do tipo penal é de reclusão, de seis a vinte
anos. O crime de homicídio simples é hediondo se praticado em atividade de
grupo de extermínio, nos termos da primeira parte do inciso I do artigo 11º da
Lei 8.072/90:
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121,
§ 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); (...)

3.2– Homicídio Privilegiado


O homicídio privilegiado consiste em uma causa de diminuição de pena ou
minorante, no caso de o agente ter cometido o crime orientado por motivo de
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em
seguida a injusta provocação da vítima.
Neste caso, o juiz, na terceira fase da dosimetria, deve proceder à diminuição da
pena, utilizando a fração de um sexto a um terço.
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Sobre a escolha da fração, o juiz deve se guiar pela influência que o motivo teve,
a própria relevância do motivo para o autor ou, ainda, a intensidade da injusta
provocação da vítima, e o grau de abalo emocional causado no réu:
“(...) CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO PREVISTA NO ART. 121, § 1º DO CP.
PRIVILÉGIO. FRAÇÃO DE REDUÇÃO. IDONEIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS
CONCRETAS. 1. A escolha da fração de redução de pena deve ser aferida
com base nas circunstâncias fáticas que levaram ao reconhecimento

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do homicídio privilegiado, especialmente "o grau emotivo do réu, além


da intensidade da injusta provocação realizada pela vítima. (REsp
1475451/RS, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
21/03/2017, DJe 29/03/2017) (...)” (AgRg no AREsp 806586/DF, Rel. Min. Jorge
Mussi, Quinta Turma, DJe 07/03/2018).
O motivo de relevante valor social consiste no interesse coletivo, naquela
causa que diz respeito a toda a comunidade. Um exemplo é o sujeito matar o
traidor da pátria.
O motivo de relevante valor moral, por sua vez, é o interesse individual do
agente, como a compaixão. Alguns autores entendem que há cabimento desta
hipótese de privilégio no caso de eutanásia, de um paciente terminal que não
quer mais prolongar sua existência e que está sofrendo bastante. Menos polêmico
é o cabimento do motivo de relevante valor moral no pai que mata o estuprador
da própria filha.
Já o chamado homicídio emocional é aquele cometido sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida de injusta provocação da vítima. São seus
requisitos:
❑ Domínio de violenta emoção: o agente deve agir dominado por uma forte
emoção, não configurando a minorante a emoção leve e efêmera.
❑ Reação imediata: conforme de nota da expressão “logo após”, a reação do
agente deve ocorrer em seguida à provocação injusta.
❑ Injusta provocação da vítima: a provocação da vítima deve ser injusta,
podendo ser até indireta, direcionando-se a terceiros ou a animais.
Quanto ao chamado homicídio emocional, é importante recordar que a emoção
não exclui a culpabilidade, nos termos do que dispõe o artigo 28, inciso I, do
Código Penal:
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão; (...).

Portanto, a emoção e a paixão não são excludentes da culpabilidade. Deve-se


ressalvar, contudo, a hipótese de a situação se tornar patológica, o que pode
configurar doença a impedir que o agente compreenda o caráter ilícito do que fez
ou que ele se comporte conforme tal entendimento.
Segundo a doutrina majoritária, configurada alguma das hipóteses do homicídio
privilegiado, a redução da pena é obrigatória.
As circunstâncias do homicídio privilegiado são subjetivas e, portanto, não se
comunicam aos demais agentes. Cuida-se de circunstância para a configuração
da causa de diminuição de pena, de ordem subjetiva, razão pela qual não é
comunicável.
É possível que o homicídio seja privilegiado e qualificado, desde que a
qualificadora seja objetiva. Neste sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça:

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“(...) 5. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que não há


incompatibilidade entre as qualificadoras de ordem objetiva e as causas de
diminuição de pena do § 1.º do art. 121 do Código Penal, de natureza subjetiva.
Precedentes. (...) (STJ, AgRg no AREsp 463482/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª
Turma, DJe 03/02/2005).
O homicídio qualificado-privilegiado não é considerado hediondo, não se
submetendo às disposições da Lei 8.072/90. É o entendimento adotado tanto
pelo STF quanto pelo STJ:
“EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL, PENAL E PROCESSUAL PENAL.
TRÁFICO DE ENTORPECENTES. APLICAÇÃO DA LEI N. 8.072/90 AO TRÁFICO DE
ENTORPECENTES PRIVILEGIADO: INVIABILIDADE. HEDIONDEZ NÃO
CARACTERIZADA. ORDEM CONCEDIDA. 1. O tráfico de entorpecentes privilegiado
(art. 33, § 4º, da Lei n. 11.313/2006) não se harmoniza com a hediondez do
tráfico de entorpecentes definido no caput e § 1º do art. 33 da Lei de Tóxicos. 2.
O tratamento penal dirigido ao delito cometido sob o manto do privilégio
apresenta contornos mais benignos, menos gravosos, notadamente porque são
relevados o envolvimento ocasional do agente com o delito, a não reincidência,
a ausência de maus antecedentes e a inexistência de vínculo com organização
criminosa. 3. Há evidente constrangimento ilegal ao se estipular ao tráfico de
entorpecentes privilegiado os rigores da Lei n. 8.072/90. 4. Ordem concedida.”
(STF, HC 118533/MS, Rel. Min. Carmen Lúcia, Tribunal Pleno, Julgamento em
23/06/2016)
“PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. ART. 121,
§ 1º E § 2º, INCISO IV, C/C ART. 14, INCISO II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL.
CRIME NÃO ELENCADO COMO HEDIONDO. PENA-BASE FIXADA ACIMA DO
MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. REGIME
PRISIONAL SEMIABERTO. DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE. I - Por
incompatibilidade axiológica e por falta de previsão legal, o homicídio
qualificado-privilegiado não integra o rol dos denominados crimes
hediondos (Precedentes).(...)” (STJ, HC 153728/SP, Rel. Min. Félix Fischer, 5ª
Turma, DJe 31/05/2010).

3.3 – Homicídio Qualificado


A qualificadora é a forma do tipo penal em que se comina uma diferente pena em
abstrato, com novos limites mínimos e máximos. O homicídio qualificado está
previsto no § 2º do artigo 121:
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;

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III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

As qualificadoras são causas especiais que determinam uma pena maior, mais
gravosa. Referem-se aos motivos determinantes do crime e aos meios e modos
de sua execução. A qualificadora implica em um novo limite mínimo e um novo
teto para a pena abstratamente prevista, sendo que no caso a pena será de
reclusão é de doze a trinta anos.
O homicídio qualificado é crime hediondo, tanto em sua forma tentada quanto na
consumada, conforme determina o artigo 1º, inciso I, da Lei 8.072/90:
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda
que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III,
IV, V, VI e VII); (...)

Vejamos cada uma das hipóteses de homicídio qualificado:

I - Mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe.


O artigo 121, § 2º, I, do CP trata do homicídio mercenário ou por mandato
remunerado. É o crime cometido mediante paga, recompensa ou por outro
motivo torpe.
A paga ou promessa de recompensa, para a maior parte da doutrina, deve
ter natureza financeira. A discussão, entretanto, não possui relevância prática, já
que, se não considerada a vantagem não financeira como paga nem como
promessa de recompensa, há a fórmula de “outro motivo torpe”.
O legislador previu a chamada interpretação analógica, ao, após enumerar as
hipóteses de paga ou promessa de recompensa, mencionar “outro motivo torpe”.
Cuida-se de expressão que deve ser interpretada com base nas situações
anteriores, tomadas como paradigma.
Há divergências sobre a paga ou promessa de recompensa ser circunstância que
se comunica também ao mandante ou se deve ser limitada ao executor do crime.
O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que se trata de circunstância que

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deve ser estendida a todos os agentes. Entretanto, a matéria não está pacificada
e há divergência na própria Corte:
“(...) 3. No homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de
recompensa é elementar do tipo qualificado, comunicando-se ao mandante do
delito. (...)” (STJ, AgInt no REsp 1681816/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta
Turma, DJe 15/05/2018).
“(...) V - No homicídio, a qualificadora de ter sido o delito praticado mediante
paga ou promessa de recompensa é circunstância de caráter pessoal e, portanto,
ex vi art. 30 do C.P., incomunicável. Recurso especial parcialmente provido
para restabelecer a qualificadora de motivo fútil na decisão de pronúncia. (...)”
(STJ, REsp 1415502/MG, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 17/02/2017).
O motivo torpe é o motivo repugnante, vil, abjeto, desprezível.
A vingança vem sendo compreendida pelo STJ como um motivo torpe:
“(...) 2. No caso, a prisão preventiva está justificada, pois a decisão que a impôs
delineou o modus operandi empregado na conduta delitiva, revelador da
periculosidade do recorrente, consistente na prática, em tese, de tentativa de
homicídio mediante emprego de arma de fogo, delito qualificado por motivo
torpe, consubstanciado em vingança em razão de a vítima ter realizado
denúncias que levaram à prisão do chefe do tráfico da localidade. Tais
circunstâncias denotam sua periculosidade e a necessidade da segregação como
forma de acautelar a ordem pública. (...)” (STJ, RHC 90941/PE, Rel. Min. Antonio
Saldanha Palheiro, Sexta Turma, DJe 04/06/2018).
Entretanto, o STJ já decidiu que a vingança pode ou não configurar motivo torpe,
a depender do caso concreto:
“(...) 2. Para se afastar qualificadoras da pronúncia, é fundamental que sua
impropriedade seja manifesta. A vingança, per se, pode não ou representar
motivo torpe - tudo a depender do caso concreto. O debate acerca dos
lineamentos do recurso que impossibilitou a defesa também enseja profundo
mergulho no plano fático-probatória. Desta forma, o exame de tais questões
refoge aos limites de cognição do habeas corpus. (...)” (STJ, HC 126.730/SP, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, Julgado em 10/11/2009).

II – Motivo fútil.
É o motivo que demonstra desproporção em relação ao crime praticado.
Caracteriza-se quando o delito consubstancie razão frívola, mesquinha,
insignificante.
✓ E se o crime for praticado com ausência de motivo? O homicídio é
qualificado ou simples?
Existe divergência doutrinária, mas o STJ entende não ser admissível a
configuração do crime praticado sem motivo como qualificado por motivo torpe:

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“(...) 2. A jurisprudência desta Corte Superior não admite que a ausência de


motivo seja considerada motivo fútil, sob pena de se realizar indevida analogia
em prejuízo do acusado. Precedente. (...)” HC 369163/SP, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, 5ª Turma, DJe 06/03/2017).

III – Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro


meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum
O artigo 121, § 2º, inciso III, traz alguns meios de se praticar o homicídio que
qualificam o crime. O homicídio, vale lembrar, é crime de forma livre, podendo
ser realizado de qualquer modo, pelo agente, que leve ao resultado morte, como
golpes de faca, envenenamento ou atropelamento. Entretanto, existem alguns
modos de realizar o crime que o tornam qualificado:
❑ Emprego de veneno: uso de substância tóxica ao ser humano.
❑ Meio insidioso: é o dissimulado, realizado de forma sorrateira. O caso
enumerado anteriormente e que serve de parâmetro para essa
interpretação analógica é o emprego de veneno. O açúcar, por exemplo,
pode ter efeito de veneno para um diabético com saúde muito debilitada,
o que leva a se configurar como meio insidioso.
❑ Emprego de fogo.
❑ Emprego de explosivo.
❑ Meio de que possa resultar perigo comum: é aquele pode atingir um
número indeterminado de pessoas. A interpretação deve ser feita, de forma
analógica, com atenção nos meios anteriormente enumerados de emprego
de fogo e de explosivo.
❑ Emprego de tortura: é o grande tormento ou suplício causado à vítima.
❑ Meio cruel: é a forma de se praticar o delito que aumenta o sofrimento da
vítima sem necessidade. O exemplo a ser utilizado como parâmetro é o
emprego de tortura.

IV – À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso


que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.
❑ Traição: é o ataque súbito, inesperado e desleal. É o caso do amigo que
chama a vítima para conversar em seu sítio, dizendo que tem problemas
íntimos e privados, e lá aproveita sua distração para disparar projéteis de
arma de fogo e causar sua morte. Esta circunstância pressupõe uma relação
de confiança entre autor e vítima.
❑ Emboscada: é a tocaia, a ocultação do agente para a prática do crime.
Como exemplo, podemos imaginar o atirador que espera a vítima na beira
da estrada, atrás de um arbusto, e atira sem que ela possa sequer saber
quem a matou.

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❑ Dissimulação: é o fingimento, é a ocultação do desígnio do autor. É o


sujeito que finge, por exemplo, precisar de ajuda, deitando-se na porta da
casa da vítima e fingindo gemer de dor, e a esfaqueia quando ela se
aproxima para ajudá-lo.
❑ Outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima: cláusula
de intepretação analógica, que tem como parâmetros todas as outras
circunstâncias acima enumeradas. A doutrina dá como exemplo o caso do
crime cometido com elemento surpresa.

V – Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem


de outro crime.
❑ Conexão teleológica: é o crime que é praticado para assegurar a execução
de outro crime. Caso do sujeito que, durante a execução do crime de
estupro, é surpreendido por terceiro e o mata, para que ele não impeça sua
atividade delitiva.
❑ Conexão consequencial: é a infração penal praticada para assegurar a
ocultação, vantagem ou impunidade de outro crime. O sujeito rouba um
grande banco e, meses depois, é reconhecido por um policial no bairro em
que mora. Então, comete homicídio contra ele, para garantir sua
impunidade.
Em qualquer dos casos, o outro crime pode ter sido praticado ou não pelo próprio
agente. Ele pode procurar, por exemplo, evitar que sua namorada seja presa ou
que seu pai perca a vantagem adquirida por meio de um roubo.

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da


Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição:
Cuida-se de recente alteração legislativa, levada a efeito pela Lei 13.142, de
2015. Busca-se punir de forma mais rígida o crime cometido contra um agente
de segurança pública ou um familiar próprio, se o móvel do delito envolver
referida função pública.
O que se protege é a própria função pública, e não a pessoa do agente ou da
autoridade. Pode-se denominar este crime qualificado de homicídio qualificado
funcional. Deste modo, a doutrina aponta que os aposentados estão excluídos
de referida circunstância, não se configurando a qualificado se forem vítimas do
delito.
Vale destacar, se o crime for cometido contra um dos agentes citados no inciso
VII do parágrafo segundo do artigo 121, mas sem qualquer conexão com sua
função pública, o crime será simples. Por exemplo, se um delegado da polícia

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federal discute com o vizinho por causa do muro que divide os respectivos
imóveis, eventual homicídio pratica pelo último não será qualificado pela
circunstância em estudo.
Temos um caso de referência aos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, que
tratam, respectivamente, das Forças Armadas e da Segurança Pública. Vejamos
o que diz o caput do artigo 142 e o caput e § 8º do artigo 144:
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica,
são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e
na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa
da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei
e da ordem.
(...)
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
(...)
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus
bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
(...)
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades
previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos
órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na
forma da lei.

Além disso, o inciso VII menciona os integrantes do sistema prisional e da Força


Nacional de Segurança Pública ou contra o cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau de qualquer dos agentes e autoridades descritos.
Deste modo, o crime será qualificado se for cometido contra as seguintes
pessoas:
➢ Militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica (Forças Armadas);
➢ Agentes e Autoridades da Polícia Federal;
➢ Agentes e Autoridades da Polícia Rodoviária Federal;
➢ Agentes e Autoridades da Polícia Ferroviária Federal;
➢ Agentes e Autoridades das Polícias Civis;

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➢ Agentes e Autoridades das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros


Militares;
➢ Agentes e Autoridades das Guardas Municipais;
➢ Agentes de trânsito;
➢ Cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau de
qualquer dos agentes ou autoridades acima descritos.
A qualificadora se configura se o agente ou autoridade for vítima do crime no
exercício da função, por exemplo em uma missão policial, ou em decorrência
da função, como no caso de um sujeito que foi preso por operação chefiada por
delegado e depois o mata por vingança.
Se forem vítimas de um homicídio os familiares dos agentes e autoridades
enumerados acima, o delito será qualificado se praticado em razão dessa
condição, como no caso de pai de policial que é morto em represália por sua
atuação firme no combate ao tráfico de entorpecentes na cidade.
Os familiares abrangidos são o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau. São parentes consanguíneos até terceiro grau: os ascendentes
(pais, avós e bisavós), os descendentes (filhos, netos e bisnetos) e os colaterais
(irmãos, tios e sobrinhos).
Não estão incluídos no texto legal os parentes por afinidade (sogro, sogra e
cunhados) nem o parentesco civil (como o filho adotivo). De acordo com o
princípio da legalidade e do seu corolário, o da reserva legal, não se pode ampliar
uma lei penal que torna a situação do réu mais gravosa, razão pela qual não se
mostra possível a inclusão de tais parentes na norma que se estrai do inciso VII
ora estudado. De todo modo, é preciso acompanhar a jurisprudência que se
formará.

3.4 – Homicídio Qualificado: Feminicídio


O feminicídio é uma modalidade do crime de homicídio qualificado que possui
nomen iuris específico, isto é, uma nomenclatura própria trazida pela própria lei.
Está previsto no artigo 121,
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
(...)
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
(...)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Percebam que a qualificadora exige que o crime tenha sido cometido por razões
da condição de sexo feminino. Por isso, a doutrina aponta que não se trata de
femicídio, ou seja, de crime específico em que a mulher é a vítima. É

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imprescindível que haja motivo ligado à condição de sexo feminino, o que é


tratado pelo § 2º-A do artigo 121:
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Portanto, teremos o crime denominado feminicídio quando for cometido por


razões de condição de sexo feminino, ou seja, por razão de gênero. Referidas
razões estarão presentes nos seguintes casos:
I - violência doméstica e familiar
A interpretação de “violência doméstica e familiar” deve ser feita de forma
sistemática, considerando todo o sistema normativo de proteção da mulher,
especialmente a Lei Maria da Penha.
A Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que, nos termos do seu
preâmbulo, cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e
da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de
Execução Penal; dentre outras providências.
Visa a combater a violência praticada contra a mulher, devido a sua maior
fragilidade, decorrente de anos de tratamento desigual e de sua própria condição
físico-biológica, que muitas vezes a deixa em situação de vulnerabilidade na
sociedade. Prova disso é o número de mulheres assassinadas ou agredidas em
seus próprios lares, local que deveria ser seu refúgio e local de paz.
Dentre as hipóteses de configuração da violência doméstica e familiar contra a
mulher, há a prática de conduta, omissiva ou comissiva, baseada no gênero, que
lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
patrimonial, desde que ocorra no âmbito da unidade doméstica, no âmbito da
família ou envolva qualquer relação íntima de afeto.
A Lei 11.340/2006, em seu artigo 5º, traz as circunstâncias que caracterizam a
denominada violência doméstica e familiar contra a mulher, o que atrai a
incidência de seus regramentos:
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente
de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que
são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade
expressa;

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III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido
com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de
orientação sexual.

II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher


Essa hipótese de homicídio praticado por razões de condição do gênero feminino
se liga ao menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Discriminação contra a mulher é “toda distinção, exclusão ou restrição
baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o
reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu
estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos
e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil
ou em qualquer outro campo”. É o que prescreve o artigo 1º da Convenção para
Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher, CEDAW, 1979,
ratificada pelo Brasil em 1984.
Trata-se do caso de alguém que mata uma mulher por menosprezar a sua
condição, considerando que ela, por exercer o mandato de deputada, está em
uma posição que deve ser ocupada apenas por homens. É um típico exemplo de
menosprezo, desdém ou desvalorização acerca da condição de mulher.
Também há crime praticado por razões de condições de sexo feminino se o
indivíduo buscar discriminar uma mulher, por sua condição. Ou seja, é dar um
tratamento diferenciado para a mulher sem que essa diferenciação possua uma
adequada razão para o discrímen. Imaginem que um professor universitário não
aceita orientar alunas, mas devido à insistência de uma delas e um comando da
reitoria, seja obrigado a aceitar uma estudante como sua orientada.
Inconformado, mata-a por sua discriminação, por entender que seu tratamento
deve ser diferenciado apenas por ela ser mulher, não podendo fazer parte dos
seus orientados.

A qualificadora do feminicídio apenas se refere à violência contra a mulher, o que


exclui os crimes cometidos contra as travestis e contra transexuais. Apesar de
ser evidente que tais pessoas são vítimas frequentes de crimes cometidos em
razão de sua condição, é vedada a analogia em norma penal incriminadora. Deste
modo, por consequência do princípio da legalidade, bem como da decorrente
necessidade de reserva legal, não há como se estender o termo mulher a outras
pessoas que não sejam as que possuam a condição genética de sexo feminino,
mesmo que possuam identificação com o gênero feminino.
A violência, portanto, deve se referir ao gênero feminino. Ademais, a vítima deve
ser do sexo feminino, sendo que a doutrina já aponta a necessidade de que o
sexo seja feminino do ponto de vista genético, como já explicitado.

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Uma das hipóteses de feminicídio é o caso de um uxoricídio cometido por violência


doméstica. Uxoricídio é o assassinato da esposa pelo próprio marido.
O Superior Tribunal de Justiça considera a violência doméstica uma circunstância
de natureza objetiva, razão pela qual entende possível a sua cumulação com a
circunstância do motivo torpe:
“(...) 2. O Tribunal a quo decidiu em conformidade com o entendimento desta
Corte superior, porquanto, tratando-se o motivo torpe (vingança contra ex-
namorada) de qualificadora de natureza subjetiva, e o fato de a vítima e o
acusado terem mantido relacionamento afetivo por anos, sendo certo, que o
crime se deu com violência contra a mulher na forma da Lei n° 11.340/2006, ser
uma agravante de cunho objetivo, não se pode falar em bis in idem no
reconhecimento de ambas, de modo que não se vislumbra ilegalidade no ponto.
(...)” (STJ, AgRg no REsp 1741418/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
Quinta Turma, DJe 15/06/2018)
A configuração da qualificadora do feminicídio afasta a agravante genérica do art.
61, II, f, CP, sob pena de bis in idem. Referido texto legal prevê o seguinte:
Circunstâncias agravantes
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
(...)
II - ter o agente cometido o crime:
(...)
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou
de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (...)

Deste modo, o feminicídio não é compatível com o reconhecimento de referida


agravante.
Há causas de aumento de pena específicas para o feminicídio, estão previstas no
parágrafo sétimo do artigo 121. São as hipóteses, portanto, de feminicídio
majorado:
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com
deficiência;
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.

3.5 – Homicídio Doloso Majorado


Há causas de aumento de pena, ou majorantes, referentes aos crimes de
homicídio doloso. Estão previstas na parte final do parágrafo quarto e no
parágrafo sexto do artigo 121 do Código Penal:

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Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3
(um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior
de 60 (sessenta) anos.
(...)
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado
por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
grupo de extermínio.

São duas, portanto, as majorantes do crime de homicídio doloso:


➢ Homicídio praticado contra pessoa menor de 14 anos ou maior de
sessenta anos
Há a causa de aumento de pena quando se trata de homicídio doloso e a vítima
for menor de 14 anos ou maior de 60 anos de idade. Como estudamos quanto ao
tempo do crime, o crime se considera praticado ao tempo da ação ou da omissão
típica, em razão de o Código Penal ter adotado a teoria da atividade. Deste modo,
é este o paradigma para se verificar a idade da vítima, ou seja, devemos
considerar quantos anos ela possui ao tempo da conduta delitiva.
Em decorrência do princípio da culpabilidade, nosso Direito Penal não aceita a
responsabilidade objetiva. Por isso, o agente deve ter conhecimento sobre a idade
da vítima, também ao tempo de sua conduta, para que referida majorante possa
incidir.
A pena, presente essa majorante, deve ser aumentada de 1/3 (um terço) na
terceira fase da dosimetria.
➢ Homicídio praticado por milícia privada, sob o pretexto de
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio
Temos também homicídio doloso majorado quando é praticado por milícia
privada, atuando sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
grupo de extermínio.
Milícia privada é a reunião de pessoas, sejam civis ou militares, que buscam atuar
com violência ou grave ameaça e pretexto de devolver a paz pública, mormente
em comunidades carentes. Visam a atuar na área de segurança pública,
utilizando-se da força, que é monopólio do Estado.
Grupo de extermínio é a reunião de pessoas que praticam assassinatos, tendo
como vítimas as pessoas marginalizadas ou consideradas indesejadas pela
sociedade. Consideram-se justiceiros, podendo também ser civis ou militares.
Configurada tal majorante, o juiz deve aumentar a pena, na terceira fase da
dosimetria, pela fração de um terço até metade.
A doutrina diverge quanto ao número de agentes necessários para configuração
da milícia privada ou do grupo de extermínio. Há o entendimento de que se deve

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adotar o número de três ou mais pessoas, a exemplo do delito de associação


criminosa. Há, ainda, a posição de que o parâmetro deve ser o crime de
organização criminosa, com a exigência de quatro ou mais pessoas. Ainda não
há posicionamento do Superior Tribunal de Justiça a respeito.
O STJ, nos casos já apreciados, tem entendido que a atividade de milícia privada
ou grupo de extermínio demonstra maior gravidade, sendo justificativa aceitável
para a segregação cautelar dos réus:
“(...) 3. A decisão que decretou a prisão preventiva do paciente e o acórdão
que a ratificou apontaram a existência de prova da materialidade do delito
e fortes indícios de autoria, e demonstraram satisfatoriamente a necessidade
da medida extrema, em razão da gravidade concreta e do modus operandi
das condutas criminosas, praticadas no contexto de organização criminosa
formada por policiais e agentes de segurança privada, com características de
grupo de extermínio, o que reforça a periculosidade do paciente e respalda a
custódia antecipada para garantia da ordem pública. (...)” (STJ, HC 365092/MT,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 08/11/2016).

3.6 – Homicídio Culposo


O homicídio também é punível se praticado a título de culpa, isto é, imprudência,
negligência ou imperícia. Está previsto no parágrafo terceiro do artigo 121 do
Código Penal:
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.

Há hipóteses de homicídio culposo majorado, ou seja, com causa de aumento


de pena. Estão previstas na primeira parte do parágrafo quarto do artigo 121 do
CP:
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos.

As causas de aumento de pena, incidentes no caso de homicídio culposo, são as


seguintes:
➢ Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,
arte ou ofício
O homicídio culposo é majorado quando há inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício. É a hipótese denominada de culpa profissional.

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No caso da majorante, o agente possui o conhecimento da técnica, mas a ignora


de forma deliberada. Portanto, só incide em caso de o agente ser habilitado para
a profissão, conforme entende a doutrina majoritária.
✓ Existe bis in idem em relação ao elemento subjetivo (imperícia) e a
majorante (inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
ofício?
O STJ vem apontando ser possível delinear diferença entre a culpa, como
elemento subjetivo, e a inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
ofício, como circunstância majorante:
“(...) 3. A causa especial de aumento, prevista no art. 121, § 4º do Código
Penal (inobservância de regra técnica de profissão) figura no campo da
culpabilidade e, pois, para incidir, deve estar fundada em outra nuance
ou fato diferente do que compõem o próprio tipo culposo, rendendo
ensejo a maior reprovabilidade na conduta do profissional que atua de
modo displicente no exercício de seu mister, dando causa ao evento
morte. Precedentes desta Corte e do STF (RHC n. 26.414/RJ, Ministra Maria
Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, Dje 26/11/2012).(...)” (STJ, HC
167.804/RJ, Rel. Min. Sebastião Júnior, 6ª Turma, DJe 23/08/2013).
“(...) 1. O homicídio culposo se caracteriza com a imprudência, negligência ou
imperícia do agente, modalidades da culpa que não se confundem com a
inobservância de regra técnica da profissão, que é causa especial de aumento de
pena que se situa no campo da culpabilidade, por conta do grau de
reprovabilidade da conduta concretamente praticada. 2. Não há bis in idem
pelo aumento implementado com base no § 4.º do art. 121 do Código
Penal, em razão de constatar-se circunstâncias distintas, uma para
configurar a majorante, outra para o reconhecimento do próprio tipo
culposo.(...)” (STJ, HC 231.241/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, 5ª Turma, DJe
04/09/2014).
O STF também possui precedente no sentido de que não há bis in idem no caso
de homicídio culposo majorado por inobservância de regra técnica de profissão,
arte ou ofício:
“RECURSO ORDINÁRIO EM “HABEAS CORPUS” – HOMICÍDIO CULPOSO –
MÉDICO – INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA DE PROFISSÃO – CAUSA
ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA – IMPERÍCIA DO PROFISSIONAL DA MEDICINA
NO ATENDIMENTO À VÍTIMA – COMPATIBILIDADE DESSE ELEMENTO DA CULPA
COM A CAUSA DE AUMENTO PREVISTA NO ART. 121, § 4º, DO CÓDIGO PENAL –
INOCORRÊNCIA DE “BIS IN IDEM” – PRECEDENTES – RECURSO DE AGRAVO
IMPROVIDO. – Tratando-se de profissional da área de saúde (médico), a
inobservância, por ele, de regra técnica de profissão legitima a exasperação da
pena imponível pela prática do delito de homicídio culposo, eis que a causa
especial de aumento da sanção penal prevista no art. 121, § 4º, do CP, além de
não constituir “bis in idem”, justifica-se em razão do descumprimento, pelo
médico, do dever de cuidado e/ou da falta de diligência ou cautela que as

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circunstâncias do caso dele exigiam. Ocorrência, na espécie, de imperícia


profissional justificadora da incidência da causa especial de aumento de pena
referida no § 4º do art. 121 do CP.” (STF, RHC 129946 AgR/SP, Rel. Min. Celso
de Mello, Segunda Turma, Julgamento: 08/03/2016).

➢ Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima


Há aumento de pena no homicídio culposo se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima. Para configuração da majorante, a doutrina aponta a
necessidade de o agente poder prestar o socorro sem que isso implique em risco
pessoal a ele.
Obviamente, só haverá crime de homicídio culposo majorado pelo fato de o
agente deixar de prestar imediato socorro à vítima, se ele tiver provocado a morte
por imprudência, negligência ou imperícia. Se não há culpa do agente quanto à
morte, o crime será de omissão de socorro.
Não incide a majorante em caso de morte instantânea da vítima ou de socorro
instantâneo por outrem. Por exemplo, se a vítima é atingida pela demolição de
um edifício, por culpa do operário, e os bombeiros militares, no prédio ao lado,
prestam imediato socorro, a majorante restará afastada.
Entretanto, não cabe ao agente efetuar a avaliação sobre a utilidade ou não da
prestação de socorro. Se possível prestar socorro sem risco pessoal, o agente
deve fazê-lo, sob pena de responder pelo crime com a causa de aumento de
pena. Neste sentido, o seguinte precedente do STF:
“EMENTA: Habeas Corpus. 2. Homicídio culposo agravado pela omissão de
socorro. 3. Pedido de desconsideração da causa de aumento de pena prevista no
art. 121, § 4o, do Código Penal, para que se opere a extinção da punibilidade,
em face da conseqüente prescrição da pretensão punitiva, contada pela pena
concreta. 4. Alegação de que, diante da morte imediata da vítima, não seria
cabível a incidência da causa de aumento da pena, em razão de o agente não ter
prestado socorro. Alegação improcedente. 5. Ao paciente não cabe proceder
à avaliação quanto à eventual ausência de utilidade de socorro. 6. Habeas
Corpus indeferido” (STF, HC 84380/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, 2ª Turma,
Julgamento: 05/04/2005).

➢ se o agente não procura diminuir as consequências do seu ato, ou


foge para evitar prisão em flagrante
O homicídio culposo será majorado se o agente não procura diminuir as
consequências do seu ato. Para alguns penalistas, o dispositivo trata exatamente
da hipótese de omissão de socorro, apenas com utilização de outras palavras.

➢ se o agente foge para evitar prisão em flagrante

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Por fim, haverá a causa de aumento de pena se o agente, após a prática de


homicídio culposo, foge para evitar a prisão em flagrante.
Alguns doutrinadores entendem que a fuga para evitar a prisão seria
inconstitucional, já que o réu não poderia ser penalizado por não ter permanecido
no local aguardando sua própria prisão.

➢ Perdão Judicial
O artigo 121, § 5º, do Código Penal prevê a possibilidade de concessão de perdão
judicial no crime culposo. Como visto, o perdão judicial é causa de extinção da
punibilidade, vinculada ao princípio da desnecessidade da pena:
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção
penal se torne desnecessária.

Portanto, se o agente sofre as consequências da sua conduta culposa de forma


tão gravosa que a sanção se torne desnecessária, o juiz pode deixar de aplicar a
pena. A hipótese é denominada de bagatela imprópria.
Sua natureza é de direito público subjetivo do réu. Isto é, presentes os requisitos
previstos na lei, o juiz deve conceder o perdão judicial, por se tratar de direito
subjetivo do réu, apesar de a norma dizer que o magistrado “pode” deixar de
aplicar a pena.
Com relação a eventual efeito condenatório, o STJ já sumulou o entendimento
sobre a sua impossibilidade, nos termos do seu enunciado de número 18:
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não
subsistindo qualquer efeito condenatório

Assim, a sentença concessiva de perdão judicial não pode servir de fundamento


para reconhecimento, no caso da prática posterior de outra infração penal, da
reincidência do agente, por exemplo.

4 – Induzimento, Instigação ou Auxilio ao Suicídio


O crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio está previsto no artigo
122 do Código Penal, de seguinte teor:
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três
anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

Não se pune a tentativa de se matar, mas a norma penal tutela a vida alheia,
não aceitando que o agente dê a ideia, reforce o projeto ou forneça algum auxílio
material para que um terceiro se mate.

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O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa. Entretanto, o sujeito passivo
deve ser pessoa capaz de compreensão, sob pena de se configurar o homicídio.
Caso o agente induza, por exemplo, uma criança a beber veneno, deverá
responder pela prática de homicídio, já que a vítima não possuía capacidade de
compreender o que estava fazendo.
A conduta deve se dirigir a pessoa determinada ou a pessoas determinadas. Se
a conduta se voltar a pessoas indeterminadas, pode-se configurar o delito de
incitação ao crime, previsto no artigo 286 do Código Penal.
Os núcleos do tipo possuem os seguintes significados:
❑ Induzimento: o agente cria na vítima a ideia.
❑ Instigação: o agente reforça uma ideia preexistente.
❑ Auxilio: o agente presta assistência material à vítima.
O auxílio material deve ser acessório, se o agente praticar atos executórios, pode-
se configurar o crime de homicídio. Por exemplo, se o agente fornece a corda
para que o sujeito se enforque, temos auxílio ao suicídio. Se ele empurra o sujeito
para que a corda o enforque, o crime é o de homicídio.
O delito de instigação, induzimento ou auxílio ao suicídio é crime de ação múltipla,
isto é, possui mais de um núcleo do tipo, sendo que basta que a conduta do
agente se subsuma a um dos verbos nucleares para sua configuração.
Pode ser comissivo ou omissivo impróprio, quando o sujeito tiver o dever de
garantidor. Há divergência se, no caso de colaboração moral, é cabível a conduta
omissiva. O elemento subjetivo é o dolo.
Se a vítima nem tenta se matar ou apenas sofre lesão leve, não há crime, para
o entendimento majoritário. Só há relevância penal se a vítima sofrer lesão
corporal de natureza grave ou se ela efetivamente consegue se matar. Seguindo
este entendimento, a tentativa não é juridicamente possível.
Nelson Hungria, entretanto, defendeu o entendimento de que o crime de consuma
com a própria instigação, induzimento ou o auxílio. Deste modo, a morte ou a
lesão corporal de natureza grave consistiriam em condição objetiva de
procedibilidade.
Forma majorada
O crime possui causas de aumento de pena, previstas no parágrafo único do
artigo 122:
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

São as seguintes hipóteses:

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➢ Crime praticado por motivo egoístico


O motivo egoístico consiste no interesse pessoal do agente. Seria o caso de quem
induz o sujeito, com classificação superior em lista de espera de concorrido
concurso, a se matar. Também há a majorante no caso de indivíduo que instiga
um amigo a praticar suicídio, sabendo ser um grande beneficiário do seu
testamento.

➢ Vítima menor de idade ou com capacidade de resistência diminuída


por qualquer causa
Quanto à vítima menor de idade, como vimos, não pode se tratar de pessoa sem
capacidade de compreender aquilo que faz, como uma criança. A doutrina, então,
aponta algumas sugestões, como a faixa etária de 14 a 18 anos, que era
mencionada no revogado artigo 224, “a”, do Código penal, atualmente adotada
no crime de estupro de vulnerável. Outra possibilidade é analisar caso a caso se
a vítima possuía maturidade suficiente, de acordo com a idade, para não ser
facilmente influenciada em relação à eliminação da sua própria vida. Vale
relembrar que, se a vítima não tinha capacidade alguma de entendimento da
situação, o crime será outro, o de homicídio.
A vítima com capacidade de resistência diminuída é toda aquela que, por
determinada causa, tem sua capacidade de compreensão e de não ser
influenciada reduzida. É o caso da vítima enferma, alcoolizada, muito idosa etc.
Na roleta russa, vários participantes são desafiados a efetuarem um disparo,
geralmente de um revólver, cujo tambor só possui uma cápsula de munição. Caso
um dos participantes morra ou sofra lesão corporal de natureza grave os demais
podem responder pelo delito. Aplica-se o mesmo raciocínio para o duelo
americano, em que há dois participantes, com duas armas, sendo que apenas
uma delas está municiada.
No ambicídio, também denominado de pacto de morte, duas pessoas resolvem
decidir suas próprias vidas em conjunto. Imaginem que resolvam colocar fogo na
sala onde estão trancados. Caso um morra ou sofra lesão corporal de natureza
grave, o indivíduo que atou fogo ao local deve responder pelo crime de homicídio,
caso sobreviva, por óbvio. Se o sobrevivente não praticou os atos executórios,
pode responder pelo crime do artigo 122 do Código Penal.

5 – Infanticídio
O crime de infanticídio está previsto no artigo 123 do Código Penal, nos seguintes
termos:
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou
logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

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É uma modalidade de homicídio doloso privilegiado. A aplicação do infanticídio,


em detrimento do homicídio, dá-se por determinação do princípio da
especialidade, estudado no concurso aparente de normas.
O infanticídio consiste na morte do neonato ou daquele que está nascendo pela
própria mãe, em estado puerperal.
O estado puerperal é o período que vai do deslocamento e expulsão da placenta
à volta do organismo materno às condições anteriores à gravidez, situação que
pode levar a mulher a distúrbios psíquicos.
Cuida-se de elemento psicofisiológico. Não consiste no elemento psicológico,
como é o caso de honoris causa, ou seja, da mãe que quer por fim à vida do
próprio filho, recém-nascido ou durante o parto, para ocultar a desonra de ser
mãe de filho concebido por relação extraconjugal, por exemplo.
O objeto jurídico é a vida humana extrauterina, sendo que a vida intrauterina é
tutelada pelo crime de aborto. O crime é de forma livre, o que significa que a lei
não prevê uma forma específica para o agente efetuar a realização típica, com a
prática da conduta nuclear.
O crime é próprio, pois só a mãe pode praticá-lo. Relembre-se que a condição
pessoal, quando elementar do crime, comunica-se aos demais agentes, nos
termos do que determina o artigo 30 do Código Penal. Há, entretanto, doutrina
minoritária que entende ser a condição de mãe personalíssima, o que impediria
a comunicabilidade.
A genitora como autora ou partícipe responde pelo infanticídio, se presentes as
circunstâncias do seu tipo penal. A dúvida surge em relação ao autor, no caso de
a mãe ser partícipe. Parte dos penalistas entende que ele responder por
homicídio, enquanto outros defendem que deve também responde por
infanticídio, como a mãe da vítima.
A prova da vida humana extrauterina pode ser realizada pelo exame chamado de
docimasia pulmonar-respiratória, como a hidrostática de Galeno. Neste caso, os
pulmões do cadáver são colocados em líquido para se verificar se houve
respiração e, portanto, entrada de ar nos alvéolos pulmonares.
O delito deve ser praticado durante o parto ou logo após para que se configura o
infanticídio, sendo que, nos demais casos, configurar-se-á o homicídio. Para
tanto, é preciso definir quando se dá o início do parto:
_Para Noronha: o início do parto ocorre com o período de dilatação.
_Segundo Nelson Hungria: o início do parto coincide com o período de expulsão.
A referência ao período “logo após” o parto, refere-se à duração do estado
puerperal.
Não se deve confundir a influência do estado puerperal com o estado patológico,
em que a mãe foi acometida de doença mental. Neste último caso, teremos
ausência de culpabilidade, não sendo o sujeito ativo imputável.

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A diferenciação de abandono de recém-nascido com resultado morte e de


infanticídio está no elemento subjetivo do agente, que no primeiro é de
abandonar a vítima e no segundo é de matá-la. O crime é doloso, sendo que, no
caso de a conduta seja cometida por culpa, nas circunstâncias do infanticídio, o
entendimento majoritário é de que se configura o homicídio culposo.
O crime é material, de modo que o resultado naturalístico é imprescindível para
a sua consumação. Também é classificado como plurissubsistente, razão pela
qual a conduta necessária para sua tipificação pode ser desdobrada em mais de
um ato, possibilitando a punição pela tentativa.

6 – Aborto
O aborto é o crime que tutela a vida humana extrauterina, possuindo mais de
uma modalidade, sendo possível que também haja a tutela da vida ou da
incolumidade física da gestante.

6.1 – Autoaborto e aborto consentido


O aborto provado pela gestante, também chamado autoaborto, ou o realizado
com seu consentimento, está previsto no artigo 124 do Código Penal:
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.

É a interrupção da gravidez, com a eliminação do produto da concepção. O objeto


jurídico, no autoaborto, a vida humana intrauterina. No abordo praticado por
terceiro, tutela-se também a incolumidade físico-psíquica da gestante.
O crime é de ação livre, sendo que o sujeito ativo pode realizar o núcleo do tipo
de qualquer modo, desde que obtenha o resultado ou haja a prática de atos
executórios com o objetivo de causá-lo.
O autoaborto e o aborto consentido são considerados crimes de mão própria. Só
responde por esse crime a própria gestante, não sendo possível a participação ou
a coautoria.
Não configura o crime a utilização da pílula do dia seguinte, nem o uso do método
contraceptivo chamado de DIU, o qual impede a fixação do óvulo fecundado no
útero.
O crime é material, consumando-se com a extinção da vida intrauterina. É
classificado como plurissubsistente, razão pela qual admite a tentativa.

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6.2 – Aborto sem consentimento da gestante


O aborto provocado por terceiro, sem que a gestante consinta com essa prática,
está previsto no artigo 125 do Código Penal:
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.

Neste caso, o delito é de dupla subjetividade passiva. São vítimas tanto a


gestante quanto o produto da concepção. O crime é comum, razão pela qual
qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo.
É crime material, doloso, plurissubsistente e punido por meio de ação penal
pública incondicionada.

6.3 – Aborto com consentimento da gestante


O aborto provocado por terceiro, com o consentimento da gestante, está previsto
no artigo 126 do Código Penal:
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze
anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave
ameaça ou violência.

Consentimento válido: pressupõe capacidade para consentir, não se aplicando


as regras da capacidade civil.
Consentimento inválido: é inválido o consentimento nos casos de
dissentimento real ou presumido. Nessas hipóteses, aplica-se o crime de aborto
sem o consentimento da gestante.
No caso de gravidez de menor de 14 anos, o consentimento deve ser dado pelos
pais ou responsável, no caso de a gestante ter sido vítima de estupro de
vulnerável. Nesta hipótese, é possível a realização do aborto, conforme será
estudado adiante.
Em qualquer caso, o consentimento deve perdurar até a consumação do crime.
Considera-se haver ausência de consentimento nos casos de:
Dissentimento real: é o caso de consentimento obtido por meio de fraude,
grave ameaça contra a gestante ou violência.
Dissentimento presumido: consentimento dado por vítima menor de 14 anos,
alienada ou débil mental.
O crime de aborto com consentimento da gestante, também é classificado como
comum, doloso, plurissubsistente e cuja persecução ocorre por meio de ação
penal pública incondicionada.

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6.4 – Aborto Majorado


O artigo 127 do Código Penal prevê situações de aborto majorado pelo resultado,
aplicáveis tanto ao aborto realizado com consentimento da gestante, quanto ao
realizado sem o seu consentimento:
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se,
em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre
lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe
sobrevém a morte.

Haverá a causa de aumento de pena, nos casos dos crimes dos artigos 125 e 126
do Código Penal, as modalidades de aborto provocados por terceiros. O delito
será majorado no caso de haver o resultado de lesão corporal de natureza grave
ou morte da gestante.
A norma acima mencionada não abrange o autoaborto nem o aborto consentido.
A pena deve ser aumentada de um terço no caso de ser causada lesão corporal
de natureza grave na gestante. Se sobrevier, como resultado do abordo
provocado por terceiro, a morte da gestante, a pena deve ser duplicada.
As majorantes são figuras preterdolosas, razão pela qual o aborto é realizado a
título de dolo, enquanto o resultado advém por culpa.
✓ No caso de aborto tentado e resultado, provocado de forma culposa,
da morte da gestante, qual a tipificação?
Fernando Capez entende ser o caso de responder por aborto qualificado
consumado, pois o resultado que configura a majorante já dá causa à
consumação do crime, tal qual ocorre no latrocínio. Nelson Hungria, por sua vez,
defende que não se admite a tentativa de crime preterdoloso quanto ao resultado
culposo não realizado. Entretanto, no caso de o resultado ocorrer e o aborto,
praticado de forma dolosa, não se consumar, o agente deve responder por
tentativa de abordo majorado pela morte ou tentativa de aborto majorado pelo
resultado de lesão corporal de natureza grave, a depender do resultado
provocado.
A incidência dos resultados previstos no artigo 127 do CP para o partícipe do
autoaborto e do aborto consentido comporta diferentes soluções, a depender do
entendimento doutrinário adotado:
• O partícipe responde por lesão corporal culposa ou homicídio culposo.
• O partícipe responde pela sua participação no aborto consentido ou
autoaborto.
• O partícipe responde por lesão corporal culposa ou homicídio culposo e pela
sua participação no aborto consentido ou autoaborto.

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O seguinte quadro esquematiza as diferenças entre as modalidades de aborto,


com sua descrição e a possibilidade ou não de concurso de pessoas, na forma da
coautoria e da participação:

Concurso de
Crime Descrição
pessoas

Praticado pela própria Admite participação.


gestante (autoaborto) ou
Autoaborto ou aborto Não admite coautoria
consentimento dado a
consentido (crime de mão
outrem pela gestante
(consentido) própria)

Praticado por terceira


Aborto com pessoa (execução
Admite participação e
consentimento da material), com
coautoria
gestante consentimento da
gestante

Praticado por terceira


Aborto sem pessoa (execução
Admite participação e
consentimento da material), sem
coautoria
gestante consentimento da
gestante

6.4 – Aborto Legal


Aborto legal é a denominação que se dá às hipóteses de exclusão do crime, por
ausência de crime. O entendimento majoritário é de que sua natureza é de causa
de exclusão da ilicitude.
A previsão está no artigo 128 do Código Penal:
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante
ou, quando incapaz, de seu representante legal.

➢ Aborto necessário ou terapêutico

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O aborto necessário ou terapêutico torna permitida a interrupção de gravidez se


não houver outro modo de se salvar a vida da gestante. Constitui um estado de
necessidade sem exigência da atualidade do perigo.
A previsão legal é para aborto praticado por médico, como previsto
expressamente no caput do artigo 128 do Código Penal.
No caso de a parteira realizar o aborto para salvar a gestante, só não será
responsabilizada no caso de se configurar o estado de necessidade comum. Ou
seja, neste caso, exige-se que haja perigo atual.

➢ Aborto sentimental, humanitário ou ético


A hipótese de gravidez resultante de estupro também possibilita a interrupção da
gravidez sem a configuração de ilícito penal. Exige-se, entretanto, prévio
consentimento válido da gestante ou de seu representante legal, se ela for
incapaz.
Pressupõe prova idônea do atentado sexual. Não se exige, contudo, condenação
criminal do estuprador.
O Supremo Tribunal Federal entendeu que não se configura o crime de aborto
quando realizada pesquisa com célula-tronco, nos seguintes termos:
“(...) IV - AS PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO NÃO CARACTERIZAM ABORTO.
MATÉRIA ESTRANHA À PRESENTE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
É constitucional a proposição de que toda gestação humana principia com um
embrião igualmente humano, claro, mas nem todo embrião humano desencadeia
uma gestação igualmente humana, em se tratando de experimento "in vitro".
Situação em que deixam de coincidir concepção e nascituro, pelo menos
enquanto o ovócito (óvulo já fecundado) não for introduzido no colo do útero
feminino. O modo de irromper em laboratório e permanecer confinado "in vitro"
é, para o embrião, insuscetível de progressão reprodutiva. Isto sem prejuízo do
reconhecimento de que o zigoto assim extra-corporalmente produzido e também
extra-corporalmente cultivado e armazenado é entidade embrionária do ser
humano. Não, porém, ser humano em estado de embrião. A Lei de Biossegurança
não veicula autorização para extirpar do corpo feminino esse ou aquele embrião.
Eliminar ou desentranhar esse ou aquele zigoto a caminho do endométrio, ou
nele já fixado. Não se cuida de interromper gravidez humana, pois dela aqui não
se pode cogitar. A "controvérsia constitucional em exame não guarda qualquer
vinculação com o problema do aborto." (Ministro Celso de Mello). (...)” (STF, ADI
3510, Rel. Min. Ayres Britto, Tribunal Pleno, Julgamento: 29/05/2008).
Ademais, o Supremo Tribunal Federal também considerou não configurar o crime
de aborto a interrupção da gravidez quando o feto for anencéfalo, isto é,
desprovido de parte do encéfalo e da calota craniana.
“ESTADO – LAICIDADE. O Brasil é uma república laica, surgindo absolutamente
neutro quanto às religiões. Considerações. FETO ANENCÉFALO – INTERRUPÇÃO

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DA GRAVIDEZ – MULHER – LIBERDADE SEXUAL E REPRODUTIVA – SAÚDE –


DIGNIDADE – AUTODETERMINAÇÃO – DIREITOS FUNDAMENTAIS – CRIME –
INEXISTÊNCIA. Mostra-se inconstitucional interpretação de a interrupção da
gravidez de feto anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128,
incisos I e II, do Código Penal.” (ADPF 54, Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno,
Julgamento: 12/04/2012).
Não se deve confundir a anencefalia, com a microcefalia, sendo que o STF só
considerou atípica a conduta de interrupção da gravidez no primeiro caso.

(FMP Concursos/MPERO/Promotor de Justiça Substituto/2017) No que tange aos crimes


dolosos contra a vida, assinale a alternativa CORRETA.
a) A qualificadora do feminicídio incide em todos os casos em que a vítima for mulher.
b) O homicídio qualificado-privilegiado é crime hediondo.
c) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admite a antecipação terapêutica do parto de
fetos como microcefalia.
d) O emprego de tortura pode qualificar o crime de homicídio ou caracterizar crime autônomo,
dependendo do dolo do agente e das circunstâncias do caso concreto.
e) A prática da “roleta russa” caracteriza o crime de instigação ao suicídio.
Comentários
A assertiva correta é a letra D.
COMENTAR .

Vale destacar, ainda, que houve decisão da Primeira Turma do STF de considerar
não tipificado o crime se a interrupção ocorrer nos três primeiros meses de
gravidez:
“(...) 3. Em segundo lugar, é preciso conferir interpretação conforme a
Constituição aos próprios arts. 124 a 126 do Código Penal – que tipificam
o crime de aborto – para excluir do seu âmbito de incidência a
interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. A
criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher,
bem como o princípio da proporcionalidade. 4. A criminalização é incompatível
com os seguintes direitos fundamentais: os direitos sexuais e reprodutivos da
mulher, que não pode ser obrigada pelo Estado a manter uma gestação
indesejada; a autonomia da mulher, que deve conservar o direito de fazer suas
escolhas existenciais; a integridade física e psíquica da gestante, que é quem
sofre, no seu corpo e no seu psiquismo, os efeitos da gravidez; e a igualdade da
mulher, já que homens não engravidam e, portanto, a equiparação plena de

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gênero depende de se respeitar a vontade da mulher nessa matéria.(...)” (HC


124.306/RJ, Rel. p/ acórdão Min. Roberto Barroso, 1ª T, Julg. 09/08/2016).

Questões doutrinárias?
❑ Aborto majorado pela lesão corporal grave X lesão corporal qualificada pelo
aborto.
❑ Aborto X Lesão corporal qualificada pela aceleração de parto.
❑ Aborto de gêmeos: concurso formal.

Com o estudo do aborto, encerramos o tópico e aula de hoje, passando à


resolução de questões de concurso.

7 – Questões Objetivas

6.1 – Lista de Questões sem Comentários


Q1. CESPE/Polícia Federal/Delegado de Polícia/2013
A respeito da pena pecuniária, julgue o item abaixo.
Item 26 A multa aplicada cumulativamente com a pena de reclusão pode ser
executada em face do espólio, quando o réu vem a óbito no curso da
execução da pena, respeitando - se o limite das forças da herança.
o Certo
o Errado

Q2. FUNDEP/DEP-MG/Defensor Público/2014


Após ter cumprido a metade da pena por crime não hediondo, um indivíduo
reincidente obteve livramento condicional pelo período de cinco anos.
Faltando dois anos para a reaquisição integral da liberdade, ele foi
denunciado pela suposta prática de homicídio que teria sido praticado
durante o período de prova do livramento condicional.
Nesse caso,
a) haverá a revogação obrigatória e imediata do livramento condicional.
b) haverá a revogação facultativa do livramento condicional.
c) ao final do livramento condicional em gozo, não ocorrendo decisão
definitiva no novo processo, haverá extinção da pena pelo cumprimento.
d) ao final do livramento condicional em gozo, não havendo decisão
definitiva, deverá o livramento condicional ser prorrogado até o trânsito em
julgado no novo processo.

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Q3. TRF 2ª Região/TRF 2ª Região/Juiz Federal/2017


Assinale a opção correta:
a) Fixada a pena em seu mínimo legal, é possível estipular regime prisional
mais gravoso do que o previsto em razão da sanção imposta, desde que
presente a gravidade abstrata do delito e a perturbação causada à ordem
pública.
b) Fixada a pena-base em seu mínimo legal, é possível compensar a
atenuante da confissão espontânea e o aumento referente à continuidade
delitiva.
c) Reconhecida a incidência de duas ou mais causas de qualificação, ambas
serão utilizadas para qualificar o delito, influenciando a fixação da pena-base
que, nesse caso, será necessariamente definida acima do mínimo previsto
no preceito secundário do tipo qualificado.
d) É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da
atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência, não
havendo preponderância.
e) O tempo da prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, não deverá ser
computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de
liberdade.

Q4. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2012


Assinale a opção correta com base no entendimento dos tribunais superiores
acerca de cominações legais.
a) Aplica-se ao crime continuado a lei penal mais grave caso a sua vigência
seja anterior à cessação da continuidade.
b) Aplica-se ao furto qualificado, em razão do concurso de agentes, a
majorante do roubo.
c) Fixada a pena-base no mínimo legal em face do reconhecimento das
circunstâncias judiciais favoráveis ao réu, é possível infligir-lhe regime
prisional mais gravoso considerando-se isoladamente a gravidade genérica
do delito.
d) A pena do crime de roubo circunstanciado, na terceira fase de aplicação,
será exasperada em razão do número de causas de aumento.
e) Aplica-se a continuidade delitiva aos crimes de estelionato, de receptação
e de adulteração de sinal identificador de veículo automotor, infrações penais
da mesma espécie.

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Q5. FMP Concursos/TJ-MT/Juiz de Direito/2014


De acordo com entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal,
assinale a afirmativa correta.
a) A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, é considerada, para concessão de
outros benefícios, como livramento condicional ou regime mais favorável de
execução.
b) A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
c) Impede a progressão de regime de execução de pena, fixada em sentença
não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
d) A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena
aplicada permitir não exige motivação idônea
e) Admite-se a suspensão condicional do processo por crime continuado, se
a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de
um sexto for superior a um ano

Q6. VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto/2017


Na aplicação da pena,
a) é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base, configurando-se, porém, a má antecedência se o
acusado ostentar condenação por crime anterior, transitada em julgado após
o novo fato.
b) a incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à redução da
pena abaixo do mínimo legal, a não ser que utilizada a confissão para a
formação do convencimento do julgador, hipótese em que o réu fará jus à
diminuição, ainda que aquém do piso.
c) o desconhecimento da lei constitui circunstância atenuante, podendo
ainda a pena ser atenuada em razão de fato relevante, embora não previsto
em lei, desde que necessariamente anterior ao crime.
d) a reincidência não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial, não prevalecendo a
condenação anterior, contudo, se entre a data do trânsito em julgado para
a acusação da condenação anterior e a infração posterior tiver decorrido
período de tempo superior a 5 (cinco) anos.

Q7. MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça/2017


A confissão judicial do réu implica em

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a) compensação com eventual circunstância agravante.


b) diminuição de sua pena final.
c) compensação com eventual majorante.
d) redução máxima da pena em face da presença de causa especial de
diminuição de pena.
e) redução de sua pena base.

Q8. VUNESP/TJ-RS/Defensor Público/2018


Estritamente nos termos do quanto prescreve o art. 39 do CP, o trabalho do
preso
a) não é obrigatoriamente remunerado, mas se lhe garantem,
facultativamente, os benefícios da Previdência Social.
b) será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da
Previdência Social.
c) não é obrigatoriamente remunerado, mas se lhe garantem os benefícios
da Previdência Social.
d) não é remunerado e não se lhe garantem os benefícios da Previdência
Social.
e) será sempre remunerado, contudo, não se lhe garantem os benefícios da
Previdência Social.

Q9. VUNESP/TJ-RS/Defensor Público/2018


A pena restritiva de direitos (CP, arts. 43 a 48)
a) na modalidade perda de bens e valores pertencentes ao condenado, dar-
se-á em favor da vítima.
b) na modalidade prestação de serviços, pode ser substitutiva de qualquer
pena privativa de liberdade igual ou inferior a quatro anos.
c) admite exclusivamente as modalidades de prestação pecuniária, perda de
bens e valores, limitação de fim de semana e prestação de serviço à
comunidade ou entidade pública.
d) converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento
injustificado da restrição imposta.
e) só pode ser aplicada a condenados primários.

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Q10. FCC/DPE-AP/Defensor Público/2018


Com base no entendimento dos tribunais superiores, considere as seguintes
assertivas sobre a reincidência:
I. Crimes eleitorais, por serem equiparados a crimes políticos após a CF/88,
não geram reincidência.
II. Condenação transitada em julgado pelo porte de entorpecentes para
consumo (art. 28 da Lei nº 11.343/2006) gera reincidência.
III. Para o cálculo de período depurador de cinco anos, computa-se o período
de sursis, mas não o de livramento condicional.
IV. É considerada como marco interruptivo da prescrição da pretensão
executória na data do trânsito em julgado do novo delito e não na data de
seu cometimento.
V. Para fazer prova da reincidência não é necessário certidão, sendo
suficiente a informação constante da folha de antecedentes.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e IV.
b) I, II e IV.
c) III, IV e V.
d) III e V.
e) II e V.

Q11. FCC/DPE-AP/Defensor Público/2018


O lapso temporal para progressão de regime é de
a) metade, em caso de reincidente em crime doloso.
b) um terço, em caso de roubo majorado.
c) três quintos, em caso de crime cometido com violência ou grave ameaça
contra a pessoa.
d) dois quintos, em caso de homicídio simples, se primário.
e) um sexto, em caso de tráfico de drogas na forma privilegiada.

Q12. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018


Os antecedentes criminais
a) podem ser considerados negativamente na aplicação da pena com o
registro de atos infracionais, vedando-se, contudo, para efeitos de
reincidência.

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b) podem aumentar a pena-base acima do mínimo legal com o registro


decorrente da aceitação de transação penal pelo acusado.
c) podem ser verificados a partir da existência de ações penais em curso,
mas não de inquéritos policiais na mesma condição.
d) podem ser considerados para fins de cabimento da substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos.
e) constituem circunstância agravante que incide com a regular certidão
comprobatória de condenação anterior.

Q13. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018


A pena restritiva de direitos
a) pode substituir a privativa de liberdade em caso de reincidente em crime
culposo, salvo se a pena for superior a quatro anos.
b) de limitação de fim de semana é vedada para crimes patrimoniais e contra
a administração pública.
c) de prestação pecuniária é indisponível e por isso não pode consistir em
prestação de outra natureza mesmo com concordância da vítima.
d) de prestação de serviço à comunidade pode ser cumprida em tempo
menor do que a pena privativa de liberdade substituída, se esta for superior
a um ano.
e) pode ser cumulada com medida de segurança na modalidade de
tratamento ambulatorial, pois não implica em restrição da liberdade.

Q14. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018


A progressão de regime de cumprimento de pena
a) ao regime aberto deve ser acompanhada de exame criminológico para
aferição do prognóstico de reincidência do condenado.
b) requer o cumprimento de três quintos da pena para o reincidente
específico no crime de roubo.
c) tem como data-base para segunda progressão a data da decisão judicial
que concedeu a primeira, conforme entendimento dos Tribunais Superiores.
d) composta por uma condenação por crime comum e outra por crime
hediondo se dá com o cumprimento de um sexto da pena da primeira mais
dois quintos da segunda.
e) pode ficar condicionada à existência de vaga em regime prisional mais
brando.

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Q15. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018


Em se tratando de regime aberto, a pena deverá ser cumprida em
a) casa de albergado.
b) penitenciária.
c) centro de observação.
d) colônia agrícola.
e) cadeia pública.

Q16. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018


Assinale a opção correta, a respeito das regras do regime fechado de
cumprimento das penas privativas de liberdade previstas na legislação
vigente.
a) Em regra, o condenado a pena privativa de liberdade superior a quatro
anos iniciará o seu cumprimento no regime fechado.
b) A pena de reclusão deve ser cumprida exclusivamente em regime
fechado.
c) A execução da pena em regime fechado deverá ocorrer exclusivamente
em estabelecimento de segurança máxima.
d) O condenado que cumpre pena no regime fechado pode ser autorizado a
realizar trabalho externo em serviços ou obras públicas.
e) O condenado que cumpre a pena no regime fechado deve ficar isolado
durante o repouso noturno e, durante o dia, deve trabalhar em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar.

Q17. CESPE/PC-MA/Delegado de Polícia/2018


A respeito das teorias que tratam das funções da pena, assinale a opção
correta.
a) A teoria correcionalista considera que a pena se esgota na ideia da
retribuição como resposta ao mal causado pelo autor do crime.
b) A teoria preventiva geral positiva considera que a pena tem a função de
inibir comportamentos antissociais e moldar comportamentos socialmente
aceitos.
c) A teoria absoluta considera que a pena possui caráter retributivo,
preventivo e ressocializador.

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d) A teoria preventiva geral considera a pena como um meio para prevenir


a reincidência do indivíduo.
e) A teoria preventiva especial considera a pena como um meio para
intimidar os potenciais praticantes de condutas delituosas.

Q18. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018


André e Bruno, companheiros de cela em determinada penitenciária, são
assistidos pela Defensoria Pública do Estado de Pernambuco. André cumpre
pena de seis anos por furto qualificado e tem como antecedente criminal
uma condenação de um ano e oito meses por crime culposo, já cumprida.
Bruno, por sua vez, cumpre pena de nove anos por tráfico de drogas e não
possui antecedentes criminais.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta a respeito
do livramento condicional de André e Bruno.
a) Bruno não fará jus ao livramento condicional, uma vez que foi condenado
por crime equiparado a crime hediondo.
b) Caso André cometa falta grave no cumprimento da pena, o prazo para
seu livramento condicional será interrompido.
c) A concessão do benefício do livramento condicional a André dependerá de
ele cumprir um terço da pena e a Bruno de ele cumprir dois terços da pena.
d) Apesar de ser hipossuficiente, André será beneficiado com o livramento
condicional somente se reparar o dano causado em decorrência da prática
do furto qualificado.
e)Por ser reincidente, André atenderá ao requisito temporal para o
livramento condicional apenas após ter cumprido metade da pena.

Q19. CESPE/DPE-AL/Defensor Público/2017


Quanto às circunstâncias agravantes e às atenuantes, assinale a opção
correta.
a) Constitui atenuante genérica o erro sobre a ilicitude do fato, embora o
desconhecimento da lei seja inescusável.
b) Inexiste, nas agravantes e atenuantes genéricas, previsão legal taxativa
acerca do quantum a ser aplicado, cabendo ao juiz defini-lo.
c) As circunstâncias agravantes incidem apenas sobre os crimes dolosos.
d) A circunstância atenuante referente à senilidade é definida pelo Estatuto
do Idoso.

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e) A clemência incide em circunstâncias anteriores à prática do crime, nas


hipóteses previstas expressamente no CP.

Q20. CESPE/DPE-AL/Defensor Público/2017


Celso, réu primário, condenado definitivamente por homicídio qualificado,
conseguiu livramento condicional. Durante o cumprimento do livramento
condicional, ele foi condenado novamente pelo crime de roubo, o qual havia
sido praticado antes da vigência do benefício.
A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) A situação de Celso enseja prorrogação imediata do período de prova do
livramento condicional.
b) O livramento condicional não poderá ser novamente concedido a Celso,
em razão da reincidência específica em crimes dolosos.
c) As penas de Celso devem somar-se, para efeito do livramento, quando
ocorrer o trânsito em julgado da sentença condenatória.
d) O período em que Celso ficou em liberdade não será computado na pena.
e) A nova condenação de Celso, independentemente do trânsito em julgado
da sentença, resulta na revogação imediata do benefício de livramento
condicional.

Q21. FCC/PC-AC/Delegado de Polícia/2017


Segundo o regime do livramento condicional,
a) a notícia da prática de infração penal implica imediata revogação do
livramento condicional.
b) será julgada extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do
livramento sem revogação.
c) é vedada a concessão do livramento condicional para o preso que não
gozou de 5 saídas temporárias ao longo da execução da pena.
d) é incabível para pessoas condenadas por crime hediondo ou cometidos
com violência ou grave ameaça contra a pessoa.
e) o livramento condicional é direito subjetivo do sentenciado que cumprir
um sexto da pena e apresentar bom comportamento carcerário.

Q22. FAPEMS/PC-MS/Delegado de Polícia/2017


Considere o seguinte relato.

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Ricardo foi preso em flagrante por crime de estelionato em fevereiro de 2005


em Corumbá-MS, sendo definitivamente condenado, dois meses depois, à
pena de reclusão de dois anos. Cumprida a condenação, resolveu ir ao
Paraguai visando a novas oportunidades. Porém, desempregado, voltou a
delinquir em solo estrangeiro, sendo condenado no mês de setembro de
2008 à pena de três anos por crime de roubo. Em janeiro de 2009, enquanto
aguardava em liberdade o julgamento de seu recurso, fugiu para a cidade
de Ponta Porã-MS, fixando residência. Nesta cidade, trabalhou como garçom
no "Bar da Cana" até março de 2012, quando foi preso pela Polícia Militar
por utilizar o local como ponto de venda de drogas. Na sentença pelo crime
de tráfico de drogas (artigo 33, da Lei n° 11.343/2006), o julgador agravou
a pena de Ricardo por considerá-lo reincidente.
Quanto à decisão, assinale a alternativa correta.
a) O sentenciante se equivocou ao considerar o réu reincidente, pois, quanto
ao primeiro crime, ignorou o período de detração penal.
b) O sentenciante agravou corretamente a pena, pois o prazo de cessação
da reincidência ocorre apenas cinco anos após o cumprimento da pena e,
neste caso, sucederia no mês de abril de 2012.
c) O sentenciante se equivocou, pois, para fins de reincidência, não se
considera uma infração anterior quando praticada fora do território nacional.
d) O sentenciante sopesou corretamente a agravante, pois entre as datas de
prática do segundo e do terceiro crimes, não decorreu um período de tempo
superior a cinco anos.
e) O sentenciante se equivocou quanto à reincidência, pois, entre as datas
de prática do primeiro e do último crime, decorreu período de tempo superior
a cinco anos.

Q23. FAPEMS/PC-MS/Delegado de Polícia/2017


No que diz respeito ao sistema de aplicação da pena, assinale a alternativa
correta.
a) No caso de condenado reincidente em crime doloso, porém com as
circunstâncias do artigo 59 do Código Penal inteiramente favoráveis, a pena-
base pode ser aplicada no mínimo legal.
b) A qualificadora da torpeza no crime de homicídio (CP, artigo 121, § 2°,
inciso I) determina a majoração do quantum de pena privativa de liberdade
na terceira fase da dosimetria.
c) O início do cumprimento de pena privativa por condenação pelo crime de
homicídio culposo na direção de veiculo automotor (artigo 302 da Lei n°
9.503/1997) sempre será no regime fechado em razão da gravidade da
conduta em relação ao bem jurídico protegido penalmente.

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d) Sendo as circunstâncias judiciais favoráveis, admite-se a fixação do


regime inicial aberto para o condenado reincidente, quando a pena fixada na
sentença é igual ou inferior a quatro anos.
e) Na sentença condenatória por crime de estelionato (CP,artigo 171, caput),
a pena aplicada em um ano de prisão pode ser substituída por duas penas
restritivas de direitos, desde que presentes os requisitos previstos no artigo
44 do Código Penal.

Q24. MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça/2017


A prática de lesão corporal de natureza leve por condutor de veículo
automotor, reincidente por crime doloso, pode gerar condenação, cuja pena
deverá ser
a) privativa de liberdade, aumentada de um a dois terços.
b) privativa de liberdade e de suspensão da habilitação para a condução de
veículo automotor.
c) privativa de liberdade, além de multa e perda da permissão para a
condução de veículo automotor.
d) pecuniária, com a perda da habilitação para a condução de veículo
automotor.
e) restritiva de direitos, multa e perda da permissão para a condução de
veículo automotor.

Q25. VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito/2017


No que concerne às penas restritivas de direitos, é correto afirmar que
a) a prestação pecuniária consiste no pagamento à vítima, a seus
dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de
importância não inferior a 10 (dez) nem superior a 360 (trezentos e
sessenta) dias-multa.
b) a interdição temporária de direitos, nos crimes ambientais, pode consistir
em proibição de participar de licitações, pelo prazo de 5 (cinco) anos, no
caso de crimes dolosos, e de 3 (três) anos, no de crimes culposos.
c) são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando, entre
outros requisitos legais, o réu não for reincidente em crime doloso, a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente,
bem como os motivos e circunstâncias autorizarem a concessão do benefício,
e não for indicada ou cabível a suspensão condicional da pena.
d) a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável
a qualquer condenação a privação de liberdade, facultado ao condenado

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cumprir a pena em menor tempo, nunca inferior à metade da sanção corporal


imposta.

Q26. VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito/2017


No tocante às penas privativas de liberdade, é correto afirmar que
a) o condenado por crime hediondo ou assemelhado, independentemente da
data de cometimento da infração, só poderá obter a progressão de regime
após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se primário, admitindo-
se a determinação de exame criminológico, desde que em decisão motivada.
b) o benefício de saída temporária no âmbito da execução penal, cabível para
os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto, é ato
jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do
estabelecimento prisional.
c) o reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato
definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito
em julgado da sentença penal condenatória no processo penal instaurado
para apuração do fato e interrompe a contagem do prazo para a progressão
de regime, o qual se reinicia a partir da decisão judicial que identificar a
infração.
d) é admissível a adoção do regime prisional fechado aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a 4 (quatro) anos de reclusão, se
desfavoráveis as circunstâncias judiciais, bem como vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão
da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito, se
fixada a pena-base no mínimo legal.

Q27. CESPE/MPE-RR/Promotor de Justiça/2017


Assinale a opção correta a respeito da dosimetria da pena segundo o
entendimento do STJ.
a) É possível a aplicação de pena inferior à mínima na segunda fase da
dosimetria da pena.
b) Apenas à confissão qualificada se impõe a incidência de atenuante na
segunda fase da dosimetria da pena.
c) Natureza e quantidade de droga não podem ser utilizadas,
concomitantemente, na primeira e na terceira fase da dosimetria da pena,
sob pena de bis in idem.
d) Não se admite compensação da atenuante da confissão espontânea com
a agravante da reincidência.

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Q28. FUNDEP/MPE-MG/Promotor de Justiça/2017


Quanto à fixação da pena, é CORRETO afirmar:
a) Que, se for reincidente o condenado a quem se imponha reclusão de até
4 (quatro) anos, o juiz fixará na sentença o regime fechado para início do
cumprimento da pena.
b) Embora prepondere na doutrina o entendimento de que apenas a
agravante genérica da reincidência se aplica aos crimes culposos, já admitiu
o Supremo Tribunal Federal, como tal, em crime culposo, o motivo torpe.
c) Que, no concurso de duas ou mais causas de aumento ou de diminuição,
promoverá o juiz, em qualquer caso, a incidência de uma só, recaindo a
==122e3e==

escolha, que é da lei, sobre a que mais aumente ou mais diminua.


d) Que, para a incidência da atenuante da clemência, é imprescindível que
não tenha sido reconhecida a configuração de qualquer outra expressamente
prevista em lei.

Q29. MPE-PR/MPE-PR/Promotor de Justiça/2016


Em tema de fixação da pena base, assinale a alternativa incorreta:
a) Leva-se em consideração os antecedentes criminais do agente, que, em
razão da aplicação do princípio da inocência, são considerados apenas as
condenações por crimes a penas privativas de liberdade, posteriores ao fato
que está sendo julgado;
b) Leva-se em consideração a culpabilidade, entendida como o grau de
reprovabilidade da conduta do agente;
c) Leva-se em consideração a conduta social, que se refere ao histórico da
vida social do condenado;
d) Leva-se em consideração as consequências do crime, sempre excluindo-
se aquelas que são as próprias de cada delito;
e) Leva-se em consideração as circunstâncias do crime, as quais não podem
coincidir com as circunstâncias agravantes e atenuantes.

Q30. MPE-PR/MPE-PR/Promotor de Justiça/2016


Considerando o entendimento sumulado dos Tribunais Superiores, analise
as assertivas abaixo e indique a alternativa:
I - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não
constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que
o permitido segundo a pena aplicada.

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II - Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativas de


liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa.
III - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
circunstâncias judiciais.
IV - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de
regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,
com base apenas na gravidade abstrata do delito.
a) Todas as assertivas estão corretas;
b) Apenas as assertivas I e III estão incorretas;
c) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas;
d) Apenas a assertiva II está incorreta;
e) Apenas as assertivas I e III estão corretas.

Q31. CESPE/MPE-SC/MPE-SC/2016
Em relação à dosimetria, segundo consta no entendimento da Súmula 443
do Superior Tribunal de Justiça, o aumento na terceira fase de aplicação da
pena no crime de roubo circunstanciado não exige fundamentação efetiva,
sendo suficiente para sua exasperação a indicação da quantidade de
majorantes.
o Certo
o Errado

Q32. CESPE/MPE-SC/MPE-SC/2016
A Súmula Vinculante 26 do Supremo Tribunal Federal, dispõe que para efeito
de livramento condicional no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º
da Lei n. 8.072/90 (Crimes Hediondos), sem prejuízo de avaliar se o
condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a
realização de exame criminológico.
o Certo
o Errado

Q33. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2016

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À luz da jurisprudência sumulada do STJ, assinale a opção correta referente


à aplicação da pena.
a) Em decorrência do princípio da individualização da pena, é possível aplicar
a majorante do roubo ao delito de furto qualificado pelo concurso de agentes,
desde que essa ação seja fundamentada nas circunstâncias do caso
concreto.
b) Ainda que a pena-base tenha sido fixada no mínimo legal, é admissível a
fixação de regime prisional mais gravoso que o cabível, em razão da sanção
imposta, com fundamento na gravidade concreta ou abstrata do delito.
c) Embora seja vedada a utilização de inquéritos policiais em andamento
para aumentar a pena-base, é possível a utilização de ações penais em curso
para requerer o aumento da referida pena.
d) É inadmissível a fixação de pena restritiva de direitos substitutiva da pena
privativa de liberdade como condição judicial especial ao regime aberto.
e) O número de majorantes referentes ao delito de roubo circunstanciado
pode ser utilizado como critério para a exasperação da fração incidente pela
causa de aumento da pena.

Q34. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2016


No tocante à jurisprudência sumulada pelo STJ quanto ao direito penal,
assinale a opção correta.
a) A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, com
fundamento em pena hipotética, é admitida, independentemente da
existência ou do resultado do processo penal.
b) Fixada a pena-base no mínimo legal, a decisão, fundamentada na
gravidade abstrata do delito, poderá estabelecer ao sentenciado regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta.
c) A contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de
pena será interrompida pela prática de falta grave e se reiniciará a partir do
cometimento dessa infração.
d) A falta grave interrompe o prazo para a obtenção de livramento
condicional.
e) A prática de falta grave interrompe o prazo para o fim de comutação de
pena ou indulto.

Q35. FCC/DPE-SC/Defensoria Pública/2017


Sobre a determinação do regime inicial de cumprimento de pena, é correto
afirmar:

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a) A hediondez do crime não permite a determinação do regime inicial


fechado para todos os casos, mas deve ser observada na determinação do
regime inicial.
b) Os crimes cometidos com violência contra a pessoa impedem a
determinação do regime inicial aberto.
c) A análise judicial das consequências do crime é irrelevante para a
determinação do regime inicial de cumprimento de pena, pois é circunstância
que já pode aumentar a pena-base.
d) Os crimes contra a honra, por serem punidos com detenção, impedem a
aplicação do regime inicial fechado, mesmo em caso de reincidência.
e) É possível a aplicação do regime inicial semiaberto para pena superior a
quatro anos no caso de réu reincidente, a depender do tempo de prisão
provisória cumprida por ele até a sentença.

6.2 – Gabarito
Q1. ERRADA Q14. D Q27. C
Q2. D Q15. A Q28. B
Q3. D Q16. D Q29. A
Q4. A Q17. B Q30. A
Q5. B Q18. C Q31. ERRADA
Q6. A Q19. B Q32. ERRADA
Q7. A Q20. C Q33. D
Q8. B Q21. B Q34. C
Q9. D Q22. B Q35. E
Q10. E Q23. A
Q11. E Q24. B
Q12. D Q25. B
Q13. D Q26. D

6.3 – Lista de Questões com Comentários

Q1. CESPE/Polícia Federal/Delegado de Polícia/2013


A respeito da pena pecuniária, julgue o item abaixo.
Item 26 A multa aplicada cumulativamente com a pena de reclusão pode ser
executada em face do espólio, quando o réu vem a óbito no curso da
execução da pena, respeitando - se o limite das forças da herança.
o Certo
o Errado

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Comentários
O princípio da intranscendência da pena impede que ela se estenda a outras
pessoas além do sujeito ativo do delito. Está previsto no artigo 5º, XLV, da CF:
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser,
nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
até o limite do valor do patrimônio transferido;
Como se percebe da leitura do dispositivo, as únicas exceções à intranscendência
da pena são a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
bens, devendo ambas respeitar o limite do patrimônio transferido quando
estendidas aos sucessores.
O item está incorreto. A pena de multa não é exceção à instranscendência da
pena. Portanto, a morte do autor acarreta a extinção da punibilidade.

Q2. FUNDEP/DEP-MG/Defensor Público/2014


Após ter cumprido a metade da pena por crime não hediondo, um indivíduo
reincidente obteve livramento condicional pelo período de cinco anos.
Faltando dois anos para a reaquisição integral da liberdade, ele foi
denunciado pela suposta prática de homicídio que teria sido praticado
durante o período de prova do livramento condicional.
Nesse caso,
a) haverá a revogação obrigatória e imediata do livramento condicional.
b) haverá a revogação facultativa do livramento condicional.
c) ao final do livramento condicional em gozo, não ocorrendo decisão
definitiva no novo processo, haverá extinção da pena pelo cumprimento.
d) ao final do livramento condicional em gozo, não havendo decisão
definitiva, deverá o livramento condicional ser prorrogado até o trânsito em
julgado no novo processo.

Comentários
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. No caso em que o agente
cometa crime na vigência do livramento, há a prorrogação do período de prova
até o julgamento definitivo, o que impede o juiz de julgar extinta a pena. É o que
se compreende por meio da leitura do art. 89 do Código Penal, que dispõe:
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a
sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do
livramento.

Q3. TRF 2ª Região/TRF 2ª Região/Juiz Federal/2017

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Assinale a opção correta:
a) Fixada a pena em seu mínimo legal, é possível estipular regime prisional
mais gravoso do que o previsto em razão da sanção imposta, desde que
presente a gravidade abstrata do delito e a perturbação causada à ordem
pública.
b) Fixada a pena-base em seu mínimo legal, é possível compensar a
atenuante da confissão espontânea e o aumento referente à continuidade
delitiva.
c) Reconhecida a incidência de duas ou mais causas de qualificação, ambas
serão utilizadas para qualificar o delito, influenciando a fixação da pena-base
que, nesse caso, será necessariamente definida acima do mínimo previsto
no preceito secundário do tipo qualificado.
d) É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da
atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência, não
havendo preponderância.
e) O tempo da prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, não deverá ser
computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de
liberdade.

Comentários
A alternativa A está incorreta. De acordo com Súmula 440 do STJ, neste caso,
é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o que
cabível em sanção imposta. Vejamos o inteiro teor do enunciado:
Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito.

A alternativa B está incorreta. Não é possível compensar a atenuante da


confissão espontânea e o aumento referente à continuidade delitiva. A atenuante
é valorada na segunda fase da dosimetria, enquanto a continuidade delitiva
implica em uma causa de aumento de pena, utilizada na terceira fase.
A alternativa C está incorreta. Reconhecida a incidência de duas ou mais causas
de qualificação, a doutrina e a jurisprudência apontam que o juiz deve utilizar-se
de uma delas para qualificar o crime e das demais como agravantes ou como
circunstâncias judiciais.
A alternativa D está correta. O STJ entende ser possível a compensação da
atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência, tendo a
tese sido firmada em sede de recurso repetitivo:
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). PENAL.
DOSIMETRIA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA E REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO.
POSSIBILIDADE. 1. É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da
atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência. 2. Recurso especial
provido. (REsp 1341370/MT, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 10/04/2013, DJe 17/04/2013)

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A alternativa E está incorreta. O art. 387, § 2º, do Código de Processo Penal
prevê o seguinte:
§ 2o O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou
no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena
privativa de liberdade.

Este artigo não foi estudado por ser matéria de Direito Processual Penal.

Q4. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2012


Assinale a opção correta com base no entendimento dos tribunais superiores
acerca de cominações legais.
a) Aplica-se ao crime continuado a lei penal mais grave caso a sua vigência
seja anterior à cessação da continuidade.
b) Aplica-se ao furto qualificado, em razão do concurso de agentes, a
majorante do roubo.
c) Fixada a pena-base no mínimo legal em face do reconhecimento das
circunstâncias judiciais favoráveis ao réu, é possível infligir-lhe regime
prisional mais gravoso considerando-se isoladamente a gravidade genérica
do delito.
d) A pena do crime de roubo circunstanciado, na terceira fase de aplicação,
será exasperada em razão do número de causas de aumento.
e) Aplica-se a continuidade delitiva aos crimes de estelionato, de receptação
e de adulteração de sinal identificador de veículo automotor, infrações penais
da mesma espécie.
A alternativa A está correta. O enunciado da alternativa é o exato entendimento
firmado pelo Supremo Tribunal Federal no enunciado da Súmula nº 711:
Súmula 711
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

A alternativa B está incorreta. O STJ, no enunciado da Súmula nº 442, firmou


o entendimento que esta majorante não se aplica ao furto qualificado. Vejamos:
Súmula 442
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.

Estudaremos este tema na Parte Especial.


A alternativa C está incorreta. De acordo com a Súmula nº 440 do Superior
Tribunal de Justiça, com base apenas na gravidade abstrata do delito é vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravosos do que o cabível em razão da
sanção imposta. Vejamos:
Súmula 440

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Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais
gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade
abstrata do delito.

A alternativa D está incorreta. Neste caso, como estudaremos na aula de delitos


patrimoniais, o STJ tem exigido fundamentação específica, não bastando a
menção ao número de majorantes.
A alternativa E está incorreta. Segundo entendimento do STJ, os crimes de
estelionato, receptação e adulteração de sinal identificador de veículo automotor
não são infrações penais da mesma espécie. Vejamos:
RECURSO ESPECIAL. PENAL. CONTINUIDADE DELITIVA CRIMES DE ESPÉCIES DIFERENTES.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STF E DO STJ.
1. Não há como reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de estelionato,
receptação e adulteração de sinal identificador de veículo automotor, pois são infrações
penais de espécies diferentes, que não estão previstas no mesmo tipo fundamental.
Precedentes do STF e do STJ. 2. Recurso desprovido. (REsp 738.337/DF, Rel. Ministra
LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 17/11/2005, DJ 19/12/2005, p. 466)

Veremos continuidade delitiva na aula seguinte.

Q5. FMP Concursos/TJ-MT/Juiz de Direito/2014


De acordo com entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal,
assinale a afirmativa correta.
a) A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, é considerada, para concessão de
outros benefícios, como livramento condicional ou regime mais favorável de
execução.
b) A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
c) Impede a progressão de regime de execução de pena, fixada em sentença
não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
d) A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena
aplicada permitir não exige motivação idônea
e) Admite-se a suspensão condicional do processo por crime continuado, se
a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de
um sexto for superior a um ano

Comentários

A alternativa A está incorreta. A Súmula nº 715 do STF dispõe o seguinte:


A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo
art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o
livramento condicional ou regime mais favorável de execução.

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A alternativa B está correta. A alternativa transcreve o enunciado da Súmula nº
711 do STF, que dispõe o seguinte:
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

A alternativa C está incorreta. A Súmula nº 717 do STF dispõe o seguinte:


Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não
transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.

A alternativa D está incorreta. A Súmula nº 719 do STF dispõe o seguinte:


A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige
motivação idônea.

A alternativa E está incorreta. A Súmula nº 723 do STF dispõe o seguinte:


Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da
pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um
ano.

A suspensão condicional do processo é matéria de Direito Penal Especial, ou


seja, da legislação penal extravagante.

Q6. VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto/2017


Na aplicação da pena,
a) é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base, configurando-se, porém, a má antecedência se o
acusado ostentar condenação por crime anterior, transitada em julgado após
o novo fato.
b) a incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à redução da
pena abaixo do mínimo legal, a não ser que utilizada a confissão para a
formação do convencimento do julgador, hipótese em que o réu fará jus à
diminuição, ainda que aquém do piso.
c) o desconhecimento da lei constitui circunstância atenuante, podendo
ainda a pena ser atenuada em razão de fato relevante, embora não previsto
em lei, desde que necessariamente anterior ao crime.
d) a reincidência não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial, não prevalecendo a
condenação anterior, contudo, se entre a data do trânsito em julgado para
a acusação da condenação anterior e a infração posterior tiver decorrido
período de tempo superior a 5 (cinco) anos.

Comentários:

A alternativa A está correta. A primeira parte da assertiva se refere à assunto


sumulado pelo STJ por meio do enunciado 444:

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Súmula nº 444
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base.

A segunda parte da assertiva da alternativa dispõe que configura a má


antecedência se o acusado ostentar condenação por crime anterior, transitada
em julgado após o novo fato. Para efeitos de reincidência, a condenação por crime
anterior deve transitar em julgado antes da prática de novo fato criminoso, como
determina do art. 64 do Código Penal:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar
em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime
anterior.

Deste modo, a condenação anterior apenas servirá como mau antecedente, caso
transite em julgado após o novo fato, mas antes da sentença.

A alternativa B está incorreta. De acordo como o enunciado da Súmula nº 231


do STJ, não há nenhuma ressalva a regra:
Súmula nº 231
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do
mínimo legal.

A alternativa C está incorreta. O desconhecimento da lei constitui circunstância


atenuante, conforme art. 65, inciso II do Código Penal:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
II - o desconhecimento da lei;

Entretanto, a pena ser atenuada em razão de fato relevante, anterior ou


posterior ao crime, embora não previsto em lei, nos termos do art. 66 do
Código Penal:
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior
ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

A alternativa D está incorreta. É certo que a reincidência não pode ser


considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como
circunstância judicial, conforme determina a Súmula nº 241 do STJ:
Súmula nº 241 do STJ
A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial.

Todavia, a afirmação de que “não prevalecendo a condenação anterior, se entre


a data do trânsito em julgado para a acusação da condenação anterior e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos”
está incorreta pelo fato de que o período depurador ocorre entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior, conforme art. 64, inciso
I do Código Penal:

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Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da
pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos,
computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
revogação;

Q7. MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça/2017


A confissão judicial do réu implica em
a) compensação com eventual circunstância agravante.
b) diminuição de sua pena final.
c) compensação com eventual majorante.
d) redução máxima da pena em face da presença de causa especial de
diminuição de pena.
e) redução de sua pena base.

Comentários:
A alternativa A está correta. O STJ entende ser possível a compensação da
atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência, por
exemplo, tendo a tese sido firmada em sede de recurso repetitivo:
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). PENAL.
DOSIMETRIA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA E REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO.
POSSIBILIDADE. 1. É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da
atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência. 2. Recurso especial
provido. (REsp 1341370/MT, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 10/04/2013, DJe 17/04/2013)

Q8. VUNESP/TJ-RS/Defensor Público/2018


Estritamente nos termos do quanto prescreve o art. 39 do CP, o trabalho do
preso
a) não é obrigatoriamente remunerado, mas se lhe garantem,
facultativamente, os benefícios da Previdência Social.
b) será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da
Previdência Social.
c) não é obrigatoriamente remunerado, mas se lhe garantem os benefícios
da Previdência Social.
d) não é remunerado e não se lhe garantem os benefícios da Previdência
Social.
e) será sempre remunerado, contudo, não se lhe garantem os benefícios da
Previdência Social.

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Comentários:

A alternativa B está correta. Conforme o art. 39 do Código Penal, o trabalho do


preso sempre será remunerado e sempre lhe serão garantidos os benefícios da
Previdência Social. Vejamos:
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios
da Previdência Social.

Q9. VUNESP/TJ-RS/Defensor Público/2018


A pena restritiva de direitos (CP, arts. 43 a 48)
a) na modalidade perda de bens e valores pertencentes ao condenado, dar-
se-á em favor da vítima.
b) na modalidade prestação de serviços, pode ser substitutiva de qualquer
pena privativa de liberdade igual ou inferior a quatro anos.
c) admite exclusivamente as modalidades de prestação pecuniária, perda de
bens e valores, limitação de fim de semana e prestação de serviço à
comunidade ou entidade pública.
d) converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento
injustificado da restrição imposta.
e) só pode ser aplicada a condenados primários.

Comentários:

A alternativa A está incorreta. A pena restritiva de direito na modalidade perda


de bens e valores pertencentes ao condenado dar-se-á em favor do Fundo
Penitenciário Nacional, conforme dispõe o § 3º do art. 45 do Código Penal:
Art. 45. § 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada
a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto
– o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou
por terceiro, em conseqüência da prática do crime.

A alternativa B está incorreta. A prestação de serviços, pode ser substitutiva de


qualquer pena privativa de liberdade superior a seis meses, como dispõe o art.
46 do Código Penal:
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às
condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.

A alternativa C está incorreta. Dentre as modalidades mencionadas, observa-se


que faltou a interdição temporária de direitos. Os incisos do art. 43 do Código
Penal elenca o rol das modalidades, vejamos:
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;

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II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.

A alternativa D está correta. O art. 44, § 4º do Código Penal traz esta previsão
nos exatos termos da alternativa:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando:
§ 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando
ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena
privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de
direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão

A alternativa E está incorreta. O art. 44, § 3º do Código Penal prevê a


possibilidade de aplicação de pena restritiva de direitos ao condenado reincidente,
nos seguintes termos:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando:
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em
face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não
se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.

Q10. FCC/DPE-AP/Defensor Público/2018


Com base no entendimento dos tribunais superiores, considere as seguintes
assertivas sobre a reincidência:
I. Crimes eleitorais, por serem equiparados a crimes políticos após a CF/88,
não geram reincidência.
II. Condenação transitada em julgado pelo porte de entorpecentes para
consumo (art. 28 da Lei nº 11.343/2006) gera reincidência.
III. Para o cálculo de período depurador de cinco anos, computa-se o período
de sursis, mas não o de livramento condicional.
IV. É considerada como marco interruptivo da prescrição da pretensão
executória na data do trânsito em julgado do novo delito e não na data de
seu cometimento.
V. Para fazer prova da reincidência não é necessário certidão, sendo
suficiente a informação constante da folha de antecedentes.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e IV.

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b) I, II e IV.
c) III, IV e V.
d) III e V.
e) II e V.

Comentários:

O Item I está incorreto. Crimes políticos são aqueles que se voltam contra a
ordem política, devendo estar presente a motivação política do agente. No caso
do Direito Penal brasileiro, estão previstos na Lei de Segurança Nacional, Lei nº
7.170/83.

O Item II está correto. De acordo com entendimento dos tribunais superiores, o


porte de entorpecentes para consumo gera reincidência, por ter a natureza de
crime.

O item III está incorreto. Para o cálculo de período depurador de cinco anos,
computa-se o período de sursis e do livramento condicional.
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da
pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos,
computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não
ocorrer revogação;

O item IV está incorreto. O marco interruptivo da prescrição da pretensão


executória é a data do cometimento, e não a do trânsito em julgado.

O item V está correto. Para fazer prova da reincidência basta a informação


constante da folha de antecedentes. Este tem sido o entendimento do STJ.

Portanto, a alternativa E está correta.

Q11. FCC/DPE-AP/Defensor Público/2018


O lapso temporal para progressão de regime é de
a) metade, em caso de reincidente em crime doloso.
b) um terço, em caso de roubo majorado.
c) três quintos, em caso de crime cometido com violência ou grave ameaça
contra a pessoa.
d) dois quintos, em caso de homicídio simples, se primário.
e) um sexto, em caso de tráfico de drogas na forma privilegiada.
Comentários:

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Em regra, a progressão da pena depende do cumprimento de 1/6 (um sexto da
pena), além do mérito do sentenciado. Entretanto, no caso de crimes hediondos
e equiparados, a fração passa a ser de 2/5 (dois quintos), se o executado for
primário, ou de 3/5 (três quintos), se reincidente, nos termos do artigo 2º, § 2º,
da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).
O crime de tráfico privilegiado não é considerado hediondo e, por isso, submete-
se ao prazo dos crimes comuns.
Portanto, a alternativa E está correta.

Q12. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018


Os antecedentes criminais
a) podem ser considerados negativamente na aplicação da pena com o
registro de atos infracionais, vedando-se, contudo, para efeitos de
reincidência.
b) podem aumentar a pena-base acima do mínimo legal com o registro
decorrente da aceitação de transação penal pelo acusado.
c) podem ser verificados a partir da existência de ações penais em curso,
mas não de inquéritos policiais na mesma condição.
d) podem ser considerados para fins de cabimento da substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos.
e) constituem circunstância agravante que incide com a regular certidão
comprobatória de condenação anterior.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Os atos infracionais não geram reincidência, e
também não são considerados maus antecedentes. Este entendimento tem sido
firmado pelo STJ:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. DESCABIMENTO. ROUBO
DUPLAMENTE MAJORADO. 1. PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. ATO
INFRACIONAL CONSIDERADO COMO MAUS ANTECEDENTES. INADMISSIBILIDADE.
PRECEDENTES. 2. CAUSAS DE AUMENTO. CONCURSO DE AGENTES E EMPREGO DE ARMA
DE FOGO. DOSIMETRIA. FRAÇÃO ELEITA DE 3/8. CRITÉRIO MERAMENTE MATEMÁTICO.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. SÚMULA 443, DO STJ. ILEGALIDADE. 3. WRIT CONCEDIDO
DE OFÍCIO. 1. Os Tribunais Superiores restringiram o uso do habeas corpus e não mais o
admitem como substitutivo de recursos, e nem sequer para as revisões criminais. 2. O
entendimento vigente nesta Corte Superior é o de que atos infracionais não podem ser
considerados maus antecedentes para a elevação da pena-base, tampouco para a
reincidência. (...) (HC 289.098/SP, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA,
julgado em 20/05/2014, DJe 23/05/2014)

A alternativa B está incorreta. De acordo com o STJ, os antecedentes criminais


não podem aumentar a pena-base acima do mínimo legal com o registro
decorrente da aceitação de transação penal pelo acusado. Vejamos:

Direito Penal p/ DPE-MG (Defensor Público)


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PENAL. PENA. FIXAÇÃO. TRANSAÇÕES PENAIS ANTERIORES. CONSIDERAÇÃO COMO MAUS
ANTECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE. APELAÇÃO EM TRÂMITE. SUPERVENIÊNCIA DA LEI Nº
9.714/98. CONSIDERAÇÃO PELO TRIBUNAL AO JULGAR O RECURSO. 1 - A sentença
homologatória de transação penal, realizada nos moldes da Lei nº 9.099/95, não
obstante o caráter condenatório impróprio que encerra, não gera reincidência,
nem fomenta maus antecedentes, acaso praticada posteriormente outra infração.
(...) (HC 13.525/MS, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, SEXTA TURMA, julgado em
24/10/2000, DJ 04/12/2000, p. 110)

A alternativa C está incorreta. O STJ por meio do enunciado da Súmula nº 144,


firmou o entendimento que:
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base.

A alternativa D está correta. É o que dispõe o art. 44, III do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando:
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado,
bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.

A alternativa E está incorreta. Os maus antecedentes são utilizados para a


fixação da pena base, sendo consideradas circunstâncias judiciais. São
circunstâncias judiciais: a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a
personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias e as consequências do
crime e o comportamento da vítima. Estão estipuladas no artigo 59, do Código
Penal, notadamente no que se refere ao previsto no inciso II:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente
para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se
cabível.

Q13. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018


A pena restritiva de direitos
a) pode substituir a privativa de liberdade em caso de reincidente em crime
culposo, salvo se a pena for superior a quatro anos.
b) de limitação de fim de semana é vedada para crimes patrimoniais e contra
a administração pública.
c) de prestação pecuniária é indisponível e por isso não pode consistir em
prestação de outra natureza mesmo com concordância da vítima.

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d) de prestação de serviço à comunidade pode ser cumprida em tempo
menor do que a pena privativa de liberdade substituída, se esta for superior
a um ano.
e) pode ser cumulada com medida de segurança na modalidade de
tratamento ambulatorial, pois não implica em restrição da liberdade.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois, a pena restritiva de diretos pode substituir
a privativa de liberdade em caso de crime culposo, qualquer que seja a pena
aplicada. Se o condenado for reincidente, deverão ser observados os requisitos
legais previsto no § 3º do art. 44 do Código Penal. Os requisitos para a
substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos foram
trazidos pelo legislador no artigo 44 do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em
face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não
se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a
executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo
de trinta dias de detenção ou reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal
decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena
substitutiva anterior.

A alternativa B está incorreta. O Código Penal e a Lei de Execução Penal não


fazem qualquer restrição.
A alternativa C está incorreta. A pena de prestação pecuniária pode consistir
em prestação de outra natureza, com concordância da vítima, conforme dispõe o
§ 2o do art. 45 do Código Penal:
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na forma
deste e dos arts. 46, 47 e 48.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação
pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza.

A alternativa D está correta. A pena de prestação de serviço à comunidade pode


ser cumprida em tempo menor do que a pena privativa de liberdade substituída,

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se esta for superior a um ano, como determina o art. 46, em seu § 4º do Código
Penal:
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às
condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena
substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de
liberdade fixada.

A alternativa E está incorreta. A pena restritiva de direitos não pode ser


cumulada com medida de segurança, pois no Brasil vigora o sistema vicariante,
sendo assim, não possível a imposição cumulativa ou sucessiva de pena e medida
de segurança.

Q14. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018


A progressão de regime de cumprimento de pena
a) ao regime aberto deve ser acompanhada de exame criminológico para
aferição do prognóstico de reincidência do condenado.
b) requer o cumprimento de três quintos da pena para o reincidente
específico no crime de roubo.
c) tem como data-base para segunda progressão a data da decisão judicial
que concedeu a primeira, conforme entendimento dos Tribunais Superiores.
d) composta por uma condenação por crime comum e outra por crime
hediondo se dá com o cumprimento de um sexto da pena da primeira mais
dois quintos da segunda.
e) pode ficar condicionada à existência de vaga em regime prisional mais
brando.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. De acordo com o enunciado da Súmula 439 do
STJ, o exame criminológico não é obrigatório na progressão do regime. Vejamos:
Súmula 439
Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão
motivada.

A alternativa B está incorreta. Em regra, a progressão da pena depende do


cumprimento de 1/6, além do mérito do sentenciado.
A alternativa C está incorreta. O marco inicial para futuras progressões será a
data em que o apenado preencher os requisitos legais, conforme entendimento
do STF e STJ. Vejamos um acórdão nestes sentido:
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO
CABIMENTO. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. DECISÃO DE NATUREZA
DECLARATÓRIA. ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. NOVA ORIENTAÇÃO
DESTA CORTE SUPERIOR. DATA-BASE PARA FUTURAS PROGRESSÕES. DATA NA QUAL

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IMPLEMENTADOS OS REQUISITOS OBJETIVO E SUBJETIVO DO ART. 112 DA LEI DE
EXECUÇÃO PENAL. ANÁLISE CASUÍSTICA PARA DEFINIR O MOMENTO EM QUE PREENCHIDO
O ÚLTIMO REQUISITO PENDENTE. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
(...) III - A Segunda Turma do Excelso Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC n.
115.254/SP, de relatoria do e. Min. Gilmar Mendes, firmou entendimento de que a decisão
que concede a progressão de regime tem natureza declaratória, e não constitutiva, razão
pela qual o marco inicial para futuras progressões será a data em que o apenado preencher
os requisitos legais, e não a do início da reprimenda no regime anterior.
(...) (HC 414.156/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
21/11/2017, DJe 29/11/2017)

A alternativa D está correta. A regra geral é a exigência de 1/6 de pena


cumprida. Quanto ao delito hediondo, o art. 2º da Lei 8072/90 prevê:
Art. 2 § 2º - A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste
artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for
primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente.

A alternativa E está incorreta. A Súmula Vinculante nº 56 determina:


A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em
regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nesta hipótese, os parâmetros fixados
no Recurso Extraordinário (RE) 641320.

Q15. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018


Em se tratando de regime aberto, a pena deverá ser cumprida em
a) casa de albergado.
b) penitenciária.
c) centro de observação.
d) colônia agrícola.
e) cadeia pública.
Comentários:
A alternativa A está correta. O artigo 33, caput e § 1º, do Código Penal prevê
os regimes de cumprimento de pena e o local de cumprimento:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

Q16. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018

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Assinale a opção correta, a respeito das regras do regime fechado de
cumprimento das penas privativas de liberdade previstas na legislação
vigente.
a) Em regra, o condenado a pena privativa de liberdade superior a quatro
anos iniciará o seu cumprimento no regime fechado.
b) A pena de reclusão deve ser cumprida exclusivamente em regime
fechado.
c) A execução da pena em regime fechado deverá ocorrer exclusivamente
em estabelecimento de segurança máxima.
d) O condenado que cumpre pena no regime fechado pode ser autorizado a
realizar trabalho externo em serviços ou obras públicas.
e) O condenado que cumpre a pena no regime fechado deve ficar isolado
durante o repouso noturno e, durante o dia, deve trabalhar em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Em regra, o condenado a pena privativa de
liberdade superior a 8 (oito) anos iniciará o seu cumprimento no regime fechado,
conforme dispõe o art. 33, § 2º, alínea a do Código Penal:
Art. 33. § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime
fechado;

A alternativa B está incorreta. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime


fechado, semi-aberto e aberto, de acordo com o caput do art. 33 do Código Penal:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto.
A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a
regime fechado.

A alternativa C está incorreta. A execução da pena em regime fechado deverá


ocorrer exclusivamente em estabelecimento de segurança máxima ou médica,
como preceitua o art. 33, § 1º, alínea a:
Art. 33. § 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;

A alternativa D está correta. É o que dispõe o § 3º do art. 34 do Código Penal:


Art. 34. § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras
públicas.

A alternativa E está incorreta. O condenado que cumpre a pena no regime


semiaberto, durante o dia, deve trabalhar em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar., como dispõe o art. 35, § 1º, do Código Penal:
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o
cumprimento da pena em regime semi-aberto.

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§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar.

Q17. CESPE/PC-MA/Delegado de Polícia/2018


A respeito das teorias que tratam das funções da pena, assinale a opção
correta.
a) A teoria correcionalista considera que a pena se esgota na ideia da
retribuição como resposta ao mal causado pelo autor do crime.
b) A teoria preventiva geral positiva considera que a pena tem a função de
inibir comportamentos antissociais e moldar comportamentos socialmente
aceitos.
c) A teoria absoluta considera que a pena possui caráter retributivo,
preventivo e ressocializador.
d) A teoria preventiva geral considera a pena como um meio para prevenir
a reincidência do indivíduo.
e) A teoria preventiva especial considera a pena como um meio para
intimidar os potenciais praticantes de condutas delituosas.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A teoria correcionalista considera que a pena
possui a finalidade de corrigir o delinquente.
A alternativa B está correta. Para a teoria preventiva geral positiva, a pena visa
a demonstrar a todos a eficácia da lei. Deste modo, as penas são a demonstração
de que a norma é eficaz, por estar acompanhada de uma sanção para o caso de
seu descumprimento.
A alternativa C está incorreta. Segundo a teoria absoluta, a finalidade da pena
é a punição do agente. A pena representa a resposta do Estado para aquele que
praticou uma infração penal. É a retribuição ou o castigo que devem ser aplicados
a quem violou a norma.
A alternativa D está incorreta. De acordo com a teoria preventiva geral, a pena
deve coagir toda a sociedade, psicologicamente, como também visa a demonstrar
a todos a eficácia da lei.
A alternativa E está incorreta. Para a teoria preventiva especial, a pena busca
evitar que o agente volte a delinquir, bem como visa à ressocialização do agente.

Q18. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018


André e Bruno, companheiros de cela em determinada penitenciária, são
assistidos pela Defensoria Pública do Estado de Pernambuco. André cumpre
pena de seis anos por furto qualificado e tem como antecedente criminal
uma condenação de um ano e oito meses por crime culposo, já cumprida.

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Bruno, por sua vez, cumpre pena de nove anos por tráfico de drogas e não
possui antecedentes criminais.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta a respeito
do livramento condicional de André e Bruno.
a) Bruno não fará jus ao livramento condicional, uma vez que foi condenado
por crime equiparado a crime hediondo.
b) Caso André cometa falta grave no cumprimento da pena, o prazo para
seu livramento condicional será interrompido.
c) A concessão do benefício do livramento condicional a André dependerá de
ele cumprir um terço da pena e a Bruno de ele cumprir dois terços da pena.
d) Apesar de ser hipossuficiente, André será beneficiado com o livramento
condicional somente se reparar o dano causado em decorrência da prática
do furto qualificado.
e)Por ser reincidente, André atenderá ao requisito temporal para o
livramento condicional apenas após ter cumprido metade da pena.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Bruno fará jus ao livramento condicional, mesmo
com a condenação em crime equiparado a hediondo, nos termos do art. 83, inciso
V do Código Penal:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.

A alternativa B está incorreta. A prática de falta grave, no curso do cumprimento


da pena privativa de liberdade, não interrompe o prazo para obtenção do
livramento condicional. Cuida-se de entendimento já sumulado pelo STJ,
referente ao enunciado nº 441:
A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.

A alternativa C está correta. Vale relembrar os requisitos por meio deste


quadro:

Lapso temporal para


Crime Situação do condenado
o LC

Não reincidente em crime doloso e


1/3
portador de bons antecedentes
Comum

Reincidente em crime doloso 1/2

Hediondo Não reincidente específico 2/3

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Equiparado (tráfico de drogas,


tortura e terrorismo)

Tráfico de pessoas

Hediondo

Equiparado (tráfico de drogas,


Reincidente específico VEDADO
tortura e terrorismo)

Tráfico de pessoas

A banca, de um concurso da defensoria, considerou que, não sendo reincidente


(não há informação específica no enunciado), a ele deve ser aplicado o prazo de
1/3. Há divergências, pois o prazo de 1/3 menciona que o beneficiado deve ser
“portador de bons antecedentes”.

A alternativa D está incorreta. Por ser hipossuficiente, André será beneficiado


com o livramento condicional mesmo se não reparar o dano causado em
decorrência da prática do furto qualificado, se comprar a impossibilidade de fazê-
lo como determina o inciso IV do art. 83 do Código Penal:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;

A alternativa E está incorreta. André não é reincidente em delito doloso,


portanto, atenderá ao requisito temporal para o livramento condicional após ter
cumprido um terço da pena. É o que define o art. 83, inciso II do Código Penal:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;

Q19. CESPE/DPE-AL/Defensor Público/2017


Quanto às circunstâncias agravantes e às atenuantes, assinale a opção
correta.
a) Constitui atenuante genérica o erro sobre a ilicitude do fato, embora o
desconhecimento da lei seja inescusável.
b) Inexiste, nas agravantes e atenuantes genéricas, previsão legal taxativa
acerca do quantum a ser aplicado, cabendo ao juiz defini-lo.
c) As circunstâncias agravantes incidem apenas sobre os crimes dolosos.
d) A circunstância atenuante referente à senilidade é definida pelo Estatuto
do Idoso.

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e) A clemência incide em circunstâncias anteriores à prática do crime, nas
hipóteses previstas expressamente no CP.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. O erro sobre a ilicitude do fato constitui erro de
proibição.
A alternativa B está correta. Na segunda fase da dosimetria, são consideradas
as circunstâncias agravantes e atenuantes. Neste caso, também não há a fixação
de uma fração, pela lei, para a diminuição ou o aumento da pena, sendo que a
jurisprudência aponta como utilizável fração de 1/6 (um sexto).
A alternativa C está incorreta. A reincidência, por exemplo, incide sobre os
crimes culposos como circunstância agravante.
A alternativa D está incorreta. A circunstância atenuante referente à senilidade
é definida pelo Código Penal, no art. 65, inciso I:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos,
na data da sentença;

A alternativa E está incorreta. A clemência, ou atenuante genérica, incide em


circunstâncias anteriores e posteriores à prática do crime, não havendo hipóteses
previstas em lei.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior
ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

Q20. CESPE/DPE-AL/Defensor Público/2017


Celso, réu primário, condenado definitivamente por homicídio qualificado,
conseguiu livramento condicional. Durante o cumprimento do livramento
condicional, ele foi condenado novamente pelo crime de roubo, o qual havia
sido praticado antes da vigência do benefício.
A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) A situação de Celso enseja prorrogação imediata do período de prova do
livramento condicional.
b) O livramento condicional não poderá ser novamente concedido a Celso,
em razão da reincidência específica em crimes dolosos.
c) As penas de Celso devem somar-se, para efeito do livramento, quando
ocorrer o trânsito em julgado da sentença condenatória.
d) O período em que Celso ficou em liberdade não será computado na pena.
e) A nova condenação de Celso, independentemente do trânsito em julgado
da sentença, resulta na revogação imediata do benefício de livramento
condicional.

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Comentários:
A alternativa A está incorreta. A situação de Celso enseja a revogação do
livramento condicional, conforme determina o art. 86, inciso II do Código Penal:
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de
liberdade, em sentença irrecorrível:
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.

A alternativa B está incorreta. O livramento condicional pode ser novamente


concedido a Celso, de acordo com o art. 141 da Lei de Execução Penal, que
dispõe:
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do livramento,
computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida,
para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas.

A alternativa C está correta. Somam-se as penas para efeito do livramento,


conforme art. 84 do Código Penal:
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do
livramento.

A alternativa D está incorreta. O período em que Celso ficou em liberdade será


computado na pena. É o que dispõe o art. 84 do Código Penal:
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a
revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta
na pena o tempo em que esteve solto o condenado.

A alternativa E está incorreta. A nova condenação de Celso, independentemente


do trânsito em julgado da sentença, não resulta na revogação imediata do
benefício de livramento condicional. Dispõe o art. 86, caput do Código Penal que
a revogação do livramento ocorre se o liberado vem a ser condenado em sentença
irrecorrível. Vejamos:
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de
liberdade, em sentença irrecorrível:

Q21. FCC/PC-AC/Delegado de Polícia/2017


Segundo o regime do livramento condicional,
a) a notícia da prática de infração penal implica imediata revogação do
livramento condicional.
b) será julgada extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do
livramento sem revogação.
c) é vedada a concessão do livramento condicional para o preso que não
gozou de 5 saídas temporárias ao longo da execução da pena.
d) é incabível para pessoas condenadas por crime hediondo ou cometidos
com violência ou grave ameaça contra a pessoa.

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e) o livramento condicional é direito subjetivo do sentenciado que cumprir
um sexto da pena e apresentar bom comportamento carcerário.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A notícia da prática de infração penal não implica
na revogação do livramento condicional, mas sim a condenação transitada em
julgado, de acordo com termos do art. 86 do Código Penal:
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de
liberdade, em sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.

A alternativa B está correta. A alternativa refere-se aos exatos termos do art.


90 do Código Penal:
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena
privativa de liberdade.

A alternativa C está incorreta. Não existe nenhuma condição do livramento


condicional a saídas temporárias.
A alternativa D está incorreta. O livramento condicional é cabível para pessoas
condenadas por crime hediondo ou cometidos com violência ou grave ameaça
contra a pessoa, conforme prevê o art 83, inciso V do Código Penal:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.

A alternativa E está incorreta. Livramento condicional é o benefício que consiste


na soltura antecipada do executado, mediante o preenchimento de determinadas
condições. No caso de réu não reincidente em crime doloso e bons antecedentes,
o lapso é de um terço. Na hipótese de condenado que seja reincidente em crime
doloso, a fração é de metade da pena. Por fim, no caso de condenados por crime
hediondo ou equiparado (tráfico de drogas, tortura e terrorismo) e de tráfico de
pessoas, a fração é de dois terços, desde que não seja reincidente específico.

Q22. FAPEMS/PC-MS/Delegado de Polícia/2017


Considere o seguinte relato.
Ricardo foi preso em flagrante por crime de estelionato em fevereiro de 2005
em Corumbá-MS, sendo definitivamente condenado, dois meses depois, à
pena de reclusão de dois anos. Cumprida a condenação, resolveu ir ao
Paraguai visando a novas oportunidades. Porém, desempregado, voltou a
delinquir em solo estrangeiro, sendo condenado no mês de setembro de
2008 à pena de três anos por crime de roubo. Em janeiro de 2009, enquanto
aguardava em liberdade o julgamento de seu recurso, fugiu para a cidade

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de Ponta Porã-MS, fixando residência. Nesta cidade, trabalhou como garçom
no "Bar da Cana" até março de 2012, quando foi preso pela Polícia Militar
por utilizar o local como ponto de venda de drogas. Na sentença pelo crime
de tráfico de drogas (artigo 33, da Lei n° 11.343/2006), o julgador agravou
a pena de Ricardo por considerá-lo reincidente.
Quanto à decisão, assinale a alternativa correta.
a) O sentenciante se equivocou ao considerar o réu reincidente, pois, quanto
ao primeiro crime, ignorou o período de detração penal.
b) O sentenciante agravou corretamente a pena, pois o prazo de cessação
da reincidência ocorre apenas cinco anos após o cumprimento da pena e,
neste caso, sucederia no mês de abril de 2012.
c) O sentenciante se equivocou, pois, para fins de reincidência, não se
considera uma infração anterior quando praticada fora do território nacional.
d) O sentenciante sopesou corretamente a agravante, pois entre as datas de
prática do segundo e do terceiro crimes, não decorreu um período de tempo
superior a cinco anos.
e) O sentenciante se equivocou quanto à reincidência, pois, entre as datas
de prática do primeiro e do último crime, decorreu período de tempo superior
a cinco anos.
Comentários:
Como vimos em aula, a reincidência está regulada no artigo 64 do Código Penal:
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da
pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos,
computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.

Portanto, a condenação por ato anterior deixa de ensejar a reincidência após o


decurso do prazo depurador a partir do cumprimento ou da extinção da pena,
sendo que devem ser computados os períodos de prova da suspensão condicional
da pena ou do livramento condicional, caso os benefícios não tenham sido
revogados. O prazo é de um lustro, ou seja, de 5 anos. Após o transcurso de
referido interregno, a condenação anterior não poderá mais ser considerada para
reconhecimento da reincidência.
No que se refere ao primeiro crime, a condenação ocorreu em abril de 2005 e a
data do cumprimento da pena ocorreu em abril de 2009, assim, o prazo
depurador se encerraria em abril de 2012. Porém, como Ricardo praticou novo
crime em março de 2012, o juiz poderia considerá-lo reincidente.
Com relação ao roubo, apenas para explicar, não poderia ser utilizado para
reconhecimento da reincidência, por não haver trânsito em julgado.
Portanto, a alternativa B está correta.

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Q23. FAPEMS/PC-MS/Delegado de Polícia/2017


No que diz respeito ao sistema de aplicação da pena, assinale a alternativa
correta.
a) No caso de condenado reincidente em crime doloso, porém com as
circunstâncias do artigo 59 do Código Penal inteiramente favoráveis, a pena-
base pode ser aplicada no mínimo legal.
b) A qualificadora da torpeza no crime de homicídio (CP, artigo 121, § 2°,
inciso I) determina a majoração do quantum de pena privativa de liberdade
na terceira fase da dosimetria.
c) O início do cumprimento de pena privativa por condenação pelo crime de
homicídio culposo na direção de veículo automotor (artigo 302 da Lei n°
9.503/1997) sempre será no regime fechado em razão da gravidade da
conduta em relação ao bem jurídico protegido penalmente.
d) Sendo as circunstâncias judiciais favoráveis, admite-se a fixação do
regime inicial aberto para o condenado reincidente, quando a pena fixada na
sentença é igual ou inferior a quatro anos.
e) Na sentença condenatória por crime de estelionato (CP,artigo 171, caput),
a pena aplicada em um ano de prisão pode ser substituída por duas penas
restritivas de direitos, desde que presentes os requisitos previstos no artigo
44 do Código Penal.
Comentários:
A alternativa A está correta. Somente na segunda fase da individualização da
pena, o magistrado deve reconhecer a reincidência como circunstância
agravante. É o que dispõe o art. 61, inciso I do Código Penal:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
I - a reincidência;

A alternativa B está incorreta. Na primeira fase da dosimetria, parte-se da pena


mínima abstratamente cominada ao delito, seja do tipo simples ou do qualificado.
Se o fato se subsumir no tipo qualificado, é o limite mínimo previsto para a
qualificadora que será considerado. Desta forma, a qualificadora da torpeza no
crime de homicídio (CP, artigo 121, § 2°, inciso I) determina a fixação da pena
base, impondo limites mínimo e máximo.
A alternativa C está incorreta. A pena privativa prevista por condenação pelo
crime de homicídio culposo na direção de veículo é de no máximo quatro anos,
razão pela qual o início de cumprimento da pena não será no regime fechado.
Relembrando, para a fixação do regime inicial fechado de cumprimento de pena,
o juiz deverá observar o regramento do artigo 33, § 2º:

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Art. 33 § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva,
segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as
hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime
fechado;

A alternativa D está incorreta. Sendo as circunstâncias judiciais favoráveis,


admite-se a fixação do regime inicial aberto para o condenado não reincidente,
quando a pena fixada na sentença é igual ou inferior a quatro anos, conforme
dispõe o art. 33, § 2º, alínea c:
Art. 33 § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva,
segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as
hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto.

A alternativa E está incorreta. Neste caso, a pena de um ano de prisão pode ser
substituída por uma pena restritiva de direitos, nos termos do artigo 44, § 1º, do
CP:
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por
multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa
de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas
restritivas de direitos

Q24. MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça/2017


A prática de lesão corporal de natureza leve por condutor de veículo
automotor, reincidente por crime doloso, pode gerar condenação, cuja pena
deverá ser
a) privativa de liberdade, aumentada de um a dois terços.
b) privativa de liberdade e de suspensão da habilitação para a condução de
veículo automotor.
c) privativa de liberdade, além de multa e perda da permissão para a
condução de veículo automotor.
d) pecuniária, com a perda da habilitação para a condução de veículo
automotor.
e) restritiva de direitos, multa e perda da permissão para a condução de
veículo automotor.
Comentários

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A pena prevista para o crime de lesão corporal culposa praticada na direção de é
de detenção de seis meses a dois anos e de suspensão ou proibição de se obter
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Não seria possível a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, uma vez que
o agente não pode ser reincidente em crime doloso, como dispõe o art. 44, inciso
II do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada,
se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado,
bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.

Portanto, a alternativa B está correta.

Q25. VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito/2017


No que concerne às penas restritivas de direitos, é correto afirmar que
a) a prestação pecuniária consiste no pagamento à vítima, a seus
dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de
importância não inferior a 10 (dez) nem superior a 360 (trezentos e
sessenta) dias-multa.
b) a interdição temporária de direitos, nos crimes ambientais, pode consistir
em proibição de participar de licitações, pelo prazo de 5 (cinco) anos, no
caso de crimes dolosos, e de 3 (três) anos, no de crimes culposos.
c) são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando, entre
outros requisitos legais, o réu não for reincidente em crime doloso, a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente,
bem como os motivos e circunstâncias autorizarem a concessão do benefício,
e não for indicada ou cabível a suspensão condicional da pena.
d) a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável
a qualquer condenação a privação de liberdade, facultado ao condenado
cumprir a pena em menor tempo, nunca inferior à metade da sanção corporal
imposta.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A prestação pecuniária não deve ser inferior a 1
(um) nem superior a 360 (trezentos e sessenta), salários mínimos, na forma do
art. 45 § 1º do Código Penal:
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na forma
deste e dos arts. 46, 47 e 48.

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§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus
dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada
pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta)
salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em
ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.

A alternativa B está correta. A interdição temporária de direitos, nos crimes


ambientais, pode consistir em proibição de participar de licitações, pelo prazo de
5 (cinco) anos, no caso de crimes dolosos, e de 3 (três) anos, no de crimes
culposos, nos termos do art. 10 da Lei 9.605:
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado
contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios,
bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos,
e de três anos, no de crimes culposos.

Cuida-se de matéria a ser vista na legislação penal extravagante.


A alternativa C está incorreta. São autônomas e substituem as privativas de
liberdade obedecidos os requisitos legais. O réu reincidente em crime doloso pode
ser beneficiado com substituição da pena, nos termos do art. 44, § 3º do Código
Penal. Ademais, não existe previsão de suspensão condicional da pena
relacionada à substituição de pena restritiva de liberdade por penas restritivas de
direitos.
A alternativa D está incorreta. A prestação de serviços à comunidade ou a
entidades públicas é aplicável condenação superiores a 06 meses de pena
privativa de liberdade, nos termos do art. 46 do Código Penal:
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às
condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.

Q26. VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito/2017


No tocante às penas privativas de liberdade, é correto afirmar que
a) o condenado por crime hediondo ou assemelhado, independentemente da
data de cometimento da infração, só poderá obter a progressão de regime
após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se primário, admitindo-
se a determinação de exame criminológico, desde que em decisão motivada.
b) o benefício de saída temporária no âmbito da execução penal, cabível para
os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto, é ato
jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do
estabelecimento prisional.
c) o reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato
definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito
em julgado da sentença penal condenatória no processo penal instaurado
para apuração do fato e interrompe a contagem do prazo para a progressão
de regime, o qual se reinicia a partir da decisão judicial que identificar a
infração.

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d) é admissível a adoção do regime prisional fechado aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a 4 (quatro) anos de reclusão, se
desfavoráveis as circunstâncias judiciais, bem como vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão
da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito, se
fixada a pena-base no mínimo legal.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Apenas para os delitos hediondos e equiparados
cometidos a partir de 28 de março de 2007, a progressão de regime deve ocorrer
nos termos da nova redação do artigo 2, §2º da Lei 8.072/90, dada pela Lei
11.464/2007. Isto porque, ao instituir um regime mais gravoso, a lei não pode
retroagir, pois prevê lapsos temporais maiores que os da regra geral (um sexto).
A alternativa B está incorreta. O benefício de saída temporária no âmbito da
execução penal é cabível apenas para os condenados que cumprem pena em
regime semiaberto, nos termos do caput do art. 122 da Lei de Execução Penal:
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter
autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes
casos: (...)

A alternativa C está incorreta. De acordo com a Súmula 534 do STJ, a falta


grave interrompe o prazo exigido para obtenção da progressão de regime e a
data-base para a contagem do novo período aquisitivo é a do cometimento da
última infração disciplinar grave, computado do período restante de pena a ser
cumprido. Vejamos:
Súmula 534 - A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão
de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa
infração.

A alternativa D está correta. É admissível a adoção do regime prisional fechado,


nestes casos, pois, se a pena for igual ou inferior a quatro anos, mesmo sendo
reincidente, pode ser aplicado regime semiaberto se as circunstâncias judiciais
forem favoráveis, nos termos do enunciado da Súmula nº 269 do STJ:
É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena
igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judicias.

É vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível


em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito,
se fixada a pena-base no mínimo legal, conforme o enunciado da Súmula nº 440
do STJ:
Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito.

Q27. CESPE/MPE-RR/Promotor de Justiça/2017

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Assinale a opção correta a respeito da dosimetria da pena segundo o
entendimento do STJ.
a) É possível a aplicação de pena inferior à mínima na segunda fase da
dosimetria da pena.
b) Apenas à confissão qualificada se impõe a incidência de atenuante na
segunda fase da dosimetria da pena.
c) Natureza e quantidade de droga não podem ser utilizadas,
concomitantemente, na primeira e na terceira fase da dosimetria da pena,
sob pena de bis in idem.
d) Não se admite compensação da atenuante da confissão espontânea com
a agravante da reincidência.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Na segunda fase, parte-se da pena intermediária
para a estipulação da pena intermediária. Esta deve observar a adstrição aos
limites mínimo e máximo da sanção abstratamente cominada ao delito. É o que
determina a Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça:
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do
mínimo legal.

A alternativa B está incorreta. Quando a confissão espontânea for utilizada para


a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no
artigo 65, III, d, do Código Penal. O STJ possui enunciado a respeito, a Súmula
545:
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará
jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.

Para deixar mais claro, ainda que a confissão seja parcial, se o juiz fundamentar
a condenação com base nela, o indivíduo fará jus à incidência da atenuante. De
igual forma, se o agente posteriormente se retratar e, mesmo assim, for um dos
elementos utilizados na sentença. Portanto, a confissão espontânea realizada
perante a autoridade policial pode atenuar a pena, ainda que o agente se retrate
perante o juiz, desde que este a utilize como elemento de convencimento para a
condenação. É o que decidiu recentemente o STJ:
“(...) 4. A Jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que incide a
atenuante prevista no art. 65, III, "d", quando a confissão do acusado, ainda que retratada
ou parcial, seja utilizada para fundamentar a sua condenação, como ocorreu no caso em
apreço. Súmula 545 do STJ. (...)” (STJ, HC 433722/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta
Turma, DJe 22/05/2018).

A alternativa C está correta. Vejamos o entendimento do STJ:


HABEAS CORPUS SUBSTITUTO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.
TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. ART. 33, CAPUT, DA LEI 11.343/2006. ALEGAÇÃO
DE BIS IN IDEM. OCORRÊNCIA. QUANTIDADE DA DROGA UTILIZADA PARA AFASTAR A
PENA-BASE DO MÍNIMO LEGAL E, NOVAMENTE, NA TERCEIRA FASE DA DOSIMETRIA, PARA
FUNDAMENTAR A ESCOLHA DA FRAÇÃO REDUTORA PREVISTA NO § 4º DO ART. 33 DA LEI
11.343/2006. ATENUANTE DA MENORIDADE. REDUÇÃO DA PENA EM 6 MESES SEM

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FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. REGIME
PRISIONAL FECHADO E NEGATIVA DE SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
POR RESTRITIVA DE DIREITOS. HEDIONDEZ E GRAVIDADE EM ABSTRATO DO DELITO.
IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DOS REFERIDOS FUNDAMENTOS. HABEAS CORPUS
NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. (...) 2. Esta Corte Superior, na esteira
do entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral (ARE
666.334/MG, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJ 6/5/2014), pacificou entendimento de que a
natureza e a quantidade da droga não podem ser utilizadas, concomitantemente, na
primeira e na terceira fase da dosimetria da pena, sob pena de bis in idem. (...) (HC
305.627/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
10/12/2015, DJe 16/12/2015)

A alternativa D está incorreta. O STJ pacificou, no âmbito da própria Corte, que


a compensação é possível, ao julgar recurso especial representativo da
controvérsia:
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). PENAL.
DOSIMETRIA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA E REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO.
POSSIBILIDADE. 1. É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da
atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência. 2. Recurso especial
provido. (REsp 1341370/MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 3ª Seção, DJe 17/04/2013)

Q28. FUNDEP/MPE-MG/Promotor de Justiça/2017


Quanto à fixação da pena, é CORRETO afirmar:
a) Que, se for reincidente o condenado a quem se imponha reclusão de até
4 (quatro) anos, o juiz fixará na sentença o regime fechado para início do
cumprimento da pena.
b) Embora prepondere na doutrina o entendimento de que apenas a
agravante genérica da reincidência se aplica aos crimes culposos, já admitiu
o Supremo Tribunal Federal, como tal, em crime culposo, o motivo torpe.
c) Que, no concurso de duas ou mais causas de aumento ou de diminuição,
promoverá o juiz, em qualquer caso, a incidência de uma só, recaindo a
escolha, que é da lei, sobre a que mais aumente ou mais diminua.
d) Que, para a incidência da atenuante da clemência, é imprescindível que
não tenha sido reconhecida a configuração de qualquer outra expressamente
prevista em lei.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Se for reincidente o condenado a quem se
imponha reclusão de até 4 (quatro) anos, o juiz fixará na sentença o regime
fechado para início do cumprimento da pena, ou o regime semiaberto, se
favoráveis as circunstâncias judicias, nos termos do enunciado da Súmula nº 269
do STJ:
É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena
igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judicias.

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A alternativa B está correta. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento
no julgamento do caso Bateau Mouche:
E M E N T A: (...) 2. Não obstante a corrente afirmação apoditica em contrario, além da
reincidencia, outras circunstancias agravantes podem incidir na hipótese de crime culposo:
assim, as atinentes ao motivo, quando referidas a valoração da conduta, a qual, também
nos delitos culposos, e voluntaria, independentemente da não voluntariedade do resultado:
admissibilidade, no caso, da afirmação do motivo torpe - a obtenção de lucro facil -, que,
segundo o acórdão condenatório, teria induzido os agentes ao comportamento imprudente
e negligente de que resultou o sinistro. (...) (HC 70362, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA
PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 05/10/1993, DJ 12-04-1996 PP-11072 EMENT VOL-
01823-01 PP-00097 RTJ VOL-00159-01 PP-00132)

A alternativa C está incorreta. No concurso de duas ou mais causas de aumento


ou de diminuição previstas na Parte Especial, promoverá o juiz, a incidência
de só um aumento ou de uma só diminuição, prevalecendo a que mais aumente
ou mais diminua. Não ocorre isso, portanto, “em qualquer caso”. Esta escolha
será feita pelo juiz da causa, nos termos do parágrafo único do art. 68 do Código
Penal:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em
seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as
causas de diminuição e de aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo,
todavia, a causa que mais aumente ou diminua.

A alternativa D está incorreta. De acordo com o entendimento do STJ, a


denominada atenuante da clemência, prevista no art. 66 do Código Penal, que
não está especificada em lei, podendo ser qualquer circunstância relevante,
anterior ou posterior ao crime, pode ser aplicada de forma cumulativa, por
exemplo, com a atenuante da confissão espontânea, de acordo com o
entendimento do STJ. Vejamos:
RECURSO ESPECIAL. PENAL. PROCESSO PENAL. ATENUANTES. CONFISSÃO ESPONTÂNEA.
INOMINADA. APLICAÇÃO. POSSIBILIDADE. BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA. “Admissível a
aplicação cumulativa, da atenuante da confissão espontânea com uma atenuante
inominada, desde que por motivos distintos, a critério subjetivo do órgão julgador."
Reduções com fundamentações distintas. Descaracterizado, assim, o alegado bis in idem
Recurso conhecido, mas desprovido. (REsp 303.073/DF, Rel. Ministro JOSÉ ARNALDO DA
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 13/05/2003, DJ 09/06/2003, p. 285)

Q29. MPE-PR/MPE-PR/Promotor de Justiça/2016


Em tema de fixação da pena base, assinale a alternativa incorreta:
a) Leva-se em consideração os antecedentes criminais do agente, que, em
razão da aplicação do princípio da inocência, são considerados apenas as
condenações por crimes a penas privativas de liberdade, posteriores ao fato
que está sendo julgado;
b) Leva-se em consideração a culpabilidade, entendida como o grau de
reprovabilidade da conduta do agente;

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c) Leva-se em consideração a conduta social, que se refere ao histórico da
vida social do condenado;
d) Leva-se em consideração as consequências do crime, sempre excluindo-
se aquelas que são as próprias de cada delito;
e) Leva-se em consideração as circunstâncias do crime, as quais não podem
coincidir com as circunstâncias agravantes e atenuantes.
Comentários:
A alternativa A está incorreta e é o gabarito. Leva-se em consideração os
antecedentes criminais do agente, que, em razão da aplicação do princípio da
inocência, são considerados apenas as condenações por crimes a penas privativas
de liberdade, anteriores ao fato que está sendo julgado. Relembrando o que
vimos na aula, os fatos delitivos que podem ser considerados como maus
antecedentes são os seguintes:
• Condenação anterior, após o lustro (5 anos) desde o cumprimento
ou extinção da pena.
• Condenação por fato praticado anteriormente, cujo trânsito em
julgado ocorreu entre o novo fato e a data da sentença.
• Condenação anterior por crimes militares próprios ou políticos.
• Condenação anterior, dentro do período que gera reincidência, se já
houver outra condenação com este efeito.

Q30. MPE-PR/MPE-PR/Promotor de Justiça/2016


Considerando o entendimento sumulado dos Tribunais Superiores, analise
as assertivas abaixo e indique a alternativa:
I - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não
constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que
o permitido segundo a pena aplicada.
II - Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativas de
liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa.
III - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
circunstâncias judiciais.
IV - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de
regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,
com base apenas na gravidade abstrata do delito.
a) Todas as assertivas estão corretas;
b) Apenas as assertivas I e III estão incorretas;
c) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas;
d) Apenas a assertiva II está incorreta;

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e) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
Comentários:
O item I está correto. É o que dispõe a Súmula 718 do STJ:
A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação
idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.

O item II está correto. É o que dispõe a Súmula 171 do STJ:


Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é
defeso a substituição da prisão por multa.

O item III está correto. É o que dispõe a Súmula 269 do STJ:


É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena
igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.

O item IV está correto. É o que dispõe a Súmula 440 do STJ:


Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito.

Portanto, a alternativa A está correta.

Q31. CESPE/MPE-SC/MPE-SC/2016
Em relação à dosimetria, segundo consta no entendimento da Súmula 443
do Superior Tribunal de Justiça, o aumento na terceira fase de aplicação da
pena no crime de roubo circunstanciado não exige fundamentação efetiva,
sendo suficiente para sua exasperação a indicação da quantidade de
majorantes.
o Certo
o Errado
Comentários:
A assertiva está errada. O aumento na terceira fase de aplicação da pena no
crime de roubo circunstanciado exige fundamentação efetiva. Este é o
entendimento consolidado por meio Súmula 443 do STJ:
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do
número de majorantes.

Q32. CESPE/MPE-SC/MPE-SC/2016
A Súmula Vinculante 26 do Supremo Tribunal Federal, dispõe que para efeito
de livramento condicional no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º
da Lei n. 8.072/90 (Crimes Hediondos), sem prejuízo de avaliar se o

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condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a
realização de exame criminológico.
o Certo
o Errado
Comentários:
A assertiva está errada. A Súmula Vinculante 26, dispõe a respeito de
progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo e não de
livramento condicional. Vejamos:
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº
8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não,
os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.

Q33. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2016


À luz da jurisprudência sumulada do STJ, assinale a opção correta referente
à aplicação da pena.
a) Em decorrência do princípio da individualização da pena, é possível aplicar
a majorante do roubo ao delito de furto qualificado pelo concurso de agentes,
desde que essa ação seja fundamentada nas circunstâncias do caso
concreto.
b) Ainda que a pena-base tenha sido fixada no mínimo legal, é admissível a
fixação de regime prisional mais gravoso que o cabível, em razão da sanção
imposta, com fundamento na gravidade concreta ou abstrata do delito.
c) Embora seja vedada a utilização de inquéritos policiais em andamento
para aumentar a pena-base, é possível a utilização de ações penais em curso
para requerer o aumento da referida pena.
d) É inadmissível a fixação de pena restritiva de direitos substitutiva da pena
privativa de liberdade como condição judicial especial ao regime aberto.
e) O número de majorantes referentes ao delito de roubo circunstanciado
pode ser utilizado como critério para a exasperação da fração incidente pela
causa de aumento da pena.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A Súmula nº 442 dispõe o seguinte:
Súmula 442 - É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a
majorante do roubo.

A alternativa B está incorreta. A Súmula nº 440 dispõe o seguinte:

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Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito.

A alternativa C está incorreta. A Súmula nº 444 dispõe o seguinte:


Súmula 444 - É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base.

A alternativa D está correta. A Súmula nº 493 dispõe o seguinte:


Súmula 493 - É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição
especial ao regime aberto.

A alternativa E está incorreta. A Súmula nº 443 dispõe o seguinte:


Súmula 443 - O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo
circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua
exasperação a mera indicação do número de majorantes.

Q34. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2016


No tocante à jurisprudência sumulada pelo STJ quanto ao direito penal,
assinale a opção correta.
a) A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, com
fundamento em pena hipotética, é admitida, independentemente da
existência ou do resultado do processo penal.
b) Fixada a pena-base no mínimo legal, a decisão, fundamentada na
gravidade abstrata do delito, poderá estabelecer ao sentenciado regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta.
c) A contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de
pena será interrompida pela prática de falta grave e se reiniciará a partir do
cometimento dessa infração.
d) A falta grave interrompe o prazo para a obtenção de livramento
condicional.
e) A prática de falta grave interrompe o prazo para o fim de comutação de
pena ou indulto.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A Súmula nº 438 dispõe o seguinte:
Súmula 438 - É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão
punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte
do processo penal.

A alternativa B está incorreta. A Súmula nº 440 dispõe o seguinte:


Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito.

A alternativa C está correta. A Súmula nº 534 dispõe o seguinte:

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Súmula 534 - A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão
de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa
infração.

A alternativa D está incorreta. A Súmula nº 535 dispõe o seguinte:


Súmula 535 A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena
ou indulto.

A alternativa E está incorreta. A Súmula nº 441 dispõe o seguinte:


Súmula 441 - A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.

Q35. FCC/DPE-SC/Defensoria Pública/2017


Sobre a determinação do regime inicial de cumprimento de pena, é correto
afirmar:
a) A hediondez do crime não permite a determinação do regime inicial
fechado para todos os casos, mas deve ser observada na determinação do
regime inicial.
b) Os crimes cometidos com violência contra a pessoa impedem a
determinação do regime inicial aberto.
c) A análise judicial das consequências do crime é irrelevante para a
determinação do regime inicial de cumprimento de pena, pois é circunstância
que já pode aumentar a pena-base.
d) Os crimes contra a honra, por serem punidos com detenção, impedem a
aplicação do regime inicial fechado, mesmo em caso de reincidência.
e) É possível a aplicação do regime inicial semiaberto para pena superior a
quatro anos no caso de réu reincidente, a depender do tempo de prisão
provisória cumprida por ele até a sentença.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Como visto em aula, anteriormente, havia a
proibição legal que progressão de regime para os delitos hediondos e equiparados
(“A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime
fechado”), o que foi considerado inconstitucional pelo STF. Com isso, os crimes
hediondos e equiparados, cometidos durante o período em que a Lei 8.072/90
proibia a progressão de regime, passaram a admitir a progressão com o
cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena, nos termos da regra geral. Para os
delitos hediondos e equiparados cometidos a partir de 28 de março de 2007, a
progressão de regime deve ocorrer nos termos da nova redação do artigo 2, §2º
da Lei 8.072/90, dada pela Lei 11.464/2007. Isto porque, ao instituir um regime
mais gravoso, a lei não pode retroagir, pois prevê lapsos temporais maiores que
os da regra geral (um sexto). Essa conclusão foi pacificada na Súmula Vinculante
26, cuja redação não é muito didática:
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº

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8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não,
os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.

O STJ também, no âmbito da sua Corte, resolveu elaborar enunciado a respeito


da progressão de regime nos crimes hediondos e equiparados, consistente na
Súmula 471:
Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei
n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução
Penal) para a progressão de regime prisional.

A alternativa B está incorreta. O Art. 33, §2º, alínea c, do Código Penal dispõe
que o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro)
anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto.
A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a
regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva,
segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as
hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto.

A alternativa C está incorreta. O art. 59 do Código Penal, que prevê as


circunstâncias judiciais, dispõe que:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente
para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se
cabível.

A alternativa D está incorreta. Consoante o art. 33, §2º, alíneas b e c, do Código


Penal, apenas os condenados não reincidentes podem iniciar o cumprimento da
pena em regime aberto ou semiaberto. Ademais, prevê a Súmula 269 do STJ ser
admissível a adoção do regime semiaberto aos reincidentes condenados a pena
igual ou inferior a quatro anos. Vejamos:
É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena
igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.

A alternativa E está correta. É possível a aplicação do regime inicial semiaberto


para pena superior a quatro anos no caso de réu reincidente, a depender do
tempo de prisão provisória cumprida por ele até a sentença. É o que dispõe o art.
387, § 2o do Código de Processo Penal (embora não seja dispositivo atinente à

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nossa matéria, é importante retratá-la para complementar o assunto de regime
de cumprimento de pena):
Art. 387 § 2o O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no
Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de
pena privativa de liberdade.

7 – Questão Dissertativa
Q1. FCC/DPE-RS/Defensor Público/2014
Caio cumpriu penas privativas de liberdade por duas condenações: a
primeira, consistente em três anos de reclusão, em regime fechado (fixada
a pena no mínimo legal, sem agravantes ou atenuantes), pela prática do
crime de tráfico ilícito de drogas (artigo 12 da lei 6368/76), perpetrado em
1º de abril de 2005, quando ostentava a condição de primário e bons
antecedentes e , até então, não havia envolvimento com qualquer atividade
criminosa; a segunda, de 7 meses de detenção, em crime semiaberto
(reconhecida a reincidência), pela posse da substância entorpecente para
uso próprio (artigo 16 da lei 6368/76), praticada em 16 de janeiro de 2006.
Tais condenações transitaram em julgado antes do início da execução.
Durante o cumprimento das penas, Caio envolveu-se em evento disciplinar
no interior de estabelecimento prisional localizado no estado do Rio Grande
do Sul. Na ocasião, foi acusado de possuir um carregador de bateria de
telefone celular. Para esclarecimento do fato, Caio e o agente penitenciário
que apreendeu o objeto foram ouvidos pelo Chefe da Divisão de Segurança
do presídio. Não houve acompanhamento de defesa técnica. Entendendo
aquela autoridade a ocorrência de infração disciplinar de natureza grave,
remeteu o depoimento do preso e do servidor ao Juízo da Execução Penal.
Tão logo recebida a documentação na Vara de Execuções Penais, foi
aprazada audiência para oitiva de Caio. Na solenidade, estavam presentes o
Ministério Público e a Defensoria Pública, ocasião em que o apenado
reconheceu o que é o objeto citado estava na sua posse. Em gabinete, no
mês de dezembro de 2010, afastadas teses defensivas arguidas, o
magistrado reconheceu a prática de falta disciplinar de natureza grave,
determinando a perda de todos os dias remidos (no total de 21 dias) de
remição, e a mudança data base para progressão de regime e livramento
condicional (fixando-se na data da apreensão do objeto). Não houve
determinação de regressão de regime, uma vez que o preso já se encontrava
no regime fechado. A Defensoria Pública foi intimada da decisão somente
em janeiro de 2013, data em que a situação jurídica do preso está sendo
analisada. Independentemente do dia do início do cumprimento das penas e
descartada qualquer hipótese de prescrição ou seu término, considerando as
informações acima, responda como Defensor Público, fundamentadamente:

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a- quanto às penas privativas de liberdade aplicadas, quais as questões
jurídicas devem ser deduzidas ao Juiz da Execução? b- quanto ao
reconhecimento da falta disciplinar, quais as questões jurídicas devem ser
manejadas em sede recursal? c- quanto às consequências jurídicas impostas
pelo magistrado em face do reconhecimento da falta.
Comentários:
A- A Defensoria deve postular ao Juiz da Execução a redução da pena previsto
no parágrafo 4º do artigo 33 da lei 11343/2006, fundamentando-se na Súmula
502 do STJ:
É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência
das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação
da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.

A Defensoria também deverá postular a aplicação do art. 28 da Lei 11343/2006,


em razão da novatio legis in mellius. Ademais, deve requer a exclusão as funções
educativas da guia de execução penal, considerando que não existe possibilidade
da conversão das medidas educativas em penas em privativa de liberdade por
falta de previsão legal.
Deve, ainda, postular a substituição da pena privativa de liberdade por pena
restritiva de direitos, nos termos do artigo 44 do CP. Isso porque, no Habeas
Corpus 97256/RS, o STF declarou inconstitucionais os dispositivos da lei quem
pediu a substituição da pena privativa de liberdade. Posteriormente, o Senado
Federal editou a resolução 05/12, suspendendo a execução da expressão “vedada
à conversão em penas restritivas de direitos” do parágrafo 4º do artigo 33 da lei
11343/06.
Também, a Defensoria deve postular a readequação do regime inicial de
cumprimento da pena, com consequente alteração para o regime aberto, em face
da declaração de inconstitucionalidade do art. 2º, §1º, da Lei 8072/90 pelo
Supremo Tribunal Federal (HC nº 111840/ES) por violar o princípio da
individualização da pena.

B- Considerando o teor da decisão exarada pelo STJ no REsp nº1378557/RS, sob


forma de recurso repetitivo, entende-se ser imprescindível a apuração de faltas
disciplinares no âmbito da Execução Penal a instauração do Procedimento
Administrativo Disciplinar, segundo os ditames da Lei de Execução Penal. No caso
concreto, não houve a observância de tais garantias. Além disso, a falta de defesa
técnica durante a fase administrativa inviabiliza o reconhecimento da falta
disciplinar, inclusive referindo a inaplicabilidade da Súmula Vinculante nº 5, no
âmbito da execução penal. Ainda, considerando o teor do artigo 50, VII, da LEP
e o princípio da legalidade o fato imputado não poderá ser classificado como falta
grave, devendo ser postulada sua desclassificação por falta de natureza média,
consoante artigo 12, XII, do Regime Disciplinar Penitenciário.

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C- No que se refere às consequências jurídicas da falta disciplinar reconhecida
pelo Magistrado, fundamentado na Súmula 441 o STJ, deveria ser argumentado
que a falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional
e, ainda, que após a decisão judicial foi editada a Lei 12433/2011, que alterou o
artigo 127 da LEP, para limitar a perda dos dias remidos.

8 - Destaques da Legislação e da Jurisprudência


Neste ponto da aula, citamos, para fins de revisão, os principais dispositivos de
lei e entendimentos jurisprudenciais que podem fazer a diferença na hora da
prova. Lembre-se de revisá-los!

 Art. 1º da Lei de Execução Penal (LEP), a Lei 7.210/84: finalidades da pena


Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão
criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do
internado.
 HC 389348/STJ: Justiça Restaurativa
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. SÚMULA 691/STF.
SUPERAÇÃO. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PRISÃO PREVENTIVA. PRISÃO DOMICILIAR.
POSSIBILIDADE. FILHO MENOR DE 12 ANOS. PROTEÇÃO DA INTEGRIDADE FÍSICA E
EMOCIONAL DAS CRIANÇAS. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. PRIMARIEDADE, BONS
ANTECEDENTES, TRABALHO E RESIDÊNCIA FIXOS. PARECER PELA CONCESSÃO DA ORDEM.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.
1. Consoante o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal e por este Superior
Tribunal de Justiça, não se admite habeas corpus contra decisão denegatória de liminar
proferida em outro writ na instância de origem, sob pena de indevida supressão de instância,
ressalvada situação de flagrante ilegalidade. Súmula 691/STF.
2. A privação antecipada da liberdade do cidadão acusado de crime reveste-se de caráter
excepcional em nosso ordenamento jurídico, e a medida deve estar embasada em decisão
judicial fundamentada (art.
93, IX, da CF), que demonstre a existência da prova da materialidade do crime e a presença
de indícios suficientes da autoria, bem como a ocorrência de um ou mais pressupostos do
artigo 312 do Código de Processo Penal, vedadas considerações abstratas sobre a gravidade
do crime. 3. O inciso V do art. 318 do Código de Processo Penal, incluído pela Lei n.
13.257/2016, determina que "Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar
quando o agente for: V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos".
4. O princípio da fraternidade é uma categoria jurídica e não pertence apenas às religiões
ou à moral. Sua redescoberta apresenta-se como um fator de fundamental importância,
tendo em vista a complexidade dos problemas sociais, jurídicos e estruturais ainda hoje
enfrentados pelas democracias. A fraternidade não exclui o direito e vice-versa, mesmo
porque a fraternidade enquanto valor vem sendo proclamada por diversas Constituições
modernas, ao lado de outros historicamente consagrados como a igualdade e a liberdade.
O princípio constitucional da fraternidade é um macroprincípio dos Direitos Humanos e passa
a ter uma nova leitura prática, diante do constitucionalismo fraternal prometido na CF/88
(preâmbulo e art.

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3º). Multicitado princípio é possível de ser concretizado também no âmbito penal, por meio
da chamada Justiça restaurativa, do respeito aos direitos humanos e da humanização da
aplicação do próprio direito penal e do correspondente processo penal. A Lei nº 13.257/2016
decorre, portanto, desse resgate constitucional.
5. A prova documental juntada aos autos atesta que a paciente possui um filho de 8 anos
de idade e não foram apresentadas justificativas idôneas para o indeferimento de
substituição da prisão preventiva pela domiciliar.
6. Embora sejam graves as circunstâncias do delito, com apreensão de significativa
quantidade de drogas (200g de maconha e 28,3g de cocaína), o que justifica, em princípio,
a custódia cautelar, entendo que, no contexto, deve prevalecer a situação de primariedade
da paciente, sendo suficiente, por ora, a substituição da prisão preventiva pela domiciliar,
com espeque no art. 318, V, do Código de Processo Penal, com o fim de proteger e
resguardar a integridade física e emocional de seu filho menor, que poderá desfrutar do
convívio com a mãe.
7. Habeas Corpus não conhecido. Ordem parcialmente concedida, de ofício, na esteira do
parecer ministerial, para permitir a substituição da custódia preventiva da paciente pela
prisão domiciliar.
(HC 389.348/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado
em 23/05/2017, DJe 31/05/2017)
 Art. 5º, inciso XLVI, Constituição Federal: penas possíveis
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direito
 Art. 32 do Código Penal: as espécies de pena
Art. 32 - As penas são:
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
 Art. 43 do Código Penal: rol das penas restritivas de direitos
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.
 Art. 5º, XLVII da Constituição Federal: penas vedadas
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

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b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
 Art. 84, XIX, da Constituição da República: exceção à proibição da pena de morte
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional
ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas
mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
 Art. 55, “a”, do Código Penal Militar: previsão de pena de morte
Art. 55. As penas principais são:
a) morte;
(...)
 Art. 56 do Código Penal Militar: execução por fuzilamento
Pena de morte
Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.
 Art. 303, § 2º, da Lei 7.565/86, o Código Brasileiro da Aeronáutica: parte da doutrina entende
como espécie de aplicação de pena de morte no Brasil
§ 2° Esgotados os meios coercitivos legalmente previstos, a aeronave será classificada como
hostil, ficando sujeita à medida de destruição, nos casos dos incisos do caput deste artigo
e após autorização do Presidente da República ou autoridade por ele delegada.

 Art. 24 da Lei 9.605/98: previsão de pena de morte de pessoas jurídicas


Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de
permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua
liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal
perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
 Art. 31 da Lei de Execução Penal exigência de trabalho para os presos definitivos
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de
suas aptidões e capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser
executado no interior do estabelecimento.
 Art. 39, inciso V, da LEP: o trabalho é considerado um dever do condenado
Art. 39. Constituem deveres do condenado:
(...)
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
 Art. 50, inciso VI, da LEP: é considerado falta grave se o condenado não trabalhar
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
(...)

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VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
 HC 429.608/STJ: entendimento de que o trabalho previsto na Lei de Execução Penal não é
pena, mas sim um dos deveres do condenado
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. HOMOLOGAÇÃO DE FALTA
GRAVE. NULIDADE. RECUSA AO TRABALHO. ATIPICIDADE MATERIAL. NÃO ACOLHIMENTO.
CONVENCIONALIDADE DO TRABALHO NA EXECUÇÃO DA PENA.
POSSIBILIDADE. PERDA DE 1/3 DOS DIAS REMIDOS. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO DO
EG. TRIBUNAL DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.
INEXISTÊNCIA DE NOVOS ARGUMENTOS APTOS A DESCONSTITUIR A DECISÃO
IMPUGNADA. AGRAVO DESPROVIDO. I - Consoante previsão dos arts. 50, VI, e 39, V,
ambos da LEP, configura falta grave a recusa pelo apenado, à execução de trabalho interno
regularmente determinado pelo agente público competente, não havendo que se falar na
existência de flagrante ilegalidade no v. acórdão combatido, sobretudo porque, além de a
medida não se confundir com a pena de trabalho forçado, vedada pela Constituição Federal
(art. 5º, XLVIII, "c"), encontra previsão no art. 6º da Convenção Americana de Direitos
Humanos.
II A insurgência contra a perda de 1/3 (um terço) dos dias remidos não foi examinada pelo
eg. Tribunal de origem, o que inviabiliza o seu exame por esta Corte, sob pena de se incorrer
em indevida supressão de instância.
III - No presente agravo regimental não se aduziu qualquer argumento novo e apto a
ensejar a alteração da decisão agravada, devendo ser mantida por seus próprios
fundamentos.
Agravo regimental desprovido.
(AgRg no HC 429.608/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
17/04/2018, DJe 27/04/2018)
 Art. 6º da Convenção Americana de Direitos Humanos: admite a obrigação de trabalho como
decorrência do cumprimento de pena privativa de liberdade.
Artigo 6. Proibição da escravidão e da servidão
(...)
3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo:
a. os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento
de sentença ou resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais
trabalhos ou serviços devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades
públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos à disposição de
particulares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado; (...)
 Art. 68 do Código Penal: institui o sistema trifásico de cálculo da pena
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em
seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as
causas de diminuição e de aumento.
 Art. 59, do Código Penal: circunstâncias judiciais
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente
para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;

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III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se
cabível.
 HC 437157/STJ: entendimento do Superior Tribunal de Justiça que não se deve adotar um
quantum definido e determinado para todas as circunstâncias judiciais, mas sim devem ser
consideradas cada uma das circunstâncias, conforme a relevância delas no caso concreto.
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO.
TENTATIVA DE HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. MOTIVO TORPE. RECURSO
DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA. DOSIMETRIA DA PENA.
PLURALIDADE DE QUALIFICADORAS. UTILIZAÇÃO DE UMA PARA QUALIFICAR O CRIME E
DA OUTRA PARA EXASPERAR A PENA-BASE. POSSIBILIDADE. QUANTUM DE AUMENTO
PROPORCIONAL E RAZOÁVEL. CIRCUNSTÂNCIA DO CASO CONCRETO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. INCIDÊNCIA DA ATENUANTE DA
MENORIDADE RELATIVA. AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE DA
FRAÇÃO DE REDUÇÃO APLICADA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA
DE OFÍCIO.
I - A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento firmado pela Primeira Turma do
col. Pretório Excelso, firmou orientação no sentido de não admitir a impetração de habeas
corpus em substituição ao recurso adequado, situação que implica o não conhecimento da
impetração, ressalvados casos excepcionais em que, configurada flagrante ilegalidade apta
a gerar constrangimento ilegal, seja possível a concessão da ordem de ofício.
II - A via do writ somente se mostra adequada para a análise da dosimetria da pena se não
for necessária uma análise aprofundada do conjunto probatório e caso se trate de flagrante
ilegalidade. Vale dizer, "o entendimento deste Tribunal firmou-se no sentido de que, em
sede de habeas corpus, não cabe qualquer análise mais acurada sobre a dosimetria da
reprimenda imposta nas instâncias inferiores, se não evidenciada flagrante ilegalidade,
tendo em vista a impropriedade da via eleita" (HC n. 39.030/SP, Quinta Turma, Rel.
Min. Arnaldo Esteves, DJU de 11/4/2005).
III - Segunda a jurisprudência desta Corte Superior, a definição do quantum de aumento
da pena-base, em razão de circunstância judicial desfavorável, está dentro da
discricionariedade juridicamente vinculada e deve observar os princípios da
proporcionalidade, razoabilidade, necessidade e suficiência à reprovação e prevenção ao
crime. Não se admite a adoção de um critério puramente matemático, baseado apenas na
quantidade de circunstâncias judiciais desfavoráveis, até porque de acordo com as
especificidades de cada delito e também com as condições pessoais do agente, uma dada
circunstância judicial desfavorável poderá e deverá possuir maior relevância (valor) do que
outra no momento da fixação da pena-base, em obediência aos princípios da
individualização da pena e da própria proporcionalidade.
IV - Na esteira da jurisprudência desta Corte, em se tratando de crime de homicídio, com
pluralidade de qualificadoras, uma poderá qualificar o delito, enquanto as demais poderão
caracterizar circunstância agravante, se forem previstas como tal ou, residualmente,
circunstância judicial.
V - In casu, o motivo torpe foi considerada para qualificar o delito de homicídio, sendo que
a qualificadora relativa ao recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima foi
sopesada para fins de exasperação da pena-base, a título de circunstâncias desfavoráveis
do crime, pelo que não se vislumbra nenhuma ilegalidade a ser sanada, nem mesmo com
relação ao quantum operado pela r. sentença e mantido pelo v. acórdão impugnado, haja
vista trata-se de duas qualificadoras, tendo o aumento da pena-base ocorrido dentro da
discricionariedade juridicamente vinculada de forma proporcional e razoável para o caso em
concreto.

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VI - Os percentuais relacionados às circunstâncias previstas na segunda fase da dosimetria
da pena não encontrem limites expressos no Código Penal, incumbindo, discricionariamente,
ao órgão julgador a sua eleição, esse deverá pautar sua valoração pelos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade.
VII - Na hipótese, na segunda fase da dosimetria, a pena deve ser reduzida na fração de
1/6 (um sexto), diante da incidência da atenuante da menoridade, o que se encontra de
acordo com a jurisprudência desta Corte Superior.
Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício, para reduzir a pena imposta ao
paciente em 1/6, diante da atenuante da menoridade (art. 65, inciso I, do CP), fixando-a
em 10 (dez) anos de reclusão, mantido os demais termos da condenação.
(HC 437.157/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/04/2018,
DJe 20/04/2018)
 HC 134193/STF: precedente em que se considera recomendável a indicação da fração do
aumento, apesar de consignar que não é necessária essa menção na sentença.
EMENTA Habeas corpus. Penal. Tráfico de drogas (art. 12 da Lei nº 6.368/76). Pena.
Redimensionamento. Questões não examinadas pelo Superior Tribunal de Justiça.
Supressão de instância. Precedentes. Não conhecimento da impetração. Possibilidade de
concessão, de ofício, do writ, nas hipóteses de flagrante ilegalidade. Pena-base. Fixação de
forma conglobada. Ausência de especificação do quantum atribuído a cada vetor negativo
considerado. Irrelevância. Possibilidade de controle de sua legalidade pelas instâncias
superiores. Inexistência de ofensa aos princípios da individualização da pena e da motivação
das decisões judiciais (arts. 5º, XLVI, e 93, IX, CF). Valoração negativa da culpabilidade,
das circunstâncias do crime e da conduta social do agente. Admissibilidade. Existência de
base empírica idônea. Quantidade e natureza da droga (1.691 kg - mil seiscentos e noventa
e um quilos de cocaína). Vetor a ser necessariamente considerado na dosimetria (art. 59
do CP). Crimes praticados durante dilatado lapso temporal. Uso de empresas de fachada
para dar cobertura ao envio da droga. Ocultação da droga em partes de animais para
ilaquear a fiscalização. Desdobramento de atividade criminosa organizada, dotada de
extensa base operacional, espraiada por diversos estados da Federação e estruturada de
forma empresarial. Conjunto de circunstâncias evidenciadoras da maior censurabilidade da
conduta do paciente. Acentuada exasperação da pena-base justificada. Conclusão em
sentido diverso que demandaria revolvimento do conjunto fático-probatório. Inidoneidade
do habeas corpus para ponderação, em concreto, da pena adequada. Precedentes. Motivos
do crime. Busca de lucro fácil. Valoração negativa. Fundamento inidôneo. Decotamento pelo
Tribunal Regional Federal, em sede de recurso exclusivo da defesa, sem repercussão na
pena-base. Admissibilidade. Efeito devolutivo da apelação. Suficiência, por si sós, dos
demais vetores para a manutenção da pena fixada na sentença, aos quais se acabou por
atribuir quantum maior. Reajustamento da pena que não caracteriza reformatio in pejus.
Precedentes. Despesas suportadas pelo Estado com a investigação do delito. Valoração
negativa a título de consequências do crime. Inadmissibilidade. Motivação inidônea.
Despesas que não constituem extensão do dano produzido pelo ilícito em si. Concessão, de
ofício, de ordem de habeas corpus, para decotar esse vetor negativo da primeira fase da
dosimetria da pena do crime descrito no art. 12 da Lei nº 6.368/76. Determinação para que
o juízo de primeiro grau, motivadamente, fixe o quantum correspondente de redução da
pena-base e, por via de consequência, redimensione a pena final. 1. O Superior Tribunal de
Justiça não examinou, definitivamente, as teses suscitadas na presente impetração, ao
invocar o óbice da Súmula nº 7 daquela Corte, segundo a qual “a pretensão de simples
reexame de prova não enseja recurso especial”. 2. Dessa feita, sua apreciação, de forma
originária, pelo STF, configuraria supressão de instância, o que é inadmissível, uma vez que
a Corte não pode, em exame per saltum, apreciar questão não analisada, em definitivo,
pelo Superior Tribunal de Justiça. Precedentes. 3. É caso, portanto, de não conhecimento
da impetração. 4. A jurisprudência da Suprema Corte admite a concessão de habeas corpus
de ofício nas hipóteses de flagrante ilegalidade, abuso de poder ou teratologia. 5. Como já

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decidido pelo Supremo Tribunal Federal, “em sede de habeas corpus, a discussão a respeito
da dosimetria da pena cinge-se ao controle da legalidade dos critérios utilizados,
restringindo-se, portanto, ’ao exame da motivação [formalmente idônea] de mérito e à
congruência lógico-jurídica entre os motivos declarados e a conclusão’ (HC 69.419, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence)” - RHC nº 119.894/BA-AgR, Relator o Ministro Roberto Barroso, DJe
de 10/6/14. 6. Ao juiz compete demonstrar, fundamentadamente, com base empírica
idônea, os critérios e as circunstâncias de que se valeu na concretização da pena imposta,
notadamente nas hipóteses de grande exasperação, em que a pena é fixada no máximo
legal ou próximo a esse limite, a fim de se evitarem soluções arbitrárias (HC nº 101.118/MS,
Segunda Turma, Relator para o acórdão o Ministro Celso de Mello, DJe de 27/8/10). 7. As
instâncias ordinárias, após indicarem os vetores que justificavam a exacerbação da pena-
base, fixaram-na de forma conglobada, vale dizer, sem especificar o quantum de pena
especificamente atribuído a cada um vetores considerados negativos. 8. Esse proceder não
viola os princípios da individualização da pena e da motivação (arts. 5º, XLVI, e 93, IX, CF).
9. Para satisfazer ao imperativo de motivar a fixação da pena, “a sentença não se há de
subordinar necessariamente a fórmulas rígidas, particularmente à compartimentação
estanque de sua fundamentação” (HC nº 67.589/MS, Primeira Turma, Relator o Ministro
Sepúlveda Pertence, DJ de 15/12/89). 10. Ainda que recomendável a atribuição de um
quantum de pena, isoladamente, a cada vetor considerado na primeira fase da dosimetria,
sua inobservância não gera nulidade. 11. Com efeito, a fixação de pena-base conglobada
não impede que as instâncias superiores exerçam o controle de sua legalidade e determinem
seu reajustamento, se não houver base empírica idônea que confira suporte aos vetores
invocados ou se desarrazoada a majoração havida. 12. Na espécie, houve motivação
adequada para a valoração negativa da culpabilidade, das circunstâncias do crime e da
conduta social do paciente, demonstrando-se, com base em elementos concretos, o maior
grau de censurabilidade da conduta, a justificar a acentuada exasperação de sua pena-base.
13. É pacífico o entendimento do Supremo Tribunal Federal, desde a égide da revogada Lei
nº 6.368/76, de que a natureza e a quantidade da droga sempre constituíram motivação
idônea para a exasperação da pena-base. Precedentes. 14. A Suprema Corte ressaltou, no
RHC nº 123.367/SP, Primeira Turma, de minha relatoria, DJe de 21/11/14, que “a natureza
e a quantidade da droga sempre constituíram vetores da dosimetria da pena, a título de
‘circunstâncias e consequências do crime’ (art. 59, CP)”. 15. No mesmo sentido, decidiu-se
que “a quantidade e a natureza da droga apreendida constituem fundamentos idôneos para
fixar a pena-base acima do mínimo legal” (RHC nº 122.598/SP, Segunda Turma, Relator o
Ministro Teori Zavascki, DJe de 30/10/14) 16. É evidente que, quanto maior a quantidade
de droga apreendida, maior potencial lesivo à sociedade, a exigir que a resposta penal seja
proporcional ao crime praticado (HC nº 121.389/MS, Primeira Turma, de minha relatoria,
DJe de 7/10/14). 17. Na espécie, não bastasse a elevadíssima quantidade de droga
apreendida (quase uma tonelada e setecentos quilos) e sua natureza (cocaína) – que
constituiria, à época, a segunda maior apreensão do gênero no País - , o paciente cometeu
os crimes durante dilatado lapso temporal, agindo ainda na condição de representante de
um dos maiores compradores de cocaína colombiana, tudo a evidenciar a maior
censurabilidade de sua conduta. 18. As circunstâncias judiciais – uso de empresas de
fachada para dar cobertura ao envio da droga; ocultação da droga em partes de animais
para ilaquear a fiscalização e desdobramento de atividade criminosa organizada, dotada de
extensa base operacional, espraiada por diversos estados da Federação, e estruturada de
forma empresarial – também demonstram o elevadíssimo grau de reprovabilidade da
conduta do paciente e justificam o agravamento da pena-base. 19. Para se chegar a
conclusão diversa daquela adotada pelas instâncias ordinárias, seria necessário revolver-se
o conjunto fático-probatório, o que não se admite em sede de habeas corpus. Precedentes.
20. Ademais, “é pacífica a jurisprudência da Corte de que a via estreita do habeas corpus
não permite que se proceda à ponderação e o reexame das circunstâncias judiciais referidas
no art. 59 do Código Penal, consideradas na sentença condenatória” (HC nº 120.146/SP,
Primeira Turma, de minha relatoria, DJe de 22/4/14). 21. Outrossim, o habeas corpus não
é meio idôneo “para realizar novo juízo de reprovabilidade, ponderando, em concreto, qual

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seria a pena adequada ao fato pelo qual condenado o paciente” (HC 94.655/MT, Primeira
Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 10/10/08; RHC 121.602/SP, Segunda
Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 6/6/14). 22. Quanto aos motivos
do crime, o Tribunal Regional Federal já havia glosado, no julgamento da apelação
interposta pelo paciente, sua valoração negativa, ao fundamento de que “a motivação
consignada na sentença (‘consubstanciados simplesmente no lucro fácil’) é inerente ao tipo
penal de tráfico de entorpecentes e à própria criminalização”. 23. Não obstante essa glosa,
o Tribunal Regional Federal deixou de proceder ao decotamento correspondente na pena-
base, ao fundamento de que os demais vetores negativamente valorados - culpabilidade,
conduta social, circunstâncias e consequências do crime – seriam suficientes, por si sós,
para a manutenção do quantum fixado na sentença. 24. Ao assim agir, o Tribunal Regional
Federal acabou por atribuir aos demais vetores um quantum maior que o atribuído em
primeiro grau. 25. De toda sorte, esse reajustamento da pena-base não caracteriza
reformatio in pejus, uma vez que não extravasou a pena aplicada em primeiro grau. 26.
Como decidido pelo Supremo Tribunal Federal em hipótese similar, “[a] jurisprudência
contemporânea da Corte é assente no sentido de que o efeito devolutivo da apelação, ainda
que em recurso exclusivo da defesa, ‘autoriza o Tribunal a rever os critérios de
individualização definidos na sentença penal condenatória para manter ou reduzir a pena,
limitado tão-somente pelo teor da acusação e pela prova produzida” (HC nº 106.113/MT,
Primeira Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 1º/2/12)’” - RHC nº 135.524/MG,
Segunda Turma, de minha relatoria, DJe de 28/9/16. 27. Constata-se, todavia, a existência
de flagrante ilegalidade na valoração negativa das consequências do crime de tráfico de
drogas (art. 12 da Lei nº 6.368/76). 28. O juízo de primeiro grau reputou desfavoráveis as
consequências do crime, por ter “exigi[do] despesas acima do comum dos órgãos estatais
responsáveis pela repressão, com constantes deslocamentos de agentes, inclusive aéreos,
para acompanhamento do então investigado. Além disso, importou em enriquecimento
ilícito do condenado”. 29. Essa motivação é manifestamente inidônea, uma vez que as
despesas suportadas pelo Estado com a investigação de um crime e o enriquecimento do
paciente não se subsumem no vetor “consequências do crime”, entendido como extensão
do dano produzido pelo ilícito em si. 30. O Tribunal Regional Federal não glosou esse vetor
nem aduziu nenhum outro elemento de prova que lhe desse suporte, limitando-se a invocar,
genericamente, “as consequências do crime” e a "elevada quantidade da droga apreendida
(1.691 kg) e a sua natureza (cocaína).” 31. Ocorre que, como a quantidade e a natureza
da droga já haviam sido valoradas negativamente a título de culpabilidade, não poderiam
vir a sê-lo também a título de consequências do crime, sob pena de bis in idem. 32. Cumpre,
portanto, decotar o vetor negativo “consequências do crime” no tocante à conduta descrita
no art. 12 da Lei nº 6.368/76. 33. Habeas corpus do qual não se conhece. 34. Concessão,
de ofício, do writ para decotar o vetor “consequências do crime” da primeira fase da
dosimetria da pena do crime descrito no art. 12 da Lei nº 6.368/76, determinando-se ao
juízo de primeiro grau que, motivadamente, fixe o quantum correspondente de redução da
pena-base e, por via de consequência, redimensione a pena final.

(HC 134193, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 26/10/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-252 DIVULG 25-11-2016 PUBLIC 28-11-2016)
 HC 433404/STJ: a culpabilidade do agente consiste no juízo da censura ou reprovação em
relação à conduta do agente
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO.
ROUBO. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CULPABILIDADE
ACENTUADA. MAIOR GRAU DE CENSURA EVIDENCIADO. PERSONALIDADE DO AGENTE.
CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA PARCIAL.
MANIFESTAÇÃO DO RÉU SOPESADA NA FORMAÇÃO DO JUÍZO CONDENATÓRIO.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 545/STJ. FLAGRANTE ILEGALIDADE EVIDENCIADA. REGIME
PRISIONAL FECHADO. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL

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DESFAVORÁVEL. PENA DE 4 ANOS DE RECLUSÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 33, § 3º, do
CÓDIGO PENAL. REGIME SEMIABERTO. POSSIBILIDADE. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não
cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-
se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante
ilegalidade no ato judicial impugnado.
2. A individualização da pena é submetida aos elementos de convicção judiciais acerca das
circunstâncias do crime, cabendo às Cortes Superiores apenas o controle da legalidade e da
constitucionalidade dos critérios empregados, a fim de evitar eventuais arbitrariedades.
Assim, salvo flagrante ilegalidade, o reexame das circunstâncias judiciais e os critérios
concretos de individualização da pena mostram-se inadequados à estreita via do habeas
corpus, por exigirem revolvimento probatório.
3. Este Superior Tribunal de Justiça reconhece que a personalidade do agente somente pode
ser valorada negativamente se constarem dos autos elementos concretos para sua efetiva
e segura aferição pelo julgador, o que não se vislumbra na hipótese em apreço.
4. Para fins de individualização da pena, a culpabilidade deve ser compreendida como juízo
de reprovabilidade da conduta, ou seja, a maior ou menor censurabilidade do
comportamento do réu, não se tratando de verificação da ocorrência dos elementos da
culpabilidade, para que se possa concluir pela prática ou não de delito. No caso dos autos,
o fato de o réu ter agido com um comparsa não identificado, contra três vítimas, utilizando-
se de simulacro de uma pistola, o qual era apontado para as vítimas, tendo uma delas,
inclusive, desmaiado por acreditar ter sido atingida por um tiro, demonstra o dolo intenso
e o maior grau de censura a ensejar resposta penal superior.
5. No que se refere à segunda fase do critério trifásico, conforme o entendimento
consolidado na Súmula 545/STJ, a atenuante da confissão espontânea deve ser
reconhecida, ainda que tenha sido parcial ou qualificada, seja ela judicial ou extrajudicial, e
mesmo que o réu venha a dela se retratar, quando a manifestação for utilizada para
fundamentar a sua condenação, o que se infere na hipótese dos autos.
6. Estabelecida a pena-base acima do mínimo legal, por ter sido desfavoravelmente
valorada circunstância do art. 59 do Código Penal, é possível a fixação de regime prisional
mais gravoso do que o indicado pelo quantum de reprimenda imposta ao réu, a teor do
disposto no art. 33, § 3º, do CP. 7. Imposta reprimenda no patamar de 4 anos de reclusão,
com a valoração desfavorável de uma circunstancia judicial, deve ser fixado o regime
prisional semiaberto para o desconto da sanção corporal estabelecida ao réu.
8. Writ não conhecido. Ordem concedida, de ofício, a fim de reduzir a reprimenda imposta
ao paciente para 4 anos de reclusão, mais 10 dias-multa e estabelecer o regime prisional
semiaberto para o início do desconto da pena.
(HC 433.404/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 03/04/2018,
DJe 09/04/2018)
 Súmula 444 do STJ: vedação de utilização de inquéritos e processos penais em curso para
configurar os maus antecedentes
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base.
 RE 591054/STF: posicionamento de que inquéritos e processos criminais em curso são neutros
na definição dos antecedentes criminais
PENA – FIXAÇÃO – ANTECEDENTES CRIMINAIS – INQUÉRITOS E PROCESSOS EM CURSO –
DESINFLUÊNCIA. Ante o princípio constitucional da não culpabilidade, inquéritos e processos
criminais em curso são neutros na definição dos antecedentes criminais.

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(RE 591054, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/2014,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-037 DIVULG 25-02-2015
PUBLIC 26-02-2015)
 Art. 64 do Código Penal: reincidência
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da
pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos,
computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
 HC 142371/STF: passados os cinco anos do cumprimento ou da extinção da pena, não poderia
mais a condenação ser levada em conta pelo juiz.
Ementa: PENAL. HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO PRETÉRITA CUMPRIDA OU EXTINTA HÁ
MAIS DE 5 ANOS. UTILIZAÇÃO COMO MAUS ANTECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE.
APLICAÇÃO DO ART. 64, I, DO CÓDIGO PENAL. PRECEDENTES DA SEGUNDA TURMA.
ORDEM CONCEDIDA. I - Nos termos da jurisprudência desta Segunda Turma, condenações
pretéritas não podem ser valoradas como maus antecedentes quando o paciente, nos
termos do art. 64, I, do Código Penal, não puder mais ser considerado reincidente.
Precedentes. II - Parâmetro temporal que decorre da aplicação do art. 5°, XLVI e XLVII, b,
da Constituição Federal de 1988. III – Ordem concedida para determinar ao Juízo da origem
que afaste o aumento da pena decorrente de condenação pretérita alcançada pelo período
depurador de 5 anos.
(HC 142371, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em
30/05/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-124 DIVULG 09-06-2017 PUBLIC 12-06-2017)

 EDcl no HC 413204/STJ: posição pacífica do Superior Tribunal de Justiça de que, após o decurso
do lustro, a condenação anterior já transitada em julgado pode ser utilizada como mau
antecedente do agente, sendo vedado apenas que determine o reconhecimento da reincidência.
PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO HABEAS CORPUS. OMISSÃO
QUANTO A CONFIGURAÇÃO DE MAUS ANTECEDENTES. OCORRÊNCIA. ACÓRDÃO
CONDENATÓRIO RESTABELECIDO. EMBARGOS ACOLHIDOS COM EFEITO INFRINGENTES.
I - São cabíveis embargos declaratórios quando houver, na decisão embargada, qualquer
contradição, omissão ou obscuridade a ser sanada. Podem também ser admitidos para a
correção de eventual erro material, consoante entendimento preconizado pela doutrina e
jurisprudência, sendo possível, excepcionalmente, a alteração ou modificação do decisum
embargado.
II - Assiste razão ao Parquet Federal, uma vez que está devidamente demonstrado na
certidão de fl. 94 que o v. acórdão condenatório não incorreu em qualquer ilegalidade, pois
a anotação criminal referente ao processo n. 7006993-82.2003.8.26.0050, que transitou
em julgado em 28/9/2005, configura, no presente caso, maus antecedentes, o que afasta
de plano a incidência da Súmula n. 444 desta Corte Superior.
III - A jurisprudência deste Tribunal é assente no sentido de que as condenações alcançadas
pelo período depurador de 5 anos, como no presente caso, previsto no art. 64, inciso I, do
Código Penal, afastam os efeitos da reincidência, mas não impedem a configuração de maus
antecedentes, permitindo, assim, o aumento da pena-base acima do mínimo legal.
Embargos de declaração acolhido, com efeitos infringentes, para sanar a omissão e não
conhecer do habeas corpus, com o fim de restabelecer o acórdão condenatório proferido
pelo eg. Tribunal de origem em grau de apelação.

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(EDcl no HC 413.204/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
15/05/2018, DJe 21/05/2018)
 HC 132120 AgR/STF:a Primeira Turma do STF possui precedente em que reconhece que o tema
é controverso e deve ser analisado no julgamento de tema sujeito à sistemática da repercussão
geral.
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. DECISÃO
MONOCRÁTICA. INEXISTÊNCIA DE ARGUMENTAÇÃO APTA A MODIFICÁ-LA. MANUTENÇÃO
DA NEGATIVA DE SEGUIMENTO. MAUS ANTECEDENTES. PERÍODO DEPURADOR.
CONTROVÉRSIA SUBMETIDA À SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. INEXISTÊNCIA DE
FLAGRANTE ILEGALIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A inexistência de
argumentação apta a infirmar o julgamento monocrático conduz à manutenção da decisão
recorrida. 2. O afastamento dos maus antecedentes na hipótese em que ultrapassado o
prazo para reconhecimento da reincidência penal é tema pendente de julgamento, sob a
sistemática da repercussão geral, nesta Corte (Tema 150, RE 593.818, Rel. Min. Roberto
Barroso). 3. Diante da existência de precedentes em ambos os sentidos, e forte na ausência
de definição da matéria pelo Plenário da Corte, a decisão que opta por uma das correntes
não se qualifica como ilegal ou abusiva, âmbito normativo destinado à concessão de habeas
corpus de ofício. 4. Agravo regimental desprovido.
(HC 132120 AgR, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Primeira Turma, julgado em
06/12/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-041 DIVULG 03-03-2017 PUBLIC 06-03-2017)
 Art. 63 do Código Penal: fato não transitado em julgado na época da prática de novo delito
pelo agente, não pode ser considerado para se declará-lo como reincidente.
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar
em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime
anterior.
 HC 433404/STJ: a jurisprudência tem exigido que haja elementos concretos sobre a avaliação
psicológica do agente para a elevação da pena base, pelo juiz, com fundamento na personalidade
do agente.
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO.
ROUBO. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CULPABILIDADE
ACENTUADA. MAIOR GRAU DE CENSURA EVIDENCIADO. PERSONALIDADE DO AGENTE.
CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA PARCIAL.
MANIFESTAÇÃO DO RÉU SOPESADA NA FORMAÇÃO DO JUÍZO CONDENATÓRIO.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 545/STJ. FLAGRANTE ILEGALIDADE EVIDENCIADA. REGIME
PRISIONAL FECHADO. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL
DESFAVORÁVEL. PENA DE 4 ANOS DE RECLUSÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 33, § 3º, do
CÓDIGO PENAL. REGIME SEMIABERTO. POSSIBILIDADE. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não
cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-
se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante
ilegalidade no ato judicial impugnado.
2. A individualização da pena é submetida aos elementos de convicção judiciais acerca das
circunstâncias do crime, cabendo às Cortes Superiores apenas o controle da legalidade e da
constitucionalidade dos critérios empregados, a fim de evitar eventuais arbitrariedades.
Assim, salvo flagrante ilegalidade, o reexame das circunstâncias judiciais e os critérios
concretos de individualização da pena mostram-se inadequados à estreita via do habeas
corpus, por exigirem revolvimento probatório.

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3. Este Superior Tribunal de Justiça reconhece que a personalidade do agente somente pode
ser valorada negativamente se constarem dos autos elementos concretos para sua efetiva
e segura aferição pelo julgador, o que não se vislumbra na hipótese em apreço.
4. Para fins de individualização da pena, a culpabilidade deve ser compreendida como juízo
de reprovabilidade da conduta, ou seja, a maior ou menor censurabilidade do
comportamento do réu, não se tratando de verificação da ocorrência dos elementos da
culpabilidade, para que se possa concluir pela prática ou não de delito. No caso dos autos,
o fato de o réu ter agido com um comparsa não identificado, contra três vítimas, utilizando-
se de simulacro de uma pistola, o qual era apontado para as vítimas, tendo uma delas,
inclusive, desmaiado por acreditar ter sido atingida por um tiro, demonstra o dolo intenso
e o maior grau de censura a ensejar resposta penal superior.
5. No que se refere à segunda fase do critério trifásico, conforme o entendimento
consolidado na Súmula 545/STJ, a atenuante da confissão espontânea deve ser
reconhecida, ainda que tenha sido parcial ou qualificada, seja ela judicial ou extrajudicial, e
mesmo que o réu venha a dela se retratar, quando a manifestação for utilizada para
fundamentar a sua condenação, o que se infere na hipótese dos autos.
6. Estabelecida a pena-base acima do mínimo legal, por ter sido desfavoravelmente
valorada circunstância do art. 59 do Código Penal, é possível a fixação de regime prisional
mais gravoso do que o indicado pelo quantum de reprimenda imposta ao réu, a teor do
disposto no art. 33, § 3º, do CP. 7. Imposta reprimenda no patamar de 4 anos de reclusão,
com a valoração desfavorável de uma circunstancia judicial, deve ser fixado o regime
prisional semiaberto para o desconto da sanção corporal estabelecida ao réu.
8. Writ não conhecido. Ordem concedida, de ofício, a fim de reduzir a reprimenda imposta
ao paciente para 4 anos de reclusão, mais 10 dias-multa e estabelecer o regime prisional
semiaberto para o início do desconto da pena.
(HC 433.404/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 03/04/2018,
DJe 09/04/2018)
 HC 402.951/STJ: o Superior Tribunal de Justiça admite a consideração de fração diversa na
aplicação das agravantes e das atenuantes genéricas, mas entende que a fixação do aumento
superior a um sexto exige motivação específica na sentença.
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. ROUBO
DUPLAMENTE CIRCUNSTANCIADO E CORRUPÇÃO DE MENORES.
DOSIMETRIA.CULPABILIDADE. MOTIVAÇÃO IDÔNEA DECLINADA. MAUS ANTECEDENTES.
REINCIDÊNCIA. BIS IN IDEM NÃO EVIDENCIADO. RÉU QUE OSTENTAVA DOIS TÍTULOS
CONDENATÓRIOS TRANSITADOS EM JULGADO À ÉPOCA DOS FATOS. PENA-BASE ACIMA
DO PISO LEGAL. PROPORCIONALIDADE. REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA. AUMENTO
EXCESSIVO PELA RECIDIVA QUANTO AO CRIME DE ROUBO. CARÊNCIA DE MOTIVAÇÃO
IDÔNEA PARA O INCREMENTO SUPERIOR AO MÍNIMO LEGAL PELA INCIDÊNCIA DAS DUAS
MAJORANTES DO DELITO DE ROUBO. VIOLAÇÃO DA SÚMULA 443/STJ. PENA REVISTA.
WRIT NÃO CONHECIDO E ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não
cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-
se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante
ilegalidade no ato judicial impugnado.
2. A individualização da pena, como atividade discricionária do julgador, está sujeita à
revisão apenas nas hipóteses de flagrante ilegalidade ou teratologia, quando não
observados os parâmetros legais estabelecidos ou o princípio da proporcionalidade. 3. Em
relação à culpabilidade, para fins de individualização da pena, tal vetor deve ser
compreendido como o juízo de reprovabilidade da conduta, ou seja, o menor ou maior grau
de censura do comportamento do réu, não se tratando de verificação da ocorrência dos
elementos da culpabilidade, para que se possa concluir pela prática ou não de delito. Em

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verdade, malgrado seja o crime de natureza patrimonial, o valor da res furtivae justifica o
incremento da pena pela culpabilidade, pois denota a maior reprovação do seu agir.
Precedente.
4. A jurisprudência desta Corte admite a utilização de condenações anteriores transitadas
em julgado como fundamento para a fixação da pena-base acima do mínimo legal, diante
da valoração negativa dos maus antecedentes, ficando apenas vedado o bis in idem. Assim,
considerando a existência de duas condenações transitadas em julgado à época dos fatos,
não se vislumbra, no ponto, flagrante ilegalidade a justificar a concessão da ordem de ofício.
5. Este Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que "a folha de antecedentes
criminais é documento hábil e suficiente a comprovar os maus antecedentes e a
reincidência, não sendo necessária a apresentação de certidão cartorária" (HC 291.414/SP,
Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 22/9/2016,
DJe 30/9/2016).
6. Quanto à fase intermediária do procedimento dosimétrico, o Código Penal olvidou-se de
estabelecer limites mínimo e máximo de aumento ou redução de pena a serem aplicados
em razão das agravantes e das atenuantes genéricas. Assim, a jurisprudência reconhece
que compete ao julgador, dentro do seu livre convencimento e de acordo com as
peculiaridades do caso, escolher a fração de aumento ou redução de pena, em observância
aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Todavia, a aplicação de fração
superior a 1/6 exige motivação concreta e idônea.
7. In concreto, em relação ao crime de roubo, a exasperação da reprimenda de 1/3 em
razão de apenas um título condenatório transitado em julgado, ainda que reste configurada
a reincidência específica, denota a existência de desproporcionalidade na segunda etapa do
procedimento dosimétrico. Por outro lado, a pena do crime de corrupção de menores foi
majorada em 1/6 pela reincidência, sem que possa inferir ilegalidade a ser sanada. 8.
Quanto à terceira fase, a sentença aplicou a fração de 3/8 (três oitavos) para majorar as
penas tão somente em razão das duas causas de aumento reconhecidas, sem apoio em
elementos concretos do delito.
Incide, portanto, à espécie o disposto na Súmula 443 desta Corte: "O aumento na terceira
fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta,
não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes".
9. Writ não conhecido. Habeas corpus concedido, de ofício, a fim de estabelecer a pena de
9 anos, 7 meses e 26 dias de reclusão pelos crimes de roubo duplamente circunstanciado e
corrupção de menores, ficando mantidos os demais termos do decreto condenatório.
(HC 402.951/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2018,
DJe 22/05/2018)
 Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça: adstrição aos limites mínimo e máximo da sanção
abstratamente cominada ao delito
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do
mínimo legal.
 Art. 61 do Código Penal: circunstâncias agravantes
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;

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b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou
tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou
de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de
desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
 Art. 7º da LCP: reincidência quanto às contravenções penais
Art. 7º - Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de
passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por
qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.
 Art. 64 do Código Penal: não configuração da reincidência
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da
pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos,
computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
 HC 90744/ STF: motivo torpe
EMENTA: I. Homicídio triplamente qualificado: pronúncia: motivação suficiente quanto a
duas qualificativas (emprego de fogo e recurso que dificulte ou torne impossível a defesa
do ofendido) e inidônea quanto à qualificadora do motivo fútil. 1. É da jurisprudência do
Supremo Tribunal, relativamente à fixação da pena, que pode o fundamento do deslinde de
determinada questão do processo - malgrado ausente na passagem a ela especificamente
alusiva - estar contida no contexto total da motivação da sentença. 2. No caso, mutatis
mutandis, as qualificativas atinentes ao emprego de fogo e de recurso que dificultou a
defesa da vítima ressaem da própria versão do fato motivadamente acolhida na sentença.
3. O mesmo não ocorre no tocante à futilidade do motivo: ainda que não baste a excluir a
criminalidade do fato ou a culpabilidade do agente, a vingança da mulher enciumada,
grávida e abandonada não se pode tachar de insignificante. 4. Habeas corpus deferido, em
parte, para excluir da pronúncia a qualificadora do motivo fútil. II. Habeas corpus: não
conhecimento 1. Alegação do excesso de prazo ocorrido até o julgamento do recurso em
sentido estrito não conhecida pelo Superior Tribunal de Justiça sob alegação de que não
submetida ao Tribunal de Justiça e, de qualquer modo, prejudicada pelo julgamento do
recurso. 2. Quanto à questão relativa ao excesso de prazo posterior ao julgamento do
recurso em sentido estrito, dela não pode conhecer originariamente o Supremo Tribunal,
pois não foi submetida ao Superior Tribunal de Justiça. 3. Ademais, eventual coação
existente na demora da remessa do Resp, não pode ser atribuída ao Superior Tribunal de
Justiça, mas ao Tribunal de Justiça de Pernambuco.

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(HC 90744, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em
12/06/2007, DJe-077 DIVULG 09-08-2007 PUBLIC 10-08-2007 DJ 10-08-2007 PP-00036
EMENT VOL-02284-02 PP-00214)
 HC 101216/ STF: motivo torpe
HABEAS CORPUS – PRECLUSÃO – IMPROPRIEDADE. O habeas corpus não sofre qualquer
limitação. Pouco importa que o ato apontado como de constrangimento, a alcançar, direta
ou indiretamente, a liberdade de ir e vir do paciente, tenha precluído ante a ausência de
interposição de recurso. SENTENÇA DE PRONÚNCIA – QUALIFICADORAS. Surge válida a
sentença de pronúncia, relativamente a qualificadoras, quando há referência aos elementos
coligidos no processo, mais precisamente considerado o motivo torpe – o fato de o crime
haver resultado de vingança decorrente de assalto anterior e de tratar-se de prática a
impossibilitar a defesa da vítima, em razão de os tiros, segundo laudo de necrópsia, terem
sido desferidos nas e pelas costas da vítima.
(HC 101216, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 04/10/2011,
DJe-201 DIVULG 18-10-2011 PUBLIC 19-10-2011 EMENT VOL-02610-01 PP-00113)
 HC 83309/STF: motivo torpe
EMENTA: I. Pronúncia: fundamentação do acórdão que julgou o recurso em sentido estrito.
O recurso em sentido estrito devolve ao Tribunal o mérito da decisão de pronúncia recorrida:
por isso, o acórdão que o julga substitui a decisão de pronúncia de primeiro grau e a
fundamentação dele é que há de ser considerada no habeas corpus que questiona a sua
legalidade. II. Pronúncia: circunstância qualificadora do homicídio: suficiência do
acertamento da plausibilidade de sua caracterização. III. Homicídio qualificado: motivo
torpe, vingança e pronúncia. A vingança, por si só, não substantiva o motivo torpe; a sua
afirmativa, contudo, não basta para elidir a imputação de torpeza do motivo do crime, que
há de ser aferida à luz do contexto do fato. Não antecipar juízo a respeito, por entendê-lo
sujeito à "análise aprofundada de toda a prova produzida", não traduz nulidade da
pronúncia; na pronúncia, se a existência de crime doloso contra a vida se reputa inequívoca,
a submissão ao Júri da sua qualificação - se entendida plausível - antes de violar a lei, é
orientação que se amolda à reserva ao tribunal popular de julgamento dos crimes dolosos
contra a vida.
(HC 83309, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em
23/09/2003, DJ 06-02-2004 PP-00037 EMENT VOL-02138-05 PP-00924 RTJ VOL-00191-02
PP-00562)
 REsp 1653828/STJ: motivo torpe
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
VIOLAÇÃO DOS ARTS. 121, § 2º, I, DO CP; E 413, CAPUT E § 1º, DO CPP. DECISÃO DE
PRONÚNCIA. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. EXCLUSÃO DE QUALIFICADORA. MOTIVO
FÚTIL EM DECORRÊNCIA DE VINGANÇA. IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO CONSELHO
DE SENTENÇA. ÓBICE DAS SÚMULAS 283 E 284/STF. NÃO OCORRÊNCIA. RECURSO
ESPECIAL DELIMITADO E ESCORREITA EXPOSIÇÃO DA CONTROVÉRSIA. SÚMULA 7/STJ.
NÃO INCIDÊNCIA.
DESNECESSIDADE DO REVOLVIMENTO DA MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. 1. Não está
caracterizada ofensa às Súmulas 283 e 284/STF, porquanto houve a devida delimitação dos
fundamentos no recurso especial, necessários a contrapor as razões do Tribunal de origem,
na medida em que não justificou devidamente a exclusão da qualificadora do motivo torpe.
2. A sentença de pronúncia, na medida em que constitui um juízo de mera admissibilidade
da acusação, deve ater-se à demonstração da materialidade delitiva e à existência de
indícios suficientes de autoria, declarando o dispositivo legal em que julgar incurso o
acusado e especificando as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena.
Inteligência do art. 413, § 1º, do CPP. [...] Correta a sentença de pronúncia, no que diz

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respeito à incidência da qualificadora do motivo torpe, tendo em vista a presença de
indicativos, nos autos, de que o paciente teria matado a vítima para vingar-se. (HC n.
99.803/SP, Ministra Assusete Magalhães, Sexta Turma, DJe 8/5/2014) 3. A questão
veiculada no recurso especial não envolve a análise de conteúdo fático-probattório, mas
sim, a verificação da ofensa aos arts. 121, § 2º, I, do Código Penal; e 413, caput e § 1º, do
Código de Processo Penal, matéria eminentemente jurídica, pois, no que diz respeito ao
tema proposto, havendo indícios da presença da qualificadora, não poderia o Tribunal de
origem fazer juízo de mérito, usurpando a competência exclusiva do Conselho de Sentença.
Não se configura, portanto, a hipótese de aplicação da Súmula 7/STJ.
4. Agravo regimental improvido.
(AgInt no REsp 1653828/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado
em 26/09/2017, DJe 09/10/2017)
 Art. 62 do Código Penal: concurso de pessoas que agravam a pena.
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível
em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
 Art. 65 do Código Penal prevê as situações que atenuam a pena:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos,
na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe
ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de
autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da
vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
 Súmula 545 do STJ: confissão como atenuante
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador,
o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
 HC 433.722/STJ: a confissão espontânea realizada perante a autoridade policial pode atenuar
a pena, ainda que o agente se retrate perante o juiz, desde que este a utilize como elemento de
convencimento para a condenação.
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. TRÁFICO
DE DROGAS. EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. QUANTIDADE E NATUREZA DAS
SUBSTÂNCIAS E QUANTIA DE INSUMOS PARA O PREPARO DOS ENTORPECENTES.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONFISSÃO EXTRAJUDICIAL. RETRATAÇÃO. APLICABILIDADE.
SÚMULA 545/STJ. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA DO ART. 33, § 4º, DA LEI N.
11.343/2006. INAPLICABILIDADE. RÉU QUE SE DEDICA À ATIVIDADE CRIMINOSA.

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QUANTUM E ESPÉCIE DAS DROGAS UTILIZADAS PARA EXASPERAR A PENA-BASE E PARA
AFASTAR O REDUTOR. POSSIBILIDADE. BIS IN IDEM NÃO EVIDENCIADO. REGIME
PRISIONAL. CIRCUNSTÂNCIAS DESFAVORÁVEIS. MODO FECHADO. SUBSTITUIÇÃO DA
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITO. FALTA DO PREENCHIMENTO
DO REQUISITO OBJETIVO. MANIFESTA ILEGALIDADE VERIFICADA EM PARTE. WRIT NÃO
CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não
cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-
se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante
ilegalidade no ato judicial impugnado. No caso, observa-se flagrante ilegalidade a justificar
a concessão do habeas corpus, de ofício.
2. A individualização da pena é uma atividade em que o julgador está vinculado a
parâmetros abstratamente cominados pela lei, sendo-lhe permitido, entretanto, atuar
discricionariamente na escolha da sanção penal aplicável ao caso concreto, após o exame
percuciente dos elementos do delito, e em decisão motivada. Dessarte, ressalvadas as
hipóteses de manifesta ilegalidade ou arbitrariedade, é inadmissível às Cortes Superiores a
revisão dos critérios adotados na dosimetria da pena.
3. Hipótese em que a instância antecedente, atenta às diretrizes do art. 42 da Lei de Drogas
e 59 do CP, considerou a quantidade e a natureza das drogas - 2 kg de cocaína (parte a
granel e parte dividida em 129 microtubos), 26 porções de crack e 8 de maconha -, bem
como a apreensão de material para o embalo e preparação dos entorpecentes para fixar a
pena-base em 2 anos e 6 meses acima do mínimo legalmente previsto, o que não se mostra
desproporcional.
4. A Jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que incide a atenuante
prevista no art. 65, III, "d", quando a confissão do acusado, ainda que retratada ou parcial,
seja utilizada para fundamentar a sua condenação, como ocorreu no caso em apreço.
Súmula 545 do STJ.
5. Nos termos do disposto no § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, os condenados pelo
crime de tráfico de drogas terão a pena reduzida, de um sexto a dois terços, quando forem
reconhecidamente primários, possuírem bons antecedentes e não se dedicarem a atividades
criminosas ou integrarem organizações criminosas.
6. Concluído pelo Tribunal a quo que o paciente é habitual no comércio de entorpecentes,
pois, além da expressiva quantidade e da diversidade da droga - 2 kg de cocaína (parte a
granel), 26 porções de crack e 8 de maconha -, houve a apreensão de petrechos destinados
à divisão, embalagem e revenda da substância, a alteração desse entendimento - para fazer
incidir a minorante da Lei de Drogas - enseja o reexame do conteúdo probatório dos autos,
o que é inadmissível em sede de habeas corpus. Precedentes.
7. Não há se falar em bis in idem, pois, além da quantia da droga apreendida, há outros
elementos dos autos que evidenciam a dedicação do paciente a atividades criminosas.
8. O regime inicial fechado é o adequado para o cumprimento da pena de 7 anos e 6 meses
de reclusão, em razão da aferição negativa das circunstâncias judiciais, que justificou o
aumento da pena-base, nos termos do art. 33, §§ 2º e 3º, do Código Penal.
9. É inadmissível a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direito,
pela falta do preenchimento do requisito objetivo (art. 44, I, do Código Penal).
10. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para reconhecer a atenuante
do art. 65, III, "d", do Código Penal, redimensionando a sanção final para 6 anos e 3 meses
de reclusão e pagamento de 625 dias-multa, em regime inicial fechado.
(HC 433.722/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2018,
DJe 22/05/2018)

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 Art. 66 do Código Penal: atenuante genérica.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior
ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
 Art. 67 do Código Penal: algumas circunstâncias devem preponderar sobre as outras
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite
indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam
dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
 REsp 1341370/STJ: O STJ pacificou, no âmbito da própria corte, que a compensação da
confissão atenuante espontânea com a agravante da reincidência
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). PENAL.
DOSIMETRIA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA E REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO.
POSSIBILIDADE.
1. É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da atenuante da
confissão espontânea com a agravante da reincidência.
2. Recurso especial provido.
(REsp 1341370/MT, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
10/04/2013, DJe 17/04/2013)
 HC 367916/STJ: precedente do STJ que estabelecem premissas para a dosimetria na terceira
fase.
PROCESSUAL E PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO. NÃO
CONHECIMENTO. TRÁFICO DE DROGAS. DOSIMETRIA. COMPENSAÇÃO ENTRE CAUSAS DE
AUMENTO E DIMINUIÇÃO (LEI N. 11.343/06). IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA. NOVO CÁLCULO DAS PENAS. TRATAMENTO MAIS
FAVORÁVEL AO RÉU. APLICAÇÃO DA CAUSA DE DIMINUIÇÃO SOMENTE APÓS A CAUSA DE
AUMENTO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. HABEAS CORPUS NÃO
CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de Justiça ser
inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário, ou de revisão criminal,
admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a constatação de ilegalidade flagrante,
abuso de poder ou teratologia.
2. De acordo com a jurisprudência desta Corte, não é possível a compensação de de uma
causa de aumento com outra de redução. Isso porque, além de obediência ao sistema
trifásico (68 do CP), possui o magistrado o dever de esclarecer os motivos que
determinaram a incidência do respectivo quantum de aumento ou de diminuição de pena
que entender aplicável (HC 237.734/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA
TURMA, julgado em 19/03/2013, DJe 25/03/2013).
Precedentes.
3. Com o intuito de assegurar o tratamento mais favorável ao réu no momento do cálculo
de suas penas, presentes causas de aumento e diminuição, deve-se, primeiramente, elevar
a pena e, somente após, fazer incidir a minorante. Precedentes.
4. Habeas corpus não conhecido. Concessão da ordem, de ofício, para determinar que o
Tribunal de origem, afastada a compensação entre as causas de aumento e diminuição,
efetue novo cálculo das penas, justificando os patamares de aumento e de diminuição
contidos nos arts. 40, VI, e 33, § 4º, ambos da Lei 11.343/06.
(HC 367.916/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 18/10/2016,
DJe 10/11/2016)

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 Art. 68, parágrafo único do Código Penal: a configuração de mais de uma majorante ou
minorante previstas na Parte Especial do Código
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em
seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as
causas de diminuição e de aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo,
todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
 Art. 33, caput e § 1º, do Código Penal: prevê os regimes de cumprimento de pena e o local de
cumprimento:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto.
A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a
regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
 Art. 34 do Código Penal: regras do regime fechado
Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame
criminológico de classificação para individualização da execução.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o
repouso noturno.
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões
ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas.
 Art. 35 do Código Penal: regras do regime semiaberto
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o
cumprimento da pena em regime semi-aberto.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos
profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.
 Art. 36 do Código Penal: regras do regime aberto
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do
condenado.
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar
curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período
noturno e nos dias de folga.
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime
doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente
aplicada
 Art. 33, §§ 2º e 3º: fixação do regime inicial de cumprimento de pena

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§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva,
segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as
hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime
fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a
8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância
dos critérios previstos no art. 59 deste Código.
 Art. 112 da Lei de Execução Penal (LEP): o juiz fixa o regime inicial de cumprimento de pena,
sendo que a execução deve ser forma progressiva.
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver
cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam
a progressão.
§ 1o A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e
do defensor.
§ 2o Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e
comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigente
 Art. 2º, § 2º, da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos): no caso de crimes hediondos e
equiparados, a fração é de 2/5 (dois quintos), se o executado for primário, ou de 3/5 (três
quintos), se reincidente, para a progressão do regime.
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins e o terrorismo são insuscetíveis de: (...)
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo,
dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e
de 3/5 (três quintos), se reincidente. (LEI Nº 11.464, DE 28 DE MARÇO DE 2007)
 Súmula Vinculante 26: a previsão de regime integralmente fechado para os crimes hediondos
e equiparados, considerada inconstitucional, deve ser tida por inexistente
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº
8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não,
os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.
 Súmula 471: progressão de regime nos crimes hediondos e equiparados
Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei
n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução
Penal) para a progressão de regime prisional.
 Art. 43 do CP: penas restritivas de direitos
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;

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III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.
 Art. 45, do Código Penal: pena de prestação pecuniária
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus
dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada
pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta)
salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em
ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação
pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza.
 Art. 45 § 3º do Código Penal: perda de bens e de valores
§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a
legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto –
o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou
por terceiro, em conseqüência da prática do crime.
 Art. 46 do CP: prestação de serviços à comunidade ou a entidades
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às
condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição
de tarefas gratuitas ao condenado
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais,
escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou
estatais.
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado,
devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de
modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena
substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de
liberdade fixada.

 Art. 48 do CP: limitação de fim de semana


Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados
e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento
adequado.
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e
palestras ou atribuídas atividades educativas.
 Art. 152 A da Lei de Execução Penal: limitação de fim de semana
Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o tempo de permanência, cursos
e palestras, ou atribuídas atividades educativas.
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá
determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e
reeducação.

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 Art. 47 do CP: interdição temporária de direitos
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato
eletivo;
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação
especial, de licença ou autorização do poder público;
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.
IV – proibição de freqüentar determinados lugares.
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.
 Art. 56 do CP: hipóteses específicas da aplicação de interdição de direitos
Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-
se para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função,
sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. (específicas)
 Art. 57 do CP: pena de interdição nos crimes de trânsito
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos
crimes culposos de trânsito.
 Art. 54 do CP: as penas restritivas de direitos aplicam-se mesmo que não haja previsão no
preceito secundário do tipo
Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, independentemente de cominação
na parte especial, em substituição à pena privativa de liberdade, fixada em quantidade
inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes culposos.
 Art. 55 do CP: duração das penas restritivas de direitos
Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão
a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o
do art. 46.
 Art. 46, § 4º, do CP: se a pena substituída for superior a um ano, a prestação de serviço à
comunidade pode ser cumprida em menor tempo
§ 4º, Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena
substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de
liberdade fixada.
 Art. 44 do Código Penal: requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade por pena
restritiva de direitos
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada,
se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado,
bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou
por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade

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pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de
direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em
face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não
se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de
liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos,
respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da
execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao
condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
 Art. 181 da Lei de Execução Penal: hipóteses de conversão de pena restritiva de direitos em
privativa de liberdade
Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas
hipóteses e na forma do artigo 45 e seus incisos do Código Penal.
§ 1º A pena de prestação de serviços à comunidade será convertida quando o condenado:
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação
por edital;
b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar
serviço;
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto;
d) praticar falta grave;
e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não
tenha sido suspensa.
§ 2º A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não
comparecer ao estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a
exercer a atividade determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras
"a", "d" e "e" do parágrafo anterior (não for encontrado por estar em lugar incerto e não
sabido, ou desatender a intimação por edital; praticar falta grave ou sofrer condenação por
outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa).
§ 3º A pena de interdição temporária de direitos será convertida quando o condenado
exercer, injustificadamente, o direito interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses das
letras "a" e "e", do § 1º, deste artigo.
 Art. 60, caput e § 1º, do Código Penal: pena de multa
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação
econômica do réu.
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da
situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
 Art. 49 do CP: destinação do valor da multa
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada
na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de
360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do
maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse
salário.

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§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção
monetária.
 Art. 50 do Código Penal: execução da pena de multa
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a
sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir
que o pagamento se realize em parcelas mensais.
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário
do condenado quando:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena.
§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do
condenado e de sua família.
 Art. 164 da Lei de Execução Penal: execução da pena de multa
Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá
como título executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação
do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à
penhora.
§ 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou o depósito da respectiva importância,
proceder-se-á à penhora de tantos bens quantos bastem para garantir a execução.
§ 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior execução seguirão o que dispuser a lei
processual civil.
 Art. 51 do Código Penal: pena de multa como dívida de valor da Fazenda Pública
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida
de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda
Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
 REsp 1493952/STJ: após o trânsito em julgado, a pena de multa é considerada dívida ativa da
Fazenda Pública
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ART. 51 DO CÓDIGO PENAL.
PENDÊNCIA DE PAGAMENTO DA PENA DE MULTA. EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE.
POSSIBILIDADE. MATÉRIA PACIFICADA.
I - "Considerando-se a pena de multa como dívida de valor e, consequentemente, tornando-
se legitimado a efetuar sua cobrança a Procuradoria da Fazenda Pública, na Vara Fazendária,
perde a razão de ser a manutenção do Processo de Execução perante a Vara das Execuções
Penais, quando pendente, unicamente, o pagamento desta" (EREsp 845.902/RS, Terceira
Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 1º/2/2011).
II - "A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em
sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública." (Súmula 521/STJ).
Agravo regimental desprovido.
(REsp 1493952/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 28/04/2015,
DJe 06/05/2015)
 Súmula 521 do STJ: legitimidade para a execução de multa
A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em
sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.

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 Arts. 77 e 78 do Código Penal: modalidades de sursis
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá
ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que (sursis simples):
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como
os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser
suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de
idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (sursis etário e humanitário)
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao
cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz.
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art.
46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as
circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá
substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas
cumulativamente (sursis especial):
a) proibição de freqüentar determinados lugares;
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar
suas atividades.
 Art. 79 do CP: outras condições de sursis
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
 Art. 80 do Código Penal: a suspensão condicional da pena se restringe à pena privativa de
liberdade
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa.
 HC 138703/STJ: o fato de o réu se embriagar frequentemente não é óbice suficiente à
suspensão condicional da pena
HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL. CONCESSÃO DE SURSIS. POSSIBILIDADE. PENA
BASE FIXADA NO MÍNIMO LEGAL: 1 ANO. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS FAVORÁVEIS. RÉU
PRIMÁRIO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. PARECER DO MPF PELA
DENEGAÇÃO DA ORDEM. ORDEM CONCEDIDA, NO ENTANTO, PARA POSSIBILITAR A
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA AO PACIENTE, MEDIANTE AS CONDIÇÕES A SEREM
ESTABELECIDAS PELO JUIZ DA EXECUÇÃO.
1. O réu foi condenado à pena mínima de 1 ano, sua conduta social foi considerada
adequada pelo Juiz de primeiro grau, além de ser tecnicamente primário.
2. O fato de o réu se embriagar nos fins de semana não é, por si só, suficiente para obstar
o deferimento do sursis, visto que as outras circunstâncias judiciais pesam favoravelmente
à concessão do benefício almejado. Precedentes.
3. Parecer ministerial pela denegação da ordem.

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4. Ordem concedida para possibilitar a suspensão condicional da pena ao paciente, mediante
as condições a serem estabelecidas pelo Juiz da Execução.
(HC 138.703/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em
29/10/2009, DJe 30/11/2009)
 Art. 81 do Código Penal: revogação obrigatória do sursis
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo
justificado, a reparação do dano;
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.
 Art. 81 do CP: hipóteses de revogação facultativa
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição
imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena
privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
 Art. 81 do CP: pode haver a prorrogação do período de prova na revogação facultativa e na
revogação obrigatória
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-
se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o
período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.
 Art. 161 da Lei de Execução Penal: cassação do sursis
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não
comparecer injustificadamente à audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e
será executada imediatamente a pena.
 Art. 62 do Código Penal: extinção do sursis
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena
privativa de liberdade.
 Art. 83 do Código Penal: livramento condicional
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso
e tiver bons antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência
mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de
condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.

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 HC 282733/STJ: A Lei 11.343/2006 proibiu o livramento condicional no caso de reincidência
específica
PROCESSUAL PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO. NÃO
CABIMENTO. EXECUÇÃO PENAL. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. LIVRAMENTO
CONDICIONAL. VEDAÇÃO LEGAL À CONCESSÃO DA BENESSE AOS REINCIDENTES
ESPECÍFICOS NOS DELITOS DOS ARTS. 33, CAPUT, E §1º, E 34 A 37 DA LEI N.
11.343/2006. DESNECESSIDADE DE COMETIMENTO DO DELITO ANTERIOR NA VIGÊNCIA
DA LEI N. 11.464/2006, PARA FINS DE CONFIGURAÇÃO DA REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de Justiça ser
inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário, ou de revisão criminal,
admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a constatação de ilegalidade flagrante,
abuso de poder ou teratologia.
2. Ainda que o crime de associação para o tráfico não seja considerado hediondo ou
equiparado, o art. 44, parágrafo único, da Lei n. 11.343/2006, além de estabelecer prazo
mais rigoroso para o livramento condicional, veda a sua concessão ao reincidente específico.
3. Para fins de reincidência específica não é necessário que o crime anterior, gerador da
reincidência, tenha sido praticado na vigência da Lei n. 11.464/2007.
4. Conquanto o delito de associação para o tráfico não seja hediondo, a nova lei vedou a
concessão do livramento condicional ao reincidente específico nos crimes nela relacionados
- arts. 33, caput e §1º, e 34 a 37 da Lei n. 11.343/2006 -, diferentemente do regramento
aplicado aos delitos cometidos antes de sua vigência, até então, regidos pelo disposto no
art. 83, V, do CP, que negava o benefício ao apenado reincidente específico em crimes
hediondos, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo.
5. Tratando-se de apenados reincidentes específicos, assim considerados os condenados em
quaisquer dos delitos previstos no caput do art. 44 da Lei n. 11.343/2006, quais sejam: os
dos arts.
33, caput e §1º, e 34 a 37 da Lei n. 11.343/2006, não há como lhe ser concedido o benefício
do livramento condicional, por expressa vedação legal.
6. Habeas corpus não conhecido.
(HC 282.733/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 02/06/2016,
DJe 16/06/2016)
 Art. 84 do Código Penal: cálculo do lapso temporal exigido para a obtenção do livramento
condicional
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do
livramento.
 Súmula nº 441: a prática de falta grave
A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.
 Art. 85 do Código Penal: condições do livramento condicional
Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica subordinado o livramento.
 Art. 132 da Lei de Execução Penal: condições do livramento condicional
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica subordinado o
livramento.
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes:
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;

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b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as
seguintes:
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da
observação cautelar e de proteção;
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
c) não freqüentar determinados lugares.
 Arts. 136 a 138 da Lei nº 7.210/84, a Lei de Execução Penal: concessão do livramento
condicional
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de livramento com a cópia integral
da sentença em 2 (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa incumbida
da execução e outra ao Conselho Penitenciário.
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente no dia marcado
pelo Presidente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sendo cumprida a
pena, observando-se o seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais condenados, pelo Presidente
do Conselho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;
II - a autoridade administrativa chamará a atenção do liberando para as condições impostas
na sentença de livramento;
III - o liberando declarará se aceita as condições.
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito por quem presidir a cerimônia
e pelo liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da execução.
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de
seu pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à autoridade judiciária ou
administrativa, sempre que lhe for exigida.
§ 1º A caderneta conterá:
a) a identificação do liberado;
b) o texto impresso do presente Capítulo;
c) as condições impostas.
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um salvo-conduto, em que constem
as condições do livramento, podendo substituir-se a ficha de identificação ou o seu retrato
pela descrição dos sinais que possam identificá-lo.
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver espaço para consignar-se o
cumprimento das condições referidas no artigo 132 desta Lei.
 Art. 86 do Código Penal: revogação obrigatória
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de
liberdade, em sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.
 Art. 87 do Código Penal: revogação facultativa

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Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir
qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por
crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
 Art. 88 do CP: efeitos da revogação
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a
revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta
na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
 Art. 89 do CP: prorrogação
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a
sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do
livramento.
 Art. 145 do CP: suspensão
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão,
ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento
condicional, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.

 HC 272931/STJ: o STJ entende que a revogação ou a suspensão do livramento condicional


depende de decisão judicial
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL.
NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. EXECUÇÃO PENAL. LIVRAMENTO CONDICIONAL. PRÁTICA
DE NOVO DELITO DURANTE O PERÍODO DE PROVA. AUSÊNCIA DE SUSPENSÃO,
REVOGAÇÃO OU PRORROGAÇÃO DO BENEFÍCIO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, acompanhando a orientação da Primeira
Turma do Supremo Tribunal Federal, firmou-se no sentido de que o habeas corpus não pode
ser utilizado como substituto de recurso próprio, sob pena de se desvirtuar a finalidade
dessa garantia constitucional, insculpida no art. art.
5º, LXVIII, exceto quando a ilegalidade apontada for flagrante e estiver influenciando na
liberdade de locomoção do indivíduo.
2. Consoante entendimento desta Corte, a revogação ou suspensão do livramento
condicional não ocorre de forma automática, devendo ser declarada no curso do período de
prova, pelo juiz das execuções.
Assim, concluído o prazo do livramento condicional, sem que tenha havido suspensão
cautelar, revogação ou prorrogação do benefício, não é mais possível a adoção destas
medidas, ainda que tenha o condenado praticado novo crime durante o período de prova,
devendo ser julgada extinta a sua punibilidade. Precedentes.
3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício.
(HC 272.931/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 23/10/2014,
DJe 04/11/2014)
 Art. 90 do Código Penal: extinção
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena
privativa de liberdade

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9 – Resumo
Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um
resumo dos principais aspectos estudados ao longo
da aula. Sugerimos que esse resumo seja estudado
sempre previamente ao início da aula seguinte,
como forma de “refrescar” a memória. Além disso, segundo a organização de
estudos de vocês, a cada ciclo de estudos é fundamental retomar esses resumos.
Caso encontrem dificuldade em compreender alguma informação, não deixem de
retornar à aula.

Sanção Penal

É a coação ou a resposta do Estado imposta àqueles que violam as normas penais incriminadoras.
Cuida-se de gênero, do qual são espécies:

 Pena: é a sanção imposta pelo Estado ao condenado pela prática de infração penal,
que consiste na privação ou restrição de determinados bens jurídicos do agente.

 Medida de segurança: é a sanção imposta pelo Estado ao agente não imputável,


pela violação da norma penal incriminadora, com finalidade exclusivamente
preventiva.

Teoria sobre a finalidade da pena

A utilização das penas, pelo Estado, como forma de coerção no que se refere às normas penais,
possui uma finalidade. Em relação à finalidade que possuem as penas, surgiram diversas teorias
que procuram fundamentá-las e dar-lhes significado:

 Teoria absoluta ou da retribuição: a finalidade da pena é a punição do agente.

 Teoria relativa, finalista, utilitária ou da prevenção: a pena é um meio para se


alcançar determinados resultados, que variam conforme a vertente adotada:

- Prevenção geral negativa: a pena deve coagir toda a sociedade,


psicologicamente.
- Prevenção geral positiva: a pena visa a demonstrar a todos a eficácia da lei.
- Prevenção especial negativa: a pena busca evitar que o agente volte a
delinquir.
- Prevenção especial positiva: a pena visa à ressocialização do agente.

 Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória: a pena busca punir o agente,


ao mesmo tempo em que visa a coibir a prática de crimes, por meio da ressocialização
e da intimidação.

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No Brasil, hoje, a doutrina majoritária entende que a pena tem as seguintes finalidades:
retributiva, preventiva e reeducativa. Deste modo, a pena representa tanto uma resposta estatal
para o caso de descumprimento da norma, busca prevenir o cometimento de novos delitos e
reeducar os condenados.

Princípios sobre as penas

 Existem princípios específicos, que orientam e disciplinam a teoria das penas e


influenciam a aplicação das regras correlatas. São os seguintes os princípios:

- Princípio da legalidade

- Princípio da Anterioridade

- Princípio da Personalidade

- Princípio da Individualização

- Princípio da Inderrogabilidade

- Princípio da Proporcionalidade

- Princípio da Humanidade

Justiça Restaurativa

Penas em espécie

 As espécies de penas no Direito Brasileiro:

A Constituição Federal já prevê as penas possíveis em seu artigo 5º, inciso XLVI, que trata da
individualização da pena. O artigo 32, do Código Penal, por sua vez, traz as espécies de pena,
classificando-as em três grupos: privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa.

As penas privativas de liberdade podem ser de reclusão e de detenção, reguladas no Código


Penal, e de prisão simples, prevista na Lei das Contravenções Penais. Quanto às penas restritivas
de direitos, podemos mencionar a prestação pecuniária, a perda de bens e valores, a limitação
de fim de semana, a prestação de serviço à comunidade ou a entidades pública, a interdição
temporária de direitos e a limitação de fim de semana.

Assim, temos três grandes grupos de penas, consistentes nas privativas de liberdade, nas
restritivas de direitos e nas penas de multas. Enquanto as penas privativas de liberdade são

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manifestação do Direito Penal Tradicional ou da Primeira Velocidade, as penas restritivas de
direitos, também chamadas de alternativas, são consideradas parte da chamada Segunda
Velocidade do Direito Penal, na classificação do jurista Jesús-María Silva Sanchez, já estudada
neste curso.

 Penas Vedadas.

Assim como prevê as penas que são permitidas, a Constituição Federal também apresenta a lista
das penas que são vedadas. A Constituição proíbe as penas de morte, de caráter perpétuo, de
trabalhos forçado e, de forma genérica, as que sejam cruéis. A única exceção que a Constituição
faz é em relação à pena de morte, para a qual se admite a aplicação em caso de guerra declarada.
Vejamos cada uma das vedações:

- Pena de morte, salvo em caso de guerra declarada A pena de morte, portanto,


é proibida em regra. A exceção é o caso de declaração de guerra. A guerra é
declarada pelo Presidente da República, após autorização do Congresso
Nacional, no caso de agressão estrangeira. A pena de morte está prevista, para
situações em que permitida, no Código Penal Militar, que determina que seja
executada por fuzilamento. Grande parte dos doutrinadores entende que a
previsão do abate, que só foi regulamentada pelo Decreto nº 5.144/2004, é
inconstitucional, por trazer nova modalidade de pena de morte não prevista na
Constituição. Entretanto, trata-se de previsão bastante específica, sem que
haja notícias de efetivo abate de aeronave nos termos da permissão legal.
Deste modo, não se pode fixar uma posição majoritária da doutrina, nem
mesmo se pode mencionar a posição adotada pela jurisprudência. Ademais, há
a posição de que também há previsão de pena de morte, neste caso de pessoas
jurídicas, no caso do artigo 24 da Lei 9.605/98. Entretanto, cuida-se de posição
minoritária, sem ressonância na jurisprudência.
- Penas de caráter perpétuo também não se permite, no Brasil, razão pela qual
as penas de reclusão e de detenção possuem como limite a duração de 30
anos, nos termos do artigo 75 do Código Penal. Quanto à pena de prisão, seu
limite é de 5 anos, conforme o artigo 10 da Lei das Contravenções Penais.
- Pena de trabalhos forçados. A nossa Constituição também não admite a pena
de trabalhos forçados. Distingue-se, do trabalho forçado, a prestação de
serviços à comunidade, pena alternativa, ou seja, pena restritiva de direitos
aplicada em substituição à pena privativa de liberdade. Deste modo, a
prestação de serviços não é forçada, mas sim um benefício para o preso. Caso
não cumpridas as horas a que foi condenado, o executado deverá cumprir a
pena privativa de liberdade imposta originariamente e substituída pelo juiz. Por

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fim, a maior discussão se refere à exigência de trabalho para os presos
definitivos, sob pena de cometimento de falta grave. O trabalho é considerado
um dever do condenado, de modo que seu descumprimento constitui falta
grave, nos termos do artigo 39, inciso V, e do artigo 50, inciso VI, ambos da
LEP. Entretanto, o trabalho previsto na Lei de Execução Penal não é pena, mas
sim um dos deveres do condenado definitivamente à pena privativa de
liberdade. Não se cuida de trabalho forçado como sanção penal, mas de
trabalho obrigatório como uma das obrigações do preso em relação à disciplina
que lhe é imposta. Neste mesmo sentido, é o posicionamento do Superior
Tribunal de Justiça. O Pacto de São José da Costa Rica também admite a
obrigação de trabalho como decorrência do cumprimento de pena privativa de
liberdade.
- Pena de banimento. Foi também vedada pelo constituinte de 1988 a pena de
banimento. O banimento é o ato de expulsar um brasileiro do território
nacional, levando-o a viver no estrangeiro. Hás outras espécies de pena que
não devem ser confundidas com o banimento, a de desterro e a de degredo ou
confinamento. Degredo é a determinação de que o indivíduo fique confinado a
uma determinada parte do território nacional. Desterro é a expulsão do
indivíduo do local em que vive, como, por exemplo, a Comarca em que vive a
vítima.
- Pena da natureza cruel. Por fim, são vedadas as penas de natureza cruel, o que
é nítida decorrência do princípio da humanidade. Esta vedação é mais genérica,
pois envolve, de modo mais amplo, todas as penas que sejam dotadas de
crueldade.

 Penas Privativas de Liberdade

As penas privativas de liberdade são a de reclusão, a de detenção e a de prisão simples. Em tese,


a pena de reclusão é destinada aos crimes mais graves, enquanto a de detenção se destina aos
mais leves. Por sua vez, a prisão simples é reservada para as infrações penais. O regime inicial
da pena de reclusão pode ser o fechado, o semiaberto ou o aberto. No caso da detenção e da
prisão simples, o regime inicial pode ser o semiaberto ou o aberto. Entretanto, apenas no caso
de detenção pode haver regressão, no curso do cumprimento de pena, para o regime fechado, o
que não se admite no caso de prisão simples.

Quanto aos efeitos extrapenais, previstos nos artigos 91 e 92 do Código Penal, não se aplicam à
pena de prisão. Os efeitos são reservados para os casos de reclusão e detenção, exceto no que
se refere à incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, que é reservada
apenas para os crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou

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curatelado. Por fim, só cabe interceptação telefônica nos casos de crimes a que for cominada a
pena de reclusão.

 Aplicação das penas

A aplicação da pena é chamada de dosimetria, por envolver o cálculo da pena nos termos do
método trifásico. Começando pela pena privativa de liberdade, sua fixação, pelo juiz, deve ter
como parâmetros os limites mínimo e máximo previstos na lei e ser realizado em três fases. O
método trifásico se inicia com a fase das circunstâncias judiciais, prevista no artigo 59 do Código
Penal. Na sequência, há a aplicação das agravantes e das atenuantes, com a estipulação da pena
intermediária. Por fim, a terceira fase envolve a aplicação das causas de aumento e de diminuição
de pena. É o que prevê o artigo 68 do Código Penal, que institui o sistema trifásico de cálculo da
pena.

✓ 1ª Fase

Na primeira fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias judiciais para a fixação da


pena-base. Segundo a doutrina e a jurisprudência majoritárias, parte-se da pena mínima
abstratamente cominada ao delito, seja do tipo simples ou do qualificado. Para a fixação da pena
base, são consideradas as circunstâncias judiciais. São elas: a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias e as consequências do
crime e o comportamento da vítima. Estão estipuladas no artigo 59, do Código Penal. Nesta fase,
o juiz não se pode ultrapassar os limites mínimo e máximo da pena, conforme as balizadas fixadas
de forma abstrata pelo legislador. A lei não prevê, quanto às circunstâncias judiciais, a fração da
pena que deve ser utilizada. Deste modo, há sua fixação pela doutrina e pela jurisprudência,
sendo que parte entende aplicável a fração de 1/6 (um sexto), enquanto outros entendem que
se aplica a fração de 1/8 (um oitavo). O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, entende que
não se deve adotar um quantum definido e determinado para todas as circunstâncias judiciais,
mas sim devem ser consideradas cada uma das circunstâncias, conforme a relevância delas no
caso concreto. O STF, por sua vez, possui precedente em que se considera recomendável a
indicação da fração do aumento, apesar de consignar que não é necessária essa menção na
sentença. Vejamos as especificidades de cada uma das circunstâncias judiciais:

- Culpabilidade: consiste no juízo da censura ou reprovação em relação à


conduta do agente, que pode variar conforme o caso concreto.
- Maus antecedentes: se referem às infrações penais cometidas anteriormente
pelo agente, sendo que essa circunstância judicial esbarra na questão da
presunção de inocência. O Superior Tribunal de Justiça já possui entendimento
consolidado sobre a vedação de utilização de inquéritos e processos penais em
curso, conforme o verbete da Súmula 444. Devem ser consideradas, então,

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para a configuração dos maus antecedentes as condenações criminais já
transitadas em julgado. Entretanto, há a agravante da reincidência, sendo que
a mesma condenação não pode ser considerada como mau antecedente e
fundamento de reincidência, sob pena de violação do princípio da proibição do
bis in idem. Cabe, então, a análise mais rápida dos casos em que se configura
a reincidência. A condenação por ato anterior deixa de ensejar a reincidência
após o decurso do prazo depurador a partir do cumprimento ou da extinção da
pena, sendo que devem ser computados os períodos de prova da suspensão
condicional da pena ou do livramento condicional, caso os benefícios não
tenham sido revogados. O prazo é de um lustro, ou seja, de 5 anos. Após o
transcurso de referido interregno, a condenação anterior não poderá mais ser
considerada para reconhecimento da reincidência. Também não ensejam o
reconhecimento da reincidência a condenação anterior por crime anterior que
seja militar próprio ou político. Crimes políticos, por sua vez, são aqueles que
se voltam contra a ordem política, devendo estar presente a motivação política
do agente. No caso do Direito Penal brasileiro, estão previstos na Lei de
Segurança Nacional, Lei nº 7.170/83.
Quais são, então, os fatos delitivos que podem ser considerados como
maus antecedentes?
a) Condenação anterior, após o lustro (5 anos) desde o cumprimento
ou extinção da pena. [questão controversa]
Como vimos, após o decurso de um quinquênio, contado do cumprimento ou
da extinção da pena, há a depuração do fato, o que leva a não ser possível se
considerar o delito como reincidência. Portanto, só restaria ao juiz utilizar o
fato como mau antecedente do agente, na primeira fase da dosimetria, como
uma das circunstâncias judiciais. Parte da doutrina e da jurisprudência,
entendem que, após o transcurso do lustro, há o direito ao esquecimento, que
determina que o fato não seja considerado de forma alguma para a dosimetria
da pena. Deste modo, passados os cinco anos do cumprimento ou da extinção
da pena, não poderia mais a condenação ser levada em conta pelo juiz. É o
que entende a Segunda Turma do STF. Entretanto, há também o entendimento
de que, após o decurso do lustro, a condenação anterior já transitada em
julgado pode ser utilizada como mau antecedente do agente, sendo vedado
apenas que determine o reconhecimento da reincidência. É a posição pacífica
do Superior Tribunal de Justiça. Por fim, cumpre consignar que a Primeira
Turma do STF possui precedente em que reconhece que o tema é controverso

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e deve ser analisado no julgamento de tema sujeito à sistemática da
repercussão geral.
b) Condenação por fato praticado anteriormente, cujo trânsito em
julgado ocorreu entre o novo fato e a data da sentença. Há fato anterior
ao cometimento do novo crime, mas cujo trânsito ocorra entre a prática da
nova infração penal e a prolação da sentença pelo juiz. Como o fato não havia
transitado em julgado na época da prática de novo delito pelo agente, não pode
ser considerado para se declará-lo como reincidente, conforme prevê o artigo
63 do Código Penal. Assim, ocorrendo o trânsito em julgado após o
cometimento do novo fato criminoso, não há que se falar em reincidência. Pode
tal circunstância ser considerada, entretanto, como mau antecedente, já que
houve o trânsito em julgado antes de proferida a condenação.
c) Condenação anterior por crimes militares próprios ou políticos. A
condenação anterior por crimes militares próprios ou por crimes políticos não
implica na reincidência do agente. Deste modo, se referida condenação já
houver transitado em julgado, é possível sua utilização como mau antecedente.
d) Condenação anterior, dentro do período que gera reincidência, se já
houver outra condenação com este efeito. O indivíduo pode ter mais de
uma condenação, sendo que todas transitaram em julgado antes da data do
cometimento do novo delito. Considerado um dos fatos para reconhecimento
da agravante da reincidência, as demais condenações podem ser levadas em
conta na primeira fase da dosimetria, como maus antecedentes.
- Conduta Social: se refere ao comportamento do indivíduo na sociedade, sua
interação com a comunidade em que vive. A este respeito, é comum a utilização
de testemunhas de defesa para comprovação de que o réu possui uma boa
conduta social, as quais são denominadas de “testemunhas de beatificação”.
- Personalidade do agente: se refere à sua composição psicológica,
abrangendo suas qualidades morais, a natureza de sua índole, o conjunto de
seus caracteres subjetivos e a expressão do seu temperamento. Deve ser
aferida do confronto de seu comportamento com a ordem social. A
jurisprudência tem exigido que haja elementos concretos sobre a avaliação
psicológica do agente para a elevação da pena base, pelo juiz, com fundamento
na personalidade do agente.
- Circunstâncias do crime: se referem à forma como ele foi praticada, ou seja,
ao seu modus operandi. O mesmo crime pode ser praticado de diversas formas,
com graus de ousadia e de periculosidade diferentes, o que deve influenciar a
fixação da pena base.

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- Consequências do crime: abrangem os resultados produzidos em relação à
vítima, a seus entes próximos ou à sociedade.
- Comportamento da vítima: também é circunstância judicial prevista no
artigo 59 do Código Penal. Aqui, pode ser valorada a chamada culpa
concorrente, como elemento da individualização da pena. Vale lembrar que o
Direito Penal não admite a compensação de culpas, sendo que neste caso o
juiz pode valorar a circunstância na primeira fase da dosimetria.

✓ 2ª Fase

Na segunda fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias agravantes e atenuantes.


Neste caso, também não há a fixação de uma fração, pela lei, para a diminuição ou o aumento
da pena, sendo que a jurisprudência aponta como utilizável fração de 1/6 (um sexto). O Superior
Tribunal de Justiça admite a consideração de fração diversa, mas entende que a fixação do
aumento superior a um sexto exige motivação específica na sentença. Na segunda fase, parte-se
da pena intermediária para a estipulação da pena intermediária. Esta deve observar a adstrição
aos limites mínimo e máximo da sanção abstratamente cominada ao delito. É o que determina a
Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça

Agravantes: estão previstas no artigo 61 do Código Penal, o que ressalva que sua aplicação na
segunda fase depende de o delito não prever a circunstância como elementar ou qualificadora do
crime.
- Reincidência: é a agravante que determina a elevação da pena em razão de
cometimento anterior de crime pelo agente, desde que haja trânsito em julgado
e dentro de determinado período. No caso de cometimento de novo crime, só
a prática de crime anterior, seja no Brasil ou no exterior, enseja a reincidência,
nos termos do dispositivo acima transcrito. Se o indivíduo comete contravenção
penal, a prática de crime anterior, no Brasil ou no exterior, ou de contravenção
penal, no Brasil, ele se torna reincidente, desde que já haja o trânsito em
julgado da condenação pretérita. O nosso Direito adota o sistema da
temporariedade da reincidência. Isto significa que o delito só ensejará a
reincidência do agente, caso ele pratique novo fato delitivo, dentro de
determinado prazo. Referido lapso temporal é denominado de período
depurador, que é de um lustro, um quinquênio ou, de modo mais simples, de
cinco anos. O transcurso do período depurador é uma das hipóteses de não
configuração da reincidência, nos termos do artigo 64 do Código Penal.
Portanto, decorridos cinco anos do cumprimento ou extinção da pena,
computados neste prazo o da suspensão condicional da penal (sursis) e o do

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livramento condicional (LC) se não tiverem sido revogados, o fato deixa de
possuir a potencialidade de tornar o indivíduo reincidente, caso volte a
delinquir. Demais disso, não é possível considerar o indivíduo reincidente com
base em crime anterior que seja militar próprio ou político. A reincidência
possui natureza jurídica de circunstância agravante de caráter subjetivo. Tal
agravante não se comunica para os demais agentes, dada sua natureza
nitidamente pessoal.
- Motivo fútil ou torpe: constituem circunstâncias agravantes, ressalvadas,
claramente, as hipóteses em que forem elementares ou qualificadoras do
crime. O motivo fútil é considerado o pequeno, insignificante. Por sua vez, o
motivo torpe é aquele abjeto, vil ou repugnante. Com relação à vingança,
prevalece na jurisprudência que se trata de motivo torpe:
a) Crime cometido para facilitar ou assegurar a execução ou ocultação,
impunidade ou vantagem do outro crime. A pena se agrava no caso de o
crime ter sido cometido para facilitar ou assegurar a execução ou ocultação,
impunidade ou vantagem de outro crime. São os casos denominados de
conexão teleológica e consequencial:
- Conexão teleológica: para assegurar a execução de outro crime.
- Conexão consequencial: para assegurar a ocultação, a impunidade
ou a vantagem de outro crime.
b) Crime cometido com traição, emboscada, dissimulação ou outro
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima. A
traição consiste no ataque feito com deslealdade, em que se aproveita de um
momento de confiança da vítima. A emboscada é o ataque feito por meio de
tocaia. A dissimulação é a conduta dotada de fingimento, realizada com
disfarce. Além dos crimes praticados com traição, emboscada ou dissimulação,
o legislador deixou espaço para a chamada interpretação analógica. Qualquer
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima possibilita a
modificação da pena na segunda fase da dosimetria, devendo os parâmetros
serem a traição, a emboscada e a dissimulação. Um exemplo apontado de outro
recurso que configura a agravante é a surpresa.
c) Crime praticado contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge.
Também deve ser agravada a pena do indivíduo que pratica crime contra
ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. Para ficar mais fácil memorizar,
podemos pensar no acróstico CADI: Cônjuge, Ascendente, Descendente ou
Irmão. A separação de fato afasta a agravante. Também prevalece que não

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incide a agravante em caso de união estável, já que não se admite analogia in
malam partem.
- Agravantes no concurso de pessoas. No caso de concurso de pessoas, há
situações que agravam a pena. Estão previstas no artigo 62 do Código Penal.
Deste modo, tem sua pena agravada quem promove ou organiza a cooperação
no crime, quem dirige a atividade dos outros agentes, quem coage ou induz
outem para a execução do crime, quem instiga ou determina alguém sujeito a
sua atividade ou não punível a cometer o delito, bem como aquele que executa
o delito ou participa dele mediante paga ou promessa de recompensa (crime
mercenário).

Atenuantes

O Código Penal prevê, no seu artigo 65, as situações que atenuam a pena. O inciso I cuida da
chamada menoridade relativa e da senilidade, que determinam a incidência de atenuante no caso
de o agente ser menor de 21 anos de idade, ou maior de 70 anos de idade, na data de sentença.
Ademais, estudamos que o erro de proibição não se confunde com o desconhecimento da lei. A
ignorância da lei, que não afasta a culpabilidade, pode, entretanto, atenuar a pena, nos termos
do artigo 65, II, do Código Penal. Também atenua a pena o agente ter cometido o crime por
motivo de relevante valor social, que é aquele de interesse da coletividade. Do mesmo modo,
configura a atenuante o relevante valor moral, que se refere a um valor pessoal do agente. Há
atenuante de pena se o agente procurar, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após
o cometimento do crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do
julgamento, reparado o dano. Percebam que a hipótese é mais ampla que o arrependimento
posterior, que é causa de diminuição de pena, de um a dois terços, e não deve ser confundido
com a atenuante. Incide a minorante apenas nos crimes cometidos sem violência ou grave
ameaça à pessoa, se o agente, voluntariamente, reparar o dano ou restituir a coisa até o
recebimento da denúncia ou da queixa. Também atenua a pena o sujeito ter cometido o crime
sob coação resistível ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, desde que não seja
o caso de aparente legalidade. A pena também deve ser atenuada no caso de o crime ter sido
cometido sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima. Quando a
confissão espontânea for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus
à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. O STJ possui enunciado a respeito, a
Súmula 545. Para deixar mais claro, ainda que a confissão seja parcial, se o juiz fundamentar a
condenação com base nela, o indivíduo fará jus à incidência da atenuante. De igual forma, se o
agente posteriormente se retratar e, mesmo assim, for um dos elementos utilizados na sentença.
Portanto, a confissão espontânea realizada perante a autoridade policial pode atenuar a pena,

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ainda que o agente se retrate perante o juiz, desde que este a utilize como elemento de
convencimento para a condenação. É o que decidiu recentemente o STJ. Por fim, há a atenuante
prevista no inciso III, alínea e, do Código Penal, no caso de o sujeito ter cometido o crime sob a
influência de multidão em tumulto, se não o provocou. Estudamos anteriormente o chamado
crime multitudinário, sendo que, no caso do indivíduo que induzir os outros a cometer o delito
deve ter sua pena agravada. Além das atenuantes previstas no artigo 65 do Código Penal, o artigo
66 prevê a possibilidade de o juiz atenuar a pena por alguma outra circunstância relevante, seja
ela anterior ou posterior ao crime. Um exemplo de utilização da atenuante genérica, conforme
já estudamos, é o caso da coculpabilidade. Deste modo, se o juiz entender que o sujeito não teve
garantidos seus direitos mínimos pelo Estado, possuindo menos oportunidades na vida, pode
atenuar a pena para sua adequada individualização.

Concurso de agravantes e atenuantes

Já vimos que o STJ tem entendido que não é necessário que o juiz adote uma fração fixa de
aumento e de diminuição na segunda fase da dosimetria, apesar de entender recomendável. De
todo modo, existem algumas circunstâncias que devem preponderar sobre as outras, conforme
prescreve o artigo 67 do Código Penal. São preponderantes as circunstâncias que envolvem os
motivos do crime, a personalidade do agente e a reincidência. Percebam que todas elas são
subjetivas. A reincidência, portanto, é uma agravante que é tida como preponderante. Surgiu,
então, a controvérsia sobre a sua possibilidade de compensação com a confissão espontânea, que
é circunstância subjetiva. O STJ pacificou, no âmbito da própria Corte, que a compensação é
possível.

✓ 3ª Fase

Na terceira fase, incidem as causas de aumento, chamadas de majorantes, e as de diminuição de


pena, denominadas de minorantes. Nesta fase, o juiz pode ultrapassar os limites mínimo e
máximo da pena abstratamente cominada ao crime. As minorantes e majorantes possuem
previsão, na lei, de qual a fração de aumento ou de diminuição deve ser utilizada pelo juiz, ou,
ao menos, a fração máxima e a mínima de alteração da pena intermediária. O julgador, portanto,
parte da pena intermediária para encontrar a pena definitiva. Esta pode ser inferior ao mínimo
previsto no preceito secundário, bem como pode ultrapassar o máximo previsto pelo legislador
no tipo penal. Primeiro, devem incidir as causas de aumento de pena. Após, sobre a pena já
elevada, incidem a minorante. Isto garante que a pena seja menor do que a operação na ordem
inversa. Esta questão da ordem decorre da falta de previsão na lei de qual a sequência, razão
pela qual deve ser escolhida a mais favorável ao réu. Com relação ao concurso entre majorantes

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e minorantes, se as causas estiverem na parte geral do Código Penal, devem todas incidir. De
igual modo, se houver uma causa de aumento de pena na Parte Especial e outra na Parte Geral,
ou uma minorante na Parte Geral e outra, na Especial. Nestes casos, as causas de aumento
devem incidir uma de cada vez, sobre a pena intermediária (princípio da incidência
isolada). Quanto às causas de diminuição, a primeira minorante incide sobre a pena
intermediária, já a segunda incide sobre a pena já diminuída e assim sucessivamente
(princípio da incidência cumulativa). Se, entretanto, houver a configuração de mais de uma
majorante ou minorante previstas na Parte Especial do Código, o juiz pode realizar um só aumento
ou a uma só diminuição, mas pela causa que determine o maior aumento ou a maior diminuição.
É o que prevê o parágrafo único do artigo 68. Assim, se o juiz pode entender que só incide uma
das majorantes ou minorantes, se todas estiverem na Parte Especial do Código Penal, como, por
exemplo, as causas de aumento de pena do roubo. Se o julgador resolver pela incidência de mais
de uma delas, as causas de aumento devem incidir conforme o princípio da incidência isolada,
enquanto as de diminuição, conforme o princípio da incidência cumulativa. Caso haja majorantes
e minorantes, o juiz deve aplicar ambas, na seguinte ordem: primeiro as majorantes e, sobre a
pena já aumentada, fazer a aplicação das causas de diminuição de pena, nos termos do princípio
da incidência cumulativa.

 Regime de cumprimento de pena

Para o cumprimento de pena, temos mais de um regime no Código Penal: o fechado, o aberto e
o semiaberto. O sistema é o progressivo, ou seja, o agente deve, conforme o seu mérito, ir do
regime mais gravoso ao menos restrito ao longo da execução da pena. Entretanto, caso pratique
falta grave ou sobrevenham novas condenações, é possível que o indivíduo sofra a regressão do
regime, passando do mais leve àquele mais grave. O juiz, na sentença, fixa o regime inicial de
cumprimento de pena, que, como visto, poderá se alterar durante a execução. Ele poderá fazer
jus à progressão, poderá sofrer a regressão, assim como pode ter a unificação com nova pena
que fará com que se altere o regime. O artigo 33, caput e § 1º, do Código Penal prevê os regimes
de cumprimento de pena e o local de cumprimento. O regime fechado refere-se à execução da
pena privativa de liberdade em estabelecimento de segurança máxima ou média, conforme as
regras do artigo 34 do Código Penal. Por sua vez, o regime semiaberto implica no cumprimento
da pena privativa de liberdade em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Seu
regramento está no artigo 35 do Código Penal. Por fim, o regime aberto traduz-se no cumprimento
da pena privativa de liberdade em casa de albergado ou estabelecimento adequado, consoante a
disciplina do artigo 36 do Código Penal. Para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena,
o juiz deverá observar o regramento do artigo 33, §§ 2º e 3º. Como já dito, o juiz fixa o regime
inicial de cumprimento de pena, sendo que a execução deve ser forma progressiva, do sistema
mais rigoroso para o menos rigoroso, conforme o mérito do executado e o cumprimento de

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determinado percentual da pena. É o que determina o artigo 112 da Lei de Execução Penal (LEP).
Portanto, em regra, a progressão da pena depende do cumprimento de 1/6 (um sexto da pena),
além do mérito do sentenciado. Entretanto, no caso de crimes hediondos e equiparados, a fração
passa a ser de 2/5 (dois quintos), se o executado for primário, ou de 3/5 (três quintos), se
reincidente, nos termos do artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).
Entretanto, anteriormente, havia a proibição legal que progressão de regime para os delitos
hediondos e equiparados (“A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente
em regime fechado”), o que foi considerado inconstitucional pelo STF. Com isso, os crimes
hediondos e equiparados, cometidos durante o período em que a Lei 8.072/90 proibia a
progressão de regime, passaram a admitir a progressão com o cumprimento de 1/6 (um sexto)
da pena, nos termos da regra geral. Para os delitos hediondos e equiparados cometidos a partir
de 28 de março de 2007, a progressão de regime deve ocorrer nos termos da nova redação do
artigo 2, §2º da Lei 8.072/90, dada pela Lei 11.464/2007. Isto porque, ao instituir um regime
mais gravoso, a lei não pode retroagir, pois prevê lapsos temporais maiores que os da regra geral
(um sexto). ATENÇÃO: a Lei 11.464/2007 é considerada mais gravosa porque a situação anterior,
após a declaração de inconstitucionalidade do regime integralmente fechado, era a de progressão
com o cumprimento de um sexto da pena. A previsão de regime integralmente fechado,
considerada inconstitucional, deve ser tida por inexistente, conforme preconiza o Direito
Constitucional. Por isso, o regime integralmente fechado não é utilizado como paradigma para se
analisar se a Lei 11.464/2007 é mais grave ou mais benéfica. Essa conclusão foi pacificada na
Súmula Vinculante 26. O STJ também, no âmbito da sua Corte, resolveu elaborar enunciado a
respeito da progressão de regime nos crimes hediondos e equiparados, consistente na Súmula
471. Vale lembrar que o juiz também analisará o mérito do condenado, por meio do seu atestado
de comportamento carcerário, em que consta se houve o cometimento de faltas por ele. Além
disso, a jurisprudência tem admitido que se determine, fundamentadamente, a realização de
exame criminológico para tal fim.

Penas Alternativas: abrangem as penas restritivas de direitos e as penas de multa. São


alternativas ao cárcere, que foi bastante valorizado na chamada Primeira Velocidade do Direito
Penal, sendo um marco do Direito Penal Tradicional.

 Penas restritivas de direitos: são classificadas como reais e pessoais, conforme atinjam de
forma mais direta o patrimônio ou a liberdade do indivíduo. Representam, como penas
alternativas que são, uma alternativa ao encarceramento, que consubstancia maior restrição aos
direitos do condenado. Estão elencadas no artigo 43 do CP. As restritivas de direitos reais são a
prestação pecuniária e a perda de bens e valores. Por sua vez, as penas restritivas de direitos
pessoais são a prestação de serviços à comunidade, a interdição temporária de direitos e a
limitação de fim de semana.

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- Prestação pecuniária: é a pena restritiva de direitos consistente no
pagamento de um valor, fixado entre 1 e 360 salários mínimos, à vítima, a
seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social. Está
prevista nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 45, do Código Penal.
Como a lei prevê ser possível, com aceitação do beneficiário, que a prestação
seja de outra natureza, que não a pecuniária, é comum que se estabeleça a
entrega de cestas básicas a entidades beneficentes.
- Perda de bens e valores: é a pena restritiva de direitos que se traduz no
confisco de bens e valores pertencentes ao executado, com o limite do valor
do prejuízo que tiver causado ou do proveito obtido com a conduta criminosa,
o que for maior dente os dois. É o chamado confisco-pena, sendo sua
destinação o Fundo Penitenciário Nacional. Está regulamentada no parágrafo
terceiro do artigo 45 do Código Penal.
- Prestação de serviços à comunidade: é a pena restritiva de direitos
consistente na atribuição de tarefas gratuitas ao executado, que deverá
cumpri-las em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros
estabelecimentos semelhantes, desde que em programas comunitários ou
estatais. Está prevista no artigo 46 do CP.
- Limitação de fim de semana: é a pena restritiva de direitos consistente na
obrigação de o executado permanecer por cinco horas diárias, aos sábados e
domingos, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado, ocasiões
nas quais poderão ser ministrados cursos e palestras ou realizadas atividades
educativas. É o que determina o artigo 48 do CP. A Lei de Execução Penal trata
do pena em seu artigo 152.
- Interdição temporária de direitos: é a modalidade de pena restritiva de
direitos em que o indivíduo fica privado do exercício de algum direito seu por
determinado prazo, como, por exemplo, o de exercer a medicina. Suas
hipóteses estão previstas no artigo 47 do Código Penal. No caso da proibição
de exercício de cargo, função, atividade pública ou de mandato eletivo, bem
como de proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam
de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público, a aplicação
se dirige aos delitos em que há a violação dos deveres ligados à atividade do
agente. São, por isso, chamadas de hipóteses específicas de interdição de
direitos, nos termos do artigo 56 do CP. Quanto à suspensão de autorização ou
de habilitação para dirigir veículo, sua cominação se destina aos crimes
culposos de trânsito, segundo dispõe o artigo 57 do CP.

Cominação das penas restritivas de direitos

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As penas restritivas de direitos são aplicadas independentemente de cominação na Parte Especial
do Código Penal. Isto é, aplicam-se mesmo que não haja previsão no preceito secundário do tipo,
servindo para substituir a pena privativa de liberdade aplicada ao agente, nos termos do artigo
54 do CP. Quanto à duração das penas restritivas de direitos, prevê o artigo 55 que devem ter a
mesma duração da pena restritiva de liberdade substituída as seguintes penas restritivas de
direitos: a limitação de fim de semana; a prestação de serviço à comunidade ou a entidades
públicas; a interdição temporária de direitos e a limitação de fim de semana. A prestação
pecuniária e a perda de bens e valores, por sua própria natureza, duram o tempo necessário para
o cumprimento, podendo ser imediato ou diferido (no caso de parcelamento, por exemplo).
Entretanto, cumpre consignar que, se a pena substituída for superior a um ano, a prestação de
serviço à comunidade pode ser cumprida em menor tempo, desde que não inferior à metade da
pena substituída, conforme o artigo 46, § 4º, do CP.

Substituição e requisitos

Os requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos
foram trazidos pelo legislador no artigo 44 do Código Penal.

Conversão em pena privativa de liberdade

Em determinas hipóteses, é possível também que a pena restritiva de direitos seja convertida em
privativa de liberdade. É o que prevê o artigo 181 da Lei de Execução Penal.

 Pena de Multa

A pena de multa é a sanção penal patrimonial, ou seja, é a pena consistente na obrigação de o


sentenciado efetuar o pagamento de determina quantia de dinheiro. Pode estar prevista no
preceito secundário incriminador, de forma isolada, alternativa ou cumulativa com a pena
privativa de liberdade, bem como pode ser utilizada para substituição da pena privativa de
liberdade. Para sua fixação, de início o juiz estipula a quantidade de dias-multa, entre 10 e 360,
de acordo com o critério trifásico, acima estudado. Após, há a estipulação do valor de cada dia-
multa, com atenção à situação econômica do réu. O valor de cada dia-multa varia de um trigésimo
do salário mínimo a cinco vezes o salário mínimo. Um trigésimo do salário mínimo como valor
mínimo de cada dia-multa representa o ganho de um trabalhador, por um dia de trabalho, pelo
menor salário admitido por lei no país. O limite é de 5 salários mínimos. Entretanto, se o juiz
entender que o valor é ineficaz, em virtude da condição financeira do condenado, pode elevá-lo
até o triplo. A fixação da pena de multa está regulada pelo artigo 60, caput e § 1º, do Código
Penal. O valor deve ser revertido ao fundo penitenciária, nos termos do artigo 49 do CP.

Execução da pena de multa

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O Código Penal trata da execução da pena de multa no seu artigo 50. A Lei de Execução Penal,
por sua vez, cuida do tema em seu artigo 164. Entretanto, o tema passou por uma grande
mudança com a Lei 9.268/96 que, dando nova redação ao artigo 51 do Código Penal, passou a
determinar o tratamento da pena de multa, imposta por sentença transitada em julgado, como
dívida de valor da Fazenda Pública. Deste modo, após o trânsito em julgado, a pena de multa é
considerada dívida ativa da Fazenda Pública, razão pela qual sua cobrança deve ser promovida
pela advocacia pública responsável, nos termos do seguinte julgado do STJ. É o que prevê, ainda,
a Súmula 521 do STJ, que a legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento
imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. O rito a ser
aplicado para a execução da multa, portanto, é o da Lei 6.830/80, a Lei de Execução Fiscal.

Suspensão Condicional da Pena

A suspensão condicional da pena é um benefício previsto em lei que determina a paralisação da


execução da pena privativa de liberdade, desde que cumpridos determinados requisitos. Cuida-
se de direito público subjetivo do réu, segundo grande parte da doutrina e a jurisprudência
majoritária. Também chamado sursis, é o instituto que, atendidos seus requisitos, suspende a
execução da pena privativa de liberdade por determinado lapso temporal, deixando-o sob
determinadas condições. Está previsto nos artigos 77 e 78 do Código Penal. O sursis possui as
seguintes modalidades: simples, etário, humanitário e especial:

- Sursis simples: cabível no caso de pena privativa de liberdade não superior a


2 (dois) anos, sendo o período de prova de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. São
seus requisitos: o condenado não ser reincidente em crime doloso (salvo se foi
condenado a pena de multa); a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social
e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem
a concessão do benefício e não seja indicada ou cabível a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos. Durante o prazo de suspensão,
o condenado deve observar as condições impostas pelos juiz, sendo que
durante o primeiro ano deverá prestar serviços à comunidade ou se submeter
à limitação de fim de semana.
- Sursis etário e humanitário: pode ser concedido para pena privativa de
liberdade que não seja superior a quatro anos, sendo que o período de prova
será de quatro a seis anos. Neste caso, requer-se que o condenado seja maior
de setenta anos de idade ou que haja razões de saúde que justifiquem a
suspensão.
- Sursis especial: é admissível no caso de o condenado houver reparado o dano,
salvo impossibilidade de fazê-lo e de as circunstâncias judiciais (artigo 59 do

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CP) lhe serem inteiramente favoráveis. Neste caso, o juiz pode substituir a
exigência de prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de
semana durante o primeiro ano da suspensão pelas seguintes condições, de
forma cumulativa: proibição de frequentar determinados lugares; proibição de
ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz e
comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e
justificar suas atividades. O juiz pode determinar as condições a serem
observadas pelo condenado, adequadas ao fato que ele praticou e a suas
condições pessoais, nos termos do artigo 79 do CP. O Código Penal, em seu
artigo 80 esclarece que a suspensão condicional da pena se restringe à pena
privativa de liberdade, não abrangendo a pena de multa nem a pena restritiva
de direitos. O STJ já decidiu que o fato de o réu se embriagar frequentemente
não é óbice suficiente à suspensão condicional da pena.

Revogação obrigatória

A revogação obrigatória do sursis ocorre se o beneficiado é condenado definitivamente por crime


doloso, se ele frusta a execução da pena de multa e não repara o dano, possuindo condições
financeiras de fazê-lo ou descumpre a obrigação de, no primeiro ano da suspensão, prestar
serviços à comunidade ou se submeter à limitação de fim de semana. Como a nova condenação
depende de trânsito em julgado, o período de prova fica prorrogado até o julgamento definitivo.

Revogação facultativa

As hipóteses de revogação facultativa são o descumprimento de qualquer outra condição imposta


ou a condenação por crime culposo ou por contravenção, com imposição de pena privativa de
liberdade ou restritiva de direitos. É o que prevê o parágrafo primeiro do artigo 81 do CP. Tanto
no caso da revogação facultativa, quanto de revogação obrigatória, pode haver a prorrogação do
período de prova, nos termos dos parágrafos segundo e terceiro do artigo 81, que determina que
se o liberado está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o
prazo da suspensão até o julgamento definitivo, como também dispõe que quando facultativa a
revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se
este não foi o fixado.

Cassação

A Lei de Execução Penal, em seu artigo 161, prevê a possibilidade de o benefício do sursis ser
cassado. Isto ocorre quando o beneficiário, intimado para a audiência admonitória, não
comparece. Assim, o benefício é considerado sem efeito e a pena privativa de liberdade deve ser
executada. Deste modo, há cassação quando o beneficiário recusa o sursis, quando não

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comparece à audiência admonitória ou quando há a reforma da sentença concessiva do benefício,
em julgamento de recurso.

Extinção

Por fim, a extinção se dá com o fim do prazo do período de prova, desde que não tenha havido a
revogação do benefício. É o que estipula o artigo 62 do Código Penal.

Livramento condicional

Livramento condicional (LC) é o benefício que consiste na soltura antecipada do executado,


mediante o preenchimento de determinadas condições. Sua natureza jurídica, conforme
entendimento que prevalece, é o de direito subjetivo do acusado. Busca-se a ressocialização,
possibilitando ao executado, que ostenta bom comportamento carcerário, a liberação antecipada,
sendo que, durante o restante da pena, deverá se comportar de forma a não ter o benefício
revogado e cumprir determinadas condições. Está regulado pelo artigo 83 do Código Penal.
Portanto, o livramento condicional é cabível nos casos de pena privativa de liberdade igual ou
superior a dois anos. É necessário que tenha sido comprovado comportamento satisfatório, bom
desempenho no trabalho e aptidão para sobreviver por meio de trabalho honesto. Exige-se, ainda,
que o executado tenha reparado o dano, salvo se comprovada a impossibilidade de fazê-lo. No
caso de condenado por crime doloso, praticado com violência ou grave ameaça à pessoa, a
concessão do benefício fica subordinada à demonstração de condições pessoais do executado que
levem à presunção de que ele não voltará a delinquir. O juiz pode, para tanto, determinar a
realização de exame criminológico. Por fim, em todos os casos, exige-se o cumprimento de
determinado lapso temporal da pena, isto é, de determinada fração da pena privativa de liberdade
imposta ao condenado. No caso de réu não reincidente em crime doloso e bons antecedentes, o
lapso é de um terço. Na hipótese de condenado que seja reincidente em crime doloso, a fração é
de metade da pena. Por fim, no caso de condenados por crime hediondo ou equiparado (tráfico
de drogas, tortura e terrorismo) e de tráfico de pessoas, a fração é de dois terços, desde que não
seja reincidente específico. A Lei 11.343/2006, que trata do crime de drogas, tornou maior a
restrição ao livramento condicional, ao proibi-lo a crimes como o de associação para o tráfico.
Para o cálculo do lapso temporal exigido para a obtenção do livramento condicional, o artigo 84
do Código Penal determina que as penas de diferentes delitos devem ser somadas. É muito
importante ressaltar que a prática de falta grave, no curso do cumprimento da pena privativa de
liberdade, não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional. Cuida-se de
entendimento já sumulado pelo STJ, referente ao enunciado nº 441.

Condições

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O juiz deve fixar, na sentença, as condições a que fica submetido o liberado, nos termos do artigo
85 do Código Penal. A Lei de Execução Penal trata do assunto em seu artigo 132.

Concessão do livramento condicional

A concessão do livramento condicional ocorre em um ato solene, presidido pelo juiz e denominado
de audiência admonitória. É expedida uma carta de livramento, na qual consta que o condenado
recebeu referido benefício. As formalidades estão previstas nos artigos 136 a 138 da Lei nº
7.210/84, a Lei de Execução Penal.

Revogação obrigatória

Há hipóteses em que o benefício deve ser obrigatoriamente revogado pelo juiz. Isto se dá quando
o sentenciado vem a ser condenado definitivamente a pena privativa de liberdade:

- por crime cometido durante o benefício;


- ou por crime cometido anteriormente, desde que a soma das penas demonstre
que ele não cumpriu o lapso temporal exigido para o livramento condicional.

O artigo 84 é o que determina a soma das penas a que foi condenado o sujeito, por diferentes
delitos, para fins de averiguação se ele cumpriu a fração estipulada a concessão do livramento.

Revogação facultativa

Em alguns casos, o juiz pode decidir, de acordo com as especificidades da situação, se revoga ou
não o livramento condicional. É o que ocorre se o liberado deixar de cumprir as condições
impostas na sentença ou se ele for condenado definitivamente pela prática de infração penal a
uma pena diversa da privativa de liberdade (pena restritiva de direitos ou pena de multa). A
revogação facultativa é regulada pelo artigo 87 do Código Penal.

Efeitos da revogação

Tendo havido a revogação, seja ela facultativa ou obrigatório, há algumas consequências para o
beneficiário, nos termos do artigo 88 do CP. Deste modo, a revogação do LC sempre gera a
vedação de nova concessão. Ademais, o tempo em que o liberado esteve solto não se computa
como pena cumprida, salvo se a revogação ocorrer em virtude de crime praticado anteriormente.
Neste caso, o juiz observa se a nova pena, somada à que está sendo executada, permite a
continuidade do LC, isto é, verifica se, mesmo com a soma das penas, ainda assim o executado
atingiu o lapso temporal exigido. Se não atingiu, o juiz revoga o benefício, mas o tempo em que
ele esteve solto será considerado como pena cumprida. Busca a lei, com isso, diferenciar o
indivíduo que comete crime durante o benefício ou descumpre as condições, o que demonstra
descompromisso com o livramento antecipado que lhe foi concedido, daquele que nada fez
durante o período de livramento, mas que havia cometido outro delito antes e viu suas penas
serem somadas, o que implicou na revogação do seu benefício.

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Prorrogação

É possível a prorrogação do benefício, mesmo porque, nos casos de revogação pela prática de
crime ou contravenção penal, a lei exige o trânsito em julgado. Portanto, enquanto não for julgado
definitivamente o caso, o juiz pode prorrogar o prazo do livramento.

Suspensão

Além da prorrogação do prazo do livramento condicional, o juiz pode terminar sua suspensão.
Com a suspensão do prazo, o indivíduo é preso, voltando a cumprir a pena privativa de liberdade.
A suspensão, portanto, autoriza o recolhimento cautelar, dentro dos limites da pena aplicada. O
STJ entende que a revogação ou a suspensão do livramento condicional depende de decisão
judicial, não ocorrendo de forma automática.

Extinção

Como vimos, a revogação ou a extinção do livramento condicional não ocorre de forma


automática. Por conseguinte, se o juiz não determinar a revogação ou extinção do benefício, o
decurso de seu prazo causa sua extinção. É o que determina o artigo 90 do Código Penal.

10 - Considerações Finais
Este é o fim de mais uma aula nossa. Ressalto que estudamos a teoria geral da
pena, sem adentrar no estudo mais específico da Lei de Execução Penal, que é
parte da disciplina de Direito Penal Especial (Legislação Penal Extravagante).
Espero que tenham compreendido melhor as penas previstas em nosso
ordenamento, sua aplicação pelo juiz e sua execução.
Quaisquer sugestões são bem-vindas e, apesar de elaborada com muito rigor,
toda aula pode ser aperfeiçoada a partir de contribuições. O contato pode ser
feito pelo fórum, por e-mail ou pelo Instragram.
Até a próxima aula. Forte abraço e meus desejos de sempre de sucesso!
Michael Procopio.

procopioavelar@gmail.com

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