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Nome: Marcelo Schimidtt

Série: 1º ano A

Data: 28/11/2021

ROMANTISMO: A HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA

Contexto Histórico

Antes de começarmos a falar sobre o Romantismo em si, devemos


primeiro, é claro, falar sobre como estava o mundo ao redor do
Brasil naquela época.

Em uma rápida análise histórica, retomamos ao Brasil do início do


século 17 (anos 1.800), na qual o país, ainda uma colônia de
Portugal, recebia de braços abertos o seu futuro regente: D. João
VI.

No quesito “economia”, surgia a ideia do liberalismo econômico,


cujo funcionamento pode ser definido pela seguinte frase: “Laissez
faire, laissez passer”. Ou seja: “Deixai fazer, deixai passar”. Tal
política determinava que o Estado (o governo) não devia intervir nas
relações econômicas exercidas pelo país.

Agora que mencionamos o contexto histórico, vamos ao que


realmente interessa: O início do Romantismo no Brasil.
Primeira Geração Romântica

Com a independência do Brasil, ocorrida no ano de 1.822, o país


agora via-se livre das correntes que o prendiam a Portugal. Era
chegado o momento, segundo nossos poetas, de evidenciar o Brasil
com sua própria identidade e seus valores.

Com essa ideia em mente, deu-se início à primeira geração do


Romantismo, cujo foco seria mostrar o Brasil como uma nação
viável no quesito político e artístico. Para tal, era necessário
lembrar-se das clássicas histórias medievais.

Em nosso país, como é de se pensar, não haviam cavaleiros


medievais, donzelas ou castelos. No entanto, tínhamos um
elemento que satisfazia tais necessidades para uma boa história
romântica. Era ele o nosso herói nacional: O indígena.

As histórias narradas durante este período, além de apresentarem o


indígena como um herói de valores e de honra, ainda idealizava
nossas paisagens naturais, contemplando o quão paradisíaco era o
nosso amado Brasil. Neste período, o grande nome da escrita foi o
poeta e compositor Gonçalves Dias.
Gonçalves Dias: Nasce um Poeta Romântico

Nascido em Caxias, no estado do Maranhão, sendo filho de um


comerciante português e uma mestiça. Gonçalves Dias é, até hoje,
considerado como um verdadeiro símbolo da identidade brasileira.
Não apenas por suas obras, mas também por ser a representação
palpável, de carne e osso, das três etnias que resultaram na
formação atual do Brasil, sendos estes: Os negros, os bracos e os
indígenas.

Logo quando começou a compôr, deu origem àquele que seria


reconhecida como um dos (se não, o) mais reconhecido poema
romântico de toda a história. Seu nome era "Canção do Exílio".

Minha terra tem palmeiras


Onde canta o Sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,


Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

No poema, é explícito o quão fascinado pela paisagem brasileira


era o poeta Gonçalves Dias, que fascinava-se até mesmo pelo
cantar de um sabiá. No entanto, para sua infelicidade, sofria do
chamado "Mal do Século", a tuberculose, para a qual, na época,
não havia cura.
O único modo de prolongar seu tempo de vida, após o contágio,
seria com um tratamento. E foi isso o que ele fez.

No fim dos anos 1.800, Gonçalves Dias, como fora citado acima,
partiu em busca de um tratamento, cuja realização deve de ser feita
Europa afora. Após o seu término, em 1.864, partiu de volta à sua
pátria querida. No entanto, mal sabia ele que o navio onde estava
seria vítima de um naufrágio. E que ele próprio, dentre todos os
presentes a bordo, seria o primeiro e único a morrer.

Dentre as características de sua obra (e de toda a primeira geração


romântica), podemos citar o indianismo, no qual o indígena era
visto como um herói de moral e valores, tão honrado quanto um
cavaleiro medieval, como é possível ver em sua obra Juca Pirama;
e da idealização das paisagens brasileiras como belas e ricas na
fauna e na flora, como já foi citado anteriormente.

No entanto, há um fato que poucos sabem a respeito de Gonçalves


Dias. Além de escritor, um de seus "hobbies" era o de atuar como
poeta lírico, no qual retratava típicos assuntos românticos: Solidão
e sofrimento amoroso.

Tal fato pode ser comprovado em seu poema Ainda uma vez,
Adeus, no qual despede-se de sua amada Ana Amélia, logo
quando descobre da tuberculose.
Segunda Geração Romântica

Saltando para 1.853, temos iniciada a segunda fase do


Romantismo no Brasil. É aqui onde, inspirados pelas liras de Lord
Byron, um poeta inglês que já havia morrido em 1.824, jovens de
todo o país começaram a escrever o chamado ultrarromantismo.

No ultrarromantismo, dá-se foco à idealização da morte, pois


assim como antes, a maioria dos poetas aqui sofria com a
tuberculose, considerada o Mal do Século; a idealização da
infância, sendo esta uma fase da vida repleta de felicidade genuína
e que encontra-se perdida para sempre; e por fim, a idealização da
embriaguez e da loucura, como uma forma de escapismo da
racionalidade.

O grande representante do Ultrarromantismo é Álvares de


Azevedo, responsável pela Lira dos Vinte Anos, Noite na
Taverna e Macário.
Álvares de Azevedo: O Poeta Sonhador e Irônico

Nascido na capital de São Paulo, no ano de 1.831, o poeta Manuel


Antônio Álvares de Azevedo, reconhecido hoje como um
representante da geração ultrarromântica da literatura brasileira,
sempre mostrou-se como um jovem dotado para o estudo. Ainda
cedo, com 16 anos, ingressou na faculdade do Largo São
Francisco, além de ter aprendido diversos idiomas ao longo de sua
curta vida.

Foi nessa faculdade direito que, segundo estudiosos, Álvares de


Azevedo teria fundado a Sociedade Epicuréia, junto de outros dois
estudantes: Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães. Em suas
reuniões, na qual todos os membros deviam estar trajados com
capuzes negros combrindo os rostos, realizavam cultos e rituais,
liam poesias, bebiam, e banalizavam o modelo social no qual
viviam. Tinham, como principal inspiração, os poetas Lord Byron e
Musset.

Em relação às suas obras, como citado antes, Álvares de Azevedo


é reconhecido por três principais: Noite na Taverna, Macário e Lira
dos Vinte Anos. Cada uma delas apresenta uma característica
distinta do seu modo de contar histórias.

A Lira dos Vinte Anos, publicada após a sua morte em 1.853, retrata
os desejos de Álvares de relacionar-se com as belas damas com
quem tanto sonhava. A verdade é que, assim como outros de sua
época, Álvares de Azevedo sofria de tuberculose.

Através deste poema, relata o quão desesperado estava para


encontrar logo o amor, antes que viesse a partir desta vida para
outra melhor.

Uma característica interessante de se notar é que, quase sempre, a


cor branca é encontrada em seus textos. Isso se deve ao fato de
que, devido à doença, Álvares de Azevedo era muito pálido.
Na praia deserta que a lua branqueia,

Que mimo! Que rosa! Que filha de Deus!

Tão pálida - ao vê-la, meu ser devaneia.

Sufoco nos lábios os hálitos meus!


Não corras na areia,

Não corras assim!

Donzela, onde vais?

Tem pena de mim!

[...]

Dormia - na fronte que níveo suar!

Que mão regelada no lânguido peito!

Não era mais alvo seu leito do mar,

Não era mais frio o seu gélido leito!

Nem um ressonar...

Não duarmas assim...

O pálida fria,

Tem pena de mim!

Aqui no meu peito, vem antes sonhar

Nos longos suspiros do meu coração:

Eu quero em meus lábios teu seio aquentar,

Teu colo, essas faces, e a gélida mão!

Não durmas no mar!

Não durmas assim.

Estátua sem vida,

Tem pena de mim!

E a vaga crescia seu corpo banhando,

As cândidas formas movendo de leve!

E eu vi-a suave nas águas boiando

Com soltos cabelos nas roupas de neve!

Nas vagas sonhando


Não durmas assim...

Donzela, onde vais?

Tem pena de mim!

E a imagem da virgem nas águas do mar

Brilhava tão branca no límpido véu!

Nem mais transparente luzia o luar

No ambiente sem nuvens da noite do céu!

Nas águas do mar

Não durmas assim...

Não morras, donzela,

Espera por mim!

Em Macário, uma obra de teor mais sobrenatural, acompanha-se a


trajetória de um jovem rapaz que dá título à peça, junto de Satã, a
representação do próprio Diabo.

Os dois conversam, num cemitério escuro, sobre assuntos que


podem ser relacionados ao modo como o poeta vivia na Sociedade
Epicuréia: Mulheres, amor e poesia. Em determinado momento,
Macário ouve os gemidos de sua mãe ao longe, e logo interrompe
sua conversa com Satã.

Mais tarde, é apresentado um novo personagem: Penseroso,


representando o bem, o otimismo, a esperança, e claro, o amor.
Aqui, nota-se o fator da mentalidade cristã, da luta do bem contra o
mal, que Álvares buscava explorar em sua obra.

Por fim, temos Noite na Taverna, uma obra repleta de temas


mórbidos, como incesto, necrofilia, canibalismo, traição e
assassinato. Na história, cinco personagens narram suas aventuras
em meio à bebedeira, sendo estas tanto de amor quanto de morte.
São cinco contos independentes, mas que juntos, formam um
romance cheio de subjetividade e tenebrosidade.
O punhal escapou-lhe das mãos, perdeu-se no escuro: Subjulguei-o. Era um quadro
infernal, um homem na escuridão abafando a boca do outro com a mão, sufocando-
lhe a garganta com o joelho, e a outra mão a tatear na sombra procurando um ferro.
Nessa ocasião, senti uma dor horrível: Frio e dor me correram pela mão. O homem
morrera sufocado, e na agonia me enterrara os dentes pela carne. Foi a custo que
desprendi a mão sanguenta e descarnada da boca do cadáver. Ergui-me.

Ao sair, tropecei num objeto sonoro. Abaixei-me para ver o que era. Era uma lanterna
furta-fogo. Quis ver quem era o homem. Ergui a lâmpaga...

O último clarão dela banhou a cabeça do defunto... E apagou-se...

Eu não podia crer: Era um sonho fantástico toda aquela noite. Arrastei o cadáver pelos
ombros, levei-o pela laje da calçada até o lampião da rua, levantei-lhe os cabelos
ensanguentados do rosto...

Um espasmo de medo contraiu horrivelmente a face do narrador... Tomou o corpo, foi


beber... Os dentes lhe batiam como de frio... O corpo estalou-lhe nos lábios.

- Aquele homem, sabei-lo?... Era sangue do meu sangue, era filho das entranhas de
minha mãe, como eu! Era meu irmão! [...]

Aqui, também é notável a idealização de dois tipos de mulheres: A


mulher-anjo (bela perante a sociedade e pura) e a mulher-demônio
(sexualizada e banal).

Álvares de Azevedo faleceu em 1.852, aos 20 anos, na cidade do


Rio de Janeiro, sem ter a oportunidade de ver a sua primeira obra
ser publicada, como já dito anteriormente.
Terceira Geração Romântica

Compreendida entre os anos de 1.870 a 1.880, a terceira geração


do Romantismo brasileiro foi reconhecida como um período de
transição, por assim dizer. Muitos dos temas das gerações
passadas foram mantidos aqui, como a questão amorosa, e novos
surgiram, como o dos problemas sociais enfrentados pelos
brasileiros. Nessa época, também eram comuns os textos
relacionados aos contextos abolicionistas e republicanos.

Outro nome que pode ser usado para definir a terceira geração é
condoreirismo, o qual associa a figura do poeta a um condor, um
pássaro que voa alto. Portanto, é como se o escritor da época fosse
uma ave capaz de enxergar toda a realidade, embora distante
desta. Acreditavam os poetas que seriam capazes de conduzirem o
pensamento dos homens rumo à justiça e liberdade.

Castro Alves: O Poeta Abolicionista

Nascido na Bahia em 1.847, porém criado em Refice, o jovem


Castro Alves ingressou, aos 15 anos, no curso de Direito, no ano de
1.864, e tal qual ambos os representantes das gerações passadas,
também fora acometido pela tuberculose.

Alguns grandes feitos de sua vida foram o de fundar uma sociedade


abolicionista, junto a Rui Barbosa; unir-se à atriz Eugênia Câmara, e
junto desta, após várias tentativas, obteve a primeira encenação de
seu texto teatral Gonzaga e a Revolução, no qual expunha seus
desejos de liberdade para os escravos. Esta sua luta rendeu-lhe o
apelido de "Poeta dos Escravos", sendo também reconhecido por
grandes nomes de sua época, como José de Alencar e Machado de
Assis.

Bem como os antepassados da segunda geração, Castro herdou as


questões mórbidas e pessimistas ao escrever sobre o amor, mas
para diferenciar-se destes, adicionou um toque de sensualidade às
suas belas musas. Pode-se dizer que, diferente de Álvares de
Azevedo, que só ficava na imaginação, ele ia e fazia o serviço.
Como o gênio da noite, que desata

O véu de rendas sobre a espádua nua,


Ela solta os cabelos... Bate a lua

Nas alvas dobras de um lençol de prata...

O seio virginal, que a mão recata,

Embalde o prende a mão... Cresce, flutua...

Sonha a moça ao relento... Além na rua

Preludia um violão de serenata...!

Furtivos passos morrem no ladejo...

Resvala a escada do balcão discreta...

Matam lábios os beijos em segredo...

Afoga-me os suspiros, Marieta!

Oh surpresa! Oh palor! Oh pranto! Oh medo!

Ai! Noites de Romeu e Julieta!

Além de questões românticas, como citado anteriormente, Castro


Alves também escrevia sobre a situação da escravidão no Brasil,
especialmente sobre o seu anseio em vê-la findada. Relatava, em
suas obras, a miséria na qual viviam os escravos e como era difícil
a vida destes. A seguir, um trecho do poema Navio Negreiro, escrito
por ele em 1.870:
TRAGÉDIA NO MAR

Senhor Deus dos desgraçados!

Dizei-me vós, Senhor Deus!

Se é loucura... Se é verdade

Tanto horror perante os céus?!

Ó mar, por que não apagas

Com a esponja de tuas vagas

De teu manto este borrão?...

Astros! Noites! Tempestades!

Rolai das imensidades!


Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados

Que não encontram em vós

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fúria do algoz?

Quem são? Se a estrela se cala,

Se a vaga à pressa ressalva

Como um cúmplice fugaz,

Perante a noite confusa...

Dize-o tu, severa Musa,

Musa libérrima, audaz!

Foi um ano após a publicação deste poema, em 1.871, que Castro


Alves veio a conhecer o seu fim. Como citado antes, ele também
era vítima da tuberculose, e devido ao fato de estar com a saúde
ainda mais fragilizada devido a um acidente com o pé, acabou
morrendo, aos 24 anos de idade.

José de Alencar: A Prosa Romântica no Brasil

José Martiniano de Alencar nasceu no Ceará, o que pode ter


servido de base para o roteiro de algumas de suas histórias no
futuro, no ano de 1.829. No entanto, não permaneceu muito tempo
por lá, mudando-se para o Rio de Janeiro após a nomeação do pai
como senador.

Durante todos os seus anos de vida, escreveu os mais diversos


tipos de romance, todos focados em aspectos diferentes da
realidade brasileira.

Os romances indianistas, por exemplo, vinham com um pouco de


inspiração nas obras clássicas da primeira geração do romantismo.
Seu livro mais famoso nesse contexto, O Guarani, relata Peri, o
protagonista, como um herói cheio de valores e de honra. Em
Iracema, é relatada de forma fantasiosa o encontro entre
portugueses e indigenas, além de, segundo estudiosos, narrar um
mito de como teria sido a origem do Ceará, sua terra natal.

Bem como a maioria de seus colegas "de trabalho", José de


Alencar era um estudioso, e portanto, tinha amplo conhecimento
sobre a história do país. Tal conhecimento gerou obras como A
Guerra dos Mascates, narrada durante este episódio ocorrido em
Pernambuco, numa briga entre vendedores locais e ricos senhores
de engenho.

Os romances urbanos, por fim, relatam como era a vida nas


grandes capitais, especialmente no Rio de Janeiro, onde o próprio
José vivia. Seu romance mais conhecido nesse estilo, Senhora,
mostra como era a vida dos casais em meio à sociedade da época,
alfinetando os costumes da burguesia, que casavam-se por puro
interesse financeiro.

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