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VADE

MECUM

2020

CARREIRAS POLICIAIS
Agente - Inspetor - Escrivão
Vade Mecum - 2020
Carreiras Policiais

SUMÁRIO
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: Arts. 1º - 144 / 193 - 250 Pág. 06

Código Penal Pág. 58

Código de Processo Penal: Arts. 1º - 372 / 513 – 518 / 563 - 573 Pág. 95

Resolução nº 217-A (Declaração Universal dos Direitos Humanos) Pág. 128

Decreto-Lei nº 3.688 / 1941 (Lei das Contravenções Penais) Pág. 131

Lei nº 4.737 / 1965 (Código Eleitoral): Arts. 283 – 364 Pág. 135

Lei nº 5.553 / 1968 (Apresentação e Uso de Documentos de Identificação Pessoal) Pág. 139

Lei nº 7.210 / 1984 (Lei de Execução Penal) Pág. 140

Lei no 7.492 / 1986 (Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional) Pág. 156

Lei nº 7.716 / 1989 (Crimes Resultantes de Preconceito de Raça ou de Cor) Pág. 159

Lei nº 7.960 / 1989 (Prisão Temporária) Pág. 160

Lei nº 8.069 / 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) Pág. 160

Lei nº 8.072 / 1990 (Crimes Hediondos) Pág. 192

Lei nº 8.078 / 1990 (Proteção do Consumidor): Arts. 61 – 80 Pág. 193

Lei nº 8.112 / 1990 (Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das Autarquias e das Pág. 194
Fundações Públicas Federais)

Lei nº 8.137 / 1990 (Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica e Contra as Relações de Consumo) Pág. 217

Lei nº 8.429 / 1992 (Lei de Improbidade Administrativa) Pág. 219

Lei nº 8.666 / 1993 (Lei de Licitações) Pág. 223

Lei nº 9.099/ 1995 (Juizados Especiais Cíveis e Criminais) Pág. 247

Lei nº 9.296 / 1996 (Lei de Interceptação Telefônica) Pág. 253

Lei nº 9.455 / 1997 (Crimes de Tortura) Pág. 254

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Lei nº 9.503 / 1997 (Código de Trânsito Brasileiro): Arts. 291 – 312-A Pág. 255

Lei nº 9.605 / 1998 (Crimes Contra o Meio Ambiente) Pág. 257

Lei nº 10.259 / 2001 (Juizados Especiais Cíveis e Criminais no Âmbito da Justiça Federal) Pág. 264

Lei nº 10.741 / 2003 (Estatuto do Idoso) Pág. 266

Lei nº 10.826 / 2003 (Estatuto do Desarmamento) Pág. 275

Lei nº 11.340 / 2006 (Lei Maria da Penha) Pág. 280

Lei nº 11.343 / 2006 (Lei de Drogas) Pág. 286

Lei nº 12.016 / 2009 (Mandado de Segurança) Pág. 298

Lei nº 12.850 / 2013 (Crime Organizado) Pág. 300

Lei nº 13.869 / 2019 (Nova Lei de Abuso de Autoridade) Pág. 305

O V A D E M E C U M - Legislação Facilitada - é uma ferramenta indispensável para quem deseja aumentar o rendimento nos
estudos e alcançar a tão sonhada aprovação. Pesquisas apontam que, dentre os concursos que cobram legislações em seus editais,
aproximadamente 70% das questões se baseiam na literalidade dos dispositivos legais, demonstrando a importância da leitura e releitura
constante das leis.

Abordamos nesse Vade Mecum as principais legislações exigidas pelos editais dos certames policiais, buscando implementar uma
leitura direcionada e objetiva. Incorporamos, ainda, diversas ferramentas com o intuito de facilitar o estudo da legislação:

• Marcações
• Súmulas
• Comentários pontuais
• Tabelas

Os recursos empregados variam de acordo com a legislação exigida.

Data de fechamento: 09.01.2020 (1ª Edição - 2020).


- Acompanhe as principais alterações legislativas através na nossa página de Atualizações.

Esse material é protegido por direito autorais, sendo vedada a sua reprodução, distribuição ou comercialização.
Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/89)

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Calendário 2020
JANEIRO FEVEREIRO MARÇO
D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S
1 2 3 4 1 1 2 3 4 5 6 7
5 6 7 8 9 10 11 2 3 4 5 6 7 8 8 9 10 11 12 13 14
12 13 14 15 16 17 18 9 10 11 12 13 14 15 15 16 17 18 19 20 21
19 20 21 22 23 24 25 16 17 18 19 20 21 22 22 23 24 25 26 27 28
26 27 28 29 30 31 23 24 25 26 27 28 29 29 30 31

ABRIL MAIO JUNHO


D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S
1 2 3 4 1 2 1 2 3 4 5 6
5 6 7 8 9 10 11 3 4 5 6 7 8 9 7 8 9 10 11 12 13
12 13 14 15 16 17 18 10 11 12 13 14 15 16 14 15 16 17 18 19 20
19 20 21 22 23 24 25 17 18 19 20 21 22 23 21 22 23 24 25 26 27
26 27 28 29 30 24 25 26 27 28 29 30 28 29 30
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JULHO AGOSTO SETEMBRO


D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S
1 2 3 4 1 1 2 3 4 5
5 6 7 8 9 10 11 2 3 4 5 6 7 8 6 7 8 9 10 11 12
12 13 14 15 16 17 18 9 10 11 12 13 14 15 13 14 15 16 17 18 19
19 20 21 22 23 24 25 16 17 18 19 20 21 22 20 21 22 23 24 25 26
26 27 28 29 30 31 23 24 25 26 27 28 29 27 28 29 30
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OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO


D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S
1 2 3 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5
4 5 6 7 8 9 10 8 9 10 11 12 13 14 6 7 8 9 10 11 12
11 12 13 14 15 16 17 15 16 17 18 19 20 21 13 14 15 16 17 18 19
18 19 20 21 22 23 24 22 23 24 25 26 27 28 20 21 22 23 24 25 26
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Horário Semanal
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
12 am

1 am

2 am

3 am

4 am

5 am

6 am

7 am

8 am

9 am

10 am

11 am

12 pm

1 pm

2 pm

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7 pm

8 pm

9 pm

10 pm

11 pm

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IV - não-intervenção;
Constituição da República V - igualdade entre os Estados;
Federativa do Brasil de 1988 VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
PREÂMBULO VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em IX - cooperação entre os povos para o progresso da
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado humanidade;
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos X - concessão de asilo político.
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o (Memorize: A-In-D Não Co-Pre-I Re-Co-S)
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores
A – autodeterminação dos povos In – independência nacional D – defesa
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem da paz Não – não intervenção Co – cooperação entre os povos para o
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, progresso da humanidade Pre – prevalência dos direitos humanos
na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das I – igualdade entre os Estados Re – repúdio ao terrorismo e ao racismo
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a Co – concessão de asilo político S – solução pacífica dos conflitos
seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA Parágrafo único. A República Federativa do Brasil
DO BRASIL. buscará a integração econômica, política, social e cultural
STF: O preâmbulo não possui força normativa, não pode servir de dos povos da América Latina, visando à formação de uma
parâmetro para tornar normas inconstitucionais e não é de reprodução comunidade latino-americana de nações.
obrigatória pelas Constituições Estaduais. Trata-se de uma síntese das
intenções dos constituintes e deve ser utilizado para fins interpretativos.
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA BRASILEIRA
“O fato de usar no preâmbulo a expressão ‘sob a proteção de Deus’ por si
não faz o Estado brasileiro um Estado religioso. O Brasil é um país ‘laico’ - FORMA DE ESTADO: FEDERAÇÃO
ou ‘leigo’, não possui elos de relação com religiões, embora inclua entre
Na federação brasileira, o poder político é distribuído geograficamente em
suas proteções o sentimento de liberdade religiosa e de crença”.
entidades governamentais autônomas (União, Estados, DF, Municípios),
Vitor Cruz, Constituição Federal anotada para concursos.
caracterizando-se pela descentralização política. Contudo, não há direito
de secessão, pois se estabelece um vínculo indissolúvel.
TÍTULO I Características: Autogoverno (escolhem seus governantes); Auto-
organização (criam constituições estaduais ou leis orgânicas);
Dos Princípios Fundamentais Autolegislação (elaboram suas próprias leis); Autoadministração (possuem
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela competências tributárias e administrativas).
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem - FORMA DE GOVERNO: REPÚBLICA
como fundamentos: Trata da relação entre governantes e governados e a forma de distribuição
I - a soberania; do poder na sociedade.
Características: Prestação de contas; Transparência; Temporariedade do
II - a cidadania mandato dos governantes; Eleições periódicas.
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; - REGIME DE GOVERNO: DEMOCRACIA (SEMIDIRETA)
V - o pluralismo político. Refere-se à participação do povo na produção do ordenamento jurídico e
nas ações do governo. Prevalece a vontade da maioria, protegendo-se
(Memorize: So Ci Di Va Plu) também as minorias. No Brasil, consagrou-se a Democracia Semidireta,
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o que unifica a participação por representatividade com a participação direta,
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, através de referendo e plebiscito.
nos termos desta Constituição.
- SISTEMA DE GOVERNO: PRESIDENCIALISMO
Está ligado ao modo como se relacionam os Poderes Executivo e
Art. 2º São Poderes da União, independentes e Legislativo. No presidencialismo, há uma independência maior do Poder
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o executivo em relação ao Legislativo. O presidente da república exerce as
Judiciário. funções de Chefe de Estado (representando o Brasil internacionalmente) e
Chefe de Governo (tratando da política interna).
Sistema de Freios e Contrapesos (check and balances): Cada Poder irá
atuar com o intuito de impedir o exercício arbitrário do outro.
TÍTULO II
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Dos Direitos e Garantias Fundamentais
República Federativa do Brasil: CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Direitos Fundamentais são cláusulas pétreas e normas abertas, sendo
II - garantir o desenvolvimento nacional; permitida a inclusão de novos direitos não previstos pelo constituinte
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir originário.
as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de Imprescritibilidade: Não desaparece com o tempo
discriminação. Inalienabilidade: Não é transferível a outra pessoa
(Memorize: Con Ga Er Pro) Irrenunciabilidade: Não pode sofrer renúncia
Inviolabilidade: Autoridades e disposições infraconstitucionais devem
observá-los
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas Universalidade: Abrange a todos
suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
Efetividade: Poder público deve garantir sua aplicação
I - independência nacional; Interdependência: Há diversas ligações entre os Direitos fundamentais
II - prevalência dos direitos humanos; Complementariedade: Devem ser interpretados de forma conjunta
III - autodeterminação dos povos; Relatividade: Direitos fundamentais não são absolutos
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, Direito Constitucional Descomplicado.

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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de STF: É lícita a gravação de conversa telefônica realizada por um dos
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos interlocutores, ou com sua autorização, sem ciência do outro, quando há
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à investida criminosa deste último.
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício
nos termos seguintes: ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que
STF: O estrangeiro em trânsito também está resguardado pelos direitos a lei estabelecer;
individuais, podendo, inclusive, utilizar-se de remédios constitucionais. Norma de eficácia contida. O STF decidiu pela inconstitucionalidade da
Contudo, ele não poderá fazer uso de todos os direitos, a exemplo da ação exigência de diploma de jornalismo para o exercício da profissão de
popular, que é privativa de brasileiro. jornalista e pela constitucionalidade do exame da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB), por considerar que o exercício da advocacia traz um risco
I - homens e mulheres são iguais em direitos e coletivo.
obrigações, nos termos desta Constituição;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
Princípio da Isonomia. Determina que seja dado igual tratamento aos
que estão em situação equivalente, e tratamento desigual os desiguais, na resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
medida de suas desigualdades. exercício profissional;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer XV - é livre a locomoção no território nacional em
alguma coisa senão em virtude de lei; tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Princípio da Legalidade. Para o particular, somente a lei pode criar
obrigações, assim, a inexistência de lei proibitiva implica em permissão. XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem
Para o Poder Público, por sua vez, não é permitido atuar na ausência de armas, em locais abertos ao público, independentemente de
lei. autorização, desde que não frustrem outra reunião
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
desumano ou degradante; exigido prévio aviso à autoridade competente;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo Não confundir a exigência de prévio aviso com autorização. Não se exige
vedado o anonimato; autorização da autoridade competente, mas somente que ela seja
comunicada com antecedência. Contudo, devem-se observar os demais
STF: A defesa da legalização de drogas em espaços públicos requisitos: que seja pacífica, sem armas e não frustre outra reunião. Esse
constitui legítimo exercício do direito à livre manifestação do pensamento. dispositivo possui grande incidência nas provas.
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional XVII - é plena a liberdade de associação para fins
ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
à imagem; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a
STJ: Súmula 37 - São cumuláveis as indenizações por dano material e de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
dano moral oriundos do mesmo fato. interferência estatal em seu funcionamento;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de XIX - as associações só poderão ser
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso,
de culto e a suas liturgias; o trânsito em julgado;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de Atividades Suspensas > Decisão Judicial
assistência religiosa nas entidades civis e militares de Compulsoriamente Dissolvidas > Decisão Judicial + Trânsito em Julgado
internação coletiva; XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de permanecer associado;
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo XXI - as entidades associativas, quando
se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos expressamente autorizadas, têm legitimidade para
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
em lei; Representação Processual. Exige expressa autorização do associado para
Escusa de Consciência. Norma constitucional de eficácia contida. que seja válida, não podendo ser substituída por autorização genérica
prevista em estatutos da entidade.
IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação, XXII - é garantido o direito de propriedade;
independentemente de censura ou licença; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Veda-se qualquer censura de natureza política, artística e ideológica, não XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
se podendo exigir licença de autoridade para veiculação de publicações. desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a interesse social, mediante justa e prévia indenização em
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua XXV - no caso de iminente perigo público, a
violação; autoridade competente poderá usar de propriedade
STJ: Súmula 227 - Pessoa jurídica pode sofrer dano moral. particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
STF: Admite as biografias não‐autorizadas, não excluindo a possibilidade houver dano;
de indenização por dano material ou moral
Requisição administrativa da propriedade. A autoridade será competente
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém para utilizar temporariamente o imóvel. Não haverá indenização se não
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, ocorrer dano.
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto
STF: Casa é um termo amplo, consagrando consultório, escritório e de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
qualquer lugar privado não aberto ao público. Contudo, não é um direito atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
absoluto. financiar o seu desenvolvimento;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal;

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O Direito Autoral configura-se como um privilégio vitalício, transmissível STF: Súmula 603 - A competência para o processo e julgamento de
aos herdeiros apenas pelo prazo que a lei determinar. Após o prazo latrocínio é do juiz singular, e não do Tribunal do Júri.
estipulado, será de domínio público.
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: nem pena sem prévia cominação legal;
a) a proteção às participações individuais em obras O Princípio da Legalidade desdobra-se em dois: Princípio da Reserva
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, Legal e Princípio da anterioridade.
inclusive nas atividades desportivas; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
b) o direito de fiscalização do aproveitamento o réu;
econômico das obras que criarem ou de que participarem aos STF: Súmula 711 - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da
sindicais e associativas; continuidade ou da permanência.
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
industriais privilégio temporário para sua utilização, bem dos direitos e liberdades fundamentais;
como proteção às criações industriais, à propriedade das XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
distintivos, tendo em vista o interesse social e o
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o
Os inventos industriais, diferentemente do direito autoral, são privilégios tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
temporários.
os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo
XXX - é garantido o direito de herança; os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados omitirem; (Memorize: 3TH não tem Graça ☹)
no País será regulada pela lei brasileira em benefício do XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
mais favorável a lei pessoal do "de cujus"; constitucional e o Estado Democrático;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
do consumidor; condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
públicos informações de seu interesse particular, ou de estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da limite do valor do patrimônio transferido; (Princípio da
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo intranscendência das penas)
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do XLVI - a lei regulará a individualização da pena e
Estado; adotará, entre outras, as seguintes: (Princípio da
individualização da pena)
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente
do pagamento de taxas: a) privação ou restrição da liberdade;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em b) perda de bens;
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; c) multa;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, d) prestação social alternativa;
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de e) suspensão ou interdição de direitos;
interesse pessoal;
Rol não-exaustivo, podendo a lei criar novos tipos de penalidades.
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito; (Princípio da XLVII - não haverá penas:
Inafastabilidade de Jurisdição) a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
Como regra, qualquer pessoa poderá acessar o Poder Judiciário sem a termos do art. 84, XIX;
necessidade de esgotar as esferas administrativas, ressalvadas as b) de caráter perpétuo;
questões relativas à Justiça Desportiva e ao Habeas Data.
c) de trabalhos forçados;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o
d) de banimento;
ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
e) cruéis;
Direito Adquirido: direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou STF: Quanto ao caráter perpétuo, o máximo penal legalmente exequível,
condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. no ordenamento positivo nacional, é de 30 (trinta) anos.
Ato Jurídico Perfeito: consumado segundo a lei vigente ao tempo em
que se efetuou.
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
Coisa Julgada: decisão judicial de que já não caiba recurso. distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
LINDB – Art. 6º (Decreto-Lei nº 4.657) sexo do apenado;
----------------------------------------------------------------------------------------------------
----STF: Súmula 654 - A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. XLIX - é assegurado aos presos o respeito à
5º, XXXVI, da Constituição da República, não é invocável pela entidade integridade física e moral;
estatal que a tenha editado.
L - às presidiárias serão asseguradas condições para
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; que possam permanecer com seus filhos durante o período
(Princípio do Juiz Natural)
de amamentação;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
organização que lhe der a lei, assegurados: naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
a) a plenitude de defesa; naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
b) o sigilo das votações; ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
c) a soberania dos veredictos; LII - não será concedida extradição de estrangeiro por
d) a competência para o julgamento dos crimes crime político ou de opinião; (Concessão de asilo político)
dolosos contra a vida; LIII - ninguém será processado nem sentenciado
STF: Súmula Vinculante 45 - A competência constitucional do Tribunal do senão pela autoridade competente; (Princípio do Juiz Natural)
Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido
exclusivamente pela Constituição estadual

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LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus STF: Súmula Vinculante 25 - É ilícita a prisão civil do depositário infiel,
bens sem o devido processo legal; (Princípio do devido qualquer que seja a modalidade de depósito.
processo legal - Due process of law) LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que
LV - aos litigantes, em processo judicial ou alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a abuso de poder;
ela inerentes; LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
STF: Súmula Vinculante 5 - A falta de defesa técnica por advogado no proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição. corpus ou habeas data, quando o responsável pela
STF: Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de Poder Público;
defesa. LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
STF: Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito
ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de
impetrado por:
recurso administrativo. a) partido político com representação no Congresso
STF: Súmula Vinculante 28 - É inconstitucional a exigência de depósito Nacional;
prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se
pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. b) organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
obtidas por meios ilícitos;
membros ou associados;
Para a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (Fruits of the
Poisonous Tree), uma prova ilícita contamina todas as outras que dela
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
derivam. Essa teoria é denominada pela doutrina como ilicitude por que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
derivação. exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
---------------------------------------------------------------------------------------------------- prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
--- cidadania;
STJ: Não se aplica a Teoria da Árvore dos Frutos Envenenados quando a
prova considerada como ilícita é independente dos demais elementos de LXXII - conceder-se-á habeas data:
convicção coligidos nos autos, bastantes para fundamentar a condenação. a) para assegurar o conhecimento de informações
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
em julgado de sentença penal condenatória; (Princípio da bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
presunção de inocência) público;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a b) para a retificação de dados, quando não se prefira
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
pública, se esta não for intentada no prazo legal; ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos público ou de entidade de que o Estado participe, à
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
social o exigirem; histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; recursos;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo
competente e à família do preso ou à pessoa por ele fixado na sentença;
indicada; LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre pobres, na forma da lei:
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a a) o registro civil de nascimento;
assistência da família e de advogado; (Direito ao silêncio e à b) a certidão de óbito;
não-autoincriminação)
LXIV - o preso tem direito à identificação dos LXXVII - são gratuitas as ações de habeas
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários
ao exercício da cidadania.
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada
pela autoridade judiciária; LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo,
são assegurados a razoável duração do processo e os
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança; § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata.
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a
do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável § 2º Os direitos e garantias expressos nesta
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
O Brasil tornou-se signatário da Convenção Americana de Direitos internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
Humanos - Pacto de San Jose da Costa Rica, que somente permite a
prisão civil pelo não pagamento de obrigação alimentícia. Embora a parte.
Constituição continue prevendo a possibilidade de prisão do depositário § 3º Os tratados e convenções internacionais
infiel, a referida convenção, por possuir status supralegal, suspendeu a sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
eficácia de toda legislação infraconstitucional que regia essa prisão civil,
tornando-a inaplicável.
Casa do Congresso Nacional, em 2 (dois) turnos, por 3/5
---------------------------------------------------------------------------------------------------- (três quintos) dos votos dos respectivos membros, serão
---- equivalentes às emendas constitucionais.

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9
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Os tratados e convenções internacionais de direitos humanos que não X - proteção do salário na forma da lei, constituindo
forem aprovados de acordo com os critérios acima mencionados terão crime sua retenção dolosa; (Natureza alimentar)
hierarquia supralegal, situando-se abaixo da Constituição e acima da
legislação interna. Os tratados internacionais que não versem sobre direito XI – participação nos lucros, ou resultados,
humanos terão status de leis ordinárias. desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
(Eficácia limitada)
Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
adesão. XII - salário-família pago em razão do dependente do
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Benefício
Direitos e garantias fundamentais previdenciário)
STF: Súmula vinculante 25 - É ilícita a prisão civil de depositário infiel,
qualquer que seja a modalidade do depósito.
XIII - duração do trabalho normal não superior a 8
(oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais,
STF: Súmula 654 - A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º,
XXXVI, da Constituição da República, não é invocável pela entidade facultada a compensação de horários e a redução da
estatal que a tenha editado. jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
STJ: Súmula 444 - É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações XIV - jornada de 6 (seis) horas para o trabalho
penais em curso para agravar a pena-base. realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
STJ: Súmula 2 - Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se negociação coletiva;
não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa.
XV - repouso semanal remunerado,
STJ: Súmula 419 - Descabe a prisão civil do depositário infiel.
preferencialmente aos domingos;
STJ: Súmula 280 - O art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945, que
estabelece a prisão administrativa, foi revogado pelos incisos LXI e LXVII XVI - remuneração do serviço extraordinário
do art. 5° da Constituição Federal de 1988. superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do
STJ: Súmula 403 - Independe de prova do prejuízo a indenização pela normal;
publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
comerciais.
menos, 1/3 (um terço) a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
CAPÍTULO II do salário, com a duração de 120 (cento e vinte) dias;
DOS DIREITOS SOCIAIS
STF: Os prazos da licença-gestante não poderão ser superiores aos
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a prazos da licença-adotante.
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT: Art. 10, § 1º - até
à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
que lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX da Constituição, o
Constituição. prazo da licença-paternidade a que se refere o inciso é de 5 (cinco) dias.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e XX - proteção do mercado de trabalho da mulher,
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
social:
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
I - relação de emprego protegida contra despedida sendo no mínimo de 30 (trinta) dias, nos termos da lei;
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
dentre outros direitos; (Eficácia limitada) meio de normas de saúde, higiene e segurança;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego XXIII - adicional de remuneração para as atividades
involuntário; penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
III - fundo de garantia do tempo de serviço; (FGTS) XXIV - aposentadoria; (Benefício previdenciário)
O empregador recolherá mensalmente a alíquota de 8% sobre a
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
remuneração do trabalhador. Não se aplica a servidor público estatutário. desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches
e pré-escolas;
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, coletivos de trabalho;
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e XXVII - proteção em face da automação, na forma da
previdência social, com reajustes periódicos que lhe lei; (Eficácia limitada)
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
para qualquer fim; (Reserva legal) cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este
STF: Súmula vinculante 6 - Não viola a Constituição o estabelecimento está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
serviço militar inicial.
relações de trabalho, com prazo prescricional de 5 (cinco)
V - piso salarial proporcional à extensão e à anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2
complexidade do trabalho; (dois) anos após a extinção do contrato de trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em a) (Revogada).
convenção ou acordo coletivo; b) (Revogada).
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, XXX - proibição de diferença de salários, de exercício
para os que percebem remuneração variável; de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
VIII - décimo terceiro salário com base na idade, cor ou estado civil;
remuneração integral ou no valor da aposentadoria; XXXI - proibição de qualquer discriminação no
(Gratificação natalina)
tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do portador de deficiência;
diurno;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
STF: Súmula 213 - É devido o adicional de serviço noturno, ainda que técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
sujeito o empregado ao regime de revezamento.
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
insalubre a menores de 18 (dezoito) e de qualquer trabalho

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a menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição de STF: Não constitui falta grave a entrada do empregado em greve, desde
aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos; que não se trate de movimento condenado pela Justiça do Trabalho e
desde que o comportamento seja pacífico no pertinente.
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
da comunidade.
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições às penas da lei.
estabelecidas em lei e observada a simplificação do Art. 10. É assegurada a participação dos
cumprimento das obrigações tributárias, principais e trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas públicos em que seus interesses profissionais ou
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. Art. 11. Nas empresas de mais de 200 (duzentos)
empregados, é assegurada a eleição de um representante
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o
observado o seguinte: entendimento direto com os empregadores.
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão CAPÍTULO III
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a DA NACIONALIDADE
intervenção na organização sindical; Art. 12. São brasileiros:
II - é vedada a criação de mais de uma organização I - natos:
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
NACIONALIDADE ORIGINÁRIA
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
será definida pelos trabalhadores ou empregadores a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
interessados, não podendo ser inferior à área de um ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam
Município; (Princípio da unicidade sindical) a serviço de seu país; (Jus solis)
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
questões judiciais ou administrativas; República Federativa do Brasil; (Jus sanguinis)
STF: O sindicato atua como substituto processual, não havendo c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
necessidade de prévia autorização dos trabalhadores. mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em brasileira competente ou venham a residir na República
se tratando de categoria profissional, será descontada em Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de
folha, para custeio do sistema confederativo da atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Jus
sanguinis / Potestativa)
representação sindical respectiva, independentemente da
contribuição prevista em lei; (Contribuição confederativa) II - naturalizados:
Contribuição Confederativa Contribuição Sindical NACIONALIDADE DERIVADA

- Art. 8º, IV, CF/88 - Art. 149, CF/88 a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
- Fixada em assembleia geral - Fixada em lei brasileira, exigidas aos originários de países de língua
- Não tem natureza tributária - Tem Natureza tributária
portuguesa apenas residência por 1 (um) ano ininterrupto
- Facultativa - A Reforma Trabalhista de 2017 tornou
o recolhimento obrigatório apenas e idoneidade moral; (Naturalização ordinária)
quando autorizado pelo empregado. b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade,
STF: Súmula Vinculante 40 - A contribuição confederativa de que trata o residentes na República Federativa do Brasil há mais de 15
art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato (quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal, desde
respectivo
que requeiram a nacionalidade brasileira; (Naturalização
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se extraordinária)
filiado a sindicato; (Princípio da liberdade sindical) § 1º Aos portugueses com residência permanente
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
negociações coletivas de trabalho; serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser casos previstos nesta Constituição.
votado nas organizações sindicais; Não há atribuição de nacionalidade aos portugueses, mas a concessão de
direitos inerentes aos nacionais do Brasil. Os portugueses permanecem
VIII - é vedada a dispensa do empregado com sua nacionalidade.
sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de
direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre
suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
cometer falta grave nos termos da lei. (Estabilidade sindical) previstos nesta Constituição.
STF: A garantia constitucional assegurada ao empregado enquanto no
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: (Rol
cumprimento de mandato sindical não se destina a ele propriamente dito, taxativo)
ex intuitu personae, mas sim à representação sindical de que se investe, I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
que deixa de existir, entretanto, se extinta a empresa empregadora.
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam- III - de Presidente do Senado Federal;
se à organização de sindicatos rurais e de colônias de
pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo V - da carreira diplomática;
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo VI - de oficial das Forças Armadas.
e sobre os interesses que devam por meio dele defender. VII - de Ministro de Estado da Defesa
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do
brasileiro que:

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I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença § 5º O Presidente da República, os Governadores de


judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser
reeleitos para um único período subsequente.
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela
lei estrangeira; § 6º Para concorrerem a outros cargos, o
Presidente da República, os Governadores de Estado e do
b) de imposição de naturalização, pela norma
Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos
estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,
respectivos mandatos até 6 (seis) meses antes do pleito.
como condição para permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis; § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal,
República Federativa do Brasil. de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos 6
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. mandato eletivo e candidato à reeleição. (Inelegibilidade reflexa)
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios STF: Súmula vinculante 18 - A dissolução da sociedade ou do vínculo
poderão ter símbolos próprios. conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no §
7º do artigo 14 da Constituição Federal
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
CAPÍTULO IV
seguintes condições:
DOS DIREITOS POLÍTICOS
I - se contar menos de 10 (dez) anos de serviço,
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo
deverá afastar-se da atividade;
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos, e, nos termos da lei, mediante: (Democracia II - se contar mais de 10 (dez) anos de serviço, será
semidireta ou participativa) agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
I - plebiscito; automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
Consulta a população previamente à edição do ato legislativo ou § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
administrativo; inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
II - referendo; proteger a probidade administrativa, a moralidade para
Consulta a população posteriormente à edição do ato legislativo ou exercício de mandato considerada vida pregressa do
administrativo, para que o povo ratifique ou rejeite o ato. candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra
a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de
III - iniciativa popular.
função, cargo ou emprego na administração direta ou
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: (Capacidade indireta.
eleitoral ativa)
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante
I - obrigatórios para os maiores de 18 (dezoito) anos; a Justiça Eleitoral no prazo de 15 (quinze) dias contados da
II - facultativos para: diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
a) os analfabetos; econômico, corrupção ou fraude.
b) os maiores de 70 (setenta) anos; § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em
c) os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se
(dezoito) anos. temerária ou de manifesta má-fé.
TSE: Poderão votar aqueles que, na data da eleição, tiverem completado a
idade mínima de 16 anos. Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos,
TSE: Resolução 21.920/2004 – Não estará sujeita a sanção a pessoa cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
portadora de deficiência que torne impossível ou demasiadamente
oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais, relativas ao alistamento I - cancelamento da naturalização por sentença
e ao exercício do voto. transitada em julgado; (Perda)
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os II - incapacidade civil absoluta; (Suspensão)
estrangeiros e, durante o período do serviço militar III - condenação criminal transitada em julgado,
obrigatório, os conscritos. enquanto durarem seus efeitos; (Suspensão)
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
(Capacidade eleitoral passiva) prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; (Perda)
I - a nacionalidade brasileira; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
II - o pleno exercício dos direitos políticos; § 4º. (Suspensão)
III - o alistamento eleitoral; Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
V - a filiação partidária; eleição que ocorra até um ano da data de sua
vigência. (Princípio da anterioridade eleitoral)
VI - a idade mínima de:
a) 35 (trinta e cinco) anos para Presidente e Vice-
Presidente da República e Senador; CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
b) 30 (trinta) anos para Governador e Vice-
Governador de Estado e do Distrito Federal; Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e
extinção de partidos políticos, resguardados a soberania
c) 21 (vinte e um) anos para Deputado Federal, nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz direitos fundamentais da pessoa humana e observados os
de paz; seguintes preceitos:
d) 18 (dezoito) anos para Vereador. I - caráter nacional;
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

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II - proibição de recebimento de recursos financeiros Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito
de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a Federal e aos Municípios:
estes; I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. com eles ou seus representantes relações de dependência
ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia
interesse público;
para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre
escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e II - recusar fé aos documentos públicos;
provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para III - criar distinções entre brasileiros ou preferências
adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações entre si.
nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas
eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação
CAPÍTULO II
entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital
DA UNIÃO
ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
disciplina e fidelidade partidária. (2017) Art. 20. São bens da União:
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe
personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus vierem a ser atribuídos;
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na federais de comunicação e à preservação ambiental,
definidas em lei;
forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: (2017)
(Cláusula de barreira) III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos sirvam de limites com outros países, ou se estendam a
Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, território estrangeiro ou dele provenham, bem como os
distribuídos em pelo menos 1/3 (um terço) das unidades da terrenos marginais e as praias fluviais;
Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
válidos em cada uma delas; ou (2017) com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
II - tiverem elegido pelo menos 15 (quinze) Deputados e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede
de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
Federais distribuídos em pelo menos 1/3 (um terço) das
público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art.
unidades da Federação. (2017) 26, II;
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de V - os recursos naturais da plataforma continental e da
organização paramilitar. zona econômica exclusiva;
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os VI - o mar territorial;
requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a
outro partido que os tenha atingido, não sendo essa VIII - os potenciais de energia hidráulica;
filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios
televisão. (2017) arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
TÍTULO III § 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos
Da Organização do Estado Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a participação
CAPÍTULO I no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e
Art. 18. A organização político-administrativa da de outros recursos minerais no respectivo território,
República Federativa do Brasil compreende a União, os plataforma continental, mar territorial ou zona econômica
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos exclusiva, ou compensação financeira por
autônomos, nos termos desta Constituição. essa exploração. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
§ 1º Brasília é a Capital Federal. 102, de 2019)

§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua § 2º A faixa de até 150 (cento e cinquenta)
criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres,
de origem serão reguladas em lei complementar. designada como faixa de fronteira, é considerada
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, fundamental para defesa do território nacional, e sua
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ocupação e utilização serão reguladas em lei.
ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, As competências são atribuídas de acordo com o critério da
mediante aprovação da população diretamente interessada, predominância do interesse.
através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei Art. 21. Compete à União: (Competência material -
complementar. exclusiva - indelegável)
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o I - manter relações com Estados estrangeiros e
desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, participar de organizações internacionais;
dentro do período determinado por Lei Complementar II - declarar a guerra e celebrar a paz;
Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante III - assegurar a defesa nacional;
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após
divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
apresentados e publicados na forma da lei. que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou
nele permaneçam temporariamente;

ID:
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V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a XVIII - planejar e promover a defesa permanente
intervenção federal; (Elementos de estabilização constitucional) contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de inundações;
material bélico; XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de
STF: É inconstitucional lei estadual que autoriza a utilização de armas de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de
fogo apreendidas pelas polícias civil e militar, pois a competência exclusiva seu uso;
da União para legislar sobre material bélico, complementada pela XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento
competência para autorizar e fiscalizar a produção de material bélico,
abrange a disciplina sobre a destinação de armas apreendidas e em urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
situação irregular. urbanos;
VII - emitir moeda; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
nacional de viação;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e
fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente XXII - executar os serviços de polícia marítima,
as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de aeroportuária e de fronteiras;
seguros e de previdência privada; Compete à Polícia Federal exercer as funções de polícia marítima,
aeroportuária e de fronteiras.
STF: É inconstitucional lei estadual que estabeleça a obrigatoriedade de
utilização, pelas agências bancárias, de equipamento que atesta a XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares
autenticidade de cédulas. de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a
de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
social; derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; a) toda atividade nuclear em território nacional
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, somente será admitida para fins pacíficos e mediante
concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, aprovação do Congresso Nacional;
nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos b) sob regime de permissão, são autorizadas a
serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos comercialização e a utilização de radioisótopos para a
institucionais; pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
STF: É inconstitucional lei estadual que obriga empresas de telefonia c) sob regime de permissão, são autorizadas a
móvel a instalarem equipamentos de bloqueio do serviço de celular em produção, comercialização e utilização de radioisótopos de
presídio. meia-vida igual ou inferior a duas horas;
STF: É inconstitucional lei estadual ou distrital que proíba as empresas de
telecomunicações de cobrarem taxas para a instalação do segundo ponto d) a responsabilidade civil por danos nucleares
de acesso à internet. independe da existência de culpa; (Teoria do risco integral do
Estado)
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização,
concessão ou permissão: XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do
trabalho;
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
imagens; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o
exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
aproveitamento energético dos cursos de água, em
articulação com os Estados onde se situam os potenciais Art. 22. Compete privativamente à União legislar
hidroenergéticos; sobre: (Competência legislativa – privativa - delegável)
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
aeroportuária; agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
(Memorize: CAPACETE PM)
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que STF: Súmula vinculante 46 - A definição dos crimes de responsabilidade
transponham os limites de Estado ou Território; e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento
são da competência legislativa privativa da união.
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e
internacional de passageiros; II - desapropriação;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; III - requisições civis e militares, em caso de
iminente perigo e em tempo de guerra;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
Defensoria Pública dos Territórios; radiodifusão;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia V - serviço postal;
penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do VI - sistema monetário e de medidas, títulos e
Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao garantias dos metais;
Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por VII - política de crédito, câmbio, seguros e
meio de fundo próprio; (2019) transferência de valores;
STF: Súmula vinculante 39 – Compete privativamente à União legislar VIII - comércio exterior e interestadual;
sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do corpo de
bombeiros militar do Distrito Federal. IX - diretrizes da política nacional de transportes;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito marítima, aérea e aeroespacial;
nacional; XI - trânsito e transporte;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
diversões públicas e de programas de rádio e televisão; metalurgia;
XVII - conceder anistia; XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;

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14
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XV - emigração e imigração, entrada, extradição e IX - promover programas de construção de moradias e


expulsão de estrangeiros; a melhoria das condições habitacionais e de saneamento
XVI - organização do sistema nacional de emprego e básico;
condições para o exercício de profissões; X - combater as causas da pobreza e os fatores de
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do marginalização, promovendo a integração social dos setores
Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos desfavorecidos;
Territórios, bem como organização administrativa destes; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e
geologia nacionais; minerais em seus territórios;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da XII - estabelecer e implantar política de educação para
poupança popular; a segurança do trânsito.
XX - sistemas de consórcios e sorteios; Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas
para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito
STF: Súmula Vinculante 2 - É inconstitucional a lei ou ato normativo
Estadual ou Distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
sorteios, inclusive bingos e loterias. desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
XXI - normas gerais de organização, efetivos,
material bélico, garantias, convocação, mobilização, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos Federal legislar concorrentemente sobre: (Competência
de bombeiros militares. (2019) legislativa - Concorrente)
XXII - competência da polícia federal e das polícias I - direito tributário, financeiro, penitenciário,
rodoviária e ferroviária federais; econômico e urbanístico;
XXIII - seguridade social; II - orçamento;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; III - juntas comerciais;
XXV - registros públicos; IV - custas dos serviços forenses;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; V - produção e consumo;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
todas as modalidades, para as administrações públicas natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, meio ambiente e controle da poluição;
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural,
XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia artístico, turístico e paisagístico;
mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
marítima, defesa civil e mobilização nacional; histórico, turístico e paisagístico;
XXIX - propaganda comercial. IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
STF: Súmula Vinculante 39 - Compete privativamente à União legislar tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do corpo de
bombeiros militar do Distrito Federal.
X - criação, funcionamento e processo do juizado de
pequenas causas;
STF: Súmula 647 - Compete privativamente à União legislar sobre
vencimentos dos membros das polícias civil e militar do Distrito Federal. XI - procedimentos em matéria processual;
STJ: Súmula 19 - A fixação do horário bancário, para atendimento ao XII - previdência social, proteção e defesa da
público, é da competência da União. saúde;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
os Estados a legislar sobre questões específicas das XIV - proteção e integração social das pessoas
matérias relacionadas neste artigo. portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
Art. 23. É competência comum da União, dos XVI - organização, garantias, direitos e deveres das
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: polícias civis.
(Competência material – Comum)
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das § 1º No âmbito da legislação concorrente, a
instituições democráticas e conservar o patrimônio público; competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
gerais.
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção
e garantia das pessoas portadoras de deficiência; § 2º A competência da União para legislar sobre
normas gerais não exclui a competência suplementar
III - proteger os documentos, as obras e outros bens dos Estados.
de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
Estados exercerão a competência legislativa plena, para
IV - impedir a evasão, a destruição e a atender a suas peculiaridades.
descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor
histórico, artístico ou cultural; § 4º A superveniência de lei federal sobre normas
gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à contrário.
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição
em qualquer de suas formas; CAPÍTULO III
DOS ESTADOS FEDERADOS
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o Constituições e leis que adotarem, observados os princípios
abastecimento alimentar; desta Constituição.

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§ 1º São reservadas aos Estados as competências Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica,
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. votada em 2 (dois) turnos, com o interstício mínimo de 10
(Competência residual) (dez) dias, e aprovada por 2/3 (dois terços) dos membros da
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a respectivo Estado e os seguintes preceitos:
sua regulamentação. I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, Vereadores, para mandato de 4 (quatro) anos, mediante
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e pleito direto e simultâneo realizado em todo o País;
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do
execução de funções públicas de interesse comum. mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art.
77, no caso de Municípios com mais de 200.000 (duzentos
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: mil) eleitores;
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na janeiro do ano subsequente ao da eleição;
forma da lei, as decorrentes de obras da União; IV - para a composição das Câmaras Municipais,
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que será observado o limite máximo de:
estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
União, Municípios ou terceiros; (quinze mil) habitantes;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de
União; 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil)
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as habitantes;
da União. c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil)
habitantes;
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia
Legislativa corresponderá ao triplo da representação do d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta
36 (trinta e seis), será acrescido de tantos quantos forem os mil) habitantes;
Deputados Federais acima de 12 (doze). e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais
§ 1º Será de 4 (quatro) anos o mandato dos de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e
Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta vinte mil) habitantes;
Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais
imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000
impedimentos e incorporação às Forças Armadas. (cento sessenta mil) habitantes;
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais
por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até
no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, 300.000 (trezentos mil) habitantes;
em espécie, para os Deputados Federais, observado o que h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de
dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000
2º, I. (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes;
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de
sobre seu regimento interno, polícia e serviços mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e
administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes;
cargos. j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000
processo legislativo estadual. (setecentos cinquenta mil) habitantes;
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice- mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de
Governador de Estado, para mandato de 4 (quatro) anos, até 900.000 (novecentos mil) habitantes;
realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais
turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000
houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus (um milhão e cinquenta mil) habitantes;
antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de
ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto no mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e
art. 77. de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de
outro cargo ou função na administração pública direta ou mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e
indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil)
observado o disposto no art. 38, I, IV e V. habitantes;
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de
e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes
da Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes;
37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de
mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e
CAPÍTULO IV de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;
Dos Municípios

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q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de


mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e Justiça;
de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) XI - organização das funções legislativas e
habitantes; fiscalizadoras da Câmara Municipal;
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de XII - cooperação das associações representativas no
mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) planejamento municipal;
habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios específico do Município, da cidade ou de bairros, através de
de mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até manifestação de, pelo menos, 5% (cinco por cento) do
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes; eleitorado;
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art.
mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 28, parágrafo único.
5.000.000 (cinco milhões) de habitantes;
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo
de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até
Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos
6.000.000 (seis milhões) de habitantes;
os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e das
mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até transferências previstas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e
7.000.000 (sete milhões) de habitantes; 159, efetivamente realizado no exercício anterior:
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios I - 7% (sete por cento) para Municípios com população
de mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até de até 100.000 (cem mil) habitantes;
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e
II - 6% (seis por cento) para Municípios com
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios população entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil)
de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; habitantes;
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos III - 5% (cinco por cento) para Municípios com
Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa da população entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000
Câmara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, (quinhentos mil) habitantes;
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento)
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas para Municípios com população entre 500.001 (quinhentos
respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
subsequente, observado o que dispõe esta Constituição,
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com
observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei
população entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000
Orgânica e os seguintes limites máximos:
(oito milhões) de habitantes;
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para
máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do
Municípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões
subsídio dos Deputados Estaduais;
e um) habitantes.
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
por cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o
corresponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados
gasto com o subsídio de seus Vereadores.
Estaduais;
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil
Prefeito Municipal:
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos I - efetuar repasse que supere os limites definidos
Deputados Estaduais; neste artigo;
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil II - não enviar o repasse até o dia 20 (vinte) de cada
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores mês; ou
corresponderá a cinquenta por cento do subsídio dos III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na
Deputados Estaduais; Lei Orçamentária.
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos § 3o Constitui crime de responsabilidade do
mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao §
corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos 1o deste artigo.
Deputados Estaduais;
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, Art. 30. Compete aos Municípios:
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no
VII - o total da despesa com a remuneração dos
que couber;
Vereadores não poderá ultrapassar o montante de 5% (cinco
por cento) da receita do Município; III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas
da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes
opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
nos prazos fixados em lei;
circunscrição do Município;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da
legislação estadual;
vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta
Constituição para os membros do Congresso Nacional e na V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
Constituição do respectivo Estado para os membros da concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse
Assembleia Legislativa; local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter
essencial;

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VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
União e do Estado, programas de educação infantil e de Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal,
ensino fundamental; da polícia militar e do corpo de bombeiros militar. (2019)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da STF: Súmula 642 - Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal.
população;
VIII - promover, no que couber, adequado Seção II
ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do DOS TERRITÓRIOS
uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
Art. 33. A lei disporá sobre a organização
IX - promover a proteção do patrimônio histórico- administrativa e judiciária dos Territórios.
cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em
federal e estadual.
Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto
STF: Súmula vinculante 38 - É competente o Município para fixar o no Capítulo IV deste Título.
horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
STF: Súmula vinculante 49 - Ofende o princípio da livre concorrência lei § 2º As contas do Governo do Território serão
municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do
mesmo ramo em determinada área. Tribunal de Contas da União.
STF: Súmula 419 - Os municípios têm competência para regular o horário
do comércio local, desde que não infrinjam leis estaduais ou federais § 3º Nos Territórios Federais com mais de 100.000
válidas. (cem mil) habitantes, além do Governador nomeado na
STF: Súmula 614 - Somente o Procurador-Geral da Justiça tem forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de
legitimidade para propor ação direta interventiva por inconstitucionalidade primeira e segunda instância, membros do Ministério Público
de Lei Municipal.
STF: Súmula 645 - É competente o Município para fixar o horário de
e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as
funcionamento de estabelecimento comercial. eleições para a Câmara Territorial e sua competência
STF: Súmula 646 - Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal deliberativa.
que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo
em determinada área.
STF: O município é competente para, dispondo sobre segurança de sua CAPÍTULO VI
população, impor a estabelecimentos bancários a obrigação de instalarem DA INTERVENÇÃO
portas eletrônicas, como detector de metais, travamento e retorno
automático e vidros à prova de balas. Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no
Distrito Federal, exceto para:
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida
pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, I - manter a integridade nacional;
e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da
Municipal, na forma da lei. Federação em outra;
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será III - pôr termo a grave comprometimento da ordem
exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados pública;
ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes
dos Municípios, onde houver. nas unidades da Federação;
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente V - reorganizar as finanças da unidade da Federação
sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só que:
deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais
membros da Câmara Municipal. de 2 (dois) anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante 60 b) deixar de entregar aos Municípios receitas
(sessenta) dias, anualmente, à disposição de qualquer tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá estabelecidos em lei;
questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou decisão judicial;
órgãos de Contas Municipais.
VII - assegurar a observância dos seguintes
princípios constitucionais: (Princípios constitucionais
CAPÍTULO V sensíveis)
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS a) forma republicana, sistema representativo e regime
Seção I democrático;
DO DISTRITO FEDERAL
b) direitos da pessoa humana;
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em
c) autonomia municipal;
Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em 2 (dois)
turnos com interstício mínimo de 10 (dez) dias, e aprovada d) prestação de contas da administração pública,
por 2/3 (dois terços) da Câmara Legislativa, que a direta e indireta.
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante
Constituição. de impostos estaduais, compreendida a proveniente de
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino
competências legislativas reservadas aos Estados e e nas ações e serviços públicos de saúde.
Municípios.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios,
observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais nem a União nos Municípios localizados em Território
coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, Federal, exceto quando:
para mandato de igual duração. I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa 2 (dois) anos consecutivos, a dívida fundada;
aplica-se o disposto no art. 27. II - não forem prestadas contas devidas, na forma da
lei;

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III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita STF: Súmula 686 - Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas habilitação de candidato a concurso público.
ações e serviços públicos de saúde; III - o prazo de validade do concurso público será de
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a até 2 (dois) anos, prorrogável uma vez, por igual período;
representação para assegurar a observância de princípios IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital
indicados na Constituição Estadual, ou para prover a de convocação, aquele aprovado em concurso público de
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade
sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego,
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: na carreira;
STF: Os candidatos aprovados em concurso público têm direito subjetivo à
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder nomeação para a posse que vier a ser dada nos cargos vagos existentes
Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de ou nos que vierem a vagar no prazo de validade do concurso. A recusa da
requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for Administração Pública em prover cargos vagos, quando existentes
exercida contra o Poder Judiciário; candidatos aprovados em concurso público, deve ser motivada, e esta
motivação é suscetível de apreciação pelo Poder Judiciário.
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão
judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do V - as funções de confiança, exercidas
Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral; exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, os cargos em comissão, a serem preenchidos por
de representação do Procurador-Geral da República, na servidores de carreira nos casos, condições e percentuais
mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições
hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de
de direção, chefia e assessoramento;
lei federal.
STF: Súmula vinculante 13 - A nomeação de cônjuge, companheiro ou
IV – (revogado) parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função
couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos
do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
Estado, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional Constituição Federal.
ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre
extraordinária, no mesmo prazo de 24 (vinte e quatro) associação sindical;
horas. VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, limites definidos em lei específica;
dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao definirá os critérios de sua admissão;
restabelecimento da normalidade.
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as tempo determinado para atender a necessidade temporária
autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo de excepcional interesse público;
impedimento legal.
X - a remuneração dos servidores públicos e o
subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser
CAPÍTULO VII fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual,
Seção I sempre na mesma data e sem distinção de índices;
DISPOSIÇÕES GERAIS STF: Súmula 679 - A fixação de vencimentos dos servidores públicos não
Art. 37. A administração pública direta e indireta de pode ser objeto de convenção coletiva.
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito STF: Súmula 681 - É inconstitucional a vinculação de vencimentos de
servidores estaduais e municipais a índices federais de correção
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de monetária.
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
(Memorize: LIMPE)
cargos, funções e empregos públicos da administração
direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
I - os cargos, empregos e funções públicas são dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie
da lei; remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas
II - a investidura em cargo ou emprego público as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não
depende de aprovação prévia em concurso público de poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
declarado em lei de livre nomeação e exoneração; Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos
STF: Súmula 683 - O limite de idade para a inscrição em concurso público Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder
só se legitima em face do art. 7º, XXX, da CF, quando possa ser justificado Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de
pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
STF: Súmula 684 - É inconstitucional o veto não motivado à participação
de candidato a concurso público.
por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
STF: Súmula 685 - É inconstitucional toda modalidade de provimento que Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos
público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira Procuradores e aos Defensores Públicos;
na qual anteriormente investido.

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XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
pagos pelo Poder Executivo; atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de interna, da qualidade dos serviços;
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de II - o acesso dos usuários a registros administrativos e
remuneração de pessoal do serviço público; a informações sobre atos de governo, observado o disposto
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por no art. 5º, X e XXXIII;
servidor público não serão computados nem acumulados III - a disciplina da representação contra o exercício
para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Vedação ao negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
efeito cascata) administração pública.
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de § 4º - Os atos de improbidade administrativa
cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, função pública, a indisponibilidade dos bens e o
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que
a) a de dois cargos de professor; causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou ações de ressarcimento.
científico; § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de
c) a de dois cargos ou empregos privativos de direito privado prestadoras de serviços públicos
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
XVII - a proibição de acumular estende-se a
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas Teoria do Risco Administrativo. O Estado deverá ser responsabilizado
pelos danos causados por seus agentes, independentemente de dolo ou
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou culpa. Responsabilidade Objetiva.
indiretamente, pelo poder público;
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao
XVIII - a administração fazendária e seus servidores
ocupante de cargo ou emprego da administração direta e
fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e
indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
jurisdição, precedência sobre os demais setores
administrativos, na forma da lei; § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira
dos órgãos e entidades da administração direta e indireta
XIX – somente por lei específica poderá ser criada
poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre
autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de
seus administradores e o poder público, que tenha por objeto
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
a fixação de metas de desempenho para o órgão ou
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
entidade, cabendo à lei dispor sobre:
atuação; (Administração pública indireta)
I - o prazo de duração do contrato;
XX - depende de autorização legislativa, em cada
caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas II - os controles e critérios de avaliação de
no inciso anterior, assim como a participação de qualquer desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
delas em empresa privada; dirigentes;
XXI - ressalvados os casos especificados na III - a remuneração do pessoal."
legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas
contratados mediante processo de licitação pública que públicas e às sociedades de economia mista, e suas
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados,
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da despesas de pessoal ou de custeio em geral.
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação § 10. É vedada a percepção simultânea de
técnica e econômica indispensáveis à garantia do proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos
cumprimento das obrigações. arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou
XXII - as administrações tributárias da União, dos função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em
essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por comissão declarados em lei de livre nomeação e
servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários exoneração.
para a realização de suas atividades e atuarão de forma § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste
de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, lei.
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput
caráter educativo, informativo ou de orientação social, deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio
públicos. mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
responsável, nos termos da lei. Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais
usuário na administração pública direta e indireta, regulando e dos Vereadores.
especialmente:

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§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do
poderá ser readaptado para exercício de cargo cujas cargo o exigir.
atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com a § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e
mental, enquanto permanecer nesta condição, desde que Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
origem. (2019) representação ou outra espécie remuneratória, obedecido,
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego ou
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
função pública, inclusive do Regime Geral de Previdência
dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e
Social, acarretará o rompimento do vínculo que gerou o
a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
referido tempo de contribuição. (2019)
em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias
de servidores públicos e de pensões por morte a seus § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
dependentes que não seja decorrente do disposto nos §§ 14 publicarão anualmente os valores do subsídio e da
a 16 do art. 40 ou que não seja prevista em lei que extinga remuneração dos cargos e empregos públicos.
regime próprio de previdência social. (2019) § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos
orçamentários provenientes da economia com despesas
Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e
aplicam-se as seguintes disposições:
produtividade, treinamento e desenvolvimento,
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do produtividade.
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela § 8º A remuneração dos servidores públicos
sua remuneração; organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do §
III - investido no mandato de Vereador, havendo 4º.
compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu § 9º É vedada a incorporação de vantagens de
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do caráter temporário ou vinculadas ao exercício de função
cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada de confiança ou de cargo em comissão à remuneração do
a norma do inciso anterior; cargo efetivo. (2019)
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos
contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção
servidores titulares de cargos efetivos terá caráter
por merecimento;
contributivo e solidário, mediante contribuição do
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de respectivo ente federativo, de servidores ativos, de
previdência social, permanecerá filiado a esse regime, no aposentados e de pensionistas, observados critérios que
ente federativo de origem. (2019) preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (2019)
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de
Seção II previdência social será aposentado: (2019)
DOS SERVIDORES PÚBLICOS I - por incapacidade permanente para o trabalho, no
cargo em que estiver investido, quando insuscetível de
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização
Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime
de avaliações periódicas para verificação da continuidade
jurídico único e planos de carreira para os servidores da
das condições que ensejaram a concessão da aposentadoria,
administração pública direta, das autarquias e das fundações
na forma de lei do respectivo ente federativo; (2019)
públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou
Municípios instituirão conselho de política de administração e
aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
remuneração de pessoal, integrado por servidores
complementar;
designados pelos respectivos Poderes. (Cautelarmente
suspenso) III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois)
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos
demais componentes do sistema remuneratório observará: de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, na idade mínima estabelecida
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a mediante emenda às respectivas Constituições e Leis
complexidade dos cargos componentes de cada carreira; Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os demais
II - os requisitos para a investidura; requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
III - as peculiaridades dos cargos. ente federativo. (2019)
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201
dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime
cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, Geral de Previdência Social, observado o disposto nos §§ 14
facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos a 16. (2019)
entre os entes federados. § 3º As regras para cálculo de proventos de
aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo ente
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
federativo. (2019)
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI,
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios
XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
diferenciados para concessão de benefícios em regime

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próprio de previdência social, ressalvado o disposto nos §§ inclusive mandato eletivo, ou de emprego público, o
4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (2019) Regime Geral de Previdência Social. (2019)
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de Municípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder
contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores Executivo, regime de previdência complementar para
com deficiência, previamente submetidos a avaliação servidores públicos ocupantes de cargo efetivo, observado o
biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
interdisciplinar. (2019) Previdência Social para o valor das aposentadorias e das
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado
complementar do respectivo ente federativo idade e tempo o disposto no § 16. (2019)
de contribuição diferenciados para aposentadoria de § 15. O regime de previdência complementar de que
ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agente trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na
socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o modalidade contribuição definida, observará o disposto no
inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 art. 202 e será efetivado por intermédio de entidade fechada
e os incisos I a IV do caput do art. 144. (2019) de previdência complementar ou de entidade aberta de
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei previdência complementar. (2019)
complementar do respectivo ente federativo idade e tempo § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção,
de contribuição diferenciados para aposentadoria de o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva que tiver ingressado no serviço público até a data da
exposição a agentes químicos, físicos e biológicos publicação do ato de instituição do correspondente regime de
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, previdência complementar.
vedada a caracterização por categoria profissional ou
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados
ocupação. (2019)
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade
devidamente atualizados, na forma da lei.
mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades
decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º, § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de
desde que comprovem tempo de efetivo exercício das aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
funções de magistério na educação infantil e no ensino trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido
fundamental e médio fixado em lei complementar do para os benefícios do regime geral de previdência social de
respectivo ente federativo. (2019) que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos para os servidores titulares de cargos efetivos.
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a § 19. Observados critérios a serem estabelecidos em
percepção de mais de uma aposentadoria à conta de lei do respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo
regime próprio de previdência social, aplicando-se outras efetivo que tenha completado as exigências para a
vedações, regras e condições para a acumulação de aposentadoria voluntária e que opte por permanecer em
benefícios previdenciários estabelecidas no Regime Geral de atividade poderá fazer jus a um abono de permanência
Previdência Social. (2019) equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando previdenciária, até completar a idade para aposentadoria
se tratar da única fonte de renda formal auferida pelo compulsória. (2019)
dependente, o benefício de pensão por morte será § 20. É vedada a existência de mais de um regime
concedido nos termos de lei do respectivo ente federativo, a próprio de previdência social e de mais de um órgão ou
qual tratará de forma diferenciada a hipótese de morte dos entidade gestora desse regime em cada ente federativo,
servidores de que trata o § 4º-B decorrente de agressão abrangidos todos os poderes, órgãos e entidades autárquicas
sofrida no exercício ou em razão da função. (2019) e fundacionais, que serão responsáveis pelo seu
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios financiamento, observados os critérios, os parâmetros e a
para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o
conforme critérios estabelecidos em lei. § 22. (2019)
§ 21. (Revogado). (2019)
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual,
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes
distrital ou municipal será contado para fins de
próprios de previdência social, lei complementar federal
aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art.
estabelecerá, para os que já existam, normas gerais de
201, e o tempo de serviço correspondente será contado para
organização, de funcionamento e de responsabilidade em
fins de disponibilidade. (2019)
sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, sobre: (2019)
§ 10 A lei não poderá estabelecer qualquer forma de I - requisitos para sua extinção e consequente
contagem de tempo de contribuição fictício. migração para o Regime Geral de Previdência Social;
§ 11 Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma II - modelo de arrecadação, de aplicação e de
total dos proventos de inatividade, inclusive quando utilização dos recursos;
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, III - fiscalização pela União e controle externo e
bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para o social;
regime geral de previdência social, e ao montante resultante IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;
da adição de proventos de inatividade com remuneração de V - condições para instituição do fundo com finalidade
cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo em previdenciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, dos recursos provenientes de contribuições e dos bens,
e de cargo eletivo. direitos e ativos de qualquer natureza;
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão VI - mecanismos de equacionamento
observados, em regime próprio de previdência social, no que do deficit atuarial;
couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime Geral VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do
de Previdência Social. (2019) regime, observados os princípios relacionados com
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, governança, controle interno e transparência;
exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de VIII - condições e hipóteses para responsabilização
livre nomeação e exoneração, de outro cargo temporário, daqueles que desempenhem atribuições relacionadas, direta
ou indiretamente, com a gestão do regime;

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IX - condições para adesão a consórcio público; I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e de custos e preços de responsabilidade do Poder Público;
definição de alíquota de contribuições ordinárias e II - juros favorecidos para financiamento de atividades
extraordinárias. prioritárias;
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de
Art. 41. São estáveis após 3 (três) anos de efetivo tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;
exercício os servidores nomeados para cargo de IV - prioridade para o aproveitamento econômico e
provimento efetivo em virtude de concurso público. social dos rios e das massas de água represadas ou
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas
I - em virtude de sentença judicial transitada em periódicas.
julgado; § 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União
II - mediante processo administrativo em que lhe seja incentivará a recuperação de terras áridas e cooperará com
assegurada ampla defesa; os pequenos e médios proprietários rurais para o
estabelecimento, em suas glebas, de fontes de água e de
III - mediante procedimento de avaliação periódica de
pequena irrigação.
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do TÍTULO IV
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de CAPÍTULO I
origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro DO PODER LEGISLATIVO
cargo ou posto em disponibilidade com remuneração SEÇÃO I
proporcional ao tempo de serviço. DO CONGRESSO NACIONAL
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo
desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos
com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu Deputados e do Senado Federal.
adequado aproveitamento em outro cargo. Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de 4
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, (quatro) anos.
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por STF: Súmula 397 - O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do
comissão instituída para essa finalidade. Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências,
compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a
realização do inquérito.
Seção III STF: Súmula 245 - A imunidade parlamentar não se estende ao corréu
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL sem essa prerrogativa.
E DOS TERRITÓRIOS Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional,
Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
(Sistema proporcional)
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios. § 1º O número total de Deputados, bem como a
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito representação por Estado e pelo Distrito Federal, será
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à
lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano
142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades
sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta
patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos Deputados.
governadores. § 2º Cada Território elegerá 4 (quatro) Deputados.
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em Art. 46. O Senado Federal compõe-se de
lei específica do respectivo ente estatal. representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos
§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito segundo o princípio majoritário. (Sistema majoritário)
Federal e dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, § 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão 3 (três)
com prevalência da atividade militar. (Incluído pela Emenda Senadores, com mandato de 8 (oito) anos.
Constitucional nº 101, de 2019)
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito
Federal será renovada de 4 (quatro) em 4 (quatro) anos,
Seção IV alternadamente, por um e dois terços.
DAS REGIÕES § 3º Cada Senador será eleito com 2 (dois) suplentes.
Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá
articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário,
social, visando a seu desenvolvimento e à redução das
as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão
desigualdades regionais.
tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta
§ 1º - Lei complementar disporá sobre: de seus membros.
I - as condições para integração de regiões em - Maioria absoluta: mais da metade dos membros da Casa.
desenvolvimento; - Maioria simples: mais da metade dos membros presentes na sessão.
II - a composição dos organismos regionais que
executarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes
Seção II
dos planos nacionais de desenvolvimento econômico e
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL
social, aprovados juntamente com estes.
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção
§ 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além
do Presidente da República, não exigida esta para o
de outros, na forma da lei:

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especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados
matérias de competência da União, especialmente sobre: Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts.
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
rendas; VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, Presidente da República e dos Ministros de Estado,
orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II,
emissões de curso forçado; 153, III, e 153, § 2º, I;
Adotou-se no Brasil o sistema misto de orçamento, no qual os projetos IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo
orçamentários são elaborados pelo Poder Executivo e, posteriormente, Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a
aprovados pelo Poder Legislativo. execução dos planos de governo;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer
Armadas; de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da
Matéria tratada por lei de iniciativa do Presidente da República. administração indireta;
IV - planos e programas nacionais, regionais e XI - zelar pela preservação de sua competência
setoriais de desenvolvimento; legislativa em face da atribuição normativa dos outros
Poderes;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e
marítimo e bens do domínio da União; XII - apreciar os atos de concessão e renovação de
concessão de emissoras de rádio e televisão;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de
áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas XIII - escolher 2/3 (dois terços) dos membros do
Assembleias Legislativas; Tribunal de Contas da União;
VII - transferência temporária da sede do Governo XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes
Federal; a atividades nucleares;
VIII - concessão de anistia; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
Plebiscito é a consulta feita à população anteriormente à edição do ato;
IX - organização administrativa, judiciária, do Referendo é a consulta à população posteriormente à edição do ato, para
Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos ratificação ou rejeição.
Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do
Distrito Federal; XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o
aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de
X – criação, transformação e extinção de cargos, riquezas minerais;
empregos e funções públicas, observado o que estabelece o
art. 84, VI, b; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão
de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da hectares.
administração pública;
Matéria tratada por lei de iniciativa do Presidente da República.
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado
XII - telecomunicações e radiodifusão; Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de
instituições financeiras e suas operações; órgãos diretamente subordinados à Presidência da República
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto
dívida mobiliária federal. previamente determinado, importando crime de
responsabilidade a ausência sem justificação adequada.
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; § 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao
150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de
suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos
Compete privativamente ao STF propor ao Poder Legislativo a fixação de
seu subsídio. com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de
seu Ministério.
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de
Nacional: informações a Ministros de Estado ou a qualquer das
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime
atos internacionais que acarretem encargos ou de responsabilidade a recusa, ou o não - atendimento, no
compromissos gravosos ao patrimônio nacional; prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações
II - autorizar o Presidente da República a declarar falsas.
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam Seção III
temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
complementar;
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Deputados:
República a se ausentarem do País, quando a ausência
I - autorizar, por 2/3 (dois terços) de seus membros,
exceder a quinze dias;
a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção Presidente da República e os Ministros de Estado;
federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer
uma dessas medidas; II - proceder à tomada de contas do Presidente da
República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que dentro de 60 (sessenta) dias após a abertura da sessão
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de legislativa;
delegação legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;
VI - mudar temporariamente sua sede;
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento,
polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,

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empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei Possui competência para eleger, como membros do Conselho da
para fixação da respectiva remuneração, observados os República, 2 (dois) brasileiros natos, com mais de 35 (trinta e cinco) anos
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; de idade.

V - eleger membros do Conselho da República, nos XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do


termos do art. 89, VII. Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus
componentes, e o desempenho das administrações
Possui competência para eleger, como membros do Conselho da
República, 2 (dois) brasileiros natos, com mais de 35 (trinta e cinco) anos tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos
de idade. Municípios.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II,
funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal,
Seção IV
limitando-se a condenação, que somente será proferida por
DO SENADO FEDERAL
dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo,
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função
I - processar e julgar o Presidente e o Vice- pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
Presidente da República nos crimes de responsabilidade,
bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da
Seção V
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma
DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES
natureza conexos com aqueles;
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis,
II processar e julgar os Ministros do Supremo
civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras
Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de
e votos. (Imunidade material)
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o
Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União Por possuir imunidade material, o parlamentar não poderá ser punido
pelas palavras proferidas no exercício do seu mandato. Essa imunidade,
nos crimes de responsabilidade; porém, não é absoluta, sua conduta deverá ser relacionada ao exercício
III - aprovar previamente, por voto secreto, após da atividade parlamentar.
arguição pública, a escolha de: ----------------------------------------------------------------------------------------------------
STF: Súmula 245 - A imunidade parlamentar não se estende ao corréu
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta sem essa prerrogativa.
Constituição; STF: Súmula 397 - O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências,
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados
compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a
pelo Presidente da República; realização do inquérito.
c) Governador de Território; STF: Imunidade parlamentar material. Ofensa irrogada (proferida) em
plenário, independente de conexão com o mandato, elide (elimina) a
d) Presidente e diretores do banco central; responsabilidade civil por dano moral.
e) Procurador-Geral da República; § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; do diploma, serão submetidos a julgamento perante o
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após Supremo Tribunal Federal. (Imunidade formal)
arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do
diplomática de caráter permanente; Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em
V - autorizar operações externas de natureza flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão
financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito remetidos dentro de 24 (vinte e quatro) horas à Casa
Federal, dos Territórios e dos Municípios; respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros,
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, resolva sobre a prisão. (Imunidade formal)
limites globais para o montante da dívida consolidada da § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo
VII - dispor sobre limites globais e condições para as Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por
operações de crédito externo e interno da União, dos iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar
autarquias e demais entidades controladas pelo Poder o andamento da ação.
Público federal; § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa
VIII - dispor sobre limites e condições para a respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias
concessão de garantia da União em operações de crédito do seu recebimento pela Mesa Diretora.
externo e interno; § 5º A sustação do processo suspende a prescrição,
IX - estabelecer limites globais e condições para o enquanto durar o mandato.
montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados
Federal e dos Municípios; a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas
lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do que lhes confiaram ou deles receberam informações.
Supremo Tribunal Federal; § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de
exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.
antes do término de seu mandato; § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores
XII - elaborar seu regimento interno; subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser
suspensas mediante o voto de 2/3 (dois terços) dos membros
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do
polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei a execução da medida.
para fixação da respectiva remuneração, observados os
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
termos do art. 89, VII. (Impedimentos)

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I - desde a expedição do diploma: § 1º O suplente será convocado nos casos de vaga,


a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de de investidura em funções previstas neste artigo ou de
direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de licença superior a cento e vinte dias.
economia mista ou empresa concessionária de serviço § 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á
público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses
uniformes; para o término do mandato.
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego § 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador
remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad poderá optar pela remuneração do mandato.
nutum", nas entidades constantes da alínea anterior;
Os cargos ad nutum são aqueles de livre nomeação e exoneração, que Seção VI
independem de motivação, como os cargos em comissão.
DAS REUNIÕES
II - desde a posse: Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á,
a) ser proprietários, controladores ou diretores de anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de
empresa que goze de favor decorrente de contrato com julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função § 1º As reuniões marcadas para essas datas serão
remunerada; transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis recaírem em sábados, domingos ou feriados.
"ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a"; § 2º A sessão legislativa não será interrompida sem
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
das entidades a que se refere o inciso I, "a"; § 3º Além de outros casos previstos nesta
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal
público eletivo. reunir-se-ão em sessão conjunta para:
I - inaugurar a sessão legislativa;
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: II - elaborar o regimento comum e regular a criação de
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas serviços comuns às duas Casas;
no artigo anterior; III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-
II - cujo procedimento for declarado incompatível com Presidente da República;
o decoro parlamentar; IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
III - que deixar de comparecer, em cada sessão § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões
legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da
que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; legislatura, para a posse de seus membros e eleição das
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada
a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos
subsequente.
previstos nesta Constituição;
§ 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida
VI - que sofrer condenação criminal em sentença
pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos
transitada em julgado.
serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado
além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das Federal.
prerrogativas asseguradas a membro do Congresso
§ 6º A convocação extraordinária do Congresso
Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.
Nacional far-se-á:
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de
mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo
decretação de estado de defesa ou de intervenção federal,
Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação
de pedido de autorização para a decretação de estado de
da respectiva Mesa ou de partido político representado no
sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do
Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
Vice-Presidente da República;
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da
será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou
Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a
mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de
requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas,
partido político representado no Congresso Nacional,
em caso de urgência ou interesse público relevante, em
assegurada ampla defesa.
todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos
deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações § 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso
finais de que tratam os §§ 2º e 3º. Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi
convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo,
vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou convocação.
Senador: § 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data
I - investido no cargo de Ministro de Estado, de convocação extraordinária do Congresso Nacional,
Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito serão elas automaticamente incluídas na pauta da
Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de convocação.
missão diplomática temporária;
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de Seção VII
doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse DAS COMISSÕES
particular, desde que, neste caso, o afastamento não
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão
ultrapasse 120 (cento e vinte) dias por sessão legislativa.
comissões permanentes e temporárias, constituídas na

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forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento atribuições definidas no regimento comum, cuja composição
ou no ato de que resultar sua criação. reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, representação partidária.
é assegurada, tanto quanto possível, a representação
proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que Seção VIII
participam da respectiva Casa. DO PROCESSO LEGISLATIVO
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua Subseção I
competência, cabe: Disposição Geral
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na Art. 59. O processo legislativo compreende a
forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se elaboração de:
houver recurso de um décimo dos membros da Casa; I - emendas à Constituição;
II - realizar audiências públicas com entidades da II - leis complementares;
sociedade civil;
III - leis ordinárias;
III - convocar Ministros de Estado para prestar
IV - leis delegadas;
informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;
V - medidas provisórias;
IV - receber petições, reclamações, representações ou
queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das VI - decretos legislativos;
autoridades ou entidades públicas; VII - resoluções.
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou As normas acima mencionadas são classificadas como atos primários,
cidadão; retirando seu fundamento diretamente da Constituição Federal.
Ressalvadas as emendas constitucionais, as demais espécies listadas são
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, normas infraconstitucionais. Não há hierarquia entre normas do mesmo
regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir patamar.
parecer. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.
terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das
respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Subseção II
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou Da Emenda à Constituição
separadamente, mediante requerimento de 1/3 (um terço) de A Reforma Constitucional é realizada através das emendas
seus membros, para a apuração de fato determinado e por constitucionais, mediante processo formal. Não se deve confundir com a
Mutação Constitucional, que é o processo informal de alteração, através
prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, de nova interpretação e jurisprudências, não ocorrendo modificação do
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a texto.
responsabilidade civil ou criminal dos infratores. (Comissão
Parlamentar de Inquérito - CPI) Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante
proposta:
STF: Configura constrangimento ilegal, com evidente ofensa ao princípio
da separação dos Poderes, a convocação de magistrado a fim de que I – de 1/3 (um terço), no mínimo, dos membros da
preste depoimento em razão de decisões de conteúdo jurisdicional Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
atinentes ao fato investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito.
STF: As CPIs possuem permissão legal para encaminhar relatório II - do Presidente da República;
circunstanciado não só ao Ministério Público e à AGU, mas, também, a III - de mais da metade das Assembleias
outros órgãos públicos, podendo veicular, inclusive, documentação que Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se,
possibilite a instauração de inquérito policial em face de pessoas
envolvidas nos fatos apurados
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
STF: É possível a utilização, por CPI, de documentos oriundos de inquérito § 1º A Constituição não poderá ser emendada na
sigiloso. vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de
STF: É jurisprudência pacífica desta Corte a possibilidade de o
investigado, convocado para depor perante CPI, permanecer em silêncio,
estado de sítio. (Limitação circunstancial)
evitando-se a autoincriminação, além de ter assegurado o direito de ser § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa
assistido por advogado e de comunicar-se com este durante a sua do Congresso Nacional, em 2 (dois) turnos, considerando-se
inquirição. aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 (três quintos) dos votos
STF: A CPI é incompetente para expedir decreto de indisponibilidade de
bens de particular, já que não é medida de instrução. dos respectivos membros. (Limitação procedimental)
STF: O sigilo telefônico passível de ser quebrado por CPI incide sobre os § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas
dados e registros telefônicos, não confrontando a inviolabilidade das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com
comunicações telefônicas.
STF: Não é permitido à CPI decretar busca domiciliar de pessoas ou o respectivo número de ordem.
documentos. § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de
STF: A quebra do sigilo inerente aos registros bancários, fiscais e emenda tendente a abolir: (Limitação material – Cláusulas
telefônicos, por traduzir medida de caráter excepcional, revela-se Pétreas)
incompatível com o ordenamento constitucional, quando fundada em
deliberações emanadas de CPI cujo suporte decisório apoia-se em I - a forma federativa de Estado;
formulações genéricas, destituídas da necessária e específica indicação II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
de causa provável, que se qualifica como pressuposto legitimador da
ruptura, por parte do Estado, da esfera de intimidade a todos garantida III - a separação dos Poderes;
pela Constituição da República. (...) O controle jurisdicional de abusos IV - os direitos e garantias individuais.
praticados por CPI não ofende o princípio da separação de poderes. O
STF, quando intervém para assegurar as franquias constitucionais e para STF: As limitações materiais não constituem intangibilidade literal, mas
garantir a integridade e a supremacia da Constituição, neutralizando, proteção o núcleo essencial dos institutos que protegem. Poderá haver o
desse modo, abusos cometidos por CPI, desempenha, de maneira fortalecimento do seu alcance.
plenamente legítima, as atribuições que lhe conferiu a própria Carta da
República. O regular exercício da função jurisdicional, nesse contexto,
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda
porque vocacionado a fazer prevalecer a autoridade da Constituição, não rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de
transgride o princípio da separação de Poderes. nova proposta na mesma sessão legislativa. (Limitação formal
– Princípio da irrepetibilidade)
§ 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão
representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas
na última sessão ordinária do período legislativo, com

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Subseção III § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto


Das Leis nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e forem convertidas em lei no prazo de 60 (sessenta) dias,
ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período,
Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os
nos casos previstos nesta Constituição. períodos de recesso do Congresso Nacional.
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da § 5º A deliberação de cada uma das Casas do
República as leis que: Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus
Armadas; pressupostos constitucionais.
II - disponham sobre: § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até
45 (quarenta e cinco) dias contados de sua publicação,
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos
entrará em regime de urgência, subsequentemente, em
na administração direta e autárquica ou aumento de sua
cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando
remuneração;
sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais
b) organização administrativa e judiciária, matéria deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.
tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a
administração dos Territórios;
vigência de medida provisória que, no prazo de 60 (sessenta)
c) servidores públicos da União e Territórios, seu dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação
regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.
aposentadoria;
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada
d) organização do Ministério Público e da Defensoria na Câmara dos Deputados.
Pública da União, bem como normas gerais para a
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e
organização do Ministério Público e da Defensoria Pública
Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da separada, pelo plenário de cada uma das Casas do
administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; Congresso Nacional.
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão
provimento de cargos, promoções, estabilidade, legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou
remuneração, reforma e transferência para a reserva. que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei o § 3º até 60 (sessenta) dias após a rejeição ou perda de
subscrito por, no mínimo, 1% (um por cento) do eleitorado eficácia de medida provisória, as relações jurídicas
nacional, distribuído pelo menos por 5 (cinco) Estados, com constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua
não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada vigência conservar-se-ão por ela regidas.
um deles.
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o
texto original da medida provisória, esta manter-se-á
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o
Presidente da República poderá adotar medidas projeto.
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de STF: Súmula vinculante 54 - A medida provisória não apreciada pelo
imediato ao Congresso Nacional. congresso nacional podia, até a Emenda Constitucional 32/2001, ser
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre reeditada dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias, mantidos os
efeitos de lei desde a primeira edição.
matéria:
I – relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos Art. 63. Não será admitido aumento da despesa
políticos e direito eleitoral; prevista:
b) direito penal, processual penal e processual civil; I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da
República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério
Público, a carreira e a garantia de seus membros; II - nos projetos sobre organização dos serviços
administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público.
orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado
o previsto no art. 167, § 3º;
II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de
poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara
III – reservada a lei complementar; dos Deputados.
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo § 1º O Presidente da República poderá solicitar
Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa.
Presidente da República.
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição,
majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, cada qual sucessivamente, em até 45 (quarenta e cinco)
II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia legislativas da respectiva Casa, com exceção das que
daquele em que foi editada. tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a
votação.

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§ 3º A apreciação das emendas do Senado Federal § 2º A delegação ao Presidente da República terá a


pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de 10 (dez) forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará
dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo seu conteúdo e os termos de seu exercício.
anterior. § 3º Se a resolução determinar a apreciação do
§ 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação
recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos única, vedada qualquer emenda.
de código.
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será maioria absoluta.
revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação,
e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o
Seção IX
aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará ORÇAMENTÁRIA
à Casa iniciadora.
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação entidades da administração direta e indireta, quanto à
enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
aquiescendo, o sancionará. subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao sistema de controle interno de cada Poder.
interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa
de 15 (quinze) dias úteis, contados da data do recebimento, física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade,
e comunicará, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, ao guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores
Presidente do Senado Federal os motivos do veto. públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
§ 3º Decorrido o prazo de 15 (quinze) dias, o silêncio Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso
do Presidente da República importará sanção. Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, Contas da União, ao qual compete:
dentro de 30 (trinta) dias a contar de seu recebimento, só I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo
podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Presidente da República, mediante parecer prévio que
Deputados e Senadores. deverá ser elaborado em 60 (sessenta) dias a contar de seu
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, recebimento;
para promulgação, ao Presidente da República. II - julgar as contas dos administradores e demais
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão administração direta e indireta, incluídas as fundações e
imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal,
votação final. e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de 48
(quarenta e oito) horas pelo Presidente da República, nos III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos
casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice- administração direta e indireta, incluídas as fundações
Presidente do Senado fazê-lo. instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as
nomeações para cargo de provimento em comissão, bem
como a das concessões de aposentadorias, reformas e
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não
somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma alterem o fundamento legal do ato concessório;
sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos
dos membros de qualquer das Casas do Congresso
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de
Nacional.
inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo
Presidente da República, que deverá solicitar a delegação e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
ao Congresso Nacional. V - fiscalizar as contas nacionais das empresas
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de supranacionais de cujo capital social a União participe, de
competência exclusiva do Congresso Nacional, os de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
competência privativa da Câmara dos Deputados ou do VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos
Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou
nem a legislação sobre: outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Federal ou a Município;
Público, a carreira e a garantia de seus membros; VII - prestar as informações solicitadas pelo
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
políticos e eleitorais; qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e
orçamentos. sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de
ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as

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sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras § 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União
cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; serão escolhidos:
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote I – 1/3 (um terço) pelo Presidente da República, com
as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente
verificada ilegalidade; dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao
X - sustar, se não atendido, a execução do ato Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os
impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos critérios de antiguidade e merecimento;
Deputados e ao Senado Federal; II – 2/3 (dois terços) pelo Congresso Nacional.
XI - representar ao Poder competente sobre § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União
irregularidades ou abusos apurados. terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos,
STF: Súmula Vinculante 3 - Nos processos perante o Tribunal de Contas vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior
da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à
decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40.
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. § 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá
STF: Súmula 6 - A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no
aposentadoria, ou qualquer outro ato aprovado pelo Tribunal de Contas, exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de
não produz efeitos antes de aprovada por aquele tribunal, ressalvada a Tribunal Regional Federal.
competência revisora do Judiciário.
STF: Súmula 347 - O Tribunal de Contas, no exercício de suas
atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e
Poder Público.
STF: Súmula 653 - No Tribunal de Contas estadual, composto por sete
Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela Assembleia Legislativa e controle interno com a finalidade de:
três pelo Chefe do Poder Executivo estadual, cabendo a este indicar um I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano
dentre auditores e outro dentre membros do Ministério Público, e um
plurianual, a execução dos programas de governo e dos
terceiro à sua livre escolha.
orçamentos da União;
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária,
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da
cabíveis. administração federal, bem como da aplicação de recursos
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, públicos por entidades de direito privado;
no prazo de 90 (noventa) dias, não efetivar as medidas III - exercer o controle das operações de crédito, avais
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. e garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação IV - apoiar o controle externo no exercício de sua
de débito ou multa terão eficácia de título executivo. missão institucional.
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao
trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou
ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere União, sob pena de responsabilidade solidária.
o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação
autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar
programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas
à autoridade governamental responsável que, no prazo de 5 da União.
(cinco) dias, preste os esclarecimentos necessários.
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-
considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao se, no que couber, à organização, composição e fiscalização
Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal,
prazo de 30 (trinta) dias. bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Municípios.
Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão
irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão
Congresso Nacional sua sustação. integrados por sete Conselheiros.

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado CAPÍTULO II


por 9 (nove) Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro DO PODER EXECUTIVO
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, Seção I
exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA
. REPÚBLICA
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente
serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
seguintes requisitos:
I - mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta
e cinco) anos de idade; Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente
da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro
II - idoneidade moral e reputação ilibada; domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao
econômicos e financeiros ou de administração pública; do término do mandato presidencial vigente.
IV - mais de 10 (dez) anos de exercício de função ou § 1º A eleição do Presidente da República importará a
de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos do Vice-Presidente com ele registrado.
mencionados no inciso anterior.

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§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
que, registrado por partido político, obtiver a maioria direção superior da administração federal;
absoluta de votos, não computados os em branco e os III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
nulos. previstos nesta Constituição;
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
na primeira votação, far-se-á nova eleição em até 20 (vinte) como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois execução;
candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que
Os decretos e regulamentos que visam dar fiel execução às leis são atos
obtiver a maioria dos votos válidos. infralegais (normas secundárias), que não podem criar nem modificar
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer direitos. O objetivo é pormenorizar as disposições gerais e abstratas da lei.
morte, desistência ou impedimento legal de candidato, V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Decreto
votação. autônomo)
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, a) organização e funcionamento da administração
remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a federal, quando não implicar aumento de despesa nem
mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da vagos;
República tomarão posse em sessão do Congresso Os Decretos autônomos possuem força de lei (normas primárias).
Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e
cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem VII - manter relações com Estados estrangeiros e
geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a acreditar seus representantes diplomáticos;
independência do Brasil. VIII - celebrar tratados, convenções e atos
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será X - decretar e executar a intervenção federal;
declarado vago.
XI - remeter mensagem e plano de governo ao
Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de legislativa, expondo a situação do País e solicitando as
impedimento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice- providências que julgar necessárias;
Presidente. XII - conceder indulto e comutar penas, com
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei XIII - exercer o comando supremo das Forças
complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e
convocado para missões especiais. da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los
para os cargos que lhes são privativos;
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal,
Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-
Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal Geral da República, o presidente e os diretores do banco
e o do Supremo Tribunal Federal. central e outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice- Ministros do Tribunal de Contas da União;
Presidente da República, far-se-á eleição 90 (noventa) dias XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos
depois de aberta a última vaga. nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos 2 (dois) anos XVII - nomear membros do Conselho da República,
do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será nos termos do art. 89, VII;
feita 30 (trinta) dias depois da última vaga, pelo Congresso XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e
Nacional, na forma da lei. o Conselho de Defesa Nacional; (Órgãos consultivos)
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão XIX - declarar guerra, no caso de agressão
completar o período de seus antecessores. estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de 4 sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar,
(quatro) anos e terá início em primeiro de janeiro do ano total ou parcialmente, a mobilização nacional;
seguinte ao da sua eleição. XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
Congresso Nacional;
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, XXII - permitir, nos casos previstos em lei
ausentar-se do País por período superior a 15 (quinze) dias, complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
sob pena de perda do cargo. território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano
Seção II plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
Das Atribuições do Presidente da República propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
República: dentro de 60 (sessenta) dias após a abertura da sessão
legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;

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XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, I - exercer a orientação, coordenação e supervisão
na forma da lei; dos órgãos e entidades da administração federal na área de
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos sua competência e referendar os atos e decretos assinados
termos do art. 62; pelo Presidente da República;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta II - expedir instruções para a execução das leis,
Constituição. decretos e regulamentos;
Parágrafo único. O Presidente da República poderá III - apresentar ao Presidente da República relatório
delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e anual de sua gestão no Ministério;
XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da
União, que observarão os limites traçados nas respectivas República.
delegações.
O Presidente da República poderá delegar: Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de
- Decreto autônomo
- Concessão de indulto e comutação de penas
Ministérios e órgãos da administração pública.
- Provimento cargos públicos
Seção V
Seção III DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE
Da Responsabilidade do Presidente da República DEFESA NACIONAL
Subseção I
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Do Conselho da República
Presidente da República que atentem contra a Constituição
Federal e, especialmente, contra: Art. 89. O Conselho da República é órgão superior
de consulta do Presidente da República, e dele participam:
I - a existência da União;
I - o Vice-Presidente da República;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder
Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
constitucionais das unidades da Federação; III - o Presidente do Senado Federal;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos
sociais; Deputados;
IV - a segurança interna do País; V - os líderes da maioria e da minoria no Senado
V - a probidade na administração; Federal;
VI - a lei orçamentária; VI - o Ministro da Justiça;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de
trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e
especial, que estabelecerá as normas de processo e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato
julgamento. de três anos, vedada a recondução.

Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da Art. 90. Compete ao Conselho da República
República, por 2/3 (dois terços) da Câmara dos Deputados, pronunciar-se sobre:
será ele submetido a julgamento perante o Supremo
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o I - intervenção federal, estado de defesa e estado de
Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. sítio;
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: II - as questões relevantes para a estabilidade das
instituições democráticas.
I - nas infrações penais comuns, se recebida a
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; § 1º O Presidente da República poderá convocar
Ministro de Estado para participar da reunião do Conselho,
II - nos crimes de responsabilidade, após a quando constar da pauta questão relacionada com o
instauração do processo pelo Senado Federal. respectivo Ministério.
§ 2º Se, decorrido o prazo de 180 (cento e oitenta) § 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do
dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o Conselho da República.
afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular
prosseguimento do processo.
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, Subseção II
nas infrações comuns, o Presidente da República não estará Do Conselho de Defesa Nacional
sujeito a prisão. Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu consulta do Presidente da República nos assuntos
mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos relacionados com a soberania nacional e a defesa do
ao exercício de suas funções. Estado democrático, e dele participam como membros
natos:
I - o Vice-Presidente da República;
Seção IV
DOS MINISTROS DE ESTADO II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos III - o Presidente do Senado Federal;
dentre brasileiros maiores de 21 (vinte e um) anos e no IV - o Ministro da Justiça;
exercício dos direitos políticos. V - o Ministro de Estado da Defesa;
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além VI - o Ministro das Relações Exteriores;
de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na VII - o Ministro do Planejamento.
lei:

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VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por 3
Aeronáutica. (três) vezes consecutivas ou 5 (cinco) alternadas em lista de
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional: merecimento;
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de b) a promoção por merecimento pressupõe 2 (dois)
celebração da paz, nos termos desta Constituição; anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a
primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do
não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago;
estado de sítio e da intervenção federal;
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e
III - propor os critérios e condições de utilização de
pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no
áreas indispensáveis à segurança do território nacional e
exercício da jurisdição e pela frequência e aproveitamento
opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de
em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento;
fronteira e nas relacionadas com a preservação e a
exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento
2/3 (dois terços) de seus membros, conforme procedimento
de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional
próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação
e a defesa do Estado democrático.
até fixar-se a indicação;
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente,
Conselho de Defesa Nacional.
retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo
devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão;
CAPÍTULO III III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por
DO PODER JUDICIÁRIO antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na
Seção I última ou única entrância;
DISPOSIÇÕES GERAIS
IV previsão de cursos oficiais de preparação,
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo
I - o Supremo Tribunal Federal; etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação
I-A o Conselho Nacional de Justiça; em curso oficial ou reconhecido por escola nacional de
formação e aperfeiçoamento de magistrados;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (2016)
corresponderá a 95% (noventa e cinco por cento) do subsídio
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal
Federais; e os subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não
podendo a diferença entre uma e outra ser superior a 10%
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
(dez por cento) ou inferior a 5% (cinco por cento), nem
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do subsídio
Federal e Territórios. mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido,
Apesar de o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ser órgão do Poder em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;
Judiciário, ele não possui competência jurisdicional.
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho seus dependentes observarão o disposto no art. 40;
Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo
Capital Federal. autorização do tribunal;
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais VIII - o ato de remoção ou de disponibilidade do
Superiores têm jurisdição em todo o território nacional. magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão
por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do
Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.
(2019)
VIII-A a remoção a pedido ou a permuta de
magistrados de comarca de igual entrância atenderá, no que
couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do inciso II;
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo não prejudique o interesse público à informação;
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, X as decisões administrativas dos tribunais serão
observados os seguintes princípios: motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
juiz substituto, mediante concurso público de provas e XI nos tribunais com número superior a 25 (vinte e
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do cinco) julgadores, poderá ser constituído órgão especial,
Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, com o mínimo de 11 (onze) e o máximo de 25 (vinte e cinco)
no mínimo, 3 (três) anos de atividade jurídica e obedecendo- membros, para o exercício das atribuições administrativas e
se, nas nomeações, à ordem de classificação; jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno,
provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra
II - promoção de entrância para entrância,
alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas metade por eleição pelo tribunal pleno;
as seguintes normas:

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XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo único, os cargos necessários à administração da Justiça,
vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo exceto os de confiança assim definidos em lei;
grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente f) conceder licença, férias e outros afastamentos a
forense normal, juízes em plantão permanente; seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem
XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será imediatamente vinculados;
proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais
população; Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder
XIV os servidores receberão delegação para a prática Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
de atos de administração e atos de mero expediente sem a) a alteração do número de membros dos tribunais
caráter decisório; inferiores;
XV a distribuição de processos será imediata, em b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração
todos os graus de jurisdição. dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem
vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde
Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito houver;
Federal e Territórios será composto de membros, do c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada,
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes
com mais de dez anos de efetiva atividade profissional,
estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os
indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de
das respectivas classes. (Quinto constitucional)
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal Eleitoral.
formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que,
nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus
integrantes para nomeação. Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de
seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial
poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: ou ato normativo do Poder Público.
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será STF: Súmula vinculante 10 - Viola a cláusula de reserva de plenário (CF,
adquirida após 2 (dois) anos de exercício, dependendo a art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare
perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte.
sentença judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e
público, na forma do art. 93, VIII; os Estados criarão:
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou
disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, togados e leigos, competentes para a conciliação, o
§ 2º, I. julgamento e a execução de causas cíveis de menor
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: complexidade e infrações penais de menor potencial
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo,
ou função, salvo uma de magistério; permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o
julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou grau;
participação em processo;
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos
III - dedicar-se à atividade político-partidária. eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de
IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições
V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do previstas na legislação.
cargo por aposentadoria ou exoneração. (Quarentena) § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados
especiais no âmbito da Justiça Federal.
Art. 96. Compete privativamente: § 2º As custas e emolumentos serão destinados
I - aos tribunais: exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades
específicas da Justiça.
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus
regimentos internos, com observância das normas de
processo e das garantias processuais das partes, dispondo Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
sobre a competência e o funcionamento dos respectivos administrativa e financeira.
órgãos jurisdicionais e administrativos; § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente
dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
da atividade correicional respectiva; § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os outros tribunais interessados, compete:
cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo
d) propor a criação de novas varas judiciárias; Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a
e) prover, por concurso público de provas, ou de aprovação dos respectivos tribunais;
provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo

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II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro
Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a da quantia respectiva.
aprovação dos respectivos tribunais. § 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação
as respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo regular de precatórios incorrerá em crime de
estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder responsabilidade e responderá, também, perante o Conselho
Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta Nacional de Justiça.
orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária § 8º É vedada a expedição de precatórios
vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na complementares ou suplementares de valor pago, bem como
forma do § 1º deste artigo. o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este para fins de enquadramento de parcela do total ao que
artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites dispõe o § 3º deste artigo.
estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá § 9º No momento da expedição dos precatórios,
aos ajustes necessários para fins de consolidação da independentemente de regulamentação, deles deverá ser
proposta orçamentária anual. abatido, a título de compensação, valor correspondente aos
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e
não poderá haver a realização de despesas ou a assunção constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública
de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos,
de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em
autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares virtude de contestação administrativa ou judicial.
ou especiais. § 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal
solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento,
Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em informação sobre os débitos que preencham as condições
virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos.
ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em
conta dos créditos respectivos, proibida a designação de lei da entidade federativa devedora, a entrega de créditos em
casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo
créditos adicionais abertos para este fim. ente federado.
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia § 12. A partir da promulgação desta Emenda
compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após
proventos, pensões e suas complementações, benefícios sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente
previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração
fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença básica da caderneta de poupança, e, para fins de
judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo
sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
referidos no § 2º deste artigo poupança, ficando excluída a incidência de juros
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, compensatórios.
originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) Os trechos acima taxados foram declarados inconstitucionais pelo
anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou STF.
pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente,
serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, seus créditos em precatórios a terceiros, independentemente
até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário
disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para o disposto nos §§ 2º e 3º.
essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem § 14. A cessão de precatórios somente produzirá
cronológica de apresentação do precatório. (2016) efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada,
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à ao tribunal de origem e à entidade devedora.
expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei
obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as
complementar a esta Constituição Federal poderá
Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença
estabelecer regime especial para pagamento de crédito de
judicial transitada em julgado.
precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios,
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma
fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de e prazo de liquidação.
direito público, segundo as diferentes capacidades § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior
União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de
benefício do regime geral de previdência social.
Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das diretamente.
entidades de direito público, de verba necessária ao
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças
transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários Municípios aferirão mensalmente, em base anual, o
apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o comprometimento de suas respectivas receitas correntes
final do exercício seguinte, quando terão seus valores líquidas com o pagamento de precatórios e obrigações de
atualizados monetariamente. pequeno valor. (2016)
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos § 18. Entende-se como receita corrente líquida, para
serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo os fins de que trata o § 17, o somatório das receitas
ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda
tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento
do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de contribuições e de serviços, de transferências correntes e
seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § 1º do art.

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20 da Constituição Federal, verificado no período Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal


compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior ao Federal serão nomeados pelo Presidente da República,
de referência e os 11 (onze) meses precedentes, excluídas depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal.
as duplicidades, e deduzidas: (2016)
I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
Distrito Federal e aos Municípios por determinação
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
constitucional; (2016)
I - processar e julgar, originariamente:
II - nos Estados, as parcelas entregues aos a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou
Municípios por determinação constitucional; (2016) ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
Municípios, a contribuição dos servidores para custeio de seu Controle abstrato de constitucionalidade:
sistema de previdência e assistência social e as receitas ADI -- Lei federal ou estadual
ADC -- Lei federal
provenientes da compensação financeira referida no § 9º do ADPF -- Lei federal, estadual ou municipal
art. 201 da Constituição Federal. (2016) b) nas infrações penais comuns, o Presidente da
§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso
condenações judiciais em precatórios e obrigações de Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da
pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse a República;
média do comprometimento percentual da receita corrente c) nas infrações penais comuns e nos crimes de
líquida nos 5 (cinco) anos imediatamente anteriores, a responsabilidade, os Ministros de Estado e os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
parcela que exceder esse percentual poderá ser financiada,
ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais
excetuada dos limites de endividamento de que tratam os Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes
incisos VI e VII do art. 52 da Constituição Federal e de de missão diplomática de caráter permanente;
quaisquer outros limites de endividamento previstos, não se d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das
aplicando a esse financiamento a vedação de vinculação de pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de
receita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição segurança e o habeas data contra atos do Presidente da
Federal. (2016) República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% Procurador-Geral da República e do próprio Supremo
(quinze por cento) do montante dos precatórios apresentados Tribunal Federal;
nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo
valor deste precatório serão pagos até o final do exercício internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o
seguinte e o restante em parcelas iguais nos cinco exercícios Território;
subsequentes, acrescidas de juros de mora e correção f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados,
monetária, ou mediante acordos diretos, perante Juízos a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive
Auxiliares de Conciliação de Precatórios, com redução as respectivas entidades da administração indireta;
máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do crédito g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
atualizado, desde que em relação ao crédito não penda h) (revogado)
recurso ou defesa judicial e que sejam observados os i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal
requisitos definidos na regulamentação editada pelo ente Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou
federado. (2016) funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime
STF: Súmula 40 - A elevação da entrância da comarca não promove
automaticamente o juiz, mas não interrompe o exercício de suas funções
sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
na mesma comarca. j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus
STF: Súmula 731 - Para fim de competência originária do Supremo julgados;
Tribunal Federal, é de interesse geral da magistratura a questão de saber
se, em face da LOMAN, os juízes têm direito à licença-prêmio. l) a reclamação para a preservação de sua
STF: Súmula 649 - É inconstitucional a criação, por Constituição estadual, competência e garantia da autoridade de suas decisões;
de órgão de controle administrativo do Poder Judiciário do qual participem m) a execução de sentença nas causas de sua
representantes de outros Poderes ou entidades.
competência originária, facultada a delegação de atribuições
STF: Súmula 46 - Desmembramento de serventia de justiça não viola o
princípio de vitaliciedade do serventuário. para a prática de atos processuais;
STF: Súmula 627 - No mandado de segurança contra a nomeação de n) a ação em que todos os membros da magistratura
magistrado da competência do Presidente da República, este é sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que
considerado autoridade coatora, ainda que o fundamento da impetração mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam
seja nulidade ocorrida em fase anterior do procedimento.
STF: Súmula 628 - Integrante de lista de candidatos a determinada vaga
impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;
da composição de tribunal é parte legítima para impugnar a validade da o) os conflitos de competência entre o Superior
nomeação de concorrente. Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais
Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
Seção II p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL inconstitucionalidade;
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de q) o mandado de injunção, quando a elaboração da
11 (onze) Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais norma regulamentadora for atribuição do Presidente da
de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos República, do Congresso Nacional, da Câmara dos
de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas
Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um
Os ministros do STF deverão ser obrigatoriamente brasileiros natos (CF,
art. 12, §3).

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dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal regulamente algo que é norma está impedindo o
Federal; versado, tão somente, exercício dos direitos e
em abstrato. liberdades
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e constitucionais e das
contra o Conselho Nacional do Ministério Público; prerrogativas inerentes
à nacionalidade, à
II - julgar, em recurso ordinário: soberania e à cidadania.
a) o habeas corpus, o mandado de segurança,
Efeitos da Erga Omnes. Em regra, inter partes –
o habeas data e o mandado de injunção decididos em decisão salvo se o tribunal
única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decidir pelo uso da
decisão; posição concretista
geral.
b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as Legitimado Somente os elencados Qualquer pessoa ou
para propor no art. 103. grupo de pessoas.
causas decididas em única ou última instância, quando a
decisão recorrida: Legitimado Somente o STF (ou o STF, STJ ou TJ.
para julgar TJ, no caso de ADI por
a) contrariar dispositivo desta Constituição; omissão estadual).
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei Objetivo Dar efetividade a Garantir o exercício dos
federal; normas de eficácia direitos e prerrogativas
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado limitada. que estão sendo
frustrados.
em face desta Constituição.
Tabela retirada da Constituição Federal Anotada para Concursos– Vitor Cruz
d) julgar válida lei local contestada em face de lei
federal. § 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato
§ 1.º A arguição de descumprimento de preceito normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União,
fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada que defenderá o ato ou texto impugnado.
pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
§ 4.º (revogado)
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo
Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de LEGITIMADOS UNIVERSAIS:
Não precisam demonstrar pertinência temática.
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de ----- Presidente da República;
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito ----- PGR;
vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder ----- Conselho Federal da OAB;
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas ----- Partido político com representação no Congresso Nacional;
----- Mesa de qualquer das Casas Legislativas;
esferas federal, estadual e municipal.
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá LEGITIMADOS ESPECIAIS:
demonstrar a repercussão geral das questões Precisam demonstrar pertinência temática.
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de ----- Mesa de Assembleia Legislativa Estadual ou Câmara Legislativa do
DF;
que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente ----- Governador de Estado/DF;
podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus ----- Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
membros.
* Pertinência temática é a demonstração de que são efetivamente
interessados na causa.
Art. 103. Podem propor a ação direta de ---------------------------------------------------------------------------------------------------
inconstitucionalidade e a ação declaratória de STF: Súmula 614 - Somente o Procurador-Geral da Justiça tem
constitucionalidade: legitimidade para propor ação direta interventiva por inconstitucionalidade
de Lei Municipal
I - o Presidente da República; STF: Súmula 642 - Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do
II - a Mesa do Senado Federal; Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de
Legislativa do Distrito Federal; ofício ou por provocação, mediante decisão de 2/3 (dois
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; terços) dos seus membros, após reiteradas decisões sobre
VI - o Procurador-Geral da República; matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua
publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
Brasil; administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
VIII - partido político com representação no Congresso estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou
Nacional cancelamento, na forma estabelecida em lei.
IX - confederação sindical ou entidade de classe de SÚMULA VINCULANTE - Requisitos:
âmbito nacional. - Reiteradas decisões sobre matéria constitucional
- De ofício ou por provocação
§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser - Decisão de 2/3 dos seus membros
previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em
todos os processos de competência do Supremo Tribunal § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a
Federal. interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca
das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de
entre esses e a administração pública que acarrete grave
medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos
ciência ao Poder competente para a adoção das providências
sobre questão idêntica.
necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para
fazê-lo em trinta dias. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em
lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula
ADI por omissão Mandado de Injunção poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação
Motivo Falta de uma Opera-se diante de um direta de inconstitucionalidade
normatização que caso concreto. A falta da

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§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, de Contas da União;
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, III - receber e conhecer das reclamações contra
julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra
cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de
outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, serviços notariais e de registro que atuem por delegação do
conforme o caso. (Reclamação Constitucional) poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência
STF: Súmula 734 - Não cabe reclamação quando já houver transitado em disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar
julgado o ato judicial que .se alega tenha desrespeitado decisão do STF. processos disciplinares em curso, determinar a remoção ou a
disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas,
assegurada ampla defesa. (2019)
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça
compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 IV representar ao Ministério Público, no caso de crime
(dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: contra a administração pública ou de abuso de autoridade;
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; V rever, de ofício ou mediante provocação, os
processos disciplinares de juízes e membros de tribunais
II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado julgados há menos de um ano;
pelo respectivo tribunal;
VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre
III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, processos e sentenças prolatadas, por unidade da
indicado pelo respectivo tribunal; Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;
IV um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado VII elaborar relatório anual, propondo as providências
pelo Supremo Tribunal Federal; que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário
V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar
Federal; mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser
VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da
Superior Tribunal de Justiça; sessão legislativa.
VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de STF: Embora o Conselho Nacional de Justiça - CNJ - faça parte da
Justiça; estrutura constitucional do Poder Judiciário, ele não exerce função
jurisdicional e possui natureza meramente administrativa.
VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado
pelo Tribunal Superior do Trabalho; § 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça
exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído
IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior
da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe,
do Trabalho; além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto
X um membro do Ministério Público da União, indicado da Magistratura, as seguintes:
pelo Procurador-Geral da República; I receber as reclamações e denúncias, de qualquer
XI um membro do Ministério Público estadual, interessado, relativas aos magistrados e aos serviços
escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os judiciários;
nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição
II exercer funções executivas do Conselho, de
estadual;
inspeção e de correição geral;
XII dois advogados, indicados pelo Conselho Federal
III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes
da Ordem dos Advogados do Brasil; atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais,
XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.
reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral
e outro pelo Senado Federal.
da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do dos Advogados do Brasil.
Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos
impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal
Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para
Federal.
receber reclamações e denúncias de qualquer interessado
§ 2º Os demais membros do Conselho serão contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra
nomeados pelo Presidente da República, depois de seus serviços auxiliares, representando diretamente ao
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Conselho Nacional de Justiça.
Federal.
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações Seção III
previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Federal. Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação de, no mínimo, 33 (trinta e três) Ministros.
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de
cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, Justiça serão nomeados pelo Presidente da República,
cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem dentre brasileiros com mais de 35 (trinta e cinco) e menos de
conferidas pelo Estatuto da Magistratura: 65 (sessenta e cinco) anos, de notável saber jurídico e
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria
cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir absoluta do Senado Federal, sendo:
atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou I – 1/3 (um terço) dentre juízes dos Tribunais
recomendar providências; Regionais Federais e 1/3 (um terço) dentre
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em
ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder II – 1/3 (um terço), em partes iguais, dentre
Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo advogados e membros do Ministério Público Federal,
para que se adotem as providências necessárias ao exato

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38
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Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, I - a Escola Nacional de Formação e


indicados na forma do art. 94. Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre
outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o
ingresso e promoção na carreira; (ENFAM)
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe
I - processar e julgar, originariamente:
exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo
e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, graus, como órgão central do sistema e com poderes
os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. (CJF)
do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos
Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, Seção IV
os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem FEDERAIS
perante tribunais; Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:
b) os mandados de segurança e os habeas I - os Tribunais Regionais Federais;
data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da II - os Juízes Federais.
Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio
Tribunal;
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for
se de, no mínimo, 7 (sete) juízes, recrutados, quando
qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando
possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente
o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de
da República dentre brasileiros com mais de 30 (trinta) e
Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da
menos de 65 (sessenta e cinco) anos, sendo:
Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
I – 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10
d) os conflitos de competência entre quaisquer
(dez) anos de efetiva atividade profissional e membros do
tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como
Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira;
entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes
vinculados a tribunais diversos; II - os demais, mediante promoção de juízes federais
com mais de 5 (cinco) anos de exercício, por antiguidade e
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de
merecimento, alternadamente.
seus julgados;
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de
f) a reclamação para a preservação de sua
juízes dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua
competência e garantia da autoridade de suas decisões;
jurisdição e sede.
g) os conflitos de atribuições entre autoridades
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a
administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades
justiça itinerante, com a realização de audiências e demais
judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do
funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da
Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da e comunitários.
norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão
autoridade federal, da administração direta ou indireta,
funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras
excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do
Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral,
jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a
concessão de exequatur às cartas rogatórias; Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
II - julgar, em recurso ordinário: I - processar e julgar, originariamente:
a) os habeas corpus decididos em única ou última a) os juízes federais da área de sua jurisdição,
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do
quando a decisão for denegatória; Ministério Público da União, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral;
b) os mandados de segurança decididos em única
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos b) as revisões criminais e as ações rescisórias de
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, julgados seus ou dos juízes federais da região;
quando denegatória a decisão; c) os mandados de segurança e os habeas
c) as causas em que forem partes Estado data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for
outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; juiz federal;
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, e) os conflitos de competência entre juízes federais
em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais vinculados ao Tribunal;
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas
Territórios, quando a decisão recorrida: pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes competência federal da área de sua jurisdição.
vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em Art. 109. Aos juízes federais compete processar e
face de lei federal; julgar:
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe I - as causas em que a União, entidade autárquica
haja atribuído outro tribunal. ou empresa pública federal forem interessadas na condição
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
Tribunal de Justiça:

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falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça respectiva Capital, e varas localizadas segundo o
Eleitoral e à Justiça do Trabalho; estabelecido em lei.
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos
no País; juízes da justiça local, na forma da lei.
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da
União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; Seção V (2016)
IV - os crimes políticos e as infrações penais Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais
praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da Regionais
União ou de suas entidades autárquicas ou empresas do Trabalho e dos Juízes do Trabalho
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
I - o Tribunal Superior do Trabalho;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção
internacional, quando, iniciada a execução no País, o II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou III - Juízes do Trabalho.
reciprocamente; §§ 1º a 3º (revogados)
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se
refere o § 5º deste artigo;
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, se-á de 27 (vinte e sete) Ministros, escolhidos dentre
nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e brasileiros com mais de 35 (trinta e cinco) anos e menos de
a ordem econômico-financeira; 65 (sessenta e cinco) anos, de notável saber jurídico e
STF: Súmula 736 - Compete à justiça do trabalho julgar as ações que reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República
tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal,
relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores. sendo:
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua I 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10
competência ou quando o constrangimento provier de (dez) anos de efetiva atividade profissional e membros do
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a Ministério Público do Trabalho com mais de 10 (dez) anos
outra jurisdição; de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
VIII - os mandados de segurança e os habeas II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do
data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados
de competência dos tribunais federais; pelo próprio Tribunal Superior.
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou § 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal
aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; Superior do Trabalho.
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de § 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do
estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o Trabalho:
"exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação,
I a Escola Nacional de Formação e
as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva
Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-
opção, e à naturalização;
lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais
XI - a disputa sobre direitos indígenas. para o ingresso e promoção na carreira; (ENAMAT)
§ 1º As causas em que a União for autora serão II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho,
aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão
parte. administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como
ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito
autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu vinculante. (CSJT)
origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, § 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho
no Distrito Federal. processar e julgar, originariamente, a reclamação para a
§ 3º Lei poderá autorizar que as causas de preservação de sua competência e garantia da autoridade de
competência da Justiça Federal em que forem parte suas decisões. (2016)
instituição de previdência social e segurado possam ser
processadas e julgadas na justiça estadual quando a
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho,
comarca do domicílio do segurado não for sede de vara
podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição,
federal. (2019)
atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso Tribunal Regional do Trabalho.
cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na
área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura,
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos
jurisdição, competência, garantias e condições de exercício
humanos, o Procurador-Geral da República, com a
dos órgãos da Justiça do Trabalho.
finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos
dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e
Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito julgar:
ou processo, incidente de deslocamento de competência I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos
para a Justiça Federal. (IDC) os entes de direito público externo e da administração pública
direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, dos Municípios;
constituirá uma seção judiciária que terá por sede a

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II as ações que envolvam exercício do direito de respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos
greve; e comunitários.
III as ações sobre representação sindical, entre § 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão
sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras
sindicatos e empregadores; regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do
IV os mandados de segurança, habeas jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
corpus e habeas data , quando o ato questionado envolver
matéria sujeita à sua jurisdição; Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será
V os conflitos de competência entre órgãos com exercida por um juiz singular.
jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, Parágrafo único. (revogado)
o;
Art. 117. e Parágrafo único. (revogados)
VI as ações de indenização por dano moral ou
patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;
Seção VI
VII as ações relativas às penalidades administrativas
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS
impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das
relações de trabalho; Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais I - o Tribunal Superior Eleitoral;
previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
decorrentes das sentenças que proferir; III - os Juízes Eleitorais;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de IV - as Juntas Eleitorais.
trabalho, na forma da lei.
Os crimes contra a organização do trabalho devem ser julgados pelos
juízes federais.
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á,
---------------------------------------------------------------------------------------------------- no mínimo, de 7 (sete) membros, escolhidos:
STF: Súmula 736 - Compete à justiça do trabalho julgar as ações que I - mediante eleição, pelo voto secreto:
tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas
relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores. a) 3 (três) juízes dentre os Ministros do Supremo
Tribunal Federal;
§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes
poderão eleger árbitros. b) 2 (dois) juízes dentre os Ministros do Superior
Tribunal de Justiça;
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação
coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum II - por nomeação do Presidente da República, 2 (dois)
acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, juízes dentre 6 (seis) advogados de notável saber jurídico e
podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá
como as convencionadas anteriormente. seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do
GLOSSÁRIO Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os
Dissídio coletivo – controvérsia entre pessoas jurídicas, categorias Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
profissionais (empregados) e econômicas (empregadores) ou os próprios
empregadores. A instauração de processo de dissídio coletivo é
prerrogativa de entidade sindical – sindicatos, federações e confederações Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na
de trabalhadores ou de empregadores. Dissídios coletivos buscam Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
solução, junto à Justiça do Trabalho, para questões que não puderam ser
solucionadas pela negociação entre as partes e dizem respeito aos § 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
interesses das categorias, não de seus membros individualmente I - mediante eleição, pelo voto secreto:
tomados.
Dissídio individual – reclamação trabalhista resultante de controvérsia a) de 2 (dois) juízes dentre os desembargadores do
relativa ao contrato individual de trabalho. É ajuizada numa Vara do Tribunal de Justiça;
Trabalho pelo empregado ou pelo empregador, pessoalmente ou por seu b) de 2 (dois) juízes, dentre juízes de direito,
representante, e pelos sindicatos de classe. Na Justiça do Trabalho não é
obrigatória a assistência de advogado, quando a lide é entre empregados escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
e empregadores. II – de 1 (um) juiz do Tribunal Regional Federal com
Glossário do TRT 2ª Região
sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo
possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Tribunal Regional Federal respectivo;
Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, III - por nomeação, pelo Presidente da República, de 2
competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (dois) juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico
e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho § 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu
compõem-se de, no mínimo, 7 (sete) juízes, recrutados, Presidente e o Vice-Presidente- dentre os desembargadores.
quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo
Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30
(trinta) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos, sendo: Art. 121. Lei complementar disporá sobre a
organização e competência dos tribunais, dos juízes de
I 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10 direito e das juntas eleitorais.
(dez) anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público do Trabalho com mais de 10 (dez) anos § 1º Os membros dos tribunais, os juízes de direito e
de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas
funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas
II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho garantias e serão inamovíveis.
por antiguidade e merecimento, alternadamente.
§ 2º Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por
justiça itinerante, com a realização de audiências e demais mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos
funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da

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escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e
número igual para cada categoria. julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos
§ 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil,
Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do
mandado de segurança. posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
§ 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar
somente caberá recurso quando: processar e julgar, singularmente, os crimes militares
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos
I - forem proferidas contra disposição expressa desta
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob
Constituição ou de lei;
a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre crimes militares.
dois ou mais tribunais eleitorais;
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a
diplomas nas eleições federais ou estaduais; fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de em todas as fases do processo.
mandatos eletivos federais ou estaduais; § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça
V - denegarem habeas corpus, mandado de itinerante, com a realização de audiências e demais funções
segurança, habeas data ou mandado de injunção. da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva
jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e
comunitários.
Seção VII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar: Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de
Justiça proporá a criação de varas especializadas, com
I - o Superior Tribunal Militar;
competência exclusiva para questões agrárias.
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente
prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de 15 litígio.
(quinze) Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a indicação pelo Senado
Federal, sendo 3 (três) dentre oficiais-generais da Marinha, 4 RESUMO: MEMBROS DOS TRIBUNAIS
(quatro) dentre oficiais-generais do Exército, 3 (três) dentre STF: Supremo Tribunal Federal 11
oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto STJ: Superior Tribunal de Justiça Mínimo: 33
mais elevado da carreira, e 5 (cinco) dentre civis.
TST: Tribunal Superior do Trabalho 27
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos
pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de STM: Superior Tribunal Militar 15
35 (trinta e cinco) anos, sendo: TSE: Tribunal Superior Eleitoral Mínimo: 7
I - 3 (três) dentre advogados de notório saber jurídico TRE: Tribunal Regional Eleitoral 7
e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional; TRT: Tribunal Regional do Trabalho Mínimo: 7

II – 2 (dois), por escolha paritária, dentre juízes TRF: Tribunal Regional Federal Mínimo: 7
auditores e membros do Ministério Público da Justiça
Militar.
CAPÍTULO IV
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar SEÇÃO I
os crimes militares definidos em lei. DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o Art. 127. O Ministério Público é instituição
funcionamento e a competência da Justiça Militar. permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
Seção VIII democrático e dos interesses sociais e individuais
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS indisponíveis.
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, § 1º São princípios institucionais do Ministério
observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. Público a unidade, a indivisibilidade e a independência
funcional.
§ 1º A competência dos tribunais será definida na
Constituição do Estado, sendo a lei de organização Unidade: Todos os membros do Ministério Público estão submetidos a um
mesmo órgão, sob a chefia do seu procurador-geral.
judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. Indivisibilidade: Os membros poderão ser substituídos uns pelos outros.
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação Independência funcional: Cada membro do Ministério Público possui
de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos livre convencimento, inexistindo vinculação a pronunciamentos
processuais anteriores de outros membros.
estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, ----------------------------------------------------------------------------------------------------
vedada a atribuição da legitimação para agir a um único De acordo com a doutrina e a jurisprudência, o princípio do promotor
órgão. natural está implícito no nosso ordenamento jurídico, derivando do
princípio do juiz natural. Para o STF, “o postulado do promotor natural
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do consagra uma garantia de ordem jurídica, destinada tanto a proteger o
Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, membro do Ministério Público, na medida em que lhe assegura o exercício
em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos pleno e independente do seu ofício, quanto a tutelar a própria coletividade,
de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de a quem se reconhece o direito de ver atuando, em quaisquer causas,
Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em apenas o Promotor cuja intervenção se justifique a partir de critérios
abstratos e predeterminados, estabelecidos em lei”.
que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.

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§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse


funcional e administrativa, podendo, observado o disposto público, mediante decisão do órgão colegiado competente do
no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus
de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por membros, assegurada ampla defesa;
concurso público de provas ou de provas e títulos, a política c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do
remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150,
organização e funcionamento. (Garantias institucionais) II, 153, III, 153, § 2º, I;
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta II - as seguintes vedações: (Garantias de imparcialidade)
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto,
diretrizes orçamentárias.
honorários, percentagens ou custas processuais;
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a
b) exercer a advocacia;
respectiva proposta orçamentária dentro do prazo
estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer
orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária outra função pública, salvo uma de magistério;
vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na e) exercer atividade político-partidária;
forma do § 3º.
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
artigo for encaminhada em desacordo com os limites privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o
aos ajustes necessários para fins de consolidação da
disposto no art. 95, parágrafo único, V. (Quarentena)
proposta orçamentária anual.
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício,
não poderá haver a realização de despesas ou a assunção Art. 129. São funções institucionais do Ministério
de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei Público:
de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente I - promover, privativamente, a ação penal pública, na
autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares forma da lei;
ou especiais. STF: Segundo a Teoria dos Poderes Implícitos, quando a Constituição
outorga competência explícita a determinado órgão estatal, também atribui
implicitamente os meios necessários para realização de suas funções. De
Art. 128. O Ministério Público (MP) abrange: acordo com esse entendimento, o poder de investigação criminal
I - o Ministério Público da União (MPU), que também é atribuição ao Ministério Público, não sendo exclusivo da polícia.
A denúncia poderia, então, ser fundamentada em peças de informação
compreende: obtidas pelo Ministério Público, não havendo necessidade de prévio
a) o Ministério Público Federal; (MPF) inquérito policial.
b) o Ministério Público do Trabalho; (MPT) II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e
c) o Ministério Público Militar; (MPM) dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a
(MPDFT) sua garantia;
II - os Ministérios Públicos dos Estados. (MPE) III - promover o inquérito civil e a ação civil pública,
para a proteção do patrimônio público e social, do meio
§ 1º O Ministério Público da União tem por chefe o
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente
da República dentre integrantes da carreira, maiores de 35 IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou
(trinta e cinco) anos, após a aprovação de seu nome pela representação para fins de intervenção da União e dos
maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
mandato de 2 (dois) anos, permitida a recondução. V - defender judicialmente os direitos e interesses das
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República, populações indígenas;
por iniciativa do Presidente da República, deverá ser VI - expedir notificações nos procedimentos
precedida de autorização da maioria absoluta do Senado administrativos de sua competência, requisitando
Federal. informações e documentos para instruí-los, na forma da lei
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do complementar respectiva;
Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre VII - exercer o controle externo da atividade policial, na
integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo VIII - requisitar diligências investigatórias e a
Chefe do Poder Executivo, para mandato de 2 (dois) anos, instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos
permitida uma recondução. jurídicos de suas manifestações processuais;
§ 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas,
Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada
da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades
complementar respectiva. públicas.
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores- civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e
estatuto de cada Ministério Público, observadas, na lei.
relativamente a seus membros:
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser
I - as seguintes garantias: (Garantias funcionais) exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na
a) vitaliciedade, após 2 (dois) anos de exercício, não comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da
podendo perder o cargo senão por sentença judicial instituição.
transitada em julgado;

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§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far- instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso,
se-á mediante concurso público de provas e títulos, determinar a remoção ou a disponibilidade e aplicar outras
assegurada a participação da Ordem dos Advogados do sanções administrativas, assegurada ampla defesa. (2019)
Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, IV rever, de ofício ou mediante provocação, os
no mínimo, 3 (três) anos de atividade jurídica e observando- processos disciplinares de membros do Ministério Público da
se, nas nomeações, a ordem de classificação. União ou dos Estados julgados há menos de um ano;
Ingresso na carreira do Ministério Público: V elaborar relatório anual, propondo as providências
- Concurso público de provas e títulos, com participação da OAB
- Título de bacharel em direito
que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público
- Três anos de atividade jurídica no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a
---------------------------------------------------------------------------------------------------- mensagem prevista no art. 84, XI.
STF: É constitucional resolução que determina que a inscrição do
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um
concurso público para a carreira do Ministério Público só pode ser feita por
bacharel em Direito com, no mínimo, três anos de atividade jurídica, cuja Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério
comprovação se dá no ato da posse. Público que o integram, vedada a recondução, competindo-
STF: Os 3 anos de atividade jurídica somente podem ser contados após a lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as
obtenção do título de bacharel em Direito. seguintes:
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o I receber reclamações e denúncias, de qualquer
disposto no art. 93. interessado, relativas aos membros do Ministério Público e
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público dos seus serviços auxiliares;
será imediata. II exercer funções executivas do Conselho, de
inspeção e correição geral;
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos III requisitar e designar membros do Ministério Público,
Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos
pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura. do Ministério Público.
Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) não integra § 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos
o Ministério Público da União (MPU), ele integra a estrutura orgânica do Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
próprio TCU.
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do
Ministério Público, competentes para receber reclamações e
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério denúncias de qualquer interessado contra membros ou
Público (CNMP) compõe-se de 14 (quatorze) membros órgãos do Ministério Público, inclusive contra seus serviços
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional
a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um do Ministério Público.
mandato de 2 (dois) anos, admitida uma recondução, sendo: STF: Súmula 643 - O Ministério Público tem legitimidade para promover
I o Procurador-Geral da República, que o preside; ação civil pública cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de
mensalidades escolares.
II 4 (quatro) membros do Ministério Público da União, STF: Súmula 701 - No mandado de segurança impetrado pelo Ministério
assegurada a representação de cada uma de suas carreiras; Público contra decisão proferida em processo penal, é obrigatória a
citação do réu como litisconsorte passivo.
III 3 (três) membros do Ministério Público dos
STJ: Súmula 99 - O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no
Estados; processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da
IV 2 (dois) juízes, indicados um pelo Supremo parte.
Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; STJ: Súmula 116 - A Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo
em dobro para interpor agravo regimental no Superior Tribunal de Justiça.
V 2 (dois) advogados, indicados pelo Conselho STJ: Súmula 189 - É desnecessária a intervenção do Ministério Público
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; nas execuções fiscais.
VI 2 (dois) cidadãos de notável saber jurídico e STJ: Súmula 226 - O Ministério Público tem legitimidade para recorrer na
reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados ação de acidente do trabalho, ainda que o segurado esteja assistido por
advogado
e outro pelo Senado Federal. STJ: Súmula 234 - A participação de membro do Ministério Público na
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição
Público serão indicados pelos respectivos Ministérios para o oferecimento da denúncia
Públicos, na forma da lei. STJ: Súmula 329 - O Ministério Público tem legitimidade para propor ação
civil pública em defesa do patrimônio público.
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério
Público o controle da atuação administrativa e financeira do
Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais Seção II
de seus membros, cabendo lhe: DA ADVOCACIA PÚBLICA
I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição
Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa
âmbito de sua competência, ou recomendar providências; a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício termos da lei complementar que dispuser sobre sua
ou mediante provocação, a legalidade dos atos organização e funcionamento, as atividades de consultoria e
administrativos praticados por membros ou órgãos do assessoramento jurídico do Poder Executivo.
Ministério Público da União e dos Estados, podendo § 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo
as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, Presidente da República dentre cidadãos maiores de 35
sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas; (trinta e cinco) anos, de notável saber jurídico e reputação
STF: CNMP tem competência para apreciar ato de vitaliciamento de
ilibada.
membro do Ministério Público, que é uma espécie de ato administrativo. § 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da
III - receber e conhecer das reclamações contra instituição de que trata este artigo far-se-á mediante
membros ou órgãos do Ministério Público da União ou concurso público de provas e títulos.
dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem
prejuízo da competência disciplinar e correicional da

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§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza TÍTULO V


tributária, a representação da União cabe à Procuradoria- Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas
Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei. CAPÍTULO I
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
Seção I
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do
DO ESTADO DE DEFESA
Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o
ingresso dependerá de concurso público de provas e O Sistema Constitucional de Crises consiste em normas que visam a
estabilização e a defesa da Constituição contra processos violentos de
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do mudança ou de perturbação da ordem constitucional, mas também a
Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação defesa do Estado quando a situação crítica derive de uma guerra externa.
judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades Curso de Direito Constitucional Positivo, José Afonso da Silva

federadas. Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o


Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional,
artigo é assegurada estabilidade após 3 (três) anos de decretar estado de defesa para preservar ou prontamente
efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem
perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
das corregedorias. instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de
STF: É inconstitucional a criação de procuradorias autárquicas pelos grandes proporções na natureza.
Estados-membros. § 1º O decreto que instituir o estado de defesa
determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a
serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as
SEÇÃO III
medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
DA ADVOCACIA
I - restrições aos direitos de:
Art. 133. O advogado é indispensável à
administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e a) reunião, ainda que exercida no seio das
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. associações;
b) sigilo de correspondência;
SEÇÃO IV c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
DA DEFENSORIA PÚBLICA II - ocupação e uso temporário de bens e serviços
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, União pelos danos e custos decorrentes.
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime § 2º O tempo de duração do estado de defesa não
democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a será superior a 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado uma
promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os vez, por igual período, se persistirem as razões que
graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e justificaram a sua decretação.
coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na § 3º Na vigência do estado de defesa:
forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada
Federal.
pelo executor da medida, será por este comunicada
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for
Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à
prescreverá normas gerais para sua organização nos autoridade policial;
Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial,
II - a comunicação será acompanhada de declaração,
mediante concurso público de provas e títulos,
pela autoridade, do estado físico e mental do detido no
assegurada a seus integrantes a garantia da
momento de sua autuação;
inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das
atribuições institucionais. III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não
poderá ser superior a 10 (dez) dias, salvo quando autorizada
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são
pelo Poder Judiciário;
asseguradas autonomia funcional e administrativa e a
iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e § 4º Decretado o estado de defesa ou sua
subordinação ao disposto no art. 99, § 2º. prorrogação, o Presidente da República, dentro de 24 (vinte e
STF: É inconstitucional norma estadual que estabeleça a vinculação da quatro) horas, submeterá o ato com a respectiva justificação
Defensoria Pública Estadual a alguma Secretaria de Estado. A Defensoria ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
Pública não pode estar vinculada ao Poder Executivo. § 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso,
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias será convocado, extraordinariamente, no prazo de 5 (cinco)
Públicas da União e do Distrito Federal. dias.
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria § 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro
Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência de 10 (dez) dias contados de seu recebimento, devendo
funcional, aplicando-se também, no que couber, o disposto continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.
no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição § 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o
Federal. estado de defesa.

Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras Seção II


disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão DO ESTADO DE SÍTIO
remunerados na forma do art. 39, § 4º.
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o
STJ: Súmula 421 - Os honorários advocatícios não são devidos à Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional,
Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito
público à qual pertença
solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar
o estado de sítio nos casos de:

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I - comoção grave de repercussão nacional ou


ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida CAPÍTULO II
tomada durante o estado de defesa; DAS FORÇAS ARMADAS
II - declaração de estado de guerra ou resposta a Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela
agressão armada estrangeira. Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
Parágrafo único. O Presidente da República, ao nacionais permanentes e regulares, organizadas com base
solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do
prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à
devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta. garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de
qualquer destes, da lei e da ordem.
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua § 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais
duração, as normas necessárias a sua execução e as a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego
garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de das Forças Armadas.
publicado, o Presidente da República designará o executor § 2º Não caberá habeas corpus em relação a
das medidas específicas e as áreas abrangidas. punições disciplinares militares.
§ 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não § 3º Os membros das Forças Armadas são
poderá ser decretado por mais de 30 (trinta) dias, nem denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que
prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:
poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a
ou a agressão armada estrangeira. elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e
§ 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou
sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares
Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes
Congresso Nacional para se reunir dentro de 5 (cinco) dias, a das Forças Armadas;
fim de apreciar o ato. II - o militar em atividade que tomar posse em cargo
§ 3º - O Congresso Nacional permanecerá em ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese
funcionamento até o término das medidas coercitivas. prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", será transferido
para a reserva, nos termos da lei;
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar
fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária,
pessoas as seguintes medidas: não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a
hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", ficará
I - obrigação de permanência em localidade
agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto
determinada;
permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade,
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela
condenados por crimes comuns; promoção e transferência para a reserva, sendo depois de
III - restrições relativas à inviolabilidade da dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para
correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de a reserva, nos termos da lei;
informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a
televisão, na forma da lei; greve;
IV - suspensão da liberdade de reunião; V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode
V - busca e apreensão em domicílio; estar filiado a partidos políticos;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for
VII - requisição de bens. julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por
decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso
de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;
III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados
em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a
respectiva Mesa. pena privativa de liberdade superior a 2 (dois) anos, por
sentença transitada em julgado, será submetido ao
julgamento previsto no inciso anterior;
Seção III
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º,
DISPOSIÇÕES GERAIS
incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos
Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com
líderes partidários, designará Comissão composta de 5 prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea
(cinco) de seus membros para acompanhar e fiscalizar a "c";
execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao
IX - (Revogado)
estado de sítio.
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas,
os limites de idade, a estabilidade e outras condições de
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado transferência do militar para a inatividade, os direitos, os
de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações
responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de
ou agentes. suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa compromissos internacionais e de guerra.
ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência STF: Súmula Vinculante 6 - Não viola a Constituição o estabelecimento
serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de
ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das serviço militar inicial.
providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e
indicação das restrições aplicadas.

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Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais.
da lei. (2019)
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-
alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo- se, juntamente com as polícias civis e as polícias penais
se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do
filosófica ou política, para se eximirem de atividades de Distrito Federal e dos Territórios. (2019)
caráter essencialmente militar. § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira
do serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, a garantir a eficiência de suas atividades.
porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. § 8º Os Municípios poderão constituir guardas
municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e
instalações, conforme dispuser a lei.
CAPÍTULO III
STF: Guardas Municipais podem exercer poder de polícia de trânsito,
DA SEGURANÇA PÚBLICA aplicando sanções administrativas - multas - aos infratores.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito
§ 9º A remuneração dos servidores policiais
e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação
integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
na forma do § 4º do art. 39.
patrimônio, através dos seguintes órgãos: (Rol taxativo)
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação
I - polícia federal;
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu
II - polícia rodoviária federal; patrimônio nas vias públicas:
III - polícia ferroviária federal; I - compreende a educação, engenharia e fiscalização
IV - polícias civis; de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana
eficiente; e
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (2019)
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito
STF: A atividade de policiamento naval é uma atividade secundária da
Marinha de Guerra, possuindo caráter meramente administrativo. Não se Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou
pode atribuir a essa função natureza militar, apesar de ser desempenhada entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados
pela Marinha de Guerra. em Carreira, na forma da lei.
§ 1º A POLÍCIA FEDERAL, instituída por lei como
órgão permanente, organizado e mantido pela União e ----------------------------------------------------------------------------------
estruturado em carreira, destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e TÍTULO VIII
social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da Da Ordem Social
União ou de suas entidades autárquicas e empresas CAPÍTULO I
públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha
DISPOSIÇÃO GERAL
repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei; Art. 193. A ordem social tem como base o primado do
trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça social.
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo
da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas CAPÍTULO II
respectivas áreas de competência; DA SEGURIDADE SOCIAL
III - exercer as funções de polícia marítima, Seção I
aeroportuária e de fronteiras; DISPOSIÇÕES GERAIS
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia Art. 194. A seguridade social compreende um
judiciária da União. conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
§ 2º A POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL, órgão
relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado
em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos
ostensivo das rodovias federais. termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos
seguintes objetivos:
§ 3º A POLÍCIA FERROVIÁRIA FEDERAL, órgão
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado I - universalidade da cobertura e do atendimento;
em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento II - uniformidade e equivalência dos benefícios e
ostensivo das ferrovias federais. serviços às populações urbanas e rurais;
§ 4º Às POLÍCIAS CIVIS, dirigidas por delegados de III - seletividade e distributividade na prestação dos
polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da benefícios e serviços;
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
infrações penais, exceto as militares. V - equidade na forma de participação no custeio;
§ 5º Às POLÍCIAS MILITARES cabem a polícia VI - diversidade da base de financiamento,
ostensiva e a preservação da ordem pública; aos CORPOS identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada
DE BOMBEIROS MILITARES, além das atribuições área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de
definidas em lei, incumbe a execução de atividades de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter
defesa civil. contributivo da previdência social; (2019)
STF: A polícia militar, embora não seja polícia judiciária, pode realizar
flagrantes ou participar da busca e apreensão determinada por ordem
VII - caráter democrático e descentralizado da
judicial. administração, mediante gestão quadripartite, com
participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
§ 5º-A. Às POLÍCIAS PENAIS, vinculadas ao órgão aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
administrador do sistema penal da unidade federativa a que

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§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de


Art. 195. A seguridade social será financiada por recursos para o sistema único de saúde e ações de
toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da assistência social da União para os Estados, o Distrito
lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios,
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e observada a respectiva contrapartida de recursos.
das seguintes contribuições sociais: § 11. São vedados a moratória e o parcelamento
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela em prazo superior a 60 (sessenta) meses e, na forma de lei
equiparada na forma da lei, incidentes sobre: complementar, a remissão e a anistia das contribuições
sociais de que tratam a alínea "a" do inciso I e o inciso II
a) a folha de salários e demais rendimentos do
do caput. (2019)
trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica
empregatício; para os quais as contribuições incidentes na forma dos
incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas.
b) a receita ou o faturamento;
§ 13. (Revogado). (2019)
c) o lucro;
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como
II - do trabalhador e dos demais segurados da tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência
previdência social, podendo ser adotadas alíquotas Social a competência cuja contribuição seja igual ou superior
progressivas de acordo com o valor do salário de à contribuição mínima mensal exigida para sua categoria,
contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria assegurado o agrupamento de contribuições. (2019)
e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência
Social; (2019)
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
Seção II
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou DA SAÚDE
de quem a lei a ele equiparar.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos que visem à redução do risco de doença e de outros agravos
respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
União. sua promoção, proteção e recuperação.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social STF: O caráter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política
será elaborada de forma integrada pelos órgãos não pode se converter em promessa constitucional inconsequente, sob
responsáveis pela saúde, previdência social e assistência pena de o Poder Público, fraudando justa expectativa nele depositada pela
social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu
impostergável dever por um gesto irresponsável de infidelidade
na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a governamental.
gestão de seus recursos. STF: É constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema Único de
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da Saúde, a internação em acomodações superiores, bem como o
atendimento diferenciado por médico do próprio Sistema Único de Saúde
seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá
(SUS) ou por conveniado, mediante o pagamento da diferença dos valores
contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios correspondentes.
ou incentivos fiscais ou creditícios.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a
garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, Art. 197. São de relevância pública as ações e
obedecido o disposto no art. 154, I. serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos
termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou
social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica
correspondente fonte de custeio total. de direito privado.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo
só poderão ser exigidas após decorridos 90 (noventa) dias
da data da publicação da lei que as houver instituído ou Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
"b". constituem um sistema único, organizado de acordo com as
seguintes diretrizes:
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade
social as entidades beneficentes de assistência social que I - descentralização, com direção única em cada
atendam às exigências estabelecidas em lei. esfera de governo;
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o II - atendimento integral, com prioridade para as
arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em assistenciais;
regime de economia familiar, sem empregados III - participação da comunidade.
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante § 1º O sistema único de saúde será financiado, nos
a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da termos do art. 195, com recursos do orçamento da
comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal
termos da lei. e dos Municípios, além de outras fontes
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
do caput deste artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços
razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação
de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do de percentuais calculados sobre:
mercado de trabalho, sendo também autorizada a adoção de I - no caso da União, a receita corrente líquida do
bases de cálculo diferenciadas apenas no caso das alíneas respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a
"b" e "c" do inciso I do caput. (2019) 15% (quinze por cento);

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II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o II - executar as ações de vigilância sanitária e


produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, III - ordenar a formação de recursos humanos na área
alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem de saúde;
transferidas aos respectivos Municípios;
IV - participar da formulação da política e da execução
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o das ações de saneamento básico;
produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
V - incrementar, em sua área de atuação, o
156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I,
desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação;
alínea b e § 3º
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo
controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas
menos a cada 5 (cinco) anos, estabelecerá
para consumo humano;
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do §
VII - participar do controle e fiscalização da produção,
2º;
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
II – os critérios de rateio dos recursos da União psicoativos, tóxicos e radioativos;
vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus
compreendido o do trabalho.
respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução
das disparidades regionais;
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle Seção III
das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
distrital e municipal; Art. 201. A previdência social será organizada sob a
IV – (revogado) forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá,
poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes
na forma da lei, a:
de combate às endemias por meio de processo seletivo
I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária
público, de acordo com a natureza e complexidade de suas
ou permanente para o trabalho e idade avançada; (2019)
atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
II - proteção à maternidade, especialmente à
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso
gestante;
salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de
Carreira e a regulamentação das atividades de agente III - proteção ao trabalhador em situação de
comunitário de saúde e agente de combate às endemias, desemprego involuntário;
competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência IV - salário-família e auxílio-reclusão para os
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e dependentes dos segurados de baixa renda;
aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher,
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o
no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que disposto no § 2º.
exerça funções equivalentes às de agente comunitário de § 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios
saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder diferenciados para concessão de benefícios, ressalvada,
o cargo em caso de descumprimento dos requisitos nos termos de lei complementar, a possibilidade de previsão
específicos, fixados em lei, para o seu exercício. de idade e tempo de contribuição distintos da regra geral
para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa dos segurados: (2019)
privada. I - com deficiência, previamente submetidos a
avaliação biopsicossocial realizada por equipe
§ 1º As instituições privadas poderão participar de
multiprofissional e interdisciplinar; (2019)
forma complementar do sistema único de saúde, segundo
II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva
diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou
exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as
prejudiciais à saúde, ou associação desses
sem fins lucrativos.
agentes, vedada a caracterização por categoria profissional
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para ou ocupação. (2019)
auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de
lucrativos.
contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de valor mensal inferior ao salário mínimo.
empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados
País, salvo nos casos previstos em lei.
para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados,
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos na forma da lei.
que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios
humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento,
para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e
conforme critérios definidos em lei.
seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de
previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além pessoa participante de regime próprio de previdência.
de outras atribuições, nos termos da lei:
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de
substâncias de interesse para a saúde e participar da dezembro de cada ano.
produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos,
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de
hemoderivados e outros insumos;
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as
seguintes condições:

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I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e previdência privada não integram o contrato de trabalho dos
62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, observado participantes, assim como, à exceção dos benefícios
tempo mínimo de contribuição; (2019) concedidos, não integram a remuneração dos participantes,
II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 nos termos da lei.
(cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, para os § 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de
trabalhadores rurais e para os que exerçam suas atividades previdência privada pela União, Estados, Distrito Federal e
em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas,
rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. (2019) sociedades de economia mista e outras entidades públicas,
§ 8º O requisito de idade a que se refere o inciso I do salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em
§ 7º será reduzido em 5 (cinco) anos, para o professor que hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a
comprove tempo de efetivo exercício das funções de do segurado.
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a
médio fixado em lei complementar. (2019)
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive suas
§ 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a
autarquias, fundações, sociedades de economia mista e
contagem recíproca do tempo de contribuição entre o
empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto
Regime Geral de Previdência Social e os regimes próprios de
patrocinadores de planos de benefícios previdenciários, e as
previdência social, e destes entre si, observada a
entidades de previdência complementar. (2019)
compensação financeira, de acordo com os critérios
§ 5º A lei complementar de que trata o § 4º aplicar-se-
estabelecidos em lei. (2019)
á, no que couber, às empresas privadas permissionárias ou
§ 9º-A. O tempo de serviço militar exercido nas
concessionárias de prestação de serviços públicos, quando
atividades de que tratam os arts. 42, 142 e 143 e o tempo de
patrocinadoras de planos de benefícios em entidades de
contribuição ao Regime Geral de Previdência Social ou a
previdência complementar. (2019)
regime próprio de previdência social terão contagem
§ 6º Lei complementar estabelecerá os requisitos para
recíproca para fins de inativação militar ou aposentadoria, e a
a designação dos membros das diretorias das entidades
compensação financeira será devida entre as receitas de
fechadas de previdência complementar instituídas pelos
contribuição referentes aos militares e as receitas de
patrocinadores de que trata o § 4º e disciplinará a inserção
contribuição aos demais regimes. (2019)
dos participantes nos colegiados e instâncias de decisão em
§ 10. Lei complementar poderá disciplinar a cobertura
que seus interesses sejam objeto de discussão e
de benefícios não programados, inclusive os decorrentes de
deliberação. (2019)
acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo
Regime Geral de Previdência Social e pelo setor privado.
(2019) Seção IV
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
título, serão incorporados ao salário para efeito de Art. 203. A assistência social será prestada a quem
contribuição previdenciária e consequente repercussão em dela necessitar, independentemente de contribuição à
benefícios, nos casos e na forma da lei. seguridade social, e tem por objetivos:
§ 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
previdenciária, com alíquotas diferenciadas, para atender adolescência e à velhice;
aos trabalhadores de baixa renda, inclusive os que se II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
encontram em situação de informalidade, e àqueles sem
renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho III - a promoção da integração ao mercado de
doméstico no âmbito de sua residência, desde que trabalho;
pertencentes a famílias de baixa renda. (2019) IV - a habilitação e reabilitação das pessoas
§ 13. A aposentadoria concedida ao segurado de que portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à
trata o § 12 terá valor de 1 (um) salário-mínimo. (2019) vida comunitária;
§ 14. É vedada a contagem de tempo de contribuição V - a garantia de um salário mínimo de benefício
fictício para efeito de concessão dos benefícios mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que
previdenciários e de contagem recíproca. (2019) comprovem não possuir meios de prover à própria
§ 15. Lei complementar estabelecerá vedações, manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme
regras e condições para a acumulação de benefícios dispuser a lei.
previdenciários. (2019) STF: Os estrangeiros residentes no País, uma vez atendidos os requisitos
§ 16. Os empregados dos consórcios públicos, das constitucionais, são beneficiários da assistência social, fazendo jus ao
empresas públicas, das sociedades de economia mista e das benefício de prestação continuada.
suas subsidiárias serão aposentados compulsoriamente,
observado o cumprimento do tempo mínimo de contribuição,
ao atingir a idade máxima de que trata o inciso II do § 1º do Art. 204. As ações governamentais na área da
art. 40, na forma estabelecida em lei. (2019) assistência social serão realizadas com recursos do
orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além
de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes
Art. 202. O regime de previdência privada, de diretrizes:
caráter complementar e organizado de forma autônoma em I - descentralização político-administrativa, cabendo a
relação ao regime geral de previdência social, será coordenação e as normas gerais à esfera federal e a
facultativo, baseado na constituição de reservas que coordenação e a execução dos respectivos programas às
garantam o benefício contratado, e regulado por lei esferas estadual e municipal, bem como a entidades
complementar. beneficentes e de assistência social;
§ 1° A lei complementar de que trata este artigo II - participação da população, por meio de
assegurará ao participante de planos de benefícios de organizações representativas, na formulação das políticas e
entidades de previdência privada o pleno acesso às no controle das ações em todos os níveis.
informações relativas à gestão de seus respectivos planos.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito
§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção
as condições contratuais previstas nos estatutos, social até cinco décimos por cento de sua receita tributária
regulamentos e planos de benefícios das entidades de

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líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento II - progressiva universalização do ensino médio
de: gratuito;
I - despesas com pessoal e encargos sociais; III - atendimento educacional especializado aos
II - serviço da dívida; portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular
de ensino;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada
diretamente aos investimentos ou ações apoiados. IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às
crianças até 5 (cinco) anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
CAPÍTULO III
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
cada um;
Seção I
DA EDUCAÇÃO VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
condições do educando;
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada com a VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
colaboração da sociedade, visando ao pleno educação básica, por meio de programas suplementares de
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da material didáticoescolar, transporte, alimentação e
cidadania e sua qualificação para o trabalho. assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é
direito público subjetivo.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos
seguintes princípios: § 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo
Poder Público, ou sua oferta irregular, importa
I - igualdade de condições para o acesso e
responsabilidade da autoridade competente.
permanência na escola;
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e
divulgar o pensamento, a arte e o saber;
zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à
III - pluralismo de ideias e de concepções escola.
pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e
privadas de ensino;
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada,
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
atendidas as seguintes condições:
oficiais;
I - cumprimento das normas gerais da educação
STF: Súmula Vinculante 12 - A cobrança de taxa de matrícula nas
universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da CF. nacional;
STF: A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder
cobrança por universidades públicas de mensalidade em cursos de Público.
especialização.
V - valorização dos profissionais da educação escolar,
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica
das redes públicas; comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais
e regionais.
VI - gestão democrática do ensino público, na forma
da lei; § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa,
constituirá disciplina dos horários normais das escolas
VII - garantia de padrão de qualidade. públicas de ensino fundamental.
VIII - piso salarial profissional nacional para os § 2º O ensino fundamental regular será ministrado
profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei em língua portuguesa, assegurada às comunidades
federal. indígenas também a utilização de suas línguas maternas e
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de processos próprios de aprendizagem.
trabalhadores considerados profissionais da educação básica
e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e
de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, os Municípios organizarão em regime de colaboração seus
do Distrito Federal e dos Municípios. sistemas de ensino.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e
o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas
Art. 207. As universidades gozam de autonomia federais e exercerá, em matéria educacional, função
didático-científica, administrativa e de gestão financeira e redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de
patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade
entre ensino, pesquisa e extensão. do ensino mediante assistência técnica e financeira aos
§ 1º É facultado às universidades admitir professores, Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições fundamental e na educação infantil.
de pesquisa científica e tecnológica. § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão
prioritariamente no ensino fundamental e médio.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a
efetivado mediante a garantia de: União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a
(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada universalização do ensino obrigatório
inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não § 5º A educação básica pública atenderá
tiveram acesso na idade própria; prioritariamente ao ensino regular.

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Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos V - promoção humanística, científica e tecnológica do
de 18% (dezoito por cento), e os Estados, o Distrito Federal País.
e os Municípios 25% (vinte e cinco por cento), no mínimo, VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
da receita resultante de impostos, compreendida a públicos em educação como proporção do produto interno
proveniente de transferências, na manutenção e bruto.
desenvolvimento do ensino.
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida
Seção II
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
DA CULTURA
ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é
considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício
receita do governo que a transferir. dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional,
e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no
manifestações culturais.
"caput" deste artigo, serão considerados os sistemas de
ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados § 1º O Estado protegerá as manifestações das
na forma do art. 213. culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de
outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará
prioridade ao atendimento das necessidades do ensino 2º A lei disporá sobre a fixação de datas
obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de comemorativas de alta significação para os diferentes
padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano segmentos étnicos nacionais.
nacional de educação. 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura,
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural
assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão do País e à integração das ações do poder público que
financiados com recursos provenientes de contribuições conduzem à:
sociais e outros recursos orçamentários. I defesa e valorização do patrimônio cultural
§ 5º A educação básica pública terá como fonte brasileiro;
adicional de financiamento a contribuição social do salário- II produção, promoção e difusão de bens culturais;
educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. III formação de pessoal qualificado para a gestão da
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação cultura em suas múltiplas dimensões;
da contribuição social do salário-educação serão distribuídas IV democratização do acesso aos bens de cultura;
proporcionalmente ao número de alunos matriculados na V valorização da diversidade étnica e regional.
educação básica nas respectivas redes públicas de ensino.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às os bens de natureza material e imaterial, tomados
escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
que: formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem I - as formas de expressão;
seus excedentes financeiros em educação; II - os modos de criar, fazer e viver;
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder IV - as obras, objetos, documentos, edificações e
Público, no caso de encerramento de suas atividades. demais espaços destinados às manifestações artístico-
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser culturais;
destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
médio, na forma da lei, para os que demonstrarem paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico
insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e e científico.
cursos regulares da rede pública na localidade da residência
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da
do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir
comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural
prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.
brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância,
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de tombamento e desapropriação, e de outras formas de
estímulo e fomento à inovação realizadas por universidades acautelamento e preservação.
e/ou por instituições de educação profissional e tecnológica
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a
poderão receber apoio financeiro do Poder Público.
gestão da documentação governamental e as providências
para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de § 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o
educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o conhecimento de bens e valores culturais.
sistema nacional de educação em regime de colaboração e
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão
definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de
punidos, na forma da lei.
implementação para assegurar a manutenção e
desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e § 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios
modalidades por meio de ações integradas dos poderes detentores de reminiscências históricas dos antigos
públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: quilombos.
I - erradicação do analfabetismo; § 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal
vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco
II - universalização do atendimento escolar;
décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o
III - melhoria da qualidade do ensino; financiamento de programas e projetos culturais, vedada a
IV - formação para o trabalho; aplicação desses recursos no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;

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II - serviço da dívida; II - a destinação de recursos públicos para a promoção


III - qualquer outra despesa corrente não vinculada prioritária do desporto educacional e, em casos específicos,
diretamente aos investimentos ou ações apoiados. para a do desporto de alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto
profissional e o não- profissional;
Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura,
organizado em regime de colaboração, de forma IV - a proteção e o incentivo às manifestações
descentralizada e participativa, institui um processo de desportivas de criação nacional.
gestão e promoção conjunta de políticas públicas de cultura, § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas
democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da à disciplina e às competições desportivas após
Federação e a sociedade, tendo por objetivo promover o esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva,
desenvolvimento humano, social e econômico com pleno regulada em lei. (Mitigação ao Princípio da Inafastabilidade da
exercício dos direitos culturais. Jurisdição)
§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na A Justiça Desportiva não integra o Poder Judiciário, possuindo natureza
política nacional de cultura e nas suas diretrizes, administrativa. Para o STF, os magistrados não podem exercer funções
nela, sob pena de ficar caracterizada a acumulação ilegal de cargos.
estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos
seguintes princípios: § 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de 60
I - diversidade das expressões culturais; (sessenta) dias, contados da instauração do processo, para
proferir decisão final.
II - universalização do acesso aos bens e serviços
culturais; § 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma
de promoção social.
III - fomento à produção, difusão e circulação de
conhecimento e bens culturais;
IV - cooperação entre os entes federados, os agentes CAPÍTULO IV
públicos e privados atuantes na área cultural; DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
V - integração e interação na execução das políticas, Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o
programas, projetos e ações desenvolvidas; desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação
científica e tecnológica e a inovação.
VI - complementaridade nos papéis dos agentes
culturais; § 1º A pesquisa científica básica e tecnológica
receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o
VII - transversalidade das políticas culturais; bem público e o progresso da ciência, tecnologia e
VIII - autonomia dos entes federados e das inovação.
instituições da sociedade civil; § 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á
IX - transparência e compartilhamento das preponderantemente para a solução dos problemas
informações; brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo
X - democratização dos processos decisórios com nacional e regional.
participação e controle social; § 3º O Estado apoiará a formação de recursos
XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, humanos nas áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e
dos recursos e das ações; inovação, inclusive por meio do apoio às atividades de
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos extensão tecnológica, e concederá aos que delas se ocupem
orçamentos públicos para a cultura. meios e condições especiais de trabalho.
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de § 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que
Cultura, nas respectivas esferas da Federação: invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao
País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos
I - órgãos gestores da cultura; humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que
II - conselhos de política cultural; assegurem ao empregado, desvinculada do salário,
III - conferências de cultura; participação nos ganhos econômicos resultantes da
IV - comissões intergestores; produtividade de seu trabalho.
V - planos de cultura; § 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal
vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades
VI - sistemas de financiamento à cultura; públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e
VII - sistemas de informações e indicadores culturais; tecnológica.
VIII - programas de formação na área da cultura; e § 6º O Estado, na execução das atividades previstas no
IX - sistemas setoriais de cultura. caput , estimulará a articulação entre entes, tanto públicos
§ 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do quanto privados, nas diversas esferas de governo.
Sistema Nacional de Cultura, bem como de sua articulação § 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no
com os demais sistemas nacionais ou políticas setoriais de exterior das instituições públicas de ciência, tecnologia e
governo. inovação, com vistas à execução das atividades previstas no
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios caput.
organizarão seus respectivos sistemas de cultura em leis
próprias. Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio
nacional e será incentivado de modo a viabilizar o
Seção III desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da
DO DESPORTO população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de
lei federal.
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas
desportivas formais e não-formais, como direito de cada Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o
um, observados: fortalecimento da inovação nas empresas, bem como nos
demais entes, públicos ou privados, a constituição e a
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e manutenção de parques e polos tecnológicos e de demais
associações, quanto a sua organização e funcionamento; ambientes promotores da inovação, a atuação dos inventores

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independentes e a criação, absorção, difusão e transferência I - preferência a finalidades educativas, artísticas,


de tecnologia. culturais e informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo
Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os à produção independente que objetive sua divulgação;
Municípios poderão firmar instrumentos de cooperação com III - regionalização da produção cultural, artística e
órgãos e entidades públicos e com entidades privadas, jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
inclusive para o compartilhamento de recursos humanos IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e
especializados e capacidade instalada, para a execução de da família.
projetos de pesquisa, de desenvolvimento científico e
tecnológico e de inovação, mediante contrapartida financeira
ou não financeira assumida pelo ente beneficiário, na forma Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de
da lei. radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de
brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 (dez)
anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis
Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e brasileiras e que tenham sede no País.
Inovação (SNCTI) será organizado em regime de
§ 1º Em qualquer caso, pelo menos 70% (setenta por
colaboração entre entes, tanto públicos quanto privados, com
vistas a promover o desenvolvimento científico e tecnológico cento) do capital total e do capital votante das empresas
e a inovação. jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens
§ 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos
SNCTI. ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o
legislarão concorrentemente sobre suas peculiaridades. conteúdo da programação.
§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de
CAPÍTULO V seleção e direção da programação veiculada são privativas
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 (dez)
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, anos, em qualquer meio de comunicação social.
a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo § 3º Os meios de comunicação social eletrônica,
ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o
independentemente da tecnologia utilizada para a prestação
disposto nesta Constituição. (Liberdade de expressão)
do serviço, deverão observar os princípios enunciados no art.
STF: Não é obrigatório o diploma de curso superior para o exercício da
profissão de Jornalista; O jornalismo é uma profissão diferenciada por sua 221, na forma de lei específica, que também garantirá a
estreita vinculação ao pleno exercício das liberdades de expressão e de prioridade de profissionais brasileiros na execução de
informação.
produções nacionais.
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa
§ 4º Lei disciplinará a participação de capital
constituir embaraço à plena liberdade de informação
jornalística em qualquer veículo de comunicação social, estrangeiro nas empresas de que trata o § 1º.
observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV. § 5º As alterações de controle societário das
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza empresas de que trata o § 1º serão comunicadas ao
política, ideológica e artística. Congresso Nacional.
§ 3º Compete à lei federal:
I - regular as diversões e espetáculos públicos, Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e
cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, renovar concessão, permissão e autorização para o
as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens,
em que sua apresentação se mostre inadequada; observado o princípio da complementaridade dos sistemas
(Classificação indicativa)
privado, público e estatal.
II - estabelecer os meios legais que garantam à
§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo
pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de
do art. 64, § 2º e § 4º, a contar do recebimento da
programas ou programações de rádio e televisão que
mensagem.
contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda
de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à § 2º A não renovação da concessão ou permissão
saúde e ao meio ambiente. dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do
Congresso Nacional, em votação nominal.
§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas
alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará § 3º O ato de outorga ou renovação somente
sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do produzirá efeitos legais após deliberação do Congresso
parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, Nacional, na forma dos parágrafos anteriores.
advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso. § 4º O cancelamento da concessão ou permissão,
§ 5º Os meios de comunicação social não podem, antes de vencido o prazo, depende de decisão judicial.
direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou § 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez
oligopólio. anos para as emissoras de rádio e de quinze para as de
STF: É inconstitucional lei que proíbe, em “TV por assinatura”, a oferta de televisão.
canais que contenham publicidade direcionada ao público brasileiro com
veiculação contratada no exterior por agência de publicidade estrangeira.
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o
§ 6º A publicação de veículo impresso de Congresso Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o
comunicação independe de licença de autoridade. Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.

Art. 221. A produção e a programação das emissoras CAPÍTULO VI


de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: DO MEIO AMBIENTE

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Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder desportivas que utilizem animais, desde que sejam
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta
para as presentes e futuras gerações. Constituição Federal, registradas como bem de natureza
O conceito de meio ambiente deve ser abrangente de toda a natureza, o imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo
artificial e original, bem como os bens culturais correlatos, ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-
compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, estar dos animais envolvidos. (2017)
o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arquitetônico.
Direito Ambiental Constitucional, José Afonso da Silva
---------------------------------------------------------------------------------------------------- CAPÍTULO VII
STF: O direito à integridade do meio ambiente - típico direito de terceira
geração - constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO
dentro do processo de afirmação dos direitos humanos, a expressão JOVEM E DO IDOSO
significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo identificado em sua Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial
singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, à
própria coletividade social.
proteção do Estado.
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito,
incumbe ao Poder Público: § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos
da lei.
I - preservar e restaurar os processos ecológicos
essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida
ecossistemas; a união estável entre o homem e a mulher como entidade
familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
II - preservar a diversidade e a integridade do
patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades STF: A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público,
não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante
dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios.
III - definir, em todas as unidades da Federação, STF: É inconstitucional a diferenciação de regimes sucessórios entre
espaços territoriais e seus componentes a serem cônjuges e companheiros.
STF: A extensão, às uniões homoafetivas, do mesmo regime jurídico
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
aplicável à união estável entre pessoas de gênero distinto justifica-se
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização e legitima-se pela direta incidência, dentre outros, dos princípios
que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem constitucionais da igualdade, da liberdade, da dignidade, da segurança
sua proteção; jurídica e do postulado constitucional implícito que consagra o direito à
busca da felicidade, os quais configuram, numa estrita dimensão que
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou privilegia o sentido de inclusão decorrente da própria Constituição da
atividade potencialmente causadora de significativa República (art. 1º, III, e art. 3º, IV), fundamentos autônomos e suficientes
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto aptos a conferir suporte legitimador à qualificação das conjugalidades
ambiental, a que se dará publicidade; entre pessoas do mesmo sexo como espécie do gênero entidade familiar.

V - controlar a produção, a comercialização e o § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a


emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem comunidade formada por qualquer dos pais e seus
risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; descendentes.
VI - promover a educação ambiental em todos os § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade
níveis de ensino e a conscientização pública para a conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela
preservação do meio ambiente; mulher.
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo
lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, divórcio.
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa
a crueldade. humana e da paternidade responsável, o planejamento
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício
com solução técnica exigida pelo órgão público competente, desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de
na forma da lei. instituições oficiais ou privadas.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao § 8º O Estado assegurará a assistência à família na
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos
jurídicas, a sanções penais e administrativas, para coibir a violência no âmbito de suas relações.
independentemente da obrigação de reparar os danos
causados. Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
STF: É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,
presidência ou de direção do órgão responsável pela prática criminosa.
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
forma da lei, dentro de condições que assegurem a opressão.
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos § 1º O Estado promoverá programas de assistência
recursos naturais.
integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou
admitida a participação de entidades não governamentais,
arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes
preceitos:
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear
deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que I - aplicação de percentual dos recursos públicos
não poderão ser instaladas. destinados à saúde na assistência materno-infantil;

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II - criação de programas de prevenção e atendimento participação na comunidade, defendendo sua dignidade e


especializado para as pessoas portadoras de deficiência bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
física, sensorial ou mental, bem como de integração social do § 1º Os programas de amparo aos idosos serão
adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o executados preferencialmente em seus lares.
treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é
do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação
garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de
discriminação.
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos CAPÍTULO VIII
logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de DOS ÍNDIOS
veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso Art. 231. São reconhecidos aos índios sua
adequado às pessoas portadoras de deficiência. organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente
seguintes aspectos: ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer
respeitar todos os seus bens.
I - idade mínima de 14 (quatorze) anos para admissão
ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII; Pode-se extrair da doutrina que “índios ou silvícolas são todos os
indivíduos de origem e ascendência pré-colombiana que se identificam, e
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; são identificados como pertencentes a um grupo étnico cujas
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e características culturais os distinguem da sociedade nacional, e que
formam comunidades indígenas ou grupos tribais, constituídos por um
jovem à escola; conjunto de famílias ou por comunidades índias, quer vivendo em estado
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da de completo isolamento em relação a outros setores da comunhão
atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual nacional, quer em contatos intermitentes ou permanentes, sem contudo
estarem neles integrados”.
e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser Direito Constitucional: Teoria do Estado e da Constituição. Kildare Gonçalves Carvalho
a legislação tutelar específica;
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos
V - obediência aos princípios de brevidade, índios as por eles habitadas em caráter permanente, as
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis
em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer à preservação dos recursos ambientais necessários a seu
medida privativa da liberdade; bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao § 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o
adolescente órfão ou abandonado; usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
VII - programas de prevenção e atendimento lagos nelas existentes.
especializado à criança, ao adolescente e ao jovem § 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos
dependente de entorpecentes e drogas afins. os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com
exploração sexual da criança e do adolescente. autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos
forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua resultados da lavra, na forma da lei.
efetivação por parte de estrangeiros. § 4º As terras de que trata este artigo são
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas,
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e imprescritíveis.
qualificações, proibidas quaisquer designações § 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de
discriminatórias relativas à filiação. suas terras, salvo, "ad referendum" do Congresso Nacional,
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua
adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art. população, ou no interesse da soberania do País, após
204. deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer
§ 8º A lei estabelecerá: hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o
direitos dos jovens; domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos
visando à articulação das várias esferas do poder público lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público
para a execução de políticas públicas. da União, segundo o que dispuser lei complementar, não
gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a
ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.
de 18 (dezoito) anos, sujeitos às normas da legislação § 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no
especial. art. 174, § 3º e § 4º.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações
educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de
de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em
enfermidade. todos os atos do processo.

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o TÍTULO IX


dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua Das Disposições Constitucionais Gerais
Art. 233. (Revogado)

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§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para


Art. 234. É vedado à União, direta ou indiretamente, fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos
assumir, em decorrência da criação de Estado, encargos serviços notariais e de registro.
referentes a despesas com pessoal inativo e com encargos e § 3º O ingresso na atividade notarial e de registro
amortizações da dívida interna ou externa da administração depende de concurso público de provas e títulos, não se
pública, inclusive da indireta. permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura
de concurso de provimento ou de remoção, por mais de 6
(seis) meses.
Art. 235. Nos dez primeiros anos da criação de
Estado, serão observadas as seguintes normas básicas:
I - a Assembleia Legislativa será composta de Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o
dezessete Deputados se a população do Estado for inferior a comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses
seiscentos mil habitantes, e de vinte e quatro, se igual ou fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da
superior a esse número, até um milhão e quinhentos mil; Fazenda.
II - o Governo terá no máximo dez Secretarias;
III - o Tribunal de Contas terá três membros, Art. 238. A lei ordenará a venda e revenda de
nomeados, pelo Governador eleito, dentre brasileiros de combustíveis de petróleo, álcool carburante e outros
comprovada idoneidade e notório saber; combustíveis derivados de matérias-primas renováveis,
respeitados os princípios desta Constituição.
IV - o Tribunal de Justiça terá sete Desembargadores;
V - os primeiros Desembargadores serão nomeados
pelo Governador eleito, escolhidos da seguinte forma: Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições
para o Programa de Integração Social, criado pela Lei
a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta e
Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e para o
cinco anos de idade, em exercício na área do novo Estado ou
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público,
do Estado originário;
criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de
b) dois dentre promotores, nas mesmas condições, e 1970, passa, a partir da promulgação desta Constituição, a
advogados de comprovada idoneidade e saber jurídico, com financiar, nos termos que a lei dispuser, o programa do
dez anos, no mínimo, de exercício profissional, obedecido o seguro-desemprego, outras ações da previdência social e o
procedimento fixado na Constituição; abono de que trata o § 3º deste artigo. (2019)
VI - no caso de Estado proveniente de Território § 1º Dos recursos mencionados no caput, no mínimo
Federal, os cinco primeiros Desembargadores poderão ser 28% (vinte e oito por cento) serão destinados para o
escolhidos dentre juízes de direito de qualquer parte do País; financiamento de programas de desenvolvimento
VII - em cada Comarca, o primeiro Juiz de Direito, o econômico, por meio do Banco Nacional de
primeiro Promotor de Justiça e o primeiro Defensor Público Desenvolvimento Econômico e Social, com critérios de
serão nomeados pelo Governador eleito após concurso remuneração que preservem o seu valor. (2019)
público de provas e títulos; § 2º Os patrimônios acumulados do Programa de
VIII - até a promulgação da Constituição Estadual, Integração Social e do Programa de Formação do Patrimônio
responderão pela Procuradoria-Geral, pela Advocacia-Geral do Servidor Público são preservados, mantendo-se os
e pela Defensoria-Geral do Estado advogados de notório critérios de saque nas situações previstas nas leis
saber, com trinta e cinco anos de idade, no mínimo, específicas, com exceção da retirada por motivo de
nomeados pelo Governador eleito e demissíveis "ad nutum"; casamento, ficando vedada a distribuição da arrecadação de
que trata o "caput" deste artigo, para depósito nas contas
IX - se o novo Estado for resultado de transformação
individuais dos participantes.
de Território Federal, a transferência de encargos financeiros
da União para pagamento dos servidores optantes que § 3º Aos empregados que percebam de empregadores
pertenciam à Administração Federal ocorrerá da seguinte que contribuem para o Programa de Integração Social ou
forma: para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor
Público, até dois salários mínimos de remuneração mensal, é
a) no sexto ano de instalação, o Estado assumirá vinte
assegurado o pagamento de um salário mínimo anual,
por cento dos encargos financeiros para fazer face ao
computado neste valor o rendimento das contas individuais,
pagamento dos servidores públicos, ficando ainda o restante
no caso daqueles que já participavam dos referidos
sob a responsabilidade da União;
programas, até a data da promulgação desta Constituição.
b) no sétimo ano, os encargos do Estado serão
§ 4º O financiamento do seguro-desemprego receberá
acrescidos de trinta por cento e, no oitavo, dos restantes
uma contribuição adicional da empresa cujo índice de
cinquenta por cento;
rotatividade da força de trabalho superar o índice médio da
X - as nomeações que se seguirem às primeiras, para rotatividade do setor, na forma estabelecida por lei.
os cargos mencionados neste artigo, serão disciplinadas na
§ 5º Os programas de desenvolvimento econômico
Constituição Estadual;
financiados na forma do § 1º e seus resultados serão
XI - as despesas orçamentárias com pessoal não anualmente avaliados e divulgados em meio de comunicação
poderão ultrapassar cinquenta por cento da receita do social eletrônico e apresentados em reunião da comissão
Estado. mista permanente de que trata o § 1º do art. 166. (2019)

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as
exercidos em caráter privado, por delegação do Poder atuais contribuições compulsórias dos empregadores sobre a
Público. folha de salários, destinadas às entidades privadas de
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a serviço social e de formação profissional vinculadas ao
responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de sistema sindical.
registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus
atos pelo Poder Judiciário.
Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios

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públicos e os convênios de cooperação entre os entes em adição aos recursos dos respectivos tesouros, a União,
federados, autorizando a gestão associada de serviços os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
públicos, bem como a transferência total ou parcial de constituir fundos integrados pelos recursos provenientes de
encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade contribuições e por bens, direitos e ativos de qualquer
dos serviços transferidos. natureza, mediante lei que disporá sobre a natureza e
administração desses fundos.
Art. 242. O princípio do art. 206, IV, não se aplica às
instituições educacionais oficiais criadas por lei estadual ou Art. 250. Com o objetivo de assegurar recursos para o
municipal e existentes na data da promulgação desta pagamento dos benefícios concedidos pelo regime geral de
Constituição, que não sejam total ou preponderantemente previdência social, em adição aos recursos de sua
mantidas com recursos públicos. arrecadação, a União poderá constituir fundo integrado por
§ 1º O ensino da História do Brasil levará em conta as bens, direitos e ativos de qualquer natureza, mediante lei que
contribuições das diferentes culturas e etnias para a disporá sobre a natureza e administração desse fundo.
formação do povo brasileiro.
§ 2º O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio
de Janeiro, será mantido na órbita federal. Decreto-Lei nº 2.848 / 1940
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de Código Penal
qualquer região do País onde forem localizadas culturas
ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de PARTE GERAL
trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e TÍTULO I
destinadas à reforma agrária e a programas de habitação DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem Anterioridade da Lei
prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
que couber, o disposto no art. 5º. há pena sem prévia cominação legal.
Princípio da Reserva Legal. Dispositivo semelhante ao art. 5º, XXXIX, CF.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor
econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho Lei penal no tempo
escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei
destinação específica, na forma da lei. posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória. (Abolitio criminis)
Art. 244. A lei disporá sobre a adaptação dos Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo
logradouros, dos edifícios de uso público e dos veículos de favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
transporte coletivo atualmente existentes a fim de garantir decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência, (Novatio legis in mellius)
conforme o disposto no art. 227, § 2º. STF: Súmula 611 - Transitada em julgado a sentença condenatória,
compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.
Art. 245. A lei disporá sobre as hipóteses e condições
em que o Poder Público dará assistência aos herdeiros e Lei excepcional ou temporária
dependentes carentes de pessoas vitimadas por crime Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora
doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do autor do decorrido o período de sua duração ou cessadas as
ilícito. circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência.
Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na
Tempo do crime
regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da
sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
janeiro de 1995 até a promulgação desta emenda, inclusive.
resultado. (Teoria da atividade)
STF: Súmula 711 - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado
Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da
41 e no § 7º do art. 169 estabelecerão critérios e garantias continuidade ou da permanência.
especiais para a perda do cargo pelo servidor público estável
que, em decorrência das atribuições de seu cargo efetivo, Territorialidade
desenvolva atividades exclusivas de Estado. Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
Parágrafo único. Na hipótese de insuficiência de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao
desempenho, a perda do cargo somente ocorrerá mediante crime cometido no território nacional. (Princípio da
territorialidade temperada)
processo administrativo em que lhe sejam assegurados o
contraditório e a ampla defesa. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como
extensão do território nacional as embarcações e
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
Art. 248. Os benefícios pagos, a qualquer título, pelo governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como
órgão responsável pelo regime geral de previdência social, as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
ainda que à conta do Tesouro Nacional, e os não sujeitos ao propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
limite máximo de valor fixado para os benefícios concedidos espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
por esse regime observarão os limites fixados no art. 37, XI. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
Art. 249. Com o objetivo de assegurar recursos para o estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em
pagamento de proventos de aposentadoria e pensões pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo
concedidas aos respectivos servidores e seus dependentes, correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

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Contagem de prazo
Lugar do crime Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como calendário comum. (Prazo de direito material)
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. (Teoria
da ubiguidade) Frações não computáveis da pena
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de
Extraterritorialidade liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos pena de multa, as frações de cruzeiro.
no estrangeiro:
I - os crimes: (Extraterritorialidade incondicionada) Legislação especial
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos
República; fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do modo diverso.
Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de As regras gerais do Código Penal possuem aplicação subsidiária em
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou relação às leis especiais.
fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu TÍTULO II
serviço; DO CRIME
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou De acordo com o Conceito Analítico de Crime, o delito constitui-se de
domiciliado no Brasil; um fato típico, ilícito e culpável.
II - os crimes: (Extraterritorialidade condicionada) CONCEITO TRIPARTIDO DE CRIME
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a ✓ FATO TÍPICO - Conduta
reprimir; - Resultado
b) praticados por brasileiro; - Nexo de causalidade
- Tipicidade
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território ✓ ILÍCITO É a relação de contrariedade entre a conduta e a
norma. Essa ilicitude poderá ser afastada por
estrangeiro e aí não sejam julgados. causas excludentes de antijuridicidade, quando o
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo agente, por exemplo, pratica o fato:
a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no -- em estado de necessidade;
estrangeiro -- em legítima defesa;
-- em estrito cumprimento de dever legal
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira -- em exercício regular de direito
depende do concurso das seguintes condições: ✓ CULPÁVEL - Imputabilidade
a) entrar o agente no território nacional; - Potencial consciência da ilicitude
b) ser o fato punível também no país em que foi - Exigibilidade de conduta diversa
praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei Relação de causalidade
brasileira autoriza a extradição; Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
ter aí cumprido a pena; Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por resultado não teria ocorrido. (Teoria da equivalência dos
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei antecedentes causais – conditio sine qua non)
mais favorável. A teoria da equivalência dos antecedentes causais possui extensão
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime muito ampla, permitindo o regresso infinito das causas. Para evitar a
cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, responsabilização de determinadas condutas existentes na cadeia do
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: regresso, deve-se buscar limites e complementos na legislação e na
doutrina, como os critérios de imputação objetiva e a análise do dolo e da
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; culpa.
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente
Pena cumprida no estrangeiro
independente exclui a imputação quando, por si só,
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou
imputam-se a quem os praticou. (Teoria da causalidade
nela é computada, quando idênticas. adequada)
Relevância da omissão
Eficácia de sentença estrangeira § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever
lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, de agir incumbe a quem: (Crime omissivo impróprio ou comissivo
pode ser homologada no Brasil para: por omissão)
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
restituições e a outros efeitos civis; vigilância;
II - sujeitá-lo a medida de segurança b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
Parágrafo único - A homologação depende: impedir o resultado;
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
parte interessada; ocorrência do resultado.
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de
extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a Art. 14 - Diz-se o crime:
sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Crime consumado
Justiça. I - consumado, quando nele se reúnem todos os
Compete ao STJ processar e julgar, originariamente, a homologação de elementos de sua definição legal;
sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias. Tentativa

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II - tentado, quando, iniciada a execução, não se imprópria.


consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente. (Conatus) Descriminantes putativas (Erro de tipo permissivo)
Pena de tentativa § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune- justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que,
se a tentativa com a pena correspondente ao crime se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de
consumado, diminuída de 1/3 a 2/3 (um a dois terços). pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como
Infrações que não admitem a tentativa: crime culposo
- Contravenções penais
- Crimes culposos Erro determinado por terceiro
- Crimes preterdolosos
- Crimes unissubsistentes
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o
- Crimes omissivos próprios erro.
- Crimes condicionados
- Crimes habituais Erro sobre a pessoa (Error in persona)
- Crimes de atentado
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste
Desistência voluntária e arrependimento eficaz caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
prosseguir na execução ou impede que o resultado se
produza, só responde pelos atos já praticados Erro sobre a ilicitude do fato (Erro de proibição)
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O
Arrependimento posterior erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave evitável, poderá diminuí-la de 1/6 a 1/3 (um sexto a um
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, terço).
até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o
voluntário do agente, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3 (um agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do
a dois terços). fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou
atingir essa consciência.
Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia Coação irresistível e obediência hierárquica
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou
impossível consumar-se o crime. em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de
STF: Súmula 145 - Não há crime, quando a preparação do flagrante pela superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
polícia torna impossível a sua consumação. ordem
STJ: Súmula 567 - Sistema de vigilância realizado por monitoramento
eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento
comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
Art. 18 - Diz-se o crime: I - em estado de necessidade;
Crime doloso II - em legítima defesa
I - doloso, quando o agente quis o resultado (Dolo direto) III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
ou assumiu o risco de produzi-lo (Dolo eventual). exercício regular de direito
Crime culposo Excesso punível
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses
imprudência, negligência ou imperícia. deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo
Imprudência – Atitude realizada sem a devida ponderação, de forma
perigosa e precipitada; Estado de necessidade
Negligência – Ausência de precaução. Deixar de fazer algo imposto; Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem
Imperícia – Conduta realizada com inaptidão para o exercício de arte ou pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou
profissão. por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão razoável exigir-se.
quando o pratica dolosamente. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem
Princípio da excepcionalidade do tipo culposo: Os tipos penais tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
culposos devem ser previstos de forma expressa. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do
direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3
Agravação pelo resultado (um a dois terços).
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a
pena, só responde o agente que o houver causado ao menos Legítima defesa
culposamente. Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta
Erro sobre elementos do tipo agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo Parágrafo único. Observados os requisitos previstos
legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por no caput deste artigo, considera-se também em legítima
crime culposo, se previsto em lei. defesa o agente de segurança pública que repele agressão
O erro sobre elementos do tipo, conhecido como Erro de Tipo ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a
Essencial, é a representação errônea da realidade. O agente acredita prática de crimes. (2019)
não estar presente um dos elementos essenciais que compõem o tipo
penal.
ERRO DE TIPO ESSENCIAL TÍTULO III
Escusável ou Inevitável: Inescusável ou Evitável: DA IMPUTABILIDADE PENAL
Exclui o dolo e a culpa Exclui o dolo, mas permite a punição Inimputáveis
por crime culposo, a título de culpa

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Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença Casos de impunibilidade


mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
acordo com esse entendimento. (Critério biopsicológico)
Redução de pena TÍTULO V
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3 DAS PENAS
(um a dois terços), se o agente, em virtude de perturbação de Pena é uma consequência jurídica advinda da infração penal, que
saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou consiste na privação de determinados bens jurídicos. A pena é uma
retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter das espécies do gênero sanção penal.
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse SANÇÃO PENAL
Penas Medidas de Segurança
entendimento
CAPÍTULO I
Menores de dezoito anos DAS ESPÉCIES DE PENA
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são Art. 32 - As penas são:
penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas I - privativas de liberdade;
estabelecidas na legislação especial. (Critério biológico) II - restritivas de direitos;
III - de multa.
Emoção e paixão SEÇÃO I
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
MODELO TRIFÁSICO
I - a emoção ou a paixão;
O Código Penal Brasileiro adotou o modelo trifásico de Nélson Hungria
Embriaguez quanto à aplicação da pena privativa de liberdade.
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou 1ª FASE 2ª FASE 3ª FASE
substância de efeitos análogos A pena-base é fixada Aplicam-se as Aplicam-se as
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez considerando-se as circunstâncias causas de aumento e
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao circunstâncias agravantes e diminuição (art. 68)
judiciais. (art. 59) atenuantes.
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de Reclusão e detenção
acordo com esse entendimento Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em
regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em
§ 2º - A pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois
terços), se o agente, por embriaguez, proveniente de caso regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da transferência a regime fechado.
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do § 1º - Considera-se:
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. a) regime fechado a execução da pena em
EMBRIAGUEZ estabelecimento de segurança máxima ou média;
• VOLUNTÁRIA (Dolosa ou Imputável b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia
Culposa) agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
• PREORDENADA Imputável / Agravante c) regime aberto a execução da pena em casa de
• ACIDENTAL Completa: Inimputável albergado ou estabelecimento adequado.
Parcial: Imputável / Diminuição de § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser
pena
executadas em forma progressiva, segundo o mérito do
• PATOLÓGICA Comparável à doença mental,
podendo excluir a imputabilidade. condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas
as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
TÍTULO IV a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá
DO CONCURSO DE PESSOAS começar a cumpri-la em regime fechado;
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o
culpabilidade. princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou
pena pode ser diminuída de 1/6 a 1/3 (um sexto a um terço). inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la
em regime aberto.
A minorante de 1/6 a 1/3 aplica-se somente ao partícipe, que não realiza
diretamente a conduta típica nem possui o domínio final do fato. O § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento
partícipe concorre para o crime induzindo, instigando ou auxiliando o autor. da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de art. 59 deste Código.
crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa § 4o O condenado por crime contra a administração
pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido pública terá a progressão de regime do cumprimento da
previsível o resultado mais grave. (Cooperação dolosamente pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à
distinta) devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos
legais.
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as Regras do regime fechado
condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do Art. 34 - O condenado será submetido, no início do
crime. cumprimento da pena, a exame criminológico de
ELEMENTARES - essentialia delicti: Constituem o tipo penal, os classificação para individualização da execução.
elementos constitutivos do crime. São comunicáveis. § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período
CIRCUNSTÂNCIAS - accidentalia delicti: são acessórios ao crime, diurno e a isolamento durante o repouso noturno.
dispensáveis para a configuração da figura típica. § 2º - O trabalho será em comum dentro do
-- Objetivas: São comunicáveis, quando houver conhecimento do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou
outro agente
-- Subjetivas: São incomunicáveis, exceto quando elementares e de
ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis
conhecimento do outro agente. com a execução da pena
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime
fechado, em serviços ou obras públicas.

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III - limitação de fim de semana.


Regras do regime semi-aberto IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, públicas;
caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em V - interdição temporária de direitos;
regime semi-aberto. VI - limitação de fim de semana.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum
durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas
estabelecimento similar. e substituem as privativas de liberdade, quando:
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a 4
frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de (quatro) anos e o crime não for cometido com violência ou
instrução de segundo grau ou superior. grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
STJ: Súmula 520 - O benefício de saída temporária no âmbito da aplicada, se o crime for culposo
execução penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade II – o réu não for reincidente em crime doloso;
administrativa do estabelecimento prisional. III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
a personalidade do condenado, bem como os motivos e as
Regras do regime aberto circunstâncias indicarem que essa substituição seja
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e suficiente.
senso de responsabilidade do condenado. § 1o (vetado)
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e § 2o Na condenação igual ou inferior a 1 (um) ano, a
sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra substituição pode ser feita por multa ou por uma pena
atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o restritiva de direitos; se superior a 1 (um) ano, a pena
período noturno e nos dias de folga. privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de
se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins direitos.
da execução ou se, podendo, não pagar a multa § 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá
cumulativamente aplicada. aplicar a substituição, desde que, em face de condenação
STJ: Súmula 493 - É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 anterior, a medida seja socialmente recomendável e a
do CP) como condição especial ao regime aberto. reincidência não se tenha operado em virtude da prática do
mesmo crime.
Regime especial § 4o A pena restritiva de direitos converte-se em
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento
estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena
inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber, privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo
o disposto neste Capítulo. cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo
mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
Direitos do preso § 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá
atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for
autoridades o respeito à sua integridade física e moral. possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.

Trabalho do preso Conversão das penas restritivas de direitos


Art. 39 - O trabalho do preso será sempre Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo
remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da anterior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e
Previdência Social. 48.
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em
Legislação especial dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública
Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria ou privada com destinação social, de importância fixada pelo
prevista nos arts. 38 e 39 deste Código, bem como juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360
especificará os deveres e direitos do preso, os critérios para (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será
revogação e transferência dos regimes e estabelecerá as deduzido do montante de eventual condenação em ação de
infrações disciplinares e correspondentes sanções. reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação
Superveniência de doença mental do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença prestação de outra natureza.
mental deve ser recolhido a hospital de custódia e § 3o A perda de bens e valores pertencentes aos
tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em
adequado. favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá
como teto – o que for maior – o montante do prejuízo
Detração causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro,
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e em consequência da prática do crime.
na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no § 4o (vetado)
Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de
internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no Prestação de serviços à comunidade ou a entidades
artigo anterior. públicas
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a
SEÇÃO II entidades públicas é aplicável às condenações superiores a 6
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS (seis) meses de privação da liberdade.
Penas restritivas de direitos § 1o A prestação de serviços à comunidade ou a
Art. 43. As penas restritivas de direitos são entidades públicas consiste na atribuição de tarefas
I - prestação pecuniária; gratuitas ao condenado.
II - perda de bens e valores;

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§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em execução penal e será considerada dívida de valor,
entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda
estabelecimentos congêneres, em programas comunitários Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e
ou estatais. suspensivas da prescrição. (2019)
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas § 1º - (revogado)
conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas § 2º - (revogado)
à razão de 1 (uma) hora de tarefa por dia de condenação,
fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de Suspensão da execução da multa
trabalho. Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se
§ 4o Se a pena substituída for superior a 1 (um) ano, é sobrevém ao condenado doença mental.
facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em
menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena CAPÍTULO II
privativa de liberdade fixada. DA COMINAÇÃO DAS PENAS
Penas privativas de liberdade
Interdição temporária de direitos Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos limites estabelecidos na sanção correspondente a cada tipo
são: legal de crime.
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade
pública, bem como de mandato eletivo; Penas restritivas de direitos
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis,
ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou independentemente de cominação na parte especial, em
autorização do poder público. substituição à pena privativa de liberdade, fixada em
III - suspensão de autorização ou de habilitação para quantidade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes culposos.
dirigir veículo.
IV – proibição de frequentar determinados lugares. Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da
exame públicos. pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto
no § 4o do art. 46.
Limitação de fim de semana
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e
obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime
(cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou
estabelecimento adequado. função, sempre que houver violação dos deveres que lhes
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser são inerentes.
ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas
atividades educativas Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do
art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes culposos de
SEÇÃO III trânsito.
DA PENA DE MULTA
Multa Pena de multa
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao Art. 58 - A multa, prevista em cada tipo legal de crime,
fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada tem os limites fixados no art. 49 e seus parágrafos deste
em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, Código
de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. Parágrafo único - A multa prevista no parágrafo único do
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não art. 44 e no § 2º do art. 60 deste Código aplica-se
podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo independentemente de cominação na parte especial.
mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) STF: Súmula 718 - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato
vezes esse salário. do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
execução, pelos índices de correção monetária. STF: Súmula 719 - A imposição do regime de cumprimento mais severo
do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.
STJ: Súmula 171 - Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas
STJ: Súmula 491 - É inadmissível a chamada progressão per saltum de
privativas de liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por
regime prisional.
multa.
STJ: Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em
Pagamento da multa razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do
delito.
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias STJ: Súmula 269 - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto
depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se
do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode favoráveis as circunstâncias judiciais.
permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais.
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante CAPÍTULO III
desconto no vencimento ou salário do condenado quando: DA APLICAÇÃO DA PENA
a) aplicada isoladamente; Fixação da pena
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos
direitos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
c) concedida a suspensão condicional da pena. aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime,
§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá,
indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime: (Pena-base: 1ª fase)
Conversão da Multa e revogação I - as penas aplicáveis dentre as cominadas
Art. 51. Transitada em julgado a sentença II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites
condenatória, a multa será executada perante o juiz da previstos

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III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de II - não se consideram os crimes militares próprios e
liberdade políticos
IV - a substituição da pena privativa da liberdade
aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. Circunstâncias atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a
Critérios especiais da pena de multa pena:
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do
atender, principalmente, à situação econômica do réu. fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz II - o desconhecimento da lei;
considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é III - ter o agente
ineficaz, embora aplicada no máximo. a) cometido o crime por motivo de relevante valor social
Multa substitutiva ou moral;
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não b) procurado, por sua espontânea vontade e com
superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as
multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o
deste Código dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou
Circunstâncias agravantes em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da
pena, quando não constituem ou qualificam o crime vítima;
I - a reincidência; d) confessado espontaneamente, perante a autoridade,
II - ter o agente cometido o crime: a autoria do crime;
a) por motivo fútil ou torpe; e) cometido o crime sob a influência de multidão em
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a tumulto, se não o provocou.
impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de
ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime,
do ofendido; embora não prevista expressamente em lei.
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo Concurso de circunstâncias agravantes e
comum; atenuantes
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de pena deve aproximar-se do limite indicado pelas
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as
com violência contra a mulher na forma da lei específica; que resultam dos motivos determinantes do crime, da
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a personalidade do agente e da reincidência.
cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo Cálculo da pena
ou mulher grávida; Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da critério do art. 59 deste Código; em seguida serão
autoridade; consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou último, as causas de diminuição e de aumento.
qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do Parágrafo único - No concurso de causas de aumento
ofendido; ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz
l) em estado de embriaguez preordenada. limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição,
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou
Agravantes no caso de concurso de pessoas diminua.
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao
agente que: Concurso material
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma
dirige a atividade dos demais agentes; ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos
II - coage ou induz outrem à execução material do ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de
crime; liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se
sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de primeiro aquela. (Sistema do cúmulo material)
condição ou qualidade pessoal; § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por
ou promessa de recompensa um dos crimes, para os demais será incabível a substituição
de que trata o art. 44 deste Código.
Reincidência § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que
comete novo crime, depois de transitar em julgado a forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado
por crime anterior. Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou
Art. 64 - Para efeito de reincidência: omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais,
data do cumprimento ou extinção da pena e a infração somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de
posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 1/6 (um sexto) até metade (Concurso formal próprio – Sistema da
(cinco) anos, computado o período de prova da suspensão exasperação). As penas aplicam-se, entretanto,
ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes

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concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início
disposto no artigo anterior. (Concurso formal impróprio - Sistema do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação,
do cúmulo material) desprezando-se, para esse fim, o período de pena já
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que cumprido
seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
STJ: A distinção entre o concurso formal próprio e o impróprio relaciona-se Concurso de infrações
com o elemento subjetivo do agente, ou seja, a existência ou não de Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á
desígnios autônomos.
STF: Na aplicação de pena privativa de liberdade, o aumento decorrente primeiramente a pena mais grave.
de concurso formal ou de crime continuado não incide sobre a pena-base, STJ: Súmula 444 - É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações
mas sobre a pena acrescida por circunstância qualificadora ou causa penais em curso para agravar a pena-base.
especial de aumento. STJ: Súmula 171 - Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas
privativas de liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por
multa.
Crime continuado STJ: Súmula 545 - Quando a confissão for utilizada para a formação do
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo
ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma 65, III, d, do Código Penal.
STJ: Súmula 231 - A incidência da circunstância atenuante não pode
espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes STJ: Súmula 241 - A reincidência penal não pode ser considerada como
ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, aumentada, em qualquer caso, de 1/6 a 2/3 (um CAPÍTULO IV
sexto a dois terços). (Sistema da exasperação) DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
Nosso Código Penal adota a teoria da ficção jurídica em relação ao Na suspensão condicional da pena, conhecida como sursis, o juiz
crime continuado, considerando, por determinação legal, que os diversos poderá liberar o condenado do cumprimento da pena privativa de
crimes sejam concebidos como um único delito. Essa ficção jurídica visa liberdade, quando preenchidos os requisitos exigíveis. No sursis, o
amenizar a regra do concurso material condenado não inicia o cumprimento da pena.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas No livramento condicional, por sua vez, o condenado começa a cumprir
diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à a pena e posteriormente poderá obter a liberdade condicional.
pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os Requisitos da suspensão da pena
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não
bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois)
de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se a 4 (quatro) anos, desde que:
diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
único do art. 70 e do art. 75 deste Código II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
STF: Súmula 711 - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado personalidade do agente, bem como os motivos e as
ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da circunstâncias autorizem a concessão do benefício
continuidade ou da permanência. III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista
no art. 44 deste Código.
Multas no concurso de crimes § 1º - A condenação anterior a pena de multa não
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são impede a concessão do benefício
aplicadas distinta e integralmente. (Sistema do cúmulo material) § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não
STJ: O art. 72 do Código Penal restringe-se aos casos dos concursos superior a 4 (quatro) anos, poderá ser suspensa, por 4 a 6
material e formal, não se encontrando no âmbito de abrangência da (quatro a seis) anos, desde que o condenado seja maior de
continuidade delitiva. 70 (setenta) anos de idade, ou razões de saúde justifiquem
a suspensão.
Erro na execução (Aberratio ictus) STF: Súmula 499 - Não obsta a concessão do "sursis" condenação
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos anterior a pena de multa.
meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa
que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado
como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo- ficará sujeito à observação e ao cumprimento das
se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de condições estabelecidas pelo juiz. (Condições legais)
ser também atingida a pessoa que o agente pretendia § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado
ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à
limitação de fim de semana (art. 48).
Resultado diverso do pretendido (Aberratio criminis ou § 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo
delicti)
impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá
acidente ou erro na execução do crime, sobrevém substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes
resultado diverso do pretendido, o agente responde por condições, aplicadas cumulativamente:
culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre a) proibição de frequentar determinados lugares;
também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside,
deste Código. sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,
Limite das penas mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas
privativas de liberdade não pode ser superior a 40 Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições
(quarenta) anos. (2019) a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas ao fato e à situação pessoal do condenado. (Condições
de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, judiciais)
devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo
deste artigo. (2019) Art. 80 - A suspensão não se estende às penas
restritivas de direitos nem à multa.

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Revogação obrigatória Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica


Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do subordinado o livramento.
prazo, o beneficiário:
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime Revogação do livramento
doloso; Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença
multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do irrecorrível:
dano; I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84
Código. deste Código.
Revogação facultativa
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o Revogação facultativa
condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento,
irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações
contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado,
direitos. por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de
Prorrogação do período de prova liberdade.
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro
crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da Efeitos da revogação
suspensão até o julgamento definitivo. Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao novamente concedido, e, salvo quando a revogação resulta
invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não
máximo, se este não foi o fixado. se desconta na pena o tempo em que esteve solto o
Período de prova é “o tempo em que o condenado deverá observar as condenado.
condições estabelecidas. Inicia-se com a audiência admonitória ou de
advertência, realizada após o trânsito em julgado Extinção
Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo, 2017, pag. 277.
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena,
enquanto não passar em julgado a sentença em processo a
Cumprimento das condições que responde o liberado, por crime cometido na vigência do
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido livramento.
revogação, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade. Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é
revogado, considera-se extinta a pena privativa de
CAPÍTULO V liberdade.
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL STJ: Expirado o prazo do livramento condicional sem a sua suspensão ou
Requisitos do livramento condicional prorrogação, a pena é automaticamente extinta, sendo flagrantemente
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ilegal a sua revogação posterior ante a constatação do cometimento de
ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou delito durante o período de prova.
superior a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de 1/3 (um terço) da pena se o CAPÍTULO VI
condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
antecedentes; Efeitos genéricos e específicos
II - cumprida mais da metade se o condenado for Art. 91 - São efeitos da condenação:
reincidente em crime doloso; I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano
III - comprovado: (2019) causado pelo crime;
a) bom comportamento durante a execução da pena; II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 lesado ou de terceiro de boa-fé:
(doze) meses; a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção
e constitua fato ilícito;
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que
trabalho honesto; constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de criminoso.
fazê-lo, o dano causado pela infração; § 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores
V - cumpridos mais de 2/3 (dois terços) da pena, nos equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes
casos de condenação por crime hediondo, prática de não forem encontrados ou quando se localizarem no
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, exterior.
tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for § 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias
reincidente específico em crimes dessa natureza. (2016) previstas na legislação processual poderão abranger bens ou
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, valores equivalentes do investigado ou acusado para
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a posterior decretação de perda.
concessão do livramento ficará também subordinada à
constatação de condições pessoais que façam presumir que Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações
o liberado não voltará a delinquir. às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos
de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto
Soma de penas ou proveito do crime, dos bens correspondentes à
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele
diversas devem somar-se para efeito do livramento. que seja compatível com o seu rendimento lícito. (2019)
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste
Especificações das condições artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os
bens: (2019)

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I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos
tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da necessários.
infração penal ou recebidos posteriormente; e
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a
mediante contraprestação irrisória, a partir do início da requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for
atividade criminal. condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência que não seja de multa.
da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio.
(2019) TÍTULO VI
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
requerida expressamente pelo Ministério Público, por As Medidas de segurança possuem função preventiva e objetivam
ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da afastar o agente do convívio social. Trata-se de uma das espécies do
diferença apurada. (2019) gênero sanção penal.
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar SANÇÃO PENAL
Penas Medidas de Segurança
o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja
perda for decretada. (2019) Espécies de medidas de segurança
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de Art. 96. As medidas de segurança são:
crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser I - Internação em hospital de custódia e tratamento
declarados perdidos em favor da União ou do Estado, psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado;
dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que II - sujeição a tratamento ambulatorial.
não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe
a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados medida de segurança nem subsiste a que tenha sido
para o cometimento de novos crimes. (2019) imposta.

Art. 92 - São também efeitos da condenação Imposição da medida de segurança para inimputável
I - a perda de cargo, função pública ou mandato Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará
eletivo: sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a
tempo igual ou superior a 1 (um) ano, nos crimes praticados tratamento ambulatorial.
com abuso de poder ou violação de dever para com a Prazo
Administração Pública; § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for
tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. averiguada, mediante perícia médica, a cessação de
II – a incapacidade para o exercício do poder periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3
familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos (três) anos.
sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem Perícia médica
igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo
ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado; (2018) mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.
como meio para a prática de crime doloso. Desinternação ou liberação condicional
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre
são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na condicional devendo ser restabelecida a situação anterior se
sentença. o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato
indicativo de persistência de sua periculosidade.
CAPÍTULO VII § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial,
DA REABILITAÇÃO poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa
providência for necessária para fins curativos.
Reabilitação
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas STF: A medida de segurança não pode ultrapassar 30 anos, da mesma
forma que a pena privativa de liberdade.
aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado
o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação.
Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir Substituição da pena por medida de segurança para
os efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, o semi-imputável
vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste
incisos I e II do mesmo artigo. Código e necessitando o condenado de especial tratamento
curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo
2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo
pena ou terminar sua execução, computando-se o período de anterior e respectivos §§ 1º a 4º.
prova da suspensão e o do livramento condicional, se não
sobrevier revogação, desde que o condenado: Direitos do internado
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração dotado de características hospitalares e será submetido a
efetiva e constante de bom comportamento público e tratamento.
privado; Medida de segurança
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou STF: Súmula 525 - A medida de segurança não será aplicada em
demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do segunda instância, quando só o réu tenha recorrido.
pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da STF: Súmula 520 - Não exige a lei que, para requerer o exame a que se
vítima ou novação da dívida. refere o art. 777 do Código de Processo Penal, tenha o sentenciado
cumprido mais de metade do prazo da medida de segurança imposta.
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser
STF: Súmula 422 - A absolvição criminal não prejudica a medida de
requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja segurança, quando couber, ainda que importe privação da liberdade.

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STJ: Súmula 527 - O tempo de duração da medida de segurança não Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao I - pela morte do agente;
delito praticado.
No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de
óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a
TÍTULO VII punibilidade. (art. 62, CPP)
DA AÇÃO PENAL II - pela anistia, graça ou indulto;
Ação pública e de iniciativa privada Anistia: Ato de renúncia do Poder Legislativo quanto ao poder-dever de
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei punir certos fatos em virtude de conveniência política ou necessidade.
expressamente a declara privativa do ofendido. Indulto: Ato que extingue os efeitos principais da condenação de um
grupo de pessoas por intermédio de decreto do Presidente da República.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério
Essa forma de clemência não atinge fatos, mas sim pessoas.
Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação Graça: É conhecida como Indulto individual, pois beneficia uma
do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. determinada pessoa. Compete também ao Presidente da República.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida III - pela retroatividade de lei que não mais considera o
mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade fato como criminoso; (Abolitio criminis)
para representá-lo. IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão
crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece aceito, nos crimes de ação privada;
denúncia no prazo legal. VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido admite;
declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer VII – (revogado)
queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, VIII - (revogado)
ascendente, descendente ou irmão. IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
A ação penal no crime complexo Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância
circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, agravante de outro não se estende a este. Nos crimes
constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede,
desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder quanto aos outros, a agravação da pena resultante da
por iniciativa do Ministério Público. conexão.
Irretratabilidade da representação Prescrição antes de transitar em julgado a sentença
Art. 102 - A representação será irretratável depois de Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado
oferecida a denúncia. a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste
Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de
Decadência do direito de queixa ou de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
representação I - em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é superior
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o a doze;
ofendido decai do direito de queixa ou de representação se II – em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do superior a oito anos e não excede a doze;
dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no III – em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é
caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se superior a quatro anos e não excede a oito;
esgota o prazo para oferecimento da denúncia. IV - em 8 (oito) anos, se o máximo da pena é superior a
dois anos e não excede a quatro;
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa V – em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
quando renunciado expressa ou tacitamente. VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de um ano.
queixa a prática de ato incompatível com a vontade de Prescrição das penas restritivas de direito
exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de
a indenização do dano causado pelo crime. direito os mesmos prazos previstos para as privativas de
liberdade.
Perdão do ofendido
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que Prescrição depois de transitar em julgado sentença
somente se procede mediante queixa, obsta ao final condenatória
prosseguimento da ação. Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado
a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se
ou tácito: aumentam de 1/3 (um terço), se o condenado é
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos reincidente.
aproveita; § 1o A prescrição, depois da sentença condenatória
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o com trânsito em julgado para a acusação ou depois de
direito dos outros; improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato anterior à da denúncia ou queixa.
incompatível com a vontade de prosseguir na ação. § 2o (revogado)
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em
julgado a sentença condenatória. Termo inicial da prescrição antes de transitar em
julgado a sentença final
TÍTULO VIII Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE sentença final, começa a correr:
Extinção da punibilidade I - do dia em que o crime se consumou;

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II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se
atividade criminosa; aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do
permanência; inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr,
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de novamente, do dia da interrupção.
assentamento do registro civil, da data em que o fato se
tornou conhecido. Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e graves.
adolescentes, previstos neste Código ou em legislação
especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção
anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um,
penal. isoladamente.
Prescrição
Termo inicial da prescrição após a sentença STF: Súmula 592 - Nos crimes falimentares, aplicam-se as causas
condenatória irrecorrível interruptivas da prescrição, previstas no Código Penal.
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a STJ: Súmula 191 - A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda
prescrição começa a correr: que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime.
I - do dia em que transita em julgado a sentença STJ: Súmula 438 - É inadmissível a extinção da punibilidade pela
condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética,
condicional da pena ou o livramento condicional; independentemente da existência ou sorte do processo penal.
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo STJ: Súmula 220 - A reincidência não influi no prazo da prescrição da
pretensão punitiva.
quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.
STF: Súmula 497 - Quando se tratar de crime continuado, a prescrição
regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo
Prescrição no caso de evasão do condenado ou de decorrente da continuação.
revogação do livramento condicional STF: Súmula 146 - A prescrição da ação penal regula-se pela pena
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de concretizada na sentença, quando não há recurso da acusação.
revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada
pelo tempo que resta da pena.
Perdão judicial
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não
Prescrição da multa
será considerada para efeitos de reincidência.
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única
cominada ou aplicada; Perdão judicial
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da STJ: Súmula 18 - A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória
da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou
cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
PARTE ESPECIAL
Redução dos prazos de prescrição TÍTULO I
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, CAPÍTULO I
menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, DOS CRIMES CONTRA A VIDA
maior de 70 (setenta) anos Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Causas impeditivas da prescrição Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a Caso de diminuição de pena
prescrição não corre: § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
de que dependa o reconhecimento da existência do crime; violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; (2019) vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3 (um sexto a um
III - na pendência de embargos de declaração ou de terço).(Homicídio Privilegiado)
recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e Não confunda Domínio de violenta emoção (Causa de diminuição da
(2019) pena) com Influência de violenta emoção (Atenuante prevista no art. 65,
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo III, c, do CP).
de não persecução penal. (2019) Homicídio qualificado
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a § 2° Se o homicídio é cometido:
sentença condenatória, a prescrição não corre durante o I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
tempo em que o condenado está preso por outro motivo. outro motivo torpe; (Homicídio mercenário)
II - por motivo fútil;
Causas interruptivas da prescrição III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; resultar perigo comum;
II - pela pronúncia; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do
IV - pela publicação da sentença ou acórdão ofendido;
condenatórios recorríveis; V - para assegurar a execução, a ocultação, a
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; impunidade ou vantagem de outro crime:
VI - pela reincidência. Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste Feminicídio
artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes feminino:

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VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema realizada por meio da rede de computadores, de rede
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no social ou transmitida em tempo real. (2019)
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (2019)
grau, em razão dessa condição: (Homicídio funcional) § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido
VIII - (VETADO): (2019) contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
sexo feminino quando o crime envolve:
outra causa, não pode oferecer resistência, responde o
I - violência doméstica e familiar;
agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
II - menosprezo ou discriminação à condição de (2019)
mulher. § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é
Homicídio culposo cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
§ 3º Se o homicídio é culposo: quem não tem o necessário discernimento para a prática
Pena - detenção, de um a três anos. do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
Aumento de pena resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 termos do art. 121 deste Código. (2019)
(um terço), se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de Infanticídio
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal,
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em o próprio filho, durante o parto ou logo após:
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada Pena - detenção, de dois a seis anos.
de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor
Estado puerperal são sintomas fisiológicos que, iniciados com o parto,
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. acometem a mulher, podendo levá-la, dependendo do grau de perturbação
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá emocional, a matar o próprio filho.
Alex Salim, Marcelo André de Azevedo, Direito Penal
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção
penal se torne desnecessária. (Perdão Judicial) Aborto provocado pela gestante ou com seu
STJ: Súmula 18 - A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória consentimento
da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a que outrem lhe provoque:
metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o Pena - detenção, de um a três anos.
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo Aborto de feto anencéfalo: O STF, ao jugar a ADPF 54, considerou que
de extermínio. a antecipação terapêutica de parto nos casos de feto anencéfalo não
tipifica crime de aborto.
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses Aborto provocado por terceiro
posteriores ao parto; Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior gestante:
de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de Pena - reclusão, de três a dez anos.
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou
de vulnerabilidade física ou mental; (2018) Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
III - na presença física ou virtual de descendente ou gestante:
de ascendente da vítima; (2018) Pena - reclusão, de um a quatro anos.
IV - em descumprimento das medidas protetivas de Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da a gestante não é maior de 14 (quatorze) anos, ou é alienada
Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (2018) ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante
fraude, grave ameaça ou violência
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a
automutilação (2019) Forma qualificada
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos
a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para anteriores são aumentadas de 1/3 (um terço), se, em
que o faça: (2019) consequência do aborto ou dos meios empregados para
Induzir é inspirar a vontade, fazer surgir a ideia; Instigar é reforçar uma
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza
vontade preconcebida; Auxiliar materialmente é ajudar a vítima a praticar grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas,
o ato, a exemplo de entregar uma arma sabendo da finalidade a ser lhe sobrevém a morte.
empregada.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio Aborto necessário (Aborto Terapêutico)
resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (2019) Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Aborto sentimental, humanitário)
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
automutilação resulta morte: (2019) precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. de seu representante legal.
§ 3º A pena é duplicada: (2019)
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe CAPÍTULO II
ou fútil; DAS LESÕES CORPORAIS
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por Lesão corporal (LEVE)
qualquer causa, a capacidade de resistência.

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Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de de Segurança Pública, no exercício da função ou em
outrem: decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
Pena - detenção, de três meses a um ano. parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
Lesão corporal de natureza grave condição, a pena é aumentada de 1/3 a 2/3 (um a dois
§ 1º Se resulta: (GRAVE) terços).
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais
de 30 (trinta) dias; CAPÍTULO III
II - perigo de vida; DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
III - debilidade permanente de membro, sentido ou Perigo de contágio venéreo
função; Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais
IV - aceleração de parto: ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea,
Pena - reclusão, de um a cinco anos. de que sabe ou deve saber que está contaminado:
§ 2° Se resulta: (GRAVÍSSIMA) Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
I - Incapacidade permanente para o trabalho; § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
II - enfermidade incurável; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; § 2º - Somente se procede mediante representação.
IV - deformidade permanente;
V – aborto; Perigo de contágio de moléstia grave
O aborto do inciso V, para incidir como qualificadora, deverá ocorrer a Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem
título de culpa, configurando crime preterdoloso. moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
Pena - reclusão, de dois a oito anos. produzir o contágio:
Lesão corporal seguida de morte Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de Perigo para a vida ou saúde de outrem
produzi-lo: Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. (Crime direto e iminente:
preterdoloso) Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
Diminuição de pena constitui crime mais grave.
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 (um
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de sexto a um terço) se a exposição da vida ou da saúde de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a
vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3 (um sexto a um prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer
terço). natureza, em desacordo com as normas legais.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda Abandono de incapaz
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
mil réis a dois contos de réis: guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo,
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
anterior; (Crime próprio)
II - se as lesões são recíprocas. Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Lesão corporal culposa § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de
§ 6° Se a lesão é culposa: natureza grave:
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Aumento de pena § 2º - Se resulta a morte:
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Aumento de pena
Código. § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do de 1/3 (um terço):
art. 121 I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
Violência Doméstica II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, irmão, tutor ou curador da vítima.
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
Exposição ou abandono de recém-nascido
agente das relações domésticas, de coabitação ou de Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para
hospitalidade: ocultar desonra própria:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Qualificadora referente a lesões corporais leves advindas de violência § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
doméstica. grave:
---------------------------------------------------------------------------------------------------- Pena - detenção, de um a três anos.
STJ: Súmula 542 - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal
resultante de violência doméstica contra a mulher é pública
§ 2º - Se resulta a morte:
incondicionada. Pena - detenção, de dois a seis anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se
as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, Omissão de socorro
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime for cometido contra extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou
pessoa portadora de deficiência. em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou socorro da autoridade pública: (Crime omissivo próprio)
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional

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Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se Resguarda também a honra objetiva, e não se exige que o fato ofensivo
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e seja inverídico para tipificação dessa conduta.
triplicada, se resulta a morte. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar Parágrafo único - A exceção da verdade somente se
emergencial admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou relativa ao exercício de suas funções.
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de
formulários administrativos, como condição para o Injúria
atendimento médico-hospitalar emergencial: Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e o decoro:
multa. Resguarda a honra subjetiva, a percepção que o indivíduo tem de si
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da mesmo e de atributos morais, éticos, intelectuais, físicos. A injuria consiste
negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza em atribuir qualidades negativas sobre a vítima, atingindo sua autoestima.
Não se admite exceção da verdade.
grave, e até o triplo se resulta a morte.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Maus-tratos § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: (Perdão
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa judicial)
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a diretamente a injúria;
de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando- II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra
a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de injúria.
meios de correção ou disciplina: § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza considerem aviltantes: (Injúria real)
grave: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além
Pena - reclusão, de um a quatro anos. da pena correspondente à violência.
§ 2º - Se resulta a morte: § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
§ 3º - Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço), se o crime é condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
(Injúria preconceituosa)
praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
Atenção para não confundir:
CAPÍTULO IV
DA RIXA INJÚRIA PRECONCEITUOSA RACISMO
Rixa A manifestação é dirigida contra Reveste-se de cunho genérico,
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os uma vítima determinada. com vítima indeterminada.
Ex. Chamar alguém de judeu Ex. Negar emprego a judeus ou
contendores: dizer que todos os mulçumanos
safado ou de mulçumano
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. terrorista. são terroristas.
A rixa consiste em briga, com agressões físicas recíprocas, entre três ou Art. 140, § 3º, Código Penal Lei nº 7.716/89
mais pessoas.
Crime afiançável Crime Inafiançável
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal
Crime prescritível Crime imprescritível
de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na
rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. Ação penal pública condicionada à Ação penal pública
representação do ofendido incondicionada

CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA Disposições comuns
Calúnia Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente aumentam-se de 1/3 (um terço), se qualquer dos crimes é
fato definido como crime: cometido:
Resguarda a honra objetiva, a reputação que a pessoa possui perante a I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de
sociedade. Caso a imputação seja de fato definido como contravenção governo estrangeiro;
penal, haverá crime de difamação, e não de calúnia.
II - contra funcionário público, em razão de suas
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. funções;
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a III - na presença de várias pessoas, ou por meio que
imputação, a propala ou divulga. facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou
Exceção da verdade (Exception veritatis) portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
privada, o ofendido não foi condenado por sentença
§ 2º (VETADO). (2019)
irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas
indicadas no nº I do art. 141; (Presidente da República ou chefe Exclusão do crime
de governo estrangeiro) Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa,
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou
Difamação científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo difamar;
à sua reputação:

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III - o conceito desfavorável emitido por funcionário Parágrafo único - Somente se procede mediante
público, em apreciação ou informação que preste no representação.
cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde Sequestro e cárcere privado
pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado: (Crime permanente)
Retratação Pena - reclusão, de um a três anos.
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
de pena. companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha anos;
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de II - se o crime é praticado mediante internação da vítima
comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o em casa de saúde ou hospital;
ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
ofensa. IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito)
anos;
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá- da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde Pena - reclusão, de dois a oito anos.
pela ofensa. (Pedido de explicações)
Redução a condição análoga à de escravo
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a
140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer
Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o
deste Código, e mediante representação do ofendido, no empregador ou preposto:
caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
3o do art. 140 deste Código. pena correspondente à violência.
AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
REGRA: I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por
-- Ação penal privada
parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
EXCEÇÕES: trabalho;
-- Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou
Justiça: contra o Presidente da República ou chefe de governo se apodera de documentos ou objetos pessoais do
estrangeiro trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
-- Ação penal pública condicionada à representação do ofendido: 1.
contra funcionário público no exercício de duas funções. 2. injúria § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é
preconceituosa. cometido:
-- Ação penal pública incondicionada: injúria real, quando da violência I – contra criança ou adolescente;
resulta lesão corporal. II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião
ou origem.
CAPÍTULO VI STF: É da Justiça Federal a competência para processar e julgar o crime
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL de redução a condição análoga à de escravo.
SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL Tráfico de Pessoas (2016)
Constrangimento ilegal Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar,
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer finalidade de:(Crime formal)
o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: (Crime I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
subsidiário) II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. escravo;
Aumento de pena III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em IV - adoção ilegal; ou
dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais V - exploração sexual.
de três pessoas, ou há emprego de armas. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as multa.
correspondentes à violência. § 1o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: metade se:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o I - o crime for cometido por funcionário público no
consentimento do paciente ou de seu representante legal, se exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-
justificada por iminente perigo de vida; las;
II - a coação exercida para impedir suicídio. II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou
pessoa idosa ou com deficiência;
Ameaça III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência
gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica
injusto e grave: inerente ao exercício de emprego, cargo ou função;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. (Crime ou
formal)

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IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado
território nacional. de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou
§ 2o A pena é reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois terços) em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir
se o agente for primário e não integrar organização correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
criminosa. Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Parágrafo único - Somente se procede mediante
SEÇÃO II representação.
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO
DOMICÍLIO SEÇÃO IV
Violação de domicílio DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou SEGREDOS
astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de Divulgação de segredo
quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo
(Crime de mera conduta) de documento particular ou de correspondência
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em divulgação possa produzir dano a outrem:
lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
por duas ou mais pessoas: § 1º Somente se procede mediante representação.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da § 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações
pena correspondente à violência. sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou
§ 2º - Revogado – (2019) não nos sistemas de informações ou banco de dados da
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em Administração Pública:
casa alheia ou em suas dependências: Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
I - durante o dia, com observância das formalidades § 2o Quando resultar prejuízo para a Administração
legais, para efetuar prisão ou outra diligência; Pública, a ação penal será incondicionada.
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum
crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. Violação do segredo profissional
§ 4º - A expressão "casa" compreende: Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de
I - qualquer compartimento habitado; que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou
II - aposento ocupado de habitação coletiva; profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
exerce profissão ou atividade. Parágrafo único - Somente se procede mediante
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa": representação.
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação
coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do Invasão de dispositivo informático
parágrafo anterior; Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio,
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. conectado ou não à rede de computadores, mediante
violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim
SEÇÃO III de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
DOS CRIMES CONTRA A autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:
Violação de correspondência O artigo 154-A foi introduzido através Lei nº 12.737 de 2012, conhecida
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de como “Lei Carolina Dieckmann”.
correspondência fechada, dirigida a outrem: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. multa.
Sonegação ou destruição de correspondência § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
§ 1º - Na mesma pena incorre: distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de
I - quem se apossa indevidamente de correspondência computador com o intuito de permitir a prática da conduta
alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega definida no caput.
ou destrói; § 2o Aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 (um sexto a um
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica terço) se da invasão resulta prejuízo econômico. (Majorante)
ou telefônica § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais
utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei,
dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido:
pessoas; (Qualificadora)
III - quem impede a comunicação ou a conversação Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
referidas no número anterior; multa, se a conduta não constitui crime mais grave.
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho § 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de 1/3 a
radioelétrico, sem observância de disposição legal. 2/3 (um a dois terços) se houver divulgação, comercialização
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou
para outrem. informações obtidos. (Majorantes)
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de § 5o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade
função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou se o crime for praticado contra: (Majorantes)
telefônico: I - Presidente da República, governadores e
Pena - detenção, de um a três anos. prefeitos;
§ 4º - Somente se procede mediante representação, II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;
salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara
Correspondência comercial Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal;
ou

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IV - dirigente máximo da administração direta e Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio,
indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a
coisa comum:
Ação penal Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, § 1º - Somente se procede mediante representação.
somente se procede mediante representação, salvo se o § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum
crime é cometido contra a administração pública direta ou fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o
indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito agente.
Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias
de serviços públicos.
CAPÍTULO II
TÍTULO II DO ROUBO E DA EXTORSÃO
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Roubo
CAPÍTULO I Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
DO FURTO outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou
Furto (Simples) depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia impossibilidade de resistência: (Roubo próprio)
móvel: STJ: Súmula 582 - Consuma-se o crime de roubo com a inversão da
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda
que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e
STJ: Súmula 567 - Sistema de vigilância realizado por monitoramento
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e
eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento
pacífica ou desvigiada.
comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.
§ 1º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço), se o crime Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
é praticado durante o repouso noturno. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave
STJ: A causa especial de aumento de pena do furto cometido durante o
repouso noturno pode se configurar mesmo quando o crime é cometido ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a
em estabelecimento comercial ou residência desabitada, sendo indiferente detenção da coisa para si ou para terceiro. (Roubo impróprio)
o fato de a vítima estar, ou não, efetivamente repousando.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela (2018) - (Roubo circunstanciado)
de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3 (um a dois terços), ou I – (revogado);
aplicar somente a pena de multa. (Furto privilegiado) II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
Princípio da Insignificância ou Bagatela: para a aplicação desse
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
princípio, segundo o STJ, é necessária a observância dos seguintes e o agente conhece tal circunstância.
requisitos: 1. Mínima ofensividade da conduta do agente. 2. Ausência IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a
de periculosidade social. 3. Reduzidíssimo grau de reprovabilidade ser transportado para outro Estado ou para o
do comportamento. 4. Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
exterior;
Furto famélico: é o furto praticado para saciar a fome, quando o
agente se encontra na extrema pobreza. De acordo com o STJ, V - se o agente mantém a vítima em seu poder,
poderá ser causa de exclusão de ilicitude por estado de necessidade. restringindo sua liberdade.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de
qualquer outra que tenha valor econômico. (Crime permanente) acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua
Furto qualificado fabricação, montagem ou emprego. (2018)
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com
se o crime é cometido: emprego de arma branca; (2019)
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (2018)
subtração da coisa; I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, de arma de fogo; (2018)
escalada ou destreza; II – se há destruição ou rompimento de obstáculo
III - com emprego de chave falsa; mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. cause perigo comum. (2018)
STJ: Súmula 442 - É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com
concurso de agentes, a majorante do roubo. emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-
STJ: Súmula 511 - É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (2019)
2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem
presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a § 3º Se da violência resulta: (2018)
qualificadora for de ordem objetiva. I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (2018)
anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30
artefato análogo que cause perigo comum. (2018) (trinta) anos, e multa. (2018) - (Latrocínio)
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a Roubo
subtração for de veículo automotor que venha a ser STF: Súmula 610 - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se
transportado para outro Estado ou para o exterior. consuma, ainda que não se realize o agente a subtração de bens da
vítima.
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos
STJ: Súmula 443 - O aumento na terceira fase de aplicação da pena no
se a subtração for de semovente domesticável de crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo
produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de
da subtração. (2016) - (Crime de abigeato) majorantes.
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos
e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou Extorsão (Simples)
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
sua fabricação, montagem ou emprego. (2018) grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que
Furto de coisa comum se faça ou deixar de fazer alguma coisa:

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Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. CAPÍTULO IV


§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais DO DANO
pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de Dano
1/3 (um terço) até metade. Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
o disposto no § 3º do artigo anterior. Dano qualificado
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da Parágrafo único - Se o crime é cometido:
liberdade (Sequestro relâmpago) da vítima, e essa condição é I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena II - com emprego de substância inflamável ou explosiva,
é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se se o fato não constitui crime mais grave
resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito
previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública,
Extorsão empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
STJ: Súmula 96 - O crime de extorsão consuma-se independentemente concessionária de serviços públicos; (2017)
da obtenção da vantagem indevida.
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável
para a vítima:
Extorsão mediante sequestro Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa,
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si além da pena correspondente à violência.
ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço
do resgate: Introdução ou abandono de animais em propriedade
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. alheia
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o
60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou fato resulte prejuízo:
quadrilha. Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou
grave: histórico
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
anos. tombada pela autoridade competente em virtude de valor
§ 3º - Se resulta a morte: artístico, arqueológico ou histórico:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
anos.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente Alteração de local especialmente protegido
que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade
sequestrado, terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois competente, o aspecto de local especialmente protegido por
terços). (Delação premiada) lei:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Extorsão indireta
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, Ação penal
abusando da situação de alguém, documento que pode dar Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu
causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante
terceiro: queixa.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
CAPÍTULO V
CAPÍTULO III DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
DA USURPAÇÃO Apropriação indébita
Alteração de limites Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou tem a posse ou a detenção:
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: Aumento de pena
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço), quando o
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: agente recebeu a coisa:
Usurpação de águas I - em depósito necessário;
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
águas alheias; inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
Esbulho possessório III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou Apropriação indébita previdenciária
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e
pena a esta cominada. forma legal ou convencional:
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
de violência, somente se procede mediante queixa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra
Supressão ou alteração de marca em animais importância destinada à previdência social que tenha sido
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros
ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade: ou arrecadada do público;
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. II – recolher contribuições devidas à previdência social
que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos
à venda de produtos ou à prestação de serviços;

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III - pagar benefício devido a segurado, quando as em prestações, silenciando sobre qualquer dessas
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à circunstâncias;
empresa pela previdência social. Defraudação de penhor
STF / STJ: Não se exige dolo específico. III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando
espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento tem a posse do objeto empenhado;
das contribuições, importâncias ou valores e presta as Fraude na entrega de coisa
informações devidas à previdência social, na forma definida IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de
em lei ou regulamento, antes do início da ação coisa que deve entregar a alguém;
fiscal. (Extinção da punibilidade) Fraude para recebimento de indenização ou valor de
STF / STJ: A quitação do débito decorrente de apropriação indébita seguro
previdenciária enseja a extinção da punibilidade, desde que realizada V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa
antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver
aplicar somente a de multa se o agente for primário e de indenização ou valor de seguro;
bons antecedentes, desde que: (Perdão judicial) Fraude no pagamento por meio de cheque
STF / STJ: Atualmente, entende-se que deve haver a aplicação do VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em
princípio da insignificância quando o valor do débito seja igual ou poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
inferior ao estabelecido pela previdência como sendo o mínimo para § 3º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço), se o crime é
ajuizamento das ações fiscais. O valor atual é de R$ 20.000,00. cometido em detrimento de entidade de direito público ou de
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes instituto de economia popular, assistência social ou
de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social beneficência.
previdenciária, inclusive acessórios; ou Estelionato contra idoso
II – o valor das contribuições devidas, inclusive § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela cometido contra idoso.
previdência social, administrativamente, como sendo o § 5º Somente se procede mediante representação,
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. salvo se a vítima for: (2019)
§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se I - a Administração Pública, direta ou indireta;
aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo II - criança ou adolescente;
valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele III - pessoa com deficiência mental; ou
estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (2018)

Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito Estelionato


ou força da natureza STF: Súmula 246 - Comprovado não ter havido fraude, não se configura o
crime de emissão de cheque sem fundos.
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao
seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: STF: Súmula 521 - O foro competente para o processo e julgamento dos
crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: pelo sacado.
Apropriação de tesouro STF: Súmula 554 - O pagamento de cheque emitido sem provisão de
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da
todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do ação penal.
prédio; STJ: Súmula 17 - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais
Apropriação de coisa achada potencialidade lesiva, é por este absorvido.
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, STJ: Súmula 24 - Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como
vítima entidade autárquica da previdência social, a qualificadora do § 3º,
total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou do art. 171 do Código Penal.
legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente,
STJ: Súmula 48 - Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem
dentro no prazo de 15 (quinze) dias. ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se falsificação de cheque.
o disposto no art. 155, § 2º. (Apropriação privilegiada) STJ: Súmula 73 - A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado
configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça
CAPÍTULO VI Estadual.
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES STJ: Súmula 244 - Compete ao foro do local da recusa processar e julgar
o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos.
Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém Duplicata simulada
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que
fraudulento: não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qualidade, ou ao serviço prestado.
quinhentos mil réis a dez contos de réis. Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro
art. 155, § 2º. (Estelionato privilegiado) de Duplicatas.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria Abuso de incapazes
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
em garantia coisa alheia como própria; necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito
coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

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mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao


Induzimento à especulação Governo.
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem
outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de
especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou assembleia geral.
devendo saber que a operação é ruinosa:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Emissão irregular de conhecimento de depósito ou
"warrant"
Fraude no comércio Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant,
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, em desacordo com disposição legal:
o adquirente ou consumidor: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
falsificada ou deteriorada; Fraude à execução
II - entregando uma mercadoria por outra: Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, Parágrafo único - Somente se procede mediante
pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; queixa.
vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso,
metal de ou outra qualidade: CAPÍTULO VII
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. DA RECEPTAÇÃO
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. Receptação
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
Outras fraudes ocultar (Receptação própria), em proveito próprio ou alheio,
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em coisa que sabe ser produto de crime, ou influir (Receptação
hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de imprópria) para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou
recursos para efetuar o pagamento: oculte:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. A receptação é um crime acessório ou parasitário – depende da
Parágrafo único - Somente se procede mediante existência de um crime anterior. Caso a infração anterior seja uma
representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, contravenção penal, não se tipificará o crime de receptação.
deixar de aplicar a pena. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Receptação qualificada
Fraudes e abusos na fundação ou administração de § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter
sociedade por ações em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou
fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da coisa que deve saber ser produto de crime:
sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito
não constitui crime contra a economia popular. do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui ou clandestino, inclusive o exercício em residência.
crime contra a economia popular: § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação falsa meio criminoso: (Receptação culposa)
sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo; ambas as penas.
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos ou isento de pena o autor do crime de que proveio a
da sociedade; coisa.
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário,
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar
bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da de aplicar a pena (Perdão judicial). Na receptação dolosa
assembleia geral; aplica-se o disposto no § 2º do art. 155 (Receptação
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por privilegiada).
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a § 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de
lei o permite; Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito fundação pública, empresa pública, sociedade de economia
social, aceita em penhor ou em caução ações da própria mista ou empresa concessionária de serviços públicos,
sociedade; aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em (2017)
desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui
lucros ou dividendos fictícios; Receptação de animal
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir,
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de
de conta ou parecer; produção ou de comercialização, semovente domesticável
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, deve saber ser produto de crime: (2016)
autorizada a funcionar no País, que pratica os atos Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
(2016)

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CAPÍTULO VIII Violação de direito autoral


DISPOSIÇÕES GERAIS STJ: Súmula 574 - Para a configuração do delito de violação de direito
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos autoral e a comprovação de sua materialidade, é suficiente a perícia
crimes previstos neste título, em prejuízo: (Imunidade penal realizada por amostragem do produto apreendido, nos aspectos externos
do material, e é desnecessária a identificação dos titulares dos direitos
absoluta) autorais violados ou daqueles que os representem.
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; STJ: Súmula 502 - Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco típica, em relação ao crime previsto no artigo 184, parágrafo 2º, do Código
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.

Art. 182 - Somente se procede mediante Usurpação de nome ou pseudônimo alheio


representação, se o crime previsto neste título é cometido Art. 185 – (revogado)
em prejuízo: (Imunidade penal relativa)
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; Art. 186. Procede-se mediante:
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; I – queixa (Ação penal privada), nos crimes previstos
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. no caput do art. 184;
II – ação penal pública incondicionada, nos crimes
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos previstos nos §§ 1o e 2o do art. 184;
anteriores: (Exclusão das imunidades) III – ação penal pública incondicionada, nos crimes
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, cometidos em desfavor de entidades de direito público,
quando haja emprego de grave ameaça ou violência à autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou
pessoa; fundação instituída pelo Poder Público;
II - ao estranho que participa do crime. IV – ação penal pública condicionada à
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade representação, nos crimes previstos no § 3o do art. 184.
igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
CAPÍTULO II
TÍTULO III DOS CRIMES CONTRA O PRIVILÉGIO DE INVENÇÃO
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL Violação de privilégio de invenção
CAPÍTULO I Art. 187. (revogado)
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL Falsa atribuição de privilégio
Violação de direito autoral Art. 188. (revogado)
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são Usurpação ou indevida exploração de modelo ou
conexos: desenho privilegiado
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou Art. 189. (revogado)
multa. Falsa declaração de depósito em modelo ou
§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou desenho
parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer Art. 190. (revogado)
meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, Art. 191. (revogado)
execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor,
do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o CAPÍTULO III
caso, ou de quem os represente: DOS CRIMES CONTRA AS
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e MARCAS DE INDÚSTRIA E COMÉRCIO
multa. Violação do direito de marca
§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito Art. 192. (revogado)
de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, Uso indevido de armas, brasões e distintivos
aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, públicos
original ou cópia de obra intelectual ou fonograma Art. 193. (revogado)
reproduzido com violação do direito de autor, do direito de Marca com falsa indicação de procedência
artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de Art. 194. (revogado)
fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra Art. 195. (revogado)
intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos
titulares dos direitos ou de quem os represente. CAPÍTULO IV
STJ: Possui o entendimento no sentido da inaplicabilidade do princípio DOS CRIMES DE CONCORRÊNCIA DESLEAL
da adequação social e da insignificância ao delito descrito no art. 184, §
2º, do Código Penal. Concorrência desleal
Art. 196. (revogado)
§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público,
mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro
TÍTULO IV
sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou
DOS CRIMES CONTRA
produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente
A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
determinados por quem formula a demanda, com intuito de
STF: Compete aos juízes federais processar e julgar os crimes contra a
lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme organização do trabalho.
o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do STJ: Não compete à Justiça Federal processar e julgar causa decorrente
produtor de fonograma, ou de quem os represente: de relação de trabalho relacionada à violação de direito individuais, ainda
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e que pertencentes a um grupo determinado de pessoas.
multa. Atentado contra a liberdade de trabalho
§ 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou
se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os grave ameaça:
que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou
nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo
intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso período ou em determinados dias:
privado do copista, sem intuito de lucro direto ou Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
indireto. pena correspondente à violência;

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II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho,


ou a participar de parede ou paralisação de atividade Exercício de atividade com infração de decisão
econômica: administrativa
O direito de greve (parede) é regulamentado através da Lei 7.783/89. Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além decisão administrativa:
da pena correspondente à violência. Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.

Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho Aliciamento para o fim de emigração


e boicotagem violenta Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude,
Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência ou com o fim de levá-los para território estrangeiro.
grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou
produto industrial ou agrícola: Aliciamento de trabalhadores de um local para outro
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da do território nacional
pena correspondente à violência. Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los
de uma para outra localidade do território nacional:
Atentado contra a liberdade de associação Pena - detenção de um a três anos, e multa.
Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou § 1º Incorre na mesma pena quem recrutar
grave ameaça, a participar ou deixar de participar de trabalhadores fora da localidade de execução do trabalho,
determinado sindicato ou associação profissional: dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança de
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar
pena correspondente à violência. condições do seu retorno ao local de origem.
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 (um sexto a um
Paralisação de trabalho, seguida de violência ou terço) se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos, idosa,
perturbação da ordem gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou
Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono coletivo mental.
de trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra
coisa: TÍTULO V
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO
pena correspondente à violência. RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS
Parágrafo único - Para que se considere coletivo o CAPÍTULO I
abandono de trabalho é indispensável o concurso de, pelo DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO
menos, três empregados. Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a
ele relativo
Paralisação de trabalho de interesse coletivo Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por
Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono coletivo motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar
de trabalho, provocando a interrupção de obra pública ou cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar
serviço de interesse coletivo: publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é
Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou aumentada de 1/3 (um terço), sem prejuízo da
agrícola. Sabotagem correspondente à violência.
Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial,
comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou CAPÍTULO II
embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS
danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária
delas dispor: Art. 209 - Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. funerária:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Frustração de direito assegurado por lei trabalhista Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é
Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à
direito assegurado pela legislação do trabalho: violência.
Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além
da pena correspondente à violência. Violação de sepultura
§ 1º Na mesma pena incorre quem: Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de funerária:
determinado estabelecimento, para impossibilitar o Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
desligamento do serviço em virtude de dívida;
II - impede alguém de se desligar de serviços de Destruição, subtração ou ocultação de cadáver
qualquer natureza, mediante coação ou por meio da retenção Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou
de seus documentos pessoais ou contratuais. parte dele:
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 (um sexto a um Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
terço) se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos, idosa, A subtração de caráter poder tipificar o crime de furto, quando presente
gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou valor patrimonial. Ex. subtração de cadáveres pertencentes a museus ou
que possuem finalidade científica.
mental.

Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho Vilipêndio a cadáver


Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência, Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:
obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
pena correspondente à violência.

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TÍTULO VI Estupro de vulnerável


DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro
CAPÍTULO I ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Presunção
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL absoluta)
STJ: Presunção Absoluta. Não há possibilidade de prova em contrário,
Estupro não podendo o infrator alegar que a vítima já possuía discernimento, ou
que já praticava relações sexuais com outras pessoas.
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência
ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze)
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: anos.
STJ: Como a Lei 12.015/2009 unificou os crimes de estupro e atentado § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações
violento ao pudor em um mesmo tipo penal, deve ser reconhecida a descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou
existência de crime único de estupro, caso as condutas tenham sido deficiência mental, não tem o necessário discernimento
praticadas contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático. para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. pode oferecer resistência.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de § 2o (vetado)
natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de
maior de 14 (catorze) anos: natureza grave
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte)
§ 2o Se da conduta resulta morte: anos.
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) § 4o Se da conduta resulta morte:
anos Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta)
Art. 214. (revogado) anos.
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º
Violação sexual mediante fraude deste artigo aplicam-se independentemente do
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que relações sexuais anteriormente ao crime. (2018)
impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: STJ: Súmula 593 - O crime de estupro de vulnerável se configura com a
(Estelionato sexual) conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato,
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso
com o agente.
obter vantagem econômica, aplica-se também multa.

Importunação sexual (2018) Corrupção de menores


Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos
anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a a satisfazer a lascívia de outrem:
própria lascívia ou a de terceiro: (2018) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato anos.
não constitui crime mais grave. (2018) (Tipo penal subsidiário) Parágrafo único. (vetado)

Art. 216. (revogado) Satisfação de lascívia mediante presença de


criança ou adolescente
Assédio sexual Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia
agente da sua condição de superior hierárquico ou própria ou de outrem:
ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
função.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. Favorecimento da prostituição ou de outra forma
Parágrafo único. (Vetado) de exploração sexual de criança ou adolescente ou de
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima vulnerável.
é menor de 18 (dezoito) anos. Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à
prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém
CAPÍTULO I-A menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou
DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL deficiência mental, não tem o necessário discernimento
Registro não autorizado da intimidade sexual para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, abandone:
por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez)
sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem anos.
autorização dos participantes: (2018) § 1o Se o crime é praticado com o fim de obter
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e vantagem econômica, aplica-se também multa.
multa. § 2o Incorre nas mesmas penas:
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato
realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14
outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez (catorze) anos na situação descrita no caput deste
ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. (2018) artigo;
CAPÍTULO II II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL local em que se verifiquem as práticas referidas
no caput deste artigo.
Sedução § 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito
Art. 217 - (revogado) obrigatório da condenação a cassação da licença de
localização e de funcionamento do estabelecimento.

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Divulgação de cena de estupro ou de cena de Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de
estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de outrem:
pornografia. (2018) Pena - reclusão, de um a três anos.
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, § 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18
transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente,
ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou
comunicação de massa ou sistema de informática ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de
telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual educação, de tratamento ou de guarda:
que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o § 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência,
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou grave ameaça ou fraude:
pornografia: Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato correspondente à violência.
não constitui crime mais grave. (2018) § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-
Aumento de pena se também multa.
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3
(dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém Favorecimento da prostituição ou outra forma de
ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou exploração sexual
com o fim de vingança ou humilhação. (2018) Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou
Exclusão de ilicitude (2018) outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as dificultar que alguém a abandone:
condutas descritas no caput deste artigo em publicação de Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a § 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta,
adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador,
ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou
(dezoito) anos. (2018) outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância:
CAPÍTULO III Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
DO RAPTO § 2º - Se o crime, é cometido com emprego de
Rapto violento ou mediante fraude violência, grave ameaça ou fraude:
Art. 219 – (revogado) Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena
Rapto consensual correspondente à violência.
Art. 220 – (revogado) § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-
Diminuição de pena se também multa.
Art. 221 – (revogado)
Concurso de rapto e outro crime Casa de prostituição
Art. 222 – (revogado) Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro,
CAPÍTULO IV estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja,
DISPOSIÇÕES GERAIS ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou
Art. 223 – (revogado) gerente: (Crime Habitual - Não admite tentativa)
Art. 224 – (revogado) Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

Ação penal Rufianismo


Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia,
deste Título, procede-se mediante ação penal pública participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se
incondicionada. (2018) sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: (Crime
Parágrafo único. (revogado) Habitual - Não admite tentativa)
STJ: O crime de rufianismo não absorve o crime de casa de prostituição,
Aumento de pena havendo concurso material.
Art. 226. A pena é aumentada: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
I – de 1/4 (quarta parte), se o crime é cometido com o § 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de
concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente,
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro,
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por
preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado,
título tiver autoridade sobre ela; (2018) proteção ou vigilância:
III – (revogado) Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é multa.
praticado: (2018) § 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave
Estupro coletivo (2018) ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; livre manifestação da vontade da vítima:
Estupro corretivo (2018) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem
b) para controlar o comportamento social ou sexual prejuízo da pena correspondente à violência.
da vítima.
Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração
CAPÍTULO V sexual
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM Art. 231. - (revogado)
DE Art. 231-A. - (revogado)
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE Art. 232 - (revogado)
EXPLORAÇÃO SEXUAL
Mediação para servir a lascívia de outrem Promoção de migração ilegal

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Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo
obter vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro casamento:
em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos.
(2017) § 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é
(2017) punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por § 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro
qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia,
saída de estrangeiro do território nacional para ingressar considera-se inexistente o crime.
ilegalmente em país estrangeiro. (2017)
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um Induzimento a erro essencial e ocultação de
terço) se: (2017) impedimento
I - o crime é cometido com violência; ou (2017) Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro
II - a vítima é submetida a condição desumana ou essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento
degradante. (2017) que não seja casamento anterior:
§ 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
prejuízo das correspondentes às infrações conexas. (2017) Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do
contraente enganado e não pode ser intentada senão depois
CAPÍTULO VI de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR impedimento, anule o casamento.
Ato obsceno
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou Conhecimento prévio de impedimento
aberto ou exposto ao público: Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Escrito ou objeto obsceno
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob Simulação de autoridade para celebração de
sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de casamento
exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para
qualquer objeto obsceno: celebração de casamento:
Em razão da evolução da sociedade, a doutrina tem admitido a aplicação Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não
do princípio da adequação social ao caput desse artigo.
constitui crime mais grave.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: Simulação de casamento
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra
qualquer dos objetos referidos neste artigo; pessoa:
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não
representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter constitui elemento de crime mais grave.
obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo
caráter; Adultério
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou Art. 240 - (revogado)
pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
Considera-se não recepcionado pela Constituição Federal de 1988, CAPÍTULO II
segundo doutrinadores, o parágrafo único do art. 234, por afronta à
liberdade de expressão.
DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO
Registro de nascimento inexistente
Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de
CAPÍTULO VII nascimento inexistente:
DISPOSIÇÕES GERAIS Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Aumento de pena
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é Parto suposto. Supressão ou alteração de direito
aumentada: inerente ao estado civil de recém-nascido
I – (vetado) Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como
II - (vetado) seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo,
III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:
gravidez; (2018) Pena - reclusão, de dois a seis anos.
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de
transmite à vítima doença sexualmente transmissível de reconhecida nobreza:
que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz
idosa ou pessoa com deficiência. (2018) deixar de aplicar a pena. (Perdão judicial)
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes Sonegação de estado de filiação
definidos neste Título correrão em segredo de Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra
justiça. instituição de assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe
Art. 234-C. - (vetado) a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar
direito inerente ao estado civil:
TÍTULO VII Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAPÍTULO I CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR
Bigamia Abandono material

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Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a § 2º - No caso de restituição do menor ou do interdito, se
subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode deixar
anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou de aplicar pena.
maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os
recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão TÍTULO VIII
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou CAPÍTULO I
ascendente, gravemente enfermo: DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, Incêndio
de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País. Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, integridade física ou o patrimônio de outrem:
sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive STJ: O crime de incêndio é de perigo concreto, bastando, para sua
por abandono injustificado de emprego ou função, o configuração, que o fogo tenha a potencialidade de colocar em risco os
pagamento de pensão alimentícia judicialmente bens jurídicos tutelados: a incolumidade pública, a vida, a integridade
física e o patrimônio de terceiros.
acordada, fixada ou majorada.
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Entrega de filho menor a pessoa inidônea Aumento de pena
Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a § 1º - As penas aumentam-se de 1/3 (um terço):
pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem
fica moral ou materialmente em perigo: pecuniária em proveito próprio ou alheio;
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. II - se o incêndio é:
§ 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, a) em casa habitada ou destinada a habitação;
se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é b) em edifício público ou destinado a uso público ou a
enviado para o exterior. obra de assistência social ou de cultura;
§ 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de
quem, embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a transporte coletivo;
efetivação de ato destinado ao envio de menor para o d) em estação ferroviária ou aeródromo;
exterior, com o fito de obter lucro. e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
Abandono intelectual g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
instrução primária de filho em idade escolar: Incêndio culposo
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de
seis meses a dois anos.
Art. 247 - Permitir alguém que menor de 18 (dezoito)
anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou Explosão
vigilância: Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou
I - frequente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou
com pessoa viciosa ou de má vida; simples colocação de engenho de dinamite ou de substância
II - frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de de efeitos análogos:
ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de igual Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
natureza; § 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição; explosivo de efeitos análogos:
IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
comiseração pública: Aumento de pena
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 2º - As penas aumentam-se de 1/3 (um terço), se
ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo
CAPÍTULO IV anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas
DOS CRIMES CONTRA O enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
PÁTRIO PODER, TUTELA CURATELA Modalidade culposa
Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou
de incapazes substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de
Art. 248 - Induzir menor de 18 (dezoito) anos, ou seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção,
interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinação de três meses a um ano.
de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de
ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor Uso de gás tóxico ou asfixiante
ou do curador algum menor de dezoito anos ou interdito, ou Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o
deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante:
legitimamente o reclame: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Modalidade Culposa
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Subtração de incapazes Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 249 - Subtrair menor de 18 (dezoito) anos ou
interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou
de lei ou de ordem judicial: transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante
Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o fato Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou
não constitui elemento de outro crime. transportar, sem licença da autoridade, substância ou
§ 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material
curador do interdito não o exime de pena, se destituído ou destinado à sua fabricação:
temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
guarda.

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Inundação § 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por


Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a estrada de ferro qualquer via de comunicação em que
integridade física ou o patrimônio de outrem: circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por meio
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de de cabo aéreo.
dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso de
culpa. Atentado contra a segurança de transporte marítimo,
fluvial ou aéreo
Perigo de inundação Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave,
Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir
próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea:
física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou obra Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
destinada a impedir inundação: Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. § 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou
encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de
Desabamento ou desmoronamento aeronave:
Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento, Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio Prática do crime com o fim de lucro
de outrem: § 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. pratica o crime com intuito de obter vantagem econômica,
Modalidade culposa para si ou para outrem.
Parágrafo único - Se o crime é culposo: Modalidade culposa
Pena - detenção, de seis meses a um ano. § 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Subtração, ocultação ou inutilização de material de
salvamento Atentado contra a segurança de outro meio de
Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de transporte
incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte
calamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado a público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento:
serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento; ou Pena - detenção, de um a dois anos.
impedir ou dificultar serviço de tal natureza: § 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão,
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. de dois a cinco anos.
§ 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre:
Formas qualificadas de crime de perigo comum Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta
lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de Forma qualificada
liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts.
aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, resulta lesão
lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta corporal ou morte, aplica-se o disposto no art. 258.
morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo,
aumentada de 1/3 (um terço). Arremesso de projétil
Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em
Difusão de doença ou praga movimento, destinado ao transporte público por terra, por
Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar água ou pelo ar:
dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica: Pena - detenção, de um a seis meses.
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a
Modalidade culposa pena é de detenção, de seis meses a dois anos; se resulta
Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de 1/3 (um
detenção, de um a seis meses, ou multa. terço).

CAPÍTULO II Atentado contra a segurança de serviço de utilidade


DOS CRIMES CONTRA A pública
SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o
E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS funcionamento de serviço de água, luz, força ou calor, ou
Perigo de desastre ferroviário qualquer outro de utilidade pública:
Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
ferro: Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 (um
I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou terço) até a metade, se o dano ocorrer em virtude de
parcialmente, linha férrea, material rodante ou de tração, subtração de material essencial ao funcionamento dos
obra-de-arte ou instalação; serviços.
II - colocando obstáculo na linha;
III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico,
veículos ou interrompendo ou embaraçando o funcionamento telefônico, informático, telemático ou de informação de
de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia; utilidade pública
IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre: Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfico,
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou dificultar-lhe o
Desastre ferroviário restabelecimento:
§ 1º - Se do fato resulta desastre: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa. § 1o Incorre na mesma pena quem interrompe serviço
§ 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre: telemático ou de informação de utilidade pública, ou impede
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. ou dificulta-lhe o restabelecimento.

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§ 2o Aplicam-se as penas em dobro se o crime é Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar
cometido por ocasião de calamidade pública. produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais:
(Crime hediondo)
CAPÍTULO III Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA multa.
Epidemia § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende,
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer
de germes patogênicos: forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado,
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. corrompido, adulterado ou alterado.
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere
dobro. (Crime hediondo) este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em
dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos. diagnóstico.
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica
Infração de medida sanitária preventiva as ações previstas no § 1º em relação a produtos em
Art. 268 - Infringir determinação do poder público, qualquer das seguintes condições:
destinada a impedir introdução ou propagação de doença I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância
contagiosa: sanitária competente;
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa. II - em desacordo com a fórmula constante do registro
Parágrafo único - A pena é aumentada de 1/3 (um previsto no inciso anterior;
terço), se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce III - sem as características de identidade e qualidade
a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro. admitidas para a sua comercialização;
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua
Omissão de notificação de doença atividade;
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade V - de procedência ignorada;
pública doença cuja notificação é compulsória: VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. autoridade sanitária competente.
Modalidade culposa
Envenenamento de água potável ou de substância § 2º - Se o crime é culposo:
alimentícia ou medicinal Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou
particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a Emprego de processo proibido ou de substância não
consumo: permitida
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destinado a
§ 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria
consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a corante, substância aromática, anti-séptica, conservadora ou
água ou a substância envenenada. qualquer outra não expressamente permitida pela legislação
Modalidade culposa sanitária:
§ 2º - Se o crime é culposo: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Invólucro ou recipiente com falsa indicação
Corrupção ou poluição de água potável Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de
Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a
comum ou particular, tornando-a imprópria para consumo ou existência de substância que não se encontra em seu
nociva à saúde: conteúdo ou que nele existe em quantidade menor que a
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. mencionada:
Modalidade culposa Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Produto ou substância nas condições dos dois
artigos anteriores
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito para
substância ou produtos alimentícios vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo produto
Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar nas condições dos arts. 274 e 275.
substância ou produto alimentício destinado a consumo, Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa
tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Substância destinada à falsificação
§ 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou
vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ceder substância destinada à falsificação de produtos
ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a alimentícios, terapêuticos ou medicinais
substância alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
adulterado.
§ 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as Outras substâncias nocivas à saúde pública
ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com ou Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em
sem teor alcoólico. depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a
Modalidade culposa consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda que
§ 2º - Se o crime é culposo: não destinada à alimentação ou a fim medicinal:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Modalidade culposa
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de Parágrafo único - Se o crime é culposo:
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais Pena - detenção, de dois meses a um ano.

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Substância avariada Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se


Art. 279 – (revogado) a associação é armada ou se houver a participação de
criança ou adolescente.
Medicamento em desacordo com receita médica
Art. 280 - Fornecer substância medicinal em desacordo Constituição de milícia privada
com receita médica: Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa. custear organização paramilitar, milícia particular, grupo
Modalidade culposa ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos
Parágrafo único - Se o crime é culposo: crimes previstos neste Código:
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.

COMÉRCIO, POSSE OU USO DE ENTORPECENTE TÍTULO X


OU SUBSTÂNCIA QUE DETERMINE DEPENDÊNCIA DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
FÍSICA OU PSÍQUICA. (revogado) CAPÍTULO I
Art. 281. (revogado) DA MOEDA FALSA
Moeda Falsa (Crime de perigo abstrato)
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a,
farmacêutica moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou
Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a no estrangeiro:
profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem - Para a jurisprudência, é inaplicável o princípio da insignificância.
autorização legal ou excedendo-lhe os limites: (Crime habitual) - A competência é da Justiça Federal
----------------------------------------------------------------------------------------------------
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
STJ: Súmula 73 – A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça
lucro, aplica-se também multa. Estadual.
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
Charlatanismo § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta
Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende,
ou infalível: troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. moeda falsa.
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como
Curandeirismo verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação,
Art. 284 - Exercer o curandeirismo: (Crime habitual) depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de
I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, seis meses a dois anos, e multa.
habitualmente, qualquer substância; § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e
II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de
III - fazendo diagnósticos: banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. ou emissão:
Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado
remuneração, o agente fica também sujeito à multa. em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à
Forma qualificada autorizada.
Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz
previstos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267. circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.

TÍTULO IX Crimes assimilados ao de moeda falsa


DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo
Incitação ao crime de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos,
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua
inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em
Apologia de crime ou criminoso tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização:
Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
criminoso ou de autor de crime: Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a
STF: Por entender que o exercício dos direitos fundamentais de reunião e doze anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que
de livre manifestação do pensamento devem ser garantidos a todas as trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido,
pessoas, o Plenário julgou procedente pedido formulado em ADPF para ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo
dar, ao art. 287 do CP, com efeito vinculante, interpretação conforme a
Constituição, de forma a excluir qualquer exegese que possa ensejar a
criminalização da defesa da legalização das drogas, ou de qualquer Petrechos para falsificação de moeda
substância entorpecente específica, inclusive através de manifestações e Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou
eventos públicos. gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho,
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à
falsificação de moeda:
Associação Criminosa Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas,
para o fim específico de cometer crimes: Emissão de título ao portador sem permissão legal
STJ: Para a caracterização do crime previsto no art. 288 do Código Penal, Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete,
é necessário, entre outros, o elemento subjetivo do tipo, consistente no ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento
ânimo de associação de caráter estável e permanente. Do contrário, seria em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da
um mero concurso de agentes para a prática de crimes.
pessoa a quem deva ser pago:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

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Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da
pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa. União, de Estado ou de Município;
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito
CAPÍTULO II público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
PÚBLICOS § 1º - Incorre nas mesmas penas:
Falsificação de papéis públicos I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas,
tributo; logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou
II - papel de crédito público que não seja moeda de identificadores de órgãos ou entidades da Administração
curso legal; Pública.
III - vale postal; § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de 1/6
econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade (sexta parte).
de direito público;
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro Falsificação de documento público
documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
depósito ou caução por que o poder público seja público, ou alterar documento público verdadeiro:
responsável; Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o
transporte administrada pela União, por Estado ou por crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de 1/6
Município: (sexta parte).
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento
§ 1o Incorre na mesma pena quem: público o emanado de entidade paraestatal, o título ao
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis portador ou transmissível por endosso, as ações de
falsificados a que se refere este artigo; sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, particular.
empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz
falsificado destinado a controle tributário; inserir:
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, I – na folha de pagamento ou em documento de
mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, informações que seja destinado a fazer prova perante a
porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou previdência social, pessoa que não possua a qualidade de
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, segurado obrigatório
produto ou mercadoria: II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a empregado ou em documento que deva produzir efeito
controle tributário, falsificado; perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação que deveria ter sido escrita;
tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. III – em documento contábil ou em qualquer outro
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando documento relacionado com as obrigações da empresa
legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da
carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: que deveria ter constado.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus
alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de
anterior. trabalho ou de prestação de serviços
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora
recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou Falsificação de documento particular
alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de particular ou alterar documento particular verdadeiro:
detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do Falsificação de cartão
inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou
logradouros públicos e em residências. débito.

Petrechos de falsificação Falsidade ideológica


Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular,
objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer
dos papéis referidos no artigo anterior: inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante:
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa,
1/6 (sexta parte). se o documento é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e
CAPÍTULO III comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a
DA FALSIDADE DOCUMENTAL falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil,
Falsificação do selo ou sinal público aumenta-se a pena de 1/6 (sexta parte)

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Falsificação do sinal empregado no contraste de


Falso reconhecimento de firma ou letra (Crime próprio) metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício outros fins
de função pública, firma ou letra que o não seja: Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o ou sinal empregado pelo poder público no contraste de metal
documento é público; e de um a três anos, e multa, se o precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou
documento é particular. sinal dessa natureza, falsificado por outrem:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Certidão ou atestado ideologicamente falso Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de usa a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária,
função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou
obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter comprovar o cumprimento de formalidade legal:
público, ou qualquer outra vantagem: Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e
Pena - detenção, de dois meses a um ano. multa.
Falsidade material de atestado ou certidão
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou Falsa identidade
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa
verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou
alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço alheio, ou para causar dano a outrem:
de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se
Pena - detenção, de três meses a dois anos. o fato não constitui elemento de crime mais grave.
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica- STJ: Súmula 522 - A conduta de atribuir-se falsa identidade perante
se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.

Falsidade de atestado médico (Crime próprio) Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de
atestado falso: identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize,
Pena - detenção, de um mês a um ano. documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa,
lucro, aplica-se também multa. se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

Reprodução ou adulteração de selo ou peça Fraude de lei sobre estrangeiro


filatélica Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica no território nacional, nome que não é o seu:
que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade
selo ou peça: para promover-lhe a entrada em território nacional:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para
fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou
Revogado tacitamente pela Lei 6.538/78, art. 39, que passou a prever possuidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro,
a conduta de forma mais branda. nos casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a
posse de tais bens:
Uso de documento falso Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis
falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a Adulteração de sinal identificador de veículo
302: automotor
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou
STJ: O crime descrito no art. 304 do CP consuma-se com a apresentação qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu
do documento falso, sendo irrelevante se a exibição ocorreu mediante componente ou equipamento
exigência do policial ou por iniciativa do próprio agente.
STJ: Súmula 104 - Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da
estabelecimento particular de ensino. função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de
STJ: Súmula 200 - O Juízo Federal competente para processar e julgar 1/3 (um terço).
acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se § 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público
consumou.
STJ: Súmula 546 - A competência para processar e julgar o crime de uso que contribui para o licenciamento ou registro do veículo
de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material
apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão ou informação oficial.
expedidor.
CAPÍTULO V
Supressão de documento DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício Fraudes em certames de interesse público
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com
público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:
documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e I - concurso público;
multa, se o documento é particular. II - avaliação ou exame públicos;
III - processo seletivo para ingresso no ensino
CAPÍTULO IV superior; ou
DE OUTRAS FALSIDADES IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:

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Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço
multa. até a metade se da modificação ou alteração resulta dano
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou para a Administração Pública ou para o administrado
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
autorizadas às informações mencionadas no caput. Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à documento
administração pública: Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou
multa. inutilizá-lo, total ou parcialmente:
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
é cometido por funcionário público. constitui crime mais grave.

TÍTULO XI Emprego irregular de verbas ou rendas públicas


DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
CAPÍTULO I diversa da estabelecida em lei:
DOS CRIMES PRATICADOS Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Concussão
Crimes funcionais próprios: ausente a condição de funcionário público, Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou
o fato será atípico (atipicidade absoluta). Ex. art. 319 do CP – indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-
Prevaricação. la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Crimes funcionais impróprios: ausente a condição de funcionário
público, o fato se enquadrará em outro tipo penal, deixando apenas de ser Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
considerado um crime funcional (atipicidade relativa). Ex. art. 312 do CP - (2019)
Peculato-furto. Caso esse delito não seja praticado por funcionário público, Excesso de exação
deverá ser tipificado como Furto, art. 155 do CP.
---------------------------------------------------------------------------------------------------- § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
STJ: Súmula 599 - O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
contra a administração pública. devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso,
Peculato que a lei não autoriza:
Art. 312 - Apropriar-se (Peculato-apropriação) o Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos
cargo, ou desviá-lo (Peculato-desvio), em proveito próprio ou cofres públicos:
alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, Corrupção passiva
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
subtrai, ou concorre (Peculato-furto) para que seja subtraído, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
lhe proporciona a qualidade de funcionário. promessa de tal vantagem:
Peculato culposo Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o § 1º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em
crime de outrem: consequência da vantagem ou promessa, o funcionário
Pena - detenção, de três meses a um ano. retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do pratica infringindo dever funcional.
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
imposta. cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Peculato mediante erro de outrem Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
(Peculato-estelionato) Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Prevaricação
Inserção de dados falsos em sistema de Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar,
informações indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente pessoal:
dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
dados da Administração Pública com o fim de obter
vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
dano: (Peculato-eletrônico) agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita
a comunicação com outros presos ou com o ambiente
Modificação ou alteração não autorizada de sistema externo: (Prevaricação imprópria)
de informações Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema
de informações ou programa de informática sem autorização Condescendência criminosa
ou solicitação de autoridade competente: Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e responsabilizar subordinado que cometeu infração no
multa.

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exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: instituída pelo poder público.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. STJ: Súmula 147 - Compete à Justiça Federal processar e julgar os
crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados
Advocacia administrativa com o exercício da função.
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
privado perante a administração pública, valendo-se da CAPÍTULO II
qualidade de funcionário: DOS CRIMES PRATICADOS POR
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Usurpação de função pública
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
multa. Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Violência arbitrária Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a
pretexto de exercê-la: Resistência
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante
pena correspondente à violência. violência ou ameaça a funcionário competente para executá-
lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Abandono de função A resistência passiva, sem violência ou ameaça, não configura crime.
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
permitidos em lei: § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. executa:
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Pena - reclusão, de um a três anos.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa das correspondentes à violência.
de fronteira:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Desobediência
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou público:
prolongado Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes
de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, Desacato
sem autorização, depois de saber oficialmente que foi Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da
exonerado, removido, substituído ou suspenso: função ou em razão dela:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
STJ: É possível a prática do crime de desacato por funcionário público
Violação de sigilo funcional contra pessoa no exercício de função pública, pois se trata de crime
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do comum em que a vítima imediata é o Estado e a mediata aquela que está
cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a sendo ofendida.
revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, Tráfico de Influência
se o fato não constitui crime mais grave. Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no
e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de exercício da função
pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
banco de dados da Administração Pública; Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à ao funcionário.
Administração Pública ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a
Violação do sigilo de proposta de concorrência funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência retardar ato de ofício:
pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de 1/3 (um
terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário
Funcionário público retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os funcional.
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Descaminho
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou consumo de mercadoria.
conveniada para a execução de atividade típica da STJ / STF: O valor máximo para incidência do princípio da
Administração Pública. insignificância no caso de crimes tributários federais e de descaminho é
§ 2º - A pena será aumentada da 1/3 (terça parte) de R$ 20 mil.
quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção § 1o Incorre na mesma pena quem:
ou assessoramento de órgão da administração direta,

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I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos


permitidos em lei; Inutilização de edital ou de sinal
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
descaminho; conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de cerrar qualquer objeto:
procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto
de introdução clandestina no território nacional ou de Subtração ou inutilização de livro ou documento
importação fraudulenta por parte de outrem; Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente,
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço
mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de público:
documentação legal ou acompanhada de documentos que Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
sabe serem falsos. constitui crime mais grave.
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular Sonegação de contribuição previdenciária
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
exercido em residências. previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de condutas:
descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de
fluvial. documento de informações previsto pela legislação
previdenciária segurados empregado, empresário,
Contrabando trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria equiparado que lhe prestem serviços;
proibida: II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos
O crime de contrabando não admite a incidência do princípio da segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador
insignificância. de serviços;
§ 1o Incorre na mesma pena quem: III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos
contrabando; geradores de contribuições sociais previdenciárias:
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
que dependa de registro, análise ou autorização de órgão STJ: Aplica-se o princípio da insignificância nas hipóteses de
público competente; apropriação indébita previdenciária e sonegação de contribuição
III - reinsere no território nacional mercadoria previdenciária quando o valor do débito não ultrapassa R$ 20 mil.
STJ: Os crimes de apropriação indébita previdenciária e sonegação de
brasileira destinada à exportação; contribuição previdenciária são delitos materiais, exigindo, portanto, a
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, constituição definitiva do débito tributário perante o âmbito administrativo
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no para configurar-se como conduta típica.
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria STF: Súmula Vinculante 24 - Não se tipifica crime material contra a
ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei 8.137/1990, antes
proibida pela lei brasileira; do lançamento definitivo do tributo.
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, § 1o É extinta a punibilidade se o agente,
mercadoria proibida pela lei brasileira. espontaneamente, declara e confessa as contribuições,
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os importâncias ou valores e presta as informações devidas à
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido antes do início da ação fiscal.
em residências. § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de aplicar somente a de multa se o agente for primário e de
contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou bons antecedentes, desde que:
fluvial. I – (vetado)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive
STJ: Súmula 151 - A competência para o processo e julgamento por
crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do juízo acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
federal do lugar da apreensão dos bens. previdência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais
Impedimento, perturbação ou fraude de § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua
concorrência folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de
pública ou venda em hasta pública, promovida pela 1/3 (um terço) até a metade ou aplicar apenas a de multa.
administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será
paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do
licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou reajuste dos benefícios da previdência social.
oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, CAPÍTULO II-A
além da pena correspondente à violência. DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem Corrupção ativa em transação comercial
oferecida. internacional
Entende-se que o art. 335 do CP foi revogado pela Lei 8.666/93 – Lei Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou
de Licitações. indiretamente, vantagem indevida a funcionário público
estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a

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praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à § 1o As penas aumentam-se de 1/6 a 1/3 (um sexto a
transação comercial internacional: um terço), se o crime é praticado mediante suborno ou se
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um em processo penal, ou em processo civil em que for parte
terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário entidade da administração pública direta ou indireta
público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença
pratica infringindo dever funcional. no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou
declara a verdade
Tráfico de influência em transação comercial
internacional Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador,
para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou
de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução
funcionário público estrangeiro no exercício de suas funções, ou interpretação:
relacionado a transação comercial internacional: Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova
agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada destinada a produzir efeito em processo penal ou em
a funcionário estrangeiro. processo civil em que for parte entidade da administração
pública direta ou indireta.
Funcionário público estrangeiro
Art. 337-D. Considera-se funcionário público Coação no curso do processo
estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra
emprego ou função pública em entidades estatais ou em autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou
representações diplomáticas de país estrangeiro. é chamada a intervir em processo judicial, policial ou
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público administrativo, ou em juízo arbitral:
estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além
empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo da pena correspondente à violência.
Poder Público de país estrangeiro ou em organizações
públicas internacionais. Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para
CAPÍTULO III satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA permite:
Reingresso de estrangeiro expulso Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
Art. 338 - Reingressar no território nacional o além da pena correspondente à violência.
estrangeiro que dele foi expulso: Parágrafo único - Se não há emprego de violência,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo somente se procede mediante queixa.
de nova expulsão após o cumprimento da pena. Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa
própria, que se acha em poder de terceiro por determinação
Denunciação caluniosa judicial ou convenção:
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
policial, de processo judicial, instauração de investigação
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade Fraude processual
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de
sabe inocente: processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
§ 1º - A pena é aumentada de 1/6 (sexta parte), se o Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
agente se serve de anonimato ou de nome suposto. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas
é de prática de contravenção. aplicam-se em dobro.

Comunicação falsa de crime ou de contravenção Favorecimento pessoal


Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade
comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e
Auto-acusação falsa multa.
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente,
inexistente ou praticado por outrem: descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. pena.

Falso testemunho ou falsa perícia Favorecimento real


Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o
intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito proveito do crime:
policial, ou em juízo arbitral: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
multa. Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar
ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação

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móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em utilidade também se destina a qualquer das pessoas
estabelecimento prisional. referidas neste artigo.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Violência ou fraude em arrematação judicial
Exercício arbitrário ou abuso de poder Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
Art. 350 – Revogado (2019) judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante,
por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de de vantagem:
segurança Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa além da pena correspondente à violência.
legalmente presa ou submetida a medida de segurança
detentiva: Desobediência a decisão judicial sobre perda ou
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. suspensão de direito
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade
mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão
de reclusão, de dois a seis anos. judicial:
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
aplica-se também a pena correspondente à violência.
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o CAPÍTULO IV
crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
está o preso ou o internado. Contratação de operação de crédito
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três crédito, interno ou externo, sem prévia autorização
meses a um ano, ou multa. legislativa:
STJ: Súmula 75 - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena,
estabelecimento penal. autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo:
I – com inobservância de limite, condição ou montante
Evasão mediante violência contra a pessoa estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal;
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o II – quando o montante da dívida consolidada
indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, ultrapassa o limite máximo autorizado por lei.
usando de violência contra a pessoa:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da Inscrição de despesas não empenhadas em restos
pena correspondente à violência. a pagar
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos
Arrebatamento de preso a pagar, de despesa que não tenha sido previamente
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei:
poder de quem o tenha sob custódia ou guarda: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
correspondente à violência. Assunção de obrigação no último ano do mandato
ou legislatura
Motim de presos Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do
ou disciplina da prisão: mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga
pena correspondente à violência. no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente
de disponibilidade de caixa:
Patrocínio infiel Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou
procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, Ordenação de despesa não autorizada
cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o Prestação de garantia graciosa
advogado ou procurador judicial que defende na mesma Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito
causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. sem que tenha sido constituída contragarantia em valor igual
ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei:
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de
restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que Não cancelamento de restos a pagar
recebeu na qualidade de advogado ou procurador: Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. promover o cancelamento do montante de restos a pagar
inscrito em valor superior ao permitido em lei:
Exploração de prestígio Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão Aumento de despesa total com pessoal no último
do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, ano do mandato ou legislatura
tradutor, intérprete ou testemunha: Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos cento e
Parágrafo único - As penas aumentam-se de 1/3 (um oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura:
terço), se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

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• Princípio do contraditório: Ambos possuem o direito de manifestação


Oferta pública ou colocação de títulos no mercado quanto aos fatos e provas trazidos pela parte contrária.
• Princípio do “in dubio pro reo”: Havendo dúvida quando à inocência
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta do réu, este não deverá ser considerado culpado.
pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos da • Princípio do duplo grau de jurisdição: Como regra, garante-se à parte
dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou sem a possibilidade de reexame da causa por instância superior.
que estejam registrados em sistema centralizado de • Princípio do juiz natural: O julgador deve atuar nos feitos que foram
liquidação e de custódia: previamente estabelecidos pelo ordenamento jurídico. Veda-se o
Tribunal de Exceção.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
• Princípio da publicidade: Como regra, os atos processuais devem ser
públicos, permitindo-se o amplo acesso à população, contudo, essa
DISPOSIÇÕES FINAIS publicidade poderá sofrer restrição quando a defesa da intimidade ou o
Art. 360 - Ressalvada a legislação especial sobre os interesse social exigirem.
crimes contra a existência, a segurança e a integridade do • Princípio da vedação às provas ilícitas: São inadmissíveis no
processo, segundo nosso ordenamento jurídico, as provas obtidas por
Estado e contra a guarda e o emprego da economia popular, meios ilícitos e as ilícitas por derivação.
os crimes de imprensa e os de falência, os de • Princípio da duração razoável do processo: O Estado deverá prestar
responsabilidade do Presidente da República e dos sua incumbência jurisdicional no menor prazo possível, respeitando,
Governadores ou Interventores, e os crimes militares, porém, os demais princípios, como a busca pela verdade real.
revogam-se as disposições em contrário. • Princípio da busca pela verdade real ou material: Diferentemente do
que ocorre no processo civil - no qual se busca a verdade formal, a
verdade dos autos – no processo penal, busca-se a verdade material
Art. 361 - Este Código entrará em vigor no dia 1º de dos fatos, do mundo real, uma vez que trata de direitos indisponíveis,
janeiro de 1942. como a liberdade.
Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; 119º da • Princípio da vedação à autoincriminação: O acusado não é obrigado
Independência e 52º da República. a participar de atividades probatórias que lhe sejam prejudiciais.
• Princípio do “non bis in idem”: Veda-se que uma pessoa seja
processada e condenada duas vezes pelo mesmo fato.
• Princípio da comunhão da prova: Após ser produzida, a prova
pertence ao juízo, podendo ser utilizada pelo juiz e por qualquer das
Decreto-Lei nº 3.689 / 1941 partes
• Princípio do impulso oficial: Iniciada a ação penal, o juiz tem o dever
Código de Processo Penal de promover o seu andamento até a etapa final.
• Princípio do livre convencimento motivado: O juiz é livre para formar
seu convencimento, contudo, deverá fundamentar suas decisões no
momento de prolatá-las.
LIVRO I • Princípio da lealdade processual: Reflete o dever de verdade, e a
DO PROCESSO EM GERAL vedação a qualquer forma de fraude processual.
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o Juiz das Garantias
território brasileiro (Princípio da territorialidade), por este Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura
Código, ressalvados: acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
I - os tratados, as convenções e regras de direito investigação e a substituição da atuação probatória do
internacional; órgão de acusação. (2019)
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da
República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo
com os do Presidente da República, e dos ministros do controle da legalidade da investigação criminal e pela
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha
(Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); (Jurisdição política) sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário,
III - os processos da competência da Justiça Militar; competindo-lhe especialmente: (2019)
IV - os processos da competência do tribunal especial I - receber a comunicação imediata da prisão, nos
(Constituição, art. 122, no 17); termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição
V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF Federal; (2019)
nº 130) CF/ 1988
Art. 5º (...)
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso
especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso. ou à pessoa por ele indicada;
II - receber o auto da prisão em flagrante para o
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde controle da legalidade da prisão, observado o disposto no
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a art. 310 deste Código; (2019)
vigência da lei anterior. (Princípio do “tempus regit actum”) III - zelar pela observância dos direitos do preso,
podendo determinar que este seja conduzido à sua presença,
Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação a qualquer tempo; (2019)
extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento IV - ser informado sobre a instauração de qualquer
dos princípios gerais de direito. investigação criminal; (2019)
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS: V - decidir sobre o requerimento de prisão
• Princípio da inércia: Veda-se o início da ação penal de ofício pelo juiz, provisória ou outra medida cautelar, observado o disposto
cabendo ao titular da ação o seu oferecimento. no § 1º deste artigo; (2019)
• Princípio do devido processo legal: Busca assegurar um processo
que respeite todas as etapas previstas em lei e que observe de todas as
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida
garantias constitucionais. É um princípio que desencadeia vários outros cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las,
no processo penal. assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em
• Princípio da presunção de inocência: O acusado deve ser presumido audiência pública e oral, na forma do disposto neste Código
inocente até a sentença condenatória transitar em julgado. ou em legislação especial pertinente; (2019)
• Princípio da paridade das armas: As partes devem ter as mesmas VII - decidir sobre o requerimento de produção
oportunidades em juízo e igualdade de tratamento.
• Princípio da ampla defesa: O réu deve ter amplo acesso aos antecipada de provas consideradas urgentes e não
instrumentos de defesa, garantindo-se a autodefesa e a defesa técnica. repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em
audiência pública e oral; (2019)

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VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, processo enviados ao juiz da instrução e julgamento,
estando o investigado preso, em vista das razões ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis,
apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto medidas de obtenção de provas ou de antecipação de
no § 2º deste artigo; (2019) provas, que deverão ser remetidos para apensamento em
IX - determinar o trancamento do inquérito policial apartado. (2019)
quando não houver fundamento razoável para sua § 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos
instauração ou prosseguimento; (2019) autos acautelados na secretaria do juízo das garantias. (2019)
X - requisitar documentos, laudos e informações ao
delegado de polícia sobre o andamento da investigação; Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar
(2019) qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º
XI - decidir sobre os requerimentos de: (2019) deste Código ficará impedido de funcionar no processo. (2019)
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar
em sistemas de informática e telemática ou de outras formas apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio
de comunicação; de magistrados, a fim de atender às disposições deste
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e Capítulo. (2019)
telefônico;
c) busca e apreensão domiciliar; Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado
d) acesso a informações sigilosas; conforme as normas de organização judiciária da União, dos
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam Estados e do Distrito Federal, observando critérios
direitos fundamentais do investigado; objetivos a serem periodicamente divulgados pelo respectivo
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do tribunal. (2019)
oferecimento da denúncia; (2019)
XIII - determinar a instauração de incidente de Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o
insanidade mental; (2019) cumprimento das regras para o tratamento dos presos,
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com
queixa, nos termos do art. 399 deste Código; (2019) órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa
CPP submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil,
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e administrativa e penal. (2019)
hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu Parágrafo único. Por meio de regulamento, as
defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do
assistente.
autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta)
§ 1o O acusado preso será requisitado para comparecer ao dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da
interrogatório, devendo o poder público providenciar sua prisão e a identidade do preso serão, de modo padronizado
apresentação. e respeitada a programação normativa aludida
§ 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a no caput deste artigo, transmitidas à imprensa,
sentença.
assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à
XV - assegurar prontamente, quando se fizer informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão.
necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu (2019)
defensor de acesso a todos os elementos informativos e
provas produzidos no âmbito da investigação criminal, TÍTULO II
salvo no que concerne, estritamente, às diligências em DO INQUÉRITO POLICIAL
andamento; (2019)
Inquérito policial “é um procedimento preparatório da ação penal, de
XVI - deferir pedido de admissão de assistente caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária e voltado à colheita
técnico para acompanhar a produção da perícia; (2019) preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de autoria. Seu objetivo precípuo é a formação da convicção do Ministério
não persecução penal ou os de colaboração premiada, Público, mas também a colheita de provas urgentes, que podem
desaparecer, após o cometimento do crime”.
quando formalizados durante a investigação; (2019) (Guilherme de Souza Nucci, 2008, p. 143)
XVIII - outras matérias inerentes às atribuições
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas
definidas no caput deste artigo. (2019)
autoridades policiais no território de suas respectivas
§ 1º (VETADO). (2019)
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das
e da sua autoria.
garantias poderá, mediante representação da autoridade
Parágrafo único. A competência definida neste artigo
policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única
não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei
vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o
seja cometida a mesma função.
que, se ainda assim a investigação não for concluída, a
prisão será imediatamente relaxada. (2019) Polícia Judiciária: Possui caráter repressivo, atuando após a prática da
infração penal. Polícia Civil (âmbito estadual), Polícia Federal (âmbito
federal)
Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias Polícia Administrativa: Possui caráter preventivo ou ostensivo, busca
abrange todas as infrações penais, exceto as de menor evitar a prática de infrações penais. Polícia Militar
potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia
ou queixa na forma do art. 399 deste Código. (2019)
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões
será iniciado:
pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e
I - de ofício;
julgamento. (2019)
II – mediante requisição da autoridade judiciária ou
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias
do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de
não vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após
quem tiver qualidade para representá-lo.
o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá
necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo
sempre que possível:
máximo de 10 (dez) dias. (2019)
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
§ 3º Os autos que compõem as matérias de
b) a individualização do indiciado ou seus sinais
competência do juiz das garantias ficarão acautelados na
característicos e as razões de convicção ou de presunção de
secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público
ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade
e da defesa, e não serão apensados aos autos do
de o fazer;

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c) a nomeação das testemunhas, com indicação de X - colher informações sobre a existência de filhos,
sua profissão e residência. respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados
abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. dos filhos, indicado pela pessoa presa. (2016)
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento
da existência de infração penal em que caiba ação pública Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a
poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade infração sido praticada de determinado modo, a autoridade
policial, e esta, verificada a procedência das informações, policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos,
mandará instaurar inquérito. desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem
STF: Nada impede a deflagração da persecução penal pela chamada pública.
‘denúncia anônima’, desde que esta seja seguida de diligências realizadas
para averiguar os fatos nela noticiados. Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o
o
§ 4 O inquérito, nos crimes em que a ação pública disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro.
depender de representação, não poderá sem ela ser
iniciado. Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de caso, rubricadas pela autoridade.
quem tenha qualidade para intentá-la.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL:
- Administrativo: É uma fase pré-processual, possui caráter (dez) dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou
administrativo estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta
- Sigiloso: Não haverá publicidade do inquérito, protegendo-se a hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de
intimidade do investigado. Contudo, não será sigiloso para o juiz, prisão, ou no prazo de 30 (trinta) dias, quando estiver solto,
Ministério Público e advogado. mediante fiança ou sem ela.
- Escrito: Todo o procedimento deve ser escrito e os atos orais reduzidos
a termo. PRAZOS – Inquéritos Policiais
- Inquisitivo: Não há contraditório nem ampla defesa na fase inquisitorial, Preso: 10 dias (improrrogável)
uma vez que o inquérito possui natureza pré-processual, não havendo
acusação ainda. Justiça Estadual Solto: 30 dias (prorrogável pelo tempo
- Indisponível: A autoridade policial, após instaurar o inquérito, não necessário)
poderá proceder o seu arquivamento, atribuição exclusiva do Poder Preso: 15 dias (prorrogável por mais 15
Judiciário, após o requerimento do titular da ação penal. dias)
- Discricionário na condução: Não há padrão pré-estabelecido para a Justiça Federal Solto: 30 dias (prorrogável pelo tempo
condução do inquérito. Assim, a autoridade responsável poderá praticar as
necessário)
diligências da maneira que considerar mais frutíferas.
- Dispensabilidade: O inquérito policial será dispensável quando o titular
da ação já possuir elementos suficientes para o oferecimento da ação Crimes Contra a Preso ou Solto: 10 dias (improrrogável)
penal. Economia Popular
- Oficiosidade: Incumbe à autoridade policial o dever de proceder a Preso: 30 dias (duplicável)
apuração dos delitos de ofício, nos crimes cuja ação penal seja pública Lei de Drogas
incondicionada. Solto: 90 dias (duplicável)
- Oficialidade: É o órgão oficial do Estado (Polícia Judiciária) que deverá
Preso: 20 dias
presidir o inquérito policial.
- Inexistência de nulidades: Por ser um procedimento meramente Inquéritos Militares
Solto: 40 dias (prorrogável por mais 20 dias)
informativo, é incabível a anulação de processo penal em razão de
suposta irregularidade em inquérito policial. Os vícios ocorridos durante a STF: Salvo quando o investigado se encontrar preso cautelarmente, a
fase pré-processual não afetarão a ação penal. inobservância dos lapsos temporais estabelecidos para a conclusão de
inquéritos policiais ou investigações deflagradas no âmbito do Ministério
Público não possui repercussão prática, já que se cuidam de prazos
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da impróprios.
infração penal, a autoridade policial deverá: § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada § 2o No relatório poderá a autoridade indicar
dos peritos criminais; testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o
II - apreender os objetos que tiverem relação com o lugar onde possam ser encontradas.
fato, após liberados pelos peritos criminais; § 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o
III - colher todas as provas que servirem para o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a
esclarecimento do fato e suas circunstâncias; devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão
IV - ouvir o ofendido; realizadas no prazo marcado pelo juiz.
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for
aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os
devendo o respectivo termo ser assinado por duas objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos
testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; do inquérito.
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e
a acareações; Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos I - fornecer às autoridades judiciárias as informações
sua folha de antecedentes; necessárias à instrução e julgamento dos processos;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo
ponto de vista individual, familiar e social, sua condição Ministério Público;
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas
crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que autoridades judiciárias;
contribuírem para a apreciação do seu temperamento e IV - representar acerca da prisão preventiva.
caráter.

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Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. CP


148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código II - em legítima defesa;
Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
(Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do regular de direito.
Ministério Público ou o delegado de polícia poderá Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste
artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de
empresas da iniciativa privada, dados e informações § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo,
cadastrais da vítima ou de suspeitos. (2016) o investigado deverá ser citado da instauração do
procedimento investigatório, podendo constituir defensor
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no
no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do
prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: (2016)
recebimento da citação. (2019)
I - o nome da autoridade requisitante; (2016)
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo
II - o número do inquérito policial; e (2016)
com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a
III - a identificação da unidade de polícia judiciária
autoridade responsável pela investigação deverá intimar a
responsável pela investigação. (2016)
instituição a que estava vinculado o investigado à época da
ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão
(quarenta e oito) horas, indique defensor para a
dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do
representação do investigado. (2019)
Ministério Público ou o delegado de polícia poderão
§ 3º (VETADO). (2019)
requisitar, mediante autorização judicial, às empresas
§ 4º (VETADO). (2019)
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática
§ 5º (VETADO). (2019)
que disponibilizem imediatamente os meios técnicos
§ 6º As disposições constantes deste artigo se
adequados – como sinais, informações e outros – que
aplicam aos servidores militares vinculados às instituições
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito
dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os
em curso. (2016)
fatos investigados digam respeito a missões para a
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa
Garantia da Lei e da Ordem. (2019)
posicionamento da estação de cobertura, setorização e
Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
intensidade de radiofrequência. (2016) Aeronáutica.
§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: (2016)
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação
de qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial, Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado
conforme disposto em lei; (2016) curador pela autoridade policial.
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia - Dispositivo tacitamente revogado.
móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias,
renovável por uma única vez, por igual período; (2016) Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a
III - para períodos superiores àquele de que trata o devolução do inquérito à autoridade policial, senão para
inciso II, será necessária a apresentação de ordem novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da
judicial. (2016) denúncia.
§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito
policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar
(setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva arquivar autos de inquérito.
ocorrência policial. (2016) STF: O sistema processual penal brasileiro não prevê a figura do
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de arquivamento implícito de inquérito policial.
12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará às STF: Súmula 524 - Arquivado o Inquérito Policial, por despacho do Juiz, a
requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada,
empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou sem novas provas.
telemática que disponibilizem imediatamente os meios
técnicos adequados – como sinais, informações e outros –
que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do
delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. (2016) inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas
pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o
indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública,
realizada, ou não, a juízo da autoridade.
os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente,
onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o
instituições dispostas no art. 144 da Constituição pedir, mediante traslado.
Federal figurarem como investigados em inquéritos
policiais, inquéritos policiais militares e demais Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo
procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no sociedade.
exercício profissional, de forma consumada ou tentada, Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes
incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de
poderá constituir defensor. (2019) inquérito contra os requerentes.
CF /1988
Art. 144. (...) STF: Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do
I - polícia federal; representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
II - polícia rodoviária federal; documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
III - polícia ferroviária federal; competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
IV - polícias civis; defesa
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.

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Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito
sempre de despacho nos autos e somente será permitida policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma
quando o interesse da sociedade ou a conveniência da natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à
investigação o exigir. vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não os autos para a instância de revisão ministerial para fins de
excederá de três dias, será decretada por despacho homologação, na forma da lei. (2019)
fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, § 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não
ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer concordar com o arquivamento do inquérito policial,
hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da
Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril comunicação, submeter a matéria à revisão da instância
de 1963) competente do órgão ministerial, conforme dispuser a
Artigo não recepcionado pela CF/88 respectiva lei orgânica. (2019)
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão
houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada
exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja pela chefia do órgão a quem couber a sua representação
procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, judicial. (2019)
independentemente de precatórias ou requisições, e bem
assim providenciará, até que compareça a autoridade Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o
competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua investigado confessado formal e circunstancialmente a
presença, noutra circunscrição. prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e
com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao Público poderá propor acordo de não persecução penal,
juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de desde que necessário e suficiente para reprovação e
Identificação e Estatística, ou repartição congênere, prevenção do crime, mediante as seguintes condições
mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os ajustadas cumulativa e alternativamente: (2019)
dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima,
exceto na impossibilidade de fazê-lo; (2019)
TÍTULO III II - renunciar voluntariamente a bens e direitos
DA AÇÃO PENAL indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será ou proveito do crime; (2019)
promovida por denúncia do Ministério Público, mas III - prestar serviço à comunidade ou a entidades
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da públicas por período correspondente à pena mínima
Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver cominada ao delito diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços),
qualidade para representá-lo. em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma
AÇÃO PENAL
do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
Incondicionada 1940 (Código Penal); (2019)
Condicionada
PÚBLICA CP
- Requisição do Ministro da Justiça
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades
- Representação do ofendido
públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação
Exclusiva da liberdade.
Personalíssima § 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades
PRIVADA
públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado.
Subsidiária da Pública
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em
Quando não houver menção expressa, no tipo penal, quanto à modalidade entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros
de ação, entende-se que o crime será de ação penal pública estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.
incondicionada. § 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme
as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a
declarado ausente por decisão judicial, o direito de jornada normal de trabalho.
representação passará ao cônjuge, ascendente, § 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao
condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca
descendente ou irmão. inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.
A doutrina equipara o companheiro ao cônjuge. Cumpre observar que a
ordem de legitimação disposta acima deve ser respeitada. CADI IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada
o
nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
§ 2 Seja qual for o crime, quando praticado em dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de
detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que
Município, a ação penal será pública. tenha, preferencialmente, como função proteger bens
jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados
Art. 25. A representação será irretratável, depois de pelo delito; ou(2019)
oferecida a denúncia.
CP
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior,
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48.
iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de § 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em
portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial. dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada
com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1
(um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual
iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre § 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do
o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra
de convicção. natureza.
§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados
dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo
Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o

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montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por § 13. Cumprido integralmente o acordo de não
terceiro, em consequência da prática do crime. persecução penal, o juízo competente decretará a extinção
V - cumprir, por prazo determinado, outra de punibilidade. (2019)
condição indicada pelo Ministério Público, desde que § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério
proporcional e compatível com a infração penal imputada. Público, em propor o acordo de não persecução penal, o
(2019) investigado poderá requerer a remessa dos autos a
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito órgão superior, na forma do art. 28 deste Código. (2019)
a que se refere o caput deste artigo, serão consideradas as
causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de
(2019)
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal,
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e
nas seguintes hipóteses: (2019)
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
I - se for cabível transação penal de competência dos
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a
Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; (2019)
todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a
II - se o investigado for reincidente ou se houver
elementos probatórios que indiquem conduta criminal ação como parte principal. (Ação penal privada subsidiária da
pública)
habitual, reiterada ou profissional, exceto se
insignificantes as infrações penais pretéritas; (2019) Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) representá-lo caberá intentar a ação privada.
anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de
não persecução penal, transação penal ou suspensão Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando
condicional do processo; e(2019) declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge,
doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por ascendente, descendente ou irmão.
razões da condição de sexo feminino, em favor do
agressor. (2019) Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a
§ 3º O acordo de não persecução penal será requerimento da parte que comprovar a sua pobreza,
formalizado por escrito e será firmado pelo membro do nomeará advogado para promover a ação penal.
Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. (2019) § 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder
§ 4º Para a homologação do acordo de não prover às despesas do processo, sem privar-se dos recursos
persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz indispensáveis ao próprio sustento ou da família.
deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do § 2o Será prova suficiente de pobreza o atestado da
investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade. autoridade policial em cuja circunscrição residir o ofendido.
(2019)
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas,
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito)
insuficientes ou abusivas as condições dispostas no
anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e
acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao
não tiver representante legal, ou colidirem os interesses
Ministério Público para que seja reformulada a proposta
deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser
de acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
(2019) exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para
persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério o processo penal.
Público para que inicie sua execução perante o juízo de
execução penal. (2019) Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por
proposta que não atender aos requisitos legais ou quando seu representante legal.
não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste Esse dispositivo não possui mais aplicabilidade.
artigo. (2019)
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os Art. 35. (revogado)
autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de
complementação das investigações ou o oferecimento da Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com
denúncia. (2019) direito de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em
§ 9º A vítima será intimada da homologação do seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração
acordo de não persecução penal e de seu descumprimento. constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas
(2019) prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições a abandone.
estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério
Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão Art. 37. As fundações, associações ou sociedades
e posterior oferecimento de denúncia. (2019) legalmente constituídas poderão exercer a ação penal,
§ 11. O descumprimento do acordo de não devendo ser representadas por quem os respectivos
persecução penal pelo investigado também poderá ser contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes,
utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
eventual não oferecimento de suspensão condicional do
processo. (2019) Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de
não persecução penal não constarão de certidão de representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 (seis)
antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor
inciso III do § 2º deste artigo. (2019) do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores prazo para o oferecimento da denúncia.
ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do
transação penal ou suspensão condicional do processo;
direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo,
nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.

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Art. 39. O direito de representação poderá ser § 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito
exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á
especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, da data em que tiver recebido as peças de informações ou a
ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. representação
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, § 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3
sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu (três) dias, contado da data em que o órgão do Ministério
representante legal ou procurador, será reduzida a termo, Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro
perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar,
Ministério Público, quando a este houver sido dirigida. prosseguindo-se nos demais termos do processo.
§ 2o A representação conterá todas as informações
que possam servir à apuração do fato e da autoria. Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a maiores esclarecimentos e documentos complementares ou
autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo novos elementos de convicção, deverá requisitá-los,
competente, remetê-lo-á à autoridade que o for. diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante devam ou possam fornecê-los.
este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial
para que esta proceda a inquérito. Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público
inquérito, se com a representação forem oferecidos velará pela sua indivisibilidade.
elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste
caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa,
em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que
conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração
de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou
cópias e os documentos necessários ao oferecimento da procurador com poderes especiais.
denúncia. Parágrafo único. A renúncia do representante legal
do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último
do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a excluirá o direito do primeiro.
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados
necessário, o rol das testemunhas. aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em
relação ao que o recusar.
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da RENÚNCIA PERDÃO
ação penal. Instituto pré-processual: Instituto processual:
- Antes do início da ação. - Após o início da ação, até o
Art. 43. (revogado) trânsito em julgado.

Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com Ato unilateral: Ato bilateral:
poderes especiais, devendo constar do instrumento do - Não depende de concordância - Depende de concordância.
mandato o nome do querelante e a menção do fato
criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de
diligências que devem ser previamente requeridas no juízo 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou
criminal. por seu representante legal, mas o perdão concedido por um,
havendo oposição do outro, não produzirá efeito.
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for Esse dispositivo não possui mais aplicabilidade.
privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério
Público, a quem caberá intervir em todos os termos Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou
subsequentes do processo. retardado mental e não tiver representante legal, ou colidirem
os interesses deste com os do querelado, a aceitação do
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, perdão caberá ao curador que o juiz Ihe nomear.
estando o réu preso, será de 5 (cinco) dias, contado da data
em que o órgão do Ministério Público receber os autos do Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos,
inquérito policial, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver solto observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto
ou afiançado. No último caso, se houver devolução do no art. 52.
inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da Esse dispositivo não possui mais aplicabilidade.
data em que o órgão do Ministério Público receber
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador
novamente os autos.
com poderes especiais.
PRAZO PARA O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA

Investigado preso 5 dias Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual


Investigado solto 15 dias expresso o disposto no art. 50.
PRAZOS ESPECIAIS PARA O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão
10 dias para os crimes eleitorais todos os meios de prova.
10 dias para os crimes previstos na Lei de Tóxicos
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração
15 dias para os crimes falimentares expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro
2 dias para os crimes contra a economia popular de 3 (três) dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser
cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
48 horas para o crime de abuso de autoridade

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Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o
extinta a punibilidade. responsável civil.
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento
constará de declaração assinada pelo querelado, por seu definitivo daquela.
representante legal ou procurador com poderes especiais.
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal
Art. 60. Nos casos em que somente se procede que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de
mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de
A perempção, que ocorre somente na ação penal privada, configura-se dever legal ou no exercício regular de direito.
“quando o querelante, por desídia, demonstra desinteresse pelo
prosseguimento da ação penal”. Ela acarreta a extinção da punibilidade Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no
do agente “como autêntica penalidade imposta ao negligente querelante, juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não
incapaz de conduzir corretamente a ação penal, da qual é titular.”
Nucci, 2008, p. 209 tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência
material do fato.
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de
promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da
seguidos;
ação civil:
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das
incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no
peças de informação;
processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto
III - a sentença absolutória que decidir que o fato
no art. 36;
imputado não constitui crime.
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem
motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do
estar presente, ou deixar de formular o pedido de
dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença
condenação nas alegações finais;
condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida,
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta
a seu requerimento, pelo Ministério Público.
se extinguir sem deixar sucessor.
TÍTULO V
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se
DA COMPETÊNCIA
reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de
ofício. A competência pode ser conceituada como a medida da jurisdição, o
critério que define os limites jurisdicionais de cada órgão do Poder
Parágrafo único. No caso de requerimento do Judiciário. Ela subdivide-se, conceitualmente, em absoluta e relativa.
Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará
autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar COMPETÊNCIA ABSOLUTA:
conveniente, concederá o prazo de cinco dias para a prova, Competência em razão da matéria – ratione materiae
proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se
Competência por prerrogativa de função – ratione personae
para apreciar a matéria na sentença final.
Competência funcional
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz
COMPETÊNCIA RELATIVA:
somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o
Ministério Público, declarará extinta a punibilidade. Competência territorial – ratione loci
STF: Súmula 594 - Os direitos de queixa e de representação podem ser Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:
exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu representante
legal.
I - o lugar da infração:
STF: Súmula 714 - É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante II - o domicílio ou residência do réu;
queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, III - a natureza da infração;
para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão IV - a distribuição;
do exercício de suas funções. V - a conexão ou continência;
STJ: Súmula 234 - A participação de membro do Ministério Público na
fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição VI - a prevenção;
para o oferecimento da denúncia. VII - a prerrogativa de função.
STJ: Súmula 542 - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal
resultante de violência doméstica contra a mulher é pública CAPÍTULO I
incondicionada.
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
Art. 70. A competência será, de regra, determinada
TÍTULO IV pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de
DA AÇÃO CIVIL tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
Art. 63. Transitada em julgado a sentença execução. (Teoria do resultado)
condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo § 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a
cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu infração se consumar fora dele, a competência será
representante legal ou seus herdeiros. determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil,
Ação civil ex delicto é a ação “ajuizada pelo ofendido, na esfera cível, o último ato de execução. (Teoria da ubiquidade)
para obter indenização pelo dano causado pelo crime, quando existente”. § 2o Quando o último ato de execução for praticado
Nucci, 2008, p. 233
fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia
condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor produzir seu resultado. (Teoria da ubiquidade)
fixado nos termos do inciso iv do caput do art. 387 deste § 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou
Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a
efetivamente sofrido. infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. (Teoria
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a da ubiquidade)
ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no

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Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou II - se, no mesmo caso, houverem sido umas
permanente, praticada em território de duas ou mais praticadas para facilitar ou ocultar as outras (Conexão objetiva
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. (Teoria teleológica), ou para conseguir impunidade ou vantagem em
da ubiquidade) relação a qualquer delas (Conexão objetiva consequencial);
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer
CAPÍTULO II de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra
DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA infração. (Conexão instrumental)
DO RÉU STJ: Súmula 235 - A conexão não determina a reunião dos processos, se
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a um deles já foi julgado.
competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do
réu.
§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a Art. 77. A competência será determinada pela
competência firmar-se-á pela prevenção. continência quando:
§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado A continência ocorre quando um fato delituoso engloba outro fato desta
o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar natureza, quando uma lide está contida em outra.
conhecimento do fato. I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma
infração; (Continência por cumulação subjetiva)
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o II - no caso de infração cometida nas condições
querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da Código Penal. (Continência por cumulação objetiva)
infração.
Art. 78. Na determinação da competência por conexão
CAPÍTULO III ou continência, serão observadas as seguintes regras: (Foro
DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO prevalente)
Art. 74. A competência pela natureza da infração será I - no concurso entre a competência do júri e a de
regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a
competência privativa do Tribunal do Júri. competência do júri;
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos Il - no concurso de jurisdições da mesma
crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo categoria:
único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, a) preponderará a do lugar da infração, à qual for
consumados ou tentados. cominada a pena mais grave;
Tribunal do Júri possui competência para julgamento dos crimes dolosos
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o
contra a vida, consumados ou tentados. maior número de infrações, se as respectivas penas forem
---------------------------------------------------------------------------------------------------- de igual gravidade;
STF: Súmula 603 - A competência para o processo e julgamento de c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos
latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do júri. outros casos;
§ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver III - no concurso de jurisdições de diversas categorias,
desclassificação para infração da competência de outro, a predominará a de maior graduação;
este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a IV - no concurso entre a jurisdição comum e a
jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua especial, prevalecerá esta.
competência prorrogada.
§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade
para outra atribuída à competência de juiz singular, observar- de processo e julgamento, salvo: (Separação obrigatória de
se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for processos)
feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
proferir a sentença (art. 492, § 2o). II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo
de menores.
CAPÍTULO IV § 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do
DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier o caso
Art. 75. A precedência da distribuição fixará a previsto no art. 152.
competência quando, na mesma circunscrição judiciária, § 2o A unidade do processo não importará a do
houver mais de um juiz igualmente competente. julgamento, se houver co-réu foragido que não possa ser
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
da concessão de fiança ou da decretação de prisão
preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou Art. 80. Será facultativa a separação dos processos
queixa prevenirá a da ação penal. quando as infrações tiverem sido praticadas em
circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando
CAPÍTULO V pelo excessivo número de acusados e para não Ihes
DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o
Art. 76. A competência será determinada pela juiz reputar conveniente a separação. (Separação facultativa de
conexão: processos)

A conexão é o vínculo, o liame entre duas ou mais infrações penais, que, Art. 81. Verificada a reunião dos processos por
em regra, enseja a união entre os feitos para facilitar a produção da prova
e para evitar decisões contraditórias. conexão ou continência, ainda que no processo da sua
Leonardo Barreto Moreira Alves, 2017, pag. 167 competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sentença absolutória ou que desclassifique a infração para
sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas outra que não se inclua na sua competência, continuará
reunidas (Conexão intersubjetiva por simultaneidade), ou por competente em relação aos demais processos. (Perpetuatio
jurisdictionis)
várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o
lugar (Conexão intersubjetiva por concurso), ou por várias Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a
pessoas, umas contra as outras (Conexão intersubjetiva por competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a
reciprocidade);
desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o

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acusado, de maneira que exclua a competência do júri, embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País,
remeterá o processo ao juízo competente. pela do último em que houver tocado.

Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave
forem instaurados processos diferentes, a autoridade de nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território
jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave
perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao
definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, território nacional, serão processados e julgados pela justiça
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das da comarca em cujo território se verificar o pouso após o
penas. crime, ou pela da comarca de onde houver partido a
aeronave.
CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a
toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competência se firmará pela prevenção.
competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo STF: Súmula 498 - Compete a justiça dos estados, em ambas as
ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao instâncias, o processo e o julgamento dos crimes contra a economia
oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, popular.
STF: Súmula 522 - Salvo ocorrência de tráfico com o exterior, quando,
§ 2o, e 78, II, c). então, a competência será da Justiça Federal, compete a justiça dos
A prevenção é considerada um critério residual de fixação da estados o processo e o julgamento dos crimes relativos a entorpecentes.
competência, aplicável quando todas as outras regras forem insuficientes STJ: Súmula 38 - Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da
para definir o juízo competente. Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que
praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de
suas entidades.
CAPÍTULO VII STJ: Súmula 42 - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes
praticados em seu detrimento.
(Ratione personae)
STJ: Súmula 104 - Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a
do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de estabelecimento particular de ensino.
Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de STJ: Súmula 107 - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar
crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de
Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente
pessoas que devam responder perante eles por crimes lesão à autarquia federal.
comuns e de responsabilidade. STJ: Súmula 140 - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar
§ 1o (Vide ADIN nº 2797) crime em que o indígena figure como autor ou vítima.
STJ: Súmula 208 - Compete à justiça federal processar e julgar prefeito
§ 2o (Vide ADIN nº 2797)
municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão
federal.
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em STJ: Súmula 209 - Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito
que forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de STJ: Súmula 546 - A competência para processar e julgar o crime de uso
de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi
Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão
oposta e admitida a exceção da verdade. expedidor.

Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM FEDERAL
privativamente, processar e julgar: STF: Súmula vinculante 36 - Compete à Justiça Federal comum
processar e julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de
I - os seus ministros, nos crimes comuns; documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA),
com os do Presidente da República; ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.
III - o procurador-geral da República, os STJ: Súmula 122 - Compete à Justiça Federal o processo e julgamento
unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se
desembargadores dos Tribunais de Apelação, os ministros do aplicando a regra do art. 78, II, "a", do Código de Processo Penal.
Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros STJ: Súmula 147 - Compete à Justiça Federal processar e julgar os
diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade. crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados
com o exercício da função.
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de STJ: Súmula 165 - Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de
falso testemunho cometido no processo trabalhista.
Apelação o julgamento dos governadores ou interventores STJ: Súmula 200 - O juízo federal competente para processar e julgar
nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se
seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de consumou.
instância inferior e órgãos do Ministério Público. STJ: Súmula 208 - Compete à justiça federal processar e julgar prefeito
municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão
federal.
CAPÍTULO VIII STJ: Súmula 209 - Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do STJ: Súmula 528 - Compete ao juiz federal do local da apreensão da
território brasileiro, será competente o juízo da Capital do droga remetida do exterior pela via postal processar e julgar o crime de
tráfico internacional.
Estado onde houver por último residido o acusado. Se este
nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR
Capital da República. STF: Súmula vinculante 36 - Compete à Justiça Federal comum
processar e julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de
Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA),
embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.
e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações STJ: Súmula 53 - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar
nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela civil acusado de prática de crime contra instituições militares estaduais.
justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a

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STJ: Súmula 78 - Compete à Justiça Militar processar e julgar policial de V - coisa julgada.
corporação estadual, ainda que o delito tenha sido praticado em outra
unidade federativa.
Art. 96. A arguição de suspeição precederá a
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO qualquer outra, salvo quando fundada em motivo
STF: Súmula vinculante 45 - A competência constitucional do Tribunal do superveniente.
Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido
exclusivamente pela Constituição estadual.
STF: Súmula 451 - A competência especial por prerrogativa de função
Art. 97. O juiz que espontaneamente afirmar
não se estende ao crime cometido após a cessação definitiva do exercício suspeição deverá fazê-lo por escrito, declarando o motivo
funcional. legal, e remeterá imediatamente o processo ao seu
STF: Súmula 702 - A competência do Tribunal de Justiça para julgar substituto, intimadas as partes.
Prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum
estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo
tribunal de segundo grau.
Art. 98. Quando qualquer das partes pretender
STF: Súmula 704 - Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa recusar o juiz, deverá fazê-lo em petição assinada por ela
e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do própria ou por procurador com poderes especiais, aduzindo
processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos as suas razões acompanhadas de prova documental ou do
denunciados. rol de testemunhas.
STF: Súmula 721 - A competência constitucional do Tribunal do Júri
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido
exclusivamente pela Constituição estadual. Art. 99. Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a
marcha do processo, mandará juntar aos autos a petição do
CONFLITO DE COMPETÊNCIA recusante com os documentos que a instruam, e por
STF: Súmula 555 - É competente o Tribunal de Justiça para julgar conflito
despacho se declarará suspeito, ordenando a remessa dos
de jurisdição entre juiz de direito do estado e a justiça militar local.
autos ao substituto.

TÍTULO VI Art. 100. Não aceitando a suspeição, o juiz mandará


DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES autuar em apartado a petição, dará sua resposta dentro em
CAPÍTULO I três dias, podendo instruí-la e oferecer testemunhas, e, em
DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos,
Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração dentro em 24 vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a quem
depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria competir o julgamento.
e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação § 1o Reconhecida, preliminarmente, a relevância da
penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a arguição, o juiz ou tribunal, com citação das partes, marcará
controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem dia e hora para a inquirição das testemunhas, seguindo-se o
prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de julgamento, independentemente de mais alegações.
outras provas de natureza urgente. § 2o Se a suspeição for de manifesta improcedência,
Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o o juiz ou relator a rejeitará liminarmente.
Ministério Público, quando necessário, promoverá a ação civil
ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a citação dos Art. 101. Julgada procedente a suspeição, ficarão
interessados. nulos os atos do processo principal, pagando o juiz as custas,
no caso de erro inescusável; rejeitada, evidenciando-se a
Art. 93. Se o reconhecimento da existência da malícia do excipiente, a este será imposta a multa de
infração penal depender de decisão sobre questão diversa da duzentos mil-réis a dois contos de réis.
prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e
se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz Art. 102. Quando a parte contrária reconhecer a
criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil procedência da arguição, poderá ser sustado, a seu
solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, requerimento, o processo principal, até que se julgue o
suspender o curso do processo, após a inquirição das incidente da suspeição.
testemunhas e realização das outras provas de natureza
urgente. Art. 103. No Supremo Tribunal Federal e nos
§ 1o O juiz marcará o prazo da suspensão, que Tribunais de Apelação, o juiz que se julgar suspeito deverá
poderá ser razoavelmente prorrogado, se a demora não for declará-lo nos autos e, se for revisor, passar o feito ao seu
imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível substituto na ordem da precedência, ou, se for relator,
tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o apresentar os autos em mesa para nova distribuição.
processo, retomando sua competência para resolver, de fato § 1o Se não for relator nem revisor, o juiz que houver
e de direito, toda a matéria da acusação ou da defesa. de dar-se por suspeito, deverá fazê-lo verbalmente, na
§ 2o Do despacho que denegar a suspensão não sessão de julgamento, registrando-se na ata a declaração.
caberá recurso. § 2o Se o presidente do tribunal se der por suspeito,
§ 3o Suspenso o processo, e tratando-se de crime de competirá ao seu substituto designar dia para o julgamento e
ação pública, incumbirá ao Ministério Público intervir presidi-lo.
imediatamente na causa cível, para o fim de promover-lhe o § 3o Observar-se-á, quanto à arguição de suspeição
rápido andamento. pela parte, o disposto nos arts. 98 a 101, no que Ihe for
aplicável, atendido, se o juiz a reconhecer, o que estabelece
Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos este artigo.
casos dos artigos anteriores, será decretada pelo juiz, de § 4o A suspeição, não sendo reconhecida, será
ofício ou a requerimento das partes. julgada pelo tribunal pleno, funcionando como relator o
presidente.
CAPÍTULO II § 5o Se o recusado for o presidente do tribunal, o
DAS EXCEÇÕES relator será o vice-presidente.
Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de:
I - suspeição; Art. 104. Se for arguida a suspeição do órgão do
II - incompetência de juízo; Ministério Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem
III - litispendência; recurso, podendo antes admitir a produção de provas no
IV - ilegitimidade de parte; prazo de três dias.

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II - quando entre elas surgir controvérsia sobre


Art. 105. As partes poderão também arguir de unidade de juízo, junção ou separação de processos.
suspeitos os peritos, os intérpretes e os serventuários ou
funcionários de justiça, decidindo o juiz de plano e sem Art. 115. O conflito poderá ser suscitado:
recurso, à vista da matéria alegada e prova imediata. I - pela parte interessada;
II - pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer
Art. 106. A suspeição dos jurados deverá ser arguida dos juízos em dissídio;
oralmente, decidindo de plano do presidente do Tribunal do III - por qualquer dos juízes ou tribunais em causa.
Júri, que a rejeitará se, negada pelo recusado, não for
imediatamente comprovada, o que tudo constará da ata. Art. 116. Os juízes e tribunais, sob a forma de
representação, e a parte interessada, sob a de requerimento,
Art. 107. Não se poderá opor suspeição às darão parte escrita e circunstanciada do conflito, perante o
autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas tribunal competente, expondo os fundamentos e juntando os
declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. documentos comprobatórios.
§ 1o Quando negativo o conflito, os juízes e tribunais
Art. 108. A exceção de incompetência do juízo poderá poderão suscitá-lo nos próprios autos do processo.
ser oposta, verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa. § 2o Distribuído o feito, se o conflito for positivo, o
§ 1o Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a relator poderá determinar imediatamente que se suspenda o
declinatória, o feito será remetido ao juízo competente, onde, andamento do processo.
ratificados os atos anteriores, o processo prosseguirá. § 3o Expedida ou não a ordem de suspensão, o
§ 2o Recusada a incompetência, o juiz continuará no relator requisitará informações às autoridades em conflito,
feito, fazendo tomar por termo a declinatória, se formulada remetendo-lhes cópia do requerimento ou representação.
verbalmente. § 4o As informações serão prestadas no prazo
marcado pelo relator.
Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz § 5o Recebidas as informações, e depois de ouvido o
reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á procurador-geral, o conflito será decidido na primeira sessão,
nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se salvo se a instrução do feito depender de diligência.
na forma do artigo anterior. § 6o Proferida a decisão, as cópias necessárias serão
remetidas, para a sua execução, às autoridades contra as
Art. 110. Nas exceções de litispendência, quais tiver sido levantado o conflito ou que o houverem
ilegitimidade de parte e coisa julgada, será observado, no suscitado.
que Ihes for aplicável, o disposto sobre a exceção de
incompetência do juízo. Art. 117. O Supremo Tribunal Federal, mediante
§ 1o Se a parte houver de opor mais de uma dessas avocatória, restabelecerá a sua jurisdição, sempre que
exceções, deverá fazê-lo numa só petição ou articulado. exercida por qualquer dos juízes ou tribunais inferiores.
§ 2o A exceção de coisa julgada somente poderá ser
oposta em relação ao fato principal, que tiver sido objeto da CAPÍTULO V
sentença. DA RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS
Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença
Art. 111. As exceções serão processadas em autos final, as coisas apreendidas não poderão ser restituídas
apartados e não suspenderão, em regra, o andamento da enquanto interessarem ao processo.
ação penal.
Art. 119. As coisas a que se referem os arts. 74 e 100
CAPÍTULO III do Código Penal não poderão ser restituídas, mesmo depois
DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS de transitar em julgado a sentença final, salvo se
Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
serventuários ou funcionários de justiça e os peritos ou Após a Reforma Penal de 1984, perdeu efeito a menção ao art. 100 e o
intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando art. 74 transformou-se no art. 91, II, do Código Penal, que estipula: “São
houver incompatibilidade ou impedimento legal, que efeitos da condenação: (...) II - a perda em favor da União, ressalvado o
declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos instrumentos do crime,
desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou
incompatibilidade ou impedimento poderá ser arguido pelas detenção constitua fato ilícito; b) do produto do crime ou de qualquer bem
partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato
de suspeição. criminoso.
Guilherme de Souza Nucci, Código de Processo Penal Comentado, 2019
Para Eugênio Pacelli de Oliveira, enquanto os casos de suspeição e de
impedimento têm previsão expressa no Código de Processo Penal, as
incompatibilidades previstas no art. 112 do CPP compreenderão todas as Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser
demais situações que possam interferir na imparcialidade do julgador e ordenada pela autoridade policial ou juiz, mediante termo
que não estejam arroladas entre as hipóteses de uma e outra. É o que nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do
ocorre, por exemplo, em relação às razões de foro íntimo, não previstas na
casuística da lei, mas suficientes para afetar a imparcialidade reclamante.
Eugêncio Pacelli de Oliveira, 2008, p. 260 § 1o Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição
autuar-se-á em apartado, assinando-se ao requerente o
CAPÍTULO IV prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso, só o juiz
DO CONFLITO DE JURISDIÇÃO criminal poderá decidir o incidente.
Art. 113. As questões atinentes à competência § 2o O incidente autuar-se-á também em apartado e
resolver-se-ão não só pela exceção própria, como também só a autoridade judicial o resolverá, se as coisas forem
pelo conflito positivo ou negativo de jurisdição. apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que será
intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo igual e
Art. 114. Haverá conflito de jurisdição: sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro dois dias para
I - quando duas ou mais autoridades judiciárias se arrazoar.
considerarem competentes, ou incompetentes, para conhecer § 3o Sobre o pedido de restituição será sempre
do mesmo fato criminoso; ouvido o Ministério Público.

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§ 4o Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro Art. 129. O sequestro autuar-se-á em apartado e
dono, o juiz remeterá as partes para o juízo cível, ordenando admitirá embargos de terceiro.
o depósito das coisas em mãos de depositário ou do próprio
terceiro que as detinha, se for pessoa idônea. Art. 130. O sequestro poderá ainda ser embargado:
§ 5o Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os
serão avaliadas e levadas a leilão público, depositando-se o bens sido adquiridos com os proventos da infração;
dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que as detinha, se II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido
este for pessoa idônea e assinar termo de responsabilidade. transferidos a título oneroso, sob o fundamento de tê-los
adquirido de boa-fé.
Art. 121. No caso de apreensão de coisa adquirida Parágrafo único. Não poderá ser pronunciada decisão
com os proventos da infração, aplica-se o disposto nesses embargos antes de passar em julgado a sentença
no art. 133 e seu parágrafo. condenatória.

Art. 122. Sem prejuízo do disposto no art. 120, as Art. 131. O sequestro será levantado:
coisas apreendidas serão alienadas nos termos do I - se a ação penal não for intentada no prazo de 60
disposto no art. 133 deste Código. (2019) (sessenta) dias, contado da data em que ficar concluída a
Parágrafo único. (Revogado). (2019) diligência;
II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os
bens, prestar caução que assegure a aplicação do disposto
Art. 123. Fora dos casos previstos nos artigos
no art. 74, II, b, segunda parte, do Código Penal;
anteriores, se dentro no prazo de 90 (noventa) dias, a contar
III - se for julgada extinta a punibilidade ou
da data em que transitar em julgado a sentença final,
absolvido o réu, por sentença transitada em julgado.
condenatória ou absolutória, os objetos apreendidos não
forem reclamados ou não pertencerem ao réu, serão
Art. 132. Proceder-se-á ao sequestro dos bens
vendidos em leilão, depositando-se o saldo à disposição do
móveis se, verificadas as condições previstas no art. 126,
juízo de ausentes.
não for cabível a medida regulada no Capítulo Xl do Título Vll
deste Livro.
Art. 124. Os instrumentos do crime, cuja perda em
favor da União for decretada, e as coisas confiscadas, de Código Civil - Bens Móveis
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de
acordo com o disposto no art. 100 do Código Penal, serão remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação
inutilizados ou recolhidos a museu criminal, se houver econômico-social.
interesse na sua conservação. Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
Após a Reforma Penal de 1984, perdeu efeito a menção ao art. 100. A
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
correspondência hoje se faz com o art. 91, II, do Código Penal, que
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
estipula: “São efeitos da condenação: (...) II - a perda em favor da União,
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem
ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa
instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico,
qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do produto do
crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo
agente com a prática do fato criminoso.
Art. 133. Transitada em julgado a sentença
condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do
Art. 124-A. Na hipótese de decretação de perdimento interessado ou do Ministério Público, determinará a
de obras de arte ou de outros bens de relevante valor avaliação e a venda dos bens em leilão público cujo
cultural ou artístico, se o crime não tiver vítima perdimento tenha sido decretado. (2019)
determinada, poderá haver destinação dos bens a museus § 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres
públicos. (2019) públicos o que não couber ao lesado ou a terceiro de
boa-fé. (2019)
CAPÍTULO VI § 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo
DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão diversa
Art. 125. Caberá o sequestro dos bens imóveis, em lei especial. (2019)
adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda
que já tenham sido transferidos a terceiro. Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o
interesse público, a utilização de bem sequestrado,
Sequestro é a medida assecuratória consistente em reter os bens imóveis
e moveis do indiciado ou acusado, ainda que em poder de terceiros, apreendido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos
quando adquiridos com o proveito da infração penal, para que deles não órgãos de segurança pública previstos no art. 144 da
se desfaça, durante o curso da ação penal, a fim de se viabilizar a Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema
indenização da vitima ou impossibilitar ao agente que tenha lucro com socioeducativo, da Força Nacional de Segurança Pública
atividade criminosa. e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas
Guilherme de Souza Nucci, Código de Processo Penal Comentado, 2019
atividades. (2019)
§ 1º O órgão de segurança pública participante das
Art. 126. Para a decretação do sequestro, bastará a ações de investigação ou repressão da infração penal que
existência de indícios veementes da proveniência ilícita dos ensejou a constrição do bem terá prioridade na sua
bens. utilização. (2019)
§ 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o
Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do interesse público, o juiz poderá autorizar o uso do bem pelos
Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação demais órgãos públicos. (2019)
da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em § 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for
qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a veículo, embarcação ou aeronave, o juiz ordenará à
denúncia ou queixa. autoridade de trânsito ou ao órgão de registro e controle a
expedição de certificado provisório de registro e
Art. 128. Realizado o sequestro, o juiz ordenará a sua licenciamento em favor do órgão público beneficiário, o qual
inscrição no Registro de Imóveis. estará isento do pagamento de multas, encargos e
tributos anteriores à disponibilização do bem para a sua

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utilização, que deverão ser cobrados de seu responsável. pecuniárias, tendo preferência sobre estas a reparação do
(2019) dano ao ofendido.
§ 4º Transitada em julgado a sentença penal
condenatória com a decretação de perdimento dos bens, Art. 141. O arresto será levantado ou cancelada a
ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o juiz hipoteca, se, por sentença irrecorrível, o réu for absolvido ou
poderá determinar a transferência definitiva da propriedade julgada extinta a punibilidade.
ao órgão público beneficiário ao qual foi custodiado o bem.
(2019) Art. 142. Caberá ao Ministério Público promover as
medidas estabelecidas nos arts. 134 e 137, se houver
Art. 134. A hipoteca legal sobre os imóveis do interesse da Fazenda Pública, ou se o ofendido for pobre e o
indiciado poderá ser requerida pelo ofendido em qualquer requerer.
fase do processo, desde que haja certeza da infração e
indícios suficientes da autoria. Art. 143. Passando em julgado a sentença
condenatória, serão os autos de hipoteca ou arresto
Art. 135. Pedida a especialização mediante remetidos ao juiz do cível (art. 63).
requerimento, em que a parte estimará o valor da
responsabilidade civil, e designará e estimará o imóvel ou Art. 144. Os interessados ou, nos casos do art. 142, o
imóveis que terão de ficar especialmente hipotecados, o juiz Ministério Público poderão requerer no juízo cível, contra o
mandará logo proceder ao arbitramento do valor da responsável civil, as medidas previstas nos arts.
responsabilidade e à avaliação do imóvel ou imóveis. 134, 136 e 137.
§ 1o A petição será instruída com as provas ou
indicação das provas em que se fundar a estimação da Art. 144-A. O juiz determinará a alienação
responsabilidade, com a relação dos imóveis que o antecipada para preservação do valor dos bens sempre que
responsável possuir, se outros tiver, além dos indicados no estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou
requerimento, e com os documentos comprobatórios do depreciação, ou quando houver dificuldade para sua
domínio. manutenção.
§ 2o O arbitramento do valor da responsabilidade e a § 1o O leilão far-se-á preferencialmente por meio
avaliação dos imóveis designados far-se-ão por perito eletrônico.
nomeado pelo juiz, onde não houver avaliador judicial, sendo- § 2o Os bens deverão ser vendidos pelo valor fixado
lhe facultada a consulta dos autos do processo respectivo. na avaliação judicial ou por valor maior. Não alcançado o
§ 3o O juiz, ouvidas as partes no prazo de dois dias, valor estipulado pela administração judicial, será realizado
que correrá em cartório, poderá corrigir o arbitramento do novo leilão, em até 10 (dez) dias contados da realização do
valor da responsabilidade, se Ihe parecer excessivo ou primeiro, podendo os bens ser alienados por valor não
deficiente. inferior a 80% (oitenta por cento) do estipulado na avaliação
§ 4o O juiz autorizará somente a inscrição da hipoteca judicial.
do imóvel ou imóveis necessários à garantia da § 3o O produto da alienação ficará depositado em
responsabilidade. conta vinculada ao juízo até a decisão final do processo,
§ 5o O valor da responsabilidade será liquidado procedendo-se à sua conversão em renda para a União,
definitivamente após a condenação, podendo ser requerido Estado ou Distrito Federal, no caso de condenação, ou, no
novo arbitramento se qualquer das partes não se conformar caso de absolvição, à sua devolução ao
com o arbitramento anterior à sentença condenatória. acusado.
§ 6o Se o réu oferecer caução suficiente, em dinheiro § 4o Quando a indisponibilidade recair sobre dinheiro,
ou em títulos de dívida pública, pelo valor de sua cotação em inclusive moeda estrangeira, títulos, valores mobiliários ou
Bolsa, o juiz poderá deixar de mandar proceder à inscrição cheques emitidos como ordem de pagamento, o juízo
da hipoteca legal. determinará a conversão do numerário apreendido em
moeda nacional corrente e o depósito das correspondentes
Art. 136. O arresto do imóvel poderá ser decretado quantias em conta judicial.
de início, revogando-se, porém, se no prazo de 15 (quinze) § 5o No caso da alienação de veículos, embarcações
dias não for promovido o processo de inscrição da hipoteca ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao
legal. equivalente órgão de registro e controle a expedição de
certificado de registro e licenciamento em favor do
Art. 137. Se o responsável não possuir bens imóveis arrematante, ficando este livre do pagamento de multas,
ou os possuir de valor insuficiente, poderão ser arrestados encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de execução
bens móveis suscetíveis de penhora, nos termos em que é fiscal em relação ao antigo proprietário.
facultada a hipoteca legal dos imóveis. § 6o O valor dos títulos da dívida pública, das ações
§ 1o Se esses bens forem coisas fungíveis e das sociedades e dos títulos de crédito negociáveis em bolsa
facilmente deterioráveis, proceder-se-á na forma do § 5o do será o da cotação oficial do dia, provada por certidão ou
art. 120. publicação no órgão oficial.
§ 2o Das rendas dos bens móveis poderão ser § 7o (VETADO).
fornecidos recursos arbitrados pelo juiz, para a manutenção
do indiciado e de sua família.
CAPÍTULO VII
Art. 138. O processo de especialização da hipoteca e DO INCIDENTE DE FALSIDADE
do arresto correrão em auto apartado. Art. 145. Arguida, por escrito, a falsidade de
documento constante dos autos, o juiz observará o seguinte
processo:
Art. 139. O depósito e a administração dos bens I - mandará autuar em apartado a impugnação, e em
arrestados ficarão sujeitos ao regime do processo civil. seguida ouvirá a parte contrária, que, no prazo de 48 horas,
oferecerá resposta;
Art. 140. As garantias do ressarcimento do dano II - assinará o prazo de três dias, sucessivamente, a
alcançarão também as despesas processuais e as penas cada uma das partes, para prova de suas alegações;

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III - conclusos os autos, poderá ordenar as diligências decisões. Adota-se, no Brasil, em relação ao Tribunal do Júri, em que os
que entender necessárias; jurados não precisam motivar seus votos, que são sigilosos.
--- Sistema Tarifário:
IV - se reconhecida a falsidade por decisão A valoração da prova, nesse sistema, é taxada ou tarifada,
irrecorrível, mandará desentranhar o documento e remetê-lo, preestabelecendo-se um determinado valor para cada prova produzida,
com os autos do processo incidente, ao Ministério Público. deixando o juiz adstrito ao que for estipulado.
--- Livre Convencimento Motivado:
Esse é o sistema adotado no Brasil, na qual exige a motivação de todas as
Art. 146. A arguição de falsidade, feita por procurador, decisões judiciais. O juiz é livre para formar seu convencimento, contudo
exige poderes especiais. deverá fundamentá-lo nos autos.
----------------------------------------------------------------------------------------------------
Art. 147. O juiz poderá, de ofício, proceder à Prova é “todo meio de se demonstrar, evidenciar uma verdade. No
verificação da falsidade. processo penal, a prova tem estreita ligação com o princípio da busca da
verdade real, a exigir a obtenção da verdade dos fatos, a verdade do
mundo real, diferente do que ocorre com o processo civil, em que se
Art. 148. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa verifica a procura tão-somente da verdade formal, a verdade dos autos”.
julgada em prejuízo de ulterior processo penal ou civil. Leonardo Barreto Moreira Alves, 2017, p. 211

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre


CAPÍTULO VIII apreciação da prova produzida em contraditório judicial,
DA INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade elementos informativos colhidos na investigação,
mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, antecipadas. (Sistema do livre convencimento motivado da prova)
do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, Poderá o Juiz decidir “de acordo com seu livre convencimento, devendo,
seja este submetido a exame médico-legal. no entanto, cuidar de fundamentá-lo, nos autos, buscando persuadir as
§ 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do partes e a comunidade em abstrato”.
Guilherme de Souza Nucci, 2008, p. 395
inquérito, mediante representação da autoridade policial ao
juiz competente. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das
§ 2o O juiz nomeará curador ao acusado, quando pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei
determinar o exame, ficando suspenso o processo, se já civil.
iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que
possam ser prejudicadas pelo adiamento. Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a
fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
Art. 150. Para o efeito do exame, o acusado, se I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a
estiver preso, será internado em manicômio judiciário, onde produção antecipada de provas consideradas urgentes e
houver, ou, se estiver solto, e o requererem os peritos, em relevantes, observando a necessidade, adequação e
estabelecimento adequado que o juiz designar. proporcionalidade da medida;
§ 1o O exame não durará mais de quarenta e cinco II – determinar, no curso da instrução, ou antes de
dias, salvo se os peritos demonstrarem a necessidade de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir
maior prazo. dúvida sobre ponto relevante.
§ 2o Se não houver prejuízo para a marcha do
processo, o juiz poderá autorizar sejam os autos entregues Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser
aos peritos, para facilitar o exame. desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais
Art. 151. Se os peritos concluírem que o acusado era, ou legais.
ao tempo da infração, irresponsável nos termos do art. 22 do PROVAS PROIBIDAS
Código Penal, o processo prosseguirá, com a presença do --- Prova Ilícita: Viola regra de direito material. Ex. confissão mediante
tortura; interceptação telefônica sem autorização judicial.
curador.
--- Prova Ilegítima: Viola regra de direito processual. Ex. laudo pericial
elaborado por apenas um perito não oficial.
Art. 152. Se se verificar que a doença mental
sobreveio à infração o processo continuará suspenso até que § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas
o acusado se restabeleça, observado o § 2o do art. 149. das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de
§ 1o O juiz poderá, nesse caso, ordenar a internação causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
do acusado em manicômio judiciário ou em outro puderem ser obtidas por uma fonte independente das
estabelecimento adequado. primeiras. (Teoria dos frutos da árvore envenenada)
§ 2o O processo retomará o seu curso, desde que se § 2o Considera-se fonte independente aquela que por
restabeleça o acusado, ficando-lhe assegurada a faculdade si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da
de reinquirir as testemunhas que houverem prestado investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir
depoimento sem a sua presença. ao fato objeto da prova.
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da
Art. 153. O incidente da insanidade mental processar- prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por
se-á em auto apartado, que só depois da apresentação do decisão judicial, facultado às partes acompanhar o
laudo, será apenso ao processo principal. incidente.
§ 4o (VETADO)
Art. 154. Se a insanidade mental sobrevier no curso § 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova
da execução da pena, observar-se-á o disposto no art. 682. declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou
acórdão. (2019)
TÍTULO VII
DA PROVA CAPÍTULO II
CAPÍTULO I DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM
DISPOSIÇÕES GERAIS GERAL
SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DA PROVA: Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será
--- Livre Convicção: indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
Para esse sistema, a valoração da prova é livre, de acordo com a íntima
convicção do Juiz, não havendo necessidade de motivação para suas não podendo supri-lo a confissão do acusado.

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Direto: Realizado diretamente sobre os vestígios deixados. Ex. contato descartado ou transportado, com vinculação ao número do
com o corpo da vítima no crime de lesão corporal. laudo correspondente;
Indireto: Realizado com base em informações verossímeis fornecidas X - descarte: procedimento referente à liberação do
através de outros meios de provas admitidos quando inexistentes os
vestígios. Ex. fotografias, filmes, exame de ficha clínica etc. vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando
pertinente, mediante autorização judicial.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do
exame de corpo de delito quando se tratar de crime que Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser
envolva: (2018) realizada preferencialmente por perito oficial, que dará o
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (2018) encaminhamento necessário para a central de custódia,
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou mesmo quando for necessária a realização de exames
pessoa com deficiência. (2018) complementares. (2019)
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o inquérito ou processo devem ser tratados como descrito
conjunto de todos os procedimentos utilizados para nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza
manter e documentar a história cronológica do vestígio criminal responsável por detalhar a forma do seu
coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear cumprimento. (2019)
sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o § 2º É proibida a entrada em locais isolados bem
descarte. (2019) como a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a antes da liberação por parte do perito responsável, sendo
preservação do local de crime ou com procedimentos tipificada como fraude processual a sua realização. (2019)
policiais ou periciais nos quais seja detectada a
existência de vestígio. (2019) Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento vestígio será determinado pela natureza do material. (2019)
como de potencial interesse para a produção da prova § 1º Todos os recipientes deverão ser selados com
pericial fica responsável por sua preservação. (2019) lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir a
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o
ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à transporte. (2019)
infração penal. (2019) § 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio,
preservar suas características, impedir contaminação e
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para
rastreamento do vestígio nas seguintes etapas: (2019) registro de informações sobre seu conteúdo. (2019)
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento § 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que
como de potencial interesse para a produção da prova vai proceder à análise e, motivadamente, por pessoa
pericial; autorizada. (2019)
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado § 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer
das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, constar na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e a
mediato e relacionado aos vestígios e local de crime; matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem
III - fixação: descrição detalhada do vestígio como as informações referentes ao novo lacre utilizado. (2019)
conforme se encontra no local de crime ou no corpo de delito, § 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no
e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada interior do novo recipiente. (2019)
por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a
sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística
responsável pelo atendimento; deverão ter uma central de custódia destinada à guarda e
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada
submetido à análise pericial, respeitando suas características diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza
e natureza; criminal. (2019)
V - acondicionamento: procedimento por meio do § 1º Toda central de custódia deve possuir os
qual cada vestígio coletado é embalado de forma serviços de protocolo, com local para conferência, recepção,
individualizada, de acordo com suas características físicas, devolução de materiais e documentos, possibilitando a
químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação seleção, a classificação e a distribuição de materiais,
da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o devendo ser um espaço seguro e apresentar condições
acondicionamento; ambientais que não interfiram nas características do vestígio.
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um (2019)
local para o outro, utilizando as condições adequadas § 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de
(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se
garantir a manutenção de suas características originais, bem informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se
como o controle de sua posse; relacionam. (2019)
VII - recebimento: ato formal de transferência da § 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao
posse do vestígio, que deve ser documentado com, no vestígio armazenado deverão ser identificadas e deverão ser
mínimo, informações referentes ao número de procedimento registradas a data e a hora do acesso. (2019)
e unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, § 4º Por ocasião da tramitação do vestígio
nome de quem transportou o vestígio, código de armazenado, todas as ações deverão ser registradas,
rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, consignando-se a identificação do responsável pela
assinatura e identificação de quem o recebeu; tramitação, a destinação, a data e horário da ação. (2019)
VIII - processamento: exame pericial em si,
manipulação do vestígio de acordo com a metodologia Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material
adequada às suas características biológicas, físicas e deverá ser devolvido à central de custódia, devendo nela
químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá permanecer. (2019)
ser formalizado em laudo produzido por perito; Parágrafo único. Caso a central de custódia não
IX - armazenamento: procedimento referente à possua espaço ou condições de armazenar determinado
guarda, em condições adequadas, do material a ser material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar
processado, guardado para realização de contraperícia, as condições de depósito do referido material em local

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diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual
perícia oficial de natureza criminal. (2019) se lavrará auto circunstanciado.
Exumação consiste na remoção de um cadáver da sepultura ou
desenterramento.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias
serão realizados por perito oficial, portador de diploma de Parágrafo único. O administrador de cemitério público
curso superior. ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem
por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar
curso superior preferencialmente na área específica, dentre não destinado a inumações, a autoridade procederá às
as que tiverem habilitação técnica relacionada com a pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.
natureza do exame.
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na
de bem e fielmente desempenhar o encargo. posição em que forem encontrados, bem como, na medida
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no
assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao local do crime.
acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente
técnico. Art. 165. Para representar as lesões encontradas no
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do
admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos,
elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes devidamente rubricados.
intimadas desta decisão.
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do
às partes, quanto à perícia: cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a Instituto de Identificação e Estatística ou repartição
prova ou para responderem a quesitos, desde que o congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se
mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem auto de reconhecimento e de identidade, no qual se
esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.
de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo Parágrafo único. Em qualquer caso, serão
complementar; arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados,
II – indicar assistentes técnicos que poderão que possam ser úteis para a identificação do cadáver.
apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser
inquiridos em audiência. Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova
probatório que serviu de base à perícia será testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá
sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro
exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame
conservação. complementar por determinação da autoridade policial ou
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público,
mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se- do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte § 1o No exame complementar, os peritos terão
indicar mais de um assistente técnico. presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a
deficiência ou retificá-lo.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde
do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito
descreverão minuciosamente o que examinarem, e
logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data
responderão aos quesitos formulados.
do crime.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser
prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo ser
suprida pela prova testemunhal.
prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos
peritos.
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde
houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito
imediatamente para que não se altere o estado das coisas
em qualquer dia e a qualquer hora.
até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos
com fotografias, desenhos ou esquemas
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos 6 (seis)
elucidativos.
horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as
dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes
alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as
daquele prazo, o que declararão no auto.
consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.
A Autópsia (necropsia ou exame cadavérico) é um exame médico
minucioso realizado em um cadáver para determinar o momento e a causa
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos
da morte.
guardarão material suficiente para a eventualidade de nova
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados
bastará o simples exame externo do cadáver, quando não com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou
houver infração penal que apurar, ou quando as lesões esquemas. (Exame laboratorial)
externas permitirem precisar a causa da morte e não houver
necessidade de exame interno para a verificação de alguma Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou
circunstância relevante. rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio
de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios,
Art. 163. Em caso de exumação para exame indicarão com que instrumentos, por que meios e em que
cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e época presumem ter sido o fato praticado. (Perícia em furto
qualificado)

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Parágrafo único. A autoridade poderá também


Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se
avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que julgar conveniente.
constituam produto do crime.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo,
peritos procederão à avaliação por meio dos elementos podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
existentes nos autos e dos que resultarem de diligências. Sistema do livre convencimento motivado. O Juiz poderá aceitar ou
rejeitar o laudo, porém deverá fundamentar sua decisão no conjunto
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a probatório, não ficando vinculado ao laudo pericial.
causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele
tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública,
extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias observar-se-á o disposto no art. 19.
que interessarem à elucidação do fato. (Exame de local de
incêndio)
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito,
o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida
Art. 174. No exame para o reconhecimento de
pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento
escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte: da verdade.
(Exame de reconhecimento de escritos ou grafotécnico ou
caligráfico)
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o CAPÍTULO III
escrito será intimada para o ato, se for encontrada; DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
II - para a comparação, poderão servir quaisquer Art. 185. O acusado que comparecer perante a
documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido autoridade judiciária, no curso do processo penal, será
judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre qualificado e interrogado na presença de seu defensor,
cuja autenticidade não houver dúvida; constituído ou nomeado.
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para O interrogatório é um direito subjetivo do acusado, configurando nulidade
o exame, os documentos que existirem em arquivos ou absoluta o impedimento ao seu exercício, pois faz parte do direito à defesa
estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, pessoal. O interrogatório é meio de prova e meio de defesa do réu.
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se daí não puderem ser retirados; STF: Ainda que procedimentos especiais estabeleçam forma diversa, o
IV - quando não houver escritos para a comparação interrogatório do acusado deve sempre ser o último ato da instrução.
ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que
§ 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em
a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a
sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido,
pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser
desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do
feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a
membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a
pessoa será intimada a escrever.
presença do defensor e a publicidade do ato.
§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos
fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes,
empregados para a prática da infração, a fim de se Ihes
poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de
verificar a natureza e a eficiência. (Exame dos instrumentos do
crime) videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular medida seja necessária para atender a uma das seguintes
quesitos até o ato da diligência. finalidades:
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos fundada suspeita de que o preso integre organização
peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o
caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação deslocamento;
poderá ser feita pelo juiz deprecante. II - viabilizar a participação do réu no referido ato
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes processual, quando haja relevante dificuldade para seu
serão transcritos na precatória. comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra
circunstância pessoal;
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será III - impedir a influência do réu no ânimo de
requisitado pela autoridade ao diretor da repartição, juntando- testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher
se ao processo o laudo assinado pelos peritos. o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art.
217 deste Código;
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, § 3o Da decisão que determinar a realização de
se presente ao exame, também pela autoridade. interrogatório por videoconferência, as partes serão intimadas
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, com 10 (dez) dias de antecedência.
o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e § 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o
rubricado em suas folhas por todos os peritos. preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico,
a realização de todos os atos da audiência única de instrução
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste
serão consignadas no auto do exame as declarações e Código.
respostas de um e de outro, ou cada um redigirá § 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz
separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada
terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica
mandar proceder a novo exame por outros peritos. também garantido o acesso a canais telefônicos reservados
para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre
ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a este e o preso.
autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, § 6o A sala reservada no estabelecimento prisional
complementar ou esclarecer o laudo. para a realização de atos processuais por sistema de

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videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no
juiz de cada causa, como também pelo Ministério Público e todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar
pela Ordem dos Advogados do Brasil. provas.
§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso
em juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado
realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo. sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras
§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste pessoas concorreram para a infração, e quais sejam.
artigo, no que couber, à realização de outros atos
processuais que dependam da participação de pessoa que Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão
esteja presa, como acareação, reconhecimento de pessoas e interrogados separadamente.
coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações
do ofendido. Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do
§ 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o surdo-mudo será feito pela forma seguinte:
acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu I - ao surdo serão apresentadas por escrito as
defensor. perguntas, que ele responderá oralmente;
§ 10. Do interrogatório deverá constar a informação II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente,
sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem respondendo-as por escrito;
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa por escrito e do mesmo modo dará as
presa. (2018) respostas.
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob
cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.
informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu
direito de permanecer calado e de não responder Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua
perguntas que lhe forem formuladas. nacional, o interrogatório será feito por meio de intérprete.
STJ: Caso o Juiz não informe ao acusado sobre o seu direito de
permanecer calado, deverá ser comprovado o efetivo prejuízo que Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não
decorreu desta irregularidade. Não havendo prejuízo, não haverá nulidade. puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no
Nulidade Relativa. termo.
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em
confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo
defesa. interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de
qualquer das partes.
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas
partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os CAPÍTULO IV
fatos. DA CONFISSÃO
§ 1o Na primeira parte o interrogando será Confissão: É o reconhecimento, por uma pessoa, da culpa ou da
perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, acusação que lhe foi imputada.
oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos
vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado critérios adotados para os outros elementos de prova, e para
alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais
se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena provas do processo, verificando se entre ela e estas existe
imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais. compatibilidade ou concordância.
§ 2o Na segunda parte será perguntado
sobre: Art. 198. O silêncio do acusado não importará
I - ser verdadeira a acusação que lhe é confissão, mas poderá constituir elemento para a formação
feita; do convencimento do juiz.
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum A parte final desse dispositivo não foi recepcionada pela ordem
motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou jurídica atual.
pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e
quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da Art. 199. A confissão, quando feita fora do
infração ou depois dela; interrogatório, será tomada por termo nos autos, observado o
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a disposto no art. 195.
infração e se teve notícia desta;
IV - as provas já apuradas; Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame
ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra das provas em conjunto.
elas;
Divisível: O Juiz poderá considerar apenas parte da confissão.
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a Retratável: O réu poderá se retratar da confissão, se em tempo.
infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e
tenha sido apreendido;
VII - todos os demais fatos e pormenores que CAPÍTULO V
conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias DO OFENDIDO
da infração; Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da
infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz que possa indicar, tomando-se por termo as suas
indagará das partes se restou algum fato para ser declarações.
esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o § 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer
entender pertinente e relevante. sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à
presença da autoridade.

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Admite-se a condução coercitiva do acusado, que poderá ser Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá
responsabilizado por crime de desobediência. Cumpre salientar que o ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.
ofendido não possui direito ao silêncio, exceto se o seu depoimento puder (Testemunhas extranumerárias)
incriminá-lo. § 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as
o pessoas a que as testemunhas se referirem. (Testemunhas
§ 2 O ofendido será comunicado dos atos
processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da referidas ou referenciais)
prisão, à designação de data para audiência e à sentença e § 2o Não será computada como testemunha a pessoa
respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem. que nada souber que interesse à decisão da causa.
§ 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas (Testemunhas inócuas)
no endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do
ofendido, o uso de meio eletrônico. Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma
§ 4o Antes do início da audiência e durante a sua de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam os
realização, será reservado espaço separado para o depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas
ofendido. cominadas ao falso testemunho.
§ 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar Parágrafo único. Antes do início da audiência e
o ofendido para atendimento multidisciplinar, durante a sua realização, serão reservados espaços
especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica separados para a garantia da incomunicabilidade das
e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado. testemunhas.
§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à
preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final,
ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de reconhecer que alguma testemunha fez afirmação falsa,
justiça em relação aos dados, depoimentos e outras calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à
informações constantes dos autos a seu respeito para evitar autoridade policial para a instauração de inquérito.
sua exposição aos meios de comunicação. Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado
em plenário de julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão
CAPÍTULO VI na audiência (art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561), ou o
DAS TESTEMUNHAS conselho de sentença, após a votação dos quesitos, poderão
Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha. fazer apresentar imediatamente a testemunha à autoridade
policial.
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a
promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes
perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que
estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa
sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das ou importarem na repetição de outra já respondida.
partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o
o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou juiz poderá complementar a inquirição.
as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua
credibilidade. Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha
Testemunha não tem direito ao silêncio e deve prestar compromisso de manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando
dizer a verdade, podendo responder por crime de falso testemunho. inseparáveis da narrativa do fato.
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STF: A testemunha poderá permanecer em silêncio somente em relação
aos fatos que possam incriminá-la. Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes
poderão contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias ou
Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não
defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna
sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito.
de fé. O juiz fará consignar a contradita ou arguição e a
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha,
resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou
entretanto, breve consulta a apontamentos.
não Ihe deferirá compromisso nos casos previstos nos arts.
207 e 208.
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da
testemunha, o juiz procederá à verificação pelos meios ao
Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá
seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento
cingir-se, tanto quanto possível, às expressões usadas pelas
desde logo.
testemunhas, reproduzindo fielmente as suas frases.
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da
Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido
obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a
a termo, assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a
fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o testemunha não souber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá
cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o a alguém que o faça por ela, depois de lido na presença de
filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por
ambos.
outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas
circunstâncias.
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento
razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte verdade do depoimento, fará a inquirição por
interessada, quiserem dar o seu testemunho. videoconferência e, somente na impossibilidade dessa
forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude inquirição, com a presença do seu defensor.
o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas
menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se previstas no caput deste artigo deverá constar do termo,
refere o art. 206. assim como os motivos que a determinaram.

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Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro
deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá de um ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se,
requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou pela simples omissão, às penas do não-comparecimento.
determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá
solicitar o auxílio da força pública. Art. 225. Se qualquer testemunha houver de
ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o
multa prevista no art. 453, sem prejuízo do processo penal juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das
por crime de desobediência, e condená-la ao pagamento das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
custas da diligência.
CAPÍTULO VII
Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor, serão Esse Capítulo trata do procedimento realizado para identificação de
inquiridas onde estiverem. pessoas “de alguma maneira envolvidas no fato delituoso, e de coisas,
cuja prova da existência e individualização seja relevante para a apuração
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da da responsabilidade”.
Oliveira, 2008, p.365
República, os senadores e deputados federais, os ministros
de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o
secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte
Municípios, os deputados às Assembleias Legislativas forma:
Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será
juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será
inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados colocada, se possível, ao lado de outras que com ela
entre eles e o juiz. tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de
§ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, fazer o reconhecimento a apontá-la;
os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos III - se houver razão para recear que a pessoa
Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar chamada para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou
pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que
perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que
serão transmitidas por ofício. esta não veja aquela;
§ 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto
superior. pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa
§ 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o chamada para proceder ao reconhecimento e por duas
disposto no art. 218, devendo, porém, a expedição do testemunhas presenciais.
mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não
repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora terá aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário
marcados. de julgamento.
STJ: O art. 226 do Código de Processo Penal configura uma
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição recomendação legal, e não uma exigência absoluta, não se cuidando,
portanto, de nulidade quando praticado o ato processual (reconhecimento
do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, pessoal) de forma diversa da prevista em lei.
expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo
razoável, intimadas as partes.
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-
instrução criminal. se-á com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que
§ 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o for aplicável.
julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, uma vez
devolvida, será junta aos autos. Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a
§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma
oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio de fará a prova em separado, evitando-se qualquer
videoconferência ou outro recurso tecnológico de comunicação entre elas.
transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida a
presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, CAPÍTULO VIII
durante a realização da audiência de instrução e DA ACAREAÇÃO
julgamento. Art. 229. A acareação será admitida entre acusados,
entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre
STF: Súmula 155 - É relativa a nulidade do processo criminal por falta de
intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha. acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as
STJ: Súmula 273 - Intimada a defesa da expedição da carta precatória, pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas
torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
deprecado. Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados,
Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas para que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se
se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, a termo o ato de acareação.
arcando a parte requerente com os custos de envio.
Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas
disposto nos §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código. declarações divirjam das de outra, que esteja presente, a
esta se darão a conhecer os pontos da divergência,
Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se
nacional, será nomeado intérprete para traduzir as subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade
perguntas e respostas. do lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-
Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou se as declarações desta e as da testemunha presente, nos
surdo-mudo, proceder-se-á na conformidade do art. 192. pontos em que divergirem, bem como o texto do referido
auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a

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testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a e) descobrir objetos necessários à prova de infração
testemunha presente. Esta diligência só se realizará quando ou à defesa do réu;
não importe demora prejudicial ao processo e o juiz a f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao
entenda conveniente. acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do
CAPÍTULO IX fato;
DOS DOCUMENTOS g) apreender pessoas vítimas de crimes;
Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes h) colher qualquer elemento de convicção.
poderão apresentar documentos em qualquer fase do § 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver
processo. fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma
proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do
Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer parágrafo anterior.
escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou
Parágrafo único. À fotografia do documento, judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar
devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original. deverá ser precedida da expedição de mandado.
Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou
obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em juízo. Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou
Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em a requerimento de qualquer das partes.
juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu
direito, ainda que não haja consentimento do signatário. Art. 243. O mandado de busca deverá:
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em
Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de que será realizada a diligência e o nome do respectivo
documento relativo a ponto relevante da acusação ou da proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o
defesa, providenciará, independentemente de requerimento nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a
de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se identifiquem;
possível. II - mencionar o motivo e os fins da diligência;
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela
Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares autoridade que o fizer expedir.
serão submetidas a exame pericial, quando contestada a sua § 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio
autenticidade. texto do mandado de busca.
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento
Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir
prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, elemento do corpo de delito.
traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa
idônea nomeada pela autoridade. Art. 244. A busca pessoal independerá de
mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada
Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida
conferidas com o original, em presença da autoridade. ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou
quando a medida for determinada no curso de busca
Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo domiciliar.
findo, quando não exista motivo relevante que justifique a sua
conservação nos autos, poderão, mediante requerimento, e Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de
ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e,
produziu, ficando traslado nos autos. antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e
lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente,
CAPÍTULO X intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
DOS INDÍCIOS § 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará
Art. 239. Considera-se indício a circunstância previamente sua qualidade e o objeto da diligência.
conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, § 2o Em caso de desobediência, será arrombada a
por indução, concluir-se a existência de outra ou outras porta e forçada a entrada.
circunstâncias. § 3o Recalcitrando o morador, será permitido o
emprego de força contra coisas existentes no interior da
CAPÍTULO XI casa, para o descobrimento do que se procura.
DA BUSCA E DA APREENSÃO § 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando
A busca e apreensão é um meio de prova cautelar, que visa o ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a
“acautelamento do material probatório, de coisa, de animais e até de assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver
pessoas, que não estejam ao alcance, espontâneo, da justiça.” presente.
Oliveira, 2008, p.369.
§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. procurar, o morador será intimado a mostrá-la.
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando § 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura,
fundadas razões a autorizarem, para: será imediatamente apreendida e posta sob custódia da
a) prender criminosos; autoridade ou de seus agentes.
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios § 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto
criminosos; circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas
c) apreender instrumentos de falsificação ou de presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4o.
contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
Contrafação é a reprodução de uma obra protegida por direitos autorais Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo
sem autorização da entidade que detém a sua propriedade intelectual. anterior, quando se tiver de proceder a busca em
d) apreender armas e munições, instrumentos compartimento habitado ou em aposento ocupado de
utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso; habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao
público, onde alguém exercer profissão ou atividade.

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II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente,


Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo
procurada, os motivos da diligência serão comunicados a caráter criminoso haja controvérsia;
quem tiver sofrido a busca, se o requerer. III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou
afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer
modo que não moleste os moradores mais do que o das partes;
indispensável para o êxito da diligência. IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra qualquer das partes;
mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da Vl - se for sócio, acionista ou administrador de
diligência. sociedade interessada no processo.
IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão Provoca nulidade absoluta do ato Provoca nulidade relativa do ato
penetrar no território de jurisdição alheia, ainda que de outro processual. processual.
Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no Presunção absoluta de Presunção relativa de
seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à parcialidade do juiz. (juris et de parcialidade do juiz. (juris tantum)
competente autoridade local, antes da diligência ou após, jure)
conforme a urgência desta. Causas de impedimento previstas Causas de impedimento previstas
§ 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes em um rol taxativo. em um rol não taxativo.
vão em seguimento da pessoa ou coisa, quando:
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de
transporte, a seguirem sem interrupção, embora depois a parentesco por afinidade cessará pela dissolução do
percam de vista; casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem
por informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto,
está sendo removida ou transportada em determinada o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no
direção, forem ao seu encalço. processo.
§ 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas
razões para duvidar da legitimidade das pessoas que, nas Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada
referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de
legalidade dos mandados que apresentarem, poderão exigir propósito der motivo para criá-la.
as provas dessa legitimidade, mas de modo que não se
frustre a diligência. CAPÍTULO II
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
TÍTULO VIII Art. 257. Ao Ministério Público cabe:
DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E I - promover, privativamente, a ação penal pública,
DEFENSOR, na forma estabelecida neste Código; e
DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA II - fiscalizar a execução da lei.
CAPÍTULO I
DO JUIZ Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das
processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim,
podendo, para tal fim, requisitar a força pública. (Princípio do em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a
impulso oficial)
eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições
relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes.
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no (Impedimento e Suspeição)
processo em que: (Impedimento)
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, CAPÍTULO III
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o DO ACUSADO E SEU DEFENSOR
terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão Art. 259. A impossibilidade de identificação do
do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos
perito; não retardará a ação penal, quando certa a identidade
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas física. A qualquer tempo, no curso do processo, do
funções ou servido como testemunha; julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos,
pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; sem prejuízo da validade dos atos precedentes.
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente,
consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para
terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que,
no feito. sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá
mandar conduzi-lo à sua presença.
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no
STF: É inconstitucional o uso de condução coercitiva de réus para fins de
mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, interrogatório. Ninguém pode ser constrangido a produzir provas contra si.
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o
terceiro grau, inclusive. (Impedimento) Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem
de condução, os requisitos mencionados no art. 352, no que
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o Ihe for aplicável.
fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
(Suspeição) Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer foragido, será processado ou julgado sem defensor.
deles; (Indisponibilidade do direito de defesa)

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A defesa técnica é um direito indisponível do réu, e o descumprimento recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele
dessa garantia acarreta a nulidade absoluta do feito. próprio, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598.
Art. 565, inciso III, alínea “c”, CPP
§ 1o O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada da realização das provas propostas pelo assistente.
por defensor público ou dativo, será sempre exercida através § 2o O processo prosseguirá independentemente de
de manifestação fundamentada. nova intimação do assistente, quando este, intimado, deixar
de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do
Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. julgamento, sem motivo de força maior devidamente
Dispositivo tacitamente revogado. comprovado.
Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado Art. 272. O Ministério Público será ouvido
defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, previamente sobre a admissão do assistente.
nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se,
caso tenha habilitação. Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, assistente, não caberá recurso, devendo, entretanto,
será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, constar dos autos o pedido e a decisão.
arbitrados pelo juiz.
CAPÍTULO V
Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA
solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de cem a Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes
quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio aos acusados, estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no
quando nomeados pelo Juiz. que Ihes for aplicável.
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o CAPÍTULO VI
processo senão por motivo imperioso, comunicado DOS PERITOS E INTÉRPRETES
previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará
(cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções sujeito à disciplina judiciária.
cabíveis.
§ 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do
justificado, o defensor não puder comparecer. perito.
§ 2o Incumbe ao defensor provar o impedimento até a
abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será
o adiamento de ato algum do processo, devendo nomear obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a
defensor substituto, ainda que provisoriamente ou só para o quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
efeito do ato. Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito
que, sem justa causa, provada imediatamente:
Art. 266. A constituição de defensor independerá de a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da
instrumento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião autoridade;
do interrogatório. (Nomeação “apud acta”) b) não comparecer no dia e local designados para o
exame;
Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia
como defensores os parentes do juiz. não seja feita, nos prazos estabelecidos.
CAPÍTULO IV Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito,
DOS ASSISTENTES sem justa causa, a autoridade poderá determinar a sua
Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá condução.
intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido
ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das Art. 279. Não poderão ser peritos:
pessoas mencionadas no art. 31 (Cônjuge, Ascendente, I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito
Descendente ou Irmão). mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do Código Penal;
O assistente de acusação atua somente no processo a partir do II - os que tiverem prestado depoimento no processo
recebimento da denúncia, não sendo permitida a sua atuação no inquérito ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia;
policial.
III - os analfabetos e os menores de 21 anos.
----------------------------------------------------------------------------------------------------
STF: O assistente de acusação pode recorrer da sentença condenatória
para agravar a pena do réu. Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for
STF: Súmula 210 - O assistente do Ministério Público pode recorrer, aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes.
inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos arts. 584,
parágrafo 1º e 598 do Código de Processo Penal.
STF: Súmula 448 - O prazo para o assistente recorrer, supletivamente,
Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos,
começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério equiparados aos peritos.
Público. O intérprete é o especialista em “determinados idiomas estrangeiros ou
linguagens específicas, que serve de intermediário entre a pessoa a ser
ouvida em juízo e o magistrado e as partes”, atuando como se fosse
Art. 269. O assistente será admitido enquanto não perito, “devidamente compromissado a bem desempenhar a sua função”.
passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado Nucci, 2008, p. 569

em que se achar.
TÍTULO IX
Art. 270. O co-réu no mesmo processo não poderá DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA
intervir como assistente do Ministério Público. LIBERDADE PROVISÓRIA
CAPÍTULO I
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios DISPOSIÇÕES GERAIS
de prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo
e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os

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Art. 282. As medidas cautelares previstas neste a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela
Título deverão ser aplicadas observando-se a: (Princípio da autoridade;
proporcionalidade) b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a nome, alcunha ou sinais característicos;
investigação ou a instrução criminal e, nos casos c) mencionará a infração penal que motivar a prisão;
expressamente previstos, para evitar a prática de infrações d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando
penais; afiançável a infração;
II - adequação da medida à gravidade do crime, e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe
circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou execução.
acusado.
§ 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o
isolada ou cumulativamente. executor entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo exemplares com declaração do dia, hora e lugar da
juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da diligência. Da entrega deverá o preso passar recibo no outro
investigação criminal, por representação da autoridade exemplar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o
policial ou mediante requerimento do Ministério Público. (2019) fato será mencionado em declaração, assinada por duas
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo testemunhas.
de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de
medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de
para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, em
de cópia do requerimento e das peças necessárias, tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver
permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou expedido o mandado, para a realização de audiência de
de perigo deverão ser justificados e fundamentados em custódia. (2019)
decisão que contenha elementos do caso concreto que
justifiquem essa medida excepcional. (2019) Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das seja exibido o mandado ao respectivo diretor ou carcereiro, a
obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do quem será entregue cópia assinada pelo executor ou
Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, apresentada a guia expedida pela autoridade competente,
poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, devendo ser passado recibo da entrega do preso, com
ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos declaração de dia e hora.
termos do parágrafo único do art. 312 deste Código. (2019) Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, próprio exemplar do mandado, se este for o documento
revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a exibido.
falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-
la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (2019)
§ 6º A prisão preventiva somente será determinada Art. 289. Quando o acusado estiver no território
quando não for cabível a sua substituição por outra nacional, fora da jurisdição do juiz processante, será
medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o
não cabimento da substituição por outra medida cautelar inteiro teor do mandado.
deverá ser justificado de forma fundamentada nos § 1o Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a
elementos presentes do caso concreto, de forma prisão por qualquer meio de comunicação, do qual deverá
individualizada. (2019) constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança se
arbitrada.
§ 2o A autoridade a quem se fizer a requisição tomará
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em as precauções necessárias para averiguar a autenticidade da
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da comunicação.
autoridade judiciária competente, em decorrência de § 3o O juiz processante deverá providenciar a remoção
prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da
transitada em julgado. (2019) efetivação da medida.
§ 1o As medidas cautelares previstas neste Título
não se aplicam à infração a que não for isolada, cumulativa Art. 289-A. O juiz competente providenciará o
ou alternativamente cominada pena privativa de imediato registro do mandado de prisão em banco de dados
liberdade. mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para essa
§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a finalidade.
qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à § 1o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão
inviolabilidade do domicílio. determinada no mandado de prisão registrado no Conselho
Prisão é a “privação da liberdade, tolhendo-se o direito de ir e vir, através Nacional de Justiça, ainda que fora da competência territorial
do recolhimento da pessoa humana ao cárcere”. do juiz que o expediu.
Nucci, 2008, p. 573 § 2o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão
-- Prisão penal: aplicável após o trânsito em julgado de sentença
decretada, ainda que sem registro no Conselho Nacional de
condenatória. Justiça, adotando as precauções necessárias para averiguar
-- Prisão processual: aplicável, como medida cautelar, antes do trânsito a autenticidade do mandado e comunicando ao juiz que a
em julgado da sentença condenatória. decretou, devendo este providenciar, em seguida, o registro
do mandado na forma do caput deste artigo.
§ 3o A prisão será imediatamente comunicada ao juiz
Art. 284. Não será permitido o emprego de força,
do local de cumprimento da medida o qual providenciará a
salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa
certidão extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça
de fuga do preso.
e informará ao juízo que a decretou.
§ 4o O preso será informado de seus direitos, nos
Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará
termos do inciso LXIII do art. 5o da Constituição Federal e,
expedir o respectivo mandado.
caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será
Parágrafo único. O mandado de prisão:
comunicado à Defensoria Pública.

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119
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§ 5o Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a II - os governadores ou interventores de Estados ou


legitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade do Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos
preso, aplica-se o disposto no § 2o do art. 290 deste secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os
Código. chefes de Polícia;
§ 6o O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho
registro do mandado de prisão a que se refere o caput deste de Economia Nacional e das Assembleias Legislativas dos
artigo. Estados;
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito";
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos
território de outro município ou comarca, o executor poderá Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o VI - os magistrados;
imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se VII - os diplomados por qualquer das faculdades
for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção superiores da República;
do preso. VIII - os ministros de confissão religiosa;
§ 1o - Entender-se-á que o executor vai em IX - os ministros do Tribunal de Contas;
perseguição do réu, quando: X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo
interrupção, embora depois o tenha perdido de vista; de incapacidade para o exercício daquela função;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos
que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual Estados e Territórios, ativos e inativos.
direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço. § 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em
§ 2o Quando as autoridades locais tiverem fundadas outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local
razões para duvidar da legitimidade da pessoa do executor distinto da prisão comum.
ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão pôr § 2o Não havendo estabelecimento específico para o
em custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida. preso especial, este será recolhido em cela distinta do
mesmo estabelecimento.
Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender- § 3o A cela especial poderá consistir em alojamento
se-á feita desde que o executor, fazendo-se conhecer do réu, coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente,
Ihe apresente o mandado e o intime a acompanhá-lo. pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e
condicionamento térmico adequados à existência
Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, humana.
resistência à prisão em flagrante ou à determinada por § 4o O preso especial não será transportado
autoridade competente, o executor e as pessoas que o juntamente com o preso comum.
auxiliarem poderão usar dos meios necessários para § 5o Os demais direitos e deveres do preso especial
defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se serão os mesmos do preso comum.
lavrará auto subscrito também por duas testemunhas.
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for
mulheres grávidas durante os atos médico-hospitalares possível, serão recolhidos à prisão, em estabelecimentos
preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho militares, de acordo com os respectivos regulamentos.
de parto, bem como em mulheres durante o período de
puerpério imediato. (2017) Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido
pela autoridade judiciária, a autoridade policial poderá
STF: Súmula Vinculante 11 - Só é lícito o uso de algemas em casos de
resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física expedir tantos outros quantos necessários às diligências,
própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a devendo neles ser fielmente reproduzido o teor do mandado
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade original.
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da
prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
Art. 298. (revogado)
responsabilidade civil do Estado.

Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de


Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com mandado judicial, por qualquer meio de comunicação,
segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, tomadas pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as
o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de precauções necessárias para averiguar a autenticidade
prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor desta.
convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na
casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o Art. 300. As pessoas presas provisoriamente
executor, depois da intimação ao morador, se não for ficarão separadas das que já estiverem definitivamente
atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa condenadas, nos termos da lei de execução penal.
incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito,
efetuará a prisão. após a lavratura dos procedimentos legais, será recolhido a
Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar quartel da instituição a que pertencer, onde ficará preso à
o réu oculto em sua casa será levado à presença da disposição das autoridades competentes.
autoridade, para que se proceda contra ele como for de
direito. CAPÍTULO II
DA PRISÃO EM FLAGRANTE
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-
Pode-se conceituar a prisão em flagrante como “a modalidade de prisão
á o disposto no artigo anterior, no que for aplicável. cautelar, de natureza administrativa, realizada no instante em que se
desenvolve ou termina de se concluir a infração penal”.
Nucci, 2008, p. 587
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão
especial, à disposição da autoridade competente, quando Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades
sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: policiais e seus agentes deverão prender quem quer que
I - os ministros de Estado; seja encontrado em flagrante delito.

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Flagrante facultativo: Qualquer do povo poderá efetuar a prisão em § 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a
flagrante, caso queira. Configura exercício regular de um direito. realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente
Flagrante obrigatório: Autoridades policiais e seus agentes possuem a o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe
obrigação de efetuá-la. Configura estrito cumprimento do dever legal.
o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria
Pública.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: § 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso,
I - está cometendo a infração penal; (Flagrante próprio) mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
II - acaba de cometê-la; (Flagrante próprio) com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo testemunhas.
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
presumir ser autor da infração; (Flagrante impróprio) Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções,
armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as
da infração. (Flagrante ficto) declarações que fizer o preso e os depoimentos das
testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo
Flagrante esperado: Nessa modalidade de flagrante, conhecida como preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz
intervenção predisposta da autoridade policial, não há interferência de um a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não
agente provocador. É um flagrante totalmente válido, na qual agentes,
informados sobre a possibilidade de uma atividade ilegal, ficam de o for a autoridade que houver presidido o auto.
campana, com o intuito de averiguar sua possível ocorrência.
Flagrante diferido: É a possibilidade concedida à polícia de retardar a Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se
realização da prisão em flagrante, com o intuito de angariar mais dados e tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do
informações acerca da atividade delituosa. Trata-se de uma ação
lugar mais próximo.
controlada.
Flagrante preparado: Também conhecido como flagrante provocado ou
crime de ensaio, é considerado crime impossível. De acordo com a Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em
Súmula 145, do STF, “não há crime, quando a preparação do flagrante liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
pela polícia torna impossível a sua consumação.
Flagrante forjado: É o flagrante maquiado ou fabricado, totalmente
artificial. Ocorre, por exemplo, quando um policial insere drogas no veículo Art. 310. Após receber o auto de prisão em
de alguém, com o intuito de decretar o estado de flagrância. O agente flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas
forjador comete crime. após a realização da prisão, o juiz deverá promover
audiência de custódia com a presença do acusado, seu
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o
agente em flagrante delito enquanto não cessar a membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz
permanência. deverá, fundamentadamente: (2019)
I - relaxar a prisão ilegal; ou
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade II - converter a prisão em flagrante em preventiva,
competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste
sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das medidas cautelares diversas da prisão; ou
testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do III - conceder liberdade provisória, com ou sem
acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após fiança.
cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em
autoridade, afinal, o auto. flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art.
contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao
e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso acusado liberdade provisória, mediante termo de
for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob
que o seja. pena de revogação. (2019)
§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá CP
o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o Art. 23 – (...)
condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que I - em estado de necessidade;
hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade. II - em legítima defesa;
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito.
souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante
será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou
leitura na presença deste. que integra organização criminosa armada ou milícia, ou
§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a
deverá constar a informação sobre a existência de filhos, liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. (2019)
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação
nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados idônea, à não realização da audiência de custódia no
dos filhos, indicado pela pessoa presa. (2018) prazo estabelecido no caput deste artigo responderá
administrativa, civil e penalmente pela omissão. (2019)
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o
qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não
depois de prestado o compromisso legal. realização de audiência de custódia sem motivação idônea
ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada
pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde de imediata decretação de prisão preventiva. (2019)
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada. CAPÍTULO III
DA PRISÃO PREVENTIVA

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Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou
ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada denegar a prisão preventiva será sempre motivada e
pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante fundamentada. (2019)
ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. § 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva
(2019) ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar
concretamente a existência de fatos novos ou
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida
como garantia da ordem pública, da ordem econômica, adotada. (2019)
por conveniência da instrução criminal ou para assegurar § 2º Não se considera fundamentada qualquer
a aplicação da lei penal, quando houver prova da decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
existência do crime e indício suficiente de autoria e de acórdão, que: (2019)
perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase
(2019) de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada questão decidida; (2019)
em caso de descumprimento de qualquer das obrigações II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem
impostas por força de outras medidas cautelares (art. explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; (2019)
282, § 4o). III - invocar motivos que se prestariam a justificar
qualquer outra decisão; (2019)
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no
ser motivada e fundamentada em receio de perigo e processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada
existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que pelo julgador; (2019)
justifiquem a aplicação da medida adotada. (2019) V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de
REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA
súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes
1) Prova da existência do crime; e nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
2) Indício suficiente de autoria; e àqueles fundamentos; (2019)
3) Perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado; e
VI - deixar de seguir enunciado de súmula,
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
4) Requisito de necessidade: demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento
--- Garantia da ordem pública; ou
--- Garantia da ordem econômica; ou
ou a superação do entendimento. (2019)
--- Conveniência da instrução criminal; ou
--- Aplicação da lei penal; ou
--- Descumprimento de qualquer das obrigações impostas por
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
força de outras medidas cautelares partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da
investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para
que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será sobrevierem razões que a justifiquem. (2019)
admitida a decretação da prisão preventiva: (Circunstâncias Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva,
legitimadoras)
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade
liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão
em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto ilegal. (2019)
no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7
de dezembro de 1940 - Código Penal; PRISÃO PREVENTIVA PRISÃO TEMPORÁRIA
Lei nº 7.960/89
III - se o crime envolver violência doméstica e
familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, Poderá ser decretada nas fases de: Poderá ser decretada na fase de:
• Investigação Criminal • Investigação Criminal
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução
das medidas protetivas de urgência; • Ação Penal
IV - (revogado). Não há prazo definido em lei, como Há prazos fixados em lei.
regra, para a decretação da prisão Regra: 5 dias, prorrogável por mais
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva 5 dias.
preventiva, mas deverá ocorrer a
quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa revisão da necessidade de sua Crime Hediondo ou equiparado: 30
ou quando esta não fornecer elementos suficientes para manutenção a cada 90 (noventa) dias, prorrogável por mais 30 dias
esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente dias, sob pena de tornar a prisão
em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese ilegal.
recomendar a manutenção da medida.
STJ: Súmula 347 - O conhecimento de recurso de apelação do réu
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão independe de sua prisão.
preventiva com a finalidade de antecipação de STJ: Súmula 21 - Pronunciado o réu, fica superada a alegação do
cumprimento de pena ou como decorrência imediata de constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução.
investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de STJ: Súmula 52 - Encerrada a instrução criminal, fica superada a
denúncia. (2019) alegação de constrangimento por excesso de prazo.
STJ: Súmula 64 - Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo
na instrução, provocado pela defesa.
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será
decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos
CAPÍTULO IV
autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas
DA PRISÃO DOMICILIAR
nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só
Penal. (Circunstâncias impeditivas)
podendo dela ausentar-se com autorização
Excludentes de ilicitude: estado de necessidade; legítima defesa; estrito judicial.
cumprimento de dever legal; exercício regular de direito.

Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva


pela domiciliar quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;

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II - extremamente debilitado por motivo de doença Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será
grave; comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de
III - imprescindível aos cuidados especiais de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o
pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo
deficiência; de 24 (vinte e quatro) horas.
IV - gestante; (2016)
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade CAPÍTULO VI
incompletos; (2016) DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU SEM FIANÇA
VI - homem, caso seja o único responsável pelos Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a
cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder
incompletos. (2016) liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas
cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá
os critérios constantes do art. 282 deste Código.
prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.
I - (revogado)
II - (revogado).
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher
Relaxamento da Prisão: Combate a prisão ilegal.
gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou Liberdade Provisória: Cabível contra prisão legal desnecessária.
pessoas com deficiência será substituída por prisão Revogação da Prisão: Ocorre quando a prisão preventiva se torna
desnecessária ou a prisão temporária esgota o seu prazo de duração.
domiciliar, desde que: (2018)
I - não tenha cometido crime com violência ou grave
ameaça a pessoa; (2018) Art. 322. A autoridade policial somente poderá
conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou
liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
dependente. (2018) Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será
requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito)
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 horas.
e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação
concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 Art. 323. Não será concedida fiança: (Crimes
inafiançáveis)
deste Código. (2018) I - nos crimes de racismo;
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de
CAPÍTULO V entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos
DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES como crimes hediondos;
Art. 319. São medidas cautelares diversas da III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis
prisão: ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e Democrático;
nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar IV - (revogado);
atividades; V - (revogado).
II - proibição de acesso ou frequência a Cumpre observar que, embora não seja possível conceder fiança nos
determinados lugares quando, por circunstâncias casos mencionados neste Código, é plenamente admissível a concessão
de liberdade provisória sem fiança, presentes os elementos exigíveis.
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado
permanecer distante desses locais para evitar o risco de
novas infrações; Art. 324. Não será, igualmente, concedida
III - proibição de manter contato com pessoa fiança:
determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado
deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327
permanência seja conveniente ou necessária para a (não comparecer quando intimado) e 328 (mudar de residência sem
investigação ou instrução; prévia permissão) deste Código.
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos II - em caso de prisão civil ou militar;
dias de folga quando o investigado ou acusado tenha III - (revogado);
residência e trabalho fixos; IV - quando presentes os motivos que autorizam a
VI - suspensão do exercício de função pública ou de decretação da prisão preventiva (art. 312).
atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade
infrações penais; que a conceder nos seguintes limites:
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses a) (revogada);
de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando b) (revogada);
os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. c) (revogada).
26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para se tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no grau
assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a máximo, não for superior a 4 (quatro) anos;
obstrução do seu andamento ou em caso de resistência II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos,
injustificada à ordem judicial; quando o máximo da pena privativa de liberdade cominada
IX - monitoração eletrônica. for superior a 4 (quatro) anos.
§ 1o (Revogado). § 1o Se assim recomendar a situação econômica do
§ 2o (Revogado). preso, a fiança poderá ser:
§ 3o (Revogado). I - dispensada, na forma do art. 350 deste
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as Código;
disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços);
cumulada com outras medidas cautelares. ou

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III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes. Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade
§ 2o (Revogado): policial a concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele,
I - (revogado); poderá prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz
II - (revogado); competente, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.
III - (revogado).
Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança
Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a servirão ao pagamento das custas, da indenização do dano,
autoridade terá em consideração a natureza da infração, as da prestação pecuniária e da multa, se o réu for
condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, condenado.
as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda
como a importância provável das custas do processo, até no caso da prescrição depois da sentença condenatória.
final julgamento.
Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou
Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o passar em julgado sentença que houver absolvido o acusado
afiançado a comparecer perante a autoridade, todas as vezes ou declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir,
que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal atualizado, será restituído sem desconto, salvo o disposto no
e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança parágrafo único do art. 336 deste Código.
será havida como quebrada.
Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de na espécie será cassada em qualquer fase do processo.
quebramento da fiança, mudar de residência, sem prévia
permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por Art. 339. Será também cassada a fiança quando
mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar reconhecida a existência de delito inafiançável, no caso de
àquela autoridade o lugar onde será encontrado. inovação na classificação do delito.

Art. 329. Nos juízos criminais e delegacias de polícia, Art. 340. Será exigido o reforço da fiança:
haverá um livro especial, com termos de abertura e de I - quando a autoridade tomar, por engano, fiança
encerramento, numerado e rubricado em todas as suas insuficiente;
folhas pela autoridade, destinado especialmente aos termos II - quando houver depreciação material ou
de fiança. O termo será lavrado pelo escrivão e assinado pela perecimento dos bens hipotecados ou caucionados, ou
autoridade e por quem prestar a fiança, e dele extrair-se-á depreciação dos metais ou pedras preciosas;
certidão para juntar-se aos autos. III - quando for inovada a classificação do delito.
Parágrafo único. O réu e quem prestar a fiança serão Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu
pelo escrivão notificados das obrigações e da sanção será recolhido à prisão, quando, na conformidade deste
previstas nos arts. 327 e 328, o que constará dos autos. artigo, não for reforçada.

Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o
consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais acusado:
preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou I - regularmente intimado para ato do processo, deixar
municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar. de comparecer, sem motivo justo;
§ 1o A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao
metais preciosos será feita imediatamente por perito andamento do processo;
nomeado pela autoridade. III - descumprir medida cautelar imposta
§ 2o Quando a fiança consistir em caução de títulos da cumulativamente com a fiança;
dívida pública, o valor será determinado pela sua cotação em IV - resistir injustificadamente a ordem judicial;
Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á prova de que se V - praticar nova infração penal dolosa.
acham livres de ônus.
Art. 342. Se vier a ser reformado o julgamento em que
Art. 331. O valor em que consistir a fiança será se declarou quebrada a fiança, esta subsistirá em todos os
recolhido à repartição arrecadadora federal ou estadual, ou seus efeitos.
entregue ao depositário público, juntando-se aos autos os
respectivos conhecimentos. Art. 343. O quebramento injustificado da fiança
Parágrafo único. Nos lugares em que o depósito não importará na perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz
se puder fazer de pronto, o valor será entregue ao escrivão decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou,
ou pessoa abonada, a critério da autoridade, e dentro de três se for o caso, a decretação da prisão preventiva.
dias dar-se-á ao valor o destino que Ihe assina este artigo, o
que tudo constará do termo de fiança. Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o
valor da fiança, se, condenado, o acusado não se apresentar
Art. 332. Em caso de prisão em flagrante, será para o início do cumprimento da pena definitivamente
competente para conceder a fiança a autoridade que presidir imposta.
ao respectivo auto, e, em caso de prisão por mandado, o juiz
que o houver expedido, ou a autoridade judiciária ou policial a Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor,
quem tiver sido requisitada a prisão. deduzidas as custas e mais encargos a que o acusado
estiver obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário, na
Art. 333. Depois de prestada a fiança, que será forma da lei.
concedida independentemente de audiência do Ministério
Público, este terá vista do processo a fim de requerer o Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as
que julgar conveniente. deduções previstas no art. 345 deste Código, o valor restante
será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei.
Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não
transitar em julgado a sentença condenatória.

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Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do art. 345, o Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que
saldo será entregue a quem houver prestado a fiança, depois conterá em resumo os requisitos enumerados no art. 354,
de deduzidos os encargos a que o réu estiver obrigado. poderá ser expedida por via telegráfica, depois de
reconhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora
Art. 348. Nos casos em que a fiança tiver sido mencionará.
prestada por meio de hipoteca, a execução será promovida
no juízo cível pelo órgão do Ministério Público. Art. 357. São requisitos da citação por mandado:
(Requisitos extrínsecos)
Art. 349. Se a fiança consistir em pedras, objetos ou I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega
metais preciosos, o juiz determinará a venda por leiloeiro ou da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação;
corretor. II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da
contrafé, e sua aceitação ou recusa.
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz,
verificando a situação econômica do preso, poderá conceder- Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio
lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações do chefe do respectivo serviço.
constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras De acordo com Guilherme de Souza Nucci, esse procedimento visa
medidas cautelares, se for o caso. resguardar a intangibilidade do quartel, a hierarquia e a disciplina, evitando
Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir, sem que o oficial de justiça ingresse nas dependências militares à procura do
réu.
motivo justo, qualquer das obrigações ou medidas impostas,
aplicar-se-á o disposto no § 4o do art. 282 deste Código.
Art. 359. O dia designado para funcionário público
TÍTULO X comparecer em juízo, como acusado, será notificado assim a
DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES ele como ao chefe de sua repartição.
CAPÍTULO I
DAS CITAÇÕES Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente
Citação é “o chamamento do réu a juízo, dando-lhe ciência do citado.
ajuizamento da ação, imputando-lhe a prática de um crime, bem como lhe
oferecendo a oportunidade de se defender pessoalmente e através de Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado
defesa técnica.” por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. (Citação ficta ou
Guilherme de Souza Nucci
presumida)
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado,
quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não
que a houver ordenado. (Citação pessoal ou real) ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e
procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida
Art. 352. O mandado de citação indicará: (Requisitos nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973
intrínsecos)
- Código de Processo Civil. (Citação ficta ou presumida)
I - o nome do juiz; Parágrafo único. Completada a citação com hora
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado
queixa; defensor dativo.
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus CITAÇÃO POR HORA CERTA
CITAÇÃO POR EDITAL
sinais característicos;
IV - a residência do réu, se for conhecida; Réu não foi encontrado para ser Réu se oculta para não ser citado.
citado.
V - o fim para que é feita a citação;
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu
deverá comparecer; Art. 363. O processo terá completada a sua formação
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. quando realizada a citação do acusado.
I - (revogado);
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da II - (revogado).
jurisdição do juiz processante, será citado mediante § 1o Não sendo encontrado o acusado, será procedida
precatória. a citação por edital.
§ 2o (VETADO)
Art. 354. A precatória indicará: § 3o (VETADO)
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante; § 4o Comparecendo o acusado citado por edital, em
II - a sede da jurisdição de um e de outro; qualquer tempo, o processo observará o disposto nos arts.
Ill - o fim para que é feita a citação, com todas as 394 e seguintes deste Código.
especificações;
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu Art. 364. No caso do artigo anterior, no I, o prazo será
deverá comparecer. fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias, de
acordo com as circunstâncias, e, no caso de no II, o prazo
Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz será de trinta dias.
deprecante, independentemente de traslado, depois de
lançado o "cumpra-se" e de feita a citação por mandado do Art. 365. O edital de citação indicará:
juiz deprecado. I - o nome do juiz que a determinar;
§ 1o Verificado que o réu se encontra em território II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus
sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz sinais característicos, bem como sua residência e profissão,
deprecado os autos para efetivação da diligência, desde que se constarem do processo;
haja tempo para fazer-se a citação. (Carta precatória itinerante) III - o fim para que é feita a citação;
§ 2o Certificado pelo oficial de justiça que o réu se IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu
oculta para não ser citado, a precatória será imediatamente deverá comparecer;
devolvida, para o fim previsto no art. 362. V - o prazo, que será contado do dia da publicação do
edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação.
Parágrafo único. O edital será afixado à porta do
edifício onde funcionar o juízo e será publicado pela

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imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução
pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por criminal, o juiz marcará desde logo, na presença das partes e
exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento, do que se
página do jornal com a data da publicação. lavrará termo nos autos.
De acordo com o art. 570 do CPP, a falta ou a nulidade da citação, da
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não intimação ou notificação estará sanada, desde que o interessado
comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou
o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá
juiz determinar a produção antecipada das provas prejudicar direito da parte.
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
§ 1o (revogado) STF: Súmula 155 - É relativa a nulidade do processo criminal por falta de
§ 2o (revogado) intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha. •
Importante.
STJ: Súmula 415 - O período de suspensão do prazo prescricional é STJ: Súmula 273 - Intimada a defesa da expedição da carta precatória,
regulado pelo máximo da pena cominada. torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo
STJ: Súmula 455 - A decisão que determina a produção antecipada de deprecado.
provas com base no artigo 366 do CPP deve ser concretamente STF: Súmula 710 - No processo penal, contam-se os prazos da data da
fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo. intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória
ou de ordem.
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do
acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ----------------------------------------------------------------------------------
ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso
de mudança de residência, não comunicar o novo endereço CAPÍTULO II
ao juízo. (Revelia) DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES
No Processo Penal, por se tratar de direitos indisponíveis, a revelia não DE RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS
produz os efeitos da presunção de veracidade dos fatos e do PÚBLICOS
julgamento antecipado da lide, como ocorre no Processo Civil. Mesmo
revel, o réu deverá ser representado por um defensor dativo nomeado pelo Os crimes funcionais a que se refere esse capítulo estão previstos nos
juiz, como aduz o art. 261 do CPP. Assim, nenhum acusado, ainda que artigos 312 a 326 do Código Penal (Crimes praticados por funcionário
ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor, em públicos contra a administração).
observância à indisponibilidade do direito de defesa. Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos
funcionários públicos, cujo processo e julgamento competirão
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será instruída
sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo- com documentos ou justificação que façam presumir a
se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento. existência do delito ou com declaração fundamentada da
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas.
Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em STJ: Súmula 330 - É desnecessária a resposta preliminar de que trata o
legações estrangeiras serão efetuadas mediante carta artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por
rogatória. inquérito policial.
STF: Súmula 351 - É nula a citação por edital de réu preso na mesma
unidade da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição. Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a
STF: Súmula 366 - Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la
da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma
os fatos em que se baseia. e ordenará a notificação do acusado, para responder por
escrito, dentro do prazo de 15 (quinze) dias.
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do
CAPÍTULO II acusado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á
DAS INTIMAÇÕES nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta
A intimação pode ser conceituada como a comunicação sobre preliminar.
determinado ato processual que já foi praticado ou que ainda será.
Esse procedimento especial se aplica somente aos crimes funcionais
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das afiançáveis. Os crimes funcionais inafiançáveis deverão ser submetidos ao
testemunhas e demais pessoas que devam tomar procedimento comum ordinário.
conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for
aplicável, o disposto no Capítulo anterior. Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante o
§ 1o A intimação do defensor constituído, do prazo concedido para a resposta, os autos permanecerão em
advogado do querelante e do assistente far-se-á por cartório, onde poderão ser examinados pelo acusado ou por
publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos seu defensor.
judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com
nome do acusado. documentos e justificações.
§ 2o Caso não haja órgão de publicação dos atos
judiciais na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em
escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante de despacho fundamentado, se convencido, pela resposta do
recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou
§ 3o A intimação pessoal, feita pelo escrivão, da improcedência da ação.
dispensará a aplicação a que alude o § 1o.
§ 4o A intimação do Ministério Público e do Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o
defensor nomeado será pessoal. acusado citado, na forma estabelecida no Capítulo I do
Título X do Livro I.
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho Recebida a denúncia, será adotado o procedimento comum ordinário.
na petição em que for requerida, observado o disposto
no art. 357.

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Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à
do processo, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III, parte contrária interesse.
Título I, deste Livro.
Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato
---------------------------------------------------------------------------------- processual que não houver influído na apuração da verdade
substancial ou na decisão da causa.
LIVRO III
DAS NULIDADES E DOS RECURSOS EM GERAL Em outras palavras, não há nulidade de ato irrelevante para o deslinde
da causa.
TÍTULO I
DAS NULIDADES
Nulidades são “vícios que contaminam determinados atos processuais Art. 567. A incompetência do juízo anula somente
praticados sem observância da forma prevista em lei, podendo levar à sua os atos decisórios, devendo o processo, quando for
inutilidade e consequente renovação”. declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
Guilherme de Souza Nucci

Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do
nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a representante da parte poderá ser a todo tempo sanada,
defesa. (Pas de nullité sans grief) mediante ratificação dos atos processuais. (Nulidade relativa)
Segundo o princípio pas de nullité sans grief, não há nulidade sem
prejuízo. Assim, nenhum ato será declarado nulo na inexistência de Art. 569. As omissões da denúncia ou da queixa, da
prejuízo para a defesa ou para acusação, atendendo ao princípio da representação, ou, nos processos das contravenções penais,
economia processual e da instrumentalidade das formas.
da portaria ou do auto de prisão em flagrante, poderão ser
supridas a todo o tempo, antes da sentença final.
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
I - por incompetência, suspeição ou suborno do Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da
juiz; intimação ou notificação estará sanada, desde que o
II - por ilegitimidade de parte; interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: declare que o faz para o único fim de argui-la. O juiz
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato,
processos de contravenções penais, a portaria ou o auto de quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar
prisão em flagrante; direito da parte.
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam
vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167; Art. 571. As nulidades deverão ser arguidas:
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o I - as da instrução criminal dos processos da
não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos; competência do júri, nos prazos a que se refere o art. 406;
d) a intervenção do Ministério Público em todos os II - as da instrução criminal dos processos de
termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela competência do juiz singular e dos processos especiais,
parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública; salvo os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu prazos a que se refere o art. 500;
interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à III - as do processo sumário, no prazo a que se refere
acusação e à defesa; o art. 537, ou, se verificadas depois desse prazo, logo depois
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da de aberta a audiência e apregoadas as partes;
respectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos processos IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título
perante o Tribunal do Júri; II do Livro II, logo depois de aberta a audiência;
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo
pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à depois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes
revelia; (art. 447);
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e VI - as de instrução criminal dos processos de
na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei; competência do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500;
constituição do júri; VII - se verificadas após a decisão da primeira
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em instância, nas razões de recurso ou logo depois de anunciado
número legal e sua incomunicabilidade; o julgamento do recurso e apregoadas as partes;
k) os quesitos e as respectivas respostas; VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento; em sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem.
m) a sentença;
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e,
estabelecido; segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão sanadas:
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, No que concerne às nulidades relativas, é possível que haja a
para ciência de sentenças e despachos de que caiba recurso; convalidação, restabelecendo-se a validade dos atos.
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de
I - se não forem arguidas, em tempo oportuno, de
Apelação, o quorum legal para o julgamento;
acordo com o disposto no artigo anterior; (Ocorrerá preclusão)
IV - por omissão de formalidade que constitua
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o
elemento essencial do ato.
seu fim; (Princípio da instrumentalidade das formas)
V - em decorrência de decisão carente de III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os
fundamentação. (2019) seus efeitos.
Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por
deficiência dos quesitos ou das suas respostas, e contradição Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido
entre estas. sanada, na forma dos artigos anteriores, serão renovados
ou retificados.
Art. 565. Nenhuma das partes poderá arguir - Renovação: pratica-se o ato novamente.
nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha - Retificação: corrige-se o que estava errado.

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§ 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, respeito universal aos direitos humanos e liberdades
causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,
consequência. (Princípio da causalidade)
§ 2o O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos Considerando que uma compreensão comum desses
a que ela se estende. direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno
cumprimento desse compromisso,
NULIDADES ABSOLUTAS NULIDADES RELATIVAS
Violam normas constitucionais. Violam normas procedimentais. A Assembleia Geral proclama:
Decretadas de ofício pelo juiz ou a Decretadas somente a requerimento
requerimento das partes. das partes. A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos
Reconhecidas em qualquer grau Devem ser arguidas em momento como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e
de jurisdição e a qualquer tempo. oportuno todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e
Não precluem Precluem cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta
Não convalidam Convalidam Declaração, se esforce, através do ensino e da educação,
por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e
STF: Súmula 361 - No processo penal, é nulo o exame realizado por um internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua
só perito, considerando-se impedido o que tiver funcionando anteriormente observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos
na diligência de apreensão.
STF: Súmula 523 - No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade
próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos
absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo territórios sob sua jurisdição.
para o réu.
STF: Súmula 706 - É relativa a nulidade decorrente da inobservância da Art. 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais
competência penal por prevenção. em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência
STF: Súmula 707 - Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado
para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, e devem agir em relação umas às outras com espírito de
não a suprindo a nomeação de defensor dativo. fraternidade.
STF: Súmula 708 - É nulo o julgamento da apelação se, após a
manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi Art. 2º Toda pessoa tem capacidade para gozar os
previamente intimado para constituir outro.
direitos e as liberdades estabelecidas nesta Declaração,
sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo,
língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem
Resolução nº 217-A / 1948 nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra
condição.
Declaração Universal dos Direitos Não será tampouco feita qualquer distinção fundada na
condição política, jurídica ou internacional do país ou território
Humanos a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território
Declaração Universal dos Direitos Humanos independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a
qualquer outra limitação de soberania.
Proclamada pela Resolução nº 217-A da Assembleia Geral
das Nações Unidas, de 10 de dezembro de 1948. Art. 3º Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade
e à segurança pessoal.
Preâmbulo CF/88. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente do Brasil:
a todos os membros da família humana e de seus direitos I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
justiça e da paz no mundo, CF/88. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
humanos resultam em atos bárbaros que ultrajam a
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
consciência da humanidade e que o advento de um mundo desta Constituição;
em que os homens gozem de liberdade de palavra, de
crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da Art. 4º Ninguém será mantido em escravidão ou
necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão
homem comum, proibidos em todas as suas formas.
Considerando essencial que os direitos humanos sejam Art. 5º Ninguém será submetido à tortura, nem a
protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a CF/88. Art. 5º: III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
tirania e a opressão, desumano ou degradante;

Considerando essencial promover o desenvolvimento de Art. 6º Toda pessoa tem o direito de ser, em todos
relações amistosas entre as nações, os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.
Considerando que os povos das Nações Unidas Art. 7º Todos são iguais perante a lei e têm direito,
reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm
fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana direito a igual proteção contra qualquer discriminação que
e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a
que decidiram promover o progresso social e melhores tal discriminação.
condições de vida em uma liberdade mais ampla,
Art. 8º Toda pessoa tem direito a receber dos
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os
a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam
reconhecidos pela constituição ou pela lei.

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São exemplos de remédios, previsto na Constituição Federal de 1988, CF/88. Art. 5º: XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo
para atos que violem direitos fundamentais: habeas corpus, habeas data, de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar,
mandado de segurança e ação popular. permanecer ou dele sair com seus bens;
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou e
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
Art. 9º Ninguém será arbitrariamente preso, locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
detido ou exilado.
CF/88. Art. 5º: XLVII - não haverá penas: Art. 14 - §1. Toda pessoa, vítima de perseguição,
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84,
XIX; tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
b) de caráter perpétuo; §2. Este direito não pode ser invocado em caso de
c) de trabalhos forçados; perseguição legitimamente motivada por crimes de direito
d) de banimento; comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das
e) cruéis;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
Nações Unidas.
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de CF/88. Art. 4º: X - Concessão de asilo político.
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão Art. 15 - §1. Toda pessoa tem direito a uma
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada;
nacionalidade.
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de §2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
advogado;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade Art. 16 - Os homens e mulheres de maior idade,
judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião,
a liberdade provisória, com ou sem fiança; têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família.
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do duração e sua dissolução.
depositário infiel;
§1. O casamento não será válido senão como o
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o
que ficar preso além do tempo fixado na sentença; livre e pleno consentimento dos nubentes.
§2. A família é o núcleo natural e fundamental da
Art. 10 Toda pessoa tem direito, em plena sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
CF/88. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do
igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um Estado.
tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus
direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação
criminal contra ele. Art. 17 - §1. Toda pessoa tem direito à
propriedade, só ou em sociedade com outros.
CF/88. Art. 5º: XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade §2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua
competente; propriedade.
CF/88. Art. 5º: XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Art. 11 - §1. Toda pessoa acusada de um ato XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por
delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e
sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas Constituição;
todas as garantias necessárias à sua defesa. XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá
usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização
§2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ulterior, se houver dano;
ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de
imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
prática, era aplicável ao ato delituoso. meios de financiar o seu desenvolvimento;
CF/88. Art. 5º: XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal; Art. 18 Toda pessoa tem direito à liberdade de
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; pensamento, consciência e religião; este direito inclui a
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de
sentença penal condenatória;
manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática,
pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em
Art. 12 Ninguém será sujeito a interferências na sua público ou em particular.
vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua CF/88. Art. 5º: IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. anonimato;
Toda pessoa tem direito à proteção da lei contratais V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
interferências ou ataques. indenização por dano material, moral ou à imagem;
CF/88. Art. 5º: X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
material ou moral decorrente de sua violação; proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação obrigação legal a todos imposta e recusar- se a cumprir prestação
judicial; alternativa, fixada em lei;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último Art. 19 Toda pessoa tem direito à liberdade de
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
informações e ideias por quaisquer meios e
Art. 13 - §1. Toda pessoa tem direito à liberdade independentemente de fronteiras.
de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada CF/88. Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e
Estado. a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão
§2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
país, inclusive o próprio, e a este regressar.

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§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à


plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de Art. 24 - Toda pessoa tem direito a repouso e lazer,
comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias
artística. periódicas remuneradas.

Art. 20 - §1. Toda pessoa tem direito à liberdade de Art. 25 - §1. Toda pessoa tem direito a um padrão
reunião e associação pacíficas. de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e
§2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação,
uma associação. cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis,
CF/88. Art. 5º: XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, e direito à segurança em caso de desemprego, doença,
vedada a de caráter paramilitar; invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
independem de autorização sendo vedada a interferência estatal em seu §2. A maternidade e a infância têm direito a
funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter
cuidados e assistência especiais. Todas as crianças,
suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro nascidas dentro ou fora de matrimônio, gozarão da mesma
caso, o trânsito em julgado; proteção social.
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer CF/88. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
associado; trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
Art. 21 - §1. Toda pessoa tem o direito de tomar desamparados, na forma desta Constituição.
parte no governo de seu país, diretamente ou por
intermédio de representantes livremente escolhidos. Art. 26 - §1. Toda pessoa tem direito à instrução.
§2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares
serviço público do seu país. e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A
§3. A vontade do povo será a base da autoridade do instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem
governo; esta vontade será expressa em eleições como a instrução superior, está baseada no mérito.
periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto §2. A instrução será orientada no sentido do pleno
secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade desenvolvimento da personalidade humana e do
de voto. fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas
CF/88. Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e liberdades fundamentais. A instrução promoverá a
pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as
mediante: nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as
I - plebiscito;
II - referendo; atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da
III - iniciativa popular. paz.
§3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do
Art. 22 - Toda pessoa, como membro da sociedade, gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço CF/88. Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
nacional, pela cooperação internacional de acordo com a visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
organização e recursos de cada Estado, dos direitos exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua
dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Art. 27 - §1. Toda pessoa tem o direito de
participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir
Art. 23 - §1. Toda pessoa tem direito ao as artes e de participar do processo científico e de seus
trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e benefícios.
favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. §2. Toda pessoa tem direito à proteção dos
§2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem interesses morais e materiais decorrentes de qualquer
direito a igual remuneração por igual trabalho. produção científica, literária ou artística da qual seja autor.
§3. Toda pessoa que trabalha tem direito a uma CF/88. Art. 5º: XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos
como à sua família, uma existência compatível com a herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário,
outros meios de proteção social. Art. 28 Toda pessoa tem direito a uma ordem
§4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos social e internacional em que os direitos e liberdades
e a neles ingressar para a proteção de seus interesses. estabelecidos na presente Declaração possam ser
CF/88. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de plenamente realizados.
outros que visem à melhoria de sua condição social:
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com
Art. 29 - §1. Toda pessoa tem deveres para com a
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe personalidade é possível.
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer §2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa
fim; estará sujeita apenas às limitações determinadas por lei,
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a exclusivamente com o fim de assegurar o devido
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; ordem pública e do bem-estar de uma sociedade
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
democrática.
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a
mais do que o salário normal; §3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; princípios das Nações Unidas.
CF/88. Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o
seguinte:
Art. 30 Nenhuma disposição da presente
Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a

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qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer Art. 12. As penas acessórias são a publicação da
qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à sentença e as seguintes interdições de direitos:
destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui I – a incapacidade temporária para profissão ou
estabelecidos. atividade, cujo exercício dependa de habilitação especial,
licença ou autorização do poder público;
lI – a suspensão dos direitos políticos.
Parágrafo único. Incorrem:
Decreto-Lei nº 3.688 / 1941 a) na interdição sob nº I, por um mês a dois anos, o
Lei das Contravenções Penais condenado por motivo de contravenção cometida com abuso
de profissão ou atividade ou com infração de dever a ela
LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS inerente;
b) na interdição sob nº II, o condenado a pena privativa
PARTE GERAL de liberdade, enquanto dure a execução do pena ou a
Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais do aplicação da medida de segurança detentiva.
Código Penal, sempre que a presente lei não disponha de - Lei n. 7.209/84 aboliu as penas acessórias e implantou a reforma do
modo diverso. Código Penal

Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção Art. 13. Aplicam-se, por motivo de contravenção, as
praticada no território nacional. medidas de segurança estabelecidas no Código Penal, à
exceção do exílio local.
Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação - Não existe mais exílio local.
ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o
dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, Art. 14. Presumem-se perigosos, além dos indivíduos a
qualquer efeito jurídico. que se referem os ns. I e II do art. 78 do Código Penal:
I – o condenado por motivo de contravenção cometido,
Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção. em estado de embriaguez pelo álcool ou substância de
efeitos análogos, quando habitual a embriaguez;
Art. 5º As penas principais são: II – o condenado por vadiagem ou mendicância;
I – prisão simples. - Dispositivo revogado pela Lei n. 7.209/84
II – multa.
Art. 15. São internados em colônia agrícola ou em
Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, instituto de trabalho, de reeducação ou de ensino
sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou profissional, pelo prazo mínimo de um ano:
seção especial de prisão comum, em regime semi-aberto I – o condenado por vadiagem (art. 59);
ou aberto. II – o condenado por mendicância (art. 60 e seu
§ 1º O condenado a pena de prisão simples fica sempre parágrafo);
separado dos condenados a pena de reclusão ou de
- Dispositivo revogado pela Lei n. 7.209/84
detenção.
§ 2º O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não
Art. 16. O prazo mínimo de duração da internação em
excede a quinze dias.
manicômio judiciário ou em casa de custódia e tratamento
é de 6 (seis) meses.
Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente
Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de
pratica uma contravenção depois de passar em julgado a
decretar a internação, submeter o indivíduo a liberdade
sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no
estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de vigiada.
- Dispositivo alterado pela Lei n. 7.209/84. Atualmente o prazo mínimo
contravenção. é de 1 ano.

Art. 8º No caso de ignorância ou de errada


Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade
compreensão da lei, quando escusáveis, a pena pode deixar
proceder de ofício.
de ser aplicada.
As contravenções penais são infrações de menor potencial ofensivo e
se submetem ao rito da Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/1995).
Art. 9º A multa converte-se em prisão simples, de acordo ----------------------------------------------------------------------------------------------------
com o que dispõe o Código Penal sobre a conversão de Súmula 38 do STJ - Compete à justiça estadual comum, na vigência da
multa em detenção. constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que
Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada, a praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da união ou de
conversão em prisão simples se faz entre os limites de suas entidades.
quinze dias e três meses.
- Dispositivo revogado pela Lei n. 9.268/96 PARTE ESPECIAL

Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode, CAPÍTULO I


em caso algum, ser superior a 5 (cinco) anos, nem a DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA
importância das multas ultrapassar cinquenta contos. Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito
ou vender, sem permissão da autoridade, arma ou
Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz munição:
pode suspender por tempo não inferior a 1 (um) ano nem Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou
superior a 3 (três), a execução da pena de prisão simples, multa, de um a cinco contos de réis, ou ambas
bem como conceder livramento condicional. cumulativamente, se o fato não constitui crime contra a
ordem política ou social.
Observam-se, em relação ao sursis para contravenções penais, as - Deve-se observar que, em face da Lei 10.826/2003
mesmas condições exigidas nos arts. 77 e 78 do CP. Quanto ao (Estatuto do Desarmamento), os arts. 18 e 19 da Lei de
livramento condicional, incidem as regras constantes no art. 83 do CP. Contravenções Penais foram derrogados quanto à arma de fogo.

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Porém, os referidos artigos continuam a ter aplicabilidade no que se Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, e multa
refere às armas brancas: facas, navalhas, canivetes, estiletes etc. de duzentos mil réis a dois contos de réis
.
Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de Art. 26. Abrir alguém, no exercício de profissão de
dependência desta, sem licença da autoridade: serralheiro ou oficio análogo, a pedido ou por incumbência de
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou pessoa de cuja legitimidade não se tenha certificado
multa, de duzentos mil réis a três contos de réis, ou ambas previamente, fechadura ou qualquer outro aparelho
cumulativamente. destinado à defesa de lugar ou objeto:
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até metade, Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
se o agente já foi condenado, em sentença irrecorrível, por multa, de duzentos mil réis a um conto de réis.
violência contra pessoa.
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a Art. 27. (Revogado)
três meses, ou multa, de duzentos mil réis a um conto de
réis, quem, possuindo arma ou munição: CAPÍTULO III
a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À
quando a lei o determina; INCOLUMIDADE PÚBLICA
b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em
inexperiente no manejo de arma a tenha consigo; suas adjacências, em via pública ou em direção a ela:
c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa,
se apodere facilmente alienado, menor de 18 anos ou de trezentos mil réis a três contos de réis.
pessoa inexperiente em manejá-la. Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de
quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a
Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto dois contos de réis, quem, em lugar habitado ou em suas
destinado a provocar aborto: adjacências, em via pública ou em direção a ela, sem licença
Pena - multa de hum mil cruzeiros a dez mil da autoridade, causa deflagração perigosa, queima fogo de
cruzeiros. artifício ou solta balão aceso.
- Caput revogado pelo art. 15 da Lei n. 10.826 / 2003
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém: (Estatuto do Desarmamento).
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou - Parágrafo único revogado pelo art. 42 da Lei n. 9.605 / 1998
multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não (Lei de Crimes Ambientais).
constitui crime.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço)
até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por
anos. erro no projeto ou na execução, dar-lhe causa:
São exemplos de vias de fato: tapa, empurrão, puxão de cabelo, rasteira.
Pena – multa, de um a dez contos de réis, se o fato não
Não é possível verificar lesão pelo exame de corpo de delito. constitui crime contra a incolumidade pública.
Somente caracteriza contravenção penal se não constituir crime mais
grave. Código Penal, art. 256: “Causar desabamento ou desmoronamento,
Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e nele
expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem.
internar, sem as formalidades legais, pessoa apresentada Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa”.
como doente mental:
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
§ 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo
comunicar a autoridade competente, no prazo legal, Estado ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja
internação que tenha admitido, por motivo de urgência, sem conservação lhe incumbe:
as formalidades legais. Pena – multa, de um a cinco contos de réis.
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a
três meses, ou multa de quinhentos mil réis a cinco contos de Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa
réis, aquele que, sem observar as prescrições legais, deixa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela animal
retirar-se ou despede de estabelecimento psiquiátrico pessoa perigoso:
nele, internada. Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou
multa, de cem mil réis a um conto de réis.
Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
do caso previsto no artigo anterior, sem autorização de quem a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou
de direito: corrida, ou o confia à pessoa inexperiente;
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. alheia;
c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a
CAPÍLULO II segurança alheia.
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔNIO
Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via
empregado usualmente na prática de crime de furto: pública, ou embarcação a motor em águas públicas:
Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. STF: Súmula 720 - O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que
reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da lei das
São exemplos de Gazua: pé-de-cabra, chave de fenda, serra etc. contravenções penais no tocante à direção sem habilitação em vias
terrestres.
----------------------------------------------------------------------------------------------------
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de A contravenção penal, contudo, ainda subsiste em relação à direção sem
condenado, por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito habilitação de embarcação a motor em águas públicas.
à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou
mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos
Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente
empregados usualmente na prática de crime de furto, desde
licenciado:
que não prove destinação legítima:

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Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, e Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. alheios:
I – com gritaria ou algazarra;
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em
em águas públicas, pondo em perigo a segurança alheia: desacordo com as prescrições legais;
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais
multa, de trezentos mil réis a dois contos de réis. acústicos;
Atualmente estão previstos na Lei 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro) IV – provocando ou não procurando impedir barulho
os tipos penais referentes à direção de veículos na via pública. Porém, a produzido por animal de que tem a guarda:
contravenção penal ainda subsiste em relação às embarcações em águas Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
públicas. multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a CAPÍTULO V


acrobacias ou a voos baixos, fora da zona em que a lei o DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLICA
permite, ou fazer descer a aeronave fora dos lugares Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda
destinados a esse fim: de curso legal no país:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou objeto
Art. 36. Deixar de colocar na via pública, sinal ou que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir com
obstáculo, determinado em lei ou pela autoridade e moeda:
destinado a evitar perigo a transeuntes: Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. Art. 45. Fingir-se funcionário público:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: Pena – prisão simples, de um a três meses, ou multa, de
a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de quinhentos mil réis a três contos de réis.
outra natureza ou obstáculo destinado a evitar perigo a
transeuntes; Art. 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo
b) remove qualquer outro sinal de serviço público. de função pública que não exerce; usar, indevidamente, de
sinal, distintivo ou denominação cujo emprego seja regulado
Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou em por lei.
lugar de uso comum, ou do uso alheio, coisa que possa Pena – multa, de duzentos a dois mil cruzeiros, se o fato
ofender, sujar ou molestar alguém: não constitui infração penal mais grave.
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, CAPÍTULO VI
sem as devidas cautelas, coloca ou deixa suspensa coisa DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZAÇÃO
que, caindo em via pública ou em lugar de uso comum ou de DO TRABALHO
uso alheio, possa ofender, sujar ou molestar alguém. Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou
anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que
Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, por lei está subordinado o seu exercício:
vapor ou gás, que possa ofender ou molestar alguém: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.

CAPÍTULO IV Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições


DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ PÚBLICA legais, comércio de antiguidades, de obras de arte, ou de
Art. 39. Participar de associação de mais de 5 (cinco) manuscritos e livros antigos ou raros:
pessoas, que se reúnam periodicamente, sob compromisso Pena – prisão simples de um a seis meses, ou multa, de
de ocultar à autoridade a existência, objetivo, organização ou um a dez contos de réis.
administração da associação:
Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, Art. 49. Infringir determinação legal relativa à matrícula
de trezentos mil réis a três contos de réis. ou à escrituração de indústria, de comércio, ou de outra
§ 1º Na mesma pena incorre o proprietário ou ocupante atividade:
de prédio que o cede, no todo ou em parte, para reunião de Pena – multa, de duzentos mil réis a cinco contos de
associação que saiba ser de caráter secreto. réis.
§ 2º O juiz pode, tendo em vista as circunstâncias,
deixar de aplicar a pena, quando lícito o objeto da CAPÍTULO VII
associação. DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLÍCIA DE
COSTUMES
Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar
inconveniente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato oficial, público ou acessível ao público, mediante o pagamento de
em assembleia ou espetáculo público, se o fato não constitui entrada ou sem ele:
infração penal mais grave; Pena – prisão simples, de três meses a um ano, e multa,
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou de dois a quinze contos de réis, estendendo-se os efeitos da
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. condenação à perda dos moveis e objetos de decoração do
local.
Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou perigo § 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se existe
inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico entre os empregados ou participa do jogo pessoa menor de
ou tumulto: 18 (dezoito) anos.
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou § 2o Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00 (dois
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), quem é
encontrado a participar do jogo, ainda que pela internet ou

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por qualquer outro meio de comunicação, como ponteiro ou Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço de feitura
apostador. de bilhetes, lista de sorteio, avisos ou cartazes relativos a
§ 3º Consideram-se, jogos de azar: loteria, em lugar onde ela não possa legalmente circular:
a) o jogo em que o ganho e a perda dependem Pena – prisão simples, de um a seis meses, e multa, de
exclusiva ou principalmente da sorte; duzentos mil réis a dois contos de réis.
b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de - Dispositivo revogado pelo art. 51 do Decreto-Lei n. 6.259/44
hipódromo ou de local onde sejam autorizadas;
c) as apostas sobre qualquer outra competição
esportiva. Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas de
§ 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar sorteio ou avisos de loteria, onde ela não possa legalmente
acessível ao público: circular:
a) a casa particular em que se realizam jogos de azar, Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de
quando deles habitualmente participam pessoas que não cem a quinhentos mil réis.
sejam da família de quem a ocupa; - Dispositivo revogado pelo art. 52 do Decreto-Lei n. 6.259/44
b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos
hóspedes e moradores se proporciona jogo de azar; Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outro impresso,
c) a sede ou dependência de sociedade ou associação, de rádio, cinema, ou qualquer outra forma, ainda que
em que se realiza jogo de azar; disfarçadamente, anúncio, aviso ou resultado de extração de
d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo de loteria, onde a circulação dos seus bilhetes não seria legal:
azar, ainda que se dissimule esse destino. Pena – multa, de um a dez contos de réis.
- Dispositivo revogado pelos art. 55 e art. 56 do Decreto-Lei n.
Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, sem 6.259/44
autorização legal:
Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e
multa, de cinco a dez contos de réis, estendendo-se os Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo
efeitos da condenação à perda dos moveis existentes no do bicho, ou praticar qualquer ato relativo à sua realização
local. ou exploração:
§ 1º Incorre na mesma pena quem guarda, vende ou Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e
expõe à venda, tem sob sua guarda para o fim de venda, multa, de dois a vinte contos de réis.
introduz ou tenta introduzir na circulação bilhete de loteria Parágrafo único. Incorre na pena de multa, de duzentos
não autorizada. mil réis a dois contos de réis, aquele que participa da loteria,
§ 2º Considera-se loteria toda operação que, mediante a visando a obtenção de prêmio, para si ou para terceiro.
distribuição de bilhete, listas, cupões, vales, sinais, símbolos - Dispositivo revogado pelo art. 58 do Decreto-Lei n. 6.259/44
ou meios análogos, faz depender de sorteio a obtenção de STJ: Súmula 51 - A punição do intermediador, no jogo do bicho,
prêmio em dinheiro ou bens de outra natureza. independe da identificação do “apostador” ou do “banqueiro”.
§ 3º Não se compreendem na definição do parágrafo
anterior os sorteios autorizados na legislação especial. Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à
- Dispositivo revogado pelo art. 45 do Decreto-Lei n. 6.259/44 ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que
lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à
Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio, própria subsistência mediante ocupação ilícita:
bilhete de loteria, rifa ou tômbola estrangeiras: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses.
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda,
multa, de um a cinco contos de réis. que assegure ao condenado meios bastantes de
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, subsistência, extingue a pena.
expõe à venda, tem sob sua guarda. para o fim de venda,
introduz ou tenta introduzir na circulação, bilhete de loteria Art. 60 (Revogado)
estrangeira. Art. 61. (Revogado)
- Dispositivo revogado pelo art. 46 do Decreto-Lei n. 6.259/44
Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de
embriaguez, de modo que cause escândalo ou ponha em
Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de perigo a segurança própria ou alheia:
loteria estadual em território onde não possa legalmente Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
circular: multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Pena – prisão simples, de dois a seis meses, e multa, de Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o
um a três contos de réis. contraventor é internado em casa de custódia e tratamento.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende,
expõe à venda, tem sob sua guarda, para o fim de venda, Art. 63. Servir bebidas alcoólicas:
introduz ou tonta introduzir na circulação, bilhete de loteria I - (Revogado)
estadual, em território onde não possa legalmente circular. II – a quem se acha em estado de embriaguez;
- Dispositivo revogado pelos arts. 46, 48 e 50 do Decreto-Lei n. III – a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades
6.259/44 mentais;
IV – a pessoa que o agente sabe estar judicialmente
Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de proibida de frequentar lugares onde se consome bebida de
loteria estrangeira: tal natureza:
Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, ou
duzentos mil réis a um conto de réis. multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe ou
tem sob sua guarda lista de sorteio de loteria estadual, em Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a
território onde esta não possa legalmente circular. trabalho excessivo:
Pena – prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa,
- Dispositivo revogado pelo art. 49 do Decreto-Lei n. 6.259/44
de cem a quinhentos mil réis.

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§ 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para Art. 283. Para os efeitos penais são considerados
fins didáticos ou científicos, realiza em lugar público ou membros e funcionários da Justiça Eleitoral:
exposto ao público, experiência dolorosa ou cruel em animal I - os magistrados que, mesmo não exercendo funções
vivo. eleitorais, estejam presidindo Juntas Apuradoras ou se
§ 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o encontrem no exercício de outra função por designação de
animal é submetido a trabalho excessivo ou tratado com Tribunal Eleitoral;
crueldade, em exibição ou espetáculo público. II - Os cidadãos que temporariamente integram órgãos
- Dispositivo revogado pelo art. 32 da Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes da Justiça Eleitoral;
Ambientais), o qual prevê o crime de maus tratos. III - Os cidadãos que hajam sido nomeados para as
mesas receptoras ou Juntas Apuradoras;
IV - Os funcionários requisitados pela Justiça Eleitoral.
Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a
§ 1º Considera-se funcionário público, para os efeitos
tranquilidade, por acinte ou por motivo reprovável:
penais, além dos indicados no presente artigo, quem, embora
Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública.
§ 2º Equipara-se a funcionário público quem exerce
CAPÍTULO VIII
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal ou em
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À
sociedade de economia mista.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente:
Art. 284. Sempre que este Código não indicar o grau
I – crime de ação pública, de que teve conhecimento no
mínimo, entende-se que será ele de 15 (quinze) dias para a
exercício de função pública, desde que a ação penal não
dependa de representação; pena de detenção e de um ano para a de reclusão.
II – crime de ação pública, de que teve conhecimento
Art. 285. Quando a lei determina a agravação ou
no exercício da medicina ou de outra profissão sanitária,
atenuação da pena sem mencionar o "quantum", deve o juiz
desde que a ação penal não dependa de representação e a
fixá-lo entre 1/5 (um quinto) e 1/3 (um terço), guardados os
comunicação não exponha o cliente a procedimento criminal:
limites da pena cominada ao crime.
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
Crime próprio. Somente pode ser cometido por funcionário público ou
profissional da área da saúde. Art. 286. A pena de multa consiste no pagamento ao
Tesouro Nacional, de uma soma de dinheiro, que é fixada em
Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infração das dias-multa. Seu montante é, no mínimo, 1 (um) dia-multa e,
disposições legais: no máximo, 300 (trezentos) dias-multa.
Pena – prisão simples, de um mês a um ano, ou multa, § 1º O montante do dia-multa é fixado segundo o
de duzentos mil réis a dois contos de réis. prudente arbítrio do juiz, devendo este ter em conta as
Inumar: sepultar, enterrar.
condições pessoais e econômicas do condenado, mas não
pode ser inferior ao salário-mínimo diário da região, nem
superior ao valor de um salário-mínimo mensal.
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta,
§ 2º A multa pode ser aumentada até o triplo, embora
justificadamente solicitados ou exigidos, dados ou indicações
não possa exceder o máximo genérico caput, se o juiz
concernentes à própria identidade, estado, profissão,
considerar que, em virtude da situação econômica do
domicílio e residência:
condenado, é ineficaz a cominada, ainda que no máximo, ao
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
crime de que se trate.
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de
um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos
Art. 287. Aplicam-se aos fatos incriminados nesta lei as
de réis, se o fato não constitui infração penal mais grave,
regras gerais do Código Penal.
quem, nas mesmas circunstâncias, faz declarações
inverídicas a respeito de sua identidade pessoal, estado, O Código Penal será aplicado subsidiariamente.
profissão, domicílio e residência.
Art. 288. Nos crimes eleitorais cometidos por meio da
Art. 69. (Revogado) imprensa, do rádio ou da televisão, aplicam-se
exclusivamente as normas deste Código e as remissões a
Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do outra lei nele contempladas.
monopólio postal da União:
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou CAPÍTULO II
multa, de três a dez contos de réis, ou ambas DOS CRIMES ELEITORAIS
cumulativamente. Podemos dividir didaticamente alguns artigos por grupos de crimes.
- O privilégio postal da União atualmente é regulado pela Lei n. -- Crimes contra a organização administrativa da justiça eleitoral:
6.538/78, que dispõe sobre os Serviços Postais. O art. 42 da referida Artigos - 305, 306, 310, 311, 318, 340
lei revogou essa contravenção penal, passando a tipificar a violação -- Crimes contra os serviços da justiça eleitoral
do privilégio postal da União como crime. Artigos – 289, 290, 293, 296, 303, 304, 344, 346, 347
O monopólio é exercido atualmente pelos Correios - Empresa Brasileira -- Crimes contra a fé pública eleitoral
de Correios e Telégrafos. Artigos – 348, 349, 350, 351, 352, 353, 354
-- Crimes contra o sigilo e o exercício do voto
Artigos – 295, 297, 298, 299, 301, 307, 309, 312, 317, 339
-- Crimes contra os partidos políticos
Artigos – 319, 320, 321, 338
Lei nº 4.737 / 1965 -- Crimes praticados pelo juiz eleitoral e pelos servidores da justiça
Código Eleitoral eleitoral
Artigos – 291, 292, 300, 343
-- Crimes praticados pelo membro do ministério público eleitoral
TÍTULO IV Artigo – 342
-- Crimes praticados pelos servidores do órgão oficial de imprensa
DISPOSIÇÕES PENAIS
Artigo - 341
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor:

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Pena - Reclusão até cinco anos e pagamento de cinco a


15 dias-multa. Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços
necessários à realização de eleições, tais como transporte e
Art. 290 Induzir alguém a se inscrever eleitor com alimentação de eleitores, impressão, publicidade e
infração de qualquer dispositivo deste Código. divulgação de matéria eleitoral.
Pena - Reclusão até 2 anos e pagamento de 15 a 30 Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa.
dias-multa.
Art. 304. Ocultar, sonegar açambarcar ou recusar no dia
Art. 291. Efetuar o juiz, fraudulentamente, a inscrição de da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de
alistando. utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder
Pena - Reclusão até 5 anos e pagamento de cinco a exclusividade dos mesmos a determinado partido ou
quinze dias-multa. candidato:
Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa.
Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária, sem
fundamento legal, a inscrição requerida: Art. 305. Intervir autoridade estranha à mesa receptora,
Pena - Pagamento de 30 a 60 dias-multa. salvo o juiz eleitoral, no seu funcionamento sob qualquer
pretexto:
Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a
alistamento: 90 dias-multa.
Pena - Detenção de 15 dias a seis meses ou pagamento
de 30 a 60 dias-multa. Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores
Art. 294. (revogado) devem ser chamados a votar:
Pena - pagamento de 15 a 30 dias-multa.
Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do
eleitor: Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já assinalada
Pena - Detenção até dois meses ou pagamento de 30 a ou por qualquer forma marcada:
60 dias-multa. Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15
dias-multa.
Art. 296. Promover desordem que prejudique os
trabalhos eleitorais; Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em outra
Pena - Detenção até dois meses e pagamento de 60 a oportunidade que não a de entrega da mesma ao eleitor.
90 dias-multa. Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 60 a 90
dias-multa.
Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio:
Pena - Detenção até seis meses e pagamento de 60 a Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em
100 dias-multa. lugar de outrem:
Pena - reclusão até três anos.
Art. 298. Prender ou deter eleitor, membro de mesa
receptora, fiscal, delegado de partido ou candidato, com Art. 310. Praticar, ou permitir membro da mesa
violação do disposto no Art. 236: receptora que seja praticada, qualquer irregularidade que
Pena - Reclusão até quatro anos. determine a anulação de votação, salvo no caso do Art. 311:
Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 a
Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, 120 dias-multa.
para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra
vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou Art. 311. Votar em seção eleitoral em que não está
prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita: inscrito, salvo nos casos expressamente previstos, e permitir,
Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a o presidente da mesa receptora, que o voto seja admitido:
quinze dias-multa. Pena - detenção até um mês ou pagamento de 5 a 15
dias-multa para o eleitor e de 20 a 30 dias-multa para o
Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade presidente da mesa.
para coagir alguém a votar ou não votar em determinado
candidato ou partido: Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto:
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a Pena - detenção até dois anos.
100 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário Art. 313. Deixar o juiz e os membros da Junta de expedir
da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se do o boletim de apuração imediatamente após a apuração de
cargo a pena é agravada. cada urna e antes de passar à subsequente, sob qualquer
pretexto e ainda que dispensada a expedição pelos fiscais,
Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para delegados ou candidatos presentes:
coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado Pena - pagamento de 90 a 120 dias-multa.
candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a
conseguidos: contagem fôr procedida pela mesa receptora incorrerão na
Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a mesma pena o presidente e os mesários que não expedirem
quinze dias-multa. imediatamente o respectivo boletim.

Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de Art. 314. Deixar o juiz e os membros da Junta de
impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto a recolher as cédulas apuradas na respectiva urna, fechá-la e
concentração de eleitores, sob qualquer forma, inclusive o lacrá-la, assim que terminar a apuração de cada seção e
fornecimento gratuito de alimento e transporte antes de passar à subsequente, sob qualquer pretexto e
coletivo: ainda que dispensada a providencia pelos fiscais, delegados
Pena - reclusão de quatro (4) a seis (6) anos e ou candidatos presentes:
pagamento de 200 a 300 dias-multa.

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Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 a Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou
120 dias-multa. visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo à
Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a sua reputação:
contagem dos votos for procedida pela mesa receptora Pena - detenção de três meses a um ano, e pagamento
incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários que de 5 a 30 dias-multa.
não fecharem e lacrarem a urna após a contagem. Parágrafo único. A exceção da verdade somente se
admite se ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa
Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de apuração ao exercício de suas funções.
a votação obtida por qualquer candidato ou lançar nesses
documentos votação que não corresponda às cédulas Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou
apuradas: visando a fins de propaganda, ofendendo-lhe a dignidade ou
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 o decoro:
dias-multa. Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a
60 dias-multa.
Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da § 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
eleição ou da apuração os protestos devidamente formulados I - se o ofendido, de forma reprovável, provocou
ou deixar de remetê-los à instância superior: diretamente a injúria;
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra
dias-multa. injúria.
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos que, por sua natureza ou meio empregado, se considerem
invólucros. aviltantes:
Pena - reclusão de três a cinco anos. Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento
de 5 a 20 dias-multa, além das penas correspondentes à
Art. 318. Efetuar a mesa receptora a contagem dos violência prevista no Código Penal.
votos da urna quando qualquer eleitor houver votado sob
impugnação (art. 190): Art. 326-A. Dar causa à instauração de investigação
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 policial, de processo judicial, de investigação administrativa,
dias-multa. de inquérito civil ou ação de improbidade administrativa,
atribuindo a alguém a prática de crime ou ato infracional de
Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de que o sabe inocente, com finalidade eleitoral: (2019)
registro de um ou mais partidos: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - detenção até 1 mês ou pagamento de 10 a 30 § 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente
dias-multa. se serve do anonimato ou de nome suposto.
§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é
Art. 320. Inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em de prática de contravenção.
dois ou mais partidos: § 3º (VETADO)
Pena - pagamento de 10 a 20 dias-multa.
Art. 327. As penas cominadas nos artigos. 324, 325 e
Art. 321. Colher a assinatura do eleitor em mais de uma
326, aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
ficha de registro de partido:
cometido:
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 20 a
I - contra o Presidente da República ou chefe de
40 dias-multa.
governo estrangeiro;
Art. 322. (revogado)
II - contra funcionário público, em razão de suas
funções;
Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que
inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes
facilite a divulgação da ofensa.
de exercerem influência perante o eleitorado:
Art. 328. (revogado)
Pena - detenção de dois meses a um ano, ou
Art. 329. (revogado)
pagamento de 120 a 150 dias-multa.
Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é
Art. 330. Nos casos dos artigos. 328 e 329 se o agente
cometido pela imprensa, rádio ou televisão.
repara o dano antes da sentença final, o juiz pode reduzir a
pena.
Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou
visando fins de propaganda, imputando-lhe falsamente fato
Art. 331. Inutilizar, alterar ou perturbar meio de
definido como crime:
propaganda devidamente empregado:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e
Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 a
pagamento de 10 a 40 dias-multa.
120 dias-multa.
§ 1° Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a
imputação, a propala ou divulga.
Art. 332. Impedir o exercício de propaganda:
§ 2º A prova da verdade do fato imputado exclui o crime,
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a
mas não é admitida:
60 dias-multa.
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
Art. 333. (revogado)
privada, o ofendido, não foi condenado por sentença
irrecorrível;
Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas,
II - se o fato é imputado ao Presidente da República ou
distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para
chefe de governo estrangeiro;
propaganda ou aliciamento de eleitores:
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
Pena - detenção de seis meses a um ano e cassação do
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
registro se o responsável for candidato.

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Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem
forma, em língua estrangeira: justa causa:
Pena - detenção de três a seis meses e pagamento de Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 a
30 a 60 dias-multa. 120 dias-multa.
Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração ao
presente artigo importa na apreensão e perda do material Art. 345. Não cumprir a autoridade judiciária, ou
utilizado na propaganda. qualquer funcionário dos órgãos da Justiça Eleitoral, nos
prazos legais, os deveres impostos por este Código, se a
Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela infração não estiver sujeita a outra penalidade:
infração de qualquer dos artigos. 322, 323, 324, 325, Pena - pagamento de trinta a noventa dias-multa.
326,328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz verificar,
de acordo com o seu livre convencionamento, se diretório Art. 346. Violar o disposto no Art. 377:
local do partido, por qualquer dos seus membros, concorreu Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a
para a prática de delito, ou dela se beneficiou 60 dias-multa.
conscientemente. Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da autoridade
Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao diretório responsável, os servidores que prestarem serviços e os
responsável pena de suspensão de sua atividade eleitoral por candidatos, membros ou diretores de partido que derem
prazo de 6 a 12 meses, agravada até o dobro nas causa à infração.
reincidências.
Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência a
Ar. 337. Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não diligências, ordens ou instruções da Justiça Eleitoral ou opor
estiver no gozo dos seus direitos políticos, de atividades embaraços à sua execução:
partidárias inclusive comícios e atos de propaganda em Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento
recintos fechados ou abertos: de 10 a 20 dias-multa.
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 90 a
120 dias-multa. Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento
Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o público, ou alterar documento público verdadeiro, para fins
responsável pelas emissoras de rádio ou televisão que eleitorais:
autorizar transmissões de que participem os mencionados Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 15
neste artigo, bem como o diretor de jornal que lhes divulgar a 30 dias-multa.
os pronunciamentos. § 1º Se o agente é funcionário público e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.
Art. 338. Não assegurar o funcionário postal a prioridade § 2º Para os efeitos penais, equipara-se a documento
prevista no Art. 239: público o emanado de entidade paraestatal inclusive
Pena - Pagamento de 30 a 60 dias-multa. Fundação do Estado.

Art. 339 - Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo Ar. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento
votos, ou documentos relativos à eleição: particular ou alterar documento particular verdadeiro, para
Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 5 a fins eleitorais:
15 dias-multa. Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 3 a 10
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário dias-multa.
da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se do
cargo, a pena é agravada. Art. 350. Omitir, em documento público ou particular,
declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer
Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,
ainda que gratuitamente, subtrair ou guardar urnas, objetos, para fins eleitorais:
mapas, cédulas ou papéis de uso exclusivo da Justiça Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15
Eleitoral: dias-multa, se o documento é público, e reclusão até três
Pena - reclusão até três anos e pagamento de 3 a 15 anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é
dias-multa. particular.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental é
da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se do funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do
cargo, a pena é agravada. cargo ou se a falsificação ou alteração é de assentamentos
de registro civil, a pena é agravada.
Art. 341. Retardar a publicação ou não publicar, o diretor
ou qualquer outro funcionário de órgão oficial federal, Art. 351. Equipara-se a documento (348,349 e 350) para
estadual, ou municipal, as decisões, citações ou intimações os efeitos penais, a fotografia, o filme cinematográfico, o
da Justiça Eleitoral: disco fonográfico ou fita de ditafone a que se incorpore
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 declaração ou imagem destinada à prova de fato
dias-multa. juridicamente relevante.

Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Público, Ar. 352. Reconhecer, como verdadeira, no exercício da
no prazo legal, denúncia ou deixar de promover a execução função pública, firma ou letra que o não seja, para fins
de sentença condenatória: eleitorais:
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 a Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15
90 dias-multa. dias-multa se o documento é público, e reclusão até três
anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é
Art. 343. Não cumprir o juiz o disposto no § 3º do Art. particular.
357:
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 a Art. 353. Fazer uso de qualquer dos documentos
90 dias-multa. falsificados ou alterados, a que se referem os artigos. 348 a
352:

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Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. § 5º Qualquer eleitor poderá provocar a representação


contra o órgão do Ministério Público se o juiz, no prazo de 10
Art. 354. Obter, para uso próprio ou de outrem, (dez) dias, não agir de ofício.
documento público ou particular, material ou ideologicamente
falso para fins eleitorais: Art. 358. A denúncia, será rejeitada quando:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. I - o fato narrado evidentemente não constituir crime;
II - já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição ou
Art. 354-A. Apropriar-se o candidato, o outra causa;
administrador financeiro da campanha, ou quem de fato III - fôr manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar
exerça essa função, de bens, recursos ou valores condição exigida pela lei para o exercício da ação penal.
destinados ao financiamento eleitoral, em proveito próprio Parágrafo único. Nos casos do número III, a rejeição da
ou alheio: (2017) denúncia não obstará ao exercício da ação penal, desde que
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. (2017) promovida por parte legítima ou satisfeita a condição.
Não há previsão de crimes culposos no Código Eleitoral. A Lei nº 11.719/ 2008 alterou os procedimentos previstos no Código de
Processo Penal, revogando tacitamente o art. 358 do Código Eleitoral.
Deve-se, assim, observar o disposto no art. 395 do CPP, que rege:
CAPÍTULO III Código de Processo Penal
DO PROCESSO DAS INFRAÇÕES Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
Art. 355. As infrações penais definidas neste Código são I – for manifestamente inepta;
de ação pública. II – faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da
Os crimes eleitorais são de ação penal pública incondicionada. ação penal; ou
------------------------------------------------------------------------------------------------- III – faltar justa causa para o exercício da ação penal.
AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA. APURAÇÃO. CRIME Art. 359. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e
ELEITORAL.
1. Conforme decidido pelo Tribunal no julgamento do Recurso Especial nº hora para o depoimento pessoal do acusado, ordenando a
21.295, a queixa-crime em ação penal privada subsidiária somente pode citação deste e a notificação do Ministério Público.
ser aceita caso o representante do Ministério Público não tenha oferecido Parágrafo único. O réu ou seu defensor terá o prazo de
denúncia, requerido diligências ou solicitado o arquivamento de inquérito 10 (dez) dias para oferecer alegações escritas e arrolar
policial, no prazo legal.
2. Dada a notícia de eventual delito, o Ministério Público requereu
testemunhas.
diligências objetivando a colheita de mais elementos necessários à TSE: Se o ato não for realizado, haverá nulidade absoluta, pois o
elucidação dos fatos, não se evidenciando, portanto, inércia apta a ensejar depoimento pessoal é considerado ato de defesa do réu.
a possibilidade de propositura de ação privada supletiva. RESPE nº 21.420/2007

Embargos de declaração recebidos como agravo regimental e não provido.


TSE, Acórdão ED-AI de 24/02/2011 (Processo AI nº 181917).
Art. 360. Ouvidas as testemunhas da acusação e da
defesa e praticadas as diligências requeridas pelo Ministério
Art. 356. Todo cidadão que tiver conhecimento de Público e deferidas ou ordenadas pelo juiz, abrir-se-á o prazo
infração penal deste Código deverá comunicá-la ao juiz de 5 (cinco) dias a cada uma das partes - acusação e defesa
eleitoral da zona onde a mesma se verificou. - para alegações finais.
§ 1º Quando a comunicação for verbal, mandará a
autoridade judicial reduzi-la a termo, assinado pelo Art. 361. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos ao
apresentante e por duas testemunhas, e a remeterá ao órgão juiz dentro de quarenta e oito horas, terá o mesmo 10 (dez)
do Ministério Público local, que procederá na forma deste dias para proferir a sentença.
Código.
§ 2º Se o Ministério Público julgar necessários maiores Art. 362. Das decisões finais de condenação ou
esclarecimentos e documentos complementares ou outros absolvição cabe recurso para o Tribunal Regional, a ser
elementos de convicção, deverá requisitá-los diretamente de interposto no prazo de 10 (dez) dias.
quaisquer autoridades ou funcionários que possam fornecê-
los. Art. 363. Se a decisão do Tribunal Regional for
condenatória, baixarão imediatamente os autos à instância
Art. 357. Verificada a infração penal, o Ministério inferior para a execução da sentença, que será feita no
Público oferecerá a denúncia dentro do prazo de 10 (dez) prazo de 5 (cinco) dias, contados da data da vista ao
dias. Ministério Público.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, ao invés de Parágrafo único. Se o órgão do Ministério Público deixar
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento da de promover a execução da sentença serão aplicadas as
comunicação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as normas constantes dos parágrafos 3º, 4º e 5º do Art. 357.
razões invocadas, fará remessa da comunicação ao
Procurador Regional, e este oferecerá a denúncia, designará Art. 364. No processo e julgamento dos crimes eleitorais
outro Promotor para oferecê-la, ou insistirá no pedido de e dos comuns que lhes forem conexos, assim como nos
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-
atender. á, como lei subsidiária ou supletiva, o Código de Processo
§ 2º A denúncia conterá a exposição do fato criminoso Penal.
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado
ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a
classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas. Lei nº 5.553 / 1968
§ 3º Se o órgão do Ministério Público não oferecer a
denúncia no prazo legal representará contra ele a autoridade Apresentação e Uso de
judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabilidade Documentos de Identificação
penal.
§ 4º Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior Pessoal.
o juiz solicitará ao Procurador Regional a designação de Art. 1º A nenhuma pessoa física, bem como a nenhuma
outro promotor, que, no mesmo prazo, oferecerá a denúncia. pessoa jurídica, de direito público ou de direito privado, é
lícito reter qualquer documento de identificação pessoal,

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ainda que apresentado por fotocópia autenticada ou pública- Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da
forma, inclusive comprovante de quitação com o serviço comunidade nas atividades de execução da pena e da
militar, título de eleitor, carteira profissional, certidão de medida de segurança.
registro de nascimento, certidão de casamento, comprovante
de naturalização e carteira de identidade de estrangeiro. TÍTULO II
Do Condenado e do Internado
Art. 2º Quando, para a realização de determinado ato, CAPÍTULO I
for exigida a apresentação de documento de identificação, a Da Classificação
pessoa que fizer a exigência fará extrair, no prazo de até 5 Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo
(cinco) dias, os dados que interessarem devolvendo em os seus antecedentes e personalidade, para orientar a
seguida o documento ao seu exibidor. individualização da execução penal.
§ 1º - Além do prazo previsto neste artigo, somente por
ordem judicial poderá ser retido qualquer documento de Art. 6o A classificação será feita por Comissão
identificação pessoal. Técnica de Classificação que elaborará o programa
§ 2º - Quando o documento de identidade for individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao
indispensável para a entrada de pessoa em órgãos públicos condenado ou preso provisório.
ou particulares, serão seus dados anotados no ato e
devolvido o documento imediatamente ao interessado. Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente
em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e
Art. 3º Constitui contravenção penal, punível com pena composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um)
de prisão simples de 1 (um) a 3 (três) meses ou multa de psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social,
NCR$ 0,50 (cinquenta centavos) a NCR$ 3,00 (três cruzeiros quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade.
novos), a retenção de qualquer documento a que se refere Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão
esta Lei. atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por
Parágrafo único. Quando a infração for praticada por fiscais do serviço social.
preposto ou agente de pessoa jurídica, considerar-se-á
responsável quem houver ordenado o ato que ensejou a Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa
retenção, a menos que haja , pelo executante, desobediência de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame
ou inobservância de ordens ou instruções expressas, criminológico para a obtenção dos elementos necessários a
quando, então, será este o infrator. uma adequada classificação e com vistas à individualização
da execução. (Exame criminológico obrigatório)
Art. 4º O Poder Executivo regulamentará a presente Lei Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo
dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data de poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena
sua publicação. privativa de liberdade em regime semi-aberto. (Exame
criminológico facultativo)
Os principais objetivos do exame criminológico são classificar os
Lei nº 7.210 / 1984 antecedentes e personalidade do indivíduo condenado, além de
individualizar a execução de sua pena, colaborando para um tratamento
Lei de Execução Penal carcerário adequado às suas necessidades singulares. O exame
criminológico é essencialmente multidisciplinar, sendo composto pelas
TÍTULO I avaliações de uma equipe de médico, psicólogo, assistente social e
Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal profissional da área jurídica.
Hewdy Lobo, Psiquiatra Forense
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as
disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar
condições para a harmônica integração social do condenado Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de
e do internado. dados reveladores da personalidade, observando a ética
STF: Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu profissional e tendo sempre presentes peças ou informações
que o artigo 283 do Código de Processo Penal (CPP) não impede o do processo, poderá:
início da execução da pena após condenação em segunda instância e I - entrevistar pessoas;
indeferiu liminares pleiteadas nas Ações Declaratórias de II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos
Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44.
----------------------------------------------------------------------------------------------------
privados, dados e informações a respeito do condenado;
De acordo com o Art. 283, do CPP, “ninguém poderá ser preso senão em III - realizar outras diligências e exames necessários.
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado,
em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de
prisão temporária ou prisão preventiva.” dolosamente, com violência de natureza grave contra
pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei
no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos,
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante
Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica
exercida, no processo de execução, na conformidade desta adequada e indolor.
Lei e do Código de Processo Penal.
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao § 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar
preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou garantias mínimas de proteção de dados genéticos,
Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à observando as melhores práticas da genética forense.
(2019)
jurisdição ordinária.
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado,
assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou o acesso ao banco de dados de identificação de perfil
pela lei. genético.
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de § 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados
natureza racial, social, religiosa ou política. genéticos o acesso aos seus dados constantes nos bancos
de perfis genéticos, bem como a todos os documentos da

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cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira que § 2o Em todos os estabelecimentos penais, haverá
possa ser contraditado pela defesa. (2019) local apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor
§ 4º O condenado pelos crimes previstos Público.
no caput deste artigo que não tiver sido submetido à § 3o Fora dos estabelecimentos penais, serão
identificação do perfil genético por ocasião do ingresso no implementados Núcleos Especializados da Defensoria
estabelecimento prisional deverá ser submetido ao Pública para a prestação de assistência jurídica integral e
procedimento durante o cumprimento da pena. (2019) gratuita aos réus, sentenciados em liberdade, egressos e
§ 5º (VETADO). (2019) seus familiares, sem recursos financeiros para constituir
§ 6º (VETADO). (2019) advogado.
§ 7º (VETADO). (2019)
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado SEÇÃO V
em submeter-se ao procedimento de identificação do Da Assistência Educacional
perfil genético. (2019) Art. 17. A assistência educacional compreenderá a
instrução escolar e a formação profissional do preso e do
CAPÍTULO II internado.
Da Assistência
SEÇÃO I Art. 18. O ensino de 1º grau (Ensino fundamental) será
Disposições Gerais obrigatório, integrando-se no sistema escolar da Unidade
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever Federativa.
do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o
retorno à convivência em sociedade. Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso. formação geral ou educação profissional de nível médio, será
implantado nos presídios, em obediência ao preceito
Art. 11. A assistência será: constitucional de sua universalização.
I - material; § 1o O ensino ministrado aos presos e presas integrar-
II - à saúde; se-á ao sistema estadual e municipal de ensino e será
III -jurídica; mantido, administrativa e financeiramente, com o apoio da
IV - educacional; União, não só com os recursos destinados à educação, mas
V - social; pelo sistema estadual de justiça ou administração
VI - religiosa. penitenciária.
§ 2o Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e
SEÇÃO II às presas cursos supletivos de educação de jovens e
Da Assistência Material adultos.
Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado § 3o A União, os Estados, os Municípios e o Distrito
consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e Federal incluirão em seus programas de educação à
instalações higiênicas. distância e de utilização de novas tecnologias de ensino, o
atendimento aos presos e às presas.
Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e
serviços que atendam aos presos nas suas necessidades Art. 19. O ensino profissional será ministrado em
pessoais, além de locais destinados à venda de produtos e nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico.
objetos permitidos e não fornecidos pela Administração. Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino
profissional adequado à sua condição.
SEÇÃO III
Da Assistência à Saúde Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de convênio com entidades públicas ou particulares, que
de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento instalem escolas ou ofereçam cursos especializados.
médico, farmacêutico e odontológico.
§ 1º (Vetado). Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-
§ 2º Quando o estabelecimento penal não estiver á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas
aparelhado para prover a assistência médica necessária, as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos,
esta será prestada em outro local, mediante autorização da recreativos e didáticos.
direção do estabelecimento.
§ 3o Será assegurado acompanhamento médico à
Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar:
mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto,
I - o nível de escolaridade dos presos e das presas;
extensivo ao recém-nascido.
II - a existência de cursos nos níveis fundamental e
médio e o número de presos e presas atendidos;
SEÇÃO IV
III - a implementação de cursos profissionais em nível
Da Assistência Jurídica
de iniciação ou aperfeiçoamento técnico e o número de
Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e
presos e presas atendidos;
aos internados sem recursos financeiros para constituir
IV - a existência de bibliotecas e as condições de seu
advogado.
acervo;
V - outros dados relevantes para o aprimoramento
Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter
educacional de presos e presas.
serviços de assistência jurídica, integral e gratuita, pela
Defensoria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos
penais. SEÇÃO VI
Da Assistência Social
§ 1o As Unidades da Federação deverão prestar
Art. 22. A assistência social tem por finalidade
auxílio estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, no
amparar o preso e o internado e prepará-los para o
exercício de suas funções, dentro e fora dos
retorno à liberdade.
estabelecimentos penais.
Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social:

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I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou b) à assistência à família;


exames; c) a pequenas despesas pessoais;
II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, d) ao ressarcimento ao Estado das despesas
os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido; realizadas com a manutenção do condenado, em proporção
III - acompanhar o resultado das permissões de saídas a ser fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras
e das saídas temporárias; anteriores.
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios § 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será
disponíveis, a recreação; depositada a parte restante para constituição do pecúlio, em
V - promover a orientação do assistido, na fase final Caderneta de Poupança, que será entregue ao condenado
do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar quando posto em liberdade.
o seu retorno à liberdade;
VI - providenciar a obtenção de documentos, dos Art. 30. As tarefas executadas como prestação de
benefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no serviço à comunidade não serão remuneradas.
trabalho;
VII - orientar e amparar, quando necessário, a família SEÇÃO II
do preso, do internado e da vítima. Do Trabalho Interno
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade
SEÇÃO VII está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e
Da Assistência Religiosa capacidade.
Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho
culto, será prestada aos presos e aos internados, permitindo- não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do
se-lhes a participação nos serviços organizados no estabelecimento.
estabelecimento penal, bem como a posse de livros de
instrução religiosa. Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas
§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado para em conta a habilitação, a condição pessoal e as
os cultos religiosos. necessidades futuras do preso, bem como as
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado oportunidades oferecidas pelo mercado.
a participar de atividade religiosa. § 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o
artesanato sem expressão econômica, salvo nas regiões de
SEÇÃO VIII turismo.
Da Assistência ao Egresso § 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão
Art. 25. A assistência ao egresso consiste: solicitar ocupação adequada à sua idade.
I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em § 3º Os doentes ou deficientes físicos somente
liberdade; exercerão atividades apropriadas ao seu estado.
II - na concessão, se necessário, de alojamento e
alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior
(dois) meses. a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos
Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II domingos e feriados.
poderá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial
declaração do assistente social, o empenho na obtenção de de trabalho aos presos designados para os serviços de
emprego. conservação e manutenção do estabelecimento penal.

Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por
Lei: fundação, ou empresa pública, com autonomia
I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a administrativa, e terá por objetivo a formação profissional do
contar da saída do estabelecimento; condenado.
II - o liberado condicional, durante o período de § 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade
prova. gerenciadora promover e supervisionar a produção, com
critérios e métodos empresariais, encarregar-se de sua
Art. 27.O serviço de assistência social colaborará com comercialização, bem como suportar despesas, inclusive
o egresso para a obtenção de trabalho. pagamento de remuneração adequada.
§ 2o Os governos federal, estadual e municipal
CAPÍTULO III poderão celebrar convênio com a iniciativa privada, para
Do Trabalho implantação de oficinas de trabalho referentes a setores de
SEÇÃO I apoio dos presídios.
Disposições Gerais
Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta
e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos
e produtiva. Municípios adquirirão, com dispensa de concorrência pública,
§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de os bens ou produtos do trabalho prisional, sempre que não
trabalho as precauções relativas à segurança e à higiene. for possível ou recomendável realizar-se a venda a
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da particulares.
Consolidação das Leis do Trabalho. Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas
com as vendas reverterão em favor da fundação ou empresa
Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, pública a que alude o artigo anterior ou, na sua falta, do
mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três estabelecimento penal.
quartos) do salário mínimo.
§ 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá SEÇÃO III
atender: Do Trabalho Externo
a) à indenização dos danos causados pelo crime, Art. 36. O trabalho externo será admissível para os
desde que determinados judicialmente e não reparados por presos em regime fechado somente em serviço ou obras
outros meios; públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou

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Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as XII - igualdade de tratamento salvo quanto às
cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. exigências da individualização da pena;
§ 1º O limite máximo do número de presos será de XIII - audiência especial com o diretor do
10% (dez por cento) do total de empregados na obra. estabelecimento;
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou XIV - representação e petição a qualquer autoridade,
à empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. em defesa de direito;
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada XV - contato com o mundo exterior por meio de
depende do consentimento expresso do preso. correspondência escrita, da leitura e de outros meios de
informação que não comprometam a moral e os bons
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser costumes.
autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de XVI – atestado de pena a cumprir, emitido
aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade
mínimo de 1/6 (um sexto) da pena. judiciária competente.
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X
trabalho externo ao preso que vier a praticar fato definido e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato
como crime, for punido por falta grave, ou tiver motivado do diretor do estabelecimento.
comportamento contrário aos requisitos estabelecidos neste
artigo. Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao
submetido à medida de segurança, no que couber, o
CAPÍTULO IV disposto nesta Seção.
Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina
SEÇÃO I Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico
Dos Deveres de confiança pessoal do internado ou do submetido a
Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações tratamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes,
legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de a fim de orientar e acompanhar o tratamento.
execução da pena. Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial
e o particular serão resolvidas pelo Juiz da execução.
Art. 39. Constituem deveres do condenado:
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da SEÇÃO III
sentença; Da Disciplina
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer SUBSEÇÃO I
pessoa com quem deva relacionar-se; Disposições Gerais
III - urbanidade e respeito no trato com os demais Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a
condenados; ordem, na obediência às determinações das autoridades e
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou seus agentes e no desempenho do trabalho.
coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina; Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de
recebidas; direitos e o preso provisório.
VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores; Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das expressa e anterior previsão legal ou regulamentar.
despesas realizadas com a sua manutenção, mediante § 1º As sanções não poderão colocar em perigo a
desconto proporcional da remuneração do trabalho; integridade física e moral do condenado.
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; § 2º É vedado o emprego de cela escura.
X - conservação dos objetos de uso pessoal. § 3º São vedadas as sanções coletivas.
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que
couber, o disposto neste artigo. Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da
execução da pena ou da prisão, será cientificado das normas
SEÇÃO II disciplinares.
Dos Direitos
Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena
integridade física e moral dos condenados e dos presos privativa de liberdade, será exercido pela autoridade
provisórios. administrativa conforme as disposições regulamentares.

Art. 41 - Constituem direitos do preso: Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos,
I - alimentação suficiente e vestuário; o poder disciplinar será exercido pela autoridade
II - atribuição de trabalho e sua remuneração; administrativa a que estiver sujeito o condenado.
III - Previdência Social; Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade
IV - constituição de pecúlio; representará ao Juiz da execução para os fins dos artigos
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o 118, inciso I (Regressão), 125 (Revogação de saídas temporárias),
trabalho, o descanso e a recreação; 127 (Perda dos dias remidos), 181, §§ 1º, letra d, e 2º (Conversão
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade) desta Lei.
artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis
com a execução da pena;
SUBSEÇÃO II
VII - assistência material, à saúde, jurídica,
Das Faltas Disciplinares
educacional, social e religiosa;
Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em
VIII - proteção contra qualquer forma de
leves, médias e graves. A legislação local especificará as
sensacionalismo;
leves e médias, bem assim as respectivas sanções.
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e
correspondente à falta consumada.
amigos em dias determinados;
XI - chamamento nominal;

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Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o
privativa de liberdade que: regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente
I - incitar ou participar de movimento para subverter a cumprido em estabelecimento prisional federal. (2019)
ordem ou a disciplina; § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime
II - fugir; disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo
ofender a integridade física de outrem; indícios de que o preso: (2019)
IV - provocar acidente de trabalho; I - continua apresentando alto risco para a ordem e
V - descumprir, no regime aberto, as condições a segurança do estabelecimento penal de origem ou da
impostas; sociedade; (2019)
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, II - mantém os vínculos com organização
do artigo 39, desta Lei. criminosa, associação criminosa ou milícia privada,
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho considerados também o perfil criminal e a função
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação
com outros presos ou com o ambiente externo. duradoura do grupo, a superveniência de novos processos
VIII - recusar submeter-se ao procedimento de criminais e os resultados do tratamento penitenciário. (2019)
identificação do perfil genético. (2019) § 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o
regime disciplinar diferenciado deverá contar com alta
segurança interna e externa, principalmente no que diz
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no
respeito à necessidade de se evitar contato do preso com
que couber, ao preso provisório.
membros de sua organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais. (2019)
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena
§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste
restritiva de direitos que:
artigo será gravada em sistema de áudio ou de áudio e
I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da
penitenciário. (2019)
obrigação imposta;
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V,
disciplinar diferenciado, o preso que não receber a visita de
do artigo 39, desta Lei.
que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após
prévio agendamento, ter contato telefônico, que será
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por
constitui falta grave e, quando ocasionar subversão da ordem mês e por 10 (dez) minutos. (2019)
ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou
condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da
SUBSEÇÃO III
sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as
Das Sanções e das Recompensas
seguintes características: (2019)
Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem
I - advertência verbal;
prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de
II - repreensão;
mesma espécie; (2019)
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41,
II - recolhimento em cela individual; (2019)
parágrafo único);
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez,
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado,
a serem realizadas em instalações equipadas para
nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo,
impedir o contato físico e a passagem de objetos, por
observado o disposto no artigo 88 desta Lei.
pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.
judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; (2019)
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas)
Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão
horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4
aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento e a
(quatro) presos, desde que não haja contato com presos
do inciso V, por prévio e fundamentado despacho do juiz
do mesmo grupo criminoso; (2019)
competente.
V - entrevistas sempre monitoradas, exceto
§ 1o A autorização para a inclusão do preso em regime
aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para
disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado
impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo
elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra
expressa autorização judicial em contrário; (2019)
autoridade administrativa.
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
(2019) § 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em
VII - participação em audiências judiciais regime disciplinar será precedida de manifestação do
preferencialmente por videoconferência, garantindo-se a Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo
participação do defensor no mesmo ambiente do preso. (2019) de quinze dias.
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será
aplicado aos presos provisórios ou condenados, Art. 55. As recompensas têm em vista o bom
nacionais ou estrangeiros: (2019) comportamento reconhecido em favor do condenado, de sua
I - que apresentem alto risco para a ordem e a colaboração com a disciplina e de sua dedicação ao trabalho.
segurança do estabelecimento penal ou da sociedade;
(2019) Art. 56. São recompensas:
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de I - o elogio;
envolvimento ou participação, a qualquer título, em II - a concessão de regalias.
organização criminosa, associação criminosa ou milícia Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos
privada, independentemente da prática de falta grave. estabelecerão a natureza e a forma de concessão de
(2019) regalias.
§ 2º (Revogado). (2019)
§ 3º Existindo indícios de que o preso exerce SUBSEÇÃO IV
liderança em organização criminosa, associação Da Aplicação das Sanções
criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação

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Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar- III - promover a avaliação periódica do sistema
se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e criminal para a sua adequação às necessidades do País;
as consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e IV - estimular e promover a pesquisa criminológica;
seu tempo de prisão. V - elaborar programa nacional penitenciário de
Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as formação e aperfeiçoamento do servidor;
sanções previstas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei. VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e
construção de estabelecimentos penais e casas de
Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de albergados;
direitos não poderão exceder a 30 (trinta) dias, ressalvada VII - estabelecer os critérios para a elaboração da
a hipótese do regime disciplinar diferenciado. estatística criminal;
Parágrafo único. O isolamento será sempre VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos
comunicado ao Juiz da execução. penais, bem assim informar-se, mediante relatórios do
Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios,
SUBSEÇÃO V acerca do desenvolvimento da execução penal nos Estados,
Do Procedimento Disciplinar Territórios e Distrito Federal, propondo às autoridades dela
Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser incumbida as medidas necessárias ao seu aprimoramento;
instaurado o procedimento para sua apuração, conforme IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade
regulamento, assegurado o direito de defesa. administrativa para instauração de sindicância ou
Parágrafo único. A decisão será motivada. procedimento administrativo, em caso de violação das
normas referentes à execução penal;
Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o X - representar à autoridade competente para a
isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até 10 (dez) interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.
dias. A inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado,
no interesse da disciplina e da averiguação do fato, CAPÍTULO III
dependerá de despacho do juiz competente. Do Juízo da Execução
Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado
preventiva no regime disciplinar diferenciado será computado na lei local de organização judiciária e, na sua ausência, ao
no período de cumprimento da sanção disciplinar. da sentença.

TÍTULO III Art. 66. Compete ao Juiz da execução:


Dos Órgãos da Execução Penal I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de
CAPÍTULO I qualquer modo favorecer o condenado;
Disposições Gerais II - declarar extinta a punibilidade;
Art. 61. São órgãos da execução penal: III - decidir sobre:
I - o Conselho Nacional de Política Criminal e a) soma ou unificação de penas;
Penitenciária; b) progressão ou regressão nos regimes;
II - o Juízo da Execução; c) detração e remição da pena;
III - o Ministério Público; d) suspensão condicional da pena;
IV - o Conselho Penitenciário; e) livramento condicional;
V - os Departamentos Penitenciários; f) incidentes da execução.
VI - o Patronato; IV - autorizar saídas temporárias;
VII - o Conselho da Comunidade. V - determinar:
VIII - a Defensoria Pública. a) a forma de cumprimento da pena restritiva de
direitos e fiscalizar sua execução;
CAPÍTULO II b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa
Do Conselho Nacional de Política Criminal e em privativa de liberdade;
Penitenciária c) a conversão da pena privativa de liberdade em
Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e restritiva de direitos;
Penitenciária, com sede na Capital da República, é d) a aplicação da medida de segurança, bem como a
subordinado ao Ministério da Justiça. substituição da pena por medida de segurança;
e) a revogação da medida de segurança;
Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e f) a desinternação e o restabelecimento da situação
Penitenciária será integrado por 13 (treze) membros anterior;
designados através de ato do Ministério da Justiça, dentre g) o cumprimento de pena ou medida de segurança
professores e profissionais da área do Direito Penal, em outra comarca;
Processual Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem h) a remoção do condenado na hipótese prevista no §
como por representantes da comunidade e dos Ministérios da 1º, do artigo 86, desta Lei.
área social. i) (VETADO);
Parágrafo único. O mandato dos membros do VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da
Conselho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um medida de segurança;
terço) em cada ano. VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos
penais, tomando providências para o adequado
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração
Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito de responsabilidade;
federal ou estadual, incumbe: VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento
I - propor diretrizes da política criminal quanto à penal que estiver funcionando em condições inadequadas ou
prevenção do delito, administração da Justiça Criminal e com infringência aos dispositivos desta Lei;
execução das penas e das medidas de segurança; IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.
desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da
política criminal e penitenciária; CAPÍTULO IV
Do Ministério Público

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Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução V - colaborar com as Unidades Federativas para a
da pena e da medida de segurança, oficiando no processo realização de cursos de formação de pessoal penitenciário e
executivo e nos incidentes da execução. de ensino profissionalizante do condenado e do internado.
VI – estabelecer, mediante convênios com as
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público: unidades federativas, o cadastro nacional das vagas
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de existentes em estabelecimentos locais destinadas ao
recolhimento e de internamento; cumprimento de penas privativas de liberdade aplicadas pela
II - requerer: justiça de outra unidade federativa, em especial para presos
a) todas as providências necessárias ao sujeitos a regime disciplinar
desenvolvimento do processo executivo; VII - acompanhar a execução da pena das mulheres
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio beneficiadas pela progressão especial de que trata o § 3º do
de execução; art. 112 desta Lei, monitorando sua integração social e a
c) a aplicação de medida de segurança, bem como a ocorrência de reincidência, específica ou não, mediante a
substituição da pena por medida de segurança; realização de avaliações periódicas e de estatísticas
d) a revogação da medida de segurança; criminais. (2018)
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão § 1º Incumbem também ao Departamento a
nos regimes e a revogação da suspensão condicional da coordenação e supervisão dos estabelecimentos penais e de
pena e do livramento condicional; internamento federais. (2018)
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento § 2º Os resultados obtidos por meio do
da situação anterior. monitoramento e das avaliações periódicas previstas no
III - interpor recursos de decisões proferidas pela inciso VII do caput deste artigo serão utilizados para, em
autoridade judiciária, durante a execução. função da efetividade da progressão especial para a
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visitará ressocialização das mulheres de que trata o § 3º do art. 112
mensalmente os estabelecimentos penais, registrando a sua desta Lei, avaliar eventual desnecessidade do regime
presença em livro próprio. fechado de cumprimento de pena para essas mulheres nos
casos de crimes cometidos sem violência ou grave ameaça.
CAPÍTULO V (2018)
Do Conselho Penitenciário
Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo SEÇÃO II
e fiscalizador da execução da pena. Do Departamento Penitenciário Local
§ 1º O Conselho será integrado por membros Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento
nomeados pelo Governador do Estado, do Distrito Federal e Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições que
dos Territórios, dentre professores e profissionais da área do estabelecer.
Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências
correlatas, bem como por representantes da comunidade. A Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou órgão
legislação federal e estadual regulará o seu funcionamento. similar, tem por finalidade supervisionar e coordenar os
§ 2º O mandato dos membros do Conselho estabelecimentos penais da Unidade da Federação a que
Penitenciário terá a duração de 4 (quatro) anos. pertencer.
Parágrafo único. Os órgãos referidos no caput deste
Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário: artigo realizarão o acompanhamento de que trata o inciso VII
I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, do caput do art. 72 desta Lei e encaminharão ao
excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no Departamento Penitenciário Nacional os resultados obtidos.
estado de saúde do preso; (2018)
II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;
III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano, SEÇÃO III
ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos Penais
relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior; Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de
IV - supervisionar os patronatos, bem como a estabelecimento deverá satisfazer os seguintes requisitos:
assistência aos egressos. I - ser portador de diploma de nível superior de Direito,
ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou
CAPÍTULO VI Serviços Sociais;
Dos Departamentos Penitenciários II - possuir experiência administrativa na área;
SEÇÃO I III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o
Do Departamento Penitenciário Nacional desempenho da função.
Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, Parágrafo único. O diretor deverá residir no
subordinado ao Ministério da Justiça, é órgão executivo da estabelecimento, ou nas proximidades, e dedicará tempo
Política Penitenciária Nacional e de apoio administrativo e integral à sua função.
financeiro do Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária. Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será
organizado em diferentes categorias funcionais, segundo as
Art. 72. São atribuições do Departamento necessidades do serviço, com especificação de atribuições
Penitenciário Nacional: relativas às funções de direção, chefia e assessoramento do
I - acompanhar a fiel aplicação das normas de estabelecimento e às demais funções.
execução penal em todo o Território Nacional;
II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os Art. 77. A escolha do pessoal administrativo,
estabelecimentos e serviços penais; especializado, de instrução técnica e de vigilância atenderá a
III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas na vocação, preparação profissional e antecedentes pessoais do
implementação dos princípios e regras estabelecidos nesta candidato.
Lei; § 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem como a
IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante progressão ou a ascensão funcional dependerão de cursos
convênios, na implantação de estabelecimentos e serviços específicos de formação, procedendo-se à reciclagem
penais; periódica dos servidores em exercício.

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§ 2º No estabelecimento para mulheres somente se l) a remoção do condenado na hipótese prevista no §


permitirá o trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo 1o do art. 86 desta Lei;
quando se tratar de pessoal técnico especializado. II - requerer a emissão anual do atestado de pena a
cumprir;
CAPÍTULO VII III - interpor recursos de decisões proferidas pela
Do Patronato autoridade judiciária ou administrativa durante a execução;
Art. 78. O Patronato público ou particular destina-se a IV - representar ao Juiz da execução ou à autoridade
prestar assistência aos albergados e aos egressos (artigo administrativa para instauração de sindicância ou
26). procedimento administrativo em caso de violação das normas
referentes à execução penal;
Art. 79. Incumbe também ao Patronato: V - visitar os estabelecimentos penais, tomando
I - orientar os condenados à pena restritiva de direitos; providências para o adequado funcionamento, e requerer,
II - fiscalizar o cumprimento das penas de prestação quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
de serviço à comunidade e de limitação de fim de semana; VI - requerer à autoridade competente a interdição, no
III - colaborar na fiscalização do cumprimento das todo ou em parte, de estabelecimento penal.
condições da suspensão e do livramento condicional. Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública
visitará periodicamente os estabelecimentos penais,
CAPÍTULO VIII registrando a sua presença em livro próprio.
Do Conselho da Comunidade
Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho da TÍTULO IV
Comunidade composto, no mínimo, por 1 (um) Dos Estabelecimentos Penais
representante de associação comercial ou industrial, 1 (um) CAPÍTULO I
advogado indicado pela Seção da Ordem dos Advogados do Disposições Gerais
Brasil, 1 (um) Defensor Público indicado pelo Defensor Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao
Público Geral e 1 (um) assistente social escolhido pela condenado, ao submetido à medida de segurança, ao
Delegacia Seccional do Conselho Nacional de Assistentes preso provisório e ao egresso.
Sociais. § 1° A mulher e o maior de 60 (sessenta) anos,
Parágrafo único. Na falta da representação prevista separadamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e
neste artigo, ficará a critério do Juiz da execução a escolha adequado à sua condição pessoal.
dos integrantes do Conselho. § 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar
estabelecimentos de destinação diversa desde que
Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade: devidamente isolados.
I - visitar, pelo menos mensalmente, os
estabelecimentos penais existentes na comarca; Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua
II - entrevistar presos; natureza, deverá contar em suas dependências com áreas e
III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho,
e ao Conselho Penitenciário; recreação e prática esportiva.
IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e § 1º Haverá instalação destinada a estágio de
humanos para melhor assistência ao preso ou internado, em estudantes universitários.
harmonia com a direção do estabelecimento. § 2o Os estabelecimentos penais destinados a
mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas
CAPÍTULO IX possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no
DA DEFENSORIA PÚBLICA mínimo, até 6 (seis) meses de idade.
Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular § 3o Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste
execução da pena e da medida de segurança, oficiando, artigo deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo
no processo executivo e nos incidentes da execução, para a feminino na segurança de suas dependências internas.
defesa dos necessitados em todos os graus e instâncias, de § 4o Serão instaladas salas de aulas destinadas a
forma individual e coletiva. cursos do ensino básico e profissionalizante.
§ 5o Haverá instalação destinada à Defensoria
Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública: Pública.
I - requerer:
a) todas as providências necessárias ao Art. 83-A. Poderão ser objeto de execução indireta as
desenvolvimento do processo executivo; atividades materiais acessórias, instrumentais ou
b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que complementares desenvolvidas em estabelecimentos penais,
de qualquer modo favorecer o condenado; e notadamente:
c) a declaração de extinção da punibilidade; I - serviços de conservação, limpeza, informática,
d) a unificação de penas; copeiragem, portaria, recepção, reprografia,
e) a detração e remição da pena; telecomunicações, lavanderia e manutenção de prédios,
f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio instalações e equipamentos internos e externos;
de execução; II - serviços relacionados à execução de trabalho pelo
g) a aplicação de medida de segurança e sua preso.
revogação, bem como a substituição da pena por medida de § 1o A execução indireta será realizada sob
segurança; supervisão e fiscalização do poder público.
h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a § 2o Os serviços relacionados neste artigo poderão
suspensão condicional da pena, o livramento condicional, a compreender o fornecimento de materiais, equipamentos,
comutação de pena e o indulto; máquinas e profissionais.
i) a autorização de saídas temporárias;
j) a internação, a desinternação e o restabelecimento Art. 83-B. São indelegáveis as funções de direção,
da situação anterior; chefia e coordenação no âmbito do sistema penal, bem
k) o cumprimento de pena ou medida de segurança como todas as atividades que exijam o exercício do poder de
em outra comarca; polícia, e notadamente:

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I - classificação de condenados; Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade


II - aplicação de sanções disciplinares; celular:
III - controle de rebeliões; a) salubridade do ambiente pela concorrência dos
IV - transporte de presos para órgãos do Poder fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico
Judiciário, hospitais e outros locais externos aos adequado à existência humana;
estabelecimentos penais. b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).

Art. 84. O preso provisório ficará separado do Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a
condenado por sentença transitada em julgado. penitenciária de mulheres será dotada de seção para
§ 1o Os presos provisórios ficarão separados de gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças
acordo com os seguintes critérios: maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou a finalidade de assistir a criança desamparada cuja
equiparados; responsável estiver presa.
II - acusados pela prática de crimes cometidos com Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e
violência ou grave ameaça à pessoa; da creche referidas neste artigo:
III - acusados pela prática de outros crimes ou I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo
contravenções diversos dos apontados nos incisos I e II. com as diretrizes adotadas pela legislação educacional e em
unidades autônomas; e
§ 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da
II – horário de funcionamento que garanta a melhor
Administração da Justiça Criminal ficará em dependência
assistência à criança e à sua responsável.
separada.
§ 3o Os presos condenados ficarão separados de
Art. 90. A penitenciária de homens será construída,
acordo com os seguintes critérios:
em local afastado do centro urbano, à distância que não
I - condenados pela prática de crimes hediondos ou
restrinja a visitação.
equiparados;
II - reincidentes condenados pela prática de crimes
CAPÍTULO III
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
III - primários condenados pela prática de crimes
Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
destina-se ao cumprimento da pena em regime semi-aberto.
IV - demais condenados pela prática de outros crimes
ou contravenções em situação diversa das previstas nos
Art. 92. O condenado poderá ser alojado em
incisos I, II e III.
compartimento coletivo, observados os requisitos da letra
§ 4o O preso que tiver sua integridade física, moral ou
a, do parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
psicológica ameaçada pela convivência com os demais
Parágrafo único. São também requisitos básicos das
presos ficará segregado em local próprio.
dependências coletivas:
a) a seleção adequada dos presos;
Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação b) o limite de capacidade máxima que atenda os
compatível com a sua estrutura e finalidade. objetivos de individualização da pena.
Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária determinará o limite máximo de CAPÍTULO IV
capacidade do estabelecimento, atendendo a sua natureza e Da Casa do Albergado
peculiaridades. Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao
cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime
Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas aberto, e da pena de limitação de fim de semana.
pela Justiça de uma Unidade Federativa podem ser
executadas em outra unidade, em estabelecimento local ou Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano,
da União. separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se
§ 1o A União Federal poderá construir estabelecimento pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga.
penal em local distante da condenação para recolher os
condenados, quando a medida se justifique no interesse da Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma
segurança pública ou do próprio condenado. Casa do Albergado, a qual deverá conter, além dos
§ 2° Conforme a natureza do estabelecimento, nele aposentos para acomodar os presos, local adequado para
poderão trabalhar os liberados ou egressos que se dediquem cursos e palestras.
a obras públicas ou ao aproveitamento de terras ociosas. Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações
§ 3o Caberá ao juiz competente, a requerimento da para os serviços de fiscalização e orientação dos
autoridade administrativa definir o estabelecimento prisional condenados.
adequado para abrigar o preso provisório ou condenado, em
atenção ao regime e aos requisitos estabelecidos. CAPÍTULO V
Do Centro de Observação
CAPÍTULO II Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os
Da Penitenciária exames gerais e o criminológico, cujos resultados serão
Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à encaminhados à Comissão Técnica de Classificação.
pena de reclusão, em regime fechado. Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas
Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o pesquisas criminológicas.
Distrito Federal e os Territórios poderão construir
Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos Art. 97. O Centro de Observação será instalado em
provisórios e condenados que estejam em regime fechado, unidade autônoma ou em anexo a estabelecimento penal.
sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do art.
52 desta Lei. Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela
Comissão Técnica de Classificação, na falta do Centro de
Art. 88. O condenado será alojado em cela individual Observação.
que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório.

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§ 1° A autoridade administrativa incumbida da


CAPÍTULO VI execução passará recibo da guia de recolhimento para juntá-
Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico la aos autos do processo, e dará ciência dos seus termos ao
Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento condenado.
Psiquiátrico destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis § 2º As guias de recolhimento serão registradas em
referidos no artigo 26 e seu parágrafo único do Código Penal. livro especial, segundo a ordem cronológica do recebimento,
Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber, e anexadas ao prontuário do condenado, aditando-se, no
o disposto no parágrafo único, do artigo 88, desta Lei. curso da execução, o cálculo das remições e de outras
retificações posteriores.
Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames
necessários ao tratamento são obrigatórios para todos os Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença
internados. mental será internado em Hospital de Custódia e
Tratamento Psiquiátrico.
Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no artigo
97, segunda parte, do Código Penal, será realizado no Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado
Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro será posto em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por
local com dependência médica adequada. outro motivo não estiver preso.

CAPÍTULO VII SEÇÃO II


Da Cadeia Pública Dos Regimes
Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime
de presos provisórios. no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena
privativa de liberdade, observado o disposto no artigo 33 e
Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) seus parágrafos do Código Penal.
cadeia pública a fim de resguardar o interesse da
Administração da Justiça Criminal e a permanência do preso Art. 111. Quando houver condenação por mais de um
em local próximo ao seu meio social e familiar. crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a
determinação do regime de cumprimento será feita pelo
Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo resultado da soma ou unificação das penas, observada,
será instalado próximo de centro urbano, observando-se na quando for o caso, a detração ou remição.
construção as exigências mínimas referidas no artigo 88 e Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da
seu parágrafo único desta Lei. execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo
cumprida, para determinação do regime.
TÍTULO V
Da Execução das Penas em Espécie Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada
CAPÍTULO I em forma progressiva com a transferência para regime
Das Penas Privativas de Liberdade menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso
SEÇÃO I tiver cumprido ao menos: (2019)
Disposições Gerais I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à
aplicar pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier pessoa ou grave ameaça; (2019)
a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for
recolhimento para a execução. reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou
grave ameaça; (2019)
Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o
escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a assinará apenado for primário e o crime tiver sido cometido com
com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa violência à pessoa ou grave ameaça; (2019)
incumbida da execução e conterá: IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for
I - o nome do condenado; reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou
II - a sua qualificação civil e o número do registro geral grave ameaça; (2019)
no órgão oficial de identificação; V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado
III - o inteiro teor da denúncia e da sentença for condenado pela prática de crime hediondo ou
condenatória, bem como certidão do trânsito em julgado; equiparado, se for primário; (2019)
IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado
instrução; for: (2019)
V - a data da terminação da pena; a) condenado pela prática de crime hediondo ou
VI - outras peças do processo reputadas equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o
indispensáveis ao adequado tratamento penitenciário. livramento condicional; (2019)
§ 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de b) condenado por exercer o comando, individual ou
recolhimento. coletivo, de organização criminosa estruturada para a
§ 2º A guia de recolhimento será retificada sempre que prática de crime hediondo ou equiparado; ou(2019)
sobrevier modificação quanto ao início da execução ou ao c) condenado pela prática do crime de constituição
tempo de duração da pena. de milícia privada; (2019)
§ 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado
funcionário da Administração da Justiça Criminal, far-se-á, na for reincidente na prática de crime hediondo ou
guia, menção dessa circunstância, para fins do disposto no § equiparado; (2019)
2°, do artigo 84, desta Lei. VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado
for reincidente em crime hediondo ou equiparado com
Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento resultado morte, vedado o livramento condicional. (2019)
de pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela § 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à
autoridade judiciária. progressão de regime se ostentar boa conduta

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carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, Público, da autoridade administrativa ou do condenado,


respeitadas as normas que vedam a progressão. (2019) desde que as circunstâncias assim o recomendem.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de
regime será sempre motivada e precedida de manifestação Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do
do Ministério Público e do defensor, procedimento que beneficiário de regime aberto em residência particular
também será adotado na concessão de livramento quando se tratar de:
condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
prazos previstos nas normas vigentes. (2019) II - condenado acometido de doença grave;
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou III - condenada com filho menor ou deficiente físico
responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os ou mental;
requisitos para progressão de regime são, cumulativamente: IV - condenada gestante.
(2018)
I - não ter cometido crime com violência ou grave Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade
ameaça a pessoa; (2018) ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
dependente; (2018) I - praticar fato definido como crime doloso ou falta
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no grave;
regime anterior; (2018) II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena,
IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o
comprovado pelo diretor do estabelecimento; (2018) regime (artigo 111).
V - não ter integrado organização criminosa. (2018) § 1° O condenado será transferido do regime aberto
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores,
grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3º frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa
deste artigo. (2018) cumulativamente imposta.
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, § 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior,
para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas deverá ser ouvido previamente o condenado.
previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto
STJ: Súmula 491 - É inadmissível a chamada progressão per saltum de
de 2006. (2019) regime prisional.
§ 6º O cometimento de falta grave durante a STF: A prática de falta grave pode resultar, observado o contraditório e a
execução da pena privativa de liberdade interrompe o prazo ampla defesa, em regressão de regime. A prática de ‘fato definido como
para a obtenção da progressão no regime de crime doloso, para fins de aplicação da sanção administrativa da
cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem regressão, não depende de trânsito em julgado da ação penal respectiva.
A natureza jurídica da regressão de regime lastreada nas hipóteses do art.
do requisito objetivo terá como base a pena 118, I,da Lei de Execuções Penais é sancionatória, enquanto aquela
remanescente. (2019) baseada no inciso II tem por escopo a correta individualização da pena. A
§ 7º (VETADO). (2019) regressão aplicada sob o fundamento do art. 118, I, segunda parte, não
ofende ao princípio da presunção de inocência ou ao vetor estrutural da
dignidade da pessoa humana. (HC 93782/2008.)

Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto


supõe a aceitação de seu programa e das condições Art. 119. A legislação local poderá estabelecer normas
impostas pelo Juiz. complementares para o cumprimento da pena privativa de
liberdade em regime aberto (artigo 36, § 1º, do Código
Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto Penal).
o condenado que:
I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de SEÇÃO III
fazê-lo imediatamente; Das Autorizações de Saída
II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo SUBSEÇÃO I
resultado dos exames a que foi submetido, fundados indícios Da Permissão de Saída
de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de Art. 120. Os condenados que cumprem pena em
responsabilidade, ao novo regime. regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios
Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho poderão obter permissão para sair do estabelecimento,
as pessoas referidas no artigo 117 desta Lei. mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
I - falecimento ou doença grave do cônjuge,
Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições companheira, ascendente, descendente ou irmão;
especiais para a concessão de regime aberto, sem prejuízo II - necessidade de tratamento médico (parágrafo
das seguintes condições gerais e obrigatórias: único do artigo 14).
I - permanecer no local que for designado, durante o Parágrafo único. A permissão de saída será
repouso e nos dias de folga; concedida pelo diretor do estabelecimento onde se
II - sair para o trabalho e retornar, nos horários encontra o preso.
fixados;
III - não se ausentar da cidade onde reside, sem Art. 121. A permanência do preso fora do
autorização judicial; estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da
IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as saída.
suas atividades, quando for determinado.
STJ: É lícito ao Juiz estabelecer condições especiais para a concessão do
SUBSEÇÃO II
regime aberto, em complementação daquelas previstas no art. 115, da Da Saída Temporária
LEP, mas não poderá adotar a esse título nenhum efeito já classificado Art. 122. Os condenados que cumprem pena em
como pena substitutiva (art. 44 do CPB), porque aí ocorreria o indesejável regime semi-aberto poderão obter autorização para saída
bis in idem, importando na aplicação de dúplice sanção. temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos
REsp. 1.107.314/PR e HC 212.692/SP
seguintes casos:
I - visita à família;
Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições
estabelecidas, de ofício, a requerimento do Ministério

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150
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II - frequência a curso supletivo profissionalizante, bem presencial ou por metodologia de ensino a distância e
como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais
Juízo da Execução; competentes dos cursos frequentados.
III - participação em atividades que concorram para o § 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as
retorno ao convívio social. horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de
§ 1º A ausência de vigilância direta não impede a forma a se compatibilizarem.
utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo § 4o O preso impossibilitado, por acidente, de
condenado, quando assim determinar o juiz da execução. prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que se beneficiar-se com a remição.
refere o caput deste artigo o condenado que cumpre pena § 5o O tempo a remir em função das horas de estudo
por praticar crime hediondo com resultado morte. (2019) será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do
ensino fundamental, médio ou superior durante o
cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão
competente do sistema de educação.
Art. 123. A autorização será concedida por ato
§ 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto
motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público
ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão
e a administração penitenciária e dependerá da satisfação
remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de
dos seguintes requisitos:
educação profissional, parte do tempo de execução da pena
I - comportamento adequado;
ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do §
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se
1o deste artigo.
o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente;
§ 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de
III - compatibilidade do benefício com os objetivos da
prisão cautelar.
pena.
§ 8o A remição será declarada pelo juiz da execução,
ouvidos o Ministério Público e a defesa.
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não
superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá
(quatro) vezes durante o ano.
revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o
§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao
disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data
beneficiário as seguintes condições, entre outras que
da infração disciplinar.
entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a
situação pessoal do condenado:
Art. 128. O tempo remido será computado como
I - fornecimento do endereço onde reside a família a
pena cumprida, para todos os efeitos.
ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo
do benefício;
Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará
II - recolhimento à residência visitada, no período
mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de
noturno;
todos os condenados que estejam trabalhando ou estudando,
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e
com informação dos dias de trabalho ou das horas de
estabelecimentos congêneres.
frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um
§ 2o Quando se tratar de frequência a curso
deles.
profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior,
§ 1o O condenado autorizado a estudar fora do
o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das
estabelecimento penal deverá comprovar mensalmente, por
atividades discentes.
meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a
§ 3o Nos demais casos, as autorizações de saída
frequência e o aproveitamento escolar.
somente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45
§ 2o Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias
(quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.
remidos.
Art. 125. O benefício será automaticamente revogado
quando o condenado praticar fato definido como crime Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código
doloso, for punido por falta grave, desatender as condições Penal declarar ou atestar falsamente prestação de serviço
impostas na autorização ou revelar baixo grau de para fim de instruir pedido de remição.
aproveitamento do curso. STF: Não se admite a remição pelo trabalho no regime aberto. A razão
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída estaria no art. 36, parágrafo 1º, do CP, que aduz ser necessário que o
temporária dependerá da absolvição no processo penal, do apenado que cumpre pena em regime aberto trabalhe, frequente curso ou
exerça outra atividade autorizada. Nessa linha, a realização de atividade
cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração do laboral nesse regime de cumprimento de pena não seja, como nos demais
merecimento do condenado. estímulo para que o condenado, trabalhando, tivesse direito à remição da
pena, na medida em que, nesse regime, o labor não seria senão
SEÇÃO IV pressuposto da nova condição de cumprimento de pena.
(HC 98261/RS)
Da Remição
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em
SEÇÃO V
regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho
Do Livramento Condicional
ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.
Art. 131. O livramento condicional poderá ser
§ 1o A contagem de tempo referida no caput será feita
concedido pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do
à razão de:
artigo 83, incisos e parágrafo único, do Código Penal,
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de
ouvidos o Ministério Público e Conselho Penitenciário.
frequência escolar - atividade de ensino fundamental,
médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de Código Penal:
“Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a
requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
dias; I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de em crime doloso e tiver bons antecedentes;
trabalho. II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime
§ 2o As atividades de estudo a que se refere o § doloso;
1o deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma

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III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, § 1º A caderneta conterá:


bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à a) a identificação do liberado;
própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano b) o texto impresso do presente Capítulo;
causado pela infração; c) as condições impostas.
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por § 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado
crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas um salvo-conduto, em que constem as condições do
afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes
dessa natureza.
livramento, podendo substituir-se a ficha de identificação ou o
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com seu retrato pela descrição dos sinais que possam identificá-
violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará lo.
também subordinada à constatação de condições” § 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver
pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. espaço para consignar-se o cumprimento das condições
referidas no artigo 132 desta Lei.
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as
condições a que fica subordinado o livramento. Art. 139. A observação cautelar e a proteção
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional realizadas por serviço social penitenciário, Patronato ou
as obrigações seguintes: (Condições obrigatórias) Conselho da Comunidade terão a finalidade de:
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se I - fazer observar o cumprimento das condições
for apto para o trabalho; especificadas na sentença concessiva do benefício;
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação; II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução
c) não mudar do território da comarca do Juízo da de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de atividade
execução, sem prévia autorização deste. laborativa.
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado Parágrafo único. A entidade encarregada da
condicional, entre outras obrigações, as seguintes: (Condições observação cautelar e da proteção do liberado apresentará
facultativas) relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz representação prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei.
e à autoridade incumbida da observação cautelar e de
proteção; Art. 140. A revogação do livramento condicional dar-
b) recolher-se à habitação em hora fixada; se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do Código
c) não frequentar determinados lugares. Penal.
d) (VETADO) Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, na
hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá advertir o
Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da liberado ou agravar as condições.
comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da
sentença do livramento ao Juízo do lugar para onde ele se Art. 141. Se a revogação for motivada por infração
houver transferido e à autoridade incumbida da observação penal anterior à vigência do livramento, computar-se-á como
cautelar e de proteção. tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo
permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do
Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de tempo das 2 (duas) penas.
apresentar-se imediatamente às autoridades referidas no
artigo anterior. Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não
se computará na pena o tempo em que esteve solto o
Art. 135. Reformada a sentença denegatória do liberado, e tampouco se concederá, em relação à mesma
livramento, os autos baixarão ao Juízo da execução, para as pena, novo livramento.
providências cabíveis.
Art. 143. A revogação será decretada a requerimento
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta do Ministério Público, mediante representação do Conselho
de livramento com a cópia integral da sentença em 2 (duas) Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado.
vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa
incumbida da execução e outra ao Conselho Penitenciário. Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do
Ministério Público, da Defensoria Pública ou mediante
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será representação do Conselho Penitenciário, e ouvido o
realizada solenemente no dia marcado pelo Presidente do liberado, poderá modificar as condições especificadas na
Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sendo sentença, devendo o respectivo ato decisório ser lido ao
cumprida a pena, observando-se o seguinte: liberado por uma das autoridades ou funcionários indicados
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos no inciso I do caput do art. 137 desta Lei, observado o
demais condenados, pelo Presidente do Conselho disposto nos incisos II e III e §§ 1o e 2o do mesmo artigo.
Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo
Juiz; Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal,
II - a autoridade administrativa chamará a atenção do o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho
liberando para as condições impostas na sentença de Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do
livramento; livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará
III - o liberando declarará se aceita as condições. dependendo da decisão final.
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo
subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo liberando, ou Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do
alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever. interessado, do Ministério Público ou mediante representação
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de
da execução. liberdade, se expirar o prazo do livramento sem revogação.

Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, Seção VI


ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio e do que lhe Da Monitoração Eletrônica
pertencer, uma caderneta, que exibirá à autoridade judiciária Art. 146-A. (VETADO).
ou administrativa, sempre que lhe for exigida.

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Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por feriados, ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a
meio da monitoração eletrônica quando: jornada normal de trabalho, nos horários estabelecidos pelo
I - (VETADO); Juiz.
II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto; § 2º A execução terá início a partir da data do primeiro
III - (VETADO); comparecimento.
IV - determinar a prisão domiciliar;
V - (VETADO); Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de
Parágrafo único. (VETADO). serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução,
relatório circunstanciado das atividades do condenado, bem
Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos como, a qualquer tempo, comunicação sobre ausência ou
cuidados que deverá adotar com o equipamento eletrônico e falta disciplinar.
dos seguintes deveres:
I - receber visitas do servidor responsável pela SEÇÃO III
monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e Da Limitação de Fim de Semana
cumprir suas orientações; Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar a
II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de intimação do condenado, cientificando-o do local, dias e
danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração horário em que deverá cumprir a pena.
eletrônica ou de permitir que outrem o faça; Parágrafo único. A execução terá início a partir da
III - (VETADO); data do primeiro comparecimento.
Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres
previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz da Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado,
execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa: durante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou
I - a regressão do regime; atribuídas atividades educativas.
II - a revogação da autorização de saída temporária; Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica
III - (VETADO); contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento
IV - (VETADO); obrigatório do agressor a programas de recuperação e
V - (VETADO); reeducação.
VI - a revogação da prisão domiciliar;
VII - advertência, por escrito, para todos os casos em Art. 153. O estabelecimento designado encaminhará,
que o juiz da execução decida não aplicar alguma das mensalmente, ao Juiz da execução, relatório, bem assim
medidas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo. comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar
do condenado.
Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser
revogada: SEÇÃO IV
I - quando se tornar desnecessária ou inadequada; Da Interdição Temporária de Direitos
II - se o acusado ou condenado violar os deveres a Art. 154. Caberá ao Juiz da execução comunicar à
que estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta autoridade competente a pena aplicada, determinada a
grave. intimação do condenado.
§ 1º Na hipótese de pena de interdição do artigo 47,
CAPÍTULO II inciso I, do Código Penal, a autoridade deverá, em 24 (vinte e
Das Penas Restritivas de Direitos quatro) horas, contadas do recebimento do ofício, baixar ato,
SEÇÃO I a partir do qual a execução terá seu início.
Disposições Gerais § 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do
Art. 147. Transitada em julgado a sentença que Código Penal, o Juízo da execução determinará a apreensão
aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de dos documentos, que autorizam o exercício do direito
ofício ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a interditado.
execução, podendo, para tanto, requisitar, quando
necessário, a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la Art. 155. A autoridade deverá comunicar
a particulares. imediatamente ao Juiz da execução o descumprimento da
pena.
Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o Parágrafo único. A comunicação prevista neste artigo
Juiz, motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das poderá ser feita por qualquer prejudicado.
penas de prestação de serviços à comunidade e de
limitação de fim de semana, ajustando-as às condições CAPÍTULO III
pessoais do condenado e às características do Da Suspensão Condicional
estabelecimento, da entidade ou do programa comunitário ou Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2
estatal. (dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa de
liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma prevista nos
SEÇÃO II artigos 77 a 82 do Código Penal.
Da Prestação de Serviços à Comunidade
Art. 149. Caberá ao Juiz da execução: Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar
I - designar a entidade ou programa comunitário ou pena privativa de liberdade, na situação determinada no
estatal, devidamente credenciado ou convencionado, junto ao artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a
qual o condenado deverá trabalhar gratuitamente, de acordo suspensão condicional, quer a conceda, quer a denegue.
com as suas aptidões;
II - determinar a intimação do condenado, Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especificará
cientificando-o da entidade, dias e horário em que deverá as condições a que fica sujeito o condenado, pelo prazo
cumprir a pena; fixado, começando este a correr da audiência prevista no
III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às artigo 160 desta Lei.
modificações ocorridas na jornada de trabalho. § 1° As condições serão adequadas ao fato e à
§ 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas situação pessoal do condenado, devendo ser incluída entre
semanais e será realizado aos sábados, domingos e as mesmas a de prestar serviços à comunidade, ou limitação

ID:
153
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de fim de semana, salvo hipótese do artigo 78, § 2º, do § 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior
Código Penal. execução seguirão o que dispuser a lei processual civil.
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a
requerimento do Ministério Público ou mediante proposta do Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os autos
Conselho Penitenciário, modificar as condições e regras apartados serão remetidos ao Juízo Cível para
estabelecidas na sentença, ouvido o condenado. prosseguimento.
§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições,
reguladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal por Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-se-
normas supletivas, será atribuída a serviço social á prosseguimento nos termos do § 2º do artigo 164, desta
penitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou Lei.
instituição beneficiada com a prestação de serviços,
inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério Art. 167. A execução da pena de multa será suspensa
Público, ou ambos, devendo o Juiz da execução suprir, por quando sobrevier ao condenado doença mental (artigo 52
ato, a falta das normas supletivas. do Código Penal).
§ 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à
entidade fiscalizadora, para comprovar a observância das Art. 168. O Juiz poderá determinar que a cobrança da
condições a que está sujeito, comunicará, também, a sua multa se efetue mediante desconto no vencimento ou
ocupação e os salários ou proventos de que vive. salário do condenado, nas hipóteses do artigo 50, § 1º, do
§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar Código Penal, observando-se o seguinte:
imediatamente ao órgão de inspeção, para os fins legais, I - o limite máximo do desconto mensal será o da
qualquer fato capaz de acarretar a revogação do benefício, a quarta parte da remuneração e o mínimo o de um décimo;
prorrogação do prazo ou a modificação das condições. II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a
§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será quem de direito;
feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora do local III - o responsável pelo desconto será intimado a
da nova residência, aos quais o primeiro deverá apresentar- recolher mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a
se imediatamente. importância determinada.

Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena for Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o
concedida por Tribunal, a este caberá estabelecer as artigo 164 desta Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz o
condições do benefício. pagamento da multa em prestações mensais, iguais e
§ 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribunal sucessivas.
modificar as condições estabelecidas na sentença recorrida. § 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar
§ 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional diligências para verificar a real situação econômica do
da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da execução a condenado e, ouvido o Ministério Público, fixará o número de
incumbência de estabelecer as condições do benefício, e, em prestações.
qualquer caso, a de realizar a audiência admonitória. § 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de
situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do
Art. 160. Transitada em julgado a sentença Ministério Público, revogará o benefício executando-se a
condenatória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, multa, na forma prevista neste Capítulo, ou prosseguindo-se
advertindo-o das consequências de nova infração penal e do na execução já iniciada.
descumprimento das condições impostas.
Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com cumulativamente com pena privativa da liberdade, enquanto
prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer esta estiver sendo executada, poderá aquela ser cobrada
injustificadamente à audiência admonitória, a suspensão mediante desconto na remuneração do condenado (artigo
ficará sem efeito e será executada imediatamente a pena. 168).
§ 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de
Art. 162. A revogação da suspensão condicional da liberdade ou obtiver livramento condicional, sem haver
pena e a prorrogação do período de prova dar-se-ão na resgatado a multa, far-se-á a cobrança nos termos deste
forma do artigo 81 e respectivos parágrafos do Código Penal. Capítulo.
§ 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior aos
Art. 163. A sentença condenatória será registrada, casos em que for concedida a suspensão condicional da
com a nota de suspensão em livro especial do Juízo a que pena.
couber a execução da pena.
§ 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o TÍTULO VI
fato averbado à margem do registro. Da Execução das Medidas de Segurança
§ 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo CAPÍTULO I
para efeito de informações requisitadas por órgão judiciário Disposições Gerais
ou pelo Ministério Público, para instruir processo penal. Art. 171. Transitada em julgado a sentença que
aplicar medida de segurança, será ordenada a expedição
CAPÍTULO IV de guia para a execução.
Da Pena de Multa
Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de
com trânsito em julgado, que valerá como título executivo Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a
judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a tratamento ambulatorial, para cumprimento de medida de
citação do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar segurança, sem a guia expedida pela autoridade
o valor da multa ou nomear bens à penhora. judiciária.
§ 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou
o depósito da respectiva importância, proceder-se-á à Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento
penhora de tantos bens quantos bastem para garantir a ambulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas
execução. as folhas e a subscreverá com o Juiz, será remetida à
autoridade administrativa incumbida da execução e conterá:

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I - a qualificação do agente e o número do registro III - os antecedentes e a personalidade do condenado


geral do órgão oficial de identificação; indiquem ser a conversão recomendável.
II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver
aplicado a medida de segurança, bem como a certidão do Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida
trânsito em julgado; em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do artigo
III - a data em que terminará o prazo mínimo de 45 e seus incisos do Código Penal.
internação, ou do tratamento ambulatorial; § 1º A pena de prestação de serviços à comunidade
IV - outras peças do processo reputadas será convertida quando o condenado:
indispensáveis ao adequado tratamento ou internamento. a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não
§ 1° Ao Ministério Público será dada ciência da guia sabido, ou desatender a intimação por edital;
de recolhimento e de sujeição a tratamento. b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou
§ 2° A guia será retificada sempre que sobrevier programa em que deva prestar serviço;
modificações quanto ao prazo de execução. c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço
que lhe foi imposto;
Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida de d) praticar falta grave;
segurança, naquilo que couber, o disposto nos artigos 8° e 9° e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa
desta Lei. de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa.
§ 2º A pena de limitação de fim de semana será
CAPÍTULO II convertida quando o condenado não comparecer ao
Da Cessação da Periculosidade estabelecimento designado para o cumprimento da pena,
Art. 175. A cessação da periculosidade será recusar-se a exercer a atividade determinada pelo Juiz ou se
averiguada no fim do prazo mínimo de duração da medida de ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a", "d" e "e" do
segurança, pelo exame das condições pessoais do agente, parágrafo anterior.
observando-se o seguinte: § 3º A pena de interdição temporária de direitos será
I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes convertida quando o condenado exercer, injustificadamente,
de expirar o prazo de duração mínima da medida, remeterá o direito interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses das
ao Juiz minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a letras "a" e "e", do § 1º, deste artigo.
revogação ou permanência da medida;
II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico; Art. 182. (Revogado)
III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as
diligências, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério Art. 183. Quando, no curso da execução da pena
Público e o curador ou defensor, no prazo de 3 (três) dias privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou
para cada um; perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a
IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou
que não o tiver; da autoridade administrativa, poderá determinar a
V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das substituição da pena por medida de segurança.
partes, poderá determinar novas diligências, ainda que
expirado o prazo de duração mínima da medida de Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser
segurança; convertido em internação se o agente revelar
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a incompatibilidade com a medida.
que se refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua decisão, Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de
no prazo de 5 (cinco) dias. internação será de 1 (um) ano.

Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do CAPÍTULO II


prazo mínimo de duração da medida de segurança, poderá o Do Excesso ou Desvio
Juiz da execução, diante de requerimento fundamentado do Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução
Ministério Público ou do interessado, seu procurador ou sempre que algum ato for praticado além dos limites fixados
defensor, ordenar o exame para que se verifique a cessação na sentença, em normas legais ou regulamentares.
da periculosidade, procedendo-se nos termos do artigo
anterior. Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso ou
desvio de execução:
Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a I - o Ministério Público;
cessação da periculosidade, observar-se-á, no que lhes for II - o Conselho Penitenciário;
aplicável, o disposto no artigo anterior. III - o sentenciado;
IV - qualquer dos demais órgãos da execução penal.
Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou de
liberação (artigo 97, § 3º, do Código Penal), aplicar-se-á o CAPÍTULO III
disposto nos artigos 132 e 133 desta Lei. Da Anistia e do Indulto
Art. 187. Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a
Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz requerimento do interessado ou do Ministério Público, por
expedirá ordem para a desinternação ou a liberação. proposta da autoridade administrativa ou do Conselho
Penitenciário, declarará extinta a punibilidade.
TÍTULO VII
Dos Incidentes de Execução Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado
CAPÍTULO I por petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público,
Das Conversões do Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrativa.
Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior a
2 (dois) anos, poderá ser convertida em restritiva de direitos, Art. 189. A petição do indulto, acompanhada dos
desde que: documentos que a instruírem, será entregue ao Conselho
I - o condenado a esteja cumprindo em regime aberto; Penitenciário, para a elaboração de parecer e posterior
II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto) da encaminhamento ao Ministério da Justiça.
pena;

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Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos processo pela prática de nova infração penal ou outros casos
do processo e do prontuário, promoverá as diligências que expressos em lei.
entender necessárias e fará, em relatório, a narração do
ilícito penal e dos fundamentos da sentença condenatória, a Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a contar da
exposição dos antecedentes do condenado e do publicação desta Lei, serão editadas as normas
procedimento deste depois da prisão, emitindo seu parecer complementares ou regulamentares, necessárias à eficácia
sobre o mérito do pedido e esclarecendo qualquer dos dispositivos não auto-aplicáveis.
formalidade ou circunstâncias omitidas na petição. § 1º Dentro do mesmo prazo deverão as Unidades
Federativas, em convênio com o Ministério da Justiça,
Art. 191. Processada no Ministério da Justiça com projetar a adaptação, construção e equipamento de
documentos e o relatório do Conselho Penitenciário, a estabelecimentos e serviços penais previstos nesta Lei.
petição será submetida a despacho do Presidente da § 2º Também, no mesmo prazo, deverá ser
República, a quem serão presentes os autos do processo ou providenciada a aquisição ou desapropriação de prédios para
a certidão de qualquer de suas peças, se ele o determinar. instalação de casas de albergados.
§ 3º O prazo a que se refere o caput deste artigo
Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos poderá ser ampliado, por ato do Conselho Nacional de
cópia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou ajustará Política Criminal e Penitenciária, mediante justificada
a execução aos termos do decreto, no caso de comutação. solicitação, instruída com os projetos de reforma ou de
construção de estabelecimentos.
Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por indulto § 4º O descumprimento injustificado dos deveres
coletivo, o Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do estabelecidos para as Unidades Federativas implicará na
Ministério Público, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário suspensão de qualquer ajuda financeira a elas destinada pela
ou da autoridade administrativa, providenciará de acordo com União, para atender às despesas de execução das penas e
o disposto no artigo anterior. medidas de segurança.

TÍTULO VIII
Do Procedimento Judicial Lei nº 7.492 / 1986
Art. 194. O procedimento correspondente às situações
previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante o Crimes Contra o Sistema
Juízo da execução. Financeiro Nacional
Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de ofício,
a requerimento do Ministério Público, do interessado, de Conhecida como LEI DO COLARINHO BRANCO.
quem o represente, de seu cônjuge, parente ou descendente,
mediante proposta do Conselho Penitenciário, ou, ainda, da Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito
autoridade administrativa. desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado,
que tenha como atividade principal ou acessória,
Art. 196. A portaria ou petição será autuada ouvindo- cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou
se, em 3 (três) dias, o condenado e o Ministério Público, aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda
quando não figurem como requerentes da medida. nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição,
§ 1º Sendo desnecessária a produção de prova, o Juiz negociação, intermediação ou administração de valores
decidirá de plano, em igual prazo. mobiliários.
§ 2º Entendendo indispensável a realização de prova Os valores mobiliários são negociados nas bolsas de valores ou mercado
pericial ou oral, o Juiz a ordenará, decidindo após a produção de balcão. O art. 2º da Lei 6385/76 enumera alguns exemplos, como
daquela ou na audiência designada. ações, debêntures e bônus de subscrição.
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros,
recurso de agravo, sem efeito suspensivo. câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de
poupança, ou recursos de terceiros;
TÍTULO IX II - a pessoa natural que exerça quaisquer das
Das Disposições Finais e Transitórias atividades referidas neste artigo, ainda que de forma
Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos da eventual.
execução penal, e ao servidor, a divulgação de ocorrência
que perturbe a segurança e a disciplina dos DOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
estabelecimentos, bem como exponha o preso à NACIONAL
inconveniente notoriedade, durante o cumprimento da pena. ▪ Impressão ou publicação não autorizadas
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo,
Art. 199. O emprego de algemas será disciplinado por fabricar ou pôr em circulação, sem autorização escrita da
decreto federal. sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento
representativo de título ou valor mobiliário:
Art. 200. O condenado por crime político não está Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
obrigado ao trabalho. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime,
fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir prospecto ou
Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado, o material de propaganda relativo aos papéis referidos neste
cumprimento da prisão civil e da prisão administrativa se artigo.
efetivará em seção especial da Cadeia Pública.
▪ Divulgação falsa ou incompleta de informação
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente
da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por incompleta sobre instituição financeira:
autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
notícia ou referência à condenação, salvo para instruir
▪ Gestão fraudulenta

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156
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Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira: Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. paralelamente à contabilidade exigida pela legislação:
Parágrafo único. Se a gestão é temerária: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
PENAL E PROCESSUAL PENAL. LEI 7.492/1986, ARTS. 16 (OPERAR ▪ Omissão de informações
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA SEM AUTORIZAÇÃO) E 22 (EVASÃO DE Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição
DIVISAS). financeira, de apresentar, ao interventor, liquidante, ou
[...] 3. O delito de gestão fraudulenta é previsto em dispositivo legal que síndico, nos prazos e condições estabelecidas em lei as
tem caráter de norma geral e, portanto, o crime será residual, e restará
informações, declarações ou documentos de sua
absorvido sempre que não houver uma norma específica, criminalizando
uma determinada conduta que importe em lesão à integridade do sistema. responsabilidade:
No caso dos autos, a conduta atribuída aos acusados está perfeitamente Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
delimitada e definida pela norma dos arts. 16 e 22 da Lei nº 7.492/1989.
Logo, condenar os réus, com base nos mesmos fatos, pela prática do ▪ Desvio de bem indisponível
crime do art. 4º da citada lei, importaria em inadmissível bis in idem.
STF, ARE 920688/RJ Rel. Min. EDSON FACHIN, j. 18.12.2015, DJe 02.02.2016. Art. 13. Desviar bem alcançado pela indisponibilidade
legal resultante de intervenção, liquidação extrajudicial ou
falência de instituição financeira.
▪ Apropriação indébita e desvio de recursos
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas
Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interventor, o
mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, título, valor
liquidante ou o síndico que se apropriar de bem abrangido
ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-
pelo caput deste artigo, ou desviá-lo em proveito próprio ou
lo em proveito próprio ou alheio:
alheio.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das
▪ Apresentação de declaração ou reclamação falsa
pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, que negociar
Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em
direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que
falência de instituição financeira, declaração de crédito ou
tem a posse, sem autorização de quem de direito.
reclamação falsa, ou juntar a elas título falso ou simulado:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
▪ Sonegação de informação
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou
administrador ou falido que reconhecer, como verdadeiro,
repartição pública competente, relativamente a operação ou
crédito que não o seja.
situação financeira, sonegando-lhe informação ou
prestando-a falsamente:
▪ Manifestação falsa
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o
liquidante ou o síndico, (Vetado) à respeito de assunto
▪ Emissão, oferecimento ou negociação irregular de relativo a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de
títulos ou valores mobiliários instituição financeira:
Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
títulos ou valores mobiliários:
I - falsos ou falsificados; ▪ Operação desautorizada de instituição financeira
II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com
competente, em condições divergentes das constantes do autorização obtida mediante declaração falsa, instituição
registro ou irregularmente registrados; financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou
III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da de câmbio:
legislação; Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
IV - sem autorização prévia da autoridade competente,
quando legalmente exigida: ▪ Empréstimo a administradores ou parentes e
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. distribuição disfarçada de lucros
Art. 17. Tomar ou receber crédito, na qualidade de
▪ Exigência de remuneração além da legalmente qualquer das pessoas mencionadas no art. 25, ou deferir
permitida
operações de crédito vedadas, observado o disposto
Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação, juro,
no art. 34 da Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964: (2017)
comissão ou qualquer tipo de remuneração sobre operação
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
fiscal ou de consórcio, serviço de corretagem ou distribuição
I - em nome próprio, como controlador ou na condição
de títulos ou valores mobiliários:
de administrador da sociedade, conceder ou receber
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
adiantamento de honorários, remuneração, salário ou
qualquer outro pagamento, nas condições referidas neste
▪ Fraude à fiscalização ou ao investidor
artigo;
Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo
II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou
ou fazendo inserir, em documento comprobatório de
investimento em títulos ou valores mobiliários, declaração receber lucros de instituição financeira.
falsa ou diversa da que dele deveria constar:
▪ Violação de sigilo bancário
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço
prestado por instituição financeira ou integrante do sistema
▪ Documentos contábeis falsos ou incompletos
de distribuição de títulos mobiliários de que tenha
Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento
conhecimento, em razão de ofício:
exigido pela legislação, em demonstrativos contábeis de
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do
sistema de distribuição de títulos de valores mobiliários: A Lei Complementar nº 105/2001 dispõe sobre o sigilo das operações de
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. instituições financeiras e dá outras providências.

▪ Contabilidade paralela ▪ Obtenção fraudulenta de financiamento

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Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA
instituição financeira: O SISTEMA FINANCEIRO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. INCISO VI DO ART. 109 DA CF. ORDEM DENEGADA.
1. A competência da Justiça Federal para julgar crimes contra o sistema
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) financeiro nacional tem assento constitucional. A alegação de que o
se o crime é cometido em detrimento de instituição financeira prejuízo decorrente do delito foi suportado exclusivamente por instituição
oficial ou por ela credenciada para o repasse de financeira privada não afasta tal regra constitucional. Interesse da União
financiamento. na segurança e na confiabilidade do sistema financeiro nacional. (...)
HC 93733, Rel. Min. CARLOS BRITTO, 1a Turma, j. 17.06.2008, DJe 02.04.2009.

▪ Aplicação irregular de financiamento


Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo
lei ou contrato, recursos provenientes de financiamento legal, o ofendido poderá representar ao Procurador-Geral da
concedido por instituição financeira oficial ou por instituição República, para que este a ofereça, designe outro órgão do
credenciada para repassá-lo: Ministério Público para oferecê-la ou determine o
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. arquivamento das peças de informação recebidas.

▪ Falsa identidade Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições legais,


Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa o Banco Central do Brasil ou a Comissão de Valores
identidade, para realização de operação de câmbio: Mobiliários - CVM, verificar a ocorrência de crime previsto
Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. nesta lei, disso deverá informar ao Ministério Público Federal,
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o enviando-lhe os documentos necessários à comprovação do
mesmo fim, sonega informação que devia prestar ou presta fato.
informação falsa. Parágrafo único. A conduta de que trata este artigo será
observada pelo interventor, liquidante ou síndico que, no
▪ Evasão de divisas curso de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência,
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, verificar a ocorrência de crime de que trata esta lei.
com o fim de promover evasão de divisas do País:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a que julgar necessário, poderá requisitar, a qualquer
qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à
moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos prova dos crimes previstos nesta lei.
não declarados à repartição federal competente. Parágrafo único O sigilo dos serviços e operações
financeiras não pode ser invocado como óbice ao
▪ Prevaricação financeira atendimento da requisição prevista no caput deste artigo.
Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário
público, contra disposição expressa de lei, ato de ofício Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código
necessário ao regular funcionamento do sistema financeiro de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 3.689, de 3
nacional, bem como a preservação dos interesses e valores de outubro de 1941, a prisão preventiva do acusado da
da ordem econômico-financeira: prática de crime previsto nesta lei poderá ser decretada em
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. razão da magnitude da lesão causada.
- Revogação tácita do art. 30 da Lei do Colarinho Branco em razão da
Art. 24. (VETADO). alteração legislativa promovida pela lei 12.403/11
A Jurisprudência e a Doutrina majoritária entendem não ser possível
DA APLICAÇÃO E DO PROCEDIMENTO CRIMINAL utilizar a magnitude da lesão como único fundamento para a decretação
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta da prisão preventiva.
lei, o controlador e os administradores de instituição
financeira, assim considerados os diretores, gerentes.
(VETADO)
Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição
pena de reclusão, o réu não poderá prestar fiança, nem
financeira (Vetado) o interventor, o liquidante ou o síndico.
apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em
de bons antecedentes, se estiver configurada situação que
quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através
autoriza a prisão preventiva.
de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou
judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de - Revogação tácita do art. 31 da Lei do Colarinho Branco em razão da
1/3 a 2/3 (um a dois terços). alteração legislativa promovida pela lei 12.403/11

Delação Premiada Art. 32. (VETADO).


§ 1º (VETADO).
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, § 2º (VETADO).
será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a § 3º (VETADO).
Justiça Federal.
Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes
Os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional são de ação penal pública previstos nesta lei, o limite a que se refere o § 1º do art. 49 do
incondicionada.
Código Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 2.848, de 7 de
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 dezembro de.1940, pode ser estendido até o décuplo, se
do Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº verificada a situação nele cogitada.
3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência
da Comissão de Valores Mobiliários - CVM, quando o crime
tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina
e à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do
Brasil quando, fora daquela hipótese, houver sido cometido
na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.

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RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DIREITO


PROCESSUAL PENAL.INÉPCIA DA DENÚNCIA. CRIME DE
PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
Lei nº 7.716 / 1989 INOCORRÊNCIA.
Crimes Resultantes de 1. A denúncia que se mostra ajustada ao artigo 41 do Código de
Processo Penal, ensejando o pleno exercício da garantia constitucional da
ampla defesa, não deve, nem pode, ser tida e havida como inepta. 2. A
Preconceito de Raça ou de Cor recusa de admissão no quadro associativo de clube social, em razão de
preconceito de raça ou de cor, caracteriza o tipo inserto no artigo 9º da Lei
nº 7.716/89, enquanto modo da conduta impedir, que lhe integra o núcleo.
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes 3. A faculdade, estatutariamente atribuída à diretoria, de recusar propostas
de admissão em clubes sociais, sem declinação dos motivos, não lhe
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor,
atribui a natureza especial de fechado, de maneira a subtraí-lo da
etnia, religião ou procedência nacional. incidência da lei. 4. A pretensão de exame de prova é estranha, em regra,
ao âmbito angusto do habeas corpus. 5. Recurso improvido.
STJ, Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO
Art. 2º (Vetado). Data de Julgamento: 22/03/2005, T6 - SEXTA TURMA

Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em
devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de
Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades.
serviços públicos. Pena: reclusão de um a três anos.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em
motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou
procedência nacional, obstar a promoção funcional. escada de acesso aos mesmos:
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa
privada. Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes
Pena: reclusão de dois a cinco anos. públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens,
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido.
discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do Pena: reclusão de um a três anos.
preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica:
I - deixar de conceder os equipamentos necessários Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao
ao empregado em igualdade de condições com os demais serviço em qualquer ramo das Forças Armadas.
trabalhadores; Pena: reclusão de dois a quatro anos.
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou
obstar outra forma de benefício profissional; Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma,
III - proporcionar ao empregado tratamento o casamento ou convivência familiar e social.
diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto Pena: reclusão de dois a quatro anos.
ao salário.
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação Art. 15. (Vetado).
de serviços à comunidade, incluindo atividades de promoção
da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do
forma de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de cargo ou função pública, para o servidor público, e a
aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas suspensão do funcionamento do estabelecimento particular
atividades não justifiquem essas exigências. por prazo não superior a três meses.

Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento Art. 17. (Vetado).


comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente
ou comprador. Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17
Pena: reclusão de um a três anos. desta Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença.
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou
ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou Art. 19. (Vetado).
privado de qualquer grau.
Pena: reclusão de três a cinco anos. Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular
hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda
similar. que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de
Pena: reclusão de três a cinco anos. divulgação do nazismo.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é
restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes cometido por intermédio dos meios de comunicação social
abertos ao público. ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de um a três anos. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste,
estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou ainda antes do inquérito policial, sob pena de
clubes sociais abertos ao público. desobediência:
Pena: reclusão de um a três anos. I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão
dos exemplares do material respectivo

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159
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II - a cessação das respectivas transmissões § 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á


radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por mandado de prisão, em 2 (duas) vias, uma das quais será
qualquer meio; entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa.
III - a interdição das respectivas mensagens ou § 4º-A O mandado de prisão conterá
páginas de informação na rede mundial de computadores. necessariamente o período de duração da prisão temporária
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que
condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a o preso deverá ser libertado. (2019)
destruição do material apreendido.
§ 5° A prisão somente poderá ser executada depois da
O STJ reconhece que a consumação do crime de racismo por meio da expedição de mandado judicial.
internet ocorre no local de onde foram enviadas as manifestações
racistas.
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará
STJ, CC 102454/RJ, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, j. 25.03.2009, DJe 15.04.2009. o preso dos direitos previstos no art. 5° da Constituição
Federal.
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de
prisão, a autoridade responsável pela custódia deverá,
Lei nº 7.960 / 1989 independentemente de nova ordem da autoridade judicial,
pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver
Prisão Temporária sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou
da decretação da prisão preventiva. (2019)
§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de
Art. 1° Caberá prisão temporária: prisão no cômputo do prazo de prisão temporária. (2019)
I - quando imprescindível para as investigações do
inquérito policial; Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer,
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não obrigatoriamente, separados dos demais detentos.
fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua
identidade; Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de
III - quando houver fundadas razões, de acordo com 1965, fica acrescido da alínea i, com a seguinte redação:
qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou "Art. 4° ...............................................................
participação do indiciado nos seguintes crimes: i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de
a) homicídio doloso (art. 121, caput, § 2°); medida de segurança, deixando de expedir em tempo
b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, §§ oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade;"
1° e 2°)
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias
d) extorsão (art. 158, caput, §§ 1° e 2°); haverá um plantão permanente de 24 (vinte e quatro) horas
e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, §§ do Poder Judiciário e do Ministério Público para
1°, 2° e 3°); apreciação dos pedidos de prisão temporária.
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com
o art. 223, caput, e parágrafo único)
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua
combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único) Lei nº 8.069 / 1990
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com
o art. 223 caput, e parágrafo único)
Estatuto da Criança e do
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); Adolescente
Título I
j) envenenamento de água potável ou substância
Das Disposições Preliminares
alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270,
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à
caput, combinado com art. 285);
criança e ao adolescente.
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código
Penal;
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei,
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1°
a pessoa até 12 (doze) anos de idade incompletos, e
de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
adolescente aquela entre 12 e 18 (doze e dezoito) anos de
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de
idade.
outubro de 1976);
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492,
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e
de 16 de junho de 1986).
vinte e um anos de idade.
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (2016)
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz,
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
em face da representação da autoridade policial ou de
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
(cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o
extrema e comprovada necessidade.
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em
§ 1° Na hipótese de representação da autoridade
condições de liberdade e de dignidade.
policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei
§ 2° O despacho que decretar a prisão temporária
aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem
deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24
discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo,
(vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da
raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição
representação ou do requerimento.
pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do
econômica, ambiente social, região e local de moradia ou
Ministério Público e do Advogado, determinar que o preso lhe
outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a
seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da
comunidade em que vivem. (2016)
autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito.

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Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade § 8o A gestante tem direito a acompanhamento


em geral e do poder público assegurar, com absoluta saudável durante toda a gestação e a parto natural
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (2016)
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à § 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da
liberdade e à convivência familiar e comunitária. gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer consultas pós-parto. (2016)
circunstâncias; § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou à mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob
de relevância pública; custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência
c) preferência na formulação e na execução das que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema
políticas sociais públicas; Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas com o sistema de ensino competente, visando ao
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. desenvolvimento integral da criança. (2016)

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei anualmente na semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos o objetivo de disseminar informações sobre medidas
fundamentais. preventivas e educativas que contribuam para a redução da
incidência da gravidez na adolescência. (2019)
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o
os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem
disposto no caput deste artigo ficarão a cargo do poder
comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a
público, em conjunto com organizações da sociedade civil, e
condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas
serão dirigidas prioritariamente ao público adolescente. (2019)
em desenvolvimento.

Título II Art. 9º O poder público, as instituições e os


Dos Direitos Fundamentais empregadores propiciarão condições adequadas ao
Capítulo I aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães
Do Direito à Vida e à Saúde submetidas a medida privativa de liberdade.
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção § 1o Os profissionais das unidades primárias de
à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais saúde desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento coletivas, visando ao planejamento, à implementação e à
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao
aleitamento materno e à alimentação complementar
Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso saudável, de forma contínua. (2016)
aos programas e às políticas de saúde da mulher e de § 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva
planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou
adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao unidade de coleta de leite humano. (2016)
puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal
integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (2016) Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de
§ 1o O atendimento pré-natal será realizado por atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são
profissionais da atenção primária. (2016) obrigados a:
§ 2o Os profissionais de saúde de referência da I - manter registro das atividades desenvolvidas,
gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da através de prontuários individuais, pelo prazo de 18 (dezoito)
gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, anos;
garantido o direito de opção da mulher. (2016) II - identificar o recém-nascido mediante o registro de
§ 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado sua impressão plantar e digital e da impressão digital da
assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela
alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção autoridade administrativa competente;
primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de III - proceder a exames visando ao diagnóstico e
apoio à amamentação. (2016) terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência nascido, bem como prestar orientação aos pais;
psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
inclusive como forma de prevenir ou minorar as necessariamente as intercorrências do parto e do
consequências do estado puerperal. desenvolvimento do neonato;
§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao
ser prestada também a gestantes e mães que manifestem neonato a permanência junto à mãe.
interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a VI - acompanhar a prática do processo de
gestantes e mães que se encontrem em situação de privação amamentação, prestando orientações quanto à técnica
de liberdade. (2016) adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade
§ 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente. (2017)
acompanhante de sua preferência durante o período do pré- Os procedimentos previstos nesse dispositivo são de grande relevância
natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (2016) para a correta e segura identificação dos bebês, pois visa evitar a troca e o
§ 7o A gestante deverá receber orientação sobre desaparecimento de crianças recém-nascidas. Esses procedimentos são
aleitamento materno, alimentação complementar saudável e tão importantes que a sua inobservância enseja tipificação penal prevista
nos arts. 228 e 229 do ECA.
crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre
formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de
estimular o desenvolvimento integral da criança. (2016) Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de
cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por

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intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da


princípio da equidade no acesso a ações e serviços para criança, de risco para o seu desenvolvimento psíquico. (2017)
promoção, proteção e recuperação da saúde. (2016)
§ 1o A criança e o adolescente com deficiência Capítulo II
serão atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à
reabilitação. (2016) liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas
§ 2o Incumbe ao poder público fornecer em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos
gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos, civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas
órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao leis.
tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e
adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
às suas necessidades específicas. (2016) aspectos:
§ 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
frequente de crianças na primeira infância receberão comunitários, ressalvadas as restrições legais;
formação específica e permanente para a detecção de sinais II - opinião e expressão;
de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o III - crença e culto religioso;
acompanhamento que se fizer necessário. (2016) IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
V - participar da vida familiar e comunitária, sem
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, discriminação;
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de VI - participar da vida política, na forma da lei;
cuidados intermediários, deverão proporcionar condições VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
para a permanência em tempo integral de um dos pais ou
responsável, nos casos de internação de criança ou Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade
adolescente. (2016) da integridade física, psíquica e moral da criança e do
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos
castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de espaços e objetos pessoais.
maus-tratos contra criança ou adolescente serão
obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança
respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
legais. desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor.
§ 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse
em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de
encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e
ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
da Juventude. (2016)
tratamento cruel ou degradante, como formas de correção,
§ 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas
disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais,
de entrada, os serviços de assistência social em seu
pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis,
componente especializado, o Centro de Referência
pelos agentes públicos executores de medidas
Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais
socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de
órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do
cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.
Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-
atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância
se:
com suspeita ou confirmação de violência de qualquer
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou
natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua
punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou
intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento
o adolescente que resulte em:
domiciliar. (2016)
a) sofrimento físico; ou
b) lesão;
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou
programas de assistência médica e odontológica para a forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao
prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a adolescente que:
população infantil, e campanhas de educação sanitária para a) humilhe; ou
pais, educadores e alunos. b) ameace gravemente; ou
§ 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos c) ridicularize.
casos recomendados pelas autoridades sanitárias. (2016)
§ 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada,
à saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
transversal, integral e intersetorial com as demais linhas de socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar
cuidado direcionadas à mulher e à criança. (2016) de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou
§ 3o A atenção odontológica à criança terá função protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento
educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o cruel ou degradante como formas de correção, disciplina,
bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem
posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de vida, prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas,
com orientações sobre saúde bucal. (2016) que serão aplicadas de acordo com a gravidade do
§ 4o A criança com necessidade de cuidados caso:
odontológicos especiais será atendida pelo Sistema Único de I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário
Saúde. (2016) de proteção à família;
§ 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos II - encaminhamento a tratamento psicológico ou
seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro psiquiátrico;
instrumento construído com a finalidade de facilitar a III - encaminhamento a cursos ou programas de
orientação;

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IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento receber a guarda, a autoridade judiciária competente deverá
especializado; decretar a extinção do poder familiar e determinar a
V - advertência. colocação da criança sob a guarda provisória de quem
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo
estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva
serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de
outras providências legais. programa de acolhimento familiar ou institucional. (2017)
§ 5o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe
Capítulo III ou de ambos os genitores, se houver pai registral ou pai
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária indicado, deve ser manifestada na audiência a que se refere
Seção I o § 1o do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a
Disposições Gerais entrega. (2017)
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado
§ 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência
e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em
família substituta, assegurada a convivência familiar e nem o genitor nem representante da família extensa para
comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento confirmar a intenção de exercer o poder familiar ou a guarda,
integral. (2016) a autoridade judiciária suspenderá o poder familiar da mãe, e
§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido a criança será colocada sob a guarda provisória de quem
em programa de acolhimento familiar ou institucional terá esteja habilitado a adotá-la. (2017)
sua situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, § 7o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15
devendo a autoridade judiciária competente, com base em
(quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do dia
relatório elaborado por equipe interprofissional ou
multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela seguinte à data do término do estágio de convivência. (2017)
possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em § 8o Na hipótese de desistência pelos genitores -
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas manifestada em audiência ou perante a equipe
no art. 28 desta Lei. (2017) interprofissional - da entrega da criança após o nascimento, a
§ 2o A permanência da criança e do adolescente em criança será mantida com os genitores, e será determinado
programa de acolhimento institucional não se prolongará por pela Justiça da Infância e da Juventude o acompanhamento
mais de 18 (dezoito) meses, salvo comprovada necessidade familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias. (2017)
que atenda ao seu superior interesse, devidamente
§ 9o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o
fundamentada pela autoridade judiciária. (2017)
§ 3o A manutenção ou a reintegração de criança ou nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (2017)
adolescente à sua família terá preferência em relação a § 10. Serão cadastrados para adoção recém-
qualquer outra providência, caso em que será esta incluída nascidos e crianças acolhidas não procuradas por suas
em serviços e programas de proteção, apoio e promoção, famílias no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir do dia
nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do do acolhimento. (2017)
art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei.
(2016)
§ 4o Será garantida a convivência da criança e do Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de
adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio acolhimento institucional ou familiar poderão participar de
de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas programa de apadrinhamento. (2017)
hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, § 1o O apadrinhamento consiste em estabelecer e
independentemente de autorização judicial. proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à
§ 5o Será garantida a convivência integral da criança
instituição para fins de convivência familiar e comunitária e
com a mãe adolescente que estiver em acolhimento
institucional. (2017) colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social,
moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro. (2017)
§ 6o A mãe adolescente será assistida por equipe
§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas
especializada multidisciplinar. (2017)
maiores de 18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de
adoção, desde que cumpram os requisitos exigidos pelo
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse
programa de apadrinhamento de que fazem parte. (2017)
em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o
§ 3o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou
nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da
adolescente a fim de colaborar para o seu
Juventude. (2017)
desenvolvimento. (2017)
§ 1o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe
§ 4o O perfil da criança ou do adolescente a ser
interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que
apadrinhado será definido no âmbito de cada programa de
apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando
apadrinhamento, com prioridade para crianças ou
inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e
adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar
puerperal. (2017)
ou colocação em família adotiva. (2017)
§ 2o De posse do relatório, a autoridade judiciária
§ 5o Os programas ou serviços de apadrinhamento
poderá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe,
apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude poderão
mediante sua expressa concordância, à rede pública de
ser executados por órgãos públicos ou por organizações da
saúde e assistência social para atendimento especializado.
(2017) sociedade civil. (2017)
§ 3o A busca à família extensa, conforme definida § 6o Se ocorrer violação das regras de
nos termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará apadrinhamento, os responsáveis pelo programa e pelos
o prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual serviços de acolhimento deverão imediatamente notificar a
período. (2017) autoridade judiciária competente. (2017)
§ 4o Na hipótese de não haver a indicação do genitor
e de não existir outro representante da família extensa apto a

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Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da
qualificações, proibidas quaisquer designações situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta
discriminatórias relativas à filiação. Lei.
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade será previamente ouvido por equipe interprofissional,
de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de
a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua
em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária opinião devidamente considerada.
competente para a solução da divergência. § 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade,
será necessário seu consentimento, colhido em
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e audiência.
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no § 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o
interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as grau de parentesco e a relação de afinidade ou de
determinações judiciais. afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, decorrentes da medida.
têm direitos iguais e deveres e responsabilidades § 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
compartilhados no cuidado e na educação da criança, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de comprovada existência de risco de abuso ou outra situação
suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança que justifique plenamente a excepcionalidade de solução
estabelecidos nesta Lei. (2016) diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o
rompimento definitivo dos vínculos fraternais.
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais § 5o A colocação da criança ou adolescente em família
não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão substituta será precedida de sua preparação gradativa e
do poder familiar. acompanhamento posterior, realizados pela equipe
§ 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
a decretação da medida, a criança ou o adolescente será Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos
mantido em sua família de origem, a qual deverá responsáveis pela execução da política municipal de garantia
obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas do direito à convivência familiar.
oficiais de proteção, apoio e promoção. (2016) § 6o Em se tratando de criança ou adolescente indígena
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é
implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese ainda obrigatório:
de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade
contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como
contra filho, filha ou outro descendente. (2018) suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os
direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão Constituição Federal;
decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no
casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que etnia;
alude o art. 22. III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
federal responsável pela política indigenista, no caso de
Seção II crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos,
Da Família Natural perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade acompanhar o caso.
formada pelos pais ou qualquer deles e seus
descendentes. Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade
ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar
filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos adequado.
com os quais a criança ou adolescente convive e mantém
vínculos de afinidade e afetividade. Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão entidades governamentais ou não-governamentais, sem
ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no autorização judicial.
próprio termo de nascimento, por testamento, mediante
escritura ou outro documento público, qualquer que seja a Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
origem da filiação. constitui medida excepcional, somente admissível na
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o modalidade de adoção.
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar
descendentes. Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito encargo, mediante termo nos autos.
personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer Subseção II
restrição, observado o segredo de Justiça. Da Guarda
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência
Seção III material, moral e educacional à criança ou adolescente,
Da Família Substituta conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
Subseção I inclusive aos pais.
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§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos art. 24.
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por
estrangeiros. Subseção IV
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos Da Adoção
casos de tutela e adoção, para atender a situações Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-
peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, á segundo o disposto nesta Lei.
podendo ser deferido o direito de representação para a § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à
prática de atos determinados. qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a de manutenção da criança ou adolescente na família natural
condição de dependente, para todos os fins e efeitos de ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta
direito, inclusive previdenciários. Lei.
§ 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em § 2o É vedada a adoção por procuração.
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a § 3o Em caso de conflito entre direitos e interesses do
medida for aplicada em preparação para adoção, o adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos,
deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros devem prevalecer os direitos e os interesses do
não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim adotando. (2017)
como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de
regulamentação específica, a pedido do interessado ou do
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo,
Ministério Público.
dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a
guarda ou tutela dos adotantes.
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de
assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado,
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou
com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios,
adolescente afastado do convívio familiar.
desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo
§ 1o A inclusão da criança ou adolescente em os impedimentos matrimoniais.
programas de acolhimento familiar terá preferência a seu § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do
acolhimento institucional, observado, em qualquer caso, o outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o
caráter temporário e excepcional da medida, nos termos cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.
desta Lei. § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado,
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal seus descendentes, o adotante, seus ascendentes,
cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem
receber a criança ou adolescente mediante guarda, de vocação hereditária.
observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei.
§ 3o A União apoiará a implementação de serviços de Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
acolhimento em família acolhedora como política pública, os independentemente do estado civil.
quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
temporário de crianças e de adolescentes em residências de adotando.
famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não § 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os
estejam no cadastro de adoção. (2016) adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união
§ 4o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, estável, comprovada a estabilidade da família.
distritais e municipais para a manutenção dos serviços de § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos
acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse mais velho do que o adotando.
de recursos para a própria família acolhedora. (2016) § 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os
ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do
Ministério Público. período de convivência e que seja comprovada a existência
de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não
Subseção III detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da
Da Tutela concessão.
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a § 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que
pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da
prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.
implica necessariamente o dever de guarda. § 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que,
após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer curso do procedimento, antes de prolatada a sentença
documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único
do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais
Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.
abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao
controle judicial do ato, observando o procedimento previsto
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e
nos arts. 165 a 170 desta Lei.
saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão pupilo ou o curatelado.
observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta
Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais
disposição de última vontade, se restar comprovado que a ou do representante legal do adotando.
medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra § 1º. O consentimento será dispensado em relação à
pessoa em melhores condições de assumi-la. criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou
tenham sido destituídos do poder familiar.

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§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos § 10. O prazo máximo para conclusão da ação de
de idade, será também necessário o seu consentimento. adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma
única vez por igual período, mediante decisão fundamentada
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de da autoridade judiciária. (2017)
convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo
máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem
ou adolescente e as peculiaridades do caso. (2017) biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo
§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes,
o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante após completar 18 (dezoito) anos.
durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção
conveniência da constituição do vínculo. poderá ser também deferido ao adotado menor de 18
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e
dispensa da realização do estágio de convivência. assistência jurídica e psicológica.
§ 2o-A. O prazo máximo estabelecido no caput deste
artigo pode ser prorrogado por até igual período, mediante Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder
decisão fundamentada da autoridade judiciária. (2017) familiar dos pais naturais.
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente
ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada
no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e comarca ou foro regional, um registro de crianças e
cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, adolescentes em condições de serem adotados e outro de
mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. pessoas interessadas na adoção.
(2017) § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia
§ 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste artigo, consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério
deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equipe Público.
mencionada no § 4o deste artigo, que recomendará ou não o § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
satisfizer os requisitos legais, ou verificada qualquer das
deferimento da adoção à autoridade judiciária. (2017)
hipóteses previstas no art. 29.
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela § 3o A inscrição de postulantes à adoção será precedida
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da de um período de preparação psicossocial e jurídica,
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da
responsáveis pela execução da política de garantia do direito Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso responsáveis pela execução da política municipal de garantia
acerca da conveniência do deferimento da medida. do direito à convivência familiar.
§ 5o O estágio de convivência será cumprido no § 4o Sempre que possível e recomendável, a
território nacional, preferencialmente na comarca de preparação referida no § 3o deste artigo incluirá o contato
residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou
em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a institucional em condições de serem adotados, a ser
competência do juízo da comarca de residência da realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe
criança. (2017) técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos
técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença execução da política municipal de garantia do direito à
judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado convivência familiar.
do qual não se fornecerá certidão. § 5o Serão criados e implementados cadastros estaduais
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como e nacional de crianças e adolescentes em condições de
pais, bem como o nome de seus ascendentes. serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará adoção.
o registro original do adotado. § 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais
§ 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser residentes fora do País, que somente serão consultados na
lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua inexistência de postulantes nacionais habilitados nos
residência. cadastros mencionados no § 5o deste artigo.
§ 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato § 7o As autoridades estaduais e federais em matéria de
poderá constar nas certidões do registro. adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes
§ 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do a troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria
adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a do sistema.
modificação do prenome. § 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de
§ 6o Caso a modificação de prenome seja requerida 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e
pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado adolescentes em condições de serem adotados que não
o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das
§ 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à
em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no §
prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força 5o deste artigo, sob pena de responsabilidade.
retroativa à data do óbito. § 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
§ 8o O processo relativo à adoção assim como outros a manutenção e correta alimentação dos cadastros, com
ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se posterior comunicação à Autoridade Central Federal
seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, Brasileira.
garantida a sua conservação para consulta a qualquer § 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência
tempo. de pretendentes habilitados residentes no País com perfil
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de compatível e interesse manifesto pela adoção de criança ou
adoção em que o adotando for criança ou adolescente com adolescente inscrito nos cadastros existentes, será realizado
deficiência ou com doença crônica. o encaminhamento da criança ou adolescente à adoção
internacional. (2017)

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§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal II - se a Autoridade Central do país de acolhida
interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente, considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para
sempre que possível e recomendável, será colocado sob adotar, emitirá um relatório que contenha informações sobre
guarda de família cadastrada em programa de acolhimento a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos
familiar. solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua
criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo aptidão para assumir uma adoção internacional;
Ministério Público. III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente Autoridade Central Federal Brasileira;
nos termos desta Lei quando: IV - o relatório será instruído com toda a documentação
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por
II - for formulada por parente com o qual a criança ou equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da
adolescente mantenha vínculos de afinidade e legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de
afetividade; vigência;
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda V - os documentos em língua estrangeira serão
legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde devidamente autenticados pela autoridade consular,
que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de observados os tratados e convenções internacionais, e
laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público
ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos juramentado;
arts. 237 ou 238 desta Lei. VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o exigências e solicitar complementação sobre o estudo
candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado
preenche os requisitos necessários à adoção, conforme no país de acolhida;
previsto nesta Lei. VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade
§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira
pessoas interessadas em adotar criança ou adolescente com com a nacional, além do preenchimento por parte dos
deficiência, com doença crônica ou com necessidades postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos
específicas de saúde, além de grupo de irmãos. (2017) necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe
esta Lei como da legislação do país de acolhida, será
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que
qual o pretendente possui residência habitual em país-parte terá validade por, no máximo, 1 (um) ano;
da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado
Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o
Adoção Internacional, promulgada pelo Decreto no 3.087, de Juízo da Infância e da Juventude do local em que se
21 junho de 1999, e deseja adotar criança em outro país- encontra a criança ou adolescente, conforme indicação
parte da Convenção. (2017) efetuada pela Autoridade Central Estadual.
§ 1o Se a legislação do país de acolhida assim o
§ 1o A adoção internacional de criança ou adolescente
autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando
internacional sejam intermediados por organismos
restar comprovado:
credenciados.
I - que a colocação em família adotiva é a solução
§ 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o
adequada ao caso concreto; (2017)
credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção
colocação da criança ou adolescente em família adotiva
internacional, com posterior comunicação às Autoridades
brasileira, com a comprovação, certificada nos autos, da
Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de
inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil
imprensa e em sítio próprio da internet.
com perfil compatível com a criança ou adolescente, após
§ 3o Somente será admissível o credenciamento de
consulta aos cadastros mencionados nesta Lei; (2017)
organismos que:
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este
I - sejam oriundos de países que ratificaram a
foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de
Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados
desenvolvimento, e que se encontra preparado para a
pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados e
medida, mediante parecer elaborado por equipe
no país de acolhida do adotando para atuar em adoção
interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art.
internacional no Brasil;
28 desta Lei.
II - satisfizerem as condições de integridade moral,
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior terão
competência profissional, experiência e responsabilidade
preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção
exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central
internacional de criança ou adolescente brasileiro.
Federal Brasileira;
§ 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua
das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de
formação e experiência para atuar na área de adoção
adoção internacional.
internacional;
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento
Art. 52. A adoção internacional observará o jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela
procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as Autoridade Central Federal Brasileira.
seguintes adaptações: § 4o Os organismos credenciados deverão
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar ainda:
criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas
habilitação à adoção perante a Autoridade Central em condições e dentro dos limites fixados pelas autoridades
matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim competentes do país onde estiverem sediados, do país de
entendido aquele onde está situada sua residência acolhida e pela Autoridade Central Federal
habitual; Brasileira;

ID:
167
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II - ser dirigidos e administrados por pessoas sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo
qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com fundamentado.
comprovada formação ou experiência para atuar na área de
adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e
Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de
Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal organismos estrangeiros encarregados de intermediar
competente; pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a
III - estar submetidos à supervisão das autoridades pessoas físicas.
competentes do país onde estiverem sediados e no país de Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão
acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do
e situação financeira; Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente.
a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem
como relatório de acompanhamento das adoções Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior
internacionais efetuadas no período, cuja cópia será em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de
encaminhada ao Departamento de Polícia Federal; adoção tenha sido processado em conformidade com a
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a legislação vigente no país de residência e atendido o
Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção,
Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) será automaticamente recepcionada com o reingresso no
anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de Brasil.
cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania § 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea
do país de acolhida para o adotado; “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.
adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal § 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em
Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez
estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da
sejam concedidos. sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de
§ 5o A não apresentação dos relatórios referidos no § Justiça.
o
4 deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar
a suspensão de seu credenciamento. Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil
§ 6o O credenciamento de organismo nacional ou for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente
estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção do país de origem da criança ou do adolescente será
internacional terá validade de 2 (dois) anos. conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver
§ 7o A renovação do credenciamento poderá ser processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que
concedida mediante requerimento protocolado na Autoridade comunicará o fato à Autoridade Central Federal e
Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores determinará as providências necessárias à expedição do
ao término do respectivo prazo de validade. Certificado de Naturalização Provisório.
§ 8o Antes de transitada em julgado a decisão que § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela
do adotando do território nacional. decisão se restar demonstrado que a adoção é
§ 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao
judiciária determinará a expedição de alvará com autorização interesse superior da criança ou do adolescente.
de viagem, bem como para obtenção de passaporte, § 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção,
constando, obrigatoriamente, as características da criança ou prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá
adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais imediatamente requerer o que for de direito para resguardar
ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se
da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a
documento com cópia autenticada da decisão e certidão de comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à
trânsito em julgado. Autoridade Central do país de origem.
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil
das crianças e adolescentes adotados. for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos país de origem porque a sua legislação a delega ao país de
credenciados, que sejam considerados abusivos pela acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a
Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha
devidamente comprovados, é causa de seu aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá
descredenciamento. as regras da adoção nacional.
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem
ser representados por mais de uma entidade credenciada Capítulo IV
para atuar na cooperação em adoção internacional. Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à
domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,
ano, podendo ser renovada. preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de trabalho, assegurando-se-lhes:
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com I - igualdade de condições para o acesso e permanência
dirigentes de programas de acolhimento institucional ou na escola;
familiar, assim como com crianças e adolescentes em II - direito de ser respeitado por seus educadores;
condições de serem adotados, sem a devida autorização III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
judicial. recorrer às instâncias escolares superiores;
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá IV - direito de organização e participação em entidades
limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos estudantis;

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168
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V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é
residência. regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter nesta Lei.
ciência do processo pedagógico, bem como participar da
definição das propostas educacionais. Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-
profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da
Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e legislação de educação em vigor.
agremiações recreativas e de estabelecimentos congêneres
assegurar medidas de conscientização, prevenção e Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
enfrentamento ao uso ou dependência de drogas ilícitas. seguintes princípios:
(2019) I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino
regular;
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao II - atividade compatível com o desenvolvimento do
adolescente: adolescente;
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive III - horário especial para o exercício das atividades.
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
gratuidade ao ensino médio; assegurada bolsa de aprendizagem.
III - atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze
de ensino; anos, são assegurados os direitos trabalhistas e
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças previdenciários.
de zero a cinco anos de idade; (2016)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de assegurado trabalho protegido.
cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em
condições do adolescente trabalhador; regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido
VII - atendimento no ensino fundamental, através de em entidade governamental ou não-governamental, é vedado
programas suplementares de material didático-escolar, trabalho:
transporte, alimentação e assistência à saúde. I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito dia e as cinco horas do dia seguinte;
público subjetivo. II - perigoso, insalubre ou penoso;
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao
poder público ou sua oferta irregular importa seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
responsabilidade da autoridade competente. IV - realizado em horários e locais que não permitam a
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos frequência à escola.
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto
aos pais ou responsável, pela frequência à escola. Art. 68. O programa social que tenha por base o
trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de governamental ou não-governamental sem fins lucrativos,
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. deverá assegurar ao adolescente que dele participe
condições de capacitação para o exercício de atividade
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino regular remunerada.
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem
escolar, esgotados os recursos escolares; sobre o aspecto produtivo.
III - elevados níveis de repetência. § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo
trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
experiências e novas propostas relativas a calendário,
seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e
vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos,
ensino fundamental obrigatório. entre outros:
I - respeito à condição peculiar de pessoa em
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os desenvolvimento;
valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto II - capacitação profissional adequada ao mercado de
social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a trabalho.
liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.
Título III
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da Da Prevenção
União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e Capítulo I
espaços para programações culturais, esportivas e de lazer Disposições Gerais
voltadas para a infância e a juventude. Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de
ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
Capítulo V
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de os Municípios deverão atuar de forma articulada na
quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. elaboração de políticas públicas e na execução de ações
destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de
tratamento cruel ou degradante e difundir formas não

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violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e
como principais ações: Espetáculos
I - a promoção de campanhas educativas Art. 74. O poder público, através do órgão competente,
permanentes para a divulgação do direito da criança e do regulará as diversões e espetáculos públicos, informando
adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e dos recomendem, locais e horários em que sua apresentação se
instrumentos de proteção aos direitos humanos; mostre inadequada.
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e
Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de
Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação
Adolescente e com as entidades não governamentais que destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da especificada no certificado de classificação.
criança e do adolescente;
III - a formação continuada e a capacitação dos Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às
profissionais de saúde, educação e assistência social e dos diversões e espetáculos públicos classificados como
demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa adequados à sua faixa etária.
dos direitos da criança e do adolescente para o Parágrafo único. As crianças menores de 10 (dez) anos
desenvolvimento das competências necessárias à somente poderão ingressar e permanecer nos locais de
prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais
enfrentamento de todas as formas de violência contra a ou responsável.
criança e o adolescente;
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente
pacífica de conflitos que envolvam violência contra a criança exibirão, no horário recomendado para o público infanto
e o adolescente; juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas,
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que culturais e informativas.
visem a garantir os direitos da criança e do adolescente, Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado
desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua
responsáveis com o objetivo de promover a informação, a transmissão, apresentação ou exibição.
reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e
processo educativo; funcionários de empresas que explorem a venda ou aluguel
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a de fitas de programação em vídeo cuidarão para que não
articulação de ações e a elaboração de planos de atuação haja venda ou locação em desacordo com a classificação
conjunta focados nas famílias em situação de violência, com atribuída pelo órgão competente.
participação de profissionais de saúde, de assistência social Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão
e de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a
dos direitos da criança e do adolescente. faixa etária a que se destinam.
Parágrafo único. As famílias com crianças e
adolescentes com deficiência terão prioridade de Art. 78. As revistas e publicações contendo material
atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão
proteção. ser comercializadas em embalagem lacrada, com a
advertência de seu conteúdo.
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas
atuem nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, que contenham mensagens pornográficas ou obscenas
devem contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a sejam protegidas com embalagem opaca.
reconhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou
casos de maus-tratos praticados contra crianças e Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao
adolescentes. público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações,
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas
comunicação de que trata este artigo, as pessoas alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar
encarregadas, por razão de cargo, função, ofício, ministério, os valores éticos e sociais da pessoa e da família.
profissão ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de
crianças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que
injustificado retardamento ou omissão, culposos ou dolosos. explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou
por casas de jogos, assim entendidas as que realizem
apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a
seja permitida a entrada e a permanência de crianças e
informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e
adolescentes no local, afixando aviso para orientação do
produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de
público.
pessoa em desenvolvimento.
Seção II
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem
Dos Produtos e Serviços
da prevenção especial outras decorrentes dos princípios por
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente
ela adotados.
de:
I - armas, munições e explosivos;
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção
II - bebidas alcoólicas;
importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica,
III - produtos cujos componentes possam causar
nos termos desta Lei.
dependência física ou psíquica ainda que por utilização
indevida;
Capítulo II
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles
Da Prevenção Especial
que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar
Seção I
qualquer dano físico em caso de utilização indevida;

ID:
170
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V - revistas e publicações a que alude o art. 78; VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. de guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio
familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas
adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.
congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais
ou responsável. Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
I - municipalização do atendimento;
Seção III II - criação de conselhos municipais, estaduais e
Da Autorização para Viajar nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 deliberativos e controladores das ações em todos os níveis,
(dezesseis) anos poderá viajar para fora da comarca onde assegurada a participação popular paritária por meio de
reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem organizações representativas, segundo leis federal, estaduais
expressa autorização judicial. (2019) e municipais;
§ 1º A autorização não será exigida quando: III - criação e manutenção de programas específicos,
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da observada a descentralização político-administrativa;
criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e
na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos
região metropolitana; (2019) da criança e do adolescente;
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) V - integração operacional de órgãos do Judiciário,
anos estiver acompanhado: (2019) Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local,
comprovado documentalmente o parentesco; para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, a quem se atribua autoria de ato infracional;
mãe ou responsável. VI - integração operacional de órgãos do Judiciário,
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e
responsável, conceder autorização válida por 2 (dois) anos. encarregados da execução das políticas sociais básicas e de
assistência social, para efeito de agilização do atendimento
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a de crianças e de adolescentes inseridos em programas de
autorização é dispensável, se a criança ou adolescente: acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar
responsável; comprovadamente inviável, sua colocação em família
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art.
expressamente pelo outro através de documento com firma 28 desta Lei;
reconhecida.
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável
participação dos diversos segmentos da
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial,
sociedade.
nenhuma criança ou adolescente nascido em território
VIII - especialização e formação continuada dos
nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro
profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção
residente ou domiciliado no exterior.
à primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos
da criança e sobre desenvolvimento infantil; (2016)
IX - formação profissional com abrangência dos
Parte Especial diversos direitos da criança e do adolescente que favoreça a
Título I intersetorialidade no atendimento da criança e do
Da Política de Atendimento adolescente e seu desenvolvimento integral ; (2016)
Capítulo I X - realização e divulgação de pesquisas sobre
Disposições Gerais desenvolvimento infantil e sobre prevenção da
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança violência. (2016)
e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado
de ações governamentais e não-governamentais, da União, Art. 89. A função de membro do conselho nacional e
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança
e do adolescente é considerada de interesse público
Art. 87. São linhas de ação da política de relevante e não será remunerada.
atendimento:
I - políticas sociais básicas; Capítulo II
II - serviços, programas, projetos e benefícios de Das Entidades de Atendimento
assistência social de garantia de proteção social e de Seção I
prevenção e redução de violações de direitos, seus Disposições Gerais
agravamentos ou reincidências; (2016) Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis
III - serviços especiais de prevenção e atendimento pela manutenção das próprias unidades, assim como pelo
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, planejamento e execução de programas de proteção e sócio-
exploração, abuso, crueldade e opressão; educativos destinados a crianças e adolescentes, em regime
IV - serviço de identificação e localização de pais, de:
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; I - orientação e apoio sócio-familiar;
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
direitos da criança e do adolescente. III - colocação familiar;
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou IV - acolhimento institucional;
abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a V - prestação de serviços à comunidade;
garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de VI - liberdade assistida;
crianças e adolescentes; VII - semiliberdade; e
VIII - internação.

ID:
171
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§ 1o As entidades governamentais e não VIII - preparação gradativa para o desligamento;


governamentais deverão proceder à inscrição de seus IX - participação de pessoas da comunidade no
programas, especificando os regimes de atendimento, na processo educativo.
forma definida neste artigo, no Conselho Municipal dos § 1o O dirigente de entidade que desenvolve programa
Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá registro de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para
das inscrições e de suas alterações, do que fará todos os efeitos de direito.
comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade § 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem
judiciária. programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão
§ 2o Os recursos destinados à implementação e à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses,
manutenção dos programas relacionados neste artigo serão relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança
previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos ou adolescente acolhido e sua família, para fins da
encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência reavaliação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei.
Social, dentre outros, observando-se o princípio da prioridade § 3o Os entes federados, por intermédio dos Poderes
absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo caput Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a
do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e parágrafo permanente qualificação dos profissionais que atuam direta
único do art. 4o desta Lei. ou indiretamente em programas de acolhimento institucional
§ 3o Os programas em execução serão reavaliados pelo e destinados à colocação familiar de crianças e adolescentes,
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério Público e
Adolescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo- Conselho Tutelar.
se critérios para renovação da autorização de § 4o Salvo determinação em contrário da autoridade
funcionamento: judiciária competente, as entidades que desenvolvem
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, programas de acolhimento familiar ou institucional, se
bem como às resoluções relativas à modalidade de necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos
atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos de assistência social, estimularão o contato da criança ou
da Criança e do Adolescente, em todos os níveis; adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo.
atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e § 5o As entidades que desenvolvem programas de
pela Justiça da Infância e da Juventude; acolhimento familiar ou institucional somente poderão
III - em se tratando de programas de acolhimento receber recursos públicos se comprovado o atendimento dos
institucional ou familiar, serão considerados os índices de princípios, exigências e finalidades desta Lei.
sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família § 6o O descumprimento das disposições desta Lei pelo
substituta, conforme o caso. dirigente de entidade que desenvolva programas de
acolhimento familiar ou institucional é causa de sua
Art. 91. As entidades não-governamentais somente destituição, sem prejuízo da apuração de sua
poderão funcionar depois de registradas no Conselho responsabilidade administrativa, civil e criminal.
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual § 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três)
comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção
judiciária da respectiva localidade. à atuação de educadores de referência estáveis e
§ 1o Será negado o registro à entidade que: qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao
a) não ofereça instalações físicas em condições atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto
adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e como prioritárias. (2016)
segurança;
b) não apresente plano de trabalho compatível com os Art. 93. As entidades que mantenham programa de
princípios desta Lei; acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e
c) esteja irregularmente constituída; de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. determinação da autoridade competente, fazendo
e) não se adequar ou deixar de cumprir as comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz
resoluções e deliberações relativas à modalidade de da Infância e da Juventude, sob pena de
atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos responsabilidade.
da Criança e do Adolescente, em todos os níveis. Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade
§ 2o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o
anos, cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas
Criança e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o necessárias para promover a imediata reintegração familiar
cabimento de sua renovação, observado o disposto no § da criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão não
1o deste artigo. for isso possível ou recomendável, para seu
encaminhamento a programa de acolhimento familiar,
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de institucional ou a família substituta, observado o disposto no
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os § 2o do art. 101 desta Lei.
seguintes princípios:
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
reintegração familiar; internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
II - integração em família substituta, quando esgotados I - observar os direitos e garantias de que são titulares
os recursos de manutenção na família natural ou os adolescentes;
extensa; II - não restringir nenhum direito que não tenha sido
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; objeto de restrição na decisão de internação;
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co- III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
educação; unidades e grupos reduzidos;
V - não desmembramento de grupos de irmãos; IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para respeito e dignidade ao adolescente;
outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da
VII - participação na vida da comunidade local; preservação dos vínculos familiares;

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VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas


os casos em que se mostre inviável ou impossível o públicas;
reatamento dos vínculos familiares; c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
VII - oferecer instalações físicas em condições d) cassação do registro.
adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e § 1o Em caso de reiteradas infrações cometidas por
segurança e os objetos necessários à higiene pessoal; entidades de atendimento, que coloquem em risco os direitos
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao
adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos; Ministério Público ou representado perante autoridade
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, judiciária competente para as providências cabíveis, inclusive
odontológicos e farmacêuticos; suspensão das atividades ou dissolução da
X - propiciar escolarização e profissionalização; entidade.
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; § 2o As pessoas jurídicas de direito público e as
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que organizações não governamentais responderão pelos danos
desejarem, de acordo com suas crenças; que seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes,
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; caracterizado o descumprimento dos princípios norteadores
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo das atividades de proteção específica.
máximo de seis meses, dando ciência dos resultados
à autoridade competente;
Título II
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado
Das Medidas de Proteção
sobre sua situação processual;
Capítulo I
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os
Disposições Gerais
casos de adolescentes portadores de moléstias infecto-
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao
contagiosas;
adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
dos adolescentes;
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
XVIII - manter programas destinados ao apoio e
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
acompanhamento de egressos;
III - em razão de sua conduta.
XIX - providenciar os documentos necessários ao
exercício da cidadania àqueles que não os tiverem;
Capítulo II
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e
Das Medidas Específicas de Proteção
circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão
pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade,
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
acompanhamento da sua formação, relação de seus
substituídas a qualquer tempo.
pertences e demais dados que possibilitem sua identificação
e a individualização do atendimento.
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em
§ 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigações
conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas
constantes deste artigo às entidades que mantêm programas
que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e
de acolhimento institucional e familiar.
comunitários.
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este
Parágrafo único. São também princípios que regem a
artigo as entidades utilizarão preferencialmente os recursos
aplicação das medidas:
da comunidade.
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos
abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na
que em caráter temporário, devem ter, em seus quadros, Constituição Federal;
profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao II - proteção integral e prioritária: a interpretação e
Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus- aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve
tratos. ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que
crianças e adolescentes são titulares;
Seção II III - responsabilidade primária e solidária do poder
Da Fiscalização das Entidades público: a plena efetivação dos direitos assegurados a
Art. 95. As entidades governamentais e não- crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição
governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Federal, salvo nos casos por esta expressamente
Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária das 3
Tutelares. (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipalização
do atendimento e da possibilidade da execução de
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de programas por entidades não governamentais;
contas serão apresentados ao estado ou ao município, IV - interesse superior da criança e do adolescente: a
conforme a origem das dotações orçamentárias. intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e
direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de consideração que for devida a outros interesses legítimos no
atendimento que descumprirem obrigação constante do art. âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso
94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus concreto;
dirigentes ou prepostos: V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da
I - às entidades governamentais: criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela
a) advertência; intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida
b) afastamento provisório de seus dirigentes; privada;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo
II - às entidades não-governamentais: seja conhecida;
a) advertência; VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser
exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja

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173
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ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à II - o endereço de residência dos pais ou do
proteção da criança e do adolescente; responsável, com pontos de referência;
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados
ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a em tê-los sob sua guarda;
criança ou o adolescente se encontram no momento em que IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao
a decisão é tomada; convívio familiar.
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser § 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
para com a criança e o adolescente; acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na individual de atendimento, visando à reintegração familiar,
proteção da criança e do adolescente deve ser dada ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em
prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na contrário de autoridade judiciária competente, caso em que
sua família natural ou extensa ou, se isso não for possível, também deverá contemplar sua colocação em família
que promovam a sua integração em família adotiva; (2017) substituta, observadas as regras e princípios desta
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o Lei.
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e § 5o O plano individual será elaborado sob a
capacidade de compreensão, seus pais ou responsável responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa
devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que de atendimento e levará em consideração a opinião da
determinaram a intervenção e da forma como esta se criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do
processa; responsável.
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o § 6o Constarão do plano individual, dentre outros:
adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de I - os resultados da avaliação interdisciplinar;
responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus II - os compromissos assumidos pelos pais ou
pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar responsável; e
nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas
e de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou
pela autoridade judiciária competente, observado o disposto responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja
nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. esta vedada por expressa e fundamentada determinação
judicial, as providências a serem tomadas para sua
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no colocação em família substituta, sob direta supervisão da
art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre autoridade judiciária.
outras, as seguintes medidas: § 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante local mais próximo à residência dos pais ou do responsável
termo de responsabilidade; e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; que identificada a necessidade, a família de origem será
III - matrícula e frequência obrigatórias em incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de
estabelecimento oficial de ensino fundamental; promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato com
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou a criança ou com o adolescente acolhido.
comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da § 8o Verificada a possibilidade de reintegração
criança e do adolescente; (2016) familiar, o responsável pelo programa de acolhimento familiar
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou ou institucional fará imediata comunicação à autoridade
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; § 9o Em sendo constatada a impossibilidade de
VII - acolhimento institucional; reintegração da criança ou do adolescente à família de
origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou
VIII - inclusão em programa de acolhimento
comunitários de orientação, apoio e promoção social, será
familiar;
enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual
IX - colocação em família substituta.
conste a descrição pormenorizada das providências tomadas
§ 1o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar
e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da
são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como
entidade ou responsáveis pela execução da política municipal
forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo
de garantia do direito à convivência familiar, para a
esta possível, para colocação em família substituta, não
destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou
implicando privação de liberdade.
guarda.
§ 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o
para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das
prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de
providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento
destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a
da criança ou adolescente do convívio familiar é de
realização de estudos complementares ou de outras
competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na
providências indispensáveis ao ajuizamento da
deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha
demanda. (2017)
legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício
ou foro regional, um cadastro contendo informações
do contraditório e da ampla defesa.
atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de
§ 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser
acolhimento familiar e institucional sob sua responsabilidade,
encaminhados às instituições que executam programas de
com informações pormenorizadas sobre a situação jurídica
acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio
de cada um, bem como as providências tomadas para sua
de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade
reintegração familiar ou colocação em família substituta, em
judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre
qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta
outros:
Lei.
I - sua identificação e a qualificação completa de seus
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o
pais ou de seu responsável, se conhecidos;
Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os
Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do

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174
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Adolescente e da Assistência Social, aos quais incumbe


deliberar sobre a implementação de políticas públicas que Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será
permitam reduzir o número de crianças e adolescentes submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais,
afastados do convívio familiar e abreviar o período de de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação,
permanência em programa de acolhimento. havendo dúvida fundada.

Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo III


Capítulo serão acompanhadas da regularização do Das Garantias Processuais
registro civil. Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o liberdade sem o devido processo legal.
assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à
vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras,
autoridade judiciária. as seguintes garantias:
§ 2º Os registros e certidões necessários à I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
regularização de que trata este artigo são isentos de multas, infracional, mediante citação ou meio equivalente;
custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. II - igualdade na relação processual, podendo
confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as
§ 3o Caso ainda não definida a paternidade,
provas necessárias à sua defesa;
será deflagrado procedimento específico destinado à sua
III - defesa técnica por advogado;
averiguação, conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos
dezembro de 1992.
necessitados, na forma da lei;
§ 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade
dispensável o ajuizamento de ação de investigação de
competente;
paternidade pelo Ministério Público se, após o não
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou
comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a
responsável em qualquer fase do procedimento.
paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para
adoção.
Capítulo IV
§ 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, a
Das Medidas Sócio-Educativas
qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento
Seção I
são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de
Disposições Gerais
absoluta prioridade. (2016)
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a
§ 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação
autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as
requerida do reconhecimento de paternidade no assento de
seguintes medidas:
nascimento e a certidão correspondente. (2016)
I - advertência;
Título III II - obrigação de reparar o dano;
Da Prática de Ato Infracional III - prestação de serviços à comunidade;
Capítulo I IV - liberdade assistida;
Disposições Gerais V - inserção em regime de semi-liberdade;
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta VI - internação em estabelecimento educacional;
descrita como crime ou contravenção penal. VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a
18 (dezoito) anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. gravidade da infração.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será
considerada a idade do adolescente à data do fato. admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança deficiência mental receberão tratamento individual e
corresponderão as medidas previstas no art. 101. especializado, em local adequado às suas condições.
Capítulo II Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts.
Dos Direitos Individuais 99 e 100.
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas
competente. suficientes da autoria e da materialidade da infração,
Parágrafo único. O adolescente tem direito à ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada
ser informado acerca de seus direitos. sempre que houver prova da materialidade e indícios
suficientes da autoria.
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o
local onde se encontra recolhido serão incontinenti Seção II
comunicados à autoridade judiciária competente e à Da Advertência
família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. Art. 115. A advertência consistirá em admoestação
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena verbal, que será reduzida a termo e assinada.
de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
Seção III
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser Da Obrigação de Reparar o Dano
determinada pelo prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos
dias. patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso,
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e que o adolescente restitua a coisa, promova o
basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o
demonstrada a necessidade imperiosa da medida. prejuízo da vítima.

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Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior,
medida poderá ser substituída por outra adequada. o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de
semi-liberdade ou de liberdade assistida.
Seção IV § 5º A liberação será compulsória aos 21 (vinte e um)
Da Prestação de Serviços à Comunidade anos de idade.
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será
na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
período não excedente a 6 (seis) meses, junto a entidades § 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.
congêneres, bem como em programas comunitários ou
governamentais. Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme quando:
as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
jornada máxima de 8 (oito) horas semanais, aos sábados, ameaça ou violência a pessoa;
domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não II - por reiteração no cometimento de outras infrações
prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de graves;
trabalho. III - por descumprimento reiterado e injustificável da
medida anteriormente imposta.
Seção V § 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III
Da Liberdade Assistida deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses,
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que devendo ser decretada judicialmente após o devido processo
se afigurar a medida mais adequada para o fim de legal.
acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação,
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para havendo outra medida adequada.
acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
entidade ou programa de atendimento. Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele
de 6 (seis) meses, podendo a qualquer tempo ser destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por
prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.
o orientador, o Ministério Público e o defensor. Parágrafo único. Durante o período de internação,
inclusive provisória, serão obrigatórias atividades
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a pedagógicas.
supervisão da autoridade competente, a realização dos
seguintes encargos, entre outros: Art. 124. São direitos do adolescente privado de
I - promover socialmente o adolescente e sua família, liberdade, entre outros, os seguintes:
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência Ministério Público;
social; II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua IV - ser informado de sua situação processual, sempre
matrícula; que solicitada;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do V - ser tratado com respeito e dignidade;
adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; VI - permanecer internado na mesma localidade ou
IV - apresentar relatório do caso. naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou
responsável;
Seção VI VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
Do Regime de Semi-liberdade VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e
determinado desde o início, ou como forma de transição para asseio pessoal;
o meio aberto, possibilitada a realização de atividades X - habitar alojamento em condições adequadas de
externas, independentemente de autorização judicial. higiene e salubridade;
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a XI - receber escolarização e profissionalização;
profissionalização, devendo, sempre que possível, ser XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
utilizados os recursos existentes na comunidade. XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua
aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à crença, e desde que assim o deseje;
internação. XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor
de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante
Seção VII daqueles porventura depositados em poder da entidade;
Da Internação XVI - receber, quando de sua desinternação, os
Art. 121. A internação constitui medida privativa da documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa § 2º A autoridade judiciária poderá suspender
em desenvolvimento. temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável,
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, se existirem motivos sérios e fundados de sua
a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa prejudicialidade aos interesses do adolescente.
determinação judicial em contrário.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física
devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas
fundamentada, no máximo a cada 6 (seis) meses. adequadas de contenção e segurança.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de
internação excederá a 3 (três) anos. Capítulo V

ID:
176
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Da Remissão Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho


Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
apuração de ato infracional, o representante do Ministério I - reconhecida idoneidade moral;
Público poderá conceder a remissão, como forma de II - idade superior a vinte e um anos;
exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e III - residir no município.
consequências do fato, ao contexto social, bem como à
personalidade do adolescente e sua maior ou menor Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o
participação no ato infracional. local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar,
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros,
da remissão pela autoridade judiciária importará na aos quais é assegurado o direito a:
suspensão ou extinção do processo. I - cobertura previdenciária;
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal;
reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem III - licença-maternidade;
prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir IV - licença-paternidade;
eventualmente a aplicação de qualquer das medidas V - gratificação natalina.
previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi- Parágrafo único. Constará da lei orçamentária
liberdade e a internação. municipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos
necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão remuneração e formação continuada dos conselheiros
poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante tutelares.
pedido expresso do adolescente ou de seu representante
legal, ou do Ministério Público.
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro
constituirá serviço público relevante e estabelecerá
Título IV
presunção de idoneidade moral.
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou
Capítulo II
responsável:
Das Atribuições do Conselho
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
comunitários de proteção, apoio e promoção da família; (2016)
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de
previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
no art. 101, I a VII;
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou
II - atender e aconselhar os pais ou responsável,
psiquiátrico;
aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
IV - encaminhamento a cursos ou programas de
III - promover a execução de suas decisões, podendo
orientação;
para tanto:
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,
acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;
educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
a tratamento especializado;
descumprimento injustificado de suas deliberações.
VII - advertência;
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
VIII - perda da guarda;
constitua infração administrativa ou penal contra os direitos
IX - destituição da tutela;
da criança ou adolescente;
X - suspensão ou destituição do poder familiar.
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
competência;
nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade
arts. 23 e 24.
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o
adolescente autor de ato infracional;
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão
VII - expedir notificações;
ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de
autoridade judiciária poderá determinar, como medida
criança ou adolescente quando necessário;
cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a
da proposta orçamentária para planos e programas de
fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança
atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
ou o adolescente dependentes do agressor.
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra
a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da
Título V
Constituição Federal;
Do Conselho Tutelar
XI - representar ao Ministério Público para efeito das
Capítulo I
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
Disposições Gerais
esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e
adolescente junto à família natural.
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do
profissionais, ações de divulgação e treinamento para o
adolescente, definidos nesta Lei.
reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e
adolescentes.
Art. 132. Em cada Município e em cada Região
Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o
Conselho Tutelar como órgão integrante da administração Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do
pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério
pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal
permitida recondução por novos processos de escolha. (2019) entendimento e as providências tomadas para a orientação, o
apoio e a promoção social da família.

ID:
177
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fotografia, referência a nome, apelido, filiação,


Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e
poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de sobrenome.
quem tenha legítimo interesse.
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que
Capítulo III se refere o artigo anterior somente será deferida pela
Da Competência autoridade judiciária competente, se demonstrado o interesse
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de e justificada a finalidade.
competência constante do art. 147.
Capítulo II
Capítulo IV Da Justiça da Infância e da Juventude
Da Escolha dos Conselheiros Seção I
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Disposições Gerais
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar
realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua
Ministério Público. proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de
infra-estrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em
§ 1o O processo de escolha dos membros do
plantões.
Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o
território nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro
Seção II
domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da
Do Juiz
eleição presidencial.
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no
da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função,
dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de
na forma da lei de organização judiciária local.
escolha.
§ 3o No processo de escolha dos membros do
Art. 147. A competência será determinada:
Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer,
I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou
qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor.
adolescente, à falta dos pais ou responsável.
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a
Capítulo V autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as
Dos Impedimentos regras de conexão, continência e prevenção.
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho § 2º A execução das medidas poderá ser delegada à
marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e autoridade competente da residência dos pais ou
genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que
sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. abrigar a criança ou adolescente.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do § 3º Em caso de infração cometida através de
conselheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade transmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais
judiciária e ao representante do Ministério Público com de uma comarca, será competente, para aplicação da
atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício penalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual
na comarca, foro regional ou distrital. da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as
transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado.
Título VI
Do Acesso à Justiça Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é
Capítulo I competente para:
Disposições Gerais I - conhecer de representações promovidas pelo
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou Ministério Público, para apuração de ato infracional atribuído
adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos extinção do processo;
que dela necessitarem, através de defensor público ou III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
advogado nomeado. IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao
Infância e da Juventude são isentas de custas e adolescente, observado o disposto no art. 209;
emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades
em entidades de atendimento, aplicando as
Art. 142. Os menores de 16 (dezesseis) anos serão medidas cabíveis;
representados e os maiores de dezesseis e menores de vinte VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de
e um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na infrações contra norma de proteção à criança
forma da legislação civil ou processual. ou adolescente;
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho
especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou
quando carecer de representação ou assistência legal ainda adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente
que eventual. a Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
Art. 143. É vedada a divulgação de atos judiciais, b) conhecer de ações de destituição do poder familiar,
policiais e administrativos que digam respeito a crianças e perda ou modificação da tutela ou guarda;
adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. c) suprir a capacidade ou o consentimento para o
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não casamento;
poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se

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d) conhecer de pedidos baseados em discordância § 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade,


paterna ou materna, em relação ao exercício do poder prioridade absoluta na tramitação dos processos e
familiar; procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execução
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, dos atos e diligências judiciais a eles referentes.
quando faltarem os pais; § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis
f) designar curador especial em casos de apresentação aos seus procedimentos são contados em dias corridos,
de queixa ou representação, ou de outros procedimentos excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento,
judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança vedado o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o
ou adolescente; Ministério Público. (2017)
g) conhecer de ações de alimentos;
h) determinar o cancelamento, a retificação e o Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não
suprimento dos registros de nascimento e óbito. corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei,
a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério
através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: Público.
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
desacompanhado dos pais ou responsável, em: para o fim de afastamento da criança ou do adolescente de
a) estádio, ginásio e campo desportivo; sua família de origem e em outros procedimentos
b) bailes ou promoções dançantes; necessariamente contenciosos.
c) boate ou congêneres;
d) casa que explore comercialmente diversões Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
eletrônicas;
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e Seção II
televisão. Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
II - a participação de criança e adolescente em: Art. 155. O procedimento para a perda ou a
a) espetáculos públicos e seus ensaios; suspensão do poder familiar terá início por provocação do
b) certames de beleza. Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
judiciária levará em conta, dentre outros fatores: Art. 156. A petição inicial indicará:
a) os princípios desta Lei; I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
b) as peculiaridades locais; II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do
c) a existência de instalações adequadas; requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se
d) o tipo de freqüência habitual ao local; tratando de pedido formulado por representante do Ministério
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou Público;
freqüência de crianças e adolescentes; III - a exposição sumária do fato e o pedido;
f) a natureza do espetáculo. IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo logo, o rol de testemunhas e documentos.
deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as
determinações de caráter geral. Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão
Seção III do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o
Dos Serviços Auxiliares julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de
sua proposta orçamentária, prever recursos para manutenção responsabilidade.
de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça § 1o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária
da Infância e da Juventude. determinará, concomitantemente ao despacho de citação e
independentemente de requerimento do interessado, a
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre realização de estudo social ou perícia por equipe
outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação interprofissional ou multidisciplinar para comprovar a
local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou presença de uma das causas de suspensão ou destituição do
verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver poder familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art. 101
trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, desta Lei, e observada a Lei no 13.431, de 4 de abril de
prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à 2017. (2017)
autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do § 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades
ponto de vista técnico. indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de interprofissional ou multidisciplinar referida no § 1 o deste
servidores públicos integrantes do Poder Judiciário artigo, de representantes do órgão federal responsável pela
responsáveis pela realização dos estudos psicossociais ou política indigenista, observado o disposto no § 6o do art. 28
de quaisquer outras espécies de avaliações técnicas exigidas desta Lei. (2017)
por esta Lei ou por determinação judicial, a autoridade
judiciária poderá proceder à nomeação de perito, nos termos Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez
do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem
(Código de Processo Civil). (2017) produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e
documentos.
Capítulo III § 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos
Dos Procedimentos os meios para sua realização.
Seção I § 2o O requerido privado de liberdade deverá ser
Disposições Gerais citado pessoalmente.
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei § 3o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça
aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na houver procurado o citando em seu domicílio ou residência
legislação processual pertinente. sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação,
informar qualquer pessoa da família ou, em sua falta,

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qualquer vizinho do dia útil em que voltará a fim de efetuar a Art. 163. O prazo máximo para conclusão do
citação, na hora que designar, nos termos do art. 252 e procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao
seguintes da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código juiz, no caso de notória inviabilidade de manutenção do poder
de Processo Civil). (2017) familiar, dirigir esforços para preparar a criança ou o
§ 4o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em adolescente com vistas à colocação em família substituta.
(2017)
local incerto ou não sabido, serão citados por edital no prazo
de 10 (dez) dias, em publicação única, dispensado o envio de Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a
ofícios para a localização. (2017) suspensão do poder familiar será averbada à margem do
registro de nascimento da criança ou do
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de adolescente.
constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de
sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja Seção III
nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de Da Destituição da Tutela
resposta, contando-se o prazo a partir da intimação do Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o
despacho de nomeação. procedimento para a remoção de tutor previsto na lei
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de processual civil e, no que couber, o disposto na seção
liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento anterior.
da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado
defensor. Seção IV
Da Colocação em Família Substituta
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de
requisitará de qualquer repartição ou órgão público a colocação em família substituta:
apresentação de documento que interesse à causa, de ofício I - qualificação completa do requerente e de seu
ou a requerimento das partes ou do Ministério Público. eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência
deste;
Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido II - indicação de eventual parentesco do requerente e de
concluído o estudo social ou a perícia realizada por equipe seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente,
interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciária especificando se tem ou não parente vivo;
dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, III - qualificação completa da criança ou adolescente e
salvo quando este for o requerente, e decidirá em igual de seus pais, se conhecidos;
prazo. (2017) IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento,
§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
das partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
testemunhas que comprovem a presença de uma das causas rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
de suspensão ou destituição do poder familiar previstas Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-
nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de se-ão também os requisitos específicos.
2002 (Código Civil), ou no art. 24 desta Lei. (2017)
§ 2o (Revogado). Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido
§ 3o Se o pedido importar em modificação de guarda, destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem
será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da aderido expressamente ao pedido de colocação em família
criança ou adolescente, respeitado seu estágio de substituta, este poderá ser formulado diretamente em
desenvolvimento e grau de compreensão sobre as cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes,
implicações da medida. dispensada a assistência de advogado.
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles § 1o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (2017)
forem identificados e estiverem em local conhecido, I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes,
ressalvados os casos de não comparecimento perante a devidamente assistidas por advogado ou por defensor
Justiça quando devidamente citados. (2017) público, para verificar sua concordância com a adoção, no
§ 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, prazo máximo de 10 (dez) dias, contado da data do protocolo
a autoridade judicial requisitará sua apresentação para a da petição ou da entrega da criança em juízo, tomando por
oitiva. termo as declarações; e (2017)
II - declarará a extinção do poder familiar. (2017)
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária § 2o O consentimento dos titulares do poder familiar
dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, será precedido de orientações e esclarecimentos prestados
salvo quando este for o requerente, designando, desde logo, pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da
audiência de instrução e julgamento. Juventude, em especial, no caso de adoção, sobre a
§ 1º (Revogado). irrevogabilidade da medida.
§ 2o Na audiência, presentes as partes e o Ministério § 3o São garantidos a livre manifestação de vontade
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se dos detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das
oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por informações. (2017)
escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o § 4o O consentimento prestado por escrito não terá
requerido e o Ministério Público, pelo tempo de 20 (vinte) validade se não for ratificado na audiência a que se refere o §
minutos cada um, prorrogável por mais 10 (dez) 1o deste artigo. (2017)
minutos. (2017) § 5o O consentimento é retratável até a data da
§ 3o A decisão será proferida na audiência, podendo realização da audiência especificada no § 1o deste artigo, e
a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para os pais podem exercer o arrependimento no prazo de 10
sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (2017) (dez) dias, contado da data de prolação da sentença de
§ 4o Quando o procedimento de destituição de poder extinção do poder familiar. (2017)
familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá § 6o O consentimento somente terá valor se for dado
necessidade de nomeação de curador especial em favor da após o nascimento da criança.
criança ou adolescente. (2017) § 7o A família natural e a família substituta receberão a
devida orientação por intermédio de equipe técnica

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interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da autoridade policial, sob termo de compromisso e


Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsabilidade de sua apresentação ao representante
responsáveis pela execução da política municipal de garantia do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível,
do direito à convivência familiar. (2017) no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade
do ato infracional e sua repercussão social, deva o
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a adolescente permanecer sob internação para garantia de
requerimento das partes ou do Ministério Público, sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.
determinará a realização de estudo social ou, se possível,
perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade
concessão de guarda provisória, bem como, no caso de policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao
adoção, sobre o estágio de convivência. representante do Ministério Público, juntamente com cópia
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a
adolescente será entregue ao interessado, mediante termo autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade de
de responsabilidade. atendimento, que fará a apresentação ao representante do
Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo § 2º Nas localidades onde não houver entidade de
pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial.
adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, À falta de repartição policial especializada, o adolescente
pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em aguardará a apresentação em dependência separada da
igual prazo. destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese,
exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a
perda ou a suspensão do poder familiar constituir Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade
pressuposto lógico da medida principal de colocação em policial encaminhará imediatamente ao representante do
família substituta, será observado o procedimento Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de
contraditório previsto nas Seções II e III deste ocorrência.
Capítulo.
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver
poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, indícios de participação de adolescente na prática de ato
observado o disposto no art. 35. infracional, a autoridade policial encaminhará ao
representante do Ministério Público relatório das
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á investigações e demais documentos.
o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art.
47. Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de
Parágrafo único. A colocação de criança ou ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado
adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de em compartimento fechado de veículo policial, em
acolhimento familiar será comunicada pela autoridade condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem
judiciária à entidade por este responsável no prazo máximo risco à sua integridade física ou mental, sob pena de
de 5 (cinco) dias. responsabilidade.

Seção V Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do


Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial,
judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação
judiciária. sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e
informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato pais ou responsável, vítima e testemunhas.
infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o
policial competente. representante do Ministério Público notificará os pais ou
Parágrafo único. Havendo repartição policial responsável para apresentação do adolescente, podendo
especializada para atendimento de adolescente e em se requisitar o concurso das polícias civil e militar.
tratando de ato infracional praticado em co-autoria com
maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializada, Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo
que, após as providências necessárias e conforme o caso, anterior, o representante do Ministério Público poderá:
encaminhará o adulto à repartição policial própria. I - promover o arquivamento dos autos;
II - conceder a remissão;
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional III - representar à autoridade judiciária para aplicação de
cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a medida sócio-educativa.
autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106,
parágrafo único, e 107, deverá: Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e concedida a remissão pelo representante do Ministério
o adolescente; Público, mediante termo fundamentado, que conterá o
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade
III - requisitar os exames ou perícias necessários à judiciária para homologação.
comprovação da materialidade e autoria da infração. § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o
lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de cumprimento da medida.
ocorrência circunstanciada. § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa
dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou despacho fundamentado, e este oferecerá representação,
responsável, o adolescente será prontamente liberado pela designará outro membro do Ministério Público para

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181
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apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a
só então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar. critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá
decisão.
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do
Ministério Público não promover o arquivamento ou conceder Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não
a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação,
propondo a instauração de procedimento para aplicação da a autoridade judiciária designará nova data, determinando
medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada. sua condução coercitiva.
§ 1º A representação será oferecida por petição, que
conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou
infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer
podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada fase do procedimento, antes da sentença.
pela autoridade judiciária.
§ 2º A representação independe de prova pré- Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará
constituída da autoria e materialidade. qualquer medida, desde que reconheça na sentença:
I - estar provada a inexistência do fato;
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a II - não haver prova da existência do fato;
conclusão do procedimento, estando o adolescente internado III - não constituir o fato ato infracional;
provisoriamente, será de 45 (quarenta e cinco) dias. IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido
para o ato infracional.
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o
judiciária designará audiência de apresentação do adolescente internado, será imediatamente colocado em
adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou liberdade.
manutenção da internação, observado o disposto no art. 108
e parágrafo. Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão internação ou regime de semi-liberdade será feita:
cientificados do teor da representação, e notificados a I - ao adolescente e ao seu defensor;
comparecer à audiência, acompanhados de advogado. II - quando não for encontrado o adolescente, a seus
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a pais ou responsável, sem prejuízo do defensor.
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente. § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade unicamente na pessoa do defensor.
judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente,
determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da
apresentação. sentença.
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a
sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou Seção V-A
responsável. (2017)
Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela de Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança e de
autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em Adolescente”
estabelecimento prisional. Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as internet com o fim de investigar os crimes previstos nos arts.
características definidas no art. 123, o adolescente deverá 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts.
ser imediatamente transferido para a localidade mais 154-A,217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de
próxima. 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o seguintes regras: (2017)
adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, I – será precedida de autorização judicial devidamente
desde que em seção isolada dos adultos e com instalações circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites
apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério
cinco dias, sob pena de responsabilidade. Público; (2017)
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou Público ou representação de delegado de polícia e conterá a
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos
mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado. policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e,
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que
remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, permitam a identificação dessas pessoas; (2017)
proferindo decisão. III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias,
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não
medida de internação ou colocação em regime de semi- exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada
liberdade, a autoridade judiciária, verificando que o sua efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial.
adolescente não possui advogado constituído, nomeará (2017)
defensor, designando, desde logo, audiência em § 1º A autoridade judicial e o Ministério Público
continuação, podendo determinar a realização de diligências poderão requisitar relatórios parciais da operação de
e estudo do caso. infiltração antes do término do prazo de que trata o inciso II
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no do § 1º deste artigo. (2017)
prazo de três dias contado da audiência de apresentação, § 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste
oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. artigo, consideram-se: (2017)
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as I – dados de conexão: informações referentes a hora,
testemunhas arroladas na representação e na defesa prévia, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (2017)
interprofissional, será dada a palavra ao representante do II – dados cadastrais: informações referentes a nome
Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo e endereço de assinante ou de usuário registrado ou

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autenticado para a conexão a quem endereço de IP, autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa
identificação de usuário ou código de acesso tenha sido imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para a
atribuído no momento da conexão. substituição.
§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a
será admitida se a prova puder ser obtida por outros autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das
meios. (2017) irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o
processo será extinto, sem julgamento de mérito.
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração § 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente
serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela da entidade ou programa de atendimento.
autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (2017)
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o Seção VII
acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de
Público e ao delegado de polícia responsável pela operação, Proteção à Criança e ao Adolescente
com o objetivo de garantir o sigilo das investigações. (2017) Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade
administrativa por infração às normas de proteção à criança e
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a ao adolescente terá início por representação do Ministério
sua identidade para, por meio da internet, colher indícios de Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração
autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. elaborado por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e
240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. assinado por duas testemunhas, se possível.
154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). (2017) poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar natureza e as circunstâncias da infração.
de observar a estrita finalidade da investigação responderá § 2º Sempre que possível, à verificação da infração
pelos excessos praticados. (2017) seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso
contrário, dos motivos do retardamento.
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público
poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para
procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as apresentação de defesa, contado da data da intimação, que
informações necessárias à efetividade da identidade fictícia será feita:
criada. (2017) I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata lavrado na presença do requerido;
esta Seção será numerado e tombado em livro II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente
específico. (2017) habilitado, que entregará cópia do auto ou da representação
ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão;
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for
eletrônicos praticados durante a operação deverão ser encontrado o requerido ou seu representante legal;
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou
e ao Ministério Público, juntamente com relatório não sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante
circunstanciado. (2017) legal.
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados
citados no caput deste artigo serão reunidos em autos Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo
apartados e apensados ao processo criminal juntamente com legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do
o inquérito policial, assegurando-se a preservação da Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
identidade do agente policial infiltrado e a intimidade das
crianças e dos adolescentes envolvidos. (2017) Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo
Seção VI necessário, designará audiência de instrução e
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de julgamento.
Atendimento Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
Art. 191. O procedimento de apuração de sucessivamente o Ministério Público e o procurador do
irregularidades em entidade governamental e não- requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
governamental terá início mediante portaria da autoridade prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária,
judiciária ou representação do Ministério Público ou do que em seguida proferirá sentença.
Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo
dos fatos. Seção VIII
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no
liminarmente o afastamento provisório do dirigente da Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste:
entidade, mediante decisão fundamentada. I - qualificação completa;
II - dados familiares;
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar casamento, ou declaração relativa ao período de união
documentos e indicar as provas a produzir. estável;
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo Cadastro de Pessoas Físicas;
necessário, a autoridade judiciária designará audiência de V - comprovante de renda e domicílio;
instrução e julgamento, intimando as partes. VI - atestados de sanidade física e mental;
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o VII - certidão de antecedentes criminais;
Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações VIII - certidão negativa de distribuição cível.
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou
definitivo de dirigente de entidade governamental, a

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Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 § 3o Quando o adotante candidatar-se a uma nova
(quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério adoção, será dispensável a renovação da habilitação,
Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: bastando a avaliação por equipe interprofissional. (2017)
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela § 4o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo
equipe interprofissional encarregada de elaborar o estudo habilitado, à adoção de crianças ou adolescentes indicados
técnico a que se refere o art. 197-C desta Lei; dentro do perfil escolhido, haverá reavaliação da habilitação
II - requerer a designação de audiência para oitiva concedida. (2017)
dos postulantes em juízo e testemunhas; § 5o A desistência do pretendente em relação à
III - requerer a juntada de documentos guarda para fins de adoção ou a devolução da criança ou do
complementares e a realização de outras diligências que adolescente depois do trânsito em julgado da sentença de
entender necessárias. adoção importará na sua exclusão dos cadastros de adoção.
(2017)
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente,
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da
Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que habilitação à adoção será de 120 (cento e vinte) dias,
conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o prorrogável por igual período, mediante decisão
preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade fundamentada da autoridade judiciária. (2017)
ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios
desta Lei. Capítulo IV
§ 1o É obrigatória a participação dos postulantes em Dos Recursos
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela Infância e da Juventude, inclusive os relativos à execução
execução da política municipal de garantia do direito à das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal
convivência familiar e dos grupos de apoio à adoção da Lei no5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de
devidamente habilitados perante a Justiça da Infância e da Processo Civil), com as seguintes adaptações:
Juventude, que inclua preparação psicológica, orientação e I - os recursos serão interpostos independentemente de
estímulo à adoção inter-racial, de crianças ou de preparo;
adolescentes com deficiência, com doenças crônicas ou com II - em todos os recursos, salvo nos embargos de
necessidades específicas de saúde, e de grupos de declaração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa
irmãos. (2017) será sempre de 10 (dez) dias;
§ 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa III - os recursos terão preferência de julgamento e
obrigatória da preparação referida no § 1o deste artigo incluirá dispensarão revisor;
o contato com crianças e adolescentes em regime de IV - (REVOGADO)
acolhimento familiar ou institucional, a ser realizado sob V - (REVOGADO)
orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da VI - (REVOGADO)
Justiça da Infância e da Juventude e dos grupos de apoio à VII - antes de determinar a remessa dos autos à
adoção, com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa superior instância, no caso de apelação, ou do instrumento,
de acolhimento familiar e institucional e pela execução da no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho
política municipal de garantia do direito à convivência familiar. fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo
(2017)
de cinco dias;
§ 3o É recomendável que as crianças e os VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o
adolescentes acolhidos institucionalmente ou por família escrivão remeterá os autos ou o instrumento à superior
acolhedora sejam preparados por equipe interprofissional instância dentro de vinte e quatro horas, independentemente
antes da inclusão em família adotiva. (2017) de novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos
autos dependerá de pedido expresso da parte interessada ou
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da do Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da
participação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a intimação.
autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no
Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, art. 149 caberá recurso de apelação.
designando, conforme o caso, audiência de instrução e
julgamento. Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será
diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se
judiciária determinará a juntada do estudo psicossocial, tratar de adoção internacional ou se houver perigo de dano
abrindo a seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5 irreparável ou de difícil reparação ao adotando.
(cinco) dias, decidindo em igual prazo.
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será qualquer dos genitores do poder familiar fica sujeita a
inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a apelação, que deverá ser recebida apenas no efeito
sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem devolutivo.
cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de
crianças ou adolescentes adotáveis. Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de
§ 1o A ordem cronológica das habilitações somente adoção e de destituição de poder familiar, em face da
poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas relevância das questões, serão processados com prioridade
hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando absoluta, devendo ser imediatamente distribuídos, ficando
comprovado ser essa a melhor solução no interesse do vedado que aguardem, em qualquer situação, oportuna
adotando. distribuição, e serão colocados em mesa para julgamento
§ 2o A habilitação à adoção deverá ser renovada no sem revisão e com parecer urgente do Ministério
mínimo trienalmente mediante avaliação por equipe Público.
interprofissional. (2017)

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Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em assistência social, públicos ou privados, para o desempenho
mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) de suas atribuições.
dias, contado da sua conclusão. § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
da data do julgamento e poderá na sessão, se entender mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e
necessário, apresentar oralmente seu parecer. esta Lei.
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério
instauração de procedimento para apuração de Público.
responsabilidades se constatar o descumprimento das § 3º O representante do Ministério Público, no exercício
providências e do prazo previstos nos artigos de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se
anteriores. encontre criança ou adolescente.
§ 4º O representante do Ministério Público será
Capítulo V responsável pelo uso indevido das informações e
Do Ministério Público documentos que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso
nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério
lei orgânica. Público:
a) reduzir a termo as declarações do reclamante,
Art. 201. Compete ao Ministério Público: instaurando o competente procedimento, sob sua
I - conceder a remissão como forma de exclusão do presidência;
processo; b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou
às infrações atribuídas a adolescentes; acertados;
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os c) efetuar recomendações visando à melhoria dos
procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar, serviços públicos e de relevância pública afetos à criança e
nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem ao adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita
como oficiar em todos os demais procedimentos da adequação.
competência da Justiça da Infância e da Juventude;
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não
interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na
e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei,
administradores de bens de crianças e adolescentes nas hipótese em que terá vista dos autos depois das partes,
hipóteses do art. 98; podendo juntar documentos e requerer diligências, usando os
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para recursos cabíveis.
a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos
relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer
art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal; caso, será feita pessoalmente.
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para
instruí-los: Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público
a) expedir notificações para colher depoimentos ou acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo
esclarecimentos e, em caso de não comparecimento juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela
polícia civil ou militar; Art. 205. As manifestações processuais do
b) requisitar informações, exames, perícias e representante do Ministério Público deverão ser
documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, fundamentadas.
da administração direta ou indireta, bem como promover
inspeções e diligências investigatórias; Capítulo VI
c) requisitar informações e documentos a particulares e Do Advogado
instituições privadas; Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse
investigatórias e determinar a instauração de inquérito na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que
policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado
proteção à infância e à juventude; para todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial,
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias respeitado o segredo de justiça.
legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária
as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e
habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a
defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis prática de ato infracional, ainda que ausente ou foragido,
afetos à criança e ao adolescente; será processado sem defensor.
X - representar ao juízo visando à aplicação de § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á
penalidade por infrações cometidas contra as normas de nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo,
proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção constituir outro de sua preferência.
da responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; § 2º A ausência do defensor não determinará o
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de adiamento de nenhum ato do processo, devendo o juiz
atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando nomear substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só
de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias efeito do ato.
à remoção de irregularidades porventura verificadas; § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido
dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de indicado por ocasião de ato formal com a presença da
autoridade judiciária.

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Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar


Capítulo VII dos interessados compromisso de ajustamento de sua
Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de título
e Coletivos executivo extrajudicial.
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as
ações de responsabilidade por ofensa aos direitos Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses
assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies
oferecimento ou oferta irregular: de ações pertinentes.
I - do ensino obrigatório; § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as
II - de atendimento educacional especializado aos normas do Código de Processo Civil.
portadores de deficiência; § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
de zero a cinco anos de idade; (2016) atribuições do poder público, que lesem direito líquido e certo
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se regerá
do educando; pelas normas da lei do mandado de segurança.
V - de programas suplementares de oferta de material
didático-escolar, transporte e assistência à saúde Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento
do educando do ensino fundamental; de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela
VI - de serviço de assistência social visando à proteção específica da obrigação ou determinará providências que
à família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem assegurem o resultado prático equivalente ao do
como ao amparo às crianças e adolescentes que dele adimplemento.
necessitem; § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é
VIII - de escolarização e profissionalização dos lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após
adolescentes privados de liberdade. justificação prévia, citando o réu.
IX - de ações, serviços e programas de orientação, § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou
apoio e promoção social de famílias e destinados ao pleno na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente
exercício do direito à convivência familiar por crianças e de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a
adolescentes. obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do
X - de programas de atendimento para a execução preceito.
das medidas socioeducativas e aplicação de medidas de § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em
proteção. julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida
XI - de políticas e programas integrados de desde o dia em que se houver configurado o
atendimento à criança e ao adolescente vítima ou descumprimento.
testemunha de violência. (2017)
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do
coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos Adolescente do respectivo município.
pela Constituição e pela Lei. § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o
§ 2o A investigação do desaparecimento de crianças ou trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de
adolescentes será realizada imediatamente após notificação execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos
aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro
transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em
todos os dados necessários à identificação do conta com correção monetária.
desaparecido.
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão recursos, para evitar dano irreparável à parte.
propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a
ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser
processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa
Federal e a competência originária dos tribunais superiores. de peças à autoridade competente, para apuração da
responsabilidade civil e administrativa do agente a que se
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses atribua a ação ou omissão.
coletivos ou difusos, consideram-se legitimados
concorrentemente: Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em
I - o Ministério Público; julgado da sentença condenatória sem que a associação
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério
e os territórios; Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
III - as associações legalmente constituídas há pelo
menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar
defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, ao réu os honorários advocatícios arbitrados na conformidade
dispensada a autorização da assembleia, se houver prévia do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973
autorização estatutária. (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os pretensão é manifestamente infundada.
Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a
interesses e direitos de que cuida esta Lei. associação autora e os diretores responsáveis pela
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por propositura da ação serão solidariamente condenados ao
associação legitimada, o Ministério Público ou outro décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por
legitimado poderá assumir a titularidade ativa. perdas e danos.

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Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou
haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários da função, nesse caso, independerá da pena aplicada na
periciais e quaisquer outras despesas. reincidência. (2019)

Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público


deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando- Seção II
lhe informações sobre fatos que constituam objeto de ação Dos Crimes em Espécie
civil, e indicando-lhe os elementos de convicção. Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e
tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à
a propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica,
Público para as providências cabíveis. declaração de nascimento, onde constem as
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado Pena - detenção de seis meses a dois anos.
poderá requerer às autoridades competentes as certidões e Parágrafo único. Se o crime é culposo:
informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
prazo de quinze dias.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, identificar corretamente o neonato e a parturiente, por
organismo público ou particular, certidões, informações, ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames
exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não referidos no art. 10 desta Lei:
poderá ser inferior a dez dias úteis. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas Parágrafo único. Se o crime é culposo:
as diligências, se convencer da inexistência de fundamento Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
para a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento
dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua
fazendo-o fundamentadamente. liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da
informação arquivados serão remetidos, sob pena de se autoridade judiciária competente:
incorrer em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Superior do Ministério Público. Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção procede à apreensão sem observância das formalidades
de arquivamento, em sessão do Conselho Superior do legais.
Ministério público, poderão as associações legitimadas
apresentar razões escritas ou documentos, que serão Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata
informação. comunicação à autoridade judiciária competente e à família
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Público, conforme dispuser o seu regimento.
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua
promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. constrangimento:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber,
as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. Art. 233. (Revogado)
Título VII Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou
Capítulo I adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da
Dos Crimes apreensão:
Seção I Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Disposições Gerais
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:
sem prejuízo do disposto na legislação penal. Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do
ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal. Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação
pública incondicionada. Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem
Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes previstos
nesta Lei, praticados por servidores públicos com abuso de Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou
autoridade, são condicionados à ocorrência de reincidência. pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
(2019) Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.

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187
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Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem § 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento
oferece ou efetiva a paga ou recompensa. tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes
a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita
destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior por:
com inobservância das formalidades legais ou com o fito de I – agente público no exercício de suas
obter lucro: funções;
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. II – membro de entidade, legalmente constituída, que
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o
ameaça ou fraude: processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da referidos neste parágrafo;
pena correspondente à violência. III – representante legal e funcionários responsáveis
de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar de computadores, até o recebimento do material relativo à
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao
pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: Poder Judiciário.
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e § 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo
multa. deverão manter sob sigilo o material ilícito referido.
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia,
facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia Art. 241-C. Simular a participação de criança ou
a participação de criança ou adolescente nas cenas adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por
referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia,
contracena. vídeo ou qualquer outra forma de representação
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o visual:
agente comete o crime: Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
I – no exercício de cargo ou função pública ou a Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem
pretexto de exercê-la; vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o
coabitação ou de hospitalidade; ou material produzido na forma do caput deste artigo.
III – prevalecendo-se de relações de parentesco
consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger,
de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de
quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, com ela praticar ato libidinoso:
ou com seu consentimento. Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
multa.
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre
ou outro registro que contenha cena de sexo explícito quem:
ou pornográfica envolvendo criança ou I – facilita ou induz o acesso à criança de material
adolescente: contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e de com ela praticar ato libidinoso;
multa. II – pratica as condutas descritas no caput deste
artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, pornográfica ou sexualmente explícita.
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por
meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta
vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
ou pornográfica envolvendo criança ou compreende qualquer situação que envolva criança ou
adolescente: adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança
multa. ou adolescente para fins primordialmente sexuais
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I – assegura os meios ou serviços para o Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma,
trata o caput deste artigo; munição ou explosivo:
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata
o caput deste artigo. Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou
§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a
1o deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa
prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de causa, outros produtos cujos componentes possam causar
desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata dependência física ou psíquica:
o caput deste artigo. Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por
qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos
envolvendo criança ou adolescente: de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer
multa. dano físico em caso de utilização indevida:
§ 1o A pena é diminuída de 1/3 a 2/3 (um a dois Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
terços) se de pequena quantidade o material a que se refere
o caput deste artigo.

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Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais da publicação ou a suspensão da programação da emissora
definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à até por dois dias, bem como da publicação do periódico até
exploração sexual: por dois números.
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da Expressão declarada inconstitucional pela ADIN 869.
perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em
favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da Art. 248. (Revogado)
unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi
cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os
(2017) deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária
gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a ou Conselho Tutelar:
submissão de criança ou adolescente às práticas referidas Pena - multa de três a vinte salários de referência,
no caput deste artigo. aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a
cassação da licença de localização e de funcionamento do Art. 250. Hospedar criança ou adolescente
estabelecimento. desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem
autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de hotel, pensão, motel ou congênere:
menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração Pena – multa.
penal ou induzindo-o a praticá-la: § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. de multa, a autoridade judiciária poderá determinar o
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze)
quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de dias.
quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da § 2º Se comprovada a reincidência em período
internet. inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são definitivamente fechado e terá sua licença cassada.
aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou
induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por
de julho de 1990. qualquer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83,
STJ: Súmula 500 - A configuração do crime previsto no artigo 244-B 84 e 85 desta Lei:
(corrupção de menores) do Estatuto da Criança e do Adolescente Pena - multa de três a vinte salários de referência,
independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
formal.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ART. 244-B. Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou
CORRUPÇÃO DE MENORES. PARTICIPAÇÃO DE DOIS espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil
ADOLESCENTES NA EMPREITADA CRIMINOSA. PRÁTICA DE DOIS acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada
DELITOS DE CORRUPÇÃO DE MENORES. CONCURSO FORMAL. sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa
A prática de crimes em concurso com dois adolescentes dá ensejo à
condenação por dois crimes de corrupção de menores.
etária especificada no certificado de classificação:
REsp 1.680.114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 10/10/2017 Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Capítulo II
Das Infrações Administrativas Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por representações ou espetáculos, sem indicar os limites de
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino idade a que não se recomendem:
fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à Pena - multa de três a vinte salários de referência,
autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, duplicada em caso de reincidência, aplicável,
envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de
criança ou adolescente: divulgação ou publicidade.
Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão,
espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de sua classificação:
entidade de atendimento o exercício dos direitos constantes Expressão declarada inconstitucional pela ADI 2.404.
nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: Pena - multa de vinte a cem salários de referência;
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. poderá determinar a suspensão da programação da emissora
por até dois dias.
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem
autorização devida, por qualquer meio de comunicação, Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou
nome, ato ou documento de procedimento policial, congênere classificado pelo órgão competente como
administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao
que se atribua ato infracional: espetáculo:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até
parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido quinze dias.
em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga
respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita
forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente. de programação em vídeo, em desacordo com a
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou classificação atribuída pelo órgão competente:
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá

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189
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determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze § 1º - (REVOGADO)


dias. § 1o-A. Na definição das prioridades a serem
atendidas com os recursos captados pelos fundos nacional,
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e estaduais e municipais dos direitos da criança e do
79 desta Lei: adolescente, serão consideradas as disposições do Plano
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de
duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e
de apreensão da revista ou publicação. Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira
Infância. (2016)
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou § 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais
o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o dos direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de
acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações
sobre sua participação no espetáculo: subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá guarda, de crianças e adolescentes e para programas de
determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze atenção integral à primeira infância em áreas de maior
dias. carência socioeconômica e em situações de
calamidade. (2016)
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério
providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros
da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a
previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei:
comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 deste artigo.
(três mil reais). § 4º O Ministério Público determinará em cada
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a comarca a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo
autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de crianças Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos
e de adolescentes em condições de serem adotadas, de incentivos fiscais referidos neste artigo.
pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e
§ 5o Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei
adolescentes em regime de acolhimento institucional ou
no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que
familiar.
trata o inciso I do caput:
I - será considerada isoladamente, não se
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
submetendo a limite em conjunto com outras deduções do
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar
imposto; e
imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de
II - não poderá ser computada como despesa
que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em
operacional na apuração do lucro real.
entregar seu filho para adoção:
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
(três mil reais). Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário calendário de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação
de programa oficial ou comunitário destinado à garantia do de que trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente em
direito à convivência familiar que deixa de efetuar a sua Declaração de Ajuste Anual.
comunicação referida no caput deste artigo. § 1o A doação de que trata o caput poderá ser
deduzida até os seguintes percentais aplicados sobre o
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no imposto apurado na declaração:
inciso II do art. 81: I - (VETADO);
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ II - (VETADO);
10.000,00 (dez mil reais); III - 3% (três por cento) a partir do exercício de
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento 2012.
comercial até o recolhimento da multa aplicada. § 2o A dedução de que trata o caput:
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do
imposto sobre a renda apurado na declaração de que trata o
Disposições Finais e Transitórias
inciso II do caput do art. 260;
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da
II - não se aplica à pessoa física que:
publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo
a) utilizar o desconto simplificado;
sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da
b) apresentar declaração em formulário; ou
política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que
c) entregar a declaração fora do prazo;
estabelece o Título V do Livro II.
III - só se aplica às doações em espécie; e
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou
promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às
deduções em vigor.
diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei.
§ 3o O pagamento da doação deve ser efetuado até a
data de vencimento da primeira quota ou quota única do
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações imposto, observadas instruções específicas da Secretaria da
aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente Receita Federal do Brasil.
nacional, distrital, estaduais ou municipais, devidamente § 4o O não pagamento da doação no prazo
comprovadas, sendo essas integralmente deduzidas do estabelecido no § 3o implica a glosa definitiva desta parcela
imposto de renda, obedecidos os seguintes limites: de dedução, ficando a pessoa física obrigada ao
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda recolhimento da diferença de imposto devido apurado na
devido apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos legais
no lucro real; e previstos na legislação.
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda § 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto
apurado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste apurado na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no
Anual, observado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 respectivo ano-calendário, aos fundos controlados pelos
de dezembro de 1997. Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente

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municipais, distrital, estaduais e nacional concomitantemente Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela
com a opção de que trata o caput, respeitado o limite administração das contas dos Fundos dos Direitos da
previsto no inciso II do art. 260. Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e
municipais devem:
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. I - manter conta bancária específica destinada
260 poderá ser deduzida: exclusivamente a gerir os recursos do Fundo;
II - manter controle das doações recebidas;
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas
e
jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e
III - informar anualmente à Secretaria da Receita
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual,
Federal do Brasil as doações recebidas mês a mês,
para as pessoas jurídicas que apuram o imposto
identificando os seguintes dados por doador:
anualmente.
a) nome, CNPJ ou CPF;
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada
b) valor doado, especificando se a doação foi em
dentro do período a que se refere a apuração do
espécie ou em bens.
imposto.
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta
obrigações previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita
Lei podem ser efetuadas em espécie ou em bens.
Federal do Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie
Público.
devem ser depositadas em conta específica, em instituição
financeira pública, vinculadas aos respectivos fundos de que
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do
trata o art. 260.
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais
divulgarão amplamente à comunidade:
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela
I - o calendário de suas reuniões;
administração das contas dos Fundos dos Direitos da
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e
de atendimento à criança e ao adolescente;
municipais devem emitir recibo em favor do doador, assinado
III - os requisitos para a apresentação de projetos a
por pessoa competente e pelo presidente do Conselho
serem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da
correspondente, especificando:
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou
I - número de ordem;
municipais;
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-
(CNPJ) e endereço do emitente;
calendário e o valor dos recursos previstos para
III - nome,CPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF)
implementação das ações, por projeto;
do doador;
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva
IV - data da doação e valor efetivamente recebido;
destinação, por projeto atendido, inclusive com
e
cadastramento na base de dados do Sistema de Informações
V - ano-calendário a que se refere a
sobre a Infância e a Adolescência; e
doação.
VI - a avaliação dos resultados dos projetos
§ 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da
pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e
valores doados mês a mês.
municipais.
§ 2o No caso de doação em bens, o comprovante
deve conter a identificação dos bens, mediante descrição em
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada
campo próprio ou em relação anexa ao comprovante,
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos
informando também se houve avaliação, o nome, CPF ou
fiscais referidos no art. 260 desta Lei.
CNPJ e endereço dos avaliadores.
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos
arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por
Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o
ação judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá
doador deverá:
atuar de ofício, a requerimento ou representação de qualquer
I - comprovar a propriedade dos bens, mediante
cidadão.
documentação hábil;
II - baixar os bens doados na declaração de bens e
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da
direitos, quando se tratar de pessoa física, e na escrituração,
Presidência da República (SDH/PR) encaminhará à
no caso de pessoa jurídica; e
Secretaria da Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de
III - considerar como valor dos bens
cada ano, arquivo eletrônico contendo a relação atualizada
doados:
dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última
nacional, distrital, estaduais e municipais, com a indicação
declaração do imposto de renda, desde que não exceda o
dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das contas
valor de mercado;
bancárias específicas mantidas em instituições financeiras
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos
públicas, destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos
bens.
Fundos.
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão
não será considerado na determinação do valor dos bens
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil
doados, exceto se o leilão for determinado por autoridade
expedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto
judiciária.
nos arts. 260 a 260-K.
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts.
260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos
prazo de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da da criança e do adolescente, os registros, inscrições e
dedução perante a Receita Federal do Brasil. alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91
desta Lei serão efetuados perante a autoridade judiciária da
comarca a que pertencer a entidade.

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191
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Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos O homicídio qualificado-privilegiado não figura no rol dos crimes
estados e municípios, e os estados aos municípios, os hediondos.
STJ. HC 41579-SP. Rel. Min. Laurita Vaz. 5a Turma. j. 19.04.2005, DJ 16.05.2005
recursos referentes aos programas e atividades previstos -------------------------------------------------------------------------------------------------
nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos direitos Atividade típica de grupo de extermínio é a chacina que elimina a vítima
da criança e do adolescente nos seus respectivos níveis. pelo simples fato de pertencer a determinado grupo ou determinada classe
social ou racial, como, por exemplo, mendigos, prostitutas, homossexuais,
presidiários, etc.
Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Bittencourt, Cézar Roberto. Tratado de direito penal. 2011
Tutelares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima
pela autoridade judiciária. (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129,
§ 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente
Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
alterações: Segurança Pública, no exercício da função ou em
1) Art. 121 ............................................................ decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de condição;
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar II - roubo: (2019)
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as a) circunstanciado pela restrição de liberdade da
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em vítima (art. 157, § 2º, inciso V); (2019)
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art.
um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de
catorze anos. uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (2019)
2) Art. 129 ............................................................... c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das morte (art. 157, § 3º); (2019)
hipóteses do art. 121, § 4º. III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, §
3) Art. 136................................................................. 3º); (2019)
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado IV - extorsão mediante sequestro e na forma
contra pessoa menor de catorze anos. qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);
4) Art. 213 .................................................................. V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos: VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§1, 2,
Pena - reclusão de quatro a dez anos. 3 e 4)
5) Art. 214................................................................... VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos: VII-A – (Vetado)
Pena - reclusão de três a nove anos.» VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou
alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou
Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a
de 1973, fica acrescido do seguinte item: redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).
"Art. 102 .................................................................... VIII - favorecimento da prostituição ou de outra
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. " forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou
de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou
União, da administração direta ou indireta, inclusive de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-
fundações instituídas e mantidas pelo poder público federal A). (2019)
promoverão edição popular do texto integral deste Estatuto, Parágrafo único. Consideram-se também hediondos,
que será posto à disposição das escolas e das entidades de tentados ou consumados: (2019)
atendimento e de defesa dos direitos da criança e do I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º
adolescente. da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956; (2019)
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de
Art. 265-A. O poder público fará periodicamente fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826,
ampla divulgação dos direitos da criança e do adolescente de 22 de dezembro de 2003; (2019)
nos meios de comunicação social. (2016) III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo,
Parágrafo único. A divulgação a que se refere previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
o caput será veiculada em linguagem clara, compreensível e 2003; (2019)
adequada a crianças e adolescentes, especialmente às IV - o crime de tráfico internacional de arma de
crianças com idade inferior a 6 (seis) anos. (2016) fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003; (2019)
V - o crime de organização criminosa, quando
direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado. (2019)
Lei nº 8.072 / 1990
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o
Crimes Hediondos tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo
são insuscetíveis de:
Art. 1o São considerados HEDIONDOS os seguintes I - anistia, graça e indulto; (Formas de extinção da
punibilidade)
crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de II – fiança.
dezembro de 1940 - Código Penal, CONSUMADOS ou § 1o A pena por crime previsto neste artigo será
TENTADOS: cumprida inicialmente em regime fechado.
I – homicídio (art. 121), quando praticado em
O Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou sua jurisprudência dominante
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido no sentido da inconstitucionalidade da fixação de regime inicial fechado
por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, para cumprimento de pena com base exclusivamente no artigo 2º,
incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII); (2019) parágrafo 1º, da Lei 8.072/1990 (Lei de Crimes Hediondos).
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STF: Súmula vinculante 26 - Para efeito de progressão de regime no Art. 61. Constituem crimes contra as relações de
cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da consumo previstas neste código, sem prejuízo do disposto no
execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de
25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos
não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, artigos seguintes.
para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
§ 2º (Revogado) Art. 62. (Vetado).
§ 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a
decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em nocividade ou periculosidade de produtos, nas
liberdade. embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade:
§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei Crime omissivo próprio. Não admite a tentativa.
o
n 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por § 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de
igual período em caso de extrema e comprovada alertar, mediante recomendações escritas ostensivas, sobre
a periculosidade do serviço a ser prestado.
necessidade.
§ 2° Se o crime é culposo:
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais,
de segurança máxima, destinados ao cumprimento de Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente
penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja e aos consumidores a nocividade ou periculosidade de
permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação
ou incolumidade pública. no mercado:
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
Art. 4º (Vetado) Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem
deixar de retirar do mercado, imediatamente quando
Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o determinado pela autoridade competente, os produtos
seguinte inciso:*** nocivos ou perigosos, na forma deste artigo.

Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e Art. 65. Executar serviço de alto grau de
3º; 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e periculosidade, contrariando determinação de autoridade
270; caput, todos do Código Penal, passam a vigorar com a competente:
seguinte redação: *** Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
§ 1º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o das correspondentes à lesão corporal e à morte. (2017)
seguinte parágrafo: *** § 2º A prática do disposto no inciso XIV do art. 39 desta
Lei também caracteriza o crime previsto no caput deste
Art. 8º Será de 3 a 6 (três a seis) anos de reclusão a artigo. (2017)
pena prevista no art. 288 (Crime de Associação Criminosa)
do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas informação relevante sobre a natureza, característica,
afins ou terrorismo. qualidade, quantidade, segurança, desempenho,
Parágrafo único. O participante e o associado que durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços:
denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando Pena - Detenção de três meses a um ano e multa.
seu desmantelamento, terá a pena reduzida de 1/3 a 2/3 (um § 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a
a dois terços). oferta.
- Delação Premiada § 2º Se o crime é culposo;
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes
capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou
seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. deveria saber ser enganosa ou abusiva:
223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, Parágrafo único. (Vetado).
são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de
trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou
hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal. deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou
Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de segurança:
1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa:
seguinte redação: *** Parágrafo único. (Vetado).

Art. 11. (Vetado). Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e
científicos que dão base à publicidade:
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
Lei nº 8.078 / 1990 Trata-se de crime próprio, sendo o fornecedor o sujeito ativo
responsável por manter os dados fáticos, técnicos e científicos, de acordo
Código de Defesa do Consumidor com o art. 36, parágrafo único, dessa Lei.

Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou


TÍTULO II componentes de reposição usados, sem autorização do
Das Infrações Penais consumidor:
Pena Detenção de três meses a um ano e multa.

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Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos
coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas neste código, bem como a outros crimes e contravenções
incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como
que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no
interfira com seu trabalho, descanso ou lazer: art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor
Pena Detenção de três meses a um ano e multa. ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no
prazo legal.
Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor
às informações que sobre ele constem em cadastros, banco
de dados, fichas e registros:
Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa.
Lei nº 8.112 / 1990
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação Regime Jurídico dos Servidores
sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados,
fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata: Públicos Civis da União, das
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. Autarquias e das Fundações
Públicas Federais
Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de
garantia adequadamente preenchido e com especificação
clara de seu conteúdo; Título I
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. Capítulo Único
Das Disposições Preliminares
Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos
crimes referidos neste código, incide as penas a esses Servidores Públicos Civis da União, das autarquias,
cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o inclusive as em regime especial, e das fundações públicas
diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica que federais.
promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o
fornecimento, oferta, exposição à venda ou manutenção em Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa
depósito de produtos ou a oferta e prestação de serviços nas legalmente investida em cargo público.
condições por ele proibidas.
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e
Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
tipificados neste código: devem ser cometidas a um servidor.
I - serem cometidos em época de grave crise econômica Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos
ou por ocasião de calamidade; os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria
II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo; e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento
III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento; em caráter efetivo ou em comissão.
IV - quando cometidos:
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos,
econômico-social seja manifestamente superior à da vítima; salvo os casos previstos em lei.
b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de
18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos ou de pessoas Título II
portadoras de deficiência mental interditadas ou não; Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e
V - serem praticados em operações que envolvam Substituição
alimentos, medicamentos ou quaisquer outros produtos ou Capítulo I
serviços essenciais. Do Provimento
Seção I
Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será Disposições Gerais
fixada em dias-multa, correspondente ao mínimo e ao Art. 5o São requisitos básicos para investidura em
máximo de dias de duração da pena privativa da liberdade cargo público:
cominada ao crime. Na individualização desta multa, o juiz I - a nacionalidade brasileira;
observará o disposto no art. 60, §1° do Código Penal. II - o gozo dos direitos políticos;
III - a quitação com as obrigações militares e
Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de eleitorais;
multa, podem ser impostas, cumulativa ou alternadamente, IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
observado o disposto nos arts. 44 a 47, do Código Penal: cargo;
I - a interdição temporária de direitos; V - a idade mínima de 18 (dezoito) anos;
II - a publicação em órgãos de comunicação de grande VI - aptidão física e mental.
circulação ou audiência, às expensas do condenado, de § 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência
notícia sobre os fatos e a condenação; de outros requisitos estabelecidos em lei.
III - a prestação de serviços à comunidade. STF: Súmula Vinculante 44 - Só por lei se pode sujeitar a exame
psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.
Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata STF: Súmula 14 - Não é admissível, por ato administrativo, restringir, em
este código, será fixado pelo juiz, ou pela autoridade que razão da idade, inscrição em concurso para cargo público.
presidir o inquérito, entre cem e duzentas mil vezes o valor STF: Súmula 683 - O limite de idade para a inscrição em concurso público
só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser
do Bônus do Tesouro Nacional (BTN), ou índice equivalente justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
que venha a substituí-lo.
Parágrafo único. Se assim recomendar a situação § 2o Às pessoas portadoras de deficiência é
econômica do indiciado ou réu, a fiança poderá ser: assegurado o direito de se inscrever em concurso público
a) reduzida até a metade do seu valor mínimo; para provimento de cargo cujas atribuições sejam
b) aumentada pelo juiz até 20 (vinte) vezes. compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para

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tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das Do Concurso Público
vagas oferecidas no concurso. Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e
CF, art. 37, VIII: a lei reservará percentual dos cargos e empregos títulos, podendo ser realizado em duas etapas, conforme
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano de
de sua admissão. carreira, condicionada a inscrição do candidato ao
§ 3o As universidades e instituições de pesquisa pagamento do valor fixado no edital, quando indispensável ao
científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção nele
com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de expressamente previstas.
acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2
Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por
mediante ato da autoridade competente de cada Poder. igual período.
§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições
Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a de sua realização serão fixados em edital, que será publicado
posse. no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande
circulação.
Art. 8o São formas de provimento de cargo público: § 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver
I - nomeação; candidato aprovado em concurso anterior com prazo de
II - promoção; validade não expirado.
III – (Revogado)
IV - (Revogado)
V - readaptação;
VI - reversão; STF: Súmula 15 - Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato
VII - aproveitamento; aprovado tem direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem
VIII - reintegração; observância da classificação.
STF: Súmula 16 - Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse.
IX - recondução. STF: Súmula 17 - A nomeação de funcionário sem concurso pode ser
(Memorize: Rei Re-P-A-Re No Reco) desfeita antes da posse.
Provimento é ato administrativo por meio do qual se preenche um cargo STF: Súmula 684 - É inconstitucional o veto não motivado à participação
público, designando-se o seu titular. As formas de provimento são de candidato a concurso público.
tradicionalmente classificadas em:

Originário: Há o preenchimento de classe inicial do


Seção IV
cargo, não decorrendo de vínculo anterior entre o servidor e a Da Posse e do Exercício
administração. (Nomeação) Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo
Derivado: O preenchimento do cargo decorre de termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as
vínculo anterior entre o servidor e a administração. responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado,
(Promoção, Readaptação, Reversão, Aproveitamento, Reintegração,
que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer
Recondução)
------------------------------------------------------------------------------------------------- das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei.
STF: Súmula Vinculante 43 - É inconstitucional toda modalidade de A posse é um ato bilateral, que investe o servidor nas atribuições e
provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em responsabilidade inerentes ao seu cargo. Somente há posse nos casos de
concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra provimento por nomeação.
a carreira na qual anteriormente investido. § 1o A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta) dias
contados da publicação do ato de provimento.
Seção II § 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de
Da Nomeação publicação do ato de provimento, em licença prevista nos
Art. 9o A nomeação far-se-á: incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado incisos I, IV, VI, VIII, alíneas "a", "b", "d", "e" e "f", IX e X do
de provimento efetivo ou de carreira; art. 102, o prazo será contado do término do impedimento.
II - em comissão, inclusive na condição de interino, § 3o A posse poderá dar-se mediante procuração
para cargos de confiança vagos. específica.
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em § 4o Só haverá posse nos casos de provimento de
comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para cargo por nomeação.
ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, § 5o No ato da posse, o servidor apresentará
sem prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, declaração de bens e valores que constituem seu
hipótese em que deverá optar pela remuneração de um deles patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro
durante o período da interinidade. cargo, emprego ou função pública.
A nomeação é um “ato administrativo unilateral que não gera, por si só, § 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a
qualquer obrigação para o nomeado, mas sim o direito subjetivo de posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.
formalizar o vínculo funcional com a administração pública, por meio da
posse, tornando-se, então, servidor público.”
Direito Administrativo Descomplicado, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia
inspeção médica oficial.
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que
isolado de provimento efetivo depende de prévia habilitação for julgado apto física e mentalmente para o exercício do
em concurso público de provas ou de provas e títulos, cargo.
obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua
validade. Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e atribuições do cargo público ou da função de confiança.
o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante § 1o É de 15 (quinze) dias o prazo para o servidor
promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes empossado em cargo público entrar em exercício, contados
do sistema de carreira na Administração Pública Federal e da data da posse.
seus regulamentos. § 2o O servidor será exonerado do cargo ou será
tornado sem efeito o ato de sua designação para função de
Seção III

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confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos § 2o O servidor não aprovado no estágio probatório
neste artigo, observado o disposto no art. 18. será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade anteriormente ocupado, observado o disposto no
para onde for nomeado ou designado o servidor compete parágrafo único do art. 29.
dar-lhe exercício. § 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer
§ 4o O início do exercício de função de confiança quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções de
coincidirá com a data de publicação do ato de designação, direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de
salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado por lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou
qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos de
primeiro dia útil após o término do impedimento, que não provimento em comissão do Grupo-Direção e
poderá exceder a trinta dias da publicação. Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
equivalentes.
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício § 4o Ao servidor em estágio probatório somente
do exercício serão registrados no assentamento individual do poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos
servidor. previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor afastamento para participar de curso de formação decorrente
apresentará ao órgão competente os elementos necessários de aprovação em concurso para outro cargo na
ao seu assentamento individual. Administração Pública Federal.
§ 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86
exercício, que é contado no novo posicionamento na carreira e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de
a partir da data de publicação do ato que promover o formação, e será retomado a partir do término do
servidor. impedimento.

Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro Seção V


município em razão de ter sido removido, redistribuído, Da Estabilidade
requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá, no Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e
mínimo, 10 (dez) e, no máximo, 30 (trinta) dias de prazo, empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá
contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de
desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo efetivo exercício. (prazo 3 anos - vide EMC nº 19)
o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede. De acordo com a Constituição Federal, art. 41, são estáveis após 3 (três)
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo provimento efetivo em virtude de concurso público.
será contado a partir do término do impedimento.
§ 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em
estabelecidos no caput. virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de
processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho assegurada ampla defesa.
fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos Além das hipóteses previstas acima, há outras na Constituição Federal
cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal que podemos mencionar:
de 40 (quarenta) horas e observados os limites mínimo e - insuficiência de desempenho, verificada mediante avaliação periódica,
na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
máximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente.
- excesso de despesa com pessoal, nos termos do art. 169, §4º.1
§ 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de
confiança submete-se a regime de integral dedicação ao
serviço, observado o disposto no art. 120, podendo ser Seção VI
convocado sempre que houver interesse da Administração. Da Transferência
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de Art. 23. (Revogado)
trabalho estabelecida em leis especiais.
Seção VII
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado Da Readaptação
para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em
probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis
durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física
avaliação para o desempenho do cargo, observados os ou mental verificada em inspeção médica.
seguinte fatores: (vide EMC nº 19) § 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o
I - assiduidade; readaptando será aposentado.
II - disciplina; § 2o A readaptação será efetivada em cargo de
III - capacidade de iniciativa; atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de
IV - produtividade; escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese
V- responsabilidade. de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas
Apesar de ainda constar na Lei 8.112/1990 o prazo de 24 meses, o STF e atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.
o STJ possuem entendimento consolidado de que este prazo é de 3 (três)
anos. Seção VIII
§ 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do Da Reversão
estágio probatório, será submetida à homologação da Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
autoridade competente a avaliação do desempenho do aposentado:
servidor, realizada por comissão constituída para essa I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou (reversão
compulsória)
regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da
continuidade de apuração dos fatores enumerados nos II - no interesse da administração, desde que: (reversão a
pedido)
incisos I a V do caput deste artigo. a) tenha solicitado a reversão;

ID:
196
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b) a aposentadoria tenha sido voluntária;


c) estável quando na atividade; Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos 5 (cinco) anos cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
anteriores à solicitação; exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta
e) haja cargo vago. médica oficial.
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo
resultante de sua transformação. Capítulo II
§ 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício Da Vacância
será considerado para concessão da aposentadoria. Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
§ 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o I - exoneração;
cargo, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, II - demissão; (Caráter punitivo)
até a ocorrência de vaga. III - promoção; (Vacância e Provimento)
§ 4o O servidor que retornar à atividade por interesse da IV - (Revogado)
administração perceberá, em substituição aos proventos da V - (Revogado)
aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, VI - readaptação; (Vacância e Provimento)
inclusive com as vantagens de natureza pessoal que VII - aposentadoria;
percebia anteriormente à aposentadoria. VIII - posse em outro cargo inacumulável; (Vacância e
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os Provimento)
proventos calculados com base nas regras atuais se IX - falecimento. (Fato administrativo)
permanecer pelo menos cinco anos no cargo.
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a
artigo. pedido do servidor, ou de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
Art. 26. (Revogado) I - quando não satisfeitas as condições do estágio
probatório;
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
completado 70 (setenta) anos de idade. em exercício no prazo estabelecido.

Seção IX Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a


Da Reintegração dispensa de função de confiança dar-se-á:
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor I - a juízo da autoridade competente; (Exoneração ad
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo nutum)
resultante de sua transformação, quando invalidada a sua II - a pedido do próprio servidor.
demissão por decisão administrativa ou judicial, com Parágrafo único – (Revogado)
ressarcimento de todas as vantagens.
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor Capítulo III
ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 Da Remoção e da Redistribuição
e 31. Seção I
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual Da Remoção
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a
indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou
em disponibilidade. sem mudança de sede.
A remoção não é forma de provimento. Trata-se do deslocamento do
servidor para exercer as suas atividades em outra unidade do mesmo
Seção X quadro de pessoal, permanecendo no mesmo cargo, sem alteração no
Da Recondução vínculo funcional.
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo,
ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de:
entende-se por modalidades de remoção:
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro
I - de ofício, no interesse da Administração;
cargo;
II - a pedido, a critério da Administração;
II - reintegração do anterior ocupante.
III - a pedido, para outra localidade, independentemente
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de
do interesse da Administração:
origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também
disposto no art. 30.
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da
STF / STJ: O servidor estável também poderá ser reconduzido caso União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que
desista do estágio probatório.
foi deslocado no interesse da Administração;
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge,
Seção XI companheiro ou dependente que viva às suas expensas e
Da Disponibilidade e do Aproveitamento conste do seu assentamento funcional, condicionada à
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em comprovação por junta médica oficial;
disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento c) em virtude de processo seletivo promovido, na
obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos hipótese em que o número de interessados for superior ao
compatíveis com o anteriormente ocupado. número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas
pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados.
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
determinará o imediato aproveitamento de servidor em Seção II
disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou Da Redistribuição
entidades da Administração Pública Federal. Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro
o servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo
responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Poder, com prévia apreciação do órgão central do
Civil da Administração Federal - SIPEC, até o seu adequado SIPEC, observados os seguintes preceitos:
aproveitamento em outro órgão ou entidade.

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A redistribuição também não é forma de provimento. Ocorre o remuneração de acordo com o estabelecido no § 1o do art.
deslocamento do cargo para outro órgão ou entidade, e não o 93.
preenchimento de um cargo preexistente. Cumpre observar, ainda, que a § 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das
redistribuição somente existe ex officio.
vantagens de caráter permanente, é irredutível.
I - interesse da administração; § 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para
II - equivalência de vencimentos; cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou
complexidade das atividades; ao local de trabalho.
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou § 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
habilitação profissional; salário mínimo.
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as STF: Súmula Vinculante 4 - Salvo nos casos previstos na Constituição, o
finalidades institucionais do órgão ou entidade. salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de
§ 1o A redistribuição ocorrerá ex officio para vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por
ajustamento de lotação e da força de trabalho às decisão judicial.
necessidades dos serviços, inclusive nos casos de STF: Súmula Vinculante 16 - Os arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC
19/1998), da Constituição referem-se ao total da remuneração percebida
reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade. pelo servidor público.
§ 2o A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará STF: Súmula Vinculante 15 - O cálculo de gratificações e outras
mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os vantagens do servidor público não incide sobre o abono utilizado para se
órgãos e entidades da Administração Pública Federal atingir o salário mínimo.
envolvidos. STF: Súmula Vinculante 37 - Não cabe ao poder Judiciário, que não tem
função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o
§ 3o Nos casos de reorganização ou extinção de fundamento de isonomia.
órgão ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua STF: Súmula 679 - A fixação de vencimentos dos servidores públicos não
desnecessidade no órgão ou entidade, o servidor estável que pode ser objeto de convenção coletiva.
não for redistribuído será colocado em disponibilidade, até
seu aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31. Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber,
§ 4o O servidor que não for redistribuído ou colocado mensalmente, a título de remuneração, importância superior
em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade à soma dos valores percebidos como remuneração, em
do órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório, em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos
outro órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento. Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros do
Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal
Capítulo IV Federal.
Da Substituição Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função as vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza
Especial terão substitutos indicados no regimento interno ou, Art. 43. (Revogado)
no caso de omissão, previamente designados pelo dirigente
máximo do órgão ou entidade. Art. 44. O servidor perderá:
§ 1o O substituto assumirá automática e I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem
cumulativamente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o motivo justificado;
exercício do cargo ou função de direção ou chefia e os de II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos
Natureza Especial, nos afastamentos, impedimentos legais atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as
ou regulamentares do titular e na vacância do cargo, concessões de que trata o art. 97, e saídas antecipadas,
hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um salvo na hipótese de compensação de horário, até o mês
deles durante o respectivo período. subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia
§ 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do imediata.
cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de
Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou caso fortuito ou de força maior poderão ser compensadas
impedimentos legais do titular, superiores a trinta dias a critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como
consecutivos, paga na proporção dos dias de efetiva efetivo exercício.
substituição, que excederem o referido período.
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou
titulares de unidades administrativas organizadas em nível de provento.
assessoria. § 1o Mediante autorização do servidor, poderá haver
consignação em folha de pagamento em favor de terceiros, a
Título III critério da administração e com reposição de custos, na
Dos Direitos e Vantagens forma definida em regulamento.
Capítulo I § 2o O total de consignações facultativas de que trata
Do Vencimento e da Remuneração o § 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento)
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. reservados exclusivamente para:
Parágrafo único. (Revogado) I - a amortização de despesas contraídas por meio de
cartão de crédito; ou
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo II - a utilização com a finalidade de saque por meio do
efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias cartão de crédito.
permanentes estabelecidas em lei.
§ 1o A remuneração do servidor investido em função ou Art. 46. As reposições e indenizações ao erário,
cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62. atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente
§ 2o O servidor investido em cargo em comissão de comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao
órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a pensionista, para pagamento, no prazo máximo de trinta dias,
podendo ser parceladas, a pedido do interessado.

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§ 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o
correspondente a 10% (dez por cento) da remuneração, cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de
provento ou pensão. servidor, vier a ter exercício na mesma sede. (Deslocamento
§ 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no permanente)
mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será § 1o Correm por conta da administração as despesas de
feita imediatamente, em uma única parcela. transporte do servidor e de sua família, compreendendo
§ 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência passagem, bagagem e bens pessoais.
de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a § 2o À família do servidor que falecer na nova sede são
sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade de
atualizados até a data da reposição. origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
§ 3o Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses
Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único
demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou do art. 36.
disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para
quitar o débito. Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a
Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo remuneração do servidor, conforme se dispuser em
previsto implicará sua inscrição em dívida ativa. regulamento, não podendo exceder a importância
correspondente a 3 (três) meses.
Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não
serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor
casos de prestação de alimentos resultante de decisão que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de
judicial. mandato eletivo.

Capítulo II Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não
Das Vantagens sendo servidor da União, for nomeado para cargo em
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao comissão, com mudança de domicílio.
servidor as seguintes vantagens: Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do
I - indenizações; art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário,
II - gratificações; quando cabível.
III - adicionais.
§ 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de
ou provento para qualquer efeito. custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova
§ 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao sede no prazo de 30 (trinta) dias.
vencimento ou provento, nos casos e condições indicados
em lei. Subseção II
Das Diárias
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede
computadas, nem acumuladas, para efeito de concessão de em caráter eventual ou transitório para outro ponto do
quaisquer outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e
mesmo título ou idêntico fundamento. diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas
extraordinária com pousada, alimentação e locomoção
Ajuda de custo urbana, conforme dispuser em regulamento. (Deslocamento
Diárias temporário)
Indenizações § 1o A diária será concedida por dia de afastamento,
Indenização de transporte
Auxílio-moradia sendo devida pela metade quando o deslocamento não exigir
Função de confiança pernoite fora da sede, ou quando a União custear, por meio
Gratificação natalina diverso, as despesas extraordinárias cobertas por diárias.
Vantagens
Adicional de insalubridade § 2o Nos casos em que o deslocamento da sede
Gratificações constituir exigência permanente do cargo, o servidor não fará
Adicional de serviço extraordinário
e
Adicionais Adicional noturno jus a diárias.
Adicional de férias § 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se
Gratificação por encargo de curso ou deslocar dentro da mesma região metropolitana,
concurso aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por
municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas
Seção I de controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja
Das Indenizações jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: brasileiros considera-se estendida, salvo se houver pernoite
I - ajuda de custo; fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão
II - diárias; sempre as fixadas para os afastamentos dentro do território
III – transporte; nacional.
IV - auxílio-moradia.
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las
incisos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
concessão, serão estabelecidos em regulamento. Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à
sede em prazo menor do que o previsto para o seu
Subseção I afastamento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no
Da Ajuda de Custo prazo previsto no caput.
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as
despesas de instalação do servidor que, no interesse do Subseção III
serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança Da Indenização de Transporte
de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo

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Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao Seção II


servidor que realizar despesas com a utilização de meio Das Gratificações e Adicionais
próprio de locomoção para a execução de serviços Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas
externos, por força das atribuições próprias do cargo, nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes
conforme se dispuser em regulamento. retribuições, gratificações e adicionais: (Rol não taxativo)
I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia
Subseção IV e assessoramento;
Do Auxílio-Moradia II - gratificação natalina;
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento III – (Revogado)
das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres,
com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem perigosas ou penosas;
administrado por empresa hoteleira, no prazo de 1 (um) mês V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
após a comprovação da despesa pelo servidor. VI - adicional noturno;
VII - adicional de férias;
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
atendidos os seguintes requisitos: IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo
servidor; Subseção I
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção,
imóvel funcional; Chefia e Assessoramento
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido
ou tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo
ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde for de provimento em comissão ou de Natureza Especial é
exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem devida retribuição pelo seu exercício.
averbação de construção, nos doze meses que antecederem Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a
a sua nomeação; remuneração dos cargos em comissão de que trata o inciso II
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor do art. 9o.
receba auxílio-moradia;
V - o servidor tenha se mudado do local de residência Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal
para ocupar cargo em comissão ou função de confiança Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da
do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, retribuição pelo exercício de função de direção, chefia ou
níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de
ou equivalentes; Natureza Especial a que se referem os arts. 3o e 10 da Lei
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3o da Lei no 9.624,
ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses do de 2 de abril de 1998.
art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou domicílio Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste
do servidor; artigo somente estará sujeita às revisões gerais de
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha remuneração dos servidores públicos federais.
residido no Município, nos últimos doze meses, aonde for
exercer o cargo em comissão ou função de confiança, Subseção II
desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias dentro Da Gratificação Natalina
desse período; e Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no
alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo. mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15
2006. (quinze) dias será considerada como mês integral.
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será
considerado o prazo no qual o servidor estava ocupando Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do
outro cargo em comissão relacionado no inciso V. mês de dezembro de cada ano.
Parágrafo único. (Vetado)
Art. 60-C. (Revogado)
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado gratificação natalina, proporcionalmente aos meses de
a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em exercício, calculada sobre a remuneração do mês da
comissão, função comissionada ou cargo de Ministro de exoneração.
Estado ocupado.
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar Art. 66. A gratificação natalina não será considerada
25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
Estado.
§ 2o Independentemente do valor do cargo em Subseção III
comissão ou função comissionada, fica garantido a todos os Do Adicional por Tempo de Serviço
que preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de Art. 67. (Revogado)
R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais).
§ 3o (MP nº 805, de 2017 - Vigência encerrada) Subseção IV
§ 4o (MP nº 805, de 2017 - Vigência encerrada) Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou
Atividades Penosas
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade
colocação de imóvel funcional à disposição do servidor ou em locais insalubres ou em contato permanente com
aquisição de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida,
por um mês. fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo
efetivo.

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§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função
insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles. de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em
(Não cumulativos) comissão, a respectiva vantagem será considerada no
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou cálculo do adicional de que trata este artigo.
periculosidade cessa com a eliminação das condições ou
dos riscos que deram causa a sua concessão. Subseção VIII
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou
servidores em operações ou locais considerados penosos, Concurso é devida ao servidor que, em caráter eventual:
insalubres ou perigosos. I - atuar como instrutor em curso de formação, de
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das no âmbito da administração pública federal;
operações e locais previstos neste artigo, exercendo suas II - participar de banca examinadora ou de comissão
atividades em local salubre e em serviço não penoso e não para exames orais, para análise curricular, para correção de
perigoso. provas discursivas, para elaboração de questões de provas
ou para julgamento de recursos intentados por candidatos;
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades III - participar da logística de preparação e de
penosas, de insalubridade e de periculosidade, serão realização de concurso público envolvendo atividades de
observadas as situações estabelecidas em legislação planejamento, coordenação, supervisão, execução e
específica. avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem
incluídas entre as suas atribuições permanentes;
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar
aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou em provas de exame vestibular ou de concurso público ou
localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos supervisionar essas atividades.
termos, condições e limites fixados em regulamento. § 1o Os critérios de concessão e os limites da
gratificação de que trata este artigo serão fixados em
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que regulamento, observados os seguintes parâmetros:
operam com Raios X ou substâncias radioativas serão I - o valor da gratificação será calculado em horas,
mantidos sob controle permanente, de modo que as doses de observadas a natureza e a complexidade da atividade
radiação ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto exercida;
na legislação própria. II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada
artigo serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) situação de excepcionalidade, devidamente justificada e
meses. previamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou
entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cento
-- O adicional de insalubridade é devido ao servidor que, em razão de e vinte) horas de trabalho anuais;
suas funções, está em constante contato com as substâncias ou III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá
elementos que podem, o longo prazo, provocar deterioração de sua saúde,
a exemplo do servidor que trabalha com raios X. aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior
-- O adicional de periculosidade é pago ao servidor que coloca em risco vencimento básico da administração pública federal:
sua integridade física em razão do exercício de suas funções, tal como o a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se
agente que trabalha em redes de alta tensão tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput
-- O adicional penosidade está relacionado à localidade em que o
servidor é lotado.
deste artigo;
Direito Administrativo Descomplicado, Marcelo Alexandrino e Vivente Paulo b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se
tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput
Subseção V deste artigo.
Do Adicional por Serviço Extraordinário § 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com somente será paga se as atividades referidas nos incisos
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das
normal de trabalho. atribuições do cargo de que o servidor for titular, devendo ser
objeto de compensação de carga horária quando
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário desempenhadas durante a jornada de trabalho, na forma do
para atender a situações excepcionais e temporárias, § 4o do art. 98 desta Lei.
respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada. § 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para
Subseção VI qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de
Do Adicional Noturno cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário de cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões.
compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5
(cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de Capítulo III
25% (vinte e cinco por cento), computando-se cada hora Das Férias
como cinquenta e dois minutos e trinta segundos. Art. 77. O servidor fará jus a 30 (trinta) dias de férias,
Parágrafo único. Em se tratando de serviço que podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos,
extraordinário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses
sobre a remuneração prevista no art. 73. em que haja legislação específica.
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão
Subseção VII exigidos 12 (doze) meses de exercício.
Do Adicional de Férias § 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago serviço.
ao servidor, por ocasião das férias, um adicional § 3o As férias poderão ser parceladas em até três
correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do período etapas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no
das férias. interesse da administração pública.

ID:
201
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Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não,
efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo mantida a remuneração do servidor; e
período, observando-se o disposto no § 1o deste artigo. II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não,
§ 1° e § 2° (Revogado) sem remuneração.
§ 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em § 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será
comissão, perceberá indenização relativa ao período das contado a partir da data do deferimento da primeira licença
férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um concedida.
doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração superior a § 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças
quatorze dias. não remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações,
§ 4o A indenização será calculada com base na concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses,
remuneração do mês em que for publicado o ato observado o disposto no § 3o, não poderá ultrapassar os
exoneratório. limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2o.
§ 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o
valor adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Seção III
Constituição Federal quando da utilização do primeiro Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
período. Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para
acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado
Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente para outro ponto do território nacional, para o exterior ou para
com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e
dias consecutivos de férias, por semestre de atividade Legislativo.
profissional, proibida em qualquer hipótese a acumulação. § 1o A licença será por prazo indeterminado e sem
Parágrafo único. (Revogado) remuneração.
§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas companheiro também seja servidor público, civil ou militar, de
por motivo de calamidade pública, comoção interna, qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisório
necessidade do serviço declarada pela autoridade máxima do em órgão ou entidade da Administração Federal direta,
órgão ou entidade. autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de
Parágrafo único. O restante do período interrompido atividade compatível com o seu cargo.
será gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77.
Seção IV
Capítulo IV Da Licença para o Serviço Militar
Das Licenças Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar
Seção I será concedida licença, na forma e condições previstas na
Disposições Gerais legislação específica.
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor
I - por motivo de doença em pessoa da família; terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou exercício do cargo.
companheiro;
III - para o serviço militar; Seção V
IV - para atividade política; Da Licença para Atividade Política
V - para capacitação; Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem
VI - para tratar de interesses particulares; remuneração, durante o período que mediar entre a sua
VII - para desempenho de mandato classista. escolha em convenção partidária, como candidato a cargo
§ 1o A licença prevista no inciso I do caput deste artigo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura perante a
bem como cada uma de suas prorrogações serão precedidas Justiça Eleitoral.
de exame por perícia médica oficial, observado o disposto no § 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
art. 204 desta Lei. onde desempenha suas funções e que exerça cargo de
§ 2o (Revogado) direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou
§ 3o É vedado o exercício de atividade remunerada fiscalização, dele será afastado, a partir do dia imediato ao do
durante o período da licença prevista no inciso I deste artigo. registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o
décimo dia seguinte ao do pleito.
Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) § 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo
dias do término de outra da mesma espécie será dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença,
considerada como prorrogação. assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo
período de 3 (três) meses.
Seção II
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família Seção VI
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por Da Licença para Capacitação
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o
dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou servidor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do
dependente que viva a suas expensas e conste do seu exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração,
assentamento funcional, mediante comprovação por perícia por até 3 (três) meses, para participar de curso de
médica oficial. capacitação profissional.
§ 1o A licença somente será deferida se a assistência Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata
direta do servidor for indispensável e não puder ser o caput não são acumuláveis.
prestada simultaneamente com o exercício do cargo ou
mediante compensação de horário, na forma do disposto no Art. 88. (Revogado)
inciso II do art. 44. Art. 89. (Revogado)
§ 2o A licença de que trata o caput, incluídas as Art. 90. (Vetado)
prorrogações, poderá ser concedida a cada período de 12
(doze) meses nas seguintes condições: Seção VII

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Da Licença para Tratar de Interesses Particulares de pagamento de pessoal, independem das disposições
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o
concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que exercício do empregado cedido condicionado a autorização
não esteja em estágio probatório, licenças para o trato de específica do Ministério do Planejamento, Orçamento e
assuntos particulares pelo prazo de até 3 (três) anos Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em
consecutivos, sem remuneração. comissão ou função gratificada.
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e
qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do Gestão, com a finalidade de promover a composição da força
serviço. de trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pública
Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício de
Seção VIII empregado ou servidor, independentemente da observância
Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista do constante no inciso I e nos §§ 1º e 2º deste artigo.
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença
sem remuneração para o desempenho de mandato em Seção II
confederação, federação, associação de classe de âmbito Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo
nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo
fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de aplicam-se as seguintes disposições:
gerência ou administração em sociedade cooperativa I - tratando-se de mandato federal, estadual ou
constituída por servidores públicos para prestar serviços a distrital, ficará afastado do cargo;
seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
e observados os seguintes limites: III - investido no mandato de vereador:
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as
2 (dois) servidores; vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a cargo eletivo;
30.000 (trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; b) não havendo compatibilidade de horário, será
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua
associados, 8 (oito) servidores. remuneração.
§ 1o Somente poderão ser licenciados os servidores § 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor
eleitos para cargos de direção ou de representação nas contribuirá para a seguridade social como se em exercício
referidas entidades, desde que cadastradas no órgão estivesse.
competente. § 2o O servidor investido em mandato eletivo ou
§ 2o A licença terá duração igual à do mandato, classista não poderá ser removido ou redistribuído de ofício
podendo ser renovada, no caso de reeleição. para localidade diversa daquela onde exerce o mandato.

Capítulo V Seção III


Dos Afastamentos Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior
Seção I Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade para estudo ou missão oficial, sem autorização do
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter Presidente da República, Presidente dos Órgãos do Poder
exercício em outro órgão ou entidade dos Poderes da Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal.
União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, § 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda
nas seguintes hipóteses: (Vide Decreto nº 9.144, de 2017) a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será
I - para exercício de cargo em comissão ou função de permitida nova ausência.
confiança; § 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo
II - em casos previstos em leis específicas. não será concedida exoneração ou licença para tratar de
§ 1o Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para interesse particular antes de decorrido período igual ao do
órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da
Municípios, o ônus da remuneração será do órgão ou despesa havida com seu afastamento.
entidade cessionária, mantido o ônus para o cedente nos § 3o O disposto neste artigo não se aplica aos
demais casos. servidores da carreira diplomática.
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa § 4o As hipóteses, condições e formas para a
pública ou sociedade de economia mista, nos termos das autorização de que trata este artigo, inclusive no que se
respectivas normas, optar pela remuneração do cargo efetivo refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas em
ou pela remuneração do cargo efetivo acrescida de regulamento.
percentual da retribuição do cargo em comissão, a entidade
cessionária efetuará o reembolso das despesas realizadas Art. 96. O afastamento de servidor para servir em
pelo órgão ou entidade de origem. organismo internacional de que o Brasil participe ou com o
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração.
Diário Oficial da União.
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da Seção IV
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício Do Afastamento para Participação em Programa
em outro órgão da Administração Federal direta que não de Pós-Graduação Stricto Sensu no País
tenha quadro próprio de pessoal, para fim determinado e a Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da
prazo certo. Administração, e desde que a participação não possa ocorrer
§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante
servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e compensação de horário, afastar-se do exercício do cargo
2º deste artigo. efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou programa de pós-graduação stricto sensu em instituição de
de sociedade de economia mista, que receba recursos de ensino superior no País.
Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha § 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade
definirá, em conformidade com a legislação vigente, os

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programas de capacitação e os critérios para participação em


programas de pós-graduação no País, com ou sem Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no
afastamento do servidor, que serão avaliados por um comitê interesse da administração é assegurada, na localidade da
constituído para este fim. nova residência ou na mais próxima, matrícula em instituição
§ 2o Os afastamentos para realização de programas de ensino congênere, em qualquer época,
de mestrado e doutorado somente serão concedidos aos independentemente de vaga.
servidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao
entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor
(quatro) anos para doutorado, incluído o período de estágio que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob
probatório, que não tenham se afastado por licença para sua guarda, com autorização judicial.
tratar de assuntos particulares para gozo de licença
capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) Capítulo VII
anos anteriores à data da solicitação de afastamento. Do Tempo de Serviço
§ 3o Os afastamentos para realização de programas Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de
de pós-doutorado somente serão concedidos aos servidores serviço público federal, inclusive o prestado às Forças
titulares de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há Armadas.
pelo menos quatro anos, incluído o período de estágio
probatório, e que não tenham se afastado por licença para Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em
tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste dias, que serão convertidos em anos, considerado o ano
artigo, nos quatro anos anteriores à data da solicitação de como de trezentos e sessenta e cinco dias.
afastamento. Parágrafo único. (Revogado)
§ 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos
previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no
permanecer no exercício de suas funções após o seu art. 97, são considerados como de efetivo exercício os
retorno por um período igual ao do afastamento afastamentos em virtude de:
concedido. I - férias;
§ 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados,
permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o Municípios e Distrito Federal;
órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11 III - exercício de cargo ou função de governo ou
de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfeiçoamento. administração, em qualquer parte do território nacional, por
§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que nomeação do Presidente da República;
justificou seu afastamento no período previsto, aplica-se o IV - participação em programa de treinamento
disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese comprovada regularmente instituído ou em programa de pós-graduação
de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigente stricto sensu no País, conforme dispuser o regulamento;
máximo do órgão ou entidade. V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós- municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por
graduação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 merecimento;
desta Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo. VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o
Capítulo VI afastamento, conforme dispuser o regulamento;
Das Concessões VIII - licença:
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor a) à gestante, à adotante e à paternidade;
ausentar-se do serviço: b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço
II - pelo período comprovadamente necessário para público prestado à União, em cargo de provimento efetivo;
alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em c) para o desempenho de mandato classista ou
qualquer caso, a 2 (dois) dias; participação de gerência ou administração em sociedade
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de : cooperativa constituída por servidores para prestar serviços a
a) casamento; seus membros, exceto para efeito de promoção por
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, merecimento;
madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou d) por motivo de acidente em serviço ou doença
tutela e irmãos. profissional;
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento;
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor f) por convocação para o serviço militar;
estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre o IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art.
horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício 18;
do cargo. X - participação em competição desportiva nacional ou
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a convocação para integrar representação desportiva nacional,
compensação de horário no órgão ou entidade que tiver no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica;
exercício, respeitada a duração semanal do trabalho. XI - afastamento para servir em organismo internacional
§ 2o Também será concedido horário especial ao de que o Brasil participe ou com o qual coopere.
servidor portador de deficiência, quando comprovada a
necessidade por junta médica oficial, independentemente de Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de
compensação de horário. aposentadoria e disponibilidade:
§ 3o As disposições constantes do § 2o são extensivas I - o tempo de serviço público prestado aos Estados,
ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com Municípios e Distrito Federal;
deficiência. (2016) II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da
§ 4o Será igualmente concedido horário especial, família do servidor, com remuneração, que exceder a 30
vinculado à compensação de horário a ser efetivada no prazo (trinta) dias em período de 12 (doze) meses.
de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe atividade III - a licença para atividade política, no caso do art. 86,
prevista nos incisos I e II do caput do art. 76-A desta Lei. § 2o;

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IV - o tempo correspondente ao desempenho de Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso,


mandato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, quando cabíveis, interrompem a prescrição.
anterior ao ingresso no serviço público federal;
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo
Previdência Social; ser relevada pela administração.
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
VII - o tempo de licença para tratamento da própria Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é
saúde que exceder o prazo a que se refere a alínea "b" do assegurada vista do processo ou documento, na repartição,
inciso VIII do art. 102. ao servidor ou a procurador por ele constituído.
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado
será contado apenas para nova aposentadoria. Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a
§ 2o Será contado em dobro o tempo de serviço qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.
prestado às Forças Armadas em operações de guerra.
§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos
serviço prestado concomitantemente em mais de um cargo estabelecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
ou função de órgão ou entidades dos Poderes da União,
Estado, Distrito Federal e Município, autarquia, fundação Título IV
pública, sociedade de economia mista e empresa pública. Do Regime Disciplinar
Capítulo I
Capítulo VIII Dos Deveres
Do Direito de Petição A inobservância dos deveres legais constitui infração funcional e acarreta
Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer para o servidor sanções disciplinares. A Lei 8.112/1990, todavia, não
aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse relaciona uma penalidade específica para o descumprimento de cada um
dos deveres arrolados no art. 116. Genericamente, ela estatui, no seu art.
legítimo. 129, que será aplicada a advertência no caso de “inobservância de dever
funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não
Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade justifique imposição de penalidade mais grave”
Direito Administrativo Descomplicado, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo
competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
daquela a que estiver imediatamente subordinado o Art. 116. São deveres do servidor:
requerente. I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do
cargo;
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade II - ser leal às instituições a que servir;
que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, III - observar as normas legais e regulamentares;
não podendo ser renovado. IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de manifestamente ilegais;
reconsideração de que tratam os artigos anteriores deverão V - atender com presteza:
ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos a) ao público em geral, prestando as informações
dentro de 30 (trinta) dias. requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
Art. 107. Caberá recurso: direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
interpostos. razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou,
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente quando houver suspeita de envolvimento desta, ao
superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, conhecimento de outra autoridade competente para
sucessivamente, em escala ascendente, às demais apuração;
autoridades. VII - zelar pela economia do material e a conservação
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da do patrimônio público;
autoridade a que estiver imediatamente subordinado o VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
requerente. IX - manter conduta compatível com a moralidade
administrativa;
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de X - ser assíduo e pontual ao serviço;
reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar XI - tratar com urbanidade as pessoas;
da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
recorrida. de poder.
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
suspensivo, a juízo da autoridade competente. autoridade superior àquela contra a qual é formulada,
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de assegurando-se ao representando ampla defesa.
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão
retroagirão à data do ato impugnado. Capítulo II
Das Proibições
Art. 110. O direito de requerer prescreve: As proibições são vedações específicas, às quais se aplicam
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de penalidades disciplinares determinadas, diferentemente dos deveres.
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem Art. 117. Ao servidor é proibido:
interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
trabalho; prévia autorização do chefe imediato; (Advertência)
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo II - retirar, sem prévia anuência da autoridade
quando outro prazo for fixado em lei. competente, qualquer documento ou objeto da repartição;
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da (Advertência)
data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência III - recusar fé a documentos públicos; (Advertência)
pelo interessado, quando o ato não for publicado. IV - opor resistência injustificada ao andamento de
documento e processo ou execução de serviço; (Advertência)

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V - promover manifestação de apreço ou desapreço no Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um
recinto da repartição; (Advertência) cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja órgão de deliberação coletiva.
de sua responsabilidade ou de seu subordinado; (Advertência) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de remuneração devida pela participação em conselhos de
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido administração e fiscal das empresas públicas e sociedades
político; (Advertência) de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou como quaisquer empresas ou entidades em que a União,
função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até direta ou indiretamente, detenha participação no capital
o segundo grau civil; (Advertência) social, observado o que, a respeito, dispuser legislação
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de específica.
outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
(Demissão) + (5 anos de incompatibilidade para nova investidura) Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
X - participar de gerência ou administração de acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido
sociedade privada, personificada ou não personificada, em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver
ou comanditário; (Demissão) compatibilidade de horário e local com o exercício de um
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios entidades envolvidos.
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
grau, e de cônjuge ou companheiro; (Demissão) + (5 anos de Capítulo IV
incompatibilidade para nova investidura) Das Responsabilidades
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem Art. 121. O servidor responde civil, penal e
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; administrativamente pelo exercício irregular de suas
(Demissão)
atribuições.
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
estrangeiro; (Demissão) O servidor público sujeita-se à responsabilidade civil, penal e
administrativa decorrente do exercício do cargo, emprego ou função. Por
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; outras palavras, ele pode praticar atos ilícitos no âmbito civil, penal e
(Demissão) administrativo. Hoje existe também a responsabilidade por atos de
Usura significa conceder empréstimos cobrando juros exorbitantes. improbidade administrativa que, embora processada e julgada na área
cível, produz efeitos mais amplos do que estritamente patrimoniais, porque
XV - proceder de forma desidiosa; (Demissão) pode levar à suspensão dos direitos políticos e à perda do cargo, com
Proceder de forma desidiosa é atuar com negligência, preguiça. fundamento no artigo 37, § 4º, da Constituição.
Direito Administrativo, Maria Sylvia Zanella Di Pietro
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição
em serviços ou atividades particulares; (Demissão)
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato
cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em
transitórias; (Suspensão) prejuízo ao erário ou a terceiros.
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao
incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na
horário de trabalho; (Suspensão) falta de outros bens que assegurem a execução do débito
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais pela via judicial.
quando solicitado. (Advertência) § 2o Tratando-se de dano causado a terceiros,
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação
caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: regressiva.
I - participação nos conselhos de administração e fiscal § 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos
de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou sucessores e contra eles será executada, até o limite do
indiretamente, participação no capital social ou em sociedade valor da herança recebida.
cooperativa constituída para prestar serviços a seus A responsabilidade civil dos agentes públicos é do tipo subjetiva, por
membros; e culpa comum, isto é, eles só respondem pelos danos que causarem, por
ação o por omissão, se o Estado provar que houve culpa ou dolo
II - gozo de licença para o trato de interesses (intenção) do servidor. A ação do Estado contra o agente público é
particulares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a denominada ação regressiva.
legislação sobre conflito de interesses. Direito Administrativo Descomplicado, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo

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Capítulo III Constituição Federal, art. 37, § 6º: As pessoas jurídicas de direito público
Da Acumulação e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo
Constituição, é vedada a acumulação remunerada de ou culpa.
cargos públicos.
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos,
empregos e funções em autarquias, fundações públicas, Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes
empresas públicas, sociedades de economia mista da União, e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos
Municípios. Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica resulta de ato omissivo ou comissivo praticado no
condicionada à comprovação da compatibilidade de horários. desempenho do cargo ou função.
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
decorram essas remunerações forem acumuláveis na
atividade.

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Art. 126. A responsabilidade administrativa do II - abandono de cargo;


servidor será afastada no caso de absolvição criminal que III - inassiduidade habitual;
negue a existência do fato ou sua autoria. IV - improbidade administrativa;
STF: Súmula 18 - Pela falta residual, não compreendida na absolvição V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
pelo juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor repartição;
público. VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular,
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
civil, penal ou administrativamente por dar ciência à VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
autoridade superior ou, quando houver suspeita de IX - revelação de segredo do qual se apropriou em
envolvimento desta, a outra autoridade competente para razão do cargo;
apuração de informação concernente à prática de crimes ou X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do
improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em patrimônio nacional;
decorrência do exercício de cargo, emprego ou função XI - corrupção;
pública. XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
públicas;
Capítulo V XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
Das Penalidades
Art. 127. São penalidades disciplinares: Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação
I - advertência; ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a
II - suspensão; autoridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por
III - demissão; intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção no
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; prazo improrrogável de 10 (dez) dias, contados da data da
V - destituição de cargo em comissão; ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimento
VI - destituição de função comissionada. sumário para a sua apuração e regularização imediata, cujo
Previamente à aplicação de qualquer penalidade devem ser sempre, sem processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas
exceção, assegurados ao servidor o contraditório e a ampla defesa (CF, seguintes fases:
art. 5º, LV). I - instauração, com a publicação do ato que constituir a
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comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e
simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão transgressão objeto da apuração;
consideradas a natureza e a gravidade da infração
II - instrução sumária, que compreende indiciação,
cometida, os danos que dela provierem para o serviço
defesa e relatório;
público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os
III - julgamento.
antecedentes funcionais.
§ 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade
se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção
pela descrição dos cargos, empregos ou funções públicas em
disciplinar.
situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de
vinculação, das datas de ingresso, do horário de trabalho e
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos
do correspondente regime jurídico.
casos de violação de proibição constante do art. 117, incisos
§ 2o A comissão lavrará, até 3 (três) dias após a
I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto
publicação do ato que a constituiu, termo de indiciação em
em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique
que serão transcritas as informações de que trata o parágrafo
imposição de penalidade mais grave.
anterior, bem como promoverá a citação pessoal do servidor
indiciado, ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de
prazo de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-
reincidência das faltas punidas com advertência e de se-lhe vista do processo na repartição, observado o disposto
violação das demais proibições que não tipifiquem
nos arts. 163 e 164.
infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo
§ 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará
exceder de 90 (noventa) dias.
relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade
§ 1o Será punido com suspensão de até 15
do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
(quinze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se
opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará o
a ser submetido a inspeção médica determinada pela
respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à
autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade
autoridade instauradora, para julgamento.
uma vez cumprida a determinação. § 4o No prazo de 5 (cinco) dias, contados do
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a
recebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a
penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na
sua decisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto no §
base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou
3o do art. 167.
remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em
§ 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo
serviço.
para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se
converterá automaticamente em pedido de exoneração do
Art. 131. As penalidades de advertência e de outro cargo.
suspensão terão seus registros cancelados, após o
§ 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-
decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício,
fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação
respectivamente, se o servidor não houver, nesse período,
de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos,
praticado nova infração disciplinar.
empregos ou funções públicas em regime de acumulação
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não
ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação
surtirá efeitos retroativos.
serão comunicados.
§ 7o O prazo para a conclusão do processo
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes administrativo disciplinar submetido ao rito sumário não
casos:
excederá trinta dias, contados da data de publicação do ato
I - crime contra a administração pública;

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que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por até Art. 141. As penalidades disciplinares serão
15 (quinze) dias, quando as circunstâncias o exigirem. aplicadas:
§ 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Procurador-Geral da República, quando se tratar de
Lei. demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade
de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a entidade;
disponibilidade do inativo que houver praticado, na II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
atividade, falta punível com a demissão. imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso
anterior quando se tratar de suspensão superior a 30
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido (trinta) dias;
por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na
de infração sujeita às penalidades de suspensão e de forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos
demissão. casos de advertência ou de suspensão de até 30
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata (trinta) dias;
este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
convertida em destituição de cargo em comissão. quando se tratar de destituição de cargo em comissão.

Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
erário, sem prejuízo da ação penal cabível. destituição de cargo em comissão;
-- improbidade administrativa; II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
-- aplicação irregular de dinheiros públicos; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à
-- lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; advertência.
-- corrupção
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em
que o fato se tornou conhecido.
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal
comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também
incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo como crime.
público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão
público federal o servidor que for demitido ou destituído do final proferida por autoridade competente.
cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo
VIII, X e XI. começará a correr a partir do dia em que cessar a
-- crime contra a administração pública; interrupção.
-- improbidade administrativa;
Cumpre observar que a ação civil de ressarcimento ao erário é
-- aplicação irregular de dinheiros públicos;
imprescritível, de acordo com o §5º do art. 37 da Constituição Federal.
-- lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
-- corrupção
Título V
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência Do Processo Administrativo Disciplinar
intencional do servidor ao serviço por mais de 30 (trinta) dias Capítulo I
consecutivos. Disposições Gerais
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta irregularidade no serviço público é obrigada a promover a
ao serviço, sem causa justificada, por 60 (sessenta) dias, sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo
interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses. administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla
defesa.
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou § 1o (Revogado)
inassiduidade habitual, também será adotado o procedimento § 2o (Revogado)
sumário a que se refere o art. 133, observando-se § 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da
especialmente que: autoridade a que se refere, poderá ser promovida por
I - a indicação da materialidade dar-se-á: autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em que
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação tenha ocorrido a irregularidade, mediante competência
precisa do período de ausência intencional do servidor ao específica para tal finalidade, delegada em caráter
serviço superior a trinta dias; permanente ou temporário pelo Presidente da República,
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos
dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no
igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante o âmbito do respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas
período de doze meses; as competências para o julgamento que se seguir à
II - após a apresentação da defesa a comissão apuração.
elaborará relatório conclusivo quanto à inocência ou à
responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão
principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo legal, objeto de apuração, desde que contenham a identificação e
opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre a o endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito,
intencionalidade da ausência ao serviço superior a trinta dias confirmada a autenticidade.
e remeterá o processo à autoridade instauradora para Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar
julgamento. evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia
será arquivada, por falta de objeto.

Art. 145. Da sindicância poderá resultar:

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I - arquivamento do processo; data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida


II - aplicação de penalidade de advertência ou a sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias
suspensão de até 30 (trinta) dias; o exigirem.
III - instauração de processo disciplinar. § 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância tempo integral aos seus trabalhos, ficando seus membros
não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por dispensados do ponto, até a entrega do relatório final.
igual período, a critério da autoridade superior. § 2o As reuniões da comissão serão registradas em
atas que deverão detalhar as deliberações adotadas.
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de
STF: O prazo de 60 (sessenta) dias, prorrogáveis por mais 60
30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria (sessenta), não inclui o prazo de 20 (vinte) dias para julgamento,
ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, previsto no art. 167. O prazo total do Processo Disciplinar será, então, de
será obrigatória a instauração de processo disciplinar. até 140 dias: 60 + 60 + 20.
A sindicância é um meio mais célere de apurar as irregularidades
praticadas por servidores, sendo utilizada, sobretudo, para infrações mais Seção I
leves; Caso se conclua pela existência de infração mais grave, o
processo administrativo disciplinar (PAD) deverá ser instaurado. Do Inquérito
Cumpre observar que a sindicância não é uma etapa do PAD, podendo a Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao
autoridade instaurar diretamente o processo disciplinar, se presentes princípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla
elementos que caracterizem infração de natureza grave. defesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em
direito.
Capítulo II
Do Afastamento Preventivo Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o disciplinar, como peça informativa da instrução.
servidor não venha a influir na apuração da irregularidade, a Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da
autoridade instauradora do processo disciplinar poderá sindicância concluir que a infração está capitulada como
determinar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo ilícito penal, a autoridade competente encaminhará cópia
prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da dos autos ao Ministério Público, independentemente da
remuneração. imediata instauração do processo disciplinar.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado
por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a
que não concluído o processo. tomada de depoimentos, acareações, investigações e
diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova,
Capítulo III recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de modo
Do Processo Disciplinar a permitir a completa elucidação dos fatos.
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento
destinado a apurar responsabilidade de servidor por Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de
infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que acompanhar o processo pessoalmente ou por intermédio
tenha relação com as atribuições do cargo em que se de procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir
encontre investido. provas e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar
de prova pericial.
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por STF: Súmula Vinculante 5 - A falta de defesa técnica por advogado no
comissão composta de 3 (três) servidores estáveis processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
designados pela autoridade competente, observado o § 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos
disposto no § 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de
presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade § 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando
igual ou superior ao do indiciado. a comprovação do fato independer de conhecimento especial
§ 1o A Comissão terá como secretário servidor de perito.
designado pelo seu presidente, podendo a indicação recair
em um de seus membros. Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor
§ 2o Não poderá participar de comissão de sindicância mediante mandado expedido pelo presidente da comissão,
ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, anexado aos autos.
até o 3º (terceiro) grau. Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
a expedição do mandado será imediatamente comunicada ao
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e
independência e imparcialidade, assegurado o sigilo hora marcados para inquirição.
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
administração. Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das reduzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por
comissões terão caráter reservado. escrito.
§ 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente.
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas § 2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou
seguintes fases: que se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a depoentes.
comissão; Na acareação, as testemunhas cujos depoimentos conflitaram serão
II - inquérito administrativo, que compreende novamente ouvidas, postas frente a frente, cara a cara (daí “acareação”),
instrução, defesa e relatório; para que se procure identificar qual delas diz a verdade.
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III - julgamento.

Art. 152. O prazo para a conclusão do processo


disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da

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Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da
comissão promoverá o interrogatório do acusado, comissão, será remetido à autoridade que determinou a sua
observados os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158. instauração, para julgamento.
§ 1o No caso de mais de um acusado, cada um deles
será ouvido separadamente, e sempre que divergirem em Seção II
suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será Do Julgamento
promovida a acareação entre eles. Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do
§ 2o O procurador do acusado poderá assistir ao recebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a
interrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, sua decisão.
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, § 1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da
facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio do autoridade instauradora do processo, este será encaminhado
presidente da comissão. à autoridade competente, que decidirá em igual prazo.
§ 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade sanções, o julgamento caberá à autoridade competente
mental do acusado, a comissão proporá à autoridade para a imposição da pena mais grave.
competente que ele seja submetido a exame por junta § 3o Se a penalidade prevista for a demissão ou
médica oficial, da qual participe pelo menos um médico cassação de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento
psiquiatra. caberá às autoridades de que trata o inciso I do art. 141.
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será -- Presidente da República
processado em auto apartado e apenso ao processo -- Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais
principal, após a expedição do laudo pericial. -- Procurador-Geral da República
§ 4o Reconhecida pela comissão a inocência do
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será servidor, a autoridade instauradora do processo determinará
formulada a indiciação do servidor, com a especificação dos o seu arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à
fatos a ele imputados e das respectivas provas. prova dos autos.
§ 1o O indiciado será citado por mandado expedido
pelo presidente da comissão para apresentar defesa escrita, Art. 168. O julgamento acatará o relatório da
no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do comissão, salvo quando contrário às provas dos autos.
processo na repartição. Parágrafo único. Quando o relatório da comissão
§ 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora
comum e de 20 (vinte) dias. poderá, motivadamente, agravar a penalidade proposta,
§ 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade.
dobro, para diligências reputadas indispensáveis.
§ 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a
na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data autoridade que determinou a instauração do processo ou
declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão que outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total
fez a citação, com a assinatura de 2 (duas) testemunhas. ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de
outra comissão para instauração de novo processo.
Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica Vício insanável não pode ser convalidado
obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser § 1o O julgamento fora do prazo legal não implica
encontrado. nulidade do processo.
§ 2o A autoridade julgadora que der causa à prescrição
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário do Capítulo IV do Título IV.
Oficial da União e em jornal de grande circulação na O prazo de julgamento é um prazo impróprio, assim, ainda que o
localidade do último domicílio conhecido, para apresentar julgamento não observe o lapso temporal previsto, não haverá nulidade.
defesa. Contudo, a autoridade julgadora que der causa à prescrição será
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para responsabilizada.
defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação
do edital. Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a
autoridade julgadora determinará o registro do fato nos
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, assentamentos individuais do servidor.
regularmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. STF: O art. 170 da Lei 8.112/1990 é inconstitucional. “Reconhecida a
§ 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do prescrição da pretensão punitiva, há impedimento absoluto de ato
processo e devolverá o prazo para a defesa. decisório condenatório ou de formação de culpa definitiva por atos
§ 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade imputados ao investigado no período abrangido pelo PAD”. Nenhuma
consequência desabonadora da conduta do servidor, então, poderá ser
instauradora do processo designará um servidor como realizada pela Administração, como o registro dos fatos nos
defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo assentamentos individuais.
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade
igual ou superior ao do indiciado. Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como
crime, o processo disciplinar será remetido ao Ministério
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará Público para instauração da ação penal, ficando trasladado
relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos na repartição.
autos e mencionará as provas em que se baseou para formar
a sua convicção. Art. 172. O servidor que responder a processo
§ 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado
inocência ou à responsabilidade do servidor. voluntariamente, após a conclusão do processo e o
§ 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o
transgredido, bem como as circunstâncias agravantes ou parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em
atenuantes. demissão, se for o caso.

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Capítulo I
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias: Disposições Gerais
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social
da sede de sua repartição, na condição de testemunha, para o servidor e sua família.
denunciado ou indiciado; § 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a efetivo na administração pública direta, autárquica e
realização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos. fundacional não terá direito aos benefícios do Plano de
Seguridade Social, com exceção da assistência à saúde.
Seção III O servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo
Da Revisão do Processo com a União, autarquias e fundações públicas federais, contribui
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a obrigatoriamente para o Regime Geral de Previdência Social.
(Nota Técnica 495/2011/CGNOR/DENOP SRH/MP).
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de § 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo
justificar a inocência do punido ou a inadequação da efetivo, sem direito à remuneração, inclusive para servir em
penalidade aplicada. organismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro
§ 1o Em caso de falecimento, ausência ou efetivo ou com o qual coopere, ainda que contribua para
desaparecimento do servidor, qualquer pessoa da família regime de previdência social no exterior, terá suspenso o
poderá requerer a revisão do processo. seu vínculo com o regime do Plano de Seguridade Social
§ 2o No caso de incapacidade mental do servidor, a do Servidor Público enquanto durar o afastamento ou a
revisão será requerida pelo respectivo curador. licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do
mencionado regime de previdência.
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe § 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado
ao requerente. sem remuneração a manutenção da vinculação ao regime do
Plano de Seguridade Social do Servidor Público, mediante o
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade recolhimento mensal da respectiva contribuição, no mesmo
não constitui fundamento para a revisão, que requer percentual devido pelos servidores em atividade, incidente
elementos novos, ainda não apreciados no processo sobre a remuneração total do cargo a que faz jus no exercício
originário. de suas atribuições, computando-se, para esse efeito,
inclusive, as vantagens pessoais.
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será § 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser
dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, efetuado até o 2º (segundo) dia útil após a data do
se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do pagamento das remunerações dos servidores públicos,
órgão ou entidade onde se originou o processo disciplinar. aplicando-se os procedimentos de cobrança e execução dos
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade tributos federais quando não recolhidas na data de
competente providenciará a constituição de comissão, na vencimento.
forma do art. 149.
Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo cobertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua
originário. família, e compreende um conjunto de benefícios e ações
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá que atendam às seguintes finalidades:
dia e hora para a produção de provas e inquirição das I - garantir meios de subsistência nos eventos de
testemunhas que arrolar. doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade,
falecimento e reclusão;
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
para a conclusão dos trabalhos. III - assistência à saúde.
Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão termos e condições definidos em regulamento, observadas
revisora, no que couber, as normas e procedimentos próprios as disposições desta Lei.
da comissão do processo disciplinar.
Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou do servidor compreendem:
a penalidade, nos termos do art. 141. I - quanto ao servidor:
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 a) aposentadoria;
(vinte) dias, contados do recebimento do processo, no curso b) auxílio-natalidade;
do qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências. c) salário-família;
d) licença para tratamento de saúde;
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
declarada sem efeito a penalidade aplicada, f) licença por acidente em serviço;
restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em g) assistência à saúde;
relação à destituição do cargo em comissão, que será h) garantia de condições individuais e ambientais de
convertida em exoneração. trabalho satisfatórias;
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá II - quanto ao dependente:
resultar agravamento de penalidade. a) pensão vitalícia e temporária;
b) auxílio-funeral;
Da revisão não pode resultar agravamento da penalidade, isto é, não se
admite a denominada reformatio in pejus. Trata-se de uma relevante
c) auxílio-reclusão;
exceção ao princípio da verdade material, por força do qual a regra geral é d) assistência à saúde.
a possibilidade da reformatio in pejus nos processos administrativos. § 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e
Direito Administrativo Descomplicado, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo
mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram
vinculados os servidores, observado o disposto nos arts. 189
Título VI e 224.
Da Seguridade Social do Servidor

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§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por § 5o A critério da Administração, o servidor em licença


fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do para tratamento de saúde ou aposentado por invalidez
total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível. poderá ser convocado a qualquer momento, para avaliação
das condições que ensejaram o afastamento ou a
Capítulo II aposentadoria.
Dos Benefícios
Seção I Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado
Da Aposentadoria com observância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto na
Art. 186. O servidor será aposentado: mesma data e proporção, sempre que se modificar a
I - por invalidez permanente, sendo os proventos remuneração dos servidores em atividade.
integrais quando decorrente de acidente em serviço, moléstia Parágrafo único. São estendidos aos inativos
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente
especificada em lei, e proporcionais nos demais casos; concedidas aos servidores em atividade, inclusive quando
II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos de idade, decorrentes de transformação ou reclassificação do cargo ou
com proventos proporcionais ao tempo de serviço; função em que se deu a aposentadoria.
Nos termos da EC 88/2015 e da Lei Complementar 152/2015, atualmente,
a aposentadoria compulsória do servidor público vinculado ao regime Art. 190. O servidor aposentado com provento
próprio de previdência social ocorre aos 75 (setenta e cinco) anos de proporcional ao tempo de serviço se acometido de qualquer
idade.
das moléstias especificadas no § 1o do art. 186 desta Lei e,
III - voluntariamente: por esse motivo, for considerado inválido por junta médica
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e oficial passará a perceber provento integral, calculado com
aos 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; base no fundamento legal de concessão da aposentadoria.
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções
de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o
professora, com proventos integrais; provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 da atividade.
(vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais a
esse tempo; Art. 192. (Revogado)
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, Art. 193. (Revogado)
e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais
ao tempo de serviço. Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a
§ 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou gratificação natalina, até o dia 20 (vinte) do mês de
incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, dezembro, em valor equivalente ao respectivo provento,
tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, deduzido o adiantamento recebido.
neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço
público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente
paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose participado de operações bélicas, durante a Segunda Guerra
anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do mal de Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de
Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência 1967, será concedida aposentadoria com provento integral,
Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo.
medicina especializada.
§ 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas Seção II
insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas Do Auxílio-Natalidade
no art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso III, "a" e "c", Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por
observará o disposto em lei específica. motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao
§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à menor vencimento do serviço público, inclusive no caso de
junta médica oficial, que atestará a invalidez quando natimorto.
caracterizada a incapacidade para o desempenho das § 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será
atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar o acrescido de 50% (cinquenta por cento), por nascituro.
disposto no art. 24. § 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro
servidor público, quando a parturiente não for servidora.
Art. 187. A aposentadoria compulsória será
automática, e declarada por ato, com vigência a partir do dia Seção III
imediato àquele em que o servidor atingir a idade-limite de Do Salário-Família
permanência no serviço ativo. Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo
ou ao inativo, por dependente econômico.
Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez Parágrafo único. Consideram-se dependentes
vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato. econômicos para efeito de percepção do salário-família:
§ 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os
licença para tratamento de saúde, por período não enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante,
excedente a 24 (vinte e quatro) meses. até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qualquer
§ 2o Expirado o período de licença e não estando em idade;
condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante
servidor será aposentado. autorização judicial, viver na companhia e às expensas do
§ 3o O lapso de tempo compreendido entre o término da servidor, ou do inativo;
licença e a publicação do ato da aposentadoria será III - a mãe e o pai sem economia própria.
considerado como de prorrogação da licença.
§ 4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão Art. 198. Não se configura a dependência econômica
consideradas apenas as licenças motivadas pela quando o beneficiário do salário-família perceber rendimento
enfermidade ensejadora da invalidez ou doenças do trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou
correlacionadas. provento da aposentadoria, em valor igual ou superior ao
salário-mínimo.

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II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação


Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos ou parceria com os órgãos e entidades da administração
e viverem em comum, o salário-família será pago a um deles; direta, suas autarquias e fundações;
quando separados, será pago a um e outro, de acordo com a III - celebrar convênios com operadoras de plano de
distribuição dos dependentes. assistência à saúde, organizadas na modalidade de
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o autogestão, que possuam autorização de funcionamento do
padrasto, a madrasta e, na falta destes, os representantes órgão regulador, na forma do art. 230; ou
legais dos incapazes. IV - prestar os exames médicos periódicos mediante
contrato administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666,
Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer de 21 de junho de 1993, e demais normas pertinentes.
tributo, nem servirá de base para qualquer contribuição,
inclusive para a Previdência Social. Seção V
Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem Paternidade
remuneração, não acarreta a suspensão do pagamento do Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante
salário-família. por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da
remuneração.
Seção IV § 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono
Da Licença para Tratamento de Saúde mês de gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para § 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá
tratamento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em início a partir do parto.
perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer § 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias
jus. do evento, a servidora será submetida a exame médico, e se
julgada apta, reassumirá o exercício.
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será § 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, a
concedida com base em perícia oficial. servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso
§ 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será remunerado.
realizada na residência do servidor ou no estabelecimento
hospitalar onde se encontrar internado. Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o
§ 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local servidor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias
onde se encontra ou tenha exercício em caráter permanente consecutivos.
o servidor, e não se configurando as hipóteses previstas nos
parágrafos do art. 230, será aceito atestado passado por Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade
médico particular. de 6 (seis) meses, a servidora lactante terá direito, durante a
§ 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser
produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade de parcelada em dois períodos de meia hora.
recursos humanos do órgão ou entidade.
§ 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda
vinte) dias no período de 12 (doze) meses a contar do judicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos
primeiro dia de afastamento será concedida mediante 90 (noventa) dias de licença remunerada.
avaliação por junta médica oficial. Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial
§ 5o A perícia oficial para concessão da licença de que de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que
trata o caput deste artigo, bem como nos demais casos de trata este artigo será de 30 (trinta) dias.
perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada por STF: Os prazos da licença adotante não podem ser inferiores ao
cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que abranger o campo prazo da licença gestante, o mesmo valendo para as respectivas
de atuação da odontologia. prorrogações. Em relação à licença adotante, não é possível fixar prazos
diversos em função da idade da criança adotada.
STF – RE 778.889
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a
15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser Seção VI
dispensada de perícia oficial, na forma definida em Da Licença por Acidente em Serviço
regulamento. Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o
servidor acidentado em serviço.
Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se
referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico
tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, doença ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou
profissional ou qualquer das doenças especificadas no art. imediatamente, com as atribuições do cargo exercido.
186, § 1o. Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o
dano:
Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões I - decorrente de agressão sofrida e não provocada
orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção pelo servidor no exercício do cargo;
médica. II - sofrido no percurso da residência para o trabalho
e vice-versa.
Art. 206-A. O servidor será submetido a exames
médicos periódicos, nos termos e condições definidos em Art. 213. O servidor acidentado em serviço que
regulamento. necessite de tratamento especializado poderá ser tratado em
Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a instituição privada, à conta de recursos públicos.
União e suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta
I - prestar os exames médicos periódicos diretamente médica oficial constitui medida de exceção e somente será
pelo órgão ou entidade à qual se encontra vinculado o admissível quando inexistirem meios e recursos adequados
servidor; em instituição pública.

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Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 § 1º A concessão da pensão por morte não será
(dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem. protelada pela falta de habilitação de outro possível
dependente e a habilitação posterior que importe em
Seção VII exclusão ou inclusão de dependente só produzirá efeito a
Da Pensão partir da data da publicação da portaria de concessão da
Art. 215. Por morte do servidor, os seus dependentes, pensão ao dependente habilitado. (2019)
nas hipóteses legais, fazem jus à pensão por morte, § 2º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento da
observados os limites estabelecidos no inciso XI do caput do condição de dependente, este poderá requerer a sua
art. 37 da Constituição Federal e no art. 2º da Lei nº 10.887, habilitação provisória ao benefício de pensão por morte,
de 18 de junho de 2004. (2019) exclusivamente para fins de rateio dos valores com outros
dependentes, vedado o pagamento da respectiva cota até o
Art. 216. (Revogado) trânsito em julgado da respectiva ação, ressalvada a
existência de decisão judicial em contrário. (2019)
Art. 217. São beneficiários das pensões: § 3º Nas ações em que for parte o ente público
I - o cônjuge; responsável pela concessão da pensão por morte, este
a) (Revogada); poderá proceder de ofício à habilitação excepcional da
b) (Revogada); referida pensão, apenas para efeitos de rateio, descontando-
c) (Revogada); se os valores referentes a esta habilitação das demais cotas,
d) (Revogada); vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito em
e) (Revogada); julgado da respectiva ação, ressalvada a existência de
II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou decisão judicial em contrário. (2019)
de fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida § 4º Julgada improcedente a ação prevista no § 2º ou
judicialmente; § 3º deste artigo, o valor retido será corrigido pelos índices
a) (Revogada); legais de reajustamento e será pago de forma proporcional
b) (Revogada); aos demais dependentes, de acordo com as suas cotas e o
c) Revogada); tempo de duração de seus benefícios. (2019)
d) (Revogada); § 5º Em qualquer hipótese, fica assegurada ao órgão
III - o companheiro ou companheira que comprove concessor da pensão por morte a cobrança dos valores
união estável como entidade familiar; indevidamente pagos em função de nova habilitação. (2019)
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos
seguintes requisitos: Art. 220. Perde o direito à pensão por morte:
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; I - após o trânsito em julgado, o beneficiário
b) seja inválido; condenado pela prática de crime de que tenha dolosamente
c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência) resultado a morte do servidor;
d) tenha deficiência intelectual ou mental; (2019) II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se
V - a mãe e o pai que comprovem dependência comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no
econômica do servidor; e casamento ou na união estável, ou a formalização desses
VI - o irmão de qualquer condição que comprove com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário,
dependência econômica do servidor e atenda a um dos apuradas em processo judicial no qual será assegurado o
requisitos previstos no inciso IV. direito ao contraditório e à ampla defesa.
§ 1o A concessão de pensão aos beneficiários de que
tratam os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte
referidos nos incisos V e VI. presumida do servidor, nos seguintes casos:
§ 2o A concessão de pensão aos beneficiários de que I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária
trata o inciso V do caput exclui o beneficiário referido no competente;
inciso VI. II - desaparecimento em desabamento, inundação,
§ 3o O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho incêndio ou acidente não caracterizado como em serviço;
mediante declaração do servidor e desde que comprovada III - desaparecimento no desempenho das atribuições do
dependência econômica, na forma estabelecida em cargo ou em missão de segurança.
regulamento. Parágrafo único. A pensão provisória será transformada
§ 4º (VETADO). (2019) em vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5
(cinco) anos de sua vigência, ressalvado o eventual
Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à reaparecimento do servidor, hipótese em que o benefício
pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais entre os será automaticamente cancelado.
beneficiários habilitados.
§ 1o (Revogado) Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
§ 2o (Revogado) I - o seu falecimento;
§ 3o (Revogado) II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer
após a concessão da pensão ao cônjuge;
Art. 219. A pensão por morte será devida ao III - a cessação da invalidez, em se tratando de
conjunto dos dependentes do segurado que falecer, beneficiário inválido, ou o afastamento da deficiência, em se
aposentado ou não, a contar da data: (2019) tratando de beneficiário com deficiência, respeitados os
períodos mínimos decorrentes da aplicação das
I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e
alíneas a e b do inciso VII do caput deste artigo; (2019)
oitenta dias) após o óbito, para os filhos menores de 16
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos,
(dezesseis) anos, ou em até 90 (noventa) dias após o óbito,
pelo filho ou irmão;
para os demais dependentes; (2019)
II - do requerimento, quando requerida após o prazo V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
previsto no inciso I do caput deste artigo; ou (2019) VI - a renúncia expressa; e
III - da decisão judicial, na hipótese de morte VII - em relação aos beneficiários de que tratam os
presumida. (2019) incisos I a III do caput do art. 217:

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a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de
sem que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições beneficiário, a respectiva cota reverterá para os
mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido cobeneficiários.
iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do I - (Revogado);
servidor; II - (Revogado).
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de
acordo com a idade do pensionista na data de óbito do Art. 224. As pensões serão automaticamente
servidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições atualizadas na mesma data e na mesma proporção dos
mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do reajustes dos vencimentos dos servidores, aplicando-se o
casamento ou da união estável: disposto no parágrafo único do art. 189.
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos
de idade; Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e percepção cumulativa de pensão deixada por mais de um
seis) anos de idade; cônjuge ou companheiro ou companheira e de mais de 2
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e (duas) pensões.
nove) anos de idade;
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) Seção VIII
anos de idade; Do Auxílio-Funeral
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do
(quarenta e três) anos de idade; servidor falecido na atividade ou aposentado, em valor
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos equivalente a 1 (um) mês da remuneração ou provento.
de idade. § 1o No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio
§ 1o A critério da administração, o beneficiário de será pago somente em razão do cargo de maior
pensão cuja preservação seja motivada por invalidez, por remuneração.
incapacidade ou por deficiência poderá ser convocado a § 2o (Vetado)
qualquer momento para avaliação das referidas condições. § 3o O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e
§ 2o Serão aplicados, conforme o caso, a regra oito) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à
contida no inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do pessoa da família que houver custeado o funeral.
inciso VII, ambos do caput, se o óbito do servidor decorrer de
acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este
do trabalho, independentemente do recolhimento de 18 será indenizado, observado o disposto no artigo anterior.
(dezoito) contribuições mensais ou da comprovação de 2
(dois) anos de casamento ou de união estável. Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em
§ 3o Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e serviço fora do local de trabalho, inclusive no exterior, as
desde que nesse período se verifique o incremento mínimo despesas de transporte do corpo correrão à conta de
de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os recursos da União, autarquia ou fundação pública.
sexos, correspondente à expectativa de sobrevida da
população brasileira ao nascer, poderão ser fixadas, em Seção IX
números inteiros, novas idades para os fins previstos na Do Auxílio-Reclusão
alínea “b” do inciso VII do caput, em ato do Ministro de Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-
Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, limitado o reclusão, nos seguintes valores:
acréscimo na comparação com as idades anteriores ao I – 2/3 (dois terços) da remuneração, quando afastado
referido incremento. por motivo de prisão, em flagrante ou preventiva,
§ 4o O tempo de contribuição a Regime Próprio de determinada pela autoridade competente, enquanto perdurar
Previdência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de a prisão;
Previdência Social (RGPS) será considerado na contagem II - metade da remuneração, durante o afastamento,
das 18 (dezoito) contribuições mensais referidas nas em virtude de condenação, por sentença definitiva, a
alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput. pena que não determine a perda de cargo.
§ 5º Na hipótese de o servidor falecido estar, na data § 1o Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o
de seu falecimento, obrigado por determinação judicial a servidor terá direito à integralização da remuneração, desde
pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro que absolvido.
ou ex-companheira, a pensão por morte será devida pelo § 2o O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir
prazo remanescente na data do óbito, caso não incida outra do dia imediato àquele em que o servidor for posto em
hipótese de cancelamento anterior do benefício. (2019) liberdade, ainda que condicional.
§ 6º O beneficiário que não atender à convocação de § 3o Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-
que trata o § 1º deste artigo terá o benefício suspenso, reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por
observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 95 da morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão.
Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. (2019)
§ 7º O exercício de atividade remunerada, inclusive na Capítulo III
condição de microempreendedor individual, não impede a Da Assistência à Saúde
concessão ou manutenção da cota da pensão de dependente Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou
com deficiência intelectual ou mental ou com deficiência inativo, e de sua família compreende assistência médica,
grave. (2019) hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, terá
como diretriz básica o implemento de ações preventivas
§ 8º No ato de requerimento de benefícios
voltadas para a promoção da saúde e será prestada pelo
previdenciários, não será exigida apresentação de termo de
Sistema Único de Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou
curatela de titular ou de beneficiário com deficiência,
entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou mediante
observados os procedimentos a serem estabelecidos em
convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio, mediante
regulamento. (2019)
ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor, ativo
ou inativo, e seus dependentes ou pensionistas com planos
ou seguros privados de assistência à saúde, na forma
estabelecida em regulamento.

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§ 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja


exigida perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados
de médico ou junta médica oficial, para a sua realização o em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-
órgão ou entidade celebrará, preferencialmente, convênio se o do vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia
com unidades de atendimento do sistema público de saúde, útil seguinte, o prazo vencido em dia em que não haja
entidades sem fins lucrativos declaradas de utilidade pública, expediente.
ou com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.
§ 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de
aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou convicção filosófica ou política, o servidor não poderá ser
entidade promoverá a contratação da prestação de serviços privado de quaisquer dos seus direitos, sofrer
por pessoa jurídica, que constituirá junta médica discriminação em sua vida funcional, nem eximir-se do
especificamente para esses fins, indicando os nomes e cumprimento de seus deveres.
especialidades dos seus integrantes, com a comprovação de
suas habilitações e de que não estejam respondendo a Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos
processo disciplinar junto à entidade fiscalizadora da termos da Constituição Federal, o direito à livre associação
profissão. sindical e os seguintes direitos, entre outros, dela
§ 3o Para os fins do disposto no caput deste artigo, decorrentes:
ficam a União e suas entidades autárquicas e fundacionais a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como
autorizadas a: substituto processual;
I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano
de serviços de assistência à saúde para os seus servidores após o final do mandato, exceto se a pedido;
ou empregados ativos, aposentados, pensionistas, bem como c) (Revogado)
para seus respectivos grupos familiares definidos, com d) (Revogado)
entidades de autogestão por elas patrocinadas por meio de e) (Revogado)
instrumentos jurídicos efetivamente celebrados e publicados
até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam autorização de Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do
funcionamento do órgão regulador, sendo certo que os cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas
convênios celebrados depois dessa data somente poderão expensas e constem do seu assentamento individual.
sê-lo na forma da regulamentação específica sobre patrocínio Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a
de autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão companheira ou companheiro, que comprove união estável
regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência como entidade familiar.
desta Lei, normas essas também aplicáveis aos convênios
existentes até 12 de fevereiro de 2006; Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o
II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei município onde a repartição estiver instalada e onde o
no 8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de planos e servidor tiver exercício, em caráter permanente.
seguros privados de assistência à saúde que possuam
autorização de funcionamento do órgão regulador; Título IX
III – (Vetado) Capítulo Único
§ 4o (Vetado) Das Disposições Transitórias e Finais
§ 5o O valor do ressarcimento fica limitado ao total Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído
despendido pelo servidor ou pensionista civil com plano ou por esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os
seguro privado de assistência à saúde. servidores dos Poderes da União, dos ex-Territórios, das
autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações
Capítulo IV públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de
Do Custeio 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, ou
Art. 231. (Revogado) pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, exceto os
Título VII contratados por prazo determinado, cujos contratos não
Capítulo Único poderão ser prorrogados após o vencimento do prazo de
Da Contratação Temporária de Excepcional Interesse prorrogação.
Público § 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos
Art. 232. (Revogado) no regime instituído por esta Lei ficam transformados em
Art. 233. (Revogado) cargos, na data de sua publicação.
Art. 234. (Revogado) § 2o As funções de confiança exercidas por pessoas
Art. 235. (Revogado) não integrantes de tabela permanente do órgão ou entidade
onde têm exercício ficam transformadas em cargos em
Título VIII comissão, e mantidas enquanto não for implantado o plano
Capítulo Único de cargos dos órgãos ou entidades na forma da lei.
Das Disposições Gerais § 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS,
Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela de
a 28 (vinte e oito) de outubro. pessoal, ficam extintas na data da vigência desta Lei.
§ 4o (Vetado)
Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos § 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes serventuários da Justiça, remunerados com recursos da
incentivos funcionais, além daqueles já previstos nos União, no que couber.
respectivos planos de carreira: § 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com
I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou estabilidade no serviço público, enquanto não adquirirem a
trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade e a nacionalidade brasileira, passarão a integrar tabela em
redução dos custos operacionais; extinção, do respectivo órgão ou entidade, sem prejuízo dos
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao direitos inerentes aos planos de carreira aos quais se
mérito, condecoração e elogio. encontrem vinculados os empregos.

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§ 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária
artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e
Constitucionais Transitórias, poderão, no interesse da qualquer acessório, mediante as seguintes
Administração e conforme critérios estabelecidos em condutas:
regulamento, ser exonerados mediante indenização de um I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às
mês de remuneração por ano de efetivo exercício no serviço autoridades fazendárias;
público federal. II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo
§ 8o Para fins de incidência do imposto de renda na elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer
fonte e na declaração de rendimentos, serão considerados natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
como indenizações isentas os pagamentos efetuados a título III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata,
de indenização prevista no parágrafo anterior. nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à
§ 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do operação tributável;
disposto no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar
quando considerados desnecessários. documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório,
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de
concedidos aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada,
transformados em anuênio. ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência
Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser
transformada em licença-prêmio por assiduidade, na forma convertido em horas em razão da maior ou menor
prevista nos arts. 87 a 90. complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao
atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no
Art. 246. (Vetado) inciso V.
STF: Súmula vinculante 24 - Não se tipifica crime material contra a
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90,
haverá ajuste de contas com a Previdência Social, antes do lançamento definitivo do tributo.
correspondente ao período de contribuição por parte dos
servidores celetistas abrangidos pelo art. 243. Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:
I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-
vigência desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
entidade de origem do servidor. II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de
tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231, qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria
os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e recolher aos cofres públicos;
nos percentuais atualmente estabelecidos para o servidor III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o
civil da União conforme regulamento próprio. contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a
parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a contribuição como incentivo fiscal;
satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o
para a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas
antigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei por órgão ou entidade de desenvolvimento;
n° 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á com a V - utilizar ou divulgar programa de processamento
vantagem prevista naquele dispositivo. (Mantido pelo de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação
Congresso Nacional) tributária possuir informação contábil diversa daquela que é,
por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Art. 251. (Revogado) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação, com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do
De acordo com o art. 15 da Lei nº 9.964/2000, a qual instituiu o Programa
mês subsequente. de Recuperação Fiscal (Refis), “é suspensa a pretensão punitiva do
Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei no 8.137,
Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de de 27 de dezembro de 1990, e no art. 95 da Lei no8.212, de 24 de julho de
outubro de 1952, e respectiva legislação complementar, bem 1991, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o
como as demais disposições em contrário. agente dos aludidos crimes estiver incluída no Refis, desde que a
inclusão no referido Programa tenha ocorrido antes do recebimento da
denúncia criminal”, extinguindo-se a punibilidade com o pagamento
integral dos débitos.
Lei nº 8.137 / 1990
Crimes Contra a Ordem Tributária, Seção II
Dos crimes praticados por funcionários públicos
Econômica e Contra as Relações Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem
de Consumo tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7
de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer
CAPÍTULO I documento, de que tenha a guarda em razão da função;
Dos Crimes Contra a Ordem Tributária sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando
Seção I pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição
Dos crimes praticados por particulares social;

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II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou à venda em separado;
antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem d) aviso de inclusão de insumo não empregado na
indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para produção do bem ou na prestação dos serviços;
deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens
cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de taxa de
anos, e multa. juros ilegais;
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-
privado perante a administração fazendária, valendo-se da los a quem pretenda comprá-los nas condições publicamente
qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação;
a 4 (quatro) anos, e multa. VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de
indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza,
CAPÍTULO II qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio,
Dos Crimes Contra a Economia e as Relações de inclusive a veiculação ou divulgação publicitária;
Consumo VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou
Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica: mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em proveito
I - abusar do poder econômico, dominando o próprio ou de terceiros;
mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à
mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas; venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou
Pode-se citar o “dumping” como uma forma de abuso do poder mercadoria, em condições impróprias ao consumo;
econômico. Consiste em uma prática comercial na qual uma ou mais O inciso acima admite a modalidade culposa.
empresas vendem seus produtos ou serviços a preços extremamente ----------------------------------------------------------------------------------------------
baixos, com o intuito de prejudicar e eliminar seus concorrentes. Para o STJ, o crime previsto no art. 7º, IX, dessa Lei, por deixar vestígios
materiais, exige a realização de perícia para a sua comprovação. Não
a) (revogada); realizada a perícia indispensável, não está configurado o crime.
b) (revogada); STJ, REsp 1476252/SC, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, DJ 29.06.2015.

c) (revogada); Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou


d) (revogada); multa.
e) (revogada); Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX
f) (revogada); pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a
II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte.
ofertantes, visando:
• Formação de Cartel CAPÍTULO III
a) à fixação artificial de preços ou quantidades Das Multas
vendidas ou produzidas; Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei,
b) ao controle regionalizado do mercado por empresa a pena de multa será fixada entre 10 (dez) e 360 (trezentos e
ou grupo de empresas; sessenta) dias-multa, conforme seja necessário e suficiente
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede para reprovação e prevenção do crime.
de distribuição ou de fornecedores. Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa. valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior a 200
III - (revogado); (duzentos) Bônus do Tesouro Nacional BTN.
IV - (revogado);
V - (revogado); Art. 9° A pena de detenção ou reclusão poderá ser
VI - (revogado); convertida em multa de valor equivalente a:
VII - (revogado). I - 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco
Art. 5° (revogado) milhões) de BTN, nos crimes definidos no art. 4°;
Art. 6° (revogado) II - 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil) BTN,
nos crimes definidos nos arts. 5° e 6°;
Art. 7° Constitui crime contra as relações de III - 50.000 (cinqüenta mil) até 1.000.000 (um milhão
consumo: de BTN), nos crimes definidos no art. 7°.
I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador
ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a
por intermédio de distribuidores ou revendedores; situação econômica do réu, verifique a insuficiência ou
II - vender ou expor à venda mercadoria cuja excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas nesta
embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja lei, poderá diminuí-las até a décima parte ou elevá-las ao
em desacordo com as prescrições legais, ou que não décuplo.
corresponda à respectiva classificação oficial;
O inciso acima admite a modalidade culposa. CAPÍTULO IV
Das Disposições Gerais
III - misturar gêneros e mercadorias de espécies Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio
diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros; de pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos nesta
misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua
vendê-los ou expô-los à venda por preço estabelecido para culpabilidade.
os demais mais alto custo; Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for
O inciso acima admite a modalidade culposa. efetuada por sistema de entrega ao consumo ou por
IV - fraudar preços por meio de: intermédio de outro em que o preço ao consumidor é
a) alteração, sem modificação essencial ou de estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou concedente, o
qualidade, de elementos tais como denominação, sinal ato por este praticado não alcança o distribuidor ou
externo, marca, embalagem, especificação técnica, revendedor.
descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou
serviço; Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3
b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente (um terço) até a metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e
oferecido à venda em conjunto; 4° a 7°:

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I - ocasionar grave dano à coletividade; vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
II - ser o crime cometido por servidor público no mencionadas no artigo anterior.
exercício de suas funções;
III - ser o crime praticado em relação à prestação de Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que
serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à couber, àquele que, mesmo não sendo agente público,
saúde. induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou
dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
Art. 13. (vetado). De acordo com o STF, ressalvado o Presidente da República, a Lei de
Art. 14. (revogado) Improbidade Administrativa também se aplica aos agentes políticos, que
De acordo com a Lei 10.684/03, extingue-se a punibilidade quando o se submetem a um duplo regime sancionatório: responsabilização civil
agente efetua o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e pelos atos de improbidade administrativa e responsabilização político-
contribuições sociais, inclusive acessórios, mesmo após o Trânsito em administrativa pelos crimes de responsabilidade.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Julgado, como corrobora o STJ (HC 362478).
Cumpre salientar que a competência para o julgamento será do juízo de
primeiro grau, não havendo foro por prerrogativa de função.
Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação
penal pública, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100 do Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou
Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos
Penal. princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e
• Ação Penal Pública Incondicionada
publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.
Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por
do Ministério Público nos crimes descritos nesta lei, ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de
fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos
de convicção. Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o
Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores
cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe acrescidos ao seu patrimônio.
que através de confissão espontânea revelar à autoridade
policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao
reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois terços). patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a
• Delação Premiada
autoridade administrativa responsável pelo inquérito
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade
Art. 17. Compete ao Departamento Nacional de
dos bens do indiciado.
Abastecimento e Preços, quando e se necessário,
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o
providenciar a desapropriação de estoques, a fim de evitar
caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o
crise no mercado ou colapso no abastecimento
integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo
patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
Lei nº 8.429 / 1992 Segundo o art. 37, §4º, da Constituição Federal, os atos de improbidade
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda
Lei de Improbidade Administrativa da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes cabível.
públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício
de mandato, cargo, emprego ou função na administração Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao
pública direta, indireta ou fundacional e dá outras patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito
providências. às cominações desta lei até o limite do valor da herança.
CAPÍTULO I CAPÍTULO II
Das Disposições Gerais Dos Atos de Improbidade Administrativa
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por Seção I
qualquer agente público, servidor ou não, contra a (1) Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Enriquecimento Ilícito
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa
Municípios, de Território, de (2) empresa incorporada ao importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de
patrimônio público ou (3) de entidade para cuja criação ou vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de
custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades
50% (cinquenta por cento) do patrimônio ou da receita anual, mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
serão punidos na forma desta lei. I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou
desta lei os atos de improbidade praticados contra o indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação
patrimônio de (4) entidade que receba subvenção, benefício ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que
ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão
(5) daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja decorrente das atribuições do agente público;
concorrido ou concorra com menos de 50% (cinquenta por II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
cento) do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel
casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades
contribuição dos cofres públicos. referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem
lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, preço inferior ao valor de mercado;
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou

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IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou


máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, locação de bem ou serviço por preço superior ao de
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mercado;
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de VI - realizar operação financeira sem observância das
servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por normas legais e regulamentares ou aceitar garantia
essas entidades; insuficiente ou inidônea;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de observância das formalidades legais ou regulamentares
jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, aplicáveis à espécie;
de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de
promessa de tal vantagem; processo seletivo para celebração de parcerias com
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição indevidamente;
ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não
ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou autorizadas em lei ou regulamento;
característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; renda, bem como no que diz respeito à conservação do
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de patrimônio público;
mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de XI - liberar verba pública sem a estrita observância das
qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
do patrimônio ou à renda do agente público; aplicação irregular;
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica enriqueça ilicitamente;
que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço
por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de
público, durante a atividade; qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros
natureza; contratados por essas entidades.
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência por objeto a prestação de serviços públicos por meio da
ou declaração a que esteja obrigado; gestão associada sem observar as formalidades previstas na
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio lei;
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei; sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou observar as formalidades previstas na lei.
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a
mencionadas no art. 1° desta lei. incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou
De acordo com o STJ, tanto atos de improbidade que importam jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos
enriquecimento ilícito quanto os que atentam contra os princípios da transferidos pela administração pública a entidades privadas
administração pública exigem o dolo como elemento caracterizador. Os mediante celebração de parcerias, sem a observância das
atos de improbidade que causam prejuízo ao erário, contudo, podem ser formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
evidenciados por dolo ou por culpa.
espécie;
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
Seção II jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam públicos transferidos pela administração pública a entidade
Prejuízo ao Erário privada mediante celebração de parcerias, sem a
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que observância das formalidades legais ou regulamentares
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou aplicáveis à espécie;
culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, XVIII - celebrar parcerias da administração pública
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das
com entidades privadas sem a observância das formalidades
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou XIX - agir negligentemente na celebração,
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do fiscalização e análise das prestações de contas de
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º parcerias firmadas pela administração pública com entidades
desta lei; privadas;
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
administração pública com entidades privadas sem a estrita
integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; forma para a sua aplicação irregular.
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou administração pública com entidades privadas sem a estrita
assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, forma para a sua aplicação irregular.
sem observância das formalidades legais e regulamentares
aplicáveis à espécie;
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou Seção II-A
locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das (2016)
entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação
de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;

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Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de 4. É firme a orientação no sentido da imprescindibilidade de dolo nos
atos de improbidade administrativa por violação a princípio, conforme
Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício previstos no caput do art. 11 da Lei n. 8.429/1992 - o que foi claramente
Financeiro ou Tributário demonstrado no caso dos autos, porquanto o professor atuou com
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa dolo no sentido de assediar suas alunas e obter vantagem indevida
em função do cargo que ocupava, o que subverte os valores
qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter fundamentais da sociedade e corrói sua estrutura.
benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem 5. O recurso não pode ser conhecido em relação à alínea c do permissivo
constitucional, porquanto o recorrente não demonstrou suficientemente a
o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de divergência, o que atrai, por analogia, a incidência da Súmula 284/STF.
31 de julho de 2003. (2016) Recurso especial conhecido em parte e improvido.
STJ - REsp 1255120/SC, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, j. 21.05.2013, 2ª Turma, DJe 28.05.2013.
A Lei Complementar mencionada acima trata do Imposto sobre Serviços
de Qualquer Natureza (ISS):
“Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza é de 2% (dois por cento).
CAPÍTULO III
§ 1º O imposto não será objeto de concessão de isenções, Das Penas
incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis
base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer e administrativas previstas na legislação específica, está o
outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
que a decorrente da aplicação da alíquota mínima estabelecida no caput,
exceto para os serviços a que se referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
da lista anexa a esta Lei Complementar.” cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
▪ ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores
Seção III acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam integral do dano, quando houver, perda da função pública,
Contra os Princípios da Administração Pública suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 (oito a dez)
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que anos, pagamento de multa civil de até 3 (três) vezes o valor
atenta contra os princípios da administração pública do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o
qualquer ação ou omissão que viole os deveres de Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio
instituições, e notadamente: de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou de 10 (dez) anos;
regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de ▪ PREJUÍZO AO ERÁRIO
competência; II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
ofício; patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em pública, suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 (cinco a
razão das atribuições e que deva permanecer em segredo; oito) anos, pagamento de multa civil de até 2 (duas) vezes
IV - negar publicidade aos atos oficiais; o valor do dano e proibição de contratar com o Poder
V - frustrar a licitude de concurso público; Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
VI -deixar de prestar contas quando esteja obrigado a creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio
fazê-lo; de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de de 5 (cinco) anos;
terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de ▪ CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO
medida política ou econômica capaz de afetar o preço de PÚBLICA
mercadoria, bem ou serviço. III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos
fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas direitos políticos de 3 a 5 (três a cinco) anos, pagamento
pela administração pública com entidades privadas. de multa civil de até 100 (cem) vezes o valor da
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de remuneração percebida pelo agente e proibição de
acessibilidade previstos na legislação. contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
X - transferir recurso a entidade privada, em razão incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda
da prestação de serviços na área de saúde sem a prévia que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
celebração de contrato, convênio ou instrumento majoritário, pelo prazo de 3 (três) anos.
▪ CONCESSÃO OU APLICAÇÃO INDEVIDA DE
congênere, nos termos do parágrafo único do art. 24 da Lei
BENEFÍCIO FINANCEIRO OU TRIBUTÁRIO
nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. (2018)
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da
Conforme a Jurisprudência abaixo, o STJ reconheceu a prática de assédio função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 a 8
sexual como improbidade contra os princípios da administração pública.
(cinco a oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor
----------------------------------------------------------------------------------------------------
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. do benefício financeiro ou tributário concedido. (2016)
ASSÉDIO DE PROFESSOR DA REDE PÚBLICA. PROVA TESTEMUNHAL Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta
SUFICIENTE. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. MATÉRIA lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim
CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DA EXCELSA CORTE. DOLO DO AGENTE. como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
ATO ÍMPROBO. CARACTERIZAÇÃO.
1. Cinge-se a questão dos autos a possibilidade de prática de assédio
sexual como sendo ato de improbidade administrativa previsto no CAPÍTULO IV
caput do art. 11 da Lei n. 8.429/1992, praticado por professor da rede Da Declaração de Bens
pública de ensino, o qual fora condenado pelas instâncias ordinárias à Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
perda da função pública. condicionados à apresentação de declaração dos bens e
2. A tese inerente à atipicidade da conduta em razão da inexistência de
nexo causal entre o ato e a atividade de educador exercida pelo Professo
valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser
não foi abordada pelo Corte de origem, o que atrai a incidência da Súmula arquivada no serviço de pessoal competente.
282 do STF. § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis,
3. O recorrente também tratou de questão constitucional, qual seja, a semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra
dignidade da pessoa humana, matéria que refoge da competência desta espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou
Corte Superior, sob pena de usurpação da competência do Supremo
Tribunal Federal.
no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e
valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e

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de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica § 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá
do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de as ações necessárias à complementação do ressarcimento
uso doméstico. do patrimônio público.
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada § 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo
e na data em que o agente público deixar o exercício do Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no §
mandato, cargo, emprego ou função. 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo
serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob
agente público que se recusar a prestar declaração dos pena de nulidade.
bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa. § 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia juízo para todas as ações posteriormente intentadas que
da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto § 6o A ação será instruída com documentos ou
sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as justificação que contenham indícios suficientes da existência
necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da
caput e no § 2° deste artigo. impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas,
observada a legislação vigente, inclusive as disposições
CAPÍTULO V inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil.
Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial § 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer
autoridade administrativa competente para que seja manifestação por escrito, que poderá ser instruída com
instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato documentos e justificações, dentro do prazo de 15 (quinze)
de improbidade. dias.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a § 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de 30
termo e assinada, conterá a qualificação do representante, as (trinta) dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se
informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das convencido da inexistência do ato de improbidade, da
provas de que tenha conhecimento. improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a § 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para
representação, em despacho fundamentado, se esta não apresentar contestação.
contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A § 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá
rejeição não impede a representação ao Ministério Público, agravo de instrumento.
nos termos do art. 22 desta lei. § 10-A. Havendo a possibilidade de solução
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a consensual, poderão as partes requerer ao juiz a
autoridade determinará a imediata apuração dos fatos que, interrupção do prazo para a contestação, por prazo não
em se tratando de servidores federais, será processada na superior a 90 (noventa) dias. (2019)
forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de
dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a
acordo com os respectivos regulamentos disciplinares.
inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o
processo sem julgamento do mérito.
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições
Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas
realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto
da existência de procedimento administrativo para apurar a
no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal.
prática de ato de improbidade.
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou
considera pessoa jurídica interessada o ente tributante que
Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar
figurar no polo ativo da obrigação tributária de que tratam o §
representante para acompanhar o procedimento
4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31
administrativo.
de julho de 2003. (2016)
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade,
a comissão representará ao Ministério Público ou à Art. 17-A. (VETADO): (2019)
I - (VETADO);
procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente
II - (VETADO);
a decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro
III - (VETADO).
que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao
§ 1º (VETADO).
patrimônio público.
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo § 2º (VETADO).
com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo § 3º (VETADO).
Civil. § 4º (VETADO).
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, § 5º (VETADO).
o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações
financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de
lei e dos tratados internacionais. reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos
ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica
proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
interessada, dentro de 30 (trinta) dias da efetivação da
medida cautelar. CAPÍTULO VI
Das Disposições Penais
§ 1º As ações de que trata este artigo admitem a
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de
celebração de acordo de não persecução cível, nos termos
improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário,
desta Lei. (2019)
quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.

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Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante Seção I


está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, Dos Princípios
morais ou à imagem que houver provocado. Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre
licitações e contratos administrativos pertinentes a obras,
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e
direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do
da sentença condenatória. Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei,
competente poderá determinar o afastamento do agente além dos órgãos da administração direta, os fundos
público do exercício do cargo, emprego ou função, sem especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer empresas públicas, as sociedades de economia mista e
necessária à instrução processual. demais entidades controladas direta ou indiretamente pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei Com o advento da Lei 13.303/2016, que dispõe sobre o estatuto jurídico
independe: da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
salvo quanto à pena de ressarcimento; Municípios, não se aplica mais às empresas estatais a integralidade da
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de Lei 8.666/1993.
controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade,
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o compras, alienações, concessões, permissões e locações da
Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade Administração Pública, quando contratadas com terceiros,
administrativa ou mediante representação formulada de serão necessariamente precedidas de licitação,
acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar a ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.
instauração de inquérito policial ou procedimento Licitação dispensada: art. 17
administrativo. Licitação dispensável: art. 24
Inexigibilidade de licitação: art. 25
CAPÍTULO VII Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se
Da Prescrição contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as Administração Pública e particulares, em que haja um
sanções previstas nesta lei podem ser propostas: acordo de vontades para a formação de vínculo e a
I – até 5 (cinco) anos após o término do exercício de estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a
mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança; denominação utilizada.
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei
específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância
bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo do princípio constitucional da isonomia, a seleção da
efetivo ou emprego. proposta mais vantajosa para a administração e a
III – até 5 (cinco) anos da data da apresentação à promoção do desenvolvimento nacional sustentável e
administração pública da prestação de contas final pelas será processada e julgada em estrita conformidade com os
entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
Lei. moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
CAPÍTULO VIII julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
Das Disposições Finais Princípios Explícitos Princípios Implícitos
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua - Legalidade; - Competitividade;
publicação. - Impessoalidade; - Procedimento Formal;
- Moralidade; - Sigilo das propostas;
- Igualdade; - Adjudicação compulsória;
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de - Publicidade; - Eficiência;
junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e - Probidade Administrativa; - outros.
demais disposições em contrário. - Vinculação ao instrumento
convocatório;
- Julgamento objetivo.
§ 1o É vedado aos agentes públicos:
Lei nº 8.666 / 1993 I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de
Lei de Licitações convocação, cláusulas ou condições que comprometam,
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive
nos casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam
Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede
institui normas para licitações e contratos da Administração ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância
Pública e dá outras providências. impertinente ou irrelevante para o específico objeto do
contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12 deste artigo e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991;
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza
Pode-se definir a licitação como o procedimento administrativo pelo qual comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra,
um ente público, no exercício da função administrativa, abre a todos os entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se
interessados, que se sujeitem às condições fixadas no instrumento refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo
convocatório, a possibilidade de formularem propostas dentre as quais quando envolvidos financiamentos de agências
selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração de
contrato. internacionais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e
Maria Sylvia Zanella Di Pietro no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991.
§ 2o Em igualdade de condições, como critério de
Capítulo I desempate, será assegurada preferência, sucessivamente,
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS aos bens e serviços:

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I – (Revogado) estratégicos em ato do Poder Executivo federal, a licitação


II - produzidos no País; poderá ser restrita a bens e serviços com tecnologia
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras. desenvolvida no País e produzidos de acordo com o
IV - produzidos ou prestados por empresas que processo produtivo básico de que trata a Lei no 10.176, de
invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no 11 de janeiro de 2001.
País. § 13. Será divulgada na internet, a cada exercício
V - produzidos ou prestados por empresas que financeiro, a relação de empresas favorecidas em
comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em decorrência do disposto nos §§ 5o, 7o, 10, 11 e 12 deste
lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da artigo, com indicação do volume de recursos destinados a
Previdência Social e que atendam às regras de cada uma delas.
acessibilidade previstas na legislação. § 14. As preferências definidas neste artigo e nas
Se, ainda assim, os licitantes permanecerem empatados, será realizado demais normas de licitação e contratos devem privilegiar o
sorteio (art. 45, § 2º) tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e
§ 3o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e empresas de pequeno porte na forma da lei.
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo § 15. As preferências dispostas neste artigo
prevalecem sobre as demais preferências previstas na
quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.
legislação quando estas forem aplicadas sobre produtos ou
§ 4º (Vetado).
serviços estrangeiros.
§ 5o Nos processos de licitação, poderá ser
estabelecida margem de preferência para:
Art. 4o Todos quantos participem de licitação promovida
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais
pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm
que atendam a normas técnicas brasileiras; e
II - bens e serviços produzidos ou prestados por direito público subjetivo à fiel observância do pertinente
empresas que comprovem cumprimento de reserva de procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer
cidadão acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não
cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para
interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos
reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de
trabalhos.
acessibilidade previstas na legislação.
§ 6o A margem de preferência de que trata o § 5o será Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta lei
estabelecida com base em estudos revistos caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em
periodicamente, em prazo não superior a 5 (cinco) anos, qualquer esfera da Administração Pública. (Princípio do
que levem em consideração: procedimento formal)
I - geração de emprego e renda;
II - efeito na arrecadação de tributos federais, Art. 5o Todos os valores, preços e custos utilizados nas
estaduais e municipais; licitações terão como expressão monetária a moeda
III - desenvolvimento e inovação tecnológica corrente nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta
realizados no País; Lei, devendo cada unidade da Administração, no pagamento
IV - custo adicional dos produtos e serviços; e das obrigações relativas ao fornecimento de bens, locações,
V - em suas revisões, análise retrospectiva de realização de obras e prestação de serviços, obedecer, para
resultados. cada fonte diferenciada de recursos, a estrita ordem
§ 7o Para os produtos manufaturados e serviços cronológica das datas de suas exigibilidades, salvo quando
nacionais resultantes de desenvolvimento e inovação presentes relevantes razões de interesse público e mediante
tecnológica realizados no País, poderá ser estabelecido prévia justificativa da autoridade competente, devidamente
margem de preferência adicional àquela prevista no § 5o. publicada.
§ 8o As margens de preferência por produto, serviço, § 1o Os créditos a que se refere este artigo terão seus
grupo de produtos ou grupo de serviços, a que se referem os valores corrigidos por critérios previstos no ato convocatório e
§§ 5o e 7o, serão definidas pelo Poder Executivo federal, não que lhes preservem o valor.
podendo a soma delas ultrapassar o montante de 25% § 2o A correção de que trata o parágrafo anterior cujo
(vinte e cinco por cento) sobre o preço dos produtos pagamento será feito junto com o principal, correrá à conta
manufaturados e serviços estrangeiros. das mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos
§ 9o As disposições contidas nos §§ 5o e 7o deste créditos a que se referem.
artigo não se aplicam aos bens e aos serviços cuja § 3o Observados o disposto no caput, os pagamentos
capacidade de produção ou prestação no País seja decorrentes de despesas cujos valores não ultrapassem o
inferior: limite de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do que
I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou dispõe seu parágrafo único, deverão ser efetuados no prazo
II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7o do de até 5 (cinco) dias úteis, contados da apresentação da
art. 23 desta Lei, quando for o caso. fatura.
§ 10. A margem de preferência a que se refere o §
5o poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e Art. 5o- A. As normas de licitações e contratos devem
serviços originários dos Estados Partes do Mercado Comum privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às
do Sul - Mercosul. microempresas e empresas de pequeno porte na forma da
§ 11. Os editais de licitação para a contratação de lei.
bens, serviços e obras poderão, mediante prévia justificativa
da autoridade competente, exigir que o contratado promova, Seção II
em favor de órgão ou entidade integrante da administração Das Definições
pública ou daqueles por ela indicados a partir de processo Art. 6o Para os fins desta Lei, considera-se:
isonômico, medidas de compensação comercial, industrial, I - Obra - toda construção, reforma, fabricação,
tecnológica ou acesso a condições vantajosas de recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou
financiamento, cumulativamente ou não, na forma indireta;
estabelecida pelo Poder Executivo federal. II - Serviço - toda atividade destinada a obter
§ 12. Nas contratações destinadas à implantação, determinada utilidade de interesse para a Administração, tais
manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação,
tecnologia de informação e comunicação, considerados conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte,

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locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico- XI - Administração Pública - a administração direta e
profissionais; indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para Municípios, abrangendo inclusive as entidades com
fornecimento de uma só vez ou parceladamente; personalidade jurídica de direito privado sob controle do
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens poder público e das fundações por ele instituídas ou
a terceiros; mantidas;
V - Obras, serviços e compras de grande vulto - XII - Administração - órgão, entidade ou unidade
aquelas cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e administrativa pela qual a Administração Pública opera e atua
cinco) vezes o limite estabelecido na alínea "c" do inciso I do concretamente;
art. 23 desta Lei; XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel da Administração Pública, sendo para a União o Diário Oficial
cumprimento das obrigações assumidas por empresas em da União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os
licitações e contratos; Municípios, o que for definido nas respectivas leis;
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do
entidades da Administração, pelos próprios meios; instrumento contratual;
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária
contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes: de contrato com a Administração Pública;
a) empreitada por preço global - quando se contrata XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial,
a execução da obra ou do serviço por preço certo e total; criada pela Administração com a função de receber,
b) empreitada por preço unitário - quando se contrata examinar e julgar todos os documentos e procedimentos
a execução da obra ou do serviço por preço certo de relativos às licitações e ao cadastramento de licitantes.
unidades determinadas; XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos
c) (Vetado). manufaturados, produzidos no território nacional de acordo
d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para com o processo produtivo básico ou com as regras de origem
pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem estabelecidas pelo Poder Executivo federal;
fornecimento de materiais; XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no
e) empreitada integral - quando se contrata um País, nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo
empreendimento em sua integralidade, compreendendo federal;
todas as etapas das obras, serviços e instalações XIX - sistemas de tecnologia de informação e
necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a comunicação estratégicos - bens e serviços de tecnologia
sua entrega ao contratante em condições de entrada em da informação e comunicação cuja descontinuidade provoque
operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para sua dano significativo à administração pública e que envolvam
utilização em condições de segurança estrutural e pelo menos um dos seguintes requisitos relacionados às
operacional e com as características adequadas às informações críticas: disponibilidade, confiabilidade,
finalidades para que foi contratada; segurança e confidencialidade.
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento -
necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, bens, insumos, serviços e obras necessários para atividade
para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou de pesquisa científica e tecnológica, desenvolvimento de
serviços objeto da licitação, elaborado com base nas tecnologia ou inovação tecnológica, discriminados em projeto
indicações dos estudos técnicos preliminares, que de pesquisa aprovado pela instituição contratante. (2016)
assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do
impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a Seção III
avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do Das Obras e Serviços
prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos: Art. 7o As licitações para a execução de obras e para a
a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo
fornecer visão global da obra e identificar todos os seus e, em particular, à seguinte sequência:
elementos constitutivos com clareza; I - projeto básico;
b) soluções técnicas globais e localizadas, II - projeto executivo;
suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a III - execução das obras e serviços.
necessidade de reformulação ou de variantes durante as § 1o A execução de cada etapa será obrigatoriamente
fases de elaboração do projeto executivo e de realização das precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade
obras e montagem; competente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, à
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de exceção do projeto executivo, o qual poderá ser
materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como desenvolvido concomitantemente com a execução das obras
suas especificações que assegurem os melhores resultados e serviços, desde que também autorizado pela
para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo Administração.
para a sua execução; § 2o As obras e os serviços somente poderão ser
d) informações que possibilitem o estudo e a dedução licitados quando:
de métodos construtivos, instalações provisórias e condições I - houver projeto básico aprovado pela autoridade
organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competente e disponível para exame dos interessados em
competitivo para a sua execução; participar do processo licitatório;
e) subsídios para montagem do plano de licitação e II - existir orçamento detalhado em planilhas que
gestão da obra, compreendendo a sua programação, a expressem a composição de todos os seus custos unitários;
estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros III - houver previsão de recursos orçamentários que
dados necessários em cada caso; assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de
f) orçamento detalhado do custo global da obra, obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro
fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos em curso, de acordo com o respectivo cronograma;
propriamente avaliados; IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas
X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art.
necessários e suficientes à execução completa da obra, de 165 da Constituição Federal, quando for o caso.
acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira § 3o É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção
de Normas Técnicas - ABNT; de recursos financeiros para sua execução, qualquer que

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seja a sua origem, exceto nos casos de empreendimentos § 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos
executados e explorados sob o regime de concessão, nos membros da comissão de licitação.
termos da legislação específica.
§ 4o É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados
de fornecimento de materiais e serviços sem previsão de nas seguintes formas: (Definições do art. 6º)
quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às I - execução direta;
previsões reais do projeto básico ou executivo. II - execução indireta, nos seguintes regimes:
§ 5o É vedada a realização de licitação cujo objeto a) empreitada por preço global;
inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, b) empreitada por preço unitário;
características e especificações exclusivas, salvo nos casos c) (Vetado).
em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o d) tarefa;
fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o e) empreitada integral.
regime de administração contratada, previsto e discriminado Parágrafo único. (Vetado).
no ato convocatório.
§ 6o A infringência do disposto neste artigo implica a Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos
nulidade dos atos ou contratos realizados e a fins terão projetos padronizados por tipos, categorias ou
responsabilidade de quem lhes tenha dado causa. classes, exceto quando o projeto-padrão não atender às
§ 7o Não será ainda computado como valor da obra ou condições peculiares do local ou às exigências específicas do
serviço, para fins de julgamento das propostas de preços, a empreendimento.
atualização monetária das obrigações de pagamento, desde
a data final de cada período de aferição até a do respectivo Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de
pagamento, que será calculada pelos mesmos critérios obras e serviços serão considerados principalmente os
estabelecidos obrigatoriamente no ato convocatório. seguintes requisitos:
§ 8o Qualquer cidadão poderá requerer à Administração I - segurança;
Pública os quantitativos das obras e preços unitários de II - funcionalidade e adequação ao interesse público;
determinada obra executada. III - economia na execução, conservação e operação;
§ 9o O disposto neste artigo aplica-se também, no que IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra,
couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de materiais, tecnologia e matérias-primas existentes no local
licitação. para execução, conservação e operação;
V - facilidade na execução, conservação e operação,
Art. 8o A execução das obras e dos serviços deve sem prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço;
programar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de
custos atual e final e considerados os prazos de sua segurança do trabalho adequadas;
execução. VII - impacto ambiental.
Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado
da execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, se Seção IV
existente previsão orçamentária para sua execução total, Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados
salvo insuficiência financeira ou comprovado motivo de Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços
ordem técnica, justificados em despacho circunstanciado da técnicos profissionais especializados os trabalhos
autoridade a que se refere o art. 26 desta Lei. relativos a:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos
Art. 9o Não poderá participar, direta ou indiretamente, ou executivos;
da licitação ou da execução de obra ou serviço e do II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
fornecimento de bens a eles necessários: III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física financeiras ou tributárias;
ou jurídica; IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, ou serviços;
responsável pela elaboração do projeto básico ou executivo V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou
ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista administrativas;
ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital com VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
direito a voto ou controlador, responsável técnico ou VII - restauração de obras de arte e bens de valor
subcontratado; histórico.
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade VIII - (Vetado).
contratante ou responsável pela licitação. § 1o Ressalvados os casos de inexigibilidade de
§ 1o É permitida a participação do autor do projeto ou licitação, os contratos para a prestação de serviços técnicos
da empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser
licitação de obra ou serviço, ou na execução, como consultor celebrados mediante a realização de concurso, com
ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou estipulação prévia de prêmio ou remuneração.
gerenciamento, exclusivamente a serviço da Administração § 2o Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica-
interessada. se, no que couber, o disposto no art. 111 desta Lei.
§ 2o O disposto neste artigo não impede a licitação ou Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar, premiar ou receber
contratação de obra ou serviço que inclua a elaboração de projeto ou serviço técnico especializado desde que o autor ceda os direitos
projeto executivo como encargo do contratado ou pelo preço patrimoniais a ele relativos e a Administração possa utilizá-lo de acordo
previamente fixado pela Administração. com o previsto no regulamento de concurso ou no ajuste para sua
elaboração.
§ 3o Considera-se participação indireta, para fins do Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra imaterial de caráter
disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo de tecnológico, insuscetível de privilégio, a cessão dos direitos incluirá o
natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou fornecimento de todos os dados, documentos e elementos de informação
trabalhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, pertinentes à tecnologia de concepção, desenvolvimento, fixação em
e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos e suporte físico de qualquer natureza e aplicação da obra.
obras, incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços a § 3o A empresa de prestação de serviços técnicos
estes necessários. especializados que apresente relação de integrantes de seu
corpo técnico em procedimento licitatório ou como elemento

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de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação, Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
ficará obrigada a garantir que os referidos integrantes aos casos de dispensa de licitação previstos no inciso IX do
realizem pessoal e diretamente os serviços objeto do art. 24.
contrato. Art. 24. É dispensável a licitação: [...] IX - quando houver possibilidade de
comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em
Seção V decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
Das Compras Nacional;
Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada
caracterização de seu objeto e indicação dos recursos Seção VI
orçamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade Das Alienações
do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa. Art. 17. A alienação de bens da Administração
Pública, subordinada à existência de interesse público
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: devidamente justificado, será precedida de avaliação e
I - atender ao princípio da padronização, que obedecerá às seguintes normas:
imponha compatibilidade de especificações técnicas e de I - quando IMÓVEIS, dependerá de autorização
desempenho, observadas, quando for o caso, as condições legislativa para órgãos da administração direta e entidades
de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas; autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as
II - ser processadas através de sistema de registro de entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de
preços; licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta
III - submeter-se às condições de aquisição e nos seguintes casos:
pagamento semelhantes às do setor privado; a) dação em pagamento;
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão
necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de
visando economicidade; governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i;
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos
órgãos e entidades da Administração Pública. constantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
§ 1o O registro de preços será precedido de ampla Art. 24. [...] X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
pesquisa de mercado. atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas
§ 2o Os preços registrados serão publicados necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha,
trimestralmente para orientação da Administração, na desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo
imprensa oficial. avaliação prévia;
§ 3o O sistema de registro de preços será d) investidura;
regulamentado por decreto, atendidas as peculiaridades e) venda a outro órgão ou entidade da administração
regionais, observadas as seguintes condições: pública, de qualquer esfera de governo;
I - seleção feita mediante concorrência; f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento,
II - estipulação prévia do sistema de controle e concessão de direito real de uso, locação ou permissão de
atualização dos preços registrados; uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou
III - validade do registro não superior a 1 (um) ano. efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais
§ 4o A existência de preços registrados não obriga a ou de regularização fundiária de interesse social
Administração a firmar as contratações que deles poderão desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração
advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios, pública;
respeitada a legislação relativa às licitações, sendo g) procedimentos de legitimação de posse de que trata
assegurado ao beneficiário do registro preferência em o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976,
igualdade de condições. mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da
§ 5o O sistema de controle originado no quadro geral de Administração Pública em cuja competência legal inclua-se
preços, quando possível, deverá ser informatizado. tal atribuição;
§ 6o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento,
preço constante do quadro geral em razão de concessão de direito real de uso, locação ou permissão de
incompatibilidade desse com o preço vigente no mercado. uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com
§ 7o Nas compras deverão ser observadas, ainda: área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados)
I - a especificação completa do bem a ser adquirido e inseridos no âmbito de programas de regularização
sem indicação de marca; fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou
II - a definição das unidades e das quantidades a serem entidades da administração pública;
adquiridas em função do consumo e utilização prováveis, i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita
cuja estimativa será obtida, sempre que possível, mediante ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do Incra,
adequadas técnicas quantitativas de estimação; onde incidam ocupações até o limite de que trata o § 1o do
III - as condições de guarda e armazenamento que não art. 6o da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins de
permitam a deterioração do material. regularização fundiária, atendidos os requisitos legais;
§ 8o O recebimento de material de valor superior ao e (2017)
limite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade de O limite previsto é de 2.500 hectares (Lei 11.952, art. 6º, § 1º)
convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no mínimo,
3 (três) membros. II - quando MÓVEIS, dependerá de avaliação prévia e
de licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de
órgão de divulgação oficial ou em quadro de avisos de amplo interesse social, após avaliação de sua oportunidade e
acesso público, à relação de todas as compras feitas pela conveniência sócio econômica, relativamente à escolha de
Administração Direta ou Indireta, de maneira a clarificar a outra forma de alienação;
identificação do bem comprado, seu preço unitário, a b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou
quantidade adquirida, o nome do vendedor e o valor total da entidades da Administração Pública;
operação, podendo ser aglutinadas por itens as compras c) venda de ações, que poderão ser negociadas em
feitas com dispensa e inexigibilidade de licitação. bolsa, observada a legislação específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;

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e) venda de bens produzidos ou comercializados por § 4o A doação com encargo será licitada e de seu
órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de instrumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o
suas finalidades; prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena
f) venda de materiais e equipamentos para outros de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de
órgãos ou entidades da Administração Pública, sem interesse público devidamente justificado;
utilização previsível por quem deles dispõe. § 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso o
§ 1o Os imóveis doados com base na alínea "b" do donatário necessite oferecer o imóvel em garantia de
inciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a financiamento, a cláusula de reversão e demais obrigações
sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica serão garantidas por hipoteca em segundo grau em favor do
doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário. doador.
Art. 17. [...], I – [...], b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão § 6o Para a venda de bens móveis avaliados, isolada
ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo [...]. ou globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no
art. 23, inciso II, alínea "b" desta Lei, a Administração poderá
§ 2o A Administração também poderá conceder título de
propriedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada permitir o leilão.
licitação, quando o uso destinar-se: Até o limite de R$ 1,43 milhão (art. 23, II, “b”; c/c Decreto 9.412/2018)
I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, § 7o (VETADO).
qualquer que seja a localização do imóvel;
II - a pessoa natural que, nos termos de lei, Art. 18. Na concorrência para a venda de bens
regulamento ou ato normativo do órgão competente, haja imóveis, a fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do
implementado os requisitos mínimos de cultura, ocupação recolhimento de quantia correspondente a 5% (cinco por
mansa e pacífica e exploração direta sobre área rural, cento) da avaliação.
observado o limite de que trata o § 1o do art. 6o da Lei Parágrafo único. (Revogado)
no 11.952, de 25 de junho de 2009; (2017)
O limite previsto é de 2.500 hectares (Lei 11.952, art. 6º, § 1º) Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública,
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou
dispensadas de autorização legislativa, porém submetem- de dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da
autoridade competente, observadas as seguintes regras:
se aos seguintes condicionamentos:
I - avaliação dos bens alienáveis;
I - aplicação exclusivamente às áreas em que a
II - comprovação da necessidade ou utilidade da
detenção por particular seja comprovadamente anterior a 5
alienação;
de maio de 2014; (Redação dada pela Medida Provisória nº 910, de
2019) III - adoção do procedimento licitatório, sob a
II - submissão aos demais requisitos e impedimentos modalidade de concorrência ou leilão.
do regime legal e administrativo da destinação e da
regularização fundiária de terras públicas; Capítulo II
III - vedação de concessões para hipóteses de Da Licitação
exploração não-contempladas na lei agrária, nas leis de Seção I
destinação de terras públicas, ou nas normas legais ou Das Modalidades, Limites e Dispensa
administrativas de zoneamento ecológico-econômico; e Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde
IV - previsão de rescisão automática da concessão, se situar a repartição interessada, salvo por motivo de
dispensada notificação, em caso de declaração de utilidade, interesse público, devidamente justificado.
ou necessidade pública ou interesse social. Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá
§ 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo: a habilitação de interessados residentes ou sediados em
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não outros locais.
sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua
exploração mediante atividades agropecuárias; Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais
II - fica limitada às áreas de até dois mil e quinhentos das concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e
hectares, vedada a dispensa de licitação para áreas dos leilões, embora realizados no local da repartição
superiores a esse limite; (Redação dada pela Medida Provisória nº interessada, deverão ser publicados com antecedência, no
910, de 2019) mínimo, por uma vez:
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de
decorrente da figura prevista na alínea g do inciso I do caput licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública
deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste parágrafo. Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas
(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por
IV – (Vetado) instituições federais;
§ 3o Entende-se por investidura, para os fins desta II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal
lei: quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de ou entidade da Administração Pública Estadual ou Municipal,
área remanescente ou resultante de obra pública, área esta ou do Distrito Federal;
que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca III - em sítio eletrônico oficial do respectivo ente
inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a federativo, facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos
50% (cinquenta por cento) do valor constante da alínea "a" do Municípios, alternativamente, a utilização de sítio eletrônico
inciso II do art. 23 desta lei; oficial da União, conforme regulamento do Poder Executivo
O limite do valor da alienação será de R$ 88 mil. (Atualizado pelo Decreto federal. (Redação dada pela Medida Provisória nº 896, de 2019)
9.412/2018) § 1o O aviso publicado conterá a indicação do local em
que os interessados poderão ler e obter o texto integral do
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou,
edital e todas as informações sobre a licitação.
na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins
residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a A Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação – LAI) exige que os editas
e demais informações sobre procedimentos licitatórios sejam divulgados,
usinas hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na independentemente de requerimentos, em local de fácil acesso, incluindo
fase de operação dessas unidades e não integrem a a internet (LAI, art. 8º, IV).
categoria de bens reversíveis ao final da concessão.

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§ 2o O prazo mínimo até o recebimento das propostas de edital publicado na imprensa oficial com antecedência
ou da realização do evento será: mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
I – 45 (quarenta e cinco) dias para: § 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
a) concurso; interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado administração ou de produtos legalmente apreendidos ou
contemplar o regime de empreitada integral ou quando a penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no
licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço"; art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao
II – 30 (trinta) dias para: valor da avaliação.
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea Existem também outras modalidades que não constam na Lei 8.666/93:
"b" do inciso anterior; ---Pregão (Lei 10.520/2002) – contratação de bens ou serviços comuns;
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo ---Consulta (Lei 9.472/1997) – modalidade aplicável apenas às agências
"melhor técnica" ou "técnica e preço"; reguladoras;
III - 15 (quinze) dias para a tomada de preços, nos § 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na
casos não especificados na alínea "b" do inciso anterior, ou praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo
leilão; convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é
IV - 5 (cinco) dias úteis para convite. obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado,
§ 3o Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas
serão contados a partir da última publicação do edital licitações.
resumido ou da expedição do convite, ou ainda da efetiva TCU: Súmula 248 - Não se obtendo o número legal mínimo de 3 (três)
disponibilidade do edital ou do convite e respectivos anexos, propostas aptas à seleção, na licitação sob a modalidade Convite,
prevalecendo a data que ocorrer mais tarde. impõe-se a repetição do ato, com a convocação de outros possíveis
§ 4o Qualquer modificação no edital exige divulgação interessados, ressalvadas as hipóteses previstas no parágrafo 7º, do art.
22, da Lei 8.666/1993.
pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o
prazo inicialmente estabelecido, exceto quando,
inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das § 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto
propostas. desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do
PRAZO MODALIDADE número mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo,
Concurso essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no
Concorrência: processo, sob pena de repetição do convite.
45 Dias • Melhor técnica § 8o É vedada a criação de outras modalidades de
• Técnica e preço licitação ou a combinação das referidas neste artigo.
• Empreitada integral
§ 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a
Concorrência:
administração somente poderá exigir do licitante não
• Demais casos cadastrado os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que
30 Dias Tomada de preços: comprovem habilitação compatível com o objeto da licitação,
• Melhor técnica nos termos do edital.
• Técnica e preço
Tomada de preços: Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem
15 Dias • Demais casos os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em
Leilão função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado
5 Dias Úteis Convite da contratação:
8 Dias Úteis Pregão I - para obras e serviços de engenharia: (Vide Decreto nº
9.412, de 2018)
Art. 22. São modalidades de licitação: a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil
I - concorrência; reais); (Vide Decreto nº 9.412, de 2018)
II - tomada de preços; b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão
III - convite; e quinhentos mil reais); (Vide Decreto nº 9.412, de 2018)
IV - concurso; c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão
V - leilão. e quinhentos mil reais); (Vide Decreto nº 9.412, de 2018)
§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre II - para compras e serviços não referidos no inciso
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação anterior: (Vide Decreto nº 9.412, de 2018)
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (Vide
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. Decreto nº 9.412, de 2018)
§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e
entre interessados devidamente cadastrados ou que cinquenta mil reais); (Vide Decreto nº 9.412, de 2018)
atenderem a todas as condições exigidas para c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos
cadastramento até o terceiro dia anterior à data do e cinquenta mil reais). (Vide Decreto nº 9.412, de 2018)
recebimento das propostas, observada a necessária DECRETO Nº 9.412, DE 18 DE JUNHO DE 2018
qualificação. Art. 1º Os valores estabelecidos nos incisos I e II do caput do art. 23 da Lei
nº 8.666, de 21 de junho de 1993, ficam atualizados nos seguintes
§ 3o Convite é a modalidade de licitação entre termos:
interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados I - para obras e serviços de engenharia:
ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 a) na modalidade convite - até R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais);
(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local b) na modalidade tomada de preços - até R$ 3.300.000,00 (três milhões e
apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá trezentos mil reais); e
c) na modalidade concorrência - acima de R$ 3.300.000,00 (três milhões e
aos demais cadastrados na correspondente especialidade trezentos mil reais); e
que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 II - para compras e serviços não incluídos no inciso I:
(vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. a) na modalidade convite - até R$ 176.000,00 (cento e setenta e seis mil
§ 4o Concurso é a modalidade de licitação entre reais);
b) na modalidade tomada de preços - até R$ 1.430.000,00 (um milhão,
quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico,
quatrocentos e trinta mil reais); e
científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou c) na modalidade concorrência - acima de R$ 1.430.000,00 (um milhão,
remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes quatrocentos e trinta mil reais).

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§ 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela II - para outros serviços e compras de valor até 10%
Administração serão divididas em tantas parcelas quantas se (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do
comprovarem técnica e economicamente viáveis, artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta
procedendo-se à licitação com vistas ao melhor Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser
ampliação da competitividade sem perda da economia de realizada de uma só vez;
escala. III - nos casos de guerra ou grave perturbação da
§ 2o Na execução de obras e serviços e nas compras ordem;
de bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada IV - nos casos de emergência ou de calamidade
etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, há pública, quando caracterizada urgência de atendimento de
de corresponder licitação distinta, preservada a modalidade situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
pertinente para a execução do objeto em licitação. segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e
TCU: Súmula 247 - É obrigatória a admissão da adjudicação por item e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os
não por preço global, nos editais das licitações para a contratação de bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou
obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja divisível, desde calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que
que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e
de escala, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de
licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a execução,
oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da
fornecimento ou aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo com ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a
relação a itens ou unidades autônomas, devendo as exigências de prorrogação dos respectivos contratos;
habilitação adequar-se a essa divisibilidade. V - quando não acudirem interessados à licitação
§ 3o A concorrência é a modalidade de licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem
cabível, qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas
compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto as condições preestabelecidas; (Licitação deserta)
no art. 19, como nas concessões de direito real de uso e nas VI - quando a União tiver que intervir no domínio
licitações internacionais, admitindo-se neste último caso, econômico para regular preços ou normalizar o
observados os limites deste artigo, a tomada de preços, abastecimento;
quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro VII - quando as propostas apresentadas consignarem
internacional de fornecedores ou o convite, quando não preços manifestamente superiores aos praticados no
houver fornecedor do bem ou serviço no País. mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados
§ 4o Nos casos em que couber convite, a pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado
Administração poderá utilizar a tomada de preços e, em o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a
qualquer caso, a concorrência. situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou
§ 5o É vedada a utilização da modalidade "convite" ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de
"tomada de preços", conforme o caso, para parcelas de uma preços, ou dos serviços; (Vide § 3º do art. 48)
mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da Art. 48 [...] § 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou todas as
mesma natureza e no mesmo local que possam ser propostas forem desclassificadas, a administração poderá fixar aos
realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o licitantes o prazo de oito dias úteis para a apresentação de nova
documentação ou de outras propostas escoimadas das causas referidas
somatório de seus valores caracterizar o caso de "tomada de neste artigo, facultada, no caso de convite, a redução deste prazo para
preços" ou "concorrência", respectivamente, nos termos três dias úteis.
deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito
que possam ser executadas por pessoas ou empresas de
público interno, de bens produzidos ou serviços prestados
especialidade diversa daquela do executor da obra ou
por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e
serviço.
que tenha sido criado para esse fim específico em data
§ 6o As organizações industriais da Administração
anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado
Federal direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão
seja compatível com o praticado no mercado;
aos limites estabelecidos no inciso I deste artigo também
IX - quando houver possibilidade de
para suas compras e serviços em geral, desde que para a
comprometimento da segurança nacional, nos casos
aquisição de materiais aplicados exclusivamente na
estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido
manutenção, reparo ou fabricação de meios operacionais
o Conselho de Defesa Nacional;
bélicos pertencentes à União.
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
§ 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde
atendimento das finalidades precípuas da administração,
que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é
cujas necessidades de instalação e localização condicionem
permitida a cotação de quantidade inferior à demandada na
a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o
licitação, com vistas a ampliação da competitividade,
valor de mercado, segundo avaliação prévia;
podendo o edital fixar quantitativo mínimo para preservar a
XI - na contratação de remanescente de obra,
economia de escala.
serviço ou fornecimento, em consequência de rescisão
§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o
contratual, desde que atendida a ordem de classificação da
dobro dos valores mencionados no caput deste artigo quando
licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas
formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo,
pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço,
quando formado por maior número.
devidamente corrigido;
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros
Art. 24. É dispensável a licitação: (Rol taxativo)
gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização
É permitido, na licitação dispensável, que o administrador opte por licitar dos processos licitatórios correspondentes, realizadas
ou por contratar diretamente, com base em decisão discricionária.
diretamente com base no preço do dia;
I - para obras e serviços de engenharia de valor até XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida
10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do
I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à
uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços recuperação social do preso, desde que a contratada
da mesma natureza e no mesmo local que possam ser detenha inquestionável reputação ético-profissional e não
realizadas conjunta e concomitantemente; tenha fins lucrativos;

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XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de
de acordo internacional específico aprovado pelo lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas
Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda
manifestamente vantajosas para o Poder Público; reconhecidas pelo poder público como catadores de
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte materiais recicláveis, com o uso de equipamentos
e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde
compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou pública.
entidade. XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços,
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de produzidos ou prestados no País, que envolvam,
formulários padronizados de uso da administração, e de cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa
edições técnicas oficiais, bem como para prestação de nacional, mediante parecer de comissão especialmente
serviços de informática a pessoa jurídica de direito público designada pela autoridade máxima do órgão.
interno, por órgãos ou entidades que integrem a XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços
Administração Pública, criados para esse fim específico; para atender aos contingentes militares das Forças
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de Singulares brasileiras empregadas em operações de paz
origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e
de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo
ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal Comandante da Força.
condição de exclusividade for indispensável para a vigência XXX - na contratação de instituição ou organização,
da garantia; pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural
abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e
tropas e seus meios de deslocamento quando em estada Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária,
eventual de curta duração em portos, aeroportos ou instituído por lei federal.
localidades diferentes de suas sedes, por motivo de XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do
movimentação operacional ou de adestramento, quando a disposto nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de
exiguidade dos prazos legais puder comprometer a dezembro de 2004, observados os princípios gerais de
normalidade e os propósitos das operações e desde que seu contratação dela constantes.
valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II A Lei 10.973/2004 dispõe sobre “incentivos à inovação e à pesquisa
do art. 23 desta Lei: científica e tecnológica no ambiente produtivo”.
XIX - para as compras de material de uso pelas
XXXII - na contratação em que houver transferência
Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal
de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema
e administrativo, quando houver necessidade de manter a
Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos
setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção
meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de
nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes
comissão instituída por decreto;
produtos durante as etapas de absorção tecnológica.
XX - na contratação de associação de portadores de XXXIII - na contratação de entidades privadas sem
deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou
idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração
outras tecnologias sociais de acesso à água para
Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de
consumo humano e produção de alimentos, para beneficiar
mão-de-obra, desde que o preço contratado seja compatível
as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou
com o praticado no mercado.
falta regular de água.
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito
pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e
público interno de insumos estratégicos para a saúde
serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou
que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23; (2016) estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento
administração pública direta, sua autarquia ou fundação em
de energia elétrica e gás natural com concessionário,
projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento
permissionário ou autorizado, segundo as normas da
institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação,
legislação específica;
inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou
execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam
sociedade de economia mista com suas subsidiárias e
transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o
controladas, para a aquisição ou alienação de bens, Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII
prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico
contratado seja compatível com o praticado no
em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço
mercado.
contratado seja compatível com o praticado no mercado.
XXIV - para a celebração de contratos de prestação
XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o
de serviços com as organizações sociais, qualificadas no
aprimoramento de estabelecimentos penais, desde que
âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades
configurada situação de grave e iminente risco à segurança
contempladas no contrato de gestão.
pública. (2017)
XXV - na contratação realizada por Instituição § 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II
Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento
do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para
para a transferência de tecnologia e para o licenciamento
compras, obras e serviços contratados por consórcios
de direito de uso ou de exploração de criação
públicos, sociedade de economia mista, empresa pública
protegida.
e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei,
XXVI – na celebração de contrato de programa com
como Agências Executivas.
ente da Federação ou com entidade de sua administração
§ 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade
indireta, para a prestação de serviços públicos de forma que integre a administração pública estabelecido no inciso
associada nos termos do autorizado em contrato de VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou
consórcio público ou em convênio de cooperação.
entidades que produzem produtos estratégicos para o SUS,
XXVII - na contratação da coleta, processamento e
comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis

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no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art.
conforme elencados em ato da direção nacional do SUS. 7o da Constituição Federal.
§ 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI
do caput, quando aplicada a obras e serviços de engenharia, Art. 28. A documentação relativa à habilitação
seguirá procedimentos especiais instituídos em jurídica, conforme o caso, consistirá em:
regulamentação específica. (2016) I - cédula de identidade;
§ 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I II - registro comercial, no caso de empresa individual;
do caput do art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI do caput. III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em
(2016) vigor, devidamente registrado, em se tratando de sociedades
comerciais, e, no caso de sociedades por ações,
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver acompanhado de documentos de eleição de seus
inviabilidade de competição, em especial: (Rol administradores;
exemplificativo) IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou sociedades civis, acompanhada de prova de diretoria em
gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, exercício;
empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a V - decreto de autorização, em se tratando de empresa
preferência de marca, devendo a comprovação de ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato
exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo de registro ou autorização para funcionamento expedido pelo
órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a órgão competente, quando a atividade assim o exigir.
licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou
Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal
equivalentes; e trabalhista, conforme o caso, consistirá em:
II - para a contratação de serviços técnicos I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);
profissionais ou empresas de notória especialização, II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes
vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou
divulgação; sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e
III - para contratação de profissional de qualquer compatível com o objeto contratual;
setor artístico, diretamente ou através de empresário III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal,
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou
ou pela opinião pública. outra equivalente, na forma da lei;
§ 1o Considera-se de notória especialização o IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social
profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),
especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, demonstrando situação regular no cumprimento dos
experiências, publicações, organização, aparelhamento, encargos sociais instituídos por lei.
equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com V – prova de inexistência de débitos inadimplidos
suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de
e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do certidão negativa, nos termos do Título VII-A da
objeto do contrato. Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-
§ 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos Lei no5.452, de 1o de maio de 1943.
de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem
solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o Art. 30. A documentação relativa à qualificação
fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público técnica limitar-se-á a:
responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. I - registro ou inscrição na entidade profissional
competente;
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 II - comprovação de aptidão para desempenho de
e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de atividade pertinente e compatível em características,
inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação
justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico
único do art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro adequados e disponíveis para a realização do objeto da
de 3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e licitação, bem como da qualificação de cada um dos
publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos
como condição para a eficácia dos atos. trabalhos;
Parágrafo único. O processo de dispensa, de III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que
inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou
será instruído, no que couber, com os seguintes elementos: conhecimento de todas as informações e das condições
I - caracterização da situação emergencial, calamitosa locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação;
ou de grave e iminente risco à segurança pública que IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei
justifique a dispensa, quando for o caso; (2017) especial, quando for o caso.
II - razão da escolha do fornecedor ou executante; § 1o A comprovação de aptidão referida no inciso II do
III - justificativa do preço. "caput" deste artigo, no caso das licitações pertinentes a
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por
aos quais os bens serão alocados. pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente
registrados nas entidades profissionais competentes,
Seção II limitadas as exigências a:
Da Habilitação I - capacitação técnico-profissional: comprovação do
Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á licitante de possuir em seu quadro permanente, na data
dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a: prevista para entrega da proposta, profissional de nível
I - habilitação jurídica; superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade
II - qualificação técnica; competente, detentor de atestado de responsabilidade
III - qualificação econômico-financeira; técnica por execução de obra ou serviço de características
IV – regularidade fiscal e trabalhista; semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de

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maior relevância e valor significativo do objeto da licitação, o contrato, vedada a exigência de valores mínimos de
vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos faturamento anterior, índices de rentabilidade ou
máximos; lucratividade.
II - (Vetado). § 2o A Administração, nas compras para entrega futura
a) (Vetado). e na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no
b) (Vetado). instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital
§ 2o As parcelas de maior relevância técnica e de valor mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda as
significativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão garantias previstas no § 1o do art. 56 desta Lei, como dado
definidas no instrumento convocatório. objetivo de comprovação da qualificação econômico-
§ 3o Será sempre admitida a comprovação de aptidão financeira dos licitantes e para efeito de garantia ao
através de certidões ou atestados de obras ou serviços adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.
similares de complexidade tecnológica e operacional § 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido
equivalente ou superior. a que se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a
§ 4o Nas licitações para fornecimento de bens, a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação,
comprovação de aptidão, quando for o caso, será feita devendo a comprovação ser feita relativamente à data da
através de atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a
público ou privado. atualização para esta data através de índices oficiais.
§ 5o É vedada a exigência de comprovação de § 4o Poderá ser exigida, ainda, a relação dos
atividade ou de aptidão com limitações de tempo ou de época compromissos assumidos pelo licitante que importem
ou ainda em locais específicos, ou quaisquer outras não diminuição da capacidade operativa ou absorção de
previstas nesta Lei, que inibam a participação na licitação. disponibilidade financeira, calculada está em função do
§ 6o As exigências mínimas relativas a instalações de patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de rotação.
canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico § 5o A comprovação de boa situação financeira da
especializado, considerados essenciais para o cumprimento empresa será feita de forma objetiva, através do cálculo de
do objeto da licitação, serão atendidas mediante a índices contábeis previstos no edital e devidamente
apresentação de relação explícita e da declaração formal da justificados no processo administrativo da licitação que tenha
sua disponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada as dado início ao certame licitatório, vedada a exigência de
exigências de propriedade e de localização prévia. índices e valores não usualmente adotados para correta
§ 7º (Vetado). avaliação de situação financeira suficiente ao cumprimento
I - (Vetado). das obrigações decorrentes da licitação.
II - (Vetado). § 6º (Vetado).
§ 8o No caso de obras, serviços e compras de grande
vulto, de alta complexidade técnica, poderá a Administração Art. 32. Os documentos necessários à habilitação
exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja poderão ser apresentados em original, por qualquer processo
avaliação, para efeito de sua aceitação ou não, antecederá de cópia autenticada por cartório competente ou por servidor
sempre à análise dos preços e será efetuada exclusivamente da administração ou publicação em órgão da imprensa oficial.
por critérios objetivos. § 1o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31
Considerando os valores atualizados pelo Decreto 9.412/2018, segundo o desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos
art. 6º, VI, “grande vulto” é a obra, serviço ou compra acima de R$ 82,5 casos de convite, concurso, fornecimento de bens para
milhões. pronta entrega e leilão.
§ 9o Entende-se por licitação de alta complexidade § 2o O certificado de registro cadastral a que se refere o
técnica aquela que envolva alta especialização, como fator § 1o do art. 36 substitui os documentos enumerados nos arts.
de extrema relevância para garantir a execução do objeto a 28 a 31, quanto às informações disponibilizadas em sistema
ser contratado, ou que possa comprometer a continuidade da informatizado de consulta direta indicado no edital,
prestação de serviços públicos essenciais. obrigando-se a parte a declarar, sob as penalidades legais, a
§ 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins superveniência de fato impeditivo da habilitação.
de comprovação da capacitação técnico-operacional de que § 3o A documentação referida neste artigo poderá ser
trata o inciso I do § 1º deste artigo deverão participar da obra substituída por registro cadastral emitido por órgão ou
ou serviço objeto da licitação, admitindo-se a substituição por entidade pública, desde que previsto no edital e o registro
profissionais de experiência equivalente ou superior, desde tenha sido feito em obediência ao disposto nesta Lei.
que aprovada pela administração. § 4o As empresas estrangeiras que não funcionem no
§ 11. (Vetado). País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações
§ 12. (Vetado). internacionais, às exigências dos parágrafos anteriores
mediante documentos equivalentes, autenticados pelos
Art. 31. A documentação relativa à qualificação respectivos consulados e traduzidos por tradutor
econômico-financeira limitar-se-á a: juramentado, devendo ter representação legal no Brasil com
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do poderes expressos para receber citação e responder
último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma administrativa ou judicialmente.
da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, § 5o Não se exigirá, para a habilitação de que trata este
vedada a sua substituição por balancetes ou balanços artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo
provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais os referentes a fornecimento do edital, quando solicitado,
quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de com os seus elementos constitutivos, limitados ao valor do
apresentação da proposta; custo efetivo de reprodução gráfica da documentação
II - certidão negativa de falência ou concordata fornecida.
expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de § 6o O disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do art. 33
execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física; e no § 2o do art. 55, não se aplica às licitações
III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios internacionais para a aquisição de bens e serviços cujo
previstos no "caput" e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1% pagamento seja feito com o produto de financiamento
(um por cento) do valor estimado do objeto da contratação. concedido por organismo financeiro internacional de que o
§ 1o A exigência de índices limitar-se-á à demonstração Brasil faça parte, ou por agência estrangeira de cooperação,
da capacidade financeira do licitante com vistas aos nem nos casos de contratação com empresa estrangeira,
compromissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado para a compra de equipamentos fabricados e entregues no

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exterior, desde que para este caso tenha havido prévia V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição
autorização do Chefe do Poder Executivo, nem nos casos de Federal.
aquisição de bens e serviços realizada por unidades
administrativas com sede no exterior. Art. 36. Os inscritos serão classificados por
§ 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e categorias, tendo-se em vista sua especialização,
este artigo poderá ser dispensada, nos termos de subdivididas em grupos, segundo a qualificação técnica e
regulamento, no todo ou em parte, para a contratação de econômica avaliada pelos elementos constantes da
produto para pesquisa e desenvolvimento, desde que documentação relacionada nos arts. 30 (Qualificação Técnica) e
para pronta entrega ou até o valor previsto na alínea “a” do 31 (Qualificação Econômico-financeira) desta Lei.
inciso II do caput do art. 23. (2016) § 1o Aos inscritos será fornecido certificado, renovável
sempre que atualizarem o registro.
Art. 33. Quando permitida na licitação a participação § 2o A atuação do licitante no cumprimento de
de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes obrigações assumidas será anotada no respectivo registro
normas: cadastral.
I - comprovação do compromisso público ou particular
de constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados; Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado,
II - indicação da empresa responsável pelo consórcio suspenso ou cancelado o registro do inscrito que deixar de
que deverá atender às condições de liderança, satisfazer as exigências do art. 27 desta Lei, ou as
obrigatoriamente fixadas no edital; estabelecidas para classificação cadastral.
III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28
a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se, Seção IV
para efeito de qualificação técnica, o somatório dos Do Procedimento e Julgamento
quantitativos de cada consorciado, e, para efeito de Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado
qualificação econômico-financeira, o somatório dos valores com a abertura de processo administrativo, devidamente
de cada consorciado, na proporção de sua respectiva autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização
participação, podendo a Administração estabelecer, para o respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso
consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos próprio para a despesa, e ao qual serão juntados
valores exigidos para licitante individual, inexigível este oportunamente:
acréscimo para os consórcios compostos, em sua totalidade, I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o
por micro e pequenas empresas assim definidas em lei; caso;
IV - impedimento de participação de empresa II - comprovante das publicações do edital resumido, na
consorciada, na mesma licitação, através de mais de um forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite;
consórcio ou isoladamente; O art. 21 dispõe sobre as formas e prazos para divulgação do instrumento
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos convocatório.
atos praticados em consórcio, tanto na fase de licitação
III - ato de designação da comissão de licitação, do
quanto na de execução do contrato.
leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável
§ 1o No consórcio de empresas brasileiras e
pelo convite;
estrangeiras a liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa
IV - original das propostas e dos documentos que as
brasileira, observado o disposto no inciso II deste artigo.
instruírem;
§ 2o O licitante vencedor fica obrigado a promover,
V - atas, relatórios e deliberações da Comissão
antes da celebração do contrato, a constituição e o registro
Julgadora;
do consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a
deste artigo.
licitação, dispensa ou inexigibilidade;
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua
Seção III
homologação;
Dos Registros Cadastrais
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos
Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades
licitantes e respectivas manifestações e decisões;
da Administração Pública que realizem frequentemente
IX - despacho de anulação ou de revogação da
licitações manterão registros cadastrais para efeito de
licitação, quando for o caso, fundamentado
habilitação, na forma regulamentar, válidos por, no máximo,
circunstanciadamente;
1 (um) ano.
X - termo de contrato ou instrumento equivalente,
§ 1º O registro cadastral deverá ser amplamente
conforme o caso;
divulgado e deverá estar permanentemente aberto aos
XI - outros comprovantes de publicações;
interessados, obrigando-se a unidade por ele responsável a
XII - demais documentos relativos à licitação.
proceder, com periodicidade mínima anual, por meio da
Parágrafo único. As minutas de editais de licitação,
imprensa oficial e de sítio eletrônico oficial, a chamamento
bem como as dos contratos, acordos, convênios ou
público para a atualização dos registros existentes e para o
ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas por
ingresso de novos interessados. (Redação dada pela Medida
Provisória nº 896, de 2019)
assessoria jurídica da Administração.
§ 2o É facultado às unidades administrativas utilizarem-
se de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma
Administração Pública. licitação ou para um conjunto de licitações simultâneas ou
sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto
Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou no art. 23, inciso I, alínea "c" desta Lei, o processo licitatório
atualização deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência pública
os elementos necessários à satisfação das exigências do art. concedida pela autoridade responsável com antecedência
27 desta Lei. mínima de 15 (quinze) dias úteis da data prevista para a
publicação do edital, e divulgada, com a antecedência
Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, mínima de 10 (dez) dias úteis de sua realização, pelos
exclusivamente, documentação relativa a:
I - habilitação jurídica; mesmos meios previstos para a publicidade da licitação, à
II - qualificação técnica; qual terão acesso e direito a todas as informações
III - qualificação econômico-financeira; pertinentes e a se manifestar todos os interessados.
IV – regularidade fiscal e trabalhista;

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Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram- XVII - outras indicações específicas ou peculiares da
se licitações simultâneas aquelas com objetos similares e licitação.
com realização prevista para intervalos não superiores a 30 § 1o O original do edital deverá ser datado, rubricado
(trinta) dias e licitações sucessivas aquelas em que, também em todas as folhas e assinado pela autoridade que o expedir,
com objetos similares, o edital subsequente tenha uma data permanecendo no processo de licitação, e dele extraindo-se
anterior a 120 (cento e vinte) dias após o término do contrato cópias integrais ou resumidas, para sua divulgação e
resultante da licitação antecedente. fornecimento aos interessados.
§ 2o Constituem anexos do edital, dele fazendo parte
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de integrante:
ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas
seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da partes, desenhos, especificações e outros complementos;
licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos e
dia e hora para recebimento da documentação e proposta, preços unitários;
bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, III - a minuta do contrato a ser firmado entre a
obrigatoriamente, o seguinte: Administração e o licitante vencedor;
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; IV - as especificações complementares e as normas de
II - prazo e condições para assinatura do contrato ou execução pertinentes à licitação.
retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta Lei, § 3o Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se
para execução do contrato e para entrega do objeto da como adimplemento da obrigação contratual a prestação
licitação; do serviço, a realização da obra, a entrega do bem ou de
III - sanções para o caso de inadimplemento; parcela destes, bem como qualquer outro evento contratual a
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o cuja ocorrência esteja vinculada a emissão de documento de
projeto básico; cobrança.
V - se há projeto executivo disponível na data da § 4o Nas compras para entrega imediata, assim
publicação do edital de licitação e o local onde possa ser entendidas aquelas com prazo de entrega até 30 (trinta) dias
examinado e adquirido; da data prevista para apresentação da proposta, poderão ser
VI - condições para participação na licitação, em dispensadas:
conformidade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de I - o disposto no inciso XI deste artigo;
apresentação das propostas; II - a atualização financeira a que se refere a alínea
VII - critério para julgamento, com disposições claras e "c" do inciso XIV deste artigo, correspondente ao período
parâmetros objetivos; compreendido entre as datas do adimplemento e a prevista
VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de para o pagamento, desde que não superior a 15 (quinze)
comunicação à distância em que serão fornecidos elementos, dias.
informações e esclarecimentos relativos à licitação e às §5º A Administração Pública poderá, nos editais de
condições para atendimento das obrigações necessárias ao licitação para a contratação de serviços, exigir da contratada
cumprimento de seu objeto; que um percentual mínimo de sua mão de obra seja oriundo
IX - condições equivalentes de pagamento entre ou egresso do sistema prisional, com a finalidade de
empresas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações ressocialização do reeducando, na forma estabelecida em
internacionais; regulamento. (2017)
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e
global, conforme o caso, permitida a fixação de preços Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas
máximos e vedados a fixação de preços mínimos, critérios e condições do edital, ao qual se acha estritamente
estatísticos ou faixas de variação em relação a preços de vinculada.
referência, ressalvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do (Princípio da vinculação ao instrumento convocatório)
art. 48;
§ 1o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação
efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices edital de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei,
específicos ou setoriais, desde a data prevista para devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da
apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação,
proposta se referir, até a data do adimplemento de cada devendo a Administração julgar e responder à impugnação
em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade prevista
parcela;
no § 1o do art. 113.
XII - (Vetado).
§ 2o Decairá do direito de impugnar os termos do edital
XIII - limites para pagamento de instalação e
de licitação perante a administração o licitante que não o fizer
mobilização para execução de obras ou serviços que serão
obrigatoriamente previstos em separado das demais até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos
parcelas, etapas ou tarefas; envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos
XIV - condições de pagamento, prevendo: envelopes com as propostas em convite, tomada de preços
a) prazo de pagamento não superior a 30 (trinta) dias, ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou
irregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que tal
contado a partir da data final do período de adimplemento de
comunicação não terá efeito de recurso.
cada parcela;
§ 3o A impugnação feita tempestivamente pelo licitante
b) cronograma de desembolso máximo por período, em
conformidade com a disponibilidade de recursos financeiros; não o impedirá de participar do processo licitatório até o
c) critério de atualização financeira dos valores a serem trânsito em julgado da decisão a ela pertinente.
pagos, desde a data final do período de adimplemento de § 4o A inabilitação do licitante importa preclusão do
cada parcela até a data do efetivo pagamento; seu direito de participar das fases subsequentes.
d) compensações financeiras e penalizações, por
Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional,
eventuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações
o edital deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária e
de pagamentos;
do comércio exterior e atender às exigências dos órgãos
e) exigência de seguros, quando for o caso;
XV - instruções e normas para os recursos previstos competentes.
nesta Lei;
XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;

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§ 1o Quando for permitido ao licitante estrangeiro cotar § 4o O disposto neste artigo aplica-se à concorrência
preço em moeda estrangeira, igualmente o poderá fazer o e, no que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de preços
licitante brasileiro. e ao convite.
§ 2o O pagamento feito ao licitante brasileiro § 5o Ultrapassada a fase de habilitação dos
eventualmente contratado em virtude da licitação de que trata concorrentes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III),
o parágrafo anterior será efetuado em moeda brasileira, à não cabe desclassificá-los por motivo relacionado com a
taxa de câmbio vigente no dia útil imediatamente anterior à habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes ou só
data do efetivo pagamento. conhecidos após o julgamento.
§ 3o As garantias de pagamento ao licitante brasileiro § 6o Após a fase de habilitação, não cabe
serão equivalentes àquelas oferecidas ao licitante desistência de proposta, salvo por motivo justo decorrente
estrangeiro. de fato superveniente e aceito pela Comissão.
§ 4o Para fins de julgamento da licitação, as propostas
apresentadas por licitantes estrangeiros serão acrescidas dos Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em
gravames consequentes dos mesmos tributos que oneram consideração os critérios objetivos definidos no edital ou
exclusivamente os licitantes brasileiros quanto à operação convite, os quais não devem contrariar as normas e
final de venda. princípios estabelecidos por esta Lei. (Princípio do julgamento
§ 5o Para a realização de obras, prestação de serviços objetivo)
ou aquisição de bens com recursos provenientes de § 1o É vedada a utilização de qualquer elemento,
financiamento ou doação oriundos de agência oficial de critério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que
cooperação estrangeira ou organismo financeiro multilateral possa ainda que indiretamente elidir o princípio da
de que o Brasil seja parte, poderão ser admitidas, na igualdade entre os licitantes.
respectiva licitação, as condições decorrentes de acordos,
§ 2o Não se considerará qualquer oferta de vantagem não
protocolos, convenções ou tratados internacionais aprovados
pelo Congresso Nacional, bem como as normas e prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos
procedimentos daquelas entidades, inclusive quanto ao subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem
critério de seleção da proposta mais vantajosa para a baseada nas ofertas dos demais licitantes. (Princípio da
vedação à oferta de vantagens)
administração, o qual poderá contemplar, além do preço, § 3o Não se admitirá proposta que apresente preços
outros fatores de avaliação, desde que por elas exigidos para global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor
a obtenção do financiamento ou da doação, e que também zero, incompatíveis com os preços dos insumos e salários de
não conflitem com o princípio do julgamento objetivo e sejam mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o
objeto de despacho motivado do órgão executor do contrato, ato convocatório da licitação não tenha estabelecido
despacho esse ratificado pela autoridade imediatamente limites mínimos, exceto quando se referirem a materiais e
superior. instalações de propriedade do próprio licitante, para os quais
§ 6o As cotações de todos os licitantes serão para ele renuncie a parcela ou à totalidade da
entrega no mesmo local de destino. remuneração. (Propostas manifestamente inexequíveis)
Art. 43. A licitação será processada e julgada com § 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se também
observância dos seguintes procedimentos: às propostas que incluam mão-de-obra estrangeira ou
I - abertura dos envelopes contendo a documentação importações de qualquer natureza.
relativa à habilitação dos concorrentes, e sua apreciação;
II - devolução dos envelopes fechados aos Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo,
concorrentes inabilitados, contendo as respectivas propostas, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo
desde que não tenha havido recurso ou após sua denegação; convite realizá-lo em conformidade com os tipos de
III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato
concorrentes habilitados, desde que transcorrido o prazo sem convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele
interposição de recurso, ou tenha havido desistência referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos
expressa, ou após o julgamento dos recursos interpostos; licitantes e pelos órgãos de controle.
IV - verificação da conformidade de cada proposta com § 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de
os requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços licitação, exceto na modalidade concurso:
correntes no mercado ou fixados por órgão oficial I - a de menor preço - quando o critério de seleção da
competente, ou ainda com os constantes do sistema de proposta mais vantajosa para a Administração determinar
registro de preços, os quais deverão ser devidamente que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de
registrados na ata de julgamento, promovendo-se a acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o
desclassificação das propostas desconformes ou menor preço;
incompatíveis; II - a de melhor técnica;
V - julgamento e classificação das propostas de acordo III - a de técnica e preço.
com os critérios de avaliação constantes do edital; IV - a de maior lance ou oferta - nos casos
VI - deliberação da autoridade competente quanto à de alienação de bens ou concessão de direito real de uso.
homologação e adjudicação do objeto da licitação. § 2o No caso de empate entre duas ou mais propostas,
§ 1o A abertura dos envelopes contendo a e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a
documentação para habilitação e as propostas será realizada classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato
sempre em ato público previamente designado, do qual se público, para o qual todos os licitantes serão convocados,
lavrará ata circunstanciada, assinada pelos licitantes vedado qualquer outro processo.
presentes e pela Comissão. § 3o No caso da licitação do tipo "menor preço", entre
§ 2o Todos os documentos e propostas serão os licitantes considerados qualificados a classificação se dará
rubricados pelos licitantes presentes e pela Comissão. pela ordem crescente dos preços propostos, prevalecendo,
§ 3o É facultada à Comissão ou autoridade superior, em no caso de empate, exclusivamente o critério previsto no
qualquer fase da licitação, a promoção de diligência parágrafo anterior.
destinada a esclarecer ou a complementar a instrução do § 4o Para contratação de bens e serviços de
processo, vedada a inclusão posterior de documento ou informática, a administração observará o disposto no art.
informação que deveria constar originariamente da proposta. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em
conta os fatores especificados em seu parágrafo 2o e

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adotando obrigatoriamente o tipo de licitação "técnica e concretamente mensuráveis, e estas puderem ser adotadas à
preço", permitido o emprego de outro tipo de licitação nos livre escolha dos licitantes, na conformidade dos critérios
casos indicados em decreto do Poder Executivo. objetivamente fixados no ato convocatório.
§ 5o É vedada a utilização de outros tipos de licitação § 4º (Vetado).
não previstos neste artigo.
§ 6o Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e
selecionadas tantas propostas quantas necessárias até que serviços, quando for adotada a modalidade de execução de
se atinja a quantidade demandada na licitação. empreitada por preço global, a Administração deverá
fornecer obrigatoriamente, junto com o edital, todos os
Art. 46. Os tipos de licitação "melhor técnica" ou elementos e informações necessários para que os licitantes
"técnica e preço" serão utilizados exclusivamente para possam elaborar suas propostas de preços com total e
serviços de natureza predominantemente intelectual, em completo conhecimento do objeto da licitação.
especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, Empreitada por preço global - quando se contrata a execução da obra
supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em ou do serviço por preço certo e total;
geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos
preliminares e projetos básicos e executivos, ressalvado o
Art. 48. Serão desclassificadas:
disposto no § 4o do artigo anterior.
I - as propostas que não atendam às exigências do ato
§ 1o Nas licitações do tipo "melhor técnica" será
convocatório da licitação;
adotado o seguinte procedimento claramente explicitado no
II - propostas com valor global superior ao limite
instrumento convocatório, o qual fixará o preço máximo que a
estabelecido ou com preços manifestamente inexequíveis,
Administração se propõe a pagar:
assim considerados aqueles que não venham a ter
I - serão abertos os envelopes contendo as propostas demonstrada sua viabilidade através de documentação que
técnicas exclusivamente dos licitantes previamente comprove que os custos dos insumos são coerentes com os
qualificados e feita então a avaliação e classificação destas
de mercado e que os coeficientes de produtividade são
propostas de acordo com os critérios pertinentes e
compatíveis com a execução do objeto do contrato,
adequados ao objeto licitado, definidos com clareza e
condições estas necessariamente especificadas no ato
objetividade no instrumento convocatório e que considerem a
convocatório da licitação.
capacitação e a experiência do proponente, a qualidade
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste
técnica da proposta, compreendendo metodologia,
artigo consideram-se manifestamente inexequíveis, no caso
organização, tecnologias e recursos materiais a serem de licitações de menor preço para obras e serviços de
utilizados nos trabalhos, e a qualificação das equipes
engenharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a
técnicas a serem mobilizadas para a sua execução;
70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores:
II - uma vez classificadas as propostas técnicas,
a) média aritmética dos valores das propostas
proceder-se-á à abertura das propostas de preço dos
superiores a 50% (cinquenta por cento) do valor orçado pela
licitantes que tenham atingido a valorização mínima
administração, ou
estabelecida no instrumento convocatório e à negociação das
b) valor orçado pela administração.
condições propostas, com a proponente melhor classificada, § 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo
com base nos orçamentos detalhados apresentados e anterior cujo valor global da proposta for inferior a 80%
respectivos preços unitários e tendo como referência o limite
(oitenta por cento) do menor valor a que se referem as
representado pela proposta de menor preço entre os
alíneas "a" e "b", será exigida, para a assinatura do contrato,
licitantes que obtiveram a valorização mínima;
prestação de garantia adicional, dentre as modalidades
III - no caso de impasse na negociação anterior,
previstas no § 1º do art. 56, igual a diferença entre o valor
procedimento idêntico será adotado, sucessivamente, com os
resultante do parágrafo anterior e o valor da correspondente
demais proponentes, pela ordem de classificação, até a
proposta.
consecução de acordo para a contratação; § 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados
IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas ou todas as propostas forem desclassificadas, a
aos licitantes que não forem preliminarmente habilitados ou
administração poderá fixar aos licitantes o prazo de 8
que não obtiverem a valorização mínima estabelecida para a
(oito) dias úteis para a apresentação de nova documentação
proposta técnica.
ou de outras propostas escoimadas das causas referidas
§ 2o Nas licitações do tipo "técnica e preço" será
neste artigo, facultada, no caso de convite, a redução deste
adotado, adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, o
prazo para 3 (três) dias úteis.
seguinte procedimento claramente explicitado no instrumento
convocatório: Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do
I - será feita a avaliação e a valorização das propostas procedimento somente poderá revogar a licitação por razões
de preços, de acordo com critérios objetivos preestabelecidos
de interesse público decorrente de fato superveniente
no instrumento convocatório;
devidamente comprovado, pertinente e suficiente para
II - a classificação dos proponentes far-se-á de acordo
justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de
com a média ponderada das valorizações das propostas
ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer
técnicas e de preço, de acordo com os pesos
escrito e devidamente fundamentado.
preestabelecidos no instrumento convocatório.
§ 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo
§ 3o Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado
neste artigo poderão ser adotados, por autorização expressa
o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
e mediante justificativa circunstanciada da maior autoridade
§ 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do
da Administração promotora constante do ato convocatório,
contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59
para fornecimento de bens e execução de obras ou
desta Lei.
prestação de serviços de grande vulto majoritariamente
§ 3o No caso de desfazimento do processo licitatório,
dependentes de tecnologia nitidamente sofisticada e de
fica assegurado o contraditório e a ampla defesa.
domínio restrito, atestado por autoridades técnicas de § 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-
reconhecida qualificação, nos casos em que o objeto se aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade
pretendido admitir soluções alternativas e variações de
de licitação.
execução, com repercussões significativas sobre sua Revogação Anulação
qualidade, produtividade, rendimento e durabilidade Razões de interesse público Ilegalidade - Vícios

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- Fato superveniente à licitação § 4o O edital de leilão deve ser amplamente divulgado,


Quando o convocado não assinar o A nulidade da licitação alcança o principalmente no município em que se realizará.
contrato no prazo previsto – art. 64, contrato
§ 2o
Total Total ou Parcial Capítulo III
Não pode ser realizada após a Pode ser realizada após a DOS CONTRATOS
assinatura do contrato (preclusão) assinatura do contrato Seção I
Disposições Preliminares
Art. 50. A Administração não poderá celebrar o Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta
contrato com preterição da ordem de classificação das Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de
propostas ou com terceiros estranhos ao procedimento direito público, aplicando-se lhes, supletivamente, os
licitatório, sob pena de nulidade. (Princípio da adjudicação princípios da teoria geral dos contratos e as disposições
compulsória ao vencedor) de direito privado.
§ 1o Os contratos devem estabelecer com clareza e
Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro precisão as condições para sua execução, expressas em
cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas cláusulas que definam os direitos, obrigações e
serão processadas e julgadas por comissão permanente ou responsabilidades das partes, em conformidade com os
especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo termos da licitação e da proposta a que se vinculam.
menos 2 (dois) deles servidores qualificados pertencentes § 2o Os contratos decorrentes de dispensa ou de
aos quadros permanentes dos órgãos da Administração inexigibilidade de licitação devem atender aos termos do ato
responsáveis pela licitação. que os autorizou e da respectiva proposta.
§ 1o No caso de convite, a Comissão de licitação, Os contratos administrativos possuem características próprias que lhes
excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e distinguem dos negócios jurídicos privados. Isso é assim porque são
regidos precipuamente por normas publicistas, mas surgindo, ainda,
em face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser assim, do gênero comum ao qual pertencem todos os contratos: o pacto,
substituída por servidor formalmente designado pela termo que expressa todo acordo de vontades firmado pelas partes, no
autoridade competente. sentido de constituir direitos e obrigações recíprocas.
§ 2o A Comissão para julgamento dos pedidos de Curso de Direito Administrativo, Alex Muniz Barreto.

inscrição em registro cadastral, sua alteração ou


cancelamento, será integrada por profissionais legalmente Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato
habilitados no caso de obras, serviços ou aquisição de as que estabeleçam:
equipamentos. I - o objeto e seus elementos característicos;
§ 3o Os membros das Comissões de licitação II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
responderão solidariamente por todos os atos praticados III - o preço e as condições de pagamento, os critérios,
pela Comissão, salvo se posição individual divergente estiver data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os
devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na critérios de atualização monetária entre a data do
reunião em que tiver sido tomada a decisão. adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;
§ 4o A investidura dos membros das Comissões IV - os prazos de início de etapas de execução, de
permanentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a conclusão, de entrega, de observação e de recebimento
recondução da totalidade de seus membros para a mesma definitivo, conforme o caso;
comissão no período subsequente. V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a
§ 5o No caso de concurso, o julgamento será feito por indicação da classificação funcional programática e da
uma comissão especial integrada por pessoas de reputação categoria econômica;
ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame, VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena
servidores públicos ou não. execução, quando exigidas;
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as
Art. 52. O concurso a que se refere o § 4o do art. 22 penalidades cabíveis e os valores das multas;
desta Lei deve ser precedido de regulamento próprio, a ser VIII - os casos de rescisão;
obtido pelos interessados no local indicado no edital. IX - o reconhecimento dos direitos da Administração,
§ 1o O regulamento deverá indicar: em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta
I - a qualificação exigida dos participantes; Lei;
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho; Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua rescisão,
III - as condições de realização do concurso e os com as consequências contratuais e as previstas em lei ou regulamento.
prêmios a serem concedidos.
X - as condições de importação, a data e a taxa de
§ 2o Em se tratando de projeto, o vencedor deverá câmbio para conversão, quando for o caso;
autorizar a Administração a executá-lo quando julgar XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que
conveniente. a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante
vencedor;
Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial XII - a legislação aplicável à execução do contrato e
ou a servidor designado pela Administração, procedendo-se
especialmente aos casos omissos;
na forma da legislação pertinente.
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante
§ 1o Todo bem a ser leiloado será previamente
toda a execução do contrato, em compatibilidade com as
avaliado pela Administração para fixação do preço mínimo obrigações por ele assumidas, todas as condições de
de arrematação. habilitação e qualificação exigidas na licitação.
§ 2o Os bens arrematados serão pagos à vista ou no § 1º (Vetado).
percentual estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco por § 2o Nos contratos celebrados pela Administração
cento) e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no local
Pública com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas
do leilão, imediatamente entregues ao arrematante, o qual se
domiciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente
obrigará ao pagamento do restante no prazo estipulado no
cláusula que declare competente o foro da sede da
edital de convocação, sob pena de perder em favor da Administração para dirimir qualquer questão contratual, salvo
Administração o valor já recolhido. o disposto no § 6o do art. 32 desta Lei.
§ 3o Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela § 3o No ato da liquidação da despesa, os serviços de
à vista poderá ser feito em até vinte e quatro contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da
horas.

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arrecadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou § 1o Os prazos de início de etapas de execução, de


Município, as características e os valores pagos, segundo o conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as
disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964. demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de
seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra algum
Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo:
caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, I - alteração do projeto ou especificações, pela
poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações Administração;
de obras, serviços e compras. II - superveniência de fato excepcional ou
§ 1o Caberá ao contratado optar por uma das imprevisível, estranho à vontade das partes, que altere
seguintes modalidades de garantia: fundamentalmente as condições de execução do contrato;
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida III - interrupção da execução do contrato ou
pública, devendo estes ter sido emitidos sob a forma diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da
escritural, mediante registro em sistema centralizado de Administração;
liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do IV - aumento das quantidades inicialmente previstas
Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme no contrato, nos limites permitidos por esta Lei;
definido pelo Ministério da Fazenda; V - impedimento de execução do contrato por fato ou
II - seguro-garantia; ato de terceiro reconhecido pela Administração em
III - fiança bancária. documento contemporâneo à sua ocorrência;
§ 2o A garantia a que se refere o caput deste artigo não VI - omissão ou atraso de providências a cargo da
excederá a 5% (cinco por cento) do valor do contrato e terá Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de
seu valor atualizado nas mesmas condições daquele, que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na
ressalvado o previsto no parágrafo 3o deste artigo. execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais
§ 3o Para obras, serviços e fornecimentos de grande aplicáveis aos responsáveis.
vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos § 2o Toda prorrogação de prazo deverá ser
financeiros consideráveis, demonstrados através de justificada por escrito e previamente autorizada pela
parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, autoridade competente para celebrar o contrato.
o limite de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser § 3o É vedado o contrato com prazo de vigência
elevado para até 10% (dez por cento) do valor do indeterminado.
contrato. § 4o Em caráter excepcional, devidamente justificado e
§ 4o A garantia prestada pelo contratado será liberada mediante autorização da autoridade superior, o prazo de que
ou restituída após a execução do contrato e, quando em trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser prorrogado
dinheiro, atualizada monetariamente. por até 12 (doze) meses.
§ 5o Nos casos de contratos que importem na entrega
de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos
depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor instituído por esta Lei confere à Administração, em relação
desses bens. a eles, a prerrogativa de: (Cláusulas exorbitantes)
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei adequação às finalidades de interesse público, respeitados
ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos os direitos do contratado;
orçamentários, exceto quanto aos relativos: II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados especificados no inciso I do art. 79 desta Lei;
nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais III - fiscalizar lhes a execução;
poderão ser prorrogados se houver interesse da IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou
Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato parcial do ajuste;
convocatório; V - nos casos de serviços essenciais, ocupar
II - à prestação de serviços a serem executados de provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços
forma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade
por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais
preços e condições mais vantajosas para a administração, pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do
limitada a 60 (sessenta) meses; contrato administrativo.
III - (Vetado). § 1o As cláusulas econômico-financeiras e
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de monetárias dos contratos administrativos não poderão ser
programas de informática, podendo a duração estender-se alteradas sem prévia concordância do contratado.
pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da § 2o Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas
vigência do contrato. econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para
V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e que se mantenha o equilíbrio contratual.
XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência por até As cláusulas exorbitantes fundamentam-se no princípio da supremacia
120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da do interesse público sobre o privado.
administração. -----------------------------------------------------------------------------------------------
É possível verificar outras cláusulas ao longo da Lei de Licitações.
Art. 24. [...] IX - quando houver possibilidade de comprometimento da Podemos citar, como exemplo:
segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da - Restrição à oposição da exceção do contrato não cumprido (art. 78,
República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional; XV);
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com - Exigência de garantia (art. 56);
exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver - Exigência de medidas de compensação (art. 3º, § 11).
necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio
logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de
comissão instituída por decreto; Art. 59. A declaração de nulidade do contrato
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados
administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos
no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e
defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de
pela autoridade máxima do órgão. desconstituir os já produzidos.
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do
4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os
princípios gerais de contratação dela constantes. dever de indenizar o contratado pelo que este houver

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239
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executado até a data em que ela for declarada e por outros contratação, sem prejuízo das sanções previstas no art. 81
prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe desta Lei.
seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem § 1o O prazo de convocação poderá ser prorrogado
lhe deu causa. (Princípio da vedação ao enriquecimento sem uma vez, por igual período, quando solicitado pela parte
causa) durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo
Seção II justificado aceito pela Administração.
Da Formalização dos Contratos § 2o É facultado à Administração, quando o convocado
Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o
lavrados nas repartições interessadas, as quais manterão instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos,
arquivo cronológico dos seus autógrafos e registro convocar os licitantes remanescentes, na ordem de
sistemático do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas
sobre imóveis, que se formalizam por instrumento lavrado em condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive
cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no processo que quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato
lhe deu origem. convocatório, ou revogar a licitação independentemente da
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o cominação prevista no art. 81 desta Lei.
contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas § 3o Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega
compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de das propostas, sem convocação para a contratação, ficam os
valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite licitantes liberados dos compromissos assumidos.
estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas
em regime de adiantamento. Seção III
Da Alteração dos Contratos
Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser
partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes
autorizou a sua lavratura, o número do processo da licitação, casos:
da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes I - unilateralmente pela Administração:
às normas desta Lei e às cláusulas contratuais. a) quando houver modificação do projeto ou das
Parágrafo único. A publicação resumida do especificações, para melhor adequação técnica aos seus
instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa objetivos;
oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será b) quando necessária a modificação do valor contratual
providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de
seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;
dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que II - por acordo das partes:
sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei. a) quando conveniente a substituição da garantia de
execução;
Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos b) quando necessária a modificação do regime de
casos de concorrência e de tomada de preços, bem como execução da obra ou serviço, bem como do modo de
nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam fornecimento, em face de verificação técnica da
compreendidos nos limites destas duas modalidades de inaplicabilidade dos termos contratuais originários;
licitação, e facultativo nos demais em que a Administração c) quando necessária a modificação da forma de
puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes,
carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do
compra ou ordem de execução de serviço. pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado,
§ 1o A minuta do futuro contrato integrará sempre o sem a correspondente contraprestação de fornecimento de
edital ou ato convocatório da licitação. bens ou execução de obra ou serviço;
§ 2o Em "carta contrato", "nota de empenho de d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram
despesa", "autorização de compra", "ordem de execução de inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição
serviço" ou outros instrumentos hábeis aplica-se, no que da administração para a justa remuneração da obra, serviço
couber, o disposto no art. 55 desta Lei. ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio
§ 3o Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de
Lei e demais normas gerais, no que couber: sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de
I - aos contratos de seguro, de financiamento, de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da
locação em que o Poder Público seja locatário, e aos demais execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior,
cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por norma de caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea
direito privado; econômica extraordinária e extracontratual.
II - aos contratos em que a Administração for parte § 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas
como usuária de serviço público. condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se
§ 4o É dispensável o "termo de contrato" e facultada a fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e
substituição prevista neste artigo, a critério da Administração cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no
e independentemente de seu valor, nos casos de compra caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até
com entrega imediata e integral dos bens adquiridos, dos o limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus
quais não resultem obrigações futuras, inclusive assistência acréscimos.
técnica. § 2o Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder
os limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo:
Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimento I - (VETADO)
dos termos do contrato e do respectivo processo licitatório e, II - as supressões resultantes de acordo celebrado
a qualquer interessado, a obtenção de cópia autenticada, entre os contratantes.
mediante o pagamento dos emolumentos devidos. § 3o Se no contrato não houverem sido contemplados
preços unitários para obras ou serviços, esses serão fixados
Art. 64. A Administração convocará regularmente o mediante acordo entre as partes, respeitados os limites
interessado para assinar o termo de contrato, aceitar ou estabelecidos no § 1o deste artigo.
retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e § 4o No caso de supressão de obras, bens ou serviços,
condições estabelecidos, sob pena de decair o direito à se o contratado já houver adquirido os materiais e posto no

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local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela


Administração pelos custos de aquisição regularmente Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos
comprovados e monetariamente corrigidos, podendo caber trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais
indenização por outros danos eventualmente decorrentes da resultantes da execução do contrato.
supressão, desde que regularmente comprovados. § 1o A inadimplência do contratado, com referência aos
§ 5o Quaisquer tributos ou encargos legais criados, encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à
alterados ou extintos, bem como a superveniência de Administração Pública a responsabilidade por seu
disposições legais, quando ocorridas após a data da pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou
apresentação da proposta, de comprovada repercussão nos restringir a regularização e o uso das obras e edificações,
preços contratados, implicarão a revisão destes para mais ou inclusive perante o Registro de Imóveis.
para menos, conforme o caso. § 2o A Administração Pública responde
§ 6o Em havendo alteração unilateral do contrato que solidariamente com o contratado pelos encargos
aumente os encargos do contratado, a Administração deverá previdenciários resultantes da execução do contrato, nos
restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico- termos do art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.
financeiro inicial. § 3º (Vetado).
§ 7o (VETADO)
§ 8o A variação do valor contratual para fazer face Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem
ao reajuste de preços previsto no próprio contrato, as prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá
atualizações, compensações ou penalizações financeiras subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o
decorrentes das condições de pagamento nele previstas, limite admitido, em cada caso, pela Administração.
bem como o empenho de dotações orçamentárias
suplementares até o limite do seu valor corrigido, não Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será
caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados recebido:
por simples apostila, dispensando a celebração de I - em se tratando de obras e serviços:
aditamento. a) provisoriamente, pelo responsável por seu
acompanhamento e fiscalização, mediante termo
Seção IV circunstanciado, assinado pelas partes em até 15
Da Execução dos Contratos (quinze) dias da comunicação escrita do contratado;
Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente b) definitivamente, por servidor ou comissão
pelas partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as designada pela autoridade competente, mediante termo
normas desta Lei, respondendo cada uma pelas circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do
consequências de sua inexecução total ou parcial. prazo de observação, ou vistoria que comprove a adequação
do objeto aos termos contratuais, observado o disposto no
Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § art. 69 desta Lei;
2o e no inciso II do § 5o do art. 3o desta Lei deverão cumprir, II - em se tratando de compras ou de locação de
durante todo o período de execução do contrato, a reserva de equipamentos:
cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação
reabilitado da Previdência Social, bem como as regras de da conformidade do material com a especificação;
acessibilidade previstas na legislação. b) definitivamente, após a verificação da qualidade e
Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o quantidade do material e consequente aceitação.
cumprimento dos requisitos de acessibilidade nos serviços e § 1o Nos casos de aquisição de equipamentos de
nos ambientes de trabalho. grande vulto, o recebimento far-se-á mediante termo
circunstanciado e, nos demais, mediante recibo.
Art. 67. A execução do contrato deverá ser § 2o O recebimento provisório ou definitivo não exclui a
acompanhada e fiscalizada por um representante da responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do
Administração especialmente designado, permitida a serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do
contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo
informações pertinentes a essa atribuição. contrato.
§ 1o O representante da Administração anotará em § 3o O prazo a que se refere a alínea "b" do inciso I
registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a deste artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias,
execução do contrato, determinando o que for necessário à salvo em casos excepcionais, devidamente justificados e
regularização das faltas ou defeitos observados. previstos no edital.
§ 2o As decisões e providências que ultrapassarem a § 4o Na hipótese de o termo circunstanciado ou a
competência do representante deverão ser solicitadas a seus verificação a que se refere este artigo não serem,
superiores em tempo hábil para a adoção das medidas respectivamente, lavrado ou procedida dentro dos prazos
convenientes. fixados, reputar-se-ão como realizados, desde que
comunicados à Administração nos 15 (quinze) dias
Art. 68. O contratado deverá manter preposto, aceito anteriores à exaustão dos mesmos.
pela Administração, no local da obra ou serviço, para
representá-lo na execução do contrato. Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento
provisório nos seguintes casos:
Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, I - gêneros perecíveis e alimentação preparada;
remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total II - serviços profissionais;
ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23,
vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de inciso II, alínea "a", desta Lei, desde que não se componham
materiais empregados. de aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à
verificação de funcionamento e produtividade.
Art. 70. O contratado é responsável pelos danos Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o
causados diretamente à Administração ou a terceiros, recebimento será feito mediante recibo.
decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato,
não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes do
fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado. edital, do convite ou de ato normativo, os ensaios, testes e

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demais provas exigidas por normas técnicas oficiais para a independentemente do pagamento obrigatório de
boa execução do objeto do contrato correm por conta do indenizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas
contratado. desmobilizações e mobilizações e outras previstas,
assegurado ao contratado, nesses casos, o direito de optar
Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em parte, pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas
obra, serviço ou fornecimento executado em desacordo com até que seja normalizada a situação;
o contrato. XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos
pagamentos devidos pela Administração decorrentes de
Seção V obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já
Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade
Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra,
enseja a sua rescisão, com as consequências contratuais e assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão
as previstas em lei ou regulamento. do cumprimento de suas obrigações até que seja
normalizada a situação;
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: XVI - a não liberação, por parte da Administração, de
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou
especificações, projetos ou prazos; fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, de materiais naturais especificadas no projeto;
especificações, projetos e prazos; XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior,
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a regularmente comprovada, impeditiva da execução do
Administração a comprovar a impossibilidade da conclusão contrato.
da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art.
estipulados; 27, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou Vedação ao trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18
fornecimento; (dezoito) e de qualquer trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos, salvo
V - a paralisação da obra, do serviço ou do na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
fornecimento, sem justa causa e prévia comunicação à
Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual
Administração;
serão formalmente motivados nos autos do processo,
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a
assegurado o contraditório e a ampla defesa.
associação do contratado com outrem, a cessão ou
transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
incorporação, não admitidas no edital e no contrato;
I - determinada por ato unilateral e escrito da
VII - o desatendimento das determinações regulares da
Administração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e
autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua
XVII do artigo anterior;
execução, assim como as de seus superiores;
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua
termo no processo da licitação, desde que haja conveniência
execução, anotadas na forma do § 1o do art. 67 desta Lei; para a Administração;
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada III - judicial, nos termos da legislação;
por um representante da Administração especialmente designado,
IV - (Vetado).
permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de
informações pertinentes a essa atribuição. § 1o A rescisão administrativa ou amigável deverá ser
§ 1º O representante da Administração anotará em registro próprio todas precedida de autorização escrita e fundamentada da
as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, determinando o autoridade competente.
que for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados. § 2o Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos
XII a XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do
IX - a decretação de falência ou a instauração de contratado, será este ressarcido dos prejuízos regularmente
insolvência civil; comprovados que houver sofrido, tendo ainda direito a:
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do I - devolução de garantia;
contratado; II - pagamentos devidos pela execução do contrato até
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou a data da rescisão;
da estrutura da empresa, que prejudique a execução do III - pagamento do custo da desmobilização.
contrato; § 3º (Vetado).
XII - razões de interesse público, de alta relevância e § 4º (Vetado).
amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela § 5o Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação
máxima autoridade da esfera administrativa a que está do contrato, o cronograma de execução será prorrogado
subordinado o contratante e exaradas no processo automaticamente por igual tempo.
administrativo a que se refere o contrato;
XIII - a supressão, por parte da Administração, de Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo
obras, serviços ou compras, acarretando modificação do anterior acarreta as seguintes consequências, sem prejuízo
valor inicial do contrato além do limite permitido no § 1o do das sanções previstas nesta Lei:
art. 65 desta Lei; I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado
Art. 65 [...] § 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas
e local em que se encontrar, por ato próprio da
condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas Administração;
obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor II - ocupação e utilização do local, instalações,
inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício equipamentos, material e pessoal empregados na execução
ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus do contrato, necessários à sua continuidade, na forma do
acréscimos.
inciso V do art. 58 desta Lei;
III - execução da garantia contratual, para
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita ressarcimento da Administração, e dos valores das multas e
da Administração, por prazo superior a 120 (cento e indenizações a ela devidos;
vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o
perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por limite dos prejuízos causados à Administração.
repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo,

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§ 1o A aplicação das medidas previstas nos incisos I e Estados, Distrito Federal, Municípios, e respectivas
II deste artigo fica a critério da Administração, que poderá dar autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
continuidade à obra ou ao serviço por execução direta ou mista, fundações públicas, e quaisquer outras entidades sob
indireta. seu controle direto ou indireto.
§ 2o É permitido à Administração, no caso de
concordata do contratado, manter o contrato, podendo Seção II
assumir o controle de determinadas atividades de serviços Das Sanções Administrativas
essenciais. Art. 86. O atraso injustificado na execução do
§ 3o Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deverá contrato sujeitará o contratado à multa de mora, na forma
ser precedido de autorização expressa do Ministro de Estado prevista no instrumento convocatório ou no contrato.
competente, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o § 1o A multa a que alude este artigo não impede que a
caso. Administração rescinda unilateralmente o contrato e
§ 4o A rescisão de que trata o inciso IV do artigo aplique as outras sanções previstas nesta Lei.
anterior permite à Administração, a seu critério, aplicar a § 2o A multa, aplicada após regular processo
medida prevista no inciso I deste artigo. administrativo, será descontada da garantia do respectivo
contratado.
Capítulo IV § 3o Se a multa for de valor superior ao valor da
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA garantia prestada, além da perda desta, responderá o
JUDICIAL contratado pela sua diferença, a qual será descontada dos
Seção I pagamentos eventualmente devidos pela Administração ou
Disposições Gerais ainda, quando for o caso, cobrada judicialmente.
Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em
assinar o contrato, aceitar ou retirar o instrumento Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a
equivalente, dentro do prazo estabelecido pela Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao
Administração, caracteriza o descumprimento total da contratado as seguintes sanções:
obrigação assumida, sujeitando-o às penalidades I - advertência;
legalmente estabelecidas. II - multa, na forma prevista no instrumento
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica convocatório ou no contrato;
aos licitantes convocados nos termos do art. 64, § 2o desta III - suspensão temporária de participação em
Lei, que não aceitarem a contratação, nas mesmas licitação e impedimento de contratar com a Administração,
condições propostas pelo primeiro adjudicatário, inclusive por prazo não superior a 2 (dois) anos;
quanto ao prazo e preço. IV - declaração de inidoneidade para licitar ou
Art. 64 [...] § 2º É facultado à Administração, quando o convocado não contratar com a Administração Pública enquanto perdurarem
assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o instrumento os motivos determinantes da punição ou até que seja
equivalente no prazo e condições estabelecidos, convocar os licitantes promovida a reabilitação perante a própria autoridade que
remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o
nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive
quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato convocatório,
contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos
ou revogar a licitação independentemente da cominação prevista no art. resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com
81 desta Lei. base no inciso anterior.
§ 1o Se a multa aplicada for superior ao valor da
Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem garantia prestada, além da perda desta, responderá o
atos em desacordo com os preceitos desta Lei ou visando a contratado pela sua diferença, que será descontada dos
frustrar os objetivos da licitação sujeitam-se às sanções pagamentos eventualmente devidos pela Administração ou
previstas nesta Lei e nos regulamentos próprios, sem cobrada judicialmente.
prejuízo das responsabilidades civil e criminal que seu ato § 2o As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste
ensejar. artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II,
facultada a defesa prévia do interessado, no respectivo
Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis.
simplesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando § 3o A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é
servidores públicos, além das sanções penais, à perda do de competência exclusiva do Ministro de Estado, do
cargo, emprego, função ou mandato eletivo. Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada
a defesa do interessado no respectivo processo, no prazo de
Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins 10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a reabilitação ser
desta Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou requerida após 2 (dois) anos de sua aplicação. (Vide art 109
inciso III)
sem remuneração, cargo, função ou emprego público.
§ 1o Equipara-se a servidor público, para os fins desta
Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do
Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em entidade artigo anterior poderão também ser aplicadas às empresas
paraestatal, assim consideradas, além das fundações, ou aos profissionais que, em razão dos contratos regidos por
empresas públicas e sociedades de economia mista, as esta Lei:
demais entidades sob controle, direto ou indireto, do Poder I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem,
Público.
por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de
§ 2o A pena imposta será acrescida da terça parte,
quaisquer tributos;
quando os autores dos crimes previstos nesta Lei forem
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os
ocupantes de cargo em comissão ou de função de confiança objetivos da licitação;
em órgão da Administração direta, autarquia, empresa III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar
pública, sociedade de economia mista, fundação pública, ou com a Administração em virtude de atos ilícitos praticados.
outra entidade controlada direta ou indiretamente pelo Poder
Público. Seção III
Dos Crimes e das Penas
Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei
pertinem às licitações e aos contratos celebrados pela União,

ID:
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Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as multa.
formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que,
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, Administração.
tendo comprovadamente concorrido para a consumação da
ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a
ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público. inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais ou
promover indevidamente a alteração, suspensão ou
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, cancelamento de registro do inscrito:
combinação ou qualquer outro expediente, o caráter Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, multa.
para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação
do objeto da licitação: Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na
sentença e calculada em índices percentuais, cuja base
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou
privado perante a Administração, dando causa à instauração potencialmente auferível pelo agente.
de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier § 1o Os índices a que se refere este artigo não poderão
a ser decretada pelo Poder Judiciário: ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5%
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado
multa. com dispensa ou inexigibilidade de licitação.
§ 2o O produto da arrecadação da multa reverterá,
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer conforme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou
modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, Municipal.
em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos
celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no Seção IV
ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos Do Processo e do Procedimento Judicial
contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação
cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art. penal pública incondicionada, cabendo ao Ministério
121 desta Lei: Público promovê-la.
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os
que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação efeitos desta Lei, a iniciativa do Ministério Público,
da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se beneficia, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e sua
injustamente, das modificações ou prorrogações contratuais. autoria, bem como as circunstâncias em que se deu a
ocorrência.
Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal,
qualquer ato de procedimento licitatório: mandará a autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e apresentante e por duas testemunhas.
multa.
Art. 102. Quando em autos ou documentos de que
Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada conhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais ou
em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes
ensejo de devassá-lo: do sistema de controle interno de qualquer dos Poderes
Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa. verificarem a existência dos crimes definidos nesta Lei,
remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos
Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de necessários ao oferecimento da denúncia.
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de
vantagem de qualquer tipo: Art. 103. Será admitida ação penal privada
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, subsidiária da pública, se esta não for ajuizada no prazo
além da pena correspondente à violência. legal, aplicando-se, no que couber, o disposto nos arts.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se 29 e 30 do Código de Processo Penal.
abstém ou desiste de licitar, em razão da vantagem
oferecida. Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá
este o prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa
Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, escrita, contado da data do seu interrogatório, podendo
licitação instaurada para aquisição ou venda de bens ou juntar documentos, arrolar as testemunhas que tiver, em
mercadorias, ou contrato dela decorrente: número não superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas
I - elevando arbitrariamente os preços; que pretenda produzir.
II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
falsificada ou deteriorada; Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da
III - entregando uma mercadoria por outra; defesa e praticadas as diligências instrutórias deferidas ou
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da ordenadas pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de 5
mercadoria fornecida; (cinco) dias a cada parte para alegações finais.
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais
onerosa a proposta ou a execução do contrato: Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. dentro de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez) dias
para proferir a sentença.
Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com
empresa ou profissional declarado inidôneo: Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no
prazo de 5 (cinco) dias.

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Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar,


Art. 108. No processamento e julgamento das premiar ou receber projeto ou serviço técnico especializado
infrações penais definidas nesta Lei, assim como nos desde que o autor ceda os direitos patrimoniais a ele relativos
recursos e nas execuções que lhes digam respeito, aplicar- e a Administração possa utilizá-lo de acordo com o previsto
se-ão, subsidiariamente, o Código de Processo Penal e a Lei no regulamento de concurso ou no ajuste para sua
de Execução Penal. elaboração.
Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra
Capítulo V imaterial de caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, a
DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS cessão dos direitos incluirá o fornecimento de todos os
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da dados, documentos e elementos de informação pertinentes à
aplicação desta Lei cabem: tecnologia de concepção, desenvolvimento, fixação em
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar suporte físico de qualquer natureza e aplicação da obra.
da intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:
a) habilitação ou inabilitação do licitante; Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a
b) julgamento das propostas; mais de uma entidade pública, caberá ao órgão contratante,
c) anulação ou revogação da licitação; perante a entidade interessada, responder pela sua boa
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro execução, fiscalização e pagamento.
cadastral, sua alteração ou cancelamento; § 1o Os consórcios públicos poderão realizar licitação
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. da qual, nos termos do edital, decorram contratos
79 desta Lei; administrativos celebrados por órgãos ou entidades dos
f) aplicação das penas de advertência, suspensão entes da Federação consorciados.
temporária ou de multa; § 2o É facultado à entidade interessada o
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da acompanhamento da licitação e da execução do contrato.
intimação da decisão relacionada com o objeto da licitação
ou do contrato, de que não caiba recurso hierárquico; Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos
III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro contratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será
de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma da
caso, na hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei, no prazo de 10 legislação pertinente, ficando os órgãos interessados da
(dez) dias úteis da intimação do ato. Administração responsáveis pela demonstração da
§ 1o A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas legalidade e regularidade da despesa e execução, nos
"a", "b", "c" e "e", deste artigo, excluídos os relativos a termos da Constituição e sem prejuízo do sistema de controle
advertência e multa de mora, e no inciso III, será feita interno nela previsto.
mediante publicação na imprensa oficial, salvo para os § 1o Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou
casos previstos nas alíneas "a" e "b", se presentes os jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos
prepostos dos licitantes no ato em que foi adotada a decisão, órgãos integrantes do sistema de controle interno contra
quando poderá ser feita por comunicação direta aos irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins do
interessados e lavrada em ata. disposto neste artigo.
§ 2o O recurso previsto nas alíneas "a" e "b" do inciso I § 2o Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes
deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade do sistema de controle interno poderão solicitar para exame,
competente, motivadamente e presentes razões de interesse até o dia útil imediatamente anterior à data de recebimento
público, atribuir ao recurso interposto eficácia suspensiva aos das propostas, cópia de edital de licitação já publicado,
demais recursos. obrigando-se os órgãos ou entidades da Administração
§ 3o Interposto, o recurso será comunicado aos demais interessada à adoção de medidas corretivas pertinentes que,
licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cinco) dias em função desse exame, lhes forem determinadas.
úteis.
§ 4o O recurso será dirigido à autoridade superior, por Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a
intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a ser
reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, procedida sempre que o objeto da licitação recomende
ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente análise mais detida da qualificação técnica dos interessados.
informado, devendo, neste caso, a decisão ser proferida § 1o A adoção do procedimento de pré-qualificação
dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do será feita mediante proposta da autoridade competente,
recebimento do recurso, sob pena de responsabilidade. aprovada pela imediatamente superior.
§ 5o Nenhum prazo de recurso, representação ou § 2o Na pré-qualificação serão observadas as
pedido de reconsideração se inicia ou corre sem que os exigências desta Lei relativas à concorrência, à convocação
autos do processo estejam com vista franqueada ao dos interessados, ao procedimento e à análise da
interessado. documentação.
§ 6o Em se tratando de licitações efetuadas na
modalidade de "carta convite" os prazos estabelecidos nos Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir
incisos I e II e no parágrafo 3o deste artigo serão de dois dias normas relativas aos procedimentos operacionais a serem
úteis. observados na execução das licitações, no âmbito de sua
competência, observadas as disposições desta Lei.
Capítulo VI Parágrafo único. As normas a que se refere este
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS artigo, após aprovação da autoridade competente, deverão
Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta ser publicadas na imprensa oficial.
Lei, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do
vencimento, e considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que
quando for explicitamente disposto em contrário. couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros
Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos instrumentos congêneres celebrados por órgãos e
referidos neste artigo em dia de expediente no órgão ou na entidades da Administração.
entidade. § 1o A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos
órgãos ou entidades da Administração Pública depende de
prévia aprovação de competente plano de trabalho proposto

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pela organização interessada, o qual deverá conter, no Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas
mínimo, as seguintes informações: e fundações públicas e demais entidades controladas direta
I - identificação do objeto a ser executado; ou indiretamente pela União e pelas entidades referidas no
II - metas a serem atingidas; artigo anterior editarão regulamentos próprios devidamente
III - etapas ou fases de execução; publicados, ficando sujeitas às disposições desta Lei.
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros; Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este
V - cronograma de desembolso; artigo, no âmbito da Administração Pública, após aprovados
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, pela autoridade de nível superior a que estiverem vinculados
bem assim da conclusão das etapas ou fases programadas; os respectivos órgãos, sociedades e entidades, deverão ser
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de publicados na imprensa oficial.
engenharia, comprovação de que os recursos próprios para
complementar a execução do objeto estão devidamente Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão
assegurados, salvo se o custo total do empreendimento ser anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal,
recair sobre a entidade ou órgão descentralizador. que os fará publicar no Diário Oficial da União, observando
§ 2o Assinado o convênio, a entidade ou órgão como limite superior a variação geral dos preços do mercado,
repassador dará ciência do mesmo à Assembleia Legislativa no período.
ou à Câmara Municipal respectiva.
§ 3o As parcelas do convênio serão liberadas em estrita Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às
conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto licitações instauradas e aos contratos assinados
nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o anteriormente à sua vigência, ressalvado o disposto no art.
saneamento das impropriedades ocorrentes: 57, nos parágrafos 1o, 2o e 8o do art. 65, no inciso XV do art.
I - quando não tiver havido comprovação da boa e 78, bem assim o disposto no "caput" do art. 5o, com relação
regular aplicação da parcela anteriormente recebida, na ao pagamento das obrigações na ordem cronológica,
forma da legislação aplicável, inclusive mediante podendo esta ser observada, no prazo de noventa dias
procedimentos de fiscalização local, realizados contados da vigência desta Lei, separadamente para as
periodicamente pela entidade ou órgão descentralizador dos obrigações relativas aos contratos regidos por legislação
recursos ou pelo órgão competente do sistema de controle anterior à Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.
interno da Administração Pública; Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do
II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação patrimônio da União continuam a reger-se pelas disposições
dos recursos, atrasos não justificados no cumprimento das do Decreto-lei no 9.760, de 5 de setembro de 1946, com suas
etapas ou fases programadas, práticas atentatórias aos alterações, e os relativos a operações de crédito interno ou
princípios fundamentais de Administração Pública nas externo celebrados pela União ou a concessão de garantia
contratações e demais atos praticados na execução do do Tesouro Nacional continuam regidos pela legislação
convênio, ou o inadimplemento do executor com relação a pertinente, aplicando-se esta Lei, no que couber.
outras cláusulas conveniais básicas;
III - quando o executor deixar de adotar as medidas Art. 122. Nas concessões de linhas aéreas, observar-
saneadoras apontadas pelo partícipe repassador dos se-á procedimento licitatório específico, a ser estabelecido
recursos ou por integrantes do respectivo sistema de controle no Código Brasileiro de Aeronáutica.
interno.
§ 4o Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, Art. 123. Em suas licitações e contratações
serão obrigatoriamente aplicados em cadernetas de administrativas, as repartições sediadas no exterior
poupança de instituição financeira oficial se a previsão de seu observarão as peculiaridades locais e os princípios básicos
uso for igual ou superior a um mês, ou em fundo de aplicação desta Lei, na forma de regulamentação específica.
financeira de curto prazo ou operação de mercado aberto
lastreada em títulos da dívida pública, quando a utilização Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para
dos mesmos verificar-se em prazos menores que um mês. permissão ou concessão de serviços públicos os dispositivos
§ 5o As receitas financeiras auferidas na forma do desta Lei que não conflitem com a legislação específica
parágrafo anterior serão obrigatoriamente computadas a sobre o assunto.
crédito do convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II
de sua finalidade, devendo constar de demonstrativo a IV do § 2o do art. 7o serão dispensadas nas licitações para
específico que integrará as prestações de contas do ajuste. concessão de serviços com execução prévia de obras em
§ 6o Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou que não foram previstos desembolso por parte da
extinção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros Administração Pública concedente.
remanescentes, inclusive os provenientes das receitas
obtidas das aplicações financeiras realizadas, serão Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua
devolvidos à entidade ou órgão repassador dos recursos, no publicação.
prazo improrrogável de 30 (trinta) dias do evento, sob pena
da imediata instauração de tomada de contas especial do Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário,
responsável, providenciada pela autoridade competente do especialmente os Decretos-leis nos 2.300, de 21 de
órgão ou entidade titular dos recursos. novembro de 1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360, de
16 de setembro de 1987, a Lei no 8.220, de 4 de setembro de
Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações 1991, e o art. 83 da Lei no 5.194, de 24 de dezembro de
realizados pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário 1966.(Renumerado por força do disposto no art. 3º da Lei nº
e do Tribunal de Contas regem-se pelas normas desta Lei, no 8.883, de 1994)
que couber, nas três esferas administrativas.

Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios


e as entidades da administração indireta deverão adaptar
suas normas sobre licitações e contratos ao disposto nesta
Lei.

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Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da


Lei nº 9.099/ 1995 Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os
bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com
Juizados Especiais Cíveis e mais de cinco anos de experiência.
Criminais Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de
exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto
CAPÍTULO I no desempenho de suas funções.
Disposições Gerais
Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos Seção III
da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Das Partes
Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído
conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de
sua competência. direito público, as empresas públicas da União, a massa
falida e o insolvente civil.
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da
§ 1o Somente serão admitidas a propor ação perante
oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual
e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação o Juizado Especial:
ou a transação. I - as pessoas físicas capazes, excluídos os
cessionários de direito de pessoas jurídicas;
Capítulo II II - as pessoas enquadradas como
Dos Juizados Especiais Cíveis microempreendedores individuais, microempresas e
Seção I empresas de pequeno porte na forma da Lei Complementar
Da Competência
no 123, de 14 de dezembro de 2006;
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para
conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de III - as pessoas jurídicas qualificadas como
menor complexidade, assim consideradas: Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, nos
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999;
salário mínimo; IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor,
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de nos termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de
Processo Civil; 2001.
III - a ação de despejo para uso próprio;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor § 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor,
não excedente ao fixado no inciso I deste artigo. independentemente de assistência, inclusive para fins de
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a conciliação.
execução:
I - dos seus julgados; Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos,
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser
quarenta vezes o salário mínimo, observado o disposto no § assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência
1º do art. 8º desta Lei. é obrigatória.
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado § 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes
Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa
de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser,
acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao
das pessoas, ainda que de cunho patrimonial. Juizado Especial, na forma da lei local.
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei § 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do
importará em renúncia ao crédito excedente ao limite patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar.
estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de § 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo
conciliação. quanto aos poderes especiais.
§ 4o O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta individual, poderá ser representado por preposto
Lei, o Juizado do foro: credenciado, munido de carta de preposição com poderes
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local para transigir, sem haver necessidade de vínculo
onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas empregatício.
ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou
escritório; Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita; intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas litisconsórcio.
ações para reparação de dano de qualquer natureza.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos
ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo. previstos em lei.

Seção II Seção IV
Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos Dos atos processuais
Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão
determinar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as
para dar especial valor às regras de experiência comum ou normas de organização judiciária.
técnica.
Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido
Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que por lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato processual,
reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da inclusive para a interposição de recursos, computar-se-ão
lei e às exigências do bem comum. somente os dias úteis. (2018)

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Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente
preencherem as finalidades para as quais forem realizados, indicado, na ausência da comunicação.
atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que Seção VII
tenha havido prejuízo. Da Revelia
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de
poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de conciliação ou à audiência de instrução e julgamento,
comunicação. reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial,
§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão salvo se o contrário resultar da convicção do Juiz.
registrados resumidamente, em notas manuscritas,
datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais Seção VIII
atos poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente, Da Conciliação e do Juízo Arbitral
que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão. Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo
§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da
peças do processo e demais documentos que o instruem. conciliação, mostrando-lhes os riscos e as consequências do
litígio, especialmente quanto ao disposto no § 3º do art. 3º
Seção V desta Lei.
Do pedido
Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado
do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado. ou leigo ou por conciliador sob sua orientação.
§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será
linguagem acessível: reduzida a escrito e homologada pelo Juiz togado, mediante
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes; sentença com eficácia de título executivo.
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
III - o objeto e seu valor. Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz togado
§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for proferirá sentença.
possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação.
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão
Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma prevista
fichas ou formulários impressos. nesta Lei.
§ 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado,
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei independentemente de termo de compromisso, com a
poderão ser alternativos ou cumulados; nesta última escolha do árbitro pelas partes. Se este não estiver presente,
hipótese, desde que conexos e a soma não ultrapasse o o Juiz convocá-lo-á e designará, de imediato, a data para a
limite fixado naquele dispositivo. audiência de instrução.
§ 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.
Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de
distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado designará a Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos
sessão de conciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias. critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta Lei,
podendo decidir por equidade.
Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes,
instaurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias
dispensados o registro prévio de pedido e a citação. subsequentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá para homologação por sentença irrecorrível.
ser dispensada a contestação formal e ambos serão
apreciados na mesma sentença.
Seção IX
Seção VI Da Instrução e Julgamento
Das Citações e Intimações Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á
Art. 18. A citação far-se-á: imediatamente à audiência de instrução e julgamento, desde
I - por correspondência, com aviso de recebimento em que não resulte prejuízo para a defesa.
mão própria; Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização
II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, imediata, será a audiência designada para um dos quinze
mediante entrega ao encarregado da recepção, que será dias subsequentes, cientes, desde logo, as partes e
obrigatoriamente identificado; testemunhas eventualmente presentes.
III - sendo necessário, por oficial de justiça,
independentemente de mandado ou carta precatória. Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão
§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida a
para comparecimento do citando e advertência de que, não sentença.
comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as
alegações iniciais, e será proferido julgamento, de plano. Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes
§ 2º Não se fará citação por edital. que possam interferir no regular prosseguimento da
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou audiência. As demais questões serão decididas na sentença.
nulidade da citação. Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados
por uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a parte
Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista contrária, sem interrupção da audiência.
para citação, ou por qualquer outro meio idôneo de
comunicação. Seção X
§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão Da Resposta do Réu
desde logo cientes as partes. Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá
§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de toda matéria de defesa, exceto arguição de suspeição ou
endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se

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248
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impedimento do Juiz, que se processará na forma da § 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente


legislação em vigor. representadas por advogado.

Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias,
na contestação, formular pedido em seu favor, nos limites do contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual
art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constarão as razões e o pedido do recorrente.
constituem objeto da controvérsia. § 1º O preparo será feito, independentemente de
Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do intimação, nas quarenta e oito horas seguintes à
réu na própria audiência ou requerer a designação da nova interposição, sob pena de deserção.
data, que será desde logo fixada, cientes todos os presentes. § 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido
para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.
Seção XI
Das Provas Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo,
Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano
ainda que não especificados em lei, são hábeis para provar a irreparável para a parte.
veracidade dos fatos alegados pelas partes.
Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da
Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 13
de instrução e julgamento, ainda que não requeridas desta Lei, correndo por conta do requerente as despesas
previamente, podendo o Juiz limitar ou excluir as que respectivas.
considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão de
Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para julgamento.
cada parte, comparecerão à audiência de instrução e
julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado, Art. 46. O julgamento em segunda instância constará
independentemente de intimação, ou mediante esta, se apenas da ata, com a indicação suficiente do processo,
assim for requerido. fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for
§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do
será apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias antes da julgamento servirá de acórdão.
audiência de instrução e julgamento. Art. 47. (VETADO)
§ 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz
poderá determinar sua imediata condução, valendo-se, se Seção XIII
necessário, do concurso da força pública. Dos Embargos de Declaração
Art. 48. Caberão embargos de declaração contra
Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá sentença ou acórdão nos casos previstos no Código de
inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a Processo Civil.
apresentação de parecer técnico. Parágrafo único. Os erros materiais podem ser
Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, corrigidos de ofício.
de ofício ou a requerimento das partes, realizar inspeção em
pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos
confiança, que lhe relatará informalmente o verificado. por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da
ciência da decisão.
Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito,
devendo a sentença referir, no essencial, os informes Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o
trazidos nos depoimentos. prazo para a interposição de recurso.

Art. 37. A instrução poderá ser dirigida por Juiz leigo, Seção XIV
sob a supervisão de Juiz togado. Da Extinção do Processo Sem Julgamento do Mérito
Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos
Seção XII previstos em lei:
Da Sentença I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das
Art. 38. A sentença mencionará os elementos de audiências do processo;
convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes II - quando inadmissível o procedimento instituído por
ocorridos em audiência, dispensado o relatório. esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;
Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória III - quando for reconhecida a incompetência territorial;
por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido. IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos
previstos no art. 8º desta Lei;
Art. 39. É ineficaz a sentença condenatória na parte que V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de
exceder a alçada estabelecida nesta Lei. sentença ou não se der no prazo de trinta dias;
VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a
Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução citação dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência do
proferirá sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz fato.
togado, que poderá homologá-la, proferir outra em § 1º A extinção do processo independerá, em qualquer
substituição ou, antes de se manifestar, determinar a hipótese, de prévia intimação pessoal das partes.
realização de atos probatórios indispensáveis. § 2º No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar
que a ausência decorre de força maior, a parte poderá ser
Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de isentada, pelo Juiz, do pagamento das custas.
conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio
Juizado. Seção XV
§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por Da Execução
três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de
jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

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249
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Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em
próprio Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas
Código de Processo Civil, com as seguintes alterações: ou despesas.
I - as sentenças serão necessariamente líquidas, Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º
contendo a conversão em Bônus do Tesouro Nacional - BTN do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as despesas
ou índice equivalente; processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau
II - os cálculos de conversão de índices, de honorários, de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária
de juros e de outras parcelas serão efetuados por servidor gratuita.
judicial;
III - a intimação da sentença será feita, sempre que Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o
possível, na própria audiência em que for proferida. Nessa vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados os
intimação, o vencido será instado a cumprir a sentença tão casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente,
logo ocorra seu trânsito em julgado, e advertido dos efeitos vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que
do seu descumprimento (inciso V); serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor
IV - não cumprida voluntariamente a sentença transitada de condenação ou, não havendo condenação, do valor
em julgado, e tendo havido solicitação do interessado, que corrigido da causa.
poderá ser verbal, proceder-se-á desde logo à execução, Parágrafo único. Na execução não serão contadas
dispensada nova citação; custas, salvo quando:
V - nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de I - reconhecida a litigância de má-fé;
não fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execução, II - improcedentes os embargos do devedor;
cominará multa diária, arbitrada de acordo com as condições III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido
econômicas do devedor, para a hipótese de inadimplemento. objeto de recurso improvido do devedor.
Não cumprida a obrigação, o credor poderá requerer a
elevação da multa ou a transformação da condenação em Seção XVII
perdas e danos, que o Juiz de imediato arbitrará, seguindo-se Disposições Finais
a execução por quantia certa, incluída a multa vencida de Art. 56. Instituído o Juizado Especial, serão implantadas
obrigação de dar, quando evidenciada a malícia do devedor as curadorias necessárias e o serviço de assistência
na execução do julgado; judiciária.
VI - na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o
cumprimento por outrem, fixado o valor que o devedor deve Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou
depositar para as despesas, sob pena de multa diária; valor, poderá ser homologado, no juízo competente,
VII - na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá independentemente de termo, valendo a sentença como título
autorizar o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea a executivo judicial.
tratar da alienação do bem penhorado, a qual se aperfeiçoará Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o
em juízo até a data fixada para a praça ou leilão. Sendo o acordo celebrado pelas partes, por instrumento escrito,
preço inferior ao da avaliação, as partes serão ouvidas. Se o referendado pelo órgão competente do Ministério Público.
pagamento não for à vista, será oferecida caução idônea, nos
casos de alienação de bem móvel, ou hipotecado o imóvel; Art. 58. As normas de organização judiciária local
VIII - é dispensada a publicação de editais em jornais, poderão estender a conciliação prevista nos arts. 22 e 23 a
quando se tratar de alienação de bens de pequeno valor; causas não abrangidas por esta Lei.
IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da
execução, versando sobre: Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas
a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei.
correu à revelia;
b) manifesto excesso de execução; Capítulo III
c) erro de cálculo; Dos Juizados Especiais Criminais
d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da Disposições Gerais
obrigação, superveniente à sentença. Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por
juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a
Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial, no conciliação, o julgamento e a execução das infrações
valor de até quarenta salários mínimos, obedecerá ao penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras
disposto no Código de Processo Civil, com as modificações de conexão e continência.
introduzidas por esta Lei. Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o
§ 1º Efetuada a penhora, o devedor será intimado a juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação
comparecer à audiência de conciliação, quando poderá das regras de conexão e continência, observar-se-ão os
oferecer embargos (art. 52, IX), por escrito ou verbalmente. institutos da transação penal e da composição dos danos
§ 2º Na audiência, será buscado o meio mais rápido e civis.
eficaz para a solução do litígio, se possível com dispensa da
alienação judicial, devendo o conciliador propor, entre outras Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor
medidas cabíveis, o pagamento do débito a prazo ou a potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as
prestação, a dação em pagamento ou a imediata adjudicação contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena
do bem penhorado. máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não
§ 3º Não apresentados os embargos em audiência, ou com multa.
julgados improcedentes, qualquer das partes poderá requerer
ao Juiz a adoção de uma das alternativas do parágrafo Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-
anterior. se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade,
§ 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens informalidade, economia processual e celeridade,
penhoráveis, o processo será imediatamente extinto, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos
devolvendo-se os documentos ao autor. sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de
liberdade. (2018)
Seção XVI
Das Despesas Seção I

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Da Competência e dos Atos Processuais composição dos danos e da aceitação da proposta de


Art. 63. A competência do Juizado será determinada aplicação imediata de pena não privativa de liberdade.
pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por
Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão conciliador sob sua orientação.
realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da
conforme dispuserem as normas de organização judiciária. Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente
entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que funções na administração da Justiça Criminal.
preencherem as finalidades para as quais foram realizados,
atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei. Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença
tenha havido prejuízo. irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas civil competente.
poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa
comunicação. privada ou de ação penal pública condicionada à
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao
atos havidos por essenciais. Os atos realizados em audiência direito de queixa ou representação.
de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita
magnética ou equivalente. Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será
dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio direito de representação verbal, que será reduzida a termo.
Juizado, sempre que possível, ou por mandado. Parágrafo único. O não oferecimento da representação
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser na audiência preliminar não implica decadência do direito,
citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.
comum para adoção do procedimento previsto em lei.
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de
com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa arquivamento, o Ministério Público poderá propor a
jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
da recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, multas, a ser especificada na proposta.
sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente • Transação Penal
de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única
idôneo de comunicação. aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática
interessados e defensores. de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença
definitiva;
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo
mandado de citação do acusado, constará a necessidade de de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos
seu comparecimento acompanhado de advogado, com a termos deste artigo;
advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a
defensor público. personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da
Seção II medida.
Da Fase Preliminar § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita
imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de
providenciando-se as requisições dos exames periciais direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo
necessários. registrada apenas para impedir novamente o mesmo
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura benefício no prazo de cinco anos.
do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a
assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá apelação referida no art. 82 desta Lei.
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste
violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida artigo não constará de certidão de antecedentes criminais,
de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá
convivência com a vítima. efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível
no juízo cível.
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não
sendo possível a realização imediata da audiência preliminar, Seção III
será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes. Do Procedimento Sumaríssimo
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou
envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se for pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei,
o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato,
desta Lei. denúncia oral, se não houver necessidade de diligências
imprescindíveis.
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será
representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima elaborada com base no termo de ocorrência referido no art.
e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-
advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do

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crime estiver aferida por boletim médico ou prova § 4º As partes serão intimadas da data da sessão de
equivalente. julgamento pela imprensa.
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não § 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios
permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.
poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças
existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei. Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição ou
oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a omissão.
complexidade e as circunstâncias do caso determinam a § 1º Os embargos de declaração serão opostos por
adoção das providências previstas no parágrafo único do art. escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da
66 desta Lei. ciência da decisão.
§ 2o Os embargos de declaração interrompem o prazo
Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a para a interposição de recurso.
termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará § 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
citado e imediatamente cientificado da designação de dia e
hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual Seção IV
também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o Da Execução
responsável civil e seus advogados. Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu
§ 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na cumprimento far-se-á mediante pagamento na Secretaria do
forma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da Juizado.
audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz
suas testemunhas ou apresentar requerimento para declarará extinta a punibilidade, determinando que a
intimação, no mínimo cinco dias antes de sua realização. condenação não fique constando dos registros criminais,
§ 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável exceto para fins de requisição judicial.
civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para
comparecerem à audiência de instrução e julgamento. Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será feita a
§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma conversão em pena privativa da liberdade, ou restritiva de
prevista no art. 67 desta Lei. direitos, nos termos previstos em lei.

Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade e
instrução e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido restritivas de direitos, ou de multa cumulada com estas, será
possibilidade de tentativa de conciliação e de oferecimento processada perante o órgão competente, nos termos da lei.
de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á nos
termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei. Seção V
Das Despesas Processuais
Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e
quando imprescindível, a condução coercitiva de quem deva aplicação de pena restritiva de direitos ou multa (arts. 74 e
comparecer. 76, § 4º), as despesas processuais serão reduzidas,
Para o STF é inconstitucional esse tipo de procedimento, pois se conforme dispuser lei estadual.
entende que na condução coercitiva de investigados para interrogatórios
poderá haver violação de direitos previstos na Constituição, como o de ir e Seção VI
vir, de ficar em silêncio e o de não se incriminar. Disposições Finais
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao legislação especial, dependerá de representação a ação
defensor para responder à acusação, após o que o Juiz penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões
receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo culposas.
recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de
acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada
presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à for igual ou inferior a 1 (um) ano, abrangidas ou não por
prolação da sentença. esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de propor a suspensão do processo, por 2 a 4 (dois a quatro)
instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou
que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias. não tenha sido condenado por outro crime, presentes os
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional
assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo da pena (art. 77 do Código Penal).
dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença. § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá
elementos de convicção do Juiz. suspender o processo, submetendo o acusado a período de
prova, sob as seguintes condições:
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por II - proibição de frequentar determinados lugares;
turma composta de 3 (três) Juízes em exercício no primeiro III - proibição de ausentar-se da comarca onde
grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. reside, sem autorização do Juiz;
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,
contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que
razões e o pedido do recorrente. fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta e à situação pessoal do acusado.
escrita no prazo de dez dias. § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo,
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não
gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
desta Lei.

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§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado colhidas mediante interceptação telefônica durante investigação voltada a
vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, apurar delito de tráfico internacional de drogas.
HC 129678/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 13.6.2017. Informativo STF 869.
ou descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará
Art. 2° Não será admitida a interceptação de
extinta a punibilidade.
comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de
seguintes hipóteses:
suspensão do processo.
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste
participação em infração penal;
artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
II - a prova puder ser feita por outros meios
disponíveis;
Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos
III - o fato investigado constituir infração penal punida,
processos penais cuja instrução já estiver
no máximo, com pena de detenção.
iniciada.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser
descrita com clareza a situação objeto da investigação,
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no
inclusive com a indicação e qualificação dos investigados,
âmbito da Justiça Militar.
salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas
representação para a propositura da ação penal pública, o
poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a
ofendido ou seu representante legal será intimado para
requerimento:
oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de decadência.
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na
Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos
investigação criminal e na instrução processual penal.
Códigos Penal e de Processo Penal, no que não forem
incompatíveis com esta Lei.
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação
telefônica conterá a demonstração de que a sua realização é
Capítulo IV
necessária à apuração de infração penal, com indicação dos
Disposições Finais Comuns
meios a serem empregados.
Art. 93. Lei Estadual disporá sobre o Sistema de
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o
Juizados Especiais Cíveis e Criminais, sua organização,
pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam
composição e competência.
presentes os pressupostos que autorizem a interceptação,
caso em que a concessão será condicionada à sua redução a
Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados, e
termo.
as audiências realizadas fora da sede da Comarca, em
§ 2° O juiz, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro)
bairros ou cidades a ela pertencentes, ocupando instalações
horas, decidirá sobre o pedido.
de prédios públicos, de acordo com audiências previamente
anunciadas.
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de
nulidade, indicando também a forma de execução da
Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão
diligência, que não poderá exceder o prazo de 15 (quinze)
e instalarão os Juizados Especiais no prazo de seis meses, a
dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a
contar da vigência desta Lei.
indispensabilidade do meio de prova.
Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, contado
da publicação desta Lei, serão criados e instalados os De acordo com a Jurisprudência do STJ, é possível que a renovação seja
realizada por mais de uma vez, quando comprovada a necessidade.
Juizados Especiais Itinerantes, que deverão dirimir,
prioritariamente, os conflitos existentes nas áreas rurais ou
nos locais de menor concentração populacional. Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial
conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência
ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua
Lei nº 9.296 / 1996 realização.
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da
Lei de Interceptação Telefônica comunicação interceptada, será determinada a sua
Essa Lei regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5° da transcrição.
Constituição Federal: “é inviolável o sigilo da correspondência e das § 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, encaminhará o resultado da interceptação ao juiz,
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
resumo das operações realizadas.
penal.
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a
providência do art. 8°, ciente o Ministério Público.
Art. 1º A interceptação de comunicações
telefônicas, de qualquer natureza, para prova em Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que
investigação criminal e em instrução processual penal, trata esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar serviços
observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz e técnicos especializados às concessionárias de serviço
competente da ação principal, sob segredo de justiça. público.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à
interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de
informática e telemática. qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados,
Segundo o STF e STJ, admite-se, como prova emprestada, a utilização de apensados aos autos do inquérito policial ou do
interceptação telefônica em outros processos. processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências,
----------------------------------------------------------------------------------------------------
CRIME ACHADO E JUSTA CAUSA. gravações e transcrições respectivas.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, por maioria, indeferiu Parágrafo único. A apensação somente poderá ser
ordem de “habeas corpus” em que se discutia a ilicitude de provas realizada imediatamente antes do relatório da autoridade,
quando se tratar de inquérito policial (Código de Processo

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Penal, art.10, § 1°) ou na conclusão do processo ao juiz para declaração de nulidade da prova, para que não surta efeitos na ação
o despacho decorrente do disposto nos arts. 407, 502 ou 538 penal.
do Código de Processo Penal. Precedente citado: EDcl no HC 130.429-CE, DJe 17/5/2010.
HC 161.053-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 27/11/2012.

Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal,


poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais
policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou
sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando: instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for
(2019) exigida: (2019)
I - a prova não puder ser feita por outros meios Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
disponíveis e igualmente eficazes; e (2019) multa.
II - houver elementos probatórios razoáveis de § 1º Não há crime se a captação é realizada por um
autoria e participação em infrações criminais cujas penas dos interlocutores. (2019)
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em § 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário
infrações penais conexas. (2019) público que descumprir determinação de sigilo das
§ 1º O requerimento deverá descrever investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar
circunstanciadamente o local e a forma de instalação do o conteúdo das gravações enquanto mantido o sigilo judicial.
dispositivo de captação ambiental. (2019) (2019)
§ 2º (VETADO). (2019)
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o
prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão judicial por
iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do Lei nº 9.455 / 1997
meio de prova e quando presente atividade criminal
permanente, habitual ou continuada. (2019) Crimes de Tortura
§ 4º (VETADO). (2019)
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação
ambiental as regras previstas na legislação específica para a Art. 1º Constitui crime de tortura:
interceptação telefônica e telemática. (2019) I - constranger alguém com emprego de violência ou
grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será confissão da vítima ou de terceira pessoa;
inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a
• TORTURA-PROVA / TORTURA PERSECUTÓRIA
instrução processual ou após esta, em virtude de
requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. b) para provocar ação ou omissão de natureza
Parágrafo único. O incidente de inutilização será criminosa;
assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presença • TORTURA PARA A PRÁTICA DE CRIME / TORTURA-CRIME
do acusado ou de seu representante legal. c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
• TORTURA DISCRIMINATÓRIA / TORTURA-RACISMO
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou
comunicações telefônicas, de informática ou telemática, autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a
promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar
sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
em lei: (2019) • TORTURA-CASTIGO
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
(2019) Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade Trata-se de crime material, sendo possível a tentativa e a desistência
judicial que determina a execução de conduta prevista voluntária. Não se admite arrependimento eficaz e arrependimento
no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei. posterior. A ação penal é pública incondicionada.
(2019) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
DIREITO PROCESSUAL PENAL. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA SEM presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. VÍCIO INSANÁVEL. ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em
Não é válida a interceptação telefônica realizada sem prévia autorização
lei ou não resultante de medida legal.
judicial, ainda que haja posterior consentimento de um dos interlocutores § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
para ser tratada como escuta telefônica e utilizada como prova em quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
processo penal. A INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA é a captação de pena de detenção de um a quatro anos.
conversa feita por um terceiro, sem o conhecimento dos interlocutores, § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
que depende de ordem judicial, nos termos do inciso XII do artigo 5º da
CF, regulamentado pela Lei n. 9.296/1996. A ausência de autorização gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
judicial para captação da conversa macula a validade do material como resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
prova para processo penal. A ESCUTA TELEFÔNICA é a captação de • TORTURA QUALIFICADA
conversa feita por um terceiro, com o conhecimento de apenas um dos § 4º Aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 (um sexto até
interlocutores. A GRAVAÇÃO TELEFÔNICA é feita por um dos um terço):
interlocutores do diálogo, sem o consentimento ou a ciência do outro.
I - se o crime é cometido por agente público;
A escuta e a gravação telefônicas, por não constituírem interceptação II – se o crime é cometido contra criança, gestante,
telefônica em sentido estrito, não estão sujeitas à Lei 9.296/1996, podendo portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
ser utilizadas, a depender do caso concreto, como prova no processo. O (sessenta) anos;
fato de um dos interlocutores dos diálogos gravados de forma clandestina III - se o crime é cometido mediante sequestro.
ter consentido posteriormente com a divulgação dos seus conteúdos não
tem o condão de legitimar o ato, pois no momento da gravação não tinha § 5º A condenação acarretará a perda do cargo,
ciência do artifício que foi implementado pelo responsável pela função ou emprego público e a interdição para seu
interceptação, não se podendo afirmar, portanto, que, caso soubesse, exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
manteria tais conversas pelo telefone interceptado. Não existindo prévia
autorização judicial, tampouco configurada a hipótese de gravação de Esse é um efeito extrapenal administrativo da condenação, que, segundo
comunicação telefônica, já que nenhum dos interlocutores tinha ciência de o STF e o STJ, decore automaticamente da condenação.
tal artifício no momento dos diálogos interceptados, se faz imperiosa a

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§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira
de graça ou anistia. de Habilitação.
O crime de tortura não é imprescritível, e, para o STF, o condenado § 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se
também não poderá ser beneficiado com indulto. obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento
fechado. prisional.
Cumpre salientar que o STJ, em julgado recente, afirmou não ser Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação
obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da
pena em regime fechado. penal, havendo necessidade para a garantia da ordem
REsp 1.299.787-PR, Quinta Turma, DJe 3/2/2014. HC 286.925-RR, pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014.
requerimento do Ministério Público ou ainda mediante
representação da autoridade policial, decretar, em decisão
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o
motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para
crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo
dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.
a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão
jurisdição brasileira.
ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do
Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem
efeito suspensivo.
Lei nº 9.503 / 1997
Código de Trânsito Brasileiro Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou
a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será
sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho
CAPÍTULO XIX Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito do
DOS CRIMES DE TRÂNSITO Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou
Seção I residente.
Disposições Gerais
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime
automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de
gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo
este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei automotor, sem prejuízo das demais sanções penais
nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. cabíveis.
O Código Penal, o Código de Processo Penal e a Lei 9.099/95, que trata
dos Juizados Especiais e dos procedimentos aplicáveis aos crimes de Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no
menor potencial ofensivo, aplicam-se subsidiariamente aos delitos pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou
previstos nesse código. seus sucessores, de quantia calculada com base no disposto
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver
culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de prejuízo material resultante do crime.
26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: § 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra valor do prejuízo demonstrado no processo.
substância psicoativa que determine dependência; § 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou a 52 do Código Penal.
competição automobilística, de exibição ou demonstração § 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa
de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada reparatória será descontado.
pela autoridade competente;
III - transitando em velocidade superior à máxima Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as
permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo
hora). cometido a infração:
§ 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou
ser instaurado inquérito policial para a investigação da com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;
infração penal. II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou
§ 3º (VETADO). adulteradas;
§ 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de Habilitação;
dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial atenção à IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de
culpabilidade do agente e às circunstâncias e consequências Habilitação de categoria diferente da do veículo;
do crime. (2017) V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados
especiais com o transporte de passageiros ou de carga;
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a
equipamentos ou características que afetem a sua segurança
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
ou o seu funcionamento de acordo com os limites de
pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras
velocidade prescritos nas especificações do fabricante;
penalidades.
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou
A Permissão para dirigir tem validade de apenas um ano e é um permanentemente destinada a pedestres.
documento transitório para a Carteira Nacional de Habilitação (CNH)
definitiva.
Art. 299. (VETADO)
Art. 300. (VETADO)

Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de
se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a
automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos. prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar
§ 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o pronto e integral socorro àquela.
réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em

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Seção II artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade


Dos Crimes em Espécie psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de de outra substância psicoativa que determine
veículo automotor: dependência, e se do crime resultar lesão corporal de
Considera-se homicídio culposo quando o agente pratica o fato por natureza grave ou gravíssima. (2017)
imprudência, negligência ou imperícia.
---------------------------------------------------------------------------------------------------- Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do
------ acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não
STJ: Quando o homicídio resultar da direção sob a influência de álcool e
em alta velocidade, o condutor poderá ser denunciado por homicídio
podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de
doloso, se constatado que assumiu o risco de produzir o resultado ao solicitar auxílio da autoridade pública:
dirigir naquele estado (dolo eventual). Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão o fato não constituir elemento de crime mais grave.
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo
dirigir veículo automotor. o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida
§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea
veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à ou com ferimentos leves.
metade, se o agente:
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe
Habilitação; possa ser atribuída:
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo
sem risco pessoal, à vítima do acidente; Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou
conduzindo veículo de transporte de passageiros. de outra substância psicoativa que determine
V - (Revogado) dependência:
§ 2º (Revogado) Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
influência de álcool ou de qualquer outra substância habilitação para dirigir veículo automotor.
psicoativa que determine dependência: (2017) § 1o As condutas previstas no caput serão
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou constatadas por:
proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de
para dirigir veículo automotor. (2017) álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama
DIREITO PENAL. APLICABILIDADE DO PERDÃO JUDICIAL NO CASO de álcool por litro de ar alveolar; ou
DE HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
O perdão judicial não pode ser concedido ao agente de homicídio
culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB) que, embora Contran, alteração da capacidade psicomotora.
atingido moralmente de forma grave pelas consequências do acidente, não § 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser
tinha vínculo afetivo com a vítima nem sofreu sequelas físicas gravíssimas obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame
e permanentes. Conquanto o perdão judicial possa ser aplicado nos clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de
casos em que o agente de homicídio culposo sofra sequelas físicas prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova.
gravíssimas e permanentes, a doutrina, quando se volta para o sofrimento
psicológico do agente, enxerga no § 5º do art. 121 do CP a exigência de § 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os
um laço prévio entre os envolvidos para reconhecer como “tão grave” a distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de
forma como as consequências da infração atingiram o agente. A caracterização do crime tipificado neste artigo.
interpretação dada, na maior parte das vezes, é no sentido de que só sofre § 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho
intensamente o réu que, de forma culposa, matou alguém conhecido e homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade
com quem mantinha laços afetivos. O exemplo mais comumente lançado é
o caso de um pai que mata culposamente o filho. Essa interpretação e Tecnologia - INMETRO - para se determinar o previsto
desdobra-se em um norte que ampara o julgador. Entender pela no caput. (2019)
desnecessidade do vínculo seria abrir uma fenda na lei, não desejada pelo
legislador. Isso porque, além de ser de difícil aferição o “tão grave”
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se
sofrimento, o argumento da desnecessidade do vínculo
serviria para todo e qualquer caso de delito de trânsito com vítima fatal. obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
Isso não significa dizer o que a lei não disse, mas apenas conferir-lhe automotor imposta com fundamento neste Código:
interpretação mais razoável e humana, sem perder de vista o desgaste Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com
emocional que possa sofrer o acusado dessa espécie de delito, mesmo nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou
que não conhecendo a vítima. A solidarização com o choque psicológico
do agente não pode conduzir a uma eventual banalização do instituto do
de proibição.
perdão judicial, o que seria no mínimo temerário no atual cenário de Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o
violência no trânsito, que tanto se tenta combater. condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no
Como conclusão, conforme entendimento doutrinário, a desnecessidade § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de
da pena que esteia o perdão judicial deve, a partir da nova ótica penal e Habilitação.
constitucional, referir-se à comunicação para a comunidade de que o
intenso e perene sofrimento do infrator não justifica o reforço de vigência
da norma por meio da sanção penal. Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor,
REsp 1.455.178-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/6/2014. em via pública, de corrida, disputa ou competição
automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada
veículo automotor: pela autoridade competente, gerando situação de risco à
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e incolumidade pública ou privada: (2017)
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
habilitação para dirigir veículo automotor. multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
§ 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se habilitação para dirigir v eí c u l o automotor.
ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. (2017) § 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar
§ 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias
a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste demonstrarem que o agente não quis o resultado nem

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assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é


de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das
outras penas previstas neste artigo. Lei nº 9.605/ 1998
§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar
morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não Crimes Contra o Meio Ambiente
quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. ambiente, e dá outras providências.
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, CAPÍTULO I
sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, DISPOSIÇÕES GERAIS
ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: Art. 1º (VETADO)
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
STF: Súmula 720 - O art. 309 do CTB, que reclama decorra do fato perigo Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a
de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no tocante à prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a
direção sem habilitação em vias terrestres
estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como
o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de
veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de
cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir
quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por para evitá-la.
embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com
segurança: Art. 3º As pessoas jurídicas serão
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. responsabilizadas administrativa, civil e penalmente
DIREITO PENAL. CARACTERIZAÇÃO DO CRIME DE ENTREGA DE conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração
DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR A PESSOA NÃO HABILITADA. seja cometida por decisão de seu representante legal ou
RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou
TEMA 901. benefício da sua entidade.
É de perigo abstrato o crime previsto no art. 310 do Código de Trânsito
Brasileiro. Assim, não é exigível, para o aperfeiçoamento do crime, a Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na conduta de jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-
quem permite, confia ou entrega a direção de veículo automotor a pessoa autoras ou partícipes do mesmo fato.
não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir
suspenso, ou ainda a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa
por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança.
REsp 1.485.830-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao
Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, julgado em 11/3/2015, DJe 29/5/2015.
ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio
Art. 310-A. (Vetado) ambiente.
Instituto da desconsideração da personalidade jurídica - “disregard of legal
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a entity”. Previsão Legal no art. 50 do Código Civil.
segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações
de embarque e desembarque de passageiros, logradouros Art. 5º (VETADO)
estreitos, ou onde haja grande movimentação ou
concentração de pessoas, gerando perigo de dano: CAPÍTULO II
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. DA APLICAÇÃO DA PENA
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente autoridade competente observará:
automobilístico com vítima, na pendência do respectivo I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da
procedimento policial preparatório, inquérito policial ou infração e suas consequências para a saúde pública e para o
processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a meio ambiente;
fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz: II - os antecedentes do infrator quanto ao
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. cumprimento da legislação de interesse ambiental;
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda III - a situação econômica do infrator, no caso de
que não iniciados, quando da inovação, o procedimento multa.
preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.
Art. 7º As penas restritivas de direitos são
Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:
312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar a I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena
substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva privativa de liberdade inferior a 4 (quatro) anos;
de direitos, esta deverá ser de prestação de serviço à II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social
comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as
atividades: (2017) circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja
suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que
dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis
se refere este artigo terão a mesma duração da pena
especializadas no atendimento a vítimas de trânsito; (2016)
privativa de liberdade substituída.
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais
Art. 8º As penas restritivas de direito são:
da rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito I - prestação de serviços à comunidade;
e politraumatizados; (2016) II - interdição temporária de direitos;
III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas III - suspensão parcial ou total de atividades;
na recuperação de acidentados de trânsito; (2016)
IV - prestação pecuniária;
IV - outras atividades relacionadas ao resgate,
V - recolhimento domiciliar.
atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de
trânsito. (2016)

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Art. 9º A prestação de serviços à comunidade q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em


consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas relatórios oficiais das autoridades competentes;
junto a parques e jardins públicos e unidades de r) facilitada por funcionário público no exercício de
conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública suas funções.
ou tombada, na restauração desta, se possível.
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão
Art. 10. As penas de interdição temporária de condicional da pena pode ser aplicada nos casos de
direito são a proibição de o condenado contratar com o condenação a pena privativa de liberdade não superior a 3
Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer (três) anos.
outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo
prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o §
anos, no de crimes culposos. 2º do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de
reparação do dano ambiental, e as condições a serem
Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao
quando estas não estiverem obedecendo às prescrições meio ambiente.
legais.
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios
Art. 12. A prestação pecuniária consiste no do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada
pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou no valor máximo, poderá ser aumentada até 3 (três) vezes,
privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.
inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e
sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental,
montante de eventual reparação civil a que for condenado o sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado
infrator. para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil
Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal,
autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, instaurando-se o contraditório.
que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou
exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que
dias e horários de folga em residência ou em qualquer local possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos
destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos
sentença condenatória. pelo ofendido ou pelo meio ambiente.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para
II - arrependimento do infrator, manifestado pela apuração do dano efetivamente sofrido.
espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da
degradação ambiental causada; Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou
III - comunicação prévia pelo agente do perigo alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o
iminente de degradação ambiental; disposto no art. 3º, são:
IV - colaboração com os agentes encarregados da I - multa;
vigilância e do controle ambiental. II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade.
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena,
quando não constituem ou qualificam o crime: Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; jurídica são:
II - ter o agente cometido a infração: I - suspensão parcial ou total de atividades;
a) para obter vantagem pecuniária; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou
b) coagindo outrem para a execução material da atividade;
infração; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a como dele obter subsídios, subvenções ou doações.
saúde pública ou o meio ambiente; § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.
áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial § 2º A interdição será aplicada quando o
de uso; estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou
assentamentos humanos; com violação de disposição legal ou regulamentar.
g) em período de defeso à fauna; § 3º A proibição de contratar com o Poder Público e
h) em domingos ou feriados; dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá
i) à noite; exceder o prazo de 10 (dez) anos.
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela
protegido; pessoa jurídica consistirá em:
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou I - custeio de programas e de projetos ambientais;
captura de animais; II - execução de obras de recuperação de áreas
n) mediante fraude ou abuso de confiança; degradadas;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou III - manutenção de espaços públicos;
autorização ambiental; IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou públicas.
parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por
incentivos fiscais;

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Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou novamente prorrogado o período de suspensão, até o
ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o
sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado disposto no inciso III;
instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a
Penitenciário Nacional. declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo
de constatação que comprove ter o acusado tomado as
CAPÍTULO III providências necessárias à reparação integral do dano.
DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE
INFRAÇÃO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
ADMINISTRATIVA OU DE CRIME DANO AMBIENTAL. IMPRESCRITIBILIDADE DA AÇÃO. ACEITAÇÃO
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos DE MEDIDA REPARATÓRIA. REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS.
seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. CONTROVÉRSIA
NÃO DESLINDADA PELA ORIGEM. AUSÊNCIA DE
autos. PREQUESTIONAMENTO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
§ 1o Os animais serão prioritariamente libertados em INEXISTÊNCIA DE IDENTIDADE FÁTICA E JURÍDICA. DA
seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não IMPOSSIBILIDADE DE INOVAÇÃO DE FUNDAMENTOS QUE NÃO
recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins FORAM OBJETO DE ANÁLISE PELA CORTE A QUO.
zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para [...] 2. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que as infrações
ao meio ambiente são de caráter continuado, motivo pelo qual as ações
guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos de pretensão de cessação dos danos ambientais são imprescritíveis.
habilitados. [...]
§ 2o Até que os animais sejam entregues às STJ, AgRg no REsp 1421163/SP, Rel. Min. Humberto Martins,
j. 06.11.2014, 2ª Turma, DJe 17.11.2014.
instituições mencionadas no § 1o deste artigo, o órgão
autuante zelará para que eles sejam mantidos em condições
adequadas de acondicionamento e transporte que garantam CAPÍTULO V
o seu bem-estar físico. DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou Seção I
madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições Dos Crimes contra a Fauna
científicas, hospitalares, penais e outras com fins Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar
beneficentes. espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização
perecíveis serão destruídos ou doados a instituições da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
científicas, culturais ou educacionais. Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração § 1º Incorre nas mesmas penas:
serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio I - quem impede a procriação da fauna, sem licença,
da reciclagem. autorização ou em desacordo com a obtida;
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou
CAPÍTULO IV criadouro natural;
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire,
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta
ação penal é pública incondicionada. ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em
Parágrafo único. (VETADO) rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos,
provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva § 2º No caso de guarda doméstica de espécie
de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o
de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a
que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de pena.
que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de § 3° São espécimes da fauna silvestre todos
comprovada impossibilidade. aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e
quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo
As infrações penais de menor potencial ofensivo são as que
possuem pena máxima de até 2 anos, cumulada ou não com
ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do
multa. território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é
praticado:
Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de
26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor extinção, ainda que somente no local da infração;
potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes II - em período proibido à caça;
modificações: III - durante a noite;
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que IV - com abuso de licença;
trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo V - em unidade de conservação;
de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada VI - com emprego de métodos ou instrumentos
a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo capazes de provocar destruição em massa.
artigo; § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar decorre do exercício de caça profissional.
não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do § 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos
processo será prorrogado, até o período máximo previsto no atos de pesca.
artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com
suspensão do prazo da prescrição; Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade
condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado ambiental competente:
no caput; Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à
lavratura de novo laudo de constatação de reparação do

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Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da
parecer técnico oficial favorável e licença expedida por ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e
autoridade competente: expressamente autorizado pela autoridade competente;
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. III – (VETADO)
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou caracterizado pelo órgão competente.
mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados,
nativos ou exóticos: Seção II
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Dos Crimes contra a Flora
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de
experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para preservação permanente, mesmo que em formação, ou
fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos utilizá-la com infringência das normas de proteção:
alternativos. Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 (um sexto a ambas as penas cumulativamente.
um terço), se ocorre morte do animal. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será
reduzida à metade.
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou
carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária
fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, ou secundária, em estágio avançado ou médio de
baías ou águas jurisdicionais brasileiras: regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou infringência das normas de proteção:
ambas cumulativamente. Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa,
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: ou ambas as penas cumulativamente.
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será
estações de aquicultura de domínio público; reduzida à metade.
II - quem explora campos naturais de invertebrados
aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de
autoridade competente; preservação permanente, sem permissão da autoridade
III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de competente:
qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou
devidamente demarcados em carta náutica. ambas as penas cumulativamente.
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades
proibida ou em lugares interditados por órgão competente: de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua
ambas as penas cumulativamente. localização:
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: Pena - reclusão, de um a cinco anos.
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de
espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos; Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e
mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e os Refúgios de Vida Silvestre.
métodos não permitidos; § 2o A ocorrência de dano afetando espécies
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa ameaçadas de extinção no interior das Unidades de
espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas. Conservação de Proteção Integral será considerada
CRIME AMBIENTAL. PESCA EM LOCAL PROIBIDO. PRINCÍPIO DA circunstância agravante para a fixação da pena.
INSIGNIFICÂNCIA. AUSÊNCIA DE DANO EFETIVO AO MEIO § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
AMBIENTE. ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA.
Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei n. 9.605/1998 na metade.
hipótese em h́ a devolução do único peixe – ainda vivo – ao rio em que foi
pescado. Art. 40-A. (VETADO)
REsp 1.409.051-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade,
julgado em 20/4/2017, DJe 28/4/2017. Informativo STJ 602. § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de
Uso Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas
de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as
Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a
de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares
água, produzam efeito semelhante;
do Patrimônio Natural.
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies
autoridade competente:
ameaçadas de extinção no interior das Unidades de
Pena - reclusão de um ano a cinco anos.
Conservação de Uso Sustentável será considerada
circunstância agravante para a fixação da pena.
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca
§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar,
metade.
apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes,
crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de
fauna e da flora.
detenção de seis meses a um ano, e multa.
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões
realizado:
que possam provocar incêndios nas florestas e demais
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do
formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de
agente ou de sua família;
assentamento humano:

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Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais,
ambas as penas cumulativamente. sem licença da autoridade competente:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 43. (VETADO)
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou aumentada de 1/6 a 1/3 (um sexto a um terço) se:
consideradas de preservação permanente, sem prévia I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a
autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de erosão do solo ou a modificação do regime climático;
minerais: II - o crime é cometido:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. a) no período de queda das sementes;
b) no período de formação de vegetações;
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção,
lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins ainda que a ameaça ocorra somente no local da infração;
industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, d) em época de seca ou inundação;
econômica ou não, em desacordo com as determinações e) durante a noite, em domingo ou feriado.
legais:
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa. Seção III
Da Poluição e outros Crimes Ambientais
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em
industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à
origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, saúde humana, ou que provoquem a mortandade de
outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da animais ou a destruição significativa da flora:
via que deverá acompanhar o produto até final Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
beneficiamento: § 1º Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem § 2º Se o crime:
vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a
guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem ocupação humana;
vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou II - causar poluição atmosférica que provoque a
do armazenamento, outorgada pela autoridade competente. retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas
afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
Art. 47. (VETADO) III - causar poluição hídrica que torne necessária a
interrupção do abastecimento público de água de uma
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de comunidade;
florestas e demais formas de vegetação: IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos,
líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em
qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de leis ou regulamentos:
logradouros públicos ou em propriedade privada alheia: Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, § 3º Incorre nas mesmas penas previstas no
ou ambas as penas cumulativamente. parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a exigir a autoridade competente, medidas de precaução em
seis meses, ou multa. caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de


Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou recursos minerais sem a competente autorização,
plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a
mangues, objeto de especial preservação: obtida:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos
degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio termos da autorização, permissão, licença, concessão ou
público ou devolutas, sem autorização do órgão determinação do órgão competente.
competente
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar,
multa. exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar,
§ 1o Não é crime a conduta praticada quando guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância
necessária à subsistência imediata pessoal do agente ou de tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio
sua família. ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas
§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil em leis ou nos seus regulamentos:
hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
de hectare. § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I - abandona os produtos ou substâncias referidos
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em no caput ou os utiliza em desacordo com as normas
florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou ambientais ou de segurança;
registro da autoridade competente: II - manipula, acondiciona, armazena, coleta,
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos
perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação regulamento.
conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça

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§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou CRIME AMBIENTAL. CONFLITO APARENTE DE NORMAS. ARTS. 48 E
radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço. 64 DA LEI N. 9.605/1998. CONSUNÇÃO. ABSORVIDO O CRIME MEIO
DE DESTRUIR FLORESTA E O PÓS-FATO IMPUNÍVEL DE IMPEDIR
§ 3º Se o crime é culposo: SUA REGENERAÇÃO. CRIME ÚNICO DE CONSTRUIR EM LOCAL
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. NÃO EDIFICÁVEL.
CRIME AMBIENTAL. TRANSPORTE DE PRODUTOS TÓXICOS, O crime de edificação proibida (art. 64 da Lei n. 9.605/1998) absorve o
NOCIVOS OU PERIGOSOS. ART. 56, CAPUT, DA LEI N. 9.605/1998. crime de destruição de vegetação (art. 48 da mesma lei) quando a conduta
RESOLUÇÃO DA ANTT N. 420/2004. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. do agente se realiza com o único intento de construir em local não
PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. edificável.
REsp 1.639.723-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por maioria,
O crime previsto no art. 56, caput da Lei n. 9.605/1998 é de perigo julgado em 7/2/2017, DJe 16/2/2017. Informativo STJ 597.
abstrato, sendo dispensável a produção de prova pericial para atestar a
nocividade ou a periculosidade dos produtos transportados, bastando que
estes estejam elencados na Resolução n. 420/2004 da ANTT. Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar
REsp 1.439.150-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por unanimidade,
julgado em 05/10/2017, DJe 16/10/2017. Informativo STJ 613. edificação ou monumento urbano:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa.
Art. 57. (VETADO)
§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa
tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as
histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de
penas serão aumentadas:
detenção e multa.
I – de 1/6 a 1/3 (um sexto a um terço), se resulta
dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral; § 2o Não constitui crime a prática de grafite
II - de 1/3 (um terço) até a metade, se resulta lesão realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou
corporal de natureza grave em outrem; privado mediante manifestação artística, desde que
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem. consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário
Parágrafo único. As penalidades previstas neste ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público,
artigo somente serão aplicadas se do fato não resultar crime com a autorização do órgão competente e a observância das
mais grave. posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos
governamentais responsáveis pela preservação e
Art. 59. (VETADO) conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer Seção V


funcionar, em qualquer parte do território nacional, Dos Crimes contra a Administração Ambiental
estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa
poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou
ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e dados técnico-científicos em procedimentos de autorização
regulamentares pertinentes: ou de licenciamento ambiental:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
ambas as penas cumulativamente.
Art. 67. Conceder o funcionário público licença,
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies autorização ou permissão em desacordo com as normas
que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja
flora ou aos ecossistemas: realização depende de ato autorizativo do Poder Público:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de
Seção IV três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o
Patrimônio Cultural Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante
I - bem especialmente protegido por lei, ato interesse ambiental:
administrativo ou decisão judicial; Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de
pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por três meses a um ano, sem prejuízo da multa.
lei, ato administrativo ou decisão judicial:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de Poder Público no trato de questões ambientais:
seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento,
ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou concessão florestal ou qualquer outro procedimento
decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou
ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão:
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
da autoridade competente ou em desacordo com a § 1o Se o crime é culposo:
concedida: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. § 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3
(dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou
ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor enganosa.
paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural,
religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem CAPÍTULO VI
autorização da autoridade competente ou em desacordo com DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
a concedida: Art. 70. Considera-se infração administrativa
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. ambiental toda ação ou omissão que viole as regras

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jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação § 5º A multa diária será aplicada sempre que o
do meio ambiente. cometimento da infração se prolongar no tempo.
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de § 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV
infração ambiental e instaurar processo administrativo os e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.
funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema § 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX
Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a
atividades de fiscalização, bem como os agentes das atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às
Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha. prescrições legais ou regulamentares.
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração § 8º As sanções restritivas de direito são:
ambiental, poderá dirigir representação às autoridades I - suspensão de registro, licença ou autorização;
relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
do seu poder de polícia. III - perda ou restrição de incentivos e benefícios
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento fiscais;
de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração IV - perda ou suspensão da participação em linhas de
imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
de co-responsabilidade. V - proibição de contratar com a Administração
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em Pública, pelo período de até três anos.
processo administrativo próprio, assegurado o direito de
ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de
desta Lei. multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo
Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10
Art. 71. O processo administrativo para apuração de de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº
infração ambiental deve observar os seguintes prazos 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou
máximos: municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme
I – 20 (vinte) dias para o infrator oferecer defesa ou dispuser o órgão arrecadador.
impugnação contra o auto de infração, contados da data da
ciência da autuação; Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare,
II – 30 (trinta) dias para a autoridade competente metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de
julgar o auto de infração, contados da data da sua lavratura, acordo com o objeto jurídico lesado.
apresentada ou não a defesa ou impugnação;
III – 20 (vinte) dias para o infrator recorrer da decisão Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo
condenatória à instância superior do Sistema Nacional do será fixado no regulamento desta Lei e corrigido
Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e periodicamente, com base nos índices estabelecidos na
Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00
autuação; (cinquenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta
IV – 5 (cinco) dias para o pagamento de multa, milhões de reais).
contados da data do recebimento da notificação.
Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a
as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º: multa federal na mesma hipótese de incidência.
I - advertência;
II - multa simples; CAPÍTULO VII
III - multa diária; DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem
veículos de qualquer natureza utilizados na infração; pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará,
V - destruição ou inutilização do produto; no que concerne ao meio ambiente, a necessária
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando
VII - embargo de obra ou atividade; solicitado para:
VIII - demolição de obra; I - produção de prova;
IX - suspensão parcial ou total de atividades; II - exame de objetos e lugares;
X – (VETADO) III - informações sobre pessoas e coisas;
XI - restritiva de direitos. IV - presença temporária da pessoa presa, cujas
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou declarações tenham relevância para a decisão de uma
mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as causa;
sanções a elas cominadas. V - outras formas de assistência permitidas pela
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja
das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de parte.
preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções § 1° A solicitação de que trata este artigo será
previstas neste artigo. dirigida ao Ministério da Justiça, que a remeterá, quando
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o necessário, ao órgão judiciário competente para decidir a seu
agente, por negligência ou dolo: respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la.
I - advertido por irregularidades que tenham sido § 2º A solicitação deverá conter:
praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do II - o objeto e o motivo de sua formulação;
Ministério da Marinha; III - a descrição sumária do procedimento em curso
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do no país solicitante;
SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da IV - a especificação da assistência solicitada;
Marinha. V - a documentação indispensável ao seu
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços esclarecimento, quando for o caso.
de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do
meio ambiente.

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Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei § 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em
e especialmente para a reciprocidade da cooperação até noventa dias, contados da protocolização do
internacional, deve ser mantido sistema de comunicações requerimento.
apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações § 7o O requerimento de celebração do termo de
com órgãos de outros países. compromisso deverá conter as informações necessárias à
verificação da sua viabilidade técnica e jurídica, sob pena de
CAPÍTULO VIII indeferimento do plano.
DISPOSIÇÕES FINAIS § 8o Sob pena de ineficácia, os termos de
Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as compromisso deverão ser publicados no órgão oficial
disposições do Código Penal e do Código de Processo competente, mediante extrato.
Penal.
Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no
Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, prazo de noventa dias a contar de sua publicação.
os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis
pela execução de programas e projetos e pelo controle e
fiscalização dos estabelecimentos e das atividades Lei nº 10.259 / 2001
suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam
autorizados a celebrar, com força de título executivo Juizados Especiais Cíveis e
extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou Criminais no Âmbito da Justiça
jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação
e funcionamento de estabelecimentos e atividades Federal
utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou
Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis
potencialmente poluidores.
e Criminais no âmbito da Justiça Federal.
§ 1o O termo de compromisso a que se refere este
artigo destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as
Art. 1o São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e
pessoas físicas e jurídicas mencionadas no caput possam
Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica, no que não
promover as necessárias correções de suas atividades, para
conflitar com esta Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de
o atendimento das exigências impostas pelas autoridades
setembro de 1995.
ambientais competentes, sendo obrigatório que o respectivo
instrumento disponha sobre:
Art. 2o Compete ao Juizado Especial Federal
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes
Criminal processar e julgar os feitos de competência da
compromissadas e dos respectivos representantes
Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial
legais;
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
II - o prazo de vigência do compromisso, que, em
função da complexidade das obrigações nele fixadas, poderá Infrações de menor potencial ofensivo são crimes com pena máxima
cominada de até 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Cumpre
variar entre o mínimo de noventa dias e o máximo de três observar que as contravenções penais, ainda que envolvam bens,
anos, com possibilidade de prorrogação por igual período; interesses e serviços da União, não são competência da Justiça Federal.
III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do
investimento previsto e o cronograma físico de execução e de Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o
implantação das obras e serviços exigidos, com metas juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente da aplicação
trimestrais a serem atingidas; das regras de conexão e continência, observar-se-ão os
IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa institutos da transação penal e da composição dos danos
física ou jurídica compromissada e os casos de rescisão, em civis.
decorrência do não-cumprimento das obrigações nele
pactuadas; Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível
V - o valor da multa de que trata o inciso IV não processar, conciliar e julgar causas de competência da
poderá ser superior ao valor do investimento previsto; Justiça Federal até o valor de 60 (sessenta) salários
VI - o foro competente para dirimir litígios entre as mínimos, bem como executar as suas sentenças.
partes. § 1o Não se incluem na competência do Juizado
§ 2o No tocante aos empreendimentos em curso até Especial Cível as causas:
o dia 30 de março de 1998, envolvendo construção, I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da
instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos Constituição Federal, as ações de mandado de segurança,
e atividades utilizadores de recursos ambientais, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares,
considerados efetiva ou potencialmente poluidores, a execuções fiscais e por improbidade administrativa e as
assinatura do termo de compromisso deverá ser requerida demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou
pelas pessoas físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 de individuais homogêneos;
dezembro de 1998, mediante requerimento escrito II - sobre bens imóveis da União, autarquias e
protocolizado junto aos órgãos competentes do SISNAMA, fundações públicas federais;
devendo ser firmado pelo dirigente máximo do III - para a anulação ou cancelamento de ato
estabelecimento. administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o
§ 3o Da data da protocolização do requerimento de lançamento fiscal;
previsto no § 2o e enquanto perdurar a vigência do IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de
correspondente termo de compromisso, ficarão suspensas, demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções
em relação aos fatos que deram causa à celebração do disciplinares aplicadas a militares.
instrumento, a aplicação de sanções administrativas contra a § 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações
pessoa física ou jurídica que o houver firmado. vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, a
§ 4o A celebração do termo de compromisso de que soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido
trata este artigo não impede a execução de eventuais multas no art. 3o, caput.
aplicadas antes da protocolização do requerimento. § 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado
§ 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo Especial, a sua competência é absoluta.
de compromisso, quando descumprida qualquer de suas
cláusulas, ressalvado o caso fortuito ou de força maior.

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Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das intimadas para, em dez dias, apresentar quesitos e indicar
partes, deferir medidas cautelares no curso do processo, assistentes.
para evitar dano de difícil reparação.
Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá
Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o, somente será reexame necessário.
admitido recurso de sentença definitiva.
Art. 14. Caberá pedido de uniformização de
Art. 6o Podem ser partes no Juizado Especial Federal interpretação de lei federal quando houver divergência entre
Cível: decisões sobre questões de direito material proferidas por
I – como autores, as pessoas físicas e as Turmas Recursais na interpretação da lei.
microempresas e empresas de pequeno porte, assim § 1o O pedido fundado em divergência entre Turmas da
definidas na Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996; mesma Região será julgado em reunião conjunta das Turmas
II – como rés, a União, autarquias, fundações e em conflito, sob a presidência do Juiz Coordenador.
empresas públicas federais. § 2o O pedido fundado em divergência entre decisões
de turmas de diferentes regiões ou da proferida em
Art. 7o As citações e intimações da União serão feitas contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante do STJ
na forma prevista nos arts. 35 a 38 da Lei Complementar será julgado por Turma de Uniformização, integrada por
no 73, de 10 de fevereiro de 1993. juízes de Turmas Recursais, sob a presidência do
Parágrafo único. A citação das autarquias, fundações e Coordenador da Justiça Federal.
empresas públicas será feita na pessoa do representante § 3o A reunião de juízes domiciliados em cidades
máximo da entidade, no local onde proposta a causa, quando diversas será feita pela via eletrônica.
ali instalado seu escritório ou representação; se não, na sede § 4o Quando a orientação acolhida pela Turma de
da entidade. Uniformização, em questões de direito material, contrariar
súmula ou jurisprudência dominante no Superior Tribunal de
Art. 8o As partes serão intimadas da sentença, quando Justiça -STJ, a parte interessada poderá provocar a
não proferida esta na audiência em que estiver presente seu manifestação deste, que dirimirá a divergência.
representante, por ARMP (aviso de recebimento em mão § 5o No caso do § 4o, presente a plausibilidade do
própria). direito invocado e havendo fundado receio de dano de difícil
§ 1o As demais intimações das partes serão feitas na reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou a
pessoa dos advogados ou dos Procuradores que oficiem nos requerimento do interessado, medida liminar determinando a
respectivos autos, pessoalmente ou por via postal. suspensão dos processos nos quais a controvérsia esteja
§ 2o Os tribunais poderão organizar serviço de estabelecida.
intimação das partes e de recepção de petições por meio § 6o Eventuais pedidos de uniformização idênticos,
eletrônico. recebidos subsequentemente em quaisquer Turmas
Recursais, ficarão retidos nos autos, aguardando-se
Art. 9o Não haverá prazo diferenciado para a prática de pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça.
qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito § 7o Se necessário, o relator pedirá informações ao
público, inclusive a interposição de recursos, devendo a Presidente da Turma Recursal ou Coordenador da Turma de
citação para audiência de conciliação ser efetuada com Uniformização e ouvirá o Ministério Público, no prazo de
antecedência mínima de trinta dias. cinco dias. Eventuais interessados, ainda que não sejam
partes no processo, poderão se manifestar, no prazo de trinta
Art. 10. As partes poderão designar, por escrito, dias.
representantes para a causa, advogado ou não. § 8o Decorridos os prazos referidos no § 7o, o relator
Parágrafo único. Os representantes judiciais da União, incluirá o pedido em pauta na Seção, com preferência sobre
autarquias, fundações e empresas públicas federais, bem todos os demais feitos, ressalvados os processos com réus
como os indicados na forma do caput, ficam autorizados a presos, os habeas corpus e os mandados de segurança.
conciliar, transigir ou desistir, nos processos da competência § 9o Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos
dos Juizados Especiais Federais. referidos no § 6o serão apreciados pelas Turmas Recursais,
que poderão exercer juízo de retratação ou declará-los
Art. 11. A entidade pública ré deverá fornecer ao prejudicados, se veicularem tese não acolhida pelo Superior
Juizado a documentação de que disponha para o Tribunal de Justiça.
esclarecimento da causa, apresentando-a até a instalação da § 10. Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de
audiência de conciliação. Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de suas
Parágrafo único. Para a audiência de composição dos competências, expedirão normas regulamentando a
danos resultantes de ilícito criminal (arts. 71, 72 e 74 da Lei composição dos órgãos e os procedimentos a serem
no 9.099, de 26 de setembro de 1995), o representante da adotados para o processamento e o julgamento do pedido de
entidade que comparecer terá poderes para acordar, desistir uniformização e do recurso extraordinário.
ou transigir, na forma do art. 10.
Art. 15. O recurso extraordinário, para os efeitos desta
Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à Lei, será processado e julgado segundo o estabelecido nos
conciliação ou ao julgamento da causa, o Juiz nomeará §§ 4o a 9o do art. 14, além da observância das normas do
pessoa habilitada, que apresentará o laudo até cinco dias Regimento.
antes da audiência, independentemente de intimação das
partes. Art. 16. O cumprimento do acordo ou da sentença, com
§ 1o Os honorários do técnico serão antecipados à trânsito em julgado, que imponham obrigação de fazer, não
conta de verba orçamentária do respectivo Tribunal e, fazer ou entrega de coisa certa, será efetuado mediante
quando vencida na causa a entidade pública, seu valor será ofício do Juiz à autoridade citada para a causa, com cópia da
incluído na ordem de pagamento a ser feita em favor do sentença ou do acordo.
Tribunal.
§ 2o Nas ações previdenciárias e relativas à assistência Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia
social, havendo designação de exame, serão as partes certa, após o trânsito em julgado da decisão, o pagamento
será efetuado no prazo de sessenta dias, contados da

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entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada informática necessários para subsidiar a instrução das
para a causa, na agência mais próxima da Caixa Econômica causas submetidas aos Juizados e promoverão cursos de
Federal ou do Banco do Brasil, independentemente de aperfeiçoamento destinados aos seus magistrados e
precatório. servidores.
§ 1o Para os efeitos do § 3o do art. 100 da Constituição
Federal, as obrigações ali definidas como de pequeno valor, Art. 25. Não serão remetidas aos Juizados Especiais as
a serem pagas independentemente de precatório, terão como demandas ajuizadas até a data de sua instalação.
limite o mesmo valor estabelecido nesta Lei para a
competência do Juizado Especial Federal Cível (art. 3o, Art. 26. Competirá aos Tribunais Regionais Federais
caput). prestar o suporte administrativo necessário ao funcionamento
§ 2o Desatendida a requisição judicial, o Juiz dos Juizados Especiais.
determinará o sequestro do numerário suficiente ao
cumprimento da decisão.
§ 3o São vedados o fracionamento, repartição ou
quebra do valor da execução, de modo que o pagamento se Lei nº 10.741 / 2003
faça, em parte, na forma estabelecida no § 1o deste artigo, e, Estatuto do Idoso
em parte, mediante expedição do precatório, e a expedição
de precatório complementar ou suplementar do valor pago.
§ 4o Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido TÍTULO I
no § 1o, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do Disposições Preliminares
precatório, sendo facultado à parte exequente a renúncia ao Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a
crédito do valor excedente, para que possa optar pelo regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual
pagamento do saldo sem o precatório, da forma lá prevista. ou superior a 60 (sessenta) anos.

Art. 18. Os Juizados Especiais serão instalados por Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais
decisão do Tribunal Regional Federal. O Juiz presidente do inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
Juizado designará os conciliadores pelo período de dois integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou
anos, admitida a recondução. O exercício dessas funções por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para
será gratuito, assegurados os direitos e prerrogativas do preservação de sua saúde física e mental e seu
jurado (art. 437 do Código de Processo Penal). aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em
Parágrafo único. Serão instalados Juizados Especiais condições de liberdade e dignidade.
Adjuntos nas localidades cujo movimento forense não
justifique a existência de Juizado Especial, cabendo ao Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da
Tribunal designar a Vara onde funcionará. sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com
absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
Art. 19. No prazo de seis meses, a contar da publicação alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao
desta Lei, deverão ser instalados os Juizados Especiais nas trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e
capitais dos Estados e no Distrito Federal. à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. Na capital dos Estados, no Distrito § 1º A garantia de prioridade compreende: (2017)
Federal e em outras cidades onde for necessário, neste I – atendimento preferencial imediato e individualizado
último caso, por decisão do Tribunal Regional Federal, serão junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços
instalados Juizados com competência exclusiva para ações à população;
previdenciárias. II – preferência na formulação e na execução de
políticas sociais públicas específicas;
Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa poderá III – destinação privilegiada de recursos públicos nas
ser proposta no Juizado Especial Federal mais próximo do áreas relacionadas com a proteção ao idoso;
foro definido no art. 4o da Lei no 9.099, de 26 de setembro de IV – viabilização de formas alternativas de participação,
1995, vedada a aplicação desta Lei no juízo estadual. ocupação e convívio do idoso com as demais gerações;
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria
Art. 21. As Turmas Recursais serão instituídas por família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que
decisão do Tribunal Regional Federal, que definirá sua não a possuam ou careçam de condições de manutenção da
composição e área de competência, podendo abranger mais própria sobrevivência;
de uma seção. VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos
nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de
Art. 22. Os Juizados Especiais serão coordenados por serviços aos idosos;
Juiz do respectivo Tribunal Regional, escolhido por seus VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a
pares, com mandato de dois anos. divulgação de informações de caráter educativo sobre os
Parágrafo único. O Juiz Federal, quando o exigirem as aspectos biopsicossociais de envelhecimento;
circunstâncias, poderá determinar o funcionamento do VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e
Juizado Especial em caráter itinerante, mediante autorização de assistência social locais.
prévia do Tribunal Regional Federal, com antecedência de IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto
dez dias. de Renda.
§ 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade
Art. 23. O Conselho da Justiça Federal poderá limitar, especial aos maiores de 80 (oitenta) anos, atendendo-se
por até três anos, contados a partir da publicação desta Lei, a suas necessidades sempre preferencialmente em relação
competência dos Juizados Especiais Cíveis, atendendo à aos demais idosos. (2017)
necessidade da organização dos serviços judiciários ou
administrativos. Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de
negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão,
Art. 24. O Centro de Estudos Judiciários do Conselho e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será
da Justiça Federal e as Escolas de Magistratura dos punido na forma da lei.
Tribunais Regionais Federais criarão programas de

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§ 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem
aos direitos do idoso. condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da ao Poder Público esse provimento, no âmbito da
prevenção outras decorrentes dos princípios por ela assistência social.
adotados.
CAPÍTULO IV
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção Do Direito à Saúde
importará em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do
termos da lei. idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS,
garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto
Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à articulado e contínuo das ações e serviços, para a
autoridade competente qualquer forma de violação a esta prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde,
Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento. incluindo a atenção especial às doenças que afetam
preferencialmente os idosos.
Art. 7o Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito § 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso
Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei no 8.842, de 4 serão efetivadas por meio de:
de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do I – cadastramento da população idosa em base
idoso, definidos nesta Lei. territorial;
II – atendimento geriátrico e gerontológico em
TÍTULO II ambulatórios;
Dos Direitos Fundamentais III – unidades geriátricas de referência, com pessoal
CAPÍTULO I especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;
Do Direito à Vida IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para
Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo e a a população que dele necessitar e esteja impossibilitada de
sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e da se locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos
legislação vigente. por instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e
eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios
Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a urbano e rural;
proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia,
sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e para redução das seqüelas decorrentes do agravo da saúde.
em condições de dignidade. § 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos,
gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso
CAPÍTULO II continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, § 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de
assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da
dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, idade.
políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e § 4o Os idosos portadores de deficiência ou com
nas leis. limitação incapacitante terão atendimento especializado, nos
§ 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os termos da lei.
seguintes aspectos: § 5o É vedado exigir o comparecimento do idoso
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e enfermo perante os órgãos públicos, hipótese na qual será
espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; admitido o seguinte procedimento:
II – opinião e expressão; I - quando de interesse do poder público, o agente
III – crença e culto religioso; promoverá o contato necessário com o idoso em sua
IV – prática de esportes e de diversões; residência; ou
V – participação na vida familiar e comunitária; II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará
VI – participação na vida política, na forma da lei; representar por procurador legalmente constituído.
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação. § 6o É assegurado ao idoso enfermo o atendimento
§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro
integridade física, psíquica e moral, abrangendo a Social - INSS, pelo serviço público de saúde ou pelo serviço
preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de privado de saúde, contratado ou conveniado, que integre o
valores, ideias e crenças, dos espaços e dos objetos Sistema Único de Saúde - SUS, para expedição do laudo de
pessoais. saúde necessário ao exercício de seus direitos sociais e de
§ 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, isenção tributária.
colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, § 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de 80
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. (oitenta) anos terão preferência especial sobre os demais
idosos, exceto em caso de emergência. (2017)
CAPÍTULO III
Dos Alimentos Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é
Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de
da lei civil. saúde proporcionar as condições adequadas para a sua
permanência em tempo integral, segundo o critério médico.
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde
idoso optar entre os prestadores. responsável pelo tratamento conceder autorização para o
acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade,
Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser justificá-la por escrito.
celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor
Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de título Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas
executivo extrajudicial nos termos da lei processual civil. faculdades mentais é assegurado o direito de optar pelo
tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável.

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267
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Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de Art. 25. As instituições de educação superior ofertarão
proceder à opção, esta será feita: às pessoas idosas, na perspectiva da educação ao longo da
I – pelo curador, quando o idoso for interditado; vida, cursos e programas de extensão, presenciais ou a
II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou distância, constituídos por atividades formais e não formais .
este não puder ser contactado em tempo hábil; (2017)
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de
e não houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar; universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou publicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão
familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura,
Ministério Público. considerada a natural redução da capacidade visual. (2017)

Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos CAPÍTULO VI


critérios mínimos para o atendimento às necessidades do Da Profissionalização e do Trabalho
idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade
profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e
e grupos de auto-ajuda. psíquicas.

Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou
violência praticada contra idosos serão objeto de emprego, é vedada a discriminação e a fixação de limite
notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos e máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os
privados à autoridade sanitária, bem como serão casos em que a natureza do cargo o exigir.
obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em
seguintes órgãos: concurso público será a idade, dando-se preferência ao de
I – autoridade policial; idade mais elevada.
II – Ministério Público;
III – Conselho Municipal do Idoso; Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas
IV – Conselho Estadual do Idoso; de:
V – Conselho Nacional do Idoso. I – profissionalização especializada para os idosos,
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se violência aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades
contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em local regulares e remuneradas;
público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria,
físico ou psicológico. com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de
§ 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória estímulo a novos projetos sociais, conforme seus interesses,
prevista no caput deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de cidadania;
30 de outubro de 1975. III – estímulo às empresas privadas para admissão de
idosos ao trabalho.
CAPÍTULO V
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer CAPÍTULO VII
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, Da Previdência Social
lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do
respeitem sua peculiar condição de idade. Regime Geral da Previdência Social observarão, na sua
concessão, critérios de cálculo que preservem o valor real
Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso dos salários sobre os quais incidiram contribuição, nos
do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e termos da legislação vigente.
material didático aos programas educacionais a ele Parágrafo único. Os valores dos benefícios em
destinados. manutenção serão reajustados na mesma data de reajuste
§ 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo do salário-mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas
relativo às técnicas de comunicação, computação e demais datas de início ou do seu último reajustamento, com base em
avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna. percentual definido em regulamento, observados os critérios
§ 2o Os idosos participarão das comemorações de estabelecidos pela Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991.
caráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos
e vivências às demais gerações, no sentido da preservação Art. 30. A perda da condição de segurado não será
da memória e da identidade culturais. considerada para a concessão da aposentadoria por idade,
desde que a pessoa conte com, no mínimo, o tempo de
Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de contribuição correspondente ao exigido para efeito de
ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao carência na data de requerimento do benefício.
processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto
idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir no caput observará o disposto no caput e § 2o do art. 3o da
conhecimentos sobre a matéria. Lei no 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo
salários-de-contribuição recolhidos a partir da competência
Art. 23. A participação dos idosos em atividades de julho de 1994, o disposto no art. 35 da Lei no 8.213, de
culturais e de lazer será proporcionada mediante 1991.
descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos
ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios,
lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos efetuado com atraso por responsabilidade da Previdência
locais. Social, será atualizado pelo mesmo índice utilizado para os
reajustamentos dos benefícios do Regime Geral de
Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou Previdência Social, verificado no período compreendido entre
horários especiais voltados aos idosos, com finalidade o mês que deveria ter sido pago e o mês do efetivo
informativa, educativa, artística e cultural, e ao público sobre pagamento.
o processo de envelhecimento.

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Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a data- Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas
base dos aposentados e pensionistas. para atendimento a idosos devem situar-se,
preferencialmente, no pavimento térreo.
CAPÍTULO VIII
Da Assistência Social CAPÍTULO X
Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, Do Transporte
de forma articulada, conforme os princípios e diretrizes Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica
previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política assegurada a gratuidade dos transportes coletivos
Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços
normas pertinentes. seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos
serviços regulares.
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) § 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso
anos, que não possuam meios para prover sua apresente qualquer documento pessoal que faça prova de
subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é sua idade.
assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, § 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata
nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas. este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer assentos para os idosos, devidamente identificados com a
membro da família nos termos do caput não será computado placa de reservado preferencialmente para idosos.
para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se § 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária
refere a Loas. entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a
critério da legislação local dispor sobre as condições para
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou exercício da gratuidade nos meios de transporte previstos
casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de no caput deste artigo.
serviços com a pessoa idosa abrigada.
§ 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é Art. 40. No sistema de transporte coletivo
facultada a cobrança de participação do idoso no custeio da interestadual observar-se-á, nos termos da legislação
entidade. específica:
§ 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo
Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma de para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-
participação prevista no § 1o, que não poderá exceder a 70% mínimos;
(setenta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo,
de assistência social percebido pelo idoso. no valor das passagens, para os idosos que excederem as
§ 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois)
representante legal firmar o contrato a que se refere salários-mínimos.
o caput deste artigo. Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir
os mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco previstos nos incisos I e II.
social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a
dependência econômica, para os efeitos legais. Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos
termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos
CAPÍTULO IX estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser
Da Habitação posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da idoso.
família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus
familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança do
pública ou privada. idoso nos procedimentos de embarque e desembarque nos
§ 1o A assistência integral na modalidade de entidade de veículos do sistema de transporte coletivo.
longa permanência será prestada quando verificada
inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou TÍTULO III
carência de recursos financeiros próprios ou da família. Das Medidas de Proteção
§ 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso CAPÍTULO I
fica obrigada a manter identificação externa visível, sob pena Das Disposições Gerais
de interdição, além de atender toda a legislação pertinente. Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são
§ 3o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei
a manter padrões de habitação compatíveis com as forem ameaçados ou violados:
necessidades deles, bem como provê-los com alimentação I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou
estas condizentes, sob as penas da lei. entidade de atendimento;
III – em razão de sua condição pessoal.
Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou
subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de CAPÍTULO II
prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, Das Medidas Específicas de Proteção
observado o seguinte: Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das nesta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou
unidades habitacionais residenciais para atendimento aos cumulativamente, e levarão em conta os fins sociais a que
idosos; se destinam e o fortalecimento dos vínculos familiares e
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários comunitários.
voltados ao idoso;
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no
urbanísticas, para garantia de acessibilidade ao idoso; art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a
IV – critérios de financiamento compatíveis com os requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as
rendimentos de aposentadoria e pensão. seguintes medidas:

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269
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I – encaminhamento à família ou curador, mediante Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de


termo de responsabilidade; atendimento ao idoso responderá civil e criminalmente pelos
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários; atos que praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das
III – requisição para tratamento de sua saúde, em sanções administrativas.
regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de Art. 50. Constituem obrigações das entidades de
auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de atendimento:
drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com
convivência que lhe cause perturbação; o idoso, especificando o tipo de atendimento, as obrigações
V – abrigo em entidade; da entidade e prestações decorrentes do contrato, com os
VI – abrigo temporário. respectivos preços, se for o caso;
II – observar os direitos e as garantias de que são
TÍTULO IV titulares os idosos;
Da Política de Atendimento ao Idoso III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e
CAPÍTULO I alimentação suficiente;
Disposições Gerais IV – oferecer instalações físicas em condições
Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por adequadas de habitabilidade;
meio do conjunto articulado de ações governamentais e não- V – oferecer atendimento personalizado;
governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos
dos Municípios. familiares;
VII – oferecer acomodações apropriadas para
Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento: recebimento de visitas;
I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a
4 de janeiro de 1994; necessidade do idoso;
II – políticas e programas de assistência social, em IX – promover atividades educacionais, esportivas,
caráter supletivo, para aqueles que necessitarem; culturais e de lazer;
III – serviços especiais de prevenção e atendimento às X – propiciar assistência religiosa àqueles que
vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, desejarem, de acordo com suas crenças;
crueldade e opressão; XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
IV – serviço de identificação e localização de parentes XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda
ou responsáveis por idosos abandonados em hospitais e ocorrência de idoso portador de doenças infecto-contagiosas;
instituições de longa permanência; XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos requisite os documentos necessários ao exercício da
direitos dos idosos; cidadania àqueles que não os tiverem, na forma da lei;
VI – mobilização da opinião pública no sentido da XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens
participação dos diversos segmentos da sociedade no móveis que receberem dos idosos;
atendimento do idoso. XV – manter arquivo de anotações onde constem data e
circunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável,
CAPÍTULO II parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem
Das Entidades de Atendimento ao Idoso como o valor de contribuições, e suas alterações, se houver,
Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis e demais dados que possibilitem sua identificação e a
pela manutenção das próprias unidades, observadas as individualização do atendimento;
normas de planejamento e execução emanadas do órgão XVI – comunicar ao Ministério Público, para as
competente da Política Nacional do Idoso, conforme a Lei providências cabíveis, a situação de abandono moral ou
no 8.842, de 1994. material por parte dos familiares;
Parágrafo único. As entidades governamentais e não- XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com
governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à formação específica.
inscrição de seus programas, junto ao órgão competente da
Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins
em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional da lucrativos prestadoras de serviço ao idoso terão direito à
Pessoa Idosa, especificando os regimes de atendimento, assistência judiciária gratuita.
observados os seguintes requisitos:
I – oferecer instalações físicas em condições adequadas CAPÍTULO III
de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; Da Fiscalização das Entidades de Atendimento
II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho Art. 52. As entidades governamentais e não-
compatíveis com os princípios desta Lei; governamentais de atendimento ao idoso serão fiscalizadas
III – estar regularmente constituída; pelos Conselhos do Idoso, Ministério Público, Vigilância
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes. Sanitária e outros previstos em lei.

Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a
institucionalização de longa permanência adotarão os vigorar com a seguinte redação:
seguintes princípios: "Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta
I – preservação dos vínculos familiares; Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos; avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das
III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo respectivas instâncias político-administrativas."
em caso de força maior;
IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas
de caráter interno e externo; dos recursos públicos e privados recebidos pelas entidades
V – observância dos direitos e garantias dos idosos; de atendimento.
VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento
de ambiente de respeito e dignidade. Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem
as determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da

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responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou infração elaborado por servidor efetivo e assinado, se
prepostos, às seguintes penalidades, observado o devido possível, por duas testemunhas.
processo legal: § 1o No procedimento iniciado com o auto de infração
I – as entidades governamentais: poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a
a) advertência; natureza e as circunstâncias da infração.
b) afastamento provisório de seus dirigentes; § 2o Sempre que possível, à verificação da infração
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; seguir-se-á a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro
d) fechamento de unidade ou interdição de programa; de 24 (vinte e quatro) horas, por motivo justificado.
II – as entidades não-governamentais:
a) advertência; Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a
b) multa; apresentação da defesa, contado da data da intimação, que
c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas será feita:
públicas; I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando
d) interdição de unidade ou suspensão de programa; for lavrado na presença do infrator;
e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse II – por via postal, com aviso de recebimento.
público.
§ 1o Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso,
tipo de fraude em relação ao programa, caberá o a autoridade competente aplicará à entidade de atendimento
afastamento provisório dos dirigentes ou a interdição da as sanções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das
unidade e a suspensão do programa. providências que vierem a ser adotadas pelo Ministério
§ 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas Público ou pelas demais instituições legitimadas para a
públicas ocorrerá quando verificada a má aplicação ou desvio fiscalização.
de finalidade dos recursos.
§ 3o Na ocorrência de infração por entidade de Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida
atendimento, que coloque em risco os direitos assegurados ou a saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade
nesta Lei, será o fato comunicado ao Ministério Público, para competente aplicará à entidade de atendimento as sanções
as providências cabíveis, inclusive para promover a regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências
suspensão das atividades ou dissolução da entidade, com a que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas
proibição de atendimento a idosos a bem do interesse demais instituições legitimadas para a fiscalização.
público, sem prejuízo das providências a serem tomadas pela
Vigilância Sanitária. CAPÍTULO VI
§ 4o Na aplicação das penalidades, serão consideradas Da Apuração Judicial de Irregularidades em Entidade de
a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que Atendimento
dela provierem para o idoso, as circunstâncias agravantes ou Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento
atenuantes e os antecedentes da entidade. administrativo de que trata este Capítulo as disposições
das Leis nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29
CAPÍTULO IV de janeiro de 1999.
Das Infrações Administrativas
Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade
determinações do art. 50 desta Lei: em entidade governamental e não-governamental de
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ atendimento ao idoso terá início mediante petição
3.000,00 (três mil reais), se o fato não for caracterizado como fundamentada de pessoa interessada ou iniciativa do
crime, podendo haver a interdição do estabelecimento até Ministério Público.
que sejam cumpridas as exigências legais.
Parágrafo único. No caso de interdição do Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
estabelecimento de longa permanência, os idosos abrigados judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o
serão transferidos para outra instituição, a expensas do afastamento provisório do dirigente da entidade ou outras
estabelecimento interditado, enquanto durar a interdição. medidas que julgar adequadas, para evitar lesão aos direitos
do idoso, mediante decisão fundamentada.
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável
por estabelecimento de saúde ou instituição de longa Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no
permanência de comunicar à autoridade competente os prazo de 10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo
casos de crimes contra idoso de que tiver conhecimento: juntar documentos e indicar as provas a produzir.
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$
3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no caso de Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na
reincidência. conformidade do art. 69 ou, se necessário, designará
Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei audiência de instrução e julgamento, deliberando sobre a
sobre a prioridade no atendimento ao idoso: necessidade de produção de outras provas.
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ § 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o
1.000,00 (um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, Ministério Público terão 5 (cinco) dias para oferecer
conforme o dano sofrido pelo idoso. alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em igual
prazo.
CAPÍTULO V § 2o Em se tratando de afastamento provisório ou
Da Apuração Administrativa de Infração às definitivo de dirigente de entidade governamental, a
Normas de Proteção ao Idoso autoridade judiciária oficiará a autoridade administrativa
Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV imediatamente superior ao afastado, fixando-lhe prazo de 24
serão atualizados anualmente, na forma da lei. (vinte e quatro) horas para proceder à substituição.
§ 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a
Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das
administrativa por infração às normas de proteção ao idoso irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o
terá início com requisição do Ministério Público ou auto de processo será extinto, sem julgamento do mérito.

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§ 4o A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da administração direta e indireta, bem como promover
da entidade ou ao responsável pelo programa de inspeções e diligências investigatórias;
atendimento. c) requisitar informações e documentos particulares de
instituições privadas;
TÍTULO V VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências
Do Acesso à Justiça investigatórias e a instauração de inquérito policial, para
CAPÍTULO I a apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção ao
Disposições Gerais idoso;
Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
deste Capítulo, o procedimento sumário previsto no Código legais assegurados ao idoso, promovendo as medidas
de Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos judiciais e extrajudiciais cabíveis;
previstos nesta Lei. VIII – inspecionar as entidades públicas e
particulares de atendimento e os programas de que trata
Art. 70. O Poder Público poderá criar varas esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou
especializadas e exclusivas do idoso. judiciais necessárias à remoção de irregularidades
porventura verificadas;
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos IX – requisitar força policial, bem como a colaboração
processos e procedimentos e na execução dos atos e dos serviços de saúde, educacionais e de assistência social,
diligências judiciais em que figure como parte ou públicos, para o desempenho de suas atribuições;
interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 X – referendar transações envolvendo interesses e
(sessenta) anos, em qualquer instância. direitos dos idosos previstos nesta Lei.
§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que § 1o A legitimação do Ministério Público para as ações
alude este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
benefício à autoridade judiciária competente para decidir o mesmas hipóteses, segundo dispuser a lei.
feito, que determinará as providências a serem cumpridas, § 2o As atribuições constantes deste artigo não excluem
anotando-se essa circunstância em local visível nos autos do outras, desde que compatíveis com a finalidade e atribuições
processo. do Ministério Público.
§ 2o A prioridade não cessará com a morte do § 3o O representante do Ministério Público, no exercício
beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, de suas funções, terá livre acesso a toda entidade de
companheiro ou companheira, com união estável, maior de atendimento ao idoso.
60 (sessenta) anos.
§ 3o A prioridade se estende aos processos e Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for
procedimentos na Administração Pública, empresas parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na
prestadoras de serviços públicos e instituições financeiras, ao defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei,
atendimento preferencial junto à Defensoria Publica da hipóteses em que terá vista dos autos depois das partes,
União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos podendo juntar documentos, requerer diligências e produção
Serviços de Assistência Judiciária. de outras provas, usando os recursos cabíveis.
§ 4o Para o atendimento prioritário será garantido ao
idoso o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer
a destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis. caso, será feita pessoalmente.
§ 5º Dentre os processos de idosos, dar-se-á
prioridade especial aos maiores de 80 (oitenta) anos. (2017) Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo
CAPÍTULO II juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
Do Ministério Público
Art. 72. (VETADO) CAPÍTULO III
Da Proteção Judicial dos Interesses Difusos, Coletivos e
Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Individuais Indisponíveis ou Homogêneos
Lei, serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica. Art. 78. As manifestações processuais do representante
do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
Art. 74. Compete ao Ministério Público:
I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações
para a proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados ao
individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso; idoso, referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório
II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de de:
interdição total ou parcial, de designação de curador I – acesso às ações e serviços de saúde;
especial, em circunstâncias que justifiquem a medida e II – atendimento especializado ao idoso portador de
oficiar em todos os feitos em que se discutam os direitos de deficiência ou com limitação incapacitante;
idosos em condições de risco; III – atendimento especializado ao idoso portador de
III – atuar como substituto processual do idoso em doença infecto-contagiosa;
situação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei; IV – serviço de assistência social visando ao amparo do
IV – promover a revogação de instrumento procuratório idoso.
do idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não
quando necessário ou o interesse público justificar; excluem da proteção judicial outros interesses difusos,
V – instaurar procedimento administrativo e, para coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, próprios
instruí-lo: do idoso, protegidos em lei.
a) expedir notificações, colher depoimentos ou
esclarecimentos e, em caso de não comparecimento Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão
injustificado da pessoa notificada, requisitar condução propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá
coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou Militar; competência absoluta para processar a causa, ressalvadas
b) requisitar informações, exames, perícias e as competências da Justiça Federal e a competência
documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, originária dos Tribunais Superiores.

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Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não


Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, periciais e quaisquer outras despesas.
consideram-se legitimados, concorrentemente: Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao
I – o Ministério Público; Ministério Público.
II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios; Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá,
III – a Ordem dos Advogados do Brasil; provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe
IV – as associações legalmente constituídas há pelo informações sobre os fatos que constituam objeto de ação
menos 1 (um) ano e que incluam entre os fins institucionais a civil e indicando-lhe os elementos de convicção.
defesa dos interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada
a autorização da assembleia, se houver prévia autorização Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e
estatutária. tribunais, no exercício de suas funções, quando tiverem
§ 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os conhecimento de fatos que possam configurar crime de
Ministérios Públicos da União e dos Estados na defesa dos ação pública contra idoso ou ensejar a propositura de ação
interesses e direitos de que cuida esta Lei. para sua defesa, devem encaminhar as peças pertinentes ao
§ 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por Ministério Público, para as providências cabíveis.
associação legitimada, o Ministério Público ou outro
legitimado deverá assumir a titularidade ativa. Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado
poderá requerer às autoridades competentes as certidões e
Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no
por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação prazo de 10 (dez) dias.
pertinentes.
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
de atribuições de Poder Público, que lesem direito líquido e organismo público ou particular, certidões, informações,
certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não
regerá pelas normas da lei do mandado de segurança. poderá ser inferior a 10 (dez) dias.
§ 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de as diligências, se convencer da inexistência de fundamento
obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela para a propositura da ação civil ou de peças informativas,
específica da obrigação ou determinará providências que determinará o seu arquivamento, fazendo-o
assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemento. fundamentadamente.
§ 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e § 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de
havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é informação arquivados serão remetidos, sob pena de se
lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao
justificação prévia, na forma do art. 273 do Código de Conselho Superior do Ministério Público ou à Câmara de
Processo Civil. Coordenação e Revisão do Ministério Público.
§ 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, § 3o Até que seja homologado ou rejeitado o
impor multa diária ao réu, independentemente do pedido do arquivamento, pelo Conselho Superior do Ministério Público
autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, ou por Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério
fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito. Público, as associações legitimadas poderão apresentar
§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em razões escritas ou documentos, que serão juntados ou
julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida anexados às peças de informação.
desde o dia em que se houver configurado. § 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de
Coordenação e Revisão do Ministério Público de homologar a
Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei promoção de arquivamento, será designado outro membro do
reverterão ao Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta Ministério Público para o ajuizamento da ação.
deste, ao Fundo Municipal de Assistência Social, ficando
vinculados ao atendimento ao idoso. TÍTULO VI
Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) Dos Crimes
dias após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas por CAPÍTULO I
meio de execução promovida pelo Ministério Público, nos Disposições Gerais
mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
legitimados em caso de inércia daquele. disposições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.

Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena
recursos, para evitar dano irreparável à parte. máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos,
aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de
Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as
condenação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa disposições do Código Penal e do Código de Processo
de peças à autoridade competente, para apuração da Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF)
responsabilidade civil e administrativa do agente a que se • Juizados Especiais Cíveis e Criminais
atribua a ação ou omissão. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 39 E 94 DA
LEI 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO). RESTRIÇÃO À GRATUIDADE
Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em DO TRANSPORTE COLETIVO. SERVIÇOS DE TRANSPORTE
julgado da sentença condenatória favorável ao idoso sem SELETIVOS E ESPECIAIS. APLICABILIDADE DOS PROCEDIMENTOS
PREVISTOS NA LEI 9.099/1995 AOS CRIMES COMETIDOS CONTRA
que o autor lhe promova a execução, deverá fazê-lo o IDOSOS.
Ministério Público, facultada, igual iniciativa aos demais 1. No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.768/DF, o
legitimados, como assistentes ou assumindo o pólo ativo, em Supremo Tribunal Federal julgou constitucional o art. 39 da Lei nº
caso de inércia desse órgão. 10.741/2003. Não conhecimento da ação direta de inconstitucionalidade
nessa parte.

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2. Art. 94 da Lei n. 10.741/2003: interpretação conforme à Constituição do V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos
Brasil, com redução de texto, para suprimir a expressão “do Código Penal indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei,
e”. Aplicação apenas do procedimento sumaríssimo previsto na Lei nº
9.099/95: benefício do idoso com a celeridade processual. quando requisitados pelo Ministério Público.
Impossibilidade de aplicação de quaisquer medidas despenalizadoras
e de interpretação benéfica ao autor do crime. Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem
3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente justo motivo, a execução de ordem judicial expedida nas
para dar interpretação conforme à Constituição do Brasil, com redução de
texto, ao art. 94 da Lei nº 10.741/2003.
ações em que for parte ou interveniente o idoso:
ADIN 3.096-5 STF Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
multa.
CAPÍTULO II
Dos Crimes em Espécie Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos,
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes
penal pública incondicionada, não se lhes aplicando aplicação diversa da de sua finalidade:
os arts. 181 e 182 do Código Penal. Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.

Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do
dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de idoso, como abrigado, por recusa deste em outorgar
transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio procuração à entidade de atendimento:
ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
motivo de idade: multa.
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária
humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem
qualquer motivo. como qualquer outro documento com objetivo de assegurar
§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a recebimento ou ressarcimento de dívida:
vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e
agente. multa.

Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de
quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de comunicação, informações ou imagens depreciativas ou
iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua injuriosas à pessoa do idoso:
assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
casos, o socorro de autoridade pública:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de
multa. seus atos a outorgar procuração para fins de administração
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da de bens ou deles dispor livremente:
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
triplicada, se resulta a morte.
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar,
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de contratar, testar ou outorgar procuração:
saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por
lei ou mandado: Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e sem discernimento de seus atos, sem a devida
multa. representação legal:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física
ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas TÍTULO VII
ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados Disposições Finais e Transitórias
indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do
trabalho excessivo ou inadequado: Ministério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador:
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
multa.
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 1940, Código Penal, passa a vigorar com as seguintes
§ 2o Se resulta a morte: alterações:...
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 outubro de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a
(seis) meses a 1 (um) ano e multa: vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:...
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público
por motivo de idade; Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou 7 de abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:...
trabalho;
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de
deixar de prestar assistência à saúde, sem justa causa, a outubro de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação:...
pessoa idosa;
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de
motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:
que alude esta Lei; "Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes,

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as lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus
colo terão atendimento prioritário, nos termos desta Lei." (NR) registros próprios.
As armas de fogo que são utilizadas pelas Forças Armadas e Auxiliares e
Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará pelas Forças Auxiliares possuem regramento próprio. Relacionam-se com
ao Fundo Nacional de Assistência Social, até que o Fundo o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas - Sigma.
Nacional do Idoso seja criado, os recursos necessários, em
cada exercício financeiro, para aplicação em programas e
ações relativos ao idoso. CAPÍTULO II
DO REGISTRO
Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no
dados relativos à população idosa do País. órgão competente.
Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão
Nacional projeto de lei revendo os critérios de concessão do registradas no Comando do Exército, na forma do
Benefício de Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica regulamento desta Lei.
da Assistência Social, de forma a garantir que o acesso ao
direito seja condizente com o estágio de desenvolvimento Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o
sócio-econômico alcançado pelo País. interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade,
atender aos seguintes requisitos:
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de
Lei nº 10.826 / 2003 certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas
pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não
Estatuto do Desarmamento estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal,
que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos;
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas
de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – II – apresentação de documento comprobatório de
Sinarm, define crimes e dá outras providências. ocupação lícita e de residência certa;
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão
psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na
CAPÍTULO I forma disposta no regulamento desta Lei.
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS § 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, de fogo após atendidos os requisitos anteriormente
instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia estabelecidos, em nome do requerente e para a arma
Federal, tem circunscrição em todo o território nacional. indicada, sendo intransferível esta autorização.
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita
Art. 2o Ao Sinarm compete: no calibre correspondente à arma registrada e na quantidade
I – identificar as características e a propriedade de estabelecida no regulamento desta Lei.
armas de fogo, mediante cadastro; § 3o A empresa que comercializar arma de fogo em
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas território nacional é obrigada a comunicar a venda à
e vendidas no País; autoridade competente, como também a manter banco de
dados com todas as características da arma e cópia dos
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo
documentos previstos neste artigo.
e as renovações expedidas pela Polícia Federal;
§ 4o A empresa que comercializa armas de fogo,
IV – cadastrar as transferências de propriedade, acessórios e munições responde legalmente por essas
extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade
alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de enquanto não forem vendidas.
fechamento de empresas de segurança privada e de
transporte de valores; § 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e
munições entre pessoas físicas somente será efetivada
V – identificar as modificações que alterem as
mediante autorização do Sinarm.
características ou o funcionamento de arma de fogo;
§ 6o A expedição da autorização a que se refere o §
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já o
1 será concedida, ou recusada com a devida
existentes; fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, da data do requerimento do interessado.
inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais; § 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste
como conceder licença para exercer a atividade; artigo.
IX – cadastrar mediante registro os produtores, § 8o Estará dispensado das exigências constantes do
atacadistas, varejistas, exportadores e importadores inciso III do caput deste artigo, na forma do regulamento, o
autorizados de armas de fogo, acessórios e munições; interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as comprove estar autorizado a portar arma com as mesmas
características das impressões de raiamento e de características daquela a ser adquirida.
microestriamento de projétil disparado, conforme marcação e
testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante; Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo,
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos com validade em todo o território nacional, autoriza o seu
Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações de proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no
porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como interior de sua residência ou domicílio, ou dependência
manter o cadastro atualizado para consulta. desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja
Parágrafo único. As disposições deste artigo não ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou
alcançam as armas de fogo das Forças Armadas e empresa.

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§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será IX – para os integrantes das entidades de desporto
expedido pela Polícia Federal e será precedido de legalmente constituídas, cujas atividades esportivas
autorização do Sinarm. demandem o uso de armas de fogo, na forma do
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a
art. 4o deverão ser comprovados periodicamente, em período legislação ambiental.
não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido Porte autorizado somente no momento em que a competição é realizada.
RHC 34.579-RS, julgado em 24/4/2014
no regulamento desta Lei, para a renovação do Certificado de
Registro de Arma de Fogo. X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita
§ 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho,
registro de propriedade expedido por órgão estadual ou do cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.
Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que não XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art.
92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da
optar pela entrega espontânea prevista no art. 32 desta Lei
União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de
deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, até o seus quadros pessoais que efetivamente estejam no
dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de exercício de funções de segurança, na forma de
documento de identificação pessoal e comprovante de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Justiça
residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público -
do cumprimento das demais exigências constantes dos CNMP.
incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. § 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI
do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo de
§ 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste
propriedade particular ou fornecida pela respectiva
artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos
Departamento de Polícia Federal, certificado de registro
do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional
provisório, expedido na rede mundial de computadores -
para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI.
internet, na forma do regulamento e obedecidos os
procedimentos a seguir: § 1o-A (Revogado)
I - emissão de certificado de registro provisório pela § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e
internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia propriedade particular ou fornecida pela respectiva
Federal do certificado de registro provisório pelo prazo que corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que
estimar como necessário para a emissão definitiva do estejam:
certificado de registro de propriedade.
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva;
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do
disposto no caput deste artigo, considera-se residência ou II - sujeitos à formação funcional, nos termos do
domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural. (2019) regulamento; e
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de
CAPÍTULO III controle interno.
DO PORTE § 1º-C. (VETADO).
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o § 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos
território nacional, salvo para os casos previstos em integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e
legislação própria e para: X do caput deste artigo está condicionada à comprovação do
I – os integrantes das Forças Armadas; requisito a que se refere o inciso III do caput do art. 4o desta
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, Lei nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei.
IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal e os da § 3o A autorização para o porte de arma de fogo das
Força Nacional de Segurança Pública (FNSP); (2017) guardas municipais está condicionada à formação funcional
Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia Ferroviária Federal;
de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de
Polícias Civis; Polícias Militares; Corpos de Bombeiros Militares; Força atividade policial, à existência de mecanismos de fiscalização
Nacional de Segurança Pública. e de controle interno, nas condições estabelecidas no
III – os integrantes das guardas municipais das regulamento desta Lei, observada a supervisão do Ministério
capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 da Justiça.
(quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no § 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias
regulamento desta Lei; federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os
IV - os integrantes das guardas municipais dos militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o
Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do cumprimento
500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma
do regulamento desta Lei.
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de
Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança § 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25
do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (vinte e cinco) anos que comprovem depender do emprego
da República; (2019) de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar
familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma
51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2
Polícia do Senado Federal e a Polícia da Câmara dos Deputados. (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16
(dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados
guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos os seguintes documentos:
e as guardas portuárias; I - documento de identificação pessoal;
VIII – as empresas de segurança privada e de II - comprovante de residência em área rural; e
transporte de valores constituídas, nos termos desta Lei;

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III - atestado de bons antecedentes.


§ 6o O caçador para subsistência que der outro uso à Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades
sua arma de fogo, independentemente de outras tipificações desportivas legalmente constituídas devem obedecer às
penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo
disparo de arma de fogo de uso permitido. órgão competente, respondendo o possuidor ou o autorizado
§ 7o Aos integrantes das guardas municipais dos a portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento
Municípios que integram regiões metropolitanas será desta Lei.
autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço.
Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização
o
Art. 7 As armas de fogo utilizadas pelos empregados do porte de arma para os responsáveis pela segurança de
das empresas de segurança privada e de transporte de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao
valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade, Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei,
responsabilidade e guarda das respectivas empresas, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo
somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo para colecionadores, atiradores e caçadores e de
essas observar as condições de uso e de armazenagem representantes estrangeiros em competição internacional
estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de oficial de tiro realizada no território nacional.
registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia
Federal em nome da empresa. Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de uso permitido, em todo o território nacional, é de
segurança privada e de transporte de valores responderá competência da Polícia Federal e somente será concedida
pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, após autorização do Sinarm.
sem prejuízo das demais sanções administrativas e civis, se § 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser
deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar à concedida com eficácia temporária e territorial limitada,
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o
extravio de armas de fogo, acessórios e munições que requerente:
estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro)
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício
horas depois de ocorrido o fato.
de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de valores integridade física;
deverá apresentar documentação comprobatória do
II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei
quanto aos empregados que portarão arma de fogo. III – apresentar documentação de propriedade de arma
de fogo, bem como o seu devido registro no órgão
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas
competente.
neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao
Sinarm. § 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista
neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o
portador dela seja detido ou abordado em estado de
Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou
das instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de alucinógenas.
propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas
instituições, somente podendo ser utilizadas quando em
serviço, devendo estas observar as condições de uso e de Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores
armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços
certificado de registro e a autorização de porte expedidos relativos:
pela Polícia Federal em nome da instituição. I – ao registro de arma de fogo;
§ 1o A autorização para o porte de arma de fogo de II – à renovação de registro de arma de fogo;
que trata este artigo independe do pagamento de taxa. III – à expedição de segunda via de registro de arma de
§ 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério fogo;
Público designará os servidores de seus quadros pessoais no IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
exercício de funções de segurança que poderão portar arma
V – à renovação de porte de arma de fogo;
de fogo, respeitado o limite máximo de 50% (cinquenta por
cento) do número de servidores que exerçam funções de VI – à expedição de segunda via de porte federal de
segurança. arma de fogo.
§ 3o O porte de arma pelos servidores das instituições § 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à
de que trata este artigo fica condicionado à apresentação de manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e
documentação comprobatória do preenchimento dos do Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas
requisitos constantes do art. 4o desta Lei, bem como à responsabilidades.
formação funcional em estabelecimentos de ensino de § 2o São isentas do pagamento das taxas previstas
atividade policial e à existência de mecanismos de neste artigo as pessoas e as instituições a que se referem os
fiscalização e de controle interno, nas condições incisos I a VII e X e o § 5o do art. 6o desta Lei.
estabelecidas no regulamento desta Lei.
§ 4o A listagem dos servidores das instituições de que Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e
trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente no as condições do credenciamento de profissionais pela Polícia
Sinarm. Federal para comprovação da aptidão psicológica e da
§ 5o As instituições de que trata este artigo são capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo.
obrigadas a registrar ocorrência policial e a comunicar à § 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o valor
Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras formas cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio
de extravio de armas de fogo, acessórios e munições que dos honorários profissionais para realização de avaliação
estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) psicológica constante do item 1.16 da tabela do Conselho
horas depois de ocorrido o fato. Federal de Psicologia.

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§ 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não poderá inafiançável.
exceder R$ 80,00 (oitenta reais),acrescido do custo da - Declarado INCOSTITUCIONAL. ADI 3112 – Informativo 465 STF
munição.
§ 3o A cobrança de valores superiores aos previstos nos
§§ 1o e 2o deste artigo implicará o descredenciamento do Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
profissional pela Polícia Federal. Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer,
receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob
CAPÍTULO IV sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição
DOS CRIMES E DAS PENAS de uso restrito, sem autorização e em desacordo com
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido determinação legal ou regulamentar: (2019)
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
com determinação legal ou regulamentar, no interior de I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer
sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal
do estabelecimento ou empresa: II – modificar as características de arma de fogo, de
forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo
induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
Omissão de cautela III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo
para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa com determinação legal ou regulamentar;
portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer
que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o V – vender, entregar ou fornecer, ainda que
proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência explosivo a criança ou adolescente; e
policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização
ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste
quatro) horas depois de ocorrido o fato. artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é
de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. (2019)
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter Comércio ilegal de arma de fogo
em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar,
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de
permitido, sem autorização e em desacordo com qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
determinação legal ou regulamentar: exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo,
Para os Tribunais Superiores, o crime de porte de arma de fogo consuma- acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo
se independentemente de estar a arma municiada. Porém, segundo o STJ, com determinação legal ou regulamentar:
se o laudo pericial reconhecer a ineficácia total da arma de fogo e das Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.
munições, a conduta será atípica. (2019)
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial,
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino,
inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada inclusive o exercido em residência.
em nome do agente. § 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega
Declarado INCOSTITUCIONAL. ADI 3112 – Informativo 465 do STF arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em
Relativamente aos parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 da Lei desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a
10.826/2003, que proíbem o estabelecimento de fiança, respectivamente, agente policial disfarçado, quando presentes elementos
para os crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e de
disparo de arma de fogo, considerou-se desarrazoada a vedação, ao
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (2019)
fundamento de que tais delitos não poderiam ser equiparados a terrorismo,
prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes ou crimes hediondos (CF,
art. 5º, XLIII). Asseverou-se, ademais, cuidar-se, na verdade, de crimes de
mera conduta que, embora impliquem redução no nível de segurança Tráfico internacional de arma de fogo
coletiva, não podem ser igualados aos crimes que acarretam lesão ou
ameaça de lesão à vida ou à propriedade.
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou
saída do território nacional, a qualquer título, de arma de
fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade
Disparo de arma de fogo competente:
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e
lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou multa. (2019)
em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende
finalidade a prática de outro crime: ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. operação de importação, sem autorização da autoridade
competente, a agente policial disfarçado, quando presentes

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elementos probatórios razoáveis de conduta criminal § 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do


preexistente. (2019) Exército que receberem parecer favorável à doação,
obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Armada ou
órgão de segurança pública, atendidos os critérios de
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é
prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o
aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou
Comando do Exército, serão arroladas em relatório reservado
munição forem de uso proibido ou restrito.
trimestral a ser encaminhado àquelas instituições, abrindo-
se-lhes prazo para manifestação de interesse.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e § 1º-A. As armas de fogo e munições apreendidas em
18, a pena é aumentada da metade se: (2019) decorrência do tráfico de drogas de abuso, ou de qualquer
I - forem praticados por integrante dos órgãos e forma utilizadas em atividades ilícitas de produção ou
empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou (2019) comercialização de drogas abusivas, ou, ainda, que tenham
II - o agente for reincidente específico em crimes sido adquiridas com recursos provenientes do tráfico de
dessa natureza. (2019) drogas de abuso, perdidas em favor da União e
encaminhadas para o Comando do Exército, devem ser, após
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são perícia ou vistoria que atestem seu bom estado, destinadas
insuscetíveis de liberdade provisória. com prioridade para os órgãos de segurança pública e do
- Declarado INCOSTITUCIONAL. ADI 3112-1 STF sistema penitenciário da unidade da federação responsável
pela apreensão. (2019)
CAPÍTULO V § 2o O Comando do Exército encaminhará a relação das
armas a serem doadas ao juiz competente, que determinará
DISPOSIÇÕES GERAIS o seu perdimento em favor da instituição beneficiada.
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar § 3o O transporte das armas de fogo doadas será de
convênios com os Estados e o Distrito Federal para o responsabilidade da instituição beneficiada, que procederá ao
cumprimento do disposto nesta Lei. seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma.
§ 4o (VETADO)
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como § 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o
a definição das armas de fogo e demais produtos encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate
controlados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou de arma de uso permitido ou de uso restrito, semestralmente,
obsoletos e de valor histórico serão disciplinadas em ato do da relação de armas acauteladas em juízo, mencionando
chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta do suas características e o local onde se encontram.
Comando do Exército.
§ 1o Todas as munições comercializadas no País
deverão estar acondicionadas em embalagens com sistema Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a
de código de barras, gravado na caixa, visando possibilitar comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e
a identificação do fabricante e do adquirente, entre outras simulacros de armas de fogo, que com estas se possam
informações definidas pelo regulamento desta Lei. confundir.
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas
expedidas autorizações de compra de munição com e os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou
identificação do lote e do adquirente no culote dos projéteis, à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo
na forma do regulamento desta Lei. Comando do Exército.
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano
da data de publicação desta Lei conterão dispositivo Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar,
intrínseco de segurança e de identificação, gravado no excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso
corpo da arma, definido pelo regulamento desta Lei, restrito.
exclusive para os órgãos previstos no art. 6o. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
§ 4o As instituições de ensino policial e as guardas às aquisições dos Comandos Militares.
municipais referidas nos incisos III e IV do caput do art.
6o desta Lei e no seu § 7o poderão adquirir insumos e Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos
máquinas de recarga de munição para o fim exclusivo de adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das
suprimento de suas atividades, mediante autorização entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X
concedida nos termos definidos em regulamento. do caput do art. 6o desta Lei.

Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já
2º desta Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a
fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço publicação desta Lei.
alfandegário e o comércio de armas de fogo e demais
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo
produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito
de validade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la,
de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.
perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4o, 6o e 10
desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias após sua
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a publicação, sem ônus para o requerente.
elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando
não mais interessarem à persecução penal serão
encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo
Exército, no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas, para de uso permitido ainda não registrada deverão solicitar seu
destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante
às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. apresentação de documento de identificação pessoal e
(2019) comprovante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal
de compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos

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meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada § 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da
na qual constem as características da arma e a sua condição base de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos. (2019)
de proprietário, ficando este dispensado do pagamento de § 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco
Nacional de Perfis Balísticos serão regulamentados em ato
taxas e do cumprimento das demais exigências constantes
do Poder Executivo federal. (2019)
dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei.
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto
CAPÍTULO VI
no caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá
obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado de DISPOSIÇÕES FINAIS
registro provisório, expedido na forma do § 4o do art. 5o desta Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo
Lei. e munição em todo o território nacional, salvo para as
entidades previstas no art. 6o desta Lei.
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo § 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de
adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, entregá- aprovação mediante referendo popular, a ser realizado em
las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos outubro de 2005.
termos do regulamento desta Lei. § 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o
disposto neste artigo entrará em vigor na data de publicação
de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo
poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e,
presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro de
1997.
regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual posse
irregular da referida arma.
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua
Parágrafo único.
publicação.

Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil


reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme
especificar o regulamento desta Lei: Lei nº 11.340 / 2006
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário,
ferroviário, marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, Lei Maria da Penha
por qualquer meio, faça, promova, facilite ou permita o Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar
transporte de arma ou munição sem a devida autorização ou contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da
com inobservância das normas de segurança; Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de
II – à empresa de produção ou comércio de armamentos Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da
que realize publicidade para venda, estimulando o uso Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publicações Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos
especializadas. Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher;
altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, de Execução Penal; e dá outras providências.
com aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas,
adotarão, sob pena de responsabilidade, as providências TÍTULO I
necessárias para evitar o ingresso de pessoas armadas, DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
ressalvados os eventos garantidos pelo inciso VI do art. 5o da Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e
Constituição Federal. prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher,
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da
prestação dos serviços de transporte internacional e Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
interestadual de passageiros adotarão as providências Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana
necessárias para evitar o embarque de passageiros armados. para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e
de outros tratados internacionais ratificados pela República
Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece
balísticos serão armazenados no Banco Nacional de Perfis medidas de assistência e proteção às mulheres em situação
Balísticos. (2019) de violência doméstica e familiar.
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como
objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar características Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe,
de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível
munição deflagrados por arma de fogo. (2019) educacional, idade e religião, goza dos direitos
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe
constituído pelos registros de elementos de munição asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem
deflagrados por armas de fogo relacionados a crimes, para violência, preservar sua saúde física e mental e seu
subsidiar ações destinadas às apurações criminais federais, aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
estaduais e distritais. (2019)
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições
pela unidade oficial de perícia criminal. (2019) para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao
Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que permitir ou acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à
promover sua utilização para fins diversos dos previstos cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
nesta Lei ou em decisão judicial responderá civil, penal e convivência familiar e comunitária.
administrativamente. (2019)

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280
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§ 1o O poder público desenvolverá políticas que visem desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante
relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
violência, crueldade e opressão. insulto, chantagem, violação de sua intimidade,
§ 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou
criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde
direitos enunciados no caput. psicológica e à autodeterminação; (2018)
III - a violência sexual, entendida como qualquer
Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a
os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as participar de relação sexual não desejada, mediante
condições peculiares das mulheres em situação de violência intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a
doméstica e familiar. comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua
sexualidade, que a impeça de usar qualquer método
TÍTULO II contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem,
A MULHER suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício
CAPÍTULO I de seus direitos sexuais e reprodutivos;
DISPOSIÇÕES GERAIS IV - a violência patrimonial, entendida como
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência qualquer conduta que configure retenção, subtração,
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer
patrimonial: suas necessidades;
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida V - a violência moral, entendida como qualquer
como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente
agregadas; TÍTULO III
II - no âmbito da família, compreendida como a DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
comunidade formada por indivíduos que são ou se VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por CAPÍTULO I
afinidade ou por vontade expressa;
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um
independentemente de coabitação.
conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas
Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-
neste artigo independem de orientação sexual.
governamentais, tendo por diretrizes:
STJ: Súmula 600 - Para configuração da violência doméstica e familiar I - a integração operacional do Poder Judiciário, do
prevista no artigo 5º da Lei 11.340/2006, Lei Maria da Penha, não se exige
a coabitação entre autor e vítima.
Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 22/11/2017. segurança pública, assistência social, saúde, educação,
------------------------------------------------------------------------------------------------- trabalho e habitação;
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. APLICAÇÃO DA LEI MARIA II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e
DA PENHA NA RELAÇÃO ENTRE MÃE E FILHA.
É possível a incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) nas outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero
relações entre mãe e filha. Isso porque, de acordo com o art. 5º, III, da Lei e de raça ou etnia, concernentes às causas, às
11.340/2006, configura violência doméstica e familiar contra a mulher consequências e à frequência da violência doméstica e
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial em
qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha
serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Da análise resultados das medidas adotadas;
do dispositivo citado, infere-se que o objeto de tutela da Lei é a mulher em III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos
situação de vulnerabilidade, não só em relação ao cônjuge ou valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a
companheiro, mas também qualquer outro familiar ou pessoa que conviva coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem
com a vítima, independentemente do gênero do agressor. Nessa mesma
linha, entende a jurisprudência do STJ que o sujeito ativo do crime pode a violência doméstica e familiar, de acordo com o
ser tanto o homem como a mulher, desde que esteja presente o estado de estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e
vulnerabilidade caracterizado por uma relação de poder e submissão. no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal;
HC 175.816-RS, Quinta Turma, DJe, 28/6/2013;
HC 250.435-RJ, Quinta Turma, DJe 27/9/2013. IV - a implementação de atendimento policial
HC 277.561-AL, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 6/11/2014. especializado para as mulheres, em particular nas
Delegacias de Atendimento à Mulher;
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a V - a promoção e a realização de campanhas
mulher constitui uma das formas de violação dos direitos educativas de prevenção da violência doméstica e familiar
humanos. contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade
em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de
CAPÍTULO II proteção aos direitos humanos das mulheres;
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes,
FAMILIAR CONTRA A MULHER termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-
contra a mulher, entre outras: governamentais, tendo por objetivo a implementação de
I - a violência física, entendida como qualquer programas de erradicação da violência doméstica e familiar
conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; contra a mulher;
II - a violência psicológica, entendida como VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos
da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno

ID:
281
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profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados policial ou do processo de violência doméstica e familiar em
no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; curso. (2019)
VIII - a promoção de programas educacionais que § 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus
disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade dependentes matriculados ou transferidos conforme o
da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça disposto no § 4º deste artigo, e o acesso às informações será
ou etnia; reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os competentes do poder público. (2019)
níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos CAPÍTULO III
humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
problema da violência doméstica e familiar contra a mulher. Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de
violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade
CAPÍTULO II policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE imediato, as providências legais cabíveis.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste
Art. 9o A assistência à mulher em situação de artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência
violência doméstica e familiar será prestada de forma deferida.
articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos
na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Art. 10-A. É direito da mulher em situação de
Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras violência doméstica e familiar o atendimento policial e
normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores
quando for o caso. - preferencialmente do sexo feminino - previamente
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão capacitados. (2017)
da mulher em situação de violência doméstica e familiar no
§ 1o A inquirição de mulher em situação de violência
cadastro de programas assistenciais do governo federal,
doméstica e familiar ou de testemunha de violência
estadual e municipal.
doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher,
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de
obedecerá às seguintes diretrizes: (2017)
violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e
física e psicológica:
emocional da depoente, considerada a sua condição peculiar
I - acesso prioritário à remoção quando servidora
de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;
pública, integrante da administração direta ou indireta; (2017)
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher
necessário o afastamento do local de trabalho, por até 6 em situação de violência doméstica e familiar, familiares e
(seis) meses. testemunhas terão contato direto com investigados ou
III - encaminhamento à assistência judiciária, quando suspeitos e pessoas a eles relacionadas; (2017)
for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de III - não revitimização da depoente, evitando
separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos
de dissolução de união estável perante o juízo competente. criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos
(2019)
sobre a vida privada. (2017)
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência
§ 2o Na inquirição de mulher em situação de
doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios
violência doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de
decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico,
que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o
incluindo os serviços de contracepção de emergência, a
seguinte procedimento: (2017)
profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis
I - a inquirição será feita em recinto especialmente
(DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e
projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos
outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos
próprios e adequados à idade da mulher em situação de
casos de violência sexual.
violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar gravidade da violência sofrida; (2017)
lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou II - quando for o caso, a inquirição será intermediada
patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os por profissional especializado em violência doméstica e
danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; (2017)
Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos III - o depoimento será registrado em meio eletrônico
relativos aos serviços de saúde prestados para o total ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o
tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e inquérito. (2017)
familiar, recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo
de Saúde do ente federado responsável pelas unidades de
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de
saúde que prestarem os serviços. (2019)
violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá,
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao
entre outras providências:
uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para o
I - garantir proteção policial, quando necessário,
monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar
comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder
amparadas por medidas protetivas terão seus custos
Judiciário;
ressarcidos pelo agressor. (2019)
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e
saúde e ao Instituto Médico Legal;
5º deste artigo não poderá importar ônus de qualquer
III - fornecer transporte para a ofendida e seus
natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes,
dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver
nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade de
risco de vida;
substituição da pena aplicada. (2019)
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e
assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência
familiar tem prioridade para matricular seus dependentes em
ou do domicílio familiar;
instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio,
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos
ou transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação
nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de
dos documentos comprobatórios do registro da ocorrência
assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o

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juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, I - pela autoridade judicial; (2019)
de anulação de casamento ou de dissolução de união II - pelo delegado de polícia, quando o Município não
estável. (2019) for sede de comarca; ou (2019)
III - pelo policial, quando o Município não for sede de
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e comarca e não houver delegado disponível no momento da
familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá denúncia. (2019)
a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste
procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte
de Processo Penal: e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo
tomar a representação a termo, se apresentada; dar ciência ao Ministério Público concomitantemente. (2019)
II - colher todas as provas que servirem para o § 2º Nos casos de risco à integridade física da
esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência,
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, não será concedida liberdade provisória ao preso. (2019)
expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a
concessão de medidas protetivas de urgência;
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de TÍTULO IV
delito da ofendida e requisitar outros exames periciais DOS PROCEDIMENTOS
necessários; CAPÍTULO I
V - ouvir o agressor e as testemunhas; DISPOSIÇÕES GERAIS
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução
aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a das causas cíveis e criminais decorrentes da prática de
existência de mandado de prisão ou registro de outras violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão
ocorrências policiais contra ele; as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e
ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar ao idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta Lei.
aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência
à instituição responsável pela concessão do registro ou da Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e
emissão do porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com
dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento). (2019) competência cível e criminal, poderão ser criados pela União,
no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o
processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.
policial ao juiz e ao Ministério Público. Parágrafo único. Os atos processuais poderão
§ 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as
autoridade policial e deverá conter: normas de organização judiciária.
I - qualificação da ofendida e do agressor;
II - nome e idade dos dependentes; Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de
III - descrição sucinta do fato e das medidas divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado de
protetivas solicitadas pela ofendida. Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. (2019)
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de
pessoa com deficiência e se da violência sofrida resultou Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão
deficiência ou agravamento de deficiência preexistente. (2019) relacionada à partilha de bens. (2019)
§ 2o A autoridade policial deverá anexar ao § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e
documento referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia familiar após o ajuizamento da ação de divórcio ou de
de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida. dissolução de união estável, a ação terá preferência no juízo
§ 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos onde estiver. (2019)
ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de
saúde. Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para
os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na I - do seu domicílio ou de sua residência;
formulação de suas políticas e planos de atendimento à II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão III - do domicílio do agressor.
prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias
Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à
Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes representação da ofendida de que trata esta Lei, só será
especializadas para o atendimento e a investigação das admitida a renúncia à representação perante o juiz, em
violências graves contra a mulher. audiência especialmente designada com tal finalidade, antes
do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
Art. 12-B. (VETADO) (2017) A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 4424 conferiu natureza pública e
§ 1o (VETADO) (2017) incondicionada à ação penal fundada na Lei Maria da Penha (Lei
§ 2o (VETADO) (2017) 11.340/2006). Segundo a Suprema Corte, se as referidas ações fossem
§ 3o A autoridade policial poderá requisitar os serviços condicionadas à representação da ofendida, seria esvaziava a proteção
públicos necessários à defesa da mulher em situação de constitucional assegurada às mulheres, uma vez que muitas delas
violência doméstica e familiar e de seus dependentes. (2017) acabariam por retirar a queixa de agressão.

Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência
iminente à vida ou à integridade física da mulher em doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta
situação de violência doméstica e familiar, ou de seus básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a
dependentes, o agressor será imediatamente afastado do substituição de pena que implique o pagamento isolado de
lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida:(2019) multa.

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Não se admite a aplicação de penas que consistam exclusivamente em I - suspensão da posse ou restrição do porte de
prestação material. armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos
---------------------------------------------------------------------------------------------------- da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a
mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico II - afastamento do lar, domicílio ou local de
impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de convivência com a ofendida;
direitos. III - proibição de determinadas condutas, entre as
---------------------------------------------------------------------------------------------------- quais:
Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes
ou contravenções penais praticadas contra a mulher no âmbito das
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
relações domésticas. testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes
e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e
CAPÍTULO II testemunhas por qualquer meio de comunicação;
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA c) frequentação de determinados lugares a fim de
Seção I preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
Disposições Gerais IV - restrição ou suspensão de visitas aos
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento
ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) multidisciplinar ou serviço similar;
horas: V - prestação de alimentos provisionais ou
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir provisórios.
sobre as medidas protetivas de urgência; § 1o As medidas referidas neste artigo não impedem
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao a aplicação de outras previstas na legislação em vigor,
órgão de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o
para o ajuizamento da ação de separação judicial, de exigirem, devendo a providência ser comunicada ao
divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de Ministério Público.
união estável perante o juízo competente; (2019) § 2o Na hipótese de aplicação do inciso I,
III - comunicar ao Ministério Público para que adote encontrando-se o agressor nas condições mencionadas
as providências cabíveis. no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão,
sob a posse do agressor. (2019) corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência
concedidas e determinará a restrição do porte de armas,
Art. 19. As medidas protetivas de urgência ficando o superior imediato do agressor responsável pelo
poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer
Ministério Público ou a pedido da ofendida. nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o
§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser caso.
concedidas de imediato, independentemente de audiência § 3o Para garantir a efetividade das medidas
das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer
este ser prontamente comunicado. momento, auxílio da força policial.
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão § 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no
aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461
substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de
sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem Processo Civil).
ameaçados ou violados.
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Seção III
Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem
entender necessário à proteção da ofendida, de seus prejuízo de outras medidas:
familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a
programa oficial ou comunitário de proteção ou de
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da atendimento;
instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, II - determinar a recondução da ofendida e a de seus
decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do
Público ou mediante representação da autoridade policial. agressor;
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem
preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e
motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se alimentos;
sobrevierem razões que a justifiquem. IV - determinar a separação de corpos.
V - determinar a matrícula dos dependentes da
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos ofendida em instituição de educação básica mais próxima do
processuais relativos ao agressor, especialmente dos seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição,
pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da independentemente da existência de vaga. (2019)
intimação do advogado constituído ou do defensor público.
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da
intimação ou notificação ao agressor. sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da
mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes
Seção II medidas, entre outras:
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo
Agressor agressor à ofendida;
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica II - proibição temporária para a celebração de atos e
e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz contratos de compra, venda e locação de propriedade em
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou comum, salvo expressa autorização judicial;
separadamente, as seguintes medidas protetivas de III - suspensão das procurações conferidas pela
urgência, entre outras: ofendida ao agressor;

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IV - prestação de caução provisória, mediante prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o
depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e
da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. aos adolescentes.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório
competente para os fins previstos nos incisos II e III deste Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir
artigo. avaliação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a
manifestação de profissional especializado, mediante a
Seção IV indicação da equipe de atendimento multidisciplinar.
(2018)
Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua
Urgência proposta orçamentária, poderá prever recursos para a
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência criação e manutenção da equipe de atendimento
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes
medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: (2018) Orçamentárias.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois)
anos. (2018) TÍTULO VI
§ 1o A configuração do crime independe da DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de
(2018) Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas
§ 2o Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a criminais acumularão as competências cível e criminal para
autoridade judicial poderá conceder fiança. (2018) conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de
§ 3o O disposto neste artigo não exclui a aplicação de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as
outras sanções cabíveis. (2018) previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação
processual pertinente.
CAPÍTULO III Parágrafo único. Será garantido o direito de
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO preferência, nas varas criminais, para o processo e o
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não julgamento das causas referidas no caput.
for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da
violência doméstica e familiar contra a mulher. TÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência
de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser
familiar contra a mulher, quando necessário: acompanhada pela implantação das curadorias necessárias e
I - requisitar força policial e serviços públicos de do serviço de assistência judiciária.
saúde, de educação, de assistência social e de segurança,
entre outros; Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e Municípios poderão criar e promover, no limite das
particulares de atendimento à mulher em situação de respectivas competências:
violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as I - centros de atendimento integral e
medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes
quaisquer irregularidades constatadas; em situação de violência doméstica e familiar;
III - cadastrar os casos de violência doméstica e II - casas-abrigos para mulheres e respectivos
familiar contra a mulher. dependentes menores em situação de violência doméstica e
familiar;
CAPÍTULO IV III - delegacias, núcleos de defensoria pública,
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA serviços de saúde e centros de perícia médico-legal
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e especializados no atendimento à mulher em situação de
criminais, a mulher em situação de violência doméstica e violência doméstica e familiar;
familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado IV - programas e campanhas de enfrentamento da
o previsto no art. 19 desta Lei. violência doméstica e familiar;
V - centros de educação e de reabilitação para os
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de agressores.
violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de
Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de
atendimento específico e humanizado. seus programas às diretrizes e aos princípios desta Lei.

TÍTULO V Art. 37. A defesa dos interesses e direitos


DA EQUIPE DE ATENDIMENTO transindividuais previstos nesta Lei poderá ser exercida,
MULTIDISCIPLINAR concorrentemente, pelo Ministério Público e por associação
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e de atuação na área, regularmente constituída há pelo menos
Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão um ano, nos termos da legislação civil.
contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a Parágrafo único. O requisito da pré-constituição
ser integrada por profissionais especializados nas áreas poderá ser dispensado pelo juiz quando entender que não há
psicossocial, jurídica e de saúde. outra entidade com representatividade adequada para o
ajuizamento da demanda coletiva.
Art. 30. Compete à equipe de atendimento
multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e
reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de dados
escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim
mediante laudos ou verbalmente em audiência, e de subsidiar o sistema nacional de dados e informações
desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, relativo às mulheres.

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Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a
Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste
suas informações criminais para a base de dados do artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em
Ministério da Justiça. local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,
respeitadas as ressalvas supramencionadas.
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro
da medida protetiva de urgência. (2019) TÍTULO II
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
serão registradas em banco de dados mantido e SOBRE DROGAS
regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido
Art. 3o O Sisnad tem a finalidade de articular,
o acesso do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos
integrar, organizar e coordenar as atividades relacionadas
órgãos de segurança pública e de assistência social, com
com:
vistas à fiscalização e à efetividade das medidas protetivas.
(2019)
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a
reinserção social de usuários e dependentes de drogas;
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os II - a repressão da produção não autorizada e do
Municípios, no limite de suas competências e nos termos das tráfico ilícito de drogas.
respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão § 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de
estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada princípios, regras, critérios e recursos materiais e humanos
exercício financeiro, para a implementação das medidas que envolvem as políticas, planos, programas, ações e
estabelecidas nesta Lei. projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os
Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados,
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não Distrito Federal e Municípios. (2019)
excluem outras decorrentes dos princípios por ela adotados. § 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema
Único de Saúde - SUS, e com o Sistema Único de
Art. 41. Aos crimes praticados com violência Assistência Social - SUAS. (2019)
doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da
pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de CAPÍTULO I
setembro de 1995. DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS
A Lei dos Juizados Especiais não se aplica aos crimes praticados com DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
violência doméstica e familiar contra a mulher. SOBRE DROGAS
Art. 4o São princípios do Sisnad:
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa
humana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua
Lei nº 11.343 / 2006 liberdade;
II - o respeito à diversidade e às especificidades
Lei de Drogas populacionais existentes;
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores
Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso de proteção para o uso indevido de drogas e outros
indevido, atenção e reinserção social de usuários e comportamentos correlacionados;
dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define participação social, para o estabelecimento dos fundamentos
crimes e dá outras providências. e estratégias do Sisnad;
V - a promoção da responsabilidade compartilhada
TÍTULO I entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES participação social nas atividades do Sisnad;
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos
Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve fatores correlacionados com o uso indevido de drogas, com a
medidas para prevenção do uso indevido, atenção e sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; VII - a integração das estratégias nacionais e
estabelece normas para repressão à produção não internacionais de prevenção do uso indevido, atenção e
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico
como drogas as substâncias ou os produtos capazes de ilícito;
causar dependência, assim especificados em lei ou VIII - a articulação com os órgãos do Ministério
relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à
Poder Executivo da União. cooperação mútua nas atividades do Sisnad;
A Lei de Drogas contém tipos penais em branco e a lista das substâncias IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que
capazes de causar dependência encontra-se na Portaria MS/SVS nº 344, reconheça a interdependência e a natureza complementar
de 12 de maio de 1998 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e
(Anvisa). reinserção social de usuários e dependentes de drogas,
repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de
Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional, drogas;
as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a X - a observância do equilíbrio entre as atividades de
exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de
extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
autorização legal ou regulamentar, bem como o que produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a
estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, garantir a estabilidade e o bem-estar social;
sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de XI - a observância às orientações e normas
plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. emanadas do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.

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Art. 5o O Sisnad tem os seguintes objetivos: XIV - estabelecer uma política nacional de controle de
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, fronteiras, visando a coibir o ingresso de drogas no
visando a torná-lo menos vulnerável a assumir País. (2019)
comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, seu
tráfico ilícito e outros comportamentos correlacionados; Art. 8º-B. (VETADO). (2019)
II - promover a construção e a socialização do Art. 8º-C. (VETADO). (2019)
conhecimento sobre drogas no país;
III - promover a integração entre as políticas de CAPÍTULO II-A
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de (2019)
usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua DA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS SOBRE
produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas DROGAS
públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União, Seção I
Distrito Federal, Estados e Municípios; (2019)
IV - assegurar as condições para a coordenação, a Do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas
integração e a articulação das atividades de que trata o art. Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de
3o desta Lei. Políticas sobre Drogas, dentre outros: (2019)
I - promover a interdisciplinaridade e integração dos
CAPÍTULO II programas, ações, atividades e projetos dos órgãos e
(2019)
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS entidades públicas e privadas nas áreas de saúde, educação,
SOBRE DROGAS trabalho, assistência social, previdência social, habitação,
Seção I cultura, desporto e lazer, visando à prevenção do uso de
(2019) drogas, atenção e reinserção social dos usuários ou
Da Composição do Sistema Nacional de Políticas dependentes de drogas; (2019)
Públicas sobre Drogas II - viabilizar a ampla participação social na
Art. 6º (VETADO) formulação, implementação e avaliação das políticas sobre
drogas; (2019)
III - priorizar programas, ações, atividades e projetos
Art. 7º A organização do Sisnad assegura a
articulados com os estabelecimentos de ensino, com a
orientação central e a execução descentralizada das
sociedade e com a família para a prevenção do uso de
atividades realizadas em seu âmbito, nas esferas federal,
drogas; (2019)
distrital, estadual e municipal e se constitui matéria
IV - ampliar as alternativas de inserção social e
definida no regulamento desta Lei.
econômica do usuário ou dependente de drogas,
promovendo programas que priorizem a melhoria de sua
Art. 7º-A. (VETADO). (2019)
escolarização e a qualificação profissional; (2019)
Art. 8º (VETADO)
V - promover o acesso do usuário ou dependente de
drogas a todos os serviços públicos; (2019)
Seção II VI - estabelecer diretrizes para garantir a efetividade
(2019)
dos programas, ações e projetos das políticas sobre drogas;
Das Competências (2019)
Art. 8º-A. Compete à União: (2019) VII - fomentar a criação de serviço de atendimento
I - formular e coordenar a execução da Política telefônico com orientações e informações para apoio aos
Nacional sobre Drogas; (2019) usuários ou dependentes de drogas; (2019)
II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre VIII - articular programas, ações e projetos de
Drogas, em parceria com Estados, Distrito Federal, incentivo ao emprego, renda e capacitação para o trabalho,
Municípios e a sociedade; (2019) com objetivo de promover a inserção profissional da pessoa
III - coordenar o Sisnad; (2019) que haja cumprido o plano individual de atendimento nas
IV - estabelecer diretrizes sobre a organização e fases de tratamento ou acolhimento; (2019)
funcionamento do Sisnad e suas normas de referência; (2019) IX - promover formas coletivas de organização para o
V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas, trabalho, redes de economia solidária e o cooperativismo,
prioridades, indicadores e definir formas de financiamento e como forma de promover autonomia ao usuário ou
gestão das políticas sobre drogas; (2019) dependente de drogas egresso de tratamento ou
VI – (VETADO); (2019) acolhimento, observando-se as especificidades regionais;
VII – (VETADO); (2019) (2019)
VIII - promover a integração das políticas sobre X - propor a formulação de políticas públicas que
drogas com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; conduzam à efetivação das diretrizes e princípios previstos
(2019) no art. 22; (2019)
IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e XI - articular as instâncias de saúde, assistência
Municípios, a execução das políticas sobre drogas, social e de justiça no enfrentamento ao abuso de drogas;
observadas as obrigações dos integrantes do Sisnad; (2019) e (2019)
X - estabelecer formas de colaboração com Estados, XII - promover estudos e avaliação dos resultados das
Distrito Federal e Municípios para a execução das políticas políticas sobre drogas. (2019)
sobre drogas; (2019) § 1º O plano de que trata o caput terá duração de 5
XI - garantir publicidade de dados e informações (cinco) anos a contar de sua aprovação.
sobre repasses de recursos para financiamento das políticas § 2º O poder público deverá dar a mais ampla
sobre drogas; (2019) divulgação ao conteúdo do Plano Nacional de Políticas
XII - sistematizar e divulgar os dados estatísticos sobre Drogas.
nacionais de prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção
social e econômica e repressão ao tráfico ilícito de Seção II
drogas; (2019) (2019)
XIII - adotar medidas de enfretamento aos crimes Dos Conselhos de Políticas sobre Drogas
transfronteiriços; e (2019) Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre drogas,
constituídos por Estados, Distrito Federal e Municípios, terão
os seguintes objetivos: (2019)

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287
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I - auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas; I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como
(2019) fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na
II - colaborar com os órgãos governamentais no sua relação com a comunidade à qual pertence;
planejamento e na execução das políticas sobre drogas, II - a adoção de conceitos objetivos e de
visando à efetividade das políticas sobre drogas; (2019) fundamentação científica como forma de orientar as ações
III - propor a celebração de instrumentos de dos serviços públicos comunitários e privados e de evitar
cooperação, visando à elaboração de programas, ações, preconceitos e estigmatização das pessoas e dos serviços
atividades e projetos voltados à prevenção, tratamento, que as atendam;
acolhimento, reinserção social e econômica e repressão ao III - o fortalecimento da autonomia e da
tráfico ilícito de drogas; (2019) responsabilidade individual em relação ao uso indevido de
IV - promover a realização de estudos, com o objetivo drogas;
de subsidiar o planejamento das políticas sobre drogas; (2019) IV - o compartilhamento de responsabilidades e a
V - propor políticas públicas que permitam a colaboração mútua com as instituições do setor privado e
integração e a participação do usuário ou dependente de com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e
drogas no processo social, econômico, político e cultural no dependentes de drogas e respectivos familiares, por meio do
respectivo ente federado; e (2019) estabelecimento de parcerias;
VI - desenvolver outras atividades relacionadas às V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas
políticas sobre drogas em consonância com o Sisnad e com e adequadas às especificidades socioculturais das diversas
os respectivos planos. (2019) populações, bem como das diferentes drogas utilizadas;
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento
Seção III do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis
(2019) das atividades de natureza preventiva, quando da definição
Dos Membros dos Conselhos de Políticas sobre Drogas dos objetivos a serem alcançados;
Art. 8º-F. (VETADO). (2019) VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais
vulneráveis da população, levando em consideração as suas
CAPÍTULO IV necessidades específicas;
(VETADO) VIII - a articulação entre os serviços e organizações
Art. 9º (VETADO) que atuam em atividades de prevenção do uso indevido de
Art. 10. (VETADO) drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes de
Art. 11. (VETADO) drogas e respectivos familiares;
Art. 12. (VETADO) IX - o investimento em alternativas esportivas,
Art. 13. (VETADO) culturais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma
Art. 14. (VETADO) de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida;
X - o estabelecimento de políticas de formação
CAPÍTULO IV continuada na área da prevenção do uso indevido de drogas
(2019) para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de
DO ACOMPANHAMENTO E DA AVALIAÇÃO DAS ensino;
POLÍTICAS SOBRE DROGAS XI - a implantação de projetos pedagógicos de
Art. 15. (VETADO) prevenção do uso indevido de drogas, nas instituições de
ensino público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares
Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas;
atenção à saúde e da assistência social que atendam XII - a observância das orientações e normas
usuários ou dependentes de drogas devem comunicar ao emanadas do Conad;
órgão competente do respectivo sistema municipal de saúde XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de
os casos atendidos e os óbitos ocorridos, preservando a controle social de políticas setoriais específicas.
identidade das pessoas, conforme orientações emanadas da Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso
União. indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente
deverão estar em consonância com as diretrizes emanadas
Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
repressão ao tráfico ilícito de drogas integrarão sistema de Adolescente - Conanda.
informações do Poder Executivo.
Seção II
(2019)
TÍTULO III Da Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de
ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E Políticas sobre Drogas, comemorada anualmente, na quarta
DEPENDENTES DE DROGAS semana de junho. (2019)
CAPÍTULO I § 1º No período de que trata o caput, serão
DA PREVENÇÃO intensificadas as ações de: (2019)
Seção I I - difusão de informações sobre os problemas
(2019)
Das Diretrizes decorrentes do uso de drogas; (2019)
II - promoção de eventos para o debate público sobre
Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso as políticas sobre drogas; (2019)
indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas III - difusão de boas práticas de prevenção,
direcionadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e tratamento, acolhimento e reinserção social e econômica de
risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de usuários de drogas; (2019)
proteção. IV - divulgação de iniciativas, ações e campanhas de
prevenção do uso indevido de drogas; (2019)
Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido V - mobilização da comunidade para a participação
de drogas devem observar os seguintes princípios e nas ações de prevenção e enfrentamento às drogas; (2019)
diretrizes: VI - mobilização dos sistemas de ensino previstos
na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de

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Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na realização de (2019)


atividades de prevenção ao uso de drogas. (2019) Do Tratamento do Usuário ou Dependente de Drogas
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos
CAPÍTULO II Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão
DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE REINSERÇÃO programas de atenção ao usuário e ao dependente de
SOCIAL DE USUÁRIOS O U DEPENDENTES DE DROGAS drogas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os
CAPÍTULO II princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a
(2019) previsão orçamentária adequada.
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, TRATAMENTO,
ACOLHIMENTO E DE REINSERÇÃO SOCIAL E
Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente
ECONÔMICA DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE
de drogas deverá ser ordenado em uma rede de atenção à
DROGAS
saúde, com prioridade para as modalidades de tratamento
Seção I
(2019)
ambulatorial, incluindo excepcionalmente formas de
Disposições Gerais internação em unidades de saúde e hospitais gerais nos
termos de normas dispostas pela União e articuladas com os
Art. 20. Constituem atividades de atenção ao serviços de assistência social e em etapas que
usuário e dependente de drogas e respectivos familiares, permitam: (2019)
para efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria da I - articular a atenção com ações preventivas que
qualidade de vida e à redução dos riscos e dos danos atinjam toda a população; (2019)
associados ao uso de drogas. II - orientar-se por protocolos técnicos predefinidos,
baseados em evidências científicas, oferecendo atendimento
Art. 21. Constituem atividades de reinserção social individualizado ao usuário ou dependente de drogas com
do usuário ou do dependente de drogas e respectivos abordagem preventiva e, sempre que indicado,
familiares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para ambulatorial; (2019)
sua integração ou reintegração em redes sociais. III - preparar para a reinserção social e econômica,
respeitando as habilidades e projetos individuais por meio de
Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção programas que articulem educação, capacitação para o
social do usuário e do dependente de drogas e respectivos trabalho, esporte, cultura e acompanhamento individualizado;
familiares devem observar os seguintes princípios e e (2019)
diretrizes: IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, Sisnad, de forma articulada. (2019)
independentemente de quaisquer condições, observados os § 1º Caberá à União dispor sobre os protocolos
direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e técnicos de tratamento, em âmbito nacional. (2019)
diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional § 2º A internação de dependentes de drogas
de Assistência Social; somente será realizada em unidades de saúde ou hospitais
II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção gerais, dotados de equipes multidisciplinares e deverá ser
e reinserção social do usuário e do dependente de drogas e obrigatoriamente autorizada por médico devidamente
respectivos familiares que considerem as suas peculiaridades registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do
socioculturais; Estado onde se localize o estabelecimento no qual se dará a
III - definição de projeto terapêutico individualizado, internação. (2019)
orientado para a inclusão social e para a redução de riscos e § 3º São considerados 2 (dois) tipos de
de danos sociais e à saúde; internação: (2019)
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e I - internação voluntária: aquela que se dá com o
aos respectivos familiares, sempre que possível, de forma consentimento do dependente de drogas; (2019)
multidisciplinar e por equipes multiprofissionais; II - internação involuntária: aquela que se dá, sem o
V - observância das orientações e normas emanadas consentimento do dependente, a pedido de familiar ou do
do Conad; responsável legal ou, na absoluta falta deste, de servidor
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de público da área de saúde, da assistência social ou dos
controle social de políticas setoriais específicas. órgãos públicos integrantes do Sisnad, com exceção de
VII - estímulo à capacitação técnica e servidores da área de segurança pública, que constate a
profissional; (2019) existência de motivos que justifiquem a medida. (2019)
VIII - efetivação de políticas de reinserção social § 4º A internação voluntária: (2019)
voltadas à educação continuada e ao trabalho; (2019) I - deverá ser precedida de declaração escrita da
IX - observância do plano individual de atendimento pessoa solicitante de que optou por este regime de
na forma do art. 23-B desta Lei; (2019) tratamento; (2019)
X - orientação adequada ao usuário ou dependente II - seu término dar-se-á por determinação do médico
de drogas quanto às consequências lesivas do uso de responsável ou por solicitação escrita da pessoa que deseja
drogas, ainda que ocasional. (2019) interromper o tratamento. (2019)
Seção II § 5º A internação involuntária: (2019)
(2019) I - deve ser realizada após a formalização da decisão
Da Educação na Reinserção Social e Econômica por médico responsável; (2019)
Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de
integrantes do Sisnad terão atendimento nos programas de droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese comprovada
educação profissional e tecnológica, educação de jovens e da impossibilidade de utilização de outras alternativas
adultos e alfabetização. (2019) terapêuticas previstas na rede de atenção à saúde; (2019)
III - perdurará apenas pelo tempo necessário à
Seção III desintoxicação, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, tendo
(2019)
seu término determinado pelo médico responsável; (2019)
Do Trabalho na Reinserção Social e Econômica
IV - a família ou o representante legal poderá, a
Art. 22-B. (VETADO).
qualquer tempo, requerer ao médico a interrupção do
tratamento. (2019)
Seção IV

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§ 6º A internação, em qualquer de suas privadas que desenvolverem programas de reinserção no


modalidades, só será indicada quando os recursos extra- mercado de trabalho, do usuário e do dependente de drogas
hospitalares se mostrarem insuficientes. (2019) encaminhados por órgão oficial.
§ 7º Todas as internações e altas de que trata esta
Lei deverão ser informadas, em, no máximo, de 72 (setenta Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins
e duas) horas, ao Ministério Público, à Defensoria Pública lucrativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da
e a outros órgãos de fiscalização, por meio de sistema assistência social, que atendam usuários ou dependentes de
informatizado único, na forma do regulamento desta Lei. drogas poderão receber recursos do Funad, condicionados à
(2019) sua disponibilidade orçamentária e financeira.
§ 8º É garantido o sigilo das informações disponíveis
no sistema referido no § 7º e o acesso será permitido apenas Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que,
às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena de em razão da prática de infração penal, estiverem cumprindo
responsabilidade. (2019) pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de
§ 9º É vedada a realização de qualquer modalidade segurança, têm garantidos os serviços de atenção à sua
de internação nas comunidades terapêuticas saúde, definidos pelo respectivo sistema penitenciário.
acolhedoras. (2019)
§ 10. O planejamento e a execução do projeto Seção VI
terapêutico individual deverão observar, no que couber, o (2019)
previsto na Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe Do Acolhimento em Comunidade Terapêutica
sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de Acolhedora
transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente
saúde mental. (2019) de drogas na comunidade terapêutica acolhedora
caracteriza-se por: (2019)
Seção V I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou
(2019)
dependente de drogas que visam à abstinência; (2019)
Do Plano Individual de Atendimento II - adesão e permanência voluntária, formalizadas
Art. 23-B. O atendimento ao usuário ou dependente por escrito, entendida como uma etapa transitória para a
de drogas na rede de atenção à saúde dependerá de: (2019) reinserção social e econômica do usuário ou dependente de
I - avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar drogas; (2019)
e multissetorial; e (2019) III - ambiente residencial, propício à formação de
II - elaboração de um Plano Individual de Atendimento vínculos, com a convivência entre os pares, atividades
- PIA. (2019) práticas de valor educativo e a promoção do desenvolvimento
§ 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará pessoal, vocacionada para acolhimento ao usuário ou
a elaboração e execução do projeto terapêutico individual a dependente de drogas em vulnerabilidade social; (2019)
ser adotado, levantando no mínimo: (2019) IV - avaliação médica prévia; (2019)
I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e (2019) V - elaboração de plano individual de atendimento na
II - o risco à saúde física e mental do usuário ou forma do art. 23-B desta Lei; e (2019)
dependente de drogas ou das pessoas com as quais VI - vedação de isolamento físico do usuário ou
convive. (2019) dependente de drogas. (2019)
§ 2º (VETADO). (2019) § 1º Não são elegíveis para o acolhimento as
§ 3º O PIA deverá contemplar a participação dos pessoas com comprometimentos biológicos e psicológicos de
familiares ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir natureza grave que mereçam atenção médico-hospitalar
com o processo, sendo esses, no caso de crianças e contínua ou de emergência, caso em que deverão ser
adolescentes, passíveis de responsabilização civil, encaminhadas à rede de saúde. (2019)
administrativa e criminal, nos termos da Lei nº 8.069, de 13 § 2º (VETADO). (2019)
de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do § 3º (VETADO). (2019)
Adolescente. (2019) § 4º (VETADO). (2019)
§ 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a § 5º (VETADO). (2019)
responsabilidade da equipe técnica do primeiro projeto
terapêutico que atender o usuário ou dependente de drogas e
será atualizado ao longo das diversas fases do atendimento. CAPÍTULO III
(2019) DOS CRIMES E DAS PENAS
§ 5º Constarão do plano individual, no mínimo: (2019) Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão
I - os resultados da avaliação multidisciplinar; (2019) ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
II - os objetivos declarados pelo atendido; (2019) substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e
III - a previsão de suas atividades de integração social o defensor.
ou capacitação profissional; (2019)
IV - atividades de integração e apoio à família; (2019) Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
V - formas de participação da família para efetivo transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
cumprimento do plano individual; (2019) drogas sem autorização ou em desacordo com determinação
VI - designação do projeto terapêutico mais adequado legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
para o cumprimento do previsto no plano; e (2019) Para o STF, o art. 28 da Lei de Drogas despenalizou a posse de drogas
VII - as medidas específicas de atenção à saúde do para uso pessoal, mas as condutas previstas nesse dispositivo não
atendido. (2019) deixaram de ser tipificadas como crime. Cumpre observar que também
não há cabimento de penas privativas de liberdade aos usuários que
§ 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) utilizam drogas apenas para consumo pessoal.
dias da data do ingresso no atendimento. (2019)
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
§ 7º As informações produzidas na avaliação e as
II - prestação de serviços à comunidade;
registradas no plano individual de atendimento são
III - medida educativa de comparecimento a
consideradas sigilosas. (2019)
programa ou curso educativo.
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas
Municípios poderão conceder benefícios às instituições destinadas à preparação de pequena quantidade de

ID:
290
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substância ou produto capaz de causar dependência física ou dispensada a autorização prévia do órgão próprio do Sistema
psíquica. Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a § 4o As glebas cultivadas com plantações ilícitas
consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade serão expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da
da substância apreendida, ao local e às condições em que se Constituição Federal, de acordo com a legislação em vigor.
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais,
bem como à conduta e aos antecedentes do agente. CAPÍTULO II
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput DOS CRIMES
deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco)
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,
meses.
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer,
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas
ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
prazo máximo de 10 (dez) meses.
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
cumprida em programas comunitários, entidades
Trata-se de um tipo penal misto alternativo, ou seja, a prática de mais
educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos de uma das condutas previstas não implicará concurso de crimes. A
congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se tipificação das referidas condutas independe de lucro.
ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da
recuperação de usuários e dependentes de drogas. DIREITO PENAL. CONSUMAÇÃO DO CRIME DE TRÁFICO DE
DROGAS NA MODALIDADE ADQUIRIR.
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas
A conduta consistente em negociar por telefone a aquisição de droga e
educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a também disponibilizar o veículo que seria utilizado para o transporte do
que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz entorpecente configura o crime de tráfico de drogas em sua forma
submetê-lo, sucessivamente a: consumada - e não tentada -, ainda que a polícia, com base em indícios
I - admoestação verbal; obtidos por interceptações telefônicas, tenha efetivado a apreensão do
material entorpecente antes que o investigado efetivamente o recebesse.
II - multa. (HC 212.528-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 1º/9/2015, DJe
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque 23/9/2015).
à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e
saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
especializado. dias-multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
refere o inciso II do § 6o do art. 28, o juiz, atendendo à vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,
reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente,
em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a sem autorização ou em desacordo com determinação legal
100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico
capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos destinado à preparação de drogas;
até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo. II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização
Parágrafo único. Os valores decorrentes da ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar,
imposição da multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão de plantas que se constituam em matéria-prima para a
creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas. preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
a execução das penas, observado, no tocante à interrupção vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que
do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
Penal. determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de
drogas.
TÍTULO IV IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima,
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA insumo ou produto químico destinado à preparação de
E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS drogas, sem autorização ou em desacordo com a
CAPÍTULO I determinação legal ou regulamentar, a agente policial
DISPOSIÇÕES GERAIS disfarçado, quando presentes elementos probatórios
Art. 31. É indispensável a licença prévia da razoáveis de conduta criminal preexistente. (2019)
autoridade competente para produzir, extrair, fabricar, § 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso
transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, indevido de droga:
exportar, reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PEDIDO DE
vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, INTERPRETAÇÃ̧ O CONFORME A CONSTITUIÇÃO” DO § 2º DO ART.
33 DA LEI N. 11.343/2006, CRIMINALIZADOR DAS CONDUTAS DE
drogas ou matéria-prima destinada à sua preparação, “INDUZIR, INSTIGAR OU AUXILIAR ALGUÉM AO USO INDEVIDO DE
observadas as demais exigências legais. DROGA”.
1. Cabível o pedido de “interpretação conforme a Constituição” de preceito
legal portador de mais de um sentido, dando-se que ao menos um deles é
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente contrário a Constituição Federal.
destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, 2. A utilização do § 3º do art. 33 da Lei 11.343/2006 como fundamento
que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de para a proibição judicial de eventos públicos de defesa da legalização ou
tudo lavrando auto de levantamento das condições da descriminalização do uso de entorpecentes ofende o direito
encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as fundamental de reunião, expressamente outorgado pelo inciso XVI do art.
5º da Carta Magna. Regular exercício das liberdades constitucionais de
medidas necessárias para a preservação da prova. manifestação de pensamento e expressão, em sentido lato, além do direito
§ 1o (Revogado) de acesso à informação (incisos IV, IX e XIV do art. 5º da Constituição
§ 2o (Revogado). Republicana, respectivamente).
3. Nenhuma lei, seja ela civil ou penal, pode blindar-se contra a
§ 3o Em caso de ser utilizada a queimada para discussão do seu próprio conteúdo. Nem mesmo a Constituição está a
destruir a plantação, observar-se-á, além das cautelas salvo da ampla, livre e aberta discussão dos seus defeitos e das suas
necessárias à proteção ao meio ambiente, o disposto virtudes, desde que sejam obedecidas as condicionantes ao direito
no Decreto no2.661, de 8 de julho de 1998, no que couber,

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constitucional de reunião, tal como a prévia comunicação às autoridades É́ possível o reconhecimento do tráfico privilegiado ao agente
competentes. transportador de drogas, na qualidade de "mula", uma vez que a simples
4. Impossibilidade de restrição ao direito fundamental de reunião que não atuação nessa condição não induz, automaticamente, ̀ conclusão de que
se contenha nas duas situações excepcionais que a própria Constituição ele seja integrante de organização criminosa.
prevê: o estado de defesa e o estado de sítio (art. 136, § 1º, inciso I, alínea HC 387.077-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, por unanimidade,
julgado em 6/4/2017, DJe 17/4/2017. Informativo STJ 602.
“a”, e art. 139, inciso IV).
5. Ação direta julgada procedente para dar ao § 2o do art. 33 da Lei
11.343/2006 “interpretação conforme a Constituição” e dele excluir Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar,
qualquer significado que enseje a proibição de manifestações e debates
públicos acerca da descriminalização ou legalização do uso de drogas ou
oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir,
de qualquer substância que leve o ser humano ao entorpecimento guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário,
episódico, ou então viciado, das suas faculdades psicofísicas. aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à
ADI 4274-DF, Rel. Min. Ayres Britto, j. 23.11.2011, DJe 02.05.2012.
fabricação, preparação, produção ou transformação de
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação
100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. legal ou regulamentar:
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e
de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-
consumirem: multa.
• Crime de uso compartilhado, ou tráfico de menor
potencial ofensivo. Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes
pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos)
artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois dias-multa.
terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do
se dedique às atividades criminosas nem integre organização crime definido no art. 36 desta Lei.
criminosa.
• Tráfico privilegiado Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer
O STF declarou inconstitucional a vedação da conversão da pena dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta
privativa de liberdade em penas restritivas de direitos por ofensa ao Lei:
princípio da individualização da pena. Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e
Habeas Corpus nº 97.256/RS
----------------------------------------------------------------------------------------------------
pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil)
O tráfico privilegiado não deve ser mais considerado crime hediondo. dias-multa.
----------------------------------------------------------------------------------------------------
PARTICIPAÇÃO EM ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E QUANTIDADE DE Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo,
DROGAS. organização ou associação destinados à prática de qualquer
A Segunda Turma, por unanimidade, deu parcial provimento a recurso
ordinário em “habeas corpus” para reconhecer a incidência da causa de dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta
diminuição da pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006 e Lei:
determinar que o juízo “a quo”, após definir o patamar de redução, Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
recalcule a pena e proceda ao reexame do regime inicial do cumprimento pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
da sanção e da substituição da pena privativa de liberdade por sanções
restritivas de direitos, se preenchidos os requisitos do art. 44 do Código
Penal. Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente,
No caso, a paciente foi condenada à pena de cinco anos de reclusão, em drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em
regime inicial fechado, e ao pagamento de quinhentos dias-multa, pela doses excessivas ou em desacordo com determinação legal
prática do crime previsto no art. 33, “caput”, da Lei 11.343/2006. ou regulamentar:
A defesa alegou que o não reconhecimento da minorante prevista no § 4º
do art. 33 da Lei de Drogas, pelas instâncias ordinárias, baseou-se Esse é o único crime culposo na Lei de Drogas.
unicamente na quantidade da droga apreendida.
O Colegiado assentou que a grande quantidade de entorpecente, apesar
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
de não ter sido o único fundamento apontado para afastar a aplicação do pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
redutor do art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006, foi isoladamente utilizada Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao
como elemento para presumir-se a participação da paciente em uma Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o
organização criminosa e, assim, negar-lhe o direito à minorante. agente.
Ressaltou que, conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
quantidade de drogas não pode automaticamente levar ao entendimento
de que a paciente faria do tráfico seu meio de Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o
vida ou integraria uma organização criminosa. Ademais, observou que a consumo de drogas, expondo a dano potencial a
paciente foi absolvida da acusação do delito de associação para o tráfico, incolumidade de outrem:
tipificado no art. 35 da Lei 11.343/2006, por ausência de provas.
Dessa forma, a Turma considerou ser patente a contradição entre os Caso a condução seja de veículo automotor, a conduta será tipificada no
fundamentos usados para absolvê-la da acusação de prática do art. 306 da Lei nº 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro).
mencionado delito e os utilizados para negar-lhe o direito à minorante no Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
ponto referente à participação em organização criminosa.
RHC 138715/MS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 23.05.2017. além da apreensão do veículo, cassação da habilitação
---------------------------------------------------------------------------------------------------- respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da
CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA. ART. 33, § 4o, DA LEI 11.343/06. pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200
DEDICAÇÃO À ATIVIDADE CRIMINOSA. UTILIZAÇÃO DE
INQUÉRITOS E/OU AÇÕES PENAIS. POSSIBILIDADE.
(duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.
É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso Parágrafo único. As penas de prisão e multa,
para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades aplicadas cumulativamente com as demais, serão de 4
criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no artigo 33, § 4o, (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600
da Lei 11.343/06. (seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput deste
EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, por maioria,
julgado em 14/12/2016, DJe 1/2/2017. Informativo STJ 596. artigo for de transporte coletivo de passageiros.
----------------------------------------------------------------------------------------------------
TRÁFICO DE DROGAS. DOSIMETRIA DA PENA. CAUSA DE
DIMINUIÇÃO DO ART. 33, § 4°, DA LEI N. 11.343/2006. AGENTE NA Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta
CONDIÇ̃ O DE “MULA”. AUSÊNCIA DE PROVA DE QUE INTEGRA Lei são aumentadas de 1/6 a 2/3 (um sexto a dois terços),
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. se:

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I - a natureza, a procedência da substância ou do


produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da
a transnacionalidade do delito; dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da
função pública ou no desempenho de missão de educação, omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada,
poder familiar, guarda ou vigilância; inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
III - a infração tiver sido cometida nas dependências de determinar-se de acordo com esse entendimento.
ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino Parágrafo único. Quando absolver o agente,
ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à
culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no
de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o
espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de seu encaminhamento para tratamento médico adequado.
serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de
reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em Art. 46. As penas podem ser reduzidas de 1/3 a 2/3
transportes públicos; (um terço a dois terços) se, por força das circunstâncias
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
intimidação difusa ou coletiva; entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
V - caracterizado o tráfico entre Estados da acordo com esse entendimento.
Federação ou entre estes e o Distrito Federal;
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base
adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, em avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento
diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e do agente para tratamento, realizada por profissional de
determinação; saúde com competência específica na forma da lei,
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. determinará que a tal se proceda, observado o disposto no
STJ: Súmula 528 - Compete ao juiz federal do local da apreensão da art. 26 desta Lei.
droga remetida do exterior pela via postal processar e julgar o crime de
tráfico internacional. Terceira Seção, aprovada em 13/5/2015, DJe
18/5/2015. CAPÍTULO III
STJ: Súmula 607 - A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, DO PROCEDIMENTO PENAL
I, da Lei 11.343/06) se configura com a prova da destinação internacional Art. 48. O procedimento relativo aos processos por
das drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras.
STJ: Súmula 587 - Para a incidência da majorante prevista no artigo 40,
crimes definidos neste Título rege-se pelo disposto neste
V, da Lei 11.343/06, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do
entre estados da federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal.
da intenção de realizar o tráfico interestadual. § 1o O agente de qualquer das condutas previstas no
art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e
voluntariamente com a investigação policial e o processo julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei no 9.099, de
criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados
do crime e na recuperação total ou parcial do produto do Especiais Criminais.
crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de 1/3 a § 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta
2/3 (um terço a dois terços). Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do
• Instituto da Delação Premiada
fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou,
na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer,
lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, requisições dos exames e perícias necessários.
com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código § 3o Se ausente a autoridade judicial, as providências
Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do previstas no § 2o deste artigo serão tomadas de imediato pela
produto, a personalidade e a conduta social do agente. autoridade policial, no local em que se encontrar, vedada a
detenção do agente.
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. § 4o Concluídos os procedimentos de que trata o §
33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 o
2 deste artigo, o agente será submetido a exame de corpo
desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo a de delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia
cada um, segundo as condições econômicas dos acusados, judiciária entender conveniente, e em seguida liberado.
valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) § 5o Para os fins do disposto no art. 76 da Lei
vezes o maior salário-mínimo. no 9.099, de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais
Parágrafo único. As multas, que em caso de Criminais, o Ministério Público poderá propor a aplicação
concurso de crimes serão impostas sempre cumulativamente, imediata de pena prevista no art. 28 desta Lei, a ser
podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da especificada na proposta.
situação econômica do acusado, considerá-las o juiz
ineficazes, ainda que aplicadas no máximo. Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts.
33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § circunstâncias o recomendem, empregará os instrumentos
1o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de protetivos de colaboradores e testemunhas previstos na Lei
sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada no 9.807, de 13 de julho de 1999.
a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
O STF atestou a inconstitucionalidade da proibição da concessão de
liberdade provisória ao acusado de crimes relacionados ao tráfico de
Seção I
drogas (Informativo nº 665). Da Investigação
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade
artigo, dar-se-á o livramento condicional após o de polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao
cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do
ao reincidente específico.

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qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar
(vinte e quatro) horas. maior número de integrantes de operações de tráfico e
§ 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.
flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo,
suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade a autorização será concedida desde que sejam conhecidos o
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou
pessoa idônea. de colaboradores.
§ 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere o Seção II
§ 1o deste artigo não ficará impedido de participar da Da Instrução Criminal
elaboração do laudo definitivo.
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito
§ 3o Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, policial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de
o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade informação, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no
formal do laudo de constatação e determinará a destruição prazo de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes
das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária providências:
à realização do laudo definitivo. I - requerer o arquivamento;
§ 4o A destruição das drogas será executada pelo II - requisitar as diligências que entender
delegado de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias necessárias;
na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária. III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco)
§ 5o O local será vistoriado antes e depois de testemunhas e requerer as demais provas que entender
efetivada a destruição das drogas referida no § 3o, sendo pertinentes.
lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia,
certificando-se neste a destruição total delas. Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a
notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por
Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas sem escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
a ocorrência de prisão em flagrante será feita por § 1o Na resposta, consistente em defesa preliminar e
incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados exceções, o acusado poderá arguir preliminares e invocar
da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à todas as razões de defesa, oferecer documentos e
realização do laudo definitivo. (2019) justificações, especificar as provas que pretende produzir e,
até o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas.
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo § 2o As exceções serão processadas em apartado,
de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 nos termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei no 3.689, de 3
(noventa) dias, quando solto. de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este § 3o Se a resposta não for apresentada no prazo, o
artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério juiz nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias,
Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia concedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.
judiciária. § 4o Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5
(cinco) dias.
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 § 5o Se entender imprescindível, o juiz, no prazo
desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os máximo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação do
autos do inquérito ao juízo: preso, realização de diligências, exames e perícias.
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato,
justificando as razões que a levaram à classificação do delito, Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e
indicando a quantidade e natureza da substância ou do hora para a audiência de instrução e julgamento, ordenará a
produto apreendido, o local e as condições em que se citação pessoal do acusado, a intimação do Ministério
desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos
conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou periciais.
II - requererá sua devolução para a realização de § 1o Tratando-se de condutas tipificadas como
diligências necessárias. infração do disposto nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem desta Lei, o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o
prejuízo de diligências complementares: afastamento cautelar do denunciado de suas atividades, se
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, for funcionário público, comunicando ao órgão respectivo.
cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente § 2o A audiência a que se refere o caput deste artigo
até 3 (três) dias antes da audiência de instrução e será realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao
julgamento; recebimento da denúncia, salvo se determinada a realização
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos de avaliação para atestar dependência de drogas, quando se
e valores de que seja titular o agente, ou que figurem em seu realizará em 90 (noventa) dias.
nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo
competente até 3 (três) dias antes da audiência de instrução Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após
e julgamento. o interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas,
será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal Ministério Público e ao defensor do acusado, para
relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para
dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz.
o Ministério Público, os seguintes procedimentos Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o
investigatórios: juiz indagará das partes se restou algum fato para ser
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o
investigação, constituída pelos órgãos especializados entender pertinente e relevante.
pertinentes;
II - a não-atuação policial sobre os portadores de Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz
drogas, seus precursores químicos ou outros produtos sentença de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias,
utilizados em sua produção, que se encontrem no território ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos.

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§ 2º A alienação será realizada em autos apartados,


Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § dos quais constará a exposição sucinta do nexo de
1o, e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem instrumentalidade entre o delito e os bens apreendidos, a
recolher-se à prisão, salvo se for primário e de bons descrição e especificação dos objetos, as informações sobre
antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória. quem os tiver sob custódia e o local em que se encontrem.
(2019)
O STF considerada inconstitucional esse dispositivo, pois restringe o
direito do réu de ter revista a decisão que o condenou. § 3º O juiz determinará a avaliação dos bens
apreendidos, que será realizada por oficial de justiça, no
prazo de 5 (cinco) dias a contar da autuação, ou, caso sejam
CAPÍTULO IV necessários conhecimentos especializados, por avaliador
DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO DE nomeado pelo juiz, em prazo não superior a 10 (dez) dias.
BENS DO ACUSADO (2019)
Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério Público § 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão gestor
ou do assistente de acusação, ou mediante representação da do Funad, o Ministério Público e o interessado para se
autoridade de polícia judiciária, poderá decretar, no curso do manifestarem no prazo de 5 (cinco) dias e, dirimidas
inquérito ou da ação penal, a apreensão e outras medidas eventuais divergências, homologará o valor atribuído aos
assecuratórias nos casos em que haja suspeita de que os bens. (2019)
bens, direitos ou valores sejam produto do crime ou § 5º (VETADO). (2019)
constituam proveito dos crimes previstos nesta Lei, § 6º (Revogado). (2019)
procedendo-se na forma dos arts. 125 e seguintes do § 7º (Revogado). (2019)
Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de § 8º (Revogado). (2019)
Processo Penal. (2019) § 9º O Ministério Público deve fiscalizar o
§ 1º (Revogado). (2019) cumprimento da regra estipulada no § 1º deste artigo. (2019)
§ 2º (Revogado). (2019) § 10. Aplica-se a todos os tipos de bens confiscados a
§ 3º Na hipótese do art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, regra estabelecida no § 1º deste artigo. (2019)
de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, o juiz § 11. Os bens móveis e imóveis devem ser
poderá determinar a prática de atos necessários à vendidos por meio de hasta pública, preferencialmente por
conservação dos bens, direitos ou valores. (2019) meio eletrônico, assegurada a venda pelo maior lance, por
§ 4º A ordem de apreensão ou sequestro de bens, preço não inferior a 50% (cinquenta por cento) do valor da
direitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o avaliação judicial. (2019)
Ministério Público, quando a sua execução imediata puder § 12. O juiz ordenará às secretarias de fazenda e aos
comprometer as investigações. (2019) órgãos de registro e controle que efetuem as averbações
necessárias, tão logo tenha conhecimento da apreensão.
(2019)
Art. 60-A. Se as medidas assecuratórias de que
§ 13. Na alienação de veículos, embarcações ou
trata o art. 60 desta Lei recaírem sobre moeda estrangeira,
aeronaves, a autoridade de trânsito ou o órgão congênere
títulos, valores mobiliários ou cheques emitidos como
competente para o registro, bem como as secretarias de
ordem de pagamento, será determinada, imediatamente, a
fazenda, devem proceder à regularização dos bens no prazo
sua conversão em moeda nacional. (2019)
de 30 (trinta) dias, ficando o arrematante isento do
§ 1º A moeda estrangeira apreendida em espécie
pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem
deve ser encaminhada a instituição financeira, ou
prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário.
equiparada, para alienação na forma prevista pelo Conselho (2019)
Monetário Nacional. (2019) § 14. Eventuais multas, encargos ou tributos
§ 2º Na hipótese de impossibilidade da alienação a pendentes de pagamento não podem ser cobrados do
que se refere o § 1º deste artigo, a moeda estrangeira será arrematante ou do órgão público alienante como condição
custodiada pela instituição financeira até decisão sobre o para regularização dos bens. (2019)
seu destino. (2019)
§ 3º Após a decisão sobre o destino da moeda § 15. Na hipótese de que trata o § 13 deste artigo, a
estrangeira a que se refere o § 2º deste artigo, caso seja autoridade de trânsito ou o órgão congênere competente
verificada a inexistência de valor de mercado, seus para o registro poderá emitir novos identificadores dos bens.
(2019)
espécimes poderão ser destruídos ou doados à
representação diplomática do país de origem. (2019) Art. 62. Comprovado o interesse público na utilização
§ 4º Os valores relativos às apreensões feitas antes de quaisquer dos bens de que trata o art. 61, os órgãos de
da data de entrada em vigor da Medida Provisória nº 885, de polícia judiciária, militar e rodoviária poderão deles fazer uso,
17 de junho de 2019, e que estejam custodiados nas sob sua responsabilidade e com o objetivo de sua
dependências do Banco Central do Brasil devem ser conservação, mediante autorização judicial, ouvido o
transferidos à Caixa Econômica Federal, no prazo de 360 Ministério Público e garantida a prévia avaliação dos
(trezentos e sessenta) dias, para que se proceda à alienação respectivos bens. (2019)
ou custódia, de acordo com o previsto nesta Lei. (2019)
§ 1º (Revogado). (2019)
§ 1º-A. O juízo deve cientificar o órgão gestor do
Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, Funad para que, em 10 (dez) dias, avalie a existência do
aeronaves e quaisquer outros meios de transporte e dos interesse público mencionado no caput deste artigo e indique
maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer o órgão que deve receber o bem. (2019)
natureza utilizados para a prática dos crimes definidos nesta § 1º-B. Têm prioridade, para os fins do § 1º-A deste
Lei será imediatamente comunicada pela autoridade de artigo, os órgãos de segurança pública que participaram das
polícia judiciária responsável pela investigação ao juízo ações de investigação ou repressão ao crime que deu causa
competente. (2019) à medida. (2019)
§ 1º O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado da
comunicação de que trata o caput, determinará a alienação § 2º A autorização judicial de uso de bens deverá
dos bens apreendidos, excetuadas as armas, que serão conter a descrição do bem e a respectiva avaliação e indicar
recolhidas na forma da legislação específica. (2019) o órgão responsável por sua utilização. (2019)
§ 3º O órgão responsável pela utilização do bem
deverá enviar ao juiz periodicamente, ou a qualquer momento

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295
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quando por este solicitado, informações sobre seu estado de § 4º Transitada em julgado a sentença condenatória,
conservação. (2019) o juiz do processo, de ofício ou a requerimento do Ministério
§ 4º Quando a autorização judicial recair sobre Público, remeterá à Senad relação dos bens, direitos e
veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à valores declarados perdidos em favor da União, indicando,
autoridade ou ao órgão de registro e controle a expedição de quanto aos bens, o local em que se encontram e a entidade
certificado provisório de registro e licenciamento em favor do ou o órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua
órgão ao qual tenha deferido o uso ou custódia, ficando este destinação nos termos da legislação vigente.
livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores § 4º-A. Antes de encaminhar os bens ao órgão gestor
à decisão de utilização do bem até o trânsito em julgado da do Funad, o juíz deve: (2019)
decisão que decretar o seu perdimento em favor da União. I – ordenar às secretarias de fazenda e aos órgãos de
(2019)
registro e controle que efetuem as averbações necessárias,
§ 5º Na hipótese de levantamento, se houver caso não tenham sido realizadas quando da apreensão; e
indicação de que os bens utilizados na forma deste artigo (2019)
sofreram depreciação superior àquela esperada em razão II – determinar, no caso de imóveis, o registro de
do transcurso do tempo e do uso, poderá o interessado propriedade em favor da União no cartório de registro de
requerer nova avaliação judicial. (2019) imóveis competente, nos termos do caput e do parágrafo
§ 6º Constatada a depreciação de que trata o § 5º, o único do art. 243 da Constituição Federal, afastada a
ente federado ou a entidade que utilizou o bem indenizará o responsabilidade de terceiros prevista no inciso VI
detentor ou proprietário dos bens. (2019) do caput do art. 134 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de
§ 7º (Revogado). (2019) 1966 (Código Tributário Nacional), bem como determinar à
§ 8º (Revogado). (2019) Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da
§ 9º (Revogado). (2019) União a incorporação e entrega do imóvel, tornando-o livre e
§ 10. (Revogado). (2019) desembaraçado de quaisquer ônus para sua destinação.
§ 11. (Revogado). (2019) (2019)
§ 5º (VETADO). (2019)
Art. 62-A. O depósito, em dinheiro, de valores § 6º Na hipótese do inciso II do caput, decorridos
referentes ao produto da alienação ou a numerários 360 (trezentos e sessenta) dias do trânsito em julgado e do
apreendidos ou que tenham sido convertidos deve ser conhecimento da sentença pelo interessado, os bens
efetuado na Caixa Econômica Federal, por meio de apreendidos, os que tenham sido objeto de medidas
documento de arrecadação destinado a essa finalidade. assecuratórias ou os valores depositados que não forem
(2019) reclamados serão revertidos ao Funad. (2019)
§ 1º Os depósitos a que se refere o caput deste artigo
devem ser transferidos, pela Caixa Econômica Federal, para Art. 63-A. Nenhum pedido de restituição será
a conta única do Tesouro Nacional, independentemente de conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado,
qualquer formalidade, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à
contado do momento da realização do depósito, onde ficarão conservação de bens, direitos ou valores. (2019)
à disposição do Funad. (2019)
§ 2º Na hipótese de absolvição do acusado em Art. 63-B. O juiz determinará a liberação total ou
decisão judicial, o valor do depósito será devolvido a ele parcial dos bens, direitos e objeto de medidas assecuratórias
pela Caixa Econômica Federal no prazo de até 3 (três) dias quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-
úteis, acrescido de juros, na forma estabelecida pelo § 4º do se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e
art. 39 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995. (2019) suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de
§ 3º Na hipótese de decretação do seu perdimento prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da
em favor da União, o valor do depósito será transformado infração penal. (2019)
em pagamento definitivo, respeitados os direitos de
eventuais lesados e de terceiros de boa-fé. (2019) Art. 63-C. Compete à Senad, do Ministério da Justiça
§ 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econômica e Segurança Pública, proceder à destinação dos bens
Federal, por decisão judicial, devem ser efetuados como apreendidos e não leiloados em caráter cautelar, cujo
anulação de receita do Funad no exercício em que ocorrer a perdimento seja decretado em favor da União, por meio das
devolução. (2019) seguintes modalidades: (2019)
§ 5º A Caixa Econômica Federal deve manter o I – alienação, mediante:
controle dos valores depositados ou devolvidos. (2019) a) licitação;
b) doação com encargo a entidades ou órgãos
Art. 63. Ao proferir a sentença, o juiz decidirá públicos, bem como a comunidades terapêuticas acolhedoras
sobre: (2019) que contribuam para o alcance das finalidades do Funad; ou
I - o perdimento do produto, bem, direito ou valor c) venda direta, observado o disposto no inciso II
apreendido ou objeto de medidas assecuratórias; e do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
II - o levantamento dos valores depositados em conta II – incorporação ao patrimônio de órgão da
remunerada e a liberação dos bens utilizados nos termos do administração pública, observadas as finalidades do Funad;
art. 62. (2019) III – destruição; ou
IV – inutilização.
§ 1º Os bens, direitos ou valores apreendidos em § 1º A alienação por meio de licitação deve ser
decorrência dos crimes tipificados nesta Lei ou objeto de realizada na modalidade leilão, para bens móveis e imóveis,
medidas assecuratórias, após decretado seu perdimento em independentemente do valor de avaliação, isolado ou global,
favor da União, serão revertidos diretamente ao Funad. de bem ou de lotes, assegurada a venda pelo maior lance,
(2019)
por preço não inferior a 50% (cinquenta por cento) do valor
§ 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do Funad
da avaliação. (2019)
relação dos bens, direitos e valores declarados perdidos,
§ 2º O edital do leilão a que se refere o § 1º deste
indicando o local em que se encontram e a entidade ou o
artigo será amplamente divulgado em jornais de grande
órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua destinação
circulação e em sítios eletrônicos oficiais, principalmente no
nos termos da legislação vigente.
Município em que será realizado, dispensada a publicação
§ 3º (Revogado). (2019) em diário oficial. (2019)

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296
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§ 3º Nas alienações realizadas por meio de sistema produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, com
eletrônico da administração pública, a publicidade dada pelo vistas na liberação de equipamentos e de recursos por ela
sistema substituirá a publicação em diário oficial e em jornais arrecadados, para a implantação e execução de programas
de grande circulação. (2019) relacionados à questão das drogas.
§ 4º Na alienação de imóveis, o arrematante fica livre
do pagamento de encargos e tributos anteriores, sem
prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário. TÍTULO V
(2019) DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
§ 5º Na alienação de veículos, embarcações ou Art. 65. De conformidade com os princípios da não-
aeronaves deverão ser observadas as disposições dos §§ 13 intervenção em assuntos internos, da igualdade jurídica e do
e 15 do art. 61 desta Lei. (2019) respeito à integridade territorial dos Estados e às leis e aos
§ 6º Aplica-se às alienações de que trata este artigo a regulamentos nacionais em vigor, e observado o espírito das
proibição relativa à cobrança de multas, encargos ou tributos Convenções das Nações Unidas e outros instrumentos
prevista no § 14 do art. 61 desta Lei. (2019) jurídicos internacionais relacionados à questão das drogas,
§ 7º A Senad, do Ministério da Justiça e Segurança de que o Brasil é parte, o governo brasileiro prestará,
Pública, pode celebrar convênios ou instrumentos quando solicitado, cooperação a outros países e
congêneres com órgãos e entidades da União, dos Estados, organismos internacionais e, quando necessário, deles
do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como com solicitará a colaboração, nas áreas de:
comunidades terapêuticas acolhedoras, a fim de dar imediato I - intercâmbio de informações sobre legislações,
cumprimento ao estabelecido neste artigo. (2019) experiências, projetos e programas voltados para
§ 8º Observados os procedimentos licitatórios atividades de prevenção do uso indevido, de atenção e de
previstos em lei, fica autorizada a contratação da iniciativa reinserção social de usuários e dependentes de drogas;
privada para a execução das ações de avaliação, de II - intercâmbio de inteligência policial sobre
administração e de alienação dos bens a que se refere esta produção e tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o
Lei. (2019) tráfico de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio de
precursores químicos;
Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiça e III - intercâmbio de informações policiais e judiciais
Segurança Pública regulamentar os procedimentos relativos sobre produtores e traficantes de drogas e seus
à administração, à preservação e à destinação dos recursos precursores químicos.
provenientes de delitos e atos ilícitos e estabelecer os valores
abaixo dos quais se deve proceder à sua destruição ou TÍTULO V-A
inutilização. (2019) (2019)

Art. 63-E. O produto da alienação dos bens DO FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS
apreendidos ou confiscados será revertido integralmente Art. 65-A. (VETADO). (2019)
ao Funad, nos termos do parágrafo único do art. 243 da
Constituição Federal, vedada a sub-rogação sobre o valor da TÍTULO VI
arrematação para saldar eventuais multas, encargos ou DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
tributos pendentes de pagamento. (2019) Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo art. 1o desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da
não prejudica o ajuizamento de execução fiscal em relação lista mencionada no preceito, denominam-se drogas
aos antigos devedores. (2019) substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e
outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS no 344, de
Art. 63-F. Na hipótese de condenação por infrações 12 de maio de 1998.
às quais esta Lei comine pena máxima superior a 6 (seis)
anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei
produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à no 7.560, de 19 de dezembro de 1986, em favor de Estados e
diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele do Distrito Federal, dependerá de sua adesão e respeito às
compatível com o seu rendimento lícito. (2019) diretrizes básicas contidas nos convênios firmados e do
§ 1º A decretação da perda prevista no caput deste fornecimento de dados necessários à atualização do sistema
artigo fica condicionada à existência de elementos previsto no art. 17 desta Lei, pelas respectivas polícias
probatórios que indiquem conduta criminosa habitual, judiciárias.
reiterada ou profissional do condenado ou sua vinculação a
organização criminosa. (2019) Art. 67-A. Os gestores e entidades que recebam
§ 2º Para efeito da perda prevista no caput deste recursos públicos para execução das políticas sobre drogas
artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os deverão garantir o acesso às suas instalações, à
bens: (2019) documentação e a todos os elementos necessários à efetiva
I – de sua titularidade, ou sobre os quais tenha fiscalização pelos órgãos competentes. (2019)
domínio e benefício direto ou indireto, na data da infração
penal, ou recebidos posteriormente; e Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
II – transferidos a terceiros a título gratuito ou Municípios poderão criar estímulos fiscais e outros,
mediante contraprestação irrisória, a partir do início da destinados às pessoas físicas e jurídicas que colaborem na
atividade criminal. prevenção do uso indevido de drogas, atenção e reinserção
§ 3º O condenado poderá demonstrar a inexistência social de usuários e dependentes e na repressão da
da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas.
(2019)

Art. 69. No caso de falência ou liquidação


Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá extrajudicial de empresas ou estabelecimentos hospitalares,
firmar convênio com os Estados, com o Distrito Federal e de pesquisa, de ensino, ou congêneres, assim como nos
com organismos orientados para a prevenção do uso serviços de saúde que produzirem, venderem, adquirirem,
indevido de drogas, a atenção e a reinserção social de consumirem, prescreverem ou fornecerem drogas ou de
usuários ou dependentes e a atuação na repressão à

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297
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qualquer outro em que existam essas substâncias ou exercício de atribuições do poder público, somente no que
produtos, incumbe ao juízo perante o qual tramite o feito: disser respeito a essas atribuições.
I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou § 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos
liquidação, sejam lacradas suas instalações; de gestão comercial praticados pelos administradores de
II - ordenar à autoridade sanitária competente a empresas públicas, de sociedade de economia mista e de
urgente adoção das medidas necessárias ao recebimento e concessionárias de serviço público.
guarda, em depósito, das drogas arrecadadas; § 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado
acompanhar o feito. de segurança.
§ 1o Da licitação para alienação de substâncias ou
produtos não proscritos referidos no inciso II do caput deste Art. 2o Considerar-se-á federal a autoridade coatora
artigo, só podem participar pessoas jurídicas regularmente se as consequências de ordem patrimonial do ato contra o
habilitadas na área de saúde ou de pesquisa científica que qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela
comprovem a destinação lícita a ser dada ao produto a ser União ou entidade por ela controlada.
arrematado.
§ 2o Ressalvada a hipótese de que trata o § 3o deste Art. 3o O titular de direito líquido e certo decorrente
artigo, o produto não arrematado será, ato contínuo à hasta de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá
pública, destruído pela autoridade sanitária, na presença dos impetrar mandado de segurança a favor do direito originário,
Conselhos Estaduais sobre Drogas e do Ministério Público. se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias,
§ 3o Figurando entre o praceado e não arrematadas quando notificado judicialmente.
especialidades farmacêuticas em condições de emprego Parágrafo único. O exercício do direito previsto
terapêutico, ficarão elas depositadas sob a guarda do no caput deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23
Ministério da Saúde, que as destinará à rede pública de desta Lei, contado da notificação.
saúde.
Art. 4o Em caso de urgência, é permitido,
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes observados os requisitos legais, impetrar mandado de
previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio
transnacional, são da competência da Justiça Federal. eletrônico de autenticidade comprovada.
Parágrafo único. Os crimes praticados nos § 1o Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a
Municípios que não sejam sede de vara federal serão autoridade por telegrama, radiograma ou outro meio que
processados e julgados na vara federal da circunscrição assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência
respectiva. pela autoridade.
§ 2o O texto original da petição deverá ser
Art. 71. (VETADO) apresentado nos 5 (cinco) dias úteis seguintes.
§ 3o Para os fins deste artigo, em se tratando de
Art. 72. Encerrado o processo criminal ou documento eletrônico, serão observadas as regras da Infra-
arquivado o inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.
representação da autoridade de polícia judiciária, ou a
requerimento do Ministério Público, determinará a destruição Art. 5o Não se concederá mandado de segurança
das amostras guardadas para contraprova, certificando nos quando se tratar:
autos. (2019) I - de ato do qual caiba recurso administrativo com
efeito suspensivo, independentemente de caução;
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com II - de decisão judicial da qual caiba recurso com
os Estados e o com o Distrito Federal, visando à prevenção e efeito suspensivo;
repressão do tráfico ilícito e do uso indevido de drogas, e III - de decisão judicial transitada em julgado.
com os Municípios, com o objetivo de prevenir o uso indevido Parágrafo único. (VETADO)
delas e de possibilitar a atenção e reinserção social de
usuários e dependentes de drogas. Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os
requisitos estabelecidos pela lei processual, será
apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que
instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará,
Lei nº 12.016 / 2009 além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta
integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce
Mandado de Segurança Individual atribuições.
e Coletivo § 1o No caso em que o documento necessário à
prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará,
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em
abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer original ou em cópia autêntica e marcará, para o
violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da
funções que exerça. petição.
O mandado de segurança é uma ação constitucional, de natureza
§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa
civil e procedimento especial. Seu caráter é residual, podendo ser maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio
utilizado somente quando o direito violado não for amparado por habeas instrumento da notificação.
corpus ou habeas data. Se o direito violado puder ser protegido por esses § 3o Considera-se autoridade coatora aquela que
outros remédios constitucionais, não será cabível mandado de segurança. tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem
§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos para a sua prática.
desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e § 4o (VETADO)
os administradores de entidades autárquicas, bem como os
dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no

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298
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§ 5o Denega-se o mandado de segurança nos casos Art. 11. Feitas as notificações, o serventuário em
previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de cujo cartório corra o feito juntará aos autos cópia autêntica
1973 - Código de Processo Civil. dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de
§ 6o O pedido de mandado de segurança poderá ser representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem
renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão como a prova da entrega a estes ou da sua recusa em
denegatória não lhe houver apreciado o mérito. aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4o desta Lei, a
comprovação da remessa.
Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
I - que se notifique o coator do conteúdo da petição Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I
inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as do caput do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o representante do
cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) Ministério Público, que opinará, dentro do prazo
dias, preste as informações; improrrogável de 10 (dez) dias.
II - que se dê ciência do feito ao órgão de Parágrafo único. Com ou sem o parecer do
representação judicial da pessoa jurídica interessada, Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a
enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30
querendo, ingresse no feito; (trinta) dias.
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, STF: Súmula 701 - No mandado de segurança impetrado pelo Ministério
quando houver fundamento relevante e do ato impugnado Público contra decisão proferida em processo penal, é obrigatória a
puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente citação do réu como litisconsorte passivo.
deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança
ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em
pessoa jurídica. ofício, por intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio,
§ 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que mediante correspondência com aviso de recebimento, o
conceder ou denegar a liminar caberá agravo de inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa
instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de jurídica interessada.
janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz
§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha observar o disposto no art. 4o desta Lei.
por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega
de mercadorias e bens provenientes do exterior, a Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a mandado, cabe apelação.
concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou § 1o Concedida a segurança, a sentença estará
pagamento de qualquer natureza. sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.
§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada § 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de
ou cassada, persistirão até a prolação da sentença. recorrer.
§ 4o Deferida a medida liminar, o processo terá § 3o A sentença que conceder o mandado de
prioridade para julgamento. segurança pode ser executada provisoriamente, salvo nos
§ 5o As vedações relacionadas com a concessão de casos em que for vedada a concessão da medida liminar.
liminares previstas neste artigo se estendem à tutela § 4o O pagamento de vencimentos e vantagens
antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei pecuniárias assegurados em sentença concessiva de
no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. mandado de segurança a servidor público da administração
direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente
Art. 8o Será decretada a perempção ou caducidade será efetuado relativamente às prestações que se vencerem
da medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério a contar da data do ajuizamento da inicial.
Público quando, concedida a medida, o impetrante criar
obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica
promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as de direito público interessada ou do Ministério Público e para
diligências que lhe cumprirem. evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à
economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o
Art. 9o As autoridades administrativas, no prazo de conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão
48 (quarenta e oito) horas da notificação da medida liminar, fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa
remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5
subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão
a representação judicial da União, do Estado, do Município seguinte à sua interposição.
ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada do § 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o
mandado notificatório, assim como indicações e elementos agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo
outros necessários às providências a serem tomadas para a pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente
eventual suspensão da medida e defesa do ato apontado para conhecer de eventual recurso especial ou
como ilegal ou abusivo de poder. extraordinário.
§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que
Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por se refere o § 1o deste artigo, quando negado provimento a
decisão motivada, quando não for o caso de mandado de agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se
segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou refere este artigo.
quando decorrido o prazo legal para a impetração. § 3o A interposição de agravo de instrumento contra
§ 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro liminar concedida nas ações movidas contra o poder público
grau caberá apelação e, quando a competência para o e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento
julgamento do mandado de segurança couber do pedido de suspensão a que se refere este artigo.
originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá § 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao
agravo para o órgão competente do tribunal que integre. pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo
§ 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na
admitido após o despacho da petição inicial. concessão da medida.
§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão
ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente

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299
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do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares Art. 23. O direito de requerer mandado de
supervenientes, mediante simples aditamento do pedido segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte)
original. dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato
impugnado.
Art. 16. Nos casos de competência originária dos
tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo Art. 24. Aplicam-se ao mandado de segurança
assegurada a defesa oral na sessão do julgamento do mérito os arts. 46 a 49 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 -
ou do pedido liminar. (2018) Código de Processo Civil.
Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder
ou denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de
competente do tribunal que integre. segurança, a interposição de embargos infringentes e a
condenação ao pagamento dos honorários advocatícios,
Art. 17. Nas decisões proferidas em mandado de sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância
segurança e nos respectivos recursos, quando não de má-fé.
publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do
julgamento, o acórdão será substituído pelas respectivas Art. 26. Constitui crime de desobediência, nos
notas taquigráficas, independentemente de revisão. termos do art. 330 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940, o não cumprimento das decisões
Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em mandado de segurança, sem prejuízo das
proferidas em única instância pelos tribunais cabe recurso sanções administrativas e da aplicação da Lei no 1.079, de 10
especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e de abril de 1950, quando cabíveis.
recurso ordinário, quando a ordem for denegada.
Art. 27. Os regimentos dos tribunais e, no que
Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar couber, as leis de organização judiciária deverão ser
mandado de segurança, sem decidir o mérito, não impedirá adaptados às disposições desta Lei no prazo de 180 (cento e
que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e oitenta) dias, contado da sua publicação.
os respectivos efeitos patrimoniais.

Art. 20. Os processos de mandado de segurança e


os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos Lei nº 12.850 / 2013
judiciais, salvo habeas corpus.
§ 1o Na instância superior, deverão ser levados a Crime Organizado
julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que
forem conclusos ao relator. Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação
§ 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais
exceder de 5 (cinco) dias. correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei
no2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga
Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras
ser impetrado por partido político com representação no providências.
Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por CAPÍTULO I
organização sindical, entidade de classe ou associação DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe
1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da
totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal
forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas a ser aplicado.
finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. § 1o Considera-se organização criminosa a
Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente
mandado de segurança coletivo podem ser: ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, informalmente, com objetivo de obter, direta ou
os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a
grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
parte contrária por uma relação jurídica básica; superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
II - individuais homogêneos, assim entendidos, transnacional.
para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da § 2o Esta Lei se aplica também:
atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos I - às infrações penais previstas em tratado ou
associados ou membros do impetrante. convenção internacional quando, iniciada a execução no
País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no
Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a estrangeiro, ou reciprocamente;
sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do II - às organizações terroristas, entendidas como
grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo
§ 1o O mandado de segurança coletivo não induz legalmente definidos. (2016)
litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da Deve-se atentar para a diferença entre a Organização Criminosa e a
coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual Associação Criminosa (Prevista no art. 288 do Código Penal).
se não requerer a desistência de seu mandado de segurança A associação Criminosa é composta por 3 (três) ou mais pessoas,
com o fim específico de cometer crimes.
no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada
A organização criminosa, por sua vez, exige a participação de 4 (quatro)
da impetração da segurança coletiva. ou mais pessoas, além das seguintes características: ordenamento
§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só estrutural, divisão de tarefas, com objetivo de obter, direta ou
poderá ser concedida após a audiência do representante indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 anos ou
possuam caráter transnacional.
pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

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300
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Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e
pessoalmente ou por interposta pessoa, organização fiscal, nos termos da legislação específica;
criminosa: VII - infiltração, por policiais, em atividade de
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, investigação, na forma do art. 11;
sem prejuízo das penas correspondentes às demais VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais,
infrações penais praticadas. distritais, estaduais e municipais na busca de provas e
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de informações de interesse da investigação ou da instrução
qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal criminal.
que envolva organização criminosa. § 1o Havendo necessidade justificada de manter sigilo
§ 2o As penas aumentam-se até a metade se na sobre a capacidade investigatória, poderá ser dispensada
atuação da organização criminosa houver emprego de arma licitação para contratação de serviços técnicos
de fogo. especializados, aquisição ou locação de equipamentos
§ 3o A pena é agravada para quem exerce o destinados à polícia judiciária para o rastreamento e
comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, obtenção de provas previstas nos incisos II e V.
ainda que não pratique pessoalmente atos de execução. § 2o No caso do § 1o, fica dispensada a publicação de
§ 4o A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21
(dois terços): de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão de
I - se há participação de criança ou adolescente; controle interno da realização da contratação.
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se
a organização criminosa dessa condição para a prática de
Seção I
infração penal;
Da Colaboração Premiada
III - se o produto ou proveito da infração penal
destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é
IV - se a organização criminosa mantém conexão com negócio jurídico processual e meio de obtenção de
outras organizações criminosas independentes; prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. (2019)
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a
transnacionalidade da organização. Art. 3º-B. O recebimento da proposta para
§ 5o Se houver indícios suficientes de que o formalização de acordo de colaboração demarca o início das
funcionário público integra organização criminosa, poderá o negociações e constitui também marco de
juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego confidencialidade, configurando violação de sigilo e quebra
ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida da confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas
se fizer necessária à investigação ou instrução processual. iniciais ou de documento que as formalize, até o
§ 6o A condenação com trânsito em julgado acarretará levantamento de sigilo por decisão judicial. (2019)
ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou § 1º A proposta de acordo de colaboração premiada
mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou poderá ser sumariamente indeferida, com a devida
cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao justificativa, cientificando-se o interessado. (2019)
cumprimento da pena. § 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes
§ 7o Se houver indícios de participação de policial nos deverão firmar Termo de Confidencialidade para
crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos
instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério envolvidos na negociação e impedirá o indeferimento
Público, que designará membro para acompanhar o feito até posterior sem justa causa. (2019)
a sua conclusão. § 3º O recebimento de proposta de colaboração para
análise ou o Termo de Confidencialidade não implica, por si
§ 8º As lideranças de organizações criminosas
só, a suspensão da investigação, ressalvado acordo em
armadas ou que tenham armas à disposição deverão iniciar
contrário quanto à propositura de medidas processuais
o cumprimento da pena em estabelecimentos penais de
penais cautelares e assecuratórias, bem como medidas
segurança máxima. (2019)
processuais cíveis admitidas pela legislação processual civil
§ 9º O condenado expressamente em sentença por
em vigor. (2019)
integrar organização criminosa ou por crime praticado por
§ 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser
meio de organização criminosa não poderá progredir de
precedido de instrução, quando houver necessidade de
regime de cumprimento de pena ou obter livramento
identificação ou complementação de seu objeto, dos fatos
condicional ou outros benefícios prisionais se houver
narrados, sua definição jurídica, relevância, utilidade e
elementos probatórios que indiquem a manutenção do
interesse público. (2019)
vínculo associativo. (2019)
§ 5º Os termos de recebimento de proposta de
colaboração e de confidencialidade serão elaborados pelo
celebrante e assinados por ele, pelo colaborador e pelo
CAPÍTULO II advogado ou defensor público com poderes específicos.
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA (2019)
PROVA § 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por
Art. 3o Em qualquer fase da persecução penal, serão iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de
permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo
seguintes meios de obtenção da prova: colaborador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade. (2019)
I - colaboração premiada;
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve
ópticos ou acústicos; estar instruída com procuração do interessado com poderes
III - ação controlada; específicos para iniciar o procedimento de colaboração e
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e suas tratativas, ou firmada pessoalmente pela parte que
telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público.
dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou (2019)
comerciais; § 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada
V - interceptação de comunicações telefônicas e deve ser realizada sem a presença de advogado
telemáticas, nos termos da legislação específica; constituído ou defensor público. (2019)

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§ 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo,


colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá solicitar a serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as
presença de outro advogado ou a participação de defensor declarações do colaborador e cópia da investigação, devendo
público. (2019) o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, acompanhado de
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o seu defensor, oportunidade em que analisará os seguintes
colaborador deve narrar todos os fatos ilícitos para os quais aspectos na homologação: (2019)
concorreu e que tenham relação direta com os fatos I - regularidade e legalidade; (2019)
investigados. (2019) II - adequação dos benefícios pactuados àqueles
§ 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo nulas
colaboração e os anexos com os fatos adequadamente as cláusulas que violem o critério de definição do regime
descritos, com todas as suas circunstâncias, indicando as inicial de cumprimento de pena do art. 33 do Decreto-Lei nº
provas e os elementos de corroboração. (2019) 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), as regras
de cada um dos regimes previstos no Código Penal e na Lei
Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e
conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo §
a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva 5º deste artigo; (2019)
de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e III - adequação dos resultados da colaboração aos
voluntariamente com a investigação e com o processo resultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e V
criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais do caput deste artigo; (2019)
dos seguintes resultados: IV - voluntariedade da manifestação de vontade,
I - a identificação dos demais coautores e partícipes especialmente nos casos em que o colaborador está ou
da organização criminosa e das infrações penais por eles esteve sob efeito de medidas cautelares. (2019)
praticadas; § 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão fundamentada do mérito da denúncia, do perdão judicial e
de tarefas da organização criminosa; das primeiras etapas de aplicação da pena, nos termos
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
atividades da organização criminosa; Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do (Código de Processo Penal), antes de conceder os
proveito das infrações penais praticadas pela organização benefícios pactuados, exceto quando o acordo prever o
criminosa; não oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A
V - a localização de eventual vítima com a sua deste artigo ou já tiver sido proferida sentença. (2019)
integridade física preservada. § 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de
§ 1o Em qualquer caso, a concessão do benefício renúncia ao direito de impugnar a decisão
levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, homologatória. (2019)
as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato § 8º O juiz poderá recusar a homologação da
criminoso e a eficácia da colaboração. proposta que não atender aos requisitos legais,
§ 2o Considerando a relevância da colaboração devolvendo-a às partes para as adequações necessárias.
(2019)
prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o
delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a § 9o Depois de homologado o acordo, o colaborador
manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido
representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de
colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido polícia responsável pelas investigações.
previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, § 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso
o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo
(Código de Processo Penal). colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em
§ 3o O prazo para oferecimento de denúncia ou o seu desfavor.
processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por § 10-A Em todas as fases do processo, deve-se
até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que garantir ao réu delatado a oportunidade de manifestar-se
sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo- após o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou.
se o respectivo prazo prescricional. (2019)
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o § 11. A sentença apreciará os termos do acordo
Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se homologado e sua eficácia.
a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração § 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou
de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o não denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a
colaborador: (2019) requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade
§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento judicial.
prévio da infração quando o Ministério Público ou a § 13. O registro das tratativas e dos atos de
autoridade policial competente tenha instaurado inquérito colaboração deverá ser feito pelos meios ou recursos de
ou procedimento investigatório para apuração dos fatos gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica
apresentados pelo colaborador. (2019) similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior
§ 5o Se a colaboração for posterior à sentença, a fidelidade das informações, garantindo-se a disponibilização
pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a de cópia do material ao colaborador. (2019)
progressão de regime ainda que ausentes os requisitos § 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador
objetivos. renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao
§ 6o O juiz não participará das negociações silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a
realizadas entre as partes para a formalização do acordo de verdade.
colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o § 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e
investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério execução da colaboração, o colaborador deverá estar
Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o assistido por defensor.
investigado ou acusado e seu defensor.

ID:
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§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será A homologação de acordo de colaboração premiada por juiz de primeiro
decretada ou proferida com fundamento apenas nas grau de jurisdição, que mencione autoridade com prerrogativa de foro no
STJ, não traduz em usurpação de competência desta Corte Superior.
declarações do colaborador: (2019) Rcl 31.629-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 20/09/2017
I - medidas cautelares reais ou pessoais;
II - recebimento de denúncia ou queixa-crime;
Seção II
III - sentença condenatória.
Da Ação Controlada
§ 17. O acordo homologado poderá ser rescindido
Art. 8o Consiste a ação controlada em retardar a
em caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto da
intervenção policial ou administrativa relativa à ação
colaboração. (2019)
praticada por organização criminosa ou a ela vinculada,
§ 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe
desde que mantida sob observação e acompanhamento para
que o colaborador cesse o envolvimento em conduta ilícita
que a medida legal se concretize no momento mais eficaz
relacionada ao objeto da colaboração, sob pena de rescisão.
(2019)
à formação de provas e obtenção de informações.
§ 1o O retardamento da intervenção policial ou
administrativa será previamente comunicado ao juiz
Art. 5o São direitos do colaborador: competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e
I - usufruir das medidas de proteção previstas na comunicará ao Ministério Público.
legislação específica; § 2o A comunicação será sigilosamente distribuída de
II - ter nome, qualificação, imagem e demais forma a não conter informações que possam indicar a
informações pessoais preservados; operação a ser efetuada.
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos § 3o Até o encerramento da diligência, o acesso aos
demais coautores e partícipes; autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao
IV - participar das audiências sem contato visual com delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das
os outros acusados; investigações.
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de § 4o Ao término da diligência, elaborar-se-á auto
comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua circunstanciado acerca da ação controlada.
prévia autorização por escrito;
VI - cumprir pena ou prisão cautelar em Art. 9o Se a ação controlada envolver transposição de
estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou
condenados. (2019) administrativa somente poderá ocorrer com a cooperação
das autoridades dos países que figurem como provável
Art. 6o O termo de acordo da colaboração premiada itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os
deverá ser feito por escrito e conter: riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou
I - o relato da colaboração e seus possíveis proveito do crime.
resultados;
II - as condições da proposta do Ministério Público ou Seção III
do delegado de polícia; Da Infiltração de Agentes
III - a declaração de aceitação do colaborador e de Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas
seu defensor; de investigação, representada pelo delegado de polícia ou
IV - as assinaturas do representante do Ministério requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica
Público ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu do delegado de polícia quando solicitada no curso de
defensor; inquérito policial, será precedida de circunstanciada,
V - a especificação das medidas de proteção ao motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá
colaborador e à sua família, quando necessário. seus limites.
§ 1o Na hipótese de representação do delegado de
Art. 7o O pedido de homologação do acordo será polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o
sigilosamente distribuído, contendo apenas informações que Ministério Público.
não possam identificar o colaborador e o seu objeto. § 2o Será admitida a infiltração se houver indícios de
§ 1o As informações pormenorizadas da colaboração infração penal de que trata o art. 1o e se a prova não puder
serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuição, ser produzida por outros meios disponíveis.
que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. § 3o A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6
§ 2o O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde
Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de que comprovada sua necessidade.
garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao § 4o Findo o prazo previsto no § 3o, o relatório
defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos circunstanciado será apresentado ao juiz competente, que
elementos de prova que digam respeito ao exercício do imediatamente cientificará o Ministério Público.
direito de defesa, devidamente precedido de autorização § 5o No curso do inquérito policial, o delegado de
judicial, ressalvados os referentes às diligências em polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério
andamento. Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da
§ 3º O acordo de colaboração premiada e os atividade de infiltração.
depoimentos do colaborador serão mantidos em sigilo até
o recebimento da denúncia ou da queixa-crime, sendo Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de
vedado ao magistrado decidir por sua publicidade em polícia infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos
qualquer hipótese. (2019) do caput do art. 10, na internet, com o fim de investigar os
DELAÇÃO PREMIADA E SIGILO. crimes previstos nesta Lei e a eles conexos, praticados por
O sigilo sobre o conteúdo de colaboração premiada deve perdurar, no organizações criminosas, desde que demonstrada sua
máximo, até o recebimento da denúncia. necessidade e indicados o alcance das tarefas dos policiais,
Inq 4435 AgR/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12.9.2017. Informativo STF 877.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando
COLABORAÇÃO PREMIADA. ENCONTRO FORTUITO DE PROVAS. possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a
AUTORIDADE COM PRERROGATIVA DE FORO. COMPETÊNCIA identificação dessas pessoas. (2019)
PARA HOMOLOGAÇÃO DO ACORDO. TEORIA DO JUIZ APARENTE. § 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-
se:

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303
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I - dados de conexão: informações referentes a hora, identidade fictícia criada, nos casos de infiltração de agentes
data, início, término, duração, endereço de Protocolo de na internet. (2019)
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (2019)
II - dados cadastrais: informações referentes a nome Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente
e endereço de assinante ou de usuário registrado ou distribuído, de forma a não conter informações que possam
autenticado para a conexão a quem endereço de IP, indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente que
identificação de usuário ou código de acesso tenha sido será infiltrado.
atribuído no momento da conexão. (2019) § 1o As informações quanto à necessidade da
§ 2º Na hipótese de representação do delegado de operação de infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz
polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro)
Ministério Público. (2019) horas, após manifestação do Ministério Público na hipótese
§ 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de de representação do delegado de polícia, devendo-se adotar
infração penal de que trata o art. 1º desta Lei e se as provas as medidas necessárias para o êxito das investigações e a
não puderem ser produzidas por outros meios disponíveis. segurança do agente infiltrado.
(2019)
§ 2o Os autos contendo as informações da operação
§ 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 de infiltração acompanharão a denúncia do Ministério
(seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, Público, quando serão disponibilizados à defesa,
mediante ordem judicial fundamentada e desde que o total assegurando-se a preservação da identidade do agente.
não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja § 3o Havendo indícios seguros de que o agente
comprovada sua necessidade. (2019) infiltrado sofre risco iminente, a operação será sustada
§ 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o mediante requisição do Ministério Público ou pelo delegado
relatório circunstanciado, juntamente com todos os atos de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público e
eletrônicos praticados durante a operação, deverão ser à autoridade judicial.
registrados, gravados, armazenados e apresentados ao juiz
competente, que imediatamente cientificará o Ministério Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação,
Público. (2019) a devida proporcionalidade com a finalidade da investigação,
§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de responderá pelos excessos praticados.
polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da
Público e o juiz competente poderão requisitar, a qualquer infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no
tempo, relatório da atividade de infiltração. (2019) curso da investigação, quando inexigível conduta diversa.
§ 7º É nula a prova obtida sem a observância do
disposto neste artigo. (2019) Art. 14. São direitos do agente:
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
Art. 10-B. As informações da operação de II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que
infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz couber, o disposto no art. 9o da Lei no 9.807, de 13 de julho
responsável pela autorização da medida, que zelará por seu de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a
sigilo. (2019) testemunhas;
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua
acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério voz e demais informações pessoais preservadas durante a
Público e ao delegado de polícia responsável pela operação, investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão
com o objetivo de garantir o sigilo das investigações. (2019) judicial em contrário;
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser
Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta a fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua
sua identidade para, por meio da internet, colher indícios prévia autorização por escrito.
de autoria e materialidade dos crimes previstos no art. 1º
desta Lei. (2019) Seção IV
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e
de observar a estrita finalidade da investigação responderá Informações
pelos excessos praticados. (2019) Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público
terão acesso, independentemente de autorização judicial,
Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os atos apenas aos dados cadastrais do investigado que informem
eletrônicos praticados durante a operação deverão ser exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas
e ao Ministério Público, juntamente com relatório telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e
circunstanciado. (2019) administradoras de cartão de crédito.
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados
citados no caput deste artigo serão reunidos em autos Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão,
apartados e apensados ao processo criminal juntamente pelo prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do
com o inquérito policial, assegurando-se a preservação da juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia aos
identidade do agente policial infiltrado e a intimidade dos bancos de dados de reservas e registro de viagens.
envolvidos. (2019)
Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a móvel manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição
representação do delegado de polícia para a infiltração de das autoridades mencionadas no art. 15, registros de
agentes conterão a demonstração da necessidade da identificação dos números dos terminais de origem e de
medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando destino das ligações telefônicas internacionais, interurbanas
possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o e locais.
local da infiltração.
Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro Seção V
público poderão incluir nos bancos de dados próprios, Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na Obtenção da
mediante procedimento sigiloso e requisição da autoridade Prova
judicial, as informações necessárias à efetividade da

ID:
304
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Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; altera a Lei
colaborador, sem sua prévia autorização por escrito: nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, a Lei nº 9.296, de 24
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. de julho de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e a
Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994; e revoga a Lei nº 4.898,
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de de 9 de dezembro de 1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº
colaboração com a Justiça, a prática de infração penal a 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).
pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre
a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas: O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das
investigações que envolvam a ação controlada e a infiltração CAPÍTULO I
de agentes: DISPOSIÇÕES GERAIS
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de
autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não,
Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-
documentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministério las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído.
Público ou delegado de polícia, no curso de investigação ou § 1º As condutas descritas nesta Lei constituem
do processo: crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou
multa. beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de capricho ou satisfação pessoal.
forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos - Prejudicar outrem
dados cadastrais de que trata esta Lei. - Beneficiar a si mesmo ou a terceiro
- Mero capricho
CAPÍTULO III - Satisfação pessoal
DISPOSIÇÕES FINAIS § 2º A divergência na interpretação de lei ou na
Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações avaliação de fatos e provas não configura abuso de
penais conexas serão apurados mediante procedimento autoridade.
ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
1941 (Código de Processo Penal), observado o disposto no CAPÍTULO II
parágrafo único deste artigo. DOS SUJEITOS DO CRIME
Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de
encerrada em prazo razoável, o qual não poderá exceder a autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da
120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos
prorrogáveis em até igual período, por decisão Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
fundamentada, devidamente motivada pela complexidade da Municípios e de Território, compreendendo, mas não se
causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu. limitando a:
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado equiparadas;
pela autoridade judicial competente, para garantia da II - membros do Poder Legislativo;
celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, III - membros do Poder Executivo;
assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, IV - membros do Poder Judiciário;
amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito V - membros do Ministério Público;
ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os
em andamento. efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que
Parágrafo único. Determinado o depoimento do transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
investigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista dos nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma
autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
mínimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo ser função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste
ampliado, a critério da autoridade responsável pela artigo.
investigação.
CAPÍTULO III
Art. 24. O art. 288 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de DA AÇÃO PENAL
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação
seguinte redação: penal pública incondicionada.
“Associação Criminosa § 1º Será admitida ação privada se a ação penal
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao
específico de cometer crimes: Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a
associação é armada ou se houver a participação de criança todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a
ou adolescente. ação como parte principal.
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no
prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar
Lei nº 13.869 / 2019 o prazo para oferecimento da denúncia.
Nova Lei de Abuso de Autoridade
CAPÍTULO IV
LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019 DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS
RESTRITIVAS DE DIREITOS

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305
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Seção I Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


Dos Efeitos da Condenação
Art. 4º São efeitos da condenação: Art. 11. (VETADO).
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano
causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar
ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal:
dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
por ele sofridos; multa.
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos; I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de
III - a perda do cargo, do mandato ou da função prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a
pública. decretou;
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de
do caput deste artigo são condicionados à ocorrência de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou
reincidência em crime de abuso de autoridade e não são à pessoa por ela indicada;
automáticos, devendo ser declarados motivadamente na III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte
sentença. e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das
Seção II testemunhas;
Das Penas Restritivas de Direitos IV - prolonga a execução de pena privativa de
Art. 5º As penas restritivas de direitos liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de
substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta medida de segurança ou de internação, deixando, sem
Lei são: motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades soltura imediatamente após recebido ou de promover a
públicas; soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal.
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do
mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a Art. 13. Constranger o preso ou o detento,
perda dos vencimentos e das vantagens; mediante violência, grave ameaça ou redução de sua
III - (VETADO). capacidade de resistência, a:
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido
podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. à curiosidade pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a
CAPÍTULO V constrangimento não autorizado em lei;
DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E III - produzir prova contra si mesmo ou contra
ADMINISTRATIVA terceiro:
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa,
aplicadas independentemente das sanções de natureza sem prejuízo da pena cominada à violência.
civil ou administrativa cabíveis.
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta
Art. 14. (VETADO).
Lei que descreverem falta funcional serão informadas à
autoridade competente com vistas à apuração.
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão,
pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa
profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
são independentes da criminal, não se podendo mais
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando
essas questões tenham sido decididas no juízo criminal. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
prossegue com o interrogatório:
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao
como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que silêncio; ou
reconhecer ter sido o ato praticado em estado de II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por
necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de advogado ou defensor público, sem a presença de seu
dever legal ou no exercício regular de direito. patrono.

CAPÍTULO VI Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se


DOS CRIMES E DAS PENAS falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou quando
deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão:
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
em manifesta desconformidade com as hipóteses legais:
multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a
como responsável por interrogatório em sede de
autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar
procedimento investigatório de infração penal, deixa de
de:
identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
identidade, cargo ou função.
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar
diversa ou de conceder liberdade provisória, quando
manifestamente cabível; Art. 17. (VETADO).
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando
manifestamente cabível. Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial
durante o período de repouso noturno, salvo se capturado
em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido,
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de
consentir em prestar declarações:
testemunha ou investigado manifestamente descabida ou
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
sem prévia intimação de comparecimento ao juízo:
multa.

ID:
306
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ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de crime,


Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o prejudicando sua apuração:
envio de pleito de preso à autoridade judiciária Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa,
competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou além da pena correspondente à violência.
das circunstâncias de sua custódia:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado procedimento de investigação ou fiscalização, por meio
que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar as manifestamente ilícito:
providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz
autoridade judiciária que o seja. uso de prova, em desfavor do investigado ou fiscalizado, com
prévio conhecimento de sua ilicitude.
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista
pessoal e reservada do preso com seu advogado: Art. 26. (VETADO).
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa. Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem procedimento investigatório de infração penal ou
impede o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer
pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração
por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar- administrativa:
se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência multa.
realizada por videoconferência. Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de
sindicância ou investigação preliminar sumária,
devidamente justificada.
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na
mesma cela ou espaço de confinamento:
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem
mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na
do investigado ou acusado:
companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado,
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento
judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou
prejudicar interesse de investigado:
astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas
multa.
mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das
Parágrafo único. (VETADO).
condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal,
no caput deste artigo, quem: civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou
I - coage alguém, mediante violência ou grave contra quem sabe inocente:
ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
dependências;
II - (VETADO); Art. 31. Estender injustificadamente a
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar investigação, procrastinando-a em prejuízo do investigado
após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco ou fiscalizado:
horas). Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar multa.
socorro, ou quando houver fundados indícios que indiquem Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
a necessidade do ingresso em razão de situação de inexistindo prazo para execução ou conclusão de
flagrante delito ou de desastre. procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-
o em prejuízo do investigado ou do fiscalizado.
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de
diligência, de investigação ou de processo, o estado de Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou
lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de advogado acesso aos autos de investigação preliminar,
responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer
ou agravar-lhe a responsabilidade: outro procedimento investigatório de infração penal, civil
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias,
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso,
pratica a conduta com o intuito de: ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa sigilo seja imprescindível:
por excesso praticado no curso de diligência; Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou multa.
informações incompletos para desviar o curso da
investigação, da diligência ou do processo.
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de
obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça,
expresso amparo legal:
funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha
multa.

ID:
307
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Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se independentemente de nova ordem da autoridade judicial,
utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver
agente público para se eximir de obrigação legal ou para sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou
obter vantagem ou privilégio indevido. da decretação da prisão preventiva. (2019)
§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão
Art. 34. (VETADO). no cômputo do prazo de prisão temporária. (2019)

Art. 35. (VETADO). Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de


1996, passa a vigorar com a seguinte redação: (Lei da
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a Interceptação Telefônica)
indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que “Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de
extrapole exacerbadamente o valor estimado para a comunicações telefônicas, de informática ou telemática,
satisfação da dívida da parte e, ante a demonstração, pela promover escuta ambiental ou quebrar segredo da
parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la: Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. autorizados em lei: (2019)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade
exame de processo de que tenha requerido vista em órgão judicial que determina a execução de conduta prevista
colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei.
retardar o julgamento: (2019)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa. Art. 42. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), passa a vigorar
Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, acrescida do seguinte art. 227-A: (Estatuto da Criança e do
por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição de Adolescente)
culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a “Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I
acusação: do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes previstos
multa. nesta Lei, praticados por servidores públicos com abuso de
autoridade, são condicionados à ocorrência de reincidência.
CAPÍTULO VII (2019)
DO PROCEDIMENTO Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos função, nesse caso, independerá da pena aplicada na
delitos previstos nesta Lei, no que couber, as disposições reincidência. (2019)
do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995 Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a
(Lei dos Juizados Especiais). vigorar acrescida do seguinte art. 7º-B: (Estatuto da Advocacia e
a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
CAPÍTULO VIII ‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa
DISPOSIÇÕES FINAIS de advogado previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do
Art. 40. O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro art. 7º desta Lei:
de 1989, passa a vigorar com a seguinte redação: (Prisão Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
Temporária) multa.’”
“Art.2º
................................................................................................... Art. 44. Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de
.... dezembro de 1965, (Antiga Lei de Abuso de Autoridade) e o § 2º
................................................................................................... do art. 150 e o art. 350, ambos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
..................... de dezembro de 1940 (Código Penal).
§ 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o
período de duração da prisão temporária estabelecido Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120
no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso (cento e vinte) dias de sua publicação oficial.
deverá ser libertado. (2019)
...................................................................................................
......................
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a
autoridade responsável pela custódia deverá,

ID:
308
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PLANEJAMENTO FACILITADO

Janeiro 2020
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
1 Ano Novo 2 3 4

5 6 Festa da Epifania 7 8 9 10 11

12 13 14 15 16 17 18

19 20 21 22 23 24 25 Ano-novo chinês

26 27 Dia Intl. em 28 29 30 31
Memória das Vítimas
do Holocausto

Fevereiro 2020
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
1

2 3 4 Dia Mundial do 5 6 7 8
Câncer

9 10 11 12 13 14 15

16 17 18 19 20 21 Carnaval 22 Sábado de
Carnaval

23 Domingo de 24 Carnaval 25 Carnaval (Terça- 26 Quarta-Feira de 27 28 29


Carnaval (Segunda-Feira) Feira) Cinzas

ID:
309
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Março 2020
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

1 Dia Intl. da 2 3 4 5 6 7
Protecção Civil

8 Dia Intl. da Mulher 9 10 11 12 Dia Mundial do 13 14 Dia de Pi


Rim

15 16 17 18 19 Dia de São José 20 Dia Intl. da 21 Início do Outono


Felicidade

22 Dia Mundial da 23 24 Dia da 25 26 27 28


Água Tuberculose

29 30 31

Abril 2020
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
1 Dia da Mentira 2 Dia Mundial da 3 4
Consciência do Autismo

5 Domingo de Ramos 6 7 Dia do Jornalista 8 9 Quinta-Feira Santa 10 Sexta-Feira Santa 11

12 Páscoa 13 14 15 16 17 18

19 20 21 Tiradentes 22 Dia da Terra 23 Dia Internacional 24 25


do Livro

26 27 28 Dia da Educação 29 30

ID:
310
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Maio 2020
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
1 Dia do Trabalho 2

3 4 5 6 7 8 9

10 Dia das Mães 11 12 13 14 15 16

17 18 19 20 21 22 23

24 25 26 27 28 29 30

31

Junho 2020
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
1 2 3 4 5 6

7 8 9 10 11 Corpus Christi 12 Dia dos 13


Namorados

14 15 16 17 18 19 20

21 Início do Inverno 22 23 24 25 26 27

28 Dia do Orgulho 29 30
LGBTI

ID:
311
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Julho 2020
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
1 2 3 4

5 6 7 8 9 10 11

12 13 14 15 16 17 18

19 20 21 22 23 24 25

26 27 28 29 30 Dia Contra o 31
Tráfico de Seres
Humanos

Agosto 2020
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
1

2 3 4 5 6 7 8

9 Dia dos Pais 10 11 12 Dia da Juventude 13 14 15

16 17 18 19 20 21 22

23 24 25 26 27 28 29

30 31

ID:
312
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Setembro 2020
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
1 2 3 4 5

6 7 Independência do 8 9 10 11 12
Brasil

13 14 15 16 17 18 19

20 21 Dia Intl. da Paz 22 Início da Primavera 23 24 25 26

27 28 29 30

Outubro 2020
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
1 2 3

4 5 6 7 8 Dia Do Nordestino 9 10

11 12 Nossa Senhora de 13 14 15 Dia do Professor 16 Dia Mundial da 17


Aparecida Alimentação

18 19 Dia Nacional Do 20 21 22 23 24 Dia das Nações


Livro Unidas

25 26 27 28 Dia do Servidor 29 30 31 Dia das Bruxas


Público

ID:
313
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Novembro 2020
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

1 Dia de Todos os 2 Finados (Dia dos 3 4 5 6 7


Santos Mortos)

8 9 10 11 12 13 14

15 Proclamação da 16 17 18 19 Dia da Bandeira 20 Consciência Negra 21


República

22 23 24 25 26 Dia de Ação de 27 28
Graças

29 30

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