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Resumo
O presente estudo tem por objetivo apresentar uma breve discussão sobre a formação do
professor de educação infantil e analisar a relação estabelecida nas ações lúdicas como
subsídio na aprendizagem escolar. Para tanto optou-se por realizar uma pesquisa bibliográfica
com o intuito de investigar como o aspecto lúdico torna-se indispensável ao processo
ensinar/aprender. Para tanto fomentamos um diálogo com os pesquisadores da infância como:
1
Pedagoga - Especialista em Educação Especial e Diversidade. Orientadora de TCC da pós-graduação do IESF -
Instituto Superior da FUNLEC. Docente do curso de Pedagogia da Faculdade de Mato Grosso do Sul -
FACSUL. Diretora do Departamento Pedagógico da OMEP/IFOMEP. Em 2011 ingressou no Mestrado em
Educação da UCDB - Universidade Católica Dom Bosco. E-mail: muzzi_chaves@hotmail.com
2
Doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Professora da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, atua na unidade de educação-CCHS, Mestrado e Doutorado em Educação. Coordena a Pós-graduação em
docência na educação infantil e Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Múltiplas Linguagens -
GEPEMULT, cadastrado no CNPQ. Email: rosanacintra1@hotmail.com
3
Graduada em Pedagogia pela Universidade Católica Dom Bosco (2002) e especialista em Educação Infantil:
Gestão e Prática Pedagógica pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS (2007) e em Gestão da
Sala de Aula nos Anos Iniciais do Ensino (2011). Instituto de Ensino Superior da FUNLEC. Atualmente é
Coordenadora Pedagógica no Instituto de Formação da OMEP – IFOMEP e membro do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Educação e Múltiplas Linguagens - GEPEMULT, cadastrado no CNPQ. E-mail:
luciasalmazio@hotmail.com
4
Graduada em Pedagogia, pelo Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande (2009). Especialista em
Educação Especial, pela plataforma Freire, do MEC (2009). Atualmente, atua como professora no Instituto de
Formação da OMEP. É membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Múltiplas Linguagens -
GEPEMULT, cadastrado no CNPQ. E-mail: yara.fortal@tmail.com
5
Graduanda em pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e é membro do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Educação e Múltiplas Linguagens - GEPEMULT, cadastrado no CNPQ. E-mail:
elainefreitasveiga@hotmail.com.
10195
Ariés (1981); Kishimoto (2010); Sarmento (1997); Vygotsky (1988); Delgado (2004)
Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998), autores que discutem a
concepção de infância e as possibilidades de uma rotina docente composta de atividades
brincantes planejadas intencionalmente. Acredita-se que as atividades lúdicas ocupam lugar
essencial no aprendizado das crianças desde seu nascimento até os primeiros anos de sua
formação escolar, pois é considerada um dos principais aspectos para o desenvolvimento
infantil. Sabe-se que a formação inicial e continuada do professor e necessário para uma
intervenção eficaz na instituição de educação infantil. Para isso, o educador deve conhecer e
considerar as singularidades infantis, levando em consideração a faixa etária, a diversidade de
hábitos, costumes, valores, crenças, etnias, entre outros aspectos. Nessa perspectiva, assume o
papel de mediador, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens, sempre
valorizando e respeitando o contexto em que seu aluno está inserido. As conclusões indicam
ser correto afirmar que o brincar é uma das principais atividades da infância, pois quando está
brincando a criança entra em contato com seu contexto social e interage com outras crianças,
o que lhe proporciona diversas ações que contribuirão para o desenvolvimento das estruturas
do seu comportamento em formação.
Introdução
O conceito de infância que se tem na atualidade é bem diferente do que se tinha algum
tempo atrás. Segundo Áries (1981), no inicio havia um sentimento de que a criança não era
parte integrante da sociedade. Atualmente a criança é foco de estudos e pesquisas, com seus
direitos contemplados nas políticas públicas, nacionais e internacionais.
Para refletimos sobre a criança, a ludicidade, a formação do professor que atua na
educação da infância é de suma importância diferenciar criança de infância. De fato, há
aspectos comuns e outros muito diferentes e, pensar sobre infância, corresponde ter
consciência da particularidade infantil, que distingue essencialmente a criança do adulto, e do
jovem.
Para melhor compreensão conceitual de criança e infância, buscou-se apoio dos
pesquisadores do Instituto de Estudos da Criança do Minho, em Portugal, Sarmento e Pinto
1997 (apud BARBOSA, 2006, p. 73), que diferenciam as duas categorias. Para eles:
Com efeito, crianças existiram desde sempre, desde o primeiro ser humano, e a
infância como construção social. [...] Infância, como categoria social que assinala
os elementos de homogeneidade deste grupo minoritário, e as crianças, como
referentes empíricos cujo conhecimento exige a atenção aos fatores de diferenciação
e heterogeneidade [...] (grifos nossos). (SARMENTO; PINTO, 1997 apud
BARBOSA, 2006, p. 73).
10196
Segundo Santim (1996) apud Junior (2005), a ludicidade está relacionada a liberdade,
criatividade, participação, imaginação, interação, autonomia. Sendo assim, por meio de
atividades lúdicas, é possível fazer com que a criança atribua significados e sentido ao seu
mundo real.
Por meio das observações, vivências e experiências com seus pares é possível o
desenvolvimento da criança de maneira natural, ou seja, brincando, sendo nesses momentos
que os educadores devem favorecer a aquisição de novas habilidades, proporcionando
também a ludicidade, e consequentemente o desenvolvimento dos aspectos psicológicos,
sociais, linguísticos, físicos e cognitivos.
O momento lúdico deve ser uma ação intencional e para que essa ocorra de maneira
agradável e efetiva é necessário que o profissional utilize diversos recursos como jogos,
brinquedos, histórias, músicas, brincadeiras, teatros... Todas as atividades devem contemplar
o desenvolvimento integral da criança, considerando aspectos como a criatividade, o
vocabulário, a imaginação e fazendo sempre uma ligação com as competências e habilidades
proposta pelo Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil - RCNEI.
Desde o nascimento a criança inicia a exploração do mundo que a cerca, até perceber
as primeiras barreiras. Diante dos obstáculos, a criança começa a organizar e a estabelecer as
estruturas de pensamentos. É um ato natural que, quando bem cultivado, contribuirá
futuramente para a eficiência e equilíbrio do adulto.
Faz-se importante salientar que historicamente a concepção de infância, bem como, o
cotidiano infantil foi sendo construídos. Nessa construção que se forma a imagem do brincar,
portanto, as questões do brincar estão diretamente ligadas ao contexto de uma determinada
época, lugar e, consequentemente, cultura. Partindo deste pressuposto, o que é considerado
lúdico também varia de acordo com a cultura de cada lugar.
Para Sarmento, (1997) as culturas da infância exprimem a cultura da sociedade em que
se inserem, mas fazem-no de maneira distinta das culturas adultas, ao mesmo tempo que
veiculam formas especificamente infantis de inteligibilidade, representação e simbolização do
mundo. Continua ainda o autor a ressaltar que existem quatro eixos estruturadores das
culturas da infância: a interatividade, a ludicidade, a fantasia do real e a reiteração.
Destacamos seu posicionamento quanto a ludicidade.
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analisa, reflete e descobre o mundo e produz a cultura infantil que é o produto coletivo
próprio do seu grupo. De acordo com Coutinho:
O importante é manter acesa nas crianças do presente e futuro, a chama viva das
brincadeiras sadias, divertidas, e que poderão continuar estimulando o raciocínio, a
coordenação e os laços de amizade de muitas gerações, da mesma forma como ensinaram,
estimularam e divertiram nossos pais e nossos avós.
Para a criança com menos de três anos, o brinquedo é coisa muito séria, pois ela não
separa a situação imaginária da real. Dessa forma, o brinquedo tem grande
importância no desenvolvimento, pois cria novas relações entre situações no
pensamento e situações reais. (VYGOTSKY, 1988, apud KISHIMOTO, 1999, p.
63).
Para Moyles (2002) “Se todo brincar é estruturado pelos materiais e recursos
disponíveis, a qualidade de qualquer brincar dependerá em parte da qualidade e talvez da
quantidade e da variedade controladas do que é oferecido” (MOYLES, 2002, p. 25).
Os brinquedos podem possuir tanto a função lúdica quanta a função educativa
possibilitando às crianças a apreensão de novos saberes e, também regras socialmente
constituídas.
natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar a
criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los. (KISHIMOTO, 2010, p.
21).
Assim sendo, a brincadeira e a aprendizagem é concebida como fonte para o
desenvolvimento da criança seguindo a premissa de que “[...] o único bom ensino é o que se
adianta ao desenvolvimento [...]” (VYGOTSKY, 1991, p.12). Os processos de aprendizagem
são concebidos como processos de apropriação por meio dos quais, segundo Leontiev (1991,
p.67), a criança “assimila e se apropria das conquistas das gerações humanas anteriores”.
Oferecer um trabalho de qualidade às crianças implica, sobretudo, permitir que vivam
plenamente o tempo de sua infância, que brinquem, descubram, criem, experimentem, riam,
chorem, construam, descontruam. Só assim, poderão crescer e aprender a serem humanas.
A questão da formação docente vem emergindo cada vez mais como uma das
temáticas mais pesquisadas no âmbito da educação. A nova configuração para esta abordagem
sugerem concepções que a compreendam em sua complexidade, como uma construção social.
Nessa perspectiva, num contexto anterior ao nosso, o professor era aquele que
transmitia e ensinava um conhecimento, estando, por isso, em uma “posição privilegiada” em
relação a seus alunos, o que estabelecia uma determinada hierarquia entre eles: o aluno era o
aprendiz, ouvia, tudo aprendia, copiava; o professor era o mestre, falava, ensinava e tudo
sabia.
É necessário que o professor esteja preparado para lidar com culturas, valores, níveis
de aprendizagem muito diferentes, entre outros, e dentro desse desafio, ser capaz de, nesta
posição, não desvalorizar ou desprezar as diferenças sob seus cuidados.
Portanto, uma ação pedagógica reflexiva, aliada ao estudo e a pesquisa, constrói um
conjunto de experiências tornando os profissionais que são capazes de desenvolver um
trabalho que favoreça a valorização das especificidades humanas bem como, uma educação
significativa e consciente.
Reflexões estas partilhadas por Freire (2002)
Gosto se ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas,
sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre
barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar
o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam. (FREIRE, 2002, p.60).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei nº 9.394/96, em seu artigo 62,
admite como formação mínima aquela oferecida em nível médio, na modalidade Normal para
professores que atuam na educação infantil.
Por tal motivo atualmente a legislação ainda prevê o Curso Normal em nível médio
como formação mínima para professoras de Educação Infantil nas palavras de Kramer(1989)
“Não são apenas as crianças que crescem e aprendem. Todos constroem conhecimentos e
nesse processo têm dúvidas e dificuldades, fazem progressos e reestruturam suas formas de
ação buscando alcançar os objetivos traçados.” (KRAMER, 1989, p. 95).
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Considerações Finais
REFERÊNCIAS
ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Por amor e por força: rotinas da educação infantil.
Porto Alegre: Artmed, 2006.
DELGADO, Ana Cristina Coll. O que nós adultos sabemos sobre infâncias, crianças e
suas culturas? In: Revista Espaço Acadêmico nº 34/março de 2004. Disponível em:
<http://www.espacoacademico.com.br/034/34cdelgado.htm> Acesso em 08 de out. 2010.
FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física. São Paulo:
Scipione, 2002.
KRAMER, Sônia. Com a pré-escola nas mãos - uma alternativa curricular para a educação
infantil. São Paulo. Ática, 1989.
NÓVOA, António (org.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia da educação. São Paulo: Ática.
1993.
10209
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar: convite à viagem. Porto
Alegre: Artmed, 1999.
TARDIF, M.; LESSARD E GAUTHIER, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria
da docência como profissão de interações humanas. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
VIGOTSKI, L. S. A formação Social da Mente, 6º ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.