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PINI
São Paulo
2015
Alvenaria Estrutural
– Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Copyright Editora Pini Ltda
1ª edição
1ª tiragem: nov/15
2ª tiragem: jan/17
ISBN 978-85-7266-441-7
15-09882 CDD-624.183
Agradecimentos
É com uma enorme satisfação e uma grande honra para mim que
atendo ao convite do amigo Eng. José Luiz Pereira para prefaciar
este livro, que aborda, além de um breve histórico de sua carrei-
ra profissional de sucesso, uma preocupação em transmitir alguns
conceitos importantes de projetos de Alvenaria Estrutural (AE)
aos colegas que se dedicam ao cálculo de estruturas desse tipo.
A grande experiência desse pioneiro do cálculo de AE no Brasil
oferece, desde o final dos anos 60, um grande volume de projetos
para centenas de edifícios de quatro a 22 pavimentos para dezenas
de clientes. Algumas dessas obras com um grande desafio para via-
bilizar economicamente estruturas que marcaram o avanço dessa
tecnologia de construção em todo o País.
A decisão de colocar em um livro conceitos diferentes de aborda-
gem de temas, como “o esforço do vento” em estruturas de AE e
o “efeito de arco” nas paredes de AE de edifícios, me levou a in-
centivá-lo a dedicar uma grande parte de seu tempo para, junto à
Editora Pini, viabilizar a edição deste livro.
O livro vem se juntar aos textos já disponíveis sobre projeto de edi-
fícios em AE, sendo relevante para engenheiros projetistas, alunos
de faculdades de Engenharia Civil e todos que pesquisam obras
executadas em AE, pelo grande conhecimento do autor, presente
em centenas de obras realizadas.
Parabenizo o autor e amigo de muitos anos pelo grande esforço
despendido na elaboração cuidadosa do texto e dos gráficos apre-
sentados, buscando, assim, a maneira mais simples para demons-
trar o comportamento das estruturas em Alvenaria Estrutural.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Maiúsculas
A - área
Ab - área bruta
An - área líquida
As - área tracionada do aço
A’s - área comprimida do aço
CG - centro de gravidade
CM - centro de massa
CO - coeficiente de ociosidade
CR - centro de rigidez
D - deslocamento
E - módulo de elasticidade
Ea - módulo de elasticidade da alvenaria
Ec - módulo de elasticidade do concreto
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Letras Gregas
ф - diâmetro, bitola de aço
γ - coeficiente de segurança
λ - índice de esbeltez
σ - tensão de cisalhamento
Ơ - tensão
Σ - somatória
Desde o início de nossos estudos e pesquisas sobre alvenaria estrutural (final de 1969), baseamo-
nos unicamente nas publicações, nos regulamentos e normas das instituições norte-americanas,
mesmo porque não tínhamos conhecimento, nos primeiros anos, de outras normas. Por esse mo-
tivo, a nossa cultura profissional nasceu, desenvolveu-se e ainda acompanha a atualização de tais
publicações oficiais, reeditadas a cada dois e três anos. Os nossos projetos se balizam em tais pro-
cedimentos, mesmo porque as normas da ABNT, anteriores à NBR 15961-1:2011, também foram
inspiradas em tais normas, o que nos deixa em situação confortável e em condições de explorar
alguma desatualização ou omissão das nossas normas atuais. Então, citamos Referências de Nor-
mas e alguns Manuais que consideramos úteis para o bom entendimento de alguns critérios de
projetos aqui utilizados.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Fundamentals of Reinforced Masonry Design – CMACN - Conc. Mas. Assoc. of California &
Nevada – 1990
Design Manual for : Concrete Masonry Basements – CMACN (idem) – 1996
Performance of Masonry Struct in the Northridge, California Earthquake of January 17, 1994
– The Masonry Society
Observações
- na eq 1.2.1.1 para o vento ≤ 1,33
- para seções retangulares e sólidas: r = t/√12 para t=14, r, =4,0 [eq 1.2.1.7]
para t=19, r, =5,5 [eq 1.2.1.8]
para t=29, r, =8,4 [eq 1.2.1.9]
- P = carga de compressão axial (kg)
- Pe = carga de flambagem de Euler (kg)
- h = altura da parede, entre suportes (entre lajes) (cm)
- t = espessura da parede (real , não nominal) (cm)
- Ealv = módulo de elasticidade da alvenaria = 900 fp ( kg/cm²) [eq 1.2.1.10]
- In = momento de inércia da seção não fissurada e referente ao eixo
“n – transversal”; se retangular In = t. ℓ³/12. (cm4) [eq 1.2.1.11]
- e = excentricidade da carga de compressão axial em relação ao eixo longitudinal e para
esforços aplicados fora do plano da parede.
Válido apenas para e > 0,1t, ou desprezar. Nada a ver com M/P, atuando na outra dire-
ção, no plano da parede.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
• Na (eq. 1.2.1.1) cada uma das parcelas não pode ser superior à unidade.
• A (eq. 1.2.1.4) define o coeficiente de segurança 4 para a aplicação de Pe.
• A (eq. 1.2.1.5) deverá ser verificada independentemente da (eq 1.2.1.1),
sendo viável uma investigação paralela da flexão oblíqua.
• Na (eq. 1.2.1.6) o acréscimo de 1/3 na borda comprimida conduz a
ff,adm = (4/3)(1/4)fp = (1/3)fp.
1.2.2 Cisalhamento
Os elementos de alvenaria solicitados por esforço cortante horizontal devem sar calculados:
Observações (1):
Comentários (1):
Observações (2):
Comentários (2):
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Observações:
fv = tensão de cisalhamento
fva = tensão de cisalhamento na alvenaria
fvs = tensão de cisalhamento na armadura
fs.adm = tensão admissível à tração e à compressão na armadura (são iguais)
Avs = seção da armadura de cisalhamento
An = área líquida do membro em questão
d = altura útil (= distância da extrema fibra comprimida à centroide da armadura de
tração)
s = espaçamento da armadura do cisalhamento
Comentários:
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Posicionando-se o CR, função exclusiva da resultante das relações (rigidez x posições), do con-
junto de paredes e locando-se os eixos das posições das RVx e RVy pelos C.G. das fachadas, po-
deremos ter os MTVx e MTVy Máximos, nunca simultâneos, girando no mesmo sentido ou em
sentido contrário, dependendo de suas posições relativas. Com vento inclinado, as componentes x
e y se somam ou se subtraem, respectivamente.
No nosso projeto do Cap. 3.4, o efeito de MTV devido ao vento não existe, por se tratar de uma
planta com simetria praticamente nas duas direções principais, alinhando os RV com o CR e, por-
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tanto, sem deslocamentos proporcionais que acarretem torção. Já os efeitos das forças laterais, ou
verticais, proveniente de Sismos, não fazem parte do nosso trabalho e foram aqui abordados para
evitar frequentes confusões com os efeitos dos ventos. É importante considerar também como
acontece a distribuição de cargas nas paredes. As “Cargas de Gravidade”, permanentes e acidentais,
provenientes das lajes, são distribuídas no andar, em função de seus vãos livres e de sua eventual
sobrecarga extra de paredes não estruturais, ao passo que as paredes estruturais recebem as lajes,
ou mais alguma viga de vão de janela ou porta, ou qualquer outra carga, mais seu peso próprio.
No âmbito global, as “Cargas de Gravidade” descem pelos andares, acumulando-se conforme uma
progressão aritmética, e as “Cargas de Vento”, horizontais, que se manifestam principalmente pe-
los seus momentos fletores, aplicados nos planos das paredes, e que se acumulam conforme uma
progressão geométrica; então, a diferença entre a grandeza dos efeitos começa a se manifestar com
maior influência nos andares inferiores.
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Fig 2.4.a - Distribuição das cargas nos conjuntos de paredes - Montagem do autor
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Fig 2.4.b - Distribuição das cargas em paredes com aberturas - Montagem do autor
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.
Fig 2.5.2 - Parede com flange - Montagem do autor
Fig 2.5.3.i - Critério para definir um pórtico (recomendação: I.B.C.) - Montagem do autor
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CAPÍTULO 3
3.1 Considerações
Apresentamos aqui o projeto estrutural de uma torre com 18 andares-tipo, mais casa de máqui-
nas e reservatório superior, calculados e detalhados em alvenaria estrutural de blocos vazados de
concreto, tudo apoiado em uma transição de concreto armado convencional no teto do térreo. O
projeto completo da obra é constituído de três torres iguais sobre um conjunto de andar térreo
com três subsolos, já executado e situado na Rua Nadir nº 85, Capital, SP, de responsabilidade da
construtora Tibério S.A. (vide foto no capítulo 7 – FT 7.6).
O nosso trabalho abrangerá um estudo completo dos efeitos da ação do vento aplicado contra a
torre, analisando todos os aspectos da ação, escolha dos elementos resistentes, explicações sobre
detalhes especiais, cálculo dos componentes geométricos, cálculo dos esforços de todas as paredes,
análise das mais solicitadas, conclusões e comentários elucidativos complementares de importân-
cia relevante para o completo entendimento dos fenômenos e suas consequências.
A escolha desse projeto foi em razão principalmente das características especiais da planta de ar-
quitetura, que foi racionalizada a ponto de maximizar a quantidade de paredes de vedação removí-
veis, a fim de oferecer maior flexibilidade no seu remanejamento por parte dos usuários dos apar-
tamentos, reduzindo as paredes estruturais a um mínimo compatível com a necessidade resistente.
A nossa explanação começa com a apresentação da planta do andar-tipo com as paredes estrutu-
rais já moduladas, todas com blocos vazados com dois furos, da família de 40 e espessura de 14
cm normalizados, mais vedações em blocos de 9 cm ou drywall. A seguir, mostramos duas plantas
com a indicação das paredes escolhidas, uma com as paredes na direção X para resistir ao vento
X, e outra na Y para o vento Y.
Utilizando as orientações, os critérios, as fórmulas e parâmetros anteriormente apresentados, pas-
saremos a explicar passo a passo os procedimentos e cálculos:
a) Parede ampliada com indicação de todas as dimensões, inclusive C.G. com ℓe e ℓd, mais Ab,
I, We, Wd.
b) Indicação das as expressões I, nx, Q e Mv individuais de cada parede.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
c) Com mais valores externos (ver após) para cada parede, cálculo de “e” e tensões: +G/Ab;
±Mv/Wd; ±Mv/We; análise: COMB 2/3/4/5; OC% etc.
d) Análise das tensões nas paredes críticas com comparações, extrapolações e comentários
entre elas e em geral.
Valores Externos:
e) O cálculo das cargas “G”, de gravidade, ou seja, todas as lajes com peso próprio, revestimen-
to, cargas das vedações e carga acidental (com redução de 48% para o 1° andar), mais o peso
das alvenarias estruturais, todas essas cargas serão aproveitadas do nosso cálculo original,
não apresentado aqui por estar fora do escopo deste trabalho.
f) O cálculo do efeito do vento na torre foi calculado de acordo com as especificações da
NBR 6123, exceto pela parcela que não foi considerada no nosso cálculo e referente à
“consideração do desaprumo global”, item 8.3.2.2, NBR 10.837:1989, norma ratificada pela
NBR 15.961-1:2011.
Nossa posição foi tomada devido ao fato de entendermos que tal consideração não tem cabimento
em uma estrutura supertravada por painéis e lajes nas três direções, em condições de sempre ab-
sorver com folga tais “eventuais” desaprumos (as cargas verticais são consideradas sempre centra-
das). Nos esforços, limitamo-nos a utilizar apenas o 1º andar dos 18 existentes, extrapolando para
20 e 22 andares, no final.
g) Foi importante, para analisar e comparar as tensões finais, fazer um pré-dimensionamento
geral para chegar à fp ideal, no caso fp= 200 kg/cm². É evidente que, posteriormente, pode-
mos mudar a fp, mas isso demandará mais operações de cálculo e apenas se houver interesse.
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h3
I = b. .
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3.4.1 Vento
Os esforços do vento foram calculados conforme a ABNT NBR 6123, com resultados
apenas para o 1º andar, dos 18: Dir X. ΣMv = 2 530 tm; Dir Y ΣMv = 3 087 tm. De to-
dos os parâmetros sugeridos pela norma, apenas não utilizamos no cálculo a parcela
referente ao “desaprumo” por considerá-la completamente incompatível com a nossa
estrutura perfeita para absorver esforços secundários em qualquer direção, devido à sua
característica de rigidez espacial, travada nas três direções ortogonais com placas rígi-
das - haja vista o critério de distribuição uniforme recomendada pela própria norma
NBR 15961-1/2011 em 9.1.3. para paredes individuais e conjuntos de paredes, e exage-
rando tudo na análise global em 8.3.2.2. Achamos que o procedimento mais apropriado
a levar em conta, neste caso, seria o da avaliação do “momento de torção”, provocado
pela distância da resultante do vento em relação ao CR (Centro de Rigidez).
3.4.2 Gravidade
As cargas verticais, de gravidade, referentes aos pesos de todos os componentes, pare-
des, divisórias, lajes, inclusive sobrecargas acidentais, foram calculadas parede por pa-
rede e agrupadas nos conjuntos, considerando sua carga uniformemente distribuída, e
são indicadas diretamente nos cálculos individuais do 1º andar.
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3.5.2 Planilha
Seguindo a planilha, registramos “l”, nx (quantidade de conjuntos iguais ao analisado),
Q sendo Q= l / Σl; Mvi= Q x ΣMv (X ou Y), G (extraído direto do cálculo original),
excentr. “e”= Mvi / G, área bruta “A” (= Ab menos a projeção das aberturas), todas
com unidades (t, m).
3.5.4 Tensões
Finalmente podemos analisar as tensões: 1º) Verificar se existe alguma tensão final
negativa; se houver, vamos explorar essa situação mais tarde. 2º) Calcular a soma das
tensões parcelas de máximas positivas checando se é < ou = 1,3, que é o acréscimo
de 30% devido ao vento, respeitando o máximo da unidade na parcela da gravidade
(eq. 1.2.1.1.). 3º) Encerrando a planilha, registramos um coeficiente importante para o
cálculo do grauteamento, entre outros, o OC= y%, sendo “y”= 1 menos (a proporção
entre o valor achado na soma das parcelas, dividido por 1,3 em %).
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3.6.4 Extrapolações
De posse dessas considerações, podemos fazer extrapolações, supondo qual seria o com-
portamento das tensões nas paredes, caso a torre tivesse mais alguns andares. Para tan-
to, vamos explorar apenas as paredes com menos ociosidade, acrescentando diversos
andares acima dos 18 andares já existentes, progressivamente. Acontece que o índice de
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ociosidade (OC) não é um parâmetro definitivo, mas apenas indicativo, pois ele depende
da variação de duas parcelas, uma proveniente de cargas verticais que cresce aritmetica-
mente, e outra proveniente da ação do vento, que cresce exponencialmente. Temos então
que pesquisar dois casos diferentes:
1º caso: Onde a parcela das tensões solicitantes das cargas verticais é bem maior que a do
vento. Nesse caso, a tensão vai aumentando até chegar ao limite do esgotamento próximo
da tensão admissível (fa.adm = 40 kg/cm²) e a parcela próxima da unidade e, antes que a
parcela do vento atinja 0,30 (utilizamos em nossos cálculos fa.adm = 60 kg/cm² - todavia,
as Normas permitem fa.adm = 0,33 fp = 66 kg/cm²), portanto, sem trações. Nessa si-
tuação, a única solução para aumentarmos mais andares será utilizar uma fp mais alta,
digamos fp = 220 kg/cm², onde fa.adm = 44 kg/cm².
2° caso: Onde a parcela da tensão proveniente das cargas verticais é pouco maior que
a do vento. Nesse caso, conforme aumentarmos o número de andares, as tensões vão
crescendo e se aproximando até se igualar (COMB 4). Fig. 2.3.b. Continuando a crescer,
a parcela do vento ultrapassará, em valor absoluto, a da gravidade, aparecendo tensões
de tração (COMB 5), sempre aplicando-se a situação de vento mais desfavorável. Inicial-
mente com pequena fissuração que vai aumentando até exigir armadura de tração para
o equilíbrio das tensões. Nesse caso, não adianta aumentar as tensões admissíveis, pois o
que interfere na situação é a proporção entre as duas tensões.
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Comentários:
• PY21 - com 22a as tensões estão ainda com OC12%, portanto, com folga
para mais 2a, no mínimo, sem grandes esforços negativos.
• PY16 - situação praticamente igual à PY21.
• PX6 - mínima OCneg (-8%). Se considerarmos que a favor da segurança
e por conveniência própria, simplificamos ff.adm= 0,30fp e conj < 1,3,
quando pelas normas podemos usar ff.adm= 0,33fp e <1,33, o que nos
dá uma boa folga para praticamente eliminar a OCneg.
• PX1. - situação similar à da PY21, até que com mais folga.
Conclusão: podemos observar que a nossa estrutura passou sem trações na análise dos 20 e 22 an-
dares e, nessas condições, utilizando todos os artifícios já demonstrados, poderia subir mais vários
andares, desde que levemos em conta algumas considerações:
a) todas as outras paredes estão menos solicitadas, todavia, seria importante analisar pelo me-
nos mais algumas das mais solicitadas;
b) o aumento da resistência fp >200 kg/cm² considerado como máximo pela NBR 15961-
1:2011, deverá ser avaliado, pois o mercado já tem disponíveis blocos com resistências com
Fbk > 22MPa, viabilizando prismas de até fp >30 MPa ou mais, com controle de qualidade já
garantido por ensaios já normalizados (nos EUA já se utilizam tais resistências, fp = 28 MPa,
a mais de 25 anos e com o controle dos prismas feito por ensaios até menos sofisticados que
os especificados pelas nossas normas);
c) mesmo que tenhamos uma pequena fissura devido a esforços de tração (COMB 4),
Figura 2.3.b, nem sempre há necessidade de se armar a parede à tração, desde que o equilí-
brio seja mantido sem ultrapassar a tensão admissível na borda comprimida (nessa situação,
com a seção fissurada, o “I” e o “W” ficam reduzidos e, às vezes muito, diminuindo o “qui-
nhão”, que vai-se reduzindo, diminuindo o aumento da fissura, conforme aumenta o nº de
andares superiores) - um esclarecimento: poderíamos subdividir a COMB 4, em duas fases,
sendo a 1ª considerada no início da deformação, enquanto as tensões à tração da alvenaria
ainda estão abaixo da tensão admissível e assim sem o aparecimento de fissuras; e a 2ª com
a fissuração propriamente dita. Nos nossos cálculos de tensões, costumamos desprezar a
resistência à tração da alvenaria;
d) mesmo que uma parede tenha que ser descartada como resistente, por apresentar trações
indesejáveis e que não queiramos armar por qualquer motivo, ela poderá ser desconsidera-
da no cálculo a partir de determinado andar, mesmo porque, se ela se desequilibrar, a laje
desempenhará seu papel de diafragma, absorvendo e redistribuindo o esforço pelo conjunto
de todas as outras paredes que receberão proporcionalmente o quinhão liberado. É evidente
que o equilíbrio do conjunto deverá ser avaliado;
3.6.5 Paradoxo
Não podemos deixar de nos reportar a uma situação que frequentemente enfrentamos,
quando verificamos tensões, a que propriamente poderíamos chamar de paradoxo e
que seria a seguinte: suponhamos uma parede de seção retangular simples, resistente
à ação do vento, pertencendo a um edifício de andares múltiplos e estejamos de posse
de suas cargas individuais em um determinado andar (Figura 3.6.5.a). No cálculo con-
vencional, onde adotamos todas as seções brutas, obtemos as cargas G = 188 t e Mv
= 210 tm e uma seção bruta de 14 x 600 cm²; com A = 8400 cm² e W= 840000 cm³,
chegando a G/A = + 22 kg/cm² e com + vento Mv/W= ±25 kg/cm², obtemos máxima
compressão de 47 kg/cm² à direita, e -Mv/W= -25 kg/cm² a esquerda com a mínima
compressão, no caso uma tração de -3 kg/cm², indesejável por sinal. Agora vejamos
o que acontece se analisarmos a mesma parede retirando alguns grautes do centro,
deixando apenas as duas tiras de 2,5 cm de argamassa nas paredes longitudinais dos
blocos, reduzindo assim a seção de contato entre as fiadas (seção líquida). Então, para
os mesmos esforços atuantes, temos a A = 5520 cm³ e W = 760000 cm³ onde, nas
mesmas condições, teremos máxima compressão de 62 kg/m² e mínima compres-
são de +6 kg/cm². Se observarmos a comparação entre os dois cálculos, que foram
feitos atendendo aos mesmos critérios da excentricidade proveniente do momento
do vento, existe um paradoxo devido ao fato conceitual que “estamos enfraquecen-
do uma parede, retirando grautes e, ao mesmo tempo, estamos melhorando o seu
desempenho estrutural.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Sabemos que, apesar de as paredes transversais dos blocos não grauteados não serem consideradas
no cálculo da área líquida (no nosso caso não foi colocada argamassa de assentamento nas paredes
transversais dos blocos, apenas nas longitudinais, que é a prática mais comum de execução), elas
enrijecem a parede, aumentando o momento de inércia e, por consequência, o módulo de resis-
tência “W”. Mas quanto? Assim mesmo tudo fica mais favorável (mesmo desprezando tal efeito),
inclusive porque a área líquida de contato é calculada como efetiva, o que realmente é.
A redução do W (e do I) é compensada pela mesma redução % do quinhão, reduzindo M dessa
parede, aumentando os das outras. Todavia, com outras paredes em situação similar, haverá uma
redistribuição geral, mantendo aproximadamente como calculado, ficando a favor da segurança.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Analisando toda essa problemática, chegamos à conclusão que, nesses casos especiais, é importan-
te analisar detalhes particulares. Inclusive o procedimento de retirar alguns grautes desnecessários
é sempre utilizado em todas as paredes com a intenção de eliminar a ociosidade existente no equi-
líbrio das tensões finais (OC n%), procurando reduzir os custos de execução da alvenaria.
Quando projetamos, como devemos fazer a distribuição dos grautes nas celas dos blocos das pa-
redes? Os primeiros são os com ferros verticais, onde os ferros não contam, mas a seção grauteada
vale como resistente; a seguir vem as paredes onde a tensão da gravidade predomina, então os
grautes devem ser distribuídos uniformemente; último caso é quando os esforços do vento predo-
minam no equilíbrio das tensões, temos então que distribuir os grautes mais pelas extremidades
da Figura, aumentando assim o W, em relação a outro W, com a mesma área líquida e distribuição
uniforme.
Todos os cálculos feitos até agora foram baseados na comparação entre os esforços e a determi-
nação da excentricidade (COMB 1 a 5 - Figura 2.3.b), trabalhando as seções com área bruta e
determinando diagramas planos. Todavia, quando, na prática, precisamos trabalhar com as seções
semigrauteadas, utilizamo-nos dos diagramas em três dimensões para melhor compreender os
“volumes” das tensões e fazer as adaptações que consideramos definitivas em função do que (nós
pessoalmente) assumimos que seja o comportamento físico real do fenômeno (Figuras 3.6.5.c e d).
Entendemos que as tensões se orientam sempre formando paralelepípedos com a face superior
nivelada pela tensão média da parcela do vento na projeção das áreas grauteadas.
Assim, reduzimos a tensão da borda mais comprimida de 10,5% (de 62 pá 55,5 kg/cm2) e, explo-
rando um pouco mais, podemos trocar o braço do binário original do vento de 4,00 (2/3 x 6,00)
para 4,60 m, reduzindo a tensão final para 58,3 kg/cm2, que significa uma redução apenas do
vento de 13% (de 28 pá 24,3 kg/cm2) — números não indicados nos desenhos. Adotando todos
esses expedientes, não podemos utilizar o acréscimo de 50% na tensão admissível na borda com-
primida da flexão e também não sabemos bem o que acontece no trecho médio não grauteado,
porém, temos a certeza de que sua tensão estará próxima de 34 kg/cm2, bem abaixo da máxima de
55,5 kg/cm2. Tal distribuição de tensões é similar nos andares superiores até o efeito do vento
perder sua influência, então as tensões ficam mais uniformes (como inicialmente se considerou,
inclusive na nossa apresentação sobre o comportamento das cargas verticais). Essa situação (volu-
métrica) do comportamento das tensões não pode ser confundida com uma parecida, a do “efeito
de arco”, que será melhor explicada no próximo capítulo.
É importante observar que todos esses números e porcentagens variam com as dimensões e com o
tipo de cada parede e, principalmente, com a ociosidade nas tensões (OC%).
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CAPÍTULO 4
Pórticos de Alvenaria
4.1 Considerações
Até agora já falamos diversas vezes sobre pórticos, todavia, precisamos saber como e quando te-
mos possibilidade e real vantagem em utilizá-los. Vamos abordar algumas particularidades concei-
tuais. Na Figura 4.1.a temos duas paredes (P) interligadas por uma viga (v), conjunto que passamos
a chamar de “Pórtico” e no caso de “Alvenaria”, quando todos os elementos são de Alvenaria. A
vantagem de utilizá-lo reside no fato de a viga segurar o deslocamento superior do conjunto quan-
do solicitado por uma força horizontal aplicada no topo, isto se a viga for biengastada e, sendo
empurrada, aplica momentos em sentido contrário ao da parede e, assim, para a mesma força
horizontal reduzindo o deslocamento “d” de todo o conjunto. Analisando a Figura 4.1.b, vemos
que as paredes sem a viga teriam M = FH, com a viga (pórtico) o momento diminui, ∑M = (FH -
Mvg), e essa redução de momentos para um mesmo esforço F significa maior rigidez do conjunto
e maior quinhão na somatória geral, reduzindo percentualmente todos os outros quinhões alivian-
do-os das eventuais trações. O International Building Code - I.B.C. estabelece um critério limite
para a utilização de Pórticos de Alvenaria, como podemos ver nos dois pórticos inferiores: em
Figura 4.1.c ℓv/hv > 2 viabiliza um pórtico; em 4.1.d ℓv/hv < 2 o pórtico se inviabiliza. A filosofia
do conceito estrutural resume-se no mecanismo “viga flexível /coluna rígida” como podemos ver
no desenho principal, a flexibilidade da viga aumenta com a redução do seu “índice de rigidez”
(r = I/ℓ), justificando a fórmula. Explorando um pouco mais, em uma situação de pórtico inviável,
podemos aceitar que o conjunto global de andares múltiplos passe a funcionar como uma parede
rígida, sem aberturas (na realidade a rigidez completa depende das dimensões das aberturas; em
geral costumamos considerar a rigidez com aberturas razoáveis de 90 a 100% da sua rigidez sem
aberturas), permitindo a passagem das linhas de tensões diagonais (efeito de arco) de um lado para
o outro da abertura pela viga; nesses casos, com o “índice de rigidez” bem grande. Em quaisquer
situações, quando temos a possibilidade física de apoiar a viga como “biarticulada”, isolamos com-
pletamente as duas paredes eliminando a comunicação de um lado com o outro, exceto pela força
horizontal aplicada na laje.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Abordaremos agora uma estrutura muito especial. Uma torre de 17 andares de alvenaria muito
esbelta, H/L=6,2, ou seja, com largura de 8,2 m, que foi originalmente projetada para fôrmas
túnel metálicas e, por motivo de atrasos na sua entrega, pois são importadas, ficaram embaraça-
das na alfândega, com a obra já concretada até o teto do térreo e aguardando sua continuidade,
houve a conveniência de substituir o sistema construtivo pelo da alvenaria armada. O problema
era a sua viabilidade.
A “Reago”, empresa da “Camargo Corrêa”, potencial fornecedora dos blocos e interessada na divul-
gação de um projeto tão arrojado, contratou nossos serviços para o cálculo e desenvolvimento da
superestrutura da torre. De início, estudamos todas as implicações geométricas, com as fundações,
subsolo e térreo sem transição, já executados e com a modulação; foi importante que a modulação
se encaixasse perfeitamente na laje concretada, evitando a utilização de blocos especiais ou corta-
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Fachada principal
Mais um Pórtico de Alvenaria interessante, só que desta vez do século XXI; um pouco mais alto, 20
andares, um pouco mais largo, 16 m, com proporção H/Lx = 3,5 e H/Ly =1 ,7. A principal carac-
terística desse projeto é, ao contrário do que podemos imaginar, analisando apenas as proporções
H/L, a maior fachada recebendo vento com maior H/Lx≤3,5 e tem uma quantidade de paredes
suficiente para garantir um travamento satisfatório e sem aparecimento de trações (dir Y); ao
passo que na outra direção, a das fachadas, tomadas por grandes aberturas e internamente apenas
com duas paredes, no corredor, muito seccionadas por inúmeras aberturas (dir X), o conjunto
apresenta pouca rigidez sem os pórticos, além de apresentar em praticamente todas as paredes
trechos com pequenas e médias trações - analisando-se a rigidez dos conjuntos de paredes nas
duas direções: ΣIy = 222,6 cm4 e ΣIx = 21,1 cm4, de onde obtemos a relação ΣIy / ΣIx = 10,5,
muito diferente do que poderíamos esperar. Então, para evitar as trações nas paredes e enrije-
cer melhor o conjunto na direção da maior extensão, dir X, achamos imprescindível estruturar
as duas fachadas principais como Pórticos de Alvenaria (sem os pórticos, analisamos que, em
função da zona dos elevadores e escadas estarem deslocados, o centro de rigidez dir X, CR, fica
bem deslocado em relação à resultante do vento, RV, que se situa na posição do eixo do corredor
central, criando um momento de torção no diafragma que pode ser considerável e com efeitos
secundários que aumentem as trações nas paredes).
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
A rigidez dos Pórticos tornou-se mais do que suficiente para eliminar os esforços de tração, inclu-
sive das próprias paredes, estando a proporção dos vãos 321/71= 4,5 > 2, portanto, de acordo com
as recomendações do I.B.C., recomendo que lv/ho>2; para estruturar como pórtico. Analisando-
se a fachada principal, constituída de oito pilares (paredes) com 20 andares, vemos os quatro pila-
res centrais engastados em cima, nos oitões e os quatro laterais nas platibandas e, em baixo, todos,
sem exceção, nos baldrames com rigidez garantida pelo conveniente posicionamento das estacas.
Assim, conforme podemos observar nos detalhes dos elementos, as armaduras estão bem leves,
sendo todas as principais de φ 12,5 e os estribos φ 6,3, nos pilares (paredes) apenas 1 x 3 barras
e nas vigas 2 + 2 barras. As resistências adotadas foram: para o aço, a equivalente ao CA-42, com
saliências sendo fs = 2.200 kg/cm2, como não temos com facilidade essa resistência disponível no
mercado, especificamos CA-50A e, para o graute desde o térreo, acompanhando as necessidades
do fp da alvenaria até um mínimo de fgk = 25 MPa nas vigas, sendo as paredes desde o térreo
com fp = 26 MPa (blocos fbk = 18 MPa) e reduzindo para cima. Sendo o concreto fck = 25 MPa
constante em todos os andares nas lajes e na parte inferior das vigas, executadas em duas etapas
de concretagens, sendo a 1ª enchendo a verga sob a laje juntamente com a mesma (normalmente
recomenda-se grautear as vergas antes da montagem das formas das lajes, quando moldadas no
local, pois ficam bem firmes e impedidas de se deslocar quando ajustados os soalhos de madei-
ra, todavia, nesse caso, de comum acordo com os encarregados da obra, a concretagem da laje
inclui a da verga); a 2ª etapa consiste do assentamento das duas fiadas superiores e posterior
grauteamento do resto.
Nota: veja detalhes das fundações com momentos provenientes da ação do vento e efeitos de
arco nas Figuras 6.6.2.e, f.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Fig. 5.1.a - Perspectiva - Cedida por Absoluta Construtora e Incorporadora Fig. 5.1.b - Parede com 656 cm de pé-direito
Obs.: vide Fig 5.1.c na pág. 85
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
5.1.1 Superestrutura
Torre de escritórios com salões livres de paredes no andar e em laje plana, sendo os três
andares superiores com altura dupla [2 x (320 + 16) = 672 cm], mais nove andares-tipo
normais com (320 + 16 = 336 cm), o térreo possui pé-direito duplo, com um trecho tri-
plo e tetos formados com grandes transições em dois pavimentos, mais um sobressolo
(460 cm entre lajes, parcialmente, e com “t = 14 cm”) e dois subsolos normais. Os três
andares superiores duplos permitem a colocação de um mezanino, transformando-os
em seis andares, somando uma altura total de 19 andares de (336 cm = 6384 cm) des-
de a fundação. Podemos considerar nesse caso essa altura total em alvenaria, pois as
caixas de escadas e elevadores e as paredes periféricas do lote descem até as fundações
em alvenaria estrutural. Todavia, o vento crítico para a alvenaria acontece no piso do
1º pavimento, ou seja, H = 50,25 m (15 x 3,36), então, H/Lx = 1,8 e H/Ly = 3,1. Torção
na laje na direção y não existe, e na direção x existiria, porém, a caixa de escadas e ele-
vadores tem o equilíbrio da rigidez facilitado por dois pórticos reticulares com vigas
de concreto e pilares de alvenaria, situados na fachada principal, somados a um índice
também muito pequeno de H / L. As fa.adm nos diversos casos de pés-direitos e es-
pessuras, aplicando-se a fórmula de Euler, ficam assim: a) t= 29, pd = 656 cm, fa.max=
0,17fp; b) t = 29, pd = 320 cm, fa.max = 0,23fp -- usamos 0,20fp; c) t = 14, pd = 460 cm,
fa.máx = o,11fp; d) t = 14, pd = 320 cm, fa.máx = 0,16fp.
Este projeto no seu andar-tipo prevê uma sobrecarga adicional de divisórias leves,
além das já previstas de t = 14 (divisórias de alvenaria entre as salas, também re-
movíveis), cuja laje de piso com h = 16 cm tipo “plana” calculada com carga total
q = 850 kg/m². A área das salas, com poucas paredes para receber tais cargas nos obri-
gou a duplicar sua espessura para t = 29 cm, formada por duas paredes paralelas de
t = 14 e bem amarradas entre si com grapas, atendendo à necessidade de maiores
áreas de paredes resistentes, resolvendo as especificações estéticas originais do pro-
jeto arquitetônico e resolvendo também a flambagem dos pés-direitos duplos supe-
riores. Note-se que as paredes das caixas de escadas e de elevadores mais o corredor
do hall dos elevadores e também dos dois sanitários centrais serão sempre travadas
a cada 336 cm de altura, inclusive nos pés-direitos duplos, onde terão dois giros
completos das escada.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
83
Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Pelo que pudemos constatar na Figura 5.1.1.a, temos uma parede em especial, a elevação da Figura
5.1.1.b, que merece algumas explicações. O desenho mostra um pé-direito duplo superior, sendo
que a elevação da metade inferior é idêntica à dos tipos simples, e a metade superior difere ape-
nas na altura do peitoril da abertura. Essa parede, ou conjunto de paredes, constitui uma parede
rígida com aberturas (pelo I.B.C., nos tipos inferiores ℓv = 181 e hv = 195, então, ℓv/hv = 0,93 < 2,
portanto, não convém que seja um pórtico), cuja rigidez deverá ser um pouco reduzida devido às
aberturas. Mas reduzir quanto? Aí, deixando de lado diversas confabulações teóricas, um critério
prático é simplesmente descontar um pequeno percentual de 10 a 20% do momento de inércia
da parede fechada - autores norte-americanos fornecem desenhos dessas paredes com diversas
combinações de aberturas, a escolher a mais parecida, juntamente com as respectivas reduções
percentuais, evitando assim cálculos mais complexos - assim achamos que podemos assumir tal
percentual “a sentimento”.
Na Figura 5.1.1.c, explicamos como amarrar as duas paredes de t= 14 para formar uma de t= 29 e
detalhamos as grapas com seus espaçamentos horizontal e vertical. Já na Figura 5.1.1.d/f, vemos
as armações em corte: “d” lumieira de janela de altura normal (h= 59+16); “e” idem da janela infe-
rior do pé-direito duplo, com as mesmas três fiadas inferiores, igualmente com os estribos a com
20 cm, abraçando também as duas fiadas do peitoril superior para evitar o seu descolamento; em
“f ” vemos as 2 paredes de t = 14 que compõem a t = 29, com a posição e o detalhe das grapas de
armação na horizontal.
5.1.2 Infraestrutura
Na Figura 5.1.2, observamos uma das paredes da periferia do terreno. Como o solo
dos perímetros foi todo grampeado, não temos contenções de solo nesta parede, ape-
nas cargas verticais provenientes de lajes e vigas dos estacionamentos e do peso pró-
prio das alvenarias. Vejam-se todos os apoios das vigas guarnecidos com “coxins” de
concreto dimensionados pelo apoio da reação da viga, modulados em 20 cm e com
um mínimo de 80 cm. Além das celas verticais e das canaletas horizontais armadas
com ferros corridos, que já sabemos serem obrigatoriamente grauteadas, indicamos
com faixas verticais escurecidas as áreas grauteadas por necessidade estrutural. Es-
sas áreas sob os coxins poderiam ter suas tensões espalhadas a 45º, todavia, essas
tensões devido ao efeito de arco se concentrariam novamente sobre as sapatas colo-
cadas estrategicamente em suas projeções. Observe se na laje da cobertura os coxins
estão apenas com duas fiadas grauteadas e as inferiores ocas, por não precisarem de
grautes; tal detalhe está de acordo com especificações das normas americanas que
sugere o grauteamento de duas fiadas sob os coxins, mesmo quando a carga for pe-
quena e não exigir tal grauteamento.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Esta torre, de pequenas dimensões em planta, foi a mais alta executada até a data, saindo da tran-
sição no teto do térreo com 21 andares-tipo mais três andares de equipamentos sociais na cober-
tura, somando 24 pavimentos de alvenaria (as coberturas foram consideradas devido à sua grande
influência nos cálculos da ação do vento).
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Fig 5.2.d - Elevação de fachada “PA” assimétrica na inércia - flanges - Projeto do autor
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Quatro torres paralelas com 25 andares-tipo, dois andares de cobertura, térreo mais quatro subso-
los totalizando 32 níveis (as duas torres da frente possuem apenas dois subsolos e a 1ª três andares
a menos). O projeto de arquitetura apresentado exigia a completa flexibilidade na remoção de
todas as paredes internas, inclusive dos banheiros e as de acesso às varandas que seriam fechadas
com vidros. Nessas condições não era possível conseguir a estabilidade global com as poucas pare-
des que sobraram, assim optou-se por uma laje plana com pórticos e algumas paredes em concreto
armado nos apartamentos, sendo que as três caixas de elevadores e a caixa de escadas, que formam
um conjunto no centro da torre, foram projetadas em alvenaria estrutural, caracterizando uma
ESTRUTURA MISTA.
Por que adotou-se essa solução? Acontece que o construtor, já com experiência na execução de
torres altas em alvenaria, solicitou tal solução, e com a alvenaria começando logo na fundação,
isso porque nas paredes de alvenaria estrutural, com um mínimo de preocupação executiva,
conseguem-se prumadas praticamente perfeitas que servem de balizamento para a execução do
restante da estrutura.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Analisando-se do ponto de vista da estabilidade global, levando-se em conta que em uma estru-
tura mista os módulos de elasticidade são diferentes, houve a necessidade de se compatibilizar tal
situação com a mesma deformação horizontal em cada piso (aqui também vale a premissa da laje
como placa rígida). O cálculo dessa situação estrutural é perfeitamente exequível, todavia, ele se
torna extremamente trabalhoso se variarmos a resistência da alvenaria conforme subimos pela
torre (de acordo com o que costumamos fazer nas estruturas de alvenaria). Então optamos pela
especificação de uma resistência constante e uma condição de rigidez das paredes de alvenaria
também constante, todas completamente grauteadas, trabalhando juntamente com os elementos
de concreto igualmente com resistência e elementos constantes desde as fundações, pois não exis-
tem transições. As resistências utilizadas foram para a alvenaria fp = 24 MPa, bloco fbk = 18 MPa
com t = 14 cm e para o concreto fck = 35 MPa.
Conforme indicado na Figura 5.3.c, podemos ver claramente a somatória de todos os elementos
resistentes aos efeitos da ação do vento na dir “x”: as caixas de alvenaria e os pórticos de concreto.
Já na dir “y”, temos uma pequena relação H/Ly = 2,4 e muitos pilares de grande rigidez orientados
nesta direção e, apesar do conjunto geral de alvenaria possuir menor inércia, o travamento é satis-
fatório.
A vantagem estrutural da adoção de uma estrutura mista neste caso é muito relativa. Observe se
a direção “x” analisada é a que tem os menores esforços de vento devido à proteção que as torres
fazem umas com as outras. Se não fosse pela vantagem construtiva, uma estrutura mista não seria
determinante.
Fig 5.4.a - Residencial Bonança - modulação - bloco com 4 sobrados - Projeto do autor
Algumas diferenças importantes existem nos detalhes construtivos dos blocos das paredes mais
estreitas (t = 9): a maior parte da diferença da largura externa se manifesta nas dimensões livres
das celas, com um máximo de 5 cm de largura na parte cônica mais folgada com 4 ou 3,5 cm na
mais estreita (com espessuras das paredes longitudinais variando de 2,0 a 2,5 cm). Todavia, exis-
tem fôrmas cujos blocos ficam quase e, às vezes, completamente fechados, dificultando a colocação
dos conduítes, dos ferros e do grauteamento vertical.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
As amarrações de canto tipo macho e fêmea ficaram inviáveis no nosso projeto, por termos duas
espessuras diferentes para amarrar e, nesse caso, as amarrações são feitas com grapas como indicadas
na elevação - para encontros de paredes de 9 x 9, podemos utilizar cantos com amarração tipo macho
e fêmea, se tivermos disponível a peça especial de 9 x 29 x 19; as armaduras horizontais são alojadas
em canaletas tipo U que não permitem cruzamentos com ferros verticais, a menos que se providencie
um furo no fundo - tais furos são especificados por norma com ϕ mín = 7,5 cm, para blocos estru-
turais (t = 14 mín), o que no nosso caso não funciona, pois os blocos de nove não são considerados
estruturais, todavia, temos que tentar abrir furos com a maior abertura possível, pois, dessa abertura,
vai depender a maior ou menor qualidade do grauteamento da estrutura - no caso de duas fiadas
sobrepostas de canaletas, a colocação dos estribos deve passar entre as peças de cima; no caso c/ 40,
se fosse necessário c/20, a fiada de cima deveria ser com meias peças de canaletas de 9 x 19 x 19, se
fosse necessário < com 20, a fiada de cima deveria ser com blocos padrão de 9 x 39 x 19, transferindo
os eventuais ferros horizontais para as entre fiadas, e os estribos devem passar pelas celas dos blocos,
solução mais utilizada quando não são necessárias duas fiadas de canaletas.
É importantíssima essa extrapolação que já algum bom tempo fazemos dos critérios da alvenaria
estrutural para as alvenarias mais simples (t = 9, blocos maciços e outros), muito utilizadas nas
obras populares e esquecidas pelas nossas normas técnicas.
Felizmente, a última norma brasileira - NBR 15961-1-2011 - nos deu uma abertura, permitindo a
utilização mais ampla dos blocos t = 9 cm. Nossa esperança é que tal exemplo também seja seguido
pelas normas de concreto, pois o nosso país tem urgência em reduzir os custos de nossas cons-
truções populares com especificações exclusivas e principalmente bem objetivas para o segmento,
com a intenção de reduzir tais custos, o que, aliás, acho que nunca foi feito.
Construtora: Andibra Constr. e Incorp. - 2013/14
6.2 Considerações
Abordemos inicialmente situações de baldrames e blocos de fundação em estruturas de concreto
armado:
a) Figura 6.2.a - Representa uma viga reticular (esbelta) apoiada sobre duas estacas coroadas
com blocos e solicitada por uma carga uniformemente distribuída e verticalmente deformável
(por exemplo, peso próprio, peso de lajes com revestimento e sobrecargas acidentais etc). Nes-
sas condições, a viga recebendo tal carregamento, pelo principio da ação e reação, sofrerá uma
deformação em sua linha elástica apresentando uma flexa, função da escala do carregamento,
da distância entre apoios, esbeltez da viga. Os esforços na viga decorrentes de tal esquema es-
trutural são o MOMENTO FLETOR e o CISALHAMENTO (decorrentes da força cortante).
b) Figura 6.2.b - Representa um pilar, também esbelto, apoiando sobre um bloco com duas
estacas equidistantes da aplicação da carga. Assim, a carga do pilar se divide em duas cargas
iguais, descendo inclinadas até as estacas. Tal esquema estrutural denomina-se de BIELAS.
Os esforços que podemos observar são a COMPRESSÃO nas bielas e a TRAÇÃO, “constan-
te” de estaca a estaca (diferente da viga anterior que tem os esforços de tração se reduzindo
e tendendo a zero do meio para os apoios). Surge uma questão: frente a situações práti-
cas, quando considerar viga ou bloco? É um bloco (rígido, indeformável) quando a relação
l 2d. Em caso contrário, comporta-se como uma viga (reticular, deformável).
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
c) Figura 6.2.c - Representa um pilar parede, ou seja, com a dimensão horizontal cobrindo e
passando o vão entre as duas estacas. Nesse caso, a carga do pilar vai se concentrar diretamente
sobre as estacas, sugerindo a existência de bielas, ou EFEITO DE ARCO, com ângulo superior
a 60° com a horizontal, entrando no corpo do pilar e conduzindo a f>>> 0,5 l (indefinido) o
que significa acarretar mínimos esforços de tração na base do bloco. Então, podemos con-
siderar os apoios das estacas como dois blocos independentes, recebendo ½ carga do pilar e
funcionando cada um como “blocos simplesmente apoiados”.
d) Figura 6.2.d - Representa uma parede de alvenaria estrutural, com uma carga uniforme-
mente distribuída, apoiada sobre duas estacas. Situação idêntica à da Figura 6.2.c, mudando
apenas de pilar parede para parede de alvenaria, onde podemos visualizar o EFEITO DE
ARCO (este efeito presume-se que exista de modo similar no pilar parede), isso porque po-
demos considerar tal parede suficiente rígida. Se questionarmos imaginando a possibilidade
de um comportamento semelhante ao da Figura 6.2.a, observamos que a parede sendo rígida
não provoca a deformação da linha elástica na viga, portanto, não existe flexa, não existindo
também força cortante nem momento fletor ou cisalhamento, o que elimina por completo a
possibilidade do comportamento ser como o de uma viga.
e) Figura 6.2.e - Estendemos o mesmo efeito para uma parede com 5,6 m de extensão, agora
compatível com quatro estacas uniformemente distribuídas. Aproveitamos e indicamos al-
gumas cargas e esforços (compatíveis com os exemplos apresentados adiante). Escolhemos
quatro estacas para 37 t, pois tal torre terá outras paredes compatíveis com ela, todavia,
poderíamos ter escolhido sete estacas cada 80 cm para 20 t, que aceitariam, com a mesma
viga baldrame, tensões bem menores da alvenaria sobre elas, todavia, o vão de 80 cm entre
estacas em outra parede com carga maior/ml estaria muito pequeno, obrigando a aumentar
a estaca ou a utilizar algum(s) bloco(s) de fundação de duas estacas atravessado(s) na viga
baldrame.
Fig 6.2.c - Pilar parede em bloco (C. A.) com 2 estacas - Projeto do autor
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
>ℓ/2
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
f) Figura 6.2.f - As explicações das Figuras 6.2.a e 6.2.d,e foram necessárias para entender a
principal aplicação “prática” do EFEITO DE ARCO e poder compará-la aos comportamen-
tos bem diferentes observados (ou talvez nem imaginados) no concreto armado. Todavia,
ele se manifesta nas mais diversas situações, não só sobre fundações, como sobre quaisquer
apoios, em transições de concreto, em outras alvenarias, e também se apresenta desviando
as cargas sobre aberturas, sobre balanços e também redistribuindo cargas em situações ines-
peradas de ausência de apoio em fundações ou transições (Figura 6.2.f). Vemos no desenho
das aberturas repetidas dos andares que as cargas descem sobre elas, separando-se pelas duas
laterais e normalmente fechando-se abaixo delas e após repetindo a situação. Nesse caso, o
projetista da estrutura pode calcular o vão da abertura considerando a seção do triângulo
sobre a mesma (lv/hv<2 conforme o I.B.C. “é parede rígida”). Bem diferente é a situação de
uma parede já executada onde o usuário da unidade resolve abrir uma porta com largura
considerável (P1). Aqui o comportamento das cargas é igual ao das janelas, só que no proje-
to original não foi prevista essa situação, então temos as consequências: a viga lumieira não
recebe a carga toda dos andares superiores, mas apenas a carga proveniente do triângulo
retângulo de 45° acima dela (efeito de arco), todavia, a carga superior desviada para os lados
sobrecarregará as seções resistentes remanescentes. As normas e os regulamentos permitem,
como no caso dos apoios da Figura 6.2.d/e, que as tensões admissíveis da compressão axial
sejam majoradas de até 50%, o que facilita a possibilidade de serem ultrapassadas até esse
limite as tensões das laterais, obviamente dependendo das dimensões da parede, da abertura
e da folga no cálculo e do dimensionamento da alvenaria, haverá um solução viável. Já o
balanço costuma ficar completamente aliviado das cargas superiores, pois elas se desviam,
como na lateral das aberturas apenas ½ arco, sendo que os esforços de compressão sobre
apoio devem ser verificados.
g) Figura 6.2.ghi -Vemos na Figura 6.2.g o caminho das tensões de gravidade em linhas si-
nuosas se desviando das aberturas e chegando embaixo, carregando um pouco o meio do
vão das vigas (as tensões das Alvenarias, como de qualquer material rígido, fogem de apoios
deformáveis procurando os rígidos), já os esforços do vento descem em diagonal entre as
aberturas (e livre delas) com o mesmo comportamento de uma parede cega, sem aberturas.
Para completar, as Figuras 6.2.h,i mostram uma parede com aberturas e com o comporta-
mento rígido e a outra com uma prumada de portas com vergas biarticuladas que separam o
plano em dois outros independentes, respectivamente. Exemplos de como as linhas de ten-
são contornam as aberturas, procurando, nos andares inferiores, se concentrar nos apoios rí-
gidos; em “h” livrando completamente o vão da viga, inclusive do momento do vento; em “i”
a situação das aberturas com vergas biarticuladas sobre as mesmas separam os dois painéis
de paredes, tornando-os independentes, com rigidez e quinhões de momentos diferentes,
atuando cada um do seu lado. Já as cargas de gravidade, apesar de estarem isoladas, migram
cada uma de si para os apoios rígidos evitando o centro da viga, o que já não acontece com
os momentos do vento.
+V -V
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Fig 6.4.b - Cálculo de alvenaria sobre estacas (ou pilares) - Concepção do autor
Na Figura 6.4.b, demonstramos como calculamos a altura mínima (h) da viga baldrame sobre a
estaca. Da face inferior da viga junto a lateral da estaca, subindo a 45º acompanhamos a linha da
face limite do cisalhamento (para dentro da qual não se manifestam mais esforços de corte) e che-
gando na face superior, pelos dois lados, sua abertura define a extensão da parede que consegue
transmitir esforços apenas de compressão para a viga/estaca. A favor da segurança, acarretando
um (h) maior, subimos a linha 60°. Pelo desenho bastaria uma viga com h = 42 cm (pela inclinação
de 45° bastaria apenas h = 24 cm), mas por questões construtivas adotamos h = 50 cm. Lembramos
que, para uma maior eficiência do esquema, foi conveniente afastar a estaca os 40 cm da face externa
da parede. Observando o conjunto em planta, precisamos de uma viga com uma largura b = 30 cm,
um pouco mais que o d = 24 cm para coroar a estaca, sendo obrigatório grautear o mínimo de
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Veja-se a Figura 6.5.d,e,f onde o exemplo 6.5.d mostra uma viga sobre três apoios, simétrica, e com
carregamento uniforme e verticalmente deformável, e o exemplo, 6.5.e mostra uma viga igual com
a diferença no carregamento rígido.
A 1ª viga 6.5.d, tem sua linha elástica deformada gerando momentos fletores e com reações inclu-
sive oriundas da variação destes momentos fletores. Já a 2° viga,6.5.e, não funciona como viga, e
mais como bloco, pois a rigidez do conjunto bloco + pilar (ou parede rígida) garante que as três
reações sejam idênticas (como fazemos nos projetos de fundações de pilares sobre varias estacas,
onde resolvemos com um bloco rígido o suficiente para garantir reações iguais em todas as estacas).
Comparando as duas “vigas” observamos grandes diferenças nas suas reações. Simulando a possibi-
lidade de um projetista desavisado calcular tal viga que tenha um carregamento do tipo “e”, rígido,
como se tivesse o de tipo “d”, deformável, incorrerá em erros consideráveis, a saber: em 1° lugar uma
subestimação das reações das extremidades com uma superestimação da intermédiaria, em 2° lugar
o dimensionamento da viga se mostrará enorme, e tanto maior quanto mais andares esta parede
suportar, ao passo que se fosse corretamente concebida, seria bem esbelta e alargada para coroar as
estacas, eliminando os blocos de fundação convencionais, e com armadura bem leve.
Por analogia, apenas para esclarecimento, apresentamos o esquema funcional do bloco rígido
da Figura 6.5.f sobre 2 estacas com fórmula parecida ao do tirante do arco, porém, é diferente
(T bloco = 2 x T arco) por se tratar de uma carga concentrada de pilar.
6.6.1 Considerações
Até agora abordamos apenas o Efeito de Arco atuando em alvenarias esquemáticas
apoiadas sobre duas estacas ou em transições de vigas e pilares de Concreto Armado,
deixando as alvenarias de conjuntos reais apoiadas diretamente sobre Fundações para
serem tratadas em separado pelas suas características especiais. Não que o Efeito seja
diferente, mas porque no Projeto das Fundações, por elas estarem enterradas, podem
ser remanejadas com certa liberdade sob as paredes independendo de posições fixas
de pilares e outras limitações geométricas. Então, o princípio básico determinante para
o projeto consiste: “como as cargas das alvenarias geralmente chegam nas fundações
distribuídas linearmente, o ideal, natural, lógico e econômico é que o tipo de fundação
especificado transfira, da mesma maneira, tais cargas diretamente ao solo, suporte”.
Tal situação só pode ser atendida plenamente quando o terreno tiver condições de
suportar fundações diretas por meio de sapatas corridas sob as paredes. Nem sempre
esta solução pode ser atendida, pois a resistência exigida do solo não sendo superficial
pode ficar muito cara ou que o tipo de solo exija uma fundação profunda então, nesse
caso, vamos utilizar estacas, que podem ser de diversos tipos, diâmetros e comprimen-
tos. Nesse último caso, nos projetos de fundações com pilares, é comum o projetista da
estrutura fornecer ao projetista das fundações uma “Planta de Cargas” com as cargas
e momentos “concentrados”, ou seja, com as suas posições já definidas nos pilares. No
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Fig 6.6.2.d - Parede simples tracionada sobre baldrame com estacas sem tração - Projeto do autor
Na fig 6.6.2.d vemos a situação de uma parede curta, cujas reações correspondentes ao
momento de vento nos apoios, negativas, são de maior valor absoluto que as reações
de gravidade, sempre positivas - esquema montado similar a uma situação real de um
antigo projeto nosso. Essa situação acarreta sempre tração na parede, no baldrame e
na estaca, caso se coloquem as estacas nas extremidades da parede. Então, para evitar a
tração na estaca e no baldrame, prolongamos o baldrame para fora da parede, nos dois
lados, com o expediente de criar diagramas de cortantes e momentos sempre positivos
eliminando tais trações. Assim, temos apenas uma pequena tração na parede, que será
absorvida por umas poucas barras verticais na parede, que serão perfeitamente anco-
radas na viga baldrame.
Em torres muito altas como esta de 20 andares, com empenas laterais muito rígidas
(Figura 6.6.2.e) que, por consequência, tem um quinhão de carga muito grande, a
distribuição das cargas é mais delicada, pois não pode ser orientada apenas pela uni-
formidade das distâncias como quando temos apenas gravidade, o que acarretaria
esforços de tração nas estacas extremas e, para evitá-los, aproximamos tanto quan-
to possível outras estacas para que o conjunto ajude a contrabalançar e equilibrar as
reações, eliminando as trações e de tal maneira que do lado oposto também atenda
à maior compressão - a carga admissível da estaca é q.adm = 100t, a reação positiva
R = 80 + 47 = 127t/est com vento: R = 127/1,3 = 98t/est, ok.
Essa parede (fig 6.6.2.f) é da mesma torre anterior e sendo bem menor possui uma
rigidez também reduzida. O quinhão da carga é pequeno, mas em contrapartida temos
um braço de momento fletor também bem menor. Assim, a solução também é empur-
rar todas as estacas para as extremidades da parede e assim manter o equilíbrio com
um mínimo de estacas. Essa solução inclusive facilita a abertura de portas no interior
do vão do arco-zona, morta de tensões, principalmente no andar térreo, interligando
os cômodos contíguos, abertura esta também permitida em qualquer andar, o que pelo
próprio conceito do esquema vai permitir tal desvio de cargas sem problemas com os
acréscimos de tensões nas laterais das aberturas - mais um motivo para ter evitado
estacas no meio do vão.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Fig 6.6.2.g - Obra: Vero Santa Isabel - 2 torres - Plano & Plano - ver FT 7.5
- Rua Santa Isabel, nº 550, Guarulhos, SP - Projeto do autor
Mais uma vez, temos um exemplo, dessa vez de uma torre de 22 andares, porém, com
uma empena de rigidez relativamente pequena (Figura 6.6.2.g), mas com um quinhão
relativamente grande, acarretando uma carga de tração também grande, o que obrigou
a concentrar três estacas em cada extremidade e, para tanto, foram puxadas do meio
da parede e, inclusive, aproximando das partes um pouco mais externas das empenas
começando a aumentar os vãos dos baldrames (sendo de cálculo menos cômodo e
mais sujeito a verificações) e terminando com a necessidade de se colocar blocos de
fundação para três estacas em triângulo, como melhor artifício para eliminar as tra-
ções nas estacas que se situam imediatamente abaixo das extremidades tracionadas
das paredes.
As tabelas apresentadas agora são fruto de nossa vivência com projetos e foram mon-
tadas para nosso uso com a finalidade de ter respostas rápidas aos nossos clientes para
o pré-dimensionamento de fundações.
A tabela da Figura 6.6.2.h facilita a escolha: tipo da estaca; definição do fp; dimensões
e armação dos baldrames. A escolha da estaca é proporcional à altura do prédio e para
cada bitola a faixa central, das três apresentadas, é sempre a mais conveniente, sendo
que a superior conduz a baldrames mais altos (mais caros) e a inferior geralmente
atende tão bem quanto a central. Valem adaptações intermediárias, fazendo-se sempre
a viga coroar a estaca (b = ϕ + 5 cm) e quando b > 35 cm os estribos são duplos e colo-
cam-se costelas (10 ou 12 ϕ 12,5 corridos).
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
A tabela Figura 6.6.2.i ajuda a pesquisar a quantidade de estacas, com boa aproxima-
ção, de um prédio qualquer com alvenaria saindo do chão, utilizando apenas a sua
Área Construída (com o efeito do vento não considerado).
Para as duas tabelas, todos os índices, critérios e conceitos utilizados e aqui disponibili-
zados são conclusões exclusivas tiradas de comparações feitas de nossos projetos. Para
a sua utilização funcionar bem, é importante ter em mente o seguinte: o dimensiona-
mento da armação dos baldrames restringe-se à fretagem da viga sobre as estacas, so-
licitada à compressão entre a parede e a estaca e resolvido com o reforço dos estribos,
e o vão entre as estacas com armadura construtiva sem prever solicitação de cargas
eventualmente alguma carga, além da parede estrutural, pode-se apoiar na viga fora
das estacas e provocar momentos e cisalhamentos; esses casos têm que ser evitados
no projeto ou analisados pontualmente); a carga padrão/m² utilizada na Tabela da
Figura 6.6.2.h é a da média das nossas obras, q = .95 t/m² de área construída - com
as seguintes especificações: alvenaria estrutural t = 14 cm, vedações em blocos
t = 9 cm, lajes h = 10 cm, acidental qacid = 100 kg/m² (média de torres até 15 an-
dares com desconto de norma), todo este conjunto conduz a uma média global de
q = .95 t/m² – vedações com drywall são mais leves que blocos.
a) Duas casas geminadas, térreas, com laje de concreto maciço no forro mais telhado com
telhas de barro. Tais casas geralmente são executadas com contrapiso interno em concreto
simultaneamente com as fundações diretas sob as paredes, no mesmo nível superficial do
contrapiso e também indo para fora, formando uma calçada com uma borda de proteção
ao solapamento, enterrada em todo o perímetro. Tal fundação exige armações apenas sob
as paredes em faixas de 50 a 60 cm de largura com telas eletrossoldadas Q61, Q75 ou Q92
(CA60) e apenas positivas, sendo a espessura da laje h= 8 cm. Esse dimensionamento condiz
com a pequena carga aplicada pelas paredes no solo (1,5 a 2,0 t/ml), conduzindo a 0,3 a 0,4
kg/cm² de solicitação máxima no solo. Fora dessas faixas, no centro dos cômodos, não é
necessária nenhuma armadura estrutural, e o contrapiso poderia ter até sua espessura redu-
zida, todavia, por questões construtivas e prevenção contra patologias, costumamos manter
a espessura geral constante e especificamos, além das telas sob as paredes, uma tela também
positiva adicional mínima Q61 em toda área, inclusive calçadas. É praxe comum se cha-
mar, erroneamente, tal fundação de “RADIER” pelo fato do contrapiso, sapatas e calçadas
formarem uma única placa monolítica. Entretanto, essa palavra de origem francesa implica
em uma placa monolítica, porém, com a característica de distribuir e uniformizar eventuais
recalques diferenciais, pressupondo que a superfície inteira da placa tenha rigidez suficien-
te para cumprir tal função. Que não é o nosso caso, mesmo porque a rigidez das paredes,
apesar dos blocos serem de baixa resistência (2MPa), já garantem a redistribuição de alguns
recalques significativos.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
b) Um prédio de quatro andares já precisa trabalhar com a Sapata Corrida mais prote-
gida, mais enterrada, um mínimo de 50 cm, o que acarreta um contrapiso independente
geralmente de concreto com 5 a 6 cm, sem armadura e resistente para suportar as paredes
de vedação sem sapatas próprias (divisórias ou paredes de blocos mais leves com carga de
apenas um andar).
c/d) Aqui apresentamos dois projetos com os apartamentos idênticos com diferença no n° de
andares sendo o (c) com oito andares e um elevador, e o (d) com 16 andares e dois elevado-
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
res. Os dois projetos estão construídos no mesmo terreno com diversas repetições, e to-
dos com a mesma taxa admissível superficial para fundações, σ s = 2 kg/cm². Mostramos
esses exemplos para apresentar a flexibilidade desse tipo de fundações que costumamos
utilizar para qualquer altura de prédio.
As limitações existem nas taxas mínimas de solo (mínimas para evitar a sobreposição en-
tre as sapatas) em função da altura dos prédios: taxa de 0,5 a 0,75 kg/cm² para 4 a 5 andares;
1,5 kg/cm² para 8 a 9 andares; 2,0 kg/cm2 para 13 a 17 andares; 2,5 kg/cm2 para 20 andares ou mais.
Temos em nossos arquivos inclusive torres muito altas e muito carregadas por m² e por andar com
σ s = 4 a 5 kg/cm² com as fundações bem resolvidas. Valem as mesmas observações feitas para o
item (b), apenas com a diferença da existência dos poços dos elevadores mais rebaixados e que
obrigam o rebaixamento das sapatas próximas evitando a influência das cargas superiores sobre
as sapatas inferiores. Observe-se também um pequeno e verdadeiro Radier servindo de fundações
para o poço de elevadores.
A estrutura mais simples que encontramos para exemplificar melhor tal comporta-
mento é a de uma “casca”, denominada de paraboloide hiperbólico e que normalmen-
te se apresenta com diversas formas e das quais elegemos uma em especial como re-
presentante bem aproximada do que entendemos seja o comportamento real de nossas
estruturas. Veja a Figura 6.6.4.1.a.
A característica especial das cascas é ser uma estrutura autoportante superesbelta, for-
mada por superfícies não planas, vencendo vãos razoáveis para sua diminuta espessu-
ra (30, 40, 50 m de vão livre em diagonal) e, no nosso caso, com esforços unicamente
de compressão devido às suas formas, todas compostas por arcos.
Já as nossas torres, de andares múltiplos bem travados com paredes de alvenaria, po-
derão ser interpretadas como paraboloides hiperbólicos empilhados andar por andar
garantindo uma amarração tridimensional espetacular, com efeitos colaterais favorá-
veis, infelizmente ainda não explorados satisfatoriamente pelos pesquisadores. Veja na
Figura 6.6.4.1.b a miríade de arcos e abóbadas cruzando em todas as direções dando
uma ideia bem completa do que, com bastante propriedade, batizamos de Estrutura
Alveolar Tridimensional, que garante uma rigidez adicional extracálculo no conjun-
to. Tudo isso contribui para dar mais confiança aos estudiosos e aos calculistas céticos
sobre um melhor comportamento das estruturas de alvenaria frente a quaisquer esfor-
ços, principalmente esforços dinâmicos de Vento e de Sismos.
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Um pouco difícil de imaginar é o efeito “aglomerante” que tem uma laje, de piso ou de
cobertura, no seu envolvimento com as paredes inferiores, em que se apoiam. Prova
disso obtivemos quando vivenciamos pessoalmente e, por acaso, uma falha de cons-
trução em uma casa térrea que visitávamos. Tal casa situada com um andar no nível
da rua, onde se encontram todos os cômodos principais e, em cujo terreno com pe-
queno declive para os fundos, foi aproveitado para aí construir, sob o corpo princi-
pal, um salão com vão livre, sem nenhum apoio central, em uma área aproximada de
6,0 x 8,0 m (Figura 6.6.4.1.c). Aconteceu que, por uma falha imperdoável do projetista
da estrutura, a tal laje de piso suporte dos cômodos superiores cedeu, fletindo “sem
ruir” e desceu aproximadamente 2 cm no centro. Em função da carga à que estava
submetida a laje, tudo levava a crer que uma ruína total deveria ter acontecido, mas,
contrariamente ao que se esperava, logo após as primeiras flexas acontecidas, todas
as alvenarias junto ao piso, distantes 20 a 30 cm do mesmo, fissuraram, sem exceção,
ficando as partes superiores das paredes, ou praticamente toda sua altura, literalmente
penduradas nas lajes de cobertura. Ressalve-se que tais alvenarias não eram estru-
turais, não possuíam armaduras e foram executadas com tijolos cerâmicos comuns
assentados em juntas de amarração com argamassa também comum e sem a mínima
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Mais uma vez, recorremos a sinistros que ocorreram para confirmar na prática situa-
ções previstas, porém, não confirmadas anteriormente. Em 20/03/13 foi amplamente
noticiado pelos jornais um acidente ocorrido em uma obra do programa Minha Casa
Minha Vida, situada em Niterói (RJ), onde dois prédios de 11 andares se encontravam
sob ameaça de desabamento e que, em função do relatado pelo engenheiro da obra,
“o grande acúmulo de água acabou levando o solo e acabou causando trincas no em-
preendimento” (sic). Note-se a grande semelhança das trincas em escadinha da foto
com as “potenciais” equivalentes às do 1º andar da Figura 6.3.a: a similaridade da sa-
liência é notável, inclusive com a presença da janela no plano frontal.
Analisando-se os detalhes da fotografia, podemos tirar diversas conclusões:
a) A principal causa do desastre foi a evasão de material de apoio das fundações
diretas, em “RADIER” ou sapatas corridas, que foram executadas muito superficiais.
Se tais fundações fossem um pouco mais profundas, pelo menos 50 cm, talvez o so-
lapamento tivesse sido evitado, ou no mínimo reduzido, com menos consequências.
Note-se claramente o grande vazio sob o bloco central do prédio, aparentemente sem
fissuras provenientes de recalques e o contraste com o cômodo saliente da direita que
recalcou bastante mais para sua extremidade devido a sua condição mais vulnerável,
sob o ponto de vista de rigidez.
6.6.4.2.2 Solapamento
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Alvenaria Estrutural – Cálculo, Detalhamento e Comportamento
Um bloco com dois apartamentos por andar e quatro pavimentos, compacto, que, por
falha nas estacas, recalcou apenas de um lado, girando no plano ortogonal ao eixo
de simetria, descendo uns 30 a 40 cm em uma extremidade e subindo na outra. Para
recolocar a estrutura na posição original foi necessário calçar toda a fundação, cortar
todas as estacas originais e reestaquear com estacas “mega” (são estacas pré-moldadas
Um bloco com quatro apartamentos por andar, sendo a planta em cruz e um aparta-
mento em cada pétala e com quatro andares; tal prédio estava na crista de um talude
mal estabilizado e que cedeu, rompendo na sua cunha de cisalhamento situada sob
apenas uma das pétalas e que recalcou, juntamente com toda a cunha aproximada-
mente uns 12 cm, quebrando todas as estacas sob aquela pétala e que, em consequên-
cia, abriu uma trinca vertical de 5 cm de largura junto ao piso, e que subiu diminuindo
até zero um pouco acima da cobertura e sob o fundo da caixa d’agua situada no centro
do prédio sobre a caixa da escada. Impressionante o comportamento global da estru-
tura, pois a pétala afetada com o recalque sofreu um movimento vertical que não foi
transmitido para o restante do prédio, e nela apareceram trincas e fissuras apenas mais
próximas à trinca principal e com sua incidência se reduzindo conforme se subia até a
cobertura, tudo sem manifestar o recalque.
6.6.4.2.5 Comentários
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CAPÍTULO 7
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Conjunto de quatro torres paralelas com doze andares-tipo, estruturais em alvenaria sobre
transição em concreto. Notável por ser o primeiro projeto de doze andares executado fora dos
EE.UU. Na ocasião do projeto, 1970, as poucas construçõesexecutadas em alvenaria, em sua
maioria, eram feitas com as fachadas sem revestimento, sendo os blocos aparentes e apenas
impermeabilizados ou pintados, e isto foi explorado em todas as fachadas desta obra. Nas
fachadas principais foram utilizados blocos com a face externa em relevo e elas foram pintadas
em duas cores. Olhando sob uma perspectiva atual, após a execução de centenas de projetos,
a estrutura não apresenta em si nada demais. Porém, na ocasião da obra, veio ao Brasil um
engenheiro norte-americano, patrocinado por uma empresa fabricante de blocos, dar
palestras sobre alvenaria estrutural. A construtora da obra, diante de tal oportunidade, sugeriu
contratar com ele um novo projeto da superestrutura de alvenaria. Ótima oportunidade de
checar os nossos conhecimentos, pois o projeto já estava pronto e seria prático ter outro para
comparar. Quando o projeto ficou pronto ficamos decepcionados, pois não nos acrescentou
nada; pelo contrário, projetaram um pórtico deslocável nas fachadas principais que achamos
completamente desnecessário e que trazia complicações para o projeto e, por isso, não
foi utilizado na obra. Note-se que, nessa direção, com o vento atuando na direção paralela
à fachada principal, temos as torres muito encostadas entre si, reduzindo o efeito do vento
individual, além de termos um travamento satisfatório (H/L = 1,8) que é muito baixo para a
altura da torre.
Torre única saindo do chão, primeira torre alta (17 andares) executada
fora do Estado de São Paulo, ainda com fachadas em blocos sem
revestimento, H/L = 1,8 bem estável, com prazo recorde de execução
em menos de um ano.
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