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RESUMO
A deficiência dos serviços públicos e a baixa oferta de infra-estrutura, aliadas a ocupação inadvertida dos
mananciais, indicaram a gradativa deterioração da qualidade das águas metropolitanas, como do Rio Tietê ou
da própria represa do Guarapiranga, chegando a inviabilizar, muitas vezes, o processo de abastecimento.
Partindo de uma análise das iniciativas que objetivaram mitigar ou eliminar tais impactos, o presente
trabalho procurou identificar as principais características do Projeto Tietê e do Programa de Saneamento
Ambiental da Bacia do Guarapiranga, ambas iniciativas realizadas na Bacia do Alto Tietê – Região
Metropolitana de São Paulo, tendo como base a aplicação da ferramenta gerencial CPOQ, efetuando
questionamentos sobre O que deve ser gerenciado? (What); Porque gerenciar os recursos hídricos? (Why);
Como e Onde gerenciá-los? (How e Where); Quem deve gerenciar? (Who); e Quando fazer e Quanto Custa
o gerenciamento? (When e How many). Com respeito sobre o quê gerenciar?, tanto o Projeto Tietê quanto o
Programa Guarapiranga caracterizam-se como um conjunto de ações para a melhoria da qualidade das águas,
prevendo intervenções físicas e institucionais. No item porque gerenciar, ambos também coincidem na
redução da poluição como pressuposto básico para a sustentabilidade dos recursos hídricos. Quanto ao como e
onde gerenciar, tendo o entorno do Rio Tietê e a bacia hidrográfica do Guarapiranga como unidades
geográficas de intervenção, coube referência particular aos sistemas colegiados como forma de apoio à gestão
e controle das atividades nessas áreas, cuja forma associa-se ao item quem gerencia, apoiando-se nas políticas
públicas e no exercício paritário da gestão, vinculado à participação do Estado, dos municípios e sociedade
civil. Sobre o quando fazer e quanto custa, o Projeto Tietê apontou custos próximos a US$ 900 milhões
(reavaliados em US$ 1,1 bilhão), com horizonte de execução entre 1992 e 1998 enquanto o Programa
Guarapiranga, originalmente orçado em US$ 262 milhões, alcançou US$ 336 milhões para o
desenvolvimento dos estudos, obras e serviços, sendo desenvolvidos no período de 1992 a 2000. De forma
conclusiva, a análise de estudos de caso a partir do emprego da ferramenta gerencial da qualidade CPOQ
facilitou a organização das informações e permitiu a sistematização dos dados de forma a sugerir-se seu
emprego na análise de outros estudos de caso, inclusive para o desdobramento de novas soluções integradas
de ação, estudos e projetos ou, ainda, para fins de capacitação técnica relacionada aos recursos hídricos.
INTRODUÇÃO
A deficiência dos serviços públicos e a baixa oferta de infra-estrutura aliadas a ocupação inadvertida dos
mananciais indicaram uma gradativa deterioração da qualidade das águas metropolitanas, como do Rio Tietê
ou da própria represa do Guarapiranga, notando-se, nessas águas, problemas associados ao acúmulo de algas,
de gosto e odor, anoxia ou concentração alterada de fósforo e nitrogênio oriundos principalmente dos esgotos
domésticos aí lançados, chegando a inviabilizar, muitas vezes, o processo de abastecimento público.
No bojo desse cenário e tendo em vista a complexidade desses problemas, surgiram algumas iniciativas, tais
como os Projetos Tietê e Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga, como esforços do
poder público para mitigar e reverter esses impactos e assegurar a sustentabilidade dos recursos hídricos para
as várias finalidades de uso, considerado-se, ainda, a disparidade entre o crescimento dos níveis de
disponibilidade hídrica frente à crescente demanda pelo uso da água na Metrópole de São Paulo.
Partindo de uma análise sistemática destas iniciativas, através do uso da ferramenta gerencial da qualidade
CPOQ, o presente trabalho objetivou (i) identificar e organizar as principais características de cada projeto;
(ii) descrever suas particularidades segundo uma estrutura metodológica que permitisse subsidiar o
desenvolvimento de planos de ação para a sustentabilidade das intervenções; (iii) orientar a prática de
planejamento de novas iniciativas, com base na metodologia apresentada; e (iv) subsidiar planos e programas
de capacitação técnica relacionados ao gerenciamento dos recursos hídricos.
MATERIAIS E MÉTODOS
O método aplicado consistiu na adaptação da ferramenta 5W e 1H, baseada nos questionamentos das palavras em
inglês: What, Why, Where, Who, When, How e How Many para CPOQ, cujo método é bastante usual no ambiente
gerencial empresarial e nos sistemas de gestão da qualidade. Trata-se de questionamentos dirigidos à temática do
gerenciamento de recursos hídricos, a partir de sete perguntas-chave, quais sejam: O que deve ser gerenciado?
(What); Porque gerenciar os recursos hídricos? (Why); Como e Onde gerenciá-los? (How e Where); Quem deve
gerenciar? (Who); e Quando fazer e Quanto Custa o gerenciamento? (When e How many).
Essa ferramenta tem, conforme apresentam CAPELOSSI & ASSUNÇÃO (1993), relação direta com outras
ferramentas estatísticas normalmente empregadas na análise da disponibilidade e qualidade hídrica, tais
como avaliações da escassez de água e das atitudes pró-ativas voltadas à mitigação ou eliminação dos
impactos ambientais associados a suas causas. A ferramenta CPOQ associa-se, também, ao chamado ciclo
PDCA, também identificado como ciclo de Shewhart, cujo sistema de autoria de William Deming teria como
finalidade tornar exeqüível os 14 princípios formulados para a prática da administração da qualidade
empresarial (BATEMAN,1998 e MAXIMIANO, 1995).
O presente trabalho visou identificar e caracterizar o escopo das atividades e objetivos do Projeto Tietê (1a
Etapa) e do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga através da aplicação do CPOQ,
ou seja, gerando-se respostas aos questionamentos apresentados.
O Projeto Tietê constituiu um conjunto de ações integradas, desencadeado pelo Governo do Estado de São
Paulo, para a melhoria e controle da qualidade das águas da Bacia do Alto Tietê, tendo como objetivo um
amplo processo de recuperação ambiental atingindo os recursos hídricos, desde os pequenos córregos até os
rios principais, sendo necessário que se atuasse efetivamente sobre o sistema público de coleta e tratamento
de esgotos, efluentes de origem não-doméstica, urbanização e recuperação de fundos de vale, coleta e
disposição final de resíduos sólidos e em melhorias nos sistemas de limpeza pública.
Já o Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga tem como área de abrangência a própria
bacia hidrográfica, situada no sudoeste da Região Metropolitana de São Paulo, ocupando área equivalente a
639 Km2, estendidos entre seis municípios e com uma população residente, predominantemente, concentrada
em áreas urbanizadas de baixo padrão habitacional. Entre 1980 e 1999, a região da bacia do Guarapiranga
teve a sua população ampliada de 332 mil para 650 mil pessoas, dentre as quais 450 mil estão situadas no
município de São Paulo. A represa Guarapiranga é o segundo maior sistema produtor de água da Grande São
Paulo, responsável pelo abastecimento de cerca de 3 milhões de habitantes na Região Metropolitana de São
Paulo.
RESULTADOS
Devido à poluição crescente das águas do Rio Tietê, principalmente no trecho correspondente à Região
Metropolitana de São Paulo onde o crescimento e adensamento urbano não foi acompanhado de uma oferta
compatível de serviços públicos de saneamento básico e infra-estrutura, surgiram iniciativas que buscaram
mitigar tais impactos, como o Projeto Tietê, que trouxe consigo alternativas para a melhoria da qualidade das
águas através de um plano de intervenções no seu entorno e, ainda, propostas de aproveitamento dos recursos
hídricos da bacia do Alto Tietê, tais como o Plano Integrado de Aproveitamento dos Recursos Hídricos das
Bacias Alto Tietê, Piracicaba e Baixada Santista elaborado pelo Consórcio HIDROPLAN, em 1995, afim de
equacionar as demandas hídricas até o ano de 2020.
O Projeto Tietê, constituiu um conjunto de ações integradas, desencadeado pelo Governo do Estado de São
Paulo, para a melhoria e controle da qualidade das águas da bacia do Alto Tietê que, segundo BRUNA
(1999), foi criado em 1992 mas somente viabilizado em 1995, tendo, portanto, como objetivo um amplo
processo de recuperação ambiental atingindo os recursos hídricos, desde os pequenos córregos até os rios
principais. Para que isso se tornasse realidade era necessário que se atuasse efetivamente sobre o sistema
público de coleta e tratamento de esgotos domésticos, efluentes de origem não-doméstica, urbanização e
recuperação de fundos de vale, coleta e disposição final de resíduos sólidos e em melhorias nos sistemas de
limpeza pública, além de atividades relacionadas à educação ambiental.
Com o Programa seriam executadas as intervenções relacionadas no Quadro 1, com a primeira etapa das
obras do sistema de esgotos somando investimentos de US$ 900 milhões (reavaliados posteriormente em US$
1,1 bilhão, dos quais US$ 450 milhões financiados pelo Programa BID- Banco Interamericano de
Desenvolvimento e os US$ 650 milhões restantes com recursos próprios). O gerenciamento dos recursos e das
intervenções coube ao Governo do Estado de São Paulo e, considerando-se a criação do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Alto Tietê em 1994, enalteceu-se a importância do Projeto Tietê e das iniciativas
relacionadas ao gerenciamento e sustentabilidade dos recursos hídricos da bacia do Alto Tietê, discutidas por
representantes do Poder Público estadual, municipal e representantes da sociedade civil organizada.
Com o desenvolvimento desses projetos, previa-se a eliminação de cerca de 85% da carga inorgânica de
origem industrial que era despejada na bacia do Alto Tietê, promovendo o controle sobre a carga orgânica
gerada pelas indústrias, obtido pelo enquadramento dos efluentes líquidos nos parâmetros de emissão
estabelecidos contando, ainda, com o controle dos resíduos gerados pelos sistemas de tratamento de águas
residuárias implantados nas indústrias do programa e com a capacitação técnica e aperfeiçoamento do corpo
operacional da CETESB, direta ou indiretamente ligado ao programa de despoluição industrial, ao mesmo
tempo que se promovia o aumento da eficiência das ações de controle, pela informatização dos procedimentos
técnicos e administrativos; e o provimento de uma infra-estrutura de comunicação, de transportes e de
instalações, compatível com as necessidades da CETESB.
As atividades desenvolvidas pela CETESB visavam atingir uma série de metas globais, destacadamente, o
controle de 300 indústrias até dezembro de 1992, aumentando-se para 650 indústrias até dezembro de 1993 e,
finalmente, para 1.250 indústrias até dezembro de 1994.
Nos relatórios de situação de 1997, cerca de 97% das indústrias implantaram planos de controle e obtiveram
avaliação demonstrando o atendimento ao padrões legais de emissão, ou seja, tendo os seus casos resolvidos.
Cerca de 1,8% implantaram sistemas de tratamento que se encontravam em aferição, por não atenderem aos
padrões de emissão, enquanto que apenas 0,56% das empresas estavam implantando seus planos de controle.
Considerados os aspectos gerais do Projeto Tietê e sua inserção metropolitana, partiu-se para a aplicação da
metodologia CPOQ, realizando-se os questionamentos sobre o que deve ser gerenciado?; porque gerenciar?;
como e onde gerenciar?; quem deve gerenciar?; e quando fazer e quanto custa o gerenciamento?,
identificando-se os seguintes resultados:
a) O - O Quê Gerenciar: a Primeira Etapa do Projeto Tietê caracteriza-se como um conjunto de ações para a
melhoria e controle da qualidade das águas da bacia do Alto Tietê, implicando, diretamente, no aspecto
qualitativo das águas em relação à sua disponibilidade para uso futuro e sustentabilidade deste corpo d’água.
Previu, por conta disso, a implementação de intervenções físicas, relacionadas ao sistema de esgotamento
sanitário (ligações domiciliares, coletores-tronco, interceptores e estações de tratamento de esgotos – estas
construídas ou com sua capacidade ampliada) e efluentes não-domésticos;
b) P - PorQue Gerenciar: a redução da poluição sobre os rios é pressuposto básico para a sustentabilidade
ambiental e, neste caso, conta com a redução de impactos ambientais diretos sobre o rio Tietê e seus
tributários, tais como os esgotos sanitários de origem doméstica e as descargas industriais e as cargas
poluidoras orgânicas e inorgânicas associadas. A sustentabilidade ambiental nos centros urbanos, segundo
MAGLIO (1999), é um dos maiores desafios ambientais deste final de século, reconhecendo-se que o
acúmulo de problemas relativos à poluição das águas “não apenas afeta a produtividade das cidades mas
também cobra um ônus maior das populações mais pobres, sobre as quais recaem os impactos desse
processo”;
c) C & O - Como e Onde Gerenciar: a localidade e delimitação geográfica das intervenções identifica-se
como a bacia hidrográfica do Alto Tietê, de modo que a prática do gerenciamento dos recursos hídricos
através das atividades e intervenções implementadas contou com incrementos de caráter institucional a partir
da criação do Comitê da Bacia do Alto Tietê, que ampliou as discussões em torno da importância do Projeto
Tietê e da participação colegiada na tomada de decisões relacionadas à sustentabilidade das águas. Esse novo
modus de gestão, descentralizado e integrado, é um dos mecanismos adotados pela Política Nacional e
Estadual de Recursos Hídricos para assegurar a implementação dos fundamentos, princípios, objetivos e
diretrizes de ação e o planejamento das ações voltadas ao gerenciamento dos recursos hídricos em nível local
ou regional;
d) Q - Quem Gerencia: tendo em vista que o gerenciamento das intervenções e dos recursos é realizado pelo
Governo do Estado de São Paulo, tomador do empréstimo junto ao Banco Interamericano de
Desenvolvimento – BID, cabe ressaltar o apoio dos entes colegiados nas discussões e avaliações dos reflexos
do Projeto Tietê no âmbito da Região Metropolitana de São Paulo e na evolução do sistema de gerenciamento
de recursos hídricos, cuja participação do Poder Público Estadual, dos municípios envolvidos e da sociedade
civil, componentes do Comitê da Bacia do Alto Tietê;
e) Q & Q - Quando e Quanto Custa: aponta-se custos e investimentos da ordem de US$ 900 milhões,
reavaliados posteriormente em US$ 1,1 bilhão, dos quais US$ 450 milhões financiados pelo Programa BID-
Banco Interamericano de Desenvolvimento e os US$ 650 milhões restantes com recursos próprios, cujo
período de execução e desenvolvimento das intervenções situou-se entre 1992 e 1998.
A implementação destas ações iniciou-se a partir da assinatura do contrato de empréstimo entre o Governo do
Estado e o Banco Mundial em 1992, com um orçamento original de US$ 262 milhões, dos quais US$ 119
milhões financiados pelo Banco Mundial. Os investimentos totais reprogramados, atualmente, no Programa
de Saneamento da Bacia somam US$ 336 milhões, fruto de incrementos no desenvolvimento de estudos,
obras e serviços, de modo que os valores originais financiados pelo BIRD não se alteraram, permanecendo os
US$ 119 milhões.
Os principais tributários da Bacia do Guarapiranga são os rios Lavra, Bonito-Pedras, Santa Rita, Parelheiros,
Embu-Guaçu, Embu-Mirim, córregos Guavirutuba e Itupu, estes dois últimos sendo responsáveis por quase
50% das cargas poluidoras totais afluentes ao reservatório.
As cargas de DBO por dia, apresentadas e medidas pela CETESB (1997), totalizam 34,1 ton DBO/dia ,
sendo que deste montante 33,4 ton se referem a cargas domésticas enquanto somente 0,7 ton referentes às
cargas industriais.
O monitoramento da qualidade das águas do reservatório e dos seus afluentes, é realizado pela SABESP e
CETESB: a SABESP com 8 pontos no reservatório Guarapiranga e 13 pontos nos seus tributários, e a
CETESB realizando amostragens em três pontos do reservatório. A CETESB também monitora a
balneabilidade em 12 praias do reservatório Guarapiranga, desde 1991.
Os IQA’s, em todos os pontos, mantiveram-se na maior parte do período de 1997 na qualidade “boa” ,
entretanto não apresentando tendências de evolução nos últimos cinco anos. Todavia, no âmbito do espaço
geográfico da Bacia Hidrográfica do Guarapiranga, devem ser considerados dois aspectos relevantes: o
crescimento da população desde a assinatura do contrato com o BIRD e, o segundo, relativo ao processo atual
de conclusão e finalização das ações e obras relativas aos sistemas de exportação de esgotos e urbanização de
favelas, elevando-se os atuais volumes de 1.727 milhões de metros cúbicos por mês de esgotos exportados
para 2.354 milhões de m3/mês de esgotos, incrementando o índice de atendimento e, sobretudo, traduzindo-se
em significativa melhoria da qualidade das águas do reservatório.
Baseando-se nesta breve descrição do Programa Guarapiranga e aplicando-se a metodologia CPOQ, pode-se
sumarizar as principais características deste Programa da seguinte maneira:
a) O - O Quê Gerenciar: o Programa Guarapiranga, pelo ineditismo apresentado, conseguiu reunir diversos
órgãos da administração pública estadual e municipal (municípios de São Paulo, Embu, Embu-Guaçu e
Itapecerica da Serra) em torno das metas estabelecidas para o Programa, essencialmente voltadas à melhoria
da qualidade da água do reservatório para garantia do abastecimento. Todavia, os objetivos se
complementaram por meio da melhoria da qualidade de vida da população e no uso e ocupação do solo da
bacia, variáveis de fundamental importância para a sustentabilidade hídrica e ambiental da bacia do
Guarapiranga. Dessa forma, torna-se claro que os itens gerenciáveis, incluídas a disponibilidade, qualidade e
demanda hídricas em relação ao uso e ocupação do solo, estão adequadamente e objetivamente tratados neste
Programa, sobretudo por meio do desenvolvimento das atividades contidas nos subprogramas de (i) serviços
de água e esgoto (implantação de redes coletoras, ligações domiciliares, ETE’s, estudos de qualidade da água
e aperfeiçoamento tecnológico, etc.); (ii) adequação dos resíduos sólidos; (iii) recuperação urbana
(reassentamentos, urbanização de favelas e adequação de infra-estrutura urbana); (iv) proteção ambiental
(parques, repovoamento vegetal e estudos ambientais); e (v) gestão da bacia (plano de desenvolvimento e
proteção ambiental da bacia - PDPA, apoio técnico e institucional e instrumentos de gestão);
b) P - Porquê Gerenciar: a sustentabilidade dos recursos hídricos, compatível ao uso e ocupação do solo e
proteção ambiental da bacia do Guarapiranga, é fundamental para a garantia do abastecimento público,
sobretudo porque as ações implementadas ou fomentadas pelo Programa devem se sustentar a tal ponto de
permitir que os municípios inseridos na área territorial da bacia compatibilizem suas atividades de
gerenciamento e planejamento territorial ao crescimento demográfico, atentos, portanto, à sustentabilidade
hídrica através da prevenção e redução de impactos ambientais associados, principalmente, ao esgotamento
sanitário e conseqüentes cargas poluidoras carreadas aos tributários ou, diretamente, ao reservatório
Guarapiranga;
c) C & O - Como e Onde Gerenciar: o gerenciamento dos recursos hídricos na bacia do Guarapiranga foi
norteado, basicamente, por meio das Políticas Públicas, sobretudo concernente à revisão e aprovação da nova
Lei de Mananciais (Lei Estadual no 9.866/97), que hoje permite as discussões em torno do estabelecimento de
uma legislação específica para a regulação do uso e ocupação do solo na bacia do Guarapiranga. À medida
que os órgãos coordenadores e executores do Programa mobilizaram-se em torno da integração para
desenvolvimento das intervenções e para a gestão da bacia, os instrumentos de apoio à gestão puderam ser
implementados com êxito, tal qual foram o desenvolvimento do PDPA – Plano de Desenvolvimento e
Proteção Ambiental da Bacia do Guarapiranga, do Sistema de Informações Georreferenciadas da bacia (GIS),
do Modelo de Simulação Matemática, de Correlação entre o Uso do Solo e a Qualidade da Água (MQUAL) e
do Sistema Integrado de Informações sobre a Qualidade da Água (SIQUA). Esses instrumentos foram
disponibilizados à todos os municípios envolvidos, permitindo que a gestão seja consolidada quanto ao
aspecto de descentralização e envolvimento social;
e) Q & Q - Quando e Quanto Custa: o horizonte das intervenções do Programa Guarapiranga iniciou-se em
1992, desenvolvendo-se até o final do ano 2000. Seus custos, originalmente situados em US$ 262 milhões,
alcançam, atualmente, US$ 336 milhões fruto de incrementos em obras e serviços, divididos entre os cinco
subprogramas de ações. Desse montante, US$ 119 milhões são financiados pelo Banco Internacional de
Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Em ambas as iniciativas, todos os questionamentos foram respondidos, de forma que o emprego da
metodologia CPOQ permitiu a organização e sistematização, de forma clara e abrangente, das principais
características do Projeto Tietê e do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga,
reconhecendo seus principais aspectos, objetivos, metas e estratégias.
A avaliação das duas iniciativas a partir do CPOQ permite, também, que se possam efetuar comparações e
analogias direcionadas a aspectos específicos, por exemplo relacionados a um questionamento determinado, a
fim de que possam subsidiar a elaboração de estratégias preventivas ou corretivas de atuação, relacionadas ao
gerenciamento dos recursos hídricos na Bacia do Alto Tietê – Região Metropolitana de São Paulo.
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