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escritura.
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Doutora em Literatura Comparada pela UFMG, Professora Adjunta do Deptº de Letras e do
PPgEL/UFRN. Tem publicações em revistas e em livros. Entre estes últimos: "A astúcia do dragão e a
sabedoria da raposa: o alegre cinismo da ficção borgiana". Borges em dez textos (organizado por Maria
Esther Maciel e Reinaldo Marques). Belo Horizonte: POS-LIT (Curso de Pós-Graduação em Estudos
Literários); Rio de Janeiro: Livraria Sette Letras Ltda, 1997. "Paulicéia desvairada: a poética da cidade "
MÜLTIPLO MÄRIO”: ensaios ( organizado por Maria Ignez Novais Ayala e Eduardo de Assis Duarte.
João Pessoa /Natal: UFPB/ Editora Universitária; UFRN/ Editora Universitária, 1997. "O imaginário da
diferença". Limiares críticos (organizado por Reinaldo Marques e Gilda Neves Bittencourt). Belo
Horizonte: Editora Autêntica, 1998. “Grande sertão: viagem pelas veredas neoplatônicas na geografia
rosiana”. II Encontro de Estudos Medievais O NEOPLATONISMO. Natal/RN: GEMT/UFRN/PUC-
RS/CNPQ. Argos Editora, 2001. “Filosofia e poesia: as duas faces de Eros no espaço literário”. Café
Filosófico. Natal: Editora da UFRN . “Das passagens: o filósofo e o poeta”. Café Filosófico. Natal:
Editora da UFRN .
pode ser descrita como uma experiência do outro silenciado, cuja atividade concentrou-se
na escrita, cujo fruto é a escrita.
Não é desconhecida a presença da mulher na literatura no mundo ocidental, na
Grécia e em Roma. A mulher, historicamente sempre buscou tomar o seu lugar na
sociedade e no campo da produção cultural. Num estudo sobre a mulher escritora na
literatura greco-latina, o latinista Johnny José Mafra, assim se refere (1989 p.08);
No livro “Corpo inteiro”, reunião de entrevistas realizadas por Clarice, naquela que
realizou com Oscar Niemeyer, a autora cita a si própria referindo-se a um texto que
escrevera sobre Lucio Costa e Oscar Niemeyer, assim definindo a criação: A criação não é
uma compreensão, é um novo mistério.
Nos tempos da irrupção massiva na literatura, a criação - entendida na mesma
ordem de fenômenos de intuição ou de forças instintivas - corresponde a um impacto que
pode exercer uma ação política performática, desarticuladora do pedagógico na relação
entre autor, texto e leitor. Uma política sem demagogia para conquistar um público que
desertaria das salas de leitura.
A reflexão teórica, estética que essa proposição clariciana desencadeia é
acompanhada de um exercício de trazer para a linguagem literária uma prática arquejante
de escritura. Ainda, de provocar em nós uma percepção das imagens urbanas do romance
num enlace com aquelas instauradoras de paisagens, tessituras simbólicas e redes
imaginárias, indissociando a cidade da dimensão da objetivação do ser, em que a questão da
violência, da crueldade ou do terror apresentam-se como determinação implacável da
existência mesma.
A arte de Clarice Lispector não é, entretanto, uma arte desesperada. A sua escritura
(re) engendra o caótico para, sem se tomar como uma literatura de promessa, reconduzir as
discussões acerca do redimensionamento humanizante ao cosmo, ou ao caósmico.
Vemos nessa postura política de Lispector o sentido maior de liberdade, em que a
experiência de transcendência se funda nos próprios abismos da contemporaneidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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LISPECTRO, Clarice. De corpo inteiro. Rio de Janeiro: ROCCO, 1999.
MAFRA, Johnny José. A mulher escritora na literatura greco-latina e outros estudos. Belo
Horizonte: Editora Dimensão Ltda., 1989.
SCHOPENHAUER, Artur. APUD BARBOZA, Jair. Schopenhauer. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Edição 2003.