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expressão, propõe-se, de forma concreta, uma remodelação do papel do Estado como agente

protetor das citadas liberdades.

Em suma, o ponto nodal desse trabalho é agregar à já conhecida visão


“libertária” da liberdade de expressão – que implica uma posição de abstenção do Poder
Público -, uma vertente denominada “democrática”, significativa na doutrina e jurisprudência
estrangeiras.

A intrincada questão é objeto de intenso debate na doutrina norte-


americana desde a década de 1960, sendo até hoje alvo de estudos em universidades de
renome (como Yale e Harvard, entre outras)6.

Da mesma forma, o tema permanece aceso na Europa, onde alguns países


já adotam, há anos, mecanismos de garantia e controle da diversidade plural nos meios de
comunicação de massa7. Na Alemanha e França, por exemplo, se encontramos mais variados
julgados em tal sentido.

No Brasil, no entanto, talvez por um relativo recente processo de


redemocratização do país, a discussão sobre o alcance da liberdade de expressão ainda se
cinge ao seu aspecto eminentemente defensivo. Após anos de ditadura militar, o Estado ainda
é visto como “um inimigo das liberdades”, sobremaneira quando se trata de hipóteses
eventuais de restrição à liberdade de imprensa.

Nada obstante, a despeito da escassez literária acerca do tema, há de se


ressaltar que a Carta de 1988, ao lado da garantia de um “discurso livre”, expressamente
preceitua outros valores e interesses constitucionais não menos importantes, como a vedação
do anonimato, pluralismo político, acesso à informação, direito de resposta e outros princípios
informadores da Ordem Social.

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Confira-se, nesse sentido, BAKER, Edwin. Media, markets, and democracy. West Nyack: Cambridge
University Press, 2001; KANG, Jerry. Communications law and policy. New York: Foundation Press, 2005.
Notadamente sobre a relação entre democracia e a liberdade discursiva, v., por todos, DWORKIN, Ronald. Is
democracy possible here?. Princeton/Oxford: Princeton University Press, 2006; e FISS, Owen. Liberalism
divided. Boulder: Wetsview Press, 1996.
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V., por todos, KELLY, Mary J. et al. Media in Europe. London: Sage, 2004.

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