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Análise de Risco no Ajuste de Strike Price na

Rolagem de Opções de Compra em Operações


de Lançamento Coberto (petr4)
Isabela Ribeiro da Silva
isabela.silva5@fatec.sp.gov.br
FATEC BP

Jéssica Mori de Oliveira


jessica.oliveira20@fatec.sp.gov.br
FATEC BP

Alexandre Leme Sanches


alex_sanches68@hotmail.com
FATEC BP

Resumo:O presente estudo visa comparar aplicações de lançamento coberto de opções de compra com e
sem ajuste de preço de exercício (strike price), ou seja, analisar o risco e o retorno destas rolagens de
opções em um mercado volátil e oscilante. Para tal análise, primeiramente discorre-se a respeito das
bases conceituais das opções, suas características, particularidades, bem como as estratégias que
permitem alavancar os lucros e amenizar os prejuízos do investidor. No segundo momento, realiza-se um
backtesting através de dados passados das cotações das ações da empresa Petróleo Brasileiro S.A.
(PETR4) e suas opções de compra nos anos de 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013. Por meio destes dados,
efetua-se uma simulação mensal de rolagens dos strike prices sem ajustes e com diferentes ajustes, a fim
de encontrar a estratégia que proporcione maior retorno ao investidor, considerando o lucro com a venda
das opções e a valorização da carteira.

Palavras Chave: Mercado de Opções - Rolagem - Strike price - Prêmio - Lançamento coberto
1. INTRODUÇÃO
Diante de tantas possibilidades e incertezas no universo dos investimentos e das
variáveis que envolvem as transações no mercado financeiro, a falta de experiência e base
histórica, muitas vezes impede que o investidor seja bem sucedido em suas operações.
O mercado acionário não é, e nunca será, estático ou neutro, pois são as suas
oscilações que trazem as grandes oportunidades àqueles que sabem aproveitá-las com
sabedoria e cautela.
O presente artigo tem como objetivo, comparar aplicações de lançamento coberto de
opções de compra, com e sem ajuste de strike price.
Neste caso especificamente, trabalha-se com opções sobre as ações da empresa
Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobrás), devido ao grande volume das operações que o ativo base
(PETR4) e seus derivativos (opções) possuem diariamente e utiliza-se precisamente as opções
de compra por representarem 90% das transações com opções no mercado brasileiro.
Para realizar tal análise, utilizam-se cotações históricas do ativo base e das opções
extraídos diretamente da BM&F Bovespa (2014) dos anos de 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013,
para que fossem simuladas estratégias de rolagem com opções, a fim de definir de acordo com
o risco, qual estratégia apresenta melhor retorno ao investidor.
Para facilitar a compreensão do mercado de opções realizou-se uma pesquisa
bibliográfica, definindo assim, os principais conceitos e as características deste segmento do
mercado financeiro.
Devido ao emergente crescimento do mercado financeiro brasileiro, muitas dúvidas e
preocupações têm norteado o investidor, principalmente no que se refere a lidar com as
oscilações do mercado, pois todas as atitudes que são tomadas possuem uma consequência e
devem ser balanceadas de forma consciente. Portanto, a relevância do presente trabalho se
baseia na análise dos riscos que o investidor está exposto nas estratégias de rolagem, tendo em
vista os ganhos que estas operações trariam se fossem realizadas nos últimos cinco anos.
A metodologia empregada neste artigo é a pesquisa empírica de caráter quantitativo e
experimental, baseada no estudo de caso da empresa Petróleo Brasileiro S.A. (PETR4). Foi
realizado um backtesting, que segundo Ferreira (2013, p.1), “consiste em comparar, através de
testes estatísticos, as perdas históricas de uma carteira de ativos com as medidas de risco
geradas pelo modelo”, levando em conta dados reais das cotações dos ativos e derivativos
(opções), através de simulações de rolagens em diferentes estratégias para constatar, baseado
nas experiências históricas, a melhor atitude a ser tomada pelo investidor em cada situação.

2. REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção serão discorridas as bases conceituais, ou seja, o significado de cada
termo, as características e alguns exemplos que ilustrem as negociações, a fim de facilitar a
compreensão e o desenvolvimento do tema.

2.1 MERCADO DE OPÇÕES


É importante salientar que o mercado de opções é um derivativo do mercado de
ações, ou seja, é uma negociação sobre o ativo-base (ação).
O mercado acionário é um investimento de renda variável, que diferente da renda
fixa (como a poupança que possui uma rentabilidade conhecida antes da aplicação do
recurso), oscila de acordo com o risco que o investidor está disposto a correr e conforme os
diversos fatores externos e internos, que fazem com que os preços variem a cada fração de
segundos.
Devido a essas oscilações, o mercado acionário é considerado um tipo de
investimento de alto risco, pois os ganhos e prejuízos são ilimitados. Por conta disso, o
mercado se encarregou de criar formas de diminuir ou controlar os riscos e,
consequentemente, os ganhos. O mercado de opções nada mais é do que possibilitar a compra
ou venda do direito de se prevenir das oscilações do mercado.
Portanto, o mercado de opções é um instrumento destinado à gestão do risco de preço
dos ativos negociados, através das estratégias corretas.
Segundo Silva Neto (2010b, p.17), “opção é um instrumento que dá a seu titular, ou
comprador, um direito futuro sobre algo, mas não uma obrigação; e a seu vendedor, uma
obrigação futura, caso solicitado pelo comprador da opção”.

2.2 CARACTERÍSTICAS DAS OPÇÕES


Como citado anteriormente, os contratos de opções existem dois agentes: o titular e o
lançador. O titular é o comprador da opção, é aquele que está se protegendo do risco das
oscilações do mercado. Segundo Bessada, Barbedo e Araújo (2009, p.181), o titular é “quem
compra a opção (ou seja, quem paga o prêmio), assumindo assim os direitos a ela vinculados,
podendo escolher se quer ou não exercê-la”. Já o lançador, é aquele que está disposto a
assumir o risco de arcar com as oscilações do mercado, em troca do recebimento de uma
recompensa: o prêmio. Ainda segundo Bessada, Barbedo e Araújo (2009, p.181), o lançador é
“aquele que vende a opção (ou seja, quem recebe o prêmio), assumindo assim a obrigação de
vender ou comprar o ativo-objeto até uma determinada data pelo preço preestabelecido”.
As opções podem ser de compra ou de venda. A opção de compra dá o direito ao
titular de comprar um determinado ativo por um preço preestabelecido e, ao lançador, a
obrigação de vender o ativo a este preço.
Segundo Silva Neto (2010 b, p.19), na opção de compra “o detentor do direito tem a
opção de comprar algo por determinado preço”. O agente (comprador) que não possui o bem,
mas que pretende “segurar” o preço, determinando o preço máximo que irá pagar, irá comprar
a opção. E o agente (lançador) que já possui o bem e poderá vendê-lo futuramente, lança a
opção e adquire a obrigação de entregar o bem, pelo preço estabelecido, recebendo um prêmio
pelo contrato.
Um exemplo de contrato de opção, é a compra de uma casa: Se o indivíduo “A”
desejar comprar a casa do indivíduo “B”, que custa R$200.000,00, mas ainda não tem certeza
se a quer (na expectativa de encontrar uma melhor). Para que o valor da casa não suba, ele dá
um sinal de R$20.000,00 (valor acordado entre os dois), para que o indivíduo “B” preserve-
lhe o direito de comprar a casa pelo mesmo preço durante o período de cinco meses. Neste
intervalo de tempo, o indivíduo “A” pode comprar ou não a casa, e o indivíduo “B” tem a
obrigação de vendê-la apenas para o indivíduo “A”. Mas terminado o período, se o indivíduo
“A” não exercer seu direito de comprar a casa, a obrigação se desfaz, e o sinal fica para o
indivíduo “B” como recompensa, ou seja, o “prêmio” pelo risco que correu na transação. Pois
se o imóvel se valorizasse em R$50.000,00, devido à construção de um Shopping na região, e
o indivíduo “A” viesse a exercer seu contrato, ele a compraria por R$200.000,00 e, não por
R$250.000,00 (valor atualizado da casa).
Já a opção de venda, é oposta à opção de compra, uma vez que dá o direito ao titular
de vender o ativo por determinado preço, obrigando o lançador a comprar este ativo pelo
preço preestabelecido. Segundo Silva Neto (2010b, p.19), na opção de venda, “o comprador
da opção tem o direito de vender algo por determinado preço”. O agente que tem o bem e
pretende vendê-lo, irá comprar uma opção de venda, a fim de garantir um preço mínimo de
venda do bem. E o agente que lança a opção, ou o vendedor da opção, recebe o prêmio por
adquirir a obrigação de comprar o bem, se o outro desejar vendê-lo.
Um exemplo de opção de venda é a contratação de uma seguradora de veículos. Se o
indivíduo “C” comprou um carro, mas teme que ele perca seu valor (devido a um acidente ou
a um roubo), então ele paga um determinado valor (um prêmio) à seguradora, que se
compromete a comprar seu carro por um valor pré-estabelecido, dentro de determinado
período, caso este a acione. Uma das variáveis mais importantes no contrato de uma opção é o
valor de seu strike price. Segundo Bessada, Barbedo e Araújo (2009, p.181), strike price é:
O preço preestabelecido para a compra ou venda do ativo-objeto.
Em opções de compra, é o preço que o titular deve pagar ao lançador
por seu ativo-objeto, se for vantajoso o exercício da opção. Em
opções de venda, é o preço que o lançador deve pagar ao titular se
este exercer seu direito de vender o ativo objeto.
Nos exemplos citados, o strike price é o valor que o indivíduo “A” pagará pela casa
se desejar comprá-la, ou o valor que o indivíduo “C” venderá seu carro à seguradora.
Todas as opções têm uma data de vencimento, ou seja, elas têm uma data
predeterminada de extinção, onde o lançador deixa de ser obrigado a vender seu ativo ou
comprar um ativo de acordo com a vontade do comprador. Na Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa), as opções vencem na terceira segunda-feira de cada mês. O mês de seu
vencimento é representado através de letras, que também definem se são opções de compra
(também conhecidas como call – de “A” a “L”) ou de venda (também conhecidas como put –
de “M” à “X”), conforme a Tabela 1:

Tabela 1: Letra representante do mês de exercício da opção:


Mês Opção de compra Opção de venda
Janeiro A M
Fevereiro B N
Março C O
Abril D P
Maio E Q
Junho F R
Julho G S
Agosto H T
Setembro I U
Outubro J V
Novembro K W
Dezembro L X
Fonte: Pereira; Biase, 2012, p. 13.
O nome ou o código da ação ou da opção, além de definir a empresa emissora, define
suas características. No caso deste estudo, utiliza-se como ativo-base a ação PETR4. As
quatro primeiras letras referem-se à empresa emissora, ou seja, a Petrobrás e, o número 4
(quatro), refere-se ao tipo da ação. Este número 4 (quatro) significa que é uma ação
preferencial, ou seja, é uma ação que não dá direito a voto em assembleia, mas que por outro
lado, dá preferência ao detentor da ação no recebimento dos dividendos, que são distribuídos
sazonalmente pela empresa. E, em caso de liquidação da empresa, estes detentores também
têm preferência no recebimento de seus direitos.
Já no caso das opções, algumas siglas são alteradas para demonstrar suas
características. Por exemplo: o código PETRA26 significa que é uma opção também da
empresa Petrobras e, através da letra A, indica que é uma call (opção de compra), com
vencimento em Janeiro (como demonstra a tabela 1), e que possui um strike price inicial de
R$26,00 (este strike price pode variar um pouco devido à distribuição de dividendos); já o
código PETRX20, demonstra que é uma put (opção de venda), com vencimento em
Dezembro e com um strike price inicial de R$20,00.
Para que o comprador tenha a segurança de que seu contrato será cumprido, caso ele
deseje exercer sua opção, a Bolsa de Valores exige que o lançador possua as ações (das quais
ele está ofertando opções) na carteira. Este tipo de operação denomina-se lançamento coberto.
Baseado no primeiro exemplo dado anteriormente, para que o indivíduo “B” receba o
sinal de R$20.000,00, ele tem que ter a casa e, esta, deve estar disponível para o indivíduo
“A” quando ele desejar, durante o tempo determinado pelo acordo.

2.3 ESTRATÉGIAS
O Mercado de opções tem crescido e se tornado atrativo por conta da grande
variedade de estratégias que possibilita. De acordo com a intenção e com as expectativas do
investidor, ele pode arriscar ou proteger todo o seu patrimônio.
Uma das estratégias utilizadas nas operações com opções é a rolagem, que ocorre
quando uma opção vendida é recomprada com a intenção de vendê-la novamente com valor
ou data ajustados, ou uma opção comprada é vendida na intenção de comprar outra com data e
valor ajustados.
Se a intenção do investidor é não ser exercido ou não exercer sua opção, ele zera sua
posição (comprando sua venda, ou vendendo sua compra) antes do vencimento desta opção, e
refaz sua operação, só que com data de vencimento para os meses seguintes. Esta operação se
denomina rolagem para frente, ou seja, apenas a rolagem de vencimento. Já quando o valor do
ativo-base varia, o lançador ou o comprador pode rolar sua opção para cima ou para baixo, ou
seja, ajustar o valor de seu strike price de acordo com a variação do ativo-base.
Portanto, as opções podem ser lançadas acima da cotação, na cotação, ou abaixo da
cotação do ativo-base, como mostra a tabela 2.
A tabela 2 mostra que quando as opções de call se encontram dentro do dinheiro (In
the money), a probabilidade de serem exercidas é maior, tendo em vista que o titular tem o
direito de comprar o ativo-objeto por um valor menor que o valor de mercado. Se a intenção
do lançador for ser exercido, ele mantém a estratégia. Caso contrário, faz a rolagem antes da
data do vencimento. Se estiver fora do dinheiro (Out of the money), a probabilidade de serem
exercidas é mínima, ou zero, pois nenhum titular irá exercer seu direito de comprar uma ação
por um preço maior que o mercado oferta.
Tabela 2: Classificação quanto à probabilidade de exercício:
Classificação Opção de compra Opção de venda
Dentro do dinheiro Preço do objeto é maior que Preço do objeto é menor
o preço do exercício que o preço do exercício
(In-the-money - ITM)
No dinheiro Preço do objeto é igual ao Preço do objeto é igual ao
preço do exercício preço do exercício
(At-the-money - ATM)
Fora do dinheiro Preço do objeto é menor que Preço do objeto é maior do
o preço do exercício que o preço do exercício
(Out-of-the-money - OTM)

Fonte: Silva Neto, 2010a, p. 89.


Quando as opções de put se encontram fora do dinheiro (Out of the money), a
probabilidade de serem exercidas é maior, tendo em vista que o titular tem o direito de vender
seu ativo-objeto por um valor maior que o valor de mercado. Se a intenção do lançador for ser
exercido, ele mantém a estratégia. Caso contrário, faz a rolagem antes da data do vencimento.
Se estiver dentro do dinheiro (At the money), a probabilidade de serem exercidas é mínima, ou
zero, pois nenhum titular irá exercer seu direito de vender sua ação por um preço menor que o
mercado compra.
Já as opções que se encontram no dinheiro (At the money), representam um ponto de
equilíbrio tanto para o lançador, pois possuem prêmios com boa rentabilidade, como para o
comprador, que a qualquer oscilação pode exercer seu direito, e comprar ou vender suas ações
a preços favoráveis.

3. APLICAÇÃO
Conforme citado anteriormente, as opções de compra mais interessantes são aquelas
que estão no dinheiro (In the Money), ou seja, aquelas que possuem um strike price muito
próximo da cotação real do ativo-objeto.
O grande problema é que o retorno do investidor está diretamente ligado ao prêmio
que ele recebe no lançamento de suas opções, e este prêmio varia de acordo com o strike
price. Se o lançador possui uma opção de compra lançada com o strike price de R$20,00, e a
cotação do ativo-objeto está em R$25,00, sua opção está dentro do dinheiro, e ele pode ajustar
os valores rolando sua opção para cima. Ele deve recomprar sua opção de compra, pagando
um preço alto (pois a posição dentro do dinheiro é atrativa e tem grande demanda), e vender
outra com um strike price maior (R$24,00, por exemplo) a um preço baixo (pois se o valor
estiver próximo do real ou acima, a opção perde seu valor, tornando-se menos atrativa). Esta
situação, apesar de parecer desvantajosa em números, acaba valorizando a carteira do
lançador, pois na situação anterior, se fosse exercido, teria que vender suas ações a R$20,00 e,
na segunda situação, ele poderá vender a R$24,00.

3.1 PROCEDIMENTOS DA APLICAÇÃO


As simulações realizadas nesta seção recriam a situação exemplificada
anteriormente, com cotações reais das ações e opções sobre as ações da Petrobrás dos últimos
cinco exercícios, com base na cotação real do ativo na última sexta-feira antes do vencimento
da opção (que ocorre, como dito anteriormente, na terceira segunda-feira de cada mês), a fim
de impedir que a ação seja exercida antes da rolagem.
Pretende-se a partir daí, analisar se o ganho ou o aumento do patrimônio justifica a
injeção de recursos na rolagem das opções, bem como, a partir de qual valor intrínseco1, a
rolagem se faz necessária. Além de investigar se esta estratégia é vantajosa, visto que as
cotações podem cair e a valorização se tornar fora do dinheiro, deixando a opção menos
atrativa.
Para a concretização do estudo, realizam-se as rolagens com diversas estratégias a fim
de encontrar a mais vantajosa para o investidor.
Na figura 1, serão demonstradas as oscilações da ação PETR4 e, juntamente com ela,
as oscilações dos strike prices.

Estratégias
40

35
Cotações e strike price

30

25 Cotações

20 A
B
15
C
10
D
5

0
jan/09

jan/10

jan/11

jan/12

jan/13
jul/10
jul/09

jul/11

jul/12

jul/13
abr/13
abr/09

abr/10

abr/11

abr/12
out/09

out/10

out/11

out/12

out/13

Figura 1: Estratégias realizadas para análise. Fonte: Autoria própria


A Figura 1 demonstra as variações reais das cotações da ação dos exercícios
analisados e a variação dos strike prices realizada através das rolagens. Já a Figura 2,
demonstra detalhadamente as variações de cada estratégia em relação à variação da ação.
A linha “A” demonstra a primeira estratégia simulada, que é a realização das
rolagens mensais sem o ajuste do strike price durante todo o período, independente da cotação
do ativo-base.
As linhas “B”, “C” e “D” se confundem na Figura 1, devido à semelhança das
características de suas estratégias.
A estratégia “B” é a realização do ajuste do strike price a cada R$3,00 de
afastamento da cotação da ação. De forma generalizada, os strike prices iniciais são números
pares (oscilando de R$2,00 em R$2,00), portanto, quando a diferença entre o strike price da
opção lançada e a cotação da ação chegou a R$3,00, realizou-se a rolagem de R$2,00. Porém,
nesta estratégia realizou-se apenas a rolagem para cima (Roll Up), ou seja, conforme a
cotação da ação subiu, o strike price da opção também. Caso a cotação caísse, o strike price
permaneceria inerte.
1
Segundo o Instituto Educacional BM&F (2007, p.16), valor intrínseco é a “diferença entre o valor do ativo no
mercado a vista e o preço de exercício”.
A estratégia “C” é semelhante a anterior, porém, o ponto de diferença para a rolagem
foi aumentado para R$4,00. Portanto, a cada R$4,00 que a cotação subiu, o strike price da
opção subiu R$2,00, oscilando em 50% da oscilação da ação.
Já a estratégia “D” é uma variação da estratégia “B”, ou seja, todas as suas
características foram mantidas, mas as rolagens foram feitas para cima e para baixo (Roll Up e
Roll Down). Por exemplo: se a cotação subiu ou caiu R$3,00, os strike prices subiram ou
caíram R$2,00, respectivamente.

Figura 2: Estratégias isoladas. Fonte: Autoria própria


É importante ressaltar, que para a realização das rolagens para cima (Roll Up),
contabiliza-se um acréscimo da diferença da rolagem do strike price (por exemplo, o strike
price da opção estava em R$26,00 e foi para R$28,00, portanto, teve um acréscimo de
R$2,00) referente à valorização da carteira. O mesmo procedimento foi adotado para as
rolagens para baixo (Roll Down), porém, ao invés de valorizar a carteira, ela foi
desvalorizada.
Este procedimento foi adotado, baseado na premissa de que se o investidor rolar seu
strike price para cima, estará disposto a vender suas opções R$2,00 acima do strike price
anterior (valorizando sua carteira). E se rolar para baixo, estará disposto a vender suas opções
R$2,00 abaixo do strike price anterior (desvalorizando sua carteira).

3.2 RESULTADOS
Após a realização dos cálculos das rolagens com as cotações reais, os lucros de cada
operação foram contabilizados anualmente. A Figura 3 representa os lucros acumulados de
cada período para cada estratégia.
De acordo com os resultados obtidos, percebe-se a variação dos retornos. De maneira
geral, nota-se um movimento uniforme das estratégias, com exceção da estratégia “D”, que
apresentou rentabilidade negativa no período de 2010 a 2012.
Lucros anuais
40%

30%

20%
A
Lucros

10% B
C
0%
D
2009 2010 2011 2012 2013
-10%

-20%
Período

Figura 3: Retorno das rolagens dos anos de 2009 a 2013. Fonte: Autoria própria.
Pode-se notar que nos últimos anos (2012 e 2013), todas as rolagens obtiveram
retornos próximos e muito baixos, em relação aos retornos dos anos anteriores, devido à
oscilação decrescente da cotação do ativo-base.
Somando os resultados de todos os períodos, obtêm-se os retornos gerais. Conforme
representa a Figura 4:

Resultado geral
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
A B C D

Figura 4: Resultado geral das rolagens. Fonte: Autoria própria


Como mostra a Figura 4, a estratégia que apresenta maior retorno é a estratégia “B”.
Uma vez que apresenta, na somatória dos cinco anos, um lucro de 46% em relação ao
investimento inicial; 3% acima da estratégia “A”, que apresentou 43% de lucro; 13% acima
da estratégia “C”, que apresentou 33% de lucro; e 30% acima da estratégia “D”, que
apresentou 16% de lucro.

4. CONCLUSÃO
A partir da realização deste trabalho, pôde-se perceber a dificuldade e a escassez de
recursos que possibilitem pesquisas referentes ao mercado financeiro brasileiro, pois apesar
de existirem dados, eles são incompletos e dispersos, e algumas fontes contraditórias.
Os resultados desta pesquisa demonstram que as variações do ativo-objeto
influenciam diretamente nos resultados das operações com opções.
É interessante ressaltar, que dentro de determinado período (final de 2011, 2012 e
2013), devido à estratégia utilizada e a cotação da ação muito abaixo do strike price, as
opções das estratégias “B” e “C” não estiveram disponíveis, não tendo cotação para a
operação.
No ano de 2009, as cotações da ação PETR4 apresentaram alta, com poucas
oscilações negativas. Neste período, as estratégias “B” e “D” obtiveram melhores resultados,
sendo eles de 37% em relação ao investimento inicial.
No ano de 2010, o primeiro trimestre apresentou alta nas cotações. Porém, a partir de
Abril, as cotações caíram gradativamente. Neste período, a estratégia “A” apresentou o
melhor resultado, sendo este de 18%.
No ano de 2011, as cotações oscilaram negativamente. Neste período, a estratégia
“A” novamente apresentou o melhor resultado, com 9% de lucro em relação ao investimento.
No ano de 2012, as cotações oscilaram sem grandes mudanças. Neste período, a
estratégia “A” apresentou pela terceira vez o melhor resultado, tendo 2% de lucro.
Novamente no ano de 2013, as cotações oscilaram sem grandes mudanças. Neste
período, a estratégia “A” foi a melhor opção, retornando 0% do investimento inicial. As
estratégias “B” e “C” não tiveram retorno por não possuírem cotação para suas opções, e a
estratégia “D” apresentou resultado negativo.
Portanto, conclui-se que no período analisado, a rolagem para cima (a partir de
R$3,00 de diferença) apresentou melhores resultados para as opções da empresa Petrobrás,
em situação de alta, como ocorreu com a Estratégia “B” no primeiro ano. Este ganho
ultrapassou o ganho de todas as outras estratégias durante os cinco anos em que se aplicou
esta simulação, devido à valorização na carteira. De maneira que, mesmo não tendo cotação
em alguns períodos, permaneceu como a estratégia que obteve melhor retorno.
E quando se trata de situações de baixa, não rolar para cima ou para baixo,
apresentou melhores resultados, como é o caso da Estratégia “A”.
É importante ressaltar, que rolar para baixo garante ao investidor retornos financeiros
favoráveis, mas que não são suficientes para compensar a perda na carteira. Ao passo que,
rolar para cima, obriga o investidor a aportar recursos para a rolagem (na maioria das vezes),
mas este aumento é superado pela valorização que o investidor receberá em sua carteira.
Vale acrescentar que, com a queda das cotações dos períodos posteriores, as
estratégias com rolagem apenas para cima (“B” e “D”), demonstraram um nível elevado de
risco, pois se tornaram pouco atrativas, por estarem muito longe da cotação do ativo-base, ou
“fora do dinheiro”. Isso evidencia a importância do investidor estar atento aos riscos que as
oscilações do mercado podem trazer aos seus investimentos.

5. REFERÊNCIAS
BESSADA, Octavio; BARBEDO, Claudio; ARAÚJO, Gustavo. Mercado de derivativos no Brasil. 3ª ed. rev.
Rio de Janeiro: Record, 2009. 361p.
BOLSA DE MERCADORIAS E FUTUROS. Cotações históricas. São Paulo: BM&F, 2014. Disponível em: <
http://www.bmfbovespa.com.br/shared/iframe.aspx?idioma=pt-br&url=http://www.bmfbovespa.com.br/pt-
br/cotacoes-historicas/FormSeriesHistoricas.asp>. Acesso em: 17 maio 2014, às 08h30min.
FERREIRA, Cristiane Azevedo. Avaliação de modelos de risco através de Backtesting. Rio de Janeiro:
IMPA, 2013. 50p.
INSTITUTO EDUCACIONAL BOLSA DE MERCADORIAS E FUTUROS. Mercado de opções: conceitos e
definições. São Paulo: BM&F, 2007. Disponível em: < http://rls.bsd.com.br/~rls/bmf/MercadodeOpcoesSh.pdf>.
Acesso em: 05 mar. 2014, às 18h05min.
PEREIRA, Gabriel Franco; BIASE, Pietrangelo Ventura de. Avaliação de estratégias no mercado brasileiro
de opções de ações. Rio de Janeiro: UFRJ, 2012. 118p.
SILVA NETO, Lauro de Araújo. Derivativos. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2010a. 298p.
SILVA NETO, Lauro de Araújo. Opções: do tradicional ao exótico. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2010b. 291p.

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