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Resumo:O presente estudo visa comparar aplicações de lançamento coberto de opções de compra com e
sem ajuste de preço de exercício (strike price), ou seja, analisar o risco e o retorno destas rolagens de
opções em um mercado volátil e oscilante. Para tal análise, primeiramente discorre-se a respeito das
bases conceituais das opções, suas características, particularidades, bem como as estratégias que
permitem alavancar os lucros e amenizar os prejuízos do investidor. No segundo momento, realiza-se um
backtesting através de dados passados das cotações das ações da empresa Petróleo Brasileiro S.A.
(PETR4) e suas opções de compra nos anos de 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013. Por meio destes dados,
efetua-se uma simulação mensal de rolagens dos strike prices sem ajustes e com diferentes ajustes, a fim
de encontrar a estratégia que proporcione maior retorno ao investidor, considerando o lucro com a venda
das opções e a valorização da carteira.
Palavras Chave: Mercado de Opções - Rolagem - Strike price - Prêmio - Lançamento coberto
1. INTRODUÇÃO
Diante de tantas possibilidades e incertezas no universo dos investimentos e das
variáveis que envolvem as transações no mercado financeiro, a falta de experiência e base
histórica, muitas vezes impede que o investidor seja bem sucedido em suas operações.
O mercado acionário não é, e nunca será, estático ou neutro, pois são as suas
oscilações que trazem as grandes oportunidades àqueles que sabem aproveitá-las com
sabedoria e cautela.
O presente artigo tem como objetivo, comparar aplicações de lançamento coberto de
opções de compra, com e sem ajuste de strike price.
Neste caso especificamente, trabalha-se com opções sobre as ações da empresa
Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobrás), devido ao grande volume das operações que o ativo base
(PETR4) e seus derivativos (opções) possuem diariamente e utiliza-se precisamente as opções
de compra por representarem 90% das transações com opções no mercado brasileiro.
Para realizar tal análise, utilizam-se cotações históricas do ativo base e das opções
extraídos diretamente da BM&F Bovespa (2014) dos anos de 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013,
para que fossem simuladas estratégias de rolagem com opções, a fim de definir de acordo com
o risco, qual estratégia apresenta melhor retorno ao investidor.
Para facilitar a compreensão do mercado de opções realizou-se uma pesquisa
bibliográfica, definindo assim, os principais conceitos e as características deste segmento do
mercado financeiro.
Devido ao emergente crescimento do mercado financeiro brasileiro, muitas dúvidas e
preocupações têm norteado o investidor, principalmente no que se refere a lidar com as
oscilações do mercado, pois todas as atitudes que são tomadas possuem uma consequência e
devem ser balanceadas de forma consciente. Portanto, a relevância do presente trabalho se
baseia na análise dos riscos que o investidor está exposto nas estratégias de rolagem, tendo em
vista os ganhos que estas operações trariam se fossem realizadas nos últimos cinco anos.
A metodologia empregada neste artigo é a pesquisa empírica de caráter quantitativo e
experimental, baseada no estudo de caso da empresa Petróleo Brasileiro S.A. (PETR4). Foi
realizado um backtesting, que segundo Ferreira (2013, p.1), “consiste em comparar, através de
testes estatísticos, as perdas históricas de uma carteira de ativos com as medidas de risco
geradas pelo modelo”, levando em conta dados reais das cotações dos ativos e derivativos
(opções), através de simulações de rolagens em diferentes estratégias para constatar, baseado
nas experiências históricas, a melhor atitude a ser tomada pelo investidor em cada situação.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção serão discorridas as bases conceituais, ou seja, o significado de cada
termo, as características e alguns exemplos que ilustrem as negociações, a fim de facilitar a
compreensão e o desenvolvimento do tema.
2.3 ESTRATÉGIAS
O Mercado de opções tem crescido e se tornado atrativo por conta da grande
variedade de estratégias que possibilita. De acordo com a intenção e com as expectativas do
investidor, ele pode arriscar ou proteger todo o seu patrimônio.
Uma das estratégias utilizadas nas operações com opções é a rolagem, que ocorre
quando uma opção vendida é recomprada com a intenção de vendê-la novamente com valor
ou data ajustados, ou uma opção comprada é vendida na intenção de comprar outra com data e
valor ajustados.
Se a intenção do investidor é não ser exercido ou não exercer sua opção, ele zera sua
posição (comprando sua venda, ou vendendo sua compra) antes do vencimento desta opção, e
refaz sua operação, só que com data de vencimento para os meses seguintes. Esta operação se
denomina rolagem para frente, ou seja, apenas a rolagem de vencimento. Já quando o valor do
ativo-base varia, o lançador ou o comprador pode rolar sua opção para cima ou para baixo, ou
seja, ajustar o valor de seu strike price de acordo com a variação do ativo-base.
Portanto, as opções podem ser lançadas acima da cotação, na cotação, ou abaixo da
cotação do ativo-base, como mostra a tabela 2.
A tabela 2 mostra que quando as opções de call se encontram dentro do dinheiro (In
the money), a probabilidade de serem exercidas é maior, tendo em vista que o titular tem o
direito de comprar o ativo-objeto por um valor menor que o valor de mercado. Se a intenção
do lançador for ser exercido, ele mantém a estratégia. Caso contrário, faz a rolagem antes da
data do vencimento. Se estiver fora do dinheiro (Out of the money), a probabilidade de serem
exercidas é mínima, ou zero, pois nenhum titular irá exercer seu direito de comprar uma ação
por um preço maior que o mercado oferta.
Tabela 2: Classificação quanto à probabilidade de exercício:
Classificação Opção de compra Opção de venda
Dentro do dinheiro Preço do objeto é maior que Preço do objeto é menor
o preço do exercício que o preço do exercício
(In-the-money - ITM)
No dinheiro Preço do objeto é igual ao Preço do objeto é igual ao
preço do exercício preço do exercício
(At-the-money - ATM)
Fora do dinheiro Preço do objeto é menor que Preço do objeto é maior do
o preço do exercício que o preço do exercício
(Out-of-the-money - OTM)
3. APLICAÇÃO
Conforme citado anteriormente, as opções de compra mais interessantes são aquelas
que estão no dinheiro (In the Money), ou seja, aquelas que possuem um strike price muito
próximo da cotação real do ativo-objeto.
O grande problema é que o retorno do investidor está diretamente ligado ao prêmio
que ele recebe no lançamento de suas opções, e este prêmio varia de acordo com o strike
price. Se o lançador possui uma opção de compra lançada com o strike price de R$20,00, e a
cotação do ativo-objeto está em R$25,00, sua opção está dentro do dinheiro, e ele pode ajustar
os valores rolando sua opção para cima. Ele deve recomprar sua opção de compra, pagando
um preço alto (pois a posição dentro do dinheiro é atrativa e tem grande demanda), e vender
outra com um strike price maior (R$24,00, por exemplo) a um preço baixo (pois se o valor
estiver próximo do real ou acima, a opção perde seu valor, tornando-se menos atrativa). Esta
situação, apesar de parecer desvantajosa em números, acaba valorizando a carteira do
lançador, pois na situação anterior, se fosse exercido, teria que vender suas ações a R$20,00 e,
na segunda situação, ele poderá vender a R$24,00.
Estratégias
40
35
Cotações e strike price
30
25 Cotações
20 A
B
15
C
10
D
5
0
jan/09
jan/10
jan/11
jan/12
jan/13
jul/10
jul/09
jul/11
jul/12
jul/13
abr/13
abr/09
abr/10
abr/11
abr/12
out/09
out/10
out/11
out/12
out/13
3.2 RESULTADOS
Após a realização dos cálculos das rolagens com as cotações reais, os lucros de cada
operação foram contabilizados anualmente. A Figura 3 representa os lucros acumulados de
cada período para cada estratégia.
De acordo com os resultados obtidos, percebe-se a variação dos retornos. De maneira
geral, nota-se um movimento uniforme das estratégias, com exceção da estratégia “D”, que
apresentou rentabilidade negativa no período de 2010 a 2012.
Lucros anuais
40%
30%
20%
A
Lucros
10% B
C
0%
D
2009 2010 2011 2012 2013
-10%
-20%
Período
Figura 3: Retorno das rolagens dos anos de 2009 a 2013. Fonte: Autoria própria.
Pode-se notar que nos últimos anos (2012 e 2013), todas as rolagens obtiveram
retornos próximos e muito baixos, em relação aos retornos dos anos anteriores, devido à
oscilação decrescente da cotação do ativo-base.
Somando os resultados de todos os períodos, obtêm-se os retornos gerais. Conforme
representa a Figura 4:
Resultado geral
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
A B C D
4. CONCLUSÃO
A partir da realização deste trabalho, pôde-se perceber a dificuldade e a escassez de
recursos que possibilitem pesquisas referentes ao mercado financeiro brasileiro, pois apesar
de existirem dados, eles são incompletos e dispersos, e algumas fontes contraditórias.
Os resultados desta pesquisa demonstram que as variações do ativo-objeto
influenciam diretamente nos resultados das operações com opções.
É interessante ressaltar, que dentro de determinado período (final de 2011, 2012 e
2013), devido à estratégia utilizada e a cotação da ação muito abaixo do strike price, as
opções das estratégias “B” e “C” não estiveram disponíveis, não tendo cotação para a
operação.
No ano de 2009, as cotações da ação PETR4 apresentaram alta, com poucas
oscilações negativas. Neste período, as estratégias “B” e “D” obtiveram melhores resultados,
sendo eles de 37% em relação ao investimento inicial.
No ano de 2010, o primeiro trimestre apresentou alta nas cotações. Porém, a partir de
Abril, as cotações caíram gradativamente. Neste período, a estratégia “A” apresentou o
melhor resultado, sendo este de 18%.
No ano de 2011, as cotações oscilaram negativamente. Neste período, a estratégia
“A” novamente apresentou o melhor resultado, com 9% de lucro em relação ao investimento.
No ano de 2012, as cotações oscilaram sem grandes mudanças. Neste período, a
estratégia “A” apresentou pela terceira vez o melhor resultado, tendo 2% de lucro.
Novamente no ano de 2013, as cotações oscilaram sem grandes mudanças. Neste
período, a estratégia “A” foi a melhor opção, retornando 0% do investimento inicial. As
estratégias “B” e “C” não tiveram retorno por não possuírem cotação para suas opções, e a
estratégia “D” apresentou resultado negativo.
Portanto, conclui-se que no período analisado, a rolagem para cima (a partir de
R$3,00 de diferença) apresentou melhores resultados para as opções da empresa Petrobrás,
em situação de alta, como ocorreu com a Estratégia “B” no primeiro ano. Este ganho
ultrapassou o ganho de todas as outras estratégias durante os cinco anos em que se aplicou
esta simulação, devido à valorização na carteira. De maneira que, mesmo não tendo cotação
em alguns períodos, permaneceu como a estratégia que obteve melhor retorno.
E quando se trata de situações de baixa, não rolar para cima ou para baixo,
apresentou melhores resultados, como é o caso da Estratégia “A”.
É importante ressaltar, que rolar para baixo garante ao investidor retornos financeiros
favoráveis, mas que não são suficientes para compensar a perda na carteira. Ao passo que,
rolar para cima, obriga o investidor a aportar recursos para a rolagem (na maioria das vezes),
mas este aumento é superado pela valorização que o investidor receberá em sua carteira.
Vale acrescentar que, com a queda das cotações dos períodos posteriores, as
estratégias com rolagem apenas para cima (“B” e “D”), demonstraram um nível elevado de
risco, pois se tornaram pouco atrativas, por estarem muito longe da cotação do ativo-base, ou
“fora do dinheiro”. Isso evidencia a importância do investidor estar atento aos riscos que as
oscilações do mercado podem trazer aos seus investimentos.
5. REFERÊNCIAS
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Rio de Janeiro: Record, 2009. 361p.
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http://www.bmfbovespa.com.br/shared/iframe.aspx?idioma=pt-br&url=http://www.bmfbovespa.com.br/pt-
br/cotacoes-historicas/FormSeriesHistoricas.asp>. Acesso em: 17 maio 2014, às 08h30min.
FERREIRA, Cristiane Azevedo. Avaliação de modelos de risco através de Backtesting. Rio de Janeiro:
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INSTITUTO EDUCACIONAL BOLSA DE MERCADORIAS E FUTUROS. Mercado de opções: conceitos e
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Acesso em: 05 mar. 2014, às 18h05min.
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SILVA NETO, Lauro de Araújo. Derivativos. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2010a. 298p.
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