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Por Mariana MunizBrasília

mariana.muniz@jota.info

Uma cliente que recebia incessantes cobranças de débito por meio de ligações telefônicas e
SMS deverá ser indenizada em R$ 10 mil por danos morais – reconheceu a 10ª Vara Cível
de Londrina, que entendeu que houve abuso nos métodos de cobrança usados pela
instituição financeira.
O Itaú Unibanco, autor das cobranças, ainda pode recorrer da sentença.
O caso diz respeito a um contrato de alienação fiduciária com a instituição financeira para a
aquisição de uma motocicleta, que foi roubada durante a vigência do parcelamento. Com o
roubo, a cliente deixou de pagar as prestações da moto para comprar um novo veículo.
A partir de então, o banco começou a efetuar, ininterruptamente, ligações telefônicas e
envios de SMS à cliente e a outras pessoas ligadas a ela, contou  seu advogado, Gustavo
Sabião.
“As mensagens enviadas diziam que a cliente estava em débito e deveria quitar sua dívida,
sob pena de perder a motocicleta financiada”, explicou a defesa. “Sendo que ela já havia
sido roubada.”
Mesmo após ter sido informado pelo serviço de atendimento a clientes  dos equívocos, o
banco continuou a praticar os atos.
O Itaú Unibanco argumentou que os meios de cobrança empregados são regulares, negando
a existência de dano moral.
De acordo com o magistrado que proferiu a sentença, Álvaro Rodrigues Júnior, o banco
cometeu abusos de direito na cobrança da cliente. “Sem dúvida a instituição financeira
extrapolou o mero exercício regular de seu direito de exigir a dívida da autora,
caracterizando cobrança abusiva, vexatória e com o intuito de agredir a reputação da
devedora”, afirmou.
O magistrado aponta uma ofensa ao artigo 42, caput, do Código de Defesa do Consumidor
(CDC) por parte do banco ao envolver terceiros estranhos à relação contratual na cobrança,
como amigos, colegas de trabalho e parentes, em quantidade superior ao bom senso.
Assim, a instituição foi condenada a se abster de efetuar ligações, enviar mensagens SMS ou
qualquer outro meio de cobrança alheios ao de propriedade da cliente, sob pena de multa
de R$ 500 por ato praticado.
Além do pagamento de R$ 10 mil por danos morais, o Itaú foi condenado a arcar com os
custos processuais e de honorários advocatícios.
 
TÓPICOS:
BANCOS, CDC, CÓDIGO DE DEFESA AO CONSUMIDOR, DANOS MORAIS, DIREITO DO
CONSUMIDOR, INADIMPLÊNCIA

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