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Jonas Rodrigo Gonçalves • Márcio Wesley • Celson Lopes • Daniella Matos • Fabrício Wagner Silva

Racquel Barros • Edgard Antônio Lemos Alves • Maurício Nicácio • Rui Santos • Marcelo Andrade
Claúdio Macedo • Samantha Pozzer Kühleis • Tatiani Carvalho

EDITORA

2021
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IGP – Instituto Geral de Perícias de Santa Catarina


Auxiliar Médico-Legal – Nível Médio
Conhecimentos Gerais e Específicos
(AI22)
(De acordo com o Edital nº 001/2021)

Língua Portuguesa • Inglês • Noções de Direito: Noções de Direito Constitucional - Noções de


Direito Penal - Noções de Direito Processual Penal - Noções de Direito Administrativo - Legislação
Especial • Raciocínio Lógico • Noções de Informática • Biologia • Noções de Medicina Legal
Noções de Segurança no Trabalho

Autores:
Jonas Rodrigo Gonçalves • Márcio Wesley • Celson Lopes • Daniella Matos • Fabrício Wagner Silva
Racquel Barros • Edgard Antônio Lemos Alves • Maurício Nicácio • Rui Santos • Marcelo Andrade
Claúdio Macedo • Samantha Pozzer Kühleis • Tatiani Carvalho

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PRODUÇÃO EDITORIAL
Tatiani Carvalho

REVISÃO
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EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
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CAPA
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IGP

SUMÁRIO

Língua Portuguesa
Ortografia oficial................................................................................................................................................................... 14

Classes de palavras: flexões nominais e verbais.................................................................................................................. 23

Análise sintática: relações e sentidos entre orações, períodos e funções sintáticas dos termos.......................................51

Sintaxe de regência: verbos e sua predicação; regência verbal e nominal, crase............................................................... 78

Sintaxe de concordância: concordância nominal e verbal; concordância gramatical e ideológica (silepse)......................71

Colocação de pronomes: próclise, mesóclise e ênclise................................................................................................. 37/89

Significação das palavras: homônimos e parônimos....................................................................................................... 8/91

Estilística: denotação e conotação; figuras de linguagem: metáfora, metonímia, prosopopeia, antítese e pleonasmo....3

Semântica: sinonímia e antonímia................................................................................................................................... 8/91

Pontuação: vírgula, ponto-e-vírgula, dois pontos, ponto de exclamação, ponto de interrogação e ponto final...............64

Redação oficial: formas de tratamento, correspondência oficial........................................................................................ 92

Compreensão e interpretação de texto................................................................................................................................. 3


Língua Portuguesa
Jonas Rodrigo Gonçalves • Márcio Wesley

Jonas Rodrigo Gonçalves Poesia Épica; Novela; Conto; Crônica; Ensaio; Romance (também
conhecidos como subgêneros do gênero narrativo).
O gênero narrativo é escrito majoritariamente em prosa;
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO apresenta um(a) narrador(a) que conta a ação; narra uma
sucessão de acontecimentos reais ou imaginários; apresenta
Compreensão e Interpretação de Textos de a estrutura básica de introdução, desenvolvimento e conclu-
Gêneros Variados são; desenrola-se num tempo e num espaço; utiliza discurso
direto, indireto e/ou indireto livre.
É difícil conceituar a manifestação artística chamada Literatu- O gênero épico representa a mais antiga das manifesta-
ra. Aristóteles (384 a.C. a 322 a.C.), na obra Arte Poética, definiu ções literárias e nele estão contidas as narrativas histórico-
o que hoje é conhecido como gêneros literários. Logo, convém -literárias de grandes acontecimentos, com presença de
reparar que a história da teoria dos gêneros pode ser contada a temas terrenos, mitológicos e lendários. Observe-se que
partir da Antiguidade greco-romana, quando surgiram também o termo “épico” vem da palavra “epopeia”, que, do grego
as primeiras manifestações poéticas da cultura ocidental. (épos), simboliza a narrativa em versos de fatos grandiosos
Gêneros literários se caracterizam como divisões feitas centrados na figura de um herói ou de um povo.
em obras literárias de acordo com características formais Os elementos essenciais das narrativas épicas são: nar-
comuns, agrupando-as conforme critérios estruturais, con- rador (quem narra a história), enredo (sucessão dos acon-
textuais e semânticos, entre outros. Os gêneros literários se tecimentos), personagens (principais e secundárias), tempo
constituem como categorias dos textos literários, classifica- (época dos fatos) e espaço (local dos episódios).
dos de acordo com a forma e com o conteúdo. Dessa forma,
englobam o conjunto de características formais e temáticas Gênero Dramático
das manifestações literárias. O termo “gênero” vem do latim
(​genus e eris) e significa origem e nascimento. O gênero dramático é feito para que haja a sua encena-
Nesse sentido, os gêneros literários reúnem um conjunto ção; está dividido em atos e cenas; conta a história através
de obras que apresentam características análogas de forma da fala das personagens; apresenta indicações cênicas as
e de conteúdo. Essa classificação pode ser feita de acordo quais auxiliam a representação.
com critérios semânticos, sintáticos, fonológicos, formais, De acordo com a definição de Aristóteles em sua Arte Poé-
contextuais, entre outros. Eles se dividem em três categorias tica, os textos dramáticos são próprios para a representação e
básicas: gêneros épico (“palavra narrada”), gênero lírico (“pa- apreendem a obra literária em verso ou prosa passíveis de en-
lavra cantada”) e gênero dramático (“palavra representada”). cenação teatral. A voz narrativa está entregue às personagens,
Convém salientar também que, na atualidade, os textos atores que contam uma história por intermédio de diálogos
literários se organizam em três gêneros: gênero lírico; gênero ou monólogos. Pertencem ao gênero dramático os seguintes
narrativo; gênero dramático. Dentro de um determinado gê- textos: Auto; Comédia; Tragédia; Tragicomédia; Elegia; Farsa
nero literário há o predomínio de uma estrutura típica, que (também conhecidos como subgêneros do gênero dramático).
não corresponde à estrutura de outro gênero literário, visto O gênero dramático envolve a literatura teatral em prosa ou
que cada um apresenta características próprias. em verso, aquela para ser apresentada e encenada. Do grego,
a palavra “drama” significa “ação”. Por essa razão, o diálogo é
Gênero Lírico um recurso muito utilizado, de modo que a tríade essencial dos
textos literários dramáticos são: o autor, o texto e o público.
A classificação de gêneros literários sofreu algumas altera-
O gênero lírico é escrito em verso, em primeira pessoa do
ções ao longo dos anos. Atualmente, é entendida como algo
discurso (eu); expressa sentimentos e emoções; exterioriza um
flexível, sendo possível a mistura de gêneros e a subdivisão em
mundo interior; apresenta um caráter subjetivo; usa palavras no
vários subgêneros. Apesar da divisão em lírico, narrativo e dramá-
seu sentido conotativo; recorre a muitas figuras de linguagem.
tico, há uma característica comum aos três gêneros: a literatura. 
O gênero lírico apresenta textos em versos por inter- Sendo gêneros literários, apresentam aspectos comuns
médio de uma linguagem poética, de caráter sentimental que definem a literatura como uma expressão artística que
com predominância da subjetividade do eu-lírico (primeira possui funções recreativas, sociais e críticas. Assim, não só
pessoa). O nome “lírico” surgiu de “lira” (latim), instrumento ocorre a manifestação de sentimentos e invenção de histórias
utilizado para acompanhar as poesias cantadas. Convém res- por parte do autor, como também ocorre a crítica à sociedade
saltar que o “eu-lírico” se distingue do(a) autor(a), ou seja, o e há referências a momentos históricos.
eu-lírico pode ser masculino ou feminino, independente de O texto literário, quer ocorra em verso ou em prosa, trans-
sua autoria. Alguns exemplos de textos líricos são: Soneto; mite a noção artística do autor, que trabalha com a função
Poesia; Ode; Haicai; Hino; Sátira, Elegia; Idílio, Écloga; Epitalâ- conotativa da linguagem, que utiliza uma linguagem mais po-
mio (também conhecidos como subgêneros do gênero lírico).
Língua Portuguesa

ética e rebuscada, recorrendo ao uso de figuras de linguagem


Os textos do gênero lírico, os quais expressam sentimen- e que respeita estruturas no estilo e forma, como a métrica e
tos e emoções, são permeados pela função poética da lingua- a rima. O autor debruça-se sobre a seleção e combinação de
gem. Neles existe a predominância de pronomes e verbos na palavras, para que transmitam o sentido pretendido, contri-
1ª pessoa, além da exploração da musicalidade das palavras. buindo para a concretização da intenção do autor.
Gênero Épico ou Narrativo Reconhecimento de Tipos e Gêneros Textuais
No gênero épico ou narrativo existe a presença de um(a) Tipologia Textual
narrador(a), responsável por contar uma história cujas persona-
gens atuam em um determinado espaço e tempo. Pertencem a Texto Dissertativo: denotativo, objetiva provar uma tese, um
esse gênero as seguintes modalidades: Épico; Fábula; Epopeia ou posicionamento, possui introdução, desenvolvimento e conclusão.

3
Texto Argumentativo: usa argumentos e exemplos para 3º parágrafo: detalhes do fato, discursos.
comprovar algo. 4º parágrafo: consequências do fato.
Texto Narrativo: conta uma história (fato, tempo, lugar,
personagens, detalhes etc.). Discursos
Texto Descritivo: descreve coisa, lugar ou pessoa, com • Discurso Direto Simples
muitos adjetivos. Ela disse:
– Vamos ao cinema?
Esquema do texto dissertativo Ele respondeu:
1º parágrafo (introdução): tema e o objetivo na primeira – Claro!
frase; citação dos argumentos na segunda frase. • Discurso Direto com Travessão Explicativo
2º parágrafo (desenvolvimento): desenvolvimento do – Vamos ao cinema? – disse ela.
argumento 1 em pelo menos duas frases. – Claro! – respondeu ele.
3º parágrafo (desenvolvimento): desenvolvimento do • Discurso Direto Livre
argumento 2 em pelo menos duas frases. Ela disse: “Vamos ao cinema?”
4º parágrafo (desenvolvimento): desenvolvimento do Ele respondeu: “Claro!”
argumento 3 em pelo menos duas frases. • Discurso Indireto Simples
5º parágrafo (conclusão): tema e o objetivo na primeira Ela o convidou para ir ao cinema. Ele aceitou o convite.
frase com outras palavras; soluções otimistas com verbos no • Discurso Indireto Livre
infinitivo de preferência. Ela o convidou para ir ao cinema. Ele aceitou o convite.
“Tomara que ele realmente vá!”
Exemplo de texto dissertativo
• Introdução Domínio dos Mecanismos de Coesão Textual
Acredita-se que Brasília se firmará como provável polo
turístico do século XXI. Mesmo concorrendo com belíssimas Ernani Terra e José de Nicola (2001, p. 226-227) explicam
praias na costa brasileira e com a evidente exploração turísti- sobre a coesão textual:
ca nas cidades vizinhas, a capital federal encanta brasileiros
e estrangeiros por seu patrimônio histórico-cultural, sua
Assim como um osso liga-se ao outro num esqueleto,
organização e segurança.
as palavras, os termos da oração e as orações ligam-se
para formar um texto. Essa ligação se dá pelo nexo
• 1º argumento = 2º parágrafo
estabelecido entre várias partes do texto, tornando-o
Impossível não conceber que o litoral é um forte concor-
coeso (nexo significa ‘ligação, vínculo’; daí expressões
rente da cidade-sede do Brasil, já que é disputado na alta e
do tipo ‘Ficou falando coisas sem nexo’). A coesão é
baixa temporada por turistas do mundo inteiro. Além disso, o
cerrado constitui atração interessantíssima por suas riquezas decorrente de relações de sentido que se operam
naturais, como as cachoeiras e quedas d’água de várias cidades entre elementos do texto. Muitas vezes a interpreta-
circunvizinhas (Pirenópolis e Alto Paraíso, por exemplo), as ção de um termo depende da interpretação de outro
águas termais de Caldas Novas, bem como a beleza histórica termo ao qual faz referência, ou seja, a significação
de Goiás Velho. Tudo isso há poucos quilômetros de Brasília. de uma palavra vai pressupor a de outra.

• 2º argumento = 3º parágrafo A avaliação da capacidade de expressão na modalidade


No entanto, em seu gigantismo de inigualável beleza escrita tem como base a observação da norma culta padrão
arquitetônica, a cidade do poder, desenhada por Oscar da Língua Portuguesa. O uso das normas do registro formal
Niemeyer, surge majestosa causando curiosidade latente culto da Língua Portuguesa pressupõem o domínio das regras
aos turistas que a pretendem desvendar. Prova disso são os da gramática normativa. Já a clareza, a precisão, a consis-
hotéis, com fluxo frequente de visitantes de várias origens tência e a concisão do texto produzido são qualidades que
e etnias, que aqui encontram empatia com este povo mes- agregam uma boa escrita a textos dissertativos.
clado, migrante de todo o território nacional, construtor da
diversidade cultural e culinária da jovem capital. [...] clareza, que torna o texto inteligível e decorre: do
uso de palavras e expressões em seu sentido comum,
• 3º argumento = 4º parágrafo salvo quando o assunto for de natureza técnica, hipó-
Ressalte-se, ainda, que ações, como a reforma do Centro tese em que se empregarão a nomenclatura e termi-
de Convenções, bem como as construções da Terceira Pon- nologia próprias da área; da construção de orações na
te e do reservatório de água Corumbá IV, tornam-na rota ordem direta, evitando preciosismos, neologismos, in-
certa. A segurança – também respaldada pela premiação tercalações excessivas, jargão técnico, lugares-comuns,
da ONU como a melhor cidade para uma criança crescer, modismos e termos coloquiais; do uso do tempo verbal,
no quesito qualidade de vida – e a organização da capital de maneira uniforme, em todo o texto; do emprego
federal, evidenciada pela exatidão dos endereços facilmente dos sinais de pontuação de forma judiciosa, evitando
os abusos estilísticos [...] (BRASIL, 1000, p. 9)
Língua Portuguesa

encontrados pelo sistema inteligente de transportes, dão ao


visitante sensação única de conforto.
Segundo o Dicionário Online de Língua Portuguesa
• Conclusão (2012), precisão é “Substantivo Feminino. Qualidade do que
Nesse sentido, há que se propagar toda essa atração da é preciso, exato, rigoroso. Exatidão na execução. Nitidez ri-
capital do país, evidenciando-a como polo turístico do século gorosa no pensamento ou no estilo.” Ernani Terra e José de
XXI. Urge, entretanto, a garantia de condições favoráveis à Nicola (2001, p.228-229) explicam sobre a coesão textual:
execução plena de planejamentos turísticos.
A coesão também é resultante da perfeita relação de
Esquema Narrativo sentido que deve haver entre as partes de um texto.
1º parágrafo: fato, tempo, lugar. Por isso, o uso adequado de conectivos (palavras
2º parágrafo: causa do fato, personagens. que relacionam partes da oração ou orações de um

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período) é importante para que haja coesão textual. Dicas
Não há coesão em um texto quando, por exemplo, • Os pronomes pessoais eu e tu não podem vir antece-
empregam-se de modo inadequado conjunções e didos de preposição, por isso devem ser substituídos
pronomes, deixando palavras ou frases desconec- pelos pronomes oblíquos mim e ti. Exemplos: O pro-
tadas, quando a escolha vocabular é inadequada, blema será resolvido por mim e ti. O papo será entre
quando há ambiguidades, regências incorretas, etc. mim e ti. Isso não se resolveria sem mim e ti. O dinheiro
será dado para mim e ti. Observação: usa-se eu e tu
Conforme orienta Gonçalves (2015b, p.14) acerca da quando o pronome funcionar como sujeito. Exemplo:
produção coesa e concisa: “Peque pela simplicidade, escre- Traga água para eu beber.
va um texto simples, claro e objetivo, sem contorcionismos • Os pronomes ele(s), ela(s), nós e vós serão oblíquos
sintáticos.” quando precedidos de preposição para complementar
Primar pela clareza, precisão, consistência, concisão e verbos. Exemplos: A aula foi dada por ele. Passeamos
aderência às normas do registro formal é fundamental. Deve- com ela. O convite será feito por vós.
-se escrever de forma clara e precisa, com consistência argu- • Pronomes reflexivos são os pronomes pessoais oblí-
mentativa para conseguir convencer o leitor de determinado quos que se referem ao sujeito da oração. Exemplos:
ponto de vista. A concisão, arte de dizer muito com poucas Ela se machucou. Eu me vesti bem. Ele aproximou-se
palavras, atentando ao padrão culto da língua colaborará e levou consigo sua ira.
positivamente para o texto. • Nos, vos e se atuam como pronomes recíprocos quando
expressam ação mútua. Exemplos: Nós nos vestimos
Concisão: resultado. É o ato de dizer a mesma coisa bem. Eles se amaram muito.
com um menor número de palavras. Usa recursos • Quando há ênclise em verbos terminados em -r, -s,
coesivos para que esse objetivo seja atingido. Por -z, tais terminações saem e acrescenta-se l nos oblí-
exemplo: usa-se um menor número de palavras para quos o, a, os, as. Exemplos: O bolo, eu vou: comprar
dizer a mesma coisa. (GONÇALVES, 2008, p.98) (comprá-lo); vender (vendê-lo); partir (parti-lo); com-
por (compô-lo). O bolo: nós compramos (compramo-
Emprego de Elementos de Referenciação, -lo); ela fez (fê-lo). Observação: quando seguido do
pronome pessoal oblíquo nos (1ª pessoa do plural), sai
Substituição e Repetição, de Conectores e de o s e mantém-se o oblíquo. Exemplos: Afastamo-nos
Outros Elementos de Sequenciação Textual infelizmente. Sentamo-nos para conversar.
• Quando há ênclise em verbos terminados em -m, -ão, -õe,
Vários elementos de referenciação podem ser em- acrescenta-se n nos pronomes pessoais oblíquos enclíti-
pregados em um texto. No entanto, são os pronomes a classe cos o, a, os, as. Exemplo: Eles consideraram-no inocente.
de palavras recordista em questões de concursos públicos. A dúvida, dão-na como perdida. Ele supõe-nos bandidos.
Entendamos mais sobre o Pronome. • As expressões com nós, com vós podem ser usadas
quando seguidas de uma palavra de reforço (ambos,
Macetes dos Pronomes Demonstrativos mesmos, dois, etc) Exemplos: A bagagem seguirá com
Tempo nós dois. A bagagem seguirá conosco. Preciso falar com
• este, esta, isto: presente vós mesmos. Preciso falar convosco. (Sarmento, p. 185)
• esse, essa, isso: passado e futuro próximos • O pronome oblíquo é sujeito dos seguintes verbos
• aquele, aquela, aquilo: passado e futuro distantes no infinitivo: deixar, fazer, ouvir, mandar, sentir e ver.
Espaço (distância) Exemplo: Deixe-me ouvir esta música. (Deixe que eu
ouça esta música.)
Quando houver apenas 1 pronome demonstrativo no • Cuidado para não confundir o pronome possessivo
período: seu com a redução do pronome de tratamento senhor.
• Quero isto: a paz. (certo = Catáfora) Exemplo: Seu João é honesto.
• Quero isso: a paz (errado) • Usa-se dele(s), dela(s) no lugar de seu(s), sua(s) para
• Paz: é isto que eu quero. (errado) tirar a ambiguidade. Exemplos: Ela arrumou sua cama.
• Paz: é isso que eu quero. (certo = Anáfora) Ela arrumou a cama dela.
• Usa-se esse(s), essa(s), isso em referência a algo que
Quando houver mais de um pronome demonstrativo na já foi dito ou a uma pessoa já mencionada num texto.
mesma frase, usa-se: “regra de fluxo invertido de distribuição Usa-se este(s), esta(s), isto em referência ao que vai
pronominal para alocação dos pronomes demonstrativos”. ser dito. Exemplo: Leve esta mensagem ao seu rei:
• este, esta, isto: t=teu (grudado) “Rendam-se ou serão aniquilados.” (Sarmento, p. 195)
• esse, essa, isso: s=separado (próximo) • Pronomes indefinidos: a) algum: sentido positivo quan-
• aquele, aquela, aquilo: l=longe (distante) do colocado antes do substantivo e negativo quando
Pronomes Relativos: 4 passos para substituir os invari- depois. Exemplos: Algum aluno tomará posse. Aluno
áveis (que/quem) pelos variáveis: qual/quais; cujo(a,os,as). algum tomará posse. b) certo: será pronome indefinido
Língua Portuguesa

• Veja se “qual/quais” concordam com substantivo que vem quando vier antes do substantivo e será adjetivo quan-
antes. Se forem seguidos de substantivos, exigem artigo. do vier depois. Exemplos: Certas coisas são importantes
• Veja se “cujo(a,os,as)” concordam com substantivo que (algumas). As coisas certas são importantes (corretas).
vem depois, dando ideia de posse. Proíbem artigo. c) todo: tem valor de advérbio quando substitui comple-
• Se houver verbo entre o pronome e o substantivo que tamente. Exemplo: O pátio ficou todo alagado. d) todo
vem depois, o pronome atuará como sujeito e não po- e toda significam qualquer quando não são seguidos de
derá ser substituído por “cujo(a,os,as)”, já que o verbo artigo e inteiro quando seguidos de artigo. Exemplos:
estabelece uma barreira que impede a concordância Todo cidadão deve votar. Todo o povo deve votar.
com o substantivo posterior ao pronome. • Onde indica permanência em lugar, e aonde indica movi-
• Veja a regência do que vem depois do pronome, para mento a determinado lugar. Exemplos: O hotel onde dormi
checar se a preposição que o antecede está certa. fica em Praia Grande/SP. Não sei aonde passarei as férias.

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Ideia Central e Secundária só das informações explícitas naquele texto motivador, mas
também da leitura de mundo e da capacidade de relacionar
Identificando o tema de um texto o tema principal desse texto a outros textos. Leia o texto a
seguir para aprofundarmos a questão da intertextualidade.
O tema é a ideia central do texto, a ideia principal. O
texto se desenvolve com base nessa ideia central. Para fazer Acredita-se que Brasília se firmará como provável
a identificação do tema de um texto, é essencial relacionar polo turístico do século XXI. Mesmo concorrendo
as diferentes informações de modo a construir o seu senti- com belíssimas praias na costa brasileira e com a
do global, isto é, você deve relacionar as várias partes que evidente exploração turística nas cidades vizinhas, a
compõem um todo significativo, que é o texto. capital federal encanta brasileiros e estrangeiros por
Nossa proposta inicial é que você acompanhe um exer- seu patrimônio histórico-cultural, sua organização e
cício bem simples: reconhecer o seu tema. Leia o texto a segurança.
seguir e identifique o tema. Impossível não conceber que o litoral é um forte
concorrente da cidade-sede do Brasil, já que é
Acredita-se que Brasília se firmará como provável disputado na alta e baixa temporada por turistas
polo turístico do século XXI. Mesmo concorrendo com do mundo inteiro. Além disso, o cerrado constitui
belíssimas praias na costa brasileira e com a evidente atração interessantíssima por suas riquezas naturais,
exploração turística nas cidades vizinhas, a capital como as cachoeiras e quedas d’água de várias cidades
federal encanta brasileiros e estrangeiros por seu patri- circunvizinhas (Pirenópolis e Alto Paraíso, por exem-
mônio histórico-cultural, sua organização e segurança. plo), as águas termais de Caldas Novas, bem como a
Impossível não conceber que o litoral é um forte con- beleza histórica de Goiás Velho. Tudo isso há poucos
corrente da cidade-sede do Brasil, já que é disputado na quilômetros de Brasília.
alta e baixa temporada por turistas do mundo inteiro. No entanto, em seu gigantismo de inigualável beleza
Além disso, o cerrado constitui atração interessantís- arquitetônica, a cidade do poder, desenhada por Os-
sima por suas riquezas naturais, como as cachoeiras e car Niemeyer, surge majestosa causando curiosidade
quedas d’água de várias cidades circunvizinhas (Pire- latente aos turistas que a pretendem desvendar.
nópolis e Alto Paraíso, por exemplo), as águas termais Prova disso são os hotéis, com fluxo frequente de
de Caldas Novas, bem como a beleza histórica de Goiás visitantes de várias origens e etnias, que aqui encon-
Velho. Tudo isso há poucos quilômetros de Brasília. tram empatia com este povo mesclado, migrante de
No entanto, em seu gigantismo de inigualável beleza todo o território nacional, construtor da diversidade
arquitetônica, a cidade do poder, desenhada por Os-
cultural e culinária da jovem capital.
car Niemeyer, surge majestosa causando curiosidade
Ressalte-se, ainda, que ações, como a reforma do
latente aos turistas que a pretendem desvendar.
Centro de Convenções, bem como as construções da
Prova disso são os hotéis, com fluxo frequente de
Terceira Ponte e do reservatório de água Corumbá IV,
visitantes de várias origens e etnias, que aqui encon-
tram empatia com este povo mesclado, migrante de tornam-na rota certa. A segurança – também respal-
todo o território nacional, construtor da diversidade dada pela premiação da ONU como a melhor cidade
cultural e culinária da jovem capital. para uma criança crescer, no quesito qualidade de
Ressalte-se, ainda, que ações, como a reforma do vida – e a organização da capital federal, evidenciada
Centro de Convenções, bem como as construções da pela exatidão dos endereços facilmente encontrados
Terceira Ponte e do reservatório de água Corumbá IV, pelo sistema inteligente de transportes, dão ao visi-
tornam-na rota certa. A segurança – também respal- tante sensação única de conforto.
dada pela premiação da ONU como a melhor cidade Nesse sentido, há que se propagar toda essa atração
para uma criança crescer, no quesito qualidade de da capital do país, evidenciando-a como polo turístico
vida – e a organização da capital federal, evidenciada do século XXI. Urge, entretanto, a garantia de condi-
pela exatidão dos endereços facilmente encontrados ções favoráveis à execução plena de planejamentos
pelo sistema inteligente de transportes, dão ao visi- turísticos. (GONÇALVES, 2015, p. 154-155)
tante sensação única de conforto. O tema do texto acima é “Brasília se firmará como pro-
Nesse sentido, há que se propagar toda essa atração vável polo turístico do século XXI”. Essa é, portanto, a ideia
da capital do país, evidenciando-a como polo turístico central. Você observou que, para apoiar essa ideia central,
do século XXI. Urge, entretanto, a garantia de condi- o autor a sustenta em três linhas argumentativas: litoral e
ções favoráveis à execução plena de planejamentos turismo do entorno; patrimônio histórico-cultural; organi-
turísticos. (GONÇALVES, 2015, p. 154-155) zação e segurança.
No entanto, o primeiro argumento é de oposição, pois foi
O tema do texto acima é “Brasília se firmará como pro- utilizado o tipo de desenvolvimento por oposição, no qual
vável polo turístico do século XXI”. Essa é, portanto, a ideia o primeiro argumento é contrário ao objetivo e os outros
central. Para apoiar essa ideia central, o autor a sustenta dois argumentos são favoráveis ao tema. Com isso, o autor
Língua Portuguesa

em três linhas argumentativas: litoral e turismo do entor- do texto pode confrontar ideias opostas sem ficar em cima
no; patrimônio histórico-cultural; organização e segurança. do muro, ou seja, mostrando o posicionamento que uma
Repare que, na sequência, o texto trará um parágrafo para dissertação pede.
desenvolver cada argumento. E cada um desses argumentos Por que o argumento de oposição é o litoral brasileiro e
é uma ideia secundária, usados para reforçar a ideia central. o ecoturismo do entorno de Brasília? Porque é sabido que
o turismo nacional e internacional prioriza monumentos
Intertextualidade históricos; praias em países tropicais; belezas da natureza
(cachoeiras, rios, lagos etc.). Porém, isso que é sabido por
A intertextualidade é a capacidade de relacionar um texto todos não está escrito no texto, é, portanto, intertextual,
a outros textos e à realidade. Logo, constitui-se como uma pois depende de informações de outros textos ou da leitura
questão intertextual o exercício cuja resolução dependa não de mundo acerca da realidade.

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Estratégias Argumentativas Na análise da coerência, no âmbito da ordenação, cabe
enfatizar que seguir uma ordem na apresentação das ideias
Na composição de um texto, várias estratégias argu- garantirá compreensão rápida e lógica por parte do leitor.
mentativas podem ser utilizadas. O termo “estratégias ar- Selecionar ideias pertinentes constitui relevante estratégia
gumentativas” guarda relação direta com argumentos, ou de ordenação do texto dissertativo.
argumentação. Logo, relaciona-se ao fenômeno dissertativo.
A dissertação engloba vários tipos textuais, dos quais se [...] coerência, que implica a exposição de ideias bem
destacam o texto argumentativo e o texto expositivo. No texto elaboradas, que tratam do mesmo tema do início ao
argumentativo, numa prova discursiva, o(a) candidato(a) rece- fim do texto em sequência lógica e ordenada. Isso
be o tema, mas não recebe os argumentos, os tópicos a serem significa que o texto deve conter apenas as ideias
desenvolvido, de forma que ele(a) terá de escolher argumentos pertinentes ao assunto proposto [...] (BRASIL, 1999,
que sustentem sua tese. Já no texto expositivo, a banca exa- p. 10)
minadora oferece o tema e os tópicos a serem abordados na
redação (argumentos), isto é, o(a) candidato(a) terá de argu-
Entendida a questão da coerência, passemos a estudar a
mentar sobre aqueles tópicos escolhidos pelos examinadores.
Independentemente de se tratar de texto argumentativo questão das informações explícitas e implícitas. Por exemplo,
ou de texto expositivo, o(a) candidado(a) a cargo público ou vamos supor que um texto fale de uma árvore com folhas
o(a) redator(a) terá de estabelecer estratégias argumentati- verdes e frutas vermelhas. Se a questão perguntar a cor
vas, formas de convencer o(a) leitor(a) de seu ponto de vista. das frutas ou das folhas, essas informações estão explícitas,
Na organização da elaboração de um texto, há alguns tipos são constatáveis pela simples leitura do texto. Porém, se a
de desenvolvimento que podem ser utilizados como estraté- questão cogitar a possibilidade de árvore ser uma macieira
gias argumentativas: tempo; espaço; tempo e espaço; defini- (árvore de maçãs), logo, tem-se uma questão no âmbito
ção; definição, semelhança; exemplos, citações, dados estatís- da inferência, que tem por pressupostos as informações
ticos; enumeração; perguntas [GONÇALVES, 2015b, p.53-57]. implícitas, envolvendo, portanto, raciocínio e não mera
Desses tipos de desenvolvimento do texto, dois são constatação.
organizacionais: causa e consequência, e oposição. No de-
senvolvimento por causa e consequência, o(a) redator(a) Níveis de Formalidade
desenvolve a dissertação com argumentos que são causas
ou consequências do tema e/ou do assunto. Já no desenvol- Formal e Informal
vimento por oposição, o(a) redator(a) apresenta dois pontos
de vista antagônicos sobre o mesmo tema. Texto formal é informativo, segue o padrão culto da
língua portuguesa. Já o texto informal tem a informalidade
Informações Implícitas, Explícitas e Pressupostos como característica, ou seja, é mais livre em relação à nor-
ma culta. Os contextos são distintos, por isso precisamos
Informações implícitas são informações no campo da
saber diferenciar essas duas variantes linguísticas, embora
inferência. Já as informações explícitas estão contidas no
ambas possuam o objetivo de comunicar. Ao falar com
texto e podem ser constatadas pela simples leitura. Os pres-
supostos tem um relação com a questão da coerência textual. familiares ou com amigos, usamos a linguagem informal.
Entendamos melhor acerca da coerência, conforme Gonçal- Porém, numa reunião onde trabalhamos, numa entrevista
ves e Silva (2017, p. 9-10). de emprego, ou na escrita de um texto, devemos usar a
O critério da Coerência Argumentativa avalia a ordenação linguagem formal.
e a sequencialização de argumentos. Observemos as ponderações de Daniela Viana (2018, p. 1-2):

Deve haver uma argumentação destinada a conduzir Diferenças


racionalmente a inteligência do leitor às conclusões
sintetizadas no ponto de vista ou opinião do autor.
Daí a organização do texto dissertativo em parágrafos
coerentes. Cada parágrafo deve conter o seu desen-
volvimento (explicações, exemplificação, recursos
retóricos destinados a persuadir, etc.). O tópico frasal
pode estar no começo ou no final do parágrafo; pode
também ficar implícito. (ANDRÉ, 1988, p. 77)

Ainda sobre a questão da coerência, não se pode deixar


de ressaltar a importância da sequência das ideias, concate-
nando os argumentos na construção dos parágrafos.
Língua Portuguesa

A coerência é outra qualidade do parágrafo. Enquanto


a unidade seleciona as ideias, central e secundárias, es-
colhendo as mais importantes e cimentando-as através
de um ponto comum, a coerência organiza a sequência Na tirinha acima podemos notar a presença da linguagem
dessas ideias (central e secundárias), de modo que o formal e informal
leitor perceba facilmente “como” elas são importantes A linguagem formal, também chamada de “culta” está
para o desenvolvimento do parágrafo. Mesmo que pautada no uso correto das normas gramaticais bem como
todos os períodos do parágrafo estejam relacionados na boa pronúncia das palavras. Já a linguagem informal ou
entre si, ou deem suporte à ideia principal, se faltar a coloquial representa a linguagem cotidiana, ou seja, trata-se
organização dessas ideias, o parágrafo será confuso, de uma linguagem espontânea, regionalista e despreocupada
sem coerência. (FIGUEIREDO, 1995, p. 34) com as normas gramaticais.

7
Texto Literário e não Literário, Verbal e não Verbal Observe a abordagem de variação regional em um poema
de Oswald de Andrade:
Entre as diferenças do texto literário e do texto não lite-
rário estão a forma da linguagem (verbal ou não verbal) e a Vício da fala
forma como se apresenta a informação. O texto literário se Para dizerem milho dizem mio
apresenta em uma linguagem pessoal, envolvida em emo- Para melhor dizem mió
Para pior pió
ção, emprego de lirismo e valores do autor ou do ser (ou
Para telha dizem teia
objeto) retratado. Para telhado dizem teiado
Já o texto não literário possui como marca a linguagem E vão fazendo telhados.
referencial e, por isso, também é chamado de texto utilitário.
Nesse sentido, o texto literário se destina à expressão, com Agora, veja um quadro comparativo de algumas variações
a realidade que se demonstra de maneira poética, podendo de expressões utilizadas nas regiões Nordeste, Norte e Sul:
haver ou não subjetividade.
O texto não literário, porém, é marcado pelo retrato da Região Nordeste Região Sul Região Norte
realidade desnuda e crua. É possível tratar sobre o mesmo
assunto nas duas formas de texto e apontar o tema ao re- Racha  – pelada, Campo Santo – Miudinho  – pe-
ceptor sem prejuízo a informação. jogo de futebol. cemitério. queno.
Observemos as diferenças apresentadas por Daniela Jerimum  –  abó- Alçar a perna – Umborimbo-
Diana (2018, p. 1) bora. montar a cavalo. ra?  –  Vamos em-
bora?
Diferenças Sustança – energia Guacho – animal Levou o fare-
dos alimentos. que foi criado lo – morreu.
sem mãe.
Texto Literário Texto Não Literário
A linguagem empregada é de con- Variedades Sociais
Uso da linguagem im- São variedades que possuem diferenças em nível fono-
teúdo pessoal, cheia de emoções
pessoal, objetiva em lógico ou morfossintático. Veja:
e valores do emissor e há o em-
linha reta. • Fonológicos: “prantar” em vez de “plantar”; “bão”
prego da subjetividade.
em vez de “bom”; “pobrema” em vez de “problema”;
Emprego da linguagem multidisci- “bicicreta” em vez de “bicicleta”.
Linguagem denotativa.
plinar e cheia de conotações. • Morfossintáticos: “dez real” em vez de “dez reais”; “eu
vi ela” em vez de “eu a vi”; “eu truci” em vez de “eu
Linguagem poética, lírica, expres-
trouxe”; “a gente fumo” em vez de “nós fomos”.
sa com objetivos estéticos na re-
Representação da reali-
criação da realidade ou criação de Variedades estilísticas
dade tangível.
uma realidade intangível, somen- São as mudanças da língua de acordo com o grau de for-
te literária. malidade, ou seja, a língua pode variar entre uma linguagem
Atenção, prioridade à formal ou uma linguagem informal.
Primor da expressão. • Linguagem formal: é usada em situações comunicati-
informação.
vas formais, como uma palestra, um congresso, uma
reunião empresarial etc.
Variação Linguística • Linguagem informal: é usada em situações comunicati-
  vas informais, como reuniões familiares, encontro com
A  variação linguística  é um fenômeno natural o qual amigos, etc. Nesses casos, há o uso da linguagem colo-
ocorre pela diversificação dos sistemas de uma língua com quial. .Gíria ou Jargão: é um tipo de linguagem utilizada
relação às possibilidades de mudança de seus elementos por um determinado grupo social, fazendo com que
(vocabulário, pronúncia, morfologia, sintaxe). Sua existência se diferencie dos demais falantes da língua. A gíria é
se dá pelo fato de as línguas possuírem a característica de normalmente relacionada à linguagem de grupos de
serem dinâmicas e sensíveis a fatores como a região geográ- jovens (skatistas, surfistas, rappers etc.). O jargão é, em
fica, o sexo, a idade, a classe social do falante e o grau de geral, relacionado à linguagem de grupos profissionais
formalidade do contexto da comunicação. (professores, médicos, advogados etc.)
Convém ressaltar que toda variação linguística é ade-
quada para atender às necessidades comunicativas e cog- Semântica 
nitivas do(a) falante. Nesse sentido, ao julgar determinada
variedade como errada, estamos emitindo um juízo de valor Sentido e Emprego das Palavras
sobre os seus falantes e, portanto, agindo com preconceito
Língua Portuguesa

linguístico. Em Linguística, a Semântica estuda o significado e a inter-


pretação do significado de uma palavra, de um signo, de uma
Existem alguns tipos de variedade linguística, segundo frase ou de uma expressão em um determinado contexto.
Nesse campo de estudo se analisa, também, as mudanças de
Mariana Rigonatto (2018, p. 1):
sentido que ocorrem nas formas linguísticas devido a alguns
fatores, tais como tempo e espaço geográfico.
Variedades Regionais
São aquelas que demonstram a diferença entre as falas Campos Semânticos
dos habitantes de diferentes regiões do país, diferentes es-
tado e cidades. Por exemplo, os falantes do Estado de Minas A semântica é o ramo da Linguística que estuda os sig-
Gerais possuem uma forma diferente em relação à fala dos nificados e/ou sentido dos vocábulos da língua. Do grego, a
falantes do Rio de Janeiro. palavra semântica (semantiká) significa “sinal”.

8
De acordo com duas vertentes, “sincrônica” e “diacrô- Muitas vezes, certas orações não são constituídas com
nica”, a semântica é dividida em: clareza. Isso ocorre quando alguns termos apresentam enten-
• Semântica Descritiva: denominada de semântica sin- dimento ambíguo ou duvidoso, o que acontecer quando são
crônica, essa classificação indica o estudo da significa- usadas palavras ou expressões as quais não possibilitam uma
ção das palavras na atualidade. interpretação precisa. Nesse caso, existe um entendimento
• Semântica Histórica: denominada de semântica diacrô- duvidoso da sentença e a Ambiguidade se estabelece.
nica, se encarrega de estudar o significado das palavras Apesar de ser uma alternativa linguística admissível den-
em determinado espaço de tempo. tro do contexto poético e também na linguagem literária, seu
uso não é recomendado em casos de escrita mais objetiva,
A fim de conhecer as palavras apropriadas para empregá-
em textos informativos e em redação de cunho técnico.
-las em determinados discursos, recorremos à semântica, ou
seja, a significação dos termos. Exemplos:
Para isso, alguns conceitos são basilares para o estudo A garota disse à amiga que sua mãe havia chegado. (A
das significações, a saber: oração deixa um entendimento duvidoso, pois não se sabe
ao certo quem chegou. A mãe da garota ou a mãe da amiga).
Monossemia, Polissemia e Ambiguidade O motociclista falou ao amigo caído no chão. (Não há
como saber quem está caído. Se é o motociclista ou o amigo.)
Monossemia Perseguiram o porco do meu primo. (Quem foi persegui-
A monossemia (de monos = um; semia = significado) é a do? O porco que é um animal, ou o primo que está sendo
característica das palavras que têm um só significado. Isso chamado de porco?)
dificilmente acontece, uma vez que o significado é passível
de interpretações variadas. Os termos monossêmicos se en- Sinonímia e Antonímia
contram nos textos técnicos e científicos, porque neles se Os sinônimos designam as palavras que possuem signi-
procura uma mensagem objetiva para ser entendida de modo ficados semelhantes, por exemplo:
igual por todos os leitores ou ouvintes. andar e caminhar
Exemplo: usar e utilizar
A porcelana foi criada pelos chineses. fraco e frágil
A jarra é de porcelana. 
Do grego, a palavra sinônimo significa “semelhante
Outras palavras:
Logaritmo, Manganês, Decassílabo nome” sendo classificados de acordo com a semelhança
que compartilham com o outro termo.
Num texto literário, porém, qualquer palavra pode ga- Os sinônimos perfeitos possuem significados idênticos
nhar outros significados. (após e depois; léxico e vocabulário). Já os sinônimos im-
Exemplos: perfeitos possuem significados parecidos (gordo e obeso;
Ficaram todos de boca aberta. córrego e riacho).
A boca da garrafa está quebrada. Os antônimos designam as palavras que possuem signi-
ficados contrários, por exemplo:
Observe que há relação de “abertura”, “orifício” da pala- claro e escuro
vra boca em ambas as frases. É isso que torna a polissemia triste e feliz
diferente da homonímia. bom e mau
Outros exemplos: Do grego, a palavra “antônimo” significa “nome oposto,
Ela me pediu para sair (ou ficar). (Sair e ficar podem ser contrário”.
denotativo ou uma gíria)
Doe nesta páscoa, ponha (ou bota)   ovo em cima da Homonímia e Paronímia
mesa. Homônimos  são palavras que ora possuem a mesma
pronúncia, (palavras homófonas), ora possuem a mesma
As frases acima apresentam a  ambiguidade, ou seja, grafia (palavras homógrafas), entretanto, possuem signifi-
tem dois sentidos, e causam estranheza. Para não ocorrer cados diferentes.
esse problema, seria melhor trocar as palavras polissêmicas São chamados de “homônimos perfeitos”, as palavras
por outras palavras: sair = ir para fora; ficar = permanecer; que possuem a mesma grafia e a mesma sonoridade na pro-
por/botar = colocar. núncia, por exemplo:
O pelo do cachorro é curto.
Polissemia Pelo caminho da vida.
A polissemia representa a multiplicidade de significados Tenho que chegar cedo.
de uma palavra. Com o decorrer do tempo, determinado Cedo meu lugar aos idosos.
termo adquiriu um novo significado, entretanto, ainda se
Língua Portuguesa

relaciona com o original, por exemplo: Parônimos são aquelas palavras que possuem significa-
O rapaz quebrou a perna no acidente. dos diferentes, porém se assemelham na pronúncia e na
A perna da cadeira é marrom. escrita, por exemplo:
Que letra ilegível! soar (produzir som) e suar (transpirar);
A letra dessa canção é muito linda. acento (sinal gráfico) e assento (local para sentar);
acender (dar luz) e ascender (subir).
Ambiguidade 
A Ambiguidade também é considerada um vício de lin- Clareza
guagem. É também chamada de Anfibologia e ocorre quando A clareza precisa ser a qualidade básica de todo texto
existe a duplicidade de sentido em palavras ou expressões escrito com base na norma culta padrão. Muitas vezes as
do texto. pessoas pensam que ser escrever dentro do padrão culto da

9
Língua Portuguesa é escrever com vocabulário rebuscado, Quando ocorre em nível semântico, isto é, na signi-
com uso de palavras difíceis de circulação restrita. Isso não ficação das palavras, ele é chamado de  barbarismo
procede. Ser culto é ser claro, e ser claro é escrever com semântico.
simplicidade e objetividade. Exemplos: absolver (perdoar) e absorver (aspirar);
Pode-se definir como claro o texto que possibilita com- comprimento (extensão) e cumprimento (saudação).
preensão imediata pelo(a) leitor(a). Entretanto, a clareza não • Cacografia: também chamada de barbarismo gráfico,
é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das indica os erros de grafia da palavra.
demais características da norma culta escrita: Exemplos: adevogado ao invés de advogado; geito ao
• a impessoalidade, a qual evita a duplicidade de inter- invés de jeito.
pretações que poderia decorrer de um tratamento No caso do barbarismo gramatical o erro ocorre na
personalista dado ao texto; troca de termos ou expressão:
• o uso do padrão culto de linguagem inicialmente de Exemplos: “meio” no lugar de “meia” (São meio dia
entendimento geral e por definição avesso a vocábulos e meio); “ver” no lugar de “vir” (Quando eu te ver
de circulação restrita, como a gíria e o jargão; amanhã...).
• a formalidade e a padronização, as quais possibilitam Por fim, o  barbarismo morfológico  implica no erro
a imprescindível uniformidade dos textos; quanto ao uso da forma dos vocábulos:
• a concisão, a qual faz desaparecer do texto os excessos Exemplos: cidadões no lugar de cidadãos; mamãos no
linguísticos que nada lhe acrescentam. lugar de mamões.
Redige-se com clareza pela correta observação dessas Cacofonia
características A ocorrência, em textos escritos, de trechos
obscuros e de erros gramaticais provém principalmente da Cacofonia se constitui como um Vício de Linguagem e
falta da releitura que torna possível sua correção. consiste em sons produzidos pela junção do final de um vocá-
Na revisão de um texto, deve-se avaliar, ainda, se ele será bulo e começo de outro, que se encontra a seguir. Ecoam de
de compreensão imediata por seu destinatário. O que parece maneira desagradável, causando tonalidades feias ou muitas
óbvio a uns pode ser desconhecido por terceiros. O domínio vezes que levam à não distinção da mensagem.
adquirido sobre certos assuntos em decorrência de expe- A pronúncia emitida é, em alguns casos, engraçada,
riência profissional muitas vezes faz com que os tomemos porém, existem também situações em que esta figura gera
como de conhecimento geral, o que nem sempre é verdade. termos ofensivos ou inconvenientes.
Exemplos:
Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos
Ela deu um beijo na boca dela (ca + dela = cadela)
técnicos, o significado das siglas abreviações e os
Não se preocupou, já que tinha terminado a prova. (ja +
conceitos específicos que não possam ser dispensa-
que+ tinha = jaquetinha)
dos. A revisão atenta exige, necessariamente, tempo.
Eu vi ela na igreja. (vi + ela= viela)
A pressa com que são elaboradas certas comunica-
Ela tinha uma bolsa de couro. (la + tinha= latinha)
ções quase sempre compromete sua clareza. Não se
deve proceder à redação de um texto que não seja
seguida por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, A palavra Cacofonia tem origem etimológica em dois
há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, termos gregos. São eles: Kako e phóne, os quais unidos for-
o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir. mam o vocábulo  kakophónía,  que significa “algo que soa
(MENDES, 2002, p. 6) mal”. Convém notar que a Cacofonia não aparece somente
na informalidade da fala ou em textos populares. Ela também
está presente até mesmo na literatura clássica. Podemos en-
Barbarismo, Cacofonia, Eco, Estrangeirismo, contrar este desvio de linguagem em grandes obras literárias.
Solecismo, Arcaísmo
Eco
Barbarismo
Ocorre Eco quando existem palavras na frase com termi-
O Barbarismo se constitui como um vício de linguagem nações iguais ou semelhantes, provocando dissonância. Por
relacionado ao uso equivocado de uma palavra ou enunciado, exemplo: A divulgação da promoção não causou comoção na
seja na pronúncia, grafia ou morfologia. Convém ressaltar população.
que o vício de linguagem é um desvio da gramática norma-
tiva o qual pode ocorrer por descuido do falante ou mesmo Estrangeirismo
pelo desconhecimento das normas da língua. O barbarismo
ocorre em vários níveis da língua, isto é, fonético, morfoló- O  estrangeirismo  corresponde ao uso de palavras es-
gico e semântico. trangeiras que foram incorporadas ao vocabulário popular
Língua Portuguesa

brasileiro.
• Silabada: também denominada de barbarismo pro-
sódico (ou simplesmente prosódia), indica os erros Solecismo
na pronúncia em relação à acentuação das palavras
Exemplos: gratuíto ao invés de gratuito;  rúbrica ao Solecismo se constitui como desvio de sintaxe, podendo
invés de rubrica. ocorrer nos seguintes níveis:
• Cacoépia: também chamada de barbarismo ortoépi- • Concordância: Haviam  muitos alunos naquela sala.
co, indica os erros cometidos pela pronúncia errada (Havia)
das palavras. • Regência: Eu assisti o filme em casa. (ao)
Exemplos: bicicreta ao invés de bicicleta; decascar ao • Colocação: Dancei tanto na festa que não aguentei-me
invés de descascar. em pé. (não me aguentei em pé)

10
Arcaísmo de as palavras apresentarem significados opostos. Assim, por
meio da sinonímia e da antonímia, as palavras estabelecem
Arcaísmo é uma palavra ou uma expressão antiga a qual relações de proximidade e de contrariedade.
já caiu em desuso. Pode ser dividido em arcaísmos linguís-
ticos e em arcaísmos literários. O arcaísmo linguístico é en- Exemplos de palavras sinônimas:
contrado no uso da língua em determinado local, em que importante: significativo, considerável, prestigiado, in-
existem traços fonéticos, morfológicos, sintáticos e léxicos dispensável, fundamental.
os quais são conservadores e antigos na língua. necessário: essencial, fundamental, forçoso, obrigatório,
Já o arcaísmo literário é aquele encontrado nas obras imprescindível.
literárias, usado frequentemente como um recurso de estilo
para tornar o texto mais solene, culto, decadente etc. Eles Exemplos de palavras antônimas:
consistem no uso de expressões típicas da época a que o dedicado: desinteressado, desapegado, faltoso, desapli-
texto literário se refere, mas que já não são mais usadas na cado, relapso.
no momento no qual o texto foi escrito. Quando se fala de pontual: atrasado, retardado, durável, genérico, irres-
um texto naturalmente antigo, logo, os arcaísmos encontra- ponsável.
dos não são propositais, porque são expressões próprias da
época em que o mesmo foi escrito. Denotação e Conotação
Quando se fala em linguagem técnica ou científica, o
arcaísmo consiste numa construção que já caiu em desuso, A denotação indica a capacidade de as palavras apre-
e que, portanto, prejudica a compreensão do texto. O cos- sentarem um sentido literal e objetivo. A conotação indica a
tume de empregar no texto expressões antiquadas deve ser capacidade de as palavras apresentarem um sentido figurado
evitado, porque pode comprometer a clareza do texto para e simbólico.
um(a) leitor(a) que não tenha os conhecimentos históricos Exemplos de palavras com sentido denotativo:
necessários para recuperar o significado de tais termos. O navio atracou no porto.
Palavras que hoje são usuais para nós, no futuro fatal- A anta é um mamífero.
mente se tornarão arcaísmos, e os que hoje existem, anti-
gamente foram palavras usuais. Isso acontece naturalmente Exemplos de palavras com sentido conotativo:
devido ao processo de evolução da língua, devido a ela ser Você é o meu porto.
modificada pelos próprios falantes ao longo do tempo. Pode- Pense pela sua própria cabeça, sua anta!
-se facilmente perceber algumas palavras que hoje são ainda
Reescrita de Textos de Diferentes Gêneros e Níveis de
utilizadas, mas que devido ao seu uso estar diminuindo cada
Formalidade
vez mais, são certamente futuros arcaísmos. São exemplos
desse fenômeno:
Os níveis de formalidade têm relação direta com a inten-
ção comunicativa, ou seja, com o objetivo do texto e o con-
• O pronome vós (2ª pessoa do plural), que está sendo
texto em que a comunicação é veiculada. Quem é o emissor
substituído pelo pronome de tratamento vocês.
e para quem é dirigida a Comunicação? Por exemplo, se a fala
A mesóclise do pronome oblíquo (dar-se-á, dedicar-nos- de um juiz em um tribunal for endereçada a uma criança, ela
-emos). não entenderá. A comunicação entendível é aquela que es-
O pretérito mais-que-perfeito (comprara, vendera, re- colhe vocabulário adequado à compreensão do público-alvo.
duzira). Nesse sentido, os níveis de linguagem levam em conta esses
Vejamos outros exemplos de arcaísmos: estratos (camadas sociais, econômicas, culturais, etárias, si-
ceroula (cueca); tuacionais), a cujo contexto a linguagem deve se adaptar.
vosmecê (você); O que determinará o nível de linguagem empregado é o
outrossim (também); meio social no qual o indivíduo se encontra. Logo, para cada
quiçá (talvez); ambiente sociocultural existe uma medida de vocabulário,
à guisa de (à maneira de); um modo de se falar, uma entonação empregada, uma forma
apalermado (bobo); de se fazer a combinação das palavras, e assim por diante.
magote (grande quantidade). A linguagem culta ou padrão é aquela que é ensinada nas
escolas e serve de veículo às ciências nas quais se apresenta
Significação das Palavras com terminologia especial. É usada pelas pessoas instruídas
das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência
Substituição de Palavras ou de Trechos de Texto às normas gramaticais. Mais comumente usada na lingua-
gem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É
O significado das palavras é estudado pela semântica, a mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está
parte da gramática que estuda não só o sentido das palavras presente em diversos gêneros  textuais, como nas aulas,
como as relações de sentido que as palavras estabelecem
Língua Portuguesa

conferências, sermões, discursos políticos,  comunicações


entre si: relações de sinonímia, antonímia, paronímia, ho- científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
monímia etc.
Compreender essas relações nos proporciona o alarga-
mento do nosso universo semântico, contribuindo para uma REFERÊNCIAS
maior diversidade vocabular e maior adequação aos diversos
contextos e intenções comunicativas.  AGUIAR, Jaqueline da Silva, BARBOSA, Ednir Melo. Descom-
plicando a redação. São Paulo: FTD, 2003.
Sinonímia e Antonímia
ANDRÉ, Hildebrando A. de. Curso de redação: técnicas de
A sinonímia indica a capacidade de as palavras apresenta- redação, produção de textos, temas de redação dos exames
rem significados parecidos. A antonímia indica a capacidade vestibulares. 5. ed. São Paulo: Moderna, 1998.

11
ARAÚJO, Ana Paula de. Arcaísmo. Acesso em 24 set. 2018. EXERCÍCIOS
Disponível em <https://www.infoescola.com/linguistica/
arcaismo/>. Cebraspe/EMAP/Analista/2018

BARTHES, Roland. S/Z (1970). Acesso em 3 maio 2012. Dispo- Texto CB1A1AAA
nível em: < http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_
mtree&task=viewlink&link_id=893&Itemid=2> 1 O Juca era da categoria das chamadas pessoas
sensíveis, dessas a que tudo lhes toca e tange. Se a gente
BELLINE, Ana Helena Cizotto. A dissertação. São Paulo: Ática, lhe perguntasse: “Como vais, Juca?”, ao que qualquer
1988. pessoa normal responderia “Bem, obrigado!” — com
5 o Juca a coisa não era assim tão simples. Primeiro
BRASIL, Senado Federal. Manual de elaboração de textos. fazia uma cara de indecisão, depois um sorriso triste
Apresentação de Dirceu Teixeira de Matos. Brasília: Senado contrabalançado por um olhar heroicamente exultante,
Federal, Consultoria Legislativa, 1999. até que esse exame de consciência era cortado pela
voz do interlocutor, que começava a falar chãmente em
CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção. 2. ed. 10 outras coisas, que, aliás, o Juca não estava ouvindo...
revista e ampl. São Paulo: Moderna, 2002. Porque as pessoas sensíveis são as criaturas mais
egoístas, mais coriáceas, mais impenetráveis do reino
CASTRO, Luana. Gêneros literários. Acesso em 20 set. 2018. animal. Pois, meus amigos, da última vez que vi o Juca,
Disponível em o impasse continuava... E que impasse!
15 Estavam-lhe ministrando a extrema-unção. E, quando
CENTRALDEFAVORITOS. Acesso em 22 set. 2018. Disponível o sacerdote lhe fez a tremenda pergunta, chamando-o
em <https://centraldefavoritos.com.br/2016/12/20/rees- pelo nome: “Juca, queres arrepender-te dos teus
crita-de-textos-de-diferentes-generos-e-niveis-de-formali- pecados?”, vi que, na sua face devastada pela erosão da
dade/>. morte, a Dúvida começava a redesenhar, reanimando-a,
20 aqueles seus trejeitos e caretas, numa espécie de
DIANA, Daniela. Toda matéria. Acesso em 25 set. 2018. Dis- ridícula ressurreição. E a resposta não foi “sim” nem
ponível em <https://www.todamateria.com.br>. “não”; seria acaso um “talvez”, se o padre não fosse tão
compreensivo. Ou apressado. Despachou-o num átimo
DICIO, Dicionário Online de Língua Portuguesa. Acesso em e absolvido. Que fosse amolar os anjos lá no Céu!
23 maio 2012. Disponível em: <http://www.dicio.com.br> 25 E eu imagino o Juca a indagar, até hoje:
— Mas o senhor acha mesmo, sargento Gabriel, que
FIGUEIREDO, Luiz Carlos. A redação pelo parágrafo. Brasília: ele poderia ter-me absolvido?
UnB, 1995. Mário Quintana Prosa & Verso Porto Alegre: Globo,
1978, p 65 (com adaptações)
GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Gramática Didática e Interpreta-
Com relação às estruturas linguísticas e aos sentidos do texto
ção de Textos: teoria e exercícios. 17. ed. Brasília: JRG, 2015.
CB1A1AAA, julgue os itens a seguir.
GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Redação em concursos públicos
1. O trecho “Que fosse amolar os anjos lá no Céu!” (l.24)
e vestibulares. 2. ed. Brasília: Vestcon, 2008.
expressa o que o padre havia dito no momento em que
Juca morreu.
GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Redação Oficial, Dissertação e
2. Caso seja suprimido o pronome “lhes” (l.2), a correção
Interpretação de Textos. 2. ed. Brasília: JRG, 2015b.
gramatical do texto será mantida, embora o trecho se
torne menos enfático.
GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Redação Oficial, Dissertação e
4. Caso o advérbio “heroicamente” (l.7) fosse deslocado
Interpretação de Textos. Brasília: EA, 2009.
para logo após “contrabalançado” (l.7), haveria altera-
ção de sentido do texto, embora fosse preservada sua
GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. 3. ed. São
Paulo: Scipione, 1996. correção gramatical.
5. É correto estabelecer a referência do pronome “que”
NORMA CULTA. Acesso em 26 set. 2018. Disponível em <ht- (l.9) tanto com “voz do interlocutor” (l.8) quanto com
tps://www.normaculta.com.br>. “outras coisas” (l.10).

PORTUGUÊS RÁPIDO. Acesso em 26 set. 2018. Disponível Ainda a respeito das estruturas linguísticas do texto CB1A-
Língua Portuguesa

em <https://portuguesrapido.com>. 1AAA, julgue os próximos itens.

RIGONATTO, Mariana. Variação linguística. Acesso em 29 set. 7. No trecho “Pois, meus amigos, da última vez que vi o
2018. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/o-que- Juca, o impasse continuava...” (l. 13 e 14), o elemento
-e/portugues/o-que-e-variacao-linguistica.htm>. “Pois” introduz uma concessão.
8. Em “reanimando-a” (l.19), o pronome “a” refere-se a
SOPORTUGUES. Acesso em 25 set. 2018. Disponível em <ht- “Dúvida” (l.17).
tps://www.soportugues.com.br>. 9. Sem prejuízo para a correção gramatical e para o sentido
do texto, o trecho “que ele poderia ter-me absolvido”
TERRA, Ernani, NICOLA, José de. Práticas de linguagem: lei- (l. 26 e 27) poderia ser assim reescrito: que ele poderia
tura e produção de textos. São Paulo: Scipione, 2001. ter absolvido-me.

12
1 O orgulho é a consciência (certa ou errônea) do nosso pode fornecer informações que contribuam para o aumento
valor próprio; a vaidade é a consciência (certa ou errô- da eficiência das operações portuárias, como a atualização
nea) da evidência do nosso valor aos olhos dos outros. de horários de chegada e partida de embarcações.
Um homem pode ser orgulhoso sem ser vaidoso, pode Internet: <www defensea com br> (com adaptações)
ser a um tempo vaidoso e orgulhoso, pode ser — pois
5 tal é a natureza humana — vaidoso sem ser orgulhoso. Com relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto
À primeira vista, é difícil compreender como podemos apresentado, julgue os itens que seguem.
ter consciência da evidência do nosso valor no conceito
dos outros sem a consciência do nosso valor em si. Se a 15. O primeiro parágrafo do texto apresenta uma definição.
natureza humana fosse racional, não haveria qualquer 16. Infere-se do texto que os elementos que compõem
10 explicação. No entanto, o homem vive primeiro uma vida estruturas de VTS citados no período “Uma estrutura
exterior, e depois uma vida interior; a noção do efeito de VTS (...) e apresentação de dados” fazem parte das
precede, na evolução do espírito, a noção da causa inte- recomendações da International Association of Maritime
rior desse mesmo efeito. O homem prefere ser tido em Aids to Navigation and Lighthouse Authorities.
alta conta por aquilo que não é a ser tido em meia conta 19. O sentido do texto seria preservado se o trecho “Todos
15 por aquilo que é. Assim opera a vaidade. esses sensores operam integrados em um centro de
Walmir Ayala (Coord. e introd.) Fernando Pessoa Antologia controle” fosse substituído por: Todos esses sensores
de Estética. Teoria e Crítica Literária Rio de Janeiro: Ediouro, integrados operam em um centro de controle. 
1988, p 88-9 (com adaptações) 20. A correção gramatical e o sentido do texto seriam pre-
servados se as vírgulas empregadas logo após “maríti-
Acerca dos aspectos linguísticos do texto precedente e das mo” e “poluição” e a conjunção “e” fossem substituídas
ideias nele contidas, julgue os próximos itens. por ponto e vírgula.

10. De acordo com os sentidos do texto, “a noção da causa Cebraspe/Ebserh/Nível Superior/2018


interior” (l.12) refere-se à expressão “a consciência do
nosso valor em si” (l. 8). Texto CB1A1AAA
11. Infere-se do texto que, na evolução espiritual do ser Já houve quem dissesse por aí que o Rio de Janeiro é a
humano, o processo de autoconhecimento provém da cidade das explosões. Na verdade, não há semana em que
consciência das impressões alheias sobre o indivíduo. os jornais não registrem uma aqui e ali, na parte rural.
12. Na linha 14, as expressões “por aquilo que não é” e A ideia que se faz do Rio é a de que é ele um vasto paiol,
“por aquilo que é” exprimem causa. e que vivemos sempre ameaçados de ir pelos ares, como se
13. Na linha 15, a forma verbal “opera” foi empregada com estivéssemos a bordo de um navio de guerra, ou habitando
o sentido de produz. uma fortaleza cheia de explosivos terríveis.
14. A correção gramatical e as informações do texto seriam Certamente que essa pólvora terá toda ela emprego
preservadas caso o período “À primeira vista, (...) do útil; mas, se ela é indispensável para certos fins industriais,
nosso valor em si” (l. 6 a 8) fosse assim reescrito: Como convinha que se averiguassem bem as causas das explosões,
é possível ser vaidoso sem ser orgulhoso, parece algo, se são acidentais ou propositais, a fim de que fossem remo-
à um primeiro olhar, difícil de se entender. vidas na medida do possível. Isso, porém, é que não se tem
dado e creio que até hoje não têm as autoridades chegado
Serviço de tráfego de embarcações (Vessel Traffic Service – VTS) a resultados positivos.
Entretanto, é sabido que certas pólvoras, submetidas a
O VTS é um sistema eletrônico de auxílio à navegação, com dadas condições, explodem espontaneamente, e tem sido
capacidade de monitorar ativamente o tráfego aquaviário, essa a explicação para uma série de acidentes bastante do-
melhorando a segurança e eficiência desse tráfego, nas áreas lorosos, a começar pelo do Maine, na baía de Havana, sem
em que haja intensa movimentação de embarcações ou risco esquecer 19 também o do Aquidabã.
de acidente de grandes proporções. Noticiam os jornais que o governo vende, quando ava-
Internacionalmente, os sistemas de VTS são regula- riada, grande quantidade dessas pólvoras.
mentados pela International Maritime Organization, sendo Tudo indica que o primeiro cuidado do governo devia
seus aspectos técnicos detalhados em recomendações da ser não entregar a particulares tão perigosas pólvoras, que
International Association of Maritime Aids to Navigation and explodem assim sem mais nem menos, pondo pacíficas vidas
Lighthouse Authorities. No Brasil, cabe à Marinha do Brasil, em constante perigo.
autoridade marítima do país, definir as normas de execução Creio que o governo não é assim um negociante ganan-
de VTS e autorizar a sua implantação e operação. cioso que vende gêneros que possam trazer a destruição de
Uma estrutura de VTS é composta minimamente de um vidas preciosas; e creio que não é, porquanto anda sempre
Língua Portuguesa

radar com capacidade de acompanhar o tráfego nas imedia- zangado com os farmacêuticos que vendem cocaína aos
ções do porto, um sistema de identificação de embarcações suicidas. Há sempre no Estado curiosas contradições.
denominado automatic identification system, um sistema de Lima Barreto Pólvora e cocaína
comunicação em VHF, um circuito fechado de TV, sensores In: Vida urbana, 5/1/1915 Internet: (com adaptações)
ambientais (meteorológicos e hidrológicos) e um sistema
de gerenciamento e apresentação de dados. Todos esses Com relação às ideias do texto CB1A1AAA, que data de
sensores operam integrados em um centro de controle, ao janeiro de 1915, julgue os itens a seguir. 
qual cabe, na sua área de responsabilidade, identificar e
monitorar o tráfego marítimo, adotar ações de combate à 21. Infere-se do texto que seu autor concorda com a ideia
poluição, planejar a movimentação de embarcações e divul- de que a cidade do Rio de Janeiro, à época, assemelha-
gar informações ao navegante. Adicionalmente, o Centro VTS va-se a um vasto paiol.

13
22. Conforme o texto, o governo vendia a particulares todo Emprego do “S”
o excedente de explosivos não utilizados. 
23. Conclui-se do texto que as autoridades do estado do • O “s” intervocálico tem sempre o som de “z”:
Rio de Janeiro eximiam-se de investigar as causas das casa, mesa, acesa etc.
explosões que ocorriam no estado.   • O “s” em início de palavras tem sempre o som de “ss”:
sílaba, sabonete, seno etc.
No que se refere às estruturas linguísticas do texto CB1A1A-
AA, julgue os itens seguintes. Usa-se o “S”

24. Feitas as devidas alterações nas letras maiúsculas e • Depois de ditongos:


minúsculas e retirada a vírgula após “Na verdade”, Neusa, Sousa, maisena, lousa, coisa, deusa, faisão,
esta expressão poderia ser deslocada para o final do mausoléu etc.
período, logo após “rural”, sem prejuízo para a correção
gramatical e para os sentidos do texto. • Adjetivos terminados pelos sufixos “oso”, “osa” (indi-
25. O trecho “se são acidentais ou propositais” exprime uma cadores de abundância):
condição sobre a ideia expressa na oração anterior.  cheiroso, prazeroso, amoroso, ansioso etc.
26. A inserção de  caso fossem  imediatamente antes
do termo “submetidas” explicitaria o sentido con- • Palavras com os sufixos “es”, “esa” e “isa” (indicadores
dicional do trecho “submetidas a dadas condições” de títulos de nobreza, de origem, gentílicos ou pátrios,
sem que houvesse prejuízo para a correção gramatical cargo ou profissão):
do texto. duquesa, chinês, poetisa etc.
28. A correção gramatical do penúltimo parágrafo do texto
seria preservada, embora seu sentido fosse alterado, • Nas palavras em que haja “trans”:
caso o advérbio “não” fosse deslocado para imediata- transigir, transação, transeunte etc.
mente após “governo”.
• Nos substantivos não derivados de adjetivos:
marquesa (de marquês), camponesa (de camponês),
GABARITO defesa (de defender).

1. E 9. E 15. C 23. E • Nos derivados dos verbos “pôr” e “querer”:


2. C 10. C 16. C 24. E ela não quis; se quiséssemos; ela pôs o disco na estante;
4. C 11. E 19. E 25. E compus uma música; se ela quisesse; eu pus etc.
5. C 12. C 20. C 26. E
6. E 13. E 21. C 28. C • Nos sufixos gregos “ese”, “ise”, “ose” (de aplicação
8. E 14. E 22. E científica, ou erudita – culta):
trombose, análise, metamorfose, virose, exegese, os-
Márcio Wesley mose etc.

ORTOGRAFIA OFICIAL • Nos vocábulos derivados de outros primitivos que são


escritos com “s”:
análise – analisar, analisado
O Alfabeto atrás – atrasar, atrasado
casa – casinha, casarão, casebre
Com a Nova Ortografia, o alfabeto passa a ter 26 letras.
Foram reintroduzidas as letras k, w e y. Porém há algumas exceções:
catequese – catequizar
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ síntese – sintetizar
batismo – batizar
As letras k, w e y, que na verdade não tinham desapare-
cido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas • Nos diminutivos “inho”, “inha”, “ito”, “ita”:
em várias situações. Por exemplo: Obs.: Se a palavra primitiva já termina com “s”, basta
a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km acrescentar o sufixo de diminutivo adequado:
(quilômetro), kg (quilograma), w (watt); pires – piresinho
Língua Portuguesa

b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus casa – casinha, casita


derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, empresa – empresinha
yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.
• Usa-se o “s” nos substantivos cognatos (pertencentes
à mesma família de formação) de verbos em “-dir” e
Emprego das Letras “-ender”.
dividir – divisão
• Ortho = Correta. colidir – colisão
Graphia = Escrita. aludir – alusão
• A Nova Ortografia, desde 2016, vigora como forma rescindir – rescisão
obrigatória. iludir – ilusão

14
EXERCÍCIOS Obs. 2: Se a palavra primitiva não tiver “s” nem “z”;
então se acrescenta: “zinho” ou “zinha”:
1. Assinale a alternativa em que, na frase, a palavra subli- sofá – sofazinho
nhada esteja escrita incorretamente. mãe – mãezinha
a) Paula saiu da sala muito pesarosa. pé – pezinho
b) Esta água possui muita impuresa.
c) Faça a gentileza de sair rapidamente. EXERCÍCIOS
d) A nossa amizade é muito sólida.
e) A buzina do meu carro disparou, o que faço? 1. Em todas as alternativas abaixo as palavras são grafadas
com “z”, exceto:
2. Assinale a alternativa em que, na frase, a palavra subli- a) limpeza – beleza.
nhada esteja escrita incorretamente. b) canalizar – utilizar.
a) O rapaz defendeu uma tese. c) avizar – improvizar.
d) catequizar – sintetizar.
b) O teste será realizado amanhã.
e) batizar – hipnotizar.
c) Comerei, mais tarde, um sanduíche misto.
d) Deixe os parafusos em uma lata com querozene. 2. Complete corretamente os espaços do período a seguir
e) A usina de açúcar fica distante da fazenda. com uma das alternativas abaixo.
“Nossa ______ não tem ______ para terminar, disse a
3. O sufixo “isar” foi usado incorretamente na alternativa: ______.”
a) É necessário bisar muitas músicas. a) amizade – praso – meretriz
b) De longe, não consigo divisar as coisas. b) amisade – prazo – meretris
c) É necessário pesquisar incansavelmente. c) amizade – prazo – meretris
d) É muito importante paralisar as obras, agora. d) amizade – prazo – meretriz
e) Não há erro em nenhuma alternativa. e) amisade – praso – meretriz

4. Há palavra estranha em um dos grupos abaixo: 3. Há, nas alternativas abaixo, uma palavra diferente do
a) pesaroso – previsão – empresário. grupo em relação à ortografia:
b) querosene – gasolina – música. a) avidez, beleza.
c) celsa – virose – maisena. b) algoz, baliza.
d) quiser – puser – hipnotisar. c) defesa, limpeza.
e) anestesia – dosagem – divisa. d) gozado, bazar.
e) miudeza, jeitoza.
5. Assinale a frase em que a palavra sublinhada esteja es-
crita incorretamente. 4. Todas as alternativas abaixo estão corretas em relação
a) Eu não quero acusar ninguém. à ortografia, exceto:
b) Ela é uma mulher obesa. a) utilizar.
c) Ela está com náusea, está grávida. b) grandeza.
d) Ao dirigir, cuidado com os transeuntes. c) certeza.
e) Devemos suavisar o impacto. d) orgulhoza.
e) agonizar.
GABARITO 5. Complete os espaços do período abaixo com uma das
alternativas que se seguem de forma correta e ordenada.
1. b 2. d 3. e 4. d 5. e “Ela era ______ de ______ e ______ o trabalho com
______.”
Emprego do “Z” a) incapaz – atualizar – finalizar – presteza
b) incapás – atualisar – finalisar – prestesa
Usa-se o “z” c) incapas – atualizar – finalizar – presteza
d) incapaz – atualisar – finalisar – presteza
• Nas palavras derivadas de uma primitiva já grafada e) incapaz – atualizar – finalizar – prestesa
com “z”:
cruz – cruzamento – cruzeta – cruzeiro GABARITO
juiz – juízo – ajuizado – juizado
desliza – deslizamento – deslizante 1. c 2. d 3. e 4. d 5. a
Língua Portuguesa

• Nos sufixos “ez/eza” formadores de substantivos abs-


tratos e adjetivos com o acréscimo dos sufixos citados: Emprego do “G”
beleza – belo + eza
gentileza – gentil + eza • Nas palavras que representam o mesmo som de “j”
insensatez – insensato + ez quando for empregada antes das vogais “e” e “i”:
gente, girafa, urgente, gengiva, gelo, gengibre, giz etc.
• Nos diminutivos “inho” e “inha”: Obs.: apenas nesses casos, surgem dúvidas quanto ao
Obs. 1: Se a palavra escrita primitiva já termina com “z”, uso. Nos demais casos, usa-se o “g”.
basta acrescentar o sufixo de diminutivo adequado:
juiz – juizinho • Nas palavras derivadas de outras que já são escritas
raiz – raizinha com “g”:
xadrez – xadrezinho ágio – agiota – agiotagem

15
gesso – engessado – engessar d) algema.
exigir – exigência – exigível e) página.
afligir – afligem – afligido
GABARITO
• Nas terminações “agem”, “igem” e “ugem”:
margem, coragem, vertigem, ferrugem, fuligem,
1. c 2. b 3. c 4. d 5. a
garagem, origem etc.

Exceção: Emprego do “J”


pajem, lajem, lambujem.
Usa-se o “j”:
Note bem:
O substantivo viagem escreve-se com “g”, mas viajem • Nos vocábulos de origem tupi:
(forma verbal de viajar) escreve- se com “j”: maracujá, caju, jenipapo, pajé, jerimum, Ubirajara etc.

Dica: Exceção:
Quando podemos escrever artigo antes (a, uma), temos Mogi das cruzes, Mogi-guaçu, Mogi-mirim, Sergipe.
o substantivo “viagem”, com “g”.
A viagem para Búzios foi maravilhosa. • Nas palavras cuja origem latina assim o exijam:
Quando podemos ter o sujeito e conjugar, então tere- majestade, jeito, hoje, Jesus etc.
mos o verbo, escrito com “j”:
Que eles viajem muito bem. • Nas palavras de origem árabe:
alforje, alfanje, berinjela.
• Nas terminações “ágio”, “égio”, “ígio”, “ógio”, “úgio”,
“ege”, “oge”: • Nas palavras derivadas de outras já escritas com “j”:
pedágio, relógio, litígio, colégio, subterfúgio, estágio, gorja – gorjeio, gorjeta, gorjear
prodígio, egrégio, herege, doge etc. laranja – laranjinha, laranjeira, laranjeirinha
loja – lojinha, lojista
• Nos verbos terminados em “ger” e “gir”: granja – granjear, granjinha, granjeiro
corrigir, fingir, fugir, mugir etc. • Nas palavras de uso um tanto e quanto discutíveis:
manjerona, jerico, jia, jumbo etc.
EXERCÍCIOS
• A terminação “aje” é sempre com “j”:
1. Todas as palavras sublinhadas nas frases abaixo são es- ultraje, laje etc.
critas com “g”, exceto:
a) Joga esta geringonça no lixo. EXERCÍCIOS
b) A geada foi muito forte na região Sul do Brasil.
c) A giboia é uma serpente não venenosa. 1. Assinale a alternativa incorreta em relação à ortografia.
d) Guarde a tigela no armário da sala. a) pajem.
e) Pessoas cultas não falam muita gíria. b) varejo.
c) gorjeta.
2. Todas as palavras das alternativas abaixo estão corretas d) ajiota.
em relação à ortografia, exceto: e) rijeza.
a) gengiva – Sergipe – evangelho.
b) trage – ogeriza – cangica. 2. Assinale a alternativa correta em relação à ortografia.
c) giz – monge – sargento. a) refújio.
d) vagem – ogiva – tangerina. b) estájio.
e) gim – ogiva – sugestão. c) rijeza.
d) pedájio.
3. Todas as palavras das alternativas abaixo estão incorretas e) ferrujem.
em relação à ortografia, exceto:
a) ultrage – lage – berinjela. 3. Observe as frases que se seguem:
b) cangerê – cafageste – magé. I – Minha coragem é algo incontestável.
c) refúgio – estágio – ferrugem. II – O jiló é um fruto amargo, mas delicioso.
d) geca – girau ‑cangica. III – A giboia é uma serpente brasileira.
Agora, responda, em relação à ortografia das palavras
4. Todas as alternativas abaixo estão corretas em relação sublinhadas.
Língua Portuguesa

à ortografia, exceto: a) Todas estão corretas.


a) fuselagem. b) Somente a III está correta.
b) aflige. c) Todas estão incorretas.
c) angina. d) Somente a III está incorreta.
d) grangear. e) Somente a I está correta.
e) fuligem.
4. Assinale a alternativa correta em relação à ortografia.
5. Todas as palavras das alternativas abaixo são grafadas a) Jertrudes.
com “g”, exceto: b) jestão.
a) ceregeira. c) jerimum.
b) cingir. d) jesso.
c) contágio. e) jerminar.

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5. Assinale a alternativa incorreta em relação à ortografia. 4. Assinale a afirmação incorreta.
a) jereré. a) A palavra “boliche” está corretamente grafada.
b) jeropiga. b) A palavra “rocho” está corretamente grafada.
c) jenipapo. c) A palavra “mecha” está corretamente grafada.
d) jequitibá. d) A palavra “richa” está incorretamente grafada.
e) jervão. e) A palavra “chereta” está incorretamente grafada.

GABARITO 5. Assinale a alternativa correta.


a) tachinha (prego).
1. d 2. c 3. d 4. c 5. e b) chilindró.
c) cocho (manco).
d) muchocho.
Emprego do “ch” e) muchiba.
O “ch” provém da evolução de grupos consonantais la-
tinos: GABARITO
CI ‑ clave / Ch – Chave
FI – Flagrae / Ch – Cheirar 1. b 2. d 3. a 4. b 5. a
PI – Plenu / Ch – Cheio
PI – Planu / Ch – Chão.
Emprego do “X”
• Na palavra derivada de outra que já vem escrita com
“ch”: • O “x” representa cinco fonemas tradicionais:
charco / encharcar, encharcado – “s” em final de sílabas seguido de consoante:
chafurda / enchafurdar extático, externo, experiência, contexto etc.
chocalho / enchocalhar
chouriço / enchouriçar – “z” em palavras com prefixo “ex”, seguido de vogal:
chumaço / enchumaçar exame, exultar, exequível etc.
cheio / encher, enchimento
enchova / enchovinha – “ss” como “ss” intervocálico:
trouxe, próximo, sintaxe etc.
• Nas palavras após “re”:
brecha, trecho, brechó – “ch” no início ou no interior de algumas palavras:
xícara, xarope, luxo, ameixa etc.
• Nas palavras aportuguesadas, oriundas de outros idio-
mas: – “cs” no meio ou no fim de algumas palavras:
salsicha / do itálico “salsíccia” fixo, tórax, conexão, tóxico etc.
sanduíche / do inglês “sandwich”
chapéu / do francês “chapei” Obs.: Quando no final de sílabas o “x” não for prece-
chope / do francês “chope” e do alemão “Schoppen” dido da vogal “a”, deve-se empregar o “s” em vez de
“x”: misto, justaposição etc.
• O “ch” provém, também, da formação do dígrafo “ch”
latino que se originou da evolução ao longo dos tempos: • Em vocábulos de origem árabe e castelhana:
cheirar, cheio, chão, chaleira etc. xadrez, oxalá, enxaqueca, enxadrista etc.
EXERCÍCIOS • Em palavras de formação popular, africana ou indígena:
xepa, xereta, xingar, abacaxi, caxumba, muxoxo, xa-
1. Todas as palavras das alternativas abaixo estão correta- vante, xiquexique, xodó etc.
mente grafadas, exceto:
a) enchumaçar. • Geralmente é usado após a sílaba inicial “en”, em pa-
b) cachumba. lavras primitivas:
c) chave. enxada, enxergar, enxaqueca, enxó, enxadrezar, enxam-
d) brecha.
brar, enxertar, enxoval, enxovalhar, enxurrada, enxofre,
e) galocha.
enxovia, enxuto etc.
2. Todas as palavras abaixo estão incorretamente grafadas,
exceto: Exceções:
encher, derivada de cheio
Língua Portuguesa

a) faicha.
b) fachina. anchova ou enchova e seus derivados etc.
c) repuchão.
d) chuteira. Obs.: Se a palavra é derivada, dependerá da grafia da
e) relachado. primitiva.
charco – encharcar; chocalho – enchocalhar
3. Assinale a alternativa incorreta em relação à ortografia. chafurda – enchafurdar; chouriço – enchouriçar
a) chilindró. chumaço – enchumaçar (estofar) etc.
b) estrebuchar.
c) facho. • Emprega-se o “x” após ditongos:
d) chafurdar. ameixa, caixa, peixe, feixe, frouxo, deixar, baixa, rou-
e) chamego. xinol etc.

17
Exceções: Uso do “I”
caucho, cauchal, caucheiro, recauchutar, recauchuta-
gem etc. • Nos verbos terminados em “uir” nas segunda e tercei-
ra pessoas do singular do presente do indicativo e a
• Emprega-se “ex” quando seguido de vogal: segunda pessoa do singular do imperativo afirmativo:
exame, exército, exato etc. constituir – constitui – constituis
possuir – possui – possuís
• Emprega-se “ex” quando se segue: influir – influi – influis
PLI – exPLIcar fluir – flui – fluis
CI – exCItante diminuir – diminui – diminuis
CE – exCElência instituir – institui – instituis
PLO – exPLOrar
EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS
1. Assinale a alternativa incorreta em relação ao uso do
1. Assinale a alternativa incorreta. “e” e do “i”:
a) enxada. a) destilar.
b) enxaqueca. b) cumeeira.
c) enxova. c) quase.
d) enxofre. d) cadiado.
e) enxertar.
2. Assinale a alternativa correta em relação ao uso do “e”
2. Assinale a alternativa correta. e do “i”:
a) enxarcar. a) criolina.
b) enxocalhar. b) cemitério.
c) enxouriçar. c) palitó.
d) enxurrada. d) orquídia.
e) enxumaçar.
3. Todas as alternativas abaixo estão corretas em relação
3. Assinale a alternativa incorreta em relação ao uso do ao uso do “e” e do “i”, exceto:
“X”: a) seringa.
a) cambaxirra. b) seriema.
b) flexar. c) umedecer.
c) taxar (preço). d) desinteria.
d) explicar.
4. Todas as alternativas abaixo estão incorretas em relação
4. Todas as palavras abaixo estão corretas em relação ao ao uso do “e” e do “i”, exceto:
uso do “X”, exceto: a) crâneo.
a) enxerto. b) meretíssimo.
b) sintaxe. c) previlégio.
c) textual. d) Filipe.
d) síxtole.
5. Quanto às palavras
5. Complete as lacunas das palavras, com uma das alter- I – Impigem.
nativas que se segue: II – Terebentina.
e__pontâneo; e__terior; e__perto; e__cessivo. III – Pinicilina.
a) x – s – x – s
b) s – x – s – x podemos afirmar:
c) s – s – x – x a) somente a I está correta.
d) x – x – s – s b) somente a II está correta.
c) todas estão incorretas.
GABARITO d) todas estão corretas.

1. c 2. d 3. b 4. d 5. b GABARITO

1. d 2. b 3. d 4. d 5. a
Uso do “E”
Língua Portuguesa

• Nos verbos terminados em “uar”, “oar”, nas formas do Uso do “O” e do “U”
presente do subjuntivo:
continuar – continue – continues A letra “o” átono pode soar como “u”, acarretando he-
efetuar – efetue – efetues sitação na grafia.
habituar – habitue – habitues Pode-se recorrer ao artifício da comparação com palavras
averigue – averigues da mesma família:
perdoar – perdoe – perdoes abolir – abolição
abençoar – abençoe – abençoes tábua – tabular
comprimento – comprido
• Palavras formadas com o prefixo “ante”: cumprimento – cumprimentar
antecipar, anterior, antevéspera explodir – explosão

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EXERCÍCIOS “Varam o espaço foguetes mal intencionados.” (Cecília
Meireles)
1. Todas as palavras das alternativas abaixo estão corretas “Mendicância vai muito mal: falta de verba.” (Sylvio
em relação à grafia, exceto: Abreu)
a) nódoa.
b) óbolo. Como conjunção
c) poleiro. Equivale a quando, assim que, apenas:
d) pulir. “Mal o Flamengo entrou em campo, foi delirantemente
aplaudido”.
2. Todas as palavras das alternativas abaixo estão corretas “Mal colocou o papel na máquina, o menino começou
em relação à grafia, exceto: a empurrar a cadeira pela sala, fazendo um barulho
a) capueira. 
 infernal”. (Fernando Sabino)
b) embolo. • Usa-se “mau” nos seguintes casos
c) focinho.
d) goela. Como adjetivo (opõe-se a bom)
Modifica o substantivo a que se relaciona:
3. Em relação às seguintes palavras: “Um bom romance nos diz a verdade sobre o seu herói,
I – Muleque. mas um mau romance nos diz a verdade sobre seu
II – Mulambo. autor”. (Chesterton Apud Josué Montello)
III – Buate. “Quando a previsão diz tempo bom, isso é mau.” (Leon
Eliachar)
podemos afirmar:
a) todas estão corretas. Como substantivo
b) somente a I e II estão corretas. Normalmente vem precedido de artigo:
c) somente a I e III estão corretas. “Por que não prender os maus para vivermos tranqui-
d) todas estão incorretas. los?”
“O Belo e o Feio... O Bom e o Mau... Dor e Prazer”.
4. Em relação às seguintes palavras: (Mário Quintana)
I – Bueiro. “... só que viera a pé e foi-se sentado, cansado talvez
II – Manoel. de cavalgar por montes e vales do Oeste, e de tantas
III – Jaboticaba. lutas contra os maus”. (CDA)

podemos afirmar como verdadeiro: Notações sobre o uso de “a”, “há” e “ah”
a) somente a II e III estão incorretas.
b) somente a II e III estão corretas. • Usa-se “há”
c) somente a I está correta. Com referência a tempo passado:
d) todas estão corretas. “Estou muito doente. Há dez anos venho sofrendo de
e) somente II está incorreta. mal súbito”. (Aldu)
“Isso aconteceu há quatro ou cinco anos”. (Rubem Braga)
5. Assinale a alternativa de palavra incorretamente grafada. Quando é formado do verbo haver:
a) custume. “Já não há mais tempo. O futuro chegou”.
b) tribo. “O garçom era atencioso, você sabia que há garçons
c) romênia. atenciosos?” (CDA)
d) buliçoso.
• Usa-se “a”
Com referência a tempo futuro:
GABARITO “... mas daí a pouco tinha a explicação”. (Machado de
Assis)
1. d 2. a 3. d 4. e 5. a “Fui casado, disse ele, depois de algum tempo, daqui
a três meses posso dizer outra vez: sou casado”. (Ma-
chado de Assis)
Algumas Dificuldades Gramaticais
• Usa-se “ah”
Notações sobre o uso de “mal” e “mau”: Como interjeição enfatizante:
“Ah, ia-se me esquecendo: um escritório funcional deve
• Usa-se “mal” nos seguintes casos: ter também uma secretária funcional”. (Leon Eliachar)
“Ah! Disse o velho com indiferença”. (Machado de Assis)
Como substantivo (opõe-se a “bem”)
Língua Portuguesa

Assim varia de número (males) e, geralmente, vem Notações sobre o uso de “mas”, “más” e “mais”
precedido de artigo:
“O chato da bebida não é o mal que ela nos pode trazer, • Mas
são os bêbados que ela nos traz.” (Leon Eliachar) É conjunção adversativa (dá ideia de oposição, retifi-
“Para se trilhar o caminho do mal, é indispensável não cação):
se importar com o constrangimento.” (Fraga) “Sinto muito, doutor, mas não sinto nada”. (Aldu)
“O dinheiro não traz felicidade, mas acalma os nervos”.
Como advérbio (opõe-se a “bem”) (Aldu)
Nesse caso, modifica o verbo, o adjetivo e o próprio
advérbio: • Más
“Andam mal os versos de pé quebrado.” (Jaab) Plural feminino de “MAU”

19
“Não tinha más qualidades, ou se as tinha, eram de “Onde foi inventado o feijão com arroz? (Clarice Lis-
pouca monta”. (Machado de Assis) pector)
“Não há coisas, na vida, inteiramente más”. (Mário “Vende-se uma bússola enguiçada. Infelizmente não
Quintana) sei onde estou, senão não venderia a bússola”. (Leon
Eliachar)
• Mais
Advérbio de intensidade • Aonde
“As fantasias mais usadas no carnaval são: homem É dinâmico. Usa-se com os verbos chamados de mo-
vestido de mulher e mulher vestida de homem”. (Leon vimento, como ir, andar, caminhar etc.; corresponde
Eliachar) a lugar em que (quo, em latim):
Ele nunca está satisfeito. Sempre quer mais do que “Tal prática era possível na cidade, aonde ainda não
recebe. haviam chegado os automóveis.” (Manuel Bandeira)
“Se chegares sempre aonde quiseres, ganharás”. (Paulo
Notações sobre o uso do porquê (e variações) Mendes Campos)
• Porque – Conjunção causal ou explicativa: • Donde
“Vende-se um segredo de cofre a quem conseguir abrir Equivale a “de onde” e apresenta ideia de afastamento;
o cofre, porque o dono não consegue”. (Leon Eliachar) corresponde a lugar do qual (unde, em latim):
“Os macróbios são macróbios porque não acreditam “Tomás estava, mas encerrara-se no quarto, donde só
em micróbios”. (Mário Quintana) saíra...” (Machado de Assis)
“Às vezes se atiram a distantes excursões donde regres-
• Por que – Nas interrogações sas com uma enorme lava.” (Manoel Bandeira)
“ – Diga-se cá, por que foi que você não apareceu mais
lá em casa?” (Graciliano Ramos) (Interrogativa direta) Notações sobre o uso de “senão” e “se não”
“Não sei por que você foi embora”. (Interrogação indi-
reta) • Senão
Como pronome relativo, equivalente a o qual, a qual, Conjunção adversativa com o sentido de “em caso
os quais, as quais. contrário”, “de outra forma”:
“Não sei a razão por que me ofenderam”. “Cala a boca, mulher, senão aparece polícia”. (Rachel
“Contavam fatos da vida, incidentes perigosos por que de Queiroz)
tinham passado”. (José Lins do Rego) Com o sentido de “mas sim” e com o sentido de “a não
ser”:
• Por quê – No final da frase.
“Ele, a quem eu nada podia dar senão minha sincerida-
“Mas por quê? Por quê? Por amor? (Eça de Queiroz)
de, ele passou a ser uma acusação de minha pobreza”.
“Sou a que chora sem saber por quê”. (Florbela Espanca)
(Clarice Lispector)
• Porquê
É substantivo e, então, varia em número; normalmen- Quando substantivo com o sentido de “falha”, “defei-
te, o artigo o precede: to”, “imperfeição”. Admite, então, flexão de número:
“Eu sem você não tenho porquê”. (Vinícius de Morais) “Esfregam as mãos, têm júbilos de solteiras histéricas, dão
“Só mesmo Deus é quem sabe o porquê de certas von- pulinhos, apenas porque encontram senões miúdos nas
tades femininas, se é que consegue saber.” (CDA) páginas que não saberiam compor”. (Josué Montello)

Notações sobre o uso de “quê” e “’que” • Se não


Quando conjunção condicional “se”:
• Quê ‘’Se não fosse Van Gogh, o que seria do amarelo?”
Como interjeição exclamativa (seguida de ponto de (Mário Quintana)
exclamação):
“Quê! Você ainda não tomou banho?” Quando advérbio de negação “Não”
“Os ex-seminaristas, como os ex-padres, permanecem
No final de frases: ligados indissoluvelmente à Igreja. Se não, pela fé –
Zombaria de todos, mesmo sem saber de quê. pelo rito”. (Josué Montello)
“Medo de quê?” (José Lins do Rego) ‘’Se não fosse Van Gogh, o que seria do amarelo?”
Como substantivo (Mário Quintana)
“Um quê misterioso aqui me fala.” (Gonçalves Dias)
“A arte de escrever é, por essência, irreverente e tem Notações sobre “afim” e “a fim de”
sempre um quê de proibido...” (Mário Quintana)
• Afim
Língua Portuguesa

• Que Adjetivo com o sentido de parente, próximo:


Em outros casos usa-se a forma sem acento: “... era meu parente afim, [...] interrogou-nos de cara
“Da igreja – exclamou. Que horror.” (Eça de Queiroz) amarrada e mandou-nos embora.” (CDA)
“E que sonho mau eu tive.” (Humberto de Campos) Naquele grupo todos eram afins; por isso brigavam
tanto.
Notações sobre o uso de “onde”, “aonde” e “donde”
• A fim
• Onde Locução prepositiva; dá ideia de finalidade; equivale
É estático. Usa-se com os verbos chamados de repouso, a “para”:
situação, fixação, como o verbo “ser” e suas modali- Viajou a fim de se esconder.
dades (estar – permanecer) e outros (ficar, estacionar “Metade da massa ralada vai para a rede da goma, a fim
etc.); corresponde a “lugar em que” (ubi, em latim): de se lhe tirar o excesso de amido”. (Rachel de Queiroz)

20
Notações sobre o uso de “a par” e “ao par” Velha Regra Nova Regra
• A par ante-sala antessala
Tem o significado de conhecer, saber, tomar conheci- anti-reumatismo antirreumatismo
mento: auto-recuo autorrecuo
Estamos a par da evolução técnica. contra-senso contrassenso
• Ao par
Tem o significado de igual, equilibrado, paralelo: extra-rigoroso extrarrigoroso
O câmbio está ao par. infra-solo infrassolo
ultra-rede ultrarrede
EXERCÍCIOS ultra-sentimental ultrassentimental
semi-sótão semissótão
1. Preencha as lacunas com “mal”, “mau”, “má”: supra-renal suprarrenal
a) Foi um _______ resultado para a equipe.
b) Foi um ______ irrecuperável. supra-sigiloso suprassigiloso
c) Não me interprete _____ quando lhe digo _____ que
responderá pelo que fez a esta criança. Os prefixos hiper-, inter- e super- se ligam com hífen a
d) ______ entrou no campo, deu um _______ jeito no elementos iniciados por r.
pé, devido à _______ condição do gramado. hiper-risonho, hiper-realidade, hiper-rústico, hiper-regu-
e) Uma redação _______ escrita pode ser, apenas, o lagem, inter-regional, inter-relação, inter-racial, super-
resultado de uma _______ organização de ideias. -ramificado, super-risco, super-revista.
f) Ele organizou ______ o texto.
g) Sua _______ redação foi um negócio ________ para b) Passa a ser usado o hífen, agora, quando o prefixo
ela. termina com a mesma vogal que inicia o segundo elemento.
h) Este menino é _______ porque sempre aprendeu a Lembremos que, nas regras anteriores ao acordo ortográfico,
praticar o _______. os prefixos abaixo eram grafados sem hífen diante de vogal.
i) Se não tivesse recebido ______ exemplos, evitaria os Observe o quadro:
______ que tem causado.
j) Há pessoas que têm o _____ costume de fazer ______ Velha Regra Nova Regra
juízo dos outros, ______ os conhecem.
antiinflacionário anti-inflacionário
2. Preencha as lacunas com porque, por que, porquê, por antiictérico anti-ictérico
quê, ou quê: antiinflamatório anti-inflamatório
a) Você não disse _________ veio, ontem, à festa.
b) Não sei ________ você não veio, ontem, à festa. arquiinimigo arqui-inimigo
c) Você sabe se José não veio à aula hoje, ________ não arquiinteligente arqui-inteligente
chegou ainda do passeio de final de semana?
microondas micro-ondas
d) Todos temos direitos inalienáveis, ________ somos
pessoas humanas. microônibus micro-ônibus
e) _________ se questiona tanto o progresso e se ques- microorganismo micro-organismo
tionam pouco os responsáveis pela ampliação desu-
mana da técnica? ___________? Exceção:
f) Os caminhos __________ temos andado, os valores Não se usa hífen com o prefixo co-, mesmo que o segundo
_________ temos lutado, podem não ser os mais elemento comece com a vogal o:
certos, porém são aqueles em que acreditamos. coordenação, cooperação, coocorrência, coocupante,
g) Há um _______ misterioso em tudo isso. coonestar, coobrigar, coobrar.
h) Não consigo perceber o _________ de tudo isso, mas
as razões ________ não consigo perceber tudo isso c) Não será mais usado quando o prefixo termina em
já estão bem identificadas. vogal diferente da que inicia o segundo elemento. Lem-
bremos que, nas regras anteriores ao acordo ortográfico, os
GABARITO prefixos abaixo eram sempre grafados com hífen antes de
vogal. Observe o quadro:
1. a) mau 2. a) por que
b) mal b) por que Velha Regra Nova Regra
c) mal, mal c) porque auto-análise autoanálise
d) Mal, mau, má d) porque auto-afirmação autoafirmação
e) mal, má e) Por que, Por quê auto-adesivo autoadesivo
f) mal f) por que, por que
Língua Portuguesa

auto-estrada autoestrada
g) má, mau g) porquê auto-escola autoescola
h) mau, mal h) porquê, por que auto-imune autoimune
i) maus, males
j) mau, mau, mal extra-estatutário extraestatutário
extra-escolar extraescolar
Emprego do Hífen extra-estatal extraestatal
extra-ocular extraocular
(Conforme a Nova Ortografia)
extra-oficial extraoficial
a) Não será usado hífen quando o prefixo termina em extraordinário* extraordinário
vogal e o segundo elemento começa com r ou s. Essas letras extra-urbano extraurbano
serão duplicadas. Observe as regras no quadro abaixo. extra-uterino extrauterino

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infra-escapular infraescapular Grã-Bretanha, Santa Rita do Passa-Quatro, Baía de
infra-escrito infraescrito Todos-os-Santos, Trás-os-Montes etc;
infra-específico infraespecífico • com os advérbios mal e bem quando formam uma
infra-estrutura infraestrutura unidade sintagmática com significado e o segundo
infra-ordem infraordem elemento começa por vogal ou h:
bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado, mal-
intra-epidérmico intraepidérmico -estar, mal-humorado.
intra-estelar intraestelar
intra-orgânico intraorgânico Obs.: Os compostos com o advérbio bem se escrevem
intra-ósseo intraósseo sem hífen quando tal prefixo é seguido por elemento
neo-academicismo neoacademicismo iniciado por consoante:
neo-aristotélico neoaristotélico bem-nascido, bem-criado, bem-visto (ao contrário de
neo-aramaico neoaramaico “malnascido”, “malcriado” e “malvisto”).
neo-escolástica neoescolástico
neo-escocês neoescocês • Nos compostos com os elementos além, aquém, recém
neo-estalinismo neoestalinismo e sem:
neo-idealismo neoidealismo além-mar, além-fronteiras, aquém-oceano, recém-
neo-imperialismo neoimperialismo -casados, sem-número, sem-teto.
semi-erudito semierudito
supra-ocular supraocular Hífen em locuções
* Observe que a palavra extraordinário já era escrita sem hífen antes
do novo acordo. Não se usa hífen nas locuções (substantivas, adjetivas,
pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjunti-
d) Não se usa mais o hífen em palavras compostas por vas), como em:  cão de guarda, fim de semana, café com leite,
justaposição, quando se perde a noção de composição e pão de mel, pão com manteiga, sala de jantar, cor de vinho,
surge um vocábulo autônomo. Observe o quadro: à vontade, abaixo de, acerca de, a fim de que.
São exceções algumas locuções consagradas pelo uso. É
o caso de expressões como: água-de-colônia, arco-da-velha,
Velha Regra Nova Regra cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à
manda-chuva mandachuva queima-roupa.
pára-quedas paraquedas
pára-lama, pára-brisa paralama, parabrisa EXERCÍCIOS
pára-choque parachoque
Responda conforme as novas regras da ortografia.
Devemos observar que continuam com hífen: ano-luz,
arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, tio-avô, 1. Nas frases que seguem, indique a única que apresente a
mato-grossense, norte-americano, sul-africano, afro-luso- expressão incorreta, levando em conta o emprego do hífen.
-brasileiro, primeiro-sargento, segunda-feira, guarda-chuva. a) Aqueles frágeis recém-nascidos bebiam o ar com
aflição.
e) Fica sendo regra geral o hífen antes de h: b) Nunca mais hei-de dizer os meus segredos.
anti-higiênico, circum-hospitalar, co-herdeiro, contra- c) Era tão sem ternura aquele afago, que ele saiu mal-
-harmônico, extra-humano, pré-histórico, sub-hepático, -humorado.
super-homem. d) Havia uma super-relação entre aquela região deserta
e esta cidade enorme.
O que não muda no hífen e) Este silêncio imperturbável, amá-lo-emos como uma
alegria que não deixa de ser triste.
Continua-se a usar hífen nos seguintes casos:
• em palavras compostas que constituem unidade sin- 2. Suponha que você tenha que agregar o prefixo sub- às
tagmática e semântica e nas que designam espécies: palavras que aparecem nas alternativas a seguir. Assinale
ano-luz, azul-escuro, conta-gotas, guarda-chuva, aquela que tem que ser escrita com hífen.
segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, couve-flor, a) (sub) chefe.
erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi; b) (sub) entender.
• com os prefixos ex-, sota-, soto-, vice-, vizo-: c) (sub) desenvolvido.
ex-mulher, sota-piloto, soto-mestre, vice-campeão, d) (sub) reptício.
vizo-rei; e) (sub) liminar.
• com prefixos circum- e pan- se o segundo elemento
Língua Portuguesa

começa por vogal h e m ou n: 3. Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do hífen:


circum-adjacência, pan-americano, pan-histórico; a) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo.
• com prefixos tônicos acentuados pré-, pró- e pós- se b) O meia-direita fez um gol sem-pulo na semifinal do
o segundo elemento tem vida à parte na língua: campeonato.
pré-bizantino, pró-romano, pós-graduação; c) Era um sem-vergonha, pois andava seminu.
• com sufixos de base tupi-guarani que representam for- d) O recém-chegado veio de além-mar.
mas adjetivas: -açu, -guaçu, e -mirim, se o primeiro e) O vice-reitor está em estado pós-operatório.
elemento acaba em vogal acentuada ou a pronúncia
exige a distinção gráfica entre ambos: 4. Em qual alternativa ocorre erro quanto ao emprego do
amoré-guaçu, manacá-açu, jacaré-açu, paraná-mirim; hífen?
• com topônimos iniciados por grão- e grã- e forma ver- a) Foi iniciada a campanha pró-leite.
bal ou elementos com artigo: b) O ex-aluno fez a sua autodefesa.

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c) O contra-regra comeu um contrafilé. CLASSES DE PALAVRAS
d) Sua autobiografia é um verdadeiro contrassenso.
e) O meia-direita deu início ao contra-ataque.
Substantivo
5. Uma das alternativas abaixo apresenta incorreção quan-
to ao emprego do hífen. É a palavra que se emprega para nomear seres, coisas,
a) O pseudo-hermafrodita não tinha infraestrutura para ideias, qualidades, ações, estados, sentimentos.
assumir um relacionamento extraconjugal.
b) Era extra-oficial a notícia da vinda de um extraterreno. Classificação dos Substantivos
c) Ele estudou línguas neolatinas nas colônias ultrama-
rinas. • Comuns (nomes comuns a todos os seres da mesma
d) O antissemita tomou antibiótico e vacina antirrábica. espécie): casa, felicidade, mesa, chão, criança, bondade.
e) Era um suboficial de uma superpotência. • Concretos (seres com existência própria, real ou ima-
ginária): fada, saci, mesa, cadeira, caneta.
6. Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do • Abstratos (nomeiam ações, qualidades ou estados, to-
hífen.
mados como seres. Indicam coisas que não existem por
a) Pelo interfone ele me comunicou bem-humorado que
estava fazendo uma superalimentação. si, que são o resultado de uma abstração): felicidade,
b) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assombrada. pobreza, honra, caridade.
c) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido. • Próprios (designam um ser específico, determinado):
d) Nossos antepassados realizaram vários anteprojetos. Tânia, Pagu, Recife, Brasil, Coca-Cola.
e) O autodidata fez uma auto-análise. • Simples (um só radical): janela, livro, trem, porta.
• Composto (mais de um radical): arco-íris, sempre-viva,
7. Fez um esforço ______ para vencer o campeonato arranha-céu.
_________. • Primitivo (forma outros substantivos): rosa, pedra, mar.
a) sobre-humano – inter-regional • Derivado (formado a partir de um primitivo): roseiral,
b) sobrehumano – interregional rosácea, pedreiro, pedregulho.
c) sobreumano – interregional • Coletivos (nomeiam uma coleção de seres ou coisas
d) sobrehumano – inter-regional da mesma espécie): acervo (bens, obras artísticas), al-
e) sobre-humano – inter-regional
cateia (lobos), atilho (espigas), arsenal (armas), atlas
8. Usa-se hífen nos vocábulos formados por sufixos que re- (mapas), baixela (utensílios de mesa), banca (exami-
presentam formas adjetivas, como açu, guaçu, e mirim. nadores), bandeira (exploradores), boana (peixes miú-
Com base nisso, marque as formas corretas. dos), cabilda (selvagens), cáfila (camelos), código (leis),
a) capim-açu. corja (bandidos), cortiço (abelhas, casas velhas), correi-
b) anajá-mirim. ção (formigas), dactilioteca (anéis), enxoval (roupas),
c) paraguaçu. falange (soldados, anjos), farândola (maltrapilhos),
d) para-guaçu. fressura (vísceras), girândola (fogos), hemeroteca (jor-
nais, revistas), matilha (cães), mó (gente), pinacoteca
9. Marque as formas corretas. (quadros), tertúlia (amigos), súcia (gente ordinária).
a) autoescola.
b) contra-mestre. Gênero dos Substantivos
c) contra-regra.
d) infraestrutura.
e) semisselvagem. Uniformes (uma só forma para o masculino e para o
f) extraordinário. feminino):
g) proto-plasma. • Comum de dois gêneros (masculino e feminino dis-
h) intra-ocular. tinguem-se com artigo, pronome ou outra): dentista,
i) neo-republicano. jovem, imigrante, fã, motorista, jornalista, rival.
j) ultrarrápido. • Sobrecomum (um só gênero, sem flexão nem do ar-
tigo): a criança, o cônjuge, o sósia, a vítima, o ídolo,
10. Marque, então, as formas corretas. a mascote.
a) supra-renal. • Epiceno (designa certos animais, diferindo-se pelo
b) supra-sensível. acréscimo de macho e fêmea): o jacaré, a cobra,
c) supracitado. a onça, a borboleta, mosca, tatu, barata, anta.
d) supra-enumerado.
Língua Portuguesa

e) suprafrontal.
Biformes (uma forma para masculino e outra para o fe-
f) supra-ocular.
minino):
• Feminino com o mesmo radical (flexão por desinên-
GABARITO
cia): menino / menina, aluno / aluna, prefeito / prefeita,
pintor / pintora.
1. b 6. e
• Heterônimos (feminino com radical diferente da for-
2. d 7. a
3. a 8. a, b, c ma masculina): bode / cabra, cão / cadela, carneiro /
4. c 9. a, d, e, f, j ovelha, cavaleiro / amazona, cavalheiro / amazona,
5. b 10. c, e compadre / comadre, genro / nora, homem / mulher,
patriarca / matriarca.

23
Substantivos que podem Suscitar Dúvidas ou hífenes; pólen – pólens ou pólenes; abdômen – abdomens
ou abdômenes).
• Só masculinos: o alvará, o anátema, o aneurisma, o f) Substantivos terminados em al, el, ol, ul. Perdem o l
apêndice, o axioma, o champanha, o diadema, o dó final, que é substituído por is: varal – varais, papel – papéis,
(pena; nota musical), o lança-perfume, o matiz, o pro- farol – faróis, paul – pauis. Exceções: cônsul – cônsules, mal
clama. – males, real – réis (a moeda).
• Só femininos: a agravante, a aguardente, a alface, g) Substantivos terminados em il:
a apendicite, a bacanal, a cal, a cataplasma, a cólera, • quando oxítonos, trocam o l por s: fuzil – fuzis, barril
a comichão, a elipse, a gênese, a ioga, a libido, a nuança, – barris.
• quando paroxítonos, trocam o l por eis: projétil – pro-
a sentinela.
jéteis, réptil – répteis, fóssil – fósseis.
• Masculinos ou femininos: ágape, aluvião, amálgama,
h) Todos os substantivos terminados em x são unifor-
diabete (ou diabetes), ilhós, laringe, sabiá, suéter, mes: o tórax – os tórax, o látex – os látex, a fênix – as fênix.
usucapião.
2) Formação do plural dos substantivos compostos
Gênero e Semântica a) Elementos grafados sem hífen, o plural segue as re-
gras utilizadas para os substantivos simples: passatempo –
Cabeça Masculino: o chefe, o dirigente, o líder. passatempos, pontapé – pontapés, televisão – televisões,
Feminino: parte do corpo; pessoa muito in- planalto – planaltos.
teligente; extremidade mais dilatada de um b) Radicais unidos por hífen:
objeto; pessoa ou animal numericamente. • Ambos se flexionam:
Caixa Masculino: livro contábil. substantivo + substantivo: couve-flor – couves-flores.
Feminino: recipiente; seção de pagamentos; substantivo + adjetivo: guarda-florestal – guardas-
estabelecimento financeiro. -florestais, obra-prima – obras-primas.
adjetivo + substantivo: puro-sangue – puros-sangues.
Capital Masculino: riqueza, conjunto de bens. numeral + substantivo: terça-feira – terças-feiras.
Feminino: cidade onde se localiza a sede do • Somente o primeiro varia
Poder Executivo. Substantivo + preposição + substantivo: pé de mole-
Moral Masculino: ânimo, brio. que – pés de moleque; mula sem cabeça – mulas sem
Feminino: conjunto de regras de comporta- cabeça; água-de-colônia – águas-de-colônia.
mento; parte da filosofia que estuda essas • Somente o segundo varia:
regras; conclusão que se tira de uma história. verbo + substantivo: guarda-sol – guarda-sóis; beija-
Grama Masculino: unidade de massa. -flor – beija-flores; arranha-céu – arranha-céus.
Feminino: erva, relva, planta rasteira. advérbio + adjetivo: sempre-viva – sempre-vivas;
abaixo-assinado – abaixo-assinados; alto-falante –
Número dos Substantivos alto-falantes.
prefixo + substantivo: vice-reitor – vice-reitores; pré-
Alguns substantivos usados só no plural: as núpcias, as -candidato – pré-candidatos.
fezes, os óculos, as cócegas, os víveres. Reduplicação (palavras repetidas ou quase): ono-
Outros são uniformes, ou seja, uma única forma tanto matopeias (pingue-pongues, tico-ticos, tique-taques,
para o plural como singular: tênis, vírus, lápis, ônibus, pires. bem-te-vis, reco-recos), mas verbos repetidos têm dois
Nesses casos, o número será indicado por artigo, pronome plurais (pisca-piscas ou piscas-piscas, corre-corres ou
ou outra palavra que especifique o substantivo: o ônibus, os corres-corres).
• Varia somente o primeiro ou variam os dois
ônibus, um pires, dois pires, meu lápis, meus lápis.
Substantivo + substantivo (o segundo especifica tipo,
finalidade, semelhança ao primeiro, parecendo um ad-
1) Formação do plural dos substantivos simples jetivo): pombo-correio – pombos-correio ou pombos-
-correios; peixe-espada – peixes-espada ou peixes-es-
a) Substantivos terminados em vogal ou ditongo. padas; manga-rosa – mangas-rosa ou mangas-rosas.
Acrescenta-se a desinência s: caneta(s), livro(s), rei(s), pai(s), • Invariáveis
herói(s), mãe(s). Verbo + advérbio: pisa-mansinho – os pisa-mansinho.
b) Substantivos terminados em ão. Plural em ões, ães ou Verbos antônimos: senta-levanta – os senta-levanta.
ãos: balão – balões; alemão – alemães; cidadão – cidadãos. Frases substantivas: deus-nos-acuda – os deus-nos-
Admitem mais de uma forma para o plural: ancião – anciões, -acuda; maria-vai-com-as-outras – os/as maria-vai-
anciães, anciãos; corrimão – corrimões, corrimãos; guardião -com-as-outras; louva-a-deus – os louva-a-deus, estou-
-fraco – os estou-fraco.
Língua Portuguesa

– guardiões, guardiães; vilão – vilões, vilãos.


c) Substantivos terminados em r ou z. Acrescenta-se es • Alguns substantivos que admitem dois plurais
ao singular (no caso, o e é vogal temática; o s é desinência): guarda-marinha – guardas-marinhas ou guardas-
pintor – pintores, cruz – cruzes, hambúrguer – hambúrgueres, -marinha
júnior – juniores, sênior – seniores. salvo-conduto – salvos-condutos ou salvo-condutos
xeque-mate – xeques-mates ou xeques-mate
d) Substantivos terminados em s. Podemos distinguir
fruta-pão – frutas-pães ou frutas-pão
dois casos: se o substantivo é proparoxítono ou paroxítono,
ele invariável (ônibus, pires, lápis); se é oxítono, acrescenta- 3) Plural com metafonia
-se es (país – países, japonês – japoneses). Alguns substantivos, no singular, têm o o tônico fechado
e) Substantivos terminados em n. Podem formar o plural e, quando se pluralizam, trocam o o tônico fechado pelo o
em es ou s, sendo a última forma a mais usada (hífen – hífens tônico aberto. Principais casos:

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Singular (ô) Plural (ó) Singular (ô) Plural (ó) Singular (ô) Plural (ó)
aposto apostos fogo fogos poço poços
caroço caroços forno fornos porco porcos
corno cornos foro foros porto portos
coro coros fosso fossos posto postos
corvo corvos imposto impostos povo povos
despojo despojos jogo jogos reforço reforços
desporto desportos miolo miolos socorro socorros
destroço destroços olho olhos tijolo tijolos
esforço esforços ovo ovos troco trocos

Grau dos Substantivos 4. Assinale o par de vocábulos que formam o plural como
balão e caneta-tinteiro:
A flexão de grau exprime ideia de aumento ou de dimi- a) vulcão, abaixo-assinado.
nuição de tamanho, tendo como referência um grau normal, b) irmão, salário-família.
que seria o substantivo tal como aparece no dicionário. c) questão, manga-rosa.
d) bênção, papel-moeda.
Formação do grau do substantivo e) razão, guarda-chuva.

Utilizamos dois processos para formar o aumentativo e 5. Assinale a opção incorreta.


o diminutivo: a) Borboleta é substantivo epiceno.
a) sintético: acrescentam-se sufixos ao grau normal: b) Rival é comum de dois gêneros.
concurso – concursão (aumentativo sintético) e concursinho c) Omoplata é substantivo masculino.
(diminutivo sintético); d) Vítima é substantivo sobrecomum.
b) analítico: o substantivo é modificado por adjetivos que e) Nenhuma opção.
expressem ideia de aumento ou de diminuição: concurso –
concurso grande e concurso pequeno. 6. Indique o período que não contém um substantivo no
grau diminutivo.
É curioso notar que o processo sintético expressa, com a) Todas as moléculas foram conservadas com as pro-
frequência, não uma variação de tamanho, mas uma carga priedades particulares, independentemente da atu-
afetiva, ou pejorativa. Exemplo: falar que tal obra é um livri- ação do cientista.
nho agradável ou que Fulano é um amigão são formas que b) O ar senhoril daquele homúnculo transformou-o no
expressam juízos de valor, possuem conotação afetiva e não centro de atenções na tumultuada assembleia.
podem ser classificadas como flexão de grau. c) Através da vitrina da loja, a pequena observava curio-
Por outro lado, a flexão de grau é mais nítida com o uso samente os objetos decorativos expostos à venda,
do processo analítico. por preço bem baratinho.
Outra curiosidade é perceber que o grau pode conduzir d) De momento a momento, surgiam curiosas sombras
a novos significados. Exemplo: portão, cartão, cartilha, fo- e vultos apressados na silenciosa viela.
lhinha (calendário). e) Enquanto distraía as crianças, a professora tocava
flautim, improvisando cantigas alegres e suaves.
EXERCÍCIOS 7. Numere a segunda coluna de acordo com o significado
das expressões da primeira coluna e assinale a opção
1. Indique a opção em que só aparecem substantivos abs- que contém os algarismos na sequência correta.
tratos. (1) o óleo santo ( ) a moral
a) tempo, angústia, saudade, ausência, esperança, ima- (2) a relva ( ) a crisma
gem. (3) um sacramento ( ) o moral
b) angústia, choro, sol, presença, esperança, amizade. (4) a ética ( ) o crisma
c) amigo, dor, claridade, esperança, luz, tempo. (5) a unidade de massa ( ) a grama
d) angústia, saudade, presença, esperança, amizade. (6) o ânimo ( ) o grama
e) espaço, mãos, claridade, rosto, ausência, esperança.
a) 6, 1, 4, 3, 5, 2 d) 4, 3, 6, 1, 2, 5
2. Aponte a opção em que haja erro quanto à flexão do b) 6, 3, 4, 1, 2, 5 e) 6, 1, 4, 3, 2, 5
nome composto. c) 4, 1, 6, 3, 5, 2
Língua Portuguesa

a) vice-presidentes, amores-perfeitos, os bota-fora.


b) tico-ticos, salários-família, obras-primas. 8. Assinale as opções em que a flexão do substantivo com-
c) reco-recos, sextas-feiras, sempre-vivas. posto estão erradas.
d) pseudoesferas, chefes de seção, pães de ló. a) Os pés de chumbo. d) Os cavalos-vapor.
e) pisca-piscas, cartões-postais, mulas sem cabeças. b) Os corre-corre. e) Os vai-véns.
c) As públicas-formas.
3. Preencha a frase seguinte com uma das opções. Dese-
javam transformar os...... em ....... do céu. GABARITO
a) pagões – cidadões
b) pagãos – cidadões 1. d 3. d 5. c 7. d
c) pagões – cidadãos 2. e 4. c 6. e 8. b, e
d) pagãos – cidadãos

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Adjetivo pássaro frágil/ave frágil
ator ruim/atriz ruim
Adjetivo é a palavra que caracteriza o substantivo, empresa agrícola/planejamento agrícola
atribuindo-lhe qualidades (ou defeitos) e modos de ser, ou vida exemplar/comportamento exemplar
indicando-lhe o aspecto ou o estado. homem audaz/mulher audaz
Imprensa injusta, sensacionalista, partidária, tenden- • São uniformes os adjetivos compostos em que o se-
ciosa. gundo elemento é um substantivo.
Acusações substantivas, ferozes, infundadas, justas. casaco amarelo-limão – camisa amarelo-limão
carro verde-garrafa – bicicleta verde-garrafa
A palavra adjetivo significa “colocado ao lado de, jus- papel verde-mar – tinta verde-mar
taposta a”. Esse significado enfatiza o caráter funcional do • Também são uniformes os compostos azul-marinho e
conceito de adjetivo: observe que é necessário apresentar azul-celeste.
a relação que se estabelece entre o substantivo e o adjetivo
para poder conceituar este último. Na realidade, substantivos Flexão de Número
e adjetivos apresentam muitas características semelhantes e,
em muitas situações, a distinção entre ambos só é possível O adjetivo concorda em número com o substantivo a
a partir de elementos fornecidos pelo contexto: que se refere.
O jovem brasileiro tornou-se participativo. governante capaz / governantes capazes
O brasileiro jovem enfrenta dificuldades profissionais. salário digno/salários dignos

Na primeira frase, jovem é substantivo, e brasileiro é Formação do plural dos adjetivos compostos
adjetivo. Na segunda, invertem-se esses papéis: brasileiro O plural dos adjetivos compostos segue os mesmos pro-
é substantivo, e jovem passa a ser adjetivo. Ser adjetivo ou cedimentos da variação de gênero desses adjetivos:
ser substantivo não decorre, portanto, de características • Nos adjetivos compostos formados por dois adjetivos,
morfológicas da palavra, mas de sua situação efetiva numa apenas o segundo elemento vai para o plural:
frase da língua. tratado luso-brasileiro / tratados luso-brasileiros
Há conjuntos de palavras que têm o valor de um adjetivo: intervenção médico-cirúrgica / intervenções médico-
são as locuções adjetivas. Essas locuções são normalmente -cirúrgicas
formadas por uma preposição e um substantivo ou por uma Destaque-se novamente surdo-mudo:
preposição e um advérbio; para muitas delas, existem adje- rapaz surdo-mudo / rapazes surdos-mudos
tivos equivalentes. • Os adjetivos compostos em que o segundo elemento
Conselho de pai (= paterno) / Inflamação da boca (= bucal). é um substantivo são invariáveis também em número:
recipiente verde-mar / recipientes verde-mar
uniforme amarelo-canário / uniformes amarelo-canário
Flexões dos Adjetivos Também são invariáveis azul-marinho e azul-celeste:
camisa azul-marinho / camisas azul-marinho
Os adjetivos se flexionam em gênero e número e apre- camiseta azul-celeste / camisetas azul-celeste
sentam variações de grau bem mais complexas que as dos
substantivos. Flexão de Grau
Flexão de Gênero Os adjetivos variam em grau quando se deseja comparar
ou intensificar as características que atribuem. Há, portanto,
O adjetivo concorda em gênero com o substantivo a que dois graus do adjetivo: o comparativo e o superlativo.
se refere:
Um comportamento estranho. Grau comparativo
Uma atitude estranha. Compara-se a mesma característica atribuída a dois ou
Um jornalista ativo. mais seres ou duas ou mais características atribuídas a um
Uma jornalista ativa. mesmo ser. Observe as frases seguintes:
Formação do feminino dos adjetivos biformes
Os adjetivos biformes possuem uma forma para o gênero Comparativo Ele é tão exigente quanto justo.
masculino e outra para o feminino. A formação do feminino de igualdade Ele é tão exigente quanto (ou
desses adjetivos costuma variar de acordo com a terminação como) seu irmão.
da forma masculina.
Comparativo de Estamos mais atentos (do) que
• Nos adjetivos compostos formados por dois adjetivos, superioridade eles.
apenas o último elemento sobre flexão:
Língua Portuguesa

Estamos mais atentos (do) que


cidadão luso-brasileiro – cidadã luso-brasileira ansiosos.
casaco verde-escuro – saia verde-escura
consultório médico-dentário – clínica médico-dentária
Comparativo de Somos menos passivos (do) que
Destaque-se surdo-mudo, em que variam os dois ele- inferioridade eles.
mentos: Somos menos passivos (do) que
rapaz surdo-mudo – moça surda-muda tolerantes

Adjetivos uniformes Os adjetivos bom, mau, grande e pequeno têm formas


São os adjetivos que possuem uma única forma para sintéticas para o grau comparativo de superioridade: melhor,
o masculino e o feminino. pior, maior e menor, respectivamente:

26
Essa solução é melhor (do) que a outra. Locução Adjetiva
Minha voz é pior (do) que a sua.
O descaso pela miséria é maior (do) que o senso huma- Compõe-se de preposição (de) e substantivo. Ex.: de pai
nitário. (paterno), bucal (da boca). Essa correspondência entre lo­
A preocupação social é menor (do) que a ambição in- cução adjetiva e adjetivo, no entanto, nem sempre se verifica,
dividual. ou por não existir um dos dois, ou por não ser preservado o
sentido quando se substitui um pelo outro. Colar de marfim,
As formas analíticas correspondentes (mais bom, mais por exemplo, é expressão usada cotidianamente, mas seria
mau, mais grande, mais pequeno) só devem ser usadas quan- pouco recomendável dizer, no mesmo contexto cotidiano,
do se comparam duas características de um mesmo ser: colar ebúrneo ou colar ebóreo, porque tais adjetivos têm
Ele é mais bom (do) que inteligente. uso restrito à linguagem literária e, portanto, seriam ade-
Todo corrupto é mais mau (do) que esperto. quados somente em contextos eruditos, mais formais. Ana-
Meu salário é mais pequeno (do) que justo. logamente, contrato leonino é uma expressão empregada na
Este país é mais grande (do) que equilibrado. linguagem jurídica; entretanto, é pouquíssimo provável que
os advogados passem a dizer contrato de leão.
Observe:
Atente para o fato de que a forma menor é um compara-
A greve de professores tem tomado proporções incontro-
tivo de superioridade, pois equivale a mais pequeno.
láveis. O movimento docente se justifica em face da inércia
do governo.
Grau superlativo
A característica atribuída pelo adjetivo é intensificada de
forma relativa ou absoluta.
EXERCÍCIOS
No grau superlativo relativo, a intensificação da caracte-
1. Complete as frases abaixo com a forma apropriada do
rística atribuída pelo adjetivo é feita em relação a todos os adjetivo colocado entre parênteses.
demais seres de um conjunto que a possuem. a) Apesar de ser uma dentista ___________________
O superlativo relativo pode exprimir superioridade ou (recém-formado), possuía já uma ______________
inferioridade, e é sempre expresso de forma analítica: (numeroso) clientela.
b) Comprei uma camisa __________________ (ama-
Superlativo relativo Ele é o mais atento de todos. relo-claro) e um chapéu __________________ (cor-
de superioridade Ele é o mais exigente de todos -de-rosa) para desfilar no Carnaval.
os irmãos. c) Aquela moça é __________ (sandeu). Onde já se viu
dar tanto dinheiro por uma motocicleta __________
____________ (amarelo-limão)!
Superlativo relativo Você é o menos crítico de todos. d) Todas aquelas famílias __________ (sulino) são de
de inferioridade Você é o menos passivo de to- origem __________ (europeu).
dos os amigos. e) Sou do tempo em que se usava camisa __________
(branco), calça _____________________ (azul-ma-
As formas do superlativo relativo de superioridade dos rinho) e sapatos __________ (preto) como uniforme
adjetivos bom, mau, grande pequeno também são sintéticas: nos colégios ____________ (estadual).
o melhor, o pior, o maior e o menor.
No grau superlativo absoluto, intensifica-se a caracterís- 2. Seguindo o modelo, construa frases comparativas a
tica atribuída pelo adjetivo a um determinado ser. O super- partir dos elementos fornecidos em casa item seguinte.
lativo absoluto pode ser analítico ou sintético: A relação de comparação a ser feita vem indicada entre
a) O superlativo absoluto analítico é formado normal- parênteses.
mente com a participação de um advérbio: País pobre – países vizinhos (igualdade)
Você é muito crítico. Ele é demasiadamente exigente. É um país tão pobre quanto (ou como) os países vizinhos.
Somos excessivamente tolerantes. a) indivíduo capaz – seus companheiros (igualdade).
b) rio poluído – outros rios (inferioridade).
b) O superlativo absoluto sintético é expresso com a c) animal feroz – outros animais (superioridade).
participação de sufixos. O mais comum deles é -íssimo; nos d) cidade pequena – cidades vizinhas (superioridade).
adjetivos terminados em vogal, esta desaparece ao ser acres-
centado o sufixo do superlativo: 3. Complete as frases de acordo com o modelo.
Trata-se de um artista originalíssimo. Ela não é apenas uma funcionária competente: ela é a
Ele é exigentíssimo. Seremos tolerantíssimos. mais competente de todas!
a) Esta não é apenas uma solução razoável:
Muitos adjetivos possuem formas irregulares para expri- b) Ele não é apenas um aluno aplicado:
Língua Portuguesa

c) Esta não é apenas uma má saída:


mir o grau superlativo absoluto sintético. Muitas dessas irre-
d) Ele não é apenas um grande amigo:
gularidades ocorrem porque o adjetivo, ao receber o sufixo,
reassume a forma latina. É o caso dos adjetivos terminados 4. Complete as frases de acordo com o modelo:
em -vel, que assumem a terminação -bilíssimo: É um poema belo. Não: é belíssimo!
volúvel – volubilíssimo / indelével – indelebilíssimo a) A vida é frágil.
b) Era um homem talentoso.
Os adjetivos terminados em -io formam o superlativo c) É um jogador ágil.
absoluto sintético em -íssimo: d) Foi um lugar agradável.
sério – seriíssimo e) Será uma pessoa amável.
necessário – necessariíssimo f) É uma moeda antiga.
frio – friíssimo g) É um corredor audaz.

27
h) Seria um homem bom. Artigo
i) É uma solução boa.
j) Teria sido um animal feroz. Canção Mínima
k) Fora um espírito livre.
l) É um sujeito magro. No mistério do Sem-Fim,
m) É um país pobre. Equilibra-se um planeta.
n) Tinha sido uma pessoa simpática. E, no planeta, um jardim,
o) É uma alma volúvel. e, no jardim, um canteiro;
no canteiro, uma violeta,
5. Alguns concursos cobram diferença entre o nível formal e, sobre ela, o dia inteiro,
e o nível coloquial. Observe algumas dessas formas co- entre o planeta e o sem-fim,
loquiais nas frases abaixo; reescreva as frases utilizando a asa de uma borboleta.
o superlativo absoluto apropriado à língua formal. (Cecília Meireles)
a) É um piloto hiperveloz!
b) Crianças subnutridas têm uma constituição vulnerá- Julgue os itens.
vel, vulnerável. 1. Nesse jogo de retomadas e acréscimos, os substantivos
c) Ela adotou uma posição supercrítica. surgem inicialmente precedidos pelo artigo um (“um
d) É superpossível que a gente vá viajar. planeta”, “um jardim”) e depois pelo artigo o (“no pla-
e) Tem uma cabeça arquipequena! neta”, “no jardim”). A diferença que essa troca de artigo
f) É um cão supermanso. estabelece constitui passagem do particular para o geral.
g) Ele é arquiamigo de meu irmão. 2. A introdução do substantivo asa, no último verso do po-
h) É uma planta fragilzinha. ema, precedido pelo artigo a, rompe o processo indicado
i) Saiu daqui felizinho da silva! na questão anterior, produzindo o efeito de retomar o
j) É um cara sabidão! texto como um todo.

GABARITO Comentários:
No poema “Canção mínima”, ocorre seguidamente um
mesmo processo: um substantivo surge inicialmente pre-
1. a) recém-formada, numerosa.
cedido pelo artigo um para, pouco depois, ser repetido,
b) amarelo-clara, cor-de-rosa.
desta vez precedido do artigo o. Dessa forma, passa-se de
c) sandia, amarelo-limão.
“um planeta” para “o planeta”, de “um jardim” para “o
d) sulinas, europeia.
jardim” e de “um canteiro” para “o canteiro”. Há, nessa
e) branca, azul-marinho, pretos.
substituição de um artigo por outro, uma evidente dife-
rença de significado: aquilo que era genérico e indefinido
2. a) É um indivíduo tão capaz quanto seus companheiros.
ao ser nomeado pela primeira vez surge como particula-
b) É um rio menos poluído (do) que outros.
c) É um animal mais feroz (do) que outros. rizado e definido ao ser retomado. No poema, esse jogo
d) É uma cidade menor (do) que as cidades vizinhas. envolvendo artigos e substantivos é o principal recurso
no caminho do amplo e universal ao mínimo e particular.
3. a) é a mais razoável de todas.
b) é o mais aplicado de todos. Artigo é a palavra que pressupõe substantivo escrito.
c) é a pior de todas. Generaliza ou particulariza o sentido desse substantivo. Ob-
d) é o maior de todos. serve: um planeta/o planeta; um canteiro/o canteiro; um
jardim/o jardim; uma violeta/a violeta.
4. a) fragílima Em muitos casos, o artigo é essencial na especificação
b) talentosíssimo. do gênero e do número do substantivo.
c) agílimo O jornalista recusou o convite do representante dos ar-
d) agradabilíssimo tistas. A jornalista recusou o convite da representante das
e) amabilíssima artistas.
f) antiguíssima A empresa colocou em circulação o ônibus de três eixos.
g) audacíssimo A empresa colocou em circulação os ônibus de três eixos.
h) boníssimo
I) boníssima Quando antepostos a palavras de qualquer classe gra-
j) ferocíssimo matical, os artigos as transformam em substantivos. Nesses
k) libérrimo casos, ocorre a chamada derivação imprópria.
l) macérrimo/magríssimo É um falar que não tem fim.
m) pobríssimo/paupérrimo O assalariado vive um sofrer interminável.
n) simpaticíssima O aqui e o agora nem sempre se conjugam favoravel-
Língua Portuguesa

o) volubilíssima mente.

5. a) velocíssimo Sintaticamente, os artigos atuam sempre como adjuntos


b) vulnerabilíssima adnominais.
c) criticíssima
d) possibilíssimo Classificação dos artigos
e) mínima
f) mansuetíssimo a) Artigo indefinido: indica seres quaisquer dentro de
g) amicíssimo uma mesma espécie; seu sentido é genérico. Assume as for-
h) fragílima mas um, uma; uns, umas.
i) felicíssimo Gosto muito de animais: queria ter um cachorro, uma
j) sapientíssimo gata, uns tucanos e umas araras.

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b) Artigo definido: indica seres determinados dentro d) preposição, pronome, artigo.
de uma espécie; seu sentido é particularizante. Assume as e) artigo, pronome, pronome.
formas o, a; os, as.
Meu vizinho gosta muito de animais: você precisa ver o 4. Assinale a opção correta.
cachorro, a gata, os tucanos e as araras que ele tem em casa. a) Mostraram-me cinco livros. Comprei todos cinco.
b) Mostraram-me cinco livros. Comprei todos cinco livros.
Combinações dos Artigos c) Mostraram-me cinco livros. Comprei todos os cinco.
d) Mostraram-me cinco livros. Comprei a todos cinco
É muito frequente a combinação dos artigos definidos e livros.
indefinidos com preposições. O quadro seguinte apresenta e) Nenhuma das alternativas.
a forma assumida por essas combinações:
5. “O policial recebeu o ladrão a bala. Foi necessário ape-
Preposições Artigos Combinações nas um disparo: o assaltante recebeu a bala na cabeça e
a ao, aos, à, às morreu na hora.”
No texto, os vocábulos destacados são, respectivamente:
o, os, a, do, dos, da, das, dum, duma, a) preposição e artigo.
de
as, um, duns, dumas b) preposição e preposição.
uma, uns, no, nos, na, nas, num, numa, c) artigo e artigo.
em
umas nuns, numas d) artigo e preposição.
por (per) pelo, pelos, pela, pelas e) artigo e pronome indefinido.

Observações: 6. Procure e assinale a única opção em que há erro no em-


1. As formas à e às indicam a fusão da preposição a com prego do artigo.
o artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhe- a) Nem todas as opiniões são valiosas.
cida por crase. b) Disse-me que conhece todo o Brasil.
2. As formas pelo(s) /pela(s) resultam da combinação c) Leu todos os dez romances do escritor.
dos artigos definidos com a forma per, equivalente a por. d) Andou por todo Portugal.
e) Todas as cinco, menos uma, estão corretas.
EXERCÍCIOS
7. Assinale a opção em que há erro.
1. Os artigos são responsáveis por diversos detalhes de sig- a) Li a notícia no Estado de S. Paulo.
nificação nas diferentes situações comunicativas em que b) Li a notícia em O Estado de S. Paulo.
são empregados. Leia as frases seguintes e comente o c) Essa notícia, eu a vi em A Gazeta.
valor dos artigos destacados. d) Vi essa notícia em A Gazeta.
a) Estou levando produtos da região. e) Foi em O Estado de S. Paulo que li a notícia.
b) O menino estava tão encabulado que não sabia o que
fazer com as mãos. 8. Indique o erro quanto ao emprego do artigo.
c) Em poucos instantes, pôs-se a chorar e a chamar pela a) Em certos momentos, as pessoas as mais corajosas
mãe. se acovardam.
d) A carne está custando 20 reais o quilo. b) Em certos momentos, as pessoas mais corajosas se
e) Aquele era o momento de minha vida. acovardam.
c) Em certos momentos, pessoas as mais corajosas se
2. Explique as diferenças de significado entre as frases de acovardam.
cada par: d) Em certos momentos, as mais corajosas pessoas se
a) Todo dia ele faz isso. acovardam.
Todo o dia ele faz isso. e) Em certos momentos, a mais corajosas pessoas se
b) Pedro não veio. acovardam.
O Pedro não veio.
c) Essa caneta é minha. GABARITO
Essa caneta é a minha.
d) O dirigente sindical apresentou reivindicações dos
trabalhadores na reunião. 1. a) Região específica.
O dirigente sindical apresentou as reivindicações dos b) Sentido de posse (mãos dele).
trabalhadores na reunião c) Posse (mãe dele).
e) Chico Buarque, grande compositor brasileiro, é tam- d) Sentido de cada quilo.
bém escritor. e) Momento específico.
Língua Portuguesa

Chico Buarque, o grande compositor brasileiro, é tam-


bém escritor. 2. a) Diariamente x O dia inteiro.
b) Qualquer Pedro, pouco conhecido x Pedro especí-
3. Observe: fico, bem conhecido.
“... foram intimados a comparecer...” c) Uma entre minhas canetas x Minha única caneta.
“... não a fizeram...” d) Algumas reivindicações x A totalidade das reivindi-
“... a sua oração...” cações.
e) Um dos grandes compositores brasileiros x O único
As três ocorrências do a são, respectivamente:
grande, o maior compositor brasileiro.
a) preposição, pronome, preposição.
b) artigo, artigo, preposição.
c) pronome, artigo, preposição. 3. d 4. c 5. a 6. d 7. a 8. e

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Numeral óctuplo = oito vezes
nônuplo = nove vezes
Do Ponto de Vista Semântico décuplo = dez vezes
undécuplo = onze vezes
Numeral é a palavra que quantifica numericamente os duodécuplo = doze vezes
seres ou indica a ordem que eles ocupam numa certa se- cêntuplo = cem vezes
quência.
Apenas dois fatos ocorreram. Desses, os mais usados são duplo ou dobro e triplo ou
Apenas o segundo fato merece atenção. tríplice. Os demais, muito menos usados, são substituídos
pelo cardinal seguido de vezes. Assim, em vez de undécuplo,
Subclassificação do Numeral usa-se onze vezes; em vez de duodécuplo, usa-se doze vezes.

• Cardinal: indica uma quantidade determinada de seres. Obs.: Muitas vezes o numeral foge do seu significado
Há cinco vagas para cem candidatos. exato, indicando uma quantidade indefinida e conseguindo,
• Ordinal: indica a posição relativa de um ou vários seres com isso, um efeito expressivo ou enfático.
numa determinada sequência.
Acerte o quarto botão da esquerda para a direita. Eu já lhe disse mil vezes que não gosto dessa sua atitude.
• Multiplicativo: indica quantas vezes uma quantidade (exagero)
é multiplicada.
Os especuladores lucraram o triplo do capital investido. Numeral fracionário: concorda com o cardinal indicador
• Fracionário: indica em quantas partes uma quantidade do número de partes em que se dividiu a quantidade. Com-
é dividida. prou um terço das terras do município.
Os agricultores só recuperaram um terço das sementes Comprou dois quartos da produção anual.
plantadas.
Obs.: O fracionário meio concorda em gênero e número
Do Ponto de Vista Sintático com o substantivo a que se refere.
É meio-dia e meia (hora).
O numeral, sintaticamente, pode funcionar como: São homens de meias palavras.
• palavra adjetiva
O juiz expulsou dois jogadores. Leitura dos Numerais Fracionários
O corretor cometeu duplo engano.
Apenas dois numerais fracionários apresentam formas
• palavra substantiva típicas: meio e terço. Os demais fracionários são indicados
Dois mais dois são quatro. de duas maneiras:
A inflação subiu o dobro em 1982. • por um cardinal (representando o numerador da fra-
ção) seguido de um ordinal (representando o deno-
Do Ponto de Vista Mórfico minador). 1/4 = um quarto; 2/8 = dois oitavos ; 5/10 =
cinco décimos ; 3/100 = três centésimos;
Numeral cardinal: exceto um, os cardinais são todos • por um cardinal (representando o numerador) e outro
plurais. Os cardinais terminados em ão ocorrem sob forma cardinal seguido de avos (representando o denomina-
singular e plural (um milhão / dois milhões) e são masculinos. dor). Esse processo é utilizado para os ordinais que se
Os milhares de vítimas (certo). situam no intervalo de onze a noventa e nove.
As milhares de vítimas (errado). 5/12 = cinco doze avos ; 3/67 = três sessenta e sete
avos
Os cardinais um, dois e todas as centenas a partir de
duzentos apresentam forma masculina e feminina. Alguns numerais cardinais e ordinais apresentam formas
um – uma; dois – duas; duzentos – duzentas; novecentos variantes: quatorze / catorze; bilhão / bilião; septuagésimo /
– novecentas setuagésimo. Entretanto, as formas cincoenta (50) e hum (1),
ainda que usadas nas relações bancárias, não são registradas
Numeral ordinal: flexiona-se em gênero e número. e, portanto, devem ser tidas como erradas.
primeiro – primeira
primeiro – primeiros Leitura do cardinal

Numeral multiplicativo: flexiona-se em gênero e número Na leitura (ou escrita por extenso) do cardinal, coloca-se
quando funcionam como palavras adjetivas. Caso contrário, e após as centenas e após as dezenas.
ficam invariáveis. 2623 = dois mil seiscentos e vinte e três.
Língua Portuguesa

Arriscou dois palpites duplos.


O atacante cometeu dupla falta. Leitura dos ordinais superiores a dois mil
Os atletas renderam o dobro do que costumavam.
Segundo a tradição gramatical, nos ordinais superiores
Alguns numerais multiplicativos a dois mil (2000), lê-se o milhar como cardinal e os demais
como ordinais. Ex.: 2101ª inscrição – a duas milésima centési-
duplo ou dobro = duas vezes ma primeira inscrição. Nesse caso, entretanto, o número todo
triplo ou tríplice = três vezes pode ser lido como ordinal. Ex.: 10203º quilômetro rodado –
quádruplo = quatro vezes o décimo milésimo ducentésimo terceiro quilômetro rodado.
quíntuplo = cinco vezes
sêxtuplo = seis vezes Obs.: Muitas vezes, como forma de compensar a dificul-
séptuplo, sétuplo = sete vezes dade de se ler um ordinal muito extenso, usa-se o cardinal

30
posposto ao substantivo. O cardinal, nessa situação, fica 6. No preenchimento de cheques, faz-se uso dos numerais
invariável. Ex.: Usa-se inscrição 2101 e lê-se: inscrição dois cardinais. Preencha o cheque abaixo com a quantia indi-
mil cento e um, em vez de 2101ª inscrição (dois milésima cada.
centésima primeira inscrição). Pague por este cheque a quantia de: R$5.657,12
______________________________________________
Bento XVI – Século XIX ______________________________________________
Na inscrição de séculos, reis, papas, capítulos de obras: _____________________________________________
• Usa-se o ordinal até dez: ou a sua ordem.
século V = século quinto
Paulo VI = Paulo sexto 7. Assinale a alternativa em que o numeral não está em-
• Usa-se o cardinal acima de dez: pregado corretamente.
século XIX = século dezenove a) A citação encontra-se à altura da página vinte e duas.
Luiz XIV = Luiz quatorze b) As declarações estão na página duzentos e trinta e
Bento XVI = Bento dezesseis dois.
c) A vigésima quarta hora já havia soado.
Obs.: se, nesses casos, o numeral vier antes do substan- d) A encomenda foi entregue na Rua Vinte e um, casa
tivo, sempre se usa o ordinal:
dois.
vigésimo século
décimo nono século
8. Assinale a alternativa que traz a leitura correta dos nu-
EXERCÍCIOS merais destacados nas frases seguintes.
I – “João Paulo II manteve-se em Roma por 27 anos.”
1. Complete os espaços, segundo o modelo: II – Segundo dizem, o capítulo X é o mais interessante
O dólar subiu duas vezes mais. (o dobro) do livro todo.
a) Cada quilo de grão produziu dez vezes mais. _________ III – A supremacia papal entrou em declínio no fim do
b) Em condições mais favoráveis, os operários renderão século XI.
cem vezes mais. __________ IV – Tutmósis III subiu ao trono egípcio em 1479 a.C.

2. Complete os espaços vazios com o numeral fracionário, a) João Paulo Dois; capítulo dez; século onze; Tutmósis
segundo o modelo: três.
Queria duas de cada cem sacas de café. (dois centésimos) b) João Paulo Segundo; capítulo décimo; século décimo
a) Seu lucro era de um por mil. ___________________ primeiro; Tutmósis terceiro.
______________________ c) João Paulo segundo; capítulo décimo; século onze;
b) Pretendia nove partes entre cinquenta da produção. Tutmósis terceiro.
_______________________ d) João Paulo segundo; capítulo dez; século onze; Tut-
c) A seca estragou sete de cada dez alqueires da plan- mósis terceiro.
tação. _____________________________
d) Treze entre vinte e cinco perfurações jorravam petró- 9. Muitas vezes os numerais são utilizados para indicar
leo. _____________________________ quantidade indeterminada. Assinale, dentre as frases
abaixo, aquela em que isso ocorreu:
3. Classifique os numerais destacados nos versos a seguir. a) “já pedi duzentos mil réis emprestados ao André
“A primeira vez que te vi, / Era menino e tu menina (...) Gonzaga, para as alianças e outros proveitos.” (José
Quando te vi pela segunda vez, / Já eras moça. (...) Candido de Carvalho)
Vejo-te agora. Oito anos faz / Oito anos que não te via... b) “Como e por que lhe veio aos vinte anos a deter-
(...)” (Manuel Bandeira) minação de sair do convento, não sei (...)” (Clarice
Lispector)
Resposta: c) “Mas reconheço que em Frederico viveu uma raposa
Primeira: _____________________________________
de mil astúcias.” (José Cândido de Carvalho)
Segunda: _____________________________________
Oito: _________________________________________
GABARITO
4. “Inquietante expectativa marcou a aproximação do 800º.
pavimento.” (Murilo Rubião) 1. a) O décuplo
A leitura correta do numeral destacado na frase acima é: b) O cêntuplo
a) octogésimo. 2. a) Um milésimo
b) octagésimo.
Língua Portuguesa

b) Nove cinquenta avos


c) octogenário. c) Sete décimos
d) octingentésimo. d) Treze vinte avos
3. Ordinal, ordinal, cardinal.
5. Estabeleça correspondência entre as duas colunas, rela- 4. d
cionando o numeral cardinal ao ordinal correspondente.
5. c, d, a, b, e ,f
a) 91 ( ) quinquagésimo quinto
6. Cinco mil seiscentos e cinquenta e sete reais e doze
b) 901 ( ) quingentésimo quinto
centavos.
c) 55 ( ) nonagésimo primeiro
7. b
d) 505 ( ) noningentésimo primeiro
e) 704 ( ) setingentésimo quarto 8. c
f) 74 ( ) setuagésimo quarto 9. c

31
Pronome Vamos imaginar, agora, que Gorete esteja conversando
com um amigo e queira afirmar que o cão que acompanha
Pronome substitui e/ou acompanha o nome. esse amigo está doente. Ela pode se expressar assim:
Pedro acordou tarde. Ele ainda dormia, quando sua mãe O cão está doente, ou então, Ele está doente.
o chamou. • ele designa o que chamamos de 3ª pessoa gramatical,
Pronomes: Ele = Pedro (só substitui). isto é, a pessoa, o ser a respeito de quem se fala.
Sua = de Pedro (substitui Pedro e acompanha “mãe”).
O = Pedro (só substitui Pedro). eu, nós, tu, vós, ele, eles são, nas frases analisadas, exem-
plos de pronomes pessoais.
Existem seis tipos de pronomes:
• pessoais; Podemos concluir, então, que pronomes pessoais são
• demonstrativos; aqueles que substituem os nomes e representam as pessoas
• possessivos; gramaticais.
• relativos; São três as pessoas gramaticais:
• interrogativos; • 1ª pessoa (a que fala): eu, nós
• indefinidos. • 2ª pessoa (com quem se fala): tu, vós
• 3ª pessoa (de quem se fala): ele(s), ela(s).
As provas cobram muito os pronomes relativos, os de-
monstrativos e os pessoais “o” e “lhe”. Quadro dos pronomes pessoais
Pronomes Substantivos e Pronomes Adjetivos Caso oblíquo (outras funções)
Caso reto
(sujeito) Átonos (sem Tônicos (com
Quando um pronome é empregado junto de um subs- preposição escrita) preposição escrita)
tantivo, ele é chamado de pronome adjetivo; e quando um
Singular:
pronome aparece isolado, sozinho na frase, ele é chamado
eu, me, mim, comigo
de pronome substantivo.
Ninguém pode adivinhar suas vontades? tu te, ti, contigo
Ninguém → pronome substantivo (pois está sozinho). ele(a) se, o, a, lhe si, consigo, ele, ela
suas → pronome adjetivo (pois está junto do substantivo Plural:
vontades). nós, nos, nós, conosco
vós, vos, vós, convosco
Encontrei minha caneta, mas não a apanhei. eles(as) se, os, as, lhes si, consigo, eles, elas
minha → pronome adjetivo.
a → pronome substantivo. Observações:
1. Um pronome pessoal é pronome reto quando exerce a
EXERCÍCIO função de sujeito da oração e é um pronome oblíquo
quando exerce função que não seja a de sujeito da
Coloque: (1) para pronome substantivo e (2) para pro- oração.
nome adjetivo. Ela pediu ajuda para nós.
a) Estas montanhas escondem tesouros. Ela: pronome reto (funciona como sujeito).
b) Aquilo jamais se repetirá. nós: pronome oblíquo (não funciona como sujeito).
c) Qualquer pessoa o ajudaria.
d) Nossa esperança é que ele volte. Nós jamais a prejudicamos.
Nós: pronome reto (sujeito).
Pronomes Pessoais a: pronome oblíquo (não sujeito).

Vamos supor que a Gorete esteja com fome e que ela 2. Os pronomes oblíquos átonos nunca aparecem pre-
queira contar isso para uma outra pessoa que a esteja ouvin- cedidos de preposição.
do. É claro que, numa situação normal de comunicação, não A vida me ensina a ser realista.
usaria a frase Gorete está com fome, e sim a frase:
Eu estou com fome. pron. obl. átono
• eu designa o que chamamos de 1ª pessoa gramatical,
isto é, a pessoa que fala. 3. Os pronomes oblíquos tônicos sempre aparecem
Se, no entanto, fosse mais de uma pessoa que estivesse precedidos de preposição.
com fome, uma delas poderia falar assim: Ela jamais iria sem mim.
Língua Portuguesa

Nós estamos com fome.



prep. pron. obl. tônico
Vamos supor, agora, que Gorete esteja conversando com
um amigo e queira saber se tal amigo está com fome. Ela,
então, usaria a seguinte frase: 4. Os pronomes oblíquos tônicos, quando precedidos da
Tu estás com fome? ou: Você está com fome? preposição com, combinam-se com ela, originando as
• tu (você) designa o que chamamos de 2ª pessoa gra- formas: comigo, contigo, consigo, conosco, convosco.
matical, isto é, a pessoa com quem se fala.
Emprego dos Pronomes Pessoais
Se, por outro lado, Gorete estiver conversando com mais de
uma pessoa e quiser saber se elas estão com fome, falará assim: a) Os pronomes oblíquos me, nos, te, vos e se podem
Vós estais com fome? ou: Vocês estão com fome? indicar que a ação praticada pelo sujeito reflete-se no próprio

32
sujeito. Nas frases em que isso ocorre, tais pronomes são Observação:
chamados pronomes reflexivos. Existem, para os pronomes de tratamento, duas formas
Eu me machuquei. me (= a mim mesmo) → pronome distintas: Vossa (Majestade, Excelência etc.) e Sua (Majesta-
reflexivo. de, Excelência etc.). Você deve usar a forma Vossa quando
estiver falando com a própria pessoa e usar a forma Sua
b) Os pronomes oblíquos si e consigo são sempre re- quando estiver falando a respeito da pessoa.
flexivos. Vossa Majestade é cruel. (falando com o rei)
Márcia só pensa em si. (= pensa nela mesma) Sua Majestade é cruel. (falando a respeito do rei)
Ele trouxe consigo o livro. (= com ele mesmo)
Pronomes Possessivos
Note, portanto, que frases como as exemplificadas a se-
guir são gramaticalmente incorretas. Pronomes possessivos são aqueles que se referem às
Marcos, eu preciso falar consigo. três pessoas gramaticais (1ª, 2ª e 3ª), indicando o que cabe
Eu gosto muito de si, minha amiga. ou pertence a elas.
Tuas opiniões são iguais às minhas.
c) Os pronomes oblíquos nos, vos e se, quando significam • tuas: pronome possessivo correspondente à 2ª pessoa
um ao outro, indicam a reciprocidade (troca) da ação. Nesse do singular (tu).
caso são chamados de pronomes reflexivos recíprocos. • minhas: pronome possessivo correspondente à 1ª
Os jogadores se abraçavam após o gol. Onde: se (= um pessoa do singular (eu).
ao outro) → pronome reflexivo recíproco.
É importante fixar bem que há uma relação entre os pro-
d) Eu x mim: eu (pronome reto) só pode funcionar como nomes possessivos e os pronomes pessoais.
sujeito, enquanto mim (pronome oblíquo) só pode ter outras Observe atentamente o quadro abaixo:
funções, nunca sujeito. Daí termos frases como:
Ela trouxe o livro para eu ler. (correto)
Pronomes pessoais Pronomes possessivos
Sujeito
eu → meu, minha, meus, minhas
Ela trouxe o livro para mim. (correto)
tu → teu, tua, teus, tuas
Não pode ser sujeito ele → seu, sua, seus, suas
Ela trouxe o livro para mim ler. (errado) nós → nosso, nossa, nossos, nossas
vós → vosso, vossa, vossos, vossas
Não pode ser sujeito
eles → seu, sua, seus, suas
e) Entre todos os pronomes pessoais somente os pro-
nomes eu e tu não podem ser pronomes oblíquos (reveja Emprego dos Pronomes Possessivos
o quadro). Esses dois pronomes só podem exercer a função
de sujeito da oração. Nas frases em que não for para exercer a) Quando são usados pronomes de tratamento (V.Sª,
a função de sujeito, tais pronomes devem ser substituídos V.Excia etc.), o pronome possessivo deve ficar na 3ª pessoa
pelos seus pronomes oblíquos correspondentes. (do singular ou do plural) e não na 2ª pessoa do plural.
Eu → me, mim; Tu → te, ti. Vossa Majestade depende de seu povo.

Pron. tratamento 3ª pessoa
Eu e ela iremos ao jogo. (correto)

Sujeito
Vossas Majestades confiam em seus conselheiros?

Uma briga aconteceu entre mim e ti. (correto) Pron. tratamento 3ª pessoa

Sujeito não sujeito b) Os pronomes possessivos seu(s) e sua(s) podem se
Não houve nada entre eu e ela. (errado) referir tanto à 2ª pessoa (pessoa com quem se fala), como
Não houve nada entre mim e ela. (correto) à 3ª pessoa (pessoa de quem se fala).
Sua casa foi vendida (sua = de você)
Sua casa foi vendida (sua = dele, dela)
Pronomes Pessoais de Tratamento
Essa dupla possibilidade de uso de tais pronomes pode
Língua Portuguesa

Os pronomes de tratamento* são pronomes pessoais gerar ambiguidade ou frases com duplo sentido. Quando isso
usados no tratamento cerimonioso e cortês entre pessoas. ocorrer, você deve procurar trocar os pronomes seu(s) e sua(s)
Os principais são: por dele(s) ou dela(s), a fim de tornar a frase mais clara.
Vossa Alteza (V.A.) → Príncipe, Duques
Vossa Majestade (V.M.) → Reis c) Os pronomes seu(s) e sua(s) são usados tanto para 3ª
Vossa Santidade (V.S.) → Papas pessoa do singular como para 3ª pessoa do plural (confira
Vossa Eminência (V.Emª.) → Cardeais tal afirmação no quadro acima).
Vossa Excelência (V.Exª.) → Autoridades em geral
d) Os pronomes possessivos podem, em muitos casos,
* Ver Manual de Redação da Presidência da República, para usos ser substituídos por pronomes oblíquos equivalentes.
conforme normas de redação oficial. A chuva molha-me o rosto. (= molha meu rosto).

33
Pronomes Indefinidos Quadro dos pronomes relativos
Variáveis
Pronomes indefinidos são pronomes que se referem à 3ª Invariáveis
Masculino Feminino
pessoa gramatical (pessoa de quem se fala), quando consi-
derado de modo vago e indeterminado. o qual, os quais, a qual, as quais,
que, quem,
Acredita em tudo que lhe dizem certas pessoas. cujo, cujos, quanto, cuja, cujas,
onde, como
quantos quanta, quantas
Quadro dos pronomes indefinidos
Observações:
• Como relativo, o pronome que é substituível por o qual,
Variáveis Invariáveis a qual, os quais, as quais.
algum(ns); alguma(s) alguém Já li o livro que comprei. (= livro o qual comprei)
nenhum(ns); nenhuma(s) ninguém • Há frases em que a palavra retomada, repetida pelo
todo(s); toda(s) tudo pronome relativo, é o pronome demonstrativo o, a,
outro(s); outra(s) outrem os, as.
muito(s); muita(s) nada Ele sempre consegue o que deseja.
pouco(s); pouca(s) cada
certo(s); certa(s) algo pron. dem. pron. relativo
tanto(s); tanta(s) (= aquilo) (o qual)
quanto(s); quanta(s)
• O relativo quem só é usado em relação a pessoas e
qualquer; quaisquer
aparece sempre precedido de preposição.
O professor de quem você gosta chegou.
Observação:
Um pronome indefinido pode ser representado por ex- pessoa preposição
pressões formadas por mais de uma palavra. Tais expressões
são denominadas locuções pronominais. As mais comuns • O relativo cujo (e suas variações) é, normalmente, em-
são: qualquer um, todo aquele que, um ou outro, cada um, pregado entre dois substantivos, estabelecendo entre
seja quem for. eles uma relação de posse e equivale a do qual, da
qual, dos quais, das quais.
Seja qual for o resultado, não desistiremos.
Compramos o terreno cuja frente está murada. (cuja
frente = frente do qual)
Pronomes Interrogativos
Note que após o pronome cujo (e variações) não se
Pronomes interrogativos são aqueles empregados para usa artigo. Por isso, deve-se dizer, por exemplo:
fazer uma pergunta direta ou indireta. Da mesma forma que Visitei a cidade cujo prefeito morreu, e não:
ocorre com os indefinidos, os interrogativos também se re- Visitei a cidade cujo o prefeito morreu.
ferem, de modo vago, à 3ª pessoa gramatical.
• O relativo onde equivale a em que.
Os pronomes interrogativos são os seguintes:
Conheci o lugar onde você nasceu.
Que, quem, qual, quais, quanto(s) e quanta(s).
Que horas são? (frase interrogativa direta)
(em que)
Gostaria de saber que horas são. (interrogativa indireta)
Quantas crianças foram escolhidas? • Quanto(s) e quantas(s) só são pronomes relativos se
estiverem precedidos dos indefinidos tudo, tanto(s),
Pronomes Relativos tanta(s), todo(s), toda(s).
Sempre obteve tudo quanto quis.

Vamos supor que alguém queira transmitir-nos duas in- indefinido relativo
formações a respeito de um menino. Esse alguém poderia
falar assim: Outros exemplos de reunião de frases por meio de pro-
Eu conheço o menino. O menino caiu no rio. nomes relativos:
Eu visitei a cidade. Você nasceu na cidade.
Mas essas duas informações poderiam também ser trans- onde
mitidas utilizando-se não duas frases separadas, mas uma Eu visitei a cidade em que você nasceu.
única frase formada por duas orações. Com isso, seria evitada na qual
a repetição do substantivo menino. A frase ficaria assim:
Língua Portuguesa

Observe que, nesse exemplo, antes dos relativos que e


Eu conheço o menino que caiu no rio. qual houve a necessidade de se colocar a preposição em, que é
exigida pelo verbo nascer (quem nasce, nasce em algum lugar).
1ª oração 2ª oração Você comprou o livro. Eu gosto do livro.

Observe que a palavra que substitui, na segunda oração, de que


Você comprou o livro eu gosto.
a palavra menino, que já apareceu na primeira oração. Essa do qual
é a função dos pronomes relativos.
Da mesma forma que no exemplo anterior, aqui houve
Podemos dizer, então, que pronomes relativos são os que
a necessidade de se colocar a preposição de, exigida pelo
se referem a um substantivo anterior a eles, substituindo-o
verbo gostar (quem gosta, gosta de alguma coisa).
na oração seguinte.

34
EXERCÍCIOS Pronomes Demonstrativos
(Cespe/Prefeitura do Rio Branco) À semelhança do Brasil, o Pronomes demonstrativos são os que indicam a posição
Acre compõe-se de uma grande diversidade de povos indí- ou o lugar dos seres, em relação às três pessoas gramaticais.
genas, cujas situações frente à sociedade nacional também Aquela casa é igual à nossa.
são muito variadas.
1. A substituição de “cujas” por as quais mantém a correção Pron. dem.
gramatical do período e as relações lógicas originais.
Quadro dos pronomes demonstrativos
Analisando o emprego do pronome relativo CUJO:
• acompanha substantivo posterior; Variáveis Invariáveis
• refere-se a substantivo anterior; este, esta, estes, estas isto
• sentido de posse;
• varia com a palavra posterior. esse, essa, esses, essas isso
aquele, aquela,
Observo os povos indígenas cujo líder é guerreiro. aquilo
aqueles, aquelas
Observo os povos indígenas cuja cultura é milenar.
Observo as tribos indígenas cujos líderes são guerreiros. o, a, os, as o
Observo as tribos indígenas cujas culturas são milenares.
Atenção!
Cuidado! Também podem funcionar como pronomes demonstra-
São estruturas inadequadas as seguintes: tivos as palavras: o(s), a(s), mesmo(s), semelhante(s),
Observo os povos indígenas que o líder é guerreiro. tal e tais, em frases como:
Observo os povos indígenas que o líder deles é guerreiro. Chegamos hoje, não o sabias? (o = isto)
Quem diz o que quer, ouve o que não quer. (o = aquilo)
Regra: Tais coisas não se dizem em público! (tais = estas)
Para “ligar” dois substantivos com relação de posse entre
si, somente é correto no padrão da Língua Portuguesa o É importante saber distinguir quando temos artigo o,
emprego do relativo cujo e suas variações. a, os, as e quando pronomes demonstrativos o, a, os, as.
O livro que você trouxe não é o que te pedi.
(PMVTEC/Analista) Na saúde, o município destaca o proje- – Note que o equivale a aquele.
to MONICA – Monitoramento Cardiovascular –, em que se A revista que você trouxe não é a que te pedi.
quantificou o risco de a população de Vitória na faixa de 25 – Note que a equivale a aquela.
a 64 anos ter problemas cardiovasculares. Pode fazer o que você quiser.
2. Mantendo-se a correção gramatical do período, o trecho – Note que o equivale a aquilo.
“em que se quantificou” poderia ser reescrito da seguinte
maneira: por meio do qual se quantificou. Cuidado!
Artigo pressupõe um substantivo ligado a ele na expressão.
(PMVSEMUS/Médico) Texto dos itens 3, 4 e 5:
O livro, a revista, o grande e precioso livro, a nova e in-
Preocupam-se mais com a AIDS do que os meninos e as me-
ninas da África do Sul, onde a contaminação segue em ritmo teressante revista.
alarmante. Chegam até a se apavorar mais com a gripe do
frango do que as crianças chinesas, que conviveram com a São três situações de uso dos pronomes demonstrativos:
epidemia. Esses dados constam de uma pesquisa inédita que este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, essas, isso,
ouviu 2.800 crianças com idade entre 8 e 15 anos das classes aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo.
A e C em catorze países. 1) Para referência a objetos em relação às pessoas que
3. Preservam-se as ideias e a correção gramatical do texto participam de um diálogo (pessoas do discurso).
ao se substituir o pronome “onde” por cuja, apesar de
o texto tornar-se menos formal. Regra:
Primeira pessoa: eu, nós (pessoa que fala). Deve-se em-
Estudando o pronome relativo ONDE pregar este, esta, isto com referência a objeto próximo de
Observe: quem fala.
Visitei o bairro. Você mora no bairro. Segunda pessoa: tu, vós, você (pessoa que ouve). Deve-
Note que no = em + o. -se empregar esse, essa, isso com referência a objeto pró-
Então: Visitei o bairro no qual você mora. ximo de quem ouve.
Note que no qual = em + o qual. Terceira pessoa: ele, ela, eles, elas (pessoa ou assunto
da conversa). Deve-se empregar aquele, aquela, aquilo com
Empregando onde, teremos: referência a objeto distante tanto de quem fala, como de
Língua Portuguesa

Visitei o bairro onde você mora. quem ouve.


Regras: Exemplo 1:
• onde só pode se referir a um lugar;
• Correspondência do Governador para o Presidente da
• podemos substituir onde por no qual e suas variações;
• podemos substituir onde por em que. Assembleia Legislativa.
Senhor Presidente,
ONDE versus AONDE Solicito a V. Exa. que essa Casa Legislativa analise com
Observe: urgência o projeto que destina verba para reforma do
Visitei o bairro onde você mora. (Quem mora, mora em...) Ginásio Estadual Américo de Almeida.
Visitei o bairro aonde você foi. (Quem foi, foi a...) • Resposta do Presidente da Assembleia Legislativa para
Então: aonde = a + onde. o Governador.

35
Senhor Governador, é simplesmente aquilo que manifesta (ou oculta) o
Informo a V. Exa. que esta Casa colocará em pauta na desejo; é, também, aquilo que é objeto do desejo; e
quarta-feira próxima a análise do projeto que destina 16 visto que — isto a história não cessa de nos ensinar
verba para reforma do Ginásio Américo de Almeida. — o discurso não é simplesmente aquilo que traduz
Essa Governadoria pode aguardar informativo na as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo por
quinta-feira. 19 que, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos
apoderar.
Exemplo 2:
Aqui nesta sala onde estamos, às vezes, escutamos vo- Julgue os itens, relativos às estruturas linguísticas do texto.
zes vindas daquela sala onde estão tendo aula de Finanças 5. Preservam-se a correção gramatical e o sentido do texto
Públicas. se o pronome “onde” (l. 2) for substituído por as quais.
6. A expressão “no qual” (l. 5) tem como referente a ex-
2) Para referência a termos anteriores e posteriores pressão “elemento transparente ou neutro”.
Regra: 7. O pronome “aquilo” (l. 14 e 17) pode ser substituído
Para termos a serem mencionados: este, esta, isto.
por o, sem prejuízo do sentido original e de correção
Para termos já mencionados: esse, essa, isso.
gramatical.
8. O pronome “isto” (linha 16) recupera o sentido do trecho
3) Para referência a termos anteriores separadamente
Regra: “visto que o discurso (…) desejo”. (l. 12-15)
Para referência ao primeiro mencionado: aquele, aquela,
aquilo. (TCE-AC/Analista) Há umas ocasiões oportunas e fugitivas,
Para referência ao último mencionado: este, esta, isto. em que o acaso nos inflige duas ou três primas de Sapucaia;
Para referência ao termo entre o primeiro e o último: outras vezes, ao contrário, as primas de Sapucaia são an-
esse, essa, isso. tes um benefício do que um infortúnio. Era à porta de uma
igreja. Eu esperava que as minhas primas Claudina e Rosa
4. (AFRF) Em relação aos elementos que constituem a coe­ tomassem água benta, para conduzi-las à nossa casa, onde
são do texto abaixo, assinale a opção correta. estavam hospedadas.
9. Na oração “em que o acaso nos inflige duas ou três pri-
1 O caráter ético das relações entre o cidadão e o mas de Sapucaia”, a substituição de “em que” por onde
poder está naquilo que limita este último e, mais que manteria o sentido original e a correção gramatical do
isso, o orienta. Os direitos humanos, em sua primei- texto.
4 ra versão, como direitos civis, limitavam a ação do
Estado sobre o indivíduo, em especial na qualidade (Cariacica/Assistente Social) Em alguns segmentos de nossa
que este tivesse, de proprietário. Com a extensão sociedade, o trabalho fora de casa é considerado inconve-
7 dos direitos humanos a direitos políticos e sobretudo niente para o sexo feminino. É óbvio que a participação de
sociais, aqueles passam – pelo menos idealmente um indivíduo em sua cultura depende de sua idade. Mas é
– a fazer mais do que limitar o governante: devem necessário saber que essa afirmação permite dois tipos de
10 orientar sua ação. Os fins de seus atos devem estar di- explicações: uma de ordem cronológica e outra estritamente
recionados a um aumento da qualidade de vida, que cultural.
não se esgota na linguagem dos direitos humanos, 10. A expressão “essa afirmação” retoma a ideia de que o
13 mas tem nela, ao menos, sua condição necessária, trabalho fora de casa pode ser considerado inconveniente
ainda que não suficiente. para as mulheres.
a) Em “o orienta” (l. 3), “o” refere-se a “cidadão” (l. 1). (Iema-ES/Advogado) O destino dos compostos orgânicos
b) Em “este tivesse” (l. 6), “este” refere-se a “Estado” (l. 5).
no meio ambiente, dos mata-matos aos medicamentos, é
c) Em “aqueles passam” (l. 8), “aqueles” refere-se a “di-
largamente decidido pelos micróbios. Esses organismos que-
reitos políticos” (l. 7).
bram alguns compostos diretamente em dióxido de carbono
d) “sua ação” (l. 10) e “seus atos” (l. 10) remetem ao
mesmo referente: “proprietário” (l. 6). (CO2), mas outros produtos químicos permanecem no meio
e) “sua condição” (l. 13) refere-se a “um aumento na ambiente por anos, absolutamente intocados.
qualidade de vida” (l. 11). 11. O termo “Esses organismos” está empregado em referên-
cia a “mata-matos” e “medicamentos”, ambos na mesma
(PMDF/Médico) linha.

1 Notaria apenas que, em nossos dias, as regiões (BB/Escriturário) Em meio a uma crise da qual ainda não sabe
onde essa grade é mais cerrada, onde os buracos como escapar, a União Europeia celebra os 50 anos do Tra-
Língua Portuguesa

negros se multiplicam, são as regiões da sexualidade tado de Roma, pontapé inicial da integração no continente.
4 e as da política: como se o discurso, longe de ser 12. O emprego de preposição em “da qual” atende à regência
elemento transparente ou neutro no qual a sexua- do verbo “escapar”.
lidade se desarma e a política se pacifica, fosse um
7 dos lugares onde elas exercem, de modo privilegiado, (TRT 9ª R/Analista) Relação é uma coisa que não pode exis-
alguns de seus mais temíveis poderes. Por mais que tir, que não pode ser, sem que haja uma outra coisa para
o discurso seja aparentemente bem pouca coisa, as completá-la. Mas essa “outra coisa” fica sendo essencial
10 interdições que o atingem revelam logo, rapidamen- dela. Passa a pertencer à sua definição específica. Muitas
te, sua ligação com o desejo e com o poder. vezes ficamos com a impressão, principalmente devido aos
Nisto não há nada de espantoso, visto que o exemplos que são dados, de que relação seja algo que “une”,
13 discurso — como a psicanálise nos mostrou — não que “liga” duas coisas.

36
13. Os pronomes “essa” e “dela” são flexionados no feminino Alterações gráficas dos pronomes
porque remetem ao mesmo referente do pronome em Verbo com final -r, -s, -z, diante de pronomes o, a, os, as.
“completá-la”. Vamos cantar os hinos. →Vamos cantá-los.
14. Preservam-se a correção gramatical e a coerência textual, Cantamos os hinos. → Cantamo-los.
ao se retirar do texto a expressão “que são”. Fiz o relatório. → Fi-lo.
Verbo com final -m, -ão, -õe, diante de pronomes o, a,
É preciso sublinhar o fato de que todas as posições existen- os, as.
ciais necessitam de pelo menos duas pessoas cujos papéis Eles cantam os hinos. → Eles cantam-nos.
combinem entre si. O algoz, por exemplo, não pode continuar Pais dão presentes aos filhos. → Pais dão-nos aos filhos.
a sê-lo sem ao menos uma vítima. A vítima procurará seu Põe o livro aqui. → Põe-no aqui.
salvador e este último, uma vítima para salvar.
15. O pronome “cujos” atribui a “pessoas” a posse de uma 19. (S. Leopoldo-RS/Advogado) A substituição das palavras
característica que também pode ser expressa da seguinte grifadas pelo pronome está incorreta em:
maneira: com papéis que combinem entre si. a) “que transpõe um conceito moral” – que o transpõe.
b) Em “a democracia convida a um perpétuo exercício de
(MS/Agente) “Tempo é Vida” é o bordão da campanha, que reavaliação. Isso quer dizer que, para bem funcionar,
expressa o apelo daqueles que estão à espera de um trans- exige crítica. Substituir “exige crítica” por exige-a.
plante. c) “o que expõe o Brasil” – o que o expõe.
16. A substituição de “daqueles” por dos prejudica a correção d) “seria extirpar suas camadas iletradas” – seria extir-
gramatical e a informação original do período. par-lhes.
e) “mais apto a exercer a crítica” – mais apto a exercê-la.
(TRT1ª R/Analista) A raça humana é o cristal de lágrima / Da
lavra da solidão / Da mina, cujo mapa / Traz na palma da mão. 20. (Guarapari/Técnico de Informática) A substituição do
17. A respeito do emprego dos pronomes relativos, assinale segmento grifado pelo pronome está feita de modo in-
a opção correta. correto em:
a) É correto colocar artigo após o pronome relativo cujo a) “o privilégio de acessar o caminho da universidade”
(cujo o mapa, por exemplo). = o privilégio de acessá-lo.
b) O relativo cujo expressa lugar, motivo pelo qual apare- b) “no final têm que saltar o muro do vestibular” = no
ce no texto ligado ao substantivo mapa na expressão final têm que saltar-lhe.
“cujo mapa”. c) “ficam impedidos de desenvolver seus talentos” =
c) O pronome cujo é invariável, ou seja, não apresenta ficam impedidos de desenvolvê-los.
flexões de gênero e número. d) “perdendo a proteção de escolas especiais desde a
d) O pronome relativo quem, assim como o relativo que, infância” = perdendo-a desde a infância.
tanto pode referir-se a pessoas quanto a coisas em e) “Injusta porque usa seus recursos” = injusta porque
geral. os usa.
e) O pronome relativo que admite ser substituído por o
qual e suas flexões de gênero e número. Colocação dos pronomes oblíquos átonos: me, te, se,
nos, vos, o, a, os, as, lhe, lhes.
(DFTrans/Analista) Ao se criticar a concepção da linguagem Pronome antes do verbo chama-se próclise:
como representação do outro e para o outro, não se a de- Eu te amo. Você me ajudou.
sautoriza nem sequer a refuta. Pronome depois do verbo chama-se ênclise:
18. Mantêm-se a coerência e a correção da estrutura sintá- Eu amo-te. Você ajudou-me.
tica e das relações semânticas do texto ao se inserir o
pronome se logo após “sequer”. Pronome no meio da estrutura do verbo chama-se me-
sóclise:
Amar-te-ei. Ajudar-te-ia.
Pronomes Pessoais Oblíquos
(Emprego e Colocação Pronominal) 21. (Seplan/MA) Quanto aos jovens de hoje, falta a estes
jovens maior perspectiva profissional, sem a qual não
o, a, os, as → somente no lugar de trechos sem prepo- há como motivar estes jovens para a vida que os espera.
sição inicial. Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituin-
lhe, lhes → somente no lugar de trechos com preposição do-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
inicial. a) faltam-lhes – motivar-lhes.
Devemos dar valor aos pais. → Devemos dar-lhes valor. b) falta-lhes – motivar-lhes.
Amo os pais. → Amo-os. c) lhes falta – lhes motivar.
Apertei os pregos da caixa. → Apertei-lhe os pregos. d) falta-lhes – motivá-los.
Língua Portuguesa

Apertei os pregos da caixa. → Apertei-os. e) lhes faltam – os motivar.

Cuidado! Colocação Pronominal


Pronomes que podem ficar no lugar de trechos com ou
sem preposição: me, te, se, nos, vos. Pronomes oblíquos átonos: me, nos, te, vos, se, o, a, lhe.
Eu lhe amo. (errado)
Eu te amo. (certo) Regras básicas:
Eu a amo. (certo) • Não iniciar oração com pronome oblíquo átono:
Dei-lhe amor. (certo) Me dedico muito ao trabalho. (errado)
Dei-te amor. (certo) • Não escrever tais pronomes após verbo no particípio:
Dei-a amor. (errado) Tenho dedicado-me. (errado).

37
Correção: Tenho-me dedicado. (Portugal) Observação:
Tenho me dedicado. (Brasil) Se houver caso de próclise, prevalece o pronome antes
do verbo.
• Não escrever esses pronomes após verbo no futuro: Eu não te darei o céu. (certo)
Ele faria-me um favor. (errado) Eu não dar-te-ei o céu. (errado)
Ele me faria um favor. (correto)
Cuidado!
Casos de próclise obrigatória Verbo no infinitivo fica indiferente aos casos de próclise.
1. Advérbios. É importante não se irritar à toa. (certo)
2. Negações. É importante não irritar-se à toa. (certo)
3. Conjunções subordinativas (que, se, quando, embora
etc.). 24. “Encontrará lavrado o campo”. Com pronome no lugar
4. Pronomes relativos (que, o qual, onde, quem, cujo). de “campo”, escreveríamos assim:
5. Pronomes demonstrativos (este, esse, aquele, aquilo). a) encontrará-o lavrado
6. Pronomes indefinidos (algo, algum, tudo, todos, vários b) encontrará-lhe lavrado
etc.). c) encontrar-lhe-á lavrado
7. Exclamações. d) lhe encontrará lavrado
8. Interrogações. e) encontrá-lo-á lavrado
9. Em mais pronome mais gerúndio (-ndo).
(Abin/Analista) Em 2005, uma brigada completa, atualmente
Observação instalada em Niterói – com aproximadamente 4 mil soldados –,
Em caso de não ser obrigatória a próclise, então ela será deslocada para a linha de divisa com a Colômbia.
25. A substituição de “será deslocada” por deslocar-se-á
será facultativa.
mantém a correção gramatical do período.
22. Julgue os itens seguintes, quanto à colocação pronominal.
26. (Metrô-SP/Advogado) O termo grifado está substituído
a) Jamais devolver-te-ei aquela fita. de modo incorreto pelo pronome em:
b) Deus pague-lhe esta caridade! a) Como forma de motivar funcionários = como forma
c) Tenho dedicado-me ao estudo das plantas. de motivar-lhes.
d) Ali fazem-se docinhos e salgadinhos. b) De que todos na empresa tenham habilidades múlti-
e) Te amo, Maria! plas = de que todos as tenham.
f) Algo vos perturba? c) Para obter sucesso = para obtê-lo.
g) Eu me feri. d) Essas mudanças causam perplexidade = essas mudan-
h) Eu feri-me. ças causam-na.
i) Eu não feri-me. e) As pessoas buscam novas regras = as pessoas bus-
j) O rapaz que ofendeu-te foi repreendido. cam-nas.
k) Em me chegando a notícia, tratarei de divulgá-la.
27. (TRT 19ª R) Antonio Candido escreveu uma carta, fez
Colocando pronomes na locução verbal cópias da carta e enviou as cópias a amigos do Rio. Subs-
tituem de modo correto os termos sublinhados na frase,
Regra respectivamente,
• Se não houver caso de próclise, o pronome está livre. a) destas – enviou-as
• Se houver caso de próclise, o pronome só pode ficar b) daquela – os enviou
antes do verbo auxiliar ou após o verbo principal, sem- c) da mesma – enviou-lhes
pre respeitadas as regras básicas. d) delas – lhes enviou
e) dela – as enviou
23. Julgue as alternativas em C ou E.
a) Elas lhe querem obedecer. 28. Assinale abaixo a alternativa que não apresenta correta
b) Elas querem-lhe obedecer. colocação dos pronomes oblíquos átonos, de acordo com
c) Elas querem obedecer-lhe. a norma culta da língua portuguesa:
d) Elas não querem-lhe obedecer. a) Eu vi a menina que apaixonou-se por mim na juven-
e) Elas não querem obedecer-lhe. tude.
b) Agora se negam a falar.
Casos de ênclise obrigatória c) Não te afastes de mim.
1. Verbo no início de oração: d) Muitos se recusaram a trabalhar.
Me trouxeram este presente. (errado)
Trouxeram-me este presente. (certo) GABARITO
Língua Portuguesa

2. Verbo no imperativo afirmativo: 1. E 11. E 21. d


Vá ali e me traga uma calça. (errado) 2. C 12. C 22. E, E, E, E, E, C,
Vá ali e traga-me uma calça. (certo) 3. E 13. E C, C, E, E, C
4. e 14. C 23. C, C, C, E, C
Casos de mesóclise obrigatória 5. E 15. C 24. e
A mesóclise é obrigatória somente se o verbo no futuro 6. C 16. E 25. C
iniciar a oração:
7. C 17. e 26. a
Te darei o céu. (errado)
8. E 18. C 27. e
Dar-te-ei o céu. (certo)
9. E 19. e 28. a
Eu te darei o céu. (certo)
10. E 20. b
Eu dar-te-ei o céu. (certo)

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Verbo Tempos do Modo Indicativo
a) Presente: basicamente significa o fato realizado no
Verbo é palavra variável que expressa ação (estudar), momento da fala. Ex.: Ele estuda Francês. A prova está fácil.
posse (ter, possuir), fato (ocorrer), estado (ser, estar) ou Pode significar também:
fenômeno (chover, ventar), situados no tempo: chove agora, 1. Permanência: O Sol nasce no Leste. José é pai de
choveu ontem, choverá amanhã. Jesus. A Constituição exige isonomia.
2. Hábito: Márcio leciona Português. Vou ao cinema
Conjugação é a distribuição dos verbos em sistemas todos os domingos.
conforme a terminação do infinitivo: 3. Passado histórico: Cabral chega ao Brasil em 1500.
-ar → cantar, estudar: primeira conjugação; Militares governam o Brasil por 20 anos.
-er → ver, crer: segunda conjugação; 4. Futuro próximo: Amanhã eu descanso. No próximo
-ir → dirigir, sorrir: terceira conjugação. ano, o país tem eleições.
As vogais “a, e, i” dessas terminações chamam‑se vogais 5. Pedido: Você me envia os pedidos do memorando
temáticas. Somente “pôr” e derivados (compor, repor) ficam amanhã.
sem vogal temática no infinito, mas têm nas conjugações:
põe, pusera etc. O presente dos verbos regulares se forma com adição ao
radical das terminações:
Radical é a parte invariável do verbo no infinitivo, retirada • 1a conjugação: -o, -as, -a, -amos, -ais, -am. Canto,
a vogal temática e a desinência “-r”: cant-, cr-, dirig- cantas, canta, cantamos, cantais, cantam.
• 2a conjugação: -o, -es, -e, -emos, -eis, -em. Vivo, vives,
vive, vivemos, viveis, vivem.
Tema é a junção da vogal temática ao radical: canta-,
• 3a conjugação: -o, -es, -e, -imos, -is, -em. Parto, partes,
cre-, dirigi-
parte, partimos, partis, partem.
Rizotônica é a forma verbal com vogal tônica no radical: b) Pretérito imperfeito: Passado em relação ao momento
estUda, vIvo, vImos. da fala, mas simultâneo em relação a outro fato passado.
Pode significar:
Arrizotônica é a forma verbal com vogal tônica fora do 1. Hábitos no passado: Quando jogava no Santos, Pelé
radical: estudAmos, vivEis, virIam. fazia gols espetaculares.
2. Descrição no passado: Ela parecia satisfeita. A estrada
Flexão verbal pode ser de número (singular e plural), de fazia uma curva fechada.
pessoa (primeira, segunda, terceira) ou de tempo e modo. 3. Época: Era tempo da seca quando Fabiano emigrou.
4. Simultaneidade: Paulo estudava quando cheguei.
Flexão de número: no singular, eu aprendo, ele chega; Estava conversando quando a criança caiu.
no plural, nós aprendemos, eles chegam. 5. Frequência, causa e consequência: Eu sorria quando
ela chegava.
Flexão de pessoa: na primeira pessoa, ou emissor da 6. Ação planejada, mas não feita: Eu ia estudar, mas
mensagem, eu canto, nós cantamos; eu venho, nós vimos. chegou visita. Pretendíamos chegar cedo, mas houve
Na segunda pessoa, o receptor da mensagem, tu cantas, vós congestionamento.
cantais; tu vens, vós viestes. Obs.: Quando “vós” se refere 7. Fábulas, lendas: Era uma vez um professor que can-
a uma só pessoa, indica singular apesar de tomar a flexão tava...
plural: Senhor, Vós que sois todo poderoso, ouvi minha prece. 8. Fato preciso, exato: Duas horas depois da prova,
o gabarito saía no site da banca.
Flexão de tempo situa o momento do fato: presente,
pretérito e futuro. São três tempos primitivos: infinitivo O imperfeito se forma com adição ao radical das termi-
impessoal, presente do indicativo e pretérito perfeito simples nações a seguir (exceto ser, ter, vir e pôr):
do indicativo. • 1a conjugação: -ava, -avas, -ava, -ávamos, -áveis, -avam.
Cantava, cantavas, cantava, cantávamos, cantáveis,
Derivações: 1) Do infinitivo impessoal, surge o pretérito cantavam.
imperfeito do indicativo, o futuro do presente do indicativo, • 2a e 3a conjugação: -ia, -ias, -ia, -íamos, -íreis, -iam.
o futuro do pretérito do indicativo, o infinitivo pessoal, o ge- Vivia, vivias, vivia, vivíamos, vivíeis, viviam.
rúndio e o particípio. 2) Da primeira pessoa do singular (eu)
do presente do indicativo, temos o presente do subjuntivo. c) Pretérito perfeito simples: Ação passada terminada
3) Da terceira pessoa do plural do pretérito perfeito simples antes da fala. Forma‑se, nos verbos regulares, com adição
do indicativo, obtemos o pretérito mais que perfeito do in- ao radical das terminações:
dicativo, o pretérito imperfeito do subjuntivo e o futuro do • 1a conjugação: -ei, -aste, -ou, -amos, -astes, -aram. Can-
subjuntivo. Os tempos podem assumir duas formas: tei, cantaste, cantou, cantamos, cantastes, cantaram.
a) Simples: um só verbo: Estudo Francês. Terminamos • 2a conjugação: -i, -este, -eu, -emos, -estes, -eram. Vivi,
viveste, viveu, vivemos, vivestes, viveram.
Língua Portuguesa

o livro. Faremos revisão.


b) Composto: verbos “ter” ou “haver” com particípio: • 3a conjugação: -i, -iste, -iu, -imos, -istes, -iram. Parti,
tenho estudado, tínhamos estudado, haveremos feito. partiste, partiu, partimos, partistes, partiram.
d) Pretérito perfeito composto: Indica repetição ou
Flexão de Modo continuidade do passado até o presente: Tenho feito o me-
lhor possível. Não temos nos prejudicado. Forma‑se com o
Modo indica atitude do falante e condições do fato: presente do indicativo de TER (ou HAVER) mais o particípio.
Modo indicativo e) Pretérito mais que perfeito simples: Fato concluído
antes de outro no passado. Usa‑se:
Traduz geralmente a segurança: Estudei. Não agi mal. 1. Em situações formais na escrita: Já explicara o con-
Amanhã chegarão os convites. teúdo na aula anterior.

39
2. Para substituir o imperfeito do subjuntivo: Compor- Forma‑se com o futuro do pretérito simples de ter (ou
tou‑se como se fora (=fosse) senhora das terras. haver) mais o particípio: teria aumentado, teriam entregado.
3. Em frases exclamativas: Quem me dera trabalhar no
Senado. Modo Subjuntivo

Forma‑se trocando o final  – ram (cantaram, viveram, Traduz incerteza, dúvida, possibilidade. Usado sobre-
partiram) por: -ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -ram. Cantara, tudo em orações subordinadas: Quero que ele venha logo.
cantaras, cantara, cantáramos, cantáreis, cantaram. Vivera, Gostaria que ele viesse logo. Será melhor se ele vier a pé.
viveras, vivera, vivêramos, vivêreis, viveram. Partira, partiras,
partira, partíramos, partíreis, partiram. Tempos do Modo Subjuntivo
a) Presente: indica presente ou futuro: É pena que o
f) Pretérito mais que perfeito composto: O mesmo país esteja em crise. (presente) Espero que os empregos
sentido da forma simples. Usado na língua falada e também voltem. (futuro)
na escrita, sem causar erro, nem diminuir o nível culto: Já Forma‑se trocando o final “-o” do presente (canto, vivo,
tinha explicado o conteúdo na aula anterior. Forma‑se com o parto) por:
imperfeito de ter ou haver mais o particípio: havia explicado, • 1ª conjugação: -e, -es, -e, -emos, -eis, -em. Cante,
tinha vivido (=vivera), havia partido (partira).
cantes, cante, cantemos, canteis, cantem.
• 2ª e 3ª conjugação: -a, -as, -a, -amos, -ais, -am. Viva,
g) Futuro do presente simples: Fato posterior em relação
vivas, viva, vivamos, vivais, vivam.
à fala: Trabalharei no Senado em dois anos. E também:
1. Fatos prováveis, condicionados: Se os juros caírem,
existirá mais consumo. Exceção: dar, ir, ser, estar, querer, saber, haver. Dê, dês,
2. Incerteza, dúvida: Será possível uma coisa dessas? dê, demos, deis, deem; vá, vás, vá, vamos, vais, vão; seja...;
Por que estarei aqui? queira...; saiba...; haja...

Forma‑se com adição ao infinitivo das seguintes ter- b) Pretérito imperfeito: ação simultânea ou futura: Duvi-
minações: -ei, -ás, -á, -emos, -eis, -ão. Cantarei, cantarás, dei que ele viesse. Eu queria que ele fosse logo. Gostaríamos
cantará, cantaremos, cantareis, cantarão. Viverei, viverás, que eles trouxessem os livros.
viverá, viveremos, vivereis, viverão. Partirei, partirás, partirá, Forma‑se trocando o final “-ram” do perfeito simples
partiremos, partireis, partirão. (Exceto fazer, dizer e trazer, do indicativo (cantaram, viveram, partiram) por: -sse, -sses,
que mudam o “z” em “r”.) -sse, -ssemos, -sseis, -ssem. Cantasse, cantasses, cantasse,
cantássemos, cantásseis, cantassem; vivesse...; partisse...
Obs.: Locuções verbais substituem o futuro do presente
simples. Veja: • Pretérito perfeito: suposta conclusão antes do tempo
• Com ideia de intenção: Hei de falar com ele até domingo. da fala: Talvez ele tenha chegado. Duvido que ela tenha
• Com ideia de obrigação: Tenho que falar com ele até saído sozinha.
domingo. • Suposta conclusão antes de um futuro: É possível que
• Com ideia de futuro próximo ou imediato: verbo “ir” ele já tenha chegado quando vocês voltarem.
mais infinitivo (exceto ir e vir): Que fome! Vou almoçar.
Corre, que o carro vai sair. (vou ir, vou vir – erros) Forma‑se com o presente do subjuntivo de ter (ou haver)
mais o particípio: tenha chegado, tenha saído.
h) Futuro do presente composto: Indica:
1. Futuro realizado antes de outro futuro: Já teremos c) Pretérito mais que perfeito: passado suposto antes de
lido o livro quando o professor perguntar. outro passado: Se tivessem lido o aviso, não se atrasariam.
2. Possibilidade: Já terão chegado? Forma‑se com o imperfeito do subjuntivo de ter (ou
Forma‑se com o futuro do presente de ter (ou haver) haver) mais o particípio: tivessem lido.
mais o particípio: teremos lido, haveremos lido.
d) Futuro simples: suposição no futuro: Posso aprender
i) Futuro do pretérito simples: o que quiser. Poderei aprender o que quiser.
1. Futuro em relação a um passado: Ele me disse que Forma‑se trocando o final “-ram” do perfeito do indica-
estaria aqui até as 17h. tivo (cantaram, viveram, partiram) por: r, res, r, rmos, rdes,
2. Hipóteses, suposições: Iríamos se ele permitisse. rem. Quando/que/se cantar, cantares, cantar, cantarmos,
3. Incerteza sobre o passado: Quem poderia com isso?
cantardes, cantarem. Quando/que/se viver, viveres, viver,
Ele teria 25 anos quando se formou.
vivermos, viverdes, viverem.
4. Surpresa ou indignação: Nunca aceitaríamos tal
humilhação! Seria possível uma crise assim?
5. Desejo presente de modo educado: Gostariam de e) Futuro composto: futuro suposto antes de outro: Isso
será resolvido depois que tivermos recebido a verba.
Língua Portuguesa

sair conosco? Poderia me ajudar?


Forma‑se com o futuro simples do subjuntivo de ter (ou
Forma‑se com adição ao infinitivo de: -ia, -ias, -ia, -ía- haver) mais o particípio: tivermos recebido.
mos, -íeis, -iam. Cantaria, cantarias, cantaria, cantaríamos,
cantaríeis, cantariam. Viveria, viverias, viveria, viveríamos, Modo Imperativo
viveríeis, viveriam. (Exceto fazer, dizer, trazer, que trocam “z”
por “r”: faria, diria, traria.) Expressa ordem, conselho, convite, súplica, pedido, a de-
• Futuro do pretérito composto: suposição no passado: pender da entonação da voz. Dirige‑se aos ouvintes apenas:
Se os juros caíssem, o consumo teria aumentado. tu, você, vós, vocês.
• Incerteza no passado: Quando teriam entregado as • Quando o falante se junta ao ouvinte, usa‑se a primeira
notas? pessoa plural (nós): cantemos, vivamos.
• Possibilidade no passado: Teria sido melhor ficar. • O imperativo pode ser suavizado com:

40
a) Presente do indicativo: Você me ajuda amanhã. • Mesmo sujeito: Para nós sermos pássaros, precisamos
b) Futuro do presente: Não matarás, não furtarás. de imaginação.
c) Pretérito imperfeito do subjuntivo: Se você falasse • Sujeitos diferentes: (Eu) Ouvi os pássaros cantarem.
baixo! (eu x os pássaros)
d) Locução com imperativo de ir mais infinitivo: Felipe • Preposicionado: Nós lhes dissemos isso por sermos
rasgou a roupa; não vá brigar com ele. amigos. Nós lhes dissemos por serem amigos.
e) Expressões de polidez (por favor, por gentileza etc.): • Sujeito indeterminado: Naquela hora ouvi chegarem.
Feche a porta, por favor.
f) Querer no presente ou imperfeito (interrogação), Duas formas do infinitivo pessoal:
ou imperativo, mais infinitivo: Quer calar a boca? • Simples (presente). Aspecto não concluído: Por chegar-
Queria calar a boca? Queira calar a boca. mos cedo, estamos em dia. Por chegarmos cedo, obtivemos
g) Infinitivo (tom impessoal): Preencher as lacunas
uma vaga.
com a forma verbal adequada.
• Composto (passado). Aspecto concluído: Por termos
• O imperativo pode ser reforçado: chegado cedo, estamos em dia. Por termos chegado cedo,
a) Com repetição: Saia, saia já daqui! obtivemos uma vaga.
b) Advérbio e expressões: Venha aqui! Repito outra
vez, fique quieto! Suma‑se, seu covarde! b) Gerúndio é processo em ação. Papel de adjetivo
ou de advérbio: Chegou com os olhos lacrimejando. Vi‑o
• O imperativo pode ser: cantando. Usos:
a) Afirmativo 1. Início da frase para: I) ação anterior encerrada (Ju-
1. Tu e vós vêm do presente do indicativo, retiran- rando vingança, atacou o ladrão.); II) ação anterior e
do‑se “-s” final: deixa (tu), deixai (vós). continuada (Fechando os olhos, começou a imaginar
Exceção: “ser” forma sê (tu) e sede (vós). a festa.).
Verbo “dizer” e terminados em “-azer” e “-uzir” 2. Após um verbo, para ação simultânea: Saí cantando.
podem perder “-es” ou só “-s”: diz/dize (tu), traz/ Morreu jurando inocência.
traze (tu), traduz/traduze (tu). 3. Ação posterior: Os juros subiram, reduzindo o consumo.
2. Você, nós e vocês vêm do presente do subjunti-
vo: deixe (você), deixemos (nós), deixem (vocês). Duas formas de gerúndio:
Verbos sem a pessoa “eu” no presente indicativo • Simples (presente): aspecto não concluído. Ex.: Sor-
terão apenas tu e vós: abole (tu), aboli (vós). rindo, olha para o pai. Ignorando os perigos, continuou na
b) Negativo estrada. => Forma‑se trocando o “-r” do infinitivo por “-ndo”.
Copia exatamente o presente do subjuntivo: não • Composto (passado): aspecto de ação concluída. Ex.:
deixes tu, não deixe você, não deixemos nós, não
Tendo sorrido, olhou para o pai. Tendo compreendido os
deixeis vós, não deixem vocês.
perigos, abandonou a estrada.
Verbos sem “eu” no presente indicativo não pos-
suem imperativo negativo.
c) Particípio
Com verbo auxiliar:
Formas Nominais
1. Ter ou haver, locução verbal chamada tempo com-
Não exprimem tempo nem modo. Valores de substantivo posto (não varia em gênero e número): A polícia tem
ou adjetivo. São: infinitivo, gerúndio e particípio. prendido mais traficantes. Já havíamos chegado
a) Infinitivo é a pura ideia da ação. quando você veio.
1. Infinitivo impessoal: não se refere a uma pessoa, 2. Ser ou estar, locução verbal (varia em gênero e nú-
nenhum sujeito próprio. Ex.: É agradável viajar. Posso falar mero): Muitos ladrões foram presos pela milícia.
com João. Usos: Os corruptos estão presos.
• Como sujeito: Navegar é preciso, viver não é preciso.
• Como predicativo: Seu maior sonho é cantar. Sem verbo auxiliar:
• Objeto direto: Admiro o cantar dos pássaros. Estado resultante de ação encerrada: Derrotados, os sol-
• Objeto indireto: Gosto de viajar. dados não ofereceram resistência.
• Adjunto adnominal: Comprei livros de desenhar. Forma‑se trocando o “-r” do infinitivo por “-do”:
• Complemento nominal: Este livro é bom de ler. beber=>bebido, aparecer=> aparecido, cantar=>cantado.
• Em lugar do gerúndio: Estou a pensar (=Estou pensan-
do). Atenção!
• Valor passivo: O dano é fácil de reparar. Frutas boas • Vir e derivados têm a mesma forma no gerúndio e no
de comer. particípio: Tenho vindo aqui todo dia. (particípio) Estou
• Tom imperativo: O que nos falta é estudar. vindo aqui todo dia. (gerúndio)
Língua Portuguesa

• Se apenas estado, trata‑se de adjetivo: A criança as-


Duas formas do infinitivo impessoal: sustada não dorme.
• Simples (valor de presente). Ações de aspecto não
• Pode ser substantivado: A morta era inocente. Muitos
concluído: Estudar Português ajuda em todas as provas.
mortos são enterrados como indigentes.
Perder o jogo irrita.
• Composto (passado). Ações de aspecto concluído: Ter
estudado Português ajuda nas provas. Ter perdido o jogo Voz Verbal
irrita.
Verbos que indicam ação admitem voz ativa, voz passiva,
2. Infinitivo pessoal: refere‑se a um sujeito próprio. Ex.: voz reflexiva. A voz verbal consiste em uma atitude do sujeito
Não estudou para errar. Não estudei para errar. Não estu- em relação à ação do verbo. Lembrete! Sujeito é o assunto
damos para errarmos. Não estudaram para errarem. Usos: da oração. Não precisa ser o praticante da ação.

41
1. Voz ativa: o sujeito só pratica ação. O  governo au- – duração rumo à nossa época ou lugar: Os alunos
mentou os juros. vinham chegando, quando o sinal tocou.
2. Voz passiva: o sujeito só recebe ação. Os juros foram – Com infinitivo, sentido de resultado final: Viemos
aumentados pelo governo. a descobrir o culpado mais tarde.
Note que o sentido se mantém nas duas frases acima.
6. Andar, com gerúndio, sentido de duração, continui-
Há dois tipos de voz passiva: dade: Ando estudando muito. Ele anda escrevendo
a) Passiva analítica: com verbo ser (passiva de ação) livros.
ou estar (passiva de estado): Os juros foram aumentados • Verbos conforme a flexão: regular, irregular,
pelo governo. O  ladrão foi preso pelos guardas. O  ladrão defectivo e abundante.
está preso. a) Regular: o radical e as terminações do padrão
de cada conjugação não mudam letra e som.
Repare: Pode até mudar letra, mas o som permane-
• O agente da voz passiva (pelo governo, pelos guardas) ce: agir=>ajo, agi, agirei; ficar=>fico, fiquei,
indica o ser que pratica a ação sofrida pelo sujeito. ficarei; tecer=>teço, teci, tecerei.
Preposição “por” ou “de”: Ele é querido de todos. b) Irregular: o radical e ou as terminações mu-
• Locuções na voz passiva analítica: temos sido amados. dam letra e som. Não basta mudar letra. Deve
Tenho sido amado. Estou sendo amado. mudar também o som: fazer=>faço, fiz, farei.

b) Passiva sintética: a partícula apassivadora “se” com Obs.: Fazer é capaz de substituir outro verbo
verbo transitivo direto (não pede preposição): Não se revisou na sequência de frases. Veja: Gostaríamos de
o relatório = O relatório não foi revisado. reverter o quadro do país como fez (=rever-
teu) o governo anterior. (verbo vicário)
3. Voz reflexiva: o sujeito pratica e recebe ação. Ocorre
pronome oblíquo reflexivo (me, te, se, nos, vos): Eu me c) Defectivo: não possui certas formas, em razão
lavei. Ele se feriu com facas. Nós nos arrependemos de eufonia ou homofonia.
tarde.
Grupo 1: impessoais e unipessoais, conju-
gados apenas na terceira pessoa. Indicam
Classificando Verbos fenômenos da natureza, vozes de animais,
ruídos, ou pelo sentido não admitem certas
• Verbos conforme a função: pessoas. Ex.: chover, zurrar, zunir.
a) Principal é sempre o último verbo de uma locução Grupo 2: verbos sem a primeira pessoa do
(verbos com o mesmo sujeito): Devo estudar. Comecei singular no presente do indicativo e suas
a sorrir. derivadas: abolir, jungir, puir, soer, demolir,
b) Auxiliares são os verbos anteriores na locução. Servem explodir, colorir.
para matizar aspectos da ação do verbo principal: ser, Grupo 3: adequar, doer, prazer, precaver,
estar, ter, haver, ir, vir, andar. Devo estudar. Comecei reaver, urgir, viger, falir.
a sorrir. O carro foi lavado. Temos vivido. Ando estu-
dando. Vou lavar. d) Abundante: possui mais de uma forma cor-
1. Ser: forma a voz passiva de ação. O livro será aberto reta. Diz/dize, faz/faze, traz/traze, requer/
pelo escolhido. requere, tu destruis/destróis, tu construis/
2. Estar: constróis, nós hemos/havemos. A  maioria
– Na voz passiva de estado: O livro está aberto. possui duplo particípio: Tinha expulsado
– Com gerúndio, ação duradoura num momento os invasores. Os  invasores foram expulsos.
preciso: Estou escrevendo um livro. A gráfica havia imprimido o livro. O livro está
3. Ter e Haver: impresso. Tínhamos entregado a encomenda.
– Nos tempos compostos com particípio: Já A encomenda será entregue. Como regra: ter
tinham (ou haviam) aberto o livro. Se tivesse e haver pedem o particípio regular (-ado/-
(ou houvesse) ficado, não perderia o trem. -ido); ser e estar pedem o particípio irregular.
– Com preposição “de” e infinitivo, sentido de
obrigação (ter) ou de promessa (haver): Tenho EXERCÍCIOS
de estudar mais. Hei de chegar cedo amanhã.
4. Ir: (Cespe/Cade) Tínhamos, além disso, algumas doenças co-
– Com gerúndio, indicando: muns a todo o grupo, ou quase todo: a bibliomania mais
- ação duradoura: O professor ia entrando crônica que se possa imaginar, uma paixão neurótico‑delin-
devagar.
Língua Portuguesa

quencial por textos antigos, que nos levava frequentemente


- ação em etapas sucessivas: Os alunos iam a visitas subservientes a párocos, conventos, igrejas e colé-
chegando a pé. gios. Procurávamos criar relacionamentos que facilitassem
– No presente do indicativo mais infinitivo, in- o acesso a qualquer velharia escrita. Que poderia estar
dicando intenção firme ou certeza no futuro esperando por nós, por que não?, desde séculos, ou décadas.
próximo: Vou encerrar a reunião. Corra! O avião Conhecíamos armários, sótãos, porões e cofres de sacristias,
vai decolar! bibliotecas, batistérios ou cenáculos, bem melhor do que
seus proprietários ou curadores.
5. Vir: 1. O emprego de formas verbais no pretérito imperfeito,
– Com gerúndio, indica: como, por exemplo, “Procurávamos” e “Conhecíamos”,
– ação gradual: Venho estudando este fenômeno está associado à ideia de habitualidade, continuidade
há tempo. ou duração.

42
Assim, afasta‑se a necessidade de uma discussão geral e sua mulher uma “pessoa de maior qualidade”, o assassino
mudança social em relação a esses crimes, como se algo poderia ser condenado a três anos de desterro na África.
entre os dois justificasse a violência, a tortura, o assassina- 8. (Cespe/TJ‑SE) Sem prejuízo da correção gramatical
to. Lavamos as mãos e fingimos que, se nos aproximarmos, e do sentido original do texto, o terceiro período do
estaremos invadindo a privacidade alheia. primeiro parágrafo poderia ser reescrito da seguinte
2. (Cespe/TCE‑ES) As formas verbais “Lavamos” e “esta- forma: Também era possível que o marido matasse a
remos” poderiam ser substituídas, respectivamente, esposa pela mera suspeita de traição da parte dela.
por Lavemos e estaríamos, sem prejuízo da correção
gramatical e do sentido original do período.

Num dia de 1911, Georges Courteline, escritor e dramaturgo


francês, recebeu um bilhete escrito por um menino que
gostara muito de um texto dele e até dizia ter tentado, em
vão, traduzir o tal texto para o alemão, a fim de que a babá
dele, alemã, o entendesse e apreciasse.
3. (Cespe/TJ‑CE) O sentido original do texto seria preser- 9. (Cespe/Telebras/2015) Haveria prejuízo da correção
vado caso a forma verbal “gostara” fosse substituída e da coerência do texto caso, no primeiro parágrafo,
por gostava. as formas verbais “poderá” (L.3) e “será” (L.5) fossem
substituídas por pode e é, respectivamente.
Previa‑se um único caso de punição: sendo o marido traído
um “peão” e o amante de sua mulher uma “pessoa de maior
qualidade”, o assassino poderia ser condenado a três anos
de desterro na África.
4. (Cespe/TJ‑SE) O emprego do futuro do pretérito em
“poderia” indica que a situação apresentada na oração
é não factual, ou seja, é hipotética.

Por quase três décadas a comunidade científica tem buscado


decifrar o fenômeno das falsas memórias, ou seja, circunstân-
cias em que pessoas normais se lembram de fatos específicos
como se tivessem ocorrido durante determinados episódios
de suas vidas, quando, de fato, não ocorreram naquele mo-
mento ou jamais ocorreram. Em virtude de suas implicações
na área legal, tal fenômeno tem sido mais conhecido pela
comunidade forense.
5. (Cespe/TJ‑CE) O emprego do particípio em “tem busca-
do”, “tivessem ocorrido” e “tem sido mais conhecido”
indica que a ação expressa nesses trechos foi concluída
em tempo anterior ao da escritura do texto.

6. (Cespe/Câmara) Estariam mantidas a coerência e a


correção gramatical do texto caso o trecho “Além de
disputas (...) passado recente” fosse reescrito da se-
guinte forma: Para além de questões características à 10. (CESPE/Telebras) Seriam mantidas a correção gramatical
própria lógica do conhecimento, é da formação política e As relações de sentido do texto caso a forma verbal
dos brasileiros de que ocupamo‑nos, aspecto de rele- “diminuiria” (L.5) fosse substituída por poderia dimi-
vância particular no nosso caso, haja visto o enorme nuir.
contingente que não têm conhecimento do passado
recente.

Pedi ao antropólogo Eduardo Viveiros de Castro que falasse


sobre a ideia que o projetou. A  síntese da metafísica dos
povos “exóticos” surgiu em 1996 e ganhou o nome de “pers-
pectivismo ameríndio”.
7. (Cespe/Câmara) As formas verbais “surgiu” e “ganhou”,
ambas na linha 3, poderiam, sem prejuízo dos sentidos
Língua Portuguesa

do texto, ser substituídas por surgira e ganhara, res-


pectivamente, pois indicam ações anteriores àquelas
referidas no primeiro período do texto.

A vida do Brasil colonial era regida pelas Ordenações Filipinas,


um código legal que se aplicava a Portugal e seus territórios
ultramarinos. Com todas as letras, as Ordenações Filipinas
asseguravam ao marido o direito de matar a mulher caso a
apanhasse em adultério. Também podia matá‑la por me-
ramente suspeitar de traição. Previa‑se um único caso de
punição: sendo o marido traído um “peão” e o amante de

43
11. (Cespe/TCU) O presente foi empregado nas formas acarretar prejuízo ao sentido original do texto, ou errada,
verbais “atinge” (L.10), “marca” (L.14), “exige” (L.17) e em caso contrário.
“passa” (L.18) para indicar uma ação habitual, iniciada 18. “Mesmo com todo (...) meios de comunicação de mas-
no passado e que se estende ao momento em que o sa”: Questiona‑se tanto aspectos quantitativos como
texto foi escrito. qualitativos dos conteúdos sobre ciência veiculados
pelos meios de comunicação de massa, apesar de
12. (Cespe/TCE‑PB) Em “Uma astuta análise, com os mais todo o aparato tecnológico que tem tornado possível
modernos métodos, é feita sem sucesso”, verifica‑se o o acesso quase instantâneo à informação.
emprego da voz ativa.
(Cespe/FUB) A disponibilidade de mão de obra estreitou‑se,
Sobre o Polo Norte, existe o que os cientistas chamam de e a maior parte desta é despreparada para o necessário salto
vórtice polar. É um ciclone permanente que fica ali, girando. da capacidade produtiva.
Em sua força normal, ele segura as frentes frias nessas altas 19. O pronome “se”, em “estreitou‑se”, indica que o sujeito
latitudes. Entretanto, com a temperatura da Terra cada vez da forma verbal “estreitou” é indeterminado.
mais alta, existe uma tendência de que o vórtice polar se
Quando se pensa em educação popular, logo se recorre às
enfraqueça. Assim, as frentes frias, antes fortemente pre-
ideias do educador e escritor Paulo Freire, que, durante toda
sas naquela região, dissipam‑se para latitudes mais baixas,
a sua vida, se dedicou à questão do educar para a vida, por
o que faz com que o frio polar chegue aos Estados Unidos
meio de uma educação voltada para a formação do indivíduo
da América.
crítico, criativo e participante na sociedade.
13. (Cespe) No trecho “dissipam‑se para latitudes mais 20. (Cespe/SEE‑AL) No parágrafo, a partícula “se”, nas suas
baixas”, a partícula “se” tem função apassivadora. três ocorrências, funciona como índice de indetermina-
ção do sujeito e pode ser posposta às formas verbais
Assim, afasta‑se a necessidade de uma discussão geral e que a acompanham.
mudança social em relação a esses crimes
14. (Cespe/TCE‑ES) A forma verbal “afasta‑se” pode ser Não há como ter certeza de quem sejam, de que sejam
substituída, com correção gramatical, por é afastado. “realmente” como se descrevem, ou de saber se existe uma
pessoa “real”
(Cespe/Anatel) Desde a Idade Média, os  seres humanos 21. (Cespe/STF) O termo “se” exerce função de pronome
vinham tentando resolver o problema da escuridão com apassivador da forma verbal “descrevem”.
velas e outros artefatos. Nesse período, eram usadas tochas
com fibras torcidas e impregnadas com material inflamável. “As saudades do que eu queria ter feito e não fiz se constroem
15. O trecho “eram usadas tochas” poderia ser corretamen- de trás pra frente”
te reescrito como usavam‑se tochas. 22. (Cespe/TJ-CE) A partícula “se” classifica‑se como índice
de indeterminação do sujeito.
(Cespe/Antaq) A partir do século XI, com a instituição do ca- 23. (Cespe/TJ-CE) Caso o narrador optasse pela forma de
samento pela Igreja, a maternidade e o papel da boa esposa tratamento você para se referir ao “Papel”, o  trecho
passaram a ser exaltados. Criou‑se uma forma de salvação “Quando sentires que insisto nessa nota, esquiva te da
feminina a partir basicamente de três modelos femininos: minha mesa, e foge” poderia ser corretamente reescrito
Eva (a pecadora), Maria (o modelo de perfeição e santidade) da seguinte forma: Quando você sentir que insisto nessa
e Maria Madalena (a pecadora arrependida). O matrimônio nota, esquiva te da minha mesa, e foge.
vinha para saciar e controlar as pulsões femininas.
16. O trecho “Criou‑se uma forma de salvação feminina a Conheça Aris, que se divide entre socorrer e fotografar
partir basicamente de três modelos femininos” poderia náufragos
ser reescrito, com correção gramatical e sem prejuízo
Profissional da AFP diz que a experiência de
da informação prestada, da seguinte forma: Uma forma
documentar o sofrimento dos refugiados
de salvação feminina foi criada a partir, basicamente,
deixou‑o mais rígido com as próprias filhas.
de três modelos femininos.
O grego Aris Messinis é fotógrafo da agência AFP em
(Cespe/MEC) O aumento do número de alunos no ensino Atenas. Cobriu guerras e os protestos da Primavera Árabe.
integral é atribuído ao Programa Mais Educação Nos últimos meses, tem se dedicado a registrar a onda de
17. Mantendo‑se o sentido original e a correção gramatical refugiados na Europa. Ele conta em um blog da AFP, ilus-
Língua Portuguesa

do texto, a expressão “é atribuído” poderia ser substi- trado com muitas fotos, como tem sido o trabalho na ilha
tuída por atribuem‑se. de Lesbos, na Grécia, onde milhares de refugiados pisam
pela primeira vez em território europeu. Mais de 700.000
(Cespe/FUB) Mesmo com todo o aparato tecnológico, que refugiados e imigrantes clandestinos já desembarcaram no
tem possibilitado o acesso praticamente instantâneo à infor- litoral grego este ano. As  autoridades locais estão sendo
mação, questionam‑se tanto aspectos quantitativos como acusadas de não dar apoio suficiente aos que chegam pelo
qualitativos dos conteúdos sobre ciência veiculados pelos mar, e  há até a ameaça de suspender o país do Acordo
meios de comunicação de massa. Schengen, que permite a livre circulação de pessoas entre
O item abaixo apresenta uma proposta de reescrita de tre- os Estados‑membros.
cho do texto – entre aspas – , que deve ser julgada certa se, Messinis diz que o mais chocante do seu trabalho
ao  mesmo tempo, estiver gramaticalmente correta e não é retratar, em território pacífico, pessoas que trazem no

44
rosto o sofrimento da guerra. “Só de saber que você não o tempo. É exemplo disso a série de quadros em que Monet
está em uma zona de guerra torna isso ainda mais emo- mostra a catedral de Rouen em momentos diferentes do dia.
cional. E muito mais doloroso”, diz Messinis. Numa guerra, 27. “[...] descobriram o tempo.”. A forma verbal resultante
o  fotógrafo também corre perigo, então, de certa forma, da transposição do trecho anterior para voz passiva é:
está em pé de igualdade com as pessoas que protagonizam a) É descoberto o tempo. c) Era descoberto o tempo.
as cenas que ele documenta. Em Lesbos, não é assim. Ele b) Foi descoberto o tempo. d) Fora descoberto o tempo.
está em absoluta segurança. As pessoas que chegam estão
lutando por suas vidas. Não são poucas as que morrem de 28. Em todas as frases, transcritas do texto, as  formas
hipotermia mesmo depois de pisar em terra firme, por falta verbais estão flexionadas no mesmo tempo, exceto:
de atendimento médico.
a) “Muitos manifestantes provocaram incêndios e
Exatamente por causa dessa assimetria entre o foto-
outros atos criminosos,...” (2º§)
jornalista e os protagonistas de suas fotos, muitas vezes
b) “A neurociência busca determinar como o cérebro
Messinis deixa a câmera de lado e põe‑se a ajudá‑los. Ele se
afeta o comportamento,…” (1º§)
impressiona e se preocupa muito com os bebês que chegam
nos botes. Obviamente, são os mais vulneráveis aos perigos c) “Em alguns casos, as discrepâncias na função cere-
bral são levadas em conta pela Justiça.” (4º§)
da travessia. Messinis fotografou os cadáveres de alguns
deles nas pedras à beira‑mar. d) “A neurociência indica que os adolescentes não são
O fotógrafo grego diz que a experiência de ver o so- indivíduos plenamente responsáveis,…” (2º§)
frimento das crianças refugiadas deixou‑o mais rígido com
as próprias filhas. As maiores têm 9 e sete anos. A menor, 29. Assinale a alternativa em que o verbo em destaque
7 meses. Quando vê o que acontece com as crianças que encontra‐se conjugado no Pretérito Imperfeito do
chegam nos botes, Messinis pensa em como suas filhas têm Indicativo.
sorte de estarem vivas, de terem onde morar e de viverem a) “aí é torcer para que o amigo seja judeu [...]” (3º§)
num país em paz. Elas não têm do que reclamar. b) “bastava ir uma única vez e já estaria decora-
(Por: Diogo Schelp 4/12/2015. Disponível em: http://veja.abril.com.br/ do.” (6º§)
blog/a‑boa‑e‑velha‑reportagem/conheca‑aris‑que‑se‑divide‑ c) “os apartamentos passam a ser uma espécie de
entresocorrer‑e‑fotografar‑naufragos/.)
sobrenome [...]” (5º§)
d) “primeiro, apanhei nas aulas de matemática durante
24. O tempo verbal utilizado na seguinte oração do texto:
toda a vida escolar.” (1º§)
O grego Aris Messinis é fotógrafo da agência AFP em
Atenas indica
30. Assinale a alternativa em que o verbo sublinhado apre-
a) concomitância entre os fatos apresentados.
senta a correlação incorreta.
b) que o fato apresentado possui características de ser
provável. a) “... mesmo assim seria passível de limitação,...”  –
c) a intenção do enunciador de demonstrar polidez em futuro do pretérito/indicativo
um texto formal. b) “Ou que devamos ensinar nossas crianças a gostar
d) a atualidade do fato apresentado considerando‑se desse mundo...” – presente/subjuntivo
o texto apresentado. c) “Porém, é igualmente pacífico que o Estado e a so-
ciedade proporcionem a essa família as condições
25. Nos trechos a seguir todos os verbos destacados estão adequadas...” – presente/indicativo
flexionados no mesmo tempo, exceto: d) “Não fosse assim, poderíamos ter diariamente em
a) “Faltará renda, faltarão consumidores.” (3º§) nossos jornais artigos atentatórios à honra das pes-
b) “Em 2015, cuidarei bem do meu dinheiro.” (1º§) soas...” – futuro do pretérito/indicativo
c) “É por esse mesmo motivo que, em 2015, evitarei
as dívidas.” (3º§) GABARITO
d) “Os juros estão altos e isso me convida a poupar,
e não a alugar dinheiro dos bancos.” (3º§) 1. C 16. C
2. E 17. E
26. Em “[...] iniciou‐se no mundo uma crescente consciência
3. E 18. E
de que seria necessária uma forma diferenciada do
ser humano se relacionar com a natureza [...]” (1º§) 4. C 19. E
preservando‐se a correção semântica e a adequação 5. E 20. E
6. E 21. E
Língua Portuguesa

linguística, o trecho em destaque poderia ser substitu-


ído por 7. C 22. E
a) sendo necessária. d) de que haveria necessidade de. 8. E 23. E
b) de que tenha sido. e) de que houvesse necessida- 9. E 24. d
de de. 10. E 25. d
c) de que fosse necessária. 11. E 26. d
12. E 27. b
Os pintores impressionistas descobriram a cor da paisa- 13. C 28. a
gem sob a luz solar, a vibração da luz sobre a superfície das
14. E 29. b
coisas. E, ao descobri‐las, descobriram também que o colori-
15. C 30. c
do da paisagem muda com o passar das horas: descobriram

45
Advérbio • Quando (e flexões, quanta, quantos, quantas) expressa
circunstância de quantidade (número, freqüência, preço,
São categorias gramaticais invariáveis: o advérbio, a pre- etc.).
posição, a conjunção, a interjeição. Quanto custou a mercadoria? (interrogativa direta)
Passaremos agora a examinar cada uma delas separa-
damente. Locução Adverbial

Definição Frequentemente o advérbio não é representado por


uma única palavra, mas por um conjunto de palavras, que
se denomina locução adverbial. Esse conjunto de palavras
Advérbio é a palavra invariável que modifica o verbo,
é geralmente formado por:
o adjetivo ou ainda outro advérbio, exprimindo determinada
circunstância.

Cheguei cedo. Eles agiram mal.


/  / /  /
Verbo advérbio Verbo advérbio

Eram alunas muito bonitas.


/ / Ele resolveu o problema com calma. (= calmamente)
Advérbio adjetivo Observe alguns exemplos de locução adverbial:
à direita, à esquerda, à frente, à vontade, de cor, em vão,
Eles chegaram bastante cedo. por acaso, frente a frente, de maneira alguma, de manhã, em
/ / breve, de súbito, de propósito, de repente, ao léu
Advérbio advérbio
Grau dos Advérbios
Classificação dos advérbios
São dois os graus do advérbio: comparativo e superlativo.
Conforme a circunstância que expressam, os advérbios
classificam‑se em: Grau comparativo
a) De afirmação: sim, certamente, efetivamente, real- O comparativo pode ser:
mente etc.
b) De dúvida: talvez, quiçá, passivelmente, provavelmen- • De igualdade
te etc. Formado por tão + advérbio + quando (ou como).
c) De intensidade: muito, pouco, bastante, demais, Ele chegou tão cedo quanto o colega.
menos, tão etc.
d) De lugar: aqui, ali, aí, cá, lá, atrás, perto, abaixo, acima, • De superioridade
dentro, fora, além, adiante etc. Formado por mais + advérbio + (do) que.
e) De tempo: agora, já, ainda, amanhã, cedo, tarde, Ele chegou mais cedo que o colega.
sempre, nunca etc.
f) De modo: assim, bem, mal, depressa, devagar e • De inferioridade
grande parte dos vocábulos terminados em – mente: Formado por menos + advérbio + (do) que.
calmamente, afobadamente, alegremente etc. Ele chegou menos cedo que o colega.
g) De negação: não, tampouco etc.
Grau superlativo
Advérbios Interrogativos O superlativo pode ser:

• Sintético
As palavras onde, como, quanto, quando e por que,
A presença de sufixo indica grau: Cheguei cedíssimo.
usadas em frases interrogativas (diretas ou indiretas), são
chamadas advérbios interrogtivos.
• Analítico
• Onde expressa circunstancia de lugar.
A indicação de aumento de grau é feita por outro advér-
Onde você mora? (interrogativa direta)
Língua Portuguesa

bio: Cheguei muito cedo.


• Como expressa circunstância de modo (de que ma- Observação: Os advérbios bem e mal admitem também o
neira). grau comparativo de superioridade sintético: melhor e pior.
Não sei como ele fez isso. (interrogativa indireta)
Emprego dos Advérbios
• Quando expressa circunstância de tempo?
Quando você volta? (interrogativa direta) • Quando se coordenam vários advérbios terminados
em  – mente, pode‑se usar esse sufixo apenas no último
• Por que expressa circunstância de causa. advérbio.
Queria saber por que ela não veio. (interrogativa indireta) Estava dormindo calma, tranqüila e sossegadamente.

46
• Antes de particípios não se devem usar as formas Preposição
sintéticas do comparativo de superioridade (melhor, pior),
e sim as formas analíticas: mais bem, mais mal. Preposição é a palavra invariável que liga dois termos da
Aquelas alunas estavam mais bem preparadas que as oração, subordinando um ao outro.
outras. Chegou de ônibus.
Esta roupa parece mais mal acabada que aquela.
O termo que antecede a preposição é denominado re-
• Na linguagem popular é comum o advérbio receber gente; o termo que a sucede é denominado regido.
sufixo diminutivo. Cumpre observar que, nestes casos,
o  sufixo não possui propriamente valor diminutivo, e  sim
Classificação das Preposições
valor superlativo. a) Essenciais: a, ante, após, até, com, contra, de, desde,
Ele chegou cedinho. (muito cedo) em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás.
Moro pertinho de você. (bem perto)
Obs.: A preposição per só é utilizada na expressão de per
• Ainda na linguagem popular, a repetição do advérbio si (que significa cada um por sua vez, isoladamente) ou nas
tem valor superlativo. contrações pelo, pela, pelos, pelas.
Devo chegar cedo, cedo. (bastante cedo)
b) Acidentais. Não são efetivamente preposições, mas
• O advérbio pode modificar uma oração inteira. podem funcionar como tal: afora, conforme, consoante, du-
Felizmente, todos saíram. rante, exceto...

• A palavra só é advérbio quando equivale a somente. Locução Prepositiva


Quando equivaler a sozinho(a) deve ser classificada como
adjetivo. Conjunto de duas ou mais palavras com valor de pre-
“Você só dança com ele posição:
abaixo de, acerca de, a fim de, ao lado de, apesar de,
E diz que é sem compromisso”.
através de, de acordo com, em vez de, junto de, para
(você somente dança com ele... = advérbio)
com, perto de, ...
Não me deixem só. (Não me deixem sozinho. = adjetivo)
Emprego das Preposições
Palavras denotativas
Certas palavras que se assemelham a advérbios não pos- Algumas preposições podem aparecer combinadas com
suem, segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira, outras palavras. Quando na junção da preposição com outra
classificação especial. São simplesmente chamadas palavras palavra não houver alteração fonética, temos combinação.
denotativas e podem indicar, entre outras coisas: Caso a preposição sofra redução, temos contração.
a) Inclusão: até, inclusive, também, etc.
Ele também foi. combinação contração
b) Exclusão: apenas, salvo, menos, exceto, etc. ao (a + o) do (de + o)
Todos, exceto eu, foram à festa. aos (a + os) dum (de + um)
c) Explicação: isto é, por exemplo, a saber, ou seja. aonde (a + onde) desta (de + esta)
Ele, por exemplo, não pôde comparecer.
d) Retificação: aliás, ou melhor, ou seja, etc. Obs.: Não se deve contrair a preposição de com o artigo
Amanhã, aliás, depois de amanhã iremos à festa. que encabeça o sujeito de um verbo.
Está na hora da onça beber água. (Errado)
e) Realce: cá, lá, é que, etc.
Está na hora de a onça beber água. (Certo)
Ele é que na pôde comparecer.
f) Situação: afinal, agora, então, etc. Esta regra vale também para construções como:
Afinal, quem está falando? Chegou a hora de sair. (Errado)
g) Designação: eis. Chegou a hora de ele sair. (Certo)
Eis o verdadeiro culpado de tudo.
As preposições podem assumir inúmeros valores:
Morfossintaxe do Advérbio • de lugar: ver de perto
• de origem: ele vem de Brasília
Língua Portuguesa

• de causa: morreu de fome


Os advérbios e as locuções adverbiais desempenham,
• de assunto: falava de futebol
sintaticamente, a função de adjuntos adverbiais.
• de meio: veio de trem
A exemplo dos advérbios, os adjuntos adverbiais também • de posse: casa de Paulo
são classificados a partir da circunstância que exprimem. • de matéria: chapéu de palha
“Hoje no universo
Nada que brilha cega mais que seu nome”. Morfossintaxe da Preposição
hoje = adjunto adverbial de tempo A preposição não desempenha função sintática na ora-
no universo = adjunto adverbial de lugar ção. Ela apenas une termos, palavras. É um conectivo e, como
mais = adjunto adverbial de intensidade tal, é responsável pela coesão de um texto.

47
EXERCÍCIOS GABARITO

1. Indique as relações estabelecidas pelas preposições des- 1. a) oposição


tacadas nas frases seguintes. b) lugar fixo
a) Ergueram-se todos contra Getúlio. c) distância
b) Resido em São Paulo há anos. d) causa
c) O estádio fica a dois quilômetros daqui. e) material
d) O mendigo morreu de fome. f) modo
g) instrumento
e) Ganhei uma linda caneta de ouro. h) assunto
f) Os cavalos partiram a galope. i) lugar de destino
g) Arrombaram a porta com uma chave falsa. j) posição
h) Ele não entende nada de política. k) tempo de início
i) A vaca não vai para o brejo. l) intervalo de tempo
j) Ante o crime organizado, o governo tomará atitude. m) posição
k) Desde maio, chove continuamente. n) condição
o) assunto.
l) Entre hoje e amanhã, sairá o resultado. 2. a) dentro do museu para visitante comprar.
m) Tu vais comparecer perante o trono. b) para o museu comprar.
n) Sem combater a inflação, não se pode baixar os juros. 3. a) apesar de, de acordo com
o) Existe interesse por concursos aqui. b) em vez de, perto de, junto de
4. a) Está na hora de o menino sair.
2. Explique a diferença de sentido entre: b) Chegou a hora de o povo falar.
a) Ele queria vender antiguidades no museu. 5. a
b) Ele queria vender antiguidades ao museu.
Conjunção
3. Nas frases seguintes, selecione as locuções prepositivas.
a) Apesar de João ter saído cedo, de acordo com as ins- Palavra invariável que pode ligar duas orações ou duas
truções de seu pai, não chegou a tempo. palavras que tenham a mesma função na oração. São con-
b) Em vez de Marica ficar perto de mim, ela preferiu ficar junções coordenativas. Veja:
junto de ti. Paulo e Carla se amam.
• A palavra “e” ligou dois termos da oração.
4. Reescreva as frases seguintes, corrigindo-as. “Nós, gatos, já nascemos pobres, porém já nascemos livres.”
a) Está na hora do menino sair. • A palavra “porém” liga duas orações de sentido completo,
ou seja, que podem ser desdobradas em duas orações inde-
b) Chegou a hora do povo falar.
pendentes: Nós, gatos, já nascemos pobres. Já nascemos livres.
A conjunção pode ligar orações dependentes, isto é, uma
5. As relações expressas pelas preposições estão corretas completa a outra. São conjunções subordinativas. Veja:
na sequência: Não sabemos se os juros vão diminuir.
I – Sai com ela. • A palavra “se” introduziu a oração “se os juros vão
II – Ficaram sem um tostão. diminuir” como complemento da forma verbal “sabemos”
III – Esconderam o lápis de Maria. da oração “Não sabemos”. Por isso, dizemos que a oração
IV – Ela prefere viajar de navio. “se os juros vão diminuir” é subordinada.
V – Estudou para passar.
Locução Conjuntiva
a) companhia, falta, posse, meio, fim.
b) falta, companhia, posse, meio, fim. São formadas pela palavra “que” antecedida de advér-
c) companhia, falta, posse, fim, meio. bios, preposições ou particípios: antes que, desde que, já
d) companhia, posse, falta, meio, fim. que, até que, para que, sem que, dado que, posto que, visto
e) companhia, falta, meio, posse, fim. que, uma vez que, à medida que etc.

Conjunções e Locuções Coordenativas

Classificação Conjunções e Locuções Exemplos


Aditivas: soma. E, nem, mas também, bem como, como, como Ele não dormiu nem brincou.
também etc.
Língua Portuguesa

Adversativas: oposição, contraste, Mas, porém, todavia, entretanto, contudo, no A chuva chegou, mas a terra ainda está
compensação. entanto, não obstante. seca.
Alternativas: escolha, alternância. Ou, ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer etc.
Ou chove, ou faz sol. (escolha)
Ora chove, ora faz sol. (alternância)
Conclusivas: resultado lógico. Logo, portanto, por isso, assim, desse modo, Começou a chover; leve, pois, um
destarte, pois (depois do verbo), por conse- guarda-chuva.
guinte, posto isso etc.
Explicativas: justificativa. Que, porque, pois (antes do verbo), porquanto, Leve um guarda-chuva, pois começou
visto que etc. a chover.

48
Conjunções e Locuções Subordinativas

Classificação Conjunções e Locuções Exemplos


Causais: causa, motivo, razão (pri- Porque, já que, uma vez que, visto que, dado Como os juros caíram, o consumo au-
meiro fato que provoca outro). que, sendo que, porquanto, pois (antes do ver- mentou.
bo), na medida em que, como (antes da oração
principal).
Consecutivas: efeito de um fato Que, relacionada a uma palavra ou entonação de Gritou tão alto ontem, que quase ficou
intenso. caráter intensivo (tão, tal, tanto, tamanho etc.). sem voz.
Comparativas: igualdade, superio- Como, tal qual, que, do que, quanto, assim A quebra de um átomo é mais fácil do
ridade, inferioridade. como etc. que a eliminação de um preconceito.
Conformativas: adequação, har- Conforme, como, segundo, consoante. O advogado elaborou a defesa confor-
monia. me o réu pediu.
Concessivas: ressalva, exceção. Embora, ainda que, por mais que, se bem que, Por mais que chova, ainda teremos
mesmo que, por menos que, apesar de que, racionamento de água.
apesar de, a despeito de, malgrado, posto que,
conquanto etc.
Condicionais: condição, hipótese, Se, caso, contanto que, a menos que, salvo se, O país não pagará os juros da dívida,
suposição. sem que, desde que etc. sem que reduza os gatos públicos.
Proporcionais: proporção, equilí- Quanto mais, quanto menos, tanto mais, à me- Quanto mais estudo, menos erro nas
brio. dida que, à proporção que, ao passo que etc. provas.
Finais: finalidade, objetivo. Para que, a fim de que, que, porque, a fim de, Ana esforçou-se por acertar todas as
para, por. questões da prova.
Temporais: noções de tempo. Quando, enquanto, logo que, sempre que, de- Enquanto a chuva cai, o clima vai fi-
pois que, desde que, mal, antes que etc. cando ameno.

Observação: assim como as preposições, as conjunções a) Ele era tão aplicado, que em pouco tempo foi pro-
não exercem função sintática. Trata-se de meros conectivos movido.
entre orações. b) Quanto mais estuda, menos erra questões.
c) Tenho tudo quanto queria.
EXERCÍCIOS d) Sabia a lição tão bem como eu.
e) Todos estavam exaustos, tanto que se recolheram logo.
1. Nas frases abaixo, cada espaço pontilhado corresponde
a uma conjunção retirada. 5. “Podem acusar-me: estou com a consciência tranqui-
I – Porém já cinco sóis eram passados .... dali nos par- la.” Os dois pontos (:) do período acima poderiam ser
tíramos. substituídos por vírgula, explicitando-se o nexo entre
II – ... estivesse doente, faltei à escola. as duas orações pela conjunção:
III – ... haja maus, nem por isso devemos descrer dos bons. a) Portanto d) Pois
IV – Pedro será aprovado ... estude. b) E e) Embora
V – ... chova, sairei de casa. c) Como

As conjunções retiradas são, respectivamente: 6. Em: “...ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar
a) Quando, ainda que, sempre que, desde que, como. das ondas...”, a partícula como expressa uma ideia de:
b) Que, como, embora, desde que, ainda que. a) Causa d) Proporção
c) Como, que, porque, ainda que, desde que. b) Explicação e) Comparação
d) Que, ainda que, embora, como, logo que. c) Conclusão
e) Que, quando, embora, desde que, já que.
7. “Que não pedes diálogo de amor, é claro, desde que
2. Não gostava muito de novelas policiais; admirava, po- impões a cláusula da meia-idade.” O segmento desta-
rém, a técnica de seus atores. cado poderia ser substituído, sem alteração do sentido
Comece com: Admirava a técnica... da frase, por:
a) Visto como d) Porquanto a) Desde que imponhas
b) Enquanto e) À medida que b) Se bem que impões
c) Conquanto c) Contanto que imponhas
Língua Portuguesa

d) Conquanto imponhas
3. A serem considerados os resultados, o trabalho foi efi- e) Porquanto impões.
ciente.
Comece com: O trabalho foi eficiente... 8. Assinale a opção em que a frase contém uso incorreto
a) Desde que d) Embora de conjunção.
b) Ainda que e) Por isso a) O homem ciou a máquina para facilitar sua vida, e
c) A menos que contudo ela correspondeu a essa expectativa.
b) Diga-lhe que abra logo a porta, que eu estou com
4. Assinale o período em que ocorre a mesma relação pressa.
significativa indicada pelos termos destacados em “A c) Ele tinha todas as condições para representar bem
atividade científica é tão natural quanto qualquer outra os colegas; nem todos lhe reconheciam os méritos,
atividade econômica”. porém.

49
d) O problema é que ainda não se sabe se ele agiu ( ) Como estivesse muito frio, fiquei em casa.
conforme as normas da empresa. ( ) Tanto ele como o irmão são meus amigos.
e) Ao perceber o que tinham feito com seus livros, gri-
tou que parecia um louco. a) II, IV, V, III, I d) III, I, II, IV, V
b) IV, V, III, I, II e) I, II, IV, V, III
9. Nos trechos: “Vejo três meninas caindo rápidas, enfu- c) V, III, I, II, IV
nadas, como se dançassem ainda” e “... e a prima-dona
com a longa cauda de lantejoulas riscando o céu como GABARITO
um cometa”, as palavras destacadas expressam respec-
tivamente ideias de: 1. b 4. d 7. e 10. b 13. a
a) Comparação, objeto. 2. d 5. d 8. a 11. d 14. b
b) Modo, origem. 3. e 6. e 9. c 12. e 15. b
c) Modo, comparação.
d) Comparação, instrumento.
e) Consequência, consequência. Interjeição
10. “Da própria garganta saiu um grito de admiração, que Palavra invariável que exprime sensações e estados emo-
Cirino acompanhou, embora com menos entusiasmo”, cionais.
a palavra destacada expressa uma ideia de:
a) Explicação d) Modo
Tipos de Interjeição
b) Concessão e) Consequência
c) Comparação Classifica-se de acordo com o sentimento traduzido:
• Alegria: oba!, oh!, ah! Viva!, aleluia!, maravilha
11. “Apenas se viu cruzando a linha de chegada, começou • Alívio: ufa!, uf!, arre!, até que enfim
a gritar de alegria.” Comece com: Começou a gritar de • Animação ou estímulo: coragem!, vamos!, avante!,
alegria, ... eia!, firme!
a) Conquanto d) Já que • Aplauso: bravo!, bis!, viva!
b) À medida que e) Contudo • Desejo: tomara!, oxalá!
c) Tanto que • Dor: ai!, ui!
• Espanto ou surpresa: ah!, chi!, ih!, oh!, ué!, puxa!,
12. “Havendo tempo, irei à sua casa.” Comece com: Irei à uau!, opa!, caramba!, gente!, céus!, uai!, hem! (va-
sua casa, ... riante: hein!), hã!
a) Se houvesse d) Desde que houvesse • Impaciência: hum!
b) Embora haja e) Caso haja • Invocação ou chamamento: olá!, alô!, ô!, psiu!, psit!,
c) Exceto se houver ó!, atenção!, olha!
• Silêncio: silêncio!, psiu!
13. “Ele insiste em trabalhar, conquanto mal tenha saído • Suspensão: alto!, basta!, chega!
de uma pneumonia.” Comece com: Mal saiu de uma • Medo ou terror: credo!, cruzes!, uh!, ai!, Jesus!, ui!
pneumonia, ... • Tristeza: oh! meu Deus! que pena! que azar!
a) No entanto d) Embora
b) Por isso e) Então Obs.: essa lista pode ser aumentada com palavras que
c) Logo passam a funcionar como interjeições, dependendo do con-
texto em que ocorrem.
14. ... a esposa estar, há muito empo, longe de casa, o
marido não sente sua falta, ... se rodeia de amigos, ... Locuções Interjetivas
comemorar sua liberdade. Observando a coerência na
indicação das circunstâncias, assinalar a alternativa que São grupos de duas ou mais palavras que funcionam
preenche adequadamente as colunas. como interjeições:
a) Em razão de; à proporção que; para Valha-me Deus!
b) Apesar de; já que; a fim de Meu Deus do céu!
c) Na hipótese de; desde que; por Ai, meu Deus!
d) Não obstante; quando; sem Minha Nossa Senhora!
e) No caso de; conforme; de modo a Jesus Cristo!
Macacos me mordam!
15. Classifique a palavra como nas construções seguintes, Ai de mim!
Língua Portuguesa

fazendo corresponder, convenientemente, os parênte- Ora, bolas!


ses. A seguir, assinale a opção correta. Oh, céus!
I – Preposição Que horror!
II – Conjunção subordinativa causal Puxa vida!
III – Conjunção subordinativa conformativa Raios o partam!
IV – Conjunção coordenativa aditiva Quem me dera!
V – Advérbio interrogativo de modo Que coisa incrível!
Quem diria!
( ) Perguntamos como chegaste aqui. Cruz-credo!
( ) Percorrera as salas como eu mandara. Alto lá!
( ) Tinha-o como amigo. Bico fechado!

50
FRASE, PERÍODO E ORAÇÃO • Passo 2. Oração 1: queremos saber. Oração 2: se ele
é poeta mesmo.
FRASE precisa ter sentido completo. Sem verbo, é frase • Passo 3. Queremos saber ISSO. Então a oração 2 é ora-
nominal. Com verbo, é frase verbal. Início com maiúscula, ção subordinada substantiva. E a oração 1 é oração principal.
fim com ponto, exclamação, interrogação ou reticências.
Ex.: Psiu! Chuva, fogo, vento, neve, tudo de uma vez. (Cespe/MMA) “O carro que pode usar gasolina e álcool
(frases nominais) Choveu , ventou, nevou, tudo de uma vez. dominou o mercado.”
(frase verbal) O governo descobriu que mais sanguessugas • Passo 1. Verbos: pode usar (locução verbal), dominou.
havia. (frase verbal) • Passo 2. Oração 1: o carro dominou o mercado. Lem-
bre‑se: um verbo para cada oração, e separamos antes do
PERÍODO é frase com verbo, ou seja, é  frase verbal. “que”. Oração 2: que pode usar gasolina e álcool.
Sentido completo. Início com maiúscula, fim com ponto, • Passo 3. O carro ISSO? Não deu certo. Não faz sentido.
exclamação, interrogação ou reticências. O período é sim- Então não pode ser oração subordinada substantiva.
ples, quando tem só uma oração. Esta oração é chamada • Passo 4. Procurar pronome relativo: que = o qual (o
de oração absoluta. carro o qual pode usar gasolina e álcool dominou o mercado).
Ex.: Entre as várias oportunidades de trabalho no mer- Então a oração 2 é oração subordinada adjetiva. E a oração
cado, destacam‑se as vagas emconcurso público. 1 é oração principal.
(período simples tem apenas um verbo ou locução, com o
mesmo sujeito; a oração é absoluta)
(Cespe/BB) “Quando compartilha seu papel social, a em-
presa se valoriza.”
O período é composto, quando tem mais de uma ora-
• Passo 1. Verbos: compartilha, valoriza.
ção. Haverá oração principal, oração coordenada e oração
subordinada. • Passo 2. Oração 1: quando compartilha seu papel social.
Ex.: Choveu, ventou, nevou, tudo de uma vez. (período Oração 2: a empresa se valoriza.
composto tem dois ou mais verbos independentes. • Passo 3. Quando compartilha seu papel ISSO? Não deu
Orações independentes são coordenadas) certo. (Note que trocamos a oração 2 por ISSO) Vamos tentar
de novo: ISSO a empresa se valoriza? Não deu certo. Não fez
O governo descobriu que mais sanguessugas havia. sentido. (Note que trocamos a oração 1, desta vez) Então não
(período composto. Uma oração tem função sintática para pode ser oração subordinada substantiva.
outra: uma é subordinada e a outra é principal). • Passo 4. Procurar pronome relativo. Não apareceu:
que, o qual, cujo, onde, quem. Então não pode ser oração
ORAÇÃO só precisa ter verbo. O  sentido não precisa subordinada adjetiva.
ser completo. • Passo 5. N.D.A. Note o sentido temporal próprio de
Ex.: Choveu, ventou, nevou, tudo de uma vez. (três ora- advérbios: quando compartilha seu papel social. Então a
ções, porque são três verbos independentes) oração 1 recebe o nome de oração subordinada adverbial
O governo descobriu que mais sanguessugas havia. (duas temporal. E a oração 2, o nome de oração principal.
orações, porque são dois verbos com sentidos próprios, inde-
pendentes, ou seja, não formam locução verbal) (Cespe) “A cidade lembra Dubai, porém está insulada na
Entre as várias oportunidades de trabalho no mercado, estepe verde.”
destacam‑se as vagas em concurso público. (uma oração • Passo 1. Verbos: lembra, está.
absoluta) • Passo 2. Oração 1: a cidade lembra Dubai. Oração 2:
porém está insulada na estepe verde.
Morfossintaxe do Período Composto • Passo 3. A cidade lembra Dubai ISSO. (Atenção para
fazer a troca correta: trocar uma oração inteira. Trocamos
• Oração Subordinada é parte da análise de outra oração. a oração  2.) Não deu certo. Vamos tentar de novo: ISSO
• Oração Principal tem outra que é parte de sua análise. porém está insulada na estepe verde. (Trocamos a oração 1)
• Oração Coordenada é completa em si. Sempre tem Também não deu certo. Não fez sentido. Então não é oração
outra oração coordenada com ela na frase. subordinada substantiva.
• Passo 4. Procurar pronome relativo. Não aparece: que,
Análise Passo a Passo: o qual, onde, cujo, quem. Então não é oração subordinada
• Passo 1. Encontre e marque todos os verbos e locuções adjetiva.
verbais.
• Passo 5. N.D.A. Note que são oração independentes,
• Passo 2. Separe as orações. Geralmente antes de con-
e note o sentido de contraste, oposição. Vamos ter oração
junção ou de pronome relativo.
coordenada adversativa: porém está insulada na estepe
• Passo 3. Tente trocar uma das orações por ISSO. Deu
certo? Essa oração trocada por ISSO recebe o nome de Ora- verde. E a outra oração também coordenada.
Língua Portuguesa

ção Subordinada Substantiva.


• Passo 4. Não deu certo trocar por ISSO? Então procure Muito cuidado: não basta o sentido de tempo para ga-
pronome relativo. Tem? Então a oração com pronome relati- rantir que uma oração será subordinada adverbial. Sempre
vo recebe o nome de Oração Subordinada Adjetiva. devemos aplicar o passo a passo na ordem rigorosa.
• Passo 5. N.D.A.=Nenhuma Das Anteriores. Então
podemos ter Oração Subordinada Adverbial ou Oração Veja:
Coordenada. O ofício informou quando o ministro viajará.
• Passo 1. Verbos: informou, viajará.
Veja: • Passo 2. Oração 1: o ofício informou. Oração 2: quando
(Cespe/IRBr) “Queremos saber se ele é poeta mesmo.” o ministro viajará.
• Passo 1. Verbos: queremos saber (locução verbal), • Passo 3. O ofício informou ISSO. (Trocamos a oração 2
é (ser). por ISSO.) Já deu certo, então vamos chamar a oração 2 de

51
oração subordinada substantiva. E nossa análise está pronta. EXERCÍCIOS
Não podemos pensar mais em oração subordinada adverbial
temporal só porque vimos a palavra “quando” indicando I – Destaque e classifique as orações subordinadas adjetivas
tempo. E a oração 1 será oração principal. nos períodos abaixo.
1. A pessoa em quem confiei decepcionou‑me.
Cuidado com pronome demonstrativo reduzido “o = 2. Perderam tudo quanto pouparam.
aquele, o = aquilo”: 3. Somos o que sonhamos um dia.
Ninguém sabe o que aconteceu. 4. O Dr. João, que é neurocirurgião, realizou os exames.
• Passo 1. Verbos: sabe, aconteceu. 5. O menino que entrou na loja era seu parente.
• Passo 2. Oração 1: ninguém sabe o (ninguém sabe 6. Alberto, cujos pais eu conheço, sempre foi rapaz direito.
aquilo). Oração 2: que aconteceu. 7. Era sua mãe a pessoa que estava comigo ao telefone.
8. As pessoas com as quais você falou não podem perma-
• Passo 3. Ninguém sabe isso. (errado) Repetir a oração 1,
necer aqui.
e só trocar por ISSO a oração 2: ninguém sabe o ISSO. Não deu
9. O homem, que Deus criou para o paraíso, escolheu a
certo. Então não teremos oração subordinada substantiva. desobediência.
• Passo 4. Procurar pronome relativo: Ninguém sabe 10. O cão, que nunca leu Machado, é  talvez adepto do
AQUILO o qual aconteceu. (Trocamos QUE por O QUAL como humanitismo.
teste que mostra se tratar de pronome relativo) Então a
oração 2 será oração subordinada adjetiva. II – Classifique a palavra “que” como pronome relativo ou
como conjunção integrante.
Oração Subordinada Adjetiva (Desenvolvida) 1. Quero que te aperfeiçoes.
2. Convém que cumpramos nosso destino.
• Tem pronome relativo. 3. A mulher que eu vi era uma artista.
• Pode restringir (dizer parte) do termo referente ou 4. Necessito de que venhas aqui amanhã.
explicar (dizer todo) sobre o termo referente. 5. A primavera, que é a estação das flores, marca ciclos
de colheita.
6. A boneca que te dei já se estragou.
Veja: 7. Tenho receio de que demores.
Os homens que são fiéis não mentem. 8. Aquele que não ri não vive bem.
• Passo 1. Verbos: são, mentem. 9. O homem que espera nem sempre descansa.
• Passo 2. Oração 1: os homens não mentem. Oração 10. Espero que cada um traga a tarefa resolvida.
2: que são fiéis. 11. O dia, que foi de sol, agora se encerra.
• Passo 3. Os homens ISSO. Não deu certo. Então não 12. O livro que comprei era um romance premiado.
será oração subordinada substantiva. 13. Desejo que venha comigo.
• Passo 4. Procurar pronome relativo: os homens OS 14. Aquele que estuda com persistência terá sucesso em
QUAIS são fiéis não mentem. (testamos a troca de “que” por seus planos.
“os quais” para provar que se trata de pronome relativo). 15. Espero que conquiste seus sonhos.
Deu certo. Então a oração 2 é oração subordinada adjetiva.
GABARITO
Agora note o significado de parte dos homens (referente
da oração adjetiva na oração principal). I.
Então: a oração 2 é oração subordinada adjetiva restri- 1. em quem confiei – or. subord. Adj. Restr. (OSAR)
tiva. 2. quanto pouparam – OSAR
Regra: oração adjetiva restritiva não pode ficar entre 3. que sonhamos um dia – OSAR
sinais de pontuação. 4. que é neurocirurgião – Or. subord. Adj. expl. (OSAE)
5. que entrou na loja – OSAR
Veja mais: 6. cujos pais eu conheço – OSAE
Já entrou em vigor o novo Código Civil, que retirou tal 7. que estava comigo ao telefone – OSAR
exigência. 8. com as quais você falou – OSAR
9. que Deus criou para o paraíso – OSAE
• Passo 1. Verbos: entrou, retirou. 10. que nunca leu Machado – OSAE
• Passo 2. Oração 1: Já entrou em vigor o novo Código
Civil. Oração 2: que retirou tal exigência. II.
• Passo 3. Já entrou em vigor o novo Código Civil ISSO. 1. conjunção integrante (CI).
Não deu certo. Então não será oração subordinada subs- 2. CI.
tantiva. 3. Pronome relativo (PR).
Língua Portuguesa

• Passo 4. Procurar pronome relativo: Já entrou em vigor 4. CI.


o novo Código Civil, O QUAL retirou tal exigência. Deu certo. 5. PR.
6. PR.
Então temos oração subordinada adjetiva.
7. CI.
8. PR.
Agora note o significado de todo do Código Civil (refe- 9. PR.
rente da oração adjetiva na oração principal). 10. CI.
Então: a oração 2 é oração subordinada adjetiva expli- 11. PR.
cativa. 12. PR.
Regra: oração subordinada adjetiva explicativa deve ficar 13. CI.
entre sinais de pontuação (vírgulas, travessões, parênteses 14. PR.
e variações). 15. CI.

52
Oração Subordinada Substantiva (Desenvolvida) Importante! Chamamos de conjunções integrantes as
palavras “que” e “se”, quando iniciam oração subordinada
• Trocar por ISSO. substantiva.
• Analisar ISSO.
• A função que ISSO tiver, será a mesma função da ora- “Só quero uma coisa: que tires a tua carteira.”
ção substantiva: sujeito, predicativo, objeto direto, objeto • Passo 1. Verbos: quero, tires.
indireto, complemento nominal, aposto, agente da passiva. • Passo 2. Oração 1: só quero uma coisa.
• Passo 3. Só quero uma coisa: ISSO. Deu certo. Então a
Veja: oração 2 é subordinada substantiva. Sujeito: eu (subenten-
(Cespe/IRBr) “Queremos saber se ele é poeta mesmo.” dido), verbo transitivo direto (quero), objeto direto (uma
• Passo 1. Verbos: queremos saber (locução verbal), coisa), aposto = ISSO = que tires a tua carteira.
é (ser). Então, a oração 2 é subordinada substantiva apositiva,
• Passo 2. Oração 1: queremos saber. Oração 2: se ele ou simplesmente aposto oracional.
é poeta mesmo.
• Passo 3. Queremos saber ISSO. Deu certo. Então, a ora- “Tenho esperança de que o trânsito melhore.”
ção 2 é subordinada substantiva. • Passo 1. Verbos: tenho, melhore.
• Passo 2. Oração 1: tenho esperança. Oração 2: de que
Analisando “ISSO”: o trânsito melhore.
Queremos saber ISSO. Sujeito = nós (subentendido). • Passo 3. Tenho esperança DISSO. Deu certo. Então,
Verbo principal transitivo direto (quem sabe, sabe algo) a oração 2 é subordinada substantiva. Sujeito: eu (subenten-
= sabe. dido), verbo transitivo direto (tenho), complemento nominal
Objeto direto = ISSO = se ele é poeta mesmo (oração 2). de “esperança” (de que o trânsito melhore).
Então, a  oração 2 é subordinada substantiva objetiva Então, a oração 2 é subordinada substantiva completiva
direta, ou simplesmente objeto direto oracional. nominal, ou simplesmente complemento nominal oracional,
ou simplesmente complemento nominal oracional.
Importante! Chamamos de conjunções integrantes as
palavras “que” e “se”, quando iniciam oração subordinada “É importante que todos colaborem.”
substantiva. Verbos: é (ser), colaborem.
Oração 1: é importante. Oração 2: que todos colaborem.
(Idecan) Relacione adequadamente a classificação das É importante ISSO. Sujeito: ISSO (o que é importante?),
orações subordinadas substantivas às respectivas orações. verbo de ligação (é), predicativo do sujeito (importante).
1. Subjetiva. Então, a oração 2 é subordinada substantiva subjetiva,
2. Objetiva direta. ou simplesmente oração sujeito oracional.
3. Objetiva indireta.
“Meu desejo é que sejas classificado.”
4. Completiva nominal.
Verbos: é, sejas.
5. Predicativa.
Oração 1: meu desejo é. Oração 2: que sejas classificado.
6. Apositiva.
Meu desejo é ISSO. Sujeito = meu desejo. Verbo de liga-
ção = é. Predicativo = ISSO.
( ) Cada situação permite que se aprenda algo novo. Então, a oração 2 é subordinada substantiva predicativa,
( ) Só quero uma coisa: que tires a tua carteira. ou simplesmente predicativo oracional.
( ) Tenho esperança de que o trânsito melhore.
( ) É importante que todos colaborem. “Lembrei‑me de que já estava errado.”
( ) Meu desejo é que sejas classificado. Verbos: lembrei‑me (verbo pronominal, transitivo indi-
( ) Lembrei‑me de que já estava errado. reto), estava (verbo de ligação).
Oração 1: lembrei‑me. Oração 2: de que já estava errado.
A sequência está correta em Lembrei‑me DISSO. Sujeito = eu (sujeito subentendido),
a) 1, 6, 3, 5, 2, 4. verbo transitivo indireto = lembrei‑me.
b) 2, 6, 4, 1, 5, 3. Então, a  oração 2 é subordinada substantiva objetiva
c) 1, 2, 3, 4, 5, 6. indireta, ou simplesmente objeto indireto oracional.
d) 6, 5, 4, 3, 2, 1.
e) 2, 6, 4, 1, 3, 5. Resposta para a questão: b.

Resolvendo a questão: Veja mais:


Língua Portuguesa

“Cada situação permite que se aprenda algo novo.” “O pão foi comprado por quem precisava.”
• Passo 1. Verbos: permite, aprenda. Verbos: foi comprado (locução verbal na voz passiva),
• Passo 2. Oração 1: cada situação permite. Oração 2: precisava.
que se aprenda algo novo. Oração 1: o pão foi comprado. Oração 2: por quem
• Passo 3. Cada situação permite ISSO. Sujeito = cada precisava.
situação. O pão foi comprado por ISSO. Sujeito: o pão. Locução
Verbo transitivo direto (quem permite, permite algo) = verbal na voz passiva analítica.
permite. O pão foi comprado por ISSO. Agente da passiva:
Objeto direto = ISSO = que se aprenda algo novo. por ISSO.
Então, a  oração 2 é subordinada substantiva objetiva Então, a oração 2 é subordinada substantiva agente da
direta, ou simplesmente objeto direto oracional. passiva, ou simplesmente agente da passiva oracional.

53
EXERCÍCIOS Oração Subordinada Adverbial (Desenvolvida)
I  – Quanto à classificação de orações substantivas (OSS), Conjunções Subordinativas e Locuções Prepositivas
marque C para Certo e E para Errado.
1. Eu sabia que ela não gostaria. (OSSOD) Causais: porque, pois, visto que, já que, na medida em
2. É impossível não admirar um poema desses. (OSSS) que, que, visto como, uma vez que, como (anteposto à oração
3. Ela me disse algo importante: que eu conheceria o principal), porquanto. Exemplos: Os turistas desistiram da
poeta. (OSSS) visita, visto que chovia. Já que o país não crescia, o investidor
4. Convenceu‑me de que certos lugares são inóspitos. se retirava.
(OSSOI) Concessivas: embora, ainda que, se bem que, mesmo
5. O diretor disse a todos em quem tinha confiança. (OSSOD) que, posto que, apesar de que, por mais que, por menos que,
6. Sou favorável a que faças o melhor. (OSSCN) apesar de, não obstante, malgrado, conquanto. Exemplos:
7. É preciso que venhas amanhã. (OSSS) Embora chova, sairei. Por mais que tente, não te entendo.
8. Desejamos que vocês vençam. (OSSOI) A fé ainda move montanhas, posto que esteja abalada. Mal-
9. Ele necessita de que todos o ajudem. (OSSCN) grado seja domingo, ela está trabalhando.
10. Temos necessidade de que a economia melhore. (OSSOI) Condicionais: se, caso, desde que, contanto que, a não
ser que, sem que. Exemplos: O amor não se rompe, desde
II  – Marque C para Certo e E para Errado sobre a oração que sejam fortes os laços. Se viagens instruíssem homens,
subordinada substantiva (OSS). os marinheiros seriam o mais sábios. A não ser que trabalhe,
1. A conclusão é que a corrupção ainda existe. (OSSP) não prosperará.
2. Não me parece bonito que um presidente esqueça os Consecutivas: tal que, tanto que, de sorte que, de modo
compromissos. (OSSOD) que, de forma que, tamanho que. Exemplos: A fé era tama-
3. Sou favorável a que o torturem. (OSSCN) nha que muitos milagres se operavam. Choveu tanto que a
4. Lembre‑se de que é necessário perseverança. (OSSOI) ponte caiu.
5. Quem canta seus males espanta. (OSSS) Conformativas: conforme, como, segundo, consoante.
6. Será preciso que encontres lugar menos deserto. (OSSP) Ex.: Chorarão as pedras das ruas, como diz Jeremias sobre
7. Aquele absurdo, que conquistou a vaga em merecimen- as de Jerusalém destruída.
to, corria na boca do povo. (OSSA) Comparativas: como, assim como, tal qual, que, do que,
8. Não se sabe se o réu, de fato, dissera a verdade. (OSSOD) (tanto) quanto/como. Exemplos: Janete estuda mais que
9. Consideram‑no apto a que gerencie os negócios da trabalha. Elias canta tal qual Zezé. Jesus crescia tanto em
firma. (OSSCN) estatura quanto em sabedoria.
10. Todos reconhecem que, de fato, seu namorado é edu- Finais: para que, porque, a fim de que, para, a fim de.
cado. (OSSA) Exemplos: O gerente deu ordens para que nada faltasse aos
hóspedes. Estudei porque vencesse na vida.
III – Marque C para certo e E para errado quanto à classifi- Proporcionais: à medida que, à proporção que, ao passo
cação das orações substantivas (OSS). que, quanto mais/mais, quanto mais/menos, quanto menos/
1. Tenho certeza de que o país terá dias melhores. (OSSCN) mais, quanto menos/menos. Ex.: Quanto mais conhecia os
2. Há nos presídios uma regra, que traidor se mata com homens, mais Pafúncio confiava em Deus. À  medida que
tiro na cara. (OSSA) enxergava, o ex‑cego se alegrava.
3. Já se disse que a guerra pode ser vista de dois ângulos. Temporais: quando, enquanto, logo que, antes que, de-
(OSSOD) pois que, mal, sempre que. Exemplos: Sempre que corríamos
4. Pouco importa que não vejam nossa verdade. (OSSS) à janela, assistíamos ao pôr‑do‑sol. Mal as provas chegaram,
5. Seguramente não suspeita de que o inimigo já o viu. os alunos se agitaram.
(OSSOD)
6. Ali pelo oitavo gole, chegamos à conclusão de que não EXERCÍCIOS
havia solução mesmo. (OSSCN)
7. Estava convencida de que todos os homens mentiam. I – Ponha entre parênteses o número de classificação das
(OSSOI) orações subordinadas adverbiais (OSA).
8. Gandhi tinha um grande sonho: que os homens vives- (1) Causal.
sem em paz. (OSSA) (2) Comparativa.
9. Parecia que o réu queria uma nova chance. (OSSOD) (3) Concessiva
10. Constava ainda que o produto estava em falta. (OSSS) (4) Condicional.
(5) Conformativa.
GABARITO (6) Consecutiva.
(7) Final.
(8) Proporcional.
Língua Portuguesa

I. II. III.
1. C 1. C 1. C (9) Temporal.
2. C 2. E 2. C
3. E 3. C 3. E a) Minha mão tremia tanto que mal podia escrever.
4. C 4. C 4. C ( )
5. E 5. C 5. E b) Irineu acompanhou o irmão embora estivesse exausto.
6. C 6. E 6. C ( )
7. E 7. C 7. E c) Fiz a eles um sinal que não insistissem. ( )
8. E 8. E 8. C d) Os detentos protestaram na penitenciária porque
9. E 9. C 9. E eram maltratados. ( )
10. E 10. E 10. C e) Envelheçamos como as árvores mais resistentes
ficam velhas. ( )

54
f) Por que não elaborou o relatório, como o diretor EXERCÍCIOS
orientou? ( )
g) Ia começando a chuva quando passe pelo portão. II – Marque C para Certo e E para Errado acerca da classifi-
( ) cação das orações reduzidas a seguir.
h) Se Deus é por nós, quem será contra nós? ( ) 1. É impossível não gostar deste livro. (OSSS)
i) A raposa, como não pudesse alcançar as uvas, 2. De tanto amolar, concedeu‑lhe o que pedia. (OSA TEM-
desdenhou‑as. ( ) PORAL)
j) Quanto mais se proibia o passeio, mais eles insistiam. 3. Você, lavando as roupas, não teria encontrado alguma
( ) pista? (OSA TEMPORAL)
k) Como o assunto estivesse muito interessante, nin- 4. Julgando inúteis as cautelas, o tribunal cedeu à defen-
guém ficava quieto. ( ) soria. (OSA CONSECUTIVA)
l) Por mais leve que pisasse, o soalho ainda ecoava os 5. Mesmo sitiada pelos nazistas, a França não se rendeu.
passos. ( ) (OSA CONSECUTIVA)
m) Depois que veio para a universidade, sua mente se 6. Ao notar os erros, comunicou o chefe. (OSA CAUSAL)
abriu. ( ) 7. Chovendo, os  turistas permanecerão no hotel. (OSA
n) A inflação, como se sabe, é a consequência do ex- CONDICIONAL)
cesso de gasto público. ( ) 8. Aparecendo algum suspeito, a gente prende para in-
o) Chame o padre, se todos fazem questão, contanto vestigação. (OSA CONDICIONAL)
que me tragam também o médico. ( ) 9. Terminado o projeto, nós viajaremos? (OSA TEMPORAL)
10. Acabado o discurso, os alunos formandos aplaudiram.
Oração Subordinada Reduzida (OSA CAUSAL)

É a oração subordinada com duas características neces- III – Classifique as orações subordinadas sublinhadas.
sárias: 1. Creio serem muitas as denúncias.
• sem conjunção nem pronome relativo; e 2. Voltando para a igreja, encontrou os primos.
• com verbo no infinitivo, no gerúndio ou no particípio. 3. Agradou‑nos para atendermos o que pedia.
4. Nenhuma hospedagem tendo sido encontrada, desis-
Veja exemplos: tiram do passeio.
Apesar de comer muito alho, possuía a boca cheirosa. 5. Mandei‑o entrar logo.
-> Oração subordinada adverbial concessiva reduzida 6. Deus, cujo poder é incomensurável, zela pelas suas
de infinitivo. criaturas.
7. As piadas com que muitos se surpreendem são as me-
Por quarenta anos, vagueou no deserto o povo de Israel, lhores.
purgando uma carga de transgressões. 8. Tu não tens ideia do professor que és.
-> Oração subordinada adjetiva explicativa reduzida de ge- 9. O concurso que prestamos não era difícil.
rúndio (equivale a: que purgava uma carga de transgressões). 10. Os seus passos rompiam o silêncio da noite, como se o
som do soalho fosse música.
Um arqueólogo alemão encontrou o palácio construído 11. Era tão feio que as crianças o temiam.
por Príamo na Troia antiga. 12. Por mais que se esforcem, não conseguem a obediência
-> Oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de de todos.
particípio (equivale a: que foi construído por Príamo na 13. Não irei à festa sem que ela me convide.
Troia antiga). 14. Como dizia a madre diretora, consciência do nosso
papel no mundo é fundamental.
Ana já provou ser a mais fiel das criaturas. 15. Quanto mais se agita, mais o inseto fica preso na teia.
-> Oração subordinada substantiva objetiva direta redu-
zida de infinitivo (Ana já provou ISSO.). GABARITO
Convém não nos iludirmos tanto. I. j) 8 3. C
-> Oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de a) 6 k) 1 4. E
infinitivo (ISSO convém.). b) 3 l) 3 5. E
c) 7 m) 9 6. E
Agindo Deus, quem impedirá? d) 1 n) 5 7. C
-> Oração subordinada adverbial condicional reduzida e) 2 o) 4 8. C
de gerúndio. f) 5 9. C
g) 9 II. 10. E
Todos se fartaram na festa a ponto de alguns vomitarem
Língua Portuguesa

h) 4 1. C
no salão. i) 1 2. E
-> Oração subordinada adverbial consecutiva reduzida
de infinitivo. III. 8. OSAR.
1. OSSOI RI. 9. OSAR.
Concluídas as formalidades legais, casaram‑se. 2. OSAT RG. 10. OSA COMPARATIVA.
-> Oração subordinada adverbial temporal reduzida de 3. OSAF RI. 11. OSA CONSECUTIVA.
particípio. 4. OSA CAUSAL RG. 12. OSA CONCESSIVA.
5. OSSOD RI. 13. OSA CONDICIONAL.
Pafúncio trepava a fim de pegar mangas. 6. OSAE. 14. OSA CONFORMATIVA.
-> Oração subordinada adverbial final reduzida de infi- 7. OSAR. 15. OSAP.
nitivo.

55
Oração Coordenada 3. Oração subordinada é a que participa do período com-
posto, desempenhando uma função sintática dentro de
Conjunções Coordenativas e Locuções outra oração.
4. Oração principal é a que tem uma função dentro dela
Aditivas: e, nem ( = e não), mas também. Exemplos: Astolfo desempenhada por outra oração.
não cantou nem dançou. Anita trabalhou e estudou. O povo não 5. Em “Ele estudou como um louco”, existem duas orações
só exige respeito, mas também paga impostos. apesar de haver apenas um verbo expresso.
Adversativas: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, 6. Uma oração coordenada pode, ao mesmo tempo, ser
entretanto, não obstante. Exemplos: O país cresceu, mas não principal, como no exemplo: “Chorava por ter gastado
gerou empregos. o dinheiro e se maldizia da sorte”.
Alternativas: ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja.
Exemplos: Ou saio para ir com você ou fico em casa. GABARITO
Conclusivas: logo, pois (após o verbo da oração e entre
vírgulas), portanto, assim, por isso, por conseguinte, dessarte/
destarte, posto isso. Ex.: Mílvio estuda Português faz dois anos,
I.
portanto já sabe muito. a) Oração coordenada assindética / oração coordenada
Explicativas: pois (antes do verbo), que ( = porque), porque, sindética adversativa.
porquanto. Exemplos: Feche a porta, que está frio. O  país b) Oração coordenada assindética / oração coordenada
cresceu, porque o desemprego diminuiu. sindética explicativa.
c) Oração coordenada assindética / oração coordenada
sindética conclusiva.
EXERCÍCIOS d) Oração coordenada assindética / oração coordenada
sindética adversativa.
I – Divida os períodos compostos por coordenação abaixo e e) Oração coordenada assindética / oração coordenada
classifique as orações: sindética adversativa.
a) Machucou‑se, mas logo se esqueceu da dor. f) O.C.A. / O.C.A. / oração coordenada sindética aditiva.
b) Leia todo o livro, pois o professor vai cobrar o con- g) O.C.A. / O.C.S. Aditiva.
teúdo. h) O.C.A. / O.C.S. Conclusiva.
c) Acompanhei todo o seu raciocínio, portanto agora i) O.C.S. ALT. / O.C.S. ALT.
posso contestar. j) O.C.A. / O.C.S. Conclusiva
d) Júlia emprestou‑me seus jogos, mas não impôs
restrições para o uso. II. 6. C III.
e) Eles não sabiam do seu envolvimento na operação 1. C 7. E 1. C
ilícita, entretanto pediram sigilo absoluto. 2. C 8. E 2. C
f) Ele entrou, vestiu o terno e se mandou para o escri- 3. C 9. C 3. C
tório. 4. C 10. C 4. C
g) Ela falava alto, e o namorado era tímido. 5. E 5. C
h) Afinal, os dois se merecem, logo devem suportar um
ao outro.
i) Os homens ora se calam, ora tagarelam. QUESTÕES DE CONCURSOS
j) Ele te protege; sê‑lhe grato, pois.
Vista do avião, a cidade de edifícios arrojados lembra Dubai,
II – Julgue os itens abaixo quanto à classificação da oração só que insulada na estepe verde.
1. (Cespe/Câmara/2014) A locução coloquial “só que” tem,
em destaque.
no texto, valor adversativo, equivalendo, por exemplo,
1. Chegou inesperadamente, cumprimentou a todos e
ao das conjunções porém, todavia, entretanto.
logo foi embora. (OCS Aditiva)
2. Ou ficavam em casa ou saíam em silêncio. (OCS Alter-
Leio que a ciência deu agora mais um passo definitivo.
nativa)
E claro que o definitivo da ciência é transitório, e não por
3. Elas estão em situação lamentável; devemos, pois, deficiência da ciência (e ciência demais), que se supera a si
prestar socorro. (OCS Conclusiva) mesma a cada dia...
4. Eles foram, mas eu não te abandono. (OCS Adversativa) 2. (Cespe/PRF/2013) Mantendo‑se a correção gramatical
5. A poesia não se esconde de ninguém nem fica exclusiva e a coerência do texto, a conjunção “e”, em “e não por
de alguns. (OCS Alternativa) deficiência da ciência”, poderia ser substituída por mas.
6. Trabalhamos muito, portanto merecemos descanso.
(OCS Conclusiva) 3. (Cespe/PRF/2013) Tendo a oração “que se supera a
7. Venha logo ou passará a vez. (OCS Conclusiva) si mesma a cada dia” caráter explicativo, o vocábulo
Língua Portuguesa

8. Cortou o cabelo e ficou mais jovem ainda. (OCS Adver- “que” poderia ser corretamente substituído por pois
sativa) ou porque, sem prejuízo do sentido original do período.
9. Os tolos aprendem à custa dos erros, os espertos à custa
dos tolos. (OC Assindética) Ainda hoje, em certos lugares, a previsão da pena de morte
10. Ora morde o rabo, ora a pata. (OCS Alternativa) autoriza o Estado a matar em nome da justiça. Em outras 10
sociedades, o direito à vida é inviolável e nem o Estado nem
III – Julgue os itens como (C) para Certo ou como (E) para ninguém tem o direito de tirar a vida alheia.
Errado. 4. (Cespe/PRF/2014) Dado o fato de que nem equivale a
1. Oração coordenada participa do período composto sem e não, a supressão da conjunção “e” empregada logo
possuir interdependência sintática com outra oração. após “inviolável” manteria a correção gramatical do
2. A oração do período simples chama‑se absoluta. texto.

56
Polícia é um vocábulo de origem grega (politeia) que passou 13. a vírgula logo após “São Paulo” fosse substituída pela
para o latim (politia) com o mesmo sentido: governo de forma verbal é e a que sucede “investidores” fosse
uma cidade, administração, forma de governo. No entanto, substituída pela conjunção porque.
com o decorrer do tempo, assumiu um sentido particular,
passando a representar a ação do governo, que, no exercício Não é à toa que especialistas consideram a iluminação como
de sua missão de tutela da ordem jurídica, busca assegurar uma grande aliada das cidades na luta contra a violência ur-
a tranquilidade pública e a proteção da sociedade contra bana, já que é uma grande inibidora de atos de vandalismo,
violações e malefícios. roubo e agressões.
5. (Cespe/DPF/Agente Administrativo./ 2014) Não haveria 14. (Cespe/Anatel/2014) Seriam mantidas a coerência e a
prejuízo das informações veiculadas no texto, caso se correção gramatical do texto caso se substituísse “já
substituísse “No entanto” por Portanto. que” por qualquer uma das seguintes expressões: dado
que, visto que, uma vez que.
As obras de dragagem objetivam remover os sedimentos
que se encontram no fundo do corpo d’água para permitir Os cientistas afirmam que podem realmente construir agora
a passagem das embarcações, garantindo o acesso ao porto. a bomba limpa. Sabemos todos que as bombas atômicas
6. (Cespe/Antaq/2014) A oração “que se encontram no fabricadas até hoje são sujas (aliás, imundas) porque, depois
fundo do corpo d’água” tem função restritiva. que explodem, deixam vagando pela atmosfera o já famoso
e temido estrôncio 90.
Essas novas formas de liberdade foram saudadas porque 15. (Cespe/PRF/2013) A oração introduzida por “porque”
dissolviam laços de domínio dos poderes familiares e feudais expressa a razão de as bombas serem sujas.
que impediam o aparecimento de um poder público voltado
para o povo (Habermas, 1994). Mas, simultaneamente, por
atraírem pessoas vindas de diferentes lugares, com diferentes
culturas, religiões, compromissos políticos e identificações,
que apenas se esbarrariam nos novos espaços, as cidades
teriam, então, comprometido o estabelecimento de relações
duradouras entre seus habitantes.
7. (Cespe/Anatel/2014) Tanto na linha 2 quanto na linha
6, o termo “que” introduz oração adjetiva restritiva. 16. (Cespe/Câmara/2014) No terceiro quadrinho, a  ex-
pressão “Sendo assim” poderia, sem prejuízo para a
Ao vender Sochi como sede dos Jogos Olímpicos de Inverno correção e a coerência do texto, ser substituída por
de 2014, o presidente russo Vladimir Putin prometeu uma qualquer um dos seguintes conectores: Portanto, Por
experiência única: turistas e atletas poderiam esquiar nas conseguinte, Conquanto.
montanhas, onde é muito frio, e  mergulhar em piscinas
abertas de hotéis, onde o clima é mais ameno, no mesmo dia. De acordo com o estudo A Cor dos Homicídios no Brasil,
Pelo fato de o clima na região ser subtropical, a temperatura desenvolvido pelo coordenador da área de estudos da vio-
prevista para a Olimpíada já estava no limite do aceitável lência da Faculdade Latino‑Americana no Rio de Janeiro, de
para a prática de esportes na neve: no inverno, é esperada 2001 a 2010, enquanto o índice de mortalidade entre jovens
a média de 6ºC na altura do mar Negro, que banha o litoral. brancos no país caiu 27,1%, o de mortalidade entre negros
8. (Cespe/Câmara/2014) As orações “onde é muito frio” cresceu 35,9%.
e “que banha o litoral” têm natureza explicativa, o que 17. (Cespe/TCE‑ES/2013) O termo “enquanto”, que expres-
justifica o fato de estarem isoladas por vírgulas. sa, no texto, circunstância de conformidade, poderia ser
substituído, coerentemente, por como.
O crescente quadro da violência em São Paulo, fator que gera
medo na sociedade e insegurança para empresas e investi- A imprensa costuma chamar casos como o de Iolanda de
dores, tem desafiado o antigo axioma sociológico de que a “crimes passionais”, como se eles tivessem sido movidos
exclusão é a grande causadora da criminalidade. O  Brasil por amor.
é, hoje, um dos países com a menor taxa de desemprego e 18. (Cespe/TCE‑ES/2013) O vocábulo “como” poderia ser
promoveu, nos últimos dez anos, um significativo processo substituído, nas duas ocorrências, por conforme, sem
de ascensão socioeconômica da população, sem precedentes prejuízo para a coerência do texto.
em nossa história recente.
(Cespe/TCE‑ES/2013) Estariam garantidas a correção grama- O caráter passional não justifica um homicídio, pois o tipo
tical e a coerência textual se, no trecho acima, penal não reconhece a paixão como motivo para um as-
9. o ponto empregado ao final do primeiro período fosse sassinato, podendo, inclusive, a pena imposta ao crime ser
substituído por vírgula e, imediatamente após esta, aumentada se for reconhecido que o réu agiu com motivação
Língua Portuguesa

feitos os devidos ajustes de maiúsculas e minúsculas, torpe ou fútil, ou ainda sem dar possibilidade de defesa à
fosse introduzida a conjunção pois. vítima.
10. a forma verbal “é” (l.4) fosse substituída por sendo e a 19. (Cespe/TCE‑ES/2013) O vocábulo “sem” introduz uma
conjunção “e” (l.5) fosse suprimida do trecho. oração de natureza adverbial.
11. o ponto empregado ao final do primeiro período fosse
substituído por ponto e vírgula e, imediatamente após Conhecíamos armários, sótãos, porões e cofres de sacristias,
este, feitos os devidos ajustes de maiúsculas e minús- bibliotecas, batistérios ou cenáculos, bem melhor do que
culas, fosse introduzida a expressão visando que. seus proprietários ou curadores.
12. o segundo período, feitos os devidos ajustes de maiús- 20. (Cespe/Cade/2014) Seria mantida a correção gramati-
culas e minúsculas, fosse introduzido pela conjunção cal do texto caso a expressão “melhor do que” fosse
Portanto. substituída por melhor que.

57
A mulher era considerada pelos clérigos um ser muito pró- Função Sintática do Pronome Relativo
ximo da carne e dos sentidos e, por isso, uma pecadora em
potencial. Afinal, todas elas descendiam de Eva, a culpada O pronome relativo introduz a oração subordinada ad-
pela queda do gênero humano. jetiva. Esse pronome exerce uma função sintática dentro da
21. (Cespe/Antaq/2014) O termo “Afinal”, empregado no oração adjetiva.
texto como conjunção, introduz oração adverbial tem- Dicas:
poral. • Onde => sempre função de adjunto adverbial de lugar.
• Cujo => sempre função de ajunto adnominal (posse).
As obras de dragagem objetivam remover os sedimentos • Como => sempre função de adjunto adverbial
que se encontram no fundo do corpo d’água para permitir de modo.
a passagem das embarcações, garantindo o acesso ao porto. • Quando => sempre função de adjunto adverbial de
Na maioria das vezes, a dragagem é necessária quando da tempo.
implantação do porto, para o aumento da profundidade na- • Que, quem, o qual => várias funções.
tural no canal de navegação, no cais de atracação e na bacia
de evolução. Também é necessária sua realização periódica Observe os modelos de análise abaixo.
Modelo 1:
para o alcance das profundidades que atendam o calado
O governo aprovou o projeto que apresentou à Câmara.
das embarcações.
Oração 1: O governo aprovou o projeto. Sujeito = o go-
22. (Cespe/Antaq/2014) Nas linhas 2, 4 e 7, “para” confere
verno. VTD: aprovou. Objeto direto: o projeto.
noção de finalidade aos trechos que introduz. Oração 2: que apresentou à Câmara. Sujeito = o governo
(subentendemos o mesmo sujeito que apresentou o projeto
Permanece inquietante a questão de formar a criança e o e aprovou). VTDI: apresentou (quem apresenta, apresenta
jovem para valores que ainda constituem o ideal do nosso algo a alguém). Objeto direto: que (o pronome relativo
tão sofrido bípede implume. Um plano oficial de educação substitui “o projeto” para assumir a função de complemento
pouco poderia fazer para alterar esse iminente risco de verbal na oração adjetiva). Objeto indireto: à Câmara.
desintegração!
23. (Cespe/Cade/2014) A preposição “para”, tanto em Modelo 2:
“para valores que ainda constituem o ideal do nosso tão O governo aprovou o projeto a que o repórter fez refe-
sofrido bípede implume” quanto em “para alterar esse rência.
iminente risco de desintegração que afeta a sociedade Oração 1: O governo aprovou o projeto. Sujeito = o go-
civil”, introduz orações que exprimem finalidade. verno. VTD: aprovou. Objeto direto: o projeto.
Oração 2: a que o repórter fez referência. Sujeito = o
Atualmente, quase todos os países possuem bancos centrais, repórter. VTD: fez. Objeto direto: referência. Complemento
encarregados das emissões de cédulas e moedas. nominal: a que (referência ao projeto, e o pronome “QUE”
24. (Cespe/Caixa/2014) Seriam mantidas a correção grama- está no lugar de “o projeto” dentro da oração adjetiva).
tical e a coerência do texto caso a vírgula empregada
imediatamente após “centrais” fosse suprimida, embo- Modelo 3:
ra o sentido do trecho fosse alterado. O governo aprovou o projeto em que se encontra a
nova regra.
No ambiente virtual, combinações de usuário e senha fun- Oração 1: O governo aprovou o projeto. Sujeito = o go-
cionam para dar acesso a e‑mails, celulares, redes sociais e verno. VTD: aprovou. Objeto direto: o projeto.
cadastros em lojas online. Lidamos com tantas combinações Oração 2: em que se encontra a nova regra. Sujeito pa-
desse tipo, que já se fala de uma nova categoria de estresse: ciente = a nova regra (Pergunte: o que se encontra? O que é
encontrado). VTD: encontra (com a partícula apassivadora
a “fadiga de senhas”.
“SE”, o que seria o objeto direto virou o sujeito paciente).
25. (Cespe/Câmara/2014) A oração introduzida pela
Adjunto adverbial: em que (o que se encontra, se encontra
conjunção “que” expressa ideia de consequência em
em que lugar? =>o pronome “QUE” está no lugar de “o pro-
relação à oração anterior, à qual se subordina. jeto” como lugar onde se encontra a nova regra.)
Após a viagem, Táriq teria mandado gravar, em moedas
comemorativas, uma linha sinuosa, em forma de um esse EXERCÍCIOS
maiúsculo (S), representando o longo e tortuoso caminho
Dê a função sintática dos pronomes relativos abaixo.
percorrido para alcançar o continente europeu. Mandou
1. Ninguém entendia nada do que ela falava.
colocar, no sentido vertical, duas colunas paralelas, cortando
2. Ele não sabe do que nós falávamos.
essa linha sinuosa. 3. Os que mais sabem permanecem em silêncio.
Língua Portuguesa

26. (Cespe/Caixa/2014) A oração “cortando essa linha sinu- 4. A neve, que é branca, caiu em abundância.
osa” tem valor temporal no contexto em que ocorre. 5. Quantas vezes desejamos algumas coisas que outros
desprezam.
Campos continuou a dizer todo o bem que achava no trem 6. As grandes embarcações parecem dançar no oceano,
de ferro, como prazer e como vantagem. Só o tempo que a que é imenso.
gente poupa! Eu, se retorquisse dizendo‑lhe bem do tempo 7. Costumo oferecer ajuda aos amigos, que merecem.
que se perde, iniciaria uma espécie de debate que faria a 8. Era verdade o que eles disseram?
viagem ainda mais sufocada e curta. 9. É um teatro em que se encenaram grandes peças.
27. (Cespe/Caixa/2014) No trecho “Eu, se retorquisse 10. O professor falou‑nos do teatro de Epidauro, na Grécia
dizendo‑lhe bem do tempo que se perde”, a partícula antiga, em cujas dependências se podia ouvir claramen-
“se” recebe classificação distinta em cada ocorrência. te as falas dos artistas, mesmo que na última fileira.

58
GABARITO EXERCÍCIOS
1. Objeto direto 6. Sujeito 34. A palavra “se” possui inúmeras classificações e funções.
2. Adjunto adverbial de 7. Sujeito. Acerca das ocorrências do termo “se” em “Exatamente
assunto. 8. Objeto direto. por causa dessa assimetria entre o fotojornalista e os
3. Sujeito. 9. Adjunto adverbial de protagonistas de suas fotos, muitas vezes Messinis deixa
a câmera de lado e põe‑se a ajudá‑los. Ele se impres-
4. Sujeito. lugar.
siona e se preocupa muito com os bebês que chegam
5. Objeto direto. 10. Adjunto adnominal. nos botes.” (3º§) pode‑se afirmar que
a) possuem o mesmo referente.
QUESTÕES DE CONCURSOS b) ligam orações sintaticamente dependentes.
c) apenas o primeiro “se” é pronome apassivador.
Gente, dizia‑se, que brilharia no corpo docente de qualquer d) apenas o último “se” é uma conjunção integrante.
universidade; especialistas que qualquer editora contrataria
por somas astronômicas (certos astros não são muito gran- 35. O 4º§ é introduzido pelo termo “contudo” que estabe-
des). Tínhamos achado preciosidades que muitos colecio- lece uma relação tal entre as informações que o ante-
nadores cobiçariam. cedem e que o sucedem que poderia ser substituído
28. (Cespe/Cade/2014) Nos trechos “que qualquer editora sem qualquer prejuízo semântico por:
contrataria por somas astronômicas” e “que muitos a) Todavia. b) Porquanto. d) Desde que. e) Consoante.
colecionadores cobiçariam”, o vocábulo “que” introduz
36. No trecho “Quando esses especuladores jogarem a
orações adjetivas restritivas, nas quais exerce a função toalha, usarei parte de minhas reservas para fazer
de complemento verbal. investimentos bons e baratos. Mas não na Petrobras.”
(2º§), o termo em destaque expressa uma relação de
A atividade policial pode ser verificada em quase todas as a) ligação.
organizações políticas que conhecemos, desde as cidades‑es- b) contraste.
tado gregas até os Estados atuais. Entretanto, o seu sentido c) conclusão.
e a forma como é realizada têm variado ao longo do tempo. d) explicação.
A  ideia de polícia que temos hoje é produto de fatores
estruturais e organizacionais que moldaram seu processo 37. Em “Se a renda fixa paga bem, a compra à vista tende a
histórico de transformação. me dar descontos maiores.” (3º§), o termo que introduz
29. (Cespe/Câmara/2014) No texto, o  pronome relativo a oração expressa uma ideia de
“que” exerce, nas duas primeiras ocorrências, a função a) causa.
de complemento verbal e, na terceira, a de sujeito da b) condição.
oração em que se insere. c) concessão.
d) comparação.
Escolha mais adequada é empreender uma apropriação
crítica desse passado político recente, tanto para consolidar 38. “Considerando a relação semântica indicada pela
nossa frágil cidadania quanto para entender a realidade em expressão ‘no entanto’ (2º§), é  correto afirmar que
que vivemos. há uma relação de ________________ em relação a
30. (Cespe/Câmara/2014) No trecho “entender a realidade informação expressa no 1º§.” Assinale a alternativa que
em que vivemos”, a supressão da preposição não preju- completa corretamente a afirmativa anterior.
dica a correção gramatical do texto, ainda que interfira a) oposição
na relação sintático‑semântica entre seus elementos. b) conclusão
c) acréscimo
Do ponto de vista global, notou‑se que a quebra da ordem d) explicação
foi provocada em situações diversas e ora tornou mais e) alternância
graves as distorções do direito, ora espalhou a insegurança
coletivamente. 39. Acerca da construção “Num mundo globalizado, saber
31. (Cespe/DPF/Agente Administrativo/2014) Na linha outra língua é signo e condição competitiva.” (1º§),
1, a partícula “se” é empregada para indeterminar o é correto afirmar que pode ser identificada uma
sujeito. a) oração subordinada substantiva apositiva, apresen-
tando um conceito.
O art. 144 deve ser interpretado de acordo com o núcleo b) oração subordinada substantiva apositiva, apresen-
axiológico do sistema constitucional em que se situam esses tando uma explicação.
c) oração subordinada substantiva objetiva direta,
princípios fundamentais.
indicando uma conclusão do parágrafo.
32. (Cespe/DPF/Agente Administrativo/2014) Mantendo‑se d) oração subordinada substantiva subjetiva, tornando
a coerência e a correção gramatical do texto, o trecho pessoal a informação apresentada.
Língua Portuguesa

“em que se situam esses princípios fundamentais” e) oração subordinada substantiva subjetiva, tornando
poderia ser substituído por aonde se situam esses impessoal a informação apresentada.
princípios fundamentais.
40. Em “Embora sejam informativos, os textos com uma
Todos nós, homens e mulheres, adultos e jovens, passamos descrição dos gols da rodada ou das cestas marcadas no
boa parte da vida tendo de optar entre o certo e o errado, clássico regional são corriqueiros e pouco importantes.”,
entre o bem e o mal. Na realidade, entre o que consideramos o termo destacado estabelece uma relação de
bem e o que consideramos mal. a) negação.
33. (Cespe/PRF/2014) No trecho “o que consideramos b) oposição.
bem”, o  vocábulo “que” classifica‑se como pronome c) conclusão.
e exerce a função de complemento da forma verbal d) concessão.
“consideramos”. e) explicação.

59
41. A respeito dos termos grifados no trecho “A companhia Em relação ao emprego da palavra “se”, e  correto
americana Narrative Science treina computadores para afirmar que em
escreverem sumários de jogos de diferentes modalida- a) apenas dois trechos o “se” indica condição.
des desde 2012 com grande sucesso. Os resumos são b) todos os trechos o “se” tem o mesmo emprego.
publicados online nos jornais que compram seu serviço c) apenas um trecho o “se” é uma conjunção inte-
logo depois do fim do jogo, com uma velocidade impos- grante.
sível para um redator humano.”, analise as afirmativas. d) todos os trechos o “se” atua como pronome reflexivo.
I – “Desde” indica uma marca temporal, assim como e) apenas dois trechos o “se” atua como pronome
“logo”. apassivador.
II  – As  duas ocorrências do “para” indicam sentido
equivalente. 43. O vocábulo “que” pode apresentar classificações e
III  – “Que” atua como elemento de coesão textual funções diversas na construção de frases. Dentre as
retomando um termo anterior. ocorrências do “que”, assinale aquela cuja função sin-
tática pode ser identificada como sujeito da oração.
Está(ao) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s) a) “[...] a primeira coisa que fazia era bater os olhos na
a) I. caixa [...]” (3º§)
b) III. b) “Era um tempo em que não havia internet, não havia
c) I e II. Skype [...]” (4º§)
d) I e III. c) “[...] aquelas cartas que chegavam em envelopes
e) II e III. verde‑amarelos.” (1º§)
d) “Durante os anos que passei fora do Brasil, comuni-
Jornalismo robotizado cava‑me por cartas.” (1º§)
Computadores treinados escrevem sobre jogos,
terremotos e crimes. 44. Analise os trechos I e II.
I – “Muito se pode aprender do seu estudo. Mas você,
O uso de algoritmos na confecção de textos não é algo além disso, ama os lagos pela sua beleza.” (11º§)
novo. A companhia americana Narrative Science treina com- II – “Se essas oposições lhe tiram a paz, você deve saber
putadores para escreverem sumários de jogos de diferentes que são elas que o fazem interessante.” (8º§)
modalidades desde 2012 com grande sucesso. Os resumos
são publicados online nos jornais que compram seu serviço Em I e II, as orações do período apresentam conjun-
logo depois do fim do jogo, com uma velocidade impossí- ções que produzem efeitos de sentido que indicam,
respectivamente:
vel para um redator humano. Embora sejam informativos,
a) Adição e condição.
os  textos com uma descrição dos gols da rodada ou das
b) Causalidade e consecução.
cestas marcadas no clássico regional são corriqueiros e
c) Conformidade e concessão.
pouco importantes. d) Adversidade e conformidade.
Uma tecnologia criada pelo Los Angeles Times pode
mudar os rumos do “robô‑jornalismo”. Escrito pelo jornalista 45. Muitas conjunções são mutáveis, isto é, não possuem
e programador Ken Schwencke, um algoritmo usado pelo jor- apenas uma classificação. Assim, podem ser classifica-
nal e capaz de gerar um texto sobre terremotos com base nos das de acordo com o sentido que apresentam em um
dados divulgados eletronicamente pelo Serviço Geológico determinado contexto. De acordo com esse princípio,
dos Estados Unidos (USGS) sempre que o tremor ultrapassa analise nas construções textuais a seguir como a con-
um limite mínimo de magnitude. Assim, o jornal foi capaz de junção se comporta.
colocar na sua pagina de internet um texto sobre o terremoto I – Explica que explica, mas a aluna não compreende
que atingiu Los Angeles na segunda‑feira 17, três minutos a lição.
depois de receber os dados do USGS. O jornalista conta que II – Informei‐lhe que não sou eu a dona do livro.
o terremoto o assustou e o fez levantar‑se da cama, quando III – Descanse um pouco que seja.
caminhou ate seu computador e encontrou o texto pronto.
O único trabalho que teve foi apertar o botão para publicar Assinale a alternativa que há a correta função das
o texto no site do Los Angeles Times. construções I, II e III, respectivamente:
Schwencke, que também criou um algoritmo que a) Integrante, causal e aditiva.
escreve noticias sobre criminalidade na região de Los Ange- b) Concessiva, causal e integrante.
les, disse a revista eletrônica Slate (www.slate.com) que o c) Aditiva, integrante e concessiva.
“robô‑jornalismo” não chegou para acabar com os jornalistas d) Causal, integrante e comparativa.
humanos. “E algo suplementar. As pessoas ganham tempo
com isso e para alguns tipos de noticias a informação e dis- 46. “Ferramentamos, ajudamos e até atrapalhamos, ok.”
seminada de um modo como qualquer outra. Eu vejo isso (7º§) A respeito do período anterior, analise as afirma-
como algo que não deve acabar com o emprego de ninguém, tivas.
mas que deixa o emprego de todo mundo mais interessante”, I – Há, no período, uma oração reduzida.
Língua Portuguesa

disse o jornalista. “Assim a redação pode se preocupar mais II – O período apresenta apenas orações coordenadas.
em sair as ruas e verificar se ha feridos, se algum prédio III  – Há ocorrência de oração coordenada sindética
foi danificado ou entrevistar o pessoal do USGS”, explicou aditiva.
Schwencke, acrescentando que o texto inicial foi atualizado IV – O período é composto por duas orações coorde-
71 vezes por repórteres e editores ate se tornar a matéria nadas e uma subordinada.
de capa do dia seguinte.
(Carta Capital, 26 de março de 2013.) Estão corretas apenas as afirmativas
a) I e II.
42. Analise os trechos abaixo. b) II e III.
I – “[...] e o fez levantar‑se [...]” (2º§) d) I, II e IV.
II – “[...] pode se preocupar mais [...]” (3º§) d) I, III
III – “[...] e verificar se há feridos, [...]” (3º§) e) IV.

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47. Quanto à constituição do período “Eles haviam voltado 51. “Essa mudança da pintura de Van Gogh, que(1) abandona
da Califórnia e queriam trabalhar com alimentação, mas as cores soturnas para entregar‐se ao colorido vibrante dos
ainda não sabiam em que área.” pode‐se afirmar que quadros neoimpressionistas, é surpreendente, mas, sem
há ocorrência de dúvida, própria de uma personalidade que(2) oscila entre
a) orações coordenadas assindéticas, estando apenas atitudes e reações extremadas.” (11º§). Considerando as
justapostas. duas palavras destacadas no trecho anterior, marque V
b) orações coordenadas sindéticas, de aspecto aditivo para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
e adversativo. ( ) A palavra que(1) retoma a palavra “mudança” e o
c) oração principal seguida de orações subordinadas antecedente de que(2) é “Van Gogh”.
adverbiais de sentidos diferentes. ( ) As palavras “o qual” e “a qual” podem substituir,
d) oração principal seguida de orações subordinadas sem alteração de sentido, respectivamente, que(1)
com aspecto explicativo e conclusivo. e que(2) .
( ) As orações introduzidas pelas palavras destacadas
48. Em “... uma biblioteca tão grandiosa e rica que você se têm a mesma classificação geral e, por isso, não há
sente inibido...”, a oração “que você se sente inibido” diferença de sentido entre elas.
traz uma ideia de ( ) A oração introduzida por que(1) foi empregada
a) causa. depois de uma vírgula para que funcione como
b) condição. uma explicação.
c) concessão. ( ) Subentende‐se da oração introduzida por que(2) que
d) consequência. somente as personalidades oscilantes entre atitudes
e reações extremadas sofrem mudanças surpreen-
“Os especialistas são unânimes em afirmar que elas pode- dentes, porque ela foi empregada sem vírgula.
riam evitar os pequenos acidentes se treinassem um aspecto
no qual apresentam grande deficiência  – o reflexo. E  se A sequência está correta em
prestassem mais atenção aos trajetos. Muitos dos acidentes a) F, F, V, V, V.
envolvendo mulheres acontecem porque as motoristas ten- b) F, V, F, V, V.
tam virar à direita ou à esquerda repentinamente, sem dar c) V, F, V, V, F.
chance ao carro de trás de frear a tempo. Além disso, elas d) F, V, F, F, V.
estão abusando do telefone celular enquanto dirigem – o
que é uma infração prevista no Código Nacional de Trânsito. 52. No trecho “A verdade é que descobri o que eu já sabia,
Conhecer as características gerais de homens e mulheres ao mas não sabia tanto.” (14º§), a palavra destacada pode
volante só tem sentido se um estiver disposto a copiar o que o ser substituída, sem prejuízo semântico, por, exceto:
outro tem de melhor. Do contrário, a discussão cairá no vazio a) Porém.
sexista. O piloto Luiz Carreira Junior, colega de competições b) Contudo.
de Valéria Zoppello, é quem dá a receita. ‘Os homens teriam c) Portanto.
d) Entretanto.
a ganhar se fossem tão prudentes quanto as mulheres. E elas
seriam melhores motoristas se fossem mais atentas ao que
53. No trecho “[...] ele torna necessário o que era mera
acontece à sua volta’, diz ele.”
probabilidade.” (4º§), a  palavra que desempenha a
49. No último parágrafo do texto, os conectores destacados
função de sujeito do verbo “tornar” é um pronome cuja
representam, respectivamente, função é
a) adição, explicação, adição e tempo. a) sinalizar uma generalização.
b) tempo, explicação, adição e tempo. b) expressar uma emoção súbita.
c) adição, explicação, explicação e tempo. c) retomar um termo expresso anteriormente no texto.
d) adição, explicação, tempo e concessão. d) antecipar um termo que ainda não foi expresso no
e) tempo, explicação, adição e concessão. texto.
50. Relacione adequadamente a classificação das orações 54. Quanto à classe gramatical das palavras sublinhadas,
subordinadas substantivas às respectivas orações. tem‐se a correspondência correta em:
1. Subjetiva. a) “... e  isso só se completa ao redor dos 20 anos.”
2. Objetiva direta. (2º§) – advérbio.
3. Objetiva indireta. b) “E isso traz grandes consequências para a socieda-
4. Completiva nominal. de.” (1º§) – preposição.
5. Predicativa. c) “… passando pelas ruas e se uniram ao vandalismo
6. Apositiva. por impulso.” (2º§) – conjunção.
d) “Não cabe a mim dizer se a maioridade penal deve
( ) Cada situação permite que se aprenda algo novo. subir ou baixar.” ( 4º§) – pronome pessoal.
( ) Só quero uma coisa: que tires a tua carteira.
Língua Portuguesa

( ) Tenho esperança de que o trânsito melhore. 55. Analise a classificação das orações destacadas nas
( ) É importante que todos colaborem. seguintes alternativas.
( ) Meu desejo é que sejas classificado. I – “Digo o nome do morador, confesso que esqueci o
( ) Lembrei‑me de que já estava errado. apartamento dele, recebo um pouco de boa vontade
e consigo ser anunciado.” (2º§) – Oração Subordinada
A sequência está correta em Substantiva Objetiva Direta.
a) 1, 6, 3, 5, 2, 4. II – “Se eu perder o aparelho ou o chip, estou frito.”
b) 2, 6, 4, 1, 5, 3. (4º§) – Oração Subordinada Adverbial Condicional.
c) 1, 2, 3, 4, 5, 6. III – “Afinal, quando estou diante do porteiro especu-
d) 6, 5, 4, 3, 2, 1. lando um apartamento e o morador está em dúvida de
e) 2, 6, 4, 1, 3, 5. quem seja eu, ele não informa o RG.” (6º§) – Oração
Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

61
Estão corretas as alternativas a) Porque.
a) I, II e III. b) Portanto.
b) I e II, apenas. c) Porquanto.
c) I e III, apenas. d) Entretanto.
d) II e III, apenas.
62. “Ora, que os pais e responsáveis formam o núcleo fa-
56. Assinale a alternativa cuja função sintática do vocábulo miliar das crianças e têm o dever de garantir educação,
“que” difere das demais. bem‑estar, alimentação e saúde a seus filhos ninguém
a) “[...] o porteiro responderá que foi o seu João do questiona.” (12º§) De acordo com a classe gramatical
403.” (5º§) de palavras, os termos sublinhados são classificados,
b) “Menos quando é uma idosa, que abre a porta sem respectivamente, como:
medo.” (3º§) a) Conjunção, verbo e substantivo.
c) “[...] chego diante de um prédio, sei que é ali o en- b) Conjunção, substantivo e pronome.
dereço [...]” (1º§) c) Interjeição, substantivo e pronome.
d) “Ou basta ligar para o morador e avisar que estou d) Interjeição, verbo e artigo indefinido.
ali na rua [...]” (4º§)
63. “Dizer para as pequenas que precisam de toda a coleção
57. Analise as seguintes orações. de bonecas ou para os pequenos que não serão aceitos
I – “Em tudo sou diferente dos profissionais de porta- no grupo se não tiverem o relógio e a sandália que brilha
ria.” (5º§) equivale a falar que somente terão amor, felicidade, se
II  – “Bastava ir uma única vez e já estaria decora- consumirem esses produtos.” (4º§) Assinale a alternati-
do.” (6º§) va em que o termo sublinhado exerce a mesma função
III – “Pior são os edifícios novos e seu padrão rígido de do termo sublinhado no trecho anterior.
design, tão mais harmônico quanto impessoal.” (3º§) a) “... sob pena de se ter um comportamento antiético
validado...”
Acerca das orações anteriores é correto afirmar que b) “Porém, se as crianças forem inseridas na lógica do
a) todas são formadas por orações absolutas. consumismo desde a mais tenra infância,...”
b) todas possuem orações coordenadas assindéticas. c) “... mas o que se deve ter em mente é que as crianças
c) uma delas apresenta oração coordenada sindética. realmente acreditam no que a publicidade diz a elas.”
d) uma delas apresenta oração subordinada adverbial. d) “Elas não devem se preocupar com as marcas do que
vestem, em parecer sensuais precocemente, ou em
58. “Aprender, gostar das aulas e admirar o professor, comer para ganhar os brindes...”
fazer o que é proposto... ou então deixar de aprender,
64. As conjunções estabelecem a relação entre duas ora-
ficar doente, ter conduta antissocial e rebelar‑se são,
ções ou entre dois termos de uma mesma oração. Em
nesse sentido, expressões de vulnerabilidade, mas não
“Contudo, cabe aqui uma reflexão cuidadosa.” (16º§),
implicam passividade frente à rotina.” (2º§) De acordo
a conjunção “contudo” recebe a mesma classificação
com a classe de palavras, os termos sublinhados ante-
que a conjunção apresentada no seguinte trecho:
riormente são classificados, respectivamente, como: a) “... quando alcançarem a adolescência e tiverem,
a) Conjunção, conjunção e pronome. portanto, mais condições de avaliar tudo isso,...”
b) Preposição, conjunção e pronome. b) “... pois proporcionaria um aprendizado de como lidar
c) Conjunção, interjeição e conjunção. com questões de consumo desde muito pequenas.”
d) Preposição, interjeição e conjunção. c) “Porém, é igualmente pacífico que o Estado e a so-
ciedade proporcionem a essa família as condições
59. “Há também uma vulnerabilidade ‘neutra’, sem conse- adequadas...”
quências positivas nem negativas, que precisa ser tole- d) “Por isso, o Estado tem sim o dever – e não só o di-
rada ou aceita por ser uma marca de nossa condição, reito – de atentar para questões que digam respeito
uma característica do ser vivo.” (4º§) Sobre o trecho às crianças,...”
sublinhado, é correto afirmar que
a) coloca à parte um substantivo da oração. 65. Observe o seguinte trecho: “Segundo a enfermeira Mi-
b) liga‑se ao termo anterior acrescentando uma expli- riam Rostirolla, chefe do setor de imunização da Secre-
cação. taria Municipal de Saúde, o HPV é o principal causador
c) não estabelece relação sintática com outro termo do câncer de colo de útero e após o início da vida sexual
da oração. a adolescente tem que se submeter ao exame papanico-
d) acrescenta uma sequência de fatos para desenvolver lau”. Assinale a alternativa que mantém a mesma relação
o termo anterior. de sentido estabelecida pela conjunção sublinhada.
a) A vacinação contra o HPV é o meio mais eficiente
Língua Portuguesa

60. “Assim como somos vulneráveis ao amor e ao cuida- para se prevenir muitas doenças no Brasil.
do, também somos à maldade e à indiferença, e  as b) A importância da vacinação se justifica, porque o
consequências disso são negativas.” (3º§) Os termos câncer em mulheres ainda preocupa a saúde do país.
sublinhados exercem, respectivamente, as ideias de: c) A vacina protege a usuária de alguns subtipos do
a) Conclusão e adição. HPV, mas não de outras doenças sexualmente trans-
b) Explicação e adição. missíveis.
c) Causa e consequência. d) Conforme Maria Eneida Furlin Dresch, a caderneta
d) Consequência e inclusão. de vacinação será indispensável para se receber o
medicamento.
61. “Contudo, cabe aqui uma reflexão cuidadosa.” De acor- e) Como a vacinação contra o HPV foi delimitada para
do com o contexto, o termo sublinhado é substituído uma faixa etária específica, muitas adolescentes
corretamente por: precisarão pagar para se imunizar.

62
66. Relacione adequadamente os tipos de orações subor- e) “e a cuja diferenciação se refere o autor para distin-
dinadas substantivas às respectivas orações. guir um do outro.”
1. Apositiva.
2. Subjetiva. 71. “... que aquele item é importante para que a gente se
3. Objetiva indireta. sinta bem...” (5º§) Nessa frase, a oração sublinhada traz
4. Completiva nominal. uma ideia de
a) tempo.
( ) O paciente desrespeitou a recomendação de que b) oposição.
não tomasse aquele remédio à noite. c) finalidade.
( ) Avisei‑o de que deveria fazer repouso após a cirur- d) conclusão.
gia. e) concessão.
( ) Não se sabe como ele conseguiu sobreviver.
( ) O irmão, preocupado, disse‑lhe isto: não exagere 72. “Portanto não esquecer ou negligenciar o novo con-
com a bebida. sumidor, cujas características são bem conhecidas...”
(12º§) O conectivo “portanto” introduz uma
A sequência está correta em a) causa.
a) 3, 2, 1, 4. b) adição.
b) 2, 3, 1, 4. c) conclusão.
c) 1, 2, 3, 4. d) explicação.
d) 4, 3, 2, 1. e) consequência.
e) 4, 2, 3, 1.
73. Ainda em relação à frase “Não fui eu que escrevi.” (2º§)
67. Em “Hoje estamos inclinados a dizer que foi um ato é correto afirmar em relação à estruturação que tal
criminoso antivida, de nenhuma forma justificável, período é constituído, na ordem em que aparecem as
pois, pensando em termos ecológicos, a bomba matou orações, de
muito mais do que pessoas, mas todas as formas de vida a) oração adjetiva seguida de oração principal.
vegetal, animal e orgânica, além da destruição total dos b) oração principal seguida de oração adjetiva.
bens culturais.” (8º§) É correto afirmar que os trechos c) uma oração principal seguida de duas adverbiais.
sublinhados trazem ao fragmento a ideia de: d) uma oração adverbial seguida de uma oração adjetiva.
a) Conclusão e adição.
b) Explicação e oposição. 74. Em “O conhecimento de nosso próprio rosto surge
c) Explicação e acréscimo. muito depois do encontro com o rosto do outro. Em
nossa época, contudo, cada um compraz‐se mais com
d) Acréscimo e justificativa.
o próprio rosto do que com o alheio.” (4º§), o conectivo
“contudo” estabelece uma ______________ e pode
68. “Com efeito, de pouco valeu o estarrecimento, pois
ser substituído sem que haja prejuízo semântico por
continuaram a desenvolver armas nucleares mais
__________________. Assinale a alternativa que com-
potentes ainda, capazes de erradicar toda a vida do pleta correta e sequencialmente a afirmativa anterior.
planeta e pôr um fim à espécie humana.” (4º§) Sobre a) oposição / pois
o fragmento anterior, assinale a afirmativa correta. b) ressalva / no entanto
a) Ao substituir o trecho “espécie humana” por “pla- c) retificação / por conseguinte
neta Terra” deve‑se substituir “à” por “o”. d) compensação / na maioria das vezes
b) “Pôr” é gramaticalmente classificado como prepo-
sição enquanto “mais” trata‑se de um advérbio. 75. Em “Um dos produtos mais curiosos da indústria
c) Em “a desenvolver” e em “toda a vida”, o termo “a” cultural digital é a chamada selfie, autorretrato feito
em ambos os casos classifica‑se como preposição. com celular que virou mania geral..” (1º§), o  verbo
d) “pois continuaram a desenvolver armas nucleares “VIRA”estabelece uma relação com seu complemento
mais potentes ainda,” trata‑se de uma explicação que possibilita que a classificação de tal verbo seja
do trecho “pouco valeu o estarrecimento”. __________________________. Além disso, o sujeito
demonstrado no trecho em destaque pode ser classifi-
69. Os termos sublinhados nas alternativas a seguir pos- cado como __________________. Assinale a alternativa
suem o mesmo valor semântico, exceto em: que completa correta e sequencialmente a afirmativa
a) “Uma querida amiga que mora na Suécia…” (2º§) anterior.
b) “Uma parte da infância que nunca se perdeu.” (8º§) a) impessoal / inexistente
c) “Sonhos que podem parecer bobagem para os ou- b) intransitivo / inexistente
tros...” (8º§) c) transitivo direto / simples
d) “Significa compreender que a comunicação é fun- d) transitivo direto e indireto / simples
damental para o entendimento e a paz...” (7º§)
Língua Portuguesa

76. “Se pensarmos no que constitui o sujeito, chegaremos à


70. “Associado ao termo consumo sempre surge a ideia linguagem, isto quer dizer que a pessoa com deficiência
do consumismo e cuja diferenciação não é tão simples não é o que ela é em si, porque esse ‘em si’ é uma falsa
quanto parece.” (2º§) Constituiria um erro se o autor questão, mas o que se diz sobre a pessoa com defi­ciência,
substituísse o excerto grifado por ou seja, como ela é compreendida.” (5º§) Sobre o trecho
a) “e cuja a diferenciação sempre se fica refletindo.” em destaque, analise as afirmativas a seguir.
b) “e por cuja diferenciação os especialistas já passa- I – “Se pensarmos no que constitui o sujeito...” é a con-
ram.” dição para se chegar à linguagem.
c) “e em cuja diferenciação pouco se acredita hoje II  – “... isto quer dizer que a pessoa com deficiência
em dia.” não é o que ela é em si, porque esse ‘em si’ é uma falsa
d) “e cuja diferenciação não é tarefa simples a ser questão...”. Neste trecho, ocorre uma explicação do que
realizada.” significa “chegaremos à linguagem”.

63
III – O parágrafo é formado por orações que expres- EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO
sam condição, consequência, explicação e oposição
respectivamente.
Aspectos Sintáticos, Semânticos, Estilísticos –
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s) Prática Aplicada
a) I, II e III.
b) II, apenas. Vírgula
c) III, apenas.
d) I e II, apenas. • Separa objeto direto ou indireto antecipado e com
pleonástico.
77. “O que já se sabe, contudo, é que a microcefalia pode Ao injusto, nada lhe devo.
ser mais ou menos grave.” (2º§) O termo sublinhado • Separa adjunto adverbial longo e deslocado.
trata‑se de uma conjunção que pode ser substituída, Antes do início do mês, começam as obras.
corretamente, de acordo com o contexto, por: • Separa predicativo do sujeito deslocado, com verbo
a) Assim. intransitivo ou transitivo.
b) Porém. Descrente, chorou. Ivo, aflito, pedia explicações.
c) Portanto. • Separa aposto explicativo.
d) Porquanto. Salvador, minha cidade natal, tem muitas igrejas.
• Separa vocativo.
78. Assinale a alternativa em que o termo ou trecho subli- Não diga isso, Mariana.
nhado exerce a função sintática diferente dos demais. • Separa expressões explicativas e corretivas.
a) “O que já se sabe, contudo, é  que a microcefalia Falei, quer dizer, explodi! São, aliás, somos felizes.
pode ser mais ou menos grave.” (2º§) • Separa nome de lugar antes de data.
b) “No mundo da performance, as pessoas tendem a Brasília, 17 de janeiro de 1998.
não tolerar o ‘desvio estético’,...” (14º§) • Entre elementos enumerados.
c) “Ao contrário, ele faz parte de um processo discur- Estão aí Júlio, Carlos, Maria e Sílvia.
sivo aberto que tem relação com discursos anterio- • Indica verbo oculto.
res...” (15º§) O pai trabalha na capital; a mãe, no interior.
d) “Desse modo, até o momento, não é possível com- • Antes de subordinada substantiva apositiva.
provar a relação de causa e efeito entre o vírus e a Teve um pressentimento, que morreria jovem.
microcefalia.” (2º§) • Antes de subordinada adjetiva explicativa.
Esta é a minha casa, que recebeu tanta gente.
79. “O Estado, até agora, não conseguiu coletar os dados • Separa subordinada adverbial deslocada.
e apresentar soluções eficazes e responsáveis sobre a Se perder o emprego, vou para outra cidade.
discussão do zika.” (2º§) Neste contexto empregado, • Entre coordenadas assindéticas.
Entrou no carro, ligou o rádio, ficou à espera.
os  termos sublinhados são classificados, respectiva-
• Separa conjunção coordenativa deslocada.
mente, de acordo com a classe de palavras, como:
Não se defende; quer a própria condenação, portanto.
a) Advérbio, conjunção e advérbio.
• Antes de conjunção coordenativa.
b) Conjunção, conjunção e advérbio.
Decida logo, pois seu concorrente age rápido.
c) Conjunção, preposição e advérbio.
• Antes de e e nem só em oração com sujeito diferente
d) Advérbio, conjunção e preposição.
do da anterior.
A vida continua, e você não muda.
80. Em “Levou‐me para um quarto dos fundos, onde as • Antes de mas também, como também (em correlação
crianças costumavam dormir,[...]” o pronome relativo com não só).
“onde” é usado corretamente de acordo com a norma Não só reclama, mas também torce contra nós.
padrão, estabelecendo uma relação de coesão no
trecho destacado. Acerca do emprego dos pronomes
relativos, identifique, a seguir, um exemplo INADEQUA- Ponto e vírgula
DO de acordo com a norma padrão.
a) Este é o homem cuja fazenda está à venda. • Para fazer uma pausa maior que a da vírgula e menor
b) Bom é o livro cujo conteúdo não envelhece. que a do ponto.
c) Eu sou o freguês que por último chega à loja. A sala está cheia de móveis; o quadro cheira a mofo.
d) A cidade a que nos dirigimos ainda está longe. • Separa coordenadas adversativas e conclusivas com
e) Surpreende‐me o assunto onde o escritor se inspirou. conjunção deslocada.
Não estuda; não quer, pois, a aprovação.
• Separa orações que já tem vírgula no seu interior.
GABARITO Ivo, sozinho, lutava; Ana, sem forças, rezava.
Língua Portuguesa

• Separa coordenadas que formam um paralelismo ou


1. C 11. E 21. E 31. E 41. d 51. b 61. d 71. c um contraste.
2. C 12. E 22. C 32. E 42. c 52. c 62. b 72. c Muitos entendem pouco; poucos entendem muito.
3. E 13. C 23. C 33. C 43. c 53. c 63. b 73. b • Aparece no final dos itens de uma enumeração.
4. E 14. C 24. C 34. a 44. a 54. a 64. c 74. b Há duas hipóteses para o seu gesto: a) não conseguiu
5. E 15. C 25. C 35. a 45. c 55. b 65. d 75. c o emprego; b) saúde da filha pirou.
6. C 16. E 26. E 36. b 46. b 56. b 66. d 76. a
7. E 17. E 27. C 37. d 47. b 57. c 67. c 77. b Dois-pontos
8. C 18. E 28. C 38. a 48. d 58. a 68. d 78. b
9. C 19. C 29. C 39. e 49. a 59. b 69. d 79. d • Antes de aposto (explicativo ou enumerativo) e de
10. E 20. C 30. E 40. d 50. b 60. a 70. a 80. d oração apositiva.
Tem um sonho: viajar. Leu três itens: “a”, “c” e “i”.

64
• Antes de citações. • Separa o latinismo sic (confirma algo exagerado ou
Ana gritava: “Eu faço tudo!”. improvável).
• Antes de explicação ou esclarecimento. Levava na mala US$20 milhões (sic).
Sombra e água fresca: as férias começaram. • O ponto sempre vem após o segundo parêntese, salvo
Festa no prédio: o síndico se mudou. se um período inteiro estiver entre parênteses.
• Depois da invocação nas correspondências. Todos votaram contra (alguns rasgaram a célula).
Cara amiga: O perigo já passara. (A mão ainda tremia.)
• Depois de exemplo, nota, observação.
Nota: aos domingos o preço será maior. Travessão
• Depois de a saber, tais como, por exemplo.
Combate doenças, tais como: dengue, tifo e malária. • É usado, duplamente, para destacar uma palavra ou
expressão.
Aspas A vida – quem sabe? – pode ser melhor.
• Aparece, nos diálogos, antes da fala de um interlocutor
• No início e no final das transcrições. e, depois dela, quando se segue uma identificação de
O preso se defendia: “Não fui eu”. quem falou.
• Só aparecem após a pontuação final se abrangem o – Agora? – indaguei.
período inteiro. – imediatamente! – explodiu Júlio.
“Fica, amor”. Quantas vezes eu te disse isso. • Liga palavras ou expressões que indicam início e final
• Destacam palavras ou expressões nos enunciados de de percurso.
regras. Inaugurada a nova estrada Rio-Petrópolis.
A preposição “de” não cabe aqui. • É usando duplamente quando um trecho extenso se
• Indicam estrangeirismos, gírias, arcaísmos, formas po- intercala em outro.
pulares etc. (tais expressões podem vir sublinhadas ou Vi Roma – quase me perdi pelas vielas – e Paris.
em itálico).
Você foi muito “legal” com a gente.
Ortografia é o seu maior “problema”. Ponto
• Destacam palavras empregadas em sentido irônico.
Foi “gentilíssimo”: gritou comigo e bateu a porta. • Aparece no final da frase, quando se conclui todo o
• Destacam títulos de obras. pensamento.
“Quincas Borba” é o meu livro preferido. Mudemos de assunto. O povo espera fortes medidas.
• É usado nas abreviaturas.
Gen., acad., ltda.
Reticências
• Estando a abreviatura no final da frase, não há outro
• Indicam interrupção ou suspensão por hesitação, sur- ponto.
presa, emoção. Comprou ações da Multimport S.A.
Você... Aqui... Para sempre... Não acredito! • Separa as casas decimais nos números, salvo os indi-
• Para realçar uma palavra ou expressão seguinte. cativos de ano.
Abriu a caixa de correspondência e... nada. 127.814; 22.715.810. Nasceu em 1976.
• Indicam interrupção por ser óbvia a continuação da
frase. QUESTÕES DE CONCURSOS
Eu cumpro cada um dos meus deveres; já você...
• Indicam a supressão de palavras num texto transcrito. (TST) Os trabalhadores cada vez mais precisam assumir novos
Ficar ou fugir, “... eis a questão”. papéis para atender às exigências das empresas.
• Podem vir entre parênteses, se o trecho suprimido é 1. Por constituir uma expressão adverbial deslocada para
longo. depois do sujeito, seria correto que a expressão “cada
“São onze jogadores: José, Mário (...) e Paulo”. vez mais” estivesse, no texto, escrita entre vírgulas.

Parênteses (TST) O cenário econômico otimista levou os empresários


brasileiros a aumentarem a formalização do mercado de
• Separam a intercalação de uma explicação ou de um trabalho nos últimos cinco anos.
comentário. 2. Preservam-se a coerência e a correção do texto ao se
Ativistas (alguns armados) exigiam reforma. deslocar o trecho “nos últimos cinco anos” para depois
• Separam a indicação da fonte da transcrição. de “brasileiros”, desde que esse trecho seja seguido de
“Todo óbvio é ululante.” (Nelson Rodrigues). vírgula.
• Separam a sigla de estado ou de entidade após seu
Língua Portuguesa

nome completo. (TJDFT) Investir no país é considerado uma burrice; constituir


Vitória (ES). Programa de Integração Social (PIS). uma família e mantê-la saudável, um atraso de vida.
• Separam uma unidade (moeda, peso, medida) equi- 3. A vírgula depois da oração “e mantê-la saudável” indica
valente a outra. que essa oração constitui um aposto explicativo para a
O animal pesaria 10 arrobas (150 kg). oração anterior.
• Separam números e letras, numa relação de itens, e
asterisco. (MS) Pílulas coloridas, embalagens e garrafas bonitas, bri-
(1), (2), (a), (b), (*). lhantes e atraentes, odor e sabor adocicados despertam a
• Deslocado para a linha seguinte, basta usar o segundo atenção e a curiosidade natural das crianças; não estimule
parêntese. essa curiosidade; mantenha medicamentos e produtos do-
1), 2), a), b). mésticos trancados e fora do alcance dos pequenos.

65
4. A substituição dos sinais de ponto e vírgula por ponto b) É muito comum que as pessoas valendo-se do sen-
final, no último tópico, mesmo com ajuste na letra ini- so comum, vejam o pessimismo e o otimismo como
cial para maiúscula da palavra seguinte, prejudicaria a simples oposições: no entanto, não é esta a posição
correção gramatical do período. do autor do texto.
c) Talvez, se não houvesse a expectativa da suprema
(Banco do Brasil) Representantes dos maiores bancos brasi- felicidade, também não haveria razão para sermos
leiros reuniram-se no Rio de Janeiro para discutir um tema pessimistas, ou otimistas, eis uma sugestão, das en-
desafiante. trelinhas do texto.
5. Mantendo-se a correção gramatical e a coerência do d) O autor nos conta que outro dia, interessou-se por um
texto, é possível deslocar a oração “para discutir um fragmento de um blog; e o transcreveu para melhor
tema desafiante”, que expressa uma finalidade, para explicar a relação entre otimismo e pessimismo.
o início do período, fazendo-se os devidos ajustes nas e) Quem acredita que o pessimismo é irreversível, não
letras maiúsculas e acrescentando-se uma vírgula logo observa que, na vida, há surpresas e espantos que
após “desafiante”. deveriam nos ensinar algo, sobre a constante impre-
visibilidade de tudo.
6. (Pref. Mun. S.P.) A frase corretamente pontuada é:
(DFTrans) As estradas da Grã-Bretanha tinham sido constru-
a) Nas cidades europeias; onde foram implantados pe-
ídas pelos romanos, e os sulcos foram escavados por carru-
dágios o fluxo de automóveis se reduziu, diminuindo agens romanas:
o número, e a extensão dos engarrafamentos. 10. A vírgula que precede a conjunção “e” indica que esta
b) Nas cidades, europeias onde foram, implantados pe- liga duas orações de sujeitos diferentes; mas a retirada
dágios o fluxo de automóveis se reduziu; diminuindo desse sinal de pontuação preservaria a correção e a co-
o número e a extensão dos engarrafamentos. erência textual.
c) Nas cidades europeias onde foram implantados pe-
dágios o fluxo de automóveis se reduziu diminuindo, (TCU/Analista) Ao apresentar a perspectiva local como infe-
o número e a extensão, dos engarrafamentos. rior à perspectiva global, como incapaz de entender, de ex-
d) Nas cidades europeias onde foram implantados pe- plicar e, em última análise, de tirar proveito da complexidade
dágios; o fluxo de automóveis se reduziu diminuindo do mundo contemporâneo, a concepção global atualmente
o número, e a extensão dos engarrafamentos. dominante tem como objetivo fortalecer a instauração de um
e) Nas cidades europeias onde foram implantados pe- único código unificador de comportamento humano, e abre o
dágios, o fluxo de automóveis se reduziu, diminuindo caminho para a realização do sonho definitivo de economias
o número e a extensão dos engarrafamentos. globais de escala.
11. A supressão da vírgula logo após o termo “humano” não
7. (TCE-AL) Está inteiramente correta a pontuação da se- prejudica a correção gramatical do texto.
guinte frase:
a) É realmente muito difícil, cumprir propósitos de Ano 12. (TRT 18ª R) Está inteiramente adequada a pontuação
Novo, pois não há como de fato alguém começar algo da seguinte frase:
inteiramente do nada. a) Quem cuida da saúde, conta com os recursos do
b) É realmente muito difícil: cumprir propósitos de Ano corpo, já quem cultiva uma amizade, conta com o
Novo; pois não há como, de fato, alguém começar conforto moral.
algo inteiramente do nada. b) No que me diz respeito, não me interessam os amigos
c) É, realmente, muito difícil – cumprir propósitos de de ocasião: prezo apenas os verdadeiros, os que me
Ano Novo: pois não há como de fato, alguém começar apoiam incondicionalmente.
algo inteiramente do nada. c) De que pode valer, gozarmos um momento de felici-
dade, se não dispomos de alguém, a quem possamos
d) É, realmente, muito difícil cumprir propósitos de Ano
estendê-la?
Novo, pois não há como, de fato, alguém começar
d) Confio sempre num amigo; pois minha confiança
algo inteiramente do nada.
nele, certamente será retribuída com sua confiança
e) É realmente muito difícil, cumprir propósitos de Ano em mim.
Novo; pois não há como de fato alguém começar algo, e) São essas enfim, minhas razões para louvar a amiza-
inteiramente do nada. de: diga-me você agora quais as suas?
(MMA) O alívio dos que, tendo a intenção de viver irregular- 13. (TCESP/Agente Fiscal) O emprego das vírgulas assinala
mente na Espanha, conseguem passar pelo controle de imi- a ocorrência de uma ressalva em:
gração do Aeroporto Internacional de Barajas não dura muito a) onde é vista como a pequena, mas muito respeitada,
tempo. A polícia está pelas ruas, uniformizada ou à paisana, irmã.
Língua Portuguesa

e constantemente faz batidas em lugares que os imigrantes b) que a Petrobras já detém, com reconhecido mérito,
frequentam ou onde trabalham. Foram expedidas cerca de 7 no restrito clube...
mil cartas de expulsão de brasileiros no ano passado. c) de que as reservas de gás de Bahia Blanca, ao sul de
8. As vírgulas da primeira linha justificam-se por isolar ora- Buenos Aires, se estão esgotando.
ção reduzida de gerúndio intercalada na principal. d) abrindo, ao mesmo tempo, novas oportunidades.
e) O gás associado de Tupi, na proporção de 15% das
9. (TRF 5ª R) A frase cuja pontuação está inteiramente cor- reservas totais, é úmido e rico em etano...
reta é:
a) Momentos de extrema felicidade, sabe-se, costumam (TST/Técnico) É preciso “investir no povo”, recomenda o Per
ser raros e efêmeros; por isso, há quem busque tirar Capita — um centro pensante, criado recentemente na Aus-
o máximo proveito de acreditar neles e antegozá-los. trália —, com seus dons progressistas.

66
14. No segundo parágrafo do texto, os dois travessões de- d) indica a aceitação de um fato real e comum, sem
marcam a inserção de uma informação que define o que qualquer observação particular.
é “Per Capita”. e) introduz enumeração das possibilidades decorrentes
das descobertas antes citadas.
(STF/Analista) A ação ética só é virtuosa se for livre e só o
será se for autônoma, isto é, se resultar de uma decisão
interior do próprio agente e não de uma pressão externa. (Banco do Brasil/Escriturário) Os brasileiros com idade entre
Evidentemente, isso leva a perceber que há um conflito entre 14 e 24 anos têm em média 46 amigos virtuais, enquanto
a autonomia da vontade do agente ético (a decisão emana a média global é de 20. No mundo, os jovens costumam
apenas do interior do sujeito) e a heteronomia dos valores ter cerca de 94 contatos guardados no celular, 78 na lista
morais de sua sociedade (os valores são dados externos ao de programas de mensagem instantânea e 86 em sítios de
sujeito). relacionamento como o Orkut.
15. Os sinais de parênteses têm a função de organizar as 20. O emprego da vírgula após “celular” justifica-se por iso-
ideias que destacam e de inseri-las na argumentação do lar oração de natureza explicativa.
texto; por isso, sua substituição pelos sinais de travessão
(Banco do Brasil) Nas Américas, os jogos estimulam a reflexão
preservaria a coerência textual e a correção do texto.
sobre as possibilidades de um continente unido, pacífico,
próspero, com a construção de uma rede de solidariedade
(STF/Analista) Muito da experiência humana vem justamente e cooperação por meio do esporte, uma das principais ex-
de nos constituirmos como sujeitos. Esse papel é pesado. Por pressões do pan-americanismo.
isso, quando entra ele em crise — quando minha liberdade 21. O emprego de vírgulas após “unido” e após “pacífico”
de escolher amorosa ou política ou profissionalmente resulta tem justificativas diferentes.
em sofrimento —, posso aliviar-me procurando uma solução
que substitua meu papel de sujeito pelo de objeto. 22. (Metrô-SP/Téc.Segurança) Apontado por entidades
16. O deslocamento do travessão para logo depois de “pro- internacionais como um dos mais bem estruturados e
fissionalmente” preservaria a correção gramatical do bem geridos programas ambientais do mundo, o Projeto
texto e a coerência da argumentação, com a vantagem Tietê está sob ameaça de ser interrompido. Sua segunda
de não acumular dois sinais de pontuação juntos. etapa está terminando e, apesar do cumprimento do
cronograma e do vulto das obras – que permitiram sig-
(Banco do Brasil/Escriturário) O século XX testemunhou o nificativo avanço nos serviços de coleta e de tratamento
desenvolvimento de grandes eventos esportivos, tanto em de esgoto –, a diretoria de Controle Ambiental da Cetesb
escala mundial — como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mun- alerta: a meta de aumentar o número de empresas no
do — quanto regional, com disputas nos vários continentes. monitoramento de efluentes despejados no rio não foi
17. A substituição dos travessões por parênteses prejudica cumprida. O não atendimento dessa exigência do con-
a correção gramatical do período. trato de financiamento, firmado pelo governo estadual
com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),
18. (SADPB/Agente Seg.Penitenciária) “O estudo do cérebro poderá impedir a liberação dos recursos para a terceira
conheceu avanços sem precedentes nas últimas duas etapa do programa. Essa fase prevê a universalização da
décadas, com o surgimento de tecnologias que permi- coleta de esgoto e o combate à poluição nos afluentes
tem observar o que acontece durante atividades como do rio.
o raciocínio, a avaliação moral e o planejamento. Ao
mesmo tempo, essa revolução na tecnologia abre novas Considere as afirmativas seguintes, a respeito dos sinais
possibilidades para um campo da ciência que sempre de pontuação empregados no texto.
despertou controvérsias de caráter ético – a interferên- I – Os travessões isolam um segmento explicativo, mar-
cia no cérebro destinada a alterar o comportamento de cado por uma pausa maior do que haveria caso esse
segmento estivesse separado por vírgulas.
pessoas.
II – Os dois-pontos (9ª linha) assinalam a causa da amea-
– a interferência no cérebro destinada a alterar o com-
ça referida anteriormente, introduzida pela forma verbal
portamento de pessoas”.
alerta.
III – A vírgula que aparece após a expressão do mundo
O emprego do travessão indica, considerando-se o con- (3ª linha) pode ser corretamente substituída por ponto
texto, e vírgula.
a) enumeração de fatos de caráter científico.
b) retomada resumida do assunto do parágrafo. Está correto o que se afirma em
c) repetição destinada a introduzir o desenvolvimento a) I e II, somente.
posterior. b) I e III, somente.
Língua Portuguesa

d) retificação de uma afirmativa feita anteriormente. c) II e III, somente.


e) especificação de uma expressão usada anteriormente. d) III, somente.
e) I, II e III.
19. (Metrô-SP) No trecho “– e comerciais, por meio das pa-
tentes.” O emprego do travessão (Banco do Brasil) A turbulência decorrente do estouro de
a) confere pausa maior no contexto, acrescentando mais essa bolha ainda não teve suas consequências totalmen-
sentido de crítica ao segmento. te dimensionadas. A questão que se coloca é até que ponto
b) introduz segmento desnecessário no contexto, pois é possível injetar alguma previsibilidade em um mercado tão
repete o que foi afirmado anteriormente. interconectado, gigantesco e que tem o risco no DNA. O único
c) assinala apenas escolha pessoal do autor, sem signi- consenso é que o mercado precisa ser mais transparente.
ficação importante no parágrafo. (Veja, 12/3/2008 – com adaptações).

67
23. Preservam-se a coerência da argumentação e a correção Assinale aquela em que a reescritura não apresenta erro
gramatical do texto ao se inserir um sinal de dois-pontos de pontuação.
depois da primeira ocorrência de “é” e um ponto de a) A cooperação entre seus países, permitiria à região
interrogação depois de “DNA”. fazer frente a outras potências, como os Estados Uni-
dos e o Japão, e assim, assegurar o bem-estar social
24. (TCEAM/Analista Controle Externo) Está inteiramente e a segurança da população.
correta a pontuação da seguinte frase: b) Com o passar dos anos o bloco incorporou nações
a) A realização de estudos com primatas não humanos, menos desenvolvidas do continente; e instituiu uma
tem revelado que a inteligência ao contrário do que moeda única – o euro que atraiu investidores e che-
se pensa, não é nosso dom exclusivo. gou a ameaçar o domínio do dólar como reserva in-
b) A conclusão é, na verdade, surpreendente: a cons- ternacional de valor.
ciência humana, longe de ser um dom sobrenatural, c) Mas, a crise financeira mundial fez emergir as fragi-
emerge da consciência dos animais. lidades na estrutura econômica de algumas nações
c) Ernst Mayr, eminente biólogo do século passado não do bloco: à medida que, a turbulência dos mercados
teve dúvida em afirmar que, a nossa consciência, é se acentuou, veio à tona a irresponsabilidade fiscal
uma evolução da consciência dos animais. de alguns países, sobretudo a Grécia.
d) Sejam sinfonias sejam equações de segundo grau, há d) Diante do risco de que o deficit crescente no orça-
operações que de tão sofisticadas, não são acessíveis mento grego pudesse contaminar outros europeus
à inteligência de outros animais. com situação fiscal semelhante e pôr em xeque a
e) O que caracteriza efetivamente o verdadeiro altruís- confiabilidade do bloco, líderes regionais reuniram-
mo, é o comportamento cooperativo que se adota, -se, às pressas, na semana passada.
de modo desinteressado. e) Levar as reformas adiante terá um custo político. Na
semana passada, as ruas de Atenas, foram tomadas
25. (GOVBA/Soldado/PMBA) Analise as frases a seguir: por manifestantes e os funcionários públicos entra-
I – Este quadro moral levou a duas situações dramáticas: ram em greve.
o gosto do mal e o mau gosto.
II – O grande desafio de hoje é de ordem ética: construir (Funiversa/HFA/Ass.Téc.Adm.) Na frase: “As demissões re-
uma vida em que o outro não valha apenas por satisfazer cordes nas companhias americanas devido à crise fizeram
necessidades sensíveis. vítimas inusitadas – os próprios executivos de recursos hu-
manos.”
Considerando-se o emprego dos dois-pontos nos perí- 30. Não haverá incorreção gramatical, caso o travessão seja
odos acima, é correto o que se afirma em: substituído por vírgula.
a) Os dois-pontos introduzem segmentos de sentido
enumerativo e conclusivo, respectivamente, assina- Reescritura de Frases e Parágrafos – Substituição
lando uma pausa maior em cada um deles. de palavras ou de trechos de texto
b) Os segmentos introduzidos pelos dois-pontos apre-
sentam sentido idêntico, de realce. Texto para responder à questão seguinte.
c) Os sinais marcam a presença de afirmativas redun-
dantes no contexto, mas que reforçam a opinião do O suprimento de energia elétrica foi um dos sérios pro-
autor. blemas que os responsáveis pela construção da Nova Capital
d) Os dois-pontos indicam a interferência de um novo da República enfrentaram, desde o início de suas atividades
interlocutor no contexto, representando o diálogo no Planalto Central, em fins de 1956.
com o leitor. A região não contava com nenhuma fonte de geração de
e) Os dois segmentos introduzidos pelos dois-pontos energia elétrica nas proximidades, e o prazo, imposto pela
são inteiramente dispensáveis, pois seu sentido está data fixada para a inauguração da capital — 21 de abril de
exposto com clareza nas afirmativas anteriores a eles. 1960 —, era relativamente curto para a instalação de uma
fonte de energia local, em caráter definitivo.
Na frase: “Ela encontrou um bebê recém-nascido em um A alternativa existente seria o aproveitamento da ener-
terreno baldio em frente de sua casa, em Curitiba.” gia elétrica da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada, das
26. No trecho “de sua casa, em Curitiba”, a eliminação da Centrais Elétricas de Goiás S/A-CELG, no Rio Parnaíba, divisa
vírgula e a substituição da preposição “em” por de man- dos estados de Minas Gerais e Goiás, distante quase 400 km
têm o sentido original da frase. de Brasília. Assim, tendo em vista o surgimento da nova Ca-
pital do Brasil, as obras foram aceleradas, e a primeira etapa
27. (Funiversa/Terracap) A vírgula da frase “Ao coração, cou- da Usina de Cachoeira Dourada foi inaugurada em janeiro de
be a função de bombear sangue para o resto do corpo” 1959, com 32 MW e potência final prevista para 434 MW.
justifica-se pelo deslocamento do termo “Ao coração”, Entretanto, paralelamente à adoção de providências
Língua Portuguesa

com finalidade estilística de criar ênfase. para o equacionamento do problema de suprimento de ener-
gia elétrica da nova Capital após sua inauguração, outras me-
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “São emissoras trans- didas tiveram de ser tomadas pela Companhia Urbanizadora
mitidas de qualquer país que passe pela nossa mente – e da Nova Capital do Brasil — NOVACAP — objetivando à ins-
alguns outros de cuja existência sequer desconfiávamos.” talação de fontes de energia elétrica necessárias às ativida-
28. O travessão foi usado para enfatizar trecho do enuncia- des administrativas desenvolvidas no gigantesco canteiro de
do. Efeito similar se conseguiria com o uso de negrito, obras. Assim sendo, já nos primeiros dias de 1957, a energia
ou, no discurso oral, com entonações enfáticas. elétrica de origem hidráulica era gerada, pela primeira vez,
no território do futuro Distrito Federal, pela usina pioneira
29. (Funiversa/Sejus/Téc. Adm.) Cada uma das alternativas do Catetinho, de 10 HP, instalada em pequeno afluente do
a seguir apresenta reescritura de fragmento do texto. Ribeirão do Gama.

68
Hoje, a Capital Federal conta com a CEB, Companhia O Programa Ecoelce de troca de resíduos por bônus na
Energética de Brasília, que já recebeu vários prêmios. Em conta de luz gerou créditos de R$ 570 mil a 88 mil clientes res-
novembro de 2009, ela conquistou uma importante vitória ponsáveis pelo recolhimento de pouco mais de quatro mil tone-
em seu esforço pela melhoria no atendimento aos clientes. ladas de lixo reciclável, como vidro, plástico, papel, metal e óleo.
Venceu o prêmio IASC - Índice Aneel de Satisfação do Con- A COELCE instalou 62 pontos de coleta no Ceará a partir
sumidor, pela quinta vez. A empresa foi escolhida a melhor de pesquisas em comunidades de baixa renda de Fortaleza e
distribuidora de energia elétrica do Centro-Oeste, a partir região metropolitana da capital, para montar a arquitetura
de pesquisa que abrange toda a área de concessão das 63 do programa.
distribuidoras no Brasil. Para participar, o cliente procura o posto de coleta ou a
Na premiação, que ocorreu na sede da Aneel, a CEB associação comunitária e solicita o cartão do Programa Ecoel-
foi apontada como uma das cinco melhores distribuidoras ce. A cada entrega, o operador do posto registra o volume de
de energia elétrica do País. O Índice Aneel de Satisfação do resíduos, com informações sobre o tipo de material e peso, e,
Consumidor para a CEB, de 70,33 pontos, ficou acima da mé- por meio da máquina de registro de coleta, calcula o bônus a
dia nacional, de 66,74 pontos. Anteriormente, a Companhia ser creditado na conta do cliente. Os resíduos recebidos são
obteve o Prêmio IASC em 2003, 2004, 2006 e 2008. separados e encaminhados para a indústria de reciclagem.
Entre suas importantes iniciativas sociais, destaca-se o Reconhecido pela Organização das Nações Unidas
Programa CEB Solidária e Sustentável, um projeto de inser- (ONU), o programa tem como vantagens estimular a eco-
ção e reinserção social de crianças, denominado “Gente de nomia de energia com melhoria da qualidade de vida das
Sucesso”, que foi implementado em parceria com o Instituto comunidades envolvidas, tanto pela diminuição da conta
de Integração Social e Promoção da Cidadania — INTEGRA de luz quanto pela redução dos resíduos nas vias urbanas.
e com a Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal. Alberto B. Gradvohl et alii. Programa Ecoelce de troca de
Internet: <http://www.ceb.com.br> (com adaptações). resíduos por bônus na conta de energia. Agência Nacional de
Acesso em 3/1/2010. Energia Elétrica (Brasil). In: Revista pesquisa e desenvolvimento
da ANEEL, n.º 3, jun./2009, p. 115-6 (com adaptações).
31. (Funiversa/CEB – Adaptada) Em cada uma das alternativas
a seguir, há uma reescritura de parte do texto. Assinale 32. (Funiversa/CEB – Adaptada) Em cada uma das alternativas
aquela em que a reescritura altera o sentido original. a seguir, há uma reescritura de uma parte do texto. Assi-
a) A empresa foi escolhida a melhor distribuidora de nale aquela em que a reescritura mantém a ideia original.
energia elétrica do Centro-Oeste / Escolheu-se a em- a) A preocupação com o planeta intensificou-se a partir
presa como a melhor distribuidora de energia elétrica dos anos 1970, com a crise petroleira, ocasião em que
do Centro-Oeste. as questões ambientais começaram a ser tratadas de
b) A partir de pesquisa que abrange toda a área de con- forma relevante e participativa nos diversos setores
cessão das 63 distribuidoras no Brasil / A partir de socioeconômicos. / A preocupação com o planeta
pesquisa que abrange todas as áreas de concessão intensificou-se com a crise petroleira, a partir dos
de todas as distribuidoras no Brasil. anos 1970, pois as questões ambientais começaram
c) O suprimento de energia elétrica foi um dos sérios a ser tratadas de forma relevante e participativa nos
problemas que os responsáveis pela construção da diversos setores socioeconômicos.
Nova Capital da República enfrentaram / O suprimen- b) O processo de reciclagem é muito relevante na medi-
to de energia elétrica foi um dos sérios problemas da em que o lixo recebe o devido destino, retornan-
enfrentados pelos responsáveis pela construção da do à cadeia produtiva. / O processo de reciclagem é
Nova Capital da República. muito relevante à medida que o lixo recebe o devido
d) O prazo, imposto pela data fixada para a inauguração destino, retornando à cadeia produtiva.
da capital – 21 de abril de 1960 –, era relativamente c) A COELCE instalou 62 pontos de coleta no Ceará a
curto para a instalação de uma fonte de energia local / partir de pesquisas em comunidades de baixa renda
O prazo (...) era relativamente curto para a instalação, de Fortaleza e região metropolitana da capital, para
em caráter definitivo, de uma fonte de energia local. montar a arquitetura do programa. / Por causa de
e) Paralelamente à adoção de providências / Paralela- pesquisas em comunidades de baixa renda de For-
mente ao fato de se adotarem providências. taleza e região metropolitana da capital, a COELCE
instalou 62 pontos de coleta no Ceará, para montar
Texto para responder à questão seguinte. a arquitetura do programa.
d) Para participar, o cliente procura o posto de coleta
A preocupação com o planeta intensificou-se a partir ou a associação comunitária e solicita o cartão do
dos anos 1970, com a crise petroleira, ocasião em que as Programa Ecoelce. / O cliente, para participar, assim
questões ambientais começaram a ser tratadas de forma que procura o posto de coleta ou a associação comu-
relevante e participativa nos diversos setores socioeconômi- nitária, solicita o cartão do Programa Ecoelce.
Língua Portuguesa

cos. Preservar o ambiente e economizar os recursos naturais e) Reconhecido pela Organização das Nações Unidas
tornou-se importante tema de discussão, com ênfase no uso (ONU), o programa tem como vantagens estimular
racional, em especial de energia elétrica. a economia de energia com melhoria da qualidade
O processo de reciclagem é muito relevante na medida de vida das comunidades envolvidas, tanto pela di-
em que o lixo recebe o devido destino, retornando à cadeia minuição da conta de luz quanto pela redução dos
produtiva. resíduos nas vias urbanas. / Reconhecido pela ONU,
Uma economia de 15,3 gigawatts.hora (GWh) em dois o programa tem como vantagens estimular a econo-
anos foi um dos resultados do projeto desenvolvido pela mia de energia com melhoria da qualidade de vida
Companhia Energética do Ceará (COELCE). O montante é das comunidades envolvidas, em virtude tanto da
equivalente ao suprimento de quase oito mil residências diminuição da conta de luz quanto da redução dos
com perfil de consumo da ordem de 80 kilowatts.hora/mês. resíduos nas vias urbanas.

69
Em uma manhã de inverno de 1978, a assistente social Zé- Um homem vai devagar.
lia Machado, 49 anos de idade, encontrou um bebê recém- Um cachorro vai devagar.
-nascido em um terreno baldio. Um burro vai devagar.
33. A expressão “a assistente social”, caso seja colocada após
o substantivo próprio a que se refere, cria, necessaria- Devagar... as janelas olham.
mente, uma falha gramatical. Eta vida besta, meu Deus.

Essa é uma questão delicada, daí a importância que se tenha Carlos Drummond de Andrade. Reunião, 10.ª ed.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p. 17.
clareza sobre ela.
34. A frase Essa é uma questão delicada, por isso é impor-
tante que se tenha clareza sobre ela é uma reescrita 40. (Funiversa/Iphan) Com base no texto, assinale a alter-
adequada da original registrada. nativa incorreta.
a) Para o autor, em uma visão integral, porém dinâmica
da cidade, a ausência de artigos na primeira estrofe
Parte da população torna-se receptora de “benefícios” não
do texto reflete a similaridade conceitual estabele-
no sentido do patamar do direito e, sim, na perspectiva da
cida entre os substantivos.
troca votos-favores.
b) A fusão dos elementos humanos à paisagem natu-
35. A frase parte da população torna-se receptora de “be-
ral, em uma visão panorâmica, ratifica a ausência de
nefícios” não somente no sentido do patamar do direi-
artigos na primeira estrofe.
to, mas também na perspectiva da troca votos-favores
c) Ao longo do texto, quase não há inserção de adje-
é uma reescrita adequada da original.
tivos, dado o fato de a dinamicidade do texto não
promover espaço para o detalhamento.
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “São emissoras trans- d) O emprego da pontuação ao longo do texto sugere
mitidas de qualquer país que passe pela nossa mente – e ausência de conhecimento sintático, promovendo
alguns outros de cuja existência sequer desconfiávamos.” lentidão e morosidade na leitura.
36. A sequência “de qualquer país” pode ser reescrita, sem e) É empregada a sinonímia de estruturação sintática e
perda de sentido, como por seja qual for o país. lexical na segunda estrofe.
(Funiversa/Terracap) A respeito do fragmento “qualquer país 41. (Funiversa/Iphan) Com base no texto, assinale a alter-
que passe pela nossa mente – e alguns outros de cuja exis- nativa incorreta.
tência sequer desconfiávamos.” a) Se, ao penúltimo verso, for dada a seguinte redação:
37. A conjunção “e” poderia ser substituída, sem perda de Devagar... às janelas olham ter-se-á modificação se-
sentido, pela locução além de. mântica da estrutura textual.
b) A variação da abordagem semântica na estrutura
(Funiversa/Terracap) A vida se esvai, mas localizaram um sintática do texto tornou-o incoeso e inacessível ao
doador compatível: já para a mesa de cirurgia. leitor.
38. A seguinte reescritura do trecho está gramaticalmente c) Nenhum atributo é legado aos substantivos da se-
correta: localizaram um doador compatível; portanto, gunda estrofe, porém, apesar desta característica, é
vá urgente para a mesa de cirurgia. Porém, ela perde em perceptível a introdução de movimentação espacial.
qualidade para a original, mais sintética e mais expressiva. d) No texto, é possível verificar a ocorrência de artigo
indefinido.
39. (Funiversa/Adasa) O trecho “É a conduta dos seres hu- e) No trecho “Devagar... as janelas olham.”, foi emprega-
manos, cegos entre si mesmos e ao mundo na defesa da da a personificação, processo que humaniza objetos.
negação do outro, o que tem feito do presente humano
o que ele é.” pode ser reescrito, sem que haja alteração Partindo-se desse entendimento, vê-se que um bom “trata-
de sentido, da seguinte forma: mento penal” não pode residir apenas na abstenção da vio-
a) É o agir humano, cego ao outro e ao mundo na negação lência física ou na garantia de boas condições para a custódia
de outro mundo, o que faz do presente o que ele é. do indivíduo, em se tratando de pena privativa de liberdade:
b) É o mal inerente ao homem, que o torna cego em deve, antes disso, consistir em um processo de superação de
relação ao próximo e ao mundo, que faz do presente uma história de conflitos, por meio da promoção dos seus
o que ele é. direitos e da recomposição dos seus vínculos com a socie-
c) É a maneira de agir do homem, alienado ao negar o dade, visando criar condições para a sua autodeterminação
outro seja na forma do semelhante ou na forma do responsável.
mundo, que faz do presente o que ele é.
d) É a forma de agir dos homens que se tornam cegos 42. (Funiversa/Sejus) Nas alternativas a seguir, são apresen-
para com os outros e para com o mundo que faz deste tadas reescrituras de trechos do segundo parágrafo do
mundo o que ele é. texto. Assinale aquela em que se preserva o sentido do
Língua Portuguesa

e) É a conduta da humanidade, cega entre si e ao mundo trecho original.


por negar o outro, o que torna o homem mau como a) Um tratamento eficaz da pena não pode dispensar
o presente em que ele vive. a agressão física ou a garantia de uma permanência
prolongada do indivíduo por um certo tempo privado
Texto para responder às questões 40 e 41. de sua liberdade.
b) A abstenção da violência física e a garantia de boas
Cidadezinha qualquer condições para a custódia do indivíduo correspondem
a um bom “tratamento penal”.
Casas entre bananeiras c) Em se tratando de pena privativa de liberdade, um bom
mulheres entre laranjeiras “tratamento penal” não é garantido pela falta de vio-
pomar amor cantar. lência física ou pela boa guarda do detento na prisão.

70
d) Um bom “tratamento penal” resiste a um processo CONCORDÂNCIA VERBAL
de superação de uma história de conflitos.
e) Um bom “tratamento penal” supõe a superação dos • Sujeito composto com pessoas gramaticais diferentes.
conflitos da história, promovendo direitos e recom- Verbo no plural e na pessoa de número mais baixo.
pondo os vínculos da sociedade, para que o sujeito Carlos, eu e tu vencemos.
se torne mais responsável. Carlos e tu vencestes ou venceram.

1 A União Europeia inaugurou um novo patamar de • Sujeito composto posposto ao verbo. Verbo no plural ou
integração política e econômica no globo. A cooperação de acordo com o núcleo mais próximo.
entre seus países permitiria à região fazer frente a outras Vencemos Carlos, eu e tu. Ou:
4 potências, como os Estados Unidos e o Japão, e, assim, Venceu Carlos, eu e tu.
assegurar o bem-estar social e a segurança de sua po-
pulação. Com o passar dos anos, o bloco incorporou na- • Sujeito composto de núcleos sinônimos (ou quase) ou em
7 ções menos desenvolvidas do continente e instituiu uma gradação. Verbo no plural ou conforme o núcleo próximo.
moeda única, o euro, que atraiu investidores e chegou a A alegria e o contentamento rejuvenescem. Ou:
A alegria e o contentamento rejuvenesce.
ameaçar o domínio do dólar como reserva internacional
Os EUA, a América, o mundo lembraram ontem o Onze de
10 de valor. Mas a crise financeira mundial fez emergir as
Setembro. Ou:
fragilidades na estrutura econômica de algumas nações Os EUA, a América, o mundo lembrou ontem o Onze de
do bloco. À medida que a turbulência dos mercados Setembro.
13 se acentuou, veio à tona a irresponsabilidade fiscal de
alguns países, sobretudo a Grécia. Diante do risco de que • Núcleos no infinitivo, verbo no singular.
o deficit crescente no orçamento grego pudesse conta- Obs.: artigo e contrários, verbo no plural.
16 minar outros europeus com situação fiscal semelhante e Cantar e dançar relaxa.
pôr em xeque a confiabilidade do bloco, líderes regionais Obs.: O cantar e o dançar relaxam.
reuniram-se às pressas na semana passada. Ao fim do Subir e descer cansam.
19 encontro, chegou-se a um acordo para ajudar a Grécia.
Ainda que não tenha sido feita menção formal a um • Sujeito = mais de, verbo de acordo com o numeral.
resgate financeiro, a reunião serviu para acalmar o te- Obs.: repetição ou reciprocidade, só plural.
22 mor dos investidores internacionais. In: Veja, 17/2/2010, Mais de um político se corrompeu.
p. 57 (com adaptações). Mais de dois políticos se corromperam.
Obs.: Mais de um político, mais de um empresário se cor-
43. (Funiversa) Cada uma das alternativas a seguir apresenta romperam. Mais de um político se cumprimentaram.
reescritura de fragmento do texto. Assinale aquela em
que a reescritura mantém a ideia original. • Sujeito coletivo, partitivo ou percentual, verbo concorda
a) A União Europeia lançou um novo andar para a inte- com o núcleo do sujeito ou com o adjunto.
gração política e econômica no globo (linhas 1 e 2). Obs.: coletivo distante do verbo fica no singular ou no plural.
b) A cooperação entre seus países faria que a região O bando assaltou a cidade (assaltar, no passado).
O bando de meliantes assaltou ou assaltaram a cidade.
esbarrasse em outras potências, como os Estados
A maior parte das pessoas acredita nisso. Ou:
Unidos e o Japão (linhas de 2 a 4).
A maior parte das pessoas acreditam nisso.
c) A crise, contudo, trouxe à tona a solidez da econo- A maior parte acredita.
mia de certos países que integram a União Europeia Oitenta por cento da turma passaram ou passou.
(linhas de 10 a 12). Obs.: O povo, apesar de toda a insistência e ousadia, não
d) Diante do risco de que o deficit crescente no or- conseguiu ou conseguiram evitar a catástrofe.
çamento grego pudesse influenciar outros países
europeus que apresentam situação fiscal similar e • Sujeito = pronome pessoal preposicionado
comprometer a confiabilidade da União Europeia, lí- a) núcleo singular, verbo singular.
deres regionais encontraram-se às pressas na semana Algum de nós errou. Qual de nós passou.
passada (linhas de 14 a 18). b) núcleo plural, verbo plural ou com o pronome pessoal.
e) Ainda que não tenha sido discutida uma solução fi- Alguns de nós erraram ou erramos. Quais de nós
nanceira, o encontro teve como objetivo reduzir o erraram ou erramos.
medo dos investidores internacionais (l. 20 a 22).
• Sujeito = nome próprio que só tem plural
GABARITO a) Não precedido de artigo, verbo no singular.
Estados Unidos é uma potência. Emirados Árabes fica
Língua Portuguesa

no Oriente Médio.
1. C 12. b 23. C 34. C
b) precedido de artigo no plural, verbo no plural.
2. E 13. a 24. b 35. E
Os Estados Unidos são uma potência. Os Emirados Ára-
3. E 14. C 25. a 36. C
bes ficam no Oriente Médio.
4. E 15. C 26. E 37. C
5. C 16. E 27. C 38. E • Parecer + outro verbo no infinitivo, só um deles varia.
6. e 17. E 28. C 39. c Os alunos parecem gostar disso. Ou:
7. d 18. e 29. d 40. d Os alunos parece gostarem disso.
8. C 19. a 30. C 41. b
9. a 20. E 31. b 42. c • Pronome de tratamento, verbo na 3ª pessoa.
10. C 21. E 32. e 43. d Vossas Excelências receberão o convite.
11. C 22. a 33. E Vossa Excelência receberá seu convite.

71
• Sujeito = que, verbo de acordo com o antecedente. EXERCÍCIOS
Fui eu que prometi.
Foste tu que prometeste. Regra Básica
Foram eles que prometeram.
O núcleo do sujeito conjuga o verbo.
• Sujeito = quem
a) verbo na 3ª pessoa singular; ou Dica:
Fui eu quem prometeu. (prometer, passado) Núcleo do sujeito começa sem preposição.
Foste tu quem prometeu. Foram eles quem prometeu.
b) verbo concorda com o antecedente. 1. (TRT 1ª R/Analista) Julgue os fragmentos de texto apre-
Fui eu quem prometi. Foste tu quem prometeste. Foram sentados nos itens a seguir quanto à concordância verbal.
eles quem prometeram. I – De acordo com o respectivo estatuto, a proteção
à criança e ao adolescente não constituem obrigação
• Dar, bater, soar exclusiva da família.
a) Se o sujeito for número de horas, concordam com nú- II – A legislação ambiental prevê que o uso de água para
mero. o consumo humano e para a irrigação de culturas de
Deu uma hora. Deram duas horas. subsistência são prioritários em situações de escassez.
Soaram dez horas no relógio. III – A administração não pode dispensar a realização
b) Se o sujeito não for número de horas. do EIA, mesmo que o empreendedor se comprometa
O relógio deu duas horas. Soou dez horas no relógio. expressamente a recuperar os danos ambientais que,
porventura, venham a causar.
• Faltar, restar, sobrar, bastar, concordam com seu sujeito IV – A ausência dos elementos e requisitos a que se
normalmente. referem o CPC pode ser suprida de ofício pelo juiz, em
Obs.: sujeito oracional, verbo no singular. qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não for
Faltam cinco minutos para o fim do jogo. proferida a sentença de mérito.
Restavam apenas algumas pessoas.
Sobraram dez reais. A quantidade de itens certos é igual a
Basta uma pessoa. a) 0.
Obs.: Ainda falta depositar dez reais. (note o sujeito ora- b) 1.
cional) c) 2
d) 3.
• Com os verbos mandar, deixar, fazer, ver, ouvir e sentir e) 4.
a) seguidos de pronome oblíquo, o infinitivo não se fle-
xiona. Obs.: 1
Mandei-os sair da sala. Ele deixou-as falar. O professor Depois que o primeiro núcleo do sujeito já está escrito,
viu-os assinar o papel. Eu os senti bater à porta. o segundo que houver deve estar escrito ou representado
b) seguidos de substantivo, o infinitivo pode se flexionar por um pronome.
ou não. O uso de água e o de combustível são prioritários. (dois
Mandei os rapazes sair ou saírem. Ele deixou as amigas núcleos)
falar ou falarem. O professor viu os diretores assinar ou Veja a repetição do “o”. O segundo é pronome. Sem
assinarem. preposição. É núcleo.
c) seguidos de infinitivo reflexivo, este pode se flexionar Mas em: O uso de água e de combustível é prioritário.
ou não. (um só núcleo = uso)
Cuidado: Na locução verbal, o infinitivo é impessoal
(sem variação). Obs.: 2
Vi-os agredirem-se no comício. Ou: Vi-os agredir-se no O pronome relativo pode exercer a função de sujeito,
comício. Ele prefere vê-las abraçarem-se ou abraçar-se. de objeto, de complemento etc., sempre dentro da oração
Cuidado: Os números da fome podem ficar piores. (fi- adjetiva.
carem: errado)
Cuidado!
• Concordância especial do verbo ser. O pronome relativo refere-se a um termo antes, mas
a) se sujeito indica coisa no singular, e predicativo indica esse termo faz parte de outra oração. O termo referido pre-
coisa no plural, ser prefere o plural, mas admite o sin- enche, supre apenas o sentido. Esse termo referido não é o
gular. sujeito, o objeto etc. da oração subordinada adjetiva.
Tua vida são essas ilusões. (presente). Ou: Tua vida é A casa / que comprei / era velha.
Língua Portuguesa

essas ilusões.
b) se sujeito ou predicativo for pessoa, ser conforme a Oração principal: A casa era velha
pessoa. Sujeito = A casa
Você é suas decisões. Seu orgulho eram os velhinhos. Oração subordinada adjetiva: que comprei
O motorista sou eu. Ou: Eu sou o motorista. Sujeito = eu
c) data, hora e distância, verbo conforme o numeral. Objeto direto (sintático) = que
É primeiro de junho. (presente) São ou é quinze de maio.
É uma hora. São vinte para as duas. É uma légua. São Atenção:
três léguas. Somente o sentido é que nos leva a ver que: comprei a casa.
d) indicando quantidade pura, verbo na 3ª pessoa singular. Porém, o pronome relativo está no lugar da casa. O pronome
Quinze quilos é pouco. Três quilômetros é suficiente. relativo é o objeto sintático.

72
Podemos chamar de objeto semântico o termo “A casa”, 12. ( ) Na sala, existiam vinte pessoas.
mas apenas pelo sentido, jamais pela análise sintática. A aná- 13. ( ) Na sala, existia vinte pessoas.
lise sintática deve ser feita dentro de cada oração. 14. ( ) No carnaval, houve menos acidentes.
15. ( ) No carnaval, houveram menos acidentes.
(TCU) “Se virmos o fenômeno da globalização sob esta luz, 16. ( ) No carnaval, ocorreram menos acidentes.
creio que não poderemos escapar da conclusão de que o pro- 17. ( ) No carnaval, ocorreu menos acidentes.
cesso é totalmente coerente com as premissas da ideologia 18. ( ) Haverá dois meses que não o vejo.
econômica que têm se afirmado como a forma dominante 19. ( ) Haverão dois meses que não o vejo.
de representação do mundo ao longo dos últimos 100 anos, 20. ( ) Jamais pode haver incoerências no texto.
aproximadamente.” 21. ( ) Jamais podem haver incoerências no texto.
2. A forma verbal “têm” em “têm se afirmado” estabele- 22. ( ) Jamais podem existir incoerências no texto.
ce relação de concordância com o termo antecedente 23. ( ) Jamais pode existir incoerências no texto.
“ideologia”. 24. ( ) Haviam sido eleitos novos presidentes.
3. Qual é o sujeito sintático de “têm”? 25. ( ) Havia sido eleito novos presidentes.
4. Qual é o sujeito semântico de “têm”?
5. Qual é a função sintática de “as premissas da ideologia”? Julgue os fragmentos de texto apresentados nos itens a se-
guir quanto à concordância verbal.
(TCU) “Dentro de um mês tinha comigo vinte aranhas; no
mês seguinte cinquenta e cinco; em março de 1877 contava 26. (TRT 9ª R) Na redação da peça exordial, deve haver indi-
quatrocentas e noventa.” cações precisas quanto à identificação das partes bem
6. O verbo ter está empregado no sentido de haver, existir, como do representante daquele que figurará no polo
por isso mantém-se no singular, sem concordar com o ativo da eventual ação.
sujeito da oração – “vinte aranhas”.
(TCU) “O melhor é afrouxar a rédea à pena, e ela que vá
Obs.: Verbo sem sujeito chama-se verbo impessoal. andando, até achar entrada. Há de haver alguma”.
A regra é ficar na 3ª pessoa do singular. Ver verbo haver. 27. Na expressão Há de haver verifica-se o emprego impes-
soal do verbo haver na forma “Há”.
“Novos instrumentos vêm ocupar o lugar dos instrumentos
velhos e passam a ser utilizados para fazer algo que nunca (DFTrans) “As estradas da Grã-Bretanha tinham sido cons-
tinha sido imaginado antes.” truídas pelos romanos, e os sulcos foram escavados por car-
7. É gramaticalmente correta e coerente com a argumen- ruagens romanas”.
tação do texto a seguinte reescrita para o período final: 28. Devido ao valor de mais-que-perfeito das duas formas
Cada novo instrumento que vêm ocupar o lugar dos ins- verbais, preservam-se a coerência textual e a correção
trumentos antigos passam a ser utilizados para fazer algo gramatical ao se substituir “tinham sido” por havia sido.
que ainda não fôra imaginado.
(PMDF) “Jamais houve tanta liberdade e o crescimento das
“Agora, ao vê-lo assim, suado e nervoso, mudando de lugar democracias foi extraordinário”.
o tempo todo e murmurando palavras que me escapavam, 29. A substituição do verbo impessoal haver, na sua forma
temia que me abordasse para conversar sobre o filho.” flexionada “houve”, pelo verbo pessoal existir exige
8. A forma verbal “temia” concorda com o sujeito de tercei- que se faça a concordância verbal com “liberdade” e
ra pessoa do singular ele, que foi omitido pelo narrador. “crescimento”, de modo que, fazendo-se a substituição,
deve-se escrever existiram.
9. A substituição de “teria” por teriam não altera o sentido
nem a adequação gramatical do trecho “o valor de suas (Abin) “Melhorar o mecanismo de solução de controvérsias
casas, que serviam de garantia para os empréstimos, é um dos requisitos para o fortalecimento do Mercosul, vide
teria de continuar subindo indefinidamente”. as últimas divergências entre Brasil e Argentina”.
30. Mantém-se a obediência à norma culta escrita ao se
Regras Especiais substituir a palavra “vide” por haja visto, uma vez que
as relações sintáticas permanecem sem alteração.
Verbo haver com sujeito.
Eles haviam chegado. Outros Verbos Impessoais
Verbo haver sem sujeito tem o sentido de existir, acon- Verbo fazer indicando tempo ou clima.
tecer ou tempo decorrido.
Regra: 31. (Metrô-DF) Assinale a opção correspondente ao período
Verbo sem sujeito (impessoal) fica no singular (3ª pessoa). gramaticalmente correto.
Língua Portuguesa

Aqui havia uma escola. → Aqui existia uma escola. a) Fazem dez anos que eles iniciaram as suas pesquisas,
uma escola = objeto direto mas até agora eles não tem nenhum resultado con-
uma escola = sujeito clusivo.
b) Faz dez anos que eles iniciaram suas pesquisas. En-
Aqui havia duas escolas. → Aqui existiam duas escolas. tretanto, até agora, eles não têm nenhum resultado
Cuidado: Aqui haviam duas escolas. (errado) conclusivo.
c) Fazem dez anos que eles iniciaram as suas pesquisas,
Obs.: O verbo haver no sentido de existir é invariável. mas, até agora eles não têm nenhum resultado con-
clusivo.
Certo ou errado? d) Faz dez anos que eles iniciaram suas pesquisas en-
10. ( ) Na sala, havia vinte pessoas. tretanto, até agora, eles não tem nenhum resultado
11. ( ) Na sala, haviam vinte pessoas. conclusivo.

73
Sujeito com Núcleo Coletivo, Partitivo ou Percentual Sujeito Composto Escrito após o Verbo

Regra: Regra:
O núcleo conjuga o verbo, ou o adjunto adnominal Os núcleos conjugam o verbo no plural, ou o núcleo
conjuga o verbo. próximo conjuga o verbo.

(Ibram-DF) “Um caso de amor e ódio. A maioria dos estudio- “Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz
sos evita os clichês como o diabo foge da cruz, mas as frases um livro, um governo, ou uma revolução”.
39. No trecho “assim se faz um livro”, a expressão “um livro”
feitas dão o tom do uso da língua.”
exerce a função de sujeito.
32. No segundo período do texto, a forma verbal “evita”, em-
pregada no singular, poderia ser substituída pela forma Atenção:
flexionada no plural, evitam, caso em que concordaria Com a palavra se, o verbo de ação não tem objeto direto.
com “estudiosos”, sem que houvesse prejuízo gramatical Quando temos a palavra se, o objeto direto vira sujeito pacien-
para o período. te. Então, chamamos a palavra se de partícula apassivadora.

(MPU) “A maioria dos países prefere a paz.” “Acho que se compreenderia melhor o funcionamento da lin-
33. Está de acordo com a norma gramatical escrever “pre- guagem supondo que o sentido é um efeito do que dizemos,
ferem”, em lugar de “prefere”. e não algo que existe em si, independentemente da enun-
ciação, e que envelopamos em um código também pronto.
(PF) “Hoje, 13% da população não sabe ler.” Poderiam mudar muitas perspectivas: se o sentido nunca
34. A forma verbal “sabe”, no texto, está flexionada para é prévio, empregar ou não um estrangeirismo teria menos a
concordar com o núcleo do sujeito. ver com a existência ou não de uma palavra equivalente na
língua do falante. O que importa é o efeito que palavras es-
trangeiras produzem. Pode-se dar a entender que se viajou,
(PCDF) “Uma equipe de policiais está junta por dez anos e
que se conhecem línguas. Uma palavra estrangeira em uma
aprenderam a investigar.”
placa ou em uma propaganda pode indicar desejo de ver-se
35. Está adequada à norma culta a redação do texto. associado a outra cultura e a outro país, por seu prestígio.”
40. Para se manter o paralelismo com o primeiro e o último
(TCU) “Os meus pupilos não são os solários de Campanela períodos sintáticos do texto, o segundo período também
ou os utopistas de Morus; formam um povo recente, que admitiria uma construção sintática de sujeito indeter-
não pode trepar de um salto ao cume das nações seculares.” minado, podendo ser alterado para Poderia se mudar
36. A forma verbal “formam” está flexionada na 3ª pessoa muitas perspectivas.
do plural para concordar com a ideia de coletividade
que a palavra “povo” expressa. Atenção:
Muito cuidado com as duas opções de análise! Em lo-
Cuidado com a exceção! cução verbal com a palavra SE na função de partícula apas-
Quando o núcleo coletivo, partitivo ou percentual está sivadora, podemos analisar como sujeito simples nominal,
após o verbo, somente o núcleo conjuga o verbo. (regra: o núcleo conjuga o verbo) ou como sujeito oracional,
(regra: o verbo fica no singular).
(Iema-ES) “Quando se constrói um transgênico, os objetivos
41. A flexão de plural em lugar de “Pode-se” respeita as
são previsíveis, bem como seus benefícios. Entretanto, os
regras de concordância com o sujeito oracional “dar a
riscos de efeitos indesejáveis ao meio ambiente e à saúde
entender”.
humana são imprevisíveis, a não ser que se gere também
uma série de estudos para avaliar suas reais consequências.” Regra:
37. Seria mantida a correção gramatical do período caso a Sujeito oracional pede verbo no singular.
forma verbal “gere” estivesse flexionada no plural, em Cantar e dançar relaxa. (certo) => O sujeito de “relaxa”
concordância com a palavra “estudos”. é oração: cantar e dançar.
Cantar e dançar relaxam (errado).
Sujeito com Núcleos Sinônimos ou Quase
Atenção:
Regra: Caso os verbos do sujeito oracional expressem sentidos
Os núcleos conjugam o verbo no plural, ou o núcleo opostos, teremos plural.
próximo conjuga o verbo. Subir e descer cansam. (certo) => Note os opostos: subir
A paz e a tranquilidade descansam a alma. e descer.
Língua Portuguesa

A paz e a tranquilidade descansa a alma. Subir e descer cansa. (errado)

Verbo no Infinitivo
(Abin) “A criação do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin)
e a consolidação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
Regra 1:
permitem ao Estado brasileiro institucionalizar a atividade de Como verbo principal, não pode ser flexionado.
Inteligência.” Temos de estudarmos. (errado)
38. Como o sujeito do primeiro período sintático é formado Temos de estudar. (certo)
por duas nominalizações articuladas entre si pelo sentido
– “criação” e “consolidação” –, estaria também gramati- Observe:
calmente correta a concordância com o verbo permitir Os países precisam investir em novas tecnologias e oti-
no singular – permite. mizarem os processos burocráticos. (errado)

74
Os países precisam investir em novas tecnologias e oti- Regra:
mizar os processos burocráticos. (certo) A flexão volta a ser opcional, mesmo que o sujeito
do infinitivo seja representado por pronome.
Note: Mandei-os abraçar-se. (certo)
Subentendemos “precisam” antes de “otimizar”. Então, Mandei-os abraçarem-se. (certo também)
“otimizar” é verbo principal. Forma locução verbal. Note que o sentido de “abraçar” é fazer ação um ao
outro (recíproca).
Dica:
O verbo principal é o último da locução verbal. O pri- (MI) “A primeira ideia do Pádua, quando lhe saiu o prêmio,
meiro é auxiliar. Conforme o padrão da Língua Portuguesa, foi comprar um cavalo do Cabo, um adereço de brilhantes
só o verbo auxiliar se flexiona. para a mulher, uma sepultura perpétua de família, mandar
vir da Europa alguns pássaros etc.”
Regra 2: 45. Em “mandar vir da Europa alguns pássaros”, a forma
Como verbo que complementa algum termo, o infinitivo verbal “vir” poderia concordar com a expressão nominal
pode se flexionar ou não. É facultativo. Claro que precisa se “alguns pássaros”, que é o sujeito desse verbo.
referir, pelo menos, a um sujeito semântico no plural.
Regra 4:
(TRT 9ª R) “E a crise norte-americana, que levou investidores Infinitivo após o verbo parecer.
a apostar no aumento dos preços de alimentos em fundos
de hedge.” Regra:
42. No trecho “que levou investidores a apostar no aumento Flexionamos o verbo parecer, mas não o verbo no infini-
dos preços de alimentos em fundos de hedge”, a substi- tivo; ou deixamos o verbo parecer no singular e flexionamos
tuição de “apostar” por apostarem manteria a correção o verbo no infinitivo.
gramatical do texto. Os meninos parecem brincar. (certo)
Os meninos parece brincarem. (certo também)
(Iema-ES) “O Ibama tem capacitado seus quadros para au-
xiliar as comunidades a elaborarem o planejamento do uso Atenção:
sustentável de áreas de proteção ambiental, florestas nacio- Somente quando flexionamos apenas o verbo auxiliar é
nais e reservas extrativistas.” que se pode considerar de fato uma locução verbal.
43. Se a forma verbal “elaborarem” estivesse no singular Os meninos parecem brincar.
elaborar, a correção gramatical seria preservada.
Portanto, não temos locução verbal em
(HFA) “Essa fartura de tal modo contrasta com o padrão de Os meninos parece brincarem.
vida médio, que obriga aquelas pessoas a se protegerem Trata-se de uma figura de linguagem de ordem sintáti-
do assédio, do assalto e da inveja, sob forte esquema de ca que consiste em antepor a uma oração parte da oração
segurança.” seguinte (prolepse).
44. Se o infinitivo em “se protegerem” fosse empregado, Traduzindo: a oração subordinada substantiva subjetiva
alternativamente, na forma não flexionada, o texto man- tem seu sujeito escrito antes do verbo da oração principal,
teria a correção gramatical e a coerência textual. mas o predicado da oração subordinada substantiva subjetiva
permanece após o verbo da principal.
Regra 3:
Muita atenção com os verbos causativos mandar, fazer, Os meninos parece brincarem. É o mesmo que, na ordem
deixar e semelhantes e os sensitivos ver, ouvir, notar, per- direta: Os meninos brincarem parece.
ceber, sentir, observar e semelhantes. Oração principal: parece.
Esses verbos não são auxiliares do infinitivo, ou seja, não Oração subordinada substantiva subjetiva: Os meninos
formam locução verbal como verbo principal do infinitivo. brincarem.
É simples: basta ver que o sujeito de um, geralmente,
não é o mesmo do outro. E verbos que formam locução Regra especial do verbo ser.
verbal devem possuir o mesmo sujeito sintático.
Sujeito “Ser” varia Predicativo
Vejamos as regras em três situações diferentes:
a) O sujeito do infinitivo é representado por substantivo.
Regra: Coisa Singular Singular ou Plural Coisa Plural
A flexão do infinitivo é opcional. Obs.: o plural é preferível.
Mandei os meninos entrar. (certo) Seu orgulho são os livros.
Mandei os meninos entrarem. (certo também)
Língua Portuguesa

Seu orgulho é os livros.

b) O sujeito do infinitivo é representado por pronome. Cuidado!


Regra: Se o plural vier primeiro, somente verbo no plural.
A flexão do infinitivo é proibida. Os livros são seu orgulho.
Mandei-os entrar. (certo)
Coisa Com a Pessoa Pessoa
Mandei-os entrarem. (errado)
Obs.: a ordem não importa.
Observação: Seu orgulho eram os filhos.
Note o pronome “OS” no lugar de “os meninos”. Os filhos eram seu orgulho.
As alegrias da casa será Gabriela.
c) O sentido do infinitivo é de reciprocidade. Gabriela será as alegrias da casa.

75
Sem Sujeito Com o Numeral Hora Substantivos + Adjetivo
Distância Adjetivo concorda com substantivo mais próximo ou com
Data todos. No plural, o masculino prevalece sobre o feminino.
Acordo e relação diplomática / diplomáticos
São nove horas.
Proposta e relação diplomática / diplomáticas
Eram vinte para a uma da tarde.
Relação e acordos diplomáticos
É uma e quarenta da manhã.
Até lá são duzentos quilômetros.
Adjetivo + Substantivo
Adjetivo concorda com substantivo mais próximo.
Obs.: nas datas, o núcleo do predicativo conjuga o verbo.
Novo acordo e relação, nova relação e acordo.
Hoje são 19.
Amanhã serão 20.
Substantivo + Adjetivos
É dia 20.
Artigo e substantivo no plural + adjetivos no singular.
(núcleo = dia)
Artigo e substantivo no sing. + adjetivos no sing. (2º com
Quantidade pura Singular Nada artigo)
Pouco As embaixadas brasileira e argentina.
Bastante... A embaixada brasileira e a argentina.
Dois litros é bastante. O mercado europeu e o americano.
Vinte milhões de reais é muito. Os mercados europeu e americano.
Três quilômetros será suficiente.
Quinze quilos é pouco. Ordinais + Substantivo
Ordinais com artigo => substantivo no singular ou no plural.
(PMDF) “Antes da Revolução Industrial, um operário só pos- Só o 1º ordinal com artigo => substantivo no plural.
suía a roupa do corpo. Sua maior riqueza eram os pregos O penúltimo e o último discurso / discursos
de sua casa.” O penúltimo e último discursos.
46. A flexão de plural na forma verbal “eram” deve-se à
concordância com “os pregos”; mas as regras gramaticais É bom, é necessário, é proibido
permitiriam usar também a flexão de singular, era. Não variam com sujeito em sentido vago ou geral (sem
artigo definido, pronome...)
GABARITO É necessário aprovação rápida do acordo.
É necessária a aprovação rápida do acordo.
1. a 20. C
Um e outro, nem um nem outro
2. E 21. E
Substantivo seguinte no singular, adjetivo no plural.
3. que, pronome relativo 22. C
Um e outro memorando foi encaminhado.
com função de sujeito 23. E
O governo não aprovou nem uma nem outra medida
sintático. 24. C
provisória.
4. As premissas da ideolo- 25. E
gia econômica, referen- 26. C
Particípio
te do pronome relativo. 27. C
Só não varia nos tempos compostos (com ter ou haver)
5. Complemento nominal 28. E
– voz ativa.
do adjetivo “coerente”. 29. E
O Ministério havia obtido informações.
6. E 30. E
Informações foram obtidas. Terminada a conferência,
7. E 31. b
procedeu-se ao debate.
8. E 32. C
9. E 33. C
De + Adjetivo
7. C 34. E
Adjetivo não varia ou concorda com termo a que se refere.
8. C 35. E
Essa decisão tem pouco de sábio / de sábia.
9. E 36. E
10. C 37. E
Meio, bastante, barato e caro
11. E 38. E
Variam quando adjetivos (modificam substantivo).
12. C 39. C
Não variam quando advérbios (modificam verbo ou ad-
13. E 40. E
jetivo).
14. C 41. E
Bastantes índios invadiram o Ministério. Reivindicações
15. E 42. C
de meias palavras, porém protestos meio confusos.
16. C 43. C
Atendê-las custa caro, pois não são baratos os prejuízos.
Língua Portuguesa

17. E 44. C
18. C 45. C
Possível
19. E 46. C
O mais, o menos, o maior... + possível.
Os mais, os menos, os maiores... + possíveis.
CONCORDÂNCIA NOMINAL Quanto possível não varia.
Haverá reuniões o mais curtas possível.
Regra Geral Haverá reuniões as mais curtas possíveis.
As reuniões serão tão curtas quanto possível.
Adjetivo concorda com substantivo
Acordo diplomático, relação diplomática, acordos diplo- Só
máticos, relações diplomáticas. Varia = sozinho.

76
Não varia = somente. Julgue os itens seguintes.
Não estamos sós na sala. “Ainda estava sob a impressão da cena meio cômica entre
Só nós estamos na sala. sua mãe e seu marido”.
21. O vocábulo meio é um advérbio, por isso não concorda
Variam com cômica.
• Mesmo, próprio
Os membros mesmos / próprios ignoram a solução. “Existe toda uma hierarquia de funcionários e autoridades re-
• mesmo = realmente ou até: não varia presentados pelo superintendente da usina, o diretor-geral,
A solução será mesmo essa. o presidente da corporação, a junta executiva do conselho
Mesmo os membros criticaram. de diretoria e o próprio conselho de diretoria.”
• extra 22. Com relação à norma gramatical de concordância, o
As horas extras serão pagas. autor poderia ter usado, sem incorrer em erro, a forma
• quite funcionários e autoridades representadas.
Os servidores estão quites com suas obrigações.
• nenhum “Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos,
Não entregaremos propostas nenhumas. alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio
• obrigado desbotado.”
– Obrigada, disse a secretária. 23. No texto lido seria gramaticalmente correta a construção
• anexo, incluso apertada em uma roupa de chita, meia desbotada.
As planilhas estão anexas / inclusas.
Em anexo não varia (Iades) “Oitenta e cinco por cento dos casos estudados foram
As planilhas estão em anexo. muito bem-sucedidos”.
• todo 24. O verbo ser, conjugado como “foram”, pode ser empre-
As regras todas foram estabelecidas. gado também no singular.
Não variam (Iades) “O fundamental é não morrer de fome e ver supridas
• alerta certas necessidades básicas”.
Os vigias do prédio estão alerta. 25. O termo “supridas” poderia ser usado no masculino
• menos
singular, sem prejuízo gramatical.
Essas eram nações menos desenvolvidas.
• haja vista
(Iades) “Essa é uma questão delicada, daí a importância que
Haja vista as negociações, os americanos não cederão.
se tenha clareza sobre ela, pois, quando se trabalha com a
• em via de
Os europeus estão em via de superar os americanos. política de assistência social nos espaços”,
• em mão 26. O verbo “trabalha” poderia ser usado no plural, sem
Entregue em mão os convites. prejuízo gramatical.
• a olhos vistos
A reforma agrária cresce a olhos vistos. (Funiversa/Terracap) “São emissoras transmitidas de qual-
• de maneira que, de modo que, de forma que quer país que passe pela nossa mente – e alguns outros de
Os ouvintes silenciaram, de maneira que estão do nosso cuja existência sequer desconfiávamos.”
lado. 27. A forma verbal “passe”, se usada no plural, provocaria
• cor com nome proveniente de objeto mudança inaceitável de sentido, uma vez que remeteria
Papéis rosa, tecidos abóbora. Carros vinho. a emissoras, e não mais a país.

EXERCÍCIOS (Funiversa/Terracap) “Já existem vários portais ativos e em


crescimento que disponibilizam para o internauta canais de
Julgue os itens seguintes quanto à concordância nominal. televisão. O wwitv, por exemplo, oferece atualmente nada
1. É proibida entrada de pessoas não autorizadas. menos de 1.827 estações on-line (número de 4 de dezembro,
2. Fica vedada visita às segundas-feiras. crescendo à razão de duas por dia). São emissoras transmiti-
3. Os consumidores não somos nenhuns bobocas. das de qualquer país que passe pela nossa mente – e alguns
4. Traga cervejas o mais geladas possível. outros de cuja existência sequer desconfiávamos.”
5. Houve menas gente no comício hoje. 28. A forma verbal “São” é usada no plural porque concorda
6. Vai inclusa à relação o recibo dos depósitos. com o sujeito implícito duas por dia.
7. Era deserta a vila, a casa, o campo.
8. É necessária muita fé. (Funiversa/Terracap) “Em meio à burocracia oficial, o rock
9. Em sua juventude, escreveu bastantes poemas. ocupou o espaço urbano, os parques, as superquadras de
10. Ele usava uma calça meia desbotada. Lucio Costa, cresceu e apareceu.”
11. A Marinha e o Exército brasileiro participaram do desfile. 29. Os verbos “cresceu” e “apareceu” deveriam vir flexio-
Língua Portuguesa

12. A Marinha e o Exército brasileiros participaram do desfile. nados no plural para concordar com seus referentes, os
13. Remeto-lhe incluso uma fotocópia do certificado. parques e as superquadras.
14. O garoto queria ficar a só.
15. Os Galhofeiros é um ótimo filme dos Irmãos Marx. GABARITO
16. Descontado o imposto, restou apenas R$10.000,00.
17. Muito obrigada – disse-me ela – eu mesma resolverei o
1. E 7. C 13. E 19. E 25. E
problema: vou comprar trezentos gramas de presunto.
18. Necessitam-se de leis mais rigorosas para controlar os 2. C 8. E 14. E 20. E 26. E
abusos dos motoristas inescrupulosos. 3. C 9. C 15. C 21. C 27. E
19. Já faziam duas semanas que a reunião estava marcada, 4. C 10. E 16. E 22. C 28. E
mas os diretores não compareciam para concretizá-la. 5. E 11. C 17. C 23. E 29. E
20. Senhor diretor, já estamos quite com a tesouraria. 6. E 12. C 18. E 24. E

77
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL
Observe:
Todos leram o relatório.
Verbo + objeto
Todos se referiram ao relatório. Regência verbal
Todos chegaram ao colégio. Verbo + adjunto adverbial
Todos fizeram referência ao relatório.
Nome + complemento nominal Regência nominal
O voto foi favorável ao relatório.

Problemas estudados pela regência: Julgue certo ou errado.


1) Diferença entre o uso formal e o uso informal: Che- 14. O plano visa o combate da inflação.
gamos em São Paulo. (informal) x Chegamos a São Paulo. 15. O plano visa ao combate da inflação.
(formal) 16. O plano visa combater a inflação.
2) Diferença de sentido com diferentes regências: Assis- 17. O plano visa a combater a inflação.
timos ao filme. (sentido de “ver”) x Assistimos os doentes. 18. O policial visou o sequestrador e atirou.
(sentido de “ajudar”) 19. O policial visou ao sequestrador e atirou.
20. O combate que o plano visa exige rigor.
Atenção! Os verbos que serão estudados aqui exigem 21. O combate a que o plano visa exige rigor.
cuidado, porque podem receber diferentes tipos de comple- 22. O combate ao qual o plano visa exige rigor.
mento e mudar de sentido. Cuidado também para notar que 23. O combate a quem o plano visa exige rigor.
24. O sequestrador que o policial visou fugiu.
pode existir uma forma culta (correta) e uma forma coloquial
25. O sequestrador a que o policial visou fugiu.
(incorreta). E as provas podem pedir que o candidato saiba 26. O sequestrador a quem o policial visou fugiu.
a diferença.
Obs.: o pronome relativo “quem” sempre é preposicio-
Verbos importantes: assistir, avisar, informar, comunicar, nado.
visar, aspirar, custar, chamar, implicar, lembrar, esquecer,
obedecer, constar, atender, proceder. 27. O sequestrador ao qual o policial visou fugiu.
Para as provas de diversas bancas, é importante estudar
e saber a maneira correta de completar esses verbos. Esse
VERBO PREP. COMPLEMENTO SENTIDO
estudo é a regência.
Para estudar estes verbos, observe as regras apresenta- IMPLICAR ALGO =ACARRETAR
das para cada verbo nas tabelas a seguir. IMPLICAR COM ALGUÉM =EMBIRRAR
Depois responda às questões propostas e confira os
gabaritos para conferir o aprendizado. Julgue os itens como certo ou errado.
Dica: Regência se aprende assim, com muita prática. 28. A crise implicou em desemprego.
Bom estudo! 29. A crise implicou desemprego.
30. Ele implica com a sogra.
31. Foi grande o desemprego em que a crise implicou.
VERBO PREP. COMPLEMENTO SENTIDO 32. Foi grande o desemprego que a crise implicou.
ASSISTIR A ALGO =VER 33. O estudo implica vitória.
ASSISTIR (A) ALGUÉM =AJUDAR 34. O estudo implica na vitória.

Obs.: Preposição entre parênteses (A) significa que é VERBO PREP. COMPLEMENTO
facultativa. OBEDECER A ALGO/ALGUÉM

Julgue certo ou errado. Julgue os itens como certo ou errado.


1. Ontem, assistimos ao jogo do Vasco. 35. Os motoristas obedecem o código de trânsito.
2. Ontem, assistimos o jogo do Vasco. 36. Os motoristas obedecem ao código de trânsito.
3. O bombeiro assistiu o acidentado. 37. Eles estudaram o código e o obedecem.
4. O bombeiro assistiu ao acidentado. 38. Eles estudaram o código e lhe obedecem.
5. Foi bom o jogo que assistimos. 39. Eles estudaram o código e obedecem a ele.
6. Foi bom o jogo a que assistimos. 40. O código que eles obedecem é rigoroso.
7. Foi bom o jogo ao qual assistimos. 41. O código a que eles obedecem é rigoroso.
8. Foi bom o jogo o qual assistimos. 42. Os funcionários obedecem o chefe.
Língua Portuguesa

9. O acidentado que o bombeiro assistiu melhorou. 43. Os funcionários obedecem ao chefe.


10. O acidentado a que o bombeiro assistiu melhorou. 44. Eles ouvem o chefe e o obedecem.
11. O acidentado a quem o bombeiro assistiu melhorou. 45. Eles ouvem o chefe e lhe obedecem.
46. Eles ouvem o chefe e obedecem a ele.
12. O acidentado ao qual o bombeiro assistiu melhorou.
47. O chefe que eles obedecem é rigoroso.
13. O acidentado o qual o bombeiro assistiu melhorou. 48. O chefe a que eles obedecem é rigoroso.
49. O chefe a quem eles obedecem é rigoroso.
VERBO PREP. COMPLEMENTO SENTIDO
VISAR A ALGO =ALMEJAR AVISAR, ALGO A ALGUÉM
VISAR (A) VERBO =ALMEJAR INFORMAR, ALGUÉM DE / ALGO
VISAR ALGO/ALGUÉM =MIRAR COMUNICAR, SOBRE

78
Julgue os itens como certo ou errado. Atenção! Existe um uso literário raro:
50. Avise o prazo aos estudantes. Esqueceu‑me o seu aniversário. Sentido: o seu aniversá-
51. Avise os estudantes sobre o prazo. rio saiu de minha memória.
52. Avise do prazo os estudantes. Sujeito: o seu aniversário. (não é complemento) Aqui o
53. Avise aos estudantes o prazo. complemento é representado pelo pronome “me”.
54. Avise aos estudantes sobre o prazo. • A mesma regra do verbo “esquecer” vale também para
55. Avise‑lhes o prazo. os verbos “lembrar” e “recordar”.
56. Avise‑lhes do prazo.
57. Avise‑os do prazo.
58. Avise‑os o prazo. Verbo Prep. Complemento
59. Avise‑o a eles. Atender (a) Algo
60. O prazo que lhes avisei expirou. Atender (a) Alguém
61. O prazo de que lhes avisei expirou.
62. O prazo de que os avisei expirou. Julgue os itens a seguir como certo (C) ou errado (E).
63. O prazo que os avisei expirou. 89. Atendi o cliente.
64. Avisamos‑lhe que é feriado. 90. Atendi ao cliente.
65. Avisamos‑lhe de que é feriado. 91. Atendi o telefonema.
66. Avisamo‑lo que é feriado. 92. Atendi ao telefonema.
67. Avisamo‑lo de que é feriado. 93. Vi o cliente e o atendi.
94. Vi o cliente e lhe atendi.
Verbo Prep. Complemento Sentido
Aspirar A Algo =almejar Verbo Prep. Complemento Sentido
Aspirar Algo =respirar, Proceder A Algo =realizar, fazer
sorver Proceder =ter
Julgue os itens a seguir como certo (C) ou errado (E).
fundamento
68. Estava no centro de São Paulo. Ali, aspirava o ar puro Proceder De Lugar =ser
do campo. originário de
69. Estava no centro de São Paulo. Ali, aspirava ao ar puro Proceder =agir,
do campo. comportar‑se
70. Estava na fazenda. Ali, aspirava o ar puro do campo.
71. Estava na fazenda. Ali, aspirava ao ar puro do campo. Julgue os itens a seguir como certo (C) ou errado (E).
95. O delegado procedeu ao inquérito.
Verbo Prep. Complemento Sentido 96. O delegado procedeu o inquérito.
Chamar Alguém =convidar, 97. Os argumentos do advogado procedem.
invocar 98. O delegado procede de Brasília.
Chamar (a) Alguém =qualificar, 99. O delegado procedeu com firmeza.
atribuir
característica Verbo Prep. Complemento Sentido
Constar De Partes =ser formado
Julgue os itens a seguir como certo (C) ou errado (E). de partes
72. Chamaram o delegado para o evento. Constar Em Um todo =estar dentro
73. Chamaram ao delegado para o evento.
74. Chamaram o delegado de corajoso. de um todo
75. Chamaram ao delegado de corajoso. Constar =estar
76. Chamaram corajoso o delegado. presente
77. Chamaram corajoso ao delegado.
78. Chamaram‑lhe corajoso. Julgue os itens a seguir como certo (C) ou errado (E).
79. Chamaram‑lhe de corajoso. 100. O nome do candidato constava na lista de aprovados.
80. Chamaram‑no de corajoso. 101. O nome do candidato constava da lista de aprovados.
81. Chamaram‑no corajoso. 102. O relatório consta de dez páginas.
103. O relatório consta com dez páginas.
Verbo Prep. Complemento 104. Tais informações constam.
105. Consta uma multa.
Esqueci Algo ou alguém
Língua Portuguesa

Esqueci‑me De Algo ou alguém


Verbo Prep. Complemento Sentido
Esqueci‑me (de) Algo ou alguém
Custar Adverbial =valor
Lembre‑se: Entre parênteses (de), preposição facultativa.
Julgue os itens a seguir como certo (C) ou errado (E). Julgue os itens a seguir como certo (C) ou errado (E)
82. Esqueci dos eventos.. 106. O carro custa R$20.000,00.
83. Esqueci os eventos.
84. Esqueci‑me dos eventos. Atenção! O sentido não pode ser “demorar”:
85. Esqueci‑me que era feriado.
86. Esqueci‑me de que era feriado. 107. O desfile custou a terminar.
87. Esqueci de que era feriado.
88. Esqueci que era feriado. Cuidado! O sujeito não pode ser pessoa:

79
108. O pai custou a acreditar no filho. d) que já estão na atmosfera ...
e) só prejudica formas insustentáveis de desenvolvi-
Importante! O sentido adequado é algo (sujeito) custar mento.
(ser difícil) para alguém (complemento). Veja:
O relatório custou ao especialista. 115. (Metrô‑SP/Advogado) ... que preferiu a vida breve
Custou‑me acreditar. (Sentido: acreditar foi difícil para gloriosa a uma vida longa obscurecida. O  verbo que
mim) Aqui o sujeito é oracional: acreditar. apresenta o mesmo tipo de regência que o do grifado
Custou ao pai acreditar no filho. (Certo) Aqui o sujeito é acima está na frase:
a oração: acreditar no filho. O complemento é: ao pai. a) para finalizar com uma celebridade do contagiante
futebol.
Julgue os itens a seguir como certo (C) ou errado (E). b) “as fronteiras entre a ficção e realidade são cada vez
(PMDF/Médico) A leitura crítica pressupõe a capacidade do mais vagas”.
indivíduo de construir o conhecimento, sua visão de mundo, c) e retirou a menininha do berço incendiado.
sua ótica de classe. d) Lembrei o exemplo de mártires...
109. O trecho “de construir o conhecimento” estabelece e) Não foram estes homens combatentes de grandes
feitos militares ...
relação de regência com o termo “capacidade”, espe-
cificando‑lhe o significado.
116. (Seplan‑MA) Está correto o emprego da expressão
sublinhada na frase:
(TRT/9ª/Técnico) Ao realizar leilões de créditos de carbono a) É vedada a exposição às cenas de violência a que
no mercado internacional, São Paulo dá o exemplo a outras estão sujeitas as crianças.
cidades brasileiras de como transformar os aterros, de fontes b) Os fatos violentos de que se deparam as crianças
de poluição e de encargos onerosos para as finanças muni- multiplicam‑se dia a dia.
cipais, em fontes de receitas, inofensivas ao meio ambiente. c) O autor refere‑se a um tempo em cujo os índices de
110. Em “de como transformar”, o emprego da preposição violência eram bem menores.
“de” é exigido pela regência de “transformar”. d) As tensões urbanas à que se refere o autor já estão
banalizadas.
(TRT/9ª/Analista) Há séculos os estudiosos tentam entender e) As mudanças sociais de cujas o autor está tratando
os motivos que levam algumas sociedades a evoluir mais pioraram a qualidade de vida.
rápido que outras. Só recentemente ficou patente que, além
da liberdade, outros fatores intangíveis são essenciais ao 117. (AFRF) Marque o item em que a regência empregada
desenvolvimento das nações. atende ao que prescreve a norma culta da língua escrita.
O principal deles é a capacidade de as sociedades criarem a) A causa por que lutou ao longo de uma década po-
regras de conduta que, caso desrespeitadas, sejam impla- deria tornar‑se prioridade de programas sociais de
cavelmente seguidas de sanções. seu estado.
111. O emprego da preposição de separada do artigo que b) Seria implementado o plano no qual muitos fun-
determina “sociedades”, em “a capacidade de as socie- cionários falaram a respeito durante a assembleia
dades”, indica que o termo “as sociedades” é o sujeito anual.
da oração subordinada. c) A equipe que a instituição mantinha parceria a longo
tempo manifestou total discordância da linha de
(Crea‑DF/Superior) Caso uma indústria lance uma grande pesquisa escolhida.
concentração de poluentes na parte alta do rio, por exemplo, d) Todos concordavam que as empresas que a licença
a coleta de uma amostra na parte baixa não será capaz de de funcionamento não estivesse atualizada deveriam
detectar o impacto, mesmo que esta seja feita apenas um ser afastadas do projeto.
minuto antes de a onda tóxica atingir o local. Esse tipo de con- e) Alheio aos assuntos sociais, o diretor não se afinava
trole, portanto, pode ser comparado à fotografia de um rio. com a nova política que devia adequar‑se para de-
112. No trecho “antes de a onda tóxica atingir o local”, senvolver os projetos.
a substituição da parte grifada por da resulta em um
Julgue os itens a seguir como certo (C) ou errado (E).
sujeito preposicionado.
118. (Detran‑DF) Das 750 filiadas ao Instituto Ethos, 94%
dos cargos das diretorias são ocupados por homens
113. (HUB) É possível comparar a saúde mental de pessoas brancos.
que vivem em uma região de conflitos à das pessoas que A substituição de “Das” por Nas não acarretaria proble-
vivem em favelas ou na periferia das grandes cidades ma de regência no período, que se manteria gramati-
brasileiras? calmente correto.
Considerando, para a regência do verbo comparar, o se-
guinte esquema: comparar X a Y, é correto afirmar que, 119. De janeiro a maio, as vendas ao mercado chinês atin-
no texto, X corresponde a “a saúde mental de pessoas giram US$ 1,774 bilhão.
Língua Portuguesa

que vivem em uma região de conflitos” e Y corresponde Pelos sentidos textuais, a  substituição da preposição
a “[a saúde mental] das pessoas que vivem em favelas a, imediatamente antes de “mercado”, por em não
ou na periferia das grandes cidades brasileiras”. alteraria os sentidos do texto.

Assinale a opção pedida em cada questão a seguir. (MRE/Assistente) O Brasil só conseguiu passar da condição de
114. (MPE‑RS/Agente Adm.) ... para aprovar, até o final de país temerário para a aplicação de recursos, em uma época
2009, um texto ... O verbo que exige o mesmo tipo de de prosperidade mundial, para a de mercado preferencial
complemento que o do grifado acima está na frase: dos investidores, justamente no auge de um período de
a) De fato, o resultado é modesto. turbulência financeira nos mercados internacionais, porque
b) como fugir aos temas ... está colhendo agora os resultados de uma política econômi-
c) já respondem por 20% do total das emissões globais. ca ortodoxa. Zero Hora (RS), 26/2/2008 (com adaptações).

80
120. Imediatamente após “para a” (L. 3), subentende‑se o natário tomar atitudes, assumir crenças e eventualmente
termo elíptico condição. desejos do locutor.
129. No período sintático “postula‑se que (...) desejos do
121. A ética aponta o caminho por meio da consideração locutor”, as três ocorrências da preposição “de” estabe-
daquilo que se convencionou chamar de direitos e lecem a dependência dos termos que regem para com
deveres. o termo “função pragmática”, como mostra o esquema
O pronome “daquilo” pode ser substituído, sem prejuízo seguinte.
para a correção gramatical do período, por do ou por
de tudo. de ferramenta
de atuação sobre o outro
122. Estudo do Banco Mundial (BIRD) sobre políticas fun- função pragmática:
diárias em todo o mundo defende que a garantia do de recurso para fazer o outro
direito à posse de terra a pessoas pobres promove o conceber o mundo
crescimento econômico.
As regras de regência da norma culta exigem o emprego (MS/Agente) Texto: A diretora‑geral da OPAS, com sede em
da preposição “a” imediatamente antes de “pessoas Washington – EUA, Mirta Roses Periago, elogiou a iniciativa
pobres” para que se complemente sintaticamente o de estados e municípios brasileiros de levar a vacina contra a
termo garantia. rubéola aos locais de maior fluxo de pessoas, especialmente
homens, como forma de garantir a maior cobertura vacinal
123. A cocaína é um negócio bilionário que conta com a possível.
proteção das Forças Armadas Revolucionárias da Co- 130. Na linha 4, o emprego de preposição em “aos locais”
lômbia (FARC), cujo contingente é estimado em 20.000 justifica‑se pela regência de “vacina”.
homens.
No texto, “cujo”, pronome de uso culto da língua, Assinale a opção pedida em cada questão a seguir.
corresponde à forma mais coloquial, mas igualmente 131. (TRT-21ª) Está correto o emprego do elemento subli-
correta, do qual. nhado na frase:
a) Quase todas as novidades à que os moradores tive-
124. (MPOG/Analista) Mas, apesar da legitimação, a  au- ram acesso são produtos da moderna tecnologia.
toridade do gestor é constantemente desafiada por b) O gerador a diesel é o meio pelo qual os moradores
subordinados, a  cujos direitos legais os resguardam de Aracampinas têm acesso à luz elétrica.
de represálias imediatas, pois a ruptura do contrato c) A hipertensão na qual foram acometidos muitos
de trabalho representa um custo não desprezível para moradores tem suas causas na mudança de estilo
a firma. de vida.
d) O extrativismo, em cujo os caboclos tanto se empe-
125. (TRF) Um dos motivos principais pelos quais a temática nhavam, foi substituído por outras atividades.
das identidades é tão frequentemente focalizada tanto e) Biscoitos e carne em conserva são alguns dos alimen-
na mídia assim como na universidade são as mudanças tos dos quais o antropólogo exemplifica a mudança
culturais. dos hábitos alimentares dos caboclos.
Preserva‑se a correção gramatical e a coerência textual
ao usar o pronome relativo que em lugar de “quais”, 132. (Sesep‑SE/Professor) Isso proporciona à fábula a ca-
desde que precedido da preposição por. racterística de ser sempre nova. A mesma regência do
verbo grifado na frase acima repete‑se em:
126. (TRF) A busca de sentido para o cosmos se engata com a a) Histórias criadas por povos primitivos desenvolviam
procura de sentido para a existência da família humana. explicações fantasiosas a respeito de seu mundo.
Substituir “com a” por na não prejudicaria os sentidos b) As narrativas de povos primitivos constituem um
originais ou a correção gramatical do texto. rico acervo de fábulas, tanto em prosa quanto em
versos.
127. (TJ‑BA/Supervisor) Por seis julgamentos passou Cristo, c) Pequenas narrativas sempre foram instrumento, nas
três às mãos dos judeus, três às dos romanos, e  em sociedades primitivas, de transmissão de valores
nenhum teve um juiz. Aos olhos dos seus julgadores morais.
refulgiu sucessivamente a inocência divina, e nenhum d) Nas fábulas, seus autores transferem atitudes e
ousou estender‑Lhe a proteção da toga. características humanas para animais e seres inani-
“Lhe” equivale à expressão a Ele e se refere a “Cristo”. mados.
e) Fábulas tornaram‑se recursos valiosos de trans-
128. (TJ‑BA/Supervisor) Exatamente no processo do justo por missão de valores, desde sua origem, em todas as
Língua Portuguesa

excelência, daquele em cuja memória todas as gerações sociedades.


até hoje adoram por excelência o justo, não houve no
código de Israel norma que escapasse à prevaricação 133. (Ipea) Na frase Preferimos confiar e acreditar nas
dos seus magistrados. coisas..., a expressão sublinhada complementa correta-
mente, ao mesmo tempo, dois verbos que têm a mesma
(DFTrans/Analista) Seja qual for a função ou a combinatória regência: confiar em, acreditar em. Do mesmo modo,
de funções dominantes em um determinado momento de está também correta a seguinte construção: Preferimos
comunicação, postula‑se que preexiste a todas elas a função a) ignorar e desconfiar das coisas...
pragmática de ferramenta de atuação sobre o outro, de b) subestimar e descuidar das coisas...
recurso para fazer o outro ver/conceber o mundo como c) não suspeitar e negligenciar as coisas...
o emissor/locutor o vê e o concebe, ou para fazer o desti- d) nos desviar e evitar as coisas...

81
e) nos contrapor e resistir às coisas... EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE
134. (Ipea) Ambos os elementos sublinhados estão empre-
CRASE
gados de modo correto na frase:
Crase é a contração de a + a = à.
a) Nas sociedades mais antigas, em cujas venerava‑se
O acento (`) é chamado de acento grave, ou simplesmen-
a sabedoria dos ancestrais, não se manifestava
te de acento indicador de crase.
qualquer repulsa com os valores tradicionais.
Gostei de + o filme. = Gostei do filme.
b) Os pais experientes, a  cujas recomendações o
Acredito em + o filho. = Acredito no filho.
adolescente não costuma estar atento, não devem
Refiro-me a + o filme. = Refiro-me ao filme.
esmorecer diante das reações rebeldes.
Refiro-me a + a revista. = Refiro-me à revista.
c) A autoridade da experiência, na qual os pais julgam
estar imbuídos, costuma mobilizar os filhos em
Exercitando e fixando a diferença entre a letra “a” como ar-
buscar seu próprio caminho.
tigo somente e a letra “a” como preposição somente.
d) Quando penso em fazer algo de que ninguém tenha
1. Ponha nos parênteses P se o a for preposição, A se for
ainda experimentado, arrisco‑me a colher as desven-
artigo:
turas com que me alertaram meus pais.
a) A nave americana Voyager chegou a ( ) Saturno.
e) A autoridade dos pais, pela qual os adolescentes cos-
tumam se esquivar, não deve ser imposta aos jovens, b) O Papa visitou a ( ) nação brasileira.
cuja a reação tende a ser mais e mais libertária. c) Admirava a ( ) paisagem.
d) Cabe a ( ) todos contribuir para o bem comum.
135. (Codesp) A matança _____ estão sujeitas as baleias é e) Ele só assiste a ( ) filmes de cowboy.
preocupação da Comissão Baleeira Internacional, _____ f) Procure resistir a ( ) essa tentação.
atuação se iniciou em 1946 e _____ participam mais de g) Ajude a ( ) Campanha.
50 países. h) O acordo satisfez a ( ) direção do Sindicato.
As formas que preenchem corretamente as lacunas na i) Falou a ( ) todos com simpatia contagiante.
frase acima são, respectivamente: j) O acordo convém a ( ) funcionários e a ( ) funcionárias.
a) a que – cuja – de que
b) que – cujo – de que Exercitando e fixando a regra prática de crase com artigo.
c) à que – cuja – com que 2. Complete as lacunas com a, as, à ou às junto dos subs-
d) à que – cuja a – com que tantivos femininos, observando as correspondências
e) a que – cuja a – de que necessárias: o = a; os = as; ao = à; aos = às.
Observe o paralelismo.
a) Dava comida aos gatos e ____ gatas.
GABARITO b) Estimava o pai e ____ mãe.
c) Perdoa aos devedores e ___ devedoras.
1. C 31. E 61. E 91. C 121. C d) Prefiro o dia para estudar; ela prefere ____ noite.
2. E 32. C 62. C 92. C 122. C e) Terás direito ao abono e ____ gratificação.
3. C 33. C 63. E 93. C 123. E f) Confessou suas dúvidas ao amigo e ___ amiga.
4. C 34. E 64. C 94. C 124. E g) Nunca faltava aos bailes e _____ festas de São João.
5. E 35. E 65. E 95. C 125. C h) Sempre auxilio os vizinhos e __ vizinhas.
6. C 36. C 66. E 96. E 126. C i) Tinha atitudes agradáveis aos homens e ___ mulheres.
7. C 37. E 67. C 97. C 127. C
8. E 38. E 68. E 98. C 128. C
9. C 39. C 69. C 99. C 129. E
Pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo
10. C 40. E 70. C 100. C 130. E
Método prático
11. C 41. C 71. E 101. E 131. b
Entregue o livro a este menino.
12. C 42. E 72. C 102. C 132. d
Note: a + este  a + aquele (veja que temos a + a).
13. C 43. C 73. E 103. E 133. e
14. E 44. E 74. C 104. C 134. b
15. C 45. C 75. C 105. C 135. a Então:
16. C 46. C 76. C 106. C Entregue o livro àquele menino.
17. C 47. E 77. C 107. E
18. C 48. C 78. C 108. E Leia este livro.
19. E 49. C 79. C 109. C Note: só temos este, sem preposição a. Então ficará sem
20. E 50. C 80. C 110. E crase com “aquele”:
21. C 51. C 81. C 111. C Leia aquele livro.
Língua Portuguesa

22. C 52. C 82. E 112. C


23. E 53. C 83. C 113. C Exercitando e fixando a regra prática de crase com pronome
24. C 54. E 84. C 114. e aquele(s), aquela(s), aquilo.
25. E 55. C 85. C 115. c 3. Preencha as lacunas com aquele, aqueles, aquela, aque-
26. C 56. E 86. C 116. a las, aquilo, se não houver preposição a; ou então com
27. E 57. C 87. E 117. a àquele, àqueles, àquela, àquelas, àquilo, se ocorrer a
28. E 58. E 88. C 118. C preposição a exigida pelo termo anterior regente.
29. C 59. C 89. C 119. E a) A verba aprovada destinava-se apenas ________ des-
30. C 60. C 90. C 120. C pesas inadiáveis.
b) Prefiro este produto __________.
c) As providências cabem ________ que estejam inte-
ressados.

82
d) Submeterei _________ alunos a uma prova. Conclusão:
e) Nunca me prestaria a isso nem ____________. O artigo definido é necessário para acompanhar nomes
f) Ficaram todos obrigados ____________ horário. já definidos, únicos, específicos. Mas é facultativo, do ponto
g) Já não amava __________ moça. de vista de correção gramatical, quando o nome não está
h) Ofereceu uma rosa _______ moça. definido, não é específico. Apenas o sentido se altera.
i) Reprovo _______ atitude.
j) Não teremos direito ______ abono. 5. (TJDFT) Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase,
k) Não se negue alimento _______ que têm fome. julgue os fragmentos apresentados nos itens a seguir.
l) ___________ hora tudo estava tranquilo. a) Direito a trabalho e a remuneração que assegure con-
m) Deves ser grato _______ que te fazem benefícios. dições de uma existência digna.
n) Traga-me _____ cadeira, por favor. b) Direito à unir-se em sindicatos.
o) Diga _______ candidatos que logo os atenderei. c) Direito a descanso e à lazer.
p) É isso que acontece ______ que não têm cautela. d) Direito à uma segurança social.
q) Ofereça uma cadeira ______ senhora. e) Direito à proteção à família.
r) Abra ___________ janelas: o calor está sufocante. f) Assistência para a mãe e às crianças.
s) Compareceste ________ festa? g) Direito à boa saúde e à educação de qualidade.

Exercitando e fixando a regra prática de crase com a(s) = (TST) “São parâmetros hoje exigidos pelo mercado no que
aquela(s). se refere à empregabilidade.”
Faça o exercício a seguir observando as comparações entre 6. Ocorre acento grave em “à” antes de “empregabilida-
parênteses. Onde tiver a + o no masculino, você usará crase de” para indicar que, nesse lugar, houve a fusão de uma
(a + a) no feminino. preposição, exigida pelo vocábulo antecedente, com um
4. Preencha as lacunas com a, as, quando se tratar do artigo artigo definido, usado antes dessa palavra feminina.
ou do pronome demonstrativo; e com à, às, quando hou-
ver crase da preposição a com artigo ou o demonstrativo (TJDFT) “A fé crescente na revolução científica gerava otimis-
a, as: mo quanto às futuras condições da humanidade.”
a) Estavam acostumados tanto ____ épocas de guerra 7. O acento indicativo de crase é opcional no texto; por-
quanto ____ de paz. (Compare: Estavam acostumados tanto, pode ser retirado sem prejuízo para a correção
tanto aos tempos de guerra quanto aos de paz.) gramatical da frase.
b) Confiava ____ tarefas difíceis mais _____ velhas
amizades do que _____ novas. (Compare: Confiava (HUB) “Há contradições entre o mundo universitário tradi-
os trabalhos difíceis mais aos velhos amigos do que cional e as aspirações dos estudantes e de seus familiares
quanto a possibilidades finais de inserção profissional no
aos novos.)
mundo real.”
c) ______ espadas antigas eram mais pesas que ___ de
8. O emprego do sinal indicativo de crase (à) em “quanto
hoje. (Compare: Os rifles antigos eram mais pesados
a possibilidades” dispensaria outras transformações no
que os de hoje.)
texto e manteria a correção gramatical do período.
d) _____ forças de Carlos Magno eram tão valentes como
____ do Rei Artur. (Compare: Os soldados de Carlos (PRF) “Muitos creem que a Internet é um meio seguro de
Magno eram tão valentes como os do Rei Artur.) acesso às informações.”
e) _____ forças de Bernardo deram combate ____ que 9. A omissão do artigo definido na expressão “acesso às
defendiam Carlos Magno. (Compare: Os homens de informações”, semanticamente, reforçaria a noção ex-
Bernardo deram combate aos que defendiam Carlos pressa pelo substantivo em plena extensão de seu sig-
Magno.) nificado e, gramaticalmente, eliminaria a necessidade
f) Esta moça se assemelha ____ que você me apresentou do emprego do sinal indicativo de crase, resultando na
ontem. (Compare: Este rapaz se assemelha ao que seguinte forma: acesso a informações.
você me apresentou ontem.)
g) ______ Medicina dá combate ____ doenças dos ho- Julgue os itens 10, 11 e 12 quanto ao uso da crase.
mens e ____ dos animais. (Compare: Os médicos dão 10. (TRF) “O TCU quer avaliar o controle exercido pela Supe-
combate aos males dos homens e aos dos animais.) rintendência da Receita Federal sobre à rede arrecada-
h) Esta tinta não se compara ___ que usaram antes. dora de receitas federais.
(Compare: Este papel não se compara ao que usaram
antes.) 11. (AFRF) Para os membros da Comissão de Assuntos Eco-
i) Prestava atenção ___ palavras dos velhos, mas não nômicos do Senado (CAE), a qual os acordos internacio-
____ dos jovens. (Compare: Prestava atenção aos nais são submetidos, cabe ao Brasil novas solicitações de
ensinamentos dos velhos, mas não aos dos jovens.) empréstimos ao FMI.
Língua Portuguesa

Importante: 12. (AFRF) As Metas de Desenvolvimento do Milênio preve-


Precisamos enxergar situações em que o artigo defini- em a redução da pobreza a metade até 2015.
do pode ser suprimido corretamente. Nesse caso, apenas
o sentido mudará. 13. Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas
Todo o país comemorou. do texto.
Sentido: país definido. Para incentivar o cumprimento dos Objetivos de Desen-
Todo país comemorou. volvimento do Milênio no Brasil, o presidente Luiz Inácio
Sentido: país qualquer. Lula da Silva lançou o Prêmio ODM BRASIL. A iniciativa
do governo federal em conjunto com o Movimento Na-
Todo Brasil comemorou. (errado) cional pela Cidadania e Solidariedade e o Programa das
Todo o Brasil comemorou. (certo) Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) vai se-

83
lecionar e dar visibilidade __1___ experiências em todo à maneira de
o país que estão contribuindo para o cumprimento dos à beira de
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), como à procura de
__2__ erradicação da extrema pobreza e __3__ redu-
ção da mortalidade infantil. Os ODM fazem parte de um Locução adverbial possui a seguinte estrutura:
compromisso assumido, perante __4__ Organização das Preposição + substantivo
Nações Unidas, por 189 países de cumprir __5__ 18 me- à vista
tas sociais até o ano de 2015. a prazo
1 2 3 4 5 a lápis
a) a à à a às à caneta
b) as a a à as
c) às à a à às 3. Locução adjetiva
d) a a a a as Estrutura: preposição + substantivo
e) as a a à às Relação: qualifica, especifica um substantivo.
Houve pagamento à vista.
Casos Especiais de Crase Houve pagamento a prazo.
O risco à caneta não sai.
Sinal de Crase em Locuções Femininas O risco a lápis sai.

1. Locuções adverbiais 4. Locução conjuntiva


Risquei o lápis. À proporção que / À medida que
Risquei a caneta. Ele enriqueceu à medida que investiu na bolsa.
Risquei a lápis. Foi grande a medida que ele investiu na bolsa. (Notemos
Risquei à caneta. aqui o sujeito: a medida foi grande)
À proporção que estudava, surgiam dúvidas.
Regra: Os matemáticos estudam a proporção que existe entre
O sinal de crase distingue entre a locução adverbial fe- os números. (Note aqui o objeto direto de “estudam”: estu-
minina e o objeto direto. dam o quê? Resposta: estudam a proporção..., como alguém
Vendo a prazo. estuda o limite e a derivada).
Vendo à vista.
Vendo a vista. Sinal de Crase na Indicação de Horário
Dobrei a direita.
Dobrei à direita. Regra:
Ocorre crase somente se indicarmos a hora como horário
Nota: quando algo ocorre, ocorreu ou ocorrerá.
Será facultativo o sinal de crase somente com a locução Não ocorre crase quando indicamos quanto tempo pas-
adverbial feminina de instrumento, apenas no caso de não sou ou passará.
haver duplo sentido sem o sinal de crase. Nós vamos chegar lá às duas horas.
Risquei o muro a caneta. (certo) Compare com: Nós chegaremos lá ao meio-dia.
Risquei o muro à caneta. (certo) Nós vamos estar lá daqui a duas horas. (quantidade de
Perceba que se trata de locução adverbial de instrumen- tempo que vai passar)
to, mesmo sem ter visto o sinal de crase. Nós estamos aqui há duas horas. (quantidade de tempo
que já passou, tempo decorrido)
2. Locuções prepositivas
A espera de vagas terminou. Sinal de Crase após a Palavra “Até”
Consegui matricular-me.
À espera de vagas, ficamos todos. Vou ao clube.
Ainda não nos matriculamos. Vou até o clube.
Vou até ao clube.
Regra:
O sinal de crase é necessário para indicar a locução pre- Nota:
positiva feminina. O sinal distingue entre a locução e outras Após “até”, será facultativa a preposição pedida pelo
estruturas. termo anterior.

Quais outras estruturas? Então:


Sujeito, objeto, complemento não constituem locução Vou à praia.
Língua Portuguesa

prepositiva. Vou até a praia.


Vou até à praia.
Dica:
De modo geral, a locução prepositiva introduz locução Conclusão:
adverbial. Crase facultativa após “até”, desde que seja pedida pre-
Os trabalhadores já concluíram a cata de cocos. posição pelo termo anterior.
Os trabalhadores saíram cedo à cata de cocos.
Mas, cuidado!
Observação: Vi o clube. (certo)
Locução prepositiva possui a seguinte estrutura: Vi até o clube. (certo)
Preposição + substantivo + preposição Vi até ao clube. (errado)
à custa de Vi a praia. (certo)

84
Vi até a praia. (certo) Sinal de Crase diante de Pronome Possessivo Feminino:
Vi até à praia. (errado) minha, sua, tua, nossa, vossa
Meu livro chegou. (certo)
Sinal de Crase diante de Pronomes de Tratamento O meu livro chegou. (certo)

Vossa Senhoria deve comparecer. (certo) Conclusão:


A Vossa Senhoria deve comparecer. (errado) O artigo definido é facultativo antes de pronomes pos-
sessivos.
Regra: Minha revista chegou. (certo)
De modo geral, não se pode empregar artigo antes de A minha revista chegou. (certo)
pronomes de tratamento.
Refiro-me a Vossa Senhoria. (certo) Aplicação (Como o artigo fica facultativo, então a crase
Refiro-me à Vossa Senhoria. (errado) ficará também facultativa):
Refiro-me a meu livro. (certo)
Observe também: Refiro-me ao meu livro. (certo)
O senhor deve comparecer. (certo) Refiro-me a minha revista. (certo)
Senhor deve comparecer. (errado) Refiro-me à minha revista. (certo)
Regra: Informação:
Exigem artigo os pronomes de tratamento: Senhor, Se- Artigo pressupõe substantivo escrito ao qual se refere
nhora, Madame, Senhorita. na sequência.
Refiro-me ao Senhor. O uso de água e o de combustível são prioritários.
Refiro-me à Senhora.
Note:
Mas, cuidado! Substantivo “uso”. Artigo “o”, que acompanha “uso”.
Visitarei o Senhor. Mas, em “o de combustível”, apenas subentendemos
Visitarei a Senhora. “uso”. Não está escrito. Então, não temos aqui artigo defini-
do. Trata-se de pronome demonstrativo “o = aquele”.
Atenção:
O artigo é opcional com o tratamento dona. Observe ainda:
Dona Maria chegou. Meu livro chegou e o seu não.
A Dona Maria chegou.
Note que o artigo é facultativo, porém o pronome “o”
não é. O pronome é obrigatório para representar o termo
Então:
“livro” não repetido.
Refiro-me a Dona Maria.
Refiro-me à Dona Maria.
Aplicação (Onde o pronome “o” ou “a” for obrigatório,
então a crase também será obrigatória):
Vamos analisar uma questão interessantíssima!
(MI/Agente Adm.) A expressão nominal “D. Fortunata” é em- Refiro-me a meu livro e não ao seu. (certo)
pregada, no texto, sem artigo. Por essa razão, caso a palavra Refiro-me a meu livro e não a seu. (errado)
sublinhada em “deu joias à mulher” fosse substituída por “D. Refiro-me ao meu livro e não ao seu. (certo)
Fortunata”, o acento grave sobre o a que sucede “joias” não Refiro-me ao meu livro e não a seu. (errado)
deveria ser empregado.
Resposta: Certo Então:
Refiro-me a minha revista e não à sua. (certo)
(MJ/Analista) “Às vezes faz bem chorar / E nas velhas cordas Refiro-me a minha revista e não a sua. (errado)
procurar / Notas e acordes esquecidos / Os dedos calejados Refiro-me à minha revista e não à sua. (certo)
deslizar / Recordar, saudoso, um samba antigo”. Refiro-me à minha revista e não a sua. (errado)
14. A letra de Ivor Lancelllotti emprega adequadamente o
acento de crase. Também está correto esse uso do acento 16. (MJ/Agente) “À margem das rodovias de grande movi-
em mento...” Diferente do exemplo destacado, o único caso
a) Deixei o carro no lava à jato e fui à confeitaria escolher em que o acento grave foi usado de forma errada, nas
uns doces. alternativas abaixo, é
b) Quando saímos à cavalo estamos apenas à procura a) Ficamos à vontade no evento.
de paz e sossego. b) Refiro-me à minha irmã.
c) Retiraram-se às pressas para não responderem às c) Chegarei à uma hora, não ao meio-dia.
Nota:
Língua Portuguesa

perguntas da mídia.
d) Daqui à uma hora e meia irei até à piscina para exa- Aqui temos o numeral “uma”. Só ele pode ter crase
minar a água e o cloro. antes de si. Não há crase antes do artigo indefinido
e) Encaminhamos ontem à V. Sa. os convites para a re- “uma”.
cepção à família. d) Dirija-se à qualquer moça do balcão.
Nota:
(MJ/Economista) Presente à entrevista de apresentação da Proibido crase diante de palavras indefinidas. Lembre
pesquisa, o secretário de Educação Continuada, Alfabetiza- que o artigo que a crase contém é definido.
ção e Diversidade do MEC, André Luiz Lázaro, admitiu que e) À medida que os anos passam, fico pior.
há um desafio de qualidade a ser superado no EJA.
15. A supressão do acento grave em “presente à entrevista” 17. (IBGE) Assinale a opção incorreta com relação ao empre-
manteria a correção gramatical e o sentido do texto. go do acento indicativo de crase.

85
a) O pesquisador deu maior atenção à cidade menos b) Pedimos silêncio a todos. Pouco a pouco, a praça cen-
privilegiada. tral se esvaziava.
b) Este resultado estatístico poderia pertencer à qual- c) Esta música foi dedicada a ele. / Os romeiros chegaram
quer população carente. a Bahia.
c) Mesmo atrasado, o recenseador compareceu à entre- d) Bateram a porta! Fui atender. / O carro entrou a direita
vista. da rua.
d) A verba aprovada destina-se somente àquela cidade e) Todos a aplaudiram. / Escreve a redação a tinta.
sertaneja.
e) Veranópolis soube unir a atividade à prosperidade. GABARITO
Sinal de Crase diante de Nomes Próprios de Lugar (To- 1. a) P c) àqueles f) à
pônimos) b) A d) aqueles g) a, às, às
c) A e) àquilo h) à
Regra Prática: d) P f) àquele i) às, às
Se volto da, crase no a. e) P g) aquela
Se volto de, crase pra quê. f) P h) àquela 5. C, E, E, E, C, C, C
g) A i) aquela 6. C
Saímos de Brasília, fomos a Fortaleza (voltamos de Forta- h) A j) àquele 7. E
leza), depois fomos a Natal (voltamos de Natal), descemos i) P k) àqueles 8. E
à Bahia (voltamos da Bahia). Então retornamos a Brasília j) PP l) àquela 9. C
(voltamos de Brasília). m) àqueles 10. E
2. a) às n) aquela 11. E
Mas: b) a o) àqueles 12. E
Saímos de Brasília, fomos à Fortaleza dos sonhos (volta- c) às p) àqueles 13. d
mos da Fortaleza dos sonhos), depois fomos à Natal dos d) a q) àquela 14. c
holandeses (voltamos da Natal dos holandeses), desce- e) à r) aquelas 15. E
mos à Bahia (voltamos da Bahia). Então retornamos à f) à s) àquela 16. d
bela Brasília (voltamos da bela Brasília). g) às 17. b
h) as 4. a) às, às 18. d
18. (IBGE) Assinale a opção em que o a sublinhado nas duas i) às b) as, às, às
frases deve receber acento grave indicativo de crase. c) as, as
a) Fui a Lisboa receber o prêmio. / Paulo começou a falar 3. a) àquelas d) as, as
em voz alta. b) àquele e) as, às

QUADRO-RESUMO DE CRASE

CRASE OBRIGATÓRIA CRASE PROIBIDA CRASE FACULTATIVA


Antes de hora = trocar por ao meio-dia. Antes de palavra masculina. Antes de pronome possessivo adjetivo
Chegou às duas horas. (ao meio-dia) Andava a pé. feminino.
Espero desde as três horas. (o meio-dia) Foi assassinato a sangue-frio. Refiro-me à/a sua tia.
Escreveu a lápis.
Com as palavras moda ou maneira Antes de verbo. Antes de nome de mulher.
ocultas. Estava decidido a fugir. Dei o carro à/a Maria.
Quero bife à milanesa. (à moda milanesa) Tudo a partir de 1,99.
Estilo à Rui Barbosa. (à maneira de Rui
Barbosa)
Subentendendo as palavras faculdade, A (no singular) + palavra no plural. Depois da preposição Até.
universidade, escola, companhia, em- Só faço favor a pessoas dignas. Fui até à / a praia.
presa e semelhantes. Dê isto a suas irmãs. Mas: Visitei até a praia. (VTD)
O Governo não fez concessões à Ford.
Preferiu a Faculdade de Letras à Hélio
Afonso.
Antes da palavra distância, quando de- Antes de pronome indefinido ou pala- Antes de Europa, Ásia, África, Espanha,
terminada. vra por ele modificada. França, Inglaterra, Escócia e Holanda
Língua Portuguesa

Fiquei à distância de dez metros. Disse isso a toda pessoa.


Fiquei a distância. Não irei a festa alguma.

Aqui não cabe crase, pois a palavra “fes-


ta” está determinada por pronome in-
definido. Compare com masculino: Não
irei a baile algum.
Nas locuções com palavras femininas. Antes de pronome de tratamento, salvo Antes do tratamento dona.
Choveu à noite. Dona, Senhora, Madame, Senhorita. Ele dirigiu a palavra a / à dona Maria.
Ele melhora à medida que é medicado. Enviarei tudo a Vossa Senhoria.
Houve um baile à fantasia.

86
Antes de terra, salvo quando antônimo Antes de terra antônimo de bordo. Em locuções adverbiais femininas de
de bordo. Mandou o marinheiro a terra. instrumento.
O agricultor tem apego à terra. Galdesteu matou o rei a / à faca.
Do céu à terra. Voltou à terra onde nasceu. Antes de quem e cujo(s), cuja(s). Mas: Preencher à máquina ou em letra
O prêmio cabe a quem chegar primeiro. de forma. (crase obrigatória para evitar
Esta é a autora a cuja peça me referi. duplo sentido)
Antes de Senhora, Madame, Senhorita. Entre palavras repetidas.
Ninguém resiste à Senhora Neide. (Mas: Estavam cara a cara.
Vi a Senhora Neide. – VTD) Venceu a corrida de ponta a ponta.
Antes de nomes de lugar especificados Depois de preposições (ante, após, com,
ou que aceitem artigo. conforme, contra, desde, durante, entre,
Fui à bela Brasília. mediante, para, perante, sob, sobre, se-
Fui à Bahia. gundo).
Após as aulas, conforme a ocasião, para
a paz; segundo a lei etc.
Quando ocorre as diante de pronome Quando se subentende um indefinido
possessivo adjetivo no plural. entre a preposição a e o substantivo
Refiro-me às suas tias. feminino.
Estacionamento sujeito a multa. (a uma
multa)
Antes da palavra casa, quando deter- Antes de casa = lar.
minada por adjunto de posse. Retornei a casa.
Chegamos à casa de Pafúncio.
Antes de nomes de lugar que não ad-
mitem o artigo.
Fui a Brasília.
Chegamos a Maceió.
Antes de numerais.
O número de acidentes chegou a 35.
Antes de nomes de santas.
Sou grato a Santa Clara.

EXERCÍCIOS 5. O acento indicativo de crase em “semelhante à dos povos


da escrita” pode ser eliminado, pois é opcional.
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “Às vezes até esqueço
que fui adotada”. 6. (Funiversa/Sejus) Cada uma das alternativas a seguir
1. O verbo esquecer está empregado com traços tipica- apresenta reescritura de fragmento do texto. Assinale
mente coloquiais, pois a forma padrão culta exige que, aquela em que a reescritura apresenta erro relacionado
na frase, ele seja acompanhado de pronome me e pre- ao emprego ou à ausência do sinal indicativo de crase.
posição de. a) Seu desenvolvimento pode ser atribuído a violações
de direitos humanos.
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “São emissoras trans- b) O legado do nazismo foi condicionar a titularidade de
mitidas de qualquer país que passe pela nossa mente – e direitos aquele que pertencesse à raça ariana.
alguns outros de cuja existência sequer desconfiávamos.” c) Pelo horror absoluto à exterminação.
2. A troca da preposição “de”, na segunda ocorrência, d) A ruptura do paradigma deve-se à barbárie do totali-
por em provocaria uma falha na regência do verbo tarismo.
desconfiar. e) É necessária a reconstrução dos direitos humanos.
(Funiversa/Terracap) A respeito do texto “Cada órgão do
7. (Funiversa/Terracap) No trecho: “Em meio à burocracia
nosso corpo tem uma função vital e precisa estar 100% em
condições.” oficial, o rock ocupou o espaço urbano, os parques, as
3. A expressão “em condições”, segundo a gramática da língua superquadras de Lucio Costa, cresceu e apareceu.”, o uso
portuguesa, exige um complemento que integre o seu sen- do sinal indicativo de crase é
tido. Porém, no texto, a ausência desse complemento não a) facultativo, pois antecipa palavra feminina seguida de
adjetivo masculino.
Língua Portuguesa

promoveu prejuízo para a compreensão da informação.


b) inadequado, pois não indica contração.
Por maiores que sejam os esforços e a generosidade dos c) proibido, porque não se admite crase antes de subs-
que lhes oferecem atenção e cuidado, essas crianças estarão tantivos abstratos.
desprovidas do fundamental: carinho e referência familiar. d) obrigatório, pois indica uma vogal átona representada
4. O termo “lhes” pode ser substituído pela expressão à elas, por um artigo.
com acento indicativo de crase, pois o pronome elas re- e) adequado, pois representa a contração da preposição
mete a “crianças”, substantivo feminino utilizado no texto. a e do artigo definido feminino a.

(Funiversa/Iphan) Os povos da oralidade são portadores de (Funiversa/Terracap) Na frase “O que se opõe à nossa cultura
uma cultura cuja fecundidade é semelhante à dos povos da de excessos e complicações é a vivência da simplicidade”.
escrita. 8. O acento indicativo de crase é facultativo.

87
No texto “A simplicidade sempre foi criadora de excelên- a) à - a - a c) à - à - a e) a - à – à
cia espiritual e de liberdade interior. Henry David Thoreau b) à - a - à d) a - a - à
(+1862), que viveu dois anos em sua cabana na floresta junto
a Walden Pond, atendendo estritamente às necessidades 16. (SP/BIBLIOT) Alguns atribuem ...... linguagem as infindá-
vitais, recomenda incessantemente em seu famoso livro- veis possibilidades de comunicação entre os homens.
-testemunho: Walden ou a vida na floresta: “simplicidade, Mas é comum que durante uma conversa o falante faça
simplicidade, simplicidade”.” alusões ...... conteúdos implícitos que ultrapassam aquilo
9. O acento indicativo de crase antes de “necessidades vi- que está de fato sendo dito; tais conteúdos podem ser
tais” é exigência da palavra “estritamente”. corretamente inferidos pelo interlocutor, devido, por
exemplo, ...... entonação usada pelo falante.
(Funiversa/HFA) Na frase: “As demissões recordes nas com- Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
panhias americanas devido à crise fizeram vítimas inusitadas ordem dada:
– os próprios executivos de recursos humanos.” a) a − à − à c) a − a − à e) a − à − a
10. O uso da crase em “à crise” deve-se ao fato de ser uma b) à − a − à d) à − à − a
locução adverbial feminina.
17. (TJ-SE/Técnico Judiciário) A frase inteiramente correta,
11. (Alesp) Orientação espiritual ...... todas as pessoas é um
considerando-se a colocação ou a ausência do sinal de
dos propósitos ...... que escritores e pensadores vêm se
dedicando, porque a perplexidade e a dúvida são inevi- crase, é:
táveis ...... condição humana. a) Brigas entre torcidas de times rivais se iniciam sem-
As lacunas da frase acima estarão corretamente preen- pre com provocações de parte à parte, à qualquer
chidas, respectivamente, por: momento.
a) à - a - à b) O respeito as medidas de segurança tomadas em um
b) à - à - a evento de grande interesse garante à alegria do es-
c) a - a - à petáculo.
d) a - à - à c) Uma multidão polarizada pode ser induzida à atitudes
e) a - a - a hostis, tomadas em oposição às medidas adotadas.
d) Com a constante invasão às sedes de clubes, os diri-
12. (Bagas) Tomando a melodia ...... música europeia, ao gentes passaram a monitorar a presença de torcedo-
mesmo tempo em que a harmonia era inspirada no jazz res, até mesmo nos treinos.
americano, a bossa nova foi buscar o ritmo na música e) As pessoas, enfurecidas, iam em direção à um dos
africana, o que resultou numa mistura que parece encan- dirigentes, quando os policiais conseguiram controlar
tar ...... todos os estrangeiros que vêm ...... conhecê-la. toda a multidão.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
ordem dada: 18. (TRT 16ª R) Lado ...... lado das restrições legais, são im-
a) à - a - a portantes os estímulos ...... medidas educativas, que
b) à - a - à permitam avanços em direção ...... um desenvolvimento
c) a - à - a sustentável do setor da saúde.
d) a - à - à As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
e) à - à - a chidas, respectivamente, por
a) a − à − à c) à − a − a e) a − à − a
13. (TCE/SP) A alimentação diária, ...... base de feijão com b) à − a − à d) a − a − a
arroz, fornece ...... população brasileira os nutrientes
necessários ...... uma boa saúde. 19. (TRT 7ª R) Pela internet, um grupo de jovens universi-
As lacunas da frase acima estarão corretamente preen- tários buscou a melhor formar de ajudar ...... vítimas de
chidas, respectivamente, por: enchentes em Santa Catarina, e um deles foi ...... Itapema,
a) a - à - à disposto ...... colaborar na reconstrução da cidade.
b) à - a - a
As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
c) à - à - a
chidas, respectivamente, por:
d) a - a - à
e) à - à - à a) as - a - a c) as - à - à e) as - a – à
b) às - à - a d) às - a - à
14. (FCC/TRE-RN) Graças ...... resistência de portugueses e
espanhóis, a Inglaterra furou o bloqueio imposto por Na- 20. (TRT 20ª R) Exportadores brasileiros lançaram-se ...... con-
poleão e deu início ...... campanha vitoriosa que causaria quista de vários mercados internacionais, após ...... mo-
...... queda do imperador francês. dernização do setor agropecuário, que passou a oferecer
Preenchem as lacunas da frase acima, na ordem dada, ...... esses mercados produtos de qualidade reconhecida.
a) a - à - a As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
Língua Portuguesa

b) à - a - a chidas, respectivamente, por


c) à - à - a a) à - a - a c) a - a - à e) à - à – a
d) a - a - à b) à - a - à d) a - à - à
e) à - a - à
GABARITO
15. (DNOCS) Muitos consumidores não se mostram atentos
...... necessidade de sustentabilidade do ecossistema e 1. E 6. b 11. c 16. b
não chegam ...... boicotar empresas poluentes; outros
2. C 7. e 12. a 17. d
se queixam de falta de tempo para se dedicarem ......
alguma causa que defenda o meio ambiente. As lacu- 3. C 8. C 13. c 18. d
nas da frase acima estarão corretamente preenchidas, 4. E 9. E 14. c 19. a
respectivamente, por 5. E 10. E 15. a 20. a

88
COLOCAÇÃO PRONOMINAL Mesóclise: Posição do Pronome no Meio da
Estrutura do Verbo
Pronomes oblíquos átonos: me, nos, te, vos, se, o, a, os,
as, lhe, lhes. Mesóclise obrigatória somente com verbo no futuro no
início da oração:
Regras básicas (não desobedecer): Ajudar‑te‑ei. (certo, mesóclise obrigatória)
1. Não comece oração com tais pronomes Ajudarei‑te. (errado)
Me ajuda! (Errado) Eu te ajudarei. (certo, próclise facultativa)
Ajuda‑me! (Certo) Eu ajudar‑te‑ei. (certo, mesóclise facultativa)
Nos trouxeram café. (Errado)
Trouxeram‑nos café. (Certo) Obs.: O verbo no infinitivo admite sempre próclise ou
ênclise, até quando ocorre caso de próclise. Veja:
2. Não escrever tais pronomes após particípio (-ado, É hora de não se prejudicar o próximo. (Certo)
-ido, -to, -so) É hora de não prejudicar‑se o próximo. (Certo)
Tenho ajudado‑te. (Errado)
Tenho te ajudado. (Certo)  – preferência no Português EXERCÍCIOS
Brasileiro.
Tenho‑te ajudado. (Certo)  – preferência no Português 1. (FCC/TRT-9ª) A colocação pronominal está correta em:
Europeu. a) As pessoas têm dedicado‑se a compartilhar fotos de
várias situações.
b) Ela repara como tornam‑se diferentes algumas pes-
3. Não escrever tais pronomes após verbo no futuro
soas nas redes sociais.
Ajudarei‑te. (Errado) c) A autora parece incomodar‑se com algumas posta-
Ajudar‑te‑ei. (Certo) – mesóclise ou pronome no meio gens nas redes sociais.
da estrutura verbal. d) Há vários recursos digitais que prestam‑se a corrigir
os defeitos das imagens.
Próclise: Posição do Pronome Oblíquo Antes e) Atualmente, as pessoas sempre lembram‑se de sorrir
do Verbo ao serem fotografadas.

Paulo te ama! (certo, opcional) 2. (Iades/Ceitec) Assinale a alternativa que apresenta


Paulo ama‑te! (certo, opcional) outra redação para o período “O problema é que essa
Ele não te ama! (certo, obrigatório) determinação quase nunca é cumprida” que está de
acordo com as regras de colocação pronominal pres-
Próclise obrigatória: critas pela norma‑padrão.
Alguns termos escritos antes do verbo, ou mesmo certas a) O problema é que entende‑se que essa determina-
frases, vão exigir o pronome oblíquo escrito antes do verbo. ção quase nunca é cumprida.
b) O problema é que quase nunca se cumpre essa de-
1. Advérbios e negações:
terminação.
Aqui se trabalha. Jamais te desobedeci.
c) Me ocorre que o problema é que essa determina-
ção quase nunca é cumprida.
2. Pronomes demonstrativos: d) Aqui acha‑se que o problema é que essa determi-
Isto me interessa. Aquilo te prejudica. nação quase nunca é cumprida.
e) Se sabe que o problema é que essa determina-
3. Pronomes relativos: ção quase nunca é cumprida.
O livro que lhe dei era novo.
4. Indefinidos e interrogação: 3. (Iades/TRE‑PA) Considerando a oração destacada no pe-
Tudo te é permitido. Alguns me chamaram. ríodo “Chegam, sentam‑se por poucos minutos, rabiscam
Quem lhe permitiu entrar? códigos indecifráveis em seus cadernos e saem.”, assinale
a alternativa correta, com relação à norma padrão.
5. Subordinação (que, como, quando, caso, se...): a) A próclise é facultativa. b) A mesóclise é obrigatória.
Quando me chegar a notícia, vou divulgar. c) A ênclise é facultativa. d) A próclise é proibida.
Se te contarem, não espalhe. e) A ênclise é proibida.

6. Exclamação: Então, poderíamos aprender a construir coisas que realmen-


Deus te abençoe! te duram – ou que se decompõem de uma forma “verde”.
Com as técnicas de simulação em laboratórios de que dis-
Obs.: Não havendo casos de próclise obrigatória, então pomos atualmente, por exemplo, não se pode prever como
será próclise facultativa. Veja: será o desempenho da bateria de um carro elétrico nos
Língua Portuguesa

próximos quinze anos.
Os anúncios me interessam. (Certo)
4. (Cespe/Icmbio) Em “se decompõem” e “se pode”,
Os anúncios interessam‑me. (Certo)
o  pronome “se” poderia ser posposto à forma ver-
bal – decompõem‑se e pode‑se – , sem prejuízo para a
Ênclise: Posição do Pronome após o Verbo correção gramatical do texto.
Ênclise obrigatória em dois casos: Venezuela e Argentina, por sua vez, começam a se parecer
a) Verbo no início de oração: com casos econômicos sem solução.
Receberam‑me com alegria. 5. (Cespe/Cade) Em “começam a se parecer”, o pronome
“se” poderia ser deslocado para imediatamente após
b) Verbo no modo imperativo afirmativo: a forma verbal “parecer”, escrevendo‑se começam a
Vá ali e traga‑me os livros. parecer‑se.

89
E motivação política, isso então nem se fala. A  missão 13. (Cespe/TCU) A posição da partícula “se” em relação
Shenzhou VII, por exemplo, aproveitou a onda ufanista da às formas verbais “relaciona” (L.7) e “inter-relaciona”
Olimpíada. (L.11) é explicada com base na mesma regra de colo-
6. (Cespe/TJ-SE) No segmento “isso então nem se fala”, cação pronominal.
a posição do pronome “se” justifica‑se pela presença
de palavra de sentido negativo. 14. (FCC/TRT-23ª) Em 1949, quando o pai morreu, Manoel
herdou suas terras em Corumbá. Pensou inicialmente
O malogro da educação liberal‑capitalista nos aflige como, em vender as terras, mas a mulher convenceu Mano-
em outro contexto, nos teria afligido um projeto de educação el  a restabelecer raízes no Pantanal. Por ocasião do
totalitária. lançamento de “O Guardador das Águas”, que daria a
7. (Cespe/Cade) No trecho “nos teria afligido um projeto Manoel o seu primeiro Prêmio Jabuti, afirmou: “Entre
de educação totalitária”, o pronome “nos” poderia ser o poeta e a natureza ocorre uma eucaristia”. 
corretamente empregado imediatamente após a forma Fazendo-se as alterações necessárias, os elementos
verbal “teria”, escrevendo‑se teria‑nos. sublinhados acima foram corretamente substituídos
por um pronome, na ordem dada, em: 
Podemos perceber que a ideia de polícia está intimamente a) vendê-las − convenceu-o − lhe daria
ligada à noção de política. Não há como dissociá‑las. b) vender-lhes − convenceu-lhe − daria-lhe
8. (Cespe/Câmara) O trecho “Não há como dissociá‑las” c) as vender − convenceu-lhe − o daria
poderia ser corretamente reescrito de diferentes d) vendê-las − lhe convenceu − daria-no
maneiras, a exemplo das seguintes: É impossível sepa- e) vender-lhes − o convenceu − lhe daria
rá‑las; Não há forma de as dissociar; Não separam‑se.
15. (FCC) A substituição do elemento grifado pelo pronome
9. (Cespe/PRF) Devido à presença do advérbio “apenas”, correspondente, com os necessários ajustes, foi feita
o pronome “se” poderia ser deslocado para imediatamente corretamente no segmento que se encontra em:
apos a forma verbal “coloca” da seguinte forma: coloca‑se. a) uma forma de nomear os mais velhos = uma forma
de lhes nomear
Não por menos, tal massa de compradores se converteu na b) cria profissionais e instituições = cria-lhes 
locomotiva da economia brasileira c) não oferece instrumentos = não os oferece 
10. (Cespe/MTE) O pronome “se” poderia ser deslocado d) ofereceria aos mais velhos a oportunidade = ofere-
para imediatamente após a forma verbal “converteu”, ceria-lhes a oportunidade
escrevendo‑se converteu‑se, sem prejuízo da correção e) que impõe outro recorte à geografia social = que
gramatical do texto. impõe-no à geografia social

É o medo que engendra a omissão, o não importar‑se com 16. (FCC/TRE-PB) ... nada há de errado em aquecer a ati-
o que ocorra, ou o não assumir‑se em nada. vidade econômica. ... que não compreendem  a co-
11. (Cespe/STF) No trecho “o não importar‑se com o que mercialização do afeto... ... uma falha em demonstrar
ocorra”, é opcional a colocação do pronome “se” antes dedicação aos filhos. Na ordem dada, os complementos
de “importar‑se”: o não se importar com o que ocorra. verbais destacados acima são corretamente substituí-
dos por pronomes em:
A vida do Brasil colonial era regida pelas Ordenações Filipinas, a) aquecê-la − compreendem-no − demonstrar-lo 
um código legal que se aplicava a Portugal e seus territórios b) aquecer-lhe − compreendem-na − demonstrar-lhes 
ultramarinos. Com todas as letras, as Ordenações Filipinas c) aquecer-la − o compreendem − demonstrar-lo
asseguravam ao marido o direito de matar a mulher caso a d) aquecer-lhe − compreender-lhe − demonstrá-los 
apanhasse em adultério. e) aquecê-la − a compreendem − demonstrar-lhes 
12. (Cespe/TJ‑SE) Não haveria prejuízo para a correção
gramatical do texto caso os pronomes “se” e “a” fos- 17. (FCC/DPE-SP) Estão adequadas  ambas  as constru-
sem deslocados para imediatamente após as formas ções pronominais indicadas entre parênteses, como
verbais “aplicava” e “apanhasse”, escrevendo‑se que alternativas válidas, no contexto, para as expressões
aplicava‑se e caso apanhasse‑a, respectivamente. sublinhadas em:
a) Voltaire  atribui aos grosseiros  (atribui-lhes)  a
responsabilidade por  aplaudirem a barbárie  (lhe
aplaudirem). 
b) As velhas acusam a vítima (acusam-lhe) de herege e
os bárbaros seguem as velhas (seguem-nas) em seu
preconceito. 
c) Os poetas idealistas  louvam os campesinos  (lhes
louvam),  ignorando os defeitos deles  (ignorando-
-lhes os defeitos). 
Língua Portuguesa

d) Muitos homens querem agradar as massas (as agra-


dar), não hesitando em cortejar as mesmas (cortejar-
-lhes). 
e) Para que aprimoremos a civilização (a aprimoremos),
é preciso prestigiar os pensantes (prestigiá-los).

GABARITO
1. c 4. E 7. E 10. C 13. E 16. e
2. b 5. C 8. E 11. C 14. a 17. e
3. d 6. C 9. E 12. E 15. c

90
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS 15. O professor _________ metáfora e metonímia. (deferiu
- diferiu)
Emprego de Expressões, Homônimos, Parônimos, 16. O secretário ___________ o pedido do aluno. (deferiu
- diferiu)
Sinônimos e Antônimos
17. Chegou à cidade um _____________ conferencista.
(eminente - iminente)
Denotação consiste no sentido real, exato, dicionarizado.
18. O edital do concurso é _________ . Pode sair a qualquer
O homem tinha dez mil animais.
hora. (eminente - iminente)
19. Aquele homem ____________ a “lei seca”. (infringiu -
Conotação consiste no sentido figurado, literário, ima-
infligiu)
ginário.
20. O delegado _______ -lhe uma dura pena. (infringiu -
O homem tinha dez mil cabeças de gado.
infligiu)
21. A escolha do candidato ___________ os prognósticos
Homônimos são palavras com escrita igual e ou pronún-
do partido. (retificou - ratificou)
cia igual, mas sentidos diferentes.
22. O comentário do professor __________ os erros do es-
A sede(ê) x a sede(é)
tudante. (retificou - ratificou)
sessão x cessão x seção
23. A mensagem do autor ficou _________ . (subtendida -
subentendida)
Parônimos são palavras com escrita semelhante, com
24. Com maior valor do dólar, os produtores podem
sentidos diferentes.
__________ mais lucros. (auferir - aferir)
infringir = desobedecer
25. Os técnicos do Inmetro vão ___________ a balança.
inflingir = aplicar, impor
(auferir - aferir)
despercebido = não foi notado
26. É verdade que, __________, a inflação deixou de inco-
desapercebido = não preparado, desprevenido
modar. (em princípio - a princípio)
27. É verdade que, __________, a reunião demorou a co-
Sinônimos são palavras diferentes com sentidos seme-
meçar. (em princípio - a princípio)
lhantes.
28. Todos trabalharam _________ obter reconhecimento.
cachorro / cão
(a fim de - afim)
cotidiano / dia a dia
29. Priscila e Ana têm uma preocupação _______ (a fim
de - afim)
Antônimos são palavras diferentes com sentidos opostos.
30. Obteremos lucro apenas ___________ rigoroso controle.
claro / escuro
(através de - por meio de)
alto / baixo
feio / bonito
Gabarito
EXERCÍCIOS
1. despercebido
Complete as lacunas com a palavra adequada. 2. desapercebido
1. O fato passou _______________ . (despercebido - de- 3. vultosas
4. sessão
sapercebido).
5. seção
2. O projeto novo não era conhecido do diretor
6. cessão
_____________ . (despercebido - desapercebido)
7. secção
3. Os bancos transacionam somas ______________. (vul- 8. Cassaram
tuosas - vultosas) 9. mandato
4. Hoje a ________ de trabalho se encerra às quatro. (ses- 10. flagrante
são - seção - cessão - secção) 11. discriminar
5. Encaminharemos à _______ de Normas Técnicas esse 12. descriminar
texto. (sessão - seção - cessão - secção) 13. tachado
6. O governo efetivou a _______ de auxílio-gás. (sessão - 14. taxado
seção - cessão - secção) 15. diferiu
7. Foi feita uma pequena ________ para introduzir o ca- 16. deferiu
teter. (sessão - seção - cessão - secção) 17. eminente
8. ________ os direitos políticos de José Orfeu. (caçaram 18. iminente
- cassaram) 19. infringiu
Língua Portuguesa

9. Ele perdeu seu ________ político. (mandado - mandato) 20. infligiu


10. O criminoso foi apanhado em _____________. (flagrante 21. ratificou
- fragrante). 22. retificou
11. Os surdos não conseguem ___________ música e baru- 23. subentendida
lho. (descriminar - discriminar). 24. auferir
12. É intensa a campanha para __________ o aborto. (des- 25. aferir
criminar - discriminar) 26. em princípio
13. O político foi ___________ de subversivo. (tachado - 27. a princípio
taxado) 28. a fim de
14. O estacionamento não era ____________ naquele pré- 29. afim
dio. (tachado - taxado) 30. por meio de

91
CORRESPONDÊNCIA OFICIAL b) da impessoalidade de quem recebe a comunica-
ção, com duas possibilidades: ela pode ser dirigida
A redação de correspondências oficiais se pauta nas a um cidadão, sempre concebido como público,
seguintes bases: ou a outro órgão público. Nos dois casos, temos
• impessoalidade; um destinatário concebido de forma homogênea
• clareza; e impessoal;
• coerência; c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado:
se o universo temático das comunicações oficiais
• coesão e concisão;
se restringe a questões que dizem respeito ao in-
• formalidade;
teresse público, é natural que não cabe qualquer
• uniformidade e padronização. tom particular ou pessoal. Desta forma, não há lu-
gar na redação oficial para impressões pessoais,
Tais bases se respaldam nos princípios que regem a Ad- como as que, por exemplo, constam de uma carta
ministração Pública1: a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal,
L egalidade ou mesmo de um texto literário. A redação oficial
I mpessoalidade deve ser isenta da interferência da individualidade
M oralidade que a elabora.
P ublicidade A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade
E ficiência de que nos valemos para elaborar os expedientes
oficiais contribuem, ainda, para que seja alcançada
Entendamos as bases da redação oficial aplicando o a necessária impessoalidade.
estudo da teoria em exercícios de concursos para cargos
públicos. Como um servidor público fala, nas comunicações ofi-
ciais, em nome do serviço público, o uso da primeira pessoa
EXERCÍCIO não fere o princípio da impessoalidade:
“Encaminho a Vossa Senhoria o documento anexo.”
1. (Cespe/TJBA) Com relação às normas gerais e específi- “Dirijo-me a Vossa Excelência para [...]”
“Consideramos oportuno destacar [...]”
cas das correspondências oficiais, julgue o item que se
segue.
Já em uma prova discursiva em um concurso para cargo
A Constituição Federal expressa a publicidade e a im-
público, sugere-se que o candidato faça assim:
pessoalidade como princípios fundamentais de toda a “Este órgão encaminha a Vossa Senhoria o documento
Administração Pública. Esses princípios devem norte- anexo.”
ar igualmente a elaboração dos atos e comunicações “Este departamento se dirige a Vossa Excelência para
oficiais. [...]”
“Considera-se oportuno destacar [...]”
a) Impessoalidade
EXERCÍCIOS
O texto dos documentos oficiais deve ser impessoal,
uma vez que quem comunica é sempre o Serviço Público; 2. (Cespe/MEC) Julgue o item seguinte, a respeito da re-
o que se comunica é sempre algum assunto relativo às dação de correspondências oficiais.
atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa A impessoalidade, característica da redação oficial,
comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou deve-se ao fato de que quem comunica é o indivíduo
outro órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes particular, e não o serviço público.
da União.
Conforme o Manual de Redação da Presidência da Re- 3. (Cespe/Aneel) Julgue o item seguinte, a respeito da re-
pública (MENDES et al., 2002, p. 4-5): dação de correspondências oficiais.
A impessoalidade que deve caracterizar a redação oficial
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que é percebida, entre outros aspectos, no tratamento que é
deve ser dado aos assuntos que constam das comu- dado ao destinatário, o qual deve ser sempre concebido
nicações oficiais decorre: como homogêneo e impessoal, seja ele um cidadão ou
um órgão público.
a) da ausência de impressões individuais de quem
comunica: embora se trate, por exemplo, de um ex-
pediente assinado por Chefe de determinada Seção, b) Clareza
é sempre em nome do Serviço Público que é feita a
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto
Língua Portuguesa

comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padro-


oficial [...] Pode-se definir como claro aquele texto
nização, que permite que comunicações elaboradas
que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No
em diferentes setores da Administração guardem entanto a clareza não é algo que se atinja por si só:
entre si certa uniformidade; ela depende estritamente das demais características
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão
1 da redação oficial. Para ela concorrem:
culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. Funda- a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de inter-
mentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo pretações que poderia decorrer de um tratamento
37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obede- personalista dado ao texto;
cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio,
eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamen- de entendimento geral e por definição avesso a vocá-
tais de toda administração pública, claro está que devem igualmente nortear
a elaboração dos atos e comunicações oficiais. (MRPR, 2002, p. 12) bulos de circulação restrita, como a gíria e o jargão;

92
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam Por ser a redação de expedientes de uso irrelevante, o
a imprescindível uniformidade dos textos; redator desse tipo de texto consegue excelentes resul-
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os exces- tados com a mera reprodução dos modelos disponíveis
sos linguísticos que nada lhe acrescentam. em seu local de trabalho.
É pela correta observação dessas características que
se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispen- 9. (Cespe/Crea-DF) A respeito da redação de expedientes,
sável releitura de todo texto redigido. A ocorrência, julgue o item a seguir.
em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros Na redação de expedientes, devem ser considerados
gramaticais provém principalmente da falta da re- os aspectos ligados à disposição do texto no papel e à
leitura que torna possível sua correção. indicação apropriada de dados relativos a remetente e
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, destinatário.
se ele será de fácil compreensão por seu destinatá-
rio. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido 10. (Cespe/MEC) A respeito da redação de expedientes,
por terceiros. O domínio que adquirimos sobre cer- julgue o item a seguir.
tos assuntos em decorrência de nossa experiência O uso de vocábulos de circulação restrita, como a gíria
profissional muitas vezes faz com que os tomemos e o jargão, contribui para a clareza de um texto.
como de conhecimento geral, o que nem sempre é
verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os 11. (Cespe/MEC) A respeito da redação de expedientes,
julgue o item que se seguem.
termos técnicos, o significado das siglas e abrevia-
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar se ele será
ções e os conceitos específicos que não possam ser
de compreensão imediata por seu destinatário.
dispensados.
A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A
12. (Cespe/ECT/Analista) A respeito da redação de expedien-
pressa com que são elaboradas certas comunicações tes, julgue o item a seguir.
quase sempre compromete sua clareza. Não se deve Nas correspondências oficiais, a informação deve ser
proceder à redação de um texto que não seja seguida prestada com clareza e concisão, utilizando-se o padrão
por sua revisão. culto da linguagem.
‘Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados’,
diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua inde- 13. (Movens) A respeito da redação de expedientes, julgue
sejável repercussão no redigir. (MENDES, 2002, p. 6) o item a seguir.
O princípio da clareza aplica-se às comunicações ofi-
EXERCÍCIOS ciais, entretanto, pode-se prescindir dele ao se redigir
comunicação confidencial, para que sejam resguardadas
4. (Cespe/MEC) Julgue o item seguinte, a respeito da re- informações sigilosas.
dação de correspondências oficiais.
A finalidade das correspondências oficiais impõe cer- 14. (Cespe/Aneel) A respeito da redação de expedientes,
tos parâmetros de uso da língua, diversos daqueles da julgue o item a seguir.
literatura, do texto jornalístico e da correspondência Na comunicação oficial, o emprego da língua em sua mo-
particular. dalidade formal decorre da necessidade de se informar
algo o mais claramente possível, de maneira concisa e
5. (Cespe/TJBA) Com relação às normas gerais e específicas não pessoal, sendo imprescindível, seja qual for o des-
das correspondências oficiais, julgue o item a seguir. tinatário, o emprego dos termos técnicos próprios da
A identificação das características específicas da forma área de que se trata.
oficial de redigir visa à criação de uma forma específica
de linguagem administrativa. c) Coerência

6. (Cespe/TJBA) Julgue o item seguinte, a respeito da re- Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe
dação de correspondências oficiais. em todo texto de alguma complexidade: ideias fun-
A obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação damentais e ideias secundárias. Estas últimas podem
oficial decorre do fato de que ele está acima das dife- esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplifi-
renças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos cá-las; mas existem também idéias secundárias que
modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, não acrescentam informação alguma ao texto, nem
permitindo, por essa razão, que todos os cidadãos com- têm maior relação com as fundamentais, podendo,
preendam o texto oficial. por isso, ser dispensadas. (MENDES, 2002, p. 6)
Língua Portuguesa

Além da coerência semântica, ou seja, da concatenação


7. (Cespe/Crea-DF) A respeito da redação de expedientes,
entre as ideias do texto, com progressão lógica do raciocínio,
julgue o item a seguir.
há a coerência gramatical. A coerência gramatical envolve
É correto afirmar que o vocabulário adequado à redação
vários fatores da gramática normativa como, por exemplo,
de expedientes é aquele que leva em conta a capacidade
o uso correto de conectores, termos anafóricos ou catafó-
de compreensão do receptor, embora seja aconselhável
ricos, concordância verbal e nominal, regência, pontuação,
o uso de expressões raras para dar mais sofisticação e colocação pronominal, sintaxe etc.
impressionar o leitor. Em um concurso público, questões de redação oficial
podem abordar somente esses aspectos gramaticais, es-
8. (Cespe/Crea-DF) A respeito da redação de expedientes, senciais para a coerência em um texto que componha um
julgue o item a seguir. expediente oficial.

93
EXERCÍCIOS Texto para os exercícios 22 a 25:

15. (Cespe/PGR) Julgue se o trecho no item subsequente


MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL
apresenta linguagem gramaticalmente correta e ade-
CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DESENVOLVIMENTO
quada à redação de correspondências, expedientes e DE REGIÃO INTEGRADA DO DISTRITO FEDERAL E
documentos oficiais. ENTORNO (COARIDE)
Não se pode falarem em justiça social sem que todos
os brasileiros tenham acesso pleno a leitura e aos livros CAPÍTULO
que permitem o desenvolvimento intelectual.
ATRIBUIÇÕES
16. (Cespe/PGR) Julgue se o trecho no item subsequente
apresenta linguagem gramaticalmente correta e ade- Art. 1º O Conselho Administrativo da Região Integrada de
quada à redação de correspondências, expedientes e Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (COARIDE),
órgão colegiado do Ministério da Integração Nacional, nos
documentos oficiais.
termos da Lei Complementar nº 94, de 19 de fevereiro
A leitura é um instrumento para uma nova vida, pois ela de 1988, e do Decreto nº 2.710, de 4 de agosto de 1998,
permite e intensifica o desenvolvimento de habilidades alterado pelo Decreto nº 3.445, de 4 de maio de 2000, tem
essenciais ao pleno exercício da cidadania. por finalidade:

17. (Cespe/PGR) Julgue se o trecho no item subsequente I. coordenar as ações dos entes federados que compõem
apresenta linguagem gramaticalmente correta e ade- a RIDE, visando ao desenvolvimento das regiões que a
quada à redação de correspondências, expedientes e integram e à redução de suas desigualdades regionais;
documentos oficiais. II. aprovar e supervisionar planos, programas e projetos
para o desenvolvimento integrado da RIDE;
Educação é fator decisivo pra redução das desigualdades
(...)
sociais. O analfabetismo perpetua a miséria e cria um VI. coordenar a execução de programas e projetos de
ciclo vicioso que atravanca o desenvolvimento de todo interesse da RIDE;
o país. VII. aprovar o seu regimento interno.

18. (Cespe/PGR) Julgue se o trecho no item subsequente


22. (Cespe/Metrô) Considerando que o trecho do documen-
apresenta linguagem gramaticalmente correta e ade- to acima é exemplo de redação oficial de expedientes
quada à redação de correspondências, expedientes e administrativos, julgue os itens a seguir.
documentos oficiais. É obrigatório o emprego das letras iniciais maiúsculas
O esforço pela erradicação do analfabetismo deve ser em “Lei Complementar nº 94” e em “Decreto nº 2.710”
visto como uma questão nacional. porque se trata de lei e decreto especificados por nú-
mero e data.
19. (Cespe/PGR) Julgue se o trecho no item subsequente
apresenta linguagem gramaticalmente correta e ade- 23. (Cespe/Metrô) O respeito às regras da norma de padrão
quada à redação de correspondências, expedientes e culto mostra que o sujeito de “tem”, na última linha do
documentos oficiais. art. 1º, só pode ser “O Conselho Administrativo da Re-
Para enfrentar o desafio educacional, é necessário am- gião Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal
pliar o investimento em programas de formação e de e Entorno”, que tem por sigla COARIDE.
valorização de professores, melhorar o material didático,
24. (Cespe/Metrô) O emprego de letras minúsculas iniciando
informatizar escolas e garantir que toda criança tenha
cada inciso deve-se ao uso de dois-pontos no final do
acesso a um ensino público de alta qualidade. parágrafo que inicia o capítulo.
20. (FCC/TRT 12ª Região) Julgue se o trecho no item subse- 25. (Cespe/Metrô) A pontuação em VII indica que se trata
quente apresenta linguagem gramaticalmente correta e do último inciso do art. 1º.
adequada à redação de correspondências, expedientes
e documentos oficiais. 26. (Cespe/Analista Judiciário) Julgue o item a seguir, que se
refere às normas de redação oficial e da língua escrita
Senhor Presidente, padrão.
Segue anexo projetos de atos normativos para aprecia- Se a administração de um tribunal resolvesse editar
ção. Os objetos tratados dizem respeito à sanção por portaria que atendesse a determinação constante no
atos discriminatórios e à liberdade de expressão na mí- Título V do seu Regimento Interno, que trata da Galeria
Língua Portuguesa

dia. dos Presidentes, o texto abaixo estaria adequado, pois


atende às normas de redação oficial e está gramatical-
mente correto.
21. (FCC/TRT 12ª Região) Julgue se o trecho no item subse-
quente apresenta linguagem gramaticalmente correta e
RESOLVE
adequada à redação de correspondências, expedientes DESIGNAR, João de Sousa Dias para compor COMISSÃO
e documentos oficiais. que efetuará estudos de fotografias e após, apresentará
A partir do próximo mês, todas as reuniões serão reali- Projeto de AFIXAÇÃO de fotos Presidenciais para integrar
zadas no turno da manhã, onde os assuntos deliberados o espaço da Galeria dos Presidentes.
já poderão ser colocados em prática na mesma data. A
decisão procura agilizar o andamento dos processos e 27. (Cespe/TCU/Auditor) Considerando que a redação de
atender à pedidos dos funcionários da Casa. documentos oficiais deve caracterizar-se, segundo o

94
Manual de Redação da Presidência da República, pela mencionadas exigências de impessoalidade e uso do
impessoalidade, uso do padrão culto da linguagem, padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa
clareza, concisão, formalidade e uniformidade, julgue o formalidade de tratamento. Não se trata somente da
item seguinte, a respeito da elaboração de documentos. eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou
Em documentos que admitem tópicos ou enumerações daquele pronome de tratamento para uma autori-
em seu corpo, como relatórios, por exemplo, seria corre- dade de certo nível; mais do que isso, a formalidade
to apresentar a estrutura e a organização sintática abaixo. diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfoque
dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
De acordo com a análize dos documentos apresentados, A formalidade de tratamento vincula-se, também, à
a) as prestação de contas de 2007 conflita com a dotação necessária uniformidade das comunicações. Ora, se
prevista para aquele ano; a administração federal é una, é natural que as co-
b) destinar-se recursos públicos para pagamentos não municações que expede sigam um mesmo padrão. O
autorizados incorre em desrespeito a Constituição; estabelecimento desse padrão, uma das metas deste
c) quanto ao detalhamento das despesas, sugere-se uma Manual, exige que se atente para todas as caracte-
investigação mais detalhada. rísticas da redação oficial e que se cuide, ainda, da
apresentação dos textos. (MENDES, 2002, p. 5-6)
28. (Cespe/TCU/Auditor) Considerando que a redação de
documentos oficiais deve caracterizar-se, segundo o EXERCÍCIOS
Manual de Redação da Presidência da República, pela
impessoalidade, uso do padrão culto da linguagem, 30. (Cespe/MEC) Julgue o item seguinte, a respeito da re-
clareza, concisão, formalidade e uniformidade, julgue o dação de correspondências oficiais.
item seguinte, a respeito da elaboração de documentos. Formalidade e uniformidade são características da re-
Respeita os quesitos de clareza, objetividade e uso do dação oficial. Daí a importância do uso do padrão culto
padrão culto da língua portuguesa o seguinte parágrafo de linguagem.
em um documento oficial.
31. (Cespe/Serpro) As comunicações oficiais devem ser sem-
Trata-se de irregularidades referentes à execução do con- pre formais, isto é, devem obedecer a determinadas
vênio 333-44/08, tendo por objeto a construção de um regras de forma: além das exigências de impessoalidade
ginásio de esportes na cidade de XXYYY, que vem sendo e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda,
insistentemente denunciadas na mídia impressa e televi- certa formalidade de tratamento. [Manual de Redação
siva sem que os poderes municipais tomem providências. da Presidência da República. 2ª ed., 2002, p. 10 (com
adaptações).]
d) Coesão e Concisão Julgue o item seguinte com relação à redação de cor-
respondências oficiais.
A concisão é antes uma qualidade do que uma ca- A linguagem formal é requerida na redação oficial como
racterística do texto oficial. Conciso é o texto que forma de se denotar impessoalidade e transmitir infor-
consegue transmitir um máximo de informações com mações com clareza.
um mínimo de palavras. Para que se redija com essa
qualidade, é fundamental que se tenha, além de co- 32. (Cespe/Serpro) As comunicações oficiais devem ser sem-
nhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o pre formais, isto é, devem obedecer a determinadas
necessário tempo para revisar o texto depois de pron- regras de forma: além das exigências de impessoalidade
to. É nessa releitura que muitas vezes se percebem e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda,
eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias certa formalidade de tratamento. [Manual de Redação
de ideias. da Presidência da República. 2ª ed., 2002, p. 10 (com
O esforço de sermos concisos atende, basicamente adaptações).]
ao princípio de economia linguística, à mencionada Julgue o item seguinte com relação à redação de cor-
fórmula de empregar o mínimo de palavras para respondências oficiais.
informar o máximo. Não se deve de forma alguma Termos empregados em linguagem técnica bem como
entendê-la como economia de pensamento, isto é, expressões da oralidade devem ser evitados em textos
não se devem eliminar passagens substanciais do tex- oficiais, uma vez que, nesses textos, a compreensão e
a formalidade são requisitos primordiais.
to no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclu-
sivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias,
passagens que nada acrescentem ao que já foi dito. f) Uniformidade e Padronização
(MENDES, 2002, p. 6)
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes
para o texto definitivo e a correta diagramação do
Língua Portuguesa

EXERCÍCIOS texto são indispensáveis para a padronização. (MEN-


DES, 2002, p. 6)
29. (Cespe/MEC) A respeito da redação de expedientes,
julgue o item que se segue.
Um texto conciso deve ser redundante, com repetições
EXERCÍCIOS
de ideias.
33. (Cespe/SGA-Adm.) Considerando os princípios de reda-
ção de expedientes, julgue o item a seguir.
e) Formalidade O tratamento que deve ser dado aos assuntos que cons-
tam das comunicações oficiais deve ser impessoal: toda-
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, via, são estimuladas as impressões individuais de quem
isto é, obedecem a certas regras de forma: além das já comunica.

95
34. (Cespe/SGA-Adm.) Considerando os princípios de reda- FORMAS DE TRATAMENTO POR CARGO
ção de expedientes, julgue o item a seguir.
Com a finalidade de padronização, à redação de comu- Os pronomes de tratamento possuem grande tradição
nicações oficiais foram incorporados procedimentos na língua portuguesa. Por exemplo, vossa mercê evoluiu para
rotineiros ao longo do tempo, como as formas de tra- vosmecê e, depois, para você.
tamento e de cortesia e a estrutura dos expedientes.
É dessa tradição que provém o atual emprego de
35. (Cespe/SGA-Adm.) Considerando os princípios de reda-
pronomes de tratamento indireto como forma de
ção de expedientes, julgue o item a seguir.
dirigirmo-nos às autoridades civis, militares e ecle-
Os expedientes oficiais cuja finalidade precípua é in-
formar com clareza e objetividade, empregando a lin- siásticas. (MENDES, 2002, p. 9)
guagem adequada, têm caráter normativo, estabelecem
regras para a conduta dos cidadãos ou regulam o fun- Os pronomes de tratamento concordam com a terceira
cionamento dos órgãos públicos. pessoa. “Vossa Excelência sabe da importância [...]”. “Vossa
Senhoria conhece o assunto.”
36. (Cespe/SGA-Adm.) Considerando os princípios de reda- Assim, os pronomes possessivos referidos a pronomes
ção de expedientes, julgue o item a seguir. de tratamento são sempre os de terceira pessoa. “Vossa
A concisão, sinônimo de prolixidade, é uma qualidade de Excelência sabe da importância da participação de seus su-
qualquer texto técnico e uma característica de texto ofi- bordinados no evento.”
cial, que exige do redator essencialmente conhecimento No que é pertinente aos adjetivos dirigidos aos prono-
do assunto sobre que escreve, uma vez que raramente mes de tratamento, o gênero gramatical deve coincidir com
há tempo disponível para revisar o texto. o sexo da pessoa a que se refere. Para um homem, portanto,
usar-se-á: “Vossa Senhoria está convidado a participar do
37. (Cespe/SGA-Adm.) Considerando os princípios de reda- evento.” Para uma mulher, contudo, usar-se-á: “Vossa Se-
ção de expedientes, julgue o item a seguir. nhoria está convidada a participar do evento.”
O domínio da redação de expedientes oficiais é aper- Não se usa ilustríssimo nem digníssimo. Doutor é título
feiçoado em decorrência da experiência profissional; acadêmico.
muitas vezes a prática constante faz que o assunto se
torne de conhecimento generalizado. Como regra geral, empregue-o apenas em comuni-
cações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por
38. (FCC/TRT 12ª Região) Ao se redigir um documento oficial, terem concluído curso universitário de doutorado.
deve-se atentar para as seguintes recomendações:
É costume designar por doutor os bacharéis, espe-
I. Praticar a concisão e a clareza, de modo a que poucas
cialmente os bacharéis em Direito e em Medicina.
palavras possam trazer muita informação, não deixando
dúvida quanto à significação do conjunto do texto. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a
II. A comunicação oficial não exime o redator de manifes- desejada formalidade às comunicações. (MENDES,
tar claramente sua subjetividade, por meio de opiniões 2002, p. 10)
criativas e do posicionamento estritamente pessoal diante
de uma questão. Observe a seguir a correlação entre vocativo, corpo do
III. A formalidade da linguagem é uma característica texto e endereçamento aplicada a cada cargo. Nessas três
imprescindível da redação oficial, fazendo-se notar, partes do padrão ofício se usará a devida referência ao des-
por exemplo, pela observância da norma culta e pelas tinatário.
formas protocolares de tratamento.
1º grupo: chefes de Poder
Está correto o que consta apenas em
a) I. (Presidente da República, Presidente do Congresso Na-
b) II. cional, Presidente do Supremo Tribunal Federal).
c) III. Tratamento usado no Vocativo:
d) I e II. Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
e) II e III. Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacio-
nal,
39. (Cespe/Serpro/Analista) Julgue o item seguinte, relativo Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal
à redação de correspondências oficiais. Federal,
Os princípios que regem a redação de correspondências
oficiais favorecem a existência de uma única interpreta- Tratamento usado no Corpo do Texto:
ção para o texto do expediente, assim como asseguram
Vossa Excelência (não se abreviam os pronomes de tra-
impessoalidade e uniformidade no trato dos assuntos
tamento para chefes de Poder).
concernentes aos órgãos governamentais.
Língua Portuguesa

40. (Cespe/Serpro/Analista) Julgue o item seguinte, relativo Tratamento usado no Endereçamento:


à redação de correspondências oficiais. A Sua Excelência o Senhor
O nível de linguagem utilizado em atos e expedientes
oficiais encontra justificativa no seu caráter público e no 2º grupo: autoridades
fim a que eles se destinam, além da obrigatoriedade de
que sejam inteligíveis para qualquer público. a) do Poder Executivo:
• Presidente da República;
41. (Cespe/Serpro/Analista) Julgue o item seguinte, relativo • Vice-Presidente da República;
à redação de correspondências oficiais. • Ministros de Estado*;
Um texto de redação oficial dever ser redigido com vistas • Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
a evitar a prolixidade. Distrito Federal;

96
• Oficiais-Generais das Forças Armadas; Tratamento usado no Corpo do Texto:
• Embaixadores; Vossa Santidade (os pronomes de tratamento poderão
• Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocu- ser abreviados a partir da segunda vez em que aparecerem
pantes de cargos de natureza especial; no texto). Abreviação: V. S.
• Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
• Prefeitos Municipais. Tratamento usado no Endereçamento:
A Sua Santidade o Senhor
*Nos termos do Decreto nº 4.118, de 7 de fevereiro
de 2002, art. 28, parágrafo único, são Ministros de 6º grupo: autoridades religiosas
Estado, além dos titulares dos Ministérios:
• o Chefe da Casa Civil da Presidência da República; Cardeais
• o Chefe do Gabinete de Segurança Institucional; Tratamento usado no Vocativo:
• o Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da Re- Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
pública; Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,
• o Advogado-Geral da União;
• o Chefe da Corregedoria-Geral da União. Tratamento usado no Corpo do Texto:
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima (os
b) do Poder Legislativo: pronomes de tratamento poderão ser abreviados a partir da
• Deputados Federais e Senadores; segunda vez em que aparecerem no texto). Abreviação: V.
• Ministros do Tribunal de Contas da União; Ema. (ou V. Em.ª); V. Ema. Revma. (ou V. Em.ª Rev.mª)
• Deputados Estaduais e Distritais;
• Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
• Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. Tratamento usado no Endereçamento:
A Sua Eminência o Senhor ou
c) do Poder Judiciário: A Sua Eminência Reverendíssima o Senhor
• Ministros dos Tribunais Superiores;
• Membros de Tribunais; Arcebispos e bispos
• Juízes; Tratamento usado no Vocativo:
• Auditores da Justiça Militar. Reverendíssimo Senhor Arcebispo, ou
Reverendíssimo Senhor Bispo,
Tratamento usado no Vocativo:
Senhor (+ cargo), Tratamento usado no Corpo do Texto:
Vossa Excelência Reverendíssima (os pronomes de tra-
Tratamento usado no Corpo do Texto:
tamento poderão ser abreviados a partir da segunda vez
Vossa Excelência (os pronomes de tratamento poderão
ser abreviados a partir da segunda vez em que aparecerem em que aparecerem no texto). Abreviação: V. Exa. Revma.
no texto). Abreviação: V. Exa., ou V. Ex.ª (ou V. Ex.ª Rev.mª)

Tratamento usado no Endereçamento: Tratamento usado no Endereçamento:


A Sua Excelência o Senhor A Sua Excelência Reverendíssima o Senhor

3º grupo: demais servidores e cidadãos Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos


Tratamento usado no Vocativo:
Tratamento usado no Vocativo: Reverendíssimo Senhor Arcebispo, ou
Senhor (+ cargo), Reverendíssimo Senhor Bispo,
Tratamento usado no Corpo do Texto: Tratamento usado no Corpo do Texto:
Vossa Senhoria (os pronomes de tratamento poderão
ser abreviados a partir da segunda vez em que aparecerem Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssi-
no texto). Abreviação: V. Sa. ou V. S.ª ma (os pronomes de tratamento poderão ser abreviados a
partir da segunda vez em que aparecerem no texto).
Tratamento usado no Endereçamento: Abreviação: V. Revma. (ou V. Rev.mª);
A Sua Senhoria o Senhor V. Sa. Revma. (ou V. S.ª Rev.mª);

4º grupo: reitores de universidades Tratamento usado no Endereçamento:


A Sua Reverendíssima o Senhor, ou
Tratamento usado no Vocativo: A Sua Senhoria Reverendíssima o Senhor
Magnífico Reitor,
Língua Portuguesa

Tratamento usado no Corpo do Texto: Sacerdotes, Clérigos e demais religiosos


Vossa Magnificência (os pronomes de tratamento pode- Tratamento usado no Vocativo:
rão ser abreviados a partir da segunda vez em que aparece-
Reverendo Senhor,
rem no texto). Abreviação: V. Maga. ou V. Mag.ª

Tratamento usado no Endereçamento: Tratamento usado no Corpo do Texto:


A Sua Magnificência o Senhor Vossa Reverência (os pronomes de tratamento poderão
ser abreviados a partir da segunda vez em que aparecerem
5º grupo: papa no texto). Abreviação: V. Reva. (ou V. Rev.ª).

Tratamento usado no Vocativo: Tratamento usado no Endereçamento:


Santíssimo Padre, A Sua Reverência o Senhor

97
EXERCÍCIOS Digníssimo Senhor,
Conforme solicitação datada de 1/2/2010, expedida por
42. (Cespe/SGA-Adm.) Com relação a elementos estruturais Vossa Excelência a este departamento, encaminhamos a
de expedientes e textos normativos oficiais, julgue o relação dos funcionários empossados na vigência deste
item subsequente. Governo, estruturada em ordem cronológica de entrada
O pronome de tratamento Vossa Excelência é emprega- no Órgão.
do, no Poder Judiciário, para ministro de tribunal supe-
rior, membros do júri em tribunais populares, auditores 52. (FCC/TRT 12ª Região) Julgue o item seguinte, com rela-
e juízes. ção às normas que regem a Redação Oficial.
Magnífico Reitor,
43. (Cespe/SGA-Adm.) Com relação a elementos estruturais Em resposta ao seu telegrama, informo a Vossa Mag-
de expedientes e textos normativos oficiais, julgue o nificência que as verbas para a realização das obras de
item subsequente. ampliação do prédio principal da universidade já foram
A forma Digníssimo (DD) foi abolida no tratamento às liberadas.
autoridades, porque dignidade é pressuposto para que
se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária 53. (Cespe/TRE-BA) Acerca da redação de correspondências
sua repetida evocação em expedientes oficiais. oficiais, julgue o item abaixo.
Como vocativo das comunicações oficiais destinadas a
44. (Cespe/MEC) Julgue o item seguinte, a respeito da re- senadores, juízes, ministros e governadores, recomenda-
dação de correspondências oficiais. -se evitar o título acadêmico de Doutor e usar o pronome
A forma de tratamento “Doutor” deve ser sempre utili- de tratamento Vossa Excelência.
zada nas comunicações oficiais dirigidas a pessoas que
ocupam qualquer cargo público. 54. (Cespe/Serpro) Acerca da redação de correspondências
oficiais, julgue o item abaixo.
45. (Cespe/MEC) Julgue o item seguinte, a respeito da re- Os tratamentos “Digníssimo Senhor” e “Ilustríssimo Se-
dação de correspondências oficiais. nhor”, atualmente, não fazem parte do rol de vocativos
A construção “Vossa Senhoria está convidado a partici- recomendados ou em uso.
par da palestra” dirigida a uma pessoa do sexo masculino
está correta. 55. (Cespe/Sead/Sedap-PB) “Pedro é fiscal agropecuário do
estado da Paraíba e foi encarregado de redigir um ofício
46. (Cespe/MEC) Julgue o item seguinte, a respeito da re- para o Secretário de Desenvolvimento da Agropecuária
dação de correspondências oficiais. e da Pesca do estado.”
A forma “Vossa Magnificência” é empregada em comu- Com base nessas informações e nas normas que regem
nicações dirigidas a reitores de universidades. as correspondências oficiais, assinale a opção que indica,
respectivamente, o vocativo, a forma de tratamento e
47. (Cespe/TJBA) Com relação às normas gerais e específi- o fecho que Pedro, corretamente, deve utilizar na men-
cas das correspondências oficiais, julgue o item que se cionada correspondência.
segue. a) Excelentíssimo Senhor Secretário; Vossa Excelência;
Para oficiais-generais das Forças Armadas e para audi- Atenciosamente.
tores da justiça militar, deve ser usado, nas redações b) Senhor Secretário; Vossa Senhoria; Atenciosamente.
oficiais, o pronome de tratamento Vossa Excelência. c) Excelentíssimo Senhor Secretário; Vossa Excelência;
Respeitosamente.
48. (Iades/Seap/PGDF/Técnico Jurídico) Com relação às nor- d) Senhor Secretário; Vossa Excelência; Respeitosamente.
mas gerais e específicas das correspondências oficiais,
julgue o item que se segue. 56. (Cespe/PMDF/Saúde) Julgue o item que se segue, refe-
Os pronomes de tratamento Vossa Excelência e Sua Exce- rente à redação de correspondências oficiais.
lência podem ser abreviados em qualquer circunstância, O pronome de tratamento empregado em comunicações
independentemente do cargo do agente público a quem dirigidas aos chefes dos três poderes é Excelentíssimo
for dirigido. Senhor seguido do cargo.

49. (Iades/Seap/PGDF/Técnico Jurídico) Com relação às nor- 57. (Cespe/PRF) Julgue o item que se segue, referente à
mas gerais e específicas das correspondências oficiais, redação de correspondências oficiais.
julgue o item que se segue. Em todas as comunicações oficiais, os pronomes pos-
Os presidentes de autarquias pertencem ao primeiro es- sessivos que se refiram a pronomes de tratamento são
calão do governo, por isso recebem o tratamento Vossa sempre os da terceira pessoa. Por exemplo, o segmento
Excelência ou Sua Excelência. correto é “Vossa Senhoria nomeará seu substituto”, e
Língua Portuguesa

não, “Vossa Senhoria nomeará vosso substituto”.


50. (Iades/Seap/PGDF/Técnico Jurídico) Com relação às nor-
mas gerais e específicas das correspondências oficiais, 58. (Cespe/PRF) Julgue o item que se segue, referente à
julgue o item que se segue. redação de correspondências oficiais.
João Paulo, Procurador-Chefe da Procuradoria de Pesso- Com o intuito de uniformização do emprego de pro-
al, poderia usar o pronome de tratamento Vossa Exce- nomes de tratamento nos vocativos das comunicações
lência para enviar correspondências oficiais às pessoas oficiais, foi estabelecido como regra o emprego dos
de cerimônia. pronomes de tratamento Excelentíssimo Senhor e Ex-
celentíssima Senhora, excetuando-se os casos em que
51. (FCC/TRT 12ª Região) Julgue o item seguinte, com rela- tal comunicação se dirija ao papa ou ao reitor de uma
ção às normas que regem a Redação Oficial. universidade.

98
59. (Funiversa/CEB) Julgue os itens abaixo a respeito do tra- Exemplos:
tamento a ser dado às autoridades em comunicações d.1) no Ofício o destinatário também é conhecido como
oficiais e assinale a alternativa correta. endereçamento2:
I – O vocativo Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo
respectivo, deve ser destinado apenas aos chefes de A Sua Excelência a Senhora
Poder (presidente da República, presidente do Congres- Presidente da República Dilma Rousseff
so Nacional, presidente do Supremo Tribunal Federal). Praça dos Três Poderes
Senadores, juízes, ministros, governadores e demais 70.000-000 – Brasília/DF
autoridades devem ser tratadas pelo vocativo Senhor,
d.2) no Aviso:
seguido do respectivo cargo. O tratamento dado às au-
toridades maiores dos poderes Executivo, Legislativo e A Sua Excelência o Senhor
Judiciário é Vossa Excelência. Ministro da Cultura Gilberto Gil
II – A evocação com o tratamento digníssimo (DD) deve
ser feita às autoridades arroladas na lista do item I, ten- d.3) no Memorando:
do em vista que a dignidade é pressuposto para que se
ocupe qualquer cargo público, e a cordialidade é com- Ao Senhor Professor
provada com o reconhecimento de tal qualidade.
III – O tratamento Vossa Senhoria deve ser empregado *No Memorando não se menciona o nome do destina-
para autoridades não mencionadas na lista do item I e tário, apenas o cargo.
para particulares. O vocativo adequado é: Senhor Fulano
de Tal, não devendo ser usado o superlativo ilustríssimo. e) texto
IV – Autoridades importantes devem ser tratadas por Nos casos em que não for de mero encaminhamento de
Doutor, como prova de reconhecimento do seu poder. documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
• introdução, que se confunde com o parágrafo de aber-
a) Nenhum item está certo. tura, na qual é apresentado o assunto que motiva a
b) Há apenas um item certo. comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra
de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”,
c) Há apenas dois itens certos.
empregue a forma direta;
d) Há apenas três itens certos. • desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se
e) Todos os itens estão certos. o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto,
elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o
PADRÃO OFÍCIO que confere maior clareza à exposição;
• conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente re-
O padrão ofício aplica-se a três tipos de expedientes: apresentada a posição recomendada sobre o assunto.
Ofício, Aviso e Memorando. Cada um desses documentos
possui uma finalidade, no entanto, aproximam-se na forma. Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto
Adiante abordaremos as diferenças e particularidades nos casos em que estes estejam organizados em itens ou
de cada um desses expedientes; por agora, vejamos as se- títulos e subtítulos.
Já quando se tratar de mero encaminhamento de docu-
melhanças entre eles, conforme o Manual de Redação da
mentos a estrutura é a seguinte:
Presidência da República (2002, p. 11-13). • introdução: deve iniciar com referência ao expediente
que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com
órgão que o expede a informação do motivo da comunicação, que é en-
Exemplos: caminhar, indicando a seguir os dados completos do
Mem. 123/2002-MF documento encaminhado (tipo, data, origem ou sig-
Aviso 123/2002-SG natário, e assunto de que trata), e a razão pela qual
Of. 123/2002-MME está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula:

* Mencionar o ano é optativo. Quando mencionado pode


Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991,
ter dois ou quatro dígitos até 1999 e deve ter quatro dí- encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril
gitos após 1999. de 1990, do Departamento Geral de Administração,
que trata da requisição do servidor Fulano de Tal.
b) local e data
ou
Em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à
direita: Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa
Língua Portuguesa

cópia do telegrama nº 12, de 1º de fevereiro de 1991,


Brasília, 5 de janeiro de 1977. do Presidente da Confederação Nacional de Agricultu-
ra, a respeito de projeto de modernização de técnicas
c) assunto: resumo do teor do documento agrícolas na região Nordeste.
Exemplo:
Assunto: Palestra sobre Redação Oficial. • desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar
fazer algum comentário a respeito do documento que
d) destinatário
O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a co- O endereçamento ou destinatário no Ofício pode estar à esquerda logo após o
2

municação. No caso do ofício deve ser incluído também o campo local e data, antes do campo assunto, ou no rodapé. Em caso de Ofício-
Circular (quando o mesmo expediente é direcionado a vários destinatários, o
endereço. campo do endereçamento ou destinatário aparece apenas no envelope).

99
encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desen- 63. (Movens) Com relação às normas gerais e específicas das
volvimento; em caso contrário, não há parágrafos de correspondências oficiais, julgue o item que se segue.
desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encami- Nas comunicações oficiais, são admitidos os fechos aten-
nhamento. ciosamente, respeitosamente e cordialmente.
Evite os contorcionismos sintáticos, pois podem pre- 64. (Movens) Com relação às normas gerais e específicas das
judicar a celeridade que pauta a resposta ou execução de correspondências oficiais, julgue o item que se segue.
demandas em virtude dos documentos oficiais. Escreva na O fecho respeitosamente é utilizado para se dirigir a
ordem direta: sujeito seguido de verbo, complemento e ad-
autoridades superiores.
vérbio. Use períodos que não sejam longos. A linguagem
deve ser clara e objetiva.
A importância de haver apenas uma ideia por parágrafo 65. (Cespe/PRF) Com relação às normas gerais e específi-
se respalda no fato de o despacho ou o deferimento poder ser cas das correspondências oficiais, julgue o item que se
parcial com relação à solicitação do documento. Por exemplo: segue.
“Defiro o pedido do segundo parágrafo do Ofício nº 11/2011.” Caso haja grande distanciamento hierárquico entre o
signatário e o destinatário de uma comunicação oficial,
f) fecho recomenda-se o emprego do fecho “Mui respeitosamente”.
Atendendo ao princípio da formalidade, o fecho finaliza
o texto e saúda o destinatário. A Portaria nº 1/1937 do Minis- g) assinatura do autor da comunicação
tério da Justiça estabelecia 15 padrões; o Manual de Redação Neste campo do padrão ofício, o autor da comunicação
da Presidência da República, publicado em 2002, estabelece faz sua assinatura acima de seu nome e cargo (Signatário).
apenas dois fechos diferentes para todas as modalidades de
comunicação oficial: h) identificação do signatário
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente
f.1) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República, todas as demais comunicações oficiais devem
da República: trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo
do local de sua assinatura. A forma da identificação deve
Respeitosamente, ser a seguinte:
f.2) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie-
(espaço para assinatura)
rarquia inferior:
NOME
Atenciosamente, Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República

Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas (espaço para assinatura)


a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição NOME
próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação Ministro de Estado da Justiça
do Ministério das Relações Exteriores.
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi-
EXERCÍCIOS natura em página isolada do expediente. Transfira para essa
página ao menos a última frase anterior ao fecho.
60. (Cespe/SGA-Adm.) Com relação a elementos estruturais
de expedientes e textos normativos oficiais, julgue o EXERCÍCIOS
item subsequente.
O fecho de comunicação “Atenciosamente” é empregado 66. (Cespe/SGA-Adm.) Com relação a elementos estruturais
para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia de expedientes e textos normativos oficiais, julgue o
inferior à do remetente. item subsequente.
Com referência à identificação do signatário, as comuni-
61. (Cespe/TJBA) Com relação às normas gerais e específicas
cações oficiais devem trazer o nome e o cargo da autori-
das correspondências oficiais, julgue o item que se segue.
dade que as expede, abaixo do local de sua assinatura,
Podem-se encerrar as comunicações oficiais com o uso
de apenas dois fechos: respeitosamente, para autorida- inclusive quando a autoridade for o governador ou o
de de hierarquia superior, e atenciosamente, para auto- presidente da República.
ridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior.
67. (Cespe/ECT/Analista) Com relação às normas gerais e
62. (Cespe/TCU/Auditor) Com relação às normas gerais e específicas das correspondências oficiais, julgue o item
específicas das correspondências oficiais, julgue o item que se segue.
Língua Portuguesa

que se segue. Como medida de proteção aos servidores da adminis-


Um documento como ofício ou memorando, enviado tração pública, a identificação do signatário é facultativa
de um auditor para seu chefe, deve receber o fecho a nos expedientes oficiais.
seguir.
68. (Cespe/MEC) Com relação às normas gerais e específi-
Com protestos de estima e consideração. cas das correspondências oficiais, julgue o item que se
segue.
Atenciosamente, Os atos assinados pelo presidente da República devem
trazer a identificação de seu signatário e o número de
Simplício da Simplicidade Simples anos decorridos da Proclamação da República e da In-
Fulano de Tal dependência do Brasil.

100
Diagramação do Padrão Ofício 70. (Cespe/Seduc-AM) Considerando que, em determinada
escola, a diretora deva escrever um documento ao ocu-
Observemos a seguir as orientações do Manual de Re- pante do cargo de secretário de educação, solicitando-lhe
dação da Presidência quanto à forma de diagramação do prioridade na reforma da escola, julgue o item seguinte
padrão ofício (2002, p. 12-13) com base nos princípios da correspondência oficial.
Os documentos do Padrão Ofício3 devem obedecer à Devem constar do documento a data de sua emissão, a
seguinte forma de apresentação: referência ao assunto tratado e a identificação do emi-
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman tente, no caso, a diretora.
de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10
nas notas de rodapé; 71. (Cespe/Seduc-AM) Considerando que, em determina-
b) para símbolos não existentes na fonte Times New da escola, a diretora deva escrever um documento ao
Roman poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wing- ocupante do cargo de secretário de educação, solicitan-
dings; do-lhe prioridade na reforma da escola, julgue o item
seguinte com base nos princípios da correspondência
c) é obrigatório constar a partir da segunda página o
oficial.
número da página;
No documento, deve ser empregado o pronome de
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
tratamento Vossa Excelência, forma correta para cor-
impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, respondência dirigida a secretários de estado.
as margens esquerda e direita terão as distâncias
invertidas nas páginas pares (“margem espelho”); 72. (Cespe/Seduc-AM) Considerando que, em determinada
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm escola, a diretora deva escrever um documento ao ocu-
de distância da margem esquerda; pante do cargo de secretário de educação, solicitando-lhe
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, prioridade na reforma da escola, julgue o item seguinte
no mínimo, 3,0 cm de largura; com base nos princípios da correspondência oficial.
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 Ao final do documento, após apresentar seu pedido, a
cm; diretora deverá utilizar, como fecho, qualquer uma das
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as seguintes expressões: Atenciosamente, Respeitosamen-
linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o te, Gentilmente, Com respeito e admiração.
editor de texto utilizado não comportar tal recurso,
de uma linha em branco; 73. (Funiversa/CEB) Julgue os itens a seguir, a respeito da
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, su- forma de apresentação das seguintes comunicações ofi-
blinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, re- ciais: ofício, aviso, memorando, exposição de motivos e
levo, bordas ou qualquer outra forma de formatação mensagem.
que afete a elegância e a sobriedade do documento; I. A fonte indicada é a do tipo Arial de corpo 12 no texto
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em em geral, 12 nas citações 7 e 10 nas notas de rodapé.
papel branco. A impressão colorida deve ser usada II. O espaçamento entre as linhas deve ser simples.
apenas para gráficos e ilustrações; III. A numeração das páginas é obrigatória desde a se-
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de- gunda.
vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou IV. O abuso de elementos de formatação (negrito, itáli-
seja, 29,7 x 21,0 cm; co, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra,
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de relevo, bordas etc.) deve ser evitado, para preservar a
arquivo Rich Text nos documentos de texto; elegância e a sobriedade do documento.
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados V. A impressão dos textos deve ser feita na cor preta
devem ter o arquivo de texto preservado para con- em papel branco. A colorida fica restrita aos gráficos e
sulta posterior ou aproveitamento de trechos para ilustrações.
casos análogos;
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos A quantidade de itens certos é igual a
devem ser formados da seguinte maneira: a) 1.
b) 2.
tipo do documento + número do documento + c) 3.
d) 4.
palavras-chaves do conteúdo
e) 5.
Ex.: “Of. 123 – relatório produtividade ano 2002”
74. (Movens) Acerca do que estabelece o Manual de Re-
dação da Presidência da República quanto à redação
EXERCÍCIOS oficial, assinale a opção correta.
a) Deve-se tratar todos os superiores hierárquicos por
Língua Portuguesa

69. (Cespe/SGA-Adm.) Com relação a elementos estruturais Doutores devido ao princípio disciplinar hierárquico.
de expedientes e textos normativos oficiais, julgue o b) Atenciosamente e Cordialmente são os fechos admi-
item subsequente. tidos em correspondências oficiais no Padrão ofício
Em texto normativo, os artigos são a unidade básica para c) Os princípios da impessoalidade, da moralidade e da
apresentação, divisão ou agrupamentos de assuntos; os publicidade são alguns dos princípios em que devem
parágrafos são disposições secundárias de um capítulo, ser pautadas as correspondências oficiais.
as quais explicam ou modificam a disposição principal, d) Os modelos de memorandos e ofícios previstos no
expressa no caput. referido Manual são meramente ilustrativos e uti-
lizados somente nas instâncias do Poder Executivo
Federal. Dessa maneira, pode-se seguir nas demais
O constante neste item aplica-se também à exposição de motivos e à
3 instâncias governamentais qualquer modelo consi-
mensagem. derado adequado para cada órgão ou setor.

101
75. (Cespe/MEC) Com relação a elementos estruturais de EXERCÍCIOS
expedientes e textos normativos oficiais, julgue o item
subsequente. 76. (Cespe/STF) Julgue o item abaixo, relativo à redação de
Ao se redigir um ofício de acordo com as orientações do correspondência oficial. Respeita as normas de redação
Manual de Redação da Presidência da República, deve-
de documento oficial o seguinte exemplo para a parte
-se obedecer à seguinte instrução: utilizar fonte do tipo
final de um ofício:
Times New Roman de corpo 12 no texto em geral, 11
nas citações e 10 nas notas de rodapé. A fim de que sejam evitados novos fatos dessa natureza,
sugerimos uma divulgação mais bem consubstanciada
OFÍCIO nos dispositivos legais que norteiam o funcionamento
do referido Departamento que desde o advento de sua
O Ofício tem como finalidade o tratamento de assun- criação vem melhorando a olhos vistos no atendimento
tos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e aos seus objetivos.
também com particulares.
O Ofício é um documento externo. Um órgão envia Ofício Respeitosamente
a outro órgão. O Ofício também é utilizado quando se trata
de expediente dirigido ao mesmo órgão, mas em cidades Brasília, 3 de abril de 2008
diferentes.
Tertuliano Dias
Exemplo de Ofício Ambrosina Neta
Pafúcio Albuquerque

77. (Cespe/SGA/Sefaz-AC) Leia o texto a seguir.

Multas

Arrecadei mais de dois contos de réis de multas.


Isto prova que as coisas não vão bem.
E não se esmerilharam contravenções. Pequeni-
nas irregularidades passam despercebidas. As infrações
que produziram soma considerável para um orçamen-
to exíguo referem-se a prejuízos individuais e foram
denunciadas pelas pessoas ofendidas, de ordinário
gente miúda, habituada a sofrer a opressão dos que
vão trepando.
Esforcei-me por não cometer injustiças. Isto não
obstante, atiraram as multas contra mim como arma
política. Com inabilidade infantil, de resto. Se eu dei-
xasse em paz o proprietário que abre as cercas de um
desgraçado agricultor e lhe transforma em pasto a la-
voura, devia enforcar-me.
(Graciliano Ramos. 2º relatório ao
sr. governador Álvaro Paes)

Tendo a situação que envolve o texto como referência


e considerando as recomendações atuais para o envio
de documentos formais de uma autoridade a outra,
assinale a opção correta.
a) O ofício é o tipo de expediente mais adequado para
o encaminhamento do relatório ao governador.
b) Na correspondência de encaminhamento do rela-
tório ao governador do estado, estaria adequado o
Língua Portuguesa

emprego do vocativo Caro Amigo.


c) Em atendimento ao princípio de concisão textual,
constitui fecho adequado para o documento de
encaminhamento do relatório a expressão “Com
elevados protestos de estima e consideração”.
d) A correspondência deve ser endereçada do seguinte
modo:
A Vossa Excelência o Excelentíssimo Senhor Dr.
Fulano de Tal
Governador do estado de Alagoas
(CEP) – Maceió-AL

102
78. (Funiversa/Ministério do Turismo) Observe o Ofício: Assim, não aparece no Ofício-Circular o campo “Endere-
çamento”, nem acima do assunto, nem no rodapé, uma vez
NÚCLEO
que este campo irá compor o envelope da correspondência
NÚCLEO Avenida Tapajós, 12 – Vila Cortina Bela 21.533-32 (quando ela for enviada por correio).
(021) 2280-0033 Rio de Janeiro - RJ Vale ressaltar que, mesmo sendo dirigido a mais de um
http://nucleo.org.br núcleo@saude.org.br destinatário, o Ofício-Circular deve trazer o vocativo no sin-
gular, já que cada destinatário receberá o seu expediente
Of. nº 23/2010 individualmente.
Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 2010.
EXERCÍCIOS
Ao Ilmo. Sr.
Cláudio A. J. Matos 79. (Funiversa/Aneel) Observe o Ofício a seguir.
Meritíssimo Doutor Secretário da Saúde – RJ
Senhor Secretário,
Ofício Circular nº 001/2006-SRG/ANEEL
Viemos através desta, com imenso aperto no coração nos
Brasília, ___ de __________ de 2006.
dirigir à V. S.ª para vos comunicar a triste situação do Sr. Ge-
novaldo Andino, 93 anos, acometido por dengue a três meses
A Sua Senhoria, o Senhor
atrás. Conforme é do vosso conhecimento um grande surto
Nome
dessa doença tem derruba muita gente. O senhor Genovaldo
Cargo
foi um deles e ontem, desfaleceu.
Empresa: APINE — Associação Brasileira dos Produtores
O motivo de nosso comunicado a esta distinta Secretaria
Independentes de energia Elétrica
é a denuncia e para pedir providências do poder público para
Cidade
extorquir o poderoso Aedis Aegypti, varrendo para sempre dos
ares dessa cidade essa presença perturbadora da ordem pública.
Assunto: Solicitação de informações de usinas para subsidiar
Segue em anexo, copias de estudos feitos por este Núcleo
regulamentação do setor elétrico.
acerca de resultados de exames de pacientes atendidos em nos-
so hospital municipal.
Senhor (a),
Com expressões de nossa elevada e distinta consideração,
1. Tendo em vista a necessidade desta Agência de re-
subscrevemo-nos.
alização de estudos relacionados a custos médios de operação
e manutenção, das usinas hidrelétricas, objetivando atualizar
Atenciosamente,
os dados existentes e revisar a sistemática de determinação
de custos representativos do universo das usinas do Sistema
Clara Josefina Silva
Elétrico Interligado Nacional – SIN que tenham participação no
Coordenadora do NÚCLEO
Mecanismo de Realocação de Energia – MRE, solicitamos pre-
enchimento de tabela anexa, que deve ser individual para cada
O ofício é uma modalidade de comunicação bastante usina.
comum, expedida por autoridades da administração 2. Salientamos que, devido ao caráter confidencial de
pública, para o tratamento de assuntos oficiais junto a algumas das informações, somente as pessoas envolvidas neste
órgãos públicos ou a particulares. Hoje, encontram-se trabalho terão acesso às respostas, as quais não serão anexadas
muitas variações na apresentação do ofício no que se ao processo em pauta e somente os resultados finais dos estu-
dos serão disponibilizados, sem identificar usina ou agentes de
refere a margens, espaçamentos horizontais e verticais, geração.
existência ou ausência de certas informações etc. De 3. Solicitamos, outrossim, que as informações sejam
modo geral, no entanto, há pontos consensuais acerca encaminhadas a esta Superintendência até a data de 30 de se-
de alguns constituintes desse tipo de comunicação bem tembro de 2006.
como de determinadas normas relativas à formação grá-
fica. Atenciosamente,
Considerando que o texto acima é um oficio fictício, for-
Superintendente de Regulação dos Serviços de Geração
matado de acordo com o espaço disponível nesta prova,
redigido, de propósito, com determinados problemas,
Quanto às informações do texto, assinale a alternativa
assinale a alternativa que apresenta analise adequada correta.
desse ofício. a) A correspondência em análise é um ofício destinado
a) Os espaçamentos das partes constituintes do ofício exclusivamente a uma organização: a APINE.
estão corretos. b) O destinatário da correspondência é a Aneel – Agên-
b) A forma de tratamento dada ao destinatário é a in- cia Nacional de Energia Elétrica.
dicada pelos manuais de redação oficial. c) Partes importantes constituintes da correspondência
c) O vocativo, acertadamente, menciona o cargo do oficial estão presentes: numeração do ofício, vocati-
destinatário; está corretamente separado por vírgula. vo, especificação do assunto, corpo do texto, fecho,
d) A construção inicial “Viemos através desta, com imen- cargo.
so aperto no coração” está de acordo com os padrões
Língua Portuguesa

d) A linguagem da correspondência é pautada em pa-


da norma culta e da linguagem oficial. drão bastante moderno, com quebra de construções
e) A sequência “nos dirigir à V. S.ª para vos comunicar protocolares.
a triste situação do Sr. Genovaldo Andino, 93 anos, e) Há falhas graves na solicitação apresentada, criando
acometido por dengue a três meses atrás.” Está de no leitor dúvidas sobre como proceder.
acordo com os padrões da comunicação oficial.
OFÍCIO EM PROVAS DISCURSIVAS
OFÍCIO-CIRCULAR
O Ofício é um documento externo, enviado de um órgão
O Ofício-Circular constitui-se igual a um ofício, no entan- para outro ou para o mesmo órgão em cidades diferentes.
to, é multidirecional, ou seja, o mesmo teor do documento Quanto ao Ofício feito na prova discursiva, como não pode
é enviado a vários destinatários. haver marca identificatória na folha definitiva, o candidato não

103
deve colocar o timbre nem o endereçamento. Só se menciona a aumentar a vida útil dos aterros sanitários e reduzir
o signatário quando a banca fornecer o nome e/ou o cargo. os gastos do município com a limpeza da cidade. Evi-
Caso contrário, deve-se terminar o texto no fecho ou usar tar o desperdício e reciclar o lixo é o melhor meio de
como signatário: Fulano de Tal. Observe o esquema abaixo. transformar plástico, vidro, alumínio, papel, borracha,
entre outra infinidade de materiais, geralmente despre-
zados pela maioria das pessoas, em matéria-prima para
a indústria, sem que haja a necessidade, por exemplo,
de novas extrações minerais ou corte de árvores. Os
materiais mais comumente encontrados no lixo urbano
e que podem ser reciclados são:
 plástico: garrafas, embalagens de produtos de lim-
peza; potes de cremes e xampus; tubos e canos;
brinquedos; sacos, sacolas e saquinhos de leite.
 alumínio: latinhas de cerveja e refrigerante; esqua-
drias e molduras de quadros.
 metais ferrosos: molas e latas.
 papel e papelão: jornais, revistas, impressos em ge-
ral; papel de fax; embalagens do tipo longa-vida.
 vidro: frascos, garrafas; lâmpadas incandescentes;
vidros de conserva.
 borracha: pneus e tapetes.
Internet:<http://www.portal.prefeitura.sp.gov.Br/
secretarias/meio_ambiente/qualidade_ambiental/
reciclagem> (com adaptações).

A geração de resíduos sólidos no Brasil é um dos grandes


problemas enfrentados pelo poder público. Mais de 241
Exemplo mil toneladas de resíduos são produzidas diariamente
no país. Apenas 63% dos domicílios contam com coleta
regular de lixo. A população não atendida algumas vezes
queima seu lixo ou dispõe-no junto a habitações, logra-
douros públicos, terrenos baldios, encostas e cursos de
água, contaminando o ambiente e comprometendo a
saúde humana.
Do total de resíduos coletados, 76% são dispostos a
céu aberto, o restante é destinado a aterros (controla-
dos, 13%; ou sanitários, 10%), usinas de compostagem
(0,9%), incineradores (0,1%) e uma parcela ínfima é re-
cuperada em centrais de triagem/beneficiamento para
reciclagem. A gestão sustentável dos resíduos sólidos
pressupõe uma abordagem que tenha como referência
o princípio dos 3 Rs, apresentado na Agenda 21: redução
(do uso de matérias-primas e energia e do desperdício
nas fontes geradoras), reutilização direta dos produtos
e reciclagem de materiais. A maioria dos programas de
coleta seletiva atribui bastante importância à educação
da população relativamente à questão do lixo. A edu-
cação não se restringe à divulgação de informações: é
EXERCÍCIOS preciso que se estabeleça um vínculo entre as pessoas
e seu meio ambiente, de forma a criar novos valores e
80. Como servidor do Senado Federal, cargo Chefe de Recursos
sentimentos que mudem as atitudes.
Humanos, escreva um Ofício para os demais órgãos federais Internet:<http://www.federativo/bndes.gov.Br/dicas/
lotados em Brasília. Convide os chefes de departamento d109.htm>(com adaptações).
para que conclamem seus subordinados a participar de
uma palestra sobre “Estratégias de pacificação nas favelas Considerando que as idéias apresentadas nos textos
do Rio de Janeiro”. Ocorrerá em 5/1 do próximo ano, no acima têm caráter unicamente motivador, redija, na
Língua Portuguesa

auditório principal do Senado, das 8h30 às 12h. qualidade de técnico de controle externo do TCU, um
ofício a ser assinado pelo gestor de recursos humanos
81. (Cespe/TCU) (RH), dirigido aos gestores das demais áreas do Tribu-
nal, sugerindo que conclamem todos os funcionários
de suas áreas a participarem de um esforço conjunto
de coleta seletiva de lixo, tanto no trabalho como em
casa. No ofício, o gestor de RH deverá, obrigatoriamente,
exemplificar, de modo sucinto, pelo menos uma ação
que poderia ser desenvolvida por cada funcionário no
Pelo sistema de coleta seletiva, é possível transformar o ambiente de trabalho. Caso queira propor autoria para
lixo urbano em uma importante fonte de renda, ajudar o ofício, somente será aceito o nome GESTOR DE RH.

104
AVISO Assunto: Criação da Secretaria Geral de Controle Interno

Aviso é o documento expedido por Ministros de Esta- Senhor Ministro,


do para autoridades de mesma hierarquia. Vale ressaltar as
autoridades mencionadas como Ministros de Estado, além Informo a Vossa Senhoria que, no dia 20 de maio deste ano,
será realizada, na sala de reuniões da Secretaria de Controle Interno
dos titulares dos Ministérios no art. 28, parágrafo único, do do Ministério do Planejamento, a primeira reunião de trabalho para
Decreto nº 4.118/2002: Chefe da Casa Civil da Presidência a criação da Secretaria Geral de Controle Interno do Poder Executivo,
da República, Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, da qual devem participar representantes de todos os Ministérios. A
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Advo- indicação do representante de vosso Ministério deverá ser feita até o
gado-Geral da União, Chefe da Corregedoria-Geral da União. dia 18 de maio deste ano, junto a esta Secretaria.

Respeitosamente,
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é Geraldo Espíndola
que o aviso é expedido exclusivamente por Ministros Secretário de Controle Interno do Ministério do Planejamento
de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao
passo que o ofício é expedido para e pelas demais au- 82. (Cespe/Serpro) Com base no texto fictício acima e nos
toridades. Ambos têm como finalidade o tratamento princípios que regem as comunicações oficiais do Poder
de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Executivo brasileiro, julgue o item a seguir.
Pública entre si e, no caso do ofício, também com A modalidade de comunicação utilizada não está ade-
particulares. (MENDES, 2002, p. 9) quada à situação descrita no próprio documento.

Exemplo de Aviso 83. (Cespe/Serpro) Com base no texto fictício acima e nos
princípios que regem as comunicações oficiais do Poder
Executivo brasileiro, julgue o item a seguir.
Com relação à forma, a apresentação do destinatário da
correspondência foi feita de maneira incorreta, sendo a
maneira correta a seguinte: A Vossa Excelência o Senhor
Ministro Juliano Pereira.

84. (Cespe/Serpro) Com base no texto fictício acima e nos


princípios que regem as comunicações oficiais do Poder
Executivo brasileiro, julgue o item a seguir.
Do ponto de vista formal, a palavra “vosso” deveria ser
substituída pela palavra “seu” na passagem “A indicação
do representante de vosso Ministério”.

85. (Cespe/Serpro) Com base no texto fictício acima e nos


princípios que regem as comunicações oficiais do Poder
Executivo brasileiro, julgue o item a seguir.
Levando em consideração apenas a hierarquia dos agen-
tes públicos envolvidos no texto, está adequado o fecho
que foi ali utilizado, sendo, no entanto, igualmente ade-
quado o fecho “Atenciosamente” em casos como esse.

86. (Cespe/Serpro) Com base no texto fictício acima e nos


princípios que regem as comunicações oficiais do Poder
Executivo brasileiro, julgue o item a seguir.
A expressão “esta Secretaria” refere-se à Secretaria Geral
de Controle Interno do Poder Executivo.

87. (Movens) Julgue o item seguinte, com base nos princí-


pios que regem a redação de correspondências oficiais.
O aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Es-
tado, para autoridades de mesma hierarquia ou inferior.
EXERCÍCIOS
88. (Cespe/MEC) Julgue o item que se segue relativo à re-
Língua Portuguesa

Observe o exemplo a seguir que servirá para os exercícios dação de expedientes.


82 a 86. Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
muito semelhantes; ambos têm como finalidade o tra-
tamento de assuntos oficiais pelos órgãos da adminis-
Ministério do Planejamento tração pública.
Secretaria de Controle Interno

Aviso nº 048/1989 89. (Cespe/MEC) Julgue o item que se segue relativo à re-
Brasília, 2 de maio de 1989. dação de expedientes.
Caso o ministro da Educação precise requerer o apoio
Ao Senhor Ministro de outro ministério em determinado assunto, ele de-
Juliano Pereira verá encaminhar tal solicitação por intermédio de uma
Ministro da Fazenda
exposição de motivos.

105
MEMORANDO EXERCÍCIOS
O Memorando é um documento interno, expedido en- 90. (Cespe/TJBA) Com relação às normas gerais e específi-
tre unidades administrativas de um mesmo órgão. Além de cas das correspondências oficiais, julgue o item que se
estar no mesmo órgão, o destinatário deve estar na mesma segue.
cidade, por isso, no campo “local e data” do padrão ofício, Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do
no memorando se coloca “Em + data” (conforme exemplo a padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário
seguir). É um expediente para assuntos de rotina, devendo deve ser mencionado pelo cargo que ocupa.
tramitar de maneira simples e rápida.
Texto para os exercícios 91 a 95: Determinado assistente
O memorando é a modalidade de comunicação entre administrativo do CREA-DF encontrou o seguinte bilhete,
unidades administrativas de um mesmo órgão, que deixado sobre a sua mesa por seu superior hierárquico.
podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou
em níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma for- Redigir documento para o setor de pessoal pedindo
ma de comunicação eminentemente interna.
contratação de dois empregados.
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser
empregado para a exposição de projetos, ideias, dire- Urgente!
trizes, etc. a serem adotados por determinado setor
do serviço público. 91. (Cespe/Crea-DF) Considerando a situação hipotética
Sua característica principal é a agilidade. A tramita- descrita acima, julgue o item que se segue.
ção do memorando em qualquer órgão deve pautar- Para se executar corretamente a tarefa solicitada, o do-
-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos cumento a ser redigido deverá ser o memorando, que
burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do trata de correspondência interna acerca de assuntos
número de comunicações, os despachos ao memo- rotineiros.
rando devem ser dados no próprio documento e, no
caso de falta de espaço, em folha de continuação. Esse 92. (Cespe/Crea-DF) Considerando a situação hipotética
procedimento permite formar uma espécie de pro- descrita acima, julgue o item que se segue.
cesso simplificado, assegurando maior transparência O documento deve ser escrito de forma precisa, direta
à tomada de decisões, e permitindo que se historie o e objetiva, caracterizando-se pelo emprego de adjetivos
andamento da matéria tratada no memorando. e linguagem figurada.
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo
do padrão ofício, com a diferença de que o seu des- 93. (Cespe/Crea-DF) Considerando a situação hipotética
tinatário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. descrita acima, julgue o item que se segue.
Exemplos: Entre outros elementos, devem constar do documento
a ser enviado ao setor de pessoal: a data, a ementa ou
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
o assunto, os nomes do destinatário e do remetente e
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos (MENDES,
a assinatura deste.
2002, p. 17)
94. (Cespe/Crea-DF) Considerando a situação hipotética
Exemplo de Memorando descrita acima, julgue o item que se segue.
O pronome de tratamento a ser empregado na redação
do documento é Vossa Senhoria, que pode ser correta-
mente abreviado por V. S. e concorda com a 2ª pessoa
do plural.

95. (Cespe/Crea-DF) Considerando a situação hipotética


descrita acima, julgue o item que se segue.
É correto afirmar que as expressões Brevemente, Cor-
dialmente, Respeitosamente e Atenciosamente são
apropriadas como fecho do documento.

Texto para os exercícios 96 a 98:

Um agente administrativo lotado em um departamento de


um órgão público foi incumbido de redigir documento a ser
assinado por seu chefe, com a finalidade de solicitar a visita
de um técnico do setor de manutenção para averiguar pro-
blema de infiltração nas dependências desse departamento.
Língua Portuguesa

96. (Cespe/MEC) Acerca do documento a ser redigido confor-


me a situação descrita acima, julgue o item subsequente.
O expediente em questão é um memorando, documento
utilizado entre unidades administrativas de um mesmo
órgão.

97. (Cespe/MEC) Acerca do documento a ser redigido con-


forme a situação descrita acima, julgue o item subse-
quente.
O tipo de documento a ser redigido não precisa receber
número de expediente.

106
98. (Cespe/MEC) Acerca do documento a ser redigido con- Neste caso, escreva assim: Memorando-circular. Use hífen
forme a situação descrita acima, julgue o item subse- obrigatório e letra minúscula em “circular”. Mesmo sendo um
quente. documento dirigido a várias pessoas, o Memorando-circular é
A fórmula de fecho desse expediente é “Respeitosa- recebido por cada um dos destinatários individualmente, por
mente”, por se tratar de comunicação dirigida a auto- isso use o vocativo ou destinatário no singular, conforme orien-
ridade de mesma hierarquia. ta o Manual de Redação do GDF (Governo do Distrito Federal).
Não se esqueça de citar a abreviatura dos pronomes de
99. (Cespe/SECGE-PE) Considerando as normas de reda- tratamento apenas depois de já os ter citado por extenso.
ção de documentos oficiais, julgue os itens a seguir,
referentes ao memorando.
I – Devem constar, nessa comunicação oficial, o número
do documento e a sigla do órgão de origem.
II – O destinatário deve ser identificado pelo nome do
cargo que ocupa.
III – No espaço destinado ao registro de local e data,
pode-se informar somente a data.
IV – Como fecho nesse tipo de correspondência, em-
prega-se usualmente a expressão “Reitero votos de
estima e consideração”. Exemplo
Estão certos apenas os itens
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e IV.
e) I, II e III.

100. (Cespe/PMDF/Saúde) Julgue o item que se segue, re-


ferente à redação de correspondências oficiais.
O memorando tem como finalidade a comunicação Provas Discursivas
entre os chefes de unidades administrativas de órgãos
distintos. A prova discursiva dos concursos públicos segue a algu-
mas diretrizes apresentadas em planilhas de correção das
101. (Cespe/MEC) Julgue o item que se segue relativo à bancas examinadoras. Por isso, analisá-las é imprescindível.
redação de expedientes. Nesse sentido, apresentarei orientações quanto à realização
Caso o diretor de um órgão do MEC pretenda solicitar manuscrita de um texto oficial. Partir-se-á dos espelhos de
demanda dos recursos que gerencia ao Ministério da correção de redação como parâmetros da elaboração de uma
Defesa, ele deve encaminhar um memorando. redação, no mínimo, aceitável.
Para facilitar a compreensão das planilhas de correção
102. (Cespe/MEC) Julgue o item que se segue relativo à de redação, há alguns anos venho utilizando em sala de aula
redação de expedientes. a divisão de uma redação em cinco partes, que costumo
Ao se elaborar um memorando, deve-se utilizar o pa- chamar de critérios de correção:
drão ofício, no entanto, o seu destinatário deve ser • Estética: avalia a apresentação, legibilidade, respeito
mencionado pelo cargo que ocupa. às margens e indicação dos parágrafos.
• Estrutura: avalia a utilização dos famosos esquemas de
redação, método seguro para aprovação em concursos
MEMORANDO-CIRCULAR públicos; analisa a progressão lógica dos argumentos,
a progressividade textual, seleção e articulação dos
Assim como o Memorando, o Memorando-Circular é
argumentos.
o documento utilizado entre unidades administrativas no
• Conteúdo: avalia o teor do texto, a pertinência dos
mesmo órgão e na mesma cidade dirigido a mais de um
argumentos, a fuga ao tema, o posicionamento, a
destinatário. É, portanto, um documento interno, embora
consistência da argumentação.
multidirecional. Nele, o destinatário não deve ser tratado • Estilística: avalia a utilização da norma culta padrão,
pelo nome do servidor, mas pelo cargo que ocupa. No Me- coesão e coerência, clareza, concisão e unidade, estilo,
morando – que pode ser abreviado por Memo. ou Mem. – o propriedade vocabular.
destinatário aparece uma linha antes do assunto, e ambos • Gramática: avalia a ortografia, acentuação, pontua-
são alinhados à esquerda. O nome do órgão não aparece na
Língua Portuguesa

ção, conectores, concordância.


primeira linha nem o local na segunda linha, pois o documen-
to é interno. O campo destinatário equivale ao vocativo do Cada critério acima é subdividido em quesitos. Conheça-
Ofício antecedido pela contração “ao”. -os a seguir e observe a pontuação que eu gosto de sugerir
para avaliação.
MEMORANDO EM PROVAS DISCURSIVAS
A. ESTÉTICA (2,5)
Mesmo usando letra cursiva, não se esqueça de colocar 1. Legibilidade (0,5)
as siglas em letra de imprensa, caixa alta (maiúsculas), sem 2. Margens (0,5)
pontos. 3. Parágrafos (0,5)
O documento pode ser circular, ou seja, multidirecional 4. Fusão de Letras (0,5)
(a mesma comunicação recebida por vários destinatários). 5. Rasuras (0,5)

107
B. ESTRUTURA (2,5) A4. Fusão de letras: misturar letras (cursiva ou de im-
1. Esqueleto/Seleção dos argumentos (0,5) prensa); utilização incorreta das letras maiúsculas
2. Introdução (0,5) e minúsculas.
3. Desenvolvimento/Progressão lógica (0,5) A5. Rasuras: rasuras no texto; utilização incorreta de
4. Conclusão (0,5) traço anulatório, sem colocar parênteses ou utilizar
5. Esquema/Gênero textual (0,5) anulações não aceitas (como rabiscos ou mais de
um traço); usar corretivo ou danificar o papel ao
C. CONTEÚDO (2,5) apagar.
1. Adequação ao tema (0,5)
2. Domínio de conteúdo (0,5) B. ESTRUTURA: veja abaixo como se ganha a pontuação:
3. Pertinência dos argumentos (0,5) B1. Seleção dos argumentos: transparecer organização
4. Consistência (0,5) textual; abordar todos os tópicos dados pela banca
5. Originalidade (0,5) na mesma ordem.
B2. Introdução: introdução correta, situando o leitor
D. ESTILÍSTICA (2,5) do documento oficial com objetividade.
1. Subjetividade (0,5) B3. Desenvolvimento / Progressão lógica dos argu-
2. Repetição vocabular (0,5) mentos: desenvolvimento da argumentação com
3. Pouca Objetividade (0,5) adequação ao tema, sem fuga total nem parcial da
4. Coloquialismo (0,5) problemática.
B4. Conclusão: conclusão correta, finalizando o assunto
5. Conotação/estrangeirismo (0,5)
ali abordado.
B5. Esquema / Gênero textual: utilizar corretamente
E. GRAMÁTICA (NE_____ / TL_____)
a estrutura do expediente cobrado no comando
1. Ortografia do exercício; fazer uso da técnica dissertativa no
2. Acentuação corpo do texto oficial, sem figuras de linguagem
3. Pontuação nem elementos de outras tipologias textuais; usar
4. Conectores/Colocação pronominal pelo menos que 2/3 do máximo de linhas.
5. Concordância/Regência
C. CONTEÚDO: veja abaixo como se ganha a pontuação:
Os critérios Estética e Gramática seguem os mesmos C1. Adequação ao tema: objetivo e argumentos, desen-
padrões avaliativos, independentemente do tipo de texto volvendo-os sem fugir do tema; com adequação ao
que está sendo escrito. tema..
O critério Estilística funciona de maneira contrária, de C2. Domínio de conteúdo: com domínio de conteúdo,
acordo com a tipologia, pois o que retira pontos em uma dis- mostrar pleno conhecimento do tema e de seus
sertação ou redação oficial é bem visto e concede pontuação aspectos adjacentes.
em um texto literário como a narração, descrição ou crônica. C3. Pertinência dos argumentos: demonstrar pertinên-
cia e articulação dos argumentos.
Critérios de Correção C4. Consistência da argumentação: usar argumentação
consistente.
A planilha tem a divisão em 5 critérios: A. Estética, B. Es- C5. Originalidade: usar argumentação original, sem
trutura, C. Conteúdo, D. Estilística, E. Gramática. Os critérios transcrever trechos dos textos motivadores.
A, B, C, D somam 10 pontos e valem 2,5 cada. No critério E,
somam-se os erros gramaticais. Cada erro representa uma Observação: as técnicas de tipos de desenvolvimento
perda de 0,1. só pontuam quando há domínio de conteúdo sem
Veja a seguir o que é apenado ou o que pontua em fuga ao tema.
cada código.
D. ESTILÍSTICA: veja abaixo os erros que retiram pontos
A. ESTÉTICA: veja abaixo os erros que retiram pontos D1. Subjetividade: usar a primeira pessoa (singular ou
A1. Legibilidade: letra cursiva sem unir; letra de im- plural).
prensa unida; “i” e “j” minúsculas sem pingo; bola D2. Incoerência ou repetição: repetir palavras das se-
no lugar de pingo ou ponto; “ç” errado; til errado; guintes classes gramaticais com a mesma flexão:
“n” e “m” com aparência de “u”; pular linhas; letras substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, interjeição;
menores sem metade do tamanho das maiores; le- trecho incoerente semanticamente; frase sem nexo
tra menor que 2/3 da altura da linha; letra ilegível. sintático.
A2. Margens: passar da margem, mesmo que seja por D3. Pouca objetividade: utilizar verbos de ligação; fra-
0,1 cm; deixar um espaço superior a 0,3 cm entre ses na voz passiva analítica em lugar da sintética;
seu texto e a margem (direita ou esquerda); iso- trechos sem coesão textual.
Língua Portuguesa

lar vogal ao separar sílabas; separar palavras que D4. Coloquialismo: evidenciar características da fala na
começam com vogal; separar palavras dissílabas; escrita; utilizar três vezes ou mais a primeira pes-
separar palavras que comecem por “h”; separar soa; utilizar três vezes verbos de ligação ou mais;
substantivos compostos com hífen com traço abai- utilizar mais de uma vez verbos no gerúndio na
xo da última letra; separar as demais palavras uti- mesma frase; começar frase com gerúndio; usar ge-
lizar traço lateral. rúndio com verbo auxiliar no Futuro (Gerundismo);
A3. Parágrafos: parágrafo sem, no mínimo, 2 cm e, no utilizar gírias, regionalismos ou termos coloquiais;
máximo, 4 cm da margem esquerda; espaço supe- usar contrações indevidas como “num”, “numa”.
rior a 0,3 cm entre a menor e a maior distância de D5. Conotação ou estrangeirismo: utilizar linguagem
parágrafos; marcas antes do início dos parágrafos; conotativa, com figuras de linguagem ou sentido
frases com mais de 60 palavras; parágrafos com figurado; fugir da norma culta padrão da Língua Por-
apenas 1 frase. tuguesa; usar estrangeirismos ou termos técnicos.

108
E. GRAMÁTICA do Presidente da República, sua estrutura segue o
E1. Ortografia modelo antes referido para o padrão ofício.
E2. Acentuação/Crase
E3. Pontuação Já a exposição de motivos que submeta à considera-
E4. Conectores/Colocação Pronominal/Incoerência/ ção do Presidente da República a sugestão de alguma
Falta de nexo sintático medida a ser adotada ou a que lhe apresente projeto
E5. Concordância/Regência de ato normativo – embora sigam também a estru-
tura do padrão ofício –, além de outros comentários
O Cespe/Cebraspe geralmente divide o número de erros julgados pertinentes por seu autor, devem, obriga-
gramaticais pelo número de linhas escritas e multiplica por toriamente, apontar:
2. Subtrai esse resultado da NC (critérios A, B, C, D) para a) na introdução: o problema que está a reclamar a
gerar a NF (nota final). Outras bancas calculam de maneira adoção da medida ou do ato normativo proposto;
diferente. Algumas não avaliam a Estética e computam 4 b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medi-
para o Conteúdo; 3 para a estrutura e 3 para a Gramática e da ou aquele ato normativo o ideal para se solucionar
a Estilística juntas. De forma que esta planilha de correção o problema, e eventuais alternativas existentes para
se aplica a qualquer concurso público que cobre redação equacioná-lo;
oficial na prova discursiva. c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser
tomada, ou qual ato normativo deve ser editado para
EXERCÍCIOS solucionar o problema.

103. Escreva um memorando-circular para os chefes de de- Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à
partamento do TJDFT, convidando-os para que con- exposição de motivos, devidamente preenchido, de
clamem seus subordinados para uma capacitação em acordo com o seguinte modelo previsto no Anexo II
Redação Oficial. Acontecerá no auditório do tribunal, do Decreto nº 4.176, de 28 de março de 2002.
das 8h às 12h, em 5/1 do próximo ano. Como Chefe de
Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do
Recursos Humanos, especifique os materiais que serão
Ministério ou órgão equivalente) nº , de de
necessários, os documentos que serão ensinados, a
de 200 .
fonte bibliográfica e os demais detalhes do evento.
1. Síntese do problema ou da situação que reclama
104. Como servidor do Senado Federal, cargo: Chefe de providências
Recursos Humanos, escreva um Memorando para os
demais chefes de departamento do seu órgão. Convide
os chefes de departamento para que conclamem seus
subordinados a participarem de uma palestra sobre 2. Soluções e providências contidas no ato normativo
“Catástrofes ocasionadas a partir de chuvas na região ou na medida proposta
serrana do Rio de Janeiro”. Ocorrerá em 5/1 do próximo
ano, no auditório principal do Senado, das 8h30 às 12h.
3. Alternativas existentes às medidas propostas
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
Mencionar:
Segundo Mendes (2002, p. 19-22): • se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;
• se há projetos sobre a matéria no Legislativo;
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao • outras possibilidades de resolução do problema.
Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:
a) informá-lo de determinado assunto; 4. Custos
b) propor alguma medida; ou Mencionar:
c) submeter a sua consideração projeto de ato nor- • se a despesa decorrente da medida está prevista
mativo. na lei orçamentária anual; se não, quais as alter-
nativas para custeá-la;
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presi- • se é o caso de solicitar-se abertura de crédito
dente da República por um Ministro de Estado. extraordinário, especial ou suplementar;
Nos casos em que o assunto tratado envolva mais • valor a ser despendido em moeda corrente.
de um Ministério, a exposição de motivos deverá ser
assinada por todos os Ministros envolvidos, sendo, 5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido
por essa razão, chamada de interministerial. somente se o ato proposto for medida provisória ou
projeto de lei que deva tramitar em regime de urgência).
4.2. Forma e Estrutura
Língua Portuguesa

Formalmente, a exposição de motivos tem a apre- Mencionar:


sentação do padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O • se o problema configura calamidade pública;
anexo que acompanha a exposição de motivos que • por que é indispensável a vigência imediata;
proponha alguma medida ou apresente projeto de • se se trata de problema cuja causa ou agrava-
ato normativo, segue o modelo descrito adiante. mento não tenham sido previstos;
A exposição de motivos, de acordo com sua finalida- • se se trata de desenvolvimento extraordinário de
de, apresenta duas formas básicas de estrutura: uma situação já prevista.
para aquela que tenha caráter exclusivamente infor-
mativo e outra para a que proponha alguma medida 6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato
ou submeta projeto de ato normativo. ou medida proposta possa vir a tê-lo).
No primeiro caso, o da exposição de motivos que
simplesmente leva algum assunto ao conhecimento

109
7. Alterações propostas Exemplo de Exposição de Motivos de caráter informativo
Texto atual Texto proposto

8. Síntese do parecer do órgão jurídico


• Com base em avaliação do ato normativo ou da
medida proposta à luz das questões levantadas no
item 10.4.3.

A falta ou insuficiência das informações prestadas


pode acarretar, a critério da Subchefia para Assuntos
Jurídicos da Casa Civil, a devolução do projeto de
ato normativo para que se complete o exame ou se
reformule a proposta.
O preenchimento obrigatório do anexo para as ex-
posições de motivos que proponham a adoção de
alguma medida ou a edição de ato normativo tem
como finalidade:
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema
que se busca resolver;
b) ensejar mais profunda avaliação das diversas cau-
sas do problema e dos efeitos que pode ter a adoção
da medida ou a edição do ato, em consonância com
as questões que devem ser analisadas na elabora-
ção de proposições normativas no âmbito do Poder
Executivo (v. 10.4.3.);
c) conferir perfeita transparência aos atos propostos.

Dessa forma, ao atender às questões que devem


ser analisadas na elaboração de atos normativos no
âmbito do Poder Executivo, o texto da exposição de
motivos e seu anexo complementam-se e formam
um todo coeso: no anexo, encontramos uma avalia-
ção profunda e direta de toda a situação que está a
reclamar a adoção de certa providência ou a edição
de um ato normativo; o problema a ser enfrentado EXERCÍCIOS
e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos
e seus custos; e as alternativas existentes. O texto 105. (Cespe/Sesa) Considerando as normas de redação de
da exposição de motivos fica, assim, reservado à correspondências oficiais, julgue o item abaixo.
demonstração da necessidade da providência pro- Em exposição de motivos encaminhada, por exemplo,
posta: por que deve ser adotada e como resolverá pelo ministério da saúde à presidente da República,
o problema. é adequada a utilização do vocativo Excelentíssima
Nos casos em que o ato proposto for questão de pes- Senhora Presidenta da República e do fecho Respei-
soal (nomeação, promoção, ascensão, transferência, tosamente, ambos seguidos de vírgula.
readaptação, reversão, aproveitamento, reintegra-
ção, recondução, remoção, exoneração, demissão, 106. (Cespe/PRF) Considerando as prescrições relativas às
dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é ne- comunicações oficiais, julgue o item a seguir.
cessário o encaminhamento do formulário de anexo Os três tipos de expedientes que seguem o padrão
à exposição de motivos. ofício – exposição de motivos, aviso e ofício – têm a
mesma finalidade e se diferenciam apenas por sua
Ressalte-se que: extensão e pelo detalhamento das informações neles
• a síntese do parecer do órgão de assessoramento contidas.
jurídico não dispensa o encaminhamento do parecer
completo; 107. (Cespe/PRF) Considerando as prescrições relativas às
• o tamanho dos campos do anexo à exposição de comunicações oficiais, julgue o item a seguir.
motivos pode ser alterado de acordo com a maior Diferentemente da ata, a exposição de motivos deve,
ou menor extensão dos comentários a serem ali in- obrigatoriamente, conter, no máximo, duas ideias por
cluídos. parágrafo.
Língua Portuguesa

Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presen- 108. (Cespe/MEC) Julgue o item que se segue relativo à
te que a atenção aos requisitos básicos da redação redação de expedientes.
oficial (clareza, concisão, impessoalidade, formalida- Caso a autoridade competente do MEC pretenda de-
de, padronização e uso do padrão culto de linguagem) senvolver um projeto que dependa de aprovação presi-
deve ser redobrada. dencial, ela deverá enviar ao presidente da República,
A exposição de motivos é a principal modalidade de por meio do respectivo ministro de Estado, um aviso
comunicação dirigida ao Presidente da República ministerial.
pelos Ministros.
Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada 109. (Cespe/MEC) Julgue o item que se segue relativo à
cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário redação de expedientes.
ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade,
no todo ou em parte. apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para

110
aquela que tenha caráter exclusivamente informativo e EXERCÍCIOS
outra para a que proponha alguma medida ou submeta
projeto de ato normativo. 110. (Movens) Considere o exemplo de comunicação oficial:

MENSAGEM _________. 111/DECOM


Segundo Mendes (2002): Em 23 de fevereiro de 2010.
Ao Sr. Coordenador Administrativo
É o instrumento de comunicação oficial entre os Che-
fes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens Assunto: Concessão de linha telefônica e instalação de
enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder televisor LCD com canais por assinatura
Legislativo para informar sobre fato da Administração
1. Com o objetivo de dar cumprimento ao que
Pública; expor o plano de governo por ocasião da estabelece o Plano Geral de Comunicação Social-2010 desta
abertura de sessão legislativa; submeter ao Congres- instituição, solicito a Vossa Senhoria a concessão de mais uma
so Nacional matérias que dependem de deliberação linha telefônica, bem como a instalação de um televisor LCD
de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer e agra- com canais por assinatura no Departamento de Comunicação
decer comunicações de tudo quanto seja de interesse Social.
dos poderes públicos e da Nação.
2. Recomendo-lhe ainda que, no ato da contratação
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos dos canais por assinatura, seja observada, preferencialmente,
Ministérios à Presidência da República, a cujas asses- a habilitação daqueles que veiculam notícias.
sorias caberá a redação final.
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Atenciosamente,
Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, com- Fulano de Tal
Assessor de Imprensa da Presidência
plementar ou financeira. [...]
b) encaminhamento de medida provisória. [...]
c) indicação de autoridades. [...] Com base no Manual de Redação da Presidência da
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice- República, o exemplo de comunicação oficial acima é
-Presidente da República se ausentarem do País por denominado:
mais de 15 dias. [...] a) ofício, modalidade de comunicação expedida a pes-
e) encaminhamento de atos de concessão e reno- soas de mesma hierarquia.
vação de concessão de emissoras de rádio e TV. [...] b) memorando, modalidade de comunicação eminen-
f) encaminhamento das contas referentes ao exer- temente interna entre unidades administrativas de
cício anterior. [...] um mesmo órgão.
g) mensagem de abertura da sessão legislativa. [...] c) aviso, modalidade de comunicação expedida a ocu-
h) comunicação de sanção (com restituição de au- pantes de cargos hierárquicos inferiores.
tógrafos). [...]
d) exposição de motivos, expediente dirigido às chefias
i) comunicação de veto. [...]
j) outras mensagens. [...] de departamento das empresas em geral.
e) mensagem, instrumento de comunicação oficial
Exemplo de Mensagem utilizado pelos servidores públicos para se dirigir
às chefias.

111. (Cespe/MEC) Julgue o item seguinte, acerca da redação


de correspondências oficiais.
Para encaminhar um projeto de lei ordinária ao Con-
gresso Nacional, o presidente da República deverá
utilizar-se da mensagem.

FORMAS DE ENVIO DOS EXPEDIENTES


Telegrama
Segundo Mendes (2002):

Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar


Língua Portuguesa

os procedimentos burocráticos, passa a receber o tí-


tulo de telegrama toda comunicação oficial expedida
por meio de telegrafia, telex, etc.
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa
aos cofres públicos e tecnologicamente superada,
deve restringir-se o uso do telegrama apenas àque-
las situações que não seja possível o uso de correio
eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utili-
zação e, também em razão de seu custo elevado, esta
forma de comunicação deve pautar-se pela concisão
(v. 1.4. Concisão e Clareza).

111
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e Um dos atrativos de comunicação por correio eletrô-
a estrutura dos formulários disponíveis nas agências nico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir
dos Correios e em seu sítio na Internet. forma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se
evitar o uso de linguagem incompatível com uma
Exercícios de Concurso comunicação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e
Comunicações Oficiais).
112. (Cespe/TJBA) Com relação às normas gerais e especí- O campo assunto do formulário de correio eletrônico
ficas das correspondências oficiais, julgue o item que mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a
se segue. organização documental tanto do destinatário quanto
Não há padrões rígidos para telegramas, devendo-se do remetente.
seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis Para os arquivos anexados à mensagem deve ser
nas agências dos correios e em seu sítio na Internet. utilizado, preferencialmente, o formato Rich Text. A
mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer
113. (Cespe/MEC) Julgue o item que se segue relativo à
informações mínimas sobre seu conteúdo.
redação de expedientes.
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de
Na administração pública, o telegrama deve ter sua
utilização priorizada em detrimento de outras moda- confirmação de leitura. Caso não seja disponível,
lidades de comunicação oficial, tendo-se em vista a deve constar da mensagem pedido de confirmação
desburocratização no trâmite de expedientes públicos. de recebimento.
Nos termos da legislação em vigor, para que a men-
Fax sagem de correio eletrônico tenha valor documen-
tal, i. é, para que possa ser aceita como documento
Segundo Mendes (2002): original, é necessário existir certificação digital que
ateste a identidade do remetente, na forma estabe-
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) lecida em lei.
é uma forma de comunicação que está sendo menos
usada devido ao desenvolvimento da Internet. É uti- EXERCÍCIOS
lizado para a transmissão de mensagens urgentes e
para o envio antecipado de documentos, de cujo co- 115. (Cespe/MEC) Julgue o item que se segue relativo à
nhecimento há premência, quando não há condições redação de expedientes.
de envio do documento por meio eletrônico. Quando O uso do correio eletrônico (e-mail) nas instituições
necessário o original, ele segue posteriormente pela tornou-se uma importante forma de comunicação de-
via e na forma de praxe.
vido a seu baixo custo e rapidez. Não há uma forma
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com
cópia xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, rígida para a estrutura desse tipo de comunicação.
em certos modelos, se deteriora rapidamente. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incom-
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e patível com a comunicação oficial.
a estrutura que lhes são inerentes.
É conveniente o envio, juntamente com o documento 116. (Cespe/MEC) Julgue o item que se segue relativo à
principal, de folha de rosto, i. é., de pequeno formu- redação de expedientes.
lário com os dados de identificação da mensagem a É dispensável o preenchimento do campo assunto do
ser enviada, conforme exemplo a seguir: formulário do correio eletrônico nas comunicações
internas nas instituições.

ATA
Segundo Freitas (2004):

É o instrumento utilizado para o registro expositivo


dos fatos e deliberações ocorridos em uma reunião,
sessão ou assembleia.
1. Título – ATA. Em se tratando de atas elaboradas
sequencialmente, indicar o respectivo número da
reunião ou sessão, em caixa alta.
EXERCÍCIOS 2. Texto, incluindo:
a) Preâmbulo: registro da situação espacial e tempo-
114. (Cespe/MEC) Julgue o item que se segue relativo à
ral e participantes;
Língua Portuguesa

redação de expedientes.
Mesmo que o fax seja assinado por autoridade com- b) Registro dos assuntos abordados e de suas deci-
petente, seu envio não dispensa o encaminhamento sões, com indicação das personalidades envolvidas,
do original, posteriormente, pelo meio de praxe. se for o caso; e
c) Fecho: termo de encerramento com indicação, se
Correio Eletrônico necessário, do redator, do horário de encerramento,
de convocação de nova reunião, etc.
Segundo Mendes (2002):
Observações:
O correio eletrônico (e-mail), por seu baixo custo e 1. A ata será assinada e/ou rubricada por todos os
celeridade, transformou-se na principal forma de co- presentes à reunião ou apenas pelo Presidente e Rela-
municação para transmissão de documentos. tor, dependendo das exigências regimentais do órgão.

112
2. A fim de se evitarem rasuras nas atas manuscritas, 118. (Cespe/SEGER-ES) O seguinte início de ata respeita as
deve-se, em caso de erro, utilizar o termo “digo”, se- normas de redação de documentos oficiais:
guida da informação correta a ser registrada. No caso
de omissão de informações ou de erros constatados ATA DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DO
após a redação, usa-se a expressão “Em tempo” ao CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO MIRASSOL
final da ata, com o registro das informações corretas.
1. Aos treze dias do mês de junho do ano de dois mil
Modelo e dez, reuniram-se no salão de festas do Edifício Mi-
rassol os condôminos de seus apartamentos ou seus
representantes legais que vão abaixo-assinados.
2. Ao se iniciar a sessão, (...).
3. Logo a seguir foi lida a ata de número 143, referente
a assembleia de dezembro de 2009.

CARTA
Segundo Freitas (2004):

É a forma de correspondência emitida por particu-


lar, ou autoridade com objetivo particular, não se
confundindo com o memorando (correspondência
interna) ou o ofício (correspondência externa), nos
quais a autoridade que assina expressa uma opinião
ou dá uma informação não sua, mas, sim, do órgão
pelo qual responde. Em grande parte dos casos da
correspondência enviada por deputados, deve-se
usar a carta, não o memorando ou ofício, por estar o
parlamentar emitindo parecer, opinião ou informação
EXERCÍCIOS de sua responsabilidade, e não especificamente da
Câmara dos Deputados. O parlamentar deverá assinar
117. (Cespe/TJDFT) Observe o documento a seguir. memorando ou ofício apenas como titular de função
oficial específica (presidente de comissão ou membro
da Mesa, por exemplo).
ATA DA SALA 25
Estrutura
Realizou-se, na sala vinte e cinco, do prédio das Relações 1. Local e data.
Humanas, da Escola Martin Luther King, em Brasília, Distrito 2. Endereçamento, com forma de tratamento, desti-
Federal, dia primeiro de junho de dois mil e três, das quinze natário, cargo e endereço.
horas às dezoito horas e trinta minutos, portanto, com três 3. Vocativo.
horas e meia de duração, esta prova (anexa) de Conhecimentos 4. Texto.
Gerais e Específicos para o Cargo de Técnico Judiciário, do 5. Fecho.
Tribunal de Justiça do 10 Distrito Federal e dos Territórios 6. Assinatura: nome e, quando necessário, função
(TJDFT), conforme diz o Edital um de dois mil e três, tendo ou cargo.
comparecido todos os candidatos inscritos e, portanto, o índice
de abstensão foi de zero candidatos. Nada mais havendo a Observações:
constar, eu, MARIA DAS GRAÇAS LUZ FLORES, chefe de sala, 1. Se o gabinete usar cartas com frequência, poderá
lavrei esta ata que será assinada por mim, exprimindo a numerá-las. Nesse caso, a numeração poderá apoiar-
verdade dos fatos, sob o testemunho da fiscal de sala. Brasília, -se no padrão básico de diagramação.
1º/6/2003, Maria das Graças Luz Flores e Thomásia Aparecida 2. O fecho da carta segue, em geral, o padrão da
Silva. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx correspondência oficial, mas outros fechos podem
ser usados, a exemplo de “Cordialmente”, quando se
Assinale a opção incorreta a respeito do texto acima. deseja indicar relação de proximidade ou igualdade
a) A redatora da ata respeitou os requisitos formais de posição entre os correspondentes.
para a redação do documento, conforme os pre-
ceitos dessa tipologia de correspondência oficial. Modelo
b) A redatora, ao escrever por extenso os números
da sala, das horas, da duração da prova e do edital
Língua Portuguesa

cometeu erros de grafia e de adequação ao tipo de


documento.
c) A grafia do vocábulo “abstensão” está incorreta,
pois deveria ter sido escrito abstenção.
d) A passagem “exprimindo a verdade dos fatos” pode
ser suprimida do texto, uma vez que essa informa-
ção deve estar pressuposta em toda correspondên-
cia oficial.
e) O preenchimento do restante da linha após a última
assinatura visa evitar que outras pessoas possam
adulterar o final do texto.

113
DECLARAÇÃO 5. nome do signatário
6. rodapé
Segundo Freitas (2004):
EXERCÍCIOS
É o documento em que se informa, sob responsabili-
dade, algo sobre pessoa ou acontecimento. Observe o documento a seguir para responder os exercícios
119 a 124.
Estrutura
1. Título: DECLARAÇÃO, centralizado. Gestão Administrativa
2. Texto: exposição do fato ou situação declarada,
com finalidade, nome do interessado em destaque Atestado
(em maiúsculas) e sua relação com a Câmara nos ca-
sos mais formais. Atesto, para os devidos fins, que Fulano de Tal pres-
3. Local e data.
tou serviços administrativos ao Departamento de Recursos
4. Assinatura: nome da pessoa que declara e, no caso
Humanos nesta Secretaria no período de 30 de março de
de autoridade, função ou cargo.
1999 a 30 de setembro de 2003.
Observações:
1. A declaração documenta uma informação prestada Brasília, 10 de outubro de 2003.
por autoridade ou particular. No caso de autoridade,
a comprovação do fato ou o conhecimento da situa- 119. (Cespe/Metrô) Tendo por base o exemplo de documen-
ção declarada deve ser em razão do cargo que ocupa to oficial acima, julgue o seguinte item, a respeito de
ou da função que exerce. expedientes administrativos.
2. Declarações que possuam características específi- A existência do timbre no topo desse tipo de docu-
mento dispensa a assinatura de quem emite.
cas podem receber uma qualificação, a exemplo da
“declaração funcional”.
120. (Cespe/Metrô) Tendo por base o exemplo de documen-
to oficial acima, julgue o seguinte item, a respeito de
Modelo expedientes administrativos.
Na construção “ao Departamento de Recursos Hu-
manos nesta Secretaria”, a falta do nome completo
da “Secretaria” desrespeita a clareza e a publicidade
exigida pela redação de documentos oficiais.

121. (Cespe/Metrô) Tendo por base o exemplo de documen-


to oficial acima, julgue o seguinte item, a respeito de
expedientes administrativos.
A colocação de local e data ao final desse documento é
opcional; poderia ser a primeira informação do texto.

122. (Cespe/Metrô) Tendo por base o exemplo de documen-


to oficial acima, julgue o seguinte item, a respeito de
expedientes administrativos.
A formação e a construção linguística de um atestado e
de uma declaração são semelhantes, mas apenas esta
última exige o carimbo do órgão expedidor.

123. (Cespe/Metrô) Tendo por base o exemplo de documen-


to oficial acima, julgue o seguinte item, a respeito de
expedientes administrativos.
Documentos oficiais como o apresentado – atestados,
declarações, ofícios e memorandos – devem ter sem-
ATESTADO pre como destinatário o público em geral; por isso, a
clareza, a objetividade e a precisão de informações não
Segundo o Manual de Comunicação Oficial do Governo constituem exigência relevante.
do Distrito Federal (FREITAS, 2006):
Língua Portuguesa

124. (Cespe/Metrô) Tendo por base o exemplo de documen-


É o documento pelo qual um servidor afirma a vera- to oficial acima, julgue o seguinte item, a respeito de
cidade de um fato ou a existência de uma situação de expedientes administrativos.
direito da qual tem conhecimento em razão do cargo Uma certidão tem objetivos semelhantes aos de um
que ocupa ou da função que exerce. atestado, mas distingue-se deste porque seus expedi-
dores devem ser empresas públicas.
Estrutura:
1. cabeçalho CERTIDÃO
2. denominação do documento
3. exposição do assunto Segundo o Manual de Comunicação Oficial do Governo
4. local e data do Distrito Federal (FREITAS, 2006):

114
É o documento revestido de formalidades legais pelo Modelo
qual a autoridade competente faz certa a existência
(ou a inexistência), nos arquivos de uma unidade
administrativa, de registro referente a determinado
ato ou fato.

Estrutura:
1. cabeçalho
2. denominação do documento
3. exposição do assunto
4. local e data
5. identificação do signatário
6. rodapé

REQUERIMENTO
Segundo Freitas (2004):

É o instrumento por meio do qual o interessado re-


quer a uma autoridade administrativa um direito do EXERCÍCIOS
qual se julga detentor.
125. (Cespe/TJDFT) Observe o documento a seguir.
Estrutura
1. Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário),
ou seja, da autoridade competente. Brasília, 1º de junho de 2003.
2. Texto, incluindo:
a) Preâmbulo, contendo nome do requerente (gra-
fado em letras maiúsculas) e respectiva qualificação: Para a Coordenação de Concursos do CESPE/UnB,
nacionalidade, estado civil, profissão, documento de
Requerimento:
identidade, idade (se maior de 60 anos, para fins de
preferência na tramitação do processo, segundo a JOSÉ DA SILVA DOS SANTOS REIS,
Lei 10.741/03), e domicílio (caso o requerente seja devidamente inscrito no concurso para TÉCNICO
servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à JUDICIÁRIO do Tribunal de Justiça do Distrito Federal,
qualificação civil deve ser colocado o número do re- com a inscrição nº 197.542/03, VENHO, POR DIREITO
gistro funcional e a lotação); E MUI RESPEITOSAMENTE, solicitar a Vocês a emissão
b) Exposição do pedido, de preferência indicando os de uma certidão de comparecimento nesta prova
realizada nesta data supracitada, uma vez que hoje
fundamentos legais do requerimento e os elementos
estou trabalhando em turnos e preciso comprovar
probatórios de natureza fática. meu afastamento do serviço no período da tarde, para
3. Fecho: realizar o referido exame.
“Nestes termos, Nesses termos, peço aceitação do meu pedido
Pede deferimento”. e AGUARDO DEFERIMENTO.
4. Local e data.
5. Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou Atenciosamente,
cargo.
José da Silva dos Santos Reis.
Observações:
1. Quando mais de uma pessoa fizer uma solicitação, Com respeito ao texto acima, assinale a opção correta.
reivindicação ou manifestação, o documento utilizado a) O lugar correto para a colocação da data é à esquer-
será um abaixo-assinado, com estrutura semelhante da, e não à direita, como se encontra no documento.
à do requerimento, devendo haver identificação das b) O tipo de documento adequado para tal finalidade
assinaturas. não é o requerimento e, sim, o ofício.
2. A Constituição Federal assegura a todos, indepen- c) Em vez do pronome de tratamento “Vocês”, o re-
Língua Portuguesa

dentemente do pagamento de taxas, o direito de pe- dator deveria ter empregado Vossas Excelências.
tição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou d) O candidato deveria ter solicitado uma declaração,
contra ilegalidade ou abuso de poder (art. 5º, XXXIV, e não uma certidão.
“a”), sendo que o exercício desse direito se instrumen- e) O fechamento “Atenciosamente” deveria constar
antes do pedido de deferimento.
taliza por meio de requerimento. No que concerne
especificamente aos servidores públicos, a lei que 126. (Cespe/Seger-ES) Julgue o item a seguir, com base nas
institui o Regime Único estabelece que o requerimen- orientações acerca dos expedientes oficiais.
to deve ser dirigido à autoridade competente para Em declarações, atestados e requerimentos, o local e
decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a a data devem ser colocados ao final do documento,
que estiver imediatamente subordinado o requerente antes da identificação do emitente, de acordo com o
(Lei nº 8.112/1990, art. 105). seguinte padrão:

115
Vitória, 29 de fevereiro de 2011. EXERCÍCIOS
128. (Iades/Seap/PGDF/Técnico Jurídico) Observe o docu-
mento a seguir.
DISTRITO FEDERAL
PROCURADORIA-GERAL DO DISTRITO FEDERAL
Joaquim José da Silva Xavier PROCURADORIA DE PESSOAL
Chefe da Seção LXII
Parecer nº: 11212
Processo nº: 017.001.119/2010
127. (Cespe/Aneel) Julgue o item a seguir, com base nas
orientações acerca dos expedientes oficiais. Interessado: Sylvanira de Souza Aguiar
O fecho das comunicações é obrigatório em qualquer Assunto: Requisição de Pequeno Valor
tipo de documento oficial e restringe-se a apenas dois:
Trata-se do Parecer nº 11212/2010 – PROPES/PGDF, subscri-
Respeitosamente e Atenciosamente, a depender da to pela Dra. Anita Mariana da Silva e pela Procuradora-Coordenadora
relação hierárquica existente entre o remetente e o de Pessoal Celetista do Distrito Federal, Dra. CRISTINA FORT, opinando
destinatário. pelo regular processamento desta Requisição de Pequeno Valor – RPV,
encaminhada pelo egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região,
que determinou o pagamento do valor de R$ 260,65 (duzentos e ses-
PARECER senta reais e sessenta e cinco centavos).
Não obstante, verifica-se que a presente requisição foi expedi-
Segundo Freitas (2004): da após 9 de dezembro de 2009, razão pela qual devem ser aplicadas as
alterações constantes dos §§ 9º e 10 do art. 100 da Constituição Federal,
É a opinião fundamentada, emitida em nome pessoal inseridas pela Emenda Constitucional nº 62/2009.
Desse modo, conforme consulta anexa ao Sistema Integrado
ou de órgão administrativo, sobre tema que lhe haja de Tributação e Administração Fiscal – SITAF, observa-se que existem
sido submetido para análise e competente pronun- débitos em nome do patrono do interessado, motivo porque deverá ser
ciamento. Visa a fornecer subsídios para tomada de peticionado em juízo para que seja requerida a expedição de nova RPV,
decisão. com a devida compensação dos valores informados. Diante do exposto,
DEIXO DE APROVAR o opinativo em tela, tendo em vista que a RPV não
Estrutura se encontra em consonância com o art. 100 da Constituição Federal.
1. Número de ordem (quando necessário). Brasília-DF, 29 de abril de 2010.
2. Número do processo de origem.
3. Ementa (resumo do assunto). JOÃO PAULO SIBERIRA LIMA
4. Texto, compreendendo: Procurador-chefe da Procuradoria de Pessoal
a) Histórico ou relatório (introdução);
b) Parecer (desenvolvimento com razões e justifica- Baseado nas normas de correspondências oficiais, as-
tivas); sinale a alternativa correta.
c) Fecho opinativo (conclusão). a) O Parecer é um exame apurado que se faz sobre
5. Local e data. determinado assunto, com apresentação funda-
6. Assinatura, nome e função ou cargo do parecerista. mentada de solução e, conforme as circunstâncias,
pode ser de opinião favorável ou contrária.
Observações: b) O título e o número do processo são sempre em
1. Além do Parecer Administrativo, acima conceitua- letra minúscula.
do, existe o Parecer Legislativo, que é uma proposi- c) O Parecer, por ser um documento oficial sem vin-
ção, e, como tal, definido no art. 126 do Regimento culação nenhuma com outra correspondência, tem
Interno da Câmara dos Deputados. como objetivo principal fornecer subsídio para a
2. O desenvolvimento do parecer pode ser dividido tomada de decisões.
em tantos itens (e estes intitulados) quantos bastem d) O documento acima segue as normas padronizadas
ao parecerista para o fim de melhor organizar o as- pelo Manual de Redação Oficial da Presidência da
sunto, imprimindo-lhe clareza e didatismo. República.
e) Com as exigências de quórum, pareceres e publi-
Modelo cações, todas as demais formalidades regimentais,
ente elas os prazos, são dispensadas com a adoção
da urgência urgentíssima.

RELATÓRIO
Segundo Freitas (2004):
Língua Portuguesa

É o relato expositivo, detalhado ou não, do funciona-


mento de uma instituição, do exercício de atividades
ou acerca do desenvolvimento de serviços específicos
num determinado período.

Estrutura
1. Título – RELATÓRIO ou RELATÓRIO DE...
2. Texto – registro em tópicos das principais atividades
desenvolvidas, podendo ser indicados os resultados
parciais e totais, com destaque, se for o caso, para os
aspectos positivos e negativos do período abrangido.

116
O cronograma de trabalho a ser desenvolvido, os
quadros, os dados estatísticos e as tabelas poderão 4. Considerações finais
ser apresentados como anexos. .........................................................................................................
3. Local e data. .........................................................................................................
4. Assinatura e função ou cargo do(s) funcionário(s)
relator(es). Brasília, .....de .... de 200...

Observações: Nome
1. No caso de Relatório de Viagem, aconselha-se Função ou Cargo
registrar uma descrição sucinta da participação do
servidor no evento (seminário, curso, missão oficial
e outras), indicando o período e o trecho compre-
endido. Sempre que possível, o Relatório de Viagem Exercícios de Concurso
deverá ser elaborado com vistas ao aproveitamento
efetivo das informações tratadas no evento para os 129. (Cespe/Crea-DF) A respeito da redação de expedientes,
trabalhos legislativos e administrativos da Casa. julgue o item a seguir.
2. Quanto à elaboração de Relatório de Atividades, São exemplos de documentos incluídos no conjunto
deve-se atentar para os seguintes procedimentos: expedientes as atas, os relatórios, os memorandos e
a) abster-se de transcrever a competência formal das os requerimentos.
unidades administrativas já descritas nas normas in-
ternas; 130. (Cespe/Crea-DF) A respeito da redação de expedientes,
b) relatar apenas as principais atividades do Órgão; julgue o item a seguir.
c. evitar o detalhamento excessivo das tarefas exe- O relatório é um documento que expõe o que se obser-
cutadas pelas unidades administrativas que lhe são vou a respeito de uma situação específica e é redigido
subordinadas;
por comissão ou pessoa responsável pela descrição e
d) priorizar a apresentação de dados agregados, gran-
análise dos fatos. Difere, portanto, da ata, que é o re-
des metas realizadas e problemas abrangentes que
foram solucionados; gistro dos fatos ocorridos em reuniões ou assembleias
e) destacar propostas que não puderam ser concre- de entidades públicas ou particulares.
tizadas, identificando as causas e indicando as prio-
ridades para os próximos anos; DESPACHO
f) gerar um relatório final consolidado, limitado,
se possível, ao máximo de 10 (dez) páginas para o Segundo Freitas (2004):
conjunto da Diretoria, Departamento ou unidade
equivalente. É o pronunciamento de autoridade administrativa
em petição que lhe é dirigida, ou ato relativo ao an-
Modelo
damento do processo. Pode ter caráter decisório ou
CÂMARA DOS DEPUTADOS apenas de expediente.
ÓRGÃO PRINCIPAL
Órgão Secundário Estrutura
1. Nome do órgão principal e secundário.
RELATÓRIO 2. Número do processo.
Introdução 3. Data.
Apresentar um breve resumo das temáticas a serem abordadas.
4. Texto.
Em se tratando de relatório de viagem, indicar a denominação do
5. Assinatura e função ou cargo da autoridade.
evento, local e período compreendido.

Tópico 1 Observação: O despacho pode constituir-se de uma


Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado. palavra, de uma expressão ou de um texto mais longo.
.........................................................................................................
......................................................................................................... Modelo
Tópico 1.1
Havendo subdivisões, os assuntos subsequentes serão apresenta-
dos hierarquizados à temática geral. CÂMARA DOS DEPUTADOS
......................................................................................................... ÓRGÃO PRINCIPAL
......................................................................................................... Órgão Secundário
Língua Portuguesa

Tópico 2 Processo n. ...........


Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado. Em..../..../200...
.........................................................................................................
.........................................................................................................
Tópico 3 (Texto) ..............................................................................................
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado. .........................................................................................................
......................................................................................................... .........................................................................................................
.........................................................................................................
Tópico 3.1 Nome
......................................................................................................... Função ou Cargo
.........................................................................................................

117
DESPACHO DECISÓRIO dos conhecidos atos administrativos. Destacam-se
as comunicações oficiais, que devem observar os
Segundo o Manual de Comunicação Oficial do Governo preceitos norteadores de elaboração dos atos ad-
do Distrito Federal (FREITAS, 2006): ministrativos. Assim, são apresentadas as principais
características desses atos.
É o meio formal por que uma autoridade decide so- Segundo Di Pietro, tem-se que ato administrativo “é a
bre solicitação recebida ou determina a adoção de declaração do Estado ou de quem o represente, que
providências sobre assunto. produz efeitos jurídicos imediatos, com observância
da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeito
Estrutura a controle pelo Poder Judiciário”.
1. cabeçalho
2. denominação do documento Elementos do ato administrativo
3. data O direito positivo brasileiro, na Lei n° 4.717, de 29 de
4. referências junho de 1965, dispõe, em seu art. 2º, que os atos
5. assunto administrativos possuem cinco elementos para sua
6. exposição do assunto formação, a saber: competência, finalidade, objeto,
7. identificação do signatário forma e motivo.
8. rodapé • Competência: é a faculdade atribuída por lei a
agente público para a prática do ato. A competência
administrativa é intransferível e improrrogável pela
DESPACHO INTERLOCUTÓRIO vontade dos interessados, entretanto, poderá ser
delegada e avocada nos termos da lei.
Segundo o Manual de Comunicação Oficial do Governo • Finalidade: é o resultado que se quer alcançar com
do Distrito Federal (FREITAS, 2006): a prática do ato. É o efeito mediato que o ato produz.
Não se compreende ato administrativo sem fim pú-
É o meio formal por que uma autoridade administra- blico. A alteração da finalidade de interesse público
tiva encaminha, à apreciação de outra, documento caracteriza desvio de poder e o ato administrativo que
que havia sido submetido a sua consideração. não atinge o interesse público deverá ser invalidado.
• Objeto: é o efeito jurídico imediato produzido. É a
Estrutura: criação, a modificação ou a comprovação de situa-
1. expressão introdutória (quando pertinente) ções jurídicas concernentes a pessoas, a coisas ou a
2. expressão de encaminhamento atividades sujeitas à atuação do Poder Público. Diz-se
3. data que o objeto identifica-se com o conteúdo do ato. Por
4. identificação do signatário meio dele a administração manifesta o seu poder e a
sua vontade ou atesta simplesmente situações pré-
EXERCÍCIO -existentes. Nesse sentido, o objeto deverá ser lícito,
possível, certo e moral.
131. (Iades/Seap/PGDF/Técnico Jurídico) Julgue o item se- • Forma: a forma em que a Administração Pública
guinte acerca da redação de correspondências oficiais. deverá exteriorizar o ato administrativo constitui
Despacho é uma decisão emitida por uma autoridade elemento vinculado e indispensável à sua perfeição.
administrativa, sobre exposição de motivos, parecer, A inexistência da forma induz à inexistência do ato
informação, requerimento ou outros papéis submeti- administrativo. Como regra, a forma do ato adminis-
dos pelas partes a seu conhecimento e solução. trativo é a escrita, embora existam atos consubstan-
ciados em ordens verbais, e até mesmo em sinais con-
ATOS ADMINISTRATIVOS vencionais, como ocorre nas sinalizações de trânsito,
nas instruções momentâneas de superior a inferior
Segundo o Manual de Comunicação Oficial do Governo hierárquico, nas determinações da polícia em casos
do Distrito Federal (FREITAS, 2006): de urgência. A rigor, ato escrito em forma legal não
se exporá à invalidade.
Administração Pública, em sentido subjetivo, compre- • Motivo: é a situação de direito ou de fato que deter-
ende as pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos mina ou autoriza a realização do ato administrativo.
que exerçam a função administrativa e, em sentido O motivo, como elemento integrante da perfeição do
objetivo, a atividade administrativa exercida pelos ór- ato, pode vir expresso em lei ou pode ser deixado a
gãos do Governo do Distrito Federal. Para a execução critério do administrador.
desta função, deve-se observar o que dispõe a Carta Tratando-se de motivo vinculado pela lei, o agente
Magna, no caput do artigo 37 – “A administração da Administração, ao praticar o ato, fica na obrigação
Língua Portuguesa

pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da de justificar a existência do motivo, sem o qual será
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- inválido ou pelo menos invalidável por ausência da
cípios obedecerá aos princípios de legalidade, im- motivação.
pessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.
Pode-se dizer que os atos praticados no exercício des- Ato administrativo normativo
sa função são atos da Administração, como esclarece Conceito:
Maria Sylvia Zanella Di Pietro em sua obra Direito Atos são determinações expedidas por autoridade
Administrativo: “todo ato praticado no exercício da administrativa competente que estabelecem normas
função administrativa é ato da Administração”. ou regras, com vistas à correta aplicação da lei.
Os atos da Administração podem ser classificados sob Atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter
diferentes aspectos e abrangem vários tipos, além normativos, ou estabelecem regras de conduta dos

118
cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos • O conteúdo de cada artigo deverá restringir-se a
públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração um único assunto ou princípio.
for empregada na linguagem adequada. • Cada artigo poderá conter apenas uma regra, ex-
Segundo Hely Lopes Meirelles, “atos administrativos pressa em uma única frase.
normativos são aqueles que contêm um comando • O caput dos artigos não poderá ser desdobrado
geral do Executivo, visando à correta aplicação da em incisos se já tiver sido complementado por pa-
lei. O objetivo imediato de tais atos é explicitar a rágrafos.
norma legal a ser observada pela Administração e • Os parágrafos deverão explicar ou modificar – sem-
pelos administrados”. pre que possível, por meio de uma única frase – a
Antes de ser exposta a padronização de cada um des- disposição principal de um artigo.
ses atos e as respectivas conceituações, estruturas, • Os aspectos complementares e as exceções à regra
características e exemplificações, serão apresentados estabelecida no caput do artigo deverão ser expres-
alguns aspectos da técnica legislativa adotada na Ad- sos por meio de parágrafos.
ministração Pública. • As discriminações ou enumerações deverão ser
feitas por meio de incisos, alíneas ou itens.
Sistemática dos atos administrativos normativos • Os incisos deverão complementar o sentido oracio-
Assim como as leis, os atos administrativos normati- nal do caput de um artigo (ou parágrafo) ou explicitar
vos deverão ser estruturados de modo que suas dis- normas contidas em princípio ou termo do caput de
posições se revelem coerentes entre si, organizadas
um artigo (ou parágrafo).
em um sistema harmônico, redigidas com precisão,
• As alíneas deverão complementar o sentido ora-
clareza, concisão e coesão. É recomendável que eles
se submetam, no que couber, às determinações da cional de um inciso – e jamais de um artigo ou de
Lei Complementar nº 13, de 3 de setembro de 1996 – um parágrafo.
republicada no Diário Oficial do Distrito Federal de 22 • Os itens deverão complementar o sentido oracional
de outubro de 1996 –, que dispõe sobre a elaboração, de uma alínea – e jamais de um artigo, de um pará-
redação, alteração e consolidação das leis do Distrito grafo ou de um inciso.
Federal. Desse modo, destacam-se a seguir alguns cri- • Os primeiros artigos dos atos administrativos nor-
térios de sistematização e algumas orientações gerais mativos extensos deverão indicar o objeto e o âmbito
para a redação dos atos administrativos normativos. de aplicação desses atos.

Critérios de sistematização dos atos administrativos Agrupamentos de artigos


normativos • Os artigos de um ato administrativo normativo po-
Os atos normativos destinam-se a regulamentar derão reunir-se em unidades de agrupamento, de
grande variedade de situações e matérias e, como a acordo com a afinidade existente entre os assuntos
natureza de cada objeto condiciona – ao menos par- de que tratam.
cialmente – a organização de um ato, muitos são os • O agrupamento de artigos terá por base o capítulo.
critérios de sistematização dos atos administrativos • O capítulo poderá ser dividido em duas ou mais
normativos. No entanto, algumas regras básicas de- seções e cada seção, em duas ou mais subseções.
verão ser adotadas e poderão ser enunciadas, ainda • Os capítulos poderão ser agrupados em título.
que exista grande margem de discricionariedade para
a escolha dos critérios a serem empregados. Orientações gerais para a redação dos atos admi-
O ato administrativo normativo deverá ser sistema- nistrativos normativos
tizado de tal modo que: Apresentam-se abaixo algumas orientações para
• as matérias nele contidas estejam vinculadas umas auxiliar o servidor incumbido da redação de atos
às outras por afinidade, pertinência ou conexão; administrativos normativos.
• os procedimentos nele disciplinados o sejam se- Ao redigir um ato normativo, deve-se:
gundo uma ordem cronológica; • ter delimitado com precisão e clareza o objeto e o
• o critério adotado seja preservado ao longo de todo âmbito de aplicação do ato;
o ato; • ter definida a finalidade que o ato pretende alcan-
• o texto seja disposto em unidades básicas: os ar- çar;
tigos; • conferir se existe base legal para a expedição do ato;
• os institutos diversos sejam regulamentados se- • cuidar para que o texto esteja em harmonia com
paradamente; o ordenamento jurídico, evitando assim estabelecer
• as matérias afins ou conexas sejam disciplinadas normas que:
em dispositivos próximos uns dos outros;
1. contrariem a Constituição Federal, a Lei Orgânica,
• as matérias que guardem afinidade objetiva sejam
as leis ou os princípios de direito,
agrupadas, segundo um mesmo critério, em títulos,
2. afrontem o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
Língua Portuguesa

capítulos, seções ou subseções.


ou a coisa julgada,
Articulação do texto 3. disciplinem matéria reservada a lei, em sentido
• Os textos dos atos administrativos normativos de- formal,
verão ser articulados e as unidades básicas dessa 4. disponham sobre objeto diverso, ampliem ou re-
articulação serão os artigos. duzam o âmbito de aplicação da norma legal que
• Os artigos poderão desdobrar-se em parágrafos ou visa regulamentar,
em incisos; os parágrafos, em incisos; os incisos, em 5. tratem de matéria suficientemente regulamentada
alíneas; as alíneas, em itens. por normas já existentes – redundância, ou
• Os parágrafos, os incisos, as alíneas e os itens de- 6. extrapolem a competência atribuída à autoridade
verão ser unidades de articulação complementar do expedidora;
artigo e não poderão existir independentes dele. • verificar a exequibilidade do ato normativo;

119
• regulamentar a matéria de modo que o objetivo • A fonte utilizada deverá ser Times New Roman de
almejado possa, de fato, ser alcançado com o ato cor preta e de tamanho 12.
normativo – eficácia; • O uso de outras cores estará reservado apenas à
• evitar restrições excessivamente burocráticas; impressão de emblemas, gráficos e ilustrações.
• identificar as normas já existentes que serão afe- • O espaçamento entre linhas deverá ser simples.
tadas; • O texto deverá estar com o alinhamento justificado.
• assegurar-se de que foram estabelecidas as me- • As linhas do texto não terão recuo da margem es-
didas necessárias à implementação das disposições querda.
normativas; • O espaço entre títulos, capítulos, seções, subseções,
• usar a norma culta da língua portuguesa; artigos, parágrafos, incisos, alíneas e itens deverá ser
• preferir o vocabulário jurídico consagrado pelo Di- de 0,5 cm.
reito ao vocabulário comum; • A numeração das páginas de um documento ocor-
• evitar as ambiguidades, os preciosismos e o empre- rerá somente a partir da segunda.
go de neologismos, de adjetivações desnecessárias
ou de vocábulos e expressões de línguas estrangeiras; Do artigo
• empregar, quando a norma versar sobre assunto • Os artigos deverão iniciar-se com a abreviatura
técnico, nomenclatura própria da área a que pertença “Art.” – tendo apenas a inicial em maiúsculo –, se-
o objeto regulamentado, salvo se vocábulos comuns guida de algarismo arábico.
puderem ser usados com precisão; • A numeração dos artigos de um ato normativo
• redigir por extenso quaisquer números indicado- deverá ser feita em ordem crescente e ininterrupta.
res de quantidade, fração, percentagem, medida ou • Os nove primeiros artigos de um ato normativo
valor, excetuadas as referências às datas, aos atos deverão ser numerados por meio dos algarismos or-
normativos ou aos dispositivos de atos normativos e dinais “1º,” “2º”; “3º”, “4º”, “5º”, “6º”, “7º”, “8º” e
aqueles números de cuja redação prejudique a com- “9º”; os demais, por cardinais.
preensão do texto; • Entre a numeração em ordinais e o texto normativo,
• expressar valores monetários em algarismos ará- não será colocado nenhum sinal; depois da numera-
bicos, seguidos de sua indicação por extenso, entre
ção em cardinal, será colocado um ponto final.
parênteses;
• O texto de um artigo deverá iniciar-se com letra
• manter a uniformidade do tempo verbal em todo
maiúscula e terminar com ponto final, salvo se for
o texto, dando preferência ao presente ou ao futuro
desdobrado em incisos, caso em que deverá terminar
do presente do modo indicativo;
com dois-pontos.
• preferir orações afirmativas às negativas e a ordem
direta dos termos à indireta;
• evitar definição de conceitos e expressões diversa Do parágrafo
da que constar de lei ou ato administrativo normativo • Os parágrafos de um artigo que contém apenas um
ainda vigente; parágrafo deverão iniciar-se com a expressão “Pa-
• cuidar para que seja guardada a coerência entre rágrafo único” – tendo apenas a inicial do vocábulo
as definições legais que se fizerem necessárias no “Palavra” em maiúsculo, – seguida de ponto final.
texto da norma; • Os parágrafos de um artigo que contém mais de
• expressar as ideias, quando repetidas no texto, por um parágrafo deverão iniciar-se com o símbolo “§”,
meio das mesmas palavras, evitando o emprego de seguido de algarismo arábico.
sinonímias com propósito meramente estilístico; • Os parágrafos de um artigo têm numeração própria
• explicitar, junto à primeira ocorrência, o significado e independente da dos parágrafos de outros artigos.
das siglas, das abreviaturas e dos sinais aos quais se • A numeração dos parágrafos de um artigo deverá
fizerem referência no texto; ser feita em ordem crescente e ininterrupta.
• indicar expressamente o dispositivo a que se faz re- • Os nove primeiros parágrafos de um artigo deve-
missão, evitando expressões muitas vezes imprecisas rão ser numerados por meio dos algarismos ordinais
como “anterior”, “seguinte” ou similares; “1º,” “2º”; “3º”, “4º”, “5º”, “6º”, “7º”, “8º” e “9º”; os
• evitar o uso de vocábulos, expressões ou frases demais, por cardinais.
explicativas, esclarecedoras ou exemplificativas, tais • Entre a numeração em ordinais e o texto normativo,
como: “isto é”, “ou seja” e “por exemplo”; não será colocado nenhum sinal; depois da numera-
• explicitar, ainda que minimamente, o conteúdo dos ção em cardinal, será colocado um ponto final.
dispositivos dos outros atos normativos a que se faça O texto de um parágrafo deverá iniciar-se com letra
remissão. maiúscula e 1. dois-pontos, se o parágrafo for desdo-
brado em incisos; ou 2. ponto-final, nos demais casos.
Diagramação dos atos administrativos normativos
Língua Portuguesa

Na diagramação dos atos administrativos normativos Do Inciso


do Governo do Distrito Federal, deverão ser obser- • A numeração dos incisos deverá ser feita com alga-
vados os seguintes padrões de formatação, exceto rismos romanos em maiúsculo.
quando houver ressalvas em contrário, apresentadas • O algarismo que enumera os incisos deverá estar
nas configurações específicas: à esquerda do texto normativo e separado dele por
meio de um hífen.
Configurações gerais • O hífen deverá ser separado do algarismo e do texto
• O papel utilizado deverá ser branco e do tamanho normativo do inciso por meio de espaço em branco.
A4. • Os incisos de um artigo (ou de um parágrafo) têm
• As margens superior, inferior e direita deverão ser numeração própria e independente da dos incisos de
de 2 cm, e a esquerda, de 3 cm. outros artigos (ou parágrafos).

120
• A numeração dos incisos de um artigo (ou de um Dos capítulos, das subseções, das seções e dos tí-
parágrafo) deverá ser feita em ordem crescente e tulos
ininterrupta. • A denominação das unidades de agrupamento de-
• O texto de um artigo ou de um parágrafo não po- verá conter:
derá desdobrar-se em um único inciso. 1. o nome do tipo da unidade;
• O texto de um inciso deverá iniciar-se com letra 2. o algarismo romano em maiúsculo, que enumera
minúscula – exceto quando a norma culta da língua a unidade; e
portuguesa exigir o emprego de letra maiúscula – e 3. o nome do assunto disciplinado na unidade.
terminar com: • As denominações das unidades de agrupamento
1. dois-pontos, se o inciso for desdobrado em alíneas; deverão estar centralizadas.
2. ponto e vírgula, se o inciso anteceder imediatamen- • O nome do assunto tratado em cada unidade de
te outro inciso não for desdobrado em alíneas; ou agrupamento deverá ser iniciado pela preposição
3. ponto final, nos demais casos. “De”, contraída com o artigo apropriado: “o”, ”a”,
• Um dos conectivos “e” ou “ou” deverá ser utilizado ”os”, ”as”.
no penúltimo inciso, depois do ponto-e-vírgula, con- • O nome do tipo da unidade de agrupamento e o
forme sejam os dispositivos da sequência cumulativos algarismo que a enumera deverão estar separados
ou disjuntivos, respectivamente. por um espaço em branco.
• O nome do assunto disciplinado na unidade de
Da alínea agrupamento deverá estar na linha abaixo à do nome
• As alíneas deverão ser indicadas por meio de letras do tipo da unidade.
minúsculas do alfabeto da língua portuguesa, segui- • Os nomes das unidades que sejam capítulo ou título
das do parêntese “)”. e os nomes dos assuntos nelas disciplinados deverão
• A sequência de letras que indicam as alíneas de ser grafados em caixa alta.
um inciso deverá seguir a ordem alfabética e ser • Os nomes das unidades que sejam seção ou sub-
ininterrupta. seção e os nomes dos assuntos nelas disciplinados
• As alíneas de um inciso seguem sequência de in- deverão ser grafados com apenas as iniciais em mai-
dicadores própria e independente da das alíneas de úsculo, excetuadas a dos artigos e das preposições.
outros incisos.
• A letra indicadora de uma alínea deverá estar à Das remissões
esquerda do texto normativo. • As remissões a dispositivo de ato normativo iniciam-
• O texto normativo de uma alínea deverá iniciar-se -se pelo artigo, que, quando seguido do respectivo
com letra minúscula – exceto quando a norma culta número, é indicado pela abreviatura “art.” ou “arts.”,
conforme haja referência a um ou a mais de um arti-
da língua portuguesa exigir o emprego de letra mai-
go, respectivamente.
úscula – e terminar com:
• Caso existam, as remissões a unidades de articu-
1. dois-pontos, se a alínea for desdobrada em itens;
lação complementares do artigo deverão seguir-se
2. ponto e vírgula, se a alínea anteceder imediata-
ao número do artigo, devendo a da unidade mais
mente outra alínea e não for desdobrada em itens; ou
abrangente preceder a da menos – emprega-se, en-
3. ponto-final, nos demais casos. tão, a vírgula como sinal de separação das remissões
• Um dos conectivos “e” ou “ou” deverá ser utilizado às diferentes unidades.
na penúltima alínea, depois do ponto-e-vírgula, con- • Os parágrafos, quando seguidos do respectivo nú-
forme sejam os dispositivos da sequência cumulativos mero, deverão ser indicados pela abreviatura “§” ou
ou disjuntivos, respectivamente. “§§”, conforme haja referência a um ou mais pará-
• O texto de um inciso não poderá desdobrar-se em grafos, respectivamente.
uma única alínea.
Da ementa
Do item • O espaço entre a ementa e a epígrafe deverá ser
• A numeração dos itens deverá ser feita com alga- de 0,5 cm.
rismos arábicos. • A síntese do conteúdo ou da finalidade do ato admi-
• O algarismo que enumera um item deverá estar à nistrativo normativo deverá estar a 8 cm da margem
esquerda do texto normativo e ser seguido de ponto esquerda.
final. • A ementa deverá ser uma frase iniciada por um
• Os itens de uma alínea têm numeração própria e verbo na terceira pessoa do singular do presente do
independente da dos itens de outras alíneas. indicativo.
• A numeração dos itens de uma alínea deverá ser • A expressão “e dá outras providências” deverá ser
feita em ordem crescente e ininterrupta. evitada.
• O texto normativo de um item deverá iniciar-se • O ato administrativo normativo cuja finalidade prin-
Língua Portuguesa

com letra minúscula – exceto quando a norma culta cipal seja a de alterar outro deverá incluir, em sua
da língua portuguesa exigir o emprego de letra mai- ementa, a ementa do ato alterado.
úscula – e terminar com:
1. ponto e vírgula, se o item anteceder imediatamen- Do preâmbulo
te outro item, uma alínea, ou um inciso; ou • O espaço entre o preâmbulo e o campo anterior
2. ponto-final, nos demais casos. deverá ser de 0,5 cm.
• Um dos conectivos “e” ou “ou” deverá ser utilizado • O preâmbulo inicia-se com a denominação do ór-
no penúltimo item, depois do ponto e vírgula, confor- gão emitente (ou do cargo da autoridade signatária)
me sejam os dispositivos da sequência cumulativos do ato administrativo normativo, seguida da funda-
ou disjuntivos, respectivamente. mentação legal da competência para a emissão do
• O texto de uma alínea não poderá desdobrar-se ato, e encerra-se com a apresentação da ordem de
em um único item. execução.

121
• A denominação do órgão emitente ou a da auto- algarismos ordinais e da expressão “da República e
ridade signatária do ato deverá ser completa e sem de Brasília”.
abreviações, escrita em caixa alta, precedida do artigo • O número de anos de República será alterado anu-
definido a ela adequado e junto à margem esquerda. almente no dia 1º de janeiro, o de Brasília, em 21
• O fundamento legal da competência para a emissão de abril.
do ato deverá separar-se por vírgula da denominação • O fecho jamais poderá iniciar uma página; havendo
do autor. necessidade, transfere-se o último artigo do texto
• A ordem de execução consistirá em apenas uma das normativo para junto dele.
seguintes expressões, escrita em caixa alta e seguida
de dois-pontos: Da identificação do signatário
•DECRETA” ou ‘‘RESOLVE’’; a primeira, se o ato for • Se o signatário for o Governador, o nome completo
um decreto numerado; a segunda, nos demais atos da autoridade deverá ser grafado centralizado, em
administrativos normativos. caixa alta, sem o efeito de negrito e estar a 2 cm do
fecho.
Do texto normativo: cláusulas revogatória e de vi- • Se o signatário não for o Governador, o nome com-
gência pleto da autoridade deverá ser grafado centralizado,
• O espaço entre o texto normativo e o preâmbulo sem os efeitos de caixa alta e de negrito, apenas com
deverá ser de 0,5 cm se o texto for articulado; caso as iniciais maiúsculas (excetuados os artigos e as pre-
contrário, não haverá espaço entre esses campos. posições), e estar a 2 cm do fecho.
• O último artigo do texto normativo é, usualmente, • Na linha abaixo à do nome, deverá ser apresenta-
reservado para a apresentação dos atos ou das partes do, por extenso, o cargo ou a função do signatário
dos atos que, em face do novo regulamento, ficam – salvo se este for o Governador do Distrito Federal
revogados. –, sem os efeitos de caixa alta e de negrito, apenas
• A revogação deverá ser específica, isto é, indicar com as iniciais maiúsculas, excetuados os artigos e
precisamente os dispositivos que ficam revogados. as preposições.
• A cláusula revogatória genérica – “Revogam-se as • A identificação do signatário jamais poderá iniciar
disposições em contrário.” – deverá ser evitada, uma uma página; havendo necessidade, transfere-se o
vez que desnecessária; a derrogação de um dispo- último artigo do texto normativo para junto dela.
sitivo anterior será tácita e decorrente da simples • Acima do nome, deverá constar a assinatura do
incompatibilidade com a nova disciplina conferida signatário.
à matéria. • Os nomes completos dos Secretários de Estado que,
• Caso não haja a revogação de nenhum dispositivo em cumprimento ao art. 105, parágrafo único, inciso
normativo, o ato administrativo normativo não pos- II, da Lei Orgânica do Distrito Federal, referendarem o
decreto ou o ato assinado pelo Governador deverão
suirá cláusula revogatória.
estar grafados a 3 cm do nome do Governador, sem
• O início da vigência do ato administrativo normativo
os efeitos de caixa alta e de negrito, com apenas as
é, usualmente, disposto no penúltimo artigo do texto
iniciais em maiúsculo, excetuadas as dos artigos e das
normativo, antecedendo a cláusula de revogação. É
preposições.
recomendável que a expressão “entra em vigor na
data de sua publicação” seja utilizada apenas nos
atos normativos de menor repercussão; nos de maior, Apostila
sugere-se que seja estabelecido período de vacância
razoável para que deles se tenha amplo conhecimen- Segundo Freitas (2004):
to e que seja utilizada a cláusula “Este(a) nome do ato
É o aditamento que se faz a um documento com o
administrativo normativo entra em vigor após decor-
objetivo de efetuar retificação, atualização, escla-
ridos a quantidade de dias de sua publicação oficial.”.
recimento ou fixar vantagens, evitando-se assim a
expedição de um novo título ou documento.
Do fecho
• O espaço entre o fecho e o texto normativo deverá
Estrutura
ser de 0,5 cm.
1. Título: APOSTILA, centralizado.
• O fecho dos atos normativos deverá indicar, na 2. Texto: exposição sucinta da retificação, esclareci-
primeira linha, o local e a data e, na segunda, as mento, atualização ou fixação da vantagem, com a
referências ao ano em que se estiver em relação à menção, se for o caso, onde o documento foi pu-
Proclamação da República e à inauguração de Brasília blicado.
como Capital do Brasil. 3. Local e data.
• O local deverá ser composto apenas pelo nome da 4. Assinatura: nome e função ou cargo da autoridade
cidade e separado da data por vírgula.
Língua Portuguesa

que constatou a necessidade de se efetuar a apostila.


• Na indicação das datas, o dia e o ano deverão ser
expressos por algarismos arábicos; não se utilizará Observações:
zero à esquerda, nem ponto para separar a casa dos 1. Não deve receber numeração, sendo que, em caso
milhares; o primeiro dia deverá ser grafado em or- de documento arquivado, a apostila deve ser feita
dinal e o mês, por extenso, com inicial minúscula. abaixo dos textos ou no verso do documento.
• A frase que expressa o local e a data deverá estar 2. Em caso de publicação do ato administrativo ori-
centralizada e encerra-se com ponto final. ginário, a apostila deve ser publicada com a menção
• Na linha abaixo a do local e da data, deverá constar expressa do ato, número, dia, página e no mesmo
os anos em que se esteja em relação à Proclamação meio de comunicação oficial no qual o ato adminis-
da República e à inauguração de Brasília como Capital trativo foi originalmente publicado, a fim de que se
do Brasil, centralizados e apresentados por meio de preserve a data de validade.

122
Modelo Ordem de Serviço
Segundo Freitas (2004):
APOSTILA
É o instrumento que encerra orientações detalhadas
e/ou pontuais para a execução de serviços por órgãos
O (função) ........................................................................... subordinados da administração.
esclarece/declara que ...........................................................................
............................................................................. 14.1 Estrutura
1. Título: ORDEM DE SERVIÇO, numeração e data.
2. Preâmbulo e fundamentação: denominação da au-
Brasília, em ............................... toridade que expede o ato (em maiúsculas) e citação
da legislação pertinente ou por força das prerrogativas
Nome do cargo, seguida da palavra “resolve”.
Função ou cargo 3. Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser
dividido em itens, incisos, alíneas, etc.
4. Assinatura: nome da autoridade competente e
Portaria indicação da função.

Segundo Freitas (2004): Observação: A Ordem de Serviço se assemelha à


Portaria, porém possui caráter mais específico e de-
É o ato administrativo pelo qual a autoridade estabe- talhista. Objetiva, essencialmente, a otimização e a
lece regras, baixa instruções para aplicação de leis ou racionalização de serviços.
trata da organização e do funcionamento de serviços
dentro de sua esfera de competência. Modelo

Estrutura CÂMARA DOS DEPUTADOS


1. Título: PORTARIA, numeração e data. ÓRGÃO PRINCIPAL
2. Ementa: síntese do assunto. Órgão Secundário
3. Preâmbulo e fundamentação: denominação da
autoridade que expede o ato e citação da legislação ORDEM DE SERVIÇO N. ......, DE ..... / ...... /200...
pertinente, seguida da palavra “resolve”.
4. Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser O (FUNÇÃO), no uso de suas atribuições e/ou tendo em
dividido em artigos, parágrafos, incisos, alíneas e itens. vista o disposto (legislação), resolve ..................................................
5. Assinatura: nome da autoridade competente e ...........................................................................................................
indicação do cargo.
Nome
Observações: Função
1. Certas portarias contêm considerandos, com as
razões que justificam o ato. Neste caso, a palavra
“resolve” vem depois deles. Decreto
2. A Ementa justifica-se em portarias de natureza
normativa. Conforme o Manual de Comunicação Oficial do Governo
3. Em portarias de matéria rotineira, como nos casos do Distrito Federal (2006):
de nomeação e exoneração, por exemplo, suprime-
-se a ementa. Segundo Hely Lopes Meirelles, decretos “são atos
administrativos da competência exclusiva dos chefes
Modelo do Executivo, destinados a prover situações gerais
ou individuais, abstratamente previstas, de modo
CÂMARA DOS DEPUTADOS expresso, explícito ou implícito, pela legislação”.
ÓRGÃO PRINCIPAL . Decreto numerado
Órgão Secundário . Decreto não numerado (reservado para assuntos
de pessoal)

PORTARIA N. ....., de.. ../ .... /200... Estrutura do Decreto numerado:


Língua Portuguesa

1. epígrafe
(Ementa) 2. ementa
3. preâmbulo
O (FUNÇÃO), no uso das atribuições que lhe confere o 4. texto normativo
(legislação), resolve: 5. fecho
6. identificação do signatário
Art. 1º ............................................................................... 7. referenda, se for o caso
Nome Estrutura do Decreto não numerado:
Função 1. epígrafe
2. preâmbulo

123
3. texto normativo 6. Indicativos ordinais centralizados, referentes ao
4. fecho total de anos decorridos desde a programação da
5. identificação do signatário República e desde a inauguração de Brasília como
Capital do Brasil.
Configurações específicas:
• o papel utilizado deverá ser o padrão para decreto, Resolução
com o Brasão do Distrito Federal impresso em alto
relevo seco; Segundo Freitas (2004):
• a margem superior deverá ser de 7 cm, a inferior e
a direita de 2 cm e a esquerda de 3 cm; É o ato pelo qual órgãos colegiados estabelecem
• a epígrafe deverá estar centralizada, grafada em normas, diretrizes e orientações para consecução
caixa alta e com o efeito de negrito; de certos objetivos.
• a denominação do ato deverá compor-se da expres- 1. cabeçalho
são ‘‘DECRETO’’, seguida: do número do ato e da data 2. epígrafe
de expedição se o decreto for numerado, ou apenas 3. ementa
da data de expedição se o decreto não for numerado; 4. preâmbulo
• a data de expedição deverá separar-se do número 5. texto normativo
do ato por meio de vírgula, nos decretos numerados; 6. local e data
• a epígrafe encerra-se com ponto final. 7. identificação dos signatários
8. rodapé
Do texto normativo:
• o texto normativo deverá seguir as orientações e os Configurações específicas:
padrões apresentados na seção Sistemática dos Atos
Da epígrafe:
Administrativos Normativos deste manual, exceto por
• o espaço entre a denominação do ato e o cabeçalho
não ser articulado se o decreto for não numerado.
deverá ser de 1 cm;
• a epígrafe deverá estar centralizada, grafada em
Observações:
caixa alta e com o efeito de negrito;
• Os decretos numerados, na maioria das vezes, dis-
• a denominação do ato deverá compor-se da ex-
põem sobre regras gerais e abstratas que se dirigem pressão ‘‘RESOLUÇÃO’’, seguida do numero do ato e
a todas as pessoas que se encontram numa mesma data de expedição.
situação; os não numerados, sobre assuntos indivi-
duais, tais como nomeação, designação, exoneração, Do local e data:
punição, concessão de férias, dispensas etc. • o local e a data deverão estar centralizados e o espa-
• Nos decretos numerados, no final do texto cor- ço entre eles e texto normativo deverá ser de 0,5 cm;
respondente ao preâmbulo, vem escrito a palavra • os demais padrões de formatação são os apresen-
“DECRETA”. tados na seção Diagramação, da Introdução deste
• Nos decretos não numerados, no final do texto cor- manual.
respondente ao preâmbulo, vem escrito a palavra
“RESOLVE”. Da identificação dos signatários:
• Quando o decreto é publicado com incorreção, de- • a resolução deverá ser assinada por todos os mem-
verá ser remetido para republicação, contendo um bros do órgão colegiado;
(*) do lado direito da epígrafe do decreto e com a • a identificação de cada um dos signatários deverá
seguinte observação abaixo: “Republicado por haver seguir os padrões apresentados na seção Diagrama-
saído com incorreção do original, publicado no DODF ção, da Introdução deste manual, exceto por se ad-
nº ...., de..... de ...... de 200... . mitir que uma esteja ao lado da outra, quando forem
muitos os signatários.
Projeto de Lei
Observações:
Segundo o Manual de Comunicação Oficial do Governo – Os padrões de formatação do cabeçalho e do ro-
do Distrito Federal (2006): dapé são os apresentados na seção Diagramação, da
Introdução deste manual.
Instrumento utilizado para propor à Câmara Legis-
lativa do Distrito Federal a criação, transformação e EXERCÍCIOS
extinção de cargos e a fixação dos respectivos venci-
mentos, bem como outros assuntos de interesse do 132. (Cespe/PGR) Julgue se o trecho a seguir está grama-
Governo do Distrito Federal. ticalmente correto e se corresponde a fragmento do
Língua Portuguesa

gênero de texto indicado entre parênteses.


Estrutura: Vimos esclarecer que a inscrição é a formalização do
1. Título do documento, centralizado, em letras mai- cadastro na Previdência Social por meio da apresen-
úsculas, negrito, formado pela expressão PROJETO DE tação de documentos para a comprovação de dados
LEI ou PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR, conforme o pessoais e outras informações necessárias à caracte-
caso, seguida de espaços para o número sequencial rização profissional do trabalhador. (Ofício)
e para a data correspondente por extenso.
2. Ementa 133. (Cespe/PGR) Julgue se o trecho a seguir está grama-
3. Preâmbulo ticalmente correto e se corresponde a fragmento do
4. Texto do projeto de lei, seguido da cláusula de gênero de texto indicado entre parênteses.
vigência e, se for o caso, da cláusula de revogação. Os Conselheiros reunidos chegaram ao consenso de
5. Local e data por extenso, centralizados. que os trabalhadores devem ser informados e escla-

124
recidos sobre a exigência legal para ter direito aos be-
nefícios da Previdência Social: é necessário que façam 94. E 109. C 124. E
a inscrição e contribuam em dia. (Ata) 95. E 110. b 125. d
96. C 111. C 126. C
134. (Cespe/PGR) Julgue se o trecho a seguir está grama- 97. E 112. C 127. C
ticalmente correto e se corresponde a fragmento do 98. E 113. E 128. a
gênero de texto indicado entre parênteses. 99. c 114. E 129. C
100. E 115. C 130. C
ATENÇÃO 101. E 116. E 131. C
Os empregados domésticos, contribuintes individuais 102. C 117. b 132. C
e facultativos poderão usar o número do PIS/PASEP 103. discursiva 118. E 133. C
(caso tenha tido algum vínculo empregatício) para con- 104. discursiva 119. E 134. E
tribuir a Previdência Social. Dessa forma, o trabalhador 105. C 120. E 135. E
é dispensado de fazer novo cadastro, ou seja, nova 106. E 121. E 136. E
inscrição. (Relatório) 107. E 122. E
108. E 123. E
135. (Cespe/PGR) Julgue se o trecho a seguir está grama-
ticalmente correto e se corresponde a fragmento do
gênero de texto indicado entre parênteses.
Vimos solicitar informação quanto a necessidade de
o contribuinte individual (autônomos, empresários e
equiparados) recolher a Previdência Social uma alíquo-
ta de 20% do salário recebido no mês. (Parecer)

136. (Cespe/PGR) Julgue se o trecho a seguir está grama-


ticalmente correto e se corresponde a fragmento do
gênero de texto indicado entre parênteses.
Em resposta a sua consulta esclarecemos que, no caso
de prestação de serviços a empresa, o repasse pela
empresa empregadora ao INSS terá a alíquota de 11%.
(Requerimento)

GABARITO

1. C 32. C 63. E
2. E 33. E 64. C
3. C 34. C 65. E
4. C 35. C 66. E
5. E 36. E 67. E
6. C 37. E 68. E
7. E 38. d 69. E
8. E 39. C 70. C
9. C 40. C 71. C
10. E 41. C 72. E
11. C 42. E 73d.
12. C 43. C 74. c
13. E 44. E 75. C
14. E 45. C 76. E
15. E 46. C 77. a
16. C 47. C 78. c
17. E 48. E 79. c
18. C 49. E 80. discursiva
19. C 50. E 81. discursiva
20. E 51. E 82. C
Língua Portuguesa

21. E 52. C 83. E


22. C 53. C 84. C
23. C 54. C 85. E
24. C 55. d 86. E
25. C 56. C 87. E
26. E 57. C 88. C
27. E 58. E 89. E
28. C 59. c 90. C
29. E 60. C 91. C
30. C 61. C 92. E
31. C 62. E 93. E

125
IGP

SUMÁRIO

Inglês
Leitura, compreensão e interpretação de textos................................................................................................................. 36

Vocabulário............................................................................................................................................................................. 3

Importante: O enunciado das questões e as alternativas de resposta, serão formuladas na língua inglesa.
Inglês
Celson Lopes

LÍNGUA INGLESA Sinônimos e Antônimos

As duas seções seguintes visam avaliar seus conhecimen- Orientação: cada item apresenta duas palavras cujos
tos básicos da língua inglesa. significados são sinônimos ou antônimos. Se as duas pala-
vras possuírem significados semelhantes, sublinhe a letra S.
Word Comprehension – Compreensão de Palavras Se elas possuírem significados opostos, sublinhe a letra A.
Exemplos:
Orientação: cada palavra da coluna à esquerda tem uma stop go S A
palavra correspondente dentre as quatro opções à direita, speak talk S A
que deverá ser sublinhada.
Exemplo: Continue o exercício abaixo.
1. alive dead S A
shut – watch close sleep need
2. almost nearly S A
Nesse exemplo, a palavra que mais se aproxima em 3. awake asleep S A
significado à palavra shut é close. Portanto, a palavra close 4. calm quiet S A
foi sublinhada. 5. cease stop S A
Continue o exercício abaixo. 6. certain sure S A
7. cheap expensive S A
1. aid – help pain race value 8. choose select S A
2. amusing – funny straight proper real 9. completely entirely S A
3. answer – reply return touch save 10. consent agree S A
4. attempt – destroy mention try die 11. dangerous safe S A
5. begin – feel leave start promise 12. depart leave S A
6. beneath – within under around beside 13. difficult easy S A
7. center – middle peace school path
14. dirty clean S A
8. certainly – usually very surely suddenly
9. chair – paper truth hill seat 15. distant near S A
10. command – catch order burn treat 16. drop lift S A
11. correct – same long right quiet 17. dry wet S A
12. desire – open want marry paint 18. employ hire S A
13. discover – refuse sail travel find 19. enjoy like S A
14. enjoy – like offer remove surprise 20. enter leave S A
15. entire – young whole open proper 21. few many S A
16. fight – labor ship plant battle
22. find lose S A
17. finish – guess complete grow divide
18. hurry – seek taste rush wash 23. forget remember S A
19. imagine – tie suppose wait obey 24. friend enemy S A
20. labor – trip work strength letter 25. full empty S A
21. large – yellow round big middle 26. funny amusing S A
22. liberty – freedom mistake family method 27. future past S A
23. lift – raise practice smile meet 28. gift present S A
24. little – small brave same late
29. glad happy S A
25. near – pretty small real close
26. noise – sound maid company poem
30. hurt injure S A
27. observe – promise pull watch turn 31. journey trip S A
28. obtain – get turn hang enter 32. joy happiness S A
29. occur – reach happen gather thank 33. late early S A
30. people – gardens methods papers folks 34. locate find S A
31. perhaps – always maybe truly therefore 35. long short S A
32. permit – smile open allow move 36. low high S A
33. purchase – step buy listen dream
37. much little S A
34. quick – modern safe fast fresh
35. recall – trade understand throw remember
38. narrow wide S A
36. receive – cry get wonder mean 39. never always S A
37. remain – stay laugh watch trade 40. night day S A
38. request – wave ask ride care 41. public private S A
39. several – nice narrow proud some 42. ready prepared S A
40. sick – full true different ill 43. rich poor S A
41. silent – valuable warm still human 44. rough smooth S A
42. simple – ready short easy daily
45. same different S A
Inglês

43. single – thin one wide rich


44. speak – point talk hope see
46. sell buy S A
45. strike – wait trust fear hit 47. sorrow joy S A
46. sufficient – possible tall broken enough 48. strong weak S A

3
49. succeed fail S A NÃO MAIS, JÁ NÃO
50. tall short S A no longer
51. terrible awful S A
52. top bottom S A NOTÁVEL, VISÍVEL
53. true false S A remarkable, noticeable, prominent, outstanding,
54. ugly beautiful S A conspicuous, striking
55. under over S A
56. war peace S A OBJETIVO
57. work rest S A aim, goal, target, objective, purpose

SINÔNIMOS E ANÁLOGOS RELEVANTES OBSTÁCULOS, DIFICULDADES


obstacles, travails, hurdles
PARA PROVAS DE CONCURSOS PÚBLICOS
AO MESMO TEMPO QUE PARA, A FIM DE
even as so as to, in order to, to

ANTERIOR PESSIMISMO
former, prior, previous, preceding, antecedent gloom, hopelessness

CENTRAL, NO MEIO PESSIMISTA


midst, middle, core, hub bleak, gloomy, hopeless, pessimist

CENTRAL, MAIS IMPORTANTE POR EXEMPLO


core, gist for example, for instance

COMO SEMPRE POSTERIOR, PRÓXIMO, SEGUINTE


as ever latter, forthcoming, upcoming, next

DIFERENTE PRESTES A
different, diverse, divergent, disparate, various on the verge of, likely to, about to, on the brink of, to the
point of
DIFÍCIL, COMPLICADO, SEVERO
burdensome, troublesome, hard, severe, rough, harsh, PROVÁVEL, POSSÍVEL
strict, difficult probable, possible, likely

ESBOÇO QUASE
outline, sketch almost, nearly, approximately, roughly, close to, well-nigh,
about, as much as
ESTÁVEL
steady, fixed, stable, controlled QUESTÃO, ASSUNTO
matter, subject, issue
FÁCIL, TRANQUILO, TOLERANTE
easy, smooth, tolerant, lenient, merciful, mild, soft RESPONSÁVEL, CONFIÁVEL
liable, responsible, accountable
FORTE, POTENTE
strong, powerful, potent, forceful, robust, sound, healthy, RESULTADO, CONSEQUÊNCIA
intense, fierce outcome, result, consequence, issue
FRACO SEMELHANTE, SIMILAR
weak, feeble, frail, fragile, decrepit, powerless, impotent, similar, like, alike, akin, analogous, parallel, uniform,
faltering identical, equal, tantamount
GASTO SÉRIO
spending, expenditure, expenses somber, serious, grave, solemn, staid, sober, earnest
IMPOSSÍVEL ÚNICO
impossible
only, sole, single
IMPROVÁVEL
VOLUME, QUANTIDADE, TOTAL
improbable, unlikely
amount, sum, total, volume, aggregate
INTERNACIONAL, ESTRANGEIRO, EXTERIOR
internacional, offshore, abroad, foreign, overseas VERBOS
Inglês

NACIONAL ALCANÇAR
national, onshore, domestic accomplish, achieve, effect, fulfill, discharge, execute.

4
AMENIZAR, ALIVIAR, ATENUAR, ABRANDAR LIDERAR, CONDUZIR
mitigate, allay, relieve, alleviate, lighten, assuage lead, guide

ATINGIR, REALIZAR LIMITAR, RESTRINGIR


achieve, attain, accomplish limit, restrain, curb, hinder

AUMENTAR LIVRAR-SE DE
increase, raise, rise, enlarge, widen, protract, augment, get rid of, scrap, throw away
hike, surge
LUTAR, DISCUTIR
BUSCAR, PROCURAR fight, quarrel, wrangle
seek, search, look for
MELHORAR
CAIR, CAIR RAPIDAMENTE, MERGULHAR improve, better, boost, advance
slump, fall suddenly, drop, plunge (into), tumble
OBTER, ADQUIRIR
COMEÇAR, INICIAR obtain, get, acquire
begin, commence, start, initiate
PARAR, CESSAR, IMPEDIR
CONFIAR, DEPENDER stop, cease, quit, impede, stem [este é diferente de stem
trust, rely on, depend on from (originar)]

CONSIDERAR PARECER
consider, regard, reckon, account, take into account, take seem, look, appear
account of , take into consideration, deem, count
PASSAR POR, SOFRER (uma experiência)
CONTRATAR undergo
hire
POSSUIR
DEMITIR own
fire, dismiss
PREOCUPAR, SURPREENDER
DERROTAR rattle, faze, worry
defeat, rout, conquer, vanquish, subdue, reduce,
overthrow, beat PRODUZIR
yield
DESISTIR
quit, resign, give up PROIBIR
forbid, prohibit
ENFRAQUECER
weaken, undermine, enfeeble, debilitate, sap, wane, REDUZIR
subside reduce, decrease, lessen, diminish, abate, dwindle,
shorten, curtail, retrench (costs), abridge, abbreviate,
ESCONDER mitigate, slash, cut, dim
hide, conceal, disguise, mask, cloak, dissemble
RECUSAR
EVITAR refuse, reject, repudiate, spurn, deny
shun, avoid, evade
REFORÇAR, SUSTENTAR
EXIGIR, PEDIR underpin, support, uphold, champion, advocate, sustain,
demand, claim, request, require, ask back

EXPLORAR SATISFAZER
exploit (para obter vantagem); satisfy, fulfill
explore (buscar e descobrir)
SUPERAR
FALHAR surmount, overcome
fail

INCLUIR INGLÊS INSTRUMENTAL


include, encompass
Introdução
Inglês

LIDAR COM
deal with, cope with, tackle, address, handle, treat, Primeiramente, o aluno precisa aceitar que só haverá
manage, face entendimento de uma língua se essa for dominada.

5
O Inglês Instrumental proposto neste material de autoes­ INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 1
tudos dá‑se pela memorização de palavras (instrumentos)
formadoras do esqueleto de textos, por meio de exercícios O objetivo dessa seção é fixar, através de exercícios,
gramaticais que permitirão leitura e compreensão facilitadas. alguns constituintes básicos de qualquer texto.
Chamaremos as palavras de instrumentos, que podem ser:
– Instrumentos essenciais: ocorrem com mais fre­quência in
em textos. EM (ideia
on
– Instrumentos ocasionais: ocorrem com menos frequên­ principal)*
at
cia em textos.
É importante entender que os instrumentos ocasionais
for POR
podem se tornar essenciais para um determinado grupo de PARA
to A the O(S), A(S)
leitores. Pense nos analistas de sistemas, por exemplo. Eles
utilizam um vocabulário que deixa de ser ocasional e passa
a ser essencial, o que, para outros profissionais, é dispen- of a / an UM, UMA
DE
sável. Sem esse vocabulário, o analista de sistemas, nesse from
caso, não consegue manifestar a linguagem da computação this ESTE, ESTA, ISTO
adequadamente. O mesmo ocorre com os demais profissio- between
nais de outras áreas, com sua linguagem particular, técnica ENTRE
among these ESTES, ESTAS
e, portanto, essencial.
Os exercícios propostos são de tradução, associação e +
ESSE, ESSA,
estratégias de leitura, essenciais para a resolução de provas. with COM that AQUELE, AQUELA,
Seguem, ao final da apostila, as traduções e os gabaritos ISSO, AQUILO
das provas inseridas no final do conteúdo, bem como a
gramática básica da língua inglesa. ESSES, ESSAS,
Lembre‑se: “Sem o conhecimento da língua, não haverá without SEM those AQUELES,
comunicação”; por isso, tenha sempre um dicionário ao AQUELAS
seu alcance.
As frases utilizadas neste material foram, em sua maio­ria, before ANTES (DE)
extraídas do Cambridge International Dictionary of English.
Cambridge University Press, London, 1995. after DEPOIS (DE)

A tradução desenvolve três qualidades essen­ciais na


SOBRE, ACERCA DE,
aprendizagem de todas as línguas: precisão, clareza e about
APROXIMADAMENTE
flexibilidade. Treina o aprendiz a procurar (flexibilida-
de) pelas melhores palavras (precisão) para transmitir * in também significa dentro; on também significa sobre.
aquilo que se quer dizer (clareza). (DUFF, 1987, p. 7)

Para complementação de seus estudos, recomendo os EXERCÍCIO 1


seguintes sites: Traduza os termos abaixo, dando todas as respostas possí-
veis. Considere as devidas contrações.
Writing and grammar exercises
http://www.dianahacker.com/writersref/index.html 1) on the ‑_______________________________________
http://www.dianahacker.com/writersref/flash/gm_ 2) in a ‑_ ________________________________________
menu.asp
selecionar: BASIC GRAMMAR 3) at an ‑_ _______________________________________
GRAMMATICAL SENTENCES 4) on this ‑_______________________________________

Dictionaries 5) in that ‑_______________________________________


www.m‑w.com/dictionary.htm 6) at these ‑______________________________________
www.m‑w.com/
www.dictionary.cambridge.org/ 7) on those ‑_ ____________________________________
http://www.yourdictionary.com/ 8) of the ‑_______________________________________
http://dictionary.law.com/default2.asp
http://dictionary.reference.com/ 9) from a ‑_______________________________________
10) of an ‑_ ______________________________________
Translators
http://world.altavista.com/ 11) of this ‑_ _____________________________________
http://www.systransoft.com/index.html 12) from these ‑_ _________________________________
http://www.freetranslation.com/
http://www.babylon.com/ 13) of that ‑______________________________________
Inglês

http://www.free‑translator.com/ 14) from those ‑_ _________________________________

Prossigamos, agora, com os instrumentos essenciais. 15) to the ‑_ _____________________________________

6
16) for a ‑________________________________________ EXTRA 1
17) to an ‑_______________________________________
10) about the content 31) to the perceptions
18) for this ‑______________________________________
11) of the essay 32) of the kind
19) to that ‑______________________________________ 12) of the selection 33) in this field
20) for these ‑____________________________________ 13) on the comprehension 34) with the care
14) of a test 35) without the position
21) to those ‑_____________________________________ 15) on the line 36) of the subject
22) between the ‑_________________________________ 16) after the problem 37) with the conclusions
23) among these ‑_________________________________ 17) from the experience 38) of the evidence
18) to these words 39) in the case
24) between those ‑_______________________________ 19) in this way 40) of a scientist
25) with the ‑_____________________________________ 20) before the choice 41) of the makers
26) without a ‑____________________________________ 21) of the dictionary 42) in the capital
22) of an experience 43) for the adoption
27) with a ‑_ _____________________________________ 23) in the context 44) with the power
28) without this ‑_________________________________ 24) of the time 45) with an alternative
29) with that ‑____________________________________ 25) from the emphasis 46) of the language
26) with a framework 47) in this country
30) without these ‑________________________________ 27) of a scheme 48) of the death
31) with those ‑___________________________________ 28) of these beliefs 49) at the moment
29) about the issue 50) about the task
32) after the ‑_ ___________________________________
30) to the world 51) of the assumptions
33) before a ‑_____________________________________
34) after an ‑_____________________________________
INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 2
35) before this ‑___________________________________
Verbo (be) + verbo + ing = em geral, lê‑se no gerúndio.
36) after that ‑____________________________________ e.g.: I am working. (Eu estou trabalhando.)
37) before these ‑_________________________________ Verbo (be) + verbo – ing = em geral, lê‑se na voz passiva.
e.g.: The car was washed by John. (O carro foi lavado
38) after those ‑_ _________________________________ por João.)
Obs.:
39) about the ‑_ __________________________________
a) A partícula by (= por) normalmente acompanha essa
40) about a ‑_____________________________________ estrutura frasal (voz passiva).
Nota‑se que estamos comparando as vozes ativa e
41) about this ‑___________________________________ passiva.
42) about that ‑___________________________________ b) Atenção! Na frase, “They are committed to working
hard”, não há voz passiva, mas um verbo de ligação (are)
43) about these ‑__________________________________ e um adjetivo (committed) – Eles estão comprometidos a
trabalhar duro. Portanto, atente para a construção da frase.
44) about those ‑__________________________________
Lembrete!
Note: Quando você aplicar esses instrumentos, você to be: forma infinitiva (ser / estar)
deverá antever o substantivo para proceder a uma leitura be: forma imperativa / forma mais simples
mais ágil. am / are / is: tempo presente
e.g.: In the beginning (beginning = início. Então, você was / were: tempo passado
lerá no começo). been: particípio passado (sido / estado)

EXERCÍCIO 2 EXERCÍCIO 3

Traduza: Obs: Este exercício objetiva tão somente a tradução, sem,


1) with the information necessariamente, a preocupação com o estudo de vozes
2) at this time verbais (ativa e passiva).
3) for those nations
Traduza os fragmentos abaixo.
4) from the beginning
5) with the end 1) ...I am thinking_ ________________________________
6) of these exercises 2) ...it was informed_ ______________________________
Inglês

7) with these results


8) in this book 3) ...he is making the choice_________________________
9) of the products 4) ...it was acquired by_ ____________________________

7
5) ...it is evolving__________________________________ e.g.: I have worked a lot these days. (Eu trabalhei muito
6) ...it was developed by____________________________ estes dias.)
A tradução dessa frase pode ser feita de outra manei-
7) ...it is applied___________________________________ ra, “Eu tenho trabalhado muito estes dias”. As duas
8) ...they are beginning_____________________________ traduções são possíveis. Se o texto der a ideia de ação
que se iniciou no passado e ainda não terminou, use
9) ...it was given_ _________________________________ a última tradução, mas se ele der a ideia de passado,
10) ...it is becoming________________________________ somente, use a primeira tradução.
11) ...it was deduced_______________________________ Note: Se had + verbo – ing, então todos os verbos serão
lidos.
e.g.: I had worked a lot before she got home. (Eu tinha
EXTRA 2 trabalhado muito antes de ela chegar em casa.)

12) ... they are acting 42) ... it was recorded by • Alguns verbos auxiliares
13) ... it was founded by 43) ... they are producing Will: lê‑se o próximo verbo no futuro do presente.
Would: lê‑se o próximo verbo no futuro do pretérito.
14) ... they are collecting 44) ... it is supplied
15) ... it is intended 45) ... they are promoting • Verbos auxiliares utilizados em negativas e interro­
16) ... it was conceded 46) ... they were changed gativas quando o verbo be encontra‑se ausente.
Do: lê‑se o próximo verbo no presente simples.
17) ... it was interrupted by 47) ... they are solving
Does: lê‑se o próximo verbo no presente simples.
18) ... they are creating 48) ... it was communicated Did: lê‑se o próximo verbo no passado simples.
19) ... it was pretended 49) ... they were taxed Note: A diferença entre as frases I worked a lot yes-
20) ... it is describing 50) ... it was questioned terday e I have worked a lot these days está no ad-
vérbio de tempo (yesterday – tempo definido; these
21) ... they were produced by 51) ... they are translating
days – tempo indefinido). Gramaticalmente, tem‑se
22) ... they are dictating 52) ... it was predicted past simple (tempo definido) e present perfect (tempo
23) ... it was promoted by 53) ... they are calling indefinido), respectivamente.
24) ... it is directing 54) ... it was understood
Lembrete!
25) ... it was proposed by 55) ... it is fighting to have – forma infinitiva (ter)
26) ... they are discussing 56) ... it was transmitted by have – forma imperativa / forma mais simples
27) ... they were charged 57) ... it is helping have / has – tempo presente
28) ... they are electing 58) ... they were received by
had – tempo passado
had – particípio passado (tido)
29) ... they were prosecuted 59) ... it is leading
30) ... it is evaluating 60) ... they were stolen Word Formation 1
31) ... they were fired 61) ... they are managing Associe as palavras à esquerda com os correspondentes
significados à direita.
32) ... it is evolving 62) ... it was given by
33) ... it was recognized by 63) ... they are reporting ADJECTIVE + ITY = NOUN
34) ... they are expecting 64) ... it was underlined
35) ... it was announced by 65) ... they are using 1) complex + ity = a) complexidade
complexity b) capacidade, poder,
36) ... it is explaining 66) ... they were bought 2) familiar + ity = eficiência
37) ... they were called 67) ... it is waiting familiarity c) informalidade, intimidade;
38) ... they are inspecting 68) ... they were found by 3) uncertain + ty = familiaridade
uncertainty d) incerteza
39) ... it was published by 69) ... they are working 4) capable + ity =
40) ... it is instructing 70) ... it was identified by capability
41) ... they are introducing 71) ... it is changing
ADJECTIVE + ‑LY = ADVERB
INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 3 1) certain + ly = a) anteriormente
certainly b) com olhar / de forma
• that – traduza por (que). Caso não sirva, use esse(a), 2) former + ly = crítica; de forma danosa
aquele(a), isso, aquilo. Serve para se referir a pessoas e formerly c) certamente
coisas. Obs.: em orações explicativas, seu uso é vedado. 3) critical + ly =
• which – traduza por (que) ou a(s) qual(is); o(s) qual(is). critically
Serve para se referir a coisas.
• who – traduza por (que) ou (quem). Serve para se EXERCÍCIO 4
referir a pessoas.
Inglês

• Verbo (have / has) + verbo – ing (particípio passado) = Traduza os fragmentos abaixo.
em geral, despreza‑se a leitura do have/has e had lê‑se 1) that all income_ ________________________________
no passado o verbo sem ing. 2) that are integrated______________________________

8
3) that are to receive priority________________________ INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 4
4) that bank accounts______________________________
Verbos Modais
5) that if Brazil____________________________________
6) that is recognized, understood and cherished by_ _____ 1) must = (have) to = (have) got to = dever, ter que (obri-
gação; extrema necessidade).
_______________________________________________
• must também tem a ideia de possibilidade (e.g.
7) that lays out_ __________________________________ Carol must be sick – “Carol deve estar doente” – é
8) that put forward________________________________ extremamente provável que Carol esteja doente).
9) that severely hit_ _______________________________ 2) might, may, can = poder: a) possibilidade; b) permis-
10) that the Brazilian currency_______________________ são (nesse caso, pode‑se usar (be) allowed to = estar
autorizado a.
11) that the budget for the year______________________
• might pode ser usado com a ideia de should. (e.g.
12) that the government___________________________ That woman was so rude – she might (=should)
13) that they are in danger__________________________ have apologized.)
14) which consider him_____________________________ 3) can (presente) / could (passado) = poder, conseguir,
15) which determine_______________________________ ser capaz de = (be) able to (capacidade, habi­lidade).
16) which generated_______________________________ • could também tem a ideia de sugestão (e.g. We
could go for a walk after work tomorrow).
17) which implement them_ ________________________
18) which is due to release__________________________ 4) should = ought to = dever, é bom que (necessidade,
sugestão, conselho = advice).
19) which is not approached by______________________ • should pode apresentar a ideia de possibilidade
20) which led_____________________________________ (e.g. Should you (=If you) ever need anything,
21) which means__________________________________ please don’t hesitate to contact me – Se você
precisar de qualquer coisa, não deixe de falar
22) which triggers booms and busts___________________ comigo)
23) which would correspond to_ _____________________ • should pode apresentar a ideia de would (e.g. We
should (=would) like to invite you for dinner next
24) who have opened______________________________ week.)

5) had better = dever, é melhor que (é mais enfático que


EXERCÍCIO 5 should e ought to).

Utilizando os instrumentos anteriores, traduza as frases 6) used to = costumava (hábitos antigos).


abaixo.
1) After that, who knows? 7) (be) used to (verb+ing) = estar acostumado a (verbo)
(e.g. Michael is used to working hard – Michael está
____________________________________________
acostumado a trabalhar muito).
2) I certainly do focus on wanting to ensure that we don’t
send the wrong message. 8) would rather = preferir
____________________________________________
3) I have always said that resolving the disputes from the Lembrete!
to do – forma infinitiva (fazer)
past was the least important thing that we did in those
do – forma imperativa / forma mais simples
agreements. do / does – tempo presente
____________________________________________ did – tempo passado
4) I started doing that just after I got the job. done – particípio passado (feito)
____________________________________________
Word Formation 2
5) I think that made a big difference.
VERB + ‑ION / ‑ATION / ‑ITION / ‑ISION = NOUN
____________________________________________
6) That is certainly one of the things we have strived to do 1) adapt + ation = a) integração
with each of these. adaptation b) amenização, suavização
____________________________________________ 2) apply + ation = c) informação
7) This is a company that has worked hard to settle cases. application d) adaptação
3) disrup + tion = e) inscrição, conexão,
____________________________________________ disruption aplicação, uso, dedicação,
8) It is natural, it is inevitable, that governments are going 4) inform + ation = aplicativo
to have more questions. information f) interrupção
____________________________________________ 5) integrate + ion =
Inglês

integration
9) It is this risk that leads to uncertainty.
6) mitigate + ion =

____________________________________________ mitigation

9
INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 5 EXTRA 3
11) There is an opportunity to resume the dialog at a later
VERBO THERE + (BE) date.
is ____________________________________________
HÁ 12) There are no negotiations with them.
are
____________________________________________
THERE was HAVIA 13) There will be an opportunity for negotiations.
were HOUVE ____________________________________________
14) There was a wealth of knowledge that could not be
will be
HAVERÁ known by a state.
is/are going to be
____________________________________________
would be HAVERIA 15) There is the problem of alienation.
____________________________________________
has been 16) There is the problem of people whose skills are made
have been HOUVE
redundant by machines.
had been TINHA HAVIDO ____________________________________________
must be 17) There is a need for education and retraining.
has to be DEVE HAVER (“TEM DE HAVER, TEM
____________________________________________
have to be QUE HAVER”)

INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 6
should be
DEVE HAVER (“É BOM QUE HAJA”) Adjetivo seguido de ‑er, intensifica o adjetivo.
ought to be
THERE bigger than– big (grande) + er = maior que
Adjetivo seguido de ‑est, intensifica o adjetivo.
may be PODE HAVER (“É POSSÍVEL QUE the biggest – big + est = o maior
might be HAJA”) Lembre que verbo seguido de ‑er determina uma função.
teach (ensinar); teacher – professor.
can be PODE HAVER (“É CAPAZ QUE HAJA”) (curto, baixo) short – shorter – the shortest
(pequeno) small – smaller – the smallest
(alto) high – higher – the highest
could be PODIA HAVER, PODERIA HAVER (baixo) low – lower – the lowest
(fácil) easy – easier – the easiest
used to be COSTUMAVA HAVER (tranquilo, educado) smooth – smoother – the smoothest

Note
EXERCÍCIO 6
• Use o comparativo para comparar duas coisas.
Which of these two brands of soap is better? (= Qual
Traduza as frases abaixo.
destas duas marcas de sabonete é melhor?)
1) There is a woman on the phone for you.
____________________________________________ • Use o superlativo para comparar três ou mais coisas.
2) There is no doubt who is the best candidate. Though Newman and Carry are impressive, Smith is
____________________________________________ the most qualified of the three candidates running
3) There is no way to prevent packages from being carried. for mayor. (= Apesar de Newman e Carry serem muito
____________________________________________ bons, Smith é o mais qualificado dos três candidatos
disputando para o cargo de prefeito.)
4) There is going to be more scrutiny.
____________________________________________ Comparação irregular
5) There is going to be a need to work more collaboratively (bom) good – better – the best
with people in government. (mau) bad – worse – the worst
____________________________________________ (pouco) little – less – the least
6) There is a greater need to work across the industry. (distante) far – farther – the farthest (dist. espa­cial)
(distante) far – further – the furthest (dist. temporal)
____________________________________________
I can’t see any farther than about ten meters because
7) There are a few themes I try to emphasize. of the fog.
____________________________________________ (Eu não consigo enxergar além de dez metros devido à
8) There had been a growing interest in trying to find a path. neblina.)
____________________________________________ We discussed the problem, but we didn’t get much
9) There are a lot of times that you don’t settle because further in actually solving it.
it’s not the right equation for the two sides. (Nós discutimos o problema, mas não avançamos muito
no sentido de realmente resolvê‑lo.)
Inglês

____________________________________________
As palavras more e the most formam, respectivamen-
10) There seemed to be a path toward agreement. te, o comparativo e o superlativo de superioridade da
____________________________________________ maioria das palavras com duas ou mais sílabas.

10
(inteligente) intelligent – more intelligent – the most EXTRA 4
intelligent
(poderoso) powerful – more powerful – the most powerful Traduza os fragmentos abaixo.
(empolgante) exciting – more exciting – the most exciting
1) a 20% cut_ __________________________________
(útil) helpful – more helpful – the most helpful
2) a 20% reduction______________________________
* Para adjetivos mais longos, usa‑se more e most (ou 3) Argentina’s average tariff rate_ __________________
less e least). Podemos dizer: _ __________________________________________
more exciting (=mais empolgante) ou less exciting
(menos empolgante) – the most exciting (=o mais 4) Argentina’s present economic situation____________
empolgante) ou the least exciting (=o menos empol- _ __________________________________________
gante) 5) Argentina’s problems__________________________
more helpful ou less helpful – the most helpful ou the
6) Argentina’s trade policy_ _______________________
least helpful
7) Argentina’s wages_____________________________
Note: 8) Brazil’s economic scenario______________________
Most anterior a adjetivo ou advérbio significa mais. 9) Brazil’s economy______________________________
Most anterior a substantivo significa maioria.
10) Brazil’s financial institutions_____________________
Michael is the most intelligent person I know. (Michael 11) Brazil’s monetary unit__________________________
é a pessoa mais inteligente que eu conheço) 12) Brazil’s president______________________________
The department needs three more computers in order 13) Brazil’s presidential election_____________________
to work most effectively.
14) Brazil’s upcoming presidential election____________
(O departamento precisa de mais três computadores para
trabalhar mais eficazmente.) _ __________________________________________
In this university, most of the students are from the 15) Britain’s budget_______________________________
Chinese community. 16) country’s economic fate________________________
(Nesta universidade, a maioria dos alunos são da comu-
17) country’s flag_ _______________________________
nidade chinesa.)
18) fiscal contraction measures_____________________
19) fiscal responsibility law_________________________
INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 7 20) in a nation’s government and economy____________
_ __________________________________________
Quando dois ou mais substantivos estiverem sequen­ 21) Lula’s possible victory__________________________
ciados, leia‑os de trás para frente usando a preposição “de”
(lembrando‑se de que pode ocorrer ’s entre eles). 22) Paraguay’s high fiscal deficit_____________________
e.g.: _ __________________________________________
The Conservative Party’s foreign policy. (A política estran- 23) pension system_______________________________
geira do Partido Conservador.)
24) President Fernando Henrique Cardoso’s administration
My jacket is here and Carl’s is over there. (Minha jaqueta
está aqui e a do Carl está bem ali.) _ __________________________________________
The Pacific Northwest fiber company. (A companhia de 25) spending cuts________________________________
fibra do noroeste do Pacífico.) 26) spending program____________________________
Bush’s decision turned the country’s economy upside
27) spending review______________________________
down. (A decisão de Bush virou a economia do país de ca-
beça para baixo.) 28) state employees’ salaries_______________________
Verbos no gerúndio, quando não precedidos por be, 29) The Government’s macroeconomic framework_ ____
podem ser lidos ou no gerúndio ou no infinitivo ou como _ __________________________________________
substantivos ou como adjetivos. (Em caso de dúvida, tente
30) This year’s budget_____________________________
nesta ordem: gerúndio, infinitivo, substantivo, adjetivo).
e.g.: Communications means methods of sending mes- 31) today’s reality________________________________
sages. 32) Uncle Sam’s taxman___________________________
( ) enviando 33) Wall Street bankers____________________________
( ) enviar
34) consumer spending_ __________________________
( ) envio
( ) enviadas 35) about the government’s plans___________________
_ __________________________________________
Lembrete! 36) in the 2002 budget____________________________
to take – forma infinitiva (tomar / levar / pegar) 37) of the world’s countries________________________
take – forma imperativa / forma mais simples
Inglês

38) for the leftwing opposition candidate_____________


take / takes – tempo presente
took – tempo passado _ __________________________________________
taken – particípio passado (tomado / levado / pego) 39) in this year’s first quarter_______________________

11
INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 8 ADJECTIVE / NOUN* + IST = NOUN*
science + ist = scientist
Word Formation Suffixes extreme + ist + extremist

ADJECTIVE + NESS = NOUN* ADJECTIVE + ITY = NOUN*


conscious + ness = consciousness diverse + ity = diversity
effective + ness = effectiveness responsible + ity = responsibility

VERB + ANCE / ENCE = NOUN* NOUN* + AL = ADJECTIVE


assist + ance = assistance nation + al = national
adhere + ence = adherence culture + al = cultural
NOUN* + AN / EAN / IAN = ADJECTIVE
VERB + MENT = NOUN*
agree + ment = agreement suburb + an = suburban
develop + ment = development America + an = American

ADJECTIVE + EN = VERB ADJECTIVE/NOUN* + IFY = VERB


deep + en = deepen simple + ify = simplify
strength + en = strengthen solid + ify = solidify

ADJECTIVE + IZE/ISE = VERB NOUN* + LESS = ADJECTIVE


real + ize = realize end + less = endless
central + ize = centralize speech + less = speechless

ADJECTIVE + LY = ADVERB PREPOSITION / NOUN* + WARD(S) = NOUN


approximate + ly = approximately up + ward = upward
basic + ly = basically down + ward = downward

NOUN* + AN / IAN / EAN = NOUN VERB + ABLE / IBLE = ADJECTIVE


history + ian = historian avoid + able = avoidable
Europe + ean = European desire + able = desirable
NOUN* + ISH = ADJECTIVE
VERB + ION / ATION / ITION / ISION =NOUN*
fool + ish = foolish
short + ish = shortish distribute + ion = distribution
introduce + tion = introduction
NOUN* + LY = ADJECTIVE
VERB + EE = NOUN*
friend + ly = friendly employ + ee = employee
coward + ly = cowardly train + ee = trainee

VERB / NOUN* + FUL = ADJECTIVE *NOUN = SUBSTANTIVO


power + ful = powerful
hope + ful = hopeful Prefixos mais importantes

VERB + AL = NOUN* IDEIA


approve + al = approval UN
remove + al = removal NON
IN
VERB + ER / OR = NOUN* IL não
collect + or = collect or IM
employ + er = employer
IR
VERB + AGE = NOUN* DIS
MIS erradamente
use + age = usage
break + age = breakage COUNTER contra
OUT que supera, ultrapassa
ADJECTIVE / NOUN* + ISM = NOUN* OVER excessivo
Inglês

TRANS através
modern + ism = modernism
consumer + ism = consumerism FORE antes, anterior
A falta de

12
e.g. EXERCÍCIO 7
unbearable – insuportável
non‑smoker – não fumante 1) Could you give a little advice?
incorrect – incorreto 2) He is among the very few people that I can trust with
illegal – ilegal such information.
improper – inadequado, incorreto 3) How many students are there in each class?
irregular – irregular 4) How much is it?
disadvantage – desvantagem 5) I could only hear a little of what they were saying.
misinform – informar erradamente 6) I don’t earn much money, but I enjoy my job.
counterattack – contra‑ataque 7) I would like to have a few words with you.
outrun – correr mais que alguém 8) Many people would disagree with your ideas.
overtake – superar, ir além 9) Not many people have heard of Sarah.
transplant – transplantar 10) There is much to do around here.
foresee – antever 11) There is only a little further to go.
amoral – amoral 12) We have been having a few problems with the new
computer.
INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 9
Temos também os termos adjetivos menos para os
another – um(a), outro(a) substantivos.
other – outro(s), outra(s) less (than) – menos (que) (para substantivos incontáveis).
others – outros, outras e.g. We must try to spend less money.
e.g. fewer (than) – menos (que) (para substantivos contáveis).
Cars are useful, but whether they are good for the envi- e.g. I drink less milk and eat fewer cookies than I used to.
ronment is another matter.
There is no other work available at the moment. Note: Much e many podem ser substituídos por a lot
Five of my friends are working, but the others are on of, plenty of e lots of.
vacation. A great deal of somente substitui much.

Outras possibilidades: INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 11


other than = diferente de, exceto
e.g.
The form cannot be signed by anyone other than yourself.
We missed the last bus so there was no choice other
than to walk home.

how – como, quão


how many – quantos(as)
how much – quanto(a)
how far – quão longe
how high – quão alto EXERCÍCIO 8
what – que, o que
where – onde Traduza as frases abaixo.
when – quando 1) Any advice that you can give me would be greatly ap-
who – que(m) preciated.
whom – quem 2) Any minute there’s going to be a massive quarrel be-
why – porque tween those two.
3) Clearly the treatment has had some effect.
Lembrete! 4) He has no small influence on the decisions she makes.
to get – forma infinitiva – (obter; ficar – indicando mu- 5) Here is some news you might be interested in.
dança de estado. E.g. They got hungry after the meeting – 6) I don’t think there will be any rain today.
eles ficaram com fome depois da reunião) 7) No trees grow near the top of the mountain.
get – forma imperativa / forma mais simples 8) Some of you here have already been to the USA.
get / gets – tempo presente 9) Some people just don’t know when to shut up.
got – tempo passado 10) The issues are of no great interest to me.
got / gotten – particípio passado (tido) 11) The water is some twenty to thirty meters beneath the
ground.
Instrumentos Essenciais 10 12) There is no chance of us getting there by eight.
13) There is no doubt in my mind that he is the person I
Usam‑se termos com função adjetiva para quantificar saw with the computer.
substantivos. 14) There is no knowing how they will react to the news.
Temos como exemplos principais: 15) There isn’t any way of solving this problem.
Substantivos contáveis 16) There must be some way you can relieve the pain.
many – muitos(as), x few – poucos(as) 17) They had to go some distance further than they had
bastantes planned before they could find somewhere to stay.
Inglês

Substantivos incontáveis 18) To some extent the experiment was a success.


much – muito(a), x little – pouco(a) 19) We have been having some problems with our computer
bastante over the last few weeks.

13
Normalmente, associamo‑los com body, one, thing, EXTRA 5
where. Passamos, então, a ter as seguintes formas:
11) It is not as good as it used to be.
somebody – anybody – alguém, nobody – 12) It was just a joke.
alguém qualquer pessoa ninguém 13) Let me finish this job, then we will go.
14) Neither my sister nor my brother went out to the mo-
someone – anyone – alguém,
no one – ninguém vies.
alguém qualquer pessoa
15) People should not say something is wrong unless they
something – anything – surely know it is.
nothing – nada
alguma coisa qualquer coisa 16) People such as my relatives are not worth a bean.
somewhere – anywhere – nowhere – 17) She came up right behind me.
algum lugar qualquer lugar nenhum lugar 18) She is so tough and yet I like her.
19) Since no one is up to task, I will do it myself.
20) The company already owns two television stations.
INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 12 21) The company is hoping to extend its market still further.
22) The news came as no surprise.
as – como, à medida que, porque, enquanto 23) The real difficulty was the language.
(as...as... = comparativo de igualdade) 24) There is a real threat that he will lose his job.
then – então, assim 25) There is one possible solution to the problem. However,
however – contudo there are others.
if – se 26) There is still no news from the company.
and – e 27) There may, however, be other reasons that we don’t
but – mas, exceto know about.
thus – desta forma, por isso 28) Things turned out just as I expected.
either...or... – ou...ou... 29) This is such a thing we cannot stand.
neither...nor... – nem...nem... 30) Unless you lend me your car, I cannot get there on time.
although – embora 31) We may yet succeed – we never know.
still – ainda 32) With modern technology, even babies weighing as little
since – desde, já que, como, porque as 1 kilogram at birth can survive.
already – já 33) You can go first as you are the oldest.
such – tão, tal, tais
such as – tal(is) como INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 13
yet – até o momento, ainda, entretanto, contudo.
not only... but also... – não só...mas também..., tanto... quite – bastante, muito, completamente
quanto... both... and... – tanto.. quanto... rather – bastante, bem, muito, mais precisamente, ao
just – agora, muito recentemente, exatamente, da mes- invés, antes, ao invés de (rather than)
ma forma (igualmente), somente, simplesmente, quase, also, too, as well – também
muito, completamente, justo, moralmente correto. too – mais, muito
real – verdadeiro, genuíno, grande, principal. as well as – bem como
right – correto, certo, ideal, direito, direção, Direita (po- so – tão, da mesma forma, então, de forma que, desta
lítica), bem (saudável), exatamente. forma
unless* – a não ser que. ever – jamais, normalmente, já, alguma vez, cada vez
* unless é também usado em sentenças condicionais. e.g. mais, sempre
Unless you call me to say you are not coming, I will see you ever so / ever such – muito, extremamente
at the theater = If you do not call me to say you are not co- as ever – como sempre
ming, I will see you at the theater (temos unless = if...not...). even – até mesmo, mais exatamente, regular, igual
Segue lista de conjunções e expressões de transição na very – extremamente, exato.
página 30.
Note: e.g. – por exemplo
EXERCÍCIO 9 i.e. – ou seja, isto é
that is – quer dizer
Traduza as frases abaixo.
1) Although the computer works fine, it is a little slow. EXERCÍCIO 10
2) As I was just saying, I think the proposal needs further
consideration. 1) Both sides played well – it was a very even contest.
3) As they were getting into the building, it started to rain. 2) Do not forget to bring your dictionary – and a notebook
4) Either you leave or I will call the police. too.
5) Ever since they started their new jobs, they have been 3) He has been depressed ever since he got divorced three
much happier. years ago.
6) Getting there by car is a real problem. 4) He is not too sure if he can visit us this weekend.
7) He has been working for that company since 1980. 5) I don’t quite know what to say.
8) He hasn’t told her yet. 6) I find some of my habits rather unpleasant, disgusting
9) I did the best I could, but I still didn’t get the job finished even.
Inglês

in time. 7) I have got rather a lot of work to do at the moment.


10) If this project fails it will affect not only our department, 8) I rather think you should consider the trouble this
but also the whole organization. decision will cause.

14
9) I will go to Spain on Saturday, or rather, I will go if I Note
have to. Commonly used noncount nouns (substantivos incon­
10) Invite Jim – and Carol as well. táveis comuns)

EXTRA 6 Os verbos que seguem esses substantivos devem estar


na terceira pessoa do singular.
11) It would be quite wrong to suggest that she told a lie.
12) It’s a very difficult job – it might even take a year to Nonfood substances
finish it. Air, cement, coal, dirt, gasoline, gold, paper, petroleum,
13) Nothing ever happens here in the evenings. plastic, rain, silver, snow, soap, steel, wood, wool.
14) That is also a great idea.
15) That is too good to be true. Abstract nouns
16) The situation is very serious. Advice, anger, beauty, confidence, courage, employment,
17) The very fact that he didn’t show up should have war- fun, happiness, health, honesty, information, in­telligence,
ned them that something was wrong. knowledge, love, poverty, satisfaction, truth, wealth.
18) There was quite a lot of traffic today.
19) There were too many people for such a small room. Other
20) They want to visit their parents as well as their relatives. Biology (and other areas of study), clothing, equipment,
21) You should try to work at an even rate. furniture, homework, jewelry, luggage, lumber, machinery,
22) You will find the exercise rather easy. mail, money, news, poetry, pollution, research, scenery,
traffic, transportation, violence, weather, work.
INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 14
INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 15
Terceira Pessoa do Singular e Plural de
Substantivos It takes
It takes + pronome objeto + tempo e ação (o pronome
De forma bem sucinta, pode‑se dizer que a terceira pes- objeto pode ser eliminado se não for necessário para a
soa do singular e o plural de substantivos são construídos compreensão)
da mesma forma. e.g.
It will take me five minutes to finish reading this article.
VERBO / SUBSTANTIVO TERCEIRA PESSOA DO (= Eu levarei cinco minutos para terminar de ler este artigo.)
SINGULAR / PLURAL DE It took her one minute to leave the building. (= Ela levou
TERMINADO EM SUBSTANTIVOS um minuto para sair do prédio.)
ACRESCENTA-SE It takes him twenty minutes to get to his office. (= Ele leva
vinte minutos para chegar ao escritório dele.)
S
SH Causative use of HAVE
CH Sujeito + to have + objeto + particípio passado do verbo
X principal.
Z Expressa uma ação que alguém faz a nosso pedido ou
em nosso favor.
O
e.g.
consoante + Y (retira-se I always have my car washed on Saturday morning.
IES
o Y, e acrescenta-se...) (= Alguém sempre lava meu carro no sábado pela manhã.)
Demais S They had their house painted last month. (= Alguém
pintou a casa deles no mês passado.)
Alguns exemplos: He will have his work graded by three examiners.
bus – buses (= Três examinadores avaliarão o trabalho dele.)
wish – wishes
match – matches
university – universities REVISÃO DE VOZ PASSIVA
hand – hands
play – plays É importante dedicar atenção a este conteúdo, pois é
study – studies muito utilizado nas questões elaboradas pelas bancas orga-
mix – mixes nizadoras das provas de concursos.

Atenção! Traduza os fragmentos de voz passiva.


1) are being experimented__________________________
Singular Plural
basis – bases 2) are being led___________________________________
crisis – crises 3) are confirmed__________________________________
thesis – theses
4) are considered by_______________________________
analysis – analyses
synthesis – syntheses 5) are fed by_ ____________________________________
Inglês

hypothesis – hypotheses 6) are financed by_________________________________


criterion – criteria
phenomenon – phenomena 7) are linked_ ____________________________________

15
8) are to be financed by_ ___________________________ INSTRUMENTOS ESSENCIAIS 16
9) can be achieved_ _______________________________
10) can be attributed_ _____________________________ Phrasal Verbs
11) can be considered______________________________ Muitos verbos em inglês consistem de um verbo seguido
12) can be deployed_______________________________ por uma preposição ou advérbio conhecido como partícula.
13) cannot be surrendered__________________________ O verbo frasal frequentemente possui um significado idio-
mático que não pode ser entendido literalmente.
14) could be released by____________________________ Há verbos frasais separáveis e inseparáveis, o que sig-
15) could have been depreciated_____________________ nifica dizer que a partícula pode ser separada do verbo ou
16) had been predicted_____________________________ não. Como o objetivo desta abordagem não é falar, mas ler,
não entraremos em detalhes quanto ao uso desses verbos.
17) has been designed_ ____________________________ Contudo, devemos entender as ideias que as partículas en-
18) has been endorsed by the Congress_______________ cerram e atentar para as suas ocorrências nas frases.
19) has been given_ _______________________________ Segue lista de verbos frasais nos exercícios das páginas
19 a 21.
20) has been hit_ _________________________________
21) have been fixated______________________________ Up
22) have been neglected____________________________ Posição superior, melhoria, aperfeiçoamento, aumento,
23) have been raised_______________________________ união, por inteiro, completo, próximo (a), em direção a,
tornar menor em tamanho, terminar.
24) have been reached by___________________________ Down
25) have not been negotiated_ ______________________ Posição inferior, diminuído, queda, fim, término.
26) is adopted by_ ________________________________ In / Into
27) is applied_____________________________________ Movimento para o interior, incluído, envolvido.
Out
28) is cherished by_ _______________________________
Movimento para o exterior, removido, excluído, distribuí­
29) is expected_ __________________________________ do, finalizar algo, completar.
30) is going to be replaced by________________________ On
31) might be accomplished by_______________________ Acoplado, conectado, necessariamente, conti­nuar, não
parar, mover para frente.
32) might be achieved_ ____________________________ Off
33) might be dollarized_____________________________ Deixar de gostar de, distanciar, remover, retirar, com-
34) must be seen__________________________________ pletamente, terminado, finalizado, livrar‑se de, desacopla­
mento, prevenção de inclusão.
35) must be taken into account_ _____________________
Away
36) must have been devalued________________________ Continuadamente, posição distanciada, dentro de lugar
37) must have been reduced_ _______________________ habitual, gradualmente.
38) ought to be designed by the Congress______________ Back
Devolver, retornar, distante, referência ao passado.
39) ought to be reduced____________________________
Through
40) should be aimed_______________________________ Finalizar, completar algo.
41) should have been analyzed by____________________
42) was announced________________________________ VERBOS FRASAIS COMUNS
43) was being prepared_ ___________________________
44) was caused by_________________________________ account for – explain (She was unable to account for over
$10,000.)
45) was devalued by_______________________________ – be (Students account for the vast majority
46) was devised by________________________________ of our customers.)
47) was predicted by_______________________________
48) were adopted_________________________________ bring about – cause something to happen (He brought
about his company’s collapse by reckless
49) were controlled by_____________________________ speculation.)
50) were implemented by___________________________
51) were reached by_______________________________ cut off – stop something (She was just explaining
the problem, when she was cut off in
52) were taken into consideration____________________
mid‑sentence by a loud bang.)
53) will be achieved_ ______________________________
54) will be implemented by_ ________________________ take over – obtain something from someone else (You
55) will be increased by 20%_ _______________________ have let this job take you over completely.)
Inglês

56) will be placed on_______________________________


sum up – summarize (The purpose of a conclusion is
57) will be requested by____________________________ to sum up the main points of the essay.)

16
EXERCÍCIO 11 Give up: stop permanently.
15) Since I gave up smoking my cough has gone.
Phrasal Verbs _______________________________________________

16) The police had to give up the search when it got dark.
Exercícios 11 e 12 extraídos do livro Phrasal Verb Organiser,
_______________________________________________
de John Flower – publicado por Thomsen Heinle & Heinle
LTP ELT (Jan 1st, 1993). Lay off: dismiss from work.
17) Times were hard and we had to lay off several employees.
Traduza as frases. _______________________________________________

Account for: explain. Look after: take care of, be responsible for.
1) How do you account for their strange behavior? 18) This patient has a special nurse to look after her at night.
_______________________________________________ _______________________________________________

Aim at: try to affect or influence certain people. Look for: try to find.
2) This advertisement is obviously aimed at teenagers. 19) Excuse me. I am looking for the police station.
_______________________________________________ _______________________________________________

Bring about: cause to happen. Look forward to: await with pleasure.
3) What brought about this change in attitude? 20) I am looking forward to seeing my friends again.
_______________________________________________ _______________________________________________

Call for: require. Look into: investigate.


4) This situation calls for urgent action. 21) The police are looking into a series of robberies in the area.
_______________________________________________ _______________________________________________

5) People are calling for an inquiry into the accident. Look through: ignore.
22) That snob looked through me and pretended I wasn’t
_______________________________________________
there.
_______________________________________________
Call off: cancel.
6) They called off the match because the weather was so bad. Look up:
_______________________________________________ 1 – find information in a book.
23) Look up the meaning of the word in this dictionary.
Call on: ask, appeal to. _______________________________________________
7) I call on you all for your help.
_______________________________________________ 2 – improve.
24) Things are starting to look up. Business is improving.
Catch up: get to the same standard as the others. _______________________________________________
8) I’ve missed some lessons and I need to catch up.
_______________________________________________ Make out:
1 – pretend.
Catch up with: get to the same level. 25) The guards made out that they couldn’t understand us.
9) I had to work hard to catch up with the rest of the class. _______________________________________________
_______________________________________________
2 – manage to see or hear clearly.
Cut back: reduce. 26) It was dark so I couldn’t make out the numbers of the
10) They had to cut back production during the recession. houses.
_______________________________________________ _______________________________________________

Cut off: separate and isolate. Make up: invent (a story)


11) The snow fell all night and cut off the town. 27) I am sure he made up that story about getting lost in
the jungle.
_______________________________________________
_______________________________________________
Cut out: not include.
Make up your mind: decide.
12) I am trying to cut out any desserts with a high sugar 28) I have made up my mind to look for a new job.
content. _______________________________________________
_______________________________________________
Pay off: pay the money you owe.
Deal with: do something about. 29) I should have paid off my debts by the end of the year.
13) The manager will deal with any complaints. _______________________________________________
_______________________________________________
Inglês

Put up with: tolerate.


14) We deal with many foreign companies. 30) I can’t put up with his interference any longer!
_______________________________________________ _______________________________________________

17
Set off: cause something to start. former
31) The burglars set off an alarm when they broke the 3) The former director returned to his hometown.
window. _______________________________________________
_______________________________________________
accomplish
Set out: (1) start on a journey. 4) The students accomplished the task in less than five
32) The cyclists set out early the following morning. minutes.
_______________________________________________ _______________________________________________

(2) begin an activity with a specific purpose. expenses


33) We set out to get more people interested in African 5) I need to get my expenses approved.
music. _______________________________________________
_______________________________________________
tight
6) They are raising three kids on one small salary so money
(3) display in an organized way.
is very tight.
34) The statistics need to be set out in a form that is easy
_______________________________________________
to read.
_______________________________________________ predict
7) Who could have predicted that within ten years he would
Set up: organize, start. be in charge of the whole company?
35) We are going to set up an inquiry into the disaster. _______________________________________________
_______________________________________________
cut
Settle down: become more stable. 8) Our company is cutting its workforce by 20 per cent by
36) My headache went and my stomach settled down. the end of the month.
_______________________________________________ _______________________________________________

Take after: resemble. expenditure


37) She is very intelligent. She takes after her mother. 9) It will not be possible to repair the school buildings without
_______________________________________________ considerable expenditure on them.
_______________________________________________
Take on: assume (a responsibility, extra work).
38) Are you ready to take on the responsibility of being a further
manager? 10) Before we go any further with the project I think we
_______________________________________________ should check that there is enough money to fund it.
_______________________________________________
Take over: gain control of (a company). 11) Have you anything further to add?
39) The company was taken over by a larger competitor. _______________________________________________
_______________________________________________
increase
Take up: start. 12) The interest rate was increased this morning to 10%.
40) I took up water‑skiing during a seaside holiday. _______________________________________________
_______________________________________________
13) He said that the proposed tax increases would not affect
Wind down: gradually reduce the amount of work a business low‑paid workers.
does. _______________________________________________
41) After his partner died, he began to wind down the
surplus
business.
14) The government is forecasting a budget surplus this year.
_______________________________________________
_______________________________________________

EXERCÍCIO 12 (ESPECÍFICO DE ECONOMIA 15) Every country has a pool of surplus labour.
E NEGÓCIOS) _______________________________________________

substantial
Traduza as frases. 16) At the end of the meeting we were in substantial
agreement.
budget _______________________________________________
1) The firm has drawn up a budget for the coming financial
year. 17) We need substantial improvements in public
_______________________________________________ transportation.
_______________________________________________
feasible
Inglês

2) The Government wants a 3% inflation rate, but is this a change


feasible objective? 18) The new management will make radical changes.
_______________________________________________ _______________________________________________

18
law policy‑making
19) The laws governing the possession of firearms are being 34) A committee of six people is responsible for policy‑making.
reviewed. _______________________________________________
_______________________________________________
low
huge 35) The government is committed to keeping the inflation
20) We are faced with a huge problem. rate as low as possible.
_______________________________________________ _______________________________________________
employee balanced
21) She is a former council employee.
36) The committee is evenly balanced, with six members
_______________________________________________
from each party.
attainable (= achievable) _______________________________________________
22) We must ensure that we do not set our ourselves goals
that are not attainable. drive
_______________________________________________ 37) I am on an economy drive at the moment, so I am trying
not to spend much.
undoubtedly _______________________________________________
23) Of course she is good at her job – that is undoubtedly
true. wage
_______________________________________________ 38) Some countries have a minimum wage, set by law.
_______________________________________________
policy
24) They believe that the European Community needs a trade union (labor union)
security policy. 39) The government’s proposals have been strongly criticized
_______________________________________________ by the trade unions.
_______________________________________________
fit
25) Some people think the punishment should always fit spending
the crime. 40) Consumer spending has more than doubled in the last
_______________________________________________ ten years.
_______________________________________________
26) What you saw does fit the facts we know.
_______________________________________________
close
growth 41) The general election is getting close and politicians are
27) The government is trying to limit population growth. smiling for the cameras.
_______________________________________________ _______________________________________________

equity bleak (= hopeless)


28) Ultimately, their aim is for a society based on equity and 42) Business prospects remain very bleak.
social justice. _______________________________________________
_______________________________________________
account
29) He sold his equity in the company last year. 43) Have you got a bank account?
_______________________________________________ _______________________________________________

breakthrough 44) He has an account at the store.


30) An important breakthrough in negotiations has been _______________________________________________
achieved.
_______________________________________________ 45) I keep my own accounts.
_______________________________________________
ameliorate
31) Foreign aid is badly needed to ameliorate the effects of 46) The police wrote an account of the accident.
the drought.
_______________________________________________
_______________________________________________

income in good shape


32) A government has to borrow money when its expenditure 47) We are in good shape; we have everything planned and
exceeds its income. are about to begin.
_______________________________________________ _______________________________________________

stock market (stock exchange) commodity


Inglês

33) The stock market crash in October 1987 resulted in many 48) Today’s budget figures caused frantic trading on the
investors going bankrupt. international commodities market.
_______________________________________________ _______________________________________________

19
interest feeble
49) I got a loan from the bank at 10% interest per year. 64) The opposition to the plan has been rather feeble.
_______________________________________________ _______________________________________________

increasingly hollow
50) Increasingly there is pressure on the council to reverse 65) Will their good intentions become realities or hollow
its decision. promises?
_______________________________________________ _______________________________________________

interest rates flow


51) Interest rates have risen again. 66) There is been a flow of funds into the organization.
_______________________________________________ _______________________________________________

rise deepen
52) Inflation is on the rise. 67) The economic crisis is deepening.
_______________________________________________ _______________________________________________

trembled 68) If you want to deepen your knowledge of world affairs,


53) His voice started to tremble and I thought he was going you should read a newspaper every day.
to cry. _______________________________________________
_______________________________________________
travails
parallel 69) The travails of the British car industry are seldom out
54) The executives involved in the dispute deny any parallel of the news.
with the events of last year. _______________________________________________
_______________________________________________
crumbling
striking 70) Support for the government is crumbling.
55) The most striking example of the dangers of nationalism _______________________________________________
is the violence that engulfed the former Yugoslavia.
_______________________________________________ favour (favor)
71) In the survey, a majority of people favored higher taxes
teeter on and better public services, rather than tax cuts.
56) What we are seeing now is a country teetering on the _______________________________________________
edge of civil war.
_______________________________________________ bank note (promissória bancária)
72) He received a bank note for $3,000.
bankruptcy _______________________________________________
57) The company was forced into bankruptcy.
_______________________________________________ overcome
73) It’s taken me a while but at last I’ve managed to overcome
gloomy (= hopeless) my fear of public speaking.
58) In spite of the gloomy economic forecasts, manufacturing _______________________________________________
output has risen slightly.
_______________________________________________ healthy
74) The business showed a healthy profit in its first year.
bankrupt _______________________________________________
59) The recession has led to many small businesses going
bankrupt. battered
_______________________________________________ 75) That country’s economy is battered.
_______________________________________________
debt
60) They are in debt to the bank. prospect
_______________________________________________ 76) There is not much prospect that this war will be over
soon.
burden _______________________________________________
61) There were crushing tax burdens on the poor.
_______________________________________________ prospects
77) Prospects of employment remain bleak for most people
currency in the area.
62) Brazil and Chile have different currencies. _______________________________________________
_______________________________________________
Inglês

left wing / right wing


63) His ideas enjoyed wide currency during the last century. 78) The president is on the left wing of the Democratic party.
_______________________________________________ _______________________________________________

20
firebrand barrier
79) Population considers the candidate a right wing firebrand. 95) Being a woman has not been a barrier to her success.
_______________________________________________ _______________________________________________

rattle score
80) She was obviously rattled by the question. 96) The communists scored a surprise victory in the election.
_______________________________________________ _______________________________________________
tumble
97) It is important to maintain healthy growth in the
81) Share prices (=stock prices) tumbled yesterday.
_______________________________________________ economy, and on that score, our policy has succeeded.
_______________________________________________
slump
82) The value of property has slumped. 98) The problem is one of the scores that we’ve experienced
_______________________________________________ over recent months.
_______________________________________________
83) There are fears that we are entering another economic
slump as bad as the 1930s. consumer goods
_______________________________________________ 99) The market for consumer goods is huge, but so is the
competition.
downgraded _______________________________________________
84) Management are trying to downgrade the importance
of safety at work. custom
_______________________________________________ 100) I paid the customs on some wine and perfume from
France.
turmoil (=incerteza, confusão, falta de ordem)
_______________________________________________
85) The country is in a state of political turmoil.
_______________________________________________
101) I had to go through customs when I came to this country.
barter _______________________________________________
86) The currency has lost so much of its value that barter has
become the preferred way of doing business. exempt
_______________________________________________ 102) Goods exempt from this tax include books and children’s
clothes.
upcoming (= forthcoming) _______________________________________________
87) Tickets are selling well for the group’s upcoming concert
tour. sluggish
_______________________________________________ 103) The housing market has been very sluggish these past
few years.
hardly _______________________________________________
88) You can hardly expect a pay‑rise when you have only
been working for the company for two weeks!
tax evasion
_______________________________________________
104) Tax evasion is unlawful.
underpin _______________________________________________
89) Better trade figures are underpinning the dollar.
_______________________________________________ dodge
105) They bought another car as a tax dodge.
rally _______________________________________________
90) Candidates will have to rally their supporters to vote.
_______________________________________________ probe
106) The article probes the mysteries of nationalism in
91) Share prices fell again today after yesterday’s rally. modern Europe.
_______________________________________________ _______________________________________________

harrowing extends to
92) Last night’s news contained some harrowing famine 107) Parking restrictions do not extend to disabled people.
reports. _______________________________________________
_______________________________________________
taxman
thriving
93) Business is thriving. 108) The new system means that it is more difficult to conceal
_______________________________________________ these figures from the taxman.
_______________________________________________
smooth
Inglês

94) An efficient transport system is vital to the smooth pursuit


running of a country’s economy. 109) The company is ruthless in its pursuit of profit.
_______________________________________________ _______________________________________________

21
revenue allocate
110) Taxes provide most of the government’s revenue. 125) The government is allocating $10 million for health
_______________________________________________ programs.
_______________________________________________
offshore
111) Some American citizens have opened offshore bank outdated
accounts. 126) Nowadays this technique is rather outdated.
_______________________________________________ _______________________________________________

astonishing on the verge


112) It’s astonishing to think that only a few years ago 127) The country is on the verge of civil war.
Communism dominated eastern Europe. _______________________________________________
_______________________________________________
suitable
128) We think we’ve found a suitable site for the factory.
stem _______________________________________________
113) Their disagreement stemmed from a misunderstanding.
_______________________________________________ updated
129) An updated version of the software will be available
114) They argued that it was time the government did within six months.
something to stem rising unemployment. _______________________________________________
_______________________________________________
exchange
loss 130) She proposes an exchange of contracts at two o’clock.
115) There will be substantial job losses if the factory closes _______________________________________________
down.
_______________________________________________ boom
131) The Prime Minister is predicting a boom time for British
tax revenue business.
116) The government has a huge need for tax revenue. _______________________________________________
_______________________________________________
go bust
holder 132) More than twenty companies in the district went bust
117) Holders of shares in the company receive various during the last three months.
benefits. _______________________________________________
_______________________________________________
venture capital
issue 133) They will need to raise $1 million in venture capital if
118) The group had prepared a report on the issues of they are to get the business off the ground.
management and staff training. _______________________________________________
_______________________________________________
loan
134) She is trying to get a $50,000 loan to start her own business.
119) The newspaper is issued seven times a week.
_______________________________________________
_______________________________________________
asset
funds
135) A company’s assets can consist of cash, investments,
120) The president has agreed to allocate further funds to
buildings and machinery.
develop the new submarine. _______________________________________________
_______________________________________________
bond
tax haven 136) I invested some money in savings bonds.
121) Many rich people moved to tax haven countries in _______________________________________________
order to pay less tax.
_______________________________________________ default
137) People who default on their mortgage repayments may
shortfall have their home repossessed.
122) The Brazilian budget shortfall is actually R$ 14,6 billion. _______________________________________________
_______________________________________________
parsimonious
tax brackets 138) His father was very parsimonious and never wasted
123) Her pay rise brought her into a new tax bracket. a penny.
_______________________________________________ _______________________________________________

accountability stock
Inglês

124) Increased emphasis will be placed on the accountability 139) They bought some shares on the London stock
of the public managers of the programmes. exchange.
_______________________________________________ _______________________________________________

22
EXERCÍCIO 13 My sister found out that her
24 find out husband had been planning a
Leia as frases abaixo e tente depreender as ideias de cada surprise party for her.
verbo frasal.
I found it very hard to get along with
25 get along with
my brother when we were young.
The terrorists tried to blow up the
1 blow up Janik cheated on the exam and then
railroad station. 26 get away with
tried to get away with it.
That old Jeep had a tendency to
2 break down break down just when I needed it Uncle Heine didn’t have much
the most. money, but he always seemed to
27 get by
get by without borrowing money
I was talking to Mom on the phone from relatives.
3 break in on when the operator broke in on our
call. I got over the flu, but I don’t know
28 get over
if I’ll ever get over my broken heart.
My mother brought up that little
4 bring up The citizens tried to get rid of
matter of my prison record again.
29 get rid of their corrupt mayor in the recent
It isn’t easy to bring up children
5 bring up election.
nowadays.
They called off this afternoon’s get through When will you ever get through with
6 call off 30
meeting with that program?
The teacher called on students in Grandmother tried to get up, but
7 call on 31 get up the couch was too low, and she
the back row.
couldn’t make it on her own.
The old minister continued to call
8 call on (2) The filling station was giving away
on his sick parishioners. 32 give away
free gas.
Popular songs seem to catch on
9 catch on in California first and then spread My brother borrowed my car. I have
eastward. 33 give back a feeling he’s not about to give it
After our month-long trip, it was back.
10 catch up with time to catch up with the neighbors It’s hard to imagine that we will ever
34 go back
and the news around town. go back to Lithuania.
The boys promised to check up on He would finish one Dickens novel
35 go on
11 check up on the condition of the summer house and then just go on to the next.
from time to time. The cops heard all the noise and
Father promised that we would 36 go on (2)
stopped to see what was going on.
12 come back never come back to this horrible
The students went over the material
place.
37 go over before the exam. They should have
They tried to come in through the gone over it twice.
13 come in
back door, but it was locked.
The country went through most
The children promised to come over, of its coal reserves in one year.
14 come over 38 go through
but they never do. Did he go through all his money
He was hit on the head very hard, already?
15 come to but after several minutes, he started Charles grew up to be a lot like his
to come to again. 39 grow up
father.
After years of giving nothing, the The students handed in their papers
16 come up with old parishioner was able to come 40 hand in
and left the room.
up with a thousand-dollar donation.
She hung up the phone before she
We tried to cut down on the money 41 hang up
17 cut down on hung up her clothes.
we were spending on entertainment.
18 do over Do this homework over. I hate to hold up the meeting, but I
42 hold up
have to go to the bathroom.
We used to just drop by, but they
19 drop by were never home, so we stopped Three masked gunmen held up the
43 hold up (2)
doing that. Security Bank this afternoon.
I hope none of my students drop out The judge warned the stalker to
20 drop out of 44 keep away
of school this semester. keep away from his victim’s home.
When we visited Paris, we loved keep on (with He tried to keep on singing long
21 eat out 45
eating out in the sidewalk cafes. gerund) after his voice was ruined.
Fill out this application form and It’s hard to keep up with the Joneses
22 fill out 46 keep up with
Inglês

mail it in. when you lose your job!


She filled up the grocery cart with You left out the part about the
23 fill up 47 leave out
free food. police chase down Asylum Avenue.

23
My mother promised to look after I ran across my old roommate at the
48 look after 70 run across
my dog while I was gone. college reunion.
It’s typical of a jingoistic country Carlos ran into his English professor
71 run into
49 look down on that the citizens look down on their in the hallway.
geographical neighbors. The runners ran out of energy
72 run out of
look I always look forward to the before the end of the race.
50
forward to beginning of a new semester. My wife set up the living room
We were going to look in on my 73 set up exactly the way she wanted it. She
51 look in on set it up.
brother-in-law, but he wasn’t home.
The police will look into the Whenever he sat down at the piano,
52 look into 74 show off
possibilities of embezzlement. we knew he was going to show off.
Good instructors will look out Day after day, Efrain showed up for
75 show up
53 look out for for early signs of failure in their class twenty minutes late.
students My second son seems to take after
76 take after
The lawyers looked over the papers his mother.
carefully before questioning the My oldest sister took care of us
54 look over 77 take care of
witness. (They looked them over younger children after Mom died.
carefully.) These are your instructions. Take
78 take down
You’ve misspelled this word again. them down before you forget.
55 look up
You’d better look it up. It was so hot that I had to take off
79 take off
First-graders really look up to their my shirt.
56 look up to
teachers. The star player talked back to the
He was so far away, we really 80 talk back to
coach and was thrown off the team.
57 make out couldn’t make out what he was We have serious problems here.
saying. 81 talk over
Let’s talk them over like adults.
Make sure of the student’s identity I often think back on my childhood
58 make sure of before you let him into the 82 think back on
with great pleasure.
classroom.
That’s a lot of money! Don’t just
She knew she was in trouble, so she 83 throw away
throw it away.
59 make up made up a story about going to the
movies with her friends. She tried on fifteen dresses before
84 try on
she found one she liked.
He had drunk too much; he passed
60 pass out I tried out four cars before I could
out on the sidewalk outside the bar. 85 try out
find one that pleased me.
There were three men in the line-
61 pick out up. She picked out the guy she Your radio is driving me crazy!
86 turn down
thought had stolen her purse. Please turn it down.
The crane picked up the entire He applied for a promotion twice
62 pick up 87 turn down (2) this year, but he was turned down
house. (Watch them pick it up.)
As we drove through Paris, Françoise both times.
63 point out pointed out the major historical We turned off the lights before
88 turn off
sites. anyone could see us.
We put away money for our It was a disgusting movie. It really
89 turn off (2)
64 put away retirement. She put away the cereal turned me off.
boxes. Turn on the CD player so we can
90 turn on
We asked the boss to put off the dance.
65 put off meeting until tomorrow. (Please put Grandpa couldn’t hear, so he turned
it off for another day.) 91 turn up
up his hearing aid.
I put on a sweater and a jacket. (I The gang members used up all the
66 put on
put them on quickly.) 92 use up money and went out to rob some
The firefighters put out the house more banks.
67 put out fire before it could spread. (They It seemed strange to see my old boss
put it out quickly.) 93 wait on
wait on tables.
The teacher had to put up with a 94 wake up I woke up when the rooster crowed.
68 put up with great deal of nonsense from the
Her husband walked out on her and
Inglês

new students. 95 walk out on


their three children.
I read over the homework, but
69 read over
couldn’t make any sense of it. Fonte: http://grammar.ccc.commnet.edu/grammar/phra­sals.htm

24
TÓPICOS GRAMATICAIS BÁSICOS Adjetivos Comuns

Pronomes Pessoais afraid agreeable alert blunt


broad calm angry alert
ancient clean busy different
SINGULAR PLURAL
annoyed amused beautiful cold
RETO OBLÍQUO RETO OBLÍQUO
careful faint anxious brave
I me we us
big cool cautious fair
you you you you
ashamed bright brief crooked
he him
clever fast awful cooperative
she her they them
bright different crazy fine
it it
bad courageous clean dirty
damaged large bewildered determined
Pronomes Possessivos clear dry deep little
bored eager concerned encouraging
SINGULAR PLURAL difficult long easy loud
my mine our ours crowded filthy curious hard
your yours your yours confused energetic cruel enthusiastic
false narrow famous noisy
his his
dark loose rough flat
her hers their theirs
dangerous excited exuberant distinct
its its pleasant defeated puzzled defiant
safe fragile scared helpful
Pronomes Reflexivos fantastic early friendly fat
quick depressed quiet disturbed
SINGULAR PLURAL sharp important modern rapid
funny slippery gigantic small
myself ourselves
embarrassed gentle fierce glorious
yourself yourselves
outgoing short outstanding silent
himself huge smooth late happy
herself themselves foolish good frantic soft
itself poor slow powerful steady
light solid long helpful
Pronomes Relativos frightened healthy hurt swift
puzzled strong rich strange
that which who whom whose modern sticky new innocent
jealous hilarious lonely mad
Pronomes Interrogativos round terrible shallow steep
old successful tall quick
jolly plain kind nervous
who whom whose which what
tired naughty troubled thick
tense straight thoughtful shiny
Pronomes Demonstrativos lively scary lucky obedient
unusual obnoxious outrageous uptight
this that these those tight upset thin unusual
short tiny strange proud
Pronomes Indefinidos repulsive perfect vivacious wicked
tired weary victorious weak
all another any anybody ugly warm unsightly relieved
anyone anything both each well relaxed witty wonderful
wild wonderful worried
either everybody everyone everything
wet wrong wide
few many neither nobody
splendid young dusty
none no one nothing one
several some somebody someone Advérbios Comuns
something
anywhere daily carefully almost
Pronomes Recíprocos
Inglês

down frequently commonly also


downstairs hourly easily certainly
each other one another east monthly fast doubtlessly

25
everywhere never narrowly maybe Correlative conjunctions: either...or, neither...nor, not
far occasionally noisily mostly only...but also, both...and, whether...or.
here often quickly nearly Conjunctive adverbs: accordingly, also, anyway, besides,
in once slow not certainly, consequently, conversely, finally, furthermore,
near randomly slowly perhaps
hence, however, incidentally, indeed, instead, likewise,
meanwhile, moreover, nevertheless, next, nonetheless,
north rarely possibly nowhere otherwise, similarly, specifically, still, subsequently, then,
seldom well probably out therefore, thus.
twice up somewhat somewhere
usually upstairs too south Palavras que Introduzem Orações Adverbiais
weekly west tomorrow there
yearly yesterday always earlier a) Conjunções subordinativas
early late later never
now seldom sometimes soon after although as as if
today because before even though if
in order that rather than since so that
Verbo Auxiliar: Vem Anterior ao Verbo than that though unless
until when where whether
a) Modal verbs
while
can could may might must
shall should ought to will would Palavras que Introduzem Orações Adjetivas

b) Verbo (be) a) Pronomes relativos

be am is are was were been that which who whom whose

c)Verbo (have) b) Advérbios relativos

have has had when where why


d) Verbo (do)
Palavras que Introduzem Orações Substantivas
do does did
a) Pronomes relativos
Observação: os verbos be, have e do podem também
funcionar como verbos principais. that which who whom whose

Preposições b) Outros pronomes

about, across, after, against, along, among, around whoever whomever what whatever whichever
as, at, before, behind, below, beside, besides
c) Conjunções subordinativas
between, beyond, but, by, concerning,
considering, despite
down, during, except, for, from, in, inside how if when whenever
into, like, near, next, of, off, on where wherever whether why
onto, opposite, out, outside, over, past, plus
regarding, respecting, round, since, than, through Discourse Markers
throughout, till, to, toward, under, underneath, unlike
Here’s a list of the most common examples of discourse
until, unto, up, upon, with, within, without markers and the ideas conveyed by them:
Conjunções ADDING / ADDITION
also, and, another thing is, as well as, besides, both…and,
Coordinating conjunctions: and, but, or, nor, for, so, yet. furthermore, in addition (to), moreover, not only…but also,
Subordinating conjunctions: after, although, as, as if, as long as, not to mention, on top of that, what is more.
as many as, as much as, as soon as, as though, because, because
of the fact that, before, despite the fact that, due to the fact that, CAUSE / REASON
even if, even though, even when, how, how, if, if only, inasmuch as (=because), as for this reason, because of (the fact
as, in case, in order that, in spite of the fact that, no matter if, that), because, due to (the fact that), for, inasmuch as, now
no matter whether, on account of the fact that, once, plus the that, since, that’s why.
Inglês

fact that, provided (that), providing (that), rather than, since, so


that, so...that, such...that, than, that, though, till, unless, until, CONCLUDING SUMMARY
when, whenever, where, whether, while, why. in conclusion, in short, to recapitulate, to sum up.

26
CONTRAST / OPPOSITION 4) I don’t like the way you look at me. (Eu não gosto do
all the same, although, but, contrary to, despite (the fact jeito que você olha para mim.) – temos, nesse caso, uma
that), even though, however, in contrast, in spite of (the fact contração do verbo do com a partícula de negação not.
that), instead of, nevertheless, nonetheless, notwithstanding, Ocorre, também, contração nas frases 1 e 2.
on the other hand, rather than, regardless of, still, though,
whereas, while, yet. Tipos de Sentenças (Contraste com a Língua
CONDITION Portuguesa)
as long as, even if, if, in case, in the event that, on condi-
tion that, only if, or (else), otherwise, provided that, providing 1) Sujeito / verbo de ligação / predicativo do sujeito
that, unless, whether. Great intellects are – Grandes intelectuais
skeptical. tuais são céticos.
CONSEQUENCE / RESULT
as a result, consequently, for that reason, hence, in con- 2) Sujeito / verbo transitivo / objeto direto
sequence, so, then, thereby, therefore, thus. No one can say a – Ninguém pode dizer
word. uma palavra.
EXPLANATION
actually, i.e., in fact, in other words, namely, or rather, 3) Sujeito / verbo transitivo / objeto indireto / objeto
that is, to put it another way. direto
She gave me a kiss. – Ela deu‑me um beijo.
EXCEPTION
apart from, but, except for. 4) Sujeito / verbo transitivo / objeto direto / predicativo
do objeto
EXEMPLIFYING/EXEMPLIFICATION Some people called – Algumas pessoas cha-
e.g., for example, for instance, in particular, like, such us traitors. maram‑nos traidores.
as, to illustrate this.
5) Sujeito / verbo intransitivo
FOCUSING AND LINKING Time flies. – O tempo voa.
as far as… is concerned, as for, as regards, regarding,
talking/speaking of (about), with reference to. Falsos Cognatos
INTENTION / PURPOSE Falsos cognatos são palavras semelhantes, seja na escrita
in order to, so as to, so that. ou na pronúncia, entre duas ou mais línguas.
actually – na verdade..., o fato é que...
SIMILARITY / COMPARISON
anticipate – prever; aguardar, ficar na expectativa
in comparison, in the same way, likewise, similarly.
application – inscrição, registro, uso
appointment – hora marcada, compromisso profissional
TIME / SEQUENCE OF EVENTS
(ever) since, after, as (=enquanto), as soon as, at last, appreciation – gratidão, reconhecimento
before, by the time, during, every time, finally, first(ly), from argument – discussão, bate boca
now on, in the meantime, meanwhile, next, once, second(ly), assist – ajudar, dar suporte
subsequently, the first time, the last time, the next time, then, assume – presumir, aceitar como verdadeiro
till, until, up to now, up to the moment, when, whenever, attend – assistir, participar de
while (=enquanto). commodity – artigo, mercadoria
competition – concorrência
Sites comprehensive – abrangente, amplo, extenso
http://www.flinders.edu.au/slc_files/Documents/Bro- compromise – entrar em acordo, fazer concessão
chures/linking_words_phrases.pdf contest – competição, concurso
http://writing2.richmond.edu/writing/wweb/trans1. convenient – prático
html data – dados (números, informações)
http://www.sk.com.br/sk-conn.html deception – logro, fraude, o ato de enganar
http://www.elc.byu.edu/classes/buck/w_garden/ design – projetar, criar; projeto, estilo
classes/buck/transitions.html educated – instruído, com alto grau de escolaridade
http://writing.wisc.edu/Handbook/Transitions.html eventually – finalmente, consequentemente
http://www.mit.edu/course/21/21.guide/tran-cwp.htm exciting – empolgante
exit – saída, sair
Caso Genitivo ou Possessivo expert – especialista, perito
exquisite – belo, refinado
O caso genitivo indica posse. É identificado em inglês com gratuity – gratificação, gorjeta
o uso de apóstrofe (’) ou não (vide Instrumentos Essenciais 7). grip – agarrar firme
Há casos, porém, em que o substantivo é omitido após a hazard – risco, arriscar
apóstrofe, sendo esse um caso de elipse. income tax return – declaração de imposto de renda
É importante informar que nem toda apóstrofe indica ingenuity – engenhosidade
posse. injury – ferimento
e.g. inscription – gravação em relevo
1) That’s the best in town. (That is the best in town.) intend – pretender, ter intenção
Inglês

2) It’s been a long time. (It has been a long time.) large – grande, espaçoso
3) Today’s newspaper is great. (O jornal de hoje está lecture – palestra, aula
ótimo.) legend – lenda

27
mayor – prefeito Exercício 1
notice – notar, aperceber‑se, aviso, comunicação
office – escritório 1) no, na, nos, nas
parents – pais 2) em um, em uma
particular – específico, exato 3) em um, em uma
policy – política (diretrizes) 4) neste, nesta, nisto
prejudice – preconceito 5) nesse, nessa, naquele, naquela, nisso, naquilo
prescribe – receitar 6) nestes, nestas
preservative – conservante 7) nesses, nessas, naqueles, naquelas
pretend – fingir 8) do, da, dos, das
private – particular 9) de um, de uma
propaganda – divulgação de ideias / fatos com intuito 10) de um, de uma
de manipular 11) deste, desta, disto
pull – puxar 12) destes, destas
push – empurrar 13) desse, dessa, daquele, daquela, disso, daquilo
range – variar, cobrir 14) desses, dessas, daqueles, daquelas
realize – notar, dar‑se conta, conceber uma ideia 15) ao, à, para o(s), para a(s)
record – gravar, disco, gravação, registro 16) para um, para uma, por um, por uma
requirement – requisito 17) a um, a uma, para um, para uma
resume – retomar, reiniciar 18) para este, para esta, para isto, por este, por esta, por
retired – aposentado isto
service – atendimento 19) para esse(a), para aquele(a), para isso, para aquilo, a
stranger – desconhecido esse(a), àquele(a)
support – apoiar 20) para estes, para estas, por estes, por estas
tax – imposto 21) para esses, para essas, para aqueles, para aquelas, a
esses, a essas, àqueles(as)
GABARITO 22) entre o(s), entre a(s)
23) entre estes, entres estas
24) entre esses, entre essas, entre aqueles, entre aquelas
Word Comprehension – Compreensão de
25) com o(s), com a(s)
Palavras 26) sem um, sem uma
1. help 17. complete 33. buy 27) com um, com uma
2. funny 18. rush 34. fast 28) sem este, sem esta, sem isto
3. reply 19. suppose 35. remember 29) com esse, com essa, com aquele, com aquela, com isso,
4. try 20. work 36. get com aquilo
5. start 21. big 37. stay 30) sem estes, sem estas
6. under 22. freedom 38. ask 31) com esses, com essas, com aqueles, com aquelas
7. middle 23. raise 39. some 32) depois do(s), depois da(s)
8. surely 24. small 40. ill 33) antes de um, antes de uma
9. seat 25. close 41. still 34) depois de um, depois de uma
10. order 26. sound 42. easy 35) antes deste, antes desta, antes disto
11. right 27. watch 43. one 36) depois desse, depois dessa, depois daquele, depois
12. want 28. get 44. talk daquela, depois disso, depois daquilo
13. find 29. happen 45. hit 37) antes destes, antes destas
14. like 30. folks 46. enough 38) depois desses, depois dessas, depois daqueles, depois
15. whole 31. maybe daquelas
16. battle 32. allow 39) sobre o(s), sobre a(s)
40) sobre um, sobre uma
Sinônimos e Antônimos 41) sobre este, sobre esta, sobre isto
42) sobre esse, sobre essa, sobre aquele, sobre aquela,
1. A 16. A 31. S 46. A sobre isso, sobre aquilo
2. S 17. A 32. S 47. A 43) sobre estes, sobre estas
3. A 18. S 33. A 48. A 44) sobre esses, sobre essas, sobre aqueles, sobre aquelas
4. S 19. S 34. S 49. A
5. S 20. A 35. A 50. A Exercício 2
6. S 21. A 36. A 51. S
7. A 22. A 37. A 52. A 1) with the information com a informação
8. S 23. A 38. A 53. A 2) at this time neste momento
9. S 24. A 39. A 54. A 3) for those nations para aquelas nações
10. S 25. A 40. A 55. A 4) from the beginning do começo
11. A 26. S 41. A 56. A 5) with the end com o fim
12. S 27. A 42. S 57. A 6) of these exercises destes exercícios
Inglês

13. A 28. S 43. A 7) with these results com estes resultados


14. A 29. S 44. A 8) in this book neste livro
15. A 30. S 45. A 9) of the products dos produtos

28
Extra 1 17) ... foi interrompido por
18) ... eles estão criando
10) sobre o conteúdo 19) ... foi fingido
11) da dissertação/ensaio 20) ... está descrevendo
12) da seleção 21) ... eles foram produzidos por
13) sobre a compreensão 22) ... eles estão ditando
14) de um teste 23) ... foi promovido por
15) na linha 24) ... está controlando
16) depois do problema 25) ... foi proposto por
17) da experiência 26) ... eles estão discutindo
18) a estas palavras 27) ... eles foram cobrados
19) neste sentido 28) ... eles estão elegendo
20) antes da escolha 29) ... eles foram processados
21) do dicionário 30) ... está avaliando
22) de uma experiência 31) ... eles foram demitidos
23) no contexto 32) ... está evoluindo
24) do tempo 33) ... foi reconhecido por
25) da ênfase 34) ... eles estão esperando
26) com a estrutura 35) ... foi anunciado por
27) de um esquema 36) ... está explicando
28) destas crenças 37) ... eles foram chamados
29) sobre o assunto 38) ... eles estão inspecionando
30) para o mundo 39) ... foi publicado por
31) para as percepções 40) ... está instruindo
32) do tipo 41) ... eles estão introduzindo
33) neste campo 42) ... foi gravado por
34) com o cuidado 43) ... eles estão produzindo
35) sem a posição 44) ... é suprido
36) da matéria 45) ... eles estão promovendo
37) com as conclusões 46) ... eles foram trocados
38) da evidência 47) ... eles estão solucionando
39) no caso 48) ... foi comunicado
40) de um cientista 49) ... eles foram taxados
41) dos fabricantes 50) ... foi questionado
42) na capital 51) ... eles estão traduzindo
43) para a adoção 52) ... foi previsto
44) com o poder 53) ... eles estão chamando
45) com uma alternativa 54) ... foi entendido
46) da língua 55) ... está disputando
47) neste país 56) ... foi transmitido por
57) ... está ajudando
48) da morte
58) ... eles foram recebidos por
49) no momento
59) ... está liderando/conduzindo
50) sobre a tarefa
60) ... eles foram furtados
51) das suposições
61) ... eles estão administrando
62) ... foi dado por
Exercício 3 63) ... eles estão relatando
64) ... foi sublinhado
1) ... I am thinking eu estou pensando 65) ... eles estão usando
2) ... it was informed foi informado 66) ... eles foram comprados
3) ... he is making the ele está fazendo a 67) ... está esperando
choice escolha 68) ... eles foram encontrados por
4) ... it was acquired by foi adquirido por 69) ... eles estão trabalhando
5) ... it is evolving está evoluindo 70) ... foi identificado por
6) ... it was developed by foi desenvolvido por 71) ... está mudando
7) ... it is applied é aplicado
8) ... they are beginning eles estão começando Word Formation 1
9) ... it was given foi dado
10) ... it is becoming está tornando‑se ADJECTIVE + ITY = NOUN
11) ... it was deduced foi deduzido 1) a
2) c
Extra 2 3) d
4) b
12) ... eles estão agindo
13) ... foi fundado por ADJECTIVE + ‑LY = ADVERB
Inglês

14) ... eles estão colecionando 1) c


15) ... pretende‑se 2) a
16) ... foi admitido/concedido 3) b

29
Exercício 4 8) Houvera um interesse crescente em tentar achar uma
saída.
1) que toda receita 9) Há muitos momentos em que você não chega a um
2) que são integradas acordo porque não é comum aos anseios das partes.
3) que estão para (=devem) receber prioridade 10) Parecia haver um caminho para a negociação.
4) que contas bancárias
5) que se o Brasil Extra 3
6) que é reconhecido, entendido e zelado por
7) que organiza 11) Há uma oportunidade para retomar o diálogo poste-
8) que propõe riormente.
9) que de forma dura atinge 12) Não há negociações com eles.
10) que a moeda brasileira 13) Haverá uma oportunidade para negociações.
11) que o orçamento para o ano 14) Havia muito conhecimento que não poderia ser conhe-
12) que o governo cido por um estado.
13) que eles estão em perigo 15) Há o problema da alienação.
14) que o consideram 16) Há o problema das pessoas cujas habilidades tornam‑se
15) que determinam redundantes pelas máquinas.
16) que originou 17) Há uma necessidade de educação e reciclagem.
17) que os implementam
18) que está para liberar Extra 4
19) que não é abordado por 1) uma redução de 20%
20) que conduziu 2) uma redução de 20%
21) que significa 3) o valor médio da tarifa da Argentina
22) a qual gera períodos de sucesso e fracasso 4) a situação econômica atual da Argentina
23) que deveria corresponder a 5) os problemas da Argentina
24) que(m) inaugurou 6) a política comercial da Argentina
7) os salários da Argentina
Exercício 5 8) o cenário econômico do Brasil
9) a economia do Brasil
1) Depois disso, quem sabe? 10) as instituições financeiras do Brasil
2) Eu certamente concentro‑me no desejo de garantir que 11) a unidade monetária do Brasil
nós não enviemos a mensagem errada. 12) o presidente do Brasil
3) Eu sempre disse que resolver as disputas do passado foi 13) a eleição presidencial do Brasil
a coisa menos importante que nós realizamos naqueles 14) a próxima eleição presidencial do Brasil
acordos. 15) o orçamento da Grã‑Bretanha
4) Eu comecei a fazer aquilo assim que eu consegui o 16) o destino econômico do país
emprego. 17) a bandeira do país
5) Eu acho que aquilo fez uma grande diferença. 18) medidas de contração fiscal
6) Isso é certamente uma das coisas que nós tentamos 19) lei de responsabilidade fiscal
fazer com cada um destes. 20) na economia e governo de um país
7) Esta é uma companhia que trabalhou bastante para 21) a possível vitória de Lula
solucionar casos. 22) o alto déficit fiscal do Paraguai
8) É natural, é inevitável, que os governos terão mais 23) sistema de pensão
perguntas. 24) a administração do presidente Fernando Henrique
9) É este risco que conduz à incerteza. Cardoso
25) reduções de despesas
Word Formation 2 26) programa de despesas
27) revisão de despesas
VERB + ‑ION / ‑ATION / ‑ITION / ‑ISION = NOUN 28) os salários dos empregados do estado
29) a estrutura macroeconômica do governo
1) d 30) o orçamento deste ano
2) e 31) a realidade atual
3) f 32) a Fazenda americana
4) c 33) os banqueiros de Wall Street
5) a 34) despesas do consumidor
6) b 35) sobre os planos do governo
36) no orçamento de 2002
Exercício 6 37) dos países do mundo
38) para o candidato de oposição esquerdista
1) Há uma mulher ao telefone para você. 39) no primeiro trimestre deste ano
2) Não há dúvida de quem é o melhor candidato.
3) Não há forma de evitar que os pacotes sejam carregados. Exercício 7
4) Haverá avaliação mais minuciosa.
5) Haverá uma necessidade de trabalhar com maior coo- 1) Você poderia dar algum conselho?
Inglês

peração com as pessoas do governo. 2) Ele está entre as pouquíssimas pessoas que eu posso
6) Há uma maior necessidade de trabalhar na indústria. confiar tal informação.
7) Há alguns tópicos que eu tento enfatizar. 3) Quantos alunos há em cada turma?

30
4) Quanto é/custa? 14) Nem minha irmã nem meu irmão foram ao cinema.
5) Eu só podia ouvir um pouco do que eles estavam dizendo. 15) As pessoas não devem dizer que alguma coisa está
6) Eu não ganho muito dinheiro, mas gosto do meu tra- errada a não ser que elas realmente saibam que está.
balho. 16) Pessoas como meus parentes não merecem minha
7) Eu gostaria de falar um pouco com você. atenção.
8) Muitas pessoas discordariam de suas ideias. 17) Ela surgiu logo atrás de mim.
9) Algumas pessoas receberam notícias do paradeiro de 18) Ela é tão dura e ainda assim eu gosto dela.
Sarah. 19) Já que ninguém está à altura da tarefa, eu mesmo a
10) Há muito para fazer por aqui. farei.
11) Há só um pouco mais para avançar. 20) A empresa já é dona de duas estações de televisão.
12) Nós temos tido alguns problemas com o novo compu- 21) A empresa está desejando ampliar seu mercado ainda
tador. mais.
22) A notícia veio sem causar surpresa.
Exercício 8 23) A maior dificuldade era a língua.
24) Há uma ameaça real de que ele venha a perder o em-
1) Qualquer conselho que você puder me dar seria muito prego.
bem recebido. 25) Há uma possível solução para o problema. Contudo, há
2) A qualquer momento haverá uma grande desavença outros.
entre aqueles dois. 26) Ainda não há notícia da companhia.
3) Claramente o tratamento produziu algum efeito. 27) Pode, contudo, haver outros motivos que desconhece-
4) Ele tem muita influência sobre as decisões que ela toma. mos.
5) Aqui estão algumas notícias que podem te interessar. 28) As coisas aconteceram como eu esperava.
6) Eu não acho que vai chover hoje. 29) Este é o tipo de coisa que não podemos suportar.
7) Nenhuma(s) árvore(s) cresce(m) perto do topo da 30) Se você não me emprestar seu carro, eu não posso
montanha. chegar lá na hora.
8) Alguns de vocês aqui já estiveram nos EUA. 31) Nós ainda podemos conseguir – nós nunca sabemos.
9) Algumas pessoas simplesmente não sabem quando 32) Com a tecnologia moderna, até mesmo os bebês pe-
calar a boca. sando um quilo ao nascer podem sobreviver.
10) As questões não me interessam muito. 33) Você pode ir primeiro, porque você é o mais velho.
11) A água está a uns vinte a trinta metros abaixo do solo.
12) Não há chance de chegarmos lá até as oito. Exercício 10
13) Eu não tenho dúvidas de que ele é a pessoa que eu vi
com o computador. 1) Ambos os lados jogaram bem – foi uma competição
14) Não se sabe como eles reagirão à notícia. equilibrada.
15) Não há qualquer maneira de solucionar este pro­blema. 2) Não se esqueça de trazer seu dicionário – e um caderno
16) Deve haver alguma maneira de você aliviar a dor. também.
17) Eles tiveram de ir um pouco além do que tinham pla- 3) Ele tem estado deprimido desde o momento em que
nejado antes que conseguissem encontrar algum lugar ele se divorciou três anos atrás.
para ficar. 4) Ele não está muito certo se ele pode visitar‑nos este
18) De certa forma, o experimento foi um sucesso. final de semana.
5) Eu não sei exatamente o que dizer.
19) Nós temos tido alguns problemas com nosso compu-
6) Eu acho alguns dos meus hábitos muito desagradáveis,
tador ao longo das últimas semanas.
repugnantes mais exatamente.
7) Eu tenho muito trabalho para fazer no momento.
Exercício 9 8) Eu acho que você deve considerar o problema que esta
decisão causará.
1) Embora o computador funcione bem, é um pouco lento. 9) Eu irei à Espanha no sábado, ou melhor, eu irei se for
2) Como eu estava dizendo, eu acho que a proposta ne- obrigado.
cessita maior consideração. 10) Convide Jim – e Carol também.
3) Quando eles estavam entrando no edifício, começou a
chover. Extra 6
4) Ou você sai ou eu chamarei a polícia.
5) Desde o momento em que eles começaram seus novos 11) Seria completamente errado sugerir que ela contasse
trabalhos, eles têm estado muito mais felizes. uma mentira.
6) Chegar lá de carro é um grande problema. 12) É um trabalho muito difícil – pode até mesmo levar um
7) Ele tem trabalhado para aquela companhia desde 1980. ano para terminá‑lo.
8) Ele não contou para ela ainda. 13) Nada jamais acontece aqui à noite.
9) Eu fiz o melhor que pude, mas ainda não consegui 14) Essa também é uma boa ideia.
terminar o trabalho a tempo. 15) Isso é muito bom para ser verdade.
10) Se este projeto falhar, afetará não somente nosso de- 16) A situação é muito séria.
partamento, mas também toda a organização. 17) O simples fato de ele não ter aparecido deveria tê‑los
alertado que algo estava errado.
Extra 5 18) Havia muito trânsito hoje.
19) Havia pessoas demais para uma sala tão pequena.
Inglês

11) Não está tão bom quanto costumava ser. 20) Eles querem visitar seus pais, bem como seus parentes.
12) Era só uma piada. 21) Você deve tentar trabalhar de forma contínua.
13) Deixe‑me terminar este trabalho, então nós iremos. 22) Você achará o exercício um pouco fácil.

31
Revisão de Voz Passiva 3. O que provocou esta mudança de atitude?
4. Esta situação pede ação urgente.
1) estão sendo vivenciados 5. As pessoas estão pedindo uma investigação sobre o
2) estão sendo conduzidos acidente.
3) são confirmados 6. Eles cancelaram a partida porque o tempo estava muito
4) são considerados por ruim.
5) são alimentados por 7. Eu peço sua ajuda.
6) são financiados por 8. Eu perdi algumas lições e preciso recuperar.
7) são conectados 9. Eu tive que trabalhar muito para acompanhar o resto
8) estão para ser (=devem ser) financiados por da turma.
9) pode ser alcançado 10. Eles tiveram que reduzir a produção durante a recessão.
10) pode ser atribuído 11. A neve caiu a noite toda e isolou a cidade.
11) pode ser considerado 12. Eu estou tentando não incluir qualquer sobremesa com
12) pode ser utilizado alto conteúdo de açúcar.
13) não pode ser cedido 13. O gerente tratará de todas as reclamações.
14) poderia ser liberado por 14. Nós negociamos com muitos países estrangeiros.
15) poderia ter sido depreciado 15. Desde que eu desisti de fumar, minha tosse desapareceu.
16) tinha sido previsto 16. A polícia teve de desistir da busca quando escureceu.
17) foi planejado 17. Os tempos eram difíceis e nós tivemos que demitir
18) foi endossado pelo Congresso vários empregados.
19) foi dado 18. Esta paciente tem uma enfermeira particular para cuidar
20) foi atingido dela à noite.
21) foram fixados 19. Com licença. Eu estou procurando a delegacia.
22) foram negligenciados 20. Eu anseio ver meus amigos novamente.
23) foram aumentados 21. Os policiais estão investigando uma série de assaltos
24) foram alcançados por na área.
25) não foram negociados 22. Aquela esnobe ignorou‑me e fingiu que eu não estava
26) é adotado por lá.
27) é aplicado 23. Procure o significado da palavra neste dicionário.
28) é zelado por 24. As coisas estão começando a melhorar. Os negócios
29) é esperado estão melhorando.
30) será substituído por 25. Os guardas fingiram que não conseguiam nos entender.
31) pode ser realizado por 26. Estava escuro, então eu não conseguia ver claramente
32) pode ser alcançado os números das casas.
33) pode ser dolarizado 27. Eu estou certo de que ele inventou aquela história sobre
34) deve ser visto ficar perdido na floresta.
35) deve ser levado em conta (= considerado) 28. Eu decidi procurar um novo trabalho.
36) deve ser desvalorizado 29. Eu deveria ter liquidado minhas dívidas até o fim do
37) devia ter sido reduzido ano.
38) deve ser planejado pelo Congresso 30. Eu não consigo mais tolerar a interferência dele.
39) deve ser reduzido 31. Os assaltantes fizeram o alarme disparar quando eles
40) deve ser atingido/objetivado quebraram a janela.
41) devia ter sido analisado por 32. Os ciclistas partiram cedo na manhã seguinte.
42) foi anunciado 33. Nós iniciamos a atividade para conseguir mais pessoas
43) estava sendo preparado interessadas em música africana.
44) foi causado por 34. As estatísticas precisam ser dispostas de forma que seja
45) foi desvalorizado por fácil ler.
46) foi inventado por/desenvolvido 35. Nós vamos iniciar uma investigação sobre o desastre.
47) foi previsto por 36. Minha dor de cabeça passou e meu estômago melho-
48) foram adotados rou.
49) foram controlados por 37. Ela é muito inteligente. Ela parece com a mãe dela.
50) foram implementados por 38. Você está pronto para assumir a responsabilidade de
51) foram alcançados por ser gerente?
52) foram levados em consideração 39. A companhia passou a ser controlada por um
53) será alcançado concorrente mais forte.
54) será implementado por 40. Eu comecei a praticar esqui aquático durante as férias
55) será aumentado em 20% na praia.
56) será colocado em 41. Depois que o sócio dele morreu, ele começou a reduzir
57) será pedido por a quantidade de trabalho da empresa.

Verbos Frasais Comuns Exercício 12 (Economia e Negócios)


Exercício 11 1) A firma preparou um orçamento para o próximo ano
fiscal.
Inglês

1. Como você explica o comportamento estranho deles? 2) O governo quer uma taxa de inflação de 3%, mas este
2. Este anúncio está obviamente voltado para os adoles­ é um objetivo viável?
centes. 3) O antigo diretor retornou a sua cidade natal.

32
4) Os alunos concluíram a tarefa em menos de cinco 43) Você tem uma conta bancária?
minutos. 44) Ele tem uma linha de crédito na loja.
5) Eu preciso ter os meus gastos aprovados. 45) Eu guardo meus próprios balancetes.
6) Eles estão criando três crianças com uma receita de um 46) A polícia escreveu uma descrição do acidente.
salário pequeno, por isso o dinheiro está muito curto. 47) Estamos prontos; temos tudo planejado e estamos por
7) Quem poderia ter previsto que dentro de 10 anos ele começar.
seria responsável por toda a companhia? 48) Os números do orçamento atual causaram uma transa-
8) Nossa empresa está reduzindo sua força de trabalho ção tumultuada no mercado de produtos internacional.
em 20 por cento até o fim do mês. 49) Eu consegui um empréstimo do banco a 10% de juros
9) Não será possível arrumar os prédios da escola sem ao ano.
muito gasto de dinheiro. 50) Cada vez mais há pressão sobre o conselho para rever-
10) Antes de irmos adiante com o projeto, eu acho que ter sua decisão.
deveríamos ter certeza de que há muito dinheiro para 51) As taxas de juros subiram novamente.
financiá‑lo. 52) A inflação está aumentando.
11) Você tem algo mais para acrescentar? 53) Sua voz começou a tremer e eu pensei que ele fosse
12) A taxa de juros foi elevada esta manhã para 10%. chorar.
13) Ele disse que os aumentos tributários propostos não 54) Os executivos envolvidos na disputa negaram qualquer
afetariam os trabalhadores de baixa renda. semelhança com os eventos do ano passado.
14) O governo está prevendo um superávit orçamentário 55) O exemplo mais impressionante dos perigos do nacio-
este ano. nalismo é a violência que envolveu a antiga Iugoslávia.
15) Todo país tem um excedente de mão de obra. 56) O que nós estamos vendo agora é um país iminente­
16) No fim da reunião nós estávamos em quase total acordo. mente próximo de uma guerra civil.
17) Nós precisamos de grandes melhorias no transporte 57) A companhia foi forçada à falência.
público. 58) Apesar das previsões econômicas pessimistas, a pro-
18) A nova gerência fará mudanças radicais. dução manufatureira aumentou um pouco.
19) As leis que controlam a posse de armas de fogo estão 59) A recessão levou muitos pequenos negócios a falir.
sendo revistas. 60) Eles estão em dívida com o banco.
20) Nós estamos lidando com um enorme problema. 61) Houve obrigações fiscais pesadas sobre os pobres.
21) Ela é uma antiga empregada do conselho.
62) Brasil e Chile têm moedas diferentes.
22) Nós devemos garantir que não estabeleçamos para nós
63) Suas ideias tiveram ampla aceitação durante o último
objetivos que não são alcançáveis.
século.
23) É claro que ela é boa no seu trabalho – isso é indubita­
64) A oposição ao plano foi bastante fraca.
velmente verdadeiro.
65) Suas boas intenções tornar‑se‑ão realidades ou pro-
24) Eles acreditam que a Comunidade Europeia precisa de
messas sem valor?
uma política de segurança.
25) Algumas pessoas pensam que a punição deve sempre 66) Houve um fluxo de capitais para dentro da organização.
ser proporcional ao crime. 67) A crise econômica está aprofundando.
26) O que você viu concorda com os fatos que conhecemos. 68) Se você quiser aprimorar seu conhecimento de assuntos
27) O governo está tentando limitar o crescimento popula­­ internacionais, você deve ler um jornal todo dia.
cional. 69) Os obstáculos da indústria automobilística britânica
28) Finalmente, seu anseio é por uma sociedade baseada estão raramente fora das notícias.
em igualdade e justiça social. 70) O apoio para o governo está cada vez mais fraco.
29) Ele vendeu sua cota na empresa ano passado. 71) Na pesquisa, a maioria das pessoas apoiava impostos
30) Um importante progresso nas negociações foi alcançado. mais altos e melhores serviços públicos ao invés de
31) Ajuda estrangeira é muito necessária para amenizar os redução tributária.
efeitos da seca. 72) Ele recebeu uma promissória bancária de $3.000. (bank
32) Um governo tem que pedir empréstimos quando seu notes também pode ser traduzido como papel moeda,
gasto excede sua receita. dinheiro)
33) A queda da bolsa de valores em outubro de 1987 re- 73) Eu levei um tempo, mas até que enfim consegui supe­
sultou na falência de muitos investidores. rar meu temor de falar em público.
34) Um comitê de seis pessoas é responsável pela criação 74) O negócio apresentou um ótimo lucro em seu primeiro
de políticas. ano.
35) O governo está comprometido em manter a taxa da 75) A economia daquele país está fragilizada.
inflação a mais baixa possível. 76) Não há muita possibilidade de que esta guerra termine
36) O comitê está igualmente equilibrado, com seis mem- logo.
bros de cada partido. 77) As oportunidades de emprego permanecem baixas
37) Eu estou em uma manobra de contenção de despesas para a maioria das pessoas no local.
no momento, então estou tentando não gastar muito. 78) O presidente está no grupo esquerdista do partido
38) Alguns países têm um salário-mínimo estabelecido por Democrático.
lei. 79) A população considera o candidato um tumultuador
39) As propostas do governo foram muito criticadas pelos direitista.
sindicatos dos trabalhadores. 80) Ela estava obviamente abatida com a pergunta.
40) O gasto dos consumidores mais do que dobrou nos 81) As ações desvalorizaram muito ontem.
últimos dez anos. 82) O valor de propriedade caiu rapidamente.
Inglês

41) A eleição geral está se aproximando e os políticos estão 83) Há temores de que estejamos adentrando uma outra
sorrindo para as câmeras. depressão econômica tão ruim quanto a da década
42) Oportunidades de negócio permanecem sem esperança. de 30.

33
84) Os administradores estão tentando diminuir a impor- 121) Muitas pessoas ricas mudaram‑se para paraísos fiscais
tância da segurança no trabalho. para pagar menos impostos.
85) O país está em estado de incerteza política. 122) A queda do orçamento brasileiro é, na verdade, de R$
86) A moeda perdeu tanto de seu valor que o escambo 14,6 bilhões.
tornou‑se a maneira preferida de fazer negócio. 123) O aumento do seu pagamento incluiu‑a em um novo
87) Está havendo uma boa vendagem para a próxima turnê grupo de contribuintes.
do grupo. 124) Uma ênfase maior será dada sobre a responsabilidade
88) Você certamente não pode esperar por um aumento dos administradores públicos dos programas.
quando você tem trabalhado para a empresa há so- 125) O governo está designando $10 milhões para progra-
mente duas semanas! mas de saúde.
89) Os bons números da balança comercial estão valori­ 126) Atualmente esta técnica está bastante desatua­lizada.
zando o dólar. 127) O país está na iminência de uma guerra civil.
90) Cada candidato terá de congregar seus partidários para 128) Nós achamos que encontramos um lugar ideal para a
votar. fábrica.
91) Os preços das ações caíram novamente hoje depois da 129) Uma versão atualizada do software estará disponível
alta de ontem. dentro de seis meses.
92) As notícias da noite passada continham relatos de fome 130) Ela propõe uma troca de contratos às duas horas.
extremamente tristes. 131) O Primeiro‑Ministro está prevendo um período de
93) O negócio está prosperando. grande crescimento para as empresas inglesas.
94) Um sistema de transporte eficiente é vital para o an- 132) Mais de vinte empresas no distrito fecharam durante
damento tranquilo da economia de um país. os últimos três meses.
95) O fato de ser uma mulher não foi um empecilho para 133) Eles precisarão levantar $1 milhão em capital de risco
o seu sucesso. se quiserem que o negócio decole.
96) Os comunistas obtiveram uma vitória não esperada 134) Ela está tentando obter um empréstimo de $50.000
na eleição. para começar seu próprio negócio.
97) É importante manter um ótimo crescimento na eco- 135) Os ativos de uma empresa podem consistir de dinheiro,
nomia e, nesse sentido, nossa política funcionou. investimentos, prédios e maquinário.
98) O problema é uma das coisas que nós vivenciamos ao 136) Eu investi dinheiro em títulos de créditos.
longo dos últimos meses. 137) As pessoas que não cumprem com os pagamentos da
99) O mercado de bens de consumo é amplo, mas a con- hipoteca podem ter sua casa tomada.
corrência também. 138) Seu pai era muito econômico e nunca gastava um
100) Eu paguei os encargos sobre vinho e perfume francês. centavo.
101) Eu tive que passar pela alfândega quando eu cheguei 139) Eles compraram algumas ações na bolsa de valores de
a este país. Londres.
102) A isenção de taxas sobre mercadorias inclui livros e
roupas de criança. Exercício 13
103) O mercado imobiliário esteve muito lento nestes últi-
mos anos.
1 explode
104) Sonegação de impostos é ilegal.
105) Eles compraram um outro carro como forma de evitar 2 stop functioning
o pagamento de impostos. 3 interrupt (a conversation)
106) O artigo tenta esclarecer os mistérios do nacionalismo 4 mention a topic
na Europa moderna.
5 raise children
107) Restrições no estacionamento não se estendem aos
deficientes. 6 cancel
108) O novo sistema informa que está mais difícil esconder 7 ask to recite in class
estes números da Fazenda. 8 visit
109) A empresa é impiedosa em sua busca por lucro. 9 become popular
110) Os impostos fornecem a maior parte da receita do
governo. 10 keep abreast
111) Alguns cidadãos americanos abriram contas bancá­rias 11 examine, investigate
no exterior. 12 return to a place
112) É surpreendente pensar que há apenas alguns anos o 13 enter
Comunismo dominou o leste europeu.
113) Seu desacordo surgiu de um mal entendido. 14 to visit
114) Eles argumentaram que era hora de o governo fazer 15 regain consciousness
alguma coisa para frear o desemprego crescente. 16 to contribute (suggestion, money)
115) Haverá perdas significativas de emprego se a fábrica 17 curtail (expenses)
fechar.
18 repeat a job
116) O governo tem uma enorme necessidade por receita
tributária. 19 visit without appointment
117) Os acionistas na empresa recebem vários benefí­cios. 20 leave school
118) O grupo tinha preparado um relatório sobre as ques­ 21 dine in a restaurant
tões de treinamento de gerência e equipe.
Inglês

22 complete a form
119) O jornal é produzido sete vezes por semana.
120) O presidente concordou em doar mais recursos para 23 fill to capacity
desenvolver o novo submarino. 24 discover

34
25 have a good relationship with 80 answer impolitely
26 escape blame 81 discuss
27 survive 82 recall
28 recover from sickness or disappointment 83 discard
29 eliminate 84 put clothing on to see if it fits
30 finish 85 test
31 arise 86 lower volume
32 give something to someone else for free 87 reject
33 return an object 88 switch off electricity
34 return to a place 89 repulse
35 continue 90 switch on the electricity
36 happen 91 raise the volume
37 review 92 exhaust, use completely
38 use up; consume 93 serve
39 get older 94 arouse from sleep
40 submit something (assignment) 95 abandon
41 put something on hook or receiver
42 delay
43 rob ARTIGOS INDEFINIDOS E DEFINIDOS
44 remain at a distance
45 continue with the same
Indefinidos (a/an)
46 maintain pace with Diante de
47 omit – consoantes e ditongos crescentes (sons ia, ie, ii, io,
48 take care of iu, ua, ue, ui, uo, uu – somente para facilitar o seu
49 despise entendimento), use a (a test, a pool, a computer; a
yatch, a woman, a university); antes de vogais, use an
50 anticipate with pleasure
(an eraser, an alternative).
51 visit (somebody) – substantivos contáveis no singular (por exemplo, você
52 investigate conta água? não – neste caso, não podemos dizer a
53 be careful, anticipate water; você conta dinheiro? não (você não diz um
54 examine, check dinheiro, dois dinheiros); mas, você conta moedas?
sim – você diz uma moeda, duas moedas – a coin, two
55 search in a list coins).
56 respect – algo qualquer de um grupo (a car, a building, a univer-
57 hear, understand sity, a watch, an advertisement, an idea etc.). Um carro
58 verify qualquer entre outros carros, um prédio qualquer
59 invent a story or lie entre outros prédios etc.
60 lose consciousness, faint
Definido (the)
61 choose
62 lift something off something else – diante de qualquer substantivo singular ou plural,
63 call attention to desde que:
64 save or store • único (the earth, the world, the sun etc.); e/ou
65 postpone • específico (the people I work with, the chocolate I
gave you).
66 put clothing on the body
67 extinguish Conditional Sentences
68 tolerate As orações condicionais apresentam a mesma lógica da
69 peruse língua portuguesa.
70 find by chance
71 meet Regra Geral
72 exhaust supply Zero conditional (If + present simple, present simple)
73 to arrange, begin If the officer shoots, the thief dies.
74 demonstrate haughtily Se o policial atirar, o ladrão morre.
75 arrive
76 resemble First conditional (If + present simple, future simple)
If the government cuts spendings, there will be strikes
Inglês

77 be responsible for
throughout the country.
78 make a written note Se o governo cortar os gastos, haverá greves em todo
79 remove clothing o país.

35
Second conditional (If + past simple, conditional) velocidade um pouco mais rápida, você achará mais fácil
If I had a lot of money, I would buy a Ferrari. concentrar‑se nas ideias e nas relações entre elas. O leitor
Se eu tivesse muito dinheiro, eu compraria uma Ferrari. mais lento normalmente se preocupa muito com palavras
If I were rich, I would buy a Ferrari. individuais e, portanto, pode realmente compreender menos
Se eu fosse rico, eu compraria uma Ferrari. que o leitor rápido.
Se, à medida que você lê, aparecem termos que não lhe
Third conditional (If + past perfect, past modal) são familiares, não pare para quebrar a cabeça; continue
Se eu tivesse conversado com você antes, isso não teria lendo, e, muito provavelmente, o significado geral da
acontecido. sentença se tornará claro para você (reconhecimento de
If I had talked to you before, that wouldn’t have happe- vocabulário em textos).
ned. Ou E, finalmente, tente evitar retornar e reler palavras e
Had I talked to you before, that wouldn’t have happened. frases. Leitores que têm o hábito de reler partes de sentenças
geralmente prejudicam a compreensão textual. Force‑se a
concentrar em entender tudo na primeira vez, e você logo
ESTRATÉGIA CLÁSSICA DE LEITURA aperfeiçoará tanto sua velocidade de leitura como sua
compreensão.
Compreensão da Ideia Central
A forma de leitura visando à ideia central depende do Compreensão de Informação Específica: Scanning
propósito da leitura e do nível de dificuldade do material. Em
alguns casos, é suficiente compreender as ideias principais Às vezes seu propósito de leitura é simplesmente
do escritor, sem dedicar muita atenção a pormenores. Esse localizar as respostas para questões muito específicas.
tipo de leitura, que visa à informação geral, é o mais comum – Por exemplo, na preparação de um trabalho de pesquisa,
leitura de revistas e jornais, por exemplo. É também a técnica talvez seja necessário consultar alguns dicionários ou
que provavelmente seria utilizada para “folhear” dicionários enciclopédias a fim de achar nomes, datas, números ou
e enciclopédias a fim de determinar se eles são importantes definições específicas. Certamente não os leremos com o
para que se realize uma leitura mais cuidadosa e minuciosa. mesmo cuidado que dedicaríamos a um capítulo agendado
Por outro lado, livros acadêmicos e outros materiais em sala de aula. Antes, nosso método será passar os olhos
complexos devem frequentemente ser lidos tanto em busca rapidamente sobre o material até alcançarmos a questão
da ideia central – ou das ideias centrais – como em busca que nos interessa. Nesse ponto, devemos reduzir nossa
de detalhes secundários. Em tais casos, é frequentemente velocidade de leitura e ler com cuidado, até localizarmos
aconselhável ler o material duas vezes – a primeira vez para o item específico de informação que estamos buscando.
compreender os pensamentos mais importantes do autor, Provavelmente, não deveremos continuar além desse
e a segunda para entender os detalhes, tais como os passos ponto, pois já teremos alcançado o objetivo desejado.
que o escritor usa para alcançar sua conclusão, a evidência A técnica descrita acima é denominada scanning, e,
que ele fornece em apoio a seu argumento, ou as ilustrações como outros tipos de leitura, requer também procedimentos
que nos ajudam a entender um fundamento geral. especiais, como prática extensiva, se o propósito for torná‑lo
Claramente, então, um primeiro passo no aumento de um processo eficiente e automático.
nossa habilidade em ler passagens mais longas é praticar a O método de scanning eficiente pode ser brevemente
leitura rápida em busca da ideia central. sumarizado como segue:
Pode‑se sumariar esse tipo de leitura da seguinte maneira: 1) Comece com um claro entendimento do que você está
1) Force‑se a ler os parágrafos um pouco mais rapi­ procurando. Limite sua busca a um ou, no máximo, dois itens
damente do que você está habituado a fazer. Nor­malmente, de informação por vez.
quando lemos, preocupamo‑nos muito em compreender 2) Decida antecipadamente que forma a informação
tanto a ideia central como os detalhes secundários. Dessa pode provavelmente assumir. Se for um nome de pessoa,
vez, contudo, o propósito é exclusi­vamente encontrar o você buscará letras iniciais maiúsculas. Se for o título de
pensamento principal do escritor. Por isso, você deve ser um livro, você buscará itálicos ou aspas. Se for uma data,
capaz de ler um pouco mais rápido. Mas não o faça tão você buscará números. E, se for a descrição de um evento, a
rapidamente de forma que venha a perder todo o sentido discussão de uma ideia, a definição de um termo, ou coisas do
do que está sendo lido. Tente uma leitura que seja somente tipo, você deverá buscar palavras‑chave que provavelmente
um pouco mais rápida que o seu habitual.
ocorreriam em uma descrição ou discussão tais quais as
2) Concentre‑se em achar e em acompanhar a ideia
citadas. Por exemplo, se você está lendo uma biografia para
central do escritor. Não tente se lembrar de detalhes, tais
achar a profissão de alguém, você deve buscar palavras como
como datas exatas, listas de nomes, números extensos e
ocupação, trabalho, emprego e outros similares.
coisas do tipo.
3) Se você achar uma palavra ocasional que você não 3) Passe rapidamente sobre todo o material que não está
entende, ou caso perca o sentido de uma palavra ou frase, diretamente relacionado com a informação que você busca.
não pare para reler o material. Continue lendo a uma Não permita que sua atenção divirja de sua tarefa específica,
velocidade um pouco mais rápida da que você estabeleceu pois, caso contrário, você diminuirá sua velocidade e poderá
(reconhecimento de vocabulário em textos). esquecer o propósito de sua busca no texto.

Compreensão Textual Plena Estratégia de Leitura para as Provas de Inglês


Objetiva‑se aqui entender tanto a ideia central como os
detalhes secundários. Embora esse tipo de leitura intensiva O candidato pode optar por uma das duas estratégias
provavelmente requeira uma velocidade de leitura um abaixo para resolver a prova de língua inglesa.
Inglês

pouco menor que a estratégia anterior, você deve ainda


tentar cobrir o material o mais rápido que conseguir, sem 1) CLÁSSICA
perder o sentido do que você está lendo. Se você ler a uma Leia o texto duas vezes e, depois, responda às questões.

36
2) DINÂMICA para buscar informação específica no texto são comuns em
a) Pule o texto. provas; chamo‑as de questões de frase, pois o examinador
b) Identifique as questões de vocabulário e tente retira uma frase do texto para elaborá‑las. Vejamos um
respondê‑las. exemplo.
c) Identifique as questões de frase e tente respon­dê‑las.
d) Responda às questões de ideias (considerando cada “Smoking may cause cancer.”
alternativa como uma questão de frase).
Questão
O que se aconselha fazer? According to the text, smoking:
a) certainly causes cancer.
É mais prudente, no caso da prova de língua inglesa – e b) is not cancerous.
arrisco afirmar que para qualquer prova que apresente c) has never caused cancer.
um texto como base para resolução de questões – ler e d) would have caused cancer.
selecionar as questões de vocabulário e aquelas em que o e) might cause cancer.
scanning pode ser prontamente utilizado, buscando resolver
o máximo possível com essa estratégia de leitura. O enunciado da questão apresenta a palavra smoking
O candidato talvez estranhe essa orientação, mas e as alternativas, a palavra cancer; portanto, o examinador
raciocinemos: em média, o candidato dispõe de dois a almeja que o candidato perceba que se trata de informação
três minutos para responder a cada questão, já contado o
específica, ou seja, de uma frase do texto que contém essas
tempo de leitura do texto. Isto é, se o candidato ler o texto
palavras. O candidato, então, deve buscar essa frase no texto
duas vezes e, depois, responder às questões, o tempo para
e procurar uma alternativa que traga a mesma informação.
resolução de cada questão cairá para um minuto. Por esse
motivo, aconselho adotar a estratégia DINÂMICA.
No caso apresentado, a letra (e) responde à questão.
EXERCÍCIOS COMENTADOS c) Compreensão Geral do Texto (Questão de Ideia)
As questões de ideia, cujos enunciados são normal­mente
Aplicação da Estratégia Dinâmica em Provas de curtos, demandam mais tempo de leitura (como já explicado)
Língua Inglesa e, portanto, devem ser respondidas após as questões de
vocabulário e de frase.
a) Reconhecimento de Vocabulário em Textos Como responder a essas questões?
O reconhecimento de vocabulário (a) é imediato (se o Você pode ler o texto duas vezes, como já proposto, ou
leitor já o conhecia); ou (b) pode ser deduzido (se a com­ pode analisar cada alternativa da questão como uma questão
preensão textual for bem sucedida). Em provas de C ou E, o de frase, isto é, procure no texto as palavras da alternativa,
examinador apresenta um suposto sinônimo/antônimo (o leia a frase que as contém e julgue as alternativas.
qual deve ser conhecido do candidato) para a palavra em Lembro a vocês que o objetivo em uma prova é acertar
questão (caso o candidato não conheça o termo substi­tutivo questões.
proposto, a única coisa que pode fazer é “chutar”); nesse Exemplo:
caso, substitua a palavra pela proposta, releia a frase ou,
se necessário, o parágrafo, e veja se há coerência textual. Esaf/TCU/Analista de Finanças e Controle Exter­no
Proponho um exemplo: o examinador decide questionar
o sinônimo de huge, o qual está inserido na frase do texto Emerging Countries
“It took the manager hours to solve that huge problem, August was coming to a close. The situation in emerging
to which no one had an answer.” countries looked bleak. For most governments, financing
during the previous decade had been cheap. But a lethal
Questão – huge can be correctly substituted for big. cocktail of internal and external factors was being prepared.
Fiscal accounts were not in good shape. Exports were
Certo ou errado? falling, exacerbated by low commodity prices that severely
Caso não saiba o sinônimo de huge, mas saiba o de big, hit terms of trade. Interest payments were an increasingly
substitua huge por big e releia a frase. Se fizer sentido, se unsustainable burden on public‑sector accounts. To top it
for coerente, a questão estará correta. Então, podemos dizer off, U.S. interest rates were high and rising. The International
“it took the manager hours to solve that big problem, to
Monetary Fund (IMF) and Wall Street bankers trembled.
which no one had an answer” – “o gerente levou horas para
I am talking about August 1982, but the parallels
solucionar aquele grande problema, para o qual ninguém
with today are striking. Ecuador, not Mexico, teeters on
tinha uma resposta”? A resposta é SIM; portanto, a questão
bankruptcy; Alan Greenspan, not Paul Volcker, fights
está correta.
inflation; Colombia and Venezuela are in chaos; Brazil,
Caso a questão seja de múltipla escolha, antes veja se há
alternativas que são sinônimas ou semelhantes; nesse caso, Argentina, Chile and Peru face difficult times.
elimine‑as. As alternativas remanescentes, substitua‑as na
frase do texto, seguindo a mesma orientação. Which of the statements below reflects the content of
the text?
b) Compreensão de Informação Específica (Scanning) – a) Ecuador has just gone bankrupt.
Questão de Frase b) In 1982, the external debt was forgiven.
Inglês

O scanning é a ferramenta mais fácil de se lidar, pois c) Colombia and Venezuela have run surpluses.
permite buscar as respostas no texto pelo processo de d) August 1982 resembles today’s reality.
associação de palavras. As questões que utilizam o scanning e) Brazil has serviced its debt punctually.

37
Resolução distribution, as well as the so-called ‘factory floor’. In a
O texto cita vários países – Equador, Colômbia, Venezuela, service operation, what is considered line management
Brasil, Argentina, Chile e Peru – por isso, a alternativa que can broaden considerably. Often, order-taking roles, in
reflete o conteúdo, a ideia central do texto não pode tratar addition to orderfilling roles, are supervised by service
apenas sobre um país, mas sobre todos eles. Isso nos leva line managers.
a eliminar as alternativas (a), (c) e (e). Restam, então, as Support services for line management’s operations can
alternativas (b) e (d). A alternativa (b) afirma que “em 1982, be numerous. Within a manufacturing environment,
a dívida externa foi perdoada”, mas essa informação não support services carry titles such as quality control,
consta no texto (não há os termos ou a ideia de “dívida production planning and scheduling, purchasing,
perdoada”). A alternativa (d) responde à questão (Agosto inventory control, production control (which determines
de 1982 assemelha‑se à realidade de hoje) – leia no texto the status of jobs in the factory and what to do about
“I am talking about August 1982, but the parallels with jobs that may have fallen behind schedule), industrial
today are striking” (= Estou falando sobre 1982, mas as engineering (which is work methods oriented),
semelhanças com a atualidade são facilmente notadas). manufacturing engineering (which is hardware-
Perceba que as palavras August e today’s reality, bem como oriented), on-going product engineering, and field
a data 1982, são encontradas em uma frase. service. In a service environment, some of the same
roles are played but sometimes under vastly different
Normalmente, as questões de ideia são introduzidas da
names.
seguinte maneira:
Thus, the managers for whom operational issues are
The text states that (= O texto afirma que)
central can hold a variety of titles. In manufacturing, the
According to the text (= De acordo com o texto)
titles can range from vice-president – manufacturing,
In relation to the text (= Em relação ao texto) works manager, plant manager, and similar titles
In connection to the text (= Em relação ao texto) at the top of the hierarchy, through such titles as
manufacturing or production manager, general
Há também os comandos de inferência, dedução, superintendent, department manager, materials
conclusão. manager, director of quality control, and down to
It can be inferred (= Pode‑se inferir) general foreman or foreman. Within service businesses,
It can be deduced (= Pode‑se deduzir) ‘operations manager’ is sometimes used but frequently
It can be concluded (= Pode‑se concluir) the title is more general – business manager, branch
It can be gathered/understood (= Pode‑se entender) manager, retail manager, and so on.
SCHMENNER, Roger W. Production/Operations
Management. 5th Edition. Prentice-Hall, 1993.
EXERCÍCIOS
1. (2017/FEPESE/ABEPRO) The Operations Function According to the article, it is correct to state that, in a
Although somewhat ‘invisible’ to the marketplace the company’s organization chart:
operations function in a typical company accounts for a) many service businesses are more defined.
well over half the employment and well over half the b) operations frequently enjoy parity with the other
physical assets. That, in itself, makes the operations major business functions.
function important. In a company’s organization c) operations function is embedded in the district
chart, operations often enjoys parity with the other which most major companies are organized.
major business functions: marketing, sales, product d) responsibilities are less improved than operations
engineering, finance control (accounting), and human function.
resources (personnel, labor relations). Sometimes, the e) many branches are rarely organized by the human
operations function is organized as a single entity which resources.
stretches out across the entire company, but more
often it is embedded in the district, typically product- 2. (2017/FEPESE/ABEPRO) Look at the underlined words
defined divisions into which most major companies are in the extract below.
organized. ‘Support services for line management’s operations can
In many service businesses, the operations function be numerous.’
is typically more visible. Service businesses are often Choose the correct sentence with the same meaning.
organized into many branches, often with geographic a) Backing services for line management’s operations
responsibilities – field offices, retail outlets. In such tiers can be countless.
of the organization, operations are paramount. b) Lining services for line management’s operations can
The operations function itself is, often divided be uncountless.
.................two major groupings .................tasks: c) Endurement services for line management’s
line management and support services. Line operations can be dangerous.
management generally refers.................those managers d) Aid services for line management’s operations can
directly concerned................the manufacture of the be countless.
product or the delivery of the service. They are the ones e) Protection services for line management’s operations
who are typically close enough to the product or service can be useless.
that they can ‘touch’ it. Line management supervises
the hourly, blue-collar workforce. In a manufacturing 3. (2017/FEPESE/ABEPRO) Analyze the sentences
company, line management frequently extends to the according to the article.
stockroom (where material, parts, and semi-finished 1. stockroom = a place where semi-finished products
Inglês

products – termed ‘work-in-process inventory – are are stored.


stored), materials handling, the tool room, maintenance, 2. tool room = a place where material and parts are
the warehouse (where finished goods are stored), and kept.

38
3. warehouse = a place where finished goods are stored. 2. scheduling
4. factory floor = a place where materials are handled. 3. on-going
Choose the alternative which presents the correct ones: 4. environment
a) Only 1 is correct. 5. roles
b) Only 4 is correct.
c) Only 1 and 3 are correct. Column 2 Definitions
d) Only 2 and 3 are correct. ( ) the conditions that you live or work in.
e) Only 2 and 4 are correct. ( ) continuing; still in progress.
( ) part played by a person or thing in a particular
4. (2017/FEPESE/ABEPRO) Choose the alternative that situation.
presents the correct meaning of the following phrasal ( ) arranging or planning.
verbs: ( ) provide.
a) hourly – on time
b) assets – useless quality Choose the alternative that presents the correct
c) goods – plural of ‘good’ sequence, from top to bottom.
d) retail outlets – fine stores a) 1 - 3 - 2 - 4 - 5
e) stretches out – extend or stretch out to a greater or b) 2 - 4 - 5 - 3 - 1
the full length
c) 4 - 2 - 3 - 5 - 1
d) 4 - 3 - 5 - 2 - 1
5. (2017/FEPESE/ABEPRO) In the following sentence:
“Although somewhat ‘invisible’ to the marketplace the e) 5 - 1 - 4 - 2 - 3
operations function in a typical company accounts for
well over half the employment and well over half the 10. (2017/FEPESE/ABEPRO) The following underlined words
physical assets.” The word in bold is a conjunction used in:
to: “Support services for line management’s operations can
a) add emphasis. be numerous.” and “…to do about jobs that may have
b) join two words. fallen behind schedule)”
c) modify adjectives. Can be replaced without changing their meanings by:
d) connect ideas that contrast. a) must be - should
e) indicate a contrast between two facts. b) must be - shouldn´t
c) perhaps be - might
6. (2017/FEPESE/ABEPRO) Some of the titles held in d) perhaps be - mustn’t
manufacturing are: e) ought to be - might
a) vice-president, works manager and foreman.
b) plant manager, production manager and blue-collar 11. (2017/FEPESE/ABEPRO) According to the third
workforce. paragraph, we can infer that:
c) general superintendent, department manager and a) The blue-collar workforce is managed by the service
personnel. operation.
d) materials manager, director of quality control and b) Service line managers supervise order-taking roles,
employees. in addition to order-filling roles.
e) general foreman , managers and computer c) Support services are responsible for delivering the
programmers. product service.
d) Service line managers give support to the operations
7. (2017/FEPESE/ABEPRO) The underlined words in function.
paragraphs 4 and 5 in the article, can be correctly e) The blue-collar workforce stored semi-finished
classified as: products.
a) verb phrases
b) relative pronouns 12. (2017/FEPESE/ABEPRO) The underlined words in:
c) adverbs of manner ‘…line management frequently extends to the
d) infinitive forms
stockroom…’ and ‘…management can broaden
e) phrasal verbs
considerably.’
Are being used in these sentences as examples of:
8. (2017/FEPESE/ABEPRO) According to the fourth
paragraph of the article, it is correct to say that: a) conjunctions
a) Purchasing services are tiny. b) adjectives
b) Inventory control gives support to services. c) adverbs
c) Quality control determines which method is work d) pronouns
oriented. e) modal verbs
d) Production planning and scheduling decide what to
do about jobs. 13. (2017/FEPESE/ABEPRO) In the sentence:
e) Production control determines the status of jobs in “They are the ones who are typically close enough to
the factory. the product or service that they can ‘touch’ it.”
The underlined pronoun refers to:
9. (2017/FEPESE/ABEPRO) Match the words in column 1 a) managers
to their definitions in column 2: b) line management
Inglês

c) the delivery of the service


Column 1 Words d) the product and the delivery
1. support e) the manufacture of the product

39
14. (2017/FEPESE/ABEPRO) In the following sentence: 19. (2017/FEPESE/ABEPRO) “The operations function” have
”In a manufacturing company, line management a specific role in the marketplace.
frequently extends to the stockroom (where material, Choose the alternative which presents the correct
parts, and semifinished products – termed ‘work-in- answer.
process inventory – are stored), materials handling, a) noticeable and dull to the district.
the tool room, maintenance, the warehouse (where b) hidden and optional to a company.
finished goods are stored), and distribution, as well as c) obvious and important to the entity.
the so-called ‘factory floor’.” d) invisible and important to a company.
The words in bold can be replaced without changing e) meaningful and detectable to the district.
their meanings, in which alternative?
a) though 20. (2017/FEPESE/ABEPRO) According to the article, choose
b) otherwise the correct alternative.
c) better than a) the entire company is fixed in the district.
d) nevertheless b) the district where the product divisions are organized.
c) operations seldom enjoys parity with the other
e) in addition to
minor business charts.
d) marketing, sales, product engineering and finance
15. (2017/FEPESE/ABEPRO) Related to ‘line management’,
control are the main functions in a company.
it is correct to state that:
e) the operations function represent suitably more than
a) it seldom takes care of the stockroom. the employment and the physical assets.
b) it often manages the delivery of the service.
c) it is responsible for the supervising service products. 21. (2017/FEPESE/ABEPRO)
d) it keeps watching over the periodically, blue-collar The Pros and Cons of Nuclear Power
workforce. Since the disaster at the Fukushima nuclear power plant
e) it operates is service operation that is considered in Japan in 2011, a debate has been raging (1) the future
supportive. of atomic energy. Consequently, the safety risks have
been well publicized in the global media. But do the
16. (2017/FEPESE/ABEPRO) According to the second risks outweigh the damage that could be done to the
paragraph of the article, choose the correct answer. planet because of our ongoing addiction to fossil fuels?
a) In few operations functions, some service businesses Even environmentalists don’t have the answer. They are
are visible. split over nuclear (2) , and its pros and cons. Some say
b) Service businesses and their branches have it is neither safe nor economical because it produces
responsibilities related to field offices and retail potentially (3) radioactive waste, and reactors are so
outlets. costly to build. However, others believe nuclear energy
c) The operations function is responsible for geographic is a necessary evil. They say we should continue using
fields. it until (4) energy sources, like wind turbines and solar
d) In service businesses tiers of the organization are panels, can meet global demand. Supporters also argue
the operations function. that nuclear energy helps cut down on carbon emissions
e) Operations and businesses are often a paramount. from fossil fuels such as coal and natural gas, which are
linked to global warming and pollute the environment.
17. (2017/FEPESE/ABEPRO) Choose the alternative that They say this is because nuclear reactors produce a tiny
presents the correct words to complete the missing fraction of the carbon dioxide generated by burning
ones in the text. coal.
a) into - of - to - with But perhaps the biggest hurdle for atomic energy to
b) into - from - of - with overcome is its image problem. Despite industry claims
c) by - off - from - about of a strong safety record, critics remain unconvinced
because each reactor annually produces up to 30 tons
d) by - off - with - about
of nuclear waste, which can continue to be radioactive
e) from - of - to - out
and hazardous for thousands of years. Furthermore,
the Chernobyl disaster in 1986 left the public with vivid
18. (2017/FEPESE/ABEPRO) Decide if the sentences below
images of the impact of a nuclear meltdown, including
are ( T ) true or ( F ) false according to the article. deformed babies, mutated vegetables, and abandoned
( ) In a company’s organization sketch, operations often towns.
enjoys inequality with the other major business While nuclear reactors may continue to be installed in
functions. some countries for decades to come, after Fukushima
( ) At times, the operations function is organized as others have decided to rethink their energy policies. For
a single entity which features across the entire example, the German government has revealed plans
company. for a “green” renewable energy plan, even though it
( ) Some examples of major business functions are has relied on nuclear power for up to 23 percent of its
finance control and human resources only. consumption in the past. It has been announced that
Now, choose the alternative which presents the correct all seventeen nuclear power plants would be phased
sequence: out by 2022. The policy will also promote energysaving
a) T - T - F measures encouraging people to insulate their homes,
b) T - F - F recycle, and reduce waste. Experts argue it could be a
Inglês

c) F - T - F risky strategy because Germany doesn’t have natural gas


d) F - F - T or oil supplies, and coal supplies have been depleted.
e) F - F - F Meanwhile, in Brazil, there is just one nuclear plant at

40
Angra dos Reis. Nuclear power represents only three per Choose the alternative that presents the correct
cent of Brazil’s energy production. After sharp oil price sequence, from top to bottom.
rises in the 1970s, the country’s leaders anticipated a) 1 - 3 - 2 - 4 - 5
future energy supply problems. So they concentrated b) 2 - 4 - 5 - 3 - 1
on developing alternative energy sources including c) 3 - 2 - 5 - 1 - 4
biofuel, hydroelectric schemes, and wind power. d) 4 - 2 - 3 - 5 - 1
This approach seems to be working because by May e) 5 - 1 - 4 - 2 - 3
2012 plans to build more nuclear reactors were
shelved by Brazilian officials. The move was welcomed 24. (2017/FEPESE/ABEPRO) Analyze these sentences.
by environmental lobby groups, which had feared a 1. “Supporters also argue that nuclear energy helps cut
potential ecological catastrophe in case of an accident. If down on carbon emissions from…”
a big country like Brazil, which is the tenth largest energy 2. “Experts argue it could be a risky strategy because
consumer in the world, can survive and improve its Germany…”
economy without much nuclear power, maybe others The underlined words in the sentences above, have
can do so, too. their correct meanings in which alternative:
A modal verb is a type of auxiliary verb. It can be used a) to discuss a subject.
to express different things. Observe the use of the b) to comment a thing.
following modal verbs underlined in each sentence, c) to state reasons against an issue.
then match them with their correct meanings. d) to debate and to explore solutions.
1. They say we should continue using it… e) to present or to state reasons for or against a thing.
2.…which can continue to be radioactive and hazardous
for thousands of years. 25. (2017/FEPESE/ABEPRO) According to the article, the
3. While nuclear reactors may continue to be installed… Chernobyl disaster has caused some serious problems.
4. Experts argue it could be a risky strategy… Choose the alternative which indicates some of the
Choose the alternative which presents the correct uses serious problems the Chernobyl disaster has caused,
according to their meanings: according to the article.
a) 1. permission - 2. ability - 3. probability - 4. ability in a) ghost cities, mutated vegetables and deformed
the past babies.
b) 1. obligation - 2. possibility - 3. advice - 4. permission b) meltdown towns, GM vegetables and mutated kids.
c) 1. advice - 2. ability - 3. possibility - 4. ability c) mutated cities, grown vegetables and revealed
d) 1. advice - 2. possibility - 3. possibility - 4. possibility babies.
e) 1. possibility - 2. advice - 3. prohibition - 4. possibility d) ghost towns, hazardous vegetables and deformed
babies.
22. (2017/FEPESE/ABEPRO) In each sentence, is the bold
e) deformed cities, outweigh vegetables and hurdle
words a noun or a verb?
babies.
1. However, others believe nuclear energy is a necessary
evil.
26. (2017/FEPESE/ABEPRO) The following words:
2. Despite industry claims of a strong safety record,
Consequently, However, Furthermore and Meanwhile;
critics remain…
were taken from the text. They are being used in the
3. Furthermore, the Chernobyl disaster in 1986 left
the public with vivid images of the impact of a nuclear article as a part of speech to:
meltdown… a) link verbs and adverbs.
4. Experts argue it could be a risky strategy because… b) link only the most important ideas.
Choose the alternative that presents the correct c) join words, phrases or clauses in the article.
sequence, from top to bottom. d) establish connections between verbs and nouns.
a) verb - noun - verb - noun e) join paragraphs.
b) verb - verb - noun - noun
c) verb - verb - verb - noun 27. (2017/FEPESE/ABEPRO) The underlined words in:
d) noun - noun - verb - verb ‘Experts argue it could be a risky strategy because
e) noun - verb - noun - verb Germany doesn’t have natural gas or oil supplies, and
coal supplies have been depleted.”, has its correct
23. (2017/FEPESE/ABEPRO) Match the words in column 1 affirmative form in which sentence?
to their definitions in column 2: a) “…because Germany has natural gas…”
b) “…because Germany had natural gas…”
Column 1 Words c) “…because Germany haves natural gas…”
1. power plant d) “…because Germany do have natural gas…”
2. damage e) ”… because Germany does have natural gas…”
3. improve
4. waste 28. (2017/FEPESE/ABEPRO) The words in bold, in: ‘But
5. supply perhaps the biggest hurdle for atomic energy to
overcome is its image problem.”, has its correct synonym
Column 2 Definitions in which alternative?
( ) make better a) the widest
( ) harm b) the hugest
Inglês

( ) provide for c) the most big


( ) an electric utility generating station d) the most largest
( ) rejected material e) the most humble

41
29. (2017/FEPESE/ABEPRO) Write ( T ) true or ( F ) false d) Germany has a higher recycling rate than most other
according to the article: European countries.
( ) There are some nuclear plants in Rio de Janeiro. e) other countries could learn a lot from Brazil’s recent
( ) German people consume 23% of renewable energy. change in approach to energy.
( ) There are 17 nuclear plants that will be eliminated
in Germany by the year 2022. 35. (2017/FEPESE/ABEPRO) Which statements below can
( ) There are plans to build more nuclear plants in be inferred from the article?
Brazil. 1. If the Fukushima disaster hadn’t happened, recent
( ) It is possible for a big country like Brazil to survive discussions about the safety of nuclear energy may not
without much nuclear power. have taken place.
Choose the alternative which presents the correct 2. Germany may have problems in the future with their
sequence, from top to bottom: energy because of decisions they have taken now. 3.
a) T - T - F - F - F Brazil has absolutely no plans to use nuclear energy
b) T - F - F - T - T again.
c) F - T - F - T - F Choose the alternative which indicates the correct
d) F - F - T - T - T statements.
e) F - F - T - F - T a) 1 only.
b) 2 only.
30. (2017/FEPESE/ABEPRO) Analyze the following sentence: c) 1 and 2.
“The move was welcomed by environmental lobby d) 1 and 3.
groups, which had feared a potential ecological
catastrophe in case of an accident.” 36. (2017/FEPESE/ABEPRO) You can infer from the
Choose the correct alternative. information in paragraph 1 that the underlined word
a) The underlined word refers to ‘the move’ “ongoing” means:
b) The underlined word is an interrogative word. a) difficult.
c) The underlined word has the same meaning as b) completed.
‘what’ c) continuing.
d) The underlined word can be replaced by ‘that’ d) from the past
without changing its meaning. e) new and different.
e) The underlined word can be omitted from the
sentence. 37. (2017/FEPESE/ABEPRO) Which of the following
statements is true according to the information in
31. (2017/FEPESE/ABEPRO) In the following sentence: paragraph 3?
“But do the risks outweigh the damage that could be a) The disposal of radioactive waste is difficult and
done to the planet because of our ongoing addiction dangerous but can be done safely.
to fossil fuels?” b) One of the main problems with atomic energy is
The pronoun in bold, refers to: that people are not sure it is safe and the media has
a) people living on planet Earth contributed to this negative view.
b) the damage caused by humans c) People who oppose nuclear energy are absolutely
c) the risks caused to the planet sure it is unsafe and dangerous for children’s health.
d) people who caused the risks d) Some people are opposed to atomic energy because
e) the planet itself they have seen the effect it can have on children,
crops, and communities.
32. (2017/FEPESE/ABEPRO) In the sentence: e) Nuclear reactors produce toxic waste that will cause
“This approach seems to be working because by May health problems for young children for thousands of
2012 plans to build more nuclear reactors were shelved years to come.
by Brazilian officials.”
The verb “shelved” means: 38. (2017/FEPESE/ABEPRO) According to the information
a) went in a downwards direction. in paragraph 2, it is correct to say that:
b) decided not to continue with a plan. a) nuclear energy causes as much pollution as fossil
c) hid something in a secret place. fuels.
d) put the plans on a shelf. b) there aren’t enough renewable energy sources to
e) didn’t work. meet the needs of people all over the world.
c) environmentalists all agree that nuclear power is
33. (2017/FEPESE/ABEPRO) The phrasal verb “cut down on”, going to be the only type of energy available in the
in the second paragraph, means: future.
a) use. d) environmentalists are convinced that the waste from
b) add to. nuclear energy is dangerous.
c) supply. e) nuclear reactors are not cheap to build and they
d) reduce the amount. produce a huge amount of carbon dioxide.
e) increase in number.
39. (2017/FEPESE/ABEPRO) According to the article, the
34. (2017/FEPESE/ABEPRO) The text states that: main intention of the author is to:
a) there is little or no evidence that nuclear energy is a) comment on the environmental impact of nuclear
Inglês

dangerous. power.
b) nuclear waste is easy to dispose of in most countries. b) warn future generations of the dangers of nuclear
c) oil prices are closely linked to global energy supplies. power.

42
c) give an account of the Fukushima and Chernobyl
nuclear disasters.
d) tell survivors’ stories from the Fukushima and
Chernobyl nuclear disasters.
e) describe the benefits of atomic energy worldwide
while also highlighting the disadvantages.

40. (2017/FEPESE/ABEPRO) Choose the alternative that


presents the correct words to complete the missing
ones in the text.
a) (1) on • (2) light • (3) warmful • (4) new
b) (1) over • (2) power • (3) warm • (4) fossil
c) (1) about • (2) strong • (3) harm • (4) renewable
d) (1) about • (2) power • (3) harmful • (4) renewable
e) (1) without • (2) energy • (3) harmful • (4) recycle

GABARITO
1. b 11. b 21. d 31. a
2. a 12. c 22. b 32. b
3. c 13. a 23. c 33. d
4. e 14. e 24. e 34. e
5. d 15. d 25. a 35. c
6. a 16. b 26. c 36. c
7. b 17. a 27. a 37. a
8. e 18. c 28. b 38. b
9. d 19. d 29. e 39. e
10. c 20. e 30. d 40. d

Inglês

43
IGP

SUMÁRIO

Noções de Direito
Noções de Direito Constitucional (2 questões): Dos Princípios Fundamentais: artigos 01 a 04. Dos Direitos e
Garantias Fundamentais: artigos 05 a 11. Da Organização do Estado: Artigos 18 e 19. Da Administração Pública
e Servidores Públicos: Artigos 37 a 41..................................................................................................................................... 3

Noções de Direito Penal (2 questões): Infração penal: elementos, espécies. Sujeito ativo e sujeito passivo da
infração penal. Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade. Crimes: Crimes contra Pessoa, Crimes Contra o
Patrimônio, Crimes contra a fé pública, Crimes contra a administração pública, Concurso de pessoas.............................106

Noções de Direito Processual Penal (2 questões): Do inquérito policial: artigos 06 e 07. Do exame de corpo de
delito e das perícias em geral: artigos 158 a 184. Incompatibilidade, impedimento e suspeição: artigos 112, 254
a 256. Dos peritos e intérpretes: artigos 275 a 281............................................................................................................ 215

Noções de Direito Administrativo (2 questões): Princípios Básicos da Administração Pública. Atos Administrativos:
conceitos, requisitos, atos ordinatórios e invalidação. Servidores Públicos Civis: deveres, direitos e responsabilidades..233

Legislação Especial (2 questões): Lei 8.666/93 – artigos 01 a 06 e 20 a 26, Lei 10.826/03 (Estatuto do
Desarmamento), Lei 11.340/06 (Maria da Penha), Lei 11.343/06 (Drogas), Código de Trânsito Brasileiro (art.
302 ao 312‐A), Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente – Da prática de ato infracional, dos crimes
em espécie e das infrações administrativas). Constituição do Estado de Santa Catarina: artigos 105 e 109‐A.
Norma que dispõe sobre o quadro de pessoal dos servidores do Instituto Geral de Perícias (Lei nº 15.156/10),
Lei Complementar 610/13, Lei 16.772/15. Lei 12.737/12 (Lei Carolina Dieckmann), Lei 12.527/11 Lei de Acesso
à Informação), Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).................................................................................................... 301
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Daniella Matos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUI- período de atividade funcional, se sobrevier a cessação da


ÇÃO BRASILEIRA DE 1988 investidura do indiciado, denunciado ou réu no cargo, fun‐
ção ou mandato cuja titularidade (desde que subsistente)
Os dispositivos insertos no primeiro título da Constituição qualifica-se como o único fator de legitimação constitucio‐
Federal de 1988 identificam os princípios estruturantes do nal apto a fazer instaurar a competência penal originária da
Estado Brasileiro. Deles são extraídas as diretrizes políticas Suprema Corte (CF, art. 102, I, b e c).
e organizacionais, bem como as intenções dos legisladores
constituintes para a nova ordem jurídica que se iniciava. Po‐ Forma de Estado (Federação X Estado Unitário)
rém, diferentemente do preâmbulo, as disposições insertas
entre os arts. 1º e 250 da Carta Maior e no Ato das Disposi‐ A forma de Estado foi definida através do princípio fede‐
ções Constitucionais Transitórias (ADCT) são dotadas de na‐ rativo. Em 1891, o legislador constituinte, superando o siste‐
tureza jurídica (normas jurídicas), e não meramente política. ma unitário vigente durante o período monárquico, tornou
o Brasil uma Federação, que se caracteriza pela repartição
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela de competência entre as unidades políticas, conferindo-lhes
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito apenas autonomia, e não soberania, qualidade adstrita à
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e República Federativa do Brasil. A partir desse momento, os
tem como fundamentos: entes públicos passaram a ter liberdade organizacional para
I - a soberania; disciplinar as relações ocorridas em seus territórios.
II - a cidadania; A autonomia dos entes federados se divide em 4 espécies:
III - a dignidade da pessoa humana; • Autonomia política (autogoverno): representa a ca‐
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; pacidade para a escolha dos seus governantes, sem
(Vide Lei nº 13.874, de 2019) qualquer interferência das demais unidades federadas.
V - o pluralismo político. O autogoverno permite a existência de órgãos governa‐
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o mentais próprios, sendo fundamento justificador para
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, a implementação da tripartição do poder (legislativo,
nos termos desta Constituição. executivo e judiciário).
• Auto-organização: outorga às entidades políticas o di‐
O artigo 1º da Constituição Federal traz os principais reito de elaborar suas próprias Constituições (ou Lei
elementos de definição político-organizacional do Estado Orgânica, no caso do Distrito Federal).
brasileiro. A norma já inicia definindo as formas de governo • Autolegislação: Complementando a anterior, a auto‐
e de estado adotadas pelo Constituinte, como passaremos legislação admite que os entes públicos elaborem leis
a apreciar. próprias, que regulamentarão a vida em seu território.
• Autoadministração: Por fim, há a autoadministração,
República Federativa que outorga competência administrativa e tributária
às entidades políticas, servindo de instrumento para o

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


Forma de Governo (República X Monarquia) pleno exercício dos direitos políticos e organizacionais.

A forma de Governo é responsável por estabelecer a ti‐ Ainda, para entender a repartição de competências em
tularidade e o exercício do poder soberano em um Estado. nosso país, é curial que se analise o modo como a Federação
A Constituição Federal de 1988 elegeu a forma republicana brasileira foi construída. O sistema pátrio teve origem em um
(República), caracterizada pela atribuição do poder ao povo, Estado unitário, diferentemente do que ocorreu com a Fe‐
que o exerce diretamente ou através dos seus representantes deração norte-americana, erguida em decorrência da união
eleitos para tanto. O termo república vem de res publica (coisa de vários Estados, até então soberanos. Nos Estados Unidos
pública). Esta sistemática se contrapõe à monarquia, na qual da América há uma forte autonomia dos estados-membros
o poder se origina e é exercido por uma única autoridade. e, em contrapartida, um menor poder da unidade federal,
São características básicas da República: temporarieda- haja vista que, quando da criação, o poder transferido por
de, eletividade e responsabilidade do governante. A monar‐ cada Estado, para a consolidação do pacto federativo, foi pe‐
quia, por sua vez, apresenta vitaliciedade, hereditariedade e queno, uma vez que buscaram resguardar a grande maioria
irresponsabilidade como seus traços marcantes. Além disso, das prerrogativas que até então gozavam. No Brasil, ocorreu
consoante leciona Bernardo Gonçalves1, diante do princípio o inverso, pois vivíamos em um Estado Unitário e, ao invés
republicano há igualdade entre as pessoas, não se fazendo de uma cessão de poderes pelos Estados, foi a União que
possível tratamento discriminatório, ou preferencial. Em uma abriu mão de parcela de suas faculdades. Assim, explica-se o
República todos devem receber o mesmo tratamento. porquê da ampla concentração de competências e rendas no
ente federal, eis que, quando da adoção da forma federativa,
Jurisprudência a União buscou resguardar boa parte dos poderes que até
então usufruía com exclusividade. É por esse motivo que
STF, Inq 1.376 AgR: PRERROGATIVA DE FORO. FIM DO muitos doutrinadores dizem que o Brasil vive um “federa‐
MANDATO - O postulado republicano – que repele privilégios lismo de fachada”, haja vista que os demais entes federados
e não tolera discriminações – impede que prevaleça a prer‐ são demasiadamente enfraquecidos com a divisão realizada
rogativa de foro, perante o STF, nas infrações penais comuns, pelo legislador constituinte.
mesmo que a prática delituosa tenha ocorrido durante o Notem também que o artigo 1º explicita que a Repúbli‐
ca Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel

1
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev.
ampl. e atual. Salvador. Juspodvm, 2017. p. 295.
dos Estados, Municípios e do Distrito Federal. Trata-se do

3
princípio da indissolubilidade, responsável pela estabilidade diretamente. Na democracia representativa, serão os repre‐
do pacto federativo, vedando o direito de secessão e cen‐ sentantes eleitos pelo povo que terão a legitimidade para o
surando eventuais movimentos separatistas por parte dos exercício do poder. Por fim, o sistema semidireto combina
entes públicos, que restam impedidos de abandonar o pacto. os dois anteriores, sendo este o regime adotado pelo Brasil.
Havendo crise interna tendente a eventual pedido de sepa‐ Como ordenam os artigos 1º e 14 da Carta Maior, o poder
ração, caberá intervenção federal, buscando resguardar a será exercido pelos representantes eleitos e, através de ple‐
integridade nacional (CF, art. 34, I). biscito, referendo e iniciativa popular, diretamente pelo povo.
Outro esclarecimento importante a ser feito é de que Além de ser democrático, a Carta Maior aponta que esta‐
as federações não se confundem com as Confederações. mos diante de um Estado de Direito. Para a doutrina liberal,
Como dito acima, as primeiras são compostas por unidades Estado de Direito seria aquele que estaria subordinado à lei.
federativas não dotadas de soberania, mas, apenas, autôno‐ Atualmente, entende-se que essa definição está superada,
mas, aplicando-se o princípio da indissolubilidade. Por outro uma vez que a ideia de “Estado de Direito” é indissociável
lado, as Confederações representam a reunião de Estados do “Estado Democrático”. Por conseguinte, pode-se dizer
soberanos, que não podem ser constrangidos a participar que o Estado Democrático de Direito é aquele subordinado
de associações formadas sem a sua livre manifestação de à lei e ao Direito, atentando-se para a soberania popular e
vontade. Não há hierarquia entre Estados soberanos, mas para a dignidade da pessoa humana. A lei não é limite ins‐
sim isonomia, inviabilizando-se eventual sobreposição e per‐ transponível, sob pena de regimes ditatoriais e autoritários
mitindo o direito de retirada. se valerem dos instrumentos normativos para dar legitimi‐
dade às suas atitudes. Por esse motivo, faz-se necessária a
Sistema presidencialista (Presidencialismo X Parlamen- comunhão entre os elementos apresentados.
tarismo)
Fundamentos da República Federativa do Brasil
Muito embora o sistema de governo adotado pelo Brasil
seja tratado com minúcia no Capítulo II do Título IV da Carta Dica! Tanto os fundamentos, como os objetivos da Repú‐
Constitucional (Do Poder Executivo), cumpre adiantar que blica Federativa do Brasil devem ser memorizados exaus‐
foi adotado pelo legislador constituinte o sistema presiden- tivamente, pois reiteradamente incidem em provas de
cialista. concurso público.
De modo resumido, o presidencialismo se opõe ao par‐ Cuidado com eles.
lamentarismo, uma vez que, dentre outras características,
apresenta uma concentração das Funções de Chefe de Estado São considerados fundamentos aqueles valores basilares
e Chefe de Governo em uma mesma pessoa. Já no parla‐ definidos pelo legislador constituinte, que servirão de ponto
mentarismo estas atividades são exercidas por indivíduos de partida para toda e qualquer interpretação das normas
distintos. constitucionais, ou das infraconstitucionais, quando em con‐
flito com a Carta Maior.
Resumo da Organização Política do Brasil
Soberania Interna e Externa
FEDERAÇÃO Como dito algumas vezes, a República Federativa do Bra‐
Forma de Estado
(entes federados autônomos) sil é um Estado soberano. Isso representa que o poder polí‐
REPÚBLICA tico não sofre limitações internas ou externas. Não podem
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

Forma de Governo (o poder emana do povo e é exercido ser impostas ao Estado brasileiro medidas ou ordens a serem
em seu interesse) seguidas, estando em patamar de igualdade com os demais
PRESIDENCIALISTA Estados-Nação. Alguns doutrinadores dividem a soberania
(concentração das Funções de Chefe em externa (relação de coordenação, e não de subordina‐
Sistema de Governo
de Estado e de Governo nas mãos do ção, existente entre Estados-Nação) e interna (relação de
Chefe do Executivo Federal) subordinação das unidades federativas e dos indivíduos ao
poder do Estado soberano).
Estado Democrático de Direito Cuidem para não confundir a União, enquanto pessoa
jurídica de direito público interno, com a sua atividade re-
Antes de tudo, insta esclarecer o que significa o termo presentando o Brasil na condição de pessoa jurídica de di-
“Estado”. Estado é toda pessoa jurídica de direito público reito público externo. A União, no âmbito interno, é unidade
externo dotada de soberania, território e povo. Alguns es‐ federativa dotada de autonomia, em patamar de igualdade
tudiosos ainda acrescentam a necessidade de uma finalidade com os demais entes federados, inexistindo soberania. Nos
precípua. Observem que esta é uma definição colhida do casos em que o Chefe do Executivo Federal se relaciona com
entendimento doutrinário majoritário, que está longe de ser outros Estados soberanos, haverá o exercício da soberania,
pacificado. Nota-se que o Brasil é, claramente, um Estado, sendo a União mero instrumento para esta representação
pois preenche os requisitos supracitados. no exterior. A soberania é atributo exclusivo da República
Além disso, a Carta Constitucional exige que o nosso Es‐ Federativa do Brasil.
tado seja democrático. Conceituar democracia é tarefa ár‐
dua, mas pode-se sintetizar que Estado Democrático é aquele Jurisprudência
que reconhece a soberania popular, assegura a supremacia
da Constituição Federal, a existência de direitos e garantias STF, HC 72.391 QO: A imprescindibilidade do uso do idio‐
fundamentais e a legalidade das condutas estatais2. ma nacional nos atos processuais, além de corresponder a
Cumpre apontar que o regime democrático pode ser uma exigência que decorre de razões vinculadas à própria
classificado em: direto, semidireto ou representativo (in‐ soberania nacional, constitui projeção concretizadora da
direto). Na primeira hipótese, o poder é exercido pelo povo, norma inscrita no art. 13, caput, da Carta Federal, que pro‐
clama ser a língua portuguesa “o idioma oficial da República
2
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Op. Cit. p. 298-299. Federativa do Brasil”.

4
Cidadania desprezo ou desapreço pelo embrião in vitro, porém uma
mais firme disposição para encurtar caminhos que possam
O princípio da cidadania passa por um processo de am‐ levar à superação do infortúnio alheio. Isso no âmbito de
pliação, tutelando não só a titularidade direitos políticos, mas um ordenamento constitucional que desde o seu preâmbulo
também os direitos e garantias fundamentais, necessários à qualifica “a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvol‐
participação política da sociedade, e a tutela de interesses vimento, a igualdade e a justiça” como valores supremos de
coletivos e difusos. uma sociedade mais que tudo “fraterna”. Longe de traduzir
desprezo ou desrespeito aos congelados embriões in vitro,
Dignidade da Pessoa Humana significa apreço e reverência a criaturas humanas que sofrem
e se desesperam. Inexistência de ofensas ao direito à vida
O princípio da dignidade da pessoa humana não tem e da dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com
uma definição estrita, mas sim plural. Não se trata de um células-tronco embrionárias (inviáveis biologicamente ou
único mandamento, mas de um conjunto de medidas que para os fins a que se destinam) significa a celebração solidária
buscam assegurar aos indivíduos conduções para uma vida da vida e alento aos que se acham à margem do exercício
adequada, saudável e plena. concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver com
Segundo Bernardo Gonçalves3, a dignidade da pessoa dignidade (ministro Celso de Mello).
humana exige alguns elementos: (I) não instrumentalização STF, AR 1.244 EI: Ação de investigação de paternidade
do ser humano; (II) autonomia existencial, cabendo a cada cumulada com petição de herança. Filho adulterino. Pater‐
pessoa fazer as suas próprias escolhas; (III) direito ao mínimo nidade não contestada pelo marido. Direito de ter o filho
existencial, ou seja, aos elementos básicos para uma vida dig‐ reconhecido, a qualquer tempo, o seu pai biológico. Preva‐
na; (IV) direito ao reconhecimento, que representa a correção lência do direito fundamental à busca da identidade genética
de injustiças, identificando e respeitando as singularidades como direito de personalidade.
de cada indivíduo. STF, Inq 3.412: Definição moderna de trabalho escra-
Nota-se que a positivação do princípio da dignidade da vo. A “escravidão moderna” é mais sutil do que a do século
pessoa humana não representa a atribuição da dignidade 19 e o cerceamento à liberdade pode decorrer de diversos
aos indivíduos, mas sim a imposição aos órgãos estatais para constrangimentos econômicos e não necessariamente físi‐
que a observem, protejam e promovam os meios necessários cos. Priva-se alguém de sua liberdade e de sua dignidade
para a sua consolidação. tratando-o como coisa, e não como pessoa humana, o que
pode ser feito não só mediante coação, mas também pela
Jurisprudência violação intensa e persistente de seus direitos básicos, in‐
clusive do direito ao trabalho digno. A violação do direito ao
Súmula Vinculante nº 56: A falta de estabelecimento pe‐ trabalho digno impacta a capacidade da vítima de realizar
nal adequado não autoriza a manutenção do condenado em escolhas segundo a sua livre determinação. Isso também
regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa significa “reduzir alguém a condição análoga à de escravo”.
hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS. STF, HC 76.060: DNA. Submissão compulsória ao forneci‐
Súmula Vinculante nº 11: Só é lícito o uso de algemas em mento de sangue para a pesquisa do DNA. Hipótese na qual,
casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à luz do princípio da proporcionalidade ou da razoabilida‐
à integridade física própria ou alheia, por parte do preso de, se impõe evitar a afronta à dignidade pessoal que, nas
ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, circunstâncias, a sua participação na perícia substantivaria.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do Portanto, segundo o STF, muito embora possível a presunção
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato de paternidade pela não submissão, é inviável a imposição
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade de coleta de material genético para exame de DNA.
civil do Estado.
STF, ADPF 347 MC: Estados de coisas inconstitucional.
STF, ADI 4.275: TRANSGÊNEROS. DIREITO À ALTERAÇÃO
Presente quadro de violação massiva e persistente de direitos
DO NOME. A identidade de gênero é manifestação da pró‐
fundamentais, decorrente de falhas estruturais e falência de
pria personalidade da pessoa humana e, como tal, cabe ao
políticas públicas e cuja modificação depende de medidas
Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí‐
abrangentes de natureza normativa, administrativa e orça‐
-la. A pessoa não deve provar o que é, e o Estado não deve
mentária, deve o sistema penitenciário nacional ser carate‐
condicionar a expressão da identidade a qualquer tipo de
modelo, ainda que meramente procedimental. Assim, o ple‐ rizado como “estado de coisas inconstitucional”. (...) Ante a
nário reconheceu aos transgêneros, independentemente da situação precária das penitenciárias, o interesse público dire‐
cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamen‐ ciona à liberação das verbas do Fundo Penitenciário Nacional.
tos hormonais ou patologizantes, o direito à alteração de
prenome e gênero diretamente no registro civil. O Colegiado Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa
assentou seu entendimento nos princípios da dignidade da
pessoa humana, da inviolabilidade da intimidade, da vida Os valores sociais do trabalho são elementos essenciais
privada, da honra e da imagem, bem como no Pacto de São para o princípio da dignidade da pessoa humana. Ter opor‐
José da Costa Rica. tunidade, condições e uma justa remuneração para laborar
STF, ADI 3.510: Pesquisa com células tronco. A pesqui‐ é imprescindível para a satisfação do indivíduo. Diante deste
sa científica com células-tronco embrionárias, autorizada quadro, o legislador constituinte, em diversos dispositivos,
pela Lei nº 11.105/2005, objetiva o enfrentamento e cura resguardou o direito ao trabalho.
de patologias e traumatismos que severamente limitam, Já a livre iniciativa é a representação da adoção do sis‐
atormentam, infelicitam, desesperam e não raras vezes de‐ tema capitalista no ordenamento jurídico pátrio. Também
gradam a vida de expressivo contingente populacional. A considerado como fundamento da ordem econômica, a li‐
escolha feita pela Lei de Biossegurança não significou um vre iniciativa acolhe e fomenta a liberdade de criação, de
inovação. Confere aos indivíduos o direito de empreender,
3
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Op. Cit. p. 313.
de iniciar negócios, sem que o Estado venha a embargar

5
tais ideias. No entanto, observem que esta faculdade não é constitucionalmente tutelados. Esse controle exercido é o
absoluta, uma vez que cabe ao poder público resguardar a denominado sistema de freios e contrapesos (checks and
sociedade de eventuais riscos. O que a livre iniciativa deter‐ balances), através do qual cada órgão estatal poderá fiscalizar
mina é que não poderá o Estado intervir nos casos em que as atividades dos demais, evitando, assim, o exercício abu‐
for despiciendo o controle. Exemplo claro de sua aplicação sivo das funções típicas que lhes são acometidas. Busca-se
foi dado no RE 414.426, no qual o STF entendeu pela in‐ um equilíbrio entre os órgãos, impedido que, por meio de
viabilidade da exigência aos músicos de submissão prévia a medidas arbitrárias, acabe ocorrendo a sobreposição de um
registro em conselho profissional, uma vez que não se trata aos demais, retomando a concentração de poderes existente
de atividade de risco suscetível de causar lesão à sociedade. nos Estados Monárquicos.
É aconselhável ao estudante ter conhecimento da Lei Diante disso, passamos a analisar as funções típicas
Nº 13.874, de 20 de Setembro de 2019. Esta Lei institui a acometidas a cada um dos órgãos estatais. O Poder Legis-
Declaração de Direitos de Liberdade Econômica e estabelece lativo é responsável pela atividade legiferante, elaborando
garantias de livre mercado as normas jurídicas responsáveis por disciplinar as relações
públicas e privadas. No entanto, observem que o Legislativo
Jurisprudência também é responsável pela fiscalização do Poder Executivo,
exercendo-a com auxílio do Tribunal de Contas. É o único
STF, RE 349.686: O princípio da livre iniciativa não pode dos poderes que possui duas funções típicas. O Poder Exe-
ser invocado para afastar regras de regulamentação do mer‐ cutivo tem como escopo o exercício das políticas interna e
cado e de defesa do consumidor. externa, assim como a organização da administração públi‐
ca e a prestação dos serviços demandados pela sociedade.
Pluralismo Político O Poder Judiciário, por fim, é incumbido do exercício da
função jurisdicional, através da qual o Direito é aplicado
O pluralismo político é clara derivação do princípio demo‐ aos casos concretos, solucionando as lides que são levadas
crático, tutelando a existência e o respeito às mais diversas ao seu conhecimento.
concepções políticas. Notem que até agora falamos acerca das funções típicas
A inclusão do pluralismo político decorreu diretamente do Estado. Todavia, cumpre apontar que, além das atribuições
do término do período ditatorial no Brasil, dado que a po‐ típicas, os poderes podem exercer funções atípicas. Ao Poder
pulação, até então extremamente reprimida, protestava por Legislativo é acometida a edição de normas e a fiscalização
garantias de que seus direitos, manifestações e ideais seriam do Poder Executivo, no entanto, as casas legislativas, quando
ouvidos e defendidos pelos detentores do poder. contratam seus servidores, exercem função administrativa, e
quando julgam processos envolvendo Crimes de Responsabi‐
Soberania Popular lidade, jurisdicional. Essas funções são chamadas de atípicas,
pois, muito embora acometidas a outros Poderes, podem,
A soberania popular vem desenhada no art. 1º, parágrafo eventualmente, ser exercidas por quem, originariamente, não
único, da Carta Maior, quando assim se manifesta: “todo teria legitimidade. O mesmo ocorre quando o Poder Execu‐
poder emana do povo”. Reconhece-se, portanto, que o poder tivo edita medidas provisórias (função legislativa) ou julga os
advém do povo, é por ele exercido diretamente, ou através de processos administrativos instaurados em decorrência de in‐
seus representantes, e tem como finalidade a concretização frações cometidas por seus servidores (função jurisdicional),
dos interesses populares. É o governo “do povo, pelo povo bem como na hipótese de o Poder Judiciário elaborar seus
regimentos internos (função legislativa) ou admitir e exonerar
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

e para o povo”.
seus servidores (função administrativa).
Art. 2º São Poderes da União, independentes e har‐ Destarte, percebe-se que a separação dos poderes não
mônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. é absoluta, havendo ligações entre os Órgãos Estatais, per‐
mitindo-lhes, em situações precisas, praticar atos típicos dos
Princípio da Separação dos Poderes demais. O que o presente sistema veda é que haja a absor‐
ção de um poder por outro, ou que algum tenha as suas
As primeiras bases do princípio da separação dos pode‐ ações neutralizadas por medidas adotadas pelos demais.
res foram estabelecidas por Aristóteles, que, observando a Mas tomem cuidado, pois as funções atípicas são exceções
necessidade de separar as funções exercidas pelo soberano, inseridas, exclusivamente, na Carta Maior. Não havendo
identificou a existência de três incumbências distintas: (I) previsão constitucional, deverá ser respeitado o princípio
edição das normas jurídicas; (II) aplicação das disposições da indelegabilidade das funções estatais típicas.
normativas; (III) julgamento dos conflitos sociais. Entretanto, José Afonso da Silva4 muito bem explica que a divisão de
somente diante dos ensinamentos de Montesquieu que cada poderes se fundamenta em dois elementos: (I) especialização
uma dessas atividades estatais foi vinculada a órgãos distintos funcional, demonstrando que cada um dos Poderes possui
(respectivamente, Legislativo, Executivo e Judiciário). Logo, atividades diretamente relacionadas à sua natureza, denomi‐
houve a descentralização do poder, que antes se concentrava nadas de funções típicas; (II) independência orgânica, respon‐
nas mãos do Soberano. sável por impedir que os poderes intervenham nas atividades
A atribuição das funções estatais a órgãos distintos e típicas dos demais. Não basta que Executivo, Legislativo e Judi‐
autônomos persegue diretamente os deveres de indepen- ciário gozem atividades típicas definidas constitucionalmente,
dência e a harmonia impostos pela Carta Maior. Haverá in- sendo imprescindível que o seu exercido seja livre, admitindo
dependência quando os titulares de cada poder puderem intervenção somente em hipóteses excepcionais.
ser escolhidos de modo autônomo, livre da intervenção dos Portanto, a separação dos poderes consiste em distinguir
demais, bem como quando a sua organização e o exercício as três funções estatais, atribuídas a órgãos autônomos e
de suas atividades não sofrerem intervenções indevidas. Já distintos, que as exercerão, em regra, com exclusividade.5
a harmonia demonstra que, muito embora independen‐ 4
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Op. Cit. p. 110-113.
tes, as ações de cada um dos Poderes não são absolutas, 5
MORAES, Alexandre de Direito constitucional. 33. ed. rev. e atual. até a EC nº
imperativas, cabendo controle, caso venha a violar valores 95, de 15 de dezembro de 2016. São Paulo: Atlas, 2017. p. 313.

6
Resumo das Funções Estatais IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
Funções Atípicas de discriminação.
Funções Típicas
(exemplos)
Bom, agora que já sabemos os pilares sobre os quais a
Executiva: gestão interna,
República Federativa do Brasil se funda, resta analisar os
admissões, demissões.
Legislar rumos que o legislador traçou para o nosso Estado. Para isso,
Legislativo foram arrolados no art. 3º os objetivos a serem perseguidos
Jurisdicional:
Fiscalizar pela sociedade e pelo poder público. Mas cuidado, pois o
julgar Crimes de
Responsabilidade. rol do presente dispositivo é meramente exemplificativo.6
Relações internas e I - Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Legislativa: edição de
externas do Estado
medidas provisórias.
Executivo
O direito à solidariedade busca construir um Estado para
Atos de gestão da
Jurisdicional: julgar PAD. todos. Exemplo claro disso é a organização da Seguridade
máquina pública
Social, uma vez que, na Saúde e na Assistência Social, os be‐
Executiva: gestão interna, nefícios poderão ser conferidos a qualquer brasileiro, mesmo
admissões, demissões. sem contribuir. A Previdência Social, por sua vez, possui cará‐
Judiciário Julgar conflitos. ter contributivo, mas, vindo a sofrer alguma mazela, poderá
Legislativa: edição do seu o filiado gozar dos seus benefícios, independentemente do
Regimento Interno. tempo e de quanto tenha contribuído.
Nos exemplos acima, vislumbra-se que a solidariedade
Jurisprudência se materializa através de sistemas em que todos participam,
tendo direitos e obrigações de acordo com as suas condições
Súmula Vinculante nº 37: Não cabe ao Poder Judiciário, socioeconômicas.
que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob o fundamento de isonomia. Jurisprudência
STF, Súmula nº 649: É inconstitucional a criação, por
Constituição estadual, de órgão de controle administrativo STF, RE 450.855 AgR: O sistema público de previdência
do Poder Judiciário do qual participem representantes de social é fundamentado no princípio da solidariedade (art. 3º,
outros Poderes ou entidades. I, da Constituição do Brasil/1988), contribuindo os ativos para
STF, ADI 4.102: As restrições impostas ao exercício das financiar os benefícios pagos aos inativos. Se todos, inclusive
competências constitucionais conferidas ao Poder Executi‐ inativos e pensionistas, estão sujeitos ao pagamento das con‐
vo, incluída a definição de políticas públicas, importam em tribuições, bem como aos aumentos de suas alíquotas, seria
contrariedade ao princípio da independência e harmonia flagrante a afronta ao princípio da isonomia se o legislador dis‐
entre os Poderes. tinguisse, entre os beneficiários, alguns mais e outros menos
STF, ADI 179: É inconstitucional qualquer tentativa do privilegiados, eis que todos contribuem, conforme as mesmas
Poder Legislativo de definir previamente conteúdos ou es‐ regras, para financiar o sistema. Se as alterações na legislação
tabelecer prazos para que o Poder Executivo, em relação sobre custeio atingem a todos, indiscriminadamente, já que
às matérias afetas a sua iniciativa, apresente proposições as contribuições previdenciárias têm natureza tributária, não
há que se estabelecer discriminação entre os beneficiários,

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


legislativas, mesmo em sede da Constituição estadual, por‐
quanto ofende, na seara administrativa, a garantia de gestão sob pena de violação do princípio constitucional da isonomia.
superior dada ao chefe daquele Poder.
STF, ADC 11 MC: Conforme entendimento consolidado II - Garantir o desenvolvimento nacional;
da Corte, os requisitos constitucionais legitimadores da edi‐
Os recursos materiais são indispensáveis à melhoria nas
ção de medidas provisórias, vertidos nos conceitos jurídicos condições de vida do homem, eis que lhes confere estabi‐
indeterminados de “relevância” e “urgência” (art. 62 da CF), lidade, educação, saúde etc. O desenvolvimento nacional
apenas em caráter excepcional se submetem ao crivo do representa a busca pela melhoria das condições sociais a
Poder Judiciário, por força da regra da separação de poderes partir do progresso econômico do país.
(art. 2º da CF). Normalmente, o estágio de desenvolvimento de um
STF, RE 592.581: É lícito ao Judiciário impor à administra‐ Estado é medido através do índice de mortalidade infantil,
ção pública obrigação de fazer, consistente na promoção de atendimento hospitalar, saneamento básico, índices de al‐
medidas ou na execução de obras emergenciais em estabe‐ fabetização etc.
lecimentos prisionais. Supremacia da dignidade da pessoa Percebam, no entanto, que o avanço econômico não é
humana que legitima a intervenção judicial. absoluto, devendo atentar a outros interesses que são es‐
STF, RE 669.635 AgR: O Poder Judiciário, em situações sências para a vida sadia da sociedade, como, por exemplo,
excepcionais, pode determinar que a administração pública o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (CF,
adote medidas assecuratórias de direitos constitucionalmen‐ art. 225). Logo, há de ser feita uma ponderação entre os
te reconhecidos como essenciais, sem que isso configure interesses perseguidos.
violação do princípio da separação dos poderes, inserto no
art. 2º da CF. Jurisprudência

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Repúbli‐ STF, ADI 3.540 MC: Desenvolvimento Nacional. Proteção
ca Federativa do Brasil: Ambiental. O princípio do desenvolvimento sustentável como
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da
II - garantir o desenvolvimento nacional; economia e as da ecologia. O princípio do desenvolvimento
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 6
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 9 ed. rev. e atual. São
desigualdades sociais e regionais; Paulo: Saraiva, 2015. p. 520.

7
sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente cada qual deles. Liberdade para dispor da própria sexualidade,
constitucional, encontra suporte legitimador em compromis‐ inserida na categoria dos direitos fundamentais do indivíduo,
sos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e repre‐ expressão que é da autonomia de vontade. Direito à intimida‐
senta fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências de e à vida privada. Cláusula pétrea. Proibição de preconceito,
da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a à luz do inciso IV do art. 3º da CF, por colidir frontalmente
invocação desse postulado, quando ocorrente situação de con‐ com o objetivo constitucional de “promover o bem de todos”.
flito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição Reconhecimento do direito à preferência sexual como direta
inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie emanação do princípio da “dignidade da pessoa humana”.
o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos
fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas
traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a relações internacionais pelos seguintes princípios:
ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações. I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as III - autodeterminação dos povos;
desigualdades sociais e regionais; IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
Como analisado no art. 1º, III da Constituição Federal, o VI - defesa da paz;
Estado brasileiro tem como fundamento a proteção à dig‐ VII - solução pacífica dos conflitos;
nidade da pessoa humana. Portanto, permitir que os indiví‐ VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
duos vivam em situação de pobreza e marginalização seria IX - cooperação entre os povos para o progresso da
uma clara afronta àquela disposição, além de diversos outros humanidade;
valores contemplados pela Carta Maior. Por conseguinte, é X - concessão de asilo político.
incumbência do poder público elaborar e aplicar medidas Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus‐
que impeçam, ou desfaçam, essa realidade, muito presente cará a integração econômica, política, social e cultural dos
em praticamente todo território nacional. povos da América Latina, visando à formação de uma co‐
Além do mais, diante de um país de tamanho continental munidade latino-americana de nações.
como o Brasil, as políticas públicas tendem a se concentrar
em centros urbanos de alta densidade populacional, pre‐ O Título I da Carta Federal, responsável pelos princípios
terindo as comunidades mais distantes. Com isso, algumas fundamentais da República Federativa do Brasil, encerra-se
regiões acabam carente de recursos, impedindo seu desen‐ versando sobre aqueles que orientam as condutas adotadas
volvimento e, consequentemente, o investimento em políti‐ nas relações internacionais, como passamos a apreciar.
cas sociais que corrijam as distorções aqui tuteladas.
Diante dessas realidades, algumas políticas já foram elabora‐ I - independência nacional;
das pelos poderes públicos. Como exemplo, cita-se o art. 79 do
A independência nacional é definida como uma diretriz
ADCT (inserido pela EC 31/2000), que criou o Fundo de Combate
a ser observada pelo Estado brasileiro nas suas relações in‐
e Erradicação da Pobreza, para vigorar até o ano de 2010. O art.
ternacionais. Muito embora estejamos diante de um Estado
80 (inserido pela EC 67/2010), dispondo sobre o mesmo fundo,
Soberano, devemos ter em mente que os demais Estados‐
estabeleceu sua prorrogação por prazo indeterminado. Ainda, -Nação também são dotados de soberania. Neste sentido, as
a Lei nº 13.153/2015 instituiu a Política Nacional de Combate atuações no âmbito internacional, mesmo soberanas, devem
à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. respeitar essa qualidade dos demais Estados.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

Portanto, pode-se definir que a independência nacional


Dica! Cuidem para a redação da norma. Busca-se “erradi‐ representa a soberania no plano externo.
car” a pobreza e marginalização, mas, apenas, “reduzir”
as desigualdades sociais e regionais, pois seria utópico Jurisprudência
pensar em uma sociedade sem quaisquer desigualdades.
Portanto, atentem para os termos usados. STF, Rcl 11.243: O art. 1º da Constituição assenta como
um dos fundamentos do Estado brasileiro a sua soberania –
IV - Promover o bem de todos, sem preconceitos de que significa o poder político supremo dentro do território, e,
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas no plano internacional, no tocante às relações da República
de discriminação. Federativa do Brasil com outros Estados soberanos, nos ter‐
mos do art. 4º, I, da Carta Magna. A soberania nacional no
Por fim, o inciso IV estabelece o pluralismo nacional. O plano transnacional funda-se no princípio da independência
Estado brasileiro é amplo, fundado através das mais diversas nacional, efetivada pelo presidente da República, consoante
influências, etnias e ideologias. Logo, além de reconhecer as suas atribuições previstas no art. 84, VII e VIII, da Lei Maior. A
diferenças sociais como elemento basilar do Estado, deve o soberania, dicotomizada em interna e externa, tem na primeira
poder público agir de modo a assegurar que os indivíduos a exteriorização da vontade popular (art. 14 da CRFB) através
tenham seus direitos respeitados, impedindo agressões fí‐ dos representantes do povo no parlamento e no governo; na
sicas ou morais fundadas na origem, raça, sexo, cor, idade, segunda, a sua expressão no plano internacional, por meio
ou quaisquer outras. Ações preconceituosas são recorrentes do presidente da República. No campo da soberania, rela‐
na sociedade brasileira, violando frontalmente a dignidade tivamente à extradição, é assente que o ato de entrega do
da pessoa humana. Portanto, devem o Estado e a sociedade extraditando é exclusivo, da competência indeclinável do pre‐
tomar atitudes com o escopo de evitar, reprimir e, eventu‐ sidente da República, conforme consagrado na Constituição,
almente, punir ações discriminatórias. nas leis, nos tratados e na própria decisão do Egrégio STF na Ext
1.085. O descumprimento do tratado, em tese, gera uma lide
Jurisprudência entre Estados soberanos, cuja resolução não compete ao STF,
que não exerce soberania internacional, máxime para impor
STF, ADI 4.277 e ADPF 132: Proibição de discriminação a vontade da República Italiana ao chefe de Estado brasileiro,
das pessoas em razão do sexo, seja no plano da dicotomia ho‐ cogitando-se de mediação da Corte Internacional de Haia, nos
mem/mulher (gênero), seja no plano da orientação sexual de termos do art. 92 da Carta das Nações Unidas de 1945.

8
II - prevalência dos direitos humanos; Por fim, pontua-se que o art. 33 da Carta da ONU elenca
as medidas de solução pacífica passíveis de adoção. São elas:
Como visto até aqui, os direitos relacionados à pessoa negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, so‐
humana têm especial destaque na atuação interna dos pode‐ lução judicial, recurso a entidades ou acordos regionais, ou
res públicos, não sendo diferente em âmbito internacional. a qualquer outro meio pacífico à sua escolha.
Com o princípio da prevalência dos direitos humanos,
procura-se que o Estado brasileiro participe da elaboração VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
de documentos internacionais resguardando tais valores,
adote as normas já existentes e determine o seu cumpri‐ Percebam que todos os princípios relacionados ao direi‐
mento. Também impõe que o Brasil não apoie regimes que to internacional estão entrelaçados, não ficando de fora o
violem essas garantias, de modo a impedir a divulgação e a repúdio ao terrorismo e ao racismo.
ampliação de sistemas opressores. A norma em tela intenta que os Estados Soberanos con‐
centrem esforços na elaboração de medidas que reprimam as
Jurisprudência ações terroristas e racistas. Não se pode admitir que condu‐
tas intolerantes ganhem força e acabem por oprimir parcela
STF, HC 82.424: No Estado de Direito Democrático, de‐ da população em razão de ideologias, raças, sexo, ou outros
vem ser intransigentemente respeitados os princípios que fatores de distinção.
garantem a prevalência dos direitos humanos. (...) A ausência
de prescrição nos crimes de racismo justifica-se como alerta IX - cooperação entre os povos para o progresso da
grave para as gerações de hoje e de amanhã, para que se humanidade;
impeça a reinstauração de velhos e ultrapassados conceitos
que a consciência jurídica e histórica não mais admitem. O progresso socioeconômico é medida imprescindível
para a melhoria nas condições de vida dos indivíduos, su‐
III - autodeterminação dos povos; perando a pobreza e a miséria existente nas mais diversas
áreas do globo terrestre. Destarte, tendo em conta a severa
O direito de autodeterminação é a faculdade de o povo diferença socioeconômica entre alguns Estados, mostra-se
determinar, livremente, seu estatuto político, garantindo o relevante que aqueles com maior disponibilidade de recursos
livre desenvolvimento econômico, social e cultural. Trata‐ auxiliem as localidades mais carentes, unindo forças para
-se de instrumento essencial para a proteção dos direitos dar a todos os povos condições adequadas de vida, saúde,
humanos individuais. educação, entre outros fatores imprescindíveis à tutela da
dignidade da pessoa humana.
IV - não-intervenção;
X - concessão de asilo político.
O princípio da não-intervenção demanda o afastamento
do Estado brasileiros de assuntos internos ou externos re‐ A concessão de asilo político resguarda a liberdade das pes‐
lacionados a outros Estados soberanos. Não cabe ao Brasil soas que venham a ser perseguidas em outros Estados Sobe‐
intervir em questões distantes de sua soberania, sob pena de ranos por razões políticas. A Declaração Universal dos Direitos
violar esta prerrogativa do país legitimamente responsável Humanos da ONU (1948) assegura que todos os indivíduos per‐
pela resolução dos referidos temas. seguidos têm o direito de buscar abrigo em outras localidades.
Destarte, o presente dispositivo busca acolher aqueles
V - igualdade entre os Estados; que venham a ser alvo de perseguições políticas, impedindo

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


maiores violações aos direitos da pessoa humana.
Enquanto a independência nacional versa sobre a expres‐
são da soberania em âmbito internacional, o princípio da Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus‐
igualdade entre os Estados consagra a não subordinação em cará a integração econômica, política, social e cultural dos
âmbito internacional. Todos os Estados devem ter tratamento povos da América Latina, visando à formação de uma co‐
igualitário perante os órgãos de jurisdição internacional e ter munidade latino-americana de nações.
a faculdade de deliberar sobre a sua formação e regramento.
Por fim, o parágrafo único permite ao Estado brasilei‐
VI - defesa da paz; ro que tome as medidas adequadas para que se crie uma
comunidade latino-americana de nações. Trata-se de dis‐
Na defesa da paz se propõe duas condutas do Brasil. A posição que, percebendo as identidades sociais, culturais
primeira é uma ação negativa, impondo que o Estado evi‐ e econômicas dos países latino-americanos, intenta a pro‐
te conflitos que venham a abalar a paz interna e externa, moção da união destes Estados, de modo a promover seu
abstendo-se de guerras em prol da segurança da sociedade. desenvolvimento socioeconômico adequadamente, uma vez
Já o segundo viés é positivo, pois ordena que o poder público que de modo individual a atenção a determinados setores
busque medidas para que os conflitos já existentes sejam seria menos efetiva do que em conjunto.
solucionados de modo harmônico, impedindo a continuidade É a partir desta norma que se desenvolveu o Mercosul
das instabilidades nas relações internacionais. (Mercado Comum do Sul), instituído pelo Tratado de Assun‐
ção (1991). Trata-se de organismo internacional que busca
VII - solução pacífica dos conflitos; agregar os interesses dos países-membros, facilitando o
comércio e o fluxo de pessoas entre os Estados soberanos
Complementando o direito à paz, o presente princípio e, por conseguinte, promovendo o desenvolvimento da re‐
impõe que as soluções para divergências socioideológicas gião. Fazem parte do Mercosul: Brasil, Argentina, Paraguai
sejam resolvidas através de meios pacíficos. e Uruguai, como membros fundadores. A Venezuela teve o
Os conflitos armados acarretam severos prejuízos ao Es‐ seu ingresso como Estado-parte aprovado no ano de 2005,
tado e à sociedade, impondo altos custos para a sua manu‐ mas, diante de políticas antidemocráticas lá estabelecidas,
tenção e com a ampla destruição acarretada. Logo, sempre vedadas pelo Protocolo de Ushuaia (1998), foi suspensa do
que se estiver diante de alguma instabilidade, deverão ser bloco em 2012. Ademais, Chile, Bolívia, Peru, Colômbia e
perseguidos os meios pacíficos para a sua resolução. Equador são considerados Estados associados.

9
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Dimensões dos Direitos Fundamentais (ou “Gera-
ções”)
Dica! Candidato, muito cuidado com esse título, pois tem
altíssima incidência em provas de concurso. Em pratica‐ A evolução dos direitos e garantias fundamentais pode
mente todos os certames públicos é exigido algum dos ser dividida em algumas fases, denominadas dimensões. Al‐
artigos que passaremos a analisar. guns doutrinadores optam por chamá-las de “gerações”, no
entanto, a doutrina vem se manifestando contrária ao uso do
O estudo acerca dos direitos e garantias fundamentais é referido termo, uma vez que, ao falar de geração de direitos
tema sobre o qual a doutrina há anos se debruça, avançando fundamentais, tem-se a ideia de superação entre fases. Nada
paulatinamente. Em cada etapa evolutiva vivenciada pela obstante, no caso dos direitos fundamentais não há supera‐
humanidade novos direitos são conquistados e, portanto, ção, mas sim a cumulação entre as prerrogativas identificadas
demandam tutela específica. em cada época. Portanto, por rigor técnico, prefere-se cha‐
Muito se discute sobre a origem destes institutos, pre‐ mar cada momento histórico de dimensão, pressupondo a
valecendo o entendimento de que foi com a Magna Carta soma dos direitos e das garantias neles previstos.
de 1215 em que houve a previsão dos primeiros direitos e
garantias fundamentais. Todavia, somente após a Revolu‐ 1ª Dimensão (Liberdade)
ção Francesa, através da Declaração dos Direitos do Homem
(1789) e pelas declarações de independência dos Estados A base teórica das dimensões de direitos e garantias fun‐
Americanos (Declaração de Direitos de Virgínia, 1776) ocor‐ damentais tem como ponto de partida os ideais definidos
reu sua positivação. na Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.
Portanto, trata-se de estudo há muito realizado e de ex‐ (1ª, 2ª e 3ª Dimensões).
trema importância, uma vez que lida com elementos dire‐ A 1ª dimensão compreende os direitos liberdade. Su‐
tamente relacionados à dignidade da pessoa humana, como perando o autoritarismo estatal, a sociedade pós-revolução
passaremos a analisar. buscou elaborar instrumentos para conter a ação do Estado,
evitando violações às liberdades conferidas aos indivíduos.
Portanto, esta classe contém os chamados “direitos negati‐
Definição (Direitos X Garantias)7 vos”, que impõem ao Estado um “não-fazer”.
Aqui estão albergados, por exemplo, os direitos à vida,
Antes de tudo, cumpre conceituar os institutos. Os direi-
liberdade de locomoção, liberdade de reunião, liberdade
tos fundamentais são definidos por Uadi Lammêgo Bullos profissional, inviolabilidade de domicílio.
como o “conjunto de normas, princípios, prerrogativas, deve‐
res e institutos, inerentes à soberania popular, que garantem 2ª Dimensão (Igualdade)
a convivência pacífica, digna, livre e igualitária, independen‐
temente de credo, raça, cor, condição econômica ou status Na 2ª dimensão temos os direitos relacionados à igualda‐
social”. (Ex.: Liberdade de Locomoção). de. Neste momento, diferentemente da 1ª dimensão, busca‐
As garantias fundamentais, por seu turno, representam -se um “fazer” por parte do Estado, por isso denominados de
os instrumentos fornecidos pela Carta Maior para a tutela “Direitos Positivos”. Deverá o poder público empregar todos
dos direitos lá insertos. (Ex.: Habeas Corpus). os meios disponíveis para conferir à sociedade as prerroga‐
tivas aqui contidas.
Direitos Fundamentais X Direitos Humanos Foi através das Constituições Mexicana de 1917 e Alemã
de 1919 que os direitos de igualdade restaram amplamen‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

Estabelecida a definição de direitos fundamentais, cum‐ te divulgados e fomentados em âmbito global. No Brasil, a
pre alertar que eles não se confundem com os direitos hu‐ Carta de 1934 foi encarregada de incorporar tais benesses,
manos, muito embora seja comum a confusão. claramente influenciada por aquelas Constituições.
Ambos os direitos se aproximam por compreenderem Basicamente, na 2ª dimensão estão os direitos econômi‐
valores básicos assegurados aos indivíduos, resguardando a co, sociais e culturais, como, por exemplo, os direitos atinen‐
dignidade da pessoa humana. Entretanto, os direitos huma‐ tes ao trabalhador, seguridade social, educação, entre outros.
nos representam valores universalmente aceitos, sem rela‐ Ainda, observa-se que nem todos direitos de 2ª geração são
ção com determinado ordenamento jurídico. Já os direitos positivos, havendo alguns negativos, como, por exemplo, a
fundamentais consistem na positivação dos direitos humanos liberdade sindical e o direito à greve.
em uma Constituição Federal.
Portanto, os direitos humanos estão contidos no plano 3ª Dimensão (Fraternidade. Direitos Coletivos)
internacional, enquanto os direitos fundamentais represen‐
tam a positivação daqueles no plano interno. Na 3ª dimensão estão condidos os direitos coletivos lato
sensu, ou seja, aqueles assegurados à sociedade como um
Dimensões Objetiva e Subjetiva todo, e não aos indivíduos individualmente considerados. São
prerrogativas universais, atribuídas a todos seres humanos.
Os direitos e as garantias fundamentais podem ser anali‐ Podemos apontar como exemplos os direitos ao de‐
sados a partir de duas perspectivas. Em sentido subjetivo, as senvolvimento, à propriedade, o direito do consumidor e
prerrogativas fundamentais expressam a faculdade de seus o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado.
titulares imporem prestações positivas ou negativas ao poder
4ª Dimensão (Patrimônio Genético e Globalização)
público. Já em sentido objetivo, os direitos e garantias funda‐
mentais contam com uma carga axiológica, traçando as diretri‐
As três primeiras gerações são amplamente aceitas. No
zes para a atuação Estatal na sua implementação. São fixadas
entanto, há doutrinadores que vão além, distribuindo as
as prioridades e eventuais limites à atuação estatal. Trata-se prerrogativas fundamentais de modo mais amplo. Para boa
da chamada eficácia irradiante dos direitos fundamentais. parcela da doutrina, as prerrogativas contidas na 4ª e na
5ª geração poderiam ser distribuídas nas três primeiras e,
7
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 9 ed. rev. e atual. São portanto, fazem-se desnecessárias.
Paulo: Saraiva, 2015. p. 526 a 532.

10
Norberto Bobbio entende que a 4ª dimensão representa Status Ativo: o indivíduo terá a possibilidade de influen‐
os avanços da engenharia genética (biotecnologia, bioética e ciar nas decisões do Estado, participando de forma ativa.
biodireito), que podem colocar em risco a própria existência
do ser humano. Titularidade
Já Paulo Bonavides insere nessa classe os direitos à glo‐
balização (universalização). Destarte, aqui estão contidos os Consoante aponta o art. 5º, caput, da Carta Maior, são
direitos à democracia (direta), à informação e ao pluralismo. assegurados “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País” os direitos e as garantias aqui arrolados. Diante da
5ª Dimensão (Paz – Karel Vasak) redação do dispositivo, criou-se enorme debate doutrinário
e jurisprudencial acerca de sua amplitude.
Por último, em entendimento fortemente contestado, Para parcela da doutrina, efetuando interpretação lite-
Karel Vasak concebe que o direito à paz, dada sua importân‐ ral da norma, somente brasileiros e estrangeiros que aqui
cia à sociedade global, deveria ser analisado em dimensão residem teriam direito às proteções veiculadas na Constitui‐
autônoma. ção Federal. Por conseguinte, estrangeiros não residentes
acabariam ceifados da proteção, restando inviabilizados de
Características8 tutelar as prerrogativas judicialmente. Pontua-se que esse
entendimento é amplamente minoritário.
Historicidade: os direitos e as garantis fundamentais nas‐ A doutrina moderna (majoritária), por outro lado, dá ao
cem, modificam-se e desaparecem como qualquer direito. dispositivo intepretação extensiva, incluindo os estrangeiros
Os seus conteúdos são definidos pela evolução histórica por não residentes e as pessoas jurídicas na proteção conferida
eles vivenciada. pelo art. 5º, da CF/88. Alexandre de Moraes9, com clareza,
Inalienabilidade: são direitos intrasferíveis e inegociá‐ explica:
veis, eis que ceifados de conteúdo econômico. Se o orde‐
namento jurídico atribui os direitos e as garantias a todos Observe-se, porém, que a expressão residentes no
os indivíduos, não há como alguém deles se desfazer, pois Brasil deve ser interpretada no sentido de que a
indisponíveis. Carta Federal assegura ao estrangeiro todos os di‐
Imprescritibilidade: as prerrogativas aqui estudadas nun‐ reitos e garantias mesmo que não possua domicílio
ca perdem sua exigibilidade. Somente direitos de caráter no País, só podendo, porém, assegurar a validade
patrimonial podem perecer. e gozo dos direitos fundamentais dentro do terri‐
Irrenunciabilidade: em razão da indisponibilidade, os tório brasileiro, não excluindo, pois, o estrangeiro
direitos e as garantias fundamentais não podem ser renun‐ em trânsito pelo território nacional, que possui
ciados, pois inerentes ao ser humano. igualmente acesso às ações, como o mandado
Universalidade: os direitos e as garantias fundamentais de segurança e demais remédios constitucionais.
não são direcionados para um ou alguns indivíduos, mas sim Igualmente, as pessoas jurídicas são beneficiárias
para todos. Quando analisada a titularidade dessas prerrogati‐ dos direitos e garantias individuais, pois reconhece‐
vas, serão apontadas as discussões acerca desta classificação. -se às associações o direito à existência, o que de
Limitabilidade (Relatividade): é importante observar que nada adiantaria se fosse possível excluí-las de todos
os direitos e as garantias fundamentais podem sofrer, diante os seus demais direitos. Dessa forma, os direitos
de determinadas circunstâncias, relativização. É o que ocorre enunciados e garantidos pela constituição são de
brasileiros, pessoas físicas e jurídicas.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


com a cessão do direito de imagem, muito comum entre
atletas, ou com a desapropriação, em relação ao direito de
propriedade. Destarte, havendo conflito entre prerrogativas, Por fim, importante lembrar do entendimento fixado pelo
deverá ser analisado o caso concreto e a importância de cada Superior Tribunal de Justiça (REsp 1.258.389-PB) acerca dos
uma para definir a incidência adequada. direitos e garantias fundamentais das pessoas jurídicas de di-
Concorrência: complementando o que foi dito acima, caso reito público. Segundo a Corte, os entes e as entidades públicas
dois ou mais conflitos sejam compatíveis, não haverá limitação, somente gozam de “direitos fundamentais de caráter proces‐
podendo os indivíduos gozar de ambos. Logo, os direitos e as sual ou relacionados à proteção constitucional da autonomia,
prerrogativas ou competência de entidades e órgãos públicos,
garantias fundamentais são cumulativos, e não alternativos.
ou seja, direitos oponíveis ao próprio Estado, e não ao parti‐
cular”. Essa restrição decorre do fato de que as prerrogativas
Função dos Direitos e Garantias Fundamentais fundamentais são instrumentos de proteção contra os excessos
e o arbítrio estatal. Logo, somente contra o Estado é que eles
É importante observar que cada direito ou garantia fun‐ podem ser opostos, sob pena de subverter o escopo básico
damental terá escopo próprio. No entanto, há a possibilidade destas proteções: a proteção à dignidade da pessoa humana.
de agrupamento dessas prerrogativas, como aponta Jellinek,
ao identificar a existência de 4 status distintos para referidas
normas.
Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais
Status Passivo: o indivíduo está subordinado aos poderes
Analisados os aspectos básicos dos direitos e garantias
públicos, devendo obedecer a seus mandamentos e proibi‐
fundamentais, insta questionar: a sua aplicação fica restrita
ções. Há deveres das pessoas perante o Estado.
às relações entre Estado e indivíduo?
Status Negativo: o indivíduo pode exigir do poder público
Como já afirmado, as proteções aqui estudadas surgiram
uma abstenção, um “não-fazer”, de modo a preservar sua
como forma de resguardar os indivíduos de atuações inade‐
autonomia e liberdade.
quadas por parte do poder público, configurando a chamada
Status Positivo: a sociedade poderá exigir uma atuação
Eficácia Vertical dos direitos fundamentais. No entanto, com
do Estado em seu favor, um “fazer”.
a evolução doutrinaria e jurisprudencial, passaram a ser pre‐
8
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 37 ed. rev. Atual 9
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 33. ed. rev. e atual. até a EC nº
(até a EC 76/2013). São Paulo: Malheiros, 2014. p. 182-184. 95, de 15 de dezembro de 2016. São Paulo: Atlas, 2017. p. 47.

11
vistas outras hipóteses de incidência dessas garantias, uma Deveres Fundamentais11
vez que, inclusive nas relações privadas, há a necessidade
da presente proteção. Como será apreciado neste Título, diversas garantias são
Imaginemos o seguinte: um associado de uma cooperati‐ asseguradas pela Carta Maior. No entanto, todos os benefí‐
va é acusado da prática de uma infração, vindo a ser expulso cios previstos, positivos ou negativos (teoria dos custos do
sumariamente, ou seja, sem ampla defesa e contraditório. direito), demandam custos para sua implementação, pre‐
Aparenta correção essa conduta? Não. Os princípios supra‐ cisam ser efetivados e não podem ser violados. É a partir
citados resguardam o estado democrático de direitos, con‐ desse entendimento que os estudiosos do direito passaram
sistindo, a sua inobservância, em clara violação. Foi esse o a apontar que, muito embora a sociedade tenha direitos
entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal no fundamentais, também terá deveres fundamentais, como,
RE n° 158.215/RS. Esta é a chamada eficácia horizontal dos por exemplo, o pagamento dos tributos. Esses deveres bus‐
direitos fundamentais. cam conferir os recursos necessários para que os direitos
Por fim, a doutrina vem defendendo a existência de
sejam fornecidos.
uma terceira classificação: eficácia diagonal dos direitos e
garantias fundamentais. Nessa hipótese, também ocorre a
CAPÍTULO I
incidência em relações particulares. Entretanto, haverá aqui
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
uma desigualdade entre os contratantes, existindo flagrante
hipossuficiência de uma das partes. As relações de consumo
demonstram claramente essa possibilidade, uma vez que, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
o consumidor é vulnerável em relação àquele que detém o de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
produto, ou serviço. estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
Teorias da Eficácia Indireta (Mediata) ou Direta nos termos seguintes:
(Imediata)
Direito à Vida
Ainda há de se advertir que a aplicabilidade dos direitos
e garantias fundamentais às relações privadas pode ocorrer Centro de reiterados debates acadêmicos e jurispruden‐
de modo indireto ou direito. Será indireto quando a sua apli‐ ciais, o direito à vida é um dos mais importantes estabele‐
cação demandar a edição de normas infraconstitucionais, cidos na Carta Maior e também um dos que mais suscita
responsáveis por lhes dar concretude. Essa eficácia impede divergência. Pode parecer estranho falar em discussão acerca
a violação desses direitos (dimensão negativa), mas somente do direito à vida, mas é imperioso, desde já, distinguir o
serão concretizados após regulamentação (dimensão posi‐ “direito de viver” do “direito à vida”. O direito à vida com‐
tiva). Já pela teoria da eficácia direta, adotada no Brasil, as preende não somente a manutenção da existência humana,
prerrogativas fundamentais já contam com todos elementos mas também diversos outros elementos que conferem ao
necessários para sua incidência, não demandando edição indivíduo dignidade em sua existência, dando-lhes condições
normativa. mínimas para uma vida com qualidade. Logo, inserem-se
aqui as garantias de um mínimo alimentar, moradia digna,
Limites saúde, educação, assistência social, lazer e diversos outros
elementos que garantem à sociedade a existência digna, e
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

Como visto acima, direitos e garantias fundamentais não não apenas a sobrevivência (teoria do mínimo existencial).
têm caráter absoluto, pois, em conflito com garantias de igual Consoante já explicitado neste estudo, os direitos e ga-
valor, deverá ser feita a relativização de uma delas. No en‐ rantias fundamentais não são absolutos. O Direito à vida,
tanto, essa limitação feita, também deverá ter seus próprios nada obstante sua relevância e sensibilidade, não foge à re-
limites, sob pena de vulnerar o conteúdo assegurado pelas gra, eis que, conforme enuncia o art. 84, XIX, da Constituição
normas. Esta é a chamada teoria dos “limites dos limites” Federal, na hipótese de guerra declarada é admitida a pena
(ou das “restrições das restrições”). de morte. Ainda, cumpre lembrar da legítima defesa (CP,
Destarte, deve-se ter em mente que as prerrogativas não art. 23, II), do aborto necessário (CP, art. 128, I) e do aborto
são absolutas, muito menos as suas limitações. humanitário, nas hipóteses de gravidez decorrente de estu‐
pro (CP, art. 128, II), todos permitidos no Direito brasileiro,
Aplicabilidade Imediata (§ 1º) flexibilizando a garantia à vida.
Como dito, são diversos os debates acerca desse direito.
O art. 5º, § 1º, da CF/88, afirma que os direitos e ga‐ Um dos pontos que, hoje em dia, mais fomenta discussão é
rantias fundamentais insertos nesse dispositivo gozam de a definição do marco inicial da vida humana. Saber quando
aplicabilidade imediata. José Afonso da Silva10 pondera, es‐ é iniciada a vida é imprescindível para que se possa definir
clarecendo que “A eficácia e aplicabilidade das normas que diversos direitos e deveres insertos no ordenamento jurídi‐
contêm os direitos fundamentais dependem muito de seu co brasileiro, como, v.g., na esfera penal, saber se estamos
enunciado, pois se trata de assunto que está em função do diante de um fato atípico, de um aborto ou de um homicídio.
Direito positivo”. Há algumas posições sobre esse momento, apontando que
Certo é que a própria Constituição prevê a necessidade de a vida se inicia a partir da: (I) concepção (teoria concepcio‐
legislação inferior para a concretização de algumas garantias
nista); (II) nidação (fixação do zigoto ao útero materno); (III)
lá insertas. Por isso, tem-se afirmado que os direitos funda‐
formação do sistema nervoso; (IV) existência independente
mentais democráticos e individuais são de eficácia contida
do feto em relação à genitora.
e aplicabilidade imediata, mas as prerrogativas econômicas
e sociais terão eficácia limitada e de aplicabilidade indireta
(normas programáticas).
11
Para aprofundamento: CASALTA NABAIS, José. O Dever Fundamental de Pagar
10
SILVA, José Afonso da. Op. cit. p. 182. Impostos. Almedina: Lisboa, 2009.

12
Células-Tronco Embrionárias (STF, ADI 3.510) Direito à Liberdade
Segundo o Supremo Tribunal há três realidades que não O direito à liberdade apresenta diversas facetas, analisa‐
devem ser confundidas: o embrião é o embrião, o feto é o das nos dispositivos subsequentes. Em sentido negativo, há a
feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Destarte, não definição mais conhecida da presente prerrogativa, exigindo
há de se falar em pessoa humana embrionária. O embrião que o Estado e os indivíduos se abstenham de interferir na
referido na Lei de Biossegurança (in vitro apenas) não é uma liberdade de outrem, relativizando-a. Já no plano positivo,
vida a caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto o direito de liberdade impõe ao poder público que tome as
lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações medidas necessárias para assegurar que as pessoas possam
nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade
usufruir de seus direitos livremente.
como projeto de vida autônoma e irrepetível. Nesses termos,
A Declaração Universal dos Direitos Humanos consolidou
a Corte concluiu que o Direito infraconstitucional protege por
modo variado cada etapa do desenvolvimento biológico do o direito à liberdade em seu art. 1º, enunciando que “Todos
ser humano. O embrião in vitro é um bem a ser protegido, os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e
mas não uma pessoa no sentido biográfico a que se refere direitos e, dotados que são de razão e consciência, devem
a Constituição. comportar-se fraternalmente uns com os outros”.
Destarte, foi considerado constitucional o art. 5º da Lei
nº 11.105/2005 (Lei de Biossegurança), admitindo a pesqui- Direito à Igualdade
sa envolvendo embriões in vitro, observados os seguintes
parâmetros: (I) somente será admissível a pesquisa para fins O direito à igualdade é tema há muito discutido, mas
de pesquisa e terapia; (II) somente células-tronco embrio‐ que ainda demanda muita dedicação e cuidado. Não são
nárias que tenham sido fertilizadas in vitro; (III) os embriões poucos os exemplos de desigualdade na história do Brasil,
devem ser inviáveis ou congelados há pelo menos 3 anos; podendo-se citar a escravidão e a restrição dos direitos das
(VI) os genitores devem concordar com os procedimentos; mulheres, muito presentes em séculos e décadas passadas.
(V) controle por comitê de ética em pesquisa; (VI) não co‐ Todavia, essa não é uma realidade superada, pelo contrário.
mercialização dos materiais genéticos. Hoje em dia, há discriminação no acesso ao mercado de
trabalho, nos salários pagos, nos lugares frequentados, na
Interrupção de Gravidez de Feto Anencéfalo (STF, ADPF escolha da opção sexual e em diversos outros setores. Portan‐
54) to, mesmo em um mundo com amplo acesso à informação, a
desigualdade é muito presente, devendo-se conferir especial
Na ADPF 54, o STF deliberou acerca da possibilidade de
atenção ao tema.
interrupção de gravidez diante de um feto anencéfalo (anen‐
O princípio da igualdade possui duas acepções: formal e
cefalia é definida como uma má formação no tubo neural,
impedindo o desenvolvimento pleno do cérebro). A Suprema material. A igualdade formal representa a máxima segundo
Corte entendeu que a prática ora analisada não poderia ser a qual “todos são iguais perante a lei”, não se admitindo que
classificada como aborto (crime inserto no art. 128, II do indivíduos tenham tratamento distinto, independentemen‐
Código Penal) uma vez que: (I) não há o desenvolvimento do te das suas circunstâncias pessoais. Em sua vertente mate-
cérebro, inviabilizando qualquer possibilidade de vida extrau‐ rial, a igualdade se atém às peculiaridades dos indivíduos,
terina; (II) a manutenção da gestação poderia ser equiparada aplicando-se aqui a máxima aristotélica segundo a qual os
a uma tortura à gestante, prolongando o sofrimento por uma iguais devem ser tratados de modo igual e os desiguais de

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


morte inevitável; (III) além do mais, não há de se falar em forma desigual. A igualdade material representa o chamado
aborto, pois, conforme fixa o a Lei nº 9.434/1997, a morte princípio da isonomia.
de uma pessoa é constatada pela sua morte cerebral, o que
resta inviável nas hipóteses de anencefalia. Igualdade na Lei X Igualdade Perante a Lei
Observa-se que foram diversas as teorias contrárias à
permissão desta interrupção de gravidez, surgindo argu‐ Uma diferenciação interessante de ser feita é acerca da
mentos como, por exemplo, que haveria viabilidade de vida igualdade “na lei” ou “perante a lei”. A igualdade na lei con‐
extrauterina, mesmo que por curto tempo, que a admissão figura exigência destinada ao legislador que, no processo de
da interrupção de gravidez de feto anencéfalo seria uma elaboração normativa, não poderá incluir fatores discrimi‐
abertura para a legalização do aborto, no entanto, todos natórios, responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. A
foram rechaçados pelo STF. igualdade perante a lei, contudo, pressupõe lei já elabora‐
da. Esta traduz a imposição destinada aos demais poderes
Eutanásia estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão
subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo
A eutanásia configura a interrupção da vida de pessoa ou discriminatório. (STF, MI 58)
que, em estado vegetativo, tem atestado médico de irre‐
versibilidade de sua condição. Para muitas famílias, ceifar
Separate but equal ou Treatment as an equal
essa vida seria impedir a prorrogação do sofrimento do
enfermo. Entretanto, há diversos casos em que, por razões
muitas vezes não explicadas cientificamente, os indivíduos No decorrer da história, a igualdade foi interpretada das
recuperam sua consciência, o que resguarda a vedação ao mais diversas formas. Durante muito tempo, nos Estados
procedimento, sob pena de acabar tirando vidas sem a cer‐ Unidos da América, foi adotada a doutrina do separate but
teza da viabilidade, ou não, da recuperação. A complexidade equal, afirmando a existência de igualdade de direitos entre
do tema emerge quando se coloca em pauta a discussão brancos e negros, desde que usufruídos em ambientes distin‐
envolvendo fé e ciência. tos. Essa política foi repelida do ordenamento jurídico, pois,
No Brasil, a eutanásia é vedada, caracterizando homicídio mesmo conferindo direitos semelhantes, acaba por segregar
(art. 121, do Código Penal), mas o debate sobre o tema é a sociedade em razão da raça dos indivíduos, fazendo-se
intenso, sendo diuturnamente retomado. inadmissível a separação.

13
Ações Afirmativas (Cotas Raciais, PROUNI, Lei Maria da STF, ADI 41: É constitucional a Lei nº 12.990/2014, que
Penha) reserva a pessoas negras 20% das vagas oferecidas nos con‐
cursos públicos para provimento de cargos efetivos e em‐
Buscando corrigir distorções históricas, relacionadas ao pregos públicos no âmbito da administração pública federal
período escravagista e à opressão racial e social, surgiram direta e indireta, por três fundamentos. [...] Ela se funda na
no Brasil as chamadas políticas afirmativas, conferindo aos necessidade de superar o racismo estrutural e institucional
indivíduos tradicionalmente oprimidos, acesso à informa‐ ainda existente na sociedade brasileira, e garantir a igualdade
ção, ao ensino, ao trabalho, à segurança e a diversos outros material entre os cidadãos, por meio da distribuição mais
direitos imprescindíveis para o pleno exercício da dignidade equitativa de bens sociais e da promoção do reconhecimen‐
da pessoa humana.
to da população afrodescendente. É legítima a utilização,
Cotas raciais, Prouni e Lei Maria da Penha demonstram
além da autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroi‐
claramente a intenção do legislador nesse sentido, rever‐
tendo as segregações racial, social e em razão do gênero, dentificação (e.g., a exigência de autodeclaração presencial
historicamente presentes na realidade brasileira. perante a comissão do concurso), desde que respeitada a
dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório
Foro de Residência da Mulher (CPC/73) e a ampla defesa.
STF, ADPF 186: Atos que instituíram sistema de reserva de
O Código de Processo Civil de 1973 também trouxe sua vagas com base em critério étnico-racial (cotas) no processo
contribuição para a superação da desigualdade de entre ho‐ de seleção para ingresso em instituição pública de ensino
mens e mulheres, assim estabelecendo: “art. 100. É com‐ superior. (...) Não contraria – ao contrário, prestigia – o prin‐
petente o foro: I - da residência da mulher, para a ação de cípio da igualdade material, previsto no caput do art. 5º da
separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e Carta da República, a possibilidade de o Estado lançar mão
para a anulação de casamento”. seja de políticas de cunho universalista, que abrangem um
Durante muitos anos os direitos femininos foram subs‐ número indeterminado de indivíduos, mediante ações de
tancialmente reduzidos, além da grande quantidade de mu‐ natureza estrutural, seja de ações afirmativas, que atingem
lheres trabalhadoras do lar, seja por opção ou por opressão grupos sociais determinados, de maneira pontual, atribuindo
familiar. Nessas circunstâncias, as mulheres acabavam impe‐ a estes certas vantagens, por um tempo limitado, de modo a
didas de acessar ao judiciário. Por isso, o CPC buscou conferir permitir-lhes a superação de desigualdades decorrentes de
prerrogativa para facilitar esse acesso e o pleno exercício de
situações históricas particulares.
seus direitos.
Importante lembrar que o CPC de 2015 suprimiu essa STF, RE 150.455: CONCURSO PÚBLICO. FATOR ALTURA.
faculdade, sob o entendimento que o dispositivo não mais Caso a caso, há de perquirir-se a sintonia da exigência, no
se fazia necessário. que implica fator de tratamento diferenciado com a função
a ser exercida. No âmbito da polícia, ao contrário do que
Jurisprudência ocorre com o agente em si, não se tem como constitucional
a exigência de altura mínima, considerados homens e mu‐
STF, ADI 4.277 e ADPF 132: UNIÃO HOMOAFETIVA. CONS‐ lheres, de um metro e sessenta para a habilitação ao cargo
TITUCIONALIDADE. O sexo das pessoas, salvo disposição de escrivão, cuja natureza é estritamente escriturária, muito
constitucional expressa ou implícita em sentido contrário, embora de nível elevado.
não se presta como fator de desigualação jurídica. Proibição
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

de preconceito, à luz do inciso IV do art. 3º da CF, por colidir Direito à Segurança


frontalmente com o objetivo constitucional de “promover
o bem de todos”. Ante a possibilidade de interpretação em O direito à segurança aparece em mais de uma oportu‐
sentido preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do nidade na Carta Maior. A segurança, individual ou coletiva,
CC/2002, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária
é imprescindível para o exercício dos direitos inerentes à
a utilização da técnica de “interpretação conforme à Cons‐
tituição”. Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer cidadania, devendo ser proporcionada pelo Estado.
significado que impeça o reconhecimento da união contínua,
pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como Direito à Propriedade
família.
STF, ADI 3.330: PROUNI. AÇÕES AFIRMATIVAS. CONSTI‐ Este princípio é analisado a partir do inciso XXII, para
TUCIONALIDADE. Não há outro modo de concretizar o valor onde remetemos o leitor.
constitucional da igualdade senão pelo decidido combate
aos fatores reais de desigualdade. I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga‐
STF, ADI 2.418: FAZENDA PÚBLICA. PRAZO EM DOBRO. ções, nos termos desta Constituição;
CONSTITUCIONALIDADE. Não viola os princípios da isonomia
e do devido processo legal. É sabido que o estabelecimento Princípio da igualdade
de tratamento processual especial para a Fazenda Pública, in‐
clusive em relação a prazos diferenciados, quando razoáveis,
não constitui propriamente uma restrição a direito ou prer‐ O inciso I tutela a igualdade de gênero. Apontamos que
rogativa da parte adversa, mas busca atender ao princípio da as observações feitas acima sobre o princípio da igualdade
supremacia do interesse público. (...) Ademais, a fixação do são plenamente aplicáveis aqui.
prazo de trinta dias para a Fazenda apresentar embargos à Jurisprudência
execução não pode ser tido como irrazoável. Afinal, trata-se
de prazo idêntico ao que tem o particular para apresentar STF, ADI 4.424: LEI MARIA DA PENHA. A legislação ordiná‐
esses mesmos embargos nas execuções fiscais contra ele ria protetiva está em fina sintonia com a Convenção sobre a
movidas pela Fazenda Pública, conforme estatui o art. 16 Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher,
da Lei nº 6.830/1980. no que revela a exigência de os Estados adotarem medidas

14
especiais destinadas a acelerar o processo de construção III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
de um ambiente onde haja real igualdade entre os gêneros. desumano ou degradante;
Há também de se ressaltar a harmonia dos preceitos com a
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Proibição à Tortura e ao Tratamento Degradante
Violência contra a Mulher – a Convenção de Belém do Pará.
Sob o ângulo constitucional explícito, tem-se como dever do A vedação aqui presente está diretamente relacionada
Estado assegurar a assistência à família na pessoa de cada à proteção da dignidade da pessoa humana.
um dos que a integram, criando mecanismos para coibir A Lei nº 9.455/1997 concretizou os mandamentos do
a violência no âmbito de suas relações. Deixar a cargo da inciso III, instituindo e disciplinando os crimes de tortura.
mulher autora da representação a decisão sobre o início da Em âmbito internacional há a tutela desses direitos se dá,
persecução penal, significa desconsiderar o temor, a pressão principalmente, através da Convenção das Nações Unidas
psicológica e econômica, as ameaças sofridas, bem como a contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, De‐
assimetria de poder decorrente de relações histórico-cul‐ sumanos ou Degradantes.
turais, tudo a contribuir para a diminuição de sua proteção
e a prorrogação da situação de violência, discriminação e Jurisprudência
ofensa à dignidade humana. Destarte, não há de se aplicar
a Lei nº 9.099/1995 aos crimes glosados pela lei ora discuti‐ Súmula Vinculante nº 11: Só é lícito o uso de algemas
da, assentando-se que, em se tratando de lesões corporais, em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
mesmo que consideradas de natureza leve, praticadas contra perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do
a mulher em âmbito doméstico, atua-se mediante ação penal preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por es‐
pública incondicionada. (...) Representa a Lei Maria da Penha crito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal
elevada expressão da busca das mulheres brasileiras por igual do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do
consideração e respeito. Protege a dignidade da mulher, nos ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabi‐
múltiplos aspectos, não somente como um atributo inato, lidade civil do Estado.
mas como fruto da construção realmente livre da própria STF, HC 70.389: o policial militar que, a pretexto de exer‐
personalidade. Contribui com passos largos no contínuo cer atividade de repressão criminal em nome do Estado, infli‐
caminhar destinado a assegurar condições mínimas para o ge, mediante desempenho funcional abusivo, danos físicos a
amplo desenvolvimento da identidade do gênero feminino. menor momentaneamente sujeito ao seu poder de coerção,
valendo-se desse meio executivo para intimidá-lo e coagi-lo à
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer confissão de determinado delito, pratica, inequivocamente,
alguma coisa senão em virtude de lei; o crime de tortura (...).

Princípio da Legalidade IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve‐


dado o anonimato;
O princípio da legalidade apresenta diversas modalida‐ V - é assegurado o direito de resposta, proporcional
des, como as legalidades geral, aqui inserta, administrativa, ao agravo, além da indenização por dano material, moral
criminal, tributária, entre outras. Observamos que cada uma ou à imagem;
será apreciada quando do estudo das matérias específicas.
A legalidade geral, presente no inciso II, intenta assegu‐ Liberdade de Manifestação de Pensamento

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


rar a manutenção dos direitos e das garantias individuais e
coletivos de ações estatais arbitrárias. Ninguém pode ser A liberdade de manifestação de pensamento é direito
compelido a fazer algo que não queria, concretizando-se a imprescindível ao exercício da democracia e da cidadania. A
autonomia de vontade. Como sempre, esse direito não é ab‐ despeito disso, frequentemente é verificada sua flexibiliza‐
soluto, devendo ser compatibilizado com regras e princípios, ção, e até supressão diante de regimes opressores, seja em
expressos ou implícitos. âmbito internacional, seja na história brasileira.
Deve-se ter cuidado com a distinção entre o princípio São diversas as ações judiciais acerca da defesa desta
da legalidade e o da reserva legal. Consoante entendimento prerrogativa, resultando em entendimentos que se fazem
doutrinário e jurisprudencial, a legalidade não está adstrita importante ao nosso estudo.
à lei em sentido estrito (reserva legal), mas sim ao ordena‐
mento jurídico. Não há a necessidade de lei para a imposi‐ Marcha da Maconha (STF, ADPF 187)
ção de obrigações aos indivíduos, bastando a existência de
disposições normativas neste sentido, mesmo que através No Brasil, o uso de drogas (art. 28 da Lei nº 11.343/2006)
de outros instrumentos. Notem, no entanto, que a reserva é crime, muito embora despenalizado. Destarte, a incitação e
legal é exatamente a exigência de lei stricto sensu, aplicável a apologia ao seu uso também demandam reprimenda penal
quando exigido expressamente pela Carta Maior. (CP, arts. 286 e 287). Diante desse quadro, muito se discutiu
se as denominadas “Marchas da Maconha” (manifestações
Jurisprudência em prol da descriminalização do uso da droga) configurariam
ou não algum ilícito penal.
STF, Súmula nº 711: A lei penal mais grave aplica-se ao O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADPF 187, firmou
crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência que essas manifestações não podem ser criminalizadas, pois
é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. não têm como escopo fomentar o uso de entorpecentes,
STF, Súmula nº 686: Só por lei se pode sujeitar a exame mas sim tutelar à autoridade pública que repense as normas
psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. sobre o tema, descriminalizando o consumo.
STF, Súmula nº 636: Não cabe recurso extraordinário Além do mais, no caso, há a tutela de duas liberdades
por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, individuais revestidas de caráter fundamental: o direito de
quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação reunião (liberdade-meio) e o direito à livre expressão do
dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida. pensamento (liberdade-fim). A liberdade de expressão é

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considerada como um dos mais preciosos privilégios dos ci‐ VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
dadãos em uma república fundada em bases democráticas. crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo
Por conseguinte, deve-se ter claro que o debate não se se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos im‐
confunde com incitação à prática de delito nem se identifica posta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada
com apologia de fato criminoso. Sendo a discussão realiza‐ em lei;
da de forma racional, com respeito entre interlocutores e
sem possibilidade legítima de repressão estatal, deverá ser Liberdade de Consciência, Crença e Culto
defendida a sua legitimidade, ainda que as ideias propostas
possam ser consideradas, pela maioria, estranhas, insupor‐ A liberdade de consciência, crença e culto acabou por
táveis, extravagantes, audaciosas ou inaceitáveis. A proteção implicar na construção de normas para evitar a intervenção
constitucional à liberdade de pensamento é salvaguarda não do Estado na religião, ou o inverso. São diversos os dispo‐
apenas das ideias e propostas prevalecentes no âmbito so‐ sitivos insertos na Carta Maior sobre o tema. Partindo des‐
cial, mas, sobretudo, como amparo eficiente às posições que sa premissa, achamos interessante apontar alguns de seus
divergem, ainda que radicalmente, das concepções predo‐ desdobramentos: ensino religioso facultativo nas escolas
minantes em dado momento histórico-cultural, no âmbito (CF, art. 210, § 1º), feriados religiosos, casamento perante
das formações sociais. autoridades religiosas com os mesmos efeitos do casamento
civil (CF, art. 226, §§ 1º e 2º), constitucionalidade da fixação
Delação Anônima (STF, Inq 1.957) de crucifixos em repartições públicas, imunidade religiosa,
guarda sabática e a constitucionalidade da expressão “Deus
Outro aspecto muito importante a ser mencionado é a seja louvado” nas cédulas de real.
possibilidade do uso de delação anônima em determinadas Nada obstante a boa intenção do legislador, hoje es‐
hipóteses. O inciso IV é claro ao vedar o anonimato, no en‐ sas prerrogativas vêm sendo criticada doutrinariamente,
tanto, essa restrição deve ser analisada com cautela. entendendo-se não se fazer mais necessário o tratamento
Consolidou-se perante a Suprema Corte que os escritos diferenciado, em especial no campo tributário, diante do alto
anônimos não podem justificar, desde que isoladamente patrimônio acumulado e distribuídos por algumas entidades
considerados, a imediata instauração da persecutio criminis. religiosas.
Nada impede, contudo, que o poder público, provocado por
delação anônima (“disque-denúncia”, p. ex.), adote medi‐ Transfusão de Sangue em Testemunhas de Jeová
das destinadas a apurar a ocorrência de eventual situação
de ilicitude penal, mediante averiguação sumária realizada Um ponto muito polêmico sobre o tema é a obrigato‐
“com prudência e discrição”. Deverá o fazer com o objetivo riedade, ou não, da prática de procedimentos médicos em
de conferir a verossimilhança aos fatos nela denunciados, indivíduos que, por opção religiosa, negam as técnicas ado‐
em ordem a promover, então, em caso positivo, a formal tadas. É o caso das Testemunhas de Jeová que negam o uso
instauração da persecutio criminis, mantendo-se, assim, com‐ da transfusão de sangue em decorrência de ensinamentos
pleta desvinculação desse procedimento estatal em relação religiosos. Há, no caso, claro antagonismo entre os direitos
às peças apócrifas. à vida e à liberdade religiosa. Qual deve prevalecer no caso?
O mesmo entendimento foi aplicado pelo Superior Tribu‐ Na doutrina, tem prevalecido o entendimento da pre‐
valência do direto à vida, mas o tema ainda é por demais
nal de Justiça para aceitar a utilização da denúncia anônima
discutido e carente de manifestações judiciais.
nos processos de improbidade administrativa (STJ, Súmula
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

nº 611).
Crucifixo em Repartições Públicas
Hate speech (STF, HC 82.484) Outro ponto que gerou intensos debates foi a presença de
crucifixo nos órgãos públicos, que, segundo alguns, violaria
Jeremy Waldron observa também que a liberdade de o pluralismo religioso.
manifestação de pensamento não pode admitir os denomi‐ O Conselho Nacional de Justiça entendeu que a violação
nados “hate speech” ou “discursos de ódio”, que representam alegada inexiste, uma vez que o crucifixo não é elemento
manifestações de intolerância contra determinados grupos. de uma religião em especial, mas sim um objeto cultural da
Muito comum e admitido no direito norte-americano, no sociedade brasileira. Outrossim, o Brasil é uma república lai‐
Brasil essa teoria não teve respaldo, limitando-se a liberdade ca, surgindo absolutamente neutro quanto às religiões (CNJ,
de manifestação de pensamento. Pedidos de Providências nos. 1.344, 1.345, 1.346 e 1.362).
O STF, no HC 82.484, assim se manifestou sobre o tema:
“O direito à livre expressão não pode abrigar, em sua abran‐ Concursos Públicos - Guarda Sabática. (STF, ADI 3.714
gência, manifestações de conteúdo imoral que implicam ili‐ – Pendente de Julgamento)
citude penal. As liberdades públicas não são incondicionais,
por isso devem ser exercidas de maneira harmônica, observa‐ Por fim, concretizando a liberdade religiosa, o Supremo
dos os limites definidos na própria CF (art. 5º, § 2º, primeira Tribunal Federal vem defendendo que os processos seletivos
parte). O preceito fundamental de liberdade de expressão devem, sempre que possível, observar a guarda sabática ou
não consagra o “direito à incitação ao racismo”, dado que um oportunizar momento adequado para que os sabatistas par‐
direito individual não pode constituir-se em salvaguarda de ticipem dos certames. Assim, assegura-se também o acesso
condutas ilícitas, como sucede com os delitos contra a honra”. ao ensino.
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, Em muitos certames realizados aos sábados, os órgãos
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e responsáveis permitem o início da realização dos testes a
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto partir do pôr do sol, resguardando o presente direito. Essa
e a suas liturgias; técnica tem sido impugnada, por acabar obrigando os can‐
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de didatos a ficarem horas encerrados em salas para, somente
assistência religiosa nas entidades civis e militares de in‐ após determinando horário, já cansados, iniciarem as provas.
ternação coletiva; Entretanto, o Supremo Tribunal, no pedido de STA nº 389/

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MG, analisando impugnações sobre esse procedimento no dispositivos constantes na Lei Complementar nº 105/2001,
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), não permitiu a admitiu o acesso a informações bancárias pela administração
realização das provas em data distinta. Cabe, agora, aguar‐ pública, observados os requisitos legais. Novamente a Corte
dar a apreciação da ADI 3.714 para definir os parâmetros ressalta a inexistência de direitos fundamentais absolutos,
deste tema. além do que a medida em tela não diferencia brasileiros,
tratando todos de uma mesma forma e, mesmo havendo
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís‐ a transferência das informações, estas deixam de gozar de
tica, científica e de comunicação, independentemente de sigilo bancário para ter sigilo fiscal. Por conseguinte, resta
censura ou licença; intacto o cerne da proteção à intimidade e à vida privada.
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização Jurisprudência
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
STJ, Súmula nº 403: independe de prova do prejuízo a
O estudo dos incisos IX e X deve ser realizado em conjun‐ indenização pela publicação não autorizada de imagem de
to, haja vista as recentes discussões acerca do tema. pessoa com fins econômicos ou comerciais.
De começo, observa-se que a liberdade intelectual, artís‐ STJ, Súmula nº 388: A simples devolução indevida de
tica e de pensamento surgiu no ordenamento após anos de cheque caracteriza dano moral.
repressão decorrente do período ditatorial. Destarte, buscou STJ, Súmula nº 387: É lícita a cumulação das indenizações
o legislador resguardar a liberdade de manifestação, como de dano estético e dano moral.
forma de defesa da democracia e dos direitos de cidadania. STJ, Súmula nº 227: A pessoa jurídica pode sofrer dano
Só haverá um Estado legítimo se o povo, real detentor do moral.
poder, tiver voz e a oportunidade de consumir as informações STJ, Súmula nº 221: São civilmente responsáveis pelo
que lhe são de interesse. A censura é medida de controle ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela im‐
político-social que acaba por atingir diretamente os direitos prensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do
supracitados. veículo de divulgação.
Nada obstante, a Liberdade de manifestação não é ab‐
soluta. O inciso X deixa claro que, havendo violação à inti‐ XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
midade, vida privada, honra e imagem da pessoa – direitos podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
de personalidade – caberá indenização por parte do ofensor. em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
Logo, há a relativização da prerrogativa de manifestação, de socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
modo a equilibrar a liberdade de pensamento com os direitos
de personalidade. Inviolabilidade de Domicílio
Biografias Não Autorizadas (STF, ADI 4.815)
Missão complexa é definir o dia e a noite para as finalida-
des insertas neste dispositivo. Algumas teorias surgiram acer‐
Há pouco tempo o Supremo Tribunal Federal foi acionado
ca do tema: (i) critério físio-astronômico: será dia da aurora ao
para se manifestar acerca da viabilidade da publicação de
crepúsculo; (ii) critério cronológico: será dia das 6h às 18h. (iii)
biografias independentemente da autorização do biografa‐
critério misto: utiliza ambos os sistemas anteriores; (iv) critério
do. Entendeu o Tribunal que os arts. 20 e 21 do Código Civil
cronológico (analogia ao CPC): das 6h às 20h. Pode-se dizer que
devem ser interpretados em conformidade com os arts. 5º,

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


IV, V, IX, X e XIV, e 220, da Carta Maior, de modo a admitir prevalece a última elencada, no entanto, as Cortes Superiores
a publicação das biografias não autorizadas, desde que as‐ não têm decisões definitivas acerca do tema.
segurado o direito à reparação nos casos de violação aos Semelhante discussão há quando se questiona: o que
direitos de personalidade do biografado. Segundo a Corte, se entende por casa? O termo “casa” utilizado pelo legisla‐
a censura é inadmissível no Brasil, e exigir prévia autorização dor, nada mais representa que o domicílio do indivíduo, seja
para a publicação dos materiais representaria a filtragem pessoal, seja profissional. Mesmo assim, algumas dúvidas
de seu conteúdo, em caráter de reprimenda. Havendo, por surgiram perante os Tribunais, que passara a admitir também
ventura, o dano, caberá direito de resposta proporcional ao como “casa” os seguintes lugares: pátios de casa, trailers,
agravo, como tutela o art. 5º, X, da CF. cabines de barcos, motorhome, quarto de hotel ocupado
pelo indivíduo, pensões, albergues, escritório, consultório,
Não Recepção da Lei de Imprensa (STF, ADPF 130) entre outros.

Segundo apontou o Supremo Tribunal, “o exercício con‐ Ingresso em Escritório de Advocacia Durante a Noite.
creto da liberdade de imprensa assegura ao jornalista o Hipótese Excepcional (STF, Inq 2.424)
direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que
em tom áspero ou contundente, especialmente contra as Em 2015, o Supremo Tribunal Federal apreciou demanda
autoridades e os agentes do Estado. A crítica jornalística, que versava sobre a inconstitucionalidade de ação policial
pela sua relação de inerência com o interesse público, não que, durante a noite, ingressou em escritório de advocacia
é aprioristicamente suscetível de censura, mesmo que legis‐ para coleta de informações para ação penal, haja vista que
lativa ou judicialmente intentada”. o próprio advogado era suspeito de envolvimento com os
Destarte, mesmo que contundentes, as informações jor‐ crimes imputados. Segundo o STF, havendo prova da mate‐
nalísticas não podem ser reprimidas, respeitado o direito de rialidade do crime, indícios de autoria, decisão de autorida‐
indenização nos casos de danos. de competente e acompanhamento por representante de
OAB, poderá a medida ser realizada, inclusive, em período
Sigilo Bancário (STF, RE 601.314) noturno.
Notem que a decisão acima vai de encontro ao texto do
Outra decisão de muita importância acerca do tema foi inciso ora analisado, causando insegurança jurídica em ramo
proferida no RE 601.314 pelo STF que, ao deliberar sobre do Direito com tamanha sensibilidade, que é o Direito Penal.

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XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co‐ Jurisprudência
municações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas STF, ADI 3.541: EXERCENTES DE SERVIÇOS DE CARÁTER
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de POLICIAL. VEDAÇÃO À ADVOCACIA. A vedação do exercício
investigação criminal ou instrução processual penal; da atividade de advocacia por aqueles que desempenham,
direta ou indiretamente, serviço de caráter policial, prevista
Inviolabilidade de Correspondência e de Comuni- no art. 28, V, da Lei nº 8.906/1994, não se presta para fazer
cação qualquer distinção qualificativa entre a atividade policial e a
advocacia. [...] O que pretendeu o legislador foi estabelecer
Observem que este inciso contempla 4 inviolabilidades cláusula de incompatibilidade de exercício simultâneo das
distintas: de correspondência, das comunicações telegráfi‐ referidas atividades, por entendê-lo prejudicial ao cumpri‐
cas, de dados e das comunicações telefônicas. Candidatos, mento das respectivas funções. [...] Elegeu-se critério de
diferenciação compatível com o princípio constitucional da
muito cuidado com a exceção, aplicável somente ao sigilo
isonomia, ante as peculiaridades inerentes ao exercício da
das comunicações telefônicas. Entretanto, a Carta Maior,
profissão de advogado e das atividades policiais de qualquer
em outros dispositivos, traz exceções aplicáveis às demais
natureza.
normas, como, por exemplo, a faculdade de quebra do sigilo
STF, RE 795.467 RG: MÚSICO. PRESCINDIBILIDADE DE
de correspondência durante estados de sítio ou defesa (CF,
INSCRIÇÃO. ATIVIDADE NÃO LESIVA. A atividade de músico
art. 136, § 1º, I, b, e 139, III) e do sigilo de dados bancários
é manifestação artística protegida pela garantia da liberdade
(STF, ADIs 2.390, 2.386, 2.397 e 2.859; RE 601.314).
de expressão, sendo, por isso, incompatível com a CF de 1988
Por se tratar de direito fundamental, a sua relativização
a exigência de inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil,
do sigilo telefônico possui limites, aplicando-se ao caso o
bem como de pagamento de anuidade, para o exercício de
princípio da reserva jurisdicional. Logo, somente judicialmen‐
tal profissão.
te pode ocorrer a flexibilização em tela. Outros requisitos são
STF, RE 603.583: EXAME DA OAB. CONSTITUCIONALIDA‐
estabelecidos pela Lei nº 9.296/1996, à qual remetemos o DE. Alcança-se a qualificação de bacharel em direito median‐
leitor para aprofundamento sobre o tema. te conclusão do curso respectivo e colação de grau. (...) O
In fine, ressaltamos que o habeas corpus é o remédio Exame de Ordem (...) mostra-se consentâneo com a CF, que
constitucional adequado para impugnar eventuais violações remete às qualificações previstas em lei
aos sigilos aqui estudados. STF, RE 511.961: JORNALISMO. DESNECESSIDADE DE
CERTIFICAÇÃO PARA EXERCÍCIO DA FUNÇÃO. Jornalismo é
Jurisprudência uma profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao
pleno exercício das liberdades de expressão e de informação.
STF, AI 578.858 AgR: A gravação de conversa telefônica O jornalismo é a própria manifestação e difusão do pen‐
feita por um dos interlocutores, sem conhecimento do ou‐ samento e da informação de forma contínua, profissional
tro, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da e remunerada. Os jornalistas são aquelas pessoas que se
conversação, não é considerada prova ilícita. dedicam profissionalmente ao exercício pleno da liberda‐
STF, MS 27.483 MC-REF: CPI não tem poder jurídico de, de de expressão. Qualquer tipo de controle desse tipo, que
mediante requisição, a operadoras de telefonia, de cópias interfira na liberdade profissional no momento do próprio
de decisão nem de mandado judicial de interceptação tele- acesso à atividade jornalística, configura, ao fim e ao cabo,
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

fônica, quebrar sigilo imposto a processo sujeito a segredo controle prévio que, em verdade, caracteriza censura prévia
de justiça. das liberdades de expressão e de informação, expressamente
STF, Inq 2.424 QO-QO: PAD. PROVA EMPRESTADA. INTER‐ vedada pelo art. 5º, IX, da Constituição.
CEPTAÇÃO TELEFÔNICA. POSSIBILIDADE (...) Dados obtidos
em interceptação de comunicações telefônicas e em escu‐ XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
tas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exer‐
prova em investigação criminal ou em instrução processual cício profissional;
penal, podem ser usados em procedimento administrativo XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em rela‐ informações de seu interesse particular, ou de interesse
ção às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova. pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a
lei estabelecer; Liberdade de Informação
Liberdade de Profissão A todos os indivíduos são resguardados os direitos de
informar (XIV) e de ser informado (XXXIII). O exercício da
A constituição Federal de 1988 apresenta, como funda‐ cidadania pressupõe que os cidadãos estejam informados,
mento da República, a livre iniciativa. A liberdade profissional sendo dever do poder público efetivar essa prerrogativa de
decorre diretamente daquela base estabelecida, garantindo todas as formas.
que os indivíduos possam exercer suas atividades de modo
livre, independentemente de restrições ou burocracias des‐ Jurisprudência
propositadas. Todavia, deve-se estar atento para o fato de
que a lei pode prever requisitos para o exercício de atividade STF, MS 28.178: MANDADO DE SEGURANÇA. ATO QUE
profissional, desde que sejam adequados e não acabem por INDEFERE ACESSO A DOCUMENTOS RELATIVOS AO PAGA‐
vulnerar a livre inciativa. MENTO DE VERBAS PÚBLICAS. INOCORRÊNCIA DE SIGILO.

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CONCESSÃO DA ORDEM. 1. A regra geral num Estado Repu‐ Liberdade de Associação
blicano é a da total transparência no acesso a documentos
públicos, sendo o sigilo a exceção. Conclusão que se extrai O direito de associação não se confunde com o direto
diretamente do texto constitucional (arts. 1º, caput e pa‐ de reunião. Muito embora ambos os movimentos pressu‐
rágrafo único; 5º, XXXIII; 37, caput e § 3º, II; e 216, § 2º), ponham uma reunião de pessoas, a reunião se dá em curto
bem como da Lei nº 12.527/2011, art. 3º, I. 2. As verbas período de tempo, já a associação pressupõe a continuidade,
indenizatórias para exercício da atividade parlamentar têm permanência.
natureza pública, não havendo razões de segurança ou de Aqui podem também podem ser vistas duas dimensões
intimidade que justifiquem genericamente seu caráter sigi‐ distintas: a dimensão positiva, que confere ao interessado a
loso. 3. Ordem concedida. faculdade de se associar; e a negativa, permitindo-lhe não se
associar. Notem que o direito de associação é uma faculda‐
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de, e não uma imposição, cabendo ao interessado deliberar
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele sobre o seu exercício.
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; As entidades associativas têm como escopo a representa‐
ção de seus associados nas mais diversas áreas, inclusive em
Liberdade de Locomoção âmbito judicial. Todavia, como se infere do inciso XXI, a atua‐
ção depende de autorização dos seus associados. Conforme
O direito à liberdade de locomoção é o “direito de ir e entendimento do Supremo Tribunal Federal, essa permissão
vir”, como ficou popularmente conhecido. A aplicação de deve ser conferida individualmente ou em assembleia geral,
penas privativas de liberdade e os estados de defesa e de não sendo suficiente autorização genérica no estatuto da
sítio (art. 139, I e II, da CF/88), por exemplo, flexibilizam esta entidade (STF, RE 573.232). Mas notem que essa é a regra
prerrogativa. geral, uma vez que “a impetração de mandado de seguran‐
Nos casos de violação ao presente direito, caberá a im‐ ça coletivo por entidade de classe em favor dos associados
petração de habeas corpus, que será analisado detidamente independe da autorização destes” (STF, Súmula nº 629).
no inciso LXVIII.
Jurisprudência
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar‐
mas, em locais abertos ao público, independentemente STF, RE 207.858: Não se há de confundir a liberdade de
de autorização, desde que não frustrem outra reunião an‐ associação, prevista de forma geral no inciso XVII do rol das
teriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas garantias constitucionais, com a criação, em si, de sindica‐
exigido prévio aviso à autoridade competente; to. O critério da especificidade direciona à observação do
disposto no inciso II do art. 8º da CF, no que agasalhada a
Direito de Reunião unicidade sindical de forma mitigada, ou seja, considerada a
área de atuação, nunca inferior à de um Município.
É possível notar a existência de duas dimensões con‐
feridas ao direito de reunião. Por um lado, há a dimensão XXII - é garantido o direito de propriedade;
negativa, impondo que o Estado não frustre reuniões pa‐ XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
cíficas, por outro lado, há de se falar no aspecto positivo, XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa‐
impondo ao poder público que viabilize a concretização da

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


propriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
presente faculdade. Por conseguinte, não basta ao Estado a interesse social, mediante justa e prévia indenização em
abstenção, sendo crucial sua atuação no sentido de dar os dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
meios necessários para que os indivíduos possam se reunir XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade
adequadamente. competente poderá usar de propriedade particular, assegu‐
Notem que a norma exige que o encontro seja pacífico, rada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
sem armas, em local aberto ao público, que não frustre outra XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em
reunião e que haja prévia comunicação. Percebam que não lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de
há necessidade de autorização estatal para o exercício dessa penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
prerrogativa, mas, tão somente, que ele seja comunicado atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de fi‐
para que possa tomar as medidas necessárias para viabilizar nanciar o seu desenvolvimento;
o encontro.
As manifestações populares, reiteradamente vistas no
Brasil, possuem como fundamento o dispositivo em análise. Direito de Propriedade

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, Por muitos anos, diante de um sistema patrimonialista,
vedada a de caráter paramilitar; o direito de propriedade foi analisado através da relação
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de proprietário-coisa. No entanto, com a Constituição Federal
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a de 1988 e com o Código Civil de 2002, diversos dispositivos
interferência estatal em seu funcionamento; surgiram impondo uma reconstrução do conceito de pro‐
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente priedade, que deixava de ser vista individualmente, para ser
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão ju‐ inserida em um contexto social. Consequentemente, houve
dicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; a relativização do caráter absoluto, exclusivo e perpétuo da
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a propriedade.
permanecer associado; A Carta Maior trouxe inovações importantes, como a
XXI - as entidades associativas, quando expressamente obrigatoriedade de cumprimento da função social da pro‐
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados priedade, flexibilizando o caráter absoluto (CF, arts. 5º, XXIII,
judicial ou extrajudicialmente; 170, III, 182, § 2º, e 186). Ademais, a exclusividade também

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acabou sendo atenuada através da possibilidade de requisi‐ STF, RE 638.491: É possível o confisco de todo e qual‐
ção dos bens em hipóteses de necessidade pública (CF, arts. quer bem de valor econômico apreendido em decorrência
5°, XXV, e 139, VII) e a perpetuidade somente será assegu‐ do tráfico de drogas, sem a necessidade de se perquirir a
rada se cumprida a função social da propriedade, cabendo habitualidade, reiteração do uso do bem para tal finalida‐
medida desapropriatória (CF, arts. 182, § 4º, III, 184 e 243) de, a sua modificação para dificultar a descoberta do local
ou de usucapião (CF, arts. 183 e 191) para os casos de inob‐ do acondicionamento da droga ou qualquer outro requisito
servância da obrigação. além daqueles previstos expressamente no art. 243, pará‐
Para maior esclarecimento, conceituaremos alguns insti‐ grafo único, da CF.
tutos de relevo. A desapropriação é concebida como o proce‐ STF, MS 22.164: A própria Constituição da República, ao
dimento administrativo pelo qual o Estado adquire, origina‐ impor ao poder público dever de fazer respeitar a integridade
riamente, a propriedade de bem móvel ou imóvel, corpóreo do patrimônio ambiental, não o inibe, quando necessária a
ou incorpóreo, em decorrência de utilidade ou necessidade intervenção estatal na esfera dominial privada, de promover
pública e interesse social. A usucapião é medida segundo a a desapropriação de imóveis rurais para fins de reforma agrá‐
qual se adquire uma propriedade em razão do decurso do ria, especialmente porque um dos instrumentos de realização
tempo, preenchidos os demais requisitos exigidos pela Carta da função social da propriedade consiste, precisamente, na
Maior e legislação correlata. Ainda, a requisição adminis- submissão do domínio à necessidade de o seu titular utilizar
adequadamente os recursos naturais disponíveis e de fazer
trativa é forma de intervenção na propriedade privada pelo
preservar o equilíbrio do meio ambiente (...).
poder público, que, diante de iminente perigo público, pode
STF, RE 136.753: Impenhorabilidade da pequena proprie‐
requisitar bens ou serviços da sociedade.
dade rural de exploração familiar (CF, art. 5º, XXVI): aplica‐
Além dessas formas interventivas, também podem aca‐
ção imediata. A norma que torna impenhorável determinado
bar incidindo sobre a propriedade os institutos da servidão, bem desconstitui a penhora anteriormente efetivada, sem
ocupação temporária, limitação administrativa e tomba‐ ofensa de ato jurídico perfeito ou de direito adquirido do
mento. Para não fugir do foco desse material, remete-se o credor: precedentes sobre hipótese similar. A falta de lei
leitor aos cadernos de Direitos Administrativo para estudo anterior ou posterior necessária à aplicabilidade de regra
específico desses regimes. constitucional – sobretudo quando criadora de direito ou
garantia fundamental – pode ser suprida por analogia: don‐
Jurisprudência de, a validade da utilização, para viabilizar a aplicação do
art. 5º, XXVI, CF, do conceito de “propriedade familiar” do
STF, Súmula nº 618: Na desapropriação, direta ou indire‐ Estatuto da Terra.
ta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% ao ano.
STF, Súmula nº 479: As margens dos rios navegáveis são XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de uti‐
de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso lização, publicação ou reprodução de suas obras, transmis‐
mesmo, excluídas de indenização. sível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
STF, Súmula nº 476: Desapropriadas as ações de uma XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
sociedade, o poder desapropriante, imitido na posse, pode a) a proteção às participações individuais em obras co‐
exercer, desde logo, todos os direitos inerentes aos respec‐ letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive
tivos títulos. nas atividades desportivas;
STF, Súmula nº 416: Pela demora no pagamento do pre‐ b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

ço da desapropriação não cabe indenização complementar mico das obras que criarem ou de que participarem aos
além dos juros. criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
STF, Súmula nº 164: No processo de desapropriação, são sindicais e associativas;
devidos juros compensatórios desde a antecipada imissão de XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus‐
posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência. triais privilégio temporário para sua utilização, bem como
STF, Súmula nº 157: É necessária prévia autorização do proteção às criações industriais, à propriedade das marcas,
presidente da república para desapropriação, pelos estados, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo
de empresa de energia elétrica em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico
STJ, Súmula nº 141: Os honorários de advogado em de‐ e econômico do País;
sapropriação direta são calculados sobre a diferença entre a
indenização e a oferta, corrigidas monetariamente. Direitos Autorais e de Propriedade Industrial
STJ, Súmula nº 69: Na desapropriação direta, os juros
compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na Estes dispositivos, regulamentados pelas Leis nº
posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocu‐ 9.610/1998 (Lei de Direitos Autorais) e 9.279/1996 (Lei de
pação do imóvel. Propriedade Industrial), intentam resguardar a atividade cria‐
STJ, Súmula nº 56: Na desapropriação para instituir ser‐ tiva, nas mais diversas formas. É conferido aos inventores
vidão administrativa são devidos os juros compensatórios o monopólio da exploração de suas criações, que pode se
dar temporariamente ou a título definitivo. Em decorrência
pela limitação de uso da propriedade.
dessa garantia, a exploração destes poderá ser cedida ou
STF, ADI 2.213 MC: O processo de reforma agrária, em
licenciada a terceiros, mediante o pagamento de royalties.
uma sociedade estruturada em bases democráticas, não
Notem que, no caso das patentes (propriedade indus‐
pode ser implementado pelo uso arbitrário da força e pela
trial), poderá ocorrer o denominado licenciamento compul‐
prática de atos ilícitos de violação possessória, ainda que se sório, através do qual o poder público requisita os direitos a
cuide de imóveis alegadamente improdutivos, notadamente ela inerentes “nos casos de emergência nacional ou interesse
porque a Constituição da República – ao amparar o proprie‐ público, declarados em ato do Poder Executivo Federal, desde
tário com a cláusula de garantia do direito de propriedade que o titular da patente ou seu licenciado não atenda a essa
(CF, art. 5º, XXII) – proclama que “ninguém será privado (...) necessidade, poderá ser concedida, de ofício, licença com‐
de seus bens, sem o devido processo legal” (art. 5º, LIV). pulsória, temporária e não exclusiva, para a exploração da

20
patente, sem prejuízo dos direitos do respectivo titular” (art. Defesa do Consumidor
71 da Lei nº 9.279/1996). Esse sistema é o que popularmente
como “quebra de patente”, muito comum nas garantias sobre O art. 5º, XXXII deve ser conjugado com o art. 170, V da
medicamentos. Carta Maior, responsável por elevar a defesa do consumidor
à princípio da ordem econômica. A partir dessas normas o
Jurisprudência legislador editou a Lei nº 8.078/1990 (Código de Defesa do
Consumidor), tutelando estas prerrogativas.
STJ, Súmula nº 63: São devidos direitos autorais pela Diante da chamada “sociedade de consumo”, em que o
retransmissão radiofônica de músicas em estabelecimentos comércio de bens e serviços cresce vertiginosamente, há de
comerciais. se construir um sistema que resguarde a parte considerada
STJ, REsp 1.193.196: Direito penal. Venda de CDs e DVDs vulnerável e hipossuficiente – o consumidor.
falsificados. Tipicidade. Recurso repetitivo. É típica, formal
e materialmente, a conduta de expor à venda em estabele‐ Jurisprudência
cimento comercial CDs e DVDs falsificados, prevista no art.
184, § 22, do CP. Não é possível aplicar o princípio da ade‐ STF, ADI 2.591 ED: As instituições financeiras estão, todas
quação social à conduta de vender CDs e DVDs falsificados, elas, alcançadas pela incidência das normas veiculadas pelo
considerando que tal conduta não afasta a incidência da Código de Defesa do Consumidor (CDC). “Consumidor”, para
os efeitos do CDC, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza,
norma penal incriminadora de violação de direito autoral,
como destinatário final, atividade bancária, financeira e de
além de caracterizar ofensa a direito constitucionalmente
crédito.
assegurado (art. 52, XXVII, da CF). O fato de, muitas vezes,
haver tolerância das autoridades públicas em relação a tal XXXIV - são a todos assegurados, independentemente
prática não significa que a conduta não seja mais tida como do pagamento de taxas:
típica, ou que haja exclusão de culpabilidade, razão pela qual, a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
pelo menos até que advenha modificação legislativa, incide o de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
tipo penal, mesmo porque o próprio Estado tuteia o direito b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
autoral. Não se pode considerar socialmente tolerável uma para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
conduta que causa sérios prejuízos à indústria fonográfica interesse pessoal;
brasileira e aos comerciantes legalmente instituídos, bem
como ao Fisco pelo não pagamento de impostos. Direito de Petição e de Obtenção de Certidões
XXX - é garantido o direito de herança; O direito de petição permite que qualquer indivíduo
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no reclame perante o poder público nas hipóteses de ilegali‐
País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônju‐ dade ou abuso de poder. José Afonso da Silva aponta que
ge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais “o direito de petição define-se como o direito que pertence
favorável a lei pessoal do “de cujus”; a uma pessoa de invocar a atenção dos poderes públicos
sobre uma questão ou uma situação, seja para denunciar
Direito à Herança e ao Estatuto Sucessório uma lesão concreta, e pedir a reorientação da situação, seja
para solicitar uma modificação do direito em vigor no sentido

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


mais favorável à liberdade”12.
Os incisos XXX e XXXI protegem direitos correlatos. O
Além disso, o Estado não pode ser furtar de conferir os
primeiro dispositivo contempla o direito à herança, res‐
elementos necessários para que os indivíduos possam exer‐
ponsável por assegurar que o patrimônio construído pelos cer seus direitos. Destarte, assegurou-se o direito à obtenção
indivíduos durante a sua vida será, com a sua morte, direcio‐ de certidões, que devem ser emitidas nos termos formulados
nado em consonância com sua vontade. Seria inadmissível pelo requerente.
que o Estado, diante de um óbito, viesse a se apropriar do Notem que a norma não prevê sanção para os casos de
patrimônio privado. Nada obstante, cumpre lembrar que a descumprimento, o que, a nosso ver, não a torna inócua,
presente prerrogativa não afasta a incidência do Imposto mas, tão somente, assegura a legitimidade da utilização de
sobre a Transmissão Causa Mortis (CF, art. 155, I). Mandado de Segurança para resguardar esta faculdade.
O direito ao Estatuto Sucessório, por sua vez, defende
que toda a sucessão deverá ser regulada por um único or‐ Jurisprudência
denamento jurídico. Como regra geral, aplica-se o estatuto
brasileiro à sucessão de bens aqui situados. No entanto, no Súmula Vinculante nº 21: É inconstitucional a exigência
caso dos estrangeiros, há a faculdade de, se mais favorável, de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
ser utilizada a lei sucessória vigente em seu Estado de origem. admissibilidade de recurso administrativo.
Súmula Vinculante nº 14: É direito do defensor, no inte‐
Jurisprudência resse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório
STF, Súmula nº 149: É imprescritível a ação de investiga‐ realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
ção de paternidade, mas não o é a de petição de herança. digam respeito ao exercício do direito de defesa.
STF, ADI 1.715 MC: A Constituição garante o direito de STJ, Súmula nº 373: É ilegítima a exigência de depósito
herança, mas a forma como esse direito se exerce é matéria prévio para admissibilidade de recurso administrativo.
STF, RE 233.582: O direito constitucional de petição e
regulada por normas de direito privado.
o princípio da legalidade não implicam a necessidade de
esgotamento da via administrativa para discussão judicial
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
do consumidor; 12
SILVA, José Afonso da. Op. cit. p. 446.

21
da validade de crédito inscrito em dívida ativa da Fazenda XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
Pública. É constitucional o art. 38, parágrafo único, da Lei nº jurídico perfeito e a coisa julgada;
6.830/1980 (Lei da Execução Fiscal – LEF), que dispõe que “a
propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo Princípio da Irretroatividade
(ações destinadas à discussão judicial da validade de crédito
inscrito em dívida ativa) importa em renúncia ao poder de A segurança jurídica é um dos postulados mais impor‐
recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso tantes do Direito brasileiro, assegurando que situações an‐
acaso interposto”. teriormente consolidadas não sejam atingidas e, direitos
nelas fundados, não sejam vetados. A Lei de Introdução aos
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi‐ Direitos Brasileiros (Lei nº 4.657 de 4 de setembro de 1942)
ciário lesão ou ameaça a direito; apresentou conceitos para cada um destes institutos, como
veremos abaixo.
Princípio da Inafastabilidade de Jurisdição
Direito Adquirido
Todo ser humano, tendo seus diretos lesados ou ameaça‐
dos, deve gozar de meios adequados para sua impugnação. Art. 6º, § 2º, da LINDB - “Consideram-se adquiridos assim
O direito de acesso à justiça (princípio da inafastabilidade os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa
de jurisdição) assegura a defesa judicial de eventuais lesões exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha
a direitos, impedindo que sejam impostos obstáculos para têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável,
o seu exercício. a arbítrio de outrem”.
A presente prerrogativa pode sofrer limitações, desde
O direito adquirido é aquele em que houve o preenchi‐
que justificadas e autorizadas pelo ordenamento jurídico,
mento de todos os requisitos para seu gozo, mas que ainda
como ocorre com a necessidade de prévio requerimento
não foi exercitado. Por conseguinte, é inadmissível que lei
administrativo para a discussão de questões desportivas posterior àquela perante a qual o direito se consolidou modi‐
(CF, art. 217, § 1º) ou de benefícios previdenciários. Ainda, fique seus requisitos e exija que as pessoas que já os tivessem
percebam que o condicionamento é, tão somente, à previa satisfeitos, mas ainda não exercido, sejam compelidas ao
requisição, e não ao esgotamento das vias administrativas. preenchimento de novas condições.
Muito se questionou acerca da viabilidade do uso da ar- Deve-se atentar à distinção entre direito adquirido e
bitragem para solução de lides. Parcela da doutrina entendia expectativa de direito. Enquanto não implementados os
que não poderia um órgão privado decidir questões atinentes requisitos necessários para a consolidação do direito, ha-
a outros indivíduos que, em tese, seriam a ele semelhantes. verá mera expectativa, que não possui proteção no sistema
Violaria a isonomia. Entretanto, o Supremo Tribunal enten‐ pátrio. A Suprema Corte em diversas oportunidades já se
deu que a violação alegada inexiste, sendo não só admitida manifestou nesse sentido.
a resolução privada de conflitos, como indicada. É meio mais Ademais, observa-se que o direito adquirido pode ser
célere, dotado de perícia na temática proposta e menos one‐ oposto, inclusive, às emendas à Constituição Federal. Porém,
roso. De todo modo, a aceitação da arbitragem não impede havendo a elaboração de nova Carta Magna, não cabe invocar
que eventuais ilegalidades perpetradas venham a ser revi‐ direito adquirido. O Brasil, adotou a tese da retroatividade
sitadas em âmbito judicial, resguardando a inafastabilidade mínima, aplicando a nova Constituição somente aos efeitos
de jurisdição. de negócios passados que venham a ser verificados durante
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

a sua vigência. Nada obstante, uma nova constituinte pode


Jurisprudência se utilizar das retroatividades média e máxima, caso em que
o direito adquirido poderá ser flexibilizado.
Súmula Vinculante nº 28: É inconstitucional a exigência
de depósito prévio como requisito de admissibilidade de Ato Jurídico Perfeito
ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de
crédito tributário. Art. 6º, § 1º, da LINDB “Reputa-se ato jurídico perfeito
STF, Súmula nº 667: Viola a garantia constitucional de o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que
acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre se efetuou”.
o valor da causa.
STF, ADI 1.772 MC: Taxa judiciária e custas (...). Necessi‐ Como visto acima, o direito adquirido se consolida com
dade da existência de limite que estabeleça a equivalência o preenchimento dos requisitos de determinada faculdade,
mas sem o seu exercício. O ato jurídico perfeito é exatamente
entre o valor da taxa e o custo real dos serviços, ou do pro‐
a combinação entre aquisição e uso. Neste caso, o direito já
veito do contribuinte. Valores excessivos: possibilidade de
foi exercido e não pode mais ser desfeito.
inviabilização do acesso de muitos à Justiça, com ofensa ao
princípio da inafastabilidade do controle judicial de lesão ou Coisa Julgada
ameaça a direito.
STF, RE 631.240: A concessão de benefícios previdenciá‐ Art. 6º, § 3º, da LINDB “Chama-se coisa julgada ou caso
rios depende de requerimento do interessado, não se carac‐ julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”.
terizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação
e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para A coisa julgada deve ser definida como a qualidade con‐
sua análise. É bem de ver, no entanto, que a exigência de ferida à decisão judicial não mais passível de recurso. A partir
prévio requerimento não se confunde com o exaurimento do momento em que uma decisão se consolida, as partes pas‐
das vias administrativas. A exigência de prévio requerimento sam a ter certeza acerca do modo como devem exercer seus
administrativo não deve prevalecer quando o entendimento direitos, não podendo o judiciário, como regra, desfazer este
da administração for notória e reiteradamente contrário à entendimento. Entretanto, muito vem se discutindo acerca
postulação do segurado. da possibilidade de desconstituição desta coisa julgada.

22
O ordenamento jurídico permite que, em hipótese ex‐ Estado não ter custeado a produção dessa prova. Deve ser
cepcionais, a coisa julgada venha a ser desfeita através de relativizada a coisa julgada estabelecida em ações de investi‐
ação rescisória (CPC, art. 966), desde que maculada com gação de paternidade em que não foi possível determinar-se
vícios insanáveis. O entendimento do Superior Tribunal de a efetiva existência de vínculo genético a unir as partes, em
Justiça é de que as hipóteses lá arroladas são taxativas, mas, decorrência da não realização do exame de DNA, meio de
eventualmente, vêm sendo ampliadas pelos tribunais. prova que pode fornecer segurança quase absoluta quanto
à existência de tal vínculo.
Jurisprudência STF, RE 172.082: Não há direito adquirido contra dispo‐
sição normativa inscrita no texto da Constituição, eis que
Súmula Vinculante nº 35: A homologação da transação situações inconstitucionais, por desprovidas de validade ju‐
penal prevista no artigo 76 da Lei nº 9.099/1995 não faz coisa rídica, não podem justificar o reconhecimento de quaisquer
julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se direitos.
a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público
a continuidade da persecução penal mediante oferecimento XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
de renúncia ou requisição de inquérito policial. LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão
Súmula Vinculante nº 1: Ofende a garantia constitucio‐ pela autoridade competente;
nal do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as
circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a Princípios do Juiz e do Promotor Natural
eficácia de acordo constante de termo de adesão instituído
pela Lei Complementar nº 110/2001. A imparcialidade é um dos pilares mais importantes da
STF, Súmula nº 654: A garantia da irretroatividade da atividade jurisdicional, pois, em relação aos princípios aqui
lei, prevista no art 5º, XXXVI, da Constituição da República, estudados, impede que haja direcionamento de demandas
não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado. para um ou outro juízo.
STF, Súmula nº 424: Transita em julgado o despacho sa‐ O princípio do juiz natural inviabiliza a criação de órgãos
neador de que não houve recurso, excluídas as questões excepcionais para julgamento de determinadas demandas,
deixadas, explícita ou implicitamente, para a sentença. ou o direcionamento voluntário das ações. O juiz competente
STF, Súmula nº 423: Não transita em julgado a senten‐ para o julgamento das lides deverá ser aquele a quem a legis‐
ça por haver omitido o recurso ex officio, que se considera
lação confere legitimidade, sendo chamado de juiz natural.
interposto ex lege.
Sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal vem entendendo
STF, Súmula nº 239: Decisão que declara indevida a co‐
que a convocação de juízes de primeiro grau para atuação
brança do imposto em determinado exercício não faz coisa
nos Tribunais, o foro privilegiado, a criação de varas judiciais
julgada em relação aos posteriores.
especializadas ou de comitês de ética não ferem o princípio
STF, RE 599.618 ED: Transposição do regime celetista para
do juiz natural.
o estatutário. Inexistência de direito adquirido a regime jurí‐
Parcela da doutrina ainda fala em promotor natural, in‐
dico. Possibilidade de diminuição ou supressão de vantagens
sem redução do valor da remuneração. viabilizando que, dentro do Ministério Público, haja a seleção
STF, RE 589.513 ED-EDv-AgR: A sentença de mérito tran‐ de promotores ou procuradores para causa em razão de par‐
sitada em julgado só pode ser desconstituída mediante ajui‐ ticularidades suas com as partes ou com o objeto em litígio.
zamento de específica ação autônoma de impugnação (ação Também devem ser respeitadas as regras organizacionais
predefinidas. O STF, aceitando este entendimento, assim se

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


rescisória) que haja sido proposta na fluência do prazo deca‐
dencial previsto em lei, pois, com o exaurimento de referido manifestou: “Consoante o postulado do promotor natural,
lapso temporal, estar-se-á diante da coisa soberanamente a definição do membro do Ministério Público competente
julgada, insuscetível de ulterior modificação, ainda que o ato para oficiar em um caso deve observar as regras previamente
sentencial encontre fundamento em legislação que, em mo‐ estabelecidas pela instituição para distribuição de atribuições
mento posterior, tenha sido declarada inconstitucional pelo em um determinado foro de atuação, obstando-se a interfe‐
STF, quer em sede de controle abstrato, quer no âmbito de rência hierárquica indevida da chefia do órgão por meio de
fiscalização incidental de constitucionalidade. A superveniên‐ eventuais designações especiais.” (STF, HC 137.637)
cia de decisão do STF, declaratória de inconstitucionalidade
de diploma normativo utilizado como fundamento do título Jurisprudência
judicial questionado, ainda que impregnada de eficácia ex
tunc – como sucede, ordinariamente, com os julgamentos STF, RE 597.133: Não viola o postulado constitucional do
proferidos em sede de fiscalização concentrada (RTJ 87/758 juiz natural o julgamento de apelação por órgão composto
– RTJ 164/506-509 – RTJ 201/765) –, não se revela apta, só majoritariamente por juízes convocados, autorizado no âm‐
por si, a desconstituir a autoridade da coisa julgada, que bito da Justiça Federal pela Lei nº 9.788/1999. Colegiados
traduz, em nosso sistema jurídico, limite insuperável à força constituídos por magistrados togados, integrantes da Justiça
retroativa resultante dos pronunciamentos que emanam, in Federal, e a quem a distribuição de processos é feita alea‐
abstracto, da Suprema Corte. toriamente. Julgamentos realizados com estrita observância
STF, AI 598.229 AgR: Servidor público: é da jurisprudência do princípio da publicidade, bem como do direito ao devido
do Supremo Tribunal que não há direito adquirido a regime processo legal, à ampla defesa e ao contraditório.
jurídico, no qual se inclui o nível hierárquico que o servidor
ocupa na carreira. XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a or‐
STF, RE 363.889: É dotada de repercussão geral a matéria ganização que lhe der a lei, assegurados:
atinente à possibilidade da repropositura de ação de inves‐ a) a plenitude de defesa;
tigação de paternidade, quando anterior demanda idêntica, b) o sigilo das votações;
entre as mesmas partes, foi julgada improcedente, por falta c) a soberania dos veredictos;
de provas, em razão de a parte interessada não dispor de d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
condições econômicas para realizar o exame de DNA e de o contra a vida;

23
Tribunal do Júri entendendo que a referida restrição é imputável somente às
disposições incriminadoras. Logo, em se tratando de norma
O tribunal do júri é o órgão competente pelo julgamento não incriminadora, será admitido o uso desse instrumento
dos crimes dolosos contra a vida, sendo composto por um normativo.
juiz togado e sete jurados, estes escolhidos mediante sorteio. Além do exposto, deve-se pontuar que a lei incrimina‐
Os jurados serão responsáveis pelo julgamento do acusado, dora deve, obrigatoriamente, ser anterior às condutas por
após assegurada a plenitude de sua defesa, devendo se ma‐ ela punidos. Essa disposição complementa o princípio da
nifestar acerca dos seguintes quesitos: (I) a materialidade do irretroatividade, abaixo estudado.
fato; (II) a autoria ou participação; (III) se o acusado deve
ser absolvido; (IV) se existe causa de diminuição de pena Jurisprudência
alegada pela defesa; (V) se existe circunstância qualificadora
ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou STF, RHC 121.835 AgR: Em matéria penal, prevalece o
em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação dogma da reserva constitucional de lei em sentido formal,
(CPP, art. 483). O processo de votação realizado é público, pois a Constituição da República somente admite a lei interna
mas os votos de cada jurado são sigilosos. como única fonte formal e direta de regras de direito penal,
Diante de resultado positivo aos quesitos supracitados, a significar, portanto, que as cláusulas de tipificação e de
o magistrado deverá calcular a pena e proferir a sentença, cominação penais, para efeito de repressão estatal, subsu‐
não podendo modificar a decisão do Júri, haja vista a sobe‐ mem-se ao âmbito das normas domésticas de direito penal
rania que lhe é atribuída. Percebam que, mesmo diante da incriminador, regendo-se, em consequência, pelo postulado
relevância do Tribunal do Júri, as suas decisões são passíveis da reserva de Parlamento. (...) As convenções internacionais,
de revisão perante os Tribunais de segundo grau. como a Convenção de Palermo, não se qualificam, consti‐
Por fim, observo que, em se tratando de prerrogativa de tucionalmente, como fonte formal direta legitimadora da
foro constitucionalmente fixada, a competência do Júri será regulação normativa concernente à tipificação de crimes e
afastada para a aplicação da norma constitucional especial. à cominação de sanções penais.
STF, HC 92.626: Não pode o julgador, por analogia, esta‐
Jurisprudência belecer sanção sem previsão legal, ainda que para beneficiar
o réu, ao argumento de que o legislador deveria ter discipli‐
STF, Súmula nº 721: A competência constitucional do tri‐ nado a situação de outra forma.
bunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de fun‐ STJ, HC 245.039: Direito penal. Cola eletrônica. Atipicida‐
de da conduta. A “cola eletrônica”, antes do advento da Lei
ção estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual.
nº 12.550/11, era uma conduta atípica, não configurando o
STF, Súmula nº 603: A competência para o processo e
crime de estelionato. Fraudar concurso público ou vestibular
julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal
através de cola eletrônica não se enquadra na conduta do art.
do Júri.
171 do CP (crime de estelionato), pois não há como definir se
STF. HC 69.552: A apreciação das descriminantes da le‐
essa conduta seria apta a significar algum prejuízo de ordem
gítima defesa e do estado de necessidade é da competência
patrimonial, nem reconhecer quem teria suportado o revés.
exclusiva do tribunal do júri, cuja soberania dos veredictos é
Assim, caso ocorresse uma aprovação mediante a fraude, os
constitucionalmente assegurada, art. 5º, XXXVIII, c. A deci‐
únicos prejudicados seriam os demais candidatos ao cargo, já
são do tribunal do júri não pode ser arbitrária, desvinculada que a remuneração é devida pelo efetivo exercício da função,
das teses da acusação e da defesa nem ser manifestamente
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

ou seja, trata-se de uma contraprestação pela mão de obra


contrária à prova dos autos, art. 593, III, d, e § 3º, do CPP. empregada, não se podendo falar em prejuízo patrimonial
STF, HC 103.812: A competência do tribunal do júri para para a administração pública ou para a organizadora do
o julgamento dos crimes contra a vida prevalece sobre a da certame. Ademais, não é permitido o emprego da analogia
Justiça Militar em se tratando de fato circunscrito ao âmbito para ampliar o âmbito de incidência da norma incriminadora;
privado, sem nexo relevante com as atividades castrenses pois, conforme o princípio da legalidade estrita, previsto no
art. 52, XXXIX, da CF e art. 12 do CP, a tutela penal se limita
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem apenas àquelas condutas previamente definidas em lei. Por
pena sem prévia cominação legal; fim, ressalta-se que a Lei nº 12.550/11 acrescentou ao CP
uma nova figura típica com o fim de punir quem utiliza ou
Princípio da Legalidade e Anterioridade da Lei Penal divulga informação sigilosa para lograr aprovação em con‐
curso público.
O princípio da legalidade enuncia que não haverá crime
(leia-se infração penal) sem lei anterior que a defina. No XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
entanto, observa-se que aqui não se fala de mera legalida‐ o réu;
de, mas sim de Reserva Legal. Destarte, não há de falar na
criação de infrações penais por decretos, portarias, analogia, Princípio da Irretroatividade da Lei Penal
costumes, doutrina ou jurisprudência, uma vez que somente
a lei em sentido estrito terá tal faculdade. O ordenamento jurídico brasileiro, através do art. 5º,
A restrição imposta pelo princípio da legalidade é uma inciso XL, adota o princípio da irretroatividade da lei penal
das mais importantes em direito penal, mas, mesmo assim, in pejus. Destarte, caso haja modificação legislativa que se
possui alguma abertura. A princípio, existem as chamadas mostre mais gravosa ao acusado (novatio legis in pejus), não
normas penais em branco, preenchidas por disposições aber‐ caberá a sua aplicação. Por outro lado, em se tratando de
tas que, para a sua aplicação, demandam complementação alterações positiva, favoráveis, a norma penal retroagirá, al‐
(ex.: art. 7º, X, da CF – “proteção do salário na forma da cançando inclusive fatos praticados antes de sua entrada em
lei, constituindo crime sua retenção dolosa;”). Outrossim, vigor. Trata-se do princípio da retroatividade da norma penal
muito embora o art. 62, § 1º, b, da CF/88, vede a utilização mais benéfica (lex mitior). Exemplos de normas penais mais
de medidas provisórias em matéria penal, a doutrina vem benéficas são aquelas que reduzem penas, descriminalizam

24
conduta, flexibilizam requisitos para a concessão de benefí‐ quem entregou suas armas dentro dos 180 dias teve a sua
cios ao condenado, entre outros. punibilidade extinta, não incidindo no caso a retroatividade
ou ultratividade da lei penal mais benéfica. Aqueles que fo‐
Abolitio Criminis (CPP, Art. 2º, Parágrafo Único) ram abordados com armas em período anterior ou posterior
aos 180 dias não gozaram da benesse legal. No exemplo
A abolitio criminis (descriminalização) ocorre quando o abaixo, haverá a aplicação da Lei A para os Fatos 1 e 3, sendo
legislador opta por não mais incriminar determinadas con‐ somente o Fato 2 descriminalizado pela Lei B.
dutas. Nesta hipótese, mesmo aqueles condenados com
trânsito em julgado serão agraciados, pois não é admissível
que alguém seja obrigado a cumprir pena por fato não cri‐
minoso. Exemplo de abolitio criminis se têm com o antigo
crime de Rapto Consensual (CP, art. 220), revogado pela Lei
nº 11.106/2005.
Porém, há de se ter cuidado para não confundir a des-
criminalização com a continuidade normativo-típica. Na
primeira hipótese, os fatos antes punidos são extirpados da
ordem jurídica; já no caso da continuidade, há a retirada
formal dos fatos, mas os mesmos acabam sendo abrangidos Jurisprudência
por outra norma vigente, que mantém sua punibilidade. Foi
exatamente o que ocorreu com o antigo crime Rapto Violento STJ, Súmula nº 513: A abolitio criminis temporária pre‐
ou Mediante Fraude (CP, art. 219), que, mesmo diante de sua vista na Lei nº 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de
revogação, passou a ser punido como Sequestro e Cárcere arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou
Privado (CP, art. 148, § 1º, V). qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado, praticado somente até 23/10/2005
Lei Intermediária STJ, Súmula nº 501: É cabível a aplicação retroativa da
Lei nº 11.343/2006, desde que o resultado da incidência
Outra hipótese interessante é a da lei intermediária. Diga‐ das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu
mos que uma lei A, editada no ano de 2005, preveja a pena do que o advindo da aplicação da Lei nº 6.368/1976, sendo
de 3 a 7 anos reclusão para um crime X. No ano de 2010, a vedada a combinação de leis.
lei B reduz a pena cominada, que fica entre 1 e 5 anos de STF, RE 579.167: A Lei nº 11.464/2007, que majorou o
reclusão. Por fim, em 2015 vem a lei C aumentando a pena tempo necessário a progredir-se no cumprimento da pena,
para o mínimo de 5 e o máximo de 10 anos de reclusão. Bom, não se aplica a situações jurídicas que retratem crime come‐
neste exemplo temos uma lei intermediária com pena infe‐ tido em momento anterior à respectiva vigência.
rior às demais. Nessas circunstâncias, a lei B retroagirá para
abarcar os atos praticados antes de sua entrada em vigor, por XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
ser mais benéfica ao réu. Já para os ilícitos cometidos sobe a direitos e liberdades fundamentais;
égide da Lei B, mesmo após o advento da Lei C, continuarão
sendo regidos pela lei intermediária, também por ser mais Discriminação
benéfica. Destarte, somente as infrações praticadas durante

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


a vigência da lei C que serão por ela regidas, não cabendo se O inciso XLI vem como norma geral para a proteção da
falar em aplicação da lei B, pois esta não pode incidir sobre dignidade da pessoa humana, vedando qualquer espécie de
situações ocorridas após a sua revogação. segregação que venha a vulnerar direitos e garantias funda‐
mentais. Havendo violação à norma em voga, caberá à lei
definir as punições adequadas.

Norma Penal em Branco

No ordenamento jurídico brasileiro há a presença de di‐


versas normas criminais em branco, que nada mais são do
que normas de eficácia limitada. As infrações nelas insertas
demandam a edição de norma complementar para que possa
haver a punição de condutas que as infrinjam.
Na hipótese supra, percebe-se que as condutas discrimi‐
natórias devem ser punidas, mas a Constituição não dá maio‐
Lei Temporária (CPP, Art. 3º) res elementos para que esta ocorra, conferindo à legislação
ordinária esta função. Destarte, somente após a edição de
Questão controversa é a aplicação deste inciso às hipó‐ normas neste sentido haverá a punibilidade das infrações.
teses de leis temporárias ou excepcionais. Essas são normas
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
editadas para viger, excepcionalmente, sobre determinada
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
época. Foi o que ocorreu com a descriminalização temporária
da posse de armas de fogo. O art. 32 da Lei nº 10.826/03, em
sua redação originária, concedeu o prazo de 180 dias para Racismo (Lei nº 7.716/1989)
que os indivíduos que mantivessem armas de fogo em suas
residências sem o devido portes, pudessem entregá-las livre O crime de racismo, também chamado de crime de pre‐
de qualquer punição. Foi o que se chamou de “abolitio cri- conceito de raça e cor, foi disciplinado pela Lei nº 7.716/1989.
minis temporária” (STJ, HC 92369). Nessa hipótese, somente Conquanto o conceito pareça ficar adstrito a aspectos raciais,

25
insta apontar que o art. 1º da Lei do Racismo trouxe um am‐ somente o grupo contemplado será favorecido. Aqueles in‐
plo rol de aspectos protegidos, sendo eles: discriminação ou fratores que não forem inseridos no indulto, responderão
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacio‐ normalmente pela infração.
nal. Portanto, todos estes aspectos são contemplados pela
Lei nº 7.716/1989. Um último destaque importante é que Graça
as normas relacionadas não contemplam proteção contra
a discriminação decorrente da opção sexual do indivíduo. A graça representa o indulto individualmente considera‐
Por conseguinte, sendo vedada a analogia in pejus, somente do. Destarte, trata-se do perdão de fatos criminosos confe‐
com alteração legislativa esta qualidade poderá ser definida ridos a um único indivíduo.
como racismo e ter punição criminal na Lei nº 7.716/1989.
Ainda, importante pontuar que o crime de racismo não Crimes insuscetíveis de anistia, indulto e graça: crimes
se confunde com o de injúria racial, inserto no art. 140, hediondos, tráfico, tortura e terrorismo.
§ 3º do Código Penal. Enquanto o primeiro representa um
ataque genérico a uma determinada raça, cor, etnia, reli‐ Jurisprudência
gião ou procedência nacional, o segundo abarca os crimes
individualizados. No crime de racismo, o intuito do agente é Súmula Vinculante nº 26: Para efeito de progressão de
atingir o grupo como um todo; já na injúria racial, busca-se regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
atacar, através de depreciação às qualidades citadas, indiví‐ equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucio‐
duo especifico. nalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990,
sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não,
Crimes Inafiançáveis os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo
determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realiza‐
As infrações consideradas inafiançáveis impedem que o ção de exame criminológico.
magistrado ou a autoridade policial libere o suposto infrator
através da fixação de um valor para pagamento. Porém, nada XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação
impede que sejam utilizadas outras formas de liberdade pro‐ de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem cons‐
visória, desde que não se trate da fixação de fiança. titucional e o Estado Democrático;
Crimes inafiançáveis: racismo, ação de grupos armados,
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Resumo dos incisos XLII, XLIII e XLIV:
Democrático, crimes hediondos, tráfico, terrorismo e tortura.
Imprescritíveis Racismo
Crimes Imprescritíveis Inafiançáveis Ação de grupos armados
Insuscetíveis de indulto, Hediondo + 3T (Tráfico,
Diante de tamanha gravidade, algumas infrações foram
graça e anistia Tortura e Terrorismo
definidas pelo legislador constituinte como imprescritíveis,
ou seja, passiveis de punição a qualquer tempo. Mesmo com
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
o decurso de um grande lapso temporal, estas infrações po‐
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
derão ser punidas.
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
Crimes imprescritíveis: racismo e ação de grupos arma‐
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

dos.
do patrimônio transferido;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insus‐ distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
cetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico sexo do apenado;
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo
os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
Princípio da Pessoalidade (intranscendência) da
se omitirem; Pena
Destinadas à responsabilização dos indivíduos por con‐
Crimes Inafiançáveis e Insuscetíveis de Graça ou dutas contrárias ao ordenamento jurídico, as penas são pes‐
Anistia soais, sendo inviável a sua transferência para terceiros. É no
mínimo ilógico imaginar que alguém pudesse cometer algum
Legislação sobre o tema: tortura (Lei nº 9.455/1997), ilícito e outrem por ele se responsabilizar. O princípio da in‐
tráfico (Lei nº 11.343/2006), terrorismo (Lei nº 13.260/2016), transcendência da pena impede que as punições exorbitem
crimes hediondos (Lei nº 8.072/1990). a esfera individual do agente infrator.
Notem que no inciso XLV temos duas normas importantes
Anistia e distintas. A princípio, há uma norma de eficácia plena, ve‐
dando que as penas passem da pessoa do condenado. Nada
Ocorre a anistia quando a União, por lei, perdoa ilícitos obstante, a segunda parte do dispositivo apresenta algumas
praticados em determinada época. Como a benesse é con‐ exceções, mas o faz com eficácia limitada, dependendo de
ferida em relação ao fato, todos que o houverem praticado, complementação para a sua implementação. Destarte, so‐
serão isentados de punição. mente haverá a transmissão da responsabilidade patrimonial
se existente lei disciplinando.
Indulto Observem que o princípio em voga tem aplicabilidade em
todo o direito punitivo, e não apenas no Direito Penal. Exem‐
Nesta hipótese, o Presidente da República perdoa de‐ plo dessa realidade é a inviabilidade que entes federados
terminado grupo de pessoas por fatos praticados. Portanto, sejam inscritos em cadastros de inadimplentes (CAUC, SIAFI,

26
CADIN, v.g.) por dívidas de suas autarquias ou fundações e, Jurisprudência
por conseguinte, restarem impedidos de receber transferên‐
cias voluntárias. Essas entidades gozam de personalidade STF, HC 84.766: A unificação penal autorizada pela nor‐
jurídica e patrimônio próprio, devendo responder por suas ma inscrita no art. 75 do CP justifica-se como consequência
condutas, restando inviável sua transferência ao ente fede‐ direta e imediata do preceito constitucional que veda (...), de
rado tão somente em razão de a ele estarem vinculadas ou modo absoluto, a existência, no sistema jurídico brasileiro, de
sujeitas a seu poder de controle (STF, ACO 1848). sanções penais de caráter perpétuo. Em decorrência dessa
cláusula constitucional, o máximo penal legalmente exequí‐
Jurisprudência vel, no ordenamento positivo nacional, é de trinta anos, a
significar, portanto, que o tempo de cumprimento das penas
STJ, Súmula nº 611 (NOVO): Desde que devidamente privativas de liberdade não pode ser superior àquele limite
motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é imposto pelo art. 75, caput, do CP.
permitida a instauração de processo administrativo discipli‐
nar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade
de autotutela imposto à Administração. física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, possam permanecer com seus filhos durante o período de
entre outras, as seguintes: amamentação;
a) privação ou restrição da liberdade; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
b) perda de bens; encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com‐
c) multa; petente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
d) prestação social alternativa; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre
e) suspensão ou interdição de direitos; os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsá‐
Princípio da Individualização da Pena veis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
As penas devem ser impostas de acordo com as pecu‐
liaridades do caso concreto e dos agentes infratores, e não Direitos dos Presos
de forma generalizada. Exatamente por isso se vê indivíduos
que, conjuntamente, cometeram a mesma infração penal, Os dispositivos supracitados representam a busca pela
mas foram condenados de modo distinto. Isso se chama de humanização da pena, demonstrando atenção do legislador
constituinte sobre a necessidade de que os presos tenham
individualização, que devem ser implementadas no âmbito
condições adequadas de vida e de desenvolvimento durante
legislativo (com a elaboração de penas adequadas para cada
o período do encarceramento, bem como acerca da neces‐
infração e infrator), judicial (com a imposição da sanção)
sidade de que lhes sejam fornecidos todos os elementos
e administrativa (com a execução da pena). O rol inserto
necessários para sua ampla defesa.
neste dispositivo representa essa individualização, tendo a
Ainda, observa-se que o inciso LXIII é reiteradamente
Carta Maior condicionado sua disciplina à edição de legis‐
cobrado em concursos, além de muito importante na prática
lação ordinária. penal. Nele está inserto o direito ao silêncio (nemo tenetur
se detegere), garantindo ao acusado a prerrogativa de não

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


XLVII - não haverá penas: fazer prova contra si mesmo, mantendo-se em silêncio. Nin‐
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos guém poderá ser compelido a fornecer elementos para sua
termos do art. 84, XIX; própria condenação, sendo dever da acusação esta busca.
b) de caráter perpétuo; No mesmo sentido, o art. 186 do Código de Processo Penal
c) de trabalhos forçados; assim enuncia: “O silêncio, que não importará em confissão,
d) de banimento; não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.”.
e) cruéis;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturali‐
Penas Vedadas zado, em caso de crime comum, praticado antes da natura‐
lização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito
Até este momento já foi possível notar que todos direi‐ de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
tos e garantias fundamentais têm seus limites. No caso em LII - não será concedida extradição de estrangeiro por
tela, as penas restritivas de liberdade representam limites crime político ou de opinião;
ao princípio da liberdade de locomoção. Bom, mas aí sur‐
ge a pergunta: e quem limita essas penas? Poderia o Brasil Extradição, Expulsão e Deportação
criar qualquer espécie de pena como limite à liberdade de (Lei nº 13.445/2017 – Lei de Imigração)
locomoção? Não, para isso surge nova teoria a se analisar.
A teoria “dos limites dos limites” (ou das restrições das Os dispositivos aqui analisados versam exclusivamente
restrições”) surge para restringir os limites aos direitos funda‐ sobre a extradição, mas, diante da correlação dos temas,
mentais. Logo, se as penas representam contenção à liberda‐ faz-se imprescindível a definição dos três institutos referidos.
de de ir e vir, as disposições insertas no inciso XLVI controlam
aquelas, desenhando quais limites são admitidos. Destarte, Deportação (art. 50 e seguintes da Lei nº 13.445/2017)
as penas de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX, de caráter perpétuo, de trabalhos A deportação consiste no envio de estrangeiro ao seu país
forçados, de banimento ou cruéis, são terminantemente de origem, ou a outro por ele indicado, em razão de estar no
proibidas em território nacional, vedando-se ao legislador Brasil de modo irregular (ex.: ingresso sem visto). Suprida a
a sua instituição. irregularidade, poderá retornar ao Brasil.

27
Expulsão (art. 54 e seguintes da Lei nº 13.445/2017) O extraditando estiver respondendo a processo ou já
V houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo
A expulsão é a medida mais grave das três, uma vez que mesmo fato em que se fundar o pedido;
somente será desfeita se revogado o Decreto que determinou A punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo
a expulsão do estrangeiro. VI
a lei brasileira ou a do Estado requerente;
Inserta no art. 54 da Lei nº 13.445/2017, a expulsão ocor‐
VII O fato constituir crime político ou de opinião;
re quando estrangeiro praticar crime de genocídio, contra
a humanidade, de guerra ou de agressão, nos termos de‐ O extraditando tiver de responder, no Estado reque‐
VIII
finidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Interna‐ rente, perante tribunal ou juízo de exceção; ou
cional, ou crime comum doloso passível de pena privativa O extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos
de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades IX da Lei no  9.474, de 22 de julho de 1997, ou de asilo
de ressocialização em território nacional. Observem que a territorial.
medida somente poderá ser aplicada após decisão judicial
transitada em julgado. Extradição Passiva - Procedimento
Consoante o art. 55 da Lei de Imigração dispõe, não se
procederá à expulsão quando:

A medida configurar extradição inadmitida pela legisla‐


I
ção brasileira;
O expulsando:
a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou de‐
pendência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa
brasileira sob sua tutela;
b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem
II discriminação alguma, reconhecido judicial ou legalmente;
c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de ida‐ Extradição Ativa - Procedimento
de, residindo desde então no País;
d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida No caso da extradição ativa, inexiste a necessidade de
no País há mais de 10 (dez) anos, considerados a gravida‐ oitiva do STF. O Poder Executivo, diante de documentos su‐
de e o fundamento da expulsão; ficientes acerca da infração a que o agente está sendo acu‐
sado, encaminhará o requerimento diretamente ao Estado
Ainda, pontua-se que não é admitida a expulsão de bra- estrangeiro pela via diplomática.
sileiros. Trata-se de pena de banimento, vedada pelo art.
5º, XLVII, d, da Carta Maior. Essa medida foi muito comum Resumo dos sujeitos passivos dessas medidas:
durante os períodos de ditadura militar no Brasil, acarretando
no exílio de diversas pessoas. Medida Sujeitos passivos
Deportação Estrangeiros
Extradição (art. 81 e seguintes da Lei nº 13.445/2017) Expulsão Estrangeiros
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

Por fim, a extradição é medida de cooperação internacio‐ Estrangeiros ou brasileiros


nal, através da qual um Estado soberano entrega indivíduo naturalizados, nos casos de
a outro Estado, para lá ser processado por infração penal envolvimento com tráfico de
Extradição
que lhe é imputada. Destarte, se alguém comete crime em entorpecentes a qualquer
território nacional, poderá o Brasil, a pedido do Estado onde tempo, ou da prática de crime
a infração ocorreu, extraditá-lo (extradição passiva). O mes‐ comum antes da naturalização.
mo ocorre nas hipóteses de crimes cometidos em território
estrangeiro, caso em que caberá ao Brasil pedir a extradição Jurisprudência
do indivíduo para que aqui seja processado (extradição ativa).
Insta ressaltar que nem todo indivíduo poderá ser extra‐ STF, Súmula nº 421: Não impede a extradição a circuns‐
ditado. Como si vislumbra no inciso LI, a regra é que nenhum tância de ser o extraditando casado com brasileira ou ter
brasileiro possa ser extraditado, somente sendo excepciona‐ filho brasileiro.
da na hipótese de brasileiro naturalizado que tenha cometido STF, Ext 766: fato de o extraditando possuir domicí‐
crime comum antes da naturalização, ou tráfico de drogas lio no Brasil não é causa impeditiva da extradição (Lei nº
a qualquer tempo. 6.815/1980, art. 77).
O artigo 82 da Lei de Imigração traz limitações ao di‐
reito de extradição, não podendo o Brasil entregar agente LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
quando: sem o devido processo legal;

O indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for


Devido Processo Legal
I
brasileiro nato;
O devido processo legal pode ser estudado sob duas pers‐
O fato que motivar o pedido não for considerado crime pectivas. Em sentido subjetivo (Substantive Due Process) o
II
no Brasil ou no Estado requerente; devido processo legal representa uma imposição ao legisla‐
O Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar dor para que, quando da elaboração das normas jurídicas,
III
o crime imputado ao extraditando; observe os critérios da justiça, razoabilidade e racionalidade.
IV
A lei brasileira impuser ao crime pena de prisão infe‐ Logo, somente será observado o devido processo legal subs‐
rior a 2 (dois) anos; tantivo se as normas editadas apresentarem esses elemen‐

28
tos. Paralelamente, há o sentido objetivo (Procedural Due se dá nas ações de desapropriação que, em razão da cog‐
Process), responsável por impor que o procedimento judicial nição limitada, somente podem abarcar discussões sobre
seja justo para ambas as partes, assegurando a ampla defesa vícios processuais ou sobre o valor a ser pago pelos bens.
e o contraditório (STF, ADI 1.511 MC). Essa acepção é voltada Todavia, em quaisquer dessas situações é necessário que o
ao magistrado, que deverá conduzir as demandas de acordo contraditório seja efetivo, resguardando as faculdades de
com o devido processo. rebater as alegações da parte adversa e de influenciar na
Percebam que o due processo of law é princípio comple‐ decisão judicial.
xo, podendo dele serem extraídas diversas proteções, tais Flexibilizando esses institutos, podemos apontar o inqué‐
como: (I) direito ao processo (garantia de acesso ao Poder rito penal que, por se tratar de processo administrativo de
Judiciário); (II) direito à citação e ao conhecimento prévio natureza inquisitorial, não demanda a oitiva do investigado,
do teor da acusação; (III) direito a um julgamento público que poderá exercer plenamente seus direitos à ampla defesa
e célere, sem dilações indevidas; (IV) direito ao contraditó‐ e ao contraditório durante processo penal que venha a ser
rio e à plenitude de defesa (direito à autodefesa e à defesa ajuizado em momento posterior. No entanto, constituindo
técnica); (V) direito de não ser processado e julgado com advogado, este poderá ter acesso aos documentos não‐
base em leis ex post facto; (VI) direito à igualdade entre as -sigilosos nos autos policiais, desde que não atrapalhe as
partes; (VII) direito de não ser processado com fundamento investigações policiais (Súmula Vinculante nº 14).
em provas revestidas de ilicitude; (VIII) direito ao benefício Outra relativização hoje existente é a possibilidade de
da gratuidade; (IX) direito à observância do princípio do juiz oitiva das partes através de videoconferência, que veio a ser
natural; (X) direito ao silêncio (privilégio contra a autoincri‐ inserida nos artigos 185 e 222 do Código de Processo Penal
minação); (XI) direito à prova; e (XII) direito de presença e pela Lei nº 11.900/2008.
de “participação ativa” nos atos de interrogatório judicial
dos demais litisconsortes penais passivos, quando existentes. Jurisprudência
(STF, HC 94.016)
Súmula Vinculante nº 21: é inconstitucional a exigência
Jurisprudência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
admissibilidade de recurso administrativo.
Súmula Vinculante nº 24: Não se tipifica crime material Súmula Vinculante nº 5: A falta de defesa técnica por
contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, I a IV, da Lei advogado no processo administrativo disciplinar não ofende
nº 8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo. a Constituição.
Súmula Vinculante nº 14: É direito do defensor, no inte‐ STF, Súmula nº 523: No processo penal, a falta da defesa
resse do representado, ter acesso amplo aos elementos de constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anu‐
prova que, já documentados em procedimento investigatório lará se houver prova de prejuízo para o réu.
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, STF, RE 481.955 AgR: Desnecessidade de observância
digam respeito ao exercício do direito de defesa. no inquérito civil dos princípios do contraditório e da ampla
STF, Súmula nº 704: Não viola as garantias do juiz natural,
defesa.
da ampla defesa e do devido processo legal a atração por
STJ, EREsp 617.428-SP: É admissível, assegurado 0 con‐
continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por
traditório, prova emprestada de processo do qual não par‐
prerrogativa de função de um dos denunciados.
ticiparam as partes do processo para o qual a prova será
STF, ADPF 378 MC: No curso do procedimento de impe-
trasladada.
achment, o acusado tem a prerrogativa de se manifestar, de

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


um modo geral, após a acusação. Concretização da garantia
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
constitucional do devido processo legal (due process of law).
STF, MS 28.417 AgR: As garantias do contraditório e por meios ilícitos;
da ampla defesa não são absolutas quando considerado o
caráter de urgência do pedido liminar, podendo o relator Vedação às Provas Ilícitas
despachar a medida antes da oitiva das partes interessadas.
Conforme exposto anteriormente, as partes gozam de
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrati‐ todas prerrogativas necessárias para tutelar seus interesses
vo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório em juízo, mas isso não permite a apresentação de provas
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; que ofendam outras garantias tuteladas pela Carta Maior.
Segundo o art. 157 do CPP, serão ilícitas as provas obtidas
Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa mediante violação a normas constitucionais ou legais. Caso
venha a ser empregada no processo, deverá o julgador de‐
Os princípios da ampla defesa e do contraditório decor‐ terminar seu desentranhamento.
rem diretamente do devido processo legal. O contraditório A despeito da vedação, o Supremo Tribunal Federal já
deve ser analisado em sentido amplo, abrangendo tanto a admitiu a utilização de provas consideradas ilícitas em ação
prerrogativa de rebater as imputações apresentadas pela penal, mas em situações excepcionais e em favor do réu.
parte adversa (contra-atacar), como o direito do litigante Ainda, a doutrina costuma separar as provas ilícitas das
de influenciar na decisão do juiz. Somente será efetivo o provas ilegítimas. As primeiras consistem em violações ao
contraditório quando as alegações apresentadas puderem direito material, enquanto as provas ilegítimas são afrontas
ser consideradas pelo julgador. A ampla defesa, por sua vez, às regras processuais.
remete ao direito de que as partes, sendo acusadas de algum
fato, poderão se valer de todos meios lícitos disponíveis para Jurisprudência
comprovar a inveracidade das alegações.
O contraditório pode ocorrer em momento anterior à STF, RE 583.937 QO-RG: É lícita a prova consistente em
decisão judicial, posterior (contraditório diferido), ou até gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem
mesmo em processo distinto (contraditório eventual), como o conhecimento do outro.

29
STF, HC 129.678: O “crime achado”, ou seja, a infração Jurisprudência
penal desconhecida e, portanto, até aquele momento não
investigada, sempre deve ser cuidadosamente analisada para STF, MS 23.262: Poder disciplinar. Prescrição. Anotação
que não se relativize em excesso o inciso XII do art. 5º da CF. de fatos desabonadores nos assentamentos funcionais. De‐
A prova obtida mediante interceptação telefônica, quando claração incidental de inconstitucionalidade do art. 170 da
referente a infração penal diversa da investigada, deve ser Lei nº 8.112/1990. Violação do princípio da presunção de
considerada lícita se presentes os requisitos constitucionais inocência. O status de inocência deixa de ser presumido so‐
e legais. mente após decisão definitiva na seara administrativa, ou
STF, HC 84.203: Filmagem realizada pela vítima, em sua seja, não é possível que qualquer consequência desabona‐
própria vaga de garagem, situada no edifício em que reside. dora da conduta do servidor decorra tão só da instauração
Gravação de imagens feita com o objetivo de identificar o de procedimento apuratório ou de decisão que reconheça
autor de danos praticados contra o patrimônio da vítima. a incidência da prescrição antes de deliberação definitiva
Legitimidade jurídica desse comportamento do ofendido. de culpabilidade.
Desnecessidade, em tal hipótese, de prévia autorização judi‐ STF, HC 80.719: Mesmo que se trate de pessoa acusada
cial. Alegada ilicitude da prova penal. Inocorrência. Validade da suposta prática de crime hediondo, e até que sobrevenha
dos elementos de informação produzidos, em seu próprio sentença penal condenatória irrecorrível, não se revela pos‐
espaço privado, pela vítima de atos delituosos. sível – por efeito de insuperável vedação constitucional (CF,
art. 5º, LVII) – presumir-lhe a culpabilidade. Ninguém pode
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito ser tratado como culpado, qualquer que seja a natureza do
em julgado de sentença penal condenatória; ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que
exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transi‐
Presunção de Inocência (Não Culpabilidade) tada em julgado.

Até o presente momento vimos que, aos litigantes, deve LVIII - o civilmente identificado não será submetido a
ser assegurado o devido processo legal, ampla defesa e con‐ identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
traditório. Nesta esteira, mostra-se inviável que um indivíduo
venha a ser condenado antes do exercício pleno destas prer‐ Identificação Criminal (Lei nº 12.073/2009)
rogativas. As sanções penais são por demais severas, sendo
que a sua imposição desmedida, ou antecipada, acaba por A identificação criminal abrange as verificações datilos‐
suprimir direitos fundamentais dos acusados sem um juízo cópica e fotográfica do acusado (respectivamente, coleta
de certeza. de digitais e fotografia). Segundo o dispositivo em tela, se
O princípio da presunção da inocência é analisado em o suposto infrator apresentar documentos suficientes para
três momentos distintos: (I) na instrução processual, como sua identificação civil, restará vedada a utilização da iden‐
presunção e não culpabilidade; (II) na avaliação da prova, tificação criminal.
invertendo-se o ônus de sua produção; (III) no curso do pro‐ Todavia, o art. 3º da Lei nº 12.073/2009, ao disciplinar
cesso penal, como parâmetro de tratamento ao acusado, o tema, apresentou hipóteses em que, mesmo diante da
deliberando sobre a necessidades, ou não, de sua segregação apresentação de documentos, caberá a identificação crimi‐
provisória. Notem que a presente prerrogativa não proíbe a nal, como, por exemplo, se verificados rasura, deterioração,
prisão cautelar, mas, tão somente, exige que seja demons‐ indícios de falsificação, se houver insuficiência do material
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

trada a existência de circunstancias que a justifique. apresentado, se constar nos registros policiais o uso de no‐
A presente garantia impede, por exemplo, antes do trân‐ mes ou qualificações diferentes pelo acusado, entre outros.
sito em julgado de sentença penal condenatória, a inclusão
do acusado no rol de culpados (STF, HC 80.174), a valoração LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação
de inquéritos e processos penais em andamento a título de pública, se esta não for intentada no prazo legal;
maus antecedentes (STF, RE 591.054/SC) e a exclusão de
candidato de concurso público em razão da existência de in‐ Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
quéritos ou processos em andamento (STF, RE 559.135 AgR).
O art. 129 da Constituição Federal fixa a titularidade ex‐
Execução Provisória da Pena clusiva do Ministério Público para a propositura de ações
penais públicas. Entretanto, a inercia do parquet não pode
Tema que está em franco debate é a viabilidade, ou não, implicar em violação ao princípio da dignidade da pessoa
da execução provisória da pena. O Supremo Tribunal Fede‐ humana e na impunidade do infrator. Por conseguinte, o le‐
ral, no HC 126.292/SP, firmou entendimento pela viabilidade gislador constituinte trouxe a previsão da ação penal privada
deste procedimento, uma vez que os recursos especial e ex‐ subsidiaria da pública, admissível nas hipóteses de ações
traordinário não são dotados de efeito suspensivo, além do penais públicas em que o órgão ministerial não se manifestou
que, segundo a Corte, o juízo de culpabilidade é exaurido com no tempo adequado.
as decisões em segunda instância. Destarte, fulminados os O art. 46 do Código de Processo Penal, como regra geral,
recursos processuais em segunda instância, pode o acusado fixa os prazos de 5 (réu preso) e 15 dias (réu solto) para que
ser recolhido à prisão, não comprometendo a presunção da o Ministério Público ofereça a denúncia. Não havendo sua
inocência. O mesmo entendimento foi mantido na análise observância, estabelece-se a possibilidade de veiculação da
de pedidos liminares nas Ações Declaratórias de Constitu‐ ação penal privada subsidiária da pública polo ofendido ou
cionalidade 43 e 44. por quem tenha legitimidade para o representar (CPP, arts.
Alertamos que o STF vem apontando para uma mudança 29 e 30).
de entendimento, que pode ocorrer com o julgamento das
ADCs 43 e 44, ainda pendentes de decisão final. No entanto, LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
enquanto não definido o tema pela Corte, deve ser mantida processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
a afirmação de viabilidade da execução provisória. social o exigirem;

30
Princípio da Publicidade Processual Por fim, pontua-se que o habeas corpus pode ser im-
petrado sem advogado, sendo prescindível a presença de
Daniel Amorim13 ensina que “a publicidade dos atos pro‐ procurador, e é gratuito, como expõe o art. 5º, LXXVII, da
cessuais é a forma mais eficaz de controle do comportamen‐ Carta Maior. Além disso, o art. 142, § 2º da Constituição
to no processo do juiz, dos advogados, do promotor, e até veda a utilização do presente instituto diante de punições
mesmo das partes. Ao admitir a publicidade dos atos, facul‐ disciplinares militares.
tando a presença de qualquer um do povo numa audiência,
o acesso aos autos do processo a qualquer pessoa que, por Competência para Julgamento
qualquer razão queria conhecer seu teor, bem como a leitura
do diário oficial (em alguns casos até o acesso à internet), Órgão
Autoridades
garante-se a aplicação do princípio”. Portanto, constata-se Competente
que a publicidade é meio de permitir o controle dos atos Se forem Pacientes: Presidente e Vice da
jurisdicionais. República, Membros do Congresso Nacional,
O Supremo Tribunal Federal observa que a publicidade e Ministros do STF, Procurador-Geral da Repú‐
o direito à informação não podem ser restringidos com base blica, Ministros de Estado, Comandantes do
em atos de natureza discricionária, salvo quando justificados, Exército, Marinha e Aeronáutica, Membros
STF – Compe-
em casos excepcionais, para a defesa da honra, da imagem e dos Tribunais Superiores, Membros do Tribu‐
tência Origi-
da intimidade de terceiros ou quando a medida for essencial nal de Contas da União e Chefes de missão
nária (CF, art.
diplomática de caráter permanente.
para a proteção do interesse público (RMS 23.036). 102, I, d e i)
Se forem Coatoras: Tribunais Superiores
Com base nessa disposição, algumas normas restritivas Se forem Coatores ou Pacientes: Autoridade
à publicidade processual foram editadas, como se verifica ou funcionário sujeitos diretamente à juris‐
nos arts. 201, § 6º, do Código de Processo Penal, e 189 do dição do STF;
Código de Processo Civil. Crimes sujeitos à jurisdição do STF
STF – Recurso Compete ao STF processar e julgar em recurso
Jurisprudência Ordinário em ordinário o habeas corpus decidido em única
HD (CF, art. instância pelos Tribunais Superiores, se dene-
STF, ADI 4.414: A publicidade assegurada constitucio‐ 102, II, a) gatória a decisão.
nalmente (art. 5º, LX, e 93, IX, da CRFB) alcança os autos do Se forem Coatores ou Pacientes: Governa‐
processo, e não somente as sessões e audiências, razão pela dores dos Estados e do Distrito Federal, De‐
qual padece de inconstitucionalidade disposição normativa sembargadores dos Tribunais de Justiça dos
que determine abstratamente segredo de justiça em todos Estados e do Distrito Federal, Membros dos
os processos em curso perante vara criminal. Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito
Federal, os dos Tribunais Regionais Federais,
STJ – Compe-
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al‐ dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Traba‐
tência Origi-
guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou lho, Membros dos Conselhos ou Tribunais de
nária (CF, art.
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade Contas dos Municípios e Membros do Minis‐
105, I, c)
tério Público da União que oficiem perante
ou abuso de poder;
tribunais.
Se forem Coatoras (ressalvada a competência
Habeas Corpus

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


da Justiça Eleitoral): Tribunais sujeitos à juris‐
dição do STJ, Ministros de Estado e Coman‐
Remédio de suma importância e de constante utilização, dantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.
em especial na esfera criminal, o habeas corpus foi previsto Compete ao STJ processar e julgar em recurso
no Código Criminal do império de 1830, tendo ocorrido sua STJ – Recurso
ordinário o habeas corpus decidido em única
Ordinário em
constitucionalização em 1891, com a Constituição Republi‐ HD (CF, art.
instância pelos TRFs ou Tribunais dos Esta‐
cana. Através deste instrumento é assegurado o direito de dos e do Distrito Federal, SE DENEGATÓRIA
105, II, a)
ir e vir, a liberdade de locomoção, diante de ilegalidade ou a decisão.
abuso de poder. TRFs – Com-
O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer petência Compete aos TRFs processar e julgar habeas
pessoa (impetrante), física ou jurídica, contra ato restritivo Originária (CF, corpus contra atos de juiz federal.
da liberdade de locomoção por outrem praticado (autorida‐ art. 108, I, d)
de coatora, impetrado), mesmo que em favor de terceiros Compete aos TRFs processar e julgar ou Re‐
TRFs - Recurso
(paciente). Logo, o presente remédio constitucional pode cursos em habeas corpus impetrados perante
(CF, art. 108,
ser impetrado pelo próprio ofendido ou por terceiro, em Juízes Federais ou Juízes Estaduais no exercí‐
II)
benefício daquele. Insta ressaltar que, muito embora o im‐ cio de competência federal delegada.
petrante possa ser pessoa física ou jurídica, o paciente será, Compete aos Juízes Federais processar e jul‐
obrigatoriamente, pessoa física, uma vez que não é viável Juízes Fede- gar habeas corpus em matéria criminal de sua
falar em restrição ao direito de ir e vir de pessoas jurídicas. rais (CF, art. competência ou quando o constrangimento
109, VIII) provier de autoridade cujus atos não estejam
Ainda, ressalta-se que o writ poderá ser concedido, inclusive,
sujeitos a outra jurisdição.
de ofício pelo magistrado.
Quanto ao momento da impetração, poderá haver a sua Justiça do
impetração preventiva (salvo-conduto), diante de risco de Trabalho (CF, Matérias sujeitas à sua jurisdição
art. 114, IV)
violação à liberdade de locomoção, ou repressiva (liberató‐
rio), caso já ultrajado o direito. Justiça Elei-
toral (CF, art.
Matérias sujeitas à sua jurisdição
121, §§ 3º e
13
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 9 ed.
Salvador: JusPodivm, 2017. p. 196-197. 4º)

31
Jurisprudência LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
autoridade judiciária;
STF, Súmula nº 695: Não cabe habeas corpus quando já LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
extinta a pena privativa de liberdade. quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
STF, Súmula nº 694: Não cabe habeas corpus contra a fiança;
imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
patente ou de função pública. responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
STF, Súmula nº 693: Não cabe habeas corpus contra de‐ de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
cisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo
em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja Regras Quanto ao Cumprimento das Penas
a única cominada.
STF, Súmula nº 692: Não se conhece de habeas corpus Os incisos acima referidos resguardam o devido proces‐
contra omissão de relator de extradição, se fundado em fato so legal no âmbito do direito punitivo, apontando para a
ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, excepcionalidade da prisão, que, se ilegal, deve ser imedia‐
nem foi ele provocado a respeito. tamente relaxada. É descabido o encarceramento por meios
STF, Súmula nº 691: Não compete ao Supremo Tribunal alheios ou até contrários às disposições constitucionais e
Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra deci‐ processuais penais.
são do relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal
Superior, indefere a liminar. Prisão Civil Por Dívida
STF, Súmula nº 606: Não cabe habeas corpus originário
para o tribunal pleno de decisão de turma, ou do plenário, O inciso LXVII proíbe a efetivação de prisão civil decorren‐
proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. te de dívida, salvo nas hipóteses de obrigação alimentícia e
STF, Súmula nº 395: Não se conhece de recurso de habe- de depositário infiel. Nada obstante a redação do dispositivo,
as corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das custas, observa-se que não é mais viável a prisão por dívida nos
por não estar mais em causa a liberdade de locomoção. casos de depositário infiel. Esse foi o entendimento firmado
STF, Súmula nº 344: Sentença de primeira instância con‐ pelo Supremo Tribunal Federal no RE 466.343, depois con‐
cessiva de habeas corpus, em caso de crime praticado em solidado da Súmula Vinculante nº 25. Considerou o Pretório
detrimento de bens, serviços ou interesses da união, está Excelso que, com a adesão do Brasil à Convenção Americana
sujeita a recurso ex officio. sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica),
STF, Súmula nº 208: O assistente do Ministério Público não subsiste a possibilidade de prisão por dívida do depositá‐
não pode recorrer, extraordinariamente, de decisão conces‐ rio infiel, uma vez que no art. 7.º, nº 7 da Convenção, restou
siva de habeas corpus. estabelecido que “ninguém deve ser detido por dívidas”, res‐
STF, HC 143.641/SP: HABEAS CORPUS COLETIVO. POSSI‐ salvadas apenas as obrigações alimentares. Por conseguinte,
BILIDADE. a Turma entendeu cabível a impetração coletiva atualmente somente é admitida a prisão civil nas hipóteses
e, por maioria, conheceu do “habeas corpus”. Destacou a de inadimplemento de obrigações alimentares.
ação coletiva como um dos únicos instrumentos capazes de
garantir o acesso à justiça dos grupos mais vulneráveis socioe‐ Jurisprudência
conomicamente. O “habeas corpus” se presta a salvaguardar
a liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito Súmula Vinculante nº 56: A falta de estabelecimento pe‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

de ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo determinado nal adequado não autoriza a manutenção do condenado em
de pessoas, o instrumento processual para resgatá-lo é o regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa
“habeas corpus”, individual ou coletivo. hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.
STF, HC 122.382/SP: O habeas corpus não é o instrumen‐ Súmula Vinculante nº 25 - é ilícita a prisão civil de depo‐
to processual adequado a postular o direito de exercer a au‐ sitário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.
todefesa técnica, uma vez que não está em jogo a liberdade STF, Súmula nº 719: A imposição do regime de cumpri‐
de locomoção do paciente. Com base nessa orientação, a 2ª mento mais severo do que a pena aplicada permitir exige
Turma não conheceu de writ impetrado, em causa própria, motivação idônea.
por advogado preso que pretendia atuar isoladamente em STF, Súmula nº 716: Admite-se a progressão de regime
sua defesa no curso de processo penal. de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regi‐
STF, HC 116.711: EXAURIMENTO DE INSTÂNCIA E CONHE‐ me menos severo nela determinada, antes do trânsito em
CIMENTO DE WRIT. Não se conhece de habeas corpus ou de julgado da sentença condenatória.
recurso ordinário em habeas corpus perante 0 STF quando, da STF, Súmula nº 715: A pena unificada para atender ao
decisão monocrática de Ministro do STJ que não conhece ou limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art.
denega o habeas corpus, não se interpõe agravo regimental. 75 do CP, não é considerada para a concessão de outros
STF, HC 109.956: É inadmissível impetração de habeas benefícios, como o livramento condicional ou regime mais
corpus quando cabível recurso ordinário constitucional. favorável de execução.
STF HC 96.425 ED: habeas corpus não é a via adequada STF, Súmula nº 697: A proibição de liberdade provisória
para se pleitear declaração de inconstitucionalidade de lei nos processos por crimes hediondos não veda o relaxamento
em tese. da prisão processual por excesso de prazo.
STJ, HC 283.505-SP: o habeas corpus não é o instrumento STJ, Súmula nº 419 - Descabe a prisão civil do depositário
cabível para questionar a imposição de pena de suspensão judicial infiel.
do direito de dirigir veículo automotor. STF, Súmula nº 145: Não há crime, quando a preparação
do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou STF, RE 641.320: Cumprimento de pena em regime fe‐
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária chado, na hipótese de inexistir vaga em estabelecimento
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou adequado a seu regime. Violação aos princípios da indivi‐
crime propriamente militar, definidos em lei; dualização da pena (art. 5º, XLVI) e da legalidade (art. 5º,

32
XXXIX). A falta de estabelecimento penal adequado não a única capaz de representar direito líquido e certo, como
autoriza a manutenção do condenado em regime prisional exigido pela norma constitucional.
mais gravoso. Os juízes da execução penal poderão avaliar
os estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e Prazo Decadencial - Termo Inicial
aberto, para qualificação como adequados a tais regimes.
São aceitáveis estabelecimentos que não se qualifiquem O prazo decadencial de 120 dias para a impetração do
como “colônia agrícola, industrial” (regime semiaberto) ou writ não fulmina o direito da parte à tutela de ilegalidade
“casa de albergado ou estabelecimento adequado” (regime ou abuso de poder perpetrados pelo poder público, mas,
aberto) (art. 33, § 1º, b e c). No entanto, não deverá haver tão somente, a faculdade de tutela através do presente
alojamento conjunto de presos dos regimes semiaberto e remédio constitucional. Portanto, mesmo após o decurso
aberto com presos do regime fechado. Havendo deficit de dos 120 dias, poderá a parte interessada ajuizar demanda
vagas, deverão ser determinados: (i) a saída antecipada de judicial pertinente, observados os prazos prescricionais, para
sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade a proteção dos direitos alegados. (STF, MS 29.108 ED)
eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai ante‐ É importante saber que o prazo decadencial tem como
cipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de termo inicial o momento em que o interessado tem ciência
vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ do ato impugnado, a não o dia em que este foi praticado
ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto. (LMS, art. 23). Ainda, ressalta-se que em caso de violação a
Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propos‐ direito líquido e certo durante concursos públicos, o termo
tas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado. inicial será a data da ciência do prejuízo pelo candidato, e
STF, RE 640.139 RG: O princípio constitucional da autode‐ não a da publicação do edital (STF, AgRg no RMS 36.798-MS).
fesa (art. 5º, LXIII, da CF/1988) não alcança aquele que atribui Aliás, considerando que é viável a impetração do writ
falsa identidade perante autoridade policial com o intento de em caráter preventivo ou repressivo, pontua-se que o prazo
ocultar maus antecedentes, sendo, portanto, típica a conduta decadencial somente será aplicado à segunda opção, uma
praticada pelo agente (art. 307 do CP). vez que na impetração preventiva ainda não houve violação
a direito líquido e certo.
STF, HC 80.379: A prerrogativa jurídica da liberdade – que
possui extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não
Legitimidade Ativa e Passiva
pode ser ofendida por atos arbitrários do Poder Público,
mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prática A legitimidade ativa no Mandado de Segurança individual
de crime hediondo, eis que, até que sobrevenha sentença será exclusiva do indivíduo que teve seu direito líquido e certo
condenatória irrecorrível (CF, art. 5º, LVII), não se revela pos‐ violado, não podendo ser impetrado por qualquer pessoa,
sível presumir a culpabilidade do réu, qualquer que seja a como ocorre no habeas corpus. Já a legitimidade passiva será
natureza da infração penal que lhe tenha sido imputada. O da autoridade coatora, ou seja, aquela responsável pela prática
clamor público não constitui fator de legitimação da priva‐ do ato (LMS, art. 6º, § 3º), desde que no exercício de função
ção cautelar da liberdade. (...) A natureza da infração penal pública. Logo, de imediato deve ser observado que, em se
não pode restringir a aplicabilidade e a força normativa da tratando de atividades de natureza privada, não será admitido
regra inscrita no art. 5º, LXV, da CF, que dispõe, em caráter o remédio constitucional. A LMS ainda equipara a autoridades
imperativo, que a prisão ilegal “será imediatamente relaxada” públicas “os representantes ou órgãos de partidos políticos
pela autoridade judiciária. e os administradores de entidades autárquicas, bem como
os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para prote‐ exercício de atribuições do poder público, somente no que
ger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus disser respeito a essas atribuições” (LMS, art. 1º, § 1º). 
ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou Outrossim, mesmo na hipótese de impetração do writ
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa contra autoridade errada, poderá haver a correção do polo
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; passivo da demanda, aplicando-se a teoria da encampação.
Segundo essa teoria, são necessários três requisitos para
Mandado de Segurança Individual (Lei nº 12.016/2009 a efetivação dessa correção: (I) existência de vínculo hie‐
rárquico entre a autoridade que prestou informações e a
- LMS) que ordenou a prática do ato impugnado; (II) ausência de
modificação de competência estabelecida na CF; e (III) ma‐
Inserido no ordenamento jurídico pátrio através da Cons‐
nifestação a respeito do mérito nas informações prestadas
tituição Federal de 1934, o mandado de segurança ganhou (STF, RMS, 21.775). Preenchidos os requisitos, a demanda
força e, atualmente, é um dos mais importantes institutos será redirecionada à autoridade competente.
jurídicos, com ampla utilização.
Competência para Julgamento:
Direito Líquido e Certo

O presente remédio constitucional tem como escopo a Órgão


Autoridades
proteção de direitos líquidos e certos, desde que não se trata Competente
da liberdade de locomoção ou do acesso ou retificação de Atos praticados por: Presidente da Repú‐
informações, para os quais são utilizados o habeas corpus e STF – Compe- blica, Presidentes das Mesas da Câmara
o habeas data, respectivamente. tência Originária dos Deputados e do Senado Federal, Tri‐
Direito líquido e certo é aquele que pode ser provado de (CF, art. 102, I, d) bunal de Contas da União, Procurador‐
plano, através de prova documental. Por conseguinte, sem‐ -Geral da República e STF.
pre que o direito alegado demandar comprovação, restará STF – Recurso Compete ao STF processar e julgar em re‐
inviável a impetração do writ. Não há margem para se falar Ordinário em curso ordinário o mandado de segurança
em dilação probatória no mandado de segurança que, sendo MS (CF, art. 102, decidido em única instância pelos Tribu‐
remédio excepcional, somente admite prova documental, II, a) nais Superiores, se denegatória a decisão.

33
STJ – Competên- Atos praticados por: Ministro de Estado, (ocorre quando normas constitucionais que regem o
cia Originária Comandantes da Marinha, do Exército e processamento legislativo são inobservadas) e Pro-
(CF, art. 105, I, b) da Aeronáutica e STJ. posta de Emenda Constitucional tendente a abolir
cláusulas pétreas, insertas no art. 60, § 4º da Carta
Compete ao STF processar e julgar em re‐
STJ – Recurso Maior (notem que é somente proposta de EC. Logo, se
curso ordinário o mandado de segurança
Ordinário em houve um projeto de Lei Ordinária, não será viável o
decidido em única instância pelos TRFs ou
MS (CF, art. 105, controle preventivo de constitucionalidade pelo STF).
Tribunais dos Estados e do Distrito Fede‐
II, b) (STF, MS 24.667 AgR).
ral, se denegatória a decisão.
Compete aos TRFs processar e julgar man‐ Jurisprudência
TRFs (CF, art.
dado de segurança contra atos do próprio
108, I, c)
Tribunal ou de juiz federal. STF, Súmula nº 701: No mandado de segurança impe‐
Compete aos Juízes Federais processar e trado pelo Ministério Público contra decisão proferida em
Juízes Federais julgar mandado de segurança contra atos processo penal, é obrigatória a citação do réu como litis‐
(CF, art. 109, de autoridades federais, excetuados os consorte passivo.
VIII) casos de competência dos Tribunais fe‐ STF, Súmula nº 632: É constitucional lei que fixa o prazo
derais. de decadência para a impetração de mandado de segurança.
Justiça do Tra- STF, Súmula nº 631: Extingue-se o processo de mandado
balho (CF, art. Matérias sujeitas à sua jurisdição de segurança se o impetrante não promove, no prazo assina‐
114, IV) do, a citação do litisconsorte passivo necessário.
STF, Súmula nº 630: A entidade de classe tem legitimação
Compete ao TSE processar e julgar em re‐ para o mandado de segurança ainda quando a pretensão vei‐
TSE (CF, art. 121, curso o mandado de segurança decidido culada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
§4º, V) em única instância pelos Tribunais Regio‐ STF, Súmula nº 629: A impetração de mandado de segu‐
nais Eleitorais, se denegatória a decisão. rança coletivo por entidade de classe em favor dos associados
Estados-mem- independe da autorização destes.
Competência definida pela Constituição
bros (CF, art. STF, Súmula nº 627: No mandado de segurança contra
Estadual
125, § 1º) a nomeação de magistrado da competência do Presidente
da República, este é considerado autoridade coatora, ainda
Processamento (Aspectos Importantes) que o fundamento da impetração seja nulidade ocorrida em
fase anterior do procedimento.
A LMS veda a concessão de liminar em mandado de STF, Súmula nº 626: A suspensão da liminar em mandado
segurança quando tiver como objeto: (I) a compensação de de segurança, salvo determinação em contrário da decisão
créditos tributários; (II) a entrega de mercadorias e bens que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão
provenientes do exterior; e (III) a concessão de aumento ou definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso,
extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde
Outro aspecto importante acerca do processamento é que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcial‐
que poderá o impetrante desistir do mandado de segurança mente, com o da impetração.
a qualquer tempo, independentemente de anuência da parte STF, Súmula nº 625: Controvérsia sobre matéria de direito
adversa e ainda que já proferida decisão de mérito, desde não impede concessão de mandado de segurança.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

que antes do trânsito em julgado (STF, RE 669.367/RJ). STF, Súmula nº 624: Não compete ao Supremo Tribunal
Federal conhecer originariamente de mandado de segurança
Será vedado o uso do MS contra: contra atos de outros tribunais.
• Atos de gestão comercial (LMS, art. 1º, § 2º); STF, Súmula nº 623: Não gera por si só a competência
• Ato do qual caiba recurso administrativo com efeito originária do Supremo Tribunal Federal para conhecer do
suspensivo, independentemente de caução; mandado de segurança com base no art. 102, I, “n”, da Cons‐
• Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito sus‐ tituição, dirigir-se o pedido contra deliberação administrativa
pensivo; do tribunal de origem, da qual haja participado a maioria ou
• Decisão judicial transitada em julgado. a totalidade de seus membros.
STF, Súmula nº 512: Não cabe condenação em honorários
Controle Prévio de Constitucionalidade perante o STF de advogado na ação de mandado de segurança.
STF, Súmula nº 510: Praticado o ato por autoridade, no
Uma importante função do presente instituto constitu‐ exercício de competência delegada, contra ela cabe o man‐
cional é a tutela da constitucionalidade de propostas norma‐ dado de segurança ou a medida judicial.
tivas em trâmite nas Casas Legislativas. Consoante entende STF, Súmula nº 433: É competente o Tribunal Regional
o Supremo Tribunal Federal, o judiciário poderá apreciar a do Trabalho para julgar mandado de segurança contra ato de
constitucionalidade de leis ou atos normativos antes mesmo seu presidente em execução de sentença trabalhista.
da promulgação e da publicação da lei, desde que observados STF, Súmula nº 430: Pedido de reconsideração na via
alguns requisitos (STF, RMS 26.744): administrativa não interrompe o prazo para o mandado de
• Instrumento para impugnação preventiva de incons- segurança.
titucionalidade: mandado de segurança é o único STF, Súmula nº 405: Denegado o mandado de segurança
admitido; pela sentença, ou no julgamento do agravo, dela interposto,
• Legitimidade: qualquer parlamentar no exercício do fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos
da decisão contrária.
mandato;
STF, Súmula nº 392: O prazo para recorrer de acórdão
• Alegações admitidas (somente estes vícios podem ser
concessivo de segurança conta-se da publicação oficial de
alegados em controle prévio de constitucionalidade
suas conclusões, e não da anterior ciência à autoridade para
no judiciário): violação ao devido processo legislativo
cumprimento da decisão.

34
STF, Súmula nº 330: O Supremo Tribunal Federal não é Objeto
competente para conhecer de mandado de segurança contra
atos dos tribunais de justiça dos estados. O mandado de segurança coletivo terá como objetivo
STF, Súmula nº 304: Decisão denegatória de mandado de a proteção de direitos coletivos em sentido estrito e de
segurança, não fazendo coisa julgada contra o impetrante, direitos individuais homogêneos (LMS, art. 21). Observem
não impede o uso da ação própria. que a lei não elencou os direitos difusos como objeto do
STF, Súmula nº 272: Não se admite como ordinário re‐ MS coletivo.
curso extraordinário de decisão denegatória de mandado Para conhecimento e melhor entendimento, definiremos
de segurança. os institutos citados.
STF, Súmula nº 271: Concessão de mandado de seguran‐ • Direitos Difusos: são direitos indivisíveis, de que sejam
ça não produz efeitos patrimoniais em relação a período pre‐ titulares pessoas indeterminadas, relacionadas por cir‐
térito, os quais devem ser reclamados administrativamente cunstâncias de fato;
ou pela via judicial própria. • Direitos coletivos em sentido estrito: são direitos indi‐
STF, Súmula nº 270: Não cabe mandado de seguran‐ visíveis, de que sejam titulares pessoas determinadas,
ça para impugnar enquadramento da Lei nº 3.780, de relacionadas por uma relação jurídica base;
12/7/1960, que envolva exame de prova ou de situação • Direitos individuais homogêneos: são direitos divisí‐
funcional complexa. veis, de que sejam titulares pessoas determinadas ou
STF, Súmula nº 269: O mandado de segurança não é determináveis, relacionadas por uma relação ou fato
substitutivo de ação de cobrança. posterior à lesão.
STF, Súmula nº 268: Não cabe mandado de segurança
contra decisão judicial com trânsito em julgado. Legitimidade Ativa
STF, Súmula nº 267: Não cabe mandado de segurança
contra ato judicial passível de recurso ou correição.
O art. 21 da LMS arrola como legitimados para a impe-
STF, Súmula nº 266: Não cabe mandado de segurança
tração de mandado de segurança coletivo:
contra lei em tese.
• Partidos políticos com representação no Congresso Na‐
STF, Súmula nº 248: É competente, originariamente, o
cional, na defesa de seus interesses legítimos relativos
Supremo Tribunal Federal, para mandado de segurança con‐
a seus integrantes ou à finalidade partidária; e
tra ato do Tribunal de Contas da União.
STF, Súmula nº 101: O mandado de segurança não subs‐ • Organização sindical, entidade de classe ou associação
titui a ação popular. legalmente constituída e em funcionamento há, pelo
STJ, Súmula nº 376 - Compete a turma recursal proces‐ menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e
sar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros
especial. ou associados, na forma dos seus estatutos e desde
STJ, Súmula nº 333 - Cabe mandado de segurança con‐ que pertinentes às suas finalidades.
tra ato praticado em licitação promovida por sociedade de
economia mista ou empresa pública. Em primeiro, observa-se que em qualquer hipótese de
STJ, Súmula nº 202 - A impetração de segurança por ter‐ impetração do MS coletivo, será imprescindível a demonstra‐
ceiro, contra ato judicial, não se condiciona a interposição ção de pertinência temática pelo impetrante, como exigido
de recurso. expressamente no art. 21 da LMS.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


STJ, Súmula nº 105 - Na ação de mandado de segurança Importante notar que a representatividade do partido
não se admite condenação em honorários advocatícios. político estará suprida mesmo que haja somente 1 parla‐
STF, RMS 24.736 ED: Decadência e prestações de troto mentar. Quanto às entidades do item II, pontua-se que a
sucessivo. Havendo omissão da Administração Pública em exigência de constituição ânua é imputada somente às as‐
apreciar requerimento administrativo do particular contra sociações, mas a constituição legalmente adequada e a perti‐
ato de efeitos concretos que afeta prestações de trato su‐ nência temática são aplicáveis para todos. Ainda, a Suprema
cessivo, o prazo decadencial se renova a cada mês, tendo em Corte aponta que a legitimação das organizações sindicais,
vista que, a cada mês, se renova a omissão da Administração. entidades de classe ou associações, para a segurança cole‐
tiva, é extraordinária, ocorrendo, em tal caso, substituição
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im‐ processual. Por conseguinte, diferentemente das ações ci-
petrado por: vis públicas, nos mandado de segurança coletivos se faz
a) partido político com representação no Congresso desnecessária a apresentação de autorização expressa dos
Nacional; membros da organização sindical, entidade de classe ou as‐
b) organização sindical, entidade de classe ou associa‐ sociação. Na ACP há a exigência (CF, art. 5º XXI) por se tratar
ção legalmente constituída e em funcionamento há pelo de mera representação processual, e não substituição, como
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros aqui ocorre.
ou associados;
Jurisprudência
Mandado de Segurança Coletivo (Lei nº 12.016/2009
- LMS) STF, MS 26.794 AgR: Impetrado mandado de segurança
coletivo, descabe admitir, como terceiros interessados, os
Como visto acima, o mandado de segurança individual substituídos.
tutela direitos líquidos e certos de pessoas especificamente STF, RMS 23.769: Não aplicação, ao mandado de se‐
identificadas. O mandado de segurança coletivo, por seu tur‐ gurança coletivo, da exigência inscrita no art. 2º-A da Lei
no, tem como escopo a proteção daqueles direitos, mas em 9.494/1997, de instrução da petição inicial com a relação
âmbito amplo. Aqui, serão tutelados os direitos coletivos nominal dos associados da impetrante e da indicação dos
em sentido estrito e os direitos individuais homogêneos. seus respectivos endereços.

35
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que presenta, no plano institucional, a mais expressiva
a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício reação jurídica do Estado às situações que lesem,
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas efetiva ou potencialmente, os direitos fundamentais
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; da pessoa, quaisquer que sejam as dimensões em
que estes se projetem.
Mandado de Injunção (Lei nº 13.300/2016) O acesso ao habeas data pressupõe, entre outras
condições de admissibilidade, a existência do inte‐
Com o intento de suprir a chamada “síndrome da ine‐ resse de agir. Ausente o interesse legitimador da
fetividade das normas”, o legislador constituinte de 1988 ação, torna-se inviável o exercício desse remédio
criou o mandado de injunção. Trata-se de remédio consti- constitucional. A prova do anterior indeferimento
tucional que tem como escopo dar efetividade ao exercido do pedido de informação de dados pessoais, ou da
de direitos e garantias fundamentais que, pela inexistência omissão em atendê-lo, constitui requisito indispen‐
de norma regulamentar, acabam por ser ceifados da socie- sável para que se concretize o interesse de agir no
dade. Portanto, através do mandado de injunção os órgãos habeas data. Sem que se configure situação prévia
competentes para a edição de leis ou atos normativos são de pretensão resistida, há carência da ação consti‐
provocados para que exerçam essas atividades. São as cha‐ tucional do habeas data. (STF, RHD 22)
madas normas de eficácia limitada.
Apontamos que esta omissão poderá ser total ou parcial, Complementando o texto acima, pontua-se que o habeas
caso o órgão responsável tenha editado a norma regulamen‐ data poderá ser impetrado por brasileiros ou estrangeiros,
tadora, mas não abrangendo todo o conteúdo protegido pela pessoas físicas ou jurídicas.
Carta Maior. Além disso, a incumbência para a elaboração Ainda, observa-se que o art. 1º, parágrafo único da Lei
das normas pode ser tanto do legislador como de órgãos nº 9.507/97 entende como de caráter público “todo registro
da administração pública. ou banco de dados contendo informações que sejam ou que
Qualquer indivíduo que tenha direitos ou garantias fun‐ possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso
damentais suprimidos, em decorrência de carência norma‐ privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das
tiva, terá legitimidade para utilizar este instituto. Ademais, informações”.
poderão os órgãos elencados no art. 12 da Lei nº 13.300/2016
propor mandado de injunção em âmbito coletivo. Competência para Julgamento

Mandado de Injunção X Ação Direta de Inconstitucio- Aplica-se ao habeas data o mesmo regime de compe‐
nalidade por Omissão tência do mandado de segurança, para onde remetemos o
leitor, evitando, assim, tautologia.
Os institutos aqui estudados têm exatamente o mesmo
escopo: dar efetividade a direitos e garantias fundamentais Jurisprudência
carentes de regulamentação. Nada obstante, seus processa‐
mentos e efeitos são distintos. STJ, Súmula nº 2 - Não cabe o habeas data (CF, art. 5,
O mandado de injunção é ação individual, proposta pe‐ LXXII, letra a) se não houve recusa de informações por parte
rante juízo de primeiro grau (controle difuso), para a tutela da autoridade administrativa.
de direitos subjetivos da parte e decidida com eficácia inter STF, RE 637.707: O habeas data é garantia constitucional
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

partes. A ADO é demanda de controle concentrado, respon‐ adequada para a obtenção dos dados concernentes ao pa‐
sável pela análise de direitos objetivos, ajuizada perante o gamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos
Supremo Tribunal Federal, gozando de eficácia ex tunc, erga sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos
omnes e vinculante. da administração fazendária dos entes estatais.

LXXII - conceder-se-á habeas data: LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
a) para assegurar o conhecimento de informações ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros público ou de entidade de que o Estado participe, à mora‐
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de lidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
caráter público; histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má‐
b) para a retificação de dados, quando não se prefira -fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
Ação Popular (Lei nº 4.717/1956)
Habeas Data (Lei nº 9.507/1997)
Alguns pontos são importantes de ressaltar quanto à ação
O Supremo Tribunal Federal, em decisão paradigmática popular. A princípio, destaca-se que a legitimidade ativa é
acerca do presente remédio constitucional, assim o definiu: apenas do cidadão, assim considerado aquele indivíduo apto
para o exercício dos direitos políticos. Portanto, estão exclu‐
O habeas data configura remédio jurídico-proces‐ ídos os estrangeiros, apátridas, pessoas jurídicas, menores
sual, de natureza constitucional, que se destina a de 16 anos ou aqueles que tiverem perdido ou suspensos
garantir, em favor da pessoa interessada, o exercí‐ seus direitos políticos.
cio de pretensão jurídica discernível em seu trípli‐ A competência dessa demanda será dos juízos de primei‐
ce aspecto: (a) direito de acesso aos registros; (b) ro grau, e não dos Tribunais, uma vez que somente haverá
direito de retificação dos registros; e (c) direito de foro nestas Cortes nas hipóteses em que a Carta Magna,
complementação dos registros. expressamente, assim dispor, não sendo esse o caso da ação
Trata-se de relevante instrumento de ativação da popular. Ademais, poderá haver a interposição preventiva
jurisdição constitucional das liberdades, a qual re‐ ou repressiva da demanda.

36
Julgada procedente a ação popular, haverá a produção excepcionais haverá a responsabilização estatal por atos de
de efeitos erga omnes. Nada obstante, caso improcedente, origem Legislativa ou Judicial.
os efeitos serão inter partes, além de facultar a nova pro‐ No inciso LXXV estão contidas as exceções à irresponsabi‐
positura de demanda direcionada à mesma proteção. Logo, lidade estatal por atos do Poder Judiciário. São duas hipóte‐
não há de se falar em coisa julgada material nas hipóteses ses de responsabilização: (I) erro judiciário, que corresponde
de improcedência. Ademais, sempre que negada a demanda, ao equívoco na subsunção de uma norma penal aos fatos
haverá a necessidade de remessa necessária, remetendo o imputados ao agente; e (II) prisão acima do tempo devido.
processo ao Tribunal para a verificação da correção da deci‐ Percebam que ambos os casos estão diretamente relaciona‐
são aparentemente contrária ao interesse público. dos à esfera penal. Destarte, seja em decorrência de uma “má
Por fim, observa-se que, para o ajuizamento da demanda condenação” ou de uma prisão excessiva, deverá o Estado
popular, não se faz necessária a prova do prejuízo material indenizar aquele que veio a ser prejudicado.
aos cofres públicos, mas, tão somente, das violações apre‐
sentadas no inciso LXXIII (STJ, REsp. 474.475/SP). LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres,
na forma da lei:
Jurisprudência a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
STF, Súmula nº 365: Pessoa jurídica não tem legitimidade LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habe‐
para propor ação popular. as data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício
STF, AO 859 QO: A competência para julgar ação popular da cidadania.
contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do presidente
da República, é, via de regra, do juízo competente de pri‐ Gratuidades (Imunidades)
meiro grau.
Em plena consonância com o princípio da dignidade da
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e pessoa humana e com o pleno exercício dos direitos rela‐
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; cionados à cidadania, os incisos LXXVI e LXXVII trouxeram
hipóteses de imunidade tributária para a obtenção de re‐
Assistência Jurídica Gratuita gistro civil de nascimento e certidão de óbito, para os re‐
conhecidamente pobres, para a propositura das ações de
Dando efetividade aos princípios da dignidade da pes‐ habeas corpus, habeas data e para o exercício de qualquer
soa humana, da inafastabilidade de jurisdição e do devido ato necessário à cidadania, esses últimos “na forma da lei”.
processo legal, o legislador constituinte previu a concessão
de assistência jurídica integral e gratuita àqueles que não LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
possuírem condições financeiras para arcar com os custos assegurados a razoável duração do processo e os meios que
envolvidos em uma demanda judicial. garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela EC
Na parte inicial, a norma resguarda o dever do Estado de nº 45, de 2004)
conceder assistência jurídica integral, que resta concretizada
através das Defensorias Públicas (CF, art. 134). Essas entida‐ Princípios da Razoável Duração do Processo e da
des são responsáveis pela representação gratuita daqueles Celeridade
que não gozarem de condições econômicas para o custeio de

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


procuradores particulares e do próprio trâmite processual. Através da Emenda Constitucional nº 45/2004, respon‐
Nada obstante, pontua-se que, mesmo não representado sável por inserir o inciso LXXVIII, o legislador buscou dar ao
pela Defensoria Pública, poderá a parte ser beneficiada com ordenamento jurídico pátrio e, em especial à atuação do
a gratuidade judiciária. A contratação de advogado particular Poder Judiciário, novos contornos e objetivos. No Brasil, é
não inviabiliza o pedido. muito frequente ver processos tramitando por 10, 20, 30
O benefício da gratuidade judiciária pode ser conferido anos, ou até mais tempo. Essa morosidade criou uma forte
a pessoas físicas ou jurídicas. No que concerne às primeiras, crítica social à qualidade e à efetividade das decisões juris‐
segundo entendimento jurisprudencial, é suficiente a decla‐ dicionais, eis que, com o passar dos anos, muitos direitos
ração de necessidade para que a gratuidade seja conferida. acabaram por perecer e muitas pessoas restaram impunes,
Nessa hipótese, será ônus da parte adversa provar a invera‐ tão somente porque o Estado não conseguiu dar solução
cidade da declaração e, assim, ser suprimida a garantia. Em adequada em tempo razoável.
se tratando de pedido elaborado por pessoa jurídica ocorre Diante desta realidade, a EC nº 45/2004 inseriu os princí‐
o inverso, uma vez será a entidade responsável por apre‐ pios da razoável duração do processo e da celeridade como
sentar prova capaz de convencer o julgador acerca da sua direitos fundamentais. Notem que a alteração constitucional
insuficiência econômica (STJ, Súmula nº 481). não criou essas normas, nem ao menos tornou os processos
céleres de imediato, mas apresentou aos órgãos públicos um
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judi‐ novo objetivo a ser perseguindo. Obviamente, a duração de
ciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado qualquer demanda dependerá de diversos fatores, como a
na sentença; complexidade da causa, o maior ou menor uso dos instru‐
mentos processuais, a resistência da parte contrária, entre
Responsabilidade do Estado por Erro Judiciário outros. Entretanto, mesmo assim deve o Judiciário conferir
ao processo uma duração razoável, apta a dar a melhor so‐
Ocorrido um dano, surge o dever de indenizar, seja quem lução no menor tempo possível.
for seu autor. Nesse sentido, ao Estado também é imputado
o dever de reparar os danos que eventualmente venha a Jurisprudência
causar. Muito embora essa seja a regra geral, no que con‐
cerne às ações dos Poderes Legislativo e Judicial o dever STF, HC 106.518: Em tema de habeas corpus, o tamanho
de indenizar é considerado exceção. Somente em hipóteses do direito à razoável duração do processo é ainda maior. Mais

37
forte a sua compleição. Ele é a prioridade das prioridades ou Para que as normas internacionais possam produzir seus
o primus inter pares procedimental. A plenificar, por conse‐ efeitos em território brasileiro, faz-se necessário observar al‐
quência, o correlato dever estatal da não negação de justiça. gumas etapas procedimentais. Os termos desses instrumen‐
tos normativos são inicialmente negociados pelos Estados
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fun‐ soberanos e, havendo concordância, há a sua assinatura. No
damentais têm aplicação imediata. entanto, a assinatura não é suficiente para que um tratado
entre em vigor no ordenamento jurídico nacional, fazendo-se
Aplicabilidade das Normas sobre Direitos e Garan- imprescindível que ele venha a ser internalizado. Para tanto,
tias Fundamentais o Chefe do Executivo encaminha o documento assinado ao
Congresso Nacional que deliberará sobre o seu conteúdo, tal
Para evitar tautologia, remetemos o leitor às conside‐ qual ocorre na aprovação das leis elaboradas em território
rações introdutórias deste Título, onde restou analisada a nacional. Finalizada a análise, e aprovado o conteúdo do
aplicabilidade das prerrogativas fundamentais. Tratado, o órgão Legislativo o devolve ao Chefe do Executivo
para que este o promulgue e publique, somente a partir
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição desse instante é que o instrumento internacional passará a
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios vigorar em território pátrio.
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Bom, agora que entendemos as etapas necessárias para a
República Federativa do Brasil seja parte. introdução dos documentos internacionais no nosso ordena‐
mento, cabe aprofundar alguns aspectos. Como regra geral,
Rol Exemplificativo a apreciação pelo Congresso Nacional ocorre nos mesmos
termos aplicados a uma lei ordinária, com votação única em
Como visto até aqui, os direitos e garantias fundamentais cada casa legislativa e aprovação por maioria simples dos
não ficam adstritos ao art. 5º da Carta Maior, tampouco à votos. Nada obstante, o § 3º do art. 5º trouxe outra possi‐
própria Constituição Federal. Estas prerrogativas também bilidade: a aprovação de tratados de direitos humanos em
podem ser buscadas na legislação infraconstitucional, nos consonância com o procedimento aplicável às emendas cons‐
tratados e convenções internacionais e até mesmo implicita‐ titucionais, inserto no art. 60 da CF/88 (análise em 2 turnos
mente na Constituição. É assente na doutrina e na jurispru‐ em cada casa legislativa, com aprovação por três quintos
dência que direitos e garantias fundamentais não precisam dos votos). A utilização desse sistema dará aos tratados de
estar expressos para serem resguardados. Exatamente nessa direitos humanos um novo grau na hierarquia normativa.
situação se encontra o princípio do duplo grau de jurisdição, Como regra, um tratado internalizado gozará de status
eis que, mesmo não previsto explicitamente no ordenamento de lei ordinária, mas, em se tratando de tratados de direitos
jurídico, é tido como princípio constitucional14. humanos, o entendimento não é o mesmo. Sendo o trata‐
do de direitos humanos aprovado mediante procedimentos
Jurisprudência simples, será a ele atribuído status supralegal. Por conse‐
guinte, revogará a legislação ordinária antecedente, e servirá
STF, RE 1.034.840 RG: O organismo internacional que te‐ de parâmetro para a edição das normas subsequentes, não
nha garantida a imunidade de jurisdição em tratado firmado cabendo a sua revogação por legislação infraconstitucional.
pelo Brasil e internalizado na ordem jurídica brasileira não Pode-se dizer que, na pirâmide kelseniana, esses tratados
pode ser demandado em juízo, salvo em caso de renúncia estão abaixo da Carta Maior, mas acima dos demais instru‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

expressa a essa imunidade. mentos normativos existentes. Exemplo dessa aplicação se


STF, RE 636.331: Nos termos do art. 178 da Constitui‐ deu com a proibição da prisão dos depositários infiéis, uma
ção da República, as normas e os tratados internacionais vez que desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao
limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e à
de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de
Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa São José da Costa Rica (art. 7º, 7), ambos no ano de 1992, há
do Consumidor. impossibilidade dessa restrição de liberdade, uma vez que o
caráter especial desses diplomas internacionais sobre direi‐
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre tos humanos lhes reserva lugar específico no ordenamento
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos legislação interna (STF, RE 466.343).
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às Como visto, os tratados de direitos humanos já partem
emendas constitucionais. (Incluído pela EC nº 45, de 2004) de um posto supralegal. Entretanto, caso observado o art.
5º, § 3º, da Carta Maior, inserindo-os no ordenamento pátrio
através do procedimento legislativo qualificado, acometido
Tratados de Direitos Humanos às emendas constitucionais, os diplomas internacionais
passarão a ter força de norma constitucional e, portanto,
Os tratados podem ser definidos como “acordos escritos, posicionando-se no topo da pirâmide normativa.
firmados por Estados e organizações internacionais dentro Cumpre notar que o único instrumento admitido no
dos parâmetros estabelecidos pelo Direito Internacional Pú‐ Brasil em consonância com o § 3º do art. 5º e, portanto,
blico, com o objetivo de produzir efeitos jurídicos no tocante com força de emenda constitucional, foi a Convenção sobre
a temas de interesse comum”15. Dentre os temas abordados os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo
nessas negociações estão, frequentemente, os direitos hu‐ Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de
manos. 2007, através do Decreto Legislativo nº 186/2008.
14
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 9 ed. § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Salvador: JusPodivm, 2017. p. 196-197-1582-1584. Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
15
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direitos Internacional Público e Privado.
9 ed. rev., atual., e ampl. Salvador: JusPodivm, 2017. p. 83. (Incluído pela EC nº 45, de 2004)

38
Tribunal Penal Internacional no orçamento público. Tendo em vista que os recursos es‐
tatais são limitados, a concretização das prerrogativas aqui
Instituído pelo Estatuto de Roma, o Tribunal Penal Inter‐ inseridas, como normas programáticas que são, devem ob‐
nacional é Corte com jurisdição complementar à dos Estados, servar o princípio da máxima efetividade. Não se busca a
ocupando-se das graves violações aos direitos humanos, caso plena concretização de cada uma das faculdades aqui inseri‐
não haja punição adequada no âmbito interno. O art. 5º do das, pois utópica, mas sim a maior implementação possível.
Estatuto prevê que ao TPI caberá a apreciação dos crimes de Diante dessa escassez de recursos, os entes federados
guerra, genocídio, agressão e contra a humanidade. passaram a apresentar judicialmente a teoria da reserva do
O Brasil aderiu ao Estatuto no ano 2000, sendo o mes‐ possível. Oriunda na Alemanha, a teoria afirma que o Estado
mo aprovado pelo Congresso Nacional (DL nº 112/2002) está obrigado a concretizar os direitos sociais na medida do
e promulgado pelo Presidente da República (Decreto nº possível, ou seja, desde que os custos a eles atribuídos se
4.388/2002). Neste ínterim, sobreveio o § 4º aqui apreciado, mostrem viáveis. Segundo a doutrina, três aspectos devem
buscando elevar à ordem constitucional a obrigação nacional ser analisados quando da efetivação dos Direitos Sociais: (I)
com os direitos humanos e com a competência jurisdicio‐ a real disponibilidade fática dos recursos para sua efetiva‐
nal do TPI, a qual o Brasil, no exercício de sua soberania, ção; (II) a disponibilidade jurídica dos recursos materiais e
submeteu-se. humanos, que guarda conexão com a distribuição das recei‐
Cumpre esclarecer que a entrega (surrender) de brasilei- tas e competências tributárias, orçamentárias, legislativas e
ros para julgamento perante o TPI não configura extradição administrativas, e, em países como o Brasil, ainda reclama
inadmitida. Paulo Henrique Gonçalves Portela16, muito bem equacionamento em termos de sistema federativo; e (III) o
explicou a distinção dos institutos, assim apontando: “Tec‐ problema da proporcionalidade da prestação, em especial
nicamente, a entrega não configura uma extradição, visto quanto à sua exigibilidade e razoabilidade, no que concerne
que esta é um ato entre Estados, ao passo que o TPI é um à perspectiva própria e peculiar do titular do direito18.
organismo internacional. Aliás, o próprio Estatuto de Roma Destarte, é inviável exigir do Estado mais do que sua es‐
(art. 102) define expressamente a entrega como a entrega trutura financeira pode suportar. Apesar disso, é importante
de uma pessoa por um Estado ao Tribunal nos termos do ressaltar que essa teoria não é absoluta, sob pena de vulnerar
presente Estatuto e a extradição como a entrega de uma a dignidade da pessoa humana. O mínimo existencial é o
pessoa por um Estado a outro Estado conforme previsto em maior limite imposto à teoria da reserva do possível, como
um tratado, em uma convenção ou no direito interno”. se passará a analisar.

CAPÍTULO II Mínimo Existencial


DOS DIREITOS SOCIAIS
A teoria do mínimo existencial defende que há um núcleo
Nos dizeres de Alexandre de Moraes17, os direitos sociais de direitos sociais com caráter absoluto, restando inviável ao
representam “direitos fundamentais do homem, caracteri‐ Estado a sua não prestação ou a alegação de insuficiência de
zando-se como verdadeiras liberdades positivas, de obser‐ fundos para tanto (reserva do possível). Deve o poder pú‐
vância obrigatória em um Estado Social de Direito, tendo blico garantir aos indivíduos condições existenciais mínimas,
por finalidade a melhoria de condições de vida aos hipos‐ através de uma alimentação adequada, moradia, transporte,
suficientes, visando à concretização da igualdade social, e saúde, educação. Não se trata de conferir amplamente esses
são consagrados como fundamentos do Estado democrático, direitos, mas sim em um patamar que assegure a dignidade
daqueles que deles desfrutam.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


pelo art. 1º, IV, da Constituição Federal”. Como visto no início
deste Título, os direitos e garantias fundamentais podem ser Não confundam mínimo existencial com mínimo vital.
divididos em algumas dimensões, sendo a primeira relacio‐ Este último representa a garantia de elementos para a mera
nada aos direitos de liberdade (viés negativo) e a segunda manutenção da vida dos indivíduos, e não para que a ela
aos direitos de igualdade (viés positivo). É nesta segunda que seja agregada qualidade. Pode-se dar como exemplo o for‐
estão inseridos os direitos sociais, tendo em vista configura‐ necimento de alimentos à população, mas, tão somente em
rem prerrogativas que demandam a atuação do Estado para quantidade necessária para que as pessoas não venham a
a sua concretização. Há um dever de fazer. óbito. Essa garantia do mínimo vital não se coaduna com
Diante da ruptura com o Estado Liberal e do advento do os ditames do Estado Social de Direitos, eis que não bas‐
Estado Social de Direitos, especialmente visto nas Constitui‐ ta manter os indivíduos vivos, sendo necessário que a eles
ções mexicana de 1917 e alemão de 1919, surgiu a necessi‐ sejam asseguradas condições mínimas para uma vida ade‐
dade de adaptação da ordem jurídica pátria aos novos inte‐ quada. Voltando ao exemplo, estaria assegurado o mínimo
resses da sociedade. Nesse ínterim, através da Constituição existencial com o fornecimento de alimentação necessária
Federal brasileira de 1934 os Direitos Sociais passaram a ter para saciar a fome dos destinatários, deixando-os satisfeitos,
destaque e prioridade de execução. e não meramente vivos.
Antes de adentrar a alguns aspectos importantes sobre
o tema, cumpre apontar que o rol de direitos sociais é me‐ Princípio da Vedação ao Retrocesso Social
ramente exemplificativo.
O princípio da vedação ao retrocesso está constantemen‐
te em debate nos Tribunais. Segundo a norma, os direitos
Reserva do Possível
sociais conquistados não podem ser flexibilizados ou supri‐
midos, salvo em hipóteses excepcionais, sob pena de haver
Conquanto sejam imprescindíveis para o desenvolvimen‐
uma regressão social. Prerrogativas que, com muito esforço
to da sociedade, a efetivação dos Direitos Sociais implica em
foram conquistadas, não podem ser retiradas da sociedade,
custos ao Estado, muitas vezes acarretando severos impactos
tornando-a novamente vulnerável.
16
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Op. cit. p. 361. 18
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Cur‐
17
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 33. ed. rev. e atual. até a EC nº so de Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. Primeira parte,
95, de 15 de dezembro de 2016. São Paulo: Atlas, 2017. p. 164. capítulo 4.14.3.3.

39
A grande discussão acerca do tema está contida nos cus‐ Direito ao Lazer
tos que esses direitos adquiridos representam. Trata-se de
sistema progressivo, em que direitos não são perdidos, mas Não só de trabalho vive o homem. O lazer é inserido
apenas conquistados, de modo que o Estado, a cada novo como direito social em decorrência das consequências por
direito, tem suas despesas obrigatórias aumentadas, sendo ele angariadas, eis que, renovando as forças após dias inten‐
compelido a redistribuir recursos, muitas vezes deixando sos de trabalho, os indivíduos passam a produzir mais e os
setores sociais carentes. problemas sociais e de saúde inerentes à exaustão física e
mental são definitivamente reduzidos.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali‐
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e ru‐
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e rais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta social:
Constituição.(Redação dada pela EC nº 90, de 2015)
Por se tratar de tema afeto ao Direito do Trabalho, estu‐
daremos somente os pontos de maior destaque acerca dos
Direito à Educação direitos sociais dos trabalhadores.
O direito à educação vem inserido no art. 6º como meio I - relação de emprego protegida contra despedida
de inclusão social, ordenando ao Estado que não apenas arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei comple‐
disponibilize instituições de ensino estruturalmente adequa‐ mentar, que preverá indenização compensatória, dentre
das, mas também que qualifique seus professores, assegure outros direitos;
o acesso universal ao ensino e incentive a sua frequência.
Exemplo dessas medidas são os programas de cotas so‐ Jurisprudência
ciais e raciais para acesso às universidades públicas (Progra‐
ma Universidade para Todos – Prouni). O Supremo Tribunal STF, RE 449.420: Previdência social: aposentadoria es‐
Federal, apreciando alegações de inconstitucionalidade nos pontânea não implica, por si só, extinção do contrato de
sistemas de reservas de vagas, sob o fundamento de ferir a trabalho. Despedida arbitrária ou sem justa causa (CF, art.
isonomia, entendeu pela regularidade dos métodos adota‐ 7º, I): viola a garantia constitucional o acórdão que, partindo
dos. A Corte ressaltou que a benesse é conferida a segmentos de premissa derivada de interpretação conferida ao art. 453,
sociais historicamente desfavorecidos, culturalmente sacri‐ caput, da CLT (Redação alterada pela Lei nº 6.204/1975), de‐
ficados e até perseguidos, como, verbi gratia, o segmento cide que a aposentadoria espontânea extingue o contrato de
dos negros e dos índios. Não por coincidência os que mais trabalho, mesmo quando o empregado continua a trabalhar
na empresa após a concessão do benefício previdenciário. A
se alocam nos patamares patrimonialmente inferiores da
aposentadoria espontânea pode ou não ser acompanhada
pirâmide social.
do afastamento do empregado de seu trabalho: só há rea‐
Possuindo menores recursos, esses setores sociais aca‐ dmissão quando o trabalhador aposentado tiver encerrado
bam ceifados do acesso ao Ensino de maior qualidade, hoje a relação de trabalho e posteriormente iniciado outra; caso
concentrado em escolas particulares. Dependendo do ensino haja continuidade do trabalho, mesmo após a aposentadoria
público, com menor qualidade, acabam não logrando êxito espontânea, não se pode falar em extinção do contrato de
no acesso às Universidades Públicas e, diante dos poucos trabalho e, portanto, em readmissão.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

recursos financeiros, também ficam impedidos de custear o


ensino superior privado. Por conseguinte, as políticas de co‐ II - seguro-desemprego, em caso de desemprego in‐
tas buscam, legitimamente, corrigir essas distorções, não ha‐ voluntário;
vendo de se falar em inconstitucionalidade (STF, ADI 3.330). III - fundo de garantia do tempo de serviço;

Direito à Moradia Jurisprudência

No direito à moradia está inserido não somente o dever TST, Súmula nº 362: FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação)
estatal de construir imóveis adequados para abrigar aqueles – I – Para os casos em que a ciência da lesão ocorreu a partir
que deles necessitarem, mas também a obrigação de não de 13.11.2014, é quinquenal a prescrição do direito de recla‐
intervir na propriedade particular, salvo diante de situações mar contra o não-recolhimento de contribuição para o FGTS,
observado o prazo de dois anos após o término do contrato;
excepcionais legalmente justificadas. Resguardando esse Di‐
II – Para os casos em que o prazo prescricional já estava em
reito, a Lei nº 8.009/1990 previu a impenhorabilidade do bem
curso em 13/11/2014, aplica-se o prazo prescricional que se
de família, ressalvadas as hipóteses insertas em seu art. 3º. consumar primeiro: trinta anos, contados do termo inicial,
ou cinco anos, a partir de 13/11/2014 (STF-ARE-709212/DF).
Jurisprudência
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unifi‐
STF, RE 612.360 RG: (...) a matéria já se encontra pacifica‐ cado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas
da no âmbito desta Corte, no sentido da constitucionalidade e às de sua família com moradia, alimentação, educação,
da penhora sobre o bem de família do fiador, mesmo após saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência
a EC nº 26/2000. O Plenário do STF, no julgamento do RE social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
407.688, rel. min. Cezar Peluso, DJ de 6/10/2006, afirmou ser aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
legítima a penhora de bem de família pertencente a fiador
de contrato de locação, em virtude da compatibilidade da Salário Mínimo
exceção prevista no art. 3º, VII, da Lei nº 8.009/1990 com o
direito à moradia consagrado no art. 6º da CF, com a redação O salário-mínimo representa a quantia que, de acordo
da EC nº 26/2000. com o poder público, seria suficiente para a manutenção

40
da existência dos indivíduos dignamente. A quantia definida Irredutibilidade Salarial
deveria ser suficiente para subsidiar diversos custos sociais,
porém, na prática, percebe-se que os valores fixados ficam Mesmo diante da grande importância social do salário,
por demais aquém do necessário. Essa insuficiência acaba o legislador constituinte optou por prever exceção à sua ir‐
por descumprir a Constituição da República frontalmente, redutibilidade. No entanto, percebam que a remuneração
olvidando os compromissos estabelecidos pelo legislador somente poderá sofrer redução em situações excepcionais
constituinte na implementação de condições de vida social‐ e mediante norma coletiva.
mente adequadas (STF, ADI1.442).
Jurisprudência
Deslegalização
STF, RE 599.618 ED: Transposição do regime celetista para
Tema que acendeu intensos debates nas Cortes jurisdicio‐ o estatutário. Inexistência de direito adquirido a regime jurí‐
nais foi a necessidade, ou não, de lei nacional para a fixação dico. Possibilidade de diminuição ou supressão de vantagens
dos valores do salário-mínimo. A discussão surgiu com o ad‐ sem redução do valor da remuneração.
vento da Lei nº 12.382/2011, que, fixando o salário-mínimo STF, RE 212.131: Funcionário público. Conversão com‐
na ordem de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais) pulsória do regime contratual em estatutário. Redução ve‐
para o ano de 2011, permitiu ao Poder Executivo atualizar rificada na remuneração. Art. 7º, VI, c/c art. 39, § 2º, da
e aumentar tal importe, entre os anos de 2012 e 2015, por Constituição. Situação incompatível com o princípio da ir‐
meio de Decreto. Parcela da doutrina alegou a inconstitucio‐ redutibilidade que protegia os salários e protege os venci‐
nalidade dessa técnica, mas o STF entendeu que se tratava mentos do servidor, exsurgindo, como solução razoável para
de mera deslegalização, através da qual somente caberia ao o impasse, o enquadramento do servidor do nível mais alto
Chefe do Executivo aplicar os elementos previamente fixados da categoria funcional que veio a integrar, convertido, ain‐
na Lei nº 12.328/2011. da, eventual excesso remuneratório verificado em vantagem
Segundo a Corte, “a exigência constitucional de lei formal pessoal a ser absorvida em futuras concessões de aumento
para fixação do valor do salário mínimo está atendida pela Lei real ou específico.
nº 12.382/2011. A utilização de decreto presidencial, definida
pela Lei nº 12.382/2011 como instrumento de anunciação VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para
e divulgação do valor nominal do salário mínimo de 2012 os que percebem remuneração variável;
a 2015, não desobedece o comando constitucional posto
no inciso IV do art. 7º da Constituição do Brasil. A Lei nº Remuneração Variável - Garantia do Salário-Mínimo
12.382/2011 definiu o valor do salário mínimo e sua políti‐
ca de afirmação de novos valores nominais para o período Complementando o dever de fixação de salário não infe‐
indicado (arts. 1º e 2º). Cabe ao presidente da República, rior ao mínimo legal, a Carta Maior estabelece que aqueles
exclusivamente, aplicar os índices definidos legalmente para que recebem remuneração variável (comissionados) não
reajuste e aumento e divulgá-los por meio de decreto, pelo poderão perceber quantia inferior ao salário-mínimo.
que não há inovação da ordem jurídica nem nova fixação de Podemos ter como exemplo um vendedor de veículos,
valor” (STF, ADI 4.568). que, não tendo salário fixo, depende das comissões rece‐
bidas pelas vendas efetuadas para sua sobrevivência. Há
Jurisprudência meses em que as vendas são melhores, mas pode ocorrer

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


de, em determinados períodos, o vendedor não conseguir
Súmula Vinculante nº 16 - Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º comercializar nem ao menos um veículo. Bom, mesmo diante
(redação da EC nº 19/98), da constituição, referem-se ao total dessa situação, seu empregador será obrigado a lhe pagar
da remuneração percebida pelo servidor público. ao menos um salário-mínimo, conforme manda o art. 7º,
Súmula Vinculante nº 6: Não viola a constituição o esta‐ VIII, da Carta Máxima.
belecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para
as praças prestadoras de serviço militar inicial. VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração
Súmula Vinculante nº 4: salvo nos casos previstos na integral ou no valor da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do
constituição, o salário mínimo não pode ser usado como in‐
diurno;
dexador de base de cálculo de vantagem de servidor público
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo
ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
crime sua retenção dolosa;
TST, OJ 358 da SDI1: SALÁRIO MÍNIMO E PISO SALARIAL
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvincula‐
PROPORCIONAL À JORNADA REDUZIDA. EMPREGADO. SER‐
da da remuneração, e, excepcionalmente, participação na
VIDOR PÚBLICO: I - Havendo contratação para cumprimento gestão da empresa, conforme definido em lei;
de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de XII - salário-família pago em razão do dependente do
oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, é lícito trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação
o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo propor‐ dada pela EC nº 20, de 1998)
cional ao tempo trabalhado. II - Na Administração Pública XIII - duração do trabalho normal não superior a oito
direta, autárquica e fundacional não é válida remuneração horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
de empregado público inferior ao salário mínimo, ainda que compensação de horários e a redução da jornada, mediante
cumpra jornada de trabalho reduzida. Precedentes do Su‐ acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei
premo Tribunal Federal. nº 5.452, de 1943)
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexi‐ Jurisprudência
dade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em con‐ STF, ADI 4.842: A jornada de 12 horas de trabalho por 36
venção ou acordo coletivo; horas de descanso não afronta o art. 7º, XIII, da Constitui‐

41
ção da República, pois encontra-se respaldada na faculdade, Art. 210.  À servidora que adotar ou obtiver guarda
conferida pela norma constitucional, de compensação de judicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão
horários. A proteção à saúde do trabalhador (art. 196 da concedidos 90 (noventa) dias de licença remune‐
CRFB) e à redução dos riscos inerentes ao trabalho (art. 7º, rada.
XXII, da CRFB) não é ipso facto desrespeitada pela jornada de Parágrafo único.  No caso de adoção ou guarda ju‐
trabalho dos bombeiros civis, tendo em vista que, para cada dicial de criança com mais de 1 (um) ano de idade,
12 horas trabalhadas, há 36 horas de descanso e também o prazo de que trata este artigo será de 30 (trinta)
prevalece o limite de 36 horas de jornada semanal. dias.
STF, RE 563.851 AgR: Não afronta o art. 7º, XIII, da Cons‐
tituição da República a decisão que excepciona os ocupantes XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
de cargos de gestão do controle de jornada de trabalho. XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me‐
diante incentivos específicos, nos termos da lei;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
coletiva; XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente de normas de saúde, higiene e segurança;
aos domingos; XXIII - adicional de remuneração para as atividades pe‐
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, nosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del
5.452, art. 59 § 1º) Jurisprudência
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo me‐
nos, um terço a mais do que o salário normal; TST, Súmula nº 448: ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERI‐
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e ZAÇÃO. PREVISÃO NA NORMA REGULAMENTADORA Nº 15
DA PORTARIA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78.
do salário, com a duração de cento e vinte dias;
INSTALAÇÕES SANITÁRIAS. I - Não basta a constatação da
insalubridade por meio de laudo pericial para que o empre‐
Licença-Maternidade gado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária
a classificação da atividade insalubre na relação oficial ela‐
A licença-maternidade é benefício inserido no ordena‐ borada pelo Ministério do Trabalho. II – A higienização de
mento jurídico, inicialmente, para subsidiar as gestantes nos instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande
períodos em que necessita se afastar do trabalho em razão do circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar
parto. Todavia, com o passar dos tempos algumas decisões à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento
foram sendo tomadas acerca desse instituto, importantes de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo
de se analisar. o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº
3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano.
Licença-Maternidade para Servidoras Contratadas a TST, Súmula nº 447: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
Título Precário PERMANÊNCIA A BORDO DURANTE O ABASTECIMENTO DA
AERONAVE. INDEVIDO - Os tripulantes e demais empregados
Durante algum período foi defendido que servidoras pú‐ em serviços auxiliares de transporte aéreo que, no momento
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

blicas ou empregadas a título precário (cargos em comissão, do abastecimento da aeronave, permanecem a bordo não
v.g.) não gozariam da benesse constitucional, eis que sua têm direito ao adicional de periculosidade a que aludem
relação laboral poderia ser desfeita a qualquer tempo. O o art. 193 da CLT e o Anexo 2, item 1, c, da NR 16 do MTE.
Supremo Tribunal não admitiu esse entendimento, apon‐ TST, Súmula nº 361: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
tando que todas mulheres podem usufruir dos 120 dias de ELETRICITÁRIOS. EXPOSIÇÃO INTERMITENTE. - O trabalho
licença remunerada, tratando-se de direito social, e a sua exercido em condições perigosas, embora de forma inter‐
limitação vai de encontro ao princípio da isonomia (STF, RE mitente, dá direito ao empregado a receber o adicional de
600.057 AgR). periculosidade de forma integral, porque a Lei nº 7.369, de
20/9/1985, não estabeleceu nenhuma proporcionalidade em
Diferenciação de Tempo entre Licença-Maternidade e relação ao seu pagamento.
Licença-Adotante - Inconstitucionalidade TST, Súmula nº 191: ADICIONAL. PERICULOSIDADE. IN‐
CIDÊNCIA - I – O adicional de periculosidade incide apenas
Além do mais, insta pontuar que a licença-maternidade sobre o salário básico e não sobre este acrescido de outros
adicionais. II – O adicional de periculosidade do empregado
abrange tanto a licença-gestante quanto a licença-adotante,
eletricitário, contratado sob a égide da Lei nº 7.369/1985,
ambas asseguradas pelo prazo mínimo de 120 dias, fazendo‐
deve ser calculado sobre a totalidade das parcelas de natu‐
-se inconstitucional a diferenciação de prazo em decorrência
reza salarial. Não é válida norma coletiva mediante a qual se
de se estar diante de hipótese de gestação ou de adoção determina a incidência do referido adicional sobre o salário
(STF, RE 778.889). básico.
O entendimento supracitado se fez necessário para com‐ TST, Súmula nº 80: A eliminação da insalubridade me‐
bater prática adotada no Regime Jurídico Único dos servido‐ diante fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo
res públicos da União (Lei nº 8.112/1990) e em alguns outros órgão competente do Poder Executivo exclui a percepção do
entes federados. No âmbito federal, a licença-adotante goza‐ respectivo adicional.
va de prazo inferior à licença-gestante, o que, segundo o STF, TST, Súmula nº 47: O trabalho executado em condições
viola os princípios da dignidade da pessoa humana, igualdade insalubres, em caráter intermitente, não afasta, só por essa
entre filhos biológicos e adotados e do interesse superior circunstância, o direito à percepção do respectivo adicional.
do menor. Para melhore entendimento, segue transcrito o TST, OJ 173 da SDI1: ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
dispositivo expurgado pelo Superior Tribunal: ATIVIDADE A CÉU ABERTO. EXPOSIÇÃO AO SOL E AO CALOR

42
I – Ausente previsão legal, indevido o adicional de insalubri‐ presente somente uma empresa, mas sim o sindicato que
dade ao trabalhador em atividade a céu aberto, por sujeição rege a sua categoria e, portanto, todas empresas do setor.
à radiação solar (art. 195 da CLT e Anexo 7 da NR 15 da Por‐
taria nº 3214/1978 do MTE). II – Tem direito ao adicional de Acordos e Convenções Coletivas - Servidores Estatutá-
insalubridade o trabalhador que exerce atividade exposto ao rios - Impossibilidade
calor acima dos limites de tolerância, inclusive em ambiente
externo com carga solar, nas condições previstas no Anexo 3 A celebração de convenções e acordos coletivos de traba‐
da NR 15 da Portaria nº 3214/1978 do MTE. lho constitui direito reservado exclusivamente aos trabalha‐
TST, Súmula nº 39: Os empregados que operam em bom‐ dores da iniciativa privada. A negociação coletiva demanda
ba de gasolina têm direito ao adicional de periculosidade (Lei a existência de partes detentoras de ampla autonomia ne‐
nº 2.573, de 15/8/1955). gocial, o que não se realiza no plano da relação estatutária.
TST, OJ 385 da SDI1: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. A administração pública é vinculada pelo princípio da lega‐
DEVIDO. ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO INFLAMÁVEL NO lidade, sendo que a atribuição de vantagens aos servidores
PRÉDIO. CONSTRUÇÃO VERTICAL. É devido o pagamento do somente pode ser concedida a partir de projeto de lei de
adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve iniciativa do chefe do Poder Executivo (CF, art. 61, §1 º, II, a
suas atividades em edifício (construção vertical), seja em e c) (STF, ADI 559).
pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados Nada obstante, haja vedação à utilização da negociação
tanques para armazenamento de líquido inflamável, em coletiva em relação aos servidores estatutários, nada impede
quantidade acima do limite legal, considerando-se como
que tais instrumentos sejam usados nas relações trabalhistas
área de risco toda a área interna da construção vertical.
firmadas pelo Poder Público. Em se tratando das empresas
TST, OJ 347 da SDI1: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. SIS‐
estatais (empresa pública e sociedade de economia mista),
TEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA. LEI Nº 7.369, DE 20/9/1985,
REGULAMENTADA PELO DECRETO Nº 93.412, DE 14/10/1986. por serem pessoas jurídicas de direito privado que atuam
EXTENSÃO DO DIREITO AOS CABISTAS, INSTALADORES E no domínio econômico, poderá haver a plena utilização dos
REPARADORES DE LINHAS E APARELHOS EM EMPRESA DE acordos e convenções. Porém, se os trabalhadores estive‐
TELEFONIA - É devido o adicional de periculosidade aos em‐ rem vinculados aos entes federados, autarquias e fundações
pregados cabistas, instaladores e reparadores de linhas e públicas (pessoas jurídicas de direito público), há o entendi‐
aparelhos de empresas de telefonia, desde que, no exercí‐ mento que a sua utilização restará adstrita às cláusulas de
cio de suas funções, fiquem expostos a condições de risco natureza social (TST, OJ nº 5 da SDC).
equivalente ao do trabalho exercido em contato com sistema
elétrico de potência. XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
TST, OJ 345 da SDI1: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
RADIAÇÃO IONIZANTE OU SUBSTÂNCIA RADIOATIVA. DEVI‐ do empregador, sem excluir a indenização a que este está
DO - A exposição do empregado à radiação ionizante ou à obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
substância radioativa enseja a percepção do adicional de
periculosidade, pois a regulamentação ministerial (Portarias Jurisprudência
do Ministério do Trabalho nºs 3.393, de 17/12/1987, e 518,
de 7/4/2003), ao reputar perigosa a atividade, reveste-se de STJ, Súmula nº 351: A alíquota de contribuição para o
plena eficácia, porquanto expedida por força de delegação Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


legislativa contida no art. 200, caput, e inciso VI, da CLT. No risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo
período de 12/12/2002 a 6/4/2003, enquanto vigeu a Por‐ seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante
taria nº 496 do Ministério do Trabalho, o empregado faz jus quando houver apenas um registro.
ao adicional de insalubridade.
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações
XXIV - aposentadoria; de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes des‐ trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
de o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada
pré-escolas; (Redação dada pela EC nº 53, de 2006) pela EC nº 28, de 25/5/2000)
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co‐ a) (Revogada).
letivos de trabalho; b) (Revogada).
Acordos e Convenções Coletivas Prescrição Trabalhista
Instrumentos de suma importância ao Direito Coletivo
Violado o direito, surge a pretensão, que deve ser exerci‐
do Trabalho, os acordos e convenções coletivas têm como
da em um prazo determinado. Esse prazo é chamado de pres‐
escopo regular as relações laborais em sentido amplo, abran‐
gendo não apenas a relação empregado-empresa, mas sim crição. Extrapolado o prazo prescricional, os indivíduos ficam
o modo como todos empregados e empresas pertencentes impedidos de tutelar judicialmente seus direitos. Observem
a determinado setor deverão agir nas relações entre eles que o direito não é extinto pela prescrição, mas, tão somente
entabuladas. a pretensão. Havendo pagamento de dívida prescrita, poderá
Os institutos gozam do mesmo escopo e da mesma forma o credor reter os valores recebido, restando inviável pedido
de processamento, sendo que o único elemento de distinção de repetição das quantias pelo pagador.
entre ambos está nas partes que os compõem. O acordo No direito do trabalho, a prescrição extintiva ocorre no
coletivo é instrumento firmado entre sindicato dos traba‐ prazo de 5 anos. Portanto, ajuizada reclamação trabalhis‐
lhadores e uma empresa, já a convenção coletiva é mais ta, o reclamante somente poderá buscar a condenação da
ampla, pois estabelecida entre sindicato dos trabalhadores parte adversa às parcelas devidas nos 5 anos anteriores ao
e sindicato patronal. Destarte, nas convenções não estará ajuizamento da demanda.

43
é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas
pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988.

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício


de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
idade, cor ou estado civil;

Jurisprudência

STF, RE 161.243: (...) no que concerne aos direitos sociais,


nosso sistema veda, no inciso XXX do art. 7º da CF, qualquer
Sem embargo, deve-se atentar para o fato de que, em se discriminação decorrente – além, evidentemente, da nacio‐
tratando de ação proposta após o término da relação laboral nalidade – de sexo, idade, cor ou estado civil. Dessa manei‐
a tutela de direitos terá de observar outro requisito. A parte ra, nosso sistema constitucional é contrário a tratamento
final do inciso XXIX exige que, a contar do término contratual, discriminatório entre pessoas que prestam serviços iguais a
a parte interessada terá o prazo de 2 anos para reclamar. um empregador. No que concerne ao estrangeiro, quando a
Notem que esse é o prazo para ajuizamento da demanda. Constituição quis limitar-lhe o acesso a algum direito, expres‐
Observado o prazo de 2 anos, poderá o trabalhador reclamar samente estipulou. (...) Mas o princípio do nosso sistema é
os direitos pendentes dos 5 anos anteriores à propositura. o da igualdade de tratamento. Em consequência, não pode
Em suma: a ação deve ser intentada em até 2 anos, podendo uma empresa, no Brasil, seja nacional ou estrangeira, desde
reclamar os direitos dos 5 anos anteriores ao ajuizamento. que funcione, opere em território nacional, estabelecer dis‐
criminação decorrente de nacionalidade para seus emprega‐
dos, em regulamento de empresa, a tanto correspondendo
o estatuto dos servidores da empresa, tão só pela circuns‐
tância de não ser um nacional francês. (...) Nosso sistema
não admite esta forma de discriminação, quer em relação à
empresa brasileira, quer em relação à empresa estrangeira.

XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante


a salário e critérios de admissão do trabalhador portador
de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
No exemplo acima, pode-se notar que o trabalhador, ajui‐ XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
zando sua ação somente em 2014, acabará por perder 2 anos insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
de verbas trabalhistas, uma vez que a prescrição é contada do menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz,
ajuizamento da ação, e não da rescisão contratual. Destarte, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela EC nº 20,
somente poderá tutelar de 2014 a 2009, e, por seu contrato de 1998)
ter terminado em 2012, nada perceberá referente aos anos
de 2013 e 2014, pois não mais trabalhava.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

Trabalho por Menores de Idade


Acerca do tema, alguns outros pontos devem ser des‐
tacados. Havendo aviso-prévio trabalhado, o término do O inciso XXXIII foi inserido na carta maior como forma
contrato laboral será o último dia daquele, e não a data da de proteger crianças e adolescentes do trabalho precoce,
comunicação da dispensa. Portanto, será o término do aviso‐ muitas vezes impelido pela família. Essa norma resguarda a
-prévio o termo inicial do prazo prescricional, nos termos do integridade física, mental e social dos menores, evitando que,
art. 487, § 1º da CLT (TST, OJ n. 83 da SDI-1). Ainda, durante enquanto ainda em fase de formação, sejam submetidos a
muito tempo foram diferenciados entre os prazos prescricio‐ condições extremas de labor.
nais dos trabalhadores urbanos e rurais, no entanto, com o As limitações trabalhistas em razão da idade podem ser
advento da Emenda Constitucional nº 28/2000, houve sua assim esquematizadas:
uniformização. Além disso, é considerada imprescritível a
demanda que exija a anotação na CTPS, haja vista ser ato
meramente declaratório. IDADE VEDAÇÕES
É vedada qualquer forma de traba-
Jurisprudência Até 14 anos
lho.
Somente é admitido trabalho na con‐
TST, Súmula nº 382: MUDANÇA DE REGIME CELETISTA Dos 14 aos 16 anos
dição de aprendiz.
PARA ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO CONTRATO. PRESCRIÇÃO
O trabalho é permitido.
BIENAL - A transferência do regime jurídico de celetista para
No entanto, não poderá exercer ativi‐
estatutário implica extinção do contrato de trabalho, fluindo Dos 16 aos 18 anos
dades noturnas, perigosas ou insalu-
o prazo da prescrição bienal a partir da mudança de regime.
bres.
TST, Súmula nº 308: PRESCRIÇÃO QUINQUENAL I. Respei‐
tado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição Qualquer forma de trabalho é permi-
A partir dos 18 anos
da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente tida.
anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da
reclamação e, não, às anteriores ao quinquênio da data da Nada obstante a limitação ora estudada, o Supremo Tri‐
extinção do contrato. II. A norma constitucional que ampliou bunal Federal entendeu pela necessidade de sua relativização
o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos na hipótese de menor de 14 anos que vem a exercer atividade

44
laboral, mesmo diante da proibição constitucional. Segundo a tação será feita pelas Federações, e inexistindo estas, pelas
Corte, o inciso XXXIII “não pode ser interpretado em prejuízo Confederações.
da criança ou adolescente que exerce atividade laboral, haja
vista que a regra constitucional foi criada para a proteção e
defesa dos trabalhadores, não podendo ser utilizada para
privá-los dos seus direitos” (STF, RE 600.616 AgR).

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com


vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos traba‐
lhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI,
VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,
XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas
em lei e observada a simplificação do cumprimento das
obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes Como dito, os sindicatos serão criados para a representa‐
da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos ção de setores específicos. Nesse sentido, o legislador ordi‐
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua nário optou por classificar essas entidades em três categorias
integração à previdência social. (Redação dada pela EC (CLT, art. 511, §§ 1º a 3º):
nº 72, de 2013) • Categoria econômica (sindicato patronal): os sindica‐
tos dos empregadores compreendem entidades que
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob‐ empreendam atividades idênticas, similares ou cone‐
servado o seguinte: xas.
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para • Categoria profissional (sindicato dos trabalhadores):
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão são entidades criadas quando há similitude de con‐
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a dições de vida oriunda da profissão ou trabalho em
intervenção na organização sindical; comum, em situação de emprego na mesma atividade
II - é vedada a criação de mais de uma organização econômica ou em atividades econômicas similares ou
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria conexas.
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que • Categoria profissional diferenciada: é a que se forma
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes‐ dos empregados que exerçam profissões ou funções
sados, não podendo ser inferior à área de um Município; diferenciadas por força de estatuto profissional espe‐
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses cial ou em consequência de condições de vida singu‐
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões lares. Tomem cuidado, pois somente existe sindicatos
judiciais ou administrativas; de categorias diferenciadas de trabalhadores, e não
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em patronal.
se tratando de categoria profissional, será descontada em
folha, para custeio do sistema confederativo da represen‐ Liberdade Sindical
tação sindical respectiva, independentemente da contri‐
buição prevista em lei; O art. 8º consolida a liberdade sindical, não em sentido

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se absoluto, mas como regra geral, que, em hipóteses consti‐
filiado a sindicato; tucionalmente previstas, poderá ser restringida. A liberdade
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas ne‐ sindical é composta por três subprincípios:
gociações coletivas de trabalho; • Liberdade de fundação (criação) de sindicato: o art.
8º, I, parte inicial, da Carta Maior estabelece que “a
Organizações Sindical Brasileira lei não poderá exigir autorização do Estado para a
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
O sistema sindical brasileiro é composto por entidades competente[...]”. Portanto, é vedado ao poder público
responsáveis pela representação de empregados e empre‐ impedir a criação de entidades sindicais, observada as
gadores, na busca pelas melhores condições de trabalho. ressalvas constitucionalmente estabelecidas.
Como explicita o inciso III, “ao sindicato cabe a defesa dos • Liberdade de administração ou organização: a parte
direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, in‐ final do art. 8º, I, restringe a intervenção estatal nestas
clusive em questões judiciais ou administrativas”. É constante entidades, assim enunciando “[...] vedadas ao Poder
a existência de conflitos entre empresas e empregados, que Público a interferência e a intervenção na organização
demandam solução célere e uniforme, o que inviabiliza as sindical”.
soluções individuais. Não se pode conceber na necessidade • Liberdade de filiação: este aspecto é destinado aos
de que cada indivíduo tenha que tutelar seus interesses. empregadores e empregados pertencentes à categoria
Para isso, surgem as entidades sindicais, substituindo tra‐ representada pelo sindicato. Como aponta o art. 8º,
balhadores e empregadores nas negociações que abranjam V, da CF/88, “ninguém será obrigado a filiar-se ou a
suas categorias. manter-se filiado a sindicato”.
Esse sistema é hierarquizado, sendo composto por três
classes distintas: (I) em âmbito superior, há as Confedera- Princípios Limitadores da Liberdade de Criação Sindical
ções, caracterizada pela reunião de 3 ou mais Federações;
(II) logo abaixo vêm as Federações, compostas por 5 ou mais Como exposto acima, a liberdade de fundação de enti‐
sindicatos; e (III) na base da pirâmide estão os Sindicatos, dades sindicais não é absoluta, demandando registro e a ob‐
responsáveis pela efetiva representação dos integrantes de servância de outros critérios constitucionalmente previstos.
sua categoria. Notem que, inexistindo sindicato em deter- O art. 8º, II, da CF/88, apresenta dois princípios de suma
minada localidade ou para determinado setor, a represen- importância à organização sindical brasileira. Na primeira par‐

45
te está contido o Princípio da Unidade Sindical, responsável não contabilizados e, consequentemente, na redução da lu‐
por proibir a criação de mais de uma entidade representativa cratividade da empresa. Diante dessa relação conturbada, o
para a mesma categoria. Portanto, havendo um sindicato dos legislador constituinte entendeu pela necessidade de prote‐
metroviários, não poderá ser instituída outra instituição com ção ao dirigente sindical, evitando que o empregador exerça
o mesmo objeto. Além dessa restrição, a parte final da nor‐ pressão sobre o mesmo através de ameaças de demissão.
ma apresenta o Princípio da Unicidade Sindical, proibindo Não havendo a garantia, bastaria ao empregador demitir o
a existência de mais de uma entidade sindical na mesma funcionário para que as reivindicações cessassem, além do
base territorial, que não poderá ser inferior à área de um que a própria existência de reclamações ficaria prejudica‐
Município. Logo, somando as normas, tem-se a seguinte si‐ da, pois seriam poucos empregados com coragem suficiente
tuação: se no município de Salvador existir o sindicato dos para colocar seus empregos em jogo para discutir melhores
comerciários, não poderá, no mesmo município (Unicidade), condições com os patrões.
ser criado outra entidade sindical para os comerciários (Uni‐
dade). Agora, notem que estamos falando de duas entidades Jurisprudência
representativas da mesma categoria na mesma base territo‐
rial. Nada impede, por exemplo, a criação do Sindicato dos TST, Súmula nº 379: DIRIGENTE SINDICAL. DESPEDIDA.
Comerciários no município de Feira de Santana, pois não FALTA GRAVE. INQUÉRITO JUDICIAL. NECESSIDADE - O diri‐
haveria violação aos princípios aqui estudados. gente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave
Por fim, é importante ressaltar que, em âmbito interna‐ mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos
cional, tem-se admitido a existência de mais de um sindicato arts. 494 e 543, § 3º, da CLT.
representativo da mesma categoria ou na mesma base terri‐ TST, Súmula nº 369: DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE
torial. Trata-se do chamado Pluralismo Sindical, estabelecido PROVISÓRIA. I - É assegurada a estabilidade provisória ao
pela Convenção nº 87 da OIT. No entanto, tendo em vista empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do
que o Brasil não ratificou a Convenção referida, esta norma registro da candidatura ou da eleição e da posse seja reali‐
não tem aplicação em território nacional, permanecendo zada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde
vigente os princípios da unidade e unicidade.
que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na
vigência do contrato de trabalho. II - O art. 522 da CLT foi
Jurisprudência
recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limi‐
tada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3º, da
Súmula Vinculante nº 40 - A contribuição confederativa
de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes.
dos filiados ao sindicato respectivo. III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente
STF, Súmula nº 677: Até que lei venha a dispor a respeito, sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa ativi‐
incumbe ao Ministério do Trabalho proceder ao registro das dade pertinente à categoria profissional do sindicato para o
entidades sindicais e zelar pela observância do princípio da qual foi eleito dirigente. IV - Havendo extinção da atividade
unicidade. empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não
STF, Súmula nº 197: O empregado com representação há razão para subsistir a estabilidade. V - O registro da can‐
sindical só pode ser despedido mediante inquérito em que didatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante
se apure falta grave. o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe
TST, OJ 15 da SDC: SINDICATO. LEGITIMIDADE “AD PRO‐ assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º
CESSUM”. IMPRESCINDIBILIDADE DO REGISTRO NO MINIS‐ do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

TÉRIO DO TRABALHO - A comprovação da legitimidade ad


processum da entidade sindical se faz por seu registro no Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
órgão competente do Ministério do Trabalho, mesmo após trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo
a promulgação da Constituição Federal de 1988. e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo‐ disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis
tado nas organizações sindicais; da comunidade.
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou penas da lei.
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até
um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta Direito de Greve
grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se
(Lei nº 7.783/1989)
à organização de sindicatos rurais e de colônias de pesca‐
dores, atendidas as condições que a lei estabelecer. Muitas vezes o diálogo não é suficiente para que as
reivindicações dos trabalhadores sejam ouvidas. Destarte,
tornou-se comum a realização de paralizações nas atividades
Estabilidade do Dirigente Sindical das empresas, com o escopo de forçar os empregadores a
negociar melhorias nas condições de trabalho. Portanto, a
O inciso VIII apresenta hipótese de estabilidade provisó‐
greve pode ser definida como a “paralisação coletiva pro‐
ria, impedindo que o dirigente sindical venha a ser demiti‐
do, desde o registro de sua candidatura até um ano após o visória, parcial ou total, das atividades dos trabalhadores
término do mandato. em face de seus empregadores ou tomadores de serviços,
Diuturnamente se vê embates entre empregadores e com o objetivo de exercer-lhes pressão, visando à defesa ou
funcionários sindicalizados, que buscam melhores condições conquista de interesses coletivos, ou com objetivos sociais
de trabalho, aumento remuneratório, entre outras diversas mais amplos”19.
reivindicações. Obviamente, esse conflito não é agradável
aos patrões, pois acabam por incorrer em custos até então
19
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16. ed. rev. e ampl.
São Paulo: LTr, 2017. p. 1.617.

46
Observem que a greve é prática inserida no âmbito da TST, OJ 11 da SDC: GREVE. IMPRESCINDIBILIDADE DE
discricionariedade dos trabalhadores, que deliberarão sobre TENTATIVA DIRETA E PACÍFICA DA SOLUÇÃO DO CONFLITO.
a oportunidade de seu exercício e sobre os interesses através ETAPA NEGOCIAL PRÉVIA - É abusiva a greve levada a efeito
dela reivindicados. Nada obstante, a discricionariedade não sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente,
pode se converter em arbitrariedade, devendo os grevistas solucionar o conflito que lhe constitui o objeto.
ficarem atentos para os limites impostos pela Constituição
da República e pela Lei nº 7.783/1989. Caso haja violação às Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores
normas restritivas, a greve passará a ser tida como abusiva, e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em
ensejando na responsabilização dos infratores. que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam
De mais a mais, fiquem atentos à exigência do §1 º, que objeto de discussão e deliberação.
faz imprescindível a manutenção de contingente mínimo para Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos emprega‐
a continuidade da prestação dos serviços considerados es‐ dos, é assegurada a eleição de um representante destes
senciais à sociedade, arrolados no art. 10 da Lei nº 7.783/89. com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimen‐
Havendo interrupção ou insuficiência na prestação dessas to direto com os empregadores.
atividades, a greve será considerada como abusiva.
CAPÍTULO III
Greve no Serviço Público DA NACIONALIDADE

O art. 37, VII, da Carta Maior, prevê a possibilidade do A nacionalidade pode ser definida como a vínculo jurídi‐
exercício do direito de greve pelos servidores públicos, mas co político estabelecido entre um indivíduo e determinado
o condiciona à edição de lei regulamentadora (norma de Estado, fazendo com que aquele passe a integrar o povo do
eficácia limitada). Por muitos anos os servidores ficaram Ente Soberano. Em decorrência, o indivíduo passa a ser sujei‐
sem recursos para apresentar suas reivindicações ao poder to de direitos e deveres perante o Estado do qual é nacional.
público, até que, diante da inercia do legislador, o Supremo Antes de analisar o tema com primor, alguns outros
Tribunal Federal, no julgamento dos Mandados de Injunção conceitos devem ser estabelecidos, evitando confusão ter‐
nº 670, 708 e 712, determinou a aplicação da Lei nº 7.783/89 minológica.
também aos servidores públicos. Portanto, enquanto não • Povo: é o conjunto de pessoas que fazem parte de um
editada norma específica, os servidores poderão se valer Estado (elemento humano). Através do vínculo jurídico
da nacionalidade, o povo se une ao Estado. Portanto,
da Lei de Greve dos trabalhadores privados.
enquanto o povo configura o elemento humano, a na‐
cionalidade é o vínculo entre aquele e o Estado ao qual
Lockout
pertencem.
• População: representa o conjunto de habitantes de
O lockout é uma “greve ao contrário”. Não se está diante
determinado Estado, sejam nacionais ou estrangeiros.
de reivindicações por parte dos trabalhadores, mas sim de
Portanto, é todo mundo que lá vive.
uma paralização forçada pelos empregadores com o escopo
• Nação: nacionais são os indivíduos que, nascidos em
de frustrar negociações coletivas, dificultar o atendimento de
determinado território, identificam-se através da mes‐
reivindicações dos respectivos empregados ou até mesmo
ma língua, cultura e tradição. Logo, pode-se verificar
exercer pressão sobre as autoridades pública para a obtenção

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


que os estrangeiros não se inserem neste conceito.
de benefícios. Ainda, segundo parcela da doutrina, um Estado pode
Essa prática é expressamente vedada pelo art. 17 da Lei ter várias “nações” convivendo em seu espaço terri‐
nº 7.783/89. torial, cada qual com seus costumes e tradições.
• Cidadão: são definidos como cidadãos os nacionais no
Jurisprudência exercício dos direitos políticos. Somente será conside‐
rado como cidadão aqueles que estiverem em gozo dos
STF, Súmula nº 316: A simples adesão à greve não cons‐ direitos políticos, ou seja, aptos para votarem e serem
titui falta grave. votados.
STF, RE 184.083: O direito à greve não é absoluto, deven‐
do a categoria observar os parâmetros legais de regência. (...) Art. 12. São brasileiros:
Descabe falar em transgressão à Carta da República quando I - natos
o indeferimento da garantia de emprego decorre do fato de a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
se haver enquadrado a greve como ilegal. que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a
TST, OJ 38 da SDC: GREVE. SERVIÇOS ESSENCIAIS. GARAN‐ serviço de seu país;
TIA DAS NECESSIDADES INADIÁVEIS DA POPULAÇÃO USUÁ‐ b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
RIA. FATOR DETERMINANTE DA QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DO brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
MOVIMENTO - É abusiva a greve que se realiza em setores República Federativa do Brasil;
que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
não é assegurado o atendimento básico das necessidades mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição
inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei brasileira competente ou venham a residir na República
nº 7.783/1989. Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois
TST, OJ 10 da SDC: GREVE ABUSIVA NÃO GERA EFEITOS - É de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
incompatível com a declaração de abusividade de movimento (Redação dada pela EC nº 54, de 2007)
grevista o estabelecimento de quaisquer vantagens ou ga‐ II - naturalizados:
rantias a seus partícipes, que assumiram os riscos inerentes a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida‐
à utilização do instrumento de pressão máximo. de brasileira, exigidas aos originários de países de língua

47
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e Resumo das Hipóteses de Nacionalidade Brasileira:
idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residen‐
tes na República Federativa do Brasil há mais de quinze
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela
EC de Revisão nº 3, de 1994)

Brasileiros Natos (Nacionalidade Primária)


No direito internacional são adotadas duas grandes teo‐
rias para definir a nacionalidade dos indivíduos. De um lado
há o ius solis (critério da territorialidade), segundo o qual
serão considerados nacionais todos indivíduos que nascerem
dentro dos limites territoriais de determinado Estado. Por
outro lado, há o ius sanguinis (critério da ascendência), que
define a nacionalidade através da ascendência do indivíduo.
Logo, consoante esta teoria, serão brasileiros os filhos de
brasileiros, independentemente do seu local de nascimento.
O Brasil, através do art. 12, I, da CF/88, adotou ambas as § 1º Aos portugueses com residência permanente no
teorias. País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, se‐
A princípio, serão considerados brasileiros todos aqueles rão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os
nascidos no Brasil, ainda que filhos de pais estrangeiros, des‐ casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela EC
de que não estejam a serviço de seu país de origem (CF, art. de Revisão nº 3, de 1994)
12, I, a). Essa norma consolida a teoria do ius solis, resguar‐
dando, tão somente, a soberania dos Estados estrangeiros, “Quase” Nacionalidade
ao ressalvar a nacionalidade daqueles que aqui estejam a
mando de seu país de origem. Outra figura interessante estabelecida pela Carta Maior é
Já a teoria do ius sanguinis se materializa através de duas a “quase nacionalidade”, atribuída ais cidadãos portugueses
situações distintas. Serão considerados brasileiros os filhos com residência definitiva no Brasil. Através desse sistema,
de pai ou mãe brasileiros, que estejam a serviço do Brasil os cidadãos de Portugal, mesmo sem o processo de natura‐
no exterior, bem como os filhos daqueles que, mesmo não lização, e sem abrir mão de sua nacionalidade originária em
estando a serviço, venham a nascer em território estrangeiro prol da brasileira, passariam a gozar dos mesmos direitos dos
e os pais o registrem nas repartições competentes. Cuidem brasileiros naturalizados.
Entretanto, a presente sistemática acabou por não ser
para o fato de que, na última hipótese, os pais poderiam
implementada de fato, uma vez que, como dispõe a norma
registrar a prole em perante o outro Estado soberano, mas
em apreço, há a necessidade de reciprocidade para que o
optaram por não o fazer. No entanto, mesmo que registrados
Brasil ofereça esta benesse. Portugal, sendo Estado-membro
os filhos no exterior, caso este venha a residir no Brasil, po‐
da União Europeia, é impedido de conceder favores a Es‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

derá, a qualquer tempo, optar pela nacionalidade brasileira.


tados não integrantes do grupo, ou que não sejam por ele
autorizados. Diante dessa restrição, a reciprocidade em favor
Brasileiros Naturalizados (Nacionalidade Secundária ou dos brasileiros resta prejudicada, inviabilizando, portanto, a
Derivada) aplicação do art. 12, § 1º, da Carta Constitucional. Porém,
lembre-se que os cidadãos de Portugal são oriundos de país
A naturalização, ou nacionalidade derivada, não é ad‐ de língua portuguesa, fazendo-se possível a sua naturalização
quirida pelo nascimento ou pela ascendência dos indiví‐ ordinária, respeitado o prazo de um ano de residência em
duos, mas sim através da expressão de vontade. Haverá a território pátrio.
naturalização quando o estrangeiro manifestar interesse em
estabelecer um vínculo jurídico político com o Brasil, desde § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasi‐
que preenchidos os requisitos necessários para tanto. Essa leiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta
possibilidade é assegurada pelo art. 12, II, que fixa duas hi‐ Constituição.
póteses de naturalização. § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
Em primeiro plano está a chamada naturalização or- I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
dinária (CF, art. 12, II, a ), através da qual os estrangeiros II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
oriundos de países de língua portuguesa poderão, após 1 III - de Presidente do Senado Federal;
ano de residência em solo nacional, postular sua naturali‐ IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
zação. Quanto aos demais estrangeiros, oriundos de países V - da carreira diplomática;
com idiomas diversos do nosso, a naturalização se dá de VI - de oficial das Forças Armadas.
forma mais complexa. Trata-se da naturalização extraordi- VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela EC
nária, que lhes exige residência em território nacional por nº 23, de 1999)
pelo menos 15 anos e inexistência de condenações penais
durante esse período. Vedação à Distinção entre Brasileiros
Por fim, é importante ressaltar que o Brasil não aceita a
nacionalidade jure matrimonii, segundo a qual o casamento Dica: Mnemônico – “MP3.COM”
de estrangeiro com brasileiro seria suficiente para a natura‐ Ministro do STF, 3 Presidentes, Carreira Diplomática, Ofi‐
lização daquele (STF, Ext 1.121). cial, Ministro de Defesa

48
O § 2º materializa o princípio da igualdade, observadas gramento legislativo, seja mediante tratados ou convenções
as exceções estabelecidas pela própria Constituição Federal. internacionais, inovar nesse tema, quer para ampliar, quer
No texto constitucional estão contidas algumas ressalvas à para restringir, quer, ainda, para modificar os casos auto‐
norma do § 2º, como se vislumbra nos artigos 5º, LI (extradi‐ rizadores da privação – sempre excepcional – da condição
ção), 12, §3º (cargos privativos de brasileiros natos), 12, § 4º, político-jurídica de nacional do Brasil.
I (perda da nacionalidade), 89, VII (composição do Conselho
da República) e 222 (propriedade de empresa jornalística). Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Re‐
pública Federativa do Brasil.
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do bra‐ § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
sileiro que: bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judi‐ § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po‐
cial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; derão ter símbolos próprios.
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Re-
dação dada pela EC de Revisão nº 3, de 1994) CAPÍTULO IV
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela DOS DIREITOS POLÍTICOS
lei estrangeira; (Incluído pela EC de Revisão nº 3, de 1994)
b) de imposição de naturalização, pela norma estran‐ Os direitos políticos consolidam os instrumentos através
geira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como dos quais a soberania popular poderá ser exercida.
condição para permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis; (Incluído pela EC de Revisão nº Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
3, de 1994) universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
todos, e, nos termos da lei, mediante:
Perda da Nacionalidade I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
São duas as hipóteses de perda da nacionalidade pelo
brasileiro. Em primeiro, há a hipótese de cancelamento da
naturalização, por sentença judicial, diante de atividade Soberania Popular
nociva ao território nacional. Notem que a norma em tela
é adstrita aos brasileiros naturalizados, sendo impossível a A soberania popular vem desenhada no art. 1º, parágrafo
perda da nacionalidade de brasileiro nato com fundamento único, da Carta Maior, quando assim se manifesta: “todo
na prática de atividade nociva ao interesse nacional. Trata‐ poder emana do povo”. Reconhece-se, portanto, que o poder
-se de exceção ao princípio da igualdade entre brasileiros advém do povo, é por ele exercido diretamente, ou através
estudada no parágrafo anterior. de seus representantes, e tem como finalidade a concreti‐
A outra possibilidade de perda de nacionalidade é apli‐ zação dos interesses populares. É o governo “do povo, pelo
povo e para o povo”. O art. 14 apresenta os meios através do
cável tanto a brasileiros natos como a naturalizados. Trata-se
qual essa soberania pode ser exercida: voto direito e secreto,
da aquisição e outra nacionalidade que seja incompatível
plebiscito, referendo e iniciativa popular.
com a brasileira. O dispositivo apresenta dois casos em que,
O voto representa o exercício do direito de cidadania, a
mesmo adquirindo outra nacionalidade, a brasileira não será
faculdade de escolher aqueles que exercerão, por represen‐
perdida: (I) reconhecimento de nacionalidade originária por
tação, a soberania popular. A iniciativa popular, inserta no
lei estrangeira e (II) imposição de naturalização por estado inciso III, faculta à sociedade a apresentação de projetos de

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


estrangeiro para que brasileiro lá permaneça. lei para aprovação parlamentar (CF, art. 61, §2 º), ou seja,
confere-lhe iniciativa legislativa.
Polipatridia e Apatridia Ademais, plebiscito e referendo consistem em consul‐
tas populares sobre temas de interesse social. O plebiscito
Há ainda a peculiar situação da polipatridia e da apatridia. configura a oitiva prévia da população. Primeiro se consulta
A polipatridia diz respeito àqueles indivíduos que gozam o povo, para só depois ser tomada a decisão política adequa‐
de mais de uma nacionalidade. Já a apatridia é o extremo da (ex.: em 2011 foi realizado plebiscito no Estado do Pará
oposto, uma vez que o apátrida é aquele indivíduo que não para decidir sobre a divisão de seu território em dois novos
possui nenhuma nacionalidade. Essa situação pode ocorrer Estados, Carajás e Tapajós. A população votou em sentido
pela perda arbitrária da nacionalidade, normalmente por contrário à divisão e, portanto, o projeto não teve seguimen‐
motivos políticos, ou por não incidir nenhuma norma de na‐ to). O referendo, por sua vez, é a oitiva posterior, ou seja, já
cionalidade sobre o indivíduo (ex.: Brasileiro que abre mão da houve a prática dos atos, e se busca verificar se a população
nacionalidade brasileira para se nacionalizar alemão e que, concorda ou não com as atitudes tomadas (ex.: em 2005 foi
posteriormente, acaba por perder a nacionalidade alemã. realizado referendo para ouvir a população acerca da ma‐
A retomada da nacionalidade brasileira não é automática, nutenção da possibilidade de comercialização de armas de
sendo que, até que isso ocorra, será ele um apátrida). A fogo e munição em território nacional. O art. 35 da Lei nº
apatridia fere os direitos humanos, devendo ser corrigida o 12.826/2003 prevê a proibição da venda, mas condiciona a
mais breve possível pelos Estados. restrição à aprovação em referendo, o que não ocorreu. Por
O Brasil não admite a apatridia. A polipatridia, por sua isso, segue permitida a venda de armas e munições).
vez, é admitida de forma implícita pela Carta Maior, como Todos institutos acima citados são essenciais para o exer‐
se infere do art. 12, § 4º, II, a e b. cício da democracia. No entanto, mesmo diante de tamanha
importância, cumpre observar que há discussão doutrinária
Jurisprudência acerca da vinculação parlamentar e executiva ao resultado
de plebiscito e referendo popular. A nosso ver, há flagrante
STF, HC 83.113 QO: A perda da nacionalidade brasileira, inconstitucionalidade caso tais decisões não sejam respei‐
por sua vez, somente pode ocorrer nas hipóteses taxativa‐ tadas pelo poder público, uma vez que se estaria olvidando
mente definidas na Constituição da República, não se reve‐ a soberania popular, uma vez que o poder advém do povo e
lando lícito, ao Estado brasileiro, seja mediante simples re‐ deve ser exercido em seu favor.

49
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: Inelegibilidades Absolutas
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para: O ordenamento jurídico ainda estabelece casos em que
a) os analfabetos; não poderá o cidadão ser candidato. De um lado há as hipó‐
b) os maiores de setenta anos; teses de ilegibilidade absoluta, através das quais a carta maior
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. proíbe terminantemente a candidatura, independentemente
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estran‐ de quaisquer requisitos; por outro, a ilegibilidade relativa, a ser
geiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, analisada nos dispositivos subsequentes, que somente afas‐
os conscritos. tará aqueles que se enquadrarem em situações específicas.
A princípio, são absolutamente inelegíveis aqueles que
Alistamento Eleitoral (Capacidade Eleitoral Ativa) não preencherem os requisitos insertos no § 3º. Também
não poderão concorrer os inavistáveis (menores de 16 anos,
A participação política no Estado tem limitações, sejam estrangeiros e conscritos) e os analfabetos. Percebam que
positivas ou negativas. Primeiramente, observa-se que o voto os analfabetos podem votar, mas não podem ser votados.
é obrigatório para os maiores de 18 e menores de 70 anos, Além dessas hipóteses, os próximos parágrafos trazem
sendo facultativo entre os 16 e 18 anos e acima dos 70. Além casos de inelegibilidade relativa, como passaremos a apreciar.
do mais, os analfabetos também terão a faculdade de votar,
não sendo compelidos a tanto. § 5º O Presidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
Inalistáveis sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão
ser reeleitos para um único período subseqüente. (Redação
Notem que o alistamento eleitoral não é admitido a todos dada pela EC nº 16, de 1997)
brasileiros. A constituição proíbe que estrangeiros, conscritos
(militares durante o período de serviço militar obrigatório) e Vedação ao Terceiro Mandato
menores de 16 anos votem. Portanto, esses indivíduos não
serão considerados cidadãos brasileiros, pois, como visto, Eleito para cargo de Chefe do Poder Executivo, o agente
somente terá cidadania aquele que estiver em gozo dos seus terá a faculdade concorrer a somente uma reeleição. Não
direitos políticos. poderá haver um terceiro mandato. Insta ressaltar que o
instituto da reeleição tem como alicerce os princípios da
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: continuidade administrativa e republicano, impedindo a
I - a nacionalidade brasileira; perpetuação de uma mesma pessoa ou grupo no poder. O
II - o pleno exercício dos direitos políticos; princípio republicano condiciona a interpretação e a aplica‐
III - o alistamento eleitoral; ção do próprio comando da norma constitucional, de modo
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; que a reeleição é permitida por apenas uma única vez.
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de: Vedação ao “Prefeito Itinerante”
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
da República e Senador; Diante da vedação à reeleição, alguns prefeitos, após cum‐
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de prir seus dois mandatos em dado município, passaram a se can‐
Estado e do Distrito Federal; didatar à Prefeitura de outras localidades, configurando o que se
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado chamou de “prefeito itinerante”. Assim, alternavam mandatos
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; entre localidades distintas, de modo a burlar a vedação em tela.
d) dezoito anos para Vereador. O Supremo Tribunal Federa, apreciando o tema, assentou en‐
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. tendimento de que o princípio republicano impede a terceira
eleição não apenas no mesmo Município, mas em relação a
Elegibilidade (Capacidade Eleitoral Passiva) qualquer outro Município da federação. Para a Corte, a figura
do denominado “prefeito itinerante” ou do “prefeito profissio‐
Nos parágrafos 1º e 2º, vimos a quem a Carta Maior nal”, é claramente incompatível com a máxima republicana, que
confere o direito de votar (capacidade eleitoral ativa). Nos também traduz um postulado de temporariedade/alternância
parágrafos 3º e 4º está contido o “outro lado da moeda”, qual do exercício do poder. Destarte, o cidadão que exerce dois man‐
seja, o direito de ser votado, de ser candidato (capacidade datos consecutivos como prefeito de determinado Município
eleitoral passiva). fica inelegível para o cargo da mesma natureza em qualquer
Dentre os requisitos necessários para a elegibilidade ar‐ outro Município da federação (STF, RE 637.485).
rolados no § 3º, há de se destacar a idade necessária para
ocupar os cargos eletivos em território nacional, que assim § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
se esquematiza: República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
até seis meses antes do pleito.
IDADE CARGOS
18 anos Vereador Desincompatibilização
Deputado Estadual
Deputado Federal Outra hipótese de inelegibilidade relativa é o dever de
21 anos
Prefeito e Vice desincompatibilização. Qualquer cidadão detentor de man‐
Juiz de Paz dato eletivo (seja legislativo ou executivo), para se candidatar
30 anos Governador e Vice a cargos de Chefe do Executivo, deverá, seis meses antes do
Presidente da República e Vice
pleito, renunciar ao mandato que está cumprindo.
35 anos Ainda, deve-se ressaltar que a medida em tela não é
Senador
adotada nas hipóteses de reeleição. Logo, se o Chefe do

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Executivo estiver em busca de sua reeleição, não haverá a § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
necessidade de desincompatibilização (STF, 1.805-MC/DF). inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de prote‐
ger a probidade administrativa, a moralidade para exercício
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titu‐ de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a
lar, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o normalidade e legitimidade das eleições contra a influência
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, do poder econômico ou o abuso do exercício de função,
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Re-
de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis dação dada pela EC de Revisão nº 4, de 1994)
meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
eletivo e candidato à reeleição. Inelegibilidade em Lei Complementar
Inelegibilidade em Razão do Parentesco Além das hipóteses acima referidas, outros casos de ine‐
legibilidade podem ser previstos em lei complementar. É exa‐
A inelegibilidade em razão do parentesco tem como es‐ tamente o que ocorreu com a chamada “Lei da Ficha Limpa”
copo evitar a perpetuação de uma mesma família no poder. (Lei Complementar nº 135/2010), que tornou mais rígidas
Portanto, cumprido dois mandatos pelo chefe do executivo, as hipóteses de inelegibilidade insertas na LC nº 64/1990.
não poderão seu cônjuge, ascendentes, descendentes, cola‐ Até 2010, somente sentenças penais transitadas em julgado
terais ou afins, até 2º grau, candidatarem-se a cargo eletivo afastariam o cidadão dos pleitos eleitorais. Com o advento
na circunscrição territorial onde aquele exerça sua função. da “Lei da Ficha Limpa” a existência de decisão proferida por
Importante observar que a limitação ocorre para candida‐ órgão judicial colegiado (condenação em segunda instância)
tura a qualquer cargo dentro da circunscrição onde o familiar passou a ser suficiente para considerar o candidato “ficha
exerça seu mandato. Portanto, sendo o cidadão Governador suja” e impedir sua presença na disputa.
do Estado X, sua esposa, v.g., não poderá se candidatar ao Observamos que o STF foi acionado para analisar a cons‐
governo do estado, ao cargo de deputada estadual, tam‐
titucionalidade das alterações inseridas pela LC nº 135/2010
pouco às posições de prefeita ou vereadora de municípios
através das ADCs 29 e 30 e da ADI 4.578. Definiu o Pretório
inseridos dentro de seu território. Percebam que esta veda‐
ção não é só para o titular do poder, alcançando também Excelso que as modificações não vulneram a Carta Maior,
aqueles que lhe substituíram ou sucederam nos seis meses sendo, portanto, constitucionais.
anteriores ao pleito.
Essas restrições não são absolutas, cabendo analisar as § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante
exceções. Caso o familiar já seja detentor de mandato ele‐ a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da di‐
tivo naquele território inexistirá a restrição. Aproveitando plomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
o mesmo exemplo, se a esposa do Governador do Estado econômico, corrupção ou fraude.
X já ocupar a posição de deputada estadual, ela poderá se § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em
candidatar à reeleição, independentemente do tempo em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei,
que seu marido esteve diante do governo. se temerária ou de manifesta má-fé.
Ponto importante a se observar é que a dissolução da § 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições
sociedade conjugal não impede a presente inelegibilidade municipais as consultas populares sobre questões locais
(Súmula Vinculante nº 18), mas o falecimento do cônjuge aprovadas pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à
titular de mandato eletivo é suficiente para afastar a limita‐ Justiça Eleitoral até 90 (noventa) dias antes da data das
ção aqui analisada (STF, RE 758.461). eleições, observados os limites operacionais relativos ao

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


número de quesitos. (Incluído pela Emenda Constitucional
Jurisprudência nº 111, de 2021)
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às ques‐
Súmula Vinculante nº 18 - a dissolução da sociedade tões submetidas às consultas populares nos termos do § 12
ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a ocorrerão durante as campanhas eleitorais, sem a utilização
inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição de propaganda gratuita no rádio e na televisão. (Incluído
Federal. pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
condições: perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá I - cancelamento da naturalização por sentença tran‐
afastar-se da atividade; sitada em julgado;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
II - incapacidade civil absoluta;
pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica‐
III - condenação criminal transitada em julgado, enquan‐
mente, no ato da diplomação, para a inatividade.
to durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
Situação do Militar prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
Os militares também têm peculiaridades quando o tema
é a elegibilidade. Se o militar tiver menos de 10 anos de § 4º.
serviço, o mesmo será afastado em definitivo das suas ati‐
vidades, retornando quando deixar o mandato eletivo. Esse Cassação, Perda e Suspensão dos Direitos Políticos
foi o entendimento do STF, que, ao decidir o RE 279.469,
entendeu pela necessidade de exclusão do militar se candi‐ Os direitos políticos, muito embora essenciais ao exer‐
dato nos 10 primeiros anos de serviço. Caso tenha mais de cício da cidadania, podem acabar sendo suspensos e até
10 anos, o caso será de agregação (afastamento temporário) perdidos, como analisaremos agora. Antes de tudo, é impres‐
durante a candidatura, passando para a reserva (inatividade) cindível ter em mente que é vedada a cassação (supressão
com a sua diplomação. arbitrária) dos direitos políticos.

51
Haverá perda dos direitos políticos nas hipóteses de Fidelidade Partidária
cancelamento da naturalização por sentença transitada em
julgado ou de recusa no cumprimento de obrigação assessó‐ O Supremo Tribunal Federal, apreciando os mandados de
ria a todos impostas ou prestação alternativa. O alistamento segurança nº 26.603, 26.603 e 26.604, entendeu que os can‐
militar obrigatório é exemplo dessa segunda hipótese. Con‐ didatos eleitos não podem livremente mudar de partido após
soante aponta o art. 143, § 1º da Carta Maior, a lei poderá, empossados, resguardando-se a chamada fidelidade parti‐
em tempos de paz, atribuir serviço alternativo para aqueles dária. A eleição proporcional possui caráter eminentemente
que alegarem impeditivo de consciência (crença religiosa partidário, pois, como será visto, os eleitos não são definidos
e de convicção filosófica ou política) para se eximirem das exclusivamente por sua votação individual, dependendo di‐
atividades militares. Assim, em caso de descumprimento das retamente de sua legenda. Mudar de legenda acabaria por
obrigações assessórias fixadas, haverá a perda dos direitos criar desequilíbrio no parlamento e violar a vontade popular.
políticos. Nada obstante, no julgamento da ADI 5.081 a Corte definiu
Também há os casos de suspensão de direitos políticos: que essa obrigação somente se aplica aos cargos eleitos
incapacidade civil absoluta, condenação criminal transitada pelo princípio proporcional.
em julgado e condenação por improbidade administrativa. São dois os sistemas de eleição adotados no Brasil: majo-
ritário e proporcional. Na primeira hipótese, serão computa‐
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em dos os votos válidos de cada candidato e, assim, considerar‐
vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição -se-ão eleitos os mais votados. É o que ocorre nos cargos de
que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação Presidente, Governador, Prefeito e Senador. Já os cargos de
dada pela EC nº 4, de 1993) deputado federal, estadual e vereador são eleitos através
do princípio proporcional. Nesse caso, não são computados
Princípio da Anterioridade Eleitoral os votos de cada candidato individualmente, devendo ser,
primeiramente, definido o quociente eleitoral, através da
Por fim, o art. 16 estabelece a necessidade de que qual‐ divisão do total de votos válidos pelo número de vagas em
quer alteração referente ao processo eleitoral deverá obe‐ disputa. Após, sabendo o quociente, dividir-se-ão os votos de
decer ao princípio da anterioridade anual. Assim, somente cada partido pelo quociente eleitoral e, assim, ficará definido
poderão ser aplicadas às eleições aquelas normas em vigor o número de vagas a que cada um terá direito. (Ex.: foram
há mais de um ano do pleito. Observem que esta prerrogativa 1 milhão de votos válidos e são 20 vagas. O quociente elei‐
é considerada cláusula pétrea, tendo especial proteção na toral será 50 mil. Digamos que, do total de votos, o partido
Constituição Federal (STF, ADI 3.685). “A” obteve 550 mil, o “B” 100 mil e o “C” 350 mil. Neste
caso, os partidos A, B e C terão, respectivamente, 11, 2 e 7
vagas. Logo, independentemente da votação individual de
CAPÍTULO V
seus candidatos, essas vagas serão garantidas, o que acaba
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
por permitir que um candidato do partido “A”, v.g., mesmo
menos votado do que os candidatos do partido “B”, acabe
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
por ser eleito).
de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o
Bom, segundo a Corte Máxima, as características do sis‐
regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fun‐ tema majoritário, com sua ênfase na figura do candidato,
damentais da pessoa humana e observados os seguintes fazem com que a perda do mandato, no caso de mudança de
preceitos: partido, frustre a vontade do eleitor, que votou no indivíduo
I - caráter nacional; e não na legenda, e vulnere a soberania popular. Destarte,
II - proibição de recebimento de recursos financeiros
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

a perda de mandato por troca de partido não se aplica ao


de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação sistema majoritário.
a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; Doação por Pessoas Jurídicas
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
O art. 17, II, da CF/88, veda o recebimento de recursos por
Os partidos políticos podem ser definidos como a asso‐ entidades ou governos estrangeiros, mas nada versou sobre os
ciação de indivíduos que buscam assumir o poder e usá-lo recursos entregues por pessoas físicas em jurídicas brasileiras,
em prol dos interesses da sociedade. Em razão do poder por que restaram disciplinadas pela Lei nº 9.504/97, permitindo
eles absorvido, diversas normas foram previstas para a sua essas doações até o limite de 10% da receita bruta para pes‐
regulamentação, evitando o exercício abusivo. soas físicas (art. 23, § 1) e 2% para pessoas jurídicas (art. 81,
O Texto Maior inicia a regulamentação dos partidos po‐ § 1º). Diante dessa realidade, as doações para campanhas
líticos apontando que é livre a sua criação, fusão, incorpo‐ eleitorais, em especial por pessoas jurídicas, tornaram-se cada
ração e extinção. Destarte, fica assegurada a liberdade de vez mais corriqueiras, implicando em uma influência indireta
organização partidária, não podendo o Estado intervir nessas dessas entidades sobre o exercício da atividade política pelos
etapas, salvo se violados os critérios constitucionalmente candidatos por elas financiados. Os investimentos em campa‐
estabelecidos. Portanto, não sendo absoluta a liberdade nhas políticas são indissociáveis da ideia de possível influen‐
organizacional, a Constituição estabeleceu a necessidade de cia governamental, além de inflacionar campanhas e permitir
que sejam observadas a soberania nacional, o regime demo‐ desvios de recursos de forma ilícita.
crático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pes‐ Em decorrência dessa realidade, o Supremo tribunal Fe‐
soa humana, além de observar os seguintes preceitos: caráter deral declarou inconstitucionais os dispositivos que permi‐
nacional, proibição de recebimento de recursos financeiros tiam a doação a campanhas eleitorais por pessoas jurídicas.
de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a Restou consolidado que “o exercício de direitos políticos é
estes, prestação de contas à Justiça Eleitoral e funcionamento incompatível com as contribuições políticas de pessoas ju‐
parlamentar de acordo com a lei. Somente se preenchidos rídicas. Uma empresa pode até defender causas políticas,
todos estes critérios, a liberdade organizacional poderá ser como direitos humanos, mas há uma grande distância para
exercida de forma plena. isso justificar sua participação no processo política” (STF, ADI
Posto isso, algumas discussões são importantes de se 4.650). Após esse julgamento, a Lei nº 13.165/2015 revogou
observar aqui. os dispositivos permissivos sobre o tema.

52
Identificação de Doações Eleitorais lei, os partidos políticos que alternativamente: (Redação
dada pela EC nº 97, de 2017)
A parte final do art. 28 da Lei nº 9.504/1997, inserido I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Depu‐
pela Lei nº 13.168/2015 (minirreforma eleitoral), trouxe a tados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos,
previsão do sigilo nas doações eleitorais, apontando que as distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
mesmas deveriam ser feitas “sem individualização dos doa‐ Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos
dores”. O Supremo Tribunal Federal, analisando a ADI 5.394, votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela EC nº
entendeu por declarar inconstitucional o trecho referido, sob 97, de 2017)
o fundamento de violação aos princípios republicano e de‐ II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Fe‐
mocrático (CF, art. 1º, caput), além de representar afronta derais distribuídos em pelo menos um terço das unidades
aos postulados da moralidade e da transparência. Segundo da Federação. (Incluído pela EC nº 97, de 2017)
a Corte, o princípio republicano repele peremptoriamente
a manutenção de expedientes ocultos no que concerne ao Cláusula de Barreira
funcionamento da máquina estatal em suas mais diversas
facetas. Especificamente sob o prisma do processo eleitoral, a Por fim, a Emenda Constitucional nº 97/2017 trouxe a
divulgação dos nomes dos doadores de campanha e dos res‐ chamada cláusula de barreira, limitando o acesso ao fundo
pectivos destinatários viabiliza uma fiscalização mais eficaz partidário e às propagandas em rádio e televisão dos partidos
da necessária lisura dos processos de escolha dos detentores políticos. Somente terão acesso aos recursos aqueles que
de mandato político. obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para em pelo menos um terço das unidades da Federação, com
definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre es‐ um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada
colha, formação e duração de seus órgãos permanentes uma delas, além do que terem eleito pelo menos quinze
e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço
para adotar os critérios de escolha e o regime de suas co‐ das unidades da Federação.
ligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração
nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vincu‐ Jurisprudência
lação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer STF, ADI 5.487: As emissoras de tv e rádio têm a faculda‐
normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada de de realizar debates eleitorais. Optando, no entanto, por
pela EC nº 97, de 2017) promovê-los, têm de obedecer a diretrizes mínimas fixadas
em lei, com a finalidade de assegurar (i) o pluralismo político
Verticalização das Coligações Partidárias (democracia), (ii) a paridade de armas entre os candidatos na
disputa eleitoral (isonomia), e (iii) o direito à informação dos
eleitores (liberdade de expressão). (...) Em relação à definição
A regra da verticalização das coligações partidárias surgiu
dos participantes dos debates, é válida a fixação, por lei, de
com a interpretação dada pelo Tribunal Superior Eleitoral ao
um critério objetivo que conceda a parcela dos candidatos
art. 6º da Lei nº 9.504/1997, entendendo que as coligações
(os “candidatos aptos”) direito subjetivo à participação nos
firmadas em âmbito Federal deveriam, obrigatoriamente, ser debates, não podendo a emissora de tv ou de rádio a ele
reproduzidas nos âmbitos Estadual e Municipal, nas mesmas se opor, ainda que com a concordância de outros candida‐
eleições. Portanto, se os partidos X, Y e Z se coligassem para tos. O critério adotado pela legislação brasileira, tal como
concorrer ao cargo de Presidente da República, essa mesma

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


interpretado pelo TSE, assegura a participação nos debates
coligação deveria ser mantida nas eleições para Governador, dos candidatos de partidos ou coligações que tenham re‐
por exemplo. presentatividade mínima de dez deputados federais. Trata‐
Diante deste entendimento, o Congresso Nacional editou -se de critério razoável, coerente com as normas relativas
a Emenda Constitucional nº 52/2006, modificando a redação à propaganda eleitoral vigentes no país e que cumpre as
do art. 17, § 1º, da CF/88, para fulminar a verticalização das finalidades constitucionais acima citadas. No caso de com‐
coligações. Destarte, a partir de 2006 não há mais a obriga- petidores bem colocados nas pesquisas de intenção de voto,
toriedade da verticalização. é razoável concluir que as emissoras terão estímulos para
promover a sua inclusão, tanto como forma de aumentar a
Proibição de Coligação para Cargos Eleitos pelo Princípio audiência, quanto de garantir a credibilidade do programa.
Proporcional
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de
Em 2017 houve relevante modificação acerca do sistema organização paramilitar.
de coligações, uma vez que, através da EC nº 97, passou a ser § 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisi‐
vedada a realização de coligações para a eleição de cargos tos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e
proporcionais. Portanto, atualmente somente é admitida a facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido
reunião de partidos em eleições majoritárias. que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada
para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalida‐ e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. (In-
de jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos cluído pela EC nº 97, de 2017)
no Tribunal Superior Eleitoral. § 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais,
os Deputados Distritais e os Vereadores que se desligarem
A criação dos partidos políticos é feita através da sua do partido pelo qual tenham sido eleitos perderão o man‐
inscrição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, adquirindo dato, salvo nos casos de anuência do partido ou de outras
personalidade jurídica, e perante o Tribunal Superior Eleito‐ hipóteses de justa causa estabelecidas em lei, não compu‐
ral, formalizando sua natureza partidária. tada, em qualquer caso, a migração de partido para fins de
distribuição de recursos do fundo partidário ou de outros
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo parti‐ fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à televisão.
dário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)

53
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO O federalismo de integração é um “meio termo”. Nesta
hipótese, verifica-se a separação de competências entre as
CAPÍTULO I Unidades Federativas, mas há relevante concentração de po‐
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA deres no Governo Central. Portanto, os estados-membros
têm suas prerrogativas atenuadas, incorrendo no que se
Art. 18. A organização político-administrativa da Repú‐ chama de “federalismo meramente formal”.
blica Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, No Brasil, pode-se dizer que o federalismo é de inte-
o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos gração, uma vez que a União detém a grande maioria das
termos desta Constituição. competências administrativas e legislativas, restando aos
§ 1º Brasília é a Capital Federal. demais entes federados apenas uma pequena parcela.
Por fim, o federalismo equilíbrio representa a harmonia
Federalismo Brasileiro na repartição de competências entre as unidades políticas,
conferindo-as prerrogativas semelhantes.
O Brasil, desde 1891, adotou o regime federativo como
forma de Estado, implementando-se a chamada “descentra‐ Federalismo de Terceiro Grau
lização política”, através da qual as competências políticas, e
não meramente administrativas, foram repartidas entre os O federalismo de terceiro grau é uma peculiaridade ti-
entes da federação. Essa sistemática tem algumas classifi‐ picamente brasileira. A partir da Carta Maior de 1988 os
cações, que analisaremos agora. Municípios passaram a integrar o pacto federativo pátrio,
compondo uma terceira classe de unidades federativas. Na
Federalismo por Agregação (Movimento Centrípeto) ou 1ª classe está a União, seguida pelos Estados-membros e
Segregação (Movimento Centrífugo) pelo Distrito Federal na 2ª classe, e, a partir de 1988, os
Municípios passaram a compor a 3ª classe. Em decorrência
O federalismo por agregação, ou centrípeto, representa a desta sistemática, os entes locais se submetem tanto à Cons‐
reunião de entes, até então soberanos, que, abrindo mão de tituição Federal como às Constituições Estaduais. Portanto,
sua soberania, reúnem-se em um novo Estado (Ex.: Estados há uma dupla submissão.
Unidos). No federalismo por segregação, ou centrífugo, há o
movimento inverso, uma vez que o Estado-soberano é repar‐ Capital Federal
tido em diversos estados-membros, dotados de autonomia,
mas não de soberania (Ex.: Brasil). É importante ressaltar que até 1960 a Capital nacional
passou por Salvador/BA e Rio de Janeiro/RJ, quando se mu‐
Dica! Candidatos, quanto ao federalismo centrífugo, dou para Brasília/DF.
lembrem da máquina de lavar roupas. A centrifugação
das roupas nada mais é do que expulsar a água de seu Autonomia dos Entes Federados
interior. Ou seja, movimento de dentro para fora.
A adoção da forma federativa pressupõe, entre outros
Federalismo Dual ou Cooperativo
requisitos, que os entes federados tenham liberdade para
disciplinar o modo de vida em seus territórios. Essa autono-
Quanto à repartição de competências, o federalismo
mia conferida às unidades federativas se divide em quatro
poderá ser dual ou cooperativo. No primeiro haverá uma
espécies:
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

rígida repartição de competências, de modo que cada ente


federado terá atuação separada e independente, inexistindo • Autonomia política (autogoverno): representa a ca‐
colaboração ou cooperação recíproca. No sistema coopera‐ pacidade para a escolha dos seus governantes, sem
tivo, adotado no Brasil, há convergência de competências qualquer interferência das demais unidades federadas.
entre as unidades políticas. Como veremos adiante, a Carta O autogoverno permite a existência de órgãos governa‐
Maior estabelece espaços de competências comuns (CF, art. mentais próprios, sendo fundamento justificador para
23) e concorrentes (CF, art. 24), sobre as quais mais de um a implementação da tripartição do poder (legislativo,
ente federado poderá versar. executivo e judiciário);
• Auto-organização: outorga às entidades políticas o di‐
Federalismo Simétrico ou Assimétrico reito de elaborar suas próprias Constituições (ou Lei
Orgânica, no caso do Distrito Federal);
O federalismo simétrico considera a existência de ho‐ • Autolegislação: complementando a anterior, a auto‐
mogeneidade social, econômica, política, cultural e geográ‐ legislação admite que os entes públicos elaborem leis
fica, entre as unidades federativas, havendo a repartição de próprias, que regulamentarão a vida em seu território;
competências de modo paritário. No sistema assimétrico são • Autoadministração: por fim, há a autoadministração,
estabelecidas diferenças entre cada unidade federativa, e, que outorga competência administrativa e tributária
por conseguinte, a separação das competências é feita de às entidades políticas, servindo de instrumento para o
moco a corrigir estas distorções. pleno exercício dos direitos políticos e organizacionais.
No Brasil, a doutrina aponta que há um “erro de sime‐
tria”, uma vez que todos entes federados são considerados Jurisprudência
de modo uniforme em sua representação perante o Senado
Federal (3 membros), mesmo existindo as mais profundas STF, ADI 692: AUTONOMIA MUNICIPAL. Viola a autono‐
diferenças socioeconômicas entre as unidades federativas. mia dos Municípios (art. 29, IV, da CF/1988) lei estadual que
fixa número de vereadores ou a forma como essa fixação
Federalismo Orgânico, de Integração e Equilíbrio deve ser feita.

No federalismo orgânico os Estados-membros são sim‐ § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua cria‐
ples reflexos do poder central. Neste caso, não há autonomia ção, transformação em Estado ou reintegração ao Estado
dos estados-membros. O poder central disciplina tudo. de origem serão reguladas em lei complementar.

54
A disciplina dos Territórios Federais está contida no art. Formação dos Estados
33 da Carta Maior, lá sendo analisada.
Observação: Diante da correlação entre os dispositivos,
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir‐ optamos por analisar os arts. 234 e 235 da Carta Maior
-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou forma‐ juntamente com o §3º, do art. 18.
rem novos Estados ou Territórios Federais, mediante apro‐
vação da população diretamente interessada, através de No pacto federativo é vedado o direito de secessão, isto é,
plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. nenhum ente federado poderá se retirar do pacto federativo.
Essa é a aplicação do princípio da indissolubilidade do Fede‐
ração. Sem embargo, nada impede que os Estados-membros
Art. 234. É vedado à União, direta ou indiretamente,
se incorporem entre si, subdividam-se ou desmembrem-se
assumir, em decorrência da criação de Estado, encargos
para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou
referentes a despesas com pessoal inativo e com encargos e Territórios Federais. Para estas operações, faz-se necessário
amortizações da dívida interna ou externa da administração observar alguns requisitos, abaixo apreciados.
pública, inclusive da indireta.
Fusão, Cisão e Desmembramento
Art. 235. Nos dez primeiros anos da criação de Estado,
serão observadas as seguintes normas básicas: Quando os Estados-membros decidem se incorporar en‐
I - a Assembleia Legislativa será composta de dezessete tre si, haverá uma fusão. Este processo resultará na extinção
Deputados se a população do Estado for inferior a seiscen‐ dos Estados anteriores e na criação de uma nova unidade
tos mil habitantes, e de vinte e quatro, se igual ou superior federativa. A cisão representa a divisão de um ente político,
a esse número, até um milhão e quinhentos mil; formando-se duas novas entidades políticas, com a extinção
II - o Governo terá no máximo dez Secretarias; do ente antecedente. Já o desmembramento configura o
III - o Tribunal de Contas terá três membros, nomeados, desprendimento de parcela territorial de um Estado-membro
pelo Governador eleito, dentre brasileiros de comprovada para que haja a criação de nova unidade federativa (desmem‐
idoneidade e notório saber; bramento-formação) ou para que a parte separada seja ane‐
xada a outro ente federado (desmembramento-anexação).
IV - o Tribunal de Justiça terá sete Desembargadores;
V - os primeiros Desembargadores serão nomeados Requisitos para Formação dos Estados-Membros:
pelo Governador eleito, escolhidos da seguinte forma: • Plebiscito: antes da criação de novo Estado deverá ser
a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta e realizado plebiscito, ouvindo as populações diretamen‐
cinco anos de idade, em exercício na área do novo Estado te interessadas (CF, art. 18, §3º);
ou do Estado originário; • Lei complementar Federal: a criação dos territórios
b) dois dentre promotores, nas mesmas condições, e demanda a edição de lei complementar (CF, art. 18,
advogados de comprovada idoneidade e saber jurídico, com §2º);
dez anos, no mínimo, de exercício profissional, obedecido • Audiência das assembleias Legislativas: o Congresso
o procedimento fixado na Constituição; Nacional, ao processar a Lei Complementar federal
VI - no caso de Estado proveniente de Território Federal, procederá à oitiva das Assembleias Legislativas, que
os cinco primeiros Desembargadores poderão ser escolhi‐ emitirão parecer de caráter não vinculativo.
dos dentre juízes de direito de qualquer parte do País;

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


VII - em cada Comarca, o primeiro Juiz de Direito, o População diretamente interessada: é imprescindível a
primeiro Promotor de Justiça e o primeiro Defensor Públi‐ consulta a toda a população afetada pela modificação terri‐
torial, o que, no caso de desmembramento, deve envolver
co serão nomeados pelo Governador eleito após concurso
tanto a população do território a ser desmembrado, quanto
público de provas e títulos;
a do território remanescente. (STF, ADI 2.650)
VIII - até a promulgação da Constituição Estadual, res‐
ponderão pela Procuradoria-Geral, pela Advocacia-Geral Características básicas dos novos Estados-membros:
e pela Defensoria-Geral do Estado advogados de notório Após a aprovação da lei complementar criando o novo
saber, com trinta e cinco anos de idade, no mínimo, no‐ Estado-membro, algumas regras deverão ser obedecidas,
meados pelo Governador eleito e demissíveis “ad nutum”; como se desprende do art. 235 da CF/1988.
IX - se o novo Estado for resultado de transformação Durante os 10 anos seguintes à criação da unidade fede-
de Território Federal, a transferência de encargos financei‐ rativa, os seguintes limites deverão ser observados:
ros da União para pagamento dos servidores optantes que • Legislativo: 17 deputados (para entes com até 600 mil
pertenciam à Administração Federal ocorrerá da seguinte habitantes) ou 24 (superior a 600 mil e inferior a 1
forma: milhão e 500 mil habitantes);
a) no sexto ano de instalação, o Estado assumirá vinte • Governo: Máximo 10 secretarias;
por cento dos encargos financeiros para fazer face ao pa‐ • Tribunal de Contas: 3 membros;
gamento dos servidores públicos, ficando ainda o restante • Tribunal de Justiça: 7 membros;
sob a responsabilidade da União; • Primeiros Desembargadores: serão escolhidos pelo
Governador (5 entre magistrados com mais de 35 anos
b) no sétimo ano, os encargos do Estado serão acresci‐
e 2 entre promotores e advogados com mais de 10 anos
dos de trinta por cento e, no oitavo, dos restantes cinquenta de profissão). Se o Estado for proveniente de Território
por cento; Federal, os 5 primeiros Desembargadores poderão ser
X - as nomeações que se seguirem às primeiras, para escolhidos dentre juízes de direito de qualquer parte
os cargos mencionados neste artigo, serão disciplinadas na do País;
Constituição Estadual; • Primeiros juízes de direito, promotores de justiça e
XI - as despesas orçamentárias com pessoal não pode‐ defensores públicos: serão nomeados pelo Governa‐
rão ultrapassar cinquenta por cento da receita do Estado. dor eleito após concurso público de provas e títulos.

55
• PGJ, PGE e DPE: enquanto não promulgada a Constitui‐ de São Paulo”. Exigência que não se coaduna com os arts.
ção Estadual, os cargos de Procurador-Geral de Justiça, 19, III, e 37, XXI, da CF. (...) Consoante a jurisprudência fir‐
Procurador-Geral do Estado e de Defensor Público Ge‐ mada na Corte no exame de situações similares, o diploma
ral serão ocupados por advogados com notório saber em epígrafe ofende, ainda, a vedação a que sejam criadas
e mais de 35 anos, nomeados pelo Governador. distinções entre brasileiros ou preferências entre os entes da
• Demais nomeações: seguirão o que for determinado Federação constante do art. 19, III, da CF/1988.
na Constituição Estadual.
• Despesas com pessoal: não poderão ultrapassar 50% CAPÍTULO II
das receitas do Estado DA UNIÃO

§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmem‐ Art. 20. São bens da União:


bramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem
do período determinado por Lei Complementar Federal, a ser atribuídos;
e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos fronteiras, das fortificações e construções militares, das
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publica‐ vias federais de comunicação e à preservação ambiental,
dos na forma da lei. (Redação dada pela EC nº 15, de 1996) definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
Formação dos Municípios terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Es‐
tado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam
A formação dos Municípios apresenta alguns requisitos a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os
a mais do que o procedimento nos Estados, como passamos terrenos marginais e as praias fluviais;
a analisar. IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as
costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
Requisitos para formação dos Municípios:
Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço pú‐
• Lei complementar Federal permissiva: somente po‐
blico e a unidade ambiental federal, e as referidas no art.
derão ser criados Município durante período a ser de‐
26, II; (Redação dada pela EC nº 46, de 2005)
terminado em Lei Complementar federal. Inexistindo
V - os recursos naturais da plataforma continental e da
a norma, será inconstitucional a formação de novas zona econômica exclusiva;
unidades municipais; VI - o mar territorial;
• Estudo de Viabilidade Municipal: antes de a criação VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
ser submetida a consulta popular, deverá ser realizado VIII - os potenciais de energia hidráulica;
estudo de viabilidade municipal. IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
• Plebiscito: diante do estudo de viabilidade, deverá ser X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arque‐
realizado plebiscito, ouvido as populações diretamente ológicos e pré-históricos;
interessadas; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
• Lei Estadual: por fim, o processo será submetido à § 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Es‐
apreciação da Assembleia Legislativa, que editará Lei tados, ao Distrito Federal e aos Municípios a participação
Estadual (não precisa ser lei complementar), criando no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

a nova unidade federativa. recursos hídricos para fins de geração de energia elétric
a e de outros recursos minerais no respectivo território,
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fe‐ plataforma continental, mar territorial ou zona econômica
deral e aos Municípios: exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná‐ (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019)
-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles (Produção de efeito)
ou seus representantes relações de dependência ou alian‐ § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de
ça, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como
público; faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa
II - recusar fé aos documentos públicos; do território nacional, e sua ocupação e utilização serão
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências reguladas em lei.
entre si.
Bens da União
Jurisprudência
O texto do art. 20 é autoexplicativo. Nada obstante, al‐
STF, ADPF 54: O Brasil é uma república laica, surgindo gumas definições devem ser feitas.
absolutamente neutro quanto às religiões. • Terras devolutas: serão devolutas aquelas áreas que
STF, ADI 3.583: LICITAÇÕES. RESTRIÇÃO. VIOLAÇÃO À não estejam direcionadas à utilização pública nem in‐
ISONOMIA. É inconstitucional a lei estadual que estabeleça corporadas ao domínio privado.
como condição de acesso a licitação pública, para aquisição • Mar territorial: “faixa de doze milhas marítima de lar‐
de bens ou serviços, que a empresa licitante tenha a fábrica gura, medidas a partir da linha de baixa-mar do lito‐
ou sede no Estado-membro. ral continental e insular, tal como indicada nas cartas
STF, RE 668.810 AgR: LICITAÇÕES. RESTRIÇÃO. VIOLAÇÃO náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente
À ISONOMIA. Lei do Município de São Paulo 13.959/2005, no Brasil”. (art. 1º da Lei nº 8.617/1993)
a qual exige que “os veículos utilizados para atender con‐ • Área contígua: “faixa que se estende das doze às vinte
tratos estabelecidos com a Administração Municipal, Direta e quatro milhas marítimas, contadas a partir das linhas
e Indireta, devem, obrigatoriamente, ter seus respectivos de base que servem para medir a largura do mar ter‐
Certificados de Registro de Veículos expedidos no Município ritorial”. (art. 1º da Lei nº 8.617/1993)

56
• Plataforma continental: “compreende o leito e o sub‐ temas em que mais de um ente federado terá legitimidade
solo das áreas submarinas que se estendem além do para intervir e disciplinar. Neste caso, há certa subordinação
seu mar territorial, em toda a extensão do prolonga‐ entre as unidades federativas.
mento natural de seu território terrestre, até o bordo
exterior da margem continental, ou até uma distância Modelo Horizontal
de duzentas milhas marítimas das linhas de base, a par‐
tir das quais se mede a largura do mar territorial, nos O modelo horizontal afasta a possibilidade de concor‐
casos em que o bordo exterior da margem continental rência de competências entre os entes federativos. Segundo
não atinja essa distância”. (art. 1º da Lei nº 8.617/1993) Gilmar Mendes20, essa técnica pode ocorrer de três modos:
• Zona econômica exclusiva: “faixa que se estende das com o estabelecimento, taxativo das competências de cada
doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir Unidade Federativa; com o estabelecimento das competên‐
das linhas de base que servem para medir a largura do cias da União, restando aos Estados as demais; ou com a
mar territorial”. (art. 1º da Lei nº 8.617/1993) definição das competências dos Estados, sendo o restante
• Terras tradicionalmente ocupadas pelos índios: o art. acometido à União.
231, §1º, da CF/1988, define como terras tradicional‐
mente ocupadas pelos índicos aquelas “por eles habi‐ Espécies de Competências na CF/1988
tadas em caráter permanente, as utilizadas para suas
atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação Competências Exclusivas (CF, art. 21)
dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar
e as necessárias à sua reprodução física e cultural, se‐ São competências administrativas atribuídas SOMENTE à
gundo seus usos, costumes e tradições”. União. Não há previsão de sua delegação aos demais entes
federados, mesmo que parcialmente.
Jurisprudência
Competências Privativas (CF, art. 22)
STF, Súmula 650: Os incisos I e XI do art. 20 da Constitui‐
ção Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, Aqui estão as competências LEGISLATIVAS atribuídas SO‐
ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto. MENTE à União. Nada obstante, poderá haver sua delegação
STF, Súmula 479: As margens dos rios navegáveis são de aos Estados mediante lei complementar, para que legislem
domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso sobre pontos específicos dos temas elencados nestes dis‐
mesmo, excluídas de indenização. positivos.
STF, Súmula 480: Pertencem ao domínio e administração
da União, nos termos dos arts. 4º, IV, e 186, da Constituição Competências Comuns (CF, art. 23)
Federal de 1967, as terras ocupadas por silvícolas.
STF, Súmula 477: As concessões de terras devolutas si‐ As competências comuns são deveres ADMINISTRATI‐
tuadas na faixa de fronteira, feitas pelos estados, autorizam, VOS de TODOS os entes federados (União, Estados, Distrito
apenas, o uso, permanecendo o domínio com a União, ainda Federal e Municípios).
que se mantenha inerte ou tolerante, em relação aos pos‐ A União será responsável por, através de lei complemen‐
suidores. tar, disciplinar as normas de cooperação entre as entidades
STJ, Súmula 496: Os registros de propriedade particular políticas.
de imóveis situados em terrenos de marinha não são opo‐

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


níveis à União. Competências Concorrentes (CF, art. 24)

Das Competências Constitucionais Por fim, as competências concorrentes são atribuições


LEGISLATIVAS acometidas à UNIÃO, ESTADOS e ao DISTRITO
A separação de competências é elemento fundamental FEDERAL. Cuidado – não fala nos Municípios. Isso era muito
do pacto federativo, assegurando direitos e deveres para cobrado em concursos públicos. No entanto, recentemen‐
cada entidade política. Esta divisão foi feita através do prin- te houve a edição da Emenda Constitucional nº 85/2015
cípio da predominância do interesse, conferindo à União prevendo a competência concorrente de Estados, Distrito
as competências de interesse nacional, aos Estados as de Federal e Municípios no que tange ao Sistema Nacional de
escopo regional e aos Municípios aquelas de interesse lo‐ Ciência, Tecnologia e Inovação – SNCTI (CF, art. 219-B, § 2º).
cal. O Distrito Federal, por não ser dividido em Municípios, Portanto, hoje em dia é errado falar que os Municípios não
cumula as competências regionais e locais. possuem mais competência concorrente.
Nos próximos quatro artigos veremos como o legislador A competência concorrente pose ser dividida em cumu-
estabeleceu a distribuição de competências entre os entes lativa e não cumulativa. Na primeira hipótese não há limites
federados. Muito embora haja uma grande concentração de previamente definidos para a atuação dos entes federados.
competências entre os artigos 21 e 24, é importante salientar Já na competência concorrente não cumulativa, os limites
que o rol neles inserto é exemplificativo. Há definição de são predeterminados, sabendo-se de antemão a esfera de
competências esparsa por toda a Constituição, como, por atuação de cada entidade política. O Brasil adotou o sistema
exemplo, as competências tributárias, prevista nos arts. 153 não cumulativo.
(União), 155 (Estados) e 156 (Municípios).
Art. 21. Compete à União:
Modelos de Repartição de Competências I - manter relações com Estados estrangeiros e partici‐
par de organizações internacionais;
Modelo Vertical II - declarar a guerra e celebrar a paz;

O modelo vertical de repartição de competências é ado‐ 20


MENDES, Gilmar Ferreira, BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito
tado nos arts. 23 e 24 da Constituição Federal, pois prevê constitucional – 12. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2017. p. 731.

57
III - assegurar a defesa nacional; a competência privativa da União legislar sobre telecomu‐
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, nicações.
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
ou nele permaneçam temporariamente; XII - explorar, diretamente ou mediante autorização,
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a concessão ou permissão:
intervenção federal; a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e ima‐
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de gens; (Redação dada pela EC nº 8, de 15/8/1995)
material bélico; b) os serviços e instalações de energia elétrica e o apro‐
veitamento energético dos cursos de água, em articulação
Jurisprudência com os Estados onde se situam os potenciais hidroener‐
géticos;
STF, ADI 3.258: A competência exclusiva da União para c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura
legislar sobre material bélico, complementada pela com‐ aeroportuária;
petência para autorizar e fiscalizar a produção de material d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
bélico, abrange a disciplina sobre a destinação de armas entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que trans‐
apreendidas e em situação irregular. ponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e
VII - emitir moeda; internacional de passageiros;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
as operações de natureza financeira, especialmente as de
crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros Jurisprudência
e de previdência privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de STF, ADI 2.404: O exercício da liberdade de programa‐
ordenação do território e de desenvolvimento econômico ção pelas emissoras impede que a exibição de determinado
e social; espetáculo dependa de ação estatal prévia. A submissão
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; ao Ministério da Justiça ocorre, exclusivamente, para que
a União exerça sua competência administrativa prevista no
Jurisprudência inciso XVI do art. 21 da Constituição, qual seja, classificar,
para efeito indicativo, as diversões públicas e os programas
STF, ADPF 46: A Constituição do Brasil confere à União, de rádio e televisão, o que não se confunde com autorização.
em caráter exclusivo, a exploração do serviço postal e o cor‐
reio aéreo nacional (art. 21, X). O serviço postal é prestado XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério
pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), em‐ Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria
presa pública, entidade da administração indireta da União, Pública dos Territórios; (Redação dada pela EC nº 69, de
criada pelo DL 509, de 10-3-1969. 2012)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal,
a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização,
Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito
concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações,
Federal para a execução de serviços públicos, por meio de
nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos
fundo próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos


nº 104, de 2019)
institucionais; (Redação dada pela EC nº 8, de 15/8/1995)
Jurisprudência
Jurisprudência
Súmula Vinculante nº 39 - Compete privativamente à
STF, 5.253 (NOVIDADE - 2016): A Lei nº 13.189, de 4 União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias
de julho de 2014, do Estado da Bahia, ao criar obrigação civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito
para as operadoras do serviço móvel pessoal, consistente Federal.
na instalação e na manutenção de bloqueadores de sinais
de radiocomunicações (BSR) nos estabelecimentos penais de XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatís‐
todo o Estado, com o objetivo de impedir a comunicação por tica, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
telefones móveis no interior dos referidos estabelecimentos, XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
dispôs a respeito de serviços de telecomunicações, matéria diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
da competência legislativa privativa da União, na forma do XVII - conceder anistia;
art. 22, IV, da CF. XVIII - planejar e promover a defesa permanente con‐
STF, ADI 5.569: Ao obrigar as empresas prestadoras de tra as calamidades públicas, especialmente as secas e as
serviço de internet móvel e de banda larga, na modalidade inundações;
pós-paga, a apresentar ao consumidor, na fatura mensal, XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de
gráficos informando a velocidade diária média de envio e de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos
recebimento de dados entregues no mês, a Lei nº 4.824/2016 de seu uso;
do Estado de Mato Grosso do Sul, a pretexto de tutelar inte‐ XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urba‐
resses consumeristas, altera, no tocante às obrigações das no, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
empresas prestadoras, o conteúdo dos contratos administra‐ urbanos;
tivos firmados no âmbito federal para a prestação do serviço XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
público de telefonia, perturbando o pacto federativo. nacional de viação;
STF, ADI 4.083: A Lei distrital nº 4.116/2008 proíbe as XXII - executar os serviços de polícia marítima, aero‐
empresas de telecomunicações de cobrarem taxas para a portuária e de fronteiras; (Redação dada pela EC nº 19,
instalação do segundo ponto de acesso à internet, violando de 1998)

58
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de União, que não se confunde com matéria procedimental em
qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a matéria processual, essa, sim, de competência concorrente
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a dos Estados-membros.
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus STF, ADI 2.947: Matéria concernente a relações de traba‐
derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: lho. Usurpação de competência privativa da União. Ofensa
a) toda atividade nuclear em território nacional somen‐ aos arts. 21, XXIV, e 22, I, da CF. Vício formal caracterizado.
te será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação (...) É inconstitucional norma do Estado ou do Distrito Federal
do Congresso Nacional; que disponha sobre proibição de revista íntima em empre‐
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comer‐ gados de estabelecimentos situados no respectivo território.
cialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e STF, ADI 2.832: lei paranaense que assegura ao consumi‐
usos médicos, agrícolas e industriais; (Redação dada pela dor o direito de obter informações sobre produtos combustí‐
EC nº 49, de 2006) veis. Não há usurpação de competência da União para legislar
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, sobre direito comercial e comércio interestadual porque o
comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida ato normativo impugnado buscou, tão somente, assegurar
igual ou inferior a duas horas; (Redação dada pela EC nº a proteção ao consumidor.
49, de 2006) STF, ADI 2.487: A Lei nº 11.562/2000, não obstante o lou‐
d) a responsabilidade civil por danos nucleares inde‐ vável conteúdo material de combate à discriminação contra
pende da existência de culpa; (Redação dada pela EC nº a mulher no mercado de trabalho, incide em inconstitucio‐
49, de 2006) nalidade formal, por invadir a competência da União para
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do tra‐ legislar sobre direito do trabalho.
balho; STF, RE 632.713 AgR: A competência legislativa atribuída
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exer‐ aos Municípios se restringe a seus servidores estatutários.
cício da atividade de garimpagem, em forma associativa. Não abrange ela os empregados públicos, porque estes es‐
tão submetidos às normas de direito do trabalho, que, nos
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: termos do inciso I do art. 22 da CF, são de competência pri‐
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, vativa da União.
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
II - desapropriação;
Jurisprudência
Jurisprudência
STF, ADI 451 (NOVIDADE - 2018): Lei estadual que impõe
a prestação de serviço segurança em estacionamento a toda STF, ADI 969: É inconstitucional, por invadir a competên‐
pessoa física ou jurídica que disponibilize local para estacio‐ cia legislativa da União e violar o princípio da separação dos
namento é inconstitucional, quer por violação à competência poderes, norma distrital que submeta as desapropriações,
privativa da União para legislar sobre direito civil, quer por no âmbito do Distrito Federal, à aprovação prévia da Câmara
violar a livre iniciativa. (...) Lei estadual que impõe a utilização Legislativa do Distrito Federal.
de empregados próprios na entrada e saída de estacionamen‐
to, impedindo a terceirização, viola a competência privativa III - requisições civis e militares, em caso de iminente
da União para legislar sobre direito do trabalho. perigo e em tempo de guerra;
STF, ADI 4.701: Afronta a regra de competência privativa

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
da União para legislar sobre direito civil e comercial, e sobre radiodifusão;
política de seguros (CF, art. 22, I e VII, respectivamente), a
norma estadual que determina prazos máximos para a auto‐ Dica! Candidatos, quase tudo em Direito Ambiental é de
rização de exames, que necessitem de análise prévia, a serem competência comum ou concorrente. Mas notem que
cumpridos por empresas de planos de saúde, de acordo com somente a União pode dispor sobre águas. É competên‐
a faixa etária do usuário. cia privativa.
STF, ADI 4.161: Lei nº 6.816/2007 de Alagoas, instituin‐
do depósito prévio de 100% do valor da condenação para Jurisprudência
a interposição de recurso nos juizados especiais cíveis do
Estado. Inconstitucionalidade formal: competência privativa STF, ADI 3.558: as Leis fluminenses nºs 3.915/2002 e
da União para legislar sobre matéria processual. Art. 22, I, 4.561/2005, ao obrigarem as concessionárias dos serviços
da Constituição da República. de telefonia fixa, energia elétrica, água e gás a instalar me‐
STF, ADI 3.483: Lei nº 7.716/2001 do Estado do Mara‐ didores de consumo, intervêm na relação firmada entre a
nhão. Fixação de nova hipótese de prioridade, em qualquer União e suas concessionárias, pelo que contrariam os arts.
instância, de tramitação processual para as causas em que 21, XI e XII, b; e 22, IV, da Constituição da República.
for parte mulher vítima de violência doméstica. Vício formal.
(...) A definição de regras sobre a tramitação das demandas V - serviço postal;
judiciais e sua priorização, na medida em que reflete parte VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias
importante da prestação da atividade jurisdicional pelo Esta‐ dos metais;
do, é aspecto abrangido pelo ramo processual do direito, cuja VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência
positivação foi atribuída pela CF privativamente à União (art. de valores;
22, I, da CF/1988). A lei em comento, conquanto tenha alta VIII - comércio exterior e interestadual;
carga de relevância social, indubitavelmente, ao pretender
tratar da matéria, invadiu esfera reservada da União para Jurisprudência
legislar sobre direito processual. A fixação do regime de tra‐
mitação de feitos e das correspondentes prioridades é maté‐ STF, ADI 3.813: É formalmente inconstitucional a lei esta‐
ria eminentemente processual, de competência privativa da dual que cria restrições à comercialização, à estocagem e ao

59
trânsito de produtos agrícolas importados no Estado, ainda XVII - organização judiciária, do Ministério Público do
que tenha por objetivo a proteção da saúde dos consumido‐ Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos
res diante do possível uso indevido de agrotóxicos por outros Territórios, bem como organização administrativa destes;
países. A matéria é predominantemente de comércio exterior (Redação dada pela EC nº 69, de 2012)
e interestadual, sendo, portanto, de competência privativa XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
da União (CF, art. 22, VIII). geologia nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
IX - diretrizes da política nacional de transportes; poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
Jurisprudência
Jurisprudência
STF, ADI 3.671 MC: Competências legislativas exclusivas
da União. Ofensa aparente ao art. 22, I e XI, da CF. (...) Aparen‐ Súmula Vinculante nº 2: É inconstitucional a lei ou ato
ta inconstitucionalidade, para efeito de liminar, a lei distrital normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas
ou estadual que dispõe sobre obrigatoriedade de equipar de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.
ônibus usados no serviço público de transporte coletivo com
dispositivos redutores de estresse a motoristas e cobradores XXI - normas gerais de organização, efetivos, material
e de garantir-lhes descanso e exercícios físicos. bélico, garantias, convocação, mobilização, inatividades e
STF, ADI 3.625: É inconstitucional a lei distrital que torna pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros
obrigatória, sob pena pecuniária a ser definida pelo Poder militares;   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Executivo, a iluminação interna dos veículos fechados, no 103, de 2019);
período das dezoito às seis horas, quando se aproximem de XXII - competência da polícia federal e das polícias rodo‐
blitz ou barreira policial. viária e ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, ma‐
rítima, aérea e aeroespacial; Dica! Candidatos, tomem cuidado com este inciso, pois
XI - trânsito e transporte; seguridade social é de competência privativa da União.
Já previdência social é de competência concorrente (CF,
Jurisprudência art. 24, XII).

STF, ADI 2.960: Inconstitucionalidade formal da Lei nº XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
10.521/1995 do Estado do Rio Grande do Sul, a qual dispõe
sobre a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança e pro‐ Jurisprudência
íbe os menores de dez anos de viajar nos bancos dianteiros
dos veículos que menciona. STF, ADI 4.720: A internalização de títulos acadêmicos de
STF, ADI 2.137: Lei nº 3.279/1999 do Estado do Rio de Ja‐ mestrado e doutorado expedidos por instituições de ensino
neiro, que dispõe sobre o cancelamento de multas de trânsito superior estrangeiras há de ter tratamento uniforme em todo
anotadas em rodovias estaduais em certo período relativas o Estado brasileiro, devendo ser regulamentada por normas
a determinada espécie de veículo. Inconstitucionalidade de caráter nacional. A Lei roraimense nº 748/2009 macula-se
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

formal. (...) O cancelamento de toda e qualquer infração é por inconstitucionalidade formal, pela usurpação de com‐
anistia, não podendo ser confundido com o poder administra‐ petência privativa da União para legislar sobre diretrizes e
tivo de anular penalidades irregularmente impostas, o qual bases da educação nacional.
pressupõe exame individualizado. Somente a própria União
pode anistiar ou perdoar as multas aplicadas pelos órgãos XXV - registros públicos;
responsáveis, restando patente a invasão da competência XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
privativa da União no caso em questão. XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em
STF, ADI 3.679: Lei distrital nº 3.787, de 2/2/2006, que todas as modalidades, para as administrações públicas di‐
cria, no âmbito do Distrito Federal, o sistema de moto-service retas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
– transporte remunerado de passageiros com uso de moto‐ Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI,
cicletas: inconstitucionalidade declarada por usurpação da e para as empresas públicas e sociedades de economia
competência privativa da União para legislar sobre trânsito mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela
e transporte (CF, art. 22, XI). EC nº 19, de 1998)
STF, ADI 3.055: Lei nº 11.766, de 1997, do Estado do
Paraná, que torna obrigatório a qualquer veículo automotor Dica! Candidatos, somente será competência privativa
transitar permanentemente com os faróis acesos nas rodo‐ da União legislar sobre normas gerais. Logo, os conteú‐
vias do Estado do Paraná, impondo a pena de multa aos dos não enquadrados como gerais poderão ser tutelados
que descumprirem o preceito legal: inconstitucionalidade, pelos demais entes federados.
porque a questão diz respeito ao trânsito.
Jurisprudência
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e meta‐
lurgia; STF, ADI 3.735: EXIGENCIA DE CERTIDÃO DE NÃO VIO‐
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; LAÇÃO AOS DIREITOS DO CONSUMIDOR. NORMA GERAL.
XIV - populações indígenas; INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL. A igualdade
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e ex‐ de condições dos concorrentes em licitações, embora seja
pulsão de estrangeiros; enaltecida pela Constituição (art. 37, XXI), pode ser relativi‐
XVI - organização do sistema nacional de emprego e zada por duas vias: (a) pela lei, mediante o estabelecimento
condições para o exercício de profissões; de condições de diferenciação exigíveis em abstrato; e (b)

60
pela autoridade responsável pela condução do processo li‐ I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das ins‐
citatório, que poderá estabelecer elementos de distinção tituições democráticas e conservar o patrimônio público;
circunstanciais, de qualificação técnica e econômica, sem‐ II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e
pre vinculados à garantia de cumprimento de obrigações garantia das pessoas portadoras de deficiência;
específicas. Somente a lei federal poderá, em âmbito geral, III - proteger os documentos, as obras e outros bens
estabelecer desequiparações entre os concorrentes e assim de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
restringir o direito de participar de licitações em condições paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
de igualdade. Ao direito estadual (ou municipal) somente IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracteriza‐
será legítimo inovar neste particular se tiver como objetivo ção de obras de arte e de outros bens de valor histórico,
estabelecer condições específicas, nomeadamente quando artístico ou cultural;
relacionadas a uma classe de objetos a serem contratados
ou a peculiares circunstâncias de interesse local. Ao inse‐ Jurisprudência
rir a Certidão de Violação aos Direitos do Consumidor no
rol de documentos exigidos para a habilitação, o legislador STF, ADI 3.338: Instituição do Programa de Inspeção
estadual se arvorou na condição de intérprete primeiro do e Manutenção de Veículos em uso no âmbito do Distrito
direito constitucional de acesso a licitações e criou uma pre‐ Federal. (...) O ato normativo impugnado não dispõe sobre
sunção legal, de sentido e alcance amplíssimos, segundo a trânsito ao criar serviços públicos necessários à proteção
qual a existência de registros desabonadores nos cadastros do meio ambiente por meio do controle de gases poluentes
públicos de proteção do consumidor é motivo suficiente para emitidos pela frota de veículos do Distrito Federal. A ale‐
justificar o impedimento de contratar com a administração gação do requerente de afronta ao disposto no art. 22, XI,
local. Ao dispor nesse sentido, a Lei estadual nº 3.041/2005 da Constituição do Brasil não procede. A lei distrital apenas
se dissociou dos termos gerais do ordenamento nacional de regula como o Distrito Federal cumprirá o dever-poder que
licitações e contratos e, com isso, usurpou a competência lhe incumbe – proteção ao meio ambiente. O Distrito Federal
privativa da União de dispor sobre normas gerais na matéria possui competência para implementar medidas de proteção
(art. 22, XXVII, da CF/1988). ao meio ambiente, fazendo-o nos termos do disposto no art.
23, VI, da Constituição do Brasil/1988.
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa
marítima, defesa civil e mobilização nacional; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à edu‐
XXIX - propaganda comercial. cação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os (Redação dada pela EC nº 85, de 2015)
Estados a legislar sobre questões específicas das matérias VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição
em qualquer de suas formas;
relacionadas neste artigo.
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o
Como vimos até aqui, as competências insertas no art. abastecimento alimentar;
22 são privativas da União, não cabendo aos demais entes IX - promover programas de construção de moradias e
federados dispor sobre os conteúdos lá previstos. Todavia, a melhoria das condições habitacionais e de saneamento
isso não impede que a União autorize a atuação das outras básico;
unidades federativas, desde que observados os seguintes X - combater as causas da pobreza e os fatores de mar‐
requisitos: ginalização, promovendo a integração social dos setores

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


• Requisito Formal: Lei Complementar. Somente através desfavorecidos;
de Lei Complementar poderá ser feita a delegação, XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
restando inviável o uso, v.g., de Lei Ordinária e Medida direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e
Provisória. minerais em seus territórios;
• Requisito Material: Somente poderão ser delegadas XII - estabelecer e implantar política de educação para
questões específicas das matérias constantes no art. a segurança do trânsito.
22. Logo, não pode a União, por exemplo, autorizar que
os demais entes políticos legislem integralmente sobre Dica! Candidatos, cuidado com o presente inciso, pois
trânsito e transporte (inciso XI). A delegação poderá será competência privativa da União legislar sobre trân‐
versar exclusivamente sobre questões pontuais sobre sito de modo geral (CF, arts. 21, IX e XI). Nada obstante,
o tema. a competência será concorrente quando estivermos fa‐
• Requisito Implícito: Isonomia. Não pode a União per‐ lando em “estabelecer e implantar política de educação
mitir somente que um ente federado legisle nos termos para segurança do trânsito”.
do art. 22, parágrafo único. Logo, dando permissão a
um Estado-membro, deverá dar a todos os demais. Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas
para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
Distrito Federal e Municípios podem receber a delega-
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (Re-
ção do art. 22, parágrafo único?
dação dada pela EC nº 53, de 2006)
Esse tema gera muita discussão na doutrina. Notem que As competências comuns, por envolver todos os entes
o dispositivo não menciona estes entes federados, mas, tão federativos, demandam a edição de norma que organize
somente, os Estados-membros. Portanto, nas provas de suas atribuições, como se deu com a Lei Complementar nº
concurso público optem sempre pela literalidade do texto 140/2011, responsável por fixar as normas de colaboração
constitucional. acerca da proteção das paisagens naturais notáveis, da prote‐
ção do meio ambiente, do combate à poluição em qualquer
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, de suas formas e da preservação das florestas, da fauna e da
do Distrito Federal e dos Municípios: flora (CF, art. 23, III, VI e VII).

61
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito cação e ensino (CRFB, art. 24, IX) autoriza a fixação, por lei
Federal legislar concorrentemente sobre: local, do número máximo de alunos em sala de aula, no afã
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômi‐ de viabilizar o adequado aproveitamento dos estudantes. O
co e urbanístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019) limite máximo de alunos em sala de aula não ostenta natureza
de norma geral, uma vez que dependente das circunstâncias
Jurisprudência peculiares a cada ente da federação, tais como o número de
escolas colocadas à disposição da comunidade, a oferta de va‐
STF, ADI 3.512: MEIA ENTRADA. DIREITO ECONÔMICO. gas para o ensino, o quantitativo de crianças em idade escolar
Garantia de meia entrada aos doadores regulares de sangue. para o nível fundamental e médio, o número de professores
Acesso a locais públicos de cultura, esporte e lazer. Com‐ em oferta na região, além de aspectos ligados ao desenvolvi‐
petência concorrente entre a União, Estados-membros e o mento tecnológico nas áreas de educação e ensino.
Distrito Federal para legislar sobre direito econômico.
STF, RE 590.697 ED: DIREITO TRIBUTÁRIO. COMPETÊNCIA X - criação, funcionamento e processo do juizado de
CONCORRETE. A iniciativa de leis que versem sobre matéria pequenas causas;
tributária é concorrente entre o chefe do Poder Executivo XI - procedimentos em matéria processual;
e os membros do Legislativo. A circunstância de as leis que
versem sobre matéria tributária poderem repercutir no or‐ Dica! Candidatos, tomem cuidado com este inciso, pois
çamento do ente federado não conduz à conclusão de que Processo Civil é competência privativa da União (CF, art.
sua iniciativa é privativa do chefe do Executivo. 21). Já Procedimento em matéria processual é compe‐
tência concorrente.
II - orçamento;
III - juntas comerciais; Jurisprudência
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo; STF, ADI 2.886: INQUÉRITO POLICIAL. PROCEDIMENTO.
A legislação que disciplina o inquérito policial não se inclui
Jurisprudência no âmbito estrito do processo penal, cuja competência é
privativa da União (art. 22, I, CF), pois o inquérito é proce‐
STF, ARE 1.013.975 AgR-Segundo: é constitucional a lei dimento subsumido nos limites da competência legislativa
estadual que prevê a instalação de dispositivos de seguran‐ concorrente, a teor do art. 24, XI, da CF de 1988, tal como já
ça nas agências bancárias, considerada a competência con‐ decidido reiteradamente pelo STF. O procedimento do inqué‐
corrente entre União e Estados federados para legislar em rito policial, conforme previsto pelo CPP, torna desnecessária
matéria de segurança nas relações de consumo (art. 24, V e a intermediação judicial quando ausente a necessidade de
VIII e § 2º, da Carta Magna). adoção de medidas constritivas de direitos dos investigados,
razão por que projetos de reforma do CPP propõem a remes‐
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu‐ sa direta dos autos ao Ministério Público.
reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
meio ambiente e controle da poluição; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
Jurisprudência
Jurisprudência
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

STF, ADI 1.086: DISPENSA DE ESTUDO DE IMPACTO AM‐


STF, ADI 2.903: Organização da Defensoria Pública nos
BIENTAL POR LEI ESTADUAL. INCONSTITUCIONALIDADE. O
Estados-membros. Estabelecimento, pela União Federal,
§3º do art. 182 da Constituição do Estado de Santa Catarina
mediante lei complementar nacional, de requisitos mínimos
cria uma exceção à aplicação do inciso IV do §1º do art. 225 para investidura nos cargos de defensor público-geral, de
da Carta Federal, que prevê a exigência, na forma da lei, seu substituto e do corregedor-geral da Defensoria Pública
de prévio estudo de impacto ambiental para atividades que dos Estados-membros. Normas gerais, que, editadas pela
sejam potencialmente causadoras de degradação do meio União Federal, no exercício de competência concorrente, não
ambiente. Ao excepcionar a exigência de prévio estudo de podem ser desrespeitadas pelo Estado-membro.
impacto ambiental nos casos de áreas florestadas ou objeto
de reflorestamento viola o previsto na CF, que determina a re‐ XIV - proteção e integração social das pessoas porta‐
alização de tal estudo para a instalação de qualquer atividade doras de deficiência;
potencialmente causadora de degradação ao meio ambiente.
Dentre os direitos e garantias fundamentais esparsos pela
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, Carta Constitucional, o único instrumento admitido no Brasil
turístico e paisagístico; em consonância com o §3º do art. 5º e, portanto, com força
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao de Emenda Constitucional, foi a Convenção sobre os Direitos
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo,
histórico, turístico e paisagístico; assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007, através
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tec‐ do Decreto Legislativo nº 186/2008.
nologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação Após, foi editada a lei nº 13.146/2016 disciplinando o
dada pela EC nº 85, de 2015) tema e regulamentando direitos das pessoas com deficiên‐
cias e obrigações da sociedade com aqueles.
Jurisprudência
Jurisprudência
STF, ADI 4.060: NÚMERO MÁXIMO DE ALUNOS EM SALA
DE AULA. LEI ESTADUAL. CONSTITUCIONALIDADE. A compe‐ STF, ADI 903: A ordem constitucional brasileira, inaugura‐
tência legislativa do Estado-membro para dispor sobre edu‐ da em 1988, trouxe desde seus escritos originais a preocupa‐

62
ção com a proteção das pessoas portadoras de necessidades deral, de modo didático, explanou sobre o tema: “Se
especiais, construindo políticas e diretrizes de inserção nas é certo, de um lado, que, nas hipóteses referidas no
diversas áreas sociais e econômicas da comunidade (trabalho art. 24 da Constituição, a União Federal não dispõe de
privado, serviço público, previdência e assistência social). Es‐ poderes ilimitados que lhe permitam transpor o âmbito
tabeleceu, assim, nos arts. 227, §2º, e 244, a necessidade de das normas gerais, para, assim, invadir, de modo in‐
se conferir amplo acesso e plena capacidade de locomoção constitucional, a esfera de competência normativa dos
às pessoas com deficiência, no que concerne tanto aos logra‐ Estados-membros, não é menos exato, de outro, que o
douros públicos quanto aos veículos de transporte coletivo, Estado-membro, em existindo normas gerais veicula‐
determinando ao legislador ordinário a edição de diplomas das em leis nacionais (como a Lei Orgânica Nacional da
que estabeleçam as formas de construção e modificação des‐ Defensoria Pública, consubstanciada na LC 80/1994),
ses espaços e desses meios de transporte. Na mesma linha não pode ultrapassar os limites da competência me‐
afirmativa, há poucos anos, incorporou-se ao ordenamento ramente suplementar, pois, se tal ocorrer, o diploma
constitucional a Convenção Internacional sobre os Direitos legislativo estadual incidirá, diretamente, no vício da
das Pessoas com Deficiência, primeiro tratado internacional inconstitucionalidade. A edição, por determinado
aprovado pelo rito legislativo previsto no art. 5º, §3º, da CF, Estado-membro, de lei que contrarie, frontalmente,
o qual foi internalizado por meio do Decreto presidencial nº critérios mínimos legitimamente veiculados, em sede
6.949/2009. O art. 9º da convenção veio justamente reforçar de normas gerais, pela União Federal ofende, de modo
o arcabouço de proteção do direito de acessibilidade das direto, o texto da Carta Política” (STF, ADI 2.903).
pessoas com deficiência. • Se a União não exercer sua competência, os Estados e
STF, ADI 903: Lei nº 10.820/1992 do Estado de Minas o Distrito Federal passarão a ter competência PLENA.
Gerais, que dispõe sobre adaptação dos veículos de trans‐ Logo, sendo inerte a União, os demais entes poderão
porte coletivo com a finalidade de assegurar seu acesso por editar as normas gerais sobre os assuntos do art. 23.
pessoas com deficiência ou dificuldade de locomoção. Muito • Ademais, se os Estados e o Distrito Federal exercerem
embora a jurisprudência da Corte seja rígida em afirmar a am‐ sua competência plena e, APÓS, a União vir a editar
plitude do conceito de trânsito e transporte para fazer valer norma geral sobre o mesmo tema, as disposições es-
a competência privativa da União (art. 22, XI, CF), prevalece, taduais, ou distritais, ficarão suspensas. Candidatos,
no caso, a densidade do direito à acessibilidade física das tomem cuidado, pois as leis locais não serão revogadas,
pessoas com deficiência (art. 24, XIV, CF), em atendimento, mas sim suspensas, voltando a viger caso a norma geral
inclusive, à determinação prevista nos arts. 227, §2º, e 244 federal seja expurgada do ordenamento jurídico.
da Lei Fundamental, sem preterir a homogeneidade no tra‐
tamento legislativo a ser dispensado a esse tema. Jurisprudência
XV - proteção à infância e à juventude; STF, RE 815.499 AgR: Essa Corte já fixou entendimento
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das po‐ no sentido de que a União, ao editar a Lei nº 9.717/1998,
lícias civis. extrapolou os limites de sua competência para estabelecer
normas gerais sobre matéria previdenciária, ao atribuir ao
Dica do Autor! Candidatos, para melhor compreensão Ministério da Previdência e Assistência Social atividades ad‐
e necessário a leitura e analise atenta da Lei nº 13.874, de ministrativas em órgãos da previdência social dos Estados,
2019. do Distrito Federal e dos Municípios e estabelecer sanções

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


para a hipótese de descumprimento das normas constantes
dessa lei.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a compe‐ STF, RE 414.259 AgR: Os Estados-membros estão legiti‐
tência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. mados a editar normas gerais referentes ao IPVA, no exercí‐
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas cio da competência concorrente prevista no art. 24, §3º, da
gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. Constituição do Brasil.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Esta‐
dos exercerão a competência legislativa plena, para atender CAPÍTULO III
a suas peculiaridades. DOS ESTADOS FEDERADOS
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
Constituições e leis que adotarem, observados os princí‐
Distribuição da Competência Concorrente entre os pios desta Constituição.
Entes Federados
Princípio da Simetria
Os parágrafos finais do artigo 24 são responsáveis por
disciplinar como se dará a interação entre União, Estados e Diante da faculdade de auto-organização dos Estados‐
Distrito Federal quando da utilização da competência concor‐ -membros, o legislador constituinte traçou alguns limites
rente. Diante da importância destas normas para Concursos para o seu exercício, como, v.g., o princípio da simetria, ex‐
Públicos, vamos esclarecer alguns pontos: traído dos artigos 25, da CF/88, e 11, do ADCT.
• A União é responsável pelas normas gerais, enquanto Segundo Gilmar Mendes21, a simetria constitucional
Estados e Distrito Federal poderão suplementar aque‐ obriga o constituinte estadual a seguir fielmente as opções
las disposições. Não poderão os entes regionais dispor de organização e de relacionamento entre os poderes aco-
de modo contrário ao disposto nas normas gerais edita‐ lhidas pelo constituinte federal. Contudo, o autor esclarece
das pela União, sob pena de invadir a sua competência. que essa imposição não pode ser concebida de modo abso‐
cuidado, a competência da União é só para normas luto, em virtude de que nem todas as normas que regem o
gerais, sendo inconstitucional qualquer disposição
específica por ela editada. O Supremo Tribunal Fe‐ 21
MENDES, Gilmar Ferreira, BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Op. Cit. p. 742.

63
Poder Legislativo da União são de absorção necessária pelos pios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento
Estados. Serão de observância obrigatória as disposições que e a execução de funções públicas de interesse comum.
refletem o inter-relacionamento entre os Poderes.
Integração Regional
Jurisprudência
O § 3º do art. 25 estabeleceu instrumentos para a orga‐
STF, ADI 1.594: A Constituição do Brasil, ao conferir aos nização e execução de atividades de interesse comum entre
Estados-membros a capacidade de auto-organização e de Estados e Municípios, buscando o desenvolvimento regional.
autogoverno – art. 25, caput –, impõe a obrigatória obser‐ Apontamos que o presente dispositivo foi regulamentado
vância de vários princípios, entre os quais o pertinente ao pela Lei nº 13.089/2015 (Estatuto da Metrópole).
processo legislativo. O legislador estadual não pode usurpar
a iniciativa legislativa do chefe do Executivo, dispondo sobre
as matérias reservadas a essa iniciativa privativa. Formas de Integração
STF, ADI 507: O poder constituinte outorgado aos Es‐
tados-membros sofre as limitações jurídicas impostas pela Regiões Metropolitanas
Constituição da República. Os Estados-membros organizam‐
-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem (CF, A região metropolitana pode ser definida como “unidade
art. 25), submetendo-se, no entanto, quanto ao exercício regional instituída pelos Estados, mediante lei complemen‐
dessa prerrogativa institucional (essencialmente limitada em tar, constituída por agrupamento de Municípios limítrofes
sua extensão), aos condicionamentos normativos impostos para integrar a organização, o planejamento e a execução
pela CF, pois é nessa que reside o núcleo de emanação (e de de funções públicas de interesse comum” (Lei 13.089/2015,
restrição) que informa e dá substância ao poder constituinte art. 2º, VII).
decorrente que a Lei Fundamental da República confere a
essas unidades regionais da Federação. Aglomerações Urbanas

§ 1º São reservadas aos Estados as competências que Aglomeração urbana é “unidade territorial urbana cons‐
não lhes sejam vedadas por esta Constituição. tituída pelo agrupamento de 2 (dois) ou mais Municípios
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me‐ limítrofes, caracterizada por complementaridade funcional
diante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na e integração das dinâmicas geográficas, ambientais, políticas
forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a e socioeconômicas” (Lei 13.089/2015, art. 2º, I).
sua regulamentação. (Redação dada pela EC nº 5, de 1995)
Microrregiões
Competências dos Estados
Por fim as microrregiões podem ser conceituadas como
Competência Residual áreas “instituídas pelos Estados com fundamento em funções
públicas de interesse comum com características predomi‐
Como regra geral, as competências dos Estados são de- nantemente urbanas” (Lei nº 13.089/2015, art. 1º, § 1º, I).
finidas por exclusão: não sendo da União ou dos Municí-
pios, a competência será dos Estados. Exemplo deste caráter
Requisitos para a criação de regiões metropolita-
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

residual se vê através da faculdade conferida aos Estados


para regulamentar e explorar o transporte intermunicipal, nas, aglomerações urbanas e microrregiões
como decidido pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 2.349.
Percebam que o transporte internacional e interestadual é Para a implementação destes sistemas, faz-se necessário
competência da União (CF, art. 21, VII, “e”), enquanto o in‐ observar os seguintes requisitos:
tramunicipal, dos Municípios (CF, art. 30, V). Logo, inexistindo • Legitimidade: Estados-Membros. Somente os Estados
previsão acerca do transporte intermunicipal, será dos Esta‐ poderão criar regiões metropolitanas, aglomerações
dos a competência. urbanas ou microrregiões.
• Requisito Formal: Lei Complementar Estadual.
Outras Competências dos Estados • Requisito Material: agrupamento de Municípios limí-
trofes.
Nada obstante a regra seja o caráter residual das com‐ • Finalidade: integrar a organização, o planejamento e
petências dos Estados, há, esparramados pelo Texto Maior, a execução de funções públicas de interesse comum.
alguns dispositivos que lhes conferem competências comuns,
concorrentes, privativas e exclusivas. Interesse Comum
A princípio, os artigos 23 e 34, da CF/1988, definem, res‐
pectivamente, as competências comuns e concorrentes. As A finalidade da integração regional é integrar a organi‐
competências privativas podem ser vistas, por exemplo, no
zação, o planejamento e a execução de funções públicas de
art. 155, da CF/1988, ao dispor sobre a criação de tributo
interesse comum aos Estados e Municípios. Bom, mas o que
estaduais. Ainda, a Carta maior prevê a competência exclu-
siva dos Estados para explorar diretamente os serviços de será esse interesse comum?
gás canalizado (CF, art. 25, §2º) e para instituir, através de Por muitos anos houve discussão doutrinária acerca da
lei complementar, regiões metropolitanas, aglomerações definição de interesse comum, que, pode-se adiantar, é mui‐
urbanas e microrregiões (CF, art. 25, §3º). to mais que a soma de cada interesse local envolvido (STF, ADI
1.842). A Lei nº 13.089/2015 definiu função pública de inte‐
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, resse comum como a “política pública ou ação nela inserida
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e cuja realização por parte de um Município, isoladamente,
microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municí‐ seja inviável ou cause impacto em Municípios limítrofes”.

64
Compulsoriedade da Participação Municipal Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legis‐
lativa corresponderá ao triplo da representação do Estado
Outro aspecto relevante diz respeito à participação mu‐ na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e
nicipal nas regiões metropolitanas, aglomerações urbanas seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados
e microrregiões. Durante muitos anos a doutrina, em peso, Federais acima de doze.
alegou que esta participação não poderia ocorrer de modo § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados
compulsório, sob pena de violar a autonomia municipal. Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição
Neste sentido, diversas normas estaduais e municipais pas‐ sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, re‐
saram a prever a necessidade de ratificação da participação muneração, perda de mandato, licença, impedimentos e
municipal pela Câmara de Vereadores, como se deu com o incorporação às Forças Armadas.
art. 357 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro. Entre‐ § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por
tanto, apreciando o dispositivo referido, o Supremo Tribunal lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no
Federal (STF, ADI 1.841) declarou a inconstitucionalidade máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido,
da submissão às Câmaras Municipais da participação dos em espécie, para os Deputados Federais, observado o que
entes locais nestes conglomerados urbanos. Para a Corte, dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, §
a Constituição estabelece a compulsoriedade, que somen- 2º, I. (Redação dada pela EC nº 19, de 1998)
te poderá ser afastada se restar comprovada a violação § 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre
à autonomia dos Municípios. Esse caráter compulsório da seu regimento interno, polícia e serviços administrativos de
integração metropolitana não esvazia a autonomia munici‐ sua secretaria, e prover os respectivos cargos.
pal, nem representa simples transferência de competências § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo
para o Estado. legislativo estadual.
Além do mais, insta observar que estas formas de inte‐
gração urbana serão regidas por um colegiado composto Poder Legislativo Estadual
pelos entes participantes, mas não há a necessidade de esta
composição ser paritária, desde que apta a prevenir a con‐ Quantidade É vinculada à quantidade de Deputados
centração do poder decisório no âmbito de um único ente. de Deputados Federais da UF (a quantidade de Federais
A participação de cada Município e do Estado deve ser es‐ Estaduais é definida de acordo com a população do
tipulada em cada região metropolitana de acordo com suas Estado – CF, art. 45, § 1º).
particularidades, sem que se permita que um ente tenha
predomínio absoluto (STF, ADI 1.842). Até 12 Deputados Federais, será o triplo
• 5 Federais = 15 Estaduais;
Jurisprudência • 10 Federais = 30 Estaduais;
• 12 Federais = 36 Estaduais.
STF, ADI 1.842: O interesse comum inclui funções públicas
e serviços que atendam a mais de um Município, assim como Acima de 12, contará 1 para 1
os que, restritos ao território de um deles, sejam de algum
• 14 Federais = 38 Estaduais (36+2);
modo dependentes, concorrentes, confluentes ou integrados
• 20 Federais = 44 Estaduais (36+8);
de funções públicas, bem como serviços supramunicipais.
• 25 Federais = 49 Estaduais (36+13).
(...) A função pública do saneamento básico frequentemente
extrapola o interesse local e passa a ter natureza de interesse Mandato 4 anos

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


comum no caso de instituição de regiões metropolitanas, Limites e prer- Aplicam-se aos Deputados Estaduais to‐
aglomerações urbanas e microrregiões, nos termos do art. rogativas das as regras constitucionais sobre siste‐
25, § 3º, da CF. Para o adequado atendimento do interesse ma eleitoral, inviolabilidade, imunidades,
comum, a integração municipal do serviço de saneamento remuneração, perda de mandato, licença,
básico pode ocorrer tanto voluntariamente, por meio de impedimentos e incorporação às Forças
gestão associada, empregando convênios de cooperação Armadas.
ou consórcios públicos, consoante o arts. 3º, II, e 24 da Lei Subsídio Fixado por Lei de inciativa da Assembleia
federal nº 11.445/2007 e o art. 241 da CF, como compulso‐ Legislativa, independente de sanção do
riamente, nos termos em que prevista na lei complementar Governador.
estadual que institui as aglomerações urbanas. Máximo: 75% do Subsídio dos Deputados
Federais.
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emer‐ Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador
gentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da de Estado, para mandato de 4 (quatro) anos, realizar-se‐
lei, as decorrentes de obras da União; -á no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno,
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que esti‐ e no último domingo de outubro, em segundo turno, se
verem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus
União, Municípios ou terceiros; antecessores, e a posse ocorrerá em 6 de janeiro do ano
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto no
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as art. 77 desta Constituição. (Redação dada pela Emenda
da União. Constitucional nº 111, de 2021)
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir
Bens dos Estados outro cargo ou função na administração pública direta ou
indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público
Dica! Candidatos, águas e terras devolutas, como regra, e observado o disposto no art. 38, I, IV e V. (Renumerado
são bens dos Estados, e não da União. Somente serão do parágrafo único, pela EC nº 19, de 1998)
desta nas excepcionais hipóteses previstas no art. 20, § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e
da CF/1988. dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa

65
da Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os Lei Orgânica Municipal
arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Incluído
pela EC nº 19, de 1998) Os Municípios são regulados por sua Lei Orgânica, elabo‐
rada pela Câmara Legislativa mediante votação em 2 turnos,
Poder Executivo Estadual por 2/3 dos votos, e promulgada pela Mesa da Câmara, in‐
dependente de sanção pelo Chefe do Executivo.
Sobre a natureza jurídica da Lei Orgânica municipal há
Chefe do Executi- Governador do Estado e Vice-Governador
intensos debates doutrinários, sem que haja, até o presente
vo Estadual
momento, posicionamento consolidado nas Cortes Superio‐
Mandato 4 anos res sobre o tema. Parte da doutrina afirma que, diante do
Eleições 1º Turno: 1º domingo de outubro do ano peculiar posicionamento dos Municípios no pacto federativo,
anterior ao término do mandato do an‐ a Lei Orgânica municipal não passaria de lei ordinária, sem
tecessor. força constitucional22. Para outros doutrinadores23, aos quais
2º Turno: último domingo de outubro este autor se filia, a Lei Orgânica goza de status constitucio‐
Posse 1º de janeiro do ano subsequente à elei‐ nal, representando verdadeira Constituição do Município.
ção A distinção em voga é extremamente importante, uma
Perda do man- Perderá o mandato o Governador que vez que implica, por exemplo, na possibilidade, ou não, da
dato assumir outro cargo ou função na admi‐ realização de controle de constitucionalidade tendo como
nistração pública direta ou indireta, res- parâmetro a Lei Orgânica municipal. Para a primeira corren‐
salvada a posse em virtude de concurso te, esta técnica é inviável; já para a segunda, é plenamente
público e observado o disposto no art. 38, cabível. Entretanto, cumpre apontar que, para que esse con‐
I, IV e V. trole seja feito, haveria a necessidade de sua previsão nas
Constituições Federal ou Estadual, uma vez que o Município
Subsídio Será fixado por lei de iniciativa da As-
não tem Poder Judiciário próprio. Como, atualmente, não há
sembleia Legislativa, independente de
tal previsão (ao menos em âmbito federal), pode-se afirmar
sanção do Governador. (é competência
que não é viável o controle de constitucionalidade com fun‐
exclusiva do legislativo) damento na legislação orgânica dos Municípios.
Jurisprudência
Poder Executivo Municipal
STF, ADI 336: O inciso XIV do art. 29 da Constituição do
Brasil/1988 estabelece que as prescrições do art. 28 relativas Chefe do Exe- Prefeito Municipal e Vice-Prefeito
à perda do mandato de governador aplicam-se ao prefeito, cutivo Esta-
qualificando-se, assim, como preceito de reprodução obri‐ dual
gatória por parte dos Estados-membros e Municípios. Não é Mandato 4 anos
permitido a esses entes da federação modificar ou ampliar Eleições 1º Turno: 1º domingo de outubro do ano an‐
esses critérios. Se a Constituição do Brasil não sanciona com a terior ao término do mandato do antecessor.
perda do cargo o governador ou o prefeito que assuma cargo 2º Turno: último domingo de outubro (só
público em virtude de concurso realizado após sua eleição, para Municípios com mais de 200 mil habi‐
tantes)
não podem fazê-los as Constituições estaduais.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

Posse 1º de janeiro do ano subsequente à eleição


CAPÍTULO IV Subsídio Será fixado por lei de iniciativa da Câmara
DOS MUNICÍPIOS Legislativa, independente de sanção do Pre-
feito (é competência exclusiva do legislativo)
Art. 29. O Município reger-se-á por Lei Orgânica, votada
em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e IV - para a composição das Câmaras Municipais, será
aprovada por dois terços dos membros da Câmara Muni‐ observado o limite máximo de: (Redação dada pela EC nº
cipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabe‐ 58, de 2009)
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
lecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo
(quinze mil) habitantes; (Redação dada pela EC nº 58, de
Estado e os seguintes preceitos:
2009)
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereado‐
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de
res, para mandato de quatro anos, mediante pleito direto
15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil)
e simultâneo realizado em todo o País; habitantes; (Redação dada pela EC nº 58, de 2009)
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta
do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do mil) habitantes; (Redação dada pela EC nº 58, de 2009)
art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
eleitores; (Redação dada pela EC nº 16, de1997) 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de mil) habitantes; (Incluída pela EC nº 58, de 2009)
janeiro do ano subsequente ao da eleição; e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais
[...] de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secre‐ e vinte mil) habitantes; (Incluída pela EC nº 58, de 2009)
tários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara
Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 22
BASTOS, Celso Ribeiro. MARTINS, Ives Gandra. Comentários à Constituição do
4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela EC Brasil. v. 4. t. 3. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 512.
23
TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 10. ed. rev. e atual.
nº 19, de 1998) São Paulo: Saraiva, 2012. p. 480-483.

66
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de
de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até
(cento sessenta mil) habitantes; (Incluída pela EC nº 58, 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e (Incluída pela EC
de 2009) nº 58, de 2009)
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de
de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; (Incluída
300.000 (trezentos mil) habitantes; (Incluída pela EC nº pela EC nº 58, de 2009)
58, de 2009) VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas res‐
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais pectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a
de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 subsequente, observado o que dispõe esta Constituição,
(quatrocentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Or‐
EC nº 58, de 2009) gânica e os seguintes limites máximos: (Redação dada pela
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais EC nº 25, de 2000)
de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio
até 600.000 (seiscentos mil) habitantes; (Incluída pela EC máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento
do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela EC nº
nº 58, de 2009)
25, de 2000)
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habi‐
de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
(setecentos cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela EC nº a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
58, de 2009) (Incluído pela EC nº 25, de 2000)
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil ha‐
de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
até 900.000 (novecentos mil) habitantes; (Incluída pela EC a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
nº 58, de 2009) (Incluído pela EC nº 25, de 2000)
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habi‐
de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
(um milhão e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela EC cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
nº 58, de 2009) (Incluído pela EC nº 25, de 2000)
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos
de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres‐
de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes; ponderá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados
(Incluída pela EC nº 58, de 2009) Estaduais; (Incluído pela EC nº 25, de 2000)
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes,
mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta
e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
habitantes; (Incluída pela EC nº 58, de 2009) (Incluído pela EC nº 25, de 2000)
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de VII - o total da despesa com a remuneração dos Verea‐
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habi‐ dores não poderá ultrapassar o montante de cinco por cen‐
tantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) to da receita do Município; (Incluído pela EC nº 1, de 1992)
habitantes; (Incluída pela EC nº 58, de 2009)

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais Poder Legislativo Municipal
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e
de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; Quantidade de Varia de acordo com a população do Muni‐
(Incluída pela EC nº 58, de 2009) Vereadores cípio (resumo abaixo)
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de Mandato 4 anos
mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitan‐
Subsídio Fixado por Lei de inciativa da Câmara de
tes e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) Vereadores, independente de sanção do
habitantes; (Incluída pela EC nº 58, de 2009) Prefeito, observados os critérios estabele‐
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de cidos na respectiva Lei Orgânica e os limites
mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) ha‐ máximos abaixo resumidos.
bitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes; Máximo: 75% do Subsídio dos Deputados
(Incluída pela EC nº 58, de 2009) Estaduais
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de Outros Limites Total de Despesa com pessoal da Câma-
mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até ra: não pode ultrapassar 5% da receita do
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes; (Incluída pela Município.
EC nº 58, de 2009) Gastos com subsídio dos vereadores: não
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de poderá ultrapassar 70% da receita da Câma‐
mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até ra Municipal. (CF, art. 29, § 1º)
5.000.000 (cinco milhões) de habitantes; (Incluída pela EC
nº 58, de 2009) Número de Vereadores dos Municípios
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios
de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de Número de Habitantes do Número Máximo de
até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes; (Incluída pela Município Vereadores
EC nº 58, de 2009) Até 15.000 9
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de De 15.000 até 30.000 11
mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até
7.000.000 (sete milhões) de habitantes; (Incluída pela EC De 30.000 até 50.000 13
nº 58, de 2009) De 50.000 até 80.000 15

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De 80.000 até 120.000 17 caput) exclui a responsabilidade civil (e também penal) do
De 120.000 até 160.000 19
membro do Poder Legislativo (vereadores, deputados e sena‐
dores), por danos eventualmente resultantes de manifesta‐
De 160.000 até 300.000 21 ções, orais ou escritas, desde que motivadas pelo desempe‐
De 300.000 até 450.000 23 nho do mandato (prática in officio) ou externadas em razão
De 450.000 até 600.000 25 deste (prática propter officium). Tratando-se de vereador,
De 600.000 até 750.000 27 a inviolabilidade constitucional que o ampara no exercício
De 750.000 até 900.000 29 da atividade legislativa estende-se às opiniões, palavras e
votos por ele proferidos, mesmo fora do recinto da própria
De 900.000 até 1.050.000 31
câmara municipal, desde que nos estritos limites territoriais
De 1.050.000 até 1.200.000 33 do Município a que se acha funcionalmente vinculado.
De 1.200.000 até 1.350.000 35 STF, HC 94.059: Condição de vereador que não garante ao
De 1.350.000 até 1.500.000 37 paciente tratamento diferenciado relativamente aos demais
De 1.500.000 até 1.800.000 39 corréus. Os edis, ao contrário do que ocorre com os membros
De 1.800.000 até 2.400.000 41 do Congresso Nacional e os deputados estaduais, não gozam
da denominada incoercibilidade pessoal relativa (freedom
De 2.400.000 até 3.000.000 43 from arrest), ainda que algumas Constituições estaduais lhes
De 3.000.000 até 4.000.000 45 assegurem prerrogativa de foro.
De 4.000.000 até 5.000.000 47
De 5.000.000 até 6.000.000 49 IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da
De 6.000.000 até 7.000.000 51 vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta
Constituição para os membros do Congresso Nacional e
De 7.000.000 até 8.000.000 53 na Constituição do respectivo Estado para os membros da
Acima de 8.000.000 55 Assembleia Legislativa; (Renumerado do inciso VII, pela EC
nº 1, de 1992)
Remuneração dos Vereadores: X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
(Renumerado do inciso VIII, pela EC nº 1, de 1992)
Remuneração dos Vereadores
Número de Habitantes do (percentual sobre a
Município remuneração dos Deputados
Foro Privilegiado
Estaduais)
O foro privilegiado pode ser definido como uma prerroga-
Até 10.000 20% tiva, constitucionalmente prevista, para que determinados
indivíduos (detentores de altos cargos públicos) sejam jul-
De 10.000 até 50.000 30%
gados por Tribunais, e não mediante juiz de primeiro grau.
De 50.000 até 100.000 40% A ideia do legislador foi a de assegurar que detentores de
De 100.000 até 300.000 50% importantes cargos públicos fossem julgados com isonomia,
De 300.000 até 500.000 60% sem eventuais influências políticas, que seriam mais suscetí‐
Acima de 500.000 75% veis de ocorrer mediante juízo de primeiro grau.
No caso dos Prefeitos, a prerrogativa de foro será exer‐
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, cida perante os Tribunais Regionais, a depender da natureza
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição da infração por ele praticada: (I) infração penal comum - TJ
do Município; (Renumerado do inciso VI, pela EC nº 1, de (art. 29, X); (II) crime de responsabilidade (natureza crimi‐
1992) nal) - TJ (art. 29, X, c/c o art. 1.º do Decreto-lei n. 201/67);
(III) crime de responsabilidade (natureza de infração político‐
Os parlamentares, no exercício de suas funções, gozam -administrativa) - Câmara dos Vereadores (art. 31, c/c o art.
de algumas prerrogativas, para assegurar o pleno exercício do 4º do Decreto-lei n. 201/67); (IV) crime federal - TRF; e (V)
mandato, dando validade democrática à sua atuação. Den‐ crime eleitoral - TRE.
tre estas benesses, está a imunidade material, que afasta
eventuais punições civis e penais sobre as opiniões, palavras Jurisprudência
e votos proferidos no exercício de suas atividades.
A imunidade material, para os parlamentares federais STF, Súmula nº 703: A extinção do mandato do prefeito
e estaduais, abrange suas condutas em qualquer lugar que não impede a instauração de processo pela prática dos crimes
estejam, desde que relacionadas ao mandato. No que con‐ previstos no art. 1º do DL 201/1967.
cerne aos vereadores, a garantia possui restrição maior, STF, Súmula nº 702: A competência do tribunal de justiça
uma vez que somente abarcará as opiniões, palavras e o os para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência
votos que os parlamentares municipais profiram DENTRO da da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência
circunscrição do Município aonde exercem seu mandato. originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.
Logo, qualquer manifestação realizada fora do Município será
punida, independente de se tratar de vereador municipal. XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras
Ademais, cumpre apontar que os vereadores não são da Câmara Municipal; (Renumerado do inciso IX, pela EC
beneficiados com imunidade formal (para a prisão e para nº 1, de 1992)
o processo), tema que é melhor analisado nos Título IV da XII - cooperação das associações representativas no
Carta Maior, ao versar sobre o Poder Legislativo. planejamento municipal; (Renumerado do inciso X, pela
EC nº 1, de 1992)
Jurisprudência XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
específico do Município, da cidade ou de bairros, através
STF, AI 631.276: A garantia constitucional da imunidade de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do elei‐
parlamentar em sentido material (CF, art. 29, VIII, c/c art. 53, torado; (Renumerado do inciso XI, pela EC nº 1, de 1992)

68
Iniciativa Legislativa Popular Municipal No que concerne aos prefeitos e vereadores, os crimes
de responsabilidade são disciplinados pelo Decreto-Lei nº
A Lei Orgânica municipal também terá como dever a regu‐ 201/1967.
lamentação da iniciativa popular em âmbito local, asseguran‐
do o exercício direto da democracia por seus titulares, o povo. Art. 30. Compete aos Municípios:
Para tanto, a constituição exige que, em âmbito municipal, a
inciativa demandará manifestação de, pelo menos, 5% do Competências Privativas e Exclusivas dos Municí-
eleitorado local. pios
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do O art. 30 é responsável por elencar as competências pri‐
art. 28, parágrafo único. (Renumerado do inciso XII, pela vativas e exclusivas dos Municípios. Logo, sobre os temas
EC nº 1, de 1992) abaixo arrolados, a legitimidade democrática foi atribuída
aos entes locais, sendo inconstitucional norma das demais
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Mu‐ unidades políticas que não observem o conteúdo que segue.
nicipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos
os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes I - legislar sobre assuntos de interesse local;
percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e
das transferências previstas no § 5º do art. 153 e nos arts. Interesse Local
158 e 159, efetivamente realizado no exercício anterior:
(Incluído pela EC nº 25, de 2000) O art. 30 inicia conferindo aos Municípios competência
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população para legislar sobre interesse local. Bom, mas o que é esse
de até 100.000 (cem mil) habitantes; (Redação dada pela interesse local?
Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) O interesse local é extraído do princípio da predomi‐
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população nância do interesse. Os temas definidos como de “interesse
entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitan‐ local” não deixam de interessar ao Estados e à União, mas,
tes; (Redação dada pela Emenda Constituição Constitucio- em decorrência de sua natureza, sobreleva-se o interesse
nal nº 58, de 2009) municipal.
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população Essas atividades de interesse predominantemente local,
entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos normalmente, dizem respeito ao transporte coletivo munici‐
mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição pal, coleta de lixo, ordenação do solo urbano, fiscalização das
Constitucional nº 58, de 2009) condições de higiene de bares e restaurantes, além de outras
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) competências que guardem relação com as competências
para Municípios com população entre 500.001 (quinhen‐ administrativas que são afetas aos Municípios24. Cumpre pon‐
tos mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes; tuar que a jurisprudência vem entendendo que os Municípios
(Redação dada pela Emenda Constituição Constitucional têm competência para a fixação do horário do comercio lo‐
nº 58, de 2009) cal (Súmula Vinculante 38), mas não do funcionamento das
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com popula‐ agências bancárias (STF, RE 118.363 e STJ, Súmula nº 19),
ção entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito
pois o último extrapola ao interesse local.
milhões) de habitantes; (Incluído pela Emenda Constituição

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


Constitucional nº 58, de 2009)
Jurisprudência
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para
Municípios com população acima de 8.000.001 (oito mi‐
Súmula Vinculante nº 38: É competente o Município
lhões e um) habitantes. (Incluído pela Emenda Constituição
para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento
Constitucional nº 58, de 2009)
comercial.
§ 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta
STF, Súmula nº 419: Os Municípios têm competência para
por cento de sua receita com folha de pagamento, incluído
regular o horário do comércio local, desde que não infrinjam
o gasto com o subsídio de seus Vereadores. (Incluído pela
leis estaduais ou federais válidas.
EC nº 25, de 2000)
STJ, Súmula nº 19: A fixação do horário bancário, para
§2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito
atendimento ao público, é da competência da União.
Municipal: (Incluído pela EC nº 25, de 2000)
STF, ADI 2.340: Distribuição de água potável. Lei estadual
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste
que obriga o seu fornecimento por meio de caminhões-pipa,
artigo; (Incluído pela EC nº 25, de 2000)
por empresa concessionária da qual o Estado detém o contro‐
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês;
le acionário. Invasão da esfera de competência dos Municí‐
ou (Incluído pela EC nº 25, de 2000)
pios, pelo Estado-membro. Interferência nas relações entre o
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na
poder concedente e a empresa concessionária. Inviabilidade
Lei Orçamentária. (Incluído pela EC nº 25, de 2000)
da alteração, por Lei Estadual, das condições previstas no
§ 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente
contrato de concessão de serviço público local. Ação julgada
da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1º deste artigo.
procedente. 1- Os Estados-membros não podem interferir na
(Incluído pela EC nº 25, de 2000)
esfera das relações jurídico-contratuais estabelecidas entre
o poder concedente local e a empresa concessionária, ainda
Crimes de Responsabilidade que esta esteja sob o controle acionário daquele. II - Impossi‐
bilidade de alteração, por lei estadual, das condições que se
Os crimes de responsabilidade podem ser definidos como acham formalmente estipuladas em contrato de concessão
infrações político-administrativas (crimes políticos) capazes de distribuição de água. III - Ofensa aos arts. 30, I, e 175,
de ensejar no impeachment do detentor de cargo público
(esses crimes são analisados detidamente perante o art. 85, 24
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional - 9. ed. rev.
da CF/88). ampl. e atual. - Salvador. Juspodvm, 2017. p. 890.

69
parágrafo único, da Constituição Federal. IV -Ação direta de Jurisprudência
inconstitucionalidade julgada procedente
STF, ARE 784.981: SEGURANÇA EM ESTABELECIMENTOS STF, ADI 1.221: SERVIÇOS FUNERÁRIOS. Os serviços fu‐
BANCÁRIOS. COMPETÊNCIA MUNICIPAL. Competência do nerários constituem serviços municipais, dado que dizem
Município para legislar em matéria de segurança em esta‐ respeito com necessidades imediatas do Município.
belecimentos financeiros. Terminais de autoatendimento. O STF, ADI 845: TRANSPORTE COLETIVO. Competência mu‐
Município tem competência para editar normas suplemen‐ nicipal. É inconstitucional norma da Constituição do Estado
tares relativas à segurança dos estabelecimentos bancários, do Amapá que prevê “meia-passagem” aos estudantes, pois
como a instalação de sistema de monitoração e gravação invade competência dos Municípios.
eletrônica de imagens, nos termos dos artigos 30, I e II e 182
da Constituição Federal. VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da
STF, RE 702.848: GRATUIDADE NO TRANSPORTE PÚBLI‐ União e do Estado, programas de educação infantil e de
CO. COMPETÊNCIA MUNICIPAL. os Municípios são competen‐ ensino fundamental; (Redação dada pela EC nº 53, de 2006)
tes para legislar, por autoridade própria, sobre a extensão da VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da
gratuidade do transporte público coletivo urbano às pessoas União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da
compreendidas na faixa etária entre 60 e 65 anos. Assunto população;
de interesse local. VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento
STF, RE 610.221: TEMPO DE ESPERA EM FILA. COMPE‐ territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
TÊNCIA MUNICIPAL. Definição do tempo máximo de espera parcelamento e da ocupação do solo urbano;
de clientes em filas de instituições bancárias. Competência IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul‐
do Município para legislar. Assunto de interesse local. tural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
STF, RE 203.909: PROIBIÇÃO DE INSTALAÇÃO DE ESTABE‐ federal e estadual.
LECIMENTOS COMERCIAIS NA MESMA LOCALIDADE. INCONS‐
TITUCIONALIDADE. LIVRE CONCORRÊNCIA. Lei municipal de As competências previstas nos incisos III a IX gozam de
presunção de interesse local. No entanto, o rol supra é exem‐
Joinville, que proíbe a instalação de nova farmácia a menos
plificativo.
de 500 metros de estabelecimento da mesma natureza viola
a livre concorrência, a defesa do consumidor e o livre exer‐
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo
cício da atividade profissional (art. 170 e parágrafo da CF).
Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo,
e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo
II - suplementar a legislação federal e a estadual no
Municipal, na forma da lei.
que couber; § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exer‐
cido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou
Competência Suplementar dos Municípios do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios, onde houver.
Como vimos acima, os Municípios não gozam das com‐ § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente
petências concorrentes insertas no art. 23 da Carta Máxi‐ sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar,
ma. Todavia, isto não impede que os entes locais venham só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos
a legislar sobre os temas lá previstos, uma vez que o inciso membros da Câmara Municipal.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

II do art. 30 confere a eles a prerrogativa de suplementar § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta
a legislação dos demais entes federados, adequando-as às dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte,
suas peculiaridades. para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a
Destacamos que o exercício da competência suplemen‐ legitimidade, nos termos da lei.
tar depende da existência de normas federais ou estaduais § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou ór‐
(não podem os Municípios inaugurar a legislação sobre os gãos de Contas Municipais.
assuntos do art. 23) e a elas estará subordinada, não podendo
contrariar o seu conteúdo. Controle dos Municípios
Jurisprudência O controle externo dos Municípios foi estruturado com
algumas peculiaridades que o distinguem daquele exercido
STF, RE 586.224: O Município é competente para legislar em âmbito Federal e Estadual. Podemos assim esquematizar
sobre meio ambiente com União e Estado, no limite de seu o controle municipal:
interesse local e desde que tal regramento seja harmônico
com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados Legitimidade Controle Externo: Câmara Municipal, com
(art. 24, VI, c/c 30, I e II, da CRFB). auxílio do Tribunal de Contas ESTADUAL
Controle Interno: órgãos de cada ente fede‐
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, rado, vinculados ao Poder Executivo.
bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigato‐ Tribunais de A Constituição Federal de 1988 proibiu a
riedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos Contas Muni- criação de Tribunal de Contas municipal.
fixados em lei; cipais Exatamente por isso quem auxilia a Câmara
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a Municipal é o TCE.
legislação estadual; Contudo, os Municípios que já possuíam
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de TCM antes do advento da CF/88 puderam
concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse manter os órgãos (ex.: Rio de Janeiro e São
Paulo). Nesse caso, o auxílio será exercido
local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter
pelo TCM, e não pelo TCE.
essencial;

70
Tribunais de Os Tribunais de Contas dos Municípios não cípios. Assim, caberá ao ente distrital legislar concor‐
Contas DOS se confundem com os Tribunais de Contas rentemente com a União, como disciplina o art. 23, do
Municípios municipais. Enquanto estes eram criados Texto Maior, mas também sobre assuntos de interesse
pelos Municípios e foram proibidos pela local (CF, atr. 30, I). Caberá a ele instituir o ICMS (CF,
CF/88, aqueles são, na verdade Tribunais art. 155, II), mas também o ISS (CF, art. 156, III). Logo,
de Contas dos Estados, com incumbência há a soma das competências estaduais e municipais
de controlar as contas dos Municípios, como em um só ente federado.
um todo. • Requisitos de aprovação da Lei Orgânica: (I) dois tur‐
Os Tribunais de Contas dos Municípios po‐ nos de votação perante a Câmara Distrital; (II) 2/3 dos
dem ser criados pelos Estados, separando votos dos parlamentares; e (III) promulgação realizada
o controle das contas do Estado daquele pela Câmara Distrital, não se submetendo à análise do
exercido sobre os Municípios (STF, ADI 687). Chefe do Executivo.
Cuidado – é órgão Estadual, e não muni- • Lei Orgânica com natureza constitucional: muito em‐
cipal. bora denominada de Lei Orgânica, a Carta distrital goza
Outros Limites Parecer parcialmente vinculante da Corte de natureza constitucional (STF, ADI 980), o que per‐
de Contas: como regra, os pareceres emi‐ mite a sua utilização como parâmetro para controle da
tidos pelos Tribunais de Contas são mera‐ constitucionalidade das normas distritais, bem como
mente informativos, não vinculando o Le‐ poderá ser objeto de análise perante o STF, quando
gislativo. No entanto, em âmbito municipal em confronto com a Constituição Federal. As Leis Or‐
há uma parcial vinculação, uma vez que a gânicas municipais, por não terem a mesma natureza,
conclusão exarada pelas Cortes de Contas não gozam destas prerrogativas.
somente poderá ser afastada mediante voto • Autonomia parcialmente tutelada pela União: ainda, é
de 2/3 dos membros da Câmara Municipal. importante notar que a autonomia do Distrito Federal
Publicidade das Contas municipais: ficarão, não é plena, uma vez que algumas matérias de seu
durante 60 dias, anualmente, à disposição interesse serão tuteladas pela União. O ente distrital
de qualquer contribuinte, para exame e não tem Poder Judiciário, Ministério Público, Polícia
apreciação, o qual poderá questionar-lhes Militar, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil próprios,
a legitimidade, nos termos da lei. sendo eles organizados e mantidos pela União (CF,
arts. 21, XIII e XIV). Cuidado, pois, diferentemente dos
CAPÍTULO V territórios, o Distrito federal TEM Defensoria Pública
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS própria, autônoma da União (a EC nº 69/2012 trans‐
feriu essa atribuição da União para o Distrito Federal).
Seção I Além disso, a União prestará assistência financeira ao
Do Distrito Federal Distrito Federal, através de fundo próprio (CF, art. 21,
XIV, parte final).
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Mu‐
nicípios, reger-se-á por Lei Orgânica, votada em dois turnos Seção II
com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois Dos Territórios
terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos
os princípios estabelecidos nesta Constituição. Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


e judiciária dos Territórios.
legislativas reservadas aos Estados e Municípios. § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios,
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo
observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais IV deste Título.
coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, § 2º As contas do Governo do Território serão submeti‐
para mandato de igual duração. das ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa de Contas da União.
aplica-se o disposto no art. 27. § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil ha‐
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Gover‐ bitantes, além do Governador nomeado na forma desta
no do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segun‐
polícia militar e do corpo de bombeiros militar. (Redação da instância, membros do Ministério Público e defensores
dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a
Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
Distrito Federal: Características Especiais
Territórios Federais
O Distrito Federal é ente integrante do pacto federati‐
vo e, portanto, dotado de autogoverno, auto-organização, Além as unidades federativas (União, Estados, Distrito Fe‐
autolegislação e autoadministração. Porém, o ente distrital deral e Municípios), poderão ser criados Territórios Federais,
tem características específicas, distintas das demais entida‐ que consistem em descentralização administrativa realizada
pela União. Notem que os territórios federais não compõem
des públicas.
o pacto federativo e não possuem natureza política, mas
• Vedação à divisão em Municípios: como disposto no
sim administrativa.
caput do art. 32, o Distrito Federal não é dividido em Os territórios têm natureza jurídica de autarquia fe-
Municípios, mas sim em regiões administrativas distri‐ deral25, com personalidade jurídica própria, e vinculados à
tais. Portanto, trata-se de mera organização adminis‐ União. Atualmente não existem territórios nos Brasil, sendo
trativa, e não política. que os últimos foram Amapá, Roraima e Fernando de Noro‐
• Competências cumulativas: em decorrência da veda‐
ção à divisão em Municípios, o Distrito Federal acaba 25
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 37 ed. rev. Atual
por cumular as competências dos Estados e dos Muni‐ (até a EC 76/2013). São Paulo: Malheiros, 2014. p. 477.

71
nha. Os dois primeiros se tornaram estados-membros (ADCT, Ademais, insta observar que a decisão e intervenção é
art. 14), enquanto Fernando de Noronha foi absorvido pelo ato político, e não jurídico, insuscetível de recursos.
estado de Pernambuco (ADCT, art. 15).
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Dis‐
Criação de novos territórios trito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
Nada obstante não existirem atualmente, a União pode, II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da
a qualquer tempo, criar novos territórios, observadas as se‐ Federação em outra;
guintes exigências: III - pôr termo a grave comprometimento da ordem
• Plebiscito: antes da criação de novo território deverá pública;
ser realizado plebiscito, ouvido as populações direta‐ IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes
mente interessadas (CF, art. 18, § 3º); nas unidades da Federação;
• Lei complementar Federal: a criação dos territórios de‐ V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
manda a edição de lei complementar (CF, art. 18, § 2º);
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais
Características Básicas dos Territórios Federais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias
• Natureza jurídica: os Territórios federais são autar- fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos
quias federais, não integrando o pacto federativo. Os em lei;
territórios não têm natureza política, mas si adminis‐ VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão
trativa. judicial;
• Organização: Lei Federal disciplinará a organização VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
administrativa e judicial dos Territórios. constitucionais:
• Divisão em Municípios: diferente do que ocorrer com a) forma republicana, sistema representativo e regime
o Distrito Federal, os territórios podem ser divididos democrático;
em Municípios. b) direitos da pessoa humana;
• Executivo: O posto de Governador Territorial será de c) autonomia municipal;
livre nomeação pelo Presidente da República, após apro‐ d) prestação de contas da administração pública, direta
vação pelo Senado Federal (Cuidado - não é eleito). e indireta;
• Legislativo Federal: No Congresso Nacional, os territó‐ e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
rios contarão com 4 Deputados Federais (número fixo, impostos estaduais, compreendida a proveniente de trans‐
independente da população territorial) e NÃO gozarão ferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino
de vagas no Senado Federal. e nas ações e serviços públicos de saúde. (Redação dada
• Legislativo Territorial: No âmbito territorial haverá a pela EC nº 29, de 2000)
Câmara Legislativa, devendo lei dispor sobre a eleição
de seus membros e suas competências.
• Judiciário, Ministério público e Defensoria Pública: Intervenção Federal
Os Territórios não contarão com Judiciário, Ministério
Público e Defensoria Pública próprios. Estes órgãos se‐ A intervenção federal pode assim ser esquematizada:
rão organizados e mantidos pela União (CF, 22, XIII).
Mas notem, somente territórios com mais de 100 mil I - manter a integridade nacional;
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

habitantes terão estes órgãos (sempre organizados e II - repelir invasão estrangeira ou de uma uni‐
mantidos pela União). dade da Federação em outra;
• Tribunal de Contas: Não haverá Corte de Contas em III - pôr termo a grave comprometimento da
âmbito territorial. Essa função será exercida pelo Tri‐ ordem pública;
bunal de Contas da União. Portanto, será o Congresso IV - garantir o livre exercício de qualquer dos
Nacional, e não a Câmara Legislativa, que apreciará as Poderes nas unidades da Federação;
contas do Governador Territorial, com auxílio do TCU. V - reorganizar as finanças da unidade da Fe‐
• Polícia Civil, Polícia militar e Corpo de Bombeiro: os deração que:
Territórios Federais, diferente do Distrito Federal, POS‐ a) suspender o pagamento da dívida fundada
SUEM Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de bombeiros por mais de dois anos consecutivos, salvo mo‐
próprios. tivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas
CAPÍTULO VI tributárias fixadas nesta Constituição, dentro
Hipóteses
DA INTERVENÇÃO dos prazos estabelecidos em lei;
de
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou
Intervenção
Fundado sobre o princípio da não-intervenção, o pacto decisão judicial;
federativo afasta a possibilidade de que os entes federados VII - assegurar a observância dos seguintes prin‐
venham a intervir nas decisões políticas ou administrativas cípios constitucionais:
das demais unidades federativas. Todavia, esse entendimen‐ a) forma republicana, sistema representativo e
to é aplicável em épocas de normalidade. Caso estejamos regime democrático;
diante de momentos de crise, surgirá a excepcional possibi‐ b) direitos da pessoa humana;
lidade de intervenção. c) autonomia municipal;
O sistema de intervenção tem dois pilares essenciais: ta- d) prestação de contas da administração públi‐
xatividade e temporariedade. As hipóteses de intervenção ca, direta e indireta.
são, exclusivamente, aquelas arroladas nos artigos 34 e 35 da e) aplicação do mínimo exigido da receita resul‐
Carta Maior. Além do mais, como dito acima, a intervenção é tante de impostos estaduais, compreendida a
técnica a ser adotada em casos de anormalidade. Portanto, proveniente de transferências, na manutenção
deverá a interferência ser breve, temporária, durando somente e desenvolvimento do ensino e nas ações e ser‐
o tempo necessário para que seja retomada a normalidade. viços públicos de saúde.

72
Espontânea: o Presidente da República poderá, dido de intervenção federal. A ausência de voluntariedade
nas hipóteses previstas nos incisos I, II, III e V, em não pagar precatórios, consubstanciada na insuficiência
espontaneamente, decretar a intervenção. de recursos para satisfazer os créditos contra a Fazenda es‐
tadual no prazo previsto no §1º do art. 100 da Constituição
Provocada por solicitação: nas hipóteses de vio‐ da República, não legitima a subtração temporária da auto‐
lação à separação de poderes (CF, arts., 34, IV e nomia estatal, mormente quando o ente público, apesar da
36, I), Legislativo e Executivo poderão solicitar exaustão do erário, vem sendo zeloso, na medida do possível,
ao Presidente da República que intervenha de com suas obrigações derivadas de provimentos judiciais.
modo a afastar a irregularidade. (Cuidado – é
mera solicitação, não obrigando o Presidente). Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem
a União nos Municípios localizados em Território Federal,
Provocada por requisição: em se tratando de exceto quando:
pedido realizado pelo Poder Judiciário, não I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por
haverá discricionariedade do Presidente em
dois anos consecutivos, a dívida fundada;
Formas de determinar a intervenção. Será uma obrigação.
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
intervenção São duas as hipóteses de requisição: (I) violação
à separação dos poderes; (II) desobediência à III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
ordem ou decisão judicial. Essa requisição po‐ municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino
derá ser feita pelo STF, STJ e TSE, a depender e nas ações e serviços públicos de saúde; (Redação dada
do conteúdo da violação. Nas hipóteses de vio- pela EC nº 29, de 2000)
lação ao TST ou ao STM, será o STF legitimado IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representa‐
para postular (STF, IF 230). ção para assegurar a observância de princípios indicados
na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei,
Representação da PGR e provimento pelo STF: de ordem ou de decisão judicial.
nos casos de violação à lei (CF, art. 34, VI, 1º
Parte) ou aos princípios sensíveis (CF, art. 34, Intervenção Estadual
VII) a intervenção dependerá de representação
do Procurador Geral da República perante o STF, A intervenção estadual apresenta as mesmas caracterís‐
que deverá aceitar a alegação e determinar que ticas essenciais da intervenção federal. Destarte, apresenta‐
o Presidente a execute. remos abaixo alguns aspectos diferenciais:
Estados, Distrito Federal e Municípios de Ter-
ritórios.
Sujeito I - deixar de ser paga, sem motivo de força
Passivo da maior, por dois anos consecutivos, a dívida
Cuidado – a União não pode intervir nos Mu‐
Intervenção fundada;
nicípios de Estados e do Distrito Federal, mas,
somente naqueles inseridos em Territórios. II - não forem prestadas contas devidas, na
forma da lei;
1) Feito o pedido ou a requisição, caberá ao III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido
Presidente da República, mediante Decreto, da receita municipal na manutenção e desen‐
promover a intervenção, sob pena de incorrer Hipóteses de
volvimento do ensino e nas ações e serviços
em Crime de Responsabilidade. Intervenção
públicos de saúde; (Redação dada pela EC nº
2) A 1ª fase é a “intervenção branda” na qual 29, de 2000)

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


haverá o afastamento das autoridades envol- IV - o Tribunal de Justiça der provimento a re‐
vidas. Se a intervenção decorrer dos incisos VI e presentação para assegurar a observância de
VII (únicas hipóteses), essa etapa independerá princípios indicados na Constituição Estadual,
de controle pelo Congresso Nacional. (Aqui ou para prover a execução de lei, de ordem
Fases da ainda não há a intervenção efetiva). ou de decisão judicial.
decretação 3) O Poder Legislativo será provocado para, em Municípios de Estados (Somente).
24 horas, deliberar sobre a intervenção. Caso
não esteja em funcionamento, haverá convo‐ Sujeito Pas-
Cuidado – como visto acima, o Distrito Federal
cação extraordinária, também em 24h. sivo da Inter-
não pode ser dividido em Municípios. Logo,
4) Caso seja ineficaz, haverá a 2ª fase (“interven‐ venção
pode-se afirmar que o DF e os Municípios
ção efetiva”), nomeando-se interventor. Aqui, não podem intervir em ninguém.
sempre haverá a oitiva do Congresso Nacional. 1) Feito o pedido ou a requisição, caberá ao
5) Cessados os motivos que ensejaram na in- Governador, mediante Decreto, promover a
tervenção, as autoridades afastadas dos seus intervenção, sob pena de incorrer em Crime
cargos a eles voltarão, salvo impedimento legal. de Responsabilidade.
2) A 1ª fase é a “intervenção branda” na qual
Jurisprudência haverá o afastamento das autoridades envol-
vidas. Se a intervenção decorrer do inciso IV
STF, Súmula nº 614: Somente o procurador-geral da jus‐ (hipótese única), essa etapa independerá de
tiça tem legitimidade para propor ação direta interventiva Fases da controle pela Assembleia Legislativa. (Aqui
por inconstitucionalidade de lei municipal. decretação ainda não há a intervenção efetiva).
STF, Súmula nº 360: Não há prazo de decadência para a 3) O Poder Legislativo será provocado para,
representação de inconstitucionalidade prevista no art. 8º, em 24h, deliberar sobre a intervenção. Caso
parágrafo único, da Constituição Federal. (Obs.: Refere-se não esteja em funcionamento, haverá convo‐
cação extraordinária, também em 24h.
ao art. 34, V e VII da CF – ADI interventiva). 4) Caso seja ineficaz, haverá a 2ª fase (“inter‐
STF, IF 1.917: Precatórios judiciais. O descumprimento venção efetiva”), nomeando-se interventor.
voluntário e intencional de decisão transitada em julgado Aqui, sempre haverá a oitiva da Assembleia
configura pressuposto indispensável ao acolhimento do pe‐ Legislativa.

73
5) Cessados os motivos que ensejaram na o Poder Executivo é o órgão responsável pela administração
intervenção, as autoridades afastadas dos do Estado, mas isso não impede que Judiciário e Legislativo
seus cargos a eles voltarão, salvo impedi‐ também exerçam, atipicamente, atividades administrativas,
mento legal. no âmbito de suas competências. Além do mais, o Poder
Executivo também tem funções políticas, como, por exemplo,
STF, Súmula nº 637: Não cabe recurso extra‐ a sanção e o veto presidencial. Destarte, pode-se concluir
ordinário contra acórdão de tribunal de justiça que a administração é apenas uma das funções do Poder
que defere pedido de intervenção estadual Executivo (muito embora seja a maior), passível de exercício
em Município. pelos demais Poderes de modo atípico.

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: Administração em Sentido Subjetivo X Objetivo


I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legis‐
lativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de A expressão “administração pública” pode ser analisada
requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for sob duas perspectivas27:
exercida contra o Poder Judiciário; • Sentido subjetivo: Conjunto de entes e entidades que
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judi‐ exercem atividade administrativa. Nesta perspectiva,
ciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Su‐ a administração pública pode ser separada em:
perior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral; − Administração direta: composta pelos entes federa-
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de dos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios),
representação do Procurador-Geral da República, na hipó‐ responsáveis pelo exercício de atividades políticas e
tese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei administrativas;
federal. (Redação dada pela EC nº 45, de 2004) − Administração indireta: representada por autar-
IV - (Revogado pela EC nº 45, de 2004) quias, fundações públicas com personalidade jurí‐
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a ampli‐ dica de direito público, empresas públicas e socie-
tude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, dades de economia mista. Aqui as entidades gozam
nomeará o interventor, será submetido à apreciação do apenas de natureza administrativa, não tendo po‐
Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do Estado, deres políticos.
no prazo de vinte e quatro horas. • Sentido Objetivo: em âmbito objetivo são analisadas
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional as atividades exercidas pelos entes e entidades acima
ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordi‐ citados. São atividades inerente à atividade adminis‐
nária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. trativa:
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, − Serviço público;
dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela − Poder de polícia;
Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender − Fomento;
a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao − Intervenção.
restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades Regime Jurídico da Administração Pública
afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedi‐
mento legal. O estudo da administração pública é atribuição do Direito
Administrativo, que pode se conceituado como “o ramo do
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

CAPÍTULO VII direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pes‐
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA soas jurídicas administrativas que integram a Administração
Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e
Estado X Governo X Administração X Poder Exe- os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de
cutivo natureza pública”28.
A atuação do poder público pode ser dar através de dois
Antes de analisar a atividade administrativa, faz-se im‐ regimes distintos: regime jurídico administrativo e regime
portante traçar algumas definições básicas. jurídico de direito privado.
A princípio, o Estado é definido como toda pessoa jurídica
de direito público externo dotada de soberania, território e Regime Jurídico Administrativo
povo. Alguns estudiosos ainda acrescentam a necessidade de
uma finalidade precípua. Observem que esta é uma definição O regime jurídico administrativo contempla “o conjunto
colhida do entendimento doutrinário majoritário, que está de traços, de conotações, que tipificam o Direito Adminis‐
longe de ser pacificado. O Brasil é, claramente, um Estado, trativo, colocando a Administração Pública numa posição
pois preenche os requisitos supracitados. privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa”29.
Esse Estado tem três funções essenciais: Legislativa, Aponta-se que, na medida em que tais atos provêm de agen‐
Executiva e Judicial, que representam o que chamamos de tes da Administração e se vocacionam ao atendimento do
Governo. Governo é “a cúpula diretiva do Estado que se or‐ interesse público, não podem ser inteiramente regulados
ganiza sob uma ordem jurídica por ele posta, a qual consiste pelo direito privado, este apropriado para os atos jurídicos
no complexo de regras de direito baseadas e fundadas na privados, cujo interesse prevalente é o particular30.
Constituição Federal”26. Esse sistema diferenciado confere ao Estado direitos e
Já a Administração representa o conjunto de ações no deveres próprios, inexistentes nas relações de Direito Priva‐
âmbito organizacional do Estado, excluídas aquelas de natu‐ 27
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 30.ed. Rev., atual. e
reza política, legislativa e judiciária. É importante notar que ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 97-100.
28
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Op. Cit. p. 91.
29
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Op. Cit. p. 102.
26
CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. 4. ed. rev. ampl. e 30
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito 31. ed. rev., atual. e
atual. - Salvador: JusPODIVM, 2017. p. 35. ampl. São Paulo: Atlas, 2017. P. 100.

74
do, que são representados por dois princípios essenciais às Princípio da Legalidade Administrativa
relações de Direto Público: supremacia do interesse público
e indisponibilidade do interesse público. O princípio da legalidade administrativa determina que
A supremacia confere à administração pública prerroga‐ a Administração Pública só pode fazer o que a lei permite.
tivas, que a colocam em patamar superior aos particulares Trata-se de interpretação inversa do princípio da legalidade
com quem se relaciona, haja vista suas condutas se dire‐ comum, segundo a qual os indivíduos são livres para quais‐
cionarem à busca do interesse coletivo. É em decorrência quer condutas, ressalvadas aquelas vedadas pela lei (CF, art.
do princípio da supremacia do interesse público que surge, 5º, II). Enquanto a sociedade pode tudo, exceto o que a lei
por exemplo, a autoexecutoriedade e a imperatividade dos proíbe, a administração somente poderá agir se existente
atos administrativos, as cláusulas exorbitantes nos contratos norma permissiva.
administrativos, entre outros. Apontamos que, mais recentemente, este princípio
Por outro lado, a indisponibilidade do interesse público vem sendo substituído pela doutrina administrativista pelo
serve como um “freio” ao Estado. Não é porque o poder princípio da juridicidade, através do qual a administração
não estará adstrita à lei em sentido estrito (reserva legal),
público age em direção ao interesse da sociedade que sua
mas ao ordenamento jurídico. Portanto, mais amplo que a
superioridade e suas prerrogativas são absolutas. Portanto,
legalidade.
normas restritivas devem ser observadas, como, por exem‐
plo, os princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, Princípio da Impessoalidade
publicidade e eficiência, os deveres de contratação mediante
concurso público, de licitar em suas contratações e de manter Segundo Di Pietro, “exigir impessoalidade da Admi‐
o equilíbrio econômico-financeiro nos contratos entabula‐ nistração tanto pode significar que esse atributo deve ser
dos, entre outros. observado em relação aos administrados como à própria
Logo, o regime de direito administrativo configura esse Administração”. Na primeira hipótese está contido o princípio
aglomerado de prerrogativas e deveres, típicos das relações da finalidade, determinando que o interesse público deve
públicas, fundados sobre os princípios da supremacia e da reger as condutas do poder público. Já no segundo aspecto,
indisponibilidade do interesse público. veda-se que os agentes públicos se utilizem de condutas
do poder público para promoção pessoal (Ex.: a construção
Regime Jurídico de Direito Privado de um viaduto nunca poderá ser atribuída ao Governador
“Fulano de Tal”, mas sim ao Estado, pois é este que efetiva‐
Por outro lado, quando a administração pública pratica mente realiza a obra).
atos tipicamente de direito privado (Ex.: compra e venda,
locação, contratação de seguros, utilização de serviços públi‐ Princípio da Moralidade
cos, exploração de atividade econômica através de empresas
públicas e sociedades de economia mista, entre outros.), é O princípio da moralidade impõe que as condutas este‐
inviável a presença de favores ou deveres diferenciados, sob jam em consonância com a moral, bons costumes, as regras
pena de desequilibrar as relações por ela entabuladas, seja da boa administração, os princípios de justiça e de equidade
em desfavor dos particulares, seja do Estado. Nesta hipótese e a ideia comum de honestidade. Sempre que se verificar
comportamento da Administração ou do administrado con‐
estamos diante do regime jurídico de direito privado.
trário aos interesses citados, haverá violação ao princípio
Sem embargo, é imperioso destacar que, mesmo nas
da moralidade.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


hipóteses em que o poder público atua em âmbito privado, O princípio da moralidade é base essencial para a veda-
algumas prerrogativas restarão mantidas. Nunca haverá a ção ao nepotismo no Brasil. Essa proibição foi consolidada
plena submissão ao regime privado, mas, tão somente, sua na Súmula Vinculante 13, que assim enuncia:
preponderância. Em decorrência disso, são mantidos, por
exemplo, o juízo privativo, a prescrição quinquenal, o proces‐ A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente
so especial de execução, a impenhorabilidade de seus bens. em linha reta, colateral ou por afinidade, até o ter‐
Além disso, sempre terá algumas restrições, como aquelas ceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou
concernentes à competência, finalidade, motivo, forma, pro‐ de servidor da mesma pessoa jurídica investido em
cedimento, publicidade31. cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança
Seção I ou, ainda, de função gratificada na administração
Disposições Gerais pública direta e indireta em qualquer dos poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Art. 37. A administração pública direta e indireta de Municípios, compreendido o ajuste mediante de‐
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito signações recíprocas, viola a Constituição Federal.
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de le‐
galidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efici‐ Pontua-se que, mesmo não constando expressamente
ência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela EC nº na Carta Maior, a proibição ao nepotismo pode ser extraída
19, de 1998) dos princípios básicos da administração pública, em especial
do dever de moralidade.
Princípios Gerais da Administração Pública32 Princípio da Publicidade
Dica! Mnemônico – L.I.M.P.E. O princípio da publicidade exige a ampla divulgação dos
Cuidado: Alta incidência em provas. atos praticados pela Administração Pública, ressalvadas
as hipóteses de sigilo previstas em lei. Cumprindo com a
31
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Op. Cit. p. 101-102. presente norma, foi editada a Lei nº 12.527/2011 (Lei da
32
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Op. Cit. p. 104-120. Transparência).

75
No que concerne ao princípio em voga há tema de rele‐ até dois parentes das autoridades mencionadas no caput do
vo a ser estudado: a possibilidade, ou não, de divulgação art. 1º da Lei estadual 13.145/1997 e do cônjuge do chefe
da remuneração dos agentes públicos. Em diversos entes do Poder Executivo, além de subverter o intuito moralizador
federados foram editadas leis determinando que o poder inicial da norma, ofende irremediavelmente a CF.
público divulgasse não somente os nomes e a lotação de seus STF, ARE 652.777: É legítima a publicação, inclusive em
agentes, mas também a remuneração por eles percebida. O sítio eletrônico mantido pela administração pública, dos
mesmo se deu em âmbito federal, através do art. 7º, §3º, VI, nomes dos seus servidores e do valor dos correspondentes
do Decreto nº 7.724/2012. Estas normas causaram grande vencimentos e vantagens pecuniárias.
repercussão e discussão em meio ao serviço público, sob a STF, RE 570.392: NEPOTISMO. Não é privativa do chefe
pecha de violadoras dos direitos constitucionais à intimidade do Poder Executivo a competência para a iniciativa legislativa
e à vida privada (CF, art. 5º, X). de lei sobre nepotismo na administração pública.
O tema chegou ao Supremo Tribunal Federal, que enten‐ STF, Rcl 7.590: NEPOTISMO. CARGOS POLÍTICOS. INEXIS‐
deu pela inexistência da violação alegada. A Corte observou TÊNCIA. Os cargos políticos são caracterizados não apenas
que, mesmo diante da relativização de alguns direitos fun‐ por serem de livre nomeação ou exoneração, fundadas na
damentais com a publicação da remuneração dos agentes fidúcia, mas também por seus titulares serem detentores de
públicos, o princípio da publicidade deveria prevalecer. Res‐ um munus governamental decorrente da CF, não estando
tou observado que “a prevalência do princípio da publici‐ os seus ocupantes enquadrados na classificação de agen‐
dade administrativa outra coisa não é senão um dos mais tes administrativos. Em hipóteses que atinjam ocupantes
altaneiros modos de concretizar a República enquanto forma de cargos políticos, a configuração do nepotismo deve ser
de governo” (STF, SS 3.902). analisado caso a caso, a fim de se verificar eventual “troca
de favores” ou fraude a lei. Decisão judicial que anula ato
Princípio da Eficiência de nomeação para cargo político apenas com fundamento
na relação de parentesco estabelecida entre o nomeado e o
O princípio da eficiência apresenta dois aspectos dis‐ chefe do Poder Executivo, em todas as esferas da federação,
tintos: por um lado, impõe-se ao agente público o melhor diverge do entendimento da Suprema Corte consubstanciado
desempenho possível de suas atribuições, focando nos me‐ na Súmula Vinculante 13.
lhores resultados; por outro turno, há o dever de organizar, STF, Rcl 6.650 MC-AgR: NEPOTISMO. Nomeação de irmão
estruturar e disciplinar a Administração Pública, para que de governador de Estado. Cargo de secretário de Estado.
o interesse público seja alcançado da maneira mais efetiva Nepotismo. Súmula Vinculante 13. Inaplicabilidade ao caso.
possível. Cargo de natureza política. Agente político. (...) Impossibi‐
lidade de submissão do reclamante, secretário estadual de
Jurisprudência transporte, agente político, às hipóteses expressamente
elencadas na Súmula Vinculante 13, por se tratar de cargo
Súmula Vinculante nº 13: A nomeação de cônjuge, com‐ de natureza política.
panheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, STF, MS 27.945: NEPOTISMO. Servidor efetivo do Poder
até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de Executivo, que exerce função comissionada em Tribunal, ao
servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de qual seu irmão é vinculado como juiz. Configuração:
direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo
em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

na administração pública direta e indireta em qualquer dos aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Re-
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações dação dada pela EC nº 19, de 1998)
recíprocas, viola a Constituição Federal.
STF, Súmula 473: A administração pode anular seus Cargo X Emprego X Função33
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ile‐
gais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, Antes de analisarmos os requisitos de acesso aos cargos,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados empregos e funções, cumpre fazer alguns esclarecimentos.
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a Cargos Públicos podem ser definidos como a posição,
apreciação judicial. dentro da organização funcional da Administração Direta,
STF, Súmula 346: A Administração Pública pode declarar autárquica e fundacional, ocupada por servidor público, à
a nulidade dos seus próprios atos. qual são acometidas funções específicas e remuneração fi‐
STF, Súmula 6: A revogação ou anulação, pelo poder exe‐ xadas em lei ou diploma a ela equivalente.
cutivo, de aposentadoria, ou qualquer outro ato aprovado A Função Pública, por sua vez, representa a atividade
pelo Tribunal de Contas, não produz efeitos antes de apro‐ em si mesma. Logo, pode-se dizer que função é sinônimo de
vada por aquele tribunal, ressalvada a competência revisora atribuição e corresponde às inúmeras tarefas, que compõem
do judiciário. o objeto dos serviços prestados pelos servidores públicos.
STF, ADPF 378 MC: No impeachment, todas as votações Nesse sentido, fala-se em função de apoio, função de dire‐
devem ser abertas, de modo a permitir maior transparência, ção, função técnica. Importante ressaltar que a todo cargo
controle dos representantes e legitimação do processo. O será acometida uma função, mas nem toda função será
sigilo do escrutínio é incompatível com a natureza e a gravi‐ vinculada a um cargo. Contratações por prazo determinado
dade do processo por crime de responsabilidade. (CF, art. 37, IX) e funções de confiança (CF, art. 37, V), para as
STF, ADI 3.745: NEPOTISMO. Criação de exceções ao óbi‐ atividades de direção, chefia e assessoramento, representam
ce da prática de atos de nepotismo. Vício material. Ofensa funções desvinculadas de um cargo específico.
aos princípios da impessoalidade, da eficiência, da igualdade Por fim, os Empregos Públicos correspondem à relação
e da moralidade. (...) A previsão impugnada, ao permitir (ex‐ funcional trabalhista, regida pela Consolidação das Leis do
cepcionar), relativamente a cargos em comissão ou funções
gratificadas, a nomeação, a admissão ou a permanência de 33
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Op. Cit. P. 406-407.

76
Trabalho (CLT), e não pelos Estatutos dos Servidores Públicos. Jurisprudência
Essas contratações são realizadas pelas Empresas Públicas e
pelas Sociedades de Economia Mista. A administração direta, Súmula Vinculante nº 44: Só por lei se pode sujeitar a
autárquica e fundacional não contrata empregados celetis‐ exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo pú‐
tas, mas, como analisaremos no art. 39 do Texto Maior, já blico.
houve essa possibilidade. STF, Súmula nº 683: O limite de idade para a inscrição
em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX,
Acesso a Cargos, Empregos e Funções da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza
das atribuições do cargo a ser preenchido.
O inciso I traz duas situações distintas sobre o acesso aos STF, Súmula nº 14: Não é admissível, por ato adminis‐
cargos, empregos e funções. No que concerne aos brasilei- trativo, restringir, em razão da idade, inscrição em concurso
ros, o acesso é livre, devendo apenas cumprir os requisitos para cargo público.
legais, se existentes (norma de eficácia contida). Em âmbito STF, RE 898.450: LIMITAÇÕES. PREVISÃO EM LEI. NECES‐
federal, os requisitos de ingresso foram disciplinados pela Lei SIDADE. Os requisitos do edital para o ingresso em cargo,
nº 8.112/1990. Já quanto aos estrangeiros a situação é dife‐ emprego ou função pública devem ter por fundamento lei
rente, pois a Constituição exige que o acesso dele se dê “na em sentido formal e material. Editais de concurso público
forma da lei”. Portanto, há a necessidade de lei prévia para não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem,
que seja admitida a contratação de estrangeiros (norma de salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole
eficácia limitada). Por se trata de norma de direito adminis‐ valores constitucionais.
trativo, a doutrina vem defendendo que cada ente federado STF, AI 625.617 AgR: EXAME PSICOTÉCNICO. O exame
poderá regulamentar a contratação de estrangeiros. psicotécnico, especialmente quando possuir natureza elimi‐
natória, deve revestir-se de rigor científico, submetendo-se,
Restrições à Acessibilidade Universal a Cargos, em sua realização, à observância de critérios técnicos que
Empregos e Funções propiciem base objetiva destinada a viabilizar o controle
jurisdicional da legalidade, da correção e da razoabilidade
Observem que a regra é o acesso universal a cargos, dos parâmetros norteadores da formulação e das conclusões
empregos e funções, sendo que as restrições de ingresso resultantes dos testes psicológicos, sob pena de frustrar-se,
somente serão admitidas em hipóteses excepcionais. de modo ilegítimo, o exercício, pelo candidato, da garantia
Uma primeira hipótese de restrição ao livre acesso se de acesso ao Poder Judiciário, na hipótese de lesão a direito.
dá quando há norma constitucional neste sentido. É o que STF, RE 558.833 AgR: A exigência de experiência profis‐
ocorre no art. 12, § 3º da Carta Constitucional, que reserva, sional prevista apenas em edital importa em ofensa cons‐
com exclusividade, aos brasileiros natos os seguintes cargos: titucional.
• De Presidente e Vice-Presidente da República; STF, RE 528.684/MS: Edital que prevê a possibilidade
• De Presidente da Câmara dos Deputados; de participação apenas de concorrentes do sexo masculino.
• De Presidente do Senado Federal; Ausência de fundamento. Violação ao art. 5º, I, da Consti‐
• De Ministro do Supremo Tribunal Federal; tuição Federal. A jurisprudência desta Corte é firme no sen‐
• Da carreira diplomática; tido de que é ilegítima exigência prevista apenas no edital
• De oficial das Forças Armadas; quando instaura prescrição para os cargos a serem preen‐
• De Ministro de Estado da Defesa. chidos mediante concurso público sem fundamento legal e

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


razoabilidade no critério de fixação das atividades a serem
Além das limitações constitucionalmente fixadas, as Cor‐ desempenhadas.
tes Superiores apontam que outras restrições podem ser
estabelecidas pelo legislador ordinário, como estabelece II - a investidura em cargo ou emprego público depende
a parte final do art. 39 da Constituição Federal, que assim de aprovação prévia em concurso público de provas ou de
enuncia: “podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
de admissão quando a natureza do cargo o exigir”. do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
Para as Cortes Superiores, qualquer limitação de ingresso as nomeações para cargo em comissão declarado em lei
deve se submeter a três requisitos: de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela EC
• Previsão em lei; nº 19, de 1998)
• Previsão no edital do concurso público; III - o prazo de validade do concurso público será de até
• Razoabilidade. dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de
Preenchidos estes critérios, poderão ser estipuladas limi‐ convocação, aquele aprovado em concurso público de pro‐
tações de ingresso em cargos públicos por motivo de idade, vas ou de provas e títulos será convocado com prioridade
sexo, estado civil, altura, desde que haja correlação entre o sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego,
limite e o cargo a ser preenchido. na carreira;
Quanto à exigência de Exame Psicotécnico, além de pre‐ [...]
visão em lei e no edital, o Supremo Tribunal exige a fixação § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III
de critérios objetivos de julgamento e a possibilidade de re‐ implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade res‐
curso do resultado do exame (STF, RE 188.234/DF e Súmula ponsável, nos termos da lei.
Vinculante 44).
Ademais, recentemente o STF se debruçou sobre a cons‐ Concurso Público
titucionalidade da restrição na participação em concurso por
candidatos com tatuagem. A Corte entendeu que essa limi‐ Com a promulgação da Constituição da República de
tação é inconstitucional, salvo em situações excepcionais 1988, tornou-se obrigatória a utilização dos Concursos
em razão de conteúdo que viole valores constitucionais (STF, Públicos para a seleção e contratação de indivíduos para
RE 898.450). o exercício de cargos, empregos e funções públicas, salvo

77
algumas exceções abaixo apresentadas. Nos termos de Ma‐ • cargos em comissão (CF, art. 37, II);
theus Carvalho34, • servidores temporários (CF, art. 37, IX);
• cargos eletivos;
O requisito básico para garantia de impessoalidade, • nomeação de alguns juízes de Tribunais, Desembar‐
moralidade e isonomia no acesso a cargos públicos gadores, Ministros de Tribunais (membros das Cortes
é a realização de concurso público, de provas ou de Superiores, quinto constitucional etc.);
provas e títulos, uma vez que os critérios de seleção • ex-combatentes (CF, art. 53, I, do ADCT);
são objetivos, não se admitindo quaisquer espécies • agentes comunitários de saúde e agentes de combate
de favoritismos ou discriminações indevidas. às endemias (CF, art. 198, § 4º).

O certame poderá ser realizado através de provas ou Fiquem sempre atentos para o fato de que a dispensa
provas e títulos, a depender da complexidade e da natureza de concurso público somente será viável se houver norma
do cargo, e gozará de prazo de validade de 2 anos, renováveis constitucional neste sentido.
por mais igual prazo, se de interesse do Estado. A renovação
é ato discricionário. Desrespeito à Exigência de Concurso Público. Conse-
quências
Entes e Entidades Obrigados a Contratar Através de
Concurso Público Bom, vimos que é obrigatória a realização de concurso
público, mas, o que ocorrerá se houver contratação sem con‐
É importante notar que a exigência de concurso público curso, ou se, mesmo sendo realizado, ele vier a ser anulado
é imposta para todas contratações feitas pela administração em momento posterior? Nestas hipóteses o indivíduo admi‐
pública, independente de se estar falando da administração tido será exonerado, pois ausente requisito constitucional.
direta autárquica e fundacional, ou das empresas públicas Entretanto, evitando o enriquecimento sem causa do poder
e sociedades de economia mista. A Súmula 231 do Tribunal público, serão devidos ao contratado o saldo de salário e os
de Contas da União elucida bem essa exigência: depósitos do FGTS (STF, RE 705.140/RS).
Ademais, pontua-se que essas situações são insuscetíveis
Súmula 231 do TCU: “A exigência de concurso pú‐ de convalidação, não havendo espaço para a aplicação da
blico para admissão de pessoal se estende toda teoria do fato consumado (STF, 608.482/RN).
a Administração Indireta, nela compreendidas as
Autarquias, as Fundações instituídas e mantidas Controle da legalidade e legitimidade dos concursos
pelo poder público, as Sociedades de Economia públicos
Mista, as Empresas Públicas e, ainda, as demais
entidades controladas direta ou indiretamente pela Como se vê em direito administrativo, a administração
União, mesmo que visem a objetivos estritamente pública tem o poder de autotutela, podendo anular atos
econômicos, em regime de competitividade com a eivados de ilegalidade e revogar aqueles contrários ao inte‐
iniciativa privada”. resse público. Destarte, diante de alguma irregularidade nos
concursos públicos por ela realizado, será plenamente viável
Este esclarecimento é de suma importância, uma vez autotutela, de modo a corrigir ou afastar eventuais vícios.
que, por exemplo, as empresas públicas e sociedades de O grande debate sobre o controle da legalidade dos con‐
economia mista atuam no domínio econômico, sendo pre‐ cursos públicos está em saber se o Poder Judiciário poderia,
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

dominantemente regidas pelo direito privado, e não pelo ou não, intervir em certames públicos para correção de vícios.
direito público. Todavia, algumas normas de direito público Consolidou-se o entendimento de que o Judiciário não goza
lhes são impostas, como, por exemplo, a necessidade da de legitimidade para controlar o mérito dos atos administrati‐
realização de certame público para a contratação pessoal. vos, ou seja, sua oportunidade e a conveniência. No entanto,
diante de alguma ilegalidade os órgãos jurisdicionais terão
Inconstitucionalidade das Formas de Provimento De- plena atuação, podendo anular os atos viciados.
rivado O Supremo Tribunal em diversas oportunidades se mani‐
festou acerca da impossibilidade de o judiciário atuar como
Em decorrência da necessidade da realização de concur‐ instancia revisora dos gabaritos de concurso público, restan‐
sos públicos para contratação de servidores e empregados, do sua atuação restrita às hipóteses de flagrante ilegalidade
restam impossibilitadas as chamadas “formas de provimento (STF, RMS 49.896/RS). Portanto, não pode o Poder Judiciário
derivado”, através das quais o indivíduo presta concurso para reavaliar provas e notas atribuídas aos candidatos, sob pena
um cargo “X” e, posteriormente, é promovido ou aproveitado
de invadir o mérito dos atos administrativos.
no cargo “Y”, distinto daquele para o qual prestou concurso
(Súmula Vinculante 43).
Direito Subjetivo à Nomeação
Pelo mesmo motivo são proibidos os concursos internos
para preenchimento de cargos vagos em carreiras distintas
Aprovado no concurso, a administração será obrigada a
(STF, ADI 917). Logo, a mudança de cargos dentro do poder
nomear o candidato? Depende.
público somente pode ser realizada mediante a prestação
Se o candidato ficou dentro das vagas previstas no edital,
de novo concurso público.
sua nomeação será obrigatória, havendo direito subjetivo
(STF, RE 598.099/MS). Nada obstante, observem que os in‐
Exceções à Necessidade de Concurso Público
divíduos que ficarem em vagas de cadastro de reserva não
Nada obstante a regra seja a seleção dos agentes públicos terão essa prerrogativa (STF, MS-AgR 31.790/DF). Além disso,
mediante concurso, a Carta Maior dispensa este procedimen‐ idêntico direito é conferido àqueles que, mesmo fora das
to seletivo em algumas circunstâncias: vagas, acabam por nelas se enquadrar em decorrência da
desistência de candidatos em melhor colocação (STF, ARE‐
34
CARVALHO, Matheus. Op. Cit. p. 796-797. -AgR 675.202/BP).

78
Vamos exemplificar essa última hipótese: foi aberto con‐ STJ, Súmula nº 377: O portador de visão monocular tem
curso público para o Cargo X, com 2 vagas para provimento direito de concorrer, em concurso público, às vagas reserva‐
imediato, além de cadastro de reserva. Mévio foi aprovado das aos deficientes.
em 3º lugar. Nesta circunstância, Mévio está em cadastro de STJ, Súmula nº 266: O diploma ou habilitação legal para
reserva, não tendo direito subjetivo de ser nomeado. Mas o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na ins‐
digamos que o 2º colocado no concurso desista e não seja crição para o concurso público.
empossado, o que acontecerá com Mévio? Com a desistência TST, Súmula nº 430: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDI‐
do 2º colocado, Mévio, que era o 3º, passa a ocupar a 2ª RETA. CONTRATAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO.
vaga, e, com isso, surge seu direito subjetivo de ser nomeado. NULIDADE. ULTERIOR PRIVATIZAÇÃO. CONVALIDAÇÃO.
Outras situações são importantes de pontuar. Se o edital INSUBSISTÊNCIA DO VÍCIO – Convalidam-se os efeitos do
não trouxer previsão de vagas, o 1º colocado terá direito contrato de trabalho que, considerado nulo por ausência
subjetivo à nomeação (STJ, RMS-AgR 33.426/RS). Cuidado de concurso público, quando celebrado originalmente com
com esta situação, pois somente aplicável caso não haja ente da Administração Pública Indireta, continua a existir
previsão sobre as vagas no edital. Se o concurso for para o após a sua privatização.
provimento de cadastro de reserva, não caberá este direi‐ TST, Súmula nº 363: CONTRATO NULO. EFEITOS - A con‐
to. Ademais, o surgimento de novas vagas ou a abertura tratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia
de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de aprovação em concurso público, encontra óbice no respecti‐
validade do certame anterior, não gera automaticamente o vo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao paga‐
direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas mento da contraprestação pactuada, em relação ao número
previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário
arbitrária e imotivada por parte da administração (STF, RE mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS.
837.311/PI). TST, OJ 366 da SDI1: ESTAGIÁRIO. DESVIRTUAMENTO DO
O poder público, na convocação dos aprovados deve ob‐ CONTRATO DE ESTÁGIO. RECONHECIMENTO DO VÍNCULO
servar a ordem de classificação no certame. Caso não haja EMPREGATÍCIO COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA
esse cuidado, o candidato preterido passará a ter direito OU INDIRETA. PERÍODO POSTERIOR À CONSTITUIÇÃO FEDE‐
subjetivo de ser nomeado. O mesmo direito surgirá nas hi‐ RAL DE 1988. IMPOSSIBILIDADE - Ainda que desvirtuada a
póteses de contratação a título precário pelo poder público finalidade do contrato de estágio celebrado na vigência da
para cargos que contem com aprovados em concurso público Constituição Federal de 1988, é inviável o reconhecimento
do vínculo empregatício com ente da Administração Pública
ainda vigente (STF, Súmula nº 15).
direta ou indireta, por força do art. 37, II, da CF/1988, bem
como o deferimento de indenização pecuniária, exceto em
Cláusula de Barreira
relação às parcelas previstas na Súmula nº 363 do TST.
TST, OJ 335 da SDI1: CONTRATO NULO. ADMINISTRAÇÃO
Por fim, merece destaque a constitucionalidade do uso
PÚBLICA. EFEITOS. CONHECIMENTO DO RECURSO POR VIO‐
da cláusula de barreira nos processos seletivos. É comum
LAÇÃO DO ART. 37, II E § 2º, DA CF/1988 - A nulidade da con‐
nos concursos com duas ou mais fases que somente um de‐ tratação sem concurso público, após a CF/1988, bem como
terminado número de candidatos sejam admitidos para a 2ª a limitação de seus efeitos, somente poderá ser declarada
etapa do certame, mesmo que vários outros tenham sido por ofensa ao art. 37, II, se invocado concomitantemente o
aprovados na fase anterior. É o que se chama de cláusula seu § 2º, todos da CF/1988.
de barreia, ou nota de corte.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


STF, ADI 3415: COMISSÁRIO DE POLÍCIA. CARGO DE NA‐
O STF entendeu que essa imposição é constitucional, uma TUREZA ISOLADA. TRANSFORMAÇÃO, APÓS POUCO MAIS
vez que, aplicada a todos candidatos, a cláusula de barreira DE 3 ANOS, EM CARGOS DE DELEGADO DE POLÍCIA. BURLA
filtra aqueles com reais chances de aprovação, dentro, ou AO CONCURSO PÚBLICO CARACTERIZADA. INCONSTITUCIO‐
próximo, do número de vagas ofertadas. Não há violação NALIDADE. 1. As leis estaduais impugnadas equipararam (Lei
à isonomia, uma vez que a medida é aplicada a todos os 2.875/04) e, logo após, transformaram (Lei nº 2.917/2004)
candidatos, indistintamente (STF, 635739/AL). em delegados de polícia 124 cargos isolados de comissários
de polícia, que haviam sido criados em 2001 com remu‐
Jurisprudência neração bastante inferior à daquele primeiro cargo e sem
perspectiva de progressão funcional. 2. A forma pela qual
Súmula Vinculante nº 43: É inconstitucional toda moda‐ foi conduzido o rearranjo administrativo revela que houve,
lidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, de fato, burla ao postulado do concurso público, mediante o
sem prévia aprovação em concurso público destinado ao favorecimento de agentes públicos alçados por via legislativa
seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual a cargo de maior responsabilidade do que aquele para o qual
anteriormente investido. foram eles aprovados em concurso.
STF, Súmula nº 684: É inconstitucional o veto não moti‐ STF, ADI 3.026: OAB. DESNECESSIDADE DE CONCURSO
vado à participação de candidato a concurso público. PÚBLICO. Não procede a alegação de que a OAB sujeita-se aos
STF, Súmula nº 20: É necessário processo administrativo ditames impostos à administração pública direta e indireta. A
com ampla defesa, para demissão de funcionário admitido OAB não é uma entidade da administração indireta da União.
por concurso. A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar
STF, Súmula nº 17: A nomeação de funcionário sem con‐ no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito
curso pode ser desfeita antes da posse. brasileiro. A OAB não está incluída na categoria na qual se
STF, Súmula nº 15: Dentro do prazo de validade do con‐ inserem essas que se tem referido como “autarquias espe‐
curso, o candidato aprovado tem o direito à nomeação, quan‐ ciais” para pretender-se afirmar equivocada independência
do o cargo for preenchido sem observância da classificação. das hoje chamadas “agências”. Por não consubstanciar uma
STJ, Súmula nº 552: O portador de surdez unilateral não entidade da administração indireta, a OAB não está sujeita a
se qualifica como pessoa com deficiência para o fim de dis‐ controle da administração, nem a qualquer das suas partes
putar as vagas reservadas em concursos públicos. está vinculada. (...) Improcede o pedido do requerente no

79
sentido de que se dê interpretação conforme o art. 37, II, da nistração pública é declarado inconstitucional pelo Poder
Constituição do Brasil ao caput do art. 79 da Lei 8.906, que Judiciário.
determina a aplicação do regime trabalhista aos servidores STF, RE 594.917 AgR: A jurisprudência desta Corte se fir‐
da OAB. Incabível a exigência de concurso público para ad‐ mou no sentido de que não há preterição quando a adminis‐
missão dos contratados sob o regime trabalhista pela OAB. tração realiza nomeações em observação a decisão judicial.
STF, ADI 3.332: É inconstitucional a chamada investidura STF, ARE 899.816 AgR: CONCURSO PÚBLICO. NOMEAÇÃO
por transposição. APÓS EXPIRADO O PRAZO DE VALIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
STF, ADI 980: É inconstitucional a lei que autoriza o siste‐ Ofende a CF (art. 37, II e III e § 2º) a nomeação de candidato
ma de opção ou de aproveitamento de servidores federais, após expirado o prazo de validade do concurso.
estaduais e municipais sem que seja cumprida a exigência STF, AI 777.644 AgR: CONCURSO PÚBLICO. TERCEIRIZA‐
de concurso público. ÇÃO DE VAGA. PRETERIÇÃO DE CANDIDATOS APROVADOS.
STF, ADI 231: ASCENSÃO E TRANSFERÊNCIA. INCONSTI‐ DIREITO À NOMEAÇÃO. Uma vez comprovada a existência
TUCIONALIDADE. Estão, pois, banidas das formas de investi‐ da vaga, sendo esta preenchida, ainda que precariamente,
dura admitidas pela Constituição a ascensão e a transferên‐ fica caracterizada a preterição do candidato aprovado em
cia, que são formas de ingresso em carreira diversa daquela concurso.
para a qual o servidor público ingressou por concurso, e que
não são, por isso mesmo, ínsitas ao sistema de provimento V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente
em carreira, ao contrário do que sucede com a promoção, por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
sem a qual obviamente não haverá carreira, mas, sim, uma comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
sucessão ascendente de cargos isolados. O inciso II do art. nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
37 da CF também não permite o “aproveitamento”, uma vez lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
que, nesse caso, há igualmente o ingresso em outra carreira assessoramento; (Redação dada pela EC nº 19, de 1998)
sem o concurso exigido pelo mencionado dispositivo.
STF, RE 629.392 (NOVO): A nomeação tardia de can‐ Cargos em Comissão e Funções Gratificadas
didatos aprovados em concurso público, por meio de ato
judicial, à qual atribuída eficácia retroativa, não gera direito Os cargos em comissão e as funções de confianças são
às promoções ou progressões funcionais que alcançariam instrumentos para o exercício das funções de direção chefia
houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação. e assessoramento. Embora ambos sejam de livre nomea-
STF, RE 596478/RR: CONCURSO PÚBLICO. NULIDADE. ção e exoneração, gozam de algumas peculiaridades que
DIREITO AO SALDO DE SALÁRIO E AOS DEPÓSITOS DO FGTS. os distinguem.
Mesmo quando reconhecida a nulidade da contratação do Os cargos em comissão são compostos por servidores
empregado público, nos termos do art. 37, § 2°, da Consti‐ públicos, ou não, sendo exigido, tão somente, que haja a re‐
tuição Federal, subsiste o direito do trabalhador ao dep6si‐ serva de percentual destinado a agentes públicos, conforme
to do FGTS quando reconhecido ser devido o salário pelos disposto em lei. As funções comissionadas, por sua vez, são
de acesso exclusivo dos servidores ocupantes de cargos em
serviços prestados.
provimento efetivo. Atentem para o fato de que as funções
STF, AI 829.186 AgR: CONCURSO PÚBLICO. INVESTIGA‐
comissionadas não correspondem a nenhum cargo, mas sim
ÇÃO SOCIAL. EXCLUSÃO DO CERTAME. A jurisprudência da
a uma função administrativa.
Corte firmou o entendimento de que viola o princípio da
Além do mais, lembrem que é nos Cargos em Comissão
presunção de inocência a exclusão de certame público de e nas Funções Gratificadas que surge o problema do nepo‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

candidato que responda a inquérito policial ou ação penal tismo, estudado no início do presente capítulo.
sem trânsito em julgado da sentença condenatória.
STF, MS 30.177: CONCURSO PÚBLICO. PRINCÍPIO DA Dica! Cargos em comissão e funções comissionadas não
LEGALIDADE. EDITAL. ETAPAS. As etapas do concurso pres‐ podem ser criados para o exercício de atividades técnicas
cindem de disposição expressa em lei no sentido formal e ou burocráticas. O STF, em mais de uma oportunidade,
material, sendo suficientes a previsão no edital e o nexo de considerou inconstitucional essa criação, apontando que
causalidade consideradas as atribuições do cargo. essas técnicas servem exclusivamente para funções de
STF, MS 26.294: PROVIMENTO DERIVADO. IN‐ direção, chefia e assessoramento.
CONSTITUCIONALIDADE. Não é possível a nomeação de
candidato em quadro diverso do qual foi aprovado, ainda Jurisprudência
que os cargos tenham a mesma nomenclatura, atribuições
iguais, e idêntica remuneração, quando inexiste essa previsão STF, ADI 3.706: Violação ao art. 37, II e V, da Constitui‐
no edital do concurso. A falta de previsão no edital sobre ção. Os cargos em comissão criados pela Lei 1.939/1998, do
a possibilidade de aproveitamento de candidato aprovado Estado de Mato Grosso do Sul, possuem atribuições mera‐
em certame destinado a prover vagas para quadro diverso mente técnicas e que, portanto, não possuem o caráter de
do que prestou o concurso viola o princípio da publicidade, assessoramento, chefia ou direção exigido para tais cargos,
norteador de todo concurso público, bem como o da impes‐ nos termos do art. 37, V, da CF.
soalidade e o da isonomia.
STF, RE 596.478: Mesmo quando reconhecida a nulidade VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre
da contratação do empregado público, nos termos do art. associação sindical;
37, § 2º, da CF, subsiste o direito do trabalhador ao depósi‐ VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos
to do FGTS quando reconhecido ser devido o salário pelos limites definidos em lei específica; (Redação dada pela EC
serviços prestados. nº 19, de 1998)
STF, RE 339.852 AgR: NOMEAÇÃO TARDIA. DANOS MO‐
RAIS. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO. Nos termos da jurispru‐ Direito de Greve e de Associação Sindical
dência do STF, é cabível a indenização por danos materiais
nos casos de demora na nomeação de candidatos aprovados Nos incisos VI e VII há duas normas que se complemen‐
em concursos públicos, quando o óbice imposto pela admi‐ tam. Tanto a associação sindical como a greve são manifes‐

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tações de tutela pelos direitos de determinado grupo de petência para deliberar sobre o tema, como o fez a União
pessoas, que, no caso, são os servidores públicos. através do art. 5º, § 2º, da Lei nº 8.112/1990, determinando
O princípio da livre associação sindical, como se estuda a reserva de até 20% das vagas em concursos públicos para
no art. 8º, da CF/88, é composto por três subprincípios: portadores de necessidades especiais (o Decreto Federal n°
• Liberdade de fundação (criação) de sindicato: o art. 3.298/1999, regulamentando a Lei Federal n° 7.853/89, prevê
8º, I, parte inicial, da Carta Maior estabelece que “a percentual mínimo de 5% de reserva de vagas). Percebam
lei não poderá exigir autorização do Estado para a que esta norma é de eficácia limitada, demandando que os
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão entes federados editem normas próprias para disciplinar a
competente[...]”. Portanto, é vedado ao poder público reserva de vagas.
impedir a criação de entidades sindicais, observada as Além da proteção aos deficientes, é importante lembrar
ressalvas constitucionalmente estabelecidas. que, buscando a isonomia competitiva, foi editada a Lei nº
• Liberdade de administração ou organização: a parte 12.990/2014, reservando 20% das vagas em concursos pú‐
final do art. 8º, I, restringe a intervenção estatal nestas blicos da administração federal para negros. Observa-se que,
entidades, assim enunciando “[...] vedadas ao Poder neste caso, o percentual e fixo.
Público a interferência e a intervenção na organização
sindical”. Jurisprudência
• Liberdade de filiação: este aspecto é destinado aos
empregadores e empregados pertencentes à categoria STF, RMS 27.710 AgR: Não se mostra justo, ou, no míni‐
representada pelo sindicato. Como aponta o art. 8º, mo, razoável, que o candidato portador de deficiência física,
V, da CF/1988, “ninguém será obrigado a filiar-se ou a na maioria das vezes limitado pela sua deficiência, esteja em
manter-se filiado a sindicato”. aparente desvantagem em relação aos demais candidatos, de‐
vendo a ele ser garantida a observância do princípio da isonomia
Estes direitos também são assegurados aos servidores /igualdade. O STF, buscando garantir razoabilidade à aplicação
públicos, como forma de tutela dos interesses de sua catego‐ do disposto no Decreto nº 3.298/1999, entendeu que o referido
ria. Notem que, quanto à liberdade sindical, estamos diante diploma legal deve ser interpretado em conjunto com a Lei nº
de uma norma de eficácia plena, autoexecutável. Portanto, 8.112/1990. Assim, as frações mencionadas no art. 37, § 2º,
sua eficácia é imediata, não demandando complementação do Decreto nº 3.298/1999 deverão ser arredondadas para o
normativa para ser aplicada. primeiro número subsequente, desde que respeitado o limite
No inciso VII é assegurado o exercício do direito de greve máximo de 20% das vagas oferecidas no certame.
aos servidores públicos, que pode ser definida como a “para‐
lisação coletiva provisória, parcial ou total, das atividades dos IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
trabalhadores em face de seus empregadores ou tomadores determinado para atender a necessidade temporária de
de serviços, com o objetivo de exercer-lhes pressão, visando à excepcional interesse público; (Vide Emenda constitucional
defesa ou conquista de interesses coletivos, ou com objetivos nº 106, de 2020)
sociais mais amplos”35.
Nada obstante a importância do direito de greve, nestas Contratação por Prazo Determinado
hipóteses estamos diante de norma de eficácia limitada,
não-autoexecutável. Logo, a greve dos agentes públicos de‐ As necessidades do Estado variam diuturnamente e, por
mandava a edição de lei, e, somente a partir daí seu exercício vezes, exigem a prática de atos excepcionais ou urgentes,
seria legítimo. Essa lei nunca foi editada. Bom, aí surge a

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


como ocorre com a contratação por prazo determinado. Esta
pergunta: então os servidores não podem fazer greve? PO- forma de admissão tem como escopo a busca por indivíduos
DEM. Como o legislador se manteve inerte quanto ao tema, que, em uma situação de excepcional interesse público, con‐
algumas categorias impetraram mandados de injunção, pe‐ sigam auxiliar o Estado na prestação dos serviços de interes‐
rante o STF, para sanar a omissão (STF, MI nos 670, 708 e se da sociedade. São quatro os requisitos essenciais para a
712). A Suprema Corte entendeu que, enquanto não editada contratação temporária pelo poder público (STF, ADI 2.229):
norma regulamentando a greve dos servidores públicos, a • previsão em lei dos cargos;
eles deve ser aplicada a lei de greve dos trabalhadores da • tempo determinado;
iniciativa privada (Lei n. 7.783/89). • necessidade temporária de interesse público;
Muito embora os direitos aqui estudados sejam de suma • interesse público excepcional.
importância, há categorias que não gozam destas faculdades.
Consoante dispõe o art. 142, § 3º, IV, da CF/88, “ao militar Reparem que a contratação por prazo determinado de‐
são proibidas a sindicalização e a greve”. Ainda, segundo o manda temporariedade e excepcional interesse público, o
STF, esta proibição é extensiva a todos os agentes da segu- que afasta qualquer hipótese de vínculo definitivo com a
rança pública, inclusive os policiais civis (STF, ARE 654.432). administração. Estes contratados exercerão suas funções
durante determinado período, definido em lei, e, esgotado
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos o tempo ou a necessidade excepcional, haverá o rompimento
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e defi‐ do vínculo.
nirá os critérios de sua admissão; Diante das diversas manifestações judiciais sobre o tema,
vamos elencar algumas características importantes em rela‐
Reserva de Vagas ção aos contratados por prazo determinado:
• É função administrativa. Não há um cargo ao qual as
Como medida de inclusão social, a Carta Maior trouxe atividades por prazo determinados estejam ligadas,
norma determinando que a lei discipline a reserva de vagas tratando-se de mera função administrativa.
para portadores de deficiência. Cada ente federado terá com‐ • Lei de cada ente disciplinará a contratação temporária
em seu território.
35
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16. ed. rev. e ampl. • Não se aplica o regime jurídico único (servidores
São Paulo: LTr, 2017. p. 1.617. estatutários), nem a CLT (trabalhadores da inciativa

81
privada). Aqui há um regime próprio, de natureza constitucionalidade para autorizar a manutenção dos atuais
jurídico-administrativa. contratos de trabalho pelo prazo máximo de um ano, a contar
• Não obstante não serem regidos pela CLT, a eles são da data da publicação da ata deste julgamento.
aplicados os direitos sociais do art. 7º, da Carta Maior STF, RE 635.648: PRAZO MÍNIMO ENTRE CONTRATOS
(STF, ARE 649.393 AgR). TEMPORÁRIOS. 24 MESES. É compatível com a CF a previ‐
• São regidos pelo RGPS. Como não são estatutários, são legal que exija o transcurso de 24 meses, contados do
submetem-se ao regime geral de previdência social. término do contrato, antes de nova admissão de professor
• Contratação não depende de concurso público. Em temporário anteriormente contratado. No âmbito da admi‐
âmbito federal é exigida a realização e processo sele‐ nistração pública federal, é vedada a contratação temporária
tivo simplificado, mas não de concurso público (art. 3º do mesmo servidor antes de decorridos 24 meses do encer‐
da lei 8.745/1993). Não será exigido o processo seletivo ramento do contrato anterior.
para as hipóteses de contratação emergencial. STJ, REsp 503.823-MG: CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA.
• É vedada a contratação temporária para atividades INSTERSTÍCIO MENOR QUE 24 MESES. EXCEÇÃO. É possível
meramente burocráticas (STF, ADI 2.987/SC). Nestes nova contratação temporária, também com fundamento na
casos, inexiste excepcional interesse. Lei 8.745/1993, precedida por processo seletivo equiparável
• É admitida a contratação temporário para atividades a concurso público, para outra função pública e para órgão
permanentes (saúde, educação, segurança). Cuidem, sem relação de dependência com aquele para o qual fora con‐
pois tem que ter excepcional interesse. tratado anteriormente, ainda que a nova contratação tenha
• É vedada a previsão em lei de hipóteses abrangentes ocorrido em período inferior a 24 meses do encerramento
de contratação (STF, ADI 3.237). do contrato temporário anterior
• Processos são de competência da justiça comum, e STF, RE 765.320 RG: CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA SEM
não da justiça do trabalho (STF, RE 573.202/AM). CONCURSO. DIREITOS. SALDO DE SALÁRIO. FGTS. Reafirma‐
-se, para fins de repercussão geral, a jurisprudência do STF
Atenção candidato: No dia 7 de maio de 2020 entrou no sentido de que a contratação por tempo determinado
em vigência a Emenda Constitucional nº 106 que instituiu para atendimento de necessidade temporária de excepcional
o regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações interesse público realizada em desconformidade com os pre‐
para enfrentamento de calamidade pública nacional decor‐ ceitos do art. 37, IX, da CF não gera quaisquer efeitos jurídicos
rente de pandemia. válidos em relação aos servidores contratados, com exceção
do direito à percepção dos salários referentes ao período
Jurisprudência trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/1990, ao
levantamento dos depósitos efetuados no FGTS.
STF, ADI 3.721: CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE PROFES‐
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio
SORES DO ENSINO BÁSICO. IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS
de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados
DE ERRADICAÇÃO DO ANALFABETISMO E OUTROS (§ ÚNI‐
ou alterados por lei específica, observada a iniciativa priva‐
CO DO ART. 3º). METAS CONTINUAMENTE EXIGÍVEIS. 2. A
tiva em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre
Lei Complementar 22/2000, do Estado do Ceará, autorizou
na mesma data e sem distinção de índices; (Redação dada
a contratação temporária de professores nas situações de pela EC nº 19, de 1998)
“a) licença para tratamento de saúde; b) licença gestante;
c) licença por motivo de doença de pessoa da família; d)
Princípio da Legalidade
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

licença para trato de interesses particulares; e ) cursos de


capacitação; e f) e outros afastamentos que repercutam em
Somente lei específica poderá dispor sobre a remunera‐
carência de natureza temporária”; e para “fins de implemen‐
ção dos servidores públicos estatutários. Destarte, a lei terá
tação de projetos educacionais, com vistas à erradicação do
que versar exclusivamente sobre esse assunto, ou sobre
analfabetismo, correção do fluxo escolar e qualificação da
pontos a ele relacionado, restando vedada a inserção de
população cearense” (art. 3º, § único). 3. As hipóteses des‐ matérias estranhas à fixação da remuneração ou subsídio
critas entre as alíneas “a” e “e” indicam ocorrências alheias dos agentes públicos.
ao controle da Administração Pública cuja superveniência É importante notar que há exceções à normas em estudo,
pode resultar em desaparelhamento transitório do corpo uma vez que, v.g., os vencimentos dos Deputados Federais,
docente, permitindo reconhecer que a emergencialidade Senadores, Presidente e Vice da República e dos Ministros
está suficientemente demonstrada. O mesmo não se pode de Estado serão fixados por decreto legislativo editado pelo
dizer, contudo, da hipótese prevista na alínea “f” do art. 3º Congresso Nacional.
da lei atacada, que padece de generalidade manifesta, e cuja
declaração de inconstitucionalidade se impõe. 4. Os projetos Dica! Candidatos, tenham cuidado com esse dispositivo.
educacionais previstos no § único do artigo 3º da LC 22/00 não existe benefício criado por regulamento, portaria ou
correspondem a objetivos corriqueiros das políticas públi‐ qualquer outro instrumento infralegal. Precisa de lei. Essa
cas de educação praticadas no território nacional. Diante situação é seguidamente cobrada nos certames públicos.
da continuada imprescindibilidade de ações desse tipo, não
podem elas ficar à mercê de projetos de governo casuísticos, Jurisprudência
implementados por meio de contratos episódicos, sobretudo
quando a lei não tratou de designar qualquer contingência Súmula Vinculante nº 37: Não cabe ao poder Judiciário,
especial a ser atendida. que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
STF, ADI 3.662: LEI PREVENDO HIPÓTESES GENÉRICAS. servidores públicos sob o fundamento de isonomia.
INCONSTITUCIONALIDADE. São inconstitucionais, por viola‐ STF, Súmula nº 679: A fixação de vencimentos dos servi‐
rem o art. 37, IX, da CF, a autorização legislativa genérica dores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva.
para contratação temporária e a permissão de prorrogação
indefinida do prazo de contratações temporárias. (...) o Tri‐ XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de car‐
bunal, por maioria, modulou os efeitos da declaração de in‐ gos, funções e empregos públicos da administração dire‐

82
ta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer Teto Remuneratório nos Estados e Distrito Federal
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos Para os Estados, Distrito Federal e Municípios, há ainda
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou‐ outros limites que devem ser observados. Nos Estados e
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente no Distrito Federal, a remuneração dos membros do Poder
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer Executivo ficará limitada ao subsídio do Governador, no Ju‐
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, diciário ao montante recebido pelos Desembargadores, e
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no Legislativo àquele percebido pelos Deputados Estaduais.
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Já nos Municípios, os subsídios devem observar o total dos
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio rendimentos do Prefeito.
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o Poderão os Estados e o Distrito Federal estabelecer, atra‐
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do vés de suas Constituições ou Lei Orgânica, um teto único,
Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tri‐ limitado a 90,25% dos vencimentos dos Ministros do STF.
bunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco Notem que esse limite não é aplicado em âmbito federal,
centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos o que inclui os juízes federais. Em tese, os juízes estaduais
Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder deveriam ser submetidos, mas o Supremo Tribunal Federal
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério entendeu inconstitucional o estabelecimento de limites di‐
Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Re- ferenciado entre a remuneração de magistrados estaduais
dação dada pela EC nº 41, 19/12/2003) e federais (STF, ADI 3.854 MC). Assim, houve a exclusão da
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públi‐ limitação aos juízes estaduais também.
cas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, Além disso, outros limites são previstos na Carta Maior,
que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito e devem ser observados. Os deputados estaduais, por exem‐
Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas plo, não podem ter subsídio superior a 75% daqueles perce‐
de pessoal ou de custeio em geral. (Incluído pela EC nº bidos pelos parlamentares federais (CF, art. 27, § 2º), nem os
19, de 1998) vereadores perceberão mais de 75% da verba estabelecida
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites aos Estaduais (CF, art. 29, VI).
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste ar‐
tigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. Empresas Estatais
(Incluído pela EC nº 47, de 2005)
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste Dentro da administração pública em sentido subjetivo
artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, temos as empresas públicas e as sociedades de economia
em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constitui‐ mista, responsáveis pela atuação do Estado em domínio
ções e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal privado. A aplicação do teto constitucional à remuneração
dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, dos servidores destas entidades somente ocorrerá se elas
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por perceberem verbas públicas para seu custeio (chamadas de
cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tri‐ empresas dependentes).
bunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo Notem o mais importante: se as estatais não recebe‐
aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos rem recursos públicos, elas não estarão submetidas ao teto
Vereadores. (Incluído pela EC nº 47, de 2005) remuneratório.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


Teto Remuneratório (Remuneração Máxima) Verbas Excluídas do Teto Remuneratório

Em sua redação original, a Carta Máxima definia que cada Não serão incluídas no teto remuneratório as verbas de
caráter indenizatório, exclusão está inserida pela Emenda
ente federado fixaria o teto remuneratório a ser aplicado aos
Constitucional nº 47/2005. Além disso, são excluídos os va‐
seus servidores, através de lei, garantindo a isonomia de ven‐
lores recebidos a título de direitos sociais (CF, art. 39, § 3º)
cimentos para cargos de atribuições iguais ou assemelhadas,
e abono permanência (CF, art. 40, § 19º).
com as ressalvas de vantagens pessoais.
Com a Emenda Constitucional nº 19/1998, o regime foi Cumulação de Cargos. Limite Remuneratório
alterado e restou criado o teto único, aplicável a todos os
entes federados. Diante de uma cumulação de cargos pelo servidor pú‐
Por fim, a norma foi mais uma vez modificada, desta blico, o teto constitucional será aplicado em relação a cada
vez pela Emenda Constitucional nº 41/2003, que passou a cargo ou à soma deles?
admitir a implantação de subtetos para os servidores dos O teto constitucional deverá ser observado sobre cada
Estados e Municípios, desde que com previsão nas respec‐ cargo, separadamente. Segundo decidiu o Supremo Tribunal,
tivas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas municipais. “os casos autorizados, constitucionalmente, de acumulação
Hoje em dia o teto remuneratório do serviço público é de cargos, empregos e funções, a incidência do artigo 37,
vinculado à remuneração dos Ministros do STF, sendo que inciso XI, da Constituição Federal, pressupõe consideração de
nenhum servidor, de quaisquer entes federados ou pode- cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância
res, poderá perceber vencimentos acima da remuneração do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do
por eles auferida. Ainda, importa ressaltar que, conforme agente público”. (STF, RE 602.043 e 612.975)
inserido pela EC 41/2003, o teto remuneratório é aplicado,
também, aos membros do Ministério Público, aos Procura‐ Jurisprudência
dores e aos Defensores Públicos. Para aferir se as quantias
recebidas pelo servidor estão de acordo com o teto consti‐ Súmula Vinculante nº 37: Não cabe ao Poder Judiciário,
tucional, deverá ser observada a remuneração bruta, e não que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
a líquida (STF, RE 675.978/SP). servidores públicos sob o fundamento de isonomia.

83
Súmula Vinculante nº 15: O cálculo de gratificações e ou‐ pois, ao admitir empregados sob o regime da CLT, equipara‐
tras vantagens do servidor público não incide sobre o abono -se a empregador privado, conforme disposto no art. 173,
utilizado para se atingir o salário mínimo. § 1º, II, da CF/1988.
STF, RE 609.381: O teto de retribuição estabelecido pela STF, ADI 668: A jurisprudência da Corte é pacífica no que
EC 41/2003 possui eficácia imediata, submetendo às referên‐ tange ao não cabimento de qualquer espécie de vinculação
cias de valor máximo nele discriminadas todas as verbas de da remuneração de servidores públicos, repelindo, assim, a
natureza remuneratória percebidas pelos servidores públicos vinculação da remuneração de servidores do Estado a fatores
da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, ainda que alheios à sua vontade e ao seu controle; seja às variações
adquiridas de acordo com regime legal anterior. de índices de correção editados pela União; seja aos pisos
STF, RE 464.876 AgR: A jurisprudência do STF firmou-se salariais profissionais.
no sentido de que, após a EC nº 41/2003, as vantagens pes‐ TST, OJ 297 da SDI1: EQUIPARAÇÃO SALARIAL. SERVI‐
soais, de qualquer espécie, devem ser incluídas no redutor DOR PÚBLICO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTÁRQUICA E
do teto remuneratório, previsto no inciso XI do art. 37 da CF. FUNDACIONAL. ART. 37, XIII, DA CF/1988 - O art. 37, inciso
TST, OJ 339 da SDI1: TETO REMUNERATÓRIO. EMPRESA XIII, da CF/1988, veda a equiparação de qualquer natureza
PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. ART. 37, XI, para o efeito de remuneração do pessoal do serviço público,
DA CF/1988 (ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº sendo juridicamente impossível a aplicação da norma infra‐
19/1998) - As empresas públicas e as sociedades de eco‐ constitucional prevista no art. 461 da CLT quando se pleiteia
nomia mista estão submetidas à observância do teto remu‐ equiparação salarial entre servidores públicos, independen‐
neratório previsto no inciso XI do art. 37 da CF/1988, sendo temente de terem sido contratados pela CLT.
aplicável, inclusive, ao período anterior à alteração introdu‐
zida pela Emenda Constitucional nº 19/1998. XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor
público não serão computados nem acumulados para fins
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos EC nº 19, de 1998)
pelo Poder Executivo;
Vedação à Incidência Cumulativa de Acréscimos
Limite de Vencimentos Pecuniários

A norma em tela intenta estabelecer igualdade entre a Acréscimo não incide sobre acréscimo. Quando se calcula
remuneração dos agentes públicos, evitando que o Executivo, o valor de um benefício, somente o vencimento básico do
detentor da maior parte dos recursos públicos, e responsável servidor poderá ser usado como base de cálculo, excluin‐
por sua gestão, acabe por fixar a remuneração de seus ser‐ do outros adicionais ou benefícios que eventualmente ele
vidores abaixo daquelas atribuídas aos agentes vinculados perceba.
aos demais poderes.
Nada obstante a isonomia pretendida, cumpre pontuar XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de
que o inciso XIII, do art. 37, veda a equiparação ou vincula‐ cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o
ção de espécies remuneratórias, entre carreiras no serviço disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, §
público. 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela EC
nº 19, de 1998)
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer


espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de Princípio da Irredutibilidade de Remuneração e
pessoal do serviço público; (Redação dada pela EC nº 19, Subsídios
de 1998)
O princípio da irredutibilidade assegura aos servidores
Vinculação e Equiparação Remuneratórias no Ser- que os patamares remuneratórios por eles alcançados não
viço Público poderão, em circunstancias normais, ser reduzidos, sob pena
de violar a dignidade da pessoa humana e o direito adquirido.
Tentando evitar o aumento remuneratório em cascata, Essa disposição é aplicável tanto aos servidores ocupantes
o constituinte entendeu por proibir que o legislador vincule de cargos em provimento efetivo, como aos detentores de
remunerações de cargos distintos. Nesse sentido, o Supremo cargos em comissão. No entanto, há situações especiais em
Tribunal já reconheceu a inconstitucionalidade de lei que que esta norma não tem plena aplicabilidade, como passa‐
vinculava o reajuste da remuneração dos servidores locais remos a ver.
ao aumento da arrecadação do ICMS (STF, RE 218.874/SC), A princípio, observamos que a irredutibilidade salarial
bem como a que determinava o reajuste da remuneração impede, tão somente, a diminuição do valor final percebido,
de deputados estaduais sempre que revisto o subsidio dos mas, em nenhum momento veda que haja a alteração das
parlamentares federais (STF, ADI 64/RO). verbas que o compõem. Segundo o STF, não há de se falar
em direito adquirido a regime jurídico (STF, RE 563.965/
Jurisprudência RN). Destarte, a fórmula de cálculo da remuneração pode ser
alterada, mas não o valor final percebido pelo agente público.
Súmula Vinculante nº 42 - É inconstitucional a vincula‐ O teto remuneratório, já estudado, é limite intranspo‐
ção do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou nível, cabendo a redução de vencimentos para que haja a
municipais a índices federais de correção monetária. adequação ao valor máximo permitido pela constituição. So-
TST, Súmula nº 455: EQUIPARAÇÃO SALARIAL. SOCIEDA‐ mente será garantido o direito à irredutibilidade se os valo-
DE DE ECONOMIA MISTA. ART. 37, XIII, DA CF/1988. POSSI‐ res forem licitamente percebidos E se estiverem de acordo
BILIDADE. - À sociedade de economia mista não se aplica a com o teto constitucional. Caso contrário, a readequação não
vedação à equiparação prevista no art. 37, XIII, da CF/1988, só será permitida, como se fará necessária (STF, RE 609.381).

84
Jurisprudência • Juízes poderão cumular o cargo de magistrado com
um de magistério (CF, art. 95);
STF, ADC 8 MC: IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIOS. A • Membros do Ministério Público poderão cumular o
garantia constitucional da irredutibilidade da remuneração cargo de promotor/procurador com um de magistério
devida aos servidores públicos em atividade não se reveste (CF, art. 128, §5º, II, d);
de caráter absoluto. Expõe-se, por isso mesmo, às derroga‐ • Profissionais de saúde das Forças Armadas poderão
ções instituídas pela própria Constituição da República, que cumular o cargo público com outro na área da saúde,
prevê, relativamente ao subsídio e aos vencimentos “dos com profissões regulamentadas (CF, art. 142, § 3º, II).
ocupantes de cargos e empregos públicos” (CF, art. 37, XV),
a incidência de tributos, legitimando-se, desse modo, quanto Para fins de esclarecimento, o cargo técnico ou científico,
aos servidores públicos ativos, a exigibilidade da contribuição exigido na alínea “b”, do inciso XVI, é definido como aquele
de seguridade social, mesmo porque, em tema de tributa‐ que exige conhecimentos técnicos especializados, indepen‐
ção, há que se ter presente o que dispõe o art. 150, II, da dentemente da formação em curso de ensino superior. Bas‐
Carta Política. ta que se trate de atividade que demande conhecimentos
STF, ARE 660.010: AMPLIAÇÃO DE JORNADA DE TRABA‐ diferenciados, inacessíveis à população em geral (STF, RMS
LHO. AUSÊNCIA DE REAJUSTE REMUNERATÓRIO. VIOLAÇÃO 12.352/DF).
AO PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIOS. A am‐ Pontuamos que a cumulação aqui proibida é aquela
pliação de jornada de trabalho sem alteração da remunera‐ remunerada, não havendo qualquer óbice para exercício
ção do servidor consiste em violação da regra constitucional simultâneo de atividades não remuneradas. Além disso, não
da irredutibilidade de vencimentos. se admite a tríplice cumulação, na qual o servidor exerce,
STF, RE 599.618 ED: Transposição do regime celetista para por exemplo, 3 cargos na área da saúde. Isso não é admitido
o estatutário. Inexistência de direito adquirido a regime jurí‐ (STF, ARE 848.993).
dico. Possibilidade de diminuição ou supressão de vantagens Por fim, notem que a proibição se estende a empregos e
sem redução do valor da remuneração. funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas,
STF, MS 25.552: A redução de proventos de aposentado‐ sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e socieda‐
ria, quando concedida em desacordo com a lei, não ofende des controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.
o princípio da irredutibilidade de vencimentos.
STF, RE 482.006: A redução de vencimentos de servidores Jurisprudência
públicos processados criminalmente colide com o disposto
nos arts. 5º, LVII, e 37, XV, da Constituição, que abrigam,
STF, ADI 1.770: READMISSÃO DE EMPREGADOS DE EM‐
respectivamente, os princípios da presunção de inocência
PRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA.
e da irredutibilidade de vencimentos. Norma estadual não
ACUMULAÇÃO DE PROVENTOS E VENCIMENTOS. (...) É in‐
recepcionada pela atual Carta Magna, sendo irrelevante a
constitucional o § 1º do art. 453 da CLT, com a redação dada
previsão que nela se contém de devolução dos valores des‐
pela Lei nº 9.528/1997, quer porque permite, como regra,
contados em caso de absolvição.
a acumulação de proventos e vencimentos – vedada pela
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos jurisprudência do STF –, quer porque se funda na ideia de que
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de ho‐ a aposentadoria espontânea rompe o vínculo empregatício.
rários, observado em qualquer caso o disposto no inciso STJ, RMS 38.867: DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR
XI: (Redação dada pela EC nº 19, de 1998) PÚBLICO. DIREITO DE OPÇÃO EM CASO DE ACUMULAÇÃO

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela INDEVIDA DE CARGO, EMPREGO OU FUNÇÃO PÚBLICA. O di‐
EC nº 19, de 1998) reito de opção previsto no caput do art. 133 da Lei 8.112/90 a
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou um dos cargos, empregos ou funções públicas indevidamente
científico; (Redação dada pela EC nº 19, de 1998) acumuladas deve ser observado somente nas hipóteses em
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissio‐ que o servidor puder fazer pedido de exoneração de um
nais de saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dos cargos. Isso porque o servidor que responde a processo
dada pela EC nº 34, de 2001) administrativo disciplinar não pode ser exonerado a pedido
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos até o encerramento do processo e o cumprimento da pena‐
e funções e abrange autarquias, fundações, empresas pú‐ lidade eventualmente aplicada, de acordo com o art. 172
blicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, do mesmo diploma. Assim, fica suspenso o direito de opção
e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo previsto no art. 133 enquanto pendente a conclusão de pro‐
poder público; (Redação dada pela EC nº 19, de 1998) cesso administrativo disciplinar em relação a um dos cargos.
STF, RMS 26.929: Servidor público em situação de acu‐
Acumulação de Cargos mulação ilícita de cargos ou empregos pode se valer da opor‐
tunidade prevista no art. 133, § 5º, da Lei nº 8.112/1990
Como regra, os servidores públicos não podem exercer para apresentar proposta de solução, comprovando o des‐
mais de um caro simultaneamente. Todavia, a Constituição fazimento dos vínculos, de forma a se enquadrar nas hipóte‐
traz exceções, que não ficam adstritas ao inciso XVI do art. ses de cumulação lícita. Contudo, o art. 133, § 5º, da Lei nº
37, como aqui elencamos: 8.112/1990 não autoriza que o servidor prolongue indefini‐
• Dois cargos de professor (CF, art. 37, XVI, a); damente a situação ilegal, esperando se valer do dispositivo
• Um cargo de professor com outro técnico ou científico legal para caracterizar, como sendo de boa-fé, a proposta de
(CF, art. 37, XVI, b); solução apresentada com atraso.
• Dois cargos ou empregos privativos de profissionais STJ, MS 19.336/DF: Este Superior Tribunal de Justiça
de saúde, com profissões regulamentadas (CF, art. 37, assentou entendimento de que não há compatibilidade de
XVI, c); horários quando servidor público, em acúmulo de cargos
• Vereadores poderão cumular o cargo eletivo com outro públicos, está submetido a jornada de trabalho superior ao
cargo público, cumpridos os requisitos do art. 38, III, limite de 60 horas semanais impostos no Parecer GQ-145/98
da CF/88; da AGU e pelo Acórdão 2.242/2007 do TCU. (DISCUSSÃO

85
– o entendimento apresentado é da 1ª Seção do STJ. No • Imunidade tributária (CF, art. 150, VI, a): são bene‐
entanto, em 2018, a 2ª Turma do STF decidiu que, diante ficiadas com a imunidade recíproca, como consta no
da inexistência de previsão constitucional, não é cabível a art. 150, VI, a, e §2º, da CF/1988.
aplicação do limite de 60 horas (RE 1.094.802 AgR). Diante • Prescrição quinquenal: as dívidas e direitos de direitos
desta manifestação, a 2ª Turma do STJ passou a decidir em prescreverão em 5 anos, como consta no art. 1º, do
consonância com o STF (REsp 1.746.784/PE), mas a 1ª Turma Decreto nº 20.910/1932.
deste Tribunal manteve o entendimento pela restrição (AgInt • Responsabilidade civil: em regra, é objetiva, nos ter‐
no AREsp 1230215/RJ). Resta-nos esperar uniformização do mos do art. 37, § 6º, da CF/1988.
entendimento pela 1ª Seção do STJ, ou análise pelo Plenário
do STF). Fundações Públicas com Personalidade Jurídica de Di-
reito Público
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fis‐
cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi‐ As fundações são entidades criadas pelo poder público
ção, precedência sobre os demais setores administrativos, para exercício de atividades de interesse social, sem fins
na forma da lei; lucrativos. Percebam que a criação de uma Fundação pode
XIX – somente por lei específica poderá ser criada au‐ ser prevista em Lei Ordinária, sendo que a exigência de Lei
tarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de Complementar inserta na parte final do inciso XIX, é, apenas,
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei para a regulamentação das áreas de atuação das fundações.
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua É norma geral, que dará diretrizes para que, em momento
atuação; (Redação dada pela EC nº 19, de 1998) posterior, leis ordinárias prevejam a criação destas entidades.
Observamos que as características apontadas para as
Administração Indireta autarquias são plenamente aplicáveis às fundações, exceto
quanto à finalidade, que para as fundações é a execução de
No início do presente capítulo estudamos que a admi‐ atividades de interesse social, e quanto à sua criação, uma
nistração pública pode ser analisada em sentido objetivo vez que as autarquias são criadas por lei, já as fundações são
ou subjetivo, sendo que, neste último, estão contempladas apenas previstas em lei, sendo criadas a partir da inscrição de
as pessoas que a compõem. Também vimos que a admi‐ seus atos constitutivos no registro competente. Para evitar
nistração em sentido subjetivo pode ser direta, composta tautologia, remetemos o leitor ao tópico anterior.
pelos entes federados, com poderes políticos, ou indireta,
através autarquias, fundações públicas, empresas públicas Empresas Estatais
e sociedades de economia mista, dotadas exclusivamente
de faculdades administrativas. É sobre estas entidades que Também integrantes da administração indireta, as em‐
o inciso XIX versa. presas públicas e sociedades de economia mista são cha‐
Antes de apresentar as características básicas de cada madas “empresas estatais”, e têm como escopo viabilizar a
uma das entidades, insta observar que o inciso XIX já nos dá intervenção do Estado no domínio econômico, como dispõe
um primeiro diferencial: as autarquias são criadas por lei, o art. 173, da Carta Maior.
já as demais entidades são criadas pelo arquivamento dos Antes de apresentar as características específicas de cada
seus atos constitutivos no registro competente, bastando uma das entidades, alguns aspectos em comum devem ser
que a sua criação esteja prevista em lei. Portanto, no que evidenciados: (I) o art. 173, §1º, da CF/88, prevê a criação,
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

tange às autarquias, a lei mesmo que faz a sua criação, para por lei ordinária, do estatuto das empresas estatais, que so‐
as demais, a lei apenas prevê. mente foi concretizada com a edição da Lei nº 13.303/2016;
(II) as características abaixo relacionadas somente serão
aplicáveis quando as estatais estiverem exercendo atividade
Autarquia
concorrencial, em âmbito provado, sendo que, caso sejam
exclusivamente prestadora de serviços públicos, gozarão
• Pessoa jurídica de direito público.
dos privilégios expostos quando falamos sobre as autar-
• Criada por Lei.
quias (STF, AC 1.550/RO, RE 363.412 AgR, ARE 635.315/BA,
• Exercem atividades típicas da administração pública
RE 601.392/PR, RE 773.992/BA).
(ex: conselhos profissionais – CRM, CRC. A OAB não é
considerada uma autarquia, mas sim uma entidade sui
Empresa Pública
generis, dadas as suas características peculiares).
• Licitação: obrigatória para todas contratações. • Pessoa jurídica de direito privado.
• Servidores Estatutários: os servidores comporão o re‐ • Previstas em Lei, mas criadas mediante arquivamento
gime jurídico único (CF, art. 39). Não podem contratar dos atos constitutivos no órgão competente.
celetistas. • Forma societária: poderão adotar qualquer forma so‐
• Concurso público: é o único meio para a admissão de cietária.
servidores. • Composição do capital: exclusivamente capital público,
• Dirigentes: nomeação pode ser condicionada à apro‐ não se admitindo participação societária privada.
vação legislativa, a depender de previsão na lei que • Exercem atividades econômicas, em âmbito concor-
regulamenta a entidade, mas a exoneração é livre, não rencial (Ex.: Correios, Caixa Econômica Federal).
podendo ser condicionada. • Licitação: somente deverão licitar quando as contra‐
• Juízo competente: estas entidades serão julgadas na tações não estiverem ligadas à sua atividade-fim. Se
justiça federal ou estadual, a depender do ente res‐ relacionadas, a licitação será dispensável, nos termos
ponsável por sua criação. do art. 17, II, e, da Lei º 8.666/1993.
• Privilégios processuais: gozarão de todos os privilégios • Servidores Celetistas: os servidores serão contratados
assegurados aos entes federados, como, v.g., prazo em pelo regime celetista, aplicando-lhes todas as normas
dobro no processo civil (CPC, art. 183). privadas, e não o regime jurídico único do art. 39.

86
• Concurso público: é o único meio para a admissão de mediante processo de licitação pública que assegure igual‐
servidores. Mesmo contratando empregados celetis‐ dade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
tas, o concurso público permanece como exigência, que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as
conforme entendimento das Cortes Superiores, con‐ condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
solidado na Súmula nº 231 do TCU. somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
• Dirigentes: é livre a nomeação E a exoneração, não econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
podendo ter qualquer condicionamento (STF, ADI-MD obrigações.
2.225/SC).
• Juízo competente: estas entidades serão julgadas na Licitações
justiça federal ou estadual, a depender do ente res‐
ponsável por sua criação. A administração pública exerce uma grande quantidade
• Privilégios processuais: não são extensivos a estas en‐ de tarefas, voltadas à concretização do interesse público pri‐
tidades, salvo quando exclusivamente prestadoras de mário, ou seja, aquele atinente à sociedade. Nada obstante a
serviços públicos. imprescindibilidade destas atividades, os recursos humanos
• Imunidade tributária (CF, art. 150, VI, a): não é exten‐ e orçamentários disponíveis para sua implementação são
siva a estas entidades, salvo quando exclusivamente limitados, fazendo-se necessária a colaboração privada para
prestadoras de serviços públicos. tanto. É nesta esteira que surge a licitação, que pode ser
• Prescrição quinquenal: não é aplicado o Decreto nº definida como o “procedimento administrativo pelo qual um
20.910/ 1932 a estas entidades, mas sim os prazos ente público, no exercício da função administrativa, abre a
prescricionais do Código Civil, salvo quando exclusi‐ todos os interessados, que se sujeitem às condições fixadas
vamente prestadoras de serviços públicos. no instrumento convocatório, a possibilidade de formularem
• Responsabilidade civil: não é aplicada a responsabi‐ propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais con‐
lidade do art. 37, § 6º, da CF/1988, a estas entidades, veniente para a celebração de contrato”36.
mas sim os critérios insertos no Código Civil, salvo Através do procedimento licitatório se concretiza o prin‐
quando exclusivamente prestadoras de serviços pú‐ cípio competitivo, a partir do qual os particulares, em igual‐
blicos. dade de condições, poderão disputar o direito de realizar
uma obra, prestar um serviço ou até fornecer bens que o
Sociedade de Economia Mista Estado demande.
O uso do processo licitatório é obrigatório para admi-
Observamos que as características apontadas para as nistração direta e indireta, sendo que, para as empresas
empresas públicas são plenamente aplicáveis às sociedades públicas e sociedades de economia mista, somente have‐
de economia mista, salvo quanto a: rá a exigência quanto a contratações não relacionadas a
• Forma societária: as sociedades de economia mista sua atividade fim, observados os mandamentos da Lei nº
somente adotarão a forma de sociedade anônima (art. 13.303/2016. Se as empresas estatais forem exclusivamente
2º, da Lei nº 6.404/1976). prestadoras de serviços públicos a sua submissão ao processo
• Composição do capital: o capital da sociedade de eco‐ licitatório será plena.
nomia misto será composto por verba pública e verba Com o passar dos anos, diversos sistemas distintos foram
privada, sendo que a administração pública, obrigato‐ criados para a realização deste processo competitivo, sendo
riamente, terá a maioria das ações. a Lei n. 8.666/1993 a norma geral sobre as contratações a

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


• Juízo competente: as sociedades de economia mista ser realizadas pelo Estado. No entanto, outras leis vieram
serão julgadas, exclusivamente, pela justiça comum em momentos posteriores, adaptando os certames a novas
estadual, independentemente do ente que a criou. realidades, como, rapidamente, apontamos abaixo:
• Lei nº 8.666/1993: é a norma geral de licitações e con‐
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, tratos administrativos.
a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no • Pregão (Lei nº 10.520/2002): o pregão é modalidade
inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas licitatória destinada à aquisição de bens e serviços co‐
em empresa privada; muns, assim considerados aqueles cujos padrões de
desempenho e qualidade possam ser objetivamente
Criação de Subsidiárias ou Participação em Capital definidos pelo edital, por meio de especificações usuais
no mercado.
Privado • Regime Diferenciado de Contratação (Lei nº
12.462/2011): o RDC é o sistema criado para con‐
Nas hipóteses em que as entidades estatais buscarem a trações destinadas, inicialmente, a grandes eventos
criação de subsidiárias, ou a participação no capital de outras esportivos, como, por exemplo, a Copa do Mundo de
pessoas jurídicas de direito privadas, far-se-á imprescindível 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Com o passar dos
a edição de lei prevendo tais operações. anos, houve a ampliação do objeto da lei do RDC, sendo
agora admissível para a contratação de obras destina‐
Jurisprudência das ao Programa de Aceleração de Crescimento (PAC),
ao Sistema Único de Saúde (SUS), unidades prisionais,
STF, ADI 1.649: É dispensável a autorização legislativa segurança pública, mobilidade urbana e ações de ór‐
para a criação de empresas subsidiárias, desde que haja pre‐ gãos ou entidades dedicadas à ciência, tecnologia e
visão para esse fim na própria lei que instituiu a empresa de inovação.
economia mista matriz, tendo em vista que a lei criadora é • Prestação de serviços públicos (Lei nº 8.987/1995):
a própria medida autorizadora. essa lei disciplina a contratação para a prestação de
serviços públicos, que será feita independentemente
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação,
as obras, serviços, compras e alienações serão contratados 36
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Op. Cit. p. 353.

87
de contribuição pecuniária do Estado. A renda da con‐ Consórcios e Convênios. Gestão Associada dos
tratada é extraída, exclusivamente, das tarifas cobradas Serviços Públicos
de seus usuários.
• Parcerias Público-Privado (Lei nº 11.079/2004): nas Diante da correlação do tema com o sistema de licitações,
hipóteses em que a concessionária de serviços públicos tomamos a liberdade de antecipar a análise do art. 241 da
demandar contribuição estatal, será adotado o sistema Carta Maior, que aqui será realizada.
das PPPs, regido pela Lei nº 11.079/2004. Como vimos no inciso XXI, do art. 37, o poder público não
• Licitações realizadas pelas Empresas Estatais (Lei nº consegue prestar todas atividades de interesse social sozi‐
13.303/2016). nho, demandando apoio. Este auxílio pode ocorrer através de
• Licitação para serviços de Publicidade (Lei nº contratos estabelecidos após procedimento licitatório, mas
12.232/2010): diante dos constantes problemas de também pode decorrer de consórcios e convênios.
corrupção envolvendo empresas de publicidade go‐ Os consórcios, disciplinados pela Lei nº 11.107/2005,
vernamental, foi criada a Lei nº 12.232/2010, tratando podem ser definidos como “o acordo de vontades entre
exclusivamente sobre este tema e tornando mais rígido duas ou mais pessoas jurídicas públicas da mesma natureza
o processo competitivo e as contratações. e mesmo nível de governo ou entre entidades da adminis‐
• Licitação para sistemas de Defesa Nacional (Lei nº tração indireta para a consecução de objetivos comuns”37.
12.598/2012): esta lei estabelece normas especiais Este negócio é estabelecido através da manifestação de in‐
para as compras, as contratações e o desenvolvimento teresse dos entes federados, em protocolo de intenções, e
de produtos e de sistemas de defesa. Diante da com‐ regido por contrato-programa. Os convênios, por sua vez,
plexidade do tema e dos riscos envolvidos, houve a não constituem modalidade de contrato. Estes são utilizados
edição da Lei nº 12.598/2012, exclusivamente para para viabilizar pareceria entre o poder público e a iniciativa
dispor sobre as contratações relacionadas à defesa privada em matérias de interesse de ambas as partes, não
nacional. havendo intuito lucrativo ou remuneração nesta modalidade
de pacto colaborativo.
O sistema licitatório é tema afeto ao Direito Administra‐ Tal qual observamos quanto ao sistema licitatório, os
tivo, onde é estudado de modo detalhado. Para não fugir consórcios e convênios são temas afetos ao Direito Admi‐
ao escopo do presente material, remetemos o leitor aos nistrativo, onde são estudados de modo detalhado. Para não
cadernos de Direito Administrativo para aprofundamento. fugir ao escopo do presente material, remetemos o leitor aos
cadernos de Direito Administrativo para aprofundamento.
Jurisprudência
XXII - as administrações tributárias da União, dos Esta‐
STF, ADI 1.864: A CF, no art. 37, XXI, determina a obri‐ dos, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essen‐
gatoriedade de obediência aos procedimentos licitatórios ciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores
para a administração pública direta e indireta de qualquer de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a
um dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e realização de suas atividades e atuarão de forma integra‐
dos Municípios. A mesma regra não existe para as entidades da, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de
privadas que atuam em colaboração com a administração informações fiscais, na forma da lei ou convênio. (Incluído
pública (...). pela EC nº 42, de 19/12/2003)
STF, ADI 651: VENDA DE IMÓVEIS PÚBLICOS SEM A RE‐ § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

ALIZAÇÃO DA NECESSÁRIA LICITAÇÃO. CONTRARIEDADE AO e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educa‐
INCISO XXI DO ART. 37 DA CF. O ato normativo impugnado, tivo, informativo ou de orientação social, dela não poden‐
ao possibilitar a venda direta de lotes e moradias em áreas do constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
públicas no perímetro urbano de Palmas/TO, viola a exigência promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
de realização de prévia licitação para a alienação de bens
públicos, na forma do mencionado dispositivo constitucional. Princípio da Impessoalidade. Vedação à Promoção
STF, RE 668.810 AgR: LICITAÇÃO. ISONOMIA. Lei do Mu‐
nicípio de São Paulo 13.959/2005, a qual exige que “os veí‐ Pessoal
culos utilizados para atender contratos estabelecidos com a
Administração Municipal, Direta e Indireta, devem, obriga‐ O § 1º, do art. 37, consolida a acepção do princípio da
toriamente, ter seus respectivos Certificados de Registro de impessoalidade segundo a qual é vedada a promoção pessoal
Veículos expedidos no Município de São Paulo”. Exigência que dos agentes públicos em decorrência dos atos estatais. A
não se coaduna com os arts. 19, III, e 37, XXI, da CF. É certo norma exige que a publicidade dos atos, programas, obras,
que as desigualações entre sujeitos ou situações jurídicas serviços e campanhas dos órgãos públicos tenha caráter
no campo das licitações e contratos somente se justificam educativo, informativo ou de orientação social, restando
quando voltadas ao melhor e mais eficiente cumprimento terminantemente vedada a presença de nomes, símbolos
do objeto licitado/contratado e, ainda assim, desde que não ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autori‐
sejam desarrazoadas e estejam em conformidade com o sis‐ dades ou servidores públicos.
tema jurídico-constitucional, sob pena de restar vulnerado
o princípio da isonomia. Jurisprudência

Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu‐ STF, ADI 307: O inciso V do art. 20 da Constituição do
nicípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos Estado veda ao Estado e aos Municípios atribuir nome de
e os convênios de cooperação entre os entes federados, pessoa viva a avenida, praça, rua, logradouro, ponte, re‐
autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem servatório de água, viaduto, praça de esporte, biblioteca,
como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, hospital, maternidade, edifício público, auditórios, cidades
pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços trans‐ e salas de aula. Não me parece inconstitucional. O preceito
feridos. (Redação dada pela EC nº 19, de 1998) 37
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Op. Cit. p. 396.

88
visa a impedir o culto e a promoção pessoal de pessoas vivas, • atos que importem violação aos princípios da admi‐
tenham ou não passagem pela administração. Cabe ressaltar nistração pública; e
que proibição similar é estipulada, no âmbito federal, pela • atos ilícitos decorrentes de concessão ou aplicação
Lei nº 6.454/1977. indevida de benefício financeiro ou tributário.
STF, RE 191.668/RS: O caput e o parágrafo 1º do artigo
37 da Constituição Federal impedem que haja qualquer tipo Dica! Candidatos, fiquem muito atentos com essa 4ª hi‐
de identificação entre a publicidade e os titulares dos cargos pótese, pois inserida em 2016 pela Lei Complementar
alcançando os partidos políticos a que pertençam. O rigor do nº 157.
dispositivo constitucional que assegura o princípio da impes‐
soalidade vincula a publicidade ao caráter educativo, infor‐ O sujeito passivo destas violações será sempre a admi‐
mativo ou de orientação social é incompatível com a menção nistração pública, direta ou indiretamente, sendo impossível
de nomes, símbolos ou imagens, aí incluídos slogans, que a pratica de ato de improbidade contra particulares. Nesta
caracterizem promoção pessoal ou de servidores públicos. A esteira, o art. 1º, da Lei de Improbidade, estabelece como
possibilidade de vinculação do conteúdo da divulgação com sujeitos passivos das infrações de improbidade a “administra‐
o partido político a que pertença o titular do cargo público ção direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes
mancha o princípio da impessoalidade e desnatura o caráter da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios,
educativo, informativo ou de orientação que constam do de Território, empresas incorporadas ao patrimônio públi‐
comando posto pelo constituinte dos oitenta. co ou entidades para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usu‐ patrimônio ou da receita anual”. Além destes, o parágrafo
ário na administração pública direta e indireta, regulando único do art. 1º também considera sujeito passivo a entidade
especialmente: (Redação dada pela EC nº 19, de 1998) que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou cre‐
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços ditício, de órgão público, bem como aquela para cuja criação
públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos
de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual,
e interna, da qualidade dos serviços; (Incluído pela EC nº limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à reper-
19, de 1998) cussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a Cuidado, pois a limitação é somente para o parágrafo único.
Quanto aos sujeitos ativos, a lei estabelece que as infra‐
informações sobre atos de governo, observado o disposto
ções de improbidade serão praticadas por os agentes públi‐
no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela EC nº 19, de 1998)
cos, afastando, em um primeiro momento, as condutas de
III - a disciplina da representação contra o exercício
particulares. Nada obstante, o art. 3º, da Lei de Improbidade,
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
estende as punições da lei àqueles que não se enquadram
administração pública. (Incluído pela EC nº 19, de 1998)
como agentes públicos, nos seguintes termos: “As disposi‐
ções desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que,
Participação Popular na Administração Pública mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para
a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob
O § 3º é instrumento de concretização do princípio de‐ qualquer forma direta ou indireta”. Nesta hipótese, a juris‐
mocrático, conferindo à sociedade meios para tutelar a boa prudência concebe que há um litisconsórcio necessário, pois
prestação dos serviços públicos. Assim, fica assegurado não

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


o particular somente pode ser punido se agir em conjunto
apenas o direito de reclamar perante o poder público, mas com um agente público (STJ, REsp 1.171.017/PA). Caso con‐
também de obter as informações necessárias para viabilizar trário, não será aplicada a lei em estudo.
a tutela dos interesses sociais. Diante da gravidade das infrações de improbidade, pode‐
rão ser impostas ao infrator as seguintes penalidades:
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importa‐ • suspensão dos direitos políticos;
rão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função • perda da função pública;
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao • indisponibilidade dos bens;
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo • ressarcimento ao erário.
da ação penal cabível.
Jurisprudência
Improbidade Administrativa
STF Pet 3.240 AgR/DF (NOVIDADE – 2018): AGENTES
Improbidade administrativa é “o ato ilícito, praticado por POLÍTICOS. RESPONSABILIDADE POR ATOS DE IMPROBIDADE
agente público ou terceiro, geralmente de forma dolosa, con‐ ADMINISTRATIVA. 1. Os agentes políticos, com exceção do
tra as entidades públicas e privadas, gestoras de recursos Presidente da República, encontram-se sujeitos a um duplo
públicos, capaz de acarretar enriquecimento ilícito, lesão ao regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à
erário ou violação aos princípios que regem a Administração responsabilização civil pelos atos de improbidade adminis‐
Pública”38. trativa, quanto à responsabilização político-administrativa
Os atos de improbidade administrativa estão contidos por crimes de responsabilidade.
na Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade), podendo ser de STF, Pet 3.240 AgR/DF: COMPETÊNCIA. FORO PRIBILE‐
quatro espécies distintas: GIADO. INEXISTÊNCIA. 2. O foro especial por prerrogativa
• atos que importem enriquecimento ilícito; de função previsto na Constituição Federal em relação às
• atos que importem prejuízo ao erário; infrações penais comuns não é extensível às ações de impro‐
bidade administrativa, de natureza civil. Em primeiro lugar, o
foro privilegiado é destinado a abarcar apenas as infrações
38
NEVES, Daniel Amorim Assumpção; OLIVEIRA Rafael Carvalho Rezende. Manual penais. A suposta gravidade das sanções previstas no art.
de improbidade administrativa. 2ª ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Método,
2014. p. 20. 37, § 4º, da Constituição, não reveste a ação de improbidade

89
administrativa de natureza penal. Em segundo lugar, o foro STJ, REsp 1.366.721/BA: INDISPONIBILIDADE DE BENS.
privilegiado submete-se a regime de direito estrito, já que DESNECESIDADE DE PROVA DE DILAPIDAÇÃO PATRIMONIAL.
representa exceção aos princípios estruturantes da igualdade Para a decretação da indisponibilidade de bens é dispensável
e da república. Não comporta, portanto, ampliação a hipó‐ a prova de dilapidação patrimonial.
teses não expressamente previstas no texto constitucional. STJ, REsp 1.351.825/BA: INDISPONIBILIDADE DE BENS.
STJ, REsp 1.186.787/MG: SUJEITO ATIVO. NOTÁRIOS. BEM DE FAMÍLIA. AUSÊNCIA DE PROTEÇÃO. É possível a decre‐
Os notários e registradores podem ser considerados como tação de indisponibilidade de bens quanto aos bens de família.
agentes públicos para fins de improbidade. STJ, REsp 1.461.892/BA: INDISPONIBILIDADE DE BENS.
STJ, REsp 1.352.035/RS: SUJEITO ATIVO. ESTAGIÁRIOS. Os BENS ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEIS. IMPOSSIBILIDADE.
estagiários podem ser considerados como agentes públicos É vedada a decretação de indisponibilidade quanto aos bens
para fins de improbidade. definidos em lei como absolutamente impenhoráveis.
STJ, REsp 1.191.613/MG: SUJEITO ATIVO. MEMBROS DO
MP. Os membros do MP podem ser considerados como agen‐ § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
tes públicos para fins de improbidade e, inclusive, perder o ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
cargo, mesmo gozando de vitaliciedade. que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
STJ, REsp 1.122.177/MT: SUJEITO ATIVO. TERCEIRO. PES‐ ações de ressarcimento.
SOA JURÍDICA. As pessoas jurídicas podem ser consideradas
como terceiro para fim de punição por atos de improbidade Prescrição e Ações de Ressarcimento
administrativa.
STJ, REsp 1.171.017/PA: SUJEITO ATIVO. AÇÃO EXCLUSI‐ No § 5º estão estabelecidas duas situações distintas. Na
VAMENTE CONTRA TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE. É obriga‐ primeira parte, o legislador constituinte determina que lei
tória a presença de agente público no polo passivo de ação de estabeleça prazo prescricional adequado para que a adminis‐
improbidade, restando inviável a punição isolada de outros tração pública exerça seu direito de punir agentes, servidores
indivíduos ou pessoas jurídicas. ou não, que pratiquem condutas ilícitas lesivas ao erário.
STJ, REsp 1.192.758/MG: AÇÃO DE IMPROBIDADE. PRIN‐ Na parte final do dispositivo, restam ressalvas as ações
CÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE. Existindo indícios da prática de ressarcimento ao erário, que, como podemos ver, são
de ato de improbidade administrativa, a petição inicial da consideradas imprescritíveis. Destarte, podem ser cobradas a
ação de improbidade dever ser recebida pelo juiz, aplicando‐ qualquer tempo. Por muito tempo, a doutrina sustentou que
-se o princípio in dubio pro societate. todas as ações de ressarcimento seriam imprescritíveis, sem
STJ, REsp 1.177.91/SE: TORTURA. A tortura de preso cus‐ exceção. Todavia, o Supremo Tribunal Federal, em julgados
todiado em delegacia praticada por policial constitui ato de recentes, relativizou a norma em tela em algumas circuns‐
improbidade administrativa que atenta contra os princípios tâncias. Segundo a Corte Máxima, as ações de ressarcimento
da administração pública. decorrentes de práticas de ilícitos cíveis serão prescritíveis,
STJ, REsp 1.412.214-PR: DESNECESSIDADE DE PROVA restando afastado o §5º, do art. 37 (STF, 669.069/MG). En‐
tretanto, se a ação buscar regresso em decorrência de danos
DE LESÃO AO ERÁRIO. ART. 9º. Ainda que não haja dano
causados pela prática de atos de improbidade administrativa,
ao erário, é possível a condenação por ato de improbidade
a imprescritibilidade estará presente (STF RE 852.475/SP –
administrativa que importe enriquecimento ilícito (art. 9º da
NOVIDADE - 2018).
Lei nº 8.429/92), excluindo-se, contudo, a possibilidade de
aplicação da pena de ressarcimento ao erário.
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de di‐
STJ, AgRg no AREsp 18.317/MG: ATOS QUE CAUSEM
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

reito privado prestadoras de serviços públicos responderão


PREJUÍZO AO ERÁRIO. ART. 10º. NECESSIDADE DE PROVA pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
DO PREJUÍZO. Nas infrações previstas no art. 10, da Lei de a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o res‐
Improbidade, é indispensável a demonstração de que ocor‐ ponsável nos casos de dolo ou culpa.
reu efetivo dano ao erário.
STJ, REsp 1.414.757/RN: TERMO INICIAL DO PRAZO PRES‐
CRICIONAL NO CASO DE REELEIÇÃO. O prazo prescricional em
Responsabilidade do Estado
ação de improbidade administrativa movida contra prefeito
A responsabilidade do Estado é um dos temas mais im‐
reeleito só se inicia após o término do segundo mandato, portantes de Direito Administrativo e Constitucional, além
ainda que tenha havido descontinuidade entre o primeiro e de recorrente em questões de concursos públicos.
o segundo mandato em razão da anulação de pleito eleitoral, Como regra geral, todo aquele que agir, com dolo ou
com posse provisória do Presidente da Câmara, por deter‐ culpa, causando danos a outrem, terá o dever de indenizar,
minação da Justiça Eleitoral, antes da reeleição do prefeito mesmo que estejamos falando da administração pública. En‐
em novas eleições convocadas. tretanto, como veremos abaixo, existem diversas variáveis
STJ, REsp 1.156.519/RO: PRESCRIÇÃO CONTRA TERCEI‐ acerca da responsabilidade estatal.
ROS. INCIDENCIA DA NORMA DESTINADA AOS AGENTES PÚ‐ Antes de adentrar às espécies de responsabilidade, cum‐
BLICOS. Em relação ao terceiro que não detém a qualidade pre alertar que as teorias aqui insertas não são aplicadas às
de agente público, incide também a norma do art. 23 da Lei empresas públicas ou sociedades de economia mista quan‐
nº 8.429/1992 para efeito de aferição do termo inicial do do no exercício de atividades em âmbito concorrencial, pois
prazo prescricional. submetidas à responsabilidade civil disciplinada no Código
STJ, REsp 1.366.721/BA: INDISPONIBILIDADE DE BENS. Civil. Em contrapartida, se exclusivamente prestadoras de
PERICULUM IN MORA PRESUMIDO. A decretação de indispo‐ serviços públicos, os tópicos abaixo terão aplicação integral.
nibilidade de bens independe da prova de perigo por demora,
uma vez que há a presunção de sua presença. Teoria do Risco Administrativo e Responsabilidade Ob-
STJ, REsp 1.317.653/SP: INDISPONIBILIDADE DE BENS. jetiva (Ações)
PERICULUM IN MORA PRESUMIDO. É possível a decretação
de indisponibilidade de bens antes mesmo do ajuizamento O art. 37, §6º, adotou a chamada “teoria do risco admi‐
da ação de improbidade. nistrativo”, segundo a qual a administração pública, direta ou

90
indireta, bem como as pessoas prestadoras de serviços públi‐ no exercício de suas atividades típicas, terá a obrigação de
cos, estará obrigada a indenizar os danos causados, indepen- indenizar aqueles que venham a ser prejudicados:
dentemente da prova de dolo na conduta de seus agentes ou • Erro judiciário - Equívoco na subsunção de uma norma
da prestação inadequada dos serviços públicos (Responsa- penal aos fatos imputados ao agente. Há uma “má
bilidade Objetiva). Na responsabilidade objetiva o centro de condenação”.
estudo é o nexo causal, ou seja, havendo uma conduta, que • Prisão acima do tempo devido - Ambas as hipóteses
resulte em um dano, haverá o dever indenizatório, mesmo que estão contidas no art. 5º, LXXV, da Carta Maior, que
a ação não tenha sido intencional. Nesta hipótese, caberá ao assim enuncia: “o Estado indenizará o condenado por
poder público apresentar excludentes ao dever de indenizar. erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
A responsabilidade objetiva é aplicada, como regra, às tempo fixado na sentença”.
ações do Estado, ou seja, condutas positivas, em que se faz
algo. Porém, se estivermos diante de uma omissão, excepcio‐ Responsabilidade por Atos Lícitos
nalmente, poderá ser imputada a responsabilidade objetiva.
Assim será quando o dano causado pela omissão do poder Certamente o presente tópico causará estranheza, mas
público afetar algo ou alguém com o qual havia, por parte está integralmente correto: pode alguém ser responsabili‐
do Estado, o dever de proteção. Por exemplo: uma criança zado mesmo que os atos praticados sejam lícitos. Inclusive
que se acidenta em uma escola pública, um preso que é a administração pública.
agredido dentro de um estabelecimento prisional. Em ambas Há duas situações célebres que exemplificam esta possi‐
as hipóteses o poder público teria o dever de resguardar a bilidade. O primeiro caso ficou conhecido como “caso Varig”
integridade daqueles indivíduos, mas não o fez adequada‐ (STF, RE 571.969). Em meio a grave crise econômica no Brasil,
mente, omitindo-se. Nestas circunstâncias, mesmo em se o governo federal determinou o congelamento dos preços
tratando de omissão, responderá objetivamente, pois violado das passagens aéreas, impedindo que as concessionárias ele‐
dever de conduta. vassem seus valores acima das correções fixadas pelo Estado.
Urge acentuar que a teoria do risco administrativo é a Ocorre que estas atualizações se mostraram insuficientes
única prevista na Carta Maior. As próximas a serem analisadas para que a companhia mantivesse os padrões de serviço
foram elaboradas em âmbito doutrinário e adotadas pelas exigidos no contrato de concessão por ela firmada. Assim,
Cortes Superiores. diversas dívidas acabaram sendo contraídas pela companhia
aérea para a manutenção dos serviços.
Teoria da Culpa Administrativa (Omissões) Outra célebre situação analisada pela Suprema Corte en‐
volve a fixação de preços de comercialização de produtos
A teoria da culpa administrativa vem disciplinar as omis- oriundos do setor sucroalcooleiro (STF, RE 632.644 AgR). O
sões estatais, quando não presente dever de conduta. Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), entre 1986 e 1997,
Muito embora pela presente teoria também seja per‐ estabeleceu preços de comercialização daqueles produtos
quirida a “culpa”, não há de se confundir a responsabilidade abaixo dos custos médios de produção, acarretando danos
por culpa administrativa com a responsabilidade subjetiva. patrimoniais aos produtores. Observamos que este tema está
Diferentemente da responsabilidade civil subjetiva, a res‐ novamente para julgamento no STF, no ARE 884.325, agora
ponsabilidade pela teoria da culpa administrativa não exige sob repercussão geral.
prova de dolo ou culpa (negligência, imprudência e impe‐ Em ambas as hipóteses a conduta governamental foi lí‐
rícia), mas sim da culpa administrativa, representada pela cita, pois pode o Estado intervir no domínio econômico com
omissão da administração pública na boa prestação dos escopo regulatório. Entretanto, nestes casos, apesar de toda

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


serviços públicos. Aqui há uma culpa especial, consistente a sociedade ter sofrido com oscilações de preços e instabi‐
na inexistência, mau funcionamento ou retardamento na lidade econômica, algumas entidades suportaram prejuízos
prestação de um serviço público. Por conseguinte, não há muito maiores, como a Varig e as entidades pertencentes
de se falar em apreciação de negligencia, imprudência ou ao setor sucroalcooleiro. Nesta esteira, o Supremo Tribunal
imperícia dos agentes. Federal entendeu que, mesmo se tratando de conduta lícita,
as consequências dela decorrentes ensejariam no dever de
Responsabilidade por Atos Legislativos indenizar por parte do poder público. Segundo a Corte, “o
Estado responde juridicamente também pela prática de atos
Questão interessante é saber se a responsabilidade civil lícitos, quando deles decorrerem prejuízos para os particula‐
da administração pública é adstrita aos atos administrativos res em condições de desigualdade com os demais”.
por ela editados, ou se também existirá na atuação típica dos
Poderes Legislativo e Judicial. Excludentes do Dever de Indenizar
No que concerne aos atos legislativos, a doutrina defende
que há a possibilidade de responsabilização estatal quando Vimos até agora várias formas distintas de imputar ao
incorram em danos a um indivíduo ou à coletividade. Os danos poder público o dever de indenizar por danos praticados por
oriundos de atos legislativos podem se dar em três situações: seus agentes. Nada obstante, há hipóteses em que, mesmo
• leis inconstitucionais; diante de dano perpetrado pelo Estado, não haverá obriga‐
• leis de efeitos concretos; ção indenizatória, haja vista a presença de força maior, caso
• omissões legislativas, quando era obrigatória a ação fortuito e culpa exclusiva da vítima ou de terceiros.
do Poder Legislativo. As definições de caso fortuito e força maior são de extre‐
ma divergência doutrinária e jurisprudencial, mas podemos
Responsabilidade por atos jurisdicionais (STF, RE afirmar que ambos se originam de fatos imprevisíveis ou ex‐
553.637 ED) traordinários, que venham a causar danos a alguém. Alguns
doutrinadores os separam, considerando que a força maior
Na hipótese dos atos jurisdicionais, a possibilidade de estaria relacionada a fatos não-humanos, ou seja, naturais
responsabilização pelos danos causados se mostra mais (Ex.: terremoto, chuvas intensas), enquanto os casos fortuitos
restrita, mas ainda assim viável. A Constituição Federal es‐ seriam aqueles de origem humana. Porém, ressaltamos que
tabelece duas hipóteses em que o Poder Judiciário, mesmo não há consenso sobre as conceituações em voga.

91
Além do caso fortuito e da força maior, ficando compro‐ Percebam que o Estado não pode, livremente, propor
vado que a culpa pela ocorrência do dano e exclusivamente demanda regressiva contra o servidor, intentando a sua res‐
da vítima ou de terceiros, ao poder público também não ponsabilização. Em primeiro lugar, faz-se necessário que a
poderá ser imputado o dever de indenizar. ação proposta pela vítima do dano tenha sido processada,
julgada procedente e transite em julgado. Mas a decisão
Culpa Concorrente e Atenuante do Dever de Indenizar definitiva não é suficiente, uma vez que a responsabilidade
do agente público é subjetiva, fazendo-se necessária a prova
Além das excludentes acima explicadas, poderá o poder de sua culpa ou dolo. Portanto, somente preenchendo ambos
público se valer de uma atenuante do dever de indenizar: os requisitos o estado estará autorizado a tutelar em face do
a culpa concorrente. Caso se verifique que um dano causa‐ agente causador do dano.
do por agente público somente ocorreu em decorrência da Esta demanda regressiva, por se tratar de ação de ressar‐
colaboração da vítima, caberá a redução da indenização a cimento ao erário, é considerada pela doutrina majoritária
ser fixada, observando a proporção de culpa de cada parte como imprescritível.
envolvida.
Exemplo desta situação ocorre quando um indivíduo, Teoria do Risco Integral
ultrapassando o semáforo vermelho, colide com veículo
pertencente a órgão público, que estava estacionado em Outra teoria muito comentada atualmente é a “teoria do
local proibido. Percebam que ambos estão errados, caben‐ risco integral”, através da qual o agente causador do dano
do, portanto, a amenização da indenização. não pode alegar excludentes do dever de indenizar para se
imiscuir da sua obrigação. Logo, deverá pagar mesmo que
Ação Indenizatória Proposta pela Vítima do Dano se esteja diante de caso fortuito, força maior ou culpa de
terceiros. A obrigação do agente somente será afastada se
Como dito acima, causado um dano surge o dever de in‐ comprovar a inexistência de conduta, dano, ou de nexo
denizar. Logo, diante de um prejuízo, poderá a vítima propor entre conduta e dano.
demanda indenizatória contra o Estado, no prazo prescricio‐ Essa modalidade é tipicamente utilizada em direito am‐
nal de 5 anos, em consonância com o disposto nos arts. 1º, biental, sendo, inclusive, imputável ao poder público.
do Decreto nº 20.910/1932, e 1º-C, da Lei nº 9.494/1997.
A ação indenizatória não poderá ser intentada diretamen‐ Jurisprudência
te contra o servidor causador do dano, uma vez que seus atos
STF, RE 580.252: RESPONSABILIDADE DO ESTADO. PRE‐
são imputados aos órgãos públicos, reais responsáveis pelo
SOS EM SITUAÇÃO DEGRADANTE. Considerando que é dever
dano. Portanto, a vítima deverá acionar o Estado. Todavia,
do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus
essa responsabilização não impede que o Estado proponha
presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no
demanda regressiva em face do agente público, como vere‐
ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos
mos no próximo tópico.
do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os
Antes de avançar, apontamos que há entendimento no danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos de‐
Superior Tribunal de Justiça (STJ, EDcl no AgRg no AREsp tentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições
368976/PR), ainda em fase de amadurecimento, de que o legais de encarceramento.
poder público poderia denunciar à lide o servidor, tornando STF, RE 669.069: PRAZO PRESCRICIONAL DA AÇÃO DE
mais célere e efetivo eventual direito de regresso por parte
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. ILÍCITO CIVIL. É prescritível a


do erário. Como dissemos, esse entendimento ainda é frágil, ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente
mas cobrado em sede de concurso público. de ilícito civil. Dito de outro modo, se o Poder Público sofreu
um dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser
Direito de Regresso Contra o Causador do Dano ressarcido, ele deverá ajuizar a ação no prazo prescricional
previsto em lei. Vale ressaltar, entretanto, que essa tese não
Até agora percebemos que o poder público é responsável alcança prejuízos que decorram de ato de improbidade ad‐
pelos danos causados, mesmo que a conduta, propriamen‐ ministrativa que, até o momento, continuam sendo consi‐
te dita, tenha partido de um agente público. Assim o é em derados imprescritíveis (art. 37, § 5º).
razão da adoção da teoria da imputação, segundo a qual os STF, ARE 639.337 AgR: RESERVA DO POSSÍVEL. A cláusula
atos dos agentes públicos são imputados aos órgãos esta‐ da reserva do possível – que não pode ser invocada, pelo
tais, considerando-se como atos destes, e não daqueles. Os poder público, com o propósito de fraudar, de frustrar e de
agentes são meros instrumentos da prática dos atos. inviabilizar a implementação de políticas públicas definidas
Bom, então os agentes públicos não respondem por suas na própria Constituição – encontra insuperável limitação na
condutas? Não é bem assim. Diretamente os agentes pú‐ garantia constitucional do mínimo existencial, que repre‐
blicos não responderão, mas há hipóteses que facultam ao senta, no contexto de nosso ordenamento positivo, emana‐
Estado propor demanda regressiva contra aqueles, buscando ção direta do postulado da essencial dignidade da pessoa
se ressarcir pelos prejuízos vivenciados. Percebam que a res- humana. (...) A noção de “mínimo existencial”, que resulta,
ponsabilidade principal SEMPRE será do Estado, somente por implicitude, de determinados preceitos constitucionais
respondendo o agente subsidiariamente. Esse sistema re‐ (CF, art. 1º, III, e art. 3º, III), compreende um complexo de
presenta a adoção da “teoria da dupla garantia” (STJ, REsp prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir
1.325.862/PR), segundo a qual o servidor tem a assegurado condições adequadas de existência digna, em ordem a asse‐
o direito de ser tutelado somente em um segundo momen‐ gurar, à pessoa, acesso efetivo ao direito geral de liberdade
to, após condenação do poder público. A responsabilidade e, também, a prestações positivas originárias do Estado,
subsidiária do agente demanda dois requisitos: viabilizadoras da plena fruição de direitos sociais básicos,
• condenação do Estado no dever de indenizar em ação tais como o direito à educação, o direito à proteção integral
com trânsito em julgado; da criança e do adolescente, o direito à saúde, o direito à
• culpa ou dolo do agente público em sua conduta assistência social, o direito à moradia, o direito à alimentação

92
e o direito à segurança. Declaração Universal dos Direitos da I - o prazo de duração do contrato;
Pessoa Humana, de 1948 (art. XXV). II - os controles e critérios de avaliação de desempenho,
STF, RE 573.595: LATROCÍNIO COMETIDO POR FORAGI‐ direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
DO. NEXO DE CAUSALIDADE CONFIGURADO. A negligência III - a remuneração do pessoal.”
estatal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades
policiais diante da terceira fuga e o curto espaço de tempo Contrato de Gestão
que se seguiu antes do crime são suficientes para caracterizar
o nexo de causalidade. Ato omissivo do Estado que enseja Os contratos de gestão são considerados como elemen‐
a responsabilidade objetiva nos termos do disposto no art. tos estratégicos para a reforma do aparelho administrativo
37, § 6º, da Constituição do Brasil. do Estado. Esses pactos não apresentam uniformidade de tra‐
STF, RE 172.025: LATROCÍNIO PRATICADO POR PRESO tamento no ordenamento jurídico pátrio, mas sua finalidade
FORAGIDO, MESES DEPOIS DA FUGA. Fora dos parâmetros básica é possibilitar à Administração Superior fixar metas e
da causalidade não é possível impor ao poder público uma prazos de execução a serem cumpridos pela entidade privada
responsabilidade ressarcitória sob o argumento de falha no ou pelo ente da Administração indireta, a fim de permitir
sistema de segurança dos presos. melhor controle de resultados39.
STF, RE 495.740 AgR: A jurisprudência dos tribunais em geral Trata-se da adoção do sistema de “administração geren‐
tem reconhecido a responsabilidade civil objetiva do poder pú‐ cial”, através do qual a administração pública se ocupa com
blico nas hipóteses em que o eventus damni ocorra em hospitais o controle das atividades, e não com a sua prestação. Assim,
públicos (ou mantidos pelo Estado), ou derive de tratamento há uma “redução” do Estado, que não precisará se preocupar
médico inadequado, ministrado por funcionário público, ou, com cada carimbo ou declaração que precise ser expedida,
então, resulte de conduta positiva (ação) ou negativa (omissão) ocupando-se com a realização de controle mais incisivo da
imputável a servidor público com atuação na área médica. atuação das entidades que com ele contratam.
STF, RE 109.615: O poder público, ao receber o estudante
em qualquer dos estabelecimentos da rede oficial de ensino, § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos
assume o grave compromisso de velar pela preservação de de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42
sua integridade física, devendo empregar todos os meios e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função
necessários ao integral desempenho desse encargo jurídico, pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta
sob pena de incidir em responsabilidade civil pelos eventos Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão
lesivos ocasionados ao aluno. Descumprida essa obrigação, declarados em lei de livre nomeação e exoneração. (Incluído
e vulnerada a integridade corporal do aluno, emerge a res‐ pela EC nº 20, de 1998)
ponsabilidade civil do poder público pelos danos causados a
quem, no momento do fato lesivo, se achava sob a guarda, Cumulação de Aposentadoria com Cargo, Emprego
vigilância e proteção das autoridades e dos funcionários es‐
ou Função Pública
colares, ressalvadas as situações que descaracterizam o nexo
de causalidade material entre o evento danoso e a atividade
Como visto no art. 37, XVI, da Carta Maior, somente em
estatal imputável aos agentes públicos.
situações excepcionais será admitida a cumulação de cargos
REsp 1.305.259/SC: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ES‐
públicos. Bom, no §10º, do art. 37, esta restrição é estendi‐
TADO POR MORTE DE DETENTO. RECONHECIMENTO PELO
da para os aposentados, mas com mais algumas exceções.
TRIBUNAL DE ORIGEM DE CAUSA IMPEDITIVA DA ATUAÇÃO
Portanto, não poderá ser cumulada aposentadoria em cargo

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


ESTATAL PROTETIVA DO DETENTO. SUICÍDIO. ROMPIMENTO
em provimento efetivo, salvo quanto a:
DO NEXO DE CAUSALIDADE. RETRATAÇÃO. [...] 3. O acórdão
• cargos que a Constituição permite a cumulação;
da repercussão geral é claro ao afirmar que a responsabi‐
• cumulação de aposentadoria com cargo eletivo;
lização objetiva do Estado em caso de morte de detento
• cumulação de aposentadoria com cargos em comissão;
somente ocorre quando houver inobservância do dever es‐
• cumulação de aposentadoria com cargos por prazo
pecífico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da Cons‐
determinado (STJ, REsp 1.298.503).
tituição Federal. 4. O Tribunal de origem decidiu de forma
fundamentada pela improcedência da pretensão recursal,
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
uma vez que não se conseguiu comprovar que a morte do
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste ar‐
detento foi decorrente da omissão do Estado que não poderia
tigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
montar vigilância a fim de impedir que ceifasse sua própria
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
vida, atitude que só a ele competia. 5. Tendo o acórdão re‐
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste
corrido consignado expressamente que ficou comprovada
artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar,
causa impeditiva da atuação estatal protetiva do detento,
em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constitui‐
rompeu-se o nexo de causalidade entre a suposta omissão
ções e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal
do Poder Público e o resultado danoso.
dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça,
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao
cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tri‐
ocupante de cargo ou emprego da administração direta e
bunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo
indireta que possibilite o acesso a informações privilegia‐
aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos
das. (Incluído pela EC nº 19, de 1998)
Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47,
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira
de 2005)
dos órgãos e entidades da administração direta e indireta
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá
poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado en‐
ser readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e
tre seus administradores e o poder público, que tenha por
objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão
ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela EC
39
MEIRELLES, Hely Lopes. BURLE FILHO, José Emanuel. Direito administrativo
brasileiro. 42. ed. atual. até a Emenda Constitucional 90, de 15/9/2015. São
nº 19, de 1998) Paulo: Malheiros, 2016. p. 299-301.

93
responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que Poderá optar por continuar rece‐
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto bendo a remuneração fixada para
permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação seu cargo, emprego ou função.
e o nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, Vereador
mantida a remuneração do cargo de origem. (Incluído pela Poderá cumular os cargos eletivo
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) e efetivo, se houver compatibili‐
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de dade de horários.
tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego ou
função pública, inclusive do Regime Geral de Previdência Por fim, o tempo de exercício de mandato eletivo por
Social, acarretará o rompimento do vínculo que gerou o agente público será computado para todos os fins, exceto
referido tempo de contribuição. (Incluído pela Emenda promoção por merecimento.
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias Seção II
de servidores públicos e de pensões por morte a seus de‐ Dos Servidores Públicos
pendentes que não seja decorrente do disposto nos §§ 14
a 16 do art. 40 ou que não seja prevista em lei que extinga A Seção II se ocupa com a disciplina dos direitos dos
regime próprio de previdência social. (Incluído pela Emenda servidores públicos civis, excluindo os militares, regidos pelo
Constitucional nº 103, de 2019) disposto na Seção III.
§ 16. Os órgãos e entidades da administração pública,
individual ou conjuntamente, devem realizar avaliação das Agentes Públicos40
políticas públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser
avaliado e dos resultados alcançados, na forma da lei. (In- Agentes públicos podem ser conceituados como “todas
cluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamen-
te, do exercício de alguma função estatal”. A administração
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, pública manifesta suas vontades através de seus órgãos (te‐
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, oria do órgão), cabendo aos agentes públicos a implemen‐
aplicam-se as seguintes disposições: (Redação dada pela tação, prática, destes anseios. Por conseguinte, percebe-se
EC nº 19, de 1998) a imprescindibilidade destes indivíduos, uma vez que, sem
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou tais indivíduos, o Estado não teria instrumentos para a con‐
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; cretização do interesse público.
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do Estes agentes públicos são classificados de diversos modo
pela doutrina. Diante da ampla adesão, e da completude do
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
entendimento, adotamos a classificação encabeçada por Hely
sua remuneração;
Lopes Meirelles, que entende haver cinco espécies distintas
III - investido no mandato de Vereador, havendo compa‐
de agentes públicos:
tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
• Agentes políticos: os agentes políticos são os mais altos
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo servidores de cada um dos poderes, com competências
eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a estabelecidas pela própria Constituição Federal, e não
norma do inciso anterior; subordinados a outras autoridades. (Ex.: Chefes do Po‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o der Executivo, Parlamentares, Magistrados, Membros
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será do Ministério Público).
contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção • Agentes administrativos (Servidores Públicos): são
por merecimento; enquadrados como agentes administrativo todos os
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de demais agentes que, ocupantes de cargo em provimen‐
previdência social, permanecerá filiado a esse regime, no to efetivo, emprego público ou função pública remu‐
ente federativo de origem. (Redação dada pela Emenda nerada, compõem o corpo funcional da administração
Constitucional nº 103, de 2019) pública e não se enquadram como agentes políticos.
Estão aqui os servidores estatutários, empregados
Exercício de Mandato Eletivo por Servidor Público públicos e os agentes temporários.
• Agentes honoríficos: indivíduos que, em razão de sua
O art. 38 disciplina o exercício de mandato eletivo por condição cívica ou notória capacidade profissional, são
servidores públicos, podendo ser assim esquematizado: requisitados pela administração pública para prestação
de serviços pontuais (Ex.: mesários eleitorais, jurados,
membros dos Conselhos Tutelares).
Cargo eletivo Consequências
• Agentes delegados: agentes delegados são os par‐
Presidente da República Será afastado do seu cargo, em- ticulares que recebem concessão, permissão ou au‐
Senador prego ou função. torização do Estado para o exercício de atividade ou
Deputado Federal realização de obra de interesse público.
Deputado Estadual Receberá a remuneração do car- • Agentes credenciados: serão credenciados os indivídu‐
Deputado Distrital go eletivo. os que venham a representar a administração pública
Será afastado do seu cargo, em- em lugares que ela não teria como se fazer presente
prego ou função. através de seus agentes políticos ou administrativos
(Ex.: particular que é chamado para representar o Es‐
Prefeito tado em evento internacional).
Poderá optar por continuar rece‐
bendo a remuneração fixada para
seu cargo, emprego ou função. 40
MEIRELLES, Hely Lopes. BURLE FILHO, José Emanuel. Op. Cit. p. 78-85.

94
Servidores Públicos: Celetistas X Estatutários servidores; a promoção e respectivos critérios; o sistema
remuneratório (subsídios ou remuneração, envolvendo os
Os servidores públicos, também chamados de agentes vencimentos, com as especificações das vantagens de or‐
administrativos, normalmente são definidos por exclusão, dem pecuniária, os salários e as reposições pecuniárias); as
enquadrando-se nesta categoria todos aqueles que, possuin‐ penalidades e sua aplicação; o processo administrativo; e
do algum vínculo com o poder público, e para ele exercendo a aposentadoria”. Por conseguinte, a definição de regime
alguma função, não são enquadrados como agentes políticos jurídico poder ser reduzida de modo a se afirmar que é o
ou particulares em colaboração com a administração pública conjunto de normas que disciplinam a relação laboral es-
(agentes honoríficos, delegados e credenciados). tabelecida entre a administração pública e seus servidores.
Já falamos, em algumas oportunidades, que os servidores A grande inovação da Constituição Federal de 1988 foi a
podem ser regidos por regime estatutário, celetista ou até exigência de que este os entes federados, suas autarquias e
por um regime administrativo diferenciado, como ocorre nas fundações públicas, adotem um regime jurídico único, em
contratações por prazo determinado, estudada no art. 37, IX, cada esfera de governo. Destarte, a União, por exemplo,
da CF/1988. Bom, e quanto aos outros dois regimes, quais não poderia ter dois regimes jurídicos paralelos para disci‐
as distinções existentes entre eles? É o que passaremos a plinar sua relação com seus servidores. Exatamente por este
estudar agora. motivo, restou inviável que um ente federado admitisse
O regime celetista, dispostos na Carta Maior, especial‐ servidores estatutários e celetistas, ao mesmo tempo, pois,
mente, entre os artigos 7º e 11º, bem como na Consolidação submetidos a regimes diferentes.
das Leis do Trabalho (CLT), é adotado quando da contratação Esse sistema vigeu até 1998, quando, com a promulgação
de empregados pelas empresas estatais, ou, como se verá da Emenda Constitucional nº 19/1998, houve a supressão
adiante, pela administração direta, autárquica e fundacio‐ deste dever de manter regime jurídico único. Assim, passou
nal, quando ainda admitida essa forma de contratação. Estes a ser admitida a existência de regimes paralelos e, portanto,
agentes são chamados de empregados públicos. a contratação simultânea de estatutários e celetistas pela a
Atualmente, as pessoas jurídicas de direito público (entes administração direta, autárquica e fundacional. Esta possi‐
federados, autarquias e fundações públicas) somente podem
bilidade durou até o ano de 2007, quando o Supremo Tri‐
contratar seus agentes sob o regime estatutário, com regi‐
bunal Federal, em sede de medida cautelar na ADI 2.135/
me jurídico estabelecido em lei, que regulará seus direitos
e deveres. Trata-se do regime jurídico único. Estes agentes DF, suspendeu os efeitos da redação dada ao art. 39 pela
são chamados de servidores estatutários. EC 19/1998. Por fim, observamos que o STF deu eficácia ex
Os empregados públicos e os servidores estatutários, nunc para a decisão suspensiva, implicando na possibilidade
além dos temporários, são espécies de servidores públicos. de manutenção de todos os agentes admitidos entre 1998 e
A doutrina diverge quanto a esta divisão, sendo que alguns 2007 por regimes diversos.
experts chamam de servidores públicos os estatutários, mas
parece mais adequado considerar a expressão “servidores Resumindo:
públicos” como gênero, enquanto “empregados públicos” e De 1988 a 1998 – RJU, exclusivamente.
“servidores estatutários” são suas espécies. De 1998 a 2007 – admitida a contratação por regimes
distintos.
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu‐ De 2007 até o presente momento – RJU, exclusivamente.
nicípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


jurídico único e planos de carreira para os servidores da Jurisprudência
administração pública direta, das autarquias e das funda‐
ções públicas. Súmula Vinculante nº 37: Não cabe ao Poder Judiciário,
Art. 39 (Redação Suspensa). A União, os Estados, o Dis- que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
trito Federal e os Municípios instituirão conselho de política servidores públicos sob o fundamento de isonomia.
de administração e remuneração de pessoal, integrado por STF, Súmula nº 679: A fixação de vencimentos dos servi‐
servidores designados pelos respectivos Poderes. (Redação dores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva.
dada pela EC nº 19, de 1998) STF, RE 573.202: Compete à Justiça comum processar e
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais julgar causas instauradas entre o poder público e seus ser‐
componentes do sistema remuneratório observará: (Reda- vidores submetidos a regime especial disciplinado por lei
ção dada pela EC nº 19, de 1998) local editada antes da Constituição Republicana de 1988,
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a comple‐ com fundamento no art. 106 da Constituição de 1967, na
xidade dos cargos componentes de cada carreira; (Incluído redação que lhe deu a EC 1/1969, ou no art. 37, IX, da Cons‐
pela EC nº 19, de 1998)
tituição de 1988.
II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela EC
nº 19, de 1998)
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela EC nº
19, de 1998) escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento
dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos
cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, fa‐
Regime Jurídico Único (RJU) e Plano de Carreira
cultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos
Como leciona Hely Lopes Meirelles41, “o regime jurídico entre os entes federados. (Redação dada pela EC nº 19,
dos servidores civis consubstancia os preceitos legais sobre de 1998)
a acessibilidade aos cargos públicos, a investidura em cargo § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo pú‐
efetivo (por concurso público) e em comissão, as nomea‐ blico o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI,
ções para funções de confiança; os deveres e direitos dos XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do
41
MEIRELLES, Hely Lopes. BURLE FILHO, José Emanuel. Op. Cit. p. 520-522. cargo o exigir. (Incluído pela EC nº 19, de 1998)

95
Direitos dos Servidores Estatutários XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas‐
No intento de facilitar a compreensão, vamos arrolar os cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
direitos enumerados no § 3º, assegurados aos servidores (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
estatutários: XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos
de trabalho;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do em‐
sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
pregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com rea‐
quando incorrer em dolo ou culpa;
justes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo
vedada sua vinculação para qualquer fim; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os tra‐
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
balhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
percebem remuneração variável;
extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
ou no valor da aposentadoria;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XII - salário-família pago em razão do dependente do traba‐ XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico
lhador de baixa renda nos termos da lei; e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensa‐ a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de
ção de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
convenção coletiva de trabalho; quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos nº 20, de 1998)
domingos XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mí‐ empregatício permanente e o trabalhador avulso.
nimo, em cinquenta por cento à do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, Jurisprudência
um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, Súmula Vinculante nº 16: Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º
com a duração de cento e vinte dias; (redação da EC nº 19/1998), da constituição, referem-se ao
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; total da remuneração percebida pelo servidor público.
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos, nos termos da lei; § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato ele‐
tivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
normas de saúde, higiene e segurança;
fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de fun‐ gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de repre‐
ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

sentação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em


ou estado civil.
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Incluído pela
Em decorrência da limitação estabelecida pelo §3º, de‐ EC nº 19, de 1998)
vemos observar que não se aplicam aos servidores os se-
guintes direitos, também insertos no art. 7º, da CF/1988: Remuneração dos Agentes Públicos

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou A remuneração paga em decorrência da prestação de
sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá um serviço pode ter diversas nomenclaturas e característi‐
indenização compensatória, dentre outros direitos; cas distintas: aos empregados privados temos o salário; aos
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; militares, o soldo; aos servidores públicos, os vencimentos.
Mas o que representa o subsídio?
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
O subsídio é a denominação dada à remuneração paga
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade a determinados agentes públicos (agentes políticos e outros
do trabalho; que a Constituição Federal imponha), que tem como carac‐
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção terística o pagamento em parcela única, vedada a presença
ou acordo coletivo; de acréscimos. Portanto, os agentes remunerados através
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua de subsídio somente terão direito a esta parcela, sem qual‐
retenção dolosa; quer outro adicional ou vantagem. Nada obstante a restri‐
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da ção, algumas parcelas vêm sendo aceitas, como 13º salário,
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da adicional de férias, hora extra, diárias, ajuda de custo e o
empresa, conforme definido em lei; salário-família.
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. (Incluído pela
insalubres ou perigosas, na forma da lei; EC nº 19, de 1998)

96
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publi‐ § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
carão anualmente os valores do subsídio e da remuneração do respectivo ente federativo idade e tempo de contribui‐
dos cargos e empregos públicos. (Incluído pela EC nº 19, ção diferenciados para aposentadoria de servidores com
de 1998) deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicos‐
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos social realizada por equipe multiprofissional e interdiscipli‐
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamen‐ nar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tários provenientes da economia com despesas correntes § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no de‐ do respectivo ente federativo idade e tempo de contribui‐
senvolvimento de programas de qualidade e produtividade, ção diferenciados para aposentadoria de ocupantes do
treinamento e desenvolvimento, modernização, reapare‐ cargo de agente penitenciário, de agente socioeducativo
lhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do caput
a forma de adicional ou prêmio de produtividade. (Incluído do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV
pela EC nº 19, de 1998) do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda Constitucional
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organi‐ nº 103, de 2019)
zados em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complemen‐
(Incluído pela EC nº 19, de 1998)
tar do respectivo ente federativo idade e tempo de con‐
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter
tribuição diferenciados para aposentadoria de servidores
temporário ou vinculadas ao exercício de função de confian‐
cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a
ça ou de cargo em comissão à remuneração do cargo efeti‐
agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde,
vo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ou associação desses agentes, vedada a caracterização por
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda
servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contri‐ Constitucional nº 103, de 2019)
butivo e solidário, mediante contribuição do respectivo § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade
ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades
de pensionistas, observados critérios que preservem o equi‐ decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º,
líbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela Emenda desde que comprovem tempo de efetivo exercício das fun‐
Constitucional nº 103, de 2019) ções de magistério na educação infantil e no ensino funda‐
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previ‐ mental e médio fixado em lei complementar do respectivo
dência social será aposentado: (Redação dada pela Emenda ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
Constitucional nº 103, de 2019) nº 103, de 2019)
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
cargo em que estiver investido, quando insuscetível de rea‐ cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada
daptação, hipótese em que será obrigatória a realização de a percepção de mais de uma aposentadoria à conta de
avaliações periódicas para verificação da continuidade das regime próprio de previdência social, aplicando-se outras
condições que ensejaram a concessão da aposentadoria, na vedações, regras e condições para a acumulação de be‐
forma de lei do respectivo ente federativo; (Redação dada nefícios previdenciários estabelecidas no Regime Geral de
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitu-
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais cional nº 103, de 2019)

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quan‐
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei do se tratar da única fonte de renda formal auferida pelo
complementar; (Redação dada pela Emenda Constitucional dependente, o benefício de pensão por morte será con‐
nº 88, de 2015) (Vide Lei Complementar nº 152, de 2015) cedido nos termos de lei do respectivo ente federativo, a
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos qual tratará de forma diferenciada a hipótese de morte dos
de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de servidores de que trata o § 4º-B decorrente de agressão
idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação dada
Federal e dos Municípios, na idade mínima estabelecida pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
mediante emenda às respectivas Constituições e Leis Or‐
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
gânicas, observados o tempo de contribuição e os demais
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, con‐
requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
forme critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
nº 103, de 2019)
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser § 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distri‐
inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. tal ou municipal será contado para fins de aposentadoria,
201 ou superiores ao limite máximo estabelecido para o observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o
Regime Geral de Previdência Social, observado o disposto tempo de serviço correspondente será contado para fins de
nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional disponibilidade. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 103, de 2019) nº 103, de 2019)
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentado‐ § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
ria serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. contagem de tempo de contribuição fictício. (Incluído pela
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) (Vide Emenda
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios dife‐ Constitucional nº 20, de 1998)
renciados para concessão de benefícios em regime próprio § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total
de previdência social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes
4º-B, 4º-C e 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como
nº 103, de 2019) de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime

97
geral de previdência social, e ao montante resultante da trata o § 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional
adição de proventos de inatividade com remuneração de nº 103, de 2019)
cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo em § 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Consti-
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, tucional nº 103, de 2019)
e de cargo eletivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de
20, de 15/12/98) previdência social, lei complementar federal estabelecerá,
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, para os que já existam, normas gerais de organização, de
em regime próprio de previdência social, no que couber, os funcionamento e de responsabilidade em sua gestão, dis‐
requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de Previ‐ pondo, entre outros aspectos, sobre: (Incluído pela Emenda
dência Social. (Redação dada pela Emenda Constitucional Constitucional nº 103, de 2019)
nº 103, de 2019) I - requisitos para sua extinção e consequente migração
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusiva‐ para o Regime Geral de Previdência Social;
mente, de cargo em comissão declarado em lei de livre II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização
nomeação e exoneração, de outro cargo temporário, in‐ dos recursos;
clusive mandato eletivo, ou de emprego público, o Regime III - fiscalização pela União e controle externo e social;
Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;
Constitucional nº 103, de 2019) V - condições para instituição do fundo com finalidade
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu‐ previdenciária de que trata o art. 249 e para vinculação a
nicípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Po‐ ele dos recursos provenientes de contribuições e dos bens,
der Executivo, regime de previdência complementar para direitos e ativos de qualquer natureza;
servidores públicos ocupantes de cargo efetivo, observado VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial;
o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previ‐ VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regi‐
dência Social para o valor das aposentadorias e das pensões me, observados os princípios relacionados com governança,
em regime próprio de previdência social, ressalvado o dis‐ controle interno e transparência;
posto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional VIII - condições e hipóteses para responsabilização da‐
nº 103, de 2019) queles que desempenhem atribuições relacionadas, direta
§ 15. O regime de previdência complementar de que ou indiretamente, com a gestão do regime;
trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na mo‐ IX - condições para adesão a consórcio público;
dalidade contribuição definida, observará o disposto no art. X - parâmetros para apuração da base de cálculo e de‐
202 e será efetivado por intermédio de entidade fechada finição de alíquota de contribuições ordinárias e extraor‐
de previdência complementar ou de entidade aberta de dinárias.
previdência complementar. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019) Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo
o disposto nos § § 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor em virtude de concurso público. (Redação dada pela EC nº
que tiver ingressado no serviço público até a data da publi‐ 19, de 1998)
cação do ato de instituição do correspondente regime de § 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Re-
previdência complementar. (Incluído pela Emenda Consti- dação dada pela EC nº 19, de 1998)
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

tucional nº 20, de 15/12/98) I - em virtude de sentença judicial transitada em julga‐


§ 17. Todos os valores de remuneração considerados do; (Incluído pela EC nº 19, de 1998)
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida‐ II - mediante processo administrativo em que lhe seja
mente atualizados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda assegurada ampla defesa; (Incluído pela EC nº 19, de 1998)
Constitucional nº 41, 19.12.2003) III - mediante procedimento de avaliação periódica de
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo‐ desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata ampla defesa. (Incluído pela EC nº 19, de 1998)
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para
os benefícios do regime geral de previdência social de que § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co‐
os servidores titulares de cargos efetivos. (Incluído pela missão instituída para essa finalidade. (Incluído pela EC nº
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) 19, de 1998)
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei
do respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41
efetivo que tenha completado as exigências para a aposen‐ e no § 7º do art. 169 estabelecerão critérios e garantias es‐
tadoria voluntária e que opte por permanecer em atividade peciais para a perda do cargo pelo servidor público estável
poderá fazer jus a um abono de permanência equivalente, que, em decorrência das atribuições de seu cargo efetivo,
no máximo, ao valor da sua contribuição previdenciária, desenvolva atividades exclusivas de Estado. (Incluído pela
até completar a idade para aposentadoria compulsória. EC nº 19, de 1998)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Parágrafo único. Na hipótese de insuficiência de de‐
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime sempenho, a perda do cargo somente ocorrerá mediante
próprio de previdência social e de mais de um órgão ou processo administrativo em que lhe sejam assegurados o
entidade gestora desse regime em cada ente federativo, contraditório e a ampla defesa. (Incluído pela EC nº 19,
abrangidos todos os poderes, órgãos e entidades autár‐ de 1998)
quicas e fundacionais, que serão responsáveis pelo seu
financiamento, observados os critérios, os parâmetros e Art. 19 do ADCT. Os servidores públicos civis da União,
a natureza jurídica definidos na lei complementar de que dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da ad‐

98
ministração direta, autárquica e das fundações públicas, pantes de cargos em provimento efetivo. O texto constitu‐
em exercício na data da promulgação da Constituição, há cional falava, tão somente, em “servidores nomeados em
pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido virtude de concurso público.”. Em decorrência dessa lacuna,
admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, os agentes públicos da administração direta, autárquica
são considerados estáveis no serviço público. e fundacional que, até 1998 preencheram os demais re-
quisitos aqui apresentados, serão considerados estáveis,
Estabilidade (CF, art. 41) mesmo que não sejam ocupantes de cargos efetivos. Esse
entendimento não se aplica às empresas públicas e socie‐
Estabilidade X Estágio Probatório X Vitaliciedade dades de economia mista, uma vez que, em razão da sua
constituição tipicamente privada, e da submissão ao regime
O último dispositivo acerca do regime dos servidores civis celetista, seus servidores são terminantemente afastados
da administração pública dispõe acerca da estabilidade. Antes do sistema estabilitário.
de explicitar as peculiaridades do instituto, cumpre realizar
algumas distinções, como, por exemplo a distinção existente Hipóteses de Perda do Cargo por Servidor Estável
entre estabilidade, estágio probatório e vitaliciedade.
A estabilidade pode ser definida como “a garantia cons‐ O servidor público estável somente perderá o cargo nas
titucional de permanência no serviço público outorgada ao seguintes hipóteses:
servidor que, nomeado para cargo de provimento efetivo, • Em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
em virtude de concurso público, tenha transposto. o está‐ • Mediante processo administrativo em que lhe seja
gio probatório de três anos, após ser submetido a avaliação assegurada ampla defesa;
especial de desempenho por comissão instituída para essa • Mediante procedimento de avaliação periódica de
finalidade (CF, art. 41)”42. Somente em hipóteses específicas desempenho, na forma de lei COMPLEMENTAR, asse‐
poderá o servidor estável ser exonerado do serviço público, gurada ampla defesa.
como veremos adiante. • Em decorrência de excesso de despesas com pessoal
Partindo do conceito de estabilidade, podemos perceber (CF, art. 169, § 4º).
que o estágio probatório é um dos procedimentos neces‐
sários para a obtenção daquela garantia. Trata-se do “perí‐ Essa é a grande vantagem da estabilidade, pois, diferen‐
odo de exercício do servidor durante o qual é observado e temente do que ocorre no setor privado, não pode o gestor
apurada pela Administração a conveniência ou não de sua público chegar para seu subordinado e demiti-lo de forma
permanência no serviço público, mediante a verificação dos imotivada. Somente nas hipóteses acima poderá ocorrer a
requisitos estabelecidos em lei para a aquisição da estabi‐ dispensa.
lidade (idoneidade moral, aptidão, disciplina, assiduidade,
dedicação ao serviço, eficiência etc.).”43. Jurisprudência
A vitaliciedade, por sua vez, é sistemática que confere
maior garantia de permanência a seus ocupantes. “Somente STF, Súmula nº 22: O estágio probatório não protege o
através de processo judicial, como regra, podem os titulares funcionário contra a extinção do cargo.
perder seus cargos (art. 95, I, CF). Desse modo, torna-se invi‐ STF, Súmula nº 21: Funcionário em estágio probatório
ável a extinção do vínculo por exclusivo processo administra‐ não pode ser exonerado nem demitido sem inquérito ou

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional


sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade.
tivo (salvo no período inicial de dois anos até a aquisição da
TST, Súmula 390: ESTABILIDADE. ART. 41 DA CF/1988.
prerrogativa). A vitaliciedade configura-se como verdadeira
CELETISTA. ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTÁRQUICA OU FUN‐
prerrogativa para os titulares dos cargos dessa natureza e
DACIONAL. APLICABILIDADE. EMPREGADO DE EMPRESA PÚ‐
se justifica pela circunstância de que é necessária para tor‐
BLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. INAPLICÁVEL. I - O
nar independente a atuação desses agentes, sem que sejam
servidor público celetista da administração direta, autárquica
sujeitos a pressões eventuais impostas por determinados
ou fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art.
grupos de pessoas”44.
41 da CF/1988. II - Ao empregado de empresa pública ou de
sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante
Requisitos para Estabilização no Cargo
aprovação em concurso público, não é garantida a estabili‐
dade prevista no art. 41 da CF/1988.
A Constituição Federal estabelece alguns requisitos para
STF, RE 805.491 AgR: EXONERAÇÃO APÓS OS 3 ANOS.
que o servidor público passe a gozar de estabilidade. São eles:
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NÃO CONCLUÍDA. POSSIBILI‐
• cargo em provimento efetivo;
DADE. A jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que
• aprovação em concurso público;
o ato de exoneração do servidor é meramente declaratório,
• transcurso do prazo mínimo de 3 anos;
podendo ocorrer após o prazo de três anos fixados para o
• aprovação em avaliação de desempenho. estágio probatório, desde que as avaliações de desempenho
sejam efetuadas dentro do prazo constitucional.
Somente após o preenchimento de todos esses requisitos STF, RE 589.998: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E
o servidor será considerado estável e a ele serão aplicáveis as TELÉGRAFOS (ECT). DEMISSÃO IMOTIVADA DE SEUS EMPRE‐
hipóteses restritas de perda do cargo, que veremos a seguir. GADOS. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO
Antes de avançar, cumpre destacar uma curiosidade. DA DISPENSA. Os empregados públicos não fazem jus à es‐
Até a EC 19/1998, o art. 41, da Constituição Federal, não tabilidade prevista no art. 41 da CF, salvo aqueles admitidos
estabelecia a necessidade de que os servidores fossem ocu‐ em período anterior ao advento da EC 19/1998. Em atenção,
no entanto, aos princípios da impessoalidade e isonomia,
42
MEIRELLES, Hely Lopes. BURLE FILHO, José Emanuel. Op. Cit. p. 554. que regem a admissão por concurso público, a dispensa do
43
MEIRELLES, Hely Lopes. BURLE FILHO, José Emanuel. Op. Cit. p. 555.
44
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Op. Cit. P. 407. empregado de empresas públicas e sociedades de econo‐

99
mia mista que prestam serviços públicos deve ser motivada, § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
assegurando-se, assim, que tais princípios, observados no o servidor estável ficará em disponibilidade, com remune‐
momento daquela admissão, sejam também respeitados por ração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
ocasião da dispensa. A motivação do ato de dispensa, assim, aproveitamento em outro cargo. (Redação dada pela EC
visa a resguardar o empregado de uma possível quebra do nº 19, de 1998)
postulado da impessoalidade por parte do agente estatal
investido do poder de demitir. Recurso extraordinário par‐ Disponibilidade
cialmente provido para afastar a aplicação, ao caso, do art.
41 da CF, exigindo-se, entretanto, a motivação para legitimar
O servidor em disponibilidade é aquele que, diante da
a rescisão unilateral do contrato de trabalho.
extinção do cargo que ocupava, ou de sua desnecessidade,
STF, RE 513.585 AgR: A jurisprudência desta Corte tem
se fixado no sentido de que a ausência de processo adminis‐ é liberado de suas funções pelo Estado, ficando sem exercer
trativo ou a inobservância aos princípios do contraditório e sua atividade laboral. Durante este período de inatividade o
da ampla defesa tornam nulo o ato de demissão de servidor agente terá direito ao recebimento de remuneração propor‐
público, seja ele civil ou militar, estável ou não. cional ao seu tempo de serviço.

Estabilidade do art. 19 do ADCT Seção III


Dos Militares dos Estados, do
Por fim, achamos por bem intercalar o estudo do art. 19, Distrito Federal e dos Territórios
do ADCT, uma vez que também versa sobre estabilidade em
relação ao poder público. Esse dispositivo tentou garantir Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de
segurança àqueles agentes admitidos antes da Carta Cons- Bombeiros Militares, instituições organizadas com base
titucional de 1988 sem a realização de concurso público, na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do
uma vez que até 1988 não havia a imprescindibilidade da Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela EC
contratação mediante processo seletivo, permitindo-se a nº 18, de 1998)
admissão direta pelo poder público. § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
Destarte, todos os agentes que, quando da promulgação Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em
da CF/88, laboravam a mais de 5 anos para a administração lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art.
direta, autárquica e fundacional - também aqui excluídas 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor
as estatais – terá direito à estabilidade prevista no art. 19, sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as paten‐
do ADCT. tes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores.
(Redação dada pela EC nº 20, de 15/12/1998)
Jurisprudência § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Dis‐
trito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em
TST, OJ 364 da SDI1: ESTABILIDADE. ART. 19 DO ADCT. lei específica do respectivo ente estatal. (Redação dada pela
SERVIDOR PÚBLICO DE FUNDAÇÃO REGIDO PELA CLT - Fun‐ EC nº 41, 19/12/2003)
dação instituída por lei e que recebe dotação ou subvenção § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito
do Poder Público para realizar atividades de interesse do Federal e dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI,
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Constitucional

Estado, ainda que tenha personalidade jurídica de direito com prevalência da atividade militar. (Incluído pela Emenda
privado, ostenta natureza de fundação pública. Assim, seus Constitucional nº 101, de 2019)
servidores regidos pela CLT são beneficiários da estabilidade
excepcional prevista no art. 19 do ADCT.
Regime Jurídico dos Militares
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser‐
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante Aos militares, diante das peculiaridades inerentes ao
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem exercício de suas funções, foi estabelecido regime distinto
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou pos‐ daquele aplicado aos servidores civis, que analisamos nos
to em disponibilidade com remuneração proporcional ao dispositivos anteriores. Em razão desta separação, as nor-
tempo de serviço. (Redação dada pela EC nº 19, de 1998) mas destinadas aos servidores civis não são aplicáveis aos
militares, exceto se houver expressa previsão constitucional
Reintegração e Recondução neste sentido.

No §2º estão inseridas duas formas de provimento dos Seção IV


cargos públicos, estudadas com primor no direito adminis‐ Das Regiões
trativo. De modo introdutório, conceituaremos os institutos.
A reintegração é a forma de provimento através da qual o Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá
agente exonerado retorna ao serviço público em decorrência articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico
de decisão, judicial ou administrativa, invalidando seu ato e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das
de exoneração. A recondução, por seu turno, é o retorno desigualdades regionais.
de uma agente para seu antigo cargo, quando é inabilitado § 1º Lei complementar disporá sobre:
em estágio probatório de outro cargo, ou se, ocupando pos‐ I - as condições para integração de regiões em desen‐
to de agente anteriormente exonerado, este consegue sua volvimento;
reintegração. Nesta hipótese, o atual ocupante do cargo será II - a composição dos organismos regionais que execu‐
reconduzido para sua atividade anterior. tarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos

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planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, EXERCÍCIOS
aprovados juntamente com estes.
§ 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de 1. (2021/FEPESE/Prefeitura de São José - SC) De acordo
outros, na forma da lei: com a Constituição de 1988, no Capítulo que trata
I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos: “Nin‐
de custos e preços de responsabilidade do Poder Público; guém será privado de direitos por motivo de crença
II - juros favorecidos para financiamento de atividades ......................... ou de convicção filosófica ou po‐
prioritárias; lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obriga‐
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de ção......................... ao todos imposta e recusar-se a
tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; cumprir prestação alternativa, fixada em lei” Assinale
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e so‐ a alternativa que completa corretamente as lacunas do
texto.
cial dos rios e das massas de água represadas ou represáveis
a) pagã - penal
nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas.
b) religiosa - legal
§ 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incen‐ c) heterodoxa - moral
tivará a recuperação de terras áridas e cooperará com os d) espírita - coletiva
pequenos e médios proprietários rurais para o estabeleci‐ e) exotérica - social
mento, em suas glebas, de fontes de água e de pequena
irrigação. 2. (2021/FEPESE/Prefeitura de São José - SC) A Consti‐
tuição Federal de 1988, no seu artigo 5° , afirma que
Regiões Administrativas e de Desenvolvimento é assegurada a prestação de assistência religiosa nas
entidades civis e militares:
Concluindo o Título III da Carta Maior, o legislador esta‐ a) de internação coletiva.
beleceu as normas para a criação de regiões administrativas b) durante conflitos bélicos.
e de desenvolvimento pela União. c) em áreas de difícil acesso.
A criação as regiões administrativas têm como escopo o d) quando em missão oficial.
e) quando expressamente solicitada.
desenvolvimento e a redução das desigualdades regionais.
Lei complementar deverá dispor sobre: 3. (2021/FEPESE/Prefeitura de São José - SC) No artigo 5°
• as condições para integração de regiões em desenvol‐ da Constituição de 1988, está escrito que: é inviolável a
vimento; e liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado
• a composição dos organismos regionais que executa‐ o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
rão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes forma da lei, a proteção dos locais de culto e:
dos planos nacionais de desenvolvimento econômico a) dos seus fiéis.
e social, aprovados juntamente com estes. b) das suas liturgias.
c) dos seus pastores.
São exemplos de regiões de desenvolvimento: d) das suas pregações.
• Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste – e) das suas instalações.
SUDENE (LC nº 66/91);

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• Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia 4. (2021/FEPESE/Prefeitura de São Carlos - SC) De acordo
– SUDAM (LC nº 67/91); com a Constituição Federal de 1988: O total da despesa
• Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRA‐ com a remuneração dos Vereadores não poderá ultra‐
MA (LC nº 134/2010); passar o montante de da receita do Município. Assinale
a alternativa que completa corretamente a lacuna do
• As autorizações para o Poder Executivo criar as Regi‐
texto.
ões Administrativas Integradas de Desenvolvimento da a) 5%
Grande Teresina (LC nº 112/2001) e do Polo Petrolina/ b) 7,5%
PE e Juazeiro/BA (LC nº 113/2001); c) 10%
• A Superintendência do Desenvolvimento do Centro‐ d) 12%
-Oeste - SUDECO (LC nº 129/2009). e) 15%

Incentivos de Desenvolvimento. Rol Exemplificativo 5. (2021/FEPESE/Prefeitura de São Carlos - SC) Analise as


afirmativas abaixo a partir das disposições da Consti‐
Na busca pelo desenvolvimento e redução das desigual‐ tuição Federal de 1988:
dades regionais, o poder público poderá se valer, entre ou‐ 1. A posse do Prefeito e do Vice-Prefeito ocorrerá até
tros, dos seguintes benefícios: o 5 dia do ano subsequente ao da eleição.
• igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de 2. Compete aos Municípios suplementar a legislação
federal e a estadual no que couber.
custos e preços de responsabilidade do Poder Público;
3. A Câmara Municipal não gastará mais de cinquenta
• juros favorecidos para financiamento de atividades
por cento de sua receita com folha de pagamento, in‐
prioritárias; cluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.
• isenções, reduções ou diferimento temporário de tri- 4. É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos
butos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; de Contas Municipais.
• prioridade para o aproveitamento econômico e social Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
dos rios e das massas de água represadas ou represá‐ corretas.
veis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas peri‐ a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
ódicas. b) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.

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c) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4. d) A sentença está sujeita ao duplo grau de jurisdição,
d) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4. por meio da remessa necessária ou por meio do re‐
e) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4. curso de apelação, podendo o relator atribuir efeito
suspensivo ao recurso.
6. (2019/FEPESE/Câmara de Içara - SC) Segundo a Cons‐ e) A sentença proferida produzirá efeito “erga omnes”,
tituição Federal, compete aos Municípios instituir im‐ sendo vedada a rediscussão da matéria após o trân‐
postos sobre: sito em julgado.
a) Operações de crédito.
b) Produtos industrializados. 10. (2006/FEPESE/TCE-SC) Sobre os Direitos e Garantias
c) Transmissão causa mortis e doação. Fundamentais prescritos na Constituição da República
d) Propriedade de veículos automotores. Federativa do Brasil, tem-se como correto:
e) Propriedade predial e territorial urbana. a) as normas definidoras dos direitos e garantias fun‐
damentais têm aplicação imediata.
7. (2020/FEPESE/Prefeitura de Itajaí - SC) É correto afirmar b) os direitos e garantias individuais podem ser suprimi‐
de acordo com a Constituição Federal. dos, via emenda constitucional, não se beneficiando
a) O Estado poderá intervir nos Municípios quando o da regra do artigo 60 da Constituição de 1988.
Tribunal de Justiça der provimento à representação c) o habeas corpus , o mandado de segurança, o man‐
para assegurar a observância de princípios constitu‐ dado de injunção e o habeas data não figuram no
cionais. rol dos direitos e garantias fundamentais da Consti‐
b) Em se tratando de descumprimento de lei, o decreto tuição vigente.
do Governador limitar-se-á a suspender a execução d) é direito fundamental o direito à propriedade, que,
do ato impugnado, se essa medida bastar ao resta‐ entretanto, não se estende ao direito de herança.
belecimento da normalidade. e) os direitos e garantias expressos no rol do artigo
c) O Tribunal de Justiça, após provimento da represen‐ quinto da Constituição de 1988 são considerados
tação para assegurar a observância e o cumprimento taxativos, na dicção de seu parágrafo segundo.
de decisão judicial, comunicará à Assembleia Legis‐
lativa para que delibere no prazo de vinte e quatro 11. (2012/FEPESE/FATMA) De acordo com a Constituição
horas sobre a intervenção no Município. Federal de 1988, são princípios básicos da administra‐
d) No caso de intervenção do Estado em Município, ção pública:
far-se-á convocação extraordinária da Assembleia a) Impessoalidade e publicidade.
Legislativa com a inclusão automática do assunto b) Transparência e pessoalidade.
na pauta da convocação. c) Pessoalidade e eficiência.
e) Compete aos Chefes dos poderes legislativo, executi‐ d) Legalidade e motivação.
vo e do Ministério Público oferecer a representação e) Eficácia e moralidade.
para fins de intervenção da União e dos Estados, nos
casos previstos na Constituição Federal. 12. (2012/FEPESE/FATMA) Considerando o disposto na
Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa
8. (2019/FEPESE/Prefeitura de Florianópolis - SC) São ca‐ correta.
racterísticas relevantes da Constituição de 1988: a) É livre a manifestação do pensamento, assegurado
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1. Sistema presidencialista, com presidente eleito atra‐ o anonimato.


vés de voto popular direto, em eleição em dois turnos b) É plena a liberdade de associação para fins lícitos,
e mandato de 5 anos. inclusive a de caráter paramilitar.
2. Ampliação da autonomia administrativa e financeira c) É livre a expressão da atividade intelectual, artística,
dos Estados da Federação. científica e de comunicação, mediante licença do
3. Os artigos referentes a economia sofreram, poste‐ Poder Público.
riormente, emendas, pois fragilizavam a indústria e o d) A lei estabelecerá o procedimento para desapro‐
capital nacional. priação por necessidade ou utilidade pública, ou
4. Reforço do poder judiciário, com poderes para julgar por interesse social, mediante indenização justa e
e anular atos do Executivo e Legislativo. posterior.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas e) São a todos assegurados, independentemente do
corretas. pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes
a) É correta apenas a afirmativa 2. Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade
b) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3. ou abuso de poder.
c) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
d) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4. 13. (2018/FEPESE/Prefeitura de São José - SC) A Consti‐
e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4. tuição Federal de 1988, no artigo 5º, afirma que: “é
inviolável a liberdade de consciência e de crença, sen‐
9. (2019/FEPESE/Prefeitura de Florianópolis - SC) É correto do assegurado o livre exercício dos cultos..................
afirmar acerca da Ação Popular. e garantida, na forma da lei, a proteção dos locais de
a) A sentença deverá, obrigatoriamente, indicar o valor culto e ................... Tal princípio engloba a liberdade
da lesão ao patrimônio público. de consciência, a liberdade de crença e a liberdade de
b) Não haverá condenação em honorários advocatícios, culto”.
devendo as partes arcar somente com as custas e o Assinale a alternativa que completa corretamente as
preparo final. lacunas do texto.
c) A parte condenada a restituir bens ou valores ficará a) afros - seus templos
sujeita a sequestro e penhora, desde a prolação da b) cristãos - suas instalações
sentença condenatória. c) religiosos - suas liturgias

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d) católicos - seus seguidores 19. (2018/FEPESE/Prefeitura de São José – SC) De acordo
e) evangélicos - suas lideranças com a Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988, sempre que a falta de norma regulamentado‐
14. (2018/FEPESE/Prefeitura de São José - SC) Nas relações ra torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
do Estado com as diferentes manifestações religiosas, constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacio‐
conforme o artigo 19º da Constituição Federal, é ve‐ nalidade, à soberania e à cidadania, conceder-se-á:
dado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos a) habeas data.
Municípios: b) habeas corpus.
a) Estabelecer cultos religiosos ou igrejas e subvencio‐ c) mandado de injunção.
ná-los. d) mandado de segurança.
b) Recusar auxílio financeiro às igrejas que prestam
e) repetição de indébito.
serviços comunitários.
c) Interferir no teor das pregações, mesmo que críticas
aos governantes. 20. (2018/FEPESE/Prefeitura de São José - SC) Assinale a
d) Edificar escolas em áreas pertencentes às congrega‐ alternativa correta de acordo com a Constituição da
ções religiosas. República Federativa do Brasil de 1988.
e) Impor conteúdos doutrinais para a disciplina de En‐ a) A lei penal sempre retroagirá, salvo para beneficiar
sino Religioso. o réu.
b) É plena a liberdade de associação para fins ilícitos,
15. (2018/FEPESE/PLASSM) Assinale a alternativa correta permitida a de caráter paramilitar.
sobre os direitos e as garantias fundamentais. c) Todos podem reunir-se pacificamente, com armas,
a) É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado em locais abertos ao público, independentemente
o anonimato. de autorização, desde que não frustrem outra reu‐
b) Os crimes políticos ou de opinião, quando punidos nião anteriormente convocada para o mesmo local,
com reclusão, poderão ensejar a extradição de es‐ sendo apenas exigido que se identifiquem.
trangeiro. d) A criação de associações e, na forma da lei, a de coo‐
c) É vedada toda e qualquer forma de privação de direi‐ perativas depende de autorização, sendo permitida
tos por motivos de crença ou de convicção religiosa. a interferência estatal em seu funcionamento.
d) O devido processo legal é de observância obrigatória e) É livre a locomoção no território nacional em tempo
apenas nos processos penais, cuja pena culminada de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
for restritiva de liberdade. nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
e) O preso por dívida civil deverá ficar separado dos
demais presos.
21. (2018/FEPESE/Prefeitura de São José - SC) De acordo
com a Constituição da República Federativa do Brasil de
16. (2018/FEPESE/PLASSM) De acordo com a Constituição
Federal de 1988, os atos de improbidade administrativa 1988: A casa é asilo ..................... do indivíduo, ninguém
importarão: nela podendo penetrar ..................... consentimento do
1. a suspensão da função pública. morador, salvo em caso de ..................... ou desastre,
2. o ressarcimento ao erário. ou para prestar socorro, ou, durante ..................... , por
determinação judicial.

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3. a cassação dos direitos políticos.
4. a indisponibilidade de bens. Assinale a alternativa que completa corretamente as
Assinale a alternativa que indica todos os itens corretos. lacunas do texto.
a) São corretos apenas os itens 2 e 3. a) violável - com - terremotos - a noite
b) São corretos apenas os itens 2 e 4. b) violável - com - flagrante delito - o dia
c) São corretos apenas os itens 1, 2 e 4. c) inviolável - sem - flagrante delito - o dia
d) São corretos apenas os itens 2, 3 e 4. d) inviolável - sem - morte iminente – o dia e a noite
e) São corretos os itens 1, 2, 3 e 4. e) inviolável - sem - morte iminente – o dia ou a noite

17. (2018/FEPESE/Prefeitura de São José - SC) De acordo 22. (2018/FEPESE/Prefeitura de São José - SC) Assinale a
com a Constituição da República Federativa do Brasil alternativa correta de acordo com a Constituição da
de 1988, o voto é facultativo para: República Federativa do Brasil de 1988.
a) os alfabetizados. a) É vedada a manifestação do pensamento, sendo livre
b) os maiores de 16 e menores de 18 anos. o anonimato.
c) os maiores de 18 anos.
b) Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
d) os menores de 21 anos e maiores de 18 anos.
alguma coisa senão em virtude de lei.
e) os maiores de 60 anos.
c) É assegurado o direito de resposta, desproporcional
18. (2018/FEPESE/Prefeitura de São José - SC) De acordo ao agravo, e vedada a indenização por dano material,
com a Constituição da República Federativa do Brasil de moral ou à imagem.
1988, para a retificação de dados, quando não se prefira d) É violável a liberdade de consciência e de crença,
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo, sendo vedado o livre exercício dos cultos religiosos
conceder-se-á: e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
a) mandado de segurança preventivo. de culto e a suas liturgias.
b) mandado de segurança. e) São violáveis a intimidade, a vida privada, a honra
c) mandado de injunção. e a imagem das pessoas, sendo vedado o direito à
d) habeas data. indenização pelo dano material ou moral decorrente
e) habeas corpus. de sua violação.

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23. (2018/FEPESE/Prefeitura de São José - SC) Assinale a e) O tempo de contribuição federal, estadual ou mu‐
alternativa que exemplifica corretamente o direito po‐ nicipal será contado para efeito de aposentadoria e
lítico. o tempo de serviço correspondente, para efeito de
a) Direito à vida. disponibilidade.
b) Direito a não ter o lar violado.
c) Direito à liberdade de expressão. 28. (2018/FEPESE/CIS - AMOSC - SC) São direitos sociais,
d) Direito de participação do cidadão no governo da definidos pela Constituição:
sociedade. a) A educação e a saúde.
e) Direito de ir e vir. b) A cidadania e a igualdade.
c) A igualdade e o pluralismo político.
24. (2018/FEPESE/Prefeitura de Rio das Antas - SC) Assinale d) O pluralismo político e a cidadania.
a alternativa correta. e) A dignidade da pessoa humana e a soberania.
a) O Brasão de Armas é o único símbolo municipal.
b) A Bandeira e o Hino não são considerados símbolos 29. (2018/FEPESE/CIS - AMOSC - SC) A República Federativa
do Município. do Brasil tem dentre seus fundamentos:
c) O Município de Rio das Antas possui personalidade a) A defesa da paz.
de direito privado. b) A soberania e a cidadania.
d) O Hino é considerado o único simbolo do Município. c) A erradicação da pobreza.
e) O Município de Rio das Antas é uma unidade da d) A sociedade livre e solidária.
República Federativa do Brasil e do Estado de Santa e) A cooperação entre os povos para o progresso da
Catarina, com personalidade de direito público in‐ humanidade.
terno.
30. (2018/FEPESE/CIS - AMOSC - SC) Escolha a alternativa
25. (2018/FEPESE/Prefeitura de Mafra - SC) Assinale a al‐ correta, em conformidade com a Constituição Federal.
ternativa correta sobre os direitos e as garantias fun‐ a) São gratuitas as ações de habeas corpus e habeas
damentais. data.
a) É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado b) As normas definidoras dos direitos fundamentais não
o anonimato. possuem aplicação imediata.
b) Os crimes políticos ou de opinião, quando punidos c) As normas definidoras das garantias fundamentais
com reclusão, poderão ensejar a extradição de es‐ não têm aplicação imediata.
trangeiro. d) A gratuidade prevista na Constituição Federal con‐
c) É vedada toda e qualquer forma de privação de direi‐ templa apenas o habeas data.
tos por motivos de crença ou de convicção religiosa. e) É prevista a gratuidade apenas para o habeas corpus.
d) O devido processo legal é de observância obrigatória
apenas nos processos penais, cuja pena culminada 31. (2018/FEPESE/IPMM - SC) Assinale a alternativa que
for restritiva de liberdade. indica corretamente o responsável pelo pagamento de
e) O preso por dívida civil deverá ficar separado dos eventual insuficiência financeira da Seguridade Social.
demais presos. a) União
b) Estados
26. (2018/FEPESE/Prefeitura de Mafra - SC) De acordo com c) Municípios e o Distrito Federal
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a Constituição Federal de 1988, os atos de improbidade d) Segurados e pensionistas


administrativa importarão: e) Segurado patronal
1. a suspensão da função pública.
2. o ressarcimento ao erário. 32. (2018/FEPESE/IPMM - SC) Assinale a alternativa correta
3. a cassação dos direitos políticos. sobre os direitos e as garantias fundamentais.
4. a indisponibilidade de bens. a) É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
Assinale a alternativa que indica todos os itens corretos. o anonimato.
a) São corretos apenas os itens 2 e 3. b) Os crimes políticos ou de opinião, quando punidos
b) São corretos apenas os itens 2 e 4. com reclusão, poderão ensejar a extradição de es‐
c) São corretos apenas os itens 1, 2 e 4. trangeiro.
d) São corretos apenas os itens 2, 3 e 4. c) É vedada toda e qualquer forma de privação de direi‐
e) São corretos os itens 1, 2, 3 e 4. tos por motivos de crença ou de convicção religiosa.
d) O devido processo legal é de observância obrigatória
27. (2018/FEPESE/Prefeitura de Mafra - SC) De acordo com apenas nos processos penais, cuja pena culminada
a Constituição Federal, é correto afirmar. for restritiva de liberdade.
a) É obrigatória a filiação do servidor público ao regime e) O preso por dívida civil deverá ficar separado dos
complementar de previdência social. demais presos.
b) Os ocupantes de cargos públicos em comissão po‐
derão optar pelo regime de previdência geral ou 33. (2018/FEPESE/IPMM - SC) De acordo com a Constituição
próprio. Federal de 1988, os atos de improbidade administrativa
c) A contribuição previdenciária que incidir sobre os importarão:
proventos do servidor público não poderá ser su‐ 1. a suspensão da função pública.
perior ao estabelecido para os servidores titulares 2. o ressarcimento ao erário.
de cargos efetivos. 3. a cassação dos direitos políticos.
d) O regime de previdência complementar será institu‐ 4. a indisponibilidade de bens.
ído e regido por intermédio de entidades fechadas Assinale a alternativa que indica todos os itens corretos.
de previdência complementar, de natureza pública a) São corretos apenas os itens 2 e 3.
ou privada. b) São corretos apenas os itens 2 e 4.

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c) São corretos apenas os itens 1, 2 e 4. 38. (2018/FEPESE/VISAN - SC) De acordo com a Constituição
d) São corretos apenas os itens 2, 3 e 4. Federal, é competência comum da União, dos Estados,
e) São corretos os itens 1, 2, 3 e 4. do Distrito Federal e dos Municípios:
1. instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano,
34. (2018/FEPESE/IPMM - SC) De acordo com a Constituição inclusive habitação, saneamento básico e transportes
Federal, é correto afirmar. urbanos.
a) É obrigatória a filiação do servidor público ao regime 2. instituir sistema nacional de gerenciamento de re‐
complementar de previdência social. cursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos
b) Os ocupantes de cargos públicos em comissão po‐ de seu uso.
derão optar pelo regime de previdência geral ou 3. registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
próprio. direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos
c) A contribuição previdenciária que incidir sobre os e minerais em seus territórios.
proventos do servidor público não poderá ser su‐ 4. promover programas de construção de moradias e a
perior ao estabelecido para os servidores titulares melhoria das condições habitacionais e de saneamento
de cargos efetivos. básico.
d) O regime de previdência complementar será institu‐
Assinale a alternativa que indica todos os itens corretos.
ído e regido por intermédio de entidades fechadas
a) São corretos apenas os itens 2 e 4.
de previdência complementar, de natureza pública
b) São corretos apenas os itens 3 e 4.
ou privada.
e) O tempo de contribuição federal, estadual ou mu‐ c) São corretos apenas os itens 1, 3 e 4.
nicipal será contado para efeito de aposentadoria e d) São corretos apenas os itens 2, 3 e 4.
o tempo de serviço correspondente, para efeito de e) São corretos os itens 1, 2, 3 e 4.
disponibilidade.
39. (2019/FEPESE/SAP-SC) Analise as afirmativas abaixo a
35. (2018/FEPESE/CIS - AMOSC - SC) De acordo com a Cons‐ respeitos dos direitos políticos, com base na Constitui‐
tituição Federal, construir uma sociedade livre, justa e ção Federal de 1988.
solidária constitui: 1. Os estrangeiros podem alistar-se como eleitores.
a) Princípio do Estado democrático de direito. 2. É condição de elegibilidade a idade mínima de vinte
b) Fundamento do Estado democrático de direito. e um anos para Vereador.
c) Objetivo fundamental da República Federativa do 3. O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para
Brasil. os maiores de dezoito anos e facultativos para os anal‐
d) Princípio constitucional da República Federativa do fabetos.
Brasil. 4. Os Governadores de Estado e quem os houver su‐
e) Fundamento constitucional da República Federativa cedido ou substituído no curso dos mandatos poderão
do Brasil. ser reeleitos para dois períodos subsequentes.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
36. (2018/FEPESE/CIS - AMOSC - SC) Assinale a alternativa corretas.
correta, com base na Constituição Federal. a) É correta apenas a afirmativa 3.
a) Os Estados não poderão ter símbolos próprios. b) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
b) São símbolos da República Federativa do Brasil a c) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.

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bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
c) A língua brasileira é o idioma oficial da República e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
Federativa do Brasil.
d) Somente os Municípios poderão ter símbolos pró‐ 40. (2019/FEPESE/SAP-SC) Os direitos humanos são de ele‐
prios. vado grau de relevância institucional e de impositiva
e) São os únicos símbolos nacionais: o selo e a bandeira. aplicação. A sua violação, conforme a Constituição da
República Federativa do Brasil, é um dos fundamentos
37. (2018/FEPESE/VISAN - SC) É correto afirmar sobre os
para:
direitos e garantias fundamentais:
a) É licita a reunião pacífica, sem armas, em locais a) decretação do estado de sítio.
abertos ao público, desde que não frustrem outra b) decretação do estado de defesa.
reunião anteriormente convocada para o mesmo c) intervenção da União nos Estados.
local, sendo apenas exigida prévia autorização da d) intervenção interministerial federal.
autoridade competente. e) decretação de calamidade pública.
b) A liberdade para constituir associação paramilitar ou
entidade de classe para fins lícitos, não exige auto‐ GABARITO
rização do poder público.
c) Para legitimar a representação associativa de de‐ 1. b 11. a 21. c 31. a
terminada classe ou entidade, os atos constitutivos 2. a 12. e 22. b 32. a
poderão prever a obrigação de associação compul‐ 3. b 13. c 23. d 33. b
sória dos representados. 4. a 14. a 24. e 34. e
d) As associações só poderão ser compulsoriamente 5. c 15. a 25. a 35. c
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci‐ 6. e 16. b 26. b 36. b
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito 7. b 17. b 27. e 37. d
em julgado. 8. d 18. d 28. a 38. b
e) A criação de associações e, na forma da lei, a de co‐ 9. c 19. c 29. b 39. a
operativas dependem de autorização, sendo vedada 10. a 20. e 30. a 40. c
a interferência estatal em seu funcionamento.

105
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Fabrício Wagner Silva • Racquel Barros

TEORIA GERAL DO CRIME – INFRAÇÃO que o agente tiver atuado sobre o amparo das excludentes de
PENAL (CONCEITO DE CRIME, CRIME E ilicitude previstas no Código Penal, a saber: legítima defesa,
estado de necessidade, estrito cumprimento de dever legal
CONTRAVENÇÃO PENAL, ELEMENTOS e o exercício regular de direito. Ainda, segundo a doutrina,
DO CRIME: CONDUTA (AÇÃO E existe uma causa supralegal como excludente de ilicitude,
OMISSÃO), RESULTADO, RELAÇÃO que é o consentimento do ofendido, contudo, este requer
DE CAUSALIDADE, TIPICIDADE; que o ofendido tenha capacidade para consentir, que o bem
sobre o qual recaia a conduta do agente seja disponível e
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA, DESISTÊNCIA que o consentimento tenha sido dado anteriormente ou
VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO simultaneamente ao ato.
EFICAZ, ARREPENDIMENTO POSTERIOR, A culpabilidade, que é um juízo de reprovação pessoal
CRIME IMPOSSÍVEL, CRIME DOLOSO E que se faz sobre a conduta do agente, para a teoria finalis‐
CULPOSO, AGRAVAMENTO DA PENA PELO ta, é composta dos seguintes elementos: a imputabilidade,
a potencial consciência da ilicitude do fato e a exigibilidade
RESULTADO, ERROS, COAÇÃO MORAL E de conduta diversa.
OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA)
Objeto de um Crime
O que é Crime?
Pode-se afirmar que o objeto é aquilo sobre o que incide
a) Conceito material  – Conduta humana que lesa ou a conduta delituosa. Ele se divide em:
expõe a perigo bens jurídicos tutelados. a) jurídico: é o bem ou interesse protegido pela norma;
b) Conceito formal – Conduta humana proibida por lei, Exemplo: homicídio (vida) e furto (patrimônio);
com cominação de pena. b) material: é a pessoa, coisa ou interesse sobre a qual
c) Conceito analítico – Analisa cada um dos elementos recai a conduta do agente.
do crime, sem que com isso se queira fragmentá-lo, já que
o crime é um todo unitário e indivisível.
Sintetizando, temos como um dos exemplos o crime de
furto, em que o objeto jurídico seria o patrimônio e o objeto
Deve-se considerar duas visões:
• bipartida: o crime é um fato típico e antijurídico; material seria a coisa furtada. Pode haver coincidência entre
• tripartida: o crime é um fato típico, antijurídico e esses objetos quando ocorre, por exemplo, o homicídio, pois
culpável. o homem é objeto material e também o titular do objeto
jurídico lesionado, ou seja, a vida. A regra é que inexistindo
A visão bipartida considera a culpabilidade um mero pressu‐ objeto material, surge o crime impossível. Contudo, pode
posto para aplicação da pena, por isso a exclui de seu conceito. haver crime sem objeto material, nos casos de ato obsceno
Já a visão tripartida inclui a culpabilidade em seu conceito. ou falso testemunho, por exemplo.
Adotaremos, então, a  Teoria Tripartida, que é a mais
aceita pela doutrina. Diferença entre Crime e Contravenção Penal
Conceito de crime a partir da Teoria Tripartida.
Contravenção
Quadro Esquemático
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

É um crime anão, um pequeno crime no sentido de


Antijurídico ferir patrimônio jurídico de menor reprovabilidade ante a
Fato Típico Culpável sociedade. Em suma, definido apenas como um crime anão.
(ilícito)
(Elementos) (Elementos) Para Nélson Hungria, as contravenções, por serem infrações
(Excludentes)
Conduta. Estado de necessi‐ Imputabilidade. menos graves que os crimes, ofendem bens jurídicos não tão
dade. importantes quanto os protegidos ao se tipificar um crime.
Resultado. Legítima defesa. Potencial consciência As contravenções penais são infração de menor potencial
da ilicitude. ofensivo (suas penas isoladamente não excedem a dois anos),
portanto, são da competência dos Juizados Especiais. Elas são
Nexo causal. Estrito cumprimen‐ Exigibilidade de condu‐
infrações de ação penal pública incondicionada (não neces‐
to de dever legal. ta diversa.
sitam de representação como condição de procedibilidade
Tipicidade. Exercício regular de para a propositura da ação penal).
direito. O Brasil adotou o sistema dicotômico, sendo que as infra‐
O fato típico é composto dos seguintes elementos: con- ções penais se classificam em crimes (ou delitos) e contraven‐
duta (dolosa/culposa, omissiva/comissiva), resultado (para ções. Nos crimes ocorre uma lesão ou um perigo concreto/
os crimes materiais – aqueles que dependem do resultado objetivo, ou seja, a probabilidade de ocorrência de uma lesão,
para se consumarem), nexo de causalidade (elo entre a nas contravenções penais há apenas um perigo subjetivo, ou
conduta e o resultado) e a tipicidade (formal – subsunção seja, aquele abstrato, mera representação mental.
do fato à norma; conglobante – que é a tipicidade formal As contravenções penais não admitem tentativa. É o que
associada à tipicidade material, ou seja, leva-se em conside‐ se depreende do art. 4º da LCP (Lei de Contravenções Pe‐
ração o princípio da insignificância). nais). O legislador adotou esse critério por política criminal,
A ilicitude refere-se à relação de contrariedade ao orde‐ em virtude da pequena potencialidade lesiva da tentativa
namento jurídico. Por exclusão, lícita será toda conduta em de contravenção.

106
O art. 7º da LCP traz: Classificação dos Crimes

verifica-se a reincidência quando o agente pratica 1. Crime comissivo: resulta de um agir, de um fazer por
uma contravenção depois de passar em julgado a parte do agente, que alcança o resultado mediante uma
sentença que tenha condenado, no Brasil ou no ação positiva.
estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por
motivo de contravenção. 2. Crime omissivo: nasce de um não agir por parte do
agente, quando era seu dever agir. Independe de qualquer re‐
No que se refere à conversão da pena de multa (caso não sultado. É um típico crime de mera conduta. Em consequên­
fosse paga) em prisão simples, a legislação atual já não mais cia, não se admitem a tentativa e a coautoria.
permite, embora fosse esse o teor do art. 9º da LCP. Contudo, 3. Crime comissivo por omissão (omissivo impróprio):
foi ele revogado pela Lei nº 9.268/1996. O referido artigo ocorre a omissão do agente que, por disposição legal, tem
trazia que a multa era convertida em prisão simples, de acor‐ o dever de se manifestar em determinadas situações, e sua
do com o que dispõe o Código Penal sobre a conversão de omissão concorre para a ocorrência de uma ação criminosa.
multa em detenção. Todavia, a lei aqui mencionada, alterou
Exemplo clássico é quando a mãe abandona o próprio filho
a redação do art. 51 do CP estabelecendo que, “transitada
em julgado a sentença penal condenatória, a  multa será recém-nascido, provocando-lhe a morte. Essa classificação
convertida em dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas da só é admitida nos crimes materiais (crimes de resultado),
legislação relativa à dívida da Fazenda Pública, inclusive no entretanto eles admitem a tentativa, mas não admitem a
que concerne às causas interruptivas e suspensivas da pres‐ coautoria, sendo possível a participação.
crição”. Resumindo, hoje não existe mais no CP a conversão 4. Crime material: é aquele em que a lei prevê a conduta
de multa em detenção e, reflexamente, também não mais e o respectivo resultado. Exemplo: furto.
existe a citada conversão para prisão simples no caso das 5. Crime formal: para a sua caracterização, exige-se ape‐
contravenções penais. É o que ensina Vítor E. Rios Gonçalves. nas a ação, independentemente do resultado pretendido ser
Traz, também, o art. 8º da LCP:
ou não alcançado. Exemplo: crime de extorsão. Como regra,
no caso de ignorância ou de errada compreensão da esta modalidade não admite tentativa, só ocorrendo quando
lei, quando escusáveis (aquele em que qualquer pes‐ verificada a possibilidade de fracionamento da conduta.
soa comum incorreria, nas mesmas circunstâncias), 6. Crime de mera conduta: caracteriza-se com a simples
a pena pode deixar de ser aplicada. conduta do agente que não deseja qualquer resultado.
Exemplo: crime de violação de domicílio. Em outras palavras,
Há entendimento de que este artigo foi revogado desde é aquele em que o tipo penal somente prevê a conduta e com a
1984 com a reforma do CP, que trouxe o erro de proibição, se sua prática ocorre a consumação. Não há previsão de um resul‐
inevitável, como causa de exclusão da culpabilidade, devendo
tado naturalístico. A consumação se dá com a ação prevista na
o réu ser absolvido. Como o referido artigo faz alusão a crime,
que é infração mais grave que contravenção, seria injusto norma. Ex.: porte ilegal de arma; violação de domicílio. Esses
que nas contravenções, infrações de menor gravidade, não crimes não admitem tentativa e nem concurso de agentes.
se aplicasse o referido princípio. 7. Crime geral: pode ser praticado por qualquer pessoa,
Finalmente, quanto às penas previstas para as contra‐ não exigindo condição ou situação de seu agente. Exemplo:
venções penais, o art. 5º da LCP traz prisão simples e multa, furto.
que poderão ser aplicadas isoladas ou cumulativamente. 8. Crime especial ou próprio: para a sua existência é ne‐
A prisão simples é aquela cumprida, sem rigor penitenciário, cessário que o agente detenha alguma condição específica,
em cadeia pública, no regime semiaberto ou aberto, ficando sem a qual inexiste o crime. Exemplo: a condição de funcio‐
o preso separado dos condenados a pena de detenção ou
reclusão, penas estas aplicadas aos praticantes de crime e nário público para a prática do crime de corrupção passiva.
não de contravenção. 9. Crime de mão própria: essa espécie de crime poderá
ser praticada por qualquer pessoa, desde que o faça dire‐

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


Diferenças básicas entre Crime e Contravenção tamente, sendo incabível a autoria imediata. É impossível a
coautoria, podendo haver, porém, a participação.
Crime Contravenção A título de exemplo: Túlio, em razão de seu casamento
com Maria, declarou no cartório de registro de pessoas
1. Pune as condutas mais 1. Pune as condutas menos
graves. graves. naturais que era divorciado, sendo o matrimônio com Maria
2. Punido com pena de reclu‐ 2. Punida apenas com pena consumado. Entretanto, Túlio era casado com Claudia, mas
são ou pena de detenção, de prisão simples ou multa. estavam separados de fato há muitos anos. Serviram como
podendo haver a multa 3. Tem caráter preventivo, testemunhas Joana e Paulo, primos de Túlio, que tinham
cumulativa ou alternativa. visando à lei das contraven‐ conhecimento do casamento e da separação de fato deste
3. Tem caráter repressivo, ções penais a coibir condu‐ com Claudia. Assim pode-se afirmar que se trata de crime
situando o direito somente tas conscientes que possam
após a ocorrência do dano trazer prejuízo a alguém. próprio, sendo coautores Joana e Paulo, primos de Túlio.
a alguém. 4. Só é cabível a Ação Penal 10. Crime preterdoloso ou preterintencional: em linhas
4. São possíveis todos os tipos Pública Incondicionada. gerais, são os crimes qualificados pelo resultado. O agente
de ações penais. 5. Cometido no exterior, não não pretende o resultado que alcança; entretanto, por culpa,
5. Cometido no exterior pode pode ser punido no Brasil. produz resultado além do desejado. É necessária a vontade
ser punido no Brasil. 6. A tentativa não é punida. (dolo). Exemplo: lesões corporais seguidas de morte.
6. É punível a tentativa. 7. Limite máximo de cumpri‐ Poderia ser assim também dissertado: é o crime no qual
7. Limite máximo de cumpri‐ mento da pena: 5 anos.
mento da pena: 30 anos. 8. S e g u e o r i t o d a L e i o resultado lesivo vai além daquele pretendido pelo agente.
8. Segue qualquer rito proces‐ nº 9.099/1995, Lei do Jui‐ Este visa a um determinado ato lesivo, mas o resultado ex‐
sual. zado Especial Criminal, cede o desejado. Há dolo no antecedente (conduta inicial)
pois trata-se de conduta de e culpa no consequente (resultado final). Há um resultado
menor potencial ofensivo. agravador culposo após a conduta típica dolosa.

107
11. Crimes qualificados pelo resultado: segundo Rogério • homicídio qualificado;
Greco, o  crime será qualificado pelo resultado quando o • latrocínio;
agente atua com dolo na conduta e dolo quanto ao resultado • extorsão qualificada pela morte;
do qualificador, ou dolo na conduta e culpa no que diz respei‐ • extorsão mediante sequestro e na forma qualificada;
to ao resultado qualificador (que é o crime preterdoloso). No • estupro;
crime qualificado pelo resultado existe dolo e dolo ou dolo • estupro de vulnerável;
e culpa, daí, pode-se afirmar que todo crime preterdoloso é • epidemia resultando em morte;
qualificado pelo resultado, mas nem todo crime qualificado • falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
pelo resultado é preterdoloso. Caracteriza dolo e dolo a con‐ produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais;
duta descrita como lesão corporal qualificada pela perda ou • genocídio.
inutilização de membro e dolo e culpa na conduta descrita
como lesão corporal qualificada pelo resultado do aborto. 18. Crimes putativos: quando o agente supõe estar pra‐
O crime será, ainda, qualificado pelo resultado quando hou‐ ticando uma conduta delituosa e, na realidade, os seus atos
ver culpa e culpa, como, por exemplo, causar lesão corporal não caracterizam crime. Há erro, blefe.
a terceiro acidentalmente, que devido a elas, correr à vítima 19. Crimes comuns: são aqueles que podem ser pratica‐
risco de morte, ocorrendo a forma culposa tanto no tipo dos por qualquer pessoa.
quanto no seu resultado, ou culpa e dolo, como, por exemplo, 20. Crimes próprios: para que existam, é necessário que
no caso de o agente causar lesões corporais a terceiros sem o agente detenha uma condição especial, como ser mãe em
intenção, mas, propositalmente, deixar de prestar socorro. infanticídio, ou funcionário público em crimes de peculato,
12. Crime simples: é aquele que apresenta apenas um corrupção passiva etc.
tipo penal, como no homicídio. 21. Crimes de perigo: são crimes que se consumam com
13. Crime complexo: dá-se quando a conduta é tipificada a mera possibilidade de dano, basta que haja exposição do
pela fusão de mais de um tipo legal. São também chamados bem a perigo de dano, como no caso do crime de periclitação
pluriofensivos por lesarem ou exporem a perigo de lesão mais da vida ou saúde de outrem. O perigo pode ser concreto,
de um bem jurídico tutelado. Exemplo: latrocínio (roubo e quando o próprio tipo exige a existência de uma situação
homicídio). Em outras palavras, é aquele no qual há a fusão de perigo efetivo, ou abstrato, em que a situação de perigo
de dois ou mais tipos penais. O crime complexo tutela mais de é somente presumida, como no caso do crime de quadrilha,
um bem jurídico. O crime complexo pode existir, também, no em que o agente será punido, mesmo que o bando não tenha
caso em que um tipo serve como circunstância qualificadora cometido um ilícito sequer.
de outro. Exemplificam a fusão de dois ou mais tipos penais o 22. Crimes de dano: para que existam é necessário que
crime de extorsão mediante sequestro (em que se conjuga o haja efetiva lesão ao bem jurídico protegido pela norma,
crime de extorsão e o crime de sequestro, que são dois tipos como no caso de homicídio.
penais distintos), o roubo (que une o crime de furto ao crime 23. Crime instantâneo: é aquele em que o seu momento
de violência corporal e/ou ao constrangimento ilegal, que tam‐ consumativo se dá num instante determinado, como no
bém são tipos penais distintos). Exemplifica o segundo caso, ou homicídio.
seja, quando um tipo serve como circunstância qualificadora 24. Crimes instantâneos de efeitos permanentes: são
de outro o latrocínio (em que o homicídio qualifica o roubo). aqueles que se consumam em um dado instante, mas os seus
Ressalte-se que o delito de latrocínio é crime hediondo e é efeitos são permanentes, como no homicídio.
julgado por juízes singulares, por não se tratar de crime doloso 25. Crime principal: ele existe independentemente de
contra a vida, mas de crime contra o patrimônio. outro, como no furto.
14. Crimes permanentes: o delito tem sua consumação 26. Crime acessório: é aquele que depende de outro para
por todo o tempo em que o bem jurídico tutelado está sendo existir, como o crime de receptação.
atacado, vindo a prolongar-se no tempo. Exemplo: crime de 27. Crime progressivo: é aquele em que agente quer
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

cárcere privado. atingir um resultado mais grave, mas, para atingi-lo, vai
15. Crime continuado: é a prática reiterada da mesma praticando várias e sucessivas ações delituosas até atingir o
conduta típica considerada dentro de um lapso temporal que seu intento, como no caso daquele que vai lesionando seu
caracterize a homogeneidade da conduta. O agente pratica desafeto gradativamente até levá-lo à morte. Note que neste
vários crimes, mas, por uma ficção jurídica, será punido caso ele só irá responder por homicídio, já que este crime
considerando-se uma só ação com a pena aumentada de absorve o de lesões corporais (princípio da consunção).
um sexto a dois terços. 28. Progressão criminosa: diferentemente do crime pro‐
16. Crime plurissubjetivo: exige-se o concurso de pesso‐ gressivo, nesse o agente busca atingir um resultado e o atinge,
as, ou seja, somente poderá ser praticado por duas ou mais sendo que, após conseguir realizar o seu intento, resolve
pessoas. Exemplo: formação de quadrilha. violar outro bem jurídico protegido pela norma, produzindo
17. Crime hediondo: são insuscetíveis de fiança, anistia, um crime ainda mais grave, como querer lesionar alguém e,
graça e indulto, mas admitem liberdade provisória, devendo após atingir esse objetivo, resolve matar a vítima. Observe que,
ainda a pena ser cumprida inicialmente em regime fechado, mesmo tendo praticado dois delitos, irá o agente responder
podendo, entretanto, haver progressão de regime após o apenas pelo mais grave (princípio da consunção), no caso, por
cumprimento de 2/5 da pena (se o réu é primário) ou 3/5 homicídio. O que diferencia a progressão criminosa do crime
(no caso de reincidência). É bom ressaltar ainda que para tais progressivo é que neste caso há um só crime; já, naquele, há
crimes, a prisão temporária terá duração de 30 (trinta) dias, dois crimes, daí ser chamado de progressão criminosa. Em
prorrogáveis uma vez, por igual período, no caso de extrema outras palavras, no crime progressivo existe apenas o crime
necessidade. São hediondos os crimes: fim, embora, para alcançá-lo, o agente tivesse que percorrer
• homicídio simples, quando praticado em atividade um caminho que violasse bens jurídicos tutelados pelo orde‐
típica de grupo de extermínio, ainda que praticado por namento jurídico. Já na progressão criminosa, o agente pratica
um só agente; mais de um crime, querendo violar o ordenamento jurídico e,

108
não satisfeito, procura realizar outro delito, atingindo um outro Fato Típico Antijurídico (Ilícito) Culpável
bem jurídico tutelado e mais grave que o primeiro. (Elementos) (Excludentes) (Elementos)
29. Crime falho: é o mesmo que tentativa perfeita ou Conduta. Estado de necessidade. Imputabilidade.
acabada, em que o agente esgota toda sua capacidade ofen-
Resultado. Legítima defesa. Potencial consciên‐
siva, mas que não produz nenhum resultado naturalístico.
cia da ilicitude.
30. Crime exaurido: é o crime em que o agente o con‐
suma e, logo após, vem a agredir o mesmo bem jurídico, Nexo causal. Estrito cumprimento Exigibilidade de
lesionando-o, contudo, não representa irrelevante penal, de dever legal. conduta diversa.
como no caso de furtar um celular de alguém e, logo após, Tipicidade. Exercício regular de
destruí-lo. Nessa situação, o agente só responderá pelo furto. Direito.
31. Crime unissubsistente: é aquele em que, com um
único ato, ele se perfaz, como no caso da injúria verbal. Elementos ou Requisitos do Fato Típico
32. Crime plurissubsistente: é aquele em que, para se
consumar, depende da realização de mais de um ato, como Conduta: é a ação ou omissão, consciente e voluntária,
no estelionato. manifestada no mundo exterior, dirigida a uma finalidade.
33. Crime vago: é aquele em que o seu sujeito passivo (CAPEZ).
é a coletividade, por não ter personalidade jurídica, como O conceito de conduta evoluiu durante os séculos atra‐
o ato obsceno. vessando várias teorias quais sejam: Teoria Naturalista ou
34. Crime multitudinário: é aquele cometido por tumul‐ Causal ou Clássica, Teoria NeoKantista ou Causal-Valorativa
to, como o linchamento. ou Neoclássica, Teoria Finalista, Teoria Social da Ação, Teoria
35. Crime de opinião: é aquele decorrente do abuso de Funcional e Teoria Constitucionalista do Delito (elaborada
liberdade de expressão, como o crime de injúria. por Luiz Flávio Gomes).
36. Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado:
é aquele em que o próprio tipo já o descreve de várias a) Teoria Naturalista ou Causal ou Clássica
modalidades de realização, como no caso de induzimento, • Concebida no século XIX, por Liszt e Beling, perdurou
instigação ou auxílio ao suicídio. até o século XX, com a chegada do finalismo.
37. Crime habitual: é todo aquele que só pode se con‐ • O momento histórico era o fim do absolutismo monár‐
sumar se houver habitualidade na conduta. quico e domínio do positivismo, em que havia forte
38. Crime de ímpeto: é aquele cometido por um mo‐ influência das ciências físicas e naturais.
mento de impulsividade. • A sociedade vinha de um histórico em que o Estado
39. Crime funcional: é aquele em que o sujeito ativo é era submetido ao império de uma pessoa e agora com
funcionário público. o positivismo passou ao império da lei.
• Neste contexto político nasceu a Teoria Naturalista,
em que pouco havia para se interpretar a norma. A lei
Infração Penal (arts. 13 a 22) era para ser cumprida. Portanto crime era aquilo que
Infração penal significa ofensa real ou potencial a um o legislador dizia sê-lo e ponto final.
bem jurídico, levando-se em consideração os elementos • O conceito de fato típico era o resultado de uma sim‐
subjetivos do tipo, a ilicitude e a culpabilidade. ples comparação objetiva com o que fora praticado,
Em linhas gerais, infração penal se refere a crime, o qual com o que se encontra descrito em lei. Não havia
pode ser conceituado sob dois aspectos: o material e o nenhuma apreciação subjetiva.
formal ou analítico. No material, o crime se relaciona a um • Segundo essa teoria, o conceito de conduta é a ação
comportamento humano voluntário ou descuidado, que lesa ou omissão voluntária e consciente que exterioriza

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


ou expõe a perigo bens jurídicos colocando a coletividade movimentos corpóreos. Ela é meramente neutra, ou
ou sociedade em desarmonia. Sob o aspecto formal ou ana‐ seja, sem qualquer valoração, não se analisando neste
lítico, o crime seria todo fato que subsumiria a uma norma momento a finalidade do agente.
preestabelecida num ordenamento jurídico. • O crime estava dividido em dois momentos: Parte
O Brasil adotou o sistema dicotômico, sendo que as infra‐ Objetiva, ou também chamada de externa (era o
ções penais se classificam em crimes (ou delitos) e contraven‐ chamado injusto penal formado pelo fato típico e anti‐
ções. Nos crimes ocorre uma lesão ou um perigo concreto/ juridicidade) e a Parte Subjetiva ou também chamada
objetivo, ou seja, a probabilidade de ocorrência de uma lesão, de interna (culpabilidade).
nas contravenções penais há apenas um perigo subjetivo, ou • O fato típico era oco, sem valoração. A conduta era a
seja, aquele abstrato, mera representação mental. exteriorização de movimentos corpóreos que causava
Para se atingir um ilícito penal, o agente normalmente um resultado. O fato típico era meramente descritivo.
perfaz alguns caminhos a fim de obter uma meta delineada. Para um fato ser típico somente interessava quem
A esse caminho dá-se o nome de iter criminis, que, nada mais tinha causado o resultado e se este resultado estava
é do que o caminho percorrido pelo agente para a obtenção previsto em lei. Se um suicida pulasse em frente a um
do resultado delituoso. O iter criminis é composto das se‐ carro e morresse, o motorista teria praticado um fato
guintes fases: cogitação, preparação, execução, consumação típico. Na parte subjetiva do crime é que se discutiria
e exaurimento. se houve intenção de matar ou não.
Pois bem, vamos voltar ao conceito de crime e passar a • A ilicitude era objetiva, traduzida como a contrariedade
estudá-lo de forma pormenorizada, que é a chamada Teoria ao Direito. Não havia a necessidade que o agente esti‐
Geral do Crime. vesse atuando com consciência da causa de exclusão
Lembrando o conceito de crime, segundo a teoria tri‐ de ilicitude. Era definida por exclusão: todo fato típico
partida: que não fosse acobertado por uma causa de exclusão

109
de ilicitude era um fato ilícito. Estávamos diante do • Assim, segundo a Teoria Neoclássica, descobriu-se que
injusto penal. o tipo penal continha elementos objetivos, normativos
• Assim, a ação era desgarrada de qualquer finalidade. e subjetivos, todavia não se transportou o dolo e a
Se havia uma modificação no mundo exterior por culpa da culpabilidade para o fato típico.
obra da conduta, havia nexo de causalidade. Se este
fato estivesse tipificado em lei havia fato típico. Se a c) Teoria Finalista
conduta não estivesse amparada por uma causa de • Reação a Teoria Naturalista. Preconizada por Hans
excludente de ilicitude, estávamos diante da parte Welzel, no final de 1920 e início de 1930.
objetiva completa de um crime. • Welzel parte do pressuposto que o delito não poderia
• A culpabilidade era psicológica, formada apenas: pela ser mais qualificado a partir de um simples desvalor
finalidade do agente (dolo e a culpa) e a imputabi‐ do resultado, sendo primeiro um desvalor da conduta.
lidade. Assim a ausência de dolo ou culpa excluía a Segundo exemplo de Fernando Capez, matar alguém
culpabilidade. O dolo era natural, formado de: vontade do ponto de vista objetivo, configura sempre a mesma
e consciência de praticar os elementos do tipo. ação. Todavia matar alguém para vingar o estupro da
Assim, a culpabilidade era concebida como o vínculo filha é diferente de matar por dinheiro. A diferença está
psicológico que une o autor ao fato. no desvalor da ação, já que o resultado em ambos os
• O erro de tipo excluía o dolo, sendo tratado como causa casos foi o mesmo: a morte.
de excludente de culpabilidade. • Assim dependendo de elemento subjetivo do agente,
• Nesta fase a concepção bipartida de crime era incabí‐ ou seja, a sua finalidade mudará a qualificação jurídica
vel, uma vez que não se pode admitir um delito sem do crime. Portanto o dolo e a culpa estão na própria
dolo ou culpa. Como estes elementos se encontravam conduta. Com a mera observação externa não se pode
na culpabilidade, esta necessariamente deveria ser concluir qual crime foi praticado. Ex.: um médico apal‐
elemento do crime. Assim a teoria adotada era a Tri‐ pa um a mulher despida. Sem a análise da finalidade
partida. não é possível saber se estamos diante do tipo penal
de atentado violento ao pudor ou de um simples exa‐
b) Teoria Neokantista ou Causal-Valorativa ou Neoclássica me, fato atípico. Da mesma forma em atropelamento,
• É uma reação a teoria clássica, pois afirma que o não se sabe se decorreu de uma imprudência ou da
tipo penal não é somente descritivo de uma conduta vontade de matar.
reprovável. A definição de crime como composto de • A conduta, portanto é conceituada como a ação ou
elementos puramente objetivo (fato típico e ilícito) e omissão voluntária, voltada a uma finalidade do agente.
elemento subjetivo (culpabilidade) é questionado. • O dolo e a culpa saem da culpabilidade e passam a
• Em 1915, Mezger afirma que alguns tipos penais eram integrar a conduta. O dolo deixa de ser normativo e
compostos além de componentes objetivos, de subjeti‐ volta a ser natural, composto de vontade e consciência
vos (“para si ou para outrem”, “com o intuito de” etc.) e de praticar os elementos do tipo.
normativos (“ato obsceno”, “documento”, “coisa alheia”). • A ilicitude continua sendo a contrariedade ao Direito.
• A conduta não era neutra, como afirma os causalistas, Constitui um desvalor sobre o fato típico. Em princípio
e sim expressava uma valoração. todo fato típico é ilícito. A tipicidade é ratio cognoscendi
• Mezger afirma que na análise do revogado tipo penal da ilicitude, ou seja, é critério indicador da ilicitude.
da rapto para fins libidinosos (“raptar + mulher honesta O fato típico somente não será ilícito se o agente atuar
+ com fim libidinoso”) era impossível uma mera com‐ sob o abrigo de uma causa de excludente de ilicitude
paração externa do fato concreto com a norma. Há a (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cum‐
necessidade de um outro tipo de análise. primento do dever legal e exercício regular do Direito).
• Assim concluiu-se que o tipo penal não era composto • A culpabilidade é a reprovação social da conduta do
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

somente de elementos objetivos, mas havia a presença agente. O dolo e a culpa deixam de ser seus elementos
de elementos normativos e subjetivos. e passam a integrar a conduta. A culpabilidade passa
• A ilicitude não era puramente formal. Nasce o tipo do a ser normativa pura composta de: imputabilidade,
injusto: a tipicidade perde sua autonomia e é inserida potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de
na antijuridicidade (ratio essendi). conduta diversa.
• Frank, em relação à culpabilidade, em 1907, descobriu • O erro de tipo passa a excluir o fato típico e o erro de proi‐
a existência de elementos normativos. Assim a culpabi‐ bição a culpabilidade. Excluem também a culpabilidade,
lidade deixa de ser psicológica e passa a ser psicológico‐ a imputabilidade e a inexigibilidade de conduta diversa.
-normativa. A culpabilidade passou a ser formada de • O atual Código Penal Brasileiro adotou a teoria finalista
imputabilidade, dolo normativo (vontade, consciência da ação. Em seu art. 18, I e II, expressamente reconhece
de praticar elementos do tipo e consciência da ilicitude que um crime é doloso ou culposo, desconhecendo a
real e atual) e exigibilidade de conduta diversa. Assim, nossa legislação a existência de um crime em que não
os elementos normativos são: consciência da ilicitude haja dolo ou culpa.
no dolo e a exigibilidade de conduta diversa. • O art. 20, caput, do CP, afirma que o erro incidente
• O erro de tipo continua sendo tratado como causa de sobre os elementos do tipo exclui o dolo, o que de‐
excludente da culpabilidade. Da mesma forma a inim‐ monstra que este último pertence ao fato típico.
putabilidade, o erro de proibição e a inexigibilidade de • Críticas: há três hipóteses em que o CP não é finalista:
conduta diversa. a) Crime impossível: o CP adotou a Teoria Objetiva
• Nesta fase há uma teoria unitária do erro, pois tanto o temperada. Se houver absoluta ineficácia do meio
erro de tipo como o erro de proibição excluem o dolo ou do objeto, o fato será atípico. Todavia segundo
que aqui é normativo, pois contém a consciência da a teoria finalista a ação dirigida a uma finalidade
ilicitude. (ex.: matar alguém) deve ser punida. Welzel adotou

110
a Teoria Subjetiva, encontrada no CP Alemão, pois e) Concentra enorme subjetivismo nas mãos do julga‐
se alguém tenta matar um cadáver responderá pelo dor, o que gera uma enorme insegurança e contraria
crime tentado. o princípio da taxatividade.
b) A pena da tentativa: o CP adotou a Teoria Objetiva, f) Conclui-se, portanto, que a Teoria Social da Ação
em que a pena da tentativa é menor que a pena do pretendeu ir além da Teoria Finalista, todavia ao
crime consumado. Segundo a Teoria Finalista de privilegiar o resultado socialmente relevante, regre‐
Welzel, a teoria a ser adotada deveria ser a Subje‐ diu a Teoria Causalista, pois enfatizou o desvalor do
tiva, uma vez que se deve prestigiar o desvalor da resultado deixando de lado o desvalor da ação.
ação de não o desvalor do resultado. O Código Penal
Militar Brasileiro adotou em relação a tentativa a e) Teoria Funcional
Teoria Subjetiva. • Não se trata de uma Teoria da Conduta, e sim, de uma
c) Concurso de pessoas: o CP adotou a Teoria Restritiva análise de toda a Teoria Geral do Crime. Tal teoria tenta
em que o mandante é considerado partícipe. Para explicar o Direito Penal a partir de suas funções. Há
Welzel a teoria a ser adotada é a Teoria do Domínio duas concepções em relação a essa teoria: segundo
Final do Fato. Roxin e segundo Jakobs.
• Com Roxin, em 1970, nasce o funcionalismo teleoló‐
d) Teoria Social da Ação gico, que analisa a Teoria Geral do Crime não a partir
• Preconizada por Hans-Heinrich Jescheck, afirma aceitar da dogmática e do tecnicismo jurídico, e sim, a partir
a Teoria Finalista da Ação, todavia acrescentado a ela de políticas criminais.
a visão do impacto social da conduta praticada. • O Estado deve, em primeiro lugar, estabelecer qual
• Para Jescheck, um fato quando for considerado por a sua estratégia de política criminal, tendo em vista
uma sociedade como normal, correto e justo, não a defesa da sociedade, o desenvolvimento pacífico e
poderá ao mesmo tempo ser enquadrado como um harmônico entre os cidadãos e a aplicação da justiça
fato típico. ao caso concreto. A subsunção formal do fato concreto
• Assim, para Jescheck, a conduta é toda ação ou omis‐ e a norma pouco valem aos fins de Direito Penal.
são com a finalidade de causar um resultado típico • A conduta para essa teoria não pode ser entendida
socialmente relevante. Tal pensamento foi por ele somente em sua concepção finalista, mas inserida
denominado de Teoria da Adequação Social. dentro de um contexto social. Se o Direito Penal tem
• Para esta teoria, todo fato típico possui uma elementar a função de proteger bens jurídicos, somente haverá
implícita, não escrita, que consiste na repercussão do crime quando tais valores forem lesados ou expostos
dano na coletividade. Se a conduta for socialmente a lesão.
aceita, não há que se falar em fato típico. • Assim, Roxin passa a considerar a Teoria Geral do Crime
• Atenção: não confundir adequação social com princípio a partir de dois aspectos: a separação da causação
da insignificância: este o fato é atípico porque o bem da imputação e aplicação da política criminal como
jurídico tutelado sofreu uma lesividade ínfima na ade‐ norteadora do conceito de crime.
quação social a conduta é atípica porque a sociedade • CRIME = FATO TÍPICO + ILÍCITO + RESPONSABILIDADE
deixou de considerá-la injusta. (CULPABILIDADE e NECESSIDADE CONCRETA DA PENA).
• Portanto, para a Teoria Social da Ação, somente será • É a aplicação do princípio da insignificância.
crime aquelas condutas voluntárias que produzam re‐ • Com Jakobs, em 1984, nasce o funcionalismo-sistêmi‐
sultados típicos de relevância social. As ações humanas co, em que afirma que o Direito Penal não existe para
que não produzirem um dano socialmente relevante simples proteção do bem jurídico. Sua função é cuidar

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


e se mostrarem ajustadas à vida social num determi‐ da vigência da norma e da estabilidade do Direito
nado momento histórico não podem ser consideradas Penal. Não se deve preocupar-se com o conteúdo da
crimes. norma, mas, sim, com o seu cumprimento, de forma a
• Jescheck exemplifica a sua teoria: ferimentos produzi‐ manter a estabilidade do sistema. Assim, o crime não
dos em uma luta entre profissionais do boxe. A conduta tem a finalidade de proteção a bens jurídicos, e sim,
a despeito de ser voluntária e finalística produz um conservar o sistema e a norma. Aquele que descumpre
resultado típico e aceito socialmente. Assim, conclui a norma e pratica um crime desestabiliza o sistema e
que se trata de um fato atípico. deve ser retirado dele. A finalidade da pena é exercitar
• Críticas a confiança despertada pela norma, não havendo que
a) Mutação de critérios de justo e injusto na evolução se falar em aspecto retributivo. É o chamado Direito
dos costumes. Penal do Inimigo.
b) O nosso ordenamento jurídico no art. 2º da LICC
afirma que o costume, ainda que contrário à lei, não f) Teoria Constitucionalista do Delito (Luiz Flávio Gomes)
a revoga. Da mesma forma, não é dado ao julgador • Luiz Flávio Gomes, baseado em Munhoz Conde e Silva
revogar regras editadas pelo legislador. O desuso Sanches (doutrinadores espanhóis) constrói um con‐
deve compelir o legislador a retirar a norma do ceito analítico tripartite. Ele chama o crime de injusto
ordenamento jurídico. punível. Para ele, a Teoria Geral do Crime, ou melhor,
c) O termo “relevância social” é extremamente vasto, do injusto punível consiste em:
podendo abarcar fenômenos diversos. • INJUSTO PUNÍVEL = FATO TÍPICO + ILÍCITO + PUNIBILI‐
d) O nosso ordenamento jurídico prevê para diversas DADE ABSTRATA.
situações o estrito cumprimento do dever legal e o • Fato típico é: conduta, resultado, nexo causal e tipicida‐
exercício regular do Direito. de penal. A TIPICIDADE PENAL = TIPICIDADE FORMAL

111
+ TIPICIDADE MATERIAL. A tipicidade formal é a ade‐ Crimes Omissivos Crimes Omissivos
quação do fato a lei. A tipicidade material é: Existência Próprios Impróprios
de um resultado jurídico (lesão ou perigo de lesão ao Omissão prevista no tipo Omissão não prevista no
bem jurídico); Imputação objetiva da conduta (criação penal. tipo penal.
de um incremento de um risco proibido penalmente Agente não tem o dever Agente tem o dever jurídico
relevante); Imputação objetiva do resultado (cone‐ jurídico de agir. de agir.
xão direta com o risco criado e esteja o resultado no
Crime de mera Conduta. Crime Material.
âmbito de proteção da norma); Imputação subjetiva
(dolo e culpa e outros eventuais requisitos subjetivos Não cabe tentativa nem Comporta tentativa. Não com‐
concurso de agentes. porta concurso de agentes.
especiais).
• Ilicitude: é a contrariedade da conduta com o ordena‐ 3) Consciente e Voluntária: possibilidade, ainda que
mento jurídico. mínima de escolha consciente.
• Punibilidade abstrata: existência de um fato formal‐ • Haverá vontade: atos impulsivos (emoção e paixão),
mente ameaçado por uma pena. atos automáticos, atos de inimputáveis, coação moral
• A culpabilidade está fora do Direito Penal. É o juízo de irresistível (há conduta o que não há é culpabilidade),
reprovação do agente. É o elo entre o delito e a pena. atos instintivos.
• Não haverá vontade: atos inconscientes (sedado, hip‐
Passemos a analisar cada uma das partes do conceito notizado, sonâmbulos), atos reflexos (susto), atos de
de conduta: “é a ação ou omissão, consciente e voluntária, caso fortuito, força maior e coação física.
manifestada no mundo exterior, dirigida a uma finalidade”.
(CAPEZ). 4) Manifestado no mundo exterior: ao Direito, só importa
o que é externado. O pensamento ou a mera vontade não
1) Ação: comportamento positivo. Toda ação no Direito configuram crime.
Penal deve ser revestida de dolo ou culpa. 5) Dirigida a uma finalidade: segundo a Teoria Finalista
2) Omissão: o comportamento negativo pode gerar duas da Ação, adotada por nosso Código Penal, o dolo e a culpa
hipóteses de crime: encontram-se na conduta.
• Crime omissivo próprio: inexiste o dever jurídico de agir.
Assim para a omissão ter relevância causal com o resul‐ Resultado: é a modificação do mundo exterior decor‐
tado deve haver um tipo incriminador descrevendo a rente de um comportamento, ou seja, é onde se chegou
omissão. Ex.: crime de omissão de socorro, art. 135 CP. devido à conduta delituosa. A Teoria Naturalística classifica
os crimes em:
• Crimes omissivos impróprios (omissivos impúrios,
• Crimes materiais: é aquele que o tipo penal prevê
espúrios ou comissivos por omissão): o agente possui
conduta e resultado e o crime se consuma com a ocor‐
o dever jurídico de agir previsto em uma norma e se
rência do resultado. Ex.: homicídio (a conduta é matar
omite. Há uma norma dizendo o que deve ser feito, e o resultado é a morte. O crime somente se consuma
criando uma relação causal. Omitindo-se, responderá com o resultado morte).
pelo resultado ocorrido. O art. 13 § 2º descreve quem • Crime formal: é aquele que o tipo penal prevê conduta
são as pessoas que possuem o dever jurídico de agir: e resultado e o crime se consuma com a ocorrência da
a) Dever legal: quando houver determinação especí‐ conduta. Ex.: extorsão mediante sequestro. São tam‐
fica em lei, ex.: pai, mãe, policial, bombeiro – mãe bém chamados de crimes incongruentes (a conduta é
deixa de amamentar o filho e este morre. a privação da liberdade, o resultado é a obtenção do
b) Dever do garantidor: quando o omitente assumiu resgate. Assim, com a privação da liberdade o crime
por qualquer modo a obrigação de agir, podendo ser já se consuma, independentemente da obtenção do
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

obrigação contratual ou extracontratual. Ex.: olha resgate, sendo este chamado exaurimento do crime).
meu filho para mim que eu vou dar um mergulho, • Crime de mera conduta: é aquele que o tipo penal
e a pessoa se distrai e a criança morre afogada. somente prevê a conduta e com a sua prática ocorre
c) Dever por ingerência da norma: com o seu compor‐ a consumação. Não há previsão de um resultado natu‐
tamento anterior criou o risco. Ex.: “A” joga “B” na ralístico. Ex.: porte ilegal de arma (a conduta é portar
piscina e não procura salvá-lo, vindo “B” a falecer. arma sem possuir a permissão para tanto. O crime não
prevê resultado, consumando-se, assim, com o simples
Nos três exemplos, a mãe, o desconhecido e o “A” têm porte de arma ilegal).
o dever jurídico de agir, e se omitiram, respondendo, então,
pelo resultado ocorrido, qual seja a morte, e, portanto, pelo Nexo de causalidade: assim como no resultado, o nexo
crime de homicídio, e não pelo crime de omissão de socorro. causal só pode ser verificado nos crimes materiais. É a re‐
Para finalizar o entendimento, observe o exemplo a se‐ lação objetiva de causa e efeito existente entre a conduta
e o resultado naturalístico, averiguando-se se a conduta foi
guir: Maria está passeando no parque e avista uma criança se
a causadora do resultado. A sua verificação atende apenas
afogando, e nada faz, vindo a criança a morrer. Como Maria
as leis da física, mais especificamente da causa e efeito. Por
não está relacionada entre as pessoas que têm o dever jurí‐ esta razão a sua aferição independe de qualquer apreciação
dico de agir, responderá pelo crime de omissão de socorro jurídica, da verificação de dolo ou culpa. Ex.: motorista diri‐
qualificado pela morte, classificado como crime omissivo gindo prudentemente atropela pedestre que atravessa a rua
próprio. Todavia, se um bombeiro avista uma criança se sem olhar. Mesmo sem atuar com dolo ou culpa o motorista
afogando, e nada faz, vindo a criança a morrer, como há o deu causa ao resultado. A teoria adotada pelo nosso CP é a
dever jurídico de agir, responderá o bombeiro pelo resultado Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais: segundo
ocorrido, ou seja, pelo crime de homicídio, classificado aqui essa teoria, toda e qualquer conduta que de algum modo,
como crime omissivo impróprio. ainda que minimamente tiver causado o resultado, será

112
causa. É também conhecida como a Teoria da conditio sine material. Ao somatório de tais tipicidades, dá-se o nome de
qua non. Temos como espécies de causas: dependentes: é tipicidade conglobante.
aquela que se origina na conduta e independentes: é aquela
que foge ao desdobramento causal da conduta, produzindo Tipicidade conglobante = Tipicidade formal + Tipicidade
por si só o resultado. As causas ou concausas absolutamente material.
independentes e as causas relativamente independentes • Tipicidade formal: verifica-se se a conduta praticada
constituem limitações ao alcance da teoria da equivalência amolda-se a um tipo penal.
das condições. Quanto às causas independentes podemos • Tipicidade material: verifica-se se a conduta praticada
classificá-las em: ofende a bens considerados relevantes para a legisla‐
ção penal.
a) Causas absolutamente independentes podem ser
(exemplos segundo CAPEZ): Ex.: “A” subtrai uma caneta de “B”. A conduta de sub‐
• Preexistente: existe antes da conduta ser praticada trair um patrimônio alheio amolda-se ao crime de fur‐
e atua independentemente de seu cometimento de to, portanto, temos a tipicidade formal. Todavia, a sub‐
maneira que com ou sem ação o resultado ocorreria. tração de uma caneta, lesiona de forma insignificante
Ex.: A aguarda B sair de casa para atirar nele. A atira o patrimônio alheio, aplicando-se, assim, o princípio
e B morre. Causa da morte envenenamento ocorrido da insignificância. Portanto, temos no exemplo acima
anteriormente. B estava com depressão e tomou ve‐ a tipicidade formal, mas não a material, e então, não
neno. há que se falar em tipicidade conglobante, tendo em
• Concomitante: não tem qualquer relação com a con‐ vista que esta é a somatória daquela.
duta e produzem o resultado independentemente
desta, no entanto por coincidência, atuam no mesmo O tipo penal passa por três momentos distintos: no
momento. Ex.: no momento que A atira em B, B está primeiro, procura-se, tão somente, verificar se a conduta
sofrendo um infarto. Causa mortis: infarto. praticada pelo agente encontra-se descrita na norma penal;
• Superveniente: atuam após a conduta. Ex.: A queren‐ no segundo, procura-se verificar se a conduta praticada pelo
do matar B coloca veneno em seu copo. B toma e sai agente tem comportamento ilícito, ou seja, procura-se veri‐
para trabalhar. Antes que o veneno faça efeito, B ao ficar se o caráter da conduta tem indício de antijuridicidade
atravessar a rua é atropelado por um ônibus. Causa (tipo como ratio cognoscendi – tipo como razão indiciária
mortis: atropelamento. da ilicitude); no terceiro, há uma fusão entre a tipicidade e
a antijuridicidade, ou seja, não existe fato típico se a con‐
Consequências: rompe o nexo causal e o agente somente duta praticada pelo agente é permitida pelo ordenamento
responde pelos atos até então praticados. Nos três exem‐ jurídico. Sendo assim, quem atua de forma típica também
plos, A não deu causa à morte de B, portanto responde por atua antijuridicamente, enquanto não houver uma causa
homicídio tentado. de exclusão do injusto. Havendo causa justificativa, elas
atingem não só a tipicidade da conduta, mas, também,
b) Causas Relativamente Independentes a antijuridicidade. No terceiro momento o tipo passa a ser
São elas: a razão de ser da ilicitude (ratio assendi). Em decorrência
• Preexistente: atuam antes da conduta. Ex.: A desfere da ratio assendi surge a teoria dos elementos negativos do
uma facada no braço de B, com o intuito de lesionar, tipo, ou seja, sempre que a conduta do agente não é ilícita
todavia B é hemofílica e vem a falecer em face da não existe o próprio fato típico, tendo em vista que a anti‐
conduta somada à contribuição de seu peculiar estado juridicidade integra o tipo penal e a existência de causas de
fisiológico. justificação faz desaparecer a tipicidade. Em outras palavras,
• Concomitante: A atira na vítima que, com o susto, os pressupostos das causas de justificação nada mais são do
sofre um ataque cardíaco e morre. O tiro provocou o que elementos negativos do tipo, os quais, quando faltarem,
susto e, indiretamente, a morte. A causa da morte fora tornam-se possível fazer um juízo definitivo sobre a antiju‐

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


a parada cardíaca. ridicidade do fato. Os elementos negativos do tipo são as
• Superveniente: A colide no carro de B, causando-lhe causas de justificação, uma vez que eles integram o tipo e só
lesões. No caminho do hospital, a ambulância capota permitem que ele opere quando ausentes no caso concreto
e B morre. (GRECO). Partindo-se do pressuposto de que se deve estudar
a conduta típica concomitantemente com as suas causas jus‐
Obs.: em relação às causas relativamente indepen‐ tificativas, surge a Teoria Finalista de Welzel afirmando que
dentes, preexistentes e concomitantes, não rompem o uma ação só pode ser convertida em um delito, se presentes
nexo causal , respondendo o autor pelo resultado ocor‐ a tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade, sendo que
rido: Homicídio Consumado. Na causa superveniente, cada elemento seguinte deve pressupor o antecedente. Para
se ela estiver na linha de desdobramento físico da ação a Teoria dos Elementos Negativos do Tipo, ou o fato é típico
(choque anafilático), responderá pelo crime na forma e antijurídico, ou não é nenhuma coisa e nem outra. A partir
consumada, caso contrário, se não estiver na linha de do instante em que o agente realiza uma conduta típica sem
desdobramento (ambulância capotar), responderá nenhuma justificativa, faz surgir a ideia do injusto (injusto
pelo crime ocorrido em sua forma tentada. penal ou injusto típico), que é a terceira fase da análise do
delito. Enquanto os adeptos da Teoria dos Elementos Nega‐
Tipicidade: em linhas gerais, a tipicidade nada mais é do tivos do tipo afirmam que a tipicidade e a antijuridicidade
que a perfeita subsunção da conduta praticada pelo agente a compõem a mesma fase do delito e a culpabilidade compõe a
um tipo penal incriminador. Em outras palavras, procura-se segunda fase do crime, para a concepção tripartite bem como
verificar se a conduta do agente se amolda a alguma descri‐ para a Teoria da Ratio Cognoscendi (ou Teoria Indiciária),
ção trazida pela lei penal. Se a conduta é contrária à norma que é a que tem preferência da maioria dos doutrinadores,
penal, ou seja, antinormativa, ter-se-á a chamada tipicidade haveria três fases do crime: a tipicidade, a antijuridicidade
formal. Se a conduta ofender a bens considerados relevan‐ e a culpabilidade, esta sendo entendida como injusto típico
tes para a legislação penal, ter-se-á a chamada tipicidade ou injusto penal.

113
Em síntese, o  modelo clássico do finalismo de Hanz Para o Código Penal, ninguém pode ser punido por um
Welzel não se afasta da Teoria Indiciária, pelo contrário, fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosa‐
prevalece em detrimento da Teoria dos Elementos Negativos mente, exceto se tal modalidade vier prevista em lei admitin‐
do Tipo, uma vez que a tipicidade opera como um desvalor do a punição na forma culposa. Em outras palavras, a regra
provisório, que deve ser configurado ou descartado mediante é que todo crime é doloso, só podendo haver punição por
a comprovação de causas de justificação, em que o tipo nada crime culposo se houver previsão expressa em lei, ou seja,
mais é do que a razão indiciária da ilicitude (GRECO). a culpa é exceção.
Em outras palavras, a  tipicidade poderia ser definida Partindo dessas premissas, sinteticamente, dois seriam
como a subsunção do fato à norma. É a integral correspon‐ os tipos de dolo:
dência do fato praticado com a conduta prevista no tipo a) direto (determinado): o agente quer, efetivamente,
penal. É a relação entre o fato e a descrição legal. Segundo cometer a conduta descrita no tipo penal incriminador, livre
Zaffaroni, o tipo penal é um instrumento legal, logicamente e conscientemente. Aqui, se adotada a Teoria da Vontade.
necessário e de natureza predominantemente descritiva, Exemplo: A atira em B, porque quer matá-lo.
que tem por função a individualização de condutas humanas b) indireto (indeterminado): divide-se em:
penalmente relevantes. 1) dolo eventual: embora o agente atue sem a vontade
A tipicidade conglobante seria a tipicidade formal asso‐
de efetivamente causar o resultado danoso, assumiu o risco
ciada à tipicidade material.
de fazê-lo. Aqui, encontra-se o dolo eventual, aquele em que
Tipicidade formal (ou tipicidade legal) seria a subsunção
o agente assume o risco e antevê o resultado, mas tem dúvida
do fato à norma penal, ou seja, seria o ato antinormativo; já a
quanto a sua efetivação. Adota-se a Teoria do Assentimento
tipicidade material deve se atentar para a relevância do bem
jurídico lesado do caso concreto, a fim de que se aplique o (ou Consentimento). Exemplo: A quer tirar um racha com B
princípio da insignificância. e acaba por atropelar e matar C. A vontade de A era tirar um
O tipo penal pode ser básico ou derivado. Básico será racha, mas assumiu o risco de atropelar e matar C.
o tipo descrito na conduta proibida ou imposta pela lei 2) dolo alternativo: o agente dirige a sua ação a resultado
penal. Ex.: homicídio simples. Derivado são as descrições incerto, não lhe importando qual venha ser o alcançado.
complementares por circunstâncias que podem aumentar Exemplo: o agente atira para matar ou ferir a vítima.
ou diminuir a pena prevista para o tipo básico. Ex.: homicídio
privilegiado, homicídio qualificado etc. Crime Culposo
Também é relevante mencionar as chamadas elemen‐
tares do crime. Segundo Greco, elementares são figuras Também dito quando não há intenção. No delito culposo,
essenciais da conduta tipificada, sem as quais podem ocorrer a conduta do agente é dirigida, em regra, a um fim lícito.
duas formas de atipicidade: absoluta ou relativa. A absoluta Enquanto que no delito doloso, pune-se o agente pela ação
ocorre quando, pela falta da elementar, o fato se torna um impulsionada para uma finalidade ilícita, no culposo, visto ser
indiferente penal. Ex.: furtar coisa própria, pensando ser de a finalidade geralmente lícita, pune-se o agente pelos meios
outrem. Neste caso o agente não pratica furto, por lhe faltar empregados, já que desatendeu à obrigação objetiva de cui‐
a elementar “coisa alheia móvel”, prevista no tipo. A relativa dado para não lesar a bens jurídicos de terceiros (GRECO).
passa a existir quando, pela ausência da elementar ocorre Já Mirabete define delito culposo como a conduta humana
desclassificação do fato para uma outra figura típica. Ex.: mãe voluntária que produz resultado antijurídico não querido,
que mata o próprio filho, logo após o parto, sem estar sob mas previsível, e  excepcionalmente previsto, que podia,
influência do estado puerperal. Nessa situação, ela não irá com a devida atenção, ser evitado. Os crimes culposos, por
responder por infanticídio, mas, por homicídio. sua natureza, são considerados tipos penais abertos, tendo
Em síntese, a atipicidade absoluta é um indiferente pe‐ em vista que o texto não traz uma definição precisa que se
nal, enquanto que a atipicidade relativa é a desclassificação adéque à conduta do agente ao modelo abstrato previsto
do crime. na lei. Aqui, a ação típica não está determinada legalmente,
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

contudo, não fere o princípio da legalidade, pois, impossível


Crime Doloso é que a lei possa descrever com exatidão todos os compor‐
tamentos negligentes suscetíveis de se realizar.
O dolo é a vontade livre e consciente de realizar a conduta No Direito Penal não existem compensação e nem
prevista no tipo penal incriminador. Nos termos do CP, a carac-
presunção de culpas. O primeiro caso ocorre quando dois
terização de uma conduta dolosa prescinde da consciência ou
agentes, agindo de forma culposa, causam danos recíprocos,
do conhecimento da antijuridicidade dessa conduta e requer
neste caso, cada agente responderá por sua conduta culposa,
apenas a presença dos elementos que compõem o tipo ob-
independentemente da conduta do outro. No segundo caso,
jetivo. No Brasil, duas teorias são adotadas para explicá-lo: a
Teoria da Vontade, que define o dolo direto, ou seja, aquele a culpa do agente deve ser sempre provada e nunca presu‐
em que o agente quer levar a efeito a conduta prevista no tipo mida, tendo em vista o princípio da presunção de inocência.
incriminador; e a Teoria do Assentimento (ou consentimento), Parte da doutrina tradicional e da jurisprudência brasi‐
que define o dolo eventual, ou seja, aquele em que o agente leira admite coautoria em crime culposo. Quanto à partici‐
não quer diretamente o resultado, mas o aceita de antemão. pação, a doutrina é praticamente unânime: não é possível
Aqui, atua com dolo aquele que, antevendo como possível o nos crimes culposos. A verdade é que a culpa (como infração
resultado lesivo com a prática de uma conduta, mesmo não do dever de cuidado ou como criação de um risco proibido
o querendo de forma direta, não se importa com a sua ocor‐ relevante) é pessoal. Doutrinariamente, portanto, também
rência, assumindo o risco de vir a produzi-lo. não é sustentável a possibilidade de coautoria em crime
Também chamado intencional, o dolo é a vontade livre culposo. Cada um responde pela sua culpa, pela sua parcela
e consciente de realizar a conduta prevista no tipo penal de contribuição para o risco criado. A jurisprudência admite
incriminador. Para Welzel, o  dolo possui dois momentos, coautoria em crime culposo, mas tecnicamente não deveria
sendo um intelectual (o sujeito decide o que quer) e um ser assim, mesmo porque a coautoria exige uma concordân‐
volitivo (o sujeito decide fazer o que queria). cia subjetiva entre os agentes (Luiz Flávio Gomes).

114
Observações b) negligência: deixar de praticar um ato que deveria
Faz-se mister ressaltar que a punição por dolo é a regra, ter sido praticado. Falta o comportamento esperado do
mas admite-se sanção por culpa. É caso excepcional, uma vez agente (conduta negativa, uma omissão). É considerada uma
que ela só é admissível quando a lei textualmente a prevê. inércia psíquica. Ex.: esquecer arma municiada em local de
fácil acesso;
Vários são os elementos que compõem o delito culposo. c) imperícia (falta de conhecimento técnico): prática de
São eles: um ato sem a devida aptidão, seja ela momentânea ou não.
• conduta humana voluntária, seja ela comissiva ou Há, nesse ato praticado, imprudência e negligência. Exemplo:
omissiva (geralmente dirigida a uma finalidade lícita); médico-cirurgião que comete um erro médico durante uma
• inobservância de um dever objetivo de cuidado (de‐
cirurgia. Observe que a imperícia está ligada a uma atividade
corrente de imprudência, negligencia ou imperícia,
profissional do agente.
causando, por consequência, danos a bens de terceiros);
• resultado lesivo não querido nem assumido pelo
agente (é necessário que cause resultado naturalís- Diferença entre Dolo Eventual e Culpa Consciente
tico, ou seja, alteração no mundo exterior para que
seja penalmente relevante); Em ambos os casos, o agente é capaz de prever o resultado
• nexo de causalidade (o resultado só será imputado ao lesivo. No dolo eventual, o agente não queria diretamente o
agente se a sua conduta lhe tiver dado causa); resultado, mas assume o risco de vir a produzi-lo. Ele não se
• previsibilidade (previsível é o resultado quando puder importa que o resultado ocorra. A ele é indiferente. Já na cul‐
ser mentalmente antecipado por normal diligência do pa consciente, o agente espera sinceramente que não ocorra
agente). Observe que se o agente não puder prever o resultado. Na culpa consciente há superconfiança; no dolo
aquilo que é previsível, tem-se a culpa inconsciente, eventual, indiferença. Havendo dúvida na ocorrência de um ou
visto que, no caso da culpa consciente, o agente é capaz outro, deve-se optar pelo culposo (Princípio do in dubio pro reo).
de prever que o resultado possa ocorrer, mas acredita
Culpa Imprópria
sinceramente que não ocorrerá. A Doutrina divide a
previsibilidade em objetiva e subjetiva. A  objetiva É aquela em que o agente por erro de tipo inescusável
se refere a saber se é possível a uma pessoa comum (evitável) supõe estar diante de uma causa excludente de
prever o resultado naturalístico, pois, caso não seja licitude. Em virtude de erro evitável pelas circunstâncias,
possível, ou seja, se qualquer homem comum agisse o agente dá causa dolosamente a um resultado, mas res‐
da mesma forma, não poderia ser imputado ao agente ponde como se tivesse praticado um delito culposo. É  a
o resultado. Já na previsibilidade subjetiva não se faz chamada descriminante putativa prevista no art. 20, § 1º,
a substituição pelo homem médio. O que se analisa do CP, em que traz que não há isenção de pena quando o
são as condições pessoais, particulares às quais estava
erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
submetido o agente ao tempo da conduta realizada,
A culpa imprópria ocorre sob a forma de descriminante pu‐
ou seja, consideram-se as limitações e experiências
tativa, como, por exemplo, a legítima defesa putativa, que
pessoais do agente no caso concreto (GRECO);
constitui erro de tipo permissivo. A culpa imprópria também
• tipicidade (deve haver previsão legal expressa para tal
modalidade de infração). pode ser chamada culpa por assimilação, por extensão ou
por equiparação, onde o agente age com dolo, quando o
Os crimes culposos decorrem de três fatores: erro é vencível, respondendo por um crime culposo. Parte
a) imprudência (ação descuidada): prática de ato que da Doutrina entende que se o ato é doloso, mas o crime é
não deveria ter ocorrido. É o desprezo pela conduta normal culposo, seria uma exceção no cabimento de tentativa em
(conduta positiva sem os devidos cuidados, que causa resul‐ crime culposo, contudo, o entendimento majoritário é que
tado lesivo previsível ao agente). É exteriorizada em um fazer. não se admite tentativa para os delitos culposos, tendo em
Exemplo: dirigir em alta velocidade. Outro exemplo: João, que vista que o primeiro elemento da tentativa é o dolo, àquele
nunca usou uma arma de fogo, manuseia uma e acaba por definido como a vontade livre e consciente de querer praticar

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


dispará-la, matando José, que a tudo assistia ao seu lado. Ao infração penal. Como nos crimes culposos o agente não tem
fazer isso, pratica uma conduta culposa imprudente. em sua conduta um fim ilícito, não cabe tentativa.

Dolo Direito Dolo Eventual Culpa Inconsciente Culpa Consciente


O agente prevê o resul‐ O agente prevê o resultado O agente possui previsibilidade, todavia O agente tem previsão do resul‐
tado e quer o resultado. e assume o risco de produ‐ diante do caso concreto há ausência de tado, mas em momento algum
zir o resultado. previsão e o agente em nenhum mo‐ aceita a produção do resultado.
mento quis produzir o resultado.

Crime Consumado • execução: o bem jurídico tutelado começa a ser atin‐


gido ou exposto a perigo. Coloca-se em prática aquilo
Consumado é quando nele se reúnem todos os elemen‐ que se programou;
tos de sua definição legal. Iter criminis é o caminho percorrido • consumação: é a realização de todos os atos contidos
pelo crime desde sua idealização até sua consumação. Cinco no tipo penal. Normalmente o agente atinge o resul‐
são as fases do iter criminis: tado a que se quis chegar;
• cogitação (cogitatio): é a fase interna ao agente. São • exaurimento: é quando se esgota plenamente o delito.
os pensamentos, as maquinações;
• preparação (atos preparatórios): é munir-se de ape‐ Obs.: o exaurimento, de acordo com a doutrina domi‐
trechos, ou seja, é a escolha dos meios utilizáveis na nante, é  fase do iter criminis, embora, para muitos, não
produção do resultado; se enquadra, haja vista a possibilidade da consumação do

115
crime sem o seu exaurimento, fato verificado nos crimes ratórios, a execução, a consumação e o exaurimento), como,
formais, como, por exemplo, o  crime de extorsão, que se por exemplo, a ameaça verbal, que se consuma quando o
consuma mesmo que o autor não receba a vantagem inde‐ agente a profere e a vítima toma conhecimento da promessa
vida. O recebimento da vantagem indevida, aqui menciona‐ de um mau futuro, injusto e grave); omissivos próprios (pois
do, seria mero exaurimento. Só há se falar em iter criminis a omissão por si só configura o crime. Ex.: omissão de so‐
quando se tratar de delito doloso, não existindo quando a corro); habituais próprios (pois só vai se configurar quando
conduta do agente for culposa. determinada conduta é reiterada pelo agente com habitu‐
alidade. Ex.: rufianismo, uma vez que os atos isolados são
Em princípio, não há punição para a preparação. Excepcio‐ penalmente irrelevantes); contravenções penais (pois, por
nalmente, haverá se se tratar de formação de quadrilha ou crime se tratarem de delitos ditos menores, deixa de ser relevante
independente. Observe que a cogitação e preparação são fases para o Direito Penal a mera tentativa); permanentes na forma
internas de realização do crime e, como regra, são irrelevantes omissiva (pois não há iter criminis possível de diferenciar a
para Direito Penal, exceto quando o CP tipifica a simples cogita‐ preparação da execução. Ex.: carcereiro que recebe um alvará
ção e preparação como infrações de per si, autônomas, ou seja, de soltura e decide não dar cumprimento, deixando preso o
não se trata de mero ato preparatório, mas de crime autônomo. beneficiado. Aqui ele comete o crime de cárcere privado na
Ex.: incitação ao crime; quadrilha ou bando etc. modalidade omissiva, sem possibilidade de fracionamento);
condicionados (pois, para que se concretizem, submetem‐
Obs.: vale ressaltar que a cogitação jamais poderá ser ob‐ -se à superveniência de uma condição. Ex.: o crime de
jeto de repreensão penal (cogitationis poenam nemo patitur). induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, que somente
se configurará se houver lesão grave ou morte da vítima).
Crime Tentado É de bom alvitre distinguir tentativa, de crime impossível.
Saliente-se que o CP adotou a Teoria Objetiva Moderada ou
Crime tentado é aquele que, iniciada a execução, não se Temperada pela qual só há crime impossível se a ineficácia do
consuma por motivos alheios à vontade do agente, também meio e a impropriedade do objeto forem absolutas; por isso,
denominado de tentativa idônea. O agente tem noção do que se forem relativas haverá crime tentado, como no caso de
quer, inicia sua prática a fim de obter o resultado típico, mas alguém que faz uso de revólver e projéteis verdadeiros que,
não consegue por algum fato alheio. entretanto, não detonam por estarem velhos; aqui, a inefi‐
Como regra, a pena para o crime tentado é a mesma do cácia do meio é acidental e existe tentativa de homicídio.
crime consumado reduzida de um a dois terços. É salutar também relacionar a tentativa com o crime com‐
plexo. É sabido que este se origina da fusão de dois ou mais tipos
A tentativa pode ser: penais. Também pode ocorrer quando um tipo penal funciona
• perfeita ou acabada: também conhecida como crime como qualificadora de outro. Em outras palavras, pode-se afir‐
falho. Dá-se quando o agente pratica todos os atos
mar que no crime complexo a norma penal tutela dois ou mais
executórios, mas não se consuma o crime por questões
bens jurídicos. Ex.: extorsão mediante sequestro, o qual surge
alheias à sua vontade. Observe que aqui ele esgota
da fusão do “sequestro” e da “extorsão” e, portanto, tutela
toda sua capacidade ofensiva, porém o crime não se
o patrimônio e a liberdade individual. Outro exemplo seria o
consuma. Ex.: desferir todos os tiros de que dispõe
latrocínio, que é um roubo qualificado pelo resultado morte e,
contra a vítima, mas esta não vem a óbito;
assim, atinge também dois bens jurídicos, o patrimônio e a vida.
• imperfeita ou inacabada: ocorre quando não são
Sendo assim, embora exista o questionamento, vê-se,
praticados todos os atos executórios, que são inter‐
aqui, que é perfeitamente possível a existência da tentativa
rompidos, geralmente por circunstâncias externas. Ex.:
em crime complexo.
o agente inicia atos de execução do crime de estupro,
mas, quando chega a polícia, ele empreende fuga; Sinteticamente, tentado é o crime em que, iniciada a exe‐
• branca ou incruenta: a vítima sequer é atingida, não cução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
sofrendo qualquer dano. Não resulta nenhum tipo do agente. Veja a seguir quadros esquemáticos que tradu‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

de lesão na vítima. Ela pode ser verificada tanto na zem, na sua essência, uma sutil diferença entre um crime
tentativa perfeita quanto na imperfeita; tentado e um consumado, mesmo tendo sido o resultado
• cruenta: a vítima é atingida, mas não da forma que almejado alcançado com a conduta delituosa.
pretendia o agente. Ex.: o agente, com animus necandi
(vontade de matar), dispara vários tiros, não mata a tentativa de
vítima, mas lhe causa lesões. Também se verifica na homicídio homicídio
tentativa perfeita e imperfeita;
• inidônea: também denominada crime impossível.
Verifica-se quando iniciada a execução, o crime jamais
se consumaria por ineficácia absoluta do meio (como
A B
usando arma desmuniciada para matar alguém) ou
por absoluta impropriedade do objeto (como tentando
matar uma pessoa que já se encontra morta, fato este
desconhecido pelo agente).

Segundo o Mestre Guilherme de Souza Nucci, os crimes


que não admitem tentativas , dentre outros, são: os culposos
(pois o resultado é sempre involuntário); os preterdolosos C
(pois o resultado não advém de dolo. Ex.: lesão corporal
seguida de morte, vez que deve haver dolo no antecedente A e B, desconhecidos, atiram
e culpa no consequente); unissubsistentes (pois são consti‐ em C, mas o tiro que matou
tuídos de ato único, não admitindo iter criminis – fases pelas C foi o de A
quais o crime passa, quais sejam: a cogitação, os atos prepa‐

116
quado ou inidôneo para alcançar o resultado criminoso) ou
tentativa de tentativa de por absoluta impropriedade do objeto (o objeto material do
homicídio homicídio
crime é absolutamente impróprio para que o ilícito se consu‐
me), é impossível consumar-se o crime. Ineficácia absoluta
A B do meio pode ser exemplificada quando se tenta ceifar a
vida de alguém, utilizando-se de uma arma desmuniciada,
enquanto que absoluta impropriedade do objeto pode se
dar quando se tenta matar alguém que já está morto, sendo
tal circunstância desconhecida pelo agente, ou mulher que
ingere pílulas abortivas, pensando estar grávida, quando na
verdade não está.
C Em outras palavras, quando não existe a possibilidade
de o crime se consumar devido à ineficácia absoluta do
meio ou à absoluta impropriedade do objeto tem-se o
A e B, desconhecidos, atiram em C, mas não
crime impossível. Aqui, o agente não responde sequer pela
é possível provar de onde saiu o tiro que
matou C. Sendo assim, leva-se em tentativa. Veja que a ineficácia ou a impropriedade devem
consideração oo princípio
princípiodo
doin
indubio
dubiopro
proreu.
reu. ser absolutas para que o agente não seja punido, pois, se
relativas, haverá tentativa.
Nessa situação, não há que se falar em tentativa, já que
a conduta é considerada atípica.
a) ineficácia absoluta do meio: meio é tudo aquilo uti‐
homicídio homicídio lizado pelo agente capaz de ajudá-lo a produzir o resultado
por ele pretendido. Ineficaz é aquele meio em que o agente
jamais conseguiria com a sua utilização atingir o seu intento.
A B Usar arma desmuniciada, quebrada ou de brinquedo para
praticar homicídio, acreditando que ela esteja em perfeito
funcionamento; ministrar açúcar no lugar do veneno para
praticar homicídio, acreditando ser, por exemplo, arsênico.
b) absoluta impropriedade do objeto (o objeto material
não existe ou até existe, mas não está no local do delito): ob‐
jeto é tudo aquilo contra o qual recaia a conduta do agente.
C Impropriedade absoluta do objeto se refere à impossibili‐
dade de se lesar o bem jurídico tendo em vista que ele não
A e B, conhecidos, atiram em C, após existe ou cuja lesão já se exauriu de forma absoluta. Matar
combinarem o crime. Nesse caso, há o o morto (tentar contra a vida de alguém que já está morto
concurso de pessoas, logo todos os acreditando que a pessoa esteja viva); usar pílula abortiva
participantes respondem pelo mesmo crime. acreditando que está grávida, quando na verdade não está.
Obs.: o Código Penal adotou a Teoria Objetiva Temperada
(os atos praticados pelo agente, só são puníveis se os meios
e os objetos são relativamente eficazes), pois, se a ineficácia
Elementos da Tentativa: for absoluta, será crime impossível. Se relativa, será tentativa.
Segundo a Súmula nº 145 do STF, “não há crime, quando

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


a) conduta dolosa; a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
b) prática de atos de execução; consumação”. Flagrante preparado é aquele em que o agente
c) não consumação por circunstâncias alheias à vontade é induzido a praticar uma conduta delituosa, ou seja, se não
do agente (por interrupção dos atos executórios ou, mesmo houvesse a ação do agente preparador (isca), não haveria
tendo sido utilizados todos os meios disponíveis, não ocorreu o crime, pois, se o agente não tiver qualquer possibilidade
o resultado pretendido). de chegar à consumação do delito, o crime será impossível.
Por fim, o crime impossível se difere do delito putativo.
Consequência da Tentativa No crime impossível, a  conduta do agente é descrita em
algum tipo penal, mas o resultado não ocorre por ineficácia
Aplica-se a mesma pena do crime consumado, reduzida absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto.
de 1/3 a 2/3.
Já no delito putativo, a conduta não é descrita em qualquer
Exceção: para o crime previsto no art. 352 do CP, em que
tipo penal, tendo em vista que o agente acredita está prati‐
a simples tentativa de fuga do indivíduo preso ou submetido
à medida de segurança faz com que a pena seja aplicada cando o crime, quando na verdade não está, por atipicidade
integralmente. Crime este em que a simples prática da ten‐ da conduta, ou seja, o delito putativo é considerado apenas
tativa é punida com as mesmas penas do crime consumado. um indiferente penal, como, por exemplo, vender chá pen‐
É a chamada adequação típica de subordinação mediata ou sando ser maconha.
indireta.
Desistência Voluntária
Crime Impossível (tentativa inidônea ou quase-crime)
Também é conhecida por tentativa abandonada ou quali‐
Segundo a legislação, não se pune a tentativa quando, ficada (ou ponte de ouro). O agente desiste voluntariamente
por ineficácia absoluta do meio (quando totalmente inade‐ de prosseguir na execução. Ele não esgota sua capacidade

117
ofensiva. Exemplo: o agente ministra veneno à vítima, mas, diferencia da desistência voluntária reside no momento em
quando esta vai ingerir, ele mesmo impede que ela sequer que o agente interrompe a conduta que era direcionada
venha a fazer uso de tal substância, interrompendo, assim para a produção do ilícito penal. Enquanto na desistência
sua ação delituosa. A  desistência é voluntária, mas não voluntária, o processo de execução do crime está em curso,
precisa ser espontânea. O legislador não exige que a ideia no arrependimento eficaz a execução do crime já foi encer‐
da desistência parta espontaneamente do agente, basta rada. Dessa forma, o agente só irá responder pelos atos já
que ele no momento em que interrompe a ação seja dono praticados, mas nunca pelo crime fim, na sua forma tentada.
de sua vontade. Ocorre inação do agente após o início da Em suma, havendo desistência voluntária ou arrependimento
execução do crime. Só pode ocorrer onde aconteceria a ten‐ eficaz, não se fala em tentativa. Pode-se concluir do referido
tativa imperfeita. O agente só responde pelos atos até então instituto (arrependimento eficaz): o agente impede que o
praticados. A desistência voluntária ocorre quando o agente resultado se produza. Ele esgota sua capacidade ofensiva;
já ingressou na fase dos atos de execução de um crime. se, no exemplo apresentado, a vítima sobreviver, o agente
O objetivo do instituto é impedir que o agente responda pela pode responder por lesão corporal ou periclitação da vida e
tentativa, portanto, quando se fala em o agente responder da saúde. Se a vítima não sobreviver, o agente responderá
somente pelos atos já praticados, não se está falando de por homicídio, mesmo prestando socorro; o arrependimento
tentativa, tanto é, que se a conduta antecedente, por si só, deve ser voluntário, não necessitando ser espontâneo. Deve
não configurar crime, o agente por nada responderá. A de‐ ser eficaz, pois, sendo ineficaz, poderá haver mera atenuante.
sistência voluntária se diferencia da tentativa, pois, nesta, Trata-se de uma ação que ocorre após iniciada a execução
o agente quer prosseguir na ação, mas não pode, enquanto e esgotados todos os seus meios. Só pode ocorrer onde
naquela, o agente pode prosseguir na ação, mas não quer. aconteceria a tentativa perfeita (ou crime falho).
Segundo entendimento majoritário, a natureza jurídica da Segundo Capez, para o item “arrependimento eficaz”,
desistência voluntária, é que se trata de causa que conduz deve-se observar:
à atipicidade do fato. • voluntariedade, mas não espontaneidade;
Segundo o ordenamento jurídico, o agente que volun‐ • deve ser eficaz. Se ineficaz, atenuante do art. 65, III, b
tariamente desiste de prosseguir na execução (interrompe do CP;
o processo de execução que iniciara por medo, decepção • trata-se de uma ação, depois que iniciada a execução
ou remorso) só responde pelos atos já praticados, se estes e esgotado todos os meios de execução;
constituírem crime. Ex.: A põe veneno na xícara de café que B • só pode ocorrer onde aconteceria a tentativa perfeita
está utilizando. Porém, quando B vai tomar o café, A detém‐ ou crime falho;
-se abandonando a empreitada. Neste caso ele pode vir a • responde pelos atos até então praticados.
não responder por nada, já que a conduta, em tese, não
constituiria crime. Seria também exemplo de desistência Situação
voluntária alguém que, visando a seu desafeto em parte vital Conduta Atitude Responde por
da Vítima
do corpo (cabeça, tórax), desfecha-lhe um tiro que apenas Veneno Socorro Volun‐ Salvação Atos praticados
o fere levemente, e deixa de fazer novos disparos, embora tário
dispondo de outras munições em sua arma. Neste caso,
Veneno Socorro Volun‐ Morte Homicídio
o agente iria responder apenas pelos atos já praticados, ou
tário
seja, por lesões corporais leves.
Segundo CAPEZ, para o item “desistência voluntária”, Veneno Socorro Involun‐ Salvação Tentativa de Ho‐
deve-se observar: tário micídio
• voluntariedade, mas não se exige espontaneidade; Veneno Socorro Involun‐ Morte Homicídio
• inação do agente após o início da execução do crime; tário
• só pode ocorrer onde aconteceria a tentativa imper‐
feita;
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

• responde pelos atos até então praticados. Obs.1: no caso de concurso de pessoas, ainda que um
só deles desista voluntariamente ou se arrependa, os insti‐
Arrependimento Eficaz tutos da desistência voluntária ou do arrependimento eficaz
se aplicam a todos os envolvidos, desde que o crime não
Segundo o CP, só responde pelos atos já praticados o ocorra. O  mesmo se aplica ao arrependimento posterior.
agente que impede que o resultado se produza, depois de Observe que neste caso (arrependimento posterior) o crime
realizados todos os atos necessários à consumação. Ex.: já ocorreu.
semelhante à conduta descrita no exemplo da desistência
voluntária, mencionada anteriormente, porém, A  deixa B Obs.2: tanto na desistência voluntária quanto no arre‐
tomar o café envenenado, mas, de imediato, ele o socorre e pendimento eficaz o  agente não responde por tentativa,
B, por essa atitude, vem a se salvar. Ressalte-se que se mesmo mas pelos atos já praticados. Somente poderá responder
assim B viesse a falecer, teria havido o arrependimento, mas, por tentativa no caso do arrependimento eficaz, quando o
por não ter sido eficaz, responderia A por homicídio doloso. socorro for involuntário.
Frise-se, ainda, que, se a paralisação se deveu a ações
externas, não há que se falar em desistência voluntária Arrependimento Posterior
ou arrependimento eficaz, mas em tentativa, que é puní‐
vel. O  arrependimento eficaz, assim como a desistência Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
voluntária, possui como natureza jurídica, para a maior pessoa (como no crime de furto, por exemplo), reparado o
parte da doutrina, causa que conduz à atipicidade do fato. dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia
Este instituto ocorre quando o agente, após esgotar todos ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será redu‐
os meios de que dispunha para chegar à consumação do zida de um a dois terços. Note-se que alguns examinadores
crime, arrepende-se e atua em sentido contrário, evitando trazem capciosamente a expressão “antes do oferecimento
a produção do resultado inicialmente pretendido. O que o da denúncia”, o  que tornaria a questão errada, já que tal

118
momento é atribuição do Ministério Público e o primeiro Requisitos:
do magistrado. Ainda é de bom alvitre salientar que o texto, • crimes cometidos sem violência ou grave ameaça a
quanto ao arrependimento posterior, é bem claro quando pessoa;
aduz somente crimes praticados sem violência ou grave • reparação do dano ou restituição da coisa;
ameaça à pessoa, portanto, para alguns crimes como roubo • voluntariedade do agente;
e extorsão, não há que se falar em arrependimento posterior. • até o recebimento da denúncia – sendo após, trata-se
O arrependimento posterior diferencia-se da desistência de atenuante genérica (art. 65, III, b do CP).
voluntária e do arrependimento eficaz, pois, quando se fala
em arrependimento posterior, o resultado do delito já foi Erros no Direito Penal
atingido. A natureza jurídica do arrependimento posterior
é ser causa de diminuição de pena. Tal instituto tem por É a falsa ideia que se tem de fato ou circunstância.
objetivo beneficiar o infrator para que ele, em contrapartida, Na Legislação Penal brasileira, dois tipos de erros são
venha a reparar o dano ou a restituir a coisa, beneficiando, mencionados: o erro de tipo e o erro de proibição.
também, a vítima. O referido instituto cabe para qualquer
crime que não exista como elementar do tipo a violência ou Erro de Tipo
a grave ameaça contra a pessoa. Haverá, pois, arrependi‐
mento posterior: Há determinados crimes que trazem em sua conduta
• somente para crimes em que não há emprego de típica elementos constitutivos de sua estrutura que muitas
violência ou grave ameaça à pessoa; vezes são mal compreendidos, fazendo com que o agente
pratique atos que julga serem ilícitos quando, na verdade,
• o agente deve reparar o dano ou restituir a coisa
não o são. O  agente se engana sobre o fato, pensa estar
totalmente antes do recebimento da denúncia ou
fazendo uma coisa e está fazendo outra. Exemplo: quem,
da queixa. Se depois, haverá apenas uma atenuante juntamente com servidor público, subtrai bem que estava
genérica (art. 65, III, b, CP); sob a guarda deste, sem, entretanto, saber a qualidade de
• o ato deve ser voluntário por parte do agente. Não servidor de seu comparsa, não responderá por peculato, mas,
necessita ser espontâneo; sim, apenas por furto. Uma outra situação poderia se dar no
• a pena será reduzida de 1/3 a 2/3; caso de uma pessoa atirar em outra pensando se tratar de
• é um instituto que concede uma premiação àquele um boneco de cera. O erro de tipo exclui o dolo, mas permite
que ainda, em tempo, se arrepende da conduta típica a punição por crime culposo.
praticada. No erro de tipo, o agente acredita que sua conduta não
seja crime, supondo que a lei permita praticá-lo. Esse erro
Se o delito foi praticado em concurso de agentes, mas exclui o dolo, mas permite punição na modalidade culposa.
apenas um deles resolveu restituir a coisa ou reparar o dano, Em outras palavras, o erro de tipo pode ser traduzido como
antes do recebimento da denúncia ou queixa, por ato volun‐ a falsa percepção da realidade. O  erro de tipo pode ser
tário, o benefício da diminuição de pena se estenderá a todos essencial ou acidental. A título de exemplo: João, ao sair
os concorrentes do crime, porém, a reparação deve ser total do mercado, pega uma bicicleta idêntica à sua, que havia
e não parcial. Entretanto, se houver uma conjugação com o estacionado do lado de fora do estabelecimento, e deixa
conformismo da vítima, poderá ser reconhecido o instituto o local conduzindo-a. Ao fazer isso, incide em erro de tipo.
do arrependimento posterior.
O arrependimento posterior se difere do arrependimento Essencial
eficaz. Enquanto neste, o resultado do crime foi evitado, na‐
quele, o resultado já foi produzido. Ainda, no arrependimento Incide sobre elementares, circunstâncias e pressupostos
posterior, haverá diminuição de pena sob a condição de não ter fáticos de uma justificante. A falsa percepção impede que
sido praticado o ilícito penal com violência ou grave ameaça o sujeito compreenda a natureza criminosa do fato. Ele se
subdivide em:

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


à pessoa, enquanto que no arrependimento eficaz não existe
tal restrição. Por fim, no arrependimento posterior, há uma a) Erro invencível, inevitável, escusável ou inculpável:
aquele que não poderia ser evitado por normal exigência, ou
redução obrigatória de pena, enquanto que no arrependi‐
seja, qualquer pessoa naquela situação incidiria no mesmo
mento eficaz, o agente só responde pelos atos já praticados.
erro. Ele exclui o dolo e a culpa e o agente não responde
Não se pode também confundir os efeitos produzidos por crime algum. Exemplo: matar um homem, numa caçada
pelo arrependimento posterior com os benefícios da repa‐ a animais, em local escuro, pensando tratar-se de um ani‐
ração dos danos previstos na Lei nº 9.099/1995, que trata mal feroz, desde que fique comprovado que o erro jamais
dos juizados especiais criminais. Neste, não importa se o poderia ser evitado.
crime foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, b) Erro vencível, evitável ou inescusável: aquele que po‐
pois, havendo a reparação dos danos, haverá extinção da deria ser evitado, ou seja, uma outra pessoa, naquela situação,
punibilidade (art. 107, V, CP), enquanto que no arrependi‐ não incidiria no mesmo erro. Exclui o dolo, mas não a culpa,
mento posterior, além de o crime não poder ser praticado respondendo o agente culposamente pelo crime, se previsto
com violência ou grave ameaça à pessoa, não haverá ex‐ em lei como ilícito penal. Devem-se verificar, portanto, as mo‐
tinção da punibilidade, apenas causa de redução de pena. dalidades de negligência e imprudência, por tratar-se de crime
Por fim, a causa de extinção da punibilidade prevista na Lei culposo. Exemplo: na mesma situação hipotética descrita no
nº 9.099/1995, aplica-se aos crimes de ação penal privada item anterior, contudo, seria o caso de o erro poder ser evitado,
ou de ação penal pública condicionada à representação, já que houve imprudência por parte do agente.
exigência esta não relacionada ao arrependimento posterior.
Segundo Fernando Capez, o Arrependimento Posterior Acidental
é instituto que concede uma premiação àquele que ainda O erro acidental ou secundário refere-se a circunstâncias
em tempo se arrepende da conduta típica praticada. Tem situadas à margem da descrição do crime. Incide sobre da‐
por Natureza jurídica uma causa de diminuição de pena. dos secundários do tipo penal, não impedindo que o sujeito
Estende-se aos coautores e partícipes. compreenda o caráter ilícito da conduta.

119
a) Erro sobre o objeto (error in objecto): é o objeto É isento de pena quem, por erro plenamente justi‐
material de um crime. Não exclui a tipicidade nem a pena. ficado pelas circunstâncias, supõe situação de fato
O  agente imagina que sua conduta esteja recaindo sobre que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
determinada coisa, mas, na verdade, está recaindo sobre isenção de pena quando o erro deriva culpa e o fato
outra. Exemplo: furtar açúcar pensando ser sal, ou furtar é punível como crime culposo.
uma lata de verniz pensando tratar-se de tinta, fato que não
altera a figura típica do furto. Na descriminante putativa por erro de tipo ou erro de
b) Erro sobre a pessoa (error in persona): é o erro na tipo permissivo, não há uma perfeita noção da realidade.
representação mental do agente. Não exclui a tipicidade O  agente imagina situação de fato totalmente divorciada
nem a pena. O agente atinge pessoa diversa, pensando estar da realidade na qual está configurada a hipótese em que ele
pode agir acobertado por uma causa de exclusão de ilicitude.
atingindo aquela por ele pretendida. Irá responder levando‐
Ex.: A está em sua residência, à noite, quando um parente
-se em consideração todas as qualidades da pessoa contra
seu, brincalhão, surge a sua frente disfarçado de assaltante.
quem o agente queria efetivamente atingir. Ex.: matar B, Imaginando uma situação de fato, na qual se apresenta uma
pensando tratar-se de A, fato que não altera a figura típica agressão iminente, o agente dispara, pensando estar agindo
do homicídio. Com isso, se o agente desejava matar um velho em legítima defesa. Consequência: se inevitável exclui o dolo
e vem a atingir pessoa diversa sem essa condição, ser-lhe-á e a culpa, e o agente não responde por crime algum. Se evi‐
agravada a pena. tável, excluirá o dolo, mas o agente responderá pelo crime
c) Erro na execução (aberratio ictus): o agente não se a título de culpa, se prevista tal modalidade como crime.
confunde quanto à pessoa que pretende atingir, mas realiza No delito putativo (ou imaginário), o agente acredita que
o crime de forma desastrada. Não exclui a tipicidade do está cometendo um crime, quando, na verdade, sua conduta
fato. O agente atinge pessoa diversa da pretendida por erro é um irrelevante penal. Se o delito é putativo por erro de tipo,
de pontaria. Se o resultado for único (unidade simples), o crime é impossível, em face da absoluta impropriedade do
ou seja, o agente só atinge terceiro inocente, ao invés de objeto, como no caso daquele que atira numa pessoa para
atingir a vítima pretendida, responde pelo mesmo modo matá-la, sem saber que ela já estava morta.
que no erro sobre a pessoa, contudo, se o resultado for
duplo (unidade complexa), ou seja, o agente atinge tanto a Erro de Proibição
pessoa visada quanto a um terceiro inocente, aplicar-se-á a
pena do concurso formal, impondo-se a pena do crime mais Nessa modalidade, o agente não se engana sobre o fato
grave, aumentando-se de 1/6 até a metade. Se houver dolo que pratica, mas pensa erroneamente que o mesmo é lícito.
eventual em relação ao terceiro inocente, aplica-se a regra Aqui, não se desconhece a lei, ao contrário, o agente acha que
do concurso formal impróprio ou imperfeito, onde as penas a conhece, mas o faz erroneamente. É a interpretação leiga
da lei. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta
serão somadas.
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de 1/6 a 1/3. Tal erro
d) Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis): não exclui o dolo nem o crime, pode excluir a culpabilidade
pune-se o agente a título de culpa pelo resultado diverso do e, em consequência, a pena. Exemplo: A subtrai algo de B,
pretendido. O agente atinge espécie de crime diferente da seu devedor, a título de cobrança forçada, pensando ser tal
que pretendia. Exemplificaria a conduta do agente que des‐ atitude lícita.
fere uma pedrada em um veículo tentando danificá-lo, mas, O erro de proibição, como regra, é excludente da cul‐
acaba por atingir uma pessoa, ao invés de danificar o veículo. pabilidade. Ele pode se contrapor a um dos elementos da
As mesmas consequências previstas para o erro na execução, culpabilidade, a saber, a potencial consciência da ilicitude,
quanto ao resultado simples ou duplo, são aplicadas. Aqui, que se refere à possibilidade de que tem o agente de co‐
o erro leva à lesão de um bem ou interesse diverso daquele nhecer o caráter injusto do fato. Ele também é chamado de
que o agente procurava atingir. Pelo resultado não desejado erro sobre a ilicitude do fato. O agente age supondo que sua
o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime conduta está de acordo com a lei. O desconhecimento da lei
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

culposo. Se ocorrer também o resultado pretendido, aplica‐ é inescusável, não se pode alegar a ignorância da lei dizendo
-se a regra do concurso formal. que não a conhece.
e) erro sobre o nexo causal (aberratio causae): dá-se Aqui, o agente acha que conhece a lei, mas o faz erro‐
quando o agente, imaginando já ter consumado um crime, neamente.
realiza nova conduta, acreditando tratar-se, tão somente, de As consequências são:
um mero exaurimento e, com esta atitude, é que, de fato, faz a) inevitável: isenta de pena o autor;
consumar o crime. Esse erro pode ser também chamado de b) evitável: poderá a pena ser reduzida de 1/6 a 1/3.
dolo geral ou erro sucessivo. Não há exclusão do crime se o Exemplo: contrair novas núpcias sem estar divorciado, mas
resultado desejado vier a ocorrer por uma outra coisa, dire‐ apenas separado judicialmente.
tamente relacionada com a ação desenvolvida pelo agente.
Descriminantes Putativas por Erro de Proibição
Luiz Flávio Gomes exemplifica a modalidade com a conduta
do agente que, depois de estrangular a vítima, crendo que Erro de proibição indireto ou descriminante putativa por
ela está morta, enforca-a para simular um suicídio; todavia, erro de proibição – o erro incide sobre os limites normativos
fica comprovado que a vítima na verdade morreu em razão de uma excludente ou sobre a existência da justificante não
do enforcamento. Consequência: o agente irá responder por reconhecida em lei. Aqui, diferentemente da descriminante
um só homicídio doloso consumado. putativa por erro de tipo, há uma perfeita noção da realidade.
Ex.: um senhor de idade é esbofeteado por um jovem e supõe
Descriminantes Putativas por Erro de Tipo poder matá-lo em legítima defesa. Imagina, por erro, a exis‐
tência de uma causa de exclusão de ilicitude que, na verdade,
As excludentes do crime são decorrentes de situações não existe. Consequência: as mesmas do erro de proibição.
reais (legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, No delito putativo (ou imaginário), o agente acredita que
exercício regular de direito e estado de necessidade). Con‐ está praticando uma conduta delituosa, quando, de fato, não
forme o CP: está. Se o delito é putativo por erro de proibição, não há

120
crime, haja vista que a conduta do agente é perfeitamente Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
normal, embora para ele seja ilícita. É o caso, por exemplo, resultado não teria ocorrido.
do pugilista que nocauteia seu opositor, vindo este a experi‐
mentar lesões graves. Para o nocauteador, ele praticou crime, Superveniência de causa independente
quando, na verdade, não o fez. §  1º A superveniência de causa relativamente in‐
dependente exclui a imputação quando, por si só,
Coação Moral Irresistível e Obediência Hierárquica produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
imputam-se a quem os praticou.
A coação irresistível trata-se de coação moral, pois a coa‐ Relevância da omissão
ção física é excludente da conduta e, portanto, da tipicidade §  2º A omissão é penalmente relevante quando o
do fato, já que o indivíduo, por si só, não agiria. Nessa coação omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
geralmente figuram três pessoas, vez que é constituída por O dever de agir incumbe a quem:
ameaça feita ao agente, dirigida a um bem jurídico seu ou de a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
terceiro. Essas pessoas são o coator (quem dirige a ameaça), vigilância;
o coacto (ou coagido, que sofre a ameaça) e a vítima (que b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
suporta a ação criminosa). Permite-se que a própria vítima impedir o resultado;
aja como coatora (quando a própria vítima ameaça o agente, c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
obrigando-o a matá-la). Essa coação deve ser irresistível, ou ocorrência do resultado.
seja, não se poderia exigir do agente que, naquelas circuns‐
tâncias, agisse de forma diversa. Se a coação for resistível o Art. 14. Diz-se o crime:
agente responde, mas pode ter sua pena atenuada. A coação Crime consumado
moral irresistível é uma hipótese de autoria mediata, em I  – consumado, quando nele se reúnem todos os
que o autor da coação detém o domínio do fato e comete elementos de sua definição legal; 
o fato punível por meio de outra pessoa. A título de exem‐
plo: Joaquim, mediante um soco desferido contra o rosto Tentativa
da frágil Maria, obrigou-a a assinar um cheque no valor II – tentado, quando, iniciada a execução, não se con‐
suma por circunstâncias alheias à vontade do agente;
de R$ 5.000,00, utilizando-o para saldar uma dívida em
um comércio, sabendo que não existia tal importância no Pena de tentativa
banco. O cheque foi depositado e devolvido. Assim, Maria Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune‐
não praticou crime, pois estava sob coação moral irresistí- -se a tentativa com a pena correspondente ao crime
vel. Já na obediência hierárquica, como o próprio nome diz, consumado, diminuída de um a dois terços.
deve haver uma relação de hierarquia calcada em normas de
Direito Público, vez que não há que se falar em obediência Desistência voluntária e arrependimento eficaz
hierárquica quando se tratar de natureza religiosa, familiar, Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de
associativa etc. A ordem proferida aqui deve ser ilegal, pois, prosseguir na execução ou impede que o resultado
se fosse lícita, tratar-se-ia de estrito cumprimento de dever se produza, só responde pelos atos já praticados.
legal, que é causa excludente da antijuridicidade, porém tal
ilicitude não pode ser explícita, pois se for clara a ilegalidade Arrependimento posterior
da ordem, o subordinado pode e deve se negar a cumpri‐ Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave
-la. Caso o agente tema por reprimenda, e cumpra a ordem ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
mesmo sabendo de sua ilicitude, agiria sob coação moral, coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa,
e não por obediência hierárquica. Porém, caso ele pratique por ato voluntário do agente, a pena será reduzida
o fato acreditando na legalidade da ordem, incidiria em de um a dois terços.
erro de proibição. É necessária a dúvida sobre a legalidade,
não podendo o subordinado recusar-se a cumpri-la, porém, Crime impossível

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


quando do cumprimento, o  agente não pode ultrapassar Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficá‐
os limites da ordem proferida, caso contrário, responderá cia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade
o agente pelo excesso. A  obediência hierárquica é causa do objeto, é impossível consumar-se o crime.
excludente de culpabilidade. Somente será punido o autor Art. 18. Diz-se o crime:
da ordem, devendo ser a ordem não manifestamente ilegal
e desde que haja subordinação hierárquica. Crime doloso
Tanto a coação moral irresistível quanto a obediência I  – doloso, quando o agente quis o resultado ou
hierárquica são causas de exclusão da culpabilidade. Elas se assumiu o risco de produzi-lo;
contrapõem a um dos elementos da culpabilidade, a saber,
Crime culposo
a exigibilidade de conduta diversa. Se o fato é cometido sob II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado
coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não por imprudência, negligência ou imperícia;
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, nin‐
o autor da coação ou da ordem. guém pode ser punido por fato previsto como crime,
Assim, na coação moral irresistível, só responde pelo senão quando o pratica dolosamente.
crime o coator, o coato não. Na obediência hierárquica, só
responde pelo crime o superior hierárquico (na qualidade de Agravação pelo resultado
autor mediato) que deu a ordem não manifestamente ilegal Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a
(ordem aparentemente legal). pena, só responde o agente que o houver causado
ao menos culposamente.
Artigos Pertinentes
Erro sobre elementos do tipo
Relação de causalidade Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. por crime culposo, se previsto em lei.

121
Descriminantes putativas consentimento do paciente ou de seu representante legal,
§ 1º É isento de pena quem, por erro plenamente se justificada por iminente perigo de morte, ou na coação
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de exercida para impedir suicídio). Existem ainda outras causas
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não que, embora não constem no rol do art. 23, nem estejam
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e expressamente previstas na lei penal, constituem causas
o fato é punível como crime culposo. justificantes, também chamadas de causas supralegais de
exclusão de ilicitude, tal como o consentimento do ofendido.
Erro determinado por terceiro
§ 2º Responde pelo crime o terceiro que determina Estado de Necessidade
o erro.
Conforme preceitua o art. 24 do CP,
Erro sobre a pessoa
§ 3º O erro quanto à pessoa contra a qual o crime considera-se em estado de necessidade quem pratica
é praticado não isenta de pena. Não se consideram, o fato para salvar-se de perigo atual, que não pro‐
neste caso, as  condições ou qualidades da vítima, vocou por sua vontade, nem podia de outro modo
senão as da pessoa contra quem o agente queria evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
praticar o crime. circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Erro sobre a ilicitude do fato Está amparado pela referida excludente, por exemplo,
Art.  21. O  desconhecimento da lei é inescusável. aquele que se encontra na iminência de ser atacado por um
O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta bravo cão e vem a matá-lo.
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto Ressalte-se que existem profissões que, por sua própria
a um terço. natureza, possuem riscos que são previamente assumidos
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o pelas pessoas que as ocupam, tais como: polícia, segurança,
agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude salva-vidas etc. Tais profissionais, geralmente, não podem
do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, alegar a excludente do estado de necessidade, é o que se
ter ou atingir essa consciência. aduz do art. 24, § 1º que diz: “não pode alegar estado de
necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo”.
Coação irresistível e obediência hierárquica
Contudo, essa regra não é absoluta, já que não é razoável
Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou
em estrita obediência a ordem, não manifestamente exigir que o agente se comporte de maneira heroica, agindo
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor em situações que coloquem suas vidas ou integridade em
da coação ou da ordem. risco acima do normal para a atividade que executam.
Conforme ensina NUCCI, o dever legal é o resultante de
lei, considerada esta em seu sentido lato. Entretanto, deve‐
EXCLUDENTES DE ANTIJURIDICIDADE -se ampliar o sentido da expressão para também abranger o
dever jurídico, aquele que advém de outras relações previstas
Causas de Exclusão da Antijuridicidade – Ilicitude no ordenamento jurídico, como o contrato de trabalho ou
ou Crime (Arts. 23 a 25) mesmo a promessa feita pelo garantidor de uma situação
qualquer. Assim, de fato, a abnegação em face do perigo só
Ilicitude é a contrariedade entre a conduta e o ordena‐ é exigível quando corresponde a um especial dever jurídico.
mento jurídico em que a conduta típica também se torna Por isso, tem o dever de enfrentar o perigo tanto o policial
ilícita. Em regra, o fato típico também é ilícito, exceto quando (dever advindo de lei), quanto o segurança particular con‐
ocorrer alguma causa que lhe retire a ilicitude. Essas causas tratado para a proteção do seu empregador (dever jurídico
podem estar previstas em lei, sendo chamadas de legais, advindo do contrato de trabalho), mas, nas duas situações,
ou, podem decorrer de aplicações analógicas ante a falta não se exige dos referidos agentes atos de heroísmo ou ab‐
de previsão legal, sendo chamadas de supralegais. As causas
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

dicação de direitos fundamentais, a pretexto de sacrificarem


legais de exclusão de ilicitude estão previstas no art. 23 do suas próprias vidas em detrimento de outrem.
CP, a saber: estado de necessidade, legítima defesa, estrito Há duas teorias que definem o estado de necessidade: a
cumprimento de dever legal e exercício regular de direito. Unitária, que defende que o estado de necessidade é sem‐
A antijuridicidade consiste na falta de autorização da ação pre causa de exclusão de ilicitude; e a Diferenciadora, que
típica. As causas de exclusão da antijuricidade reconhecem‐ defende que só haverá a excludente de ilicitude, se o bem
-se em regra pela expressão “não há crime”. O excesso no
sacrificado for de valoração inferior ao salvo, haja vista que
exercício da justificativa pode ser punido a título de dolo
se for de igual valor, só haverá exclusão da culpabilidade e
ou de culpa.
Conforme Rogério Greco, as  causas de exclusão de não da ilicitude. O Código Penal adotou a teoria unitária, que
ilicitude são também denominadas causas de exclusão da tem como natureza jurídica ser o estado de necessidade que
antijuridicidade, justificativas ou descriminantes. São elas sempre causa excludente de ilicitude, ou seja, o estado de ne‐
condições especiais em que o agente atua que impedem que cessidade é sempre justificante e não meramente exculpante.
elas venham a ser antijurídicas. O art. 23, CP, prevê quatro São requisitos para que haja a referida excludente:
formas de exclusão de ilicitude: “o estado de necessidade, • que o perigo ao qual esteja submetido o agente deva
a legítima defesa, o estrito cumprimento de dever legal e o ser atual. Embora a lei fale somente no perigo atual,
exercício regular de direito”. Contudo, esse rol não é taxativo, a doutrina admite o perigo iminente;
existindo causas de exclusão da ilicitude também na parte • que o perigo não tenha sido provocado pela vontade
especial do Código Penal, como no art. 128 (o aborto provo‐ do agente (dolosamente);
cado por médico, quando não há outro meio de salvar a vida • que não haja como evitar de outro modo (inevitabilida‐
da gestante e aquele em que a gravidez foi decorrente de de da lesão ao perigo de outrem). Em outras palavras,
estupro e o aborto foi precedido de consentimento da ges‐ só se admite o sacrifício do bem, quando não há uma
tante, ou, quando incapaz, de seu representante legal) e no outra forma de se evitar;
art. 146, § 3º (em que não constitui o constrangimento ilegal • que o perigo deva ameaçar direito próprio ou alheio.
as seguintes condutas: intervenção médica ou cirúrgica, sem O direito aqui mencionado se refere a qualquer bem

122
jurídico como a vida, a integridade física, o patrimônio culposo, que é punível. Meios moderados são aqueles
etc., contudo tal bem deve estar protegido pelo ordena‐ dentro do limite razoável para conter as agressões.
mento jurídico. Conforme exemplifica Capez, o conde‐ Ele deve escolher dentre os meios colocados a sua
nado a morte não poderia alegar estado de necessidade disposição aquele necessário, tão somente, capaz de
contra o carrasco no momento da execução; conter a agressão. Ocorrendo imoderação, o agente
• que não se exija sacrifício por parte do agente em responderá pelo excesso;
decorrência da situação (razoabilidade do sacrifício); • que a agressão seja humana e injusta (observe que ani‐
aqui, o CP não estipula que o bem sacrificado deva ser mal não agride, ataca. Sendo assim, contra animal não
de menor valor que o bem protegido, todavia, quando configura legítima defesa, mas pode configurar estado
houver desproporção nessa relação, ou seja, falta de de necessidade). Em outras palavras, contra animais
razoabilidade, o agente responderá pelo crime com di‐ ou coisas caracteriza-se estado de necessidade e não
minuição de pena de 1/3 a 2/3. A falta de razoabilidade de legítima defesa. Pode haver legítima defesa contra
não exclui a ilicitude, já que se trata de uma faculdade animais, se estes forem usados por um ser humano
do juiz e não de um direito do réu; como uma arma, ou seja, caso sejam atiçados pelo ser
• que haja por parte do agente conhecimento da situa‐ humano para que venham a atacar alguém, do contrá‐
ção justificante. Na verdade, refere-se a um elemento rio, tal excludente não estará caracterizada. No que se
subjetivo do estado de necessidade, haja vista que refere à agressão injusta, ela nada mais é do que aquela
mesmo tendo sido reconhecidos todos os requisitos contrária ao ordenamento jurídico, portanto, ilícita;
da referida excludente, o seu desconhecimento pelo • que a agressão seja atual ou iminente. Sendo passada
agente não lhe dá o direito de alegar o estado de ne‐ ou futura, não haverá legítima defesa;
cessidade, já que a sua vontade talvez não fosse a de • que a agressão seja invocada na defesa de direito pró‐
salvar alguém, mas a de causar um crime que não deu prio ou alheio. Todo e qualquer direito é abrangido pela
certo. justificativa, não se distinguindo entre bens pessoais
ou patrimoniais, pertencentes ao próprio defendente
Formas de estado de necessidade: ou a terceiro. A reação deve ser moderada e os meios
a) próprio (defende direito próprio) ou de terceiros realmente necessários;
(defende direito de terceiros); • que o agente tenha conhecimento da situação justifi‐
b) agressivo (o agente se volta contra bem de terceiros) cante – o agente deve conhecer que está agindo em
ou defensivo (o agente se volta contra bem do agressor); tal situação.
c) real (a situação de perigo é real) ou putativo (a situa­
ção de perigo é irreal). Sendo putativo, não há a extinção A título de exemplo: O policial militar Efigênio estava efe-
da antijuridicidade, apenas da culpabilidade e, por conse­ tuando uma ronda, quando se deparou com dois elementos
quência, da pena. que se agrediam, um deles já bastante ferido. Solicitou que
parassem de brigar, mas eles não o atenderam. Apesar do
Segundo Capez, o  Estado de Necessidade possui os PM portar um bastão, que seria suficiente para contê-los, efe-
seguintes requisitos: tuou um disparo com sua arma de fogo para o ar, haja vista
• Perigo atual: é aquele que está ocorrendo no exato o local não ser habitado. Entretanto, o agressor que estava
momento. em vantagem não se intimidou e partiu em sua direção para
• Perigo deve ameaçar direito próprio ou de terceiro. agredi-lo, ocasião em que Efigênio efetuou um disparo contra
• Perigo não causado voluntariamente pelo agente  – o agressor, causando-lhe lesões, que o levaram a permanecer
durante trinta e cinco dias em coma. Pode-se, então, afirmar
dolosamente.
que o policial militar Efigênio não praticou crime, pois obrou
• Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo.­­
nos estritos limites da legítima defesa.
• Inevitabilidade da lesão ao perigo de outrem.
Obs.: não existe legítima defesa recíproca, nem contra
• Razoabilidade do sacrifício: o CP não estipula que o

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


agressão futura, nem contra aquela que já cessou.
bem sacrificado deva ser de menor valor que o bem
protegido, todavia quando houver desproporção nes‐
Obs.: quanto aos quesitos desafio e provocação, deve-se
ta relação, ou seja, falta de razoabilidade, o  agente ter em mente:
responderá pelo crime com diminuição de 1/3 a 2/3. a) desafio: quem aceita desafio para uma luta, não pode
A falta de razoabilidade não exclui a ilicitude. alegar legítima defesa, porque o duelo não é aceito pela lei
• Conhecimento da situação justificante. brasileira;
b) provocação: só pode alegar legítima defesa aquele
Legítima Defesa que foi provocado.
O instituto da legítima defesa tem por fundamento per‐ Formas de legítima defesa:
mitir que uma pessoa se defenda de uma agressão atual ou a) Legítima defesa putativa: é a errônea suposição da
iminente, quando não houver outro meio, haja vista que o existência de uma legítima defesa por erro de tipo ou de
Estado não teria, naquelas circunstâncias, como oferecer ao proibição ou hipótese de legítima defesa não prevista no
agredido a devida proteção, já que não há presença estatal ordenamento jurídico. Ocorre quando há erro, blefe. Não há
em todos os lugares e momentos. Outrossim, deve-se en‐ a extinção da antijuridicidade, mas da culpabilidade.
tender como natureza jurídica da legítima que ela é sempre b) Legítima defesa sucessiva: conforme ensina Greco,
causa de exclusão da ilicitude. ocorre quando se repele o excesso na legítima defesa.
São requisitos da referida excludente: A  agressão praticada pelo agente, embora inicialmente
• que os meios utilizados na repulsa sejam moderados legítima, transforma-se em agressão injusta quando incidiu
e necessários (meios necessários são aqueles menos no excesso. Nessa hipótese, o revide caracteriza a legítima
lesivos colocados à disposição do agente no momento defesa sucessiva. Em outras palavras, é a repulsa contra o
que ele sofre lesão, para fazê-la cessar). A utilização do excesso, pois quem pratica a agressão não pode alegar a
meio desnecessário caracteriza o excesso doloso ou legítima defesa em seu favor, somente em relação ao excesso.

123
c) Legítima defesa subjetiva: o agente está inicialmente Quando se fala em estrito cumprimento do dever legal,
em uma situação de legítima defesa, todavia não percebe deve-se ter em mente que o agente aqui deve agir em nome
que a agressão cessou e continua a se defender, imaginando da lei e não da ética, moral ou religião. Apesar de praticar
ainda estar sofrendo agressões, transformando-se em um uma conduta típica, quem age em estrito cumprimento de
ataque. É o erro de tipo permissivo. um dever que lhe é imposto pela lei não pratica crime, mas
poderá vir a responder pelos excessos que vier a cometer.
Outro ponto relevante é que não existe legítima defesa Não pode ser invocado nos delitos praticados na modalida‐
da honra conjugal na conduta do cônjuge traído agredir o de culposa. Quando se fala em dever legal, fala-se naquele
cônjuge traidor ou o(a) amante deste(a), ou ambos, pois decorrente de lei, decreto, entre outros. A estrita obediência
a honra que foi atingida não é a do cônjuge traído, mas a se refere aos limites impostos pelo próprio dever, já que se
daquele que traiu, podendo ser reconhecido em favor do houver excesso, haverá punição para o autor, ou seja, o ex‐
primeiro apenas a atenuante da violenta emoção ou do re‐ cesso após a prática da conduta será caracterizado como
levante valor moral. Os direitos passíveis de lesão ou ameaça doloso ou culposo, que também é punível. Sendo assim,
são protegidos pela legislação penal brasileira, não fazendo pode-se exemplificar a referida excludente pela conduta
o Código Penal distinção expressa entre os direitos passíveis de um policial, que no estrito cumprimento do dever legal,
de proteção pelo instituto da legítima defesa, além do que provoca lesões no indivíduo que, logo após receber voz
o CP admite a legítima defesa da honra, mas não a da honra de prisão, continua sua ação fugitiva. Poder-se-ia figurar
conjugal, neste sentido. É possível como na repulsa a calú‐ também, como exemplo, a conduta do policial que efetua
nia, a injúria e a difamação, por exemplo. Mas, em relação legalmente uma prisão em flagrante.
à honra conjugal, não se fala na referida excludente. Senão,
vejamos: é entendimento doutrinário e social, por consequ‐ Exercício Regular de Direito
ência segue as decisões dos Tribunais: “Não age em legítima
defesa da honra quem, em razão de traição por adultério, Caracteriza-se pela utilização de um direito ou faculdade
mata o respectivo amante [...]”. (TJ-SC  – ACr 01.000885- que pode decorrer da lei, de um fim social ou dos costumes,
3 – 1ª C.Crim. – Rel. Des. Solon Deça Neves – J. 12/6/2001). dando ao agente a permissão para que pratique condutas
“Hodiernamente, afigura-se inconcebível a tese da legítima dentro dos limites estabelecidos e com finalidades diversas.
defesa da honra, eis que não se pode admitir que a honra, Quem não atender às regras impostas por normas regula‐
bem em tese juridicamente protegido pela excludente de mentares deve ser punido.
ilicitude, possa se sobrepujar à vida, bem supremo do ser O exercício regular de direito é a prática de um fato
humano”. (TJ-MG – ACr 000.270.179-5/00 – 2ª C.Crim. – Rel. típico pelo agente autorizado por um direito, entendido
Des. Reynaldo Ximenes Carneiro – J. 9/5/2002). em sentido amplo, ou seja, abrangendo todas as formas de
direito subjetivo, penal ou extrapenal (CAPEZ). Também, por
Obs.: pode haver coexistência entre estado de necessi‐ qualquer excesso, poderá o agente receber punição, já que
dade e legítima defesa. Um bom exemplo seria aquele em faz desaparecer a excludente. São exemplos de exercício
que “A”, para se defender legitimamente de “B”, pega a arma regular de direito: corretivo aplicado pelos pais aos filhos;
de “C” sem a sua autorização. (CAPEZ) lesões provocadas no adversário durante uma luta de boxe,
desde que as regras sejam obedecidas; incisão realizada
Segundo Fernando Capez, a  legítima defesa possui os por médico.
seguintes requisitos: Questiona-se, ainda, se é possível haver estupro entre
• Agressão atual ou iminente: a agressão deve estar marido e mulher, ou se há amparo pelo exercício regular
acontecendo ou prestes a acontecer. de direito. Ora, embora a conjunção carnal seja débito con‐
• Agressão injusta: é a contrária ao ordenamento jurídico. jugal, não justifica o ato de se constranger a companheira,
• Direito próprio ou de terceiro. obrigando-a ao ato sexual, pois não há se falar em exercício
• Repulsa com meios necessários: são os meios menos regular de direito, mas de uma irregularidade desse exercício,
lesivos colocados à disposição do agente no momento o que tipifica a conduta criminosa. Reforçando a possibili‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

em que ele sofre a lesão, para fazê-la cessar. A utili‐ dade de crime sexual entre cônjuges, a Lei nº 11.106/2005,
zação do meio desnecessário caracteriza o excesso em seu art.  226, II, prevê que se o agente é ascendente,
doloso, culposo. padrasto, madrasta, irmão, cônjuge, companheiro, tutor ou
• Uso moderado de tais meios: é o emprego do meio curador, preceptor ou empregador da vítima ou se assumiu,
necessário dentro do limite razoável para conter as por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou
agressões. Ocorrendo imoderação, responderá pelo vigilância, a  pena será majorada de metade, bem como
excesso. a Lei nº  11.340/2006, em seu art.  7º, III, etiquetou esse
• Conhecimento da situação justificante: o agente deve comportamento como violência doméstica e familiar conta
conhecer que está agindo em tal situação. a mulher (CUNHA).
Quanto aos ofendículos (ofensáculos), que são os apa‐
Estrito Cumprimento do Dever Legal ratos para defesa de uma propriedade (como cacos de vidro
ou cercas elétricas sobre muros, ponta de lança em portão,
É a prática de um fato típico por força do cumprimento animais etc.), por exemplo, a doutrina não é unânime. Há
de um dever legal. Estrito cumprimento refere-se à prática quem defenda que se trata de exercício regular de direito
da conduta típica dentro dos limites de seu dever legal. Aqui no momento de sua instalação e não de seu funcionamento,
também o agente deve ter conhecimento da justificante. A que é sempre futuro; há outros que defendem tratar-se de
título de exemplo: O oficial de justiça que, acompanhando legítima defesa preordenada já que ele é colocado em uma
o cumprimento de uma ordem judicial de busca e apreen- propriedade para funcionar no momento em que esse local
são pela polícia, diante da recusa do morador em facultar é invadido contra a vontade do morador, portanto serve
a entrada na residência, determina o arrombamento da como defesa necessária contra injusta agressão. Há uma
porta pelos agentes policiais, atua em estrito cumprimento terceira corrente que defende ser exercício regular de direito
do dever legal. O excesso, no início da conduta, chama-se enquanto ali predispostos e que sejam facilmente perceptí‐
excesso na causa e não há excludente de ilicitude, e sim, veis, contudo, a partir do momento em que tal aparato entra
abuso de autoridade ou outro delito. em ação para defender a propriedade de alguém, passa a

124
existir a legítima defesa preordenada. Sendo uma ou outra, Esquematicamente, tem-se como causas excludentes da
trata-se de excludente de ilicitude, portanto, qualquer ex‐ antijuridicidade:
cesso, seja ele doloso ou culposo, fará com que o instalador
do ofendículo venha a responder pelo ilícito causado. Isso
Parte Geral Parte Especial
significa que, no caso de cerca eletrificada, a intenção tem
de ser apenas a de repelir o invasor, logo o ofendículo deve do Código do Código
ser razoável e moderado (obedecendo às normas técnicas), 1. Estado de neces‐ 1. Ofensa irrogada em juízo na
devendo o agente tomar certas precauções na utilização sidade. discussão da causa (art. 142, I, CP).
desses instrumentos, sob pena de responder pelos resultados 2. Legítima defesa. 2. Aborto para salvar a vida da
advindos caso coloque em perigo inocentes. gestante ou quando a gravidez é
Finalmente, assim como as demais excludentes de ilicitu‐ resultante de estupro.
de, o agente deve ter conhecimento da situação justificante. 3. Estrito cumprimen­ 3. Violação de domicílio quando um
to de dever legal. crime é praticado, ou para prestar so‐
Consentimento do Ofendido corro ou por ordem judicial (art. 150,
§ 3º, II, CP c/c art. 5º da CF).
Embora não esteja expressamente previsto na legislação 4. Exercício regular 4. Coação visando a impedir a práti‐
penal como causa excludente de ilicitude, trata-se, na ver‐ de direito. ca de suicídio.
dade, de uma causa supralegal de excludente da antijuridi‐
cidade. Contudo, sendo reconhecida a referida excludente Observe que a parte geral do CP traz as causas legais de
apenas para bens disponíveis (patrimoniais), nunca para bens exclusão de ilicitude (ou antijuridicidade). Já na parte especial
indisponíveis (vida, integridade física), já que se esta fosse do mesmo ordenamento jurídico, veem-se algumas causas
reconhecida pelo ordenamento jurídico brasileiro, admitir‐ supralegais de exclusão da ilicitude.
-se-ia a eutanásia.
Ilicitude é a relação de contrariedade que se estabelece Artigos Pertinentes
entre o fato típico e o ordenamento jurídico. Existem previ‐
sões de excludentes de ilicitude (ou tipos permissivos) ex‐ Exclusão de ilicitude
pressos na parte especial do Código Penal. São eles: o aborto Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
para salvar a vida da gestante ou quando a gravidez resulta de I – em estado de necessidade;
estupro (art. 128, I e II, CP); a injúria e a difamação, quando a II – em legítima defesa;
ofensa é irrogada em juízo na discussão da causa, na opinião III – em estrito cumprimento de dever legal ou no
desfavorável da crítica artística, literária ou científica e no exercício regular de direito.
conceito emitido por funcionário público em informação
prestada no desempenho de suas funções (art. 142, I, II e III,
Excesso punível
CP); o constrangimento ilegal se é feita à intervenção médica
ou cirúrgica sem o consentimento do paciente, ou de seu Parágrafo único. O  agente, em qualquer das hipó‐
representante legal, se justificada por iminente perigo de teses deste artigo, responderá pelo excesso doloso
vida, e na coação exercida para impedir suicídio (art. 146, ou culposo.
§ 3º, I e II, CP); e na violação de domicílio, quando um crime
está sendo ali cometido (art. 150, § 3º, II, CP). Estado de necessidade
Em síntese, conforme ensina Vinícius Paulo Mesquita, Art.  24. Considera-se em estado de necessidade
o  consentimento do ofendido funciona como uma causa quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
legal de exclusão da tipicidade e como causa supralegal de não provocou por sua vontade, nem podia de outro
exclusão da ilicitude. Porém, para que possamos falar em modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
consentimento do ofendido deve ser o aquiescente penal‐ nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
mente capaz e o bem jurídico em questão deve estar no rol § 1º Não pode alegar estado de necessidade quem

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


dos bens disponíveis. tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
Para que o consentimento do ofendido possa ser consi‐ §  2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do
derado como excludente, é necessário, segundo Francisco direito ameaçado, a  pena poderá ser reduzida de
de Assis Toledo: um a dois terços.
• que o ofendido tenha manifestado a sua aquiescência
livremente, sem coação, fraude ou vício da vontade; Legítima defesa
• que o ofendido, no momento da aquiescência, esteja Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usan‐
em condições de compreender o significado e as con‐ do moderadamente dos meios necessários, repele
sequências de sua decisão, possuindo, pois, capacidade injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou
para tanto; de outrem.
• que o bem jurídico lesado e exposto se situe na esfera
da disponibilidade do aquiescente;
• que o fato típico realizado se identifique com o que IMPUTABILIDADE PENAL
foi revisto e se constitua em objeto de consentimento
pelo ofendido. A título de exemplo: Geraldino permitiu Imputabilidade Penal (arts. 26 a 28)
seu encarceramento pelo patologista André, para se
submeter a uma experiência científica. Ao terminar o Para a Teoria da Imputabilidade Moral (ou do livre ar‐
período da experiência, Geraldino procurou a delegacia bítrio), o homem é um ser inteligente e livre, que possui a
de polícia da circunscrição de sua residência, alegando capacidade de poder escolher entre o bem e o mal, o certo
que fora vítima de crime, em face do seu encarcera‐ e o errado, podendo, pois, vir a ser responsabilizado pelos
mento. Do relato apresentado, conclui-se que não há atos ilícitos que vier a praticar. Imputável é, pois, aquele
crime, pois o consentimento do ofendido excluiu a que tem aptidão para ser culpável, já que ele sabe o que
ilicitude. faz e age de acordo com esse entendimento. Sendo assim,

125
a imputabilidade penal seria um elemento ou pressuposto Consequência: medida de segurança. Todavia, “se não era
da culpabilidade, haja vista que o agente deve saber que sua inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato” –
conduta pode gerar consequências. será a pena diminuída de 1/3 a 2/3. A aferição da menori‐
Segundo o ordenamento jurídico brasileiro, imputar é dade dá-se pelo sistema exclusivamente biológico (não se
atribuir a alguém a responsabilidade pelos atos praticados. questiona se o agente era ou não capaz de entendimento
O  agente deve ter capacidade de se autodeterminar, ou ou de se autodeterminar);
seja, deve ele agir sabendo que sua conduta pode lhe gerar b) menor de idade – menor de 18 anos. O sistema de
consequências. Se no momento da ação ou omissão que aferição é o biológico (causa gerada em lei). A consequência
tenha dado causa ao resultado lesivo o agente é inteira‐ será a aplicação de medida socioeducativa;
mente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de c) embriaguez completa proveniente de caso fortuito
determinar-se segundo este entendimento, deverá ficar (inesperado, imprevisível) ou força maior (forçado por tercei‐
isento de pena. Contudo, sendo o agente parcialmente capaz, ros), também chamada de embriaguez acidental. Aqui, o sis‐
não haverá exclusão da imputabilidade, mas apenas redução tema de aferição é biopsicológico e tem por consequência a
da pena imposta de um a dois terços. Ao agente inimputá‐ absolvição. Todavia, se incompleta, sendo que o agente não
vel ou semi-imputável, aplica-se medida de segurança e, possuía a plena capacidade de entendimento, a pena será
não necessariamente, pena. Observe que ao inimputável reduzida de 1/3 a 2/3.
cabe medida de segurança; já, ao semi-imputável, ou seja, Obs.: inclui-se como causa de exclusão da imputabilidade
aquele que teve parte de sua capacidade de entendimento a embriaguez patológica.
prejudicada em razão de alguma doença mental ou de um
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, cabe o Não extinguem a imputabilidade:
redutor de pena de um a dois terços, contudo o juiz poderá a) emoção (estado afetivo, violento, repentino ou de
curta duração) ou paixão (crônica e duradoura: amor, ódio,
optar por aplicar a medida de segurança a ele no lugar da
ciúmes). Nesses casos, pode haver a redução da pena;
pena, já que não pode aplicar as duas ao mesmo tempo.
b) embriaguez voluntária ou culposa – Embriaguez não
Sinteticamente, teríamos:
acidental. Voluntária é aquela em que o agente quis se em‐
a) a incapacidade é plena: haverá absolvição (isenção de briagar ou aceitou o risco de se embriagar. Culposa é aquela
pena) e aplicação de medida de segurança ao inimputável; em que o agente se embriagou imprudentemente – excedeu‐
b) a incapacidade é relativa: haverá redução de pena de -se. Em outras palavras, a embriaguez que poderá excluir a
1/3 a 2/3 ou apenas medida de segurança. imputabilidade e, por consequência, isentar o autor de pena
é a embriaguez acidental e não a voluntária ou culposa, já
Faz-se mister frisar que para que os doentes mentais que, se o agente tem a intenção de embriagar-se ou, mesmo
sejam considerados inimputáveis, deverão ter ao tempo que não a tenha, mas podia decidir em fazê-lo ou não, não
da ação ou omissão, incapacidade plena de compreender poderá ter reconhecida a excludente da imputabilidade,
a ilicitude da sua conduta, senão serão responsabilizados tendo em vista que possuía livre-arbítrio naquele momento.
pelo resultado lesivo por eles causados, e tal incapacidade, Há uma outra forma de embriaguez em que o agente
para que seja provada, requer exames específicos (como se embriaga ou se entorpece com o fito de praticar crime,
psicológicos e psiquiátricos). é a chamada actio liberae in causa, ou ação livre quando da
Sistemas ou critério de aferição da inimputabilidade: conduta. Diferentemente da embriaguez voluntária, em que
a) biológico (ou etiológico): segundo essa corrente, toda o agente se embriaga por que assim pretendeu, mas não
anomalia psíquica é causa de inimputabilidade. Não se leva para praticar crime, aqui, ele tem esse propósito. A doutrina
em conta se a perturbação retirou do agente a inteligência denominou tal tipo de embriaguez como preordenada, que,
ou vontade quando do cometimento do fato. Uma vez com‐ além de não reduzir a pena imposta ao autor, irá exasperá‐
provada a anomalia, o agente não pode ser responsabilizado -la. É a agravante genérica prevista no art. 61, II, “l”, do CP).
por sua conduta; Por fim, vale frisar que a inimputabilidade tem o condão
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

b) psicológico: para essa corrente são verificadas so‐ de excluir a culpabilidade.


mente as condições psíquicas do autor no momento do
fato, desconsiderando se naquele instante o agente possuía Artigos Pertinentes
algum distúrbio psíquico, que, uma vez verificado, deve ser
considerado causa de inimputabilidade, não podendo ser Inimputáveis
responsabilizado pelos atos praticados; Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou re‐
c) biopsicológico (ou biopsicológico normativo ou misto):
tardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteira‐
é o produto da combinação entre os dois primeiros. Para essa
mente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
corrente, verifica-se, nesta ordem:
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
• se o agente é doente mental ou possui desenvolvimen‐
to mental incompleto ou retardado; Redução de pena
• se o agente era capaz de entender o caráter ilícito do Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a
fato. dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental
Extinguem a imputabilidade: incompleto ou retardado não era inteiramente capaz
a) doença mental (esquizofrenia, psicopatia, epilepsia de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar‐
etc.) ou desenvolvimento mental incompleto, (índio não -se de acordo com esse entendimento.
civilizado ou não adaptado à sociedade, surdo-mudo que
não tenha capacidade de entendimento) ou retardado Menores de dezoito anos
(imbecil, idiota, oligofrênico ou demente, ou com déficit de Art.  27. Os  menores de 18 (dezoito) anos são pe‐
inteligência). O sistema de aferição é biopsicológico (causa nalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
geradora prevista em lei, causa presente na época do fato). estabelecidas na legislação especial.

126
Emoção e paixão superior, sabendo de sua ilegalidade, ambos responderão
Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal: pela conduta caso não o saiba, somente o superior hierár‐
I – a emoção ou a paixão; quico irá responder pelo ato praticado, ficando afastada a
culpabilidade do agente subordinado.
Embriaguez A culpabilidade, portanto, refere-se a juízo de censura,
II – a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool de reprovabilidade, que se faz sobre a conduta típica e anti‐
ou substância de efeitos análogos. jurídica do agente, podendo-se exigir do agente que ele se
§ 1º É isento de pena o agente que, por embriaguez comporte de maneira diversa em algumas circunstâncias,
completa, proveniente de caso fortuito ou força que, não o fazendo, poderá vir a ser responsabilizado crimi‐
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteira‐ nalmente. Não havendo a culpabilidade, a conduta continua
mente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou típica e antijurídica, mas, por faltar o pressuposto para
de determinar-se de acordo com esse entendimento. aplicação da pena, o agente não poderá ser punido por suas
§ 2º A pena pode ser reduzida de um a dois terços, atitudes. São elementos da culpabilidade a imputabilidade
se o agente, por embriaguez, proveniente de caso (capacidade de se autodeterminar), potencial consciência
fortuito ou força maior, não possuía, ao  tempo da da ilicitude do fato e exigibilidade de conduta diversa. Por
ação ou da omissão, a plena capacidade de entender consequência, são causas que excluem a culpabilidade, den‐
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo tre outras: a) a inimputabilidade: que se apura por doença
com esse entendimento. mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força
CULPABILIDADE maior; b) não potencial consciência da ilicitude do fato:
que é o erro de proibição inevitável; c) inexigibilidade de
A culpabilidade está associada à censurabilidade ou conduta diversa: que se verifica na coação moral irresistível
reprovabilidade. Portanto, se a conduta do agente é re‐ e na obediência hierárquica. Há, ainda, outras causas de
provável, também será culpável, ou seja, a  culpabilidade exclusão da culpabilidade como a legítima defesa putativa.
consiste num juízo de desvalor da conduta. Os  requisitos As definições, outrora apresentadas, no que se refere
da culpabilidade são imputabilidade, potencial consciên- aos elementos normativos da culpabilidade são trazidas
cia da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa, sendo pelo finalismo de Welzel, contudo, em relação a potencial
que imputabilidade se refere a poder se atribuir a alguém consciência sobre a ilicitude do fato, que é um desses ele‐
responsabilidade por seus atos. No momento da ação ou mentos, faz-se mister frisar que o dolo e a culpa migram da
omissão que tenha dado causa ao resultado lesivo, o agen‐ culpabilidade para o fato típico, mais especificamente para a
te deve ser plenamente capaz de entender o caráter ilícito conduta do agente. O dolo passou a ser elemento normativo
do fato ou de determinar-se segundo esse entendimento, na culpabilidade (potencial consciência da ilicitude). Quando
caso contrário, ficará isento de pena. Portanto, a imputabi‐ se fala em potencial consciência da ilicitude, não significa que
lidade tem a ver com a menoridade penal (idade inferior a o agente deva efetivamente saber que sua conduta incorre
18 anos), com a doença mental (como a esquizofrenia) ou em ilícito penal, mas, basta que ele tenha a possibilidade
desenvolvimento mental incompleto (aqui se inclui o índio de, no caso concreto, alcançar esse conhecimento, que de‐
não civilizado e o surdo-mudo que não possui capacidade de verá ser responsabilizado penalmente, caso pratique algum
se autodeterminar) ou retardado (o imbecil, o idiota) e com ilícito. Aqui, procura-se verificar se nas condições em que se
a embriaguez completa proveniente de caso fortuito (algo encontrava o agente tinha ele condições de compreender
inesperado, imprevisível) ou força maior (quando, por exem‐ que o fato que pratica é ilícito. Assim, o erro sobre a ilicitude
plo, forçado por terceiros). Em todos esses casos o agente do fato não é visto no erro de tipo, mas na culpabilidade.
é dito inimputável; por potencial consciência da ilicitude Conforme já visto, para a teoria finalista de Welzel, a cul‐
ou da antijuridicidade deve-se entender como aquela não pabilidade possui três elementos normativos: a imputabili-

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


necessariamente efetiva, bastando que seja potencial, ou dade, que é a possibilidade de se atribuir ou imputar o fato
seja, se o agente, com algum esforço ou cuidado, poderia típico e ilícito ao agente; a potencial consciência da ilicitude,
saber que o fato é ilícito, portanto, verifica-se se ele tinha
que é verificar se nas condições em que se encontrava o
capacidade de se autodeterminar. A potencial consciência
agente tinha ele condições de compreender que o fato que
da ilicitude, portanto, se refere à possibilidade de que tem
praticava era ilícito; e exigibilidade de conduta diversa, que
o agente de conhecer o caráter injusto do fato. Trata-se do
chamado erro de proibição, ou também erro sobre a ilici‐ é a possibilidade que tinha o agente de, no momento da ação
tude do fato, aquele que faz com que o agente não saiba ou omissão, agir de acordo com o Direito, considerando-se a
que pratica um ato ilícito, excluindo assim a consciência da sua particular condição de pessoa humana. Para isso, levam‐
ilicitude de sua ação ou omissão. Se no momento em que -se em consideração as características subjetivas do agente,
realizava a conduta não a sabia proibida, exclui a culpabilida‐ como sua instrução, inteligência, situação econômica etc.
de, desde que inevitável ou escusável. Todavia, se evitável ou (GRECO).
inescusável, terá pena reduzida de 1/6 a 1/3; por fim, tem-se Quanto à coação irresistível e a obediência hierárquica,
a exigibilidade de conduta diversa, a qual se refere ao fato foi visto que ambas se referem a causas de exclusão da culpa‐
de se saber se, naquelas circunstâncias, seria exigível que o bilidade e não da ilicitude, por faltar um dos seus elementos
agente agisse de forma diversa, pois, se, nas circunstâncias, normativos, quer seja, a exigibilidade de conduta diversa.
era impossível ao agente agir de outra forma, não haveria Mas é bom frisar que a coação irresistível, aqui mencionada,
pena para ele. Este item se refere à coação moral irresistí- refere-se somente a coação moral, pois, se a coação for física,
vel e à obediência hierárquica, quer seja, à  obediência a não será causa de exclusão da culpabilidade, como a primeira
ordem não manifestamente ilegal (aquela aparentemente o é, mas será causa de atipicidade da conduta.
legal) de superior hierárquico, tornando viciada a vontade Desta forma, o Código Penal adotou a Teoria Normativa
do subordinado e afastando a exigência de conduta diversa. Limitada. Todavia, verifiquemos a evolução histórica da
Observe que se o subordinado cumpre ordem ilegal de seu culpabilidade.

127
Teoria Psicológica Teoria Psicológica-normativa
1. Sistema causalista. 1. Sistema neokantista.
2. Elementos: imputabilidade, dolo natural (vontade e 2. Elementos: imputabilidade, dolo normativo (vontade,
consciência). consciência, consciência da ilicitude), exigibilidade de
3. Erro de tipo e erro de proibição excluíam a culpabilidade. conduta diversa).
3. Erro de tipo e erro de proibição excluem a culpabilidade.
Teoria Normativa Pura Teoria Normativa Limitada
1. Sistema finalista. 1. Sistema finalista.
2. Elementos: imputabilidade, potencial consciência da ili‐ 2. Elementos: imputabilidade, potencial consciência da ili‐
citude, exigibilidade de conduta diversa. citude, exigibilidade de conduta diversa.
3. Erro de tipo: erra sobre as elementares ou as circunstân‐ 3. Erro de tipo: sobre elementares ou circunstância ou
cias de um tipo penal. Se invencível exclui o dolo e culpa, pressupostos fáticos de uma causa justificante. (descri‐
se vencível exclui a culpa. minante putativa por erro de tipo ou erro de tipo permis‐
Paradigma: previsibilidade objetiva. sivo. Ex.: atira no primo pensando ser um assaltante).
4. Erro de proibição: direito (não conhece a proibição) indi‐ 4. Erro de proibição: Direito (não conhece a proibição, ex.:
reto (todo erro que recai sobre excludente ou dirimente). holandês fumando maconha ou conhece e interpreta
Se invencível exclui a culpabilidade, se vencível, diminui‐ mal, ex.: mãe “transportando droga para a delegacia) e
ção de pena. indireto ou descriminante putativa por erro de proibição
Paradigma: previsibilidade subjetiva. (erro sobre os limites normativos de uma excludente ou
Obs.: erro de tipo incide sobre situação fática. Erro de proi‐ sobre a existência da justificante, ex.: matar mulher trai‐
bição, limites autorizadores da norma. Toda espécie de des‐ dora por legítima defesa da honra).
criminante putativa é erro de proibição. Obs.: no erro de proibição indireto, tem perfeita noção da
situação fática, mas aprecia erroneamente os limites da
norma. O agente não sabe que está praticando um crime.

Em síntese, são causas excludentes da culpabilidade: a ação moral irresistível e a legítima defesa putativa. Já os itens
inimputabilidade (menoridade, doença mental ou desenvolvi‐ “estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento
mento mental incompleto ou retardado e a embriaguez com‐ do dever legal, exercício regular de direito e consentimento
pleta proveniente de caso fortuito ou força maior), o erro de do ofendido” (neste caso, quando o bem é disponível), não
proibição (quando inevitável), a obediência hierárquica, a co‐ excluem a culpabilidade, mas a antijuridicidade (ou ilicitude).

Culpabilidade (Elementos) Excludentes da Culpabilidade


Imputabilidade: pode se atribuir a alguém res‐ Inimputabilidade (menor de idade, doente mental e embriaguez completa
ponsabilidade por seus atos. e acidental).
Potencial Consciência da Ilicitude: o agente, com Erro de Proibição: faz com que o agente não saiba que pratica um ato
algum esforço ou cuidado, poderia saber que o ilícito, excluindo assim a consciência da ilicitude de sua ação ou omissão.
fato é ilícito, portanto, verifica-se que ele tinha Se no momento em que realizava a conduta não a sabia proibida, exclui
capacidade de se autodeterminar. Basta ser a culpabilidade, desde que inevitável ou escusável. Todavia, se evitável
potencial, não necessitando ser total. ou inescusável, terá pena reduzida de 1/6 a 1/3.
Exigibilidade de Conduta Diversa: naquelas cir‐ Obediência Hierárquica (obediência a ordem não manifestamente ilegal –
cunstâncias, seria exigível que o agente agisse aquela aparentemente legal – de superior hierárquico, tornando viciada
de forma diversa e não praticasse um crime. a vontade do subordinado e afastando a exigência de conduta diversa;
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

todavia se o subordinado tiver conhecimento da ilegalidade também


responde pelo crime praticado) e Coação Moral Irresistível (se a coação
for irresistível somente o coator responderá pelo crime praticado pelo
coato, todavia se resistível, ambos respondem pela prática do crime, sendo
aplicada uma atenuante ao coagido, art. 65, II, c, do CP).

CONCURSO DE PESSOAS correntes incidem nas mesmas penas, mas na medida de


sua culpabilidade.
Concurso de Pessoas (arts. 29 a 31) A teoria adotada, a Monista, se respaldada no art. 29
do CP, a qual traz que todos os que concorrem para o crime
Há concurso de pessoas quando dois ou mais indi‐ incidem nas mesmas penas a este cominadas, na medida
víduos concorrem para a prática de um mesmo crime. de sua culpabilidade. Em outras palavras, ainda que o crime
Pode também ser chamado de concurso de agentes ou seja praticado por diversas pessoas, ele permanece único e
codelinquência. indivisível. Contudo, a própria lei admite que haja punições
Ao definir o concurso de agentes, o CP adotou a Teoria diferenciadas conforme a participação dos agentes, ou seja,
Monista ou Unitária, segundo a qual o autor é aquele pune-se de forma diferente a participação em determina‐
que realiza a conduta principal descrita no tipo penal e das situações, diferenciando-se a autoria da participação,
o partícipe é aquele que, embora não realize a conduta aproximando-se, portanto, da Teoria Dualista. Sendo assim,
descrita no tipo penal, concorre para a sua realização. há quem defenda que o Brasil adotou a Teoria Monista “mi‐
Para essa teoria, havendo concurso de pessoas há um só tigada”, temperada ou matizada para definir o concurso de
crime. A Reforma Penal de 1984 adotou a Teoria Monista, pessoas em práticas delituosas.
equiparando autores e partícipes, ou seja, todos os con‐

128
ESQUEMA nº 1 – TEORIA MONISTA: afirma que todos que os diferencia é que na coautoria várias pessoas têm o
concorrerem para prática de um crime, responderão em domínio do fato. Coautor é quem possui qualidades
regra pelo mesmo crime. específicas do autor capaz de decidir a respeito do
fato por tomar parte também na execução do delito,
Ex.: A, B, C e D resolvem fazer um assalto e se organizam embora não se exija que todos os concorrentes prati‐
da seguinte forma: quem a conduta descrita no núcleo do tipo.
• A – fica vigiando a casa do lado de fora.
• B – entra na casa e passa subtrair os bens no andar de cima. Restando patente a divisão de tarefas entre os corréus,
• C – entra na casa e passa a subtrair os bens no andar de não há que se falar em conduta estanque do partícipe, tam‐
baixo. bém chamada de participação de menos importância, mas
• D – é o motorista que fica no carro para dar fuga. numa efetiva colaboração de todos os envolvidos. A conduta
Assim, segundo a Teoria Monista adotada pelo CP, todos daquele que não realizou o verbo núcleo do tipo, mas par‐
(A, B, C, D e E) irão responder pelo crime de furto, apesar ticipou efetivamente da execução do crime é considerada
de apenas B e C terem realizado a subtração. A diferença funcional ou parcial, sendo assim, aquele que age como “ba‐
estará na quantidade de pena que será aplicada a cada tedor”, transportando os comparsas e aguardando-os para
um, onde hipoteticamente, B e C receberão pena maior. fuga, responde como coautor e não apenas como partícipe
do crime. Em outras palavras, realizou conduta considerada
Quanto à definição de autoria e participação, o CP adotou imprescindível à consecução do evento, mesmo não tendo
praticado qualquer elemento objetivo do tipo, participando
a Teoria Restritiva, onde autor é somente aquele que pratica
da execução do crime sem realizar o verbo núcleo do tipo.
a conduta descrita no núcleo do tipo penal e o partícipe é Ao adotar, como regra, a Teoria Monista quanto à nature‐
aquele que, de alguma forma, auxilia o autor, mas sem rea‐ za do concurso de pessoas, quis o legislador reconhecer que
lizar a conduta narrada pelo tipo penal. todos os que contribuem para a prática do delito cometem
o mesmo crime, não importa se eles se enquadram como
ESQUEMA nº 2 – TEORIA RESTRITIVA: define quem é autor coautores ou partícipes da prática delituosa.
e partícipe. Autor é aquele que pratica a conduta descrita Infere-se, ainda, da legislação brasileira, que se algum dos
no núcleo do tipo penal, ou seja, aquele que subtrai, mata, concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
constrange alguém, falsifica; partícipe é aquele que, de aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até a me‐
alguma forma, auxilia o autor, mas sem realizar a conduta tade na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
narrada pelo tipo penal. Aprovar a prática de um crime, ou estar de acordo com
ele, mas sem nenhuma participação, não constitui ilícito
Novamente analisando o exemplo acima: A, B, C, e D re‐ penal. Por outro lado, porém, é crime fazer publicamente
solvem fazer um assalto e se organizam da seguinte forma: apologia de fato criminoso ou de autor de crime, embora,
• A – fica vigiando a casa do lado de fora. isoladamente, não há que se falar em concurso de agentes
• B – entra na casa e passa subtrair os bens no andar de cima. em práticas delituosas.
• C – entra na casa e passa a subtrair os bens no andar de Por fim, saliente-se que, na aplicação da lei penal, o caráter
baixo. é pessoal, mas proporcional à culpa. Sendo assim, segundo a
• D – é o motorista que fica no carro para dar fuga. teoria adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, ao definir
Já verificamos que segundo a Teoria Monista todos responde‐ que todos os que contribuem para a prática do delito cometem
rão pelo mesmo crime, ou seja, furto. Agora segundo a Teoria o mesmo crime, não havendo distinção quanto ao enquadra‐
Restritiva, autor é somente que pratica a conduta típica, ou mento típico entre o autor e o partícipe, engessaria a tipificação,
seja, no exemplo acima aqueles que efetuaram a subtração. por exemplo, do crime de corrupção ativa, já que o funcionário
Assim autores serão B e C. Já A e D, auxiliaram a prática crimi‐ público não comete o mesmo crime do particular que lhe ofe‐
nosa, sem diretamente executá-la, ou seja, serão os partícipes. rece a vantagem indevida, mas crime de corrupção passiva, se
vier a receber a tal vantagem, motivo pelo qual a teoria adotada
Agora vamos incrementar este exemplo acrescendo mais não pode vista apenas na literalidade de seu texto.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


Requisitos do concurso de pessoas:
uma personagem, E, que planejou todo o assalto, é o man‐
• Pluralidade de comportamentos  – no mínimo duas
dante, e fica em casa aguardando o cometimento do assalto. condutas;
Segundo a Teoria Restritiva, por ele executar a conduta típica, • Nexo de causalidade – todas as condutas devem ter
ele será um partícipe. Isto pode causar espanto, todavia, de‐ contribuído para a ocorrência do resultado;
vemos lembrar que segundo a Teoria Monista ele responderá • Vínculo (liame) subjetivo – há vontade de cada agente
também pelo crime de furto, tendo a sua penalidade aplicada de contribuir para a produção do resultado. Não haven‐
conforme sua influência para prática criminosa. do concursos de vontades, desaparecerá o concurso
Todavia, há uma parte da doutrina que discorda do po‐ de agentes, surgindo a autoria colateral. Aqui, todos
sicionamento acima apontado e para, então complementar buscam o mesmo resultado;
a Teoria Restritiva, surge a Teoria do Domínio do Fato, em • Identidade de infrações – a infração é a mesma para
lições de Hans Welzel. Para ela: todos os concorrentes. Todos respondem solidaria‐
• Autor é o senhor do fato, ou seja, é aquele que possui mente pela ação, apurando-se o grau de participação.
o domínio final do fato, haja vista que aquele que re‐ O crime é o mesmo.
aliza a conduta descrita no tipo penal tem o poder de
decidir se vai até o fim com o plano criminoso. Aqui, Teorias, sobre a Autoria, Aplicadas à Legislação Penal
surge a divisão de tarefas, onde o agente, além de Brasileira
ter o poder de decisão sobre o fato último, possui a Teoria Restritiva: segundo essa teoria, autor é somente
capacidade de cumprir ou não a parcela do delito que aquele que pratica a conduta descrita no tipo penal.
lhe foi atribuída. Sendo assim, o autor possui o manejo Teoria do Domínio do Fato: segundo ela, autor é todo
dos fatos e o leva a sua realização. aquele que detém o controle final da produção do resultado,
• Partícipe é aquele que simplesmente colabora, sem possuindo, assim, o domínio completo de todas as ações até
poderes decisórios, a respeito da consumação do fato. a eclosão do evento pretendido. Não importa se ele realizou
Para essa teoria, coautor é o mesmo que autor. O que o núcleo do tipo (CAPEZ).

129
Embora o CP tenha adotado a Teoria Restritiva, por ela c) Participação: dá ideia de situação acessória. O partí‐
não tratar de forma satisfatória as hipóteses do mandante e cipe colabora para a consumação, mas não se encontra em
do autor intelectual, surge a Teoria do Domínio do Fato para condições de influir no resultado. É  aquele que participa
complementar a primeira, afirmando que o mandante e o indiretamente do crime. Para a Teoria Restritiva, é aquele
autor intelectual são autores, e não partícipes do delito, uma que concorre para o crime sem praticar os elementos do tipo,
vez que a Teoria Restritiva diz que, por eles não praticarem ou seja, induzindo, instigando e auxiliando. Para a Teoria do
os elementos do tipo, não são considerados autores, mas, Domínio do Fato, partícipe é quem, sem domínio próprio do
sim, partícipes. fato, ocasiona ou, de qualquer forma, promove, como figura
lateral do acontecimento real, o seu cometimento. É todo
Formas no Concurso de Agentes aquele cujo comportamento na cena criminosa não reste
imprescindível à consecução do evento.
a) Autor: é aquele que pratica diretamente a ação ou tem,
sob seu absoluto domínio, o total comando da ação, mesmo
Formas de participação: a participação pode apresentar‐
que outros sejam os executores. Ele participa diretamente da -se de duas formas:
conduta delitiva. Para a Teoria Restritiva, é aquele que pratica os • Moral: instigando ou induzindo ao cometimento da
elementos do tipo. Já para a Teoria do Domínio do Fato, o autor prática delituosa. Não é necessário ato executório,
é aquele que detém o controle final do fato, dominando toda a bastando o apoio moral.
realização delituosa, com plenos poderes para decidir sobre sua • Material: fornecimento de materiais que contribuem
prática, interrupção ou circunstâncias. Não importa se o agente para a prática do delito.
pratica ou não o verbo descrito no tipo penal, pois, o que a lei
exige, é o controle de todos os atos, desde o início da execução Atente-se para o fato: se A e B matam alguém, ou seja,
até a produção do resultado. Por essa razão, o mandante, em‐ se B amarra ou segura a pessoa enquanto A atira nela, A e B
bora não realize o núcleo da ação típica, deve ser considerado serão coautores do crime. É errôneo dizer aqui que A foi o
autor, uma vez que detém o controle final do fato até a sua autor e B o coautor. Só existiria autor, nesse caso, se A atirasse
consumação, determinando a prática delitiva. na pessoa e fosse apenas auxiliado por B, que lhe forneceu a
arma ou o instigou para que efetuasse os disparos.
Formas de autoria:
• Autor executor: é aquele que, materialmente, realiza Autoria colateral
a conduta típica prevista no texto legal.
• Autor intelectual: é aquele que idealiza e dirige a Ela não se confunde com o concurso de pessoas, já que
ação por meio de terceiros sobre quem tem absoluto um dos requisitos do concurso de agentes é a existência do
controle, podendo, inclusive, determinar a continuação vínculo psicológico entre os envolvidos, ou seja, o liame de
ou paralisação da conduta. A título de exemplo: Cle‐ vontades. Na autoria colateral, não há tal vínculo entre os
verson, vulgarmente conhecido como “Pão com Ovo”, agentes. Esta ocorre quando duas pessoas procuram dar causa
antigo traficante de drogas ilícitas, continuou a dar as a um determinado resultado, convergindo suas condutas para
ordens a sua quadrilha, mesmo estando encarcerado tanto, sem estarem unidas pelo liame subjetivo. Os agentes
em um presídio de segurança máxima. Logo, “Pão com desconhecem cada um a conduta do outro, mas realizam atos
Ovo” deve responder como autor intelectual do crime convergentes à produção do evento a que todos visam, mas
de tráfico de drogas, mesmo não praticando atos de que ocorre em face do comportamento de um só deles. A
execução deste crime. título de exemplo: Dois veículos chocaram-se em um cruza‐
• Autor mediato: é aquele que de forma consciente e mento. Em razão da colisão, um dos motoristas fraturou um
deliberada faz atuar por ele o outro cuja conduta não braço, o que o impossibilitou de trabalhar por seis meses.
O outro motorista teve uma luxação no joelho direito. O
reúne todos os requisitos para ser punível. Normal‐
fato foi apurado pela delegacia local, restando cabalmente
mente faz uso de um inimputável ou usa de coação
provado que os motoristas de ambos os carros concorreram
moral irresistível para que terceiros pratique a conduta
para a colisão, pois um, em face da ausência de manutenção,
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

descrita no tipo penal.


estava sem freio, e o outro havia avançado o sinal e estava
em velocidade acima da permitida. Assim, conclui-se que
b) Coautoria: é a união de vontades de diversas pessoas
se trata de hipótese de autoria colateral. A autoria colateral
para alcançar o mesmo resultado. Na coautoria, ocorre a
pode ser classificada, então, em dois tipos:
divisão dos atos que tendem à execução de ação delituosa.
• autoria colateral certa: ocorre quando é possível iden‐
É quem executa, juntamente com outras pessoas que tenham
tificar qual dos agentes deu causa ao resultado;
o mesmo objetivo, a ação ou omissão que tipifica o delito.
• autoria colateral incerta: ocorre quando não é possível
Para a Teoria Restritiva, o coautor é aquele que pratica os
saber qual dos indivíduos produziu o resultado.
elementos do tipo ou parte dele (divisão de tarefas). Para
a Teoria do Domínio do Fato, é  aquele que, possuindo o Obs.: não se confunde autoria colateral incerta com
domínio do fato, divide tarefas, auxiliando o autor. Existem autoria desconhecida. Na primeira, sabem-se quem são os
duas espécies de coautoria: a coautoria propriamente dita, autores do crime, apenas não se sabe, ao certo, qual deles
ou seja, há uma divisão de tarefas em sede de tipo em que deu causa ao resultado. Na autoria desconhecida, os autores
o coautor realiza tarefas tidas como essenciais ao crime; é que não são conhecidos, não se podendo imputar os fatos
a coautoria funcional, ou seja, aquela cuja conduta reste a qualquer pessoa.
imprescindível à consecução do evento, mesmo que não
tenha praticado qualquer elemento objetivo do tipo. A título Comunicação de circunstâncias
de exemplo: Sílvio e Mário, por determinação de Valmeia,
prima de Sílvio, tomaram vários eletrodomésticos da casa de Segundo o CP, não se comunicam as circunstâncias e as
Joaquina, que havia saído para trabalhar. Após a divisão em condições de caráter pessoal (motivos ou relações com a
partes iguais, Valmeia, por necessitar para utilização em sua vítima, estado civil etc.) dos agentes, salvo quando elemen-
casa, comprou de Sílvio e Mário os eletrodomésticos que lhes tares do crime (dados que constam do tipo). É necessário que
couberam na divisão. Logo, pode-se afirmar que Valmeia, o coautor ou partícipe tenha conhecimento da elementar,
Sílvio e Mário são coautores do crime de furto. para que se comunique.

130
Observe que, para se comunicarem, segundo essa redação, Artigos Pertinentes
as circunstâncias pessoais devem ser elementares do crime.
Elementar é um componente essencial do tipo penal, sem o Regras comuns às penas privativas de liberdade
qual desaparecerá o crime. Exemplificaria a expressão o cri‐ Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o
me de peculato, em que a condição de funcionário público é crime incide nas penas a este cominadas, na medida
elementar do delito. Ora, não existindo a figura do funcionário de sua culpabilidade.
público, que é elementar do crime de peculato, não existe o §  1º Se a participação for de menor importância,
delito. As elementares, não importa se subjetiva (de caráter a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
pessoal) ou objetiva (de caráter não pessoal), sempre se co‐ §  2º Se algum dos concorrentes quis participar de
municam. Já as circunstâncias, que são dados acessórios agre‐ crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste;
gados ao tipo penal, cuja função é precípua de influir na pena, essa pena será aumentada até metade, na hipótese
se de caráter pessoal (subjetiva), jamais irão se comunicar no de ter sido previsível o resultado mais grave.
concurso de agentes, e as de caráter não pessoal (objetiva),
só se comunicarão aos demais envolvidos se eles delas tiver Circunstâncias incomunicáveis
conhecimento. Exemplo disso seria no crime de furto praticado Art.  30. Não se comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, salvo quando elemen‐
durante o repouso noturno. Ora, se a conduta dos agentes se
tares do crime.
der em período diurno, o delito de furto continuará existindo,
só não se aplicando, no caso, o agravante de ter sido praticado Casos de impunibilidade
durante o período de repouso noturno. Art. 31. O ajuste, a determinação ou instigação e o
Em face do exposto, visto foi que elementar é componente auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
essencial do crime e circunstância é mero acessório do ilícito são puníveis, se o crime não chega, pelo menos,
penal , motivo pelo qual o texto do CP se contradiz ao mencio‐ a ser tentado.
nar circunstância elementar. Esta se refere às qualificadoras,
que são circunstâncias comuns, que, por sua vez, não têm o Síntese Esquemática sobre a Teoria Geral do Crime
condão de eliminar o crime, apenas de passá-lo de sua forma
qualificada para a forma simples, seguindo, então, a orientação Crime: definição de crime sob o aspecto analítico, ou seja,
para as circunstâncias. Estas podem ser objetivas e se referem aquele que o conceitua sob o prisma jurídico, estudando seus
aos aspectos do crime, como tempo, lugar, modo de execução, elementos estruturais.
meios empregados, qualidades do objeto, da vítima etc. Elas
se referem ao fato em si, e não ao agente; já as circunstâncias Fato Típico Antijurídico (ilícito) Culpável
subjetivas se referem ao agente, e não ao fato, como reincidên‐ (Elementos) (Excludentes) (Elementos)
cia, antecedentes, conduta social, personalidade etc. (CAPEZ) Conduta Estado de necessidade Imputabilidade
Resultado Legítima defesa Potencial consciência
Observações gerais sobre o concurso de agentes da ilicitude
Nexo causal Estrito cumprimento de Exigibilidade de condu‐
1 – Pode haver coautoria em crime culposo, como no caso dever legal ta diversa
de dois médicos imperitos realizando juntos uma operação. Tipicidade Exercício regular de direito
2 – Entende a doutrina que no crime culposo não pode
haver partícipe, uma vez que a colaboração consciente para Culpabilidade: juízo de reprovação.
o resultado só existe no crime doloso.
3 – Não é possível a coautoria em crime omissivo. Na Elementos Excludentes
confluência de duas ou mais omissões, cada um responderá, Imputabilidade Inimputabilidade (arts.  26,
isoladamente, pela sua própria omissão.
27 e 28, § 1º)
4 – O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,
salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis se Potencial consciência da Erro de proibição

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. ilicitude
5 – No crime de extorsão mediante sequestro, o coautor
Exigibilidade de conduta Coação moral irresistível e
que denunciar o fato à autoridade, facilitando a libertação
do sequestrado, terá a pena reduzida de um a dois terços. diversa obediência hierárquica

Excludentes Diversas

Ilicitude Culpabilidade Tipicidade Punibilidade


Estado de necessidade Inimputabilidade (todas as causas) Coação física irresistível Morte do agente
Legítima defesa Erro de proibição inevitável Princípio da insignificância Anistia, graça e indulto
Estrito cumprimento de dever legal Coação moral irresistível Erro de tipo escusável Prescrição, decadência e perempção
Exercício regular de direito Obediência hierárquica Abolitio criminis (retroatividade da lei
que não mais considera o fato criminoso)
* Consentimento do ofendido (para Estado de necessidade putativo Renúncia e perdão
bens disponíveis)
* Ofensa irrogada em juízo na dis‐ Legítima defesa putativa Retratação do agente
cussão da causa
* Aborto terapêutico e aborto Perdão judicial
sentimental
* Violação de domicílio nos casos
previstos na CF
* Coação visando a impedir a prá‐
tica de suicídio

(*) São causas supralegais de exclusão de ilicitude.

131
AÇÃO PENAL E APLICAÇÃO DAS PENAS Público. Dá-se pela relevância do bem jurídico atingido e pe‐
los reflexos que poderão ser causados no mundo exterior, não
dependendo, pois, o seu exercício da vontade de terceiros e
Ação Penal (arts. 100 a 106 do CP) nem da própria vítima. Será proposta, independentemente
de qualquer condição, desde que preenchidos os requisitos
Conceitos iniciais legais. São exemplos de crimes de ação penal pública incon‐
dicionada: roubo, homicídio, extorsão, peculato etc.
Procedimento: é a sequência a que os atos processuais Condicionada: embora aqui também o Estado seja o
devem obedecer, os quais estão previamente descritos em titular da ação penal, sua propositura depende de vonta‐
lei. Em outras palavras, os procedimentos nada mais são do de do ofendido ou de seu representante legal. Em outras
que ritos processuais. palavras, o Estado permanece como titular da ação penal,
Ação: é o direito da parte de agir em juízo, ou seja, de mas transfere o exercício desta ação ao particular. Para ser
se invocar a tutela jurisdicional do Estado, a fim de que se proposta, depende de uma manifestação do ofendido de
aplique o Direito Material ao caso concreto. Para a doutrina, vir seu algoz punido. Essa vontade será expressa por um
tem como características ser um direito subjetivo público, termo chamado de “representação”, que, nada mais é do
autônomo, instrumental e relativamente abstrato. que uma condição de procedibilidade para a propositura
Processo: conjunto de atos praticados que visa a fazer da ação, sem a qual ela não poderá ser iniciada. Ela pode
valer e aplicar a real vontade da lei. Em outras palavras, é a ser dirigida ao delegado, ao juiz ou ao MP, por escrito ou
materialização do procedimento. Na prática, refere-se à verbalmente, sendo que, neste caso, será reduzida a termo.
atividade jurisdicional realizada por um Juiz de Direito que Normalmente, cabe ao ofendido ou seu representante legal
busca aplicar a lei abstrata ao caso concreto. manifestar a sua intenção de ver o autor da infração sendo
Processo penal: forma de operacionalização do direito processado e julgado pelo ato cometido, mas esse direito
material, no caso, o penal. Material, neste sentido, porque pode ser exercido por procurador com poderes especiais.
define as infrações penais e suas respectivas penas. Visa a Esse direito de representação também poderá ser transferido
compor as lides de natureza penal, por meio da aplicação para os sucessores (cônjuge, ascendente, descendente ou
do Direito Penal objetivo. irmão) do ofendido, no caso de seu falecimento ou de sua
ausência judicial declarada. São exemplos de crimes de ação
Condições gerais da ação: penal pública condicionada à representação: ameaça, lesão
• Possibilidade jurídica do pedido: refere-se à existência corporal leve, lesão corporal culposa etc. (desde que não se
de algum direito protegido pela norma, que possa ser trate de casos de violência doméstica ou familiar contra a
objeto de apreciação judicial; mulher). Em casos específicos, a ação penal pública condi‐
• Legítimo interesse: significa que o postulante só deve cionada poderá ser iniciada mediante “requisição” (também
exigir a ação estatal para satisfazer interesse que seja condição objetiva de procedibilidade para a propositura da
legítimo, evitando que o autor recorra à autotutela, ação penal) do Ministro da Justiça, que é a pessoa legitimada
quando a parte contrária se nega a satisfazer o direito para propor a ação penal nos seguintes casos:
alegado ou quando exige que determinados direitos – crimes contra a honra praticados contra o presidente
só possam ser exercidos mediante prévia declaração da República ou contra chefe de Estado estrangeiro;
judicial, como, por exemplo, na ação penal condena‐ – crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora
tória; do Brasil.
• Justa causa: refere-se à necessidade de se ter suporte
probatório mínimo para o ajuizamento da ação penal; Observações: 1ª) embora não exista prazo decadencial
• Legitimação para agir: também chamada de ad cau- para se fazer a requisição, deve-se observar se o crime já não
está prescrito; 2ª) uma vez feita a requisição, ela será irretra‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

sam, refere-se à titularidade de alguém poder ingressar


com a ação, ou seja, requer que o agente postulante tável, ou seja, o Ministro da Justiça não pode mais voltar atrás
tenha, de fato, legitimidade para agir dentro dos dita‐ e se retratar; 3ª) a requisição feita pelo Ministro da Justiça
mes legais. não obriga o Ministério Público a oferecer a denúncia; 4ª) a
representação só poderá ser retratada até o oferecimento
A legitimação poderá ser: (e não recebimento) da denúncia; 5ª) a jurisprudência vem
admitindo a retratação da retratação, desde que se faça
• Ordinária: aquela em que o MP é o detentor da ação;
antes do oferecimento da denúncia e que ocorra dentro do
• Extraordinária: aquela em que o próprio ofendido é o prazo decadencial de 6 meses, contados do conhecimento
titular da ação.
da autoria do crime.
Classificação da Ação Penal Privada

Pública Embora continue cabendo ao Estado o jus puniendi (direito


de punir), ao particular é transferida a iniciativa da ação penal,
É aquela que se inicia por “denúncia” do Ministério uma vez que o interesse é exclusivo dele. Neste caso, há a
Público, já que ele é o dominus litis da ação penal pública, chamada substituição processual, tendo em vista que este
ou seja, o dono da ação. O Estado é o soberano para movi‐ tipo de ação, de iniciativa privada, inicia-se por “queixa” (ou
mentar a ação por meio do Ministério Público. A ação penal queixa-crime), elaborada pela vítima ou por seu representante
pública pode ser: legal, os quais são representados por profissional legalmente
habilitado – advogado. A ação penal privada pode ser:
Incondicionada (ou plena): é a regra. Aqui, o Estado é o • Exclusiva (ou genérica, ou comum, ou principal, ou
titular do direito de ação, sendo representado pelo Ministério propriamente dita): é aquela de iniciativa exclusiva

132
da vítima ou de seu representante legal, podendo os • divisibilidade: pode o MP denunciar apenas um dos
seus sucessores iniciarem ou darem continuidade ao corréus, aguardando que se reúnam provas contra os
processo nos casos de falecimento da vítima ou de demais. Depois disso, eles poderiam ser denunciados.
sua ausência declarada por decisão judicial. Como A denúncia poderia ser, inclusive, aditada;
regra, são exemplos de crimes de ação penal privada • intranscendência: a acusação é pessoal e não pode
exclusiva: calúnia, difamação, injúria, dano etc. passar da pessoa do acusado, ou seja, somente ele
• Personalíssima: é aquela que só poderá ser proposta poderá responder pela infração penal que realmente
pelo próprio ofendido, não havendo transmissão cometeu, não podendo a acusação transcender para
aos seus sucessores no caso de falecimento e nem outra pessoa.
a possibilidade de o representante legal exercê-la.
O Código Penal só traz um crime sujeito a este tipo Privada:
de ação: o induzimento a erro essencial e ocultação • oportunidade/conveniência: o ofendido tem a facul‐
de impedimento (art. 236, CP). Obs.: previa também dade, e  não a obrigatoriedade de promover a ação
o crime de adultério (art. 240 do CP), mas o referido penal. Dá-se a liberdade à vítima ou ofendido de julgar
artigo foi revogado pela Lei nº 11.106/2005. a conveniência ou não da propositura da ação penal
• Subsidiária da Pública (ou Supletiva): ocorre quando privada. Há total discricionariedade para ela decidir se
da inércia do Ministério Público. Este, por omissão processa ou não o autor da infração;
injustificada, não oferece a denúncia no prazo legal, • disponibilidade/desistibilidade: a vítima tem a facul‐
ou seja, em 5 dias (quando o réu estiver preso), ou dade de poder desistir de uma ação já proposta, ou
em 15 dias (quando o réu estiver solto). Neste caso, mesmo de abandoná-la, perdoando o acusado. Em
o próprio ofendido, por intermédio de seu advogado, outras palavras, poderá desistir da demanda, demons‐
ingressa com a ação penal privada subsidiária da trando que não mais lhe interessa permanecer como
pública. É a chamada queixa substitutiva da denúncia parte na lide;
• indivisibilidade: a queixa deve incluir todos os ofenso‐
ou queixa subsidiária ou supletiva. Neste caso, o MP
res, de modo que, havendo mais de um autor na infra‐
acompanha todos os atos realizados e, se por algum
ção, a vítima, se vier a oferecer a ação, deverá propô-la
motivo, verificar que houve negligência por parte do
contra todos, tendo em vista que, se renunciar contra
querelante poderá retomar a ação como parte prin‐
um deles, estará renunciando contra todos os outros;
cipal, podendo, inclusive, aditar a queixa, repudiá-la
• intranscendência: somente poderá ser parte no feito
e oferecer denúncia substitutiva. Obs.: 1ª) a regra é aquele que tenha cometido o delito, sendo que sua
que o prazo decadencial, de 6 meses, inicia-se com responsabilidade penal jamais poderá passar para
conhecimento da autoria. Mas, na ação penal privada terceiros;
subsidiária da pública, o prazo decadencial, também • legalidade: a ação penal privada, assim como a pública,
de 6 meses, começa a contar a partir do momento deve observar os ditames da lei.
em que se finda o prazo que o MP tem para ofertar
a denúncia; 2ª) a doutrina e a jurisprudência vêm en‐ Requisitos da denúncia e da queixa:
tendendo que o MP não pode, na ação penal privada • exposição do fato criminoso com todas as suas circuns‐
exclusiva, aditar a queixa para incluir fato ou pessoa tâncias;
nova, pelo fato de não ser ele o titular da ação penal • qualificação do acusado ou sinais pelos quais se possa
privada, mas o ofendido. Contudo, isso não prevalece identificá-lo;
na ação penal privada subsidiária da pública, que, por • classificação do crime;
ser originariamente pública, as atribuições do MP são • o rol de testemunhas, quando necessário;
mais amplas, razão pela qual vêm admitindo que o adi‐ • endereçamento correto da denúncia ou da queixa;
tamento inclua pessoa ou fato novo que não tenham • pedido de condenação, ainda que implícito;

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


sido apontados pelo querelante. • assinatura daquele que elaborou a denúncia ou a
queixa.
Princípios inerentes à ação penal:
Causas para rejeição da denúncia ou queixa:
Pública: • quando for manifestamente inepta (quando as acusa‐
• obrigatoriedade: uma vez comprovada a materialida‐ ções não são descritas de maneira precisa e completa,
de e a autoria da infração penal, não sendo caso de impedindo o exercício da ampla defesa por parte do
arquivamento do inquérito, o  MP estará obrigado a réu);
oferecer a denúncia; • quando faltar pressuposto processual ou condição
• oficialidade: cabe ao Estado promover a ação penal, para o exercício da ação penal;
sendo este representado por um órgão oficial, o MP; • quando faltar justa causa para o exercício da ação
• legalidade: em toda ação penal deve-se prezar por penal.
observar os ditames impostos pela lei;
• indisponibilidade/indesistibilidade: uma vez iniciada Prescrição, Decadência e Perempção
a ação, não poderá o MP dela desistir, bem como não
pode desistir do recurso por ele interposto, nem renun‐ • Prescrição: ocorre quando o Estado perde o direito de
ciar ou abandonar a ação e nem conceder o perdão, punir o criminoso, por não ter exercido esse direito no
o que não impede que o MP requeira a absolvição do prazo legal. A prescrição pode ser verificada tanto aos
acusado, caso convencido de sua inocência; crimes sujeitos à ação penal pública quanto àqueles
• oficiosidade: só existe este princípio na ação penal públi‐ sujeitos à ação penal privada, exceto para os crimes
ca incondicionada, tendo em vista que ela é a única que de racismo e ação de grupos armados contra a ordem
pode ser iniciada de ofício pelo MP, independentemente constitucional e o estado democrático, haja vista haver
da vontade da vítima ou de seu representante legal; preceitos constitucionais nesse sentido.

133
• Decadência: embora se refira à perda do direito de se Artigos Pertinentes
iniciar a ação, em razão do seu não exercício no prazo
legal, ela só será verificada nos crimes de ação penal Ação pública e de iniciativa privada
pública condicionada à representação e nos crimes de Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei
ação penal privada. Esse prazo, normalmente, é de 6 expressamente a declara privativa do ofendido.
meses contados do conhecimento da autoria do cri‐ §  1º A ação pública é promovida pelo Ministério
me, sem que a vítima tenha manifestado o desejo de Público, dependendo, quando a lei o exige, de repre‐
processar o seu agressor. sentação do ofendido ou de requisição do Ministro
• Perempção: é a perda do direito de prosseguir na ação da Justiça.
penal privada em razão de inércia ou negligência pro‐ § 2º A ação de iniciativa privada é promovida median‐
cessual. Ela só se aplica à ação penal privada, exceto te queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade
se for subsidiária da pública, pois, neste caso, o MP para representá-lo.
irá retomar a ação como parte principal. A ação será § 3º A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos
perempta nos seguintes casos: a) quando, iniciada crimes de ação pública, se o Ministério Público não
esta, o querelante deixar de promover o andamento oferece denúncia no prazo legal.
do processo durante 30 dias seguidos; b) quando, § 4º No caso de morte do ofendido ou de ter sido
falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapaci‐ declarado ausente por decisão judicial, o direito de
dade, não comparecendo em juízo, para prosseguir oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao
no processo, dentro do prazo de 60 dias, qualquer de cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
seus sucessores (cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão); c) quando o querelante deixar de comparecer, A ação penal no crime complexo
injustificadamente, a qualquer ato do processo a que Art. 101. Quando a lei considera como elemento ou
deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos,
condenação nas alegações finais; d) quando, sendo o constituem crimes, cabe ação pública em relação
querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se
sucessor. deva proceder por iniciativa do Ministério Público.

Obs.: A prescrição, a decadência e a perempção, de Irretratabilidade da representação


acordo com o art. 107 do CP, são causas de extinção Art. 102. A representação será irretratável depois de
da punibilidade do agente. oferecida a denúncia.

Decadência do direito de queixa ou de represen-


Renúncia e Perdão
tação
Art.  103. Salvo disposição expressa em contrário,
• Renúncia: antecede a propositura da ação penal, ou
o ofendido decai do direito de queixa ou de repre‐
seja, só existe enquanto não for oferecida a queixa; é
sentação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis)
ato unilateral, uma vez que não precisa ser aceito pelo
meses, contado do dia em que veio a saber quem
querelado para produzir efeitos; pode ser expressa (há
é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100
manifestação expressa do ofendido no sentido de não
deste Código, do dia em que se esgota o prazo para
querer iniciar a ação penal) ou tácita (ocorre quando
oferecimento da denúncia.
o ofendido pratica qualquer ato incompatível com
o direito de queixa, dando a entender que ele está Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
renunciando a este direito); é causa de extinção da Art. 104. O direito de queixa não pode ser exercido
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

punibilidade; em regra, só existe na ação penal privada quando renunciado expressa ou tacitamente.
(exceto na subsidiária da pública); pode ser escrita ou Parágrafo único. Importa renúncia tácita ao direito
verbal; pode ser concedida mediante procuração com de queixa a prática de ato incompatível com a von‐
poderes especiais; se concedida a um dos querelados tade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de
a todos se estenderá. receber o ofendido a indenização do dano causado
• Perdão: é ato posterior à ação penal, ou seja, só existe pelo crime.
após o oferecimento da queixa; é ato bilateral, uma vez
que precisa ser aceito pelo querelado para produzir Perdão do ofendido
efeitos (desde que ocorra antes do trânsito em julgado Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em que
da sentença); pode ser expresso ou tácito; a aceitação somente se procede mediante queixa, obsta ao
do perdão também poderá ser expressa ou tácita (de‐ prosseguimento da ação. 
pois de concedido o perdão, o querelado tem 3 dias Art. 106. O perdão, no processo ou fora dele, expresso
para dizer se o aceita ou não. Se ele vier a silenciar, este ou tácito:
silêncio importa aceitação). Já a recusa do perdão só I – se concedido a qualquer dos querelados, a todos
poderá ser expressa, uma vez que, se o querelado se aproveita;
calar, é sinal de que o aceitou; é causa de extinção da II – se concedido por um dos ofendidos, não prejudica
punibilidade; em regra, só existe na ação penal privada o direito dos outros;
(exceto na subsidiária da pública); pode ser escrita ou III – se o querelado o recusa, não produz efeito. 
verbal; pode ser concedida mediante procuração com § 1º Perdão tácito é o que resulta da prática de ato
poderes especiais; se concedida a um dos querelados, incompatível com a vontade de prosseguir na ação.
a todos se estenderá, contudo, só produzirá efeitos em § 2º Não é admissível o perdão depois que passa em
relação àquele que o aceitar. julgado a sentença condenatória.

134
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Anistia, Graça ou Indulto

Extinção da Punibilidade (arts. 107 a 120) Em quaisquer das situações aqui apresentadas, há,
por parte do Estado, a renúncia ao direito de punir. Essas
A punibilidade deve ser entendida como o poder/dever formas estão elencadas no Código Penal e se originam das
do Estado de aplicar sanção àqueles que infringiram as nor‐ indulgências ou clemências soberanas, que eram oriundas
mas contidas no ordenamento jurídico do próprio Estado, já da boa vontade dos reis. Embora hoje elas componham o
que a punibilidade não é requisito do crime, mas consequên‐ ordenamento jurídico brasileiro, elas não se aplicam a todos
cia jurídica deste. Sendo assim, quando o Estado não puder os crimes e nem a todos os criminosos, já que, por exemplo,
aplicar a devida reprimenda por alguma causa impeditiva do não cabem para os crimes hediondos. Resumidamente, elas
seu jus puniendi, haverá extinção da punibilidade do agente. poderiam assim ser tratadas:
Em outras palavras, muitas vezes o Estado perde o direito
de punir o infrator, por lapso temporal, por exemplo, ou, em Anistia:
razões de política criminal, às vezes deixa de punir o autor • pode ser concedida antes ou depois da sentença;
do ilícito, concedendo-lhe o perdão judicial, como exemplo. • tem abrangência, em especial, entre os crimes políticos;
Não se trata de simples causa de extinção de pena, como • tem efeitos ex tunc, ou seja, retroativo, que retira
ocorre, por exemplo, no crime de peculato culposo, quando consequências de alguns crimes praticados e promo‐
o agente repara o dano ou restitui a coisa antes da sentença ve o seu esquecimento jurídico. Em outras palavras,
irrecorrível, mas da perda do direito do Estado de exercer uma vez concedida, faz cessar todos os efeitos penais,
o jus puniendi. Cabe ao juiz, em qualquer fase do processo, como a reincidência, exceto os civis, que continuam.
se reconhecer extinta a punibilidade, declará-la de ofício, ou Portanto, o réu volta a ser primário;
mediante requerimento de qualquer das partes, extinguindo • a concessão é competência privativa do Congresso
a punibilidade. Nacional (CN), mediante lei federal, com sanção do
No sistema penal brasileiro, há causas pessoais que Presidente da República (PR);
excluem e extinguem totalmente a punibilidade e, igual‐ • refere-se a fatos, e não a pessoas; contudo, atinge a
mente, causas pessoais de exclusão e extinção parcial da todos os que os cometeram;
punibilidade. • pode-se dar, parcialmente, uma vez que algum re‐
De acordo com o art. 107 do CP, são causas de extinção quisito deve ser preenchido como, por exemplo, ser
da punibilidade: réu primário (só os que se encontram nessa situação
seriam beneficiados);
Morte do Agente • não pode ser revogada depois de concedida para não
prejudicar os anistiados;
Decorre do Princípio da Intranscendência, que diz que a • não se aplica aos crimes hediondos e nem aos equipa‐
pena não pode passar da pessoa do condenado. Para que o rados, como o tráfico de entorpecentes e drogas afins,
juiz venha a declarar extinta a punibilidade, é necessário que a prática de tortura e o terrorismo.
lhe chegue às mãos cópia da certidão de óbito e da oitiva do
Ministério Público. Outrossim, tendo sido o crime praticado Obs.: em síntese, teríamos: a anistia exclui o crime,
em concurso de agentes, o reconhecimento da extinção da apagando a infração penal. É dada por lei, abrangendo fatos,
punibilidade só se aplica ao falecido, já que se trata de causa e não pessoas. Pode vir antes ou depois da sentença. Rescin‐
personalíssima que não se comunicam aos demais integrantes de a condenação, ainda que transitada em julgado. Afasta a
do crime. Com a morte do agente, extingue-se a sua punibi‐ reincidência. Pode ser recusada, se condicionada, uma vez
lidade e, por consequência, cessam todos os efeitos penais que o réu pode não concordar com a condução. Aplica-se,
da sentença condenatória. Se o óbito se der após o trânsito em regra, a crimes políticos. Não abrange os direitos civis.
em julgado, não há impedimento algum ao direito de punir,
Graça:

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


mas outros efeitos, como a extinção da pena, além do que,
permite-se que se execute no juízo cível. Questiona-se se com • clemência (ou perdão) de caráter individual;
a morte do agente há extinção também da pena de multa. • pode ser chamada de indulto individual;
Ora, de acordo com a Carta Magna (art. 5º, XLV), a pena de • é concedida pelo Presidente da República, de ofício ou
pena não pode passar da pessoa do condenado (Princípio mediante requerimento:
da Intranscendência), sendo assim, não resta dúvida de que • do condenado;
ela não pode ser cobrada dos herdeiros do morto. Por fim, • de qualquer do povo;
saliente-se que há discussão no sentido de se fazer apresentar • do Ministério Público (MP);
ao juiz uma certidão de óbito falsa do agente para que ele • do Conselho Penitenciário;
se exima de qualquer tipo de punição. Embora não esteja • da autoridade administrativa responsável pelo estabe‐
pacificada em nossa doutrina, sendo apresentada certidão lecimento onde a pena é cumprida.
de óbito falsa e havendo sentença transitada em julgado • só pode ser concedida depois do trânsito em julgado,
extinguindo a punibilidade do agente, duas vertentes devem uma vez aos efeitos executórios da condenação;
ser observadas: 1ª) há quem defenda que só resta ao Estado • há incidência dos diversos efeitos condenatórios,
processar os autores da falsidade, uma vez que o ordenamento inclusive a reincidência;
jurídico brasileiro não admite a revisão pro societate; 2ª) há a • embora a competência seja do Presidente da Repúbli‐
contrapartida, ou seja, quem defenda que o processo poderá ca, mediante decreto, este poderá delegar:
ser reaberto, pois não se fez coisa julgada em sentido estrito • aos Ministros de Estado;
e o fato, por se fundar em ato juridicamente inexistente, não • ao Advogado-Geral da União;
pode produzir qualquer efeito. Esse parece ser o posiciona‐ • ao Procurador-Geral da República.
mento dominante. De qualquer forma, pela morte do agente, • alguns requisitos para concessão:
poderá haver extinção da punibilidade a qualquer momento – réu primário;
processual ou durante a execução, e não se comunicam aos – cumprimento de parte da pena;
demais envolvidos no delito. – boa conduta social;

135
• obtenção de ocupação lícita; Observe que todos os efeitos penais cessam em face da
• não faz desaparecer o delito, podendo ser concedido abolitio criminis, mas os efeitos civis continuam.
de forma parcial: atenuação da pena por meio de
redução, substituição ou cancelamento de penas Prescrição, Decadência ou Perempção
eventualmente impostas;
• pode ser concedida, parcialmente, diminuindo a pena Prescrição
ou comutando por outra de menor gravidade;
• se concedia parcialmente, poderá ser recusada, uma É a perda do direito de punir por parte do Estado pelo
vez que poderá agravar a situação do réu; decurso de tempo.
• se concedida integralmente, não poderá ser recusada; Não cabe prescrição para os seguintes crimes:
• não se aplica aos crimes hediondos e nem aos equipa‐ • racismo;
rados, como o tráfico de entorpecentes e drogas afins, • ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
a prática de tortura e o terrorismo. ordem constitucional e o Estado democrático (art. 5º,
XLII e XLIV, da CF).
Indulto:
• clemência de caráter coletivo; Se ocorrer antes do trânsito em julgado, não há que se
• incide sobre determinados grupos de condenados; falar em reincidência se o agente vier a praticar novos delitos.
• é competência do PR, que poderá delegar aos ministros Se for posterior ao trânsito em julgado, a sentença con‐
de Estado, ao Procurador-Geral da República (PGR) e denatória permanece produzindo os seus efeitos, inclusive
ao Advogado-Geral da União (AGU); quanto à reincidência, porém o Estado fica impedido de
• não faz desaparecer o delito, podendo ser concedido punir o sujeito (PRADO).
de forma parcial: atenuação da pena por meio de
redução, substituição ou cancelamento de penas Há dois tipos de prescrição:
eventualmente impostas;
• alguns requisitos para concessão: a) prescrição da pretensão punitiva: é a prescrição
• réu primário; que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença penal
• cumprimento de parte da pena; condenatória, impedindo que a ação se inicie ou continue.
• boa conduta social; O prazo prescricional começa a correr, antes do trânsito em
• ocupação lícita; julgado da sentença, da seguinte forma:
• não há necessidade de requerimento por parte do • se o crime se consumou: a partir desse dia;
grupo interessado; • se o crime foi tentado: a partir do dia em que cessou
• só pode ser concedida depois do trânsito em julgado, a atividade criminosa;
uma vez aos efeitos executórios da condenação; • se o crime é permanente: a partir do dia em que cessou
• há incidência dos diversos efeitos condenatórios, a permanência;
inclusive a reincidência; • nos crimes de bigamia e nos crimes de falsificação ou
• não faz desaparecer o delito, podendo ser concedido alteração de assentamento do registro civil: a partir da
de forma parcial: atenuação da pena por meio de data em que o fato se tornou conhecido.
redução, substituição ou cancelamento de penas
eventualmente impostas; Uma vez reconhecida a prescrição, cessam todos os
• pode ser concedida parcialmente, diminuindo a pena efeitos penais. Cada crime tem o seu prazo prescricional,
ou comutando por outra de menor gravidade. que será verificado na pena máxima em abstrato para cada
• se concedia parcialmente, poderá ser recusada, uma tipo penal. Sendo assim, o prazo será quantificado a partir
vez que poderá agravar a situação do réu; da tabela a seguir:
• se concedida integralmente, não poderá ser recusada;
• não se aplica aos crimes hediondos e nem aos equi‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

Pena (em anos) Prescrição (em anos)


parados, como o tráfico de entorpecentes e drogas Menos de 1 3
afins, a prática de tortura e o terrorismo. De 1 até 2 4
Mais de 2 até 4 8
Obs.: sinteticamente, teríamos: o indulto exclui apenas Mais de 4 até 8 12
a punibilidade, e não o crime. Pressupõe, em regra, conde‐ Mais de 8 até 12 16
nação com trânsito em julgado. Compete ao Presidente da Mais de 12 20
República, abrangendo grupo de sentenciados. Não afasta a
reincidência se já houver sentença com trânsito em julgado. Como regra, não se computam no momento da quanti‐
ficação as agravantes ou atenuantes genéricas, exceto se o
Retroatividade da lei criminoso era menor de 21 anos ou maior de 70 anos. Não
se pode confundir com as causas de aumento ou diminuição
Refere-se à abolitio criminis, que não considera mais o de pena, já que essas são consideradas nos cálculos da pena
fato como criminoso, uma vez que extinto foi o tipo penal. máxima em abstrato.
Caberá a quem declarar extinta a punibilidade? A prescrição pode ser suspensa ou interrompida.
• se o processo tiver em andamento – ao juiz de primeiro A suspensão poderá se dar, por exemplo, se o agente ainda
grau; cumpre pena no estrangeiro; já a interrupção poderá se dar,
• se o processo estiver em grau de recurso – ao tribunal por exemplo, pelo recebimento da denúncia ou queixa, pela
incumbido de julgar esse recurso; sentença condenatória recorrível etc. Se suspensa, o prazo
• se já houve o trânsito em julgado – ao juízo da execu‐ recomeça a correr pelo remanescente. Se houve interrupção,
ção, conforme Súmula nº 611 do STF, para não violar o recomeça a correr pelo total do prazo.
princípio do duplo grau de jurisdição, uma vez que, se
fosse feito pelo Tribunal, por meio de revisão criminal, b) prescrição da pretensão executória: é a prescrição
haveria a violação a tal princípio. que ocorre após o trânsito em julgado da sentença. Aqui,

136
a  prescrição não se computa pelo prazo da pena máxima Perdão
em abstrato, uma vez que já houve a fixação da pena. Neste
caso, irá se verificar se houve ou não prescrição, que só afe‐ • Trata-se de uma forma de desistência da ação penal
tará a pena principal, mas não irá atingir os demais efeitos privada, já que o ofendido ou seu representante legal
da condenação. Aqui também pode haver suspensão ou não quis dar prosseguimento a ela, embora ela já
tivesse sido iniciada.
interrupção. Haverá suspensão da prescrição depois de pas‐
• É procedimento posterior à propositura da ação penal.
sada em julgado a sentença condenatória durante o tempo • Só cabe para crimes de ação privada, já que não se
em que o condenado está preso por outro motivo. Haverá admite nas ações penais privadas subsidiárias.
interrupção pela reincidência ou pelo início ou continuação • Pode ser proposta depois de iniciada a ação desde que
do cumprimento da pena. não tenha havido o trânsito em julgado.
• Ato bilateral, uma vez que depende de aceitação do
Decadência querelado para produzir efeitos.
• Pode ser expresso ou tácito.
É a perda do direito de queixa, nas ações penais privadas,
ou de representação, nas ações penais públicas condiciona‐ Retratação do Agente
das. A perda do prazo de iniciar a ação não é do Estado, mas
Retratar é voltar atrás e retirar o que foi dito. É o desmen‐
do ofendido ou de seu representante legal. tido público promovido pelo ofensor em favor do ofendido
Esquematicamente, teríamos: e deve ser feito antes da sentença. Exemplos: calúnia e
• o prazo, normalmente, é de 6 meses, a contar do dia difamação. Observe que nos crimes contra a honra não se
em que o ofendido ou seu representante legal tem admite retração para o crime de injúria, uma vez que a lei
conhecimento da autoria do crime; só menciona os dois primeiros.
• o prazo decadencial é fatal, não podendo ser prorro‐ O agente pode se retratar até a sentença de primeira
gado, suspenso ou interrompido; instância do processo em que ocorreu o falso. Se o crime for
• deve ser declarado de ofício pelo juiz; da competência do júri, até a sentença condenatória, e não
• no caso de requisição do Ministro da Justiça, não se até a sentença de pronúncia. A retratação é pessoal e não
aplica o prazo decadencial, uma vez que poderá ser se comunica aos demais ofensores (CAPEZ ).
feita a qualquer tempo, exceto se a punibilidade já foi Em relação à Lei de Imprensa (art. 26 da Lei nº 5.250/1967),
declarada extinta por outros motivos; a retratação somente operará seus efeitos se oferecida antes
• nos casos de crime permanente, o  prazo se iniciará do recebimento da denúncia ou queixa.
após o fim da permanência, podendo, inclusive, extra‐
Perdão Judicial
polar os 6 meses, já que a ação se prolonga no tempo;
• nos casos de crime continuado, o prazo será contado Por haver alguma situação excepcional, o juiz poderá dei‐
independentemente para cada crime. xar de aplicar a pena, mas somente nos casos especificados
em lei. Exemplo: homicídio culposo, em situações em que
Perempção: as consequências da infração atingirem o próprio agente de
• atinge exclusivamente a ação penal privada; forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
• decorre da inércia do querelante de seu direito de Sendo reconhecido o perdão judicial, todos os crimes pra‐
continuar no processo, como, por exemplo, quando ele ticados no mesmo contexto serão atingidos por essa causa
deixa de promover o andamento do processo durante de extinção da punibilidade.
trinta dias consecutivos ou deixa de comparecer a atos A sentença que concede perdão judicial não será consi‐
do processo aos quais deveria estar presente. derada para efeitos de reincidência, permanecendo o sujeito,
que praticar nova infração, como primário.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


Renúncia do direito de queixa ou perdão aceito A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória
da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito
Assim como na decadência, perempção e prescrição, condenatório.
por terem sido tratados mais detalhadamente no capítulo
Obs.: sinteticamente, poderíamos dizer que o perdão
concernente às ações penais, apenas breves comentários
judicial extingue a punibilidade, embora tendo sido configu‐
estão sendo feitos em relação a tais itens. rado o crime. Exclui o efeito da reincidência e não pode ser
recusado. É um favor dado pela lei, devendo ser concedido
Renúncia do Direito de Queixa pelo juiz, sempre que preenchidos os requisitos legais.
• Trata-se de uma forma de desistência da ação penal, já Artigos Pertinentes
que precede a propositura da queixa. Em outras pala‐
vras, o ofendido ou seu representante legal abdica-se Extinção da punibilidade
Art. 107. Extingue-se a punibilidade:
de promover a ação penal privada.
I – pela morte do agente;
• Antecede a propositura da ação. II – pela anistia, graça ou indulto;
• Cabe para os crimes de ação privada apenas, já que não III – pela retroatividade de lei que não mais considera
se aplica aos crimes de ação pena privada subsidiária. o fato como criminoso;
• Ato unilateral, já que independe de aceitação do que‐ IV – pela prescrição, decadência ou perempção;
relado para produzir efeitos. V – pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão
• Pode ser expressa (datada e assinada pelo querelante aceito, nos crimes de ação privada;
ou representante legal ou procurador com poderes es‐ VI – pela retratação do agente, nos casos em que a
peciais) ou tácita (quando se pratica algo incompatível lei a admite;
com o direito de queixa). VII – (Revogado);

137
VIII – (Revogado); II – do dia em que se interrompe a execução, salvo
IX – pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. quando o tempo da interrupção deva computar-se
Art. 108. A extinção da punibilidade de crime que é na pena.
pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância
agravante de outro não se estende a este. Nos crimes Prescrição no caso de evasão do condenado ou de
conexos, a extinção da punibilidade de um deles não revogação do livramento condicional
impede, quanto aos outros, a  agravação da pena Art. 113. No caso de evadir-se o condenado ou de
resultante da conexão. revogar-se o livramento condicional, a prescrição é
regulada pelo tempo que resta da pena.
Prescrição antes de transitar em julgado a sentença
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado
Prescrição da multa
a sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110
Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá:
deste Código, regula-se pelo máximo da pena priva‐
tiva de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I  – em 2 (dois) anos, quando a multa for a única
I – em vinte anos, se o máximo da pena é superior cominada ou aplicada;
a doze; II  – no mesmo prazo estabelecido para prescrição
II – em dezesseis anos, se o máximo da pena é supe‐ da pena privativa de liberdade, quando a multa for
rior a oito anos e não excede a doze; alternativa ou cumulativamente cominada ou cumu‐
III – em doze anos, se o máximo da pena é superior lativamente aplicada.
a quatro anos e não excede a oito;
IV – em oito anos, se o máximo da pena é superior a Redução dos prazos de prescrição
dois anos e não excede a quatro; Art.  115. São reduzidos de metade os prazos de
V – em quatro anos, se o máximo da pena é igual a prescrição quando o criminoso era, ao  tempo do
um ano ou, sendo superior, não excede a dois; crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data
VI – em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
a 1 (um) ano.
Causas impeditivas da prescrição
Prescrição das penas restritivas de direito Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença final,
Parágrafo único. Aplicam-se às penas restritivas de a prescrição não corre:
direito os mesmos prazos previstos para as privativas I – enquanto não resolvida, em outro processo, ques‐
de liberdade. tão de que dependa o reconhecimento da existência
do crime;
Prescrição depois de transitar em julgado sentença
final condenatória II – enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado Parágrafo único. Depois de passada em julgado a
a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada sentença condenatória, a prescrição não corre du‐
e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, rante o tempo em que o condenado está preso por
os quais se aumentam de um terço, se o condenado outro motivo.
é reincidente.
§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória Causas interruptivas da prescrição
com trânsito em julgado para a acusação ou depois de Art. 117. O curso da prescrição interrompe-se:
improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, I – pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo II – pela pronúncia; 
inicial data anterior à da denúncia ou queixa. III – pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV – pela publicação da sentença ou acórdão conde‐
Termo inicial da prescrição antes de transitar em natórios recorríveis;
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

julgado a sentença final V – pelo início ou continuação do cumprimento da


Art. 111. A prescrição, antes de transitar em julgado pena;
a sentença final, começa a correr: VI – pela reincidência.
I – do dia em que o crime se consumou;  §  1º Excetuados os casos dos incisos V e VI deste
II  – no caso de tentativa, do dia em que cessou a artigo, a  interrupção da prescrição produz efeitos
atividade criminosa; relativamente a todos os autores do crime. Nos
III – nos crimes permanentes, do dia em que cessou crimes conexos, que sejam objeto do mesmo pro‐
a permanência; cesso, estende-se aos demais a interrupção relativa
IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração a qualquer deles.
de assentamento do registro civil, da data em que o § 2º Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do
fato se tornou conhecido; inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr,
V – nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e novamente, do dia da interrupção.
adolescentes, previstos neste Código ou em legislação Art.  118. As  penas mais leves prescrevem com as
especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) mais graves.
anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a
ação penal. (Redação dada pela Lei nº 12.650, de 2012)
Reabilitação
Termo inicial da prescrição após a sentença conde- Art. 119. No caso de concurso de crimes, a extinção
natória irrecorrível da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um,
Art. 112. No caso do art. 110 deste Código, a prescri‐ isoladamente.
ção começa a correr: 
I – do dia em que transita em julgado a sentença conde‐ Perdão judicial
natória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão Art.  120. A  sentença que conceder perdão judicial
condicional da pena ou o livramento condicional; não será considerada para efeitos de reincidência.

138
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA ralístico para a sua consumação), de forma livre (pode ser
praticado de qualquer maneira, não existindo no tipo penal
O seu estudo subdivide-se em: dos crimes contra a vida, uma forma previsão), comissivo (por ação) ou omissivo (por
das lesões corporais, da periclitação da vida e da saúde, da omissão), instantâneo de efeitos permanentes (a consuma‐
rixa e dos crimes contra a honra. ção ocorre em um dano momento, ou seja, com a morte,
porém este efeito, a morte, se prolonga no tempo), de dano
(há efetiva lesão ao bem jurídico protegido pela norma),
Dos Crimes Contra a Vida  unissubjetivo (pode ser praticado por apenas uma pessoa),
plurissubsistente (para se consumar, depende da realização
Quando praticado de forma dolosa, são julgados perante
de mais de um ato), admite tentativa, monoofensivo (atinge
o Tribunal do Júri. Abarcam:
apenas um objeto jurídico).
• Homicídio doloso (o homicídio culposo não será jul‐ 10) Homicídio simples é crime hediondo? Somente se
gado perante o Tribunal do Júri); praticado em grupo de extermínio.
• Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio;
• Infanticídio; Homicídio privilegiado 
• Aborto.
Art. 121. [...]
Homicídio § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo
de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio
Consiste na conduta de “Matar alguém”. Ele se classifi‐ de violenta emoção, logo em seguida a injusta provo‐
ca em: homicídio simples, homicídio privilegiado, homicídio cação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um
qualificado e homicídio culposo. sexto a um terço.

Homicídio simples Também consiste em matar alguém, todavia tal homicídio


decorre de algumas circunstâncias, tais como: por motivo de
Art. 121. Matar alguém. relevante valor moral, por motivo de relevante valor social ou
Pena – reclusão de 6 a 20 anos. sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima. Desta formam o autor responde pelo
1) Classificação: dos crimes contra a vida. Julgamento: crime, contudo, com uma diminuição de pena.
Tribunal do Júri.
2) Conceito: matar alguém. 1) Natureza jurídica ­­­­­­­­­­­­­­­­­­do crime de homicídio privilegiado:­­­
3) Objeto jurídico (bem jurídico tutelado, protegido, por causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3.
aquele tipo penal): vida humana extrauterina (a morte de 2) A redução de pena é obrigatória ou facultativa? Obriga‐
uma vida intrauterina será aborto). tória. Estando presentes tais circunstâncias o juiz é obrigado
4) Objeto material (coisa sobre a qual recai a ação do a reduzir a pena.
agente): vida humana.
5) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Portanto, crime comum, Hipóteses
ou seja, aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa. a) Motivo de relevante valor moral  – Significa matar
6) Sujeito passivo: ­­­­qualquer pessoa. alguém motivado por um sentimento individual, que por
7) Consumação: morte, que para o direito penal ocorre muitos é considerado morte, por exemplo, a eutanásia, em
com o encerramento das atividades encefálicas. Portanto, que o agente por piedade desliga os aparelhos de um parente
crime material, pois necessita do resultado naturalístico para que encontra-se em um estado vegetativo. Será um homi‐
a sua consumação. cídio, todavia com a aplicação de uma diminuição de pena.
8) Cabe tentativa. b) Motivo de relevante valor social  – Significa matar
alguém motivado por um interesse coletivo, por um anseio

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


Qual a diferença entre o crime de tentativa de homicídio, social, por exemplo, matar um traidor da pátria.
em que a vítima ao receber um tiro na perna fica ferida, ou c) Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a
seja, com lesões corporais, do crime de lesão corporal con‐ injusta provocação da vítima – O agente deve ter ser sido pro‐
sumado? É o dolo, vejamos o esquema abaixo: vocado injustamente pela vítima, o que o deixou dominado
por uma violenta emoção que o levou a matá-la. Exemplo:
Tentativa de Homicídio Crime de Lesão Corporal pai encontra o estuprador de sua filha e mata-o.
Todavia, não confundir:
Consumado
• Domínio  – O agente deve estar dominado de uma
“A” querendo matar “B” “A” querendo lesionar “B” violenta emoção e não apenas sob a influência de uma
(portanto, dolo de matar) (portanto, dolo de lesionar) violente emoção. Estar dominado significa estar total‐
atirou. todavia, a bala atingiu atirou em sua perna. Assim, mente controlado pela emoção, sem indícios de razão.
a perna de “B” causando “A” responderá pelo crime Desta forma, estará dentro da norma do homicídio
lesões corporais, e não vindo de lesão corporal consu‐ privilegiado. Agora, se ele estiver apenas influenciado
“B” a falecer. Assim, como a mado. por uma violenta emoção é porque há ainda indícios
intenção de “A” era matar, de razão, assim, estaremos diante de um homicídio
apesar da morte não ter simples com a aplicação da atenuante genérica prevista
ocorrido por circunstâncias no art. 65, inciso III, alínea c do Código Penal;
alheia à vontade do agente, • Emoção – Atenção, o legislador usou o termo emoção
“A” responderá por tentativa e não paixão, tendo em vista que a emoção é algo
de homicídio e não por lesão passageiro e a paixão, algo duradouro. Assim, há o
corporal consumada. homicídio privilegiado quando estamos diante de um
descontrole momentâneo e não duradouro. Portanto,
9) Classificação: crime comum (pode ser praticado por matar por ciúmes não será homicídio privilegiado, pois
qualquer pessoa), material (necessita do resultado natu‐ este não é um sentimento repentino e sim prolongado.

139
• Logo em seguida – Não pode haver um lapso temporal – Sufocação – Objeto que impede a entrada do ar.
muito grande entre momento da provocação e o ho‐ Pano ou travesseiro no nariz, boca;
micídio. No momento do crime o agente ainda deve – Afogamento – Submersão em meio líquido;
estar dominado de violente emoção; – Soterramento – Submersão em meio sólido;
• Injusta provocação – Xingamento, flagrante adultério. – Imprensamento – Peso na região do diafragma;
Todavia, se houver uma injusta agressão, estaremos – Uso de gás asfixiante;
diante de legítima defesa. – Confinamento – Reduto fechado sem circulação
de ar.
Atenção! Observe que todas as causas privilegiadoras • Meio insidioso – Armadilha ou fraude para atingir a
são de caráter subjetivo, porque estão ligadas a motiva‐ vítima sem que ela perceba, por exemplo, sabotagem
ção do crime e conforme a aplicação do art. 30 do Código de freio.
Penal não se comunicam aos coautores e partícipes que • Qualquer meio que possa ocasionar perigo comum –
tenham atuado por outros motivos. Assim, no exemplo Meio utilizado para causar a morte da vítima e tenha
do pai que mata o estuprador da filha, supondo que um potencialidade de causar risco de vida para inúmeras
amigo do pai ao ver a cena, não sabendo que se tratava de outras pessoas, por exemplo, desabamento, corte
um estuprador, ajude o amigo o matá-lo. O pai responderá de luz em hospital. Se for fogo ou explosivo, será a
qualificadora de fogo e explosivo.
por homicídio privilegiado e o seu amigo por homicídio.
• Tortura ou qualquer outro meio cruel  – Sujeitar a
vítima a graves e inúteis sofrimento físico e mental.
3) Existe homicídio privilegiado hediondo? Não. Ex.: apedrejamento, pisoteamento, choque elétrico,
mutilações.
Homicídio qualificado

Art. 121. [...] Atenção! Qual a diferença entre o crime de homicídio


§ 2º Se o homicídio é cometido: qualificado pela tortura e o crime de tortura qualificado
I – mediante paga ou promessa de recompensa ou pela morte? Novamente afirmados que é o dolo. Vejamos:
por outro motivo torpe; Homicídio Qualificado Crime de Tortura
II – por motivo fútil; pela Tortura Qualificado pela Morte
III  – com o emprego de veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou Aqui o agente tem o dolo de Aqui o agente tem o dolo de
que posso resultar perigo comum; matar e usa a tortura como torturar e a título de culpa
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimula‐ meio. a vítima acaba vir a falecer.
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossível
a defesa do ofendido; c) Quanto ao modo de execução
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impu‐ • Traição – A vítima tem uma prévia confiança no autor
nidade ou vantagem de outro crime. de crime, nunca imaginando que ele a mataria.
Pena – reclusão de 12 a 30 anos. • Emboscada – Tocaia.
• Dissimulação – Usa-se de um disfarce para cometer
1) O homicídio qualificado é crime hediondo? Sim. o crime.
2) Passemos a estudar todas as qualificadoras. Vamos • Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impos‐
dividi-las por grupo: sível a defesa da vítima. Ex.: atirar pelas costas, matar
a) Quanto ao motivo quem está dormindo.
• Mediante paga ou promessa de recompensa – Homi‐ d) Por conexão – O tempo entre o dois crimes é irrelevante.
cídio mercenário. O mandante paga para o executor • Teleológica  – Mata-se para assegurar a execução
cometer o crime ou o executor comete o crime de outro crime. Ex.: mata o marido para estuprar a
esposa. Este homicídio será qualificado.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

mediante a promessa de uma recompensa. Ambos


• Consequencial  – Mata para assegurar a ocultação,
respondem pelo crime. A recompensa não necessita
impunidade ou vantagem de outro crime. Ex.: mata
ser apenas econômica, podendo ser uma promessa testemunha que presenciou o crime, ou matar o
de emprego, um casamento etc. É um crime de con‐ comparsa para ficar com toda a vantagem do crime.
curso necessário, pois pressupõe o envolvimento de
no mínimo duas pessoas. Obs.: a premeditação não é qualificadora.
• Motivo torpe – Repugnante. Ex.: matar os pais para
ficar com a herança. e) É possível homicídio privilegiado qualificado? Sim,
• Motivo fútil  – Insignificante. Ex.: matar alguém em desde que as qualificadoras sejam objetivas, uma vez que
uma briga de trânsito. todas as causas privilegiadoras são subjetivas. Assim, as qua‐
b) Quanto aos meios empregados lificadoras podem ser classificadas:
• Veneno – Substância química introduzida no organis‐ • Qualificadoras objetivas – Quanto aos meios empre‐
mo que pode causar a morte. Deve ser introduzida gados e quanto ao modo de execução;
sem que a vítima perceba. Se esta perceber considera‐ • Qualificadoras subjetivas – Quanto ao motivo e por
-se homicídio qualificado pelo meio cruel. conexão.
• Fogo ou explosivo – O crime de dano qualificado fica
absorvido, art. 163, II do CP, princípio da subsidiarie‐ Dessa maneira, para montar a figura do homicídio privile‐
dade expresso. giado qualificado deve-se unir as qualificadoras objetivas
• Asfixia – Impedimento da função respiratória. Poderá com as causas privilegiadoras (que são todas subjetivas).
ser: Ex.: matar o estuprador da filha (sob domínio de violenta
– Esganadura – Mãos e pés no pescoço do agente; emoção – causa privilegiadora) mediante uma emboscada
– Estrangulamento – Fios, arames, cordas no pescoço (qualificadora objetiva).
do agente;
– Enforcamento – O próprio peso da vítima; f) Homicídio qualificado privilegiado é hediondo? Não.

140
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Perdão judicial. Somente é aplicado ao homicídio culposo:
a) quando o sofrimento percebido pelo próprio agente
Art. 121. [...] em face de sua conduta culposa for tão grande que torna a
§ 2º Se o homicídio é cometido: aplicação da pena insignificante;
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo b) aplica-se no momento da sentença;
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) c) natureza jurídica – causa de extinção da punibilidade.
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do Obs. 1: “A” e “B” agem imprudentemente e matam o filho
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança de “A”. Somente A receberá o perdão judicial.
Pública, no exercício da função ou em decorrência Obs. 2: “A” imprudentemente causa a morte de seu filho
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente e do colega dele. A  doutrina e a jurisprudência divergem
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa con‐ acerca do cabimento de perdão em relação a ambos ou
dição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
somente em relação ao filho.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de Obs.: com a regra prevista no art. 121, § 6º:
sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela
Lei nº 13.104, de 2015) § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a
I – violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei metade se o crime for praticado por milícia privada,
nº 13.104, de 2015) sob o pretexto de prestação de serviço de segurança,
II – menosprezo ou discriminação à condição de mu‐ ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº
lher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 12.720, de 2012)
Homicídio culposo Obs.: com a nova regra prevista no art. 121, § 7º:
Art. 121. [...] § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
§ 3º Se o homicídio é culposo: terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído
Pena – detenção, de um a três anos. pela Lei nº 13.104, de 2015)
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses poste‐
Dar causa ao resultado morte por imprudência, negli‐ riores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
gência e imperícia. II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior
De maneira diferente ao homicídio doloso o agente não de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído
quer a produção do resultado morte, apenas pratica a conduta pela Lei nº 13.104, de 2015)
de forma desastrosa de forma a alcançar o resultado, morte. III – na presença de descendente ou de ascendente
1) Matar alguém por imprudência – Ação descuidada. da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Ex.: limpar a arma em local público, vindo esta a disparar.
2) Matar alguém por negligência  – Ausência de uma Induzimento, Auxílio ou Instigação ao Suicídio
precaução. Ex.: deixar uma arma ao alcance de crianças.
3) Matar por imperícia – Falta de aptidão para o exercício
de uma função. Ex.: erro médico. Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou
prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se
Atenção! Não existe compensação de culpas. Se o consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentati‐
agente e a vítima agiram culposamente para a ocorrência va de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave
do crime, a responsabilidade de um não exclui a do outro.
1) A doutrina chama o presente crime de participação
Causa de aumento de pena em suicídio.
2) Conduta: a lei não pune quem tenta se suicidar e sim
Art. 121. [...] quem:
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


a) induz: dar a ideia;
1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância b) instiga: reforçar a ideia já existente;
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o c) auxilia materialmente, por exemplo, quer empresta
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, uma arma para quem manifestou a vontade de se suicidar.
não procura diminuir as consequências do seu ato, 3) Objeto jurídico (bem jurídico tutelado, protegido, por
ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso aquele tipo penal): vida humana.
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) 4) Objeto material (coisa sobre a qual recai a ação do
se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 agente): vida humana.
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 5) Sujeito ativo: qualquer pessoa. É crime comum.
§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá 6) Sujeito passivo:  qualquer pessoa determinada ou
deixar de aplicar a pena, se as consequências da in‐ determinável, bem como que tenha capacidade de enten‐
fração atingirem o próprio agente de forma tão grave dimento e resistência. A  conduta deve ser dirigida a uma
que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pessoa ou grupo de pessoas determinados. Assim, autores de
pela Lei nº 6.416, de 24/5/1977) livros ou de letras de música que instigam ao suicídio, e tendo
alguém que efetivamente influenciado por tais ideias vem a
Homicídio doloso tem Homicídio culposo tem como se matar, tais autores não respondem por este crime, pois
como causa de aumento causa de aumento de pena: 1/3. ao escreverem suas letras e obras acabaram por atingirem
de pena: 1/3. Quando praticado: uma gama indeterminada de pessoas.
Quando praticado contra • Inobservância de regra téc‐ 7) Consumação: com a ocorrência da morte ou da lesão
menor de 14 anos e maior nica de profissão ou ofício. grave. Este crime possui uma característica peculiar, pois não há
de 60 anos. • Deixar de prestar socorro. tentativa. Vejamos, ou o agente induz, instiga ou auxilia alguém
• Não procura diminuir as a se matar e esta pessoa efetivamente morre ou fica com uma
consequências de seus atos. lesão grave e o crime encontra-se efetivamente consumado, ou
• Foge para evitar prisão em a vítima apenas fica com lesões leves é o fato é atípico, hipótese
flagrante. do crime tentado. Esta foi uma opção do legislador.

141
8) Casos clássicos: Ambos respondem pelo A mãe responde por infanti‐
• várias pessoas fazem roleta-russa, uns estimulando crime de infanticídio. cídio e o pai por homicídio.
os outros, os  sobreviventes respondem pelo crime
do artigo 122; 5) Sujeito passivo: próprio filho recém-nascido. Deve ser
• se duas pessoas fazem pacto de morte e uma delas apenas o recém-nascido porque o tipo penal fala em “durante
se mata e a outra desiste, a sobrevivente responderá o parto ou logo após”. Assim:
pelo crime previsto no artigo 122;
• se duas pessoas decidem morrer conjuntamente e se
trancam em um compartimento fechado e uma delas Mãe sob a influência do Mãe sob a influência do
liga o gás, mas apenas a outra morre, haverá homicídio estado puerperal mata seu estado puerperal mata seu
por parte daquela que ligou o gás. próprio filho recém-nascido. próprio filho recém-nascido
9) Causa de aumento de pena: e o outro filho de 5 anos.
• se o crime é praticado por motivos egoísticos. Ex.: ob‐ Responderá por infanticídio. Em relação ao recém-nasci‐
tenção de vantagem econômica com a morte da vítima; do responderá pelo crime de
• a vítima é menor de idade, 18 anos; infanticídio. Já em relação ao
• se a vítima tem diminuída a sua capacidade de resis‐ filho de 5 anos responderá
tência – está bêbado ou em depressão. pelo crime de homicídio.

Atenção! Se a vítima não tiver nenhuma capacidade de 6) Consumação: morte. É crime material.
resistência (ex.: débil mental) o crime será de homicídio.
Obs.: somente haverá o crime de infanticídio se este foi
10) Classificação: crime comum (pode ser praticado por praticado por influência do estado puerperal. Do contrário,
qualquer pessoa); material (necessita do resultado naturalísti‐ não diagnosticado por perícia médica o estado de puerpério,
co para a sua consumação); de forma livre (pode ser praticado estaremos diante do crime de homicídio.
de qualquer maneira, não existindo no tipo penal uma forma
previsão); comissivo (por ação); instantâneo (a consumação 7) Não confundir os crimes abaixo:
ocorre em um dano momento); de dano (há efetiva lesão ao
bem jurídico protegido pela norma); unissubjetivo (pode ser Infanticídio – Art. 123 do CP Abandono de recém-nas-
praticado por apenas uma pessoa), não admite tentativa; • Conduta – Matar, sob a in‐ cido – Art. 134, § 2º do CP
monoofensivo (atinge apenas um objeto jurídico). fluência do estado puerpe‐ • Conduta  – Expor ou
ral, o próprio filho, durante abandonar recém-nas‐
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um o parto ou logo após. cido, para ocultar de‐
terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído • O dolo é de matar e se sonra própria.
pela Lei nº 13.104, de 2015) pratica sob a influência do • O dolo é de abandonar
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses poste‐ estado puerperal. o recém-nascido devido
riores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) a vergonha acerca da
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior gestação.
de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído
pela Lei nº 13.104, de 2015) Obs.: se o dolo for de matar
III – na presença de descendente ou de ascendente mediante abandono do
da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) recém-nascido, se a mãe
estiver sob o estado puer‐
Infanticídio peral será infanticídio, se
não será homicídio.
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal,
o próprio filho, durante o parto ou logo após. Aborto
Pena – detenção de 2 a 6 anos.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir


1) Conduta: matar + influência do estado puerperal + pró‐ que outrem lho provoque.
prio filho + durante o parto ou logo após. Trata-se de um tipo de Pena – detenção de 1 a 3 anos.
homicídio, mas o legislador entendeu que por se tratar de uma Art. 125. Provocar aborto sem o consentimento da
pena mais branda. É a aplicação do princípio da especialidade. gestante.
2) Objeto jurídico (bem jurídico tutelado, protegido, por
Pena – reclusão de 3 a 10 anos.
aquele tipo penal): vida humana extrauterina (a morte de
uma vida intrauterina será aborto). Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da
3) Objeto material (coisa sobre a qual recai a ação do gestante.
agente): vida humana. Pena – reclusão de 1 a 4 anos.
4) Sujeito ativa: mãe no estado puerperal. É crime próprio, Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior,
pois somente pode ser praticado por este sujeito ativo. Agora se a gestante não é maior de 14 anos ou é alienada
em relação ao concurso de pessoas: deve-se verificar se o coau‐ ou débil mental, ou se o consentimento é obtido
tor conhece a elementar “sob a influência do estado puerperal”. mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Art. 127. As penas cominadas nos artigos anteriores
são aumentadas de 1/3, se, em consequência do
Mãe sob a influência do Mãe sob a influência do es‐ aborto ou dos meios empregados para provocá-lo,
estado puerperal juntamen‐ tado puerperal juntamente a  gestante sofre lesão corporal de natureza grave;
te com o pai (concurso de com o pai (concurso de pes‐ são duplicadas, se, por destas causas, lhe sobrevém
pessoas), que sabe do estado soas), que não sabe do esta‐ a morte.
de saúde de sua mulher (co‐ do de saúde de sua mulher Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
nhece a elementar do tipo (não conhece a elementar do I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
penal “sob a influência do tipo penal “sob a influência II  – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
estado puerperal”) matam do estado puerperal”) ma‐ precedido de consentimento da gestante ou quando
o filho recém-nascido. tam o filho recém-nascido. incapaz, de seu representante legal.

142
1) Conceito de aborto: interrupção da gravidez com o consentimento dela responderá pelo crime previsto
consequente morte do feto. no art. 126 do CP: “Aborto provocado com o consen‐
2) Início da gravidez: há uma divergência em relação ao timento da gestante”.
início da vida, parte entende que ocorre com a fecundação e
parte entende que ocorre com a nidação, que é a implantação Resumo
do óvulo já fecundado no útero. Gestante consente que terceiro pratique aborto nela, es‐
3) Objeto jurídico: tutela-se a vida intrauteirna, ou seja, tando diante de uma coautoria:
a vida do feto. • Gestante – Responderá pelo crime previsto no art. 124
4) Objeto material: também será a vida do feto. do CP.
• Terceiro – Responderá pelo crime previsto no art. 126
Atenção! Para configurar o crime de aborto a conduta deve do CP.
ser praticada enquanto o feto encontra-se no ventre da
gestante, independentemente se é expelido ou não com O sujeito passivo será o feto e a consumação ocorrerá
vida, pois conforme a Teoria Geral do Crime, o crime ocorre com morte deste.
no momento da ação ou omissão, independentemente do
momento de resultado criminoso. Assim, vejamos: b) Aborto provocado com o consentimento da gestan-
a) são praticadas manobras abortivas enquanto o feto te – art. 126 do CP.
encontra-se no ventre da gestante e ali mesmo ele vem a Neste caso, como já colocado o sujeito ativo do crime
óbito – configura-se o crime de aborto; é o terceiro que pratica o aborto com o consentimento da
b) são praticadas manobras abortivas enquanto o feto gestante. Ela, responderá pelo crime previsto no artigo 124
encontra-se no ventre da gestante, todavia ele é expelido do Código Penal. O sujeito passivo será o feto e a consuma-
com vida e logo após vem a óbito – configura-se o crime ção ocorrerá com morte deste.
de aborto porque a conduta foi praticada quando o feto
encontrava-se no ventre materno; c) Aborto provocado por terceiro sem o consentimento
c) são praticadas manobras abortivas enquanto o feto da gestante – art. 125 do CP.
encontra-se no ventre da gestante, todavia o feto é expelido Aqui estamos diante de uma situação diversa. O crime
com vida, vindo a sobreviver. Logo em seguida ele é asfi‐ ocorrerá nas seguintes situações:
xiado – configura-se o crime de homicídio, pois a conduta • Terceiro pratica aborto na gestante sem o consenti‐
foi praticada quando o feto encontrava-se fora do ventre mento desta;
da gestante. • Terceiro pratica aborto na gestante e esta lhe dá um
Assim: consentimento, todavia, este não pode ser conside‐
• Conduta praticada com o feto dentro do ventre da ges‐ rado válido por que:
tante – aborto. I – a gestante não é maior de 14 anos;
• Conduta praticada com o feto fora do ventre da gestan‐ II – a gestante é alienada ou débil mental;
te – homicídio. III – o consentimento da gestante foi obtido mediante
fraude, grave ameaça ou violência.
5) Consumação: com a morte do feto. É crime material. Assim o sujeito ativo deste crime será o terceiro que pra‐
6) Tentativa: se são realizadas manobras abortivas e o tica o aborto nestas condições descritas acima. O sujeito pas-
feto é expelido com vida e sobrevive. sivo será o feto e a consumação ocorrerá com morte deste.
7) Espécies:
a) Autoaborto e consentimento para o aborto – art. 124 Atenção! O art.127 prevê uma causa de aumento de pena
do CP. de 1/3 a ser aplicada apenas ao terceiro que pratica aborto
na gestante, com ou sem o consentimento dela, nos casos
• 1ª parte: “Autoaborto” é o aborto praticado pela pró‐ em que em consequência do aborto ou dos meios empre‐

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


pria gestante em si mesma. Tem como sujeito ativo a gados para provocá-lo a gestante sofre lesão corporal de
gestante e o sujeito passivo o feto. Consuma-se com natureza grave ou a pena é duplicada se sobrevém a morte
a morte do feto. Destaca-se que qualquer pessoa que da gestante. Algumas considerações:
auxilie a gestante nesta conduta será considerada • a pena somente é aplicada ao terceiro que pratica o
partícipe deste crime, pois é considerado crime de aborto com ou sem o consentimento da gestante, não
mão-própria o qual não admite coautoria. se aplicando a gestante, tendo em vista que o direito
• 2ª parte: “Consentir que terceiro lhe pratique o penal não pune a autolesão;
aborto”  – ocorre quando a gestante consente que • somente se aplica o aumento de pena de 1/3 se sobre‐
uma terceira pessoa pratique o aborto nela. Nesta vier a gestante lesão corporal grave ou gravíssima. Se
situação, vemos uma coautoria, pois os sujeitos ati- a lesão for leve a causa de aumento de pena não será
vos deste crime serão tanto o terceiro que pratica as aplicada;
manobras abortivas quanto a gestante que lhe deu o • se a gestante vier a falecer, a pena será duplicada;
consentimento para tal prática. Todavia, aqui temos
uma exceção à Teria Monista adotada pelo Código Pe‐ Obs.: trata-se de crimes preterdolosos, ou seja, onde
nal, a qual prevê que “todos os que concorrem para o houve o dolo na prática do aborto e culpa no resul‐
crime, respondem pelo mesmo crime”. Se não estivés‐ tado lesão grave ou morte da gestante. Se o terceiro
semos diante de uma exceção prevista pelo legislador, quis praticar o aborto e após quis lesionar ou matar a
tanto a gestante como o terceiro responderiam por gestante, o terceiro responderá pelo crime de aborto e
este crime previsto no art. 124 do CP. Porém, estamos lesão corporal grave ou homicídio.
diante da Exceção Pluralista à Teria Monista, porque
o próprio legislador previu que a gestante neste caso • se mesmo que o crime de aborto não tenha se consuma‐
responderá pelo crime descrito no art. 124 do CP e o do, mas a gestante tenha sofrido lesão grave ou morte,
terceiro que pratica manobras abortivas nela e com a aumento de pena será aplicado.

143
d) Aborto legal – art. 128 do CP: causa especial de ex- Lesão corporal seguida de morte
clusão de ilicitude. § 3º Se resultar morte e as circunstâncias evidencia‐
rem que o agente não quis o resultado, nem assumiu
• Aborto necessário: médico + não há outro meio para o risco de produzi-lo.
salvar a vida da gestante.
Não é necessário que o risco que a gestante sofre Diminuição de pena
seja atual, apenas deve ficar comprovado que o pros‐ Pena – reclusão de 4 a 12 anos.
seguimento da gravidez irá gerar risco de vida para § 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo
a gestante. Deve ser praticado por médico, mas em de relevante valor social ou moral ou sob o domínio
um caso de emergência extrema em que não se pode de violenta emoção, logo em seguida a injusta pro‐
esperar a chegada e de um médico, o aborto poderá vocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
ser praticado por uma enfermeira. sexto a um terço.
• Aborto sentimental: médico + consentimento da
gestante ou seu representante lega se incapaz + crime Substituição da pena
de estupro. § 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda
Neste caso, somente pode ser praticado por médico, substituir a pena de detenção pela de multa:
pois não há situação de emergência. Se cometido I  – se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo
pela própria gestante ou por uma enfermeira, estas anterior;
responderão pelo crime de aborto. Não é necessário II – se as lesões são recíprocas.
que haja uma condenação pelo crime de estupro, ape‐
nas que o médico tenha prova da existência do crime. Lesão corporal culposa
§ 6º Se a lesão é culposa:
Atenção! Não há em nossa legislação a previsão de aborto Pena – detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
para casos em que durante os exames pré-natais verifique‐
-se que o feto padece de alguma anomalia, mal formação Aumento de pena
ou doença grave. Nestes casos, a interrupção da vida será § 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
considerada aborto. Aguarda-se o julgamento do STF acerca qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 des‐
dos fetos anencéfalos. te Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
Algumas Situações Peculiares: art. 121.
1) O agente quer o aborto e quer a morte da gestante:
responderá pelo crime de aborto e homicídio. Violência doméstica
2) O agente quer matar a mulher e sabe que ela está §  9º Se a lesão for praticada contra ascendente,
grávida, caso o feto também morra – responderá pelo crime descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
de homicídio e aborto em dolo eventual, pois assumiu o risco com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
deste crime ao matar mulher. prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
3) O agente quer matar a mulher e não sabe que ela de coabitação ou de hospitalidade:
está grávida e o feto vem a óbito – responderá apenas pelo Pena – detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
crime de homicídio. § 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo,
se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste
Das Lesões Corporais artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será
Código Penal aumentada de um terço se o crime for cometido
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

contra pessoa portadora de deficiência.


Art.129. Ofender a integridade corporal ou a saúde § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
de outrem. agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Pena – detenção de 3 meses a 1 ano. Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
Lesão corporal de natureza grave ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, com‐
§ 1º Se resultar: panheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
I – incapacidade para as ocupações a habituais, por em razão dessa condição, a pena é aumentada de um
mais de 30 dias; a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
II – perigo de vida;
III – debilidade permanente de membro, sentido ou 1) Conceito de lesão corporal: ofender a integridade
função; física ou a saúde de outrem. Abrange tanto a ofensas ao
IV – aceleração de parto. corpo como ao funcionamento de órgãos. Assim, incluem
Pena – reclusão de 1 a 5 anos. a causação de hematomas, provocação de vômitos, convul‐
§ 2º Se resultar: sões, desmaios.
I – incapacidade permanente para o trabalho; 2) Objeto jurídico: a incolumidade da pessoa em sua
II – enfermidade incurável; integridade física ou psíquica.
III  – perda ou inutilização de membro, sentido ou 3) Objeto material: o físico e o psíquico da vítima.
função; 4) Sujeito ativo: qualquer pessoa. É crime comum.
IV – deformidade permanente; 5) Sujeito passivo: qualquer pessoa.
V – aborto. 6) Consumação: com a ocorrência da lesão a integridade
Pena – reclusão de 2 a 8 anos. física ou psíquica da vítima.

144
7) Espécies: Passemos a estudar cada uma das espécies.
a) Lesão corporal dolosa, ela pode ser classificada em: a) Lesão Corporal Leve:
• Leve – art. 129, caput; Conceito – Prevista no caput do art.  129 do CP, o  seu
• Grave – art. 129, § 1º; conceito é retirado por exclusão, ou seja, será lesão corpo‐
ral leve aquela que não for nem grave nem gravíssima. Da
• Gravíssima – art. 129, § 2º;
mesma maneira, ela não se confunde com a contravenção
• Seguida de morte – art. 129, § 3º. de vias de fato nem com o crime de injúria real. Portanto,
b) Lesão corporal culposa – art. 129, § 6º. é necessário não confundir os conceitos. Vejamos o quadro:

Lesão Leve Contravenção de Vias de Fato Injúria Real


Conceito previsto no art. 129 do CP. Conceito previsto no art.  21 da Lei Conceito previsto no art.  140, §  2º do CP,
É tido como por exclusão, não sendo de Contravenções Penais e consiste consiste na violência empregada com o fim
a lesão nem grave nem a gravíssima. em uma violência que é empregada, de humilhar a vítima. Exemplo: uma bofetada
todavia não causa qualquer dano ao leve na cara em público.
corpo da vítima. Exemplo seria um
empurrão.

Atenção! Com a Lei nº 9.099/1995, a lesão corporal leve passou a ser processada através da ação penal pública condi‐
cionada à representação da vítima ou de seu representante legal (art. 88 da Lei nº 9.099/1995). As demais formas de lesões
corporais permanecem sendo processadas por meio de ação penal pública incondicionada.

Passemos a analisar as lesões corporais graves e gravíssimas:

Lesão Corporal Grave – Prevista no art. 129, § 1º, do CP. Lesão Corporal Gravíssima – Prevista no art. 129, § 2º, do CP.
I) Resultar incapacidade para ocupações habituais por mais I) Resultar incapacidade permanente para o trabalho
de 30 dias Aqui as agressões causaram incapacidade permanente e
Para o delito estar configurado é necessário que a vítima, não temporária para o trabalho, não se referindo às demais
devidos as lesões sofridas fique incapacitada para desenvol‐ atividades.
ver as suas atividades habituais. É necessária a realização de
exame de corpo de delito. Deve-se destacar que atividades
habituais são as condutas rotineiras da vítima como andar,
trabalhar, praticar esportes, não sendo, portanto, apenas o
trabalho. Da mesma forma, se a vítima conseguir desenvolver
suas atividades rotineiras e não as fizer apenas por vergonha
das lesões, não se tratará de lesão corporal grave e sim de
lesão corporal leve.
II) Resultar perigo de vida II) Resultar enfermidade incurável
Se a vítima em decorrência da lesão estiver correndo risco Das agressões surge uma enfermidade incurável, por exem‐
de morte. Exemplo: em decorrência das lesões sofridas plo, atingido o pâncreas, diminui-se a produção de insulina
houve grande perda de sangue. Necessário se faz o exame e a vítima torna-se diabética.
de corpo de delito.
III) Resultar debilidade permanente de membro, sentido III) Perda ou inutilização de membro, sentido ou função
e função Muito semelhante ao item ao lado, todavia enquanto no inci‐

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


Debilidade consiste na redução ou enfraquecimento da ca‐ so IV do § 1º do art. 129 fala-se em redução permanente, aqui
pacidade de funcionamento. Ela deve ser permanente para falamos em perda ou inutilização total de membros, sentidos
então estar configurada a lesão corporal grave. ou função. Exemplo: mutilação de um braço, amputação de
Membros – São braços e pernas. uma perna, perda da visão, incapacidade reprodutora.
Sentido – Olfato, visão, audição, paladar e tato.
Função – Digestiva, reprodutora, respiratória.
Assim, para se configurar o crime de lesão corporal grave a
agressão deve reduzir de forma permanente a capacidade
de membros, sentidos e função, por exemplo: diminuir os
movimentos de um braço, o paladar, o sistema circulatório.
IV) Aceleração do parto IV) Resultar aborto
Das agressões sofridas decorrer um parto prematuro. Só é Neste caso o aborto não foi praticado intencionalmente,
aplicado quando o feto nasce com vida, pois se ocorrer o ele decorreu das agressões. É crime preterdoloso em que
aborto o crime será de lesão corporal gravíssima. o agente tem o dolo de praticar lesões corporais na vítima
que está gestante e por culpa acaba por cometer o aborto.
O agente deve saber que a vítima está grávida. Se o agente
tiver a intenção de também causar o aborto, não responderá
pelo crime de lesão corporal gravíssima e sim pelo crime de
aborto.
V) Resultar deformidade permanente
Se das agressões advir um dano estético como queimaduras
ou cicatrizes. O dano estético deve ser permanente.

145
b) Lesão Corporal Seguida de Morte corporais em outrem, mesmo em momento algum tendo
É aquela prevista no art.  129, §  3º, do CP em que se pretendido alcançar este resultado.
verifica a presença do dolo na lesão corporal, todavia Diferentemente da lesão corporal dolosa, a culposa não
em decorrência desta acaba por advir uma morte cul‐ possui a classificação em graus de leve, grave ou gravíssima.
posa. O  agressor quis causar lesões corporais na vítima, A pena será aumentada de 1/3 nas seguintes situações –
todavia em nenhum momento quis a ocorrência de sua quando praticado com:
morte, nem tampouco assumiu o risco para que esta • inobservância de regra técnica de profissão ou ofício;
ocorresse. É um crime preterdoloso e assim, não admitem • deixar de prestar socorro;
tentativa. • não procura diminuir as consequências de seus atos;
Qual a diferença entre o crime de homicídio e de lesão • foge para evitar prisão em flagrante.
corporal seguida de morte, tendo em vista que nos dois casos Da mesma forma do homicídio culposo, na lesão corporal
teremos um cadáver estendido ao chão? culposa é cabível o perdão judicial. Relembrando:

Perdão judicial:
Crime de Homicídio Crime de Lesão Corporal • quando o sofrimento percebido pelo próprio agente
seguida de Morte em face de sua conduta culposa for tão grande que torna a
Aqui o dolo é de matar. Aqui o dolo é de lesionar aplicação da pena insignificante;
Ex.: A atira em B com vonta‐ e por culpa (negligência, • aplica-se no momento da sentença;
de de matar e B morre. imprudência ou imperícia) a • natureza jurídica – causa de extinção da punibilidade.
vítima vem a morrer.
Ex.: A querendo lesionar B e) Violência Doméstica  – Se a lesão corporal leve for
começa a espancá-lo, toda‐ praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge
via B acaba por morrer dos ou companheiro ou ainda prevalecendo-se o agente da
ferimentos. relação doméstica de coabitação e hospitalidade a pena
c) Lesão Corporal Privilegiada será de detenção de 6 meses a 1 ano.
Requisitos – Muito se assemelha ao crime de homicídio Todavia, se esta lesão for grave ou gravíssima ou seguida
privilegiado: se o agente comete o crime impelido por motivo de morte e for praticada contra estas mesmas pessoas a
de relevante valor social ou relevante valor moral ou sob pena será de 1/3.
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta Da mesma forma, se quaisquer das pessoas elencadas
provocação da vítima (neste item se aplicam os mesmo acima forem portadoras de deficiência física, a  pena será
comentários atribuídos ao crime de homicídio privilegiado). aumentada de 1/3.
Consequências – O juiz pode reduzir a pena de um sex‐
to a um terço. Da mesma forma, poderá, ainda o juiz, não Da Periclitação da Vida e da Saúde
sendo graves as lesões, substituir a pena de detenção pela
de multa, tanto no caso de lesão corporal privilegiada como Perigo de Contágio Venéreo – art. 130 do CP e Perigo
de lesões recíprocas. de Contágio de Moléstia Grave – art. 131 do CP
d) Lesão Corporal Culposa
Conceito – Quando o agente por praticar uma conduta Devido à proximidade destes dois crimes passemos a
imprudente, negligente ou imperita acaba por causar lesões estudá-los de forma comparativa:

Crime de Perigo de Contágio Venéreo – Art. 130 do CP Crime de Perigo de Contágio de Moléstia Grave – Art. 131 do CP
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que
libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
saber que está contaminado: Pena – reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.
§ 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Objeto jurídico: incolumidade física. Objeto jurídico: incolumidade física.
Sujeito ativo: qualquer pessoa contaminada com uma doença Sujeito ativo: qualquer pessoa contaminada com uma moléstia
venérea. grave.
Obs.: doença venérea é aquela sexualmente transmissível. Obs.: moléstia grave é qualquer doença que provoca séria per‐
turbação da saúde, pouco importando se curável ou não, todavia
deve ser transmissível.
Sujeito passivo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: qualquer pessoa.
Modo de execução do crime: mediante ato sexual ou qualquer Modo de execução do crime: qualquer meio como aperto de
ato libidinoso. É um crime de ação vinculada, em que o legislador mão, beijo, abraço, injeção, talheres.
prevê a forma em que o delito é praticado. Atenção! Se estivermos diante de uma doença venérea, sendo
ela grave e desde que ela não tenha sido transmitida através de
um ato sexual ou ato libidinoso, estaremos diante do presente
delito e não do crime previsto no art. 130 do CP.
O autor do delito sabe que é portador da doença (dolo direto) O autor de delito sabe da doença a qual é portador (dolo direto).
ou deveria saber (modalidade culposa). O tipo penal não traz a previsão de sua prática na modalidade
culposa. Assim, se por descuido pessoal o autor não sabe que
estar infectado com uma moléstia grave e por isso não toma os
devidos cuidados, não haverá crime.

146
Será processada mediante ação penal pública condicionada a Será processada mediante ação penal pública incondicionada.
representação.
Consumação: ocorre com a prática do ato sexual ou do ato Consumação: com a prática do ato capaz de transmitir a molés‐
libidinoso independentemente de haver contaminação. É crime tia grave, independentemente de haver contaminação. É crime
formal. formal.
Atenção! Dolo presente neste crime é classificado como dolo de Atenção! Aqui o dolo é de dano, pois o tipo penal prevê a con‐
perigo, tendo em vista que o tipo penal afirma que a conduta duta de “praticar ato com o fim de transmitir moléstia grave”.
delituosa é “expor alguém a contágio de doença venérea”, não Neste caso a intenção do agente é o contágio da doença e não
sendo necessário a contaminação ou a morte da vítima. A sim‐ a simples exposição a uma situação de perigo.
ples exposição já cria uma situação de perigo.
§ 1º Se a intenção do agente é transmitir a doença”. Neste caso
a pena do crime é maior devido a presença do dolo de dano,
bem como o agente deve saber que está contaminado com uma
doença venérea.

Perigo para Vida ou Saúde de Outrem dano efetivo a alguém. A simples exposição já configura o
presente crime. É o chamado dolo de perigo.
Código Penal 5) Consumação: com a prática do ato que faz gerar a
situação de perigo.
Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo 6) Ação nuclear: a exposição a perigo pode ser praticada
direto e iminente: através de uma ação, por exemplo, agredir motorista de
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se ônibus colocando em risco a vida de todos os passageiros,
o fato não constitui crime mais grave. ou por omissivo, patrão não concede aparelhos de segurança
Parágrafo único. A  pena é aumentada de 1/6 (um aos empregados.
sexto) a 1/3 (um terço) se a exposição da vida ou da 7) A conduta deve ser praticada em relação a pessoas
saúde de outrem a perigo decorre do transporte de determinadas.
pessoas para a prestação de serviços em estabele‐ 8) O perigo deve ser concreto.
9) Previsão expressão do princípio da subsidiariedade –
cimentos de qualquer natureza, em desacordo com
somente haverá o presente crime se o fato não constituir
as normas legais.
um delito mais grave.
1) Objeto jurídico: vida ou saúde de outrem. Abandono de Incapaz – art. 133 e Abandono de
2) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Recém-Nascido – art. 134
3) Sujeito passivo: qualquer pessoa.
4) Elemento subjetivo: o crime consiste em expor alguém Passemos a estudar estes crimes de forma comparativa.
a uma situação de perigo, não necessitando que ocorra um Vejamos:

Abandono de Incapaz – Art. 133 do CP Abandono de Recém-Nascido – Art. 134 do CP


Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guardar, vi‐ Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra
gilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de própria:
defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos. § 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
§ 1º Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos. § 2º Se resulta a morte:

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


§ 2º Se resulta a morte: Pena – detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Aumento de pena
§ 3º As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um
terço:
I – se o abandono ocorre em lugar ermo;
II – se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão,
tutor ou curador da vítima;
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
Objeto jurídico: a vida e saúde do incapaz. Objeto jurídico: a vida e a saúde do recém-nascido.
Sujeito ativo: pessoa que tenha o dever de zelar pelo in‐ Sujeito ativo: somente pode ser praticado pela mãe ou pelo
capaz, pois o tem sob o seu cuidado, vigilância, guarda ou pai para esconder uma gravidez indesejada.
autoridade.
Obs.: não havendo esta relação de assistência entre as partes
o crime poderá ser eventualmente de omissão de socorro,
art. 135 do CP.
Sujeito passivo: a pessoa que esta subordinada ao sujeito Sujeito passivo: o recém-nascido.
ativo.
Elemento subjetivo: dolo de abandonar, dolo de perigo Elemento subjetivo: dolo de abandonar, dolo de perigo
concreto. concreto.

147
Consumação: com o abandono a vítima sofre uma situação Consumação: quando o recém-nascido é abandonado.
de perigo concreto.
Forma qualificada (preterdolo): se do abandono resultar Forma qualificada (preterdolo): se do abandono resultar
lesão corporal grave ou a morte. lesão corporal grave ou a morte.
Haverá dolo de abandonar e culpa no resultado lesão grave Haverá dolo de abandonar e culpa no resultado lesão grave
ou morte. ou morte.
Aumento de pena de 1/3 se o abandono:
• ocorrer em lugar ermo (desabitado);
• o agente for ascendente, descendente, cônjuge, irmão
tutor e curador;
• vítima maior de 60 anos.

Crime de Omissão de Socorro são – responderá pelo crime de omissão de socorro


qualificado;
Código Penal • o agente tem dolo de omitir socorro e a vítima vem a
Art.  135. Deixar de prestar assistência, quando falecer em decorrência desta omissão – responderá
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abando‐ pelo crime de omissão de socorro qualificado;
nada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, • o agente tem dolo de matar, atira na vítima e estando
ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não esta ainda com vida, nega o socorro, vindo, então,
pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: a  vítima a falecer  – responderá apenas pelo crime
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. de homicídio, sendo o crime de omissão de socorro
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se absorvido por se tratar de post factum impunível;
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, • o agente comete um crime de homicídio culposo e
e triplicada, se resulta a morte. não presta socorro à vítima – responderá pelo crime
de homicídio culposo com causa de aumento de pena
1) Conduta: consiste em deixar de prestar socorro a (art. 121, § 4º do CP).
quem necessite.
2) Objeto jurídico: dever de assistência e solidariedade 8) Consumação: momento da omissão do socorro.
entre os homens. 9) Omissão de socorro no trânsito:
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. a) aquele que age culposamente na direção de veículo
4) Sujeito passivo: as pessoas enumeradas na lei: automotor e causar lesões corporais e não socorre a vítima:
• criança abandonada; responderá pelo crime previsto no art. 303, parágrafo único,
• criança extraviada – perdida (perigo abstrato); III, do CTB (Lei nº 9.503/1997);
• pessoa inválida ao desamparo; b) aquele que se envolve em acidente automobilístico,
• pessoa ferida ao desamparo; todavia sem ter agido culposamente e causou lesão e não
• pessoa em grave e eminente perigo (perigo concreto). socorreu a vítima: responderá pelo crime previsto no art. 304
do CTB;
5) Elemento subjetivo: dolo de perigo. c) qualquer outra pessoa envolvida no acidente ou que
6) Elemento objetivo: o crime pode ser praticado de
presencia o acidente e não presta socorro – responderá pelo
duas maneiras:
crime previsto no art.135 do CTB.
a) falta de assistência imediata – Quando o agente pode
prestar o socorro pessoalmente, sem colocar em risco a sua
própria vida e mesma assim se omite; Exemplo: A dirigindo o seu carro de forma imprudente vem
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

b) falta de assistência mediata – Quando o agente corre a bater no B, que com a pancada sobe na calçada e atropela
risco em prestar socorro à vítima pessoalmente deve este C que está no ponto de ônibus. D, pedestre, que também
solicitar ajuda imediatamente à autoridade pública. está no ponto de ônibus não sofre nenhum ferimento.
Tanto A, como B, como D não prestam socorro a C. Assim:
Obs.: o pedido de ajuda deve ser imediato. • A por estar dirigindo um veículo automotor de forma
imprudente, sua omissão de socorro está prevista no
Atenção! Havendo possibilidade de prestação de socorro Código de Trânsito – art. 303, parágrafo único, III do CTB.
pessoalmente ante a ausência de risco pessoal, o  agente • B por estar dirigindo um veículo automotor, mesmo sem
assim deve proceder, pois não se trata de opção do agente, ter dado causa a ele, contribuiu para a ocorrência das
pois se tem condições de socorrer pessoalmente e não o faz, lesões, sua omissão de socorro está prevista no Código
responde pelo crime de omissão de socorro, ainda que peça de Trânsito – art. 304 do CTB.
auxílio imediato a autoridade competente. • D por ser um pedestre que a tudo presencia e nada faz,
responderá pelo crime de omissão de socorro previsto
7) Crime de omissão de socorro qualificadora: trata-se no Código Penal – art. 135.
de crime preterdoloso:
• se da omissão de socorro ocorrer lesão corporal na 10) Não confundir crimes omissivos próprios com crimes
vítima a pena é aumentada de ½; omissivos impróprios.
• se da omissão de socorro ocorrer a morte da vítima
a pena é triplicada. a) Crime omissivo próprio  – Inexiste o dever jurídico
de agir. Assim para a omissão ter relevância causal com o
Todavia, não se deve confundir: resultado deve haver um tipo incriminador descrevendo a
omissão. Ex.: crime de omissão de socorro, art. 135 CP.
• o agente tem dolo de omitir socorro e a vítima vem b) Crimes omissivos impróprios (omissivos impuros, es‐
a sofre lesão corporal em decorrência desta omis‐ púrios ou comissivos por omissão) – O agente possui o dever

148
jurídico de agir previsto em uma norma e se omite. Há uma quer abusando de meios de correção ou disciplina:
norma dizendo o que deve ser feito, criando uma relação Pena  – detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano,
causal. Omitindo-se, responderá pelo resultado ocorrido. ou multa.
O art. 13, § 2º descreve quem são as pessoas que possuem § 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
o dever jurídico de agir: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
• Dever legal – Quando houver determinação específica § 2º Se resulta a morte:
em lei, ex.: pai, mãe, policial, bombeiro, mãe deixa de ama‐ Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
mentar o filho e este morre. § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é
• Dever do garantidor – Quando o omitente assumiu por praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
qualquer modo a obrigação de agir, podendo ser obrigação
contratual ou extracontratual. Ex.: olha meu filho para mim 1) Conduta: o crime prevê a situação de o agente, o qual
que eu vou dar um mergulho, e a pessoa se distrai e a criança tem um dever de cuidado em relação à vítima, acaba por
morre afogada. expor a perigo a vida desta, trazendo o tipo penal as formas
• Dever por ingerência da norma – Com o seu compor‐ desta exposição.
tamento anterior criou o risco. Ex.: “A” joga “B” na piscina e 2) Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, pois o tipo
não procura salvá-lo, vindo “B” a falecer. penal descreve a existência de uma relação jurídica de subor‐
dinação entre o autor da infração penal e a vítima: tal como
Nos três exemplos, a mãe, o desconhecido e o “A” têm de guarda, vigilância ou autoridade para fim de educação,
o dever jurídico de agir e se omitiram, respondendo então ensino, tratamento ou custódia o sobre a vítima. Ex.: pais,
pelo resultado ocorrido, qual seja, a morte, e, portanto, pelo tutores, carcereiro, professores, enfermeiros etc.
crime de homicídio, e não pelo crime de omissão de socorro. 3) Sujeito passivo: as pessoas subordinadas ao sujeito
Para finalizar o entendimento observe o exemplo a se‐ ativo.
guir: Maria está passeando no parque e avista uma criança se 4) Assim, o tipo penal prevê em seu texto a forma pela
afogando e nada faz, vindo a criança a morrer. Como Maria qual o sujeito ativo irá “expor a perigo de vida ou a saúde...”
não está relacionada dentre as pessoas que têm o dever ju‐ do sujeito passivo, sendo, portanto, classificado como um cri-
rídico de agir, responderá pelo crime de omissão de socorro me de ação vinculada. Desta forma, o sujeito ativo deve agir:
qualificado pela morte, classificado como crime omissivo • privando à vítima de alimentação;
próprio. Todavia, se um bombeiro avista um a criança se • privando à vítima de cuidados indispensáveis (trata‐
afogando e nada faz, vindo a criança a morrer, como há o mento médico, agasalho);
dever jurídico de agir, responderá o bombeiro pelo resultado • ocasionando trabalho excessivo ou inadequado à vítima;
ocorrido, ou seja, pelo crime de homicídio, classificado aqui • abusando dos meios de disciplina e correção.
como crime omissivo impróprio.
5) Consumação: no momento da produção do perigo,
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar sendo classificado como crime formal. É cabível a tentativa
emergencial nas figuras comissivas.
6) Crime de maus-tratos qualificado:
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória • Se dos maus-tratos resultar lesão corporal ou morte.
ou qualquer garantia, bem como o preenchimento
prévio de formulários administrativos, como condição 7) Causa de aumento de pena: a pena será aumentada
para o atendimento médico-hospitalar emergencial: de 1/3 se o crime for praticado contra menor de 14 anos.
(Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012) E se for contra um idoso? Tal conduta está previsto no es‐
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e tatuto do idoso.
multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012)
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se Atenção! Não confundir o crime de maus-tratos com

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


da negativa de atendimento resulta lesão corporal o crime de tortura: se o meio empregado é muito intenso,
de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. estará configurado o crime de tortura. A intensidade do sofri‐
(Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012) mento físico e mental sentido pela vítima é o que diferencia
este crime do crime de maus-tratos.
1) Conduta: exigir garantia para atendimento médico‐
-hospitalar em caso de emergência, bem como preenchi‐ Diferença entre:
mento prévio de formulário.
2) Sujeito ativo: pessoa responsável pelo primeiro aten‐ Crime de Maus-Tratos – Perigo para a Vida ou Saú-
dimento emergencial. Art. 136 do CP de de Outrem – Art. 132
3) Sujeito passsivo: qualquer pessoa. do CP
4) Consumação: com a exigência. É crime formal. 1) Crime de ação vinculado, 1) Crime de ação livre, po‐
5) A pena é aumentada de metade se da omissão re- pois o legislador prevê as dendo ser praticado de qual‐
sultar lesão corporal grave, e triplicada se resultar morte. formas de sua prática. quer forma.
2) Sujeitos ativo e passivo 2) Sujeitos ativo e passivo
Maus-Tratos previstos no tipo penal  – indeterminados.
crime próprio.
Código Penal
Da Rixa
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim Código Penal
de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, Art.  137. Participar de rixa, salvo para separar os
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, contendores:

149
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, Exceção da verdade
ou multa. § 3º Admite-se a prova da verdade, salvo: (Acrescen-
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal tado pela Lei nº 8.069, 13/7/1990)
de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participa‐ I – se, constituindo o fato imputado crime de ação
ção na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a privada, o  ofendido não foi condenado por sen‐
2 (dois) anos. tença irrecorrível; (Acrescentado pela Lei nº 8.069,
13/7/1990)
1) Conduta: participar de rixa salva para separar os II  – se o fato é imputado a qualquer das pessoas
contentores. indicadas no inciso I do art. 141; (Acrescentado pela
Lei nº 8.069, 13/7/1990)
Obs.: rixa é um tumulto, uma luta desordenada onde III – se do crime imputado, embora de ação pública,
não se sabe quem está agredindo a quem. Assim, quando o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
tratar-se de grupos rivais se enfrentando não há que se falar
rixa, pois as pessoas são identificáveis, respondendo cada 1) Conduta: imputar falsamente a alguém fato definido
qual pelas lesões corporais praticadas. como crime.
Ex.: João diz que Maria matou seu pai, todavia João sabe
2) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Todavia, devem ser que quem matou seu pai foi Antônia.
várias pessoas, pois uma única pessoa jamais conseguirá
praticar este crime. Assim classifica-se como crime de con- Obs. 1: no crime de calúnia imputa-se fato criminoso
curso necessário. falso. Esta falsidade pode ser do fato criminoso (o crime não
3) Sujeito passivo: qualquer pessoa, desde que sejam várias. ocorreu) ou pode ser quanto à autoria (o crime ocorreu, mas
não foi aquela pessoa que cometeu).
Atenção 1! Não há crime na conduta de quem quer
separar os agressores.
Obs. 2: quando falamos em fato, significa a descrição de
uma situação, como no exemplo acima: “Maria matou meu
4) Consumação: com as múltiplas agressões.
pai”. Se apenas o agente disser “Maria, a assassina”, será o
5) Rixa qualificada: se das agressões advir lesão grave
crime de injúria, que trata-se de um xingamento, pois não
ou morte.
há a descrição de um fato.
Atenção 2! Todos os envolvidos na rixa responderão pelo
crime na sua forma qualificada, se do tumulto ocorrido, al‐ Obs. 3: se o agente pensa que o que diz não é falso,
gum dos participantes vier a sofrer uma lesão grave ou morte, ou seja, que a imputação é verdadeira há erro de tipo que
independentemente de terem sido os responsáveis por tais exclui o dolo.
resultados. Até mesmo a vítima das lesões graves responderá
por rixa qualificada. Todavia devemos considerar que: 2) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
• se identificado o autor da lesão grave ou morte, este 3) Sujeito passivo: qualquer pessoa.
responderá pelo crime de lesão corporal grave ou 4) Consumação: no momento que a imputação chega aos
homicídio, bem como pelo crime de rixa. Os demais ouvidos de terceira pessoa. Trata-se de ofensa a honra obje‐
participantes responderão pelo crime de rixa; tiva. É crime formal independe da ocorrência do resultado,
• se alguém participou do crime de rixa e saiu antes ou seja, do sujeito passivo se sentir ofendido.
de ocorrer uma lesão grave ou morte, responderá 5) Tentativa: é possível sua ocorrência apenas na forma
pelo crime de rixa qualificada, pois a sua participação escrita. Ex.: alguém escreve uma carta com a descrição de
contribuiu para ocorrência de tais resultados; fatos criminosos inverídicos e esta é lida por uma autoridade
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

• se alguém ingressou nas múltiplas agressões após a pública antes de chegar a seu destinatário.
ocorrência do resultado lesão grave ou morte, res‐ 6) O § 1º prevê que nas mesmas penas incorre quem
ponderá apenas pelo crime de rixa simples. propala (relata verbalmente) ou divulga (relata por qualquer
outro meio) sabendo falsa imputação. É o crime do fofo-
Dos Crimes Contra a Honra queiro – aquele que espalhou o crime do caput. Todavia, aqui
só cabe o dolo direto, ele tem que saber que a imputação
Conceito de honra: atributos morais, físicos e intelectuais é falsa.
de uma pessoa. Ela pode ser: 7) O § 2º prevê a punição do crime de calúnia contra os
• Honra objetiva: é o que os outros pensam de você. mortos. Mas atenção, o sujeito passivo neste caso não é o
• Honra subjetiva: sentimento que cada um tem a res‐ morto e sim seus familiares.
peito de seus próprios atributos. Autoestima. 8) Exceção da verdade: é um instituto previsto pelo
legislador como um meio de defesa. Só existe o crime de
Calúnia calúnia se a imputação criminosa feita a outrem é falsa, se
Código Penal ela for verdadeira será fato atípico. A falsidade da imputação
é presunção relativa. Assim se o ofendido ingressa com uma
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente ação criminal, é  possível ao ofensor alegar a exceção da
fato definido como crime: verdade provando que sua imputação é verdadeira. Ficando
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, provado que o fato imputado como crime é verdadeiro,
e multa. ocorrerá atipicidade do crime de calúnia, uma vez que a
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a “falsidade” integra a descrição do crime.
imputação, a propala ou divulga. Assim no exemplo acima em que João alegou que Maria
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos. matou seu pai, tendo Maria entrado com uma ação criminal

150
de calúnia contra João, este poderá utilizar-se da exceção Injúria
da verdade, ou seja, tentar provar que realmente foi Maria
que matou seu pai. Se isto ficar comprovado, João não pra‐ Código Penal
ticou o crime de calunia, pois, o fato criminoso imputado é
verdadeiro. Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
ou o decoro:
Atenção! A regra no crime de calúnia é caber a exceção Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
da verdade. Todavia, o  legislador optou por apresentar § 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
algumas hipóteses em que não será possível a utilização da I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
diretamente a injúria;
exceção da verdade:
II – no caso de retorsão imediata, que consista em
a) fato imputado como crime de ação privada, o ofendido outra injúria.
não foi condenado por sentença irrecorrível, pois se o ofensor § 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
quiser provar que sua ofensa é verdadeira estará passando que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
por cima da vítima real do crime e tocando em assunto que considerem aviltantes:
ela quis evitar; Pena  – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
b) se o fato é imputado ao Presidente da República ou e multa, além da pena correspondente à violência.
Chefe de governo estrangeiro; § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos
c) se o ofendido foi absolvido pelo crime tanto em Ação referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a con‐
Penal Pública, como em Ação Penal Privada em sentença dição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
irrecorrível. Pena – reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

Difamação 1) Conduta: é o xingamento, atribuição de qualidade


negativa. Ex.: assassino, ladrão, bêbado, safado, burro, im‐
becil, entre outros.
Código Penal
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofen‐ Obs. 1: não há descrição de nenhum fato como na calúnia
e na difamação, apenas trata-se um xingamento.
sivo à sua reputação:
Pena  – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
2) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
e multa. 3) Sujeito passivo: qualquer pessoa.
4) Consumação: trata-se de crime contra a honra subje‐
Exceção da verdade tiva e somente se consuma quando o fato chega ao conhe‐
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se cimento da vítima. Crime Formal.
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa 5) Tentativa: é possível na forma escrita.
é relativa ao exercício de suas funções.” 6) Não cabe exceção da verdade, pois não há a impu‐
tação de fato.
1) Conduta: imputar a alguém um fato ofensivo que não
seja crime. Obs. 2: na queixa-crime ou denúncia é necessário trans‐
Ex.: Douglas sempre vai trabalhar embriagado. crever as palavras injuriosas sob pena de inépcia.

Obs. 1: na difamação é a imputação de um FATO DESON- 7) Injúria qualificada: se a injúria consiste na utilização
ROSO, em que não importa se é verdadeiro ou falso, pois de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem,
será crime. Não se confunde com o crime de calúnia que é pessoa idosa ou portadora de deficiência. Ex.: xingar a pessoa
um fato criminoso falso. de manco, velho caduco, negrinho.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


Obs. 2: quando falamos em fato, significa a descrição de Obs. 3: não confundir com o crime de racismo previsto
uma situação, como no exemplo acima: “Douglas sempre vai na Lei nº 7.716/1989. Estas são manifestações preconcei-
trabalhar embriagado”. Se o que for dito tratar-se de “Dou‐ tuosas generalizadas ou a prática de algum tipo de segre-
glas, bêbado”, o crime será de injúria, pois é um xingamento gação. Ex.: todo índio é safado e preguiçoso, ou neste clube
é proibida a entrada de negros ou deficientes.
e não a descrição de um fato.
Obs. 4: o crime de injúria qualificada visa pessoas deter-
Obs. 3: se o fato imputado for contravenção penal tam‐ minadas e não trata de segregações.
bém será difamação.
8) A lei prevê ao crime de injúria a possibilidade de apli‐
2) Sujeito ativo: qualquer pessoa. cação do perdão judicial, no qual o juiz deixará de aplicar a
3) Sujeito passivo: qualquer pessoa. pena ao ofensor quando:
4) Consumação: quando terceira pessoa fica sabendo da a) o ofendido de forma reprovável provocou diretamente
imputação. Crime formal. (face a face) a injúria;
5) Tentativa: somente possível por escrito. b) no caso de retorsão (revide, tão logo é ofendida a
6) Exceção da verdade: a regra é não caber exceção vítima também ofende).
9) Injúria real: se a injúria consiste em violência ou vias
da verdade no crime de difamação, já que na difamação é
de fato. Ex.: tapa na cara, empurrão com o fim de humilhar,
indiferente que a imputação seja falsa ou verdadeira. levantar a saia, rasgar a roupa.
7) Hipótese de cabimento da exceção da verdade: a) se 10) Se ocorrer alguma lesão corporal o agente responderá
o fato é imputado a funcionário público e diz respeito ao pelo crime de injúria real + o crime de lesão corporal (que
exercício de suas funções. Assim se ofensor provar que é poderá ser leve, grave ou gravíssima).
verdadeira a imputação ocorrerá excludente específica de 11) Se ocorrer apenas vias de fato o agente responderá
ilicitude, já que a falsidade não integra o tipo penal. somente pelo crime de injúria real.

151
Quadro Esquemático

Calúnia – Art. 138 do CP Difamação – Art. 139 do CP Injúria – Art. 140 do CP


Conduta: imputar falsamente a alguém fato definido Conduta: imputar a alguém um fato ofen‐ Conduta: é o xingamento, atribuição de qua‐
como crime. sivo que não seja crime. lidade negativa.
No crime de calúnia imputa-se fato criminoso falso, Na difamação é a imputação de um fato Não há descrição de nenhum fato como na
que significa a descrição de uma situação. desonroso, em que não importa se é calúnia e na difamação, apenas trata-se um
verdadeiro ou falso, pois será crime. Não xingamento.
se confunde com o crime de calúnia que
é um fato criminoso falso.
Ex.: João diz que Maria matou seu pai, todavia João Ex.: Douglas sempre vai trabalhar em‐ Ex.: Maria assassina, Douglas bêbado.
sabe que quem matou seu pai foi Antônia. briagado.
Consumação: no momento que a imputação chega Consumação: quando terceira pessoa fica Consumação: Trata-se de crime contra a honra
aos ouvidos de terceira pessoa. Trata-se de ofensa a sabendo da imputação. Trata-se de ofensa subjetiva e somente se consuma quando o fato
honra objetiva. a honra objetiva. chega ao conhecimento da vítima.
A regra no crime de calúnia é caber a exceção da A regra é não caber exceção da verdade Não cabe exceção da verdade, pois não há a
verdade. no crime de difamação. imputação de fato.
Hipóteses em que não será possível a utilização da Hipótese de cabimento da exceção da Injúria qualificada: se a injúria consiste na
exceção da verdade: verdade: se o fato é imputado a funcio‐ utilização de elementos referentes a raça,
1) fato imputado como crime de ação privada, o ofen‐ nário público e diz respeito ao exercício cor, etnia, religião, origem, pessoa idosa ou
dido não foi condenado por sentença irrecorrível, pois de suas funções. Assim se ofensor provar portadora de deficiência. Ex.: xingar a pessoa
se o ofensor quiser provar que sua ofensa é verdadeira que é verdadeira a imputação ocorrerá de manco, velho caduco, negrinho.
estará passando por cima da vítima real do crime e excludente específica de ilicitude, já
tocando em assunto que ela quis evitar; que a falsidade não integra o tipo penal.
2) se o fato é imputado ao Presidente da República ou
Chefe de governo estrangeiro;
3) se o ofendido foi absolvido pelo crime tanto em
Ação Penal Pública, como em Ação Penal Privada em
sentença irrecorrível.
Injúria real: se a injúria consiste em violência ou
vias de fato. Ex.: tapa na cara, empurrão com o
fim de humilhar, levantar a saia, rasgar a roupa.

Disposições comuns Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha


praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de
Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se
aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em
é cometido: que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188,
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de 2015)
de governo estrangeiro; Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se
II - contra funcionário público, em razão de suas infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga
funções; ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da dá satisfatórias, responde pela ofensa.
injúria; Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somen‐
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou te se procede mediante queixa, salvo quando, no caso
portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
(Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) Parágrafo único. Procede-se mediante requisição
do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante


paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena do art. 141 deste Código, e mediante representação
em dobro. do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo,
bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código.
Exclusão do crime (Redação dada pela Lei nº 12.033, de 2009)
Art. 142. Não constituem injúria ou difamação pu‐
nível: Considerações Gerais acerca dos Crimes Contra a
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, Honra
pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística Tais considerações abaixo descritas, aplicam-se a todos
ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de os crimes contra a honra: calúnia, difamação e injúria.
injuriar ou difamar; 1) Sujeito ativo: apresentamos em relação aos três
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário crimes como sendo qualquer pessoa o seu sujeito ativo.
público, em apreciação ou informação que preste no Todavia, há exceções:
cumprimento de dever do ofício. a) Imunidade parlamentar: segundo o art.  53 da CF,
Parágrafo único. Nos casos dos nos I e III, responde os  deputados e senadores são invioláveis em palavras
pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publi‐ quando no exercício do mandato. Assim, se um deputado
cidade. quando estiver discursando na Tribuna do Congresso Nacio‐
nal e disser, por exemplo, “Vossa Excelência é um corrupto,
Retratação desonesto, que desviou o dinheiro público para compra de
Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se Fazendas”, não estará praticando o crime de calúnia, nem
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica difamação, nem injúria. Porém, se este mesmo parlamentar
isento de pena. estiver na reunião de condomínio de seu prédio e ofender a

152
um vizinho, não estará no exercício de suas funções e assim e) a retratação independe de aceitação da vítima;
praticará os crimes contra a honra. f) a retratação somente será aplicada em relação aos
b) Vereadores: da mesma forma o art. 29, VIII da CF prevê crimes de calúnia e difamação.
que os vereadores também possuem a mesma inviolabilidade
dos parlamentares, todavia, além de terem que estar no exer‐ 7) Pedido de Explicação: está previsto no art. 144 do CP
cício de suas funções, devem também estar na circunscrição e trata-se de meio utilizado pelo ofendido para obter escla‐
do seu município. Assim, se um vereador vai até uma rádio recimento acerca das palavras proferidas pelo ofensor, para
da cidade vizinha discursar e ali pronunciar palavras contra a então decidir se irá ou não ingressar com uma ação criminal.
honra de alguém, apesar de estar no exercício de suas funções, São os requisitos legais:
estará fora de sua circunscrição e praticará, então, um crime. a) o pedido de explicação é facultativo;
c) Advogado: segundo a Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da b) deve ser realizado antes do oferecimento da denúncia
OAB), os advogados possuem imunidade, não praticando injúria ou queixa-crime;
e difamação no exercício regular de suas atividades, sem preju‐ c) é utilizada quando a vítima fica com dúvida acerca de
ízo das sanções aplicáveis pela OAB. Assim, em uma audiência ter sido ofendida;
se o advogado disser: “Excelência, está mulher se prostitui, não d) o Juiz receberá o pedido, notificará o autor da imputa‐
cuida de seus filhos, é preguiçosa, descuidada, não pode ficar ção para se explicar. Com ou sem resposta do ofensor, o Juiz
com a guarda das crianças”, não terá praticado crime algum. No entregará os autos ao requerente, não julgando o pedido
entanto, se disser: “Esta mulher trafica drogas” e este fato for de explicação;
inverídico, o advogado terá praticado o crime de calúnia, pois e) o pedido de explicação não interrompe o prazo de‐
a sua imunidade não alcança tal ilícito penal. cadencial para queixa crime, mas torna o juízo prevento.

2) Sujeito passivo: pode ser qualquer pessoa – desonra‐ 8) Ação Penal:


do, doente mental, menor de idade, pessoa jurídica (somente a) Regra: os crimes contra a honra serão processados
em relação ao crime de calúnia no que tange a crimes am‐ mediante Ação Penal Privada.
bientais; todavia em relação ao crime de difamação e injúria b) Exceção:
não há a possibilidade de sua prática, pois a pessoa jurídica • será processada mediante Ação Penal Púbica Condicio‐
não possui honra subjetiva) e o morto (tendo em vista que nada a Requisição do Ministro da Justiça – quando a ofensa
o sujeito passivo será a família). for praticada contra o Presidente da República ou Chefe de
3) O consentimento da vítima exclui o crime porque a Governo Estrangeiro;
honra é um bem disponível. Se a pessoa aceita o fato que • será processada mediante Ação Penal Pública Condi‐
lhe é imposto ou o xingamento, não haverá crime. cionada a Representação da vítima ou seu representante
4) Causas de aumento de pena, 1/3 (art. 141): aplicam‐ legal – quando a ofensa for praticada contra o funcionário
-se a todos os crimes: público no exercício de suas funções e no caso de injúria real
a) contra o Presidente da República ou Chefe de Governo quando a lesão corporal for de natureza leve;
estrangeiro (se a calúnia ou difamação contra o Presidente • será processada mediante Ação Penal Pública Incondi‐
tiver motivação política e lesão real ou potencial a bens cionada no caso de injúria real e a lesão corporal for grave
inerentes à Segurança Nacional, haverá crime contra a Se‐ ou gravíssima.
gurança Nacional – Lei nº 7.170/1983);
b) contra funcionário público em razão de suas funções, des‐ EXERCÍCIOS
de que aja nexo de causalidade da ofensa com a função exercida;
c) na presença de várias pessoas que facilite a divulgação Julgue os itens.
(mínimo de três pessoas. Não se computa coautores e os que 1. Imputar falsamente fato criminoso a alguém configu­
não podem entender os fatos); ra-se calúnia, da mesma foram imputar fato desonroso
d) contra maior de 60 anos ou portador de deficiência, exce- configura-se difamação. Em ambos como regra cabe
to no caso de injúria, pois como vimos será injúria qualificada; exceção da verdade.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


e) será em dobro se o crime é cometido mediante paga 2. Na injúria o fato consistem em xingar alguém. Não cabe
ou promessa de recompensa. exceção da verdade. Existem diversas formas de injúria:
real, que consiste na utilização de vias de fatos e injúria
5) Causas especiais de exclusão da antijuridicidade: não racial, que consiste em xingar alguém utilizando-se
constituem injúria ou difamação: critério de raça, cor, etnia.
a) ofensa ocorrida em juízo na discussão da causa pela
parte ou seu procurador (advogado é aplicado o estatuto da GABARITO
OAB. A ofensa tem nexo com a causa. Ofensa contra o juiz
não se aplica tal excludente);
b) opinião desfavorável da crítica literária, artística e 1. C 2. C
científica;
c) conceito desfavorável emitido por funcionário público
em cumprimento de dever de ofício. Dos Crimes Contra a Liberdade Individual

6) Retratação: retirar o que foi dito. O  ofensor tem a Constrangimento Ilegal


possibilidade de se retratar desde que preenchido os re‐
quisitos abaixo: Código Penal
a) a retratação deve ocorrer antes da sentença;
b) a retratação de ser total e incondicional; Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou
c) a retratação causará a extinção da punibilidade grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
(art. 107, VI ); qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
d) por se tratar de circunstância subjetiva, a retratação fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
não se comunicando com os demais coauotres, somente Pena  – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
será aplicada àquele que se retratou; ou multa.

153
Aumento de pena A doutrina coloca, ainda, que a ameaça deve ser veros‐
§  1º As penas aplicam-se cumulativamente e em símil (plausível de acontecer) e iminente.
dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem
mais de três pessoas, ou há emprego de armas. 2) Objeto jurídico: a liberdade e tranquilidade das pessoas.
§ 2º Além das penas cominadas, aplicam-se as cor‐ 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
respondentes à violência. 4) Sujeito passivo: qualquer pessoa.
§ 3º Não se compreendem na disposição deste artigo: 5) Consumação: quando a vítima toma conhecimento
I – a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen‐ da ameaça, independentemente de se sentir amedrontada.
timento do paciente ou de seu representante legal, É crime formal.
se justificada por iminente perigo de vida; 6) Crime subsidiário: na existência de um delito mais
II – a coação exercida para impedir suicídio. grave, como por exemplo, roubo, extorsão, estupro, o crime
de constrangimento ilegal ficará afastado.
1) Conduta: constranger alguém mediante violência ou A principal diferença entre o crime de constrangimento
grave ameaça ou reduzindo a sua capacidade de resistência ilegal e ameaça consiste no momento consumativo:
a não fazer o que a lei permite ou fazer aquilo que ela não
manda. Crime de Constrangimento Crime de Ameaça
Ilegal
Obs.: constranger  – obrigar, coagir. O  crime pode ser
Conduta: constranger al‐ Conduta: ameaçar alguém
praticado de duas maneiras:
guém mediante violência ou de causa mal grave ou in‐
a) obrigar a vítima a fazer algo, por exemplo, obrigar a grave ameaça ou reduzindo justo.
vítima a ir a um local em que ela não deseja; a sua capacidade de resis‐
b) obrigar a vítima a deixar de fazer algo, exemplo, obriga tência a não fazer o que a lei
a vítima a deixar de ir prestar um concurso público. permite ou fazer aquilo que
ela não manda.
2) Objeto jurídico: a liberdade de agir do cidadão, dentro
dos limites da lei. Sujeito ativo/Sujeito passi- Sujeito ativo/Sujeito passi-
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. vo: qualquer pessoa. vo: qualquer pessoa.
4) Sujeito passivo: qualquer pessoa. Consumação: quando a ví- Consumação: quando a
5) Modo de execução do crime: mediante violência, grave tima toma a atitude preten- vítima toma conhecimento
ameaça ou reduzindo a capacidade de resistência da vítima. dida pelo agente. É  crime da ameaça, independen-
6) Consumação: quando a vítima toma a atitude preten‐ material. temente de se sentir ame-
dida pelo agente. É crime material. drontada. É crime formal.
7) Crime subsidiário: na existência de um delito mais Crime subsidiário: na exis‐ Crime subsidiário: na exis‐
grave, como, por exemplo, roubo, extorsão, estupro, o crime tência de um delito mais tência de um delito mais
de constrangimento ilegal ficará afastado. grave, como, por exemplo, grave, como, por exemplo,
8) Causa de aumento de pena do crime de constrangi- roubo, extorsão, estupro, roubo, extorsão, estupro,
mento ilegal: o crime de constrangimento o crime de constrangimento
a) praticado por mais de três pessoas, ou seja, há a ne‐ ilegal ficará afastado. ilegal ficará afastado.
cessidade de serem pelo menos quatro pessoas;
b) emprego de armas, abrange tanto as armas próprias Sequestro ou Cárcere Privado
(arma de fogo, faca, punhal) quanto as armas impróprias
(navalha, faca de cozinha). Código Penal
9) Excludente de ilicitude: não irá configurar o crime de
constrangimento ilegal: Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado:
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

a) a intervenção médico cirúrgica sem o consentimento


do paciente ou de seu representante legal, se houver imi‐ Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
nente perigo de vida; § 1º A pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos:
b) coação para evitar o suicídio. I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge
ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
Ameaça anos;
II – se o crime é praticado mediante internação da
Código Penal vítima em casa de saúde ou hospital;
III  – se a privação da liberdade dura mais de 15
Art.  147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou (quinze) dias;
gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar‐ IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (de‐
-lhe mal injusto e grave: zoito) anos;
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
Parágrafo único. Somente se procede mediante §  2º Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos
representação. ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico
1) Conduta: ameaçar alguém de causa mal grave ou ou moral:
injusto. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos

Obs.: ameaçar – Intimidar alguém por meio de palavras, 1) Conduta: privar alguém de sua liberdade.
gestos, escrita. A ameaça deve ser grave (de morte, lesões) e
injusta (não acolhida pela lei). Assim, se houver a ameaça de Obs.: não confundir o crime de sequestro (privar alguém
processar judicialmente alguém que está lhe devendo uma de sua liberdade) com o crime de extorsão mediante se‐
quantia em dinheiro, não será crime de ameaça, pois esta questro (privar alguém de sua liberdade no intuito de obter
conduta é prevista em lei, e, portanto, justa. um resgate).

154
Exemplo de crime de sequestro: privar uma filha de sua a) submetendo a trabalhos forçados;
liberdade trancafiando-a no porão de casa por anos. Não b) submetendo a jornada exaustiva;
há que se falar em extorsão mediante sequestro, pois em c) sujeitando a condições degradantes de trabalho;
nenhum momento houve a requisição de resgate. d) restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em
razão de dívida contraída com o empregador ou preposto.
2) Objeto jurídico: a liberdade de ir e vir do cidadão. 6) Consumação: quando o agente efetivamente reduz
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. alguém a condição análoga de escravo. É crime material.
4) Sujeito passivo: qualquer pessoa. 7) Figuras equiparadas: também considera-se crime de
5) Consumação: com a privação de liberdade. Trata-se de redução a condição análoga de escravo:
crime permanente, ou seja, aquele em que a consumação a) cerceiar o uso de qualquer meio de transporte por par‐
se prolonga no tempo. Se uma pessoa encontra-se privada te do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;
de sua liberdade por anos, a consumação do crime estará b) manter vigilância ostensiva no local de trabalho ou se
acontecendo a todo momento, e quando descoberto caberá apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador,
prisão em flagrante. com o fim de retê-lo no local de trabalho.
6) Causas de aumento de pena do crime de sequestro: 8) Crime de redução a condição análoga de escravo
• se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge, qualificado:
companheiro ou maior de 60 anos; a) se cometido contra criança ou adolescente;
• se o crime é praticado mediante internação da vítima; b) por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião
• se a privação da liberdade dura mais de 15 dias; ou origem.
• se o crime é praticado contra menor de 18 anos;
• se o crime é praticado com fins libidinosos. Tráfico de Pessoas
Obs. 2: se efetivamente ocorrer um estupro, o agente O crime de tráfico de pessoas foi incluído no Código Penal
responderá pelo crime de sequestro e estupro. Brasileiro pela Lei nº 13.344, de 6 de outubro de 2016, en‐
trando em vigor 45 (quarenta e cinco) dias de sua publicação
7) Crime de sequestro qualificado: se do sequestro oficial, que ocorreu no dia 7 de outubro.
resultar grave sofrimento físico ou mental.
Art.  149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar,
Redução a Condição Análoga de Escravo transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, median‐
te grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso,
Código Penal com a finalidade de:
I – remover‑lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
Art.  149. Reduzir alguém a condição análoga à de
II – submetê‑la a trabalho em condições análogas à
escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou
de escravo;
a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições
III – submetê‑la a qualquer tipo de servidão;
degradantes de trabalho, quer restringindo, por
IV – adoção ilegal; ou
qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida
V – exploração sexual.
contraída com o empregador ou preposto:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além
da pena correspondente à violência. § 1º A pena é aumentada de um terço até a meta‐
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: de se:
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por I – o crime for cometido por funcionário público no
parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local exercício de suas funções ou a pretexto de exercê‑las;
de trabalho; II – o crime for cometido contra criança, adolescente

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou pessoa idosa ou com deficiência;
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do III  – o agente se prevalecer de relações de paren‐
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. tesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade,
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é de dependência econômica, de autoridade ou de
cometido: superioridade hierárquica inerente ao exercício de
I – contra criança ou adolescente; emprego, cargo ou função; ou
II  – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, IV  – a vítima do tráfico de pessoas for retirada do
religião ou origem. território nacional.
1) Conduta: reduzir alguém a condição análoga à de es‐ § 2º A pena é reduzida de um a dois terços se o agente
cravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada for primário e não integrar organização criminosa.
exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de tra‐
balho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção Violação de Domicílio
em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto.
Código Penal
Obs.: “Reduzir alguém a condição análoga à de escravo” –
sujeitar uma pessoa ao poder de outra. Art.  150. Entrar ou permanecer, clandestina ou
astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou
2) Objeto jurídico: liberdade do cidadão. tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. dependências:
4) Sujeito passivo: qualquer pessoa. Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
5) Modo de execução do crime: é um crime classificado § 1º Se o crime é cometido durante a noite, ou em
como de ação vinculada, pois o tipo penal prevê as forma pelas lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de
quais irá se reduzir alguém a condição análoga à de escravo: arma, ou por duas ou mais pessoas:

155
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, • a qualquer hora do dia ou da noite: com autorização
além da pena correspondente à violência. do morador, em caso de flagrante delito, em caso de
§ 2º Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é co‐ desastre e para prestar socorro a alguém.
metido por funcionário público, fora dos casos legais,
ou com inobservância das formalidades estabelecidas Violação de Correspondência
em lei, ou com abuso do poder.
Código Penal
§ 3º Não constitui crime a entrada ou permanência
em casa alheia ou em suas dependências: Art.  151. Devassar indevidamente o conteúdo de
I – durante o dia, com observância das formalidades correspondência fechada, dirigida a outrem:
legais, para efetuar prisão ou outra diligência; Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
II – a qualquer hora do dia ou da noite, quando al‐
gum crime está sendo ali praticado ou na iminência Sonegação ou destruição de correspondência
de o ser. § 1º Na mesma pena incorre:
§ 4º A expressão “casa” compreende: I  – quem se apossa indevidamente de correspon‐
I – qualquer compartimento habitado; dência alheia, embora não fechada e, no todo ou em
II – aposento ocupado de habitação coletiva; parte, a sonega ou destrói;
III  – compartimento não aberto ao público, onde Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica
alguém exerce profissão ou atividade. ou telefônica
§ 5º Não se compreendem na expressão “casa”: II – quem indevidamente divulga, transmite a outrem
I – hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita‐ ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação
nº II do parágrafo anterior; telefônica entre outras pessoas;
II – taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. III – quem impede a comunicação ou a conversação
referidas no número anterior;
1) Conduta: entrar ou permanecer clandestinamente, IV  – quem instala ou utiliza estação ou aparelho
astuciosamente ou contra a vontade expressa ou tácita de radioelétrico, sem observância de disposição legal.
quem de direito, em casa alheia ou suas dependências. § 2º As penas aumentam-se de metade, se há dano
para outrem.
Obs.: algumas considerações: §  3º Se o agente comete o crime, com abuso de
a) entrar em casa alheia – ingressar sem autorização; função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico
b) permanecer em casa alheia – o ingresso foi autoriza‐ ou telefônico:
do pelo morador, todavia em dado momento solicitou-se a Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
retirada do agente e ele permaneceu. § 4º Somente se procede mediante representação,
salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
2) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
3) Sujeito passivo: morador. A lei diz “de quem de direi‐ Obs.: este artigo foi tacitamente revogado pelo art. 40
to”. Assim inclui proprietário, locatário, possuidor. da Lei nº 6.538/1978.
4) Conceito de casa para o crime de violação de domicílio:
a) qualquer compartimento habitado e suas adjacências Correspondência Comercial
(quintal, garagem, jardim);
b) aposento ocupado de habitação coletiva (quarto de Código Penal
hotel);
c) compartimento não aberto ao público, onde alguém Art. 152. Abusar da condição de sócio ou empregado
exerce profissão ou atividade (consultório médio, escritório de estabelecimento comercial ou industrial para,
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

de advocacia, parte interna de uma oficina). no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou
5) Modo de execução do crime: o ingresso ou perma‐ suprimir corre spondência, ourevelar a estranho
nência em casa alheia deve ocorrer: seu conteúdo:
a) clandestinamente – sem a percepção do morador; Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
b) astuciosamente – com emprego de fraude; Parágrafo único.  Somente se procede mediante
c) contra a vontade expressa ou tácita de quem de di‐ representação.
reito – expressa é a verbalizada; tácita é a comportamental.
6) Consumação: quando a vítima entra ou permanece 1) Conduta: abusar da condição de sócio ou empregado
sem autorização em casa alheia. de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou
7) Crime de violação de domicílio qualificada: em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspon‐
• Se praticado durante a noite – ausência de luz solar; dência, ou revelar a estranho seu conteúdo.
• Lugar ermo – desabitado;
• Com violência contra a pessoa ou coisa; Obs.: trata-se de um tipo misto alternativa, pois em
• Emprego de arma – tanto arma própria (faca, punhal, um único tipo penal há a previsão de 4 condutas – desviar
revolver), como arma imprópria (faca de cozinha, (dá rumo diverso), sonegar (esconder), subtrair (furtar) ou
navalha); suprimir (destruir) correspondência comercial, abusando da
• Por duas ou mais pessoas. condição de sócio ou empregado.
8) Causa de aumento de pena: se praticado por funcio‐
nário público. 2) Objeto jurídico: inviolabilidade das correspondências.
9) Excludente de ilicitude: não haverá crime de violação 3) Objeto material: a correspondência comercial.
de domicílio quando praticado nas seguintes condições: 4) Sujeito ativo: é crime próprio e somente pode ser
• durante o dia com observância das formalidades praticado pelo sócio ou empregado do estabelecimento
legais; comercial ou industrial.

156
5) Sujeito passivo: o estabelecimento comercial ou § 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
industrial. distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa
6) Consumação: com o desvio, sonegação, subtração ou de computador com o intuito de permitir a prática
supressão de correspondência comercial. da conduta definida no caput. (Incluído pela Lei
nº 12.737, de 2012)
Divulgação de Segredo § 2º Aumenta‑se a pena de um sexto a um terço se
da invasão resulta prejuízo econômico. (Incluído pela
Código Penal
Lei nº 12.737, de 2012)
Art. 153. Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo § 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo
de documento particular ou de correspondência con‐ de comunicações eletrônicas privadas, segredos
fidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja comerciais ou industriais, informações sigilosas,
divulgação possa produzir dano a outrem: assim definidas em lei, ou o controle remoto não
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. autorizado do dispositivo invadido: (Incluído pela Lei
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilo‐ nº 12.737, de 2012)
sas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
não nos sistemas de informações ou banco de dados e multa, se a conduta não constitui crime mais grave.
da Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
§ 4º Na hipótese do § 3º, aumenta‑se a pena de um a
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
dois terços se houver divulgação, comercialização ou
§ 1º Somente se procede mediante representação.
transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados
§ 2º Quando resultar prejuízo para a Administração
ou informações obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737,
Pública, a ação penal será.
de 2012)
§  5º Aumenta‑se a pena de um terço à metade
1) Conduta: divulgar conteúdo de documento particular
se o crime for praticado contra: (Incluído pela Lei
ou correspondência confidencial cuja divulgação possa pro‐
nº 12.737, de 2012)
duzir dano a outrem.
I – Presidente da República, governadores e prefeitos;
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Obs.: é necessário que a informação seja vinculada
II – Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído
através de documento particular ou de correspondência
pela Lei nº 12.737, de 2012)
confidencial.
III – Presidente da Câmara dos Deputados, do Sena‐
do Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da
2) Objeto jurídico: inviolabilidade de segredo. Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara
3) Sujeito ativo: destinatário da correspondência. Municipal; ou (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
4) Sujeito passivo: a pessoa que pode sofrer o dano com IV  – dirigente máximo da administração direta e
a divulgação do segredo. indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito
5) Consumação: quando o segredo é divulgado para um Federal. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
número indeterminado de pessoas, sendo desnecessário
que alguém sofra efetivamente um prejuízo. É crime formal. Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
6) O crime deve ser praticado “sem justa causa”, ou seja, Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, so‐
o  segredo deve ser divulgado sem que exista um motivo mente se procede mediante representação, salvo se
razoável para tal conduta. o crime é cometido contra a administração pública
direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União,

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


Violação do Segredo Profissional Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra em‐
presas concessionárias de serviços públicos. (Incluído
Código Penal pela Lei nº 12.737, de 2012)

Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa, segredo, 1) Conduta: revelar segredo que tem ciência em razão de
de que tem ciência em razão de função, ministério, função, ministério, ofício ou profissão, o qual possa produzir
ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem. Ex.: advogado, médico, padre que revelam
dano a outrem: informações obtidas no exercício de suas atividades.
Pena  – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, 2) Objeto jurídico: inviolabilidade de segredo.
ou multa. 3) Sujeito ativo: são os confidentes das informações
Parágrafo único. Somente se procede mediante obtidas através de suas funções, ministérios, ofícios ou
representação. profissões.
4) Sujeito passivo: quem sofre com o dano da divulgação
Art.  154-A. Invadir dispositivo informático alheio, do segredo.
conectado ou não à rede de computadores, mediante 5) Consumação: no momento que o segredo chega a
violação indevida de mecanismo de segurança e com terceiros, mesmo que não cause dano a vítima.
o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou infor‐ 6) Se o agente tomar conhecimento do segredo em
mações sem autorização expressa ou tácita do titular razão da função pública o crime será de Violação de Sigilo
do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter Profissional, art. 325 do CP.
vantagem ilícita: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) 7) O crime deve ser praticado “sem justa causa”, ou seja,
Pena  – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, o  segredo deve ser divulgado sem que exista um motivo
e multa. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) razoável para tal conduta.

157
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO • O artigo 155 parágrafo 3º equipara à coisa móvel a ener‐
gia com valor econômico. Assim pode ser objeto de furto
Furto a energia elétrica, a TV a cabo, a internet, bem como a
energia genética, que é o caso de sêmen de animais.
Código Penal • O ser humano não poderá ser objeto de furto pois
não é coisa, tratando-se pois do crime de sequestro.
Art.  155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa • Cadáver poderá ser objeto de furto se pertencer a
alheia móvel: um museu ou universidade, do contrário será o crime
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. previsto no artigo 211 do CP.
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
praticado durante o repouso noturno. c) Coisa alheia – que tem dono. Assim:
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno va‐ • Res nullius (coisa que nunca teve dono) e res derelicta
lor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de (coisa abandonada)  – não são objetos do crime de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois furto;
terços, ou aplicar somente a pena de multa. • Res despereticta (coisa perdida) – se a coisa está per‐
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou dida é porque tem dono, podendo tratar-se de crime
qualquer outra que tenha valor econômico. de furto, se a coisa foi encontrada em local privado,
ou crime de apropriação de coisa achada, art. 169,
Furto Qualificado parágrafo único, II do CP, se encontrada em local
§ 4º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, público.
e multa, se o crime é cometido:
I – com destruição ou rompimento de obstáculo à d) Para si ou para outrem – a subtração da coisa alheia
subtração da coisa;
móvel deve ter o fim de assenhoramente definitivo, ou seja,
II  – com abuso de confiança, ou mediante fraude,
não há a intenção de devolver. Assim aqui surge a figura do
escalada ou destreza;
furto de uso:
III – com emprego de chave falsa;
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) Furto de uso – quando o agente desde o início tem in‐
anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de tenção de usar momentaneamente a coisa alheia móvel e a
artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído devolvê-la, bem como restitui o bem que utilizou de forma
pela Lei nº 13.654, de 2018) imediata e integral. Ex.: o agente pega a bicicleta de seu
§ 5º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, vizinho, sem autorização deste para ir ao trabalho e logo
se a subtração for de veículo automotor que venha a após o final do expediente a restitui sem nenhum dano. Não
ser transportado para outro Estado ou para o exterior haverá crime de furto.
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos
se a subtração for de semovente domesticável de 2) Objetivo jurídico: patrimônio.
produção, ainda que abatido ou dividido em partes 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, 4) Sujeito passivo: qualquer pessoa física ou jurídica.
de 2016) 5) Consumação e tentativa: há três teorias para explicar
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) o momento consumativo do crime de furto:
anos e multa, se a subtração for de substâncias a) Teoria da Apphreensio  – Para o crime de furto se
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou iso‐ consumar basta que o agente tocar na coisa e removê-la.
ladamente, possibilitem sua fabricação, montagem Não aplicada.
ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) b) Teoria da Ablacio – Para o crime de furto se consumar
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

há a necessidade de que o agente retire o bem da esfera de


1) Conceito: subtrair para si ou para outrem, coisa alheia disponibilidade da vítima e obtenha a posse mansa e pacífica
móvel. deste. Esta teoria foi aplicada por muitos anos em nosso
Direito Penal. Desta forma se, por exemplo, A subtraísse
Obs.: passemos a analisar cada elemento do tipo penal: a bolsa de B e saísse correndo, e B também corresse atrás
a) Subtrair – pode ser praticado de duas formas: para recuperar o seu bem, o crime de furto somente estaria
• Lançar mão de bem, tirando-o do poder de alguém, consumado quando A conseguisse despistar B, estando então
ex.: O agente entre em uma loja, furtando uma blusa
com a posse da bolsa de forma mansa e pacífica. Entretanto,
sem ninguém perceber.
se B em perseguição conseguisse recuperar a sua bolsa, sem
• Quando a vítima entrega o bem na mão do agente,
mas não autoriza a sua retirada. Ex.: a vendedora que A tivesse conseguido lograr com a posse mansa e pacífica
entrega a blusa na mão do agente para este provar, desta, estaríamos diante do crime de tentativa de furto.
quando ela se distrai ele sai da loja levando a blusa c) Teoria da Amotio  – É a teoria aplicada em nosso
sem pagar. Aqui é o caso em que o agente tem a Direito Penal. O crime de furto consuma-se com a retirada
posse vigiada do bem. Não confundir com crime de do bem da esfera de disponibilidade da vítima, sem haver
apropriação indébita, que estudaremos logo a frente, a necessidade da posse mansa e pacífica do bem. Desta
onde o agente tem a posse desvigiada do bem. forma seguindo o mesmo exemplo: A subtrai a bolsa de B
e sai correndo. B, vítima, sai em perseguição e retoma sua
b) Coisa móvel – que pode ser removido. Não se utiliza a bolsa sem que A tenha conseguido a posse mansa e pacífica
classificação de bens móveis e imóveis do Código Civil, pois se deste bem. A, segundo esta teoria responderá pelo crime de
um bem classificado como imóvel para o Direito Civil puder furto consumado.
ser removido, ele será objeto material do crime de furto.
• Da mesma forma os semoventes e os animais quando Vejamos o entendimento dos Tribunais Superiores: se‐
tiverem dono podem ser objeto de furto. gundo o entendimento do STF e do STJ, para a consumação

158
do furto, basta a posse, ainda que momentânea, é desneces‐ g) Mediante concurso de duas ou mais pessoas – Para
sária a posse tranquila do bem subtraído por parte do agente, computar o número de duas ou mais pessoas inclui-se os
ou a sua retirada da esfera de vigilância da vítima, bastando inimputáveis, bem como agente não identificável.
a posse do objeto material por curto tempo. h) Subtração de veículo automotor que venha se trans‐
porta para o exterior ou para outro Estado – Já deve haver
6) Tentativa: quando o agente não consegue, por o dolo em retirar o veículo do Estado. Todavia, se o agente
circunstâncias alheias a sua vontade, a  posse, ainda que for detido antes de conseguir chegar a outro Estado ou País
momentânea, da coisa. responderá pelo crime de furto simples e não tentativa de
7) Furto noturno: a pena aumenta-se de um terço, se o furto qualificado. Só restará configurado o presente crime
crime é praticado durante o repouso noturno. se a apreensão ocorrer próximo da divisa.

Obs.: verifica-se que se o crime de furto for praticado Furto de Coisa Comum
durante o repouso noturno a pena será aumentada de 1/3.
Todavia, o que é repouso noturno? Este não se confunde Código Penal
com noite, que é ausência de luz solar. O repouso noturno é
Art. 156. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio,
verificado quando determinada localidade dorme, momento
para si ou para outrem, a  quem legitimamente a
em que o patrimônio fica mais vulnerável, e, portanto, mais
detém, a coisa comum:
fácil de ser subtraído. Assim, por vezes em uma capital,
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
às 20h30min já é noite, mas não podemos dizer que aquela ou multa.
cidade está tranquila, pois na verdade deve estar ainda en‐ § 1º Somente se procede mediante representação.
frentando alguns congestionamentos. §  2º Não é punível a subtração de coisa comum
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
8) Furto privilegiado: se o criminoso é primário, e é de direito o agente.
pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, 1) Aplica-se tudo relativo ao crime de furto simples, salvo
ou aplicar somente a pena de multa. em relação ao sujeito ativo, que, no presente crime somente
poderá ser praticado por condômino, co-herdeiro ou sócio,
Obs.: são requisitos para aplicação do furto privilegiado: tratando-se, pois de crime próprio.
a) Primariedade do criminoso – Primário é o não reinci‐ 2) Se a coisa comum for fungível (pode ser substituído
dente, ou seja, aquele que após o trânsito em julgado de uma por outra) e não exceder a quota a que o sujeito ativo tem
sentença condenatória não praticou mais nenhum crime. direito, não haverá crime.
b) Coisa de pequeno valor – Segundo a jurisprudência é
aquela cujo valor não excede a um salário mínimo. Roubo
Atenção: Não confundir “coisa de pequeno valor” com Código Penal
“coisa de valor insignificante”. A primeira trata-se de furto
privilegiado se conjugado com o fato do criminoso ser pri‐ Art.  157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
mário. A segundo é a aplicação do princípio da insignificância para outrem, mediante grave ameaça ou violência
que torna o fato atípico, como, por exemplo, furtar uma a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
caneta comum. reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena  – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos,
9) Furto qualificado: o crime de furto será qualificado e multa.
quando se verificar: § 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


a) Destruição ou rompimento de obstáculo – O obstáculo
a ser destruído ou rompido deve ser diverso da coisa a ser ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
subtraída, por exemplo, destrói-se uma janela, porta, trinco, crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro;
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até me‐
cadeado para adentrar em uma casa e furtar. A destruição
tade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
deve ocorrer para viabilizar a prática do crime de furto, fi‐
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego
cando desta forma absorvido o crime de dano. Se, todavia,
de arma;
primeiramente o agente furtar e depois de consumado este II – se há o concurso de duas ou mais pessoas;
crime destruir ou romper algum obstáculo, o crime de dano III  – se a vítima está em serviço de transporte de
ocorrerá. valores e o agente conhece tal circunstância;
b) Com abuso de confiança  – A vítima possui prévia IV  – se a subtração for de veículo automotor que
confiança no agente, de forma a deixar seu patrimônio venha a ser transportado para outro
vulnerável. Ex.: amizade, parentesco, relações profissionais. Estado ou para o exterior;
c) Mediante fraude – É a utilização de um meio enganoso V – se o agente mantém a vítima em seu poder, res‐
para iludir a vítima e efetivar a subtração. Ex.: disfarce de tringindo sua liberdade.
agente de inspeção da dengue para adentrar na residência VI – se a subtração for de substâncias explosivas
da vítima. ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
d) Escalada – Ingresso anormal em determinado local, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
por exemplo, transpor muito, janelas, cavar túneis. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
e) Destreza – Boa habilidade com as mãos, onde a vítima § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
não percebe que está sendo subtraída. Ex.: batedores de (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
carteira. I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego
f) Com emprego de chave falsa – Instrumento utilizado de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de
para abrir ou fechar. Ex.: gazua, mixa, grampo, arame. 2018)

159
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo 8) Concurso de crimes: segundo Victor Eduardo Rios
mediante o emprego de explosivo ou de artefato Gonçalves:
análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei • Grave ameaça concomitantemente contra duas pesso‐
nº 13.654, de 2018) as, mas subtrai objeto de apenas uma: crime de roubo
§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei único, um patrimônio foi lesado e houve duas vítimas.
nº 13.654, de 2018) • Mesmo contexto fático emprega violência contra duas
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 pessoas ou mais e subtrai o objeto de todas, crime
(sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei de roubo em concurso formal (na verdade são dois
nº 13.654, de 2018) roubos). Ex.: assalto em ônibus.
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 • Grave ameaça contra uma só pessoa, mas subtrai
(trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, bens de pessoas distintas que estão com essa pes‐
de 2018) soa, crime formal, desde que o agente saiba que os
bens pertencem a pessoas distintas, para se evitar a
1) Conceito: possui os mesmos requisitos do furto: responsabilidade objetiva, por exemplo, leva dinheiro
• Subtração; do caixa do banco e o relógio do funcionário.
• Coisa alheia móvel (objeto material);
• Para si ou para outrem (com o fim de assenhoramento Roubo Impróprio
definitivo – elemento subjetivo).
Código Penal
Todavia, para efetuar a subtração deve haver emprego
de uma das seguintes formas de execução: Art. 157. [...]
a) Violência – vis absoluta. É o emprego de desforço físico
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de
que deve ser praticada sempre contra a pessoa. Ex.: Tapas,
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa
socos, violentos empurrões ou trombadas, todavia se forem
ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade
leves não será o crime de roubo.
b) Grave ameaça – vis relativa promessa de mal grave do crime ou a detenção da coisa para si ou para ter‐
e iminente. ceiro. (Grifo nosso)
c) Qualquer outro meio que reduza á vitima à impossi‐
bilidade de resistência – Ex.: sonífero. Atenção: o Roubo Impróprio não admite a terceira hipó‐
tese de execução: “de qualquer modo reduza a capacidade
Atenção: se o agente dá sonífero para vítima para da vítima”, somente podendo ser praticado por violência
aproveitar e realizar a subtração é roubo. Se a vítima toma ou grave ameaça.
o sonífero e o agente se aproveita dessa situação é furto.
Assim o roubo impróprio será praticado da seguinte
Obs.: uso de arma de brinquedo e abordagem à vítima forma:
de surpresa gritando que se trata de um assalto mesmo não a) o agente subtrai a coisa alheia móvel;
mostrando qualquer arma configura violência ou grave amea­ b) após estar na posse do bem;
ça, tratando-se, portanto, de crime de roubo e não de furto. c) emprega violência ou grave ameaça;
d) com o fim de garantir a impunidade ou a detenção da
2) Objeto jurídico: patrimônio e liberdade. Trata-se de coisa para si ou para terceiro.
um crime complexo, pois atine mais de um bem jurídico.
3) Objeto material: a coisa alheia subtraída. Enquanto que no roubo próprio (art. 157, caput) a vio‐
4) Sujeito ativo: qualquer pessoa, menos o proprietário. lência ou grave ameaça são empregadas antes ou durante
É crime comum é possível a coautoria, por exemplo, A segura a subtração, no roubo impróprio o agente inicialmente pra‐
a vítima e B subtrai. É concurso de agentes porque ambos tica um furto, e, já tendo se apoderado do bem, emprega
cometeram parte executória do crime: violência e subtração. violência ou grave ameaça para garantir a impunidade da
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

Houve divisão de tarefas. subtração ou assegurar a detenção do bem.


5) Sujeito passivo: proprietário, possuidor e detentor
da coisa, bem como qualquer outra pessoa que seja vítima 1) Consumação e tentativa: consuma-se no exato mo‐
da violência ou grave ameaça, por exemplo, A ameaça B e C mento em que é empregada a violência ou grave ameaça,
com uma arma com o fim de subtrair o carro que pertence mesmo que o agente não consiga garantir a impunidade ou
a B. Assim, B é vítima do patrimônio e da violência e C é assegurar a posse dos objetos subtraídos. Consequentemen‐
vítima da violência. te, não admite tentativa, pois ou se pratica a violência e o
6) Consumação: mesmas teorias aplicadas ao furto. Se‐ crime estará consumado ou será furto.
gundo entendimento do STF e do STJ, para a consumação do
roubo é desnecessária a posse tranquila do bem subtraído Resumo
por parte do agente, bastando a posse do objeto material por
curto período de tempo, não precisa tirar a coisa da esfera
de vigilância da coisa (STJ, HC nº 25.489, EREsp. nº 235.205). Roubo Próprio Roubo Impróprio
Ocorre a tentativa quando o agente não consegue, por O agente utiliza de violência, O agente subtrai a coisa
circunstâncias alheias a sua vontade, a  posse, ainda que grave ameaça ou qualquer alheia móvel
momentânea, da coisa. Também está consumado o roubo outro meio que reduza á Após estar na posse do bem
quando o agente se desfaz da coisa subtraída ou a mesma vitima à impossibilidade de
se extravia na fuga, não a recuperando a vítima, ou quando, resistência
havendo concurso de agentes, um deles consegue empre‐ Para subtrair a coisa alheia Emprega violência ou grave
ender fuga na posse do bem. móvel ameaça
7) Crime de roubo e princípio da insignificância: é inad‐
missível a sua aplicação, pois ainda que ínfimo o valor da Consumação: com a retirada Com o fim de garantir a im‐
coisa, não afetando o bem jurídico patrimônio, a violência do bem da esfera de disponi‐ punidade ou a detenção da
e a grave ameaça permanecem. bilidade da vítima. coisa para si ou para terceiro.

160
Consumação: com o em‐ II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30
prego da violência ou grave (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654,
ameaça. de 2018)

Causa de Aumento de Pena – A pena do crime de roubo O crime de roubo pode ser qualificado tanto com a
será aumentada de um terço até metade nos seguintes casos ocorrência de lesão corporal grave como pela morte. O que
(art. 157, § 2º): se tem é o chamado crime qualificado pelo resultado. Há
dolo no ato de roubar e pode haver culpa ou dolo no ato
Se há o concurso de duas ou mais pessoas – Exige-se no de causar lesão corporal grave ou a morte. Assim, não se
mínimo duas pessoas. Agente inimputável ou não identificado trata necessariamente de um crime preterdoloso.
também computa para o número de duas ou mais pessoas,
qualificando o crime. Não é necessário que mais de um agente Roubo Qualificado:
esteja no local do fato para qualificar o crime, bastando a
comprovação da divisão de tarefas do concurso de pessoas. Dolo de roubar + culpa ou Dolo de roubar + culpa ou
dolo nas lesões corporais dolo na morte causada à
Se a vítima está em serviço de transporte de valores
causadas na vítima (estas vítima (estas decorrentes da
e o agente conhece tal circunstância – Abrange qualquer
transporte de valores, como roubo a carro-forte, a office-boy decorrentes da violência violência utilizada no crime
que carrega valores para depósito em banco, todavia o autor utilizada no crime de roubo). de roubo). Também chama‐
deve saber que tais pessoas estão transportando valores. do de latrocínio.

Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser 1) Tais qualificadoras são aplicadas tanto ao roubo pró‐
transportado para outro estado ou para o exterior – Dolo de prio como ao impróprio.
transportar para fora. Igual comentário do furto qualificado.
2) Lesões corporais graves são aquelas descritas no
Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo art.  129, §§  1º e 2º. Assim, segundo a classificação da
sua liberdade  – O inciso utiliza a expressão “restrição de doutrina, engloba tanto as lesões corporais graves como as
liberdade” e não “privação de liberdade”. Quando a vítima gravíssimas. Já a lesão corporal leve é absorvida pelo roubo,
deve permanecer por um período prolongado com o agente, pois trata-se de uma elementar, qual seja a violência.
ou seja, um tempo maior que o necessário para a execução
do crime de roubo, ocorrerá a prática do crime de roubo em Atenção! Somente haverá o crime de roubo qualificado
concurso material com o crime de sequestro. se as lesões corporais graves ou a morte decorrerem da
Deve haver subtração. A vítima passa o cartão no caixa violência exercida para a prática do crime de roubo. Se estas
eletrônico e o SA retira o $. Houve subtração. decorrerem da grave ameaça exercida para a execução do
Se ele quer a senha para subtrair será extorsão mediante crime de roubo estaremos diante do concurso formal entre
sequestro, porque aqui o agente exige que a vítima faça algo. roubo e lesão corporal ou homicídio. Assim:
Se a privação da liberdade ocorre após a subtração, há
concurso de crimes (roubo e sequestro).
Se da violência exercida para Se da grave ameaça exercida
Obs.: tais causas de aumento de pena são aplicadas tanto a prática do crime de roubo para a prática do crime de
ao roubo próprio como ao impróprio. ocorrer lesão corporal grave roubo ocorrer lesão corpo‐
na vítima ou a sua morte, ral grave na vítima ou a sua
Se a subtração for de substâncias explosivas ou de estaremos diante do crime morte, estaremos diante
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua de roubo qualificado (que no concurso formal entre roubo
fabricação, montagem ou emprego - Este inciso foi acrescen‐ caso de ocorrer o resultado e lesão corporal ou homicí‐
tado pela Lei nº 13.654, de 23 de abril de 2018. morte também denomina-se dio. Ex.: A querendo subtrair

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


latrocínio). Ex.: A querendo o carro de B ameaça-o com
Atenção: a Lei nº 13.654, de 23 de abril de 2018, majorou subtrair o carro de B atirou uma arma de fogo. B, com
a pena do crime de roubo, quando a violência ou ameaça é neste que veio a falecer em o susto sai correndo e é
exercida com emprego de arma de fogo, e acrescentou outra decorrência dos ferimentos. atropelado.
hipótese de aumento de pena. Vejamos:
3) A violência empregada para o crime de roubo que vem
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (In- a causar lesões graves ou a morte da vítima deve observar
cluído pela Lei nº 13.654, de 2018) alguns requisitos: (conforme exposição de Victor Eduardo
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego Rios Gonçalves – Sinopse Jurídica)
de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de a) A violência deve ser empregada no mesmo contexto fáti‐
2018) co do roubo. Ex.: três meses depois o agente encontra a vítima
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo e a mata com medo de ser reconhecido. Não será latrocínio;
mediante o emprego de explosivo ou de artefato b) Nexo causal entre a morte e a subtração: violência
análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei foi empregada durante e em razão do roubo. Mata inimigo
nº 13.654, de 2018)
durante o roubo que avista do outro lado da rua. Não será
latrocínio;
Roubo Qualificado
c) Respeitados os requisitos acima, haverá latrocínio
Código Penal qualquer que seja a morte: tanto da vítima como de quem
a acompanhava, como também do segurança do estabele‐
Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº cimento comercial que está sendo roubado, do policial que
13.654, de 2018) tenta evitar o roubo.
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7
(sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei Obs.1: a lesão grave ou morte de coautor ou partícipe
nº 13.654, de 2018) não qualifica o roubo.

161
Obs.2: mata-se a vítima e após a morte surge a ideia de deixar de fazer alguma coisa (não ingressar com ação
subtrair seus pertences, será crime de homicídio em concurso de execução ou cobrança);
material com o crime de furto. • sempre no intuito de se obter uma vantagem econô‐
mica (porque estamos nos crime contra o patrimônio)
4) Dá-se o nome de latrocínio ao roubo qualificado pelo indevida (injusta, pois se for devida, haverá o crime
resultado morte. de exercício arbitrário das próprias razões).

5) O latrocínio, consumado ou tentado, é crime hediondo 1) Objetividade jurídica: o patrimônio, a liberdade indi‐
(art. 1º, II, da Lei nº 8.072/1990). vidual e a integridade física (em caso de violência).
6) Consumação do crime de roubo qualificado: com a 2) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
ocorrência da lesão grave ou morte, independentemente do 3) Sujeito passivo: qualquer pessoa sofra a violência ou
agente conseguir efetuar a subtração do bem pretendido: prejuízo patrimonial.
a) o agente subtrai o bem e a vítima não morre – latro‐ 4) Tipo subjetivo: o dolo. Exige o elemento subjetivo do
cínio tentado; tipo, consistente na vontade de obter indevida vantagem
b) o agente subtrai o bem e a vítima morre – latrocínio econômica, para si ou para outrem.
consumado; 5) Consumação e tentativa: consuma-se no instante em
c) o agente não subtrai o bem e a vítima não morre – que a vítima, após sofrer a violência ou grave ameaça, toma
latrocínio tentado; a atitude que o agente deseja, ainda que este não consiga
d) o agente não subtrai o bem e a vítima morre – latro‐ obter qualquer vantagem econômica. É crime formal. (Sú‐
cínio consumado; mula nº 96 do STJ). A obtenção da vantagem econômica é
e) o agente subtrai o bem e a vítima não fica com lesão mero exaurimento do crime. Ocorre a tentativa quando a
corporal grave – roubo qualificado tentado; vítima, apesar da violência ou grave ameaça, não se submete
f) o agente subtrai o bem e a vítima fica com lesão cor‐ à vontade do agente.
poral grave – roubo qualificado consumado; 6) Ação penal: pública incondicionada.
g) o agente não subtrai o bem e a vítima não fica com 7) O crime de extorsão difere-se do crime de roubo: se
lesão corporal grave – roubo qualificado tentado; o bem for subtraído o crime será sempre de roubo. Agora
h) o agente não subtrai o bem e a vítima fica com lesão se a vítima entrega o bem, mediante violência ou grave
corporal grave – roubo qualificado consumado. ameaça, para o agente, o crime poderá ser tanto de roubo
como de extorsão. Será extorsão quando a colaboração da
Obs.: assim deve-se verificar se ocorreu o resultado lesão vítima é imprescindível para que o agente obtenha o que
grave ou morte para o crime estar consumado, não devendo visa. Agora se a entrega era prescindível, ou seja, mesmo se
se ater a subtração ocorreu ou não. a vítima não entregasse havia a possibilidade de subtração
será o crime de roubo.
Extorsão
Roubo Extorsão
Código Penal O comportamento da víti‐ O comportamento da vítima
ma é dispensável. Mesmo é indispensável. Se a vítima
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou se a vítima não colaborar, não colaborar não é possível
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para o agente conseguirá subtrair executar a subtração do
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar o bem. Ex.: A aponta arma bem. Ex.: A querendo a se‐
que se faça ou deixar fazer alguma coisa: para B exigindo que este lhe nha do banco de B, ameaça‐
Pena  – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, entregue a sua carteira. Se B -o com uma arma de fogo.
e multa.
não quiser colaborar entre‐ Se B não lhe disser qual é
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
gando a carteira é possível a senha, A  não tem como
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um
que A a subtrai-a. Será crime subtraí-la. Será crime de
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

terço até metade.


§ 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência de roubo. extorsão.
o disposto no § 3º do artigo anterior. 8) O crime de extorsão se difere do estelionato: na
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da hipótese em que a vítima é obrigada a entregar algo para o
liberdade da vítima, e  essa condição é necessária agente, assemelha-se ao crime de estelionato já que neste é
para a obtenção da vantagem econômica, a  pena também a própria vítima quem entrega os seus pertences ao
é de reclusão, de 6 (seis) a12 (doze) anos, além da sujeito ativo da infração. No estelionato, entretanto, ela quer
multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, efetivamente entregar o objeto, uma vez que foi induzida ou
aplicam-se as penas previstas no art.  159, §§  2º e mantida em fraude. Na extorsão a vítima desapoja-se de seu
3º, respectivamente. patrimônio contra a sua vontade já que o faz em decorrência
de ter sofrido violência ou grave ameaça.
O crime decorre de o agente constranger a vítima me‐
diante violência ou grave ameaça com o intuito de obter uma
vantagem econômica indevida através da prática de uma Extorsão Estelionato
conduta ou de uma omissão da vítima. Passemos a analisar A vítima entrega o bem por‐ A vítima entrega o bem por‐
as elementares deste tipo penal: que está sofrendo violência que foi ludibriada por uma
• constranger significa obrigar, coagir alguém; ou grave ameaça. fraude.
• o meio executório do crime, ou seja, de se realizar o
constrangimento é mediante violência (física) ou grave Obs.: Sequestro Relâmpago? Há duas formas de seques‐
ameaça (moral); tro relâmpago: a vítima, mediante violência ou grave ameaça,
• após constrangida a vítima deve: fazer algo (entregar retira o dinheiro do caixa eletrônico, e o assaltante subtrai o
dinheiro ou bem móvel ou imóvel, comprar alguma dinheiro. Neste caso é o crime de roubo. Se a vítima entre‐
coisa para o agente), tolerar que se faça (permitir que ga o cartão e diz a senha será crime de extorsão, porque o
o agente rasgue um contrato ou título de crédito) ou assaltante que retira o dinheiro.

162
Causa de Aumento de Pena 3) Sujeito passivo: qualquer pessoa, podendo ser tanto
a que sofre a privação da liberdade ou a lesão patrimonial
Código Penal através do pagamento do resgate.
4) Consumação e tentativa: é crime formal e permanen‐
Art. 158. [...] te. Consuma-se com o sequestro ou cárcere privado, por
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, tempo juridicamente relevante, independentemente da
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um obtenção da vantagem pretendida. O pagamento do resgate
terço até metade. (Grifo nosso) é mero exaurimento do crime. Quando a vítima se liberta
ou é liberada pelo próprio agente, por insucesso da exigên‐
1) Por duas ou mais pessoas: prevalece o entendimento cia, o crime já está consumado. Ocorre a tentativa quando,
de que é indispensável a presença de pelo menos duas iniciada a execução do crime, os  agentes não conseguem
pessoas quando da execução do delito, diferente do furto e arrebatar a vítima, não conseguiu sequestrar.
do roubo, porque o 157, § 2º, I do CP, que fala em concurso 5) Ação penal: pública incondicionada.
de duas ou mais pessoas. 6) A extorsão mediante sequestro, consumada ou
2) Com emprego de arma: a causa de aumento de pena tentada, simples e nas suas formas qualificadas, é crime
está relacionada ao uso de arma que é um meio executório hediondo (art. 1º, IV, da Lei nº 8.072/1990).
do crime com grande poder intimidatório. Contudo, para 7) A privação de liberdade de animal de estimação ou de
esta majoração de pena considera-se arma todo e qualquer raça, mesmo que tenha por finalidade a obtenção de resgate,
objeto com potencial vulnerante. Assim é possível abarcar caracteriza crime de extorsão.
tanto arma própria ou imprópria (revólver, faca, garrafa, barra
de ferro, gás de pimenta etc.). Para a aplicação do aumento Extorsão Mediante Sequestro Qualificado:
de pena não basta que o agente apenas porte a arma, sendo 1) se o sequestro dura mais de 24 horas;
necessária a sua utilização ostensiva e intimidadora. 2) se o sequestrado é menor de 18 anos ou maior de
60 anos;
Extorsão Qualificada 3) se o crime é cometido por bando ou quadrilha;
4) se do fato resulta lesão corporal de natureza grave;
Código Penal 5) se do fato resulta morte.

Art. 158. [...] Obs.: nas duas últimas hipóteses a lei diz “se do fato”
§ 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência e não “da violência” resultar lesão grave ou morte, não ha‐
o disposto no art. 157, § 3º do CP. vendo necessidade de que a lesão grave ou morte decorram
de violência, bastando que decorram do sequestro. Todavia,
1) As qualificadoras somente se aplicam quando a extor‐ em ambas as hipóteses, o resultado qualificador deve recair
são é cometida com emprego de violência. sobre a pessoa sequestrada. Se os sequestradores matam
2) São seguidas as mesmas regras já estudadas no roubo o segurança da vítima ou a pessoa que estava efetuando o
qualificado. pagamento do resgate, há concurso material com homicídio
3) Somente a extorsão qualificada pela morte, con- qualificado. Trata-se de duas hipóteses de crime qualificado
sumada ou tentada, é crime hediondo (art. 1º, III, da Lei pelo resultado. O resultado qualificador pode advir de dolo
nº 8.072/1990). ou culpa.

Extorsão Mediante Sequestro Delação Premiada

Código Penal Código Penal

Art. 159. Se o crime é cometido em concurso, o con‐

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


Art.  159. Sequestrar pessoa com o fim de obter,
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como corrente que o denunciar à autoridade, facilitando
condição ou preço do resgate. A pena é de 8 a 15 a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida
anos de reclusão. de um a dois terços.

O crime consiste em privar alguém de sua liberdade 1) Para que seja aplicada a causa de diminuição de
como fim de se obter resgate. Abrange o cárcere privado pena, a  delação tem que ser eficaz (facilitar a libertação
(quando a vítima é colocada em recinto fechado, havendo do sequestrado).
maior restrição da liberdade). 2) É causa obrigatória de diminuição.
Não se deve confundir com o crime de sequestro ou 3) O quantum da diminuição leva em conta a maior ou
cárcere privado previsto no art. 148 do CP, que apesar de tam‐ menor colaboração para libertação da vítima.
bém consistir no fato de privar alguém de sua liberdade, não
tem a visão patrimonial, qual seja, da obtenção do resgate. Extorsão Indireta

Código Penal
Extorsão mediante Sequestro ou cárcere
sequestro privado Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida,
Privar alguém de sua liber‐ Privar alguém de sua li‐ abusando da situação de alguém, documento que
dade para obter um resgate. berdade. Crime contra a pode das causa a procedimento criminal contra a
Crime contra o patrimônio. restrição de liberdade. vítima ou contra terceiro.
Pena – reclusão de 1 a 3 anos e multa.
1) Objetividade jurídica: o patrimônio e a liberdade
individual. Para a prática do crime deve-se verificar a presença de
2) Sujeito ativo: qualquer pessoa. três requisitos:

163
a) Exigência (crime formal) ou recebimento (crime ma‐ ou represa as águas alheias, independentemente de obter
terial) de documento que possa dar causa a processo penal proveito próprio.
contra a vítima ou terceiro;
b) Intenção do agente em garantir ameaçadoramente o Esbulho Possessório
pagamento da dívida;
c) Abuso da situação de necessidade financeira do su‐ Código Penal
jeito passivo (deve saber que a vítima está em momento
de dificuldade). Art. 161. [...]
§ 1º [...]
Exemplo: ocorrência de simulação de um corpo de delito II – na mesma pena incorre quem invade, com violên‐
de uma infração penal, preenchimento de cheque sem fundo, cia a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso
assinatura em duplicata simulada, ou qualquer outra coisa de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio,
capaz de dar início ao um processo criminal. para o fim de esbulho possessório.

Os demais itens assemelham-se ao crime de extorsão. 1) Conduta: invadir mediante violência ou grave ame‐
aça exercida contra a pessoa, bem como em concurso de
Da Alteração de Limites mais de duas pessoas, terreno alheio com o fim de esbulho
possessório.
Código Penal
Obs.: Esbulho Possessório – desejo de excluir a posse de
Art.  161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou quem a exerce para passar exercê-la.
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória,
para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa 2) Meio executório: deve-se invadir terreno alheio me‐
imóvel alheia: diante violência ou grave ameaça, bem como em concurso
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa. de mais de duas pessoas, ou seja, deve haver ao menos três
§ 1º Na mesma pena incorre quem: pessoas.
Usurpação de águas 3) Objeto jurídico: proteção da posse alheia.
I  – desvia ou represa, em proveito próprio ou de 4) Sujeito ativo: qualquer pessoa salvo o possuidor do
outrem, águas alheias; terreno.
Esbulho possessório 5) Sujeito passivo: o proprietário ou possuidor do ter‐
II – invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, reno invadido.
ou mediante concurso de mais de duas pessoas, 6) Consumação: no momento da invasão.
terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho 7) Se no momento da invasão o agente causar lesões
possessório. corporais, ainda que leves responderá por ambos os crimes.
§ 2º Se o agente usa de violência, incorre também 8) Se a propriedade é particular, e não há emprego de
na pena a esta cominada. violência, somente se procede mediante queixa.
§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego
de violência, somente se procede mediante queixa.
Supressão ou Alteração de Marca em Animais
1) Conduta: suprimir (retirar) ou deslocar (mover) ta‐
Código Penal
pume, marco ou qualquer outro sinal indicativo de linha
divisória com o fim de apropriar-se de coisa alheia móvel.
Art.  162. Suprimir ou alterar, indevidamente, em
2) Objeto jurídico: visa a resguardar a posse a proprie‐
dade de bens imóveis. gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo
3) Sujeito ativo: o vizinho do imóvel alterado. É crime de propriedade:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

próprio.
4) Sujeito passivo: o proprietário do imóvel que teve sua e multa.
propriedade invadida.
5) Consumação: com a supressão ou deslocamento do 1) Conduta: suprimir (retirar) ou alterar (modificar),
marco, ainda que o agente não atinja a sua finalidade de indevidamente, marca ou sinal indicativo de propriedade
apropriar-se do imóvel alheio. É crime formal. em gado ou rebanho alheio.
2) Objeto jurídico: propriedade e posse de animais
Usurpação de Águas semoventes.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Código Penal 4) Sujeito passivo: dono do animal.
5) Consumação: com a supressão ou alteração da marca,
Art. 161. [...] ainda que ocorra em apenas um animal.
§ 1º [...] 6) Em caso de furto de animal e posterior supressão da
I – na mesma pena incorre quem desvia ou represa, marca, este último crime fica absorvido pelo crime de furto.
em proveito próprio ou de outrem, águas alheias.
Dano
1) Conduta: desviar ou represar em proveito próprio
águas alheias. Código Penal
2) Objeto jurídico: resguardar as águas públicas ou par‐
ticulares que passem por um determinado local. Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
4) Sujeito passivo: a vítima que sofre o dano em decor‐ Dano Qualificado
rência do desvio das águas. Parágrafo único. Se o crime é cometido:
5) Consumação: no momento em que a agente desvia I – com violência à pessoa ou grave ameaça;

164
II – com emprego de substância inflamável ou explo‐ 1) Conduta: introduzir (é uma ação, locar o animal) deixar
siva, se o fato não constitui crime mais grave; (é uma omissão, em que o agente não retira o animal que
III – contra o patrimônio da União, de Estado, do Dis‐ livremente adentrou em propriedade alheia) animal em
trito Federal, de Município ou de autarquia, fundação propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito,
pública, empresa pública, sociedade de economia desde que resulte prejuízo.
mista ou empresa concessionária de serviços pú‐
blicos; (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017) Atenção! Não é somente introduzir ou deixar animal em
IV – por motivo egoístico ou com prejuízo conside‐ propriedade alheia, deve também tal conduta não estar auto‐
rável para a vítima: rizada por quem de direito e mais, deve causar um prejuízo.
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
e multa, além da pena correspondente à violência. 2) Sujeito ativo: qualquer pessoa, proprietário ou não
do animal.
1) Conduta: destruir (eliminar, destituir), inutilizar (retirar 3) Sujeito passivo: proprietário ou possuidor do imóvel.
a sua finalidade) ou deteriorar (danificar) coisa alheia. Ex.: 4) Consumação: com a introdução ou abandono de
destruir em carro, matar um animal, arrebentar uma fiação apenas um animal em propriedade alheia.
elétrica. 5) Processa-se mediante queixa-crime.

Obs.: o ato de pichar monumentos urbanos configura o Dano em Coisa de Valor Artístico Econômico ou Histórico
crime previsto no art. 65, caput da Lei n º 9.605/1998. Toda‐
via, se o monumento ou coisa for tombado será o parágrafo Código Penal
único do art. 65 da Lei nº 9.605/1998.
Art. 165. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tom‐
2) Objeto jurídico: propriedade alheia. bada pela autoridade competente em virtude de
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa, salvo o proprietário valor artístico, arqueológico ou histórico:
da coisa danificada. Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
4) Sujeito passivo: o proprietário da coisa. e multa.
5) Consumação: com a destruição, inutilização ou dete‐
riorização da coisa. Obs.: revogado pelo art. 62, I da Lei nº 9.605/1998.
6) Para que o crime de dano exista é necessário que a
destruição, inutilização ou deteriorização da coisa seja um fim Alteração de Local Especialmente Protegido
em si mesmo. Se, todavia constituir um meio para prática de
um crime mais grave, como, por exemplo, crime de furto com Código Penal
destruição de obstáculo, o crime de dano restará absorvido.
Art. 166. Alterar, sem licença da autoridade compe‐
tente, o  aspecto de local especialmente protegido
Crime de Dano Qualificado – O crime será qualificado
por lei:
quando cometido com:
Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou
• violência à pessoa ou grave ameaça – A violência ou
multa.
grave ameaça devem constituir meio para execução
do crime de dano. Se praticadas após a deteriorização Obs.: revogado pelo art. 63 da Lei nº 9.605/1998.
da coisa o agente responderá pelo crime de dano e
por lesões corporais ou ameaça. Da mesma forma a Apropriação Indébita
violência pode ser praticada contra o próprio dono do
objeto danificado como contra terceiros; Código Penal
• com o emprego de substância inflamável ou explosi‐

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


va, se o fato não constituir crime mais grave – É uma Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
qualificadora expressamente subsidiária; tem a posse ou a detenção:
• contra o patrimônio da União, Estado, Município, Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
empresa concessionária de serviço público ou socie‐ Aumento de pena
dade de economia mista – Embora não haja a menção §  1º A pena é aumentada de um terço, quando o
expressa em relação a empresa pública, autarquias agente recebeu a coisa:
e fundações instituídas pelo poder público, estas I – em depósito necessário;
integram, ainda que parcialmente, o patrimônio da II – na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
União, Estados e Municípios; inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
• por motivo egoístico ou com prejuízo considerável III – em razão de ofício, emprego ou profissão.
para vítima – No caso deste inciso somente se pro‐
cessa mediante queixa-crime. 1) Conduta: apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
tem a posse ou detenção.
Introdução ou Abandono de Animais em Propriedade
Alheia Obs. 1: o crime se caracteriza pela quebra de confiança,
pois a vítima espontaneamente entrega o objeto ao agente,
Código Penal e este, depois de já estar na sua posse ou detenção, inverte
seu ânimo em relação ao bem, passando a comportar-se
Art. 164. Introduzir ou deixar animais em propriedade como proprietário. Assim, são as elementares do crime de
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde apropriação indébita:
que o fato resulte prejuízo: a) Apropriar-se – É a disposição do agente de fazer sua
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, a coisa alheia. Ele inverte o título da posse, comportando-se
ou multa. como se fosse o dono. Isso pode ocorrer de duas formas:

165
com a prática de um ato de disposição que somente poderia No estelionato o agente se utiliza de fraude, há dolo para o
ser efetuado pelo proprietário (venda, locação, doação, troca bem ser entregue, na apropriação o agente recebe o bem
etc.) ou quando o agente resolve ficar com a coisa para si, de boa-fé e posteriormente haverá inversão da vontade
recusando-se a devolvê-la ao sujeito passivo; surgindo o dolo.
b) Posse ou detenção – Que deve ser legítima, tendo em
vista que o agente recebe o bem entregue pela vítima de
Apropriação indébita Estelionato
boa-fé. Poderá haver apropriação indébita nas relações de
locação, mandato, depósito, penhor, usufruto etc.; Primeiro a vítima recebe o O agente antes de entrar na
c) A posse deve ser desvigiada (se for vigiada, haverá bem de boa-fé, e após estar posse do bem já possui o
furto); na posse do bem surge o dolo de apropriar-se. Assim
d) Coisa móvel é o objeto material da apropriação indébi‐ dolo de apropriar-se. aplica uma fraude e então
ta. Somente bens móveis podem ser objeto de apropriação. apropria-se do bem.
Se imóvel o fato é atípico. O STF e o STJ consideram admissível
a apropriação indébita de bem fungível; 9) Se o agente é funcionário público e apropria-se de
e) Coisa alheia (elemento normativo) é aquela que bem que tenha vindo ao seu poder em razão do cargo que
tem dono ou possuidor, não pertencendo àquele que está exerce, comete o crime de peculato (art. 312).
apropriando-se da mesma.
Causa de Aumento de Pena
Obs. 2: requisitos para prática do crime de apropriação
indébita: Aumenta-se a pena de um terço, quando o agente rece‐
a) a vítima entrega o bem ao agente a posse ou a deten‐ beu a coisa (art. 168, § 1º):
ção do bem de forma livre, espontânea e consciente; Em depósito necessário – O depósito pode: legal, mi‐
b) o agente recebe a coisa de forma lícita e de boa-fé, serável e por equiparação – art. 647, I, II, III do CC. Abrange
não pretendendo praticar crime; somente o depósito miserável, por exemplo, em uma cala‐
c) a posse deve ser desvigiada. Caracteriza um crime de midade pública como é o caso de uma inundação, a vítima
quebra de confiança; em desespero entregar seus bens para primeira pessoa que
d) após estar na posse ou detenção do bem resolve se aparece. Apesar de não haver uma relação de confiança,
apoderar do bem e assim comete o crime. o agente recebe os bens de boa-fé e se, depois decidir se
apropriar de tais bens será o crime de apropriação indébita
2) Objeto jurídico: a posse e a propriedade. com causa de aumento de pena.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa que tenha a posse Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
ou detenção lícita de um bem. Deve estar de boa-fé para inventariante, testamenteiro ou depositário judicial – É um
receber a coisa. Se já estiver de má-fé será estelionato. Se rol taxativo. Tais pessoas não são funcionários públicos, as‐
funcionário público, no exercício de sua função, será peculato sim, não será peculato e sim apropriação indébito. Atenção!
apropriação. Não existe mais a figura do liquidante e o síndico passou a
4) Sujeito passivo: geralmente é o proprietário da coisa, chamar administrador judicial.
mas pode ser também o possuidor. Em razão de ofício, emprego ou profissão – O recebi‐
5) Consumação e tentativa: a apropriação indébita se mento da coisa deve ter sido em razão do ofício, emprego ou
consuma no momento em que o agente inverte o título da profissão, exigindo-se, ainda, que haja relação de confiança.
posse, comportando-se como dono, ou no momento em que Emprego é a prestação de serviço com subordinação. Ofício
o agente se recusa a devolver o objeto material.
é a ocupação manual ou mecânica que supõe certo grau de
Ocorre a tentativa quando o agente, por circunstâncias
habilidade (mecânico, costureiro). Profissão diz respeito ao
alheias a sua vontade, não consegue inverter o título da
exercício de atividade técnica e intelectual sem vinculação
posse, por exemplo, quando tenta vender a coisa e não
consegue. Na negativa de devolução, é impossível a tenta‐ hierárquica (médico, advogado), é o profissional liberal.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

tiva, pois ou não devolve e o crime consuma ou devolve e


não há crime. Apropriação Indébita Previdenciária
6) Não há crime quando o agente tem direito de retenção
da coisa (ex.: arts. 644 e 681 do CC), pois o exercício regular Código Penal
de direito exclui a antijuridicidade.
7) Diferença ente o crime de apropriação indébita e o Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
crime de furto: contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo
e forma legal ou convencional. A pena é de 2 a 5 anos
de reclusão, e multa.
Apropriação indébita Furto
Posse desvigiada e há apro‐ Posse vigiada e há subtração 1) Conduta: deixar de repassar à previdência social as
priação do bem (atos de dis‐ do bem. contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e for‐
posição como venda, troca ma legal ou convencional. O responsável pelo repassar dos
etc. ou a passar comportar‐ tributos recolhidos, não o faz no prazo legal.
-se como dono). 2) Objetividade jurídica: o patrimônio previdenciário.
Ex.: bibliotecária empresta Ex.: bibliotecária empresta 3) Sujeito ativo: somente a pessoa que seja responsável
livro ao aluno para consulta livra ao aluno para consulta pelo repasse, à previdência social, das contribuições reco‐
em casa por 10 dias. No local. Quando esta se distrai lhidas dos contribuintes (firma individual, sócios, gerentes,
terceiro dia o aluno vende ele subtrai o livro e se retira diretores, administradores). É um crime próprio.
o livro. da biblioteca. 4) Sujeito passivo: é o órgão da previdência social (INSS)
e o contribuinte lesado. Dupla subjetividade passiva.
8) Diferença entre o crime de apropriação indébita e o 5) Tipo objetivo: a conduta é omissiva própria, pois o
crime de estelionato – É o momento de surgimento do dolo. agente deixa de praticar uma ação que a norma penal impõe.

166
Trata-se de norma penal em branco, pois os prazos e as sórios, seja superior àquele estabelecido, administra‐
formas de repasse estão estabelecidos na Lei nº 8.212/1991. tivamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento
6) Consumação e tentativa: a apropriação indébita de suas execuções fiscais. (art. 168-A)
previdenciária se consuma no momento em que se esgota
o prazo para o repasse da contribuição à previdência social. Apropriação de Coisa alheia por Erro ou Caso Fortuito
A tentativa é inadmissível, pois o crime é omissivo próprio. ou Força Maior
É crime de mera conduta.
7) Ação penal: pública incondicionada. Código Penal

Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e Art. 169. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao
qualquer acessório constitui crime de sonegação de contri‐ seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
buição previdenciária (art. 337-A). Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.

Figuras Assemelhadas Obs. 1: a apropriação neste caso ocorrerá devido a erro –


a vítima entrega o bem espontaneamente para o agente,
Código Penal como na apropriação indébita do caput, todavia, por algum
motivo incide em erro. O agente somente percebe o erro
Art. 168-A. [...] após estar na posse ou detenção do bem e então decide se
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: apropriar do bem. Ex.: compro uma bijuteria e o vendedor
embrulha uma joia e somente percebo depois que chego em
• Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im‐ caso, todavia resolvo me apropriar da jóia.
portância destinada à previdência social que tenha
sido descontada de pagamento efetuado a segurados, Obs. 2: agora se a vítima incide em erro e o agente perce‐
a terceiros ou arrecadada do público. be desde logo o erro e incentiva o erro ou aplica uma fraude
• Recolher contribuições devidas à previdência social para que permaneça no erro será estelionato.
que tenham integrado despesas contábeis ou custos
relativos à venda de produtos ou à prestação de ser‐ Obs. 3: se não há a possibilidade de devolução da coisa
viços. que lhe foi entregue espontaneamente e erroneamente, não
• Pagar benefício devido a segurado, quando as respec‐ haverá crime, pois diferentemente da apropriação de coisa
tivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à achada, não há obrigação de procurara a autoridade pública.
empresa pela previdência social (ex.: salário-família,
salário-maternidade). Esses são pagos pelo emprega‐ 1) Caso Fortuito – Quando há participação humana, por
dor, que recebe essa verba da previdência e repassa exemplo, em um acidente automobilístico e as coisas do
ao empregado. carroceiro vieram parar em seu quintal.
2) Força Maior – Evento da natureza, por exemplo, vento
Extinção da Punibilidade lança roupas de um varal para o seu quintal.
• É extinta a punibilidade se o agente, espontanea‐
Atenção! Somente existe crime se o agente sabe que o
mente, declara, confessa e efetua o pagamento das
objeto é alheio e veio parar em suas mãos por Caso Fortuito
contribuições, importâncias ou valores e presta as
ou Força Maior.
informações devidas à previdência social, na forma
definida em lei ou regulamento, antes do início da
Apropriação de Tesouro
ação fiscal (art. 168-A, § 2º).
• O art. 9º, § 2º, da Lei nº 10.684/2003, que prevê a
extinção da punibilidade a qualquer momento, só se Código Penal

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


aplica ao crime da sonegação fiscal, não se aplicando
a apropriação indébita previdenciária, quando a Art. 169. [...]
pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o I – quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria,
pagamento integral dos débitos oriundos de tributos no todo ou em parte, da quota a que tem direito o
e contribuições sociais, inclusive acessórios, não se proprietário do prédio;
aplicando à apropriação indébita previdenciária, já
que o art. 5º, § 2º, da mesma lei, foi vetado, razão pela Quem encontra casualmente tesouro em terreno alheio
qual a referência ao art. 168-A existente no caput do deve dividi-lo com o proprietário da terra. Se, porventura,
art. 9º restou inócua (STF, HC nº 81.134). se apoderar de tudo, cometerá o crime de apropriação de
tesouro.
Perdão Judicial ou Aplicação Exclusiva de Pena de Multa
Apropriação de Coisa Achada
O juiz pode conceder o perdão judicial ou aplicar somente
a pena de multa, quando o agente for primário e de bons Código Penal
antecedentes, desde que (art. 168-A, § 3º):
• tenha promovido após o início da ação fiscal e antes Art. 169. [...]
de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição II – quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
social previdenciária, inclusive acessórios; total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono
• o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade
seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previ‐ competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
dência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais; Obs. 1: o objeto material é a coisa perdida, ou seja, aque‐
• a faculdade do juiz não se aplica aos casos de parcela‐ la que se extraviou de seu dono em local público. O agente
mento de contribuições cujo valor, inclusive dos aces‐ deve ter consciência que se trata de coisa perdida.

167
Obs. 2: quando o agente encontrar coisa perdida, se‐ 4) Sujeito passivo: é a pessoa física ou jurídica que sofre
gundo o art. 1.170 do CPC, caso a devolução da coisa seja o prejuízo patrimonial, e também quem é ludibriado pela
possível e o agente não souber quem seja o proprietário, fraude.
terá 15 dias para efetuar a entrega da coisa para autoridade
pública. O delito somente se consuma após o prazo de 15 Obs. 1: na hipótese de enganar uma máquina clonando
dias, salvo se o agente antes disso praticar atos de disposi‐ cartão bancário e sacando dinheiro da conta corrente junto
ção. Antes desse prazo se a pessoa é presa o fato é atípico. a um caixa eletrônico, não existe “alguém” que tenha sido
ludibriado, tratando-se, portanto, de crime de furto.
Obs. 3: será crime de furto:
• se o agente achar coisa perdida dentro de uma resi‐ Obs. 2: deve ser pessoa determinada. Assim no caso
dência e dela se apoderar; de adulteração de taxímetro ou de bomba de gasolina, inú‐
meras pessoas, indeterminadas serão vítimas, tratando-se,
• se o agente provocar a perda;
portanto de crime contra a economia popular (art. 2º, XI da
• se o agente presenciar a perda, por exemplo, o agente
Lei nº 1.521/1951).
vê a carteira da vítima caindo e nada faz para alertar
a vítima, pois tem o intuito de subtraí-la. 5) Tipo subjetivo: o dolo, consistente na vontade de
enganar a vítima e obter a vantagem econômica ilícita. Exige
Obs. 4: agora se achar coisa abandonada não comete ainda o elemento subjetivo do tipo (contido na expressão
crime algum, porque não constitui coisa alheia. “para si ou para outrem”).
6) Consumação e tentativa: o estelionato se consuma no
Estelionato momento em que o agente obtém a vantagem ilícita visada,
em prejuízo alheio.
Código Penal A tentativa é admissível:
a) quando o agente emprega a fraude e não consegue
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem enganar a vítima (desde que a fraude empregada seja capaz
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo de enganar);
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer b) sendo a vítima enganada, quando o agente não con‐
outro meio fraudulento: segue obter a vantagem pretendida.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. 7) Ação penal: pública incondicionada.
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
o prejuízo, o  juiz pode aplicar a pena conforme o O estelionato difere do furto mediante fraude, pois neste
disposto no art. 155, § 2º. a fraude ilude a vigilância do ofendido, que não sabe que a
coisa está sendo subtraída, enquanto que naquele a própria
1) Conduta: obter, para si ou para outrem, vantagem vítima, voluntariamente, se despoja de seus bens.
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio Estelionato Furto mediante fraude
fraudulento. A fraude é utilizada para que A fraude é utilizada para
a vítima entregue o bem ao distrair a vítima para que o
Obs.: o crime de estelionato exige quatro requisitos: agente. agente realize a subtração.
a) Obtenção de vantagem ilícita, pelo agente ou por
terceiro – Se a vantagem pretendida for lícita, o crime é de A diferença entre o crime de apropriação indébita e o
exercício arbitrário das próprias razões. A vantagem tem que crime de estelionato está no momento em que surge o dolo.
ser de natureza econômica; No estelionato o agente se utiliza de fraude, há dolo para o
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

b) Causação de prejuízo alheio; bem ser entregue, na apropriação o agente recebe o bem
c) Induzimento ou manutenção da vítima em erro  – de boa-fé e posteriormente haverá inversão da vontade
Induzir a vítima em erro é fazer a vítima ter uma percepção surgindo o dolo.
errônea da realidade. Manter a vítima em erro é, percebendo
que ela equivocou-se em relação a determinada situação, Apropriação indébita Estelionato
incentivar para que ela continue equivocada; Primeiro a vítima recebe o O agente antes de entrar na
d) Artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento bem de boa-fé, e após estar posse do bem já possui o
• Artifício é a utilização de algum aparato ou objeto na posse do bem surge o dolo de apropriar-se. Assim
para enganar a vítima (disfarce, documento falso). dolo de apropriar-se. aplica uma fraude e então
• Ardil é a conversa enganosa, a astúcia. apropria-se do bem.
• Ou qualquer outro meio fraudulento, por exemplo,
o silêncio – percebe que a vítima está incidindo em Diferença entre o crime de extorsão e o crime de este‐
erro e fica em silêncio. lionato:

A idoneidade da fraude deve ser verificada em relação à Estelionato Extorsão


vítima efetiva (critério objetivo), levando em consideração A vítima entrega o bem ao A vítima entrega o bem ao
sua ignorância ou especial ingenuidade. agente devido ao emprego agente devido ao emprego de
Se a fraude for inidônea, haverá crime impossível. de uma fraude. violência ou grave ameaça.

2) Objetividade jurídica: o patrimônio. A falsificação de documento utilizada como meio fraudu‐


3) Sujeito ativo: qualquer pessoa que emprega a fraude lento no estelionato fica por este absorvida (Súmula nº 17
ou recebe a vantagem ilícita. do STJ).

168
A fraude bilateral (quando a vítima também quer enganar por estelionato. Se todo o combustível é adulterado, não
o agente) não afasta o estelionato. A boa-fé da vítima não é somente uma remessa será crime contra economia popular.
elementar do crime. Consuma-se com a entrega da substância.
Falsa promessa de cura quando esta é improvável e o e) Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa
agente recebe dinheiro por tal prática será estelionato e própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava
ficará absorvido o crime de curandeirismo. as consequências de lesão ou doença, com o intuito de
haver indenização ou valor de seguro – Exige a existência
Estelionato Privilegiado de contrato de seguro em vigor. A lei pune alternativamente
três condutas:
• Se o criminoso é primário, e  é de pequeno valor o I – destruir ou ocultar coisa própria;
prejuízo (não superando 1 salário mínimo), o  juiz II – lesionar o próprio corpo ou a saúde;
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, III – agravar as consequências da lesão ou doença.
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a Exige o dolo de receber o valor do seguro. Nesta hipó-
pena de multa (art. 171, § 1º do CP). tese, o crime é formal, não exigindo o resultado (obtenção
• Aplica-se tanto ao caput quanto ao § 2º do artigo. de vantagem ilícita).

Figuras Assemelhadas (baseado em Victor Eduardo Rios Emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em
Gonçalves: Sinopse Jurídica) poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento:
a) Emitir é colocar em circulação. É necessário que não
Nas mesmas penas do estelionato incorre quem (art. 171, haja fundos em poder do sacado e o dolo do agente. Na
§ 2º):
segunda modalidade, frustrar o pagamento significa sacar
a) Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
o dinheiro ou sustar o cheque antes que a vítima consiga
em garantia coisa alheia como própria  – Distingue-se da
receber o pagamento;
apropriação indébita, pois exige dolo anterior à posse ou
b) Para que haja o crime é necessário que o agente tenha
detenção da coisa. Pode ser bem móvel ou imóvel. Se houver
agido de má-fé (Súmula nº 246 do STF);
crime anterior (furto, apropriação indébita), a venda de coisa
c) Cheque pré-datado ou entregue como garantia de
alheia como própria será mero exaurimento daquele (post
dívida descaracteriza o crime, pois não há dolo;
factum não punível); Consuma-se com o recebimento do va‐
d) É necessário que a emissão do cheque tenha sido a
lor mesmo sem ter havido a tradição ou transcrição do bem.
causa direta do convencimento da vítima e a razão de seu
b) Vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia
prejuízo. Assim, de ocorreu uma colisão de veículo e dali
coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou
para ressarcir o prejuízo fora emitido um cheque sem fundo,
imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante paga-
não será estelionato porque a causa do prejuízo é anterior a
mento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas
circunstâncias  – Neste caso a coisa é do agente, mas ele emissão do cheque (agora basta uma execução e não mais
dispõe do bem omitindo circunstância importante sobre o uma ação de indenização por perdas e danos);
mesmo. Coisa inalienável é aquela que não pode ser vendida e) Também não há estelionato na emissão de cheque sem
em razão de determinação legal, convenção ou testamento. fundo para substituir outro titulo de crédito, pois trata-se de
Coisa gravada de ônus é aquela sobre a qual recai um direito causa anterior;
real (hipoteca, anticrese). Coisa litigiosa é a que é objeto de f) Quando o agente susta o cheque ou encerra a conta
discussão judicial; bancária antes de emitir o cheque, pratica estelionato co‐
mum, pois a fraude foi anterior à emissão do título de crédito;
Obs.: alienar coisa litigiosa não é crime, silenciar-se a g) A emissão de cheque sem fundo deve causar prejuízo

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


respeito dela que será crime. para vítima, assim se for decorrente de pagamento de jogo
do bicho, não haverá crime;
c) Defrauda, mediante alienação não consentida pelo h) Em se tratando de cheque especial, só haverá crime
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando se ultrapassar o limite;
tem a posse do objeto empenhado – Com a celebração do i) Quem recebe cheque nominal e vai ao banco sacá-lo
contrato de penhor, o  bem normalmente é entregue ao e descobre que não tem fundo e endossa-o passando para
credor. Excepcionalmente, o  objeto pode ficar em poder outra pessoa, comete estelionato, divergindo a doutrina se
do devedor. Nesse caso, se ele o alienar sem autorização do caput ou do 2º, VI;
ou de alguma outra forma inviabilizar o objeto da garantia j) O pagamento de cheque emitido sem suficiente provi‐
(destruindo-o, ocultando-o), cometerá tal delito. O objeto são de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta
material é coisa móvel, pois somente ela pode ser empenha‐ ao prosseguimento da ação penal (Súmula nº 554 do STF).
da; Consuma-se quando o agente aliena ou destrói o bem. O STF criou uma extinção de punibilidade por súmula, que
é um absurdo;
d) Defrauda substância, qualidade ou quantidade de coi- k) Consumação  – Quando o banco sacado recusa o
sa que deve entregar a alguém – Pressupõe a existência de pagamento em razão da ausência e fundos ou em razão da
um negócio jurídico envolvendo agente e vítima. Se o agente contra-ordem de pagamento;
modifica fraudulentamente a substância a ser entregue, sua l) Competência; Súmula nº 521 do STF 244 do STJ – Local
qualidade ou quantidade, pratica o delito; Pode ser crime onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado;
contra a economia popular, ou crime contra o consumidor. Só m) Basta uma única apresentação do cheque;
será estelionato se for contra vítima certa e determinada. Ex.: n) Se o agente se arrepende antes do crime se consumar
empresário encomenda remessa de combustível para o pos‐ e deposita o valor, será arrependimento eficaz, e o fato será
to, que envia substância adulterada. O proprietário responde atípico;

169
o) Se o agente se arrepende após a consumação do cri‐ que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de
me, ma antes do recebimento da denúncia haverá extinção Registro de Duplicatas.
da punibilidade, se após haverá uma atenuante genérica,
art. 65, III, b, do CP; Abuso de Incapaz
p) Tentativa é possível: emite cheque sem fundo e um
parente deposita o valor sem seu conhecimento, emite o Código Penal
cheque e manda uma carta para o banco sacado para sustar
o cheque, mas a carta se extravia. Art. 173. Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da
Causas de Aumento de Pena
alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo
qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir
A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido
efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
em detrimento de entidade de direito público ou de institu‐
to de economia popular, assistência social ou beneficência Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
(art. 171, § 3º).
Entidade de direito público é a União, os  Estados, 1) Conduta: abusar (fazer mau uso, aproveitar-se), em
o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias, entidades proveito próprio ou alheio, de menor de idade ou alienado
paraestatais e a Previdência Social (Súmula nº 24 do STJ). mental, convencendo-o a praticar um ato jurídico que possa
Se o crime for cometido contra idoso, a pena será apli‐ produzir efeito em seu próprio prejuízo ou em prejuízo de
cada em dobro (art. 171, § 4º) terceiro.
2) Objeto jurídico: o patrimônio do menor ou alienado
Duplicata Simulada mental.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Código Penal 4) Sujeito passivo: menor ou alienado mental.
5) Consumação: com a prática do ato pela vítima, ainda
Art.172. Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que este não venha resultar em prejuízo para ela própria ou
que não corresponda à mercadoria vendida,em terceiro. É crime formal.
quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.
Pena  – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, Obs.: o crime em tela não se confunde com o crime de
e multa. estelionato, tendo em vista que este utiliza-se de fraude para
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele ludibriar a vítima e o crime de abuso de incapaz o agente
que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de aproveita-se da necessidade, paixão ou inexperiência da
Registro de Duplicatas. vítima, muito embora a intenção em ambos os crimes seja
a obtenção de vantagem econômica ilícita.
1) Conduta: emitir fatura, duplicata ou nota de venda que
não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou
qualidade, ou ao serviço prestado. Crime de estelionato Crime de abuso de incapaz
O meio utilizado para ludi‐ O meio utilizado é a neces‐
Obs. 1: passemos a analisar as elementares deste tipo briar a vítima é a fraude. sidade, paixão ou inexperi‐
penal O  sujeito passivo pode ser ência. O sujeito passivo é o
a) Emitir – Por em circulação; qualquer pessoa. menor ou alienado mental.
b) Fatura, duplicata, nota de venda – Títulos de crédito
Induzimento à Especulação
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

utilizados nas vendas à prazo.

Obs. 2: a duplicata uma vez emitida será posta em circula‐ Código Penal
ção podendo o vendedor ter o valor nela contido descontado
antecipadamente com terceira pessoa, e esta por ocasião do Art. 174. Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
vencimento receberá do comprador o a quantia respectiva. inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade
Todavia, se o valor contido nela for inverídico, poderá gerar mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou
um prejuízo para quem a descontar, tendo em vista que não aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias,
obterá o valor nela descrito. sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
2) Sujeito ativo: qualquer pessoa que falsifique o conte‐
údo do título de crédito. 1) Conduta: abusar (fazer mau uso, aproveitar-se), em
3) Sujeito passivo: qualquer pessoa. proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simpli‐
4) Consumação: com a simples emissão da duplicata, cidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à
fatura ou nota de venda. A tentativa é inadmissível, pois ou prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou
o agente emite o documento e o crime está consumado ou
mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é
nada faz e a conduta é atípica.
ruinosa.
Falsidade no Livro de Registro da Duplicata
Obs.: aqui a figura penal também apresenta a situação
Código penal de abuso, todavia delimita a vítima (pessoa inexperiência,
Art. 172. [...] simples ou com inferioridade mental), em como a maneira de
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele se praticar o crime: induzindo-o à prática de jogo ou aposta,

170
ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou Obs. 4: é aplicado ao crime em tela do privilégio, desde
devendo saber que a operação é ruinosa. que preenchidos os requisitos previstos no art.  155, §  2º
do CP.
2) Objeto jurídico: a proteção do patrimônio de pessoas,
simplórias, rústicas ou ignorantes. Outras Fraudes
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
4) Sujeito passivo: pessoa inexperiente (com pouco Código Penal
vivência nos negócios), simples (sem malícia) ou com desen‐
volvimento mental deficiente (índice de inteligência inferior Art. 176. Tomar refeição em restaurante, alojar-se em
ao normal). hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor
5) Consumação: com a prática do ato pela vítima, in‐ de recursos para efetuar o pagamento:
dependentemente da obtenção de vantagem por parte do Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses,
autor ou te terceiro. ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante
Fraude no Comércio representação, e o juiz pode, conforme as circuns‐
tâncias, deixar de aplicar a pena.
Código Penal
1) Conduta: a lei prevê três condutas distintas:
Art. 175. Enganar, no exercício de atividade comercial, a) tomar refeição em restaurante sem dispor de recursos
o adquirente ou consumidor: para efetuar o pagamento;
I – vendendo, como verdadeira ou perfeita, merca‐ b) alojar-se em hotel sem dispor de recursos para efetuar
doria falsificada ou deteriorada; o pagamento;
II – entregando uma mercadoria por outra: c) utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recur‐
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, sos para efetuar o pagamento.
ou multa.
§ 1º Alterar em obra que lhe é encomendada a qua‐ Obs. 1: a primeira conduta engloba lanchonetes, bares,
lidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo cafés, bem como bebidas. A  segunda, motéis e pensões.
caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de me‐ A terceira, táxi, ônibus, avião, trem, metrô etc.
nor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender,
como precioso, metal de outra qualidade: Obs. 2: para a realização do crime é necessário que o
agente não disponha de recursos para o pagamento. Assim,
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
se ele dispõe de dinheiro para pagar e se recusar a quitar
§ 2º É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
sua dívida, como é o caso dos famosos “pinduras” realizados
pelos estudantes de direito, não haverá a prática deste crime.
1) Conduta: enganar, no exercício da atividade comercial,
Da mesma forma, quem efetuar o pagamento com cheque
adquirente ou consumidor da seguinte forma:
sem fundo, pratica o crime previsto no art. 171, § 2º, VI do CP.
a) vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
falsificada ou deteriorada;
2) Objeto jurídico: patrimônio.
b) entregando uma mercadoria por outra;
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
c) alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade
4) Sujeito passivo: qualquer pessoa.
ou o peso de metal;
5) Consumação: com a utilização do serviço de restau‐
d) substituindo pedra verdadeira por falsa ou por outra rante, hospedagem e meio de transporte.
de menor valor;

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


e) vendendo pedra falsa por verdadeira; Obs. 3: o juiz poderá conceder perdão judicial se as
f) vendendo, como precioso, metal de outra qualidade. circunstâncias, tais como pequeno valor, antecedentes fa‐
voráveis, conduta social, forem benéficas.
Obs. 1: o crime é classificado de como de forma vincula‐
da, tendo em vista que o legislador apresentou as maneiras Obs. 4: no caso de estado famélico, não haverá crime
em que o crime pode ser praticado. por se considerar estado de necessidade.
Obs. 2: a conduta descrita na aliena a foi revogada pelo Fraudes e Abusos na Fundação ou Administração de
art. 7º da Lei nº 8.137/1990 que rege os crimes de relação Sociedade por Ações
de consumo.
Código Penal
2) Objeto jurídico: patrimônio e a boa-fé nas relações
de consumo. Art.  177. Promover a fundação de sociedade por
3) Sujeito ativo: comerciante. ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação
4) Sujeito passivo: qualquer adquirente, incluindo até ao público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a
um comerciante, e o consumidor. constituição da sociedade, ou ocultando fraudulen‐
5) Consumação: no momento da entrega do bem ao tamente fato a ela relativo:
adquirente ou consumidor. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul‐
ta, se o fato não constitui crime contra a economia
Obs. 3: se o crime for praticado por qualquer outra pes‐ popular.
soa que não seja um comerciante, restará configura do tipo § 1º Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui
penal de fraude na entrega de coisa, art. 171, § 2º, IV do CP. crime contra a economia popular:

171
I – o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por não estiver revestida das formalidades legais ou contrariar
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balan‐ texto expresso da lei.
ço ou comunicação ao público ou à assembleia, faz
afirmação falsa sobre as condições econômicas da Emissão Irregular de Conhecimento de Depósito ou
sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou Warrant
em parte, fato a elas relativo;
II  – o diretor, o  gerente ou o fiscal que promove, Código Penal
por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de
outros títulos da sociedade; Art. 178. Emitir conhecimento de depósito ou war‐
III – o diretor ou o gerente que toma empréstimo à rant, em desacordo com disposição legal:
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização
da assembleia geral; 1) Conduta: emitir conhecimento de depósito ou warrant
IV – o diretor ou o gerente que compra ou vende, em desacordo com disposição legal.
por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo
quando a lei o permite; Obs. 1: o crime não reside no fato de se emitir conhe‐
V  – o diretor ou o gerente que, como garantia de cimento de depósito ou warrant, e sim a sua emissão em
crédito social, aceita em penhor ou em caução ações desacordo com a disposição legal, que vem a ser o Decreto
da própria sociedade; nº 1.102/1903. Assim, trata-se de norma penal em branco.
VI – o diretor ou o gerente que, na falta de balanço,
em desacordo com este, ou mediante balanço falso, Obs. 2: conhecimento de depósito ou warrant consiste
distribui lucros ou dividendos fictícios; em títulos negociáveis por endosso em relação a mercadorias
VII – o diretor, o gerente ou o fiscal que, por inter‐ que são depositadas em armazéns gerais. O primeiro é o do‐
posta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue cumento de propriedade da mercadoria e confere ao dono o
a aprovação de conta ou parecer; poder de disponibilidade sobre a coisa. Já o segundo confere
VIII – o liquidante, nos casos dos nºs I, II, III, IV, V e VII; ao portador o direito real de garantia sobre as mercadorias.
IX – o representante da sociedade anônima estran‐
geira, autorizada a funcionar no País, que pratica os 2) Objeto jurídico: patrimônio.
atos mencionados nos nºs I e II, ou dá falsa informação 3) Sujeito ativo: é quem emite o conhecimento de de‐
ao Governo. pósito ou warrant em desacordo com a lei.
§ 2º Incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 4) Sujeito passivo: é o endossatário ou portador que
2 (dois) anos, e multa, o acionista que, a fim de obter recebe o título sem saber das irregularidades.
vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas 5) Consumação: com a circulação do título.
deliberações de assembleia geral.
Fraude à Execução
1) Conduta: promover sociedade por ações (sociedade
anônima e comandita por ações) induzindo ou mantendo Código Penal
em erro os candidatos à sócios, o  público ou presentes à
assembleia, fazendo falsa afirmação sobre circunstâncias re‐ Art.  179. Fraudar execução, alienando, desviando,
ferentes à sua constituição ou ocultando, fraudulentamente destruindo ou danificando bens, ou simulando
fato a ela relativo. dívidas:
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

2) Objeto jurídico: patrimônio e a boa-fé. Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
3) Sujeito ativo: o fundador da sociedade por ações. ou multa.
4) Sujeito passivo: qualquer pessoa. Parágrafo único. Somente se procede mediante
5) Consumação: no momento da afirmação falsa ou omis‐ queixa.
são, ainda que deles não decorram qualquer resultado lesivo.
1) Conduta: a conduta pode ser praticada de três for‐
Obs. 1: a fraude pode constar de prospecto ou de comu‐ mas – fraudar execução:
nicação feita ao pública ou assembleia geral. a) alienando bens;
b) desviando bens;
Obs. 2: este dispositivo é expressamente subsidiário, c) destruindo bens;
tendo em vista que somente será aplicado se a conduta não d) danificando bens;
configurar crime contra a economia popular. e) simulando dívidas.

Obs. 3: o § 1º pune também o diretor, o gerente, repre‐ Obs.: o crime consiste na existência de uma ação civil,
sentante de sociedade estrangeira, e em alguns casos o fiscal em que já há a prolação de sentença e esta encontra-se
e liquidante que incidam em fraude afirmando situações em fase de execução. Tal execução de sentença que ao ser
enganosas em relação a situação econômica da empresa. fraudada nas modalidades apresentadas pelo tipo penal,
constitui crime.
Obs. 4: o § 2º perdeu sua importância com a aplicação do
art. 118 da Lei nº 6.404/1976, que permitiu o acordo entre 2) Objeto jurídico: patrimônio.
acionistas em relação ao exercício do direito ao voto. Assim, 3) Sujeito ativo: devedor, não comerciante.
somente haverá crime se a negociação envolvendo o voto 4) Sujeito passivo: credor da ação de execução.

172
5) Consumação: com o prejuízo patrimonial percebido autor do crime antecedente, uma vez que o ato de influir
pela vítima. É crime material. será post factum não punível, seja em relação a receptação
imprópria, seja em relação a disposição de coisa alheia como
Receptação própria (art. 171, § 2º, I)
O terceiro que adquire, recebe ou oculta deve estar de
Código Penal boa-fé, ou seja, não saiba da origem ilícita do bem. Se o
terceiro estiver de má-fé, comete receptação própria.
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe Obs. 2: a coisa, objeto material do crime, é um produto
ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de de crime, obtido pelo autor do crime antecedente, sendo,
boa-fé, a adquira, receba ou oculte: portanto, a receptação um crime acessório que possui como
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. pressuposto indispensável a sua existência a ocorrência de
um crime anterior. O crime anterior não necessita ser contra
Receptação qualificada o patrimônio podendo ser, por exemplo, o crime de peculato.
§ 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, ven‐ Obs. 3: se o objeto a ser receptado for se for produto de
der, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em contravenção não haverá crime de receptação.
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, coisa que deve saber ser Obs. 4: o agente deve saber que a coisa é produto de
produto de crime: crime anterior, ou seja, não admite dolo eventual, somente
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. dolo direto. Assim se o agente recebe o bem de boa-fé e após
§ 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito do descobre a origem ilícita do bem e continua usando-o não
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregu‐ será receptação. Se houver mera desconfiança da origem
lar ou clandestino, inclusive o exercido em residência. ilícita do objeto será crime de receptação culposa.
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza
2) Objeto jurídico: o patrimônio.
ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa, salvo o autor, coautor
pela condição de quem a oferece, deve presumir-se
obtida por meio criminoso: ou partícipe do crime anterior. Para eles, a receptação é post
factum não punível.
Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou
4) Sujeito passivo: é a mesma vítima do crime anterior,
multa, ou ambas as penas.
titular da posse, detenção ou propriedade.
§ 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
5) Consumação e tentativa:
isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
a) no caso de receptação própria, o crime é material,
§ 5º Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário,
consumando-se com a efetiva tradição da coisa;
pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,
b) na receptação imprópria, o crime é formal, exigindo
deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica‐
apenas que haja a influência sobre terceiro de boa-fé;
-se o disposto no § 2º do art. 155.
c) o crime é permanente nas modalidades transportar,
§ 6º Tratando-se de bens do patrimônio da União, de
conduzir e ocultar;
Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autar‐
d) a tentativa somente é admissível na receptação pró-
quia, fundação pública, empresa pública, sociedade
pria, pois a imprópria é crime unissubsistente, que se pratica
de economia mista ou empresa concessionária de
mediante um único ato (influir).
serviços públicos, aplica-se em dobro a pena previs‐

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


ta no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
6) Ação penal: pública incondicionada.
13.531, de 2017)
7) Considerações gerais:
• é possível a receptação de receptação, respondendo
1) Conduta: adquirir, receber, transportar, conduzir ou
todos pela receptação;
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
• haverá receptação mesmo que o crime anterior seja
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé,
mediante queixa e a mesma não fora apresentada;
a adquire, receba ou oculte.
• a receptação exige a finalidade de proveito próprio ou
alheio. Se o agente quiser beneficiar o próprio autor
Obs. 1: o crime é classificado como receptação própria do crime antecedente, cometerá favorecimento real
ou imprópria: (art. 349);
a) Receptação Própria: • aquele que encomenda carro furtado é partícipe do
• Adquirir significa obter a propriedade (compra, doação, furto e não comente o crime de receptação porque,
permuta); pois instigou ou induziu a ideia do furto;
• Receber é tomar a posse da coisa (depósito, uso, • o advogado comete receptação quando recebe como
penhor); forma de pagamento produto de crime;
• Transportar é levar a coisa de um lugar a outro; • a receptação é punível, ainda que desconhecido ou
• Conduzir é dirigir, guiar; isento de pena o autor do crime de que proveio a
• Ocultar é esconder; coisa (art. 180, § 4º). Foi acrescentado em 1996.
b) Receptação Imprópria – Só exista uma modalidade:
influir significa convencer, estimular. O  agente atua como Basta o fato original ser típico e ilícito para haver recep-
intermediário sendo evidente que ele não pode ter sido o tação, não necessitando o agente ser culpável. Portanto,

173
adquirir produto de furto praticado por menor haverá Obs. 1: na receptação culposa estão descritos apenas os
receptação. verbos “adquirir” e “receber”. Ao contrário do que acontece
Se houver exclusão de ilicitude, não há como punir o com os delitos culposos em geral, o tipo penal não é aberto,
receptador. e o legislador descreve os parâmetros que indicam a culpa
• Assim, para haver receptação é necessária a existência do agente, capaz de gerar no homem médio a presunção
de crime anterior. Todavia não há necessidade que o de origem ilícita.
agente seja punido. Agora se estiver extinta a punibili‐
dade do crime anterior como regra haverá receptação, Obs. 2: há três modalidades de receptação culposa:
segundo o art. 108 do CP. Se o crime de furto já estiver a) Natureza do objeto – Certos objetos, por sua própria
prescrito, esta nada afetará o crime de receptação. natureza, indicam que não foram comercializados conforme
• Contudo, se ocorrer a abolitio criminis do crime ante‐ a lei, e, levarão ao reconhecimento da receptação culposa
cedente, não há que se falar em receptação, uma vez (revólver desacompanhado de registro ou sem numeração,
que não haverá “produto do crime”. automóvel sem documentação ou com adulteração grosseira
do chassi);
Causa de aumento de pena b) Desproporção entre o valor de mercado e o preço
pago – A desproporção entre o valor e o preço deve ser sufi‐
1) Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da ciente para fazer surgir desconfiança sobre a origem do bem;
União, Estado, Município, empresa concessionária de servi- c) Condição do ofertante – Adquirir ou receber objeto
ços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista de desconhecido ou criminoso, ou de pessoa que não tem
no caput deste artigo aplica-se em dobro (art. 180, § 6º). condições financeiras de possuir o bem oferecido.
O receptador deve saber que trata-se de bens dessas
entidades. Obs. 3: deve-se provar efetivamente que o objeto é ilícito
2) O agente tem que saber que o objeto material provém para, então poder haver uma condenação em receptação
de uma das pessoas jurídicas mencionadas. culposa.
Somente se aplica ao caput, não incidindo sobre a recep‐ Perdão Judicial
tação qualificada ou culposa.
1) Na receptação culposa, se o criminoso é primário,
Receptação Qualificada
pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar
de aplicar a pena (art. 180, § 5º, 1ª parte).
1) Conduta: adquirir, receber, transportar, conduzir, ocul‐
2) Requisitos:
tar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender,
a) primariedade do agente;
expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
b) as circunstâncias do crime devem indicar que ele não
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
se revestiu de especial gravidade, por exemplo, adquirir coisa
industrial, coisa que deve saber ser produto de crime.
de pequeno valor.
3) Presentes os requisitos legais é obrigatória a concessão
Obs.: muito embora somente se refira ao dolo eventual,
o tipo o penal abrange toda e qualquer forma de dolo. do perdão.
4) É causa de extinção da punibilidade, conforme Súmula
2) O crime é próprio, pois só pode ser praticado por nº 18 do STJ.
comerciante ou industrial. Este é o motivo da qualificadora,
a  facilidade de repassar o produto a terceiro de boa-fé, Receptação de animal
iludidos pela impressão de maior garantia oferecidos por
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

profissionais desta área. A Lei nº 13.330, de 2 de agosto de 2016, criminalizou a


3) É tipo misto alternativo, praticando vários verbos do receptação de semovente domesticável.
caput responde somente por uma infração penal.
4) Equipara-se à atividade comercial qualquer forma de Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir,
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade
residência (art. 180, § 2º) – norma penal explicativa. de produção ou de comercialização, semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou
Receptação Privilegiada dividido em partes, que deve saber ser produto de
crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
1) Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
art. 155 (art. 180, § 5º, 2ª parte). (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
2) Assim, se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
a coisa receptada, o juiz pode substituir a pena de reclusão Disposições Gerais acerca dos Crimes Contra o
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar Patrimônio
somente a pena de multa (art. 155, § 2º).
Código Penal
Receptação Culposa
Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos
1) Conduta: adquirir ou receber coisa que, por sua natu‐ crimes previstos neste título, em prejuízo:
reza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela I – do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por II – de ascendente ou descendente, seja o parentesco
meio criminoso (art. 180, § 3º). legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.

174
Art.  182. Somente se procede mediante represen‐ DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
tação, se o crime previsto neste título é cometido
em prejuízo: Da Moeda Falsa
I – do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II – de irmão, legítimo ou ilegítimo; Código Penal
III – de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 183. Não se aplica o disposto nos dois artigos Art. 289. Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, mo‐
anteriores: eda metálica ou papel-moeda de curso legal no país
I  – se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em ou no estrangeiro:
geral, quando haja emprego de grave ameaça ou Pena – reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
violência à pessoa; §  1º Nas mesmas penas incorre quem, por conta
II – ao estranho que participa do crime; própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. circulação moeda falsa.
§ 2º Quem, tendo recebido de boa-fé, como verda‐
O legislador previu duas espécies de imunidades aos deira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circula‐
praticantes de crimes contra o patrimônio: ção, depois de conhecer a falsidade, é punido com
detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 3º É punido com reclusão, de 3 (três) a 15 (quin‐
Imunidade Absoluta Imunidade Relativa ze) anos, e multa, o funcionário público ou diretor,
É isente de pena quem pra‐ Somente será processado gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica,
ticar um dos crimes contra o mediante representação, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
patrimônio contra: quem praticar o crime con‐ I – de moeda com título ou peso inferior ao deter‐
a) cônjuge na constância da tra: minado em lei;
sociedade conjugal (ou seja, a) cônjuge desquitado ou II – de papel-moeda em quantidade superior à au‐
devem estar casados); judicialmente separado (não torizada.
b) contra ascendente ou des‐ necessita estar divorciado) § 4º Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz
cendente, seja o parentesco b) irmão, legítimo ou ilegí‐
circular moeda, cuja circulação não estava ainda
legítimo ou ilegítimo, seja timo;
autorizada.
civil ou natural (incluindo os c) tio ou sobrinho, com quem
casos de adoção). o agente coabita (devem
Ex.: furtar o pai, o  marido, morar na mesma residência). 1) Conduta: pode ser praticada das seguintes formas:
o neto, o avô. a) Falsificar fabricando (criando) moeda metálica ou
papel moeda de curso legal no país ou estrangeiro;
Somente se aplicará a isen‐ Somente será processado
ção de pena nos casos acima mediante representação nos b) Falsificar alterando (modificando) moeda metálica ou
se: casos acima se: papel moeda de curso legal no país ou estrangeiro.
a) não se tratar de crime de a) não se tratar de crime de
roubo ou extorsão, ou se não roubo ou extorsão, ou se não Obs. 1: falsificar significa apresentar como verdadeiro
houver a prática de violência houver a prática de violência algo que não é original. A falsificação poderá ser pela fabrica‐
ou grave ameaça; ou grave ameaça; ção (criação de moeda falsa) ou pela alteração (modificação
b) ao estranho que partici‐ b) ao estranho que partici‐ de seu valor para maior).
pa do crime (por exemplo, pa do crime (por exemplo,
o filho e a namorada deste, o filho e a namorada deste, Obs. 2: o objeto material do presente crime é a moeda
furtam o pai do primeiro. furtam o pai do primeiro. nacional ou estrangeira.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


Somente haverá isenção de Somente haverá isenção de
pena ao filho); pena ao filho); Obs. 3: se a falsificação for grosseira não haverá crime
c) se a vítima tiver idade igual c) se a vítima tiver idade igual conforme e enunciado previsto na Súmula nº 73 do STJ.
ou superior a 60 anos (por ou superior a 60 anos (por
exemplo, filho furta pai que exemplo, filho furta pai que Obs. 4: a falsificação de moeda que já saiu de circulação
tem 74 anos. A ele não será tem 74 anos. A ele não será será o crime de estelionato, não se admitindo a aplicação do
aplicada a isenção de pena). aplicada a isenção de pena). princípio da insignificância.

Algumas observações: 2) Objetividade jurídica: a fé pública.


1. Estas enumerações são taxativas; 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
2. Somente são aplicadas aos crimes contra o patrimônio; 4) Sujeito passivo: o Estado.
3. No que tange ao art. 182, os crimes contra o patrimô‐ 5) Elemento subjetivo: o dolo.
nio, em regra são processados mediante ação penal pública 6) Consumação: com a falsificação, independentemente
incondicionada, ou seja, aquela em que o Ministério Público de qualquer outro resultado. É crime formal.
é seu titular, não havendo necessidade de autorização da 7) Tentativa: é possível.
vítima para início da ação penal. Assim nos casos previstos no 8) Ação penal: pública incondicionada que será proces‐
art. 182, o legislador afirmou que tais crimes não serão pro‐ sada perante a Justiça Federal.
cessados por ações penais públicas incondicionadas, e sim 9) Figuras assemelhadas: quem importa, exporta, ad‐
por ações penais públicas condicionadas à representação, quire, vende, troca, cede, empresta, guarda, introduz em
que são aquelas que apesar de também terem como titular circulação moeda falsa. Analisemos:
o Ministério Público, somente poderão ser iniciadas quando a) importar (introduzir no país) moeda falsa;
as vítimas ou seus representantes legais a autorizarem. b) exportar (enviar para fora do país) moeda falsa;

175
c) adquire (pega para si) moeda falsa; Obs. 3: cédulas, nota e bilhete representativo são termos
d) vende (negocia com aferição de lucro) moeda falsa; correlatos, representativos do papel-moeda.
e) troca (faz câmbio) com moeda falsa;
f) cede (coloca a disposição) de moeda falsa; Obs. 4: segundo Guilherme de Sousa Nucci, a conduta de
g) empresta (por à disposição) moeda falsa; ajuntar pedaços de uma cédula verdadeira em outra será o cri‐
h) guarda (tomar conta) de moeda falsa; me previsto no presente artigo e não o crime de moeda falsa.
i) introduz em circulação (coloca a disposição do comér‐
cio) moeda falsa. 2) Objetividade jurídica: a fé pública.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
10) Figura privilegiada: quem recebe de boa-fé moeda 4) Sujeito passivo: o Estado.
falsa ou alterada e coloca em circulação depois de saber da 5) Elemento subjetivo: o dolo.
falsidade. 6) Consumação: com a prática da conduta, independen‐
temente de qualquer outro resultado. É crime formal.
7) Tentativa: é possível.
Atenção! O agente recebeu a moeda falsa de boa-fé, ou
8) Forma qualificada: se o crime é cometido por funcio‐
seja, sem notar a sua falsificação. Todavia, após perce‐ nário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava
ber que não se tratava de nota verdadeira, ao  invés de recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo.
entregá-la a autoridade pública, colocou-a novamente em 9) Ação penal: pública incondicionada que será proces‐
circulação para não arcar com o prejuízo. Este responderá sada perante a Justiça Federal.
pelo crime de moeda falsa privilegiado, sendo punido com
pena menor. Petrechos para Falsificação de Moeda
11) Parágrafos 3º e 4º: trata-se de crime próprio que Código Penal
somente pode ser praticado por funcionário, diretor, gerente
ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza Art. 291. Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso
a fabricação ou emissão: ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, apare‐
a) de moeda com título ou peso inferior do determinado lho, instrumento ou qualquer objeto especialmente
em lei; destinado à falsificação de moeda:
b) de papel-moeda em quantidade superior à autorizada; Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
c) quem desvia e faz circular moeda cuja circulação não
estava ainda autorizada (pode ser moeda verdadeira cuja 1) Conduta: o crime pode ser praticado das seguintes
circulação não estava autorizada). formas:
a) Fabricar (construir) maquinismo, aparelho instrumen‐
Crimes Assimilados ao de Moeda Falsa tos ou qualquer outro objeto especialmente destinado à
falsificação de moeda;
Código Penal b) Adquirir (obter) maquinismo, aparelho instrumentos
ou qualquer outro objeto especialmente destinado à falsi‐
Art. 290. Formar cédula, nota ou bilhete represen‐ ficação de moeda;
tativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas c) Fornecer (prover) a título oneroso (mediante paga‐
ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou mento de certo preço) ou gratuito (sem contraprestação)
bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circu‐ maquinismo, aparelho instrumentos ou qualquer outro
lação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à objeto especialmente destinado à falsificação de moeda;
circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, d) Possuir (ter a posse, reter) maquinismo, aparelho
ou já recolhidos para o fim de inutilização: instrumentos ou qualquer outro objeto especialmente des‐
Pena – O máximo da reclusão é elevado a 12 (doze) tinado à falsificação de moeda;
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

anos e multa, se o crime é cometido por funcionário e) Guardar (tomar contra de algo) maquinismo, apare‐
que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava lho instrumentos ou qualquer outro objeto especialmente
recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do destinado à falsificação de moeda;
cargo.
Obs. 1: trata-se de um tipo misto alternativo, onde não
1) Conduta: o crime pode ser praticado das seguintes importa se o autor praticou uma, duas ou mais condutas, res‐
formas: ponderá apenas por um único crime. O número de condutas
a) formar (dar forma, constituir ou compor) cédula, nota praticadas influenciará na pena a ser aplicada.
ou bilhete representativo de moeda, concebido a partir de
fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; Obs. 2: o delito em tela é crime subsidiário, ficando
b) suprimir (eliminar ou fazer desaparecer) sinal indica‐ absorvido se no mesmo contexto fático o agente estiver
tivo de sua inutilização; com o maquinismo e utilizá-lo para falsificação. Assim, so‐
c) restituir à circulação (devolver ao manejo público) nota mente responderá pelo crime previsto no art. 291 do CP, se
ou bilhete inutilizado ou recolhido. a conduta for praticada isoladamente, sem estar no mesmo
contexto das falsificações.
Obs. 1: é indispensável haver aparência de autenticidade
nas cédulas, notas ou bilhetes para caracterizar o crime. Obs. 3: é ato preparatório do iter criminis, que excepcio‐
nalmente é punido.
Obs. 2: quando a conduta de restituir à circulação de nota
ou bilhete inutilizado ou recolhido for praticada pelo mesmo 2) Objetividade jurídica: a fé pública.
autor que fabricou a cédula, nota ou bilhete ou mesmo que 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
suprimiu sinal identificador de sua inutilização, tal fato não 4) Sujeito passivo: o Estado.
será punido. 5) Elemento subjetivo: o dolo.

176
6) Consumação: com a prática da conduta, independen‐ II – papel de crédito público que não seja moeda de
temente de qualquer outro resultado. Na modalidade possuir curso legal;
e guardar é crime permanente, ou seja, aquele em que a III – vale postal;
consumação se prolonga no tempo, cabendo a qualquer IV – cautela de penhor, caderneta de depósito de cai‐
momento a efetivação de uma prisão em flagrante. xa econômica ou de outro estabelecimento mantido
7) Tentativa: não é cabível, pois a lei incriminou de por entidade de direito público;
forma autônoma atos representativos da preparação do V – talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro do‐
delito tipificado no art. 289 do Código Penal (moeda falsa). cumento relativo a arrecadação de rendas públicas
E, como se sabe, os crimes de obstáculo são incompatíveis ou a depósito ou caução por que o poder público
com o conatus. seja responsável;
8) Ação penal: pública incondicionada que será proces‐ VI – bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
sada perante a Justiça Federal. transporte administrada pela União, por Estado ou
por Município:
Emissão de Título ao Portador sem Permissão Legal Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena quem:
Código Penal I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis
falsificados a que se refere este artigo;
Art. 292. Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, II  – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
ficha, vale ou título que contenha promessa de empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação
pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte selo falsificado destinado a controle tributário;
indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago: III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda,
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta,
Parágrafo único. Quem recebe ou utiliza como dinhei‐ fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em
ro qualquer dos documentos referidos neste artigo proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
incorre na pena de detenção, de 15 (quinze) dias a 3 comercial ou industrial, produto ou mercadoria:
(três) meses, ou multa. a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a
controle tributário, falsificado;
1) Conduta: emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tri‐
ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento butária determina a obrigatoriedade de sua aplicação.
em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome § 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quando
da pessoa a quem deva ser pago. legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizá‐
veis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
Obs. 1: emitir significa colocar em circulação. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de
Obs. 2: o objeto material do crime é a nota, bilhete,
alterado, qualquer dos papéis a que se refere o pa‐
ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento
rágrafo anterior.
em dinheiro. A finalidade deste crime é evitar que papéis
§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora re‐
não autorizados pela lei passem a ocupar, gradativamente,
cibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou
o lugar da moeda.
alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º,
Obs. 3: trata-se de norma penal em branco, tendo em depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre
vista a expressão “sem permissão legal”. Assim, este tipo na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
penal será complementado por uma outra legislação. anos, ou multa.
§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do
2) Objetividade jurídica: a fé pública. inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio irregu‐
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. lar ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças
4) Sujeito passivo: o Estado. ou outros logradouros públicos e em residências.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


5) Elemento subjetivo: o dolo.
6) Consumação: com a prática da conduta, independen‐ 1) Conduta: pode ser praticada das seguintes formas:
temente de qualquer outro resultado. a) Falsificar fabricando (criando);
7) Tentativa: é possível. b) Falsificar alterando (modificando).
8) Ação penal: pública incondicionada que será proces‐
sada perante a Justiça Federal. Obs. 1: o objeto material do crime que será falsificação
9) Parágrafo único: quem recebe ou utiliza como dinheiro de selo destinado a controle tributário, papel selado ou qual‐
qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na quer papel de emissão legal destinado a controle tributário,
pena de detenção, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado
multa. A finalidade deste parágrafo único é impedir que uma à arrecadação de tributo; papel de crédito público que não
vez emitidos os títulos, as pessoas deles façam uso como se seja moeda de curso legal, vale postal, cautela de penhor,
dinheiro fosse. caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro esta‐
belecimento mantido por entidade de direito público, talão
recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo
Da Falsidade de Títulos e Outros Papéis Públicos a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução
por que o poder público seja responsável, bilhete, passe ou
Falsificação de Papéis Públicos conhecimento de empresa de transporte administrada da
União, por Estado ou por qualquer Município.
Código Penal
Obs. 2: nas mesmas penas incorre quem:
Art. 293. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: a) guarda, possui, detém, quaisquer desses papéis;
I – selo destinado a controle tributário, papel selado b) importa, exporta, adquire, vende troca, cede empres‐
ou qualquer papel de emissão legal destinado à ar‐ ta, guarda, fornece ou restitui a circulação selo falsificado
recadação de tributo; destinado a controle tributário;

177
c) importa, exporta, adquire, vende, expõe a venda, possuir e guardar são crimes permanentes, ou seja, aquele
mantém em depósito, guarda, troca, cede empresta, fornece, em que a consumação se prolonga no tempo, cabendo a
porto ou de qualquer forma utiliza em proveito próprio ou qualquer momento a efetivação de uma prisão em flagrante.
alheio no exercício da atividade comercial ou industrial que 7) Tentativa: é possível.
tenha sido aplicado: selo que se destine a controle tributário,
falsificado; sem selo oficial nos caso em que a legislação Código Penal
tributária determina a obrigatoriedade de sua obrigação;
d) suprir em qualquer desses papeis quando legítimos Art. 295. Se o agente é funcionário público, e comete
com o fim de torná-lo utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
de sua inutilização; de sexta parte.
e) usa, depois de alterado, qualquer dos papéis do
parágrafo anterior (pune quem usa desde que não seja a Obs. 4: os crimes previstos nos arts. 293 e 294 do CP
mesma que suprimiu); quando praticados por funcionários público, segundo concei‐
f) usa ou restitui à circulação embora recebido de boa-fé to previsto no art. 327 do CP, terão suas penas aumentadas
qualquer dos papeis falsificados ou alterados a que se refere de 1/6.
este artigo, e  seu parágrafo segundo depois que sabe da
falsidade ou alteração (figura privilegiada). Da Falsidade Documental
Obs. 3: equipara-se a atividade comercial qualquer forma Para o estudo dos crimes previstos neste tópico é neces‐
de comércio irregular ou clandestino bem como o exercido sário definir o que é documento. Segundo Victor Eduardo
em vias, praças ou logradouros públicos e residências. Rios Gonçalves, documento é todo escrito devido a um autor
determinado, contendo exposição de fatos ou declaração
2) Objetividade jurídica: a fé pública. de vontade, dotado de significação ou relevância jurídica e
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. que pode por si só, fazer prova de seu conteúdo. Assim, para
4) Sujeito passivo: o Estado. ser um documento deve-se ter as seguintes características:
5) Elemento subjetivo: o dolo. a) Forma escrita – Não pode ser a lápis. Fotocópia não
6) Consumação: com a falsificação, independentemente autenticada não tem valor probatório.
de qualquer outro resultado. b) Tenha autor certo  – Identificado por assinatura e
7) Tentativa: é possível. nome.
c) Conteúdo deve expressar uma manifestação de von‐
Petrechos de Falsificação tade ou a exposição de um fato com relevância jurídica, por
exemplo, testamento e contratos.
Código Penal d) Valor probatório – Deve ter potencialidade para gerar
consequências no plano jurídico.
Art. 294. Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guar‐ e) Se a falsidade for grosseira, ou seja, se pode ser per‐
dar objeto especialmente destinado à falsificação cebida por qualquer pessoa, não será crime.
de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Falsificação de Selo ou Sinal Público
1) Conduta: o crime pode ser praticado das seguintes
Código Penal
formas:
a) Fabricar (construir) títulos ou papéis públicos;
Art. 296. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
b) Adquirir (obter) títulos ou papéis públicos;
I – selo público destinado a autenticar atos oficiais
c) Fornecer (prover) títulos ou papéis públicos;
da União, de Estado ou de Município;
d) Possuir (ter a posse, reter) títulos ou papéis públicos;
e) Guardar (tomar contra de algo) títulos ou papéis II – selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

públicos. público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:


Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Obs. 1: trata-se de um tipo misto alternativo, no qual não § 1º Incorre nas mesmas penas:
importa se o autor praticou uma, duas ou mais condutas, res‐ I – quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
ponderá apenas por um único crime. O número de condutas II  – quem utiliza indevidamente o selo ou sinal
praticadas influenciará na pena a ser aplicada. verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito
próprio ou alheio;
Obs. 2: o delito em tela é crime subsidiário, ficando ab‐ III – quem altera, falsifica ou faz uso indevido de mar‐
sorvido se no mesmo contexto fático o agente estiver com cas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos
os objetos destinados à falsificação dos títulos ou papéis utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades
públicos e utilizá-lo para a falsificação. Assim, somente res‐ da Administração Pública.
ponderá pelo crime previsto no art. 294 do CP, se a conduta § 2º Se o agente é funcionário público, e comete o
for praticada isoladamente, sem estar no mesmo contexto crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
das falsificações. de sexta parte.

Obs. 3: é ato preparatório do iter criminis, que excepcio‐ 1) Conduta: pode ser praticada das seguintes formas:
nalmente é punido. a) Falsificar fabricando (criando);
b) Falsificar alterando (modificando).
2) Objetividade jurídica: a fé pública.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Obs. 1: o objeto material deste crime, ou seja, a coisa sob
4) Sujeito passivo: o Estado. a qual recai a ação criminosa de falsificar é o selo público
5) Elemento subjetivo: o dolo. destinado a autenticar atos oficiais da União, do Estado ou
6) Consumação: com a prática da conduta, indepen‐ do Município, selo ou sinal atribuído por lei a entidade de
dentemente de qualquer outro resultado. Na modalidade direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião.

178
Obs. 2: segundo Guilherme de Souza Nucci, selo ou sinal em banco ou preenchido). Ex.: o papel timbrado que é usado
são termos correlatos que significam a marca estampada sobre para confeccionar um RG é verdadeiro, todavia insere-se
certos papéis, para conferir-lhes validade ou autenticidade, bem conteúdo falso. Na verdade o documento está em branco e
como o instrumento destinado a produzi-la. Devem estar, no será preenchido com conteúdo falso;
caso deste artigo, devidamente previstos em lei para atribuição c) alterar documento público verdadeiro (modificar um
e uso de entidade de direito público (autarquia ou paraestatal). documento verdadeiro). Ex.: pega-se um RG verdadeiro, tan‐
to o papel timbrado como o conteúdo e altera-se o conteúdo
Obs. 3: prossegue o artigo afirmando, ainda, que incorre deste, como por exemplo, a data de nascimento.
nas mesmas penas quem:
I – Quem faz uso do selo ou sinal falsificado; Obs. 1: segundo Victor Eduardo Rios Gonçalves, do‐
II – Quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro cumento público pode ser conceituado e subdividido das
em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio; seguintes formas:
III – Quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, lo‐
gotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou iden‐ a) Documento público é aquele elabora por funcionário
tificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. público de acordo com as formalidades legais, no exercício
de suas funções.
2) Objetividade jurídica: a fé pública. b) Documento formalmente e substancialmente público
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. é aquele elaborado por funcionário público com conteúdo
4) Sujeito passivo: o Estado. público, por exemplo, atos legislativos, executivos e judiciais.
5) Elemento subjetivo: o dolo. c) Documento formalmente público e substancialmente
6) Consumação: com a prática a falsificação, indepen‐ privado elaborado por funcionário público, mas com con‐
dentemente de qualquer outro resultado. Na modalidade teúdo de interesse privado, por exemplo, escritura pública
possuir e guardar são crimes permanentes, ou seja, aquele de compra e venda de bem particular, reconhecimento de
em que a consumação se prolonga no tempo, cabendo a firma em tabelião.
qualquer momento a efetivação de uma prisão em flagrante.
7) Tentativa: é possível. Obs. 2: cópia autenticada de documento particular é
8) Se o agente é funcionário público e comete o crime documento particular, mas se a falsificação recair sobre a
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. autenticação, caracteriza crime de falsificação de documento
público.
Falsificação de Documentos Público
Obs. 3: falsificação de chassi será o crime previsto no
Código Penal art. 311 do CP.

Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento Obs. 4: documento público por equiparação, segundo o
público, ou alterar documento público verdadeiro: art. 297, § 2º do CP, é aquele emanado de entidade paraesta‐
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. tal (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o mista, fundações), o  título a portador ou transmissível por
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena endosso (cheque, nota promissória), ações das sociedades
de sexta parte. mercantis (sociedade anônimas), os livros mercantis (utilizados
§  2º Para os efeitos penais, equiparam-se a docu‐ por comerciantes para registro dos atos de comércio), testa‐
mento público o emanado de entidade paraestatal, mento particular (aquele escrito pessoalmente pelo testador).
o título ao portador ou transmissível por endosso,
as ações de sociedade comercial, os livros mercantis 2) Objetividade jurídica: a fé pública.
e o testamento particular. 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Se funcionário público
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz aumenta-se a pena de 1/6.
inserir: 4) Sujeito passivo: o Estado.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


I  – na folha de pagamento ou em documento de 5) Elemento subjetivo: o dolo.
informações que seja destinado a fazer prova pe‐ 6) Consumação: com a falsificação ou alteração, inde‐
rante a previdência social, pessoa que não possua a pendentemente de qualquer outro resultado. Assim, não
qualidade de segurado obrigatório; necessita haver o uso do documento falso.
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do 7) Tentativa: é possível.
empregado ou em documento que deva produzir 8) Competência: se o documento é emitido por autori‐
efeito perante a previdência social, declaração falsa dade federal, competente para processar e julgar o crime
ou diversa da que deveria ter sido escrita; será a Justiça Federal. Se emitido por autoridade estadual,
III – em documento contábil ou em qualquer outro competente será a Justiça Estadual.
documento relacionado com as obrigações da em‐
presa perante a previdência social, declaração falsa Falsificação de Documento Particular
ou diversa da que deveria ter constado.
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos do‐ Código Penal
cumentos mencionados no § 3º, nome do segurado
e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do Art. 298. Falsificar, no todo ou em parte, documento
contrato de trabalho ou de prestação de serviços. particular ou alterar documento particular verda‐
deiro:
1) Conduta: o crime pode ser praticado das seguintes Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
formas:
a) falsificar no todo documento público (quando o docu‐ Falsificação de cartão (Incluído pela Lei nº 12.737,
mento é integralmente forjado). Ex.: confecciona-se um RG, de 2012)
imitando-se o papel timbrado e coloca-se um conteúdo falso; Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
b) falsificar em parte documento público (o agente equipara-se a documento particular o cartão de cré‐
acrescenta dizeres, letras ou números em um documento dito ou débito. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)

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O acréscimo apresentado pela alteração da Lei nº c) fazer inserção de declaração falsa em documento
12.737/2012, em que se equipara o cartão de crédito ou público ou particular – o agente fornece informação falsa a
débito a documento particular, resta esclarecido na parte pessoa responsável na elaboração do documento. Este tem
introdutória do tema “dos crimes contra a fé pública”, em que conhecimento da falsidade.
é apresentado o conceito de documento público e particular.
O art. 297 exemplifica o que seja documento público nos seus Obs. 1: na falsidade ideológica, o documento é autentico
§§ 2º e 3º. O raciocínio penal que se aplica a esta regra, bem e emanado de pessoa competente. O seu conteúdo é falso.
como a todo Direito Penal, consiste na seguinte: o que não
for considerado como documento público para fins penais Obs. 2: Para que exista o crime é necessário que o agen-
será, então, consequentemente, documento particular. te queira prejudicar direitos, criar obrigações ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante. Ausente tais
1) Conduta: o crime pode ser praticado das seguintes finalidades, o  fato será atípico. Ex.: declarar-se viúvo em
formas: documento quando casado.
a) falsificar no todo documento particular (quando o
documento é integralmente forjado). Ex.: confecciona-se um 2) Objetividade jurídica: a fé pública.
contrato de compra e venda, imitando-se o papel timbrado 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Se o agente é funcio‐
de determinada imobiliária e coloca-se um conteúdo falso; nário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo,
b) falsificar em parte documento público (o agente acrescen‐ aumenta-se a pena de 1/6.
ta dizeres, letras ou números em um documento em banco ou 4) Sujeito passivo: Estado e a pessoa que tiver prejuízo.
preenchido). Ex.: o papel timbrado da imobiliária é verdadeiro,
5) Consumação: com a prática da conduta, mesmo que
todavia insere-se conteúdo falso. Na verdade o documento está
o agente não atinja a finalidade.
em branco e será preenchido com conteúdo falso;
6) Tentativa: é possível.
c) alterar documento público verdadeiro (modificar
um documento verdadeiro). Ex.: pega-se um contrato de 7) Causa de aumento de pena: se praticado o crime por
compra e venda verdadeiro, tanto o papel timbrado como funcionário público no exercício de suas funções e se a falsi‐
o conteúdo e altera-se o conteúdo deste, como por exemplo dade assentar-se em registro civil (casamento, nascimento,
a metragem do imóvel. óbito, emancipação e interdição).

Obs. 1: documento particular é aquele que não é público. Obs. 3: todavia, quem promove a inscrição em registro
Ex.: contrato de compra e venda, locação. civil de nascimento inexistente comete o crime previsto no do
art. 241 do CP denominado registro de nascimento inexisten‐
Obs. 2: o documento particular registrado em cartório te. E quem registra como seu filho de outrem comete o crime
continua sendo particular. O registro apenas dá publicidade previsto no art. 242 do CP denominado adoção à brasileira.
ao documento.
Obs. 4: se a falsidade é feita em assento de registro civil
2) Objetividade jurídica: a fé pública. a prescrição só começa é contada a partir da data em que o
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. fato se tornou conhecido, ao contrário dos demais crimes em
4) Sujeito passivo: o Estado. que a prescrição conta-se a partir da consumação.
5) Elemento subjetivo: o dolo.
6) Consumação: com a falsificação ou alteração, inde‐ Obs. 5: declarações falsas em petições judiciais não
pendentemente de qualquer outro resultado. Assim, não configuram tal crime, pois a petição não é um documento.
necessita haver o uso do documento falso.
7) Tentativa: é possível. Falso Reconhecimento de Forma ou Letra
8) Competência: será da Justiça Estadual, salvo se a
falsificação tiver prejudicado interesse da União. Código Penal
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

Falsidade Ideológica Art. 300. Reconhecer, como verdadeira, no exercício


de função pública, firma ou letra que o não seja:
Código Penal Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa,
se o documento é público; e de 1 (um) a 3 (três) anos,
Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, e multa, se o documento é particular.
declaração que dele devia constar, ou nele inserir
ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que 1) Conduta: reconhecer como verdadeira, no exercício
devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, da função pública firma ou letra que não o seja.
criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juri‐
dicamente relevante. Obs. 1: firma é a assinatura de alguém. Tem a finalidade
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, de demonstrar que a pessoa que assinou determinado do‐
se o documento é público, e reclusão de 1 (um) a 3 cumento é ela mesma. Letra é a manuscrito de uma pessoa.
(três) anos, e multa, se o documento é particular.
Parágrafo único. Se o agente é funcionário público Obs. 2: o crime deve ser praticado no exercício da função
e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se pública.
a falsificação ou alteração é de assentamento de
registro civil, aumenta-se a pena de 1/6. 2) Objetividade jurídica: a fé pública.
3) Sujeito ativo: o crime só pode ser cometido por quem
1) Conduta: tem atribuição legal para reconhecer firma ou letra. É crime
a) omitir informação que deveria constar em documento próprio. Todavia, quando um particular reconhece uma fir‐
público ou particular; ma falsificando a assinatura do tabelião comete o crime de
b) inserir informação falsa em documento público ou falsificação de documento.
particular; 4) Sujeito passivo: Estado e a pessoa lesada.

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5) Consumação: com o reconhecimento inverídico da fir‐ Falsidade Material de Atestado ou Certidão
ma ou letra, independentemente de qualquer outro resultado.
6) Tentativa: é possível. Código Penal
7) Se o reconhecimento de firma ou letra for para fins
eleitorais o crime será o previsto no Código Eleitoral. Art. 301. [...]
§  1º Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
Certidão ou Atestado Ideologicamente falso certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado
verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que
Código Penal habilite alguém a obter cargo público, isenção de
ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer
outra vantagem:
Art. 301. Atestar ou certificar falsamente, em razão Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
de função pública, fato ou circunstância que habilite
§ 2º Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica‐
alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou -se, além da pena privativa de liberdade, a de multa.
de serviço de caráter público, ou qualquer outra
vantagem:
1) Conduta: o crime pode ser praticado das seguintes
Pena – detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano. formas:
a) falsificar no todo atestado ou certidão (quando o
1) Conduta: atestar ou certificar falsamente, em razão da atestado ou certidão é integralmente forjado);
função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a b) falsificar em parte atestado ou certidão (o agente
obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter acrescenta dizeres, letras ou números em um atestado ou
público, ou qualquer outra vantagem. certidão em banco ou preenchido);
c) alterar atestado ou certidão verdadeiros (modificar
Obs. 1: atestar significa afirmar, declarar por escrito. um atestado ou certidão verdadeiros).
Certificar significa asseverar, passar certidão de algo. Para
prática do crime em tela o atestado ou certificado devem Obs. 1: aqui a falsificação é material e não se confunde
ser falso e emitidos na função pública, sempre com o fim de com o art. 300, caput do CP, em que a falsificação é ideoló‐
habilitar alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou gica, ou seja, do conteúdo.
de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem.
Obs. 2: para a prática do crime em tela o atestado ou
Obs. 2: não se deve confundir com o crime de falsidade certificado devem ser falsos e emitidos sempre com o fim de
ideológica, pois neste o objeto material é um documento habilitar alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou
público ou particular que será falsificado, e no crime em tela é de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem.
uma certidão ou atestado para as finalidades previstas na lei.
2) Objetividade jurídica: a fé pública.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Aquele que recebe o
Certidão ou Atestado atestado ou certidão falsos e faz uso pratica o crime previsto
Falsidade Ideológica
Ideologicamente Falso no art. 304 do CP.
Omitir, em documento público Atestar ou certificar falsamen‐ 4) Sujeito passivo: Estado e a pessoa lesada.
ou particular, declaração que te, em razão da função públi‐
dele devia constar, ou nele in‐ ca, fato ou circunstância que 5) Consumação: com a falsificação ou alteração, não
serir ou fazer inserir declaração habilite alguém a obter cargo necessitando haver obtenção de vantagem.
falsa ou diversa da que devia público, isenção de ônus ou 6) Tentativa: é possível.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


ser escrita, com o fim de pre‐ de serviço de caráter público, 7) Forma qualificada: se há a intenção de lucro aplica-se
judicar direito, criar obrigação ou qualquer outra vantagem. também a pena de multa.
ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante.
Falsidade de Atestado Médico
Obs. 4: atestado é um documento que afirma a veraci‐
dade de um fato ou circunstância. Código Penal
Certidão é o documento pelo qual o funcionário no exer‐
cício da função afirma a verdade de um fato ou circunstâncias Art. 302. Dar o médico, no exercício da sua profissão,
atestado falso:
contidas em um documento público. Ex.: dar atestado de
bom comportamento carcerário, atestado de pobreza para Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano.
gratuidade da justiça, certidão de que determinado docu‐ Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de
lucro, aplica-se também multa.
mento foi juntado ao processo no dia tal.
1) Conduta: dar o médico, no exercício da sua profissão
2) Objetividade jurídica: a fé pública.
atestado falso.
3) Sujeito ativo: funcionário público. Trata-se de crime
próprio. Aquele que recebe o atestado ou certidão falsos e
Obs. 1: quem não é médico e falsifica um atestado co‐
faz uso pratica o crime previsto no art. 304 do CP.
mete o crime previsto no art. 301, § 1º do CP.
4) Sujeito passivo: Estado e a pessoa lesada.
5) Consumação: com a entrega do atestado ou certidão falsa Obs. 2: o médico que trabalha no desempenho da fun‐
ao destinatário, não necessitando haver obtenção de vantagem. ção pública e falsifica atestado, comete o crime previsto no
6) Tentativa: é possível. art. 301 do CP.

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Obs. 3: se o autor do atestado falso é um dentista, fisio‐ Algumas Considerações:
terapeuta, ou qualquer outro profissional que não da área 1. O mero porte de documento falso não é crime. Assim,
médica, o  crime praticado será o de falsidade ideológica, se o documento falso é apreendido em busca domiciliar não
previsto no art. 299 do CP. há a prática do crime de uso de documento falso, pois a
conduta prevista para este crime é “fazer uso” e não, portar.
2) Objetividade jurídica: a fé pública. 2. Deve salientar que o entendimento apresentado
acima não se aplica em relação à Carteira Nacional de
3) Sujeito ativo: médico. Aquele que recebe o atestado
Habilitação, pois o art.  159, §  1º do Código de Trânsito
falso e faz uso pratica o crime previsto no art. 304 do CP. Brasileiro prevê que este documento é de porte obrigatório
4) Sujeito passivo: Estado e a pessoa lesada. para quem está conduzindo veículo, de modo que os tribu‐
5) Consumação: no momento em que o médico fornece nais superiores entendem que o mero porte, neste caso,
o atestado falso. equivale ao uso.
6) Tentativa: é possível. 3. Se a pessoa porta documento falso não será crime, to‐
7) Forma qualificada: se o crime for praticado com o fim davia, se a polícia solicita a sua apresentação, neste momento
de lucro, será aplicada também a pena de multa. o agente praticará a conduta “fazer uso”, configurando-se o
crime de uso de documento falso.
Reprodução ou Adulteração de Selo ou Peça Filatélica 4. O crime de uso de documento falso se caracteriza pela
apresentação a qualquer pessoa do documento inverídico,
e não somente ao funcionário público.
Código Penal 5. A pessoa que usa documento verdadeiro de outra
pessoa como se fosse próprio, comete o crime previsto no
Art. 303. Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica art. 308 do CP.
que tenha valor para coleção, salvo quando a repro‐
dução ou a alteração está visivelmente anotada na Supressão de Documento
face ou no verso do selo ou peça:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Código Penal
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, para
fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.1 Art. 305. Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, docu‐
mento público ou particular verdadeiro, de que não
Uso de Documento Falso podia dispor:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa,
Código Penal se o documento é público, e reclusão, de 1 (um) a 5
(cinco) anos, e multa, se o documento é particular.
Art. 304. Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados
ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: 1) Conduta: destruir, suprimir ou ocultar, em benefício
Pena – a cominada à falsificação ou à alteração. próprio ou de outrem ou em prejuízo alheio, documento
público ou particular verdadeiro, que não podei dispor.
1) Conduta: fazer uso de qualquer dos papéis falsificados Obs. 1: análise dos verbos do tipo penal:
ou alterados a que ser refere os arts. 297 a 302 do CP. a) Destruir: rasgar, eliminar, queimar;
b) Suprimir: desaparecer sem destruir o documento;
Obs. 1: trata-se de crime classificado como remetido, c) Ocultar: esconder, omitir.
pois na descrição de sua conduta refere-se a outros dispo‐
sitivos legais. 2) Objetividade jurídica: a fé pública.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

3) Sujeito ativo: qualquer pessoa, até o proprietário do


Obs. 2: quem falsifica o documento, certidão ou atestado documento que dele não pode dispor.
pratica os crimes previstos nos artigos 297 a 302. Todavia, 4) Sujeito passivo: o Estado e a pessoa prejudicada.
quem faz uso destes, pratica o crime em tela. 5) Consumação: com a prática da conduta. É  crime
formal.
6) Tentativa: é possível.
Atenção! Quem falsifica documento, certidão ou
atestado e depois os usa, responde somente pelo crime Outras Falsidades
de uso, ficando o crime de falsificação absorvido por trata‐
-se de crime meio. Esta é a corrente majoritária. Porém, Falsificação do Sinal Empregado no Contraste de Metal
há quem afirme que o crime de uso que ficará absorvido, ou na Fiscalização Alfandegária, ou para Outros Fins
respondendo o autor pelo crime de falsificação.
Código Penal
2) Objetividade jurídica: a fé pública.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto o autor da Art.  306. Falsificar, fabricando-o ou alterando-o,
falsificação. marca ou sinal empregado pelo poder público no
contraste de metal precioso ou na fiscalização al‐
4) Sujeito passivo: Estado e a pessoa lesada. fandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza,
5) Consumação: com o uso, independentemente de o falsificado por outrem:
agente obter qualquer vantagem ou enganar o destinatário. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
6) Tentativa: é possível. Parágrafo único. Se a marca ou sinal falsificado é o
Este dispositivo foi revogado pelo art. 39 da Lei nº 6.538/1978 que pune as
1 que usa a autoridade pública para o fim de fiscaliza‐
mesmas condutas. ção sanitária, ou para autenticar ou encerrar deter‐

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minados objetos, ou comprovar o cumprimento de Obs. 3: não confundir com o crime de falsificação de
formalidade legal: documento, em que o agente apresenta um documento
Pena  – reclusão ou detenção, de 1 (um) a 3 (três) público ou particular falso. No crime em tela apenas ocorre
anos, e multa. a atribuição a si ou a terceiro de identidade falsa.

1) Conduta: pode ser praticada das seguintes formas: Obs. 4: para caracterizar o crime é necessário que o
a) Falsificar fabricando (criando) marca ou sinal empre‐ agente vise obter uma vantagem ou causar um dano.
gado pelo poder público no contraste de metal precioso ou
na fiscalização alfandegária; Obs. 5: no caso de o agente atribuir-se a qualidade de
b) Falsificar alterando (modificando) marca ou sinal em‐ funcionário público com o fim de obter vantagem será o
pregado pelo poder público no contraste de metal precioso
crime em tela. Se somente se intitulou funcionário público
ou na fiscalização alfandegária;
sem a intenção de obter vantagem será contravenção penal,
c) Usar marca ou sinal empregado pelo poder público no
contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária prevista no art. 45 da Lei de Contravenção Penal.
que tenha sido falsificado por outrem.
2) Objetividade jurídica: a fé pública.
Obs. 1: falsificar significa apresentar como verdadeiro 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
algo que não é original. A falsificação poderá ser pela fabri‐ 4) Sujeito passivo: o Estado.
cação (criação) ou pela alteração (modificação). 5) Consumação: no momento que o agente se atribui
falsa identidade, independentemente de obter vantagem.
Obs. 2: marca ou sinal são termos sinônimos que sig‐ É crime formal.
nificam tudo aquilo que serve para alerta que possibilita 6) Tentativa: é possível.
conhecer ou reconhecer algo. 7) É crime subsidiário, ficando absolvido quando o fato
constituir crime mais grave, por exemplo, estelionato, aten‐
Obs. 3: contraste de metal precioso é a marca feita no tado violento ao pudor mediante fraude.
metal, consistindo o seu título em indicar de peso ou quilate.
Atenção! Segundo o entendimento do STJ previsto na
Obs. 4: marca de fiscalização alfandegária é a representa‐ Súmula 522 é típica a conduta de atribuir-se falsa identi‐
ção gráfica utilizada pela fiscalização realizada na alfândega, dade perante autoridade policial, ainda que em situação
a fim de demonstrar que uma mercadoria foi liberada ou para de alegada autodefesa.
outra finalidade relativa ao controle de entrada e saída de
mercadorias do País.
Subespécie de Falsa Identidade
2) Objetividade jurídica: a fé pública.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Código Penal
4) Sujeito passivo: o Estado.
5) Consumação: com a prática da conduta. É  crime Art. 308. Usar, como próprio, passaporte, título de
formal. eleitor, caderneta de reservista ou qualquer do‐
6) Tentativa: é possível. cumento de identidade alheia ou ceder a outrem,
7) Forma privilegiada: se a marca ou sinal falsificado é o para que dele se utilize, documento dessa natureza,
que usa a autoridade pública para o fim de fiscalização sani‐ próprio ou de terceiro:
tária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, Pena – detenção, de 4 (quatro) meses a 2 (dois) anos,
ou comprovar o cumprimento de formalidade legal e multa, se o fato não constitui elemento de crime
mais grave.
Falsa Identidade

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


1) Conduta: a lei prevê duas formas de se praticar o crime:
Código Penal a) Usar como próprio documento alheio: nesta hipótese
o agente tem em sua posse documento de outrem a usa para
Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa iden‐ se fazer passar por outra pessoa;
tidade para obter vantagem, em proveito próprio ou b) Ceder a outrem, para que dele se utilize, documento
alheio, ou para causar dano a outrem: próprio ou de terceiro: aqui quem comete o crime é aquele
Pena  – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, que cede um documento próprio ou de terceiro para que
ou multa, se o fato não constitui elemento de crime alguém dele se utilize.
mais grave.
Obs.: o documento nesta hipótese pode ser um passapor‐
1) Conduta: o crime pode ser praticado das seguintes te, título de eleitor, uma caderneta de reservista ou qualquer
formas: documento de identidade como RG, CPF, dentre outros.
a) atribuir-se falsa identidade (apresentar-se como pes‐ 2) Objetividade jurídica: a fé pública.
soa que não é);
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
b) atribuir a terceiro falsa identidade (apresentar terceiro
4) Sujeito passivo: o Estado.
com identidade diversa da realidade).
5) Consumação: na primeira hipótese com o uso do
Obs. 1: a finalidade do cometimento do crime é para
obter vantagem, em proveito próprio ou alheio ou para documento falso. Na segunda, quando o agente cede para
causar dano a outrem. outrem o documento.
6) Tentativa: é possível.
Obs. 2: identidade é o conjunto de características que 7) É crime subsidiário, ficando absolvido quando o fato
servem para identificar uma pessoa: nome, filiação, estado constituir crime mais grave, por exemplo, estelionato, aten‐
civil, profissão, sexo. tado violento ao pudor mediante fraude.

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Fraude de Lei sobre Estrangeiro Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º Se o agente comete o crime no exercício da fun‐
Código Penal ção pública ou em razão dela, a pena é aumentada
de 1/3 (um terço).
Art. 309. Usar o estrangeiro, para entrar ou perma‐ § 2º Incorre nas mesmas penas o funcionário público
necer no território nacional, nome que não é o seu: que contribui para o licenciamento ou registro do
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. veículo remarcado ou adulterado, fornecendo inde‐
Parágrafo único. Atribuir a estrangeiro falsa qualidade vidamente material ou informação oficial.
para promover-lhe a entrada em território nacional:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
1) Conduta: o crime pode ser praticado das seguintes
formas:
1) Conduta: estrangeiro que para entrar ou permanecer
no território nacional usa nome que não é o seu. a) adulterar (falsificar) número de chassi ou qualquer
sinal identificador de veículo automotor, de seu componente
Obs.: nome é a designação patronímica de uma pessoa ou equipamento;
(Guilherme de Souza Nucci). b) remarcar (tornar a marcar) número de chassi ou
qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu
2) Objetividade jurídica: a fé pública. componente ou equipamento.
3) Sujeito ativo: estrangeiro.
4) Sujeito passivo: o Estado. Obs. 1: a conduta consiste em apagar a numeração ori‐
5) Consumação: com a entrada ou permanência no ginária do chassi e colocar outra, ou ainda, alterar qualquer
território nacional com o uso de nome falso. outro sinal identificador, geralmente número de placas para
6) Tentativa: é possível. evitar multas de trânsito.
7) O tipo penal prevê ainda a conduta daquele que
atribui ao estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a Obs. 2: são crimes autônomos em relação ao furto e
entrada em território nacional. Qualidade é a propriedade receptação de veículo.
ou condição ostentada por alguém ou por alguma coisa
que serve para individualizá-la (Guilherme de Souza Nucci).
Neste caso o sujeito ativo será qualquer pessoa e o sujeito 2) Objetividade jurídica: a fé pública.
passivo o Estado. O crime irá se consumar com a atribuição 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
falsa, independentemente do estrangeiro entrar no território 4) Sujeito passivo: o Estado.
nacional. A tentativa é possível. 5) Consumação: com a adulteração ou a remarcação.
6) Tentativa: é possível.
Código Penal 7) Nas mesmas penas incorre o funcionário que contribui
para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou
Art. 310. Prestar-se a figurar como proprietário ou adulterado.
possuidor de ação, título ou valor pertencente a
estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por
lei a propriedade ou a posse de tais bens: CAPÍTULO V (Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011)
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, Das Fraudes em Certames de Interesse Público (In-
e multa. cluído pela Lei nº 12.550, de 2011)

1) Conduta: passar por proprietário ou possuidor de ação Fraudes em certames de interesse público (Incluído
ou título ou valor pertencente a estrangeiro, quando tais pela Lei nº 12.550, de 2011)
propriedades ou posses forem vedadas a este. Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com
o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de compro‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

Obs.: na verdade o agente se faz passar como dono ou meter a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso
possuidor de algo no lugar de um estrangeiro, pois a este é de: (Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011)
vedada tal conduta. Na realidade este dispositivo prevê a I – concurso público; (Incluído pela Lei nº 12.550,
proteção de alguns bens no intuito de evitar burla ao objetivo de 2011)
constitucional de nacionalização de certos bens e serviços. II – avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei
nº 12.550, de 2011)
2) Objetividade jurídica: a fé pública.
III – processo seletivo para ingresso no ensino supe‐
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa desde que brasileira.
4) Sujeito passivo: o Estado. rior; ou (Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011)
5) Consumação: no ato de se fazer passar por proprietá‐ IV – exame ou processo seletivo previstos em lei:
rio ou possuidor daquilo que pertence a estrangeiro. (Incluído pela Lei 12.550, de 2011)
6) Tentativa: é possível. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
7) Trata-se de norma penal em branco, tendo em vista (Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011)
que o tipo penal necessita de ser complementado por regras § 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou
que relacionem quais bens não podem ser titularizados facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
por estrangeiros. autorizadas às informações mencionadas no caput.
(Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011)
Adulteração de Sinal Identificador de Veículo § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à adminis‐
Automotor tração pública: (Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Código Penal
(Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011)
Art. 311. Adulterar ou remarcar número de chassi ou § 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é
qualquer sinal identificador de veículo automotor, de cometido por funcionário público. (Incluído pela Lei
seu componente ou equipamento: nº 12.550, de 2011)

184
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO Aumento de Pena
PÚBLICA A pena será aumentada da terça parte quando os au‐
tores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes
O estudo destes crimes é dividido da seguinte forma: de cargos em comissão ou de função de direção ou asses-
• Dos Crimes Praticados por Funcionário Público Contra soramento de órgão da administração direta, sociedade de
a Administração em Geral – arts. 312 a 327 do CP. economia mista, empresa pública ou fundação instituída
• Dos Crimes Praticados por Particulares Contra a Ad‐ pelo poder público.
ministração em Geral – arts. 328 a 337-A do CP.
• Dos Crimes Contra a Administração da Justiça  – Peculato
arts. 338 a 359 do CP.
• Dos Crimes Contra as Finanças Públicas – arts. 359-A O crime de Peculato classifica-se em:
a 359-H do CP. a) Peculato Doloso  – Peculato-apropriação, Peculato‐
-desvio, Peculato-furto, Peculato mediante erro de outrem;
b) Peculato Culposo.
Dos Crimes Praticados por Funcionário Público
Contra a Administração em Geral – Arts. 312 a 327 Peculato-Apropriação

Os delitos previstos neste capítulo (arts. 312 a 326) so‐ Código Penal


mente podem ser praticados de forma direta por funcionário
público, razão pela qual são chamados de crimes funcionais. Art.  312. Apropriar-se o funcionário público de di‐
São, portanto, crimes próprios, pois exigem uma qualidade nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
especial do sujeito ativo. ou particular, de que tem a posse em razão do cargo.
Os crimes funcionais podem ser: [...]
• Próprios: são aqueles cuja exclusão da qualidade Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
de funcionário público torna o fato atípico (prevari‐
cação); 1) Conduta: apropriar-se o funcionário público de dinhei‐
• Impróprios: excluindo-se a qualidade de funcionário ro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio
público ocorrerá a desclassificação para crime de outra
ou alheio (art. 312, 1ª parte).
natureza (peculato).
Obs. 1: apropriar-se significa passar a se comportar
O funcionário público é denominado intraneus. O não como se fosse dono. Ter a posse em razão do cargo abrange
funcionário público é chamado extraneus. a detenção e a posse indireta. A posse deve ser obtida de
O condenado por qualquer crime contra a administração forma lícita.
pública (contido no Título XI da Parte Especial) terá a pro‐
gressão de regime no cumprimento da pena condicionada à Obs. 2: assim, os  requisitos para prática do crime em
reparação do dano que causou, ou à devolução do produto tela são:
do ilícito praticado, com os acréscimos legais (art. 33, § 4º).
Caso contrário cumprirá a pena integral no regime em que – Funcionário Público;
foi condenado. – Apropria-se de bem público ou particular que está sob
a custódia da Administração Pública;
Conceito de Funcionário Público

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


– Bem este de que tem a posse lícita em razão do cargo
que exerce.
Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exer‐ 2) Objeto jurídico: o patrimônio público ou particular e
ce cargo, emprego ou função pública (art. 327). a probidade administrativa.
São funcionários públicos para efeitos penais: Presiden‐ 3) Tipo subjetivo: o dolo. Exige também o elemento
te da República, Prefeitos, Deputados, Vereadores, Juízes, subjetivo do tipo, contido na expressão “em proveito próprio
Promotores de Justiça, Delegados de Polícia, serventuários ou alheio”. O proveito pode ser material ou moral, não se
das instituições públicas etc. referindo apenas à vantagem econômica, porque o peculato
não é crime contra o patrimônio.
Funcionário Público por Equiparação 4) Sujeito ativo: funcionário público. E o particular pode
praticar este crime? Somente se estiver em concurso de pes‐
soas com o funcionário público e conhecer desta elementar .
Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
5) Sujeito passivo: a Administração Pública e o particular
emprego ou função em entidade paraestatal (empresa
quando o bem pertencer a este.
pública e sociedade de economia mista, segundo o Direito 6) Consumação e tentativa: o crime se consuma no
Administrativo, mas para o Direito Penal inclui a fundação momento em que o agente inverte o título da posse,
pública e a autarquia), e  quem trabalha para empresa comportando-se como dono. Ocorre a tentativa quando o
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a agente, por circunstâncias alheias a sua vontade, não con‐
execução de atividade típica da Administração Pública, segue inverter o título da posse.
CEB, CAESB, Brasil Telecom, (art.  327, §  1º). Ex.: médico 7) O objeto material do peculato é o dinheiro, valor (tí‐
de hospital particular credenciado pelo SUS (STJ, REsp. tulos da dívida pública, apólices, ações) ou qualquer outro
nº 331.055). bem móvel. Não existe peculato de bem imóvel.

185
8) A lei tutela bem público ou particular que esteja sob 10) Se o agente se apropriar do bem e após desviá-lo,
custódia da Administração. No último caso, o crime é cha‐ cometerá apenas o crime de peculato-apropriação.
mado de peculato-malversação.
9) Se a coisa particular não estiver sob a guarda ou cus‐ Peculato-Furto
tódia da Administração Pública e o funcionário público dela
se apropriar, haverá crime de apropriação indébita. Código Penal
10) Não há crime na conduta de usar serviço ou mão de
obra pública, restando configurado tão somente a conduta Art. 312. [...]
de improbidade administrativa, salvo se o funcionário público § 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi‐
for Prefeito, tendo em vista a previsão de crime específico co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
para este caso no Decreto-Lei nº 201/1967, art. 1º, II. bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilida‐
Peculato-Desvio de que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

Código Penal 1) Conduta: funcionário público que, embora não tendo a


posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para
Art. 312. [...] ou desviá-lo, em proveito próprio ou que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
alheio: de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Obs. 1: o crime pode ser praticado em duas modalidades:
1) Conduta: funcionário público desvia, em proveito pró‐ a) funcionário, valendo-se da facilidade que lhe propor-
prio ou alheio, dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, ciona o cargo, pratica o peculato furto;
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo. b) funcionário, valendo-se da facilidade que lhe propor-
ciona o cargo, concorre para que terceiro subtraia. O funcio‐
nário público deve colaborar dolosamente para a subtração.
Obs. 1: desviar significa alterar o destino. Sempre que
para desviar a coisa houver a necessidade de primeiro se
Obs. 2: o peculato é impróprio porque o funcionário não
apropriar dela, o  crime será de peculato apropriação e o
tem a posse lícita do bem, apenas o fato de ser funcionário
desvio é um exaurimento do crime.
lhe favorece para a prática do crime.
Obs. 2: se o desvio não foi em proveito próprio ou de Obs. 3: subtrair significa furtar, tirar, desapossar com
terceiro, mas sim da própria Administração, haverá crime de ânimo de assenhoramento definitivo.
emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315
do CP). Obs. 4: assim, os  requisitos para prática do crime em
tela são:
Obs. 3: assim, os  requisitos para prática do crime em
tela são:
– Funcionário público;
– Funcionário público; – Subtrair ou concorrer para a subtração de bem público
ou particular que está sob custódia da Administração
– Desviar bem público ou particular que está sob a custó‐ Pública, em razão do cargo que ocupa;
dia da Administração Pública;
– Bem este de que não tem a posse lícita.
– Bem este de que tem a posse lícita em razão do cargo
que exerce. 2) Objeto jurídico: o patrimônio público ou particular e
a probidade administrativa.
2) Objeto jurídico: o patrimônio público ou particular e
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

3) Sujeito ativo: funcionário público. E o particular pode


a probidade administrativa. praticar este crime? Somente se estiver em concurso de pes‐
3) Sujeito ativo: funcionário público. E o particular pode soas com o funcionário público e conhecer desta elementar .
praticar este crime? Somente se estiver em concurso de pes‐ 4) Sujeito passivo: a Administração Pública e o particular
soas com o funcionário público e conhecer desta elementar . quando o bem pertencer a este.
4) Sujeito passivo: a Administração Pública e o particular 5) Tipo subjetivo: o dolo. Exige também o elemento
quando o bem pertencer a este. subjetivo do tipo, contido na expressão “em proveito próprio
5) Tipo subjetivo: o dolo. Exige também o elemento ou alheio”.
subjetivo do tipo, contido na expressão “em proveito próprio 6) Consumação e tentativa: o crime se consuma da
ou alheio”. mesma forma que o furto, ou seja, com a posse do objeto
6) Consumação e tentativa: o crime se consuma no mo‐ material por curto período de tempo, sendo desnecessária
mento em que ocorre o desvio, pouco importando se a van‐ a posse tranquila do bem subtraído por parte do agente.
tagem visada é conseguida ou não. A tentativa é admissível. A tentativa é admissível.
7) Só há crime de peculato-desvio quando o objeto
material é fungível (agente que usa dinheiro público para Peculato Culposo
comprar alguma coisa: o crime está consumado, mesmo que
depois o agente reponha o dinheiro aos cofres públicos). Código Penal
8) Se o objeto material é infungível, não há crime, porque
a lei não pune o mero uso. Art. 312. [...]
9) O uso de bem público por funcionário público para fins § 2º Se o funcionário concorre culposamente para o
particulares caracteriza ato de improbidade administrativa, crime de outrem:
sendo, para fins penais, fato atípico (salvo se o funcionário Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
público for Prefeito conforme o Decreto-Lei nº  201/1967, § 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do
art. 1º, II). dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a

186
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a Obs. 1: Tipo objetivo: apropriar-se significa fazer sua
pena imposta. coisa que pertence a outrem. É  chamado de peculato‐
-estelionato, pois o terceiro entrega um bem ao agente
1) Conduta: o funcionário ao praticar uma conduta negli‐ por estar em erro. O erro do terceiro é espontâneo, não é
gente, imperita ou imprudente contribui para a ocorrência provocado pelo agente.
de crime praticado por outrem.
Obs. 2: o objeto material é dinheiro ou qualquer coisa
Obs. 1: aqui há dois crimes: funcionário pratica peculato móvel de valor econômico.
culposo e o terceiro pode praticar crime doloso contra a
Administração Pública ou contra o patrimônio. Obs. 3: o recebimento da coisa deve decorrer em razão
Ex.: o porteiro da escola pública esquece (negligência) do exercício do cargo.
de trancar o colégio – Peculato Culposo. Um terceiro que
presencia a cena, adentra na escola e subtrai os computa‐ Obs. 4: assim, os  requisitos para prática do crime em
dores – crime doloso. tela são:

Obs. 2: não há concurso de agente entre o funcionário – A vítima entrega espontaneamente e erroneamente o
e o terceiro, porque não há identidade de infração penal e bem ao funcionário público;
nem liame subjetivo.
– O funcionário público recebe o bem de boa-fé e em
Obs. 3: assim, os  requisitos para prática do crime em razão do cargo;
tela são: – Após estar na posse do bem, percebe o erro e apropria-se
do bem.
– Funcionário público pratica uma conduta culposa; 2) Objeto jurídico: o patrimônio público ou particular e
– Terceiro pratica crime doloso, aproveitando-se da faci‐ a probidade administrativa.
lidade provocada pelo funcionário público; 3) Sujeito ativo: funcionário público. E o particular pode
– Não há concurso de pessoas entre o funcionário e o praticar este crime? Somente se estiver em concurso de pes‐
terceiro. soas com o funcionário público e conhecer desta elementar .
4) Sujeito passivo: a Administração Pública e o particular
2) Objeto jurídico: o patrimônio público ou particular e quando o bem pertencer a este.
a probidade administrativa. 5) Tipo subjetivo: o dolo.
3) Sujeito ativo: funcionário público. 6) Consumação e tentativa: com a apropriação do bem,
4) Sujeito passivo: a Administração Pública e o particular que ocorre no momento em que o agente, tomando conhe‐
quando o bem pertencer a este. cimento do erro e torna a coisa sua. A tentativa é admissível.
5) Tipo subjetivo: a culpa. 7) Se o agente induziu ou manteve a vítima em erro,
6) Consumação e tentativa: o crime de peculato culposo o crime é de estelionato.
se consuma no momento em que se consuma o crime doloso
praticado pelo terceiro. Se o crime doloso for apenas tentado Inserção de Dados Falsos em Sistema de Informação
não há que se falar em peculato culposo, tendo em vista que
a tentativa de crime culposo é inadmissível Código Penal
7) No caso de peculato culposo, a reparação do dano
antes do trânsito em julgado da sentença extingue a puni- Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autori‐
bilidade; após o trânsito em julgado, a reparação reduz de zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
metade a pena imposta (art. 312, § 3º). Inédito, reduzir a indevidamente dados corretos nos sistemas infor‐
pena depois de prolatada a sentença. matizados ou bancos de dados da Administração

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


8) No peculato doloso, a reparação do dano reduz a pena Pública com o fim de obter vantagem indevida para
de um a dois terços, se antecede o recebimento da denúncia si ou para outrem ou para causar dano:
(arrependimento posterior – art. 16), ou atenua a pena, se Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
antecede a sentença (atenuante – art. 65, III, b).
9) Se o funcionário público pratica uma conduta culposa 1) Conduta: o funcionário público autorizado a operar no
que vem a gerar um prejuízo ao erário, sem que resulte na sistema informatizado ou no banco de dados da Administra‐
ocorrência de um crime doloso praticado por terceiro, o fato ção Pública, acaba por inserir ou facilitar a inserção de dados
será atípico. Ex.: porteiro de escola pública esquece a janela falsos, ou ainda excluir indevidamente dados verdadeiros,
aberta e naquela noite chove intensamente inundando a sala sempre com o fim de obter uma vantagem indevida.
em que se encontram os computadores.
Obs.: a conduta pode ser praticada de três formas:
Peculato mediante Erro de Outrem (ou Peculato a) inserir dados falsos;
Estelionato) b) facilitar a inserção de dados falsos;
c) excluir dados verdadeiros.
Código Penal
2) Objeto jurídico: a probidade administrativa.
Art. 313. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer uti‐ 3) Sujeito ativo: funcionário público autorizado a operar
lidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro no sistema informatizado da Administração Pública.
de outrem: 4) Sujeito passivo: a Administração Pública e o particular
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. se este vier a ser prejudicado.
5) Tipo subjetivo: o dolo.
1) Conduta: apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilida‐ 6) Consumação e tentativa: com a inserção ou exclusão
de que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem. indevida.

187
Modificação ou Alteração não Autorizada no Sistema 5) Tipo subjetivo: o dolo.
de Informações 6) Consumação e tentativa: com o extravio ou inutili‐
zação, bem como no caso de sonegação, no momento em
Código Penal que o agente deveria fazer a entrega do documento ou livro
oficial e não o faz.
Art.  313-B. Modificar ou alterar, o  funcionário, 7) Princípio da subsidiariedade: a própria lei em seu
sistema de informações ou programa de informá‐ preceito secundário estabelece que somente haverá o crime
tica sem autorização ou solicitação de autoridade o fato não constituir um crime mais grave.
competente: 8) Não confundir o crime em tela: com o previsto no
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, art. 356 do Código Penal, o qual descreve a conduta daquele
e multa. que inutiliza documento ou objeto de valor probatório que
Parágrafo único. As  penas são aumentadas de um recebeu na qualidade de advogado ou procurador, bem como
terço até a metade se da modificação ou alteração previsto no art. 337 do Código Penal, o qual prevê a conduta
resulta dano para a Administração Pública ou para do particular que subtrai ou inutiliza, total ou parcialmente,
o administrado. livro oficial, processo ou documento confiado à Administração.

1) Conduta: o funcionário público não autorizado a Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas
operar no sistema informatizado da Administração Pública,
Código Penal
acaba por modificar ou alterar informações sem autorização
ou solicitação de autoridade.
Art. 315. Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
diversa da estabelecida em lei:
Obs. 1: a conduta pode ser praticada de duas formas: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
a) modificar informações;
b) alterar informações. 1) Conduta: o funcionário público que emprega verbas
ou rendas públicas em destinação diversa da prevista em lei.
Obs. 2: este crime se difere do crime anterior, tendo
em vista que a conduta prevista no art. 313-A é praticada Obs. 1: para a ocorrência deste crime é necessária a
por funcionário público autorizado a operar no sistema existência de uma lei anterior que regule a destinação das
informatizado da Administração Pública, já no presente verbas ou rendas públicas.
artigo, a conduta é praticada por funcionário público não
autorizado a operar em tal sistema. Obs. 2: neste crime, o funcionário público não desvia ou
se apropria das verbas ou rendas públicas, apenas a emprega
2) Objeto jurídico: a probidade administrativa. de forma diversa da previsão legal. Ex.: determinada verba
3) Sujeito ativo: funcionário público não autorizado a deveria ser empregada para construção de determinada obra
operar no sistema informatizado da Administração Pública. pública e acaba sendo empregada em outra obra pública.
4) Sujeito passivo: a Administração Pública e o particular
se este vier a ser prejudicado. 2) Objeto jurídico: a regularidade da Administração
5) Tipo subjetivo: o dolo. Pública.
6) Consumação e tentativa: com a modificação ou alte‐ 3) Sujeito ativo: funcionário público.
ração indevida. 4) Sujeito passivo: a Administração Pública e a entidade
eventualmente prejudicada.
Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou 5) Tipo subjetivo: o dolo.
Documento 6) Consumação e tentativa: com o efetivo emprego
irregular das verbas públicas.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

Código Penal
Concussão
Art. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer documen‐
Código Penal
to, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo
ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Art.  316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
fato não constitui crime mais grave. assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
1) Conduta: o funcionário público em razão do cargo que
ocupa extravia, sonega ou inutiliza livro oficial ou qualquer Excesso de exação
outro documento. § 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quan‐
Obs. 1: a conduta pode ser praticada de três formas: do devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
a) extraviar: desaparecer; gravoso, que a lei não autoriza:
b) sonegar: ocultar; Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
c) inutilizar: tornar imprestável. §  2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio
ou de outrem, o que recebeu indevidamente para
2) Objeto jurídico: a probidade administrativa. recolher aos cofres públicos:
3) Sujeito ativo: funcionário público. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
4) Sujeito passivo: a Administração Pública e o particular
nos casos em que este tenha o documento sob a guarda da 1) Conduta: o funcionário público que EXIGE, para si ou
Administração. para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da

188
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem Obs. 1: o crime pode ser praticado de duas maneiras:
indevida. a) funcionário público exigir tributo ou contribuição so‐
Passemos a analisar as elementares do tipo penal: cial, que sabe ou devia saber indevido (cabendo as hipóteses
a) Exigir significa impor como obrigação, ordenar, de dolo direito – saber se; ou dolo eventual – devia saber);
aproveitando-se do temor de represálias a que fica cons‐ b) funcionário público ao cobrar tributo ou contribui‐
trangida a vítima. ção social devida emprega na cobrança meio vexatório ou
b) A vantagem exigida tem que ser indevida, e não se gravoso.
limita à vantagem de natureza patrimonial, pois não se trata
de crime contra o patrimônio. Obs. 2: em ambas as hipóteses o recolhimento indevido
destina-se aos cofres públicos.
c) É indispensável que o agente se valha da função que
exerce ou vai exercer, ou que se prevaleça da autoridade
2) Objetividade jurídica: o normal desenvolvimento das
que possui ou vai possuir. cobranças de tributos.
d) “Ainda que fora da função” – Não importa que esteja 3) Sujeito ativo: o funcionário público.
afastado da função pública, desde que se valha dela. Todavia, 4) Sujeito passivo: o Estado e a pessoa contra quem é
a lei não abrange a pessoa exonerada ou demitida, caso em dirigida a exigência.
que irá praticar usurpação de função pública em concurso 5) Tipo subjetivo: o dolo direto e eventual.
formal com estelionato, por fato de fraude enganar o parti‐ 6) Consumação e tentativa: consuma-se com a exigência
cular. Aposentado não comete este crime porque não é mais indevida do tributo ou contribuição social, ou ainda com o
funcionário público. emprego do meio vexatório na cobrança do tributo ou con‐
e) “Antes de assumi-la” – Engloba a pessoa que foi no‐ tribuição social devidos.
meada, mas ainda não tomou posse. 7) Quando o funcionário público desviar para si ou para
outrem o que recebe indevidamente o crime será qualifica‐
2) Objetividade jurídica: o normal desenvolvimento dos do – art. 316, § 2º, do CP.
encargos funcionais, por parte da Administração Pública, e o
patrimônio do particular. Corrupção Passiva
3) Sujeito ativo: o funcionário público.
Código Penal
4) Sujeito passivo: o Estado e a pessoa contra quem é
dirigida a exigência. Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
5) Tipo subjetivo: o dolo. Exige ainda o elemento subje- direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
tivo do tipo contido na expressão “para si ou para outrem”. antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
6) Consumação e tentativa: consuma-se no momento indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
em que a exigência da vantagem chega ao conhecimento Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
da vítima. Sobrevém-se a percepção desta, ocorre o exauri‐ § 1º A pena é aumentada de um terço, se, em con‐
mento. A tentativa é admissível, desde que a exigência não sequência da vantagem ou promessa, o funcionário
seja verbal. CRIME FORMAL. retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício
7) Distingue-se da corrupção passiva (art. 317) porque ou o pratica infringindo dever funcional.
nesta o agente solicita, recebe ou aceita a vantagem indevida, §  2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
enquanto que na concussão o funcionário público constran‐ retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
ge, exige a vantagem indevida. Na corrupção passiva, a vítima cedendo a pedido ou influência de outrem:
visa obter benefício em troca da vantagem prestada, enquan‐ Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.
to que na concussão, temendo alguma represália, ela cede
à exigência. Assim, a concussão descreve fato mais grave. 1) Conceito: funcionário público que solicita ou recebe,

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
Concussão Corrupção Passiva vantagem indevida, ou aceita promessa de tal vantagem.
O agente EXIGE vantagem O agente SOLICITA vanta‐ Passemos a analisar as elementares do tipo penal:
indevida em razão do cargo. gem indevida em razão do a) solicitar é pedir;
O que motiva a vítima a pagar cargo que ocupa. O  que b) receber é obter, adquirir, alcançar;
a vantagem indevida é o te‐ motiva a vítima a pagar a c) aceitar é concordar, consentir, anuir ao futuro rece‐
mor de represália. Ex.: agente vantagem indevida é o fato bimento;
penitenciário exige propina dela também se beneficiar d) é indispensável que o agente se valha da função que
de mãe de preso. Esta paga da situação. Ex.: policial so‐ exerce ou vai exercer. Não importa que esteja afastado da
o valor requerido em razão licita propina de motorista função pública, desde que se valha dela;
do temor de represálias em que carregava seu filho de e) a vantagem visada tem de ser indevida, e  não se
razão do cargo ocupado. 5 anos sem estar na cadei‐ limita à vantagem de natureza patrimonial. Normalmente,
rinha apropriada. O  fato essa vantagem indevida tem a finalidade de fazer com que o
de o pai pagar a propina o funcionário público pratique ato ilegal ou deixe de praticar,
beneficiará da multa que de forma ilegal, ato que deveria praticar de ofício.
não lhe será aplicada.
Obs. 1: se funcionário público atende ao oferecimento
Excesso de Exação – art. 316, § 1º, do CP ou promessa da vantagem indevida será autor do crime de
corrupção passiva, e o particular autor do crime de corrupção
1) Conduta: exigir tributo ou contribuição social, que ativa. Todavia, se o particular pagar a vantagem indevida
sabe ou devia saber indevido, ou quando devido emprega solicitada pelo funcionário público não há que se falar em
na cobrança meio vexatório ou gravoso. crime de corrupção ativa, somente de corrupção passiva.

189
Corrupção Passiva Corrupção Ativa 1) O crime é material, pois exige a ocorrência do resul‐
tado.
Sujeito ativo  – funcionário Sujeito ativo – particular. 2) Não está solicitando nenhuma vantagem, apenas
público. atendendo ao pedido de terceiro ou influência do mesmo.
Funcionário público SOLICI‐ Não há crime na conduta
TA vantagem indevida. correspondente praticada Atenção! Não confundir:
pelo particular  – “pagar” a
vantagem indevida. 1) Corrupção Passiva – Solicitar, receber ou aceitar pro‐
Funcionário público RECEBE Particular OFERECE vanta‐ messa de vantagem indevida.
vantagem indevida. gem indevida. 2) Corrupção Passiva com Causa de Aumento de Pena – Se
Funcionário público ACEITA Particular PROMETE vanta‐ o funcionário público em consequência da vantagem
PROMESSA de vantagem gem indevida. indevida retarda ou deixa de praticar qualquer ato de
indevida. ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
3) Corrupção Passiva Privilegiada  – Se o funcionário
Obs. 2: para a configuração da corrupção passiva não é pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício,
imprescindível a ocorrência concomitante da corrupção ativa. com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem.
Obs. 3: se em um mesmo fato o particular oferecer ou
promoter vantagem indevida ao funcionário público e este Corrupção Ativa
receber ou aceitar tal promessa de vantagem indevida,
estaremos diante da aplicação da exceção a teoria monista, Código Penal
em que todos que contribuem para ocorrência de um crime
não irão responder pelo mesmo crime, sendo, portanto, Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida
o funcionário público responsável pelo crime de corrupção a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
passiva e particular pelo crime de corrupção ativa. omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
2) Objetividade jurídica: a moralidade administrativa e Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço,
o patrimônio do particular. se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário
3) Sujeito ativo: o funcionário público. retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
4) Sujeito passivo: o Estado e a pessoa lesada, quando dever funcional.
não pratica o crime de corrupção ativa.
5) Tipo subjetivo: o dolo. Exige ainda o elemento subje‐ 1) Conduta: oferecer ou prometer vantagem indevida a
tivo do tipo contido na expressão “para si ou para outrem”. funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou
6) Consumação e tentativa: consuma-se com a solicita- retardar ato de ofício.
ção ou recebimento da vantagem, ou com a aceitação da
promessa. Nas formas “receber” e “aceitar”, a tentativa é im‐ Obs. 1: aplicação da teoria monista: funcionário público
possível, porque o crime é unissubsistente. CRIME FORMAL. responde por corrupção passiva e particular por corrupção
ativa.
Obs. 4: dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer
outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor
ou intérprete para fazer afirmação falsa, negar ou calar a 2) Sujeito ativo: particular.
verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou 3) Sujeito passivo: a Administração Pública.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

interpretação, dentro do processo: haverá o crime de falso 4) Consumação: com a oferta ou promessa. CRIME
testemunho ou falsa perícia. FORMAL.

Causa de Aumento de Pena – Crime de Corrupção Obs. 2: se o particular pedir para o funcionário “dar um
Passiva jeitinho”, sem haver o oferecimento de vantagem indevida,
não há crime de corrupção ativa, somente o crime de cor‐
A pena é aumentada de um terço, se, em consequência rupção passiva privilegiada.
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa
de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo Particular pede para o fun‐ O funcionário público ce‐
dever funcional. cionário “dar um jeitinho”, dendo ao pedido de “dar
sem haver o oferecimento um jeitinho”, formulado
Corrupção Passiva Privilegiada de vantagem indevida, não pelo particular, e acaba por
há crime de corrupção ativa. praticar, deixar de praticar ou
Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda retardar ato de ofício, pratica
ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a o crime de corrupção passiva
pedido ou influência de outrem. privilegiada.
Nessa hipótese, o agente, ao invés de atuar no interesse
próprio, visando uma vantagem indevida para si ou para Obs. 3: causa de aumento de pena do crime de corrupção
outrem, cede a pedido ou influência de terceiro. Não há passiva: a pena é aumentada de um terço, se, em consequên‐
vantagem indevida, apenas o funcionário público cede ao cia da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa
pedido de “dar um jeitinho” formulado pelo particular. Este, de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo
por sua vez, não comete crime algum. dever funcional.

190
Resumão: 9) O agente do contrabando ou descaminho que tem
facilitada a entrada de sua mercadoria pela conduta de um
Corrupção Passiva Corrupção Ativa funcionário público pratica o crime previsto nos arts. 134
e 134-A do CP.
Sujeito ativo  – funcionário Sujeito ativo – particular.
público. Prevaricação
Funcionário público SOLICITA Não há crime na conduta
vantagem indevida. correspondente praticada Código Penal
pelo particular – “pagar” a
vantagem indevida. Art.  319. Retardar ou deixar de praticar, indevida‐
Funcionário público RECEBE Particular OFERECE vanta‐ mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
vantagem indevida. gem indevida. expressa de lei, para satisfazer interesse ou senti‐
Funcionário público ACEITA Particular PROMETE vanta‐ mento pessoal:
PROMESSA de vantagem in‐ gem indevida. Pena  – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
devida. e multa.
A pena é aumentada de um A pena é aumentada de um
terço, se, em consequência terço, se, em consequência 1) Conduta: retardar ou deixar de praticar indevidamente
da vantagem ou promessa, da vantagem ou promessa, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei,
o funcionário retarda ou deixa o funcionário retarda ou para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
de praticar qualquer ato de deixa de praticar qualquer
ofício ou o pratica infringindo ato de ofício ou o pratica in‐ Obs. 1: análise dos elementos do tipo penal:
dever funcional. fringindo dever funcional. a) retardar, por exemplo, não expedir uma certidão;
b) deixar de fazer – Conduta que deveria fazer, por exem‐
Se o funcionário pratica, deixa O particular que realiza o plo, delegado não instaura Inquérito Policial;
de praticar ou retarda ato de pedido, não pratica crime c) pratica ato contra disposição expressa na lei, por exem‐
ofício, com infração de dever algum. plo, delegado arquiva Inquérito Policial (somente Juiz pode
funcional, cedendo a pedido arquivar Inquérito Policial a pedido do Ministério Público).
ou influência de outrem.
Obs. 2: o que motiva o funcionário público a praticar
Facilitação de Contrabando ou Descaminho ou deixar de praticar tais atos de ofício é para satisfazer
interesse pessoal, como vingança, inveja, preguiça, prote-
Código Penal ção. NESTE CRIME NÃO HÁ A OBTENÇÃO DE VANTAGEM
INDEVIDA.
Art. 318. Facilitar, com infração de dever funcional,
a prática de contrabando ou descaminho: 2) Objeto jurídico: moralidade da Administração Pública.
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 3) Sujeito ativo: funcionário público.
4) Sujeito passivo: Estado e o particular eventualmente
1) Conduta: funcionário público que facilita a prática do prejudicado.
contrabando ou descaminho. 5) Elemento subjetivo do tipo: é o dolo. Exige-se o
elemento subjetivo específico consistente na vontade de
Obs. 1: diferença ente contrabando e descaminho. satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
a) contrabando  – Mercadoria ilícita, ou seja, que não 6) Consumação: com a omissão ou retardo ou a realiza‐
possui autorização para ser comercializada no país; ção do ato. CRIME FORMAL.
b) descaminho – Mercadoria lícita, a qual possui autoriza‐ 7) Não se confunde com corrupção passiva, pois nesta o

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


ção para ser comercializada no país. Todavia, o seu ingresso funcionário negocia seus atos visando vantagem indevida.
ocorre de forma ilegal, tendo em vista o não pagamento dos 8) Não se confunde com corrupção passiva privilegiada,
tributos referentes a tal ingresso. pois nesta o agente atende a pedido ou influencia de outrem.

Obs. 2: a conduta é praticada por um funcionário público Prevaricação Corrupção Passiva com
que facilita a entrada de mercadorias oriundas de contra‐ Causa de Aumento de Pena
bando ou descaminho, todavia tal facilitação deve infringir Deixa de praticar ato de ofí‐ Em consequência da vanta-
o dever funcional. cio ou pratica ato de ofício gem indevida ou promessa
contra disposição expres‐ de tal vantagem, o funcioná‐
2) Objetividade jurídica: Administração Pública. sa de lei, para satisfazer rio retarda ou deixa de prati‐
3) Sujeito ativo: o funcionário público que facilita a en‐ interesse ou sentimento car qualquer ato de ofício ou
trada de mercadorias infringindo o dever funcional. pessoal. o pratica infringindo dever
4) Sujeito passivo: o Estado. funcional.
5) Tipo subjetivo: o dolo. Não há elemento subjetivo.
6) Consumação e tentativa: consuma-se com a facilitação Prevaricação Corrupção Passiva
para entrada das mercadorias oriundas de contrabando ou Privilegiada
descaminho. CRIME FORMAL. Deixar de praticar ato de O funcionário pratica, deixa
7) O crime é de ação penal pública incondicionada e ofício ou praticar ato de de praticar ou retarda ato de
será processado perante a Justiça Federal. ofício contra disposição ex‐ ofício, com infração de dever
8) Em caso de entrada de drogas ou armas, incide o pressa de lei, para satisfazer funcional, cedendo a pedido
princípio da especialidade, aplicando-se a lei de drogas e interesse ou sentimento ou influência de outrem.
o estatuto do desarmamento. pessoal.

191
Código Penal mento de indulgência, o  proprietário do estabelecimento
comercial não é seu subordinado, não havendo que se falar
Art.  319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou na ocorrência do crime de condescendência criminosa. Mas
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao qual crime este fiscal praticou? No citado exemplo, não há
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou si‐ menção acerca do recebimento de vantagem indevida, o que
milar, que permita a comunicação com outros presos de pronto nos leva a descartar a hipótese do crime de cor‐
ou com o ambiente externo: rupção passiva. Todavia, o que motivou o funcionário público
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. foi um sentimento pessoal, tendo, portanto ele praticado o
crime de prevaricação.
1) Conduta: o Diretor de Penitenciária ou outro funcio‐
nário público que deixando de cumprir o seu dever funcional 2) Objeto jurídico: moralidade da administração pública.
permite ao preso o acesso a aparelhos telefônicos. 3) Sujeito ativo: funcionário público.
2) Objeto jurídico: segurança da Administração Pública. 4) Sujeito passivo: Estado.
3) Sujeito ativo: funcionário público. 5) Elemento subjetivo do tipo: dolo de omissão, mo‐
4) Sujeito passivo: Estado e a sociedade como um todo. tivado pela indulgência. Se deixar de punir por vantagem
5) Elemento subjetivo do tipo: é o dolo. Não se exige o indevida será corrupção passiva. Se deixar de punir por
elemento subjetivo específico. sentimento pessoal será prevaricação.
6) Consumação: com a omissão. 6) Consumação: quando o superior toma conhecimento
da infração e nada faz.
Obs.: a famosa “vista grossa”, que significa fingir não ver 7) Tentativa: é inadmissível em crimes omissivos pró‐
o aparelho circulando no estabelecimento penitenciário já é prios.
suficiente para configuração do crime.
Advocacia Administrativa
Condescendência Criminosa
Código Penal
Código Penal
Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interes‐
se privado perante a administração pública, valendo‐
Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de
-se da qualidade de funcionário:
responsabilizar subordinado que cometeu infração no
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência,
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
não levar o fato ao conhecimento da autoridade Pena  – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
competente: além da multa.
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês,
ou multa. 1) Conduta: patrocinar, direta ou indiretamente, interes‐
se privado perante a Administração Pública, valendo-se da
1) Conduta: funcionário público que deixa por indulgên- qualidade de funcionário.
cia de responsabilizar subordinado que cometeu infração no
exercício do cargo quando possuir competência para tal ou Obs. 1: o delito ocorre quando um funcionário público
quando lhe falte competência não levar o fato ao conheci‐ valendo-se de sua condição defende interesse alheio legítimo
mento da autoridade competente. ou ilegítimo perante a Administração.
Obs. 1: o crime pode ser praticado de duas maneiras: Obs. 2: não necessita ser na repartição que trabalha,
a) funcionário público que deixa por indulgência de res‐ podendo ser em outra e se valer de valendo da qualidade de
ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício funcionário público para obter privilégios (amizades, contatos).
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

do cargo quando possuir competência para tal;


b) funcionário público que deixa por indulgência de co‐ Obs. 3: se estiver defendendo interesse próprio não há
municar à autoridade competente infração que subordinado crime.
cometeu no exercício do cargo.
2) Objeto jurídico: moralidade da Administração Pública.
Obs. 2: para a configuração deste crime, não há a neces‐ 3) Sujeito ativo: funcionário público. Apesar do nome
sidade de que o subordinado seja sancionado pela infração não necessita ser praticado por advogado.
cometida, nem tampouco que o superior seja obrigado 4) Sujeito passivo: Estado.
a puni-lo. O que realmente deve ser levado em conta é o 5) Elemento subjetivo do tipo: dolo.
cumprimento do dever funcional do superior em apurar a 6) Consumação: no ato de patrocinar interesse alheio.
responsabilidade do subordinado pela infração, em tese, que CRIME FORMAL.
praticou no exercício do cargo. 7) Tentativa: é admissível.

Obs. 3: o que a move omissão do funcionário público em Violência Arbitrária


apurar a falta de seu subordinado é a indulgência, ou seja,
o sentimento de piedade. Código Penal

Obs. 4: assim, se um fiscal adentra em um estabelecimen‐ Art. 322. Praticar violência, no exercício de função ou
to comercial e verifica que o mesmo não possui condições a pretexto de exercê-la:
mínimas de higiene para o regular funcionamento e mesmo Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
assim deixa de aplicar uma multa, por sentir pena do pro‐ além da pena correspondente à Violência.2
prietário, qual crime terá praticado? Mesmo verificando que
o que moveu a omissão do funcionário público foi o senti‐ 2
Este dispositivo encontra-se revogado pela Lei nº 4.898/1965.

192
Abandono de Função substituído ou suspenso. Deve ser pessoalmente, não bas‐
tando à publicação do Diário Oficial;
Código Penal c) Não há crime continuar exercendo a função de está
de férias, licença ou aposentado, por falta de previsão legal.
Art.  323. Abandonar cargo público, fora dos casos
permitidos em lei: 2) Objeto jurídico: moralidade da Administração Pública.
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, 3) Sujeito ativo: na primeira hipótese é o funcionário
ou multa. público que foi nomeado e ainda não tomou posse. Na se‐
§ 1º Se do fato resulta prejuízo público: gunda, o funcionário público que foi exonerado, removido,
Pena  – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, substituído ou suspenso.
e multa. 4) Sujeito passivo: Estado.
§ 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa 5) Elemento subjetivo do tipo: dolo de entrar ou continuar.
de fronteira: 6) Consumação: com a prática de ato inerente a função
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. pública. Crime material.
7) Tentativa: é admissível.
1) Conduta: abandonar cargo público fora dos casos
permitidos em lei. Violação de Sigilo Profissional

Obs. 1: abandonar significa deixar o cargo por tempo Código Penal


juridicamente relevante. Falta eventual ou desleixo na rea‐
lização do serviço é apenas falta funcional punida na esfera Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão
administrativa. do cargo e que deva permanecer em segredo, ou
facilitar-lhe a revelação:
Obs. 2: muito embora o nome do crime seja abandono de Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
função, somente comete este delito aquele que ocupa cargo. ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
Obs. 3: o abandono por caso fortuito ou força maior não I  – permite ou facilita, mediante atribuição, for‐
configuram crime (prisão, doença). necimento e empréstimo de senha ou qualquer
outra forma, o  acesso de pessoas não autorizadas
2) Objeto jurídico: moralidade da Administração Pública. a sistemas de informações ou banco de dados da
3) Sujeito ativo: funcionário público que ocupa um cargo Administração Pública;
público. II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
4) Sujeito passivo: Estado. § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis‐
5) Elemento subjetivo do tipo: dolo de abandonar. tração Pública ou a outrem:
6) Consumação: com o abandono do cargo por tempo Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
juridicamente relevante, ainda que não traga efetivo prejuízo
para Administração. 1) Conduta: o crime pode ser praticado de duas maneiras:
7) Tentativa: é inadmissível por se tratar de crime omis‐ a) revelar fato de quem ciência em razão do cargo e que
sivo próprio. deva permanecer em segredo;
8) Formas qualificadas: se do abandono resultar prejuízo, b) Facilitar a revelação de fato de quem ciência em razão
se o fato ocorrer em lugar compreendido na faixa de fronteira. do cargo e que deva permanecer em segredo.

2) Objeto jurídico: sigilo das informações da Adminis‐


Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou
tração Pública.
Prolongado
3) Sujeito ativo: funcionário público e particular que
colabora com a divulgação em coautoria. O particular que se

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


Código Penal
limita a tomas conhecimento não pratica o delito.
4) Sujeito passivo: Estado e particular que sofre o pre‐
Art. 324. Entrar no exercício de função pública antes de juízo com a divulgação.
satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, 5) Elemento subjetivo do tipo: dolo de revelar.
sem autorização, depois de saber oficialmente que foi 6) Consumação: no momento em que terceiro, que
exonerado, removido, substituído ou suspenso: não podia tomar conhecimento, passa a saber, seja outro
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, funcionário ou particular. CRIME FORMAL. Independe da
ou multa. ocorrência do prejuízo.
7) Subsidiariedade explícita: só haverá o presente crime
1) Conduta: o crime pode ser praticado de duas formas: se o fato praticado não constituir crime mais grave, por exem‐
a) entrar no exercício de função pública antes de satis‐ plo, fraude a licitação, crime contra a segurança nacional
feitas as exigências legais; etc. Tal regra vem descrita no preceito secundário do crime.
b) continuar a exercer a função pública, sem autorização,
depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, Violação do Sigilo de Proposta de Concorrência
substituído ou suspenso.
Código Penal
Obs. 1: analisaremos as elementares do tipo penal:
a) Entrar no exercício de função pública antes de satis‐ Art.  326. Devassar o sigilo de proposta de concor‐
feitas as exigências legais – o agente já foi nomeado, mas, rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
ainda, não pode exercer legalmente a função por restarem de devassá-lo:
exigências a serem observadas, como, por exemplo, realiza‐ Pena  – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
ção de exame médico ou a posse; e multa3.
b) Continuar no exercício da função – deve o agente ter
sido comunicado oficialmente que foi exonerado, removido, 3
Este dispositivo encontra-se revogado pela Lei nº 8.666/1993.

193
Crimes Praticados por Particulares Contra a d) a violência deve ser empregada contra o funcionário
Administração Pública – Arts. 328 a 337 do CP público ou quem o acompanhe. Se contra a coisa, por exem‐
plo, viatura será crime de dano;
Usurpação de Função Pública e) a resistência passiva, por exemplo, segurar em um
poste para não ser conduzido não será crime;
Código Penal f) a violência e a ameaça devem ser usadas como meio
de executar o crime. Se utilizadas após o ato, será crime de
Art. 328. Usurpar o exercício de função pública: ameaça ou lesão corporal;
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, g) se a violência for utilizada como fuga, será o crime de
e multa. evasão mediante violência;
Parágrafo único. Se do fato o agente aufere vantagem: h) a ordem deve ser legal, em relação a seu conteúdo e
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. forma. Se ilegal a resistência não configura crime.

1) Conduta: usurpar o exercício da função pública. 2) Objeto jurídico: moralidade da Administração Pública.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa, mesmo aquela diversa
Obs. 1: usurpar significa desempenhar indevidamente da ordem dirigida. Ex.: policial vai prender A e este o agride
uma função pública. Ex.: executar atos de ofício sem que ou policial vai prender A e B, amigo de A, indignado, agride
tenha sido aprovado em concurso público ou nomeado. o policial.
9) Sujeito passivo: Estado, funcionário público contra
Obs. 2: o crime pode ser praticado tanto por particular quem é dirigida a violência e eventualmente quem esteja
como por um funcionário público, este em relação a uma auxiliando o funcionário público.
função diversa a que ocupa. 10) Elemento subjetivo do tipo: dolo.
11) Consumação: com o emprego da violência ou ame‐
2) Objeto jurídico: moralidade da Administração Pública. aça. Crime formal.
3) Sujeito ativo: particular e funcionário que assume 12) Se da violência ou ameaça o agente conseguir impedir
indevidamente a função de outro. a execução do ato, este será o exaurimento, e a forma quali‐
4) Sujeito passivo: Estado. ficada prevista no parágrafo primeiro deste artigo.
5) Elemento subjetivo do tipo: dolo. O agente deve ter 13) Se da violência ocorrer lesão ou morte as penas
consciência de que está usurpando. serão somadas, em concurso material de crimes, segundo
6) Consumação: prática de ato inerente à função usur‐ o parágrafo segundo.
pada. 14) Se ocorrer apenas xingamento, será crime de desaca‐
7) Se da conduta obtém vantagem será usurpação qua‐ to. Se ocorrer violência, ameaça e xingamento será apenas
lificada. resistência, pois ao desacato ficará absorvido.
8) A simples conduta de se intitular funcionário público
perante terceiros sem praticar atos inerentes a função é Desobediência
contravenção penal. Ex.: rapaz afirma, falsamente, para moça
que é policial, no intuito de impressioná-la. Código Penal

Resistência Art. 330. Desobedecer a ordem legal de funcionário


público:
Código Penal Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses,
e multa.
Art. 329. Opor-se à execução de ato legal, mediante
violência ou ameaça a funcionário competente para 1) Conduta: desobedecer a ordem legal de funcionário
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: público.


Pena – detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Obs. 1: desobedecer significa não cumprir.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo Obs. 2: requisitos para prática do delito:
das correspondentes à violência. 1. deve haver uma ordem material e formalmente legal;
2. deve ser emanada de funcionário competente. Ex.: de‐
1) Conduta: pode ser praticada de duas formas: legado não é competente para determinar quebra de sigilo;
a) opor-se a execução de ato legal, mediante violência 3. o destinatário deverá ter o dever jurídico de cumprir
ou grave ameaça a funcionário competente para executá-lo; a ordem.
b) opor-se a execução de ato legal, mediante violência
ou grave ameaça a quem esteja prestando auxílio ao fun‐ 2) Objeto jurídico: moralidade da Administração Pública.
cionário público. 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. E  se o funcionário
publico deixar de cumprir ordem de outro funcionário no
Obs.: passemos a analisar algumas situações: exercício de suas funções? Sanção administrativa ou, depen‐
a) há necessidade de ser funcionário competente para dendo do caso, prevaricação. Se o funcionário não estiver no
aquela ordem; exercício de sua função poderá ser desobediência.
b) se empregada a violência ou grave ameaça contra 4) Sujeito passivo: Estado e o funcionário que proferiu
terceiro que auxilia o funcionário público haverá crime de a ordem.
resistência; 5) Elemento subjetivo do tipo: dolo.
c) particular que efetuar prisão em flagrante e o preso 6) Consumação: depende do conteúdo da norma. Se
resistir, não haverá crime de resistência, pois não se trata de determinar omissão, consuma-se no momento da ação;
funcionário público; se determinar ação, consuma-se no momento da omissão.

194
7) Princípio da Absorção: se a lei civil ou administrativa Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
prevê sanção para condutas de desobediência, a  norma Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se
penal não será aplicada, por exemplo, o Código de Trânsito o agente alega ou insinua que a vantagem é também
Brasileiro prevê multa para quem desrespeitar a ordem de destinada ao funcionário.
parada feita por um policial. Desta forma, tal conduta não
será crime de desobediência. 1) Conduta: o crime pode ser praticado das seguintes
formas:
Desacato a) solicitar para si ou para outrem, vantagem ou promes‐
sa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por
Código Penal funcionário público no exercício da função;
b) exigir para si ou para outrem, vantagem ou promessa
Art. 331. Desacatar funcionário público no exercício de vantagem, a  pretexto de influir em ato praticado por
da função ou em razão dela: funcionário público no exercício da função;
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, c) cobrar para si ou para outrem, vantagem ou promes‐
ou multa. sa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por
funcionário público no exercício da função;
1) Conduta: pode ser praticada de duas formas: d) obter para si ou para outrem, vantagem ou promessa
a) desacatar funcionário público no exercício da função; de vantagem, a  pretexto de influir em ato praticado por
b) desacatar funcionário público em relação à sua função, funcionário público no exercício da função.
apesar deste estar de folga.
Obs. 1: o agente sob a alegação de possuir influência,
Obs. 1: desacatar significa humilhar, desprestigiar. A ofen‐ prestígio junto a Administração Pública, reclama vantagem
sa pode ser praticada de várias formas: palavras, gestos, de outrem a pretexto de exercer influência nos atos por ela
ameaças, vias de fato etc. praticados. Assim, é a venda de suposta influência exercida
pelo agente junto a Administração Pública. Na realidade o
Obs. 2: algumas considerações: agente não possui nenhuma influência. Seria a prática do cri‐
a) a ocorrência do crime independe de o funcionário
me de estelionato, todavia, como para aplicação da suposta
público se julgar ofendido ou não, pois o que a lei visa é a
fraude utiliza-se o nome da Administração Pública, o crime
dignidade do cargo;
passa a ser o de tráfico de influência. Ex.: despachante alega
b) o crime deve ser praticado contra o funcionário pú‐
possuir influência junto aos funcionários do Detran e solicita
blico no exercício de suas funções, ou seja, quando esteja
vantagem da vítima a pretexto de fazer com que multas de
trabalhando, ou se de folga, desde que a ofensa seja em
relação a suas funções; infração de trânsito não sejam cobradas; conduto, o despa‐
c) não há necessidade que a ofensa seja feita cara a cara. chante não conhece nenhum funcionário do Detran e acaba
O agente pode ofender e o funcionário que está na sala ao por embolsar a vantagem indevida e as multas são cobradas.
lado ouvir;
d) o crime existe mesmo que o fato não seja presenciado Obs. 2: agora se for verdade, ou seja, se o agente possuir
por terceiro, pois não é requisito do crime a publicidade; a tal influência que alega ter, estaremos diante do crime de
e) a ofensa feita a funcionário em sua ausência será o corrupção passiva ou ativa.
crime de injúria qualificada, por exemplo, a ofensa por meio
de carta ou e-mail; 2) Objeto jurídico: moralidade da Administração Pública.
f) exaltação de ânimos não exclui o crime. A embriaguez 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
somente se completa e proveniente de caso fortuito ou força 4) Sujeito passivo: Estado.
maior excluirá o crime. 5) Elemento subjetivo do tipo: dolo.
6) Consumação: quando o agente solicita, exige, cobra

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


2) Objeto jurídico: moralidade da Administração Pública ou obtém a vantagem.
e do funcionário público ofendido. 7) Tentativa: é possível quando o crime é praticado por
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Poderá também, se‐ escrito e esta carta se extravia.
gundo a doutrina majoritária, ser praticado por um funcioná‐ 8) A pena é aumentada quando o agente diz ou dá a
rio em relação a outro. E o advogado pode praticar o crime entender que a vantagem também é endereçada ao fun‐
de desacato quando estiver no exercício de suas funções? cionário público.
Segundo o estatuto da OAB, ele é imune, mas o STF, afirma 9) Se o agente exige vantagem para influir especificamen‐
que ele pode praticar sim o crime de desacato. te em ralação ao Juiz, Ministério Público ou funcionários da
4) Sujeito passivo: Estado e funcionário ofendido. justiça, o crime será de exploração de prestígio previsto no
5) Elemento subjetivo do tipo: dolo de desacatar. art. 357 do CP.
6) Consumação: no momento da ofensa, independente‐
mente do funcionário público sentir-se ofendido. Corrupção Ativa
7) Tentativa: não é possível pela impossibilidade de
fragmentar o iter criminis. Código Penal

Tráfico de Influência Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida


a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
Código Penal omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Art. 332. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço,
para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário
a pretexto de influir em ato praticado por funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
público no exercício da função: dever funcional.

195
1) Conduta: oferecer ou prometer vantagem indevida a § 1º Incorre na mesma pena quem:
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou I – pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
retardar ato de ofício. permitidos em lei;
II – pratica fato assimilado, em lei especial, a des‐
Obs. 1: aplicação da teoria monista: funcionário público caminho;
responde por corrupção passiva e particular por corrupção ativa. III – vende, expõe à venda, mantém em depósito
ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
2) Objeto jurídico: moralidade da Administração Pública. ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
3) Sujeito ativo: particular. industrial, mercadoria de procedência estrangeira
4) Sujeito passivo: o Estado. que introduziu clandestinamente no País ou impor‐
5) Consumação: com a oferta ou promessa. CRIME tou fraudulentamente ou que sabe ser produto de
FORMAL. introdução clandestina no território nacional ou de
importação fraudulenta por parte de outrem;
Obs. 2: se o particular pedir para o funcionário “dar um
jeitinho”, sem haver o oferecimento de vantagem indevida, IV – adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
não há crime de corrupção ativa, somente o crime de cor- ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
rupção passiva privilegiada. industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
desacompanhada de documentação legal ou acom‐
panhada de documentos que sabe serem falsos.
Particular pede para o fun‐ O funcionário público cedendo § 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os
cionário “dar um jeitinho”, ao pedido de “dar um jeitinho”, efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio
sem haver o oferecimento formulado pelo particular, irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
de vantagem indevida, não e  acaba por praticar, deixar inclusive o exercido em residências.
há crime de corrupção de praticar ou retardar ato § 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de des‐
ativa. de ofício, pratica o crime de caminho é praticado em transporte aéreo, marítimo
corrupção passiva privilegiada. ou fluvial.
Obs. 3: causa de aumento de pena do crime de corrupção 1) Conduta: quem iludi, mediante artifício, ardil ou qual‐
passiva: a pena é aumentada de um terço, se, em consequên‐ quer meio fraudulento o pagamento dos impostos devidos
cia da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa
em face da entrada ou saída de mercadoria não proibida no
de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo
dever funcional. país (crime comum).

Resumão: Obs. 1: a Lei nº 13.008/2014 alterou o Código Penal no


que diz respeito a este artigo. Antes da reforma, o artigo 334
do CP previa as condutas de contrabando e descaminho. Com
Corrupção Passiva Corrupção Ativa a modificação, surgiram os arts. 334 e 334-A. O primeiro pune
Sujeito ativo  – funcionário Sujeito ativo – particular. o descaminho; o segundo, o contrabando.
público.
Funcionário público SOLICI‐ Não há crime na conduta Obs. 2: diferença entre contrabando e descaminho: a)
TA vantagem indevida. correspondente praticada contrabando – mercadoria ilícita, ou seja, que não possui
pelo particular  – “pagar” a autorização para ser comercializada no país; b) descami-
vantagem indevida. nho – mercadoria lícita, a qual possui autorização para ser
Funcionário público RECEBE Particular OFERECE vanta‐ comercializada no país. Todavia, o seu ingresso ocorre de
vantagem indevida. gem indevida. forma ilegal, tendo em vista o não pagamento dos tributos
referentes a tal ingresso.
Funcionário público ACEITA Particular PROMETE vanta‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

PROMESSA de vantagem gem indevida.


Obs. 3: o art. 34 da Lei nº 9.469/1995 estabelece que
indevida.
“extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei
A pena é aumentada em um A pena é aumentada de um nº 8.137/1990 e na Lei nº 4.729/1965, quando o agente
terço, se, em consequência terço, se, em consequência promover o pagamento do tributo ou contribuição social,
da vantagem ou promessa, da vantagem ou promessa, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia”.
o funcionário retarda ou o funcionário retarda ou Muito embora esta lei não mencione o crime de descaminho,
deixa de praticar qualquer deixa de praticar qualquer tem-se entendido que esta regra a ele se aplica.
ato de ofício ou o pratica ato de ofício ou o pratica
infringindo dever funcional. infringindo dever funcional. Obs. 4: o funcionário público que facilita a entrada de
Se o funcionário pratica, deixa O particular que realiza o mercadorias oriundas de contrabando ou descaminho, in‐
de praticar ou retarda ato de pedido não pratica crime fringindo seu dever funcional, pratica o crime previsto no
ofício, com infração de dever algum. art. 318 do CP.
funcional, cedendo a pedido
ou influência de outrem. 2) Objetividade jurídica: controle da Administração Pú‐
blica acerca da entrada e saída de mercadorias do país.
Descaminho e Contrabando 3) Sujeito ativo: particular. O funcionário público que, no
Código Penal exercício de suas funções, facilita a entrada de mercadorias
oriundas de contrabando ou descaminho pratica o crime de
Descaminho facilitação ao contrabando, art. 318 do CP.
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento 4) Sujeito passivo: o Estado.
de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída 5) Tipo subjetivo: o dolo.
ou pelo consumo de mercadoria: 6) Consumação: consuma-se com a entrada ou saída das
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. mercadorias do país.

196
7) Tentativa: é possível no caso de exportação, quando Obs. 1: não abrange produtos de importação tempora‐
a mercadoria não chega a sair do país. Já no caso de impor‐ riamente suspensa.
tação, não há a hipótese da tentativa.
8) O crime é de ação penal pública incondicionada e será Obs. 2: é norma penal em branco, a qual depende de
processado perante a Justiça Federal. uma lei a qual irá regulamentar as mercadorias proibidas de
9) O § 1º prevê várias figuras equiparadas: a) pratica entrarem ou saírem do país.
navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei
– a navegação de cabotagem tem a finalidade de realizar co‐ Obs. 3: há a definição de contrabando próprio, quando
mércio entre os portos de um mesmo país e somente poderá exporta ou importa o produtos proibidos utilizando-se de
ser realizada nos casos previstos em lei. É norma penal em repartições alfandegárias, e contrabando impróprio, quando
branco; b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contra‐ o ingresso e saída das mercadorias proibidas ocorre sem
bando ou descaminho, por exemplo, a entrada e saída de passar pela zona alfandegária.
mercadorias da Zona Franca de Manaus sem pagamento de
tributo; c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, Obs. 4: há mercadorias proibidas que, contudo, a sua
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no entrada ou saída do país é tutelada por outras normas, ante
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria a aplicação do princípio da especialidade, tais como a Lei
de procedência estrangeira que introduziu clandestinamen‐ de Drogas (substância entorpecente – artigo 40, I, da Lei nº
te no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser 11.343/2006), Estatuto do Desarmamento (armas – artigo
produto de introdução clandestina no território nacional ou 18 da Lei nº 10.826/2003).
de importação fraudulenta por parte de outrem – o legisla‐
dor está punindo a conduta do próprio contrabandista que Obs. 5: não se aplica o princípio da insignificância em
vende, expõe à venda, mantém em depósito mercadorias relação ao crime de contrabando.
ilegais; d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, Obs. 6: o funcionário público que facilita a entrada de
mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de mercadorias oriundas de contrabando ou descaminho, in‐
documentação legal, ou acompanhada de documentos que fringindo seu dever funcional, pratica o crime previsto no
sabe serem falsos – assemelha-se ao crime de receptação, to‐ art. 318 do CP.
davia, aplica-se em relação a mercadorias contrabandeadas.
10) O § 2° é a chamada cláusula de equiparação, a qual 2) Objetividade jurídica: controle da Administração Pú‐
amplia o significado de toda a terminologia “atividade co‐ blica acerca da entrada e saída de mercadorias do país.
mercial’, podendo assim o crime ser praticado por camelôs 3) Sujeito ativo: particular. O funcionário público que, no
ou comerciantes de fundo de quintal.
exercício de suas funções, facilita a entrada de mercadorias
11) O § 3° dispõe sobre causa de aumento de pena quan‐
oriundas de contrabando ou descaminho pratica o crime de
do o crime de descaminho é praticado por meio de transporte
facilitação ao contrabando, art. 318 do CP.
aéreo, marítimo ou fluvial. Tal majorante é justificada pelo
4) Sujeito passivo: o Estado.
fato de tais transportes tornarem mais difícil a fiscalização
5) Tipo subjetivo: o dolo.
e repressão do crime.
6) Consumação: consuma-se com a entrada ou saída das
mercadorias proibidas do país.
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proi‐ 7) Tentativa: é possível no caso de exportação, quando
bida: a mercadoria não chega a sair do país. Já no caso de impor‐
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. tação, não há a hipótese da tentativa.
§ 1º Incorre na mesma pena quem: 8) O crime é de ação penal pública incondicionada e será
I – pratica fato assimilado, em lei especial, a con‐ processado perante a Justiça Federal.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


trabando; 9) O § 1º prevê várias figuras equiparadas: a) pratica fato
II – importa ou exporta clandestinamente mercadoria assimilado, em lei especial, a contrabando – mesmo exemplo
que dependa de registro, análise ou autorização de dado acima em relação à Zona Franca de Manaus; b) importa
órgão público competente; ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de
III – reinsere no território nacional mercadoria bra‐ registro, análise ou autorização de órgão público competen‐
sileira destinada à exportação; te. Ex.: fertilizantes que devem ser registrados no Ministério
IV – vende, expõe à venda, mantém em depósito da Agricultura; c) reinsere no território nacional mercadoria
ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio brasileira destinada à exportação – produto nacional no qual
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou a venda é proibida em nosso território, porque é destinado
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; exclusivamente à exportação, há uma reintrodução em nosso
V – adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio país; d) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria
§ 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os proibida pela lei brasileira – assemelha-se com o artigo 334,
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio § 1°, III, do CP, diferenciando-se por ser mercadoria proibida;
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, e) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio,
inclusive o exercido em residências. no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de con‐ proibida pela lei brasileira – assemelha-se com o artigo 334,
trabando é praticado em transporte aéreo, marítimo § 1°, IV, do CP, diferenciando-se por ser mercadoria proibida.
ou fluvial. 10) O § 2° é a chamada cláusula de equiparação, a qual
amplia o significado de toda a terminologia “atividade co‐
1) Conduta: quem importa ou exporta mercadoria proi‐ mercial’, podendo assim o crime ser praticado por camelôs
bida. ou comerciantes de fundo de quintal.

197
11) O § 3° dispõe sobre causa de aumento de pena quan‐ Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, se o fato
do o crime de contrabando é praticado por meio de transpor‐ não constitui crime mais grave.
te aéreo, marítimo ou fluvial. Tal majorante é justificada pelo
fato de tais transportes tornarem mais difícil a fiscalização e 1) Conduta: pode ser praticada de duas formas:
repressão do crime. a) subtrair (retirar) livro oficial, processo ou documento
confiado à custódia de funcionário público, em razão de
Impedimento, Perturbação ou Fraude de Concorrência ofício, ou de particular em serviço público;
b) inutilizar (tornar imprestável) total ou parcialmente,
Código Penal livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de
funcionário público, em razão de ofício, ou de particular em
Art. 335. Impedir, perturbar ou fraudar concorrência serviço público.
pública ou venda em hasta pública, promovida pela
administração federal, estadual ou municipal, ou Obs. 1: se a conduta for praticada por funcionário público
por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar em razão do cargo será o crime previsto no art. 314 do CP,
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave se for advogado que tenha recebido os autos ou documento
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: nesta qualidade o crime será do art. 356 do CP.
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
ou multa, além da pena correspondente à violência. Obs. 2: livro oficial é aquele utilizado para escriturações
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se e registros. Processo abarca tanto o judicial quanto o admi‐
abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem nistrativo. O documento pode ser público ou privado.
oferecida.4
2) Objetividade jurídica: documentos e processos cus‐
Inutilização de Edital ou de Sinal todiados à Administração Pública.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Código Penal. 4) Sujeito passivo: o Estado.
5) Tipo subjetivo: o dolo. Não há elemento subjetivo.
Art. 336. Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou 6) Consumação: com a subtração ou inutilização.
conspurcar edital afixado por ordem de funcionário 7) Tentativa: é possível.
público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, 8) Em seu preceito secundário o presente crime prevê
por determinação legal ou por ordem de funcionário expressamente a aplicação do princípio da subsidiariedade,
público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: ou seja, somente haverá este crime se a conduta não se
Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa. enquadrar em delito mais grave.

1) Conduta: o crime pode ser praticado de duas formas: Sonegação de Contribuição Previdenciária
a) rasgar (cortar), inutilizar (tornar ilegível) ou conspurcar
(sujar) edital afixado por ordem de funcionário público; Código Penal
b) violar (transpor) ou inutilizar (tornar ilegível) selo
ou sinal empregado por determinação legal ou por ordem Art.  337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
de funcionário público para identificar ou cerrar qualquer previdenciária e qualquer acessório, mediante as
objeto. seguintes condutas:
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de
Obs. 1: na hipótese da alínea a o edital afixado por documento de informações previsto pela legislação
ordem do funcionário público pode ser administrativo (de previdenciária segurados empregado, empresário,
casamento), judicial (de penhora) ou legislativo. trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a
este equiparado que lhe prestem serviços;
Obs. 2: o selo ou sinal previstos na alínea b visam nor‐ II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

malmente das garantia oficial à identificação ou ao conteúdo da contabilidade da empresa as quantias descontadas
de certos pacotes, envelope etc. dos segurados ou as devidas pelo empregador ou
pelo tomador de serviços;
2) Objetividade jurídica: interesse patrimonial da Admi‐ III  – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lu‐
nistração Pública. cros auferidos, remunerações pagas ou creditadas
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. e demais fatos geradores de contribuições sociais
4) Sujeito passivo: o Estado. previdenciárias:
5) Tipo subjetivo: o dolo. Não há elemento subjetivo. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
6) Consumação: com o ato de rasgar, inutilizar, conspur‐ §  1º É extinta a punibilidade se o agente, espon‐
car edital ou violar selo ou qualquer outro sinal, independen‐ taneamente, declara e confessa as contribuições,
temente da produção de qualquer outro resultado. importâncias ou valores e presta as informações
7) Tentativa: é possível. devidas à previdência social, na forma definida em
lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
Subtração ou Inutilização de Livro ou Documento § 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
aplicar somente a de multa se o agente for primário
Código Penal e de bons antecedentes, desde que:
I – (Vetado)
Art. 337. Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmen‐ II  – o valor das contribuições devidas, inclusive
te, livro oficial, processo ou documento confiado à acessórios, seja igual ou inferior àquele estabele‐
custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de cido pela previdência social, administrativamente,
particular em serviço público: como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
execuções fiscais.
Este dispositivo foi revogado pelos arts. 93 e 95 da Lei nº 8.666/1993, Lei de
4 § 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha
licitações. de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um

198
mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena 10) Causa de diminuição de pena: se o empregador não
de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ul‐
§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será trapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar
do reajuste dos benefícios da previdência social. apenas a de multa. O valor a que se refere o parágrafo ante‐
rior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices
1) Conduta: elas são omissivas e pode ser praticada de do reajuste dos benefícios da previdência social.
duas formas:
a) suprimir (deixar de declarar) contribuição social pre‐ Dos Crimes Praticados por Particulares Contra a
videnciária e qualquer acessório; Administração Pública Estrangeira
b) reduzir (declarar valor menor que o devido) contribui‐
ção social previdenciária e qualquer acessório. Corrupção Ativa em Transação Comercial Internacional
Obs. 1: as formas em que a supressão e a redução da con‐ Código Penal
tribuição social previdenciária são praticadas estão descritas
nos incisos I, II e III do art. 337-A, tratando-se, portanto, de Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indi‐
crime de ação vinculada: retamente, vantagem indevida a funcionário público
I  – omitir de folha de pagamento da empresa ou de estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a
documento de informações previsto pela legislação previ‐ praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado
denciária segurados empregado, empresário, trabalhador à transação comercial internacional:
avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
lhe prestem serviços;
Parágrafo único. A  pena é aumentada de 1/3 (um
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios
terço), se, em razão da vantagem ou promessa,
da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos
o funcionário público estrangeiro retarda ou omite o
segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador
ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
de serviços;
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros au‐
feridos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos 1) Conduta: o crime pode ser praticado:
geradores de contribuições sociais previdenciárias: a) Prometer  – Obrigar-se a dar algo a alguém, direta
ou indiretamente, vantagem indevida a funcionário público
Obs. 2: o delito traz como objeto material do crime ape‐ estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a prati‐
nas as contribuições sociais previdenciárias e seus acessórios. car, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação
comercial internacional.
2) Objetividade jurídica: a seguridade social. b) Oferecer  – Apresentar algo para ser aceito, direta
3) Sujeito ativo: somente o responsável pelo lançamento ou indiretamente, vantagem indevida a funcionário público
das informações nos documentos endereçados à autarquia, estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a prati‐
englobando, assim, os sócios e diretores que tenham sido coni‐ car, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação
ventes com a conduta criminosa, gerentes ou administradores. comercial internacional.
4) Sujeito passivo: o Estado. c) Dar – Entregar, ceder, direta ou indiretamente, vanta‐
5) Tipo subjetivo: o dolo. gem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira
6) Consumação: no momento em que o agente reduz ou pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato
suprime a contribuição social. de ofício relacionado à transação comercial internacional.
7) Tentativa: é impossível por se tratar de crime omissivo
próprio. Obs. 1: a conduta típica, o momento consumativo e o
8) Extinção da punibilidade: sujeito ativo seguem as mesmas regras da do crime de cor‐
1. se o agente, espontaneamente, declara e confessa as rupção ativa comum, previsto no art. 333 do CP. A diferença
reside no fato de que no presente crime a conduta visa a

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


contribuições, importâncias ou valores e presta as informa‐
ções devidas à previdência social, na forma definida em lei funcionário estrangeiro e que o agente tenha o intuito de
ou regulamento, antes do início da ação fiscal; obter uma vantagem indevida relacionada com alguma
2. se a pessoa jurídica relacionada com o agente efetu‐ transação comercial internacional.
ar o pagamento integral dos débitos, inclusive acessórios
(art. 9º, § 2º da Lei nº 10.864/2003), em qualquer momento Obs. 2: transação comercial internacional é qualquer
da persecução penal. ajuste ou acordo relativo ao comércio concernente a duas
ou mais nações, envolvendo pessoas físicas ou jurídicas.
Obs. 3: a ação fiscal se inicia com a notificação pessoal
do contribuinte a respeito de sua instauração. Obs. 3: a lei brasileira só se refere à corrupção ativa, ten‐
do em vista que a punição do funcionário público estrangeiro
Obs. 4: o art. 9º, § 1º da Lei nº 10.864/2003 estabelece ocorrerá em seu país de origem.
que a suspensão da pretensão punitiva estatal, se a empresa
obtiver o parcelamento dos valores devidos. Com a quitação Obs. 4: considera-se funcionário público estrangeiro, para
do parcelamento, extinta estará a punibilidade. os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em
9) Perdão judicial ou aplicação somente de multa: é entidades estatais ou em representações diplomáticas de
facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente país estrangeiro. Equipara-se a funcionário público estran‐
a de multa se o agente for: geiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas
controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder
Público de país estrangeiro ou em organizações públicas
primário + bons antecedentes + valor das contribuições de‐ internacionais – art. 337-D do CP.
vidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele esta‐
belecido pela previdência social, administrativamente, como 2) Objetividade jurídica: a Administração Pública es‐
sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. trangeira.

199
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa inclusive outro fun‐
4) Sujeito passivo: pessoa física ou jurídica prejudicada cionário público.
e o Estado, incluindo o estrangeiro. 4) Sujeito passivo: pessoa física ou jurídica prejudicada
5) Tipo subjetivo: o dolo. e o Estado, incluindo o estrangeiro.
6) Consumação: no momento em que o agente promete, 5) Tipo subjetivo: o dolo.
oferece ou dá a vantagem indevida, independentemente da 6) Consumação: no momento em que o agente solicita,
ocorrência do efetivo prejuízo material do Estado. exige, cobra ou obtém a vantagem indevida, independente‐
7) Tentativa: é possível. mente da ocorrência do efetivo prejuízo material do Estado.
8) Causa de aumento de pena: a pena é aumentada 7) Tentativa: é possível.
de 1/3 (um terço), se, em razão da vantagem ou promessa, 8) Causa de aumento de pena: a pena é aumentada
o funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. também destinada a funcionário estrangeiro.

Tráfico de Influência Dos Crimes Contra a Administração da Justiça


Código Penal Reingresso de Estrangeiro
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si Código Penal
ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem
ou promessa de vantagem a pretexto de influir em Art. 338. Reingressar no território nacional o estran‐
ato praticado por funcionário público estrangeiro no geiro que dele foi expulso:
exercício de suas funções, relacionado a transação Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, sem pre‐
comercial internacional: juízo de nova expulsão após o cumprimento da pena.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se 1) Conduta: estrangeiro que reingressa no território
o agente alega ou insinua que a vantagem é também nacional depois que dele foi expulso.
destinada a funcionário estrangeiro.
Obs. 1: reingressar significa voltar, ingressar novamente.
1) Conduta: o crime pode ser praticado das seguintes
formas: Obs. 2: estrangeiro é a pessoa que possui vínculo jurídico‐
a) solicitar para si ou para outrem, vantagem ou pro‐ -político com outro Estado que não o Brasil. Por exclusão,
messa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado o  estrangeiro é aquele que não é considerado brasileiro
por funcionário público estrangeiro no exercício da função, segundo o art.12 da CF.
relacionado a transação comercial internacional;
b) exigir para si ou para outrem, vantagem ou promessa Obs. 3: não confundir:
de vantagem, a  pretexto de influir em ato praticado por a) Expulsão – É a exclusão, por castigo do estrangeiro
funcionário público estrangeiro no exercício da função, re‐ que apresenta indícios sérios de periculosodade ou indese‐
lacionado a transação comercial internacional; jabilidade no país;
c) cobrar para si ou para outrem, vantagem ou pro‐ b) Deportação – É a saída compulsória do estrangeiro
messa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado enviando-o para o país da sua nacionalidade ou de sua pro‐
por funcionário público estrangeiro no exercício da função, cedência no estrangeiro;
relacionado a transação comercial internacional; c) Extradição – É um instrumento de cooperação entre
d) obter para si ou para outrem, vantagem ou promessa as nações para fazer com que uma pessoa acusada ou con‐
de vantagem, a  pretexto de influir em ato praticado por denada pela prática de um crime possa ser enviada para o
funcionário público estrangeiro no exercício da função, re‐ país que a processou.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

lacionado a transação comercial internacional.


Atenção! O tipo penal prevê em sua conduta apenas a
Obs. 1: este artigo é praticamente idêntico ao crime hipótese de EXPULSÃO.
previsto no art. 332 do CP, havendo alteração apenas em
relação ao funcionário público que no caso é estrangeiro, 2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
bem como o crime deve estar relacionado a transação co‐ 3) Sujeito ativo: o estrangeiro.
mercial internacional. 4) Sujeito passivo: Estado.
5) Tipo subjetivo: o dolo.
Obs. 2: transação comercial internacional é qualquer 6) Consumação: no momento em que o estrangeiro
ajuste ou acordo relativo ao comércio concernente a duas reingressa no país após ter sido dele expulso.
ou mais nações, envolvendo pessoas físicas ou jurídicas. 7) Tentativa: é possível.

Obs. 3: considera-se funcionário público estrangeiro, para Denunciação Caluniosa


os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em Código Penal
entidades estatais ou em representações diplomáticas de
país estrangeiro. Equipara-se a funcionário público estran‐ Art. 339. Dar causa à instauração de investigação poli‐
geiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas cial, de processo judicial, instauração de investigação
controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
Público de país estrangeiro ou em organizações públicas administrativa contra alguém, imputando-lhe crime
internacionais – art. 337-D do CP. de que o sabe inocente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
2) Objetividade jurídica: a administração pública es‐ § 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente
trangeira. se serve de anonimato ou de nome suposto.

200
§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação Obs. 2: o agente sabe que sua comunicação é falsa,
é de prática de contravenção. somente sendo cabível o dolo direto.

1) Conduta: dar início investigação policial, de processo Denunciação Caluniosa Comunicação Falsa de crime
judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito
civil ou ação de improbidade administrativa. Pode ser direta O agente aponta a pessoa O agente se limita a comunicar
ou indiretamente (telefonema anônimo). certa e a determina como falsamente a ocorrência de
autora da infração. crime ou contravenção não
Obs. 1: o denunciante deve ter plena consciência que apontando qualquer pessoa
a denúncia que faz é falsa. Só admite o dolo direto. Assim, como sendo autora de crime.
• denuncia crime que até ocorreu, mas o agente sabe
que o denunciado não o praticou; 2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
• denuncia crime que sabe que não ocorreu e imputa 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
ao denunciado. 4) Sujeito passivo: Estado.
5) Tipo subjetivo: o dolo.
Obs. 2: ocorrerá o delito descrito se alguém narrar um 6) Consumação: com o início da investigação policial
crime ou uma contravenção. Todavia, se a narrativa estiver ou administrativa, antes mesmo de se instaurar o Inquérito
relacionada com uma falta funcional será atípica a conduta. Policial ou o processo.
7) Tentativa: é possível.
Obs. 3: não haverá o delito previsto no art. 339 do CP
se crime narrado à autoridade estiver prescrito ou houver Autoacusação Falsa
exclusão de ilicitude.
Código Penal
2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa, até advogado que saiba Art. 341. Acusar-se, perante a autoridade, de crime
que a imputação que seu cliente faz é falsa. inexistente ou praticado por outrem:
4) Sujeito passivo: Estado e a vítima de imputação falsa. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos,
5) Tipo subjetivo: o dolo. ou multa.
6) Consumação: com o início da investigação policial ou
administrativa, antes mesmo de se instaurar o Inquérito Poli‐ 1) Conduta: pode ser praticada de duas formas:
cial ou o processo. Se o agente volta atrás e conte a verdade a) acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente;
antes do início da investigação será arrependimento eficaz, se a b) acusar-se, perante a autoridade, de crime praticado
investigação já se iniciou será atenuante genérica da confissão. por outrem.
7) Tentativa: é possível.
8) A pena será aumentada se o agente se utilizar do Obs. 1: na denunciação caluniosa o agente acusa terceiro
anonimato ou nome falso para praticar o crime. que sabe ser inocente. Aqui o agente se autoacusa de crime
que não ocorreu ou, se ocorreu, foi praticado por terceiro.
Atenção! Não confundir o crime de denunciação calu‐
niosa com calúnia. Nesta o agente quer atingir a honra da Obs. 2: não existe o crime se o agente comete o crime
vítima e a imputação falsa é de crime, naquela o agente quer mediante tortura.
prejudicar a vítima perante a justiça e a imputação falsa é de
crime ou contravenção. Obs. 3: é somente em relação a crime. Se o agente se
autoacusar como autor de contravenção inexistente ou
Denunciação Caluniosa Calúnia praticada por outrem a conduta será atípica.
O agente imputa falsamente O agente quer atingir a honra
2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


a autoria de um crime contra da vítima imputando-lhe
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
alguém perante a autori‐ falsamente a prática de um
4) Sujeito passivo: Estado.
dade, dando início a uma crime. Tal crime pode ser
5) Tipo subjetivo: o dolo.
investigação. O crime atinge praticado perante qualquer
6) Consumação: no momento que a auto-acusação é
a administração da justiça. pessoa. conhecida pela autoridade.
Comunicação Falsa de Crime 7) Tentativa: na forma escrita.

Código Penal Falso Testemunho ou Falsa Perícia

Art. 340. Provocar a ação de autoridade, comunican‐ Código Penal,


do-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que
sabe não se ter verificado: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. verdade como testemunha, perito, contador, tradutor
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
1) Conduta: provocar ação de autoridade, ou seja, oca‐ inquérito policial, ou em juízo arbitral:
sionar a investigação por parte dela, a partir da comunicação Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
de crime ou de contravenção que sabe que não ocorreu. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013)
§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço,
Obs. 1: não confundir com o crime de denunciação se o crime é praticado mediante suborno ou se come‐
caluniosa, pois nesta o agente aponta a pessoa certa e de‐ tido com o fim de obter prova destinada a produzir
terminada como autora da infração e na comunicação falsa efeito em processo penal, ou em processo civil em
o agente se limita a comunicar falsamente a ocorrência de que for parte entidade da administração pública
crime ou contravenção não apontando qualquer pessoa. direta ou indireta.

201
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença 5) Tipo subjetivo: o dolo.
no processo em que ocorreu o ilícito, o  agente se 6) Consumação: no crime de falso testemunho: quando
retrata ou declara a verdade. se encerra o depoimento; no crime de falsa perícia: quando
entrega o laudo.
Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como 7) Tentativa: é possível, por exemplo, audiência inter‐
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em rompida.
processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou 8) Causa de aumento de pena: se ocorrer suborno, se
em juízo arbitral. for prova em processo penal ou prova em processo civil que
tiver como parte entidade da Administração Pública direta
1) Conduta: pode ser praticada das seguintes formas: ou indireta.
a) fazer afirmação falsa (conduta comissiva) como 9) Retratação: se antes da sentença em que ocorreu
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em o ilícito o agente se retratar e contar a verdade ocorrerá a
processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou extinção da punibilidade.
em juízo arbitral;
b) negar a verdade (conduta comissiva) como testemu‐ Obs. 6: o processo do crime de falso testemunho pode
nha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo ser iniciado mas não pode ser julgado antes da sentença do
judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo outro processo em que o falso foi praticado.
arbitral;
c) calar a verdade (conduta omissiva) como testemunha, Corrupção Ativa de Testemunha ou Perito
perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial,
ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral. Código Penal
Obs. 1: a falsidade deve ser em relação a fato juridica‐ Art. 343. Dar, oferecer, ou prometer dinheiro ou qual‐
mente relevante que possa influir no resultado. quer outra vantagem a testemunha, perito, contador,
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa,
Obs. 2: algumas considerações: negar ou calar a verdade em depoimento, perícia,
a) só há crime quando o agente sabe da divergência entre cálculos, tradução ou interpretação:
seu depoimento e o fato que realmente ocorreu; Pena – reclusão, de 3 (três) a 4 (quatro) anos, e multa.
b) se a testemunha mente em relação a seus dados pes­ Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto
soais não há crime de falso testemunho e sim falsa identidade a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter
previsto no art. 307 do CP;
prova destinada a produzir efeito em processo penal
c) também não há crime se o agente mente para evitar que
ou em processo civil em que for parte entidade da
se descubra fato que posa levar a sua própria incriminação.
Administração Pública direta ou indireta.
2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
3) Sujeito ativo: só pode ser praticado por testemunha, 1) Conduta: pode ser praticado da seguinte forma:
perito, contador, tradutor ou intérprete. a) dar (presentear ou conceder) dinheiro ou qualquer
outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor
Obs. 3: as partes e a vítima não são testemunhas, não ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar
podendo, portanto, praticar este crime se mentirem. a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou
interpretação;
Obs. 4: antes da colheita do depoimento, as testemu‐ b) oferecer (propor ou apresentar) dinheiro ou qualquer
nhas são advertidas no compromisso de dizer a verdade sob outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou
pena de serem punidas pelo crime de falso testemunho, é o intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade
chamado compromisso do art. 203 do CPP. Todavia, certas em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação;
pessoas não prestam o compromisso, são as chamadas c) prometer (comprometer-se a fazer alguma coisa) di‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

testemunhas informantes do juízo, segundo os arts. 206 e nheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
209 do CPP, quais sejam, os doentes, deficientes mentais, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa,
menor de 14 anos, ascendente, descendente, cônjuge ainda negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos,
que divorciado, irmão. tradução ou interpretação.
A doutrina se divide em relação ao fato dessas pessoas
praticarem tal delito ou não. Predomina que praticam, pois Obs.: o corruptor (aquele que dá, oferece ou promete)
o compromisso de dizer a verdade não é elementar do crime responde pelo crime do art. 343 do Código Penal. A teste‐
de falso testemunho e o delito ocorre da desobediência do munha, perito, contador, tradutor e intérprete corrompidos
dever de dizer a verdade. respondem pelo crime previsto no art. 342, § 1º do CP. Aqui
O art. 207 do CPP fala nas pessoas proibidas de serem é outra exceção dualista a teoria monista, em que todos que
testemunhas: ministério ofício e profissão devem guardar concorrem para a ocorrência do crime não responderão pelo
segredo, salvo se desobrigadas pela parte interessada. Assim mesmo crime.
quando desobrigadas podem depor e se mentirem praticam
o crime de falso testemunho. 2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Obs. 5: o crime de falso testemunho é crime de mão-pró‐ 4) Sujeito passivo: Estado e a vítima eventualmente
pria. Assim se duas pessoas praticarem o crime respondem prejudicada.
autonomamente, não havendo que se falar em coautoria. 5) Tipo subjetivo: o dolo.
Todavia, é possível a ocorrência de participação – indu‐ 6) Consumação: no momento em que o agente dá,
zindo ou instigando alguém a mentir em juízo. Aqui pode oferece ou promete a vantagem indevida. È crime formal,
ser até o advogado. independentemente da aceitação.
7) Tentativa: é possível.
4) Sujeito passivo: Estado e a pessoa prejudicada com o 8) Causa de aumento: se for prova produzida pela tes‐
falso testemunho ou falsa perícia. temunha em processo penal ou prova em processo civil que

202
tiver como parte entidade da Administração Pública direta Obs. 1: Assemelha-se ao crime de exercício arbitrário
ou indireta. das próprias razões, mas no crime em tela o agente pratica a
conduta em relação a bem que se acha em poder de terceiro
Exercício Arbitrário das Próprias Razões por determinação judicial, como, por exemplo, objeto em
que ocorreu a busca e apreensão.
Código Penal
2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
Art.  345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para 3) Sujeito ativo: o dono do objeto que está em poder de
satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando terceiro em razão de uma ordem judicial.
a lei o permite: 4) Sujeito passivo: Estado.
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, 5) Tipo subjetivo: o dolo.
ou multa, além da pena correspondente à violência. Consumação: no momento que o agente tira, suprime
Parágrafo único. Se não há emprego de violência, ou danifica a sua coisa própria.
somente se procede mediante queixa. 6) Tentativa: é possível.

1) Conduta: fazer justiça pelas próprias mãos, para satis‐ Fraude Processual
fazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei permite.
Código Penal
Obs. 1: para a ocorrência do crime, o direito do agen‐
te deve poder ser solucionado pelo Poder Judiciário, por Art. 347. Inovar artificiosamente, na pendência de
exemplo, em uma cobrança de dívida, ao  invés do autor processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
ingressar com uma ação judicial para obter o valor devido, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o
vai até a casa de seu devedor e toma a televisão dele como juiz ou o perito:
quitação da dívida. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos,
e multa.
Obs. 2: em se tratando de uma pretensão que não possa Parágrafo único. Se a inovação se destina a produzir
ser solucionada pelo Poder Judiciário, por exemplo, a  co‐ efeito em processo penal, ainda que não iniciado,
brança de uma dívida prescrita ou de uma dívida de jogo ou as penas aplicam-se em dobro.
ainda de drogas, não há que se falar na ocorrência do delito
em tela, se a questão for solucionada pelas próprias mãos. 1) Conduta: inovar empregando um artifício qualquer
de modo que altere o estado de lugar, coisa ou pessoa com
Obs. 3: se da justiça realizada com as próprias mãos advir o fim de induzir a erro o juiz ou perito, durante o trâmite
lesão corporal as penas de ambos os crimes serão somadas. de ação civil ou processo administrativo. Ex.: Simular maior
Todavia, se advir vias de fato, ficam estas absorvidas. deficiência auditiva em ação indenizatória que visa reparar
dano causado por exposição à ruídos, durante anos.
2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
3) Sujeito ativo: o particular. Se for funcionário público Obs.: se o fato visa produzir efeito em ação penal, aplica‐
será crime de abuso de autoridade. -se a pena em dobro. Ex.: colocar a arma na mão da vítima
4) Sujeito passivo: Estado e a vítima eventualmente de homicídio para simular um suicídio.
prejudicada.
5) Tipo subjetivo: o dolo. 2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
6) Consumação: no momento que o agente emprega o 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa, que tenha ou não
meio executório. interesse na causa.
7) Tentativa: é possível. 4) Sujeito passivo: Estado e eventual terceiro prejudicado
com as alterações.
Atenção! Se “A” adentra na casa de “B” e leva a televisão 5) Tipo subjetivo: o dolo.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


deste qual crime praticou? Furto ou exercício arbitrário das 6) Consumação: no momento da alteração, desde que
próprias razões? Deve-se analisar o dolo do agente: esta seja idônea a ludibriar o juiz ou perito.
7) Tentativa: é possível.
8) A fraude processual é crime subsidiário que fica ab-
Exercício arbitrário Furto sorvido quando o fato constitui crime mais grave, como por
das próprias razões exemplo, supressão de documento, falsidade documental.
Com o intuito de quitar a Dolo de subtrair a TV para si
dívida, dolo de fazer justiça ou para outrem. Favorecimento Pessoal
com as próprias mãos.
Código Penal
Subtipo do Crime de Exercício Arbitrário das Próprias
Razões Art. 348. Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade
pública autor de crime a que é cominada pena de
Código penal reclusão:
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.
Art. 346. Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa § 1º Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
própria, que se acha em poder de terceiro por de‐ Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses,
terminação judicial ou convenção: e multa.
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, § 2º Se quem presta o auxílio é ascendente, descen‐
e multa. dente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento
de pena.
1) Conduta: tirar, suprimir ou danificar coisa própria que
se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou 1) Conduta: auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade
convenção. pública autor de crime a que é cominada de reclusão.

203
Obs. 1: o crime é praticado por todo aquele que auxilia crime e não há aplicação de pena ou tripartida – onde não
o autor de crime punido com reclusão e esquivar-se da au‐ há crime) haverá produto de crime ou não, havendo ou não
toridade pública. Ex.: ajudar na fuga emprestando carro ou a possibilidade da existência do crime de favorecimento real.
dinheiro ou qualquer outra forma, deste que o criminoso es‐
teja solto, esconder o criminoso, enganar a autoridade dando Obs. 6: a lei não prevê nenhuma escusa absolutória.
informação equivocada acerca do paradeiro do criminoso.
2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
Obs. 2: tal crime só pode ser praticado de forma comis‐ 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa, menos coautor ou
siva. Na forma omissiva o fato será atípico, por exemplo, partícipe do crime anterior.
indagada pela autoridade afirma que nada sabe. 4) Sujeito passivo: Estado.
5) Tipo subjetivo: o dolo
Obs. 3: trata-se de crime acessório que depende da 6) Consumação: no instante em que o agente presta o
ocorrência de crime anterior. Se este estiver alguma exclu‐ auxílio independentemente de saber se vai conseguiu tornar
são de ilicitude, culpabilidade ou extinta a punibilidade não seguro o proveito do crime.
haverá crime de favorecimento pessoal. Se o agente vier a 7) Tentativa: é possível, quando o auxílio é prestado,
ser absolvido, salvo absolvição imprópria, o agente do crime mas o agente não se livra da ação da autoridade, haverá
de favorecimento pessoal não poderá ser punido. mera tentativa.
9) Não há a aplicação da escusa absolutória, desta forma,
2) Objetividade jurídica: a administração da justiça. se quem presta auxílio é ascendente, descendente, cônjuge
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa, menos coautor ou ou irmão, não ficarão isento de pena.
partícipe do crime anterior.
4) Sujeito passivo: Estado. Obs. 7: no favorecimento pessoal visa tornar seguro o au-
5) Tipo subjetivo: o dolo. tor do crime. No favorecimento pessoal, o produto do crime.
6) Consumação: quando o beneficiado consegue subtrair‐
-se, ainda que por poucos instantes da ação da autoridade. Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar
7) Tentativa: é possível, quando o auxílio é prestada mas ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comu‐
o agente não se livra da ação da autoridade, haverá mera nicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização
tentativa. legal, em estabelecimento prisional.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Obs. 4: mesmo que o autor do crime antecedente não
seja identificado, haverá crime de favorecimento pessoal. 1) Conduta: a conduta pode ser praticada das seguintes
formas:
a) ingressar (adentrar) com aparelho telefônico de co‐
8) Escusa absolutória: se quem presta auxílio é ascen‐
municação móvel, de rádio ou simular em estabelecimento
dente, descendente, cônjuge ou irmão, ficam isento de pena.
prisional, sem autorização legal;
b) promover (por em execução) a entrada de aparelho
Favorecimento Real telefônico de comunicação móvel, de rádio ou simular em
estabelecimento prisional, sem autorização legal;
Código Penal c) intermediar (situar-se entre) a entrada de aparelho
telefônico de comunicação móvel, de rádio ou simular em
Art. 349. Prestar a criminoso, fora dos casos de co‐ estabelecimento prisional, sem autorização legal;
-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar d) auxiliar (ajudar) a entrada de aparelho telefônico de
seguro o proveito do crime: comunicação móvel, de rádio ou simular em estabelecimento
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa. prisional, sem autorização legal;
e) facilitar (tornar exequível) a entrada de aparelho
1) Conduta: prestar a criminoso, fora dos casos coautoria telefônico de comunicação móvel, de rádio ou simular em
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

ou receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito estabelecimento prisional, sem autorização legal.
do crime.
Obs.: a conduta se aplica em relação a aparelho telefô‐
Obs. 1: será crime qualquer tipo de auxílio que torne nico de comunicação móvel, de rádio ou simular.
seguro o proveito do crime, o  mais comum é esconder o
produto do crime para que o autor do delito venha buscar 2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
posteriormente. 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa, inclusive os funcioná‐
rios do estabelecimento prisional.
Obs. 2: proveito do crime é o objeto material do crime ou 4) Sujeito passivo: Estado.
até o preço do crime, não abrangendo os instrumentos do crime. 5) Tipo subjetivo: o dolo.
6) Consumação: no instante em que o agente presta
Obs. 3: é necessária a existência de crime anterior que não auxílio independentemente de saber se vai conseguiu tornar
precisa ser crime contra o patrimônio. Se ação anterior for seguro o proveito do crime.
contravenção penal não há que se falar em favorecimento real. 7) Tentativa: é possível, quando o auxílio é prestado,
mas o agente não se livra da ação da autoridade, haverá
Obs. 4: é possível favorecimento real consumado e ao mera tentativa.
crime anterior tentado, por exemplo, “A” recebe dinheiro
para matar “B”. “A” atira em “B’ e este não morre, ocorren‐ Exercício Arbitrário ou Abuso de Poder
do o crime de tentativa de homicídio. Todavia, “C” já está
escondendo o dinheiro recebido. Código Penal

Obs. 5: se o crime anterior foi praticado sob alguma Art. 350. Ordenar ou executar medida privativa de
excludente de culpabilidade ou extinção da punibilidade, liberdade individual, sem as formalidades legais ou
dependendo da corrente adotada (bipartida – em que há com abuso de poder:

204
Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano. 9) Se o ocorrer lesão corporal, haverá concurso material.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o funcio‐ 10) Na modalidade culposa será crime próprio somente
nário que: podendo ser praticado por quem tem a guarda ou custódia
I – ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou do detento.
a estabelecimento destinado a execução de pena
privativa de liberdade ou de medida de segurança; Evasão Mediante Violência Contra a Pessoa
II – prolonga a execução de pena ou de medida de
segurança, deixando de expedir em tempo oportuno Código Penal
ou de executar imediatamente a ordem de liberdade;
III  – submete pessoa que está sob sua guarda ou Art. 352. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o
custódia a vexame ou a constrangimento não auto‐ indivíduo submetido a medida de segurança deten‐
rizado em lei; tiva, usando de violência contra a pessoa:
IV – efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.5 Pena – detenção, de 3 (três) meses a (um) ano, além
da pena correspondente à Violência.
Fuga de Pessoa Presa ou Submetida a Medida de
Segurança 1) Conduta: fugir ou tentar fugir mediante o emprego
de violência pessoa que se encontra presa ou sob medida
Código Penal de segurança.

Art. 351. Promover ou facilitar a fuga de pessoa le‐ Obs.: passemos a analisar as seguintes situações:
galmente presa ou submetida a medida de segurança a) se for somente fuga, sem violência será mera falta
detentiva: disciplinar;
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. b) se usar emprego de ameaça no momento da fuga será
§ 1º Se o crime é praticado a mão armada, ou por crime de ameaça;
mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, c) se houver emprego de violência contra coisa no mo‐
a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. mento da fuga, será crime de dano;
§  2º Se há emprego de violência contra pessoa, d) se usar da violência para evitar a prisão, será crime
aplica-se também a pena correspondente à violência. de resistência.
§ 3º A pena é de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia 2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
ou guarda está o preso ou o internado. 3) Sujeito ativo: pessoa que se encontra presa ou sob
§ 4º No caso de culpa do funcionário incumbido da medida de segurança.
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de 4) Sujeito passivo: Estado.
3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. 5) Tipo subjetivo: o dolo.
6) Consumação: com a fuga ou a tentativa de fuga. A lei
1) Conduta: o crime pode ser pratica das seguintes equipara para fim de consumação a fuga efetivada e tentada.
formas: Não há a figura da tentativa.
a) Promover: o agente dá causa à fuga, sendo desneces‐ 7) Tentativa: não há a figura da tentativa.
sária a ciência por parte do preso; 8) Se do fato resultar lesão corporal ou morte haverá
b) Facilitar: exige a colaboração de alguém para auxiliar concurso material.
na fuga de pessoa presa.
Arrebatamento de Preso
Obs. 1: se a prisão for ilegal não há crime na conduta de
promover ou facilitar a fuga de pessoa presa. Código Penal

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


Obs. 2: preso: engloba qualquer tipo de prisão: flagrante, Art. 353. Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do
preventiva, temporária, sentença condenatória e medida poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:
de segurança apenas detentiva (internação em hospital de
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, além
custódia).
da pena correspondente à Violência.
Atenção! O preso que foge não comete crime. Todavia,
1) Conduta: arrebatar preso, a  fim de maltratá-lo, do
se usar de violência no momento da fuga responde pelo
poder de quem o tenha sob custódia ou guarda.
crime do art. 352 do CP. Assim, o crime em tela é somente
praticado por que promove ou facilita a fuga.
Obs. 1: arrebatar significa tirar o preso do poder de quem
o tenha sob custódia ou guarda para maltratá-lo. Aqui é a
2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
situação de linchamento.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa, inclusive os funcioná‐
rios do estabelecimento prisional.
4) Sujeito passivo: Estado. Obs. 2: se do fato resultar em lesão corporal ou morte
5) Tipo subjetivo: o dolo. haverá concurso material.
6) Consumação: com a fuga.
7) Tentativa: é possível. 2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
8) Forma qualificada: com o emprego de arma, mediante 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
concurso de duas ou mais pessoas (não conta o preso), arrom‐ 4) Sujeito passivo: Estado e o preso maltratado.
bamento, e por quem tem a guarda ou custodiado detento. 5) Tipo subjetivo: o dolo.
6) Consumação: com a tomada do preso independente‐
Este dispositivo foi revogado pelo art. 4º da Lei nº 4.898/1965 (Lei de Abuso
5 mente de conseguir maltratá-lo ou não. Crime formal.
de Autoridade). 7) Tentativa: é possível.

205
Motim de Preso Obs.: Motim significa revolta conjunta de grande número
de presos em que os participantes assumem posição de vio‐
Código Penal lência contra os funcionários provocando depredação com
prejuízo ao Estado e a ordem da cadeia.
Art.  354. Amotinarem-se presos, perturbando a
2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
ordem ou disciplina da prisão: 3) Sujeito ativo: número elevado de presos. É crime de
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, concurso necessário.
além da pena correspondente à Violência. 4) Sujeito passivo: Estado.
5) Tipo subjetivo: o dolo.
1) Conduta: amotinarem-se presos, perturbando a ordem 6) Consumação: perturbação da ordem carcerária.
ou disciplina da prisão. 7) Tentativa: é possível.

Atenção! Não confundir:

Fuga de pessoa presa Evasão mediante violência Arrebatamento de preso Motim de preso
Promover ou facilitar a fuga Evadir-se ou tentar evadir-se o preso Arrebatar preso, a fim de mal‐ Amotinarem-se presos, pertur‐
de pessoa legalmente presa ou o indivíduo submetido a medida tratá-lo, do poder de quem o bando a ordem ou disciplina
ou submetida a medida de de segurança detentiva usando de tenha sob custódia ou guarda. da prisão.
segurança detentiva. violência contra a pessoa.
Aqui o crime é praticado Neste delito o autor é o próprio Muito embora o nome do É a rebelião, sendo o crime
por alguém que auxilia o preso que foge ou tenta fugir. crime pareça que alguém está somente pode ser praticado
preso a fugir. O preso que arrebatando o preso para li‐ por um número elevado de
foge não pratica este crime. bertá-lo, o delito é arrebatar o presos, jamais um único preso
preso para linchá-lo. sozinho poderá cometer este
delito. Assim, desta forma ele
é classificado como crime de
concurso necessário.

Patrocínio Infiel Patrocínio Simultâneo ou Tergiversação

Código Penal Código Penal

Art. 355. Trair, na qualidade de advogado ou procu‐ Art. 355. [...]


rador, o dever profissional, prejudicando interesse, Parágrafo único. Incorre na pena deste artigo o advoga‐
cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: do ou procurador judicial que defende na mesma cau‐
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, sa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.
e multa.
1) Conduta: advogado ou procurador judicial que defen‐
Patrocínio simultâneo ou tergiversação de na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes
Parágrafo único. Incorre na pena deste artigo o advoga‐ contrárias.
do ou procurador judicial que defende na mesma cau‐
sa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. Obs. 1: quando o legislador coloca “mesma causa”, signi‐
fica mesmas partes e mesmo litígio, não necessitando estar
no mesmo processo. Ex.: “A” move várias ações contra “B”
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

1) Conduta: advogado ou procurador que infringindo


baseadas no mesmo fato. Não poderá o advogado em uma
o seu dever profissional trai seu cliente prejudicando o
causa representar “A” e em outra representar “B”.
interesse deste.
Obs. 2: o crime ocorrerá se o advogado ou procurador
Obs. 1: o delito pode ser praticado por ação, por exemplo,
defender as parte contrárias simultaneamente (ao mesmo
o advogado que desiste de testemunha imprescindível para tempo) ou sucessivamente (tergiversação, ou seja, em pro‐
comprovação dos fatos, ou por omissão, por exemplo, advo‐ cessos seguidos).
gado que perde o prazo para recurso de maneira proposital.
Obs. 3: o crime somente ocorre se o agente age dolosamen‐
Obs. 2: o erro profissional realizado sem intenção, ou te, ou seja, com intenção. A mera culpa não caracteriza o crime.
seja, de forma culposa, não caracteriza o crime em tela.
2) Objetividade jurídica: a administração da justiça.
2) Objetividade jurídica: a administração da justiça. 3) Sujeito ativo: o crime somente pode ser praticado
3) Sujeito ativo: o crime somente pode ser praticado por advogado ou procurador, tratando-se, portanto, de
por advogado ou procurador, tratando-se, portanto, de crime próprio.
crime próprio. 4) Sujeito passivo: Estado e a pessoa lesada pela conduta
4) Sujeito passivo: Estado e a pessoa lesada pela conduta praticada pelo advogado ou procurador.
praticada por seu advogado ou procurador. 5) Tipo subjetivo: o dolo. Há o dolo específico de preju‐
5) Tipo subjetivo: o dolo. Há o dolo específico de preju‐ dicar o interesse de seu representado.
dicar o interesse de seu representado. 6) Consumação: com a prática de algum ato processual
6) Consumação: com a ocorrência do efetivo prejuízo em favor da parte contrária, sendo desnecessária a ocorrên‐
por parte da vítima. cia de algum prejuízo.
7) Tentativa: é possível. 7) Tentativa: é possível.

206
Atenção! Não confundir: a) solicitar (requer) dinheiro ou qualquer outra utilidade,
a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Pú‐
Patrocínio Infiel Patrocínio Simultâneo ou blico, funcionário de justiça, perito, intérprete ou testemunha;
Tergiversação b) receber (obter como recompensa) dinheiro ou qual‐
Para a consumação do crime Para a consumação do crime quer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
necessita da ocorrência do não necessita da ocorrência órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito,
prejuízo. do prejuízo. intérprete ou testemunha.

Sonegação de Papel ou Objeto de Valor Probatório Obs. 1: o agente sob a alegação de possuir influência,
prestígio junto às pessoas que trabalham no Poder Judici‐
Código Penal ário, reclama vantagem de outrem a pretexto de exercer
influência nos atos por elas praticados. Assim é a venda de
Art. 356. Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar suposta influência exercida pelo agente junto a Administra‐
de restituir autos, documento ou objeto de valor ção da Justiça. Na realidade o agente não possui nenhuma
probatório, que recebeu na qualidade de advogado influência. Seria a prática do crime de estelionato, todavia
ou procurador: como para aplicação da suposta fraude utiliza-se o nome da
Pena – detenção, de 6 (seis) a 3 (três) anos, e multa. Administração da Justiça, o crime passa a ser o de exploração
de prestígio. Exemplo, advogado alega ter influência sob juiz
1) Conduta: inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar que vai decidir acerca do divórcio. Na verdade não possui
de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, influência alguma.
que recebeu na qualidade de advogado ou procurador.
Obs. 2: agora se for verdade, ou seja, se o agente possuir
a tal influência que alega ter estaremos diante do crime de
Obs. 1: passemos a analisar os elementos do tipo penal:
corrupção passiva ou ativa.
a) Inutilizar – É uma conduta comissiva. Tornar impres‐
tável, como por exemplo, atendo fogo em um documento.
2) Objeto jurídico: moralidade da administração justiça.
A inutilização pode ser total ou parcial;
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
b) Deixar de restituir autos, documentos ou objeto de 4) Sujeito passivo: Estado e pessoas eventualmente
valor probatório – É uma conduta omissiva. lesadas.
5) Elemento subjetivo do tipo: dolo.
Obs. 2: se a conduta de inutilizar ou deixar de restituir 6) Consumação: quando o agente solicita ou recebe a
for praticada culposamente, ou seja, sem intenção, não vantagem.
haverá crime. 7) Tentativa: é possível.
8) A pena é aumentada quando o agente diz ou dá enten‐
Obs. 3: autos são as peças que integram o processo. der que a vantagem também é endereçada ao funcionário
Documento é todo papel escrito que contenha valor proba‐ público.
tório. Objeto de valor é tudo aquilo que não compreende 9) Se o agente solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
um documento, por exemplo, revólver. para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pre‐
texto de influir em ato praticado por funcionário público no
2) Objetividade jurídica: a administração da justiça. exercício da função o crime será o de tráfico de influência
3) Sujeito ativo: o crime somente pode ser praticado previsto no art. 332 do CP.
por advogado ou procurador, tratando-se, portanto, de
crime próprio. Violência ou Fraude em Arrematação Judicial
4) Sujeito passivo: Estado e a pessoa lesada pela conduta
praticada pelo advogado ou procurador. Código Penal

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


5) Tipo subjetivo: o dolo.
6) Consumação: em relação à conduta inutilizar, no mo‐ Art. 358. Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
mento em que o objeto se torna imprestável. Já em relação judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou
à conduta deixar de devolver quando do vencimento do licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude
prazo para devolução. ou oferecimento de vantagem:
7) Tentativa: é possível. Pena – detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou
multa, além da pena correspondente à violência”.
Exploração de Prestígio
1) Conduta: o crime pode ser praticado das seguintes
Código Penal formas:
a) Impedir, tornar impraticável, arrematação judicial;
Art. 357. Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer b) Perturbar, causar desordem, em arrematação judicial;
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, c) Fraudar, burlar, arrematação judicial;
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, d) Afastar ou procurar afastar, apartar, concorrente ou
perito, tradutor, intérprete ou testemunha: licitante.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um ter‐ Obs. 1: arrematação judicial são os bens levados à hasta
ço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou pública por ordem judicial.
utilidade também se destina a qualquer das pessoas
referidas neste artigo. Obs. 2: o crime é praticado por meio de violência, grave
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem.
1) Conduta: o crime pode ser praticado das seguintes
formas: 2) Objeto jurídico: moralidade da administração justiça.

207
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. a) Ordenar – (mandar que se faça) operação de crédito,
4) Sujeito passivo: Estado e pessoas eventualmente interno ou externo, sem prévia autorização legislativa;
lesadas. b) Autorizar – (permitir) operação de crédito, interno ou
5) Elemento subjetivo do tipo: dolo. externo, sem prévia autorização legislativa;
6) Consumação: quando a arrematação é impedida, per‐ c) Realizar – (executar) operação de crédito, interno ou
turbada ou fraudada, ou ainda, quando o agente emprega externo, sem prévia autorização legislativa.
violência, grave ameaça, fraude ou oferece vantagem ao
concorrente ou licitante. Obs. 2: “Operação de crédito é o compromisso finan‐
7) Tentativa: é possível. ceiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito,
emissão de aceite de título, aquisição financiada de bens,
Obs. 3: em se tratando de licitação realizada pela Admi‐ recebimento antecipado de valores provenientes da venda a
nistração Pública o crime será o previsto na Lei de Licitação, termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras
Lei nº 8.666/1993. operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos
financeiros” (Lei Complementar nº 101/2000, art. 29, III).
Desobediência a Decisão Judicial sobre Perda ou
Suspensão de Direito Obs. 3: “Somente haverá crime se a operação de crédi‐
to for realizada sem prévia autorização legislativa ou se a
Código Penal operação desrespeitar limite, condição ou montante nela
estabelecido ou em resolução do Senado Federal. Também
Art.  359. Exercer função, atividade, direito, autori‐ haverá crime se o montante da dívida consolidada ultrapassar
dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por o limite máximo autorizado por lei. Dívida compreende o
decisão judicial: “montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude
ou multa. de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de
operações de crédito, para amortização em prazo superior
1) Conduta: exercer função, atividade, direito, autoridade a doze meses” (Lei Complementar nº 101/2000, art. 29, I).
ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial.
2) Objetividade jurídica: a probidade administrativa em
Obs. 1: o agente desempenha função em desobediência a relação às finanças públicas
decisão judicial, seja ela cível ou penal. 3) Sujeito ativo: o funcionário público responsável pelo
ato. Trata-se de crime próprio.
2) Objeto jurídico: moralidade da administração justiça. 4) Sujeito passivo: Estado.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. 5) Elemento subjetivo: o dolo.
4) Sujeito passivo: Estado e pessoas eventualmente 6) Consumação: no momento da ação ou omissão.
lesadas. 7) Tentativa: é possível apenas na conduta comissiva.
5) Elemento subjetivo do tipo: dolo. 8) Ação Penal: pública incondicionada.
6) Consumação: quando o agente inicia a conduta pela
qual foi determinada a sua abstinência. Inscrição de Despesas não Empenhadas em Restos a
7) Tentativa: é possível. Pagar

Dos Crimes Contra as Finanças Públicas Código Penal

Estes crimes foram acrescentados pela Lei nº 10.028/2000 Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos
com a finalidade de resguardar os cofres públicos da ação de a pagar, de despesa que não tenha sido previamente
maus administradores, os quais, por vezes, criam enormes empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

endividamentos ao Estado. Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

Contratação de Operação de Crédito 1) Conduta: ordenar ou autorizar a inscrição em restos


a pagar, de despesa que não tenha sido previamente empe‐
Código Penal nhada ou que exceda limite estabelecido em lei.

Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de Obs. 1: restos a pagar referem-se à transferência para
crédito, interno ou externo, sem prévia autorização o exercício financeiro seguinte de despesas assumidas pelo
legislativa: administrador e que, portanto, serão pagas pelo orçamento
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. do próximo ano.
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena,
autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou Obs. 2: somente haverá o crime se a despesa não tiver
externo: sido previamente empenhada ou se exceder limite previsto
I – com inobservância de limite, condição ou montan‐ em lei, ainda que não tenha sido trocado o administrador.
te estabelecido em lei ou em resolução do Senado
Federal; 2) Objetividade jurídica: a probidade administrativa em
II – quando o montante da dívida consolidada ultra‐ relação às finanças públicas.
passa o limite máximo autorizado por lei. 3) Sujeito ativo: o funcionário público responsável pelo
ato. Trata-se de crime próprio.
1) Conduta: ordenar, autorizar ou realizar operação de 4) Sujeito passivo: Estado.
crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legis‐ 5) Elemento subjetivo: o dolo.
lativa. 6) Consumação: No momento da ação ou omissão.
7) Tentativa: é possível apenas na conduta comissiva.
Obs. 1: passemos a analisar as elementares do tipo penal: 8) Ação Penal: pública incondicionada.

208
Assunção de Obrigação no Último Ano do Mandato 1) Conduta: prestar garantia em operação de crédito
ou Legislatura sem que tenha sido constituída contragarantia em valor igual
ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei:
Código Penal
Obs. 1: segundo o art. 40, § 1º, II da Lei nº 101/2000,
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obri‐
gação, nos 2 (dois) últimos quadrimestres do último a contragarantia exigida pela União a Estado ou
ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa Município, ou pelos Estados aos Municípios, poderá
ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste consistir na vinculação de receitas tributárias direta‐
parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha mente arrecadadas e proveniente de transferências
contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa: constitucionais, com outorga de poderes ao garan‐
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. tidor para retê-las e empregar o respectivo valor na
liquidação da dívida vencida.
1) Conduta: ordenar ou autorizar a assunção de obriga‐
ção, nos 2 (dois) últimos quadrimestres do último ano do Obs. 2: assim, por meio deste tipo penal, se um estado
mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no ou município fizer um empréstimo, a União, por exemplo, só
mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga poderá prestar garantia de adimplência de tal dívida se hou‐
no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente ver sido prestada contragarantia em valor igual ou superior.
de disponibilidade de caixa:
2) Objetividade jurídica: a probidade administrativa em
Obs. 1: a conduta consiste em ordenar ou autorizar des‐ relação às finanças públicas.
pesas ou obrigações que não possa ser paga no mesmo ano 3) Sujeito ativo: o funcionário público responsável pelo
e vigora nos últimos oito meses do mandato ou legislatura. ato. Trata-se de crime próprio.
4) Sujeito passivo: Estado.
Obs. 2: a finalidade é evitar os antigos “trens da alegria” 5) Elemento subjetivo: o dolo.
em que o administrador, no término de sua gestão, assumia 6) Consumação: no momento da ação ou omissão.
inúmeras despesas a serem pagas pelo seu sucessor. (Vitor 7) Tentativa: é possível apenas na conduta comissiva.
Eduardo Rios Gonçalves). 8) Ação Penal: pública incondicionada.
2) Objetividade jurídica: a probidade administrativa em Não Cancelamento de Restos a Pagar
relação às finanças públicas
3) Sujeito ativo: o funcionário público responsável pelo Código Penal
ato. Trata-se de crime próprio.
4) Sujeito passivo: Estado. Art.  359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de
5) Elemento subjetivo: o dolo. promover o cancelamento do montante de restos a
6) Consumação: no momento da ação ou omissão. pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei:
7) Tentativa: é possível apenas na conduta comissiva. Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
8) Ação Penal: pública incondicionada.
1) Conduta: deixar de ordenar, de autorizar ou de promo‐
Ordenação de Despesas não Autorizadas
ver o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito
em valor superior ao permitido em lei.
Código Penal
Obs.: o crime consiste em o agente tomar conhecimen‐
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. to da ilegalidade e deixar de ordenar o cancelamento dos
valores acima do limite legal.
1) Conduta: ordenar despesa não autorizada por lei.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


2) Objetividade jurídica: a probidade administrativa em
Obs.: o tipo penal prevê a punição do agente que cria, relação às finanças públicas.
a qualquer tempo, despesas não previstas na Lei Orçamen‐ 3) Sujeito ativo: o funcionário público responsável pelo
tária, Lei de Diretrizes Orçamentária e Plano Plurianual. ato. Trata-se de crime próprio.
4) Sujeito passivo: Estado.
2) Objetividade jurídica: a probidade administrativa em 5) Elemento subjetivo: o dolo.
relação às finanças públicas. 6) Consumação: no momento da ação ou omissão.
3) Sujeito ativo: o funcionário público responsável pelo 7) Tentativa: é possível apenas na conduta comissiva.
ato. Trata-se de crime próprio. 8) Ação Penal: pública incondicionada.
4) Sujeito passivo: Estado.
5) Elemento subjetivo: o dolo. Aumento de Despesas Total com Pessoal no Último
6) Consumação: no momento da ação ou omissão. Ano do Mandato ou Legislatura
7) Tentativa: é possível apenas na conduta comissiva.
8) Ação Penal: pública incondicionada. Código Penal

Prestação de Garantia Graciosa Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que


acarrete aumento de despesa total com pessoal,
Código Penal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do
mandato ou da legislatura:
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
sem que tenha sido constituída contragarantia em
valor igual ou superior ao valor da garantia prestada, 1) Conduta: ordenar, autorizar ou executar ato que acar‐
na forma da lei: rete aumento de despesa total com pessoal, nos 180 (cento e
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. oitenta) dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura.

209
Obs. 1: este delito não se confunde com o crime previsto EXERCÍCIOS
no art. 359-C, tendo em vista que este último engloba toda
e qualquer despesa e abarca um período de oito meses, 1. (2018/FEPESE/VISAN - SC) É correto afirmar sobre o
enquanto o crime em tela refere-se apenas ao aumento de
delito de violação de sigilo funcional:
despesas com pessoal e limita-se a um prazo de 180 dias.
Acrescenta-se, ainda, que o crime do art. 359-C é punido o a) Ocorre delito de violação de sigilo qualificada quan‐
gasto que não pode ser pago na mesma gestão, enquanto no do a ação ou omissão do agente resultar dano à Ad‐
art. 359-G, pune-se o aumento de despesas com pessoal a ministração Pública ou a outrem.
ser pago no mesmo ou em outro exercício financeiro. b) Ocorre a sua consumação, de forma culposa, quando
o agente por negligência, imperícia ou imprudência
Assunção de obrigação noAumento de despesas total revela a terceiro informação sobre a qual deveria
último ano do mandato ou com pessoal no último ano manter o sigilo funcional.
legislatura do mandato ou legislatura c) O crime se consuma quando o agente público revela
Engloba toda e qualquer des‐
Refere-se apenas ao aumen‐ fato ou ato administrativo de que teve conhecimento
pesa e abarca um período de
to de despesas com pessoal em decorrência da função pública que ocupa.
oito meses. e limita-se a um prazo de d) Para que ocorra a consumação do delito de violação
180 dias. de sigilo funcional o servidor deve estar no pleno
É punido o gasto que não Pune-se o aumento de des‐ exercício das suas funções, não podendo estar afas‐
pode ser pago na mesma pesas com pessoal a ser tado, licenciado ou aposentado.
gestão. pago no mesmo ou em outro e) O delito de violação de sigilo será privilegiado se
exercício financeiro. o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
2) Objetividade jurídica: a probidade administrativa em
violenta emoção.
relação às finanças públicas
3) Sujeito ativo: o funcionário público responsável pelo
ato. Trata-se de crime próprio. 2. (2018/FEPESE/VISAN - SC) De acordo com o Código
4) Sujeito passivo: Estado. Penal, quando o funcionário público, por indulgência,
5) Elemento subjetivo: o dolo. não levar ao conhecimento da autoridade competente
6) Consumação: no momento da ação ou omissão. fato, praticado por terceiro, que caracterize infração no
7) Tentativa: é possível apenas na conduta comissiva. exercício do cargo ocorre a prática do delito de:
8) Ação Penal: pública incondicionada. a) concussão.
Oferta Pública ou Colocação de Títulos no Mercado b) corrupção passiva.
c) condescendência criminosa.
Código Penal d) peculato administrativo.
e) prevaricação.
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta
pública ou a colocação no mercado financeiro de 3. (2019/FEPESE/SAP-SC) De acordo com o Código Penal
títulos da dívida pública sem que tenham sido criados Brasileiro, é correto afirmar:
por lei ou sem que estejam registrados em sistema a) O crime na forma tentada deverá reunir todos os
centralizado de liquidação e de custódia:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. elementos de sua definição legal.
b) Para se considerar um crime tentado, basta que ele
1) Conduta: ordenar, autorizar ou promover a oferta tenha iniciado a sua execução.
pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos c) O crime tentado será punido com a pena correspon‐
da dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou dente ao crime consumado, diminuída pela metade.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

sem que estejam registrados em sistema centralizado de d) Quando o agente, voluntariamente, desiste de pros‐
liquidação e de custódia. seguir na execução de um crime, ele será considera‐
do tentado.
Obs.: somente haverá o crime se os títulos da dívida pú‐
blica forem emitidos sem autorização legal, comprometendo e) Não se pune a tentativa quando, por ineficácia ab‐
os cofres públicos, pois havendo autorização legal o Estado soluta do meio ou por absoluta impropriedade do
pode vender títulos da dívida pública para captar recursos objeto, é impossível consumar-se o crime.
no mercado financeiro.
4. (2019/FEPESE/SAP-SC) De acordo com o Código Penal
Disposições Finais Brasileiro, o crime de exploração de prestígio ocorre
quando o agente solicitar ou receber dinheiro ou qual‐
Código Penal
quer outra utilidade, a pretexto de influir em:
Art. 360. Ressalvada a legislação especial sobre os cri‐ 1. testemunha.
mes contra a existência, a segurança e a integridade 2. servidor público.
do Estado e contra a guarda e o emprego da economia 3. advogado.
popular, os crimes de imprensa e os de falência, os de 4. juiz.
responsabilidade do Presidente da República e dos Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
Governadores ou Interventores, e os crimes militares, corretas.
revogam-se as disposições em contrário. a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
Art. 361. Este Código entrará em vigor no dia 1º de
b) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.
janeiro de 1942.
c) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; 119º da d) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
Independência e 52º da República. e) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.

210
5. (2019/FEPESE/SAP-SC) De acordo com o Código Penal c) desistência voluntária
Brasileiro, é correto afirmar: d) arrependimento eficaz
a) A imperícia poderá ser considerada dolosa quando e) arrependimento posterior
o agente, em razão de ofício ou determinação legal,
dá causa ao resultado. 9. (2012/FEPESE/DPE-SC) Assinale a alternativa correta de
b) O agente que assume o risco de produzir determi‐ acordo com o Direito Penal.
nado resultado pratica crime com culpa consciente. Entende-se por concurso material quando o agente:
c) Quando o agente não puder ser punido por fato a) mediante duas ou mais ações ou omissões, pratica
previsto como crime doloso, ele será enquadrado o mesmo crime reiteradamente.
na conduta culposa similar. b) mediante uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
d) Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só crimes, idênticos ou não.
responde o agente que o houver causado ao menos c) mediante mais de uma ação ou omissão, prática
culposamente. apenas um crime.
e) Pratica crime culposo o agente que quis o resultado d) mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois
e deu causa por meio de imprudência ou negligência. ou mais crimes, idênticos ou não.
e) mediante uma ação, pratica dois crimes, idênticos.
6. (2019/FEPESE/SAP-SC) De acordo com o Código Penal
Brasileiro, é correto afirmar:
10. (2012/FEPESE/DPE-SC) Assinale a alternativa correta de
a) É isento de pena o agente que comete um crime em
estado de necessidade. acordo com o Direito Penal.
b) A legítima defesa estará caracterizada quando o Entende-se por concurso material quando o agente:
agente pratica fato para salvar de perigo atual, di‐ a) mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois
reito próprio ou alheio, que não provocou por sua ou mais crimes, idênticos ou não.
vontade, nem podia de outro modo evitar. b) mediante duas ou mais ações ou omissões, pratica
c) Será isento de pena aquele que, ao tempo da ação o mesmo crime reiteradamente.
ou da omissão, era inteiramente incapaz de enten‐ c) mediante uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
der o caráter ilícito do fato em razão de emoção crimes, idênticos ou não.
ou paixão, ou de determinar-se de acordo com esse d) mediante mais de uma ação ou omissão, prática
entendimento. apenas um crime.
d) A embriaguez, quando completa e proveniente de e) mediante uma ação, pratica dois crimes, idênticos.
caso fortuito, é considerada como uma excludente
de ilicitude. 11. (2020/FEPESE/Prefeitura de Itajaí - SC) De acordo com a
e) Não pode alegar estado de necessidade quem tinha legislação penal, caracteriza-se como crime de peculato:
o dever legal de enfrentar o perigo. a) Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de
7. (2010/FEPESE/PGE-SC) Com relação ao concurso de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
crimes, assinale a alternativa correta. b) Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse priva‐
a) No crime continuado simples, aplicar-se-á a pena do perante a administração pública, valendo-se da
de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, qualidade de funcionário.
se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um c) Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamen‐
sexto a dois terços. te, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
b) O agente que, mediante mais de uma ação ou omis‐ mas em razão dela, vantagem indevida.
são, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, d) Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor
sem violência ou grave ameaça à pessoa, pratica ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
crime continuado qualificado.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo,
c) O concurso material, que pode ser homogêneo ou em proveito próprio ou alheio.
heterogêneo, ocorre quando o agente, mediante e) Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
idênticos ou não. Nesse caso, as penas correspon‐
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida,
dentes aos crimes devem ser somadas.
ou aceitar promessa de tal vantagem.
d) Verifica-se o fenômeno do concurso material quando
o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pe‐ 12. (2020/FEPESE/Prefeitura de Itajaí - SC) A respeitos dos
las condições de tempo, lugar, maneira de execução crimes contra as finanças públicas, conforme previsto
e outras semelhantes, devem os subsequentes ser na legislação penal, configura crime “ordenar despesa
havidos como continuação do primeiro. não autorizada por lei”, sujeitando o infrator à seguinte
e) No concurso formal imperfeito aplica-se-á a mais pena:
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma a) reclusão, de 1 a 2 anos.
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um b) reclusão, de 1 a 4 anos
sexto até metade. c) detenção, de 2 meses a 3 anos.
d) detenção, de 3 meses a 1 ano.
8. (2010/FEPESE/PGE-SC) Considere a seguinte conduta e) detenção, de 6 meses a 2 anos.
e indique que instituto que ela corresponde no Direito
Penal. 13. (2020/FEPESE/Prefeitura de Itajaí - SC) Conforme dis‐
O agente que, voluntariamente, impede que o resultado posto na legislação penal brasileira, “oferecer ou pro‐
do crime se produza pratica... meter vantagem indevida a funcionário público, para
a) crime falho determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício”,
b) crime impossível qualifica o crime de:

211
a) desacato. 18. (2019/FEPESE/SJC-SC) De acordo com o Código Penal
b) prevaricação. Brasileiro, é correto afirmar:
c) corrupção ativa. a) É isento de pena o agente que comete um crime em
d) corrupção passiva. estado de necessidade.
e) usurpação de função pública. b) A legítima defesa estará caracterizada quando o
agente pratica fato para salvar de perigo atual, di‐
14. (2020/FEPESE/Prefeitura de Itajaí - SC) Considerando reito próprio ou alheio, que não provocou por sua
o disposto na legislação penal brasileira, extingue-se a vontade, nem podia de outro modo evitar.
punibilidade nas seguintes hipóteses: c) Será isento de pena aquele que, ao tempo da ação
1. pela morte do agente. ou da omissão, era inteiramente incapaz de enten‐
2. pela anistia, graça ou indulto. der o caráter ilícito do fato em razão de emoção
3. pelo advento de lei que agrava o fato criminoso. ou paixão, ou de determinar-se de acordo com esse
4. pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão entendimento.
aceito, nos crimes de ação privada. d) A embriaguez, quando completa e proveniente de
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas caso fortuito, é considerada como uma excludente
corretas. de ilicitude.
a) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3. e) Não pode alegar estado de necessidade quem tinha
b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4. o dever legal de enfrentar o perigo.
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4. 19. (2018/FEPESE/Companhia Águas de Joinville) De acor‐
e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4. do com o Código Penal, entende-se por Funcionário
Público:
15. (2019/FEPESE/SJC-SC) De acordo com o Código Penal 1. o ocupante de cargo, exclusivamente, em comissão.
Brasileiro, é correto afirmar: 2. quem exerce, de forma permanente e remunerada,
a) O crime na forma tentada deverá reunir todos os função pública.
elementos de sua definição legal. 3. apenas quem exerça cargo público de forma perma‐
b) Para se considerar um crime tentado, basta que ele nente.
tenha iniciado a sua execução. 4. quem exerça, ainda que transitoriamente, função
c) O crime tentado será punido com a pena correspon‐ pública.
dente ao crime consumado, diminuída pela metade. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
d) Quando o agente, voluntariamente, desiste de pros‐ corretas.
seguir na execução de um crime, ele será considera‐ a) É correta apenas a afirmativa 4.
do tentado. b) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
e) Não se pune a tentativa quando, por ineficácia ab‐
c) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
soluta do meio ou por absoluta impropriedade do
d) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
objeto, é impossível consumar-se o crime.
e) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
16. (2019/FEPESE/SJC-SC) De acordo com o Código Penal
20. (2018/FEPESE/Companhia Águas de Joinville) Assinale
Brasileiro, o crime de exploração de prestígio ocorre
a alternativa correta de acordo com o Código Penal.
quando o agente solicitar ou receber dinheiro ou qual‐
quer outra utilidade, a pretexto de influir em: a) Apenas o patrocínio direto e de interesse ilegítimo
1. testemunha. junto à administração pública é que caracteriza o
2. servidor público. crime de advocacia administrativa.
3. advogado. b) O funcionário, que se valendo da sua condição
4. juiz. funcional, patrocinar interesse particular legítimo
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas junto à administração pública não comete o crime
corretas. de advocacia administrativa, porque está ausente o
a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4. elemento subjetivo da vantagem indevida.
b) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4. c) Ainda que de forma indireta, o funcionário público
c) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4. que valendo-se da sua condição funcional, patrocine
d) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3. interesse privado perante a administração pública
e) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4. comete o crime de advocacia administrativa.
d) Comete o crime de advocacia administrativa o fun‐
17. (2019/FEPESE/SJC-SC) De acordo com o Código Penal cionário que, no exercício da função, deixar de res‐
Brasileiro, é correto afirmar: ponsabilizar subordinado que cometeu infração no
a) A imperícia poderá ser considerada dolosa quando exercício do cargo.
o agente, em razão de ofício ou determinação legal, e) Aquele que patrocinar, direta ou indiretamente,
dá causa ao resultado. interesse privado perante a administração pública,
b) O agente que assume o risco de produzir determi‐ comete o crime de advocacia administrativa.
nado resultado pratica crime com culpa consciente.
c) Quando o agente não puder ser punido por fato 21. (2018/FEPESE/PGE-SC) Considere a seguinte ementa:
previsto como crime doloso, ele será enquadrado “HABEAS CORPUS. DESOBEDIÊNCIA DE ORDEM JUDI‐
na conduta culposa similar. CIAL. INSTAURAÇÃO DE TERMO CIRCUNSTANCIADO
d) Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só CONTRA A PESSOA DO PROCURADOR DO ESTADO PELO
responde o agente que o houver causado ao menos INADIMPLEMENTO DE OBRIGAÇÃO DO ENTE ESTATAL.
culposamente. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA FLAGRANTE. TRANCAMEN‐
e) Pratica crime culposo o agente que quis o resultado TO DO TERMO CIRCUNSTANCIADO QUE SE IMPÕE.
e deu causa por meio de imprudência ou negligência. ORDEM CONCEDIDA. (TJSC, Habeas Corpus (Criminal)

212
n. 4011631-16.2018.8.24.0900, de Taió, rel. Des. José c) Apenas os bens materiais poderão ser objeto de
Everaldo Silva, Quarta Câmara Criminal, j. 14-06-2018)”. infração penal.
Assinale a alternativa que corresponde corretamente d) A infração penal não poderá ser praticada de forma
à pena do crime de desobediência: isolada por um agente.
a) detenção, de dez dias a seis meses, e multa. e) O sujeito ativo de uma infração penal é o titular do
b) detenção, de dez dias a seis meses, ou multa. bem jurídico lesado.
c) detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
d) reclusão, de dez dias a seis meses, e multa. 26. (2017/FEPESE/PC-SC) De acordo com o Código Penal, o
e) reclusão, de um mês a um ano. agente que se valendo da condição de servidor público
patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
22. (2018/FEPESE/PGE-SC) Nos termos do Código Penal, perante a administração pública, pratica o crime de:
assinale a alternativa que contém todas as causas de a) peculato.
extinção da punibilidade. b) concussão.
a) Morte do agente; anistia, graça ou indulto; irretroa‐ c) patrocínio infiel.
tividade de lei que não mais considera o fato como d) excesso de exação.
criminoso; prescrição ou decadência; renúncia do e) advocacia administrativa.
direito de queixa; retratação do agente, nos casos
em que a lei a admite; perdão judicial, nos casos 27. (2017/FEPESE/PC-SC) Para efeitos penais, considera-se
previstos em lei. funcionário público:
b) Morte do agente; anistia, graça ou indulto; retroa‐ 1. quem exerça, ainda que sem remuneração, função
tividade de lei que não mais considera o fato como pública.
criminoso; prescrição ou decadência; retratação do 2. quem exerça qualquer tipo de atividade remunerada.
agente, nos casos em que a lei a admite; perdão 3. apenas o servidor público aprovado em concurso de
judicial, nos casos previstos em lei. provas ou provas e títulos.
c) Morte do agente; retroatividade de lei que não mais 4. aquele que exerce, unicamente, cargo ou emprego
considera o fato como criminoso; prescrição, deca‐ público.
dência ou perempção; renúncia do direito de queixa Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; corretas.
retratação do agente, nos casos em que a lei a ad‐ a) É correta apenas a afirmativa 1.
mite; perdão judicial, nos casos previstos em lei. b) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
d) Morte do agente; irretroatividade de lei que não c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
mais considera o fato como criminoso; prescrição d) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
ou decadência; renúncia do direito de queixa ou pelo e) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
perdão aceito, nos crimes de ação privada; retra‐
tação do agente, nos casos em que a lei a admite;
28. (2017/FEPESE/PC-SC) De acordo com o Código Penal,
perdão judicial, nos casos previstos em lei.
é correto afirmar sobre o crime de roubo.
e) Morte do agente; anistia, graça ou indulto; retroa‐
a) No roubo, a grave ameaça ou o emprego de violência
tividade de lei que não mais considera o fato como
deve ser causado contra pessoa.
criminoso; prescrição, decadência ou perempção;
b) No roubo, equipara-se a coisa alheia móvel à obten‐
renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito,
ção de indevida vantagem econômica.
nos crimes de ação privada; retratação do agente,
nos casos em que a lei a admite; perdão judicial, nos c) A ausência do emprego de arma branca ou de fogo
casos previstos em lei. afasta a consumação do crime de roubo.
d) Somente ocorre a prática do crime de roubo quando
23. (2018/FEPESE/PGE-SC) A capacidade de entender que configurada a restrição da liberdade da vítima.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal


uma conduta é ilícita e de se adequar conforme tal con‐ e) Para a caracterização do crime roubo, a grave ame‐
duta é denominada: aça ou violência deve ocorrer antes da subtração do
a) ilicitude. bem.
b) tipicidade.
c) culpabilidade. 29. (2017/FEPESE/PC-SC) De acordo com o Código Penal o
d) imputabilidade. erro sobre o elemento constitutivo do tipo penal per‐
e) responsabilidade. mite apenas a:
a) exclusão da culpabilidade.
24. (2017/FEPESE/PC-SC) De acordo com o Código Penal, b) materialização do crime impossível.
a incapacidade para as ocupações habituais, por mais c) redução da pena para crime tentado.
de trinta dias, caracteriza o crime de: d) prática do crime mediante concurso.
a) lesão corporal simples. e) punição por crime culposo, se previsto em lei.
b) lesão corporal leve.
c) lesão corporal grave. 30. (2017/FEPESE/PC-SC) De acordo com o Código Penal,
d) lesão corporal gravíssima. assinale a alternativa correta acerca da imputabilidade
e) lesão corporal seguida de morte. penal.
a) O menor de dezoito anos é isento de pena para todos
25. (2017/FEPESE/PC-SC) É correto afirmar sobre a infração os efeitos legais, quando demonstrado não entender
penal: o caráter ilícito do fato.
a) A infração penal somente poderá ser cometida por b) A embriaguez, quando voluntária, afasta a imputa‐
pessoa física. bilidade do agente.
b) O Estado sempre será sujeito passivo formal de um c) A emoção, quando proveniente de caso fortuito,
crime. torna o agente inimputável se ao tempo da ação

213
ou da omissão não possuía a plena capacidade de c) Se praticado por agente público no exercício da fun‐
entender o caráter ilícito do fato. ção, poderá o juiz aplicar o perdão judicial.
d) Ao agir sob efeito da paixão, o agente terá reduzida d) O crime será apenado com detenção ou multa, em
a pena de um a dois terços. caso de culpa do funcionário incumbido da custódia
e) O agente que por doença mental, ao tempo da ação ou guarda.
ou omissão, era inteiramente incapaz de entender e) O crime estará caracterizado quando o preso ou o
o caráter ilícito do fato é isento de pena. indivíduo submetido a medida de segurança deten‐
tiva tentar evadir-se do local de custódia.
31. (2017/FEPESE/PC-SC) É correto afirmar sobre o erro de
tipo. 36. (2013/FEPESE/SJC-SC) Qual o crime que pratica o servi‐
a) O erro sobre o elemento constitutivo do tipo legal dor público que solicitar ou receber, para si ou para ou‐
exclui o dolo. trem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
b) O crime praticado com erro de tipo será desclassifi‐ ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
cado para a forma tentada. indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem?
c) A prática de crime com erro de tipo somente é pos‐ a) Peculato
sível nos crimes dolosos contra a vida. b) Corrupção ativa
d) Não se admite o erro de tipo nos crimes contra a c) Corrupção passiva
administração pública. d) Advocacia administrativa
e) O ato delituoso deverá ser apenado como contra‐ e) Abuso de autoridade
venção quando presente o erro sobre o elemento
constitutivo do tipo legal. 37. (2013/FEPESE/SJC-SC) De acordo com o Código Penal,
que crime comete aquele que se opõe ou presta auxílio,
32. (2017/FEPESE/PC-SC) É correto afirmar sobre o crime mediante violência ou ameaça, a funcionário compe‐
de peculato. tente para executar ato legal?
a) Poderão ser objeto do crime de peculato apenas a) peculato
bens públicos. b) desacato
b) Trata-se de crime praticado exclusivamente por par‐ c) concussão
ticular contra bens públicos. d) resistência
c) Dinheiro poderá ser objeto do crime de peculato. e) desobediência
d) Somente ocorrerá o crime se praticado mediante
concurso de agentes. 38. (2013/FEPESE/SJC-SC) Em matéria de Direito Penal,
e) Para consumação do crime de peculato, o proveito ocorre crime doloso quando:
do crime deverá ser revertido para terceiro. a) quando o agente está embriagado.
b) quando for impossível consumar o crime.
33. (2017/FEPESE/PC-SC) De acordo com o Código Penal, c) quando o agente atua sob domínio de forte emoção.
pratica crime de prevaricação o agente público que: d) quando o resultado é decorrente de imperícia.
a) facilitar, com infração de dever funcional, a prática e) o agente assumiu o risco de produzir o ato.
de contrabando ou descaminho.
b) praticar violência, no exercício de função ou a pre‐ 39. (2013/FEPESE/SJC-SC) Assinale a alternativa correta em
texto de exercê-la. relação à legítima defesa.
c) deixar de praticar ou retardar ato de ofício, com a) Exige o uso moderado dos meios.
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou b) Não admite o seu uso para defesa de direito de ter‐
influência de outrem. ceiro.
d) deixar de cumprir seu dever de vedar ao preso o c) Pode ser usado como forma de repulsa a ato sofrido
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, no passado.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Penal

que permita a comunicação com outros presos ou d) Pode ser utilizada contra servidor público no exercí‐
com o ambiente externo. cio legal da função
e) por indulgência, deixar de responsabilizar subordi‐ e) Eventual excesso na sua utilização não poderá ser
nado que cometeu infração no exercício do cargo reprovado.
ou, quando lhe falte competência, não levar o fato
ao conhecimento da autoridade competente. 40. (2013/FEPESE/SJC-SC) Assinale a alternativa correta em
relação à menoridade.
34. (2017/FEPESE/PC-SC) De acordo com o Código Penal, a) É causa que exclui o crime.
o erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável: b) É causa de diminuição da pena.
a) isenta o agente de pena. c) É causa que exclui a culpabilidade.
b) exclui a ilicitude do fato. d) Permite a aplicação da atenuante da menoridade.
c) é punível como crime culposo. e) Permite imediatamente a liberdade mediante fiança.
d) é punível apenas com pena de detenção.
e) desclassifica o crime para forma tentada. GABARITO
35. (2016/FEPESE/SJC-SC) Assinale a alternativa correta 1. a 8. d 15. e 22. e 29. e 36. c
acerca do crime de fuga de pessoa presa ou submetida 2. c 9. d 16. a 23. d 30. e 37. d
a medida de segurança. 3. e 10. a 17. d 24. c 31. a 38. e
a) Por ser crime próprio, somente poderá ser praticado 4. a 11. d 18. e 25. b 32. c 39. a
por agente público no exercício da função. 5. d 12. b 19. d 26. e 33. d 40. c
b) Quando houver emprego de violência contra pessoa, 6. e 13. c 20. c 27. a 34. a
aplica-se também a pena do crime de abuso de au‐ 7. a 14. b 21. c 28. a 35. d
toridade.

214
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Racquel Barros

INQUÉRITO POLICIAL (IP) • Preparatório – Fornece elementos de informação para


que o titular da ação penal possa ingressar em juízo,
O que é o IP? além de acautelar meios de prova que poderiam de‐
saparecer com o decurso do tempo4.
É um procedimento administrativo inquisitório e prepa‐ • Função preservadora – A existência prévia de um IP
ratório, presidido pela autoridade policial, com o objetivo de inibe a instauração de um processo penal infundado,
identificar fontes de prova e colher elementos de informação temerário, resguardando a liberdade do inocente e
quanto à autoria e a materialidade da infração penal, a fim de evitando custos desnecessários para o Estado.
permitir que o titular da ação penal possa ingressar em juízo1. • Presidido por autoridade policial – A condução do IP
Existem outras formas de investigação que não são re‐ será realizada pela polícia judiciária e presidido o Inqué‐
alizadas pela polícia judiciária (polícias civil e federal)? Sim, rito pelo Delegado de Polícia (estadual ou federal), tendo
• Inquéritos parlamentares, realizados pelas comissões por objetivo a apuração da materialidade e autoria das
parlamentares de inquérito ou pelas próprias polícias infrações. Cabe ao delegado de polícia a requisição de
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em perícias, informações, documentos e dados. O delega‐
caso de crimes cometidos em suas dependências (STF, do não depende de autorização judicial para requisição
Súmula 397)2. de perícia, exceto para exame de insanidade mental,
• Inquéritos policiais militares, conduzidos por autori‐ que possui cláusula de reserva jurisdicional (depende
dades militares. de autorização judicial). A PM e as forças armadas po‐
• Investigações de infrações penais cometidas por Juízes derão presidir seus respectivos inquéritos no caso de
de Direito e Promotores de Justiça, que são conduzidas investigação em crimes militares. (Lei nº 12.830/2013
pela cúpula das respectivas instituições. – atribuições do delegado de polícia).
• Investigações de infrações penais de pessoas com prer‐
rogativa de função pelos Tribunais Superiores. A natureza do crime gera competência da atribuição
• Investigações conduzidas pelo Ministério Público, para investigar:
conforme decisão do STF no RE 595.727-MG (questão a) Crime militar, da competência da Justiça Militar da
constitucional com repercussão geral). União Forças Armadas;
b) Crime Militar, da competência da justiça militar esta‐
O que é persecução penal? dual Polícia Militar/Bombeiro Militar;
A persecução penal divide-se em duas fases distintas: c) Crime eleitoral Polícia Federal;
1ª Fase: investigação preliminar (ex: Inquérito Policial). O TSE diz que a polícia civil também pode investigar cri‐
2ª Fase: processo judicial. mes eleitorais na ausência de delegacia de polícia federal
Sendo assim, o Inquérito Policial não faz parte do proces‐ na localidade;
so judicial e em decorrência disso, eventuais vícios constantes d) Crime federal Polícia Federal (art. 109, CF5);
no IP, a exemplo do não comparecimento à audiência de e) Crime comum da competência da Justiça Estadual

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal


custódia, não contaminam um futuro processo penal com Polícia Civil.
nulidade, salvo se tratando de provas ilícitas ou ilícitas por
derivação3. A natureza jurídica do Inquérito Policial é de pro‐ Exceção: quando houver repercussão interestadual ou
cedimento administrativo. internacional com previsão legal nesse sentido, quem inves‐
tigará é a PF (Art. 144, §1º CF).
Finalidade – Lei nº 10.446/02 (estabelece crimes dotados de reper‐
A finalidade do IP é identificar fontes de prova e coletar cussão interestadual ou internacional que podem ser
elementos de informação quanto à autoria e materialidade investigados pela polícia federal).
do delito. – Lei nº 13.260/16 (lei do terrorismo) cabe à PF a inves‐
tigação dos crimes de terrorismo.
Características do Inquérito Policial
• Inquisitorial – Não é obrigatória a observância do • Oficioso – Sempre que a autoridade policial tiver no‐
contraditório ou da ampla defesa. Embora o indicia‐ tícia de crime de natureza de ação penal pública in‐
do continue no papel de sujeito de direitos e possua condicionada deverá instaurar o IP de ofício, ou seja,
o direito de ser acompanhado por advogado. A inqui‐ sem a necessidade de que seja provocada. O que pode
sitorialidade se justifica durante o IP, uma vez que, ocorrer por meio de Auto de Prisão em Flagrante (APF)
esse procedimento não configura processo judicial, ou não. (art. 5º CPP6).
não houve acusação por parte do MP que aponte um • Oficial – O IP é conduzido por um órgão oficial do Es‐
autor de crime, ao contrário, trata-se apenas de fase tado.
pré-processual, em que pode haver um sujeito con‐ • Formal – Todos os atos produzidos durante o IP de‐
siderado como investigado ou imputado, mas não se vem ser escritos e documentados sendo reduzidos a
pode falar em um autor ou acusado do fato, portanto, termo os que forem orais (interrogatório do indiciado,
não há que se falar em contraditório/ampla defesa.
4
BRASILEIRO, Renato de Lima. Código de Processo Penal Comentado. 3º edição.
1
BRASILEIRO, Renato de Lima. Código de Processo Penal Comentado. 3º edição. Ed. Juspodium. 2018
Ed. Juspodium. 2018 5
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)
2
O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de 6
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, I - de ofício;
a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou
3
(STF, HC 85.286 / STJ, HC 149.250/SP). a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

215
depoimento de testemunhas e etc.). (Art. 9º do CPP7, presença do advogado durante os procedimentos realizados
art. 405, § 1º CPP). em inquérito policial, portanto, não é obrigatória. [ver Lei nº
• Dispensável/Prescindível – O Inquérito Policial não é 13.245/2016, que altera o art. 7º do Estatuto da OAB (Lei nº
obrigatório à persecução penal, desde que presente a 8.906/94) e STJ. 6ª Turma. HC 139.412/SC, 2010] (Art. 14,
justa causa para promoção da Ação Penal, ou seja, nos CPP e Súmula vinculante nº 5)12.
casos em que o Ministério Público (MP) estiver ampa‐
rado de suporte probatório mínimo ao oferecimento O que são fontes de prova?
da denúncia, o IP será dispensável. (Art. 39, § 5º CPP8).
• Indisponível – Após sua instauração a autoridade po‐ São pessoas ou coisas que tenham algum conhecimento
licial não poderá dispor do IP, arquivando-o. O que sobre o fato delituoso. A fonte de prova possui existência
somente poderá ser feito pela autoridade judicial (Juiz) anterior e independentemente do processo criminal. Quan‐
a pedido do Ministério Público. (Art. 17, CPP)9. do introduzidas no processo criminal, as fontes de prova se
• Discricionário em sua condução – A autoridade policial tornarão meios de prova. Portanto, um dos objetivos do IP,
como já identificado nesse estudo, não é coletar prova, mas
não se submente a um rito obrigatório de diligências.
identificar fontes de prova e documentá-las, tornando-as ele‐
O delegado de polícia, que é quem preside o IP não mentos de informação. Prova é diferente de elementos de
se submete a um padrão para condução de diligên‐ informação, pois se consideram produzidas sob contraditório
cias durante o IP, antes busca perseguir os elementos judicial, ou seja, durante o processo judicial.
de prova da materialidade e autoria, visando sempre
ao interesse público. Pode o indiciado requerer que O que são elementos de informação?
sejam realizadas diligências, no entanto, não estará o
delegado obrigado a realizá-las. (Art. 14, CPP10). São os elementos colhidos durante uma investigação (não
• Procedimento temporário – O IP tem prazo de duração. apenas no Inquérito Policial, mas também no Procedimento
Investigado preso prazo de 10 dias (não pode ser pror‐ Investigatório Criminal conduzido pelo Ministério Público).
rogado). Como já visto, nesta fase não é obrigatória a observância do
Investigado solto prazo de 30 dias (podendo ser pror‐ contraditório e da ampla defesa, devendo o juiz atuar apenas
rogado). quando necessário, ou seja, nos casos de cláusula de reserva
• Sigiloso – O IP será sigiloso quanto ao ambiente externo de jurisdição, como exemplo, para que seja determinado
à persecução penal, ou seja, para o público em geral. No mandado de busca domiciliar ou interceptação telefônica,
entanto, será público para os envolvidos e seus procura‐ e desde que provocado.
dores quanto aos elementos já documentados (excluin‐ A utilidade dos elementos de informação está justamente
em produzir o fumus comissi delicti (fumaça da prática de
do as investigações em andamento), nos autos do IP,
um fato punível) necessária às medidas cautelares que não
salvo em casos excepcionais, por determinação judicial, podem ser decretadas de forma automática e auxiliar na
a exemplo das interceptações telefônicas. A negativa do formação da opinio delicti, que é a convicção do titular da
acesso de advogado aos autos do IP caracteriza abuso ação penal.
de autoridade. (Súmula Vinculante nº 14)11.
Atenção: O juiz não pode sentenciar usando exclusiva‐
Quando se tratar de crime tipificado pela lei de organiza‐ mente elementos informativos da fase de investigação para
ções criminosas (Lei nº 12.850/13) e houver determinação fundamentar sua decisão. (ver STF, RE 287.658/MG e Art.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal

judicial para que as investigações tramitem sob sigilo, haverá 155, CPP)13.
necessidade de autorização judicial para acesso de advogado
aos autos do IP. Características mais Importantes do IP

As diligências no curso de IP necessitam da presença • Inquisitorial (Não há observância de contraditório/


de advogado? ampla defesa)
• Preparatório (Fornece elementos de informação/acau‐
Não, se o advogado estiver presente possui o direito de tela meios de prova)
• Preservador (inibe a instauração de processo penal
acompanhar a lavratura do auto de prisão em flagrante, bem
infundado)
como o interrogatório, podendo, ainda, formular quesitos
• Oficioso (a autoridade policial não precisa ser provo‐
e perguntas às testemunhas e ao investigado. No entanto, cada p/ instaurá-lo)
sendo a fase de investigação procedimento inquisitorial, o • Oficial (conduzido por órgão oficial do Estado)
comando é do delegado de polícia, que decidirá ou não acatar • Formal (todos os atos devem ser escritos e documen‐
a eventuais quesitos e questões formuladas pelo advogado. A tados)
• Dispensável (não é obrigatório para o início do pro‐
7
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas
a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
cesso criminal)
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assi‐ • Indisponível (após sua instauração a autoridade poli‐
nado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela cial não pode arquivar de ofício, necessitando de de‐
ocorridos. § 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, cisão judicial, a pedido do MP)
indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gra‐
vação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, • Discricionário (a autoridade policial não se submete a
destinada a obter maior fidelidade das informações. um rito obrigatório de diligências)
8
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a represen‐
tação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal,
e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. 12
A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar
9
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. não ofende a Constituição.
10
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer
qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
11
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos 13
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusiva‐
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao mente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as
exercício do direito de defesa. provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

216
• Temporário (Preso – 10 dias, improrrogáveis/ Solto – 30 Início do Inquérito Policial
dias, prorrogável)
• Sigiloso (para o público externo, mas público p/ envol‐ O art. 5º do CPP14 estabelece as formas de início do In‐
vidos e procuradores) quérito Policial, as quais dependerão da natureza do crime a
• Presidido por autoridade policial. ser investigado – crime de ação penal pública incondicionada
• Natureza Jurídica de procedimento administrativo. ou condicionada e crime de ação penal privada. Independen‐
• Finalidade de identificar fontes de prova e coletar ele‐ temente da forma que se dará o início do IP, em todos os
mentos de informação de autoria e materialidade. casos será a partir de uma notitia criminis. Notitia Criminis:
é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da
Das Provas autoridade policial, acerca de um fato delituoso.
As provas devem ser produzidas na fase judicial, com Classificação da Notitia Criminis
exceção das provas cautelares, não repetíveis e antecipadas,
que podem ser produzidas tanto em fase de investigação a) Notitia criminis de cognição imediata (espontânea/
quanto em fase judicial. (Art. 155, CPP). direta): a autoridade policial toma conhecimento do crime
• É obrigatória a observância de contraditório e de ampla através de suas atividades rotineiras, durante investigações
defesa. policiais; por notícia veiculada na imprensa; por comunicação
• A prova deve ser produzida na presença do juiz. anônima e outras formas. Esta modalidade de notitia criminis
• Durante o curso do processo, o juiz é dotado de certa
apenas pode conduzir à instauração de inquérito nos crimes
inciativa probatória, que será exercida de maneira re‐
de ação penal pública incondicionada.
sidual.
b) Notitia criminis de cognição mediata (provocada/in-
• Finalidade: auxiliar na formação da convicção do juiz.
direta): a autoridade policial toma conhecimento do crime
através de um expediente escrito. Este ato pode ser o reque‐
a) Provas cautelares: as provas cautelares serão pro‐
rimento da vítima ou de qualquer pessoa do povo; requisição
duzidas na forma de medida cautelar de natureza urgente,
que será decretada pelo juiz com o objetivo de assegurar a do juiz ou do Ministério Público; requisição do Ministro da
persecução penal. A prova poderá ser produzida de forma Justiça e a representação do ofendido. Pode ocorrer tanto
cautelar sempre que houver risco de desaparecimento do ob‐ quando do cometimento de crimes de ação penal pública
jeto da prova em razão do decurso do tempo, no entanto, isso incondicionada/condicionada como quando do cometimento
só pode ser feito por meio de decisão judicial. Caso ocorra de crime de ação penal privada.
durante a fase investigatória, o contraditório - garantia indis‐ c) Notitia criminis de cognição coercitiva: ocorre quando
pensável do devido processo legal - ocorrerá em momento a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso
posterior à investigação, ou seja, durante a fase judicial, e por por meio da apresentação de indivíduo preso em flagrante.
isso recebe o nome de contraditório diferido ou postergado, O auto de prisão em flagrante nesse caso é forma de início
pois a parte terá o direito de contra-argumentar a prova do inquérito policial, independentemente da natureza da
produzida em caráter de urgência em momento posterior ao ação penal.
de sua produção. A prova cautelar pode ser produzida tanto
na fase investigatória, quanto na judicial. Ex: interceptações Delatio Criminis

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal


telefônicas. A delatio criminis é a forma utilizada para a notitia cri-
b) Prova não repetível: é aquela que uma vez produ‐ minis e pode ser:
zida não tem como ser novamente coletada em razão do • Delatio criminis simples – Comunicação feita de forma
desaparecimento da fonte probatória. Sua produção não formalizada à autoridade policial por qualquer pessoa
depende de autorização judicial, sendo que o contraditó‐ do povo (art. 5º, §3º do CPP);
rio será diferido/postergado. Podem ser produzidas na fase • Delatio criminis postulatória – É a comunicação feita
investigatória (IP) e na fase judicial. Ex: exame de corpo de pelo ofendido que pleiteia a instauração do IP median‐
delito por lesão corporal. te representação ou requisição, nos crimes de ação
c) Prova antecipada: são aquelas produzidas com a ob‐ penal pública condicionada ou ação penal privada.
servância do contraditório real, mas em momento processual
distinto daquele legalmente previsto ou até mesmo antes Nos casos de notitia criminis de cognição direta, prin‐
do início do processo, ou seja, durante as investigações (IP), cipalmente quando a notícia vier por meio anônimo, não
sempre por decisão judicial, em virtude de situação de ur‐ estando a autoridade policial minimamente convencida da
gência e relevância. verossimilhança do fato que chegou ao seu conhecimento,
poderá proceder a uma investigação preliminar para cons‐
Esclarecendo... tatar a plausibilidade do relato antes da instauração formal
Os casos de depoimento sem dano – caracterizados como do IP. (Informativo nº 580 STF; HC 95244/PE).
procedimento de oitiva de criança ou adolescente vítima ou
testemunha de violência perante autoridade policial ou judi‐
ciária - é exemplo de prova que será produzida de forma an‐ 14
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
tecipada, com o objetivo de evitar que a criança seja exposta I – de ofício;
II – mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou
ao constrangimento de ter seu depoimento colhido repetidas a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
vezes, sendo assim, por previsão da Lei nº 13.431/2017 ficou § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração
estabelecido que nesses casos a criança será ouvida uma penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá‐
-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações,
única vez. Podendo o referido depoimento ocorrer tanto na mandará instaurar inquérito.
fase investigativa quanto judicial, será produzido sob con‐ § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação,
traditório judicial, ou seja, na presença do Juiz, Ministério não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder
Público e procuradores. a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

217
A Instauração do IP se Dará Conforme a Natureza da embora não conste no rol do art. 5º do CPP. O APF caracteriza
Ação Penal um procedimento célere que descreve elementos mínimos
de convicção e mesmo que contenha, por si só, elementos
a) Ação Penal Pública Incondicionada de prova suficiente para oferecimento de denúncia, deve dar
• De ofício – A instauração ex officio do Inquérito pela início ao IP para continuidade de investigações e diligências.
autoridade policial ocorrerá sempre que chegar ao co‐
nhecimento do delegado uma notícia de cometimento Ação Penal Pública Condicionada
de crime de ação penal pública incondicionada, inde‐
pendentemente do meio pelo qual o conhecimento do Diante de crimes dessa natureza, para que o Ministério
fato tenha se dado e ocorrerá mediante a expedição de Público promova a ação penal será necessária uma manifes‐
portaria, a qual deve conter o objeto da investigação, tação de vontade inequívoca da vítima/representante legal/
as circunstâncias conhecidas em torno do fato a ser Ministro de Justiça de que seja apurada a responsabilidade
apurado (dia, horário, local etc.) e, ainda, as diligências penal do autor da infração, por consequência disso a ins‐
iniciais a serem realizadas. (art. 5º, I, CPP). tauração do Inquérito Policial só poderá ocorrer mediante
• Requisição da autoridade judiciária ou MP – O art. 5º, representação (Art. 5º, §4º do CPP17).
II, CPP dispõe ser obrigatória a instauração de IP pela
autoridade policial quando requisitado pelo juiz, no • A quem será dirigida a representação?
entanto, para maioria da doutrina essa requisição do Esta poderá ser dirigida pelo ofendido/representante
juiz não foi recepcionada pela CF/88, por ferir o siste‐ diretamente ao Juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à
ma acusatório que rege o processo penal no Brasil15. autoridade policial. Sendo que, no caso de ser dirigida ao
O mais correto é que ao chegar ao conhecimento do MP/Juiz, esses requisitarão ao delegado a instauração do IP.
Juiz notitia criminis, a autoridade judicial a encaminhe
ao MP, uma vez que, da requisição do Ministério Públi‐ • Qual a forma utilizada para representação?
co para a instauração de Inquérito Policial só poderá Pessoalmente ou por procurador com poderes especiais,
o delegado de polícia deixar de instaurá-lo em duas mediante declaração escrita ou oral, caso em que será redu‐
hipóteses: zida a termo. O registro de ocorrência policial pela vítima/
– quando a requisição for manifestamente ilegal; representante legal é meio hábil para manifestação de sua
– quando o MP não tiver apresentado elementos fáti‐ vontade quanto ao início da persecução penal. Art. 39, caput
cos mínimos para subsidiar a investigação. e §1º, CPP18 e HC 130.000/SP, DJ 8/9/2009.
• Requerimento do ofendido (ou de seu representante
legal) – Trata-se de requerimento que pode ser apre‐ • Representação do ofendido ou de seu representante
sentado pela vítima ou por seu representante legal legal/delatio criminis postulatória
pedindo à autoridade policial que instaure IP para apu‐ Caso a vítima não exerça o direito de representar contra
ração de crime de ação penal pública incondicionada seu ofensor no prazo de seis meses, contados da data em
(art. 5º, § 1º do CPP)16. que tiver tomado conhecimento da autoria do fato, será ex‐
tinta a punibilidade (decairá do direito de representação),
Requisitos para apresentação de requerimento pela ví‐ art. 38, CPP19.
tima/representante: Nos casos em que se tratar de vítima menor de 18 anos
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal

• narração dos fatos e suas circunstâncias; de idade, o seu representante legal deve proceder à repre‐
• individualização do indiciado, as razões de convicção sentação, no entanto, caso não o faça, o prazo decadencial
ou presunção da autoria; só começará a correr quando a vítima completar 18 anos,
• rol de testemunhas. para que não seja prejudicada por eventual inércia de seu
representante. Súmula 594 do STF20.
Ao contrário do que ocorre com a requisição feita pelo No caso de o autor do fato ser o representante legal da
Juiz/Ministério Público nos termos do que dispõe o CPP, a vítima, será aplicado por analogia o art. 33, CPP21, quando
requisição da vítima/representante não obriga o delegado de então será nomeado curador especial para que exercite o
polícia a instaurar o IP, podendo essa solicitação ser indeferi‐ direito de representação.
da na hipótese de evidente atipicidade da conduta descrita
pelo requerente. Neste caso, poderá o interessado recorrer
administrativamente ao chefe de polícia (art. 5º, § 2º, CPP).
17
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação,
não poderá sem ela ser iniciado.
Quem é o Chefe de Polícia? 18
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por
O Chefe de Polícia pode ser o Delegado-Geral da Polícia procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita
Civil ou o Secretário de Segurança Pública, a depender do ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devida‐
estado da Federação e no âmbito da Polícia Federal o Chefe mente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador,
de Polícia é o Superintendente da Polícia Federal. será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão
• Auto de Prisão em Flagrante: o Auto de Prisão em do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
19
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu repre‐
Flagrante (APF) é forma de instauração de inquérito policial
sentante legal, decairá no direito de queixa ou de representação,
que dispensa a portaria subscrita pelo delegado de polícia, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia
15
BRASILEIRO, Renato de Lima. Código de Processo Penal Comentado. 3ª edição. em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do
Ed. Juspodium. 2018 art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento
16
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: da denúncia.
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 20
Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independente‐
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de mente, pelo ofendido ou por seu representante legal.
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de 21
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou
impossibilidade de o fazer; retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo
recurso para o chefe de Polícia. juiz competente para o processo penal.

218
• Requisição do Ministro da Justiça soltura do preso em flagrante, podendo o ofendido apresen‐
A requisição formulada pelo Ministro da Justiça será diri‐ tar representação/requerimento à autoridade policial para
gida ao Membro do Ministério Público, o qual poderá negar instauração do IP no prazo decadencial de seis meses.
a promoção da ação penal, requisitar à autoridade policial
que instaure o IP ou denunciar o suposto autor do delito Diligências Investigatórias
nos casos em que houver os pressupostos necessários. A
requisição do Ministro da Justiça não está sujeita a prazo A norma não estabelece um rito obrigatório a ser seguido
decadencial, podendo ser exercitada enquanto o crime não pela autoridade policial, porém aponta alguns caminhos pe‐
estiver prescrito. los quais o delegado pode se orientar (arts. 6º e 7º do CPP):
Será necessária requisição do Ministro da Justiça ao Mi‐ • Dirigir-se ao local, providenciando para que não se
nistério Público para instauração de IP nos seguintes crimes: alterem o estado e a conservação das coisas, até a
• cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do chegada do perito criminal.
Brasil (art. 7º, §3º, b do CP22); • Apreender os objetos que tiverem relação com o fato,
• cometidos contra a honra do Presidente da República/ após liberados pelos peritos criminais (v. arts. 118, 119
chefe de governo estrangeiro (art. 141, I, c/c art. 145, e 120, CPP).
§ único do CP23). • Colher todas as provas (elementos informativos) que
servirem para o esclarecimento do fato e suas circuns‐
A requisição de Ministro da Justiça poderá ensejar a ins‐ tâncias.
tauração de IP: • Ouvir o ofendido (v. art. 201, §1º, CPP26).
• quando cometido crime previsto na Lei de Seguran‐ • Ouvir o indiciado, devendo o respectivo termo ser as‐
ça Nacional a requisição será apenas uma das formas de sinado por duas testemunhas que lhe tenham ouvido
provocação da autoridade policial, podendo o inquérito ser a leitura. Atentando-se para que seja resguardado o
instaurado pela Polícia Federal de ofício, mediante requisição direito ao silêncio, sem, contudo, depender de assis‐
do Ministério Público, de autoridade militar responsável pela tência do defensor do interrogado para proceder à di‐
segurança interna ou do Ministro da Justiça. (art. 31 da Lei ligência, lembrando que a fase inquisitorial não guarda
nº 7.170) observância aos princípios do contraditório e da ampla
defesa. O investigado não pode se recusar, injustifica‐
Ação Penal Privada
damente, a comparecer ao interrogatório policial, sob
pena de ser conduzido coercitivamente. (Art. 5º, LXIII,
A instauração do IP dependerá de requerimento da vítima
CF/88; HC 107.644/SP – STF).
ou representante legal, já que esses sujeitos são os titulares
• Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a
da ação penal privada que será promovida mediante queixa‐
acareações. (Art. 226, CPP).
-crime. Não há necessidade de forma especial para formula‐
ção desse requerimento, no entanto, ele deve atender, sem‐ • Determinar, se for o caso, que se proceda a exame de
pre que possível, aos requisitos do art. 5º, § 1º e § 5º, CPP24. corpo de delito e a quaisquer outras perícias. Lem‐
• Em caso de falecimento da vítima - Seu cônjuge, ascen‐ brando que, nesse caso, sempre que a infração deixar
dente, descendente ou irmão poderão apresentar o reque‐ vestígios (homicídio, estupro, rompimento de obstá‐
rimento para instauração de IP. (art. 31, CPP25). culo à subtração da coisa, etc.), o delegado de polícia

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal


• O requerimento da vítima para instauração de IP possui deve proceder ao exame de corpo de delito, de modo
prazo decadencial de seis meses. (art. 38, CPP e art. 5º, §1º que, não obstante a faculdade deixada pelo legislador
do CPP). à autoridade policial em atender ou não às diligências
requeridas pelo ofendido ou pelo investigado (art.14,
Atenção: Nos casos em que a instauração do IP para apu‐ CPP), tratando esta diligência de exame de corpo de
rar crime de natureza de ação penal pública condicionada ou delito, para os casos em que o tipo criminoso deixa ves‐
crime de ação penal privada se der por auto de prisão em tígios, estará a autoridade policial obrigada a atender
flagrante, estará a continuidade do IP sujeita à representa‐ esta solicitação (art. 184, CPP)27. Tal necessidade não
ção ou a requerimento do ofendido/representante legal no será suprida pela confissão do acusado, mas poderá
prazo de 24h do momento da prisão. Hipótese em que, não ser suprida pela prova testemunhal nos casos em que
sendo apresentado requerimento/representação ensejará na o vestígio desaparecer. (Arts. 158 e 167, CPP28)
• Ordenar a identificação do indiciado pelo processo
22
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua
§ 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra folha de antecedentes. (art. 5º, LVIII, CF/8829). A iden‐
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo ante‐ tificação criminal teve sua abrangência ampliada pela
rior:
b) houve requisição do Ministro da Justiça. lei nº 12.037/2009, incluindo neste conceito não só
23
Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se a identificação datiloscópica, mas a fotográfica e de
qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
coleta de material biológico para obtenção de perfil
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no genético, como veremos a seguir com maior profun‐
caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação
do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o
do art. 140 deste Código. 26
§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o
24
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade.
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de 27
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao
impossibilidade de o fazer; esclarecimento da verdade.
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. 28
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desa‐
25
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão parecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, 29
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal,
ascendente, descendente ou irmão. salvo nas hipóteses previstas em lei;

219
didade. A folha de antecedentes mencionada conterá – O imputado portar documentos de identificação
a relação de inquéritos policiais já instaurados em re‐ distintos, com informações conflitantes.
lação ao sujeito. – Quando a identificação criminal for essencial às
investigações policiais, segundo despacho da auto‐
Busca e Apreensão ridade policial competente. Sendo necessária auto‐
rização judicial para realização do procedimento.
• Busca pessoal – Será executada nas seguintes hipó‐ Esta configura como única hipótese autorizativa de
teses: coleta de material biológico para identificação do
a) indivíduo que está sendo preso (dispensada a apre‐ perfil genético.
sentação de mandado); – Quando o imputado constar em registros policiais o
b) quando houver fundada suspeita de que a pessoa es‐ uso de outros nomes.
teja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que – Quando o estado de conservação ou a distância
constituam corpo de delito; temporal do documento impossibilitar a completa
c) quando existir mandado de busca domiciliar. (art. 244, identificação.
CPP30).
• Busca domiciliar – Esta deverá ser feita durante o dia Identificação do Perfil Genético
(sob pena de ilicitude) mediante ordem judicial, exceto em
situações de flagrante, desastre, para prestação de socorro Hipóteses legais:
e de consentimento do morador. (art. 245, CPP e art. 5º, XI, • Quando essencial às investigações policiais, a identifi‐
CF/8831). cação criminal poderá incluir a coleta de material bio‐
lógico para a obtenção do perfil genético do indiciado,
Identificação Criminal que será armazenado em banco de dados sigiloso. (art
5º § único e art. 7º-B da Lei nº 12.037/2009).
Diante da possibilidade de o investigado omitir sua ver‐ • No caso de condenados pela prática de crime doloso
dadeira identidade, com o objetivo de eximir-se de eventual praticado com violência de natureza grave contra pes‐
prática delitiva, pode a autoridade proceder a sua identifi‐ soa. (art. 9º-A, Lei de Execuções Penais32). Tal matéria
cação criminal, concedendo, dessa forma, segurança à indi‐ foi enfrentada pelo STF, RE 973.837. Repercussão geral.
vidualização da pessoa em relação à qual o Estado realizará Constitucionalidade da Lei nº 12.654/2012).
a persecução penal. (Lei nº 12.037/2009). • Crimes hediondos, isto é, aqueles previstos no art. 1º
No entanto, a CF/88 estabelece que o agente civilmente da Lei nº 8.072/1990.
identificado não deve ser submetido à identificação crimi‐
nal, salvo nas hipóteses previstas pelo art. 3º da Lei (Lei nº Indiciamento
12.037/09), as formas de identificar o indivíduo criminal‐
mente são: Conceito
• Datiloscópica.
• Fotográfica, falta confiabilidade nesta identificação. Atribuir a alguém a autoria ou participação em infração
• Identificação do perfil genético (introduzida pela Lei nº penal no curso de investigações policiais em andamento,
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal

12.654/12). Essa é a mais segura de todas. Depende podendo ocorrer em sede de prisão em flagrante.
de autorização judicial e somente se justifica diante
da hipótese em que tal identificação configure medida Atenção: Se o processo criminal já está em andamento,
essencial às investigações policiais. não é mais cabível o indiciamento (ver STJ, HC 182.455/SP).

Existem outras possibilidades de identificação (da voz, Espécies:


da face, da íris, da retina), no entanto, no âmbito criminal a) Direto: o indiciado encontra-se presente no momento
ainda não são utilizadas. do indiciamento, sendo-lhe dada ciência.
b) Indireto: indiciado ausente durante procedimento de
Hipóteses trazidas pelo art. 3º da Lei nº 12.037/09 para indiciamento.
a identificação criminal:
• Indivíduo que não se identificou civilmente; Pressupostos:
• Indivíduo que foi civilmente identificado, mas encon‐ Fumus comissi delicti: prova da existência do crime e
tra-se diante das seguintes circunstâncias: indícios de autoria. (ver STF, HC 85.541).
– O documento apresentado possui rasura ou indício
de falsificação. Atribuição: o indiciamento é um ato privativo do dele‐
– O documento apresentado é insuficiente para iden‐ gado. (Lei nº 12.830/13, art. 2º, §6º).
tificar com precisão o indiciado (ex: certidão de nas‐
cimento);
32
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de
30
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o
quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente,
proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxir‐
a medida for determinada no curso de busca domiciliar. ribonucleico, por técnica adequada e indolor. (Incluído pela Lei nº 12.654, de
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador 2012)
consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores § 1o A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados
mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando‐ sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. (Incluído
-o, em seguida, a abrir a porta. pela Lei nº 12.654, de 2012)
31
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem § 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz compe‐
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou tente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identi‐
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; ficação de perfil genético.

220
Atenção: O indiciamento não pode ser requisitado pelo inquérito instaurado pela autoridade policial ex officio (art.
Juiz e nem pelo MP. (ver STF, HC 115.015/SP). 5º, I, CPP) ou a partir do recebimento, de requisição do Juiz
ou MP, da representação nos crimes de ação penal pública
• Desindiciamento é a desconstituição de anterior in- condicionada e do requerimento nos crimes de ação penal
diciamento. privada (art. 5º, II e §§ 4º e 5º, do CPP).
Pode ser feito:
a) Pelo delegado de polícia; Características
b) Juiz (caso de constrangimento legal). – Prorrogável. O prazo para conclusão do inquérito quan‐
do o investigado estiver solto (30 dias) é passível de
• Quem pode ser indiciado? prorrogação por autorização judicial.
Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada. – Natureza Jurídica de prazo processual penal (art. 798,
§1º do CPP33).
Exceções:
• Por expressa previsão legal, promotores e juízes não Quais as consequências decorrentes da inobservância
podem ser indiciados (LOMAN e LOMP). Devendo os autos do prazo de conclusão do IP ?
ser encaminhados, no caso dos promotores, ao Procurador‐ • Preso: eventual excesso pode caracterizar constran‐
-Geral de Justiça e no caso dos magistrados ao tribunal ou gimento ilegal. (ver julgado STJ, 6ª Turma, HC 44.604/
órgão especial competente para o julgamento.
RN);
• Solto: a lei não estabelece consequência, no entanto,
Demais autoridades com foro por prerrogativa de função.
a prorrogação por repetidas vezes ao longo do tempo
Ex: Prefeito, Senador, Deputado Federal. O STF entendeu que
violaria a razoável duração do processo.
em se tratando de autoridade com foro por prerrogativa de
função, não apenas o indiciamento, mas a deflagração das
investigações depende de autorização do tribunal de justi‐ Atenção: O CPP não estabelece limite de prorrogação
ça competente. Informativo nº 825/STF. “a Polícia Judiciária do IP nos casos de investigado solto, no entanto, o STJ pos‐
(Federal ou Civil, conforme o caso), afastada a possibilidade sui precedentes dizendo que a garantia da razoável duração
de agir de ofício, somente poderá instaurar inquérito policial do processo também se aplica aos IP’s sob pena de se ter
para investigar a conduta penal de pessoas que detenham configurado constrangimento ilegal. (ver HC 96.666 - MA,
prerrogativa de foro “ratione muneris”, se se verificar, em tal 5ª turma do STJ).
hipótese, a necessária e prévia supervisão judicial dos atos
inerentes à atividade investigatória, nestes compreendido Esclarecimentos sobre a contagem de prazos...
o indiciamento formal do suspeito da prática delituosa, sob Prazo penal: dia do começo inclui no cômputo do prazo,
pena de invalidade de tais medidas, caso inocorrente prévio sendo esses fatais e improrrogáveis, pois não se suspendem
controle jurisdicional”. e não são interrompidos, contando-se os dias, os meses e os
anos pelo calendário comum. (art. 10 CP)
Conclusão do Inquérito Policial Prazo processual penal: não se computará no prazo o dia
do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. O prazo

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal


Prazo que terminar em domingo ou dia de feriado considerar-se-á
prorrogado até o dia útil imediato. (art. 798, CPP) Exemplo:
Conceito Louis foi intimado em uma sexta-feira, o prazo para resposta
O prazo para conclusão do IP será de 30 dias, caso o in‐ começará a correr a partir do primeiro dia útil subsequente
vestigado esteja em liberdade, e de 10 dias, se estiver preso. ao dia em que foi feita essa intimação, ou seja, começará a
(art. 10, CPP). ser contado na segunda-feira. Por outro lado, se o prazo para
• Investigado preso prazo de 10 dias (não pode ser pror‐ resposta à intimação terminar em um feriado ou sábado ou
rogado); domingo, ele é prorrogado até o próximo dia útil, ou seja,
• Investigado solto prazo de 30 dias (podendo ser pror‐ segunda-feira.
rogado). No Processo Penal, contam-se os prazos da data da inti‐
mação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta
A partir de quando o prazo passa a ser contado? precatória ou de ordem. (STF, Súmula 710)
a) Investigado preso: o prazo de 10 dias para conclusão
do inquérito de investigado preso se inicia a partir do dia • Outros prazos de conclusão do IP previstos em leis
em que for executada a prisão, independentemente de ser especiais:
prisão em flagrante ou preventiva.
a) Crimes de competência da Justiça Federal – 15 dias
para o indiciado preso (podendo ser prorrogado por mais 15
Características:
dias) e 30 dias para indiciado solto.
• Improrrogável. Quando o investigado estiver preso o
b) Crimes previstos na Lei de Drogas – 30 dias para in‐
prazo para conclusão do IP será improrrogável (10 dias).
• Natureza jurídica de prazo penal para alguns doutri‐ diciado preso e 90 dias para indiciado solto. Esses prazos
nadores, uma vez que, trata-se de indivíduo preso, quando podem ser duplicados tanto para o preso quando para o
então o prazo deve ser considerado como material e dessa investigado em liberdade.
forma incluir o dia do começo. 33
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptó‐
rios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
b) Investigado em liberdade: o prazo de 30 dias terá § 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do
vencimento.
início a partir da expedição da portaria, quando se tratar de

221
c) Crimes contra a Economia Popular – 10 dias tanto para Atenção: Nos casos de Ação Penal Privada, os autos serão
indiciado preso quanto para indiciado solto. remetidos ao Juiz, que por sua vez remeterá ao Ministério
d) Inquérito Policial Militar – 20 dias para indiciado preso Público para que este verifique se, efetivamente, o crime
e 40 dias, prorrogáveis por mais 20, para indiciado solto. investigado é de ação penal privada e, ainda que o seja, se
e) Lei de Crimes Hediondos – Autoriza a prisão tempo‐ não há, também, evidências da prática de crime de ação
rária para crimes hediondos e equiparados por 30 dias + 30 penal pública que possa dar margem ao oferecimento de
dias. Sendo a prisão temporária exclusiva da fase investiga‐ denúncia. Nada disso ocorrendo, uma vez devolvido a juízo
tória, a lei de crimes hediondos diz que a prisão temporária pelo Ministério Público, o inquérito aguardará, em cartório, a
para esses crimes pode ser de no máximo 60 dias, ou seja, se iniciativa do ofendido quanto ao ajuizamento da competente
a prisão temporária foi concebida para tutelar as investiga‐ queixa-crime. (Art. 19 CPP36).
ções, ao dizer sobre a possibilidade de o indivíduo ser preso
por até 60 dias, infere-se que esse é o prazo de investigações Centrais de Inquérito: tramitação diretamente da po‐
e, portanto, para conclusão do IP, pois ao final desse prazo lícia ao MP. Não passa pelo judiciário, a não ser que haja
a denúncia é oferecida e convertida a prisão temporária em necessidade de autorização judicial para diligência ou para
preventiva, ou o indivíduo é posto em liberdade. distribuição. Resolução 63/09 Conselho da Justiça Federal.
(STF possui precedentes contrários, em razão do CPP tratar
Prazo Solto Preso explicitamente da matéria ADI 2.886/RJ. STJ e TRF não vê
problema na tramitação, TRF4 COR 2009.04.00.044743-5).
Justiça Estadual 30 10
Justiça Federal 30 15+15 Providências do Ministério Público perante os Autos
Lei de Drogas 90+90 30+30 do IP
Justiça Militar 40 20
Podem ser adotadas isoladamente ou em conjunto:
Crimes Contra
10 10 • oferecer denúncia;
Economia Popular
• promover pelo arquivamento;
Prisão Temporária
• requisitar diligências. Essas diligências devem ser feitas
em Crimes Não se aplica 30+30
diretamente à polícia. Art. 129 CF/1988. Art. 16 CPP
Hediondos
estabelece que só podem ser requisitadas as diligências
Relatório Policial indispensáveis;
• declinar da competência: deve ser apresentada pelo
Finalizadas as investigações, ou no caso de transcorrido MP quando concluir que o juízo perante o qual atua
o prazo para conclusão do inquérito, sem que haja possibili‐ não teria competência para o feito;
dade de prorrogação, a autoridade policial fará um relatório, • suscitar conflito de competência;
que será uma peça de caráter descritivo, em que o delega‐ • ocorrerá quando um outro juízo já havia se manifes‐
do de polícia descreve as principais diligências realizadas na tado no sentido da (in)competência sobre o feito.
fase investigatória. Em regra, tal relatório não fará juízo de
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal

valoração acerca do procedimento a ser adotado pelo MP, Declínio da Competência


exceto quando se tratar de crime previsto na lei de drogas,
hipótese em que a norma exige a opinião do delegado (arts. Nos casos em que o Promotor de Justiça entender que o
51 e 52 da Lei nº 11.343/2006 – Lei de Drogas34). O relató‐ juízo perante o qual atua não é dotado de competência para
rio, no entanto, não é peça obrigatória/indispensável para o o julgamento do feito, deve requerer ao juiz que remeta os
oferecimento de denúncia. (Art. 10, §1º, CPP) autos ao juiz natural.

Destinatário do Inquérito Policial Conflito de Competência

Conforme disposição do Código, os autos devem ser en‐ Conceito


caminhados ao Juiz e da autoridade judiciária ao Ministério
Público. (art. 10, §1º CPP35). Trata-se de instrumento que visa dirimir eventual contro‐
vérsia entre duas ou mais autoridades judiciárias acerca da
34
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o competência/incompetência para o processo e julgamento
indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. Parágrafo único.
Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o
de determinada demanda, ou seja, quando há manifestação
Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judi‐ por um dos órgãos quanto à (in) competência para a deman‐
ciária. da. (arts. 113 a 117 CPP37)
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de
polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que
a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da subs‐ prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
tância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará
a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os autos ao juiz competente.
antecedentes do agente; 36
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito
A nova redação do artigo 51 segundo a Lei 13.964/19 diz: Transitada em julgado serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido
a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir,
penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida mediante traslado.
ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e 37
Art. 113. As questões atinentes à competência resolver-se-ão não só pela exce‐
suspensivas da prescrição. ção própria, como também pelo conflito positivo ou negativo de jurisdição.
35
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver Art. 114. Haverá conflito de jurisdição:
sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, I - quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes,
nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no ou incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso;

222
Esclarece a Doutrina... realização de todas as diligências cabíveis, convencer-se da
“A propósito, eis o teor do art. 66, parágrafo único, do inexistência de base razoável para o oferecimento de denún‐
novo CPC, subsidiariamente aplicável ao Processo Penal: “O cia, deve decidir, fundamentadamente, pelo arquivamento
juiz que não acolher a competência declinada deverá suscitar dos autos da investigação ou das peças de informação.
o conflito, salvo se a atribuir a outro juízo”. Usando o mesmo Neste contexto, o promotor natural servirá como filtro da
exemplo anterior, suponha-se que autos de inquérito policial reação estatal diante do fenômeno criminal. Se, dentro do
federal, que estavam tramitando perante a Justiça Federal, prazo legal, nos crimes de ação pública, o Ministério Público
tenham sido remetidos à Justiça Estadual, porquanto o juiz tomar a decisão de não acusar, a persecução criminal não
federal concluiu que não se tratava de crime de moeda falsa, poderá ser iniciada, nem de forma supletiva, por meio de
mas sim de estelionato, já que a falsificação seria grosseira ação penal privada subsidiária.
(Súmula nº 73 do STJ). Ora, supondo que o Promotor de A nova redação do artigo 28 do Código de Processo Penal,
Justiça e o juiz estadual discordem dessa conclusão, enten‐ decorrente da Lei 13.964/2019 (Lei Anticrime) traz alterações
dendo, sim, que a falsificação seria de boa qualidade, não consentâneas com o princípio acusatório, pois agora não se
poderão declinar da competência em favor da Justiça Fede‐ tem mais um pedido, uma promoção ou um requerimento de
ral, já que o juiz federal já se manifestou no sentido de sua arquivamento, mas uma verdadeira decisão de não acusar,
incompetência. Deve-se, pois, suscitar conflito negativo de isto é, o promotor natural decide não proceder à ação penal
competência, a ser dirimido pelo STJ, nos exatos termos do pública, de acordo com critérios de legalidade e oportunida‐
art. 105, I, “d”, da Constituição Federal”38. de, tendo em mira o interesse público, as diretrizes de política
criminal aprovadas pelo Ministério Público.
Atenção: Não há conflito de competência se já existe O arquivamento dos termos circunstanciados de ocor‐
sentença com trânsito em julgado proferida por um dos juízos rência (TCO) instaurados pela Polícia para apuração de infra‐
conflitantes. Súmula 73, Súmula 59, STJ. ções penais de menor potencial ofensivo, no âmbito da Lei
9.099/1995, seguirá a nova regra geral: arquivamento pelo
Qual será o órgão do judiciário competente para decidir Ministério Público sem intervenção judicial.
sobre o conflito? Para contrabalançar a vedação de intervenção judicial
A regra é de que será o órgão judiciário superior e comum nesta etapa, o legislador instituiu duas salvaguardas.
aos conflitantes, considerando que não haverá conflito de A primeira exige que o promotor natural – seja ele mem‐
competência quando houver hierarquia jurisdicional. bro do MPE, do MPF ou do MPM ou que esteja no exercício
O conflito de atribuições entre autoridades administra‐ de funções do MP Eleitoral – sempre submeta sua decisão
tivas, a exemplo dos promotores de justiça não configura a controle hierárquico, para fins de homologação do arqui‐
conflito de competência, uma vez que, não envolve juízos, vamento ou revisão dessa decisão, com substituição de seu
a esses conflitos dá-se o nome de conflito de atribuições. pronunciamento em favor da realização de diligências com‐
plementares ou da deflagração imediata da ação penal. Este
Arquivamento do Inquérito Policial mecanismo garante a accountability horizontal, resguarda
o interesse público, tem em conta o interesse da vítima e
Em obediência ao princípio acusatório, o arquivamento é compatível com o princípio da unidade institucional do

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal


de inquéritos policiais e procedimentos investigatórios crimi‐ Ministério Público, permitindo que os procuradores-Gerais
nais (PIC) deve ocorrer internamente (intra muros), ou seja, de fato orientem a política criminal da instituição, de modo
dentro do Ministério Público, sem ingerência judicial. Se o uniforme, sem violação de outro princípio constitucional
órgão do Ministério Público, após apreciação dos elementos igualmente importante, o da independência funcional.
informativos constantes dos autos do inquérito policial e a A segunda salvaguarda diz respeito ao direito da vítima,
ou de seu representante legal, de obter a reparação pelo cri‐
me que sofreu e ver o responsável processado e punido, com
II - quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou
separação de processos. vistas, inclusive, mas não apenas isto, à indenização civil. Ao
Art. 115. O conflito poderá ser suscitado: arquivar o caso, o promotor ou procurador deve determinar
I - pela parte interessada;
II - pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer dos juízos em dissídio; a intimação do ofendido ou de seu representante legal, pes‐
III - por qualquer dos juízes ou tribunais em causa. soalmente, por escrito ou por comunicação digital, para que
Art. 116. Os juízes e tribunais, sob a forma de representação, e a parte interes‐
sada, sob a de requerimento, darão parte escrita e circunstanciada do conflito, exerça seu direito de recorrer em 30 dias, com apresentação
perante o tribunal competente, expondo os fundamentos e juntando os docu‐ de suas razões ao órgão revisional do Ministério Público.
mentos comprobatórios.
§ 1o Quando negativo o conflito, os juízes e tribunais poderão suscitá-lo nos
Se houver dados de identificação do investigado e se seu
próprios autos do processo. paradeiro for conhecido ou se ele tiver constituído advogado
§ 2o Distribuído o feito, se o conflito for positivo, o relator poderá determinar ou tiver defensor, o suposto autor da infração penal tam‐
imediatamente que se suspenda o andamento do processo.
§ 3o Expedida ou não a ordem de suspensão, o relator requisitará informações bém deverá ser cientificado do arquivamento. Essa notícia
às autoridades em conflito, remetendo-lhes cópia do requerimento ou repre‐ integra-se ao patrimônio jurídico do investigado, agora fa‐
sentação.
§ 4o As informações serão prestadas no prazo marcado pelo relator. zendo parte do conteúdo do direito à ampla defesa. Embora
§ 5o Recebidas as informações, e depois de ouvido o procurador-geral, o con‐ a lei não diga, o investigado também poderá apresentar à
flito será decidido na primeira sessão, salvo se a instrução do feito depender
de diligência. instância revisional do Ministério Público suas razões para
§ 6o Proferida a decisão, as cópias necessárias serão remetidas, para a sua que o arquivamento seja homologado.
execução, às autoridades contra as quais tiver sido levantado o conflito ou que
o houverem suscitado.
A autoridade policial que presidiu o inquérito também
Art. 117. O Supremo Tribunal Federal, mediante avocatória, res‐ deve receber comunicação sobre o destino dado aos autos
tabelecerá a sua jurisdição, sempre que exercida por qualquer da apuração que presidiu, para que atualize seus registros,
dos juízes ou tribunais inferiores. inclusive quanto à situação jurídica do investigado, que pode
38
BRASILEIRO, Renato de Lima. Código de Processo Penal Comentado. 3º edição.
Ed. Juspodium. 2018 ter sido indiciado pela Polícia Judiciária.

223
Embora a Lei Anticrime não o diga, o arquivamento dos narrativa mais detalhada do fato registrado, com a indica‐
autos pelo Ministério Público também deve ser comunica‐ ção do autor do fato, do ofendido e do rol de testemunhas.
do ao juiz de garantias, para baixa dos registros judiciais e, Competente para sua lavratura será a autoridade policial a
eventualmente, para a revogação de medidas cautelares, que for comunicada a ocorrência da infração42.
reais ou pessoais que tenham sido impostas ao suspeito ou
ao indiciado. Investigação Criminal Conduzida pelo Ministério
Como se vê, com este sistema há um reforço dos me‐ Público
canismos institucionais de controle da decisão de arquiva‐
mento, com sua submissão obrigatória, em todos os casos, à O MP possui prerrogativa para promover, por autorida‐
instância superior do Ministério Público, e com a abertura de de própria, e por prazo razoável, investigações de natureza
possibilidade à vítima de oferecer razões contrárias à decisão penal, desde que respeitados os direitos e garantias que
de arquivamento, e ao investigado de apresentar argumentos assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob
favoráveis à decisão de não denunciar. Há a vantagem adicio‐ investigação do Estado, que será documentada por meio
nal de manter-se o juiz em sua condição de imparcialidade de expediente instaurado no âmbito da Promotoria/Procu‐
objetiva, sem que ele se veja obrigado a expor argumentos radoria. Por fundamento do que dispõe o art. 129, VI, da
contrários ao arquivamento. CF/1988, que confere a possibilidade de o Ministério Público
“expedir notificações nos procedimentos administrativos de
Desarquivamento do Inquérito e Oferecimento da sua competência, requisitando informações e documentos
Denúncia para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva”.
Não obstante a isso, a autoridade policial permanece na
Só será possível falar em desarquivamento quando a deci‐ competência exclusiva para presidir o Inquérito Policial. (RE
são de arquivamento se basear na falta de suporte probatório nº 593.727/MG ).
mínimo para denúncia do imputado ou nas hipóteses em que
a decisão fizer coisa julgada formal, sendo assim, havendo DO INQUÉRITO POLICIAL
mudança dos pressupostos fáticos ou jurídicos que motiva‐
ram a decisão, tal decisão poderá ser modificada. Quando Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infra‐
então surgirá a possibilidade de desarquivamento e de ofe‐ ção penal, a autoridade policial deverá:
recimento da denúncia. I – dirigir-se ao local, providenciando para que não se
alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada
Pressuposto dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de
O desarquivamento é sinônimo de reabertura das inves‐ 28.3.1994)
tigações e o pressuposto para essa reabertura é a notícia de II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato,
prova nova. (Art. 18 CPP39). após liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela
Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
O que é prova nova? III – colher todas as provas que servirem para o esclare‐
cimento do fato e suas circunstâncias;
É aquela prova capaz de alterar o contexto probatório
IV – ouvir o ofendido;
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal

dentro do qual fora proferido o arquivamento. Podendo já


V – ouvir o indiciado, com observância, no que for apli‐
ser conhecida, como exemplo a testemunha que mentiu em cável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro,
um primeiro momento ou substancialmente nova, como lo‐ devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemu‐
calização da arma do crime ou do cadáver. nhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
VI – proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e
Termo Circunstanciado a acareações;
VII – determinar, se for caso, que se proceda a exame de
A disciplina dos Juizados Especiais Criminais, determi‐ corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
nada pela Lei nº 9.099/1995, não previu a instauração de VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo
inquérito policial para apuração das condutas que se incluem datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha
no seu âmbito de incidência, quais sejam, as infrações de de antecedentes;
menor potencial ofensivo, assim compreendidas as contra‐ IX – averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto
de vista individual, familiar e social, sua condição econômica,
venções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima
sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e
não superior a dois anos de prisão, cumulada ou não com
durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem
multa (art. 61, Lei nº 9.099/199540). para a apreciação do seu temperamento e caráter.
Nestes casos, estabelece o art. 6941 da lei de juizados X – colher informações sobre a existência de filhos, res‐
especiais que deve ser lavrado o termo circunstanciado, pectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e
que se constitui de uma peça semelhante a um boletim de o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos,
ocorrência policial, incorporando, porém, em seu conteúdo, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
2016)
39
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judi‐ Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração
ciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder
a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
sido praticada de determinado modo, a autoridade policial
40
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
41
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará
termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor
do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais neces‐ 42
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 14ª
sários. edição. Ed. Forense. 2017

224
DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE de quem transportou o vestígio, código de rastreamento,
CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) identificação de quem o recebeu; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019) (Vigência)
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indis‐ VIII – processamento: exame pericial em si, manipula‐
pensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não ção do vestígio de acordo com a metodologia adequada às
podendo supri-lo a confissão do acusado. suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exa‐ se obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado
me de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: em laudo produzido por perito; (Incluído pela Lei nº 13.964,
(Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018) de 2019) (Vigência)
I – violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído IX  – armazenamento: procedimento referente à guar‐
dada pela Lei nº 13.721, de 2018) da, em condições adequadas, do material a ser processado,
II – violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa guardado para realização de contraperícia, descartado ou
com deficiência. (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018) transportado, com vinculação ao número do laudo corres‐
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto pondente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
de todos os procedimentos utilizados para manter e docu‐ X – descarte: procedimento referente à liberação do ves‐
mentar a história cronológica do vestígio coletado em locais tígio, respeitando a legislação vigente e, quando pertinente,
ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio mediante autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964,
a partir de seu reconhecimento até o descarte. (Incluído pela de 2019) (Vigência)
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preser‐ preferencialmente por perito oficial, que dará o encaminha‐
vação do local de crime ou com procedimentos policiais ou mento necessário para a central de custódia, mesmo quan‐
periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. do for necessária a realização de exames complementares.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como § 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito
de potencial interesse para a produção da prova pericial fica ou processo devem ser tratados como descrito nesta Lei,
responsável por sua preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal
de 2019) (Vigência) responsável por detalhar a forma do seu cumprimento. (In-
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou cluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração § 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a
penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes da
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastre‐ liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada
amento do vestígio nas seguintes etapas: (Incluído pela Lei como fraude processual a sua realização. (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019) (Vigência) nº 13.964, de 2019) (Vigência)
I – reconhecimento: ato de distinguir um elemento como Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do ves‐
de potencial interesse para a produção da prova pericial; tígio será determinado pela natureza do material. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
II – isolamento: ato de evitar que se altere o estado das § 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres,

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal


coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, me‐ com numeração individualizada, de forma a garantir a invio‐
diato e relacionado aos vestígios e local de crime; (Incluído labilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
III – fixação: descrição detalhada do vestígio conforme § 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preser‐
se encontra no local de crime ou no corpo de delito, e a var suas características, impedir contaminação e vazamento,
sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por ter grau de resistência adequado e espaço para registro de
fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua informações sobre seu conteúdo. (Incluído pela Lei nº 13.964,
descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsá‐ de 2019) (Vigência)
vel pelo atendimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai
(Vigência) proceder à análise e, motivadamente, por pessoa autorizada.
IV – coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
à análise pericial, respeitando suas características e natureza; § 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer cons‐
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) tar na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e a
V – acondicionamento: procedimento por meio do qual matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem
cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, como as informações referentes ao novo lacre utilizado. (In-
de acordo com suas características físicas, químicas e bio‐ cluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
lógicas, para posterior análise, com anotação da data, hora § 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no in‐
e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento; terior do novo recipiente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) 2019) (Vigência)
VI – transporte: ato de transferir o vestígio de um local Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão
para o outro, utilizando as condições adequadas (embala‐ ter uma central de custódia destinada à guarda e controle
gens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a ga‐ dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao
rantir a manutenção de suas características originais, bem órgão central de perícia oficial de natureza criminal. (Incluído
como o controle de sua posse; (Incluído pela Lei nº 13.964, pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
de 2019) (Vigência) § 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços
VII – recebimento: ato formal de transferência da posse de protocolo, com local para conferência, recepção, devolu‐
do vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo, ção de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a
informações referentes ao número de procedimento e uni‐ classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um
dade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome espaço seguro e apresentar condições ambientais que não

225
interfiram nas características do vestígio. (Incluído pela Lei Art.  160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde
nº 13.964, de 2019) (Vigência) descreverão minuciosamente o que examinarem, e respon‐
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio derão aos quesitos formulados. (Redação dada pela Lei nº
deverão ser protocoladas, consignando-se informações sobre 8.862, de 28.3.1994)
a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam. (Incluído Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio casos excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redação
armazenado deverão ser identificadas e deverão ser regis‐ dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
tradas a data e a hora do acesso. (Incluído pela Lei nº 13.964, Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito
de 2019) (Vigência) em qualquer dia e a qualquer hora.
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, Art.  162. A autópsia será feita pelo menos seis horas
todas as ações deverão ser registradas, consignando-se a depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais
identificação do responsável pela tramitação, a destinação, de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo,
a data e horário da ação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de o que declararão no auto.
2019) (Vigência) Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá o simples exame externo do cadáver, quando não houver
ser devolvido à central de custódia, devendo nela permane‐ infração penal que apurar, ou quando as lesões externas per‐
cer. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) mitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua de exame interno para a verificação de alguma circunstância
espaço ou condições de armazenar determinado material, relevante.
deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as con‐ Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico,
dições de depósito do referido material em local diverso, me‐ a autoridade providenciará para que, em dia e hora previa‐
diante requerimento do diretor do órgão central de perícia mente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará
oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de auto circunstanciado.
2019) (Vigência) Parágrafo único. O administrador de cemitério público
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de de‐
serão realizados por perito oficial, portador de diploma de sobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique
curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não des‐
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por tinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas
necessárias, o que tudo constará do auto.
2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na po‐
superior preferencialmente na área específica, dentre as que
sição em que forem encontrados, bem como, na medida do
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do
possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no lo‐
exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
cal do crime. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadá‐
bem e fielmente desempenhar o encargo. (Redação dada
ver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame
pela Lei nº 11.690, de 2008) provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente
§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente rubricados.
de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal

Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver


formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela
§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconheci‐
pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do mento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com
laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta todos os sinais e indicações.
decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e
§ 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser
partes, quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) úteis para a identificação do cadáver.
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito,
ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal
intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas poderá suprir-lhe a falta.
sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exa‐
dias, podendo apresentar as respostas em laudo complemen‐ me pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame
tar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) complementar por determinação da autoridade policial ou
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público,
pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
em audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 1º No exame complementar, os peritos terão presente
§ 6º Havendo requerimento das partes, o material pro‐ o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência
batório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ou retificá-lo.
ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, § 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação
e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, do delito no art. 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá ser
salvo se for impossível a sua conservação. (Incluído pela Lei feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data
nº 11.690, de 2008) do crime.
§ 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais § 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida
de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á pela prova testemunhal.
designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver
indicar mais de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº sido praticada a infração, a autoridade providenciará ime‐
11.690, de 2008) diatamente para que não se altere o estado das coisas até a

226
chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão
fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. (Vide Lei consignadas no auto do exame as declarações e respostas
nº 5.970, de 1973) de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir
alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo
as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos. exame por outros peritos.
(Incluído pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autori‐
material suficiente para a eventualidade de nova perícia. dade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar
Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com ou esclarecer o laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de
provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou es‐ 28.3.1994)
quemas. Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rom‐ que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar
pimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de conveniente.
escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indica‐ Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo
rão com que instrumentos, por que meios e em que época aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
presumem ter sido o fato praticado. Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública,
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação observar-se-á o disposto no art. 19.
de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam pro‐ Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o
duto do crime. juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pe‐
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peri‐ las partes, quando não for necessária ao esclarecimento da
tos procederão à avaliação por meio dos elementos existen‐ verdade.
tes nos autos e dos que resultarem de diligências. DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os ser‐
causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele ventuários ou funcionários de justiça e os peritos ou intér‐
tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a pretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver
extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos
que interessarem à elucidação do fato. autos. Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, impedimento poderá ser argüido pelas partes, seguindo-se
por comparação de letra, observar-se-á o seguinte: o processo estabelecido para a exceção de suspeição.
DO JUIZ
I – a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do
escrito será intimada para o ato, se for encontrada;
processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos,
II  – para a comparação, poderão servir quaisquer do‐
podendo, para tal fim, requisitar a força pública.
cumentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no pro‐
judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre
cesso em que:
cuja autenticidade não houver dúvida;
I – tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüí‐
III – a autoridade, quando necessário, requisitará, para neo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau,
o exame, os documentos que existirem em arquivos ou es‐

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal


inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério
tabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
daí não puderem ser retirados; II – ele próprio houver desempenhado qualquer dessas
IV – quando não houver escritos para a comparação ou funções ou servido como testemunha;
forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que III – tiver funcionado como juiz de outra instância, pro‐
a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a nunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;
pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá IV – ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo
ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclu‐
que a pessoa será intimada a escrever. sive, for parte ou diretamente interessado no feito.
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empre‐ Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mes‐
gados para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a mo processo os juízes que forem entre si parentes, consan‐
natureza e a eficiência. güíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular que‐ grau, inclusive.
sitos até o ato da diligência. Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer,
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos pe‐ poderá ser recusado por qualquer das partes:
ritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso I – se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer
de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá deles;
ser feita pelo juiz deprecante. II – se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, es‐
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão tiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo
transcritos na precatória. caráter criminoso haja controvérsia;
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado III – se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou
pela autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou
processo o laudo assinado pelos peritos. responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer
Art. 179. No caso do § 1º do art. 159, o escrivão lavrará das partes;
o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se pre‐ IV – se tiver aconselhado qualquer das partes;
sente ao exame, também pela autoridade. V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qual‐
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o quer das partes;
laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubri‐ Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade
cado em suas folhas por todos os peritos. interessada no processo.

227
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de pa‐ 5. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-SE) Mariana retornava
rentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento para casa no sábado a noite após o trabalho quando,
que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; no meio do caminho, avistou Antônio, seu vizinho, se
mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, aproximando de carro. Antônio lhe ofereceu carona até
não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o em casa e Mariana aceitou. Após algumas horas, ela
genro ou enteado de quem for parte no processo. compareceu à delegacia relatando que Antônio a levara
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem re‐ para um matagal, a agredira fisicamente com socos e
conhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito chutes e a obrigara a praticar sexo com ele. Mariana
der motivo para criá-la. informou que era virgem até então. O delegado regis‐
DOS PERITOS E INTÉRPRETES trou a ocorrência policial de violência sexual e Mariana
Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito foi encaminhada ao IML da cidade para a realização
à disciplina judiciária. de exame de corpo de delito. Durante o exame, o pe‐
Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito. rito médico-legista observou que a vítima apresentava
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obri‐ equimoses arroxeadas pelo corpo, além de escoriações
gado a aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a qui‐ e marcas de mordida e rotura himenal recente.
nhentos mil-réis, salvo escusa atendível. A respeito da situação hipotética relatada, julgue o item
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, que se segue.
sem justa causa, provada imediatamente: Após o exame, o perito médico-legista deve elaborar
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da au‐ um prontuário médico legal encaminhá-lo à autoridade
toridade; policial.
b) não comparecer no dia e local designados para o exa‐
me; 6. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-SE) A respeito do inquérito
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não policial, julgue o item seguinte.
seja feita, nos prazos estabelecidos. As provas não repetíveis colhidas na fase investigativa
Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem não dependem, em regra, de autorização judicial.
justa causa, a autoridade poderá determinar a sua condução.
Art. 279. Não poderão ser peritos: 7. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-SE) A respeito do inquérito
I – os que estiverem sujeitos à interdição de direito men‐ policial, julgue o item seguinte.
cionada nos ns. I e IV do art. 69 do Código Penal; Concluído o inquérito policial em que se investiga crime
II – os que tiverem prestado depoimento no processo ou de ação penal privada, os autos deverão, obrigatoria‐
opinado anteriormente sobre o objeto da perícia; mente, ser entregues ao ofendido ou seu representante
III – os analfabetos e os menores de 21 anos. legal, mediante traslado.
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicá‐
vel, o disposto sobre suspeição dos juízes. 8. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-SE) A respeito do inquérito
policial, julgue o item seguinte.
Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equi‐
O indiciamento formal nos autos do inquérito policial
parados aos peritos.
consiste exclusivamente em despacho fundamentado
da autoridade policial, no qual aponta determinado
EXERCÍCIOS suspeito de um crime como o seu efetivo autor.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal

1. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-SE) A respeito do inquérito 9. (2021/VUNESP/TJ-SP) No curso de inquérito policial re‐


policial, julgue o item seguinte. gularmente instaurado para apurar crime de ação penal
As provas não repetíveis colhidas na fase investigativa pública condicionada, e antes de seu encerramento, o
não dependem, em regra, de autorização judicial. advogado regulamente constituído pelo ofendido nos
autos efetua requerimento ao Delegado de Polícia que
2. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-SE) A respeito do inquérito o preside, pleiteando a realização de várias diligências.
policial, julgue o item seguinte. Considerando findas as investigações, e sem a reali‐
Concluído o inquérito policial em que se investiga crime zação das diligências requeridas, a autoridade policial
de ação penal privada, os autos deverão, obrigatoria‐ lança o relatório final e encaminha os autos ao Minis‐
mente, ser entregues ao ofendido ou seu representante tério Público. Diante desse cenário, é correto afirmar
legal, mediante traslado. a) nos crimes de ação penal pública condicionada,
competirá às partes a produção de provas, atuando
3. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-SE) A respeito do inquérito a autoridade policial de forma subsidiária se, a seu
policial, julgue o item seguinte. critério, entender cabível a complementação.
No caso de repressão a um crime relacionado ao tráfico b) agiu a d. autoridade policial em desconformidade
de pessoas, poderá a autoridade policial requisitar dire‐ com a lei, pois é permitido ao ofendido, ou seu repre‐
tamente às empresas de telefonia, independentemente sentante legal, requerer diligências para apuração
de manifestação judicial, as informações necessárias ou esclarecimento dos fatos, somente podendo ser
à localização da vítima ou dos suspeitos do delito em indeferidas tais providências, motivadamente, se
execução. impertinentes ou protelatórias.
c) agiu com acerto a d. autoridade policial, pois, ao dis‐
4. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-SE) A respeito do inquérito tinguir entre requerimento e requisição, incumbirá
policial, julgue o item seguinte. a ela apenas a realização de diligências requisitadas
O indiciamento formal nos autos do inquérito policial pelo Juiz ou pelo Ministério Público, nos termos da
consiste exclusivamente em despacho fundamentado lei (artigo 13, II, CPP).
da autoridade policial, no qual aponta determinado d) nos crimes de ação penal pública condicionada, a
suspeito de um crime como o seu efetivo autor. autoridade policial tem o dever limitado à instaura‐
ção do inquérito policial.

228
10. (2021/VUNESP/TJ-SP) A respeito do impedimento e da d) Nos casos de tráfico de pessoas, tráfico de armas e trá‐
suspeição do Juiz, é correto afirmar que fico de drogas, o inquérito policial deverá ser instaurado
a) as causas de impedimento e suspeição do Juiz não no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado
se aplicam aos serventuários e servidores da justiça. do registro da respectiva ocorrência policial.
b) as causas de impedimento estão relacionadas ao ani‐ e) Os instrumentos do crime, bem como os objetos que
mus subjetivo do juiz quanto às partes; enquanto as interessam à prova, permanecerão sob responsabili‐
de suspeição referem-se a vínculos objetivos do Juiz dade da autoridade policial, sendo disponibilizados
com o processo. ao juízo sempre que por ele forem requisitados.
c) o Juiz restará impedido de atuar no processo se ele
ou seu cônjuge, seus ascendentes ou descendentes 13. (2019/GSA CONCURSOS/Prefeitura de Jardinópolis - SC)
estiverem respondendo a processo por fato análogo. Marque a alternativa incorreta. Nos crimes de ação pú‐
d) mesmo dissolvido o casamento, ainda que sem filhos blica o inquérito policial será iniciado:
em comum, o Juiz não poderá figurar em processos a) Mediante requisição da autoridade judiciária ou do
em que são partes os pais e irmãos do ex-cônjuge. Ministério Público.
e) o Juiz restará suspeito para atuar em processo em b) De ofício.
que o próprio já tenha atuado como autoridade po‐ c) A requerimento de quem tiver qualidade para repre‐
licial ou mesmo órgão do Ministério Público. sentar o ofendido, contendo sempre que possível,
a individualização do indiciado ou seus sinais carac‐
11. (2019/EJUD-PI/TJ-PI) Sobre o Inquérito Policial, Ministé‐ terísticos e as razões de convicção ou de presunção
rio Público e Sujeitos do Processo, analise as seguintes de ser ele o autor da infração, ou os motivos de
assertivas: impossibilidade de o fazer.
I - Constitui-se em procedimento preparatório da ação d) A requerimento do ofendido, contendo sempre a
penal de caráter judicial, conduzido pela polícia judiciá‐ narração do fato, com todas as circunstâncias.
ria (regra) e voltado à colheita preliminar de provas para
apurar a prática de uma infração penal e sua autoria, 14. (2016/FCC/PGE-MA) No inquérito policial, o advogado
o qual servirá para a formação da opinião delitiva do a) pode examinar os autos sem procuração, mesmo
titular da ação penal. que sujeitos a sigilo.
II - Considerando a importância que o inquérito policial b) pode tomar apontamentos, desde que o faça unica‐
assume nas investigações criminais. pode-se afirmar mente por meio físico.
c) não pode apresentar razões e quesitos.
que o mesmo é prescindível à propositura da ação pe‐
d) pode assistir seus clientes investigados durante a
nal.
apuração de infrações, sob pena de nulidade relativa
III - O arquivamento indireto ocorre quando o titular da
do respectivo interrogatório ou depoimento e, sub‐
ação penal deixa de incluir na denúncia algum indiciado
sequentemente, de todos os elementos investiga‐
ou fato investigado sem explicitar qualquer motivação.
tórios e probatórios dele decorrentes ou derivados,
IV - A participação de membro do Ministério Público direta ou indiretamente.
na fase investigativa criminal não acarreta seu impedi‐ e) pode ter delimitado pela autoridade competente o
mento ou suspeição para o oferecimento de denúncia. acesso aos elementos de prova relacionados a dili‐
V - O Juiz estará impedido de exercer a jurisdição, entre gências em andamento e ainda não documentados
outras hipóteses, caso ele, seu cônjuge, ou parente, nos autos, desde que se trate de procedimento su‐

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal


consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, jeito a sigilo.
sustentar demanda ou responder a processo que tenha
de ser julgado por qualquer das partes. 15. (2021/MPM/MPM) Em tema de indispensabilidade do
Está CORRETO o que se afirma APENAS em: controle epistêmico da prova penal, assinale a opção
a) I, II e III correta.
b) II, III e IV a) A cadeia de custódia da prova penal é composta pela
c) II, III e V sequência das etapas de “coleta do vestígio”, “exame
d) III, IV e V pericial” e “elaboração do respectivo laudo”.
e) II e IV b) A coleta dos vestígios deve ser realizada obrigato‐
riamente por perito oficial, que dará o encaminha‐
12. (2021/MPE-RS/MPE-RS) De acordo com a legislação mento necessário para a central de custódia.
processual penal, assinale a alternativa correta. c) No exame toxicológico para constatar substância en‐
a) Na hipótese de inquérito policial instaurado para in‐ torpecente proibida, a atuação de perito único revela
vestigar tráfico de drogas, a apuração será concluída quebra da cadeia de custódia, e resulta ilegalidade
no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver da prova produzida.
preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. d) A remoção de quaisquer vestígios de locais de crime
b) O ofendido, ou seu representante legal, e o indicia‐ antes da liberação por parte do perito responsável,
do poderão requerer qualquer diligência, que será pode ser tipificada como fraude processual.
realizada pela autoridade policial, sob pena de res‐
ponsabilização criminal, civil e administrativa. 16. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-AL) Acerca do inquérito
c) Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes policial, julgue o item subsequente.
relacionados ao tráfico de pessoas, tráfico de armas Tratando-se de crime de lesão corporal leve, o inquérito
e tráfico de drogas, o membro do Ministério Públi‐ policial só poderá ser iniciado mediante representação
co ou o delegado de polícia poderão requisitar, de da vítima.
imediato e diretamente, às empresas prestadoras
de serviço de telecomunicações e/ou telemática 17. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-AL) Acerca do inquérito
que disponibilizem imediatamente os meios técni‐ policial, julgue o item subsequente.
cos adequados – como sinais, informações e outros Pode a autoridade policial deferir ou indeferir pedido
– que permitam a localização da vítima ou dos sus‐ de prova feito pelo indiciado ou pelo ofendido no in‐
peitos dos delitos em curso. quérito.

229
18. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-AL) Acerca do inquérito 26. (2021/CESPE / CEBRASPE/SEFAZ-CE) Com a prisão em
policial, julgue o item subsequente. flagrante do autuado, foi instaurado inquérito pela Po‐
O inquérito policial pode ser dispensado com base em lícia Civil do Estado do Ceará para investigar crime de
elementos colhidos em inquérito civil instaurado para ação penal pública previsto no Código Penal e punido
apurar ilícitos administrativos. com pena de reclusão. A vítima reconheceu o preso, e
este permaneceu calado. Concluídas as diligências, o
19. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-AL) Acerca do inquérito delegado elaborou o relatório final. Considerando essa
policial, julgue o item subsequente. situação hipotética, julgue o item a seguir.
Verificado equívoco na instauração de inquérito para A instauração do inquérito policial depende de mani‐
apurar crime de ação privada, deverá o delegado pro‐ festação da vítima, admitindo-se a renúncia ao direito
mover seu arquivamento. de ação quando formalizado por escrito antes do rece‐
bimento da denúncia.
20. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-AL) Acerca do inquérito
policial, julgue o item subsequente. 27. (2021/CESPE / CEBRASPE/SEFAZ-CE) Com a prisão em
Em se tratando de crime de ação privada, o inquérito flagrante do autuado, foi instaurado inquérito pela Po‐
poderá ser instaurado por requisição do Ministério Pú‐ lícia Civil do Estado do Ceará para investigar crime de
blico. ação penal pública previsto no Código Penal e punido
com pena de reclusão. A vítima reconheceu o preso, e
21. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-AL) No que se refere aos
este permaneceu calado. Concluídas as diligências, o
princípios constitucionais do processo penal, julgue o
delegado elaborou o relatório final. Considerando essa
item a seguir.
Condenação baseada em elementos do inquérito poli‐ situação hipotética, julgue o item a seguir.
cial complementados por provas produzidas em juízo Com o autuado preso, o inquérito policial deve ser con‐
não fere o princípio do contraditório. cluído no prazo de quinze dias, prorrogáveis por igual
período em caso de necessidade devidamente justifi‐
22. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-AL) A autoridade poli‐ cada.
cial instaurou inquérito policial em virtude de crime
de lesões corporais leves cometidos contra mulher no 28. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-AL) Margarida foi indi‐
âmbito familiar. O inquérito foi relatado e enviado ao ciada pela prática de crime hediondo. Ao comparecer
Poder Judiciário. Considerando essa situação hipotética na delegacia de polícia, ela apresentou a certidão de
julgue o item seguinte. nascimento, tendo alegado ter apenas esse documento.
Se o município onde se deu a instauração do inquérito Durante a oitiva, espontaneamente confessou a auto‐
não for sede de comarca, o delegado poderá determinar ria do fato. Com fundamento na confissão, o delegado
o afastamento do agressor do lar. determinou algumas diligências.
Considerando a situação hipotética apresentada, julgue
23. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-AL) A autoridade poli‐ o item seguinte.
cial instaurou inquérito policial em virtude de crime O inquérito policial deverá ser concluído em até 30 dias,
de lesões corporais leves cometidos contra mulher no podendo o delegado, uma vez que Margarida está em
âmbito familiar. O inquérito foi relatado e enviado ao liberdade, solicitar a prorrogação do prazo ao juiz para
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal

Poder Judiciário. Considerando essa situação hipotética concluir as diligências.


julgue o item seguinte.
Por se tratar de ação pública incondicionada, é correto 29. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-AL) Margarida foi indi‐
afirmar que a instauração do inquérito policial se deu ciada pela prática de crime hediondo. Ao comparecer
independentemente de representação da vítima. na delegacia de polícia, ela apresentou a certidão de
nascimento, tendo alegado ter apenas esse documento.
24. (2021/CESPE / CEBRASPE/SEFAZ-CE) Com a prisão em Durante a oitiva, espontaneamente confessou a auto‐
flagrante do autuado, foi instaurado inquérito pela Po‐ ria do fato. Com fundamento na confissão, o delegado
lícia Civil do Estado do Ceará para investigar crime de determinou algumas diligências.
ação penal pública previsto no Código Penal e punido Considerando a situação hipotética apresentada, julgue
com pena de reclusão. A vítima reconheceu o preso, e o item seguinte.
este permaneceu calado. Concluídas as diligências, o Margarida será submetida à identificação criminal pelo
delegado elaborou o relatório final. Considerando essa procedimento datiloscópico.
situação hipotética, julgue o item a seguir.
O delegado não poderá arquivar o inquérito policial,
30. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-AL) Joacir foi preso em
mesmo que a conclusão do relatório tenha sido pela
flagrante pela prática de determinado crime. A pena
atipicidade da conduta ou por falta de condição de pro‐
cedibilidade. prevista para tal crime é um a quatro anos de reclusão.
Ele negou a autoria do crime e acusou a vítima de ter
25. (2021/CESPE / CEBRASPE/SEFAZ-CE) Com a prisão em forjado a situação de flagrância. A partir dessa situação
flagrante do autuado, foi instaurado inquérito pela Po‐ hipotética, julgue o item a seguir.
lícia Civil do Estado do Ceará para investigar crime de Em face do legítimo interesse público da sociedade na
ação penal pública previsto no Código Penal e punido elucidação dos crimes, é permitido ao delegado divulgar
com pena de reclusão. A vítima reconheceu o preso, e na mídia os detalhes da investigação, inclusive a versão
este permaneceu calado. Concluídas as diligências, o de Joacir de que a vítima forjou o flagrante.
delegado elaborou o relatório final. Considerando essa
situação hipotética, julgue o item a seguir. 31. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-AL) Joacir foi preso em
O indiciado tem o direito de permanecer calado durante flagrante pela prática de determinado crime. A pena
o inquérito policial e a ação penal, não sendo permitida prevista para tal crime é um a quatro anos de reclusão.
valoração desfavorável do silêncio. Ele negou a autoria do crime e acusou a vítima de ter

230
forjado a situação de flagrância. A partir dessa situação a) O mero registro da ocorrência do crime não traz em
hipotética, julgue o item a seguir. seu bojo a existência da condição de procedibilidade
Caso fique comprovado que a vítima forjou o flagrante para a instauração do inquérito policial.
de Joacir, o delegado poderá arquivar o inquérito poli‐ b) O inquérito policial poderá ser dispensado pelo MP
cial. no caso de ação penal pública condicionada à repre‐
sentação, mas não é dispensável nos casos de ação
32. (2021/CESPE / CEBRASPE/PC-AL) Joacir foi preso em penal pública incondicionada.
flagrante pela prática de determinado crime. A pena c) Dado o seu caráter provisório e administrativo, o
prevista para tal crime é um a quatro anos de reclusão. inquérito policial é dispensável para a propositura da
Ele negou a autoria do crime e acusou a vítima de ter ação penal se a vítima souber, ao menos, quem seja
forjado a situação de flagrância. A partir dessa situação o autor do delito, pois os elementos de convicção
hipotética, julgue o item a seguir. serão apontados na ação penal.
Considerando-se apenas a pena abstrata prevista para d) Caso o delegado entenda que não há justa causa para
o crime, o delegado poderá conceder a liberdade pro‐ o trâmite do inquérito policial, ele poderá mandar
visória mediante arbitramento de fiança. arquivar os autos, por falta de base para uma futura
denúncia.
33. (2021/NC-UFPR/PC-PR) A partir de uma notitia criminis, e) O inquérito policial somente poderá ser dispensa‐
a autoridade policial da Delegacia de Goioerê/PR ins‐ do nas ações penais de natureza privada, visto que
taurou inquérito policial (IP) em desfavor de L.R. pela nas ações de natureza pública vigora o princípio da
prática do crime previsto no art. 171, §2º, inciso III, obrigatoriedade.
do Código Penal (defraudação de penhor). Após várias
diligências, a autoridade entendeu que o fato é atípico. 36. (2021/IDECAN/PEFOCE) Karoline, estudante de 25 anos,
Nesse caso, a autoridade policial deverá: foi acusada de praticar delito de homicídio, tendo como
a) elaborar o relatório e encaminhar o IP à Corregedoria vítima sua vizinha Jéssica, manicure de 21 anos. O mo‐
para o arquivamento. tivo, segundo se apurou, foi uma dívida financeira que
b) elaborar o relatório e encaminhar o IP a juízo. Jéssica tinha com Karoline. Ocorre que o corpo da vítima
c) encaminhar o IP ao Ministério Público para o arqui‐ não foi encontrado. Nessa hipótese, assinale a alterna‐
vamento. tiva correta.
d) arquivar o IP e comunicar o arquivamento ao Distri‐ a) Enquanto não for encontrado o corpo da vítima, não
buidor Criminal. poderá haver processo criminal contra Karoline, pois
e) arquivar o IP e comunicar o arquivamento à Corre‐ o delito é crime que deixa vestígios, e a perícia é
gedoria da Polícia Civil. essencial.
b) Embora o delito de homicídio seja classificado como
34. (2021/NC-UFPR/PC-PR) No dia 21 de abril de 2021, uma infração não transeunte, a confissão de Karoline,
escola municipal foi invadida e teve seu patrimônio caso ocorra, dispensará a perícia. Isso porque, con‐
subtraído. Em depoimento prestado junto à Delegacia forme a lei, o juiz não fica adstrito ao laudo pericial.
de Polícia competente, o vigia da escola afirmou que c) Se o corpo de Jéssica for encontrado e não houver
a invasão ocorreu via porta principal, arrombada com perito oficial para realizar a perícia, o exame poderá

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal


um pé de cabra que foi abandonado no local do crime. ser realizado por uma pessoa idônea, portadora de
Outras duas testemunhas confirmaram a subtração bem diploma de curso superior, preferencialmente na
como o dano causado à porta principal da escola. Com área específica.
base nos fatos narrados, é correto afirmar: d) Se o corpo de Jéssica for encontrado, teremos uma
a) O exame pericial é prescindível, tendo em conta o hipótese de prioridade na perícia em função do gê‐
depoimento unânime das testemunhas. nero da vítima, ou seja, a perícia no corpo de Jéssica
b) O exame pericial pode ser substituído pela confissão terá preferência sobre demais casos cujas vítimas
do acusado, caso ela ocorra. não sejam mulheres.
c) A realização do exame pericial é imperiosa para a e) Trata-se de crime que deixa vestígios e o exame de
comprovação da qualificadora do rompimento da corpo de delito é essencial. Preferencialmente a pe‐
porta. rícia deve ser feita de modo direto, ou seja, sobre o
d) A realização do exame pericial é facultativa, eis que próprio corpo do delito. Não sendo possível, permi‐
no processo penal o juiz formará sua convicção pela te-se a perícia indireta, feita a partir do depoimento
livre apreciação da prova. das testemunhas.
e) A comprovação da qualificadora do rompimento da
porta pode ser admitida via relatório conclusivo da 37. (2021/IDECAN/PEFOCE) Leandro e Paula estão sendo
autoridade policial nos autos de inquérito. investigados pela prática de determinada infração pe‐
nal. No curso da investigação, fica demonstrado que
35. (2021/NC-UFPR/PC-PR) A exposição de motivos do Códi‐ ambos atuaram na prática do delito, em verdadeira
go de Processo Penal traz a seguinte colocação: “IV (...) conexão intersubjetiva concursal. Relatado o inquérito
há em favor do inquérito policial, como instrução pro‐ policial e enviado ao Ministério Público, este oferece
visória antecedendo a propositura da ação penal, um denúncia apenas em relação a Leandro, nada mencio‐
argumento dificilmente contestável: é ele uma garantia nando em relação a Paula. O Magistrado competente
contra apressados e errôneos juízos, formados quando para avaliar a denúncia não percebe esse equívoco do
ainda persiste a trepidação moral causada pelo crime Ministério Público e recebe a peça processual, dando
ou antes que seja possível uma exata visão de conjunto início à ação penal exclusivamente em relação a Le‐
dos fatos, nas suas circunstâncias objetivas e subjetivas andro. Atento à doutrina que aceita o denominado
(…)”. Sobre o inquérito policial e sua obrigatoriedade, arquivamento implícito do inquérito policial, assinale
assinale a alternativa correta. a afirmativa INCORRETA.

231
a) O arquivamento implícito ocorre quando há omis‐ ricial encaminhará ao Delegado de Polícia, que ficará
são do Ministério Público por não ter imputado na responsável por sua preservação.
denúncia a autoria do delito praticado pela Paula, c) É proibida a entrada em locais isolados bem como a
bem como do Magistrado por não instar o órgão do remoção de quaisquer vestígios de locais de crime
MP a se pronunciar sobre todos os fatos e pessoas antes da liberação por parte do perito responsável,
tratados na investigação policial. sendo tipificada como fraude processual a sua rea‐
b) Caso o juiz tivesse percebido o equívoco do mem‐ lização.
bro do Ministério Público, não restaria configurado d) Todos os recipientes para acondicionamento dos
o arquivamento implícito em relação a Paula. vestígios deverão ser selados com lacres, com nu‐
c) Para que ocorra o arquivamento implícito do inqué‐ meração individualizada, de forma a garantir a in‐
rito policial, tanto o Ministério Público quanto o Juiz, violabilidade e a idoneidade do vestígio durante o
cada um em sua função processual, não percebem transporte.
a ausência de um fato investigado ou um dos indi‐ e) Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio ar‐
ciados na peça inaugural da ação penal. mazenado deverão ser identificadas e deverão ser
d) No curso da instrução criminal, caso o Ministério registradas a data e a hora do acesso.
Público perceba o equívoco de não ter oferecido de‐
núncia em relação a Paula, poderá aditar a denúncia 40. (2021/IDECAN/PEFOCE) Leandro e Paula estão sendo in‐
para incluir Paula na relação processual. vestigados pela prática de determinada infração penal.
e) O Ministério Público não poderá aditar a denúncia No curso da investigação, fica demonstrado que ambos
para incluir Paula na relação processual, haja vista atuaram na prática do delito, em verdadeira conexão
a ocorrência do arquivamento implícito, pois o MP intersubjetiva concursal. Relatado o inquérito policial
tinha conhecimento de que Paula teria participado e enviado ao Ministério Público, este oferece denúncia
do delito antes do oferecimento da denúncia (no apenas em relação a Leandro, nada mencionando em
IPL) e deixou de incluí-la na peça processual. relação a Paula. O Magistrado competente para avaliar a
denúncia não percebe esse equívoco do Ministério Públi‐
38. (2021/IDECAN/PEFOCE) A Lei 13.964/2019, mais co‐ co e recebe a peça processual, dando início à ação penal
nhecida como “pacote anticrime”, alterou o Código de exclusivamente em relação a Leandro. Atento à doutrina
Processo Penal para incluir no capítulo do exame de que aceita o denominado arquivamento implícito do in‐
corpo de delito o tema cadeia de custódia da prova quérito policial, assinale a afirmativa INCORRETA.
penal. Trata-se de importante dispositivo processual a) O arquivamento implícito ocorre quando há omis‐
com a finalidade de assegurar a integridade dos elemen‐ são do Ministério Público por não ter imputado na
tos probatórios. Acerca do tema, assinale a afirmativa denúncia a autoria do delito praticado pela Paula,
INCORRETA. bem como do Magistrado por não instar o órgão do
a) Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou MP a se pronunciar sobre todos os fatos e pessoas
latente, constatado ou recolhido, que se relaciona tratados na investigação policial.
à infração penal. b) Caso o juiz tivesse percebido o equívoco do mem‐
b) O agente público que reconhecer um elemento como bro do Ministério Público, não restaria configurado
de potencial interesse para a produção da prova pe‐ o arquivamento implícito em relação a Paula.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Processual Penal

ricial encaminhará ao Delegado de Polícia, que ficará c) Para que ocorra o arquivamento implícito do inqué‐
responsável por sua preservação. rito policial, tanto o Ministério Público quanto o Juiz,
c) É proibida a entrada em locais isolados bem como a cada um em sua função processual, não percebem
remoção de quaisquer vestígios de locais de crime a ausência de um fato investigado ou um dos indi‐
antes da liberação por parte do perito responsável, ciados na peça inaugural da ação penal.
sendo tipificada como fraude processual a sua rea‐ d) No curso da instrução criminal, caso o Ministério
lização. Público perceba o equívoco de não ter oferecido de‐
d) Todos os recipientes para acondicionamento dos núncia em relação a Paula, poderá aditar a denúncia
vestígios deverão ser selados com lacres, com nu‐ para incluir Paula na relação processual.
meração individualizada, de forma a garantir a in‐ e) O Ministério Público não poderá aditar a denúncia
violabilidade e a idoneidade do vestígio durante o para incluir Paula na relação processual, haja vista
transporte. a ocorrência do arquivamento implícito, pois o MP
e) Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio ar‐ tinha conhecimento de que Paula teria participado
mazenado deverão ser identificadas e deverão ser do delito antes do oferecimento da denúncia (no
registradas a data e a hora do acesso. IPL) e deixou de incluí-la na peça processual.

39. (2021/IDECAN/PEFOCE) A Lei 13.964/2019, mais co‐ GABARITO


nhecida como “pacote anticrime”, alterou o Código de
Processo Penal para incluir no capítulo do exame de 1. C 11. e 21. C 31. E
corpo de delito o tema cadeia de custódia da prova 2. E 12. a 22. C 32. C
penal. Trata-se de importante dispositivo processual 3. E 13. d 23. C 33. b
com a finalidade de assegurar a integridade dos elemen‐ 4. E 14. e 24. C 34. c
tos probatórios. Acerca do tema, assinale a afirmativa 5. E 15. d 25. C 35. a
INCORRETA. 6. C 16. C 26. E 36. e
a) Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou 7. E 17. C 27. E 37. d
latente, constatado ou recolhido, que se relaciona 8. E 18. C 28. C 38. b
à infração penal. 9. b 19. E 29. C 39. b
b) O agente público que reconhecer um elemento como 10. d 20. E 30. E 40. d
de potencial interesse para a produção da prova pe‐

232
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Edgard Antônio Lemos Alves • Maurício Nicácio

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA e garantias individuais; pelo aprimoramento das


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL instituições; pela manutenção da ordem interna e
pela afirmação da soberania nacional. Todavia, esses
objetivos não podem ser deixados ao acaso e, para
O planejamento, a  coordenação, a  descentralização, sua consecução, necessitam da tranquilidade que
a  delegação de competência e o controle surgiram por advém da segurança interna e externa.
intermédio do Decreto‑Lei nº  200, de 25 de fevereiro de Planejamento é o estudo e estabelecimento das
1967, como princípios fundamentais a serem obedecidos
diretrizes e metas que deverão orientar a ação
pela Administração Pública Federal.
governamental, através de um plano geral de gover‐
De acordo com o saudoso administrativista Hely Lopes
no, de programas globais, setoriais e regionais de
Meirelles (2005, p. 735), esses princípios foram criados com
duração plurianual, do orçamento‑programa anual
a preocupação maior de diminuir o tamanho da máquina
e da programação financeira de desembolso, que
estatal e simplificar os procedimentos administrativos e,
são seus instrumentos básicos. Na elaboração do
consequentemente, reduzir as despesas causadoras do de-
plano geral, bem como na coordenação, revisão e
ficit público. Como forma de obter esses fins, foram editados
consolidação dos programas setoriais e regionais,
decretos e leis, visando à extinção e privatização de órgãos
de competência dos Ministros de Estado nas res‐
e de entidades da Administração Federal, instituindo nova
pectivas áreas de atuação, o Presidente da República
sistemática monetária e tributária e reorganizando a Presi‐
é assessorado pelo Conselho de Governo. Toda a
dência da República e os Ministérios. Seguem visão geral de
atividade da Administração Federal deve ajustar‑se à
cada um e suas finalidades.
programação aprovada pelo Presidente da República
• Planejamento – Com vistas a promover o desenvol‐
e ao orçamento‑programa, vedando‑se assunção de
vimento econômico‑social do país e a segurança nacional,
a Administração Pública Federal, através de seus órgãos de compromissos financeiros em discordância com a
planejamento, deverá estabelecer por meio de planos ge‐ programação financeira de desembolso.
rais de governo programas globais, setoriais e regionais de
duração plurianual, do orçamento‑programa anual e da pro‐ • Coordenação – Como forma de harmonizar a execução
gramação financeira de desembolso, diretrizes e metas que dos planos e programas de Governo ao que foi planejado,
orientarão a ação governamental, cabendo a cada Ministro as atividades da Administração Federal serão submetidas à
de Estado orientar e dirigir a elaboração do programa setorial permanente coordenação. Quando órgãos estaduais e mu‐
e regional correspondente a seu Ministério e ao Ministro de nicipais exercerem atividades idênticas, os órgãos fe­derais
Estado, Chefe da Secretaria de Planejamento, auxiliar dire‐ buscarão com eles coordenar‑se. Com a coordenação evita‑se
tamente o Presidente da República na coordenação, revisão desperdício de esforços e de investimentos na mesma área
e consolidação dos programas setoriais e regionais e na geográfica.
elaboração da programação geral do Governo. A aprovação Segundo Meirelles (2005), o princípio da coordenação

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


dos planos gerais, setoriais e regionais é de competência do foi tratado da seguinte maneira:
Presidente da República.
Na obra Direito Administrativo Brasileiro, Hely Lopes O princípio da coordenação visa entrosar as ativida‐
Meirelles (2005) discorre acerca do assunto da seguinte des da Administração, de modo a evitar a duplicidade
maneira: de atuação, a dispersão de recursos, a divergência
de soluções e outros males característicos da bu‐
a finalidade precípua da Administração é a promoção rocracia. Coordenar é, portanto, harmonizar todas
do bem‑estar social, que a Constituição traduz na ela‐ as atividades da Administração, submetendo‑as ao
boração e execução de planos nacionais e regionais que foi planejado e poupando‑a de desperdícios, em
de ordenação do território e de desenvolvimento qualquer de suas modalidades.
econômico e social (art. 21, IX). De aplicação permanente, a coordenação impõe‑se a
Bem‑estar social é o bem comum da coletividade, todos os níveis da Administração, através das chefias
expresso na satisfação de suas necessidades funda‐ individuais, de reuniões de que participem as chefias
mentais. Desenvolvimento é prosperidade. Prospe‐ subordinadas e de comissões de coordenação em
ridade econômica e social; prosperidade material e cada nível administrativo. Na Administração supe‐
espiri­tual; prosperidade individual e coletiva; prospe‐ rior, a coordenação é, agora, da competência da
ridade do Estado e de seus membros; prosperidade Casa Civil da Presidência da República (art. 2º da Lei
global, enfim. Diante dessa rea­lidade, podemos nº 10.683/2003). A assistência direta e imediata ao
conceituar o desenvolvimento nacional como o Presidente da República, especialmente na coorde‐
permanente aprimoramento dos meios essenciais nação política e na condução do relacionamento do
à sobrevivência dos indivíduos e do Estado, visando Governo com o Congresso Nacional e com os partidos
ao bem‑estar de todos e ao conforto de cada um na políticos, assim como na interlocução com os Estados,
comunidade em que vivemos. Assim, o  desenvol‐ o Distrito Federal e os Municípios, passou a ser exer‐
vimento nacional é obtido pelo aperfeiçoamento cida pela Secretaria Governo (Lei nº 13.266/2016).
ininterrupto da ordem social, econômica e jurídica; Como corolário do princípio da coordenação, nenhum
pela melhoria da educação; pelo aumento da riqueza assunto poderá ser submetido à decisão presidencial
pública e particular; pela preservação dos direitos ou de qualquer autoridade administrativa compe‐

233
tente sem ter sido previamente coordenado, isto é, lização, tomando o termo na sua acepção vulgar,
sem ter passado pelo crivo de todos os setores nele um amplo descongestionamento da Administração
interessados, através de consultas e entendimentos Federal, através da desconcentração administrativa,
que propiciem soluções integrais e em sincronia com da delegação de execução de serviço e da execução
a política geral e setorial do Governo. direta.
A fim de evitar a duplicação de esforços e de inves‐ A desconcentração administrativa opera desde
timentos na mesma área geográfica, admite‑se a logo pela distinção entre os níveis de direção e
coordenação até mesmo com órgãos da Adminis‐ execução. No nível de direção situam‑se os serviços
tração estadual e municipal que exerçam atividades que, em cada órgão da Administração, integram
idênticas às dos federais, desde que seja inviável a sua estrutura central de direção, competindo‑lhe
delegação de atribuições àqueles órgãos. Com isso, primordialmente as atividades relacionadas com
além de economizar recursos materiais e humanos, o planejamento, a supervisão, a coordenação e o
faculta‑se aos Estados e Municípios a integração nos controle, bem como o estabelecimento de normas,
planos governamentais, deles haurindo benefícios critérios, programas e princípios a serem observados
de interesse local. pelos órgãos enquadrados no nível de execução.
Em outras disposições do Estatuto da Reforma, A  esses últimos cabem a tarefa de mera rotina,
preveem‑se medidas especiais de coordenação inclusive as de formalização de atos administrati‐
nos campos da Ciência e da Tecnologia, da Política vos e, em regra, de decisão de casos individuais,
Nacional de Saúde, do Abastecimento Nacional, dos principalmente quando localizados na periferia da
Transportes e das Comunicações, abrangendo as administração, e em maior contato com os fatos e
atividades de todos os interessados nesses setores, com os administrados.
inclusive particulares. A delegação da prestação de serviço público ou de
utilidade pública pode ser feita a particular – pessoa
• Descentralização – Conforme disposição prevista no física ou jurídica  – que tenha condições para bem
Decreto‑Lei nº 200/1967 (art. 10), a execução das atividades realizá‑lo, sempre através de licitação, sob regime de
da Administração Federal deverá ser amplamente descen‐ concessão ou permissão (CF, art. 175). Esses serviços
tralizada. A descentralização será feita dentro dos quadros também podem ser executados por pessoa adminis‐
da própria Administração Federal (é o que chamamos de trativa, mediante convênio ou consórcio (CF, art. 23,
desconcentração); da Administração Federal para a das uni‐ parágrafo único). Os signatários dos convênios ficam
dades federadas, quando estejam devidamente aparelhadas sujeitos ao poder normativo, fiscalizador e controla‐
e mediante convênio; e, da Administração Federal para a dor dos órgãos federais competentes, dependendo
órbita privada, mediante contratos ou concessões. a liberação dos recursos do fiel cumprimento dos
O princípio da descentralização, previsto no Estatuto da programas e das cláusulas do ajuste.
Reforma Administrativa de 1967, foi tratado por Meirelles A execução indireta das obras e serviços da Admi‐
(2005) da seguinte forma: nistração, mediante contratos com particulares,
pessoas físicas ou jurídicas, tem por finalidade
Descentralizar, em sentido comum, é  afastar do aliviá‑la das tarefas executivas, garantindo, assim,
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

centro; descentralizar, em sentido jurídico‑adminis‐ a melhor realização das suas atividades específicas
trativo, é atribuir a outrem poderes da Administração. (planejamento, coordenação, supervisão e controle),
O detentor dos poderes da Administração é o Estado, bem como evitar o desmesurado crescimento da
pessoa única, embora constituída dos vários órgãos máquina administrativa. É estimulante e aconselha‐
que integram sua estrutura. Despersonalizados, es‐ da sempre que, na área de atuação do órgão inte‐
ses órgãos não agem em nome próprio, mas no do ressado, a iniciativa privada esteja suficientemente
Estado, de que são instrumentos indispensáveis ao desenvolvida e capacitada para executar o objeto
exercício de suas funções e atividades típicas. A des‐ do contrato, precedido de licitação, salvo nos casos
centralização administrativa pressupõe, portanto, de dispensa previstos em lei ou inexigibilidade por
a existência de uma pessoa, distinta da do Estado, impossibilidade de competição entre contratantes
a qual investida dos necessários poderes de admi‐ (Lei nº 8.666/1993, arts. 24 a 26).
nistração, exercita atividade pública ou de utilidade
pública. O ente descentralizado age por outorga do • Delegação de competência – De acordo com o
serviço ou atividade, ou por delegação de sua exe‐ Decreto‑Lei nº 200 (art. 11), a delegação de competência
cução, mas sempre em nome próprio. será utilizada como instrumento de descentralização ad‐
Diversa da descentralização é a desconcentração ministrativa, com o objetivo de assegurar maior rapidez
administrativa, que significa repartição de funções e objetividade às decisões, situando‑as na proximidade
entre vários órgãos (despersonalizados) de uma dos fatos, pessoas ou problemas a atender. O  Decreto
mesma Administração, sem quebra de hierarquia. Na nº 83.937/1979, por sua vez, regulamentando o disposto
descentralização a execução de atividades ou a pres‐ no Decreto‑Lei nº 200, estabelece que a delegação de com‐
tação de serviços pelo Estado é indireta e mediata; petência tem por objetivo acelerar a decisão dos assuntos
na desconcentração é direta e imediata. de interesse público ou da própria Administração. Por meio
Feitas essas considerações, verifica‑se que o legisla‐ da delegação, a autoridade delegante transfere atribuições
dor da Reforma Administrativa, após enquadrar na a seus subordinados, mediante ato próprio indicando à
Administração indireta alguns entes descentralizados, autoridade delegada o objeto da delegação, e quando for
[...], propõe, sob o nome genérico de descentra‐ o caso, o prazo de vigência, que, na omissão, ter‑se‑á por

234
indeterminado. A Lei nº 9.784/1999, ao tratar da matéria, O controle das atividades administrativas no âmbito
estabeleceu em seu artigo 13 os atos que não são passíveis interno da administração é, ao lado do comando, da
de delegação: a) a edição de atos de caráter normativo; b) coordenação e da correção, um dos meios pelos quais
a decisão de recursos administrativos; e c) as matérias de se exercita o poder hierárquico. Assim, o órgão supe‐
competência exclusiva do órgão ou autoridade. rior controla o inferior, fiscalizando o cumprimento da
O princípio da delegação de competência foi tratado da lei e das instruções e a execução de suas atribuições,
seguinte forma por Meirelles (2005): bem como os atos e o rendimento de cada servidor.
Todavia, o princípio do controle estabelecido na lei da
A delegação de competência que o Decreto‑Lei Reforma Administrativa tem significado mais amplo,
nº 200/1967 (arts. 11 e 12) considera princípio au‐ uma vez que se constitui num dos três instrumentos
tônomo, melhor se situaria como forma de aplicação da supervisão ministerial, a que estão sujeitos todos
do “princípio da descentralização”, pois é também os órgãos da Administração Federal, inclusive os en‐
simples técnica de descongestionamento da Admi‐ tes descentralizados, normalmente não submetidos
nistração. ao poder hierárquico das autoridades da Administra‐
O art. 11 da Lei nº 9.784, de 29/1/1999, estabelece ção direta. Esse controle, que, quanto às entidades
que a competência é irrenunciável e se exerce pelos da Administração indireta, visa, em especial, à conse‐
órgãos administrativos a que foi atribuída como cução de seus objetivos e à eficiência de sua gestão,
própria, salvo os casos de delegação e avocação é exercido de vários modos, [...], podendo chegar até
legalmente admitidos. a intervenção, ou seja, ao controle total.
Pela delegação de competência, o  Presidente da No âmbito da Administração direta preveem‑se, es‐
República, os Ministros de Estado e, em geral, as au‐ pecificamente, os controles de execução e observân‐
toridades da Administração transferem atribuições cia de normas específicas, de observância de normas
decisórias a seus subordinados, mediante ato próprio genéricas e de aplicação dos dinheiros públicos e
que indique com a necessária clareza e conveniente guarda e bens da União.
precisão a autoridade delegante, a delegada e o ob‐ Em cada órgão, o  controle da execução dos pro‐
jeto da delegação. O princípio visa assegurar maior gramas que lhe concernem e o da observância das
rapidez e objetividade às decisões, situando‑as na normas que disciplinam suas atividades específicas
proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a são feitos pela chefia competente. Já, o  controle
atender. do atendimento das normas gerais reguladoras do
Considerando que os agentes públicos devem exercer exercício das atividades auxiliares, organizadas sob
pessoalmente suas atribuições, a delegação de com‐ a forma de sistemas (pessoal, orçamento, estatística,
petência depende de norma que a autorize, expressa administração financeira, contabilidade e auditoria
ou implicitamente. As atribuições constitucionais do e serviços gerais, além de outros, comuns a todos
Presidente da República, por exemplo, só podem ser os órgãos da Administração, que, a juízo do Poder
delegadas nos casos expressamente previstos na Exe­cutivo, necessitem de coordenação central),
Constituição (art. 84, parágrafo único). é realizado pelos órgãos de cada sistema. Finalmen‐
Observamos, finalmente, que só é delegável a te, o  controle da aplicação dos dinheiros públicos

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


competência para a prática de atos e decisões admi‐ e da guarda dos bens da União compete ao órgão
nistrativas, não o sendo para o exercício de atos de próprio do sistema de contabilidade e auditoria de
natureza política como são a proposta orçamentária, cada Ministério.
a  sanção e o veto. Também não se transfere por Estabelecidas as formas de controle das atividades
delegação o poder de tributar. [...]. Nesse sentido, administrativas devem ser suprimidos todos os
o art. 13 da Lei nº 9.784/1999 estatui que não po‐ controles meramente formais, como determina,
dem ser objeto de delegação a edição de atos de acertadamente, o  Decreto‑Lei nº  200/1967, que
caráter normativo, a decisão de recursos adminis‐ prevê também a supressão daqueles cujo custo seja
trativos e as matérias de competência exclusiva do evidentemente superior ao risco decorrente da ine‐
órgão ou autoridade. xistência de controle específico.
A Administração Federal é constituída na forma de
• Controle – De acordo com o Decreto‑Lei nº 200/1967 uma pirâmide, cujos componentes são mantidos no
(art.  13), o  controle das atividades da Administração Fe­ devido lugar pelo poder hierárquico e em cujo ápice
deral deverá ser exercido em todos os níveis e em todos os coloca‑se o Presidente da República, ficando logo
órgãos (exceto os meramente formais e aqueles cujo custo abaixo os Ministros de Estado, seus auxiliares diretos.
seja superior ao risco), compreendendo particularmente: Assim, o Presidente da República é o Chefe supremo,
a) o controle, pela chefia competente, da execução dos exercendo o poder hierárquico em toda sua plenitu‐
programas e da observância das normas que governam a de, por isso que o Estatuto da Reforma lhe confere
atividade específica do órgão controlado; b) o controle, pelos expressamente o poder de, por motivo de relevante
órgãos próprios de cada sistema, da observância das normas interesse público, avocar e decidir qualquer assunto
gerais que regulam o exercício das atividades auxiliares; c) na esfera da Administração Federal, o que faz dele o
o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda controlador máximo das atividades administrativas.
dos bens da União pelos órgãos próprios do sistema de Os Ministros de Estado detêm o poder‑dever de
contabilidade e auditoria. supervisão sobre os órgãos da Administração direta
Para Meirelles (2005), o princípio do controle é analisado ou indireta enquadrados em suas respectivas áreas
da seguinte forma: de competência.

235
ATOS ADMINISTRATIVOS particular. Esse ponto é o que distingue o ato administrativo
do ato de direito privado praticado pela Administração.
Introdução O ato de direito privado (Civil ou Comercial) praticado
pela Administração, não dá a ela a prerrogativa de supe‐
Os atos administrativos são instrumentos por meio dos rioridade em relação ao particular; ela se nivela com ele,
quais se vale a Administração Pública para realizar a sua abrindo mão de sua supremacia de poder. Ocorre, por
função executiva. É por meio de atos administrativos que exemplo, quando ela emite um cheque ou assina uma
ela se comunica com os seus administrados. escritura pública de compra e venda, sujeitando em tudo
O estudo do ato administrativo parte da sua inserção na às normas do Direito Privado, inclusive às regras que ante‐
Teoria Geral do Direito, com as distinções entre ato jurídico cedem o negócio jurídico almejado, tais como a autoriza‐
e fato jurídico: ção legislativa, avaliação, licitação, entre outras. Por essa
razão, a Administração não pode alterar, revogar, anular,
nem rescindir, unilateralmente, os atos de direito privado;
Fato Jurídico É um acontecimento material involuntário
dependerá sempre da concordância da outra parte ou da
(pode ser ordinário: nascimento, morte, ou
via judicial cabível, que, neste caso, será o único privilégio
extraordinário: caso fortuito, força maior),
que ainda lhe resta. As ações correspondentes devem ser
que produz efeitos no mundo jurídico.
propostas no juízo privativo da Administração interessada,
Ato Jurídico É uma manifestação de vontade destinada ou seja, o foro eleito para dirimir conflitos deverá ser sempre
a produzir efeitos jurídicos. o da Administração.
A prática de atos administrativos cabe normalmente
Essa distinção é transplantada para o Direito Adminis‐ aos órgãos executivos, mas as autoridades judiciárias e as
trativo, colocando‑se, de um lado, o ato administrativo e, Mesas legislativas também os praticam quando, por exem‐
do outro, o fato administrativo:
plo, ordenam seus serviços, dispõem sobre seus servidores
ou expedem instruções sobre matéria de sua competência
Fato Administrativo É o acontecimento material da privativa; sujeitos, portanto, a toda disciplina dos atos admi‐
Administração, que produz con‐ nistrativos praticados pela Administração Pública (requisitos,
sequências jurídicas. No entanto, atributos, extinção etc.).
não traduz uma manifestação de
vontade voltada para produção Elementos ou Requisitos do Ato Administrativo
dessas consequências, na verdade
tem sentido de atividade material no Parte da doutrina emprega a expressão “elementos”;
exercício da função administrativa, outra parte, prefere utilizar a expressão “requisitos”. De uma
visando ao efeito de ordem prática, forma ou de outra, o importante é sabermos que todos são
como, por exemplo, a construção de pressupostos necessários para a existência e validade de
uma obra pública, a desapropriação
todo e qualquer ato administrativo.
de bens privados, a apreensão de
A doutrina dominante aponta cinco elementos ou requisi‐
mercadorias.
tos dos atos administrativos: competência, forma, finalidade,
Acrescente-se ainda que até fe‐
motivo e objeto. Porém, Celso Antônio Bandeira de Melo
nômenos naturais, quando reper‐
acrescenta outro, a causa.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

cutem na esfera administrativa,


constituem fatos administrativos,
Competência – Forma – Finalidade
como é o caso, por exemplo, de um
raio que destrói um bem público
ou de uma enchente que inutiliza São elementos ou requisitos sempre vinculados em
equipamentos pertencentes ao qualquer ato administrativo, mesmo naqueles chamados
serviço público. discricionários. Em relação a eles, a lei não oferece qualquer
Por outro lado, se o fato administra- margem para a apreciação do Administrador, que está preso
tivo não produz qualquer efeito jurí‐ ao seu conteúdo legal.
dico no Direito Administrativo, ele é Equivalem aos requisitos de validade do ato jurídico, no
chamado de fato da Administração. Direito Civil:

Diferentemente do fato administrativo, o ato adminis‐ Art. 104. A validade do negócio jurídico requer
trativo caracteriza‑se como uma manifestação unilateral da agente capaz, objeto lícito possível, determinado ou
Administração, preordenada à produção de efeitos jurídicos, determinável e forma prescrita ou não defesa em lei.
sendo o conceito mais usual o de Meirelles (2005, p. 149):
Motivo – Objeto
Conceito de Ato Administrativo – É a manifestação unilate‐
ral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa Esses requisitos podem vir predeterminados rigorosa‐
qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, mente na lei ou não. Quando estão, ocorre o ato vinculado.
transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor Quando, diferentemente, a lei confere uma margem de
obrigação aos administrados ou a si própria. liberdade ao Administrador no que tange a esses elementos,
estamos diante do que chamamos de ato discricionário.

Quando se diz que um ato administrativo é a manifesta‐ Causa


ção unilateral de vontade da administração, diz‑se que ela
está fazendo uso de suas prerrogativas de Poder Público, É a relação de adequação entre o motivo e o conteúdo
agindo com o poder de império de que dispõe em relação ao do ato, em função da finalidade.

236
Estudaremos detalhadamente os cinco elementos ou §  3º  As decisões adotadas por delegação devem
requisitos apontados pela doutrina dominante. mencionar explicitamente esta qualidade e consi‐
derar-se-ão editadas pelo delegado.
A Competência Art.  15. Será permitida, em caráter excepcional e
por motivos relevantes devidamente justificados,
É o poder que a lei outorga ao agente público para de‐ a avocação temporária de competência atribuída a
sempenho de suas funções. Constitui o primeiro requisito órgão hierarquicamente inferior.
de validade do ato administrativo. Inicialmente, é necessário
verificar se a lei atribuiu aquela competência para o agente. Outros Exemplos de Modificação de Competência
Não basta que o sujeito tenha capacidade, é necessário que
tenha competência. A competência decorre sempre de lei. A delegação pode ser apreciada no art. 84, incisos VI,
Sendo um requisito de ordem pública, tem duas caracterís‐ XII e XXV, da Constituição Federal, conforme disposto no
ticas básicas: é intransferível (não se transfere a outro órgão parágrafo único do texto constitucional.
por acordo entre as partes; fixada por lei deve ser rigida‐
mente observada) e improrrogável (não se transmuda, ou Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
seja, um órgão que não é competente não poderá vir a sê‑lo República:
superveniente). Entretanto, pode haver a delegação (atribuir [...]
a outrem uma competência tida como própria) e a avocação VI – dispor, mediante decreto, sobre:
(chamar para si competência atribuída a subordinado) de a) organização e funcionamento da administração
competências, sendo, em regra, esses institutos resultantes federal, quando não implicar aumento de despesa
da hierarquia. Nesse sentido, a competência administrativa, nem criação ou extinção de órgãos públicos;
sendo requisito de ordem pública, é intransferível e impror‐ b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
rogável pela vontade dos interessados. Pode, entretanto, vagos;
ser delegada e avocada, desde que o permitam as normas [...]
reguladoras da Administração. XII – conceder indulto e comutar penas, com audi‐
ência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
Para Di Pietro (2008), a  regra é a possibilidade de [...]
delegação; a exceção é a impossibilidade, que só ocorre XXV – prover e extinguir os cargos públicos federais,
quando se trata de competência outorgada com exclu‐ na forma da lei;
sividade a determinado órgão. A autora cita os arts. 11, Parágrafo único. O Presidente da República poderá
12, 13 e 15 da Lei nº  9.784/1999 para corroborar sua delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
afirmação: XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado,
ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado‐
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce -Geral da União, que observarão os limites traçados
pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como nas respectivas delegações.
própria, salvo os casos de delegação e avocação
legalmente admitidos. Como o parágrafo único só menciona esses três incisos,
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular pode‐ pressupõe-se, que os demais sejam indelegáveis.
rão, se não houver impedimento legal, delegar parte Outro exemplo de delegação de competência está no

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


da sua competência a outros órgãos ou titulares, art. 93, inciso XIV, da Constituição Federal, que assim estabelece:
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de XIV  – os servidores receberão delegação para a
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, prática de atos de administração e atos de mero
jurídica ou territorial. expediente sem caráter decisório.
Parágrafo único. O  disposto no caput deste artigo
aplica-se à delegação de competência dos órgãos Também temos modificação de competência no art. 103-B,
colegiados aos respectivos presidentes. § 4º, inciso III, da Constituição, que admitiu a possibilidade
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: de avocação pelo Conselho Nacional de Justiça de proces‐
I – a edição de atos de caráter normativo; sos disciplinares em curso instaurados contra membros do
II – a decisão de recursos administrativos; Poder Judiciário:
III – as matérias de competência exclusiva do órgão
ou autoridade. §  4º Compete ao Conselho o controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário e
Cabe ressaltar que o ato de delegação e a sua revogação do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes,
deverão ser publicados em meio oficial, conforme estabele‐ cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe
cido no art. 14 do diploma em comento: forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
[...]
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão III  – receber e conhecer das reclamações contra
ser publicados no meio oficial. membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
§  1º O ato de delegação especificará as matérias contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos
e poderes transferidos, os  limites da atuação do prestadores de serviços notariais e de registro que
delegado, a duração e os objetivos da delegação e o atuem por delegação do poder público ou oficiali‐
recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício zados, sem prejuízo da competência disciplinar e
da atribuição delegada. correicional dos tribunais, podendo avocar proces‐
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo sos disciplinares em curso e determinar a remoção,
pela autoridade delegante. a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios

237
ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e O vício de incompetência está previsto no art. 2º, pará‐
aplicar outras sanções administrativas, assegurada grafo único, a, da Lei nº 4.717/1965:
ampla defesa;
A incompetência fica caracterizada quando o ato
Por fim, observe o que o Decreto-Lei nº 200, de 25 de não se incluir nas atribuições legais do agente que
fevereiro de 1967, estabelece sobre a delegação de com‐ o praticou.
petência:
Visto que a competência vem sempre definida em lei,
Art. 11. A delegação de competência será utilizada será nulo o ato praticado por quem não seja detentor ou
como instrumento de descentralização administra‐ pratique o ato exorbitando o uso dessas atribuições.
tiva, com o objetivo de assegurar maior rapidez e Os principais vícios quanto à competência são:
objetividade às decisões, situando-as na proximidade • Usurpação de função: ocorre quando a pessoa que
dos fatos, pessoas ou problemas a atender. pratica o ato não foi investida no cargo, emprego ou
Art.  12. É  facultado ao Presidente da República, função, ou seja, ela se apossa, por conta própria,
aos Ministros de Estado e, em geral, às autoridades do exercício das atribuições de agente público, sem
da Administração Federal delegar competência para a ter essa qualidade. O ato é considerado inexistente.
prática de atos administrativos, conforme se dispuser É tipificado como crime no art. 328, CP.
em regulamento.
Parágrafo único. O ato de delegação indicará com pre‐ Usurpação de função pública
cisão a autoridade delegante, a autoridade delegada Art. 328. Usurpar o exercício de função pública:
e as atribuições objeto de delegação. Pena – detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único. Se do fato o agente aufere vantagem:
Regulamentando os arts. 11 e 12 do Decreto-Lei nº 200, Pena – reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
de 25 de fevereiro de 1967, referente à delegação de com‐
petência, temos o Decreto nº 83.937, de 6 de setembro de • Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o
1979, que assim dispõe: ato está irregularmente investida no cargo, emprego
ou função, mas tem toda aparência de legalidade. Um
Art.  1º A delegação de competência prevista nos exemplo claro ocorre quando um chefe substituto
artigos 11 e 12 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fe‐ exerce funções além do prazo fixado.
• Excesso de poder: ocorre quando o agente ultra‐
vereiro de 1967, terá por objetivo acelerar a decisão
passa os limites de sua competência, comete um
dos assuntos de interesse público ou da própria
plus. Ex.: quando a autoridade policial excede no
administração.
uso da força.
Art.  2º O ato de delegação, que será expedido a
critério da autoridade delegante, indicará a autori‐
O excesso de poder constitui juntamente com o desvio de
dade delegada, as atribuições objeto da delegação
poder ou desvio de finalidade espécies de abuso de poder.
e, quando for o caso, o prazo de Vigência, que, na
Tanto o excesso de poder como o desvio de finalidade
omissão, ter-se-á por indeterminado. podem configurar crime de abuso de autoridade (art. 4º da
Parágrafo único. A  delegação de competência não Lei nº 4.898/1965).
envolve a perda, pelo delegante, dos corresponden‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

tes poderes, sendo-lhe facultado, quando entender Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
conveniente, exercê-los mediante avocação do caso, [...]
sem prejuízo da validade da delegação. h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa
Art. 3º A delegação poderá ser feita a autoridade não natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou
diretamente subordinada ao delegante. desvio de poder ou sem competência legal.
Art. 4º A mudança do titular do cargo não acarreta a
cessação da delegação. Além dos vícios de incompetência, existem os de incapa-
Art.  5º Quando conveniente ao interesse da Ad‐ cidade, previstos no Código Civil, arts. 3º e 4º, e os previstos
ministração, as  competências objeto de delegação na Lei nº 9.784/1999, arts. 18 e 20.
poderão ser incorporadas, em caráter permanente,
aos  regimentos ou normas internas dos órgãos e Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer
entidades interessados. pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
Art. 6º O ato de delegar pressupõe a autoridade para (dezesseis) anos.
subdelegar, ficando revogadas as disposições em Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou
contrário constantes de decretos, regulamentos ou à maneira de os exercer:
atos normativos em vigor no âmbito da Administra‐ I  – os maiores de dezesseis e menores de dezoi‐
ção Direta e Indireta. to anos;
Art. 7º Cabe ao Ministro Extraordinário para a Des‐ II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
burocratização orientar e acompanhar as medidas III – aqueles que, por causa transitória ou permanen‐
constantes deste Decreto, assim como dirimir as te, não puderem exprimir sua vontade;
dúvidas suscitadas em sua execução. IV – os pródigos.
Parágrafo único. A  capacidade dos indígenas será
Vícios Relativos ao Sujeito regulada por legislação especial.

Partindo-se do pressuposto de que não basta que o No que se refere aos vícios de incapacidade previstos
agente tenha capacidade e que é necessário que tenha na Lei nº 9.784/1999, temos o impedimento e a suspeição.
competência, têm-se duas categorias de vícios: o de incom‐ O impedimento gera a presunção absoluta de incapaci‐
petência e o de incapacidade. dade, razão pela qual o agente público fica proibido de atuar

238
no processo, devendo obrigatoriamente comunicar o fato à particularizada e exige‑se um determinado tipo de forma
autoridade competente, sob pena de ser responsabilizado. escrita para que o ato seja válido. Ocorre, por exemplo, no
O  art.  18 da Lei prevê expressamente aqueles que estão decreto de expropriação. O decreto é uma das formas que
impedidos de atuar no processo: deve revestir o ato do Chefe do Poder Executivo que declara
a expropriação (a outra é a lei); qualquer outra forma tornará
Art. 18. É impedido de atuar em processo adminis‐ o ato nulo.
trativo o servidor ou autoridade que:
I – tenha interesse direto ou indireto na matéria; Vícios Relativos à Forma
II  – tenha participado ou venha a participar como
perito, testemunha ou representante, ou se tais Como garantia do princípio da legalidade e da segurança
situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro jurídica, a forma deve ser rigorosamente respeitada. Caso
ou parente e afins até o terceiro grau; não seja observada, estaremos diante de um ato ilegal,
III – esteja litigando judicial ou administrativamente portanto nulo.
com o interessado ou respectivo cônjuge ou com‐ O vício de forma está previsto no art. 2º, parágrafo único,
panheiro. b, da Lei nº 4.717/1965:
Art. 19. A  autoridade ou servidor que incorrer em
impedimento deve comunicar o fato à autoridade O vício de forma consiste na omissão ou na obser‐
competente, abstendo-se de atuar. vância incompleta ou irregular de formalidades indis‐
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar pensáveis à existência ou seriedade do ato.
o impedimento constitui falta grave, para efeitos
disciplinares. A Finalidade
Já a suspeição gera a presunção relativa de incapacida‐ O ato deve alcançar a finalidade expressa ou implicita‐
de, razão pela qual o vício fica sanado se não for arguido mente prevista na norma que atribui competência ao agente
pelo interessado no momento oportuno. O art. 20 também para a sua prática, sendo o resultado que se busca alcançar
dispõe expressamente sobre quem poderá ser arguida a com a prática do ato. O Administrador não pode fugir da
suspeição: finalidade que a lei imprimiu ao ato, sob pena de nulidade
por desvio de finalidade.
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade
Dessa forma, podemos falar em finalidade ou fim em
ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade
dois sentidos diferentes:
notória com algum dos interessados ou com os res‐
• Em sentido amplo: a finalidade sempre corresponde à
pectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins
consecução de um resultado de interesse público, ou
até o terceiro grau.
seja, o ato administrativo tem que ter sempre finali‐
A Forma dade pública.
• Em sentido estrito: a finalidade é o resultado específico
É o meio pelo qual se exterioriza o ato. Em regra, exige‑se que cada ato deve produzir, conforme definido na lei,
a forma escrita para a sua prática. Excepcionalmente, admi‐ ou seja, a finalidade do ato administrativo é sempre a
tem‑se as ordens verbais, gestos, apitos, sinais luminosos que decorre explícita ou implicitamente da lei.
(como são feitos no trânsito).

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


A forma como requisito de existência e validade do ato A finalidade não se confunde com nenhum outro ele‐
administrativo, se estabelecida em lei e não observada, mento. Enquanto o objeto é o efeito jurídico imediato que
gera sua nulidade. Assim, sempre que a lei expressamente o ato produz (adquirir, transferir, extinguir), a finalidade é o
exigir determinada forma para que um ato administrativo efeito mediato (indireto).
seja considerado válido, a inobservância dessa exigência Distingue do motivo, porque este antecede a prática
acarretará a nulidade do ato. do ato, correspondendo aos fatos, às circunstâncias, que
A exigência da observância da forma é garantia dos ad‐ levaram a Administração a praticar o ato. Já a finalidade
ministrados contra a arbitrariedade e fator de estabilidade sucede a prática do ato, porque é justamente o que a Ad‐
e segurança nas relações jurídicas. Nesse sentido, temos ministração quer alcançar com a sua edição.
o disposto no inciso VIII, parágrafo único, art.  2º, da Lei Tanto o motivo como a finalidade contribuem para a
nº 9.784/1999, que assim estabelece: formação de vontade da Administração que diante de certa
situação de fato ou de direito (motivo) a autoridade (sujeito
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão competente) pratica certo ato (objeto) para alcançar deter‐
observados, entre outros, os critérios de: minado resultado (finalidade).
[...]
VIII  – observância das formalidades essenciais à Vícios Relativos à Finalidade
garantia dos direitos dos administrados;
Visto que a finalidade pode ter duplo sentido (amplo
Visando à proteção dos direitos dos administrados e e estrito), pode-se dizer que ocorre o desvio de finalidade
ao melhor cumprimento dos fins da Administração, a Lei quando o agente pratica o ato com inobservância do interes‐
nº 9.784/1999 estabeleceu em seu art. 22: se público ou com objetivo diverso daquele previsto explícita
ou implicitamente na lei.
Os atos do processo administrativo não dependem Está previsto no art. 2º, parágrafo único, e, da Lei
de forma determinada senão quando a lei expressa‐ nº 4.717/1965:
mente a exigir.
O desvio de finalidade se verifica quando o agente
Se o Administrador puder escolher a forma, haverá dis‐ pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto,
cricionariedade, porém, em alguns casos, a forma escrita é explícita ou implicitamente, na regra de competência.

239
A grande dificuldade com relação ao desvio de finalidade VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre
é a sua comprovação, pois o agente não declara sua verda‐ a questão ou discrepem de pareceres, laudos, pro‐
deira intenção; ele procura ocultá-la para produzir enganosa postas e relatórios oficiais;
impressão de que o ato é legal. Por isso mesmo, o desvio VIII – importem anulação, revogação, suspensão ou
de finalidade comprova-se por meio de indícios, como, por convalidação de ato administrativo.
exemplo, a falta de motivo ou a discordância dos motivos
com o ato praticado. A Constituição Federal também vinculou as suas decisões
à regra da motivação:
O Motivo Art. 93, IX, da CF: Todos os julgamentos dos órgãos
do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
São as razões de fato e de direito que levam à prática todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo
do ato. Pressuposto de fato corresponde ao conjunto de a lei limitar a presença, em determinados atos,
às próprias partes e a seus advogados, ou somente
circunstâncias, de acontecimentos, de situações que levam
a estes, em casos nos quais a preservação do direito
a Administração a praticar o ato; o pressuposto de direito
à intimidade do interessado no sigilo não prejudique
é o dispositivo legal em que se baseia o ato. Em alguns
o interesse público à informação;
casos, esses motivos já estão traçados na lei, sem margem
de liberdade para o Administrador. Nesses casos, temos o
Art. 93, X, da CF: As decisões administrativas dos tri‐
motivo vinculado. Em outros, a lei permite ao Administra‐
bunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
dor certa margem de liberdade, sendo assim seu motivo é
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta
discricionário.
de seus membros;
Adquire relevância o aspecto de vinculação aos motivos
a partir da presunção de legitimidade, em que o particular
Entretanto, sabemos que em determinados casos a mo‐
interessado em invalidar o ato é que tem o ônus de provar tivação pode ser dispensada (art. 37, II, da CF, por exemplo),
a sua ilegalidade. É justamente a partir da demonstração da restando então como exceções a esse princípio quando a lei
inexistência dos motivos declinados para a prática do ato assim a dispensar ou quando a natureza do ato for com ela
que se poderá conseguir a sua invalidação. incompatível.
A efetiva existência do motivo é sempre um requisito
para a validade do ato. Se o Administrador invoca determi‐ Art.  37. A  administração pública direta e indireta
nados motivos, a validade do ato fica subordinada à efetiva de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
existência desses motivos invocados para a sua prática. É a do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
teoria dos motivos determinantes. Em outras palavras, se princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
a Administração motiva o ato mesmo que a lei não exija publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
sua motivação, ele só será válido se os motivos forem ver‐ [...]
dadeiros. II  – a investidura em cargo ou emprego público
Ressalte-se que motivo não se confunde com motivação. de­pende de aprovação prévia em concurso público
O motivo é um fato, um dado real e objetivo que autoriza de provas ou de provas e títulos, de acordo com a
ou impõe a prática do ato, já a motivação é a exposição dos natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na
motivos, ou seja, é  a demonstração, por escrito, de que forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

os pressupostos de fato realmente existiram. O  ato sem cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação
motivo é nulo; o ato sem motivação só será nulo se está for e exoneração;
obrigatória.
A Lei nº 9.784/1999, elevando a motivação à categoria Vícios Relativos ao Motivo
de princípio a ser obedecido pela Administração Pública
(art. 2º), tornou-a obrigatória: Para o ato administrativo, a inexistência de um motivo
atribuível à Administração ao cuidar do interesse público
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre configura vício insanável, pela inexistência exatamente de
outros, aos princípios da legalidade, finalidade, mo‐ interesse público que determine sua finalidade. Para alguns
tivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralida‐ doutrinadores, como Di Pietro (2008), além da hipótese de
de, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, inexistência, existe a falsidade do motivo, que da mesma for‐
interesse público e eficiência. ma torna o ato nulo. A autora cita, como exemplo, o seguinte
caso: se a Administração pune um funcionário (servidor), mas
E ainda foi mais além, determinou, em seu art. 50, quais este não praticou qualquer infração, o motivo é inexistente,
os atos administrativos que devem ser motivados. porém, se ele praticou infração diversa, o motivo é falso.
O vício relativo ao motivo está previsto no art. 2º, pará‐
Art.  50. Os  atos administrativos deverão ser moti‐ grafo único, d, da Lei nº 4.717/1965:
vados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
jurídicos, quando: A inexistência dos motivos se verifica quando a ma‐
I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; téria de fato ou de direito, em que se fundamenta o
II  – imponham ou agravem deveres, encargos ou ato, é materialmente inexistente ou juridicamente
sanções; inadequada ao resultado obtido.
III – decidam processos administrativos de concurso
ou seleção pública; O Objeto
IV  – dispensem ou declarem a inexigibilidade de
processo licitatório; É o conteúdo do ato, ou seja, é o que ele prescreve ou dis‐
V – decidam recursos administrativos; põe. Nota-se que, neste requisito, a Administração manifesta
VI – decorram de reexame de ofício; seu poder e sua vontade ou atesta simplesmente situações

240
preexistentes. Ele só existe quando produz efeito jurídico, zada a decidir sobre a conveniência e a oportunidade do
ou seja, quando em decorrência dele, nasce, extingue-se, ato administrativo.
transforma-se um determinado direito. No chamado ato Não pode o Poder Judiciário pretender substituir a dis‐
vin­culado, o objeto já está predeterminado na lei (ex.: apo‐ cricionariedade do administrador pela discricionariedade
sentadoria do servidor). Nos chamados atos discricionários, do Juiz, pois a ele é vedado adentrar nesta área. Pode, no
há uma margem de liberdade do Administrador para pre‐ entanto, examinar os motivos invocados pelo Administrador
encher o conteúdo do ato (ex.: desapropriação – cabe ao para verificar se eles efetivamente existem. Ao Poder Judici‐
Administrador escolher o bem, de acordo com os interesses ário somente é facultado discutir a respeito da competência,
da Administração), por isso, o objeto pode ser discricionário. da finalidade e da forma.
Considerando-se constituir o ato administrativo em espé‐
cie do gênero ato jurídico, seu objeto também deve ser lícito O Silêncio no Direito Administrativo e seus Efeitos
(conforme a lei e a moral), possível (realizável no mundo dos
fatos e do direito), determinado (quando o ato enuncia seu
No direito privado, a aplicação normativa sobre o silêncio
objeto de modo certo, definindo, por exemplo, seus destina‐
encontra solução no art. 111 do Código Civil. De acordo com
tários, seus efeitos etc.) ou pelo menos determinável (quando
esse dispositivo, o silêncio, como regra, importa consen‐
adotar algum critério a ser observado subsequentemente,
timento tácito, considerando os usos ou as circunstâncias
por exemplo: uma condição).
normais. Só não valerá como anuência se a lei declarar
O objeto do ato administrativo, como no direito privado,
indispensável a manifestação expressa.
também pode ser natural ou acidental. O objeto natural é
o efeito que o ato produz, sem necessidade de expressa
menção. Ele decorre da própria natureza do ato, tal como Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as
definido na lei. circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for
Já o objeto acidental, é o efeito jurídico que o ato produz necessária a declaração de vontade expressa.
em decorrência de cláusulas acessórias apostas ao ato pelo
sujeito que o pratica, trazendo alguma alteração no objeto na‐ No Direito Administrativo, o silêncio administrativo não
tural. Refere-se ao termo, ao encargo ou modo e à condição: constitui ato administrativo, eis que inexiste manifestação
• pelo termo, indica-se o dia em que inicia ou termina a formal de vontade. É sim mero fato administrativo, o que não
eficácia do ato; impede a produção de efeitos no mundo jurídico.
• o modo ou encargo é um ônus imposto ao destinatário Nesse sentido, é o ensinamento de Meirelles (2005, p. 114):
do ato;
• a condição é a cláusula que subordina a eficácia do ato A omissão da Administração pode representar apro‐
a evento futuro e incerto. Pode ser suspensiva (quan‐ vação ou rejeição da pretensão do administrado, tudo
do suspende o início da eficácia do ato) ou resolutiva dependendo do que dispuser a norma pertinente.
(quando verificada, faz cessar a produção de efeitos
jurídicos do ato). Ocorre que a Administração pode ser omissa e não fazer
qualquer referência sobre o efeito que produza tal silêncio.
Vícios Relativos ao Objeto Cumpre então distinguir, de um lado, a hipótese em que a
lei aponta a consequência da omissão e, de outro, aquela
São nulos os atos administrativos de conteúdo ou objeto em que a lei não aponta quais os efeitos que decorrem de

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


ilícito, não sendo possível, portanto, sua convalidação. sua omissão.
A ilicitude do objeto se configura quando ele está em No primeiro caso, a lei pode indicar dois efeitos:
desacordo com as normas jurídicas pertinentes ou então • o silêncio importa manifestação positiva (anuência
quando não corresponde ao interesse público que motivou tácita); ou
a declaração de vontade, motivo este que, se ilícito ou ine‐ • o silêncio importa manifestação negativa (denegatória).
xistente, comunicará o defeito à finalidade.
O vício relativo ao objeto está previsto no art. 2º, pará‐ Quando o efeito retrata manifestação positiva, conside‐
grafo único, c, da Lei nº 4.717/1965: ra‑se que a Administração pretendeu emitir vontade com
caráter de anuência, de modo que o interessado decerto terá
A ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado sua pretensão satisfeita. Por outro lado, quando a Adminis‐
do ato importa em violação de lei, regulamento ou tração emite manifestação com efeito denegatório, deve‑se
outro ato normativo. entender que ela contrariou o interesse do administrado,
o que o habilita a postular a invalidação do ato, se julgar que
O conceito acima não abrange todas as hipóteses possí‐ tem vício de legalidade.
veis, pois, como visto acima, o objeto do ato administrativo No segundo caso, é o mais comum, a omissão pode
corresponde ao do ato jurídico. Assim, haverá vício quando ocorrer também de duas maneiras:
a declaração sobre o objeto for ilícita ou imoral, impossível, • com a ausência de manifestação volitiva no prazo
indeterminada ou indeterminável. fixado na lei; ou
Obs.: Motivo e Objeto, nos chamados atos discricionários, • com a demora excessiva na prática do ato quando a lei
caracterizam o que denominamos de Mérito Administrativo. não estabeleceu prazo (considera‑se excessiva aquela
que foge dos padrões de razoabilidade).
Mérito Administrativo
Nas duas situações o interessado faz jus a uma definição
Corresponde à esfera de discricionariedade reservada por parte da Administração, valendo‑se, inclusive, do direito
ao Administrador, ou seja, o mérito administrativo parte da de petição (art. 5º, XXXIV, da CF).
análise da valoração dos motivos e da escolha do objeto, XXXIV – são a todos assegurados, independentemen‐
quando a Administração encontra-se devidamente autori‐ te do pagamento de taxas:

241
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em Nos atos em que se vai envolver o patrimônio do admi‐
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso nistrado (cobrança de uma multa, por exemplo), a Adminis‐
de poder. tração tem de se utilizar da via judicial, não podendo utilizar
a força pública pelos seus próprios meios.
Decorridos o “prazo legal” e o “razoável”, caso o adminis‐ Só é possível a autoexecutoriedade quando permitida por
trado não obtenha êxito na via administrativa, não restará lei ou para atender situações urgentes, como, por exemplo,
alternativa senão recorrer à via judicial adequada (mandado a interdição de um prédio que ameaça desabar, entretanto,
de segurança, mandado de injunção etc.). o administrado não fica impossibilitado de recorrer ao Poder
Por fim, cabe ressaltar que, dependendo da natureza Judiciário para se insurgir contra o uso da autoexecutorieda‐
do silêncio ou omissão, o administrador omisso poderá ser de. É possível, inclusive, que por meio de medidas preventi‐
responsabilizado administrativa, civil e penalmente. vas (Mandado de Segurança Preventivo, Ações Cautelares,
Antecipação de Tutela) venha o executado evitar que se
realize a autoexecutoriedade ou até mesmo após a prática
Atributos e/ou Privilégios dos Atos Administrativos do ato, o administrado pode ingressar em juízo pedindo a
reconstituição do estado anterior, se for possível, inclusive,
A palavra atributo significa qualidade própria, que, neste as indenizações cabíveis.
caso, são aquelas outorgadas pelo ordenamento jurídico ao Este requisito normalmente é verificável nos atos ad‐
ato administrativo, como decorrência do princípio da supre‐ ministrativos decorrentes do poder de polícia, nos quais
macia do interesse público sobre o privado. a Administração impõe coercitivamente seu cumprimento
Essas qualidades não se apresentam em todos os atos independentemente de mandado judicial (interdição de
administrativos, mas somente naqueles regidos pelo Direito atividades, inutilização de gêneros alimentícios).
Público e que tenham por finalidade condicionar ou restringir Se do atributo da executoriedade do ato administrativo
a situação jurídica dos administrados ou impor obrigações. resultar dano ao particular em razão de ilegitimidade ou
abuso, o Estado estará obrigado a indenizar o lesado, uma
Presunção de Legitimidade vez configurados a conduta danosa, o dano e o nexo causal.

A presunção de legitimidade diz respeito à conformidade Imperatividade


do ato com a lei. Decorre do princípio da legalidade, sendo,
portanto, legais e verdadeiros os fatos alegados (presunção É o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem
de veracidade). Essa presunção, porém, é relativa (juris tan‐ a terceiros, independentemente de sua concordância. É uma
tum), pois cabe prova em contrário. É a inversão do ônus da consequência da ascendência da Administração Pública
prova, cabendo ao particular demonstrar tal irregularidade. sobre o particular, justificada pelo interesse público. É o
Ex.: Execução de Dívida Ativa – cabe ao particular o ônus de denominado poder extroverso da Administração, porém não
provar que não deve ou que o valor está errado. existe em todos os atos administrativos, mas somente na‐
Um ato emanado do administrador goza de presunção queles que impõem uma obrigação ao administrado, como,
de legitimidade, independentemente de lei que expresse por exemplo, os que decorrem do poder de polícia, do poder
atributo. hierárquico, e os que regulam condutas gerais e abstratas.
Presume-se que os atos administrativos são legítimos, Nos atos enunciativos (certidões, atestados, pareceres) e nos
que conferem direitos aos administrados (licença, autoriza‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

visando assegurar a eficiência e a segurança nas atividades


do Poder Público, autorizando a execução imediata ou ope‐ ção, permissão) a imperatividade não existe.
ratividade dos atos administrativos, ainda que haja arguição A imperatividade autoriza a produção imediata de seus
de vício. efeitos até a declaração de possível invalidade, tornando
Em todo e qualquer ato administrativo, pode-se observar obrigatória a sua observância pelo particular.
a presença da presunção de legitimidade.
O ato administrativo ilegal praticado por agente adminis‐ Exigibilidade
trativo corrupto, produz efeitos normalmente, pois traz em si
É a possibilidade de a Administração, coercitivamente,
o atributo da presunção, ainda que relativa, de legitimidade.
exigir o cumprimento da obrigação imposta ao administrado,
A presunção de legitimidade é conferida ao ato até o
utilizando‑se de meios indiretos, como, por exemplo, a multa,
momento em que for declarada sua nulidade.
para induzir o acatamento dos seus atos.
Não obstante os atos administrativos gozarem desta presun‐ A exigibilidade permite que a Administração Pública
ção, faz-se necessário que a Administração motive (indicação objetive o cumprimento efetivo da obrigação por ela esta‐
dos pressupostos de fato e de direito que ensejaram a prática belecida, socorrendo-se ou não da interferência do Poder
do ato) sempre o ato, para fins de controle de legalidade. Judiciário.
As determinações para que o particular construa muro no
Autoexe­cutoriedade alinhamento da rua, apare árvores cujos galhos ameaçam a
segurança da rede elétrica ou a dissolução de passeatas com
É atributo do ato administrativo, entre outros, a o fim de resguardar o interesse da coletividade são exemplos
autoexecutoriedade. de atos que possuem esse atributo. Nesses casos, a Admi‐
É a possibilidade que tem a Administração de, por seus nistração não necessita da participação do Poder Judiciário
próprios meios, exigir o cumprimento das obrigações impostas para seu cumprimento.
aos administrados, independentemente de ordem judicial. Outras vezes, contudo, a  Administração deve trilhar
Não se confunde executoriedade com exigibilidade, pois procedimento previamente estabelecido na lei, que exige
aquela é a possibilidade de exigir o cumprimento do ato, o trânsito pelo Judiciário. É o caso de um tributo que não
independentemente da via judicial, enquanto exigibilidade pago pelo administrado exige que a Administração promova
pode ser feita por Ação Judicial ou não. a competente execução fiscal.

242
Tipicidade promulgação, a autoridade deverá decidir de acordo
com princípios extraídos do ordenamento jurídico;
É o atributo pelo qual o ato administrativo deve corres‐ • quando a lei prevê determinada competência, mas
ponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas não estabelece a conduta a ser adotada: ocorre, por
a produzir determinados resultados, ou seja, para cada exemplo, no âmbito do poder de polícia onde a razoa‐
finalidade que a Administração pretende alcançar existe um bilidade e a proporcionalidade devem ser observadas
ato definido em lei. na aplicação das sanções.
Conforme ensina Di Pietro (2008), esse atributo repre‐
senta uma garantia para o administrado, pois impede que Por ser muito amplo o âmbito de incidência da discri‐
a Administração pratique atos dotados de imperatividade e cionariedade, cumpre, pois, analisarmos onde é possível
executoriedade, vinculando unilateralmente o particular sem localizá-la.
que haja previsão legal, e também fica afastada a possibili‐ O primeiro aspecto a ser observado concerne ao mo‐
dade de ser praticado ato totalmente discricionário, pois a mento da prática do ato: se a lei nada estabelece a respeito,
lei, ao prever o ato, já define os limites em que a discricio‐ a Administração escolhe o momento que lhe pareça mais
nariedade poderá ser exercida. adequado para atingir a consecução de determinado fim.
Como nem sempre é possível para o legislador fixar um
Discricionariedade e Vinculação momento preciso para a prática do ato, normalmente ele
estabelece um prazo para que a Administração adote deter‐
A discricionariedade e vinculação com que são expedi‐ minadas decisões, com ou sem sanções para o caso de seu
dos os atos administrativos estão relacionadas diretamente descumprimento. Ocorre, por exemplo, com o prazo de 15
com os poderes de que dispõe a Administração Pública para dias de que dispõe o Executivo para vetar ou sancionar um
praticá-los. projeto de lei aprovado pelo Legislativo; decorrido o prazo,
Para o desempenho de suas funções, a Administração o silêncio do Executivo implica sua sanção (art. 66 da CF).
dispõe de poderes para a prática de seus atos que lhe asse‐
guram posição de supremacia sobre o particular e sem os Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação
quais não conseguiria atingir os seus fins. Esses poderes, no enviará o projeto de lei ao Presidente da República,
Estado Democrático de Direito como o nosso, têm como pos‐ que, aquiescendo, o sancionará.
tulado básico o princípio da legalidade, sendo limitados pela § 1º Se o Presidente da República considerar o projeto,
lei, sob pena de ilegalidade por abusos ou arbitrariedades. no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao
No entanto, esse regramento pode atingir os vários as‐ interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no
pectos de uma atividade determinada. Nesse caso, o poder prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebi‐
da Administração é vinculado, porque a lei não deixou opções mento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas,
para a prática do ato, estabelecendo que diante de determina‐ ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.
dos requisitos a Administração deve agir de tal ou qual forma. § 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral
Em outras hipóteses, o regramento não atinge todos os de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
aspectos da atuação administrativa; a lei deixa certa margem § 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do
de liberdade de decisão diante do caso concreto, de tal Presidente da República importará sanção.
modo que a autoridade poderá optar por uma dentre várias
soluções possíveis, todas válidas perante o direito. Nesses Outro aspecto a ser considerado diz respeito à escolha

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


casos, o poder da Administração é tido como discricionário; entre agir e não agir. Se diante de certa situação a Admi‐
a adoção de uma ou outra solução é feita segundo critérios nistração está obrigada a adotar determinada providência,
de oportunidade, conveniência, justiça, equidade, próprios a atuação é vinculada; se ela tem possibilidade de escolher
da autoridade, pois não foram definidos pelo legislador. Mes‐ entre atuar ou não, existe a discricionariedade. Como
mo aí, entretanto, o poder de ação administrativa, embora exemplo de atuação vinculada, temos que a Administração
discricionário, não é totalmente livre, porque sob alguns é obrigada a apurar e punir ilícitos administrativos, sob pena
aspectos a lei impõe limitações. de condescendência criminosa (art. 320 do Código Penal).

Fonte e Âmbito de Aplicação da Discricionariedade Condescendência criminosa


Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de
A fonte da discricionariedade é a própria lei. A discricio‐ responsabilizar subordinado que cometeu infração no
nariedade só existe nos espaços deixados pela lei. Normal‐ exercício do cargo ou, quando lhe falte competência,
mente ocorre: não levar o fato ao conhecimento da autoridade
• de forma expressa: quando a lei confere à Adminis‐ competente:
tração o seu uso. Como exemplo, temos a remoção ex Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
officio (de ofício). O servidor é removido pela Adminis‐
tração e no interesse dela, para atender à conveniência Referindo-se aos elementos ou requisitos dos atos
do serviço (art. 36, I, da Lei nº 8.112/1990); admi­nistrativos, a discricionariedade abrange tão somente
o motivo e o objeto. A competência, a forma e a finalidade
Art.  36. Remoção é o deslocamento do servidor, são sempre vinculadas, até mesmo nos atos discricionários.
a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, A partir da ideia de que certos atos administrativos são
com ou sem mudança de sede. sempre vinculados (competência, forma, finalidade), afirma‐
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, -se que não existe ato administrativo inteiramente discricio‐
entende-se por modalidades de remoção: nário. É também por isso que se diz que o ato vinculado é
I – de ofício, no interesse da Administração. analisado sob o aspecto da legalidade (de acordo com a lei)
e que o ato discricionário pode ser analisado sob os aspectos
• quando a lei é omissa: por não ser possível prever da legalidade e do mérito (conveniência e oportunidade
todas as situações supervenientes no momento de sua diante do interesse público a atingir).

243
Limites da Discricionariedade e Controle pelo Poder Atos Individuais
Judiciário Atingem uma situação determinada. Há um destinatário
certo, podendo ser mais de uma pessoa (pluralidade de
A discricionariedade também encontra limites na própria destinatários). Ex.: a nomeação.
lei. O  legislador, ao definir determinado ato, intencional‐
mente deixa um espaço para livre decisão da Administração Quanto ao Objeto
Pública; legitimando previamente a sua opção, qualquer uma
delas será válida. Atos de Império
Como forma de fixar limites ao exercício do poder discri‐ O Poder Público atua com supremacia sobre o admi‐
cionário, algumas teorias têm sido adotadas de modo a am‐ nistrado, coercitiva e unilateralmente. Ex.: atos de polícia
pliar a possibilidade de sua apreciação pelo Poder Judiciário. (interdição de atividade, apreensão de bens).
Uma delas é a que se refere ao abuso de poder na espécie
desvio de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder Atos de Gestão
ou desvio de finalidade ocorre quando a autoridade usa do São aqueles em que o Poder Público se coloca em
poder discricionário para atingir fim diverso daquele que a lei situação de igualdade com o particular. Atos de gestão
fixou. Quando isso ocorre, fica o Poder Judiciário autorizado correspondem aos atos de direito privado que a Adminis‐
a decretar a nulidade do ato, já que a Administração fez uso tração Pública pratica. Ex.: locação de imóvel para funcionar
indevido da discricionariedade, ao  desviar-se dos fins de repartição pública.
interesse público definidos na lei.
A outra é a teoria dos motivos determinantes. Quando a Atos de Expediente
São todos aqueles que se destinam a dar andamento
Administração indica os motivos que a levaram a praticar o
aos processos e papéis que tramitam nas repartições pú‐
ato, este somente será válido se os motivos forem verdadei‐
blicas. São atos de rotina interna, sem caráter vinculante e
ros. Para apreciar esse aspecto, o Poder Judiciário terá que
sem forma especial, geralmente, praticados por servidores
examinar os motivos, ou seja, os pressupostos de fato e as
subalternos, sem competência decisória.
provas de sua ocorrência, para verificar se o motivo realmente
existiu. Se não existiu ou se não for verdadeiro, anulará o ato. Quanto ao Regramento
O controle feito pelo Poder Judiciário ganha fundamental
importância após a distinção entre atos discricionários e Atos Vinculados
atos vinculados. São aqueles que possuem todos os seus requisitos pré‑de‐
Nos atos vinculados, não existe restrição quanto aos terminados na lei, não oferecendo margem de escolha para
elementos que sofrem o chamado controle de legalidade, apreciação do administrador. Cabe a este somente verificar se
visto que todos devem estar de acordo com a lei. esses requisitos estão em conformidade com a lei. Se estive‐
Com relação aos atos discricionários, o  controle de rem, o administrador estará obrigado a praticar o ato. Se faltar
legalidade é possível, mas terá que respeitar a discriciona‐ qualquer deles, o administrador não poderá praticar o ato. Ex.:
riedade administrativa nos limites em que ela é assegurada aposentadoria do servidor, nomea­ção de cargo efetivo. 
pela lei, ou seja, o Judiciário só pode apreciar os aspectos
da legalidade e verificar se a Administração não ultrapassou Atos Discricionários
os limites da discricionariedade. Existem dois requisitos (motivo e objeto) em que a
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

lei oferece, na prática do ato, uma margem de opção ao


Classificação dos Atos Administrativos administrador, que irá fazer sua escolha de acordo com as
razões de conveniên­cia e oportunidade, mas sempre visando
Quanto ao Alcance ao interesse público.

Quanto à Eficácia
Atos Internos
São os destinados a produzir efeitos no recesso das
Ato Válido
repartições administrativas, e por isso mesmo incidem,
É o que provém de autoridade competente para prati‐
normalmente, sobre os órgãos e agentes da Administração cá‑lo e contém todos os requisitos necessários à sua eficácia.
que os expediram.
Ato Nulo
Atos Externos É o que nasce afetado de vício insanável por ausência ou
São todos aqueles que alcançam os administrados, defeito substancial em seus elementos constitutivos ou no
os contratantes e, em certos casos, os próprios servidores, procedimento formativo. Não produz qualquer efeito válido
provendo sobre seus direitos, obrigações, negócios ou condu‐ entre as partes, pela evidente razão de que não se adquire
ta perante a Administração. Tais atos, pela sua destinação, só direito de ato ilegal.
entram em vigor ou execução depois de divulgados pelo ór‐
gão oficial, dado o interesse do público no seu conhecimento. Ato Inexistente
É o que apenas tem aparência de manifestação regular
Quanto aos Destinatários da Administração, mas não chega a se aperfeiçoar como ato
administrativo. É o que ocorre, por exemplo, com o “ato”
Atos Gerais praticado por um usurpador de função pública. Tais atos
Destinam‑se a pessoas indeterminadas, atingindo todos equiparam‑se, em nosso Direito, aos atos nulos, sendo,
aqueles que estiverem em uma determinada situa­ção. É o assim, irrelevante e sem interesse prático a distinção entre
caso do regulamento que estabelece normas para todos que nulidade e inexistência, porque ambas conduzem ao mesmo
estiverem no âmbito das regras ali previstas. Ex.: o edital de resultado – a invalidade – e subordinam-se às mesmas regras
um concurso público.  de invalidação. Ato inexistente ou ato nulo é ato ilegal.

244
Quanto à Formação a expedição de certidões e demais atos fundados em situa‐
ções jurídicas anteriores.
Atos Simples
Resultam da manifestação de vontade de apenas um único Ato Alienativo
órgão, sendo ele unipessoal ou colegiado. Ex.: nomea­ção, exo‐ É o que opera a transferência de bens ou direitos de um
neração, demissão de um servidor, despacho de autoridade. titular para outro. Ex.: venda de imóvel da Administração
para o particular.
Atos Complexos
Resultam da manifestação de vontade de dois ou mais Ato Modificativo
órgãos, sejam singulares ou colegiados, cuja vontade soma-se É o que tem por fim alterar situa­ções preexistentes, sem
à outra para a prática de um único ato. Ex.: nomeação de suprimir direitos ou obrigações, como ocorre com aqueles
Ministro do STF depende da aprovação do Senado. que alteram horários, percursos, locais de reunião e outras
Os atos normativos editados conjuntamente por diversos situações anteriores estabelecidas pela Administração.
órgãos da administração federal, como as portarias conjuntas
ou instruções normativas conjuntas da Secretaria da Receita Ato Abdicativo
Federal do Brasil e da Procuradoria da Fazenda Nacional, são É aquele pelo qual o titular abre mão de um direito.
exemplos de ato administrativo complexo. A peculiaridade desse ato é seu caráter incondicionável e
irretratável. Desde que consumado, o ato é irreversível e
Atos Compostos imodificável, como são as renúncias de qualquer tipo.
São aqueles praticados por um órgão, mas que exigem a
aprovação de outro órgão. Um pratica o ato e o outro confir‐ Quanto à Retratabilidade
ma. O ato só produz efeito depois de aprovado pelo último
órgão. Geralmente, os atos que dependem de autorização Ato Irrevogável
ou homologação são compostos (um depende do outro). É aquele que se tornou insuscetível de revogação, por
Ex.: nomeação de um dos indicados em lista tríplice para ter produzido seus efeitos ou gerado direito subjetivo para
Desembargador Federal. o beneficiário ou, ainda, por resultar de coisa julgada admi‐
nistrativa. Neste último, cabe considerar que a coisa julgada
Quanto à Exequibilidade administrativa só o é para a Administração, uma vez que não
impede a reapreciação judicial do ato.
Ato Perfeito
É aquele que reúne todos os elementos necessários à Ato Revogável
sua exequibilidade ou operatividade, apresentando‑se apto É aquele que a Administração, e somente ela, pode in‐
e disponível para produzir seus regulares efeitos. validar, por motivos de conveniência, oportunidade. Nesses
atos devem ser respeitados todos os efeitos já produzidos,
Ato Imperfeito porque decorrem de manifestação válida da Administração.
É aquele que se apresenta incompleto na sua formação A revogação só atua ex nunc. Em princípio, todo ato admi‐
ou carente de um ato complementar para tornar‑se exequí‐ nistrativo é revogável até que se torne irretratável para a
Administração, quer por ter exaurido seus efeitos ou seus
vel e operante. Para se tornar perfeito, necessita de um ato
recursos, quer por ter gerado direito subjetivo para o bene‐
complementar que o torne operativo.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


ficiário, interessado na sua manutenção.
Ato Pendente
Ato Suspensível
É aquele que, embora perfeito, por reunir todos os
É aquele em que a Administração pode fazer cessar os
elementos de sua formação, não produz seus efeitos, por
seus efeitos, em determinadas circunstâncias ou por certo
não verificado o termo ou a condição de que depende sua
tempo, embora mantendo o ato, para oportuna restauração
exequibilidade ou operatividade.
de sua operatividade. Difere a suspensão da revogação,
porque esta retira o ato do mundo jurídico, ao passo que
Ato Consumado
aquela susta, apenas, a sua exequibilidade.
É o que produziu todos os seus efeitos, tornando‑se, por
isso mesmo, irretratável ou imodificável por lhe faltar objeto. Quanto ao Modo de Execução
Quanto ao Conteúdo Ato Autoexecutório
É aquele que traz em si a possibilidade de ser exe­cutado
Ato Constitutivo pela própria Administração, independentemente de ordem
É o que cria uma situação jurídica individual para seus judicial.
destinatários, em relação à Administração. Ex.: licença, no‐
meação, sanção administrativa. Ato não Autoexe­cutó­rio
É o que depende de pronunciamento judicial para produ‐
Ato Extintivo ou Desconstitutivo ção de seus efeitos finais, tal como ocorre com a dívida fiscal,
É o que põe termo a situações jurídicas individuais, cuja execução é feita pelo Judiciário, quando provocado pela
como a cassação de autorização, a encampação de serviço Administração interessada na sua efetivação.
de utilidade pública.
Quanto ao Objetivo Visado pela Administração
Ato Declaratório
É o que visa preservar direitos, reconhecer situações Ato Principal
preexistentes ou, mesmo, possibilitar seu exercício. São É o que encerra a manifestação de vontade final da
exemplos dessa espécie a apostila de títulos de nomeação, Administração. O ato principal pode resultar de um único

245
órgão (ato simples) ou da conjugação de vontades de mais explícito ou implícito pela legislação. Como ato adminis‐
de um órgão (ato complexo) ou, ainda, de uma sucessão de trativo, está sempre em situação inferior à lei, por isso não
atos intermediários (procedimento administrativo). pode contrariá‑la.

Ato Complementar Regulamentos


É o que aprova ou ratifica o ato principal, para dar‑lhe São atos administrativos, postos em vigência por decreto,
exequibilidade. O ato complementar atua como requisito de para especificar os mandamentos da lei ou prover situações
operatividade do ato principal, embora este se apresente ainda não disciplinadas por elas. Como ato inferior à lei, não
completo em sua formação desde a sua edição. pode contrariá‑la ou ir além do que ela permite.

Ato Inter­mediário Instruções Normativas


É o que concorre para a formação de um ato principal e São atos administrativos expedidos pelos Ministros de
final. Assim, em uma concorrência, são atos intermediários Estado para a execução das leis, decretos e regulamentos
o edital, a habilitação e o julgamento das propostas, porque (art. 87, parágrafo único, II, da CF). Podem ser utilizadas por
desta sucessão é que resulta o ato principal e final objetivado outros órgãos superiores para o mesmo fim.
pela Administração, que é a adjudicação da obra ou do ser‐
viço ao melhor proponente. O ato intermediário é sempre Regimentos
autônomo em relação aos demais e ao ato final, razão pela São atos administrativos normativos de atuação interna
qual pode ser impugnado e invalidado isoladamente (o que que se destinam a reger o funcionamento de órgãos co‐
não ocorre com o ato complementar), no decorrer do pro‐ legiados e de corporações legislativas, por esse motivo só
cedimento administrativo. se dirigem aos que devem executar o serviço ou realizar a
atividade funcional regimentada.
Ato‑Con­dição
É todo aquele que se antepõe a outro para permitir a sua Resoluções
realização. O ato‑condição destina‑se a remover um obstá‐ São atos administrativos normativos expedidos pelas
culo à prática de certas atividades públicas ou particulares, altas autoridades do Executivo (exceto Presidente, pois este
para as quais se exige a satisfação prévia de determinados só pode expedir decreto) ou pelos presidentes de tribunais,
requisitos. Assim, o concurso é ato‑condição da nomeação órgãos legislativos e colegiados administrativos, para admi‐
efetiva; a concorrência é ato‑condição dos contratos adminis‐ nistrar matéria de sua competência específica.
trativos. Como se vê, o ato‑condição é sempre um ato‑meio
para a realização de um ato‑fim. A ausência do ato‑condição Deliberações
invalida o ato final, e essa nulidade pode ser declarada pela São atos administrativos normativos ou decisórios, ema‐
própria Administração ou pelo Judiciário, porque é matéria nados de órgãos colegiados. Quando normativos, são atos
de legalidade, indissociável da prática administrativa. gerais; quando decisórios, atos individuais. Devem sempre
obediência ao regulamento e ao regimento que houver para
Ato de Jurisdição a organização e funcionamento do colegiado.
É todo aquele que contém decisão sobre matéria contro‐
vertida. No âmbito da Administração, resulta, normalmente, Atos Ordinatórios
da revisão de ato do inferior pelo superior hierárquico ou
tribunal administrativo, mediante provocação do interessa‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

São os que visam a disciplinar o funcionamento da


do, ou de ofício. O ato administrativo de jurisdição, embora Administração e a conduta funcional de seus agentes; ema‐
decisório, não se confunde com o ato judicial propriamente nam do poder hierárquico; só atuam no âmbito interno das
dito (despacho, sentença, acórdão em ação e recurso), nem repartições e só alcançam os servidores hierarquizados à
produz coisa julgada no sentido processual da expressão, mas chefia que os expediu.
quando proferido em instância final torna‑se imodificável Entre os atos ordinatórios merecem apreciação:
pela Administração.
Instruções
Espécies de Atos Administrativos São ordens escritas e gerais a respeito do modo e forma
de execução de determinado serviço público, expedidas pelo
Atos Normativos superior hierárquico com o escopo de orientar os subalternos,
no desempenho das atribuições que lhes estão apresentadas
São aqueles que contêm um comando geral do Exe­cutivo, e assegurar a unidade de ação no organismo administrativo.
visando à correta aplicação da lei; o objetivo imediato é expli‐
citar a norma legal a ser observada pela Administração e pelos Circulares
administrados; estabelecem regras gerais e abstratas de con‐ São ordens escritas, de caráter uniforme, expedidas a de‐
duta; têm a mesma normatividade da lei e a ela equiparam-se terminados funcionários incumbidos de certo serviço, ou de
para fins de controle judicial; quando individualizam situações desempenho de certas atribuições em circunstâncias especiais.
e impõem encargos específicos a administrados, podem ser
atacados e invalidados direta e imediatamente por via judicial Avisos
comum, ou por mandado de segurança. São atos emanados dos Ministros de Estado a respeito
de assuntos dedicados aos seus ministérios.
Principais Atos Normativos
Portarias
Decretos São atos administrativos internos pelos quais os chefes
São atos administrativos da competência exclusiva dos de órgão, repartições ou serviços expedem determinações
Chefes do Executivo, destinados a prover situações gerais gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam ser‐
ou individuais, abstratamente previstas de modo expresso, vidores para função e cargos secundários.

246
Ordens de Serviço pelo particular, defere‑lhe determinada situação jurídica de
São determinações especiais dirigidas aos responsáveis seu exclusivo ou predominante interesse, como ocorre no
por obra ou serviços públicos autorizando seu início, ou ingresso aos estabelecimentos de ensino mediante concurso
contendo imposições de caráter administrativo, ou especi‐ de habilitação.
ficações técnicas sobre o modo e forma de sua realização.
Visto
Ofícios É o ato pelo qual o Poder Público controla outro ato da
São comunicações escritas que as autoridades fazem própria Administração ou do administrado, aferindo sua
entre si, entre subalternos e superiores e entre Administra‐ legitimidade formal para dar‑lhe exequibilidade.
ção e particulares.
Homologação
Despachos É o ato de controle pelo qual a autoridade superior
Os despachos podem ser: examina a legalidade e a conveniência de ato anterior da
• Administrativos: são decisões que as autoridades própria Administração, de outra entidade, ou de particular,
executivas proferem em papéis, requerimentos e para dar‑lhe eficácia.
processos sujeitos à sua apreciação; ou
• Normativos: é aquele que, embora proferido indivi‐ Dispensa
dualmente, a autoridade competente determina que É o ato que exime o particular do cumprimento de deter‐
se aplique aos casos idênticos, passando a vigorar
minada obrigação até então exigida por lei. Ex.: a prestação
como norma interna da Administração para situa­ções
do serviço militar.
análogas subsequentes.
Renúncia
Atos Negociais É o ato pelo qual o Poder Público extingue unilateral­
São todos aqueles que contêm uma declaração de mente um crédito ou um direito próprio, liberando definiti‐
vontade da Administração, apta a concretizar determinado vamente a pessoa obrigada perante a Administração.
negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao parti­cular,
nas condições impostas ou consentidas pelo Poder Público. Protocolo Administrativo
Enquadram‑se nessa categoria os seguintes atos admi‐ É o ato pelo qual o Poder Público acerta com o particular a
nistrativos: realização de determinado empreendimento ou atividade ou a
abstenção de certa conduta, no interesse recíproco da Adminis‐
Licença tração e do administrado signatário do instrumento protocolar.
É o ato administrativo vinculado e definitivo pelo qual o
Poder Público, verificando que o interessado atendeu todas Atos Enunciativos
as exigências legais, faculta‑lhe o desempenho de atividades
ou a realização de fatos materiais antes vedados ao particular. São todos aqueles em que a Administração se limita a
No mesmo sentido, a licença é ato administrativo editado no certificar ou atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre
exercício de competência vinculada; preenchidos os requisitos determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado.
necessários a sua concessão, ela não poderá ser negada pela Entre os mais comuns, estão os seguintes:
administração pública. Ex.: o exercício de uma profissão.
A licença concedida ao administrado para o exercício de Certidões

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


direito poderá ser revogada pela administração pública por
São cópias ou fotocópias fiéis e autenticadas de atos ou
critério de conveniência e oportunidade.
fatos constantes no processo, livro ou documento que se
Autorização encontra nas repartições públicas; o fornecimento de certi‐
É o ato administrativo discricionário e precário pelo qual dões é obrigação constitucional de toda repartição pública,
o Poder Público torna possível ao pretendente a rea­lização desde que requerida pelo interessado; devem ser expedidas
de certa atividade, serviço ou utilização de determinados no prazo improrrogável de 15 dias, contados do registro do
bens particulares ou públicos, de seu exclusivo ou predomi‐ pedido (Lei nº 9.051/1995).
nante interesse, que a lei condiciona à aquiescência prévia
da Administração, tais como o uso especial de bem público, Atestados
o porte de arma etc. São os atos pelos quais a Administração comprova um
fato ou uma situação de que tenha conhecimento por seus
Permissão órgãos competentes.
É o ato administrativo, discricionário e precário, pelo qual
o Poder Público faculta ao particular a execução de serviços Pareceres
de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos, São manifestações de órgãos técnicos sobre assuntos
a título gratuito ou remunerado, nas condições estabelecidas
submetidos à sua consideração; tem caráter meramente
pela Administração.
opinativo. Podem ser:
Aprovação a) Normativos: é aquele que, ao ser aprovado pela
É o ato administrativo pelo qual o Poder Público verifica a autoridade competente, é convertido em norma de proce‐
legalidade e o mérito de outro ato ou de situações e realiza‐ dimento interno; ou
ções materiais de seus próprios órgãos, de outras entidades b) Técnicos: é o que provém de órgão ou agente espe‐
ou de particulares, dependentes de seu controle, e consente cializado na matéria, não podendo ser contrariado por leigo
na sua execução ou manutenção. ou por superior hierárquico.

Admissão Apostilas
É o ato administrativo vinculado pelo qual o Poder São atos enunciativos ou declaratórios de uma situa­ção
Público, verificando a satisfação de todos os requisitos legais anterior criada por lei. Equivale a uma averbação.

247
Atos Punitivos ser revogados atos que exauriram os seus efeitos, pois a
revogação supõe ato que ainda esteja produzindo efeitos,
São os que contêm uma sanção imposta pela Administração como ocorre na autorização para porte de armas.
àqueles que infringem disposições legais, regulamentares ou • Atos que geraram direitos adquiridos: conforme
ordinatórias dos bens e serviços públicos. Visam punir e reprimir Súmula nº 473/STF.
infrações administrativas ou condutas irregulares dos servidores Obs.: Os atos administrativos individuais são revogá‐
ou dos particulares, perante a Administração. Exemplos: veis desde que seus efeitos se revelem inconvenientes
ou contrários ao interesse público, mas ocorre que
Multa esses atos podem se tornar irrevogáveis por circuns‐
É toda imposição pecuniária a que sujeita o administrado tâncias supervenientes a sua emissão, quando por
a título de compensação do dano presumido da infração; é exemplo geram direitos subjetivos para os destinatá‐
de natureza objetiva e se torna devida in­dependentemente rios.
da ocorrência de culpa ou dolo do infrator. • Meros atos administrativos: pois seus efeitos decor‐
rem de lei. Ex.: certidões, atestados, pareceres.
Interdição de Atividade • Atos integrantes de procedimento administrativo:
É o ato pelo qual a Administração veda a alguém a prática pois a cada novo ato ocorre a preclusão do anterior.
de atos sujeitos ao seu controle ou que incidam sobre seus
bens; deve ser precedida de processo regular e do respectivo Anulação
auto, que possibilite defesa do interessado.
É a extinção do ato administrativo por motivo de ilega‐
Destruição de Coisas lidade, feita pela Administração (autotutela) ou pelo Poder
É o ato sumário da Administração pelo qual se inutilizam Judiciário, produzindo uma eficácia retroativa (ex tunc), pois
alimentos, substâncias, objetos ou instrumentos imprestáveis deles não se originam direitos.
ou nocivos ao consumo ou de uso proibido por lei. Súmula nº 346, 1963/STF: “A Admi­nistração Pública pode
declarar a nulidade dos seus próprios atos.”
Desfazimento do Ato Administrativo – Cessação
da Eficácia A Lei nº 9.784/1999, em seu art. 53, estabelece que:

A forma normal de extinção do ato administrativo é o Art. 53. A Administração deve anular seus próprios
esgotamento do seu conteúdo. No entanto, existem vários atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
casos de extinção do ato administrativo, entre eles: revogá‑los por motivo de conveniência ou oportuni‐
dade, respeitados os direitos adquiridos.
Revogação
Aqui, a anulação não seria pelo princípio da autotutela
É o ato pelo qual a Administração extingue um ato admi‐ e sim pelo princípio da legalidade.
nistrativo revestido de legitimidade, em razão de interesse Admite-se a anulação de concurso público, pela própria
público, buscando o bem‑estar coletivo. Os efeitos da revo‐ administração, ante a ocorrência de vício insanável e ofensivo
gação operam a partir de sua edição (ex nunc), respeitando aos princípios da igualdade, da competitividade, da morali‐
os já produzidos, conforme Súmula nº 473, 1969/STF: dade, da impessoalidade e da publicidade.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

Deve‑se ressaltar que em alguns casos, quando terceiros


A Administração pode anular seus próprios atos, de boa-fé são atingidos por atos nulos, a doutrina reconhece
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, a possibilidade de preservação dos seus efeitos, de forma
porque deles não se originam direitos; ou revogá‑los, a garantir a estabilidade das relações jurídicas (DI PIETRO,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respei‐ 2008). Um exemplo bastante claro é o do funcionário de fato
tados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos (alguém irregularmente investido no serviço público), que
os casos, a apreciação judicial. praticou atos que tenham atingido terceiro de boa-fé. Estes
efeitos devem ser preservados. Por esse motivo, a aplicação
A Lei nº 9.784/1999, em seu art. 53, estabelece que: da Súmula nº  473/STF tem recebido temperamentos na
jurisprudência, não sendo aplicável quando for possível a
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios convalidação ou, ainda, diante de situações consolidadas,
atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode que não trouxeram efetiva lesão para o interesse público.
revogá‑los por motivo de conveniência ou oportuni‐ Nesse sentido:
dade, respeitados os direitos adquiridos.
Embora o princípio da legalidade imponha a anulação
Ademais, caso a Administração revogue várias autori‐ dos atos viciados, as  relações jurídicas hão de ter
zações de porte de arma, invocando como motivo o fato segurança e as situações constituídas há muito re‐
de um dos autorizados ter se envolvido em brigas, referida querem a manutenção do ato. Segundo Miguel Reale,
revogação só será válida em relação àquele que perpetrou é possível a convalidação de atos administrativos ei‐
a situação fática geradora do resultado do ato. vados de nulidade que não firam legítimos interesses
de terceiros ou do Estado, quando da inexistência de
O poder de revogar, como em qualquer ato discricionário, dolo. É a sanatória excepcional do nulo em homena‐
encontra limites; portanto, não podem ser revogados: gem à boa-fé. Ademais, há interesse público em se
• Atos vinculados: pois não existe margem para discri‐ proteger a boa-fé e a confiança dos administrados,
cionariedade nesses atos. garantindo-lhes a proteção da segurança jurídica,
• Atos que exauriram seus efeitos: se o ato já exauriu que não pode ser atingida por ilações relativas a uma
seus efeitos não há que se falar em revogação, pois ela suposta atuação de má-fé por parte do administrador.
surte efeito a partir de sua edição. Assim, não podem REO nº 1997.39.00.010815-2/PA-TRF.

248
A título de exemplo: Simão, comerciante estabelecido na Caducidade
capital do Estado, requereu, perante a autoridade competen‐
te, licença para funcionamento de um novo estabelecimento. É a cessação dos efeitos do ato em razão de uma lei su‐
Embora o interessado não preenchesse os requisitos fixados perveniente, com a qual esse ato é incompatível. Ex.: reti­rada
na normatização aplicável, a Administração, levada a erro da licença para dirigir, outorgada a menor de idade, em face
por falha cometida por funcionário no procedimento corres‐ da vigência de lei que impede o menor de dirigir.
pondente, concedeu a licença. Posteriormente, constatado o
equívoco, a Administração deverá anular o ato, produzindo a Mera Retirada
anulação efeitos retroativos à data em que foi emitido o ato
eivado de vício não passível de convalidação. É a revogação de um ato administrativo que ainda
Ainda em matéria de anulação, vale também lembrar, não começou a produzir efeitos. Não se confunde com a
a questão do prazo de que dispõe o poder público para anular revogação propriamente dita, uma vez que não existem
seus atos. Em regra, pelo princípio da legalidade, a anulação efeitos a serem preservados. Ex.: Houve nomeação para
pode ser feita a qualquer momento, não existe prazo, entre‐ cargo público e não houve posse. É retirado do mundo
tanto é possível que haja exceção à regra se devidamente jurídico o ato de nomeação para que outro seja nomeado
previsto em norma, foi o que fez a Lei nº 9.784/1999, em e tome posse.
seu art. 54, que diz o seguinte:
Conversão
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para Aproveita‑se, com outro conteúdo, o ato que inicialmen‐
os destinatários decai em cinco anos, contados da data te foi considerado nulo. Ex.: Nomeação de alguém para cargo
em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. público sem aprovação em concurso, mas poderá haver a
nomeação para cargo comissionado. A conversão dá ao ato a
Convalidação ou Sanatória conotação que deveria ter tido no momento da sua criação.
Produz efeito ex tunc.
A convalidação é o processo de que se vale a Adminis‐
tração para aproveitar atos administrativos que possuam Contraposição ou Derrubada
vícios sanáveis, de forma a confirmá-los no todo ou em parte.
É a prática de um ato posterior que vai conter todos os re‐ É a retirada de um ato pelo exercício de competência
quisitos de validade, inclusive, aquele que não foi observado diversa que gerou o ato anterior, mas cujos efeitos são con‐
no ato anterior e determinar a sua retroatividade à data de traposto aos daqueles. Ex.: exoneração de um servidor, que
vigência do ato tido como anulável. Os efeitos passam a con‐ aniquila os efeitos do ato de nomeação.
tar da data do ato anterior (ex tunc); é editado um novo ato.
Normalmente as leis que tratam de direito público silen‐ Renúncia
ciam sobre o instituto da convalidação. Entretanto, indicando
avanço decorrente da jurisprudência, a Lei nº 9.784/1999, Consiste na extinção dos efeitos do ato ante a rejeição
em seu art. 55, assim se pronuncia: pelo beneficiário de uma situação jurídica favorável de que
desfrutava em consequência daquele ato. Ex.: a renúncia
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acar‐ a um cargo de Secretário de Estado, um beneficiário de
um título honorífico (se desinteressando, a ele renuncia).

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


retarem lesão ao interesse público nem prejuí­zo
a terceiros, os atos que apresentarem defeitos Geralmente, não investe o beneficiário no direito de ser
sanáveis poderão ser convalidados pela própria indenizado.
Administração.
Recusa
O poder de convalidar também encontra limites, portanto
Ao recusar o que o ato outorga, seu beneficiário o ex‐
não podem ser convalidados:
tingue, dado que a aceitação era elemento necessário para
• atos válidos ou inexistentes: não existe a possibilidade que o ato pudesse produzir os efeitos para os quais estava
de convalidar atos que não sejam inválidos ou que não preordenado. A recusa não se confunde com a renúncia, pois
existam no mundo jurídico; na recusa rejeita o que não se possui, na renúncia, rejeita
• atos absolutamente nulos: não podem ser convali‐ o que já se possui. Também não investe o beneficiário no
dados atos que apresentem vícios insanáveis, como, direito de ser indenizado.
por exemplo, o ato comprovadamente praticado com
desvio de poder ou desvio de finalidade;
• atos impugnados judicial ou administrativamente: não AGENTES PÚBLICOS
é possível inovar sobre situação jurídica contestada ou
mesmo resistida; Conceito
• atos que geraram direito subjetivo ao beneficiá­rio,
entre outros. É toda pessoa física vinculada, definitiva ou transito‐
riamente, ao exercício de função pública (encargos
Cassação ou atribuições).

Ocorre em decorrência do descumprimento das condi‐ É todo aquele que colabora com o Estado na conse‐
ções que deveriam ser atendidas pelo administrado para cução dos interesses coletivos. Os agentes desempe‐
continuar merecedor do desfrute. Ex.: alguém obteve nham as funções dos órgãos a que estão vinculados.
uma permissão para explorar um serviço público, porém
descumpriu uma das condições para a prestação desse São todos aqueles que, a qualquer título, executam
serviço. uma função pública como preposto do Estado.

249
São todas as pessoas físicas incumbidas de exercer Maurício Nicácio
alguma função estatal, definitiva ou transitoriamente.
REGIME JURÍDICO DO SERVIDOR PÚBLICO
Esses são conceitos criados pela doutrina. Veja agora um FEDERAL
estabelecido pela Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade
Administrativa): Considerações Iniciais
Art.  2º Reputa-se agente público todo aquele que A Lei nº 8.112, que é uma lei federal, veio instituir em
exerce, ainda que transitoriamente ou sem re‐ 1990 o Regime Jurídico Único (RJU), pois o seu texto origi‐
muneração, por eleição, nomeação, designação, nal só previa servidores “dentro” da administração direta,
contratação ou qualquer outra forma de investidura autárquica e fundacional federais.
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função na Com o advento da Emenda Constitucional nº  19, em
Administração Direta, Indireta ou Fundacional de 1998, o regime deixa de ser único e passa a ser considerado
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis‐ por alguns doutrinadores como administrativo, pois houve
trito Federal, de Território, de empresa incorporada o permissivo de poderem conviver empregados públicos
ao patrimônio público ou em entidade para cuja cria‐ e servidores públicos na administração direta, autarquias
ção ou custeio o erário haja concorrido ou concorra e fundações públicas federais. Porém, a  referida emenda
com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou sofreu um vício de forma e foi declarada inconstitucional
da receita anual. no art. 39 da Constituição Federal de 1988, logo o regime
voltou a ser único, ou seja, hoje só podem existir servidores
Classificação públicos na administração direta, autárquica e fundacional.
Apesar de, em decisão liminar, o Supremo Tribunal
O agente público é considerado um gênero, do qual são Federal (STF) ter reconhecido a existência de vícios na
espécies: emenda constitucional que alterou o art. 39 da CF, e de ter
Agentes Políticos – São os componentes do Governo nos restabelecido o regime jurídico único, foram mantidas as
seus primeiros escalões, exercem atribuições constitucionais. contratações de agentes pelo regime trabalhista, por parte
Podem ser eleitos, nomeados ou desig­nados. Ocupam os car‐ da administração pública direta, autárquica e fundacional, no
gos dos órgãos independentes (que representam os poderes período compreendido entre a promulgação desta emenda
do Estado) e dos órgãos autônomos (que são os auxiliares constitucional e aquela decisão da Corte.
imediatos dos órgãos independentes). Ex.: Presidente da A decisão sobre a inconstitucionalidade pelo STF teve
República, Ministros, Secretários de Estado, Senadores, efeito não retroativo (ex nunc), logo a Lei nº  9.962/2000
Governadores, Deputados, Prefeitos, Juízes, membros do ainda regulamenta os empregados na administração direta,
Ministério Público, membros dos Tribunais de Contas etc. autárquica e fundacional federais.
Agentes Administrativos – São os agentes públicos que
se vinculam à Administração Pública Direta ou Indireta por JURISPRUDÊNCIA:
relações profissionais. Sujeitam‑se à hierarquia funcional. A matéria votada em destaque na Câmara dos Depu‐
São eles: tados no DVS 9 não foi aprovada em primeiro turno,
• Servidores Públicos: ocupam cargo público e, em pois obteve apenas 298 votos e não os 308 necessá‐
regra, estão sujeitos ao regime estatutário. rios. Manteve-se, assim, o então vigente caput do art.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

• Empregado Público: ocupam emprego público. Ingres‐ 39, que tratava do regime jurídico único, incompatível
sa via concurso e estão sujeitos ao regime celetista. com a figura do emprego público. O deslocamento do
• Contratado Temporário: é o servidor que não titulariza texto do § 2º do art. 39, nos termos do substitutivo
cargo nem emprego, mas exerce função por tempo aprovado, para o caput desse mesmo dispositivo
determinado, para atender situação de excepcional representou, assim, uma tentativa de superar a não
interesse público. Sua contratação está disciplinada pela aprovação do DVS 9 e evitar a permanência do regime
Lei nº 8.745/1993, que regulamentou o art. 37, IX, da CF. jurídico único previsto na redação original suprimida,
circunstância que permitiu a implementação do con‐
Particulares em Colaboração com o Poder Público trato de emprego público ainda que à revelia da regra
constitucional que exige o quorum de três quintos
Agentes Honoríficos  – São os agentes convocados ou para aprovação de qualquer mudança constitucional.
nomeados para prestar serviços de natureza transitória, sem Pedido de medida cautelar deferido, dessa forma,
vínculo empregatício, e em geral, sem remuneração. Cons‐ quanto ao caput do art. 39 da CF, ressalvando-se,
tituem os múnus públicos (serviços relevantes) os jurados, em decorrência dos efeitos ex nunc da decisão, a
comissários de menores, mesários eleitorais, entre outros. subsistência, até o julgamento definitivo da ação,
Agentes Delegados  – São particulares que recebem a da validade dos atos anteriormente praticados com
incumbência da execução de determinada atividade, obra base em legislações eventualmente editadas durante
ou serviço público e o realizam em nome próprio, por sua a vigência do dispositivo ora suspenso. [...] Vícios
conta e risco, mas segundo as normas do Estado. Ex.: con‐ formais e materiais dos demais dispositivos constitu‐
cessionários e permissionários de serviços e obras públicas, cionais impugnados, todos oriundos da EC 19/1998,
serventuários notariais e de registro, leiloeiros, tradutores aparentemente inexistentes ante a constatação de
e intérpretes públicos. que as mudanças de redação promovidas no curso
Agentes Credenciados – São os que recebem a incum‐ do processo legislativo não alteraram substancial‐
bência da administração para representá‑la em determinado mente o sentido das proposições ao final aprovadas
ato ou praticar certa atividade específica, mediante remu‐ e de que não há direito adquirido à manutenção de
neração do Poder Público credenciado. Ex.: representantes regime jurídico anterior. (ADI 2.135-MC, Rel. p/o ac.
internacionais, um médico que seja credenciado para aten‐ Min. Ellen Gracie, julgamento em 2/8/2007, Plenário,
der a população em determinado acontecimento. DJE de 7/3/2008)

250
Das Disposições Preliminares, Provimento, Das vagas para os portadores de deficiência
Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição A Constituição Federal de 1988, por meio do consti‐
tuinte originário, deu um permissivo para que o legislador
infraconstitucional trouxesse o percentual de vagas para os
Servidor
portadores de deficiência. A Lei nº 8.112/1990 veio obedecer
É importante ter ciência do conceito de servidor público, este comando constitucional e preceitua que deverá ser de
que segundo a Lei nº 8.112/1990, é “a pessoa legalmente até 20 por cento.
investida em cargo público”.
Nesse sentido, para os efeitos da Lei n° 8.112/1990, ser‐ Da situação do estrangeiro no serviço público federal
vidor público é o ocupante de cargo público, conceituação A Constituição de 1988 também trouxe no seu corpo a
que abrange os ocupantes de cargo em comissão e função possibilidade do estrangeiro poder prover cargos em institui‐
de confiança. ções de pesquisa tecnológicas e científicas, como professo‐
Esse conceito perante a visão dos administrativistas res, pesquisadores e também cientistas, mas regulamentados
não é amplo, pois os doutrinadores seguem conceitos mais por meio da Lei nº 8.112/1990.
apurados e abrangentes (lato sensu) sobre o que vem a ser A Constituição não proíbe o acesso do estrangeiro, mas
o servidor, mas em concursos públicos, em relação às per‐ ela restringe.
guntas inerentes à Lei nº 8.112/1990, o candidato deve ter
em mente o conceito legal. Observação: no Brasil, o cargo de diplomata não pode ser
ocupado por um estrangeiro naturalizado brasileiro.
Cargo Público
JURISPRUDÊNCIA:
Às vezes as bancas cobram o conceito de cargo público, Nos termos da jurisprudência do STF, é cabível a in‐
que segundo o Regime Jurídico do Servidor Público Federal denização por danos materiais nos casos de demora
é “o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na nomeação de candidatos aprovados em concursos
na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um públicos, quando o óbice imposto pela administra‐
servidor”. ção pública é declarado inconstitucional pelo Poder
Ainda em relação aos cargos públicos, o candidato deve Judiciário. (RE 339.852-AgR, Rel. Min. Ayres Britto,
ter ciência do seguinte: julgamento em 26/4/2011, Segunda Turma, DJE de
• eles são acessíveis a todos os brasileiros; 18/8/2011)
• devem ser criados por lei (decretos não podem criar
cargos); Não há violação aos princípios da isonomia e da
• têm que ter denominação própria; e publicidade quando a divulgação das notas dos can‐
• devem ser pagos pelos cofres públicos, tanto para didatos em concurso público ocorre em sessão pú‐
blica, mesmo que em momento anterior ao previsto
cargo de provimento efetivo, como também para os
no edital, ainda mais quando, como no caso, todos
cargos em comissão. forem informados de sua ocorrência. A inobservância
de regra procedimental de divulgação de notas não
Enfim, a Lei nº 8.112/1990 proíbe a prestação de serviços acarreta a nulidade de concurso público quando não
gratuitos, a não ser nos casos previstos em lei. demonstrado prejuízo aos concorrentes. (AO 1.395-

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


É oportuno mencionar que o legislador da Lei ED, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 24/6/2010,
nº 8.112/1990 não definiu o que vem a ser “cargo de car‐ Plenário, DJE de 22/10/2010)
reira” e “cargo isolado”, portanto, mister se faz buscar estes
conceitos na doutrina do Direito Administrativo. A modificação de gabarito preliminar, anulando
Segundo o mestre Hely Lopes Meirelles, cargo isolado é questões ou alterando a alternativa correta, em de‐
o tipo de cargo que não vem a ser escalonado em classes, corrência do julgamento de recursos apresentados
tendo a natureza de ser único. por candidatos não importa em nulidade do concurso
O cargo de carreira vem a ser aquele, nas palavras do público se houver previsão no edital dessa modifica‐
ção. [...] Não cabe ao Poder Judiciário, no controle
mestre, que pode ser escalonado em classes, que é a junção
jurisdicional da legalidade, substituir-se à banca
de cargos da mesma da área (profissão).
examinadora do concurso público para reexaminar
os critérios de correção das provas e o conteúdo
Requisitos para investidura em cargos públicos das questões formuladas [...]. (MS 27.260, Rel. p/o
Segundo o Estatuto do Servidor Público Federal deve-se ac. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 29/10/2009,
comprovar: Plenário, DJE de 26/3/2010.) Vide: MS 30.344-AgR,
• a nacionalidade; Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 21/6/2011,
• estar em gozo dos direitos políticos; Segunda Turma, DJE de 1º/8/2011; RE 434.708, Rel.
• estar em dia com as obrigações militares e eleitorais; Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 21/6/2005,
• o nível de escolaridade exigido para o exercício do Primeira Turma, DJ de 9/9/2005.
cargo;
O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no
• ter a idade mínima de dezoito anos; sentido de que a eliminação do candidato de con‐
• ter aptidão física e mental. curso público que esteja respondendo a inquérito
ou ação penal, sem pena condenatória transitada em
Urge ressaltar que as atribuições do cargo também po‐ julgado, fere o princípio da presunção de inocência.
dem trazer a necessidade de outros requisitos, desde que (AI 741.101-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento
haja previsão em lei. em 28/4/2009, Segunda Turma, DJE de 29/5/2009)

251
Prazo de validade do concurso público Observações importantes inerentes à posse. São elas:
• Só poderá ocorrer a posse nos casos de provimento
Sabe-se que o concurso público é obrigatório para ad‐ de cargo por nomeação.
missão de servidores na Administração Pública, podendo • Deverá declarar os bens e valores que constituem o
deixar de ser exigido em algumas situações, citando-se entre patrimônio.
elas a contratação por tempo determinado, para atender a • Declarar ter ou não ter exercício em outro cargo,
necessidade temporária de excepcional interesse público. emprego ou função pública.
A Lei nº 8.112/1990, por meio de comando constitucio‐ • A posse dependerá de prévia inspeção médica oficial.
nal, afirma que o prazo de validade dos concursos públicos • O servidor empossado já ocupa cargo público, ainda
será de até 2 (dois) anos, prorrogável uma única vez por que não tenha entrado em exercício.
igual período. A data do início da contagem do prazo é da
homologação. Do Exercício
É o efetivo desempenho das atribuições do cargo público
SÚMULAS SOBRE CONCURSOS PÚBLICOS: ou da função de confiança.
É inconstitucional toda modalidade de provimento Após ocorrer a investidura no cargo com a posse, o ser‐
que propicie ao servidor investir-se, sem prévia vidor terá o prazo de quinze dias para entrar em exercício.
aprovação em concurso público destinado ao seu A título de exemplo: Deocleciano foi empossado como
provimento, em cargo que não integra a carreira na servidor efetivo do cargo público “X”. De acordo com a Lei
nº 8.112/1990, Deocleciano terá o prazo de quinze dias para
qual anteriormente investido. (Súmula nº 685)
entrar em exercício, contados da data da posse.
Caso o servidor não cumpra o prazo supra ele será exo‐
É inconstitucional o veto não motivado à participação
nerado do cargo ou será tornado sem efeito o ato de sua
de candidato a concurso público. (Súmula nº 684) designação para função de confiança.
A título de exemplo: Rivaldo Batera prestou concurso
A nomeação de funcionário sem concurso pode ser público e foi classificado em 1º lugar. Foi nomeado, passou
desfeita antes da posse. (Súmula nº 17) por inspeção médica, tomou posse e deixou decorrer in albis
o prazo para entrar em exercício. Nessa situação, Rivaldo
Funcionário nomeado por concurso tem direito à será exonerado.
posse. (Súmula nº 16)
Do Provimento
Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato A lei preceitua as maneiras legais de preencher, com‐
aprovado tem direito à nomeação, quando o cargo pletar, ou seja, “prover” os cargos que estão vagos. Ela
for preenchido sem observância da classificação. enumera sete institutos. São eles: Nomeação, Promoção,
(Súmula nº 15) Aproveitamento, Reintegração, Readaptação, Reversão e a
Recondução.
Da Posse As bancas, em regra, cobram o que vem a ser cada for‐
A posse se configura pela assinatura do termo, que de‐ ma de provimento, logo é salutar ter sempre em mente os
verão estar insertos: conceitos de cada uma destas formas:
• as atribuições do cargo;
• os deveres inerentes ao servidor; Nomeação
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

• as responsabilidades que cabem ao servidor;


• os direitos relativos ao cargo ocupado. JURISPRUDÊNCIA:
Dentro do prazo de validade do concurso, a admi‐
A lei afirma que o termo de posse não poderá ser alterado nistração poderá escolher o momento no qual se
unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos realizará a nomeação, mas não poderá dispor sobre
de ofício previstos em lei. a própria nomeação, a qual, de acordo com o edital,
O servidor aprovado em concurso, segundo a jurispru‐ passa a constituir um direito do concursando apro‐
dência, tem o direito subjetivo à nomeação, desde que tenha vado e, dessa forma, um dever imposto ao Poder
sido aprovado dentro do número de vagas do certame. Público. Uma vez publicado o edital do concurso com
Ao ser nomeado, a publicidade será por meio de diário número específico de vagas, o ato da administração
oficial e o servidor terá 30 dias para tomar posse. que declara os candidatos aprovados no certame cria
É salutar para o candidato, e também para o candidato um dever de nomeação para a própria administração
e, portanto, um direito à nomeação titularizado pelo
já servidor, ter conhecimento que a lei trata de uma exceção
candidato aprovado dentro desse número de vagas.
para o prazo da posse, ou seja, caso ele esteja em gozo de
[...] O dever de boa-fé da administração pública
férias; licença para tratamento de saúde de pessoa da famí‐
exige o respeito incondicional às regras do edital,
lia; licença para capacitação; licença para o serviço militar; inclusive quanto à previsão das vagas do concurso
participação em programa de treinamento regularmente público. Isso igualmente decorre de um necessário e
instituído, conforme dispuser o regulamento; júri e outros incondicional respeito à segurança jurídica como prin‐
serviços obrigatórios por lei; licenças gestante, adotante e cípio do Estado de Direito. Tem-se, aqui, o princípio
paternidade, para tratamento da própria saúde, até o limite da segurança jurídica como princípio de proteção à
de vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de confiança. Quando a administração torna público um
serviço público prestado à União, em cargo de provimento edital de concurso, convocando todos os cidadãos a
efetivo; por motivo de acidente em serviço ou doença pro‐ participarem de seleção para o preenchimento de
fissional; para capacitação e finalmente por convocação para determinadas vagas no serviço público, ela impre‐
o serviço militar, o servidor terá o prazo de 30 dias contados terivelmente gera uma expectativa quanto ao seu
após o término destes eventos impeditivos e não necessa‐ comportamento segundo as regras previstas nesse
riamente do ato de nomeação publicado no diário oficial. edital. Aqueles cidadãos que decidem se inscrever

252
e participar do certame público depositam sua con‐ dade do princípio do concurso público. (RE 598.099,
fiança no Estado administrador, que deve atuar de Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 10/8/2011,
forma responsável quanto às normas do edital e ob‐ Plenário, DJE de 3/10/2011, com repercussão geral.)
servar o princípio da segurança jurídica como guia de No mesmo sentido: RE 227.480, Rel. p/o ac. Min.
comportamento. Isso quer dizer, em outros termos, Cármen Lúcia, julgamento em 16/9/2008, Primeira
que o comportamento da administração pública no Turma, DJE de 21/8/2009. Em sentido contrário:
decorrer do concurso público deve se pautar pela RE 290.346, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em
boa-fé, tanto no sentido objetivo quanto no aspecto 29/5/2001, Primeira Turma, DJ de 29/6/2001. Vide:
subjetivo de respeito à confiança nela depositada MS 24.660, Rel. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julga‐
por todos os cidadãos. [...] Quando se afirma que a mento em 3/2/2011, Plenário, DJE de 23/9/2011.
Administração Pública tem a obrigação de nomear os
aprovados dentro do número de vagas previsto no É a forma de provimento sempre originária, ou seja, sem
edital, deve-se levar em consideração a possibilida‐ a ocorrência desta não poderão ocorrer as demais. Ela será
de de situações excepcionalíssimas que justifiquem para cargo efetivo ou em comissão, inclusive na condição
soluções diferenciadas, devidamente motivadas de de interino.
acordo com o interesse público. Não se pode ignorar
que determinadas situações excepcionais podem Promoção
exigir a recusa da Administração Pública de nomear Quando um servidor “cresce” no mesmo cargo, ou seja,
novos servidores. Para justificar o excepcionalíssi‐ “sobe” um degrau no mesmo cargo, ocorrerá a promoção.
mo não cumprimento do dever de nomeação por A promoção decorre do desenvolvimento do servidor
parte da Administração Pública, é necessário que na carreira, mediante o cumprimento dos requisitos esta‐
a situação justificadora seja dotada das seguintes belecidos pela lei.
características: a) Superveniência: os eventuais fatos O legislador acreditou que o servidor ao ser promovido
ensejadores de uma situação excepcional devem ser “sobe um degrau” na carreira, ocorrendo assim a vacância
necessariamente posteriores à publicação do edital no “degrau” inferior, logo foi considerada como forma de
do certame público; b) Imprevisibilidade: a situação provimento e concomitantemente de vacância.
deve ser determinada por circunstâncias extraordi‐
nárias, imprevisíveis à época da publicação do edital; JURISPRUDÊNCIA:
c) Gravidade: os acontecimentos extraordinários A Administração Pública, observados os limites dita‐
e imprevisíveis devem ser extremamente graves, dos pela CF, atua de modo discricionário ao instituir
implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou o regime jurídico de seus agentes e ao elaborar novos
mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das planos de carreira, não podendo o servidor a ela
regras do edital; d) Necessidade: a solução drástica estatutariamente vinculado invocar direito adquirido
e excepcional de não cumprimento do dever de para reivindicar enquadramento diverso daquele de‐
nomeação deve ser extremamente necessária, de terminado pelo Poder Público, com fundamento em
forma que a administração somente pode adotar tal norma de caráter legal. (RE 116.683, Rel. Min. Celso
medida quando absolutamente não existirem outros de Mello, julgamento em 11/6/1991, Primeira Turma,
meios menos gravosos para lidar com a situação DJ de 13/3/1992) No mesmo sentido: AI 641.911-AgR,
excepcional e imprevisível. De toda forma, a recusa Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 8/9/2009,

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


de nomear candidato aprovado dentro do número Primeira Turma, DJE de 2/10/2009.
de vagas deve ser devidamente motivada e, dessa
forma, passível de controle pelo Poder Judiciário. Aproveitamento
[...] Esse entendimento, na medida em que atesta O aproveitamento, como forma de provimento, foi re‐
a existência de um direito subjetivo à nomeação, cepcionado pela Constituição Federal vigente.
reconhece e preserva da melhor forma a força nor‐ É o retorno do servidor que se encontrava em disponibi‐
mativa do princípio do concurso público, que vincula lidade. Para ocorrer a disponibilidade, a CF/1988 preceitua
diretamente a administração. É preciso reconhecer no seu art. 41, que o servidor deverá ser estável (ter 3 anos
que a efetividade da exigência constitucional do con‐ de efetivo exercício), ter o cargo extinto e com isto ficará
curso público, como uma incomensurável conquista em disponibilidade aguardando o seu aproveitamento em
da cidadania no Brasil, permanece condicionada cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o an‐
à observância, pelo Poder Público, de normas de teriormente ocupado.
organização e procedimento e, principalmente, de Podemos afirmar que o retorno do servidor a determina‐
garantias fundamentais que possibilitem o seu pleno do cargo, tendo em vista que o cargo que ocupava foi extinto
exercício pelos cidadãos. O reconhecimento de um ou declarado desnecessário se dará a o proveitamento.
direito subjetivo à nomeação deve passar a impor
limites à atuação da administração pública e dela Reintegração
exigir o estrito cumprimento das normas que regem É o retorno do servidor estável, demitido injustamente.
os certames, com especial observância dos deveres A título de exemplo: João, servidor público da Aneel,
de boa-fé e incondicional respeito à confiança dos teve sua demissão invalidada por decisão administrativa.
cidadãos. O princípio constitucional do concurso pú‐ Nessa situação, João deverá ser reintegrado ao cargo ante‐
blico é fortalecido quando o Poder Público assegura riormente ocupado.
e observa as garantias fundamentais que viabilizam Armando, Técnico Judiciário do Tribunal Regional Eleitoral
a efetividade desse princípio. Ao lado das garantias do Amazonas (estável), foi reinvestido no cargo anteriormen‐
de publicidade, isonomia, transparência, impessoali‐ te ocupado, diante da invalidação da sua demissão por deci‐
dade, entre outras, o direito à nomeação representa são administrativa, com ressarcimento de todas as vantagens.
também uma garantia fundamental da plena efetivi‐ Nos termos da Lei nº 8.112/1990, ocorreu a reintegração.

253
Convém ressaltar que o legislador não vislumbrou a • que cabe ao servidor aposentado fazer o pedido de
possibilidade de um servidor não estável vir a ser demitido reversão.
injustamente, logo como seria a sua volta ao serviço público
federal? Acreditamos que ele retornaria, principalmente se A título de exemplo: um ex-Agente do Departamento
um direito ou garantia constitucional fosse suprimido. Como de Polícia Federal, após ocupar esse cargo por trinta anos,
houve esta “lacuna” da lei, ele deveria retornar por meio de aposentou-se voluntariamente em 2008, quando contava
uma forma de provimento inominada. 60 anos de idade. Nessa situação, havendo cargo vago e
interesse por parte da administração, há amparo legal para
Readaptação eventual pedido de reversão desse servidor.
É para o servidor que está incapacitado física ou men‐ O retorno à atividade, a pedido do servidor público que
talmente de exercer as atribuições inerentes ao seu cargo. ocupava cargo efetivo, com estabilidade, aposentado volun‐
Após comprovação por junta médica, ele será readapta‐ tariamente há menos de cinco anos, para ocupar cargo vago
do com equivalência de vencimentos e atribuição do cargo na Administração Pública, denomina-se reversão.
compatível. Podendo ficar como excedente, caso não haja Quanto à questão dos proventos e da nova remuneração
cargo vago. após a sua reversão, a lei preceitua que o servidor aposenta‐
Vamos imaginar um professor de uma escola técnica do revertido deixará de receber os proventos relativos à sua
federal, ou até de uma faculdade federal, que trabalhasse
aposentadoria e passará a receber a remuneração inerente
em contato diário com o giz, e  este fosse nocivo à saúde
ao cargo que ocupava em atividade e somente terá os novos
deste servidor público federal e a nocividade o incapacitas‐
proventos calculados, caso venha a se aposentar de novo,
se para as atividades inerentes ao seu cargo de professor.
A Administração Pública deveria aposentar precocemente com base nas regras atuais se permanecer pelo menos cinco
este servidor? Ou tentar “alocá-lo” em outra seção, longe anos no cargo.
do contato com o giz, com as atribuições do cargo compatí‐
veis com a de um professor? Segundo princípios do direito Recondução
administrativo a segunda opção é a mais sensata. O art. da Lei nº 8.112/1990 que trata deste instituto é o
Vamos mais longe, o  que aconteceria se o professor 29, que afirma que é o retorno do servidor estável ao cargo
readaptado chegasse a nova seção e não tivesse vaga? anteriormente ocupado e decorrerá em razão da inabilitação
O que iria acontecer como ele? O legislador fez a previsão em estágio probatório relativo a outro cargo e da reintegra‐
de que ele exerceria as suas novas funções como excedente. ção do anterior ocupante.
A título de exemplo: Maria, que era servidora pública
Reversão estável de um TRE, foi demitida do seu cargo em decorrên‐
O legislador de 1990 só fez alusão a uma reversão, mas cia de um processo administrativo disciplinar, razão pela
em 2001 foi inserida no corpo da Lei nº 8.112/1990, uma qual ajuizou ação judicial para impugnar o ato de demissão.
nova reversão, por questões de didática vamos chamá-las O Poder Judiciário analisou a prova dos autos e proferiu
de reversão 1 e reversão 2. sentença que invalidou a demissão e determinou a rein‐
tegração da servidora ao cargo anteriormente ocupado,
Reversão 1 com ressarcimento de todas as vantagens. Entretanto, logo
É o retorno do servidor aposentado por invalidez, quando após a demissão de Maria, José, que também era servidor
cessa a causa incapacitante que deu origem à aposentadoria. estável, e que ocupava outro cargo passou a ocupar a vaga
Caso o seu cargo anterior já esteja ocupado, ele poderá dela. Na situação hipotética, José deveria ser reconduzido
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

ficar como excedente. ao cargo de origem.


A título de exemplo: Odair, servidor público federal, foi Ao funcionário público federal estável aprovado em novo
regularmente aposentado por invalidez, no ano de 2005, após concurso público, para outro órgão, mas não habilitado no
perícia médica. Decorridos dois anos de sua aposentadoria, estágio probatório desse novo cargo aplica-se, para que
Odair submeteu-se a uma nova perícia, oportunidade em que retorne ao cargo por ele anteriormente ocupado, o instituto
a junta médica oficial declarou insubsistentes os motivos da da recondução.
aposentadoria. A forma de provimento dos cargos públicos Obs.: a exoneração de servidor público em consequência
adequada para que Odair retorne à atividade é a reversão. de inabilitação em estágio probatório não configura punição.
No mesmo sentido, Clotilde, servidora pública civil
federal, está aposentada por invalidez. Na última perícia Logo será necessário o estudo das duas reconduções.
realizada para avaliação das condições de sua saúde, uma
junta médica oficial declarou insubsistentes os motivos de
JURISPRUDÊNCIA:
sua aposentadoria determinando o retorno de Clotilde à
Se o servidor federal estável, submetido a estágio
atividade. Neste caso, ocorreu a reversão.
Logo, podemos afirmar que o restabelecimento, por probatório em novo cargo público, desiste de exercer
laudo médico de servidor aposentado por invalidez dará a a nova função, tem ele o direito a ser reconduzido
reversão. ao cargo ocupado anteriormente no serviço público.
Com esse entendimento, o Tribunal deferiu mandado
Reversão 2 de segurança para assegurar ao impetrante, servidor
Por interesse da administração, neste caso deve-se sujeito a estágio probatório no cargo de Escrivão da
sempre observar: Polícia Federal, o retorno ao cargo de Policial Rodo‐
• servidor aposentado voluntariamente; viário Federal, observado, se for o caso, o disposto
• servidor estável quando em atividade; no art. 29, parágrafo único da Lei nº 8.112/1990
• servidor não ter mais de 5 anos de aposentado; (“Encontrando-se provido o cargo de origem, o
• não ter 70 anos; servidor será aproveitado em outro, observado o
• que haja cargo vago (percebe-se que o legislador disposto no art. 30.”). Considerou-se que o art. 20, §
não permitiu nesta reversão o servidor ficar como 2º, da Lei nº 8.112/1990 (“O servidor não aprovado
excedente); no estágio probatório será exonerado ou, se estável,

254
reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, ...”) cício e a Lei nº 8.112/1990 não sofre alteração e o estágio
autoriza a recondução do servidor estável na hipó‐ probatório permanece em vinte e quatro meses.
tese de desistência voluntária deste em continuar o A partir da referida Emenda Constitucional começam a
estágio probatório, reconhecendo ele próprio a sua surgir celeumas.
inadaptação no novo cargo. Precedente citado: MS A Advocacia Geral da União, por volta de abril de 2004,
22.933-DF (DJU de 13/11/1998). MS 23.577-DF, rel. emite um parecer, por meio do Advogado Geral da União,
Min. Carlos Velloso, 15/5/2002. (MS-23577). afirmando que o estágio probatório em toda Administração
Pública seria de três anos, fazendo com isto que os atos
Recondução do Servidor Inabilitado no Estágio administrativos voltassem novamente a ser praticamente
Probatório casados, como antes da Emenda Constitucional nº 19.
Com isto ficou a indagação: o que tem mais “força”, um
JURISPRUDÊNCIA: regulamento ou uma lei? Para resolver tal problema, este
Estágio probatório. Funcionário estável da Imprensa parecer do Advogado Geral da União foi levado à apreciação
Nacional admitido, por concurso público, ao cargo do senhor Presidente da República que anuiu ao parecer e
de Agente de Polícia do Distrito Federal. Natureza, mandou publicá-lo em Diário Oficial.
inerente ao estágio, de complemento do processo Em razão de tal procedimento, o referido parecer passou
seletivo, sendo, igualmente, sua finalidade a de a ter força normativa, pois preencheu os requisitos da Lei
aferir a adaptabilidade do servidor ao desempenho Complementar nº 73, no seu art. 40, que afirma que todo
de suas novas funções. Consequente possibilidade, parecer oriundo do Advogado Geral da União que for levado
durante o seu curso, de desistência do estágio, com à apreciação do Presidente da República e essa publicação
retorno ao cargo de origem (art. 20, § 2º, da Lei em diário oficial vinculará toda Administração Pública.
nº 8.112/1990). Inocorrência de ofensa ao princípio Tal problema, a princípio, estaria resolvido, porém alguns
da autonomia das Unidades da Federação, por ser servidores insatisfeitos com tal comando, porque alguns
mantida pela União a Polícia Civil do Distrito Federal órgãos ou entidades não promoviam o servidor enquanto
(Constituição, art. 21, XIV). Mandado de segurança estivesse em estágio probatório. Logo, foram ajuizadas
deferido. (STF, MS 22933, DF, Tribunal Pleno, Relator ações pleiteando o estágio probatório por meio da Lei
Min. OCTAVIO GALLOTTI, Julgamento: 26/6/1998, DJ nº 8.112/1990, ou seja, vinte e quatro meses.
DATA-13/11/1998 PP-00005)”. A questão sobredita, na época, foi apreciada pelo STJ e
ficou entendido que deveria ser cumprido o prazo do estágio
probatório de vinte e quatro meses. Tanto que o próprio
Vamos imaginar um servidor público federal estável (a
tribunal passou a entender que os seus servidores deveriam
estabilidade é adquirida com 3 anos de efetivo exercício) do
ter o estágio probatório segundo a Lei nº  8.112/1990. (O
Ministério da Cultura. Ele foi aprovado e nomeado para um
STF, TJDFT e o TCU passaram a ter tal entendimento para
novo cargo em outro órgão ou entidade da Administração
seus servidores).
Pública Federal. Os cargos não são acumuláveis (fogem a ex‐
Ante o exposto alguns órgãos tratavam o estágio proba‐
ceção prevista na CF/1988, art. 37, XVI). Este servidor deverá tório segundo o parecer da Advocacia Geral da União e os
declarar a vacância no seu órgão (Ministério da Cultura) e tribunais acima segundo a Lei nº 8.112/1990.
irá para o novo órgão ou entidade. Caso ele não consiga ser Em abril de 2008, surge a Medida Provisória nº  431,
habilitado no estágio do novo cargo, ele será reconduzido ao que alterava o art.  20 da Lei nº  8.112/1990 para trinta e
cargo de origem. Em suma, ele retornará para o Ministério

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


seis meses.
da Cultura, no cargo que anteriormente ocupava. Aparentemente a questão inerente ao estágio probatório
A título de exemplo: Mélvio, Analista Judiciário, será estava dirimida. Porém, na conversão da Medida Provisória
reintegrado no cargo anteriormente ocupado. Porém, esse em Lei, o Congresso Nacional não permite a referida altera‐
cargo anterior já encontra-se provido e ocupado por Isabela, ção e o art. 20 voltou a ser de vinte e quatro meses.
servidora pública estável. Nesse caso, entre outras hipóteses, Em abril de 2009 o STJ, por meio do MS nº 12. 523-DF
Isabela será reconduzida ao cargo de origem, sem direito a Relator Ministro Felix Fischer, volta a apreciar a questão
indenização, ou aproveitada em outro cargo. inerente ao estágio probatório e decidiu que:
Questão interessante é a que pertine ao prazo do estágio
probatório. O art. 20 da Lei nº 8.112/1990 preceitua sobre I  – estágio probatório é o período compreen­dido
estágio probatório e afirma que será de 24 meses. entre a nomeação e a aquisição de estabilidade no
A questão sobre estágio sempre traz dúvidas e chega a serviço público, no qual são avaliadas a aptidão,
ser polêmica, mas vamos tentar dirimi-la. a eficiência e a capacidade do servidor para o efetivo
A Constituição Federal em 5 de outubro de 1988 precei‐ exercício do cargo respectivo;
tuava no seu corpo, ou seja, no art. 41, que a estabilidade II – com efeito, o prazo do estágio probatório dos ser‐
do servidor público seria adquirida após dois anos de efetivo vidores públicos deve observar a alteração promovida
exercício. pela Emenda Constitucional nº 19/1998 no art. 41
A Lei nº 8.112 surge em dezembro de 1990 e seu art. 20 da Constituição Federal, no tocante ao aumento do
preceituava que o estágio probatório para o servidor deten‐ lapso temporal para a aquisição da estabilidade no
tor de cargo efetivo seria de vinte e quatro meses, onde eram serviço público para 3 (três) anos, visto que, apesar
avaliados a sua assiduidade, responsabilidade, produtivida‐ de institutos jurídicos distintos, encontram-se prag‐
de, capacidade de iniciativa e a sua disciplina. maticamente ligados;
Como se percebe, eram atos praticamente “casados”, III – destaque para a redação do art. 28 da Emenda
a habilitação no estágio probatório e a aquisição da estabi‐ Constitucional nº 19/1998, que vem a confirmar o ra‐
lidade. Nesta época não pairavam dúvidas. ciocínio de que a alteração do prazo para a aquisição
Porém, a Constituição Federal de 1988 sofreu uma alte‐ da estabilidade repercutiu no prazo do estágio pro‐
ração por meio da Emenda Constitucional nº 19, e o art. 41 batório, senão seria de todo desnecessária a menção
modificaram a estabilidade para três anos de efetivo exer‐ aos atuais servidores em estágio probatório; bastaria,

255
então, que se determinasse a aplicação do prazo de – A Lei nº  8.112/1990 não trouxe previsão sobre esta
3 (três) anos aos novos servidores, sem qualquer situação, porém o STF entende que ele tem direito a ser
explicitação, caso não houvesse conexão entre os reconduzido.
institutos da estabilidade e do estágio probatório... E por fim, se o servidor não estável não conseguir ser
[...] habilitado no novo estágio?
– Ele será exonerado.
Logo, ante o exposto, o STJ passou a entender que o prazo
do estágio probatório e a estabilidade se igualam. Da Reintegração do Anterior Ocupante
O STF, por meio do AI n° 754802, de 7 de junho de 2011, Para entendermos este tipo de recondução será melhor
também passou a entender que deve ocorrer a aplicação do por meio de uma situação hipotética.
prazo COMUM para o instituto da estabilidade e também do Vamos imaginar que um servidor estável, cujo nome é
estágio probatório (Vide o Julgado): Azarildo, esteja ocupando um determinado cargo e a pessoa
que antes ocupava cargo de Azarildo tenha voltado, pois a sua
STF demissão foi injusta. O que vai acontecer com Azarildo? Ele
Processo: AI 754802 DF irá retornar ao seu cargo anterior, por meio da recondução.
Relator(a): Min. GILMAR MENDES Logo, quem será reconduzido é o servidor estável que ocupa
Julgamento: 07/06/2011 o cargo do servidor reintegrado.
Órgão Julgador: Segunda Turma
Publicação: DJe-118 DIVULG 20/6/2011 PUBLIC Da Vacância
21/6/2011 EMENT VOL-02548-02PP-00357 Este instituto aborda as maneiras de deixar um cargo
Parte(s): MIN. GILMAR MENDES vago, para que se possa ocorrer um futuro provimento.
UNIÃO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO As formas estão expressas na Lei nº 8.112/1990:
CHRISTINE PHILIPP STEINER E OUTRO(A/S)
JOÃO BELMINO CHAVES Promoção
Ementa Se um Servidor Público Federal “cresce” dentro da sua
1. Embargos de declaração em agravo regimental em carreira, ele hipoteticamente está subindo um “degrau”,
agravo de instrumento. logo o legislador vislumbrou que o “degrau” que ele ocupava
2. Vinculação entre o instituto da estabilidade, antes ficou vazio, gerando assim vacância. Percebemos com
definida no art. 41 da Constituição Federal, e o do isto que a promoção é forma concomitante de provimento
estágio probatório. e vacância.
3. Aplicação de prazo comum de três anos a ambos
os institutos. Posse em Cargo Inacumulável
4. Precedentes.
5. Embargos de declaração acolhidos com efeitos JURISPRUDÊNCIA:
infringentes. Servidor público em situação de acumulação ilícita de
cargos ou empregos pode se valer da oportunidade
Agora como resolver a questão em concursos quando prevista no art. 133, § 5º, da Lei nº 8.112/1990 para
tratar do estágio probatório? Afirmar de forma contundente apresentar proposta de solução, comprovando o
é difícil ante a todo histórico inerente ao prazo do estágio desfazimento dos vínculos, de forma a se enquadrar
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

probatório, mas entendemos que se o comando da questão re‐ nas hipóteses de cumulação lícita. Contudo, o art.
ferir ao texto expresso da Lei nº 8.112/1990 o candidato deve 133, § 5º, da Lei nº 8.112/1990 não autoriza que
marcar o que pede a questão, ou seja, vinte e quatro meses. o servidor prolongue indefinidamente a situação
E se pedir o entendimento jurisprudencial? O candidato ilegal, esperando se valer do dispositivo legal para
deve marcar três anos, igualando-se a estabilidade. caracterizar, como sendo de boa-fé, a proposta de
A indagação que fica é: se o examinador não se referir a solução apresentada com atraso. No caso em exame,
nada, nem a lei e nem a jurisprudência? Acredito que quais‐ os empregadores do impetrante, quando consultados
quer das respostas poderiam responder a questão, pois com a respeito do desfazimento dos vínculos – fato que
certeza muitos candidatos iriam interpor recursos. tinha sido informado pelo próprio impetrante ao INSS
Nesta situação, acredito que o candidato deve primeiro –, informaram que estes não haviam sido desfeitos,
avaliar o tipo de prova, ou seja, se o examinador está apenas tendo um deles sido inclusive renovado. Recurso or‐
copiando a lei para formular as questões, neste caso ele dinário a que se nega provimento. (RMS 26.929, Rel.
poderia estar cobrando o comando da Lei nº 8.112/1990, Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 19/10/2010,
que preceitua vinte e quatro meses. Segunda Turma, DJE de 11/11/2010)
Caso a prova contenha questões que exijam raciocínio
do candidato ou as questões sejam contextualizadas, onde A Constituição Federal de 1988, no seu art. 37, XVI, trata
se percebe que o examinador quer ir além do “decoreba” da acumulação legal e ela firma que o servidor pode acumu‐
da lei, a resposta plausível seria três anos, igualando-se a lar dois cargos de professor, um técnico ou científico e mais
estabilidade. outro de professor e, também dois privativos de profissionais
Urge ressaltar que quaisquer das respostas iriam dar da área da saúde desde que a profissão esteja regulamen‐
subsídios a recursos. tada em lei. Logo, caso o servidor não se enquadre nessas
Vamos às perguntas clássicas sobre a recondução: exceções estará na acumulação ilegal, portanto, deverá ser
A uma, se o cargo do servidor reconduzido estiver ex‐ notificado para optar no prazo de dez dias, sendo obrigatória
tinto? a vacância em um dos cargos ou nos dois.
– Este servidor seria colocado em disponibilidade, aguar‐
dando seu aproveitamento. JURISPRUDÊNCIA:
A duas, se o servidor estável pedisse a sua recondução Acumulação de emprego de atendente de telecomu‐
por desistência do estágio probatório no novo cargo? nicações de sociedade de economia mista, com cargo

256
público de magistério. Quando viável, em recurso empregos acumuláveis na atividade, na forma per‐
extraordinário, o reexame das atribuições daquele mitida pela Constituição. CF, art. 37, XVI, XVII; art. 95,
emprego (atividade de telefonista), correto, ainda parágrafo único, I. Na vigência da Constituição de 1946,
assim, o acórdão recorrido, no sentido de se reves‐ art. 185, que continha norma igual a que está inscrita
tirem elas de ‘características simples e repetitivas’, no art. 37, XVI, CF/1988, a jurisprudência do Supremo
de modo a afastar-se a incidência do permissivo do Tribunal Federal era no sentido da impossibilidade da
art.  37, XVI, b, da Constituição. (AI 192.918-AgR, acumulação de proventos com vencimentos, salvo se
Rel. Min. Octavio Gallotti, julgamento em 3/6/1997, os cargos de que decorrem essas remunerações fos‐
Primeira Turma, DJ de 12/9/1997) sem acumuláveis. Precedentes do STF: RE 81.729-SP,
ERE 68.480, MS 19.902, RE 77.237-SP, RE 76.241-RJ.
A Constituição Federal prevê a possibilidade da (RE 163.204, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em
acumulação de cargos privativos de profissionais da 9/11/2004, Plenário, DJ de 31/3/1995)
saúde, em que se incluem os assistentes sociais. (RE
553.670-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em Observação: conforme entendimento do STJ, é vedada
14/9/2010, Segunda Turma, DJE de 1º/10/2010) Vide: a acumulação do cargo de Professor com o de Agente de
AI 169.323-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento
Polícia Civil, o qual não se caracteriza como cargo técnico.
em 18/6/1996, Segunda Turma, DJ de 14/11/1996.
Falecimento
O art. 37, XVI, c, da CF autoriza a acumulação de dois
cargos de médico, não sendo compatível interpre‐ Com a morte do servidor é fato que irá gerar vacância
tação ampliativa para abrigar no conceito o cargo no cargo.
de perita criminal com especialidade em medicina
veterinária, como ocorre neste mandado de seguran‐ Exoneração
ça. A especialidade médica não pode ser confundida Existem várias maneiras de ocorrer a exoneração, como
sequer com a especialidade veterinária. Cada qual já vimos. Poderá ser a pedido, caso o servidor não estável
guarda característica própria que as separam para não seja habilitado no estágio probatório; se o servidor não
efeito da acumulação vedada pela Constituição da estável tenha seu cargo extinto; na hipótese da União ultra‐
República. (RE 248.248, Rel. Min. Menezes Direito, passar o limite de despesas (LRF – Lei de Responsabilidade
julgamento em 2/9/2008, Primeira Turma, DJE de Fiscal) e venha a ser mal avaliado anualmente (segundo
14/11/2008) regulamentos) etc.

JURISPRUDÊNCIA: Readaptação
Magistério. Acumulação de proventos de uma apo‐ Caso o servidor sofra limitações físicas ou mentais e
sentadoria com duas remunerações. Retorno ao ser‐ não possa exercer as funções do seu cargo, ele poderá ser
viço público por concurso público antes do advento readaptado gerando assim vacância neste cargo.
da EC 20/1998. Possibilidade. É possível a acumulação É necessário ter em mente que a reversão não é forma
de proventos oriundos de uma aposentadoria com de vacância, pois as bancas gostam de tentar confundir
duas remunerações quando o servidor foi aprovado o candidato afirmando que ela é forma concomitante de
em concurso público antes do advento da EC 20. provimento de vacância.
O art. 11 da EC 20 convalidou o reingresso – até a data

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


da sua publicação – do inativo no serviço público, por Aposentadoria
meio de concurso. A convalidação alcança os venci‐ Também é fato, que a passagem do servidor para a ina‐
mentos em duplicidade se os cargos são acumuláveis tividade gera vacância.
na forma do disposto no art. 37, XVI, da Constituição
do Brasil, vedada, todavia, a percepção de mais de Demissão
uma aposentadoria. (RE 489.776-AgR, Eros Grau, É importante salientar que a demissão tem cunho puni‐
julgamento em 17/6/2008, Segunda Turma, DJE de tivo, ou seja, disciplinar, conforme preceitua o art. 127 da
1º/8/2008.) No mesmo sentido: RE 599.909-AgR, Lei nº 8.112/1990 e a exoneração não tem cunho punitivo.
Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 7/12/2010,
Segunda Turma, DJE de 1º/2/2011; AI 483.076-AgR‐
Da Remoção, Redistribuição e Substituição
-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em
16/11/2010, Segunda Turma, DJE de 1º/12/2010.
Remoção
Para efeitos do disposto no art. 37, XVII, da Consti‐ Caso o servidor esteja lotado em um determinado órgão
tuição são sociedades de economia mista aquelas ou entidade de um ente da federação e ele tenha que ir
– anônimas ou não – sob o controle da União, dos para outro Estado ou cidade, este deslocamento é chamado
Estados-membros, do Distrito Federal ou dos Mu‐ de remoção, que pode ser de ofício, a pedido, a critério da
nicípios, independentemente da circunstância de Administração e ao seu pedido independente.
terem sido ‘criadas por lei’. Configura-se a má-fé do A remoção não é uma forma de provimento.
servidor que acumula cargos públicos de forma ilegal Questão interessante que está sendo cobrada pelas ban‐
quando, embora devidamente notificado para optar cas é aquela que menciona um casal de servidores, sendo
por um dos cargos, não o faz, consubstanciando, sua um deles deslocado da sede. O que poderá ocorrer com o
omissão, disposição de persistir na prática do ilícito. cônjuge que não foi deslocado?
(RMS 24.249, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em Na situação do servidor ser removido no interesse da
14/9/2004, Primeira Turma, DJ de 3/6/2005) administração, o cônjuge que ficou terá o direito de ser remo‐
vido a pedido independente do interesse da administração.
A acumulação de proventos e vencimentos somente Caso o cônjuge que foi deslocado for tomar posse em
é permitida quando se tratar de cargos, funções ou outro órgão ou entidade em localidade distinta da atual,

257
o cônjuge que ficou não terá o direito subjetivo, segundo o Redistribuição
STJ, de ser removido. A remoção, como vimos, desloca o serviço e a redistri‐
buição irá gerar o deslocamento do cargo de provimento
INFORMATIVO STJ Nº 0439 efetivo ocupado ou vago para outro órgão ou entidade
REMOÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. sempre do mesmo poder com autorização do Sistema de
Trata-se da remoção de servidor público, ora recor‐ Pessoal Civil (Sipec).
rente, que tomou posse no cargo de auditor fiscal da Na redistribuição, deve ser sempre observado o interesse
Receita Federal com lotação em Foz do Iguaçu-PR e, da administração, a equivalência remuneratória, atribuições,
posteriormente, casou-se com servidora pública do responsabilidades, e complexidades do cargo compatíveis.
estado do Rio de Janeiro, a qual veio a engravidar. Na O legislador prevê que o servidor que não foi redistribuí­
origem, obteve antecipação de tutela que permitiu do ou colocado em disponibilidade, ficará sob a tutela do
sua lotação provisória na cidade do Rio de Janeiro, há Sipec e poderá também ter exercício provisório em outro
quase dez anos. Diante disso, a Turma entendeu que órgão ou entidade.
a pretensão recursal não encontra respaldo no art. 36,
III, a, da Lei nº 8.112/1990 nem na jurisprudência, uma Substituição
vez que o recorrente já era servidor quando, volunta‐ Um servidor que possua funções de direção ou chefia
riamente, casou-se com a servidora estadual. Assim, terá, a  princípio, seu substituto indicado em regimento
somente após o casamento, pleiteou a remoção, não
interno. Caso este servidor tenha que ser substituído, o seu
havendo o deslocamento do cônjuge no interesse
substituto irá assumir automaticamente e cumulativamente
da Administração, logo não foi preenchido um dos
suas funções.
requisitos do referido artigo. Quanto à teoria do fato
consumado, entendeu, ainda, a Turma em afastá-la, Ele fará jus à retribuição do substituído no prazo superior
pois a lotação na cidade do Rio de Janeiro decorreu a 30 dias consecutivos e deverá optar pela remuneração de
de decisão judicial provisória por força de tutela an‐ um deles durante o respectivo período.
tecipatória e tornar definitiva essa lotação, mesmo O Cespe recentemente cobrou uma questão relativa
com a declaração judicial de não cumprimento dos à substituição, porém, a  banca entendeu que o servidor
requisitos legalmente previstos, permitiria consolidar substituto tem direito a retribuição por chefia ou direção,
uma situação contrária à lei. Daí negou provimento ainda que o período seja inferior a 30 dias. O embasamento
ao recurso. Precedentes citados do STF: RE 587.260- se deu por meio do Acórdão do Tribunal de Contas da União
RN, DJe 23/10/2009; do STJ: REsp 616.831-SE, DJ (TCU – Acórdão nº 3.275/2006).
14/5/2007; REsp 674.783-CE, DJ 30/10/2006, e REsp Em suma, quando se desloca o servidor, trata-se de
674.679-PE, DJ 5/12/2005. REsp 1.189.485-RJ, Rel. remoção; quando se desloca o cargo, será a redistribuição.
Min. Eliana Calmon, julgado em 17/6/2010.
LEITURA DA LEI Nº 8.112/1990
Agora, caso o cônjuge tenha sido “afastado”, o cônjuge
não deslocado, a princípio, terá direito a licença por afasta‐ TÍTULO I
mento do cônjuge (art. 84, § 1º da Lei nº 8.112/1990).
CAPÍTULO ÚNICO
INFORMATIVO STJ Nº 0456 Das Disposições Preliminares
LICENÇA. DESLOCAMENTO. CÔNJUGE. EXERCÍCIO
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

PROVISÓRIO. Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores


No caso, servidora da Justiça trabalhista lotada em Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em re‐
Porto Alegre formulou pedido administrativo para gime especial, e das fundações públicas federais.
que lhe fosse concedida licença por motivo de des‐ Art.  2º  Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa
locamento de cônjuge (art. 84 da Lei nº 8.112/1990), legalmente investida em cargo público.
pois seu esposo foi aprovado em concurso público Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e res‐
realizado em prefeitura no Estado do Rio de Janeiro, ponsabilidades previstas na estrutura organizacional que
tendo tomado posse em 16/7/1999. Solicitou, ainda, devem ser cometidas a um servidor.
que exercesse provisoriamente cargo compatível Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos
com o seu, o que poderia se dar no TRT da 1ª Região, os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria
com sede no Rio de Janeiro. Indeferido o pedido, e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento
ajuizou ação ordinária. A Turma, entre outras ques‐
em caráter efetivo ou em comissão.
tões, entendeu que o pedido de concessão de licença
Art. 4º É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo
formulado na referida ação possui natureza distinta
os casos previstos em lei.
da atinente ao instituto da remoção, previsto no art.
36, parágrafo único, III, a, da Lei nº 8.112/1990. O
pedido está embasado no art. 84 da mencionada lei TÍTULO II
e, uma vez preenchidos pelo servidor os requisitos DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO,
ali previstos, não há espaço para juízo discricionário REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO
da Administração, devendo a licença ser concedida,
pois se trata de um direito do servidor, em que a CAPÍTULO I
Administração não realiza juízo de conveniência e Do Provimento
oportunidade. Quanto ao exercício provisório em
outro órgão, este é cabível, pois preenchidos todos Seção I
os pressupostos para o seu deferimento. Sendo a Disposições Gerais
autora analista judiciária, poderá exercer seu mister
no TRT da 1ª Região. REsp 871.762-RS, Rel. Min. Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo
Laurita Vaz, julgado em 16/11/2010. público:

258
I – a nacionalidade brasileira; Art.  10. A  nomeação para cargo de carreira ou cargo
II – o gozo dos direitos políticos; isolado de provimento efetivo depende de prévia habilitação
III – a quitação com as obrigações militares e eleitorais; em concurso público de provas ou de provas e títulos, obe‐
IV – o nível de escolaridade exigido para o exercício do decidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.
cargo; Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e
V – a idade mínima de dezoito anos; o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro‐
VI – aptidão física e mental. moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência do sistema de carreira na Administração Pública Federal
de outros requisitos estabelecidos em lei. e seus regulamentos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
§ 2º Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o 10/12/1997)
direito de se inscrever em concurso público para provimento
de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiên‐ Seção III
cia de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas Do Concurso Público
até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa científica Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos,
e tecnológica federais poderão prover seus cargos com pro‐ podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuse‐
fessores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com rem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira,
as normas e os procedimentos desta Lei. (Incluído pela Lei condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do
nº 9.515, de 20/11/1997) valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio,
Art. 6º O provimento dos cargos públicos far-se-á me‐ e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente
diante ato da autoridade competente de cada Poder. previstas. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Art. 7º A investidura em cargo público ocorrerá com a (Regulamento)
posse. Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois)
Art. 8º São formas de provimento de cargo público: anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual
I – nomeação; período.
II – promoção; § 1º O prazo de validade do concurso e as condições de
III – (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) sua realização serão fixados em edital, que será publicado
IV – (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande
V – readaptação;
circulação.
VI – reversão;
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candi‐
VII – aproveitamento;
dato aprovado em concurso anterior com prazo de validade
VIII – reintegração;
não expirado. (Vide o Decreto nº 6.944 de 21 de agosto de
IX – recondução.
2009, que dispõe sobre as normas gerais relativas a concursos)
Observação: não são formas de provimento de cargo
Seção IV
público a ascensão e a transferência.
Da Posse e do Exercício
Ademais, ascensão ou acesso é a forma de progressão
pela qual o servidor é elevado de cargo situado na
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo
classe mais elevada de uma carreira para cargo da
termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres,
classe inicial de carreira diversa ou de carreira tida

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


como complementar da anterior. as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocu‐
pado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por
Seção II qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos
Da Nomeação em lei.
§ 1º A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados
Art. 9º A nomeação far-se-á: da publicação do ato de provimento. (Redação dada pela Lei
I – em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado nº 9.527, de 10/12/1997)
de provimento efetivo ou de carreira; § 2º Em se tratando de servidor, que esteja na data de
II – em comissão, inclusive na condição de interino, para publicação do ato de provimento, em licença prevista nos
cargos de confiança vagos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos
de 10/12/1997) incisos I, IV, VI, VIII, alíneas a, b, d, e e f, IX e X do art. 102,
o prazo será contado do término do impedimento. (Redação
A título de exemplo: Lupércio é servidor ocupante dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
do cargo em comissão X. A autoridade administrativa § 3º A posse poderá dar-se mediante procuração espe‐
competente pretende nomeá-lo para ter exercício in‐ cífica.
terinamente, em outro cargo de confiança, o cargo Y, §  4º Só haverá posse nos casos de provimento de
sem prejuízo das atribuições do que atualmente ocu‐ cargo por nomeação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
pa. Esta hipótese é permitida pela Lei nº 8.112/1990, 10/12/1997)
mas Lupércio deverá optar pela remuneração de um § 5º No ato da posse, o servidor apresentará declaração
dos cargos durante o período da interinidade. de bens e valores que constituem seu patrimônio e decla‐
ração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comis‐ ou função pública.
são ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter § 6º Será tornado sem efeito o ato de provimento se a
exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem posse não ocorrer no prazo previsto no § 1º deste artigo.
prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia
em que deverá optar pela remuneração de um deles durante inspeção médica oficial.
o período da interinidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for
de 10/12/1997) julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargo.

259
JURISPRUDÊNCIA: § 1º Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença
Concurso ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo
Razoabilidade da exigência de altura mínima para será contado a partir do término do impedimento. (Parágrafo
ingresso na carreira de delegado de polícia, dada a renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
natureza do cargo a ser exercido. Violação ao princí‐ § 2º É facultado ao servidor declinar dos prazos estabe‐
pio da isonomia. Inexistência. (RE 140.889, Rel. para o lecidos no caput. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
ac. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 30/5/2000, Art.  19. Os  servidores cumprirão jornada de trabalho
Segunda Turma, DJ de 15/12/2000.) fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos
cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições de quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo
do cargo público ou da função de confiança. (Redação dada de seis horas e oito horas diárias, respectivamente. (Redação
pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) dada pela Lei nº 8.270, de 17/12/1991)
§ 1º É de quinze dias o prazo para o servidor empossado § 1º O ocupante de cargo em comissão ou função de con‐
em cargo público entrar em exercício, contados da data da fiança submete-se a regime de integral dedicação ao serviço,
posse. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) observado o disposto no art. 120, podendo ser convocado
§ 2º O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sempre que houver interesse da Administração. (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
sem efeito o ato de sua designação para função de confiança,
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica a duração de
se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo,
trabalho estabelecida em leis especiais. (Incluído pela Lei
observado o disposto no art.  18. (Redação dada pela Lei
nº 8.270, de 17/12/1991)
nº 9.527, de 10/12/1997) Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para
§ 3º À autoridade competente do órgão ou entidade para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probató‐
onde for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe rio por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual
exercício. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para
§ 4º O início do exercício de função de confiança coin‐ o desempenho do cargo, observados os seguinte fatores:
cidirá com a data de publicação do ato de designação, (Vide EMC nº 19)
salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado por
qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no A Terceira Seção do STJ decidiu que com o advento
primeiro dia útil após o término do impedimento, que não da EC nº 19 de 1998, o prazo do estágio probatório
poderá exceder a trinta dias da publicação. (Incluído pela Lei dos servidores públicos é de três anos. A mudança
nº 9.527, de 10/12/1997) na Constituição Federal instituiu o prazo de três anos
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício para o alcance da estabilidade, o que, no entender
do exercício serão registrados no assentamento individual da turma, não pode ser dissociado do período de
do servidor. estágio probatório.
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apre‐
sentará ao órgão competente os elementos necessários ao I – assiduidade;
seu assentamento individual. II – disciplina;
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exer‐ III – capacidade de iniciativa;
cício, que é contado no novo posicionamento na carreira a IV – produtividade;
partir da data de publicação do ato que promover o servidor. V – responsabilidade.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio
Art.  18. O  servidor que deva ter exercício em outro probatório, será submetida à homologação da autoridade
município em razão de ter sido removido, redistribuído, competente a avaliação do desempenho do servidor, realiza‐
requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá, no da por comissão constituída para essa finalidade, de acordo
mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, contados da com o que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva
publicação do ato, para a retomada do efetivo desempenho carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração
das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo ne‐ dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput deste
cessário para o deslocamento para a nova sede. (Redação artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008)
dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será
exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior‐
A título de exemplo: Helena, Analista Judiciária, mente ocupado, observado o disposto no parágrafo único
do art. 29.
passou a ter exercício em outro Município em razão
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
de ter sido removida. Nesse caso, contados da publi‐
quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
cação do ato, o prazo para Helena retomar o efetivo
de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade
exercício das atribuições do cargo será, no mínimo, de lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou
dez e, no máximo, trinta dias de prazo, podendo entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos
declinar do referido prazo. de provimento em comissão do Grupo-Direção e Assessora‐
mento Superiores – DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
Pedro é servidor público federal, exercendo suas (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
funções na cidade de Campinas-SP, e é removido de § 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão
ofício pela Autoridade Competente para a cidade ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos
de Ribeirão Preto. Neste caso, Pedro, em razão de arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento
sua remoção, terá, no mínimo dez e, no máximo, 30 para participar de curso de formação decorrente de aprova‐
dias de prazo, contados da publicação do ato, para ção em concurso para outro cargo na Administração Pública
a retomada do efetivo desempenho das atribuições Federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
do cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário §  5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
para o deslocamento para a nova sede. licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1º,

260
86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de Seção VI
formação, e será retomado a partir do término do impedi‐ Da Transferência
mento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
JURISPRUDÊNCIA:
NOMEAÇÃO DE SERVIDOR, EM ESTÁGIO PROBATÓ‐ Seção VII
RIO, PARA CARGO DE CONFIANÇA. Da Readaptação
I – A Constituição Federal não estabelece óbice à
nomeação de servidor – integrante de quadro de car‐ Art.  24. Readaptação é a investidura do servidor em
reira técnica ou profissional e que esteja no período cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com
do estágio probatório – para o exercício de funções a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
de confiança (cargo comissionado ou função gratifica‐ mental verificada em inspeção médica.
da). No entanto, nos termos do preconizado pela Lei § 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o readap‐
Maior, artigo 37, I, norma infraconstitucional poderá tando será aposentado.
estabelecer requisitos para o provimento destas fun‐ § 2º A readaptação será efetivada em cargo de atribuições
ções de confiança, dentre os quais poderá figurar a afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade
exigência do cumprimento do estágio probatório. Na e equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência
hipótese de não haver vedação de natureza legal, a de cargo vago, o  servidor exercerá suas atribuições como
nomeação deste servidor – no curso do estágio pro‐ excedente, até a ocorrência de vaga. (Redação dada pela
batório, para exercer funções de confiança – implicará Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
a SUSPENSÃO do período probatório, que só voltará
a ser computado a partir do retorno do servidor ao Seção VIII
exercício do cargo efetivo. Neste caso, se o servidor Da Reversão
não for estável no serviço público, a suspensão do (Regulamento Decreto nº 3.644, de 30/11/2000)
estágio probatório implicará, necessariamente, a
suspensão da contagem do tempo de serviço para Art.  25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
efeito da estabilidade funcional. Só após o cumpri‐ aposentado: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-
mento integral do estágio probatório, onde a admi‐ 45, de 4/9/2001)
nistrativa terá a oportunidade de aferir a sua aptidão I – por invalidez, quando junta médica oficial declarar
(assiduidade, idoneidade moral, eficiência etc.) para insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou (Incluído
o exercício do cargo efetivo, é que o servidor poderá pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
ser considerado estabilizado no serviço público. Sen‐ II – no interesse da administração, desde que: (Incluído
do, contudo, o servidor já detentor de estabilidade pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
funcional – em decorrência do exercício de cargo a)  tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida
efetivo anterior, no âmbito do mesmo Ente Estatal e Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
sem que tenha havido solução de continuidade entre b) a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído pela
os dois provimentos efetivos – não haverá alteração Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
na sua estabilidade funcional, de sorte que apenas o c)  estável quando na atividade; (Incluído pela Medida
período probatório ficará suspenso. Ressalte-se, por Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


fim, que na hipótese de haver MANIFESTA CORRELA‐ d)  a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
ÇÃO entre as atribuições das funções de confiança anteriores à solicitação; (Incluído pela Medida Provisória
e as atribuições do cargo efetivo do servidor, não nº 2.225-45, de 4/9/2001)
há que se falar em suspensão do estágio probatório e)  haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória
nem da contagem do prazo para efeito de estabili‐ nº 2.225-45, de 4/9/2001)
dade funcional. II – Nos termos do artigo 19 do Ato § 1º A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo
das Disposições Constitucionais Transitórias (C.F.), é resultante de sua transformação. (Incluído pela Medida
considerado estável no serviço público, só podendo Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
ser demitido em razão de processo administrativo ou
sentença judicial irrecorrível, o servidor que em 5 de A título de exemplo: Benedita aposentou-se por
outubro de 1988 (data da promulgação da Lei Maior) invalidez. Entretanto, junta médica oficial julgou in‐
contasse com pelo menos 5 (cinco) anos de tempo subsistente os motivos de sua aposentadoria. Nesse
de serviço público (TCE-PE, Decisão T.C.N: 0408/1996, caso, é certo que, dentre outras situações pertinen‐
ÓRGÃO JULGADO: FAC.DE FORM.DE PROFES.DE BELO tes, a reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo
JARDIM-PRESIDENTE, Data Publicação: 11/4/1996) resultante de sua transformação.

Seção V § 2º O tempo em que o servidor estiver em exercício será


Da Estabilidade considerado para concessão da aposentadoria. (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
Art.  21. O  servidor habilitado em concurso público e § 3º No caso do inciso I, encontrando-se provido o car‐
empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá es‐ go, o  servidor exercerá suas atribuições como excedente,
tabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de até a ocorrência de vaga. (Incluído pela Medida Provisória
efetivo exercício. (Prazo 3 anos – vide EMC nº 19) nº 2.225-45, de 4/9/2001)
Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude § 4º O servidor que retornar à atividade por interesse da
de sentença judicial transitada em julgado ou de processo administração perceberá, em substituição aos proventos da
administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer,
defesa. inclusive com as vantagens de natureza pessoal que perce‐

261
bia anteriormente à aposentadoria. (Incluído pela Medida AI 623.854-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento
Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001) em 25/8/2009, Primeira Turma, DJE de 23/10/2009.
§ 5º O servidor de que trata o inciso II somente terá os Vide: RE 223.904, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento
proventos calculados com base nas regras atuais se perma‐ em 8/6/2004, Segunda Turma, DJ de 6/8/2004; RE
necer pelo menos cinco anos no cargo. (Incluído pela Medida 222.532, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em
Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001) 8/8/2000, Primeira Turma, DJ de 1º/9/2000.
§ 6º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste
artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº  2.225-45, de Art.  31. O  órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
4/9/2001) determinará o imediato aproveitamento de servidor em
Art. 26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou
de 4/9/2001) entidades da Administração Pública Federal.
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3º do art. 37,
completado 70 (setenta) anos de idade. o servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob
responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal
Seção IX Civil da Administração Federal – Sipec, até o seu adequado
Da Reintegração aproveitamento em outro órgão ou entidade. (Parágrafo
incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor está‐ Art.  32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
vel no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em exer‐
de sua transformação, quando invalidada a sua demissão cício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta
por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento médica oficial.
de todas as vantagens.
§ 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor fica‐ CAPÍTULO II
rá em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31. Da Vacância
§  2º Encontrando-se provido o cargo, o  seu eventual
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito JURISPRUDÊNCIA:
à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, Art. 122 da Lei Estadual nº 5.346, de 26/5/1992, do
posto em disponibilidade. Estado de Alagoas. Preceito que permite a reinserção
no serviço público do policial militar licenciado. Des‐
Seção X ligamento voluntário. Necessidade de novo concurso
Da Recondução para retorno do servidor à carreira militar. Violação
do disposto nos arts. 5º, I; e 37, II, da CF. Não guarda
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao consonância com o texto da Constituição do Brasil o
cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: preceito que dispõe sobre a possibilidade de ‘rein‐
I  –  inabilitação em estágio probatório relativo a outro clusão’ do servidor que se desligou voluntariamente
cargo; do serviço público. O fato de o militar licenciado ser
II – reintegração do anterior ocupante. considerado ‘adido especial’ não autoriza seu retorno à
Parágrafo  único. Encontrando-se provido o cargo de Corporação. O licenciamento consubstancia autêntico
origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o desligamento do serviço público. O licenciado não
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

disposto no art. 30. manterá mais qualquer vínculo com a administração.


O licenciamento voluntário não se confunde o retorno
Seção XI do militar reformado ao serviço em decorrência da ces‐
Da Disponibilidade e do Aproveitamento sação da incapacidade que determinou sua reforma.
O regresso do ex-militar ao serviço público reclama
Art.  30. O  retorno à atividade de servidor em dispo‐ sua submissão a novo concurso público [art. 37, II, da
nibilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório CF/1988]. O entendimento diverso importaria flagran‐
em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o te violação da isonomia [art. 5º, I, da CF/1988]. (ADI
anteriormente ocupado. 2.620, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29/11/2007,
Plenário, DJE de 16/5/2008)
A título de exemplo: Miguel servidor público federal,
ocupava o cargo de analista judiciário da área admi‐ Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
nistrativa, junto ao Tribunal Regional Eleitoral. Atu‐ I – exoneração;
almente encontra-se em disponibilidade. Entretanto II – demissão;
será possível seu retorno à atividade, a ser feita por III – promoção;
aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições IV – (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
e vencimentos compatíveis com o anteriormente V – (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
ocupado. VI – readaptação;
VII – aposentadoria;
JURISPRUDÊNCIA: VIII – posse em outro cargo inacumulável;
O servidor público ocupante de cargo efetivo, ainda IX – falecimento.
que em estágio probatório, não pode ser exonerado Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido
ad nutum, com base em decreto que declara a des‐ do servidor, ou de ofício.
necessidade do cargo, sob pena de ofensa à garantia Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
do devido processo legal, do contraditório e da ampla I – quando não satisfeitas as condições do estágio pro‐
defesa. Incidência da Súmula nº 21 do STF. (RE 378.041, batório;
Rel. Min. Carlos Britto, julgamento em 21/9/2004, II – quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
Primeira Turma, DJ de 11/2/2005.) No mesmo sentido: em exercício no prazo estabelecido.

262
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa Seção II
de função de confiança dar-se-á: (Redação dada pela Lei Da Redistribuição
nº 9.527, de 10/12/1997)
I – a juízo da autoridade competente; Art.  37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de
II – a pedido do próprio servidor. provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo
Poder, com prévia apreciação do órgão central do Sipec,
CAPÍTULO III observados os seguintes preceitos: (Redação dada pela Lei
Da Remoção e da Redistribuição nº 9.527, de 10/12/1997)
I – interesse da administração; (Incluído pela Lei nº 9.527,
Seção I de 10/12/1997)
Da Remoção II  –  equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei
nº 9.527, de 10/12/1997)
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedi‐ III – manutenção da essência das atribuições do cargo;
do ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
mudança de sede. IV  –  vinculação entre os graus de responsabilidade e
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, complexidade das atividades; (Incluído pela Lei nº 9.527,
entende-se por modalidades de remoção: (Redação dada de 10/12/1997)
pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) V – mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habili‐
I – de ofício, no interesse da Administração; (Incluído pela tação profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Lei nº 9.527, de 10/12/1997) VI – compatibilidade entre as atribuições do cargo e as
II – a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela finalidades institucionais do órgão ou entidade. (Incluído pela
Lei nº 9.527, de 10/12/1997) Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
III – a pedido, para outra localidade, independentemente § 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamen‐
do interesse da Administração: (Incluído pela Lei nº 9.527, to de lotação e da força de trabalho às necessidades dos
de 10/12/1997) serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ou
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também criação de órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527,
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da de 10/12/1997)
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que §  2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará
foi deslocado no interesse da Administração; (Incluído pela mediante ato conjunto entre o órgão central do Sipec e os
Lei nº 9.527, de 10/12/1997) órgãos e entidades da Administração Pública Federal envol‐
b)  por motivo de saúde do servidor, cônjuge, compa‐ vidos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
nheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste § 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou
do seu assentamento funcional, condicionada à comprova‐ entidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade
ção por junta médica oficial; (Incluído pela Lei nº 9.527, de no órgão ou entidade, o servidor estável que não for redis‐
10/12/1997) tribuído será colocado em disponibilidade, até seu aprovei‐
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipóte‐ tamento na forma dos arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado
se em que o número de interessados for superior ao número e alterado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão § 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado em

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


ou entidade em que aqueles estejam lotados. (Incluído pela disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do
Lei nº 9.527, de 10/12/1997) órgão central do Sipec, e ter exercício provisório, em outro
órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento. (In-
INFORMATIVO Nº 460 STJ. cluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
ESTÁGIO PROBATÓRIO. CONCURSO. REMOÇÃO.
A Turma negou provimento ao RMS, uma vez que o CAPÍTULO IV
art. 36, III, c, da Lei nº 8.112/1990 (com a redação Da Substituição
dada pela Lei nº 9.527/1997), que cuida da hipótese
de remoção a pedido em processo seletivo, afirma Art.  38. Os  servidores investidos em cargo ou função
ser do órgão de lotação do servidor a competência de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza
para estabelecer normas próprias a fim de regula‐ Especial terão substitutos indicados no regimento interno
mentar os concursos de remoção. No mesmo sentido, ou, no caso de omissão, previamente designados pelo di‐
apregoa a Resolução nº 387/2004 do Conselho da rigente máximo do órgão ou entidade. (Redação dada pela
Justiça Federal (CJF). Assim, não caberia ao Poder Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Judiciário examinar a conveniência de edital de re‐ § 1º O substituto assumirá automática e cumulativa‐
moção que vedou a participação de servidores em mente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do
estágio probatório, sob pena de invasão do campo cargo ou função de direção ou chefia e os de Natureza
de discricionariedade conferido expressamente pela Especial, nos afastamentos, impedimentos legais ou regu‐
lei ao órgão de lotação do servidor. Ademais, no caso lamentares do titular e na vacância do cargo, hipóteses em
dos autos, a autoridade impetrada esclareceu que o que deverá optar pela remuneração de um deles durante
edital do concurso público do qual participaram os o respectivo período. (Redação dada pela Lei nº  9.527,
impetrantes já estabelecia que, se eles aceitassem a de 10/12/1997)
nomeação, deveriam permanecer por três anos na § 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do
localidade de ingresso no cargo público. Precedente cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natu‐
citado: RMS 22.055-RS, DJ 13/8/2007. RMS 23.428- reza Especial, nos casos dos afastamentos ou impedimentos
RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado legais do titular, superiores a trinta dias consecutivos, paga
em 16/12/2010. na proporção dos dias de efetiva substituição, que excede‐

263
rem o referido período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, Sempre que falarmos em vantagens, interessante, para
de 10/12/1997) melhor fixação, a expressão G.A.I., que corresponde:
Gratificações;
Em face da substituição é salutar fazer a seguinte Adicionais;
explanação: Indenizações.
(Cespe/STF/Técnico Judiciário/Questão 97/2008) O
servidor substituto fará jus à retribuição pelo exer‐ O legislador em 2008, por meio da Lei nº 11.784 revo‐
cício do cargo ou função de direção ou chefia ou de gou o parágrafo único do art. 40 da Lei nº 8.112/1990, que
cargo de natureza especial, nos casos de afastamen‐ preceituava que o vencimento não poderia ser inferior ao
tos ou impedimentos legais do titular, superiores a salário mínimo, logo, hoje ele poderá ser inferior, o que não
trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias pode ser inferior a é a remuneração.
de efetiva substituição, que excederem o referido É preciso observar que o legislador trouxe em 1994 a Lei
período. nº 8.852, que inseriu no corpo do Regime Jurídico do servidor
Gabarito Preliminar: C os “vencimentos”. Porém, segundo alguns administrativistas,
Gabarito Definitivo: E “vencimentos” poderia ser sinônimo de remuneração, pois
Justificativa do Cespe para alteração: Alterado de C são institutos bem próximos, cujas diferenças são mínimas,
para E, pois, de acordo com a legislação vigente, que logo quando falarmos em vencimentos poderemos entender
atualiza a Lei nº 8.112/1990, a retribuição é devida que seria mais ou menos a mesma coisa que remuneração.
a partir do primeiro dia de substituição do titular, É fato que o servidor quando faltar ao serviço terá o
mesmo quando essa não superar o prazo de trinta dia da falta descontado da sua remuneração, se a falta for
dias. Salienta-se que o Tribunal de Contas da União justificada em razão de caso fortuito ou força maior poderão
em mais de uma oportunidade (TC-013.977/2000-2 ser compensadas a critério do chefe imediato e computadas
e TC-000.399/2001-8) firmou a orientação de que a como efetivo exercício.
retribuição é devida a partir do primeiro dia de subs‐ O legislador “resguardou”, ou seja, “protegeu” a remu‐
tituição do titular, mesmo quando essa não superar neração de tal maneira que sobre ela não incidirá nenhum
o prazo de trinta dias, com fundamento no disposto desconto, salvo se for por meio de lei ou por ordem judicial,
no art. 38 da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada e que ela não será objeto de arresto, sequestro ou penhora,
pela Lei nº 9.527/97, c/c Portaria TCU nº 266/2000. salvo no caso de pensão alimentícia oriunda de decisão
Cabe ressaltar, por fim, que o item não se entrou na judicial.
seara de que a retribuição só seria devida a partir de Caso a Administração venha “cobrar” (descontar) uma
tal ou qual dia. reposição ou indenização, o servidor deverá ser antecipa‐
A prova supra foi aplicada em 6 de julho de 2008. damente avisado para que possa pagar no prazo de 30 dias,
Em 28 de setembro de 2010 o STJ pronunciou-se podendo ainda pedir o parcelamento.
sobre o tema em tela e passou a ter o seguinte O legislador especificou que o valor de cada parcela
entendimento: não poderá ser inferior a dez por cento da remuneração,
RECURSO ESPECIAL Nº 548.340 – RN (2003/ provento ou pensão.
0095482-0) Se um servidor for demitido, exonerado ou cassada a sua
EMENTA aposentadoria ou disponibilidade e encontrar-se em débito
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. ART. 38, 2º, com o erário, ele terá o prazo de 60 dias para pagar e caso não
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

DA LEI Nº 8.112/1990. SUBSTITUIÇAO DE TITULAR DE cumpra esta obrigação, ocorrerá a inscrição em dívida ativa.
FUNÇAO COMISSIONADA. PERÍODO INFERIOR A 30
(TRINTA) DIAS. RETRIBUIÇAO INDEVIDA. Das concessões
É outro direito de suma importância, pois vem a permitir
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titu‐ que o servidor possa praticar certo ato humanitário, praticar
lares de unidades administrativas organizadas em nível de certo ato jurídico e venha a poder gozar de situações oriundas
assessoria. de fatos jurídicos, computando-se como efetivo exercício os
[...] dias das concessões:
• Servidor que for doar sangue terá um dia de concessão;
PRINCIPAIS DIREITOS E VANTAGENS DO • Para alistamento eleitoral terá dois dias;
SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL • Para casamento e falecimento de ente familiar terá
oito dias.
Serão tratados os principais institutos de Lei nº 8.112/1990
que trazem ao servidor tudo aquilo que ele pode usufruir As concessões também abrangem a pessoa que estu‐
como um servidor público federal. da, concedendo-se horário especial, quando comprovada
a incompatibilidade entre o horário de estudo com o da
Direitos repartição, sempre por meio de compensação de horários.
O servidor que for portador de deficiência terá direito
Da Remuneração a horário especial, independentemente de compensação
de horários.
Começaremos com um dos direitos chamado remunera‐
ção. Ela consiste no somatório do vencimento (é a retribui‐ Das Férias
ção em pecúnia pelo exercício do cargo) mais as vantagens Um dos direitos que, em regra, é  o mais “esperado”
pecuniárias permanentes previstas em lei. pelo servidor:
De forma bem simples, para melhor fixação, poderíamos • O servidor faz jus a trinta dias de férias, onde não
desenvolver uma hipotética “fórmula matemática”: se descontam as faltas ao serviço em dias de férias,
REMUNERAÇÃO = VENCIMENTO + VANTAGENS PERMA‐ diferenciando-se da Consolidação das Leis do Trabalho
NENTES. (CLT).

264
• As férias poderão ser divididas em até três etapas, ato da posse ele tem que estar em dia com a situação militar.
a pedido do servidor e com a anuência da Adminis‐ Em face desta situação, você daria posse para ele? A resposta
tração. positiva se impõe, pois ele cumpriu a sua obrigação no que
• As férias poderão ser acumuladas no máximo por dois pertine à situação militar com a apresentação do certificado
períodos, em caso de necessidade de serviço, salvo que do alistamento militar.
existam hipóteses em legislação específica. No prazo de quinze dias ele entrou em exercício (marco
• Para angariar o direito às férias o servidor deve cum‐ inicial do estágio probatório), quando as forças armadas
prir o primeiro período aquisitivo de doze meses. chamarem o servidor para o serviço militar obrigatório, ele
• A remuneração de férias deverá ser paga até dois dias entrará de licença para o serviço militar.
antes do seu início. O tempo será contado como efetivo exercício e após o
• O legislador trouxe hipóteses de interrupção de férias, término da referida licença ele terá trinta dias não remune‐
sendo: em caso de calamidade pública; comoção in‐ rados para retornar ao órgão de origem.
terna; prestar serviços para o Tribunal do Júri; serviço
militar ou eleitoral e por necessidade do serviço decla‐ Licença para Atividade Política
rada pela autoridade máxima do órgão ou entidade. O legislador obedecendo ao comando constitucional deu
direito ao servidor público federal de poder se candidatar a
Das Licenças mandatos eletivos, mesmo estando no estágio probatório.
As licenças são tratadas em vários momentos no corpo Esta licença iniciará no período das convenções partidá‐
da Lei nº 8.112/1990, para tentarmos ser didáticos, vamos rias e se estenderá até a véspera do registro da candidatura
trabalhá-las de forma “combinada”, ou seja, iremos fazer a perante a justiça federal, mas durante este período o servidor
junção dos artigos inerentes às licenças. não será remunerado.
O art. 20, em seu parágrafo quarto, menciona quais as A partir do registro da candidatura e até dez dias após
licenças que o servidor em estágio probatório pode tirar e os as eleições, o servidor terá direito à remuneração do cargo
arts. 102 e 103 preceituam a contagem do tempo de serviço. efetivo, estando expresso em lei que será somente pelo
Então, vamos começar o estudo de cada uma das licenças período de três meses.
que quase sempre são lembradas pelos examinadores, onde O período remunerado será contado para aposentadoria
o índice de erro dos candidatos é sempre considerável: e disponibilidade.
A título de exemplo: Carlos, servidor público federal há
Licença por motivo de doença de pessoa da família onze meses, pretende disputar eleições para uma vaga de
• O servidor em estágio probatório pode ter direito a deputado federal. Para tanto, protocolou no órgão em que
licença. está lotado um pedido de licença do cargo para o exercício
• Os entes familiares serão o cônjuge, pais, filhos, ou de atividade política. Considerando essa situação hipotética,
dependentes que constem dos assentamentos indi‐ Carlos tem direito a licença com vencimentos integrais, a
viduais do servidor. partir do registro da candidatura na Justiça Eleitoral até o
• Poderá ser concedida por até 60 dias consecutivos ou décimo dia seguinte ao pleito, desde que esse período não
não, com remuneração. ultrapasse três meses.
• Por até 90 dias consecutivos ou não, sem remune‐
ração. Licença para Capacitação
• Ela poderá ser concedida a cada doze meses. Até dezembro de 1997, os servidores públicos federais

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


• O somatório dos dias com e sem remuneração chegará tinham o direito a pleitear a licença prêmio por assiduidade,
a cento e cinquenta dias. porém a Lei nº 9.527/1997 revoga a referida licença e insere
• O tempo será contado para aposentadoria e disponi‐ a licença para capacitação.
bilidade no período com remuneração que exceder a Ela poderá ser concedida a cada cinco anos de efetivo
trinta dias em períodos de doze meses. exercício e será remunerada por até três meses, mas o
servidor será obrigado a participar de cursos de formação
Licença por motivo de afastamento do cônjuge profissional.
Vamos imaginar um casal de servidores e que um deles O candidato não pode confundir a extinta licença
foi afastado ou deslocado para outro Estado, para o Exterior prêmio com a capacitação e deve ter em mente que ela é
ou para exercer um mandato eletivo. O servidor que ficou inacumulável.
poderá ter o direito à licença em razão ao afastamento do
cônjuge, porém, o legislador determina que antes se deva JURISPRUDÊNCIA:
tentar o exercício provisório em órgão ou entidade da Admi­ Servidor público. Conversão de licença-prêmio não
nistração Federal Direta, Autárquica ou Fundacional. Caso gozada em tempo de serviço. Direito adquirido antes
não consiga este exercício, será concedida a referida licença da vigência da EC 20/1998. Conversão de licença‐
sem remuneração e por prazo indeterminado. -prêmio em tempo de serviço: direito adquirido na
Na omissão dos arts.  102 (contagem do tempo como forma da lei vigente ao tempo da reunião dos requi‐
efetivo exercício) e 103 (contagem do tempo para aposen‐ sitos necessários para a conversão. (RE 394.661-AgR,
tadoria e disponibilidade), o tempo desta licença não será Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 20/9/2005,
contado para nenhum efeito. Segunda Turma, DJ de 14/10/2005.) No mesmo senti‐
do: RE 517.274-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento
Licença para o Serviço Militar em 20/10/2009, Segunda Turma, DJE de 13/11/2009;
Vamos imaginar uma das possíveis situações para esta RE 411.545-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento
licença: em 26/5/2009, Primeira Turma, DJE de 1º/7/2009.
Um jovem com dezoito anos, já alistado no serviço militar,
prestou concurso público para um órgão federal. Foi nome‐ Licença para tratar de interesses particulares
ado e apresentou-se para assinatura do termo de posse, Poderá ser concedida ao servidor detentor de cargo
dentro dos trinta dias previstos em lei. Como já vimos, no efetivo, mas desde que já esteja habilitado no estágio pro‐

265
batório e será pelo prazo de até três anos consecutivos e • O servidor só poderá ser afastado novamente para o
sem remuneração. exterior, tirar licença por interesse particular ou pedir
Urge ressaltar que os arts. 102 e 103 são omissos em exoneração, sem a obrigação de indenizar, depois de
relação a contagem de tempo de serviço para esta licença, decorrido igual período que ficou no exterior.
logo, legalmente, não será contado o tempo para nenhum • A carreira diplomática não é regida por este artigo.
efeito no serviço público.
A administração poderá interrompê-la a qualquer tempo, Afastamento para servir em organismo internacional
desde que declare necessidade do serviço, cabendo também que o Brasil participe ou coopere
ao servidor poder interrompê-la. O servidor, mesmo em estágio probatório, poderá ser
afastado para organismo internacional que o Brasil participe,
Licença para mandato classista porém será sem remuneração e o tempo será contado como
Todo servidor que queira desempenhar um mandato efetivo exercício.
na direção ou representação de confederação, federação,
sindicato etc., terá direito a esta licença não remunerada, Afastamento para participação em programa de pós-
onde o tempo será contado como efetivo exercício, salvo a -graduação stricto sensu no Brasil
sua promoção por merecimento. O prazo da licença poderá
O legislador insere, em 2009, este tipo de afastamento,
ser de um mandato mais uma reeleição.
permitindo que o servidor possa fazer mestrado, doutorado
A Administração, para poder conceder a licença para
ou pós-doutorado, desde que não possa ocorrer simultanea‐
tratar de assuntos particulares, deverá aferir um número
mente com o exercício do cargo ou por meio de compensação
de associados:
I – para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, de horários. O afastamento será remunerado e o tempo será
2 (dois) servidores; contado como efetivo exercício.
II – para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 Requisitos temporais para Mestrado:
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; • só poderá ser concedido para servidores detentores
III – para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) asso‐ de cargo efetivo no respectivo órgão ou entidade com
ciados, 8 (oito) servidores. (Lei nº 12.998/2014) pelo menos três anos, incluindo o período de estágio
probatório;
• não tenha se afastado para tratar de assuntos particu‐
Dos Afastamentos lares e nem ter se afastado por este artigo nos últimos
dois anos.
Para servir a outro órgão ou entidade
O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro Requisitos temporais para Doutorado:
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Dis‐ • só poderá ser concedido para servidores detentores
trito Federal, dos Municípios ou em serviço social autônomo de cargo efetivo no respectivo órgão ou entidade
instituído pela União que exerça atividades de cooperação com pelo menos quatro anos, incluindo o período de
com a administração pública federal, nas seguintes hipóteses: estágio probatório;
• para exercício de cargo em comissão, função de con‐ • não tenha se afastado para tratar de assuntos par‐
fiança ou, no caso de serviço social autônomo, para o ticulares, tiver tirado licença capacitação ou ter se
exercício de cargo de direção ou de gerência; afastado por este artigo nos últimos dois anos.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

• em casos previstos em leis específicas.


Requisitos para temporais para o Pós-Doutorado:
Afastamento para exercício de mandato eletivo • só poderá ser concedido para servidores detentores
Se um servidor teve direito a uma licença para candi‐ de cargo efetivo no respectivo órgão ou entidade
datar-se a um cargo eletivo, ele também deve ter o direito, a pelo menos quatro anos, incluindo o período de
mesmo no estágio probatório, a ser afastado para exercer estágio probatório;
o mandato eletivo. • não tenha se afastado para tratar de assuntos parti‐
Deve observar: culares e nem se afastado por este artigo nos últimos
• Para mandato federal, estadual ou distrital, ele sim‐ quatro anos.
plesmente será afastado do cargo público.
• Para mandato de prefeito, ele será afastado do órgão
Convém ressaltar que, neste afastamento, a obrigação
público podendo escolher pela sua remuneração.
de indenizar assemelha-se à obrigação do afastamento para
• Para mandato de vereador, caso existam meios de
estudo ou omissão no exterior. Se o servidor não obtiver o
compatibilizar horários, receberá as vantagens de seu
cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo. título da pós-graduação, ele terá obrigação de indenizar a
Caso não existam meios de compatibilizar horários, Administração.
ele deverá ser afastado do cargo público, podendo
escolher pela sua remuneração. Direito de Petição
• O tempo de afastamento será contado como efetivo Todo servidor que se sentir lesado ou insatisfeito por
exercício, salvo a sua promoção por merecimento. determinado ato de superior poderá fazer o pedido de recon‐
sideração, que deverá ser dirigido à autoridade competente
Afastamento para estudo ou missão no exterior (autoridade que praticou o “ato lesivo”) para decidi-lo e
• O servidor estando em estágio probatório poderá ter encaminhá-lo por intermédio da sua chefia imediata.
direito a esse afastamento, desde que seja autorizado O servidor terá o prazo de trinta dias para decidir se vai
pelo Presidente da República, Presidente da Câmara, querer pedir a reconsideração. Caso decida dentro deste
Presidente do Senado ou Presidente do STF. prazo, o seu chefe imediato terá o prazo de cinco dias para
• Ele poderá ficar até quatro anos remunerados, tendo despachar e a autoridade que julgar o pedido terá o prazo
seu tempo contado como efetivo exercício. de trinta dias para decidir.

266
A autoridade ao indeferir o pedido de consideração gera Das diárias
ao servidor o direito ao recurso administrativo. São destinadas a custear as despesas extraordinárias
que o servidor tem em razão da saída de sua sede em
JURISPRUDÊNCIA: caráter eventual, como alimentação, a  sua locomoção e
O STF fixou entendimento no sentido de que a lei hospedagem.
nova não pode revogar vantagem pessoal já incorpo‐ Se por ventura um servidor se afastar de sua sede e
rada ao patrimônio do servidor sob pena de ofensa este deslocamento não exigir o pernoite, ele terá direito a
ao direito adquirido. (AI 762.863-AgR, Rel. Min. Eros meia diária.
Grau, julgamento em 20/10/2009, Segunda Turma, A lei afirma que o servidor que receber as diárias e a
DJE de 13/11/2009) Vide: RE 538.569-AgR, Rel. Min. viagem venha a ser cancelada, será obrigado a restituir
Cezar Peluso, julgamento em 3/2/2009, Segunda integralmente as diárias no prazo de cinco dias.
Turma, DJE de 13/3/2009.
Ex.: Antônia, servidora pública federal, recebeu
Vantagens R$  1.000,00 (um mil reais) a título de diárias. Entretanto,
As vantagens são divididas em indenizações, gratificações atendendo a ordens superiores, não houve necessidade de
e adicionais. afastar-se da sede. Nesse caso, no que se refere às diárias,
Antes de iniciar o estudo de cada uma das vantagens, Antonia ficará obrigada a restituí-las, integralmente, no prazo
mister se faz ressaltar que as indenizações não podem ser de cinco dias.
incorporadas ao vencimento ou provento, mas as gratifica‐
ções ou os adicionais podem ser incorporadas, desde que Este prazo também é exigido para o servidor que retorna
haja previsão em lei. de um deslocamento em caráter eventual antes do término
previsto para a execução do serviço.
Das Indenizações
Ex.: determinado servidor do Ministério da Educação
Ajuda de custo deslocou-se de Brasília até Belo Horizonte para participar de
Serve para compensar as despesas que o servidor, remo‐ auditoria em instituição de ensino superior sediada na capital
vido de ofício no interesse da administração, tem em razão mineira, tendo retornado no mesmo dia. Nessa situação, o
da mudança de domicílio em caráter permanente. servidor fará jus à metade de uma diária.
O valor pode chegar até três remunerações do servidor,
e, no caso de casal de servidores removidos nas mesmas Indenização de Transporte
circunstâncias, a  ajuda de custo será destinada apenas a Serve para custear as despesas inerentes às atribuições
um dos cônjuges. externas do cargo do servidor.

Auxílio-Moradia
Ex.: uma servidora de determinado órgão federal
O legislador insere na Lei nº  8.112/1990, em 2006,
foi transferida de ofício de Brasília para Goiânia.
o auxílio-moradia, que será destinado ao cargo em comissão
Seu marido é servidor administrativo do Ministério
(DAS 4, 5, 6, natureza especial e de Ministro ou equivalente)
da Educação na capital federal. Nessa situação, ele
e a função de confiança poderem custear as despesas reali‐
poderá exercer provisoriamente suas atribuições,
zadas com aluguel ou hospedagem.
por exemplo, na área administrativa da Defensoria

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


Algumas negativas para o recebimento do auxílio-moradia:
Pública da União na capital goiana, ficando vedado
• caso exista imóvel funcional vago na nova sede;
ao casal o recebimento de dupla indenização a título • caso o cônjuge ou companheiro ocupe imóvel funcional;
de ajuda de custo. • caso o servidor ou seu cônjuge tenha sido proprietário,
comprador ou cessionário de imóvel na nova sede no
O legislador afirma que não poderá ser concedida a ajuda prazo de doze meses;
de custo ao servidor que se afastar do cargo ou reassumi-lo • caso a pessoa que resida com o servidor já esteja
em razão de mandato eletivo. recebendo o auxílio;
• caso o servidor tenha residido na nova sede nos últi‐
Ex.: Sérgio exerce o cargo de analista judiciário. Afastou‐ mos doze meses.
-se de seu cargo por ter sido eleito deputado federal. Termi‐
nado o mandato eletivo, reassumiu suas funções de servidor Quanto ao valor do referido auxílio, ele não poderá ser
público e está pleiteando ajuda de custo. Nesse caso, não superior a vinte e cinco por cento da “remuneração” de
será concedida a ajuda de custo em ambas as situações, tanto Ministro de Estado.
pelo afastamento como pela reassunção do cargo efetivo.
Se por ventura um servidor que tenha recebido ajuda Das Gratificações
de custo não se apresentar na nova sede no prazo de trinta A Lei nº 8.112/1990 só trata de duas gratificações que
dias, ele ficará obrigado a restituir a indenização. são: a gratificação natalina e a gratificação por encargo de
curso ou concurso.
Obs.: se, por exemplo, na semana passada, André foi
investido no cargo de delegado de polícia do Distrito Federal Gratificação Natalina
e foi inicialmente lotado em uma delegacia em Taguatinga‐ É o chamado décimo terceiro do servidor público, cujo
-DF. Antes disso, ele exerceu, por quatro anos, cargo público valor poderá ser de uma remuneração.
federal, de natureza técnica, no Supremo Tribunal Federal O servidor que entrar em exercício em um determinado
(STF), motivo pelo qual ele fixou residência no Plano Piloto, mês, e este possa ser computado como fração de 1/12, terá
onde está localizado esse Tribunal. Nessa situação hipotética, que trabalhar quinze ou mais dias no referido mês.
o fato de André se mudar do Plano Piloto para Taguatinga O legislador garante ao servidor que esta gratificação
não lhe dará direito a ajuda de custo. deve ser paga até o dia vinte de dezembro.

267
Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso Noturno
Para fazer jus ao adicional noturno, o servidor deve exer‐
Curso cer as atribuições do seu cargo no período compreendido
Hoje, se um servidor atuar como instrutor em cursos, entre as 22h até às 5h da manhã do dia seguinte. O valor será
ele poderá receber até 2,2%, por hora, do maior vencimento de 25% do valor da hora noturna. Cada hora será contada
básico pago pela Administração Pública, e se por ventura esta de forma diferenciada, ou seja, não terá 60 minutos, e sim
atividade for desenvolvida durante o horário de expediente, 52 minutos e 30 segundos.
haverá a necessidade da compensação de horários no prazo O adicional de serviço extraordinário pode ser acumu‐
de um ano. lado com o noturno, mas para o cálculo do valor devido,
o  adicional de serviço extraordinário deve ser calculado
Concurso primeiro e “em cima” deste valor encontrado é que se deve
Se houver a necessidade do servidor ter que atuar em
calcular o noturno.
concursos, elaborando questões, atuando em bancas, jul‐
gando recursos ou avaliando currículos, ele terá o mesmo Considere que Luísa tenha sido aprovada em concurso
tratamento do servidor que atua em cursos como instrutor. público para o cargo de auditora da Receita Federal, tendo
O servidor atuando em concurso, na fiscalização ou mon‐ sido nomeada para assumir o cargo em outro estado da fe‐
tagem receberá 1,2%, por hora, do maior vencimento pago deração. Na hipótese de Luísa trabalhar horas extras, além
no serviço público, devendo também compensar horários da jornada regular de trabalho, no período noturno, ela terá
se a atividade for realizada durante o horário de expediente. direito ao acréscimo do adicional noturno que incidirá sobre
Esta gratificação é paga por hora, limitando-se ao máximo a remuneração do adicional por serviço extraordinário.
de 120 horas anuais, podendo ser prorrogada, em situação
excepcional, por mais 120 horas no mesmo ano. Insalubridade
O servidor que venha exercer, de forma habitual as
Dos Adicionais atribuições inerentes ao seu cargo em locais insalubres, em
contato permanente com substâncias radioativas ou também
Serviço extraordinário de natureza tóxica faz jus a um adicional sobre o vencimento
O servidor público federal tem uma carga horária diária do cargo efetivo.
oscilando, em regra, entre seis e oito horas. Se o servidor
ultrapassar o número de horas diárias previstos, ele terá Periculosidade
direito a este adicional, que corresponderá a 50% do valor Será devido ao servidor cujas atribuições do cargo sejam
da sua hora de trabalho normal. perigosas e possam até gerar risco de morte.
Observações relativas aos adicionais de insalubridade e
INFORMATIVO Nº 461 STJ periculosidade:
SERVIDOR PÚBLICO. ESCALA. TRABALHO. HORAS
• são inacumuláveis entre si;
EXTRAS.
• cessada a causa insalubre ou perigosa, cessará o
Os ora recorrentes aduzem, no recurso, que laboram
em regime de escala de 24 horas de trabalho por recebimento do adicional;
72 horas de descanso e, assim, estariam cumprindo • a servidora gestante será afastada das suas atribuições,
jornada superior a oito horas diárias e a 40 horas caso as exerça em local insalubre, perigoso ou penoso;
semanais, o que levaria ao recebimento de horas • os servidores que operam com raios X serão subme‐
tidos a exames médicos semestrais e terão férias de
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

extras trabalhadas. A Turma, entre outras questões,


negou provimento ao recurso por entender que, nos vinte dias a cada seis meses.
termos do art. 19 da Lei nº 8.112/1990, a jornada
máxima de trabalho dos servidores públicos federais Atividades Penosas
é de 40 horas semanais. Será devido ao servidor que exerça suas funções em
Assim, conforme jurisprudência deste Superior Tri‐ zonas de fronteira. Regulamentos podem estipular outras
bunal, dividindo-se 40 (máximo de horas semanais) localidades cujas condições justifiquem.
por seis dias úteis e se multiplicando o resultado por
30 (total de dias do mês) teríamos o total de 200 Adicional de Férias
horas mensais, valor que deve ser adotado como O servidor tem direito, independentemente de solicita‐
parâmetro para o cômputo de eventuais horas extras. ção, quando entrar de férias, ao valor de 1/3 de sua remune‐
No caso, os recorrentes trabalham sete dias no mês, ração. Urge ressaltar que caso o servidor esteja recebendo
o que, multiplicado por 24 horas trabalhadas por uma retribuição por direção, chefia ou assessoramento, ela
dia, chega-se ao valor de 168 horas trabalhadas no será considerada no cálculo deste adicional.
mês, ou seja, número inferior às 200 horas [...]. Pre‐
cedentes citados: REsp 1.086.944-SP, DJe 4/5/2009; JURISPRUDÊNCIA:
REsp 419.558-PR, DJ 26/6/2006, e REsp 805.437-RS,
A norma legal, que concede a servidor inativo gra‐
DJe 20/4/2009. REsp 1.019.492-RS, Rel. Min. Maria
tificação de férias correspondente a um terço (1/3)
Thereza de Assis Moura, julgado em 3/2/2011.
do valor da remuneração mensal, ofende o critério
A lei preceitua que o máximo de horas diárias sujeitas da razoabilidade que atua, enquanto projeção con‐
ao adicional será de duas horas. cretizadora da cláusula do substantive due process of
Vamos imaginar um servidor que tenha terminado a law, como insuperável limitação ao poder normativo
sua jornada normal diária às 18h e exista a necessidade de do Estado. Incide o legislador comum em desvio
permanecer por mais uma hora e o valor da hora trabalhada ético-jurídico, quando concede a agentes estatais
seja de R$ 10,00 (dez reais). determinada vantagem pecuniária cuja razão de ser
Qual o valor devido por ter trabalhado uma hora a mais? se revela absolutamente destituída de causa. (ADI
Ele receberia R$ 15,00 (quinze reais) pelo lapso temporal 1.158-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em
das 18h até às 19h. 29/12/1994, Plenário, DJ de 26/5/1995)

268
LEITURA DA LEI Nº 8.112/1990 Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmen‐
te, a título de remuneração, importância superior à soma
TÍTULO III dos valores percebidos como remuneração, em espécie,
DOS DIREITOS E VANTAGENS a qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos
Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional
CAPÍTULO I e Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Do Vencimento e da Remuneração Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as
vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exer‐ Art. 43. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2/4/1998) (Vide
cício de cargo público, com valor fixado em lei. Lei nº 9.624, de 2/4/1998)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008) Art. 44. O servidor perderá:

JURISPRUDÊNCIAS: JURISPRUDÊNCIA:
CF/88, art. 7, IV – salário mínimo, fixado em lei, Ação direta de inconstitucionalidade. Reserva de
nacionalmente unificado, capaz de atender a suas iniciativa. Aumento de remuneração de servidores.
Perdão por falta ao trabalho. Inconstitucionalidade.
necessidades vitais básicas e às de sua família com mo‐
Lei 1.115/1988 do Estado de Santa Catarina. Projeto
radia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
de lei de iniciativa do governador emendado pela
higiene, transporte e previdência social, com reajustes
Assembleia Legislativa. Fere o art. 61, § 1º, II, a, da
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sen‐
CF de 1988 emenda parlamentar que disponha sobre
do vedada sua vinculação para qualquer fim. aumento de remuneração de servidores públicos
estaduais. Precedentes. Ofende o art. 61, § 1º, II, c,
Os arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/1998), da e o art. 2º da CF de 1988 emenda parlamentar que
Constituição, referem-se ao total da remuneração per‐ estabeleça perdão a servidores por falta ao trabalho.
cebida pelo servidor público. (Súmula Vinculante nº 16) Precedentes. Pedido julgado procedente. (ADI 13, Rel.
Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 17/9/2007,
CF/88, art. 7, VII, garantia de salário, nunca inferior ao Plenário, DJ de 28/9/2007)
mínimo, para os que percebem remuneração variável.
I – a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem
Constitucional. Serviço militar obrigatório. Soldo. Va‐ motivo justificado; (Redação dada pela Lei nº  9.527, de
lor inferior ao salário mínimo. Violação aos arts. 1º, 10/12/1997)
III, 5º, caput, e 7º, IV, da CF. Inocorrência. Recurso extra‐ II – a parcela de remuneração diária, proporcional aos
ordinário desprovido. A CF não estendeu aos militares a atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de
garantia de remuneração não inferior ao salário mínimo, que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese
como o fez para outras categorias de trabalhadores. O de compensação de horário, até o mês subsequente ao da
regime a que submetem os militares não se confunde ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata. (Redação
com aquele aplicável aos servidores civis, visto que dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
têm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos Parágrafo  único. As  faltas justificadas decorrentes de
próprios. Os cidadãos que prestam serviço militar obri‐ caso fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a
gatório exercem um múnus público relacionado com a critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


defesa da soberania da pátria. A obrigação do Estado efetivo exercício. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as con‐
dições materiais para a adequada prestação do serviço A título de exemplo: Eduardo, Técnico Judiciário do Tri‐
militar obrigatório nas Forças Armadas. (RE 570.177, bunal Regional Eleitoral teve duas faltas, posteriormente
Rel. Ricardo Lewandowski, julgamento em 30/4/2008, justificadas, durante o mês de dezembro de 2009, em
Plenário, DJE de 27/6/2008, com repercussão geral) No razão de enchentes provocadas por chuvas intensas.
mesmo sentido: RE 551.453, RE 551.608, RE 551.713, Nesse caso, é correto afirmar que as faltas justificadas
RE 551.778, RE 555.897, RE 556.233, RE 556.235, RE decorrentes de caso fortuito ou de força maior poderão
557.542, RE 557.606, RE 557.717, RE 558.279, Rel. ser compensadas a critério da chefia imediata, sendo
Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 30/4/2008, assim consideradas como efetivo exercício.
Plenário, DJE de 27/6/2008.
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial,
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabe‐ (Regulamento)
lecidas em lei. § 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou consignação em folha de pagamento em favor de terceiros,
cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62. a critério da administração e com reposição de custos, na
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão forma definida em regulamento. (Redação dada pela Lei
ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remunera‐ nº 13.172, de 2015) (Grifo nosso)
ção de acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93. § 2º O total de consignações facultativas de que trata
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van‐ o § 1º não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da re-
tagens de caráter permanente, é irredutível. muneração mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de exclusivamente para: (Redação dada pela Lei nº 13.172, de
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre 2015) (Grifo nosso) (Vide Lei nº 14.131, de 2021)
servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de cará‐ I – a amortização de despesas contraídas por meio de
ter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. cartão de crédito; ou (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao II – a utilização com a finalidade de saque por meio do
salário mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008) cartão de crédito. (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)

269
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atuali‐ do servidor a fim de preparar o ato exoneratório,
zadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comuni‐ constatou que Paulo havia recebido, meses antes,
cadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para uma gratificação em duplicidade. Constatado o equí‐
pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser voco, Paulo foi notificado a devolver a verba recebida
parceladas, a  pedido do interessado. (Redação dada pela indevidamente. Com base na situação hipotética,
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001) caso Paulo não quite o débito em sessenta dias, seu
§ 1º O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao corres‐ nome será inscrito em dívida ativa.
pondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão.
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001) Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo pre‐
§ 2º Quando o pagamento indevido houver ocorrido no visto implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada
mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
feita imediatamente, em uma única parcela. (Redação dada Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não
pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001) serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos ca‐
sos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
INFORMATIVO Nº 463 STJ.
SERVIDOR PÚBLICO. RECEBIMENTO INDEVIDO. RES‐ CAPÍTULO II
TITUIÇÃO. Das Vantagens
É pacífico o entendimento deste Superior Tribunal
de que, diante da boa-fé no recebimento de valores Art.  49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao
pelo servidor público, é incabível a restituição do servidor as seguintes vantagens:
pagamento em decorrência de errônea interpretação I – indenizações;
ou má aplicação da lei pela Administração. II – gratificações;
Todavia, quando ela anula atos que produzem efeitos III – adicionais.
na esfera de interesses individuais, é necessária a § 1º As indenizações não se incorporam ao vencimento
ou provento para qualquer efeito.
prévia instauração de processo administrativo a fim
§ 2º As gratificações e os adicionais incorporam-se ao ven‐
de garantir a ampla defesa e o contraditório (art. 5º,
cimento ou provento, nos casos e condições indicados em lei.
LV, da CF/1988 e art. 2º da Lei nº 9.784/1999). No caso
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas,
dos autos, antes que os valores fossem pagos (gratifi‐
nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer
cação de substituição), a Administração comunicou a
outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título
existência de erro na geração da folha de pagamento e ou idêntico fundamento.
a necessidade de restituição da quantia paga a maior.
Dessa forma, os servidores não foram surpreendidos. Seção I
Portanto, não há que falar em boa-fé no recebimento Das Indenizações
da verba em questão, tendo em vista que o erro foi
constatado e comunicado pela Administração antes Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
que o pagamento fosse efetivado e os valores passas‐ I – ajuda de custo;
sem a integrar o patrimônio dos servidores. Ademais, II – diárias;
a decisão de efetuar descontos nos meses seguintes III – transporte;
foi adotada com o objetivo de evitar atrasos no pa‐ IV – auxílio-moradia. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

gamento do pessoal em decorrência de confecção Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos
de nova folha de pagamento. Assim, a Turma negou incisos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua
provimento ao recurso por entender que, na espécie, concessão, serão estabelecidos em regulamento. (Redação
não houve ilegalidade no ato da Administração. Prece‐ dada pela Lei nº 11.355, de 2006)
dentes citados: AgRg no Ag 756.226-RS, DJ 14/8/2006;
REsp 751.408-DF, DJ 7/11/2005, e RMS 19.980-RS, DJ Subseção I
7/11/2005. RMS 33.034-RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Da Ajuda de Custo
Lima, julgado em 15/2/2011.
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as des‐
§ 3º Na hipótese de valores recebidos em decorrência pesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço,
de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou passar a ter exercício em nova sede, com mudança de do‐
a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão micílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento
eles atualizados até a data da reposição. (Redação dada pela de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001) companheiro que detenha também a condição de servidor,
Art.  47. O  servidor em débito com o erário, que for vier a ter exercício na mesma sede. (Redação dada pela Lei
demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou nº 9.527, de 10/12/1997)
disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para § 1º Correm por conta da administração as despesas de
quitar o débito. (Redação dada pela Medida Provisória transporte do servidor e de sua família, compreendendo
nº 2.225-45, de 4/9/2001) passagem, bagagem e bens pessoais.
§ 2º À família do servidor que falecer na nova sede são
A título de exemplo: um ex-servidor do Ministério da assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade
Cultura foi demitido quando estava em débito com o de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
erário no valor de R$ 100.000,00. Nessa situação, ele § 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de
deverá devolver a quantia devida em 60 dias. remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do
art. 36. (Redação dada pela Lei nº 12.998/2014)
Paulo, servidor público federal, requereu exoneração Art. 54. A ajuda de custo calculada sobre a remuneração do
de seu cargo efetivo. O departamento de recursos servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo
humanos do órgão, ao analisar a situação funcional exceder a importância correspondente a 3 (três) meses.

270
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor Subseção IV
que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de Do Auxílio-Moradia
mandato eletivo. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comis‐ Art. 60-A. O auxílio‑moradia consiste no ressarcimento de
são, com mudança de domicílio. despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com alu‐
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do guel de moradia ou com meio de hospedagem administrado por
art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, empresa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação
quando cabível. da despesa pelo servidor. (ncluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de Art.  60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor
custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova se atendidos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei
sede no prazo de 30 (trinta) dias. nº 11.355, de 2006)
I – não exista imóvel funcional disponível para uso pelo
servidor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Subseção II
II – o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe
Das Diárias
imóvel funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
III – o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em ou tenha sido proprietário, promitente comprador, cessioná‐
caráter eventual ou transitório para outro ponto do território rio ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde
nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias for exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem
destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinária averbação de construção, nos doze meses que antecederem
com pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme a sua nomeação; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
dispuser em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, IV – nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
de 10/12/1997) receba auxílio-moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
V – o servidor tenha se mudado do local de residência
A título de exemplo: Celso, servidor público federal para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do
em São Paulo, foi designado para prestar serviço no Grupo-Direção e Assessoramento Superiores – DAS, níveis
Rio de Janeiro, com afastamento em caráter eventual. 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou
No caso, o servidor terá despesas extraordinárias, en‐ equivalentes; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
tre outras, com pousada. Esse deslocamento ocorre VI – o Município no qual assuma o cargo em comissão
por força de alteração de lotação. Assim, essas des‐ ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses do
pesas serão ressarcidas com a concessão de diárias. art. 58, § 3º, em relação ao local de residência ou domicílio
do servidor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
§  1º A diária será concedida por dia de afastamento, VII  – o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha
sendo devida pela metade quando o deslocamento não exigir residido no Município, nos últimos doze meses, aonde
pernoite fora da sede, ou quando a União custear, por meio for exercer o cargo em comissão ou função de confiança,
diverso, as  despesas extraordinárias cobertas por diárias. desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias dentro
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) desse período; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
§ 2º Nos casos em que o deslocamento da sede cons‐ VIII – o deslocamento não tenha sido por força de alte‐
ração de lotação ou nomeação para cargo efetivo; (Incluído
tituir exigência permanente do cargo, o  servidor não fará

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


pela Lei nº 11.355, de 2006)
jus a diárias.
IX – o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de
§  3º Também não fará jus a diárias o servidor que se
2006. (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007)
deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglome‐ Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será consi‐
ração urbana ou microrregião, constituídas por municípios derado o prazo no qual o servidor estava ocupando outro
limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de controle cargo em comissão relacionado no inciso V. (Incluído pela
integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e Lei nº 11.355, de 2006)
competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros Art. 60-C. (Revogado pela Lei nº 12.998/2014)
considera-se estendida, salvo se houver pernoite fora da Art. 60-D. O valor mensal do auxílio‑moradia é limitado
sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as a vinte e cinco por cento do valor do cargo em comissão,
fixadas para os afastamentos dentro do território nacional. da função comissionada ou do cargo de Ministro de Estado
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) ocupado. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008)
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar § 1º O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25%
da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las (vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de
integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias. Estado. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008)
Parágrafo  único. Na hipótese de o servidor retornar à § 2º Independentemente do valor do cargo em comis‐
sede em prazo menor do que o previsto para o seu afasta‐ são ou função comissionada, fica garantido a todos os que
mento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de
previsto no caput. R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais). (Incluído pela Lei nº
11.784, de 2008)
Subseção III § 3º (Incluído pela Medida Provisória nº 805, de 2017)
Da Indenização de Transporte (Vigência encerrada)
§ 4º (Incluído pela Medida Provisória nº 805, de 2017)
Art.  60. Conceder-se-á indenização de transporte ao (Vigência encerrada)
servidor que realizar despesas com a utilização de meio Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação
de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição
próprio de locomoção para a execução de serviços externos,
de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por um
por força das atribuições próprias do cargo, conforme se
mês. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
dispuser em regulamento.

271
Seção II INFORMATIVO STJ Nº 0449
Das Gratificações e Adicionais HORA EXTRA. GRATIFICAÇÃO NATALINA. SERVIDORES
PÚBLICOS FEDERAIS.
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas O adicional pela prestação de serviço extraordinário
nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retri‐ (hora extra) não integra a base de cálculo da gratifi‐
buições, gratificações e adicionais: (Redação dada pela Lei cação natalina dos servidores públicos federais, pois
nº 9.527, de 10/12/1997) não se enquadra no conceito de remuneração do
I – retribuição pelo exercício de função de direção, che‐ caput do art. 41 da Lei nº 8.112/1990. REsp 1.195.325-
fia e assessoramento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de MS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/9/2010.
10/12/1997)
II – gratificação natalina; Subseção III
III – (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de Do Adicional por Tempo de Serviço
4/9/2001)
Art. 67. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45,
IV  – adicional pelo exercício de atividades insalubres,
de 2001, respeitadas as situações constituídas até 8/3/1999)
perigosas ou penosas;
V – adicional pela prestação de serviço extraordinário;
Subseção IV
VI – adicional noturno;
Dos Adicionais de Insalubridade,
VII – adicional de férias;
Periculosidade ou Atividades Penosas
VIII – outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho;
IX – gratificação por encargo de curso ou concurso. (In-
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade
cluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
em locais insalubres ou em contato permanente com subs‐
tâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a
Subseção I um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.
Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção,
Chefia e Assessoramento JURISPRUDÊNCIA:
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) Servidor público. Adicional de remuneração para as
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma
Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido da lei. Art. 7º, XXIII, da Constituição Federal. O art. 39,
em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de § 2º, da Constituição Federal apenas estendeu aos ser‐
provimento em comissão ou de Natureza Especial é devi‐ vidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito
da retribuição pelo seu exercício. (Redação dada pela Lei Federal e dos Municípios alguns dos direitos sociais por
nº 9.527, de 10/12/1997) meio de remissão, para não ser necessária a repetição
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remunera‐ de seus enunciados, mas com isso não quis significar
ção dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9º. que, quando algum deles dependesse de legislação
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) infraconstitucional para ter eficácia, essa seria, no
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nomi‐ âmbito federal, estadual ou municipal, a trabalhista.
nalmente Identificada – VPNI a incorporação da retribuição Com efeito, por força da Carta Magna Federal, esses
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

pelo exercício de função de direção, chefia ou assessoramento, direitos sociais integrarão necessariamente o regime
cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial a jurídico dos servidores públicos civis da União, dos
que se referem os arts. 3º e 10 da Lei nº 8.911, de 11 de julho Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mas,
de 1994, e o art. 3º da Lei nº 9.624, de 2 de abril de 1998. quando dependem de lei que os regulamente para
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001) dar eficácia plena aos dispositivos constitucionais de
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo que deles decorrem, essa legislação infraconstitucional
somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos terá de ser, conforme o âmbito a que pertence o servi‐
servidores públicos federais. (Incluído pela Medida Provisória dor público, da competência dos mencionados entes
nº 2.225-45, de 4/9/2001) públicos que constituem a federação. (RE 169.173,
Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 10/5/1996,
Primeira Turma, DJ de 16/5/1997)
Subseção II
Da Gratificação Natalina
§ 1º O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubri‐
dade e de periculosidade deverá optar por um deles.
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um
§ 2º O direito ao adicional de insalubridade ou periculo‐
doze avos)  da remuneração a que o servidor fizer jus no sidade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos
mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano. que deram causa a sua concessão.
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quin‐ Art.  69. Haverá permanente controle da atividade de
ze) dias será considerada como mês integral. servidores em operações ou locais considerados penosos,
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do insalubres ou perigosos.
mês de dezembro de cada ano. Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será
Parágrafo único. (Vetado). afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das opera‐
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação ções e locais previstos neste artigo, exercendo suas atividades
natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada em local salubre e em serviço não penoso e não perigoso.
sobre a remuneração do mês da exoneração. Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades peno‐
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para sas, de insalubridade e de periculosidade, serão observadas
cálculo de qualquer vantagem pecuniária. as situações estabelecidas em legislação específica.

272
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas
servidores em exercício em zonas de fronteira ou em loca‐ atribuições permanentes; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
lidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, IV – participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de
condições e limites fixados em regulamento. exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam essas atividades. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob § 1º Os critérios de concessão e os limites da gratifica‐
controle permanente, de modo que as doses de radiação ção de que trata este artigo serão fixados em regulamento,
ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na le‐ observados os seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei
gislação própria. nº 11.314 de 2006)
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo I – o valor da gratificação será calculado em horas, ob‐
serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. servadas a natureza e a complexidade da atividade exercida;
(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Subseção V II – a retribuição não poderá ser superior ao equivalente
Do Adicional por Serviço Extraordinário a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada
situação de excepcionalidade, devidamente justificada e
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com previamente aprovada pela autoridade máxima do órgão
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora ou entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120
normal de trabalho. (cento e vinte) horas de trabalho anuais; (Incluído pela Lei
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário nº 11.314 de 2006)
para atender a situações excepcionais e temporárias, respei‐ III – o valor máximo da hora trabalhada corresponderá
tado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada. aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior venci‐
mento básico da administração pública federal: (Incluído pela
Subseção VI Lei nº 11.314 de 2006)
Do Adicional Noturno a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compre‐ deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
endido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se
horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput
(vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
Parágrafo  único. Em se tratando de serviço extraordi‐ A título de exemplo: Mariana, servidora pública fe‐
nário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a deral, participa de uma Comissão para a elaboração
de questões de provas, enquanto Lucas, também
remuneração prevista no art. 73.
servidor público federal, supervisiona a aplicação,
fiscalização e avaliação de provas de concurso público
Subseção VII
para provimento de cargos no âmbito do Tribunal
Do Adicional de Férias
Regional Eleitoral. Ambos os servidores têm direito
à gratificação por encargo de concurso, sendo que o
Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao
valor máximo da hora trabalhada corresponderá a

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente
valores incidentes sobre o maior vencimento básico
a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias. da Administração Pública Federal, respectivamente,
Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento) e 1,2%
de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em (um inteiro e dois décimos por cento).
comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálculo
do adicional de que trata este artigo. § 2º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
somente será paga se as atividades referidas nos incisos do
Subseção VIII caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das atribui‐
Da Gratificação por Encargo de ções do cargo de que o servidor for titular, devendo ser objeto
Curso ou Concurso de compensação de carga horária quando desempenhadas
(Incluída pela Lei nº 11.314 de 2006) durante a jornada de trabalho, na forma do § 4º do art. 98
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.314, de 2006)
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concur‐ § 3º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
so é devida ao servidor que, em caráter eventual: (Incluído não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para
pela Lei nº 11.314 de 2006) (Regulamento) qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de
I – atuar como instrutor em curso de formação, de de‐ cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins
senvolvimento ou de treinamento regularmente instituído de cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões.
no âmbito da administração pública federal; (Incluído pela (Incluído pela Lei nº 11.314, de 2006)
Lei nº 11.314 de 2006)
II  – participar de banca examinadora ou de comissão CAPÍTULO III
para exames orais, para análise curricular, para correção de Das Férias
provas discursivas, para elaboração de questões de provas
ou para julgamento de recursos intentados por candidatos; Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no
III – participar da logística de preparação e de realização caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses
de concurso público envolvendo atividades de planejamento, em que haja legislação específica. (Redação dada pela Lei
coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, nº 9.525, de 10/12/1997) (Férias de Ministro – Vide)

273
JURISPRUDÊNCIA: Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por
O Supremo Tribunal Federal, em sucessivos julgamen‐ motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação
tos, firmou entendimento no sentido da não incidência para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade
de contribuição social sobre o adicional de um terço do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou
(1/3), a que se refere o art. 7º, XVII, da Constituição entidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Federal. Precedentes. (RE 587.941-AgR, Rel. Min. Celso (Férias de Ministro – Vide)
de Mello, julgamento em 30/9/2008, Segunda Turma, Parágrafo  único. O  restante do período interrompido
DJE de 21/11/2008.) No mesmo sentido: AI 710.361- será gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77.
AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 7/4/2009, (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Primeira Turma, DJE de 8/5/2009.
JURISPRUDÊNCIA:
§ 1º Para o primeiro período aquisitivo de férias serão É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido
exigidos 12 (doze) meses de exercício. de que o servidor público aposentado tem direito
ao recebimento de indenização pelas férias não go‐
JURISPRUDÊNCIA: zadas, adquiridas ao tempo da atividade, sob pena
O direito individual às férias é adquirido após o de enriquecimento sem causa da administração. (RE
período de doze meses trabalhados, sendo devido
234.485-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em
o pagamento do terço constitucional independente
2/8/2011, Primeira Turma, DJE de 19/9/2011) No
do exercício desse direito. A ausência de previsão
mesmo sentido: RE 285.323-AgR, Rel. Min. Joaquim
legal não pode restringir o direito ao pagamento do
terço constitucional aos servidores exonerados de Barbosa, julgamento em 4/10/2011, Segunda Turma,
cargos comissionados que não usufruíram férias. O DJE de 21/10/2011.
não pagamento do terço constitucional àquele que
não usufruiu o direito de férias é penalizá-lo duas CAPÍTULO IV
vezes: primeiro por não ter se valido de seu direito Das Licenças
ao descanso, cuja finalidade é preservar a saúde física
e psíquica do trabalhador; segundo por vedar-lhe o Seção I
direito ao acréscimo financeiro que teria recebido Disposições Gerais
se tivesse usufruído das férias no momento correto.
(RE 570.908, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
16/9/09, Plenário, DJE de 12/3/10, com repercussão I – por motivo de doença em pessoa da família;
geral.). No mesmo sentido: RE 588.937-AgR, Rel. Min. II – por motivo de afastamento do cônjuge ou compa‐
Eros Grau, julgamento em 4/11/08, Segunda Turma, nheiro;
DJE de 28/11/2008; RE 324.656-AgR, Rel. Min. Gilmar III – para o serviço militar;
Mendes, julgamento em 6/2/07, Segunda Turma, IV – para atividade política;
DJ de 2/3/2007; RE 324.880-AgR, Rel. Min. Carlos V – para capacitação; (Redação dada pela Lei nº 9.527,
Britto, julgamento em 24/5/2005, Primeira Turma, de 10/12/1997)
DJ de 10/3/06. VI – para tratar de interesses particulares;
VII – para desempenho de mandato classista.
§ 2º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao § 1º A licença prevista no inciso I do caput deste artigo
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

serviço. bem como cada uma de suas prorrogações serão precedidas


§ 3º As férias poderão ser parceladas em até três etapas, de exame por perícia médica oficial, observado o disposto no
desde que assim requeridas pelo servidor, e  no interesse art. 204 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
da administração pública. (Incluído pela Lei nº 9.525, de § 2º (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
10/12/1997) § 3º É vedado o exercício de atividade remunerada du‐
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será rante o período da licença prevista no inciso I deste artigo.
efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo perío­ Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias
do, observando-se o disposto no § 1º deste artigo. (Férias do término de outra da mesma espécie será considerada
de Ministro – Vide) como prorrogação.
§ 1º e § 2º (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
§ 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em co‐
A título de exemplo: suponha que um servidor esteve
missão, perceberá indenização relativa ao período das férias
licenciado por quinze dias e, decorrido esse prazo,
a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um
solicitou outro afastamento da mesma espécie após
doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração superior
a quatorze dias. (Incluído pela Lei nº 8.216, de 13/8/1991) quarenta dias de seu retorno. Nesse caso, para fins
§ 4º A indenização será calculada com base na remune‐ de cômputo, a segunda licença será considerada
ração do mês em que for publicado o ato exoneratório. (In- prorrogação da primeira.
cluído pela Lei nº 8.216, de 13/8/1991)
§ 5º Em caso de parcelamento, o servidor receberá o va‐ Seção II
lor adicional previsto no inciso XVII do art. 7º da Constituição Da Licença por Motivo de Doença
Federal quando da utilização do primeiro período. (Incluído em Pessoa da Família
pela Lei nº 9.525, de 10/12/1997)
Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente Art.  83. Poderá ser concedida licença ao servidor por
com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos
consecutivos de férias, por semestre de atividade profissio‐ filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente
nal, proibida em qualquer hipótese a acumulação. que viva a suas expensas e conste do seu assentamento
Parágrafo  único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial.
10/12/1997) (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)

274
§  1º A licença somente será deferida se a assistência que exercesse provisoriamente cargo compatível com
direta do servidor for indispensável e não puder ser presta‐ o seu, o que poderia se dar no TRT da 1ª Região, com
da simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante sede no Rio de Janeiro. Indeferido o pedido, ajuizou
compensação de horário, na forma do disposto no inciso II ação ordinária. A  Turma, entre outras questões,
do art. 44. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) entendeu que o pedido de concessão de licença
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorroga‐ formulado na referida ação possui natureza distinta
ções, poderá ser concedida a cada período de doze meses nas da atinente ao instituto da remoção, previsto no
seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010) art. 36, parágrafo único, III, a, da Lei nº 8.112/1990.
I  – por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, O pedido está embasado no art. 84 da mencionada
mantida a remuneração do servidor; e  (Incluído pela Lei lei e, uma vez preenchidos pelo servidor os requisitos
nº 12.269, de 2010) ali previstos, não há espaço para juízo discricionário
II – por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem da Administração, devendo a licença ser concedida,
remuneração. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) pois se trata de um direito do servidor, em que a
§ 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será con‐ Administração não realiza juízo de conveniência e
tado a partir da data do deferimento da primeira licença oportunidade. Quanto ao exercício provisório em
concedida. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) outro órgão, este é cabível, pois preenchidos todos os
§  4º A soma das licenças remuneradas e das licenças pressupostos para o seu deferimento. Sendo a autora
não remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, analista judiciária, poderá exercer seu mister no TRT
concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses, da 1ª Região. REsp 871.762-RS, Rel. Min. Laurita Vaz,
observado o disposto no §  3º, não poderá ultrapassar os julgado em 16/11/2010.
limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2º. (Incluído pela
Lei nº 12.269, de 2010) Seção IV
Da Licença para o Serviço Militar
Seção III
Da Licença por Motivo de Art.  85. Ao  servidor convocado para o serviço militar
Afastamento do Cônjuge será concedida licença, na forma e condições previstas na
legislação específica.
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor
acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado
terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o
para outro ponto do território nacional, para o exterior ou
exercício do cargo.
para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo
e Legislativo.
Seção V
§ 1º A licença será por prazo indeterminado e sem re‐
Da Licença para Atividade Política
muneração.
§  2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
companheiro também seja servidor público, civil ou militar, Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito durante o período que mediar entre a sua escolha em conven‐
Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisório ção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do
em órgão ou entidade da Administração Federal direta, registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de § 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


atividade compatível com o seu cargo. (Redação dada pela onde desempenha suas funções e que exerça cargo de di‐
Lei nº 9.527, de 10/12/1997) reção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização,
dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro
A título de exemplo: Sílvia exerce o cargo de analista de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo
judiciário (área administrativa) há mais de dez anos dia seguinte ao do pleito. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
no Tribunal Regional Federal. Concorrendo a eleições, de 10/12/1997)
foi eleita Deputada Federal. Seu marido Diógenes é § 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo
técnico judiciário, área administrativa, no Tribunal dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, as‐
Regional Eleitoral. Ambos residem no Município de segurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo
São Paulo. Nesse caso, poderá ser concedida licença período de três meses. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
a Diógenes para acompanhar Sílvia que tomou posse 10/12/1997)
junto à Câmara dos Deputados em Brasília, Distrito
Federal. Diante disso, a licença de Diógenes será por Seção VI
prazo indeterminado e sem remuneração, facultado Da Licença‑Prêmio por Assiduidade
o exercício provisório em órgão da Administração Fe‐ Da Licença para Capacitação
deral direta, desde que para o exercício de atividade (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
compatível com o seu cargo.
Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o ser‐
INFORMATIVO STJ Nº 0456 vidor poderá, no interesse da Administração, afastar‑se do
LICENÇA. DESLOCAMENTO. CÔNJUGE. EXERCÍCIO exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por
PROVISÓRIO. até três meses, para participar de curso de capacitação pro‐
No caso, servidora da Justiça trabalhista lotada em fissional. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Porto Alegre formulou pedido administrativo para Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o
que lhe fosse concedida licença por motivo de des‐ caput não são acumuláveis. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
locamento de cônjuge (art. 84 da Lei nº 8.112/1990), de 10/12/1997)
pois seu esposo foi aprovado em concurso público Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
realizado em prefeitura no Estado do Rio de Janeiro, Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
tendo tomado posse em 16/7/1999. Solicitou, ainda, Art. 90. (Vetado)

275
Seção VII tados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17/12/1991)
(Vide Decreto nº 9.144, de 2017)
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser conce‐ I – para exercício de cargo em comissão ou função de
didas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não confiança; (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17/12/1991)
esteja em estágio probatório, licenças para o trato de assun‐ II – em casos previstos em leis específicas. (Redação dada
tos particulares pelo prazo de até três anos consecutivos, pela Lei nº 8.270, de 17/12/1991)
sem remuneração. (Redação dada pela Medida Provisória § 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos
nº 2.225-45, de 4/9/2001) ou entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni‐
§ 1º A licença poderá ser interrompida, a qualquer tem‐ cípios, o ônus da remuneração será do órgão ou entidade
po, a pedido do servidor ou a interesse do serviço público. cessionária, mantido o ônus para o cedente nos demais
(Incluído pela Medida Provisória nº 792, de 2017) casos. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17/12/1991)
§ 2º A licença suspenderá o vínculo com a administração § 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública
pública federal e, durante esse período, o disposto nos arts. ou sociedade de economia mista, nos termos das respectivas
116 e 117 não se aplica ao servidor licenciado. (Incluído pela normas, optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela
Medida Provisória nº 792, de 2017) remuneração do cargo efetivo acrescida de percentual da retri‐
buição do cargo em comissão, a entidade cessionária efetuará
A título de exemplo: Rogério, na qualidade de servi‐ o reembolso das despesas realizadas pelo órgão ou entidade
dor público federal, tem alguns problemas pessoais de origem. (Redação dada pela Lei nº 11.355, de 2006)
a serem resolvidos com urgência e outros a médio § 3º A cessão far‑se‑á mediante Portaria publicada no
prazo. Diante disso, Rogério ingressou com um pe‐ Diário Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 8.270,
dido de licença para tratar de assuntos particulares. de 17/12/1991)
Nesse caso, a Administração poderá conceder a §  4º Mediante autorização expressa do Presidente da
referida licença, desde que observe, dentre outros República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício
requisitos, ser o servidor ocupante de cargo efetivo. em outro órgão da Administração Federal direta que não
tenha quadro próprio de pessoal, para fim determinado e
Seção VIII a prazo certo. (Incluído pela Lei nº 8.270, de 17/12/1991)
Da Licença para o Desempenho § 5º Aplica‑se à União, em se tratando de empregado ou
de Mandato Classista servidor por ela requisitado, as  disposições dos §§  1º e 2º
deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.470, de 25/6/2002)
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem § 6º As cessões de empregados de empresa pública ou
remuneração para o desempenho de mandato em confede‐ de sociedade de economia mista, que receba recursos de Te‐
ração, federação, associação de classe de âmbito nacional, souro Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de
sindicato representativo da categoria ou entidade fiscaliza‐
pagamento de pessoal, independem das disposições contidas
dora da profissão ou, ainda, para participar de gerência ou
nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício
administração em sociedade cooperativa constituída por
do empregado cedido condicionado a autorização específica
servidores públicos para prestar serviços a seus membros,
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto
observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102
nos casos de ocupação de cargo em comissão ou função
desta Lei, conforme disposto em regulamento e observados
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

gratificada. (Incluído pela Lei nº 10.470, de 25/6/2002)


os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 11.094, de
§ 7º O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
2005) (Regulamento)
com a finalidade de promover a composição da força de
I – para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2
trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pública
(dois) servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
II – para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício de em‐
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada pregado ou servidor, independentemente da observância do
pela Lei nº 12.998, de 2014) constante no inciso I e nos §§ 1º e 2º deste artigo. (Incluído pela
III  – para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) Lei nº 10.470, de 25/6/2002) (Vide Decreto nº 5.375, de 2005)
associados, 8 (oito) servidores. (Redação dada pela Lei
nº 12.998, de 2014) Seção II
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores elei‐ Do Afastamento para Exercício
tos para cargos de direção ou de representação nas referidas de Mandato Eletivo
entidades, desde que cadastradas no órgão competente.
(Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) Art.  94. Ao  servidor investido em mandato eletivo
§ 2º A licença terá duração igual à do mandato, podendo aplicam‑se as seguintes disposições:
ser renovada, no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei I – tratando‑se de mandato federal, estadual ou distrital,
nº 12.998, de 2014) ficará afastado do cargo;
II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do
CAPÍTULO V cargo, sendo‑lhe facultado optar pela sua remuneração;
Dos Afastamentos III – investido no mandato de vereador:
a)  havendo compatibilidade de horário, perceberá as
Seção I vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do
Do Afastamento para Servir  cargo eletivo;
a Outro Órgão ou Entidade b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado
do cargo, sendo‑lhe facultado optar pela sua remuneração.
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício § 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor contri‐
em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Es‐ buirá para a seguridade social como se em exercício estivesse.

276
§ 2º O servidor investido em mandato eletivo ou classista §  1º Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade
não poderá ser removido ou redistribuído de ofício para definirá, em conformidade com a legislação vigente, os pro‐
localidade diversa daquela onde exerce o mandato. gramas de capacitação e os critérios para participação em
programas de pós‑graduação no País, com ou sem afastamen‐
Seção III to do servidor, que serão avaliados por um comitê constituído
Do Afastamento para Estudo para este fim. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
ou Missão no Exterior §  2º Os afastamentos para realização de programas
de mestrado e doutorado somente serão concedidos aos
servidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão
Art. 95. O servidor não poderá ausentar‑se do País para
ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4
estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente (quatro) anos para doutorado, incluído o período de estágio
da República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e probatório, que não tenham se afastado por licença para
Presidente do Supremo Tribunal Federal. tratar de assuntos particulares para gozo de licença capa‐
§ 1º A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda citação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos
a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será anteriores à data da solicitação de afastamento. (Incluído
permitida nova ausência. pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo § 3º Os afastamentos para realização de programas de
não será concedida exoneração ou licença para tratar de pós‑doutorado somente serão concedidos aos servidores
interesse particular antes de decorrido período igual ao do titulares de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade
afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da há pelo menos quatro anos, incluído o período de estágio
despesa havida com seu afastamento. probatório, e que não tenham se afastado por licença para
tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste
A título de exemplo: considere que determinada artigo, nos quatro anos anteriores à data da solicitação de
servidora pública federal ocupante de cargo efetivo afastamento. (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
no Superior Tribunal de Justiça pretenda cursar um § 4º Os servidores beneficiados pelos afastamentos pre‐
vistos nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo terão que permanecer
mestrado, em sua área de atuação, em uma renomada
no exercício de suas funções após o seu retorno por um
universidade do exterior. A partir dessa situação, caso período igual ao do afastamento concedido. (Incluído pela
seja beneficiada com o afastamento para estudo no Lei nº 11.907, de 2009)
exterior, a referida servidora não poderá ser exone‐ §  5º Caso o servidor venha a solicitar exoneração do
rada antes de decorrido período igual ao que esteve cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de
afastada, ressalvada a hipótese de ressarcimento da permanência previsto no § 4º deste artigo, deverá ressarcir o
despesa havida com seu afastamento. órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei nº 8.112, de 11
de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfeiçoamento.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos servidores (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
da carreira diplomática. § 6º Caso o servidor não obtenha o título ou grau que
§ 4º As hipóteses, condições e formas para a autorização justificou seu afastamento no período previsto, aplica‑se o
de que trata este artigo, inclusive no que se refere à remu‐ disposto no § 5º deste artigo, salvo na hipótese comprovada
neração do servidor, serão disciplinadas em regulamento. de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigente
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) máximo do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº 11.907,

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


Art. 96. O afastamento de servidor para servir em orga‐ de 2009)
nismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual § 7º Aplica‑se à participação em programa de pós‑gra‐
duação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta
coopere dar‑se‑á com perda total da remuneração. (Vide
Lei, o disposto nos §§ 1º a 6º deste artigo. (Incluído pela Lei
Decreto nº 3.456, de 2000) nº 11.907, de 2009)
A título de exemplo: Alexandre, analista judiciário CAPÍTULO VI
(área judiciária), ausentou-se do Brasil, pelo período Das Concessões
de 4 (quatro) anos, para a realização de um trabalho
científico de natureza jurídica em instituição de ensi‐ Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausen‐
no superior na Inglaterra, com a regular autorização tar‑se do serviço: (Redação dada pela Lei nº 12.998/2014)
do Presidente do Supremo Tribunal Federal. Referida I – por 1 (um) dia, para doação de sangue;
situação diz respeito ao afastamento para estudo no II – pelo período comprovadamente necessário para alis‐
exterior. tamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer
caso, a dois dias; e (Redação dada pela Lei nº 12.998/2014)
Seção IV III – por 8 (oito) dias consecutivos em razão de:
Do Afastamento para Participação em Programa de a) casamento;
Pós‑Graduação Stricto Sensu no País b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta
(Incluída pela Lei nº 11.907, de 2009) ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela
e irmãos.
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor es‐
Art.  96-A. O  servidor poderá, no interesse da Admi‐ tudante, quando comprovada a incompatibilidade entre o
nistração, e  desde que a participação não possa ocorrer horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício
simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante do cargo.
compensação de horário, afastar‑se do exercício do cargo § 1º Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a
efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em compensação de horário no órgão ou entidade que tiver exer‐
programa de pós‑graduação stricto sensu em instituição de cício, respeitada a duração semanal do trabalho. (Parágrafo
ensino superior no País. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)

277
§ 2º Também será concedido horário especial ao servidor público prestado à União, em cargo de provimento efetivo;
portador de deficiência, quando comprovada a necessidade (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
por junta médica oficial, independentemente de compensa‐ c) para o desempenho de mandato classista ou partici‐
ção de horário. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) pação de gerência ou administração em sociedade coopera‐
§ 3º As disposições constantes do § 2º são extensivas tiva constituída por servidores para prestar serviços a seus
ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com membros, exceto para efeito de promoção por merecimento;
deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.370, de 2016) (Redação dada pela Lei nº 11.094, de 2005)
§ 4º Será igualmente concedido horário especial, vincula‐ d) por motivo de acidente em serviço ou doença pro‐
do à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até fissional;
1 (um) ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento;
nos incisos I e II do caput do art. 76-A desta Lei. (Redação (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
dada pela Lei nº 11.501, de 2007) f) por convocação para o serviço militar;
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no IX – deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;
interesse da administração é assegurada, na localidade da X – participação em competição desportiva nacional ou
nova residência ou na mais próxima, matrícula em instituição convocação para integrar representação desportiva nacional,
de ensino congênere, em qualquer época, independente‐
no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica;
mente de vaga.
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende‑se ao
A título de exemplo: um jogador de futebol e servidor
cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor
do Senado foi convocado pelo técnico da Seleção
que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob
sua guarda, com autorização judicial. Brasileira de Futebol para a disputa do mundial da
África do Sul, devendo ficar à disposição da Confe‐
A título de exemplo: considere que Lucas tenha to‐ deração Brasileira de Futebol pelo prazo de 60 dias.
mado posse no seu primeiro cargo efetivo no serviço Nesse caso, o  prazo do eventual afastamento do
público federal e que esteja em exercício há seis me‐ servidor será considerado como de efetivo exercício
ses. Caso Lucas esteja cursando faculdade e tenha de no serviço público.
mudar de localidade no interesse da administração,
ele terá direito a matrícula em instituição de ensino XI – afastamento para servir em organismo internacional
congênere, em qualquer época, independentemente de que o Brasil participe ou com o qual coopere. (Incluído
de vaga. pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Art. 103. Contar‑se‑á apenas para efeito de aposentado‐
CAPÍTULO VII ria e disponibilidade:
Do Tempo de Serviço I  – o tempo de serviço público prestado aos Estados,
Municípios e Distrito Federal;
Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de ser‐ II – a licença para tratamento de saúde de pessoal da
viço público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas. família do servidor, com remuneração, que exceder a 30
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em (trinta) dias em período de 12 (doze) meses; (Redação dada
dias, que serão convertidos em anos, considerado o ano pela Lei nº 12.269, de 2010)
como de trezentos e sessenta e cinco dias. III  – a licença para atividade política, no caso do
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

Parágrafo  único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de art. 86, § 2º;


10/12/1997) IV – o tempo correspondente ao desempenho de man‐
Art.  102. Além das ausências ao serviço previstas no dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior
art. 97, são considerados como de efetivo exercício os afas‐ ao ingresso no serviço público federal;
tamentos em virtude de: V – o tempo de serviço em atividade privada, vinculada
I – férias; à Previdência Social;
II – exercício de cargo em comissão ou equivalente, em VI – o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Mu‐ VII – o tempo de licença para tratamento da própria saú‐
nicípios e Distrito Federal; de que exceder o prazo a que se refere a alínea b do inciso
III – exercício de cargo ou função de governo ou admi‐ VIII do art. 102. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
nistração, em qualquer parte do território nacional, por
§ 1º O tempo em que o servidor esteve aposentado será
nomeação do Presidente da República;
contado apenas para nova aposentadoria.
IV – participação em programa de treinamento regular‐
§ 2º Será contado em dobro o tempo de serviço prestado
mente instituído ou em programa de pós‑graduação stricto
às Forças Armadas em operações de guerra.
sensu no País, conforme dispuser o regulamento; (Redação
dada pela Lei nº 11.907, de 2009) § 3º É vedada a contagem cumulativa de tempo de ser‐
V – desempenho de mandato eletivo federal, estadual, viço prestado concomitantemente em mais de um cargo ou
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por função de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado,
merecimento; Distrito Federal e Município, autarquia, fundação pública,
VI – júri e outros serviços obrigatórios por lei; sociedade de economia mista e empresa pública.
VII – missão ou estudo no exterior, quando autorizado o
afastamento, conforme dispuser o regulamento; (Redação CAPÍTULO VIII
dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) Do Direito de Petição
VIII – licença:
a) à gestante, à adotante e à paternidade; JURISPRUDÊNCIA:
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte Direito à informação de atos estatais, neles embutida
e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço a folha de pagamento de órgãos e entidades públicas.

278
[...] Caso em que a situação específica dos servido‐ A título de exemplo: a Walter, como servidor público
res públicos é regida pela 1ª parte do inciso XXXIII federal, é assegurado o direito de requerer do Poder
do art. 5º da Constituição. Sua remuneração bruta, Público, em defesa de direito ou interesse legítimo.
cargos e funções por eles titularizados, órgãos de sua Diante disso, Walter deverá observar peculiaridades
formal lotação, tudo é constitutivo de informação de do direito de petição, dentre outras, o fato de que
interesse coletivo ou geral. Expondo‑se, portanto, no caso do provimento do pedido de reconsidera‐
a divulgação oficial. Sem que a intimidade deles, vida ção, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato
privada e segurança pessoal e familiar se encaixem impugnado.
nas exceções de que trata a parte derradeira do mes‐
mo dispositivo constitucional (inciso XXXIII do art. 5º), Art. 110. O direito de requerer prescreve:
pois o fato é que não estão em jogo nem a segurança I – em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e
do Estado nem do conjunto da sociedade. Não cabe, de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que
no caso, falar de intimidade ou de vida privada, pois afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das
os dados objeto da divulgação em causa dizem res‐ relações de trabalho;
peito a agentes públicos enquanto agentes públicos II – em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo
mesmos; ou, na linguagem da própria Constituição, quando outro prazo for fixado em lei.
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da
agentes estatais agindo ‘nessa qualidade’ (§  6º do
data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência
art. 37). E quanto à segurança física ou corporal dos
pelo interessado, quando o ato não for publicado.
servidores, seja pessoal, seja familiarmente, claro que
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando
ela resultará um tanto ou quanto fragilizada com a cabíveis, interrompem a prescrição.
divulgação nominalizada dos dados em debate, mas Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo
é um tipo de risco pessoal e familiar que se atenua ser relevada pela administração.
com a proibição de se revelar o endereço residencial, Art.  113. Para o exercício do direito de petição, é  as‐
o CPF e a CI de cada servidor. No mais, é o preço que segurada vista do processo ou documento, na repartição,
se paga pela opção por uma carreira pública no seio ao servidor ou a procurador por ele constituído.
de um Estado republicano. [...] A negativa de pre‐ Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qual‐
valência do princípio da publicidade administrativa quer tempo, quando eivados de ilegalidade.
implicaria, no caso, inadmissível situação de grave Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabele‐
lesão à ordem pública (SS 3.902-AgR‑segundo, Rel. cidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
Min. Ayres Britto, julgamento em 9/6/2011, Plenário,
DJE de 3/10/2011) PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DO SERVIDOR
PÚBLICO FEDERAL
Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer
aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse Auxílio‑natalidade
legítimo.
Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade com‐ A servidora que vier dar à luz terá direito ao recebimento
petente para decidi‑lo e encaminhado por intermédio daque‐ de um valor em pecúnia relativo ao menor vencimento pago
la a que estiver imediatamente subordinado o requerente. no serviço público, mesmo na situação do natimorto.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade O servidor também terá direito a receber este benefício
que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, no caso do nascimento de seu filho, se a sua esposa ou
não podendo ser renovado. (Vide Lei nº 12.300, de 2010) companheira não for servidora.
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de recon‐ No parto de gêmeos, ou seja, parto múltiplo, o filho pri‐
sideração de que tratam os artigos anteriores deverão ser mogênito irá gerar o direito a 100% do auxílio e os demais
despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro 50% cada um.
de 30 (trinta) dias.
Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010) Licença para tratamento de saúde
I – do indeferimento do pedido de reconsideração; Caso o servidor venha sofrer uma enfermidade, e  a
II  – das decisões sobre os recursos sucessivamente perícia médica acredite que ele não tenha condições tempo‐
rariamente de exercer as atribuições inerentes ao seu cargo,
interpostos.
será concedida esta licença.
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade imediatamente
Deve‑se sempre atentar que, a princípio, este tipo de li‐
superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão,
cença não prejudica o servidor em relação à contagem de seu
e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais auto‐ tempo de serviço, porém o legislador afirma, no corpo da Lei
ridades. nº 8.112/1990, que o tempo será contado como efetivo exer‐
§  2º O recurso será encaminhado por intermédio da cício até o limite de vinte e quatro meses de licenças. Caso
autoridade a que estiver imediatamente subordinado o o servidor ultrapasse este limite, o tempo de licença será
requerente. contado somente para aposentadoria e disponibilidade.
Art.  108. O  prazo para interposição de pedido de re‐
consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar Licença‑gestante
da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão Quando a servidora estiver grávida, terá o direito a esta
recorrida. (Vide Lei nº 12.300, de 2010) licença, podendo ser iniciada a partir do primeiro dia do nono
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito sus‐ mês de gestação, e, no caso de parto prematuro, a licença terá
pensivo, a juízo da autoridade competente. início a partir do nascimento e seu prazo será de 120 dias.
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de Em 2008, surge a Lei nº 11.770, regulamentada pelo
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroa‐ Decreto nº 6.690/2008, onde esta legislação “alienígena”
girão à data do ato impugnado. permite a prorrogação por mais sessenta dias, desde que

279
seja requerida no prazo de trinta dias contados do início dos A princípio, seria instaurada uma sindicância com o in‐
cento e vinte dias da licença gestante. tuito de investigar. O sindicante percebendo que o sumiço
do bem se deu em razão do crime de peculato (art. 312 do
Observações Código Penal Brasileiro) praticado pelo servidor “X”, ocorrerá
• Urge ressaltar que, no caso de natimorto, decorridos a necessidade de abertura de um processo disciplinar surgin‐
trinta dias de licença, a servidora passará por exames do uma responsabilidade administrativa para o servidor “X”.
médicos e, se estiver em condições, voltará a exercer Como ocorreu um crime na repartição pública, o Minis‐
as atribuições inerentes ao seu cargo. tério Público deverá ter ciência, cabendo aí, possivelmente,
• No caso de aborto espontâneo, sempre por meio de uma responsabilidade penal para o referido servidor.
atestado médico oficial, a servidora terá direito a trinta Se, por ventura, durante o processo disciplinar e duran‐
dias de repouso remunerado. te a ação penal, o bem não for devolvido à Administração,
• Durante a jornada de trabalho a servidora tem direito a ocorrerá um dano e, sendo assim, o servidor deverá restituir
uma hora de descanso para amamentar o próprio filho, a Administração, ocorrendo uma obrigação de indenizar, ou
que poderá ser divida em dois períodos de meia hora. seja, uma responsabilidade civil.
Ante o exposto, percebemo s as três responsabilidades:
Licença‑paternidade civil, penal e administrativa.
Quando nasce o filho de um servidor ou mesmo na ado‐ • Penal – Decorrerá tanto por crime como também pela
ção, ele terá direito a cinco dias consecutivos. contravenção penal (ilícitos leves).
O Decreto nº 8.737, de 3 de maio de 2016 prevê a pos‐ • Administrativa – Decorre de sindicância ou processo
sibilidade de prorrogação da licença-paternidade por mais disciplinar.
15 (quinze) dias ao servidor que requeira o benefício no • Civil – Decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso
prazo de dois dias úteis após o nascimento do filho. Vale ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a
destacar que, caso o servidor não requeira o benefício no terceiros.
prazo estipulado, não poderá gozá-lo.
Este benefício também é aplicável a quem adotar ou A título de exemplo: Um cidadão, caminhando por uma
obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança. rua, é atingido por um raio e morre. A prova técnica evidencia
que não houve conduta comissiva nem omissiva do Estado,
Licença‑adotante (guarda judicial) que contribuísse para esse evento. Neste caso, não estão pre‐
A servidora quando adota criança de até um ano terá sentes os pressupostos da responsabilidade civil do Estado.
direito a 90 dias de licença, porém a Lei nº 11.770/2008 As responsabilidades poderão ser acumuladas sendo
permite a prorrogação por mais 45 dias. independentes entre si.
Se a criança adotada tiver mais de um ano serão conce‐ A responsabilidade administrativa será afastada na ab‐
didos trinta dias que podem ser prorrogados, por meio da solvição criminal, onde seja negada a existência do fato (a
Lei nº 11.770/2008, por mais quinze dias. infração não existiu) ou sua autoria (não foi o servidor que
praticou a infração).
Licença por acidente de serviço No caso de absolvição criminal por falta de provas, o ser‐
O legislador não mencionou expressamente um prazo vidor poderá responder administrativamente.
determinado para esta licença, cabendo à autoridade médica
discriminar o número de dias. Penalidades
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

O acidente de serviço não se configura somente dentro


da repartição pública, podendo ser estendido ao percurso O art. 127 da Lei nº 8.112/1990 enumera as penalidades
da residência para o trabalho e vice‑versa. É  interessante que o servidor pode sofrer, sendo: advertência, suspensão,
salientar que caso o servidor acidentado necessite de tra‐ demissão, cassação da aposentadoria, cassação da disponi‐
tamento especializado, ele poderá ser tratado à custa da bilidade, destituição do cargo em comissão e destituição da
Administração Pública em instituição privada. função comissionada.
Para configurar acidente de serviço, deverá ser feita a
prova do acidente no prazo, a princípio, de dez dias. JURISPRUDÊNCIA:
Caso a lesão oriunda do acidente de serviço não permita Embora o Judiciário não possa substituir‑se à admi‐
de forma definitiva que ele exerça as atribuições do cargo, nistração na punição do servidor, pode determinar a
e seja de tal forma que ele não possa ser readaptado, caberá esta, em homenagem ao princípio da proporcionali‐
aposentadoria por invalidez com proventos integrais. dade, a aplicação de pena menos severa, compatível
Ver arts. 196 a 214 da Lei nº 8.112/1990. com a falta cometida e a previsão legal. (RMS 24.901,
Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 26/10/2004,
O REGIME DISCIPLINAR E O PROCESSO Primeira Turma, DJ de 11/2/2005.)
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
Observação: a exoneração não possui caráter punitivo.
Regime Disciplinar
Advertência
Responsabilidades Para ser configurada esta penalidade deverá ser inicia‐
da uma sindicância, e se após o julgamento o servidor for
Para entendermos melhor as responsabilidades, vamos considerado “culpado”, a penalidade deverá ser inserida nos
tratá‑las por meio de uma situação hipotética. seus assentamentos individuais, não existindo advertência
Vamos imaginar que, ao  chegar a repartição pública verbal e somente escrita.
federal, um servidor perceba que um determinado bem da Quando a penalidade é inserta nos assentamentos,
Administração tenha sumido. Qual seria o dever deste servi‐ o servidor poderá cancelá‑la, caso não venha a reincidir pelo
dor? Segundo o art. 116 da Lei nº 8.112/1990, este servidor período de três anos. O  efeito deste cancelamento não é
deve comunicar o fato à autoridade superior. retroativo, ou seja, tem efeito ex nunc.

280
As infrações que geram advertência têm previsão no Infrações:
art. 117, I ao VIII e XIX (ver a lei). • valer‑se do cargo para lograr proveito pessoal ou
O rol das infrações não é taxativo, os  regulamentos de outrem, em detrimento da dignidade da função
podem trazer outras condutas passíveis de advertências. pública;
As sobreditas infrações prescrevem em 180 dias.
Necessário se faz ressaltar o que vem a ser a prescrição A título de exemplo: Crisela, servidora pública civil federal
administrativa. É a perda do poder de punir da administração efetiva, valeu‑se de seu cargo para lograr proveito pessoal
em razão da passagem do tempo. O início desta contagem em detrimento da dignidade da função pública. Neste caso,
será da ciência do fato e não necessariamente do fato. a demissão incompatibiliza‑a para nova investidura em cargo
público federal, pelo prazo de 5 anos.
Suspensão • atuar, como procurador ou intermediário, junto a
Esta punição, além de constar nos assentamentos repartições públicas, salvo quando se tratar de be‐
individuais, também trará, a  princípio, consequências na nefícios previdenciários ou assistenciais de parentes
remuneração ou vencimento do servidor, sendo que ele não até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro.
exercerá as atribuições do seu cargo.
Em razão do silêncio dos arts.  102 e 103 da Lei Caso o servidor seja demitido por inassiduidade habitual,
nº 8.112/1990, que tratam da contagem do tempo de servi‐ abandono de cargo ou acumulação ilegal, será obrigatória a
ço, os dias de suspensão não serão computados para nenhum abertura de processo sumário.
efeito no serviço público federal. A inassiduidade habitual configura‑se quando o servidor
Existe a hipótese de o servidor ser suspenso e continuar a faltar por 60 dias, interpoladamente, não justificados no
exercer normalmente as atribuições inerentes ao seu cargo, período de doze meses.
porém recebendo cinquenta por cento do vencimento ou A título de exemplo: Manoel, servidor público estável de
remuneração em razão dos dias de suspensão, somente na uma fundação pública, faltou ao serviço por diversos dias
hipótese de conveniência para o serviço. sem qualquer justificativa, razão pela qual seu superior hie‐
O servidor está obrigado a realizar exames médicos de rárquico determinou que o fato fosse apurado, com posterior
tempos em tempos, porém se o servidor, injustificadamente, aplicação da Lei nº 8.112/1990 no que se refere ao processo
recusar‑se a fazer os exames, ele poderá ser suspenso por administrativo disciplinar. Uma comissão de sindicância, após
até 15 dias. Caso ele realize ou comprove os exames, e ainda regular processamento, ouvido o servidor, concluiu que as
não terem findados os dias de suspensão, os demais dias faltas de Manoel ao serviço eram habituais e sem qualquer
serão desconsiderados. justificativa legal. Com base nessa situação hipotética, a
A título de exemplo: Determinado servidor público recu‐ materialidade da infração de Manoel ficará caracterizada
sou submeter-se à inspeção médica regularmente determi‐ pela indicação dos dias de falta ao serviço sem justificativa,
nada pela autoridade competente. Instado a se explicar, não por período igual ou superior a sessenta dias intercalados,
apresentou qualquer justificativa pela recusa. A autoridade
num de prazo de doze meses.
competente pode, nos termos da Lei n° 8.112/1990, aplicar
Não se incluem fins de semana, feriados e dias de ponto
ao servidor suspensão de até 15 dias, cessando os efeitos da
facultativo, intercalados entre dias de ausência, para a con‐
penalidade uma vez cumprida a determinação.
figuração da inassiduidade habitual.
O limite máximo imposto pelo legislador para os dias de
suspensão é de 90 dias.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


O abandono de cargos configura‑se quando o servidor
O cancelamento dos assentamentos individuais se dará
faltar por mais de 30 dias consecutivos, não justificados e
em cinco anos e a prescrição será de dois anos (da ciência
intencionais. Aqui se percebe que existe um critério subjetivo
do fato).
para a demissão do servido, que é a intencionalidade.
Demissão Na acumulação ilegal, quando descoberta, o  servidor
As infrações que geram demissão têm previsão no deverá ser notificado para que possa optar no prazo de dez
art. 132, que possui 13 incisos, sendo que o inciso treze nos dias, caso não faça a escolha, será configurada a má‑fé e o
remete ao art. 117, dos incisos 9º ao 16. servidor poderá ser demitido dos dois.
Ante o exposto, temos 19 infrações que podem gerar a Existem, como já vimos, outras formas de demissão
demissão do servidor público. Alguns doutrinadores enten‐ que estarão presentes nos arts. 132 e 117, IX ao XVI, da Lei
dem que o rol é taxativo. nº 8.112/1990.
O art. 137, parágrafo único, traz condutas demissivas que
proíbem o servidor público de retornar ao serviço público fe‐ JURISPRUDÊNCIA:
deral. A doutrina majoritária e a jurisprudência entendem ser Não pode prosperar, aqui, contra a demissão, a ale‐
inconstitucional, pois fere o comando constitucional inserto gação de possuir o servidor mais de trinta e sete anos
no art. 5º, XLVII, que impede a perpetuação de penalidades. de serviço público. A demissão, no caso, decorre da
Infrações: apuração de ilícito disciplinar perpetrado pelo funcio‐
• crimes contra a administração pública; nário público, no exercício de suas funções. Não é, em
• improbidade administrativa; consequência, invocável o fato de já possuir tempo de
• aplicação irregular de dinheiros públicos; serviço público suficiente à aposentadoria. A lei pre‐
• lesão aos cofres públicos; vê, inclusive, a pena de cassação da aposentadoria,
• dilapidação do patrimônio nacional; aplicável ao servidor já inativo, se resultar apurado
• corrupção. que praticou ilícito disciplinar grave, em atividade.
(MS 21.948, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento
O mesmo artigo no seu caput preceitua duas infrações em 29/9/1994, Plenário, DJ de 7/12/1995.) No mes‐
disciplinares que geram demissão, porém o servidor não mo sentido: RE 552.682-AgR, Rel. Min. Ayres Britto,
poderá retornar ao serviço público federal por cinco anos. julgamento em 26/4/2011, Segunda Turma, DJE de

281
18/8/2011; MS 23.299, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, delegação a secretários estaduais da competência do
julgamento em 6/3/2002, Plenário, DJ de 12/4/2002. governador do Estado de Goiás para [...] aplicar pena‐
lidade de demissão aos servidores do Executivo, tendo
Cassação da Aposentadoria em vista o princípio da simetria. (RE 633.009-AgR, Rel.
Esta penalidade será aplicada caso o servidor em ati‐ Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 13/9/2011,
vidade pratique infração passível de demissão, e antes da Segunda Turma, DJE de 27/9/2011)
abertura do processo, ele venha se aposentar
• Penalidade de suspensão por mais de trinta dias e
Cassação da Disponibilidade até noventa dias: será aplicado pela autoridade hie‐
O procedimento é bem parecido com o da cassação da rarquicamente inferior àquelas que tenham poder de
aposentadoria, ou seja, ela será aplicada quando o servidor demissão.
em atividade praticar qualquer infração passível de demissão • Advertência e suspensão até trinta dias: cabe ao chefe
e antes da abertura do processo o cargo é extinto. da repartição e a outras autoridades previstas em
regimento ou regulamento.
Destituição do Cargo em Comissão • A destituição do cargo em comissão: cabe a autoridade
É a sanção cabível ao servidor que exerce cargo em que nomeou o servidor para o cargo em comissão.
comissão podendo ser aplicada nas infrações cabíveis de
suspensão e demissão. Processo Administrativo Disciplinar
Destituição da Função comissionada
Sindicância
O legislador é silente em relação a esta penalidade,
pois ela somente é mencionada no art.  127, VI, da Lei
É fato que o legislador tratou a sindicância de forma
nº 8.112/1990.
superficial, dando aos regulamentos poderes de ingerência
nas sindicâncias.
Julgamento
A Lei nº 8.112/1990 preceitua o prazo da sindicância,
que será de até trinta dias, prorrogável por igual período,
JURISPRUDÊNCIA:
podendo chegar ao máximo de sessenta dias e, também,
Não há ilegalidade na ampliação da acusação a ser‐
menciona as penalidades que podem ser oriundas por meio
vidor público, se durante o processo administrativo
deste procedimento, sendo a advertência e a suspensão de
forem apurados fatos novos que constituam infração
até trinta dias.
disciplinar. O  princípio do contraditório e da ampla
Aberta a sindicância por meio de portaria, podemos
defesa deve ser rigorosamente observado. É permitido
esperar os seguintes resultados:
ao agente administrativo, para complementar suas
• arquivamento da sindicância;
razões, encampar os termos de parecer exarado por
• aplicação da penalidade;
autoridade de menor hierarquia. A autoridade julga‐
• instauração do processo disciplinar.
dora não está vinculada às conclusões da comissão
processante. Precedentes: (MS 23.201, Rel. a  Min.
Ellen Gracie, DJ de 19/8/2005 e MS 21.280, Rel. o Min. Processo Disciplinar
Octavio Gallotti, DJ de 20-31992). Não houve, no pre‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

sente caso, ofensa ao art. 28 da Lei nº 9.784/1998, eis O processo disciplinar será composto por uma comissão
que os ora recorrentes tiveram pleno conhecimento de três servidores estáveis, sendo que um deles será o seu
da publicação oficial do ato que determinou suas presidente.
demissões em tempo hábil para utilizar os recursos Obedecendo aos princípios da Administração, o presiden‐
administrativos cabíveis. Não há preceito legal que te deverá ter cargo superior ou de mesmo nível, ou ter nível
imponha a intimação pessoal dos acusados, ou permita de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
a impugnação do relatório da comissão processante, A escolha do secretário caberá ao presidente do proces‐
devendo os autos serem imediatamente remetidos à so disciplinar, podendo a indicação recair em um de seus
autoridade competente para julgamento (arts. 165 e membros.
166 da Lei nº 8.112/1990). Precedente: (MS 23.268, O prazo para o processo disciplinar será de até sessenta
Rel. a Min. Ellen Gracie, DJ de 7/6/2002). (RMS 24.526, dias prorrogável por igual período, sendo o prazo máximo
Rel. Min Eros Grau, julgamento em 3/6/2008, Primeira de cento e vinte dias.
Turma, DJE de 15/8/2008) As penalidades oriundas do processo disciplinarsão as
seguintes, segundo o art. 146:
O sindicante e o presidente do processo disciplinar não • suspensão por mais de trinta e até noventa dias;
aplicam penalidades ao servidor, e a lei deu competência às
seguintes autoridades: A título de exemplo, analise a seguinte assertiva de
• Penalidade de demissão e cassação: cabe à autoridade prova: uma servidora pertencente aos quadros de
máxima de cada poder estendendo‑se também ao fundação pública federal, após sindicância instaurada
Procurador Geral da República e aos Presidentes dos para apuração de ilícito administrativo a ela imputado,
Tribunais. foi penalizada com suspensão por quarenta e cinco
dias. Com base na Lei nº 8.112/1990, a aplicação da
JURISPRUDÊNCIA: pena disciplinar, na hipótese, afigura‑se incorreta, pois
Esta Corte firmou orientação no sentido da legitimidade a aplicação da pena de suspensão por mais de trinta
de delegação a ministro de Estado da competência do dias pressupõe a instauração de processo disciplinar.
chefe do Executivo Federal para, nos termos do art. 84,
XXV, e parágrafo único, da CF, aplicar pena de demissão • demissão;
a servidores públicos federais. [...] Legitimidade da • cassação da aposentadoria;

282
• cassação da disponibilidade; Observações importantes sobre as fases de processo
• destituição do cargo em comissão. disciplinar.
• A regra é que a autoridade julgadora deve obedecer
As fases do processo disciplinar são: ao relatório, salvo se ele for “suicida”, ou seja, se ele
• instauração; for ao contrário às provas dos autos.
• inquérito administrativo, que será dividido em: ins‐ • Se o servidor estiver atrapalhando o processo, de
trução, defesa e relatório; maneira tal que venha a influir na apuração, a auto‐
• julgamento, que será em vinte dias. ridade instauradora do processo disciplinar poderá
determinar o afastamento preventivo pelo prazo de
Assim, observe a seguinte assertiva de prova: Determi‐ até sessenta dias prorrogável por igual período, porém
nado servidor público federal foi acometido de doença que, com remuneração.
por recomendação de seu médico particular, devidamente
atestada, render-lhe-ia quatro dias de licença para tratamen‐ A título de exemplo: Vanda, analista judiciário (área
to da própria saúde. O referido servidor afastou-se de suas judiciária), ocupando cargo de direção, praticou
atividades laborais sem, todavia, entregar à chefia imediata grave infração administrativa. Instaurado o processo
o atestado médico para fins de homologação. Também não administrativo disciplinar e para que a servidora não
compareceu ao serviço médico do seu local de trabalho influa na apuração da irregularidade, a autoridade
durante o afastamento nem nos cinco dias subsequentes a instauradora desse processo, dentre outras providên‐
ele. Tendo em vista que o servidor não foi periciado, nem cias, poderá determinar seu afastamento do exercício
sequer apresentou atestado médico para que a licença mé‐ do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem
dica pudesse ser formalizada, a chefia imediata efetuou o prejuízo da remuneração.
registro das faltas em sua folha de controle de frequência.
Ao final do mês, o referido servidor fora descontado da re‐ • Caso o servidor indiciado encontre‑se em lugar incerto
muneração correspondente aos dias faltosos. Considerando e não sabido será publicada a sua citação por meio de
a legislação de pessoal em vigor e a recente jurisprudência edital em diário oficial e em jornal de grande circula‐
do STJ, é descabida a instauração de processo administrativo ção. O prazo para exercer defesa será de quinze dias
disciplinar quando não se colima a aplicação de sanção de a partir da última publicação do edital.
qualquer natureza, mas o mero desconto da remuneração • Para defender um indiciado revel será designado pela
pelos dias não trabalhados. autoridade instauradora do processo, um defensor
dativo, que será um servidor detentor de cargo efe‐
O legislador, obedecendo ao comando constitucional tivo superior ou igual ao do indiciado, ou ter nível de
previsto no art. 5º, LV, menciona os seguintes prazos para
escolaridade igual ou superior.
defesa:
• A Súmula Vinculante nº 5 (STF) autoriza que o servidor
possa ser demitido sem defesa técnica (advogado).
JURISPRUDÊNCIA:
• É vedada a extensão da responsabilidade, de modo
A jurisprudência desta Corte tem‑se fixado no sentido
genérico, quando não for possível a individualização
de que a ausência de processo administrativo ou a
da responsabilidade.
inobservância aos princípios do contraditório e da
• Pode a comissão deixar de indiciar o acusado caso
ampla defesa tornam nulo o ato de demissão de ser‐
entenda, motivadamente, e com fundamento nas

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


vidor público, seja ele civil ou militar, estável ou não.
(RE 513.585-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em provas, pela ausência de materialidade disciplinar.
17/6/2008, Segunda Turma, DJE de 1º/8/2008) No • Descrito o fato na peça de indiciação, é vedado, à
mesmo sentido: RE 594.040-AgR, Rel. Min. Ricardo comissão, sugerir aplicação de penalidade quanto a
Lewandowski, julgamento em 6/4/2010, Primeira fato não constante da indiciação.
Turma, DJE de 23/4/2010; RE 562.602-AgR, Rel. Min. • A defesa do indiciado em processo administrativo,
Ellen Gracie, julgamento em 24/11/2009, Segunda como ocorre no processo penal, se faz com relação
Turma, DJE de 18/12/2009. Vide: RE 289.321, Rel. aos fatos que lhe são imputados, e não quanto a
Min. Marco Aurélio, julgamento em 2/12/2010, enquadramento legal.
Primeira Turma, DJE de 2/6/2011; RE 217.579-AgR, • É vedada a extensão da responsabilidade, de modo
Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 16/12/2004, genérico, quando não for possível a individualização
Primeira Turma, DJ de 4/3/2005. da responsabilidade.

• um servidor envolvido, serão dez dias; Processo Sumário


• dois ou mais servidores envolvidos, serão vinte dias. Serve para apurar, como já foi estudado, as  infrações
disciplinares passíveis de demissão, sendo a inassiduidade
Caso exista a necessidade de novas diligências, os prazos habitual, abandono de cargo e acumulação ilegal.
de defesa poderão ser dobrados. • Sua composição será de dois servidores estáveis.
• Seu prazo será de até trinta dias prorrogável por até
JURISPRUDÊNCIA: mais quinze dias.
Não há cerceamento de defesa quando servidor • As penalidades, ante o exposto, só podem ser a de‐
público, intimado diversas vezes pessoalmente do missão e as cassações.
andamento do processo administrativo disciplinar
e da necessidade de arrolamento de testemunhas, São fases do Processo Sumário:
permanece inerte, limitando‑se a alegar a existência • instauração;
de irregularidade na portaria que instaurou o feito. • instrução sumária, que é composta da indiciação,
(RMS 24.902-ED, Rel. Min. Eros Grau, julgamento defesa em cinco dias e relatório;
em 9/2/2010, Segunda Turma, DJE de 26/3/2010.) • julgamento em cinco dias.

283
A Revisão Parágrafo  único. A  representação de que trata o inciso
Poderá ocorrer a qualquer tempo, a  pedido do servi‐ XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
dor, de ofício, por qualquer pessoa da família, em caso de autoridade superior àquela contra a qual é formulada,
falecimento ou ausência e por meio de curador no caso de assegurando‑se ao representando ampla defesa.
incapacidade mental, desde que surjam fatos novos ou cir‐
cunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do servidor, CAPÍTULO II
ou mesmo a inadequação da penalidade aplicada. Das Proibições
A revisão do Processo Administrativo Disciplinar, quando
cabível, far-se-á por meio da constituição de comissão, nos Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória
mesmo moldes da comissão processante. nº 2.225-45, de 4/9/2001)
I – ausentar‑se do serviço durante o expediente, sem prévia
A comissão composta para a revisão terá o prazo de ses‐
autorização do chefe imediato;
senta dias, e o julgamento caberá à autoridade que aplicou
II – retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
a penalidade.
qualquer documento ou objeto da repartição;
Urge ressaltar que da revisão do processo não pode III – recusar fé a documentos públicos;
ocorrer agravamento da penalidade. IV – opor resistência injustificada ao andamento de docu‐
mento e processo ou execução de serviço;
LEITURA DA LEI Nº 8.112/1990 V – promover manifestação de apreço ou desapreço no
recinto da repartição;
TÍTULO IV VI – cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
DO REGIME DISCIPLINAR previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua
responsabilidade ou de seu subordinado;
CAPÍTULO I VII – coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem‑se
Dos Deveres a associação profissional ou sindical, ou a partido político;
VIII – manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função
Art. 116. São deveres do servidor: de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo
I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; grau civil;
II – ser leal às instituições a que servir; IX – valer‑se do cargo para lograr proveito pessoal ou de
III – observar as normas legais e regulamentares; outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando ma‐ X – participar de gerência ou administração de sociedade
nifestamente ilegais; privada, personificada ou não personificada, exercer o comér‐
cio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
V – atender com presteza:
(Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008)
a) ao público em geral, prestando as informações reque‐
ridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; A título de exemplo: servidor público federal, localiza‐
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de do em autarquia federal, após responder a processo
direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; administrativo disciplinar, por ser cotista de Sociedade
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. Comercial, sendo que a função de gerente era exercida
VI – levar as irregularidades de que tiver ciência em razão por sua esposa, vem a ser demitido, em face da par‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quan‐ ticipação no quadro societário de sociedade privada
do houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento comercial. Em face do narrado, é correto afirmar que
de outra autoridade competente para apuração; (Redação a participação como cotista em sociedade comercial
dada pela Lei nº 12.527, de 2011) não é vedada, em tese, ao servidor público.

A título de exemplo: determinado servidor público XI – atuar, como procurador ou intermediário, junto a
federal presenciou a subtração de resmas de papel repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
por parte de funcionários terceirizados. Nessa situ‐ previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
ação, o servidor está obrigado a levar esse fato ao grau, e de cônjuge ou companheiro;
conhecimento da autoridade superior. XII – receber propina, comissão, presente ou vantagem
Sérgio, servidor público federal, teve ciência de irre‐ de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
gularidades ocorridas no âmbito da Administração XIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
Pública Federal, em razão do cargo que ocupa. Por estrangeiro;
medo de retaliação, não relatou os fatos de que teve XIV – praticar usura sob qualquer de suas formas;
conhecimento. Nos termos da Lei n° 8.112/1990, XV – proceder de forma desidiosa;
XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição
Sérgio deveria ter levado os fatos ao conhecimento
em serviços ou atividades particulares;
da autoridade superior.
XVII  – cometer a outro servidor atribuições estranhas
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e
VII – zelar pela economia do material e a conservação transitórias;
do patrimônio público; XVIII – exercer quaisquer atividades que sejam incompa‐
VIII – guardar sigilo sobre assunto da repartição; tíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário
IX – manter conduta compatível com a moralidade ad‐ de trabalho;
ministrativa; XIX – recusar‑se a atualizar seus dados cadastrais quando
X – ser assíduo e pontual ao serviço; solicitado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
XI – tratar com urbanidade as pessoas; Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do
XII  – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: (Incluído
de poder. pela Lei nº 11.784, de 2008)

284
I – participação nos conselhos de administração e fiscal Art. 124. A responsabilidade civil‑administrativa resulta
de empresas ou entidades em que a União detenha, direta de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do
ou indiretamente, participação no capital social ou em so‐ cargo ou função.
ciedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas po‐
membros; e (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008) derão cumular‑se, sendo independentes entre si.
II – gozo de licença para o trato de interesses particulares,
na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre A título de exemplo: se um servidor tiver sido absolvi‐
conflito de interesses. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008) do, na esfera criminal, pela prática de dano patrimonial
à administração pública, essa decisão não influirá na
CAPÍTULO III esfera civil se ficar comprovada a existência do dano e
Da Acumulação for constatada a imprudência, imperícia ou negligência
do servidor, do que se deduz que a instância criminal
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, não obriga a instância civil.
é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
§ 1º A proibição de acumular estende‑se a cargos, empre‐ Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor
gos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas será afastada no caso de absolvição criminal que negue a
públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito existência do fato ou sua autoria.
Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios. Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado
§ 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con‐ civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autori‐
dicionada à comprovação da compatibilidade de horários. dade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento
§  3º Considera‑se acumulação proibida a percepção desta, a outra autoridade competente para apuração de
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com informação concernente à prática de crimes ou improbidade
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do
decorram essas remunerações forem acumuláveis na ativi‐ exercício de cargo, emprego ou função pública. (Incluído pela
dade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) Lei nº 12.527, de 2011)
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo
em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do INFORMATIVO STJ Nº 0457
art. 9º, nem ser remunerado pela participação em órgão de PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. ABSOL‐
deliberação coletiva. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de VIÇÃO PENAL.
10/12/1997) Cinge-se a controvérsia à possibilidade de condenar
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica servidor público na área administrativa, por infração
à remuneração devida pela participação em conselhos de disciplinar, após sua absolvição criminal pela impu‐
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades tação do mesmo fato. O entendimento do STJ é que,
de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem afastada a responsabilidade criminal do servidor
como quaisquer empresas ou entidades em que a União, por inexistência daquele fato ou de sua autoria, fica
direta ou indiretamente, detenha participação no capital arredada também a responsabilidade administrativa,
social, observado o que, a respeito, dispuser legislação es‐ exceto se verificada falta disciplinar residual sancio‐
pecífica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, nável (outra irregularidade que constitua infração
de 4/9/2001) administrativa) não abarcada pela sentença penal

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que absolutória (Súmula nº 18-STF). No entanto, a Turma
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido não conheceu do recurso em face do óbice da Súm.
em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de n. 7-STJ. Precedentes citados: REsp 1.199.083-SP,
ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver DJe 8/9/2010; MS 13.599-DF, DJe 28/5/2010, e Rcl
compatibilidade de horário e local com o exercício de um 611-DF, DJ 4/2/2002. REsp 1.012.647-RJ, Rel. Min.
deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou Luiz Fux, julgado em 23/11/2010.
entidades envolvidos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10/12/1997) CAPÍTULO V
Das Penalidades
CAPÍTULO IV
Das Responsabilidades Art. 127. São penalidades disciplinares:
I – advertência;
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrati‐ II – suspensão;
vamente pelo exercício irregular de suas atribuições. III – demissão;
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo IV – cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao V – destituição de cargo em comissão;
erário ou a terceiros. VI – destituição de função comissionada.
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao Art. 128. Na aplicação das penalidades serão considera‐
erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46, das a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos
na falta de outros bens que assegurem a execução do débito que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias
pela via judicial. agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.
§ 2º Tratando‑se de dano causado a terceiros, responderá Parágrafo  único. O  ato de imposição da penalidade
o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende‑se aos su‐ disciplinar. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
cessores e contra eles será executada, até o limite do valor Art.  129. A  advertência será aplicada por escrito, nos
da herança recebida. casos de violação de proibição constante do art. 117, incisos
Art.  123. A  responsabilidade penal abrange os crimes I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto
e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique

285
imposição de penalidade mais grave. (Redação dada pela Lei dio de sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo
nº 9.527, de 10/12/1997) improrrogável de dez dias, contados da data da ciência e, na
hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para
A título de exemplo: de acordo com a Lei a sua apuração e regularização imediata, cujo processo ad‐
nº 8.112/1990, em regra, João, servidor público civil ministrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:
efetivo, que nunca praticou qualquer infração admi‐ (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
nistrativa, terá a penalidade de advertência escrita I – instauração, com a publicação do ato que constituir
aplicada se manter sob sua chefia imediata, em cargo a comissão, a  ser composta por dois servidores estáveis,
ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da
parente até o segundo grau civil. transgressão objeto da apuração; (Incluído pela Lei nº 9.527,
de 10/12/1997)
Art.  130. A  suspensão será aplicada em caso de rein‐ II – instrução sumária, que compreende indiciação, de‐
cidência das faltas punidas com advertência e de violação fesa e relatório; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita III  – julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 10/12/1997)
(noventa) dias.
§ 1º A indicação da autoria de que trata o inciso I dar‑se‑á
§ 1º Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o
pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela
servidor que, injustificadamente, recusar‑se a ser submetido
descrição dos cargos, empregos ou funções públicas em
a inspeção médica determinada pela autoridade competen‐
situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de
te, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a
determinação. vinculação, das datas de ingresso, do horário de trabalho e
§ 2º Quando houver conveniência para o serviço, a pe‐ do correspondente regime jurídico. (Redação dada pela Lei
nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na nº 9.527, de 10/12/1997)
base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento § 2º A comissão lavrará, até três dias após a publicação
ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão
em serviço. transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior,
bem como promoverá a citação pessoal do servidor indiciado,
A título de exemplo: Joaquim, servidor público fede‐ ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo de
ral, por exercer atividades particulares incompatíveis cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando‑se‑lhe
com o horário de trabalho sofreu penalidade disci‐ vista do processo na repartição, observado o disposto
plinar de sessenta dias de suspensão. Porém, por nos arts.  163 e 164. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
necessidade de força de trabalho e conveniência para 10/12/1997)
o serviço, essa penalidade pode ser convertida em § 3º Apresentada a defesa, a comissão elaborará rela‐
multa (pena pecuniária), com objetivo corretivo na tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade
base de cinquenta por cento por dia de vencimento do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
ou remuneração, ficando o servidor obrigado a per‐ opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará
manecer em serviço. o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à au‐
toridade instauradora, para julgamento. (Incluído pela Lei
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão nº 9.527, de 10/12/1997)
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e § 4º No prazo de cinco dias, contados do recebimento
5 (cinco)  anos de efetivo exercício, respectivamente, se o do processo, a  autoridade julgadora proferirá a sua deci‐
servidor não houver, nesse período, praticado nova infração são, aplicando‑se, quando for o caso, o disposto no § 3º do
disciplinar. art. 167. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Parágrafo  único. O  cancelamento da penalidade não § 5º A opção pelo servidor até o último dia de prazo para
surtirá efeitos retroativos. defesa configurará sua boa‑fé, hipótese em que se converterá
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo.
I – crime contra a administração pública; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
II – abandono de cargo; § 6º Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má‑fé,
III – inassiduidade habitual; aplicar‑se‑á a pena de demissão, destituição ou cassação de
IV – improbidade administrativa;
aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, em‐
V  – incontinência pública e conduta escandalosa, na
pregos ou funções públicas em regime de acumulação ilegal,
repartição;
hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação serão
VI – insubordinação grave em serviço;
VII – ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, comunicados. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; § 7º O prazo para a conclusão do processo administrativo
VIII – aplicação irregular de dinheiros públicos; disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta
IX – revelação de segredo do qual se apropriou em razão dias, contados da data de publicação do ato que constituir
do cargo; a comissão, admitida a sua prorrogação por até quinze
X – lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio dias, quando as circunstâncias o exigirem. (Incluído pela Lei
nacional; nº 9.527, de 10/12/1997)
XI – corrupção; § 8º O procedimento sumário rege‑se pelas disposições
XII – acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções deste artigo, observando‑se, no que lhe for aplicável, sub‐
públicas; sidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.
XIII – transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Art.  133. Detectada a qualquer tempo a acumulação Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibi‐
ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade lidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta
a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermé‐ punível com a demissão.

286
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido III  – pelo chefe da repartição e outras autoridades na
por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos
infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão. casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este IV – pela autoridade que houver feito a nomeação, quan‐
artigo, a  exoneração efetuada nos termos do art.  35 será do se tratar de destituição de cargo em comissão.
convertida em destituição de cargo em comissão. Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comis‐ I – em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
são, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
destituição de cargo em comissão;
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem
II – em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
prejuízo da ação penal cabível.
III – em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em
A título de exemplo: André é titular de cargo em que o fato se tornou conhecido.
comissão de natureza gerencial no Tribunal Regional §  2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal
Eleitoral. Em razão de sua conduta inadequada foi aplicam‑se às infrações disciplinares capituladas também
responsabilizado por lesão aos cofres públicos. As‐ como crime.
sim, André foi punido com a destituição do cargo em § 3º A abertura de sindicância ou a instauração de pro‐
comissão. Nesse caso, a penalidade aplicada implica cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final
a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao proferida por autoridade competente.
erário, sem prejuízo da ação penal cabível. § 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo come‐
çará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comis‐
são, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompati‐ Observação.: conforme o disposto na Lei nº 8.112/1990,
biliza o ex‑servidor para nova investidura em cargo público a instauração de PAD interrompe a prescrição até a decisão
federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. final, a ser proferida pela autoridade competente; conforme
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público entendimento do STF, não sendo o PAD concluído em cento
e quarenta dias, o prazo prescricional volta a ser contado
federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em
em sua integralidade.
comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
Art.  138. Configura abandono de cargo a ausência TÍTULO V
intencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
consecutivos.
Art. 139. Entende‑se por inassiduidade habitual a falta CAPÍTULO I
ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpo‐ Disposições Gerais
ladamente, durante o período de doze meses.
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inas‐ Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade
siduidade habitual, também será adotado o procedimento no serviço público é obrigada a promover a sua apuração
sumário a que se refere o art. 133, observando‑se especial‐ imediata, mediante sindicância ou processo administrativo
mente que: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.
I – a indicação da materialidade dar‑se‑á: (Incluído pela § 1º (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


Lei nº 9.527, de 10/12/1997) § 2º (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)
a)  na hipótese de abandono de cargo, pela indicação § 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da
precisa do período de ausência intencional do servidor ao autoridade a que se refere, poderá ser promovida por auto‐
ridade de órgão ou entidade diverso daquele em que tenha
serviço superior a trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
ocorrido a irregularidade, mediante competência específica
10/12/1997) para tal finalidade, delegada em caráter permanente ou
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos temporário pelo Presidente da República, pelos presidentes
dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e
igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante pelo Procurador‑Geral da República, no âmbito do respecti‐
o período de doze meses; (Incluído pela Lei nº 9.527, de vo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências
10/12/1997) para o julgamento que se seguir à apuração. (Incluído pela
II – após a apresentação da defesa a comissão elaborará Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão ob‐
do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, jeto de apuração, desde que contenham a identificação e o
indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito,
de abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência confirmada a autenticidade.
ao serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar
autoridade instauradora para julgamento. (Incluído pela Lei evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será
nº 9.527, de 10/12/1997) arquivada, por falta de objeto.
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
I – arquivamento do processo;
I – pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
II – aplicação de penalidade de advertência ou suspensão
Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo de até 30 (trinta) dias;
Procurador‑Geral da República, quando se tratar de demissão III – instauração de processo disciplinar.
e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância
vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade; não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por
II – pelas autoridades administrativas de hierarquia ime‐ igual período, a critério da autoridade superior.
diatamente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior Art.  146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias; ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de

287
30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância
disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será concluir que a infração está capitulada como ilícito penal,
obrigatória a instauração de processo disciplinar. a autoridade competente encaminhará cópia dos autos ao
Ministério Público, independentemente da imediata instau‐
CAPÍTULO II ração do processo disciplinar.
Do Afastamento Preventivo
A título de exemplo: encerrada uma sindicância, ins‐
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor taurada em razão do conhecimento de irregularidades no
não venha a influir na apuração da irregularidade, a autori‐ serviço de um determinado setor do Tribunal Regional
dade instauradora do processo disciplinar poderá determinar Eleitoral, o relatório conclui que a infração está capitulada
o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até como ilícito penal. Nesse caso, Marcelo, analista judiciário,
60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração. como autoridade competente, em conformidade com a Lei
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado nº 8.112/1990, encaminhará cópia dos autos ao Ministério
por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda Público, independentemente da imediata instauração do
que não concluído o processo. processo disciplinar.

CAPÍTULO III Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a


Do Processo Disciplinar tomada de depoimentos, acareações, investigações e dili‐
gências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo,
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destina‐ quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir
do a apurar responsabilidade de servidor por infração prati‐ a completa elucidação dos fatos.
cada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação
com as atribuições do cargo em que se encontre investido. Observação: não nulifica o processo disciplinar, por si só,
Art.  149. O  processo disciplinar será conduzido por o fato de colher-se o depoimento do acusado previamente
comissão composta de três servidores estáveis designados ao de testemunha.
pela autoridade competente, observado o disposto no § 3º
do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acom‐
deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo panhar o processo pessoalmente ou por intermédio de
nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas
indiciado. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de
§ 1º A Comissão terá como secretário servidor designado prova pericial.
pelo seu presidente, podendo a indicação recair em um de § 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos
seus membros. considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicância nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acu‐ § 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a
sado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até comprovação do fato independer de conhecimento especial
o terceiro grau. de perito.
Art.  150. A  Comissão exercerá suas atividades com Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor me‐
independência e imparcialidade, assegurado o sigilo ne‐ diante mandado expedido pelo presidente da comissão,
cessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

administração. anexado aos autos.


Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comis‐ Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
sões terão caráter reservado. a expedição do mandado será imediatamente comunicada
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas se‐ ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e
guintes fases: hora marcados para inquirição.
I – instauração, com a publicação do ato que constituir Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzi‐
a comissão; do a termo, não sendo lícito à testemunha trazê‑lo por escrito.
II – inquérito administrativo, que compreende instrução, § 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente.
defesa e relatório; § 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que
III – julgamento. se infirmem, proceder‑se‑á à acareação entre os depoentes.
Art.  152. O  prazo para a conclusão do processo disci‐ Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a co‐
plinar não excederá 60 (sessenta)  dias, contados da data missão promoverá o interrogatório do acusado, observados
de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.
sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias § 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles será
o exigirem. ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas
§ 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida
integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensa‐ a acareação entre eles.
dos do ponto, até a entrega do relatório final. §  2º O procurador do acusado poderá assistir ao in‐
§ 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas,
que deverão detalhar as deliberações adotadas. sendo‑lhe vedado interferir nas perguntas e respostas,
facultando‑se‑lhe, porém, reinquiri‑las, por intermédio do
Seção I presidente da comissão.
Do Inquérito Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental
do acusado, a comissão proporá à autoridade competente
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao prin‐ que ele seja submetido a exame por junta médica oficial, da
cípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, qual participe pelo menos um médico psiquiatra.
com a utilização dos meios e recursos admitidos em direito. Parágrafo  único. O  incidente de sanidade mental será
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo processado em auto apartado e apenso ao processo princi‐
disciplinar, como peça informativa da instrução. pal, após a expedição do laudo pericial.

288
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co‐
a indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele missão, será remetido à autoridade que determinou a sua
imputados e das respectivas provas. instauração, para julgamento.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido pelo
presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no Seção II
prazo de 10 (dez) dias, assegurando‑se‑lhe vista do processo Do Julgamento
na repartição.
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será co‐ Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do re‐
mum e de 20 (vinte) dias. cebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, sua decisão.
para diligências reputadas indispensáveis. § 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente autoridade instauradora do processo, este será encaminhado
na cópia da citação, o prazo para defesa contar‑se‑á da data à autoridade competente, que decidirá em igual prazo.
declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão §  2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
que fez a citação, com a assinatura de (2) duas testemunhas. sanções, o julgamento caberá à autoridade competente para
Art.  162. O  indiciado que mudar de residência fica a imposição da pena mais grave.
obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser § 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação
encontrado. de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá
Art. 163. Achando‑se o indiciado em lugar incerto e não às autoridades de que trata o inciso I do art. 141.
sabido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial § 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servidor,
da União e em jornal de grande circulação na localidade do a autoridade instauradora do processo determinará o seu
último domicílio conhecido, para apresentar defesa. arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para autos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão,
do edital. salvo quando contrário às provas dos autos.
Art. 164. Considerar‑se‑á revel o indiciado que, regular‐ Parágrafo único. Quando o relatório da comissão con‐
mente citado, não apresentar defesa no prazo legal. trariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá,
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá‑la
processo e devolverá o prazo para a defesa. ou isentar o servidor de responsabilidade.
§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade instau‐ Art.  169. Verificada a ocorrência de vício insanável,
radora do processo designará um servidor como defensor a autoridade que determinou a instauração do processo ou
dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total
ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra
superior ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº 9.527, comissão para instauração de novo processo. (Redação dada
de 10/12/1997) pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Art.  165. Apreciada a defesa, a  comissão elaborará § 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nuli‐
relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos dade do processo.
autos e mencionará as provas em que se baseou para formar § 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição
a sua convicção. de que trata o art. 142, § 2º, será responsabilizada na forma
do Capítulo IV do Título IV.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


Prova emprestada. Penal. Interceptação telefônica. Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a auto‐
Escuta ambiental. Autorização judicial e produção ridade julgadora determinará o registro do fato nos assen‐
para fim de investigação criminal. Suspeita de delitos tamentos individuais do servidor.
cometidos por autoridades e agentes públicos. Dados Art.  171. Quando a infração estiver capitulada como
obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento crime, o  processo disciplinar será remetido ao Ministério
administrativo disciplinar, contra outros servidores, Público para instauração da ação penal, ficando trasladado
cujos eventuais ilícitos administrativos teriam des‐ na repartição.
pontado à colheita dessa prova. Admissibilidade. Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar
Resposta afirmativa a questão de ordem. Inteligên‐ só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado volunta‐
cia do art. 5º, XII, da CF e do art. 1º da Lei federal riamente, após a conclusão do processo e o cumprimento
9.296/1996. [...] Dados obtidos em interceptação de da penalidade, acaso aplicada.
comunicações telefônicas e em escutas ambientais, Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o
judicialmente autorizadas para produção de prova parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em
em investigação criminal ou em instrução processual demissão, se for o caso.
penal, podem ser usados em procedimento admi‐ Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
nistrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas I – ao servidor convocado para prestar depoimento fora
pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra da sede de sua repartição, na condição de testemunha,
outros servidores cujos supostos ilícitos teriam des‐ denunciado ou indiciado;
pontado à colheita dessa prova. (Inq. 2.424-QO‑QO, II – aos membros da comissão e ao secretário, quando
Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 20/6/2007, obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a
Plenário, DJ de 24/8/2007). No mesmo sentido: Inq realização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos.
2.424-QO, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em
25/4/2007, Plenário, DJ de 24/8/2007. Seção III
Da Revisão do Processo
§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à inocên‐
cia ou à responsabilidade do servidor. Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qual‐
§ 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co‐ quer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos
missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgre‐ novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência
dido, bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes. do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.

289
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimen‐ no exercício de suas atribuições, computando‑se, para esse
to do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer efeito, inclusive, as  vantagens pessoais. (Incluído pela Lei
a revisão do processo. nº 10.667, de 14/5/2003)
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revi‐ § 4º O recolhimento de que trata o § 3º deve ser efetu‐
são será requerida pelo respectivo curador. ado até o segundo dia útil após a data do pagamento das
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe remunerações dos servidores públicos, aplicando-se os
ao requerente. procedimentos de cobrança e execução dos tributos federais
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade quando não recolhidas na data de vencimento. (Incluído pela
não constitui fundamento para a revisão, que requer ele‐ Lei nº 10.667, de 14/5/2003)
mentos novos, ainda não apreciados no processo originário. Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cober‐
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será di‐ tura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família,
rigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, e compreende um conjunto de benefícios e ações que aten‐
se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do dam às seguintes finalidades:
órgão ou entidade onde se originou o processo disciplinar. I  – garantir meios de subsistência nos eventos de do‐
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade com‐ ença, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade,
petente providenciará a constituição de comissão, na forma falecimento e reclusão;
do art. 149. II – proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
Art.  178. A  revisão correrá em apenso ao processo III – assistência à saúde.
originário. Parágrafo único. Os  benefícios serão concedidos nos
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá termos e condições definidos em regulamento, observadas
dia e hora para a produção de provas e inquirição das tes‐ as disposições desta Lei.
temunhas que arrolar. Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para servidor compreendem:
a conclusão dos trabalhos. I – quanto ao servidor:
Art. 180. Aplicam‑se aos trabalhos da comissão reviso‐ a) aposentadoria;
ra, no que couber, as normas e procedimentos próprios da b) auxílio-natalidade;
comissão do processo disciplinar. c) salário-família;
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou d) licença para tratamento de saúde;
a penalidade, nos termos do art. 141. e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vin‐ f) licença por acidente em serviço;
te) dias, contados do recebimento do processo, no curso do g) assistência à saúde;
qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências. h) garantia de condições individuais e ambientais de
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada trabalho satisfatórias;
sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo‑se todos II – quanto ao dependente:
os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do a) pensão vitalícia e temporária;
cargo em comissão, que será convertida em exoneração. b) auxílio-funeral;
Parágrafo  único. Da revisão do processo não poderá c) auxílio-reclusão;
resultar agravamento de penalidade. d) assistência à saúde.
§  1º As aposentadorias e pensões serão concedidas e
TÍTULO VI mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR vinculados os servidores, observado o disposto nos arts. 189


e 224.
CAPÍTULO I § 2º O recebimento indevido de benefícios havidos por
Disposições Gerais fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total
auferido, sem prejuízo da ação penal cabível.
Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social
para o servidor e sua família. CAPÍTULO II
§ 1º O servidor ocupante de cargo em comissão que não Dos Benefícios
seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efeti‐
vo na administração pública direta, autárquica e fundacional Seção I
não terá direito aos benefícios do Plano de Seguridade Social, Da Aposentadoria
com exceção da assistência à saúde. (Redação dada pela Lei
nº 10.667, de 14/5/2003) Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da
§ 2º O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, Constituição)
sem direito à remuneração, inclusive para servir em orga‐ I – por invalidez permanente, sendo os proventos inte‐
nismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro grais quando decorrente de acidente em serviço, moléstia
efetivo ou com o qual coopere, ainda que contribua para profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, espe‐
regime de previdência social no exterior, terá suspenso o cificada em lei, e proporcionais nos demais casos;
seu vínculo com o regime do Plano de Seguridade Social II – compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com
do Servidor Público enquanto durar o afastamento ou a proventos proporcionais ao tempo de serviço;
licença, não lhes assistindo, neste período, os  benefícios III – voluntariamente:
do mencionado regime de previdência. (Incluído pela Lei a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos
nº 10.667, de 14/5/2003) 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais;
§ 3º Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de
sem remuneração a manutenção da vinculação ao regime magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora,
do Plano de Seguridade Social do Servidor Público, median‐ com proventos integrais;
te o recolhimento mensal da respectiva contribuição, no c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25
mesmo percentual devido pelos servidores em atividade, (vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais a
incidente sobre a remuneração total do cargo a que faz jus esse tempo;

290
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, valente ao respectivo provento, deduzido o adiantamento
e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais recebido.
ao tempo de serviço. Art.  195. Ao  ex-combatente que tenha efetivamente
§  1º Consideram-se doenças graves, contagiosas ou participado de operações bélicas, durante a Segunda Guerra
incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tubercu‐ Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de
lose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia 1967, será concedida aposentadoria com provento integral,
maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço público, aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo.
hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, para‐
lisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anqui‐ Seção II
losante, nefropatia grave, estados avançados do mal de Do Auxílio-Natalidade
Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência
Adquirida – AIDS, e outras que a lei indicar, com base na Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por
medicina especializada. motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao
§ 2º Nos casos de exercício de atividades consideradas menor vencimento do serviço público, inclusive no caso de
insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas natimorto.
no art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso III, a e c, § 1º Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido
observará o disposto em lei específica. de 50% (cinqüenta por cento), por nascituro.
§ 3º Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à §  2º O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro
junta médica oficial, que atestará a invalidez quando carac‐ servidor público, quando a parturiente não for servidora.
terizada a incapacidade para o desempenho das atribuições
do cargo ou a impossibilidade de se aplicar o disposto no Seção III
art. 24. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) Do Salário-Família
Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática,
e declarada por ato, com vigência a partir do dia imediato Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou
àquele em que o servidor atingir a idade-limite de perma‐ ao inativo, por dependente econômico.
nência no serviço ativo. Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômi‐
Art.  188. A  aposentadoria voluntária ou por invalidez cos para efeito de percepção do salário-família:
vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato. I – o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os en‐
§  1º A aposentadoria por invalidez será precedida de teados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até
licença para tratamento de saúde, por período não excedente 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
a 24 (vinte e quatro) meses. II  – o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante
§  2º Expirado o período de licença e não estando em autorização judicial, viver na companhia e às expensas do
condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o ser‐ servidor, ou do inativo;
vidor será aposentado. III – a mãe e o pai sem economia própria.
§ 3º O lapso de tempo compreendido entre o término Art.  198. Não se configura a dependência econômica
da licença e a publicação do ato da aposentadoria será con‐
quando o beneficiário do salário-família perceber rendimen‐
siderado como de prorrogação da licença.
to do trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão
§ 4º Para os fins do disposto no § 1º deste artigo, serão
ou provento da aposentadoria, em valor igual ou superior
consideradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade
ao salário-mínimo.
ensejadora da invalidez ou doenças correlacionadas. (Incluído
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos

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pela Lei nº 11.907, de 2009)
e viverem em comum, o salário-família será pago a um deles;
§ 5º A critério da Administração, o servidor em licença
para tratamento de saúde ou aposentado por invalidez po‐ quando separados, será pago a um e outro, de acordo com
derá ser convocado a qualquer momento, para avaliação das a distribuição dos dependentes.
condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria. Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto,
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) a madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos
Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado incapazes.
com observância do disposto no § 3º do art. 41, e revisto Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer
na mesma data e proporção, sempre que se modificar a tributo, nem servirá de base para qualquer contribuição,
remuneração dos servidores em atividade. inclusive para a Previdência Social.
Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remune‐
benefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos ração, não acarreta a suspensão do pagamento do salário‐
servidores em atividade, inclusive quando decorrentes de -família.
transformação ou reclassificação do cargo ou função em que Seção IV
se deu a aposentadoria. Da Licença para Tratamento de Saúde
Art. 190. O servidor aposentado com provento propor‐
cional ao tempo de serviço se acometido de qualquer das Art. 202. Será concedida ao servidor licença para trata‐
moléstias especificadas no § 1º do art. 186 desta Lei e, por mento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia
esse motivo, for considerado inválido por junta médica oficial médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.
passará a perceber provento integral, calculado com base no Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será
fundamento legal de concessão da aposentadoria. (Redação concedida com base em perícia oficial. (Redação dada pela
dada pela Lei nº 11.907, de 2009) Lei nº 11.907, de 2009)
Art.  191. Quando proporcional ao tempo de serviço, §  1º Sempre que necessário, a  inspeção médica será
o provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remunera‐ realizada na residência do servidor ou no estabelecimento
ção da atividade. hospitalar onde se encontrar internado.
Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) § 2º Inexistindo médico no órgão ou entidade no local
Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) onde se encontra ou tenha exercício em caráter permanen‐
Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação te o servidor, e não se configurando as hipóteses previstas
natalina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equi‐ nos parágrafos do art.  230, será aceito atestado passado

291
por médico particular. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade
10/12/1997) de seis meses, a servidora lactante terá direito, durante a
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o atestado somente jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá
produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade de ser parcelada em dois períodos de meia hora.
recursos humanos do órgão ou entidade. (Redação dada pela Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda ju‐
Lei nº 11.907, de 2009) dicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos
§ 4º A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) 90 (noventa) dias de licença remunerada. (Vide Decreto
dias no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia nº 6.691, de 2008)
de afastamento será concedida mediante avaliação por junta Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial
médica oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que
§ 5º A perícia oficial para concessão da licença de que trata este artigo será de 30 (trinta) dias.
trata o caput deste artigo, bem como nos demais casos de
perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada por cirur‐ Seção VI
giões-dentistas, nas hipóteses em que abranger o campo Da Licença por Acidente em Serviço
de atuação da odontologia. (Incluído pela Lei nº 11.907,
de 2009) Art.  211. Será licenciado, com remuneração integral,
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15 o servidor acidentado em serviço.
(quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de Art.  212. Configura acidente em serviço o dano físico
perícia oficial, na forma definida em regulamento. (Redação ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata
dada pela Lei nº 11.907, de 2009) ou imediatamente, com as atribuições do cargo exercido.
Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se refe‐ Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
rirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar I – decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo
de lesões produzidas por acidente em serviço, doença profis‐ servidor no exercício do cargo;
sional ou qualquer das doenças especificadas no art. 186, § 1º. II – sofrido no percurso da residência para o trabalho e
Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões vice-versa.
orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção médica. Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite
Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos de tratamento especializado poderá ser tratado em institui‐
periódicos, nos termos e condições definidos em regulamen‐ ção privada, à conta de recursos públicos.
to. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) (Regulamento). Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta
Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, médica oficial constitui medida de exceção e somente será
a União e suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: admissível quando inexistirem meios e recursos adequados
(Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) em instituição pública.
I – prestar os exames médicos periódicos diretamente Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10
pelo órgão ou entidade a qual se encontra vinculado o ser‐ (dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
vidor; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
Seção VII
II  – celebrar convênio ou instrumento de cooperação
Da Pensão
ou parceria com os órgãos e entidades da administração
direta, suas autarquias e fundações; (Redação dada pela Lei
Art. 215. Por morte do servidor, os seus dependentes,
nº 12.998, de 2014)
nas hipóteses legais, fazem jus à pensão por morte, observa‐
III  – celebrar convênios com operadoras de plano de
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dos os limites estabelecidos no inciso XI do caput do art. 37


assistência à saúde, organizadas na modalidade de autoges‐ da Constituição Federal e no art. 2º da Lei nº 10.887, de 18 de
tão, que possuam autorização de funcionamento do órgão junho de 2004. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
regulador, na forma do art. 230; ou (Redação dada pela Lei Art. 216. (Revogado pela Medida Provisória nº 664, de
nº 12.998, de 2014) 2014) (Vigência) (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015)
IV – prestar os exames médicos periódicos mediante con‐ Art. 217. São beneficiários das pensões:
trato administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de I – o cônjuge; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
21 de junho de 1993, e demais normas pertinentes. (Redação a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
dada pela Lei nº 12.998, de 2014) b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
c) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Seção V d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Da Licença à Gestante, à Adotante e) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
e da Licença-Paternidade II – o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou
de fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida
Art.  207. Será concedida licença à servidora gestante judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
remuneração. (Vide Decreto nº 6.690, de 2008) 2015)
§ 1º A licença poderá ter início no primeiro dia do nono b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
mês de gestação, salvo antecipação por prescrição médica. 2015)
§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá c) Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
início a partir do parto. d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
§ 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do 2015)
evento, a servidora será submetida a exame médico, e se III – o companheiro ou companheira que comprove
julgada apta, reassumirá o exercício. união estável como entidade familiar; (Incluído pela Lei nº
§ 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a ser‐ 13.135, de 2015)
vidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. IV – o filho de qualquer condição que atenda a um dos
Art.  208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o  ser‐ seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
vidor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei
consecutivos. nº 13.135, de 2015)

292
b) seja inválido; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) § 5º Em qualquer hipótese, fica assegurada ao órgão
c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência) concessor da pensão por morte a cobrança dos valores in‐
d) tenha deficiência intelectual ou mental; (Redação dada devidamente pagos em função de nova habilitação. (Incluído
pela Lei nº 13.846, de 2019) pela Lei nº 13.846, de 2019)
V – a mãe e o pai que comprovem dependência econô‐ Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: (Redação
mica do servidor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
VI – o irmão de qualquer condição que comprove depen‐ I – após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado
dência econômica do servidor e atenda a um dos requisitos pela prática de crime de que tenha dolosamente resultado
previstos no inciso IV. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) a morte do servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 1º A concessão de pensão aos beneficiários de que tra‐ II – o cônjuge, o companheiro ou a companheira se
tam os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no
nos incisos V e VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) casamento ou na união estável, ou a formalização desses
§ 2º A concessão de pensão aos beneficiários de que trata com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário,
o inciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso VI. apuradas em processo judicial no qual será assegurado o
(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) direito ao contraditório e à ampla defesa. (Incluído pela Lei
§ 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho nº 13.135, de 2015)
mediante declaração do servidor e desde que comprovada Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte
dependência econômica, na forma estabelecida em regula‐ presumida do servidor, nos seguintes casos:
I – declaração de ausência, pela autoridade judiciária
mento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
competente;
§ 4º (Vetado).
II – desaparecimento em desabamento, inundação,
Art.  218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à incêndio ou acidente não caracterizado como em serviço;
pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais entre III – desaparecimento no desempenho das atribuições
os beneficiários habilitados. (Redação dada pela Lei nº do cargo ou em missão de segurança.
13.135, de 2015) Parágrafo único. A pensão provisória será transformada
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) em vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o eventual reapa‐
§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) recimento do servidor, hipótese em que o benefício será
Art. 219. A pensão por morte será devida ao conjunto dos automaticamente cancelado.
dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
contar da data: (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) I – o seu falecimento;
I – do óbito, quando requerida em até 180 (cento e II – a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer
oitenta dias) após o óbito, para os filhos menores de 16 após a concessão da pensão ao cônjuge;
(dezesseis) anos, ou em até 90 (noventa) dias após o óbito, III – a cessação da invalidez, em se tratando de bene‐
para os demais dependentes; (Redação dada pela Lei nº ficiário inválido, ou o afastamento da deficiência, em se
13.846, de 2019) tratando de beneficiário com deficiência, respeitados os
II – do requerimento, quando requerida após o prazo períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas a e
previsto no inciso I do caput deste artigo; ou (Redação dada b do inciso VII do caput deste artigo; (Redação dada pela Lei
pela Lei nº 13.846, de 2019) nº 13.846, de 2019)
III – da decisão judicial, na hipótese de morte presumida. IV – o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo
(Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) filho ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)

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§ 1º A concessão da pensão por morte não será protelada V – a acumulação de pensão na forma do art. 225;
pela falta de habilitação de outro possível dependente e a VI – a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº
habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão 13.135, de 2015)
de dependente só produzirá efeito a partir da data da publi‐ VII – em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I
cação da portaria de concessão da pensão ao dependente a III do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
habilitado. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer
§ 2º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento sem que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições
da condição de dependente, este poderá requerer a sua mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido
habilitação provisória ao benefício de pensão por morte, iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do ser‐
exclusivamente para fins de rateio dos valores com outros vidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de
dependentes, vedado o pagamento da respectiva cota até
acordo com a idade do pensionista na data de óbito do ser‐
o trânsito em julgado da respectiva ação, ressalvada a exis‐
vidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais
tência de decisão judicial em contrário. (Redação dada pela e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da
Lei nº 13.846, de 2019) união estável: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 3º Nas ações em que for parte o ente público respon‐ 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de
sável pela concessão da pensão por morte, este poderá pro‐ idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
ceder de ofício à habilitação excepcional da referida pensão, 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis)
apenas para efeitos de rateio, descontando-se os valores anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
referentes a esta habilitação das demais cotas, vedado o 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e
pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da nove) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
respectiva ação, ressalvada a existência de decisão judicial 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos
em contrário. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 4º Julgada improcedente a ação prevista no § 2º ou § 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quaren‐
3º deste artigo, o valor retido será corrigido pelos índices ta e três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
legais de reajustamento e será pago de forma proporcional 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de
aos demais dependentes, de acordo com as suas cotas e o idade. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
tempo de duração de seus benefícios. (Incluído pela Lei nº § 1º A critério da administração, o beneficiário de pensão
13.846, de 2019) cuja preservação seja motivada por invalidez, por incapaci‐

293
dade ou por deficiência poderá ser convocado a qualquer § 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será
momento para avaliação das referidas condições. (Incluído pago somente em razão do cargo de maior remuneração.
pela Lei nº 13.135, de 2015) § 2º (Vetado).
§ 2º Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida § 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito)
no inciso III ou os prazos previstos na alínea b do inciso VII, horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da
ambos do caput, se o óbito do servidor decorrer de aciden‐ família que houver custeado o funeral.
te de qualquer natureza ou de doença profissional ou do Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será
trabalho, independentemente do recolhimento de 18 (de‐ indenizado, observado o disposto no artigo anterior.
zoito) contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço
anos de casamento ou de união estável. (Incluído pela Lei fora do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de
nº 13.135, de 2015) transporte do corpo correrão à conta de recursos da União,
§ 3º Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e des‐ autarquia ou fundação pública.
de que nesse período se verifique o incremento mínimo de
um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, Seção IX
correspondente à expectativa de sobrevida da população bra‐ Do Auxílio-Reclusão
sileira ao nascer, poderão ser fixadas, em números inteiros,
novas idades para os fins previstos na alínea b do inciso VII Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio‐
do caput, em ato do Ministro de Estado do Planejamento, -reclusão, nos seguintes valores:
Orçamento e Gestão, limitado o acréscimo na comparação I – dois terços da remuneração, quando afastado por
com as idades anteriores ao referido incremento. (Incluído motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada
pela Lei nº 13.135, de 2015) pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão;
§ 4º O tempo de contribuição a Regime Próprio de Pre‐ II – metade da remuneração, durante o afastamento, em
vidência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência virtude de condenação, por sentença definitiva, a pena que
Social (RGPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) não determine a perda de cargo.
contribuições mensais referidas nas alíneas a e b do inciso § 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o ser‐
VII do caput. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) vidor terá direito à integralização da remuneração, desde
§ 5º Na hipótese de o servidor falecido estar, na data que absolvido.
de seu falecimento, obrigado por determinação judicial a § 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir
pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro do dia imediato àquele em que o servidor for posto em
ou ex-companheira, a pensão por morte será devida pelo liberdade, ainda que condicional.
prazo remanescente na data do óbito, caso não incida outra § 3º Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão
hipótese de cancelamento anterior do benefício. (Redação será devido, nas mesmas condições da pensão por morte,
dada pela Lei nº 13.846, de 2019) aos dependentes do segurado recolhido à prisão. (Incluído
§ 6º O beneficiário que não atender à convocação de
pela Lei nº 13.135, de 2015)
que trata o § 1º deste artigo terá o benefício suspenso, ob‐
servado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 95 da
CAPÍTULO III
Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. (Redação dada pela
Da Assistência à Saúde
Lei nº 13.846, de 2019)
§ 7º O exercício de atividade remunerada, inclusive na
Art.  230. A  assistência à saúde do servidor, ativo ou
condição de microempreendedor individual, não impede a
inativo, e de sua família compreende assistência médica,
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

concessão ou manutenção da cota da pensão de dependente


com deficiência intelectual ou mental ou com deficiência hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, terá
grave. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) como diretriz básica o implemento de ações preventivas
§ 8º No ato de requerimento de benefícios previdenci‐ voltadas para a promoção da saúde e será prestada pelo
ários, não será exigida apresentação de termo de curatela Sistema Único de Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou
de titular ou de beneficiário com deficiência, observados entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou mediante
os procedimentos a serem estabelecidos em regulamento. convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio, median‐
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) te ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor,
Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de benefi‐ ativo ou inativo, e seus dependentes ou pensionistas com
ciário, a respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. planos ou seguros privados de assistência à saúde, na for‐
(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) ma estabelecida em regulamento. (Redação dada pela Lei
I – (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) nº 11.302 de 2006)
II – (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de §  1º Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja
2015) exigida perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência
Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas de médico ou junta médica oficial, para a sua realização o
na mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos órgão ou entidade celebrará, preferencialmente, convênio
vencimentos dos servidores, aplicando-se o disposto no com unidades de atendimento do sistema público de saúde,
parágrafo único do art. 189. entidades sem fins lucrativos declaradas de utilidade pública,
Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a ou com o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. (Incluído
percepção cumulativa de pensão deixada por mais de um pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
cônjuge ou companheiro ou companheira e de mais de 2 §  2º Na impossibilidade, devidamente justificada, da
(duas) pensões. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou enti‐
dade promoverá a contratação da prestação de serviços por
Seção VIII pessoa jurídica, que constituirá junta médica especificamente
Do Auxílio-Funeral para esses fins, indicando os nomes e especialidades dos
seus integrantes, com a comprovação de suas habilitações
Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor e de que não estejam respondendo a processo disciplinar
falecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente junto à entidade fiscalizadora da profissão. (Incluído pela Lei
a um mês da remuneração ou provento. nº 9.527, de 10/12/1997)

294
§ 3º Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida
a União e suas entidades autárquicas e fundacionais autori‐ funcional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres.
zadas a: (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos ter‐
I – celebrar convênios exclusivamente para a prestação mos da Constituição Federal, o direito à livre associação sin‐
de serviços de assistência à saúde para os seus servidores dical e os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes:
ou empregados ativos, aposentados, pensionistas, bem a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como
como para seus respectivos grupos familiares definidos, substituto processual;
com entidades de autogestão por elas patrocinadas por b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano
meio de instrumentos jurídicos efetivamente celebrados e após o final do mandato, exceto se a pedido;
publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam auto‐ c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindi‐
rização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo cal a que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições
que os convênios celebrados depois dessa data somente definidas em assembléia geral da categoria.
poderão sê-lo na forma da regulamentação específica sobre d) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
patrocínio de autogestões, a  ser publicada pelo mesmo e) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
órgão regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da Art.  241. Consideram-se da família do servidor, além
vigência desta Lei, normas essas também aplicáveis aos do cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas
convênios existentes até 12 de fevereiro de 2006; (Incluído expensas e constem do seu assentamento individual.
pela Lei nº 11.302 de 2006) Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira
II  – contratar, mediante licitação, na forma da Lei nº ou companheiro, que comprove união estável como entidade
8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de planos e familiar.
seguros privados de assistência à saúde que possuam auto‐ Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o mu‐
rização de funcionamento do órgão regulador; (Incluído pela nicípio onde a repartição estiver instalada e onde o servidor
Lei nº 11.302 de 2006) tiver exercício, em caráter permanente.
III – (Vetado) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
§ 4º (Vetado) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) TÍTULO IX
§  5º O valor do ressarcimento fica limitado ao total
despendido pelo servidor ou pensionista civil com plano CAPÍTULO ÚNICO
ou seguro privado de assistência à saúde. (Incluído pela Lei Das Disposições Transitórias e Finais
nº 11.302 de 2006)
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído
CAPÍTULO IV por esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servido‐
Do Custeio res dos Poderes da União, dos ex-Territórios, das autarquias,
inclusive as em regime especial, e das fundações públicas,
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28/1/1999) regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 – Es‐
tatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, ou pela
TÍTULO VII Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto‐
-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, exceto os contratados
CAPÍTULO ÚNICO por prazo determinado, cujos contratos não poderão ser
Da Contratação Temporária de prorrogados após o vencimento do prazo de prorrogação.
Excepcional Interesse Público § 1º Os empregos ocupados pelos servidores incluídos

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no regime instituído por esta Lei ficam transformados em
Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9/12/1993) cargos, na data de sua publicação.
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9/12/1993) § 2º As funções de confiança exercidas por pessoas não
Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9/12/1993) integrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde
Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9/12/1993) têm exercício ficam transformadas em cargos em comissão,
e mantidas enquanto não for implantado o plano de cargos
TÍTULO VIII dos órgãos ou entidades na forma da lei.
§  3º As Funções de Assessoramento Superior  – FAS,
CAPÍTULO ÚNICO exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela de
Das Disposições Gerais pessoal, ficam extintas na data da vigência desta Lei.
§ 4º (Vetado).
Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a § 5º O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serven‐
vinte e oito de outubro. tuários da Justiça, remunerados com recursos da União, no
Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes que couber.
Executivo, Legislativo e Judiciário, os  seguintes incentivos §  6º Os empregos dos servidores estrangeiros com
funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos planos estabilidade no serviço público, enquanto não adquirirem
de carreira: a nacionalidade brasileira, passarão a integrar tabela em
I  – prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou extinção, do respectivo órgão ou entidade, sem prejuízo
trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade e a dos direitos inerentes aos planos de carreira aos quais se
redução dos custos operacionais; encontrem vinculados os empregos.
II – concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, § 7º Os servidores públicos de que trata o caput deste
condecoração e elogio. artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados Constitucionais Transitórias, poderão, no interesse da Ad‐
em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo‐ ministração e conforme critérios estabelecidos em regula‐
-se o do vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro mento, ser exonerados mediante indenização de um mês de
dia útil seguinte, o prazo vencido em dia em que não haja remuneração por ano de efetivo exercício no serviço público
expediente. federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção § 8º Para fins de incidência do imposto de renda na fonte
filosófica ou política, o servidor não poderá ser privado de e na declaração de rendimentos, serão considerados como

295
indenizações isentas os pagamentos efetuados a título de EXERCÍCIOS
indenização prevista no parágrafo anterior. (Incluído pela Lei
nº 9.527, de 10/12/1997) 1. (2020/FEPESE/Prefeitura de Coronel Freitas - SC) Sobre
§  9º Os cargos vagos em decorrência da aplicação do o ato administrativo, é correto afirmar.
disposto no § 7º poderão ser extintos pelo Poder Executivo a) O motivo do ato administrativo corresponde à situa‐
quando considerados desnecessários. (Incluído pela Lei ção de fato e de direito que ensejaram a sua prática.
nº 9.527, de 10/12/1997) b) A competência para a prática do ato administrativo
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já conce‐ poderá ser renunciada por seu titular.
didos aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transfor‐ c) O desvio de finalidade do ato administrativo ocorre
mados em anuênio. quando um agente público pratica um determinado
Art.  245. A  licença especial disciplinada pelo art.  116 ato sem competência para tal.
da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica d) Todo ato administrativo passa produzir efeitos desde
transformada em licença-prêmio por assiduidade, na forma a sua edição.
prevista nos arts. 87 a 90. e) A execução do ato administrativo depende da con‐
Art. 246. (Vetado). corrência de provimento judicial.
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei,
haverá ajuste de contas com a Previdência Social, correspon‐ 2. (2020/FEPESE/Prefeitura de Coronel Freitas - SC) É cor-
dente ao período de contribuição por parte dos servidores reto afirmar sobre os Agentes públicos.
celetistas abrangidos pelo art. 243. (Redação dada pela Lei a) É dever do servidor público estar filiado a entidade
nº 8.162, de 8/1/1991) de classe ou associação sindical.
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigên‐ b) Após três anos de efetivo exercício o servidor público
cia desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade será considerado estável e vitalício no cargo para o
de origem do servidor. qual prestou concurso público.
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1º do art. 231, c) O ingresso em cargo público dar-se-á, exclusivamen‐
os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma te, por meio de concurso público de provas e títulos.
e nos percentuais atualmente estabelecidos para o servidor d) A readaptação de cargo público corresponde à in‐
civil da União conforme regulamento próprio. vestidura do servidor em cargo compatível com a
sua limitação, seja ela física ou mental.
Art.  250. O  servidor que já tiver satisfeito ou vier a
e) Ao licenciar-se da função pública, o cargo ocupado
satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias
pelo servidor será considerado vacante, ou seja,
para a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do
vago.
antigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei
nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á com a 3. (2020/FEPESE/Prefeitura de Itajaí - SC) Quando o juízo
vantagem prevista naquele dispositivo. (Mantido pelo Con- de oportunidade, conveniência e necessidade referente
gresso Nacional) ao ato administrativo é feito pelo próprio legislador, não
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) residindo margem de liberdade na atuação ao agente
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi‐ público, está-se diante de um ato de poder:
cação, com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do a) arbitrário.
mês subsequente. b) hierárquico.
Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de ou‐ c) discricionário.
tubro de 1952, e respectiva legislação complementar, bem d) normativo.
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

como as demais disposições em contrário. e) vinculado.


..............................................................................................
4. (2006/FEPESE/TCE-SC) Assinale a alternativa que cor‐
Notas sobre Seguridade: responde a uma prerrogativa do ato administrativo:
a) competência.
1. Lei nº 10.667, de 14/5/2003. O art. 3º inclui os §§ 1º, b) interesse público.
2º, 3º e 4º ao art. 183 da Lei nº 8.112 de 1990 sobre c) finalidade
seguridade social para o servidor e sua família. d) publicidade.
2. Recurso Extraordinário nº 163.204-1995, de 9/11/1994. e) executoriedade.
Acumulação de proventos de aposentadoria e ven‐
cimentos somente é permitida quando se tratar de 5. (2006/FEPESE/TCE-SC) A prerrogativa de que dispõe a
cargos, funções ou empregos acumuláveis na atividade, administração Pública de suprimir um ato administra‐
na forma permitida pela Constituição. tivo face a critérios de conveniência e oportunidade
3. Decreto nº 6.690, de 11/12/2008. Institui o Programa denomina-se:
de Prorrogação da Licença à Gestante e à Adotante, a) cassação
estabelece os critérios de adesão ao Programa. b) revogação.
4. Decreto nº 5.010, de 9/3/2004. Altera o caput do art. c) anulação.
1º do Decreto nº 4.978, de 2004 sobre assistência à d) caducidade.
saúde do servidor. e) extinção objetiva
5. Portaria Normativa nº 1, de 27/12/2007. Estabelece
6. (2019/FEPESE/Prefeitura de Florianópolis - SC) São di‐
orientações aos órgãos e entidades do Sistema de
reitos dos servidores públicos civis:
Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC sobre
a) fundo de garantia por tempo de serviço.
a assistência à saúde suplementar do servidor ativo, b) jornada de seis horas para o trabalho realizado em
inativo, seus dependentes e pensionistas. turnos ininterruptos de revezamento, salvo negocia‐
6. Orientação Normativa nº 5, de 14/7/2008. Conver‐ ção coletiva.
são do provento proporcional em integral em razão c) igualdade de direitos entre o trabalhador com víncu‐
da superveniência de doenças graves, contagiosas ou lo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
incuráveis.

296
d) redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio adequada diante do caso concreto, a fim de alcançar
de normas de saúde, higiene e segurança. a finalidade legal.
e) remuneração do serviço extraordinário superior, no c) A imperatividade é o atributo do ato administrati‐
mínimo, em trinta por cento à do normal. vo por meio do qual o administrador pode exigir
o cumprimento legal da ordem pelo administrado,
7. (2019/FEPESE/Prefeitura de Florianópolis - SC) Assinale independentemente de ordem judicial.
a alternativa que indica corretamente a classificação do d) A Administração Pública pode revogar os seus pró‐
ato administrativo cuja eficácia somente será obtida prios atos, sempre que eivados de vício de legalida‐
pela ratificação de outro agente e o ato administrativo de, e deve anulálos por motivo de conveniência ou
decorrente da rotina interna da administração pública, oportunidade.
respectivamente. e) A competência é o poder legal conferido ao agente
a) composto e gestão público para o desempenho específico das atribui‐
b) complexo e gestão ções de seu cargo.
c) complexo e expediente
d) complexo e império 12. (2018/FEPESE/Prefeitura de Mafra - SC) Sem prejuízo
e) composto e expediente de outros, são princípios constitucionais básicos da Ad‐
ministração Pública:
8. (2018/FEPESE/PLASSM) A respeito do ato administra‐ a) moralidade, publicidade e vinculação.
tivo, assinale a alternativa correta: b) objetividade, probidade e pessoalidade.
a) Os atos administrativos dispensam a motivação c) pessoalidade, moralidade e subjetividade.
quando decidem recursos administrativos. d) legalidade, impessoalidade e eficiência.
b) O ato vinculado é aquele que confere ao adminis‐ e) vinculação, impessoalidade e eficácia.
trador uma margem de liberdade para que escolha,
segundo critérios de razoabilidade, a conduta mais 13. (2018/FEPESE/Prefeitura de Mafra - SC) Conforme a
adequada diante do caso concreto, a fim de alcançar Constituição Federal de 1988:
a finalidade legal. a) A administração pública direta poderá obedecer ao
c) A imperatividade é o atributo do ato administrati‐ princípio da publicidade conforme decisão das au‐
vo por meio do qual o administrador pode exigir toridades competentes.
o cumprimento legal da ordem pelo administrado, b) O único princípio imposto à administração pública
independentemente de ordem judicial. direta pela legislação em vigor é o princípio de mo‐
d) A Administração Pública pode revogar os seus pró‐ ralidade.
prios atos, sempre que eivados de vício de legalida‐ c) A administração pública direta e indireta de qual‐
de, e deve anulálos por motivo de conveniência ou quer dos Poderes da União, dos Estados e dos Mu‐
oportunidade. nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, de
e) A competência é o poder legal conferido ao agente impessoalidade, de moralidade, de publicidade e de
público para o desempenho específico das atribui‐ eficiência.
ções de seu cargo. d) A administração pública direta dos Estados e Muni‐
cípios tem por imposição legal adotar somente os
9. (2018/FEPESE/PLASSM) Sem prejuízo de outros, são princípios de legalidade, de moralidade e de efici‐
princípios constitucionais básicos da Administração ência.
Pública: e) À administração pública indireta cabe optar pela

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


a) moralidade, publicidade e vinculação. adoção dos princípios que lhe forem convenientes.
b) objetividade, probidade e pessoalidade.
c) pessoalidade, moralidade e subjetividade. 14. (2018/FEPESE/CIS - AMOSC - SC) O procedimento lici‐
d) legalidade, impessoalidade e eficiência. tatório previsto na Lei nº 8.666/93 caracteriza:
e) vinculação, impessoalidade e eficácia. a) Fato administrativo.
b) Ato administrativo informal.
10. (2018/FEPESE/Prefeitura de Rio das Antas - SC) Sobre c) Ato administrativo, somente se praticado na Admi‐
a nomeação, de acordo com a legislação que rege a nistração Indireta.
matéria: d) Ato administrativo, somente se praticado pela Ad‐
a) Será em caráter efetivo para cargos de confiança de ministração Direta.
Secretário Municipal (Agentes Políticos). e) Ato administrativo formal, seja ele praticado em
b) Será em comissão, quando se tratar de cargo isolado qualquer esfera da Administração Pública.
da carreira.
c) A nomeação para cargo da carreira será de livre exo‐ 15. (2018/FEPESE/CIS - AMOSC - SC) Identifique abaixo as
neração. afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ) sobre os
d) A designação para cargos de confiança depende de atributos dos atos administrativos:
prévia habilitação em concurso público de provas. ( ) A autoexecutoriedade é o atributo do ato admi‐
e) A nomeação se dará em comissão, para cargos de nistrativo que impõe a coercibilidade para o seu
confiança, de livre nomeação e exoneração, e em cumprimento.
caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado ( ) A imperatividade consiste na possibilidade que
na carreira. certos atos administrativos têm de oportunizar sua
imediata e direta execução pela própria administra‐
11. (2018/FEPESE/Prefeitura de Mafra - SC) A respeito do ção, independentemente de ordem judicial.
ato administrativo, assinale a alternativa correta: ( ) A presunção de legitimidade relaciona-se à procla‐
a) Os atos administrativos dispensam a motivação mação de que “não se pode recusar fé aos docu‐
quando decidem recursos administrativos. mentos públicos”.
b) O ato vinculado é aquele que confere ao adminis‐ ( ) Enquanto não ocorrer o pronunciamento de nuli‐
trador uma margem de liberdade para que escolha, dade, os atos administrativos, por sua presunção
segundo critérios de razoabilidade, a conduta mais de legitimidade, são tidos por válidos e operantes

297
para a administração ou para beneficiários de seus a) Servidores públicos em sentido estrito.
efeitos. b) Contratados por tempo determinado.
( ) Todo ato administrativo munido de imperatividade c) Empregados Públicos.
deve ter seu cumprimento atendido enquanto não d) Agentes políticos.
for revogado ou anulado. e) Terceirizados.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta,
de cima para baixo. 21. (2018/FEPESE/CIS - AMOSC - SC) Em um ato administra‐
a) V - V - V - V - V tivo, qual o requisito que denota a “situação de direito
b) V - F - F - F - V ou de fato que determina ou autoriza a realização do
c) F - V - V - V - F ato administrativo”?
d) F - F - V - V - V a) Forma
e) F - F - V - V - F b) Objeto
c) Motivo
16. (2018/FEPESE/CIS - AMOSC - SC) Há um princípio clássi‐ d) Finalidade
co de administração pública que “impõe ao administra‐ e) Competência
dor público que só pratique o ato para o seu fim legal”,
que, por sua vez, é aquele cujo objetivo é o interesse 22. (2018/FEPESE/CIS - AMOSC - SC) Na Administração Pú‐
público. Que princípio é este? blica o princípio que denota a proibição de excesso que
a) Finalidade tem por finalidade conferir a congruência entre meios
b) Moralidade e fins, de forma a preservar-se de restrições desneces‐
c) Razoabilidade sárias ou abusivas por parte da Administração Pública,
d) Publicidade com prejuízo aos direitos fundamentais, denomina-se:
e) Proporcionalidade a) Moralidade.
b) Ampla defesa.
17. (2018/FEPESE/IPMM – SC) A respeito do ato adminis‐ c) Contraditório.
trativo, assinale a alternativa correta: d) Razoabilidade.
a) Os atos administrativos dispensam a motivação e) Supremacia do Interesse Público.
quando decidem recursos administrativos.
b) O ato vinculado é aquele que confere ao adminis‐ 23. (2019/FEPESE/SAP-SC) Analise as afirmativas abaixo a
trador uma margem de liberdade para que escolha, respeito dos princípios da administração pública.
segundo critérios de razoabilidade, a conduta mais 1. O princípio da legalidade encontra a sua gênese na
adequada diante do caso concreto, a fim de alcançar ideia da separação dos poderes, identificando-se com a
a finalidade legal. submissão da administração pública ao comando da lei.
c) A imperatividade é o atributo do ato administrati‐ 2. Corolário do princípio da moralidade, os atos de im‐
vo por meio do qual o administrador pode exigir probidade administrativa implicarão, na forma e gradação
o cumprimento legal da ordem pelo administrado,
previstas em lei, a suspensão dos direitos políticos, a perda
independentemente de ordem judicial.
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar‐
d) A Administração Pública pode revogar os seus pró‐
cimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
prios atos, sempre que eivados de vício de legalida‐
3. Como desdobramento do princípio da publicidade,
de, e deve anulálos por motivo de conveniência ou
todos os cidadãos têm o direito a receber dos órgãos pú‐
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

oportunidade.
e) A competência é o poder legal conferido ao agente blicos as informações de interesse próprio e de interesse
público para o desempenho específico das atribui‐ geral, que serão prestadas na forma da lei e sob pena
ções de seu cargo. de responsabilidade, incluindo informações sigilosas que
envolvam a segurança da sociedade e do Estado.
18. (2018/FEPESE/IPMM - SC) Sem prejuízo de outros, são 4. A impessoalidade traduz a concepção de que a ad‐
princípios constitucionais básicos da Administração ministração pública deve tratar a todos de maneira jus‐
Pública: ta, admitindo-se privilégios e discriminações entre os
a) moralidade, publicidade e vinculação. cidadãos, pautados em avaliação subjetiva do agente
b) objetividade, probidade e pessoalidade. administrativo.
c) pessoalidade, moralidade e subjetividade. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
d) legalidade, impessoalidade e eficiência. corretas.
e) vinculação, impessoalidade e eficácia. a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
b) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
19. (2018/FEPESE/CIS - AMOSC - SC) Os agentes públicos c) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
são obrigados, por imposição da Lei n 8.429/92, a velar d) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.
pela observância dos princípios: e) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
a) Apenas da legalidade e da moralidade.
b) Apenas da moralidade e da publicidade. 24. (2020/FEPESE/Prefeitura de Itajaí - SC) O fenômeno ju‐
c) Apenas da legalidade e da impessoalidade. rídico em que determinado ato administrativo efetua a
d) Apenas da publicidade e da impessoalidade. supressão de defeito sanável de outro ato administra‐
e) Da legalidade, impessoalidade, moralidade e publi‐ tivo anteriormente praticado, a fim de confirmá-lo no
cidade. mundo jurídico, com a retroatividade dos seus efeitos
a partir da edição do primeiro ato, é chamado:
20. (2018/FEPESE/CIS - AMOSC - SC) Os servidores titulares a) conversão.
de cargos públicos efetivo e em comissão, com regime b) retificação.
jurídico estatutário geral ou peculiar e integrantes da c) renovação.
Administração Direta, das autarquias e das fundações d) confirmação.
públicas com personalidade de Direito Público são os: e) convalidação.

298
25. (2020/FEPESE/Prefeitura de Itajaí - SC) Considerando poderá perder o seu cargo. Em relação ao enunciado,
as normas constitucionais a respeito da administração assinale a alternativa correta.
pública, é correto afirmar que se aplicam as seguintes a) É vedada a criação de cargo, emprego ou função com
disposições ao servidor público da administração dire‐ atribuições iguais ou assemelhadas ao cargo consi‐
ta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato derado extinto, pelo prazo mínimo de dois anos.
eletivo: b) O servidor estável que perder o cargo em razão do
1. Tratando-se de mandato eletivo federal, estadual excesso de despesa com pessoal, fará jus a indeni‐
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou zação correspondente a um mês de remuneração
função. por ano de serviço.
2. Em qualquer caso que exija o afastamento para o c) A Administração Pública deve reduzir pelo menos
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço cinquenta por cento das despesas com cargos em
será contado para todos os efeitos legais, exceto para comissão e funções de confiança, antes de exonerar
promoção por merecimento. servidores estáveis.
3. Na hipótese de ser segurado de regime próprio de d) Antes de exonerar servidores estáveis, a Adminis‐
previdência social, permanecerá filiado a esse regime, tração Pública deve reduzir os vencimentos de ser‐
no ente federativo de origem. vidores nãoestáveis.
4. Investido no mandato de Prefeito, será afastado do e) O enunciado é falso porque após estágio probató‐
cargo, emprego ou função, sendo-lhe vedado optar pela rio, o servidor efetivo somente poderá perder o seu
sua remuneração. cargo por meio de sentença judicial com trânsito em
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas julgado.
corretas.
a) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3. 30. (2013/FEPESE/CAU-SC) Analise as afirmativas abaixo.
b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4. 1. Empregados públicos ingressam por meio de concur‐
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4. so público e são agentes submetidos ao regime jurídico
d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4. administrativo de caráter estatutário.
e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4. 2. Agentes políticos são investidos nos cargos por meio
de eleição, nomeação ou designação.
26. (2020/FEPESE/Prefeitura de Itajaí - SC) Assinale a alter‐ 3. Agentes honoríficos são os cidadãos, designados ou
nativa correta sobre os atos administrativos: requisitados, para exercer transitoriamente prestação
a) Atos administrativos discricionários não estão sujei‐ de serviço específico.
tos a controle judiciário. 4. Agentes delegados são aqueles contratados para
b) A anulação do ato administrativo pela Administração atender à necessidade temporária de excepcional in‐
Pública produz efeitos ex tunc. teresse público.
c) A autoexecutoriedade é atributo do ato que confere Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
o pressuposto de conformidade à lei. corretas.
d) O ato administrativo praticado mediante ilegalidade a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
ou desvio de finalidade deverá ser revogado. b) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
e) A finalidade é requisito do ato administrativo que c) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
corresponde à situação fática ou jurídica que ampara d) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.
a vontade do agente público em sua prática. e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo


27. (2010/FEPESE/PGE-SC) Quanto aos atos administrati‐ 31. (2012/FEPESE/UFFS) Analise as opções abaixo:
vos, pode-se dizer que: 1. nomeação
a) Possuem sempre a mesma hierarquia legal. 2. promoção
b) Possuem sempre efeito jurídico concreto. 3. readaptação
c) Atos administrativos são insuscetíveis de controle 4. reversão
jurisdicional. 5. recondução
d) A presunção de legitimidade do ato administrativo Assinale a alternativa que identifica todas as opções
não admite prova em contrário. que representam uma forma de provimento de cargo
e) São declarações do Estado ou de quem lhes faça as público.
vezes, pressupondo providências administrativas. a) Apenas as opções 1 e 5.
b) Apenas as opções 1, 2 e 5.
28. (2009/FEPESE/UFFS) Assinale a alternativa correta. c) Apenas as opções 1, 3 e 4.
Conceder-se-á ao servidor, entre outras, licença: d) Apenas as opções 1, 2, 3 e 4.
a) por motivo de afastamento de pessoa da família; e) As opções 1, 2, 3, 4 e 5.
para o serviço militar; para atividade política.
b) por motivo de doença em pessoa da família; por 32. (2009/FEPESE/UFFS) O dispositivo constitucional abaixo
motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; transcrito constitui um desdobramento de qual princí‐
para o serviço militar. pio fundamental da Administração Pública?
c) para o serviço militar; por motivo de afastamento “Art. 39 (...) omissis § 2º A União, os Estados e o Distrito
de pessoa da família; para capacitação. Federal manterão escolas de governo para a formação e
d) para atividade política; por motivo de afastamento o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituin‐
de pessoa da família; para desempenho de mandato do-se a participação nos cursos um dos requisitos para a
classista. promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração
e) para capacitação; por motivo de afastamento de de convênios ou contratos entre os entes federados”.
pessoa da família; para o serviço militar. a) impessoalidade
b) moralidade
29. (2010/FEPESE/PGE-SC) Verificado o excesso de despesas c) eficiência
com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do d) legalidade
Distrito Federal e dos Municípios, o servidor estável e) razoabilidade

299
33. (2014/FEPESE/Câmara Municipal de Acaraú - CE) Indi‐ d) enunciativo.
que o elemento do ato administrativo que constitui a e) discricionário.
delimitação das atribuições do agente e aponta quem
tem o poder atribuído pela lei para praticar o ato: 38. (2018/FEPESE/Prefeitura de Videira - SC) É princípio
a) competência basilar do Estado Democrático de Direito:
b) finalidade a) O princípio da Legalidade.
c) objeto b) O princípio da Publicidade.
d) forma c) O princípio da Impessoalidade.
e) motivação d) O princípio da Moralidade.
e) O princípio da Eficiência.
34. (2018/FEPESE/Prefeitura de Rio das Antas - SC) É o ven‐
cimento do cargo, acrescido das vantagens pecuniárias, 39. (2019/FEPESE/SJC-SC) Analise as afirmativas abaixo a
permanentes ou temporárias, estabelecidas em lei: respeito dos princípios da administração pública.
a) Abono. 1. O princípio da legalidade encontra a sua gênese na
b) Gratificação. ideia da separação dos poderes, identificando-se com a
c) Remuneração. submissão da administração pública ao comando da lei.
d) Vencimento. 2. Corolário do princípio da moralidade, os atos de im‐
e) Auxílio. probidade administrativa implicarão, na forma e gradação
previstas em lei, a suspensão dos direitos políticos, a perda
35. (2018/FEPESE/Prefeitura de Rio das Antas - SC) Assinale da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar‐
a alternativa correta, em consonância com a legislação cimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
em vigor. 3. Como desdobramento do princípio da publicidade,
a) Extinto o cargo, o servidor será exonerado. todos os cidadãos têm o direito a receber dos órgãos pú‐
b) Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, blicos as informações de interesse próprio e de interesse
o servidor estável ficará em disponibilidade até o geral, que serão prestadas na forma da lei e sob pena
seu adequado aproveitamento em outro cargo de responsabilidade, incluindo informações sigilosas que
c) O retorno à atividade de funcionário em disponibi‐ envolvam a segurança da sociedade e do Estado.
lidade se dará a qualquer tempo e sem obrigatorie‐ 4. A impessoalidade traduz a concepção de que a ad‐
dade de manutenção de vencimentos compatíveis ministração pública deve tratar a todos de maneira jus‐
com os anteriormente percebidos. ta, admitindo-se privilégios e discriminações entre os
d) Os Secretários Municipais (Agentes Políticos) per‐ cidadãos, pautados em avaliação subjetiva do agente
ceberão subsídios anuais, fixados por Decreto de administrativo.
iniciativa do Poder Executivo. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
e) O vencimento dos cargos públicos é redutível a qual‐ corretas.
quer tempo. a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
b) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
36. (2018/FEPESE/Prefeitura de Videira – SC) Analise as afir‐ c) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
mativas abaixo sobre os princípios da administração d) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.
pública: e) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
1. Com base no princípio da autotutela, a administra‐
ção pública dispõe de poder-dever para rever os seus 40. (2018/FEPESE/Prefeitura de Águas de Chapecó - SC)
NOÇÕES DE DIREITO: Noções de Direito Administrativo

próprios atos, quando acometidos de irregularidades. Em se tratando da Administração Pública, assinale a


2. Pelo princípio da indisponibilidade, os bens e interes‐ alternativa correta.
ses públicos não pertencem à administração e aos seus a) A Administração Pública direta e indireta de qualquer
agentes, cabendo-lhes apenas geri-los, conservá-los e dos Poderes da União, dos Estados e dos Municípios
por eles velar em prol da coletividade. obedecerá aos princípios de legalidade, impessoali‐
3. Em decorrência do princípio da supremacia do inte‐ dade, moralidade, publicidade e eficiência.
resse público, o interesse coletivo deverá sempre preva‐ b) A Administração Pública direta, os Poderes da União
lecer sobre o particular, mesmo que implique violação e dos Estados deverão observar apenas os princípios
aos direitos e garantias fundamentais. de legalidade, moralidade e eficiência.
4. De acordo com o postulado da continuidade dos ser‐ c) Aos Estados, Municípios e à Administração Pública
viços públicos, não poderão ocorrer descontinuidades indireta cabe somente atentar aos princípios da pu‐
ou paralisações nas atividades essenciais da adminis‐ blicidade, eficiência e impessoalidade.
tração pública, cabendo à lei, entretanto, regulamentar d) Os Poderes da União, os Estados e o Distrito Federal
o direito de greve. obrigatoriamente devem adotar apenas os princípios
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas da moralidade e da legalidade.
corretas. e) Aos Estados e Municípios é facultada a adoção dos
a) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3. princípios da legalidade, da moralidade e da eficiência.
b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4 GABARITO
d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
1. a 8. e 15. d 22. d 29. b 36. b
37. (2018/FEPESE/Prefeitura de Videira - SC) O ato admi‐ 2. d 9. d 16. a 23. a 30. c 37. e
nistrativo praticado pela administração pública com 3. e 10. e 17. e 24. e 31. e 38. a
alguma dose de liberdade, pautado em critérios de 4. e 11. e 18. d 25. a 32. c 39. a
oportunidade e conveniência, é chamado: 5. b 12. d 19. e 26. b 33. a 40. a
a) vinculado. 6. d 13. c 20. a 27. e 34. c
b) composto. 7. e 14. e 21. c 28. b 35. b
c) de império.

300
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

LICITAÇÕES – LEI Nº 8.666/1993 Eficiência


Trata‑se de mais um limite à atuação discricionária do
Conceito e Objetivo Administrador, uma vez que está vinculado à escolha da
melhor proposta para a Administração.
A licitação é o procedimento administrativo formal exi‐
gido constitucionalmente em que a Administração Pública, Isonomia/Igualdade
mediante condições estabelecidas em ato próprio (edital Igualdade de tratamento para todos aqueles que preten‐
ou carta‑convite) convoca interessados na apresentação de dam participar da licitação, vedada qualquer discriminação
propostas, com dois objetivos: celebração de contrato ou a (art. 3º, caput).
obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico.
• Específicos
Competência Legislativa
Competitividade
Segundo a Constituição Federal de 1988, a União tem Não pode haver regras (ilegais) que impeçam o acesso
competência privativa para legislar sobre normas gerais de de interessados ao certame, constituindo crime (detenção,
licitação e contratação, em todas as modalidades, para as de 6 meses a 2 anos, e multa), obstar, impedir ou dificultar,
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais injustamente, a inscrição de qualquer interessado nos regis‐
da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Tendo em tros cadastrais (art. 3º, § 1º, II e art. 98 da Lei nº 8.666/1993).
vista que o texto constitucional em seu art. 24, § 2º, diz que a
competência da União para legislar sobre normas gerais não Probidade administrativa
exclui a competência suplementar dos Estados, e o art. 30, II, A probidade tem o sentido de honestidade, boa‑fé, morali‐
prevê que compete aos Municípios suplementar a legislação dade por parte dos administradores. Exige que o administrador
federal e a estadual no que couber, a doutrina entende que a atue com honestidade para com os licitantes e, sobretudo,
competência é concorrente: União instituindo normas gerais; para com a própria Administração, concorrendo para que sua
Estados e Municípios suplementando a legislação federal no atividade esteja, de fato, voltada para o interesse administra‐
que couber para atender suas regionalidades. tivo, que é o de promover a seleção mais acertada possível.

Sigilo na apresentação das propostas


Finalidades
De forma a garantir o princípio da isonomia, exige‑se que
as propostas, até a sua respectiva abertura, sejam sigilosas,
Garantir a observância do princípio da isonomia. pois poderia deixar em posição vantajosa o concorrente que
Selecionar a proposta mais vantajosa para a Adminis‐ disponha de tal informação, sendo que constitui crime (de‐
tração. tenção, de 2 a 3 anos, e multa) devassar o sigilo de proposta
Promover o desenvolvimento nacional sustentável. apresentada em procedimento licitatório ou proporcionar a
terceiro o ensejo de devassá‑lo (art. 3º, § 3º, e art. 94 da Lei
Mostrar a eficiência e a moralidade nos negócios
nº 8.666/1993).
administrativos.
Vinculação ao instrumento convocatório
Princípios a Serem Observados na Licitação Impõe à Administração o cumprimento de todas as nor‐
mas e condições que haja previamente estabelecido no edital
• Gerais ou carta convite (art. 41 da Lei nº 8.666/1993).
Legalidade Julgamento objetivo
O princípio da legalidade, dentro da licitação, impõe ao Significa que os critérios e fatores seletivos indicados no NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
administrador a fiel observância dos procedimentos estabe‐ edital devem ser observados pela comissão de licitação ou
lecidos na Lei nº 8.666/1993. pelo responsável pelo convite, evitando‑se qualquer surpresa
para seus participantes. Visa afastar o discricionarismo na
Impessoalidade escolha das propostas (art. 45, caput, da Lei nº 8.666/1993).
Não deve haver fatores de natureza subjetiva ou pessoal
interferindo nos atos dos procedimentos licitatórios. Adjudicação compulsória
Impede que a Administração, concluído o procedimento
Moralidade licitatório, atribua seu objeto a outrem que não o legítimo
Significa que o procedimento licitatório deve pautar‑se em vencedor, entretanto, não há direito subjetivo à adjudicação,
padrões éticos, impondo ao administrador comportamento podendo a Administração revogar motivadamente o procedi‐
legal e honesto, no exercício da atividade administrativa. mento a qualquer momento, desde que haja finalidade pública.
Publicidade
Para garantir a transparência da atuação administrativa
Objeto da Licitação
os atos da licitação devem ser públicos, excetuando‑se dessa
O objeto da licitação é a execução de obras, a prestação
regra apenas o conteúdo das propostas, até a sua respectiva
de serviços, o fornecimento de bens para atendimento de
abertura. Abrange, por exemplo, os avisos de sua abertura
necessidades públicas, as alienações e locações da Adminis‐
até a publicação do edital e seus anexos e o exame da do‐
cumentação e das propostas pelos interessados sempre em tração Pública, que, quando contratadas com terceiros, serão
necessariamente precedidas de licitação (art. 2º).
ato público (arts. 3º, 16, 21 e 44).

301
Responsáveis pela Licitação Requisitos para a Licitação
Consideram‑se responsáveis pela licitação os agentes Obras e Serviços
públicos designados pela autoridade competente, mediante
ato administrativo próprio (portaria), para integrar a comis‐ São requisitos vinculados, ou seja, não podem faltar, pois
são de licitação, ser pregoeiro ou para realizar licitação na
acarretaria a nulidade dos atos e contratos realizados, e a
modalidade convite, com a função de receber, examinar e
julgar os documentos referentes à licitação. responsabilidade dos envolvidos (art. 7º, §§ 2º e 6º):
É constituída por, no mínimo, três membros, sendo pelo
menos dois deles servidores qualificados, pertencentes • existência de projeto básico;
aos quadros permanentes dos órgãos da Administração
• existência de orçamento detalhado;
responsáveis pela licitação, sendo que, no caso de convite,
a comissão de licitação, excepcionalmente, nas pequenas • existência de Recursos Orçamentários;
unidades administrativas e em face da falta de pessoal dis‐ • previsão no Plano Plurianual.
ponível, poderá ser substituída por servidor formalmente
designado pela autoridade competente (art. 51).
A comissão de licitação pode ser: Considera‑se obra: toda construção, reforma, fabricação,
recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou
Permanente Quando a designação abranger a realização indireta (art. 6º, I).
de licitações por período determinado. Considera‑se serviço: toda atividade destinada a obter
determinada utilidade de interesse para a Administração,
Especial No caso de licitações específicas e nos casos
de concurso. tais como: demolição, conserto, instalação, montagem,
operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção,
A investidura dos membros das comissões permanentes transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos
não excederá a um ano. Quando da renovação da comissão técnico‑profissionais (art. 6º, II).
para o período subsequente, será possível apenas a recondu‐
ção parcial desses membros, pois a lei proíbe a recondução Compras
em sua totalidade (art. 51, § 4º).
A comissão encarregada do julgamento dos pedidos de ins- Aqui, os quatro primeiros requisitos são vinculados, ou
crição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento, seja, são obrigatórios, sob pena de nulidade do ato e respon‐
será integrada por profissionais legalmente habilitados no caso sabilidade de que lhe tiver dado causa, já os demais, sempre
de obras, serviços ou aquisição de equipamento (art. 51, § 2º). que possível, deverão ser observados (art. 15):
Os membros das Comissões de licitação respondem
solidariamente por todos os atos praticados pela Comissão,
salvo se posição individual divergente estiver devidamente • caracterização de seu objeto, sem indicação de marca;
fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em • existência de recursos orçamentários;
que tiver sido tomada a decisão.
• a definição das unidades e das quantidades a serem ad‐
quiridas em função do consumo e utilização prováveis;
Formas de Execução dos Serviços
• as condições de guarda e armazenamento que não
Execução Direta permitam a deterioração do material;
• atender ao princípio da padronização;
É a feita pelos órgãos e entidades da Administração, pelos • ser processadas por meio de sistema de registro de
próprios meios (art. 6º, VII). preços;
Execução Indireta • submeter‑se às condições de aquisição e pagamento
semelhantes às do setor privado;
É a que o órgão ou entidade contrata com terceiros • ser subdivididas em tantas parcelas quantas neces‐
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

(art. 6º, VIII). sárias para aproveitar as peculiaridades do mercado,


visando economicidade;
Regimes que Podem ser Utilizados na Execução Indireta • balizar‑se pelos preços praticados no âmbito dos
órgãos e entidades da Administração Pública.
Empreitada Quando se contrata a execução da obra ou
por preço do serviço por preço certo e total (art. 6º, Considera‑se compra: toda aquisição remunerada de
global VIII, a). bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente
Empreitada Quando se contrata a execução da obra ou do (art. 6º, III).
por preço serviço por preço certo de unidades determi‐
unitário nadas (art. 6º, VIII, b). Licitante
Tarefa Quando se ajusta mão de obra para peque‐
nos trabalhos por preço certo, com ou sem É quem se habilitou e participa do procedimento licitatório,
fornecimento de materiais (art. 6º, VIII, d). atendendo ao ato da convocação (Edital ou Carta‑convite).
Empreitada Quando se contrata um empreendimento
integral em sua integralidade, compreendendo todas Não Podem ser Licitantes – Art. 9º
as etapas das obras, serviços e instalações • O autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física
necessárias, sob inteira responsabilidade da ou jurídica.
contratada até a sua entrega ao contratan‐ • A empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável
te em condições de entrada em operação pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da
(art. 6º, VIII, e). qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista

302
ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital I – não seja proprietário de imóvel rural;
com direito a voto ou controlador, responsável técnico II – comprove a morada permanente e cultura
ou subcontratado. efetiva, pelo prazo mínimo de 01 (um) ano.
• Servidor, dirigente de órgão ou entidade contratante § 1º A legitimação da posse de que trata o pre‐
ou responsável pela licitação. sente artigo consistirá no fornecimento de uma
• Os membros da Comissão de Licitação. Licença de Ocupação, pelo prazo mínimo de
mais 4 (quatro) anos, findo o qual o ocupan­te
Contratação Direta (Exceção à Regra que é Licitar) terá a preferência para aquisição do lote, pelo
valor histórico da terra nua, satisfeitos os requi‐
A regra é licitar, porém existem casos em que a Admi‐ sitos de morada permanente e cultura efetiva e
nistração se vê impossibilitada de fazê‑la, seja pela demora comprovada a sua capacidade para desenvolver
do procedimento licitatório que poderia causar um prejuízo a área ocupada;
para o interesse público, seja pela inviabilidade do procedi‐
mento, ou por que a lei determina que não haja a licitação. h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão
São três, os casos: de direito real de uso, locação ou permissão de uso de
bens imóveis de uso comercial de âmbito local com
Licitação Dispensada área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros
quadrados) e inseridos no âmbito de programas de
A própria lei ordena (é vinculado) que não haja o proce‐ regularização fundiária de interesse social desenvolvi‐
dimento licitatório. São para casos específicos de alienação dos por órgãos ou entidades da Administração Pública;
(venda) de Bens Públicos (art. 17). i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou
onerosa, de terras públicas rurais da União e do Incra,
Quando o Bem a Ser Alienado for Imóvel onde incidam ocupações até o limite de 2.500 ha (dois
Quando o bem a ser alienado for imóvel, a licitação será mil e quinhentos hectares), para fins de regularização
dispensada nos seguintes casos: fundiária, atendidos os requisitos legais.
a) dação em pagamento; A Administração também poderá conceder título de
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão propriedade ou de direito real de uso de imóveis,
ou entidade da Administração Pública, de qualquer dispensada licitação, quando o uso destinar‑se (art.
esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas 17, § 2º):
f, h e i; – a outro órgão ou entidade da Administração Públi‐
c) permuta, por outro imóvel cuja necessidade de ca, qualquer que seja a localização do imóvel;
instalação e localização satisfaça o atendimento das – a pessoa natural que, nos termos de lei, regulamen‐
finalidades precípuas da administração; to ou ato normativo do órgão competente, haja
d) investidura. Considera‑se investidura para os fins desta implementado os requisitos mínimos de cultura,
lei (art. 17, § 3º): ocupação mansa e pacífica e exploração direta
– a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros sobre área rural, observado o limite de 2.500 ha
de área remanescente ou resultante de obra públi‐ (dois mil e quinhentos hectares).
ca, se esta se tornar inaproveitável isoladamente;
– a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, Quando o Bem a ser Alienado for Móvel
na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para Quando o bem a ser alienado for móvel, a licitação será
fins residenciais construídos em núcleos urbanos dispensada nos seguintes casos:
anexos a usinas hidrelétricas, desde que conside‐ a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de
rados dispensáveis na fase de operação dessas interesse social;
unidades e não integrem a categoria de bens b) permuta permitida exclusivamente entre órgãos ou
reversíveis ao final da concessão. entidades da Administração Pública;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa;
pública, de qualquer esfera de governo; d) venda de títulos;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão
de direito real de uso, locação ou permissão de uso órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude
de bens imóveis residenciais construídos, destinados de suas finalidades;
ou efetivamente utilizados no âmbito de programas f) venda de materiais e equipamentos para outros ór‐
habitacionais ou de regularização fundiária de inte‐ gãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização
resse social desenvolvidos por órgãos ou entidades previsível por quem deles dispõe.
da administração pública;
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata Licitação Dispensável
o art. 29 da Lei nº 6.383, de 7 de dezembro de 1976,
mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Admi‐ Na licitação dispensável existe a possibilidade de com‐
nistração Pública em cuja competência legal inclua-se petição que justifique a licitação, mas não é obrigatória
tal atribuição; (discricionário), de modo que a lei faculta ao administrador
que use o seu juízo de oportunidade e conveniência ao avaliar
Veja o que diz o art. 29 da Lei nº 6.383/1976: se deverá dispensar ou não a licitação. São casos em que o
interesse público poderia ser prejudicado pela demora no
O ocupante de terras públicas, que as tenha procedimento ou em razão de seu valor.
tornado produtivas com o seu trabalho e o de A dispensa deverá ser justificada (princípio da motiva‐
sua família, fará jus à legitimação da posse de ção), e comunicada dentro de três dias a autoridade superior,
área contínua até 100 (cem) hectares, desde que para publicação na imprensa oficial, no prazo de cinco dias,
preencha os seguintes requisitos: como condição para eficácia dos atos (art. 26, caput).

303
Exige‑se, ainda, no que couber, a instrução do processo prazo de oito dias úteis para a apresentação de nova
com a caracterização da situação emergencial ou calamitosa documentação ou de outras propostas escoimadas das
que justifique a dispensa, a razão da escolha do fornecedor causas que as inabilitaram ou desclassificaram, facul‐
ou executante, a justificativa do preço e o documento de tada, no caso de convite, a redução deste prazo para
aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão três dias úteis. Persistindo a situação, será admitida a
alocados (art. 26, parágrafo único). adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não
A Lei nº 9.784/1999 em seu art. 50, III, dispõe que: “Os superior ao constante do registro de preços, ou dos
atos administrativos devem ser motivados, com indicação serviços (art. 24, VII). É conhecida na doutrina como
dos fatos e fundamentos jurídicos quando dispensar o pro‐ licitação fracassada (art. 48, § 3º).
cesso licitatório”. • Para a aquisição, por pessoa jurídica de Direito Público
Os casos de licitação dispensável são taxativos, ou seja, es‐ Interno, de bens produzidos ou serviços prestados por
tão todos expressos no art. 24, de modo que o Administrador órgão ou entidade que integre a Administração Pública
está impedido de dispensar a licitação fora dos casos previstos. e que tenha sido criado para esse fim específico em
data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço
Casos em que a Licitação é Dispensável contratado seja compatível com o praticado no mer‐
• Para obras e serviços de engenharia de valor até 10% cado (art. 24, VIII).
(dez por cento) do limite previsto na modalidade convite
(R$ 330.000,00), ou seja, até R$ 33.000,00 (art. 24, I).
Atenção!
O limite temporal previsto neste inciso não se aplica
Atenção! aos órgãos ou entidades que produzem produtos es‐
Quando as obras e serviços forem contratados por tratégicos para o SUS. Conforme Portaria nº 3.089, de
consórcios públicos, sociedade de economia mista, 11 de dezembro de 2013, os produtos estratégicos para
empresa pública e por autarquia ou fundação qua‐ o SUS são classificados em 2 (dois) segmentos: I - Seg‐
lificadas, na forma da lei, como Agências Exe­cutivas, mento Farmacêutico; e II - Segmento de Produtos para
o limite é de 20% do previsto na modalidade convite a Saúde e Dispositivos em Geral de Apoio à Saúde. O
(R$ 330.000,00), ou seja, até R$ 66.000,00 (art. 24, Segmento Farmacêutico é composto por produtos que
§ 1º). atendem aos critérios de alta significação social, tais
como as doenças negligenciadas, os de alto valor tec‐
• Para outros serviços e compras de valor até 10% nológico e econômico e os produtos biotecnológicos.
do limite previsto na modalidade carta‑convite Já o Segmento de Produtos para a Saúde e Dispositivos
(R$ 176.000,00), ou seja, até R$ 17.600,00 (art. 24, II). em Geral de Apoio à Saúde é composto por produtos
que atendem aos critérios de alta significação social,
tais como as doenças negligenciadas, os de alto valor
Atenção! tecnológico e econômico. Importante ressaltar que,
Quando as compras e outros serviços forem con‐ anualmente, o Ministério da Saúde publica uma lista
tratados por consórcios públicos, sociedade de de produtos estratégicos para o ano subsequente.
economia mista, empresa pública e por autarquia
ou fundação qualificadas, na forma da lei, como • Quando houver possibilidade de comprometimento
Agências Executivas, o limite é de 20% do previsto da segurança nacional, nos casos estabelecidos em
na modalidade convite (R$ 176.000,00), ou seja, até Decreto, do Presidente da República, ouvido o Conse‐
R$ 35.200,00 (art. 24, § 1º). lho de Defesa Nacional (art. 24, IX).
• Para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi‐
• Nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem mento das finalidades precípuas da Administração, cujas
(art. 24, III). necessidades de instalação e localização condicionem a
• Nos casos de emergência ou de calamidade pública, sua escolha, desde que o preço seja compatível com o
quando caracterizada urgência de atendimento de valor de mercado, segundo avaliação prévia (art. 24, X).
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer • Na contratação de remanescente de obra, serviço ou
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

a segurança de pessoas, obras, serviços, públicos ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual,


particulares, e somente para os bens necessários ao desde que atendida a ordem de classificação da licita‐
atendimento da situação emergencial ou calamitosa ção anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas
e para as parcelas de obras e serviços que possam pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço,
ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oi‐ devidamente corrigido (art. 24, XI).
tenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da • Nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêne‐
ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a ros perecíveis, no tempo necessário para a realização
prorrogação dos respectivos contratos (art. 24, IV). dos processos licitatórios correspondentes, realizadas
• Quando não acudirem interessados à licitação anterior diretamente com base no preço do dia (art. 24, XII).
e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem • Na contratação de instituição brasileira incumbida re‐
prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, gimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino
todas as condições preestabelecidas (art. 24,  V). É ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição
conhecida na doutrina como licitação deseta. dedicada à recuperação social do preso, desde que a
• Quando a União tiver que intervir no domínio econômi‐ contratada detenha inquestionável reputação ético‑pro‐
co para regular preços ou normalizar o abastecimento fissional e não tenha fins lucrativos (art. 24, XIII).
(art. 24, VI). • Para a aquisição de bens ou serviços nos termos de
• Quando as propostas apresentarem preços manifes‐ acordo internacional específico aprovado pelo Congresso
tamente superiores ou incompatíveis aos praticados Nacional, quando as condições ofertadas forem manifes‐
no mercado nacional ou forem incompatíveis com tamente vantajosas para o Poder Público (art. 24, XIV).
os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos • Para a aquisição ou restauração de obras de arte e
em que, a Administração poderá fixar aos licitantes o objetos históricos, de autenticidade certificada, desde

304
que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão • Na celebração de contrato de programa com ente da Fe‐
ou entidade (art. 24, XV). deração ou com entidade de sua administração indireta,
• Para a impressão dos diários oficiais, de formulários para a prestação de serviços públicos de forma associada
padronizados de uso da administração, e de edições téc‐ nos termos do autorizado em contrato de consórcio
nicas oficiais, bem como para prestação de serviços de público ou em convênio de cooperação (art. 24, XXVI).
informática a pessoa jurídica de direito público interno, • Na contratação da coleta, processamento e comer‐
por órgãos ou entidades que integrem a Administração cialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou
Pública, criados para esse fim específico (art. 24, XVI). reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva
• Para a aquisição de componentes ou peças de origem de lixo, efetuados por associações ou cooperativas for‐
nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de madas exclusivamente por pessoas físicas de baixa ren‐
equipamentos durante o período de garantia técnica, da reconhecidas pelo poder público como catadores
junto ao fornecedor original desses equipamentos, de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos
quando tal condição de exclusividade for indispensável compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de
para a vigência da garantia (art. 24, XVII). saúde pública (art. 24, XXVII).
• Nas compras ou contratações de serviços para o abas‐ • Para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou
tecimento de navios, embarcações, unidades aéreas prestados no País, que envolvam, cumulativamente,
ou tropas e seus meios de deslocamento quando em alta complexidade tecnológica e defesa nacional, me‐
estada eventual de curta duração em portos, aeropor‐ diante parecer de comissão especialmente designada
tos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo pela autoridade máxima do órgão (art. 24, XXVIII).
de movimentação operacional ou de adestramento, • Na aquisição de bens e contratação de serviços para
quando a exiguidade dos prazos legais puder compro‐ atender aos contingentes militares das Forças Singu‐
meter a normalidade e os propósitos das operações lares brasileiras empregadas em operações de paz no
e desde que seu valor não exceda ao limite previsto exterior, necessariamente justicadas quanto ao preço
na alínea a do inciso II do art. 23 desta lei, ou seja, até
e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas
R$ 80.000,00 (art. 24, XVIII).
pelo Comandante da Força (art.24, XXIX).
• Para as compras de material de uso pelas Forças Ar‐
• Na contratação de instituição ou organização, pública
madas, com exceção de materiais de uso pessoal e
ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a presta‐
administrativo, quando houver necessidade de manter a
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico ção de serviços de assistência técnica e extensão rural
dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica
de comissão instituída por decreto (art. 24, XIX). e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma
• Na contratação de associação de portadores de de‐ Agrária, instituído por lei federal (art. 24, XXX).
ficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada • Nas contratações visando ao cumprimento do dispos‐
idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração to nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de
Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento dezembro de 2004, observados os princípios gerais de
de mão de obra, desde que o preço contratado seja contratação dela constantes (art. 24, XXXI).
compatível com o praticado no mercado (art. 24, XX). • Na contratação em que houver transferência de tec‐
• Para a aquisição ou contratação de produto para pes‐ nologia de produtos estratégicos para o Sistema Único
quisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras de Saúde – SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de
e serviços de engenharia, a R$ 300.000,00 (Trezentos setembro de 1990, conforme elencados em ato da
mil reais) (art. 24, XXI). direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aqui‐
sição destes produtos durante as etapas de absorção
tecnológica (art. 24, XXXII).
Atenção! • Na contratação de entidades privadas sem fins lucra‐
A documentação relativa à habilitação jurídica, à re‐ tivos, para a implementação de cisternas ou outras
gularidade fiscal e trabalhista, à qualificação técnica tecnologias sociais de acesso à água para consumo
e econômica-financeira poderá ser dispensada, nos
humano e produção de alimentos, para beneficiar as
termos de regulamento, no todo ou em parte, para
a contratação de produto para pesquisa e desen‐ famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou
falta regular de água (art. 24, XXXIII).
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
volvimento, desde que para pronta entrega ou até
o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). • Para a aquisição por pessoa jurídica de direito público
interno de insumos estratégicos para a saúde produ‐
• Na contratação de fornecimento ou suprimento de zidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou
energia elétrica e gás natural com concessionário, estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão
permissionário ou autorizado, segundo as normas da da administração pública direta, sua autarquia ou
legislação específica (art. 24, XXII). fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão,
• Na contratação realizada por empresa pública ou socieda‐ desenvolvimento institucional, científico e tecnológico
de de economia mista com suas subsidiárias e controla‐ e estímulo à inovação, inclusive na gestão administra‐
das, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou tiva e financeira necessária à execução desses proje‐
obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja tos, ou em parcerias que envolvam transferência de
compatível com o praticado no mercado (art. 24, XXIII). tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema
• Para a celebração de contratos de prestação de serviços Único de Saúde – SUS, e que tenha sido criada para
com as organizações sociais, qualificadas no âmbito esse fim específico em data anterior à vigência desta
das respectivas esferas de governo, para atividades Lei, desde que o preço contratado seja compatível com
contempladas no contrato de gestão (art. 24, XIV). o praticado no mercado (art. 24, XXXIV).
• Na contratação realizada por Instituição Científica e Tec‐ • Para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimo‐
nológica – ICT ou por agência de fomento para a transfe‐ ramento de estabelecimentos penais, desde que confi‐
rência de tecnologia e para o licenciamento de direito de gurada situação de grave e iminente risco à segurança
uso ou de exploração de criação protegida (art. 24, XXV). pública (art. 24, XXXV).

305
Importante ressaltar que, caso fique comprovado em Sanções Aplicáveis a Quem Dispensar ou Inexigir
um processo de dispensa de licitação que houve superfa‐ Licitação Fora das Hipóteses Previstas na Lei,
turamento na contratação, responderá solidariamente pelo Deixar de Observar suas Formalidades ou der
dano causado à Fazenda Pública, tanto o fornecedor ou o
prestador de serviços, quanto o agente público responsável, Causa a Qualquer Irregularidade no Procedimento
sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. Licitatório

Inexigibilidade de Licitação Crime Pena


Dispensar ou inexigir licitação fora das Detenção de
Quando houver impossibilidade jurídica de competição, hipóteses previstas em lei, ou deixar de 3 a 5 anos
quer pela natureza do objeto a ser licitado ou pelo objetivo a observar suas as formalidades (art. 89).
ser alcançado pela Administração, estaremos diante de um Incorre na mesma pena, aquele que, tendo
caso de inexigibilidade de licitação. comprovadamente concorrido para a con‐
Assim como na licitação dispensável, a inexigibilidade sumação da ilegalidade, beneficiou‑se da
também deverá ser justificada e comunicada, dentro de três dispensa ou da inexigibilidade ilegal, para
dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na celebrar contrato com o Poder Público
imprensa oficial, no prazo de cinco dias, como condição para (art. 89, parágrafo único).
eficácia dos atos (art. 26, caput).
A Lei nº 9.784/1999, em seu art. 50, III, dispõe que: “os Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, com‐ Detenção de
atos administrativos devem ser motivados, com indicação binação ou qualquer outro expediente, 2 a 4 anos.
dos fatos e fundamentos jurídicos quando declarem a ine‐ o caráter competitivo do procedimento
xigibilidade de processo licitatório”. licitatório, com o intuito de obter, para si
Os casos de licitação inexigível constituem um rol exem- ou para outrem, vantagem decorrente da
plificativo, o que quer dizer que podem existir outros. adjudicação do objeto da licitação (art. 90).
Patrocinar, direta ou indiretamente, inte‐ Detenção de
Casos Especiais em que a Licitação é Inexigível resse privado perante a Administração, 6 meses a 2
• Para aquisição de materiais, equipamentos; ou gêneros dando causa à instauração de licitação ou anos
que só possam ser fornecidos por produtor, empresa à celebração de contrato, cuja invalidação
ou representante comercial exclusivo (art. 25, I). vier a ser decretada pelo Poder Judiciário
Nesse caso a comprovação de exclusividade deve ser feita (art. 91).
por meio de atestado fornecido pelo órgão de registro do Impedir, perturbar ou fraudar a realização Detenção de
comércio do local em que se realizará a licitação ou a obra de qualquer ato de procedimento licitató‐ 6 meses a 2
ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação rio (art. 93). anos
Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes.
• Para a contratação de serviços técnicos de natureza Devassar o sigilo de proposta apresentada Detenção de
singular, com profissionais ou empresas de notória em procedimento licitatório, ou propor‐ 2 a 3 anos
especialização, vedada a inexigibilidade para serviços cionar a terceiro o ensejo de devassá‑lo
de publicidade e divulgação (art. 25, II). (art. 94).
Considera‑se notória especialização o profissional ou a Afastar ou procurar afastar licitante, por Detenção de
empresa cujo conceito, no campo de sua especialidade, meio de violência, grave ameaça, fraude 2 a 4 anos
decorrente de desempenho anterior, estudos, expe‐ ou oferecimento de vantagem de qualquer
riências, publicações, organização, aparelhamento, tipo, além da pena correspondente à vio‐
equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados lência, incorrendo na mesma pena quem
com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho se abstém ou desiste de licitar, em razão
é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à da vantagem oferecida (art. 95).
plena satisfação do objeto do contrato (art. 25, § 1º). Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, Detenção de
• Para contratação de profissional de qualquer setor licitação instaurada para aquisição ou ven‐ 3 a 6 anos
artístico, diretamente ou por meio de empresário da de bens ou mercadorias, ou contrato
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especia‐ dela decorrente (art. 96).
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

lizada ou pela opinião pública (art. 25, III). Admitir à licitação ou celebrar contrato Detenção de 6
com empresa ou profissional declarado meses a
Atenção! inidôneo, incidindo na mesma pena aquele 2 anos
O processo de dispensa, inexigibilidade ou de re‐ que, declarado inidôneo, venha a licitar ou
tardamento elencado acima, será instruído, no que a contratar com a Administração (art. 97).
couber, com os seguintes elementos:
• caracterização da situação emergencial, calamito‐ Para todos os crimes previstos acima, além da sanção pe‐
sa ou de grave e iminente risco à segurança pública nal, aplica‑se multa em quantia fixada na sentença, cuja base
que justifique a dispensa, quando for o caso; corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou
• razão da escolha do fornecedor ou executante; potencialmente auferível pelo agente, não podendo ser infe‐
• justificativa do preço; rior a 2%, nem superior a 5% do valor do contrato licitado ou
• documento de aprovação dos projetos de pesquisa celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licitação (art. 99).
aos quais os bens serão alocados. Respondem ainda solidariamente pelo dano causado à
Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador do serviço e o
Por fim, vale ressaltar que assim como nos casos de agente público responsável pelo procedimento da dispensa
dispensa de licitação, se restar comprovado que houve su‐ e da inexigibilidade, se for comprovado superfaturamento
perfaturamento em contratação realizada pelo processo de (art. 25, § 2º).
inexigibilidade, responderá solidariamente pelo dano causa‐ Os agentes administrativos que praticarem atos em de‐
do à Fazenda Pública, tanto o fornecedor ou o prestador de sacordo com os preceitos desta Lei ou visando a frustrar os
serviços, quanto o agente público responsável, sem prejuízo objetivos da licitação sujeitam‑se às sanções previstas nesta
de outras sanções legais cabíveis. lei e nos regulamentos próprios, sem prejuízo das respon‐

306
sabilidades civil e criminal que seu ato ensejar (art. 82). Se Fase Externa
os autores forem ocupantes de cargo em comissão ou de A fase externa começa com a publicação do edital.
função de confiança, a pena imposta será acrescida da terça Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências,
parte (art. 84, § 2º). das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, devem
Os crimes definidos nesta Lei, ainda que simplesmente conter a indicação do local em que o interessado poderá ler e
tentados, sujeitam os seus autores, quando servidores pú‐ obter o texto integral do edital e todas as informações sobre
blicos, além das sanções penais, à perda do cargo, emprego, a licitação (art. 21, § 1º) e ser publicados com antecedência,
função ou mandato eletivo (art. 83). e no mínimo, por uma vez (art. 21):
Todos os crimes previstos nessa lei são de ação penal • no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação
pública incondicionada a ser promovida pelo Ministério Pú‐
feita por órgão ou entidade da Administração Pública
blico, mas qualquer pessoa poderá provocar a sua iniciativa,
Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas
fornecendo‑lhe, por escrito ou verbalmente (caso em que
deverá ser reduzida a termo), informações sobre o fato e a parcial ou totalmente com recursos federais ou garan‐
sua autoria, bem como as circunstâncias em que se deu a tidas por instituições federais;
ocorrência (arts. 100 e 101). • no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quan‐
do se tratar, respectivamente, de licitação feita por
Procedimentos/Fases da Licitação órgão ou entidade da Administração Pública Estadual
ou Municipal, ou do Distrito Federal;
• em jornal diário de grande circulação no Estado e tam‐
Formalização
bém, se houver, em jornal de circulação no Município
ou na região onde será realizada a obra, prestado o ser‐
O procedimento será iniciado com a abertura de processo viço, fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo
administrativo, devidamente autuado, protocolado e nume‐ ainda a Administração, conforme o vulto da licitação,
rado, contendo a autorização para o certame, a indicação
utilizar‑se de outros meios de divulgação para ampliar
sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa
(art. 38), e ao qual serão juntados oportunamente o edital a área de competição.
ou convite e seus respectivos anexos, os comprovantes de
sua publicação, o ato de designação da comissão de licita‐ O aviso com o resumo do convite geralmente é colocado
ção, do leiloeiro ou do responsável pelo convite, o original na portaria do órgão que irá realizá‑lo.
das propostas e dos documentos que as instruírem, atas, A lei veda que sejam cobradas, a título de taxas ou emolu‐
relatórios e deliberações da Comissão julgadora, pareceres, mentos, importância superior ao custo efetivo da reprodução
atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua homolo‐ gráfica da documentação fornecida (art. 32, § 5º).
gação, recursos, se houver, despachos, termo de contrato ou O prazo mínimo exigido pela lei, quando da publicação
equivalente, e outros que se fizerem necessário. até o recebimento das propostas ou da realização do evento
Possui duas fases: a interna e a externa. é de (art. 21, § 2º):

Fase Interna
É a elaboração do Edital. O edital é feito pela Adminis‐ 45 dias para a Concorrência, para o Concurso.
tração para levar ao conhecimento do público o seu propó‐ quando o contrato a ser
sito de licitar um objeto determinado. Em seu preâmbulo celebrado contemplar:
conterá o nome da repartição interessada e de seu setor, • o regime de empreita‐
da integral;
a modalidade, o regime de sua execução, o tipo de licitação,
• ou quando a licitação for
a menção de que será regida por essa lei, o local, dia e hora
do tipo “melhor técnica”
para recebimento da documentação e proposta, bem como
ou “técnica e preço”.
para início da abertura dos envelopes, com indicação obri‐
gatória dos seguintes requisitos, todos constantes no art. 40 30 dias para a Concorrência, nos para a Tomada de preços:
da Lei nº 8.666/1993: casos em que o contrato a • Quando a licitação
• o objeto da licitação; ser celebrado contemplar: for do tipo “melhor
• o regime de empreita‐ técnica” ou “técnica e
• os prazos e condições para assinatura do contrato ou
da por preço unitário, preço”. NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
retirada do instrumento equivalente para execução do
contrato e para entrega do objeto da licitação; empreitada por preço
global ou tarefa;
• as sanções para o caso de inadimplemento;
• ou quando a licitação
• o local onde poderá ser examinado e adquirido o pro‐ for do tipo “menor pre‐
jeto básico e o executivo, este último, se houver; ço” ou “maior lance ou
• as condições para participação na licitação; oferta”.
• os critérios para julgamento;
• os locais, horários e códigos de acesso dos meios de 15 dias para o Leilão. para a Tomada de preços:
• Quando a licitação for
comunicação à distância em que serão fornecidos
do tipo “menor preço”
elementos, informações e esclarecimentos relativos
ou “maior lance ou
à licitação;
oferta”.
• as condições de pagamento;
• os critérios de aceitabilidade dos preços unitário e 5 dias para o Convite. _________________
global, conforme o caso; úteis
• o critério de reajuste; 8 dias para o Pregão presencial _________________
• os limites para pagamento de instalação e mobilização úteis ou eletrônico.
para execução de obras ou serviços;
• as instruções e normas para os recursos; O edital é a lei interna da licitação. A Administração não
• as condições de recebimento do objeto da lici­tação; pode descumprir as normas e condições nele expressas
• outras indicações específicas ou peculiares da licitação. (art. 41).

307
Se, por fato superveniente, for necessária alguma alteração, inscrição no Cadastro de Contribuintes Estadual ou Muni‐
ela deverá divulgar a modificação pela mesma forma em que cipal, se houver;
se deu o texto original e reabrir o prazo estabelecido no início regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e
se a alteração afetar a formulação da proposta (art. 21, § 4º). Municipal;
O licitante pode, antes da abertura dos envelopes de
habilitação, apontar falhas ou irregularidades que viciariam regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de
o edital, sem que isso represente causa de impedimento de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
sua participação no certame, até a decisão administrativa final A documentação relativa à qualificação técnica limi‐
sobre a questão, entretanto, se não o impugnar até o segundo tar‑se‑á a (art. 30):
dia útil que antecede a abertura dos envelopes de habilitação
na concorrência e a abertura dos envelopes com a proposta
no convite, tomada de preços ou concurso, ou a realização registro ou inscrição na entidade profissional competente;
do leilão, decaíra o seu direito de impugná‑lo (art. 21, § 2º). comprovação de aptidão para desempenho de atividade
Para garantir ampla fiscalização quanto ao seu conteú­do, pertinente e compatível e indicação das instalações e do
é dado, também, a qualquer cidadão, impugnar edital de licita‐ aparelhamento e do pessoal técnico;
ção por irregularidade na aplicação da lei, devendo protocolar comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que rece‐
o pedido até 5 dias úteis antes da data fixada para a abertura beu os documentos e das condições locais para o cumpri‐
dos envelopes de habilitação, devendo a Administração julgar mento das obrigações objeto da licitação;
e responder à impugnação em até 3 dias úteis (art. 41, § 1º). prova de atendimento de requisitos previstos em lei espe‐
cial, quando for o caso.
Habilitação – Art. 27
É a fase do procedimento em que a Administração verifica A documentação relativa à qualificação econômico‑fi‐
as condições dos licitantes para celebrar e executar o futuro nanceira limitar‑se‑á a (art. 31):
contrato. As exigências não podem ultrapassar os limites da
razoabilidade e estabelecer cláusulas desnecessárias e res‐
balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último
tritivas ao caráter competitivo. Devem restringir‑se apenas
exercício social, que comprovem a boa situação financeira
ao necessário para cumprimento do objeto licitado.
da empresa;
No convite, leilão e concurso não existe a habilitação.
Na Tomada de Preços, o interessado que não tiver ca‐ certidão negativa de falência ou concordata ou de execução
dastro pode se cadastrar até o terceiro dia anterior à data patrimonial;
do recebimento das propostas (art. 22, § 2º). Vale observar exigência de garantia (caução em dinheiro ou títulos da
que na Tomada de Preços é obrigatório o cadastro, o que não dívida pública, seguro garantia ou fiança bancária) limitada
ocorre, por exemplo, com a concorrência, pois nela existe a 1% do valor estimado do objeto da contratação;
uma fase preliminar de habilitação. nas compras para entrega futura e na execução de obras
A abertura dos envelopes, contendo a habilitação, é feita e serviços, a Administração poderá estabelecer, no ins‐
em ato público, podendo ser apresentados em original, por trumento convocatório da licitação, a exigência de capital
qualquer processo de cópia autenticada por cartório com‐ mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, não excedente
petente ou por servidor da Administração ou publicação em a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação;
órgão da imprensa oficial.
Nessa fase, são abertos os envelopes contendo os docu‐ poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos
mentos relativos à habilitação jurídica, qualificação técnica, assumidos pelo licitante que importem diminuição da capa‐
qualificação econômico‑financeira, regularidade fiscal e o cidade operativa ou absorção de disponibilidade financeira,
cumprimento do disposto no art. 7º, XXXIII, da CF, sendo que calculada esta em função do patrimônio líquido atualizado
todos deverão ser rubricados pelos licitantes e pela Comissão e sua capacidade de rotação.
de licitação, dando validade às respectivas documentações.
É facultado ao licitante substituir os documentos neces‐ O cumprimento do disposto no art. 7º, XXXIII, da CF,
sários à sua habilitação, por registro cadastral emitido por impõe que o licitante declare que não emprega em trabalho
órgão ou entidade pública, e desde que esteja previsto no noturno, insalubre ou perigoso, menores de 18 anos e, em
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

edital tal substituição, obrigando‑se, entretanto, a declarar qualquer trabalho, menores de 16 anos, salvo na condição
a superveniência de fato impeditivo da habilitação, sob pena de aprendiz, a partir dos 14 anos.
de ser responsabilizado penalmente (art. 32, §§ 2º e 3º). Se todos os documentos atenderem às exigências legais,
A documentação relativa à habilitação jurídica, conforme os licitantes serão considerados habilitados.
o caso, consistirá em (art. 28): Os concorrentes inabilitados perderão o direito de par‐
ticipar das fases subsequentes (art. 41, § 4º).
cédula de identidade; Caso algum licitante inabilitado interponha recurso, este
registro comercial, no caso de empresa individual; terá efeito suspensivo, ou seja, a sessão só deverá continuar
após o seu julgamento (art. 109, § 2º).
ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor;
O prazo para interpor recurso é de cinco dias úteis a con‐
inscrição do ato constitutivo (no caso de sociedades civis) tar da lavratura da ata, podendo a autoridade que praticou
acompanhada de prova de diretoria em exercício; o ato reconsiderar a sua decisão em cinco dias úteis e não a
decreto de autorização, em se tratando de empresa ou reconsiderando submetê‑lo a autoridade superior para que
sociedade estrangeira e ato de registro ou autorização profira a decisão no prazo de cinco dias úteis, contado do
para funcionamento. recebimento do recurso (art. 109, I e § 4º).
Caso não haja recurso ou após o seu indeferimento,
A documentação relativa à regularidade fiscal, conforme os envelopes contendo as propostas dos licitantes inabilita‐
o caso, consistirá em (art. 29): dos serão devolvidos (art. 43, II).
Se todos os licitantes forem inabilitados, a Adminis‐
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Ca‐ tração poderá conceder o prazo de oito dias úteis para a
dastro Geral de Contribuintes (CGC); apresentação de nova documentação, facultada, no caso do

308
convite, a redução deste prazo para três dias úteis. (Licitação Critérios de Desempate
Fracassada – art. 48, § 3º). Em igualdade de condições, será assegura a preferência,
Após a fase de habilitação, não cabe desistência de pro‐ sucessivamente, aos bens e serviços (art. 3º, § 2º):
posta, salvo motivo justo decorrente de fato superveniente
e aceito pela Comissão (art. 43, § 6º).
produzidos no País;
Classificação e Julgamento produzidos ou prestados por empresas brasileiras;
É a fase em que a comissão, em ato público, abre os envelo‐ produzidos ou prestados por empresas que invistam em
pes contendo as propostas dos licitantes habilitados e verifica pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País;
se o teor de cada proposta atende aos requisitos do edital ou
produzidos ou prestados por empresas que comprovem
do instrumento convocatório. É neste momento que é verifi‐
cado se o preço ofertado está acima do limite legal previsto cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para
para a modalidade, se está adequado aos preços praticados pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência
no mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou ainda, Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas
se está de acordo com o constante no sistema de registro de na legislação.
preços, sendo que todas as propostas devem ser rubricadas
pelos licitantes presentes e pela Comissão (art. 43, IV). Permanecendo o empate entre duas ou mais empresas,
Não será admitida proposta que apresente preços simbó‐ a classificação far‑se‑á, obrigatoriamente, por sorteio, em
licos, irrisórios, ou de valor zero, incompatíveis com os preços ato público, em que todos os licitantes serão convocados a
dos insumos e dos salários de mercado, ou seja, inexequí‐ comparecer (art. 45, § 2º).
veis, exceto quando se referirem a materiais e instalações Quando a licitação for do tipo “menor preço”, a classifi‐
pertencentes ao próprio licitante, para os quais ele renuncie
a parcela ou à totalidade da remuneração (art. 44, § 3º). cação dar‑se‑á pela ordem crescente dos preços propostos,
Ultrapassada a fase de habilitação dos licitantes e abertos e, em caso de empate, será decidido exclusivamente por
os envelopes com as propostas, não cabe desclassificá‑los sorteio (art. 45, § 3º).
por motivo relacionado com a habilitação, salvo em razão de No caso do concurso, o julgamento é feito por uma co‐
fatos supervenientes ou só conhecidos após o julgamento missão especial, integrada por pessoas de reputação ilibada e
(art. 43, § 5º). reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores
No julgamento das propostas, a comissão levará em públicos ou não (art. 51,§ 5º).
consideração os critérios objetivos definidos no edital ou Após o julgamento, emerge o vencedor da licitação, ou
convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios seja, aquele que foi classificado em primeiro lugar.
estabelecidos pela lei (art. 44, caput).
Se todos os licitantes forem desclassificados, a Admi‐ Homologação
nistração poderá conceder o prazo de oito dias úteis para a
É o ato pelo qual a autoridade competente, após exami‐
apresentação de nova documentação, facultada, no caso do
convite, a redução deste prazo para três dias úteis (Licitação nar todos os atos pertinentes ao seu desenvolvimento pode
Fracassada – art. 48, § 3º). decidir de acordo com um das alternativas abaixo:
Se houver recurso, aplicar‑se‑á o mesmo procedimento
da habilitação, ou seja, a sessão será suspensa, até o seu homologar a licitação, pois não se verificou nenhuma
julgamento. O prazo para sua interposição é de cinco dias irregularidade;
úteis a contar da lavratura da ata, podendo a autoridade
que praticou o ato reconsiderar a sua decisão em cinco dias determinar o retorno dos autos à comissão de licitação
úteis e, não a reconsiderando, submetê‑lo à autoridade para correção de irregularidades sanáveis;
superior para que profira a decisão no prazo de cinco dias revogar a licitação por razões de interesse público, decorren‐
úteis, contado do recebimento do recurso (art. 109, I e § 4º). te de fato superveniente devidamente comprovado, perti‐
Se todas as propostas forem classificadas, realiza‑se o nente e suficiente para justificar tal conduta (art. 49, caput);
julgamento, no qual se confrontam as propostas classifica‐
das procedendo‑se à seleção daquela que se afigura mais anular o processo, no todo ou em parte, se verificar a
vantajosa para a Administração. ocorrência de ilegalidade (art. 49, § 1º).
Segundo o critério adotado no ato convocatório e para o
Quando a autoridade homologa o julgamento, confirma
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
fim de julgamento, os tipos de licitação para obras, serviços
e compras, exceto para o concurso, são os seguintes (art. 45): a validade da licitação e o interesse da Administração em
Menor preço – O critério de julgamento é o menor preço ver executada a obra ou o serviço, ou contratada a compra.
ofertado. A consequência jurídica da homologação é a adjudicação.
Melhor técnica – O parâmetro de julgamento é o ofere‐
cimento de melhor técnica para executar o objeto do futuro Adjudicação
contrato. Esse tipo de licitação é destinado exclusivamente É o ato pelo qual a Administração, por meio da autoridade
para serviços de natureza predominantemente intelectual, competente para homologar, atribui ao vencedor o objeto
em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, da licitação.
supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em
geral e em particular para a elaboração de estudos técnicos Trata‑se de ato vinculado, uma vez que a autoridade
preliminares, projetos básicos e executivos, exceto para a competente para a aprovação do procedimento somente
contratação de bens e serviços de informática, em que a poderá deixar de efetuar a adjudicação por motivo de ile‐
modalidade obrigatória é a “técnica e preço”. galidade (anulação) ou interesse público decorrente de fato
Técnica e preço  – Por esse critério, a classificação e o superveniente (revogação).
julgamento se efetuam de acordo com a média ponderada Da adjudicação decorrem alguns efeitos:
(art. 46, § 2º) das valorizações técnicas e do preço ofertado,
segundo pesos que deverão ser fixados no ato convocatório. aquisição do direito de contratar: presume‑se que, se a
Maior lance ou oferta – O próprio nome já diz, o critério
é o maior lance ou a maior oferta. É utilizado nos casos de Administração adjudicou, ela tem o interesse em contratar.
alienação de bens ou concessão de direito real de uso. Excetuando‑se os casos de anulação e revogação (art. 49);

309
o impedimento de a Administração contratar o objeto A tomada de preços pode ser utilizada no lugar do convite
licitado com qualquer outro que não seja o adjudicatário, (art. 23, § 4º).
salvo se este não quiser (art. 50);
• Valores que exigem Tomada de Preços:
vinculação do adjudicatário aos encargos, termos e con‐
dições fixados no edital. Valores atualizados - Decreto nº 9.412/2018
Feita a adjudicação, a Administração convocará o adju‐ obras e serviços de engenharia até R$ 3.330.000,00
dicatário para assinar o contrato, caso em que se este não compras e serviços até R$ 1.430.000,00.
assinar no prazo e condições estabelecidos, perderá o direito
à contratação e ficará sujeito às penalidades previstas na Convite
lei, sendo facultado à Administração convocar os licitantes
remanescentes, na ordem de classificação, para fazê‑lo em É a modalidade de licitação entre interessados do ramo
igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primei‐ pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos
ro classificado, inclusive quanto aos preços atualizados de e convidados em número mínimo de três pela unidade
conformidade com o ato convocatório ou revogá‑la, indepen‐ administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia
dentemente das cominações prevista no art. 81. do instrumento convocatório e o estenderá aos demais
Decorridos 60 dias da data da entrega das propostas, sem cadastrados na correspondente especialidade que manifes‐
a convocação para a contratação, ficam os licitantes liberados tarem seu interesse com antecedência de até 24 horas da
dos compromissos assumidos (art. 64, § 3º). apresentação das propostas.
Admite‑se o convite nas licitações internacionais quando
Modalidades de Licitação – Art. 22 não houver fornecedor do bem ou serviço no país (art. 23,
§ 3º).
CONCORRÊNCIA No lugar do convite, pode ser utilizada a tomada de
preços e concorrência (art. 23, § 4º).
TOMADA DE PREÇOS
CONVITE • Valores que Exigem Convite
CONCURSO
LEILÃO Valores atualizados - Decreto nº 9.412/2018
PREGÃO obras e serviços de engenharia até R$ 330.000,00.
compras e serviços até R$ 176.000,00
Concorrência
Deliberações do TCU:
Modalidade de licitação entre quaisquer interessados
que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem pos‐ Não se obtendo o número legal mínimo de três pro‐
suir os requisitos mínimos exigidos no edital para execução postas aptas à seleção, na licitação sob a modalidade
de seu objeto. Não há necessidade de cadastro prévio, pois Convite, impõe‑se a repetição do ato, com a convo‐
visa a alcançar o maior número de interessados. cação de outros possíveis interessados, ressalvadas
A concorrência objetiva a celebração de contratos de as hipóteses previstas no parágrafo 7º, do art. 22, da
grande vulto por causa de seus valores que são os maiores, Lei nº 8.666/1993. SÚMULA Nº 248.
mas há casos que, independentemente do valor do objeto a Ao realizar licitações sob a modalidade de convite,
ser contratado, é obrigatório o seu uso, como, por exemplo, somente convide as empresas do ramo pertinente ao
nas compras ou alienações de bens imóveis, nas concessões objeto licitado, conforme exigido pelo art. 22, § 3º, da
de direito real de uso, na concessão de serviços públicos e Lei nº 8.666/1993 e repita o certame quando não ob‐
para licitações internacionais, nos casos em que não se apli‐ tiver três propostas válidas, ressalvadas as hipóteses
car a tomada de preços e o convite (art. 23, § 3º). de limitação de mercado ou manifesto desinteresse
A concorrência também pode ser utilizada no lugar do dos convidados, circunstâncias essas que devem estar
convite e da tomada de preços (art. 23, § 4º). justificadas no processo, consoante § 7º do mesmo
artigo. Acórdão nº 819/2005. Plenário.
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

• Valores que Exigem Concorrência:


Concurso
Valores atualizados - Decreto nº 9.412/2018
obras e serviços de engenharia acima de R$ 3.300.000,00. É a modalidade de licitação entre quaisquer interessa‐
compras e serviços acima de R$ 1.430.000,00. dos para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico,
mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos
No caso de Consórcios Públicos, as faixas de valores serão vencedores.
dobradas se o consórcio for formado por até três entidades O concurso deve ser precedido de regulamento próprio,
federativas e triplicada se o número de pactuantes for su‐ a ser obtido pelos interessados no local indicado no edital,
perior a três (art. 23, § 8º). contendo a qualificação exigida dos participantes, as diretri‐
zes e a forma de apresentação do trabalho e as condições
Tomada de Preços de realização do concurso e os prêmios a serem concedidos,
sendo que, quando se tratar de projeto, o vencedor deve
Modalidade de licitação entre interessados devidamente autorizar a Administração a executá‑lo quando julgar con‐
cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas veniente (art. 52).
para o cadastramento até o 3º dia anterior à data do rece‐
bimento das propostas. Admite‑se a tomada de preços nas Leilão
licitações internacionais quando o órgão ou entidade dispu‐
ser de cadastro internacional de fornecedores (art. 23, § 3º). É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados
É a modalidade adequada para celebração de contratos para a venda de bens móveis inservíveis para a Administração
de vulto médio. ou de produtos legalmente apreendidos.

310
O leilão também pode ser utilizado para a alienação de de fiscal perante as Fazendas Estaduais e Municipais, quando
bens imóveis, cuja aquisição haja derivado de procedimentos for o caso; e cumprimento do disposto no art. 33 da CF.
judiciais ou de dação em pagamento. Não há necessidade
de habilitação, permitindo a qualquer interessado sua par‐ Bens e Serviços Comuns
ticipação. Todo bem a ser leiloado deverá ser avaliado pre‐
viamente pela Administração para fixação do preço mínimo Bens e serviços comuns são aqueles cujos padrões de de‐
de arrematação (art. 53, § 1º). sempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos
É considerado vencedor do leilão aquele que oferecer o pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação, sendo Trata‑se, portanto, de bens e serviços geralmente ofere‐
que os bens arrematados serão pagos à vista ou no per‐ cidos por diversos fornecedores e facilmente comparáveis
centual estabelecido no edital (não inferior a 5%) e, após entre si, de modo a permitir a decisão de compra com base
a assinatura da respectiva ata lavrada no local do leilão, no menor preço.
imediatamente entregue ao arrematante, o qual se obrigará O Decreto nº 3.555/2000 estabeleceu, em seu Anexo
ao pagamento do restante no prazo estipulado no edital de II, quais bens e serviços se enquadram nessa tipificação,
convocação, sob pena de perder em favor da Administração porém a lista não se exaure somente nesses, podem ser
o valor já recolhido (art. 53, § 2º). acrescentados outros conforme o interesse público reclame:
O leilão pode ser realizado por leiloeiro oficial ou por
Bens Comuns
servidor designado pela Administração (art. 53).
• Bens de consumo (água mineral, combustível e lubrifi‐
cante, gás, gênero alimentício, material de expediente,
Registros Cadastrais material hospitalar, médico e de laboratório, medica‐
mentos, drogas e insumos farmacêuticos, material de
Os órgãos e entidades da Administração Pública, que limpeza e conservação, oxigênio, uniforme).
realizem frequentemente licitações, manterão registros • Bens permanentes (mobiliário, equipamentos em geral,
cadastrais para efeito de habilitação de fornecedores em utensílios de uso geral, exceto bens de informática, veí­
licitação, dispensa e inexigibilidade, válidos por, no máximo, culos automotivos em geral, microcomputador de mesa
um ano (art. 34 da Lei nº 8.666/1993 c/c art. 1º, 1º, do De‐ ou portátil (“notebook”), monitor de vídeo e impressora).
creto nº 3.772/2001).
No âmbito Federal, o responsável pelo registro cadastral Serviços Comuns
do Poder Executivo é o SICAF (Sistema de Cadastramento • Serviços de apoio administrativo;
Unificado de Fornecedores), conforme previsto no Decreto • serviços de apoio à atividade de informática (digitação
nº 3.722/2001. e manutenção);
O interessado, ao requerer sua inscrição no cadastro, ou • serviços de assinaturas de jornal (periódico, revista,
para fins de atualização deste, a qualquer tempo, deverá for‐ televisão via satélite, televisão a cabo);
necer os documentos necessários à sua habilitação (art. 35). • serviços de assistência (hospitalar, médica, odontológica);
Aos inscritos será fornecido certificado, renovável sempre • serviços de atividades auxiliares (ascensorista, auxiliar
que atualizarem o registro (art. 36). de escritório, copeiro, garçom, jardineiro, mensageiro,
motorista, secretária, telefonista);
Pregão • serviços de confecção de uniformes;
• serviços de copeiragem;
O Pregão foi instituído como modalidade de licitação pela • serviços de eventos;
primeira vez por meio da Medida Provisória nº 2.026, de 4 • serviços de filmagem;
de maio de 2000, que dizia em seu art. 1º: • serviços de fotografia;
• serviços de gás natural;
Para aquisição de bens e serviços comuns, a União • serviços de gás liquefeito de petróleo;
poderá adotar licitação na modalidade de pregão, • serviços gráficos;
que será regida por esta Medida Provisória. • serviços de hotelaria;
• serviços de jardinagem;
• serviços de lavanderia;
Em agosto de 2000, o Decreto nº 3.555/2000 detalhou os
• serviços de limpeza e conservação; NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
procedimentos previstos na Medida Provisória e especificou
os bens e serviços comuns. • serviços de locação de bens móveis;
• serviços de manutenção de bens imóveis;
Após várias reedições, a última em agosto de 2001
• serviços de manutenção de bens móveis;
(MP nº 2.182), a Medida Provisória foi convertida na Lei nº
• serviços de remoção de bens móveis;
10.520/2002, aplicando-se a todos os entes da Federação, • serviços de microfilmagem;
ou seja, União, Estados, Distrito Federal e Municípios. • serviços de reprografia;
• serviços de seguro saúde;
Conceito • serviços de degravação;
• serviços de tradução;
É a modalidade de licitação para aquisição de bens e • serviços de telecomunicações de dados;
serviços comuns pela União, Estados, Distrito Federal e • serviços de telecomunicações de imagem;
Municípios, conforme disposto em regulamento, qualquer • serviços de telecomunicações de voz;
que seja o valor estimado da contratação, na qual a disputa • serviços de telefonia fixa;
pelo fornecimento é feita por meio de propostas e lances • serviços de telefonia móvel;
em sessão pública. • serviços de transporte;
Para habilitação dos licitantes, será exigida a documen‐ • serviços de vale refeição;
tação relativa à habilitação jurídica, à qualificação técnica, • serviços de vigilância e segurança ostensiva;
à  qualificação econômico‑financeira; à regularidade fiscal • serviços de fornecimento de energia elétrica;
com a Fazenda Nacional, o sistema da seguridade social e o • serviços de apoio marítimo;
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS; à regularida‐ • serviço de aperfeiçoamento, capacitação e treinamento.

311
Deliberações do TCU: O pregão também não se aplica à contratação de bens e
serviços de informática (exceto Microcomputador de mesa ou
A lista de serviços constante do Anexo II do Decreto portátil – notebook, monitor de vídeo e impressora), pois, para
nº 3.555, de 2000, não é exaustiva, haja vista a im‐ esse tipo de contratação, deverá ser adotada, obrigatoriamente,
possibilidade de relacionar todos os bens e serviços modalidade de licitação do tipo “técnica e preço”, conforme
comuns utilizados pela Administração. Decisão nº estabelece art. 45, § 4º, da Lei nº 8.666/1993 e o Decreto
343/2002 Plenário (Relatório do Ministro Relator). nº 1.070/1994, que regulamenta o art. 3º da Lei nº 8.248/1991.
Deliberação do TCU:
Considerações Gerais
Realize procedimento licitatório na modalidade pregão
O Pregão veio para permitir maior celeridade nas aqui‐ sempre que os produtos e serviços de informática
sições, redução dos custos, pois o critério será sempre o de possuam padrões de desempenho e de qualidade
menor preço e facilidade na participação de competidores, objetivamente definidos pelo edital, com base em
pois inverte as fases de habilitação e classificação dos lici‐ especificações usuais no mercado, conforme prevê o
tantes, dessa forma somente serão analisadas as propostas art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 10.520/2002, haja
que ofereceram os menores preços. vista a experiência que a Administração Pública vem
O prazo fixado para apresentação das propostas, con‐ granjeando na redução de custos e do tempo de aquisi‐
tados a partir da publicação do aviso, não será inferior a 8 ção de bens, adquiridos por intermédio daquela espécie
dias úteis (art. 4º, V). de certame público. Acórdão nº 1.182/2004. Plenário.
Em dia, hora e local marcados, será aberta a sessão
que dará início ao pregão, devendo o interessado ou seu Utilize a modalidade de licitação pregão estrita‐
representante legal apresentar declaração de que cumpre os mente para aquisição e/ou contratação dos bens
requisitos de habilitação e entregar os envelopes contendo ou serviços comuns listados no anexo II do Decreto
a indicação do objeto e do preço oferecido, o qual será ime‐ nº 3.555/2000, em especial, para compra de somente
diatamente verificado se atende os requisitos estabelecidos os seguintes bens de informática: microcomputador
no edital (art. 4º, VI e VII). de mesa ou portátil (notebook), monitor de vídeo e
No curso da sessão, o autor da oferta de valor mais baixo impressora, nos termos do item 2.5, do Anexo II, do
e os das ofertas com preços até 10% (dez por cento) superio‐ citado decreto. Acórdão nº 740/2004. Plenário.
res àquela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos,
até a proclamação do vencedor (art. 4º, VIII). Adote obrigatoriamente, nas licitações para a aquisição
Analisadas as propostas, surgirá a classificada em pri‐ de bens e serviços de informática, o tipo “técnica e
meiro lugar, e assim sucessivamente, cabendo ao pregoeiro preço”, em obediência ao disposto no art. 45, § 4º, da
decidir sobre sua aceitabilidade (art. 4º, XI). Nessa fase o Lei nº 8.666/1993, ressalvados os casos previstos no De‐
pregoeiro pode negociar diretamente com o licitante para creto nº 1.070/1994. Acórdão nº 1.292/2003. Plenário.
que seja obtido o preço melhor (art. 4º, XVII).
Encerrando‑se a fase competitiva, dar‑se‑á a análise Pregão Eletrônico
dos envelopes contendo os documentos de habilitação.
Verificado o atendimento das exigências fixadas no edital,
o licitante que apresentou a melhor proposta será declarado O pregão eletrônico, regulamentado pelo Decreto
vencedor (art. 4º, XV). nº 5.450/2005, destina‑se também à aquisição de bens e
Homologado o pregão pela autoridade competente, serviços comuns, como modalidade de licitação do tipo
o adjudicatário será convocado para assinar o contrato no menor preço (art. 2º).
prazo definido em edital (art. 4º, XXII). Para habilitação dos licitantes, será exigida, exclusi‐
O prazo de validade das propostas será de 60 dias, vamente, a documentação relativa à habilitação jurídica,
se outro não for fixado no edital; se o licitante vencedor, à qualificação técnica, à qualificação econômico‑financeira;
convocado dentro do prazo de validade da sua proposta, à regularidade fiscal com a Fazenda Nacional, o sistema
não celebrar o contrato, o pregoeiro examinará as ofertas da seguridade social e o Fundo de Garantia do Tempo de
subsequentes e a qualificação dos licitantes, na ordem de Serviço – FGTS; à regularidade fiscal perante as Fazendas
classificação, e assim sucessivamente, até a apuração de uma Estaduais e Municipais, quando for o caso; e cumprimento
do disposto no art. 33 da CF.
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

que atenda ao edital, sendo o respectivo licitante declarado


vencedor (art. 4º, XXIII). É realizado em sessão pública na internet e será condu‐
O pregão não se aplica às contratações de obras de en‐ zido pelo órgão ou entidade promotora da licitação, com
genharia, bem como às locações imobiliárias e alienações apoio técnico e operacional da Secretaria de Logística e
em geral (art. 5º do Decreto nº 3.555/2000). Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, que atuará como provedor do sistema
Deliberações do TCU: eletrônico para os órgãos integrantes do Sistema de Serviços
Gerais – SISG (art. 2º, § 4º).
A Lei nº 10.520, de 2002, não exclui previamente a É um procedimento que permite aos licitantes, estando
utilização do Pregão para a contratação de obra e aberta a etapa competitiva (a partir do horário previsto no
serviço de engenharia. O que exclui essas contrata‐ edital), encaminhar lances exclusivamente por meio do
ções é o art. 5º do Decreto 3.555, de 2000. Todavia, sistema eletrônico (art. 24).
o item 20 do Anexo II desse mesmo Decreto autoriza Durante o transcurso da sessão pública, os licitantes são
a utilização do Pregão para a contratação de serviços informados, em tempo real, do valor do menor lance oferecido
de manutenção de imóveis, que pode ser considerado até o momento, podendo oferecer outro de menor valor, recu‐
serviço de engenharia. Não satisfeito em pesquisar perando a vantagem sobre os demais licitantes (art. 24, § 5º).
este assunto na jurisprudência desta Casa, consultei Após o encerramento da etapa de lances da sessão públi‐
diversos doutrinadores e constatei que nenhum ca, o pregoeiro poderá encaminhar, pelo sistema eletrônico,
traz a definição objetiva e clara do que seja ‘serviço contraproposta ao licitante que tenha apresentado lance mais
de engenharia’, portanto, do ponto de vista doutri‐ vantajoso, para que seja obtida melhor proposta, observado o
nário, concluo que permanece o impasse. Acórdão critério de julgamento, não se admitindo negociar condições
nº 195/2003 Plenário (Voto do Ministro Relator). diferentes daquelas previstas no edital (art. 24, § 8º).

312
Encerrada a etapa de lances, o pregoeiro examinará a LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993
proposta classificada em primeiro lugar quanto à compati‐
bilidade do preço em relação ao estimado para contratação Regulamenta o art. 37, inciso
e verificará a habilitação do licitante conforme disposições XXI, da Constituição Federal, ins-
do edital. Constatado o atendimento às exigências, o licitante titui normas para licitações e con-
será declarado vencedor (art. 25, § 9º). tratos da Administração Pública e
Após a homologação, o adjudicatário será convocado dá outras providências.
para assinar o contrato ou a ata de registro de preços no
prazo definido no edital, devendo apresentar a comprovação O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congres‐
das condições de habilitação (art. 27, § 1º). so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Caso o vencedor da licitação não comprove as condições
de habilitação ou recuse‑se, injustificadamente, a assinar o CAPÍTULO I
contrato ou a ata de registro de preços, o pregoeiro poderá Das Disposições Gerais
convocar outro licitante, desde que respeitada a ordem de
classificação, para, após comprovados os requisitos habilita‐ Seção I
tórios e feita a negociação, assinar o contrato ou a ata de re‐ Dos Princípios
gistro de preços, sem prejuízo das multas previstas em edital
e no contrato e das demais cominações legais (art. 27, § 2º). Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações
O prazo de validade das propostas será de 60 dias, salvo
e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços,
disposição específica do edital (art. 27, § 4º).
inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no
Aquele que, convocado dentro do prazo de validade de
âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe‐
sua proposta, não assinar o contrato ou ata de registro de
deral e dos Municípios.
preços, deixar de entregar documentação exigida no edital,
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei,
apresentar documentação falsa, ensejar o retardamento da
além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais,
execução de seu objeto, não mantiver a proposta, falhar ou
as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas,
fraudar na execução do contrato, comportar‑se de modo
inidôneo, fizer declaração falsa ou cometer fraude fiscal, as sociedades de economia mista e demais entidades con‐
garantido o direito à ampla defesa, ficará impedido de lici‐ troladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito
tar e de contratar com a União, e será descredenciado no Federal e Municípios.
SICAF, pelo prazo de até cinco anos, sem prejuízo das multas Art.  2º As obras, serviços, inclusive de publicidade,
previstas em edital e no contrato e das demais cominações compras, alienações, concessões, permissões e locações da
legais (art. 28). Administração Pública, quando contratadas com terceiros,
O pregão eletrônico também não se aplica às contrata‐ serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas
ções de obras de engenharia, bem como às locações imobiliá‐ as hipóteses previstas nesta Lei.
rias e alienações em geral (art. 6º do Decreto nº 5.450/2005). Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se con‐
trato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da
Anulação e Revogação Administração Pública e particulares, em que haja um acordo
de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de
Como todo ato administrativo, a licitação é suscetível obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.
de invalidação, ou seja, sua retirada do mundo jurídico, ora Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do
por motivo de legalidade ora mediante um juízo de valor princípio constitucional da isonomia, a seleção da propos‐
(conveniência e oportunidade). ta mais vantajosa para a administração e a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável e será processada e
Revogação julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade,
A autoridade competente para a aprovação do proce‐ da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação
ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos
dimento somente poderá revogar a licitação por razões de
que lhes são correlatos. (Redação dada pela Lei nº 12.349, NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
interesse público, decorrentes de fato superveniente devida‐
mente comprovado, pertinente e suficiente (motivado), para de 2010)
justificar tal conduta (efeito ex nunc), devendo, entretanto, § 1º É vedado aos agentes públicos:
indenizar o licitante se houver prejuízo comprovado (art. 49). I – admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convo‐
cação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam
Anulação ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos
de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou
A autoridade competente somente poderá anulá‑la distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos
por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado
Poderá ser anulada também pelo Poder Judiciário, desde o disposto nos §§ 5º a 12 deste artigo e no art. 3º da Lei nº
que devidamente provocado (efeito ex tunc). 8.248, de 23 de outubro de 1991; (Redação dada pela Lei
A anulação pode ser declarada em qualquer fase e a qual‐ nº 12.349, de 2010)
quer tempo do procedimento, podendo incidir sobre deter‐ II – estabelecer tratamento diferenciado de natureza co‐
minado ato, aproveitando‑se os demais, desde que estes não mercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra,
estejam viciados pela ilegalidade e não causem prejuízos aos entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se
participantes da licitação, justifica‑se tal possibilidade pela refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo
incidência do principio da economia processual. A anulação quando envolvidos financiamentos de agências internacio‐
do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não nais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e no art.
gera obrigação de indenizar. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991.

313
§ 2º Em igualdade de condições, como critério de de‐ § 10. A margem de preferência a que se refere o § 5º
sempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e ser‐
bens e serviços: viços originários dos Estados Partes do Mercado Comum do
I – (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010) Sul – Mercosul. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide
II – produzidos no País; Decreto nº 7.546, de 2011)
III – produzidos ou prestados por empresas brasileiras; § 11. Os editais de licitação para a contratação de bens,
IV – produzidos ou prestados por empresas que invistam serviços e obras poderão, mediante prévia justificativa da
em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País; autoridade competente, exigir que o contratado promova,
(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) em favor de órgão ou entidade integrante da administração
V – produzidos ou prestados por empresas que compro‐ pública ou daqueles por ela indicados a partir de processo
vem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para isonômico, medidas de compensação comercial, industrial,
pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência tecnológica ou acesso a condições vantajosas de financia‐
Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas mento, cumulativamente ou não, na forma estabelecida pelo
na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) Poder Executivo federal. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e aces‐
(Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
síveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto
§ 12. Nas contratações destinadas à implantação, manu‐
ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.
tenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de
§ 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
informação e comunicação, considerados estratégicos em
§ 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabeleci‐
da margem de preferência para: (Redação dada pela Lei nº ato do Poder Executivo federal, a licitação poderá ser restri‐
13.146, de 2015) ta a bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País e
I  – produtos manufaturados e para serviços nacionais produzidos de acordo com o processo produtivo básico de
que atendam a normas técnicas brasileiras; e (Incluído pela que trata a Lei nº 10.176, de 11 de janeiro de 2001. (Incluído
Lei nº 13.146, de 2015) pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
II  – bens e serviços produzidos ou prestados por em‐ § 13. Será divulgada na internet, a cada exercício finan‐
presas que comprovem cumprimento de reserva de cargos ceiro, a relação de empresas favorecidas em decorrência do
prevista em lei para pessoa com deficiência ou para rea‐ disposto nos §§ 5º, 7º, 10, 11 e 12 deste artigo, com indicação
bilitado da Previdência Social e que atendam às regras de do volume de recursos destinados a cada uma delas. (Incluído
acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 12.349, de 2010)
13.146, de 2015) § 14. As preferências definidas neste artigo e nas de‐
§ 6º A margem de preferência de que trata o § 5º será mais normas de licitação e contratos devem privilegiar o
estabelecida com base em estudos revistos periodicamente, tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e
em prazo não superior a 5 (cinco) anos, que levem em consi‐ empresas de pequeno porte na forma da lei. (Incluído pela
deração: (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto Lei Complementar nº 147, de 2014)
nº 7.546, de 2011) (Vide Decreto nº 7.709, de 2012) (Vide § 15. As preferências dispostas neste artigo prevalecem
Decreto nº 7.713, de 2012) (Vide Decreto nº 7.756, de 2012) sobre as demais preferências previstas na legislação quando
I  – geração de emprego e renda; (Incluído pela Lei nº estas forem aplicadas sobre produtos ou serviços estrangei‐
12.349, de 2010) ros. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
II – efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais Art. 4º Todos quantos participem de licitação promovida
e municipais; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito
III – desenvolvimento e inovação tecnológica realizados público subjetivo à fiel observância do pertinente procedi‐
no País; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) mento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão
IV – custo adicional dos produtos e serviços; e (Incluído acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não interfira
pela Lei nº 12.349, de 2010) de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos.
V – em suas revisões, análise retrospectiva de resultados. Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nes‐
(Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) ta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado
§ 7º Para os produtos manufaturados e serviços nacio‐
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

em qualquer esfera da Administração Pública.


nais resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica
Art. 5º Todos os valores, preços e custos utilizados nas
realizados no País, poderá ser estabelecido margem de pre‐
licitações terão como expressão monetária a moeda corrente
ferência adicional àquela prevista no § 5º. (Incluído pela Lei
nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei, devendo
nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
§ 8º As margens de preferência por produto, serviço, cada unidade da Administração, no pagamento das obriga‐
grupo de produtos ou grupo de serviços, a que se referem os ções relativas ao fornecimento de bens, locações, realização
§§ 5º e 7º, serão definidas pelo Poder Executivo federal, não de obras e prestação de serviços, obedecer, para cada fonte
podendo a soma delas ultrapassar o montante de 25% (vinte diferenciada de recursos, a estrita ordem cronológica das da‐
e cinco por cento) sobre o preço dos produtos manufaturados tas de suas exigibilidades, salvo quando presentes relevantes
e serviços estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) razões de interesse público e mediante prévia justificativa da
(Vide Decreto nº 7.546, de 2011) autoridade competente, devidamente publicada.
§ 9º As disposições contidas nos §§ 5º e 7º deste artigo § 1º Os créditos a que se refere este artigo terão seus
não se aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade de valores corrigidos por critérios previstos no ato convocatório
produção ou prestação no País seja inferior: (Incluído pela e que lhes preservem o valor.
Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) § 2º A correção de que trata o parágrafo anterior cujo pa‐
I – à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou (In- gamento será feito junto com o principal, correrá à conta das
cluído pela Lei nº 12.349, de 2010) mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos créditos
II – ao quantitativo fixado com fundamento no § 7º do a que se referem. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
art. 23 desta Lei, quando for o caso. (Incluído pela Lei nº § 3º Observados o disposto no caput, os pagamentos
12.349, de 2010) decorrentes de despesas cujos valores não ultrapassem o

314
limite de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do b) soluções técnicas globais e localizadas, suficiente‐
que dispõe seu parágrafo único, deverão ser efetuados no mente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de
prazo de até 5 (cinco) dias úteis, contados da apresentação reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração
da fatura. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) do projeto executivo e de realização das obras e montagem;
Art.  5º-A. As normas de licitações e contratos devem c) identificação dos tipos de serviços a executar e de ma‐
privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às micro‐ teriais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas
empresas e empresas de pequeno porte na forma da lei. especificações que assegurem os melhores resultados para
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para
a sua execução;
Seção II d) informações que possibilitem o estudo e a dedução
Das Definições de métodos construtivos, instalações provisórias e condições
organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competi‐
Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se: tivo para a sua execução;
I – Obra – toda construção, reforma, fabricação, recupera‐ e) subsídios para montagem do plano de licitação e ges‐
ção ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta; tão da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia
II – Serviço – toda atividade destinada a obter determi‐ de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados
nada utilidade de interesse para a Administração, tais como: necessários em cada caso;
demolição, conserto, instalação, montagem, operação, con‐ f) orçamento detalhado do custo global da obra, fun‐
servação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, damentado em quantitativos de serviços e fornecimentos
locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico‐ propriamente avaliados;
-profissionais; X – Projeto Executivo – o conjunto dos elementos neces‐
III – Compra – toda aquisição remunerada de bens para sários e suficientes à execução completa da obra, de acordo
fornecimento de uma só vez ou parceladamente; com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Nor‐
IV – Alienação – toda transferência de domínio de bens mas Técnicas – ABNT;
a terceiros; XI – Administração Pública – a administração direta e in‐
V – Obras, serviços e compras de grande vulto – aquelas direta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni‐
cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o cípios, abrangendo inclusive as entidades com personalidade
jurídica de direito privado sob controle do poder público e
limite estabelecido na alínea c do inciso I do art. 23 desta Lei;
das fundações por ele instituídas ou mantidas;
VI – Seguro-Garantia – o seguro que garante o fiel cumpri‐
XII  – Administração – órgão, entidade ou unidade ad‐
mento das obrigações assumidas por empresas em licitações
ministrativa pela qual a Administração Pública opera e atua
e contratos;
concretamente;
VII – Execução direta – a que é feita pelos órgãos e enti‐
XIII – Imprensa Oficial – veículo oficial de divulgação da
dades da Administração, pelos próprios meios;
Administração Pública, sendo para a União o Diário Oficial da
VIII  – Execução indireta – a que o órgão ou entidade
União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes: o que for definido nas respectivas leis; (Redação dada pela
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Lei nº 8.883, de 1994)
a) empreitada por preço global – quando se contrata XIV – Contratante – é o órgão ou entidade signatária do
a execução da obra ou do serviço por preço certo e total; instrumento contratual;
b) empreitada por preço unitário – quando se contrata a XV – Contratado – a pessoa física ou jurídica signatária
execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades de contrato com a Administração Pública;
determinadas; XVI – Comissão – comissão, permanente ou especial, cria‐
c) (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) da pela Administração com a função de receber, examinar
d) tarefa – quando se ajusta mão-de-obra para peque‐ e julgar todos os documentos e procedimentos relativos às
nos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento licitações e ao cadastramento de licitantes;
de materiais; XVII  – produtos manufaturados nacionais – produtos
e) empreitada integral – quando se contrata um empre‐ manufaturados, produzidos no território nacional de acordo
endimento em sua integralidade, compreendendo todas as com o processo produtivo básico ou com as regras de origem
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob estabelecidas pelo Poder Executivo federal; (Incluído pela Lei
inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao nº 12.349, de 2010)
contratante em condições de entrada em operação, aten‐ XVIII – serviços nacionais – serviços prestados no País,
didos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal;
condições de segurança estrutural e operacional e com as (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
características adequadas às finalidades para que foi con‐ XIX – sistemas de tecnologia de informação e comuni‐
tratada; cação estratégicos – bens e serviços de tecnologia da infor‐
IX – Projeto Básico – conjunto de elementos necessários mação e comunicação cuja descontinuidade provoque dano
e suficientes, com nível de precisão adequado, para carac‐ significativo à administração pública e que envolvam pelo
terizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços menos um dos seguintes requisitos relacionados às infor‐
objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos mações críticas: disponibilidade, confiabilidade, segurança
estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade e confidencialidade; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do XX – produtos para pesquisa e desenvolvimento – bens,
empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da insumos, serviços e obras necessários para atividade de pes‐
obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, quisa científica e tecnológica, desenvolvimento de tecnologia
devendo conter os seguintes elementos: ou inovação tecnológica, discriminados em projeto de pes‐
a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a quisa aprovado pela instituição contratante. (Incluído pela
fornecer visão global da obra e identificar todos os seus Lei nº 13.243, de 2016)
elementos constitutivos com clareza; (...)

315
CAPÍTULO II Art. 22. São modalidades de licitação:
Da Licitação I – concorrência;
II – tomada de preços;
Seção I III – convite;
Das Modalidades, Limites e Dispensa IV – concurso;
V – leilão.
Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se § 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre
situar a repartição interessada, salvo por motivo de interesse quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação
público, devidamente justificado. preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de
Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
a habilitação de interessados residentes ou sediados em § 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre
outros locais. interessados devidamente cadastrados ou que atenderem
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das a todas as condições exigidas para cadastramento até o
concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
leilões, embora realizados no local da repartição interessada, observada a necessária qualificação.
deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por § 3º Convite é a modalidade de licitação entre interessa‐
uma vez: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) dos do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não,
I – no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela
feita por órgão ou entidade da Administração Pública Federal unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado,
e, ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais
totalmente com recursos federais ou garantidas por insti‐ cadastrados na correspondente especialidade que manifes‐
tuições federais; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) tarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e
II – no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quatro) horas da apresentação das propostas.
quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por § 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quais‐
órgão ou entidade da Administração Pública Estadual ou quer interessados para escolha de trabalho técnico, científico
Municipal, ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remunera‐
nº 8.883, de 1994) ção aos vencedores, conforme critérios constantes de edital
III – em jornal diário de grande circulação no Estado e publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de
também, se houver, em jornal de circulação no Município 45 (quarenta e cinco) dias.
ou na região onde será realizada a obra, prestado o servi‐ § 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
ço, fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a interessados para a venda de bens móveis inservíveis para
Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou
outros meios de divulgação para ampliar a área de compe‐ penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no
tição. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao
§ 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em valor da avaliação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
que os interessados poderão ler e obter o texto integral do § 6º Na hipótese do § 3º deste artigo, existindo na praça
edital e todas as informações sobre a licitação. mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite,
§ 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigató‐
ou da realização do evento será: rio o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto
I – quarenta e cinco dias para: (Redação dada pela Lei existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.
nº 8.883, de 1994) (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
a) concurso; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) § 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do
contemplar o regime de empreitada integral ou quando a número mínimo de licitantes exigidos no § 3º deste artigo,
licitação for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”; essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas
(Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) no processo, sob pena de repetição do convite.
II  – trinta dias para: (Redação dada pela Lei nº 8.883, § 8º É vedada a criação de outras modalidades de licita‐
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

de 1994) ção ou a combinação das referidas neste artigo.


a) concorrência, nos casos não especificados na alínea § 9º Na hipótese do parágrafo 2º deste artigo, a admi‐
b do inciso anterior; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) nistração somente poderá exigir do licitante não cadastrado
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo “me‐ os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem
lhor técnica” ou “técnica e preço”; (Incluída pela Lei nº 8.883, habilitação compatível com o objeto da licitação, nos termos
de 1994) do edital. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
III – quinze dias para a tomada de preços, nos casos não Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem
especificados na alínea b do inciso anterior, ou leilão; (Re- os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em
dação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado
IV – cinco dias úteis para convite. (Redação dada pela da contratação:
Lei nº 8.883, de 1994) I – para obras e serviços de engenharia: (Redação dada
§ 3º Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão pela Lei nº 9.648, de 1998)
contados a partir da última publicação do edital resumido ou a) convite – até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil
da expedição do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) (Vide De-
do edital ou do convite e respectivos anexos, prevalecendo creto nº 9.412, de 2018)
a data que ocorrer mais tarde. (Redação dada pela Lei nº b) tomada de preços – até R$ 1.500.000,00 (um milhão
8.883, de 1994) e quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de
§ 4º Qualquer modificação no edital exige divulgação pela 1998) (Vide Decreto nº 9.412, de 2018)
mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e
prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestiona‐ quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de
velmente, a alteração não afetar a formulação das propostas. 1998) (Vide Decreto nº 9.412, de 2018)

316
II – para compras e serviços não referidos no inciso ante‐ I – para obras e serviços de engenharia de valor até 10%
rior: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) (Vide Decreto (dez por cento) do limite previsto na alínea a, do inciso I do
nº 9.412, de 2018) artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma
a) convite – até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (Redação mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da
dada pela Lei nº 9.648, de 1998) (Vide Decreto nº 9.412, de mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas
2018) conjunta e concomitantemente; (Redação dada pela Lei nº
b) tomada de preços – até R$ 650.000,00 (seiscentos e 9.648, de 1998)
cinquenta mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) II – para outros serviços e compras de valor até 10% (dez
(Vide Decreto nº 9.412, de 2018) por cento) do limite previsto na alínea a, do inciso II do artigo
c) concorrência – acima de R$ 650.000,00 (seiscentos anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei,
e cinquenta mil reais). (Redação dada pela Lei nº 9.648, de desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço,
1998) (Vide Decreto nº 9.412, de 2018) compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada
§ 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela Admi‐ de uma só vez; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
nistração serão divididas em tantas parcelas quantas se com‐ III – nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
provarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se IV – nos casos de emergência ou de calamidade pública,
à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos quando caracterizada urgência de atendimento de situação
disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança
sem perda da economia de escala. (Redação dada pela Lei de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, pú‐
nº 8.883, de 1994) blicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao
§ 2º Na execução de obras e serviços e nas compras de atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para
bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas
etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, há no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos
de corresponder licitação distinta, preservada a modalidade e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
pertinente para a execução do objeto em licitação. (Redação calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) V  – quando não acudirem interessados à licitação an‐
§ 3º A concorrência é a modalidade de licitação cabível, terior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem
qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas
alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, as condições preestabelecidas;
como nas concessões de direito real de uso e nas licitações VI – quando a União tiver que intervir no domínio eco‐
internacionais, admitindo-se neste último caso, observados nômico para regular preços ou normalizar o abastecimento;
os limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão VII  – quando as propostas apresentadas consignarem
ou entidade dispuser de cadastro internacional de fornece‐ preços manifestamente superiores aos praticados no mer‐
dores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem cado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos
ou serviço no País. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o pa‐
§ 4º Nos casos em que couber convite, a Administração rágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação,
poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por
concorrência. valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos
serviços; (Vide § 3º do art. 48)
§ 5º É vedada a utilização da modalidade “convite” ou
VIII  – para a aquisição, por pessoa jurídica de direito
“tomada de preços”, conforme o caso, para parcelas de uma
público interno, de bens produzidos ou serviços prestados
mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da
por órgão ou entidade que integre a Administração Pública
mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas
e que tenha sido criado para esse fim específico em data
conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de
anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado
seus valores caracterizar o caso de “tomada de preços” ou seja compatível com o praticado no mercado; (Redação dada
“concorrência”, respectivamente, nos termos deste artigo, pela Lei nº 8.883, de 1994)
exceto para as parcelas de natureza específica que possam IX – quando houver possibilidade de comprometimento
ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto
diversa daquela do executor da obra ou serviço. (Redação do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Nacional; NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
§ 6º As organizações industriais da Administração Federal X – para a compra ou locação de imóvel destinado ao
direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão aos limi‐ atendimento das finalidades precípuas da administração,
tes estabelecidos no inciso I deste artigo também para suas cujas necessidades de instalação e localização condicionem
compras e serviços em geral, desde que para a aquisição de a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor
materiais aplicados exclusivamente na manutenção, reparo de mercado, segundo avaliação prévia; (Redação dada pela
ou fabricação de meios operacionais bélicos pertencentes à Lei nº 8.883, de 1994)
União. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XI – na contratação de remanescente de obra, serviço
§ 7º Na compra de bens de natureza divisível e desde que ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual,
não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida desde que atendida a ordem de classificação da licitação an‐
a cotação de quantidade inferior à demandada na licitação, terior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante
com vistas a ampliação da competitividade, podendo o edi‐ vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;
tal fixar quantitativo mínimo para preservar a economia de XII – nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros
escala. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização
§ 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos processos licitatórios correspondentes, realizadas dire‐
dos valores mencionados no caput deste artigo quando for‐ tamente com base no preço do dia; (Redação dada pela Lei
mado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando nº 8.883, de 1994)
formado por maior número. (Incluído pela Lei nº 11.107, XIII – na contratação de instituição brasileira incumbida
de 2005) regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do
Art.  24. É dispensável a licitação: (Vide Lei nº 12.188, desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à
de 2010) recuperação social do preso, desde que a contratada detenha

317
inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins XXVI – na celebração de contrato de programa com ente
lucrativos; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) da Federação ou com entidade de sua administração indireta,
XIV – para a aquisição de bens ou serviços nos termos para a prestação de serviços públicos de forma associada nos
de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em
Nacional, quando as condições ofertadas forem manifesta‐ convênio de cooperação; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
mente vantajosas para o Poder Público; (Redação dada pela XXVII – na contratação da coleta, processamento e co‐
Lei nº 8.883, de 1994) mercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reu‐
XV  – para a aquisição ou restauração de obras de arte tilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo,
e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que efetuados por associações ou cooperativas formadas exclu‐
compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade; sivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas
XVI – para a impressão dos diários oficiais, de formulários pelo poder público como catadores de materiais recicláveis,
padronizados de uso da administração, e de edições técnicas com o uso de equipamentos compatíveis com as normas
oficiais, bem como para prestação de serviços de informá‐ técnicas, ambientais e de saúde pública; (Redação dada pela
tica a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos Lei nº 11.445, de 2007)
ou entidades que integrem a Administração Pública, criados XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzi‐
para esse fim específico; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) dos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente,
XVII  – para a aquisição de componentes ou peças de alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante
origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção parecer de comissão especialmente designada pela autori‐
de equipamentos durante o período de garantia técnica, jun‐ dade máxima do órgão; (Incluído pela Lei nº 11.484, de 2007)
to ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços
condição de exclusividade for indispensável para a vigência para atender aos contingentes militares das Forças Singulares
da garantia; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) brasileiras empregadas em operações de paz no exterior,
XVIII  – nas compras ou contratações de serviços para necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do
o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da
ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada Força; (Incluído pela Lei nº 11.783, de 2008)
eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localida‐ XXX – na contratação de instituição ou organização, pú‐
des diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação blica ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação
operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito
prazos legais puder comprometer a normalidade e os pro‐ do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural
pósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por
limite previsto na alínea a do inciso II do art. 23 desta Lei; lei federal; (Incluído pela Lei nº 12.188, de 2010)
(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XXXI  – nas contratações visando ao cumprimento do
XIX – para as compras de material de uso pelas Forças disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de
Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e admi‐ dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contra‐
nistrativo, quando houver necessidade de manter a padroni‐ tação dela constantes; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
zação requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios XXXII – na contratação em que houver transferência de
navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de
instituída por decreto; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) Saúde – SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de setembro
XX – na contratação de associação de portadores de de‐ de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional
ficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idonei‐ do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos
dade, por órgãos ou entidades da Admininistração Pública, durante as etapas de absorção tecnológica; (Incluído pela
para a prestação de serviços ou fornecimento de mão de Lei nº 12.715, de 2012)
obra, desde que o preço contratado seja compatível com o XXXIII – na contratação de entidades privadas sem fins
praticado no mercado; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras tec‐
XXI – para a aquisição ou contratação de produto para nologias sociais de acesso à água para consumo humano
pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e e produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais
serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água;
que trata a alínea b do inciso I do caput do art. 23; (Incluído (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013)
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

pela Lei nº 13.243, de 2016) XXXIV – para a aquisição por pessoa jurídica de direito
XXII – na contratação de fornecimento ou suprimento público interno de insumos estratégicos para a saúde pro‐
de energia elétrica e gás natural com concessionário, per‐ duzidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou
missionário ou autorizado, segundo as normas da legislação estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da ad‐
específica; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) ministração pública direta, sua autarquia ou fundação em
XXIII – na contratação realizada por empresa pública ou projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento
sociedade de economia mista com suas subsidiárias e con‐ institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação,
troladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à
ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam
compatível com o praticado no mercado; (Incluído pela Lei transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o
nº 9.648, de 1998) Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII
XXIV – para a celebração de contratos de prestação de deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico
serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço
das respectivas esferas de governo, para atividades contem‐ contratado seja compatível com o praticado no mercado;
pladas no contrato de gestão; (Incluído pela Lei nº 9.648, (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
de 1998) XXXV – para a construção, a ampliação, a reforma e o
XXV – na contratação realizada por Instituição Científica aprimoramento de estabelecimentos penais, desde que
e Tecnológica – ICT ou por agência de fomento para a trans‐ configurada situação de grave e iminente risco à segurança
ferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de pública. (Incluído pela Lei nº 13.500, de 2017)
uso ou de exploração de criação protegida; (Incluído pela Lei § 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput
nº 10.973, de 2004) deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras

318
e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de LEI Nº 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003
economia mista, empresa pública e por autarquia ou funda‐
ção qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas. Dispõe sobre registro, posse e
(Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) comercialização de armas de fogo
§ 2º O limite temporal de criação do órgão ou entidade e munição, sobre o Sistema Na-
que integre a administração pública estabelecido no inciso cional de Armas – Sinarm, define
VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou enti‐ crimes e dá outras providências.
dades que produzem produtos estratégicos para o SUS, no
âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
elencados em ato da direção nacional do SUS. (Incluído pela Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Lei nº 12.715, de 2012)
§ 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do
CAPÍTULO I
caput, quando aplicada a obras e serviços de engenharia,
Do Sistema Nacional de Armas
seguirá procedimentos especiais instituídos em regulamen‐
tação específica. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
§ 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput Art. 1º O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído
do art. 9º à hipótese prevista no inciso XXI do caput. (Incluído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem
pela Lei nº 13.243, de 2016) circunscrição em todo o território nacional.
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabili‐ Art. 2º Ao Sinarm compete:
dade de competição, em especial: I – identificar as características e a propriedade de armas
I – para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêne‐ de fogo, mediante cadastro;
ros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas
representante comercial exclusivo, vedada a preferência de e vendidas no País;
marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo
através de atestado fornecido pelo órgão de registro do co‐ e as renovações expedidas pela Polícia Federal;
mércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio,
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os
ou, ainda, pelas entidades equivalentes; dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de
II – para a contratação de serviços técnicos enumerados empresas de segurança privada e de transporte de valores;
no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou V – identificar as modificações que alterem as caracte‐
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade rísticas ou o funcionamento de arma de fogo;
para serviços de publicidade e divulgação; VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
III – para contratação de profissional de qualquer setor VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive
artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
desde que consagrado pela crítica especializada ou pela VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem
opinião pública. como conceder licença para exercer a atividade;
§ 1º Considera-se de notória especialização o profissional IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadis‐
ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, tas, varejistas, exportadores e importadores autorizados de
decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, armas de fogo, acessórios e munições;
publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou X – cadastrar a identificação do cano da arma, as caracte‐
de outros requisitos relacionados com suas atividades, permi‐ rísticas das impressões de raiamento e de microestriamento
ta inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente de projétil disparado, conforme marcação e testes obrigato‐
o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato. riamente realizados pelo fabricante;
§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos XI  – informar às Secretarias de Segurança Pública dos
de dispensa, se comprovado superfaturamento, respon‐ Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações de
dem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como
o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público manter o cadastro atualizado para consulta.
responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcan‐ NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
çam as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem
e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigi‐
como as demais que constem dos seus registros próprios.
bilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e
o retardamento previsto no final do parágrafo único do art.
8º desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) CAPÍTULO II
dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na Do Registro
imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição
para a eficácia dos atos. (Redação dada pela Lei nº 11.107, Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão
de 2005) competente.
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilida‐ Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão
de ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, registradas no Comando do Exército, na forma do regula‐
no que couber, com os seguintes elementos: mento desta Lei.
I – caracterização da situação emergencial, calamitosa ou Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o
de grave e iminente risco à segurança pública que justifique interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade,
a dispensa, quando for o caso; (Redação dada pela Lei nº atender aos seguintes requisitos:
13.500, de 2017) I – comprovação de idoneidade, com a apresentação de
II – razão da escolha do fornecedor ou executante; certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas
III – justificativa do preço; pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não
IV – documento de aprovação dos projetos de pesquisa estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal,
aos quais os bens serão alocados. (Incluído pela Lei nº 9.648, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; (Redação
de 1998) dada pela Lei nº 11.706, de 2008)

319
II – apresentação de documento comprobatório de ocu‐ na forma do regulamento e obedecidos os procedimentos a
pação lícita e de residência certa; seguir: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão I – emissão de certificado de registro provisório pela in‐
psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na ternet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e (Incluído
forma disposta no regulamento desta Lei. pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 1º O Sinarm expedirá autorização de compra de arma II – revalidação pela unidade do Departamento de Polí‐
de fogo após atendidos os requisitos anteriormente esta‐ cia Federal do certificado de registro provisório pelo prazo
belecidos, em nome do requerente e para a arma indicada, que estimar como necessário para a emissão definitiva do
sendo intransferível esta autorização. certificado de registro de propriedade. (Incluído pela Lei nº
§ 2º A aquisição de munição somente poderá ser feita no 11.706, de 2008)
calibre correspondente à arma registrada e na quantidade § 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto
estabelecida no regulamento desta Lei. (Redação dada pela no caput deste artigo, considera-se residência ou domicílio
Lei nº 11.706, de 2008) toda a extensão do respectivo imóvel rural. (Incluído pela
§ 3º A empresa que comercializar arma de fogo em terri‐ Lei nº 13.870, de 2019)
tório nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade
competente, como também a manter banco de dados com CAPÍTULO III
todas as características da arma e cópia dos documentos Do Porte
previstos neste artigo.
§ 4º A empresa que comercializa armas de fogo, acessó‐ Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o
rios e munições responde legalmente por essas mercadorias, território nacional, salvo para os casos previstos em legisla‐
ficando registradas como de sua propriedade enquanto não ção própria e para:
forem vendidas. I – os integrantes das Forças Armadas;
§ 5º A comercialização de armas de fogo, acessórios e II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III,
munições entre pessoas físicas somente será efetivada me‐ IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal e os da
diante autorização do Sinarm. Força Nacional de Segurança Pública (FNSP); (Redação dada
§ 6º A expedição da autorização a que se refere o § 1º pela Lei nº 13.500, de 2017)
será concedida, ou recusada com a devida fundamentação, III – os integrantes das guardas municipais das capitais
no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do reque‐ dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (qui‐
rimento do interessado. nhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no
§ 7º O registro precário a que se refere o § 4º prescinde do regulamento desta Lei; (Vide ADIN 5538) (Vide ADIN 5948)
cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo. IV – os integrantes das guardas municipais dos Municípios
§ 8º Estará dispensado das exigências constantes do in‐ com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000
ciso III do caput deste artigo, na forma do regulamento, o (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; (Redação
interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que dada pela Lei nº 10.867, de 2004) (Vide ADIN 5538) (Vide
comprove estar autorizado a portar arma com as mesmas ADIN 5948)
características daquela a ser adquirida. (Incluído pela Lei nº V  – os agentes operacionais da Agência Brasileira de
11.706, de 2008) Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança
Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
validade em todo o território nacional, autoriza o seu pro‐ República; (Vide Decreto nº 9.685, de 2019)
prietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art.
de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular VII  – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e
ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e
(Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004) as guardas portuárias;
§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será ex‐ VIII – as empresas de segurança privada e de transporte
pedido pela Polícia Federal e será precedido de autorização de valores constituídas, nos termos desta Lei;
do Sinarm. IX – para os integrantes das entidades de desporto legal‐
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

§ 2º Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. mente constituídas, cujas atividades esportivas demandem
4º deverão ser comprovados periodicamente, em período o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta
não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido Lei, observando-se, no que couber, a legislação ambiental.
no regulamento desta Lei, para a renovação do Certificado X – integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Fe‐
de Registro de Arma de Fogo. deral do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de
§ 3º O proprietário de arma de fogo com certificados Auditor-Fiscal e Analista Tributário. (Redação dada pela Lei
de registro de propriedade expedido por órgão estadual ou nº 11.501, de 2007)
do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que XI – os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da
não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32 desta Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos
Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros
até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções
documento de identificação pessoal e comprovante de resi‐ de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo
dência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e do Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional
cumprimento das demais exigências constantes dos incisos do Ministério Público - CNMP. (Incluído pela Lei nº 12.694,
I a III do caput do art. 4º desta Lei. (Redação dada pela Lei de 2012)
nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo) § 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do
§ 4º Para fins do cumprimento do disposto no § 3º deste caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo de
artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no De‐ propriedade particular ou fornecida pela respectiva corpo‐
partamento de Polícia Federal, certificado de registro provi‐ ração ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos do
sório, expedido na rede mundial de computadores - internet, regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional

320
para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. (Redação § 1º O proprietário ou diretor responsável de empresa
dada pela Lei nº 11.706, de 2008) de segurança privada e de transporte de valores responderá
§ 1º-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008) pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei,
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e sem prejuízo das demais sanções administrativas e civis, se
guardas prisionais poderão portar arma de fogo de proprie‐ deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
dade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de
instituição, mesmo fora de serviço, desde que estejam: (In- armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua
cluído pela Lei nº 12.993, de 2014) guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de
I – submetidos a regime de dedicação exclusiva; (Incluído ocorrido o fato.
pela Lei nº 12.993, de 2014) § 2º A empresa de segurança e de transporte de valores
II – sujeitos à formação funcional, nos termos do regula‐ deverá apresentar documentação comprobatória do pre‐
mento; e (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) enchimento dos requisitos constantes do art. 4º desta Lei
III – subordinados a mecanismos de fiscalização e de con‐ quanto aos empregados que portarão arma de fogo.
trole interno. (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) § 3º A listagem dos empregados das empresas referidas
§ 1º-C. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao
§ 2º A autorização para o porte de arma de fogo aos Sinarm.
integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e Art. 7º-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores
X do caput deste artigo está condicionada à comprovação das instituições descritas no inciso XI do art. 6º serão de
do requisito a que se refere o inciso III do caput do art. 4º propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas
desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento desta instituições, somente podendo ser utilizadas quando em
Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) serviço, devendo estas observar as condições de uso e de
§ 3º A autorização para o porte de arma de fogo das guar‐ armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo
das municipais está condicionada à formação funcional de o certificado de registro e a autorização de porte expedidos
seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade pela Polícia Federal em nome da instituição. (Incluído pela
policial, à existência de mecanismos de fiscalização e de con‐ Lei nº 12.694, de 2012)
trole interno, nas condições estabelecidas no regulamento § 1º A autorização para o porte de arma de fogo de que
desta Lei, observada a supervisão do Ministério da Justiça. trata este artigo independe do pagamento de taxa. (Incluído
(Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004) pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 4º Os integrantes das Forças Armadas, das polícias fede‐ § 2º O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério
rais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares Público designará os servidores de seus quadros pessoais no
dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o direito exercício de funções de segurança que poderão portar arma
descrito no art. 4º, ficam dispensados do cumprimento do de fogo, respeitado o limite máximo de 50% (cinquenta por
disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do cento) do número de servidores que exerçam funções de
regulamento desta Lei. segurança. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte § 3º O porte de arma pelos servidores das instituições de
e cinco) anos que comprovem depender do emprego de arma que trata este artigo fica condicionado à apresentação de do‐
de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será cumentação comprobatória do preenchimento dos requisitos
concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na constantes do art. 4º desta Lei, bem como à formação fun‐
categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso cional em estabelecimentos de ensino de atividade policial
permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, e à existência de mecanismos de fiscalização e de controle
de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta
desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em Lei. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes § 4º A listagem dos servidores das instituições de que
documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente no
I – documento de identificação pessoal; (Incluído pela Sinarm. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
Lei nº 11.706, de 2008) § 5º As instituições de que trata este artigo são obrigadas
II – comprovante de residência em área rural; e (Incluído a registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal
pela Lei nº 11.706, de 2008) eventual perda, furto, roubo ou outras formas de extravio NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
III – atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob
nº 11.706, de 2008) sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois
§ 6º O caçador para subsistência que der outro uso à de ocorrido o fato. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
sua arma de fogo, independentemente de outras tipificações Art. 8º As armas de fogo utilizadas em entidades despor‐
penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por tivas legalmente constituídas devem obedecer às condições
disparo de arma de fogo de uso permitido. (Redação dada de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão compe‐
pela Lei nº 11.706, de 2008) tente, respondendo o possuidor ou o autorizado a portar a
§ 7º Aos integrantes das guardas municipais dos Muni‐ arma pela sua guarda na forma do regulamento desta Lei.
cípios que integram regiões metropolitanas será autorizado Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autorização
porte de arma de fogo, quando em serviço. (Incluído pela do porte de arma para os responsáveis pela segurança de
Lei nº 11.706, de 2008) cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao
Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos empregados Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei,
das empresas de segurança privada e de transporte de valo‐ o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo
res, constituídas na forma da lei, serão de propriedade, res‐ para colecionadores, atiradores e caçadores e de represen‐
ponsabilidade e guarda das respectivas empresas, somente tantes estrangeiros em competição internacional oficial de
podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas tiro realizada no território nacional.
observar as condições de uso e de armazenagem estabeleci‐ Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de
das pelo órgão competente, sendo o certificado de registro uso permitido, em todo o território nacional, é de compe‐
e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em tência da Polícia Federal e somente será concedida após
nome da empresa. autorização do Sinarm.

321
§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser con‐ de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja
cedida com eficácia temporária e territorial limitada, nos ter‐ sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
mos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o pro‐
de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua inte‐ prietário ou diretor responsável de empresa de segurança
gridade física; e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência
II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei; policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo
III – apresentar documentação de propriedade de arma ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou
de fogo, bem como o seu devido registro no órgão compe‐ munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte
tente. quatro) horas depois de ocorrido o fato.
§ 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em
portador dela seja detido ou abordado em estado de embria‐ depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, em‐
guez ou sob efeito de substâncias químicas ou alucinógenas. prestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem
constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços autorização e em desacordo com determinação legal ou re‐
relativos: gulamentar:
I – ao registro de arma de fogo; Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
II – à renovação de registro de arma de fogo; Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafian‐
III – à expedição de segunda via de registro de arma de çável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em
fogo; nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
V – à renovação de porte de arma de fogo; Disparo de arma de fogo
VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em
de fogo. lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou
§ 1º Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como
à manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal finalidade a prática de outro crime:
e do Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
responsabilidades. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafian‐
§ 2º São isentas do pagamento das taxas previstas neste çável. (Vide Adin 3.112-1)
artigo as pessoas e as instituições a que se referem os incisos
I a VII e X e o § 5º do art. 6º desta Lei. (Redação dada pela Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
Lei nº 11.706, de 2008) Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber,
Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
as condições do credenciamento de profissionais pela Polícia emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
Federal para comprovação da aptidão psicológica e da capa‐ ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito,
cidade técnica para o manuseio de arma de fogo. (Incluído sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
pela Lei nº 11.706, de 2008) regulamentar: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Na comprovação da aptidão psicológica, o valor co‐ Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
brado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio § 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada
dos honorários profissionais para realização de avaliação pela Lei nº 13.964, de 2019)
psicológica constante do item 1.16 da tabela do Conselho I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer
Federal de Psicologia. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
§ 2º Na comprovação da capacidade técnica, o valor co‐ II – modificar as características de arma de fogo, de for‐
brado pelo instrutor de armamento e tiro não poderá exce‐ ma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido
der R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo da munição. ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo
(Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

§ 3º A cobrança de valores superiores aos previstos nos III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explo‐
§§ 1º e 2º deste artigo implicará o descredenciamento do sivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com
profissional pela Polícia Federal. (Incluído pela Lei nº 11.706, determinação legal ou regulamentar;
de 2008) IV  – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal
CAPÍTULO IV de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
Dos Crimes e das Penas V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamen‐
te, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido ou adolescente; e
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização le‐
acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com gal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
determinação legal ou regulamentar, no interior de sua re‐ § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste
sidência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído pela
estabelecimento ou empresa: Lei nº 13.964, de 2019)
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Comércio ilegal de arma de fogo
Omissão de cautela Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir,
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adul‐
impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora terar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar,

322
em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade co‐ § 3º As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da
mercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, data de publicação desta Lei conterão dispositivo intrínseco
sem autorização ou em desacordo com determinação legal de segurança e de identificação, gravado no corpo da arma,
ou regulamentar: definido pelo regulamento desta Lei, exclusive para os órgãos
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. previstos no art. 6º.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º As instituições de ensino policial e as guardas muni‐
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para cipais referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6º desta
efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, Lei e no seu § 7º poderão adquirir insumos e máquinas de
fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o recarga de munição para o fim exclusivo de suprimento de
exercido em residência. (Redação dada pela Lei nº 13.964, suas atividades, mediante autorização concedida nos termos
de 2019) definidos em regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.706, de
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega 2008)
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art.
em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e
a agente policial disfarçado, quando presentes elementos fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (In- alfandegário e o comércio de armas de fogo e demais pro‐
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019) dutos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito
de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elabora‐
Tráfico internacional de arma de fogo
ção do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída
mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas
do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo,
pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo de
acessório ou munição, sem autorização da autoridade com‐ até 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação
petente: aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa. forma do regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 13.886, de 2019)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou § 1º As armas de fogo encaminhadas ao Comando do
entrega arma de fogo, acessório ou munição, em operação Exército que receberem parecer favorável à doação, obede‐
de importação, sem autorização da autoridade competente, cidos o padrão e a dotação de cada Força Armada ou órgão
a agente policial disfarçado, quando presentes elementos de segurança pública, atendidos os critérios de prioridade
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (In- estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o Comando
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019) do Exército, serão arroladas em relatório reservado trimes‐
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena tral a ser encaminhado àquelas instituições, abrindo-se-lhes
é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou prazo para manifestação de interesse. (Incluído pela Lei nº
munição forem de uso proibido ou restrito. 11.706, de 2008)
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e § 1º-A. As armas de fogo e munições apreendidas em
18, a pena é aumentada da metade se: (Redação dada pela decorrência do tráfico de drogas de abuso, ou de qualquer
Lei nº 13.964, de 2019) forma utilizadas em atividades ilícitas de produção ou comer‐
I – forem praticados por integrante dos órgãos e empre‐ cialização de drogas abusivas, ou, ainda, que tenham sido
sas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou (Incluído pela adquiridas com recursos provenientes do tráfico de drogas
Lei nº 13.964, de 2019) de abuso, perdidas em favor da União e encaminhadas para
II – o agente for reincidente específico em crimes dessa o Comando do Exército, devem ser, após perícia ou vistoria
natureza. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) que atestem seu bom estado, destinadas com prioridade para
Art.  21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são os órgãos de segurança pública e do sistema penitenciário da
insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1) unidade da federação responsável pela apreensão. (Incluído
pela Lei nº 13.886, de 2019)
CAPÍTULO V § 2º O Comando do Exército encaminhará a relação das
Disposições Gerais armas a serem doadas ao juiz competente, que determinará NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
o seu perdimento em favor da instituição beneficiada. (In-
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios cluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
com os Estados e o Distrito Federal para o cumprimento do § 3º O transporte das armas de fogo doadas será de res‐
ponsabilidade da instituição beneficiada, que procederá ao
disposto nesta Lei.
seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma. (Incluído pela
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a
Lei nº 11.706, de 2008)
definição das armas de fogo e demais produtos controlados,
§ 4º (Vetado) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de § 5º O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o
valor histórico serão disciplinadas em ato do chefe do Poder encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate
Executivo Federal, mediante proposta do Comando do Exér‐ de arma de uso permitido ou de uso restrito, semestralmen‐
cito. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) te, da relação de armas acauteladas em juízo, mencionando
§ 1º Todas as munições comercializadas no País deverão suas características e o local onde se encontram. (Incluído
estar acondicionadas em embalagens com sistema de código pela Lei nº 11.706, de 2008)
de barras, gravado na caixa, visando possibilitar a identifica‐ Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercia‐
ção do fabricante e do adquirente, entre outras informações lização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros
definidas pelo regulamento desta Lei. de armas de fogo, que com estas se possam confundir.
§ 2º Para os órgãos referidos no art. 6º, somente serão Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e
expedidas autorizações de compra de munição com identi‐ os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou
ficação do lote e do adquirente no culote dos projéteis, na à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo
forma do regulamento desta Lei. Comando do Exército.

323
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excep‐ § 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como ob‐
cionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito. jetivo cadastrar armas de fogo e armazenar características
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de
aquisições dos Comandos Militares. munição deflagrados por arma de fogo. (Incluído pela Lei nº
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos 13.964, de 2019)
adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das enti‐ § 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído
dades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do pelos registros de elementos de munição deflagrados por
art. 6º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) armas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já destinadas às apurações criminais federais, estaduais e dis‐
concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publicação tritais. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
desta Lei. (Vide Lei nº 10.884, de 2004) § 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo pela unidade oficial de perícia criminal. (Incluído pela Lei nº
de validade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la, 13.964, de 2019)
perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4º, 6º e 10
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis
desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias após sua publicação,
Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que permitir ou
sem ônus para o requerente.
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta
de uso permitido ainda não registrada deverão solicitar seu Lei ou em decisão judicial responderá civil, penal e adminis‐
registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apre‐ trativamente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
sentação de documento de identificação pessoal e compro‐ § 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da base
vante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal de de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos. (Incluído
compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos pela Lei nº 13.964, de 2019)
meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada § 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional
na qual constem as características da arma e a sua condição de Perfis Balísticos serão regulamentados em ato do Poder
de proprietário, ficando este dispensado do pagamento de Executivo federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
taxas e do cumprimento das demais exigências constantes
dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei. (Redação dada CAPÍTULO VI
pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo) Disposições Finais
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto
no caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e
obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado de munição em todo o território nacional, salvo para as entida‐
registro provisório, expedido na forma do § 4º do art. 5º des previstas no art. 6º desta Lei.
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) § 1º Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá
Art.  31. Os possuidores e proprietários de armas de de aprovação mediante referendo popular, a ser realizado
fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, em outubro de 2005.
entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, § 2º Em caso de aprovação do referendo popular, o dis‐
nos termos do regulamento desta Lei. posto neste artigo entrará em vigor na data de publicação
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, Art. 36. É revogada a Lei nº 9.437, de 20 de fevereiro
e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma
de 1997.
do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
posse irregular da referida arma. (Redação dada pela Lei nº
11.706, de 2008)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008) Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182º da Independência
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil e 115º da República.
reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme espe‐
cificar o regulamento desta Lei: LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviá‐ Márcio Thomaz Bastos
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

rio, marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por José Viegas Filho
qualquer meio, faça, promova, facilite ou permita o trans‐ Marina Silva
porte de arma ou munição sem a devida autorização ou com
inobservância das normas de segurança; ANEXO
II – à empresa de produção ou comércio de armamen‐ (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
tos que realize publicidade para venda, estimulando o uso TABELA DE TAXAS
indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publicações
especializadas. ATO ADMINISTRATIVO R$
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados,
com aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, adota‐ I – Registro de arma de fogo:
rão, sob pena de responsabilidade, as providências necessá‐ - até 31 de dezembro de 2008 Gratuito
rias para evitar o ingresso de pessoas armadas, ressalvados (art. 30)
os eventos garantidos pelo inciso VI do art. 5º da Constituição - a partir de 1º de janeiro de 2009 60,00
Federal.
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela presta‐ II – Renovação do certificado de registro de
ção dos serviços de transporte internacional e interestadual arma de fogo:
de passageiros adotarão as providências necessárias para Gratuito
evitar o embarque de passageiros armados. - até 31 de dezembro de 2008 (art. 5º, §
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros
3º)
balísticos serão armazenados no Banco Nacional de Perfis
Balísticos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) - a partir de 1º de janeiro de 2009 60,00

324
III – Registro de arma de fogo para empresa 60,00 Penal: art. 181 – comércio, posse ou uso de entorpecentes
de segurança privada e de transporte ou substância que determine dependência física ou psíquica).
Mas para que haja o crime previsto nesta legislação qual
de valores o objeto material essencial à sua configuração? O objeto
IV – Renovação do certificado de registro material trata‑se da pessoa ou a coisa sobre a qual recai a
de arma de fogo para empresa de conduta criminosa. Todo crime tem objeto jurídico, porém,
segurança privada e de transporte de va‐ nem todo crime tem objeto material. No caso da lei a conduta
recai sobre a coisa, a droga, portanto este é o objeto mate‐
lores:
rial. Já a saúde pública é o bem jurídico tutelado. Conforme
- até 30 de junho de 2008 30,00 mencionado, para que haja a incidência da lei de drogas
importante e essencial é a presença da droga.
- de 1º de julho de 2008 a 31 de outubro 45,00 Mas o que é essa droga que a lei menciona? Para que
de 2008 uma substância seja considerada droga, devemos observar
dois requisitos:
- a partir de 1º de novembro de 2008 60,00 • substância capaz de causar dependência física ou
V – Expedição de porte de arma de fogo 1.000,00 psíquica; e
VI – Renovação de porte de arma de fogo 1.000,00 • tem que ter previsão legal (lei ou ato normativo/ad‐
VII – Expedição de segunda via de certifica‐ ministrativo da União).
60,00 Mas como faço para saber se a substância causa depen‐
do de registro de arma de fogo dência? A lista das substâncias que causa dependência é atu‐
VIII – Expedição de segunda via de porte de alizada periodicamente, pois, a cada dia sai uma droga nova,
60,00
arma de fogo e  esta lista é feita pelo Poder Executivo, através dos seus
órgãos competentes. Só para que você possa entender de
LEI DE DROGAS – LEI Nº 11.343/2006 uma forma mais clara, o cigarro por exemplo, causa depen‐
dência, mas não está na lista, o que o torna uma droga lícita.
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre E quem faz essa lista? Para que você compreenda de uma
Drogas  – Sisnad; prescreve medidas para prevenção do forma mais simples, primeiramente vamos esclarecer que
uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e de‐ estamos diante de uma lei norma penal em branco, ou seja,
pendentes de drogas; estabelece normas para repressão à depende de um complemento. Ela precisa de complemento.
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define Preceito primário -> precisa de complementação. Acontece
crimes e dá outras providências. Toda a matéria referente a que as normas penais em branco podem ser homogêneas
Drogas está nesta lei. ou heterogêneas, qual será o caso da lei de drogas? Antes de
adentrarmos na resposta, vamos explicar de forma sucinta
do que se trata a norma penal em branco.
Evolução Legislativa Norma penal incriminadora, define a conduta criminosa
e comina a pena. Conduta criminosa é o preceito primário,
A primeira lei sobre a matéria foi a Lei nº 6.368/1976, que enquanto que a pena é o preceito secundário. Norma penal
tratava sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico em branco é aquela cuja definição da conduta é incomple‐
ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que ta, depende de um complemento, no caso em questão é
determinava dependência física ou psíquica, e dava outras saber o que é droga. Conforme vimos, para fins desta lei,
providências. Posteriormente a Lei n° 10.409 versava sobre consideram‑se como drogas as substâncias ou os produtos
a prevenção, o tratamento, a fiscalização, o controle e a re‐ capazes de causar dependência, assim especificados em lei
pressão à produção, ao uso e ao tráfico ilícitos de produtos, ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo
substâncias ou drogas ilícitas que causavam dependência Poder Executivo da União. Mas para que você saiba a respos‐
física ou psíquica, assim elencados pelo Ministério da Saúde, ta, importante esclarecer que a norma penal em branco será
e dava outras providências. Ambas as leis foram revogadas homogênea quando for o seu complemento tiver a mesma
pela Lei nº 11.343/2006, disposto no art. 75 da lei. natureza do preceito primário, ou seja, uma lei possui seu
Com o advento da Lei nº 11.343/2006 foi criado o Sistema complemento em outra lei. E será heterogênea quando o seu
Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnard) e que, complemento for originado por regramento legal diverso do NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
a partir de então, prescreve medidas para prevenção do uso preceito primário, por exemplo lei sendo complementada
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependen‐ por ato administrativo.
tes de drogas; estabelece normas para repressão à produção No caso da lei de drogas os crimes previstos estão con‐
não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. tidos em normas penais em branco heterogêneas, porque
Uma importante alteração na lei foi a substituição da a relação das drogas não está em lei e sim em ato adminis‐
terminologia “substâncias entorpecentes” pela terminologia trativo da União.
“drogas”, que são as substâncias ou os produtos capazes Até ser atualizada vale a portaria em vigor (Art. 66. Para
de causar dependência, assim especificados em lei ou rela‐ fins do disposto no parágrafo único do art. 1º desta Lei, até
cionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder que seja atualizada a terminologia da lista mencionada no
Executivo da União. preceito, denominam‑se drogas substâncias entorpecentes,
A lei de drogas está dividida em duas partes: uma de psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da
caráter geral e outra de caráter penal (a partir do art. 28). Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998). Esclarece
Com tantas mudanças no decorrer dos tempos, qual o bem que a portaria está constantemente tendo suas modificações,
jurídico protegido pela lei? O que a lei tutela? A proteção porém a portaria permanece. Importante esclarecer que a
realizada pela lei é a saúde pública. A preocupação maior norma penal em branco heterogênea não afronta o princípio
na lei não é com a saúde individual e sim com a saúde da da legalidade.
coletividade. Enquanto a droga existe, circula, a saúde da Caso concreto: em 2000 o diretor‑presidente da Anvisa
coletividade está em risco, não se restringindo à apenas excluiu o cloreto de etila (lança‑perfume) da lista de drogas.
quem faz uso da droga. Antes os crimes de drogas estavam no Porém, esta decisão precisava ser referendada pelo colegia‐
Código Penal, na parte Especial (redação original do código do. O colegiado derrubou essa exclusão mandando retornar

325
ao rol. Durante este período de retirada, ocorreu a Abolitio a exposição ao dano, não se exige a lesão do bem jurídico,
Criminis de todas as condutas relacionadas ao cloreto de basta a probabilidade, o risco de dano ao bem jurídico.
etila (entendimento do STF). No que tange ao crime de perigo abstrato, também
E como verifica‑se se realmente é uma droga? Vimos em chamado de crime de perigo presumido, consiste na prática
nosso cotidiano diversos nomes de várias drogas, porém não da conduta descrita em lei que acarreta na presunção ab‐
é este não usual que caracterizará a substância como sendo soluto de perigo ao bem jurídico. O perigo não precisa ser
droga e sim o princípio ativo. Com isso, para ser droga basta provado, é presunção absoluta de perigo ao bem jurídico.
a presença do princípio ativo, independente do nome que Não se exige prova em concreto do perigo ao bem jurídico.
se usa. Lembre‑se: tem que ter o seu princípio ativo. E onde Para exemplificar tal situação, traficante que é flagrado em
encontro esse princípio ativo? A própria portaria da Secreta‐ sua residência com drogas e diz que estava bem guardada,
ria da Vigilância Sanitária – SVS descreve este princípio ativo. sem acesso a ninguém, porém, o perigo é presumido pela lei.
Ex.: uma pessoa foi encontrada com uma substância que
se aparenta com uma droga ilícita. Como ter a certeza de que Da Ação Penal
realmente se trata de uma droga? Neste momento estamos
diante da prova da materialidade, que vai depender de Todos os crimes da lei de drogas são Ação Penal Pública
exame pericial, chamado exame químico toxicológico (Nome Incondicionada. A lei não tratou sobre a Ação Penal, por isso,
técnico que se dá à perícia) que comprova a presença da quando a lei nada menciona será pública incondicionada.
droga, o princípio ativo e a sua quantidade.
Princípio da Insignificância
Do Sujeito Ativo
É possível aplicar? Trazemos primeiramente do que se
Regra geral: são comuns ou gerais, já que podem ser trata o Princípio da Insignificância, que diz respeito a uma
praticados por qualquer pessoa (as pessoas jurídicas são causa supra legal de exclusão da tipicidade, o fato tem tipi‐
excluídas – estas só cometem crimes ambientais). Lembrando cidade formal mas falta tipicidade material. No tráfico de
que, quanto ao sujeito ativo, o crime pode ser ainda próprio drogas não cabe a sua aplicação, é totalmente incompatível,
ou de mão própria. Próprio: exige uma qualidade especial do outrossim, ele é equiparado à hediondo. (art. 5º, XLIII, CF)
agente (ex.: crimes funcionais); de mão própria: não admite a E no caso do art. 28º, porte/posse de droga para consu‐
coautoria, só aquele agente pode praticar. Existe apenas uma mo próprio? Doutrina e Jurisprudência tradicionais: todo e
exceção, quando se trata de médico, dentista, farmacêutico qualquer crime da lei de drogas não poderá ser aplicado o
ou enfermeiro, prevista no art. 38 que será trabalhado mais princípio da insignificância.
à frente. Neste caso trata‑se de crime próprio ou especial. Hoje tem‑se admitido a sua aplicação (STF) – “Ao aplicar
Conduta privativa do médico, do dentista, só eles podem o princípio da insignificância, a 1ª Turma concedeu habeas
fazer prescrição de receita e a ministração realizada pelo corpus para trancar procedimento penal instaurado contra o
farmacêutico e profissional de enfermagem. Estamos diante réu e invalidar todos os atos processuais, desde a denúncia
de um crime culposo. Prescreve remédio com princípio ativo. até a condenação, por ausência de tipicidade material da
Se fizer de forma dolosa é tráfico. conduta imputada. No caso, o paciente fora condenado, com
fulcro no art. 28, caput, da Lei nº 11.343/2006, à pena de
Do Sujeito Passivo 3 meses e 15 dias de prestação de serviços à comunidade
por portar 0,6 g de maconha” (HC 110.475/SC, rel. Min. Dias
Tem que está relacionado com o bem jurídico tutelado. Toffoli, 1ª Turma, j. 14/2/2012, noticiado no Informativo 655).
Tem‑se o sujeito passivo direto (imediato, eventual) – que é O STJ possui jurisprudência em sentido contrário – “Não é
titular do bem jurídico, que neste caso é a coletividade e o possível afastar a tipicidade material do porte de substância
sujeito passivo indireto (mediato, constante) – sempre será entorpecente para consumo próprio com base no princípio
o Estado (as vezes o Estado configura como sujeito direto da insignificância, ainda que ínfima a quantidade de droga
e indireto; ex.: crimes contra a administração pública). Se apreendida” (RHC 35.920/DF, rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
é contra a saúde da coletividade, logo o sujeito ativo é a 6ª Turma, j. 20/5/2014, noticiado no Informativo 541).
coletividade. Neste caso são classificados como crimes va‐ Portanto, para o STF em regra não admite, mas já admitiu
gos, ou seja, aquele que tem como sujeito passivo um ente e para o STJ não se admite.
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

destituído de personalidade jurídica. Não há uma pessoa


determinada. Ex.: crimes de drogas, crimes de trânsito, Dos Crimes e das Penas
crimes contra a família.
A partir de agora trataremos em específico dos crimes
Do Elemento Subjetivo previstos na lei de drogas. O art. 27 traz uma aplicação geral
aos crimes desta lei.
Regra: São crimes dolosos, havendo uma única exceção:
art. 38, que podem ser culposos. É um dolo, porém exige‑se Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão
um dolo específico (também chamado de elemento subjeti‐ ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
vo específico) é uma finalidade especifica, age com um fim substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério
específico. A maioria dos crimes não exige isso, adotam o Público e o defensor.
dolo genérico – binômio consciência (do que estou fazendo)
e vontade (de fazer). Poderá aplicar sozinhas ou cumulativamente, porém, se
Na lei de droga precisa de dolo específico, seja para não cumprir as penas previstas não poderá ser convertida
consumo pessoal seja para o tráfico, tem que ter uma fi‐ em prisão.
nalidade específica. Só haverá crime culposo quando a lei
prever expressamente. Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
Os crimes da lei de drogas são crimes de perigo abstrato, transportar ou trouxer consigo, para consumo pes‐
mas o que isso quer dizer? Primeiramente é importante soal, drogas sem autorização ou em desacordo com
esclarecer o que são crimes de perigo: são aqueles cujo a determinação legal ou regulamentar será submetido
consumação se dá com a exposição do bem jurídico, com às seguintes penas:

326
I – advertência sobre os efeitos das drogas; da legalização que torna a conduta lícita), para esta doutrina
II – prestação de serviços à comunidade; minoritária. O  STF já reconheceu como sendo crime (RE
III – medida educativa de comparecimento a progra‐ 430.105 QO/RJ), não houve descriminalização, o que houve
ma ou curso educativo. foi uma despenalização, ou seja, deixou de existir a pena
principal que é a pena privativa de liberdade.
Art. 28 inaugura o capítulo dos crimes e das penas. A pró‐ Acontece que para a doutrina majoritária, não houve
pria lei de drogas classificou essa conduta como sendo crime. nem descriminalização e nem despenalização pois a pena
A lei de drogas chama essas três situações de penas. Na lei permaneceu. Por isso, a doutrina majoritária prefere a ter‐
antiga tinha pena de detenção de até um ano para quem minologia da “descarcerização” – porque deixou de existir o
cometia o crime deste artigo, porém, a atual lei de drogas cárcere ou “desprisionalização” – porque deixou de existir a
acabou com essa pena. Abrandou a pena. Quem pratica esse prisão. Porém, está pendente no STF a questão da constitu‐
crime não perderá a liberdade. cionalidade do art. 28, interpretação conforme a Constituição
Algumas observações devem ser feitas: Federal, para que haja a descriminalização mas que continue
• no caso da condenação com trânsito em julgado, ele sendo ilícito, onde suas sanções seriam de outra natureza
não terá pena privativa de liberdade, diante disso não diversa das infrações penais.
pode cumprir prisão provisória; Estabeleceu o rito processual junto ao Juizado Especial
• não admite lavratura de APF, não cabe temporária Criminal, logo é uma infração penal de menor potencial ofen‐
também; sivo. No tocante à prescrição o art. 30 determina a aplicação
• não poderá ser preso a nenhum título nem provisório das regras do art. 107 do CP. A finalidade da LICP era apenas
nem definitivo como pena. a de diferenciar os crimes das contravenções penais uma vez
que o CP e a LCP entraram em vigor simultaneamente, em
Estamos diante de uma infração penal de menor po‐ 1º de janeiro de 1942.
tencial ofensivo. Deverá ser observado o art.  69 da Lei A LICP tem status de lei ordinária, pode ser modificada
nº 9.099/1995. Se recusar a assinar o termo circunstanciado por outra lei ordinária (temos um conceito geral), como
se comprometendo a comparecer, o delegado não poderá aconteceu com a Lei de Drogas (temos um conceito especial,
fazer nada, pois, não cabe nenhum tipo de prisão para isso. aplicado no caso de drogas). Quando a LICP entrou em vigor
Importante esclarecer que esta modalidade admite sim não existiam penas alternativas.
tentativa. Antigamente a legislação tratava como “para uso
próprio” a nova lei utiliza a terminologia “para consumo Da Figura Equiparada
pessoal” § 1º Às mesmas medidas submete‑se quem, para seu
consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas desti‐
Do Princípio da Alteridade (Desdobramento do nadas à preparação de pequena quantidade de substância
Princípio da Lesividade) ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.

Este princípio trata da questão da não punição de quem Através deste parágrafo foi solucionado um problema
se auto lesiona, o direito penal só se manifesta quando pas‐ da legislação anterior, porque ou se falava que a conduta é
sa para a esfera de outrem. Daí se pergunta se estaríamos atípica ou falava que era tráfico de drogas, quando se cultiva
diante de um crime que só prejudica quem está fazendo o pequena quantidade para uso próprio.
uso. Claus Roxin dizia: não há crime na conduta que preju‐
dique somente quem a praticou. O crime deve ultrapassar a Atenção!
esfera de quem pratica. Porém, devemos ter em mente que Art. 33, § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
os crimes da lei de droga são crimes contra a saúde pública, I – importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
ele atinge a uma coletividade. vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,
Importante mencionar que não há crime no uso pretérito transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente,
da droga, ou seja, se a droga já foi consumida não há mais sem autorização ou em desacordo com determinação legal
crime contra a saúde pública, perde relevância para o direito ou regulamentar, matéria‑prima, insumo ou produto químico
penal. Ao usuário não se aplica em hipótese alguma pena destinado à preparação de drogas;
privativa de liberdade. No caso da multa é medida sancio‐ II – semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou
natória para o não cumprimento das penas. em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
plantas que se constituam em matéria‑prima para a prepa‐
Da Natureza Jurídica ração de drogas;
III – utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem
A critério de informação, uma doutrina minoritária dizia a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância,
que o art. 28 não é crime nem contravenção penal. Seria uma ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuita‐
infração penal sui generis (não podendo ser categorizada mente, sem autorização ou em desacordo com determinação
nem como crime nem como contravenção penal), tendo legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
em vista o conceito de crime da Lei de introdução ao CP – Como diferenciar o art. 33 do art. 28 (critério para dife‐
Decreto‑Lei nº 3.914 (art. 1º Considera‑se crime a infração renciar o usuário do tráfico) de forma mais clara?
penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, Art. 33 é equiparado ao tráfico, tendo essa diferenciação
quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente em relação ao art. 28, porém o próprio art. 28, §2º esclarece:
com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que § 2º Para determinar se a droga destinava‑se a consu‐
a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de mo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da
multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente), porém, substância apreendida, ao local e às condições em que se
isso não foi aceito pela jurisprudência e doutrina majoritária. desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem
Não poderia ser categorizada como crime e nem como como à conduta e aos antecedentes do agente.
contravenção penal, já que não tinha previsão legal de re‐ Lembre‑se do critério subjetivo específico, a finalidade
clusão, detenção, multa e prisão simples. A lei disse que não específica:
é, porém não falou o que é, disse que haveria uma descri‐ Art.  28  – finalidade: consumo de drogas, consumo
minalização do crime (deixou de ser crime – isso é diferente pessoal.

327
Art. 33 – finalidade: aqui não há uma finalidade específi‐ Vale ressaltar que a regra geral está prevista no art. 109
ca, um elemento subjetivo específico. Analisa apenas o dolo. CP e a regra específica da lei de drogas no art. 30, prescre‐
E no caso de dúvida? Condena pelo art. 28, pelo crime vem em dois anos tanto a prescrição da pretensão punitiva,
menos grave, in dubio pro reo. quanto a prescrição da pretensão executória. Contudo são
A respeito das penas do art. 28, temos o seguinte: observadas as causas interruptivas previstas no CP.
I – advertência sobre os efeitos das drogas;
II – prestação de serviços à comunidade; E qual será o Rito Processual a ser seguido nos crimes
III – medida educativa de comparecimento a programa
da lei de drogas?
ou curso educativo.
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste Conforme já mencionado anteriormente, trata‑se de
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. infração de menor potencial ofensivo, portanto irá seguir o
No caso da advertência não há que se falar em prazo, rito sumaríssimo, compete, portanto, ao Juizados Especiais
apenas para a prestação de serviço e medida educativa. Criminais processar e julgar. Curioso observar na lei de dro‐
E se já foi condenado anteriormente pelo art. 28 gera gas é que aos crimes não são dados nomes, estes são feitos
reincidência? Sim, o § 4º descreve que em caso de reinci‐ pela doutrina.
dência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses, Do Tráfico de Drogas
não cabendo em hipótese alguma a prisão.
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cum‐
prida em programas comunitários, entidades educacionais O que é tráfico de drogas? Importante saber neste
ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, momento é que tráfico de drogas o art. 33, caput, o §1º e
públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, art. 34. A respeito do art. 35 e 37 há uma discussão ainda na
preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recu‐ doutrina, prevalecendo que não se trata de tráfico.
peração de usuários e dependentes de drogas. (grifo nosso) Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
De preferência será colocado em locais em que existe fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
dependentes de drogas. Porém, o juiz poderá optar por outra depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
forma. Mas, e no caso de não cumprir com essas medidas, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda
o que fazer? que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educati‐ determinação legal ou regulamentar: (grifo nosso)
vas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injus‐ Pena  – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pa‐
tificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê‑lo, gamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
sucessivamente a:
dias‑multa.
I – admoestação verbal;
II – multa. Ele possui 18 núcleos do tipo penal, estamos diante de
Não pode aplicar multa direto, tem que seguir a ordem. um tipo misto alternativo, também chamado de crime de
Primeiro aplica admoestação verbal, se não funcionar aplica ação múltipla ou de conteúdo variado. Necessário se fazer a
a multa. Essas duas não se tratam de penas, são formas, distinção. Tipo penal misto cumulativo: quando a realização
medidas de efetivação da pena, são aplicadas para o caso de mais de um verbo, mesmo que seja no mesmo contexto
de descumprimento de pena. deve ensejar mais de um crime. Mais de um verbo terá mais
Admoestação verbal: coloquialmente falando trata‑se de de um crime.
um puxão de orelha realizado pelo juiz, na prática não tem Tipo penal misto alternativo: prática de mais de um verbo
muito efeito. Nada mais é do que uma advertência verbal, no mesmo contexto fático com o mesmo objeto material
pelo descumprimento da pena, e  não sobre o efeito das ensejará apenas um crime. Este conceito deve ser aplicado
drogas como é no art. 28, I. às outras condutas (tipos penais) desta lei.
Multa: diz respeito ao valor pecuniário a ser pago. Seu Qual a necessidade de diversos núcleos? O legislador
valor é creditado no Fundo Nacional Antidrogas (art. 29).
tentou prever todas as possibilidades, situações ligadas ao
A fixação da multa se dá em duas fases (sistema bifásico):
1ª fase: o juiz calcula o número de dias‑multa: varia tráfico de drogas. Se o agente praticar duas ou mais con‐
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

entre 40 a 100. dutas contra o mesmo objeto material responde por um


Nessa primeira fase leva‑se em conta a reprovabilidade único crime, neste caso quando se fala do mesmo objeto
da conduta; e material estamos falando da mesma droga, daí sim haverá
2ª fase: o juiz vai calcular o valor do dia‑multa com base um único crime. Se praticar com drogas diversas responde
na capacidade econômica do agente que varia de 1/30 do por crimes em concurso. Ex.: importou maconha, vendeu
salário mínimo até três vezes o valor do salário mínimo. cocaína, estocou heroína, são três crimes de tráfico de dro‐
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à ga. Estamos tratando aqui do tráfico propriamente dito, ou
disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de seja, art. 33, caput.
saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento
especializado. Do Sujeito Ativo
A partir daqui passou a ver a questão do usuário como
um caso de saúde pública. Será analisado ao caso concreto,
pois as medidas do art. 28 podem surtir efeito. É crime comum ou geral, pode ser praticado por qualquer
pessoa, não necessita de uma qualificação determinada.
Da Prescrição Quando se trata dos verbos prescrever e ministrar tería‐
mos um crime próprio, pois se aplica aos profissionais da área
O art. 30 traz a questão da prescrição nos crimes da lei de saúde. Prevalece isto, porém, há uma certa questão que
de drogas. se discute, sendo que para a prescrição é pacífico, já no que
Art.  30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a diz respeito a ministrar há uma certa divergência quanto a
execução das penas, observado, no tocante à interrupção do ser profissional de saúde. São crimes que permitem tentativa,
prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. porém é bastante difícil de ser configurada.

328
Atenção! um, segundo as condições econômicas dos acusados, valor
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são não inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes
aumentadas de um sexto a dois terços, se: o maior salário‑mínimo.
II – o agente praticar o crime prevalecendo‑se de função Lembre‑se que no art. 28 a multa não é pena! Crimes na
pública ou no desempenho de missão de educação, poder lei de drogas estabelecem o mínimo e máximo de número de
familiar, guarda ou vigilância; dias multa. É um sistema bifásico: número de dias multa e
Não basta o crime ser praticado pelo funcionário público, valor de dias multa (com base na situação econômica do réu).
ele tem que se aproveitar da sua função pública. Para exem‐ Art. 43. Parágrafo único. As multas, que em caso de con‐
plificar, funcionário que vende droga na sua folga sem se valer curso de crimes serão impostas sempre cumulativamente,
do cargo para nada – não incide. Diferentemente se o funcio‐ podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situ‐
nário se vale da sua função como carcereiro e vende para os ação econômica do acusado, considerá‑las o juiz ineficazes,
detentos – incide. Outro exemplo se estiver na condição de ainda que aplicadas no máximo.
educador, pai, ou está em guarda e vigilância – incide. Aqui No CP só pode aumentar até o triplo (Art. 60 – Na fixação
estamos tratando de causas de aumento de pena. da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situ‐
ação econômica do réu. § 1º - A multa pode ser aumentada
Elemento Normativo até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação
econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo).
“Sem autorização ou em desacordo com determinação Já na lei de drogas até 10 vezes.
legal ou regulamentar”. Se for perguntado se é possível co‐
mércio legal de drogas? A resposta é sim, exemplo, a vende Causa de Diminuição de Pena
de remédios, que possui princípios ativo da droga.
Para que haja crime a conduta realizada tem que ser sem Há quem chame equivocadamente de tráfico privilegia‐
autorização ou em desacordo com determinação legal ou do, porém, não se trata de tráfico privilegiado e sim causa
regulamentar. Ex.: venda de remédio com receita controlada, de diminuição de pena.
já que tem princípio ativo da droga. Se vender sem receita Art. 33, § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º des‐
controlada é tráfico de drogas. Se for além do que a receita te artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
permite responde o crime. terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos,
Uma questão bastante polêmica e bastante cobrada nas desde que o agente seja primário, de bons antecedentes,
provas é o caso do flagrante preparado. Exemplo típico: po‐ não se dedique às atividades criminosas nem integre orga‐
licial se disfarça de usuário, compra a droga e prende quem nização criminosa.
vendeu, o que acontece? Esse flagrante é válido ou não? De A expressão “vedada a conversão em penas restritivas
acordo com a Súmula 145 do STF: “Não há crime quando de direitos” foi declarada inconstitucional pelo STF que de‐
a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a cidiu em um caso concreto, individual. Neste caso, quando
sua consumação.” Neste caso, cuida‑se do crime de ensaio o STF declarou a inconstitucionalidade da lei, em sede de
ou de experiência (crime impossível por obra do agente controle difuso de constitucionalidade, essa decisão teve
provocador). efeito inter partes. O STF comunicou ao Senado que editou
Devemos observar duas situações: uma resolução para dar efeitos erga omnes (não é obrigado
• em relação à conduta de “vender”: flagrante preparado a fazer porém o fez), conforme Resolução nº 5/2012 (Art. 1º
(não há crime); nesta modalidade não há crime porque É suspensa a execução da expressão “vedada a conversão
o policial forçou, sem isso ele não venderia a droga; em penas restritivas de direitos” do § 4º do art. 33 da Lei
• no tocante à conduta “ter em depósito”: o crime é nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, declarada inconstitu‐
permanente. O flagrante é válido. Aqui, independente cional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal
da ação do policial o traficante já tinha em depósito, nos autos do Habeas Corpus nº 97.256/RS.)
portanto o flagrante é legítimo. Em razão dessa resolução é possível a aplicação no tráfico
de drogas a substituição de pena restritiva de liberdade pela
Da Dosimetria da Pena pena restritiva de direitos. O STF decidiu que esse chamado
tráfico acidental, trafico eventual, essa figura privilegiada
Deverá sempre ser analisado o caso concreto, cabendo (causa de diminuição da pena) não se equipara ao crime
ao juiz realizar a dosimetria. hediondo. (Informativo 831 – HC 118.533) NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com O tráfico de drogas com diminuição da pena do 33, § 4º
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, não se equipara aos crimes hediondos. Essa decisão reper‐
a natureza e a quantidade da substância ou do produto, cutiu no STJ que viu‑se obrigado a cancelar a súmula 512
a personalidade e a conduta social do agente. (“A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no
No art. 59 do CP temos circunstancias judiciais, para a art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 não afasta a hediondez
dosimetria da pena base. Não são ignoradas na lei de dro‐ do crime de tráfico de drogas”.)
gas, além delas o juiz vai usar as circunstâncias judiciais do Porém, a aplicação do § 4º depende de quatro requisitos
art.  42 desta lei preponderantemente. Primeiro o art.  42 cumulativos:
depois o 59 CP. • agente primário;
Na dosimetria da pena será observado o sistema trifásico, • de bons antecedentes;
ou seja, na aplicação da pena privativa de liberdade (primei‐ • não se dedique a atividades criminosas;
ra fase com base nas circunstancias judiciais, segunda fase • não integra organizações criminosas.
atenuantes e agravantes, e  a terceira fase com causas de
diminuição e de aumento da pena). Sempre devem ser observados os requisitos.

Pena de Multa Da Diminuição da Pena e Verificação da


Quantidade da Droga
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a
39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Duas questões importantes devem ser analisadas.
Lei, determinará o número de dias‑multa, atribuindo a cada A quantidade da droga impede que seja aplicada a diminui‐

329
ção da pena? Para o STF: “A quantidade de drogas não consti‐ 2ª Figura equiparada
tui isoladamente fundamento idôneo para negar o benefício II – semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou
da redução da pena” (HC 138.138/SP, Informativo 849). em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de
A atividade criminosa deve ser exercida com exclusivida‐ plantas que se constituam em matéria‑prima para a prepa‐
de para inviabilizar diminuição da pena? Para o STJ: “Ainda ração de drogas;
que a dedicação a atividades criminosas ocorra concomi‐
tantemente com o exercício de atividade profissional lícita, Não é necessário que a planta origine diretamente a
é inaplicável a causa especial de diminuição de pena prevista droga, não precisa necessariamente ter o princípio ativo da
no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006” (REsp 1.380.741/ droga. Só existe esse crime quando o agente pratica a con‐
MG, Informativo 582). duta sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar.
Então para impedir o benefício, não necessariamente tem A configuração do delito reclama a presença do elemento
que exercer a atividade exclusiva do tráfico, pode exercer normativo “sem autorização ou em desacordo com determi‐
outra atividade licita, mas se simultaneamente a essa ativi‐ nação legal ou regulamentar”. Art. 2º da Lei nº 1.343/2006:
dade licita ele exerce o tráfico não tem direito ao benefício “Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas,
da diminuição da pena do art. 33, §4º. bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de
Outra questão bastante cobrada é a situação das famosas vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou pro‐
“mulas” do tráfico (aquele que faz apenas o carregamento duzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal
da droga). Eles poderão ser beneficiados pela diminuição do ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção
art. 33, § 4º, da Lei de Drogas? de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotró‐
O entendimento da 1ª Turma do STF que concedeu “ha‐ picas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente
beas corpus” de ofício impetrado em favor de condenados ritualístico‑religioso. Parágrafo único. Pode a União autorizar
pela prática de tráfico internacional de entorpecentes. A de‐ o plantio, a  cultura e a colheita dos vegetais referidos no
fesa pleiteava a aplicação da causa especial de diminuição caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou
do art. 33, §4º, da Lei nº 11.343/2006. A Turma considerou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fis‐
que a atuação dos pacientes na condição de “mulas” não calização, respeitadas as ressalvas supramencionadas.” Basta
significaria, necessariamente, que integrassem organização que funcione como matéria‑prima para a fabricação. Ex.: as
drogas sintéticas, utiliza‑se a planta para dar cor e cheiro.
criminosa. No caso, eles seriam meros transportadores,
Com base nesta ideia, necessário observar o art.  243
o que não representaria adesão à estrutura de organização
da Constituição Federal: “Art. 243. As propriedades rurais e
criminosa” (HC 124.107/SP, Informativo 766)
urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
Em que pese julgados o que prevalece, porém, não é
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de
pacífico é que não caberia a aplicação da diminuição da pena
trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e desti‐
às “mulas”. A partir daí deve‑se verificar o caso concreto para
nadas à reforma agrária e a programas de habitação popular,
ver se tem a concessão ou não do benefício, verificar se inte‐
sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de
gra ou não a organização criminosa. A causa de diminuição outras sanções previstas em lei, observado, no que couber,
não existia na lei anterior, porém a pena era de 3 a 15 anos. o disposto no art. 5º. Parágrafo único. Todo e qualquer bem
Já na lei nova existe a causa de diminuição de pena, porém de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico
a pena é de 5 a 15 anos. ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de
Poderia ser feito uma combinação de leis em crimes co‐ trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial
metidos anterior a vigência da Lei nº 11.343/2006, ou seja, com destinação específica, na forma da lei.”
aplicar a lei menor combinado com a diminuição de pena da
outra lei? Em que pese a divergência que ocorreu, hoje tanto Natureza Jurídica do art. 243, CF
o STF e STJ, dizem que admitir uma combinação de lei seria
uma lex tertia, ou seja, aplicaria uma terceira lei, estariam Aqui fala em expropriação (que é sinônimo de desapro‐
criando uma terceira lei, usurpando a função do legislador, priação), que deve ter prévia e justa indenização em dinheiro.
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

por isso não admitem. Aqui não tem expropriação, aqui tem‑se confisco, a União
retira a terra, sem pagar nada.
Figuras Equiparadas ao Tráfico Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente des‐
truídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que
No §1º temos o tráfico equiparado. recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: lavrando auto de levantamento das condições encontradas,
I – importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, com a delimitação do local, asseguradas as medidas neces‐
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, sárias para a preservação da prova.
transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, § 3º Em caso de ser utilizada a queimada para destruir
sem autorização ou em desacordo com determinação legal a plantação, observar‑se‑á, além das cautelas necessárias à
ou regulamentar, matéria‑prima, insumo ou produto químico proteção ao meio ambiente, o disposto no Decreto no 2.661,
destinado à preparação de drogas; de 8 de julho de 1998, no que couber, dispensada a autori‐
zação prévia do órgão próprio do Sistema Nacional do Meio
Quando se fala em “matéria‑prima, insumo ou produto Ambiente – Sisnama.
químico” não quer dizer droga, e sim aquilo que é destinado à § 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão ex‐
preparação de drogas. Este é o objeto material para configu‐ propriadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição
rar o crime. Esse objeto não precisa ter a natureza de droga, Federal, de acordo com a legislação em vigor.
ou seja, não se exige que contenha o princípio ativo. Basta
que seja idôneo à produção da droga. Ex.: utilizar acetona A lei fala para destruir na hora, guardando o material ne‐
destinada para refinar a cocaína. cessário para questões probatórias. Esta medida atingirá toda

330
a gleba de terra ou só a porção que é utilizado para plantar Esse crime acabou com a polêmica da lei anterior, pois
a droga? O STF já se manifestou no sentido de que perde antigamente prevalecia a ideia de que se o agente praticasse
toda a gleba de terra. O confisco atinge toda a propriedade. essa conduta cometeria tráfico de drogas. Outra corrente
E nos casos em que o proprietário resolve arrendar, alugar sustentava que a conduta era atípica. Por isso, mudou‑se em
a propriedade rural e desconhece o que o inquilino estar razão do rigor excessivo em punir como traficante quem não
fazendo na propriedade. o era, para isso temos um crime específico agora.
Pergunta‑se: a responsabilidade do proprietário é objeti‐ Este tipo penal depende de quatro requisitos cumulativos
va ou subjetiva? No passado sustentava‑se a responsabilida‐ que se observa no texto legal:
de objetiva, isto é, mesmo arrendando a terra o proprietário • oferta eventual da droga;
a perdia, pois se entendia que ele tinha a responsabilidade de • oferta gratuita – sem lucro;
vigiar a propriedade. Porém há uma dificuldade na vigilância. • o destinatário seja do relacionamento de quem oferece
Mas o STF mudou de entendimento: “A expropriação a droga; e
prevista no art. 243 da CF pode ser afastada, desde que o • a droga é para consumo conjunto.
proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que
in vigilando ou in elegendo (RE 635.336/PE, Informativo 851). Ex.: levar lança‑perfume para o carnaval para cheirarem
Neste caso será invertido o ônus da prova, já que presu‐ juntos. Mas se ele passar e não cheirar, cairá no tráfico. Na
me‑se que ele sabia que ali existia o plantio de drogas. Ele falta de qualquer desses requisitos estará configurado o
deverá provar a sua inocência. tráfico de drogas (art. 33, caput).

3º figura equiparada Dos Equipamentos e Objetos Destinados ao


III – utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem Tráfico
a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância,
ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuita‐ Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer,
mente, sem autorização ou em desacordo com determinação vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar
legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho,
Só vai haver quando utiliza para o tráfico de drogas. Se instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação,
for para uso pessoal não incide este inciso. Poderá ser um preparação, produção ou transformação de drogas, sem
bem móvel ou imóvel. O  crime aqui é doloso, pois, deve autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
saber o animus do agente. Ex.: pega o carro emprestado,
Pena – reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento
quem empresta não sabe que será utilizado para o tráfico.
de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias‑multa.
Será através da análise do animus, que o juiz ao proferir
a sentença de mérito, decidirá sobre o perdimento do pro‐
Aqui tem‑se uma modalidade de tráfico. Tem‑se como
duto, bem ou valor apreendido, sequestrado ou declarado
finalidade incriminar condutas não abrangidas pelo art. 33,
indisponível (art. 63).
caput. Condutas relacionadas a maquinários destinados à
produção de drogas. Não há o objeto material droga e sim
Art. 33 o objeto destinado à preparação de droga, bem ou objeto
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido ligado ao processo de criação, fabricação de droga.
de droga: Ex.: possui um laboratório com todo o maquinário, porém
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de no momento não se tem a droga.
100 (cem) a 300 (trezentos) dias‑multa. Atenção: Se não tem droga, não aplica o art. 33, caput.
Induzir: dar a ideia; Instigar: fomentar uma ideia já exis‐ Ressalta que não há crime quando se apreende um bem
tente; Auxiliar: dar ajuda material. ou objeto ligado ao uso da droga, sem que a droga exista.
Doutrinariamente tem‑se entendido que este crime Ex.: cachimbo usado para usar crack.
possui duas características:
• deve‑se dirigir a pessoa(s) determinada(s); Conflito de Normas e Princípio da Consunção
• para a sua consumação exige‑se que se consuma a Para o STF ambos os preceitos buscariam proteger a
droga. Não basta a indução, instigação, auxilio para saúde pública e tipificariam condutas que  – no mesmo NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
configurar. contexto fático, evidenciassem o intento de traficância do
agente e a utilização dos aparelhos e insumos para essa
Não é porque está inserido no art. 33 que trata de um mesma finalidade – poderiam ser consideradas meros atos
crime equiparado hediondo. Situação bastante discutida é preparatórios do delito de tráfico previsto no art. 33, caput,
a questão da marcha da maconha. O Supremo na ADI 4274/ da Lei nº 11.343/2006” (HC 109.708/SP, Informativo 791).
DF, Informativo 649, disse que a “Marcha da Maconha” não Na mesma linha o STJ descreve que responderá apenas
caracteriza o crime do art. 33, § 2º, da Lei de Drogas, por duas pelo crime de tráfico de drogas – e não pelo mencionado
razões: liberdade de expressão e manifestação do pensamen‐ crime em concurso com o de posse de objetos e maqui‐
to; só existe o crime quando o induzimento, o auxílio ou a nário para a fabricação de drogas, previsto no art.  34 da
instigar devem ser dirigidas a uma pessoa(s) determinada(s). Lei nº 11.343/2006 – o agente que, além de preparar para
venda certa quantidade de drogas ilícitas em sua residência,
Art. 33, § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem obje‐ mantiver, no mesmo local, uma balança de precisão e um
tivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos alicate de unha utilizados na preparação das substâncias. De
a consumirem: fato, o tráfico de maquinário visa proteger a saúde pública,
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pa‐ ameaçada com a possibilidade de a droga ser produzida,
gamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) ou seja, tipifica‑se conduta que pode ser considerada como
dias‑multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. mero ato preparatório.
Chamado de cedente eventual. Também não é caracte‐ Portanto, a prática do crime previsto no art. 33, caput,
rizado como crime equiparado à hediondo. Trata‑se de uma da Lei de Drogas absorve o delito capitulado no art. 34 da
infração penal de menor potencial ofensivo. mesma lei, desde que não fique caracterizada a existência

331
de contextos autônomos e coexistentes aptos a vulnerar o necessários ou fase normal de execução do tráfico de drogas”
bem jurídico tutelado de forma distinta” (REsp 1.196.334/ (AgRg no AREsp 303.213/SP, Informativo 531).
PR, Informativo 531). Esse julgado explica que o art. 34 será absorvido pelo
Para esses julgados, caso a polícia encontre apenas os art. 33 quando os instrumentos encontrados em determina‐
instrumentos utilizados para fabricação da droga, o agente do local forem suficientes para a produção da droga também
responderá pelo crime previsto no art. 34 da Lei de Drogas. existente naquele local. Em contrapartida, caso se apure que
Mas, se encontrar os instrumentos e a droga, o crime previsto os instrumentos tenham capacidade de produzir mais drogas
no art. 34 será absorvido pelo delito contido no art. 33, caput. do que aquelas que foram apreendidas, o agente responderá
No art. 34 não há droga. Mas se houver droga no labo‐ pelos dois crimes, em concurso.
ratório, responderá pelo art. 33, caput, mesmo existindo os Não será absorvido quando aquele objeto ter capacidade
instrumentos, maquinários. para produzir muito mais do que a droga está presente ali.
Não haverá concurso, já que os instrumentos são meio Capacidade para renovar aquela produção, será concurso de
preparatório para a fabricação das drogas. O  art.  34 fica crimes pela capacidade de produzir mais drogas.
absorvido.
Associação para o Tráfico
Do Concurso de Crimes
Art. 35. Associarem‑se duas ou mais pessoas para o fim
Muita atenção para quando configurará o concurso de de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes
crimes entre o Art. 33, caput, e art. 34. previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
Para o STJ, responderá pelo crime de tráfico de drogas – Pena – reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento
art. 33 da Lei nº 11.343/2006 – em concurso com o crime de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias‑multa.
de posse de objetos e maquinário para a fabricação de dro‐ Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo
gas – art. 34 da Lei nº 11.343/2006 – o agente que, além de incorre quem se associa para a prática reiterada do crime
ter em depósito certa quantidade de drogas ilícitas em sua definido no art. 36 desta Lei.
residência para fins de mercancia, possuir, no mesmo local Neste crime de associação para o tráfico, não se admite
e em grande escala, objetos, maquinário e utensílios que tentativa. Trata‑se de um crime obstáculo.
constituam laboratório utilizado para a produção, preparo, Crime obstáculo: vem do direito italiano. O  legislador
fabricação e transformação de drogas ilícitas em grandes pega um ato preparatório para um outro crime e o incrimina
quantidades. de forma autônoma. Ele antecipa a tutela penal. Em crime
Nessa situação, as circunstâncias fáticas demonstram ver‐ obstáculo não se admite tentativa. Ou se associa e há crime
dadeira autonomia das condutas e inviabilizam a incidência ou não se associa e não há crime.
do princípio da consunção. Sabe‑se que o referido princípio
tem aplicabilidade quando um dos crimes for o meio normal
Distinção com o Art. 288 do CP – Associação
para a preparação, execução ou mero exaurimento do delito
Criminosa
visado pelo agente, situação que fará com que este absorva
No crime do art. 35 da Lei de Drogas basta o envolvi‐
aquele outro delito, desde que não ofendam bens jurídicos
mento de duas pessoas: Como se trata de crime de concurso
distintos. Dessa forma, a depender do contexto em que os
necessário, basta que um dos agentes seja maior e capaz.
crimes foram praticados, será possível o reconhecimento da
O art. 288 do CP exige ao menos 3 pessoas. No crime do
absorção do delito previsto no art. 34 – que tipifica conduta
art. 35 da Lei de Drogas a intenção é a de cometer quaisquer
que pode ser considerada como mero ato preparatório – pelo dos crimes previstos nos arts. 33, caput, e § 1º, e 34 (classi‐
crime previsto no art. 33. ficados como tráfico de drogas).
Contudo, para tanto, é necessário que não fique carac‐ Caso os agentes se agrupem para cometer outros cri‐
terizada a existência de contextos autônomos e coexistentes mes, aplica‑se o art. 288 do CP – associação criminosa, sem
aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta. prejuízo da aplicação da Lei nº 12.850/2013, na hipótese de
Levando‑se em consideração que o crime do art.  34 visa organização criminosa. Ex.: roubo, furto, etc. Sem prejuízo
coibir a produção de drogas, enquanto o art.  33 tem por
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

inclusive de ficar configurado a organização criminosa. O que


objetivo evitar a sua disseminação, deve‑se analisar, para nós temos aqui é o princípio da especialidade: agrupamento
fins de incidência ou não do princípio da consunção, a real para prática do art. 33, o §1º e o art. 34 é tráfico de drogas.
lesividade dos objetos tidos como instrumentos destinados No crime do art.  35 da Lei de Drogas fala‑se em “rei‐
à fabricação, preparação, produção ou transformação de teradamente ou não”. Neste caso houve um equívoco do
drogas. legislador, pois toda associação reclama estabilidade e per‐
Relevante aferir, portanto, se os objetos apreendidos manência. A união eventual caracteriza concurso de pessoas
são aptos a vulnerar o tipo penal em tela quanto à coibição e não o crime autônomo de associação para o tráfico. Na
da própria produção de drogas. Logo, se os maquinários e verdade pouco importa se é reiterado ou não.
utensílios apreendidos não forem suficientes para a produ‐ Sabe‑se que, se o crime é de associação, toda associação
ção ou transformação da droga, será possível a absorção do reclama um vínculo associativo, um ânimo associativo de
crime do art. 34 pelo do art. 33, haja vista ser aquele apenas permanência, não existe associação de forma temporária,
meio para a realização do tráfico de drogas (como a posse eventual, não reiterada, não seria associação para o tráfico,
de uma balança e de um alicate – objetos que, por si sós, seria concurso de pessoas.
são insuficientes para o fabrico ou transformação de entor‐ A Jurisprudência é pacífica neste sentido, exige‑se o
pecentes, constituindo apenas um meio para a realização dolo de se associar com permanência e estabilidade para a
do delito do art. 33). caracterização do crime de associação para o tráfico, previs‐
Contudo, a posse ou depósito de maquinário e utensílios to no art. 35 da Lei nº 11.343/2006. Dessa forma, é atípica
que demonstrem a existência de um verdadeiro laboratório a conduta se não houver ânimo associativo permanente
voltado à fabricação ou transformação de drogas implica (duradouro), mas apenas esporádico (eventual)” (STJ – HC
autonomia das condutas, por não serem esses objetos meios 139.942/SP, Informativo 509).

332
Portanto, a cláusula “reiteradamente ou não” não tem do art. 40, VII, seria inócua quanto às penas do art. 33, caput”
valor jurídico, tem que ser união estável e permanente. União (REsp 1.290.296/PR, Informativo 534).
eventual é concurso de pessoas. É perfeitamente possível a Tem que analisar a manifestação de vontade do agente.
associação. Aqui o crime já está consumado, atinge a paz
pública. Informante Colaborador

Financiamento ao Tráfico Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, orga‐


nização ou associação destinados à prática de qualquer dos
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e paga‐ de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias‑multa.
mento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) Para a caracterização desse crime não basta a colabora‐
dias‑multa. ção com tráfico. Exige‑se que o agente colabore para o grupo,
Financiar os crimes considerados como tráfico de drogas, organização ou associação voltados ao tráfico. O informante
financiamento ou custeio. A quem se aplica este crime? É não integra o grupo, organização ou associação, pois se in‐
imputado a quem? Esse tipo penal é aplicável ao chamado tegrasse ele responderia pelo art. 35 da Lei de Drogas. Um
“financiamento ou custeio sem tráfico”. Caracteriza‑se como exemplo é a conduta do “fogueteiro”: STF – HC 106.155/RJ,
uma exceção à teoria unitária ou monista no concurso de Informativo 643.
pessoas (art. 29 caput, CP – Art. 29 – Quem, de qualquer
modo, concorre para o crime incide nas penas a este comi‐ E se for funcionário público?
nadas, na medida de sua culpabilidade). Caso o informante seja funcionário público e tenha rece‐
O agente que responde pelo art. 36 não se envolve com bido vantagem indevida, ele responderá por dois crimes em
o tráfico de drogas, ou seja, o agente não é traficante. Ex: A concurso material: art. 37 da Lei de Drogas e art. 317 do CP
chega em B e pede emprestado R$ 500.000,00. B empresta (corrupção passiva), em concurso material. Ex.: policial cor‐
e sabe que será usado para o tráfico. Ele financia, mas não rupto que sabe das operações e informa aos traficantes em
se envolve. troca de dinheiro. Tem que colaborar com o grupo, mas não
integrar o grupo (se integra o grupo responde pelo art. 35).
Cuidado!
Autofinanciamento e art. 40, VII: Associação para o Tráfico e Subsidiariedade Tácita
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são
aumentadas de um sexto a dois terços, se: Diz o STJ: “Responderá apenas pelo crime de associação
VII – o agente financiar ou custear a prática do crime. do art. 35 da Lei nº 11.343/2006 – e não pelo mencionado
crime em concurso com o de colaboração como informante,
São causas de aumento de pena. Aqui é diferente do previsto no art. 37 da mesma lei – o agente que, já integran‐
art. 36, o financiador participar, se envolve com o tráfico de do associação que se destine à prática do tráfico de drogas,
droga. Ex.: dois traficantes e um financia a compra da droga, passar, em determinado momento, a  colaborar com esta
responderá pelo art. 33, caput, com aumento da pena. especificamente na condição de informante. A configuração
Essa é a jurisprudência pacífica no STJ: “Na hipótese do crime de associação para o tráfico exige a prática, reite‐
de autofinanciamento para o tráfico ilícito de drogas, não rada ou não, de condutas que visem facilitar a consumação
há concurso material entre os crimes de tráfico (art.  33, dos crimes descritos nos arts. 33, caput, e § 1º, e 34 da Lei
caput, da Lei nº 11.343/2006) e de financiamento ao tráfico nº 11.343/2006, sendo necessário que fique demonstrado
(art. 36), devendo, nessa situação, ser o agente condenado o ânimo associativo, um ajuste prévio referente à formação
às penas do crime de tráfico com incidência da causa de de vínculo permanente e estável. Por sua vez, o crime de
aumento de pena prevista no art. 40, VII. De acordo com a colaboração como informante constitui delito autônomo,
doutrina especialista no assunto, denomina‑se autofinancia‐ destinado a punir específica forma de participação na em‐
mento a situação em que o agente atua, ao mesmo tempo, preitada criminosa, caracterizando‑se como colaborador
como financiador e como traficante de drogas. Posto isso, aquele que transmite informação relevante para o êxito das NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
tem‑se que o legislador, ao prever como delito autônomo atividades do grupo, associação ou organização criminosa
a atividade de financiar ou custear o tráfico (art. 36 da Lei destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos
nº 11.343/2006), objetivou – em exceção à teoria monista – arts. 33, caput e § 1º, e 34 da Lei nº 11.343/2006.
punir o agente que não tem participação direta na execução O tipo penal do art.  37 da referida lei (colaboração
no tráfico, limitando‑se a fornecer dinheiro ou bens para como informante) reveste‑se de verdadeiro caráter de
subsidiar a mercancia, sem importar, exportar, remeter, subsidiariedade, só ficando preenchida a tipicidade quando
preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, não se comprovar a prática de crime mais grave. De fato,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guar‐ cuidando‑se de agente que participe do próprio delito de
dar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer tráfico ou de associação, a conduta consistente em colaborar
drogas ilicitamente. Observa‑se, ademais, que, para os casos com informações já será inerente aos mencionados tipos.
de tráfico cumulado com o financiamento ou custeio da A  referida norma incriminadora tem como destinatário o
prática do crime, expressamente foi estabelecida a aplicação agente que colabora como informante com grupo, orga‐
da causa de aumento de pena do art. 40, VII, da referida lei, nização criminosa ou associação, desde que não tenha ele
cabendo ressaltar, entretanto, que a aplicação da aludida qualquer envolvimento ou relação com atividades daquele
causa de aumento de pena cumulada com a condenação pelo grupo, organização criminosa ou associação em relação ao
financiamento ou custeio do tráfico configuraria inegável qual atue como informante. Se a prova indica que o agente
bis in idem. De outro modo, atestar a impossibilidade de mantém vínculo ou envolvimento com esses grupos, conhe‐
aplicação daquela causa de aumento em casos de autofinan‐ cendo e participando de sua rotina, bem como cumprindo
ciamento para o tráfico levaria à conclusão de que a previsão sua tarefa na empreitada comum, a conduta não se subsume

333
ao tipo do art. 37, podendo configurar outros crimes, como II – o agente praticar o crime prevalecendo‑se de função
o tráfico ou a associação” (HC 224.849/RJ, Informativo 527). pública ou no desempenho de missão de educação, poder
familiar, guarda ou vigilância;
Causas de Aumento da Pena
O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, mas
As causas de aumento da pena não incidem nos crimes para algumas pessoas incide esta causa de aumento da pena.
dos arts. 28, 38 e 39, por expressa determinação legal. Se Se for funcionário público tem que se valer da função pública,
são causas de aumento, incide na terceira fase da dosimetria para incidir a causa de aumento. Aqui o crime é doloso e é
da pena. E como foi visto podem levar à pena privativa de punido com reclusão.
liberdade acima do máximo legal. O art. 92, incs. I e II, do CP trazem como efeitos da conde‐
nação a perda do cargo ou função pública e a incapacidade
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são para o exercício do poder familiar.
aumentadas de um sexto a dois terços, se: Art. 92 – São também efeitos da condenação: (Redação
I – a natureza, a procedência da substância ou do pro‐ dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
duto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a I – a perda de cargo, função pública ou mandato eleti‐
transnacionalidade do delito; vo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo
igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso
Aqui trata‑se do tráfico internacional de drogas. Pode de poder ou violação de dever para com a Administração
ser transnacional pela natureza da droga (ex.: droga que só Pública; b) quando for aplicada pena privativa de liberdade
existe em outro país); pela procedência ou pelas circunstan‐ por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos;
cias, evidenciem que vieram de outro país. Não é um crime II – a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela
autônomo, responde pelo art. 33, caput c/c este artigo. Exige ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão,
a transposição dessa fronteira? Tem que entrar no Brasil para cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;
aplicar a lei brasileira. III – a infração tiver sido cometida nas dependências ou
Mas e nos casos de enviar a droga para fora do Brasil? imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou
Não precisa do Brasil, se assim o fosse, se a droga sair, seria hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, cul‐
muito difícil de aplicar a lei brasileira. Portanto, para incidir turais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de
essa majorante não é necessário a transposição da fronteira, trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos
basta a presença de circunstancias indicativas de que a droga ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamen‐
seria levada ao exterior. E a quem compete julgar esse crime? to de dependentes de drogas ou de reinserção social, de
O tráfico internacional é de competência da Justiça Federal, unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
conforme art. 70, caput, da Lei de Drogas: “O processo e o
julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se Basta ser cometido na dependência do estabelecimento;
caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Jus‐ o simples fato de levar para o preso usar já é considerada
tiça Federal”. Com isso a denúncia será atribuição do Ministério tráfico. O fundamento dessa majorante é a difusão do dano,
Público Federal e a investigação ficará a cargo da Polícia Federal.
uma vez que possui maior potencialidade do delito.
E se enviarem pelos correios? E como fica a competência
Estabelecimento prisional: a jurisprudência pacífica do
na hipótese de importação da droga pela via postal? A com‐
STF é no sentido de que basta que o crime seja cometido nas
petência será do juízo federal do local da apreensão da subs‐
dependências de estabelecimento prisional para autorizar
tância. A jurisprudência diz que na hipótese em que drogas
o aumento da pena. Não se exige que a droga seja desti‐
enviadas via postal do exterior tenham sido apreendidas na
alfândega, competirá ao juízo federal do local da apreensão nada à difusão (distribuição) dentro do estabelecimento.
da substância processar e julgar o crime de tráfico de drogas, Os fundamentos repousam na extensão do dano e na maior
ainda que a correspondência seja endereçada a pessoa não potencialidade do delito.
identificada residente em outra localidade. Isso porque a Transporte público e alcance da majorante: a utilização
conduta prevista no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006 de transporte público com a única finalidade de levar a droga
constitui delito formal, multinuclear, que, para a consuma‐ ao destino, de forma oculta, sem o intuito de disseminá‑la
ção, basta a execução de qualquer das condutas previstas entre os passageiros ou frequentadores do local, não implica
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

no dispositivo legal, dentre elas o verbo “importar”, que a incidência da causa de aumento de pena do inciso III do
carrega a seguinte definição: fazer vir de outro país, estado artigo 40 da Lei nº 11.343/2006” (STJ – REsp 1.443.214/MS,
ou município; trazer para dentro. Informativo 547). É  também o entendimento do STF: HC
Logo, ainda que desconhecido o autor, despiciendo é o 109.538/MS, Informativo 666.
seu reconhecimento, podendo‑se afirmar que o delito se Antigamente, bastava o agente estar no meio de trans‐
consumou no instante em que tocou o território nacional, porte público para incidir essa majorante, agora necessita ter
entrada essa consubstanciada na apreensão da droga. a intenção de distribuí‑la, disseminá‑la, pulverizá‑la.
Ressalte‑se, por oportuno, que é firme o entendimento da
Terceira Seção do STJ no sentido de ser desnecessário, para IV  – o crime tiver sido praticado com violência, grave
que ocorra a consumação da prática delituosa, a  corres‐ ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo
pondência chegar ao destinatário final, por configurar mero de intimidação difusa ou coletiva;
exaurimento da conduta.
Dessa forma, em não havendo dúvidas acerca do lugar Associação para o tráfico de forma armada, traficantes
da consumação do delito, da leitura do caput do art. 70 do que andam armados. Não necessariamente na venda tem
CPP, torna‑se óbvia a definição da competência para o pro‐ que estar armado.
cessamento e julgamento do feito, uma vez que é irrelevante
o fato da droga estar endereçada a destinatário em outra V – caracterizado o tráfico entre Estados da Federação
localidade” (CC 132.897/PR, Informativo 543). Ex.: droga veio ou entre estes e o Distrito Federal;
dos EUA para o Brasil – foi interceptada pela alfândega – juízo
federal de onde foi apreendia, ainda que outro tenha sido o Chamado de tráfico Interestadual. A droga é levada de um
endereço de destino. O juízo é o local de apreensão. Estado para outro estado/DF. Tanto o internacional quanto o

334
interestadual aumentam a pena. Aqui também não se exige Como fica essa majorante diante do crime de corrupção
a transposição da fronteira. de menores (art. 244-B do ECA)? Aplicar‑se‑á princípio da
Não se reclama, para incidência da majorante, a efetiva especialidade. É crime de corrupção de menores, ou seja,
transposição da fronteira. A lei se contenta com a presença responderá pelo crime e por corrupção de menores, a cor‐
de circunstâncias indicativas no sentido de que a droga seria rupção é presumida.
levada a outro Estado ou ao Distrito Federal (“A incidência da Nos crimes do art. 33 a 37 da Lei de Drogas, quando o
causa de aumento de pena prevista na Lei nº 11.343/2006 agente pratica o delito juntamente com um menor, não é
[“Art. 40. As penas previstas nos artigos 33 a 37 desta Lei são possível aplicar o crime de corrupção de menores, pois essa
aumentadas de um sexto a dois terços, se: (...) V – caracte‐ causa de aumento da pena do art. 40, VI, é incompatível com
rizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o crime do art. 244-B do ECA, a norma especial afasta a norma
o Distrito Federal”] não demanda a efetiva transposição da geral, incidindo aqui o princípio da especialidade. A norma
fronteira da unidade da Federação. Seria suficiente a reunião especial exclui a incidência da norma geral.
dos elementos que identificassem o tráfico interestadual, Neste sentido o STJ diz: “Na hipótese de o delito praticado
que se consumaria instantaneamente, sem depender de pelo agente e pelo menor de 18 anos não estar previsto nos
um resultado externo naturalístico. Esse é o entendimento arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado
da Primeira Turma, que, em conclusão de julgamento e pelo crime de corrupção de menores, porém, se a conduta es‐
por maioria, denegou a ordem em habeas corpus no qual tiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será possí‐
se sustentava a não incidência da mencionada majorante, vel a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração
porque o agente teria adquirido a substância entorpecente da sua pena com base no art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006.
no mesmo Estado em que fora preso. Segundo o Colegiado, O debate consistiu no enquadramento da conduta de adul‐
existiriam provas suficientes quanto à finalidade de consu‐ to que pratica tráfico em concurso eventual com criança
mar a ação típica, a saber: o paciente estava no interior de ou adolescente. Para configuração do crime previsto no
ônibus de transporte interestadual com bilhete cujo destino art. 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
final seria outro Estado da Federação; e, a fase da intenção basta a participação de menor de 18 anos no cometimento do
e a dos atos preparatórios teriam sido ultrapassadas no mo‐ delito, pois, de acordo com a jurisprudência do STJ, o crime
mento em que o agente ingressara no ônibus com a droga, é formal e, por isso, independe da prova da efetiva corrup‐
a adentrar a fase de execução do crime” (STF – HC 122.791/ ção do menor (Súmula 500/STJ). Por sua vez, para incidir a
MS, Informativo 808). majorante do art. 40, VI, da Lei de Drogas, faz‑se necessário
No mesmo sentido o STJ: “(...) para a incidência da causa
que, ao praticar os delitos previstos nos arts. 33 a 37, o réu
de aumento prevista no art. 40, V, da Lei nº 11.343/2006, não
envolva ou vise atingir criança, adolescente ou quem tenha
é necessária a efetiva transposição da fronteira interestadual,
capacidade de entendimento e determinação diminuída.
bastando que fique evidenciado, pelos elementos de prova,
Não se compartilha do entendimento no sentido de que, se
que a droga transportada teria como destino localidade de
a criança ou adolescente já estiverem corrompidos, não há
outro estado da Federação” (HC 109.724/MS, Informativo
falar em corrupção de menores e de que responde o agente
481). Em um único crime de tráfico de drogas pode incidir
ao mesmo tempo a causa de aumento da transnacionalidade apenas pelo crime de tráfico majorado, pois, de acordo com
internacional e interestadual? Ex.: droga que veio da Bolívia – o entendimento do STJ, é irrelevante a prova da efetiva cor‐
chegou em SP (para chegar em SP passou por outros estados). rupção do menor para que o acusado seja condenado pelo
Depende: crime do ECA. A solução deve ser encontrada no princípio
• se a droga, originária do exterior, destinar‑se à difusão da especialidade. Assim, se a hipótese versar sobre concurso
a outro estado, podem ser aplicadas as duas majorante de agentes envolvendo menor de dezoito anos com a prática
(tráfico internacional + tráfico interestadual); ou seja de qualquer dos crimes tipificados nos arts. 33 a 37 da Lei
vai para mais de um estado; de Drogas, afigura‑se juridicamente correta a imputação do
• se a droga, vinda do exterior, destinar‑se a ficar em delito em questão, com a causa de aumento do art. 40, VI.
somente um estado, apenas será aplicada a majorante Para os demais casos, aplica‑se o art. 244-B, do Estatuto da
ligada ao tráfico internacional. Criança e do Adolescente, conforme entendimento doutri‐
nário” (REsp 1.622.781/MT, Informativo 595).
Neste sentido diz o STJ: “No tráfico ilícito de entorpe‐ NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
centes, é  inadmissível a aplicação simultânea das causas VII – o agente financiar ou custear a prática do crime.
especiais de aumento de pena relativas à transnacionali‐
dade e à interestadualidade do delito (art. 40, I e V, da Lei Essa majorante tem aplicabilidade restrita ao autofi‐
nº  11.343/2006), quando não comprovada a intenção do nanciamento  – STJ: REsp. 1.290.296/PR, Informativo 534.
importador da droga de difundi‑la em mais de um estado do Só é aplicável ao traficante envolvido no tráfico. Se apenas
território nacional, ainda que, para chegar ao destino final financia e não está envolvido é art. 36.
pretendido, imperativos de ordem geográfica façam com
que o importador transporte a substância através de estados Colaboração Eficaz
do país. De fato, sem a existência de elementos concretos
acerca da intenção do importador dos entorpecentes de Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntaria‐
pulverizar a droga em outros estados do território nacional, mente com a investigação policial e o processo criminal na
não se vislumbra como subsistir a majorante prevista no identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e
inciso V do art. 40 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas) em na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso
concomitância com a causa especial de aumento relativa à de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
transnacionalidade do delito (art. 40, I, da Lei de Drogas), Trata‑se de manifestação do Direito Penal, instituto cria‐
sob pena de bis in idem” (HC 214.942/MT, Informativo 586). do no direito alemão que consiste na entrega de um prêmio
pelo Estado ao infrator colabore com o Estado. É uma forma
VI – sua prática envolver ou visar a atingir criança ou ado‐ de delação premiada, colaboração premiada. Esta colabora‐
lescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ção é possível tanto na fase do inquérito quanto na fase da
ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; ação penal. Porém, este prêmio que a lei concede é muito

335
pequeno para estimular o infrator a colaborar, acabou se É crime de perigo concreto, ou seja, a situação de perigo
tornando ineficaz. deve ser provado no caso concreto, “expondo a dano poten‐
Para que seja aplicada a diminuição da pena dependerá cial a incolumidade de outrem”. Aeronave ou embarcação:
de dois requisitos: embarcação pode ser de qualquer porte. (se falasse em navio
• identificação dos demais coautores ou partícipes do seria de médio e grande porte).
crime; No caso de o agente ingerir drogas e utilizar o veículo
• deve colaborar na recuperação total ou parcial do automotor em via pública não se aplica o art. 39 da Lei de
produto do crime. Drogas, e sim o art. 306 do CTB (Conduzir veículo automotor
com capacidade psicomotora alterada em razão da influência
Requisito básico para a colaboração: o crime ser prati‐ de álcool ou de outra substância psicoativa que determine
cado por duas ou mais pessoas. Se for uma só, trata‑se de dependência. Penas – detenção, de seis meses a três anos,
confissão. Essa colaboração apenas poderá ser conhecida multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou
pelo juiz no momento da aplicação da pena. Essa confissão a habilitação para dirigir veículo automotor).
pressupõe uma condenação. Após condenar o juiz reduz
a pena. Aspectos Processuais da Lei de Drogas
No caso das organizações criminosas será aplicada a lei
da organização criminosa, ademais, os benefícios que ela traz Procedimento Policial
são muito mais incentivadores à colaboração, pois, os seus Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de
efeitos são melhores. polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz
competente, remetendo‑lhe cópia do auto lavrado, do qual
Crime Culposo será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte
e quatro) horas.
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, § 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em fla‐
sem que delas necessite o paciente, ou fazê‑lo em doses grante e estabelecimento da materialidade do delito, é su-
excessivas ou em desacordo com determinação legal ou ficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade
regulamentar: da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por
Pena  – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, pessoa idônea. (grifo nosso).
e pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias‑multa. A autoridade policial deverá fazer uso do auto de consta‐
Parágrafo único. O  juiz comunicará a condenação ao tação da natureza, feito de imediato, logo após a apreensão
Conselho Federal da categoria profissional a que pertença da droga. Porém, trata‑se de um laudo precário. Para a con‐
o agente. denação exige‑se o exame químico toxicológico, esse sim é
Conforme já comentamos, é o único crime culposo da lei definitivo. Porém, se houve casos em que foram proferidas
de drogas. É infração penal de menor potencial ofensivo, por sentenças com base no auto de constatação, principalmente
isso compete ao JECrim o seu processamento e julgamento. no caso de prisões em flagrantes.
Trata‑se de crime próprio ou especial. A conduta de prescre‐ §  3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante,
ver só pode ser praticada por médico ou dentista. o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade
A conduta de ministrar, além do médico e do dentista formal do laudo de constatação e determinará a destruição
também pode ser praticada pelo enfermeiro ou farma‐ das drogas apreendidas, guardando‑se amostra necessária
cêutico. Tem‑se a discussão de que qualquer pessoa possa à realização do laudo definitivo.
ministrar. Crime culposo previsto em um tipo fechado. § 4º A destruição das drogas será executada pelo dele‐
O tipo penal aberto apenas fala se o crime é culposo, já gado de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na
o tipo penal fechado, o  legislador escreve expressamente presença do Ministério Público e da autoridade sanitária.
quando a culpa pode ocorrer. Via de regra os crimes culposos Deve ser observado os casos de propriedades que pos‐
estão previstos em tipos penais abertos. suem plantação de drogas, devendo ser eliminado no próprio
Três hipóteses em que a culpa pode ocorrer: local aquilo que não servirá de matéria probatória e contra‐
• o paciente não necessita da droga; prova. O juiz terá 10 dias para decidir, logo após o delegado
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

• o sujeito precisa da droga, mas ela é prescrita ou mi‐ terá o prazo de 15 dias para efetuar a destruição. O local
nistrada em dose excessiva; da destruição será vistoriado antes e depois da destruição,
• a droga é prescrita ou ministrada em desacordo com lavrando o auto circunstanciado pela autoridade policial.
determinação legal ou regulamentar. Deve‑se observar que os §§ 3º e 4º trata‑se de prisão em
flagrante. Não sendo o caso de prisão em flagrante, deve ser
Condução de Embarcação ou Aeronave Após observado o art. 50-A.
Consumo de Droga Art.  50-A. A  destruição de drogas apreendidas sem a
ocorrência de prisão em flagrante será feita por incineração,
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o con‐ no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data da
sumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade apreensão, guardando‑se amostra necessária à realização
de outrem: do laudo definitivo, aplicando‑se, no que couber, o procedi‐
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além mento dos §§ 3º a 5º do art. 50.
da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva O inquérito policial, diferente do que ocorre no código de
ou proibição de obtê‑la, pelo mesmo prazo da pena privativa processo penal, será concluído no prazo de 30 (trinta) dias,
de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando
(quatrocentos) dias‑multa. solto, podendo ser duplicados a critério do juiz, ouvido o MP,
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas mediante justificativa da autoridade policial.
cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a A razão da possibilidade de duplicação de prazo é em
6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) razão da complexidade dos crimes dessa natureza, pois,
dias‑multa, se o veículo referido no caput deste artigo for muitas vezes envolvem organização criminosa e demanda
de transporte coletivo de passageiros. mais tempo de investigação.

336
Procedimentos Especiais de Investigação Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as
Deve‑se deixar claro que todos os meios tanto da lei de drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a explora‐
drogas quanto do processo penal poderão ser utilizados. Em ção de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas
qualquer fase da persecução criminal, inquérito ou processo ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização
penal, serão permitidos os procedimentos investigatórios, legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Conven‐
mediante autorização judicial, ouvido o MP. E quais são os ção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psico‐
procedimentos especiais de investigação que a lei de droga trópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente
traz? Previsto no art. 53, I, II. ritualístico-religioso.
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cul‐
I – a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de tura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo,
investigação, constituída pelos órgãos especializados per‐ exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local
tinentes; e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas
as ressalvas supramencionadas.
São os casos em que o policial se disfarça, para obter
informações mais apurados de crimes e/ou crimes iminentes. TÍTULO II
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS
II – a não‑atuação policial sobre os portadores de drogas, PÚBLICAS SOBRE DROGAS
seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em
sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar,
a finalidade de identificar e responsabilizar maior número organizar e coordenar as atividades relacionadas com:
de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem I – a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção
prejuízo da ação penal cabível. social de usuários e dependentes de drogas;
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, II – a repressão da produção não autorizada e do tráfico
a autorização será concedida desde que sejam conhecidos ilícito de drogas.
o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito § 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de prin‐
ou de colaboradores. cípios, regras, critérios e recursos materiais e humanos que
envolvem as políticas, planos, programas, ações e projetos
Ação controlada, pede‑se autorização judicial para evi‐ sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas de
tar que os agentes cometam improbidade administrativa. Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal
Devemos observar com o estudo desta lei, um quantitativo e Municípios. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
grande de jurisprudência, uma vez que a matéria tratada § 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema Único
ocorreu diversas modificações e algumas situações ainda de Saúde - SUS, e com o Sistema Único de Assistência Social
estão pendentes de julgamento. Portanto, o estudo da lei - SUAS. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
em conjunto com a doutrina e jurisprudência atualizada é
de extrema importância. CAPÍTULO I
Dos Princípios e dos Objetivos do Sistema
Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006
Art. 4º São princípios do Sisnad:
Institui o Sistema Nacional de I – o respeito aos direitos fundamentais da pessoa huma‐
Políticas Públicas sobre Drogas - na, especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade;
Sisnad; prescreve medidas para II – o respeito à diversidade e às especificidades popu‐
prevenção do uso indevido, aten- lacionais existentes;
ção e reinserção social de usuários III – a promoção dos valores éticos, culturais e de cida‐
e dependentes de drogas; estabe- dania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de
lece normas para repressão à pro- proteção para o uso indevido de drogas e outros comporta‐
dução não autorizada e ao tráfico mentos correlacionados; NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
ilícito de drogas; define crimes e IV – a promoção de consensos nacionais, de ampla par‐
dá outras providências. ticipação social, para o estabelecimento dos fundamentos
e estratégias do Sisnad;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso V – a promoção da responsabilidade compartilhada entre
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da partici‐
pação social nas atividades do Sisnad;
TÍTULO I VI – o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua
produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas VII  – a integração das estratégias nacionais e interna‐
Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para cionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de social de usuários e dependentes de drogas e de repressão
usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito;
repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de VIII – a articulação com os órgãos do Ministério Público
drogas e define crimes. e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como mútua nas atividades do Sisnad;
drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar depen‐ IX – a adoção de abordagem multidisciplinar que reco‐
dência, assim especificados em lei ou relacionados em listas nheça a interdependência e a natureza complementar das
atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinser‐

337
ção social de usuários e dependentes de drogas, repressão VIII – promover a integração das políticas sobre drogas
da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas; com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído
X – a observância do equilíbrio entre as atividades de pela Lei nº 13.840, de 2019)
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de IX  – financiar, com Estados, Distrito Federal e Municí‐
usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua pios, a execução das políticas sobre drogas, observadas as
produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a obrigações dos integrantes do Sisnad; (Incluído pela Lei nº
garantir a estabilidade e o bem-estar social; 13.840, de 2019)
XI – a observância às orientações e normas emanadas X – estabelecer formas de colaboração com Estados, Dis‐
do Conselho Nacional Antidrogas - Conad. trito Federal e Municípios para a execução das políticas sobre
Art. 5º O Sisnad tem os seguintes objetivos: drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I – contribuir para a inclusão social do cidadão, visando XI – garantir publicidade de dados e informações sobre
a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de repasses de recursos para financiamento das políticas sobre
risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
comportamentos correlacionados; XII – sistematizar e divulgar os dados estatísticos nacio‐
II – promover a construção e a socialização do conheci‐ nais de prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção
mento sobre drogas no país; social e econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas;
III – promover a integração entre as políticas de preven‐ (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
ção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários XIII – adotar medidas de enfretamento aos crimes trans‐
e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não fronteiriços; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais XIV – estabelecer uma política nacional de controle de
dos órgãos do Poder Executivo da União, Distrito Federal, fronteiras, visando a coibir o ingresso de drogas no País. (In-
Estados e Municípios; cluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IV – assegurar as condições para a coordenação, a inte‐ Art. 8º-B . (Vetado). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
gração e a articulação das atividades de que trata o art. 3º Art. 8º-C. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
desta Lei.
CAPÍTULO II-A
CAPÍTULO II Da Formulação das Políticas sobre Drogas
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
Seção I
Do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas
Seção I
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Da Composição do Sistema Nacional
de Políticas Públicas sobre Drogas
Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de Políticas
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
sobre Drogas, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019)
Art. 6º (Vetado) I – promover a interdisciplinaridade e integração dos pro‐
Art. 7º A organização do Sisnad assegura a orientação gramas, ações, atividades e projetos dos órgãos e entidades
central e a execução descentralizada das atividades realiza‐ públicas e privadas nas áreas de saúde, educação, trabalho,
das em seu âmbito, nas esferas federal, distrital, estadual e assistência social, previdência social, habitação, cultura, des‐
municipal e se constitui matéria definida no regulamento porto e lazer, visando à prevenção do uso de drogas, atenção
desta Lei. e reinserção social dos usuários ou dependentes de drogas;
Art. 7º-A. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 8º (Vetado) II – viabilizar a ampla participação social na formulação,
implementação e avaliação das políticas sobre drogas; (In-
Seção II cluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Das Competências III – priorizar programas, ações, atividades e projetos arti‐
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) culados com os estabelecimentos de ensino, com a sociedade
e com a família para a prevenção do uso de drogas; (Incluído
Art. 8º-A. Compete à União: (Incluído pela Lei nº 13.840, pela Lei nº 13.840, de 2019)
de 2019) IV – ampliar as alternativas de inserção social e econô‐
I – formular e coordenar a execução da Política Nacional mica do usuário ou dependente de drogas, promovendo
sobre Drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) programas que priorizem a melhoria de sua escolarização
II – elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, e a qualificação profissional; (Incluído pela Lei nº 13.840,
em parceria com Estados, Distrito Federal, Municípios e a de 2019)
sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) V  – promover o acesso do usuário ou dependente de
III  – coordenar o Sisnad; (Incluído pela Lei nº 13.840, drogas a todos os serviços públicos; (Incluído pela Lei nº
de 2019) 13.840, de 2019)
IV – estabelecer diretrizes sobre a organização e funcio‐ VI  – estabelecer diretrizes para garantir a efetividade
namento do Sisnad e suas normas de referência; (Incluído dos programas, ações e projetos das políticas sobre drogas;
pela Lei nº 13.840, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
V – elaborar objetivos, ações estratégicas, metas, priori‐ VII  – fomentar a criação de serviço de atendimento
dades, indicadores e definir formas de financiamento e ges‐ telefônico com orientações e informações para apoio aos
tão das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, usuários ou dependentes de drogas; (Incluído pela Lei nº
de 2019) 13.840, de 2019)
VI – (Vetado); (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VIII – articular programas, ações e projetos de incenti‐
VII – (Vetado); (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) vo ao emprego, renda e capacitação para o trabalho, com

338
objetivo de promover a inserção profissional da pessoa que CAPÍTULO IV
haja cumprido o plano individual de atendimento nas fases Do Acompanhamento e da Avaliação
de tratamento ou acolhimento; (Incluído pela Lei nº 13.840, das Políticas sobre Drogas
de 2019) (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
IX – promover formas coletivas de organização para o
trabalho, redes de economia solidária e o cooperativismo, Art. 15. (Vetado)
como forma de promover autonomia ao usuário ou depen‐ Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da atenção
dente de drogas egresso de tratamento ou acolhimento, à saúde e da assistência social que atendam usuários ou de‐
observando-se as especificidades regionais; (Incluído pela pendentes de drogas devem comunicar ao órgão competente
Lei nº 13.840, de 2019) do respectivo sistema municipal de saúde os casos atendidos
X – propor a formulação de políticas públicas que con‐ e os óbitos ocorridos, preservando a identidade das pessoas,
duzam à efetivação das diretrizes e princípios previstos no conforme orientações emanadas da União.
art. 22; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao
XI – articular as instâncias de saúde, assistência social e tráfico ilícito de drogas integrarão sistema de informações
de justiça no enfrentamento ao abuso de drogas; e (Incluído do Poder Executivo.
pela Lei nº 13.840, de 2019)
XII – promover estudos e avaliação dos resultados das TÍTULO III
políticas sobre drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO,
§ 1º O plano de que trata o caput terá duração de 5 (cinco) ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E
anos a contar de sua aprovação. DEPENDENTES DE DROGAS
§ 2º O poder público deverá dar a mais ampla divulgação
ao conteúdo do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. CAPÍTULO I
Da Prevenção
Seção II
Dos Conselhos de Políticas sobre Drogas Seção I
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Das Diretrizes
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre drogas, cons‐
tituídos por Estados, Distrito Federal e Municípios, terão os Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso in‐
seguintes objetivos: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) devido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas
I – auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas; (In- para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco e para
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019) a promoção e o fortalecimento dos fatores de proteção.
II – colaborar com os órgãos governamentais no plane‐ Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de
jamento e na execução das políticas sobre drogas, visando drogas devem observar os seguintes princípios e diretrizes:
à efetividade das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei I – o reconhecimento do uso indevido de drogas como
fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na
nº 13.840, de 2019)
sua relação com a comunidade à qual pertence;
III – propor a celebração de instrumentos de coopera‐
II – a adoção de conceitos objetivos e de fundamenta‐
ção, visando à elaboração de programas, ações, atividades
ção científica como forma de orientar as ações dos serviços
e projetos voltados à prevenção, tratamento, acolhimento,
públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos e
reinserção social e econômica e repressão ao tráfico ilícito
estigmatização das pessoas e dos serviços que as atendam;
de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
III – o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade
IV – promover a realização de estudos, com o objetivo de individual em relação ao uso indevido de drogas;
subsidiar o planejamento das políticas sobre drogas; (Incluído IV – o compartilhamento de responsabilidades e a cola‐
pela Lei nº 13.840, de 2019) boração mútua com as instituições do setor privado e com
V – propor políticas públicas que permitam a integração os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e depen‐
e a participação do usuário ou dependente de drogas no dentes de drogas e respectivos familiares, por meio do es‐
processo social, econômico, político e cultural no respectivo
ente federado; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
tabelecimento de parcerias; NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
V  – a adoção de estratégias preventivas diferenciadas
VI – desenvolver outras atividades relacionadas às polí‐ e adequadas às especificidades socioculturais das diversas
ticas sobre drogas em consonância com o Sisnad e com os populações, bem como das diferentes drogas utilizadas;
respectivos planos. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VI – o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento
do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis
Seção III das atividades de natureza preventiva, quando da definição
Dos Membros dos Conselhos de Políticas sobre Drogas dos objetivos a serem alcançados;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VII – o tratamento especial dirigido às parcelas mais vul‐
neráveis da população, levando em consideração as suas
Art. 8º-F. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) necessidades específicas;
VIII – a articulação entre os serviços e organizações que
CAPÍTULO III atuam em atividades de prevenção do uso indevido de drogas
(Vetado) e a rede de atenção a usuários e dependentes de drogas e
respectivos familiares;
Art. 9º (Vetado) IX – o investimento em alternativas esportivas, culturais,
Art. 10. (Vetado) artísticas, profissionais, entre outras, como forma de inclusão
Art. 11. (Vetado) social e de melhoria da qualidade de vida;
Art. 12. (Vetado) X – o estabelecimento de políticas de formação continu‐
Art. 13. (Vetado) ada na área da prevenção do uso indevido de drogas para
Art. 14. (Vetado) profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino;

339
XI – a implantação de projetos pedagógicos de prevenção diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional
do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino público de Assistência Social;
e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e II – a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e
aos conhecimentos relacionados a drogas; reinserção social do usuário e do dependente de drogas e
XII – a observância das orientações e normas emanadas respectivos familiares que considerem as suas peculiaridades
do Conad; socioculturais;
XIII – o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle III  – definição de projeto terapêutico individualizado,
social de políticas setoriais específicas. orientado para a inclusão social e para a redução de riscos
Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso in‐ e de danos sociais e à saúde;
devido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente deve‐ IV – atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos
rão estar em consonância com as diretrizes emanadas pelo respectivos familiares, sempre que possível, de forma mul‐
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente tidisciplinar e por equipes multiprofissionais;
- Conanda. V – observância das orientações e normas emanadas do
Conad;
Seção II VI – o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle
Da Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas social de políticas setoriais específicas.
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VII – estímulo à capacitação técnica e profissional; (In-
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de Políticas VIII – efetivação de políticas de reinserção social voltadas
sobre Drogas, comemorada anualmente, na quarta semana à educação continuada e ao trabalho; (Incluído pela Lei nº
de junho. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) 13.840, de 2019)
§ 1º No período de que trata o caput , serão intensificadas IX – observância do plano individual de atendimento na
as ações de: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) forma do art. 23-B desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.840,
I – difusão de informações sobre os problemas decorren‐ de 2019)
tes do uso de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) X – orientação adequada ao usuário ou dependente de
II – promoção de eventos para o debate público sobre as drogas quanto às consequências lesivas do uso de drogas,
políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) ainda que ocasional. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
III – difusão de boas práticas de prevenção, tratamento,
acolhimento e reinserção social e econômica de usuários de Seção II
drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Da Educação na Reinserção Social e Econômica
IV  – divulgação de iniciativas, ações e campanhas de (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
prevenção do uso indevido de drogas; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019) Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos integrantes
V – mobilização da comunidade para a participação nas do Sisnad terão atendimento nos programas de educação
ações de prevenção e enfrentamento às drogas; (Incluído profissional e tecnológica, educação de jovens e adultos e
alfabetização. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
pela Lei nº 13.840, de 2019)
VI – mobilização dos sistemas de ensino previstos na Lei
Seção III
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e
Do Trabalho na Reinserção Social e Econômica
Bases da Educação Nacional , na realização de atividades de
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
prevenção ao uso de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019)
Art. 22-B. (Vetado).
CAPÍTULO II Seção IV
Das Atividades de Prevenção, Tratamento, Do Tratamento do Usuário ou Dependente de Drogas
Acolhimento e de Reinserção Social e Econômica (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
de Usuários ou Dependentes de Drogas
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos


Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão
Seção I programas de atenção ao usuário e ao dependente de drogas,
Disposições Gerais respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os princí‐
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) pios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a previsão
orçamentária adequada.
Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente de
dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito drogas deverá ser ordenado em uma rede de atenção à
desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade de saúde, com prioridade para as modalidades de tratamento
vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso ambulatorial, incluindo excepcionalmente formas de interna‐
de drogas. ção em unidades de saúde e hospitais gerais nos termos de
Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do normas dispostas pela União e articuladas com os serviços
usuário ou do dependente de drogas e respectivos fami‐ de assistência social e em etapas que permitam: (Incluído
liares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua pela Lei nº 13.840, de 2019)
integração ou reintegração em redes sociais. I – articular a atenção com ações preventivas que atinjam
Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção social toda a população; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
do usuário e do dependente de drogas e respectivos fami‐ II – orientar-se por protocolos técnicos predefinidos, ba‐
liares devem observar os seguintes princípios e diretrizes: seados em evidências científicas, oferecendo atendimento
I – respeito ao usuário e ao dependente de drogas, in‐ individualizado ao usuário ou dependente de drogas com
dependentemente de quaisquer condições, observados os abordagem preventiva e, sempre que indicado, ambulatorial;
direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

340
III – preparar para a reinserção social e econômica, res‐ § 9º É vedada a realização de qualquer modalidade de
peitando as habilidades e projetos individuais por meio de internação nas comunidades terapêuticas acolhedoras. (In-
programas que articulem educação, capacitação para o tra‐ cluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
balho, esporte, cultura e acompanhamento individualizado; § 10. O planejamento e a execução do projeto terapêutico
e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) individual deverão observar, no que couber, o previsto na Lei
IV – acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e Sisnad, nº 10.216, de 6 de abril de 2001 , que dispõe sobre a proteção
de forma articulada. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e
§ 1º Caberá à União dispor sobre os protocolos técnicos redireciona o modelo assistencial em saúde mental. (Incluído
de tratamento, em âmbito nacional. (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 13.840, de 2019)
13.840, de 2019)
§ 2º A internação de dependentes de drogas somente Seção V
será realizada em unidades de saúde ou hospitais gerais, Do Plano Individual de Atendimento
dotados de equipes multidisciplinares e deverá ser obriga‐ (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
toriamente autorizada por médico devidamente registrado
no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde Art. 23-B. O atendimento ao usuário ou dependente de
se localize o estabelecimento no qual se dará a internação. drogas na rede de atenção à saúde dependerá de: (Incluído
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 3º São considerados 2 (dois) tipos de internação: (In- I – avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar e
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019) multissetorial; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I – internação voluntária: aquela que se dá com o con‐ II – elaboração de um Plano Individual de Atendimento
sentimento do dependente de drogas; (Incluído pela Lei nº - PIA. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
13.840, de 2019) § 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará a
II – internação involuntária: aquela que se dá, sem o con‐ elaboração e execução do projeto terapêutico individual a
sentimento do dependente, a pedido de familiar ou do res‐ ser adotado, levantando no mínimo: (Incluído pela Lei nº
ponsável legal ou, na absoluta falta deste, de servidor público 13.840, de 2019)
da área de saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos I – o tipo de droga e o padrão de seu uso; e (Incluído pela
integrantes do Sisnad, com exceção de servidores da área de Lei nº 13.840, de 2019)
segurança pública, que constate a existência de motivos que II  – o risco à saúde física e mental do usuário ou de‐
justifiquem a medida. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) pendente de drogas ou das pessoas com as quais convive.
§ 4º A internação voluntária: (Incluído pela Lei nº 13.840, (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
de 2019) § 2º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I – deverá ser precedida de declaração escrita da pessoa § 3º O PIA deverá contemplar a participação dos fami‐
solicitante de que optou por este regime de tratamento; liares ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) com o processo, sendo esses, no caso de crianças e adoles‐
centes, passíveis de responsabilização civil, administrativa
II – seu término dar-se-á por determinação do médico
e criminal, nos termos da Lei nº 8.069, de 13 de julho de
responsável ou por solicitação escrita da pessoa que deseja
1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente . (Incluído pela
interromper o tratamento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
Lei nº 13.840, de 2019)
2019)
§ 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a responsabi‐
§ 5º A internação involuntária: (Incluído pela Lei nº
lidade da equipe técnica do primeiro projeto terapêutico que
13.840, de 2019)
atender o usuário ou dependente de drogas e será atualizado
I – deve ser realizada após a formalização da decisão por ao longo das diversas fases do atendimento. (Incluído pela
médico responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Lei nº 13.840, de 2019)
II  – será indicada depois da avaliação sobre o tipo de § 5º Constarão do plano individual, no mínimo: (Incluído
droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese comprovada pela Lei nº 13.840, de 2019)
da impossibilidade de utilização de outras alternativas tera‐ I – os resultados da avaliação multidisciplinar; (Incluído
pêuticas previstas na rede de atenção à saúde; (Incluído pela pela Lei nº 13.840, de 2019)
Lei nº 13.840, de 2019)
III – perdurará apenas pelo tempo necessário à desinto‐
II – os objetivos declarados pelo atendido; (Incluído pela NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
Lei nº 13.840, de 2019)
xicação, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, tendo seu III – a previsão de suas atividades de integração social
término determinado pelo médico responsável; (Incluído ou capacitação profissional; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
pela Lei nº 13.840, de 2019) 2019)
IV – a família ou o representante legal poderá, a qualquer IV – atividades de integração e apoio à família; (Incluído
tempo, requerer ao médico a interrupção do tratamento. pela Lei nº 13.840, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) V – formas de participação da família para efetivo cum‐
§ 6º A internação, em qualquer de suas modalidades, só primento do plano individual; (Incluído pela Lei nº 13.840,
será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mos‐ de 2019)
trarem insuficientes. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VI – designação do projeto terapêutico mais adequado
§ 7º Todas as internações e altas de que trata esta Lei para o cumprimento do previsto no plano; e (Incluído pela
deverão ser informadas, em, no máximo, de 72 (setenta e Lei nº 13.840, de 2019)
duas) horas, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e a VII – as medidas específicas de atenção à saúde do aten‐
outros órgãos de fiscalização, por meio de sistema informa‐ dido. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
tizado único, na forma do regulamento desta Lei. (Incluído § 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta)
pela Lei nº 13.840, de 2019) dias da data do ingresso no atendimento. (Incluído pela Lei
§ 8º É garantido o sigilo das informações disponíveis no nº 13.840, de 2019)
sistema referido no § 7º e o acesso será permitido apenas § 7º As informações produzidas na avaliação e as regis‐
às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena de respon‐ tradas no plano individual de atendimento são consideradas
sabilidade. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) sigilosas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

341
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu‐ autorização ou em desacordo com determinação legal ou
nicípios poderão conceder benefícios às instituições privadas regulamentar será submetido às seguintes penas:
que desenvolverem programas de reinserção no mercado de I – advertência sobre os efeitos das drogas;
trabalho, do usuário e do dependente de drogas encaminha‐ II – prestação de serviços à comunidade;
dos por órgão oficial. III – medida educativa de comparecimento a programa
Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins lu‐ ou curso educativo.
crativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da § 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu
assistência social, que atendam usuários ou dependentes de consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destina‐
drogas poderão receber recursos do Funad, condicionados à das à preparação de pequena quantidade de substância ou
sua disponibilidade orçamentária e financeira. produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em § 2º Para determinar se a droga destinava-se a consu‐
razão da prática de infração penal, estiverem cumprindo pena mo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da
privativa de liberdade ou submetidos a medida de segurança, substância apreendida, ao local e às condições em que se
têm garantidos os serviços de atenção à sua saúde, definidos desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem
pelo respectivo sistema penitenciário. como à conduta e aos antecedentes do agente.
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste
Seção VI artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses.
Do Acolhimento em Comunidade § 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos in‐
Terapêutica Acolhedora cisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) máximo de 10 (dez) meses.
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida
Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente de em programas comunitários, entidades educacionais ou as‐
drogas na comunidade terapêutica acolhedora caracteriza-se sistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos
por: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferen‐
I – oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou depen‐ cialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de
dente de drogas que visam à abstinência; (Incluído pela Lei usuários e dependentes de drogas.
nº 13.840, de 2019) § 6º Para garantia do cumprimento das medidas educati‐
II – adesão e permanência voluntária, formalizadas por vas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injus‐
escrito, entendida como uma etapa transitória para a reinser‐ tificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo,
sucessivamente a:
ção social e econômica do usuário ou dependente de drogas;
I – admoestação verbal;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II – multa.
III – ambiente residencial, propício à formação de víncu‐
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à
los, com a convivência entre os pares, atividades práticas de
disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de
valor educativo e a promoção do desenvolvimento pessoal,
saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento
vocacionada para acolhimento ao usuário ou dependente
especializado.
de drogas em vulnerabilidade social; (Incluído pela Lei nº
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se re‐
13.840, de 2019)
fere o inciso II do § 6º do art. 28, o juiz, atendendo à repro‐
IV – avaliação médica prévia; (Incluído pela Lei nº 13.840, vabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em
de 2019) quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100
V – elaboração de plano individual de atendimento na (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a capacidade
forma do art. 23-B desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 13.840, econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três)
de 2019) vezes o valor do maior salário mínimo.
VI – vedação de isolamento físico do usuário ou depen‐ Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição
dente de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

da multa a que se refere o § 6º do art. 28 serão creditados


§ 1º Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas à conta do Fundo Nacional Antidrogas.
com comprometimentos biológicos e psicológicos de natu‐ Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a
reza grave que mereçam atenção médico-hospitalar contínua execução das penas, observado, no tocante à interrupção do
ou de emergência, caso em que deverão ser encaminhadas à prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.
rede de saúde. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 2º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) TÍTULO IV
§ 3º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO
§ 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) AUTORIZADA E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
§ 5º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
CAPÍTULO I
CAPÍTULO III Disposições Gerais
Dos Crimes e das Penas
Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser competente para produzir, extrair, fabricar, transformar,
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substi‐ preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar,
tuídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender,
defensor. comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, trans‐ ou matéria-prima destinada à sua preparação, observadas
portar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem as demais exigências legais.

342
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente des‐ § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo,
truídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços,
recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não
lavrando auto de levantamento das condições encontradas, se dedique às atividades criminosas nem integre organização
com a delimitação do local, asseguradas as medidas neces‐ criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012)
sárias para a preservação da prova. (Redação dada pela Lei Art.  34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, ofere‐
nº 12.961, de 2014) cer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir,
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário,
2014) aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabri‐
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de cação, preparação, produção ou transformação de drogas,
2014) sem autorização ou em desacordo com determinação legal
§ 3º Em caso de ser utilizada a queimada para destruir ou regulamentar:
a plantação, observar-se-á, além das cautelas necessárias à Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento
proteção ao meio ambiente, o disposto no Decreto nº 2.661, de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
de 8 de julho de 1998, no que couber, dispensada a autori‐ Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim
zação prévia do órgão próprio do Sistema Nacional do Meio
de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes
Ambiente - Sisnama.
previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei:
§ 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão ex‐
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento
propriadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição
de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
Federal, de acordo com a legislação em vigor.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo
CAPÍTULO II incorre quem se associa para a prática reiterada do crime
Dos Crimes definido no art. 36 desta Lei.
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei:
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa.
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, orga‐
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com nização ou associação destinados à prática de qualquer dos
determinação legal ou regulamentar: crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pa‐ Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento
gamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
dias-multa. Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas,
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses
I – importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, excessivas ou em desacordo com determinação legal ou re‐
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, gulamentar:
transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
sem autorização ou em desacordo com determinação legal pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao
destinado à preparação de drogas; Conselho Federal da categoria profissional a que pertença
II – semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou o agente.
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o con‐
plantas que se constituam em matéria-prima para a prepa‐ sumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade
ração de drogas; de outrem:
III – utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além
a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuita‐ ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa
mente, sem autorização ou em desacordo com determinação de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400
legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. (quatrocentos) dias-multa.
IV – vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas
ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem
cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou
(seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias‐
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes
-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de
elementos probatórios razoáveis de conduta criminal pree‐
transporte coletivo de passageiros.
xistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são
de droga: (Vide ADI nº 4.274) aumentadas de um sexto a dois terços, se:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de I – a natureza, a procedência da substância ou do pro‐
100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. duto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de transnacionalidade do delito;
lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a con‐ II – o agente praticar o crime prevalecendo-se de função
sumirem: pública ou no desempenho de missão de educação, poder
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e paga‐ familiar, guarda ou vigilância;
mento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias‐ III – a infração tiver sido cometida nas dependências ou
-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou

343
hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, cul‐ CAPÍTULO III
turais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de Do Procedimento Penal
trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos
ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamen‐ Art.  48. O procedimento relativo aos processos por
to de dependentes de drogas ou de reinserção social, de crimes definidos neste Título rege-se pelo disposto neste
unidades militares ou policiais ou em transportes públicos; Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do
IV  – o crime tiver sido praticado com violência, grave Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal.
§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas no art.
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo
28 desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes pre‐
de intimidação difusa ou coletiva; vistos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado
V – caracterizado o tráfico entre Estados da Federação na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de
ou entre estes e o Distrito Federal; setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais
VI – sua prática envolver ou visar a atingir criança ou ado‐ Criminais.
lescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída § 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei,
ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato
VII – o agente financiar ou custear a prática do crime. ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou,
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar volunta‐ na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer,
riamente com a investigação policial e o processo criminal na lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as
identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime e requisições dos exames e perícias necessários.
na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso § 3º Se ausente a autoridade judicial, as providências
de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços. previstas no § 2º deste artigo serão tomadas de imediato pela
autoridade policial, no local em que se encontrar, vedada a
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com
detenção do agente.
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, § 4º Concluídos os procedimentos de que trata o § 2º
a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a deste artigo, o agente será submetido a exame de corpo de
personalidade e a conduta social do agente. delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia judiciária
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. entender conveniente, e em seguida liberado.
33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 § 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei nº 9.099, de
desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Mi‐
a cada um, segundo as condições econômicas dos acusados, nistério Público poderá propor a aplicação imediata de pena
valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) prevista no art. 28 desta Lei, a ser especificada na proposta.
vezes o maior salário-mínimo. Art.  49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts.
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as
de crimes serão impostas sempre cumulativamente, podem circunstâncias o recomendem, empregará os instrumentos
ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação protetivos de colaboradores e testemunhas previstos na Lei
nº 9.807, de 13 de julho de 1999.
econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda
que aplicadas no máximo. Seção I
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e Da Investigação
34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis,
graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a con‐ Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de
versão de suas penas em restritivas de direitos. polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste ar‐ competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual
tigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte
de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente e quatro) horas.
específico. § 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em fla‐
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da de‐ grante e estabelecimento da materialidade do delito, é su‐
ficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

pendência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou


força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por
pessoa idônea.
qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteira‐
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º
mente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de deste artigo não ficará impedido de participar da elaboração
determinar-se de acordo com esse entendimento. do laudo definitivo.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhe‐ § 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz,
cendo, por força pericial, que este apresentava, à época do no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do
fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput laudo de constatação e determinará a destruição das drogas
deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização
encaminhamento para tratamento médico adequado. do laudo definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a § 4º A destruição das drogas será executada pelo dele‐
dois terços se, por força das circunstâncias previstas no art. gado de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na
45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da presença do Ministério Público e da autoridade sanitária.
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. § 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a
destruição das drogas referida no § 3º , sendo lavrado auto
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em
circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se
avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento do neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961,
agente para tratamento, realizada por profissional de saúde de 2014)
com competência específica na forma da lei, determinará que Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas sem a
a tal se proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei. ocorrência de prisão em flagrante será feita por incineração,

344
no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados da data da § 2º As exceções serão processadas em apartado, nos
apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de
laudo definitivo. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 § 3º Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz
(trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, conce‐
dias, quando solto. dendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo § 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco)
podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, dias.
mediante pedido justificado da autoridade de polícia judi‐ § 5º Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máxi‐
ciária. mo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso,
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta realização de diligências, exames e perícias.
Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora
do inquérito ao juízo: para a audiência de instrução e julgamento, ordenará a cita‐
I – relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justi‐ ção pessoal do acusado, a intimação do Ministério Público,
ficando as razões que a levaram à classificação do delito, indi‐ do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos periciais.
cando a quantidade e natureza da substância ou do produto § 1º Tratando-se de condutas tipificadas como infração
apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu do disposto nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o
a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento
qualificação e os antecedentes do agente; ou cautelar do denunciado de suas atividades, se for funcionário
II – requererá sua devolução para a realização de dili‐ público, comunicando ao órgão respectivo.
gências necessárias. § 2º A audiência a que se refere o caput deste artigo
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem pre‐ será realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao rece‐
juízo de diligências complementares: bimento da denúncia, salvo se determinada a realização de
I – necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo avaliação para atestar dependência de drogas, quando se
resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até realizará em 90 (noventa) dias.
3 (três) dias antes da audiência de instrução e julgamento; Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o
II – necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas,
e valores de que seja titular o agente, ou que figurem em será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do
seu nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo Ministério Público e ao defensor do acusado, para susten‐
competente até 3 (três) dias antes da audiência de instrução tação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um,
e julgamento. prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz.
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relati‐ Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz
va aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos indagará das partes se restou algum fato para ser esclareci‐
previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Mi‐ do, formulando as perguntas correspondentes se o entender
nistério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: pertinente e relevante.
I  – a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença
investigação, constituída pelos órgãos especializados perti‐ de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os
nentes; autos para isso lhe sejam conclusos.
II – a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, § 1º (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014)
seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em § 2º (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014)
sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º ,
a finalidade de identificar e responsabilizar maior número e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-se
de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem à prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim
prejuízo da ação penal cabível. reconhecido na sentença condenatória.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a
autorização será concedida desde que sejam conhecidos o CAPÍTULO IV
itinerário provável e a identificação dos agentes do delito Da Apreensão, Arrecadação e
ou de colaboradores. Destinação de Bens do Acusado NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
Seção II Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério Público ou
Da Instrução Criminal do assistente de acusação, ou mediante representação da
autoridade de polícia judiciária, poderá decretar, no curso do
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, inquérito ou da ação penal, a apreensão e outras medidas as‐
de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de informa‐ securatórias nos casos em que haja suspeita de que os bens,
ção, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no prazo de 10 direitos ou valores sejam produto do crime ou constituam
(dez) dias, adotar uma das seguintes providências: proveito dos crimes previstos nesta Lei, procedendo-se na
I – requerer o arquivamento; forma dos arts. 125 e seguintes do Decreto-Lei nº 3.689, de
II – requisitar as diligências que entender necessárias; 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal . (Redação
III – oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
e requerer as demais provas que entender pertinentes. § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notifica‐ 2019)
ção do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
prazo de 10 (dez) dias. 2019)
§ 1º Na resposta, consistente em defesa preliminar e § 3º Na hipótese do art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689,
exceções, o acusado poderá argüir preliminares e invocar de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal , o juiz
todas as razões de defesa, oferecer documentos e justifica‐ poderá determinar a prática de atos necessários à conser‐
ções, especificar as provas que pretende produzir e, até o vação dos bens, direitos ou valores. (Redação dada pela Lei
número de 5 (cinco), arrolar testemunhas. nº 13.840, de 2019)

345
§ 4º A ordem de apreensão ou sequestro de bens, di‐ § 9º O Ministério Público deve fiscalizar o cumprimento
reitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o da regra estipulada no § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei
Ministério Público, quando a sua execução imediata puder nº 13.886, de 2019)
comprometer as investigações. (Redação dada pela Lei nº § 10. Aplica-se a todos os tipos de bens confiscados a
13.840, de 2019) regra estabelecida no § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
Art. 60-A. Se as medidas assecuratórias de que trata o 13.886, de 2019)
art. 60 desta Lei recaírem sobre moeda estrangeira, títulos, § 11. Os bens móveis e imóveis devem ser vendidos por
valores mobiliários ou cheques emitidos como ordem de pa‐ meio de hasta pública, preferencialmente por meio eletrô‐
gamento, será determinada, imediatamente, a sua conversão nico, assegurada a venda pelo maior lance, por preço não
em moeda nacional. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) inferior a 50% (cinquenta por cento) do valor da avaliação
§ 1º A moeda estrangeira apreendida em espécie deve judicial. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
ser encaminhada a instituição financeira, ou equiparada, § 12. O juiz ordenará às secretarias de fazenda e aos
para alienação na forma prevista pelo Conselho Monetário órgãos de registro e controle que efetuem as averbações
Nacional. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) necessárias, tão logo tenha conhecimento da apreensão.
§ 2º Na hipótese de impossibilidade da alienação a que (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
se refere o § 1º deste artigo, a moeda estrangeira será cus‐ § 13. Na alienação de veículos, embarcações ou aerona‐
todiada pela instituição financeira até decisão sobre o seu ves, a autoridade de trânsito ou o órgão congênere compe‐
destino. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) tente para o registro, bem como as secretarias de fazenda,
§ 3º Após a decisão sobre o destino da moeda estrangeira devem proceder à regularização dos bens no prazo de 30
a que se refere o § 2º deste artigo, caso seja verificada a ine‐ (trinta) dias, ficando o arrematante isento do pagamento
xistência de valor de mercado, seus espécimes poderão ser de multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de
destruídos ou doados à representação diplomática do país execução fiscal em relação ao antigo proprietário. (Incluído
de origem. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) pela Lei nº 13.886, de 2019)
§ 4º Os valores relativos às apreensões feitas antes da § 14. Eventuais multas, encargos ou tributos pendentes
data de entrada em vigor da Medida Provisória nº 885, de de pagamento não podem ser cobrados do arrematante ou
17 de junho de 2019, e que estejam custodiados nas depen‐ do órgão público alienante como condição para regularização
dências do Banco Central do Brasil devem ser transferidos dos bens. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
à Caixa Econômica Federal, no prazo de 360 (trezentos e § 15. Na hipótese de que trata o § 13 deste artigo, a
sessenta) dias, para que se proceda à alienação ou custódia, autoridade de trânsito ou o órgão congênere competente
de acordo com o previsto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº para o registro poderá emitir novos identificadores dos bens.
13.886, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
Art. 62. Comprovado o interesse público na utilização de
Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, aerona‐
quaisquer dos bens de que trata o art. 61, os órgãos de polícia
ves e quaisquer outros meios de transporte e dos maquiná‐
judiciária, militar e rodoviária poderão deles fazer uso, sob
rios, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza
sua responsabilidade e com o objetivo de sua conservação,
utilizados para a prática dos crimes definidos nesta Lei será
mediante autorização judicial, ouvido o Ministério Público e
imediatamente comunicada pela autoridade de polícia ju‐
garantida a prévia avaliação dos respectivos bens. (Redação
diciária responsável pela investigação ao juízo competente.
dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de
§ 1º O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado da co‐ 2019)
municação de que trata o caput , determinará a alienação § 1º-A. O juízo deve cientificar o órgão gestor do Funad
dos bens apreendidos, excetuadas as armas, que serão re‐ para que, em 10 (dez) dias, avalie a existência do interesse pú‐
colhidas na forma da legislação específica. (Incluído pela Lei blico mencionado no caput deste artigo e indique o órgão que
nº 13.840, de 2019) deve receber o bem. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
§ 2º A alienação será realizada em autos apartados, dos § 1º-B. Têm prioridade, para os fins do § 1º-A deste ar‐
quais constará a exposição sucinta do nexo de instrumen‐ tigo, os órgãos de segurança pública que participaram das
talidade entre o delito e os bens apreendidos, a descrição ações de investigação ou repressão ao crime que deu causa
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

e especificação dos objetos, as informações sobre quem os à medida. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
tiver sob custódia e o local em que se encontrem. (Incluído § 2º A autorização judicial de uso de bens deverá conter
pela Lei nº 13.840, de 2019) a descrição do bem e a respectiva avaliação e indicar o órgão
§ 3º O juiz determinará a avaliação dos bens apreendi‐ responsável por sua utilização. (Redação dada pela Lei nº
dos, que será realizada por oficial de justiça, no prazo de 5 13.840, de 2019)
(cinco) dias a contar da autuação, ou, caso sejam necessários § 3º O órgão responsável pela utilização do bem deve‐
conhecimentos especializados, por avaliador nomeado pelo rá enviar ao juiz periodicamente, ou a qualquer momento
juiz, em prazo não superior a 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei quando por este solicitado, informações sobre seu estado
nº 13.840, de 2019) de conservação. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão gestor do § 4º Quando a autorização judicial recair sobre veículos,
Funad, o Ministério Público e o interessado para se mani‐ embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade ou
festarem no prazo de 5 (cinco) dias e, dirimidas eventuais ao órgão de registro e controle a expedição de certificado
divergências, homologará o valor atribuído aos bens. (Inclu- provisório de registro e licenciamento em favor do órgão
ído pela Lei nº 13.840, de 2019) ao qual tenha deferido o uso ou custódia, ficando este livre
§ 5º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores à
§ 6º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de decisão de utilização do bem até o trânsito em julgado da
2019) decisão que decretar o seu perdimento em favor da União.
§ 7º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
2019) § 5º Na hipótese de levantamento, se houver indicação
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de de que os bens utilizados na forma deste artigo sofreram
2019) depreciação superior àquela esperada em razão do transcur‐

346
so do tempo e do uso, poderá o interessado requerer nova Público, remeterá à Senad relação dos bens, direitos e valores
avaliação judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) declarados perdidos em favor da União, indicando, quanto
§ 6º Constatada a depreciação de que trata o § 5º, o aos bens, o local em que se encontram e a entidade ou o
ente federado ou a entidade que utilizou o bem indenizará órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua destinação
o detentor ou proprietário dos bens. (Redação dada pela Lei nos termos da legislação vigente.
nº 13.840, de 2019) § 4º-A. Antes de encaminhar os bens ao órgão gestor
§ 7º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de do Funad, o juíz deve: (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
2019) I  – ordenar às secretarias de fazenda e aos órgãos de
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de registro e controle que efetuem as averbações necessárias,
2019) caso não tenham sido realizadas quando da apreensão; e
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
2019) II – determinar, no caso de imóveis, o registro de proprie‐
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de dade em favor da União no cartório de registro de imóveis
2019) competente, nos termos do caput e do parágrafo único do
§ 11. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de art. 243 da Constituição Federal, afastada a responsabilidade
2019) de terceiros prevista no inciso VI do caput do art. 134 da
Art. 62-A. O depósito, em dinheiro, de valores referentes Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário
ao produto da alienação ou a numerários apreendidos ou Nacional), bem como determinar à Secretaria de Coordena‐
que tenham sido convertidos deve ser efetuado na Caixa ção e Governança do Patrimônio da União a incorporação
Econômica Federal, por meio de documento de arrecadação e entrega do imóvel, tornando-o livre e desembaraçado de
destinado a essa finalidade. (Incluído pela Lei nº 13.886, de quaisquer ônus para sua destinação. (Incluído pela Lei nº
2019) 13.886, de 2019)
§ 1º Os depósitos a que se refere o caput deste artigo § 5º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
devem ser transferidos, pela Caixa Econômica Federal, para § 6º Na hipótese do inciso II do caput , decorridos 360
a conta única do Tesouro Nacional, independentemente de (trezentos e sessenta) dias do trânsito em julgado e do co‐
qualquer formalidade, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, nhecimento da sentença pelo interessado, os bens apreen‐
contado do momento da realização do depósito, onde ficarão didos, os que tenham sido objeto de medidas assecuratórias
à disposição do Funad. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) ou os valores depositados que não forem reclamados serão
§ 2º Na hipótese de absolvição do acusado em decisão revertidos ao Funad. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
judicial, o valor do depósito será devolvido a ele pela Caixa Art. 63-A. Nenhum pedido de restituição será conhecido
Econômica Federal no prazo de até 3 (três) dias úteis, acres‐ sem o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz
cido de juros, na forma estabelecida pelo § 4º do art. 39 da determinar a prática de atos necessários à conservação de
Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995. (Incluído pela Lei bens, direitos ou valores. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
nº 13.886, de 2019) 2019)
§ 3º Na hipótese de decretação do seu perdimento em Art. 63-B. O juiz determinará a liberação total ou par‐
favor da União, o valor do depósito será transformado em cial dos bens, direitos e objeto de medidas assecuratórias
pagamento definitivo, respeitados os direitos de eventuais
quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se
lesados e de terceiros de boa-fé. (Incluído pela Lei nº 13.886,
a constrição dos bens, direitos e valores necessários e sufi‐
de 2019)
cientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações
§ 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal,
pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal.
por decisão judicial, devem ser efetuados como anulação de
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
receita do Funad no exercício em que ocorrer a devolução.
Art. 63-C. Compete à Senad, do Ministério da Justiça e
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
Segurança Pública, proceder à destinação dos bens apreen‐
§ 5º A Caixa Econômica Federal deve manter o controle
dos valores depositados ou devolvidos. (Incluído pela Lei nº didos e não leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento
13.886, de 2019) seja decretado em favor da União, por meio das seguintes
Art.  63. Ao proferir a sentença, o juiz decidirá sobre: modalidades: (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
I – alienação, mediante: (Incluído pela Lei nº 13.886, de
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
2019) NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
I – o perdimento do produto, bem, direito ou valor apre‐
endido ou objeto de medidas assecuratórias; e (Incluído pela a) licitação; (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
Lei nº 13.840, de 2019) b) doação com encargo a entidades ou órgãos públicos,
II – o levantamento dos valores depositados em conta bem como a comunidades terapêuticas acolhedoras que con‐
remunerada e a liberação dos bens utilizados nos termos do tribuam para o alcance das finalidades do Funad; ou (Incluído
art. 62. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) pela Lei nº 13.886, de 2019)
§ 1º Os bens, direitos ou valores apreendidos em decor‐ c) venda direta, observado o disposto no inciso II do caput
rência dos crimes tipificados nesta Lei ou objeto de medidas do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; (Incluído
assecuratórias, após decretado seu perdimento em favor da pela Lei nº 13.886, de 2019)
União, serão revertidos diretamente ao Funad. (Redação II – incorporação ao patrimônio de órgão da administra‐
dada pela Lei nº 13.840, de 2019) ção pública, observadas as finalidades do Funad; (Incluído
§ 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do Funad relação dos pela Lei nº 13.886, de 2019)
bens, direitos e valores declarados perdidos, indicando o local III – destruição; ou (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
em que se encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder IV – inutilização. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
estejam, para os fins de sua destinação nos termos da legis‐ § 1º A alienação por meio de licitação deve ser realizada
lação vigente. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) na modalidade leilão, para bens móveis e imóveis, indepen‐
§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de dentemente do valor de avaliação, isolado ou global, de bem
2019) ou de lotes, assegurada a venda pelo maior lance, por preço
§ 4º Transitada em julgado a sentença condenatória, o não inferior a 50% (cinquenta por cento) do valor da avalia‐
juiz do processo, de ofício ou a requerimento do Ministério ção. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)

347
§ 2º O edital do leilão a que se refere o § 1º deste artigo II – transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante
será amplamente divulgado em jornais de grande circulação contraprestação irrisória, a partir do início da atividade cri‐
e em sítios eletrônicos oficiais, principalmente no Município minal. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
em que será realizado, dispensada a publicação em diário § 3º O condenado poderá demonstrar a inexistência da
oficial. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio.
§ 3º Nas alienações realizadas por meio de sistema ele‐ (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
trônico da administração pública, a publicidade dada pelo Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá fir‐
sistema substituirá a publicação em diário oficial e em jornais mar convênio com os Estados, com o Distrito Federal e com
de grande circulação. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) organismos orientados para a prevenção do uso indevido
§ 4º Na alienação de imóveis, o arrematante fica livre do de drogas, a atenção e a reinserção social de usuários ou
pagamento de encargos e tributos anteriores, sem prejuízo dependentes e a atuação na repressão à produção não au‐
de execução fiscal em relação ao antigo proprietário. (Inclu- torizada e ao tráfico ilícito de drogas, com vistas na liberação
ído pela Lei nº 13.886, de 2019) de equipamentos e de recursos por ela arrecadados, para a
§ 5º Na alienação de veículos, embarcações ou aeronaves implantação e execução de programas relacionados à ques‐
deverão ser observadas as disposições dos §§ 13 e 15 do art. tão das drogas.
61 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
§ 6º Aplica-se às alienações de que trata este artigo a TÍTULO V
proibição relativa à cobrança de multas, encargos ou tributos DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
prevista no § 14 do art. 61 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
13.886, de 2019) Art.  65. De conformidade com os princípios da não‐
§ 7º A Senad, do Ministério da Justiça e Segurança Pú‐ -intervenção em assuntos internos, da igualdade jurídica e
blica, pode celebrar convênios ou instrumentos congêneres do respeito à integridade territorial dos Estados e às leis e
com órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito aos regulamentos nacionais em vigor, e observado o espírito
Federal ou dos Municípios, bem como com comunidades te‐ das Convenções das Nações Unidas e outros instrumentos
rapêuticas acolhedoras, a fim de dar imediato cumprimento jurídicos internacionais relacionados à questão das drogas,
ao estabelecido neste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.886, de que o Brasil é parte, o governo brasileiro prestará, quando
de 2019) solicitado, cooperação a outros países e organismos interna‐
§ 8º Observados os procedimentos licitatórios previstos cionais e, quando necessário, deles solicitará a colaboração,
nas áreas de:
em lei, fica autorizada a contratação da iniciativa privada
I – intercâmbio de informações sobre legislações, expe‐
para a execução das ações de avaliação, de administração e
riências, projetos e programas voltados para atividades de
de alienação dos bens a que se refere esta Lei. (Incluído pela
prevenção do uso indevido, de atenção e de reinserção social
Lei nº 13.886, de 2019)
de usuários e dependentes de drogas;
Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiça e Segurança
II – intercâmbio de inteligência policial sobre produção
Pública regulamentar os procedimentos relativos à adminis‐
e tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o tráfico
tração, à preservação e à destinação dos recursos provenien‐ de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio de precursores
tes de delitos e atos ilícitos e estabelecer os valores abaixo químicos;
dos quais se deve proceder à sua destruição ou inutilização. III – intercâmbio de informações policiais e judiciais so‐
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) bre produtores e traficantes de drogas e seus precursores
Art. 63-E. O produto da alienação dos bens apreendidos químicos.
ou confiscados será revertido integralmente ao Funad, nos
termos do parágrafo único do art. 243 da Constituição Fede‐ TÍTULO V-A
ral, vedada a sub-rogação sobre o valor da arrematação para DO FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS
saldar eventuais multas, encargos ou tributos pendentes de (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
pagamento. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não Art. 65-A . (Vetado). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
prejudica o ajuizamento de execução fiscal em relação aos
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

antigos devedores. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) TÍTULO VI


Art. 63-F. Na hipótese de condenação por infrações às DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
quais esta Lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos
de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art.
ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença 1º desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da lista
entre o valor do patrimônio do condenado e aquele com‐ mencionada no preceito, denominam-se drogas substâncias
patível com o seu rendimento lícito. (Incluído pela Lei nº entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob con‐
13.886, de 2019) trole especial, da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio
§ 1º A decretação da perda prevista no caput deste artigo de 1998.
fica condicionada à existência de elementos probatórios que Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei nº 7.560,
indiquem conduta criminosa habitual, reiterada ou profissio‐ de 19 de dezembro de 1986, em favor de Estados e do Distrito
nal do condenado ou sua vinculação a organização criminosa. Federal, dependerá de sua adesão e respeito às diretrizes
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) básicas contidas nos convênios firmados e do fornecimento
§ 2º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, de dados necessários à atualização do sistema previsto no
entende-se por patrimônio do condenado todos os bens: art. 17 desta Lei, pelas respectivas polícias judiciárias.
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) Art. 67-A. Os gestores e entidades que recebam recursos
I – de sua titularidade, ou sobre os quais tenha domínio públicos para execução das políticas sobre drogas deverão
e benefício direto ou indireto, na data da infração penal, ou garantir o acesso às suas instalações, à documentação e a
recebidos posteriormente; e (Incluído pela Lei nº 13.886, todos os elementos necessários à efetiva fiscalização pelos
de 2019) órgãos competentes. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

348
Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu‐ LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990
nicípios poderão criar estímulos fiscais e outros, destinados
às pessoas físicas e jurídicas que colaborem na prevenção Dispõe sobre os crimes hedion-
do uso indevido de drogas, atenção e reinserção social de dos, nos termos do art. 5º, inciso
usuários e dependentes e na repressão da produção não XLIII, da Constituição Federal, e
autorizada e do tráfico ilícito de drogas. determina outras providências.
Art. 69. No caso de falência ou liquidação extrajudicial
de empresas ou estabelecimentos hospitalares, de pesqui‐ O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congres‐
sa, de ensino, ou congêneres, assim como nos serviços de so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
saúde que produzirem, venderem, adquirirem, consumirem, Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes,
prescreverem ou fornecerem drogas ou de qualquer outro todos tipificados no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
em que existam essas substâncias ou produtos, incumbe ao de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação
juízo perante o qual tramite o feito: dada pela Lei nº 8.930, de 1994) (Vide Lei nº 7.210, de 1984)
I – determinar, imediatamente à ciência da falência ou I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade
liquidação, sejam lacradas suas instalações; típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só
II – ordenar à autoridade sanitária competente a urgente agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III,
adoção das medidas necessárias ao recebimento e guarda, IV, V, VI, VII e VIII); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
em depósito, das drogas arrecadadas; I – A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art.
III  – dar ciência ao órgão do Ministério Público, para 129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, §
acompanhar o feito. 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito
§ 1º Da licitação para alienação de substâncias ou pro‐ nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
dutos não proscritos referidos no inciso II do caput deste sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
artigo, só podem participar pessoas jurídicas regularmente no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
habilitadas na área de saúde ou de pesquisa científica que seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
comprovem a destinação lícita a ser dada ao produto a ser terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei
arrematado. nº 13.142, de 2015)
§ 2º Ressalvada a hipótese de que trata o § 3º deste II – roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
artigo, o produto não arrematado será, ato contínuo à hasta a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima
pública, destruído pela autoridade sanitária, na presença dos (art. 157, § 2º, inciso V); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Conselhos Estaduais sobre Drogas e do Ministério Público. b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art.
§ 3º Figurando entre o praceado e não arrematadas es‐ 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de
pecialidades farmacêuticas em condições de emprego tera‐ uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (Incluído pela Lei
pêutico, ficarão elas depositadas sob a guarda do Ministério nº 13.964, de 2019)
da Saúde, que as destinará à rede pública de saúde. c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos morte (art. 157, § 3º); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transna‐ III – extorsão qualificada pela restrição da liberdade da
cional, são da competência da Justiça Federal. vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, §
3º); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que
IV – extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada
não sejam sede de vara federal serão processados e julgados
(art. 159, caput, e §§ lº, 2º e 3º); (Inciso incluído pela Lei nº
na vara federal da circunscrição respectiva.
8.930, de 1994)
Art. 71. (Vetado)
V – estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); (Redação dada
Art. 72. Encerrado o processo criminal ou arquivado o
pela Lei nº 12.015, de 2009)
inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante representação
VI – estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º,
da autoridade de polícia judiciária, ou a requerimento do 3º e 4º); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Ministério Público, determinará a destruição das amostras VII – epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). (In-
guardadas para contraprova, certificando nos autos. (Reda-
ção dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
ciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
VII – A – (Vetado) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com os 1998)
Estados e o com o Distrito Federal, visando à prevenção e VII – B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração
repressão do tráfico ilícito e do uso indevido de drogas, e de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art.
com os Municípios, com o objetivo de prevenir o uso inde‐ 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela
vido delas e de possibilitar a atenção e reinserção social de Lei nº 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei
usuários e dependentes de drogas. (Redação dada pela Lei nº 9.695, de 1998)
nº 12.219, de 2010) VIII – favorecimento da prostituição ou de outra forma
Art. 74. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vul‐
após a sua publicação. nerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei
Art. 75. Revogam-se a Lei nº 6.368, de 21 de outubro de nº 12.978, de 2014)
1976, e a Lei nº 10.409, de 11 de janeiro de 2002. IX – furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A).
Brasília, 23 de agosto de 2006; 185º da Independência (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
e 118º da República. Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, ten‐
tados ou consumados: (Redação dada pela Lei nº 13.964,
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA de 2019)
Márcio Thomaz Bastos I – o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da
Guido Mantega Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956; (Incluído pela Lei nº
Jorge Armando Felix 13.964, de 2019)

349
II – o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de Art. 213. .................................................................
uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de Pena - reclusão, de seis a dez anos.
dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 214. .................................................................
III – o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto Pena - reclusão, de seis a dez anos.
no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; ................................................................................
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 223. .................................................................
IV – o crime de tráfico internacional de arma de fogo, Pena - reclusão, de oito a doze anos.
acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, Parágrafo único. Pena - reclusão, de doze a vinte
de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, e cinco anos.
de 2019) ................................................................................
V – o crime de organização criminosa, quando direcio‐ Art. 267. .................................................................
nado à prática de crime hediondo ou equiparado. (Incluído Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
pela Lei nº 13.964, de 2019) ................................................................................
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico Art. 270. .................................................................
ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
insuscetíveis de: (Vide Súmula Vinculante) .............................................................................. ”
I – anistia, graça e indulto;
II – fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o se‐
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida guinte parágrafo:
inicialmente em regime fechado. (Redação dada pela Lei nº
“Art. 159. ................................................................
11.464, de 2007)
................................................................................
§ 2º (Revogado pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando,
§ 3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
o co-autor que denunciá-lo à autoridade, facilitando
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida
(Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) de um a dois terços.”
§ 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei nº
7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena previs‐
neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por ta no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes
igual período em caso de extrema e comprovada necessida‐ hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes
de. (Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007) e drogas afins ou terrorismo.
Art.  3º A União manterá estabelecimentos penais, de Parágrafo único. O participante e o associado que denun‐
segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas ciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu
impostas a condenados de alta periculosidade, cuja perma‐ desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.
nência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitu‐
incolumidade pública. lados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º,
Art. 4º (Vetado). 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e
Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput
inciso: e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de
metade, respeitado o limite superior de trinta anos de reclu‐
“Art. 83. .................................................................. são, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas
................................................................................ no art. 224 também do Código Penal.
V – cumprido mais de dois terços da pena, nos casos Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de
de condenação por crime hediondo, prática da tor‐ 1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a
tura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, seguinte redação:
e terrorismo, se o apenado não for reincidente es‐
pecífico em crimes dessa natureza.” “Art. 35. ..................................................................
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e capítulo serão contados em dobro quando se tratar
3º; 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput dos crimes previstos nos arts. 12, 13 e 14.”
e 270; caput, todos do Código Penal, passam a vigorar com
a seguinte redação: Art. 11. (Vetado).
Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
“Art. 157. ................................................................ Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a
pena é de reclusão, de cinco a quinze anos, além Brasília, 25 de julho de 1990; 169º da Independência e
da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a 102º da República.
trinta anos, sem prejuízo da multa.
FERNANDO COLLOR
................................................................................
Bernardo Cabral
Art. 159. ...............................................................
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1º ......................................................................... ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. – LEI Nº 8.069/1990
§ 2º .........................................................................
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. Introdução
§ 3º .........................................................................
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. Do Tratado Internacional de Direitos Humanos Sobre a
................................................................................ Criança (qualquer pessoa com menos de 18 anos, segundo

350
o art. 1º da Convenção dos Direitos da Criança) norma com esporte, lazer, profissionalização etc.) necessários ao
valor supra legal - STF. seu desenvolvimento (arts. 3º, 4º e 7º, do ECA).
O Decreto nº 99.710 de 21 de novembro de 1990 pro‐ − Princípio da garantia prioritária: tem a primazia de
mulga a Convenção sobre os Direitos da Criança e define em receber proteção e socorro em quaisquer circuns‐
seu art. 1º que criança é toda pessoa com menos de 18 anos. tâncias, assim como formulação e execução das
A Lei Federal nº 8.069/1990 em suas Disposições Gerais, políticas, sociais, públicas e destinação privilegiada
arts. 1º ao 6º: de recursos públicos nas áreas relacionadas com a
• Doutrinas utilizadas no ECA: Proteção Integral X Situ‐ proteção à infância e à juventude (art. 4º, a, b, c, d).
ação Irregular – a primeira (atenção voltada a todas − Princípio da proteção estatal: visa a sua formação
crianças e adolescentes) é implícita no art. 227 CF e biopsíquica, social, familiar e comunitária, através
expressa art. 1º do ECA. E a segunda (atenção voltada de programas de desenvolvimento (art. 101).
somente a crianças e adolescentes abandonados, víti- − Princípio da prevalência dos interesses infanto-ju-
mas de violência, moralmente abandonados e autores venis: na interpretação do estatuto, levar-se-ão em
de infração penal) é expressamente prevista no Código conta os fins sociais a que ele se dirige, as exigências
de Menores de 1979. do bem comum, os direitos e deveres individuais
• Definições: criança – menor de 12 anos; adolescente – e coletivos, e sua condição peculiar de pessoa em
igual ou maior de 12 anos e menor de 18 anos; jovem desenvolvimento (art. 6º).
adulto (termo doutrinário) – igual ou maior de 18 anos − Princípio da indisponibilidade dos direitos infanto-
e com menos de 21 anos. -juvenis: o reconhecimento do estado de filiação é
• Usufruto de todos direitos fundamentais, buscando direito personalíssimo, indisponível e imprescritível,
o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
podendo ser exercido contra os pais ou seus herdei‐
social garantida a liberdade e a dignidade.
ros, sem qualquer restrição, observado o segredo de
• Entes responsáveis por garantir a absoluta priorida-
justiça (art. 27).
de no exercício dos direitos: VIDA, ALIMENTAÇÃO, LI‐
− Princípio da sigilosidade: é vedada a divulgação de
BERDADE, LAZER, EDUCACÃO, PROFISSIONALIZAÇÃO,
ESPORTE, SAÚDE, CULTURA, (A) COMPLEMENTAÇÃO, atos judiciais, policiais e administrativos que digam
RESPEITO – CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA respeito a crianças e adolescentes a que se atribua
e DIGNIDADE (Mnemônico da professora Fernanda autoria de ato infracional.
Gama: VALLE PESCAR CD). Tal garantia de prioridade − Princípio da gratuidade: é garantido o acesso a toda
está ligada a primazia no socorro em qualquer situação; criança e adolescente à Defensoria Pública, ao Minis‐
precedência no atendimento nos serviços públicos e ou tério Público e ao Poder Judiciário, por quaisquer de
relevância pública. Ex.: hospitais ou filas de bancos pri‐ seus órgãos, sendo a assistência judiciária gratuita
vados. Preferência no que tange às políticas públicas e prestada.
destinação privilegiada de recursos públicos para a pro‐
teção à infância e juventude (art. 4º, parágrafo único). Diferenciação Jurídica entre os Termos do Direito Penal
• Proibição de tratamento negligente, cruel, opressor, X ECA
violento, surgindo aqui um mandamento legislativo
quanto a punição em lei quanto a conduta ativa ou ECA
omissiva que viole tais direitos.
• Método de interpretação do ECA: segue, segundo o Criança: pessoa com menos
promotor Guilherme Freire, o método teleológico, que de 12 anos.
busca o fim da a norma e se destina ao da proteção Adolescente: pessoa de 12
integral, então a lei manda levar em conta na sua apli‐ anos até antes de completar
cação para fins sociais. Cuidado: não é fim político, LEIS PENAIS
18 anos.
literal, jurídico ou sociológico ou simbólico (art. 6). Jovem Adulto: pessoas com
• O ECA possui natureza principiológica. Adulto: pessoa com mais
18 e menos de 21 anos que
• Princípios constitucionais e positivados também no de 18 anos de idade.
ECA: Proteção Integral – implícito no art. 227 e expres‐
cumprem medidas socioe- NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
ducativas por terem come‐
so no art. 3º do ECA. tido atos infracionais quando
• Expressos em absoluta prioridade e brevidade, ex- adolescentes, ou seja, quan‐
cepcionalidade e respeito à condição peculiar de do tinham mais 12 anos e
pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação menos de 18 anos.
de qualquer medida privativa da liberdade (art. 227, 1. Crime e contravenção ATO INFRACIONAL
§ 3º, Inciso V).
• Outros princípios trazidos pela Lei nº 12.010/2009 na FLAGRANTE DE ATO INFRA-
2. Flagrante delito
1ª reforma sobre adoção (cabe ressaltar que em 2017 CIONAL
ocorreu uma 2ª reforma feita pela Lei nº 13.509): MANDADO DE BUSCA E
3. Mandado de prisão
− Princípio da prevenção geral: é dever do Estado as‐ APREENSÃO
segurar à criança e ao adolescente as necessidades MENOR DE 18 ANOS APRE-
básicas para seu pleno desenvolvimento (art. 54, I a 4. Maior de (18 anos) preso
ENDIDO
VIII) e prevenir a ocorrência de ameaça ou violação 5. Prisão provisória/preven‐
desses direitos (art. 70). INTERNAÇÃO PROVISÓRIA
tiva ou temporária
− Princípio da prevenção especial: o Poder Público re‐
ATRIBUIÇÃO DE ATO INFRA-
gulará, através de órgãos competentes, as diversões 6. Imputação de crime
CIONAL
e espetáculos públicos (art. 74).
− Princípio de atendimento integral: o menor tem direito MEDIDAS SOCIOEDUCATI-
7. Pena
a atendimento total e irrestrito (vida, saúde, educação, VAS E OU PROTETIVAS

351
8. Inicial acusatória de Peça inicial de atribuição • Assistência psicológica a gestante ou a mãe, no período
imputação de crime- De‐ REPRESENTAÇÃO pré-natal e pós-natal, buscando evitar problemas no
núncia estado puerperal, por exemplo, para evitar casos de
depressão pós-parto, bem como a mãe que deseje
9. Réu-acusado REPRESENTADO
entregar seu filho para adoção.
AUDIÊNCIA DE APRESENTA- • A gestante ou a parturiente tem direito a escolher um
10. Interrogatório
ÇÃO acompanhante, lembrando que o poder da escolha é
11. Sumário de acusação e AUDIÊNCIA EM CONTINU- dela (§ 6º).
de defesa AÇÃO • Parto humanizado e fixação da cesariana dependerá
12. Condenado SENTENCIADO de motivos médicos (§ 8º). A lei trata da busca ativa,
13. REEDUCANDO SOCIOEDUCANDO ou seja, o dever por parte do sistema de saúde de ir
atrás da gestante que não iniciar o pré-natal ou que
Súmulas Envolvendo ECA – STJ E STF abandoná-lo.
• Mãe privadas de liberdade que tenham seus filhos na
1. Súmula nº 265: é necessária a oitiva do menor infrator primeira infância terão direito a um ambiente saudá‐
antes de decretar-se a regressão da medida socioedu‐ vel, via normas do SUS, para contato com seus filhos
cativa. na primeira infância, definida na Lei nº 13.257/2016.
“Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se primeira
2. Súmula nº 338: a prescrição penal é aplicável nas me‐ infância o período que abrange os primeiros 6 (seis)
didas socioeducativas. anos completos ou 72 (setenta e dois) meses de vida
3. Súmula nº 342: no procedimento para aplicação de da criança” ( § 10, art. 8º).
medida socioeducativa, é nula a desistência de outras • O poder público, as instituições e os empregadores
provas em face da confissão do adolescente. devem dispor um local para aleitamento materno,
inclusive aos filhos de mães submetidas à medida
4. Súmula nº 383: a competência para processar e julgar
as ações conexas de interesse de menor é, em princípio, privativa de liberdade (art. 9º).
do foro do domicílio do detentor de sua guarda.
Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal
5. Súmula nº 492: o ato infracional análogo ao tráfico de deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de
drogas por si só não conduz obrigatoriamente à im‐ coleta de leite humano (art. 9º, § 2º, Incluído pela Lei nº
posição de medida socioeducativa de internação do 13.257, de 2016).
adolescente.
6. Súmula nº 500: a configuração do crime do art. 244-B Da Obrigação das Instituições de Saúde
do ECA independe da prova da efetiva corrupção do
menor, por se tratar de delito formal. Os hospitais e demais estabelecimentos, públicos e par-
ticulares, são obrigados a (art. 10):
7. Súmula nº 108 do STF: a aplicação de medidas socioedu‐
• manter registro nos prontuários individuais pelo prazo
cativas ao adolescente, pela prática de ato infracional,
de dezoito anos;
é da competência exclusiva do juiz.
• identificar o recém-nascido pela impressão plantar e
8. Súmula Vinculante nº 11: só é lícito o uso de algemas em digital e a mãe pela impressão digital;
casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de • realizar exames visando o diagnóstico terapêutico de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte anormalidades no metabolismo e fornecer declaração
do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade de nascimento e intercorrências do parto;
por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, • manter alojamento conjunto, possibilitando ao neo-
civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade nato a permanência junto à mãe (art. 10).
da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade. Atenção! Esta obrigação é muito citada nos crimes e nas
infrações administrativas.
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

Direitos Fundamentais (Arts. 7 ao 14)


• a criança e o adolescente com deficiência serão aten‐
Do Direito à Vida e à Saúde didos, sem discriminação ou segregação, em suas ne‐
cessidades gerais de saúde e específicas de habilitação
Alterações da Lei nº 13.257/2016): e reabilitação;
• Atualmente a norma remete a todas a mulheres o • incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
direito a políticas de saúde da mulher, planejamento àqueles que necessitarem medicamentos, órteses,
reprodutivo, nutrição adequada, atenção humanizada próteses e outras tecnologias (§§ 1º, 2º);
à gravidez, parto, puerpério, pré-natal, pós natal, via • os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclu-
SUS. Antes somente a gestante era citada no artigo sive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de
(art. 8). cuidados intermediários, deverão proporcionar con‐
• Hoje em dia o atendimento pré-natal é realizado por dições para a permanência em tempo integral de um
dos pais ou responsável, nos casos de internação de
equipe da atenção primária, pois antes era preferí-
criança ou adolescente (art. 12);
vel que o médico do pré-natal fizesse o parto (§ 1º).
• os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico,
Atenção! Há um prazo pra garantir a vinculação ao
de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos
estabelecimento onde ocorrerá o parto, podendo a contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente
mulher optar no último trimestre da gravidez (§ 2º) e, comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva loca-
ainda, haverá um uma alta responsável com contrar‐ lidade, sem prejuízo de outras providências legais (§
referência junto a atenção primária. 1º);

352
• as gestantes ou mães que manifestem interesse em • Os sujeitos ativos das violações e passivos quanto
entregar seus filhos para adoção serão obrigatoria‐ ao recebimento das sanções jurídico-administrativas
mente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça (art. 18-B) são: os pais, os integrantes da família am‐
da Infância e da Juventude (art. 13, incluído pela Lei pliada, os responsáveis, os agentes públicos executores
nº 13.257, de 2016); de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa en‐
• obrigatoriedade da vacinação recomendada pelas carregada de cuidar da criança ou adolescente, sem
autoridades sanitárias (art. 14, § 1º). prejuízo de outras sanções cabíveis.

Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade As medidas que podem ser aplicadas a esses sujeitos,
de acordo com a gravidade do caso são:
O direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como • Sanções:
pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como − encaminhamento a programa oficial ou comunitário
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais são garantidos de proteção à família;
na Constituição e nas leis (art. 15). − encaminhamento a tratamento psicológico ou psi‐
O direito à liberdade, previsto no art. 16, consiste em: quiátrico;
• ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços co‐ − encaminhamento a cursos ou programas de orien‐
munitários, ressalvadas as restrições legais; tação;
• opinião e expressão; − obrigação de encaminhar a criança a tratamento
• crença e culto religioso; especializado;
• brincar, praticar esportes e divertir-se; − advertência.
• participar da vida familiar e comunitária, sem discri‐
minação; O órgão de aplicação das medidas administrativas advin‐
• participar da vida política, na forma da lei; das da Lei da Palmada é o Conselho Tutelar, sem prejuízo
• buscar refúgio, auxílio e orientação. de outras providências legais, penal e cível. (Parágrafo único,
incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Muita atenção neste tópico, pois as bancas examina-
doras trocam o título desses direitos a fim de confundir o Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
candidato.
O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte- Este direito visa o pleno desenvolvimento da criança e
gridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, adolescente, preparo para o exercício da cidadania e qua-
abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da lificação para o trabalho, assegurando-se a eles (art. 53):
autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e ob‐ • igualdade de condições para o acesso e permanência
jetos pessoais (art. 17). na escola;
• direito de ser respeitado por seus educadores;
Lei da Palmada ou Menino Bernardo (Termos Doutri‐ • direito de contestar critérios avaliativos, podendo
nários) recorrer às instâncias escolares superiores;
Tal dispositivo não criminaliza, apenas denota qual san‐ • direito de organização e participação em entidades
ção jurídico-administrativa deve ser dada sem dispensar as estudantis (incisos I ao V);
sanções penais e civis. • acesso à escola pública e gratuita próxima de sua resi-
dência (princípio do georreferenciamento estudantil).
• É dever de todos velar pela dignidade, pondo-os a
salvo de qualquer tratamento desumano, violento, É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do pro-
aterrorizante, vexatório ou constrangedor (art. 18). cesso pedagógico, bem como participar da definição das
• Direito de serem educados e cuidados sem o uso de propostas educacionais (parágrafo único, art. 53).
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente
como formas de correção, disciplina, educação ou (art. 54, incisos I ao VII):
qualquer outro pretexto. Os sujeitos ativos de prote‐ • ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
ção também são chamados, na doutrina, de garantes, para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
que podem ser os pais, integrantes da família ampliada, • progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade
responsáveis, agentes públicos executores de medidas ao ensino médio;
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de • atendimento em creche e pré-escola às crianças de
cuidar, tratar, educar ou proteger a criança ou adoles‐ zero a cinco anos de idade; acesso aos níveis mais
cente (art. 18-A, incluído pela Lei nº 13.010, de 2014). elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um;
Definições trazidas pela Lei da Palmada: • oferta de ensino noturno regular, adequado às condi‐
Para os fins desta Lei surgem as definições de: ções do adolescente trabalhador;
• Castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva • atendimento no ensino fundamental, através de pro‐
aplicada com o uso da força física que resulte em: gramas suplementares de material didático-escolar,
− sofrimento físico; ou transporte, alimentação e assistência à saúde;
− lesão. • o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito pú-
• Tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma blico subjetivo (art. 54, § 1º);
cruel de tratamento em relação à criança ou ao ado‐ • o não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder
lescente que: público ou sua oferta irregular importa responsabili-
− humilhe; dade da autoridade competente;
− ameace gravemente; ou • os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
− ridicularize. seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino (art. 55.)

353
Atenção! Os dirigentes de estabelecimentos de ensi‐ As medidas de proteção ocorrem diante de direitos ame‐
no fundamental devem comunicar ao Conselho Tutelar os açados ou violados:
casos de: • por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
• maus-tratos envolvendo seus alunos; • por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
• reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, • em razão de sua conduta.
esgotados os recursos escolares;
• elevados níveis de repetência (art. 56). Das Medidas Específicas de Proteção (Art. 99)

Dos Produtos e Serviços Podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem


como substituídas a qualquer tempo. Levar-se-ão em conta
Às crianças e aos adolescentes é proibida a venda de: as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que vi‐
• armas, munições e explosivos (Estatuto do Desarma‐ sem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários
mento); (arts. 99 e 100).
• bebidas alcoólicas (art. 242, crime);
• produtos cujos componentes possam causar depen‐ Medidas Específicas de Proteção (Art. 101 )
dência física ou psíquica ainda que por utilização in-
devida; A aplicação de medidas específicas de proteção pelo
• fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que Conselho Tutelar ocorre conforme o art. 101, incisos I ao VII,
pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provo‐ letra de lei (art. 136, I), porém, a doutrina e a jurisprudência,
car qualquer dano físico em caso de utilização indevida; analisando o art. 101, inciso VI, denota ao Conselho Tutelar
• revistas e publicações a que alude o art. 78; a aplicação das medidas previstas dos incisos I a VI do art.
• bilhetes lotéricos e equivalentes (art. 81). 101, quando estabelecida pelo Juiz da Infância, ou seja, a
aplicação das medidas protetivas dos incisos I ao VI, assim,
Também há a proibição de hospedagem em hotel, mo- ficam excluídas as: de colocação em acolhimento institucio‐
tel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autori‐ nal ou familiar, bem como a medida de colocação em família
zado ou acompanhado pelos pais ou responsável. substituta (guarda, tutela e adoção).
São exclusivas do Juiz da Infância as medidas contidas
no art. 101, incisos VII, VIII e IX.
Cuidado! Algumas questões podem denotar que essa
autorização requer documento registrado em cartório. Tal
Momento de Aplicação
afirmativa torna a questão errada.
Constatadas quaisquer hipóteses do art. 98, a autoridade
Da Autorização para Viajar
competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes
medidas:
À criança é vedada a viagem além dos limites da comar‐ • encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
ca onde reside sem expressa autorização judicial, salvo se termo de responsabilidade;
estiver na companhia dos pais ou responsável. • orientação, apoio e acompanhamento temporários;
Circunstância de Inexigibilidade da Autorização: • matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimen‐
• tratar-se de comarca contígua à da residência da crian‐ to oficial de ensino fundamental;
ça, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na • inclusão em serviços e programas oficiais ou comuni‐
mesma região metropolitana; tários de proteção, apoio e promoção da família, da
• se a criança estiver acompanhada: criança e do adolescente;
− de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, • requisição de tratamento médico, psicológico ou psi‐
comprovado documentalmente o parentesco; quiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
− de pessoa maior de idade, expressamente autoriza- • inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
da pelo pai, mãe ou responsável. O juiz pode con- orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
ceder a pedido dos pais ou responsável autorização • acolhimento institucional;
válida por dois anos (art. 83, §§ 1º, 2º). • inclusão em programa de acolhimento familiar;
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

• colocação em família substituta.


Viagem ao Exterior
A autorização é dispensável se a criança: Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho
• estiver acompanhada de ambos os pais ou responsável;
• viajar na companhia de um dos pais, autorizada ex‐ É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze
pressamente pelo outro através de documento com anos de idade, salvo na condição de aprendiz (art. 60).
firma reconhecida. (Muita atenção neste tópico, pois
as bancas retiram a necessidade de firma reconhecida, Definição de Aprendizagem
o que torna a questão errada).
É a formação técnico-profissional ministrada segundo as
Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma diretrizes e bases da legislação de educação em vigor (art.
criança ou adolescente nascido em território nacional po‐ 62) e segue os seguintes princípios:
derá sair do país em companhia de estrangeiro residente ou • garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino
domiciliado no exterior (art. 84). regular;
• atividade compatível com o desenvolvimento do ado‐
Das Medidas de Proteção – Disposições Gerais lescente;
• horário especial para o exercício das atividades.
As medidas de proteção (art. 101) têm como órgãos Serão assegurados:
aplicadores: • Bolsa de aprendizagem (art. 64) ao adolescente até
• Conselho Tutelar (art. 101, incisos I ao VII); e quatorze anos de idade (este ponto encontra-se ex‐
• Juiz da Infância (art. 101, incisos I ao X). presso no ECA, porém foi tacitamente revogado pela

354
Emenda Constitucional nº 20, que altera o artigo 7º promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de
dispondo: acolhimento institucional, pela entidade responsável,
independentemente de autorização judicial (mudança
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ocorrida em 2014).
ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer • É garantida a convivência integral entre a mãe ado-
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na lescente acolhida e seu filho. A mãe adolescente será
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; assistida por equipe especializada multidisciplinar (§§
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, 5º, 6º).
de 1998) • Ocorrerá encaminhamento da gestante ou mãe à Jus-
tiça da Infância em caso de entrega da criança, antes
• Direitos trabalhistas e previdenciários ao adolescente ou logo após o nascimento, para adoção (art. 19-A,
aprendiz, maior de quatorze anos (art. 65); incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
• Trabalho protegido ao adolescente portador de defi‐ • Oitiva por equipe interprofissional da Justiça da In-
ciência (art. 66); fância e da Juventude: esta apresentará a relatório
à autoridade judiciária, considerando, inclusive, os
Da Vedação de Trabalho (Art. 67, incisos I,II,III e IV) eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal.
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar • Encaminhamento mediante sua expressa concordância
de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade ao SUS e SUAS – de posse do relatório, a autoridade ju‐
governamental ou não-governamental, é vedado trabalho: diciária poderá determinar atendimento especializado.
• noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um • Prazo de busca à família extensa: definida nos termos
dia e as cinco horas do dia seguinte; do parágrafo único, do art. 25 desta Lei, respeitará o
• perigoso, insalubre ou penoso; prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por
• realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao igual período (§ 3º, incluído pela Lei nº 13.509, de 2017).
seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; • Haverá a decretação de extinção do poder familiar e
• realizado em horários e locais que não permitam a colocação em família substituta (guarda provisória)
frequência à escola. por não existência de genitor e família extensa apta
a receber a guarda (§ 4º). Terá a guarda provisória
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária a pessoa ou casal habilitado a adotar a criança ou
adolescente ou entidade que desenvolva programa de
É direito da criança e do adolescente ser criado e edu‐ acolhimento familiar ou institucional. (Incluído pela
cado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família Lei nº 13.509, de 2017)
substituta, (por meio de guarda, tutela ou adoção – Mnemô‐ • Manifestação da vontade de entregar para adoção
nico: GTA) em ambiente que garanta seu desenvolvimento após o nascimento da criança (§ 5º): a mãe ou ambos
os genitores, se houver pai registral ou pai indicado,
integral, segundo o art. 19, com alteração dada pela Lei nº
deverão manifestar em audiência a que se refere o
13.257, de 2016, pois foi retirada a expressão: livre da presen‐
§ 1º do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a
ça de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
• Toda criança ou adolescente que estiver inserido em pro- • Não comparecimento do genitor ou família extensa
grama de acolhimento familiar ou institucional terá sua na audiência de manifestação da vontade de entregar
situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses. para adoção (§ 6º ): gera suspenção do poder familiar
da mãe, e a criança será colocada sob a guarda provi‐
Atenção! Antes o prazo era de 6 meses, porém foi alte‐ sória de quem esteja habilitado a adotá-la, lembrando
rado pela Lei nº 13.509, de 2017. que esta decisão é da autoridade judiciária. (Incluído
pela Lei nº 13.509, de 2017)
• Cabe a autoridade judiciária competente, com base • Prazo para propositura de ação de adoção por quem
em relatório elaborado por equipe interprofissional detém a guarda (§ 7º ): este prazo será de 15 (quinze)
ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada dias, contados a partir do dia seguinte à data do tér-
pela possibilidade de reintegração familiar ou pela mino do estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº
colocação em família substituta, em quaisquer das 13.509, de 2017) NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
modalidades previstas no art. 28 desta Lei (§ 1º ). • Da desistência de entregar para adoção (§ 8º ): se após
o nascimento da criança os genitores manifestarem
Do Prazo de Permanência do Acolhido a negativa em audiência ou perante a equipe inter-
profissional, eles permanecerão com a criança e será
• Em se tratando de programa de acolhimento insti- determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o
tucional, o prazo não se prolongará por mais de 18 acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento
(dezoito meses), salvo comprovada necessidade que e oitenta) dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
atenda ao seu superior interesse, devidamente funda‐ • Garantia de sigilo sobre o nascimento (§ 9º): esta ga‐
mentada pela autoridade judiciária. Cuidado! O prazo rantia respeita o disposto no art. 48 desta Lei. Este
antes era de 2 (dois) anos. (Alteração dada pela Lei nº artigo trata do direito do adotando saber sua origem
13.509, de 2017) biológica após os 18 anos de idade. (Incluído pela Lei
• Ato de manutenção ou reintegração: a família tem pre‐ nº 13.509, de 2017)
ferência em relação a qualquer outra providência, caso • Prazo para que um recém-nascido seja cadastrado
em que esta será incluída em serviços e programas de para adoção (§ 10): se não for procurado por sua fa‐
proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1º do mília no prazo de 30 (trinta) dias contados a partir do
art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos dia do acolhimento, o recém-nascido será cadastrado
incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Redação para adoção. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) • Programa de apadrinhamento (art. 19-B): se destina a
• Visitação a mãe e pai privado de liberdade (§ 4º ): crianças e adolescentes sob acolhimento institucional
este direito dar-se-á por meio de visitas periódicas ou familiar (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017).

355
• Definição de apadrinhamento (§ 1º): consiste em a qualquer deles o direito de, em caso de discordân-
estabelecer e proporcionar aos apadrinhados ou afi‐ cia, recorrer à autoridade judiciária competente para
lhados, vínculos externos à instituição para fins de a solução da divergência.
convivência familiar e comunitária e colaboração com • Do dever de sustento, guarda e educação do filhos
o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físi- menores (art. 22): este dever compete aos pais, ca‐
co, cognitivo, educacional e financeiro. (Incluído pela bendo-lhes, ainda, no interesse destes, a obrigação de
Lei nº 13.509, de 2017) cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
• Requisitos para ser padrinho ou madrinha (§ 2º): • Do Cuidado Compartilhado X Guarda Compartilhada
− pessoas maiores de 18 (dezoito) anos não inscritas (Código Civil): São institutos distintos, pois a mãe e o
nos cadastros de adoção, desde que cumpram os pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres
requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamen‐ e responsabilidades compartilhados no cuidado e na
to de que fazem parte (Incluído pela Lei nº 13.509, educação da criança, devendo ser resguardado o direito
de 2017); de transmissão familiar de suas crenças e culturas, asse‐
− pessoas jurídicas a fim de colaborar para o seu desen- gurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.
volvimento (§ 3º, incluído pela Lei nº 13.509, de 2017). • Falta ou carência de recursos materiais (art. 23): não
• Perfil do apadrinhado ou afilhado (§ 4º): será defini- constitui motivo suficiente para a perda ou a suspen‐
do no âmbito de cada programa de apadrinhamento, são do poder familiar. Não existindo outro motivo que
sendo a prioridade para aqueles com remota possibi- por si só autorize a decretação da medida, a criança ou
lidade de reinserção familiar ou colocação em família o adolescente será mantido em sua família de origem, a
adotiva. Os programas ou serviços de apadrinhamen‐ qual deverá obrigatoriamente ser incluído em serviços
to apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude e programas oficiais de proteção, apoio e promoção
poderão ser executados por órgãos públicos ou por (§ 1º).
organizações da sociedade civil (§ 5º). • Condenação Criminal X Destituição do Poder Fami-
• Caso de violação das regras do apadrinhamento (§ liar (§ 2º): ao pai ou a mãe condenados não implica a
6º ): os responsáveis pelo programa e pelos serviços destituição do poder familiar. Exceção: crime doloso
de acolhimento deverão imediatamente notificar a punido com reclusão, contra o próprio filho ou filha.
autoridade judiciária competente (Incluído pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
13.509, de 2017) • Perda e suspensão do poder familiar é de competência
• Tratamento isonômico ao filhos (havidos ou não da da autoridade judiciária (art. 24): cabe procedimento
relação do casamento ou por adoção): terão os mes- contraditório nos casos previstos na legislação civil, bem
mos direitos e qualificações, proibidas quaisquer de- como na hipótese de descumprimento injustificado dos
signações discriminatórias relativas à filiação. deveres e obrigações a que alude o art. 22.
• Igualdade de condições entre o pai e a mãe para exer-
cício do poder familiar (art. 21): ao pai e a mãe, na Segue abaixo quadro comparativo quanto à guarda, tute‐
forma do que dispuser a legislação civil, é assegurado la e adoção nas lições do professor Guilherme Freire.

GUARDA TUTELA ADOÇÃO


Gera uma obrigação de uma prestação, Tem os mesmos deveres da guarda em Modo de aquisição do poder familiar
material, moral e educacional (art. 33). prestar material, moral e educacional do (art. 41) tendo o adotado os mesmos
tutelado e também gera o dever de ad‐ direitos que os filhos naturais sem
ministrar o patrimônio do tutelado. (ECA, qualquer distinção. O adotante dever
art. 36, parágrafo único combinado com o ter mais de 18 anos de idade e ser 16
art. 1.740 e 1.741 do Código Civil). anos mais velho que o adotado.
Não gera perda ou suspensão do poder Gera necessariamente a perda ou sus- É necessária a perda do poder familiar
familiar (arts. 20, 21 do ECA) e art. 1.634 pensão do poder familiar, conforme o dos pais biológicos ou responsáveis do
do Código Civil). art. 36, parágrafo único do ECA. adotado e esse pedido deve estar ex‐
presso na ação de adoção.
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

O guardião pode se opor aos pais (art. 33).


Destinada a regularizar a posse de fato Destinada a dar proteção à criança ou Destinada a gerar outra família ao filho
da criança e do adolescente. adolescente quanto aos seus bens, em adotado gerando vínculo de paternida‐
caso de ausência, herança pelo faleci‐ de e maternidade, o que é irrevogável.
mento dos seus pais ou responsáveis ou
ainda pela perda do poder familiar destes.
Em regra, é deferida em processos de tu‐ É possível a guarda no transcurso do pro‐ É possível guarda em processo de ado‐
tela ou adoção ou em pedido autônomo cesso de tutela (art. 33). ção, salvo no caso de adoção estran‐
na falta dos pais ou responsáveis (art. geira.
33), salvo caso de adoção estrangeira.
Na jurisprudência que prevalece no STF Inclui direitos previdenciários atendi‐ Goza de plenos direitos previdenciários
e STJ, que corroboram com a CF e o ECA, dos os requisitos previstos na Lei nº como um filho biológico.
dispõe sobre direitos previdenciários. 8.213/1991, art. 16.
Porém, há de modo minoritário quem
não admita direitos previdenciários
por haver uma legislação especial que
trata do tema (STJ). O art. 16 da Lei nº
8.213/1991 que trata do planos e be‐
nefícios da previdência não arrolou o
adolescente ou criança sob guarda.

356
Revogável (art. 35). Revogável (CC, art. 1.764, III) Irrevogável (art. 39) na letra de lei, po‐
rém há jurisprudência que permite tal
revogação quando prevalece o superior
interesse da criança ou adolescente.
Não há mudança de nome. Não há mudança de nome. O adotado recebe o sobrenome do
adotante e pode modificar o prenome
(art. 47).

Lei Federal nº 8.069/1990 - Disposições Gerais, Código Penal ao caso, pois, nesse tipo de situação considera-se
Arts. 1º ao 6º flagrante no momento que cessa a permanência.
Criança pode ser autora de ato infracional? Sim, com
TÍTULO III consequências: medidas específicas de proteção do art. 101
DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL (art. 105). No que tange à criança infratora, paira sobre ela o
princípio da irresponsabilidade jurídica que é diferente para o
CAPÍTULO I adolescente, o qual possui responsabilidade socioeducativa,
Disposições Gerais e do adulto que, por sua vez, possui responsabilidade penal.
O encaminhamento deve ser feito ao Conselho Tutelar
Definição de Ato Infracional (Art. 103) (art. 136, I, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a
VII). Obs.: até então nem a CF nem o ECA trataram de qual
Conduta (Ação ou Omissão) medida jurídica de responsabilização seria dada ao adoles-
Descrita como crime ou contravenção penal (infração pe‐ cente. Surgindo, a partir do ECA, as Medidas Socioeducativas
nal, artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Penal Brasileiro), previstas no art. 112 e seguintes. Lembre-se: não há pre‐
isto é, quando houver o ajuste de fato e de direito ao que está tensão punitiva ao adolescente, há somente a denominada
descrito numa lei penal ou na Lei de Contravenções, ocorrerá pretensão socioeducativa que tem natureza sancionatória,
o ato infracional, que, por sua vez, surge inicialmente no art. porém preponderantemente pedagógica.
227, § 3º, IV da CF/88, determinando, assim, a apreciação do Em suma, a criança não é apreendida por ato infracional,
princípio da brevidade e da condição peculiar da pessoa em contudo, o juiz da infância pode exarar mandado de busca
desenvolvimento, sem tratar, ainda, de questões como idade e apreensão da criança para colocá-la ou retirá-la do seio
e responsabilização, porém trazendo um mandado de criação familiar ou, até mesmo, para colocá-la em acolhimento ins‐
de Legislação Tutelar Específica , doravante ECA. titucional, a fim de protegê-la de qualquer ameaça ou lesão
A Carta Magna, em seu art. 228, trouxe o patamar míni- aos seus direitos.
mo de punição penal fixado em 18 anos de idade, tornando
aqueles que tenham idade inferior a esta inimputáveis, ou CAPÍTULO II
seja, a eles não se aplicam leis penais. O mesmo foi repro‐ Dos Direitos Individuais
duzido no ECA em seu art. 104, que impôs que as medidas
desta lei devem ser aplicadas a crianças e adolescentes. Regra: é proibido privar adolescente de sua liberdade,
Cabe ressaltar que a vontade do legislador era que o salvo em 2 (duas) hipóteses: flagrante de ato infracional e
adolescente não fosse punido por crimes como um adulto, por ordem escrita e fundamentada de juiz (art. 106). É de
porém o Estatuto não trouxe dispositivos jurídicos capazes bom tom lembrar que as hipóteses de flagrante prevista no
de isentar o adolescente de receber medidas socioeducati‐ Direito Penal são aplicadas no Direito Infracional Juvenil, tais
vas e a figura da prescrição, na qual o Estado, em virtude de hipóteses serão doravante tratadas.
um decurso de tempo, não pode mais punir, bem como não Então surge a primeira resposta estatal frente ao ato
trouxe excludentes de ilicitude ou culpabilidade. infracional (privação da liberdade) em dois casos:
Assim, a jurisprudência aplica os institutos que acabam • Flagrante de ato infracional (real, presumido, espe-
por retirar a tipicidade, ilicitude ou culpabilidade quando rado, prorrogado/diferido, como previsto na Lei de
não isentam de pena. Por exemplo, ao adolescente infrator, Drogas e Crime Organizado. Porém, o flagrante provo-
aplica-se a legítima defesa, a prescrição socioeducativa, erro cado, forjado, urgido é inadmissível no Brasil (Súmula NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
de tipo, além de diversos institutos da parte geral e do direito nº 145 do STF) - crime impossível.
penal num todo, capazes de suavizar e proporcionar a correta • Ordem judicial de mandado de busca e apreensão re‐
aplicação da restrição de liberdade. gulado pela nº Lei nº 12.594/2012, em seu art. 47, com
Para a aplicação do ECA, considera-se a idade do adoles- validade de 6 (seis) meses, permitida uma renovação.
cente à data do fato, trazendo, assim, um paralelo ao princípio
da atividade previsto na doutrina penal, pois esta lei cria um Atenção! Não confundir o mandado de apreensão com o
momento para a análise do ato infracional. Posto isso, infere-se mandado de prisão que surte efeito em desfavor de adultos.
que faltando 1(um) dia para que um adolescente complete a
maioridade penal ele responderá pelo que preconiza o ECA, • Identificação dos responsáveis pela sua apreensão,
pelo simples fato de ainda ser adolescente (art. 104). devendo ser informado acerca de seus direitos (art.
Muita atenção no caso de ato infracional ser descrito como 106, parágrafo único), o adolescente ou jovem adulto
crime permanente, ou seja, aquele que a flagrância perpassa (art. 2º, parágrafo único) apreendido tem o direito de
pelo tempo, pois será considerada a idade do autor do ato saber quem são as autoridades ou a pessoa, no caso
infracional no momento que encerrar a permanência. Ex.: de flagrante facultativo, que o aprenderam.
um adolescente de 15 anos comete ato infracional análogo • Proibição de incomunicabilidade: a apreensão e lo-
a sequestro, porém, a polícia somente consegue encerrar o cal que se encontre recolhido deverá ser comunica-
referido ato quando ele já estiver com 19 anos, nesse caso, a do à autoridade judiciária competente e à família do
situação foge à regra que ele deveria responder no âmbito do apreendido ou à pessoa por ele indicada. A regra é a
ECA, porém, por força do HC 150169 de SP, deve ser aplicado o liberação imediata (art. 107, parágrafo único).

357
• Internação antes da sentença: prazo de 45 dias (art. 108). • Prestação de Serviços à Comunidade;
• Denominada como Internação Provisória, termo dou‐ • Advertência.
trinário, também disposto na Resolução nº 165, art. 16, • Liberdade Assistida;
onde é denominado como Decreto de Internação Cau- • Inserção em regime de semiliberdade;
telar, art. 2º , inciso I da Resolução, e no art. 183 desta • Internação;
lei. Essa restrição de liberdade não pode ser confundida • Obrigação de reparar o dano; e
com a prisão preventiva ou temporária, pois é um insti‐ • Medidas protetivas (art. 101, incisos I a VI).
tuto cautelar próprio do Direito Infracional Juvenil que
retira a liberdade do adolescente de modo temporário, É vedada a aplicação dos acolhimentos e colocação em
porém também tem um caráter pedagógico. famílias substitutas como medidas socioeducativas, mas
• Fundamentação da decisão: basta a existência de nada obsta que estas sejam aplicadas exclusivamente como
indícios suficientes de autoria e materialidade, para medidas de proteção.
ser demonstrada a necessidade imperiosa da medida. Ex.: um adolescente está cumprindo medida de semili‐
Lembrando que aqui há uma fase de apuração do ato berdade, porém não possui família. Depois do trâmite legal,
infracional, um instituto semelhante a investigação cri‐ o juiz pode aplicar o acolhimento familiar ou institucional, ou
minal no caso de adulto, assim, ainda não há como falar colocá-lo em família substituta, pois, no momento que ele
em um processo judicial socioeducativo que necessite puder retornar para sua residência, terá uma dessa opções.
de prova de autoria e materialidade para aplicação das
medidas socioeducativa previstas no art. 112, salvo Dica! As medidas socioeducativas de prestação de servi-
advertência. ços à comunidade, advertência, liberdade assistida, inser-
• Vedação de identificação compulsória: órgãos, po‐ ção em regime de semiliberdade e obrigação de reparar o
liciais, de proteção e judiciais, salvo, para efeito de dado são denominadas na doutrina como Medidas Socio-
confrontação, havendo dúvida fundada. educativas Próprias.
• Atenção! Não confundir com a tão falada identificação
criminal. Adolescentes não cometem crime, assim não Já as Medidas de Proteção permitidas (art. 101, incisos I
podem passar pelo crivo de identificação imposto ao a VI), ao serem aplicadas, são denominadas como Medidas
adulto criminoso. Socioeducativas Impróprias.
A aplicação da medida socioeducativa levará em conta
CAPÍTULO III a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravi-
Das Garantias Processuais
dade da infração.
Privação da Liberdade
Atenção! Na Lei Sinase, no art. 1º, incisos I, II, III, são
Somente ocorrerá com o devido processo legal (art. 110)
tratados os objetivos que trouxeram mudanças (RID: repro-
e possui as seguintes garantias:
vação, integração social e desaprovação da conduta, § 1º).
• pleno e formal conhecimento da atribuição de ato in‐
Nessa a apreciação poderá ser arguida a questão da exclu‐
fracional, mediante citação ou meio equivalente;
• igualdade na relação processual, podendo confrontar‐ dente de ilicitude, excludente de culpabilidade, erro de tipo,
-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as proibição etc.
provas necessárias à sua defesa;
• defesa técnica por advogado; Raro Direito Absoluto no Brasil – Proibição de Trabalho
• assistência judiciária gratuita e integral aos necessita‐ Forçado (§ 2º)
dos, na forma da lei; Cuidados com a saúde mental: doença ou deficiência
• direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade mental ensejará tratamento individual e especializado, em
competente; local adequado às suas condições (§ 3º). Aplica-se a este Capí‐
• direito de solicitar a presença de seus pais ou respon‐ tulo o disposto nos arts. 99 e 100, princípios de proteção. Não
sável em qualquer fase do procedimento (art. 111). confundir com incomunicabilidade o tratamento de saúde.
Dica! É importante ressaltar que, segundo a doutrina,
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

o devido processo legal subdivide-se em Processo Legal Aplicação das Medidas Socioeducativas Previstas no Art.
Substantivo, isto é, aquele composto por todo escopo de 112 – PALIIO e Protetivas
leis que devem ser razoáveis e racionais quanto se trata de Pressuposto: existência de provas suficientes da autoria
atos do Estado. E em Processo Legal Processual, ligado aos e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de
chamados de princípios síntese, ou seja, aqueles que são remissão, nos termos do art. 127, pois esta gerará um tipo
verdadeiros pilares do processo, tais como: ampla defesa, de perdão e pode ser cumulada com qualquer medida so‐
contraditório, Juiz Natural, Duplo Grau de Jurisdição. cioeducativa, salvo internação e semiliberdade. A remissão
pode ser dada ao adolescente inclusive na apreciação de
CAPÍTULO IV excludente de ilicitude, causa de isenção de sanção, como
Das Medidas Socioeducativas embriaguez ou uso de drogas por caso fortuito e força maior,
atendendo aos requisitos do art. 26 do Código Penal, bem
Seção I como da Lei de Drogas, contudo, tais dispositivos sempre
Disposições Gerais serão utilizados em favor do adolescente.
Cabe ressaltar que a Medida Socioeducativa se diferen-
É a resposta estatal frente ao ato infracional cometido cia da Internação Provisória, pois nesta não é preciso pro-
por adolescentes. var a autoria e materialidade, basta que ocorram indícios
desses institutos.
Medidas Socioeducativas (art. 112) A advertência segue a linha da internação provisória
Mnemônico: PALIIO (rol taxativo segundo a doutrina e que, para a aplicação, necessita apenas de indícios suficien-
a jurisprudência). tes de autoria e prova da materialidade (art. 114).

358
Das Medidas Socioeducativas, PALIIO e Protetivas semiliberdade, fato que ocorre literalmente na medida so‐
cioeducativa de internação.
Prestação de Serviços à Comunidade A medida de semiliberdade, igualmente a liberdade as‐
• Consiste: na realização de tarefas gratuitas de inte- sistida e a prestação de serviços à comunidade, atua com
resse geral. uma participação efetiva no quesito de autodisciplina do
• Prazo: não excede seis meses e oito horas por sema‐ socioeducando, pois nessa medida ele fica sem vigilância
na; dias: úteis, sábados, domingos ou feriados, porém dos agentes socioeducativos nas atividades escolares, profis‐
não pode colidir com horário escolar e jornada normal sionalizantes, dentre outras, entretanto, em algum período
trabalho. ele retornará para a unidade predial de semiliberdade, lem‐
• Local de cumprimento: entidades assistenciais, hos‐ brando que não há uma obrigatoriedade para que ele saia
pitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, durante o dia e retorne à noite, porém isso é o mais comum.
bem como em programas comunitários ou governa‐ Há ainda a denominada pela doutrina de semiliberdade
mentais (art. 117). invertida, na qual durante o dia o adolescente recebe um
forte acompanhamento dos profissionais do sistema socio‐
Advertência educativo e no período da noite ele retorna para sua resi‐
• Consiste: em admoestação verbal reduzida a termo dência ou para a Unidade de Acolhimento Institucional, em
e assinada (art. 115). caso de socioeducando que não tenha vínculos familiares e
• Prazo: não possui, pois se exaure no ato de aplicação. tenha recebido essa medida de proteção por parte do juiz.
• Local de aplicação: na própria audiência.
Internação
Liberdade Assistida • Consiste: em medida privativa da liberdade.
• Consiste: na medida em que sempre se afigurar a • Tem com baliza os princípios da brevidade, excepcio-
medida mais adequada para acompanhar, auxiliar e nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
orientar. desenvolvimento.
• O juiz designará pessoa para acompanhar, que poderá • Atividades externas: a critério da equipe técnica da
ser indicada pela entidade ou programa (distinto da entidade, salvo expressa determinação judicial em
Lei Sinase, que em art. 13, inciso I, deu tal função ao contrário (§ 7º).
diferente da liberdade assistida). • Prazo: não pode exceder três anos (§ 3º, art. 121).
• Prazo: mínimo de seis meses, podendo ser prorroga- • Reavaliação: tempo máximo a cada seis meses (§ 2º,
do, revogado ou substituído a qualquer tempo. Para art. 121).
tal, deve-se ouvir o Ministério Público. • Liberação compulsória: aos 21 anos (§ 5º, art. 121) ou
• Orientador: pessoa designada pelo juiz. Esse profis‐ colocado em semiliberdade ou liberdade assistida.
sional passa a ser designado pelo gestor da unidade
onde ocorre a medida, conforme a Lei Sinase de 2012. Não confundir a internação, medida socioeducativa que
Atenção neste ponto. não pode exceder o prazo de três anos, com a internação
• Funções do orientador com apoio e a supervisão da sanção (doutrina), medida restritiva de liberdade que ocor-
autoridade competente: re nos casos de descumprimento de semiliberdade, liber-
− promover socialmente o adolescente e sua família, dade assistida, prestação de serviço à comunidade, obri-
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se neces‐ gação de reparar o dano, pois na internação o adolescente
sário, em programa oficial ou comunitário de auxílio ou jovem adulto pode ficar internado por até três meses
e assistência social; (art. 122, III, § 1º).
− supervisionar a frequência e o aproveitamento es‐
colar do adolescente, promovendo, inclusive, sua Causas de Aplicação de Medida Socioeducativa de In-
matrícula; ternação:
− diligenciar no sentido da profissionalização do ado‐ • tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
lescente e de sua inserção no mercado de trabalho; ameaça ou violência a pessoa;
− apresentar relatório do caso (art. 119). • por reiteração no cometimento de outras infrações
graves (na atualidade não se trabalha com quantidade
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
Inserção em Regime de Semiliberdade de atos, conforme os Tribunais Superiores);
• Consiste: em uma medida que pode ser aplicada des- • por descumprimento reiterado e injustificável da me‐
de o início, ou como forma de transição para o meio dida anteriormente imposta (a doutrina denomina in-
aberto, realização de atividades externas, indepen- ternação sanção) e seu prazo não poderá ser superior
dentemente de autorização judicial. a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente
• É obrigatória a escolarização e a profissionalização e, após o devido processo legal.
sempre que possível, devem ser utilizados os recursos
existentes na comunidade. Excepcionalidade da Internação
• Prazo: no que se adequar aplica-se o que o dispõe a Havendo outra medida adequada, essa deverá ser apli‐
internação. São eles: não poder exceder três anos (§ cada. Essa medida, por ser privativa de liberdade segundo
3º, art. 121); reavaliação com tempo máximo a cada o Estatuto, dever ser a ultima ratio, no que tange à respon‐
seis meses (§ 2º, art. 121); liberação compulsória aos sabilização do adolescente em virtude de sua característica
21 anos (§ 5º, art. 121). que, mesmo sendo preponderantemente pedagógica, tem
seu lado sancionatório, que em uma comparação imperfei‐
É de bom tom ressaltar que o prazo da medida socio‐ ta, no que tange ao quesito estrutural de uma unidade de
educativa de semiliberdade é implícito, utilizando os da internação, possui verdadeiras celas.
internação, bem como no caso da liberação compulsória, A internação deve ser cumprida em entidade exclusiva
assim, muitas questões de concursos cobram essa temática, para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao
afirmando que tais institutos são expressos no que tange à abrigo, com a devida separação por critérios de idade, com-

359
pleição física e gravidade da infração. Na internação, inclu‐ • Consequências: gera a suspensão ou extinção.
sive na provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. • Elementos de análise: circunstâncias do fato, contexto
social, personalidade e nível de participação no ato
Proibição de Incomunicabilidade X Isolamento Discipli- infracional (art. 126, parágrafo único).
nar (Lei nº 12.594/2012, art. 15, IV, art. 8 § 2º) ou Isolamen- • Perdão do Juiz Suspende ou Extingue (PJS EXTINGUE).
to Proteção ( Lei nº 12. 594/2012, art. 16, § 2º)
A incomunicabilidade é vedada pelo próprio ECA, porém A Remissão não gera o reconhecimento nem a respon-
a lei de execução da medida socioeducativa, Lei Sinase, prevê sabilidade do autor e não conta como antecedentes de ato
a possibilidade de isolar o adolescente, pois ele pode estar infracional. Pode incluir qualquer medida socioeducativa,
sob risco de morte ou agressão nos casos de cometimento salvo internação e semiliberdade (art. 127). Também pode
de ato infracional descritos como crimes contra a dignida‐ haver revisão judicial, caso seja incluída alguma medida so‐
de sexual, já que na subcultura infracional os adolescentes cioeducativa, sob pedido do adolescente, representante legal
não toleram conviver com outros que sejam autores de ato ou Ministério Público (art. 128), esses casos são chamados
infracional análogo a estupro, por exemplo, assim, surge a pela doutrina de remissão clausulada, como cita o promotor
possibilidade de isolamento que os separa dos demais, po‐ Guilherme Freire em seu livro ECA para Concursos.
rém não o torna incomunicável.
Haverá possibilidade suspensão temporária de visitas in‐ TÍTULO IV
clusive dos pais ou responsáveis, se existirem motivos sérios DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS
e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adoles‐ OU RESPONSÁVEL (ART. 129)
cente. Ato que guarda a cláusula de reserva jurisdicional, isto
é, somente o juiz competente pode realizar tal suspensão. Medidas Aplicáveis aos Pais ou Responsável

Dever de Segurança e Contenção Órgão de Aplicação:


Por se tratar de caso de uso da força, cabe ao Estado • Juiz: poderá aplicar todas.
buscar e zelar pela integridade física e mental dos internos. • Conselho Tutelar: poderá aplicar as que constam nos
Neste caso, permite-se o uso de equipamentos de prote‐ incisos I e VII.
ção, como algemas (Súmula nº 11 do STF), escudo acrílico e “I - encaminhamento a serviços e programas oficiais
bastão tonfa em caso excepcionais, esgotados todos meios ou comunitários de proteção, apoio e promoção da
de solução pacífica de conflitos (Lei nº 12.594/2012 impõe família; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
métodos de gestão de crises art. 15, IV), além da previsão II – inclusão em programa oficial ou comunitário de
de possibilidade de isolamento do socioeducando em casos auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxi‐
extremos de risco a sua integridade física, obrigando a co‐ cômanos;
municação do fato ao Ministério Público e ao juiz. Cuidado: III  – encaminhamento a tratamento psicológico ou
não confunda isolamento de proteção ou sanção com inco- psiquiátrico;
municabilidade, que, como já dito, é ato vedado pelo ECA. IV – encaminhamento a cursos ou programas de orien‐
tação;
Obrigação de Reparar o Dano V – obrigação de matricular o filho ou pupilo e acom‐
• Consiste: no ato de restituir a coisa, promover o res- panhar sua frequência e aproveitamento escolar;
sarcimento do dano, ou outra forma de compensar VI – obrigação de encaminhar a criança ou adolescente
o prejuízo da vítima. Quando se tratar de atos infra- a tratamento especializado;
cionais com reflexos patrimoniais. VII – advertência;
• Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá VIII – perda da guarda;
ser substituída por outra adequada (art. 116). IX – destituição da tutela;
X – suspensão ou destituição do poder familiar.
Das medidas protetivas aplicadas pelo juiz não cabem Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
acolhimento institucional ou familiar, nem colocação em nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto
família substituta. nos arts. 23 e 24.”
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

CAPÍTULO V Essas medidas têm a finalidade de atenuar a ameaça ou


Da Remissão lesão ao direito da criança e do adolescente e, para tanto,
surgem várias possibilidades de cunho escolar ou de saúde,
A Remissão é definida pela doutrina como perdão mi- além de situações drásticas, como a perda ou suspensão do
nisterial e perdão judicial quanto ao cometimento do ato poder familiar. Deve-se ter cuidado com esse termo, pois as
infracional. provas o chamam de pátrio poder e, dessa forma, torna a
questão errada.
Remissão Ministerial ou Administrativa
• Momento: antes de iniciar o procedimento de apuração. Medida Cautelar de Afastamento do Agressor da Mo-
• Órgão para concessão: Ministério Público. radia Comum
• Consequências: gera exclusão do processo. Em casos de maus tratos e abuso sexual realizados pelos
• Elementos de análise: circunstâncias do fato, contexto pais ou responsáveis, estes poderão ser afastados do lar a
social, personalidade e nível de participação no ato fim de proteger a criança ou adolescente. Tal afastamento
infracional (art. 126). pode ocorrer tão somente por ordem de juiz competente e,
• Perdão do Promotor Exclui (PPE). para tanto, se necessário, será utilizada força por meio de
órgãos policiais.
Remissão Judicial Outra medida aplicada pelo magistrado é a fixação pro-
• Momento: iniciado o procedimento de apuração. visória de alimentos, ou seja, o juiz pode determinar o pa‐
• Órgão para concessão: juiz. gamento de pensão alimentícia de modo cautelar.

360
TÍTULO V − representar, em nome da pessoa e da família, contra
DO CONSELHO TUTELAR a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º,
inciso II, da Constituição Federal;
CAPÍTULO I − representar ao Ministério Público para efeito das
Disposições Gerais ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
esgotadas as possibilidades de manutenção da crian‐
Conselho Tutelar: ça ou do adolescente junto à família natural;
• Definição: órgão permanente. Não pode parar o aten- − promover e incentivar, na comunidade e nos gru‐
dimento. pos profissionais, ações de divulgação e treinamento
• Autônomo: não sofre subordinação hierárquica. para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos
• Não jurisdicional: só o juiz tem jurisdição. É encarre- em crianças e adolescentes.
gado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos • No uso das atribuições: afastamento de criança e
direitos. A sociedade outorgou ao Conselho Tutelar a adolescente da família, comunicação imediata ao
defesa dos direitos previstos no ECA (art. 131). Ministério Público (parágrafo único, art. 136).
• Estrutura: no mínimo 1 (um) em cada Município e em Esse instituto não se confunde com a colocação em
cada Região Administrativa do Distrito Federal. família substituta ou acolhimento institucional ou fami‐
• Alocação administrativa: órgão integrante da admi‐
liar, nem com a suspensão ou perda do poder familiar
nistração pública local.
que são institutos próprios de aplicação pelo juiz.
• Composição: 5 (cinco) membros, escolhidos pela po‐
• Revisão das decisões do Conselho Tutelar: só o juiz
pulação local.
• Tempo de mandato: 4 (quatro) anos, permitida 1 pode rever o ato decisório do Conselheiro Tutelar, além
(uma) recondução, mediante novo processo de esco‐ disso, o pedido pode ser formulado por quem tenha
lha (art. 132). interesse legítimo (art. 137).
• Requisitos para candidatura: • Da competência constante do art. 147: firma-se pelo
− reconhecida idoneidade moral; local da residência dos pais ou local onde se encon-
− idade superior a vinte e um ano; trem.
− residir no município (art. 133).
• Delegação a lei municipal e distrital: quanto ao local, Atenção! Em se tratando de ato infracional, será com-
dia, horário e remuneração. Tema tratado na LOA: re‐ petente o juiz do local da infração.
cursos para funcionamento e remuneração e treina‐
mento dos conselheiros (parágrafo único, art. 134). • Do processo de escolha: será realizado sob a respon‐
• Direitos Sociais: sabilidade do Conselho Municipal dos Direitos com a
− cobertura previdenciária; fiscalização do Ministério Público.
− gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 Ocorrerá em data unificada em todo o território na‐
(um terço) do valor da remuneração mensal; cional, no primeiro domingo do mês de outubro do
− licença-maternidade; ano subsequente ao da eleição presidencial. A posse
− licença-paternidade; ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao
− gratificação natalina. processo de escolha.
• “Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro Ex.: a eleição presidencial ocorreu no 1º domingo de
constituirá serviço público relevante e estabelecerá outubro de 2018, logo, o processo de escolha de con‐
presunção de idoneidade moral.” selheiro ocorrerá no 1º domingo de outubro de 2019,
• Atribuições do Conselho: e a posse no dia 10 janeiro de 2020.
− atender nos casos previstos nos arts. 98 e 105, apli‐ • Prazo do mandato: 4 (quatro) anos.
cando as medidas previstas no art. 101, I a VII; • Proibições: é proibido o candidato doar, oferecer, pro‐
− atender e aconselhar os pais ou responsável aplican‐ meter ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal
do as medidas previstas no art. 129, I a VII; de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno
− promover a execução de suas decisões, podendo valor.
para tanto: • Impedimentos: marido e mulher, ascendentes e des‐ NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,
cendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados,
educação, serviço social, previdência, trabalho e se‐
durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou ma‐
gurança;
drasta e enteado. Estende-se o impedimento, na forma
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos
de descumprimento injustificado de suas delibera‐ deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao
ções. representante do Ministério Público com atuação na
− encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na
constitua infração administrativa ou penal contra os comarca, foro regional ou distrital.
direitos da criança ou adolescente;
− encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua Do Acesso à Justiça em se Tratando de Crianças e Ado-
competência; lescentes
− providenciar a medida estabelecida pela autoridade
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, É garantido o acesso à Defensoria Pública, ao Ministério
para o adolescente autor de ato infracional; Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos
− expedir notificações; (art. 141).
− requisitar certidões de nascimento e de óbito de
criança ou adolescente quando necessário; Da Assistência Judiciária Gratuita (§ 1º)
− assessorar o Poder Executivo local na elaboração da
proposta orçamentária para planos e programas de Será prestada aos que dela necessitarem, através de de-
atendimento dos direitos da criança e do adolescente; fensor público ou advogado nomeado.

361
Da Isenção de Custas e Emolumentos (§ 2º) pétrea da separação dos poderes, não podendo um poder
interferir no funcionamento do outro.
Para as ações judiciais da competência da Justiça da In‐
fância e da Juventude não haverá tal cobrança, ressalvada a Do Juiz (Art. 146)
hipótese de litigância de má-fé. Segundo Maria Delgado apud
Maria Helena Diniz, é possível indicar as seguintes definições: A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infância
Custas: São as taxas remuneratórias autorizadas em lei e da Juventude ou o juiz que exerce essa função, na forma
e cobradas pelo poder público em decorrência dos serviços da lei de organização judiciária local.
prestados pelos serventuários da justiça para a realização dos A competência será determinada (art. 147, I, II e §1º):
atos processuais e emolumentos devidos ao juiz. Tais custas • pelo domicílio dos pais ou responsável;
são, em regra, pagas pela parte vencida, ante o princípio da • pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente
sucumbência. à falta dos pais ou responsável;
Emolumentos: 1. Taxa. 2. Contribuição paga pelo que • pelo lugar da ação ou omissão quando se tratar de ato
se favorece de um serviço prestado por repartição pública. infracional, observadas as regras de conexão, continên‐
3. Retribuição paga a serventuários públicos pelo exercício cia e prevenção.
de seu cargo, além do vencimento normal que recebe, ante
o fato de ter executado atos judiciais ou extrajudiciais, car‐ Atenção! Pode haver a delegação da execução das me‐
torários etc. 4. Gratificação. 5. Lucro eventual de dinheiro. didas tomadas pelo magistrado à autoridade competente
da residência dos pais ou responsável, ou do local onde se
Da Representação X Assistência pelos Pais, Tutores e sediar a entidade que abrigar a criança ou adolescente (§ 2º).
Curadores (Art. 142)
Em caso de infração que utilize transmissão simultânea
Menores 16 anos serão representados e maiores de 16 de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca:
e menores de 21 anos assistidos por seus pais, tutores ou • será competente, para aplicação da penalidade, a auto‐
curadores, na forma da legislação civil ou processual. ridade judiciária do local da sede estadual da emissora
Cabe ressaltar, que com o advento do Código Civil de ou rede;
2002, a maioridade civil passa a ser de 18 anos por força do • tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras
art. 5º, sendo assim, mesmo não havendo essa alteração ou retransmissoras do respectivo estado.
expressa no ECA, esse dispositivo está tacitamente revogado,
lembrando que trata aqui dos atos da vida civil, com exce‐ Da Competência da Justiça da Infância e Juventude
ção do parágrafo único do art. 2º desta lei que, excepcional‐ (Art. 148)
mente, aplica-se a pessoas com idade entre 18 e 21 anos,
isto é, aplica-se aos jovens adultos que cumprem medidas “I - conhecer de representações promovidas pelo Minis-
socioeducativas nessa idade por terem cometido atos infra‐ tério Público, para apuração de ato infracional atribuído a
cionais quando ainda eram adolescentes. Tal entendimento adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
foi validado pela Ministra Laurita Vaz (STJ, no HC 180.066- RJ). II – conceder a remissão, como forma de suspensão ou
extinção do processo;
Curador Especial III – conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
IV  – conhecer de ações civis fundadas em interesses
Sempre que os interesses de crianças e adolescentes coli‐ individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao ado‐
direm com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer lescente, observado o disposto no art. 209;
de representação ou assistência legal ainda que eventual, V – conhecer de ações decorrentes de irregularidades em
haverá vedação de divulgação de informações de identifica- entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
ção de criança e adolescente (art. 143). Havendo atribuição VI  – aplicar penalidades administrativas nos casos de
de autoria de ato infracional, em qualquer procedimento, infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente;
suspeição ou, até mesmo após um processo socioeducativo, VII – conhecer de casos encaminhados pelo Conselho
é vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e adminis‐ Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

trativos que lhes digam respeito. Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou ado‐
Veda-se qualquer identificação mesmo se tratando de: lescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a
fotografia, referência ao nome, apelido, filiação, parentes- Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
co, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
(parágrafo único). Até mesmo a cópia sobre tais atos exigem b) conhecer de ações de destituição do poder familiar,
autorização judicial, devendo haver interesse e justificada a perda ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão subs-
finalidade dessas cópias. tituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o ca‐
Da Justiça da Infância e da Juventude samento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância pa-
Criação facultativa de Justiça Especializada na Infância terna ou materna, em relação ao exercício do pátrio poder
e Juventude (art. 145.) Os estados e o Distrito Federal po- poder familiar; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
derão criar varas especializadas e exclusivas da infância e de 2009)
da juventude. e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quan‐
Cabe ao poder judiciário estabelecer sua proporcionali‐ do faltarem os pais;
dade por número de habitantes, dotá-las de infraestrutura e f) designar curador especial em casos de apresentação
dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões. de queixa ou representação, ou de outros procedimentos
É de bom tom ressaltar que o legislador não poderia judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança
obrigar ao poder judiciário a criação da Justiça da Infância ou adolescente;
e Juventude, pois haveria aqui um desrespeito à cláusula g) conhecer de ações de alimentos;

362
h) determinar o cancelamento, a retificação e o supri- para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção
mento dos registros de nascimento e óbito. à infância e à juventude;
Art. 149. Compete à autoridade judiciária: VIII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
Disciplinar, através de portaria, ou legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo
Autorizar, mediante alvará: as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
I – a entrada e permanência de criança ou adolescente, IX  – impetrar mandado de segurança, de injunção e
desacompanhado dos pais ou responsável, em: habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na
a) estádio, ginásio e campo desportivo; defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis afe‐
b) bailes ou promoções dançantes; tos à criança e ao adolescente;
c) boate ou congêneres; X – representar ao juízo visando à aplicação de penali‐
d) casa que explore comercialmente diversões eletrô‐ dade por infrações cometidas contra as normas de prote‐
nicas; ção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível;
II – a participação de criança e adolescente em: XI – inspecionar as entidades públicas e particulares de
a) espetáculos públicos e seus ensaios; atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando
b) certames de beleza. de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade à remoção de irregularidades porventura verificadas;
judiciária levará em conta, dentre outros fatores: XII – requisitar força policial, bem como a colaboração
a) os princípios desta Lei; dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assis‐
b) as peculiaridades locais; tência social, públicos ou privados, para o desempenho de
c) a existência de instalações adequadas; suas atribuições.
d) o tipo de frequência habitual ao local; § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
frequência de crianças e adolescentes; mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e
f) a natureza do espetáculo. esta Lei.
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem
deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as deter- outras, desde que compatíveis com a finalidade do Minis‐
minações de caráter geral.” tério Público.
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício
Do Ministério Público de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se en‐
contre criança ou adolescente.
“Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nes‐
§ 4º O representante do Ministério Público será respon‐
ta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.”
sável pelo uso indevido das informações e documentos que
Competência do Ministério Público (Art. 201)
requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
“I - conceder a remissão como forma de exclusão do
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inci‐
processo;
so VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério
II – promover e acompanhar os procedimentos relativos
Público:
às infrações atribuídas a adolescentes;
III – promover e acompanhar as ações de alimentos e os a) reduzir a termo as declarações do reclamante, ins‐
procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar, taurando o competente procedimento, sob sua presidência;
nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
como oficiar em todos os demais procedimentos da com‐ reclamada, em dia, local e horário previamente notificados
petência da Justiça da Infância e da Juventude; (Expressão ou acertados;
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) c) efetuar recomendações visando à melhoria dos servi‐
IV  – promover, de ofício ou por solicitação dos inte‐ ços públicos e de relevância pública afetos à criança e ao ado‐
ressados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e lescente, fixando prazo razoável para sua perfeita adequação.
a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for
administradores de bens de crianças e adolescentes nas hi‐ parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
póteses do art. 98; dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em
V – promover o inquérito civil e a ação civil pública para que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar do‐
a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos cumentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis.
relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer
no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal; caso, será feita pessoalmente.
VI  – instaurar procedimentos administrativos e, para Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público
instruí-los: acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício
a) expedir notificações para colher depoimentos ou es‐ pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
clarecimentos e, em caso de não comparecimento injustifi‐ Art. 205. As manifestações processuais do representante
cado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia do Ministério Público deverão ser fundamentadas.”
civil ou militar;
b) requisitar informações, exames, perícias e documen- Do Advogado
tos de autoridades municipais, estaduais e federais, da admi‐
nistração direta ou indireta, bem como promover inspeções “Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou res-
e diligências investigatórias; ponsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse
c) requisitar informações e documentos a particulares e na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de
instituições privadas; que trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado
VII – instaurar sindicâncias, requisitar diligências inves‐ para todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial,
tigatórias e determinar a instauração de inquérito policial, respeitado o segredo de justiça.

363
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária in- posterior (art. 16), o próprio Nucci, em sua obra voltada para
tegral e gratuita àqueles que dela necessitarem. criança e adolescentes, afirma que devem ser analisados a
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prá‐ conduta e seus elementos nos atos infracionais descritos
tica de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será como crimes dolosos ou culposos, pois o próprio ECA não
processado sem defensor. possui tais institutos, assim, utiliza‐se da tipicidade remetida
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser‐lhe‐á nome‐ (art. 102).
ado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir Por fim, vale lembrar que o ECA se utiliza do processo pe‐
outro de sua preferência. nal na parte que trata dos crimes cometidos contra crianças
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adia‐ ou adolescentes, porém nada obsta que princípios do proces‐
mento de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear so penal possam ser utilizados na aferição do ato infracional,
substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito sempre buscando efetivar o supra princípio do Estatuto, que
do ato. é a proteção integral, além de garantir o superior interesse
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se de adolescentes no procedimento que poderá ensejar as
tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido medidas socioeducativas (art. 112), sobretudo, aqueles que
indicado por ocasião de ato formal com a presença da au‐ têm o condão de privar ou restringir a liberdade, como a
toridade judiciária.” Semiliberdade, e a mais gravosa, a Internação.
A seguir haverá alguns esquemas relacionados às três
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente fases de apuração do ato infracional. Tais esquemas surgem
do trabalho grandioso desenvolvido pelo Ministério Público
A doutrina, como leciona os professores Nucci e Guilher‐ do Estado do Rio Grande do Sul.
me Freire, afirma que neste ponto o ECA trata do processo • FASE POLICIAL.
socioeducativo, isto é, mesmo que o Estatuto não traga essa • FASE MINISTERIAL.
denominação expressa, este título trata da sequência de atos • FASE JUDICIAL.
e procedimentos que serão utilizados desde a apreensão do
adolescente até a sentença final, que poderá sentenciar o Essas fases demonstram o sequencial de atos realizados
adolescente por autoria e materialidade de um ato infracio‐ por diversos atores do sistema de garantia de direitos de ado‐
nal, podendo o juiz aplicar, assim, as medidas socioeducati‐ lescentes infratores, surgindo a partir da captura/apreensão
vas. Em uma comparação imperfeita, seria como se tivesse do adolescentes, ratificação da apreensão pela autoridade
o processo penal para chegar na condenação ou absolvição, policial, atuação do Ministério Público, advogado, até chegar
porém o ECA traz uma série de nomenclaturas distintas que no Magistrado da infância, para que se chegue na autoria e
podem levar ao equívoco. Cabe ressaltar que a jurisprudên‐ materialidade do ato infracional ou na sua não realização,
cia e a doutrina se socorrem da parte geral do Código Penal que, por sua vez, pode ensejar uma das medidas socioe‐
para que se aplique institutos como excludentes de ilicitude ducativas previstas no art. 112 desta lei ou, até mesmo, na
(art. 23, CPB), erro de tipo (art. 20,CPB), tentativa (art. 14, aplicação do instituto da remissão ou no reconhecimento da
CPB), desistência
Prof. Ravan Leão voluntária (art. 15, CPB), arrependimento inocência do adolescente.
PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL - FASE POLICIAL
PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL – FASE POLICIAL
APREENSÃO EM
FLAGRANTE – (Art. 172) AUTORIDADE POLICIAL
Notícia do Ato
Infracional
(Art. 177)
Informa ao adolescente seus direitos
comunicando o juiz, familiar ou pessoa indicada
(Arts. 106 e 107) (Arts. 230 e 231)

Cometido mediante violência ou Sem violência ou grave ameaça a pessoa


grave ameaça – (Art. 173) (Art. 173, parágrafo único)
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

Lavra auto de apreensão, ouve


Lavra boletim de ocorrência circunstanciado
testemunha e adolescente
Boletim de Ocorrência
Apreende produto e instrumento do
crime requerendo exames ou perícias Apreende produto e instrumento do crime
requerendo exames ou perícias

Análise da possibilidade de liberação imediata


(Art. 234) Investiga Autoria
+ Materialidade
NÃO LIBERAÇÃO
Quando ato infracional grave e sua repercussão LIBERAÇÃO
social indicar internação para garantir segurança Quando o ato infracional não se revestir de
pessoal ou manutenção da ordem pública OU o gravidade. E comparecendo pais ou responsável
não comparecimento dos pais ou responsável (Art. 174)
(Art. 174)

Entrega o adolescente, mediante termo, aos pais ou


Autoridade policial encaminha adolescente ao Na impossibilidade responsável, para apresentação ao MP
Encaminha ao MP
MP com cópia do boletim ou auto apreensão encaminha-o para expediente policial
(Art. 175) entidade de atendimento investigatório
(relatório + documentos)

Ministério Público

364
MODELO ADVINDO DO MP
Prof. Ravan Leão Email: alvesdf1@gmail.com
Imagem 2- FluxogramaFLUXOGRAMA
Apuração APURAÇÃO
do Ato Infracional MP/RS -MP/RS
DO ATO INFRACIONAL FASE– FASE
MP MP

Ministério Público
Autuação prévia do auto
de apreensão, boletim de
ocorrência ou relatório
policial, pelo cartório
judicial, com informação
sobre os antecedentes.
.........................(Art. 179)

Sim

Não
O adolescente é apresentado?

MP ouve (informalmente)
o adolescente e, se O MP notifica os pais ou
possível, pais/responsável/ responsável para apresentar
vítima/testemunha o adolescente

Concede remissão com Promove o Arquivamento Oferece representação oral


ou sem ajuste de medida (Art. 181) ou escrita, requerendo ou
(concordância) Súmula não internação provisória
nº108-STJ (Art. 182)
(Art. 181) AUTORIDADE
JUDICIÁRIA

Discorda da Remissão ou
Homologa a remissão ou arquivamento Recebe ou rejeita a
arquivamento representação

Arquiva, se for o caso, PROCURADOR-GERAL DE Instauração ação


determinando o socioeducativa ou
cumprimento da medida
JUSTIÇA NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
recurso (apelação)
acordada em sede de
remissão pelo MP

Ratifica Não Ratifica

Homologação pelo Juiz Oferece ou designa outro membro do


MP para apresentar representação

365
Prof. Ravan Leão

PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL ATRIBUIDO A ADOLESCENTE - FASE JUDICIAL

Representação Juiz

Se o adolescente
estiver internado. Recebe a representação.
Designa audiência de apresentação Se o adolescente não
§ 4° estiver internado.
e decide sobre a internação.
(Art. 184) (§ 1°)

Não encontra ou não


Cita o adolescente e requisita comparecem pais ou Cita o adolescente e cientifica pais
sua apresentação, notificando responsáveis, nomeia ou responsáveis, notificando-os
pais ou responsáveis. curador. para audiência de apresentação
acompanhados de advogado.

Se não encontra o adolescente,


Se o adolescente expede mandado de busca e
notificado não comparece, apreensão. Sobrestando o feito até
condução coercitiva. a efetiva apresentação.
(Art. 187) (§ 3°)

AUDIÊNCIA DE APRESENTAÇÃO
Oitiva do adolescente
Oitiva dos pais ou responsáveis
(Art. 186)

Ouvidas as partes, o juiz


concede remissão com ou
sem aplicação de medida.
Juiz não concede remissão.
Se necessário determina
diligências e estudo do caso.

Juiz extingue ou suspende


o processo. Defesa
Prévia.

Audiência em Continuação
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

Vítima/Testemunhas/Relatório Técnico - Debates e Sentença (Art. 186, § 4°)

Se aplicou medida privativa de liberdade intima o


adolescente (se não encontrado, o pai ou responsável) e Se não aplicou medida privativa de
Defensor (Art. 190) liberdade íntima e Defensor.

Obs:
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do
procedimento, antes da sentença.
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, estando o adolescente internado
provisoriamente, será de quarenta e cinco dias. (Art. 235)
Fonte: MPERS

366
TÍTULO VII Pena - detenção de seis meses a dois anos.
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que pro‐
ADMINISTRATIVAS cede à apreensão sem observância das formalidades legais.

CAPÍTULO I SUJEITO ATIVO: Crime comum. Qualquer pessoa pode ser


Dos Crimes o agente.
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem CONDUTA: Interromper ou retirar, a liberdade por meio
prejuízo do disposto na legislação penal. de sua apreensão fora dos casos de flagrância ou por man‐
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as dado de busca e apreensão emitido por Juiz de Direito da
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao pro- Infância e juventude.
cesso, as pertinentes ao Código de Processo Penal. ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pú- CONSUMAÇÃO: Dar-se com a privação ou seja interrupção
blica incondicionada. ou retirada da liberdade.
TENTATIVA: Admite-se.
Seção II
Dos Crimes em Espécie Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata co-
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente municação à autoridade judiciária competente e à família
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de man- do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
ter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo Pena - detenção de seis meses a dois anos.
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à par-
turiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica,
declaração de nascimento, onde constem as intercorrências SUJEITO ATIVO: Crime próprio. Agente tem de ser Autorida‐
do parto e do desenvolvimento do neonato: de Policial, ou seja, Delegado de Polícia ou outra autoridade
Pena - detenção de seis meses a dois anos. policial legalmente designada, ex.: polícia legislativa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo: SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. CONDUTA: Não realizar a comunicação a Juiz, família ou
outra pessoa indicada pela criança ou adolescente.
SUJEITO ATIVO: Crime próprio. Deve o agente ser encarre‐ ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
gado de serviço ou dirigente do estabelecimento de saúde. CONSUMAÇÃO: Mera omissão.
SUJEITO PASSIVO: Gestante ou parturiente. TENTATIVA: Não cabe, pois se trata de crime omissivo.
CONDUTA: Consiste no não realizar a ação prevista no art.
10, isto é, trata-se de crime omissivo. Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua au-
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo ou culpa. toridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangi-
mento:
CONSUMAÇÃO: Dar-se com a mera omissão. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
TENTATIVA: Não cabe, pois trata-se de crime culposo.

Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa que possua a autori‐
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identifi- dade, guarda ou vigilância. Ex.: pais, responsáveis legais,
car corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do professores, empregados, agente socioeducativos, policiais
parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos durante a apreensão ou acompanhamento em delegacia
no art. 10 desta Lei: especializada.
Pena - detenção de seis meses a dois anos. SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
Parágrafo único. Se o crime é culposo: CONDUTA: Impor, sujeitar ou subordinar. NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
CONSUMAÇÃO: Com a efetiva realização da conduta.
SUJEITO ATIVO: Crime próprio. Na primeira modalidade TENTATIVA: Admite-se.
o agente deve ser médico, enfermeiro ou dirigente, já na
segunda modalidade o agente deve ser somente médico Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455 de 7/4/1997)
que deixe de observar o art. 10, na obrigação de providen‐ Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa
ciar exames médicos. causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou ado-
SUJEITO PASSIVO: Neonato e a parturiente. lescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da
CONDUTA: Consiste no não realizar a ação prevista no art. apreensão:
10, isto é, trata-se de crime omissivo. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
CONSUMAÇÃO: Dar-se com a mera omissão.
ELEMENTO SUBJETIVO CONSUMAÇÃO: Dolo ou culpa. SUJEITO ATIVO: Crime próprio. O agente deve ser Juiz da
TENTATIVA: Não cabe, pois se trata de crime omissivo. Infância (art. 107, parágrafo único) ou Delegado de Polícia
(art. 174).
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liber- SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
dade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante CONDUTA: Crime omissivo consistente na abstenção a for‐
de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autori- malidades legais quanto a apreensão.
dade judiciária competente: ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.

367
CONSUMAÇÃO: Dar-se com a não liberação sem justa SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
causa. CONDUTA: Dar-se com a promessa ou a entrega do filho
TENTATIVA: Crime omissivo. Não permite tentativa. ou pupilo por meio de pagamento.
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado
CONSUMAÇÃO: Com a mera promessa ou efetivação de
nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. entregar a criança ou adolescente ou pagar por elas.
TENTATIVA: Admite-se.
SUJEITO ATIVO: Crime próprio. Juiz da Infância, promotor Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato des-
da infância ou Delegado de polícia. tinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior
SUJEITO PASSIVO: Adolescente. com inobservância das formalidades legais ou com o fito
CONDUTA: Consiste em um não fazer o cumprimento do de obter lucro:
prazo fixado na lei. Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ame‐
aça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
CONSUMAÇÃO: Dar-se com o efetivo descumprimento do
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
prazo fixado em lei.
correspondente à violência.
TENTATIVA: Trata-se de crime omissivo não cabe. Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade ju- pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (Redação
diciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - detenção de seis meses a dois anos. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. SUJEITO ATIVO: Crime próprio. O agente será o diretor, fo‐
SUJEITO PASSIVO: Juiz de Direito da infância, Promotor tografo ou produtor da cena. De acordo com § 1º, qualquer
de justiça da infância e Conselheiro Tutelar em atuação agenciador ou articulador para a consecução do delito é
funcional. considerado autor.
CONDUTA: Não permitir, dificultar, a ação funcional da SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
autoridades citadas.
CONDUTA: Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. ou registrar, por qualquer meio.
CONSUMAÇÃO: Dar-se com o efetivo impedimento ou ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
embaraço.
CONSUMAÇÃO: Consiste na participação da criança ou
TENTATIVA: Admite-se. adolescente no ato cênico.
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de TENTATIVA: Admite-se.
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem
judicial, com o fim de colocação em lar substituto: § 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita,
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a parti‐
cipação de criança ou adolescente nas cenas referidas no
caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena.
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa, até mesmo pai e mãe, (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
se destituído o poder familiar ou não estando no exercício § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
regular de guarda judicial. comete o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
SUJEITO PASSIVO: O guardião judicial. I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

CONDUTA: Retirar a criança ou adolescente do guardião, de exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
buscando colocar a criança ou adolescente em lar substi‐ II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabi‐
tuto. Não havendo essa finalidade, aplica- se em regra o tação ou de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº
art. 249. 11.829, de 2008)
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. III – prevalecendo-se de relações de parentesco consan‐
guíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor,
CONSUMAÇÃO: Crime formal. Basta a mera retirada da curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a
criança e do adolescente do poder do guardião para sua con‐ qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com
figuração. Não depende da colocação em família substituta. seu consentimento. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
TENTATIVA: Admite-se. Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo
ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Redação
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
ou efetiva a paga ou recompensa.
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
SUJEITO ATIVO: Crime próprio. Agentes podem ser os pais,
guardiões judiciais ou tutores. O parágrafo único também SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
coloca como autor o agente que oferece ou realiza o pa‐ CONDUTA: Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
gamento. outro registro.

368
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
CONSUMAÇÃO: Efetiva venda ou apena sua exposição a SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
venda. CONDUTA: Execução do verbos arrolados no tipo penal:
TENTATIVA: Admite-se. adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, foto‐
grafia, vídeo ou outra forma de registro.
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive
CONSUMAÇÃO: Mera realização dos verbos elencados no
por meio de sistema de informática ou telemático, fotogra- tipo penal.
fia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo ex-
plícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: TENTATIVA: Admite-se.
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (In-
manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
nº 11.829, de 2008)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adoles-
nº 11.829, de 2008)
cente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento
de adulteração, montagem ou modificação de fotografia,
das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) vídeo ou qualquer outra forma de representação visual:
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (In-
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste
artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. CONDUTA: Simular a participação de criança ou adoles‐
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) cente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio
de adulteração, montagem ou modificação de fotografia,
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. vídeo ou qualquer outra forma de representação visual.
SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente. ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
CONDUTA: Execução do tipo penal. Oferecer, trocar, dispo‐ CONSUMAÇÃO: Execução dos núcleos do tipo penal.
nibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qual‐ TENTATIVA: Admite-se.
quer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou
telemático, fotografia, vídeo ou outro registro. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende,
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga
CONSUMAÇÃO: Efetiva realização dos verbos elencados por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material
no tipo penal. produzido na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei
nº 11.829, de 2008)
TENTATIVA: Admite-se.
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com
meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que con- ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
tenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo 2008)
criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (In-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (In-
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
de pequena quantidade o material a que se refere o caput I – facilita ou induz o acesso à criança de material con‐
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) tendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829,
a finalidade de comunicar às autoridades competentes a de 2008)
ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241- II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo
A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográ‐
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) fica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829,
I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído de 2008)
pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – membro de entidade, legalmente constituída, que SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, SUJEITO PASSIVO: Criança.
o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes CONDUTA: Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por
referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com
2008) ela praticar ato libidinoso.
III – representante legal e funcionários responsáveis de
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede
de computadores, até o recebimento do material relativo à CONSUMAÇÃO: Execução dos verbos nucleares do tipo
notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou penal. Dispensa a execução do fim libidinoso.
ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) TENTATIVA: Admite-se.

369
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a § 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cas-
expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” com‐ sação da licença de localização e de funcionamento do es-
preende qualquer situação que envolva criança ou adoles- tabelecimento. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000)
cente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas,
ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adoles- SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
cente para fins primordialmente sexuais. (Incluído pela Lei
nº 11.829, de 2008) SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou CONDUTA: Colocar criança e adolescente em situação de
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, prostituição.
munição ou explosivo: ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada CONSUMAÇÃO: Mera colocação na situação de prostitui‐
pela Lei nº 10.764, de 12/11/2003) ção.
TENTATIVA: Admite-se.
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente. Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor
de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal
CONDUTA: Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ou
entregar, de qualquer forma. ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009)
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
CONSUMAÇÃO: Dar-se com a venda ou oferecimento da pela Lei nº 12.015, de 2009)
arma, munição ou explosivo. § 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
TENTATIVA: Admite-se. quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando- se de
quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou § 2º As penas previstas no caput deste artigo são au‐
a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros mentadas de um terço no caso de a infração cometida ou
produtos cujos componentes possam causar dependência induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072, de
física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) 25 de julho de 1990. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
se o fato não constitui crime mais grave. (Redação dada pela
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa maior de 18 anos.
Lei nº 13.106, de 2015)
SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
CONDUTA: Colocar criança ou adolescente para praticar
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
ato infracional diretamente ou praticar infração penal jun‐
SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente. tamente com criança ou adolescente.
CONDUTA: Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
ainda que gratuitamente, de qualquer forma.
CONSUMAÇÃO: Mera prática da infração penal em con‐
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. junto com criança ou adolescente ou induzi-las a praticar
CONSUMAÇÃO: Execução do núcleo do tipo penal. ato infracional.
TENTATIVA: Admite-se. TENTATIVA: Admite-se.

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou Capítulo II


entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos Das Infrações Administrativas
de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu
reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
dano físico em caso de utilização indevida: estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamen-
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

Pena – detenção de seis meses a dois anos, e multa. tal, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade com-
petente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou
adolescente:
SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli‐
CONDUTA: Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ou cando-se o dobro em caso de reincidência.
entregar, fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de en-
que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de pro‐ tidade de atendimento o exercício dos direitos constantes
vocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida. nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli‐
TENTATIVA: Cabe. cando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autoriza-
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais ção devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato
definidos no caput do art. 2º desta Lei, à prostituição ou à ou documento de procedimento policial, administrativo ou
exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000) judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua
Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa. ato infracional:
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o ge‐ Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli‐
rente ou o responsável pelo local em que se verifique a sub‐ cando-se o dobro em caso de reincidência.
missão de criança ou adolescente às práticas referidas no § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcial‐
caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000) mente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em

370
ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito determinar a suspensão da programação da emissora por
ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a per‐ até dois dias.
mitir sua identificação, direta ou indiretamente. Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congêne-
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou re classificado pelo órgão competente como inadequado às
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreen‐ Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na
são da publicação ou a suspensão da programação da emis‐ reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão
sora até por dois dias, bem como da publicação do periódico do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até
até por dois números. (Expressão declara inconstitucional quinze dias.
pela ADIN 869-2) Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita
Art. 248. (Revogado) de programação em vídeo, em desacordo com a classifica-
ção atribuída pelo órgão competente:
Conflito Aparente de Normas Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter‐
Lei Complementar nº 150, art. 1º, parágrafo único: minar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
“É vedada a contratação de menor de 18 (dezoito) anos Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78
para desempenho de trabalho doméstico, de acordo com a e 79 desta Lei:
Convenção no182, de 1999, da Organização Internacional Pena - multa de três a vinte salários de referência, dupli‐
do Trabalho (OIT) e com o Decreto no 6.481, de 12 de junho cando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de
de 2008. apreensão da revista ou publicação.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican‐ Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento
do-se o dobro em caso de reincidência, independentemente ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre
das despesas de retorno do adolescente, se for o caso.” o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão,
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deve- ou sobre sua participação no espetáculo:
res inerentes ao pátrio poder poder familiar ou decorrente Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
de tutela ou guarda, bem assim determinação da autori- caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter‐
dade judiciária ou Conselho Tutelar: (Expressão substituída minar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de pro-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli‐ videnciar a instalação e operacionalização dos cadastros
cando-se o dobro em caso de reincidência. previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompa‐ pela Lei nº 12.010, de 2009)
nhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
ou congênere: (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inci-
Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). so II do art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha- (dez mil reais); (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
mento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
pela Lei nº 12.038, de 2009) comercial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente Art. 267. Revogam-se as Leis nº 4.513, de 1964, e 6.697,
fechado e terá sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais
12.038, de 2009) disposições em contrário.
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual-
quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e
e 85 desta Lei: 102º da República.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli‐
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
cando-se o dobro em caso de reincidência. Da Infiltração de Agentes de Polícia
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetá-
culo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à Seção V-A
entrada do local de exibição, informação destacada sobre Da Infiltração de Agentes de Polícia para a
a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária espe- Investigação de Crimes contra a Dignidade
cificada no certificado de classificação: Sexual de Criança e de Adolescente
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli‐ (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
cando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet
representações ou espetáculos, sem indicar os limites de com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240,
idade a que não se recomendem: 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A,
Pena - multa de três a vinte salários de referência, du‐ 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
plicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes
à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publi‐ regras: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
cidade. I – será precedida de autorização judicial devidamente
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, es- circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites
petáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério
de sua classificação: Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; dupli‐ II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Pú-
cada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá blico ou representação de delegado de polícia e conterá

371
a demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas
e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que Seção II
permitam a identificação dessas pessoas; (Incluído pela Lei Dos Crimes em Espécie
nº 13.441, de 2017)
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não automotor:
exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão
sua efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial. ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) dirigir veículo automotor.
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão § 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo
requisitar relatórios parciais da operação de infiltração antes automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade,
do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste se o agente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) I – não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Ha‐
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste bilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) II – praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (In-
I  – dados de conexão: informações referentes a hora, cluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
data, início, término, duração, endereço de Protocolo de III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (In- sem risco pessoal, à vítima do acidente; (Incluído pela Lei nº
cluído pela Lei nº 13.441, de 2017) 12.971, de 2014) (Vigência)
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e IV – no exercício de sua profissão ou atividade, estiver
endereço de assinante ou de usuário registrado ou auten‐ conduzindo veículo de transporte de passageiros. (Incluído
ticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
de usuário ou código de acesso tenha sido atribuído no mo‐ V – (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008)
mento da conexão. § 2o (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não § 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influ‐
será admitida se a prova puder ser obtida por outros meios. ência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) que determine dependência: (Incluído pela Lei nº 13.546,
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração de 2017) (Vigência)
serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou
autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação
pela Lei nº 13.441, de 2017) para dirigir veículo automotor. (Incluído pela Lei nº 13.546,
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o aces‐ de 2017) (Vigência)
so aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de
ao delegado de polícia responsável pela operação, com o veículo automotor:
objetivo de garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão
Lei nº 13.441, de 2017) ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a dirigir veículo automotor.
sua identidade para, por meio da internet, colher indícios § 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade,
de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. (Re-
240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. numerado do parágrafo único pela Lei nº 13.546, de 2017)
154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, (Vigência)
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). (Incluído pela Lei § 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois
nº 13.441, de 2017) a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psico‐
observar a estrita finalidade da investigação responderá pe- motora alterada em razão da influência de álcool ou de outra
los excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

substância psicoativa que determine dependência, e se do


Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público po‐ crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.
derão incluir nos bancos de dados próprios, mediante pro‐ (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
cedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do
informações necessárias à efetividade da identidade fictícia acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não po‐
criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) dendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata auxílio da autoridade pública:
esta Seção será numerado e tombado em livro específico. Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) o fato não constituir elemento de crime mais grave.
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrô‐ Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o
nicos praticados durante a operação deverão ser registrados, condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por
gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Mi‐ terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea
nistério Público, juntamente com relatório circunstanciado. ou com ferimentos leves.
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que
no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e lhe possa ser atribuída: (Vide ADC 35)
apensados ao processo criminal juntamente com o inqué‐ Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
rito policial, assegurando-se a preservação da identidade Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade
do agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou
dos adolescentes envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.441, de outra substância psicoativa que determine dependência:
de 2017) (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

372
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e sus‐ Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
pensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação Art. 310-A. (Vetado) (Incluído pela Lei nº 12.619, de 2012)
para dirigir veículo automotor. (Vigência)
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas Art.  311. Trafegar em velocidade incompatível com a
por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações
I  – concentração igual ou superior a 6 decigramas de de embarque e desembarque de passageiros, logradouros
álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligra‐ estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concen‐
ma de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº tração de pessoas, gerando perigo de dano:
12.760, de 2012) Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
II – sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Con‐ Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente
tran, alteração da capacidade psicomotora. (Incluído pela Lei automobilístico com vítima, na pendência do respectivo pro‐
nº 12.760, de 2012) cedimento policial preparatório, inquérito policial ou proces‐
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser so penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de
obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:
clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
prova em direito admitidos, observado o direito à contrapro‐ Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ain‐
va. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) da que não iniciados, quando da inovação, o procedimento
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.
distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito Art.  312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302
de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação a 312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar a
dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) substituição de pena privativa de liberdade por pena res‐
§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homo‐ tritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de serviço à
logado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes
Tecnologia - INMETRO - para se determinar o previsto no atividades: (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
caput. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I – trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis es‐
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pecializadas no atendimento a vítimas de trânsito; (Incluído
imposta com fundamento neste Código: pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com II – trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais
nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão da rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito
ou de proibição. e politraumatizados; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado (Vigência)
que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. III – trabalho em clínicas ou instituições especializadas
293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. na recuperação de acidentados de trânsito; (Incluído pela
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
via pública, de corrida, disputa ou competição automobilís‐ IV – outras atividades relacionadas ao resgate, atendi‐
tica ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em mento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito.
manobra de veículo automotor, não autorizada pela autori‐ (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
dade competente, gerando situação de risco à incolumidade
pública ou privada: (Redação dada pela Lei nº 13.546, de
2017) (Vigência) LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa
e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a ha‐ Cria mecanismos para coibir
bilitação para dirigir veículo automotor. (Redação dada pela a violência doméstica e familiar
Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) contra a mulher, nos termos do
§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar § 8º do art. 226 da Constituição
lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias demons‐ Federal, da Convenção sobre a Eli-
trarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o minação de Todas as Formas de NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de re‐ Discriminação contra as Mulheres
clusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras e da Convenção Interamericana
penas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de para Prevenir, Punir e Erradicar
2014) (Vigência) a Violência contra a Mulher; dis-
§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar põe sobre a criação dos Juizados
morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não de Violência Doméstica e Familiar
quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena contra a Mulher; altera o Código
privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) de Processo Penal, o Código Penal
anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. e a Lei de Execução Penal; e dá ou-
(Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) tras providências.
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem
a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo TÍTULO I
automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por
seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a
não esteja em condições de conduzi-lo com segurança: violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos

373
do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção I – a violência física, entendida como qualquer conduta
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir II  – a violência psicológica, entendida como qualquer
e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da au‐
internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; toestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desen‐
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e volvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações,
Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
e proteção às mulheres em situação de violência doméstica constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
e familiar. vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chanta‐
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, gem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração
etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que
idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e (Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018)
facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde físi‐ III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta
ca e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça,
o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a
à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça
à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao ma‐
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar trimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante
e comunitária. coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das IV – a violência patrimonial, entendida como qualquer
relações domésticas e familiares no sentido de resguardá‐ conduta que configure retenção, subtração, destruição
-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho,
violência, crueldade e opressão. documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas ne‐
as condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos cessidades;
enunciados no caput. V – a violência moral, entendida como qualquer conduta
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados que configure calúnia, difamação ou injúria.
os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as con‐
dições peculiares das mulheres em situação de violência TÍTULO III
doméstica e familiar. DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO
DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
TÍTULO II
CAPÍTULO I
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Das Medidas Integradas de Prevenção
E FAMILIAR CONTRA A MULHER
Art. 8º A política pública que visa coibir a violência do‐
CAPÍTULO I
méstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um
Disposições Gerais
conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distri‐
to Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais,
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência do‐ tendo por diretrizes:
méstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão I – a integração operacional do Poder Judiciário, do Mi‐
baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento nistério Público e da Defensoria Pública com as áreas de
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: segurança pública, assistência social, saúde, educação, tra‐
(Vide Lei complementar nº 150, de 2015) balho e habitação;
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

II – a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e


o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero
vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqüências
II – no âmbito da família, compreendida como a comu‐ e à freqüência da violência doméstica e familiar contra a
nidade formada por indivíduos que são ou se consideram mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das
vontade expressa; medidas adotadas;
III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agres‐ III – o respeito, nos meios de comunicação social, dos
sor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independen‐ valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a
temente de coabitação. coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabeleci‐
artigo independem de orientação sexual. do no inciso III do art. 1º , no inciso IV do art. 3º e no inciso
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher IV do art. 221 da Constituição Federal ;
constitui uma das formas de violação dos direitos humanos. IV – a implementação de atendimento policial especia‐
lizado para as mulheres, em particular nas Delegacias de
CAPÍTULO II Atendimento à Mulher;
Das Formas de Violência Doméstica V – a promoção e a realização de campanhas educati‐
e Familiar Contra a Mulher vas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a
mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral,
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar con‐ e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos
tra a mulher, entre outras: direitos humanos das mulheres;

374
VI  – a celebração de convênios, protocolos, ajustes, § 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste
termos ou outros instrumentos de promoção de parceria artigo não poderá importar ônus de qualquer natureza ao
entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não‐ patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem con‐
-governamentais, tendo por objetivo a implementação de figurar atenuante ou ensejar possibilidade de substituição
programas de erradicação da violência doméstica e familiar da pena aplicada. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
contra a mulher; § 7º A mulher em situação de violência doméstica e
VII – a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, familiar tem prioridade para matricular seus dependentes
da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profis‐ em instituição de educação básica mais próxima de seu
sionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a
inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; apresentação dos documentos comprobatórios do registro
VIII – a promoção de programas educacionais que dis‐ da ocorrência policial ou do processo de violência doméstica
seminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade e familiar em curso. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça § 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus de‐
ou etnia; pendentes matriculados ou transferidos conforme o disposto
IX  – o destaque, nos currículos escolares de todos os no § 7º deste artigo, e o acesso às informações será reservado
níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos competentes do
humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao poder público. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
problema da violência doméstica e familiar contra a mulher.
CAPÍTULO III
CAPÍTULO II
Do Atendimento pela Autoridade Policial
Da Assistência à Mulher em Situação
de Violência Doméstica e Familiar
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de vio‐
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência lência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade
doméstica e familiar será prestada de forma articulada e con‐ policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de
forme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica imediato, as providências legais cabíveis.
da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste ar‐
Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas tigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência
públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso. deferida.
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência
mulher em situação de violência doméstica e familiar no doméstica e familiar o atendimento policial e pericial es‐
cadastro de programas assistenciais do governo federal, es‐ pecializado, ininterrupto e prestado por servidores - prefe‐
tadual e municipal. rencialmente do sexo feminino - previamente capacitados.
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e § 1º A inquirição de mulher em situação de violência
psicológica: doméstica e familiar ou de testemunha de violência domés‐
I – acesso prioritário à remoção quando servidora pública, tica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá
integrante da administração direta ou indireta; às seguintes diretrizes: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
II – manutenção do vínculo trabalhista, quando necessá‐ I – salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional
rio o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa
III  – encaminhamento à assistência judiciária, quando em situação de violência doméstica e familiar; (Incluído pela
for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de Lei nº 13.505, de 2017)
separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou II – garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher
de dissolução de união estável perante o juízo competente. em situação de violência doméstica e familiar, familiares e
(Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) testemunhas terão contato direto com investigados ou sus‐
§ 3º A assistência à mulher em situação de violência do‐ peitos e pessoas a eles relacionadas; (Incluído pela Lei nº
méstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios 13.505, de 2017)
decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, III – não revitimização da depoente, evitando sucessivas NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
incluindo os serviços de contracepção de emergência, a inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível
profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida
da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência
violência sexual.
doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão,
trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte
violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou patri‐
monial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos cau‐ procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
sados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), I – a inquirição será feita em recinto especialmente proje‐
de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços tado para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios
de saúde prestados para o total tratamento das vítimas em e adequados à idade da mulher em situação de violência
situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os re‐ doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade
cursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente fede‐ da violência sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
rado responsável pelas unidades de saúde que prestarem os II – quando for o caso, a inquirição será intermediada por
serviços. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência) profissional especializado em violência doméstica e familiar
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em designado pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído
caso de perigo iminente e disponibilizados para o monitora‐ pela Lei nº 13.505, de 2017)
mento das vítimas de violência doméstica ou familiar ampa‐ III – o depoimento será registrado em meio eletrônico
radas por medidas protetivas terão seus custos ressarcidos ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o
pelo agressor. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência) inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)

375
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violên‐ ação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no
cia doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas
outras providências: de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos
I  – garantir proteção policial, quando necessário, co‐ de Feminicídio e de equipes especializadas para o atendi‐
municando de imediato ao Ministério Público e ao Poder mento e a investigação das violências graves contra a mulher.
Judiciário; Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
II – encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
e ao Instituto Médico Legal; § 2º (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
III – fornecer transporte para a ofendida e seus depen‐ § 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços
dentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de públicos necessários à defesa da mulher em situação de vio‐
vida; lência doméstica e familiar e de seus dependentes. (Incluído
IV – se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar pela Lei nº 13.505, de 2017)
a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou imi‐
domicílio familiar; nente à vida ou à integridade física ou psicológica da mulher
V – informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus
Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de assistência judici‐ dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar,
ária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente domicílio ou local de convivência com a ofendida: (Redação
da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de dada pela Lei nº 14.188, de 2021)
casamento ou de dissolução de união estável. (Redação dada I – pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827,
pela Lei nº 13.894, de 2019) de 2019)
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e fa‐ II – pelo delegado de polícia, quando o Município não for
miliar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá sede de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes pro‐ III – pelo policial, quando o Município não for sede de
cedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de comarca e não houver delegado disponível no momento da
Processo Penal: denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
I  – ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste arti‐
tomar a representação a termo, se apresentada; go, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e
II – colher todas as provas que servirem para o esclare‐ quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção
cimento do fato e de suas circunstâncias; ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao
III  – remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, Ministério Público concomitantemente. (Incluído pela Lei nº
expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para 13.827, de 2019)
a concessão de medidas protetivas de urgência; § 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida
IV – determinar que se proceda ao exame de corpo de ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será
delito da ofendida e requisitar outros exames periciais ne‐ concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei
cessários; nº 13.827, de 2019)
V – ouvir o agressor e as testemunhas;
TÍTULO IV
VI – ordenar a identificação do agressor e fazer juntar
DOS PROCEDIMENTOS
aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando
a existência de mandado de prisão ou registro de outras
CAPÍTULO I
ocorrências policiais contra ele;
Disposições Gerais
VI – A - verificar se o agressor possui registro de porte ou
posse de arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das
aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência
à instituição responsável pela concessão do registro ou da doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas
emissão do porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação
dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento); (Incluído específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que
pela Lei nº 13.880, de 2019)
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

não conflitarem com o estabelecido nesta Lei.


VII – remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
ao juiz e ao Ministério Público. contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com compe‐
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela tência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no
autoridade policial e deverá conter: Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o
I – qualificação da ofendida e do agressor; processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes
II – nome e idade dos dependentes; da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.
III – descrição sucinta do fato e das medidas protetivas Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se
solicitadas pela ofendida. em horário noturno, conforme dispuserem as normas de
IV – informação sobre a condição de a ofendida ser pes‐ organização judiciária.
soa com deficiência e se da violência sofrida resultou defici‐ Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de
ência ou agravamento de deficiência preexistente. (Incluído divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado de
pela Lei nº 13.836, de 2019) Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. (Incluído
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento pela Lei nº 13.894, de 2019)
referido no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência
documentos disponíveis em posse da ofendida. Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão relaciona‐
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos da à partilha de bens. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar
de saúde. após o ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação união estável, a ação terá preferência no juízo onde estiver.
de suas políticas e planos de atendimento à mulher em situ‐ (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)

376
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os Seção II
processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: Das Medidas Protetivas de
I – do seu domicílio ou de sua residência; Urgência que Obrigam o Agressor
II – do lugar do fato em que se baseou a demanda;
III – do domicílio do agressor. Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à repre‐ familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá
sentação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separada‐
a renúncia à representação perante o juiz, em audiência es‐ mente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre
pecialmente designada com tal finalidade, antes do recebi‐ outras:
mento da denúncia e ouvido o Ministério Público. I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas,
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência do‐ com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei
méstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ;
ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência
de pena que implique o pagamento isolado de multa. com a ofendida;
III – proibição de determinadas condutas, entre as quais:
CAPÍTULO II a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
Das Medidas Protetivas de Urgência testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre
estes e o agressor;
Seção I b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas
Disposições Gerais por qualquer meio de comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de pre‐
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofen‐ servar a integridade física e psicológica da ofendida;
dida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: IV – restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
I – conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar
as medidas protetivas de urgência; ou serviço similar;
II – determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão V – prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para VI – comparecimento do agressor a programas de recupe‐
o ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, ração e reeducação; e (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020)
de anulação de casamento ou de dissolução de união está‐ VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio
de atendimento individual e/ou em grupo de apoio. (Incluído
vel perante o juízo competente; (Redação dada pela Lei nº
pela Lei nº 13.984, de 2020)
13.894, de 2019)
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a
III – comunicar ao Ministério Público para que adote as
aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre
providências cabíveis.
que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem,
IV – determinar a apreensão imediata de arma de fogo
devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.
sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019)
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do
concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz
ou a pedido da ofendida. comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser con‐ as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará
cedidas de imediato, independentemente de audiência das a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato
partes e de manifestação do Ministério Público, devendo do agressor responsável pelo cumprimento da determinação
este ser prontamente comunicado. judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas de desobediência, conforme o caso.
isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a § 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas
qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento,
os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou vio‐
lados.
auxílio da força policial.
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público couber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei
ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas proteti‐ no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
vas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender
necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de Seção III
seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
Art.  20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da
instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo
decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério de outras medidas:
Público ou mediante representação da autoridade policial. I – encaminhar a ofendida e seus dependentes a progra‐
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva ma oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para II – determinar a recondução da ofendida e a de seus
que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do
razões que a justifiquem. agressor;
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos proces‐ III – determinar o afastamento da ofendida do lar, sem
suais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e
ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação alimentos;
do advogado constituído ou do defensor público. IV – determinar a separação de corpos.
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intima‐ V – determinar a matrícula dos dependentes da ofendi‐
ção ou notificação ao agressor . da em instituição de educação básica mais próxima do seu

377
domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, in‐ Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violên‐
dependentemente da existência de vaga. (Incluído pela Lei cia doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria
nº 13.882, de 2019) Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da socie‐ lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento espe‐
dade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mu‐ cífico e humanizado.
lher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes
medidas, entre outras: TÍTULO V
I – restituição de bens indevidamente subtraídos pelo DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
agressor à ofendida;
II  – proibição temporária para a celebração de atos e Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contratos de compra, venda e locação de propriedade em contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar
comum, salvo expressa autorização judicial; com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser inte‐
III – suspensão das procurações conferidas pela ofendida grada por profissionais especializados nas áreas psicossocial,
ao agressor; jurídica e de saúde.
IV – prestação de caução provisória, mediante depósito Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidiscipli‐
judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática nar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela
de violência doméstica e familiar contra a ofendida. legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório compe‐ Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos
tente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo. ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de
orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas,
Seção IV voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com
Do Crime de Descumprimento de especial atenção às crianças e aos adolescentes.
Medidas Protetivas de Urgência Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação
(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) de profissional especializado, mediante a indicação da equipe
de atendimento multidisciplinar.
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medi‐ Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua pro‐
das protetivas de urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela posta orçamentária, poderá prever recursos para a criação
Lei nº 13.641, de 2018) e manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar,
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (In- nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
cluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
§ 1º A configuração do crime independe da competência TÍTULO VI
civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. (Incluído pela DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Lei nº 13.641, de 2018)
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violên‐
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a auto‐
cia Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais
ridade judicial poderá conceder fiança. (Incluído pela Lei nº
acumularão as competências cível e criminal para conhecer
13.641, de 2018)
e julgar as causas decorrentes da prática de violência do‐
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de
méstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões
outras sanções cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual
pertinente.
CAPÍTULO III
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência,
Da Atuação do Ministério Público nas varas criminais, para o processo e o julgamento das cau‐
sas referidas no caput.
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for
parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência TÍTULO VII
doméstica e familiar contra a mulher. DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

outras atribuições, nos casos de violência doméstica e fami‐ Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Domés‐
liar contra a mulher, quando necessário: tica e Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada
I  – requisitar força policial e serviços públicos de saú‐ pela implantação das curadorias necessárias e do serviço
de, de educação, de assistência social e de segurança, entre de assistência judiciária.
outros; Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu‐
II – fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares nicípios poderão criar e promover, no limite das respectivas
de atendimento à mulher em situação de violência doméstica competências:
e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas I  – centros de atendimento integral e multidisciplinar
ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades para mulheres e respectivos dependentes em situação de
constatadas; violência doméstica e familiar;
III – cadastrar os casos de violência doméstica e familiar II – casas-abrigos para mulheres e respectivos dependen‐
contra a mulher. tes menores em situação de violência doméstica e familiar;
III – delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços
CAPÍTULO IV de saúde e centros de perícia médico-legal especializados no
Da Assistência Judiciária atendimento à mulher em situação de violência doméstica
e familiar;
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a IV – programas e campanhas de enfrentamento da vio‐
mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá lência doméstica e familiar;
estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no V – centros de educação e de reabilitação para os agres‐
art. 19 desta Lei. sores.

378
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu‐ “Art. 129. ..................................................
nicípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus ..................................................................
programas às diretrizes e aos princípios desta Lei. § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente,
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
previstos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
pelo Ministério Público e por associação de atuação na área, prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
regularmente constituída há pelo menos um ano, nos termos de coabitação ou de hospitalidade:
da legislação civil. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ..................................................................
ser dispensado pelo juiz quando entender que não há outra § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será
entidade com representatividade adequada para o ajuiza‐ aumentada de um terço se o crime for cometido
mento da demanda coletiva. contra pessoa portadora de deficiência.” (NR)
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e fa‐
miliar contra a mulher serão incluídas nas bases de dados Art. 45. O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de
dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim 1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte
de subsidiar o sistema nacional de dados e informações re‐ redação:
lativo às mulheres.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos “Art. 152. ...................................................
Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas informa‐ Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica
ções criminais para a base de dados do Ministério da Justiça. contra a mulher, o juiz poderá determinar o com‐
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da parecimento obrigatório do agressor a programas
medida protetiva de urgência. (Incluído pela Lei nº 13.827, de recuperação e reeducação.” (NR)
de 2019)
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias
registradas em banco de dados mantido e regulamentado após sua publicação.
pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o acesso do
Ministério Público, da Defensoria Pública e dos órgãos de Brasília, 7 de agosto de 2006; 185º da Independência e
segurança pública e de assistência social, com vistas à fisca‐ 118º da República.
lização e à efetividade das medidas protetivas. (Incluído pela
Lei nº 13.827, de 2019) LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu‐ Dilma Rousseff
nicípios, no limite de suas competências e nos termos das
respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão estabe‐ LEI Nº 14.149, DE 5 DE MAIO DE 2021
lecer dotações orçamentárias específicas, em cada exercício
financeiro, para a implementação das medidas estabelecidas Institui o Formulário Nacional
nesta Lei. de Avaliação de Risco, a ser apli-
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem cado à mulher vítima de violência
outras decorrentes dos princípios por ela adotados. doméstica e familiar.
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e
familiar contra a mulher, independentemente da pena previs‐ O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
ta, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de ou‐ Art. 1º Esta Lei institui o Formulário Nacional de Ava‐
tubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar liação de Risco, a ser aplicado à mulher vítima de violência
acrescido do seguinte inciso IV: doméstica e familiar, observado o disposto na Lei nº 11.340,
de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha).
“Art. 313. ................................................. Art. 2º É instituído o Formulário Nacional de Avaliação
................................................................
IV – se o crime envolver violência doméstica e fa‐
de Risco para a prevenção e o enfrentamento de crimes e NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
de demais atos de violência doméstica e familiar praticados
miliar contra a mulher, nos termos da lei específica, contra a mulher, conforme modelo aprovado por ato norma‐
para garantir a execução das medidas protetivas de tivo conjunto do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho
urgência.” (NR) Nacional do Ministério Público.
§ 1º O Formulário Nacional de Avaliação de Risco tem
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei por objetivo identificar os fatores que indicam o risco de a
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa mulher vir a sofrer qualquer forma de violência no âmbito das
a vigorar com a seguinte redação: relações domésticas, para subsidiar a atuação dos órgãos de
segurança pública, do Ministério Público, do Poder Judiciário
“Art. 61. .................................................. e dos órgãos e das entidades da rede de proteção na gestão
................................................................. do risco identificado, devendo ser preservado, em qualquer
II – f) com abuso de autoridade ou prevalecendo‐ hipótese, o sigilo das informações.
-se de relações domésticas, de coabitação ou de § 2º O Formulário Nacional de Avaliação de Risco deve
hospitalidade, ou com violência contra a mulher ser preferencialmente aplicado pela Polícia Civil no momento
na forma da lei específica; de registro da ocorrência ou, em sua impossibilidade, pelo
........................................................... ” (NR) Ministério Público ou pelo Poder Judiciário, por ocasião do
primeiro atendimento à mulher vítima de violência domés‐
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de de‐ tica e familiar.
zembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as se‐ § 3º É facultada a utilização do modelo de Formulário
guintes alterações: Nacional de Avaliação de Risco por outros órgãos e entida‐

379
des públicas ou privadas que atuem na área de prevenção e I  – ressalvada a competência da União, as funções de
de enfrentamento da violência doméstica e familiar contra polícia judiciária e a apuração das infrações penais, exceto
a mulher. as militares;
Art. 3º Aplica-se às disposições previstas nesta Lei o dis‐ II  – (Redação do inciso II, revogada pelo art. 5º da
posto na Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria EC/39,de 2005).
da Penha). III – a execução dos serviços administrativos de trânsito;
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. IV – a supervisão dos serviços de segurança privada;
V – o controle da propriedade e uso de armas, munições,
Brasília, 5 de maio de 2021; 200o da Independência e explosivos e outros produtos controlados;
133o da República. ADI STF 4472, de 2010 (art. 106, incisos III, IV e V). Aguar‐
dando julgamento.
JAIR MESSIAS BOLSONARO VI – a fiscalização de jogos e diversões públicas.
Carlos Alberto Franco França §1º O Chefe da Polícia Civil, nomeado pelo Governador,
Damares Regina Alves será escolhido dentre os delegados de polícia. (Redação dada
pela EC/18, de 1999).
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SANTA CA- ADI STF 3038, de 2003 (EC/18, de 1999, dando nova reda‐
TARINA DE 1989 ção ao § 1º, do art. 106) - julgada procedente para declarar
a inconstitucionalidade da norma. DJ. 12.2.2015.
PREÂMBULO ADI STF 952, de 1993 (§ 1º, do art. 106) - prejudicada.
DJ. Brasília 8.5.2002.
O povo catarinense, integrado à nação brasileira, sob a § 2º Lei complementar disporá sobre o ingresso, garan‐
proteção de Deus e no exercício do poder constituinte, por tias, remuneração, organização e estruturação das carreiras
seus representantes, livre e democraticamente eleitos, pro‐ da Polícia Civil.
mulga esta Constituição do Estado de Santa Catarina. ADI TJSC 5001642-16.2019.8.24.0000 - declara inciden‐
talmente a inconstitucionalidade do art. 106, § 2º, da Cons‐
TÍTULO V tituição do Estado. 17.9.2020.
DA SEGURANÇA PÚBLICA § 3º Os cargos da Polícia Civil serão organizados em escala
vertical, de forma a assegurar adequada proporcionalidade
CAPÍTULO I de remuneração das diversas carreiras com a de delegado
Disposição Geral de polícia.
ADI STF 1037, de 1994 (§ 3º do art. 106) - não conheceu
Art. 105. A segurança pública, dever do Estado, direito a Ação, por ilegitimidade ativa ad causam da Associação dos
e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação Delegados de Polícia do Brasil - ADEPOL. DJ. 7.8.1998.
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do pa‐ ADI STF 4009, 2008 (trecho final do § 3º do art. 106) -
trimônio, através dos seguintes órgãos: julgada procedente, com efeitos ex-nunc a partir da data da
I – Policia Civil; publicação do acórdão. DJ. 29.5.2009.
II – Policia Militar; § 4º O cargo de Delegado de Polícia Civil, privativo de
III – Corpo de Bombeiros Militar, e (Redação do inciso III, bacharel em Direito, exerce atribuição essencial à função
incluída pela EC/33, de 2003). jurisdicional do Estado e à defesa da ordem jurídica, vedada
IV – Instituto Geral de Perícia. (NR) (Redação do inciso a vinculação a quaisquer espécies remuneratórias às demais
IV, incluída pela EC/39,de 2005). carreiras jurídicas de Estado. (Redação do § 4º, incluída pela
V  – Polícia Penal. (Redação do inciso V, incluída pela EC/61, de 2012).
EC/80, de 2020) § 5º Aos Delegados de Polícia Civil é assegurada inde‐
§ 1º A lei disciplinará a organização, a competência, o pendência funcional pela livre convicção nos atos de polícia
funcionamento e os efetivos dos órgãos responsáveis pela judiciária. (NR) (Redação § 5º, incluída pela EC/61, de 2012).
segurança pública do Estado, de maneira a garantir a efici‐ ADI STF 5520 - Julga procedente o pedido formulado
na ação direta para declarar a inconstitucionalidade, nas
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

ência de suas atividades. (Redação do Parágrafo único passa


a denominar-se § 1º, pela EC/33, de 2003). vertentes formal e material, dos §§ 4º e 5º do art. 106 da
§ 2º O regulamento disciplinar dos militares estaduais Constituição, acrescidos pela Emenda Constitucional nº 61,
será revisto periodicamente, com intervalo de no máximo de 11 de julho de 2012. 20.09.2019)
cinco anos, visando o seu aprimoramento e atualização. (Re-
dação do § 2º, incluída pela EC/33, de 2003). CAPÍTULO III
ADI STF 3469/05 (arts. 1º ao 5º) - parcialmente proceden‐ Da Polícia Militar
te para declarar a inconstitucionalidade do art. 1º, ficando
reconhecida, consequentemente, a constitucionalidade dos Art. 107. À Polícia Militar, órgão permanente, força auxi‐
arts. 2º a 5º. DJE 28/02/2011 - ATA Nº 20/2011. DJE nº 39, liar, reserva do Exército, organizada com base na hierarquia
divulgado em 25/02/2011. e na disciplina, subordinada ao Governador do Estado, cabe,
Art. 105-A. A renumeração dos servidores policiais in‐ nos limites de sua competência, além de outras atribuições
tegrantes dos órgãos relacionados no art. 105 será fixada estabelecidas em Lei:
na forma do art. 23-A. (NR) (Redação do art. 105-A, incluída I – exercer a polícia ostensiva relacionada com:
pela EC/38,de 2004). a) a preservação da ordem e da segurança pública;
b) o radiopatrulhamento terrestre, aéreo, lacustre e flu‐
CAPÍTULO II vial;
Da Polícia Civil c) o patrulhamento rodoviário;
d) a guarda e a fiscalização das florestas e dos mananciais;
Art. 106. A Polícia Civil, dirigida por delegado de polícia, e) a guarda e a fiscalização do trânsito urbano;
subordina-se ao Governador do Estado, cabendo-lhe: f) a polícia judiciária militar, nos termos de lei federal;

380
g) a proteção do meio ambiente; do Estado. (Redação do art. 108 e Capítuto III-A no Título V,
h) a garantia do exercício do poder de polícia dos órgãos incluída pela EC/33, de 2003).
e entidades públicas, especialmente da área fazendária, sa‐
nitária, de proteção ambiental, de uso e ocupação do solo e CAPÍTULO III-B
de patrimônio cultural; Da Polícia Penal
II – cooperar com órgãos de defesa civil; e
III – atuar preventivamente como força de dissuasão e Art. 108-A. A Polícia Penal subordina-se ao Governador
repressivamente como de restauração da ordem pública. do Estado, cabendo-lhe a segurança dos estabelecimentos
§ 1º A Polícia Militar: penais do Estado.
I – é comandada por oficial da ativa do último posto da § 1º Fica a Polícia Penal vinculada ao órgão administrador
corporação; e do sistema penal do Estado.
II – disporá de quadro de pessoal civil para a execução § 2º A lei disporá sobre o ingresso, as garantias, a remu‐
de atividades administrativas, auxiliares de apoio e de ma‐ neração, a organização e a estruturação da carreira da Polícia
nutenção. Penal. (NR) (Redação do art. 108-A e Capítulo III-B no Título
§ 2º Os cargos não previstos nos quadros de organização V, incluída pela EC/80, de 2020)
da corporação poderão ser exercidos pelo pessoal da Polícia
Militar, por nomeação do Governador do Estado. (Redação CAPÍTULO IV
do art. 107, dada pela EC/33, de 2002). Da Defesa Civil
§ 3º O cargo de Oficial da Polícia Militar, pertencente ao
Quadro de Oficiais Policiais Militares (QOPM), organizados Art. 109. A Defesa Civil, dever do Estado, direito e res‐
em carreira que dependa de aprovação em concurso público ponsabilidade de todos, tem por objetivo planejar e promo‐
e diploma de Bacharel em Direito, exerce função essencial ver a defesa permanente contra as calamidades públicas e
à justiça e à defesa da ordem jurídica, vedada a vinculação situações emergências.
a quaisquer espécies remuneratórias às demais carreiras § 1º A lei disciplinará a organização, o funcionamento e
jurídicas do Estado. (Redação do § 3º, incluída pela EC/63, o quadro de pessoal da Defesa Civil, de maneira a garantir a
de 2012). eficiência de suas atividades.
§ 4º Aos Oficiais da Polícia Militar é assegurada inde‐ § 2º O Estado estimulará e apoiará, técnica e financei‐
pendência funcional pela livre convicção nos atos de polícia ramente, a atuação de entidades privadas na defesa civil,
ostensiva e de preservação da ordem pública. (NR) (Redação particularmente os corpos de bombeiros voluntários.
do § 4º, incluída pela EC/63, de 2012). ADI STF 4886, de 2012 (§ 2º do art. 109). Decisão Mono‐
ADI STF 4873, de 2012 (EC/63) - aguardando julgamento. crática Final: por maioria e nos termos do voto do Relator, o
Tribunal negou provimento. DJ. 15.6.2015.
CAPÍTULO III-A
Do Corpo de Bombeiros Militar CAPÍTULO IV-A
Do Instituto Geral de Perícia
Art. 108. O Corpo de Bombeiros Militar, órgão perma‐
nente, força auxiliar, reserva do Exército, organizado com Art. 109-A. O Instituto Geral de Perícia é o órgão per‐
base na hierarquia e disciplina, subordinado ao Governador manente de perícia oficial, competindo-lhe a realização de
do Estado, cabe, nos limites de sua competência, além de perícias criminais, os serviços de identificação civil e criminal,
outras atribuições estabelecidas em Lei: e a pesquisa e desenvolvimento de estudos nesta área de
I – realizar os serviços de prevenção de sinistros ou ca‐ atuação.
tástrofes, de combate a incêndio e de busca e salvamento § 1º A direção do Instituto e das suas diversas áreas de
de pessoas e bens e o atendimento pré-hospitalar; especialização serão exercidas por perito oficial de carreira,
II – estabelecer normas relativas à segurança das pesso‐ nomeado pelo Governador do Estado.
as e de seus bens contra incêndio, catástrofe ou produtos § 2º A lei disciplinará a organização, o funcionamento
perigosos; e o quadro de pessoal do Instituto, de maneira a garantir a
III – analisar, previamente, os projetos de segurança con‐ eficiência de suas atividades. (NR) (Redação do Capítulo IV-A
tra incêndio em edificações, contra sinistros em áreas de risco e do artigo 109-A, inserida pela EC/39, de 2005). NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
e de armazenagem, manipulação e transporte de produtos
perigosos, acompanhar e fiscalizar sua execução, e impor LEI Nº 15.156, DE 11 DE MAIO DE 2010
sanções administrativas estabelecidas em Lei;
IV – realizar perícias de incêndio e de áreas sinistradas Institui o Plano de Carreiras e
no limite de sua competência; Vencimentos do Grupo Segurança
V – colaborar com os órgãos da defesa civil; Pública - Perícia Oficial e adota ou-
VI  – exercer a polícia judiciária militar, nos termos de tras providências.
lei federal;
VII – estabelecer a prevenção balneária por salva-vidas; e Faço saber que o Governador do Estado de Santa Ca‐
VIII  – prevenir acidentes e incêndios na orla marítima tarina, de acordo com o art. 51 da Constituição Estadual,
e fluvial. adotou a Medida Provisória nº 175, de 30 de março de 2010,
§ 1º O Corpo de Bombeiros Militar: e eu, Deputado Gelson Merisio, Presidente da Assembleia
I – é comandado por oficial da ativa do último posto da Legislativa do Estado, para os efeitos do disposto no § 8º
corporação; e do art. 315 do Regimento Interno, promulgo a seguinte Lei:
II – disporá de quadro de pessoal civil para a execução
de atividades administrativas, auxiliares de apoio e de ma‐ CAPÍTULO I
nutenção. Das Disposições Iniciais
§ 2º Os cargos não previstos nos quadros de organiza‐
ção da corporação, poderão ser exercidos pelo pessoal do Art. 1º Fica instituído, nos termos desta Lei, o Plano de
Corpo de Bombeiros Militar, por nomeação do Governador Carreiras e Vencimentos para o Grupo Segurança Pública -

381
Perícia Oficial, denominado Quadro de Pessoal do Instituto III  – Quadro de Correlação (Anexo III): correlação dos
Geral de Perícias - IGP, destinado a organizar os cargos de cargos da situação anterior para a situação nova prevista
provimento efetivo, permitindo a evolução na carreira com nesta Lei; e
o objetivo de: IV – Tabela de Vencimentos (Anexo IV): valor do venci‐
I – valorizar o potencial profissional e o nível de desem‐ mento dos cargos por nível; e
penho exigido no exercício das funções de perícia e identi‐ V – Funções Gratificadas (Anexos V e VI ): quantitativo
ficação; de funções e valor das gratificações por função.
II – incentivar o desenvolvimento funcional com base na
igualdade de oportunidades, no mérito profissional, no es‐ Seção II
forço pessoal e na contribuição para o alcance dos objetivos Da Composição do Quadro de Pessoal
do Instituto Geral de Perícias - IGP;
III – proporcionar transparência às práticas de remune‐ Art. 4º Os cargos que compõem o Quadro de Pessoal
ração, bem como adoção de remuneração compatível com do Instituto Geral de Perícias - IGP, são organizados nas se‐
a complexidade, responsabilidade e escolaridade para o guintes carreiras:
desempenho e o desenvolvimento no respectivo cargo; e I – Perito Oficial: autoridade que desempenha atividades
IV – racionalizar e melhorar continuamente a qualidade de nível superior, de natureza técnica, científica e especia‐
dos serviços prestados à Segurança Pública Estadual. lizada, de maior complexidade quanto à observação, cons‐
Art. 2º Para os efeitos desta Lei considera-se: tatação, registro, coleta, interpretação, análise e avaliação
I – Plano de Carreiras e Vencimentos: sistema de dire‐ prospectiva, nos ditames da criminalística, de vestígios rela‐
trizes e normas que estabelecem a estrutura de carreiras, cionados ao fato delituoso e à emissão de um juízo, realizan‐
cargos, remuneração e desenvolvimento funcional; do exames periciais criminais e elaborando estudos, pesqui‐
II – Quadro de Pessoal: quantitativo de cargos de provi‐ sas, laudos e pareceres que exigem formação ou habilitação
mento efetivo definido de acordo com as necessidades do específica, fundamentais para a decisão judicial, nos termos
Instituto Geral de Perícias - IGP; das normas constitucionais e legais em vigor, bem como pre‐
III  – Cargo Efetivo: conjunto de atribuições, deveres e sidir as atividades de perícia criminal e de identificação civil
responsabilidades específicas, definidas na legislação esta‐ e criminal no Estado de Santa Catarina;
dual, cometidas a servidor aprovado em concurso público; II – Técnico Pericial: desempenha atividades de nível su‐
IV  – Carreira: estrutura de desenvolvimento funcional perior, de natureza técnica e científica, que têm por objeto
do servidor dentro do cargo para o qual prestou concurso realizar exames papiloscópicos referentes à identificação
público, composta por níveis; civil e criminal, elaborando laudos e pareceres que exigem
V  – Desenvolvimento Funcional: evolução na carreira, habilitação específica, fundamentais para a decisão judicial,
mediante promoção por antiguidade, promoção por mere‐ nos termos das normas constitucionais e legais em vigor; e
cimento e promoção extraordinária; III  – Auxiliar Pericial: desempenha atividades de nível
VI – Promoção: deslocamento funcional do servidor ocu‐ médio, de natureza operacional, administrativa e de apoio,
pante de cargo efetivo, para o nível subsequente dentro do relacionadas ao suporte na execução das atividades afetas
mesmo cargo; à instituição.
VII – Nível: graduação vertical ascendente existente no § 1º As atividades desempenhadas pelos servidores efeti‐
cargo; vos do Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP,
envolvem atividades sujeitas a regime especial de trabalho
VIII  – Avaliação Funcional: processo contínuo e siste‐
e a regime de plantão.
mático de descrição, análise e avaliação das competências
§ 2º Os cargos de provimento em comissão de Diretores,
do servidor no desempenho das atribuições do seu cargo,
Gerentes e Corregedor serão ocupados exclusivamente por
oportunizando o crescimento profissional, bem como possi‐
servidores efetivos, ativos e estáveis da carreira de Perito
bilitando o alcance das metas e dos objetivos institucionais;
Oficial do IGP.
IX  – Competências: conjunto de conhecimentos, habi‐
lidades e atitudes mobilizados pelo servidor na entrega de Seção III
resultados institucionais e individuais necessários à realiza‐ Do Enquadramento
ção das atividades e atribuições do cargo efetivo;
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

X – Desempenho: contribuição do servidor para o alcance Art. 5º Os servidores efetivos ocupantes dos cargos per‐
dos objetivos e metas do local em que estiver em exercício, tencentes às carreiras do Quadro de Pessoal do Instituto
bem como a valorização de sua formação e sua atuação; e Geral de Perícias - IGP serão enquadrados conforme linha
XI – Enquadramento: adequação do cargo de provimento de correlação estabelecida no Anexo III desta Lei.
efetivo anterior para a situação estabelecida nesta Lei.
CAPÍTULO III
CAPÍTULO II Da Hierarquia e da Disciplina
Da Estrutura do Plano de Carreiras e Vencimentos
Art. 6º A função pericial do Instituto Geral de Perícias –
Seção I IGP, está fundamentada nos princípios da impessoalidade,
Da Estrutura moralidade, eficiência, hierarquia e disciplina.
Art. 7º A estrutura hierárquica constitui valor moral e téc‐
Art. 3º Integram a estrutura do Plano de Carreiras e Ven‐ nico-administrativo, sendo instrumento de controle e eficácia
cimentos dos servidores efetivos do Quadro de Pessoal do dos atos operacionais e administrativos e, subsidiariamente,
Instituto Geral de Perícias - IGP: indutora da boa convivência profissional na diversidade de
I – Quadro de Pessoal (Anexo I): quantitativo de cargos carreiras e níveis que compõem o quadro de servidores efe‐
em carreiras e níveis; tivos do Instituto Geral de Perícias - IGP, visando assegurar a
II – Descrição e Especificação dos Cargos (Anexo II): des‐ disciplina, a ética e o desenvolvimento do espírito de equipe
crição das atribuições, especificação funcional e requisitos e de mútua cooperação, em ambiente de estima, confiança,
de investidura; lealdade e respeito recíproco.

382
§ 1º A hierarquia pericial é a ordenação da autoridade Parágrafo único. Os requisitos para classificação ou apro‐
dentro da estrutura do Instituto Geral de Perícias - IGP. vação em cada uma das fases descritas neste artigo, as mo‐
§ 2º A ordenação da autoridade se dá por cargo ou fun‐ dalidades das provas, seus conteúdos e formas de avaliação,
ção de chefia, por carreiras e por níveis dentro do cargo, serão estabelecidos no edital do concurso público, de acordo
nesta ordem. com as exigências definidas nesta Lei.
§ 3º A autoridade e a responsabilidade são proporcionais Art. 12. A prova escrita, de caráter eliminatório e classifi‐
ao grau hierárquico. catório, visa revelar, teoricamente, os conhecimentos indis‐
§ 4º O regime hierárquico não autoriza ingerência na pensáveis ao exercício das atribuições do cargo pretendido,
emissão do juízo de convencimento pericial, desde que, ao e versará sobre conteúdos programáticos indicados no edital.
ser questionado, este juízo esteja devidamente fundamen‐ Art. 13. A avaliação de títulos, de caráter classificatório,
tado pelos procedimentos corretamente executados. levará em conta a realização de cursos de aperfeiçoamento
Art. 8º Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento ou exercício de atividades afins que habilitem o candidato
integral das leis, regulamentos, normas, determinações e para o melhor exercício das atribuições do cargo, obedecidos
disposições que fundamentam a organização pericial e coor‐ os critérios fixados no edital.
denam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo‐ Art. 14. A avaliação da aptidão psicológica vocacionada,
-se no cumprimento do dever pelos servidores do Instituto de caráter eliminatório, visa verificar, tecnicamente, dados da
Geral de Perícias - IGP. personalidade do candidato e se o mesmo possui o perfil e a
Parágrafo único. A disciplina agrega atitude de fidelidade capacidade mental e psicomotora específicos para o exercício
profissional às disposições legais e às determinações técni‐ das atribuições do cargo a que estiver concorrendo.
cas e científicas fundamentadas e emanadas da autoridade Art. 15. A avaliação da capacidade física, de caráter eli‐
competente. minatório, visa verificar se o candidato ao cargo de Auxiliar
Art. 9º São manifestações essenciais de disciplina: Médico Legal tem condições para suportar determinadas
I – a correção de atitudes, de modo a preservar o respeito atividades inerentes ao cargo.
e o decoro da função pericial; Parágrafo único. Para participar da prova de capacida‐
II – a obediência pronta às ordens não manifestamente de física, o candidato deverá apresentar atestado médico
ilegais; no qual comprove o gozo de boa saúde e a aptidão para
III – a consciência das responsabilidades e dos deveres; submeter-se aos exercícios discriminados no edital do con‐
IV – o tratamento ao cidadão com eficiência, presteza curso público.
e respeito; Art.  16. O exame toxicológico e a investigação social,
V  – a discrição de atitudes e maneiras, na linguagem de caráter eliminatório, obedecerão aos critérios fixados no
escrita e falada; edital.
VI – a colaboração espontânea para a eficácia e eficiência Art. 17. São requisitos básicos para o ingresso nas carrei‐
do Instituto Geral de Perícias - IGP; ras do Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP:
VII – a atuação solidária para a disciplina coletiva; I – ser brasileiro;
VIII – o acatamento dos valores e princípios éticos e mo‐ II – ter no mínimo dezoito anos de idade;
rais; III – estar quite com as obrigações eleitoral e militar;
IX – o respeito às leis, aos usos e aos costumes das locali‐ IV – não registrar sentença penal condenatória transitada
dades onde atuar, observadas as práticas técnicas nacionais em julgado;
e internacionais; e V – estar em gozo dos direitos políticos;
X – a manutenção de comportamento correto e de decoro VI – ter conduta social ilibada;
na vida pública e privada. VII – ter capacidade física e aptidão psicológica compa‐
Art.  10. O servidor que exorbitar no cumprimento de tíveis com o cargo pretendido;
ordem superior, desde que legais, responderá pelos excessos VIII  – possuir carteira nacional de habilitação, mínimo
que tenha cometido. categoria “B”; e
Parágrafo único. Cabe ao servidor, ao receber uma de‐ IX – ser portador de diploma ou certificado de nível cor‐
terminação, solicitar os esclarecimentos necessários ao seu respondente ao exigido para o cargo.
total entendimento e compreensão.
Seção II
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
CAPÍTULO IV Da Nomeação, Posse e Exercício
Da Carreira
Art. 18. O concurso público, que será homologado pelo
Seção I Secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa do Cida‐
Do Ingresso dão, compõe-se de procedimento seletivo que permitirá ao
candidato aprovado, obedecida a ordem de classificação, ser
Art. 11. A habilitação dos candidatos aos cargos das car‐ nomeado e posteriormente, de forma obrigatória, matricu‐
reiras do Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias lado no curso de formação profissional respectivo.
- IGP, será verificada em concurso público de provimento Art. 19. A nomeação para os cargos de provimento efeti‐
efetivo, obedecidas às especificações contidas no edital, por vo do Instituto Geral de Perícias - IGP obedecerá, obrigatoria‐
meio das seguintes fases: mente, à ordem de classificação dos candidatos no concurso
I – prova escrita objetiva e/ou dissertativa; público para ingresso na carreira.
II  – avaliação de títulos específica para o cargo à qual Parágrafo único. A nomeação, deferida pelo Chefe do Po‐
concorre o candidato; der Executivo, será feita conforme a necessidade do serviço
III – avaliação da aptidão psicológica vocacionada; público, obedecendo as regras dispostas no edital relativas
IV – prova de capacidade física, exclusiva para o cargo de às vagas.
Auxiliar Médico Legal; Art. 20. A posse é o ato que completa a investidura no
V – exame toxicológico; e cargo, podendo ser efetivada no ato da matrícula do curso
VI – investigação social. de formação profissional.

383
Art. 21. Concluído o curso de formação profissional, será Parágrafo único. A avaliação do desempenho funcio‐
atribuído exercício aos servidores nomeados nas unidades nal poderá ser feita, ainda, em funcionalidade técnica com
do Instituto Geral de Perícias - IGP. acesso restrito à chefia imediata e membros da Comissão
§ 1º Feita a nomeação e cumprida a formação profissio‐ Permanente de Avaliação Especial.
nal, sob pena de exoneração, o servidor deverá entrar em Art. 25. Será constituída Comissão Permanente de Ava‐
exercício no prazo máximo de 15 (quinze) dias. liação Especial para cada carreira, integrada por no mínimo
§ 2º O curso de formação profissional é requisito fun‐ 3 (três) membros, composta, obrigatoriamente, por servi‐
damental do estágio probatório, sendo que a reprovação dores de cargo efetivo em exercício no Instituto Geral de
acarretará a imediata exoneração do nomeado. Perícias - IGP.
§ 3º O servidor que abandonar os quadros do Instituto Art. 26. Compete à Comissão Permanente de Avaliação
Geral de Perícias – IGP, antes de concluído o estágio proba‐ Especial:
tório, deverá ressarcir o Estado pelas despesas decorrentes I  – coordenar e orientar a aplicação do formulário de
do curso de formação. Acompanhamento de Desempenho Funcional;
§ 4º No edital do concurso público deverá constar o valor II – elaborar em conjunto com o Setor de Recursos Hu‐
aproximado referente às despesas do curso de formação. manos do Instituto Geral de Perícias o formulário de Acom‐
panhamento de Desempenho Funcional;
Seção III III – fixar cronograma de trabalho para cada período de
Do Estágio Probatório avaliação;
IV – dar conhecimento prévio aos avaliados das normas,
Art. 22. Os três primeiros anos de exercício nas carreiras critérios e conceitos a serem utilizados nas avaliações;
do Instituto Geral de Perícias - IGP, serão considerados como V – analisar recurso interposto pelos servidores, em razão
período de estágio probatório, durante os quais o servidor da avaliação realizada pela chefia imediata;
será avaliado quanto à aptidão e a capacidade para o desem‐ VI – avaliar e decidir sobre questões que tenham com‐
penho do cargo, como condição para a aquisição de sua es‐ prometido ou dificultado a aplicação das avaliações pelos
tabilidade e ao preenchimento dos demais requisitos legais. avaliadores e avaliados, sugerindo medidas às unidades
Art. 23. O servidor das carreiras do Quadro de Pessoal do competentes;
Instituto Geral de Perícias – IGP, em estágio probatório, será VII – sugerir a exoneração do servidor em processo su‐
avaliado pelo seu chefe imediato, que deverá informar, em mário específico, quando o mesmo não for considerado apto
formulário de Acompanhamento de Desempenho Funcional, para o cargo ou apresentar comportamento criminoso ou
a cada seis meses, sua aptidão e seu desempenho, levando ilegal; e
em conta os seguintes fatores: VIII – formular e encaminhar relatório conclusivo sobre o
I – assiduidade; desempenho dos servidores ao Diretor-Geral e à Secretaria
II – pontualidade; de Estado da Administração, cujo teor deverá contemplar a
III – comprometimento com a instituição; assinatura da maioria dos integrantes da Comissão.
IV – relacionamento interpessoal;
Art. 27. O resultado obtido no Acompanhamento de De‐
V – eficiência;
sempenho Funcional será utilizado:
VI – iniciativa;
I – a fim de conferir estabilidade ao servidor considerado
VII – conduta ética; e
apto; e
VIII – produtividade.
II – para o fim de exoneração do servidor considerado
Parágrafo único. Para fins deste artigo considera-se:
inapto.
I – assiduidade: frequência diária na unidade de trabalho
Parágrafo único. Será assegurado ao avaliado o conhe‐
com o cumprimento integral da jornada de trabalho;
II – pontualidade: cumprimento dos horários de chega‐ cimento dos conceitos estabelecidos no Acompanhamento
da e saída e saídas nos intervalos da unidade de trabalho, de Desempenho Funcional.
inclusive nas convocações para serviços periciais; Art. 28. É vedado ao servidor em estágio probatório:
III  – comprometimento com a instituição: fiel cumpri‐ I – disposição ou convocação para atuar em outro órgão
mento dos deveres de servidor público; ou entidade estadual ou da federação;
II  – remoção, designação ou redistribuição para outro
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

IV  – relacionamento interpessoal: capacidade de se


comunicar e de interagir com a equipe de trabalho e com órgão ou entidade;
terceiros; III – afastamento para cursar pós-graduação;
V – eficiência: capacidade de atingir resultados no tra‐ IV – licença para tratar de assuntos de interesses par‐
balho com qualidade e rapidez, considerando as condições ticulares;
oferecidas pelo Instituto para tanto; V – desenvolvimento funcional através de promoção;
VI  – iniciativa: ações espontâneas e apresentação de VI – licença por mudança de domicílio;
ideias em prol da solução de problemas da unidade de traba‐ VII – licença especial para exercer cargo de direção em
lho, visando seu bom funcionamento, qualidade do trabalho organizações sindicais;
e produtividade; VIII – exercício de cargo em comissão ou função em órgão
VII – conduta ética: postura de honestidade, responsabi‐ ou entidade não pertencente ao Poder Executivo Estadual; e
lidade e respeito à Instituição e ao sigilo das informações, às IX – usufruto de licença-prêmio.
quais tem acesso em decorrência do trabalho e observância Art. 29. Fica suspensa e prorrogada a contagem de tem‐
a regras, normas e instruções regulamentares; e po, para efeito de homologação do estágio probatório, ao
VIII – produtividade: capacidade de atingir as metas atri‐ servidor que estiver em:
buídas nos prazos previstos. I – exercício de cargo em comissão e função técnica ou
Art. 24. A apuração do atendimento aos requisitos du‐ gratificada no Poder Executivo Estadual, salvo se compatível
rante o estágio probatório far-se-á no formulário de Acompa‐ com as atribuições do cargo efetivo;
nhamento de Desempenho Funcional, elaborada pela chefia II – licença para tratamento de saúde;
imediata e encaminhada, reservadamente, à Comissão Per‐ III – licença por motivo de doença em pessoa da família;
manente de Avaliação Especial. IV – licença para repouso à gestante;

384
V – licença para concorrer e exercer cargo eletivo; § 2º A promoção na carreira dos integrantes do Quadro
VI – licença especial para atender menor adotado; de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP não dependerá
VII – readaptação funcional; de prévia habilitação e ocorrerá após a realização dos pro‐
VIII  – afastamento do cargo para responder processo cedimentos de avaliação da promoção e demais requisitos
administrativo disciplinar; constantes desta Lei.
IX – licença por acidente de serviço; e Art. 35. Em benefício daquele a quem de direito caiba
X – licença para o serviço militar obrigatório. a promoção, é declarado sem efeito o ato que a houver de‐
Parágrafo único. Os afastamentos tratados nos incisos II cretado indevidamente.
a VIII deste artigo, não poderão exceder o prazo estabelecido Parágrafo único. O servidor a quem caiba a promoção, é
na legislação específica. indenizado da diferença da remuneração a que tiver direito.
Art. 30. O servidor em estágio probatório só poderá ser Art. 36. Não poderá ser promovido por antiguidade ou
movimentado no âmbito do Instituto Geral de Perícias - IGP, merecimento o servidor que:
I – estiver preso, em virtude de decisão judicial transitada
desde que seja para atender a imperiosa necessidade do
em julgado;
serviço público e para continuar exercendo as atribuições
II – tiver sofrido pena de suspensão disciplinar, superior
do cargo para qual foi nomeado. a 30 (trinta) dias, nos últimos 3 (três) anos, com trânsito
em julgado;
Seção IV III – for condenado, enquanto durar o cumprimento in‐
Da Lotação tegral da pena, mesmo com a concessão da suspensão ou
livramento condicional, nos termos do Código de Processo
Art. 31. O servidor efetivo do Quadro de Pessoal do Ins‐ Penal;
tituto Geral de Perícias - IGP será lotado em unidades do IV – estiver em estágio probatório;
Instituto Geral de Perícias - IGP. V – estiver licenciado para tratar de interesses particu‐
§ 1º O servidor terá exercício na unidade em que for lares; e
lotado, exceto nos casos de interesse público com expressa VI – estiver em disponibilidade, salvo interesse da Secre‐
e fundamentada autorização do Diretor-Geral. taria de Estado da Segurança Pública e Defesa do Cidadão.
§ 2º O afastamento do servidor de sua lotação só se Art. 37. Não poderá, ainda, ser promovido por mereci‐
verificará com expressa autorização do chefe imediato, ve‐ mento, o servidor que:
rificado o interesse do serviço público, e com anuência do I – estiver em gozo de licença para tratamento de saúde
Diretor-Geral. de pessoa da família, por mais de 3 (três) meses;
§ 3º Considera-se requisito obrigatório para movimen‐ II – estiver em exercício de mandato eletivo, cuja carga
tação a permanência mínima de 2 (dois) anos na lotação horária de trabalho seja incompatível com o exercício da
em que estiver vinculado, exceto por imperiosa necessidade função pericial;
do serviço. III – estiver no exercício de cargo ou função pública civil
temporária não eletiva, inclusive da administração indireta,
Art.  32. A escolha da unidade lotacional para o efeti‐
fundações, autarquias, economia mista e empresas públi‐
vo exercício do cargo, dentre as vagas disponibilizadas em
cas; e
concurso público, será realizada após o término do Curso de IV – estiver licenciado para realizar quaisquer cursos em
Formação Profissional, respeitando a ordem de classificação nível de doutorado, mestrado, especialização ou similares,
obtida pelos alunos, ao final do respectivo curso, ressalvados na forma da legislação específica e desde que não tenha
os casos em que a escolha da unidade de lotação seja feita relação direta com a atividade pericial.
no ato da inscrição do concurso público. Art. 38. A análise do curso e registro no Sistema Inte‐
Parágrafo único. Concluído o curso de formação, o ser‐ grado de Gestão de Recursos Humanos - SIGRH, para efeito
vidor do IGP terá direito a ajuda de custo correspondente à de desenvolvimento funcional, será procedida pelo Setor
metade do valor estabelecido no inciso I do art. 65 desta Lei, de Recursos Humanos do Instituto Geral de Perícias - IGP.
por ocasião da primeira lotação após deixar os quadros da § 1º O certificado do curso deverá ser acompanhado do
Academia de Perícia, desde que esta ocorra em sede diversa conteúdo programático e sua respectiva carga horária.
da localidade de sua residência de origem. (NR) (Redação do § 2º Os cursos deverão estar relacionados com a função NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
parágrafo único, dada pela Lei 16.772, de 2015). ou área de atuação, sendo necessária carga horária mínima
de 8 (oito) horas para efeito de homologação e validação.
CAPÍTULO V § 3º Somente serão considerados os cursos finalizados no
Do Desenvolvimento Funcional prazo de 3 (três) anos anteriores a data da última promoção.
Art. 39. Cumpridos os critérios exigidos por esta Lei o
Seção I desenvolvimento funcional ocorrerá por processamento au‐
Das Disposições Gerais tomático das informações constantes do Sistema Integrado
de Gestão de Recursos Humanos - SIGRH.
Parágrafo único. Compete ao Setor de Recursos Humanos
Art. 33. O desenvolvimento funcional dos integrantes do
do Instituto Geral de Perícias - IGP, gerir os procedimentos
Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP será
necessários ao desenvolvimento funcional, sob a supervisão
efetuado mediante promoção na respectiva carreira. e orientação do órgão normativo do Sistema Administrati‐
Art. 34. A promoção na carreira dos servidores efetivos vo de Gestão de Recursos Humanos - SAGRH, na área de
do Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP capacitação.
consiste na movimentação do nível atual para o nível ime‐
diatamente superior, dentro do respectivo cargo. Seção II
§ 1º Verificada a abertura de vaga no nível imediatamen‐ Da Promoção por Antiguidade
te superior ao do servidor, a promoção realizar-se-á, alter‐
nadamente pelos critérios de antiguidade e merecimento, Art.  40. Concorrerão à promoção por antiguidade os
seguindo a ordem sequencial da última promoção. integrantes das carreiras do Instituto Geral de Perícias do

385
Estado de Santa Catarina que tiverem maior tempo de efetivo c) conduta ética: postura de honestidade, responsabili‐
exercício no cargo e nível, o qual será contado nos casos de: dade, respeito à instituição e ao sigilo das informações, às
I – nomeação, a partir da data do efetivo exercício no quais tem acesso em decorrência ao trabalho e observância
cargo devidamente aprovado no estágio probatório; a regras, normas e instruções regulamentares;
II – reversão ou retorno, a partir da data em que reverteu d) relacionamento interpessoal: capacidade de se comu‐
ou retornou ao exercício do cargo; nicar e de interagir com a equipe de trabalho e com o público
III – promoção a partir da publicação do ato de movi‐ em função da boa execução do serviço;
mentação. e) eficiência: capacidade de atingir resultados no trabalho
§ 1º Será computado como de efetivo exercício o tempo com qualidade e rapidez, considerando as condições ofere‐
em que o servidor estiver à disposição de outros órgãos, cidas para tanto;
desde que no interesse da Secretaria de Segurança Pública f) produtividade no trabalho: a comprovação, a partir da
e Defesa do Cidadão. comparação da produção desejada com o trabalho realizado
§ 2º Havendo empate na contagem do tempo de servi‐ que será aferido, sempre que possível, com base em relató‐
ço no nível, a classificação obedecerá, sucessivamente, aos rios estatísticos de desempenho quantificado;
seguintes critérios: g) qualidade do trabalho: demonstração do grau de exa‐
I – maior tempo de serviço em caráter efetivo, na carreira; tidão, precisão e apresentação, quando possível, mediante
II – maior tempo de serviço público no Estado; apreciação de amostras, do trabalho executado, bem como
III  – maior tempo de serviço em atividades da Perícia pela capacidade demonstrada pelo servidor no desempenho
Oficial; das atribuições do seu cargo; e
IV – maior idade; e h) disciplina e zelo funcional: observância dos preceitos
V – maior número de dependentes. e normas, com a compreensão dos deveres, da responsa‐
bilidade, do respeito e seriedade com os quais o servidor
Seção III desempenha suas atribuições e a execução de suas ativida‐
Da Promoção por Merecimento des com cuidado, dedicação e compreensão dos deveres e
responsabilidade;
Art. 41. A promoção por merecimento, com o objetivo II – até 60 (sessenta) pontos, atribuídos em Formulário
de aferir o desempenho do servidor efetivo do Quadro de de Aperfeiçoamento, para o critério cumprimento de carga
Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP no exercício de horária dos cursos de aperfeiçoamento e/ou qualificação mi‐
suas atribuições, condiciona-se ao preenchimento dos re‐ nistrados pela Academia de Perícia e/ou outras instituições
quisitos considerados indispensáveis ao exercício do cargo, públicas ou privadas, observada a seguinte carga horária:
por meio da Avaliação Funcional.
Art. 42. A Avaliação Funcional do servidor efetivo tem a) Perito Oficial
por finalidade avaliar as competências no desempenho das NÍVEL Nº DE HORAS
atribuições do cargo de cada carreira, para efeito de: 1 160
I – levantar as necessidades de treinamentos e capaci‐ 2 180
tações para o alinhamento do desempenho individual ao 3 200
desempenho institucional;
II – identificar competências que necessitem de aprimo‐ b) Técnico Pericial
ramento visando o aperfeiçoamento da força de trabalho do
NÍVEL Nº DE HORAS
Quadro de Pessoal do IGP; e
III – valorizar e estimular o servidor a investir em desen‐ 1 120
volvimento profissional e melhoria do desempenho. 2 140
§ 1º Excepcionalmente, havendo impedimento do ava‐ 3 160
liador ou situação que indique incompatibilidade técnico‐ 4 180
-funcional com o avaliado e, consequentemente, compro‐
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

metimento do resultado, a avaliação funcional deverá ser c) Auxiliar Pericial


realizada pelo substituto formal do seu superior imediato, ou NÍVEL Nº DE HORAS
por outro indicado pela Comissão Permanente de Promoção,
1 40
mediante justificativa circunstanciada.
§ 2º O servidor que, durante o período de referência da 2 60
avaliação, tiver exercido suas atribuições sob a liderança de 3 80
mais de um superior hierárquico, será avaliado por aquele 4 100
ao qual esteve subordinado por mais tempo. 5 120
Art. 43. A Avaliação Funcional do servidor efetivo será 6 140
efetuada mediante a atribuição de até 200 (duzentos) pontos 7 160
e ocorrerá a cada 2 (dois) anos, assim distribuída:
I – até 140 (cento e quarenta) pontos, atribuídos em For‐ § 1º Entende-se por cursos de qualificação e/ou aperfei‐
mulário Individual de Desempenho, mediante avaliação dos çoamento, para efeitos do disposto no inciso II, participação
seguintes critérios: em cursos de atualização, reciclagem ou aprimoramento,
a) comprometimento com a Instituição: fiel cumprimento bem como, congressos, seminários ou palestras, realizados
dos deveres de servidor público; por órgãos públicos e privados de elevado reconhecimento
b) iniciativa: ações espontâneas e apresentação de ideias ou realizados por instituições afetas à Perícia Oficial.
em prol da solução de problemas da unidade de trabalho, § 2º Recebido o formulário individual de desempenho,
visando seu bom funcionamento; será o mesmo preenchido pela chefia imediata e devolvido no

386
prazo de até 5 (cinco) dias, impreterivelmente, às Comissões integrante da Comissão de Concurso para ingresso nas car‐
Permanentes de Promoção. reiras do Instituto Geral de Perícias - IGP.
§ 3º Compete ao Diretor-Geral e ao Corregedor do Insti‐ Parágrafo único. Para efeitos do disposto no inciso I, não
tuto Geral de Perícias homologar a pontuação constante no serão considerados para fins de pontuação, os cursos de gra‐
formulário individual de desempenho disposta no inciso I, duação exigidos para o provimento originário dos cargos do
procedendo as alterações, desde que justificadas, visando à Instituto Geral de Perícias - IGP.
aplicação homogênea dos critérios estabelecidos nesta Lei. Art. 45. O servidor efetivo pertencente à carreira de Pe‐
§ 4º A avaliação funcional do Diretor-Geral será realizada rito Oficial atenderá aos seguintes pré-requisitos para pro‐
pelo Secretário de Segurança Pública e Defesa do Cidadão moção por merecimento:
e a avaliação do Corregedor do Instituto Geral de Perícias - I – atingir um número mínimo de 250 (duzentos e cin‐
IGP, será realizada pelo Corregedor-Geral da Secretaria de quenta) pontos e contabilizar 6 (seis) anos de efetivo exercício
Segurança Pública e Defesa do Cidadão. na carreira, para ser promovido ao nível II;
Art. 44. As Comissões Permanentes de Promoção, além II – atingir um número mínimo de 270 (duzentos e seten‐
da Avaliação Funcional, utilizarão para compor o total de ta) pontos e contabilizar 12 (doze) anos de efetivo exercício
pontos da promoção por merecimento, a participação, a na carreira, para ser promovido ao nível III; e
conclusão ou a produção de atividades relacionadas dire‐ III – atingir um número mínimo de 290 (duzentos e noven‐
tamente com as áreas técnicas da perícia forense, áreas ta) pontos e contabilizar 18 (dezoito) anos de efetivo exercício
administrativas, jurídicas e/ou de interesses institucionais na carreira, para ser promovido ao nível IV.
do Instituto Geral de Perícias - IGP, atribuindo-se a eles a Art.  46. O servidor efetivo pertencente à carreira de
seguinte pontuação: Técnico Pericial atenderá aos seguintes pré-requisitos para
I  – 200 (duzentos) pontos para outro curso de gradu‐ promoção por merecimento:
ação; desde que inerentes ao cargo ou à respectiva área I – atingir um número mínimo de 200 (duzentos) pontos
de atuação, autorizados e reconhecidos pelo Ministério da e contabilizar 4 (quatro) anos de efetivo exercício na carreira,
Educação - MEC; para ser promovido ao nível 2;
II – 200 (duzentos) pontos para livro publicado; II  – atingir número mínimo de 220 (duzentos e vinte)
III – 50 (cinquenta) pontos para autoria parcial de livro pontos e contabilizar 8 (oito) anos de efetivo exercício na
publicado; carreira, para ser promovido ao nível 3;
IV – 2 (dois) pontos para cada 4 (quatro) horas/aula mi‐ III – atingir um número mínimo de 240 (duzentos e qua‐
nistradas em eventos científicos ou culturais promovidos renta) pontos e contabilizar 12 (doze) anos de efetivo exer‐
pelo Instituto Geral de Perícias - IGP ou outras entidades ou cício na carreira, para ser promovido ao nível 4;
instituições oficiais, devidamente certificados, observado o
IV – atingir um número mínimo de 260 (duzentos e ses‐
limite máximo de 60 (sessenta) pontos por ano;
senta) pontos e contabilizar 18 (dezoito) anos de efetivo
V  – 20 (vinte) pontos para conferências ou palestras
exercício na carreira, para ser promovido ao nível 5.
proferidas em eventos científicos promovidos pelo Instituto
Art.  47. O servidor efetivo pertencente à carreira de
Geral de Perícias - IGP ou outras entidades ou instituições
Auxiliar Pericial atenderá aos seguintes pré-requisitos para
oficiais, devidamente certificadas, observado o limite máxi‐
promoção por merecimento:
mo de 60 (sessenta) pontos por ano;
I – atingir um número mínimo de 100 (cem) pontos e
VI – 20 (vinte) pontos para trabalho publicado em anais
contabilizar 4 (quatro) anos de efetivo exercício na carreira,
de congressos e em outros eventos semelhantes;
VII – 100 (cem) pontos para autoria de artigo científico para ser promovido ao nível 2;
publicado em periódico internacional e 50 (cinquenta) pontos II – atingir um número mínimo de 120 (cento e vinte)
em periódico nacional, reconhecido pela Coordenação de pontos e contabilizar 6 (seis) anos de efetivo exercício na
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, do carreira, para ser promovido ao nível 3;
Ministério da Educação; III – atingir um número mínimo de 140 (cento e quarenta)
VIII – 20 (vinte) pontos para colaboração nos artigos de pontos e contabilizar 8 (oito) anos de efetivo exercício na
que trata o inciso anterior; carreira, para ser promovido ao nível 4;
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
IX – 10 (dez) pontos por participação, até o limite de 40 IV – atingir um número mínimo de 160 (cento e sessenta)
(quarenta) pontos por ano, enquanto membro de Grupo de pontos e contabilizar 12 (doze) anos de efetivo exercício na
Trabalho que estabeleça normas e diretrizes a serem obser‐ carreira, para ser promovido ao nível 5;
vadas pelos servidores do Instituto Geral de Perícias - IGP; V – atingir um número mínimo de 180 (cento e oitenta)
X – 10 (dez) pontos por participação, até o limite de 60 pontos e contabilizar 14 (quatorze) anos de efetivo exercício
(sessenta) pontos por ano, enquanto membro de comissão na carreira, para ser promovido ao nível 6;
de Processo Administrativo Disciplinar ou Presidente de Sin‐ VI – atingir um número mínimo de 200 (duzentos) pon‐
dicância; tos e contabilizar 16 (dezesseis) anos de efetivo exercício na
XI – 6 (seis) pontos por atividade correicional, até o limite carreira, para ser promovido ao nível 7; e
de 36 (trinta e seis) pontos por ano, quando da participação VII – atingir um total de 220 (duzentos e vinte) pontos e
nesta, desde que não seja membro efetivo em exercício re‐ contabilizar 18 (dezoito) anos de efetivo exercício na carreira,
gular na Corregedoria, quando designado pelo Corregedor para ser promovido ao nível 8.
do Instituto Geral de Perícias - IGP; Art. 48. O resultado final da pontuação para a promoção
XII – 20 (vinte) pontos por processo de promoção, até o por merecimento do servidor efetivo do Quadro de Pessoal
limite de 80 (oitenta) pontos por ano, quando da participação do Instituto Geral de Perícias – IGP, será o somatório dos pon‐
em Comissão de Promoção dos membros das carreiras do tos englobando todos os critérios da avaliação de promoção.
Instituto Geral de Perícias - IGP; § 1º Os pontos não utilizados para a promoção por mere‐
XIII – 50 (cinquenta) pontos por concurso, até o limite cimento gerarão saldo para a promoção subsequente, limita‐
de 100 (cem) pontos por ano, quando da participação como do em 50% (cinquenta por cento) do número total de pontos.

387
§ 2º O saldo restante será zerado. c) pratica as competências, mas necessita de aprimo‐
Art. 49. Haverá uma Comissão Permanente de Promo‐ ramento: igual ou superior a 50% (cinquenta por cento) e
ção para cada carreira do Instituto Geral de Perícias – IGP, inferior a 70% (setenta por cento) da pontuação máxima; e
que será responsável pela condução, pela elaboração das d) necessita desenvolver: inferior a 50% (cinquenta por
normas e procedimentos pertinentes à avaliação funcional, cento) da pontuação máxima.
a ser regulamentada em ato do Chefe do Poder Executivo. Art. 52. Havendo empate na contagem dos pontos dos
§ 1º As Comissões Permanentes de Promoção serão cons‐ servidores de mesmo nível, a classificação para fins promo‐
tituídas por 3 (três) servidores efetivos de cada carreira do cionais obedecerá, sucessivamente, aos seguintes critérios:
Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP, por I  – maior pontuação na Avaliação Funcional imediata‐
indicação do Diretor-Geral, e seus membros terão mandato mente anterior ao processo de promoção;
de 2 (dois) anos, permitida a recondução. II – maior tempo de serviço na carreira, observados os
§ 2º A contagem preliminar dos pontos, para os atos de critérios para fins de promoção;
promoção, deverão ser de conhecimento dos servidores, 30 III – maior tempo de serviço em atividades ligadas à Pe‐
(trinta) dias antes da data de efetivação daquela concessão. rícia Oficial;
§ 3º Os pedidos de revisão dos pontos poderão ser inter‐ IV – maior idade; e
postos pelos servidores, no prazo de 10 (dez) dias, a contar V – maior número de dependentes.
da publicação da contagem preliminar de pontos no Diário
Oficial do Estado. Seção IV
§ 4º As comissões apreciarão os pedidos de revisão no Da Promoção Extraordinária
prazo de 5 (cinco) dias, findo o prazo recursal.
Art. 50. Das decisões das comissões de promoção caberá Art. 53. São consideradas modalidades de promoção ex‐
recurso ao Diretor-Geral, sem efeito suspensivo, no prazo de traordinárias as realizadas por Ato de Bravura e Post Mortem.
5 (cinco) dias úteis, a contar da publicação do ato da decisão Art. 54. A promoção extraordinária ocorrerá, em caráter
denegatória de recursos, e sucessivamente, em igual prazo excepcional, quando integrante de carreira do Quadro de
ao Secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa do Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP ficar permanen‐
Cidadão. temente inválido, em virtude de ferimento sofrido em ação
Art. 51. Compete às comissões de promoção: ou pela prática de ato de bravura.
I  – elaborar e revisar as normas, procedimento e os Parágrafo único. A promoção extraordinária dar-se-á
formulários da Avaliação Funcional, propondo alterações para o nível imediatamente superior em que o servidor se
quando necessário; sob a orientação do Setor de Recursos encontrar.
Humanos do Instituto Geral de Perícias - IGP;
Art.  55. A promoção por bravura, não condicionada à
II – acompanhar e avaliar os processos e resultados das
existência de vaga, se efetivará pela prática de ato consi‐
avaliações funcionais, com base nos instrumentos a serem
derado muito meritório e terá as circunstâncias para a sua
definidos em decreto do Chefe do Poder Executivo;
ocorrência apuradas em investigação conduzida por mem‐
III – fixar cronograma de trabalho para cada período de
bros da Comissão Permanente de Avaliação de Promoção.
avaliação;
§ 1º Para fins deste artigo, ato de bravura em serviço
IV  – dar conhecimento prévio das normas, critérios e
corresponde à conduta do servidor que, no desempenho
conceitos a serem utilizados nas avaliações;
V – julgar recurso interposto pelo servidor, em razão da de suas atribuições e para a preservação de vida de outrem,
avaliação realizada pelo seu superior imediato; coloque em risco incomum a sua própria vida, demonstrando
VI – publicar a contagem dos pontos e ordem de classi‐ coragem e audácia.
ficação dos servidores, no site do Instituto Geral de Perícias § 2º Na promoção por ato de bravura não é exigido o
- IGP; atendimento de requisitos para a promoção, estabelecidos
VII – manter atualizado, por meio do Setor de Recursos nesta Lei.
Humanos, o registro de vagas existentes de todas as carreiras Art. 56. A promoção Post Mortem tem por objetivo ex‐
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

do Instituto Geral de Perícias - IGP, obedecendo ao critério de pressar o reconhecimento do Estado ao servidor falecido,
que toda e qualquer informação funcional deverá constar do quando:
Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos - SIGRH, I – no cumprimento do dever;
sendo vedada a utilização de outro meio tecnológico; II – em consequência de ferimento recebido no exercício
VIII – avaliar e decidir sobre questões que tenham com‐ da atividade pericial, ou por enfermidade contraída em razão
prometido ou dificultado a aplicação das avaliações pelos do desempenho da função.
avaliadores e avaliados, sugerindo medidas às unidades § 1º A superveniência do evento morte, em decorrência
competentes; e dos mesmos fatos e circunstâncias que tenham justificado
IX – formular parecer conclusivo sobre o desempenho dos promoção anterior por ato de bravura, excluirá a de caráter
servidores para o Setor de Recursos Humanos do Instituto Post Mortem.
Geral de Perícias - IGP, cujo teor deverá contemplar a assi‐ § 2º A promoção de que trata o caput deste artigo e seus
natura da maioria dos integrantes da Comissão, observado incisos terá as circunstâncias para a sua ocorrência apuradas
o resultado efetivo da pontuação obtida na Avaliação Fun‐ em investigação conduzida por membros da Comissão Per‐
cional por ele obtido, com a correspondência de conceitos manente de Avaliação de Promoção.
de desempenho conforme segue:
a) apresenta perfil de alta performance: igual ou superior CAPÍTULO VI
a 90% (noventa por cento) da pontuação máxima; Da Remoção
b) demonstra perfil esperado: igual ou superior a 70%
(setenta por cento) e inferior a 90% (noventa por cento) da Art. 57. Remoção é o deslocamento do servidor efetivo
pontuação máxima; de uma para outra unidade do Instituto Geral de Perícias

388
- IGP, no âmbito da mesma carreira e cargo, com ou sem IV – em decorrência de causa emergencial devidamente
mudança de cidade. justificada.
Art. 58. O servidor efetivo do Instituto Geral de Perícias § 1º Devem ser observados os seguintes critérios para
- IGP, pode ser removido: decisão do servidor a ser removido, sucessivamente:
I – a pedido, a critério da administração; I – o com melhor qualificação específica e que se dispuser
II – por permuta, a critério da administração; a ser removido;
III – ex officio, no interesse da administração; e II – o que se dispuser a ser removido;
IV – ex officio, por conveniência da disciplina. III – o de menor tempo de serviço;
Parágrafo único. As remoções são autorizadas ou de‐ IV – o residente em localidade mais próxima; e
terminadas pelo Diretor-Geral, após pronúncia do superior V – o menos idoso.
imediato do servidor. § 2º O levantamento e a análise da documentação com‐
Art. 59. A remoção a pedido ou por permuta só pode ser probatória relacionada a melhor qualificação específica,
concedida ao servidor após 5 (cinco) anos de efetivo exercício disposta no inciso I do parágrafo anterior, é competência da
no local de sua lotação. Academia de Perícia.
Parágrafo único. O prazo deste artigo pode ser reduzido Art. 64. A remoção ex officio, por conveniência da discipli‐
se comprovada a necessidade de remoção por motivo de na, será precedida de sindicância ou processo administrativo
saúde. disciplinar, assegurados o contraditório e a ampla defesa,
Art. 60. A remoção, por motivo de saúde, restringe-se à com manifestação motivada do Corregedor do Instituto Geral
necessidade do servidor, cônjuge, companheiro ou depen‐ de Perícias - IGP, sobre a conveniência da remoção.
dente que viva às suas custas e conste do seu assentamento Art. 65. No caso de remoção ex officio, que implicar mu‐
funcional. dança de lotação ou sede funcional, o servidor do Instituto
Parágrafo único. São condições indispensáveis à remoção Geral de Perícias - IGP, terá direito a 15 (quinze) dias de trân‐
disposta no caput deste artigo: sito, prorrogável por igual período, em caso de justificada ne‐
I – não haver condições de tratamento médico na cidade cessidade, bem como ao pagamento de verba indenizatória,
atual em que o servidor estiver lotado; a título de ajuda de custo, para compensar as despesas de
II – necessidade imprescindível da assistência pessoal do transporte e novas instalações, equivalente:
servidor às demais pessoas relacionadas no caput; e I – ao valor correspondente a 50% (cinquenta por cento)
III – impossibilidade do tratamento ou da assistência ser do respectivo subsídio, quando não possuir dependentes;
prestada de forma simultânea com o exercício do cargo em II – ao valor correspondente a 75% (setenta e cinco por
sua atual lotação. cento) do respectivo subsídio, quando possuir até 2 (dois)
Art. 61. Nos pedidos de remoção, por motivo de saúde, dependentes expressamente declarados; e
a junta médica oficial deve manifestar-se quanto à existên‐ III  – ao valor correspondente ao respectivo subsídio,
cia da moléstia, sua gravidade, condições de tratamento e quando possuir mais de 2 (dois) dependentes expressamente
necessidade terapêutica de movimentação do servidor para declarados. (NR) (Redação dada pela Lei 16.772, de 2015).
o local da nova lotação. Art. 66. O servidor, quando removido, deve entrar em
§ 1º A junta médica oficial deve, ainda, relacionar as ci‐ exercício no órgão para o qual foi designado dentro de 15
dades, dentre as quais constem unidades do Instituto Geral (quinze) dias, contados da data da publicação do ato.
de Perícias - IGP, que detenham igualdade de condições para Parágrafo único. Quando a remoção se der para novo
o tratamento da doença, devendo a instituição, neste caso, local, sediado no mesmo município ou limítrofe ao da lota‐
determinar a remoção, dentre as cidades relacionadas, para ção anterior, o servidor deve entrar em exercício na data da
a que melhor atenda o interesse institucional. publicação do ato que o removeu e não tem direito à ajuda
§ 2º Na situação disposta no parágrafo anterior é facul‐ de custo.
tado ao servidor permanecer no local de sua atual lotação. Art. 67. Não se consideram remoção as operações es‐
§ 3º Quando autorizada a remoção por motivo de saúde, peciais que exijam o deslocamento temporário do exercício
esta será concedida independentemente de vaga na unidade do servidor para outro município ou comarca diversos da NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
do Instituto Geral de Perícias - IGP. sua sede lotacional, assegurada a percepção dos benefícios
§ 4º Cessando as razões que deram origem à remoção financeiros previstos em lei.
por motivo de saúde, o servidor poderá ser removido para Art.  68. No caso de remoção, o cônjuge, se integran‐
sua unidade anterior. te do Instituto Geral de Perícias - IGP, poderá acompanhar
Art. 62. A remoção por permuta se processa a pedido o servidor removido para a nova sede e não tem direito à
de ambos os interessados, desde que sejam ocupantes do ajuda de custo.
mesmo cargo.
Parágrafo único. A permuta não se pode verificar quando CAPÍTULO VII
uma das partes interessadas tiver condições de aposenta‐ Da Valorização Profissional
doria por tempo de serviço dentro de 1 (um) ano, a contar
da data do pedido. Art. 69. Aos integrantes do Quadro de Pessoal do Insti‐
Art. 63. A remoção ex officio, no interesse da administra‐ tuto Geral de Perícias - IGP, nos termos desta Lei, que apre‐
ção, ocorrerá observando-se os seguintes motivos: sentarem certificado ou diploma de conclusão de cursos de
I – pela necessidade de servidor com qualificação espe‐ pós-graduação, inerentes ao cargo ou à respectiva área de
cífica para atender relevante interesse institucional; atuação, desde que autorizados e reconhecidos pelo Minis‐
II – pela necessidade premente de aumentar o efetivo tério da Educação - MEC, fica instituído o Adicional de Pós‐
da unidade pericial, em decorrência do incremento da inci‐ -Graduação, incidente sobre o valor do vencimento básico
dência de exames periciais na região; de cada cargo, correspondente a:
III – para substituir servidor nos impedimentos legais; e I – 13% (treze por cento) para especialização;

389
II – 16% (dezesseis por cento) para mestrado; e Federal e, havendo compatibilidade de horário, o exercício
III – 19% (dezenove por cento) para doutorado. do magistério e da medicina.
Parágrafo único. Não se aplica ao aposentado a proibi‐
CAPÍTULO VIII ção de acumular proventos quanto ao exercício de mandato
Da Política Remuneratória eletivo, cargo de provimento em comissão ou contrato para
prestação de serviço técnico ou especializado.
Seção I Art. 75. (Redação revogada pela Lei 16.772, de 2015).
Dos Vencimentos e dos Adicionais
Seção II
Art. 70. Os valores dos vencimentos básicos dos servido‐ Das Garantias e das Prerrogativas do Cargo
res do Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP
são os estabelecidos no Anexo IV desta Lei. Art. 76. O servidor do Instituto Geral de Perícias - IGP,
Art. 71. (Revogada pela LC 675, de 2016) gozará das seguintes garantias:
I – receber tratamento e vencimento compatíveis com a
Seção II importância do cargo desempenhado;
Da Remuneração por Chefia II – matrícula, em estabelecimento oficial de ensino, na
cidade em que esteja lotado, para si e seus dependentes, em
Art. 72. Os servidores efetivos do Instituto Geral de Pe‐ qualquer fase do ano letivo, independentemente de vaga,
rícias - IGP, quando no exercício de suas funções em órgãos quando removido no interesse do serviço pericial;
do IGP ou outros órgãos vinculados à Secretaria de Estado III – indenização de auxílio a saúde, nos termos do art.
da Segurança Pública e Defesa do Cidadão - SSP, exercendo 2º da Lei nº 12.568, de 17 de fevereiro de 2003.
cargo ou função de chefe de setor ou de serviço, farão jus Art.  77. Constituem prerrogativas funcionais dos ser‐
à Indenização de Representação de Chefia, no percentual vidores do Instituto Geral de Perícias - IGP, dentre outras
instituído no art. 18 da Lei Complementar nº 254, de 15 de estabelecidas em lei:
dezembro de 2003. I – ter, em virtude do cargo de Perito, autonomia e inde‐
§ 1º O beneficiário fará jus à indenização de que trata pendência no exercício das funções;
o caput deste artigo desde o dia em que iniciar o exercício II – ter fé pública nos documentos, pareceres, laudos e
do cargo ou função e cessará quando se afastar em caráter demais atos emanados em razão do cargo;
definitivo ou por prazo superior a 30 (trinta) dias, excetuadas III  – usar títulos decorrentes do exercício do cargo ou
as férias. função;
§ 2º Fica vedada a acumulação da indenização de que IV – possuir insígnia e carteira de identificação funcional,
trata o caput deste artigo em razão de nomeação ou desig‐ com fé pública, expedida pelo Diretor-Geral, válida em todo
nação para mais de 1 (um) cargo ou função, ressalvado o o Território Nacional como documento de identidade civil.
direito de opção. V  – ter ingresso e trânsito livres em qualquer recinto
§ 3º Para fins desta Lei, são consideradas funções de público ou privado, em razão de serviço, devendo as auto‐
chefia de órgão, setor ou serviço, aquelas em que o servidor ridades e seus agentes prestar-lhes todo o apoio e auxílio
do Instituto Geral de Perícias - IGP exerce nos órgãos do IGP necessários ao desempenho de suas funções;
ou dos demais órgãos da Secretaria de Estado da Segurança VI – ter prioridade nos serviços de transporte e comu‐
Pública e Defesa do Cidadão, a responsabilidade pelos se‐ nicação, públicos e privados, em razão de serviço especial
guintes setores ou serviços: de caráter urgente;
I – setor de identificação civil; VII  – ser acompanhado e auxiliado por bombeiros e
II – setor de identificação criminal; policiais estaduais quando necessário ao exercício de suas
III – setor de medicina legal; atribuições e para proteção de sua integridade física;
IV – setor de criminalística; VIII – empregar a força para defesa da integridade física
V – setor de análises laboratoriais; própria ou de terceiros, proporcional ao exigido nas circuns‐
NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial

VI – setor de administração; tâncias;


VII – setor de assessoramento; IX – realizar nos locais de crimes buscas por evidências e
VIII – setor de materiais; e colher informações necessárias às atividades de investigação
IX – setor de informática. pericial.
§ 1º Constarão na carteira funcional dos servidores da
CAPÍTULO IX ativa as prerrogativas dos incisos III, IV, V e VI, deste artigo.
Das Disposições Gerais § 2º Aplicam-se ao servidor do Instituto Geral de Perícias
– IGP aposentado as prerrogativas do inciso III deste artigo.
Seção I Art. 78. Os servidores efetivos do Instituto Geral de Perí‐
Do Regime de Trabalho cias - IGP, órgão integrante da Secretaria de Segurança Pública
e Defesa do Cidadão do Estado de Santa Catarina, terão di‐
Art. 73. A jornada de trabalho dos servidores do Quadro reito ao porte de arma de fogo de uso permitido, observadas
de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP é de 40 (qua‐ as condições de uso, armazenagem e trânsito estabelecidas
renta) horas semanais, devendo ser cumprida em regime de pelo Diretor-Geral, conforme regulamentação federal.
expediente diário ou em escalas ou turnos ininterruptos de § 1º As armas de fogo utilizadas pelos servidores serão
sobreaviso, de acordo com a necessidade de serviço, a ser de responsabilidade e guarda do servidor, que não gozará de
determinada pela administração de cada unidade. prerrogativa funcional quando em desacordo com a norma
Art. 74. Ao servidor do Instituto Geral de Perícias - IGP é própria.
vedado exercer qualquer outra atividade remunerada, pú‐ § 2º A autorização de porte de arma de fogo constará na
blica ou privada, salvo os casos previstos na Constituição carteira funcional do servidor.

390
§ 3º O porte de arma poderá ser cassado, mediante pro‐ Art. 87. Ficam criadas as Funções Gratificadas necessárias
cesso administrativo, quando o servidor do Instituto Geral para o funcionamento do Instituto Geral de Perícias - IGP,
de Perícias – IGP, se utilizar da prerrogativa em circunstân‐ conforme Anexo V integrante da presente Lei e, incluídas
cias que acarretem prejuízo ao prestígio ou à dignidade do no Anexo XIV da Lei Complementar nº 381, de 07 de maio
Instituto. de 2007.
Art. 79. Ao servidor que tiver exercido, a partir do ano Art. 88. Ficam criados os Cargos em Comissão necessários
de 2000, pelo período mínimo de 12 (doze) meses, função para o funcionamento do Instituto Geral de Perícias - IGP,
de Diretor-Geral, Diretor-Adjunto, Corregedor, Diretor ou Ge‐ conforme Anexo VI integrante da presente Lei e, incluídos no
rente do Instituto Geral de Perícias - IGP ou da Diretoria de Anexo VII-D da Lei Complementar nº 381, de 2007.
Polícia Técnica-Científica, é assegurada a prerrogativa de, ao Art. 89. Fica assegurado o adicional vintenário previsto
deixar a referida função, exercer as atribuições do seu cargo no art. 13 e seus parágrafos da Lei Complementar nº 254,
no setor pericial em que atuava antes do exercício da função de 2003, aos integrantes do Quadro de Pessoal do Instituto
comissionada ou no setor pericial em que tenha proficiência Geral de Perícias - IGP.
comprovada para atuar. Art. 90. As demais vantagens pecuniárias, direitos, licen‐
Parágrafo único. É vedada a remoção ex offício do ser‐ ças, garantias, e prerrogativas não citadas nesta Lei, con‐
vidor de que trata o caput deste artigo, nos 2 (dois) anos cedidas a qualquer título, percebidas regularmente pelos
subsequentes à destituição da função. servidores ativos, inativos e pensionistas do Instituto Geral
Art. 80. O titular de cargo integrante do Quadro de Pes‐ de Perícias - IGP permanecem inalteradas e mantêm os mes‐
soal do Instituto Geral de Perícias - IGP será aposentado vo‐ mos critérios de concessão previstos na legislação vigente.
luntariamente com proventos integrais, nos termos do art. Parágrafo único. O determinado no caput deste artigo
40, § 4º, II e III, da Constituição da República, desde que aplicar-se-á às disposições comuns, omissas e não colidentes
comprove 30 (trinta) anos de contribuição, contando com com a presente Lei.
pelo menos 20 (vinte) anos de exercício em atividade priva‐ Art. 91. Fica extinto e seu valor incorporado e absorvido
tiva da carreira no Estado de Santa Catarina, se homem, e para o Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP,
25 (vinte e cinco) anos de contribuição, contando com pelo o adicional de atividade, código de vantagem 1160 da folha
menos 15 (quinze) anos de exercício em atividade privativa de pagamento.
da carreira no Estado de Santa Catarina, se mulher. Art. 92. A aplicação desta Lei não poderá gerar redução
da remuneração dos servidores ativos, inativos e pensionistas
CAPÍTULO X atingidos por suas disposições.
Das Disposições Finais e Transitórias Art. 93. Serão regulamentadas em decreto pelo Chefe
do Poder Executivo, no prazo máximo de 90 (noventa) dias
Art.  81. Aplicar-se-ão, no que couber, aos servidores a contar da data de publicação desta Lei, as normas relacio‐
efetivos do Instituto Geral de Perícias - IGP, as disposições nadas ao Instituto Geral de Perícias - IGP, referentes:
do Estatuto da Polícia Civil do Estado de Santa Catarina, Lei I – a estrutura organizacional;
nº 6.843, de 28 de julho de 1986, de forma subsidiária ao II – ao estágio probatório;
disposto nesta Lei. III – ao Regimento Interno da Academia de Perícia;
Art. 82. Compete ao Diretor-Geral aplicar as penas de IV – aos sistemas e critérios do curso de formação;
advertência e suspensão aos servidores do Quadro de Pes‐ V – ao quadro lotacional;
soal do Instituto Geral de Perícias - IGP. VI – ao Adicional de Pós-Graduação; e
Art. 83. Fica criada a Academia de Perícia, destinada a VII – ao desenvolvimento funcional.
formar e qualificar os servidores das carreiras do Instituto Art. 94. O enquadramento dos servidores do Instituto
Geral de Perícias - IGP, bem como ao aperfeiçoamento e Geral de Perícias - IGP será efetuado por meio de portaria
desenvolvimento de técnicas e competências necessárias às emitida pelo Secretário de Estado da Administração, no prazo
atribuições do cargo. máximo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação
Parágrafo único. A Academia de Perícia fica autorizada desta Lei.
a estabelecer convênios com entidades de ensino públicas Parágrafo único. O enquadramento disposto no caput NOÇÕES DE DIREITO: Legislação Especial
e privadas para a formatação total ou parcial do curso de deste artigo será efetuado independente das regras sobre
formação e demais demandas que houver. desenvolvimento funcional de que trata esta Lei.
Art. 84. O Instituto Geral de Perícias - IGP, instalará seus Art. 95. As despesas decorrentes da aplicação desta Lei
órgãos de administração, de criminalística, de medicina legal, correrão à conta das dotações próprias do orçamento vigente
de identificação civil e de serviços auxiliares em prédios sob do Estado.
sua administração, ou através de convênios, além de contar Art. 96. O aumento das despesas decorrentes da aplica‐
com todas as dependências e acessos que já utiliza ou têm ção desta Lei será suportado de forma progressiva na propor‐
à disposição nos prédios destinados ao funcionamento dos ção de 50% (cinquenta por cento) em julho de 2010 e 50%
demais órgãos integrantes da Secretaria de Segurança Pú‐ (cinquenta por cento) em novembro de 2010.
blica e Defesa do Cidadão, administrando-os em igualdade Art. 97. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
de condições. Art. 98. Ficam revogados os arts. 2º, 3º, 5º, 6º, 7º, 10,
Art.  85. A primeira avaliação funcional, bem como a 11, 12, 13, 14, 15, 19 e 20 da Lei Complementar nº 374, de
primeira promoção por antiguidade ou merecimento dos 30 de janeiro de 2007.
servidores do Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perí‐
cias - IGP deverá respeitar o prazo mínimo de 2 (dois) anos PALÁCIO BARRIGA-VERDE, em Florianópolis, 11 de

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