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Como coneilar 2 singulatidade do individuo com 2 eneralidade dos conceitos teétices da psicologia? ‘© que dizer do eterno dualisma corpo-mente? Existe algum conceito aceitavel de normalidade psiquiea, para servir de base & idéia de cura? Ou ‘essa idéia pods ser pansada em outros termos? Estas questées foram escolhidas, entre outras possiveis para serviram de flo condutor deste liv, ‘endo como base um estudo de caso. Luiz A. G. Cancello nos convida a respirar & atmostera da psicoterapia a partir do encontro de ‘Joi com seu psicaterapeuta. Um dos raros. textos nacionais sobre psicoterapia existencial destinado 9 estudantes, protissionals ¢ leigos inceressadoa em conhecsr assa vortente ceorica acompanhando um paciente em busca da cura OFODAS PALAVRAS Um estudo de psicoterapia existencia@l LUIZ A.G.CANCELLO Sumario Innrodueto. Define picterapia? O cliente € 0 terapeuta O sonbo As paves. ‘A cara e seus sinificados Prscopatologa 8 ear ‘Senualdade cor Anais, culpa © cur ‘Um pouco de sitematza A pseoterapa existe Resume. Despedida. Notas Bibiograia, a 15 13 a 35 3 2 5s a a 8 8 B@ 13 « ‘sees fo destinadonialmente aos aos do" ane Pa aae UnverstdeCato de Sans Nese ara do alo ncbovembats coma diesdade SOs socal pcureonibi panama oN moe tera xen pone em pate revendo este volume eado i rodudro da expoigo for eu cee So mira luna e psa 0 prosional re, com P= S eigo imeressado na mat 0 reer sobre picoterapi existena ust dies PY La een ened oral de otras bo Leng Para car ales, cEtS enn a pear an exces. Mas ¢ COMETS oo rene pelo qu pode comers PI sar 20 oo npesando a etra n dncss Sobre tem noogia i iteentemente ax places “psiente” «lene! © or maja” pra iadear a pesoa coe roe om ST nore tele renga no promo pst) capa eganvto, Apesar dso esl manta Par {ar neologismos desncessri mos es icnerapi tera” 6 IgUIES Vey 1 vrs foram usada em csineto. A.aterainca B uso visa unicamente tornaro texto no-repettivo. O mesmo se solica 4 "slcoterapeuta” e “terapeut "Mais delcado¢o emprego das palavas significado” e “sen- tido”. inleielmente¢pretica deixar claro que “significado” no {oi usado na acepo conferida pela lingistca e pea psicana se lacaniana. Se algum formalism é neeeséio, prefirodefni- lo como ““neleoidéntico aa muldpicidade de sivéncasindivi- duis, No corer do texto compreensio do temo ira adgui- tinda maior levezae Texiblidede = “Sento” & aqui uma ampliagio de significado”, privile iando a dimensio temporal, tomando a “raltpicidade de vi- ‘Vencias individuals” como histriadoindividuo. Mas sentido vai Ser também agulo de mais abrangente sobre 0 que 0 fomem se petgunta — 0 "sentido da vida” palara sera sada dos dois ‘oll, que fregdentemente se sproximam e se fund? ‘tna dscussio mais pormenorizada sore terminologi¢ nfo abe na finalidade deste volume. Para tanto remetemos 0 leitor 4 bibliografa Psicoterapia? uemseapresimade tena eps foe, camer: te japon gum tio de sompresio do tena se desea Soar ou sear api ou elo, Dun spar part ‘Ses tps” no nies tor, agar vio 80 opel aod sme Aa coment ad potapi poder revi, cofiads con aStbe een, Se ada so sone, que depo! Naa) 7 Salou en tr Bo o texto i pr-ntcdieo ga queto escuchar pr conse de contaros ls deneado, creat de unas ere pening su objeinen Eaves Galaguasem a2] Enter pode proporionsr a oc una custo pel veo eset, E pa nguagen uc erapena epost ea ‘Jam na psicoterapia. meg As alors oa fore vai, tr como fet a reerga dag que asec (08) aga de ue alam. Ast ae orcas comars de titan, acim sata = | tunes coin fnnioro faln ov Son | ‘iment sobre poterapla res ecperat x vr som anor 4 mera posi tele. Anim poet apa ardeseu bjt inoue! mostare proceso trapeticg (P fm vivo na prea, (Quam palaa “exact”, aro ee a para oil | Define-se | | 4o ivr. Anal, 05 contadores de histria também revervavam falguma cols com sabor espeal pata covoar a narratival CConstrur uma definigio objtiva parece escapar a0 nosso ‘amo de esxudo.Pecoterapia um acontecimento onde xt en volvidas duas pessoas. Jstameate por esse envolvimentoy els no se encontrar lst para. constituicio da objet vicnde, Na arande maloria do cass alo & permite a presenca eum observador nasa onde terapeuta ellen se encontrar.” CO terapeuta pode, 2 posterior ent cerca da mansira mais Sora possivel o enSmenovonde esteve como participant, Mss /sua onierases serio sees conetaca a pou ( dade afeive e do disanclamento temporal da cena ‘Mesmo com esas dificldades, alguns autores ji tenaram ‘ormalizar definicées desse encontro peculiar entre duas pestoas CContam-se is deznas at tenttivas e 25 respesivasdefnigées for. mladss. Ou sj, pesiste a indefnis. se ist € assim nebuloso, como pode slguém aprender tl arte, ese tomar um espeilista? ‘Em prlmeito lugar, por li, necesita de um diploma univer ‘itrio em medisina ov prcologia. Faz, depois dss, algum cur ‘0 de erpsializaeto, ou panicipa de grupos de estudo, sempre sob 4 orintagdo de pscoterapeutas mals experfentes. Nese mesmo tempo deverd se submeter, com pacints, a ume pscoterapi, J quando exiver apt a atender os primelrs casos, ai pasar por [um processo de spervisdo. Aqui o princpiante orintado, ne- © SG atendimentor, por um prfisionl reconhecidamente compe ‘Algumas veoes esas etapas — curso, trap, supervsio — ‘sto organizadasconforme wma linha tdrica as entende. Com freqléncia, or seguidores da mesma teoria se organiza em so sade cenifies. O aluno percorre ent o Sea camino am: parado por essa insu ‘Descrevemos em linhas geras Um proceso alkamento com plexo. Presume-e que num certo ponto deste percuso 0 futuro Terapeuta pase a saber 0 que € psicocerapia Pelo pouco jf exposto, pode-se comesar a perceber 0 modo de transmissto de conheriments peculiar ae dominio da eral prlcolgica, Nio se tata apenas do aprendizadoracional de um Conjunto de les. Muito alem liso, em sua prépriaterapiae su- 3 Pervsfo, 0 aprendiz&imersoem todo um cima emocional, pis ‘6: desse mode poderaTazer um prolongaco exame de SU3° cape. cidade» poublidades Ruane A colina do cendiato ®”-~ Fcoerapetanio dif daqulaaser desta na seoitaca deste ‘scudo. E 6 assim, exrapolando em muito o imbito da defni- (0 objetva, apreaderd algo de sua arte. Nio de fora dela, facerando-aem alguns ermostésices; mas contempland 0 ro eso desde dentro, Para complica ainda mas a questi de definigZo,sabemos aquea pscologia, quando aplicada 4 terapéaticn,defrnta-se com algun de seus problemas mais inrincados. Como conelir asin iulaidade do indviduo com a peneralidade dos concetos trix 08? O que der do eterno problema do dualismo eorpo-ments? xine lsum conclio aeitel de normaldade psigucs, para se vir de bate idéia de cura? Ou essa iia pode ser pensada em ‘tras temos?Sdo indagagsesescolhidas entre uma sri de ou- tras posstls. Servirdo de io condutor a uxo deste ext. Sem, eles seus prinipios norteadores com cera clarezs, qualquer oneeito de psicterapia career de base sSlda Para ransitar por todas as quests levantadasaté aqui, pro- pponho o exame de ur eas Passemos 2 largo da tentativa de buscar uma definicto ob- jesiva. Noss objeto de estudo pede out tipo de caraeerzas. ‘Vamos resprar a atmostera da psicterapia, af 0 ponto em que tum testo simples nos pertta, Tals algume rexposta emetja, a0 ‘examinarmos de pero 0 encontro de Joo com seu terapeut. O Cliente e 0 ‘Terapeuta Todo te um vago sentimento de mal-estar. Feqilentemente no sabe o que quer. Ou, quando sabe, ndo conseae realizar 0 desejo. A vidao leva, ele no tem reas, Seus pas faleceram re lativamente edo, Aos 20 anos, ér, foi morarcom a a¥6, Foi vivre cast de seu prente mals prdxime, pos vida ¢ asin": ‘do questionou outra possblidade de se organiza. A sonvivea cia mostrouse muito dif, mas cle a rhanteve Em certos momeatos seu maleat se torsa make concreto, Tinha taqucardias,passaram. Softe agora de dores abdominals, « suspeta de sus oigem “nervosa”. Tentou se ratar pela medic sina tradicional. Nenhuma doenga foi evdenciada pelos exames, de aboratério. Melhorou enquanto duraram os calmantes reek ‘aos pelo médico. Depois houve uma volta dos sitomas, Ao elec sobre seus problemas, Jodo langou mio dos con- cols disponiveisem seu meio cultural. Adquirt conhecinen: "os wulgares de psicologiaem conversa com colegas, vendo televi- 40, Jetdorevisase até alguns livros de divulsig Relaionou ara uo préprio algumas dias tas como nconsceste", irae ‘ma de inféncia”, “complexo™ e outras, Refletia muito sobre as “causa infants” de suas mazels. Sobre isto nos etenderemos ‘diane. Em certos momentos pensou ter dessoberto a origom dos males que flgitm. Esperou curs, mas nada acontese. A De. siséneia dos problemas eubveria a efiicia de seu teoia, i Enredado pela tea de mitos que constituom sia eltre, S080 ‘Vamos ao inicio da coca. £1 onde ela guarda um paren- se mobi, Orinda de un fala de pouss rears fan tesco com sate ~ ett sedsngne denen Not por ets, aka aanaruma sake misConforve rave do | —_~peretber de modo aselutnetedogula quod a mal foe trabalho ee ma ecto mais labora, Sem se dr coma des Newton conseuit ormua sida revi? No entanto, qe ect eae eae are soeareazamen rn mat nent toga ds cla mein, Salen, uma imagem Ga naturesa BP sqm dese esto um sin, Ne sno, ao cas ee ee eee iomgGaiet poaenSL 9) gous apertcore or onar dt anon ds tee Faroe cmo can aden Com gm jum eves nis bss ra ue devon os senfet: | 90. ANON et mem nag et ao Fenn os via sto cmandador pels etidadechanada “a incons 18 eum camino er ; [cee sipotamente ey = |e ap interna” 0 ini. Apitece a in : we Portela fanamenta dante como perio frmador da pe Poot eto em procrarama pctrapi. Ape a a ‘nail bs, pi once ¢ endo const, As ar 7 ws, al neni em facet dooce, SS um traces afore sofas pl cms pode se trata samen Cone itso a arg Convene com mar" Ess aru, gid dese nconscac,seim a o igo no € mesa cols? O crt no vali de mi ee bersuiava-se,Achava, depun med, sts problema cs a eae eee eee oan Alguém os levaria a sério? Até certo ponto, duvidava da prépria. realiade do que seni "s Tancepedes dase teat tém sua validade apenas em contex- Toucan oa aie ps em at ide ap, “zou dadeo ape yf is raya do especial um aval eno, como opto auteatica una 7, “yasumatefedcia para peor o leriéda do compara ‘ado rpcalita um ava tin / nano. Quando arsformsdss em cis, en eidaes cones pea $9 [ como o" inconscene,oealizado "dena" da abssa a Ua or fol a0 cone ‘us| sumem 0 sraus de verdad bsoluiae.£ 0 pomto apd o mapa © | perce sua Fungo, confunde-e com a erst e, em vex ds te AOE ais Seer mS ole. Eesti Neo arctan aster peamnay pores ae A ie olnia of ia um Rorzome para a soluelo de seus problemas. Acabou por ‘he roubar a capaciade de gerar novos tandos. . ce SA a a oe See Sea eee ely as one See Cee Aaymedda rca wana Cader dp tee ae EEEEEEEEEREEEEEEL EE EREEEEELEESY % ‘Bisa turfa: realizar um crabalho cinco, sem desfiaurac A singularidads do outro. pasivel? 20 A Sessao* Estamos em plena sesso. Iofo fala em sua dor de estirago.J4 foi dito que os méa- «os mio enconiaram qualaue pera ele —e para mim, sesefouv-a— #0 eal quanto acadei- a go meu lado, Depois de algum tempo, nso inssto mais no sintoma do cliente. Noto seu “eltdo”. Fala de modo entre des- denoeo edesafiador, como se (alas: ""Duvido que voc? deseu- bra o que eu tenho”. Ble dic isso, e sua afrmacao me soa real como a dor¢ come a cadelra. Todo seu corpo somunica 0 dess- fio, Fal: "Bu me siio desatiado; voe? me olha asi (imito 0 ar superior, a cabeca levantada, a testa franidalevando as so brancelas para cna, a boca aum muxoxo, 0 olhar de cima para ‘balxo, os ombros jogados para tri, bragos e peas displicemte ‘ment: jogados nos epoios da cadeira)". Continuo: “E uma at tude comum em sua vida?” Ele responde, com o mesmo ar: “Ji foi mate. Bu, procurando 9 singular: “Com quem, mais espe- slalmente, ood se reacionava desta maneira?” "Com eu pl ‘Ao dizer ito, Joao ola pats Jonge, aum ponto acim e ards de ‘im, um ponto muito long. O olbar est vago, paralelo. Tudo ‘mostra que ele etd vendo’ algo. Perguntoo qué, e vem a es- posta: "Eu estava embrando de meu pal como ce me hums, Asvazes”.O paciete "vi" uma cen, singular, mas conta” & 2 coisa vita de maneiracoletiva — como se juntasse vriasocasies| em que o pai o tivese humilhado, Fala em generalidades. Isis to: “Tive a impressio,olhando, de que vost lembrou uma cena particular, um fato passado”. Ele sore: vez, ha casa da miaha ay6.." (Joo fol rari do gerai para o particular, do coetivo pare 2 gua. Recordando: o terapeuta suidou pare que 0 assunto no fechase™, Com io, vis ouz08 modos de coosderat a co ss foram se orgeivando,Ostrs eaminhos se abriam. Provt- rando com paieni, cent erapeu Vo e tornado itm como das exploradarsperorendo juntos a selva desonbese da Ainimigade consrua peo tempo, pela procure do Preto comm. Enum éaco momento, a pereepeto de Joto mou. Mi fia! O termo fo undo com sma certaInptopiedade; vamos fnendélo come figira terra. Algo deve; ¢-—acrescentemes ‘Tense or noe sido anioumentebuscado, Ha um impor even saga, vez da madanaescapaao contol. Sea damenea procaine, ease Spacetementurdimos as on Eebe pare so manifesto, pode aparece. a: Tab asim a crase deen, em pioterapla, Buscad, foge. Mas pode emersz do eboro que pcienteeterapeuta v2 “Lrasanda em seu contacto pestis Toto se qucina, Hi dias em que ndo se sente& vontade em ugar nents, Esté em algum canto fazendo algura cosa — es ‘utando um deo, por exemplo — pensndo em sar nouto canto, fazendo outra coisa A cada mudanga de atvidede, porém, tu dose repete: 8 navidad se toma voli, e surge outa, também adage evapora se. Sua atensio — seu eu, digamos — std sem a Bre onde 0 corpo nto esté,e por mals que se esforce ndo os Fete, Busea algo, ansiosamente. E como se howvesse a esp ang de fazer todas as coisas para desfru um momento de por, talvee de uma paz etema, Mas, roma: na busea do eterno, td Storm efémero, As vezes apenes aparece a expetaiva de tm ‘contecmento decisivo, resolusdo de vid uma oportuniede ines Derads de melhores dia, vinda do céu — um dinheto, un ex ‘rego, 0 fim da angst, 2 sade. Ter de fazer tudo, e ride sim Jodo se sete, se obriga, sa correnda ards das coisas dO ‘tempo. Se fosse moral teria todo o tempo do mundo pars fa. 2 tudo. Mas no se di conta da mortalidade comandando a sorreria,E, de qualquer mado, por mais qe corr, sempre ha ver alnda © que fazer. Algo de ersencial? Difcimente Assim como espera do mundo um acontecimnto esptaci- {at aqui no consulro Jogo repete a expecatva, Fala de mus «els mas no se demors em aad, Espre muito de cada essun ‘0, mas o assunto se eva, pouco signifies, Também no consul, ‘tio nto se sence vontade. Busca o acantecimento que adore. solve: uma reveagdo final, uma Solus embutida numa palavra salvadora, agora do tecpeua. Conta sua hstéria na experanea Adechegar ao “trauma de inféncia”, ao conhesimento crucial, de- terminante de todas as mazelassubsoaentes(omo dase o palo. ogo da televiso), No momento em que chegar ld, fantasia Sado ‘stard resolvido, Como se a vida dependeste de um momento! Jodo passa em revista falas fafos,procurande a eas de ‘eeminant de si mesmo. Vis brincadeiasseruas de menace, ‘onde (ovvi falar) em goral se Ioelieao comego de tudo Mae em vio, Repete as mesmas coisas, «aos poucos lve 8 dé com {a das diferenas no modo camo as rete. Pois seu passado ¢ 9 Dassado contado agora, com 0 significado dado hoje por ce, Todo. A surra que levou do pai aoe # anos deidedecerannents foi tembrada de um jeto no dla sepunts, de outra mati 208 15 anos, onvem tlvez diferente, Hoje aparece forte c usnlhon te. Como foi, realmente? A pergunta nem eabe. A mdquina do tempo ainda no foi inventada! Posso apenas cbservar que aca 4 ato contado com densidad, JoUo me al, como persian do: “Esté por afa minha cura?” E se frastra,continusmente Pois a cura ndo est em lugar nenhum, Ele nao tem doenga posh 28 ia yt ‘er curada, Tem um jeito dese elacionat com as pessoas perpas- Sando por tea sua histdria, compondo nossshistéris,teuiado ‘e sooptar. Ele suplca, e espera que eu correspond is sass leas. Com o corer do tempe vou percebendo. A cada reat smocionado, a cada lembranea que ea, segue eum pedo, uma Jamra, um apelo. Quer de mim a slusio, como a aus de oe ~~” tras pessoas: de mde, do amigo, da av, Com um feito de doom. “ve Paro, oolharcomprido,o enclhimentohumilde, espera deopen, lr compsinao, Pela adc, os snl ose corpo tet or. ar o mundo da tespia igual aq mundo a que ead habitoads = 2 mundo onde ele supica eos outros aeadem. E nunca ten dem deforma satisfatéra, pois Jodo espera o ateadlmento def, ntvo, a solugdo final. Como isto nfo pode acontecer, © Jogo se perpetua, iano esse ambiente, Jo se econhece: e800 €0, 051+ plicane, 0 cotado, déerrime a mio, oto existe enquanto cxisr um salvador, Sem isso, dle nto ‘em sentido; nfo sabe ser de outro jet, quate os lag com © ‘tro se estritam. Traz ao consultéria otnesmo esquema de 4, Nao muda apenas por transpor a soll da porta: €presoo ais que is. ‘ito Ihe dou a mio. Estou ai, com ele, som a histéea, com ‘sua mancira de ser. Se atendesse a eu pedi do modo que sie {ver estaria simpesmenterepetindo algo ja ha muita combed, ‘se unverso onde Foose move to dvontae, = que 0 path, Vou percorrer uma zona petigosa, na fronteira de sua existéncta, Precso conflarnarelasio ate entloestaelelda entre nés, a ‘ano novamente des conianca, Esto presente nf Fornecen, do um rumo, mas eanfiande que ele o ache Freqtentemente silencio. Falo apenas o necesiio pars ‘anté-o proximo ao peso esse sentimento, dessa necesidae de Pedi para o outro a decsdo de seus caminhos. Inova suilens te nto se afatar da, ivido de outros fats, Parars nko pos, vel percorrer todos os lugares, A vida finite, ndo dé tempo, Es. {esto soa esecaimente significa, Cutvil, peneirarem sia imvimidade, els nossa taefa de azore [estas cercanias € pose caminhar. A exrad fol aleada pela Solidez do nosso contacto; cadnencontro.uma pera. Acerca se = terreno movedig. J temos experiéncia suficiente para corer © seo de explore. “Agora vou testemunbar ume descoberta. Talvez mesmo des- Pensativo, jf nto #40 envoivido, ele prossegue. Diz terthe ocorrdo a idéia de morte. Como algo consolador, descansado, tum deseanvo trang, (Penio:rarasvezes¢ to clara feminilidade 6a more). Pergunto se a mesma idia Ihe ocore quando ele est com uma malher. Jodo eage com surpresa eresponde que nio. A mor te uma mulher ausente, Na presen viva. do outro sexo, aida € inconeebive ‘A morte sem reacarnasio, o mito do paraito cisto,oetemo star acolhida/0 desjo & paar o tempo, com o tempo 0 futuro, ‘om o Futura os projtos, ¢ sem projeto azo bi desejo/A nivel ing oe auetra— mat € to intcoo, em Jol ‘Octeme aconchego suprime ax decsdes 28 escolhasperdem 1a ranio de #7. O espirito, entorpecdo, tem a uso do g0z0 Continuo, como so desejo pudesse ser paalsado no momento mesmo da sua mals radical saisfaeto. Estar surdo a0 chamado domundo. “Estaccomplto”, svg, Joiose ass, volta a ola ‘para mim, eéticanco-se da ralidade da nosa presenca. Sori, ‘consrangido, Siencia ainda uma vez, embaragaJo, sem saber & diego a tomar. Sébito, a seqwéncla de imazens de um sonho se impde, Ele Som (aver aliviado por ter algo a dizer © me conta “sSonhei que estava numa sal, tlvera salad casa onde mo- reisté 10 anos. Aparsce a mina a¥O, com um sorriso meigoe receptive, Ela vememe abraga.Correspondo,entegue iquela te. rnura tds. De repente do sei por qu, tent pra uma port tuade aris dea, esquerda da sla, Essa porta se abree aparece novamente a minha av6, agora com wma expresio horivel, de. rmoniaea. A outa, aque meabrasava, some Ficoapavorado. Acho ‘ueclavat me matar. Quando aguela cara medonha se aproxima, ‘aise alenuando, e ao chegar pero de mim esd suave, roeptiva ‘coarinhora como antes. Aliviado, dow-lhe um abrago, e aparece fiefs dela outra porta, no lugar da anterior. A mesma sequtncia serepete, depois mals uma vezainda. Acordelssswstado,suando.” 36 is um sonho, um relat quase cadtico, um acoatecimento ora da realidade das coisas. A complsio humana para onde nar esse emaraninado remonta& aniguidade: interpretar sonhos 3 uma profiso. Pos, prontamente, referir 9 sonho 9 uma ‘struura prvi, jd constitlda como tora, e a pari dese pa- (r3o analisilo. Aids, Jodo fazsso, ede maneira quaseautomé tse, Vai logo dizendo:“Acho que €0 meu odio inconseente por ssa vet, ela no me dé nada, e quando dé alum caro logo tira” O al “édi inconscente, bem como ocainho,encaam-se com éiimo aluste em Suaingenudade tebrica.O raiocinio € mais fou menos o sepuinte. A avo o maltata, Ele tem io dito, mas deseja um conta com el, Como existe uma censura para tals Senlimentosem relaclo a ese parentesco, 0 rapaz “reprime” 0s Stas, tomando-oe “inconscientes”, Teves este mecanismo de ‘ovtlar sexo raiva venta desde infnca. O sono, como uma ‘expresso do insconsciente, pe & mostra o5 dese proiidos. ‘Vejamos eave fez Joio, O sono apresentou-ie, eum da. a cigunstnca emocional Eclodis da embranca de Jogo quar to falavamos sobre seus seriimenios com as ulhetes. Depos de ‘me contr 0 que se passou, ede analsar tudo de seu jeito, Joao parca senhor de s, em expetativa nZo-ansiosa, sem demons frar nenhuma emocio am especial “SS. Curisot Falouse de amor e do, os afetos mals fortes do omer. E tudo, agora, ext peido no consultsro. “Manteno im sénco estado, Tenho até vontade de diet “aso uma intrprtapo prontasom sua ansiedade napressa que ‘ocaraceriza (que impregn, a pari do mundo en sua volta) Vo- ‘Eno parou, ho contemplouo sonho como Aime receptivo 20 (queelepudese estar dizendo. Recusouoassombro ante mistio ‘do onrico, eno ele se reduiu anadi: 2 um “mesanismo” jco- ‘hecido, igual amilares de outros que voot pode ir olhend nas >oites mondtonas da sua vida, Tornou una possbilidede de fur rolgualconcretude do passado. Matou a ansiedade, mas fechou ‘camino. E agora, Jodo?" ‘Mas no posso dit To! Poi talver diverse de responder & per ‘zunta de Jodo: “Bom, © se nao & assim, como & que se Taz?” {teria de responder; “‘Nio faz”. Entendamos: nfo “fazer” 00 fenido atribuido 20 verbo por Jogo, um sentido de fazer como aplicagdo de tele Voltemos a socio", inguietude comesa ase instalar no sc paciente. Chega o momento'em que eles volta © pergusta "Mas por que wos etéquieo?". Respond, mum om de brinea- eira sri: {Bstou couterpplando a sus quietude”s "A quien, west ATR, bavi ve diipado completamente Joo cnizou e desrizou as pernas, fez meng de pegs im cc ‘gar, eruzou os brasos, desfez a posto e ficou parade, olan do para um pequeno arranhdo no seu ded minimo. De repence falou, sem trar of olhos do dedo: “Vocd ndo dise nada sobre ‘0 meu sono". Respond: "Pelo que ouvi, vor dss tudo. Ago- ‘quero ava do erpeislista”, Perguntel se narrativa toda dos encontros com a av6 ainda esiava presente. Logo apes 0 relato Io estava, mas agora as cenasvoliram, ele disse Fiz uma pequena pausa. Um curto siéacio, para deixt-o na stmosfera do sontha, Desa vez Joo esté mais prado, numa ox- pestatva quasefemeross,Prossigo. Pero ace para me descrever {95 sentimentos do sonho, Mantendo 0 clima, espero qu os afe- tos se apresenten deforma vviva, le fala, Qurido ea se aprosimava sorridente, abet ase abraco, Joao fechava of olios, deitando-seenvolver peo car- no da av6. Bra descansado, ranailo, até um certo desconfor- to, uma impresio estranhainsinuar-se. Abria os oles, "= era ‘como se enrergasse a realidede” a porta se brie, évinhaa ve- tha com um aspecto demonlaco s dominate «Figura Yolo re- laciona 0 sentimento entio presente com os filmes de error aque assis, especialmente com o medo que oF vampires Ihe inspiravam (Os temas de ants esto presenies: a mulher, o aothimento, ‘amore. Lembro.me dem fe japonés genial a gue assis bd alguns anos ates, “0 Império dos Sentids", de Nagiza Oshi- ‘ma. Os dois proragonisas — um homem e uma mulher, ele dono Aaoravoucoter im rico caluada. Ao suger um cixoem gy tomo do gual um sentido para oso pode srt, ode sengao | necessdria: O siente pode abrasar a sugesifo como uma salva. yS™ so. Poderezebincomo una vrdae boli, refered pela ‘tora do erapeuaS6 una sentbidade uo bem inn » af zada com o estado afesvo do paciente&capaz de distingulr sea ‘comunicagio confgurou para ele um sentido verdadcio, ‘erdide, anti, significa nZo-mentira, E come no ha ape- as um sentido postive, pois as dieses de uma vida sto inesgo. vei, diversas aberturas verdadeiras. Mentira¢ tudo 0 gue fecha ‘0 camiahos. Eo lugar onde o er Fea 0 Terapeate a eee son cima ow sar ree eer aes auancnsaenn prises one ae kdmatih cesta ble cee ee ae met ane ‘contexto de emergincia. A experiéncia humana € mais vasta que Sore set oemse nese? ‘ia ar dato eco dee eel see soecoshaiec:tauei suena ee ote ee SReoveanne iT etnls oelesiocrvantiennseu: deuteitonstones Soccer is leifopndicame cements = fF, pergunia:“Voc#acha que fui ruim com ela? Seré que ea morreu of FF me ates ce ore por mina causa? Por ue nfo fui habit em le ©! forea mii o f var avida com cla? Seré que nunca pecebi diteto que ela gosta va de mim?” Seu esiomago vira¢ revi. Calo. Deino-o com fora deter matado a veha. Espero eestimlo (utF08 relatos, um fuxo de recardapBesexiulado pelo sonho, ‘Aparecem ele a avé mais mogos, os pls de Jogo ainda vives. Pesscos, brneadsiras © slmogos de domingo dominam o ceni- io, Brnsave de cavalinho com ela anda Agile disposta, ram ‘muito. Chora, me dizndo nio saber com orelacionament en- tue eles pe se deteriorar tanto, Conta mais, muitos mais, 20s borbordes. As vezesinterompe, olka a lone, o pasado desila ras paredes do consultrio aris dos quadros penduredos. Fala Notemos, aqui, a eteraeao do papel do terapeuta como tes- Termunha, Se antes nessa FungHo ele lembrave 0 conflito, agora comparilha da reconcliagdo, Se antes podia ecorregar pala 0 sui, agora pode setornar amigo. Mas no; alums distancia ais da neces, le acompanhard ainda a recordagies de sex cen. te, que certamente apareserfo novamente, sob ouras lus, no process de consoidar 0 resgate fit, a] ‘im fipednts see assoc ny gy er de chegar & 2¥6 por muitos caminhos, como as ecordasbe. the perma ver, 0 possivel a foto encarar oabearda daca, Cg Hidade que haviaeiado. Eleva lament multas veze 0s conflitos a art Y y eeeusesesee PEEEEREERELERECERELEEE de sua época de convivecia com um ser, agore, queido, Talvez 30s 45 anos aridus-o 8 imaturidade, 9s a “bobegens da ju ‘entude", aoe 70 anos consigs entender com Senevolencia os de ‘fora d seu proprio nto. Mas isto ¢ a expectative estereotpe. da. Néo épossve saber os signiieados que Jodo dard, no fru ro, & sus propria vida. Confar nele €0 que se pode fazer. “Aves tarefa, sesso apds sessio,o terapeuta se dedia. 2 As Palavras —O scansuia se dedica a conan mn Jodo, Frasccuriosa! Con- (ar costar segue {unto o mesmo fn, O que fez Jodo, a0 con Sulirio? Ele fala. Eo teapeuta? Segue o fio da fala de Jodo. Asim confit: seguindo, no correr do tempo, 0 discurso do ou ‘70. Paneipando, a seu modo, da trama que as palavras Vo te- cendo. Ouvindo muito, és vezesfalando com o pacinte Voliamos &linguagen Jodo seflete. Fala repesidamente da peda da avd, Na for: ‘ma da seu disurso vou percebendo as expresses que se rep tem. Algumas parecem ser meros hébiccs verbal, sem maiores, consequenias, como 0 fato um tanto feaiente de pergontar am depois de eras frases. OutrasJocus6es, no encanto, ch mam a atenjée pelo mode como sto pronunciadas — uma al- teragao da vez, um siléacio antes ou depois da fala, um har ral inssente quando usa determina palavra — ou pela sole nidade com queso dias, ou ainda pelo contexto em que sf0 sodas ‘Quando fala da perda da av, Soto tem a tendénca a ent. tear o discurso com expresses gras, de wo corrente™, como: “BE verivel perder alguém préximo", ou “A morte € uma colse to incompreensivel.." Mas provaveiente, enquanto fell ess trvalidades, xo Ie eorrendo pers espciias, pers dele, ou ‘std pensando na reugto de outras pessoas que pasarem também por Situapdes coma a sua ‘ou tentando, com observes do tipo “Mas afnal, de quem ‘oot est flando?”, fazer opacente volar ao problema mas pre- Senle ~ 05 sentmentos ambiguos em relasio a morte de sua pa rente. E um fenfmeno curioso comesa a se mostra. Posso deseevésto com ceria dose de mctfora: fo esd eneltgado pela Palavra PERDA, Pois seme ie foi familia a dor do lit; se pre viveu num meio onde perder alguém significa intenso soi: ‘mento (ou, pelo menos, as pessoas agen como se assim [08 ‘Se ouv falar de uma pesioa que perdew um parentepréximo ser ser foi como ouvir falar de uma pessoa fi, sem senimentos ‘Vin em dversos ines a dor de peisoaschorando, dramaticamente, morte de outras. Fnsidamente ou nfo, a vidvas © vivos de ‘ue teve noticia revelavam a dor de sua per. Mais tarde, em sas Ieituras de psloologa vulgar, todas esas situagdes, © mais ‘srompimentos afetivos, os amigos quese fasta, os filhos que yo estudae fora, ofato de uma eanga agar achupea, ou mes. mo de debsaro calor do viero — nascer! — re crstaizam aa pa lave Tmerso no peso dsseconteio, aa ientfear uma stuaedo semelhante em que esejaeavovido, Jado ndo pode deisar de s0- fer caso conriio, i identified com um monstz com wna esto fia, sem “sensibilidade". Ou, o que por, seria denif cdo com um homem alinado des reras que reguam as relagBes entre os membros de sua comunidade. A isto voltaremos. ‘You segundo o fo das palavees do rapaz, A cada mens da pers, feo em sitacio. Procuro corresponder ao seu discurs0 nnaqueesiugares onde 2 conotagto anterior da pala nlo est presente. Depois de algumas frases do tipo "E duro perce al guém, “Aco que souinsensvl, anal ito me desesperel quando la se fo, com terapeuta em absolut ailéncio, Joao pra um. powcoe diz: ‘Outro dia level mina namorada I em eat, Lem bral da minha av, que no a confssa". Ed pesatvo, um pouco rst. A 2v6, agora, est prevent. Esa fala ¢ presenti traz para. consukirio juntos, pasado «0 presente Traz am bém um sono, a possibildade de harmonia entre a senhora © “4 ‘moss, entre as mulheres da vida de Jodo, entre suas orgens © Seu projeto, Traz uma inteivera, a expreslo da singulardade de uma vida, neste momento deja do presente « do ausente — consulta ea vida. Ba sp-tese — onde sects uma Tusa tal ue tessalia_a_indvidualidade das partes, Ao inves de descaractriziles,criaa conde declevar cada elemento sua xpresclo mais propria”. Esse cms s6 pode exists quando se da ruptura com a pe lavraenfeiticadora. Agora ava um leveeorrieo do ferapeuta se. ji suflelente para marear 0 momenta. Ou uma observagio que Soars absurda um tereio observador: “Como esto as dss, Esse didlogos“loucos" sto o que hi de mais ntimo em ps coteropia. Alla inguagem romp com seu perfil habitual, de accvo oma tantas pessoas, paras tornarnaquele instante proprie ade exclusiva do terapeuta e seu lente. A palevra temas ‘uz sure itimidade hi tanto tempo preparada, unindo pes Soas diferentes em torna de umn mesmo sentido se, esalando a individualldade de cada uml. Mostra a poss de de una aproximacio singular com 0 outro, devolvendo Too, perdido no gnéreo, a sua humanidade, Dara talver a sus segundos, ms permanecerd sempre com possibilidade ase experimentada. Podemos dizer agora caminho da cura 64 p10 cura da palavta em ss inimidade, E quantas veers jé menclonamot at palavras! Comestmos nosso sssunto em tomo do termo “picotrapia’". Da por diate Sezulmos com as falas do cliente, entremeadss pela escolha crte- riosa de cada intervensao do trepeuta, Ser erapeuta se aprox ta die: falar apropradamente, diss FATE A Va BOUEO sual onde o detalhe frequentemente suplana o exo principal ‘deiscuno, onde un sitaco pode mids oda tinfexdo do sen- fico dos acontecmentos, onde umn ouvinledesavisado identifies: #a-um absurdo, ‘O dilogo, em psicotsrepa, afer rasicalmente de wn falar “qualquer”. Nao 2 um simples "bate-pspo”, como quecem fa er eer alguns de seus dtratores. ‘No proceso psictedpico a para aprsiontdora¢denuncie- TELEEEERELEREEERELEREE EERE ERECT EEE a, eso eriadas as condicdes para proferir a palavra Iibetado= ‘20 aprisionamentoapoata para o lugar onde a libertacéo pode aconiecer — asim como a mentiva so pode existir onde a ved dea sor dia =e RINGS Tieso na stmosfra cada pela pergunta “Como e+ to as das, juntas?” Jodo diz: “S6 falta mina mae”. Sor com tristeza, oF ols bos, cantrado na cena. E quantesposivels altudes se abrem, aqui, para oterapc: tal Pode fcar em slénio,dctrando o paciente com seus perso hagens,esperando dele otras revelages, Pode decir der: "= Seu pal, onde est". Ou ainda: "Como voct se sent, 6m suas lets mulheres?” Pode ainda eirar por outa via: sua namorada tambéno abandone?”” Cada uma dessas intervenes tende a abrir um contexto di ferente de significages, Cada uma delasoferece a Jodo camihos potsivels onde situar seu disurso — um ofereimento que pode fer ecusada, Na escolha da atitude @ set tomad, 0 terapeuta se ‘baseata em Sous pressupestos tedricose na histra do seu rele clopamento com o paint. Mas procrar, acim de tado, manter ‘odidlogo nese tempo peculiar onde pasado e futuro, realidade ‘fantasia se enconram Sem seconfundirem, conde a palavra pode liven. Denizo desta perspeciva, no faz 0 menor sentido falar que 9 paciente nao esta pronto" para owir uma determinada “in terpretapo". Esse tipo de colocagiosupbe que oterapeuta saiba cosas de seu cliente que este mesmo “anda” no sabe, atibuin- do eo “interpretador” um poder que ele nao tem, Nao divida de que, em muitas condigbes,o ferapeuta pode prever com bay tante scguranga gual sed a atitude do lente frente a uma dada situaglo, Mas ito 59 possvel porgue, em geral, 0 paciente est fasindo conforme os exaretipos de sus cultura, €€ sia que ote Tape conhece —enio as "motvagdes inconiientes” 40000. Depois dessa digretfo,voliemos ao nosso caso, -apidamente opto por uma da altenatvas de intervene Deixo algum silencio entre a palavras de Joao eas minhas. Ar isco: "Ese pai, também pode estar com elas” ‘Vou procirar descrever os pressupostos dessa opsto. Mas & 6 neces insist: as outs intervens9escitadas como exemplo também podem ter seu suport tericoexposto. Agu hi somente escola; certeza de que ea foi bem fit (on ndo!)s6 pode vir 4 posterior. Nestes momentos, o que conta a arts da picoera pia — no a arte como qualquer tipo de “intuiezo wanscenden- fe", mas como aintimldade que o profisional adquire com a ex- pecéncia humana compartihads, Arte e clea encontram aqui Seu solo comum. Neo Toi desse modo que conceituamnos, no in lo do texto, a experincia pscoterépica? i tempos eu observava a asncia do pai de Jodo em suas verbalizades. Seria le (0 pai) uma pessoa muito apazada? Certa ver, em nossosprimelrosencontros, o rapazTalou que se pal @ hhumihava,Evitar seu nome sera evita um assunto muito toca te, muito desaaradivel?Essas perpuntas me ocorriam hi assesses. Mas preciso culdado ndagaeBes desse tipo no po- dem se tomar ume mera curosidade, mero “esprit investiga ‘WO do erapenta, Flas se batelam num dado conceit sobre for- ‘Fogbods peseuisielede cts steve latinas dea ius cular: Barcla-se ens ots conan taTpoTTS i atTbufa & coavivéncia do indviduo com o pal. Supdese ave desde cedo a criancaperceba, ness situarao, um rimeiro modelo \decomportmencomasculino — paracaeromisimo acer do papel do pai no meio familiar. Posteriormente, ela val dar ouo sig ado essa experienciasiniits. Masa forea da presena patena all est, em maior ou menor greu, nas recordagoespessoals ena carga do infléneis cultura [Nomererremente desis lembrancis, a palavra pa vid en volta num plexo de referénias a que pertencem os concetas de hhomem, autoridede, masealnigsde, com todos 0 padres de con dui e todos os estados afetvos al eavolvidos*. Trazendo 0 pa, {ago 2 Joto também o complemento que faltava & sua familia ‘Oferego assim um imenso campo de signiicagdes para ele se mo vimentar. Se aceitar 0 convite, mostrar — com palavras — coy ‘mo se situa frente a esas referencias familiares fundamentas “Todo etd sri Fla: "A familia toda junta... Nunca imagi- seisso. Pensa iso ¢ bom, mastambimé rise, nfo é mais poss vel" stagora menos ri, Sor de um eta caractrstico, melo teste, introspetvo. Olha para o rein, diz queens na hora de acabar a sesso. Despede-see sal sala a v & Nas sess6esseuintes nfo voliou ao assunto, Mas note! que ‘nossa cumplicidadetinka chegado a um ponto dtimo. Alguny fempo depois detzou a teria, dizendo sentir bem ¢notando ‘ue 0 problema gerado com a morte ds 8¥6 nig 0 atormentava ‘Vou resis &tentaco de dar como “resolvido" o “probe. ‘ma’ Som psi, eapareido nessa sets através da milter. \vengio)e vivido de forma t3o intens, Colocar as cass estes 'ermos nos envi ao conceito tradicional de cura, que se nosso ‘réximo objeto de consderagdo. Mas no vamos deixar oo et ‘par dens fo facioente.Voltrem a encontrélo nda tes vezes, no decurso dos préximos eaptuls. Em pscoterapi, a his ‘ria ‘mance linea! A Cura ¢ seus Significados foi o pape da terapin? Podemoe dizer agora: no de ‘aro unversodeoio feshado aun mesmo creulo, Abrosimando. algunas vezes de oenas ou Tormilacdes que le-quls evar, afastando-o outras vezes de concepebesradicamente serada ‘anteve sempre presente a possblidade de constlacSesaleras racpara a shui poteaiion, Pana um espago densamenteafeivo, Duss pesoess6chegam Juni & fal resido numa relagfo de conflangaextabeleida com solider, a tnica via de acess paraiso ¢ wm zelacionamente fntimo ¢ prolongado, Confiarem Jodo & coafiar no trabalho dg psicoterapia? De certo modo, sim. Posso observé-losuindo de Gta, engajando-ae em atvidadesprodutivas,procurendo seu camino. Nade indica ‘obstéculs ros ao proseauimento da vida. Obviamsente, ama a poderd sugir um impediment & consecucio de seus panos, ‘mas sto pertence a um esera qual nto feos aets0. Jodo es. {acd eurado? Vamos nos entender um poco sobre esse temas & A pslcoterapi vista geralmentecalads num modelo méd 0: a neurose & uma doenea,livrat-se dela € ating acura. Si. bemos nto ser este o melhor context pata deserever 0 deseo} vimento da tarefa de pacentee terapeut, durante a empo em ue ~ TETTTETEETETET?e encontam repularmente. No entanto, quem procuaalviar sexs softimentos através deste caminho jéchega com uma consis 4 tespito dele. Vamos procurar caracteiad la © pacient coneebe um modelo de “curado” i pronto, a ser aleangado de algum modo através do seu comato cont otonca, "a, Por modelo enendemos tanto um ead a que w gue oe 44, como um comportamento a adguirr, ou meamo ae ishee comportamentoa ser repudiado. Ess padiBex poder meee, das eo ena ‘© pacienie ff $8 seu préprio passado, portant, ou num modelo ideal aor, m ilo — sia reliiso, Roslin ovsimgis To dime” Iso pode estar muito: cara ou se maaifevar aie ‘vagamente Mas hi um tempo — momentos devas do proceso de ps- ‘pterapia em que tempo adguire um valor quaifatvaments Sten ue o pace se ntento de ato, handona dias pate fdas, e enti pode cuidr des Ov antgog ‘pods idealizados de se if nto constituemn o horlzonie rie sua consderacdes. Istala-sequase "um vasis Soe ides uma ruptura com sonhos eializados, Teqisoeees ‘nxeguvels, Assim val ao eneontto da cura ta tae '20.de pads: pois va ser consiruida conto se tea IR af. ants, asim como a teoria do erapeuia Gedo dacato- Senos parece qu alguem “curada” por roots RSE {ou som sucesso por umn dado process, éporgue focalizmer at, Imeramene su stado ata, vemos ss pecularidades deve ra se80 tendo como base um sentido que tomamos sen ae a 5 Asura é prebid como sendoeaborad em alguns omen- ‘ai, peste como una costura de moment see, de noms vi aes Mas aparece, aqui, uma questo fundattenal. Sendo hi co- ‘mo abarer “tudo"*oqueaconteee, ue "momentos sean Nos" secdo esses? A resposta€ simples, A cada stam wane samosas viva que do sede ao aba pons SS fis Somos. nh anoaibie oe 0 terapeuta propiciaré, sempre, as condigtes para Joto se aproximar dese modo de ser origina, © paciente vai se colocar na aventura terapéutica achando ‘que o trapeuta sabe de antenio 0 modo como vai condusilo, «mesmo como se dard acura Preia, pelo menos iniialmente, deste suposto saber encarnada no ouro!, Posstiormente Yai abandonar esta iia, as vees com enorme peat senteseentio Talver ee se julaasse Touco, como jf sugerimos, pois as ages com nosiossemethantes, priacpalmente com os mais proximos, aia. apds dia nos asseguram de nossa propria dertidade. Bo zen tums proporeo dgsinee dct, exondie as ead ls nomo ena con a ass rs do ees BS acer Instore i dee te vineladas a qundolinghsico omsiderado, eigen tana incu no campo da pscosocislora (Os divers srupos a sosedade pose stems de ren gat bastante constencs,capazs de eplear toda sorte de ‘ois. Un macros ponsneimente exper a dvardem rociovalatravts daalientadodesequtad, eo Geneene {com os princpios em que ace Algus espa aver v- Jamo mesmo distrbioa presen de um eto obser acm. Danhandoo doene. Um bomen cm Jot, come vimon, sb forrendo um dado conjun de ay, pena mesmo india coma sendo via de process icons Je weelonamos ist, ants, como un fentgo creo ~ ainda voleremon Cure desea, agora, a funso exrenameate impotent dese stems Ning vie oainet evict dela, Us sis perturba, no podend refer aum ser casing So ‘manag, No ime, ito egulvale» perder ua prdpria lic eomo homem, Nio € por outta razfo que ost tegen ‘enfe pergunta ao especialsia 0 aomte de sua doengs. Nomear no vai carlo, mas raza confirma da princi do dstrbio ‘a RIVLLVAVAGE

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