Ano 2021 / Número 01

Revista produzido por

alunos do curso de
Jornalismo da Universidade
Anhembi Morumbi

Cultura afro-brasileira
EDIÇÃO LIMITADA
 Editorias
Cultura
Hellen Araújo, Laura DeMichelli e Mario Lisboa

Moda e Beleza
Luiza Provasi, Thamires Barros, Natália Ferreira, Sabrina Rodrigues, Giovanna Costa

Expediente Lifetyle
Isabela Carneiro, Gabriela Pedro e Maria Yamamoto

Editores Chef: Gabriel Aquino e Hellen Araújo Trabalho e Carreira

Bárbara Vicente, Gabriel Aquino e Jayne Santos

Política
Redatora Chef: Sabrina Rodrigues Bruno Lucca e Gabriel Aquino

Esportes
Editora de Cultura: Hellen Araújo Henrique Leonardo, Vinicius Oliveira e Vinícius Moraes

Editora de Moda e Beleza: Giovanna Costa

Fazer uma revista junto de toda a sala, foi algo desafiador. Isso
Editor de Política: Gabriel Aquino porque, com a diversidade de ideias e pontos de vista diferentes,
em alguns momentos foi difícil entrar em um consenso com todos.
Assim, esta revista foi algo que agregou muito nos nossos estudos
Editora de Trabalho e Carreira: Bárbara Vicente e desenvolvimento pessoal. Afinal, não é todo dia que fazemos uma
revista do zero. Consequentemente, este desafio será muito útil na
nossa vida profissional.
Gabriela Pedro
Editora de Lifestyle: Maria Yamamoto
Me descobri jornalista lendo revista de comportamento na
adolescência, e participar de uma é um momento muito espe-
Editor de Esportes: Henrique Leonardo cial na minha vida acadêmica. Até hoje o jornalismo de revista
é o que faz meus olhos brilharem mais, sou
apaixonada por tudo que envolve esse universo. Estou or-
gulhosa! Da produção da nossa e da dedicação dos meus
Capa: Bárbara Vicente e Gabriel Aquino | Logo: Hellen Araújo colegas para fazer ela acontecer!
Sabrina Rodrigues

Diretores de diagramação: Gabriel Aquino e Hellen Araújo

Fazer mais uma edição de um projeto tão especial, é uma
honra! Cansativo, mas prazeroso, a vontade de criar surgi
mais ainda a cada vez que uma nova página é colocada,
uma diagramação concluída ou uma frase finalizada.
É um prazer apresentar a revista a todos!
- Gabriel Aquino
 Cultura
Bella Camero fala sobre “Marighella”
Para a atriz, o filme não traz apenas a história de Marighella,
ele traz a história do Brasil que não deve ser esquecida
Por Laura DeMichelli
O filme “Marighella” trata da vida do político, escritor,
guerrilheiro e líder da Ação Libertadora Nacional, Car-
los Marighella, e do período da ditadura militar de 1964.
O papel de Bella Camero é de uma estudante que en-
trou no grupo de Marighella para se opor à ditadura.
Sua personagem recebe o primeiro nome da atriz, Bella.
As gravações do filme ocorreram na mes-
ma época das manifestações do ano elei-
toral de 2018. Em entrevista, a atriz diz:
‘“Eu participei ativamente das
manifestações de 2018. Manifestar é
um ato essencial para democracia.
Na época, havia um sentimento
de urgência e eu o trouxe para
construção da minha personagem.”
“Mesmo tendo estudado em escola particular,
não conhecia a história de “Marighella”. Fico tris-
te por passarmos na escola tão rápido pelo período
da ditadura militar. Visitar esse momento foi difí-
cil, mas é importante conhecermos nosso passado.”
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Bella nasceu nos anos 90, período pós ditadura, e,
para entender melhor sobre a Ação Libertadora Na-
cional, conversou com vários guerrilheiros da época.
Questionada sobre a importância de representar uma
mulher na história, Bella diz: “Foi muito significativo
fazer o papel de uma mulher. O grupo de Marighella
é o que mais tinha minoria. As mulheres precisam
cada vez mais ser ativas no processo democrático.”
O filme se encerra com uma cena que não havia sido
planejada. Durante os bastidores, Wagner Moura decide
captar o momento em que os atores, em sintonia, se abra-
çam e cantam com emoção o hino brasileiro. Ultimamen-
te, esse símbolo brasileiro vem perdendo o significado
para muitos brasileiros, e é nesse contexto que Bella diz:
‘“Nossos símbolos foram
apropriados por este governo. Não
são eles que devem estabelecer o
significado deles. O hino brasileiro
é do povo brasileiro!”
Atriz do filme Marighella, Bella Camero. Foto por André Nicolau
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 Cultura
A Guerra dos Streamings
Competitividade entre si e mais além, a concorrência dos ci-
nema é uma crescente constante
Por Mario Lisboa
Homem com um controle na mão procurando por um filme. Foto por Freepik
Mesmo antes da pandemia iniciar, o mercado de
streamings vinha em uma crescente constante, pro-
duções feitas diretamente para os aplicativos multi-
mídia já rivalizavam com as salas de cinema, recen-
temente essa ferramenta foi potencializada, com os
cinemas fechados, o público consumiu streaming
como nunca, isso fez os grandes estúdios de produ-
ções audiovisuais abraçarem de vez essas plataformas.
O mercado geral traz uma lista com alguns dos melho-
res serviços disponíveis, e entre eles estão o Spotify, Ne-
tflix, Amazon Prime Video, Disney Plus, dentre outros.
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‘Ninguém imaginava que uma
empresa de oferta de títulos on
demand como a Netflix, revolucionária
esse mercado, sendo hoje, uma das
maiores pioneiras do mundo.
Com isso, surgiram outros players, ganhando for-
ça e aumentando a competitividade entre si.
A plataforma de streaming é a tecnologia que permite
Cultura
que dados multimídia sejam enviados e recebidos de um tavam 1 bilhão de assinaturas. Aos poucos esse mercado
provedor para um receptor por meio de um dispositivo vai superando as outras maneiras de consumir produ-
conectado à Internet, desta forma, as informações não são ções audiovisuais, a TV a cabo por exemplo, já apresen-
armazenadas pelo usuário em seu próprio computador. ta uma queda considerável de assinantes e de procura.
O streaming no Brasil, tem um grande exemplo, que Mas algo a ser destacado nessa discussão é a competi-
hoje faz parte dessa indústria, sendo ela a Globo, que tividade com o cinema, antes da pandemia da Covid
por sua vez, entendeu que seria necessário se movi- 19, produções originais de streaming já rivalizavam
mentar para que pudesse se encaixar nessa plataforma, com as salas de cinema, essas obras começaram a até
em direção a uma verdadeira batalha de assinaturas. mesmo terem visibilidade em premiações do ramo.
O objetivo para se sobressair com toda a concorrên- Mesmo com a facilidade de consumir conteúdo via
cia, se tornou trazer grandes diferenciais que pudes- streaming, raramente isso vai substituir a experiên-
sem atrair mais assinantes para os seus serviços. Hoje, cia vivida no cinema, a retomada do público às salas
a atual, Globo Play, não possibilita apenas o acesso é muito recente, agora os estúdios e as plataformas
aos 21 canais do grupo, mas também transmissão irão trabalhar em alguma forma de cooperar entre si,
ao vivo, filmes, séries e um ótimo custo-benefício. muitos diretores insistem em ter seus filmes lança-
Já se concretizou como dito popular, que os strea- dos no cinema ao invés de diretamente para o strea-
mings irão assumir cada vez mais espaço no merca- ming, pois a experiência do cinema é insubstituível.
do, caminhando para assumir o mesmo ciclo da TV
por assinatura, e essa perspectiva parece próxima
da realidade dos serviços como Google Play, Disney
+, Amazon Prime Video, já que as mesmas permi-
tem que usuários adicionem novos canais com con-
teúdo exclusivo por preços adicionais na assinatura.
Assim, o assinante escolhe o que quer, quanto quer
pagar e tem a comodidade de não se preocupar com
a forma de pagamento e escolhendo qual servi-
ço deseja adquirir. Mas apesar da quantidade enor-
me de conteúdo disponível para o consumidor, o
custo no bolso do público aumenta cada vez mais.
Alguns serviços oferecem preços bem acessíveis,
como a plataforma da Amazon, por exemplo, que dis-
ponibiliza a assinatura por apenas R$9,90, mas ou-
tros serviços acabam pesando muito no bolso do
consumidor, a Netflix por exemplo, tem assinatu-
ras que chegam a R$ 55,90. Mesmo com esse valor, a
Netflix é o streaming mais utilizado no Brasil, ainda
com uma certa discrepância das outras plataformas.
O mercado de streaming recebe cada vez mais investi-
mento, isso faz com que as produções originais de quali-
dade sejam cada vez mais presentes, atraindo e prenden-
do o público à plataforma, essa fórmula de mercado é
uma crescente constante, segundo uma pesquisa da Mo-
tion Picture, até 2020, os serviços de streaming apresen- Valores dos serviços de streaming. Gráfico: Hellen Araújo
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 Cultura Cultura
des mídias, nos cinemas, na televisão, e pensam que O Editor comenta que a representação de pessoas ne-
não podem chegar até os lugares majoritariamente gras nas tomadas de decisões e por trás das câmeras

Cena Preta: Cultura afro-brasileira

Surgimento de canais que criam espaços para o
protagonismo cultural negro
Por Hellen Araújo
A população negra representa mais da metade da po-
pulação brasileira, 56,2% - segundo Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad) contínua do IBGE,
que conceitua os negros como a soma de pretos e par-
dos. Mas essa representação não é a mesma quando
falamos de negros na política, na televisão, no jorna-
lismo, nos cinemas e na comunicação como um todo.
Segundo pesquisa da Vaidapé, de 2017, das sete principais
emissoras do país, onde 204 programas foram analisados,
totalizando 272 apresentadores, apenas 3,8% eram negros.
O racismo estrutural explica essa desigualdade. Compor-
tamentos individuais e processos institucionais são deri-
vados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção.
O racismo é parte de um processo
social que ocorre “pelas costas dos
indivíduos e lhes parece legado
pela tradição”
é o que escreve Silvio Almeida em seu livro “Racismo
Estrutural”.
No Brasil, o racismo estrutural sempre garantiu aos brancos
o controle dos espaços de poder. Sem espaço nos lugares já
ocupados, começou a surgir canais criados por e para pessoas
negras, como: Lab Fantasma, Trace Brasil (versão Brasileira
do canal francês) e BET (Black Entertainment Television,
ou “televisão de entretenimento negro”, na tradução livre).
Para Igor Pinheiro, Editor Assistente do canal Trace Brasil,
ocupados por pessoas brancas, tornando mais im-
portante a criação desses canais. “Acho importante
porque ajuda a gente, cada vez mais, a alcançar espa-
ços que a gente não costuma ocupar e se ver. E mos-
trar outras possibilidades de cultura em diversas for-
mas, o que dificilmente vemos na televisão, onde o
padrão cis-hétero-branco é seguido desde sempre e
ainda é maioria, apesar de tentativas de inclusão e do
discurso da representatividade em alta.”, explica Igor.
Segundo Pinheiro, é muito bom fazer parte de algo
que é único e sentir que tem liberdade para falar.
‘““Sendo negro, eu também acabo
sentindo mais liberdade de falar, dar
sugestões também. Num ambiente
majoritariamente branco é comum
pessoas negras se sentirem apagadas
e inibidas de falar alguma coisa.”
também causa impacto nas escolhas das pautas e ro-
teiros. “Nas reuniões que participo, com cerca de dez
pessoas, apenas duas são brancas. É engraçado pensar
que isso é o diferente. E com certeza isso causa impac-
to nas escolhas das pautas, nos roteiros, até mesmo nos
cortes escolhidos pra matérias dentro do programa.
Tudo muda a favor dessa representação de uma forma
pura e natural mesmo, sem que o principal pensamen-
to por trás seja que se precisa ter tal coisa só porque
é um conteúdo voltado para tal público.”, completa.
Principais canais

‘““A popularização desses canais

ajuda a acessar esses conteúdos, que
também são importantes por estarem
sendo produzidos por pessoas
negras. Não é feito por pessoas
brancas apenas para chamar atenção
de algum público específico.”
Como consequência da inferiorização e exclusão dos
negros, muitos não se sentem representados nas gran-

Igor Pinheiro, Editor Assistente da Trace Brasil. Foto por Arquivo Pessoal

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 Moda e Beleza
O autocuidado e a quarentena
Como o isolamento social transformou a rotina de SkinCare em uma
valvula de escape para os problemas globais que comovem o mundo
Por Luiza Provasi e Thamires Barros
Foto: Pixabay
A pandemia trouxe diversos impactos na vida das
pessoas, entre eles a necessidade por autocuidado.
Pudemos observar que a autoestima da população
foi muito afetada, afinal não existia mais a
necessidade de se arrumar para sair pro trabalho,
por exemplo. Com isso as pessoas entenderam a
real necessidade de encontrar válvulas de escape
para lidar com esse momento difícil, uma delas
foi aderir a rotina de skincare, uma prática
que ganhou uma força imensa nesse período.
Devido a este fenômeno, os cuidados
dermatológicos passaram a ser um assunto de
grande interesse para muitos. Antônio Belini,
19, começou a ter cuidados com a pele desde
cedo por conta de problemas com acne, mas foi
durante a quarentena que realmente se dedicou
mais a si mesmo, tanto na estética quando em
sua saúde. “De certa forma a skincare ajudou a
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recuperar minha autoestima e confiança
em mim mesmo, durante os tempos difíceis
que vivenciamos, dedicar um cuidado
a mim mesmo me fez passar melhor os
dias dentro de casa, era uma coisa para
distrair minha mente”, completa. Foi o
período mais propenso para experimentar
novas maneiras de diversas coisas, no
quesito beleza, testar novos produtos ou
até mesmo criar receitas caseiras. “Acho
que durante a quarentena surgiram muitos
novos produtos e a gente acaba querendo
experimentar de tudo um pouco”, diz
Belini. Lives mostrando os cuidados diários
se tornaram um hábito de influenciadores
digitais, seguidores acompanhando e vendo
qual produto melhor em seu organismo,
a chance de se aprofundar no assunto
Moda e Beleza
tendo também a chance de se aprofundar no as-
sunto, lendo artigos ou acompanhando dermato-
logistas nas redes sociais. Tudo isso sem que haja o
medo de dar errado, pois se der, ninguém vai saber.
Belini diz que acabou consumindo mais duran-
te este período. “Você vai consumindo conteúdo
aqui e ali e no fim das contas quer experimen-
tar de tudo um pouco”, completa. “Somos bom-
bardeados por muitas informações pelas redes e
influenciadores, então acho que acabou aumen-
tando o meu desejo de compra e de testar coisas
novas”. Além disso, o home office no nosso coti-
diano abalou o conceito de ter uma rotina estru-
turada e organizada, que trazia a muitas pessoas
uma sensação de controle. Entretanto, se existe
algo no meio dessa loucura que é capaz de tra-
zer de volta essa sensação de rotina, é a skincare.
skincareskincare. O ato de seguir uma ordem de
passos e utilizar produtos pré-selecionados após
acordar e antes de dormir, ajuda a recordar como
era a vida antes. Mas é claro também que exis-
tem pessoas que por não estarem saindo de suas
Foto: Pixabay
respectivas casas, desistiram de se esforçar
para manter um nível de cuidados especiais
consigo mesmas.algo no meio dessa loucura
que é capaz de trazer de volta essa sensação
de rotina, é a skincare. O ato de seguir uma
ordem de passos e utilizar produtos pré-se-
lecionados após acordar e antes de dormir,
ajuda a recordar como era a vida antes. Mas
é claro também que existem pessoas que
por não estarem saindo de suas respectivas
casas, desistiram de se esforçar para man-
ter um nível de cuidados especiais consi-
go mesmas. O sentimento de estar sempre
dentro das mesmas paredes, sem contato
com o mundo exterior e vestindo pijamas
o dia todo, torna este momento ainda mais
difícil. Portanto, o ritual de skincare pode
representar um dos únicos momentos em
que o fato de se estar em isolamento é es-
quecido e substituído pelo prazer de fazer
algo para si mesmo, que faça você se sen-
tir bem em sua própria pele, literalmente.
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 Moda e Beleza
Efeito Fenty: você conhece, vive ou já ouviu falar
Como a Fenty Beauty, marca da Rihanna, revolucionou o mercado da beleza
em extensão global
Por Natália Ferreira e Sabrina Rodrigues
Foto: Divulgação
Você já ouviu falar no Efeito Fenty? Já foi
impactado por ele de alguma maneira? Talvez
não diretamente, mas possivelmente de
forma indireta? Se você ainda não entendeu
do que estamos falando, vamos explicar...
Digamos que o mundo do mercado da beleza
estava totalmente atrasado e ultrapassado há 4
anos atrás. Colocando de forma bem objetiva
e prática, faltava cor. Basicamente, víamos os
mesmos tons em todos os lugares e em todas
as marcas, que não cabem e não servem para
todos. De modo geral, não havia inovação.
Porém, isso mudou de forma avassaladora
em setembro de 2017, quando a marca Fenty
Beauty foi lançada mundialmente, chegando
ao Brasil no segundo semestre de 2020.
A Fenty Beauty, linha de maquiagem
idealizada e fundada por Rihanna, já chegou
escancarando seus objetivos com o slogan
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“beauty for all”, ou beleza para todos, de
modo que isso foi colocado em prática
desde o primeiro momento, quando a
marca anunciou que teria 40 tons de
base – que atualmente chegam a 50 tons.
A radicalidade na proposta de inclusão
gerou um impacto de escala absurda, com
engajamentos poderosos nas redes sociais,
devido a identificação dos consumidores
com a marca, e o faturamento de R$3
bilhões no primeiro ano de vendas.
Entretanto, mais importante do que
os resultados da Fenty Beauty em si, o
maior impacto que a marca causou foi a
movimentação gerada na indústria da beleza.
Sandy Saputo, diretora de marketing
da Kendo Brands (que inclui a Fenty
Beauty), disse em uma matéria para
o Think with Google que os produtos
Moda e Beleza
lançados pela Fenty geraram um efeito
em cadeia de marcas expandindo suas
linhas para serem mais inclusivas. Ou seja,
o chamado Efeito Fenty, onde o mercado
de beleza foi desafiado a fazer mais.
Angelica Silva, 28, trabalha em contato
com o mundo da beleza desde os 14 anos
e sentiu pessoalmente o Efeito Fenty no
seu dia a dia. Atualmente produzindo
conteúdo de maquiagem para as redes
sociais, ela constata que a Fenty chamou
atenção por ser mais do que produtos de
maquiagem, e sim por ser algo que tornaria
a maquiagem algo único para cada pessoa.
“Quando a Fenty surgiu no mercado,
houve uma revolução em distribuição e
inclusão. A primeira marca a lançar 50
tons de base para todas as tonalidades de
pele, fez com que o mercado da beleza, que
muitas vezes usava um discurso racista e
elitista, corresse atrás e inovasse”, completa.
Com a movimentação que a Fenty gerou
no mercado, diversas outras marcas se
adequaram ao mundo real e trouxeram
mais tons para sua cartilha de produtos.
Lançadas em 2018, temos como exemplo a
linha Backstage da Dior que possui 40 tons,
a primeira linha de bases da Color Pop com
42 tons e a linha Natural Radiant Longwear
Foundation, da Nars, com 33 tons.
No Brasil podemos citar a marca da
também se movimentam, trazendo
Angélica Silva, 28 anos - maquiadora e influencer
Bruna Tavares que lançou, em 2020, sua
primeira linha de bases com 30 tons,
divididos em 5 categorias e 3 subtons para
não deixar ninguém de fora. Também
temos a base Hydra Glow da linha Niina
Secrets com a Eudora, que possui 17 tons,
e a linha Basic 2 em 1 da Vult, possui 20
tons de base e 10 tons de pó compacto.
Rihanna conquistou muitos feitos no
mundo da música durante sua carreira
enquanto cantora. Ao passo que decidiu
empreender no mundo da beleza, trouxe
uma revolução no mercado, colocando
sentido para a palavra inovação. Rihanna
encontrou uma indústria que não dava
ouvidos às minorias. Durante muitos
anos, diversas pessoas – principalmente de
pele escura - não conseguiam pertencer a
esse universo por não haver identificação
alguma. Bases que acinzentam o rosto,
produtos que não se adequaram à
pluralidade de tons que temos ao redor
do mundo deveriam ter ficado para
trás a muito tempo. Porém foi apenas
em 2017, quando Rihanna entrou nesse
mercado, que a movimentação aconteceu.
E hoje, a palavra representatividade
também faz parte do mundo da
maquiagem graças ao empreendedorismo
de Robyn Rihanna Fenty.
“A esperança vem também
por que isso movimentada
comentários e marcas nacionais
produtos com maior qualidade,
preço de acessível e inclusão.” -
Angélica
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 Lifestyle
Saúde mental em tempos de pandemia
Fobia social faz isolamento parecer um alívio para os jovens
Por Gabriela Pedro
A pandemia do novo coronavírus afetou tanto
a saúde física da população quanto a economia
no país. Contudo, a saúde mental também foi
bastante impactada. O levantamento realiza-
do pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Con-
sultoria), a pedido da Pfizer Brasil, constatou
que 79% dos entrevistados afirmaram que
sua saúde mental piorou de alguma forma.
Segundo a estudante de odontologia Caro-
lina Meneghin Barbosa, 20 anos, apesar de
estar feliz com a volta dos eventos, ainda se
sente insegura em visitar lugares com grande
número de indivíduos. “Ainda possuo certo
receio de ir em lugares com muitas pessoas”.
O levantamento mostra que os jovens de
18 a 24 anos foram os mais afetados. Dessa
maneira, os demais entrevistados classifi-
caram sua saúde mental durante a pande-
mia como ruim ou muito ruim foram en-
tre 5% a 15%. Porém, a classificação dos
jovens foi de 39% e 11%, respectivamente.
Fonte: Safe Space
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Para Maria Fernanda Moreira, estudante
de medicina, 20 anos, é complicada a situ-
ação que estamos passando. Afinal, estão
acontecendo grandes eventos que muitos
jovens estão indo. Porém, para ela a in-
segurança ainda está presente, principal-
mente porque mora com os pais. “Eu fica-
va insegura em ter contato com as pessoas,
principalmente as que frequentam festas”.
Sendo assim, o isolamento intensificou muitas
doenças mentais, como ansiedade, depressão,
síndrome do pânico, fobia social e mui-
tos outros. Logo, tornando ainda mais di-
fícil a socialização para as pessoas com
estes diagnósticos, transformando o isola-
mento social como um alívio para muitos.
Quando a sociabilização fica
prejudicada, afeta tanto nossa
saúde corporal quanto nossa saúde
mental. Por mais que tenhamos as
tecnologias que nos aproximam,
mesmo que distante fisicamente,
nada substitui o contato do dia a
dia, as percepções, o olhar. Tudo
isso impacta na nossa capacidade
de estar bem mentalmente falando.”
Explica a psicóloga Ana Caroline
Rodrigues Justem.
Lifestyle
Fonte: @jcomp
O que é fobia social?
Muitas pessoas são afetadas por esta condição Pensando nisso, diversas pessoas diariamen-
psicológica, que podem facilmente ser te sentem medo persistente em se expor.
confundidas com uma simples timi-
dez. Contudo, a fobia social pode in- Ana Carolina explica que cada pessoa lida
fluenciar diretamente nas decisões com o distanciamento e com o perigo da
tomadas, diminuindo a qua- pandemia de uma forma. Cada um lidou e
lidade de vida do indivíduo. teve experiências de uma maneira. Então, é
“normal”, que cada um sinta de uma forma.
A fobia social também é popularmen-
te conhecida como ansiedade social, é ca-
racterizada pela tensão nervosa, medo, A medida mais eficaz para evitar
desconforto de se expor socialmente. As
pessoas que sofrem com este transtorno
e também tratar a fobia social é a
psicológico são acometidas por psicoterapia. Poder falar de como a
várias crises de ansiedade, fazendo com
que ela evite ao máximo interações sociais. síndrome se manifesta, suas causas,
De acordo com dados do Congresso de como cada um vai dar um lugar para
Psiquiatria, a fobia social acome-
te 13% da população brasileira, ou seja, ela, é o caminho mais recomendado.”
em torno de 26 milhões de indivíduos. Ana Caroline Rodrigues Justem
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 Lifestyle
O impacto das redes sociais na saúde
mental
Como a internet pode interferir nos quadros de depressão,
ansiedade e estresse, em todas as idades
Por Isabela Carneiro
Vivemos em um mundo onde cada vez mais
estamos conectados com as redes sociais e
muitos não vivem mais sem. Com o avan-
ço tecnológico, houve mais facilidade em
conectar usuários entre si e com o mundo,
encurtando distâncias e aproximando as
pessoas de uma forma rápida. Porém o con-
sumo da internet é muito influenciado pela
necessidade que as pessoas sentem de se en-
caixarem nos padrões ditados pela nossa
sociedade, e quando o uso é de forma exa-
gerada, desencadeia o vício que acarreta efei-
tos negativos na saúde mental das pessoas.
De acordo com a Tatiana Pimenta, especia-
lista em saúde mental e CEO e fundadora
da Vittude, a tendência é que esse apego às
redes sociais só cresça nos próximos anos.
“Os internautas já estão demasiadamen-
te apegados às suas vidas virtuais, espe-
cialmente os mais jovens. Crianças que-
rem ser youtubers ou instagrammers
quando crescerem e jovens passam horas
atualizando os seus múltiplos perfis virtuais.
A tendência é que esse apego às redes e à in-
ternet apenas aumente nos próximos anos”.
A relação entre redes sociais e saúde mental tem
sido assunto de discussões e de estudos médi-
cos e científicos. Os profissionais retratam a
Página 16
Lifestyle
influência descontrolada do mundo virtual na
realidade, que trazem inúmeras consequências
negativas para a saúde mental.A quantidade de
informações, pesquisas, artigos, notícias, opi-
niões e fotos podem mexer com a sua cabeça.
A sensação de ´preciso ser produtivo` pode
passar a permear os seus pensamentos, e pres-
sioná-lo a alcançar os seus objetivos de manei-
ra nada saudável, a pressão que você coloca
em si mesmo pode levá-lo ao esgotamento”.
Podemos afirmar que as redes sociais afe-
tam positivamente e negativamente a saú-
de mental das pessoas, depende mui-
to de como você vai utilizar a internet.
Nas redes sociais, você pode ter
a impressão de que a vida de
todo mundo é fantástica, menos
a sua. O confronto com a supos-
ta plenitude alheia pode elevar a
ansiedade. Você pode acreditar
que está estagnado ou que seus
esforços até então foram insu-
ficientes para conquistar a sua
vida dos sonhos.” Tatiana Pimenta
Foto: Freepik
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Pagina
H O R Ó S C O P O
Aries Libra
Cuidado com o exagero, ariano. Você está com muita energia e pode acabar
passando dos limites, então evite se expor demais. Aproveite a semana para fazer É importante estar atento ao dia a dia, ainda que a família demande bastante,
boas alianças e explorar o seu carisma com responsabilidade. Regularize o sono. libriano. Separe um tempo para cultivar a sua intimidade sem esquecer dos
compromissos.

Touro Escorpião
Aprenda com as pessoas, taurino. O momento é favorável para os relaciona-
mentos, mas você precisa saber ouvir. Pense no futuro sem se deixar perder em A semana promete fortes emoções e bastante prazer, escorpiano. Use a criativi-
devaneios. dade e faça algo prazeroso. É fundamental que você aplique os seus talentos. Só
não vale fantasiar em demasia.

Gêmeos
Aproveite a semana para sonhar com passos maiores na carreira, geminiano.
Só não vale sonhar demais e esquecer a dimensão prática das coisas. Encontre
boas parcerias para viabilizar seus planos.
Sagitário
A semana é de intensidade, sagitariano. Cuide de você, da sua família e preserve
a sua intimidade. Aliás, aproveite mais essa semana da passagem do Sol pelo seu
signo para dar atenção a quem precisa de apoio.

Câncer
Você está bastante sonhador e um tanto idealista nesta semana, canceriano.
Cuidado para não se perder em muitos pensamentos. Aproveite a semana para
estudar e reciclar conhecimentos.
Capricórnio
Você está cheio de energia e poder de persuasão, capricorniano. Saiba usar isso
tudo ao seu favor sem se exceder. É fundamental que você não se perca com o
excesso de pensamentos.

Leão
Com tanta vontade de fazer acontecer, você precisar tomar cuidado para não
acabar se excedendo, leonino. Divida as decisões cruciais com outras pessoas. É
importante saber compartilhar.
Aquário
O momento pede que você saiba priorizar as coisas certas. Evite gastar tempo e
dinheiro com o que não vale a pena, aquariano. Evite tomar decisões financeiras
de maneira muito emocional.

Virgem Peixes
Os seus relacionamentos estão em destaque, virginiano. No entanto, saber dia-
logar é o mais importante. É fundamental que você ouça as necessidades dos A magia se faz presente nesta semana, pisciano. Aproveite para aplicar bem a
outros ao passo que apresenta as suas com clareza. intuição. Só não vale se precipitar em julgamentos e acabar sendo demasiada-
mente crítico.

Fonte: Istoé
 Trabalho e Carreira
À procura da felicidade
(mas não para o Brasil)
Somente no ano de 2021 o país perdeu mais de 213 mil jovens
aprendizes e estagiários no mercado de trabalho, segundo levantamento
Por Gabriel Aquino
Ingressar no mercado de trabalho é uma tarefa
difícil, ainda mais se está começando uma car-
reira. A dificuldade pode ser tamanha, pelas di-
versas cobranças que o mercado atual exige. Em
2020 o Brasil tinha cerca de 686 mil estagiários,
segundo a ABRES (Associação Brasileira de Es-
tágios), o que representou somente 6% do total
de alunos matriculados no ensino superior, que
no mesmo ano chegou a 8,4 milhões. Quando os
jovens entram no ensino superior, a esperança
é que as oportunidades surjam e que uma nova
carreira comece, mas não é bem desta forma que
acontece, ainda mais se o estudante é da região
do norte do país onde apenas 2% dos estudantes
fizeram estágios no ano passado. Os cursos que
mais têm aderência de matrículas são: engenha-
ria, administração, direito, comunicação social
e pedagogia. As abrangências de especialidades
são muito amplas, então aí que oportunidades
deveriam surgir, né? Infelizmente, não! As opor-
tunidades de programas sociais como estágio e
jovem aprendiz caíram como nunca visto antes,
a causa, não somente a pandemia do novo coro-
navírus, mas as mudanças na legislação desses
programas, somente neste ano 218 mil jovens
perderam seus trabalhos, aponta o levantamen-
to do CAGED (Cadastro Geral de Empregados
e Desempregados). “A falta de oportunidade
é um dos motivos que levaram a ausência dos
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Trabalho e Carreira
puxado que é”, comenta Henrique Rodri- tros são fatores que as levaram a ingressar no
gues,19, estagiário técnico de enfermagem
no Hospital Israelita Albert Einstein. A re-
início de carreira e os motivaram para come-
çar um novo caminho profissional. O tempo
vista Ponto realizou uma pesquisa com cer- médio de contrato segundo pesquisa foi entre
ca de 50 pessoas e destaca que 90% delas que
fizeram parte do programa Jovem Aprendiz
1 e 2 anos, e que cerca de 45,5% dos entrevis-
tados conseguiram o primeiro trabalho via
ou realizaram Estágio gostaram da experiên- CIEE e 22,7% via Nube. “Ser jovem apren-
cia e que 61% acreditam que o aprendizado diz e estágio é uma ótima oportunidade para
foi o motivo maior para entrar no mercado conciliar a rotina dos estudos, e é até engra-
de trabalho, seguido com 56% que acredi- çado porque podemos levar os temas da em-
tam que os benefícios como Vale-Refeição, presa para faculdade, tornando-se um conhe-
cimento híbrido”, comenta Paloma Lacerda.
Vale-Alimentação, Plano de Saúde entre ou-
jovens no mercado de trabalho, tornando-os
desmotivados. Infelizmente, muitos optam por
não buscarem os reais caminhos, guardando
dentro de si sonhos e planos”, relata Fabiana Me-
deiros, 22 anos, jovem aprendiz do grupo Car-
refour em 2016 e hoje professora em escola pú-
blica primária em São Paulo. Com a pandemia
em curso, o Congresso Federal alterou a legis-
lação trabalhista e o programa Jovem Aprendiz
teve várias mudanças, a principal é que as em-
presas não precisam mais registrar os jovens no
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), mas
Foto: Divulgação CIEE
obriga as empresas a darem cursos e vale-trans-
porte (o que já era previsto antes da mudança).
O salário médio dos jovens aprendizes chega a Quais são as empresas dos sonhos, segundo os jovens?
R$815,00, segundo o CIEE (Centro de Integra-
ção Empresa-Escola). Já os estagiários de ensino Sonhar nunca é demais, não é mesmo? E para os jovens o céu não é mais o limite, e sim o espaço.
superior recebem de bolsa auxílio por volta de A revista Ponto perguntou* aos jovens quais seriam a empresa dos sonhos para trabalhar, e a lista
é grande, veja abaixo:
R$1.095,00, segundo uma pesquisa do NUBE
(Núcleo Brasileiro de Estágios e Aprendizes).
Paloma Lacerda, 21, estagiária de moda, relata
que os bolsas auxílio na área de moda não pa-
gam o quanto o setor merece, “tem poucas vagas,
e quando tem algumas são muito precárias, vejo
vagas no LinkedIn com pagamentos de R$400,00,
um absurdo”, comenta. “O estágio para mim foi
a forma de conhecimento e de se adaptar a ro-
tina de trabalho, porque eu nunca tinha visto
como era a rotina no ambiente hospitalar, o quão
*A pesquisa possibilitou várias alternativas como respotas
Página 21

O temido retorno ao trabalho presencial
Como a população brasileira tem lidado com o modelo híbrido
Por Barbara Vicente
A chegada do novo Coronavírus
impulsionou as organizações a
adotarem o Home Office para
seus colaboradores. Se antes
da pandemia do Coronavírus,
o Home Office era adotado de
forma tímida por apenas algumas
organizações, com a pandemia o
Home Office passou a ser adotado
por grande parte das organizações.
As organizações precisaram
vencer vários obstáculos na
implantação do Home Office, como
a aquisição de equipamentos e
tecnologias necessárias à execução
das atividades, além da segurança
na movimentação dos dados da
organização. Essa nova realidade
exigiu dos gestores estratégias
para manter a produtividade.
Ve nc e r a b ar re ira do
d ist anc i ame nto s o c i a l,
a comp an har as at iv id ade s
e for ne c e r o sup or te
ne ce ss ár i o, foram de s af ios
en f re nt a d o s p elos ge store s.
Foto: Divulgação - pixabay
Página 22
Trabalho e Carreira
O gestor também precisa estar
atento à motivação e proporcionar
momentos de interação social
com a equipe.
Os colaboradores também
precisaram adaptar-se à nova
forma de trabalhar. Escolher um
bom local para o trabalho, roupas
adequadas, definir o horário do
trabalho e evitar as distrações foram
algumas das recomendações dadas
pelas organizações para melhor
adaptação dos colaboradores ao
home office.
Agora com mais da metade da
população vacinada, é hora de
dizer olá ao novo modelo “híbrido”
que está sendo implementado em
muitas das empresas. “Tem sido
uma oportunidade muito boa ter
nossos colaboradores dentro de
casa, isso aumentou a qualidade de
vida e diminui custos da empresa.
“Agora nosso objetivo com
o modelo híbrido é continuar
proporcionando essa qualidade
de vida 3 vezes por semana em
casa e 2 vezes por semana no
escritório para um equilíbrio e
necessidade de cada equipe”, diz
Giovanna Machado gerente de
negócios da agência de publicidade
Negociando.
Uma pesquisa da Korn Ferry,
empresa global de consultoria
organizacional, aponta que 70%
dos profissionais dizem que
trabalhar remotamente é o novo
normal e que retornar à rotina do
escritório será “difícil” e “estranho”.
“Acho que no começo voltar
ao escritório será diferente e
estranho, mas com o tempo vou
me acostumar novamente”, diz a
estudante de psicologia Larissa
Silva.
O home office trouxe desafios
tanto para a organização quanto
para os colaboradores, exigindo
adaptação ao novo cenário. Porém,
as organizações perceberam que é
possível a adoção do home office
mesmo após a pandemia.
Trabalho e Carreira
A inserção do jovem no mercado de trabalho
Os desafios do inicio da jornada de trabalho na vida do jovem recém formado
Foto: Divulgação - pixabay
Por Jayne Santos
Quando o assunto é sobre o jovem
e o mercado de trabalho, a busca
por conhecimentos diversos para
complementar o seu currículo é o
tópico mais importante.
A Lei nº 10.097/2000, ampliada
pelo Decreto Federal nº 5.598/2005,
determina que todas as empresas de
médio e grande portes contratem
um número de aprendizes
equivalente a um mínimo de 5% e
um máximo de 15% do seu quadro
de funcionários cujas funções
demandem formação profissional.
Uma das exigências dessa Lei é
que o jovem esteja devidamente
matriculado e frequentando uma
instituição de ensino.
As empresas têm se adaptado,
tanto pela questão tecnológica
quanto pela sua organização
de resultados. Sendo assim,
aumentando a procura por pessoas
criativas, inovadoras e proativas em
seu trabalho.
Estamos atualmente em uma fase
a qual as respostas costumam ser
instantâneas, mas isso não acontece
tão frequentemente no mercado
de trabalho, pois os programas de
recrutamento estão cada vez mais
exigentes e complexos.
Nesse caso, com mais fases nos
processos seletivos, há maior
demora nos resultados.
Os desafios e as dificuldades
enfrentadas pelos jovens no
mercado de trabalho são bem
comuns, como: a falta de
experiência, grande competição
para as vagas, conflito de gerações
no ambiente de trabalho e a falta de
espaço de fala e respeito por seus
colegas.
A falta de experiência é o
principal desafio para a inserção
dos jovens no mercado de trabalho.
É bem comum que a maioria das
empresas façam essa exigência, até
mesmo para cargos mais comum.
Uma forma de contornar isso é
fazendo trabalhos voluntários. Você
pode se oferecer para trabalhar em
ONGs, associações e entidades que
fazem realizem esses projetos, por
exemplo.
De acordo com dados do IBGE,
publicados em uma reportagem
do site Valor Investe, a taxa de
desemprego no Brasil foi de
14,7% no primeiro trimestre de
2021. O número é bastante alto e
reflete a crise que o país vivencia,
agravada pela pandemia do novo
coronavírus.
Desde então, a concorrência para
as vagas de emprego cresceu
Página 23

alarmantemente. Afinal, existem
muitas pessoas desempregadas
e que estão em busca de uma
oportunidade no mercado.
Entre os desafios dos jovens no
mercado de trabalho também
está o conflito de gerações. É bem
comum que as pessoas das gerações
mais novas, sendo nascidas entre
1980 até 2000, tenham perfis
comportamentais bem diferentes
dos mais velhos e maior índice de
produtividade e energia.
Os jovens de hoje já nasceram e
cresceram em meio ao alto contato
com o mundo tecnológico. O que
influencia na sua forma de pensar
e agir.
É bem provável que você se
depare com o seu chefe ou um
colega mais velho fazendo algo
antiquado e tradicional, como
por exemplo, querer fazer uma
Foto: Divulgação - pixabay
Página 24
Trabalho e Carreira
reunião presencial para discutir um
assunto que poderia ser facilmente
resolvido apenas em um e-mail.
Quando presenciar uma situação
semelhante, é aconselhável
conversar com esses colegas, dar
sugestões ou apresentar ideias e
soluções. Na maioria dos casos,
eles verão isso como proatividade
e você pode até ganhar um certo
reconhecimento e respeito.
Por mais que isso esteja mudando
muito nos últimos anos, muitas
empresas ainda vivem uma cultura
que valoriza muito os funcionários
com mais tempo de casa.
Ou seja, as pessoas mais velhas
possuem um peso maior em seus
cargos por suas habilidades e
experiências.
Se perceber que as suas opiniões
não são respeitadas ou que os
colegas o tratam com desprezo por
ser um iniciante ou aprendiz, vale a
pena ter uma conversa com o seu
chefe sobre o que está acontecendo.
Independente de todos os seus
desafios, a busca por conhecimento
é um dos melhores caminhos,
como a universidade que
proporciona muito conhecimento
e abertura de portas, não apenas
técnico, mas também prático, para
você aprender como se portar
para ter uma excelente trajetória
profissional.
Foto: Divulgação - pixabay
Pagina
Página 25
 Política Política
E por que o número de investidores é tão peque- mentos na 3P Capital, a relação dos jovens hoje

Mercado financeiro é para jovens? no no Brasil? Para Wesley, a questão é cultural,

O número de investidores entre 18 e 25 anos representam
10% em na bolsa de valores em 2021, aponta B3
Por Gabriel Aquino
Investir parece difícil, e talvez seja em alguns pon-
tos, mas a parcela de jovens brasileiros que estão en-
trando nesse mercado está crescendo cada vez mais.
Nos últimos anos a parcela de jovens en-
tre 18 e 25 anos se quintuplicou, saltando de
2% em 2013 para 10% em 2021, segundo a B3
- Bolsa de Valores Brasileira - Até o momento!
Os caminhos são diversos para investir, passando do
Tesouro Direto à renda variável, mas o que é cada um?
Bom, o Tesouro Direto é simplesmente a capitali-
zação do governo, mas como assim? Simples, o in-
vestidor dá o dinheiro para o governo, para serem
usados (ou deveria) em infraestrutura como vias
públicas, escolas, hospitais etc. Esses títulos po-
dem ser os tesouros prefixados, Selic, IPCA, entre
outros, e aí o dinheiro retorna para o investidor
com uns juros corrigidos, o que é chamado ren-
tabilidade, que hoje está na casa dos 8,69% (Te-
souro Prefixado 2022). É umas das formas mais
viáveis e uma forma de guardar um dinheirinho!
Já as rendas variáveis são mais complexas, mas cal-
ma, nada de desespero! Sabe aquele momento que
“No Brasil falar sobre dinheiro na mesa do jan-
está muito ligado ao excesso do consumo e pou-
ca visão financeira ao futuro, “Os jovens de hoje
tar é muito estranho, não se fala disso nos colé- pensam muito em ter Iphones e entrar em dívi-
gios e só temos contato com o dinheiro quan- das, ao invés de poupar”, comenta. Relata tam-
do conseguimos o primeiro trabalho”, relata. bém que a educação financeira já deveria estar
Para Ewerton Oliveira, 25, assessor de investi- presentes nas escolas do ensino básico ao médio.
Mais inclusão nos investimentos
você está lendo um jornal e se depara com a notí- No decorrer dos últimos dois anos, o número de mente a quantidade está veemente, como o ticket
cia “Magalu fecha o dia em alta de 5%”? Você sabe mulheres investindo só cresce, as mulheres hoje na médio que também está subindo entre as mulheres
o que isso representa? Não? Pois fique tranquilo! bolsa de valores representam cerca de 27% do total de 25 a 39 anos que já é superior aos dos homens,
Esse número revela que os investidores movimen- dos investidores, parece pouco, né? Mas são mais de R$481 contra R$303, segundo a B3. Power to girls.
taram um valor alto na empresa comparado ao dia 1 milhão, está aumentando cada vez mais e não so-
anterior. Por exemplo, ontem a ação valia R$9,00
(uma coxinha por aí, né?) e hoje ela está valen-
do R$9,45 isso representa uma alta de 5% no dia.
“Meus investimentos a maior parte estão voltados
para o mercado de renda variável, onde acontece
de meses ter uma rentabilidade positiva e às vezes
negativa. Já tive retornos acima de 300% em algu-
mas ações e prejuízos acima de 50% em outras”, co-
menta Wesley Silva, 24 anos, investidor desde os 17.
A quantidade de pessoas que investem saltou de 1
milhão em 2019, para incríveis 3,5 milhões em agos-
to de 2021. Um número alto, mas comparado com
outros países, ainda estamos longe. Nos Estados Uni-
dos a população investidora somam hoje por volta
de 52% do país, ah, mas quanto isso representa? Cer-
ca de 150 milhões de pessoas, diferença gigante, né? Fonte: B3 - Brasil, Bolsa, Balcão

Mas e o Brasil, vale a pena investir?

O Brasil está entre os países com
menos recomendação em investi-
mentos do mundo. A agência de
classificação Fitch Ratings colo-
cou o país em ‘BB-’, mas o que
significa? Simples, numa visão
mundial, o país não está em mo-
mento para investimentos, por
conta dos altos índices de gastos
públicos, não pagamentos das
dívidas fiscais e da alta instabili-
dade política.
A incerteza é um dos motivos
da maior parte de retirada de
investimentos do país, somente
Fonte: B3 - Brasil, Bolsa, Balcão no ano de 2021 foram retirados
Página 26
do país cerca de 4,6 bilhões de
reais. Para Wesley as ações gover-
namentais interferem diretamente
ao mercado financeiro, “[No]
Brasil existe um fanatismo político
que prejudica muito a economia,
independente de direita ou es-
querda e essa instabilidade afasta
investidores e empresários fazendo
com que ocorra muita oscilação no
mercado”, diz.
Por outro lado, em uma visão a
longo prazo, investir é um dos ca-
minhos para uma estabilidade no
futuro. Analistas de todas as agên-
cias de investimentos recomendam
às pessoas investirem, principal-
mente os mais novos “O Brasil
tem muito espaço para investir,
têm muitas empresas entregando
resultados e empregando, como
é o caso da Petrobras, que so-
mente neste trimestre lucrou 30
Bilhões”.
‘‘As empresas estão
entregando resultado e
o Brasil é um país bem
atrativo para investir’’ -
Ewerton Oliveira
Página 27
 Política
Juventude transviada: as novas gerações
e o seu papel eleitoral
Para Biden, as novas gerações progressistas foram primordiais; Scholz
contou com os mais velhos para vencer o conservadorismo dos jovens.
E o Brasil?
Por Bruno Lucca
Os últimos resultados das corridas eleitorais em
duas das principais democracias do mundo, EUA
e Alemanha, mostraram contornos diferentes em
relação à senioridade dos votos recebidos por seus
respectivos vencedores. Enquanto o democrata
Joe Biden teve forte apoio dos votantes entre 18 e
29 anos, na Alemanha ,foram os idosos que deci-
diram a liderança do social-democrata Olaf Scholz.
Seria Alemanha ou EUA um espelho do Brasil
para as eleições gerais de 2022? O pleito do ano
que vemEstas que deved ser polarizado entre dois
candidatos muito experientes, o atual presiden-
te Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT).
A população mundial tem vivido mais. Estu-
dos realizados pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) mostram que a expectativa de
vida humana aumentou, em média, cinco anos
só entre 2000 e 2015, o crescimento mais rápi-
do desde os anos 1960. No Brasil, a expectati-
va é de 75 anos, acima da média mundial de 71,4.
Velha roupa nova
Joe Biden, presidente norte-americano elei-
to em uma turbulenta corrida contra o re-
publicano Donald Trump, tem 79 anos. An-
tes de chegar ao posto mais importante do
mundo, o democrata fez carreira como parlamen-
tar e, posteriormente, foi vice de Barack Obama.
Página 28
Biden representa a tradição política americana e
sempre foi moderado. Sempre lhe faltou carisma
para lidar com o eleitorado. As prévias democra-
tas, que decidiram que entraria nos ringues com
Trump, contaram com candidatos mais comoventes,
como observado durante toda a campanha. Bernie
Sanders, por exemplo, era o favorito da geração Z.
Enérgico e sem papas na língua para falar de fan-
tasmas americanos, como a temida renda básica e o
monstruoso programa de saúde universal e gratuito.
Apesar do nariz torcido das novas gerações para
o centrismo de Biden, uma união foi necessária.
Se não pode com ele, junte-se a ele. Juntaram-se
os derrotados Kamala Harris, atual vice-presiden-
te americana e a primeira mulher negra no cargo,
e o próprio Sanders, que explicitou seu apoio ao
correligionário. Trump era o verdadeiro inimigo.
Na esteira do Black Lives Matter e o levan-
te popular pela preservação climática, temas
caros para o eleitorado mais jovem america-
no, Biden fez os movimentos certos e venceu.
O poder do Verde
Olaf Schonz, virtual primeiro-ministro ale-
mão, tem 63 anos. O social-democrata é ex vice-
-presidente da União Internacional da Juventu-
de Socialista e Ministro das Finanças de Merkel
desde 2018. Concorrendo contra a União De-
Política
mocrata-Cristã, aliou-se aos Verdes para vencer.
Os Verdes foram o Partido pop nas últimas elei-
ções alemãs. Com a proteção do clima no topo das
preocupações, a legenda ambientalista obteve o
maior resultado de sua história, crescendo qua-
se 10 pontos percentuais e se tornando a tercei-
ra força política alemã, atrás dos Sociais Cristãos
de Merkel e dos Sociais-democratas de Schonz.
O motivo disso é de fácil constatação: de acor-
do com a pesquisa DeutschlandTrend, uma clara
maioria de alemães, 81%, vê uma grande neces-
sidade de ação em termos de proteção climática.
Semelhante ao cenário americano, não? Dois candida-
tos experientes, centristas, que se aliam a outros com
anseios mais populares para formar um governo. Sim e
não. Um ponto crucial afasta, ainda mais, a Alemanha
dos Estados Unidos. A juventude alemã, diferente da
americana, ainda vota em massa em populistas de direita.
Nas eleições alemãs de 2017, por exemplo, a proporção
de votos para o partido populista de direita Alternativa
para a Alemanha (AfD), que mantém relações amistosas
com Bolsonaro, foi de 20,8% no grupo de 18 a 34 anos.
Outro fator primordial a ser analisado quando fa-
lamos do país da Europa Central é o etário. De
acordo com estatísticas oficiais do governo ale-
mão, 57% de todos os capacitados a votar na Ale-
manha têm mais de 50 anos. Os eleitores com
menos de 30 anos representam apenas 14,4%.
A matemática é fácil: para onde os
mais velhos forem, vai à Alemanha.
De lá pra cá
E o Brasil? O maior país da América Latina tam-
bém enfrentará os dilemas da idade na corrida ao
Palácio do Planalto, marcada para outubro de 2022.
Solto e leve, após várias decisões a seu favor dadas pelo
Supremo, Lula voltou com tudo para o tabuleiro políti-
co brasileiro e Bolsonaro tem com o que se preocupar.
Apesar de ter governado o país há mais de dez anos, o
líder petista tem a boa vontade da juventude brasilei-
ra. Não só a militante, como muitos tentam propagar,
mas a juventude universitária e gerações de cidadãos
beneficiados pelo combo Bolsa Família – ProUni.
A despeito da popularidade do petista, um fenôme-
no observado com mais força a partir de 2013 pede
atenção: a ira de parcela da juventude pobre e pe-
riférica voltada a governos de esquerda e posterior
adesão dessa população ao discurso reacionário.
De acordo com pesquisa do Datafolha de 2 de ou-
tubro de 2018, pouco antes das eleições presiden-
ciais de 7 de outubro, Bolsonaro tinha 32% de in-
tenção de voto na faixa etária entre 16 e 24 anos.
Para Maria Braga, cientista social e docente da
Universidade Federal de São Carlos, o processo
de desilusão do eleitorado mais pobre em relação
a governos de esquerda se deu por uma questão
econômica. Enquanto o governo Dilma enfrenta-
va o desemprego e a recessão, as pessoas observa-
vam a diminuição do poder de compra e culpavam
o grupo político no poder. “Este processo de desi-
lusão com o governo petista e, consequentemen-
te, com representantes progressistas, se dá a partir
de uma constatação de perda de poder de aquisi-
ção e qualidade de vida por parte do eleitorado
que, durante os anos petistas, havia ascendido so-
cialmente. É uma parcela do eleitorado que pensa
muito no bolso, e não poderia ser diferente”, diz.
Enquanto o país enfrentava turbulências na economia
e as denúncias contra o Partido dos Trabalhadores se
aglutinavam, a narrativa da esquerda corrupta, gene-
ralização amplamente divulgada, adentrou o imagi-
nário do eleitorado brasileiro. Inclusive do mais jovem.
Bolsonaro, que já tinha adesão significati-
va do eleitorado mais velho, mais de 50%
na faixa acima de 60 anos segundo pesqui-
sa Datafolha de outubro de 2018, beneficiou-
-se dessa guinada à direita das novas gerações.
Quatro anos depois, o futuro ainda é incer-
to. Apesar de pesquisas mostrarem a lideran-
ça de Lula em todos os cenários, as coisas podem
mudar tão rápido quanto o humor adolescente.
Página 29
 Esportes
Portões fechados: A torcida
em meio a quarentena
Ao longo da pandemia, a vida do torcedor no Brasil foi diferente do habitual. Devido às
circunstâncias da Covid-19, os times jogaram com as arquibancadas vazias
Por Vinícius Moraes
Durante quase dois anos, devido à Covid-19, o
torcedor brasileiro foi obrigado a assistir aos jo-
gos em qualquer plano B que tivesse, mas o único
lugar que muitos não puderam assistir, foi no es-
tádio. A última partida disputada no Brasil com
torcida foi em 15 de março de 2020, pelo campe-
onato catarinense. O Joinville derrotou por 1 a 0 o
time do Criciúma. Já o campeonato brasileiro, um
dos mais importantes do país, teve sua última par-
tida com torcida em 8 de dezembro de 2019. Em
2020 o campeonato foi disputado sem público. De
lá para cá o torcedor brasileiro precisou se adap-
tar a cada momento de gol comemorado, a cada
título conquistado, a cada falta que deixa o clássi-
co mais polêmico, pois muito nem sequer tinham
companhia no sofá de sua casa para acompanhar
a partida. Apesar dos muitos que não respeita-
ram o distanciamento social imposto na época.
Depois de um longo período em pandemia, gra-
dualmente observamos que tudo aquilo que era
rotina está voltando a fazer parte de nosso co-
tidiano. Trabalhar, estudar e sair são coisas que
já estão em sua normalidade. Recentemente,
em todo o Brasil, governadores decretaram o
retorno gradual da torcida aos estádios. Nes-
sa reportagem, buscamos entender como foi
para os torcedores mais fanáticos e frequenta-
dores assíduos dos estádios, fazerem o que tan-
to amam. Como foi torcer neste período em que
tivemos que ficar tão distantes uns dos outros?
O futebol é um esporte que envolve muita paixão, e
entre os mais apaixonados, ir ao estádio para acom-
panhar o time do coração é algo sagrado. Em março
Página 30
Esportes
As provocações também ficaram diferentes para Para Adalci, apesar de não poder ver do está-
ele, pois após jogos decisivos, ninguém se via pes- dio os títulos que seu time ganhou neste perío-
soalmente. Simplesmente desligavam a TV e pre-
cisavam continuar trancados em casa. Durante o
do de pandemia, o mais importante é ressaltar a
importância de estar vivo para acompanhar o
período pandêmico, o Corinthians não conseguiu que há de vir, até porque muitas pessoas não ti-
um bom desempenho em campo, e para Victor veram este privilégio, e agora nem da TV terão a
isso foi diretamente influenciado pela falta de tor- oportunidade de ver seu time do coração jogar.
cida nos estádios. Inclusive, com o retorno dos Para o torcedor brasileiro, o hábito de torcer foi
adeptos, o time já vive um quadro mais positivo e completamente impactado pela Covid-19, mas
tem uma sequência muito melhor de resultados. tudo parece estar voltando ao normal. Nesse mo-
Durante a pandemia, jogos importantes e deci- mento, já temos todas as torcidas de volta aos está-
sivos aconteceram, alguns sem torcida e outros dios para poder incentivar e vibrar pelos seus times.
com uma quantia parcial, porém muito menor Deixando o esporte com aquilo que tem de mais
do que é fora deste quadro. Além de comemorar bonito: suas festas, cores, cantos e gritos de euforia.
de 2020, com início da pandemia, muitos tor- vitórias e incentivar o time, os torcedores tam-
cedores precisaram deixar de lado o hábito
bém deixaram de comemorar títulos nos estádios.
de ir ao campo, pois para todos nós, um ou-
tro grande jogo se iniciava, o jogo da vida.
Para Adalci Moraes, palmeirense, sócio torcedor de
48 anos, assíduo aos estádios desde os anos 80, foi
totalmente diferente precisar torcer em frente a tela
da TV, em sua casa. Segundo o mesmo, ir ao estádio
é um evento importante, algo que tira o estresse do
dia a dia, quebra a rotina do trabalho, e possibili-
ta momentos incríveis tanto com amigos que fre-
quentam os jogos quanto com os demais torcedores
quando se encontram em dias de jogo. Para ele, a vi-
bração se difere sem as pessoas por perto e a visão é
completamente limitada, pois, pela TV acompanha-
mos apenas uma parte específica do campo, enquan-
to a câmera filma, mas quando presente no estádio,
é possível ver o esquema tático, as mudanças na for-
mação, além de todo o envolvimento e calor que a
torcida proporciona ao jogo. Ele definiu como “frio
e pesado” este momento de torcer na pandemia, por
não ter as pessoas que gosta ao seu lado para abraçar
no momento do gol, não ter o cântico da torcida, en-
tre outras emoções que a ida ao estádio proporciona.
Não foi diferente para o corintiano Victor Ferrei-
ra, o torcedor de 24 anos, também frequentador
dos estádios desde 2005, ele definiu como “hor-
rível e esquisito” não poder acompanhar seu time
de perto. Para o mesmo, não poder ir aos está-
dios, desconfigura muito o que aprendeu a amar
e acompanhar desde pequeno, o futebol. O jo-
vem torcedor citou também, que os níveis de es- Foto: Pixabay
tresse eram muito maiores vendo o jogo pela TV,
e por estar sozinho a sensação era muito pior .
Página 31
 Esportes

O impacto de uma decisão: Saúde

mental no meio esportivo
Desistências em grandes competições e a importância do cuidado com a saúde
mental no meio esportivo
Por Vinicius Oliveira

Durante as Olimpíadas de Tóquio, o feito de apesar da luta contra a depressão, se tornou o

uma campeã ficou marcado na história, mas se atleta mais vencedor da história das olimpíadas.
engana quem acha que se trata de um recorde No caso de Ridley, ele chegou a atuar em cinco
batido ou da conquista de uma medalha de partidas do Falcons pela NFL, mas na semana 5,
ouro. Estrela da seleção norte-americana de em partida contra os Jets, o jogador optou por
se afastar do time alegando a necessidade de se
ginastica, Simone Biles abdicou de disputar as
cuidar mentalmente.
finais individuais de ginastica artística alegando
Para Daniel Barros, professor do
a necessidade de preservar sua saúde mental.
departamento de psiquiatria da faculdade
Na lista de atletas que viveram algo parecido,
de medicina da USP, Simone faz parte de um
Simone não está sozinha, pouco antes dos
seleto grupo de atletas onde o desempenho
jogos olímpicos, a na época tenista número
regular não basta, em que o atleta é quase que
dois do mundo, Naomi Osaka, viveu algo
visto como um super-herói e precisa ter um
semelhante. Após decidir não dar entrevistas
desempenho sobre-humano. Na visão dele,
durante Roland Garros, ela alegou ter sofrido
quando um atleta alcança esse status, muitas
muita pressão e que o tênis estava sendo
vezes é necessário arcar com uma cobrança
deixado de lado por parte da mídia. Depois
tal qual o desempenho “sobre-humano” e
disso, a japonesa não disputou Wimbledon,
muitas pessoas simplesmente não resistem a
foi eliminada precocemente no US Open e
essa cobrança, a exemplo dos já citados aqui.
escolheu dar uma pausa na vitoriosa carreira.
Principalmente durante a pandemia, o tema
Junto delas, há nomes como o ex-nadador
saúde mental ganhou bastante espaço de
Michael Phelps, o recebedor do Atlanta Falcons,
forma positiva, o que se espera agora é que
Calvin Ridley, e até mesmo o jogador brasileiro
mais pessoas se atentem a isso e aprendam a
Neymar, que não chegou a falar diretamente
respeitar os limites de cada um, seja ele um
sobre o assunto, mas chamou atenção em
premiado atleta ou uma pessoa comum em seu
entrevista dada a plataforma de streaming
ambiente de trabalho. O caso da ginasta serve
DAZN quando disse que possivelmente a
para mostrar que apesar da determinação e
Copa do Mundo de 2022 será a sua última
disciplina com o corpo, que são elementos
Foto: Freepik

por não ter mais cabeça para o futebol. Phelps

fundamentais para o sucesso de um atleta, às
sofreu o primeiro baque em 2004, logo após os
vezes é necessário dar um passo para trás pelo
jogos olímpicos de Atenas ele buscou refúgio
bem da saúde mental.
nas drogas e chegou até mesmo a se aposentar
da natação, no entanto, o americano foi forte e

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