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ECLESIOLOGIA
I. Definição de Igreja

No grego o termo igreja é “ekklesia”, significa “chamado para fora”. Esta definição nos traz a
raiz da idéia de que igreja é a “reunião” das pessoas que foram chamadas para fora do
sistema mundano governado por satanás, para servirem ao Senhor Jesus Cristo, e também
os que são chamados dentre uma determinada comunidade e reúnem-se a fim de obedecer
e servir a Cristo. (Mt 16.18; Jo 10.16; Rm 16.25, 26; Ef 3.5-10).

Wayne define a igreja da seguinte forma: “a igreja é a comunidade de todos os cristãos de


todos os tempos”.

A. Conceitos sobre a Igreja


Pela complexidade de se ter uma definição da igreja, foram ao longo dos anos
formulados vários conceitos, para tentar explicar o significado da igreja. Dentre estes
conceitos podemos citar os seguintes:

1) O conceito Anglicano
“A igreja visível de Cristo é uma congregação de fiéis, na qual é pregada a pura
Palavra de Deus, e são devidamente ministrados os sacramentos conforme a
instituição de Cristo”.

2) O conceito Reformado
“A igreja católica ou universal, que é invisível, consiste do número total dos eleitos...
A igreja visível que também é católica ou universal, sob o Evangelho, consiste de
todos aqueles que, pelo mundo inteiro, professam a verdadeira religião, juntamente
com seus filhos...”.

3) O conceito Batista
“A igreja é uma companhia visível de santos, chamados e separados do mundo
pela Palavra e pelo Espírito de Deus, para a profissão visível da fé do Evangelho;
sendo batizados nessa fé”.

Dentre os conceitos citados podemos concluir como verdade que a igreja não é meramente
uma organização humana, como uma instituição fraternal, ou um sindicato, mas a igreja é
um organismo vivo, composto por cristãos reunidos em todo o mundo, que seguem ao
Senhor Jesus e as suas ordenações registradas na Palavra de Deus. W. K. Dunply explana
melhor está definição relatando sobre a igreja da seguinte forma:

“Os cristãos não são meramente seguidores de Cristo senão membros de Cristo e membros
uns dos outros. Buda reuniu sua sociedade de “esclarecidos”, mas a relação entre eles não
passa de relação externa de mestre para com o aluno. O que os une é sua doutrina, e não a
sua vida. O mesmo pode dizer-se de Zoroastro, de Sócrates, de Maomé, e de outros gênios
religiosos da raça. Mas Cristo não somente é mestre, Ele é a vida dos cristãos. O que Ele
fundou não foi uma sociedade que estudasse e propagasse suas idéias, mas organismo que
vive por Sua vida, um corpo habitado e guiado por Seu Espírito”.

B. A dupla natureza da Igreja


No Novo Testamento, a igreja é vista com duplo sentido, sendo conhecida como um
organismo e uma organização.

1) Como organismo, vemos a igreja formada por aqueles que são chamados para fora,
dentre as nações, para viverem sob o senhorio de Cristo. (I Co 12.12; Ef 1.22, 23; Hb
12.23).
2) Como organização vemos a igreja formada por uma comunidade, que procura
obedecer aos princípios e preceitos de Cristo. (At 2.41, 42; 16.1-5).

II. A Fundação da Igreja

A Igreja de Deus não é produto dos esforços humanos. A Palavra de Deus ensina que a Igreja
foi instituída e inaugurada por Deus. A Igreja foi primeiramente profetizada, e depois fundada
como podemos observar:

1) Profetizada (instituída)
Cristo predisse a fundação da Igreja, isto é, uma instituição divina que continuaria
Sua obra na Terra. (Mt 16.18; Mc 3.11; Lc 3.16; At 1.4,5; I Co 12.12,13).

2) Fundada (inaugurada)
A Igreja de Cristo veio a existir como igreja no dia de Pentecostes, quando foi
consagrada pela unção do Espírito Santo. Os primeiros discípulos do Senhor
estavam reunidos no cenáculo, e foram consagrados como Igreja pela descida do
Espírito Santo. (At 2.1-11; 11.15-17; I Co 12.13). Em Ef 1.19-23 a Palavra de Deus
mostra que não seria possível a Igreja vir à Luz antes da ascensão e exaltação de
Nosso Senhor Jesus Cristo.

III. Metáforas da Igreja

Para facilitar o entendimento acerca da natureza da igreja, as Escrituras utilizaram uma


ampla quantidade de metáforas que buscam expressar a realidade da igreja. Dentre as
metáforas da igreja podemos destacar as seguintes:

1) Família de Deus
O apóstolo Paulo vê a igreja como uma família quando diz a Timóteo que agisse
como se todos os membros de uma família maior. O Senhor é o pai e os crentes
são os filhos desta grande família somos, portanto, irmãos uns dos outros na família
de Deus.
2) Noiva de Cristo
A igreja é atualmente, o corpo de Cristo em processo de formação e, quando ela
estiver completa, ser-lhe-á apresentada como esposa. Por enquanto, somente o
pedido de noivado foi efetuado. Aguardamos o cumprimento futuro da “ceia das
bodas do cordeiro”. Na qualidade de corpo de Cristo a igreja participa da vida de
Cristo que é o cabeça, na qualidade de esposa, participará eternamente do Seu
amor. Portanto é necessário que sejamos em tudo fiéis ao Senhor. (Gn 24.61-67; Ap
19.7; 21.2; 22.17). A igreja como noiva está se preparando para o casamento com o
noivo que é Cristo. Esta parábola aponta para o arrebatamento da igreja que,
ocorrerá antes da tribulação. (II Co 11.2; Ef 5.28-32; I Ts 4.13-17).

3) Templo de Deus
Nesta parábola onde compara a igreja como um edifício mostra que o crente é como
uma pedra neste edifício, sendo que com o acréscimo de cada cristão este edifício
cresce para templo santo no Senhor, sabendo que a pedra principal nesta construção
é Cristo, a pedra angular. (I Co 3.9; 3.16, 17; 6.19; Ef 2.20-22; I Pe 2.4-
6).

4) Corpo de Cristo
Nesta metáfora, o apóstolo Paulo aborda várias verdades concernente à Igreja. Ele
conscientiza a importância de cada membro dentro da igreja, mostrando que cada um
tem a sua função. Além de ensinar que Cristo é o cabeça, portanto, todos os
membros devem estar de acordo com as instruções do cabeça, que é Cristo Jesus.
(I Co 12.12-13; Ef 1.22-13; 4.15-16; Cl 2.19).

Outras metáforas são encontradas nas Escrituras que falam sobre a igreja, tais como: (1)
ramo de uma videira (Jo 15.5); (2) lavoura (I Co 3.6-9); (3) Casa de Deus (I Co 3.16; I Tm
3.15; Hb 3.6).

IV. A Igreja Local e a Universal

Quando encontramos no Novo Testamento a palavra “igreja”, devemos ter em mente que
este termo tanto pode ser aplicado a:

1) Um grupo pequeno de cristãos reunidos numa casa (Rm 16.5; I Co 16.19).


2) Um grande ajuntamento de cristão num determinado local.
3) Aos cristãos como corpo místico de Cristo (I Co 12.28; Ef 5.25).

1) A esse grupo de cristão reunidos num local, dá-se o nome de igreja local. Nas cartas
paulinas, vemo-las elas sendo endereçadas à igreja local que residia na cidade de
Éfeso, de Corínto, de Tessalônica, da Galácia, de Filipos, de Colossos e outras. (I Co
1.1-2; Ef 1.1; Fp 1.1; Gl 1.2; Cl 1.2; II Ts 1.1). Além das sete igrejas da Ásia citadas
no livro do Apocalipse. (Ap 2.1,8, 12, 18; 3.1, 7, 14).
O fundamento da Igreja local tem que ser o mesmo da Igreja universal. Os alicerces da
igreja local que são: a obra de sacrifício vicário de Cristo na cruz, Sua Palavra, e o Espírito
Santo. (At 20.28; Ef 1.20-23).

O Senhor Jesus Cristo é o único que pode salvar (At 4.12), batizar com o Espírito Santo (Mc
1.8), que acrescenta a Igreja (At 2.47; 5.14; 11.24). A igreja está edificada sobre a Pessoa
de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Mt 16.18).

Desta forma fica claro o entendimento acerca da igreja local.

2) A Igreja universal é identificada como a unificação de todas as igrejas locais, isto é, a


igreja universal é composta por todos aqueles que verdadeiramente tiveram a
experiência do “novo nascimento” (Jo 3.3-8), independente do local onde está e em
que época este fato ocorreu. Sendo, portanto, esta a igreja a qual o Senhor Jesus
prometeu vir buscar (I Co 12.12; I Ts 4.13-17; Hb 12.23).

Podemos concluir, portanto, que tanto um grupo de cristãos reunidos numa casa como a
união de todos os cristãos, podem ser identificados como igreja de Cristo.

V. A Igreja Invisível e a Visível

Outra característica da igreja, que temos que comentar é acerca do fato dela ser invisível e
ao mesmo tempo visível.

1) A Igreja invisível
Para compreendermos a igreja como invisível, devemos defini-la da seguinte forma:
“a igreja invisível é a igreja como Deus a vê”. Para confirmar esta tese, podemos ler o
texto em que o apóstolo Paulo diz: “o Senhor conhece os que lhe pertencem” (II Tm
2.19).

Esta afirmação toma como base, que somente o Senhor Deus, que conhece o
coração do homem, pode julgar corretamente e saber aquele que verdadeiramente
ama e teme ao Senhor (Rm 2.16; II Tm 4.1).

Na Reforma Protestante, esta verdade também foi defendida, pois naquela época a
Igreja Católica Romana ensinava que a igreja era a organização visível que vinha
desde os apóstolos numa linha de sucessão ininterrupta (através dos bispos da
igreja).

2) A Igreja visível
Na verdade, a Igreja de Cristo também tem um aspecto visível, sendo que neste
caso, ela é definida da seguinte maneira: “A igreja visível é a igreja como os cristãos
a vêem na terra”. Paulo quando escrevia as suas cartas, ele escrevia direcionando a
uma igreja visível que estava em Corinto, Éfeso, Tessalônica.
Mesmo tendo pessoas que não professassem uma fé genuína, elas eram tidas como
membros da igreja visível.
Pelo fato do homem não conhecer o coração do outro homem, concluímos que a
igreja invisível alcança todos os verdadeiros cristãos que serão salvos. Já a igreja
visível, pode apresentar descrentes e excluir alguns que são crentes. (Mt 7.15, 16; At
20.29-30; II Tm 2.17, 18).

VI. A Igreja e o Reino de Deus

Para muitos, a igreja e o reino são as mesmas coisas, porém, se nós, observarmos melhor,
veremos que existem diferenças entre a igreja e o reino de Deus.

George Ladd define essas diferenças da seguinte forma: “O reino é, primeiramente o


governo dinâmico ou domínio real de Deus e, derivando dessa idéia, a esfera na qual o
domínio é experimentado. Na linguagem bíblica, o reino não é identificado com os seus
súditos. Eles são o povo do domínio de Deus que adentram o reino, nele vivem, e por ele
são governados. A igreja é a comunidade do reino, mas nunca o reino em si. Os discípulos
de Jesus pertencem ao reino assim como o reino pertence a eles; todavia, eles não são o
reino. O reino é o domínio de Deus; a igreja é uma sociedade de homens”.

Para melhor compreensão das diferenças, em relação à Igreja e o Reino de Deus, veremos
três aspectos específicos sobre este fato:

1) A mensagem pregada pelo Senhor Jesus e os seus discípulos era que o reino de
Deus estava próximo e não que a igreja estava próxima. (At 8.12; 19.8; 20.25;
28.23,31).
2) O reino cria e produz o crescimento da igreja, pois quando uma pessoa entra no
reino, isto é, deixa que Cristo Governe a sua vida, ela passa a fazer parte da
comunhão humana que é a igreja. (Ef 1.7-10; 2.1-7; Cl 1.13).
3) A igreja tem a missão de pregar sobre o reino de Deus. “E será pregado esse
evangelho do reino por todo o mundo...” (Mt 4.23; 9.35; 24.14; Cl 1.5,6, 23).

Estes aspectos específicos mostram que existe uma relação próxima entre a igreja e o reino
de Deus, porém são duas coisas diferentes.

VII. A Igreja e Israel

Existem dois pontos de vista acerca do tratamento do Senhor Deus com relação à Igreja e
com Israel.

1) Uma posição defende que a igreja é a continuação do Israel fiel, relatado no Antigo
Testamento. Neste caso a igreja é composta de todos os salvos do Antigo e do
Novo Testamento.

Como argumentos desta posição citam-se os vários textos do Novo Testamento que trata a
Igreja como o “Novo Israel” (Ef 2.12; Gl 6.16). Outro argumento é que Deus não fez um
parêntese na história, para fundar a igreja como instrumento de restauração do homem, mas
vemos que toda a Bíblia Deus desenvolve meios de restaurar o homem caído (Rm 2.28, 29;
Ef 5.25). Outro forte argumento encontra-se no personagem bíblico Abraão, que é
apresentado como “o pai de todos os que crêem”, mesmo não sendo circuncidado,
mostrando a ligação que existe entre a Igreja e Israel. (Rm 4.11,12, 16,18; Gl 3.6-9).

2) A segunda posição, defendida pelos dispensacionalistas, afirma que Deus tem


tratamentos diferentes com Israel e a Igreja. Elas não têm nenhuma ligação no
sentido de organismo. Sobre esta posição Chafer diz: “Deus tem dois planos
distintos para dois diferentes grupos de pessoas que redimiu: os propósitos e as
promessas de Deus para Israel são bençãos terrenas e serão cumpridas neste
mundo em algum tempo no futuro. Por outro lado, os propósitos e as promessas de
Deus para a igreja são bênçãos celestiais, as quais serão cumpridas no céu”.

Os dispensacionalistas afirmam também que no milênio, Israel reinará na terra com o povo
de Deus e passará a desfrutar das promessas do Antigo Testamento. Já a igreja terá sido
arrebatada aos céus; conforme esta posição a Igreja não começou antes do pentecostes (At
2).

3) Conclusão
As profecias do Antigo Testamento referentes a Israel como nação serão cumpridas
no milênio quando o povo judeu crerá em Cristo, e viverá na terra de Israel como
“nação modelo” para que todas as nações o vejam e deles aprendam. (Is 59.20; 66.8;
Rm 11.26).

Contudo em relação à Igreja, cremos que dela faz parte todos os salvos do Antigo e
do Novo Testamento, formando assim o corpo de Cristo. (Mt 8.11; Lc 13.28-30; At
10.45; Ef 2.11-18).

VIII. Características da Verdadeira Igreja

No inicio, só existia uma igreja e ela era visível a todos, tendo como lideres os bispos. Nesta
época, quando surgia um herege, que apresentava algum erro doutrinário grave, logo ele
era excluído da igreja. Portanto no principio, não era difícil identificar a igreja verdadeira.
Porém, com o passar dos anos, foram formados vários grupos que professavam ser a igreja
de Cristo, mas na realidade, esses ajuntamentos professavam de forma errônea a verdade
do cristianismo, tendo entre seus membros, pessoas que ainda pertenciam ao reino das
trevas. (I Co 10.20; 12.2; Ap 2.9; 3.9).

1) No período da reforma foi se levantando a questão acerca da “igreja verdadeira”; na


época a igreja católica se considerava como a única igreja verdadeira. E chegaram à
conclusão que a igreja verdadeira teria que apresentar duas características
fundamentais que são:

a) O Evangelho é pregado corretamente


A confissão de Augsburgo (1530) aceitou como verdadeira a igreja que pregava a
sã doutrina deixada pelos apóstolos. (Rm 10.17; I Co 15.1-4; II Tm 4.1-5; Tt 2.1).
b) Ministração correta dos sacramentos
Em contraste com os ensinos errôneos da igreja Católica sobre os sacramentos,
onde se dizia que a prática deles era necessária para o fiel se tornar justo. As
igrejas verdadeiras ministram os sacramentos como ordenanças do Senhor Jesus
aos salvos pela fé na obra vicária de Cristo. (Mt 28.19; Mc 16.15,16; At 2.38).

Baseado nestas duas características, os reformadores chegaram a conclusão de como


avaliar uma igreja como verdadeira ou falsa. Se uma igreja, onde o pastor não prega a
Palavra de Deus, interpretando-a corretamente, tornar-se-á uma igreja falsa, que não
respeita as verdades centrais do cristianismo.

2) Entre as igrejas verdadeiras, há divisões nas quais se considerada mais puras, e


menos puras. Esta divisão fica patente nas igrejas que o apóstolo Paulo doutrinava.

Por exemplo, as igrejas dos filipenses e dos tessalonicenses eram igrejas que
alegravam o apóstolo Paulo e não apresentavam problemas doutrinários graves e
nem problemas morais (Fp 1.3-11; 4.10-16; I Ts 1.2-10; 3.6-10; II Ts 1.3-4; 2.13),
sendo, portanto igrejas mais puras. Já nas igrejas da Galácia e a de Corinto, havia
problemas doutrinários e morais que precisaram ser corrigidos pelo apóstolo Paulo (I
Co 3.1-4; 4.18-21; 5.1,2; 6.1-8; 11.17-22; Gl 1.6-9; 3.1-5).

Portanto, a pureza na igreja é medida pelo seu grau de isenção de doutrina e de conduta
errôneas, e o seu grau de conformidade com a vontade de Deus revelada, pela sua Palavra,
à Igreja.

3) A igreja inicialmente conviveu com choques culturais elevados, pois uniu várias
culturas tais como, judeus, gregos, romanos... Atos cap 2.9-11, igrejas na Ásia, Ap 2 e
3, culturas essas que promoveram a necessidade do ensino cristocêntrico para
unidade do corpo.

IX. A Unidade da Igreja

O Novo Testamento aborda acerca da unidade da igreja. O propósito do Senhor Jesus foi
prover esta unidade, por isso, Ele ora aos futuros cristãos “a fim de que todos sejam um” (Jo
17.21-23). Sendo que esta unidade seria um testemunho para os incrédulos. (At 4.32).

Esta preocupação do Senhor Jesus quanto à unidade da igreja era extremamente válida, pois,
com o passar do tempo a igreja sempre enfrentou problemas com divisões.
Várias cartas paulinas, também tratam da questão da unidade da igreja (Rm 16.17-18; I Co
10.17; 12.12-26; Ef 4.1-16; Fp 2.2; Gl 2.11-14; 5.20-21).

Esta unidade eclesiástica não exige a existência de um governo eclesiástico único, que
venha abranger todos os cristãos. Pois o modelo de governo eclesiástico do Novo
Testamento não apresentava um líder que exercesse autoridade sobre outra igreja além da
sua própria (At 14.22,23; Tt 1.5).
Pelo crescimento da igreja, foram necessárias que surgissem vários ministérios, seminários,
agências missionárias, tendo cada instituição um governo próprio, sendo que isto não deve
ser considerado como divisão, pois neste caso existe uma comunhão, e todos possuem um
governo supremo de Deus. (Ef 4.4-6).

A. Breve História da Separação Organizacional na Igreja


As divisões visíveis ocorreram após fatos, sendo que estes fatos podem ou não ter
uma razão justa.

Nos primeiros mil anos da igreja não houve divisão generalizada. Houve apenas algumas
divisões menores, dentre as quais destacamos os:
1) Montanistas (segundo século).
2) Donatistas (quarto século)
3) Monofisistas (quinto e sexto século).
Porém a oposição era forte em relação à unidade da igreja. Em 1054 ocorreu a primeira
divisão expressiva na igreja, quando a igreja oriental (atualmente ortodoxa) se desligou da
igreja ocidental (Católica Romana). O motivo desta separação foi o fato de o papa ter
mudado o credo da igreja, tendo como base a sua própria autoridade.

A reforma do século XVI proporcionou a divisão da igreja em dois grupos distintos, a igreja
Católica e a igreja Protestante. Sendo que o pivô desta separação foi Martinho Lutero, que
queria reformar a igreja católica e não dividi-la, porém em 1521 ele foi excomungado.
O protestantismo acabou também se fragmentando em vários grupos menores. Entre estes
grupos podemos destacar os metodistas, os puritanos e os pietistas.

B. Razões para a Separação


Várias são as razões que levaram muitos a dividir a igreja, sendo que alguns motivos
são válidos, porém outros não são.

A ambição, orgulho pessoal e diferenças sobre práticas doutrinarias que não afetam outras
doutrinas e não produzem nenhum efeito expressivo no modo de viver cristão são razões
inválidas para uma divisão da igreja. Porém existem três razões justificáveis para uma
separação da igreja, que são: razões doutrinárias; razões de consciência e considerações
práticas.

1) Razões Doutrinárias
Quando a posição doutrinária de uma igreja foge totalmente dos padrões bíblicos,
surge a necessidade de uma separação. Porém, estes erros doutrinários devem ser
graves a ponto de a igreja ser considerada falsa. Vale ressaltar que pode acontecer
em alguns casos que os irmãos não decidam pela separação, optando em
permanece para buscar uma reforma ou avivamento. (I Co 5.11-13; II Ts 3.14,15; Tt
3.10,11; Ap 2.14-16, 20-25).

2) Razoes da Consciência
A consciência do crente também pode levá-lo a um julgamento acerca da sua
continuidade ou saída de uma igreja. Nesse caso, ocorre quando um líder desenvolve
práticas antibíblicas e exigem esta mesma conduta por parte dos membros. O
membro neste caso não peca, porque acima do pastor, existe a autoridade de Deus.
(Dn 3.18; 6.10; At 5.29).

3) Considerações Práticas
Deve o cristão se separar da igreja quando após uma reflexão acompanhada de muita
oração, perceber que a sua permanência resultará mais em mal do que em bem. Este
fato ocorre quando o trabalho do crente torna-se inoperante devido à imposição da
liderança. Outro fator que deve ser avaliado é quando se percebe que a sua
permanência na igreja está prejudicando a fé dos outros cristãos.

C. Conclusão
Em todas estas situações, muita oração e maturidade serão necessárias, porque sair
de uma igreja, especialmente no caso de quem a ela pertence há muito tempo, ou
tem função de liderança estabelecida é algo muito sério. (II Ts 2.1,2; Hb 10.25; 13.9).

X. Os Propósitos da Igreja

A igreja é uma organização que está na Terra com propósitos definidos e não meramente
por uma casualidade. Dentre os propósitos destacaremos os principais, que são:

1) Ministério de adoração ao Senhor Deus


O homem foi criado com o propósito de servir e adorar ao Senhor Deus, porém, o
pecado fez com que os homens se desviassem desse propósito (Is 59.1,2; Rm 1.21-
26), mas Deus nos destinou e nos escolheu em Cristo “para sermos para louvor da
sua Glória” (Ef 1.5-6,12; Cl 1.10).

a) A adoração deve ser o ministério principal da igreja, pois, através da verdadeira


adoração, que consiste em reconhecer o Senhorio de Cristo e lhe obedecer, as
demais atividades serão cumpridas de uma forma que glorifique ao Senhor.
b) A adoração deve ser interpretada de uma forma ampla, onde consiste em todas as
atividades que são realizadas com o propósito de glorificar ao Senhor.
c) A adoração também pode ser interpretada de forma restrita na qual consiste nas
reuniões onde se entoam cânticos de louvor ao Senhor. “Com salmos, e hinos, e
cânticos espirituais, com gratidão no coração” (Ef 5.16-19; Cl 3.16).

2) Ministério de edificação dos crentes


Paulo escreveu aos Gálatas dizendo: “Meus filhinhos, por que de novo sinto dores de
parto, até que Cristo seja formado em vós” (Gl 4.19). A igreja deve também se
preocuparem auxiliar o crescimento espiritual dos cristãos.

a) O Espírito Santo concede dons aos crentes, tendo em vista o aperfeiçoamento dos
santos. “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe; e sim unicamente a que
for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que
ouvem”. (Ef 4.29).
b) As Escrituras mostram que a igreja tem a obrigação de nutrir aqueles que já são
crentes edificá-los à maturidade na fé. (Ef 4.11-13; Cl 1.28).
c) Quando a igreja desenvolve o ministério de edificação dos crentes, os demais
ministérios desenvolvem se de uma forma mais organizada.

3) Ministério de Missões e Evangelização


Este ministério foi claramente ordenado por Cristo, quando Ele disse: “Portanto, ide e
fazei discípulos de todos os povos batizando-os em nome do Pai e do Filho e do
Espírito” (Mt 28.19).

“O propósito para o qual existe uma igreja é o trabalho missionário. Tire-se de uma igreja a
idéia missionária, e ter-se-á uma vida sem objetivo, uma arvore estéril, uma casa vazia
sobre cuja porta está escrito ‘icabode’”. – Mac Daniel.

Para que a igreja seja fiel ao Senhor Jesus, é necessário que ela se esforce no ministério de
evangelização e missões, pois esta obra glorifica e exalta ao Senhor Jesus, como também é
um mandamento do Senhor. (Mt 28.19, 20; Mc 16.15-20; Lc 24.47-49; Jo 20.21-23; At 1.8).

4) Conclusão
Dentro destes propósitos todos que foram discutidos, surge então a pergunta: Qual
dos propósitos é o mais importante? É necessário que a igreja desenvolva todos
estes ministérios? A resposta a estas duas perguntas é que todos estes ministérios
citados possuem grande importância e que um ministério está ligado ao outro (Ef
4.15, 16).

XI. O Governo da Igreja

Diferentes formas de governo foram criadas nas igrejas, isto ocorre logo após a formação do
Cânon do Novo Testamento. A Igreja Católica Romana possui um governo mundial
hierárquico, isto é, o clero, que toma as decisões está organizado em ordens e classes, que
por sua vez estão subordinados a superiores e sob a autoridade de uma única pessoa (que
é o Papa).

As igrejas episcopais têm bispos como supervisor regional e acima deles os arcebispos.

As igrejas presbiterianas têm os concílios (presbitérios) como autoridade nacional, e os


presbíteros como autoridade regional.

No Novo Testamento a organização foi instituída logo que possível. (At 14.23; 15.6; Tt 1.5).
Pode existir um amplo debate sobre os aspectos específicos da forma de governo, ou da
organização da igreja, mas é indiscutível que a Igreja Primitiva era organizada. Podemos
observar pelas Escrituras sua organização.

1) Praticavam o batismo, e mantinham o registro de seus membros : (At 2.41; 4.4).

2) Os crentes aderiram a um padrão doutrinário bem definido : (At 2.42; I Co


3.10,11; 4.16; Ef 2.20-22; II Ts 3.6,7, 14).

3) Organizaram as atividades de socorro aos pobres: (At 2.44-45; 4.32-37; 6.1-4).

4) Havia ordenação de oficiais: (At 6.1-7; 13.1; 14.23; 20.17; Tt 1.5).

5) Observavam a Ceia do Senhor: (At 2.42,46).

6) Reuniam para comunhão espiritual: (At 2.46; 5.42; 8.4,5).

7) Cultuavam a Deus publicamente: (At 2.46; 5.42; 8.4,5).

8) Havia lugar para as reuniões: (At 1.13; 2.1; 2.46; 12.5,12).

9) Tinham dia estabelecido para reunião: (Jo 20.19,26; At 20.7; I Co 16.1,2; Ap 1.10).

10)Havia disciplina

O pecado impede a comunhão com Deus e com os outros cristãos. Para que haja
reconciliação o pecado precisa ser tratado. Portanto o propósito da disciplina eclesiástica é
de duplo alvo isto é de restauração (levar o pecador ao comportamento correto) e de
reconciliação (com Deus entre os cristãos). (Pv 13.24; Mt 18.17; Rm 16.17; I Co 5.13; 13.34;
Hb 12.6; Ap 3.19)

11)Levantavam dinheiro para a obra do Senhor: Rm 15.25-28; I Co 16.1,2; II Co 8.3-


9,11; 9.3-7.

12)Mandavam cartas de recomendação a outras igrejas: At 15.22-29; 18.24-28; Rm


16.1,2.

XII. Os Oficiais da Igreja

O oficial da igreja é a pessoa que publicamente é reconhecida com o direito e a


responsabilidade de desempenhar determinadas funções, tendo como propósito o beneficio
de toda a igreja.

No Novo Testamento podemos destacar três oficiais reconhecidos na igreja que são: (1)
apóstolos, (2) presbíteros, bispos, (3) diáconos.
1) Apóstolos

É importante ressaltar, que existem duas classes de apóstolos. Sendo que uma
classe já está extinta e era formada pelos doze apóstolos de Cristo, tendo como
integrantes os onze apóstolos que permaneceram após a morte de Judas, e Matias
que foi escolhido para completar o grupo (Mt 10.1-5; Mc 3.13-19; Lc 6.13-16; At 1.15-
26). Para fazer parte desta classe de apóstolos, deveria preencher os seguintes
requisitos:

a) Ter sido escolhido por Cristo, para ser apóstolo (Mt 3.13-19);
b) Ter sido testemunha ocular da ressurreição de Jesus Cristo (At 1.22; 4.33).

Paulo também preenche esses dois requisitos, pois, mesmo de forma incomum, Cristo
aparaceu-lhe em uma visão na estrada de Damasco e o comissionou a apóstolo (At 9.5-6;
26.15-18; Rm 1.1; I Co 15.7-9; Gl 1.1; I Tm 12.2-7; II Tm 2.11).

Sendo desta forma além dos doze apóstolos, podemos contar o apóstolo Paulo pertencente a
está classe especial de apóstolo.

Para resumir acerca do ofício do apóstolo, podemos entender que a palavra apóstolo possui
um sentido restrito e um sentido amplo. O sentido restrito refere-se aos “apóstolos de Jesus
Cristo” e ao sentido amplo refere-se ao “mensageiro” ou “missionário pioneiro”. (At 14.4, 14;
Ef 4.11; I Ts 2.6).

2) Presbíteros

Os presbíteros também são identificados por bispos ou pastores no Novo Testamento.


Em alguns textos aparece a palavra presbíteros (gr. Presbíteros) em outros, bispo (gr.
episkopos), mas em ambos tem a mesma função, que é a de governar e apascentar.
(Tt 1.5-7; I Pe 5.1-4).

Atualmente, para esta função se usa o termo pastor (gr. poimên), porém, este termo só é
encontrado uma vez no Novo Testamento no texto de Éfesios 4.11, isto na sua forma
substantiva, mas na forma verbal (pastorear, apascentar) é encontrada varias vezes no
Novo Testamento (At 20.28; I Pe 5.2).

Em todas as igrejas que o apóstolo Paulo fundava, ele instituía presbíteros (At 20.17, 28;
14.2,3), com a finalidade de cuidar do crescimento espiritual da igreja. A própria igreja de
Jerusalém possuía presbíteros (At 11.30; 15.2).

Entre as diversas passagens do Novo Testamento que abordam o assunto, podemos chegar
a uma conclusão interessante, que em todas asa igrejas citadas, grandes ou pequenas, elas
tinham mais de um presbítero, pois quando cita presbíteros são sempre no plural. (Fp 1.1; Tt
1.5).
A. As Funções dos Presbíteros
Destacando mais sobre a função do presbítero neotestamentário, chegamos a
conclusão que existem três áreas principais as quais eles devem uma maior
dedicação que são:

1) Administração
Nesta função o presbítero deve supervisionar todas essas atividades eclesiásticas,
delegando funções e cargos (I Co 12.28; I Tm 5.17; I Pe 5.1-4).

2) Cuidados pastorais
O cuidado pastoral envolve o aconselhamento, assistências nas dificuldades, tudo que
for possível para cuidar da integridade da ovelha (At 20.28; I Tm 3.5; 4.16; Hb 13.17).

3) Instrução
O pastor deverá alimentar os seus membros para que eles cresçam em sua vida cristã.
Neste caso vale ressaltar a importância do pastor ter o dom de mestre, pois, será
fundamental para exercer o papel de ensinar, será fundamental para exercer o papel de
ensinar o rebanho de Deus (Tt 1.9; Tg 3.1; I Tm 3.2; 5.17).

B. As Qualificações dos Presbíteros


O apóstolo Paulo escreve duas cartas, onde são mencionadas algumas
características necessárias para o presbítero. Sendo elas destacadas da seguinte
maneira:

a) Um presbítero deve ser irrepreensível


O caráter integro deve ser fundamental na vida do presbítero. A sua conduta não
pode ter margem para acusações verdadeiras. (Tt 1.6; 2.6,7; I Tm 3.2; 4.12).

b) Deve ser esposo de uma só mulher


O presbítero não pode ser acusado de poligamia, pois foge ao costume judaico e a
conduta cristã. Neste caso o presbítero não poderia ser exemplo de matrimônio
dentro da congregação.

c) Deve ser temperante


O significado da palavra temperante é “controlado”, “ajuizado”. Neste caso o oficial
não deve exceder aos impulsos da natureza, mas manter os limites impostos pelo
Espírito Santo. (Gl 5.22; Cl 4.5,6).

d) Sóbrio
O significado da palavra sóbrio é prudente, autocontrolado.
e) Modesto
O significado da palavra modesto é simples, despretencioso, decente. (I Ts 5.6; I Pe
5.8).

f) Hospitaleiro
Está característica deve ser naturalmente desenvolvida pelo bispo, pois demonstra
o seu amor pelas pessoas. (Hb 13.1,2; I Pe 4.8,9).

g) Apto para ensinar


Está qualificação está relacionada ao dom de mestre. O ensino é uma atividade
fundamental para prover uma saúde espiritual na congregação. (Mt 28.19,20; Rm
12.6,7).

h) Não dado ao vinho


Nesta expressão a Bíblia requer que nenhum pastor ou presbítero fique “sentado ao
lado do vinho” ou “esteja com vinho”, em outras palavras não deve beber vinho
embriagante, nem ser tentado ou atraído por ele, nem comer nem beber com ébrios
(Mt 24.45-51). Portanto para que o oficial da igreja se proteja da tentação suspeita e
critica, ele deve manter sua abstinência total ao vinho.

i) Não violento
Esta violência não se restringe à questão do contato físico, mas abrange também a
agressão com palavras. (II Tm 2.23, 24; Tt 3.2).

j) Cordato
O significado da palavra cordato é “gentil”, “bondoso”, “pronto a ceder”, “tolerante”.
Esta característica é o oposto da inflexibilidade e do rigor estúpido. (II Tm 2.25,26; I
Pe 3.15).

k) Inimigo de contendas
O presbítero deverá ser um pacificador, para que os conflitos sejam administrados.
(I Co 11.17-19; Tt 3.9-11).

l) Não avarento
O avarento é aquela pessoa que ama o dinheiro. Sendo está atitude reprovável
pelas Escrituras, pois o amor ao dinheiro levará o homem a sair dos propósitos
divinos. (Cl 3.5; I Tm 6.8-10; II Pe 2.3, 14-16).

Conclusão

Estas são algumas das qualificações necessárias ao presbítero, pois, pela grande
importância do serviço realizado pelo presbítero, se faz necessário, que ele venha a ser uma
pessoa qualificada, e que se harmonize com o padrão divino para o presbítero, registrado
nas Escrituras, estas qualificações devem ser seguidas por todos os obreiros do Senhor.
3) Diáconos

A palavra “diácono” vem do grego “diakonos” e significa serviçal, é traduzida muitas vezes
no Novo Testamento por “ministro” ou “servo”. A palavra “diakono” no começo era usada em
geral e designava, sem distinção, qualquer ministro do Evangelho (I Co 3.5; Ef 3.7; Cl 1.23; I
Tm 1.12).

Portanto a diaconia deve ser exercida por todos os servos de Deus, pois temos o exemplo
de nosso Mestre (Mc 10.45; Lc 22.26).
Posteriormente a palavra “diakonos” recebeu também um significado especial e passou a
designar os oficiais da Igreja que serviam, sob a orientação dos apóstolos e presbíteros (At
6.1-6; Fp 1.1; I Ts 3.8-13).

A. A Função dos Diáconos

Os diáconos exerciam suas funções que lhes eram delegadas, isto é, o governo da Igreja
estava sob a responsabilidade dos presbíteros. (At 14.23; I Tm 5.17; Hb 13.17; I Pe 5.3).

Os diáconos eram responsáveis por cuidar das finanças da Igreja (I Tm 3.8) como também
administração da Igreja (I Tm 3.12) e atendiam as necessidades físicas dos que eram da
Igreja ou da comunidade que necessitavam de ajuda (At 6.1-3). Podemos representar assim
a ordem dos oficiais da Igreja:

Presbíteros
Todos os aspectos

Diáconos
Tudo o que for delegado pelos presbíteros

B. As qualificações dos diáconos

Encontramos em I Tm 3 uma lista de qualificações para os bispos, e imediatamente


seguida de uma lista paralela para os diáconos. Essas qualificações (para os
diáconos) são particularmente apropriadas para os que têm responsabilidades
financeiras e administrativas, e os tornam aptos para exercerem com proeminência o
serviço social da Igreja, como também nas festas de amor, envolvia um serviço de
mesas, e outros serviços regulamentares. As principais qualificações dos diáconos
são:

1) Pessoais:
Os diáconos devem ser respeitáveis, dignos e sérios, de uma só palavra, que não
sejam inclinados para o vinho, nem gananciosos. (At 6.1-6; I Tm 3.8).
2) Doutrinárias:
Os diáconos devem buscar o objeto da verdade cristã, isto é, a fé com uma
consciência limpa, ter uma vida prática de acordo com aquilo que professa. (I Tm
1.19; 3.9).

3) Espirituais:
Os diáconos devem ser testados e aprovados, irrepreensíveis. (I Tm 1.19; 3.10).

4) Familiares:
Assim como os presbíteros, os diáconos devem ser maridos de uma só mulher e
governar bem a sua casa. (I Tm 3.12; 4.12; Tt 1.6).

AS ORDENANÇAS DA IGREJA

I. Ordenança:

A palavra “ordenança” deriva de dois vocábulos latinos “ordo e inis” – ordem, relativo a
ordinare, ordenar.

Dessas duas raízes é que surge a palavra “ordenantis” - ordenança.


Seu significado vem a ser uma regra autoritária, um decreto, uma lei, um rito religioso um
padrão, pré-estabelecido.

A. Definição de:
Símbolo – rito – Ordenança

1) Símbolo
É o sinal ou representação visível de uma realidade ou idéia invisível.

2) Rito
É o símbolo que se emprega com regularidade ou intenção sagrada.

3) Ordenança
É um rito simbólico que destaca as verdades centrais da fé cristã, e é de obrigação
universal e perpétua.
São duas as ordenanças que o Senhor Jesus institui para a Sua Igreja, o Batismo e a
Ceia do Senhor.
II. Batismo

1) É a representação feita com regularidade e intenção sagrada que destaca as verdades


centrais da Fé Cristã. Simboliza morte, sepultamento e ressurreição.
2) É um rito externo ordenado pelo Senhor Jesus Cristo para ser administrado na Igreja
como sinal visível da verdade Salvadora da Fé Cristã.

III. Administração do Batismo

A. É estabelecida a prática desta ordenança para a Igreja pelos seguintes motivos:

1) Na submissão do Senhor Jesus Cristo ao Batismo de João; Cristo deu testemunho da


obrigação da ordenança. (Mt 3.13-17; Lc 3.21-22; Mc 1.9-11; Jo 1.29-31).
2) O Batismo de João em essência era cristão porque era para arrependimento (Mt
3.11; At 19.4).
3) Jesus aprovou a prática juntamente com os seus discípulos (Jo 3.22,23; 4.1,2).
4) Na grande comissão o Senhor Jesus ordenou seus discípulos a ensinar e a batizar
todos os novos discípulos. (Mt 28.19, 20; Mc 16.16).
5) Os apóstolos e os 1º discípulos ensinavam e praticavam o batismo (At 2.38-41;
8.12,13, 36,38; 9.18; 10.47, 48; 16.15, 33; 18.8; 19.5).

B. A prática do Batismo no Novo Testamento era realizada da seguinte forma:

O crente era imerso completamente na água e em seguida retirado. – imersão, portanto


é a maneira pela qual o ato do batismo era realizado no Novo Testamento.
As seguintes razões são representadas como testemunho, para a prática da imersão:

1) O termo grego “baptizo” significa: mergulhar, afundar, imergir.


2) João batizava no rio Jordão e Jesus quando batizado saiu de dentro do rio (Mc 1.5-
10).
3) Filipe compartilhou do evangelho com o Eunuco e o batizou onde havia água (At
2.36-39).
4) Cada passagem onde ocorre a palavra no Novo Testamento ou requer ou permite
o sentido “imergir”.
5) O batismo expressa o sentido de morte, sepultamento e ressurreição.

IV. Simbolismo

A. O batismo apresenta, através do símbolo visível, a morte, o sepultamento e a


ressurreição de Cristo, como também:
1) Nossa morte para com a antiga vida de pecado.
2) Nosso sepultamento na semelhança de sua morte
3) Nossa ressurreição para andarmos com Ele em novidade de vida (Rm 6.1-23). –
Goodchild.

O batismo através do seu símbolo é um testemunho publico perante a comunidade


cristã, que evidencia o quadro vivo da verdade que transmite, pois de fato retrata a
morte e ressurreição do crente com Cristo.

B. Possui tríplice significado:

1) São memórias de Cristo;


2) São verdades cristãs simbolizadas;
3) São expressões de amor e devoção a Cristo.

C. Portanto é um símbolo de:

1) Unidade cristã – um só Senhor, um só Batismo, uma só Fé – Ef 4.5.


2) Morte, sepultamento e ressurreição – Rm 6.3-4; II Co 5.14,15; Gl 3.27; I Pe 1.21.

D. Através do símbolo se entende:

1) A expressão pública do compromisso e obediência a Cristo efetuada na conversão.


2) A admissão do crente à Igreja como organização eclesiástica.
3) A comunhão com o Deus “trino”.
O batismo cristão é a imersão do salvo na água como símbolo de sua anterior entrada à
comunhão da morte, sepultamento e ressurreição de Cristo.
É um sinal de sua conversão, regeneração e comunhão efetuadas anteriormente, mediante
sua união com Cristo.

E. Compreende-se as seguintes razões porque só a imersão satisfaz a ordenança


do batismo:

1) Porque só ela traduz melhor o simbolismo de morte, sepultamento e ressurreição.


2) Porque só a imersão estabelece o fato de que a mudança se deve à entrada da
alma em comunhão com Cristo.

Ainda que alguns afirmem que o termo grego “baptizo” pode referir-se apenas a um efeito a
ser produzido, sem expressar o tipo de ação (imersão) mediante o qual se deve conseguir o
efeito.
Considera-se que o ato de imergir é o meio pelo qual os nossos sentidos compreendem
explicitamente a realidade do batismo como símbolo de morte, sepultamento e ressurreição.
V. Formula – Mt 28.19

“...em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.


Os cristãos submetem-se ao batismo em nome do trino Deus; por esse meio estão
testemunhando que foram submergidos em comunhão espiritual com a Trindade.
Por esse motivo declara-se também sobre todos, a benção apostólica em nome da
Trindade.
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam
com vós todos”. Amém!

A. Batismo em Nome de Jesus?

No inicio da Igreja cristã (Atos dos Apóstolos) existe a menção do batismo em nome
de Jesus
Qual a razão?
Apresenta-se as seguintes afirmações:

1) At 2.38 – “em nome de Jesus, não representa uma formula batismal, porém uma
simples declaração afirmada que recebiam o batismo as pessoas que reconheciam
Jesus como Senhor e Cristo” – Myer Pearlman.
2) Rito de iniciação cristã para indicar que a pessoa dedicava-se plenamente a Jesus
Cristo. (At 2.38-41).
3) Crença na doutrina da trindade de difícil concepção no 1º século do cristianismo;
concepção judaica que é religião monoteísta em absoluto.
4) O “Didaque” documento cristão ano 100 a.D., fala do batismo cristão celebrado em
nome de Jesus, porém quando o descreve detalhadamente usa a formula trinitária.
5) Segundo o dicionário “Thayer”, os judeus recém convertidos haviam então de
repousar a sua esperança e confiança em sua autoridade messiânica.

B. Conclusão

Conclui-se que a forma trinitária procedente dos lábios do Senhor Jesus Cristo é a formula
aplicada na Igreja cristã.

Por essa razão, em comunhão com o Deus trino:

1) Todos os que crêem em Cristo e no Evangelho devem submeterem-se ao batismo.


2) Devem renunciar a imoralidade e o mundo.
3) Devem renunciar a natureza pecaminosa.
4) Devem consagrar-se sem reservas à causa do reino.
VI. Conceito Romanista e Protestante

A. O catolicismo Romano sustenta sete sacramentos:

 Ordenação  Penitência
 Confirmação  Batismo
 Matrimônio  Eucaristia.
 Extrema Unção
1) O batismo, conforme os sacramentalistas, é meio pelo qual Deus concede a
graça salvadora.
2) Conforme os sacramentalistas efetua-se o batismo de crianças para remoção
do pecado original. Afirmam que as crianças são incapazes de exercer a fé
para regeneração sendo essencial que recebam a obra purificadora pelo
batismo.

B. Conceito Protestante

O protestantismo considera uma manifestação externa de uma união efetuada


interiormente com Cristo.

1) As ordenanças apontam alguma realidade espiritual (Regeneração e


Comunhão), mas não veículos que produzem essa realidade.
2) A Reforma protestante concentrou-se na questão de ensinar que a salvação
depende somente da fé e não, fé mais obras.
A mensagem evidente no Novo Testamento é que a justificação é somente pela
fé. (Rm 6.23; Ef 2.8,9; Gl 3.10).
3) O Novo Testamento assevera aos que procuram acrescentar qualquer forma
de obediência como exigência para a justificação – “Estão apartados de
Cristo... da graça tendes caído”. (Gl 5.4)
4) Pergunta-se como o ladrão na cruz estaria no paraíso se o batismo fosse
essencial à sua salvação? (Lc 23.43).
5) O ato do batismo não transmite nenhum beneficio ou benção espiritual. Em
particular, não somos regenerados pelo ato do batismo, pois o batismo é
efetuado àqueles que possuem fé, trata-se, portanto de um testemunho de que
o crente já foi regenerado.
6) O beneficio espiritual se procede no fato de, tornando-se membro da Igreja
local, faz-se participante da mesma.

VII. Objeção ao Batismo de Crianças

1) Segundo o Novo Testamento as crianças não são batizadas por não possuírem
consciência de seus pecados e não exercerem fé consciente.
2) O batismo é em si, um ato de Fé e compromisso.
3) O batismo é basicamente um símbolo externo, de uma regeneração interna
mediante conversão a Cristo. (Rm 6.6).
4) Assim como todos morreram em Adão, compreende-se que todos nascem sob
a provisão da obra expiatória de Cristo. (Rm 5.18-21).
5) A Bíblia sustenta o batismo de crentes que de fato exerçam a fé no simbolismo
da morte, sepultamento e ressurreição. (Rm 6.1-4).

VIII. Receptores do Batismo

Todos os que sinceramente se converteram ao Senhor Jesus Cristo em demonstração de


arrependimento dos seus pecados, exercitando uma fé genuína no Senhor Jesus Cristo,
são elegíveis para o batismo.

1) Portanto, previamente, devem ter se tornado discípulos. (Mt 28.19).


2) Os que se arrependeram e creram no Senhor Jesus Cristo. (At 2.37,38; 8.12,
18; 19.4).

A CEIA DO SENHOR
Introdução

Conexão entre Ceia e o batismo são igualmente símbolos da morte de Cristo

O batismo simboliza o Novo Nascimento.


A Ceia simboliza a sustentação da vida espiritual iniciada no Novo Nascimento
mediante a comunhão com Cristo.

I. Importância e Significado

A. A ceia é um ato comemorativo, onde a igreja reunida participa do pão e do vinho,


como reconhecimento de sua dependência do Senhor Jesus Cristo, como
manancial da vida espiritual.

É um sinal de permanente comunhão da morte e ressurreição de Cristo por meio do


qual se sustenta e aperfeiçoa-se a vida iniciada na regeneração.

As passagens bíblicas que fazem referência à ordenança da Ceia do Senhor são as


seguintes: Mt 26.26-28; Mc 14.22-24; Lc 22.19-20; I Co 10.15-17; 11.23-29.

1) A Ceia do Senhor é uma instituição divina e de perpétua obrigação – I Co


11.26.
2) A Ceia do Senhor é um memorial – I Co 11.24-25.
3) A Ceia é um testemunho da comunhão At 2.41-47.
a) Comunhão com Deus na pessoa de Cristo.
b) Comunhão com a Igreja (denominação).
c) Com os irmãos (fraternidade).
4) Representa e sela nossa participação na nova aliança pelo sangue de Cristo.
Mt 26.28; I Co 11.25.

B. A Igreja, ao observar a Ceia do Senhor, está lembrando a si própria e ao mundo


do fato de Cristo ter morrido.
A razão de ser desta ordenança, portanto é:

1) Manter no Cristão a lembrança do sacrifício vicário de Cristo. (I Co 11.24-25).


2) Impressionar o mundo com a necessidade de um sacrifício assim pelo
pecado. (Hb 7.25-27).

II. Simbolismo

O crente, ao participar da Ceia do Senhor, demonstra, simbolicamente, tudo que a


morte de Cristo significa na:

1) Justificação – Rm 1.17; 3.21,22; 4.8; 5.1-18.


2) Santificação – I Co 5.20; I Ts 5.23; Hb 12.14.
3) Preservação – II Tm 1.9,10; I Pe 5.10.
4) Glorificação – I Co 15.51-58; Fp 3.21.

A. Pão simboliza – O corpo de Cristo (Mt 26.26)

B. O vinho (sangue da uva) – Simboliza o sangue de Jesus, derramado para


remissão dos pecados. (Mt 26.26; Dt 32.14).

Assim como na páscoa se comemorava a redenção dada por Deus à nação de Israel
da escravidão do Egito.

A Ceia do Senhor comemora a redenção do povo de Deus, a Igreja, libertada da


servidão espiritual do pecado, mediante a morte expiatória do Senhor Jesus sobre a
cruz. (Mt 26.26-29; Mc 14.22-25; Lc 22.17-20; I Co 11.23-16).

1) A Ceia reflete o passado; a morte expiatória de Cristo. (Lc 22.19; I Co 11.24-26).

2) Reflete o presente; a ressurreição. (II Co 4.10; Cl 3.3, 4).

3) Reflete o futuro; “... até que venha...” (Mt 26.29; I Co 11.26).


Portanto, a Ceia do Senhor, assim como o batismo, são símbolos de um anterior estado
de graça.

“Não tem em si nenhum poder regenerador nem santificador, mas é o símbolo pelo qual
a relação do crente com Cristo, seu santificador se expressa vividamente e se confirma
fortemente”. – Strong

III. Ministração

A. O dever da Igreja

A Igreja, como instituição, tem por obrigação a ministração da ordenança da Ceia


do Senhor segundo as determinações das Escrituras Sagradas.

1) A Ceia foi ordenada por Cristo – I Co 11.23-26.


2) Praticada pela Igreja primitiva – At 2.42; 20.11.
3) O único grupo organizado conhecido no Novo Testamento é a Igreja local,
sendo este o único competente para ministrar as ordenanças, através de seus
oficiais.

B. A Ceia do Senhor (restrita ou irrestrita)

1) Restrita – Somente os membros da Igreja em comunhão com a mesma. (Mt


26.20; Mc 14.17; Lc 22.14).
2) Irrestrita – Na qual participam membros de várias igrejas em comunhão nas
mesmas sendo responsáveis pelo ato em si. (Rm 14.12; I Co 11.28).

“Examine-se pois o homem a si mesmo...” (I Co 11.28).

IV. Os Participantes

A. A Ceia é a mesa do Senhor, portanto somente os salvos devem participar. (I Co


14.21)
Consideram-se quatro pré-requisitos:

1) Regeneração – Somente os nascidos de novo – Jo 3.3; II Co 5.17; Tt 3.5.


2) Batismo – É o meio pelo qual o crente é inserido na família cristã, portanto
precede a Ceia do Senhor. (At 2.41-46; 8.12; 10.47-48; 22.16)
3) Ser membro da Igreja – a comunhão é um rito – empregada com regularidade
e intenção sagrada celebrada em família – (I Co 11.18-22)
4) Testemunho de vida cristã – andar desordenadamente macula o corpo de
Cristo e é contrário aos preceitos do Evangelho. (I Co 5.7-13; 11.27-29; II Co
5.11-12).
B. Uma vez que o testemunho de vida cristã é imprescindível à comunhão da Ceia do
Senhor.
Encerra quatro aspectos que impedem uma pessoa de participar da mesma:

1) Conduta imoral – Rm 8.7; Ef 5.3; Cl 3.5.


2) Desobediência aos mandamentos do Senhor – I Co 14.37; II Ts 3.6,11, 14,15.
3) Heresias, fazer apologia a falsas doutrinas – At 20.30; Tt 3.10; I Jo 4.2,3; Ap
2.14-16.
4) Promotores de cismas, divisões e dissensões na Igreja – Rm 16.17; II Tm 2.16-
18, 24-26.

V. Valor da Comunhão

A. O alvo da Ceia do Senhor

1) O verdadeiro alvo da Ceia do Senhor é a comunhão com Cristo; o que


significa na prática a participação nos princípios e valores do Reino de Deus,
que nos dá condições de comungarmos de uns com os outros. (Jo 13.34-35).
2) A essência da comunhão com Cristo é uma vida consagrada a Deus – caráter
cristão. (Ecl 9.8; Jo 15.16; Rm 8.29; 12.1-3).
B. O cuidado para não participar indignamente.
É importante observar que a comunhão com Cristo na Ceia é constantemente
ameaçada pela probabilidade de adaptação da mente e consequentemente a
perda do significado e essência da Ceia do Senhor.

1) Este mandamento e evidenciado na expressão “indignamente” – I Co 11.27.


2) Indignamente – (grego Anacsios) – incompetente, de maneira descuidada.
3) Sem reflexão no valor devido e que consequentemente é expressado nos
atos, no comportamento, na conduta desordenada.

Uma vez que se compreende o verdadeiro valor da morte de Cristo e sua graça,
somos vinculados a uma vida de serviço e gratidão autenticados pelos frutos do
Espírito.

C. A confiança supersticiosa no valor da comunhão como simples forma exterior.


Paulo, na Epístola aos Coríntios no cap.11, trata esta questão.
1) Aprofundando e reivindicando a reverência na Ceia do Senhor.
2) Evitar as dissensões.
3) Considerar a comunhão com os irmãos, sobriamente.
4) Tratando como mandamento do Senhor Jesus Cristo. (I Co 11.23).
5) Estabelecendo a espiritualidade da ordenança. “Em memória de mim...” (I Co
11.24,25).
“Portanto não é apenas a observância de um rito, ou uma ordenança, mas
comunhão íntima com o Senhor Jesus Cristo, com os irmãos e com a Igreja”.

VI. O Ensino Católico Romano

A. Transubstanciação

A igreja Católica Romana usa, no lugar de ordenança, o termo sacramento.

Segundo concílio de Trento define sacramento como: “Algo apresentado aos


sentidos, que tem poder por instituição divina, não de apenas significar, mas
também de transmitir a graça de maneira eficaz”.

1) A Igreja Católica pelo II Concílio de Nicéia, art. 6, interpreta literalmente as


palavras de Cristo, quando Ele diz: “... isto é o meu corpo...”.
2) A Igreja Católica afirma que, mediante a consagração que o sacerdote faz, o
pão e o vinho são transformados literalmente no corpo e sangue de Cristo.
3) Que esta consagração é uma nova oferta do sacrifício de Cristo, e que ao
participar dos elementos, o comungante recebe graça salvadora e
santificadora de Deus.

B. Refutação:

1) A ceia tem o mesmo sentido da páscoa. O cordeiro pascal apontava adiante


para Cristo. A ceia do Senhor aponta para trás, para Cristo.
2) Se o Senhor Jesus Cristo tivesse o objetivo de transmitir o sentido de que o
pão e o vinho eram literalmente seu corpo e sangue, deveria ter havido dois
corpos de Cristo presente naquela hora.
3) A idéia de participar literal do corpo e sangue de Cristo cheira a canibalismo,
o que é contrário ao senso atual.
4) Esta posição da Igreja católica romana envolve a negação do perfeito
sacrifício de Cristo na cruz, pois o sacerdote tem que repeti-lá toda vez que a
“missa” é observada. A palavra de Deus diz em Hb 9.22-28 que, Cristo foi
oferecido uma vez para sempre. (Hb 10.11-14).
5) O sacerdote oficiante, na missa católica, torna-se virtualmente o novo
assassino de Cristo.
6) O conceito católico de transubstanciação transforma Cristo em algo externo e
designa poderes místicos e mágicos a coisas materiais.
VII. Ensino Luterano e da Igreja superior Anglicana

A. Consubstanciação

Segundo a doutrina da consubstanciação o comungante tem o corpo e o sangue


verdadeiro de Cristo, presentes nos elementos físicos.
Os próprios elementos permanecem imutáveis, mas o mero ato de participar
deles após a oração e consagração comunica Cristo ao participante.

B. Refutação:

1) Strong diz que a opinião das Igrejas Luterana e superior Anglicana é que todo
aquele que comunga participa do corpo e do sangue genuínos de Cristo, quer
seja crente ou não – o resultado, no caso de não haver fé, é a condenação ao
invés da salvação.

2) As Escrituras não ensinam essa idéia e nem dão margem de salvação para
essa interpretação.

3) Esta teoria está intimamente ligada ao sistema sacramentário de salvação


através de ritos e cerimônias externas.

4) Esta teoria, ao defender a idéia que elementos materiais são necessários


para receber Cristo, enfraquece a doutrina da fé. (Rm 5.1; Ef 2.8-9; Gl 1.6).

5) A ceia não tem o propósito de perdoar pecados, pois só os que são dignos é
que podem participar. (I Co 11.27-32)

VIII. Ensino Reformado

Comungantes dignos, participando externamente dos elementos visíveis deste


sacramento, fazem o mesmo, internamente, pela fé, de maneira real e verdadeira, não
carnal e corporalmente, mas espiritualmente, recebem e se alimentam do Cristo
crucificado, e de todos os benefícios de sua morte:

“O corpo e o sangue de Cristo não estão, corporalmente, no pão e no vinho, mas


espiritualmente” (Westminster Cofession).

Refutação:

1) Há o perigo, por esta teoria, de se considerar que a simples observância da


ceia passa a conferir graça.
2) O crente participa dos benefícios da morte de Cristo o tempo todo, por isso
existe o perigo de transformar a Ceia do Senhor em auxilio a fé, mais ou menos
da mesma maneira que um católico romano insiste que as imagens ajudam a
tornar Cristo real para sua alma.
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IX. Considerações

A Bíblia informa a Ceia do Senhor como memorial à morte de Cristo e a nos fazem
participantes dos benefícios dessa morte, mas não como um ato pelo qual e no qual
fazemos essas coisas.

Ao observarmos a Ceia do Senhor, temos o privilégio de discernir o corpo do Senhor (I


Co 11.29).

O termo grego discernir é “Diakrino” que significa – fazer distinção, diferenciar,


singularizar, conceder superioridade, julgar corretamente.

Desta forma, reconhece-se o sentido espiritual da ordenança, e a presença do Senhor


Jesus Cristo, que alimenta e aviva nossa alma.

A fé que faz distinção e reverencia o Cristo na Ceia, é dom do Espírito Santo. (I Co


12.3,4).

O ato de participar da Ceia do Senhor simboliza a comunhão que o crente vive em


Cristo. Portanto a Ceia não é um ato pelo qual temos a comunhão, mas sim um ato que
só o realizamos por vivermos em comunhão com Cristo.
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