é o mundo
Maternidade, amamentação, informação,
conhecimento, assistência, feminismo e ativismo.
Dedicatória
“Este ebook é dedicado à todas as mulheres, mães e
matriarcas que fazem do mundo, o nosso mundo!
Para você se informar, empoderar, questionar e dar
muito de mamá!”
Mas a gente não é ensinada que temos que ensinar o bebê a mamar...
E quando alguém diz isso pra gente, o primeiro pensamento que vem
é: como vou ensinar um bebê a fazer uma coisa que eu não tenho a
mínima ideia de como fazer?
Dito isso, é feito esse aceitamento dessa nova mulher que você é.
Leia, leia muito. Busque ajuda, procure mães, entre em todos os
grupos de amamentação, grávidas, puerpério, baby blues.
Eu não tinha ideia que ia ser tão trabalhoso cuidar das minhas filhas.
Eu não tinha a mínima noção do que ia acontecer. O fato é que o
primeiro mês é agoniante. Todo mundo sabia mais que eu. Todo
mundo mesmo, até quem não era mãe. Eu só queria sumir, mas me
sentia culpada até por pensar. Era muito choro. Eu não entendia.
O que eu tô fazendo de errado? Eu escolhi o melhor: não dar bicos
artificiais, amamentar exclusivamente, briguei com minha mãe por
causa da chupeta. Dor dor dor! O peito doendo, sangrando. Dor.
Verônica Linder
Dicas:
Cólica e gases são comuns. É o corpo do bebê se adaptando. Cólica e
gases são frutos de um sistema imaturo que nunca foi usado antes.
Quando o bebê está dentro da barriga da mãe ele tem acesso a
tudo sem precisar fazer nenhum esforço, quando ele sai, está tudo
sendo usado pela primeira vez. Ter paciência e não precisar intervir
com remédios em um processo natural é o ideal. Estudar sobre os
processos fisiológicos de um recém nascido te dá mais confiança
para não medicalizar o que vai passar com o tempo. heres que
conseguiram amamentar
- conheça o grupo MATRICE no facebook.
Dicas:
- O uso de bicos artificiais atrapalha a amamentação pois o corpo
não consegue entender a demanda do bebê quando um bico artificial
é introduzido.
- Não permita que seu bebê seja avaliado somente pelo peso,
questione a curva de crescimento, o peso é somente uma parte da
avaliação.
- Peito é fábrica de leite, não estoque.
- Quanto mais o bebê mama, mais leite você terá.
- Peito murcho produz leite.
- Peito cheio de leite precisa ser esvaziado, ou bebê mama, ou você
extrai. Peito duro e cheio é difícil pro bebê mamar e pode causar
ingurgitamento e evoluir para uma mastite.
- Procure uma pediatra amiga da amamentação, e troque 50 vezes se
não gostar
- Pergunte.
- Questione.
- Faça amizades – mesmo que virtuais – com mulheres que
conseguiram amamentar
- Conheça o grupo MATRICE e GVA (grupo virtual de amamentação)
no facebook.
Por que precisamos falar de amamentação?
Informação, saúde, bem estar e educação
E aí começa.
Mas lembremos que ninguém anda por aí com os seios cheios de leite
assim sem mais nem menos, não é? É preciso ter passado por uma
gestação. Por que o leite só chega com uma criança. (Tem gente que sabe
que uma mulher, se estimulada, produz leite sem ter tido uma gestação).
Mas o fato é que o pequenino recém chegado já traz sua marmitinha
renovável, por que a mãe natureza é mais sábia do que todas nós – o
leite tem tudo o que ele precisa até os seis meses de idade, inclusive
água. Claro que há exceções, um problema aqui outro acolá, alguém
que não consegue produzir leite, o bico dói e sangra além da conta ou
simplesmente alguém que não tem peito para encarar o desafio.
Mas sem querer culpabilizar ninguém, cada uma sabe de si, quem
quer amamentar, amamenta. Porque filho pede leite de mãe. O
leitinho pronto, perfeito justamente para aquele bebê específico, na
temperatura correta. E, olhe só, é o seu bebê! vivendo o maior prazer
de uma vida – peito macio e colo de mãe.
Mas, na real, você não precisa de argumento não. Ouça sua intuição,
preste atenção ao seu corpo e aceite o convite que lhe faz o seu
bebê quando bota a boca nesse mundo: amamente. E, se você puder
ou quiser, doe leite! Tem um monte de bebês que precisam de leite
materno, porque, como me ensinou uma velha amiga.
“leite, só de mãe”.
É muito comum ouvir que o bebê está chorando porque está com fome. E
obviamente a gente se questiona mesmo.... afinal, como saber se o bebê
está mamando se a mama não é transparente?
Por volta do quinto dia a apojadura vem (pode ser antes, se demorar
mais de cinco dias, busque ajuda).
E de repente ele saiu. Não tem mais a temperatura ideal. Tem roupa.
Fralda. Precisa chorar pro alimento chegar, usar o intestino pelas
primeiras vezes pra digerir comida. Precisa respirar e mamar ao
mesmo tempo. Chorar e respirar. Não tem mais os sons do corpo da
mãe... aliás, tem! Quando mama. Não tem mais liquido amniótico,
mas tem colo.
Quanto tempo dura? Dizem que três meses. Depois dos três meses
vêm os quatro meses e os marcos de crescimento, o bebê desenvolve e
cada dia é uma novidade. Todo dia aprendendo algo novo. Todo dia às
17h a hora da bruxa. O choro é ensurdecedor. Parece que não acalma
no peito, no colo, em lugar nenhum.
Dentro do desenvolvimento do bebê tem a expectativa da família, a
comparação social e a necessidade do bebê.
Amamentação:
• Menor duração do AM exclusivo e total.
• “Confusão de bicos”
Funções orais:
Sucção e deglutição:
Respiração:
• Respiradores bucais apresentam adaptações patológicas das
características posturais e morfológicas do SE, sendo que o uso
associado da mamadeira e chupeta pode agravar esses efeitos.
• O padrão respiratório (nasal ou bucal) sofre influência direta da
exposição ao AM e de bicos artificiais.
Diana Couto
Quando eu olho para trás e lembro de tudo isso, tenho
vontade de pegar a mim mesma no colo e fazer carinho.
Queria poder pegar uma máquina do tempo e me falar:
“vai passar”.
O primeiro ano foi cheio de desafios, aos poucos as
coisas foram se encaixando e ficando mais claras.
Minha filha mamou até os 2 anos...
Uma curiosidade informativa sobre Fórmula e
antibióticos:
. A interrupção da amamentação gera desperdício de US$341 bilhões ao
ano, R$3,75 bilhões em gastos com fórmulas que substituem o leite e
mais R$157 milhões com assistência e tratamentos de saúde.
. O primeiro choro, a vida que começa aqui fora. É mesmo uma aventura
intensa, cheia de desafios. A partir deste instante, a saúde do bebê vai
depender do leite da mãe, capaz de proteger a saúde dos vírus e das
doenças a vida toda.
Não são nem duas da tarde e eu já quero que o dia acabe. No meio
disso, eu trabalho. Respondo e-mails, mensagens, compartilho
informação, leio um artigo. A maternidade me trouxe o mundo da
informação materna e feminista. Lutar pelos direitos das mulheres é
minha obrigação. São os direitos das minhas filhas. Elas têm o direito
de viver em um mundo melhor, mesmo que ainda não entendam
que quando eu me ausento um final de semana inteiro é pra ir
estudar. Ser mãe é treta. Ser mãe é ter disposição, é ser exemplo de
amorosidade. Ser mãe é um estado.
A partir do momento que uma mulher diz que não amamentou porque
seu leite não é suficiente, ela está dizendo que uma das características do
corpo feminino é não funcionar e isso é uma das mazelas que a gente traz
de uma sociedade intervencionista e masculina.
Acreditar no poder do corpo não quer dizer que vai ser fácil, que
problemas não vão acontecer.
A luta é para ter direito sobre as nossas decisões: “Eu não quero
amamentar” deve ser tão válido quanto “quero fazer livre demanda até
quando minha cria quiser” e não precisar de justificativa. Porque a nossa
vontade sobre os nossos corpos e nossos processos deve ser soberana.
Quando uma mulher não consegue amamentar essa mãe acha que a culpa
é dela. E não é. É de todo mundo.
“Na era da informação uma das maiores ironias é que também aumentou
o acesso à desinformação: orientações que confundem, contradizem,
enfraquecem. A luta é desigual. A boa informação - correta, atualizada,
baseada em evidências, nos fará menos vulneráveis. Informação é poder.“
O SISTEMA te diz:
- Apertou e não esguichou?
- Só saiu isso na bombinha?
- Seu bebê só ganhou “x” gramas em um mês?
- SEU LEITE NÃO É SUFICIENTE!
A INDÚSTRIA te diz:
- Pra que se desgastar tanto amamentando?
- Pra que se privar do sono?
- O leite que nós produzimos é tão bom ou até melhor que o seu.
- Nossas mamadeiras e chupetas de última geração são justamente o
que você precisa para recuperar o controle da sua vida.
- SEU LEITE É DISPENSÁVEL!
A SOCIEDADE te diz:
- Esse bebê não sai do peito?
- Ainda não dorme a noite toda?
- Já tá chorando de fome outra vez?
- Cadê as dobrinhas?
- SEU LEITE NÃO SUSTENTA!
3- E daí: junto com esse processo fisiológico: tem uma mulher que
acabou de parir. Que estava cheia de hormônios felizes e de repente,
pá: os hormônios felizes foram todos com o bebê. E daí ao invés de
feliz essa mulher conhece uma tristeza louca, que a gente chama de
baby blues. E chega o puerpério. E te dizem: você não pode ficar triste
por que o leite seca. E isso não é verdade.
Referência de estudo:
https://www.researchgate.net/publication/12094640_Effects_of_
Stress_on_Lactation
Vacinação:
A vacinação é essencial para manter a criança saudável. Na maioria
das vezes, mesmo com febre, gripada ou com outros sintomas, a
criança pode ser vacinada. Na dúvida, converse com a equipe de
saúde. O Calendário Nacional de Vacinação traz os nomes de todas as
vacinas que sua filha precisa tomar para ficar protegida de doenças.
As vacinas são de graça e estão sempre disponíveis nas unidades
básicas e durante as campanhas de vacinação. Amamente o bebê
durante a aplicação das injeções.
Amamentar minimiza a dor do bebê na hora da vacina
Amamentar no momento que seu bebê for vacinado se chama
“Mamanalgesia”
Caderneta de saúde da criança do Ministério da saúde 2020
Menino: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_
crianca_menino_2ed.pdf
Menina: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_
crianca_menina_2ed.pdf
Para uma boa amamentação
1) Acreditar na fisiologia do corpo é um ótimo começo: a psique
também participa - mas não determina.
2) Comer comida gostosa que você goste! Pede pra avó fazer, compra
comida congelada, amarra o bebê no sling e vai naquele restaurante.
Não existe restrição alimentar pra uma mãe lactante - se o bebê não
for alérgico.
3) Não inserir apetrechos (chupeta, mamadeira, bicos de silicone -
bicos rígidos, canudo e qualquer item que precise sugar precisa ser
observado - podem causar mordidas e desmame precoce. Nem sempre
é imediato.
4) Estresse não seca leite. Passar raiva não seca leite. Soprar o peito
não seca leite, o bebê arrotar no peito muito menos.
O que seca leite é bebê não mamar.
(E já vi mulher que depois que desmama, ainda produzir muito leite -
já que o contato com o bebê continua + psique + hormônio)
Quer amamentar? O atendimento é multidisciplinar!
Informação + profissional atualizado + livre demanda + comida que
você goste.
Se joga.
Fonte: https://www.researchgate.net/publication/12094640_
Effects_of_Stress_on_Lactation
Toda mulher é o mundo!
Toda mulher é o mundo
Por séculos temos feito uma dura jornada existencial guiada
pela crença de que devemos evoluir rumo ao ideal da civilização
– o homem branco ocidental, que governa a si mesmo, domina
a natureza, os animais e as mulheres. Quando chegarmos lá,
seremos enfim, nesse dia de glória, todos vencedores, dominadores,
consumidores, predadores.
Enquanto isso, Gaia sorri, balança a cabeça, tsc tsc tsc, ainda
paciente, e segue a empurrar as marés, a ouvir o sussurro da Lua,
adaptar as espécies, reerguer florestas, na luta contra esta praga que
nos tornamos.
Daí o desejo tão intenso de controle. Como dizia Rita Lee, “mulher é
bicho esquisito, todo mês sangra”. E todo santo mês tem a possibilidade
de reiniciar a espécie, reinventar o homem e sua jornada.
Nívea Chagas
Cada mulher é uma fortaleza de si mesma.
Cada uma com seu super poder.
O corpo feminino
é revolucionário.
Visão prática
Desafios práticos, dicas, dúvidas, auxílio e respostas
Mulheres não tem apoio e não sabem nem que podem ter ajuda!!
O que é amamentar?
Amamentar é o ato do bebê ir ao peito para se alimentar do melhor
alimento: é uma relação binômio. É diário. Todo dia muda. O bebê
cresce, o tempo passa. É resistir a indústria do desmame e existir na
sociedade que silencia e que torna invisível uma mulher-mãe.
Ter rede de apoio é ótimo. Ideal que toda a sociedade fosse apoio.
Que existissem políticas públicas efetivas para mulheres. Que todo
restaurante tivesse parquinho. Que mulheres não fossem demitidas
após licença maternidade, que a licença não fosse de quatro meses e
sim de um ano. Que a creche que aceitasse leite materno ordenhado
também oferecesse no copinho para proteger a amamentação. Que o
cuidador ofereça o leite na colher quando a mãe sai com as amigas,
que a avó entenda que o suco é só depois de um ano e que o chazinho
ocupa lugar do leite na barriga e que hoje em dia a recomendação é
só leite materno até os seis meses. A fórmula tem conduta específica,
e com plano de retirada, sem uso de bicos. A fórmula deveria ser
prescrita com uso pontual, afinal, é remédio.
Essa rede de apoio serve pra mulher poder tomar um banho. Fazer
uma refeição, sair, trabalhar, em paz. Sabendo que o bebê tá maneiro.
Bebê precisa da mãe, mas não SOMENTE dela.
Talvez não seja como a gente espera. Talvez a gente faça tudo o que dá e
quando a gente olhe não seja o que queríamos.
Qual a solução se você não tem rede de apoio? Ser sua própria rede.
Entender seus limites. Planejar a curto prazo. A próxima hora, se der
tempo, o dia de amanhã. Poder escolher com consciência. Ser dona das
próprias escolhas nos livra da culpa. Existe o ideal. Existe o possível.
E existe a realidade dentro da casa de cada um.
Cada pessoa tem uma régua interna. E ela só serve pra medir a si
próprio. Medir o outro usando a sua própria régua pode ser muito
perigoso e nocivo.
Precisa ser real. E o mais importante: a minha melhor rede de apoio sou
eu mesma. Eu não dou conta de tudo.
Leite fraco:
“Todo o leite materno é adequado, possuindo calorias, gorduras,
proteínas, vitaminas, água e outros nutrientes essenciais na dose
certa para o crescimento e o desenvolvimento adequado das crianças.
O leite materno nunca é fraco. Para complementar os nutrientes
do leite, é importante expor a criança ao sol diariamente. Esse é o
principal estímulo para a produção de vitamina D — importante para
a formação dos ossos — pelo organismo.”
Sol nos mamilos já foi bastante indicado, porém hoje em dia não é
mais, porque pode ressecar e tirar a oleosidade natural da pele.
Porém a vitamina D do sol é ótima para qualquer pessoa :)
Peitos livres para livre demanda. Assim o corpo produz o que o bebê
precisa :)
5 - Repita comigo: não existe leite fraco, não existe leite fraco, não
existe leite fraco, não existe leite fraco, não existe leite fraco, não
existe leite fraco, não existe leite fraco.
Bora estudar manejo, ordenha, estímulo, hora
dourada, bebê no colo da mãe em no máximo 1
hora pós parto. Bebê que nasce mamando é sorte.
Bebê que precisa ser ensinado é NORMAL.
Ordenha:
A ordenha entrou na minha vida quando a primeira pediatra das
meninas falou em complementar por que elas eram gêmeas.
“Você não vai conseguir amamentar toda hora, seu leite não vai ser
suficiente, você vai ficar muito cansada e vai ter que dar fórmula”
Eu fiquei maluca. Comecei a procurar relatos de mães que
começaram a completar com o próprio leite. O maternar é muito
difícil. É cansativo, e sem informação se torna uma descoberta por
dia. E mesmo com informação às vezes dá um nó porque cada um diz
uma coisa.
Estipulei 5 horários.
Às 05h
Às 10h
Às 14h
Às 18h e às 20h
Estímulo:
Vivo repetindo por aí: ordenha é rotina.
Produção de leite é estímulo.
Sucção do bebê é necessária.
Paciência é melhor amiga.
Repita para você mesma: eu vou conseguir.
Se informe. Informação é poder.
Atenção: retirar pouco leite não quer dizer que você não produza o
suficiente para seu bebê. A retirada manual de leite requer prática e
rotina. Não desanime!
• Lavar mãos e antebraços com água e sabão e secar com toalha limpa
ou papel toalha.
Se você quiser doar leite materno para outros bebês, procure o banco
de leite humano mais próximo ou ligue no Disque Saúde – 136.
Quanto mais eu apertava, mais o pânico de não ter leite tomava conta de
mim. Meu maior medo, sem dúvidas, era não ter leite suficiente e minha
filha passar fome. Eu lia sobre extração, estoque, técnicas de oferta, mas
não estava funcionando. Nem eu conseguia um estoque, e muito menos
meu marido conseguiu ofertar o leite para ela.
Cheguei a passar uma hora extraindo sem sair sequer uma gota. Quase
fissurei um dos mamilos na tentativa de aumentar a pressão da bomba.
O fato é que somos levadas a acreditar que basta acoplar a bomba que
iremos extrair aquela garrafinha cheia de leite, não é mesmo? Essa
percepção é grande causadora de ansiedade e frustrações. E infelizmente,
é o que a maioria das mulheres acha que deve fazer, não conseguem uma
quantidade satisfatória, se frustram, desanimam e muitas desistem de
deixar o melhor alimento do mundo para seus bebês.
Quando faltavam alguns dias para o meu retorno, meu estoque estava
crescendo timidamente, porém, Olívia não pegava nenhum dispositivo.
Tentamos o copo de dose, a colher dosadora, o copo 360°... e repete!
Ninguém me falou que quanto mais eu trocasse o dispositivo, mais difícil
seria para ela aprender!
Hoje é muito claro para mim! Ninguém aprende a dirigir, pilotando
um dia um fusca, no outro uma ferrari, no seguinte uma kombi...
Meu marido, que seria o cuidador dela por mais de 40 horas
semanais, estava disposto a continuar tentando, porém, o pânico
tomou conta dele também.
Não é de um dia para o outro que nosso corpo produz mais leite, não
é do dia para o outro que o bebê (e o cuidador) aprende a usar um
dispositivo para se alimentar.
Capacite sua rede, mostre tudo que você vem lendo, estudando,
conheça e lute pelos seus direitos trabalhistas e principalmente:
assuma o protagonismo da sua maternidade.
Recebo muitas perguntas sobre o que fazer quando o pai, ou a avó não
respeitam o desejo da mãe em não oferecer bicos. Minha resposta é
sempre a mesma, e deixo ela aqui para que você reflita, se questione: e
se estivessem oferecendo um cigarro para seu bebê, o que você faria?
Foram pelo menos 308 dias, 924 extrações, quase 1000 horas, doze
meses extraindo diariamente o melhor alimento do mundo para que a
minha filha recebesse o meu leite materno ordenhado exclusivamente
até o sexto mês, sem água, sem chás, sem suco ou fórmula. Segui com
as extrações para complementar a introdução alimentar, até o 18° mês.
Sigo amamentando-a até o momento que escrevo esse texto, dois anos
e seis meses, sem novas metas e/ou prazos!
- Ofereça os dois seios a cada mamada. Não há problema em seu bebê
mamar apenas uma mama de vez em quando - mas se isso acontecer
regularmente, pode ser que seu suprimento de leite diminua na
mama pouco estimulada. Você pode extrair o leite da outra mama
para aliviar a pressão e proteger a amamentação até que o bebê
comece a tomar mais a cada mamada.
Fonte: https://www.mayoclinic.org/healthy-lifestyle/infant-and-
toddler-health/expert-answers/low-milk-supply/faq-20058148
Outras dificuldades que podem virar baixa
produção:
Alteração de frênulos, pega ineficaz, prematuridade, cesáreana,
ingurgitamento, demora do leite a descer, ductos entupidos, palpites,
encontrar profissionais que saibam avaliar pega e mamada efetiva,
prematuridade precisa ser acompanhada e não conduzida a fórmula
sempre, falta de manejo e falta de informação.
Precisa preparar o peito para amamentar?
A melhor preparação para a amamentar é o conhecimento. O
empoderamento do próprio corpo, ter acesso a informação
atualizada. Ler sobre colostro, apojadura, pega correta; confusão de
bicos, exterogestação. Picos e saltos de crescimento.
Já notaram que os mamilos escurecem? Têm glândulas ali que
ficam hidratando sem que a gente consiga enxergar.
Então não precisa esfregar nada.
Prepare sua mente. Vá em rodas de gestante. Troque informações.
Leve sua rede de apoio e informe como você vai querer fazer.
Questione, pergunte. Procure pessoas que tiveram êxito no que
você planeja fazer, pergunta o que fizeram, o que não fizeram e
como conseguiram.
Amamentar não é instintivo. Leia, converse. Se informe. Essa é a
preparação necessária.
Não passe bucha no peito. Pode machucar e tirar a oleosidade
natural das glândulas de Montgomery.
As glândulas (ou tubérculos) de Montgomery ficam mais aparentes
durante a gestação. (Mas podem não ficar) A função principal
do tubérculo é lubrificar naturalmente e formar uma película
protetora sobre a aréola. É recomendado que para preservar a
função antibacteriana deve apenas ser enxaguado com água limpa
Não usar gel, sabonete, não esfregar, intervir num processo natural
pode eliminar os óleos naturais que lubrificam e protegem.
Por isso, quando alguém vier com o conselho de preparar o peito
para a amamentação, pergunte: você conhece as glândulas de
Montgomery?
É importante dizer que esses tubérculos não aparecem únicos e
exclusivos somente na gravidez. Uma mulher que não amamenta
pode ter; durante a gravidez e lactação rola um aspecto muito mais
marcado.
Amamentação é encaixe. Resistir às perguntas: vai dar de mamá
até quando? É ignorar os olhares, ficar sem jeito e amamentar onde
o bebê quiser, a Lei nº 8.069 garante esse direito. No começo dói
porque ninguém explica como é pra fazer. Não é instintivo e nem
evidência. Precisa aprender. Na minha equação de trio ganhamos
todas. Elas mamam e eu descanso. Estamos aprendendo uma sobre
a outra, nos conhecendo e fazendo acordos.
1- Amamentar é direito da mulher, de acordo com o Estatuto da
Criança e do Adolescente.
E o caso que o bebê além de fazer tudo isso morde tudo ao redor, as
pessoas, brinquedos, a mãe em outras partes do corpo além do peito:
encaminhar para uma fonoaudióloga e investigar. Amamentar é
multidisciplinar.
Amamentação e saúde dos dentes
leite materno não causa cárie.
- Ausência de Menstruação!
Apesar de ser pouco comum, algumas mulheres retornam a
menstruar mesmo realizando a livre demanda. A menstruação é um
sinal da ovulação e da não gravidez naquele ciclo. Uma vez que a Lua
Nova retorna, o método já não funciona, sendo necessário utilizar
outro método.
A Amamentação é um método efetivo!
Aquelas histórias que conhecemos sobre quem engravidou
amamentando podem estar diretamente relacionadas com o uso de
bicos, noites sem amamentar, introdução de água e alimentos antes
do tempo e redução da Demanda.
Amamentar e beber:
O pediatra especialista Jack Newman publicou no livro dele:
“empoderar pais” estudo da Erica; que fez muitos testes e concluiu que
não há a necessidade de se descartar o leite materno, pois da mesma
maneira que ele absorve o álcool, ele dissipa.
Para o leite ter uma quantidade de álcool significativa você precisa
estar bêbada. E aí a questão é: você consegue cuidar de uma criança
estando assim? Como que faz cama compartilhada estando com os
sentidos tão alterados?
Pode beber. Relaxar no fim de um dia difícil. Uma taça de vinho
enquanto nascem os molares. Uma cerveja pra sobreviver a um salto.
A questão toda é sobre ter bom senso. Garantam que não vão encher a
cara, que os estudos garantem que não vai ter álcool no mama nosso de
cada dia.
Ninguém deve cuidar de um bebê sob efeito de álcool.
Álcool não tem benefício.
Se quiser se aprofundar mais:
https://www.laleche.org.uk/alcohol-and-breastfeeding/
Amamentar e café:
Não existem estudos que comprovem que a tinta da tatuagem chega até o
leite materno.
Os cuidados são OS MESMOS pra uma pessoa que não esteja
amamentando.
As fontes: http://veronicalinder.com.br/2020/01/estudos-maconha-
e-amamentacao/
Contrapartida social
Projeto Sankofa
Aprendi nos cursos capacitantes que fiz que amamentar é
privilégio branco. Que mulheres pretas amamentam menos porque
são as mulheres mais afetadas pela diferença social. (Normalmente
não têm licença maternidade e se não voltarem a trabalhar em um
mês como ganham dinheiro?)
Hoje, com um olhar mais crítico ao nosso sistema vejo que tanto
mulheres pretas e mulheres brancas têm o direito de seus bebês
NEGADO.
Tire fotos de você enquanto amamenta. Você não está feia. Você
está se transformando. Não é fácil e nem simples se aceitar e se
amar numa nova forma de se ver. Mas registre. Sozinha, com o
bebê, com as visitas que você gosta. Tire fotos do cotidiano e pose
também. Inclua a sua cabeça, o seu rosto, você faz parte. Você não
é só expectadora de um mundo acontecendo. Você, junto com seu
bebê são protagonistas de uma nova cultura.
Estamos juntas.
EQUIPE
Verônica Linder (@averonicalinder)
“Colo do mundo”
Colo do mundo é um convite para o mergulho nas águas profundas
do universo feminino.
Uma tempestade não se faz só. Juntes somos a chuva no solo seco; a
água que fura a pedra; o próprio movimento que vai reescrever essa
história
Insta - @baru.som.br
Insta - @sambaqueelasquerem
No Youtube -https://www.youtube.com/watch?v=B5YJqc-rK-A
Bibliografia
Amamentação
Quando um peito fica maior que o outro
Autor: Vanja Mendes
Amamentação
Um híbrido natureza cultura
Autor: João Aprigio
Bésame Mucho
Como criar seus filhos com amor
Autor: Dr. Carlos González
Breastfeeding
Empowering parents
Autor:Jack Newman
Epidemiologia da Desigualdade
Quatro décadas de coortes de nascimento
Autor: Cesar G. Vitoria, Fernando Bastos
Amamentação
Bases Científicas
Autor:Marcus Renato De Carvalho
Bibliografia
Matrice
https://www.facebook.com/grupomatrice/
GVA
https://www.facebook.com/groups/grupovirtualdeamamentacao/
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/
Maconha e amamentação
http://veronicalinder.com.br/2020/01/estudos-maconha-e-
amamentacao/
Amamentação prolongada
https://link.springer.com/article/10.1007/s00431-012-1919-x
Cama compartilhada:
www.liebertpub.com/doi/10.1089/Bfm.2019.29144.psb
Sobre café
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1750-
3841.2010.01561.x/full
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11283304
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18088379
https://www.foodinsight.org/Content/3147/Caffeine_v8-2.pdf
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1600-0773.1995.
tb00111.x/abstract
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1356551
Perturbação na amamentação
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29184583
http://www.ibfan.org.br/documentos/outras/doc-444.pdf
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12146930
Leis para mulheres trabalhadoras e que amamentam:
Art. 391 CLT e Constituição Federal no seu artigo 10º -Inciso II, Letra
b: direito à estabilidade de emprego desde o momento em que tem
conhecimento da gravidez até 5 meses após o parto
São Paulo (município) - não tem uma lei, tem apenas um projeto de lei
que foi aprovado em uma primeira votação, mas não chegou a virar
lei. O Projeto de Lei, é bem parecido com a lei de Sorocaba e com a de
Petrópolis. No entanto, o município de São Paulo tem uma portaria
que regulamenta o aleitamento materno nas creches municipais, bem
como um grupo de trabalho dentro da coordenadoria de alimentação
que promove e estimula a amamentação. Dessa forma, é um dos
municípios em que essa prática parece mais bem consolidada, embora
ainda não seja tão expressiva numericamente.
São Paulo (estado) - o estado e São Paulo conta com uma lei bem
simples e genérica sobre o direito ao aleitamento em locais públicos
ou privados. Embora não disponha sobre creches, essa lei pode ser
usada para garantir esse direito, uma vez que garante o acesso ao
aleitamento em “ambientes de uso coletivo, sejam eles públicos ou
privados” - o que inclui creches.