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Toda mulher

é o mundo
Maternidade, amamentação, informação,
conhecimento, assistência, feminismo e ativismo.
Dedicatória
“Este ebook é dedicado à todas as mulheres, mães e
matriarcas que fazem do mundo, o nosso mundo!
Para você se informar, empoderar, questionar e dar
muito de mamá!”

Esse e-book é fruto da colaboração entre:


Verônica Linder - Diana Couto - ZEBU
Descrição
Esse guia foi construído de forma colaborativa para levar mais
conhecimento e informação para quem tiver interesse em se
aprofundar no universo da maternidade e amamentação.
O resultado financeiro deste guia tem como objetivo apoiar
iniciativas, artistas e empreendedores que se dedicam à criação
de conteúdos de interesse público e trazer retorno social através
de uma contrapartida.
O orçamento do guia é o seguinte:
R$7,00 Redação (Verônica Linder + Zebu)
R$7,00 Design (Zebu)
R$7,00 Produtor de conteúdo 01 (Verônica Linder)
R$7,00 Produtor de conteúdo 02 (Diana Couto)
R$7,00 Projeto social (Projeto Sankofa)
R$4,90 Plataforma
A partir desse primeiro guia pretende-se
financiar outros, com novos conteúdos,
em diversas plataformas, para levar
informações relevantes para a maior
quantidade de pessoas possível.
Esse é um projeto de Economia Circular
de conhecimento desenvolvido por uma
rede de pessoas engajadas em mudar o
mundo e compartilhar saberes.
Índice
05 - Introdução
08 - A saúde da criança é prioridade absoluta e responsabilidade de todos
13 - Dicas
16 - Por que precisamos falar de amamentação?
17 - Toda mãe passa por isso?
21 - Um breve resumo fisiológico
22 - Livre demanda
23 - Apojadura é o que chamam de “descida do leite”
26 - Exterogestação
28 - Síntese das principais evidências científicas dos aspectos negativos quanto ao
uso de chupeta na saúde da criança
32 - Amamentação e maternidade
36 - Fórmula e antibióticos
41 - Escolha um caminho
43 - Amamentação e cultura
49 - Estresse seca leite?
51 - Vacinação
52 - Para uma boa amamentação
53 - Toda mulher é o mundo (ecofeminismo)
59 - Visão prática
62 - Rede de apoio
65 - Idade e Leite fraco
67 - Ensinamentos básicos
70 - Ordenha
77 - Licença maternidade e a problemática da falta de apoio
82 - Baixa produção
84 - Outras dificuldades
85 - Precisa preparar o peito para amamentar
88 - Como fazer a pega?
89 - A causa das mordidas
91 - Amamentação e saúde dos dentes, leite materno não causa cárie
97 - Cama compartilhada
98 - Esclarecimento de risco
100 - Mães que amamentam dormem mais
102 - Menstruar e amamentar são compatíveis
106 - Amamentação como método contraceptivo
110 - Amamentar e beber
111 - Amamentar e café
112 - Amamentar e fumar
113 - Amamentar e tatuar
116 - Contrapartida social
118 - Equipe
123 - Bibliografia
Introdução
“O leite materno é muito importante para a criança até 2 anos
ou mais, sendo o único alimento que a criança deve receber
até 6 meses, sem necessidade de água, chá ou qualquer outro
alimento. Começar a amamentação logo após o nascimento, na
primeira hora de vida, traz benefícios para a criança e para a
mãe. A composição do leite materno é única, personalizada e
atende às necessidades nutricionais da criança conforme sua
idade, protege contra doenças na infância e na vida adulta, ajuda
o desenvolvimento do cérebro e fortalece o vínculo entre mãe e
criança. A existência de uma rede de apoio à mãe que amamenta é
importante para o suces so da amamentação.”

Ministério da Saúde, Guia Alimentar para Crianças Brasileiras


Menores de 2 Anos 2019
Informação é a chave
A amamentação começa muito antes do bebê nascer. Muitos bebês
não nascem sabendo mamar por questões de prematuridade ou
apenas porque não sabem mesmo.

Mas a gente não é ensinada que temos que ensinar o bebê a mamar...
E quando alguém diz isso pra gente, o primeiro pensamento que vem
é: como vou ensinar um bebê a fazer uma coisa que eu não tenho a
mínima ideia de como fazer?

A gestação é um estado. Muda o corpo, muda a visão das pessoas


sobre nós, muda - com muita resistência - a nossa mente.

Se eu pudesse dar um conselho a uma gestante seria: aceite sua nova


condição. Perceba seu corpo, olhe com carinho para as mudanças.

Dito isso, é feito esse aceitamento dessa nova mulher que você é.
Leia, leia muito. Busque ajuda, procure mães, entre em todos os
grupos de amamentação, grávidas, puerpério, baby blues.

Amamentar é união da mente, do corpo físico e apoio social. Sucesso


no aleitamento depende da cultura em que a mulher está inserida.
No Brasil, nossa cultura é a do desmame. Bebês desmamados
precocemente são lucro para a indústria do leite que ganha bilhões.
Consequentemente a indústria farmacêutica anda junto da indústria
do desmame. É preciso estar atenta e entender a cultura que estamos
inseridas para que as nossas vulnerabilidades não sejam atacadas
pelo capital.

Aprenda com a experiência de outra mãe, pergunte, questione sua


obstetra durante a gestação sobre o atendimento pós parto, procure
uma pediatra que esteja de acordo com os seus princípios. Não há
coisa mais desestimulante do que sair de uma consulta com um bebê
no colo e um monte de recomendações que você não concorda, mas
também não sabe como fazer diferente.

Informação é a chave. Abre todas as portas e te dá a autonomia de


dizer NÃO.
Verônica Linder
A saúde da criança é
prioridade absoluta e
responsabilidade de todos.
“Crianças que tenham acesso ao
aleitamento materno e a uma alimentação
complementar saudável têm maior
possibilidade de expressarem toda a
sua potencialidade de crescimento,
movimento, alegria e viver ao longo da
vida com sua família e na sociedade”

“A gestação e os 2 primeiros anos de vida são importantes para o


pleno crescimento e desenvolvimento da criança e para a sua saúde,
atual e futura. As oportunidades e decisões tomadas a respeito do
cuidado à saúde e da alimentação neste momento repercutirão
por toda vida. Criar uma criança, alimentá-la e orientá-la não
são trabalhos de uma única pessoa, mas tarefa de todos que
estão ligados, direta ou indiretamente a ela. Esse deve ser um
compromisso prioritário do Estado e compartilhado entre família e
sociedade, incluindo empresas, organizações e educadores.”
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Guia Alimentar para Crianças Brasileiras
Menores de 2 Anos
Você quer amamentar?
Então anota:
. Leite materno em livre demanda
. Não use bicos artificiais
. Procure médicos sem propagandas nos consultórios
. Converse com quem conseguiu amamentar
. Amamentar não é instintivo.
. Peça ajuda profissional!
Ta grávida? Recém parida?
Pesquise sobre:
. Colostro
. Apojadura
. Exterogestação
. 1 mês do bebê: é normal perder peso,
bebês choram e não é só fome!
. Bebê precisa de colo o tempo todo...
Se não precisasse nascia andando.
. Picos e saltos de crescimento – são aprendizados,
processos que podem mudar comportamentos!
. Procure o banco de leite da sua cidade!
. Lactogestação: amamentar e gestar um novo bebê
. Tandem: amamentar bebês de idades diferentes
Relato:
Meu primeiro mês com as meninas foi desesperador. Durante o dia
minha mãe e minhas avós ajudavam. Eu dava mama o tempo todo e
elas ficavam com as meninas para eu comer, dormir, tomar banho.
Eu me sentia culpada por dormir. Elas me acordavam em máximo em
40 minutos: “elas querem mamar, não param de chorar.” A noite era
complicada. Era só eu e minha mãe.

Bia tinha muita cólica e Alice gritava. Choravam enquanto mamavam.


O choro era estridente, eu e minha mãe achávamos que todo mundo
escutava. Mas era baixo, e a madrugada toda. Tinha dias que eu não
chamava a minha mãe quando elas acordavam. Eu fechava a porta e
falava pra elas: vai passar meninas. Vamos conseguir, juntas.

Eu não tinha ideia que ia ser tão trabalhoso cuidar das minhas filhas.
Eu não tinha a mínima noção do que ia acontecer. O fato é que o
primeiro mês é agoniante. Todo mundo sabia mais que eu. Todo
mundo mesmo, até quem não era mãe. Eu só queria sumir, mas me
sentia culpada até por pensar. Era muito choro. Eu não entendia.
O que eu tô fazendo de errado? Eu escolhi o melhor: não dar bicos
artificiais, amamentar exclusivamente, briguei com minha mãe por
causa da chupeta. Dor dor dor! O peito doendo, sangrando. Dor.

Elas choravam. Muito. O tempo todo, elas não dormiam, ou dormiam


demais.

Na época eu tinha uma cama de solteira e um berço acoplado. No


primeiro mês elas dormiam uma no carrinho e a outra no colo. Era
um revezamento. Eu colocava Alceu Valença pra elas escutarem e
cantava o tempo todo. Elas mamavam muito. Parecia nunca ter fim, o
dia era fácil de organizar, mas as noites eram de dar medo em mim.
O silêncio, o escuro. Perdi as contas de quantas noites não dormi.

O meu primeiro mês de mãe foi ensurdecedor. Mas passou. Me


preparou pra maratona que vivo hoje. São 3 anos amamentando e
resistindo a um sistema que me ridiculariza. Mas resisto e informo.
Amamentar é saúde. Prevenção. O melhor alimento que posso dar
para as minhas filhas sai de mim.

Verônica Linder
Dicas:
Cólica e gases são comuns. É o corpo do bebê se adaptando. Cólica e
gases são frutos de um sistema imaturo que nunca foi usado antes.
Quando o bebê está dentro da barriga da mãe ele tem acesso a
tudo sem precisar fazer nenhum esforço, quando ele sai, está tudo
sendo usado pela primeira vez. Ter paciência e não precisar intervir
com remédios em um processo natural é o ideal. Estudar sobre os
processos fisiológicos de um recém nascido te dá mais confiança
para não medicalizar o que vai passar com o tempo. heres que
conseguiram amamentar
- conheça o grupo MATRICE no facebook.
Dicas:
- O uso de bicos artificiais atrapalha a amamentação pois o corpo
não consegue entender a demanda do bebê quando um bico artificial
é introduzido.
- Não permita que seu bebê seja avaliado somente pelo peso,
questione a curva de crescimento, o peso é somente uma parte da
avaliação.
- Peito é fábrica de leite, não estoque.
- Quanto mais o bebê mama, mais leite você terá.
- Peito murcho produz leite.
- Peito cheio de leite precisa ser esvaziado, ou bebê mama, ou você
extrai. Peito duro e cheio é difícil pro bebê mamar e pode causar
ingurgitamento e evoluir para uma mastite.
- Procure uma pediatra amiga da amamentação, e troque 50 vezes se
não gostar
- Pergunte.
- Questione.
- Faça amizades – mesmo que virtuais – com mulheres que
conseguiram amamentar
- Conheça o grupo MATRICE e GVA (grupo virtual de amamentação)
no facebook.
Por que precisamos falar de amamentação?
Informação, saúde, bem estar e educação

Leite materno é nutrição, é o início da vida. O leite materno


constrói a microbiota do intestino, o órgão mais complexo e
simples. A microbiota é responsável pela manutenção e saúde do
organismo. Leite materno possui bactérias benéficas e essenciais
para o funcionamento adequado do organismo. Elas colonizam e
desempenham várias funções. Por isso que existe recomendação
de não comer açúcar antes de 2 anos. Para que essas bactérias não
construam um organismo dependente em algo que não é natural.
Toda mãe passa por isso?
É até esquisito precisar escrever um texto em defesa da amamentação.
Mas parece que todas as coisas naturais nesse mundo estão sendo
desnaturalizadas e afastadas de nós. Principalmente das mulheres, num
sequestro gradual, mas permanente e incisivo, dos nossos corpos. Há
décadas a indústria e a medicina decidiram invadir esse espaço em que
se produz vida, apoderando-se de nossos processos naturais, como a
gravidez e o parto.

O parto, por exemplo, que deixou de ser “natural” e virou uma


cirurgia com cortes profundos no baixo ventre. E, acredite, há quem
simplesmente prefira essa alienação do momento mais incrível da
gestação, mesmo sem qualquer necessidade comprovada, a não ser a
agenda do médico e do anestesista. E lá se vai o bebê, que estava tão
quentinho e quieto na barriga da mãe, para outras mãos, panos ásperos e
luzes intensas.

E aí começa.

Quem decide amamentar pelo tempo ideal– mínimo seis meses - ou


pelo longo prazo da própria vontade, precisa estar preparada. Um peito
cheio e lustroso incomoda muita gente. E todo mundo resolve palpitar.
“O leite é fraco, ele tá com fome, o peito vai cair, como você aguenta, que
canseira, e esse cheiro...” Da vizinha à Vó Maria, da prima adolescente à
melhor amiga, todo mundo tem um palpite.

Acredite, toda mãe passa por isso.

Mas lembremos que ninguém anda por aí com os seios cheios de leite
assim sem mais nem menos, não é? É preciso ter passado por uma
gestação. Por que o leite só chega com uma criança. (Tem gente que sabe
que uma mulher, se estimulada, produz leite sem ter tido uma gestação).
Mas o fato é que o pequenino recém chegado já traz sua marmitinha
renovável, por que a mãe natureza é mais sábia do que todas nós – o
leite tem tudo o que ele precisa até os seis meses de idade, inclusive
água. Claro que há exceções, um problema aqui outro acolá, alguém
que não consegue produzir leite, o bico dói e sangra além da conta ou
simplesmente alguém que não tem peito para encarar o desafio.
Mas sem querer culpabilizar ninguém, cada uma sabe de si, quem
quer amamentar, amamenta. Porque filho pede leite de mãe. O
leitinho pronto, perfeito justamente para aquele bebê específico, na
temperatura correta. E, olhe só, é o seu bebê! vivendo o maior prazer
de uma vida – peito macio e colo de mãe.

E será que alguém acredita mesmo que aquela lata de pó é melhor


que leite de mãe? Ou que a aquela vaca enorme faz um leite melhor
para humanos do que nós? Jura?

Então, para quem precisa de dados da Saúde e da Ciência para


argumentar, aí vai:

. O aleitamento materno reduz em 13% a mortalidade até os cinco


anos, evita diarreia e infecções respiratórias, diminui o risco de
alergias, diabetes, colesterol alto e hipertensão, leva a uma melhor
nutrição e reduz a chance de obesidade.
. Por meio do leite, a mãe passa ao bebê vários anticorpos que são
extremamente importantes para a sua saúde.
. E para a mãe: amamentar até os seis meses diminui o risco de
câncer de mama e ainda ajuda no pós-parto, já que o útero se contrai
e volta ao tamanho normal mais rapidamente.
Se você precisar de munição para calar as palpiteiras, é só usar esses
dados aí.

Mas, na real, você não precisa de argumento não. Ouça sua intuição,
preste atenção ao seu corpo e aceite o convite que lhe faz o seu
bebê quando bota a boca nesse mundo: amamente. E, se você puder
ou quiser, doe leite! Tem um monte de bebês que precisam de leite
materno, porque, como me ensinou uma velha amiga.

“leite, só de mãe”.

Nívea Chagas (@niveacg), Jornalista, mãe de Pedro e Gabriel.


Gabriel mamou até os 3 anos e Pedro até os 2 e meio.
Um breve resumo fisiológico:
Quando o bebê nasce, há uma queda hormonal no corpo da mãe. Os
níveis de estrógeno e progesterona caem e há o estimulo da produção
de prolactina e da ocitocina. A prolactina é o hormônio da produção do
leite e a ocitocina pela saída do leite. Nesse momento, a mulher já tem
colostro. O colostro é produzido pelo corpo da mulher a partir da 16ª
semana da gravidez. É um leite amarelado por conta de betacaroteno
e ele alimenta o bebe, em média, por sete dias. No colostro há
imunoglobulina e lactoferrina que junto com os macrófagos dão
proteção ao recém nascido. Além disso, auxilia na eliminação
do mecônio – as primeiras fezes do bebê –e o colostro auxilia na
prevenção de icterícia.

A apojadura ocorre em torno de três a cinco dias. Antes disso o bebê


mama COLOSTRO que é um leite riquíssimo e necessário para a
imunidade do bebê. Repitam comigo e contem pra uma pós parida:
COLOSTRO É LEITE!
A livre demanda
Livre demanda é oferecer/estar disponível a todo momento que o bebê
precisar mamar.

A livre demanda ajusta o corpo da mulher para a quantidade de leite que


o bebê necessita. A produção é sob demanda: se entre a mãe e o bebê há
uma intervenção, uso de bicos por exemplo, o corpo não está ajustando a
produção de leite de acordo com a necessidade do bebê.

Se há uso de bicos artificiais (chupeta, mamadeira, bico de silicone) não é


livre demanda.

Se há treinamento de sono, não é livre demanda. Relativizar o uso de


bicos é relativização de saúde. Daí, surgem as afirmativas que o leite não
tá sustentando e precisa complementar.

Livre demanda é via de mão dupla. O bebê e o corpo da mãe.

A livre demanda é essencial para se manter o aleitamento exclusivo até


6 meses. É necessária para a continuidade da produção de forma que o
bebê mame o quanto precise.

Livre demanda é estar disponível para atender


às demandas básicas do bebê.

É muito comum ouvir que o bebê está chorando porque está com fome. E
obviamente a gente se questiona mesmo.... afinal, como saber se o bebê
está mamando se a mama não é transparente?

Olhe o cocô. O cocô, no começo, é bem escuro (mecônio) e depois vai


trocando de cor – verde, amarelo. O bebê precisa fazer cocô pra eliminar
bilirrubina. Bebê que mama faz xixi. A bilirrubina também sai no xixi.
A bilirrubina é uma substância amarelada encontrada na bile, que
permanece no plasma sanguíneo até ser eliminada.

A icterícia é causada pelo acúmulo de bilirrubina no sangue. Por isso


que a livre demanda é de extrema importância. Bebê que mama em
livre demanda elimina bilirrubina.

Icterícia do leite materno: não é pra suspender o leite materno.

Primeiro mês é super delicado para a mãe e para o bebê. O contato


pele a pele é incrível e ter um pediatra acompanhando é ideal. Ter um
sling é vida e ajuda muito a passar por esse primeiro mês....

Bebês mamam muito. E não é só por fome.


Se o bebê faz cocô todo dia e tem troca de fralda, segue o baile.
Se não tem, avalie. Bebê mamando pouco faz pouco xixi e não faz
coco... precisa avaliar a pega, a mamada, fazer massagem, ensinar a
mulher a manejar.
Apojadura é o que chamam de “descida do leite”
Apojadura é o que chamam de “descida do leite”

Não espere a apojadura para:


Aprender a pega correta
Mamar em livre demanda
Avaliar se o bebê sabe sugar
Avaliar com profissional se o reflexo da sucção está ordenado

Por volta do quinto dia a apojadura vem (pode ser antes, se demorar
mais de cinco dias, busque ajuda).

Na apojadura as mamas ficam inchadas e quentes.

O que você deve fazer:


- Massagem
- Deixar o bebê mamar
- Extrair pós mamada (se a mama ainda estiver cheia)

Não deixar ficar duro quer dizer menos possibilidade de dor.


Nesse momento não se preocupe com “o quanto mais tira mais tem”,
em breve o corpo se ajeita com a livre demanda.
A apojadura às vezes dura um fim de semana prologado. Se prepare
pra ela. Tomar uns banhos frios pode ajudar. Não faça compressas.
Quente estimula a produção, ingurgitamentos e até mastites; gelada
pode causar vasoconstrição.

Para prevenir mastite na apojadura: MASSAGEM e extração de leite.


Ideal é a aréola ficar molinha o tempo todo para não doer.

A abertura dos poros do mamilo e o reflexo de ejeção na descida do


leite podem ser doloridas. O formato do mamilo pode ser um desafio.
Mas não impedimento.

É normal o bebê acordar toda hora para mamar. O estômago dele é


pequeno. É normal o bebê chorar, é a única forma de se comunicar.
Exterogestação
A teoria se resume em: seu bebê não estava pronto pra sair da
barriga, mas ele também não tinha mais espaço pra ficar lá dentro.

Lá dentro: temperatura ideal. Alimento sem precisar chorar, não


usava o pulmão e nem intestino. O olho estava fechado. Ele escutava
os sons dos órgãos do corpo da mãe, e o som do coração. O liquido
amniótico é a segurança.

E de repente ele saiu. Não tem mais a temperatura ideal. Tem roupa.
Fralda. Precisa chorar pro alimento chegar, usar o intestino pelas
primeiras vezes pra digerir comida. Precisa respirar e mamar ao
mesmo tempo. Chorar e respirar. Não tem mais os sons do corpo da
mãe... aliás, tem! Quando mama. Não tem mais liquido amniótico,
mas tem colo.
Quanto tempo dura? Dizem que três meses. Depois dos três meses
vêm os quatro meses e os marcos de crescimento, o bebê desenvolve e
cada dia é uma novidade. Todo dia aprendendo algo novo. Todo dia às
17h a hora da bruxa. O choro é ensurdecedor. Parece que não acalma
no peito, no colo, em lugar nenhum.
Dentro do desenvolvimento do bebê tem a expectativa da família, a
comparação social e a necessidade do bebê.

Bebês não são independentes. Eles serão algum dia, quando


aprenderem o que é segurança. E com certeza, a exterogestação faz
parte desse processo.

Chorar não é só fome. Choro é comunicação. Bebês não manipulam,


eles precisam de contato.
Não há restrições alimentares pra a mãe (só em casos de bebês
alérgicos à proteína da vaca).

Como passar a exterogestação de forma mais tranquila? Sling. Colo.


Deitar de conchinha com o bebê. Cama compartilhada. Amamantar
em livre demanda.
Síntese das principais evidências científicas
dos aspectos negativos quanto ao uso de
chupeta na saúde da criança. Reproduzido de
Buccini (2017)
Categoria relacionada à saúde da criança x Principais evidências e achados.

Amamentação:
• Menor duração do AM exclusivo e total.
• “Confusão de bicos”

Funções orais:
Sucção e deglutição:

• Musculatura orofacial trabalhada durante a sucção da


chupeta altera a tonicidade, força e funcionalidade do sistema
estomatognático (SE).
• Sucção não-nutritiva (chupeta) pode levar o bebê à saciedade neural
de sucção, cansaço muscular e não saciedade, além de modificar a
configuração oral para realização dessa atividade.
• “Confusão de bicos”: dificuldade/inabilidade em realizar a ordenha
no peito após a exposição a diferentes formatos de bicos artificiais.
Relação com a menor duração do AME e total, apesar de não
estabelecida uma relação causal.
• O bico da chupeta (sempre igual) não se modifica e não atende às
singularidades anatômicas da boca de cada bebê, além de não atender
às mudanças geradas de acordo com o crescimento orofacial.
• Não existem evidências de vantagens no uso de bicos com formatos
anatômicos, fisiológicos ou ortodônticos tanto para o sistema
estomatognático quanto para o aprendizado ou manutenção da
amamentação.
Mastigação:
• Qualidade da função mastigatória pode ser alterada quando ocorre
utilização de chupeta por mais de 6 meses.

Respiração:
• Respiradores bucais apresentam adaptações patológicas das
características posturais e morfológicas do SE, sendo que o uso
associado da mamadeira e chupeta pode agravar esses efeitos.
• O padrão respiratório (nasal ou bucal) sofre influência direta da
exposição ao AM e de bicos artificiais.

Fala e linguagem oral:


• O uso de chupeta altera a cavidade oral, limitando o balbucio, a
imitação dos sons e a emissão das palavras, levando à vocalização
distorcida.
• O tempo e a intensidade de uso de chupeta podem influenciar
negativamente a aquisição, a produção dos sons e o desenvolvimento
da linguagem oral.
Dentição
• Uso de chupeta pode produzir e/ou acentuar as maloclusões; ao
propiciar o uso de forças musculares inadequadas pode promover
alterações anatômico-funcionais indesejáveis.
• Persistência do hábito oral (mais de 3 anos) aumenta
significativamente a probabilidade de o indivíduo apresentar
características oclusais indesejáveis.
• Principais maloclusões em usuários de chupeta: mordida aberta e
mordida cruzada.

Otite média aguda


• Na sucção da chupeta não existe o constante estímulo do músculo
tensor do palato membranoso, o principal responsável pela abertura
da tuba auditiva e que tem um importante papel na prevenção das
otites médias.
• Relação entre o uso de chupeta e aumento da incidência de otite
média aguda é consistente.

Segurança imunológica, física e química


• Chupetas são potenciais reservatórios de infecção e estão
associados ao aumento na probabilidade de hospitalização por
sintomas respiratórios, otite, vômitos, aftas, febre, diarreia, cólica e
mortalidade infantil.
• Cândida é mais comum em usuários de chupetas do que em não
usuários.
• Presença de N-nitrosamina na borracha, que se volatiza quando em
contato com a saliva;
• Risco de asfixia e estrangulamento causados por partes e acessórios
da chupeta.
Níveis de inteligência
• O uso de chupeta foi uma das variáveis preditoras que mais
influenciou de forma independente o menor desempenho em testes
de inteligência na vida adulta. Os usuários de chupeta apresentaram
desempenho 16% menor do que os que não usaram a chupeta na
infância. Hipótese: criança que utiliza a chupeta é menos solicitante
por atenção e como consequência passa a ser menos estimulada por
seus pais ou pessoas com quem ela convive.

Vícios orais na vida adulta


• O uso prolongado da chupeta na infância pode ser substituído
ao longo da vida por fumar, comer excessivamente ou outros
transtornos compulsivos.

*A presença e agravamento dos problemas bucais e alteração


no desenvolvimento orofacial dependem da duração (período de
utilização), da frequência (número de vezes ao dia) e da intensidade
(duração de cada sucção e atividade muscular envolvida) do uso dos
bicos artificiais e idade em que esse hábito é abandonado. O padrão
genético e de crescimento de cada criança bem como intercorrências
nas vias aéreas além da tonicidade da musculatura orofacial são
fatores que poderão contribuir para a instalação e gravidade dos
efeitos deletérios.*
Amamentação e maternidade
ser mãe e amamentar
Amamentação e maternidade
ser mãe e amamentar
“Amamento Bia e Alice quando elas têm:
Fome, porque leite materno é o melhor alimento do mundo;
sono, e eu estou sozinha e é impossível ninar duas crianças ao mesmo tempo;
medo, quando elas usam a sucção para se acalmar;
dor - mamá é analgésico;
saudade, quando eu volto dos rolês sem elas e elas me olham:
CADÊ MEU MAMÁ MAMÃEEEEE!!

Amamento Bia e Alice quando elas me pedem colo.


Segurança, quando a gente chega em um lugar desconhecido e elas ficam assustadas;
Carinho, quando eu fico cheirando a cabecinha delas enquanto elas mamam...
Atenção, quando preciso trabalhar e elas querem minha atenção

Podem julgar, podem dizer qualquer coisa.


Eu não ligo mais.
A mãe sou eu.*
Nosso lar é onde estamos juntas.
O nascimento de Cora

Há 4 anos, exatamente, eu vivia o último dia da minha gestação, e não sabia.


Na verdade, não tinha a menor ideia de tudo que estava por vir.
Às 22h começaria o meu trabalho de parto e a Cora nascia às 22h do dia seguinte.
Foram 24h, e parece que eu entrava em um portal de tempo e espaço.
Cabe uma vida inteira dentro dessas 24h, mas ao mesmo tempo foi
tudo atropelado e rápido.
Ela chegaria de cesariana depois de longas horas tentando trazê-la num parto normal.

Já não me lembro da dor das contrações direito.


Nem consigo lembrar quem eu era antes dela nascer.
É muito doido isso.
Eu ainda sou em parte aquela mulher de antes. Ainda tenho os mesmos sonhos e
vontades. Mas mudou tudo.
Assim que a Cora veio para o meu colo e olhei para os seus olhos, eu tive a sensação
“nos encontramos de novo!”. Foi uma sensação real e doida.

Depois a maternidade chegou como uma Tsunami!

Mudou tudo de lugar, quebrou milhares de certezas que eu tinha, despedaçou as


expectativas, revelou relacionamentos, destacou os meus medos, mostrou a minha
força...
e me fez melhor!

Enquanto tudo mudava, uma coisa permanecia... Nós duas.


Mostrando que o nosso lar é onde estamos juntas.
O nosso ninho é nosso abraço.
Que somos um laço firme e apertado.
Que juntas somos mesmo mais fortes.
Só consigo agradecer!
O amor transborda!

Diana Couto
Quando eu olho para trás e lembro de tudo isso, tenho
vontade de pegar a mim mesma no colo e fazer carinho.
Queria poder pegar uma máquina do tempo e me falar:
“vai passar”.
O primeiro ano foi cheio de desafios, aos poucos as
coisas foram se encaixando e ficando mais claras.
Minha filha mamou até os 2 anos...
Uma curiosidade informativa sobre Fórmula e
antibióticos:
. A interrupção da amamentação gera desperdício de US$341 bilhões ao
ano, R$3,75 bilhões em gastos com fórmulas que substituem o leite e
mais R$157 milhões com assistência e tratamentos de saúde.

Leite materno é injeção de imunidade para a vida toda.

. O primeiro choro, a vida que começa aqui fora. É mesmo uma aventura
intensa, cheia de desafios. A partir deste instante, a saúde do bebê vai
depender do leite da mãe, capaz de proteger a saúde dos vírus e das
doenças a vida toda.

. Nasceu, o primeiro passo decisivo é a alimentação. “A alimentação é


fundamental”, afirma o pesquisador João Aprígio, do Instituto Fernandes
Figueira/Fiocruz. É tão fundamental que o especialista chama o leite
materno de “sangue branco”.
“Ele ainda é imunologicamente dependente da sua mãe não mais pelo
sangue vermelho, agora pelo sangue branco”
E quanta diferença também faz para vida toda a hora do nascimento. O
pediatra Marcos Nolasco, do Departamento de Pediatria da Unicamp,
exalta o parto natural. A passagem pelo “canal do parto” só aumenta a
nossa imunidade.

. Neste momento podemos dizer que a criança, ao passar, a sua pele, as


suas mucosas recebem quase que as sementes da sua futura microbiota.
Microbiota é o nome usado para definir o conjunto de vírus, bactérias
e, principalmente, de fungos com os quais a espécie humana convive e,
naturalmente, a nossa microbiota aumenta a defesa do nosso organismo
contra as doenças. Esta microbiota é implantada, principalmente, neste
momento do parto e posteriormente também o aleitamento materno
contribui”, diz o pediatra. E como contribui.
Leite materno NUNCA será demais.

. Amamentar é preparar para vida. É o início da construção de um


sujeito, que vai determinar como vai ser a sua saúde até a terceira idade-
pesquisador João Aprígio.
. Dois meses de aleitamento - menos alergias na vida adulta

“O fato de alimentar exclusivamente com leite materno uma


criança por pelo menos dois meses reduz em seis vezes o
risco da ocorrência de uma alergia na vida adulta”

. Seis meses ou mais de aleitamento - risco de linfoma


diminui 33%
“Se você alimenta exclusivamente durante seis meses uma
criança no seio materno - não quero dizer só por seis meses
- e continua de forma complementar você pode reduzir em
33% o risco da ocorrência de um linfoma na vida adulta”,
afirma João Aprígio.

“A criança não vai desenvolver dengue porque o leite


humano tem o fator específico antidengue”
Coordenador da Rede Global de Bancos de Leite Humano,
João Aprígio recebeu o Prêmio Dr. Lee Jong-wook de Saúde Pública de 2020.
Uma curiosidade informativa sobre Fórmula e
antibióticos:
Um bebê que toma fórmula láctea tem 138 prescrições a mais de
antibióticos do que um bebê em aleitamento materno exclusivo. Um bebê
que recebe aleitamento misto, recebe 106 prescrições a mais.

Esse estudo foi publicado em dezembro de 2019 pela European Journal


of Pediatrics. Foram estudadas 40.258 crianças de cinco meses; e
durante o período do estudo foram prescritos antibióticos 60.932 vezes.

O título do estudo é: Formula feeding increases the risk of antibiotic


prescriptions in children up to 2 years: results from a cohort study
European Journal of Pediatrics (dez.2019) - tradução: A alimentação com
fórmula aumenta o risco de prescrições de antibióticos em crianças até 2
anos: resultados de um estudo de corte.

Observou-se uma associação positiva entre o uso de fórmulas infantis e


a prescrição de antibióticos. A associação seguiu um gradiente, ou seja:

QUANTO MENOS LEITE MATERNO NA DIETA, MAIS ANTIBIÓTICO


PRESCRITOS.

Os autores realizaram um estudo (de corte histórica) com base na análise


de registros de banco de dados. Foram incluídos bebês que receberam a
segunda dose de imunização pediátrica entre 2015 e 2017 (considerando
o calendário de vacinação italiano). O principal desfecho avaliado foi a
prescrição de antibióticos desde a inscrição até os 24 meses de idade,
por categoria de alimentação infantil
(uso de fórmula exclusivamente, aleitamento materno exclusivo ou
aleitamento materno associado à fórmula).

A percepção pública da consequência do uso indiscriminado de fórmula


é distorcida, a indústria vende como o melhor alimento na ausência
do leite materno, mas a verdade é que uma indústria alimenta a outra.
Quando a mãe não é incentivada a amamentar, quem lucra é a indústria
de alimentos enlatados e depois a farmacêutica.
AMAMENTE. LEITE MATERNO É SAÚDE!!!
Leite materno é imunidade. Seja apoio.
Você, mulher: SE INFORME.
Converse com mães que conseguiram
amamentar.
Escolha o seu caminho:

Eu escolhi um caminho. O caminho da informação. Me formei


jornalista mas em determinado momento não fazia mais sentido.
Quando me vi mãe, me vi responsável. Por duas vidas. Três! Duas
vidas que dependem de mim e eu não tinha ideia de como ia ser.

Usei todas as minhas habilidades de pesquisa, questionamento,


leitura... pro universo da maternidade. Encontrei um feminismo
diferente com o que eu estava acostumada. Todos os dias quando eu
acordo, eu olho para os lados e penso: caraca, mais um dia. Cansada,
levanto, e faço toda a rotina da manhã, abro as janelas, danço, dou
mamá, dou bom dia pro dia. Corro pra cozinha pra fazer o café e
enquanto esquento a água eu coloco elas no banho. Às vezes amasso
a banana com aveia enquanto olho elas no chuveiro. Elas comem,
mamam, brincam e já vem a primeira soneca do dia. Se eu conseguir
sair, faço o almoço, senão, faço quando elas acordam.

Não são nem duas da tarde e eu já quero que o dia acabe. No meio
disso, eu trabalho. Respondo e-mails, mensagens, compartilho
informação, leio um artigo. A maternidade me trouxe o mundo da
informação materna e feminista. Lutar pelos direitos das mulheres é
minha obrigação. São os direitos das minhas filhas. Elas têm o direito
de viver em um mundo melhor, mesmo que ainda não entendam
que quando eu me ausento um final de semana inteiro é pra ir
estudar. Ser mãe é treta. Ser mãe é ter disposição, é ser exemplo de
amorosidade. Ser mãe é um estado.

A minha maternidade me mostrou um novo mundo, um mundo


patriarcal, comandado por homens e para homens. Mulheres – mães
são oprimidas, e se tornam invisíveis para a sociedade. É mais fácil
excluir mulheres e crianças do que criar políticas públicas que nos
beneficiem.

São 01h da manhã e eu estou acordada. Acabei agora uma sessão de


vídeo com uma mulher que está com dificuldades na amamentação.
E eu sei o que é estar de madrugada, sozinha e
com os bicos sangrando, bebês chorando e não
ter ninguém pra apoiar.

De não saber onde buscar informação e todo


mundo dizer que é normal.

Eu luto por um mundo onde mulheres não


fiquem sozinhas.

Onde a gente possa ser apoio uma da outra em


qualquer lugar do mundo.

Bia e Alice vieram pra me mostrar que o amor


pode ser diferente.

E que a informação é a arma mais poderosa


que a gente tem.
Amamentação e cultura
Cultura do desmame, preconceitos,
pitacos, intervencionismos e atitude

A partir do momento que uma mulher diz que não amamentou porque
seu leite não é suficiente, ela está dizendo que uma das características do
corpo feminino é não funcionar e isso é uma das mazelas que a gente traz
de uma sociedade intervencionista e masculina.

Quando a mulher se reconhece preparada ela é fortemente atacada em


suas escolhas. Nosso corpo é capaz de conduzir processos complexos.
Porque a gente é capaz de digerir uma refeição e é incapaz de produzir
leite? Porque a capacidade de duas glândulas é tão perseguida? Produzir
leite é um processo fisiológico. Salvo RARIDADES, toda mulher produz
leite para alimentar seu filho. O patriarcado age desmotivando essa
mulher, tirando o seu protagonismo e a tornando refém do sistema.

Quando a sociedade desqualifica a mulher dizendo que o leite não é


suficiente, fraco, quando aperta o peito e não sai leite: você não tem
leite! quando o bebê não ganha peso: leite fraco. Existe a solução! e a
solução está nas mãos do sistema. Uma “facilidade” para a mulher. “Dê
mamadeira, chupeta, eu dei e ninguém morreu, amamentar é modinha.”

Acreditar no poder do corpo não quer dizer que vai ser fácil, que
problemas não vão acontecer.
A luta é para ter direito sobre as nossas decisões: “Eu não quero
amamentar” deve ser tão válido quanto “quero fazer livre demanda até
quando minha cria quiser” e não precisar de justificativa. Porque a nossa
vontade sobre os nossos corpos e nossos processos deve ser soberana.

A falta de informação faz a mulher acreditar que ela não é suficiente.


E saiba: “meu leite não é/foi suficiente” não quer dizer que o corpo
feminino deixou de produzir leite, quer dizer que ela não teve rede
de apoio, não teve informação de qualidade que realmente ajudasse a
amamentar, ela quer dizer que ela foi desestimulada pelo sistema e pela
cultura do desmame, onde o bebê tem que se tornar independente logo.

Quando uma mulher não consegue amamentar essa mãe acha que a culpa
é dela. E não é. É de todo mundo.

Com a palavra, quem me apoiou, online, e o tempo todo: Gabrielle


Gimenez, a @gabicbs

“Na era da informação uma das maiores ironias é que também aumentou
o acesso à desinformação: orientações que confundem, contradizem,
enfraquecem. A luta é desigual. A boa informação - correta, atualizada,
baseada em evidências, nos fará menos vulneráveis. Informação é poder.“
O SISTEMA te diz:
- Apertou e não esguichou?
- Só saiu isso na bombinha?
- Seu bebê só ganhou “x” gramas em um mês?
- SEU LEITE NÃO É SUFICIENTE!

A INDÚSTRIA te diz:
- Pra que se desgastar tanto amamentando?
- Pra que se privar do sono?
- O leite que nós produzimos é tão bom ou até melhor que o seu.
- Nossas mamadeiras e chupetas de última geração são justamente o
que você precisa para recuperar o controle da sua vida.
- SEU LEITE É DISPENSÁVEL!

A SOCIEDADE te diz:
- Esse bebê não sai do peito?
- Ainda não dorme a noite toda?
- Já tá chorando de fome outra vez?
- Cadê as dobrinhas?
- SEU LEITE NÃO SUSTENTA!

Mas a CIÊNCIA te diz:


- Colostro é leite.
- Peito não é estoque, é fábrica.
- Ordenha não é parâmetro para medir produção. A sucção do bebê é
infinitamente mais eficaz.
- Bebês amamentados em livre demanda não passam fome.
- Bebês não choram SÓ de fome.
- Cada bebê desenhará sua própria curva de desenvolvimento.
- Mamadeira, chupeta e bicos de silicone causam desmame precoce
entre outros danos.
- Exterogestação, picos e saltos, angústia da separação, mostram que
seu peito é alimento não só do corpo, mas também da alma.
- Cama compartilhada é vida.
- SEU LEITE NÃO SÓ É SUFICIENTE, COMO É PERFEITO E
INIGUALÁVEL; PRODUZIDO NA MEDIDA CERTA PARA AS
NECESSIDADES DO SEU BEBÊ.
.
Num mundo tão cheio de (des)informações, precisamos escolher bem
quem vamos escutar. Disso dependerá nosso sucesso ou fracasso na
árdua, mas maravilhosa e recompensadora jornada da amamentação.
Viva o tetê!

“A maternidade despertou a consciência do feminino e do patriarcado


opressivo, que ‘’a gente não vê porque faz parte do sistema”.
Quando me vi mãe, entendi que precisava mudar. A maternidade veio
como uma militância por um mundo melhor. Antes se eu não gostava
de alguma coisa, ia embora. Hoje, eu olho o mundo ao meu redor e
falo: “Beleza, consigo mudar isso”. Esse é o meu desafio.
Obrigada Bia, obrigada Alice.Vocês me ensinaram e ensinam todos os
dias a ser uma pessoa melhor.
Beijos do Matriarcado!
Estresse seca leite?
O bebê nasceu.
1- E seu corpo que gestou, ao mesmo tempo se preparou para nutrir.
O seu corpo, que formou o bebê, sabe exatamente produzir leite para
o bebê que ele gerou. Então uma mistura de hormônios em conjunto:
se unem e produzem o leite materno.

2- Quem começa esse rolê é o sistema nervoso central. A produção de


leite responde a estímulos - um leite que está esperando para sair - e
então a fábrica de leite começa a trabalhar: Com a sucção do bebê -
ou bomba - chegam estímulos nervosos no cérebro. Daí o hipotálamo
manda o comando pra hipófise. A hipófise anterior com a amiga
prolactina fazem a composição do leite. A hipófise posterior com a
ocitocina ejetam esse leite. Bem fisiológico. Você não precisa sentir
nada disso para produzir leite. Tem mulheres que sentem “o leite
descendo” tá tudo bem também.

3- E daí: junto com esse processo fisiológico: tem uma mulher que
acabou de parir. Que estava cheia de hormônios felizes e de repente,
pá: os hormônios felizes foram todos com o bebê. E daí ao invés de
feliz essa mulher conhece uma tristeza louca, que a gente chama de
baby blues. E chega o puerpério. E te dizem: você não pode ficar triste
por que o leite seca. E isso não é verdade.

4- O que acontece é hormonal. E são vários processos ao mesmo


tempo. No gráfico acima podemos notar: o stress atua no sistema
nervoso central, mas ele não é determinante para secar uma produção
de leite isoladamente. Ele pode inibir a produção de leite, mas se a
mãe continua amamentando, a produção não para. A noradrenalina
junto com outros hormônios atuam na ejeção do leite. E por isso a
sensação de pouco leite vem no meio da tristeza e raiva, e aturar
palpites desnecessários baseado na própria experiência ruim.
5- Mas as mães têm uma grande aliada nesse processo: a
OCITOCINA. E sabe quando as pessoas atribuem alimentos à
produção de leite? Cada mulher reage de um jeito: se a mãe come
o que gosta libera mais ocitocina e consequentemente libera mais
leite. Pode ser cuscuz, chocolate. Suco de uva. Batata-frita. Canjica.
Depende da mulher. Depende do que ela gosta. Pode ser grão de bico.
Pode ser água. (Importante dizer que não precisa beber 10L de água
para produzir leite - beba água do tamanho da sua sede, água demais
= xixi demais - água não vai pro peito, vai pra barriga)

6- A ocitocina é o hormônio do prazer. E comida gostosa tem esse


efeito no nosso corpo. Comida gostosa é sentimento. Produção
é estímulo. Se o bebê mama, envia estímulo pro cérebro. A mãe
comendo ou fazendo coisas que gosta: libera ocitocina.
Entenderam o rolé? Pode passar raiva, mas come um chocolate. Uma
canjica da sua avó (se você gostar), ajude a sua ocitocina a fazer o
trabalho dela! Ela precisa ser apoiada. Apoie a ocitocina.

Referência de estudo:
https://www.researchgate.net/publication/12094640_Effects_of_
Stress_on_Lactation
Vacinação:
A vacinação é essencial para manter a criança saudável. Na maioria
das vezes, mesmo com febre, gripada ou com outros sintomas, a
criança pode ser vacinada. Na dúvida, converse com a equipe de
saúde. O Calendário Nacional de Vacinação traz os nomes de todas as
vacinas que sua filha precisa tomar para ficar protegida de doenças.
As vacinas são de graça e estão sempre disponíveis nas unidades
básicas e durante as campanhas de vacinação. Amamente o bebê
durante a aplicação das injeções.
Amamentar minimiza a dor do bebê na hora da vacina
Amamentar no momento que seu bebê for vacinado se chama
“Mamanalgesia”
Caderneta de saúde da criança do Ministério da saúde 2020

Menino: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_
crianca_menino_2ed.pdf
Menina: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_
crianca_menina_2ed.pdf
Para uma boa amamentação
1) Acreditar na fisiologia do corpo é um ótimo começo: a psique
também participa - mas não determina.
2) Comer comida gostosa que você goste! Pede pra avó fazer, compra
comida congelada, amarra o bebê no sling e vai naquele restaurante.
Não existe restrição alimentar pra uma mãe lactante - se o bebê não
for alérgico.
3) Não inserir apetrechos (chupeta, mamadeira, bicos de silicone -
bicos rígidos, canudo e qualquer item que precise sugar precisa ser
observado - podem causar mordidas e desmame precoce. Nem sempre
é imediato.
4) Estresse não seca leite. Passar raiva não seca leite. Soprar o peito
não seca leite, o bebê arrotar no peito muito menos.
O que seca leite é bebê não mamar.
(E já vi mulher que depois que desmama, ainda produzir muito leite -
já que o contato com o bebê continua + psique + hormônio)
Quer amamentar? O atendimento é multidisciplinar!
Informação + profissional atualizado + livre demanda + comida que
você goste.
Se joga.
Fonte: https://www.researchgate.net/publication/12094640_
Effects_of_Stress_on_Lactation
Toda mulher é o mundo!
Toda mulher é o mundo
Por séculos temos feito uma dura jornada existencial guiada
pela crença de que devemos evoluir rumo ao ideal da civilização
– o homem branco ocidental, que governa a si mesmo, domina
a natureza, os animais e as mulheres. Quando chegarmos lá,
seremos enfim, nesse dia de glória, todos vencedores, dominadores,
consumidores, predadores.

Neste gran finale, continuarão fora do padrão máximo evolutivo, é


claro, tudo o que não for homem branco, cisgênero e hetero.
Que treta!

Enquanto isso, Gaia sorri, balança a cabeça, tsc tsc tsc, ainda
paciente, e segue a empurrar as marés, a ouvir o sussurro da Lua,
adaptar as espécies, reerguer florestas, na luta contra esta praga que
nos tornamos.

Mas, em Gaia, nos salvamos, nós mulheres, ainda senhoras da


reprodução humana, cocriadoras da vida. Um lugar excepcional de
onde podemos reencontrar nossos corpos e assumir sua posse, rasgar
a tela da jornada do senhor branco dominador e ver infinitos outros
caminhos, mais ricos e amplos. E finalmente aceitar o convite de
outros seres para dançar - o convite das águas, das florestas, dos
astros, das outras espécies.

As mulheres, ao aceitarem se mover por seus próprios ritmos e


passagens, podem se reapropriar dos seus corpos, recriar suas
representações e desconstruir os discursos que ainda nos colocam
como o “Outro”, objeto dos homens, da medicina, da moral, do
mercado de consumo. E podem contribuir para liberar daquela
jornada dominante todos os que também são julgados como outros,
“não humanos” – os povos indígenas, toda fauna, toda flora... e
aqueles que ainda não sabemos nomear nas velhas caixinhas mentais.
Não se trata de estabelecer uma proximidade compulsória das
mulheres com a natureza. Mas sim de lembrar que a dominação
masculina e colonialista busca subjugar e aniquilar tudo aquilo que não
consegue verdadeiramente controlar – por exemplo, a vida que sempre
poderá brotar dos corpos femininos e da terra; as sementes, os brotos,
os fetos, os filhos.

Daí o desejo tão intenso de controle. Como dizia Rita Lee, “mulher é
bicho esquisito, todo mês sangra”. E todo santo mês tem a possibilidade
de reiniciar a espécie, reinventar o homem e sua jornada.

O corpo feminino é revolucionário.

Nívea Chagas
Cada mulher é uma fortaleza de si mesma.
Cada uma com seu super poder.
O corpo feminino
é revolucionário.
Visão prática
Desafios práticos, dicas, dúvidas, auxílio e respostas
Mulheres não tem apoio e não sabem nem que podem ter ajuda!!

O que é amamentar?
Amamentar é o ato do bebê ir ao peito para se alimentar do melhor
alimento: é uma relação binômio. É diário. Todo dia muda. O bebê
cresce, o tempo passa. É resistir a indústria do desmame e existir na
sociedade que silencia e que torna invisível uma mulher-mãe.

Por que amamentar é tão importante?


• Porque faz bem à saúde da criança – O leite materno protege
contra infecções, como diarreia, pneumonia e infecção de ouvido
(otite) e, caso a criança adoeça, a gravidade da doença tende a ser
menor. Também previne algumas doenças no futuro, como asma,
diabetes e obesidade; e favorece o desenvolvimento físico, emocional
e a inteligência. Os movimentos (sucção) que a criança faz para
retirar o leite do peito são um exercício importante para a boca e
para os músculos do rosto e irão ajudar a criança a não ter problemas
com respiração, a mastigação, a fala, o alinhamento dos dentes e,
também, para engolir.

• Porque faz bem à saúde da mulher – Amamentar auxilia na


prevenção de algumas doenças da mulher, reduzindo as chances
de desenvolver, no futuro, câncer de mama, de ovário e de útero e
também diabetes tipo 2. Amamentar exclusivamente nos primeiros 6
meses pode aumentar o intervalo entre os partos. Quanto mais tempo
a mulher amamentar, maiores serão os benefícios da amamentação
à sua saúde. Além disso, amamentar pode fazer bem para a saúde
mental da mulher, aumentando sua autoestima e autoconfiança,
elementos importantes para seu empoderamento.

• Porque promove o vínculo afetivo – A amamentação é um ato de


interação profunda entre a mulher e a criança, com muitas trocas,
sendo geralmente prazeroso para ambas. Assim, a amamentação
aproxima mãe e filho ou filha, facilitando o vínculo afetivo entre eles.
• Porque é econômico – Amamentar é bem mais barato do que
alimentar a criança com outros leites, pois o leite materno é produzido
pela própria mulher para ser oferecido para o seu filho. Não exige
preparo, com economia de tempo, água e gás. Já as fórmulas infantis
industrializadas podem comprometer boa parte do orçamento familiar.
Além disso, não amamentar pode gerar gastos extras, já que a criança
não amamentada adoece mais.

• Porque faz bem à sociedade – Crianças amamentadas adoecem menos


e tem menos chance de desenvolver algumas doenças no futuro; com
isso, o sistema de saúde e suas famílias gastam menos para preservar
a sua saúde. Quando as crianças adoecem, as mães e cuidadores
muitas vezes perdem dias de trabalho, o que pode prejudicar a família
e a sociedade. Crianças amamentadas também têm maiores chances
de alcançar o seu potencial máximo de inteligência, resultando em
adultos com maior capacidade para o trabalho, o que contribui para o
desenvolvimento do país.

• Porque faz bem ao planeta – A amamentação contribui efetivamente


para a sustentabilidade ambiental e segurança alimentar e nutricional.
O leite materno é um alimento natural, não industrializado, produzido e
fornecido sem poluição e sem prejuízos aos recursos naturais. Dispensa
a produção leiteira animal, reduzindo o seu impacto na natureza,
evitando resíduos que contribuem para a emissão de gás metano,
com resultado direto no efeito estufa. Reduz a produção industrial de
fórmulas lácteas e toda uma cadeia de produtos geradores de detritos,
como toneladas de latas, plásticos e rótulos.

Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos


Ministério da saúde
Como amamentar?
Com ajuda. Não é instintivo. Precisa ter auxílio. Há diversos tipos
de corpos, e havendo algum problema há técnicas profissionais
especializadas em amamentação que podem ajudar.

O que eu preciso saber?


Que padecer no paraíso e ser mãe não são sinônimos. Que ser
lactante não quer dizer amar mais.

Amamentar é verbo. E muda o tempo todo. É relacionamento e nem


sempre vai ser bom. Pode ser impedimento/adiamento para vários
objetivos.

Por isso é necessário apoio e auxílio de toda a sociedade. Amamentar


é saúde pública. É redução do consumo de remédios na vida adulta.
amamentar é imunidade. É vínculo, afeto e segurança. Nutrição é o
melhor alimento!
REDE DE APOIO
“É necessário uma vila inteira para educar uma criança”
E se essa criança não tem uma vila?
Se essa criança só tem a mãe mesmo? (Afinal, são cinco milhões de
crianças sem o registro do pai na certidão.)
Que está ali responsável por amamentar, criar, cuidar da casa,
trabalhar e sem reclamar né? Por que afinal, ter filhos é uma bênção
e você engravidou porque quis.

Ter rede de apoio é ótimo. Ideal que toda a sociedade fosse apoio.
Que existissem políticas públicas efetivas para mulheres. Que todo
restaurante tivesse parquinho. Que mulheres não fossem demitidas
após licença maternidade, que a licença não fosse de quatro meses e
sim de um ano. Que a creche que aceitasse leite materno ordenhado
também oferecesse no copinho para proteger a amamentação. Que o
cuidador ofereça o leite na colher quando a mãe sai com as amigas,
que a avó entenda que o suco é só depois de um ano e que o chazinho
ocupa lugar do leite na barriga e que hoje em dia a recomendação é
só leite materno até os seis meses. A fórmula tem conduta específica,
e com plano de retirada, sem uso de bicos. A fórmula deveria ser
prescrita com uso pontual, afinal, é remédio.

Essa rede de apoio serve pra mulher poder tomar um banho. Fazer
uma refeição, sair, trabalhar, em paz. Sabendo que o bebê tá maneiro.
Bebê precisa da mãe, mas não SOMENTE dela.

Mas e quando essa rede de apoio é mais agouro?

“É assim mesmo, toda mulher passa por isso”


Não, não é porque nossas mães e todas as mulheres são e foram
solitárias que precisamos ser.

Talvez não seja como a gente espera. Talvez a gente faça tudo o que dá e
quando a gente olhe não seja o que queríamos.

Ser suficiente e dar conta. É o que embutiram no pacote maternidade


(compulsória).

Qual a solução se você não tem rede de apoio? Ser sua própria rede.
Entender seus limites. Planejar a curto prazo. A próxima hora, se der
tempo, o dia de amanhã. Poder escolher com consciência. Ser dona das
próprias escolhas nos livra da culpa. Existe o ideal. Existe o possível.
E existe a realidade dentro da casa de cada um.

Cada pessoa tem uma régua interna. E ela só serve pra medir a si
próprio. Medir o outro usando a sua própria régua pode ser muito
perigoso e nocivo.

Rede de apoio pode ser virtual.

Precisa ser real. E o mais importante: a minha melhor rede de apoio sou
eu mesma. Eu não dou conta de tudo.

É muito importante que, para se dedicar à criança recém-nascida, a


mulher tenha pessoas e instituições que a apoiam, não só em relação
aos cuidados com a criança, mas em outras situações e necessidades do
cotidiano, como dividir as tarefas domésticas, acompanhar a mulher
às consultas, receber orientações dos profissionais de saúde. Isso é
conhecido como rede de apoio. Ninguém pode amamentar pela mãe, mas
isso não impede a participação de outras pessoas nos cuidados gerais.
O mesmo vale para a creche, que deve estar preparada para receber e
armazenar o leite materno retirado pela mãe para ser dado à criança.

No período de amamentação, principalmente no início, a mulher costuma


ficar mais sensível. Ouvir sem julgamentos, acolher angústias e dúvidas,
ter atenção às suas necessidades e elogiar o esforço de amamentar são
sinais de apoio que fortalecem a mulher neste momento tão particular.

Pensando um pouco mais na frente não deixe de conhecer o


@lemenaescola “escola não é lugar de desmame!”
Idade?
A OMS preconiza seis meses exclusivo e mínimo de dois anos - não
tem limite.

Leite fraco:
“Todo o leite materno é adequado, possuindo calorias, gorduras,
proteínas, vitaminas, água e outros nutrientes essenciais na dose
certa para o crescimento e o desenvolvimento adequado das crianças.
O leite materno nunca é fraco. Para complementar os nutrientes
do leite, é importante expor a criança ao sol diariamente. Esse é o
principal estímulo para a produção de vitamina D — importante para
a formação dos ossos — pelo organismo.”

Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos


Convoque as madrinhas.
Rede de apoio serve para apoiar, converse
seriamente sobre suas vontades e reconheça
os limites de quem vai ser seu braço.
Ensinamentos básicos:
1 - Esfregar Bucha vegetal pra preparar os seios tira a proteção
natural das glândulas de montgomery;
- A função dessas glândulas é lubrificar naturalmente e formar uma
película protetora nas aréolas. É recomendado levar apenas com água
para preservar as funções bacterianas.
Caso algum profissional ou algum palpite surgir sobre preparar
os seios, questione: você conhece as glândulas (ou tubérculos) de
montgmery?
(Todo mundo tem esses tubérculos ao redor da aréola. É comum
na gestação eles ficarem mais marcados, e também é normal não
aparecer)

Sol nos mamilos já foi bastante indicado, porém hoje em dia não é
mais, porque pode ressecar e tirar a oleosidade natural da pele.
Porém a vitamina D do sol é ótima para qualquer pessoa :)

E a polêmica concha: existe a recomendação de usar concha para


puxar bico invertido ou plano pra fora... além de ser uma intervenção
desnecessária pode machucar. Concha pode causar ingurgitamento
mamário e proliferação de fungos. O bico do mamilo, mesmo os
invertidos, aumentam três vezes dentro da boca do bebê. Por isso não
tem porque puxar.

A concha pode causar ingurgitamento mamário e pode evoluir para


uma mastite. Concha não é necessário. Para peitos que vazam leite o
ideal são rosquinhas de fralda.
E sim, tem alguma mama (ou as duas) que pode apresentar um
desafio maior para fazer a pega correta, por isso é importante
aprender a colocar a boca do bebê no peito da mãe, e não o peito da
mãe na boca do bebê. Ideal que segure o peito em c, e manejar o peito
pro bebê conseguir abocanhar primeiro a parte de baixo da boca
que já vai virar o lábio, depois ajeitar a parte de cima. Repetir até
aprenderem :)

A lanolina hidrata o peito e pode fazer a pega escorregar. Não é


indicada para preparar peito. Lanolina tem uso tópico e precisa ser
acompanhado. Normalmente o uso é somente na fissura, metade de
um grão de arroz e precisa ficar atenta porque é muito escorregadia.
E faz o bebê errar a pega. Só usar com supervisão.

Peitos livres para livre demanda. Assim o corpo produz o que o bebê
precisa :)

2 - O uso de mamadeira, chupeta, bicos de silicone causa confusão


no bebê. Ele pode mastigar seu peito e causar fissuras. Ou então
achar mais fácil mamar na mamadeira e não querer mais seu peito.
Há muitas alternativas. Copinho, seringa, colher dosadora, copo 360
(observe os copos com borda de silicone. Há relatos de mordidas no
copo que são reproduzidas no peito da mãe, caso aconteça, retire).
Teste, escolha. Veja qual seu bebê se adapta melhor.

3 - Cada bebê é um bebê. Cada maternidade é uma. Troque


informação! não compare! Pelo seu bem e sua sanidade.

4 - O bebê tem necessidade de sucção. Não é por que ele colocou a


boca no seu peito e chorou que você não tem leite. 80% do leite é
produzido enquanto o bebê mama. Sucção é afeto. Segurança. Amor.
Seu bebê precisa do seu colo quentinho e do seu abraço. A sucção,
além de manter a produção de leite, é também exercício neural.

5 - Repita comigo: não existe leite fraco, não existe leite fraco, não
existe leite fraco, não existe leite fraco, não existe leite fraco, não
existe leite fraco, não existe leite fraco.
Bora estudar manejo, ordenha, estímulo, hora
dourada, bebê no colo da mãe em no máximo 1
hora pós parto. Bebê que nasce mamando é sorte.
Bebê que precisa ser ensinado é NORMAL.
Ordenha:
A ordenha entrou na minha vida quando a primeira pediatra das
meninas falou em complementar por que elas eram gêmeas.
“Você não vai conseguir amamentar toda hora, seu leite não vai ser
suficiente, você vai ficar muito cansada e vai ter que dar fórmula”
Eu fiquei maluca. Comecei a procurar relatos de mães que
começaram a completar com o próprio leite. O maternar é muito
difícil. É cansativo, e sem informação se torna uma descoberta por
dia. E mesmo com informação às vezes dá um nó porque cada um diz
uma coisa.

No começo tirava só um pouco.

Tirava o que dava. Com quase três meses eu li um post da @gabicbs


dizendo que se tivesse rotina era mais fácil. E eu não precisei
complementar porque optei pela livre demanda porque entendi que
não precisa tirar pra produzir mais, era só oferecer peito. Então
minhas bebês mamavam a hora que queriam. Então resolvi doar. Doei
meu leite dos três aos seis meses. E amamentava minhas duas filhas a
todo momento.

Uma semana antes de voltar ao trabalho abri meu freezer e estava


tudo descongelado. Perdi o leite de duas semanas estocado.
Chorei. Fiquei nervosa. Me culpei.
Mas lembrei que ordenha é o que? Rotina.

Estipulei 5 horários.
Às 05h
Às 10h
Às 14h
Às 18h e às 20h

Tirava leite no trabalho de um dia para o outro. Por que produção de


leite é sob demanda. Com rotina e disciplina eu conseguia amamentar
em livre demanda e quando não estava com as meninas eu tirava.
Quando estava com elas, tirava após as mamadas. Era bastante
cansativo, porém valia a pena. Tanto financeiramente como em
questão de saúde.
Dica: A ordenha das 20h era quando eu chegava em casa após o trabalho.
Eu dava mamá para as duas e depois ordenhava com uma no peito.

Estímulo:
Vivo repetindo por aí: ordenha é rotina.
Produção de leite é estímulo.
Sucção do bebê é necessária.
Paciência é melhor amiga.
Repita para você mesma: eu vou conseguir.
Se informe. Informação é poder.

Não é fácil e nunca foi. Foi preciso repetir o movimento


da sucção várias vezes. Foi preciso ajustar a pega, foi
difícil lidar com dois bebês chorando ao mesmo tempo...
eu NUNCA tinha pego um bebê no colo.

Me apoiava em travesseiros, edredons, ficava com as pernas


dormentes e o cóccxis também. A verdade é que a amamentação é a
última coisa que a gente pensa quando está grávida. A gente pensa
no berço, nas roupas, nas fraldas, nas toalhas bordadas, no carrinho.
Monta um quarto - que não vai ser usado no primeiro ano - compra
várias coisas de listas e ignora solenemente a amamentação.

Acredita-se que é uma questão de instinto e que o bebê nasce sabendo


mamar. Já escuta nas consultas com a obstetra que não vai dar conta,
e tudo bem dar a mamadeira, ninguém morre por que toma fórmula.
Por que gente? Leite materno é o melhor alimento do mundo. E não
estou “dando minha opinião”

Veja abaixo algumas situações em que pode ser necessário e útil


retirar o leite do peito durante a amamentação:

• Quando ocorre a “descida do leite” – também conhecida como


apojadura – a mama pode ficar muito cheia e inchada, causando
desconforto para a mulher e dificuldade para a criança abocanhar
a aréola, a parte escura em volta do mamilo. Retirar um pouco do
leite faz a aréola ficar mais macia, aliviando o desconforto da mulher
causado pelo excesso de leite parado e facilitando a pega do bebê na
mama, o que leva a criança a mamar melhor.
• Depois da “descida do leite”, sempre que a mulher sentir desconforto
pela mama muito cheia, retirar um pouco de leite alivia a sensação
provocada pelo excesso de leite parado e a deixa mais confortável.

• Se a mulher precisar se separar da criança por algumas horas ou


se ela retornar ao trabalho, retirar o leite do peito ajuda a manter
a produção do leite. Essa prática também permite deixar o leite
armazenado para ser oferecido à criança enquanto a mãe estiver fora.

• Mesmo quando a mulher, por alguma razão, estiver


temporariamente sem poder amamentar (em um ou nos dois peitos),
retirar o leite ajuda a deixar a mulher mais confortável e a manter a
produção para quando ela voltar a dar o peito. Recomenda-se que o
leite seja retirado com as mãos. Existem bombas manuais ou elétricas
que podem auxiliar na retirada do leite, mas deve-se esterilizar para
usar. Ferver a água, desligar e colocar os apetrechos potes, partes de
plástico da bomba: nunca com o fogo ligado.

Atenção: retirar pouco leite não quer dizer que você não produza o
suficiente para seu bebê. A retirada manual de leite requer prática e
rotina. Não desanime!

A – Como preparar o frasco para guardar o leite


• Escolher um frasco de vidro com tampa plástica e boca larga. Não
utilizar potes com tampas de metal, o metal solta resíduo e pode
contaminar o leite. Se for usar o vidro de algum produto alimentício,
retirar todo e qualquer tipo de cola e papel do rótulo, incluindo o
que fica dentro da tampa. Lavar com água e sabão, esfregando e
enxaguando bem.

• Escorrer a água da panela e colocar frasco e tampa para secar de


boca para baixo em um pano limpo ou papel toalha.

• Deixar escorrer a água do frasco e da tampa. Não enxugar.

• O frasco poderá ser usado quando estiver seco. Guardar em um


recipiente com tampa.
B – Como se preparar para retirar o leite do peito
• O leite deve ser retirado depois que a criança mamar, ou enquanto
ela estiver mamando se um peito estiver disponível. Também quando
as mamas estiverem causando desconforto à mulher por estarem
cheias. Quando a criança não estiver por perto, uma boa estratégia
para auxiliar na retirada do leite é pensar nela. Isso estimula a
ocitocina, o hormônio responsável pela descida do leite.

• Lavar mãos e antebraços com água e sabão e secar com toalha limpa
ou papel toalha.

C – Como guardar o leite retirado


• O frasco com o leite retirado deve ser guardado no congelador ou
freezer (até quinze dias) ou na prateleira mais próxima ao congelador
da geladeira (até doze horas). O leite não deve ser guardado na
porta da geladeira. Se for para doação, o leite deve ser armazenado
congelado por no máximo dez dias, quando deverá ser transportado
para um banco de leite humano ou posto de coleta de leite humano.
• Tampar bem o frasco com leite, anotar a data da retirada com
caneta em uma etiqueta ou esparadrapo e colar no frasco.

• Na próxima vez que for retirar o leite, usar outro recipiente de


vidro (copo, xícara, caneca ou vidro de boca larga) esterilizado e,
ao terminar, acrescentar esse leite ao frasco que está no freezer ou
congelador. O frasco com leite deve ser completado até no máximo
dois dedos abaixo da tampa. Se o frasco estiver muito cheio, ele pode
quebrar com o congelamento.

• Quando vários leites forem guardados em um mesmo frasco, a


validade será a data da primeira coleta; por essa razão se deve
identificar o frasco com a data e hora da primeira retirada do leite.

• Os frascos devem ser colocados em ordem, com os mais antigos na


frente. Esses devem ser os primeiros a serem utilizados.

• O leite que ultrapassar o período de quinze dias guardado no


congelador deve ser descartado.
• Uma dica para saber se o leite sofreu variação é ter um pote com
água congelado e colocar uma moeda em cima. Se a moeda afundar,
é porque houve variação de temperatura – descongelou – e o leite
precisa ser descartado.

É importante ressaltar que o Brasil é referência mundial em


armazenamento de leite materno e que o prazo de quinze dias
garante os nutrientes que a criança precisa.
Prazos maiores que esses não têm segurança alimentar e podem
estar infectados. Leite materno é alimento vivo e mesmo congelado
pode haver a contaminação. Fique atenta.

E – Como oferecer o leite retirado à criança

• Se o leite estiver congelado, descongelar no próprio frasco em


banho-maria, com o fogo apagado. O leite materno não deve ser
fervido e nem aquecido no micro-ondas.

• O utensílio para o oferecimento do leite tem que ser fervido por


quinze minutos.

• Agitar suavemente o frasco para misturar bem o leite.

• Abrir o frasco e colocar um pouco do leite que foi retirado do


peito em copo ou xícara limpos.
• Acomodar a criança ao colo, acordada e tranquila. Posicioná-la o
mais sentada possível, com a cabeça firme e o pescoço alinhado ao
corpo, não devendo ficar torcido.

• Encostar a borda do copo ou xícara no lábio inferior da criança


e deixar o leite materno tocar o lábio. A criança fará movimentos
de lambida, engolindo o leite. Se preferir, utilize uma colher para
oferecer o leite. Não entornar o leite na boca da criança para evitar
engasgo e confusão de fluxo.

• O leite materno descongelado pode ser aproveitado em até duas


horas, passado esse tempo, deve ser descartado. O leite materno não
deve ser congelado uma segunda vez.
• Quanto menos o leite materno sofrer variações de temperatura,
menos nutrientes ele perderá.

• Restos de leite materno que a criança não mamou e ficaram no


copo, xícara ou colher devem ser descartados.

• A quantidade de leite a ser oferecida para a criança deve ser


orientada por profissionais de saúde.
Se você tiver dificuldade para retirar, conservar ou ofertar o leite
materno à criança, procure apoio na Unidade Básica de Saúde, na
maternidade, no Banco de Leite Humano mais próximo de você ou no
local onde a criança está sendo ou vai ser acompanhada.

Se você quiser doar leite materno para outros bebês, procure o banco
de leite humano mais próximo ou ligue no Disque Saúde – 136.

Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos


Ministério da saúde
Licença maternidade e a problemática
da falta de apoio.
Então, como amamentar e voltar a trabalhar?
Consegui o direito de ter uma licença maternidade de 4 meses,
sabemos que a maioria esmagadora de mulheres no Brasil não tem o
mesmo direito e que é falsa a sensação de segurança que a CLT nos
proporciona.
Sabemos também que a recomendação da OMS e do Ministério da
Saúde é que o bebê seja receba exclusivamente o leite materno durante
os seis primeiros meses de vida.

A conta não fecha certo?

Retornei ao trabalho quando Olívia, minha filha, tinha cinco meses e


eu passava doze horas fora, cinco dias na semana. Não tive escolha,
meu marido desempregado há anos, ou eu voltava, ou não pagaríamos
as contas. Antes dela nascer, achava que quando voltasse a trabalhar,
teria que introduzir fórmula, nem pensava na possibilidade de extrair
meu leite, achava que não seria possível produzir o suficiente já que
eu passaria não duas ou quatro horas longe dela, mas sim doze horas,
de segunda a sexta. Tinha pavor que ela passasse fome, ou que não
aceitasse o leite sem ser direto do peito.

Após meses buscando informação, percebi que havia uma possibilidade,


que eu podia extrair meu leite e estocá-lo. Comecei a ler muito sobre
extração, mas a cada tentativa, eu me frustrava mais ainda. Saíam dez
ou quando muito, vinte ml, e a cada dia eu me desesperava.

Ouvi inúmeras vezes de familiares, amigos e profissionais, que eu não


conseguiria estocar tanto leite, ouvi também que eu era maluca, não
precisava passar por todo aquele estresse, ouvi que era melhor, e mais
fácil dar a fórmula.
Semanas antes de acabar minha licença maternidade, adquiri uma
bomba e fui toda animada para realizar a primeira extração. Olívia tinha
um pouco mais de quatro meses. Fiquei cerca de meia hora apertando
aquele gatilho, ouvindo aquele barulho estranho, sentindo até um certo
incômodo por não saber bem como ajustar a pressão de sucção. Poucas
gotas saíram.

Quanto mais eu apertava, mais o pânico de não ter leite tomava conta de
mim. Meu maior medo, sem dúvidas, era não ter leite suficiente e minha
filha passar fome. Eu lia sobre extração, estoque, técnicas de oferta, mas
não estava funcionando. Nem eu conseguia um estoque, e muito menos
meu marido conseguiu ofertar o leite para ela.

Depois de muita pesquisa, encontrei a informação sobre rotina de


extração, e comecei a fazer todo dia no mesmo horário. Encontrei os
melhores horários que funcionavam para a minha realidade e rotina. Aos
poucos fui notando melhora na quantidade extraída.

Cheguei a passar uma hora extraindo sem sair sequer uma gota. Quase
fissurei um dos mamilos na tentativa de aumentar a pressão da bomba.
O fato é que somos levadas a acreditar que basta acoplar a bomba que
iremos extrair aquela garrafinha cheia de leite, não é mesmo? Essa
percepção é grande causadora de ansiedade e frustrações. E infelizmente,
é o que a maioria das mulheres acha que deve fazer, não conseguem uma
quantidade satisfatória, se frustram, desanimam e muitas desistem de
deixar o melhor alimento do mundo para seus bebês.

Quando faltavam alguns dias para o meu retorno, meu estoque estava
crescendo timidamente, porém, Olívia não pegava nenhum dispositivo.
Tentamos o copo de dose, a colher dosadora, o copo 360°... e repete!
Ninguém me falou que quanto mais eu trocasse o dispositivo, mais difícil
seria para ela aprender!
Hoje é muito claro para mim! Ninguém aprende a dirigir, pilotando
um dia um fusca, no outro uma ferrari, no seguinte uma kombi...
Meu marido, que seria o cuidador dela por mais de 40 horas
semanais, estava disposto a continuar tentando, porém, o pânico
tomou conta dele também.

A essa altura, eu já sabia bem sobre os riscos de confusão de


bicos, desmame precoce e alguns dos outros prejuízos pelo uso de
dispositivos com bico.

E ainda assim, tomada pelo pânico de ver Olívia sem deixar


encostarmos o copinho na sua boca por dias, nos rendemos aos
outros dispositivos perigosos. Todos eles: copo de bico rígido sem
válvula, com válvula, bico flexível, mamadeira x, y, z. Do modelo mais
simples da farmácia do bairro a mais cara importada.

Ela ainda assim não aceitava absolutamente nada. Ainda bem!


Foi só quando eu parei de participar das ofertas que as coisas
começaram a fluir. Meu marido se sentiu seguro com um dos
dispositivos mais compatíveis com a amamentação, e a minha
ausência deixou que ele se conectasse com Olívia, e ofertasse de
maneira mais fluida.

Muito se fala sobre o retorno ao trabalho, sobre extração, técnicas e


validade de leite materno.

Mas pouco é falado do processo.

Não é de um dia para o outro que nosso corpo produz mais leite, não
é do dia para o outro que o bebê (e o cuidador) aprende a usar um
dispositivo para se alimentar.

É preciso planejamento, organização, rede de apoio, informação e


muita determinação e confiança na nossa capacidade de nutrir.
Confiar e acreditar!
É preciso informação, mas não qualquer informação que você lê em
fóruns ou no perfil daquela blogueira famosa metida a consultora, você
precisa checar as informações passadas. São baseadas em evidências
científicas, ou apenas nas crenças e experiências pessoais?

Se questione, busque ativamente, beba de muitas fontes (seguras),


troque com mulheres que amamentam.

Não estou me referindo àquelas que amamentaram alguns meses, estou


falando das que amamentaram, ou amamentam há anos. Essa sim
tem algo para compartilhar com você, essas sim vão fortalecer a sua
jornada.

Capacite sua rede, mostre tudo que você vem lendo, estudando,
conheça e lute pelos seus direitos trabalhistas e principalmente:
assuma o protagonismo da sua maternidade.

Recebo muitas perguntas sobre o que fazer quando o pai, ou a avó não
respeitam o desejo da mãe em não oferecer bicos. Minha resposta é
sempre a mesma, e deixo ela aqui para que você reflita, se questione: e
se estivessem oferecendo um cigarro para seu bebê, o que você faria?

Foram pelo menos 308 dias, 924 extrações, quase 1000 horas, doze
meses extraindo diariamente o melhor alimento do mundo para que a
minha filha recebesse o meu leite materno ordenhado exclusivamente
até o sexto mês, sem água, sem chás, sem suco ou fórmula. Segui com
as extrações para complementar a introdução alimentar, até o 18° mês.

Sigo amamentando-a até o momento que escrevo esse texto, dois anos
e seis meses, sem novas metas e/ou prazos!

Valeu cada extração, cada gota, cada corrida para casa.

Hoje eu tenho maior orgulho de dizer: fim da licença maternidade, não


da amamentação!”

Olga Carpi - @amamentemais


(Hoje, Olga tem um canal no instagram e ajuda mulheres a amamentar
quando elas voltam a trabalhar)
Confie no seu corpo, acredite no processo.
Baixa produção:

Vários fatores podem causar uma baixa produção de leite materno:


Mas não são fatores determinantes, tá?
- esperar demais para começar a amamentar;
- hipogalactia - falta de tecido glandular;
- ausência de livre demanda;
- suplementar a amamentação;
- não usar remédios para depressão de forma acompanhada – vários
remédios são compatíveis, você pode consultar o site e-lactancia.org;
- às vezes, cirurgias de mama afetam a produção de leite, pois tem
cortes de dutos de leite;
- nascimento prematuro: que faz o corpo não entender o que
aconteceu com o bebê,
- pressão alta induzida pela gravidez;
- diabetes não medicada.
Embora muitas mulheres se preocupem com a baixa oferta de leite,
a produção insuficiente de leite materno é RARA. De fato, a maioria
das mulheres produz 1/3 a mais do leite materno do que os bebês
costumam tomar.

Para produção de leite:


-Amamentar o mais rápido possível quando o bebê nasce. Esperar
demais para começar a amamentar pode contribuir para um baixo
suprimento de leite. O contato pele a pele com o bebê faz o corpo da
mãe entender que o leite precisa ser produzido.

- Amamente frequentemente. A livre demanda é necessária para a


produção de leite na quantidade exata que o bebe precisa.

- Certifique-se de que o seu bebê está bem posicionado. Procure


sinais de que seu bebê está engolindo, olhe a pega, bochechas,
deglutição.

- Ofereça os dois seios a cada mamada. Não há problema em seu bebê
mamar apenas uma mama de vez em quando - mas se isso acontecer
regularmente, pode ser que seu suprimento de leite diminua na
mama pouco estimulada. Você pode extrair o leite da outra mama
para aliviar a pressão e proteger a amamentação até que o bebê
comece a tomar mais a cada mamada.

-Tenha um pediatra que apoie a amamentação em livre demanda, que


avalie seu bebê de várias formas e não só pelo peso, e uma consultora
de amamentação que vá a sua casa te prestar um serviço atualizado e
baseado em evidência.

Fonte: https://www.mayoclinic.org/healthy-lifestyle/infant-and-
toddler-health/expert-answers/low-milk-supply/faq-20058148
Outras dificuldades que podem virar baixa
produção:
Alteração de frênulos, pega ineficaz, prematuridade, cesáreana,
ingurgitamento, demora do leite a descer, ductos entupidos, palpites,
encontrar profissionais que saibam avaliar pega e mamada efetiva,
prematuridade precisa ser acompanhada e não conduzida a fórmula
sempre, falta de manejo e falta de informação.
Precisa preparar o peito para amamentar?
A melhor preparação para a amamentar é o conhecimento. O
empoderamento do próprio corpo, ter acesso a informação
atualizada. Ler sobre colostro, apojadura, pega correta; confusão de
bicos, exterogestação. Picos e saltos de crescimento.
Já notaram que os mamilos escurecem? Têm glândulas ali que
ficam hidratando sem que a gente consiga enxergar.
Então não precisa esfregar nada.
Prepare sua mente. Vá em rodas de gestante. Troque informações.
Leve sua rede de apoio e informe como você vai querer fazer.
Questione, pergunte. Procure pessoas que tiveram êxito no que
você planeja fazer, pergunta o que fizeram, o que não fizeram e
como conseguiram.
Amamentar não é instintivo. Leia, converse. Se informe. Essa é a
preparação necessária.
Não passe bucha no peito. Pode machucar e tirar a oleosidade
natural das glândulas de Montgomery.
As glândulas (ou tubérculos) de Montgomery ficam mais aparentes
durante a gestação. (Mas podem não ficar) A função principal
do tubérculo é lubrificar naturalmente e formar uma película
protetora sobre a aréola. É recomendado que para preservar a
função antibacteriana deve apenas ser enxaguado com água limpa
Não usar gel, sabonete, não esfregar, intervir num processo natural
pode eliminar os óleos naturais que lubrificam e protegem.
Por isso, quando alguém vier com o conselho de preparar o peito
para a amamentação, pergunte: você conhece as glândulas de
Montgomery?
É importante dizer que esses tubérculos não aparecem únicos e
exclusivos somente na gravidez. Uma mulher que não amamenta
pode ter; durante a gravidez e lactação rola um aspecto muito mais
marcado.
Amamentação é encaixe. Resistir às perguntas: vai dar de mamá
até quando? É ignorar os olhares, ficar sem jeito e amamentar onde
o bebê quiser, a Lei nº 8.069 garante esse direito. No começo dói
porque ninguém explica como é pra fazer. Não é instintivo e nem
evidência. Precisa aprender. Na minha equação de trio ganhamos
todas. Elas mamam e eu descanso. Estamos aprendendo uma sobre
a outra, nos conhecendo e fazendo acordos.
1- Amamentar é direito da mulher, de acordo com o Estatuto da
Criança e do Adolescente.

2 - Amamentar faz você ficar por horas na mesma posição.


A dormência de alguma parte do corpo é um estado quase
permanente. Por isso é importante estar confortável. Você não sabe
quanto tempo ficará na mesma posição.
3 - Às vezes é frustrante estar sempre à disposição.
4 - A alegria de passar um tempo sem ninguém mamando também
é acompanhada de: preciso tirar leite senão o peito fica duro e dói.
Mesmo quando você não está perto dos bebês você continua sendo
nutriz. Cansa.
5 - Num país onde as taxas de amamentação são baixíssimas,
amamentar por seis meses é privilégio porque nosso direito é
negado e pouco apoiado.
6 - Para uma mãe amamentar ela precisa de peitos que produzam
leite. Para uma mulher continuar amamentando precisa de uma
sociedade apoiando. De forma emocional e física. O incentivo à
amamentação é necessário para que a mulher continue.
7 - Não é normal doer. Se doer é porque tem algo errado. Procure
ajuda até parar de doer. Converse com quem conseguiu amamentar.
8- Você tem direito de escolher não amamentar. E ninguém tem o
direito de te julgar por isso.
9 - Você tem o direito de amamentar até o desmame natural. E
ninguém tem o direito de te julgar por isso.
10- Amamentar já foi instintivo. Não é mais. A evolução trouxe
muitas intervenções. Amamentar não é mais instinto. É preciso
aprender. Observar o bebê, conversar, questionar profissionais,
resistir ao sistema.
LEITE MATERNO É LEITE MATERNO.
Como fazer a pega ?
A mãe deve estar confortável. Se achar necessário poderá apoiar os pés,
os braços e as costas. O uso de travesseiros costuma ajudar. A posição
do bebê também é importante, ele precisa estar de frente para o peito,
bem encostado no corpo da mãe, com o bumbum apoiado pela mão da
mamãe. Quando o bebê abocanha uma grande parte da aréola, aquela
parte mais escura do peito em volta do bico, fica mais fácil extrair o
leite de dentro do peito para a boca. Isso mantém uma boa produção de
leite e protege o peito das rachaduras. Uma dica para o bebê abrir bem
a boca e pegar bastante aréola: passe o bico do peito na parte que fica
entre a boca e o nariz.
As causas das mordidas:
Anquiloglossia: freio lingual curto – o bebê não faz o movimento
peristáltico com elevação da ponta da língua e morde: converse
com o especialista que te acompanha, se não tem, os mais
indicados são: odontopediatra, pediatra especialista em
amamentação, fonoaudióloga.

Pode ser nascimento de dentes, o que fazer?


Mordedor gelado antes das mamadas, leite materno congelado:
o famoso peitolé; se o bebe já tem mais de seis meses: alimentos
mais duros cortados em tiras, aqui, o campeão é o milho! Pode ser
cenoura, beterraba, pepino. Os bebês coçam a gengiva.

Bebê que morde no início da mamada: pode ser relacionado a


fluxo: jatos de leite forte, daí o bebê morde pra conseguir conter o
fluxo de leite.
Como melhorar: extração de leite antes de amamentar, para
amenizar os jatos de leite e o bebê não ter a sensação de leite na
garganta.
*mãe! Amamente deitada, a gravidade é ótima.

Bebê que morde no meio/final da mamada: pode ser pra chamar


sua atenção; se você está dando atenção, seja firme. Tire ele do
peito e diga que o peito é pra mamar. o bebê está conhecendo o
mundo, ele espera uma reação sua. Seja ela choro, riso, grito, e até
nenhuma reação. Qualquer uma delas pode ser engraçada pra ele,
e por isso ele ri, ou leva um susto. Se acalmem, conversem, fale
que morder faz dodói, e ofereça o peito novamente. Repita 500
vezes até ele entender. Bebês gostam de brincar também, é uma
forma de se comunicar.
Bebê que morde no final da mamada ou quando já está dormindo:
um bebê que não quer/precisa mais mamar;
Você pode começar a observar quando ele dormir e com o dedo
mindinho tirar o bico pelo canto da boca, tirando a sucção.

E o caso que o bebê além de fazer tudo isso morde tudo ao redor, as
pessoas, brinquedos, a mãe em outras partes do corpo além do peito:
encaminhar para uma fonoaudióloga e investigar. Amamentar é
multidisciplinar.
Amamentação e saúde dos dentes
leite materno não causa cárie.

Uma das grandes polêmicas na Odontologia ganhou mais voz quando


um Odontopediatra respeitado fez um estudo publicado na revista
The Lancet relacionando leite materno à cárie.

Este estudo foi amplamente divulgado e aclamado num congresso de


Odontopediatria, mas sem críticas à sua metodologia. O ano era 2016
e o Dr. Feldens conseguiu publicar na Lancet seu estudo que concluiu
que leito materno protege da cárie até os doze meses do bebê, mas
está relacionado com a cárie depois de doze meses, quando há
amamentação noturna com alta frequência (que ele não definiu o que
seria alta frequência). O fato é que a metodologia deste estudo é falha,
confiando apenas em respostas dadas pelos responsáveis pelo bebê,
num questionário. Os cientistas não tinham como ter controle de
variáveis como higiene e alimentação cariogênica. Ainda que os pais
respondessem que escovam os dentes dos filhos e mesmo que seja
verdade, os cientistas não teriam como saber quando elas começaram
a escovar, de que forma, com que pasta, se escovam todo dia etc.
Assim como não teriam como controlar todo o diário alimentar de
cada bebê do estudo. E sabemos o quanto as crianças estão expostas
a uma variedade de ultraprocessados e alimentos cariogênicos desde
bebês. E talvez essa exposição seja maior exatamente após os 12
meses, fase que coincide com a relação que encontraram do leite
materno com a cárie. É nesta idade que muitos bebês também passam
a ficar mais resistentes à escovação. Muitos pais param de escovar
por causa dessa resistência que encontram. A doença cárie chega, e a
culpa cai no colo de quem por acaso tambem está ali presente:
A AMAMENTAÇÃO.
Desde sempre existe um preconceito muito grande dos dentistas
em geral com a amamentação, principalmente após os dois anos;
com a livre demanda; com a amamentação noturna e com a cama
compartilhada. TODOS nós dentistas, em algum momento de nossas
vidas acadêmicas já ouvimos de professores que o leite materno pode
ser vilão. Isso ocorre porque, geralmente, colocam fórmula dada na
mamadeira e o leite materno num mesmo patamar. Como se eles
funcionassem da mesma forma.

Mas as evidências mostram que não é isso que acontece, e a ciência


está aí pra nos ajudar a esclarecer isso e acabar com estes mitos e
desserviços.

Em fevereiro de 2020 a OMS lançou uma cartilha (disponível na


internet) baseada em evidências científicas “Ending Childhood Dental
Caries” que pode ser traduzida como “acabando com a cárie na
infância” onde explica claramente esta polêmica, corroborando o que
muitos dentistas já levantam como bandeira: leite materno não causa
cárie. O próprio Dr. Feldens daquele estudo da Lancet cheio de viés,
participou do grupo que elaborou a cartilha. Este trecho da cartilha é
muito importante:

“A OMS recomenda que os bebês sejam amamentados exclusivamente


até seis meses de idade, e após essa idade a amamentação deve
continuar paralelamente à alimentação, até dois anos de idade ou
mais por causa dos muitos benefícios à saúde para mãe e bebê,
incluindo saúde bucal (26). As evidências sugerem que os bebês que
são amamentados no primeiro ano de vida têm níveis mais baixos
de cárie dentária do que aqueles alimentados com fórmula infantil
(28). Leite materno tem uma concentração relativamente maior de
lactose e um teor relativamente menor de fatores de proteção, como
cálcio e fósforo, em comparação com leite de vaca e outros leites que
formam bebidas complementares (29). Isso levantou preocupações
de profissionais de saúde bucal sobre o risco que a amamentação
representa para cárie dentária. Uma revisão sistemática sugeriu um
maior risco de cárie infantil quando a amamentação ultrapassa um
ano de idade, MAS a análise dos dados não tem controle adequado
para fatores de confusão importantes, como a ingestão de
açúcares de outras fontes (30). Outra revisão sistemática
incluindo dados mais recentes mostrou que bebês
amamentados com dois anos de idade NÃO têm maior risco
de cárie infantil do que aqueles que foram amamentados até
um ano de idade (14).”

Outras evidências científicas:

Qualitativamente, foi demonstrado que o leite humano não é


cariogênico pois a placa dental formada por ele é diferente daquela
formada pela sacarose. Além disso, com o leite humano não há
perda mineral clinicamente visível no esmalte, contrariamente ao
que acontece com a sacarose. (ARAUJO, 1997)

O leite materno favorece o estabelecimento de uma microbiota


na cavidade oral compatível com saúde. Os pesquisadores
demonstraram que os lactobacilos presentes na saliva de
bebês amamentados apresentavam um efeito inibidor dos
streptococos orais, bactérias causadoras da cárie dentária.
(HOLGERSON et al; 2013)

As evidências relacionadas à associação entre cárie e


amamentação são limitadas e inconsistentes. Muitos estudos
que sugerem a existência deste risco, falham sob a ótica do rigor
científico. Além de, em sua grande maioria, serem baseados em
estudos dependentes da confiabilidade na recordação das práticas
de amamentação e alimentação infantil, fracassam em medir
adequadamente e controlar variáveis de confusão fundamentais,
tais como práticas de higiene dental, uso do flúor e fatores
dietéticos, incluindo a ingestão de alimentos e bebidas à base de
açúcar e outros alimentos. (ARORA, 2011)

Estudos que controlaram fatores como idade, variáveis


sociais, variáveis de saúde, variáveis comportamentais,
variáveis relacionadas à higiene bucal, presença de placa
visível e contaminação por Streptococcus mutans, comprovaram
que a amamentação não foi um fator de risco para cáries.
Idade, alto consumo de sacarose entre as refeições e a
qualidade da higiente oral, sim. (NUNES, 2012)
A AAPD (Academia Americana de Odontopediatria) não inclui
mais o aleitamento materno entre os fatores de risco para cárie.
Além disso, não há comprovação científica de que o leite humano
seja cariogênico (ERICKSON, 1999), mesmo quando ingerido em
livre demanda e durante a noite (PALMER, 2004), quando a criança
acorda chorando para ser amamentada, simplesmente externando
uma necessidade que deveria ser preenchida para o seu bom
desenvolvimento físico e psíquico.

Não há evidências científicas que comprovem que o leite materno


esteja associado com o surgimento de cárie. Essa relação é complexa
e confundida por muitas variáveis, principalmente infecção por
estreptococo mutans, hipoplasia do esmalte, ingestão de açúcares em
suas mais variadas formas e condições sociais representadas pela
educação e nível socioeconômico dos pais. (RIBEIRO, RIBEIRO, 2004)

Um estudo mais recente, in vitro (laboratorial), foi publicado


pelo European Archives of Paediatric Dentistry, por Aly AAM, et
al | 2019. 36 dentes de leite foram coletados e avaliados em seu
conteúdo de Cálcio e Fósforo - principais formadores do esmalte
do dente. Eles foram expostos às bactérias causadoras de cáries (os
Streptococos mutans), depois colocados em três copos diferentes:
doze mergulhados em leite materno (LM), doze em fórmula artificial
comum e doze em fórmula artificial com adição de probióticos.

Depois de uma semana, foi novamente avaliada a quantidade de


Cálcio e Fósforo dos dentes e concluíram que: dentes no leite
materno apresentam um aumento significativo da quantidade de
Cálcio na superfície do esmalte, sem mudanças na quantidade de
Fósforo. Dentes em ambas as fórmulas tiveram uma diminuição nos
valores tanto de Cálcio quanto de Fósforo. Mais um estudo que prova
a proteção do leite materno contra a doença cárie.
A ciência foi evoluindo e atualmente está provado que Cárie na Primeira
Infância, assim como outras formas de cárie, é doença dinâmica multifatorial,
determinada pelo consumo de açúcar e mediada por placa bacteriana. Mas
a lactose, o açúcar presente no leite materno, mesmo sendo um açúcar
(carboidrato fermentável) não é capaz de fazer com que a saliva fique ácida o
suficiente para tornar o meio crítico para cárie.

Dentista NÃO deve orientar nenhum tipo de desmame, seja noturno ou


total. Muito menos sobre a forma de dormir da família. A amamentação e o
desmame dizem respeito somente à mãe e ao bebê. Dentistas precisam, sim,
se atualizar constantemente, seguir as recomendações dos maiores órgãos
de saúde (OMS, Ministério da Saúde) e questionar e orientar sobre higiene
e alimentos e bebidas ofertados ao bebê. A amamentação deve ser sempre
incentivada, sem prazo de validade.

Amanda Oliveira @sorriremamar


Odontopediatra
Pós graduanda em aleitamento
materno
Pós graduanda em ortopedia funcional
dos maxilares
Mãe dos gêmeos Benjamim e Joaquim
que mamam no peito há 5 anos,
mamaram (muito) durante a noite por
3 anos, e nunca tiveram cárie.
Cama compartilhada
As mães que amamentam são o maior grupo de compartilhadores de
cama. O contato do sono entre mãe e bebê facilita a amamentação
noturna, com vários estudos demonstrando que a partilha de cama
está associada a mamadas noturnas mais frequentes (promovendo a
produção de leite) e a mais meses de amamentação.

Estudos videográficos mostram que os bebês que dormem sendo


amamentados dormem consistentemente.

Os pesquisadores mostram que a amamentação está associada a


uma redução da síndrome de morte súbita do lactente com base
na plausibilidade biológica, consistência dos achados, força de
associação, tempo de associação e efeito dose-resposta, e não é
apenas um marcador de outros fatores de proteção, incluindo
ausência de fumaça de tabaco ou fatores sociodemográficos.

O compartilhamento de camas promove o início da amamentação,


a duração e a exclusividade. As organizações médicas e de saúde
pública em alguns países recomendam o compartilhamento de camas,
citando preocupações sobre o aumento do risco de morte infantil
relacionada ao sono na ausência de cama compartilhada.
Ref: www.liebertpub.com/doi/10.1089/Bfm.2019.29144.psb
Esclarecimento de risco
1. Nunca durma com bebês em um sofá, poltrona ou superfície
inadequada, incluindo um travesseiro.
2. Coloque os bebês para dormir longe de qualquer pessoa que ingeriu
álcool ou drogas.
3. Coloque os bebês de barriga pra cima pra dormir.
4. Coloque os bebês para dormir longe do fumo passivo e do cuidador
que fuma rotineiramente e roupas ou objetos que cheiram a fumo -
fumo passivo, (nos casos em que a mãe fuma, este não será possível).

5. A cama deve estar afastada de paredes e móveis para impedir a


cravação da cabeça ou do corpo da criança.
6. A superfície da cama deve ser firme, assim como um berço, sem
coberturas grossas (por exemplo, edredons), travesseiros ou outros
objetos que possam causar cobertura acidental da cabeça e asfixia.
7. O bebê não deve ser deixado sozinho em uma cama de adulto.
8. Adoção da posição C (“aconchego”), com a cabeça do bebê em
frente ao peito do adulto, pernas e braços do adulto enrolados ao
redor do bebê, o bebê de costas, longe do travesseiro, é o ideal
posição segura do sono.
9. Não há evidências suficientes para fazer recomendações sobre
vários compartilhadores de cama ou a posição do bebê na cama em
relação a ambos os pais na ausência de circunstâncias perigosa.
Cada localidade deve considerar as circunstâncias culturais únicas de
sua situação em relação ao sono.
Ref: www.liebertpub.com/doi/10.1089/Bfm.2019.29144.psb
Mães que amamentam dormem mais
As mães que amamentam relataram maior tempo total de sono, mais
energia diária e melhor saúde física. Elas também relataram taxas
mais baixas de depressão.
Nossos achados indicam que as mães que amamentam foram
qualitativamente diferentes da alimentação mista ou com fórmula.
As mães com alimentação mista e com fórmula não diferiram das
outras em qualquer uma das medidas.
Para acessar:
http://www.uppitysciencechick.com/kendall-tackett_CL_2-2.pdf
Menstruar e amamentar são compatíveis.
Porém muitas mulheres notam uma irritação
do bebê no período menstrual. Bebês que batem
no peito, mordem, apertam. A mulher fica mais
sensível, irritada, sem paciência.
E amamentar é hormonal.
Menstruar é hormonal.
A explicação é simples: durante a TPM há o aumento da produção do
hormônio progesterona, e nesse período o corpo precisa economizar
energia porque se prepara para acolher o óvulo fecundado. Sabe o
cansaço e preguiça que dá? Passa após o corpo perceber que não
houve fecundação ... daí quando rola a menstruação a produção de
leite volta ao que era antes. A ocitocina é responsável pela ejeção
do leite. É o hormônio do amor. O hormônio do prazer. Uma mulher
irritada, sem paciência, com o corpo sensível produz leite, mas
talvez tenha o desafio da ejeção... afinal, as alterações emocionais
acompanham esse momento do mês feminino.
O que fazer nesses períodos?

- Tomar um banho relaxante


- Comer coisas gostosas o dia todo
- Fazer atividades que tragam felicidade
- Descansar
- Dar prioridade a você mesma
- Se o bebê não falar ainda, entenda: é fisiológico. Ele vai precisar
mamar mais mesmo. E pode ser muito perturbador alguém mexendo
no seu mamilo... :( limite a demanda nesses dias.
- Se o bebê falar, converse: “mama mais que o leite vem filho.” “Abre
bem a boca, Aaaah”
- Corte a farinha e alimentos que vão te dar picos de euforia e depois
vão te jogar no chão. Se equilibre. Prefira alimentos mais calóricos
como abacate, castanhas, sementes (gergelim,girassol), ovos, azeite
na comida.
- Mentalize: vai passar. Você não fica menstruada o mês inteiro.
Se eu puder dar um palpite sobre a amamentação sem
evidência cientifica, com certeza seria sobre a rádio teta.
Eu não lembro quando começou
Mas eu lembro que achei fofinho.
E hoje em dia se eu pudesse conversar com a Verônica de quando
a rádio teta começou eu diria: você vai querer bater sua cabeça na
parede quando estiver em período pré menstrual.
Portanto, quando seu bebê começar a fazer rádio teta: de um
brinquedo, de um pano, dê qualquer coisa, bota a própria mão nele
mesmo... mas não deixe a rádio teta começar. Porque quando ela
começa.... nem quando desmama ela para a a a a a a a a a a a a
Dizem que rádio teta é estímulo. O bebê fica apertando um peito
enquanto mama pra vir mais leite. Eu acredito porque tenho crianças
que falam e mamam e a Alice diz: quero mamar e mexer porque vem
mais leite.
Amamentação como método contraceptivo:
Dayanne Zimmermann @ousadiamaterna

O Método da Amenorreia Lactacional (também conhecido como LAM


– Lactacion Amenorrhea Method) é uma opção de baixo custo e muito
efetiva para a contracepção no primeiro ano de pós parto.
Se realizada de modo correto, sua taxa de falha é de apenas 0,5%,
(mesma taxa do DIU – Dispositivo Intrauterino).
Se utilizada de modo corriqueiro, a taxa de falha é de 2% (mesma taxa
de falha da camisinha masculina).

Os hormônios responsáveis por amamentar são produzidos sob


demanda: quanto mais amamenta, mais hormônios da amamentação
são produzidos pelo corpo.
E estes inibem a produção dos hormônios responsáveis pela ovulação,
reduzindo a fertilidade, e por consequência, adiando a menstruação
(Amenorreia).
E muitas mulheres iniciam uso de anticoncepcional sem estarem
menstruadas de fato.
O uso de hormônios artificiais torna a LAM sem efetividade, pois eles
iniciam o processo hormonal menstrual, apesar de inibir a ovulação.
Sendo um Método, quais são os critérios da LAM?

O uso de hormônios artificiais torna a LAM sem efetividade, pois eles


iniciam o processo hormonal menstrual, apesar de inibir a ovulação.
Sendo um Método, quais são os critérios da LAM?
- Amamentação Exclusiva e em Livre Demanda!
A amamentação ecológica é baseada no ritmo do bebê e permite um
maior estímulo da mama.
Qualquer uso de bicos artificiais (chupetas, mamadeiras, etc.)
interfere diretamente no estímulo correto e constante da mama,
alterando a efetividade do método. Até os seis meses de vida, o bebê
deve se alimentar apenas de leite materno e nada mais.
- Amamentação noturna!
A amamentação durante a madrugada se faz essencial nesse processo
de manter a livre demanda! A cama compartilhada é amiga da
Amenorreia Lactacional uma vez que aumenta o acesso do bebê ao
seio durante a noite e mantém a mama estimulada.
É preciso amamentar com pelo menos um espaço de quatro horas
durante o dia e seis horas durante a noite para a LAM ser efetiva.

- Dieta do Bebê de pelo menos 85% Leite Materno!

A introdução alimentar irá afetar diretamente o tempo em que o


bebe ficará no Seio. Por isso a importância de oferecer os alimentos
apenas após os sinais de prontidão. É comum que muitas mulheres
voltem a menstruar após seis meses pós parto.
Para aumentar a efetividade, busque amamentar antes de oferecer o
alimento ao bebê.
A taxa de falha após a Introdução Alimentar e de Líquidos aumenta
para 60%, sendo necessária a combinação com outro método não
hormonal.

- Ausência de Menstruação!
Apesar de ser pouco comum, algumas mulheres retornam a
menstruar mesmo realizando a livre demanda. A menstruação é um
sinal da ovulação e da não gravidez naquele ciclo. Uma vez que a Lua
Nova retorna, o método já não funciona, sendo necessário utilizar
outro método.
A Amamentação é um método efetivo!
Aquelas histórias que conhecemos sobre quem engravidou
amamentando podem estar diretamente relacionadas com o uso de
bicos, noites sem amamentar, introdução de água e alimentos antes
do tempo e redução da Demanda.
Amamentar e beber:
O pediatra especialista Jack Newman publicou no livro dele:
“empoderar pais” estudo da Erica; que fez muitos testes e concluiu que
não há a necessidade de se descartar o leite materno, pois da mesma
maneira que ele absorve o álcool, ele dissipa.
Para o leite ter uma quantidade de álcool significativa você precisa
estar bêbada. E aí a questão é: você consegue cuidar de uma criança
estando assim? Como que faz cama compartilhada estando com os
sentidos tão alterados?
Pode beber. Relaxar no fim de um dia difícil. Uma taça de vinho
enquanto nascem os molares. Uma cerveja pra sobreviver a um salto.
A questão toda é sobre ter bom senso. Garantam que não vão encher a
cara, que os estudos garantem que não vai ter álcool no mama nosso de
cada dia.
Ninguém deve cuidar de um bebê sob efeito de álcool.
Álcool não tem benefício.
Se quiser se aprofundar mais:
https://www.laleche.org.uk/alcohol-and-breastfeeding/
Amamentar e café:

É de boa 300 mg por dia para lactantes:


Para cada 240 ml de bebida:
Café expresso: 240-720 mg.
Café coado: 102-200 mg.
Erva-mate: 65-130 mg.
Bebidas energéticas: 50-160 mg .
Chás prontos : 40-120 mg .
Refrigerantes: 20-40 mg .
café descafeinado : 3-12 mg .
bebida de cacau: 2-7 mg .
achocolatado com leite : 2-7 mg .

Mais estudos sobre café na bibliografia! Tudo na vida é equilíbrio!


Amamentar e tatuar:

Não existem estudos que comprovem que a tinta da tatuagem chega até o
leite materno.
Os cuidados são OS MESMOS pra uma pessoa que não esteja
amamentando.

- O tatuador deve usar luvas durante o procedimento.


- O estúdio de tatuagem deve ter equipamentos limpos e esterilizados.
- As agulhas utilizadas precisam ser novas, descartáveis e feitas para
uso único.
- Corantes usados na tatuagem devem ser embalados e estéreis
também.
- Busque por estúdios que possuam licença para o seu funcionamento.

Tatuagens na região das mamas não são recomendadas por risco de


reação alérgica, coceira e dor. Além disso, é o local que o bebê tem mais
contato, podendo prejudicar a cicatrização.
Amamentar e fumar (maconha e cigarro)

Fumar maconha libera THC, que é absorvido pelo leite materno.


E na gestação, a placenta pega tudo pra ela também.
Então, sim, fumar maconha passa para o leite, assim como a nicotina.
As recomendações de saúde para uso de cigarro, é sobre redução de
danos: é melhor a mãe tabagista amamentar do que esse bebê ficar
desprotegido imunologicamente; (porque se a mãe fumante para de
amamentar, o bebê fica sem a imunidade do leite materno e continua
convivendo com o tabagismo) então, a recomendação é:
- fumar após as mamadas;
- Não fumar no mesmo ambiente. A fumaça é tóxica.
Uma mãe que fuma precisa desmamar?
Segundo o ministério da saúde: NÃO; mesmo com as substâncias
tóxicas, o leite materno ainda é melhor que fórmula.
Os benefícios da amamentação são bem estabelecidos, enquanto os
riscos do uso de cannabis durante a amamentação são vagos.
A literatura não está suficientemente estabelecida nessa área para ser
útil. É considerado que os benefícios da amamentação provavelmente
superam os prejuízos causados pela exposição ocasional ou casual
à cannabis. Esse prejuízo aumenta com o uso mais frequente e,
em algum momento, excede os benefícios. Não tem informações
suficientes para dizer onde está essa divisão. Precisa saber quanto
fuma, o que fuma, e as ocasiões que fuma.
No entanto, a categorização contra-indicada da maconha permanece,
promovendo o estigma e afetando desproporcionalmente as mães de
baixa renda.

Existem pouquíssimas razões para absolutamente não amamentar.


Ser HIV positivo é uma delas. Há vários medicamentos, incluindo
medicamentos prescritos, que não se deve fazer o uso amamentando.
(Consulte e-lactancia.org) Os benefícios da amamentação são tão
fortes e tão bem documentados que precisamos ser extremamente
cuidadosos quando dizemos às pessoas para não amamentarem se
fumar maconha. *
O que precisamos entender com tudo isso?
*A decisão final sempre é da mulher.
*Precisamos de mais estudos.
*Precisamos de políticas públicas que não sejam terroristas e sim
informativas, explicando as causas e consequências. *

As fontes: http://veronicalinder.com.br/2020/01/estudos-maconha-
e-amamentacao/
Contrapartida social
Projeto Sankofa
Aprendi nos cursos capacitantes que fiz que amamentar é
privilégio branco. Que mulheres pretas amamentam menos porque
são as mulheres mais afetadas pela diferença social. (Normalmente
não têm licença maternidade e se não voltarem a trabalhar em um
mês como ganham dinheiro?)
Hoje, com um olhar mais crítico ao nosso sistema vejo que tanto
mulheres pretas e mulheres brancas têm o direito de seus bebês
NEGADO.

Com certeza mulheres pretas têm mais direitos negados que


mulheres brancas. Isso é fato. Somos uma sociedade racista.
E minha briga aqui não é sobre privilégio.
Sankofa é saúde e ancestralidade
É a união da experiência, do saber científico e do saber ancestral

O projeto Sankofa surgiu a partir da percepção de que o parto


domiciliar, bem como um atendimento durante o período
gestacional qualificado, eram serviços destinados a um público
específico e privilegiado.

Assim, ao montarmos o projeto, nossa principal preocupação era


chegar às mulheres que não podem arcar com os custos de uma
assistência como essa, no Rio de Janeiro.

Desta forma, não trabalhamos com valores fechados para nossa


assistência. Contando com o bom senso e ética das famílias,
sugerimos o valor de mercado para o parto domiciliar e para as
consultas e, em nossa consultoria, ajustamos tais valores de acordo
com a realidade de cada família.
Tais ajustes só podem ser feitos pessoalmente, e mediante
comprovação de renda. Neste encontro, além de avaliar a
disponibilidade de agenda para o atendimento, precisaremos saber
um pouco da sua história e te contar um pouco da nossa. Assim,
conseguimos manter o funcionamento do projeto, garantindo um
serviço de qualidade àquelas que podem e àquelas que não podem
arcar com tais despesas.

O Sankofa é hoje a união de mulheres pretas e periféricas para


cuidarem de todas as mulheres carentes de cuidado, que precisam
e merecem ser visibilizadas. É o desejo de fazer acontecer, de fazer
diferente e de fazer dar certo. É um aprendizado diário. É um
exercício diário de desconstrução e principalmente de empatia.

É a união da experiência, do saber científico e do saber ancestral.

É tolerância, paciência e afeto.

É olhar para o outro e construir junto.


E nessa construção, seguimos aprendendo, crescendo, voltando
atrás e dando alguns passos para a frente. Porque ao final de tudo,
a importância da chegada e do caminho percorrido formam um
lindo emaranhado de autoconhecimento.

“Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco


importantes, conseguem mudanças extraordinárias”

Tire fotos de você enquanto amamenta. Você não está feia. Você
está se transformando. Não é fácil e nem simples se aceitar e se
amar numa nova forma de se ver. Mas registre. Sozinha, com o
bebê, com as visitas que você gosta. Tire fotos do cotidiano e pose
também. Inclua a sua cabeça, o seu rosto, você faz parte. Você não
é só expectadora de um mundo acontecendo. Você, junto com seu
bebê são protagonistas de uma nova cultura.

Estamos juntas.
EQUIPE
Verônica Linder (@averonicalinder)

Mãe, Jornalista, ativista e militante do direito das mulheres, estudiosa


no assunto, Pós graduanda em aleitamento instituto passo 1, São
Paulo, início: julho de 2019
3 anos conversando online diariamente com lactantes e 2 anos
atendendo consultorias online de prevenção e volta ao trabalho sem
desmamar.

“Não enxergava o machismo e o patriarcado como um sistema


que se alimenta e possui ramificações que interferem em tudo. E
a nossa alimentação não é escolhida por nós, é vendida para que a
gente se adeque ao que querem que a gente consuma. Quem escolhe
o que comemos? Da amamentação até a vida adulta. Meu caminho
é a contra-mão disso. É a minha reeducação alimentar, respeito a
natureza e as pessoas e criar minhas filhas aprendendo junto. Meu
trabalho é que mais mulheres enxerguem o sistema que estamos
inseridas e reproduzindo. Com enfoque em amamentação.
Ganho $ vendendo almofadas de amamentar de alta densidade.”
Diana Couto (@dicouto_arte)

Artista de rua , pintora e ilustradora. Nasceu no Rio de Janeiro –


Brasil em 1987. Inicia seu aprendizado artístico com o seu avô, Vítor
Lemos, ainda quando era criança.

Após ingressar na Faculdade de Design em 2004, entra em contato


pela primeira vez com o Graffiti (arte urbana), em um momento em
que a arte de rua no Rio de Janeiro era criminalizada. Realizando
diversos e importantes painéis representando mulheres pelos muros
da cidade.

Em 2008 começa a utilizar sua arte para ajudar politicamente


mulheres. Facilitando diversos projetos de capacitação e
empoderamento feminino através da pintura no Rio de Janeiro.

Em 2012 começa a se dedicar exclusivamente a arte, realizando


trabalhos artísticos para importantes eventos e marcas brasileiras
como; Fashion Rio, Sandálias Ipanema, Puma, Melissa, Havainanas,
Gucci e tendo o seu trabalho divulgado em diversas mídias. Nesse
mesmo ano pinta em Wynwood - Miami durante a renomada feira de
arte Art Basel.

Em 2014, realiza sua primeira exposição individual em Ipanema, Rio


de Janeiro, sendo divulgada em importantes plataformas da mídia
como revista Globo, JB e NY Times.

2015 se muda para Portugal realizando pinturas de painéis e


participando de uma exposição coletiva na galeria Mona em Lisboa,
Portugal.

A artista se torna mãe em 2016, vivendo de forma intensa a


maternidade, parando de pintar por alguns anos para se dedicar a
criação da sua filha nos seus primeiros anos de vida. Após dois anos
de dedicação à maternidade volta a pintar nas ruas do Rio de Janeiro
e retoma a sua pintura em telas, com uma estética bem diferente
do que pintava anteriormente, essa mudança foi responsável pelas
transformações vividas na maternidade.
Atualmente Di é mãe solo, artista e feminista e aborda nessa nova
linha de trabalho importantes temas como: maternidade real,
abandono parental, feminismo e política.
Trazendo para as ruas da cidade e para seus quadros desenhos
inspirados na vida da mulher contemporânea.
ZEBU (@zebumidias)
Design e sustentabilidade como ferramentas de transformação para
uma sociedade mais equilibrada e responsável.

A ZEBU tem como principal missão contribuir com a construção de


uma nova consciência de consumo para então regenerar comunidades
e meio ambiente.

Atuando há mais de dez anos como um laboratório livre de


experimentações sociais e naturais. A ZEBU busca ampliar a
compreensão de que somos todos interdependentes, utilizando
conceitos intuitivos e de base científica em soluções adequadas ao
espírito do novo tempo.

A ZEBU propõe que o ser humano se posicione como uma espécie


participante da evolução do universo em harmonia com todas as
espécies, atendendo às necessidades básicas de sobrevivência e
garantindo bem-estar individual, sem que isso vá ferir os princípios
ecológicos da vida. Todos estamos aqui e, juntos, todos temos direito
de fazer parte do Planeta Terra. Respeitando a diversidade, prezando
pelas comunidades em vulnerabilidade e lutando por igualdade de
direitos.

A marca é um besouro e representa o ciclo da vida. Por consequência, a


Zebu é arte, provocação, mensagem, pergunta e reticências também...
Músicas:

“Colo do mundo”
Colo do mundo é um convite para o mergulho nas águas profundas
do universo feminino.

No útero habita a memória ancestral de todes que passaram por esse


mundo.

Abrimos as portas para saudar a força feminina que habita dentro de


cada um, com a intenção de dar as mãos e aproximar os polos.

Uma tempestade não se faz só. Juntes somos a chuva no solo seco; a
água que fura a pedra; o próprio movimento que vai reescrever essa
história

Insta - @baru.som.br

EP Visual no Youtube - https://www.youtube.com/


watch?v=HXeN6xVD6Go

Ouça Colo do Mundo no spotify - https://open.spotify.com/


track/1xaRew3n45tV0ywgfxe4nm?si=PqOJwCUaTIWMU_HYSeZeow

“Nós Somos Mulheres”


Lugar de mulher é onde ela quiser! E como Clementina já dizia, “sai
de baixo, senão eu vou passar por cima”! Nós queremos SAMBA.
Queremos cantar forte, quebrar tudo nos tambores, tamborins e
pandeiros, chorar a viola e o cavaco pra saudar todas as tias Suricas,
Ciatas, Ivones, Elzas, Claras, Beths, Lecis e Jovelinas.

Samba Que Elas Querem é uma roda organizada por mulheres


musicistas que nasceu de um desejo de protagonizar o sexo feminino
no cenário do samba carioca. Somos um movimento de motivação e
representação feminina dentro da música e nossa roda pretende ser
um espaço de respeito em que todxs possam se sentir agregadxs.

Insta - @sambaqueelasquerem

No Youtube -https://www.youtube.com/watch?v=B5YJqc-rK-A
Bibliografia

Dar a vida e cuidar da vida


Feminismo e Ciências Sociais
Autor: Lucila Scavone

A Nasf e o trabalho na Atenção Básica à Saúde


Apontamento práticos e experimentações
Autor: Túlio Romero, Fabiana Maria, Vick Brito, Evelyn Siqueira

Amamentação
Quando um peito fica maior que o outro
Autor: Vanja Mendes

Amamentação
Um híbrido natureza cultura
Autor: João Aprigio

Bésame Mucho
Como criar seus filhos com amor
Autor: Dr. Carlos González

Manual prático de aleitamento materno


Autor:Dr. Carlos Gonzáles

Breastfeeding
Empowering parents
Autor:Jack Newman

Manual de Aleitamento Materno


Autor:Luciano Borges Santiago

Um presente para a vida toda


Autor:Dr. Carlos Gonzáles

Epidemiologia da Desigualdade
Quatro décadas de coortes de nascimento
Autor: Cesar G. Vitoria, Fernando Bastos

Amamentação
Bases Científicas
Autor:Marcus Renato De Carvalho
Bibliografia

Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos


http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_da_
crianca_2019.pdf

Como nasce o leite materno


https://www.youtube.com/watch?v=HU8QhctAzLA&t=5s

Matrice
https://www.facebook.com/grupomatrice/

GVA
https://www.facebook.com/groups/grupovirtualdeamamentacao/
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/

Brasil, referencia em armazenamento


https://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-
sanitaria/2020/02/brasil-e-referencia-em-doacao-de-leite-materno

A alimentação com fórmula aumenta o risco de prescrições de


antibióticos em crianças até 2 anos: resultados de um estudo de
coorte.
http://veronicalinder.com.br/2020/01/antibioticos/

Maconha e amamentação
http://veronicalinder.com.br/2020/01/estudos-maconha-e-
amamentacao/

Amamentação prolongada
https://link.springer.com/article/10.1007/s00431-012-1919-x

Baixa produção de leite


https://www.mayoclinic.org/healthy-lifestyle/infant-and-toddler-
health/expert-answers/low-milk-supply/faq-20058148

Cama compartilhada:
www.liebertpub.com/doi/10.1089/Bfm.2019.29144.psb

Fisiologia do stresse: Referência de estudo:


https://www.researchgate.net/publication/12094640_Effects_of_
Stress_on_Lactation
Sistema imunológico e a amamentação
https://www.health-e-learning.com/articles/A_Natural_Age_
of_Weaning.pdf https://www.unicef.org.uk/babyfriendly/about/
preventing-disease-and-saving-resources/

Sobre café
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1750-
3841.2010.01561.x/full
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11283304
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18088379
https://www.foodinsight.org/Content/3147/Caffeine_v8-2.pdf
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1600-0773.1995.
tb00111.x/abstract
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1356551

Perturbação na amamentação
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29184583
http://www.ibfan.org.br/documentos/outras/doc-444.pdf
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12146930
Leis para mulheres trabalhadoras e que amamentam:

A Constituição de 1988 garante a todas as mulheres trabalhadoras


sob o regime CLT o direito a 120 dias de licença. (Art. 392)

lei numero 10.048 – garante que mães que amamentam tenham


atendimento preferencial;

CLT, artigo 389, seção IV / Portaria nº 3.296, de 03/09/86, artigo 1º


– Creche ou reembolso-creche.

CLT, artigo 396, seção V – Pausas para amamentar durante a


jornada.

CLT, capítulo II, artigo 7ª, XIX – Licença-paternidade.

CLT, capítulo II, artigo 7ª, XVII – Salário-maternidade.

CLT, artigo 392, seção V – Licença-maternidade.

CLT, artigo 392, seção V – Prorrogação por duas semanas da licença-


maternidade.

CLT, artigo 391, seção V – Estabilidade para a gestante. V Lei nº


11.770/08 – Estabelece dois meses opcionais a mais de licença-
maternidade.

Lei nº 6.202/1975 – Direito da mãe estudante.

Lei de Execuções Penais, artigo 82 (2º), e artigo 89 do Estatuto da


Criança e do Adolescente – Direito das mães privadas de liberdade.

Lei nº 10.421/2002 – Direito da mãe adotiva

Art. 391 CLT e Constituição Federal no seu artigo 10º -Inciso II, Letra
b: direito à estabilidade de emprego desde o momento em que tem
conhecimento da gravidez até 5 meses após o parto

Artigo 389,CLT Parágrafos 1º e 2º Onde houver pelo menos 30


mulheres com mais de 16 anos de idade trabalhando, deve haver um
local (creche) na empresa onde elas possam deixar os seus filhos para
serem cuidados e amamentados. Se não houver creche no local de
trabalho, as empresas podem oferecer um reembolso-creche para
que as crianças tenham onde ficar enquanto as mães trabalham, de
preferência próximo ao local de trabalho da mãe. 
Além disso, as empresas podem indicar creches conveniadas (públicas
ou privadas) ou sob supervisão do SESI, SESC ou entidades sindicais.
MUNICÍPIOS/ESTADOS - AMAMENTAÇÃO NAS CRECHES

Curitiba - a cidade conta com o programa Mama Nenê, que estimula


o aleitamento nas creches públicas, sejam elas diretas ou indiretas.
Não encontramos nem portaria nem lei que regula isso, mas já
verificamos que, para as mães que desejam, é sim possível manter o
aleitamento materno nas creches públicas. O projeto é interessante
pois cria uma parceria entre Secretaria de Educação e Secretaria
de Saúde. https://educacao.curitiba.pr.gov.br/conteudo/mama-
nene/4689

Rio de Janeiro (estado) - o estado do Rio de Janeiro tem a seguinte lei


de estímulo ao aleitamento materno:
http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/CONTLEI.NSF/

São Paulo (município) - não tem uma lei, tem apenas um projeto de lei
que foi aprovado em uma primeira votação, mas não chegou a virar
lei. O Projeto de Lei, é bem parecido com a lei de Sorocaba e com a de
Petrópolis. No entanto, o município de São Paulo tem uma portaria
que regulamenta o aleitamento materno nas creches municipais, bem
como um grupo de trabalho dentro da coordenadoria de alimentação
que promove e estimula a amamentação. Dessa forma, é um dos
municípios em que essa prática parece mais bem consolidada, embora
ainda não seja tão expressiva numericamente.
São Paulo (estado) - o estado e São Paulo conta com uma lei bem
simples e genérica sobre o direito ao aleitamento em locais públicos
ou privados. Embora não disponha sobre creches, essa lei pode ser
usada para garantir esse direito, uma vez que garante o acesso ao
aleitamento em “ambientes de uso coletivo, sejam eles públicos ou
privados” - o que inclui creches.

Divinópolis - MG conta com uma lei bem simples e genérica sobre o


direito ao aleitamento em locais públicos ou privados. Embora não
disponha sobre creches, essa lei pode ser usada para garantir esse
direito, uma vez que garante o acesso ao aleitamento em “ambientes
de uso coletivo, sejam eles públicos ou privados” - o que inclui
creches.
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