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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente


Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
UESC

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA: ESTUDO DOS


ÍNDICES DE RADIAÇÃO, CONHECIMENTO E
PRÁTICA DE PREVENÇÃO A EXPOSIÇÃO NA
REGIÃO ILHÉUS/ITABUNA-BAHIA

JOÃO CORREIA DOS SANTOS

ILHÉUS, BAHIA
2010
II

JOÃO CORREIA DOS SANTOS

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA: ESTUDO DOS ÍNDICES DE


RADIAÇÃO, CONHECIMENTO E PRÁTICA DE PREVENÇÃO
A EXPOSIÇÃO NA REGIÃO ILHÉUS/ITABUNA-BAHIA

Dissertação apresentada ao Programa


Regional de Pós-graduação em
Desenvolvimento Regional e Meio
Ambiente, Subprograma Universidade
Estadual de Santa Cruz, como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Mestre em Desenvolvimento Regional e
Meio Ambiente.
.

Orientador: Profº. Dr. Fermin Garcia


Velasco

Co-orientadora: Profª. Drª Adélia Pinheiro

ILHÉUS, BAHIA
2010
III

S237 Santos, João Correia dos.


Radiação ultravioleta : estudo dos índices de radiação
conhecimento e prática de prevenção a exposição na
região Ilhéus/Itabuna-Bahia / João Correia dos Santos. –
Ilhéus, BA : UESC, 2010.
xix, 141f. : il. ; anexos.

Orientador : Fermin Garcia Velasco.


Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de
Santa Cruz. Programa Regional de Pós-graduação em
Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Inclui bibliografia e apêndices.

1. Radiação solar. 2. Radiação ultravioleta – Efeito


fisiológico. 3. Pele – Câncer. 4. Poluição – Aspectos am-
bientais. I. Título.

CDD 551. 52
IV

JOÃO CORREIA DOS SANTOS

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA: ESTUDO DOS ÍNDICES DE


RADIAÇÃO, CONHECIMENTO E PRÁTICA DE PREVENÇÃO
A EXPOSIÇÃO NA REGIÃO ILHÉUS/ITABUNA-BAHIA

Ilhéus-BA, 26/04/2010.

Fermin Garcia Velasco - PhD


UESC
(Orientador)

Marcilio Marques – PhD


UESC
(Examinador Interno)

Airton Deppman – PhD


IF/USP
(Examinador Externo)
V

DEDICATÓRIA

A Patrícia Oliveira, minha amada esposa, pelo seu amor, confiança, cuidado e

incentivo na realização deste mestrado.

Aos meus filhos Luísa e João Pedro, pelo estimulo em viver este grande

desafio.
VI

AGRADECIMENTOS

“Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por

amor da tua benignidade e da tua verdade”. Salmo 115:1

A Deus, por me fazer andar além das minhas possibilidades.

Ao meu orientador, Profº Dr. Fermin Garcia Velasco, por acreditar na

realização deste trabalho dispensando o seu tempo com orientação precisa e

competente, imprescindíveis para a minha formação científica.

A Profª Drª Adélia Pinheiro pela participação na orientação desta pesquisa.

Ao Profº Dr. Anderson Mol e Profª Agnes Fausto - mais do que professores,

são amigos dedicados, incentivadores, sem os quais não teria conseguido projetar

este trabalho.

A Profª Drª Andreia Morégula pelo planejamento desta linha de pesquisa

radiação ultravioleta inédita no sul da Bahia.

Aos professores Drª Emico Okuno (Instituto de Física-USP) e Dr. Marcelo

Corrêa (Universidade de Itajubá-MG) pela parceria e incentivo neste estudo.

Ao colega e amigo Dr. João Antonio de Carvalho pelo incentivo, apoio,

confiança e por sempre acreditar no potencial científico como norteador da conduta

profissional adequada.
VII

Aos meus colegas de profissão da cidade de Itabuna os doutores Rolemberg

Monteiro da Silva, Marcilio Ferreira Marques Filho e Lincoln Warley, que gentilmente

abriram as portas dos seus ambulatórios e possibilitaram a realização da pesquisa.

As instituições de saúde e seus funcionários do Hospital de Base de Itabuna e

Santa Casa de Misericórdia de Itabuna pelo gentil acesso as suas dependências.

Aos médicos residentes do HBLEM, alunos de Medicina e do Núcleo de

Física Médica da UESC, que com muita dedicação participaram colaborando para a

concretização desta pesquisa.

A Thais Ladeia (Clinica Interface&Urologia) pela presteza em ajudar na coleta

dos dados desta pesquisa.

Aos meus colegas de mestrado, Alberto, Anderson, Emanuel, Suzart,

Inatiane, Fabiana, Gilson, Karla, Geovânia, Jaques, Rodrigo, Joel, Hüryck, e Tiago

por enriquecerem a minha vida com suas experiências e por hoje serem meus

amigos.

Aos professores do mestrado de Desenvolvimento Regional e Meio ambiente

da UESC pela dedicação em nos orientar.


VIII

RESUMO
IX

RESUMO
As mudanças atuais, na composição da atmosfera, principalmente a redução do ozônio,
ocasionaram o surgimento de inquietações e preocupações na comunidade científica, em
relação ao aumento da intensidade da radiação ultravioleta (RUV) solar na superfície
terrestre. O efeito acumulativo da radiação durante a vida provoca reações tardias, como
o envelhecimento cutâneo e alterações celulares que, através de mutações genéticas,
predispõem ao câncer de pele. O câncer de pele é a neoplasia maligna mais freqüente
em populações de todo o mundo e, poderia ser evitado se medidas de prevenção fossem
aplicadas em tempo oportuno. O presente trabalho objetiva conhecer a distribuição anual
da intensidade de radiação ultravioleta no eixo Ilhéus-Itabuna e estudar o comportamento
e práticas de prevenção que influenciam o surgimento de câncer de pele na população
da cidade de Itabuna-Bahia. A metodologia deste trabalho pautou-se em estudar a
variação anual da radiação ultravioleta no eixo e Ilhéus-Itabuna e na análise individual
dos sujeitos potencialmente vulneráveis ao desenvolvimento do câncer cutâneo, através
de aplicação de questionários aliados ao diagnóstico de novos casos de câncer de pele.
Os resultados revelam índices de RUV no eixo Ilhéus-Itabuna, com máximo do valor
médio entre as 14:00 e 16:00h, e anualmente, estão acima do limite de maior risco
(IUV=6) nessas duas localidades, sendo o horário de segurança geral (com IUV <6),
antes das 12:00h e depois das 18:00h. Em relação à epidemiologia do câncer, o
carcinoma basocelular teve maior prevalência (58,7%), seguido do carcinoma
espinocelular com 32,6% e do Melanoma maligno (4,3%), sendo a cabeça, o local
anatômico de maior ocorrência (69,6%) dos casos estudados. No estudo do
comportamento e hábitos da população de Itabuna em relação à exposição à radiação
solar, verificou-se que, uma parcela significativa, aproximadamente em torno de 30%,
realiza atividades ao ar livre, sem utilizar medidas de proteção para essa exposição. Nas
faixas etárias correspondentes à infância e adolescência, 51,4% dos entrevistados
informaram que se expunham à radiação solar de forma prolongada e freqüente, sem
usar barreiras físico-químicas como forma de proteção contra a RUV. Cerca de 40% dos
entrevistados não usa filtro solar. Detectou-se que, dentre os fatores que influenciam o
uso incorreto da foto-proteção estão a falta de informação e o preço muito elevado do
filtro solar, devido ao perfil econômico e educacional dos entrevistados - revelando que
60% recebem até 2 salários mínimos como renda familiar - e ao baixo nível de
escolaridade que gera uma desinformação.
PALAVRAS - CHAVE: Radiação solar, Ultravioleta, Câncer de pele, Poluição ambiental.
X

ABSTRACT
XI

ABSTRACT

The current change in the atmosphere, specially the ozone reduction, brought to the
scientific community worries concerning the increase of the ultraviolet radiation
intensity on the Earth’s surface. The cumulative effect of the radiation during life
causes delayed reactions, such as the skin’s aging and cell changes that, through
genetic mutations, predispose to the skin cancer. The skin cancer is the most
common malignant neoplasm for the populations around the world and it could be
avoided if some prevention measures were taken. This present work objectives the
knowledge of the annual distribution of the ultraviolet radiation’s intensity in the
Ilhéus-Itabuna region in Bahia, as well as the study of the prevention’s behavior and
practice that influence the skin cancer’s emergence on the population of Itabuna-BA.
This work’s methodology was based on the study of the annual variation of the
ultraviolet radiation in the region, as well as the individual analysis of the potentially
vulnerable subjects to the skin cancer’s development, through the questionnaires’
application along with the new cases of skin cancer diagnostic. The results show
ultraviolet radiation levels with the maximum average between 2 pm and 4 pm above
the limit of highest risk (IUV=6) all year long in our region, the time for the general
security (with IUV<6), before noon and after 6 pm. For the cancer’s epidemiology the
Carcinoma basal cell had the highest prevalence (58,7%), followed by the Carcinoma
spinocell with 32,6% and by the malignant Melanoma (4,3%), in which the head is
the anatomic place of higher occurrence (69,6%) among the studied cases. In the
study of behavior and habits for Itabuna’s population about the exposition to the solar
radiation, a significant portion performs outside activities, approximately 30%, without
necessarily using the prevention cautions to the exposition. 51,4% of the interviewed
informed that they exposed themselves to the solar radiation for a long and frequent
time, during the childhood and teenage, without using physiochemical barriers as a
way of protection against the ultraviolet radiation. About 40% of the population
doesn’t wear the sun block, the causes to the nonuse of the photoprotection are the
lack of information and the high price of the product, due to the economic and
educational profile of the interviewed, in which 60% gain 2 minimum salaries as a
family income and have low sholarity.
KEY WORDS: Solar radiation, ultraviolet, skin cancer, environment pollution.
XII

LISTA DE FIGURAS

1. Carcinoma Espinocelular com lesão nodular e infiltrativa com área


ulcerada............................................................................................ 08
2. Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100
mil homens e mulheres, estimadas para o ano de 2008, segundo
a Unidade da Federação (câncer de pele não melanoma).............. 08
3. Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100
mil homens e mulheres, estimadas para o ano de 2008, segundo
a Unidade da Federação (Melanoma maligno da pele)................... 09
4. Índice Ultravioleta em Ilhéus (10/02/2006)........................................ 20
5. Índice Ultravioleta em Itabuna (11/02/2006)..................................... 20
6. Recomendações da OMS em relação à exposição ao sol .............. 21
7. Constante solar................................................................................ 22
8. O espectro eletromagnético da luz.................................................. 24
9. Espectro de ação eritêmica proposto por McKinlay e Diffey............. 27
10. Estrutura vertical da atmosfera terrestre........................................... 31
11. Variação da concentração de ozônio de acordo com a altitude....... 35
12. Estrutura da pele humana................................................................ 39
13. Efeitos fotobiológicos da UV............................................................. 42
14. Penetração UV na pele humana....................................................... 44
15. Mecanismo de ação dos Genes Supressores e Promotores de
Tumor............................................................................................... 46
16. Carcinoma Basocelular .................................................................... 48
17. Carcinoma Espinocelular.................................................................. 49
18. Melanoma Maligno.......................................................................... 49
19. Classificação do Índice UV e ação protetora requerida para
exposição ao sol.............................................................................. 52
20. Barreiras físicas de proteção contra a radiação ultravioleta............. 54
21. Proteção química e física contra a radiação solar............................ 56
22. Mapa região Ilhéus –Itabuna............................................................ 60
23. Mapa do município de Itabuna-Bahia .............................................. 60
24. Biômetro Solar Light........................................................................ 62
XIII

25. Torre da UESC.................................................................................. 62


26. Valores Médios mensais dos índices de UV por intervalo de horas
do dia............................................................................................... 68
27. Medidas de Índices de UV que comparam em cada mês o dia de
máximos índices com o dia de índices mínimos.............................. 70
28. Razão solsticial verão/inverno da dose de radiação em função da
latitude geográfica para as estações de observações de Natal,
Campo Grande, Cachoeira Paulista, Porto Alegre e Natal............... 71
29. Razão solsticial verão/inverno da dose de radiação em função da
atitude eográfica para estações de observações em Ilhéus, Natal,
Campo rande (MS), Cachoeira Paulista, Porto Alegre e La Paz ..... 72
30. Média solsticial de verão da radiação UV – Eritema em função da
latitude geográfica para estações de observações em Ilhéus,
Natal, Campo Grande (MS), Cachoeira Paulista, Porto Alegre e La
Paz.................................................................................................... 74
31. Curvas suavizadas de 30 pontos para os valores médios diários
do Índice UV para as estações de observações em llhéus, Natal,
Campo Grande e La Paz.............................................................. 75
32. População e etnias dos estados de São Paulo e Bahia................ 79
33. Características físicas dos entrevistados ...................................... 79
34. Características físicas dos entrevistados no município de
Presidente Prudente-SP................................................................... 80
35. Sensibilidade do tipo de pele a exposição à RUV............................ 81
36. Exposição solar na infância.............................................................. 82
37. Características físicas dos entrevistados no município de
Presidente Prudente-SP.................................................................. 103
38. Tipos de lesões de pele Assimetria, Bordas, Cor e Dimensão......... 104
39. : Fatores inter-relacionados com câncer de pele............................. 112
XIV

LISTA DE TABELAS

1. Estimativas, para o ano 2008, de número de casos novos por


câncer, em homens e mulheres, segundo localização................... 07
2. Composição média do ar nos níveis inferiores da atmosfera......... 29
3. Funções da pele.............................................................................. 38
4. Tipos de pele.................................................................................. 44
5. Foto tipos cutâneos e sensibilidade à radiação UV–B.................... 45
6. . Fator de proteção solar indicado para os diferentes tipos de
pele.................................................................................................. 57
7. Perfil dos entrevistados.................................................................. 78
8. Tempo médio de exposição à radiação solar diariamente.............. 84
9. Relato de queimadura pelo sol e cor da pele.................................. 94
10. Tipo de profissão e uso de protetor solar........................................ 90
11. Tipo de profissão e escolaridade.................................................... 100
12. Queimadura solar e câncer de pele.................................................
107
XV

LISTA DE GRÁFICOS

1. Gênero dos entrevistados........................................................ 76


2. Idade dos entrevistados.......................................................... 76
3. Nível de escolaridade dos entrevistados................................. 77
4. Atividade dos entrevistados segundo exposição ao sol ......... 77
5. Horário do dia da exposição solar............................................ 84
6. Freqüência de queimadura solar ao longo da vida.................. 85
7. Uso do protetor solar em forma de creme............................... 86
8. Fator de proteção utilizado para proteção............................... 87
9. Motivo pelo qual não usa filtro solar......................................... 88
10. Fatores que influenciam a escolha do protetor solar............... 88
11. Uso de outro tipo de proteção em dias ensolarados................ 89
12. Conhecimento do índice de RUV............................................. 90
13. Uso de protetor solar e nível de escolaridade.......................... 92
14. Nível de escolaridade e conhecimento IUV............................. 92
15. Cor da pele e uso de protetor solar......................................... 95
16. Relato de queimadura pelo sol e uso de protetor solar........... 96
17. Gênero e uso de protetor solar................................................ 96
18. Renda salarial média e uso de protetor solar.......................... 97
19. Renda salarial média e conhecimento do IUV......................... 98
20. Tipo de profissão e uso de protetor......................................... 98
21. Tipo de profissão e conhecimento do IUV............................... 99
22. Tipo de profissão e nível de escolaridade............................... 100
23. Casos novos de câncer de pele .............................................. 101
24. Casos novos de câncer de pele, de acordo com a sua 101
tipologia, registrados na região Oeste do Estado de São
Paulo........................................................................................ 101
25. Freqüência do câncer de pele em relação ao sexo.................
26. Freqüência do câncer de pele em relação à faixa etária......... 102
27. Localização Primária das Lesões............................................ 103
28. Nível de escolaridade nos paciente com câncer de pele. 105
29. Renda familiar e câncer de pele.............................................. 105
30. Uso de EPI´s........................................................................... 106
31. Exposição ao Sol no Trabalho................................................ 106
32. Conhecimento do IVU nos paciente com câncer de pele........ 107
33. Exposição Solar na Infância.................................................... 108
XVI

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AIPC Agência Internacional de Pesquisa do Câncer

BFC Bromofluorocarbono
CBC Carcinoma Basocelular
CEC Carcinoma Espinocelular
CFC Clorofluorocarbono
CIE Commission on Ilumination
CODEBA Companhia de Docas do Estado da Bahia

CPNM Câncer de Pele Não-Melanoma

DATASUS Banco de Dados do Sistema Único de Saúde

DEM Dose Eritematosa Mínima


DNA Ácido Desoxirribonucléico

EPA Environmental Protection Agency

FPS Fator de Proteção Solar


FPU Fator de Proteção Ultravioleta

HCFC Hidroclorofluorcarbono

HBLEM Hospital de Base Luis Eduardo Magalhães

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICNIRP International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection


INCA Instituto Nacional do Câncer

INIRC International Non-Ionizing Radiation Committee

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change


IRPA International Radiation Protection Association

LAPC Laboratório de Anatomia Patológica e Citopatologia

MM Melanoma Maligno

NASA National Aeronautics and Space Administration


OMM Organização Meteorológica Mundial

OMS Organização Mundial de Saúde


XVII

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente


RCBP Registro de Câncer de Base Populacional

RUV Radiação Ultravioleta

SBD Sociedade Brasileira de Dermatologia

SCMI Santa Casa de Misericórdia de Itabuna

TOMS Total Ozone Mapping Spectrometer


UD Unidades de Dobson

UESC Universidade Estadual de Santa Cruz

UVGAME UV Global Atmospheric Model


XVIII

SUMÁRIO
XIX

SUMÁRIO

Resumo.......................................................................................................................... VIII
Abstract X
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 01
1.1 Problema da pesquisa........................................................................................... 02
2. OBJETIVOS.................................................................................................................... 12
2.1 Geral....................................................................................................................... 12
2.2 Específicos............................................................................................................ 12
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................... 14
3.1 Radiação ultravioleta solar, comportamento, hábitos de exposição ao sol e o
câncer de pele................................................................................................................ 14
3.2 Aspectos fundamentais da radiação ultravioleta solar............................................. 22
3.2.1 A origem da radiação solar.................................................................................... 22
3.2.2 O espectro eletromagnético................................................................................... 23
3.2.3 Radiação Ultravioleta Solar................................................................................... 25
3.2.4 Radiação Ultravioleta Solar e a Atmosfera Terrestre............................................ 27
3.2.4.1 Estrutura vertical da atmosfera........................................................................... 30
3.2.5 Fatores Atenuantes da Radiação Ultravioleta Solar.............................................. 32
3.2.6 A “Camada” de Ozônio.......................................................................................... 34
3.3. Radiações Ultravioleta e sua Carcinogênese na Pele Humana.............................. 38
3.3.1 Anatomia da Pele Humana.................................................................................... 38
3.3.2 Efeitos Biológicos da Radiação Ultravioleta Solar na Pele Humana..................... 41
3.3.3 Carcinogênese da Radiação Ultravioleta Solar na Pele Humana......................... 42
3.3.4 Tipos de Pele......................................................................................................... 44
3.3.5 Efeitos Imediatos na Pele Humana........................................................................ 46
3.3.6 Efeitos Tardios na Pele Humana........................................................................... 47
3.4 Parâmetros para Exposição Solar............................................................................ 50
3.4.1 Histórico das Normas e Recomendações Internacionais...................................... 50
3.4.2 Definição do Índice Ultravioleta............................................................................. 53
3.4.3 Fotoproteção.......................................................................................................... 55
XX

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................... 59
4.1 Definições da Área de Estudo: A Região Ilhéus/Itabuna-Bahia................................ 59
4.2 Tipos de Estudo........................................................................................................ 60
4.3 Aspectos Éticos........................................................................................................ 61
4.4 Amostragem.............................................................................................................. 61
4.5 Materiais e Métodos.................................................................................................. 62
4.5.1 Medidas da Radiação Ultravioleta Solar................................................................ 62
4.5.2 Estudos do Comportamento e Hábitos individuais á Exposição Solar.................. 63
4.5.3 Avaliação Clinica Dermatológica e Biópsia de Pele.............................................. 63
4.5.4 Banco de Dados dos Resultados Anatomopatológicos......................................... 64
4.5.5 Métodos de Análises dos Dados Apurados........................................................... 64

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................................. 67


5.1 Índices da incidência da RUV na região Ilhéus-Itabuna........................................... 67
5.2 Estudos do comportamento e hábitos de exposição à radiação solar dos
indivíduos da cidade de Itabuna-Bahia.......................................................................... 76
5.2.1 Análise da Associação das Variáveis do Grau de Conhecimento e Hábitos de
Exposição á Radiação Solar na População Estudada na Cidade de Itabuna................ 91
5.3 Estudos dos questionários Dermatológicos e Biópsia de pele................................. 91
5.3.1 Epidemiologia do Câncer de Pele na Cidade de Itabuna...................................... 101

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES......................................................................... 110


7. REFERÊNCIAS............................................................................................................... 114
ANEXOS 133
APÊNDICES 140
1

INTRODUÇÃO

1
2

1. INTRODUÇÃO

1.1. Problemas da Pesquisa

Há muito tempo, diversos estudos (FARMAN et al., 1985; SOLOMON et al.,


1986; CLARK,1998; SANT’ANA NETO, 2003)que correlacionam a influência do meio
ambiente sobre o organismo humano tentam compreender o complexo processo da
saúde e doença da população, resultante da ação da sociedade em face da
apropriação da natureza e organização do espaço.
Compreender problemas de saúde simultaneamente a partir de perspectivas
ecológicas e sociais é fundamental para que propostas de desenvolvimento
econômico e tecnológico possam resultar em balanços mais positivos entre os
benefícios e os prejuízos dele decorrentes, seja para a saúde dos trabalhadores, da
população em geral ou dos ecossistemas. Essa visão nos ajuda a pensar de forma
integrada os conceitos de risco e o de desenvolvimento econômico-tecnológico a
partir da dialética entre produção-destruição: ao mesmo tempo em que novos
processos de produção e tecnologias geram riquezas e conforto, novos riscos
ocupacionais e ambientais podem ser incorporados aos territórios e afetar certos
grupos populacionais em distintas escalas espaciais e temporais (PORTO, 2005).
Em todo o mundo, a área da saúde manifesta fenômenos preocupantes. Não
são somente riscos potenciais, mas agravos crescentes à saúde e à integridade
individual ou coletiva, que têm produzido conseqüências destruidoras no conjunto
das populações. Degradação ambiental e agravos à saúde expressam, portanto,
uma crise ecológica stricto sensu. Grande parte desses problemas é conseqüência
direta de ações humanas sobre o meio, incluindo, por exemplo, os riscos de
exploração de novos nichos ecológicos, as progressivas ondas migratórias de
homens e mulheres por todas as partes do mundo, o desenvolvimento industrial
exponencial, a falta de resolução dos problemas da fome e desnutrição, o
crescimento das desigualdades sociais, as condições de vida das populações
urbanas e rurais, as novas tecnologias entre outros (IANNI, 2005).
A situação sócio-econômica mundial e as recentes discussões acerca das
“questões ambientais” estão intimamente associadas. Ela não se resume apenas à
preservação de espécies ou a conservação de ecossistemas, ela permeia toda a

2
3

dinâmica social, pois já não podemos destacar interesses como este das relações
humanas. As áreas urbanas – locais de intensa desigualdade social e ambiental –
sempre foram associadas a espaços não naturais, estranhos e muitas vezes opostas
à natureza, fato que legitimou por muito tempo a prática ambientalista de proteção e
conservação somente nas ditas áreas “naturais”. Os aspectos sociais e todos os
entraves e dilemas urbanos no que diz respeito à saúde parecem não fazer sentido
enquanto políticas públicas (TORRES, 2000).
É preciso pensar nos processos que conduzem a evolução no mundo da vida,
observando-os como um processo da dinâmica do sistema industrial em
transformação, pois já não é mais apenas sobre a questão dos recursos naturais
que se trata. É necessário repensar os paradigmas da sociedade e rever conceitos e
utopias (HABERMAS, 1987). É um novo momento onde:

A expansão da pobreza no mundo e a demanda urgente por


justiça global estão auto - evidentemente vinculadas a dilemas
ecológicos. De modo que, visto de uma maneira adequada, a
crise ecológica coloca estes problemas em primeiro plano.
Enfim, o que era – ou parecia ser – externo a vida social
humana torna-se o resultado dos processos sociais (...), e
embora a ecologia pareça dizer respeito totalmente à natureza,
no fim, a natureza tem muito pouco a ver com isso (BECK,
GIDDENS & LASH, 1997).

Para entender as relações entre a dinâmica demográfica e a mudança


ambiental considerando que a problemática ambiental se insere principalmente na
esfera cultural e pouco menos do que se imagina na esfera da natureza é
necessário que se utilizem aportes analíticos que permitam a inclusão dos aspectos
espaciais, sócio-demográficos e, sobretudo, das transformações sociais
contemporâneas. Assim, entende-se que algumas abordagens como
vulnerabilidade, “sociedade de risco” e riscos sociais possam fazer parte deste
cenário. Ou seja, o meio ambiente não diz respeito somente ao verde - oposto ao
social/cultural, nesta perspectiva o ambiente pode e deve ser entendido como
aspecto social indissociável das transformações da sociedade contemporânea e da
chamada globalização.

3
4

Diante desta perspectiva entende-se que a vulnerabilidade representa a


interface entre a exposição a ameaças físicas ao bem-estar humano e a capacidade
das pessoas e comunidades de lidar com tais desafios. As ameaças podem surgir
de uma combinação de processos sociais e físicos. A vulnerabilidade humana,
então, integra várias questões ambientais. Como todos, de algum modo são
vulneráveis às ameaças ambientais, a questão atinge ricos e pobres, urbanos e
rurais, do Hemisfério Norte e do Hemisfério Sul e pode comprometer todo o
desenvolvimento sustentável dos países em desenvolvimento.
Reduzir a vulnerabilidade significa identificar pontos de intervenção na cadeia
causal entre o surgimento de um risco e as conseqüências para as populações
humanas (CLARK, 1988). Muitos fenômenos naturais representam ameaças,
incluindo eventos extremos como inundações, secas, incêndios, tempestades,
maremotos, avalanches, erupções vulcânicas, terremotos e ataques por enxame de
insetos.
As atividades humanas têm contribuído para essa lista com ameaças de
explosões, contaminações químicas e radioativas e outros incidentes tecnológicos.
O risco se encontra na probabilidade de exposição a qualquer desses eventos, que
podem ocorrer com uma gravidade que varia segundo diferentes escalas
geográficas, repentina e inesperadamente ou gradual e previsivelmente, e segundo
o grau de exposição. Com uma crescente e mais ampla distribuição da população
global, entretanto, os desastres naturais estão resultando em aumento nos danos,
perdas de vidas e deslocamentos e concentrações de populações.
Portanto, o meio ambiente está em constante alteração, na maioria das
vezes, devido a causas naturais e a modificações humanas destinadas à produção
de alimentos, à criação de assentamentos e infra-estrutura e à produção e
comercialização de produtos. Além disso, as mudanças no meio ambiente
provocadas pela ação antrópica reduziram sua capacidade de absorver os impactos
das alterações e de produzir os bens e serviços para satisfazer as necessidades
humanas. A maior parte das mudanças intencionais tem como objetivo utilizar o
meio ambiente para o benefício humano. O cultivo da terra para produção intensiva
de alimentos é um exemplo; a utilização de recursos de rios para prover água,
energia e transporte constitui outro.

4
5

Tais mudanças podem também alterar, involuntariamente, a qualidade ou a


quantidade dos recursos ambientais, situações com as quais pode ser difícil de lidar.
Algumas pessoas vivem em locais de risco inerente para o ser humano –
áreas, por exemplo, que são muito quentes, muito secas ou muito suscetíveis a
acidentes naturais. Outras correm risco porque uma ameaça existente se tornou
mais intensa ou duradoura com o tempo. Por exemplo, o aumento do índice de
radiação ultravioleta (RUV) devido à diminuição da camada de ozônio, conseqüência
da industrialização, queima de combustíveis fósseis e eliminação no ar de partículas
poluentes, como o Clorofluorcarbono (CFC) desestabilizando a proteção da camada
de ozônio, aumentando a incidência do câncer de pele, devido ao efeito cumulativo
nas células da pele do indivíduo. Locais e condições que antes eram seguros foram
tão alterados que não mais salvaguardam adequadamente a saúde e o bem-estar
humanos.
É nessa nova visão totalizadora, com um caráter interdisciplinar, fruto das
indagações sobre as práticas e hábitos sociais, concretizadas nos diferentes usos do
espaço e determinação da vulnerabilidade sócio-ambiental, que se insere este
trabalho.
As significativas mudanças na composição química da atmosfera terrestre são
um fato incontestável e o homem moderno, “enquanto ser social e inserido numa
sociedade de classes” (SANT’ANA NETO, 2003), tem contribuído em muito para
essas transformações, através do desmatamento de imensas áreas para fins
agrícolas e pastoris, queima de combustíveis fósseis e uso indiscriminado de gases
sintéticos, como os CFCs.
A ação antropogênica resulta na aceleração e/ou exacerbação de diversos
processos, como: efeito estufa, ilhas de calor, chuva ácida, alteração no ciclo
hidrológico e redução significativa do conteúdo total de ozônio estratosférico,
componente responsável pela absorção da RUV (FARMAN et al., 1985; SOLOMON
et al., 1986).
A RUV, enquanto elemento ambiental é influenciado por diversos fatores de
ordem geográfica, astronômica e atmosférica (VANICEK, 2000).

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6

O comprimento de onda compreendido na faixa espectral ultravioleta é


extremamente danoso à saúde humana quando a exposição à RUV excede os
limites de segurança do organismo. A pele, os olhos e o sistema imunológico são os
órgãos mais lesados (DIFFEY, 1991).
Diversos estudos epidemiológicos apontam a ação cumulativa da RUV como
principal agente etiológico do câncer cutâneo, especialmente se a exposição
excessiva à radiação solar ocorrer durante a infância e a adolescência (DIFFEY,
1991; ARMSTRONG; KRICKER, 1995; WHO, 2002).
A incidência do câncer de pele vem crescendo mundialmente, nas últimas
décadas, superando até mesmo o câncer de mama, próstata e pulmão, tornando-se
um grave problema de saúde pública, uma vez que interfere na qualidade de vida da
população (WHO, 2002; IARC, 2006).
Dessa forma, pode-se afirmar que o câncer é uma doença relativamente
comum no mundo, configurando-se como um grande problema de saúde pública,
tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. Nos países
desenvolvidos, atualmente e em média, cerca de uma pessoa em cinco morre de
câncer. Esta proporção nos países em desenvolvimento é de uma morte para cada
15 indivíduos, porém deve-se considerar a estrutura etária mais jovem das
populações destes países. Como decorrência da constante queda da mortalidade
por doenças cardiovasculares observada em diferentes partes do mundo, desde os
anos 60, o câncer já assumiu em alguns países o papel de principal causa de morte
na população (ASC, 2003).
Além da exposição inadvertida à RUV, decorrente da mudança de hábitos da
população, o aumento da expectativa de vida e melhoria no atendimento e
diagnóstico precoce dessa enfermidade são fatores que também justificam a
tendência de aumento do câncer cutâneo (JUCHEM et al.,2002; CORRÊA, 2003,
SEGALLA, 2004; OKUNO; VILELA, 2005).
O melanoma é menos freqüente do que os outros tumores de pele
conhecidos também por não melanoma (basocelulares e de células escamosas), no
entanto, sua letalidade é mais elevada.

6
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A Organização Mundial de Saúde – World Health Organization (WHO, 2002) –


estima que, anualmente, ocorram cerca de 132 mil casos novos de melanoma no
mundo, e, no que se refere à prevalência, seja cerca de 2,5%, observando um
expressivo crescimento na incidência desse tumor em populações de cor de pele
branca.
De acordo com as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2008),
no Brasil o câncer de pele ocupa o primeiro lugar no ranking de incidência dentre
todos os tipos de cânceres para ambos os sexos e apresenta tendência de aumento
no número de casos novos, em todo o território nacional (Tabela 1).

Tabela 1. Estimativas, para o ano 2008, de número de casos novos por câncer, em
homens e mulheres, segundo localização:
Localização Primária Estimativa de casos novos
Neoplasia Maligna Masculino Feminino Total
Próstata 49.530 - 49.530
Mama Feminina - 49.400 49.400
Cólon e Reto 12.490 14.500 26.990
Estômago 14.080 7.720 21.800
Colo do útero - 18680 18680
Cavidade oral 10.380 3.780 14.160
Esôfago 7.900 2.650 10.550
Leucemias 5.220 4.320 9.540
Traquéia, Brônquio e Pulmão 17.810 9.600 27.270
Pele Melanoma 2.950 2.970 5.920
Outras localizações 55.610 62.270 117.880
Subtotal 175.970 175.750 351.720
Pele não Melanoma 55.890 59.120 115.010
Total das Neoplasias 231.860 234.870 466.730

Fonte: Instituto Nacional de Câncer

Sua letalidade é considerada baixa, porém, em alguns casos em que há demora no


diagnóstico, esse câncer pode levar a ulcerações e deformidades físicas graves
(Figura 1).

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A B

Figura 01 - Carcinoma Espinocelular (A) lesão nodular e (B) infiltração com área
ulcerada
Fonte: SAMPAIO; REVITTI, 2001.

O número de casos novos de câncer de pele não melanoma estimados para o


Brasil, no ano de 2008, é de 55.890 entre homens e de 59.120 nas mulheres. Esses
valores correspondem a um risco estimado de 59 casos novos a cada 100 mil
homens e de 61 para cada 100 mil mulheres (Figura 2).
O câncer de pele não melanoma é o mais incidente em homens na maioria das
regiões do Brasil, com um risco estimado de 82/100.000 na região Sul, 68/100.000
na região Sudeste, 47/100.000 na região Nordeste e 27/100.000 na região Norte;
enquanto, na região Centro-Oeste (45/100.000), é o segundo mais freqüente. Nas
mulheres, é o mais freqüente nas regiões Sul (82/100.000), Centro-Oeste
(64/100.000), Nordeste (53/100.000) e Norte (28/100.000); enquanto, na região
Sudeste (64/100.000), é o segundo mais freqüente.

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Figura 2. Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100 mil homens
e mulheres, estimadas para o ano de 2008, segundo a Unidade da Federação
(câncer de pele não melanoma).
Fonte: Instituto Nacional de Câncer, 2008.

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Quanto ao melanoma, sua letalidade é elevada, porém sua incidência é

baixa (2.950 casos novos, em homens, e 2.970 casos novos, em mulheres). As

maiores taxas estimadas em homens e mulheres encontram-se na região Sul

(Figura 3).

Figura 3. Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100 mil homens
e mulheres, estimadas para o ano de 2008, segundo a Unidade da Federação
(Melanoma maligno da pele).
Fonte: Instituto Nacional de Câncer, 2008.

Para estimar o número de novos casos de câncer esperados para todas as


Unidades da Federação (UF) e respectivas Capitais, no ano de 2008, o INCA utilizou
o método proposto por BLACK e colaboradores (1997). Esse método permite obter a
taxa de incidência de câncer para uma determinada região, multiplicando-se a taxa
observada de mortalidade da região pela razão entre os valores de incidência e
mortalidade da localidade em que haja Registros de Câncer de Base Populacional
(RCBP). Para a presente análise, a razão incidência/mortalidade (I/M) foi obtida
dividindo-se o total de casos novos pela soma dos óbitos fornecidos pelo Sistema de
Informação sobre Mortalidade (SIM), ambos referentes ao período compreendido
entre 1998 e 2002 (anos de maior concentração de informações dos RCBP) (INCA
2008).

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A base de dados utilizada para mortalidade, embora de crescente qualidade,


apresenta uma defasagem de, aproximadamente, dois anos; portanto, o efeito de
uma mudança aguda no quadro da mortalidade no período entre 2005 e 2008 não
será captado pelas projeções atuais. A base de dados de incidência obedece à
estrutura e a dinâmica de cada um dos RCBP divulgados pelo INCA.

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Atualmente, o período de informações disponível varia desde 1985 até 2003.


A qualidade das informações difere de registro para registro e também varia de ano
para ano, uma vez que os RCBP modificam sua série de casos, seja melhorando a
qualidade das informações, seja ampliando a sua base de dados.
Embora haja limitações, acredita-se que as estimativas sejam capazes de
descrever padrões atuais de incidência de câncer, possibilitando o dimensionamento
da magnitude e do impacto dessa doença no Brasil, inclusive o câncer de pele.
De modo geral, os registros de câncer de pele, como DATASUS e RCBP,
apresentados pelos órgãos governamentais, não evidenciam a realidade atual. O
próprio INCA, responsável pela realização de estatísticas de incidência de câncer,
no país, afirma existir um sub-registro, devido às inúmeras falhas existentes nos
cadastros dos pacientes e até mesmo em decorrência da não notificação dos casos
novos diagnosticados.
A falta de integração entre os setores de saúde público e privado, de unificar
os bancos de dados existentes e até mesmo na viabilização de mecanismos que
propiciem a operacionalidade das notificações e coleta dos registros de câncer
cutâneo, tem gerado lacunas que refletem, hoje, na quase inexistência de
campanhas de prevenção e detecção do câncer de pele, no País. Somando-se a
isso, temos a desinformação da população em geral, que desconhece os sinais do
câncer cutâneo e os agentes responsáveis para o seu desenvolvimento, vindo a
procurar os serviços de saúde quando a doença se encontra em um estadiamento
mais avançado.
O prognóstico do melanoma de pele pode ser considerado bom, se
detectado nos estágios iniciais. Nos últimos anos, houve uma grande melhora na
sobrevida dos pacientes com esse tipo de câncer, principalmente devido à detecção
precoce do mesmo. Nos países desenvolvidos, a sobrevida média estimada em
cinco anos é de 73%, enquanto, nos países em desenvolvimento, a sobrevida média
é de 56%. A média mundial estimada é de 69% (ACS, 2005).
A maioria dos cânceres de pele é devido à exposição excessiva ao sol. A
Sociedade Americana de Câncer (ACS) estimou que, em 2007, mais de um milhão
de casos de basocelulares e células escamosas e cerca de 60 mil casos de
melanoma estariam associados à radiação UV (ultravioleta).

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Em geral, para o melanoma, um maior risco inclui história pessoal ou familiar


de melanoma. Outros fatores de risco para todos os tipos de câncer de pele incluem
sensibilidade da pele ao sol, história de exposição solar excessiva, doenças
imunossupressoras e exposição ocupacional.
A prevenção do câncer de pele, extensiva aos melanomas, inclui ações de
prevenção primária por meio de proteção contra luz solar, as quais são efetivas e de
baixo custo. O auto-exame também contribui para o diagnóstico precoce. Se a
pessoa notar o surgimento de manchas/sinais novos ou a mudança em alguns, deve
procurar o dermatologista.
A educação em saúde, tanto para profissionais quanto para a população em
geral, no sentido de alertar para a possibilidade de desenvolvimento de câncer de
pele e de possibilitar o reconhecimento de alterações precoces sugestivas de
malignidade, é outra estratégia internacionalmente aceita.
A falta de informação e de hábitos de prevenção é apontada como o
principal responsável pelo crescente aumento de casos. Muitos desses tumores
poderiam ser evitados se medidas de prevenção fossem aplicadas a tempo. Quando
detectado precocemente este tipo de câncer apresenta altos percentuais de cura.
A preocupação em realizar esse estudo em dois municípios baianos de
significativa relevância, deve-se ao fato de que o Estado da Bahia é sempre
referenciado por sua importância cultural e turística. Por esta razão, se destaca
como um dos destinos preferidos de visitantes brasileiros e estrangeiros para
desfrutar do litoral, consolidando-se como um dos principais pólos de entretenimento
do Brasil (SCTBA, 2008). Dentre os destinos prediletos no território baiano, à cidade
de Ilhéus (15,0°S; 39,0°O; ao nível do mar) ocupa a terceira posição, ficando atrás
apenas de Salvador e Porto Seguro. Diferentemente de Ilhéus, a cerca de 30 km de
distância, a cidade de Itabuna (14,8°S; 39,3°O; 54 m) se destaca como um
importante pólo comercial e industrial da região a margem da BR-101, com seus
pouco mais de 210.604 habitantes (IBGE, 2007) quase que totalmente vivendo na
área urbana.

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Devido à posição geográfica, é esperado que em ambas as cidades sejam


registradas fortes fluxos de RUV em, praticamente, qualquer época do ano. Como
pesquisas desta natureza nunca foram efetuadas na região Ilhéus-Itabuna,
desenvolveu-se um projeto de pesquisa para monitoramento e estudo da radiação
UV nessa região com a parceria com pesquisadores do Instituto de Física da
Universidade de São Paulo e da Universidade Federal de Itajubá, uma vez que o
excesso de exposição ao sol pode resultar em diversos efeitos nocivos à saúde e
conseqüentemente na economia local.

2. OBJETIVOS

2.1: Geral
• Estudar a variação anual dos índices de radiação UV no eixo Ilhéus-Itabuna, o
grau de informação, atos de prevenção à exposição ao sol e a freqüência de
câncer de pele na população atendida em serviço de Dermatologia na cidade
de Itabuna-Bahia
2.2: Específicos
• Realizar medida da intensidade anual de Radiação Ultravioleta na região
Ilhéus-Itabuna.
• Estudar e descrever:
 O grau de informação e os hábitos de prevenção a exposição ao sol que
influenciam o surgimento do câncer de pele;
 O conhecimento que a população alvo tem sobre o índice UV;
 A incidência e os tipos histológicos do câncer de pele;
 Condições socioeconômicas (idade, sexo, grau de instrução, profissão,
local de trabalho e renda familiar)
 Os principais riscos da exposição à radiação solar relacionados com
câncer de pele.

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15
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Radiação ultravioleta solar, comportamento, hábitos de exposição ao sol e


o câncer de pele

Observações realizadas nas últimas duas décadas, sobre a tendência global


de redução do ozônio atmosférico e o fenômeno do buraco de ozônio (O3) antártico
(FARMAN et al., 1985; SOLOMON et al., 1986) surgiu uma preocupação na
comunidade científica quanto à possibilidade de haver um aumento na intensidade
da RUV solar na superfície terrestre. Conseqüentemente o interesse por medidas de
RUV solar vem crescendo e muitas observações têm sido feitas às comunidades
possivelmente mais afetadas (KIRCHHOFF et al., 1997a, 1997b).
Kirchhoff et al. (2000) estudaram a variação sazonal da radiação ultravioleta B
(RUV–B), biologicamente ativa, causadora de efeitos danosos à saúde humana.
Para tanto, empregaram dados observacionais obtidos nas estações de Blumenau
(SC), Cachoeira Paulista (SP), Campo Grande (MS), Natal (RN), Porto Alegre (RS) e
Ribeirão Preto (SP), no Brasil, La Paz, na Bolívia, e Punta Arenas, no Chile. Os
resultados alcançados mostraram variações significativas da RUV-B, em virtude da
altitude e latitude geográfica. O Índice ultravioleta (IUV), parâmetro de medida da
RUV, apresentou valores considerados altos em praticamente todas as localidades
estudadas e valores muito altos (IUV>10), particularmente nas regiões de La Paz,
Campo Grande e Natal. Os resultados dessa pesquisa indicam a necessidade de
campanhas de conscientização da população, quanto à exposição inadequada ao
sol e programas de prevenção do câncer de pele.
A análise de dados de satélites e de medidores de superfície mostra uma
tendência de decréscimo do O3 total em nível global. O O3 absorve fortemente na

16
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faixa espectral do UV-B solar e uma redução significativa no O3 total podem


acarretar um aumento apreciável no fluxo UV-B, biologicamente ativa: 280-320 nm,
na superfície terrestre. Ao atingir a pele humana, os raios UV penetram
profundamente e desencadeiam reações imediatas como as queimaduras solares,
as fotos alergias (alergias desencadeadas pela luz solar) e o bronzeamento.

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Provocam também reações tardias, devido ao efeito acumulativo da radiação


durante a vida, causando o envelhecimento cutâneo e alterações celulares que,
através de mutações genéticas, predispõem ao câncer da pele.
Estudos do professor Diffey (2000) do Newcastle General Hospital (EUA)
indicam que a redução dos níveis de ozônio tem como fator imediato o aumento da
RUV–B biologicamente ativa e os efeitos danosos à saúde associados a ela, tais
como: danos na pele, incluindo queimaduras e câncer de pele; anomalias oculares,
incluindo cegueira e catarata; e mudanças no sistema imunológico. Neste estudo
Diffey acrescenta que o padrão de comportamento de exposição solar pode ser igual
ou até mesmo mais importante do que a RUV do ambiente, porque o estilo de vida e
hábitos individuais de exposição ao sol são fatores relevantes para o estudo da
carcinogênese.
O aumento no número de casos novos de câncer de pele, na população
mundial, é um fato incontestável. Conhecer os principais agentes carcinogênicos
envolvidos na gênese dessa enfermidade é tarefa imprescindível para preveni-la e
diagnosticá-la precocemente.
Segundo Vanicek et al. (2000), em um projeto internacional denominado
Cooperation in Science and Technology, ou simplesmente Ação COST-713, que
contou com a participação de treze países europeus – Alemanha, Áustria, Bélgica,
Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Itália, Polônia, Portugal, República
Checa e Suíça – desenvolveram um guia para orientar o público sobre os diversos
aspectos que envolvem a RUV, tais como: intensidade e componentes atenuantes
da RUV, interação saúde humana e RUV, métodos de previsão e disseminação
do Índice UV, bem como sugestões de utilização de medidas adequadas de
proteção ao sol. Para os autores, com a disseminação dessas informações, espera-
se conscientizar a população leiga sobre os efeitos nocivos da RUV à saúde
humana e, conseqüentemente, reduzir as taxas de morbidade e de mortalidade de
doenças relacionadas à exposição ao sol.
Juchem et al. (2001), pesquisadora assistente da West Virginia University
(EUA) contribuiu com uma revisão sobre os efeitos deletérios à saúde humana
decorrentes da exposição intensa e prolongada ao sol, após observar os hábitos e
comportamentos da população á exposição a radiação solar, afirmam que o câncer
de pele e outras doenças relacionadas ao sol poderão ser

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19

facilmente evitadas, através da implementação de mudanças nos hábitos individuais


de exposição ao sol, através do uso de filtros solares, roupas protetoras, chapéus,
entre outras.
Na evolução histórica do uso da radiação ultravioleta (RUV) teve como
primeiro protagonista o médico dinamarquês Niels Ryberg Finsen (1860-1904), ao
usar na foto terapia a radiação ultravioleta que ele chamou de raios químicos, para
tratamento de lúpus vulgaris, que é uma forma de tuberculose de pele, ganhando o
premio Nobel de Medicina em 1903 pela sua contribuição no tratamento de doenças.
Os primeiros cientistas a relatarem que o calor da radiação luz solar tinha a
capacidade de destruir bactérias maléficas aos seres humanos foram Downes &
Blunt em 1877, sendo que mais tarde Duclaux, em 1885, e Ward, em 1892,
demonstraram que a radiação ultravioleta era responsável pela ação bactericida. Em
1926 foi publicado o livro de C. W. Saleeby, “Sunligth and health” com relatos de
tratamento bem sucedidos do uso da luz solar em vários tipos de doenças como
tuberculose, úlcera varicosa e feridas de difícil cura (OKUNO; VILELA, 2005).
Durante toda a década de 1940, o fisiologista H. F. Blum estudou a correlação
entre a exposição à RUV e o câncer de pele. Os resultados da sua pesquisa foram
publicados no ano de 1959, na obra intitulada Carcinogenesis by ultraviolet light.
Para Blum, as radiações ópticas emitidas pelo sol, principalmente a componente
ultravioleta, constituem o principal agente etiológico do câncer cutâneo. Kripke
(1974) documentou que tumores transplantados em ratos desenvolviam se fossem
pré-irradiados com radiação ultravioleta, por debilitar o sistema imunológico
(OKUNO; VILELA, 2005).
Em 1976 no 7º Congresso Internacional de Fotobiologia em Roma
enfatizaram que a exposição à luz solar é danosa a saúde, e ela deve ser evitada,
mesmo que moderada, sugerindo, então, que deveria ser adotada a prática de usar
protetores solares todas as manhãs. Neste mesmo ano foram inicialmente
publicados pela ACGIH (Conferência Americana de Higienistas Industriais
Governamentais), as recomendações sobre o limiar de valores limites ( threshold
limit values) de exposição ocupacional á radiação UV. Tendo em vista a possível
correlação entre melanomas e exposição á RUV em 1979 foi elaborada a norma
para regulamentação do uso de lâmpadas de bronzeamento solar do FDA (Food and
Drug Administration).

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Quinze anos depois a WHO / OMS (Organização Mundial da Saúde) em 1994


junto com a UNEP (Proteção ao Meio Ambiente das Nações Unidas) e com a
ICNIRP (Comissão Internacional de Proteção á Radiação Não-Ionizante) formaram
um grupo de trabalho para rever os efeitos biológicos da radiação ultravioleta, e
publicaram uma revisão científica importante confirmando a existência de efeitos
adversos para a saúde associados à exposição solar. Essa comissão elaborou um
documento conhecido como Environmental Health Criteria Document Number 1601
(WHO, 1994).
Os efeitos nocivos para a saúde associados à exposição solar, tais como
câncer de pele e envelhecimento cutâneo prematuro, estão bem documentados em
relatórios nacionais e internacionais e artigos publicados em revistas médicas2
(IARC, 1992).
A importância do meio ambiente na etiologia do câncer também foi discutida
por Porta (1983). Para o autor, a prevenção primária do câncer, independentemente
da sua tipologia, deve ser feita através do ambiente, o qual ele classifica como: a)
ambiente ocupacional – indústrias químicas e afins; b) ambiente consumista –
alimentos, produtos domésticos, medicamentos; c) ambiente cultural – estilo de vida,
hábitos individuais e; d) meio ambiente em geral – clima, solo, água etc.
De acordo com Lacaz et al. (1972), numerosos fatores influenciam na
distribuição e prevalência das doenças. Dentre esses fatores, os autores destacam a
estrutura etária da população, o nível sócio–econômico, os hábitos e fatores
culturais e o ambiente geográfico.
Publicação de Waterhouse (1983, apud Silva, 2007) concluiu que fatores
ambientais específicos estão intimamente relacionados à epidemiologia do câncer
ambiental e ao risco de desenvolvimento do câncer. No caso do câncer de pele, as
hipóteses mais aceitas para sua incidência dizem respeito às condições
atmosféricas do lugar, com a redução sistemática do ozônio estratosférico e o
conseqüente aumento da RUV, na superfície terrestre.

1
International Programme on Chemical Safety (United Nations Environment
Programme, International Labour Organisation, World Health Organization).
Environmental health criteria
160: ultraviolet radiation. Geneva: World Health Organization, 1994.
2
National Radiological Protection Board. Health effects from ultraviolet radiation:
report of an advisory group on non-ionising radiation. Vol 13, no 1. Oxfordshire:
National Radiological
Protection Board, 2002.

20
21

Contudo, o autor salienta que os fatores fenotípicos e genotípicos também


devem ser levados em consideração na análise de prevalência do câncer cutâneo,
ressaltando a alta incidência dessa enfermidade, na Austrália, cuja população é
eminentemente, composta por caucasianos, e índices extremamente baixos nos
países da África Negra – cuja população apresenta os piores indicadores sócio-
econômicos do mundo.
Souza (2001) analisou a tendência temporal de mortalidade por melanoma
cutâneo, um subtipo do câncer de pele, no período compreendido entre 1979 a
1998, tendo como área de estudo o Estado de São Paulo. Em relação ao gênero, a
autora concluiu que a mortalidade por melanoma teve um aumento anual em torno
de 1,56%, para indivíduos do sexo feminino, e 1,33%, para o sexo masculino. A
maior incidência dessa enfermidade foi identificada em indivíduos de ambos os
sexos, com idade inferior a 30 anos e máxima para as coortes de nascimento de
1924 a 1930, para indivíduos do sexo masculino, e 1937 a 1946, para o sexo
feminino. Todavia, o crescimento acelerado dessa enfermidade é verificado em
indivíduos do sexo feminino. A análise do efeito coorte mostrou que há uma
coincidência com os anos em que ocorreram mudanças significativas no
comportamento de exposição ao sol adotado pela população.
Corrêa (2003), em sua tese de doutorado intitulada “Índice Ultravioleta:
Avaliações e Aplicações” propôs uma metodologia para validação do algoritmo
UVGAME para estimativas de irradiâncias e do Índice UV. Também abordou a
relação RUV e saúde humana e, como uma contribuição à comunidade em geral,
desenvolveu uma página na internet com o objetivo de ampliar a divulgação do
Índice UV e fornecer informações sobre conteúdo de ozônio, RUV e seus efeitos
deletérios à saúde humana. Ao fazer uma avaliação entre o Índice UV e os casos de
câncer de pele, no Brasil, sustenta que, no contexto brasileiro, devido à localização
geográfica, o Índice UV sob condições de céu claro apresenta valores considerados
altos em todo o território nacional, durante boa parte do ano, o que poderia contribuir
para a alta incidência dos casos de câncer de pele não-melanoma.

21
22

Para esse autor, a distribuição dos casos de câncer de pele, no país, está
associada não só aos níveis de RUV, mas também a cor da pele e hábitos de
exposição ao sol, uma vez que, na região nordeste, com predominância de
indivíduos negros e mulatos, a incidência é quase 85% menor que nas regiões sul e
sudeste. Os resultados alcançados indicam a necessidade de campanhas
educacionais e de prevenção do câncer de pele, bem como serviços de saúde mais
eficientes, para atendimento adequado à população e formulação de uma base de
dados mais confiáveis.
Okuno e Vilela (2005), num ensaio direcionado aos temas atuais da Física,
apontando a sua aproximação com a Medicina, apresentam as bases físicas da
RUV, assim como grandezas e unidades de medida utilizadas, discutem sobre os
efeitos biológicos e a carcinogênese da RUV, bem como as normas e
recomendações para exposição ao sol. Nesse ensaio, as autoras ratificam estudos
anteriores que comprovam a correlação existente entre a exposição à RUV e a
incidência do câncer de pele.
Szklo coordenador do programa de prevenção e vigilância do Instituto
Nacional do Câncer (2007) estudou o comportamento relativo á exposição e
proteção solar. O inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco para doenças e
agravos não transmissíveis, um estudo transversal de base populacional realizado
em 2002/2003, cuja população alvo foi composta por indivíduos com idade igual ou
superior a 15 anos, residentes no Distrito Federal e em 15 capitais brasileiras. O
número de indivíduos que responderam, de forma completa, às perguntas sobre
exposição e proteção à radiação solar foi de 16.999, uma das conclusões do estudo:

[...] No nosso estudo, observamos menor proteção nos


indivíduos jovens e maior nível de exposição à radiação solar
nessa faixa etária. Como o número de episódios de
queimadura por exposição solar na infância parece ser um fator
de risco tanto para o câncer de pele melanoma quanto para o
não melanoma, esse grupo etário deveria ser alvo de
prevenção primária com relação a esses tipos de câncer”.
(SZKLO AS et al. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,
23(4):823-834, abr, 2007)

22
23

Ao avaliar os hábitos de exposição e uso de medidas de proteção ao sol dos


universitários da região metropolitana de Porto Alegre–RS, Costa e Weber (2004)
concluíram que a grande maioria dos universitários se expõe excessivamente ao sol,
em horários impróprios e sem efetiva proteção solar, principalmente durante o verão.
Esse comportamento, verificado entre universitários, permitiu a identificação de
grupos de risco para o desenvolvimento do câncer cutâneo e a urgência de
campanhas de orientação e conscientização sobre os perigos da exposição
inadequada ao sol, com o objetivo de reduzir os altos índices de incidência dessa
enfermidade, na região.
O Projeto Integrado de medidas de radiação Ultravioleta no Sul da Bahia
(PIU) foi o primeiro experimento desta natureza realizado no Estado, com a
colaboração de profissionais de diferentes áreas e universidades brasileiras,
divulgando os resultados preliminares da RUV nas cidades de Ilhéus e Itabuna,
apresentados na forma de IUV nos meses de inverno e verão de 2006 (Corrêa,
2006).
Em ambas as localidades, os resultados mostraram valores de IUV entre
muito altos e extremos durante a maior parte do dia. Nas medições em Ilhéus, onde
foram observados dias de céu claro (sem nuvens), o IUV permaneceu com valores
superiores a oito entre 10h e 14h, indicando a importância de se evitar exposição
direta aos raios solares (Figura 4). Mesmo em Itabuna, onde foram observadas
situações de nebulosidade, causando irregularidade no gráfico devido a atenuação
da RUV pela presença e movimentação das nuvens, os valores máximos de IUV
permaneceram nos mesmos patamares daqueles medidos em Ilhéus (Figura 5).

23
24

Figura 4 – IUV em Ilhéus (10/02/2006) Figura 5 – IUV em Itabuna


(11/02/2006)
As cores observadas nas figuras 4 e 5 seguem as seguintes normas da OMS:

Figura 6 – Recomendações da OMS em relação à exposição ao sol. Fonte: adaptado


de WHO, 2002.

As medições realizadas durante o verão de 2006 mostraram que o IUV obtido


no Sul da Bahia atinge valores sugeridos como muito altos ou extremos, pela OMS
(Figura 6), durante, praticamente, o dia todo. Tais resultados justificam a
necessidade de programas de orientação da população local e dos turistas que
freqüentam a região durante as férias de verão, quanto à necessidade imediata da

24
25

conscientização dos efeitos nocivos ao excesso de exposição ao sol, principalmente


durante o verão.
Comumente, os horários de máximas intensidades são aqueles nos quais as
praias encontram-se lotadas, justificando, de maneira indiscutível, do uso de
protetores solares, bonés, chapéus, roupas e procura por locais sombreados.
Recomenda ainda Corrêa, que as medições a serem realizadas nas etapas
subseqüentes permitirão avaliar eventuais variabilidades no período e os efeitos da
sazonalidade sobre os níveis de RUV. O PIU também engloba atividades de
conscientização da população e da divulgação dos níveis observados. Este projeto
está inserido em outras atividades de medidas realizadas em outras regiões do país,
as quais têm objetivos de mapear e caracterizar os níveis de RUV e o
comportamento da população brasileira em relação ao tema (CORRÊA ET AL,
2006).

25
26

3.2 Aspectos fundamentais da radiação ultravioleta solar

3.2.1 Origem da radiação solar

O Sol é a principal fonte de energia primária, responsável pelo


desencadeamento de todos os processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem
na superfície terrestre. Essa energia proveniente de reações nucleares associadas
às altíssimas temperaturas é capaz de transformar átomos de hidrogênio em átomos
de hélio. As reações de fusão de núcleos de hidrogênio em núcleos de hélio, com
conseqüente redução de massa solar nuclear é compensada por meio da emissão
de energia que é irradiada pelo sol (MOREIRA, 2005 apud SILVA, 2007).
A energia liberada sob a forma de radiações, ou emissão de partículas, se
propaga o vácuo, como ondas eletromagnéticas, com velocidade constante de
300.000 km/s e freqüência e comprimento de onda variável (Figura 7). Esse fluxo de
energia radiante proveniente o Sol é denominado de constante solar da Terra
(ASSUNÇÃO, 2003, p. 10).

Figura 7 - Constante solar


Fonte: (ASSUNÇÃO, 2003, apud SILVA, 2007)

26
27

De acordo com os postulados da teoria desenvolvida por Einstein, em 1905, a


energia eletromagnética é emitida em feixes constituídos de fótons, sendo que cada
fóton (quantum) possui uma energia E dada por (1):

E = h.f (1)

em que h é a constante de Plank, com o valor de (6,63 x 10-34 J.s) e f a freqüência


da radiação, que está intimamente relacionada ao comprimento de onda (λ)
expressa por (2):

h.c
E =_
λ (2)

Logo, a energia do fóton é proporcional à freqüência da onda eletromagnética,


ou também, inversamente proporcional ao comprimento de onda. Assim, os
comprimentos de onda menores representam partículas mais energéticas.

3.2.2 Espectro eletromagnético

O espectro eletromagnético é constituído por um conjunto de radiações


eletromagnéticas classificadas de acordo com a sua freqüência e comprimento de
onda, cujos critérios de delimitação das faixas espectrais foram estabelecidos de
acordo com a sua natureza histórica.
A radiação infravermelha foi a primeira a ser descoberta, em 1880. A seguir,
foi descoberta a radiação ultravioleta, em 1881; as ondas de rádio, em 1888; a
radiação X, em 1895; a radiação gama, em 1900, e as microondas, em 1932
(OKUNO; VILELA, 2005).
O Sol emite energia em diversos comprimentos de onda do espectro
eletromagnético. Contudo, 99% da energia do sol irradiada estão contidos no
intervalo entre 0,3 e 4,0 µm 3. Por essa razão, a radiação solar é classificada como
radiações de ondas curtas, composta por diferentes intensidades radiantes.

3 -6
1 micrômetro é igual a 0,000001m ou 10 m =1000 nanômetros.

27
28

Segundo Nesme-Ribes e Thuillier4 (2000, apud CORRÊA, 2003), a radiação


visível (400 a 700 nm), comumente designada de luz visível do espectro
eletromagnético, detém 44% de toda a energia emitida. Os outros 56% da energia
emitida são divididos entre a radiação ultravioleta (100 a 400 nm), correspondendo a
7%; a radiação infravermelha (700 a 1500 nm), com 48% do total, enquanto menos
de 1% corresponde à radiação emitida na faixa de microondas e ondas de rádio,
raios X e gama, conforme mostra a Figura 8. As ondas eletromagnéticas ainda são
classificadas de acordo com a sua capacidade de interação com a matéria. A
radiação eletromagnética capaz de retirar elétrons de átomos da sua estrutura e
transformá–los em íons é classificada como radiação ionizante. Quando não há
energia suficiente para a radiação produzir íons, ela é denominada de radiação não–
ionizante (SILVA, 2007).
No contexto usual da Radiobiologia, que define a aplicação da radiação
eletromagnética, os raios gama e X são considerados ionizantes. Já a radiação
ultravioleta (RUV), compreendida na faixa espectral de 100 a 400 nm, é definida
como não–ionizante, pois sua capacidade de penetração na matéria é menor que a
luz visível, atuando no nível atômico e molecular (OKUNO; VILELA, 2005).

Figura 8 – O espectro eletromagnético da luz


Fonte: CORRÊA, 2003.

4
.
NESME-RIBES, E.; THUILLIER, G. Histoire solaire et climatique. Paris, France: Belin, 2000

28
29

A explicação para o dano biológico resultante da interação da RUV com a


matéria deve-se a sua capacidade de excitação dos átomos presentes no
organismo. Se os mecanismos de reparo do organismo falhar, é deflagrada uma
série de enfermidades.
Em virtude de a RUV desencadear um conjunto de ações biológicas adversas
à saúde humana, como o câncer de pele, tema central deste trabalho, a radiação
eletromagnética compreendida nessa faixa espectral será mais bem detalhada no
tópico a seguir.

3.2.3 Radiação ultravioleta solar

A radiação ultravioleta (RUV) é o comprimento de onda que cobre a faixa


espectral de 100 a 400 nm. O espectro da RUV é ainda subdividido em UVA (315 a
400 nm), UVB (280 a 315 nm) e UVC (100 a 280 nm).
A radiação UVA, popularmente conhecida como luz negra, possui efeito
fluorescente, fazendo com que muitos objetos brilhem quando expostos a ela. Não
existe nenhum constituinte atmosférico capaz de absorvê-la, de maneira que a
radiação UVA chega normalmente à superfície terrestre.
No campo da dermatologia, a radiação UVA ainda é subdividida em UVA–
I (400 a 340 nm) e UVA–II (340 a 315 nm). A radiação UVA–I possui maior
capacidade de penetração na pele, com alto potencial para causar danos na
estrutura do DNA e induzir ao câncer cutâneo. A radiação UVA–II assemelha-se à
radiação UVB; a superexposição a esse comprimento de onda eletromagnética pode
causar eritema (queimadura), câncer de pele e danificar o sistema imunológico
(OKUNO; VILELA, 2005).
A radiação UVB, denominada luz erimatogênica, apesar de representar
uma pequena porção do espectro eletromagnético, é a maior responsável pelas
lesões crônicas na pele, como o eritema e o câncer cutâneo. A exposição excessiva
a essa radiação ainda pode provocar a supressão do sistema imunológico e
mutações na estrutura do DNA.

29
30

Quando a radiação UVB interage com a atmosfera terrestre, é


intensamente absorvida pelo ozônio estratosférico (O3). Os feixes de radiação UVB
também sofrem processos de atenuação e espalhamento resultantes de partículas
em suspensão, vapor d’água, entre outros. Contudo, a pequena parcela que chega à
superfície terrestre pode provocar efeitos adversos nos sistemas aquáticos,
terrestres e à saúde humana.
A faixa mais energética, a radiação UVC denominada radiação germicida,
é totalmente absorvida pela atmosfera terrestre, principalmente pelo oxigênio
molecular (O2).
A ponderação da quantidade de energia biologicamente ativa capaz de
causar o eritema (queimadura), após um período de 24 horas, é chamada de Dose
Eritematosa Mínima (DEM), representada por (mJ/cm-2). A ponderação é realizada
para todos os foto tipos de pele sensíveis aos comprimentos de onda entre 280 e
320 nm (KIRCHHOFF, 1995). Dessa forma, a dose de radiação biologicamente ativa
é obtida a partir da expressão (3):

Dose = ∫∫ E (λ). S(λ). dλ. dt (3)

onde E(λ) é o espectro UV na superfície terrestre; S(λ) é o espectro de ação para o


efeito biológico, e dt é o período de tempo para se obter a dose instantânea de
radiação biologicamente ativa.
Segundo McKinlay e Diffey (1987), a sensibilidade da pele humana à RUV
está associada ao fenótipo e ao tempo de exposição individual. No entanto, a
sensibilidade biológica é muito variável na faixa espectral entre 280 e 320nm. A esta
variação da sensibilidade eritêmica, McKinlay e Diffey definiram como Espectro de
Ação Eritêmica, que corresponde à resposta biológica da pele humana mais sensível
exposta à dose mínima de RUV necessária para produzir eritema, conforme
evidencia a Figura 9:

30
31

Figura 9 - Espectro de ação eritêmica proposto por McKinlay e Diffey (1987).


Fonte: KIRCHHOFF; et al., 2000.

3.2.4 Radiação ultravioleta solar e a atmosfera terrestre

O planeta Terra encontra-se envolvido por uma camada de ar invisível de


onde os seres vivos retiram o oxigênio para a sua respiração e as plantas absorvem
o gás carbônico para a produção da biomassa.
O ar é um elemento importante do ecossistema, pois seu uso é obrigatório e
contínuo. Através dele ocorrem todos os processos vitais na superfície da Terra,
assim como todos os fenômenos climatológicos da atmosfera.
Por isso, é fundamental para a manutenção da vida de todos os seres vivos.
Da sua interação com as florestas e com os outros vegetais, resulta a despoluição
da atmosfera. Contribuem, também, na formação do macro, meso e micro clima. No
entanto, as transformações que ocorrem na superfície do globo terrestre motivadas
pela modernização tecnológica utilizada a cada dia com mais intensidade vêm
trazendo conseqüências consideráveis para o equilíbrio da natureza, prejudicando a
manutenção da biodiversidade da água, da terra, do ar, da fauna e da flora,
colocando em risco a integridade da biosfera em longo prazo.

31
32

A pressão exercida sobre o ambiente natural é conseqüência da firme


determinação do homem em levar vantagens imediatas sobre tudo em que investe,
atuando sobre a natureza, dominando-a e servindo-se dela sem precedentes. O
conhecimento dos efeitos globais causados pelos grandes complexos industriais,
pelos excessivos cortes das florestas, pelas grandes represas que são construídas
nas mais diversas regiões do mundo, pelo uso indiscriminado de produtos químicos,
pelo emprego da energia nuclear e também pela excessiva queima de combustíveis
fósseis é fundamental para se entender o grau de poluição da biosfera. Não devem
ser desconsideradas as pequenas atividades que contribuem sensivelmente para o
aumento da quantidade de impurezas no ar, como dirigir automóveis, usar trator
para preparo do solo, aplicar defensivos, aerossóis tóxicos, em particular o
Clorofluorcarbono (SANT’ANA NETO, 2003).
A iminência do desequilíbrio ecológico da atmosfera é permanente, isso
porque a ação da biosfera é dinâmica no seu funcionamento, envolvendo desde a
superfície do solo até a camada superior das copas das árvores, caracterizando as
mais diversas paisagens e interferindo nas condições climáticas.
O ar é o elemento do ecossistema que recebe grande carga de poluição, pois a
queima de qualquer tipo de combustível ocasiona a emissão de gases e
subprodutos que se transformam nos principais poluentes, os quais, dependendo da
quantidade e da diversidade de elementos são mantidos de forma invisível pelo ar,
sendo, por isso, de extrema importância para os estudos ecológicos e para o
controle das contaminações da atmosfera. Assim, a atmosfera encontra-se
impregnada de poeiras das mais diversas origens, as quais atuam diretamente sobre
a saúde humana, tornando a população vulnerável ao acometimento de muitas
doenças.
Como elemento de purificação do ar, as florestas surgem com muita
importância, uma vez que filtram, através de suas folhas, e armazenam grande
volume de poeiras e outros elementos tóxicos que são conduzidos ao solo pelas
chuvas. Além disso, interceptam, absorvem e refletem a radiação solar, interceptam
a precipitação da chuva e o vento, por isso, têm participação considerável na
formação do micro clima regional, tendo também influência direta sobre a
temperatura do ar, a umidade relativa, a evaporação e a evapotranspiração.

32
33

A atmosfera terrestre é constituída por diversos elementos gasosos, partículas


sólidas e massas líquidas, que, do ponto de vista biológico, são imprescindíveis para
a manutenção da vida na Terra, dada a sua função de atuar como um filtro seletor
de radiações solares, cujos comprimentos de ondas são prejudiciais ao equilíbrio
ecológico e à saúde humana.
Desde a sua origem, a atmosfera terrestre tem variado sua composição, seja
decorrente do lançamento de gases provenientes de atividade vulcânica, seja pela
ação antropogênica. Essas ações são responsáveis pelo desencadeamento de
reações fotoquímicas que resultam da combinação de alguns gases ou podem
comportar-se como simples misturas mecânicas.
A maior parte da massa atmosférica é composta por um número reduzido de
elementos, com predominância do nitrogênio e oxigênio (Tabela 2). Todavia, existe
na atmosfera um número significativo de gases constituintes de concentração fixa e
variável, que ocupam um diminuto volume na composição da atmosfera.

Tabela 2 – Composição média do ar nos níveis inferiores da atmosfera.

Fonte: Vianello e Alves, 2000.

As partículas materiais denominadas “aerossóis” também presentes na


atmosfera, são importantes núcleos de condensação e cristalização, atuando como
espalhadores e absorvedores da radiação solar.
A energia solar, ao interagir com a atmosfera terrestre, sofre processos de
atenuação, a partir da absorção seletiva, de difusão e reflexão por alguns
constituintes atmosféricos. Dependendo das características físico-químicas desses
constituintes, a radiação global que chega à superfície terrestre poderá ser
intensamente atenuada. Como exemplo, temos o vapor d’água (H2O), que, além de
atuar como termorregulador, absorvendo a radiação infravermelha, também é
responsável pela formação das nuvens e transporte de calor na atmosfera. O dióxido

33
34

de carbono (CO2), assim como o vapor d’água, atua como um eficiente absorvedor
de radiação de ondas longas. Notadamente, o uso generalizado de combustíveis
fósseis é responsável pelo incremento nos totais de CO2 na atmosfera e o
conseqüente desequilíbrio climático global.
Segundo Kirchhoff (1995), o ozônio (O3) desempenha um importante papel
para os seres vivos devido as suas características peculiares, pois, na troposfera,
ele é considerado um poluente, em virtude do seu poder oxidante. Contudo, na
camada estratosférica, em torno de 15 a 30 km de altitude, ele absorve a radiação
ultravioleta (RUV), compreendida na faixa de 280 a 320 nm.
Em condições atmosféricas de céu limpo, aproximadamente 11% da RUV é
atenuada pelo ozônio, 14% pelos aerossóis e 25% pelo ar seco (SHERRY; JUSTUS,
1983 apud ASSUNÇÃO, 2003).
O processo de absorção da radiação solar pela atmosfera se dá através da
dissociação, fotoionização, vibração e transição rotacional de moléculas na alta
atmosfera. Essa energia absorvida é capaz de alterar a temperatura, composições
químicas e inúmeras outras propriedades da partícula.
No processo de espalhamento, denominado de espalhamento de Rayleigh ou
simplesmente espalhamento molecular, ocorre a obstrução da radiação solar por
partículas presentes na atmosfera terrestre. A direção e intensidade do
espalhamento dependerão do tamanho da partícula e do comprimento de onda
eletromagnética incidente. Quanto menor o comprimento de onda, mais fortemente
será espalhado (KIRCHORF, 1995, ASSUÇÃO, 2003).

3.2.4.1 Estrutura vertical da atmosfera

A atmosfera terrestre apresenta uma estrutura vertical extremamente


variável, podendo chegar a mais de 1000 km de altitude, com massa correspondente
a 0,001% do total do planeta Terra
De acordo com Vianello e Alves (2000, apud SILVA, 2007), a estrutura vertical
da atmosfera pode ser estratificada em conjunto de “camadas” baseadas em
inúmeros aspectos, tais como: temperatura, composição química, umidade,
propriedades elétricas etc., em que os limites de espessura de cada uma não são
bem definidos.

34
35

Dessa forma, foram estabelecidas as seguintes camadas atmosféricas e


faixas de transição ou descontinuidades: troposfera, tropopausa, estratosfera,
estratopausa, mesosfera, mesopausa, termosfera e exosfera (Figura 10)

Figura 10 – Estrutura da atmosfera terrestre.


Fonte: adaptado de IAFE, 2005.

A troposfera é a camada atmosférica que se encontra em contato com a


superfície terrestre, portanto, onde ocorrem os fenômenos meteorológicos com os
quais estamos familiarizados. Sua espessura é bem variável em virtude da latitude,
chegando a atingir aproximadamente 10 km, na linha dos trópicos, e em torno de 2
km, nos pólos. Nessa região, concentram-se 80% da massa atmosférica. A
temperatura do ar tende a diminuir com o aumento da altitude, uma vez que o ar é
aquecido pela irradiação da superfície terrestre. A tropopausa é uma área de
transição e situa-se no topo da troposfera, onde há o predomínio de uma zona de
transição isotérmica. Sua espessura também varia de acordo com a latitude, sendo
mais espessa na região dos trópicos e diminutos nos pólos.

35
36

A estratosfera é a camada que se estende logo acima da tropopausa,


chegando a atingir altitude aproximada em torno de 40 km, a partir da superfície
terrestre. Nessa região, a quantidade de oxigênio (O2) é bem pequena, enquanto o
ozônio (O3) atinge a sua concentração máxima. O aumento da temperatura, nessa
região, ocorre por causa da absorção da RUV pelo ozônio. Assim, temos
temperaturas mais baixas na parte inferior da estratosfera (–40º C) e mais altas no
topo (–2ºC). As inversões térmicas da estratosfera são responsáveis pelas
circulações atmosféricas da troposfera. A estratopausa é a faixa de descontinuidade
entre a estratosfera e a mesosfera. Na mesosfera, localizada aproximadamente a 80
km de altitude acima da superfície terrestre, a temperatura e a pressão atmosférica
novamente diminuem com o aumento da altitude. Nessa região, também é possível
encontrar nuvens, oriundas de movimentos convectivos e variação térmica vertical,
que podem ser visualizadas em altas latitudes durante o verão. A mesopausa é a
zona de transição entre a mesosfera e a termosfera.
Na termosfera ocorre um aquecimento expressivo do ar, em torno de 800
a 1200 k, devido à absorção da RUV pelas moléculas de O2 e baixa densidade do
ar. A ionosfera configura-se pela sua eficiente capacidade de reflexão das ondas de
rádio, assim como pela sua alta condutividade elétrica, em razão da ionização das
moléculas desencadeadas pela RUV. Essa região da atmosfera terrestre estende-
se em cerca de 600 km de altitude. A exosfera, também conhecida como camada
hidrogenada, em conseqüência da alta concentração de hidrogênio (H2), é a última
camada da atmosfera. Nessa região, a amplitude térmica diária encontra-se em
torno de 1200º C.

3.2.5 Fatores atenuantes da radiação ultravioleta

A variabilidade temporo-espacial da radiação ultravioleta (RUV) está


relacionada a diversos fatores geográficos, astronômicos e meteorológicos. Por isso,
para se determinar a irradiância espectral da RUV, é imprescindível a observância
dos seguintes elementos:

36
37

Elevação solar: a quantidade de RUV que chega à superfície terrestre


depende do ângulo zenital solar, que corresponde à posição que o Sol ocupa em
relação ao plano da eclíptica. Por isso, o fluxo de RUV varia de acordo com a
latitude, estação do ano e hora do dia. Quanto maior a distância do Equador, menor
será a irradiância (KIRCHOFF, 2000) espectral da RUV, ou seja, na região tropical,
onde o ângulo zenital solar é pequeno, o fluxo de RUV é direto e mais intenso. No
verão, a radiação UVB aumenta em torno de 25%, na região tropical (20º N e S) e,
no inverno, ocorre um decréscimo aproximado de 30% no fluxo de radiação. No
verão, entre as 9 e 15 horas, a irradiância total da RUV fica em torno de 75% do
fluxo de radiação UV-B nos trópicos (SILVA,2007).
Altitude da superfície: o conteúdo de ozônio integrado na coluna
atmosférica varia de acordo com a altitude, conseqüentemente, a quantidade de
RUV incidente na superfície terrestre também tende a variar. Em geral, a cada 1000
m acima do nível do mar, ocorre decréscimo de 1% no conteúdo de ozônio
estratosférico, provocando um aumento em torno de 6 a 8% no fluxo de RUV.
Albedo da superfície: o albedo é uma medida adimensional da radiação
solar refletida pela superfície da Terra, que varia de acordo com as propriedades
físicas de cada superfície (ASSUNÇÃO, 2003, p. 33). Superfícies como areia e neve
possuem uma capacidade de reflexão da RUV, respectivamente, em cerca de 30% e
80%. Em superfícies urbanas, o percentual médio de reflexão da RUV varia entre 3
a 5%. Logo, mesmo em áreas sombreadas, a intensidade da RUV pode ser elevada
em decorrência da radiação refletida (SILVA, 2007)
Cobertura nebulosa: a RUV também poderá ser atenuada ou refletida
pelas nuvens; mas o grau de atenuação dependerá da espessura e tipo de nuvem,
pois, ao interagir com a radiação solar, podem tanto reduzi-la a valores inferiores a
5% (ESTUPINAM et al., 1996, apud ASSUNÇÃO, 2003).
Segundo Degünther e Meerkötter (2000), as nuvens possuem três
mecanismos de ação sobre a radiação solar: a) efeito albedo, em que a radiação
solar é refletida pelas nuvens e espalhadas para a atmosfera, intensificando a
radiação difusa; b) efeito espalhamento, em que a radiação difusa sofre uma
intensificação em decorrência de nuvens “quebradas”; c) efeito extinção, onde as
nuvens se tornam eficientes atenuadores da radiação solar.

37
38

Difusão atmosférica: o vapor d’água, as partículas de aerossóis (sólidas


ou líquidas) e as moléculas de ar que compõem a atmosfera terrestre contribuem
para a difusão da RUV. A radiação difusa dependerá do comprimento de onda
eletromagnética, ou seja, quanto maior for a interação da RUV com esses elementos
atmosféricos, menor será a radiação direta medida na superfície.
O ozônio estratosférico (O3) é a principal fonte absorvedora da RUV,
compreendida na faixa espectral 100 a 315 nm, ou seja, radiação UVC e UVB. O
conteúdo total de ozônio integrado na coluna vertical da atmosfera é um subproduto
do oxigênio livre (O2). A concentração de O3 varia em função da latitude e estação
do ano, com maiores níveis observados no início da primavera e os menores, no
outono. Sem a existência desse filtro natural da RUV, não seria possível a
existência de vida na Terra. Diante da importância que o ozônio exerce para a
manutenção do equilíbrio na biosfera, será realizada uma descrição mais detalhada,
no tópico a seguir.

3.2.6 A “camada” de ozônio

O ozônio é um gás minoritário perfazendo junto com o vapor d'água, dióxido


de carbono e outros componentes traços de 1% da atmosfera terrestre. Apesar da
pequena abundância, espécies traço como vapor d'água e ozônio são essenciais
para a vida e o balanço energético do planeta (Salby, 1995).
O ozônio apresenta concentração máxima na Estratosfera (Slusser et al.,
1999), onde absorve a radiação solar na região do ultravioleta, tendo seu máximo de
absorção nos comprimentos de onda na faixa de Hartley, entre 200 a 300 nm
(Whitten & Prasad, 1985 apud Kirchhoff, 2000). No seu perfil na atmosfera, a
temperatura tem um aumento na Estratosfera (Salby, 1995), pois o ozônio absorve a
radiação ultravioleta (UV) e libera energia na forma de calor (London, 1985). Cerca
de 90% do ozônio total encontra-se na Estratosfera, entre 15 e 30 km (Whitten &
Prassad, 1985; WHO, 1994), sendo que a região entre 25 e 35 km de altitude é
conhecida como Camada de Ozônio pela maior abundância deste elemento entre
estes limites (Kirchhoff, 1991), oferecendo uma resistência natural à passagem dos
raios solares nocivos à saúde de homens, animais e plantas.

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Figura 11 - Variação da concentração de ozônio de acordo com a altitude, para


regiões de latitude intermediária Fonte: BAIRD, 2002

A capacidade de atenuação da RUV pelo ozônio depende da intensidade do


irradiância espectral direta e da espessura ótica desse gás, na atmosfera. A
quantidade de ozônio integrado numa coluna vertical atmosférica é expressa em
termos de Unidades Dobson (UD). A UD é equivalente à espessura de 0,001 cm de
ozônio puro, com a densidade que ele possuiria se estivesse submetido à pressão
do nível do mar, ou seja, 1 atm e a 0º C de temperatura (BAIRD, 2002).
Assim, temos (4):

1UD = 10 −3 atm.cm ≅ 2 ,69 x10 16 moléculas cm −2 (4)

A maior parte do ozônio é produzida nas regiões tropicais, próximas ao


Equador. Contudo, em decorrência da circulação atmosférica, o ozônio é
transportado para as regiões polares, fazendo com que a região próxima ao Equador
fique mais desprotegida da ação nociva da RUV.
A concentração média de conteúdo de ozônio estratosférico é de 250
UD, nos trópicos, 350 UD nas regiões temperadas e 450 UD nas regiões subpolares,
exceto quando ocorre o fenômeno do “buraco de ozônio”, em que a concentração de
ozônio atinge valores inferiores a 220 UD.
As maiores perdas de ozônio ocorrem na Antártida, onde ocorrem
condições especiais na estratosfera, as quais desencadeiam reações que destroem
as moléculas de O3.

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40

O frio extremo nessa região, decorrente de um inverno rigoroso de seis


meses, forma círculos de convecção, fazendo com que os poluentes transportados
durante o verão permaneçam nessa área. No início do verão, a radiação solar
quebra as moléculas dos poluentes, como os CFCs encontrados na estratosfera,
dando início às reações químicas de destruição do ozônio estratosférico. Como já foi
expresso, no final do inverno e início da primavera ocorre a concentração máxima de
ozônio estratosférico, enquanto que, no outono, verificam-se os menores valores.
Sidney Chapman, no ano de 1930, definiu o mecanismo de produção e
destruição do ozônio estratosférico. De acordo com Chapman, a RUV
compreendida na faixa espectral abaixo de 242 nm dissocia a molécula de oxigênio
(O2), produzindo dois átomos de oxigênio atômico (O), expresso por (5):

O 2 + hν → O + O .............................................(5)

onde hν é a energia correspondente à RUV de comprimentos de onda menores que


242 nm, necessária para a dissociação.
Na etapa seguinte (6), o oxigênio atômico (O) associa-se rapidamente
com uma molécula de O2, na presença de uma terceira molécula M, completando o
ciclo de formação do ozônio, sendo que M pode ser outra molécula de O2 ou uma
molécula de N2.

O + O 2 + M → O3 + M .......... (6)

O O3 formado absorve intensamente a RUV entre os comprimentos de onda 240 e


320 nm; o estado excitado dos átomos induz a uma nova reação de dissociação (7).

O 3 + hν → O + O 2 (7)

onde hν é a energia correspondente à RUV de comprimentos de onda menores que


320 nm, necessária para a dissociação.
Adicionalmente, o O3 reage com o oxigênio atômico (O), regenerando
duas moléculas de O2, completando o processo de destruição do ozônio (8).

O3 + O → O2 + O2 (8)

40
41

O mecanismo de Chapman é o único a demonstrar os ciclos de formação O3.


Contudo, existem vários outros processos de destruição do O3 como (9 e 10), por
exemplo, aqueles cujas reações incluem compostos nitrogenados e oxigênio.

NO 2 + O → NO + O 2 (9)
NO + O 3 → NO 2 + O 2 (10 )

Ou ainda aquelas resultantes de reações com o óxido de cloro, representada a


seguir (11 e 12):

Cl + O 3 → ClO + O 2 ( 11 )
ClO + O → Cl + O 2 ( 12)

Este último processo de destruição do ozônio tem sua origem na liberação de


moléculas de Cl dissociadas dos clorofluorocarbonos (CFCs), substâncias químicas
sintéticas utilizadas pelo homem moderno na fabricação de aparelhos de
refrigeração, ar condicionado, propelentes (desodorantes, tintas etc.), entre outros.
Outros grupos de substâncias sintéticas, como os bromofluorocarbonos
(BFCs), empregados no combate a incêndios, e os hidroclorofluorocarbonos
(HCFCs), substitutos do CFCs, também usados na produção de aparelhos de
refrigeração e em agentes de expansão, contribuem para a degradação do ozônio
estratosférico. Com a diminuição da concentração do ozônio estratosférico,
conseqüentemente, haverá um aumento substancial da irradiância espectral da
RUV, o que pode colocar em risco a manutenção da vida na Terra.
Segundo Krzýscin (1996, apud KIRCHHOFF et al., 2000), estima-se que
a redução de 1% no conteúdo total de ozônio poderia causar um aumento de 1,2%
na RUV biologicamente ativa.
Desde meados da década de 1970, quando pesquisas apontaram para
uma diminuição global nos percentuais de concentração de ozônio, diversos acordos
internacionais foram realizados com o objetivo de reduzir e/ou eliminar a emissão de
gases capazes de destruir o ozônio estratosférico e produzir o efeito estufa.

41
42

3.3. Radiação ultravioleta e sua carcinogênese na pele humana

3.3.1 Anatomia da pele humana

A pele com cerca de 1,82 m2, é o maior órgão do corpo humano e um dos
mais importantes. Cada uma das estruturas que a compõe possui uma ou mais
funções, muitas das quais com um papel vital na manutenção da saúde. {Tabela 3}
(SAMPAIO; REVITTI, 2007).

Tabela 3: Funções da pele:


1. Regulação da temperatura corporal, pelo fluxo sanguíneo e pelo suor.
2. Proteção, barreira física, infecções, desidratação e radiação UV.
3. Sensibilidade, através de terminações nervosas receptoras de tato, pressão, calor e dor.
4. Excreção, de água e sais minerais, componentes da transpiração.
5. Imunidade, células epidérmicas são importantes para a imunidade.
6. Síntese de vitamina D, em função à exposição aos raios UV.
7. Absorção de substâncias, principalmente gordurosa, como hormônios, vitaminas e medicamentos.
Fonte: (Adaptado SAMPAIO; REVITTI, 2007).

a) Aspectos gerais: A pele ou tegumento e uma membrana de dupla camada que


recobre toda a superfície corporal e está em continuidade com as membranas
mucosas que recobrem os orifícios do corpo humano. Apresenta grande variação de
espessura em toda a sua extensão, indo de 1 a 4 mm conforme as exigências de
suas funções biológicas, dentre elas, a de manter a integridade corporal protegendo
o corpo contra injúrias, absorver e excretar líquidos, regular a temperatura corporal,
absorver raios ultravioletas, metabolizar a vitamina D, prover estímulos sensoriais e
funções cosméticas. A pele pode ser dividida em duas partes, a camada mais
externa sendo representada pela epiderme e a mais interna pela derme que repousa
sobre o tecido celular subcutâneo. (Figura 12)

42
43

Figura 12 – Estrutura da pele humana. Fonte: SAMPAIO; REVITTI, 2001.

b) Epiderme:
A epiderme é formada por um epitélio estratificado escamoso queratinizado
que contém quatro camadas: a camada basal, espinhosa, granulosa e córnea.
As células da epiderme, por sua vez, podem ser divididas em quatro grupos:
as células troncos, as proliferativas, as diferenciadas e as funcionais. A epiderme
possui ainda células dendrídicas (melanócitos e células e Langerhans) e células
neuroendócrinas (células de Merkel).
A camada basal é formada por células germinativas da epiderme e
compreendem tanto células tronco como células proliferativas. São responsáveis
pela constante reposição de células escamosas da epiderme. Uma troca completa
da epiderme se completa a cada 70 dias.
As células da camada espinhosa são as células em diferenciação, poligonais
com núcleos vesiculosos e nucléolos pouco evidentes, apresentando ainda inúmeras
junções intercelulares (desmossomos).
Os grânulos de queratohialina são típicos da camada granulosa composta por
células ditas funcionais, achatadas com núcleos de cromatina densa.
As células da camada córnea são desprovidas de núcleo, muito achatadas e
totalmente queratinizadas (escamas).
Os melanócitos são responsáveis pela produção de melanina e distribuição
desta entre as células da epiderme. Estão situados na camada basal da epiderme

43
44

numa relação de 1 melanócito para cada 4 a 10 células basais. São células de


citoplasma claro com núcleos centrais hipercromáticos. Os prolongamentos
citoplasmáticos não são vistos na microscopia óptica comum.
As células de Langerhans são histiócitos com prolongamentos citoplasmáticos
especializados na função de apresentação de antígenos para os linfócitos T, tendo
importante papel nos processos de reação de hipersensibilidade cutânea.
As células de Merkel são provavelmente células derivadas da crista neural
com funções neuroendócrinas.

c) Derme:
É formada por tecido conjuntivo e contêm vasos, nervos e anexos cutâneos,
além de células inflamatórias como linfócitos, histiócitos e mastócitos. É dividida em
derme papilar e derme reticular.
A derme papilar é delimitada superiormente pela epiderme e inferiormente
pela derme reticular e plexo vascular. É altamente irregular e contém as papilas
dérmicas.
A derme reticular repousa entre a derme papilar e a hipoderme. As fibras
colágenas têm uma orientação paralela nesta região.
e) Anexos cutâneos:
As glândulas sebáceas consistem em vários lóbulos contendo lipídios, cada
lóbulo sendo composto por uma camada externa de células pequenas e cuboidais
ou achatadas, germinativas e uma zona interna composta por células grandes com
citoplasma amplo cheio de vacúolos contendo lipídios e núcleos centrais
comprimidos. A secreção drena através do ducto sebáceo para dentro do folículo
piloso a daí para a superfície da pele.
As glândulas sudoríparas são compostas por uma camada externa de células
contráteis mioepiteliais e uma camada interna de células secretoras. Podem ser do
tipo écrino ou apócrino. Englobando o folículo piloso há um tecido fibroso perianexial
que é separado da bainha epitelial da raiz pela membrana basal do pelo. A bainha
epitelial da raiz consiste distalmente a entrada do ducto sebáceo, somente das
células da camada espinhosa, proximalmente a este último, todas as camadas da
epiderme estão presentes. A matriz do pelo é composta por células mais internas

44
45

em relação à bainha epitelial da raiz, citoplasma basofílico e núcleos vesiculosos e


grandes. Estas células se tornam queratinizadas e dá origem a haste do pelo,
formado por uma cutícula de queratina.

3.3.2 Efeitos biológicos da radiação ultravioleta solar na pele humana.

A pele constitui o manto contínuo que envolve todo o organismo, protegendo-o


e adaptando-o ao meio ambiente. No tecido da pele estão presentes células
chamadas de Melanócitos que produzem melanina. A pele ao receber raios solares
UVB e UVA estimula os Melanócitos que produzem a melanina que é um protetor
natural (filtro) da pele, possibilitando a forma seletiva e gradativa de neutralizar os
efeitos da radiação solar.
A ação sistemática da RUV na pele pode provocar tanto reações benéficas
quanto efeitos biológicos nocivos ao organismo humano. Essas reações estão
relacionadas principalmente ao tempo de exposição e a intensidade da RUV. Os
indivíduos longamente expostos podem também ter o sistema imune debilitado
(IARC, 1997; ELCOSH, 2001). O efeito negativo na saúde humana é a
imunodeficiência, uma alteração do sistema imunológico (produção de anticorpos e
células imunológicas) que resultam em uma maior vulnerabilidade às doenças.
A capacidade de penetração da RUV na pele varia de acordo com o
comprimento de onda e a interação desta com a matéria. A absorção da radiação
UVA pela pele é influenciada basicamente pelo grau de melanização desse órgão,
enquanto a absorção da radiação da UVB depende do grau de melanização e da
espessura da epiderme (Figura 13 e 14).

45
46

Figura 13: Efeitos fotobiológicos da UV ... ..Figura 14: Penetração UV na pele


humana
Fonte: CORRÊA, 2005.
Segundo Sampaio e Revitti (2007), a RUV é responsável pela deflagração de
diversas fotodermatoses, seja como fator desencadeante e/ou agravante de alguns
quadros cutâneos, ou ainda devido à interação desta com agentes
fotossensibilizantes, como, por exemplo, a ingestão de drogas (antibióticos,
antinflamatórios, diuréticos etc.) e o uso tópico de substâncias fotossensibilizantes,
como óleos e essências (bergamota, lima, baunilha etc.).
As reações fotobiológicas da RUV no organismo cutâneo são classificadas
como: agudas, cujo efeito decorre de uma exposição excessiva e imediata à luz
solar; e crônicas consequência do histórico de exposições individuais ao longo da
vida (DIFFEY, 2000, apud SILVA, 2007)). Quanto mais precoce for à exposição
inadvertida à RUV, mais intensos serão seus efeitos fotobiológicos. De acordo com a
OMS (2002), a exposição excessiva e cumulativa durante a primeira e segunda
década de idade aumenta em aproximadamente 85% o risco de o indivíduo
desenvolver câncer de pele na fase adulta.

3.3.3 Carcinogênese da radiação ultravioleta solar

As bases científicas que comprovam a carcinogênese da RUV surgiram a


partir da descoberta da formação do foto dímero ciclobutano, após a irradiação da
base timina por radiação eletromagnética compreendida no comprimento de onda de
254 nm (DAVIES, 1995, apud SOUZA, 2001).

46
47

Essas alterações irreversíveis na estrutura do DNA causada pela exposição à


RUV são consideradas uma assinatura, haja vista que esse padrão de mutação
genética não é produzido por nenhum outro agente (OKUNO; VILELA, 2005).
A indução à mutação dos genes promotores de tumor (p-16, Bcl-2 etc.) e dos
genes supressores de tumor ocorre a partir da absorção de energia de um fóton da
RUV pelo DNA, desencadeando alterações celulares malignas.
Segundo Souza (2001), o dano no DNA, resultante da exposição à RUV, ocorre a
partir de dois mecanismos: o primeiro é a excitação direta das moléculas promovida
pela exposição à radiação UVB e o segundo é a geração de espécies reativas por
oxigênio, na região UVA do espectro eletromagnético. Ensaios de irradiação de
células com doses de RUV, realizados em laboratórios, identificaram a mutação no
gene p-53, gene supressor de tumor, que está localizado no braço curto do
cromossomo 17 e codifica a fosfoproteína 53 kD.
O gene p-53 (Figura 15) é o regulador da progressão do ciclo celular
(KRAEMER, 1997), do reparo do DNA danificado e condução da apoptose, morte
celular programada. Quando ocorre dano na estrutura do DNA em virtude de uma
superexposição à RUV, o gene p-53, por meio da apoptose, desencadeia um
processo de morte programada das células danificadas para que o organismo
mantenha o equilíbrio. Contudo, quando o próprio gene p-53 é danificado pela RUV,
as alterações desencadeadas no seu código genético fazem com que este perca a
capacidade de controlar o ciclo celular, induzindo ao crescimento desordenado das
células e conseqüentemente à carcinogênese. O gene p 53 (seta) protege o DNA da
ação de agentes citotóxicos, inclusive RUV.

47
48

Figura 15: Mecanismo de ação dos Genes Supressores e Promotores de Tumor.


Fonte: Impact of the C-MYC oncogene on cancer Revista Brasileira de Cancerologia 2006; 52(2): 165-171.

3.3.4 Tipos de pele

A vulnerabilidade para desenvolver doenças de pele devido à radiação solar,


inclusive o câncer de pele, é mais comum em pessoas de pele clara, cabelo e olhos
claros, que ficam facilmente vermelhas quando se expõem ao sol e que muitas
vezes descascam facilmente a pele após se queimarem no sol (Tabela 2).

Tabela 4: Tipos de pele

SOFRE BRONZEIA APÓS


TIPO CARACTERÍSTICA
QUEIMADURAS EXPOSIÇÃO
I. ( ) Sempre Raramente
Pele clara - pouca melanina
II.( ) Usualmente Às vezes
III.( ) Às vezes Usualmente
Pele morena - Qtd intermediária de melanina
IV.( ) Raramente Sempre
V.( ) Pele mulata (naturalmente)
Pele escura - Muita proteção de melanina
VI.( ) Pele negra (naturalmente)

48
49

FONTE: Adaptado de Fitzpatrick e Bolognia, 1995 Melanin: Its role in human photopro tection. Ov. Park,
Valdenmar Pub. Co., 177-82

Como ressalta Corrêa (2003), indivíduos de pele clara desenvolvem


processos de queimadura mesmo quando expostos às menores doses de radiação.
Isso explica a deflagração de diversas doenças associadas à exposição inadequada
à RUV, nos indivíduos pertencentes a esse grupo fenótipo (Tabela 3). Todavia, a
vulnerabilidade de cada indivíduo, como, por exemplo, no desenvolvimento do
câncer cutâneo, depende principalmente de seus hábitos de exposição ao sol. A
exposição prolongada e freqüente à radiação solar, seja em decorrência de atividade
de lazer, seja laboral, torna esse indivíduo mais vulnerável para o desenvolvimento
do câncer cutâneo (FITZPATRICK, 1988, DIFFEY, 1991).

Tabela 5 – Fototipos cutâneos e sensibilidade à radiação UV–B.

49
50

Fonte: Adaptado de Fitzpatrick (1988) e Diffey (1991).


3.3.5 Efeitos imediatos na pele humana

Eritema ou queimadura solar


A queimadura solar é uma reação inflamatória da pele exposta
excessivamente à RUV. Consiste na dilatação e no aumento do fluxo sangüíneo dos
vasos mais superficiais, que desencadeiam processos de avermelhamento da pele.
Nos casos mais intensos, a pele fica dolorida e ocorrem edemas, formação de
bolhas e descascamento da pele. Após a exposição à RUV, inicia-se um período de
latência, de 2 a 4 horas antes do desenvolvimento do eritema. O principal agente
desencadeante do eritema é a radiação UVB, uma vez que esse comprimento de
onda eletromagnética possui propriedades que lesam as células epiteliais e o DNA,
promovendo a liberação de substâncias vasodilatadoras. Os indivíduos de pele
clara, tipo I e II, são os mais acometidos pelas queimaduras solares.
Bronzamento
O bronzeamento é o aumento da pigmentação da pele exposta à luz solar. O
tipo pigmentar pode ser imediato ou tardio. Decorre da proliferação de melanócitos
e espalhamento uniforme de grânulos entre as células epidérmicas. A pigmentação
imediata da pele inicia-se após alguns minutos de exposição à radiação solar e
tende a desaparecer em até 24 horas. O espectro de radiação responsável pelo
escurecimento transitório da pele é a radiação UVA e a luz visível, particularmente
na faixa espectral até 450 nm. Já a pigmentação tardia pode ser notada a partir do
terceiro dia de exposição, podendo permanecer por meses, conforme as
características individuais. A radiação UVB é a principal responsável pela
pigmentação duradoura, contudo, nesse processo, há uma pequena participação da
radiação UVA e do espectro visível, na faixa de até 500 nm. A capacidade de
adquirir pigmentação também está relacionada a fatores genéticos e grupos étnicos.
Produção de vitamina D3
A RUV é a principal sintetizadora da vitamina D3. O processo de sintetização
ocorre a partir da conversão de esteróides precursores, presentes na pele, que
absorvem a radiação UVB. A vitamina D3 atua principalmente sobre os ossos,
intestino e rins, sendo indispensáveis no combate ao raquitismo.

50
51

A produção de vitamina D3 no organismo pode ser regulada através de


banhos de sol diários, com no máximo 15 minutos de duração, realizados nos
horários de menor intensidade da radiação.

3.3.6 Efeitos tardios na pele humana

Foto envelhecimento
A exposição prolongada e freqüente à radiação solar provoca a deterioração
gradual da pele. As alterações nos componentes dérmicos, como desarranjos das
fibras colágenas, deterioração das fibras elásticas e dilatação dos vasos sangüíneos
ocorrem devido à ação cumulativa da RUV. A pele exposta à luz solar adquire uma
cor ligeiramente amarelada, com predominância de rugas e pregas. A pele perde a
elasticidade e fica mais flácida. Os primeiros sinais do fotoenvelhecimento podem
surgir já na terceira década de idade, uma vez que está intimamente relacionado ao
tipo de pele e hábitos individuais de exposição ao sol.
Câncer de pele
De acordo com Sampaio e Revitti (2007) existem três tipos de câncer de pele
que são classificados de acordo com a sua ordem de gravidade: o Carcinoma
Basocelular (CBC) e o Carcinoma Espinocelular (CEC), ambos denominados Câncer
de Pele Não-Melanoma (CPNM) e o Melanoma Maligno (MM).
A ação cumulativa da RUV é considerada o principal agente etiológico para o
desenvolvimento das três formas de câncer cutâneo (Armstrong e Kricher, 2001,
apud Silva, 2007). Todavia, muitos pesquisadores ainda não chegaram a um
consenso quanto ao estabelecimento de padrões e reconhecimento de agentes
condicionantes e desencadeantes dessa enfermidade.
O Carcinoma Basocelular é o mais freqüente e menos agressivo dos
cânceres cutâneos, pois raramente produz metástase. Origina-se do crescimento
desordenado das células basais da epiderme e seus apêndices e comumente
apresenta-se na forma nodular-ulcerativa com placas de pigmentação variável
(Figura 16). Desenvolve-se em indivíduos de pele clara, com idade superior aos 30
anos. Apesar de possuir malignidade local, podendo atingir cartilagem e ossos, o
CBC tem quase 100% de cura.

51
52

A associação do CBC à RUV é questionável, uma vez que a sua


manifestação clínica ocorre também em áreas relativamente protegidas do sol, como
a região retroauricular e o couro cabeludo (DIFFEY, 2000; CHRISTOPHERS, 1998,
apud SILVA, 2007). Contudo se faz necessário estabelecer algumas ressalvas
quanto à incidência do CBC em áreas consideradas protegidas da exposição solar,
dada às características fisiológicas de cada indivíduo e aos hábitos de exposição ao
sol como, por exemplo, homens calvos ou mulheres que costumam usar os cabelos
presos (rabo-de-cavalo).

A B

Figura 16 - (A) Carcinoma Basocelular com nódulo eritematoso ulcerado em


coloração perolácea e (B) lesão enegrecida. Fonte: SAMPAIO; REVITTI, 2001.

O Carcinoma Espinocelular é um tumor maligno que se origina da proliferação


de células epiteliais. Pode ou não apresentar ulcerações de diversos tamanhos, que
ao mínimo trauma começam a sangrar (Figura 17). É um câncer de pele de
crescimento lento, invasivo e com grande risco de metástase, ocorrendo com
freqüência em indivíduos de pele clara. Apresenta um alto índice de cura quando
diagnosticado precocemente. A associação do CEC com a RUV é mais aceita, uma
vez que se desenvolve em áreas expostas ao sol. A radiação UVB do espectro
eletromagnético (280-320 nm) é considerada o principal agente etiológico desse tipo
de câncer.

52
53

A B

Figura 17 - (A) Carcinoma Espinocelular, lesão vegetante e (B) infiltração com área ulcerada. Fonte: da pesquisa.

O Melanoma Maligno é o câncer de pele que se origina de nevos


(popularmente denominados pintas) melanocíticos de junção ou compostos.
Apresenta-se na forma de nevos, pintas com bordas irregulares, pigmentação não
uniforme e desenvolvimento anormal na epiderme, derme ou no epitélio mucoso,
com alto potencial de metástase e mortalidade (Figura 18).

A B

Figura 18 –(A e B) Melanoma Maligno, lesão macular de forma irregular e


pigmentação variável
Fonte: SAMPAIO; REVITTI, 2001.

O MM é geralmente classificado em quatro grupos clínico- histológicos: o


Melanoma Lentigo Maligno, que se desenvolve em indivíduos de pele clara, com
idade superior a 60 anos e em regiões cutâneas mais expostas à RUV. É a forma
menos comum de MM, correspondendo a 5% dos casos diagnosticados. As
mulheres são mais acometidas por essa variante do melanoma, cuja fase de
evolução do crescimento radial para o crescimento vertical é considerada longa.

53
54

O Melanoma Disseminativo Superficial, o subtipo mais comum de incidência


do MM, correspondendo a 70% dos casos diagnosticados em indivíduos de pele
clara do MM apresenta uma fase de crescimento radial mais curta. O Melanoma
Nodular é o segundo subtipo de MM mais incidente em indivíduos de pele clara.
Sua manifestação clínica é uma lesão nodular de coloração negro-azulada ou com
manchas acastanhadas em áreas intensamente expostas ao sol. Esse subtipo
possui um rápido crescimento vertical e desenvolve-se, geralmente, em indivíduos
acima de 50 anos de idade. Por fim, o Melanoma Lentiginoso Acral, que é o subtipo
mais comum entre indivíduos negros e asiáticos com idade superior a 60 anos.
Corresponde a aproximadamente 8% dos casos diagnosticados e possui um grande
potencial de metástase. As regiões palmo-plantares e o leito ungueal são as áreas
anatômicas de maior incidência.
A relação entre o MM e a RUV também é questionada por alguns
pesquisadores, que apontam outros fatores determinantes para o desenvolvimento
dessa enfermidade, como, por exemplo, os fatores genéticos e as diferenças étnicas
(CHRISTOPHERS, 1998; DIFFEY, 2000 apud SILVA, 2007). No entanto, estudos
epidemiológicos recentes apontam para um aumento do número de casos novos de
MM em decorrência de um histórico de queimaduras solares ao longo da vida
(SOUZA, 2001; OKUNO; VILELA, 2005).

3.4 Parâmetros para exposição solar

3.4.1. Histórico das normas e recomendações internacionais

A comunidade cientifica após constatar que a excessiva exposição à radiação


ultravioleta estava influenciando o desenvolvimento de diversas doenças,
mobilizaram-se no sentido de elaborar uma série de normas e recomendações para
orientar a população quanto aos limites de exposição ao sol e adoção de medidas
de proteção.
As primeiras recomendações relativas às radiações não-ionizantes foram
formuladas no ano de 1977 pelo International Non-Ionizing Radiation Committee
(INIRC), subcomitê da International Radiation Protection Association (IRPA), criado
em 1964, na cidade de Paris (WHO, 2002; OKUNO; VILELA, 2005).

54
55

Em 1985, o INIRC elaborou um guia, que determinava o limite de exposição à


RUV, para os comprimentos de onda entre 180 nm e 400 nm. O guia tinha como
base científica uma vasta revisão de literatura pertinente aos efeitos biológicos
decorrentes da exposição à RUV.
No ano de 1989, o subcomitê atingiu status de comissão científica
independente, nominada International Commission on Non-Ionizing Radiation
Protection (ICNIRP), cujas principais atribuições eram elaborar normas e
recomendações para exposição às radiações não-ionizantes, principalmente para
RUV, bem como estimar riscos à saúde humana (WHO, 2002; OKUNO; VILELA,
2005).
Devido ao crescente aumento das taxas de incidência de câncer de pele e
catarata verificada em todo mundo, em 1992, durante a Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, foram recomendadas com
urgência pesquisas sobre os efeitos do aumento da RUV na superfície terrestre
decorrentes da degradação da camada de ozônio.
Desde então, a ICNIRP vem realizando trabalhos conjuntos com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Meteorológica Mundial (OMM),
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Agência
Internacional de Pesquisa do Câncer (AIPC), entre outras. A cooperação entre
essas diversas instituições resultou na elaboração do Environmental Health Criteria
160 – Ultraviolet Radiation, publicado no ano de 1994, e num projeto de pesquisa
em conjunto, denominado INTERSUN – Projeto UV Global (International Research
Project on Health, Solar UV and Environmental Change).
O projeto teve como eixos norteadores a realização de pesquisas sobre
radiação UV e saúde humana bem como análises e previsões do ozônio
estratosférico e elaboração de programas de orientação para exposição solar. A
ICNIRP, no ano de 1996, elaborou um novo documento ratificando as
recomendações sobre os limites de exposição à RUV apresentadas no guia de
1989. Nesse novo documento sugeriu, ainda, a adoção de mudanças de hábitos de
exposição ao sol, levando em consideração os horários de maior intensidade da
RUV e o tipo de pele, assim como o uso contínuo de medidas de proteção (chapéu,
óculos escuros, filtro solar, sombrinha ou guarda-sol e roupas adequadas) (Figura
19).

55
56

Figura 19. Barreiras físicas de proteção contra a radiação ultravioleta. Fonte: WHO,
2002

Tendo em vista as dificuldades de implantação das normas e recomendações,


viu-se a necessidade de definir um parâmetro para quantificação da RUV que fosse
fornecido para o público leigo, numa linguagem simples e de fácil interpretação.
Desse modo, a comunidade científica desenvolveu um indicador para exposição à
RUV denominado Índice UV Solar Global ou simplesmente Índice UV (IUV).
A Austrália, país que ocupa o primeiro lugar no ranking de incidência de
câncer de pele no mundo, desenvolveu um eficiente programa de alerta para
exposição à RUV. O programa de alerta australiano denominado “SunSmart UV”,
fornece informações sobre os níveis diários de RUV, que são disponibilizadas na
mídia. O alerta visa a orientar a população a utilizar medidas de proteção para
exposição ao sol, bem como conscientizar o público em geral sobre os danos
biológicos nocivos que a RUV pode causar nos seres humanos. Para o combate ao
câncer de pele, o governo australiano ainda promulgou uma série de leis para
redução dos impostos sobre os protetores solares, estabeleceu normativas de
segurança do trabalho para pessoas que desenvolvem suas atividades ao ar livre e
desenvolveu um programa nacional de proteção contra os efeitos nocivos do sol e
prevenção do câncer de pele, nas escolas secundárias (TCCA, 2005 apud SILVA,
2007).
A divulgação é plena e aberta diariamente pelos meios de comunicação nos
Estados Unidos da América (EUA), o IUV desenvolvido no ano de 1994, pelo
Serviço Nacional de Meteorologia (SNM) e pela Agência de Proteção Ambiental
(APE), foi implantado em cinqüenta e oito cidades norte-americanas.

56
57

Desde então, a previsão diária do IUV, fornecida por meio de uma rede
interativa de informações de previsão do tempo (TV, rádio, jornais e internet),
associada à realização de campanhas de disseminação do IUV, tem sido uma
ferramenta eficiente de orientação da população para uma exposição segura à
radiação solar. Estudos recentes realizados nos EUA demonstraram que
aproximadamente 2/3 da população já ouviram alguma informação sobre o IUV e
cerca de 40% dos entrevistados utilizam a previsão do IUV como medida preventiva
para exposição ao sol (KINNEY et al., 2000).
Conforme publicação de Vanicek et al. (2000), atualmente, a previsão do IUV
é fornecida para o público europeu através de boletins meteorológicos diários. A
divulgação do IUV nesses países tem permitido à população adequar suas
atividades ao ar livre, seja de lazer ou laborais, evitando exposição excessiva ao sol.

3.4.2 Definição do índice UV

O IUV é definido como uma escala de determinação da intensidade da RUV


na superfície terrestre, relevante à sensibilidade biológica da pele humana, descrita
por um espectro de ação eritêmica. O IUV é calculado para o período de máxima
elevação solar e sob condições de ausência total de nuvens (VANICEK et al., 2000).
A ponderação da RUV é obtida a partir do espectro de ação eritêmica formulada por
McKinlay e Diffey (1987) e adotada pela CIE - Commission on Ilumination, que
corresponde à resposta biológica da pele humana à irradiância espectral
compreendida no intervalo 280 nm a 400 nm.
O IUV é uma grandeza adimensional. Ele é classificado como baixo,
moderado, alto, muito alto e extremo (Figura 20). De acordo com OMS (2002), a
orientação para uma exposição segura ao sol requer, além do acompanhamento dos
níveis da RUV diários, também a utilização de medidas de proteção como: roupas
adequadas, chapéus, óculos escuros, protetores solares, sombrinhas e guarda-sóis.
Recomenda-se, ainda, evitar os horários de maior intensidade da radiação solar, ou
seja, das 10 às 16 horas, e permanecer em casa quando o IUV atingir valores
extremos.

57
58

Figura 20 - Classificação do Índice UV e ação protetora requerida para exposição ao sol.


Fonte: adaptado de WHO, 2002.

O IUV é apresentado numa escala de valores cujo intervalo é de zero a


quinze, de acordo com as recomendações da OMS, podendo ser obtido (13) pela
seguinte fórmula (WHO, 2002):

400 nm
I UV = k er ∫E λ .S er ( λ ).dλ (13)
280 nm

onde ker é uma constante de conversão igual a 40 W/m2, Eλ é a irradiância


espectral solar para a faixa dλ de comprimento de onda λ, ser é um fator de
referência que resulta do espectro de ação eritêmica. Logo, cada unidade do IUV
representa 0,025 W/m2 de energia.
A determinação do intervalo de variação do IUV “foi definida a partir da
constatação de que a energia acumulada em uma hora de exposição, quando
exposta em centijoules por centímetro quadrado varia aproximadamente entre zero e
quinze” (KIRCHHOFF et al., 2000, p. 66).
O IUV é uma escala independente do tipo de pele, por isso não pode estar
associado ao tempo de exposição ao sol, mas aos riscos danosos que a exposição
excessiva pode causar a saúde humana.

58
59

3.4.3 Foto proteção

A prevenção sempre foi uma importante arma contra o desenvolvimento de


doenças na população, sendo assim no que se refere à prevenção do câncer de
pele e de outros efeitos adversos relacionadas à RUV solar, o uso contínuo e
sistemático de medidas de proteção, seja ela física e ou química, para exposição à
radiação solar é de fundamental importância.
Ainda que fatores genéticos e étnicos, como cor e foto tipos de pele, estejam
implicados no desenvolvimento de determinadas patologias cutâneas, a foto
proteção é o mecanismo mais eficiente de combate a essas enfermidades.
O nível da proteção a ser utilizado está intimamente relacionado à intensidade
da RUV na superfície terrestre. Através do conhecimento dos níveis de RUV,
padronizados na forma de IUV, é possível definir as medidas de proteção mais
adequadas para exposição segura à radiação solar incidente naquele momento.
Conforme as recomendações da OMS (2002), o vestuário é um eficiente
mecanismo de defesa contra os efeitos da RUV. Camisas de manga comprida,
calças e chapéus de aba larga são capazes de bloquear parcialmente ou totalmente
a RUV incidentes sobre a pele. Contudo, vários fatores influenciam na eficiência
dessa proteção contra a radiação solar. As roupas de cores escuras, como o preto,
azul e vermelho escuro, normalmente absorvem mais a RUV do que o branco e
cores pastéis. Determinados tecidos possuem Fator de Proteção Ultravioleta (FPU)
diferenciados; no caso do tecido de polyester branco, o FPU é 16, o vermelho
escuro e o preto são, respectivamente, 29 e 34.
Roupas confeccionadas com uma trama mais apertada, que reduzem o
espaço entre as fibras do tecido, tendem a diminuir a transmissão da RUV na pele.
As roupas produzidas com materiais sintéticos como polyester, nylon e dracon, são
mais protetoras do que aquelas confeccionadas com fibras de algodão, porque os
materiais sintéticos são menos transparentes à radiação UVA e UVB (JUCEHM et
al., 2001 apud SILVA, 2007).

59
60

As pessoas que se expõem ao sol de forma prolongada ou freqüente, seja por


atividades de lazer, sejam por profissionais, ainda poderão proteger-se da RUV
utilizando outros mecanismos de defesa como, por exemplo, óculos escuros,
sombrinhas, guarda-sóis e protetores solares.
Os protetores solares são compostos físico-químicos desenvolvidos para o
uso tópico, cuja função é reduzir os efeitos deletérios da RUV na pele (Figura 21).
Os protetores solares químicos atuam de forma a reduzir a quantidade de energia da
RUV, através de processos de absorção e dissipação; enquanto os protetores
solares físicos agem pela reflexão e absorção da RUV que atinge o estrato cutâneo.
A eficiência dos protetores solares é determinada pelo Fator de Proteção
Solar (FPS), definido como a razão entre a quantidade de energia RUV necessária
para reação eritêmica da pele protegida e da pele sem proteção solar (VANICEK et
al., 2000 apud SILVA, 2007).

Figura 21 - Proteção química e física contra a radiação solar. Fonte: TOVO, 2004 apud
SILVA, 2007)

Quanto maior a proteção de um filtro solar, melhor é o produto para proteção


(PATHAK; et al, 1993 apud JUNCHEM; et al.,2001 apud SILVA, 2007). A
capacidade protetora determinada pelo FPSs é apresentada na Tabela 6:

60
61

Tabela 6 - Fator de proteção solar indicado para os diferentes tipos de pele.

FPS NÍVEL DE PROTEÇÃO


Mínima proteção, indicado para pessoas que raramente se queimam
2 e ainda tem um bom bronzeado. Não deve ser usado por pessoas de
pele muito clara nem crianças.

Proteção moderada, indicado para pessoas que normalmente se bronzeiam


4
adequadamente e raramente se queimam.
Extra proteção, indicado para pessoas que tem uma pele sensível,
6 que se bronzeia na maioria das vezes e também se queimam. Ele permite
algum bronzeamento.

Máxima proteção para pessoas que se queimam moderadamente. Permite


8
um bronzeamento gradual limitado.

Ultra proteção, para loiros, de cabelos ruivos e pele clara. Protege durante
15
longos períodos sob o sol. Muito pouco bronzeamento.
É o bloqueador solar, recomendado para pessoas que possuem uma pele
30
pré-cancerosa. Bloqueia quase todos os raios danosos.

Fonte: Juchem et al., 2001 apud SILVA, 2007).

A ação protetora dos filtros solares não aumenta de forma linear com o FPS.
Um protetor solar com FPS 30 bloqueia 96,7% da radiação UVB incidente,
enquanto um protetor solar com FPS 40 bloqueia 97,5%, representando um
aumento de proteção em menos de 1% (SAMPAIO; REVITTI, 2007).
Para melhor aproveitamento e eficiência do filtro solar deve-se observar
também a forma de aplicação do produto e o seu uso correto. Por isso, é
imprescindível seguir as recomendações de cada fabricante, para garantir uma
exposição segura ao sol. Em nenhum momento, o uso tópico de filtro solar deve
ser um indicativo para o aumento do tempo de exposição ao sol de forma
inadvertida. O filtro solar nada mais é que uma maneira de proteger a pele dos
efeitos nocivos da RUV.

61
62

PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS
62
63

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 Definições da área de estudo: A região Ilhéus/Itabuna-Bahia.

A região de Ilhéus-Itabuna é uma das microrregiões do estado brasileiro da


Bahia pertencente à mesorregião Sul Baiano (Figura 22 ). Sua população foi
estimada em 2007 pelo IBGE em 1.081.347 habitantes e está dividida em 41
municípios. Possui uma área total de 21.308,944 km². É a microrregião com mais
cidades em toda Bahia, destacando-se os municipios de Ilhéus (15,0°S; 39,0°O; ao
nível do mar) e Itabuna (14,8°S; 39,3°O; 54 m) pela sua força economicocultural,
política e localização geográfica, a primeira pelo acesso ao oceano Atlântico pelo
Porto de Ilhéus recebe navios de turismo e de carga com um volume de
movimentação de carga girando em torno de 1 milhão de toneladas/ano (CODEBA,
2008), o segundo as margens de umas das principais rodovias a BR-101, também
denominada translitorânea, é uma rodovia federal longitudinal do Brasil que segue
no sentido Norte - Sul por praticamente todo o litoral leste brasileiro, do Rio Grande
do Norte ao Rio Grande do Sul.
Ilhéus é a cidade com o mais extenso litoral entre os municípios baianos. Sua
economia baseia-se na agricultura, turismo e indústrias. Já foi o primeiro produtor de
cacau do mundo mas depois da enfermidade conhecida como vassoura-de-bruxa
que infestou as plantações, reduziu muito a sua produção. Entre as seis cidades
mais importantes da Bahia (Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Ilhéus,
Itabuna e Juazeiro), Ilhéus possui o terceiro maior PIB per capita, ultrapassando os 7
mil reais. Ilhéus abriga um Pólo de Informática, além de ser centro regional de
serviços junto com Itabuna. Sedia o Aeroporto Jorge Amado, que é portão de
entrada para o seu litoral como Itacaré, Barra Grande, Canavieiras, Ilha de
Comandatuba e a própria cidade de Ilhéus.
Itabuna( Figura 23) possui uma área total de 443,198 km² e é o 7º município

63
64

baiano em população residente de 212.245 habitantes pela estimativa IBGE/2008.


Itabuna é um centro regional de comércio, indústria e de serviços como educação e
saúde. Itabuna destaca-se também na educação, possuindo um dos melhores
centros educacionais da Bahia, porém segundo o IBGE, 2000 mantém uma taxa de
analfabetismo considerável entre a população ( população de 10 a 15 anos :7,9% /
população de 15 anos ou mais:15,1%). O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

64
65

que é uma medida comparativa que engloba três dimensões: riqueza, educação e
esperança média de vida, Itabuna configura-se com um índice de 0,748,
considerado como médio (PNUD, 2000)i5.

Figura 22: Mapa região Ilhéus -Itabuna Figura 23: Mapa do município de
Itabuna-Bahia
Fonte: IBGE, 2009.

4.2 Tipos de estudo

Os estudos epidemiológicos visam o esclarecimento da situação das doenças


e dos seus determinantes no que diz respeito à sua freqüência e distribuição
espacial e temporal, a busca de relações causa-efeito e a avaliação de
procedimentos terapêuticos e preventivos alternativos (PEREIRA, 2001). Sob essa
perspectiva, este trabalho pautou-se em uma pesquisa observacional, descritiva do
tipo transversal ou prevalência para estudar a variação anual da radiação ultravioleta
e na análise individual dos sujeitos potencialmente vulneráveis ao desenvolvimento

5
1.Divisão Territorial do Brasil. Divisão Territorial do Brasil e Limites Territoriais. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) (1 de julho de 2008). Página visitada em 09 de março de 2009. 2.Estimativas da população para 1º de
julho de 2008 (PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (29 de agosto de 2008). Página visitada em 5 de
setembro de 2008. 3.Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil. Atlas do Desenvolvimento Humano.
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (2000). Página visitada em 09 de março de 2009.
4.Produto Interno Bruto dos Municípios 2002-2005. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (19 de dezembro
de 2007). Página visitada em 09 de março de 2009. 5.MOTTA, Diana Meirelles da; Cesar Ajara (Junho de 2001).
Configuração da Rede Urbana do Brasil (em português). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Página
visitada em 24 de julho de 2009. 6.Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística - IBGE.

65
66

de determinadas enfermidades, mais especificamente o câncer de pele, dada a


enorme variedade de fatores com atuações distintas que contribuem para a maior ou
menor exposição ao desenvolvimento do câncer cutâneo.

66
67

4.3 Aspectos éticos

Os pacientes foram informados sobre a liberdade da participação na pesquisa


por meio de assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
assegurando-se sua dignidade e bem-estar e respeitando-se seus valores culturais,
sociais, morais, religiosos e éticos. Em caso de incapacidade, ou paciente com idade
inferior a 18 anos, o TCLE poderia ser assinado por um representante legal (Anexo
II).
O paciente não foi submetido a qualquer forma de intervenção clínica,
procedimentos ou testes terapêuticos; sua participação foi limitada a oferecer dados
de acompanhamentos já realizados pelos seus médicos. O indivíduo também é
isento de qualquer custo financeiro com a pesquisa, ficando o pesquisador
responsável pelos contatos e custos dos mesmos. No entanto o participante teve
total liberdade para esclarecimento de dúvidas por meio dos dados de endereço
disponíveis no TCLE.
A inclusão nesse estudo foi voluntária, e a identidade de cada participante
sempre mantida em sigilo, independente da situação de discussão do projeto. No
futuro, os resultados poderão ser divulgados à comunidade científica, bem como à
população em geral, mas em hipótese alguma serão revelados nomes, endereços
ou qualquer informação de dados pessoais dos pacientes.
O estudo foi projetado de acordo com as Diretrizes e Normas
Regulamentadoras e Pesquisas Envolvendo Seres Humanos (Resolução 196/1996
do Conselho Nacional de Saúde) e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade
Estadual de Santa Cruz com parecer nº164 / E -15 do protocolo nº077/06 em 31 de
janeiro de 2007(ANEXO III).

4.4 Amostragem
O presente trabalho teve uma população escolhida por amostragem de
conveniência de indivíduos de todas as idades, sexo, etnia, de qualquer localização
e tempo de domicilio que procuraram o serviço público do ambulatório Dermatologia
do Hospital de Base de Itabuna (HBLEM) e de Cabeça e Pescoço da Santa Casa de
Misericórdia de Itabuna (SCMI). Excluindo da avaliação dermatológica e biópsia de
pele o paciente com lesão benigna.

67
68

4.5 Materiais e métodos


O caráter multidisciplinar deste trabalho envolveu profissionais de diferentes
áreas, tais como a medicina, a biologia, a física, a meteorologia e o meio-ambiente,
com contribuições diversas à sociedade e à pesquisa científica: O estudo aconteceu
em cinco partes de pesquisa:
4.5.1 Medidas de RUV
Instrumentação utilizada: Biômetros Solar Light UVB 501A (INPE):

Figura 24: Biômetros Solar Figura 25: Torre da UESC

O Projeto Integrado de medidas de radiação Ultravioleta no Sul da Bahia


(PIU) visa à medição da RUV na região de Ilhéus-Itabuna, de modo a avaliar a
variação anual dos níveis de radiação durante todos os meses. Para tanto, o projeto
realizou medidas durante o ano de 2008.
As medidas foram realizadas com um biômetro UVB 501A da Solar Light
(Figura 24) (http://www.solarlight.com), instalado na cobertura do edifício torre
administrativo da UESC localizado no Campus Soane Nazaré de Andrade km 16
Rodovia Ilhéus-Itabuna (Figura 25); programado para efetuar registros dos fluxos
globais máximos e médios de RUV a cada 10 minutos. A análise dos dados
coletados permitiu estabelecer níveis máximos, além de suas variabilidades, de
modo a compará-los com a recomendação de exposição ao sol sugerido pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) (WHO, 2002).

68
69

4.5.2 Estudos dos hábitos individuais de exposição ao sol


Foram aplicados de janeiro a julho de 2009, questionários sobre hábitos de
comportamento e esclarecimento quanto à exposição solar a todas as pessoas
atendidas no ambulatório público de dermatologia no Hospital de Base Luiz Eduardo
Magalhães na cidade de Itabuna-Bahia. Para a avaliação dos hábitos individuais de
exposição ao sol, em busca da identificação de padrões de risco implicados no
desenvolvimento do câncer cutâneo, recorreu-se ao uso de questionários compostos
de 24 (vinte e quatro) questões de múltipla escolha, nos quais se empregou o
método da autodeclaração (ANEXO I).
Foram coletados dados sobre as características físicas dos entrevistados,
grau de instrução, condição sócio-econômica, práticas de exposição solar, como, por
exemplo: horários de exposição, quantidade de horas diárias de exposição ao sol,
uso de medidas preventivas de exposição (filtro solar, óculos, chapéu, etc). Os
entrevistados também foram questionados sobre a existência de enfermidades
decorrentes da superexposição ao sol, se já teve mancha /pinta na pele que foi
tirada por médico; bem como sobre o seu grau de conhecimento sobre o Índice UV.

4.5.3 Avaliação clinica dermatológica e biopsia da pele

Com o objetivo de relacionar dados do comportamento e hábitos de


exposição à RUV solar com o câncer cutâneo, aos pacientes encaminhados aos
ambulatórios de Pequena Cirurgia do Hospital de Base Luiz Eduardo Magalhães e
Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna,
respectivamente, com lesão de pele suspeita de malignidade para realizar biópsia,
foram aplicados além do questionário anterior (4.5.2), uma ficha clínica
dermatológica (ANEXO II), contendo informações mais detalhadas sobre hábitos e
condições de vida que possam potencializar o risco de câncer de pele como idade,
profissão, uso de cosmético, doenças associadas, história médica pregressa,
localização anatômica da lesão, principalmente áreas exposta ao sol (face, couro
cabeludo, pescoço, ombro, antebraço, braço, pernas), tipo de pele (clara, morena ou
escura, se sofre queimaduras ou bronzeia após exposição), tipos de lesões
(simetria, borda, cor e dimensão) características das lesões de pele que chamam
atenção para possibilidade de malignidade.

69
70

4.5.4 Banco de dados dos resultados anatomopatológicos da biopsia de pele


O resultado do estudo anatomopatológico através da biópsia de pele foi
coletado da ficha clinica do ambulatório no qual o paciente foi atendido, conforme
exposto acima. A escolha desta pesquisa foi trabalhar separadamente com os três
principais tipos de câncer cutâneo: Carcinoma Basocelular (CBC), Carcinoma
Espinocelular (CEC) e Melanoma Maligno (MM) (INCA 2006).
Nos laudos de biópsias anatomopatológicas foram coletas informações sobre
o tipo de câncer cutâneo diagnosticado (CBC, CEC e MM) e região cutânea de
incidência da doença correlacionado com dados clínico dermatológico comentado no
item 4.5.2.

4.5.5 Métodos de análises dos dados apurados

O banco de dados com resultados apurados foi analisado através da


estatística descritiva, aplicando os testes estatísticos da média, mediana, moda
desvio-padrão, variância, curtose, assimetria, intervalo, mínimo, máximo, soma,
contagem, maior e menor, nível de confiabilidade e coeficiente Chi Quadrado (X2),
além de elaboração de tabelas de freqüências e gráficos descritivos (Histogramas)
para expor resumidamente os dados. Os dados foram inseridos em ficheiro
informático SPSS versão 11.0. O trabalho estatístico descritivo e inferencial utilizou o
teste t de student para variáveis numéricas e o X2 para variáveis ordinais.
Utilizando esses métodos estatísticos após mapeamento dos dados coletados
como procedência, idade, sexo, cor da pele, profissão, habitação, escolaridade e
nível social foram analisados; em seguida, identificando-se as interações entre a
incidência e os tipos histológicos de câncer de pele e a condição social, sexo, cor da
pele, escolaridade, tempo e a duração a exposição ao sol, bronzeamento artificial,
queimadura de pele durante a exposição, nível de conhecimento sobre índice
ultravioleta e hábitos de prevenção como uso de fator de proteção solar e medidas
de comportamento como uso de chapéu, boné, óculos, horário de exposição solar
para lazer ou por necessidade de atividade laborativas.

70
71

Outra abordagem essencial concerne na análise da inter-relação entre a


idade e tempo de exposição solar com ou sem proteção, considerando a faixa etária
criança, adolescente e jovem e o aparecimento de câncer de pele na idade adulta,
devidos os dados da literatura que considera os efeitos acumulativos da radiação UV
na pele humana, que levam a alterações oncológicas.

71
72

APRESENTAÇÃO
E
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
72
73

5.APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 Índices da radiação ultravioleta na região Ilhéus/Itabuna

Com a instalação na Torre Administrativa Central da UESC do biômetro UVB


501A da Solar Light (Figura 24 e 25), está sendo realizado, desde 2008, um ciclo de
medições de IUV regionais de alto valor cientifico, já que não existem medidas
anteriores na microrregião Ilhéus-Itabuna).
Estas medidas, pela primeira vez, nos trazem dados concretos de IUV que
não são apenas estimativas de modelos. Com isto, poderemos verificar os horários
realmente de maiores IUV em cada época do ano e suas oscilações temporais.
A exposição a altos IUV presentes na região poderiam estar de fato relacionados
com os indicadores de câncer de pele que sejam encontrados na população da área.
Esta correlação e as medidas físicas realizadas serão convertidas em uma poderosa
ferramenta educativa para a conscientização da população referente ao risco que
representa a exposição inadequada a radiação solar.
Os resultados das medidas tomadas durante o ano de 2008, com exceção do
mês de fevereiro, devido a problemas de leitura do biômetro, na região Ilhéus-
Itabuna revelam uma série de regularidades:
A) Com respeito aos valores médios mensais por períodos de 02 horas
obtivemos (Figura 26):
1. Apenas nos meses de junho e julho os valores médios dos índices de UV foram
obtidos abaixo de 6 (limite do IUV médio). Então os valores médios estão
praticamente acima do limite de maior risco (IUV=6) todo o ano em nossa região.
2. Em todos os meses o máximo do valor médio do IUV foi encontrado no período
entre 14:00 a 16:00hs.

73
74

3. O horário de valores mais altos de IUV médio em todos os meses foi achado no
período entre 12:00 a 18:00 hs
4. O mês de março acusou as médias mais altas do ano.

74
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Figura 26. Valores Médios mensais dos índices de UV por intervalo de horas do dia

75
76

Figura 26. Valores Médios mensais dos índices de UV por intervalo de horas do dia
(cont.)

B) Quando foi comparado o valor máximo e mínimo em cada mês obtivemos o


seguinte (Figura 27):
1. Os horários de maior exposição em dias específicos podem não coincidir com as
indicações dadas pelos valores médios.

76
77

2. Os dados mostram que além de março, setembro e dezembro também foram


meses de atividade UV com maior intensidade na região.

77
78

3. Apesar de maiores variações no período de horas acima de IUV médio =6, se


confirmou que um horário de segurança geral (com IUV <6), na região é apenas
antes das 12:00 hs e depois das 18:00hs

Figura 27. Medidas de Índices de UV que comparam em cada mês o dia de


máximos índices com o dia de índices mínimo

C) Estudo da variação sazonal da radiação UV-B de acordo com a latitude


geográfica.

Neste tópico foram utilizados os dados observacionais obtidos na região


Ilhéus/Itabuna, comparando com as medidas realizadas e publicadas por Kirchhoff
em 2000 nas estações de Cachoeira Paulista (SP), Campo Grande (MS), Natal (RN),
Porto Alegre (RS) no Brasil, e La Paz na Bolívia. A análise comparativa foi realizada
com base na variação sazonal e as amplitudes relativas intersazonais de acordo
com a latitude geográfica, visando com o calculo do Índice UV em Ilhéus, contribuir
para compreender as regularidades da distribuição espacial e temporal do IUV.

78
79

A Figura 28 apresenta a razão da dose de radiação para o verão e para o


inverno em função da latitude geográfica das estações de observações de Natal,
Campo Grande, Cachoeira Paulista e Porto Alegre (Kirchhoff, 2000). Observa-se
que a razão verão/inverno aumenta com a latitude geográfica. Tais efeitos estão
associados aos maiores ângulos solares zenitais e maiores colunas totais de ozônio
em maiores latitudes (Whitten & Prasad, 1985), que amplificam a atenuação da
radiação no inverno. A razão verão/inverno para La Paz, também apresentada na
Fig. 28, é menor que qualquer outra latitude, ou seja, em La Paz há uma menor
variabilidade da radiação entre as estações de inverno e verão, devido à grande
altitude em que se encontra, onde tem menor concentração de ozônio, barreira
natural para atenuar a radiação ultravioleta.

Figura 28 – Razão solsticial verão/inverno da dose de radiação em função da


latitude geográfica para as estações de observações de Natal, Campo Grande,
Cachoeira Paulista, Porto Alegre e Natal. (Fonte: Kirchhoff, 2000, Fig 14)

Na Figura 29 junto aos dados de Kirchhoff, 2000 reproduzidos na Fig. 28


anterior foi incluído o ponto referente à Ilhéus obtido nas medições realizadas nos
marcos do presente trabalho. A seguir, incluindo todos os pontos disponíveis e
utilizando o software ORIGIN v8. 0, realizamos um ajuste exponencial, delineando a
melhor curva pelo método de mínimos quadrados.

79
80

Assim foi ajustada a curva exponencial

Obtendo os parâmetros: y0 = 0,56; A1= 0,44; t= 15,6


O valor da razão solsticial para o ponto de Ilhéus, obtido em nosso trabalho,
particularmente pela latitude da cidade, contribuiu para completar uma região antes
não estudada e sem medidas experimentais reportadas na literatura. Os resultados
revelaram que a razão solsticial verão/inverno aumenta com a latitude geográfica de
uma forma próxima a exponencial, como demonstra a qualidade do ajuste obtido
com a curva exponencial.
Isto pode ser explicado, a partir dos valores dos ângulos solares zenitais e a
variação da concentração de ozônio em cada latitude. Esta razão solsticial
verão/inverno em Ilhéus na Figura 29 nos indica que a dose de radiação UV-B
eritêmica varia pouco entre as estações de verão e inverno (apenas em razão de
1.5), mantendo-se elevadas doses durante o ano. Então é importante destacar que
na região de llhéus em qualquer época do ano os cuidados da proteção a radiação
solar devem manter as mesmas exigências, o qual deve ser amplamente divulgado.

Figura 29- Razão solsticial verão/inverno da dose de radiação em função da latitude


geográfica para estações de observações em Ilhéus, Natal, Campo Grande (MS),
Cachoeira Paulista, Porto Alegre e La Paz

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81

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82

Na Figura 30 apresenta-se a média solsticial de verão da dose (em MED) em


função da latitude geográfica. Na figura foram incluídos os dados do trabalho de
(Kirchhoff 2000, Fig13) para Natal, Campo Grande, Cachoeira Paulista e Porto
Alegre e o resultado para Ilhéus obtido pelas medidas do presente trabalho. Nota-se
que a média sazonal da dose diminui com o aumento da latitude geográfica, pela
variação do ângulo solar zenital, mas também pela distribuição geográfica do ozônio,
pois há menos ozônio total na região equatorial (Kirchhoff, 2000). O valor da dose
para o ponto de Ilhéus, obtido no presente trabalho, acaba contribuindo para o
complemento dos dados, numa região importante, que facilita avaliar de forma mais
consistente, uma possível relação funcional entre a dose e a latitude. Com as
medidas realizadas em Ilhéus junto aos resultados de Kirchhoff e, utilizando o
software ORIGIN v8.0, foi obtida uma curva ajustada pela equação da função
sigmoidal de Boltzman cuja equação é:.

Obtendo para nossos dados os parâmetros de ajuste: A1= 5,22, A2=3,67,


x0=23,0, d = 1,25

O comportamento da curva indica uma fraca variação em forma de plateau na


faixa de latitudes desde 0 até 20º aproximadamente, e depois uma descida
sigmoidal até os 30º de latitude. Apenas La Paz com uma altitude bem maior (3640
m) é que se afasta do comportamento médio, sendo muito maior que a de qualquer
outra estação, mesmo de latitudes equatoriais, o que pode ser explicado devido à
grande altitude da região.

82
83

Figura 30 Média solsticial de verão da radiação UV – Eritema em função da latitude


geográfica para estações de observações em Ilhéus, Natal, Campo Grande (MS),
Cachoeira Paulista, Porto Alegre e La Paz

Na Fig. 31 é apresentada a série temporal anual média do índice de RUV


utilizando os valores máximos diários de Ilhéus comparando com resultados de
Kirchhoff para Natal, Campo Grande e La Paz. Os cálculos realizados no presente
trabalho seguiram a mesma linha de procedimentos que no trabalho de Kirchhoff
2000, a fim de ter validade a comparação dos resultados. Para determinação do
índice UV foi utilizado o máximo valor da dose de radiação para cada dia em cada
estação de observação tanto no presente trabalho como no trabalho de Kirchhoff
2000. A seguir foram calculados os valores médios para cada dia do ano. Obteve-se
a curva anual média de todo período de observações, representativa do Índice UV.
Da curva anual do Índice UV calculou-se uma curva suavizada, utilizando–se a
média suavizada em 30 dias. A figura 31 apresenta as curvas suavizadas do Índice
UV calculadas para as estações de observação de Ilhéus, Campo Grande, La Paz e
Natal. Como esperado, o Índice UV apresenta valores mais altos para menores
latitudes geográficas. Apenas para a região de La Paz, a curva anual de Índice UV
apresenta valores superiores às curvas de outras estações de observação, inclusive
da região de Ilhéus e Natal. Em Ilhéus e Natal observam-se a ocorrência de dois
máximos anuais, em fevereiro-março e outubro, causado pela variação anual do

83
84

ângulo solar zenital, que em estações situadas entre os trópicos, apresenta valor
mínimo duas vezes ao ano. Com os Índices UV calculados, pode-se determinar o
período do ano, para cada estação de observação no qual o Índice UV atinge
valores altos ou muito altos. Esta é uma, informação relevante para o trabalho de
educação do comportamento da população visando a proteção da radiação solar.

Figura 31 Curvas suavizadas de 30 pontos para os valores médios diários do Índice


UV para as estações de observações em llhéus, Natal, Campo Grande e La Paz.

84
85

5.2 Estudos do comportamento e hábitos de exposição à radiação solar nos


indivíduos da cidade de Itabuna-Bahia

Do universo amostral correspondente a 627 questionários aplicados no


município de Itabuna, 376 (60%) foram respondidos por indivíduos do sexo feminino
e 251 (40%) por indivíduos do sexo masculino (Gráfico 1).

GRAFICO : GENERO
Masculino

40,0%

Feminino

60,0%

A distribuição etária dos entrevistados foi bem ampla: 20% encontram-se


abaixo dos 20 anos de idade; 48,8 % estão na faixa etária entre 21 e 40 anos; 22,7
%, entre 41 e 60 anos de idade e 8,4 % estão no grupo etário acima dos 60 anos.
(Gráfico 2).

GRAFICO: IDADE DOS ENTREVISTADOS


50

40

30
30
%

20
19 18

10 13
10
6
0
0

11

21

31

41

51

61

71

81
-1

-2

-3

-4

-5

-6

-7

-8

-9
0

IDADE

85
86

Quanto ao nível de escolaridade (Gráfico 3), 39 entrevistados (6,3%) não


possuem nenhum grau de instrução; cerca de 29% atingiram o ensino fundamental;
58% cursaram o ensino médio e apenas 46 entrevistados (7%) chegaram ao ensino
superior e pós-graduação.

Gráfico 3 : Nível de escolaridade dos entrevistados

Analfabeto
ESCOLARIDADE

Até Fundamental Comp 29

Até Ensino Médio Com 58

Até Superior Complet 7

0 10 20 30 40 50 60 70

A respeito da profissão 627 dos entrevistados (Gráfico 4 ), 439 (70%)


responderam o exercício da profissão sem exposição ao sol, 125 deles (19,9%)
disseram desenvolverem suas atividades ao ar livre, ou seja exposto a radiação
solar, e 63 (10%) declararam outra atividade.

Gráfico 4: Atividade dos entrevistados segundo exposição ao sol.

Outras
Atividade com expos
10,0%
19,9%

Atividade sem exposi

70,0%

86
87

Ao serem questionados sobre a renda familiar, 374 entrevistados (59,6%)


declararam que recebem até dois salários mínimos por mês; 225 (35,9%) recebem
em torno de dois a cinco salários mínimos; de três a cinco salários mínimos, 84 dos
entrevistados (13,6%), acima de cinco salários mínimos 19 (3%) entrevistado. Ainda
pode ser visualizado na Tabela 7 que 1,4% dos entrevistados se negaram a
responder a esta questão.
Tabela 7 – Perfil dos entrevistados:

Frequência %
Até 2 s.m 374 59,6
2 a 5 s.m 225 35,9
Acima de 5
19 3,0
s.m
Total 618 98,6
Não responderam 9 1,4
Total 627 100,0

Para a classificação fenótica dos entrevistados, utilizou-se o mesmo critério


adotado pelo IBGE, quando da realização dos censos demográficos, ou seja, a
autodeclaração. O Brasil com uma área de 8.511.965 km², com suas extremidades
possuindo Latitude: 5º16’20”N e 33º44’32”S, Longitude: 34º47’30”W e 73º59’32”W,
com uma população estimada em 183,9 Milhões, sendo 80% dela urbana,
predominando seu domicílio no litoral brasileiro. Com uma miscigenação
característica, apresentado os seguintes grupos éticos: 55% brancos (portugueses,
italianos, espanhóis, alemães, poloneses, etc.); 38% mestiços; 6% negros; 1%
outros (orientais, árabes, índios, etc.) (FONTE: IBGE 2007 / PNAD 2006).
Neste momento iremos apresentar a população e etnias de dois estados
brasileiros, São Paulo e Bahia, em situação geográfica diferente um no sudeste e
outro no nordeste, respectivamente. Ambos com sua importância em cada região
por serem os mais populosos e apresentarem aspecto ético, econômico e cultural
distinto, com predomínio da cor de pele branca em São Paulo e parda na Bahia (Fig.
32)

87
88

Figura 32 : População e etnia dos estados de São Paulo e Bahia (Fonte: IBGE,
2009)

Dessa forma nesta pesquisa 10% dos entrevistados declararam-se de cor da


pele amarela, 25% branca; 38% mulata; e 26% de cor negra. Em relação à cor dos
olhos, 3 % dos entrevistados disseram possuir olhos claros (azuis e verdes); 22%
olhos castanho- claros; 51% olhos castanho- escuros e 23 % declararam que seus
olhos eram pretos. Quanto à cor natural dos cabelos, 2,3% declararam possuir
cabelos loiros, 2,1 % cabelos ruivos; 43,1% têm cabelos castanhos e 52,5%
possuem cabelos pretos (Figura 33). Silva, 2006 em sua tese de mestrado
estudando características físicas dos entrevistados no município de Presidente
Prudente-SP, identificou a maioria da população (52,1%) tem cor de pele branca,
olhos castanhos escuros e cabelos de cor castanhos (Figura 34)

Negros 52
Branca 26 Negro 23
COR DO CABELO
COR DOS OLHOS
COR DA PELE

Amarela 10 Castanho Escuro 51 Castanhos 43

Mulata 38 Castanho Claro 22 Ruivos

Negra 26 Azuis - Verde Loiros

0 10 20 30 40 0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60

% % %

Figura 33: Características físicas dos entrevistados (Cor da pele, olhos e


cabelo)

88
89

Figura 34: Características físicas dos entrevistados no município de


Presidente Prudente-SP. (Silva, 2006: Tese de Mestrado).

Cerca de 105 entrevistados (16,9%) informaram que, quando se expõem ao


sol, sempre se queimam e nunca se bronzeiam; 141 (22,7%) afirmaram possuir uma
grande facilidade para se queimar, mas que eventualmente se bronzeiam; 180
(28,9%) às vezes se queimam, quando se expõem ao sol, mas sempre se
bronzeiam, enquanto 196 (31,5%) indivíduos entrevistados declararam que nunca se
queimam e sempre se bronzeiam.
Levando-se em consideração a classificação dos fototipos de pele proposta
por Fitzpatrick (1988) e a sensibilidade ao sol, por Diffey (1987), é possível concluir
que, na população estudada, há um predomínio de indivíduos de fototipos III, IV, V e
VI sendo que a maioria se encontra na média africana, ou seja, pele negra, com
olhos castanhos escuros e cabelos negros, refletindo a miscigenação brasileira, em
especial a Nordestina, consistindo na mistura de povos de diferentes etnias. Vários
autores enfatizaram a natureza triíbrida da população brasileira, a partir dos
ameríndios, europeus e africanos.
6
Pena (1995) usou os conhecimentos da genética molecular e a genética de
populações, filogenética, demografia e geografia histórica para reconstituir e
compreender o processo que gerou o brasileiro atual, descobrindo que linhagens
genealógicas ameríndias, européias e africanas contribuíram para a composição da
população brasileira. Uma pista surge da comparação das regiões do Brasil: a maior
proporção da origem européia, asiática ou africana ocorre no Sul (28%), onde foi

6
1.PENA, S.D.; SANTOS, F.R.; BIANCHI, N.O.; BRAVI, C.M.; CARNESE, F.R.; ROTHHAMMER, F.; GERELSAIKHAN, T. et
al. ‘A major founder Ychromosome haplotype in Amerindians’, in Nature Genetics, v. 11, p. 15, 1995.
2. CIÊNCIA HOJE • vol. 27 • nº 159. Abril de 2000.

89
90

importante a imigração de alemães e outros europeus, e a segunda no Nordeste


(19%), palco da invasão holandesa e concentração da importação de negros
africanos.
Continuando o estudo sobre o tipo de pele em relação a sua sensibilidade a
exposição solar, temos que 40% e 30% dos entrevistados apresentaram,
respectivamente, sensibilidade moderada e alta da pele, quando exposta ao sol sem
utilização de medidas químicas e físicas de proteção (Figura 35). Os resultados ora
apresentados nessa população apontam para uma pré-disposição entorno de 70%
em relação à sensibilidade da pele a exposição à radiação solar para o
desenvolvimento de diversas enfermidades relacionadas à exposição ao sol, entre
as o câncer de pele. Vital e Corrêa, 2006 em uma análise descritiva da população de
Itajubá/MG em relação à exposição solar, aplicando esta mesma metodologia
observou que 75% desta amostra apresenta sensibilidade a queimadura da pele na
exposição à radiação solar. Conforme também dados da literatura, uma vez que “os
indivíduos de pele clara reagem com maior intensidade a menores doses de
radiação UV” (KRICKE, 1994; OWEN, 2004; SAMPAIO; REVITTI, 2007).

30%

Alta

Moderada

Baixa

30%

40%

Figura 35- Sensibilidade do tipo de pele a exposição à RUV

Outro fator a ser levado em consideração, no desenvolvimento do câncer


cutâneo, é o hábito de exposição ao sol durante a infância e a adolescência
(DIFFEY, 2000; CRAVO, 2008). Dos 627 entrevistados, 106 indivíduos (17%)

90
91

informaram, em sua infância e adolescência, se expunham ao sol de forma

91
92

adequada, usando medidas de proteção. Contudo, 322 entrevistados,


aproximadamente 52%, sempre se expuseram ao sol, mas nunca se preocuparam
em utilizar medidas de proteção. Ao mesmo tempo, 88 indivíduos (14,1%)
informaram que não ficaram expostos ao sol, enquanto 17% não se recordaram dos
hábitos de exposição solar, durante sua infância e adolescência (Figura 36).
EXPOSIÇÃO SOLAR NA INFANCIA

Sim, mas usei prote 17

Sim, mas não usei 52

Não fiquei exposto 14

Não me recordo 17

0 10 20 30 40 50 60

Figura 36: Exposição solar na infância

A infância é um período crítico para as exposições solares, associada a um


risco particularmente elevado de melanoma maligno na idade adulta. A maioria dos
nevos melanocíticos surge nas primeiras décadas de vida e vários estudos
demonstram que o número destas lesões pigmentadas aumenta com a exposição
solar precoce (RICAHRD, 1993; GROB, 2004). Segundo Grob incidência de
melanoma maligno tem aumentado desde há várias décadas, duplicando a cada 10
anos. Além disto, a associação nevos melanocíticos múltiplos e exposição solar
intermitente é sinérgica para o risco de melanoma e que este está ligado à
quantidade de exposição solar recebida desde a infância, seguramente a exposições
intensas durante os primeiros 20 anos. No que se refere ao melanoma, a infância e
a adolescência são os principais períodos da vida onde a exposição solar excessiva
aumenta o risco (STALDER, 1993).
Com o intuito de diminuir a incidência crescente das doenças de pele,
inclusive o câncer de pele, torna-se primordial a educação para a exposição solar
adequada. Esta passa não só pela sensibilização dos prestadores de cuidados de
saúde, mas também pelos pais, educadores e pelas próprias crianças.

92
93

Esta educação deverá ser o mais precoce possível, de preferência antes da


dolescência. Estudos realizados mostram que nesta faixa etária os conhecimentos
sobre os perigos do sol e as modalidades de fotoproteção são muito insuficientes,
sendo a procura do bronzeado particularmente forte durante a adolescência, altura
em que a valorização pessoal e a despreocupação com a existência de riscos em
longo prazo estão em primeiro plano (MONFRECOLA, 2000)
A infância é um período crucial da educação para a exposição solar por
outros motivos: os comportamentos que teremos na idade adulta são muitas vezes
adquiridos nesta altura. Sendo um ser humano em desenvolvimento, a criança não
tem a inércia comportamental do adulto e é permeável ao que de bom ou mau lhes é
transmitido e, é neste momento da vida durante a qual a exposição solar é a mais
importante, pela presença de atividades lúdicas e desportivas ao ar livre.
Recorrendo a análise investigativa, pode-se observar que o padrão de
exposição prolongada e freqüente verificado durante a infância e adolescência,
geralmente muda quando esse indivíduo atinge a fase adulta. Seja pela mudança de
hábitos, seja em decorrência de suas atividades ocupacionais, os indivíduos mais
velhos tendem a reduzir seu tempo de exposição ao sol, mas não necessariamente
implicando que este venha a adotar medidas de foto proteção.
Quando perguntado aos indivíduos sobre o tempo médio diário deexposição
ao sol, 260 entrevistados (41,6%) informaram que se expõem menos de 1 h/dia; 246
(39,4%), de 1 a 3 h/dia; 58 (9,3%) se expõem de 3 a 6 h/dia, enquanto 60 (9,6%)
indivíduos ficam mais de 6 h/dia ao sol.
De modo geral, os indivíduos que ficam seis ou mais horas diárias expostos à
radiação solar são aqueles que desenvolvem o seu trabalho ao ar livre, como, por
exemplo: trabalhador rural, jardineiro, varredor de rua, vendedor ambulante,
sorveteiro, guarda de trânsito, coletor de lixo, entre outros. Porém, em outras
atividades ocupacionais, os entrevistados ficam menos tempo expostos ao sol ou
conseguem controlar melhor sua exposição devido às funções que realizam, como:
empregada doméstica, costureira, mecânico, engenheiro civil, do lar, professor, etc.
Segundo os entrevistados, a maioria (58,3%) se expõe de forma prolongada e
freqüente à radiação solar (Tabela 8).

93
94

Portanto, desta forma é inevitável, a fotoproteção nestes indivíduos antes de


tudo pelo respeito estrito das horas de exposição e por uma fotoproteção através de
roupa adequada, chapéu, óculos escuros e dar preferência à permanência à
sombra. O uso de protetor solar deverá ser limitado às áreas fotoexpostas que não
são protegidas através do vestuário (face, região cervical, antebraços e pernas).
Tabela 8: Tempo médio de exposição à radiação solar diariamente

Frequência Percentual % relativa % acumulada


Menos de 1 hora/dia 260 41,5 41,7 41,7
Entre 1 e 3 h/dia 245 39,1 39,3 81,1
Entre 3 e 6 h/dia 58 9,3 9,3 90,4
Mais de 6 horas 60 9,6 9,6 100,0
Total 627 99,4 100,0
Total 627 100,0

Ao questionar os entrevistados sobre o seu dia a dia em relação à exposição


solar, não considerando banhos de sol, em qual período ou horário do dia ele
costuma expor-se a radiação solar, 179 (29%) dos entrevistados responderam que
se expõe ao sol antes das 10 horas; 214 (35%) entre 10 e 15 horas; expõe-se a
radiação solar o dia todo 108 (17%); e disseram que não tomam sol 68 (11%).
Percebe-se no Gráfico 5, portanto que os horários críticos da elevação dos índices
diários da radiação ultravioleta na região de Ilhéus-Itabuna, conforme dados da
pesquisa, a maioria 322 ( 52%) dos entrevistados estão expostos a índices de RUV
altos a extremos no período das 10 ás 15 horas na região, o que pode ser
considerado crítico em virtude de que a exposição ocorre em períodos do dia em
que a intensidade de ultravioleta em muitos dias do ano é considerada extrema
(KIRCHHOFF et al, 2000).
Gráfico 5 : Horário do dia da exposição solar

94
95

Antes das 10 h 29

HORA DO DIA EXPÕE SOL


Entre 10 e 15 horas 35

Após as 15 horas 7

Não tomo sol 11

O dia todo 17

0 10 20 30 40

Sabendo que a radiação solar, mais precisamente os raios ultravioletas do


tipo B (UVB) que ao penetrarem na pele durante cerca 15 minutos diários, como por
exemplo, ao tomar banho de sol, interage com a molécula de 7- dehidrocolesterol
passando por várias transformações químicas e dando origem à vitamina D,
elemento importante para o metabolismo humano, principalmente do cálcio. Foi
questionado aos entrevistados quando toma banho de sol, sendo que 232 (37,2%)
nunca tomaram; 148 (23,7%) sempre que pode; 126 (20,2%) responderam tomar
banho de sol nas férias; 81 (13%) nos fins de semanas e feriados e apenas 37
(5,9%) declaram banhos de sol diariamente.
Quanto ao histórico de queimaduras solares, 461 entrevistados (73,6%)
declararam que nunca sofreram queimadura; 87 (13,9%) já se queimaram pelo
menos uma vez; 38(6,1%) apresentaram quadro de queimadura solar em até três
vezes e 40 indivíduos (6,4%) já sofreram queimadura mais de três vezes (Gráfico 6).
O levantamento do histórico de queimadura é muito importante, visto que o
melanoma maligno, câncer cutâneo com alto grau de letalidade, está associado não
só a fatores genéticos, mas também às lesões severas na pele, decorrentes da
exposição solar intensa. Podemos observar que, entre os indivíduos da amostra
selecionada, aproximadamente 26,4% já sofreram queimaduras e têm um risco
potencial para desenvolver o câncer de pele.

Gráfico 6: Freqüência de queimadura solar ao longo da vida

95
96

Nunca tive 74

QUEIMADURA SOLAR
Só uma vez 14

Até 3 vezes

Acima de 3 vezes

0 20 40 60 80

96
97

De modo geral, percebe-se que a população tem certo conhecimento dos


fotodanos causados pela RUV. Contudo, mesmo sabendo dos riscos que a
exposição excessiva à radiação solar pode provocar à saúde humana, cerca de 40%
dos entrevistados não usam filtros solares, quando se expõem ao sol; 14% fazem
uso regular do filtro solar, em qualquer época do ano; 10% o utilizam somente
durante o verão, 30% dos indivíduos passam o filtro solar somente quando vão à
piscina ou praia e 6% ao tomar banho de sol (Gráfico 7), em outras palavras 46%
dos entrevistados quando usa o filtro solar em forma de creme o faz de forma
inadequada. Entre os entrevistados que usa a proteção solar em forma de creme,
loções, etc, 185 (30,5%) costumam usar fator de proteção entre 15 e 30; 86 (14,2%)
usa entre 8 e 15; e 41 (6,8%) usa fator acima de 30 (Gráfico 8).
Em relação à aplicação na pele do creme de proteção solar, 185 (30,2%)
dos entrevistados disseram que aplica o produto quando chega à praia, piscina ou
local do banho de sol; 31 (5,1%) aplicam quando sente que o sol esta queimando; e
141 (23%) aplicam a proteção 30 minutos antes da exposição à radiação solar,
conforme recomendado pela literatura atual.

Gráfico 7: Uso do protetor solar em forma de creme

Em qualquer época 14
USA PROTETOR SOLAR

Somente no verão 10

Quando banho de sol 6

Quando vou a praia 30

Nunca uso 40

0 10 20 30 40 50

97
98

Gráfico 8: Fator de proteção utilizado para proteção.

Não uso protetor 42

FATOR DE PROTEÇÃO
Menor que 4

Entre 4 e 8 5

Entre 8 e 15 14

Entre 15 e 30 30

Acima de 30 7

0 10 20 30 40 50

FREQUENCIA (%)

Além das limitações naturais de um fotoprotetor, existem vários fatores que


influenciam a sua eficácia. Entre eles, a quantidade aplicada é o mais importante.
Atualmente, a maioria das pessoas aplica uma quantidade média de 0.5 mg/cm
(BEANI, 2004), quantidade esta bastante inferior à usada nos testes de
determinação do FPS (2mg/cm2). Associadamente, locais como a região cervical,
pavilhões auriculares e algumas áreas do dorso são frequentemente esquecidos.
A maioria da perda de eficácia de fotoproteção é causada por aplicação e
frequência de reaplicação inadequadas. Por outro lado, a má cosmeticidade dos
filtros inorgânicos, que conferem à pele um aspecto esbranquiçado faz com que os
protetores exclusivamente inorgânicos sejam aplicados em menos quantidade,
resultando em perda de eficácia. A areia, a transpiração e a água reduzem o tempo
de permanência do produto na pele, obrigando a uma reaplicação freqüente. Neste
estudo perguntamos aos entrevistados que utilizam fotoproteção quando reaplicam o
produto na pele, 132 (21,4%) usa, mas não replica o protetor solar; 119 (19,3%)
reaplicam quando sente que esta queimando; 100 (16,2%) reaplicam o protetor a
cada duas horas.

98
99

De acordo com os entrevistados, 19% das pessoas não utilizam o filtro solar
devido ao alto custo do produto. Em torno de 5% dos indivíduos entrevistados
declararam que muitas pessoas não fazem uso do filtro solar, porque considera um
incômodo a aplicação do produto pelo corpo, enquanto cerca de 7% não empregam
o produto simplesmente por preguiça. Outros 16% não o utilizam devido à falta de
informação, 9% alegam outros motivos como, por exemplo, não usam o filtro protetor
porque não se expõem ao sol ou a falta de costume (Gráfico 9).

Gráfico 9:Motivo pelo qual não usa filtro solar


NÃO USA PROTETOR SOLAR

Eu uso protetor 44

Falta de informação 16

Incomodo

Preguiça 7

Preço muito alto 19

Outros motivos 9

0 10 20 30 40 50

Quando perguntado ao entrevistado a respeito dos fatores que influenciam a


escolha do protetor solar, 183 (35%) declaram ser o preço do produto a influenciar
na escolha; 164 (31%) o fator de proteção; e 97 (18%) dos entrevistados revelaram
a marca do produto influenciar na sua escolha (Gráfico 10).
Gráfico 10: Fatores que influenciam a escolha do protetor solar

Marca 18
ESCOLHA DO PROTEOR

Resistência a água 9

Proteção UVA 31

Não comedogênico (An

Forma galênica(gel,c

Cósmetica (Perfume,

Preço 35

Anti-envelheciento

0 10 20 30 40

99
100

Como o protetor solar é um produto de uso contínuo, caberia aos órgãos


competentes buscar soluções no sentido de subsidiar a fabricação desse produto e
até mesmo fornecê-lo gratuitamente à população mais carente e profissional exposto
a radiação solar como, por exemplo, garis, jardineiros, trabalhadores rurais e
policiais. Verifica-se também a necessidade de campanhas de esclarecimento da
população, no sentido de orientá-la para o uso correto do filtro solar, bem como
adverti-la para os benefícios à saúde decorrentes da sua adoção.
Quando questionados sobre a utilização de outras formas de proteção à
exposição ao sol, 26% dos entrevistados afirmaram usar óculos escuros; 25% fazem
uso freqüente de bonés e chapéus, enquanto 7% utilizam sombrinhas e guarda-sóis.
Apenas 6% disseram adotar vestimenta adequada, quando se expõem ao sol, ao
passo que cerca de 35% dos indivíduos pesquisados não empregam nenhuma
medida de proteção (Gráfico 11).
Gráfico 11: Uso de outro tipo de proteção em dias ensolarados
OUTRO TIPO DE PROTEÇÃO

Óculos escuros 26

Bonés/chapéus 25

Guarda-sol 7

Vestimenta adequada 6

Não utilizo medidas 35

0 10 20 30 40

Com exceção do filtro solar, estas outras medidas de foto proteção


apresentadas na Figura 19, são facilmente acessíveis a população,
independentemente da condição sócio-econômica, e podem amenizar e até mesmo
bloquear os efeitos deletérios da RUV. Contudo, uma parcela significativa da
população continua se expondo ao sol de forma inadequada, sem nenhuma medida
de proteção, ratificando estudos já realizados que apontam para uma mudança no
padrão de exposição ao sol da população (DIFFEY, 2000; CORRÊA, 2003; OKUNO
& VILELA, 2005).

100
101

Segundo Juchem et al.(2001), até meados da década de 1950 o uso de


chapéus, sombrinhas e vestimentas que deixavam o corpo mais coberto, eram
eficientes barreiras contra a RUV para manter uma pele alva, uma vez que a pele
bronzeada era marca de operários de trabalhavam ao ar livre. Contudo, passado
algumas décadas vê-se que hoje a pele bronzeada é sinônima de beleza. Assim
muitas pessoas se expõem ao sol ou até mesmo buscam outras formas de
bronzeamento artificial para manter esse padrão de beleza ditado pela moda atual.
Quando questionados sobre o Índice UV (IUV), em torno 54,8% de indivíduos
pesquisados (340) não tinham nenhum conhecimento sobre o IUV como parâmetro
para exposição ao sol, enquanto cerca de 45,2% (280) entrevistados já ouviram falar
sobre o IUV (Gráfico 12).

Gráfico 12: Conhecimento do índice de RUV

Sim

45,2%

Não

54,8%

101
102

5.2.1 Análise da associação das varáveis do grau de conhecimento e hábitos


de exposição à radiação solar na população estudada na cidade de Itabuna

Em busca de uma melhor interpretação dos dados apurados com suas


múltiplas variáveis estudadas em relação ao grau de conhecimento e hábitos de
exposição à radiação solar como apontado anteriormente pela análise descritiva
univariada dos dados do conhecimento e hábitos dos fotodanos a saúde humana, no
que diz respeito às doenças da pele, principalmente o câncer cutâneo, pode-se
inferir que para a amostra estudada o nível de conhecimento por parte dos
entrevistados em relação ao risco ambiental a que estão expostos é baixo, o que
demonstra a importância de intensificar as campanhas de prevenção como fator de
redução de novos números de casos de dermatoses fotossensíveis, inclusive
ocupacionais, junto a esta população.
Neste subtítulo descrever-se-á na amostra estudada uma análises da
associação entre cor da pele, renda, gênero, tipo de profissão e nível de
escolaridade com o risco de queimadura, conhecimento do IUVAB e uso de protetor
solar, utilizando recurso estatístico por meio do qui-quadrado com o pValor menor
que 0,05 (α ) e avaliação da medida de associação relativa Odds Ratio (OR) para
idade, sexo, escolaridade, profissão, renda familiar, cor da pele, queimaduras, uso
de protetor solar e conhecimento do índice ultravioleta.
A associação entre o nível de escolaridade e uso de protetor solar por meio
do qui-quadrado revelou a existência de uma relação de dependência entre essas
duas variáveis (p=0,000; α=0,05; g.l =3). Em outras palavras, o hábito do uso de
protetor solar foi tanto maior quanto maior o nível de escolaridade dos entrevistados,
conforme ilustra o Gráfico 13 abaixo:

102
103

Gráfico 13: Uso de protetor solar e nível de escolaridade

100

80

60

Escolaridade

%
40

Analfabeto

20 Até Fund. Completo

Até Ens. Médio Comp.

0 Até Sup.Completo
Sim Não

Uso de Protetor

Utilizando a associação entre o nível de escolaridade e o conhecimento dos


entrevistados acerca do índice de radiação UVA e UVB observa-se uma relação
significativa entre essas duas variáveis (p=0,000; α=0,05; g.l =3), onde o
conhecimento do índice ultravioleta foi tanto maior quanto maior o nível de
escolaridade dos entrevistados ( Gráfico 14).

Gráfico 14: Nível de escolaridade e conhecimento IUV


100

80

60

Escolaridade
40
%

Analfabeto

20 Até Fund. Completo

Até Ens. Médio Comp.

0 Até Sup. Completo


Sim Não

Conhecimento do IUVAB

103
104

Aqui realizou a associação entre a ocorrência de queimadura pelo sol e a cor


da pele; considerando as cores da pele branca, não branca (negros e mulatos) e
asiática (amarela) para melhor inferência estatística de acordo com a regressão
logística múltipla, obteve-se que a variável conhecimento dos fotodanos pode ser
modelada segundo um modelo de regressão pelas variáveis da cor da pele.
O critério adotado significativamente do ponto de vista estatístico foi o da
redução da razão do logaritmo da verossimilhança. O procedimento de redução de
dados objetiva a simplificação de informação de uma população inteira em perfis de
alguns grupos, possibilitando uma descrição mais concisa e compreensível das
observações, com perda mínima de informações (HAIR et al., 2005). Neste caso,
optou em considerar cores da pele branca, não branca (negros e mulatos) e asiática
(amarela) pelas suas características genéticas (PENA 1995).
A ocorrência de queimadura pela luz solar foi mais freqüente entre os brancos
e asiáticos do que entre os não brancos, e tais diferenças foram estatisticamente
significativas: brancos vs não brancos (p=0,000; α=0,05; g.l =1); asiáticos vs não
brancos (p=0,000; α=0,05; g.l =1). Já entre brancos e asiáticos não foram
encontradas diferenças significativas com relação à freqüência de queimadura pela
luz do sol (p=0,938; α=0,05; g.l =1). Avaliando a medida de associação relativa Odds
Ratio (OR), verificou-se que a chance de queimadura foi 2,9 vezes maior para
brancos do que para não brancos (IC 95% 1,9 – 4,4), e 2,8 vezes maior para
asiáticos do que para não brancos (IC 95% 1,6 – 5,0).
Na comparação entre brancos e asiáticos nesta amostra não se detectou
diferença em relação à chance de queimadura (OR = 1,02; IC 95% 0,56 – 1,86).
Realmente, os grupos de brancos e amarelos revelaram ser bastante semelhantes
quanto ao uso de protetor e a susceptibilidade a queimaduras pelo sol, e ambos
diferiram significativamente dos não brancos (Tabela 9).

104
105

Tabela 9 – Relato de queimadura pelo sol e cor da pele

Cor
Branco Asiático Não Branco Total
Queimadura Sim 64 (40,3%) 25 (39,7%) 74 (18,7%) 163 (26,4%)
Não 95 (59,7%) 38 (60,3%) 321 (81,3%) 454 (73,6%)
Total 159 (100%) 63 (100%) 395 (100%) 617 (100%)

Na co-relação entre a cor da pele e o hábito de uso do protetor solar


identificou-se que a frequência de indivíduos que relataram fazer uso de protetor
solar foi maior entre brancos e asiáticos do que entre não brancos, e tais diferenças
foram estatisticamente significativas: brancos vs não brancos (p=0,000; α=0,05; g.l
=1); asiáticos vs não brancos (p=0,007; α=0,05; g.l =1). Já entre brancos e asiáticos
não foram encontradas diferenças significativas com relação à proporção de
indivíduos que declararam utilizar o protetor solar (p=0,841; α=0,05; g.l =1).
Avaliando a medida de associação relativa Odds Ratio (OR), verificou-se que a
chance de uso de protetor foi 2,4 vezes maior para brancos do que para não
brancos (IC 95% 1,6 – 3,5), e 2,2 vezes maior para asiáticos do que para não
brancos (IC 95% 1,2 – 4,0). Na comparação entre brancos e asiáticos não se
detectou diferença em relação à chance de uso do protetor (OR = 1,06; IC 95% 0,55
– 2,05).
Em conjunto esses dados revelam a semelhança existente entre brancos e
“amarelos” (asiáticos) com relação à susceptibilidade ao desenvolvimento de
queimaduras pela radiação solar, como também ao hábito de maior utilização do
protetor comparativamente aos indivíduos classificados com não brancos (negros e
mulatos).

105
106

Gráfico 15: Cor da pele e uso de protetor solar


100

80

% 60

40

Cor

20 Branco

Asiático

0 Não Branco
Sim Não

Uso de Protetor

Quando da hipótese de associação entre a ocorrência de queimadura pelo sol


e o uso de protetor solar observa-se a existência de uma relação de dependência
entre essas duas variáveis (p=0,002; α=0,05; g.l =1). A ocorrência de queimadura
pela luz solar foi mais freqüente entre aqueles que relataram utilizar o protetor solar
do que entre os que disseram não utilizar, e tal diferença foi estatisticamente
significativa (Gráfico 16). Avaliando a medida de associação relativa Odds Ratio
(OR), verificou-se que a chance de queimadura foi 1,8 vezes maior para os que
disseram usar protetor do que para os que não utilizaram (IC 95% 1,23 – 2,65). Esse
resultado pode ser explicado pelo fato das pessoas de pele clara (brancos e
amarelos), as quais se mostraram mais propensas a terem queimaduras pelo sol
comparativamente às de pele escura (morenos, mulatos e negros) utilizar o protetor
solar numa maior freqüência que os não brancos, como demonstrado nos resultados
acima.

106
107

Gráfico 16: Relato de queimadura pelo sol e uso de protetor solar


100

80

60

%
40

Queimadura
20

Sim

0 Não
Sim Não

Uso de Protetor

Considerando o gênero e o hábito de uso do protetor solar dos 604


entrevistados, 245 mulheres (66,9%) declararam usar protetor solar em forma de
creme e 121 (33,1%) não usar proteção; desses homens entrevistados 105 (44,1%)
afirmaram o uso de filtro solar, sendo que 254 (42,1%) deles não utilizar nenhuma
forma de proteção. Na avaliação estatística detectou a existência de uma relação de
dependência entre essas duas variáveis (p=0,002; α=0,05; g.l =1).
A frequência de indivíduos do sexo feminino que relataram fazer uso de
protetor solar foi maior do que a observada no sexo masculino, e tal diferença foram
estatisticamente significativas (Gráfico 17). A medida de associação relativa Odds
Ratio (OR), verificou-se que a chance de exposição à radiação solar com uso do
protetor solar foi 2,56 vezes maior para as mulheres comparativamente aos homens
(IC 95% 1,83 – 3,6).
Gráfico 17: Gênero e uso de protetor solar
100

80

60
%

40

Gênero
20

Feminino

0 Masculino
Sim Não

Uso de Protetor

107
108

Na relação entre a renda média familiar e o hábito de uso do protetor solar


existe de uma relação de dependência entre essas duas variáveis (p=0,009; α=0,05;
g.l =2). O uso do protetor solar foi mais freqüente à medida que a renda média
declarada aumentou. Entre aqueles que ganham de 2 a 5 salários mínimos e os que
declararam ganhar acima de 5 salários, não houve diferença significativa com
relação ao uso de protetor solar (p= 0,188; α=0,05; g.l =1). Já na comparação com
os indivíduos na faixa salarial de até 2 salários mínimos com aqueles em faixas
salariais mais elevadas (2 a 5 s.m e acima de 5 s.m), observou-se uma diferença
significativa com relação ao uso de protetor em ambas as comparações: até 2 s.m vs
2 a 5 s.m (p= 0,015; α=0,05; g.l =1); até 2 s.m vs acima de 5 s.m (p=0,03; α=0,05; g.l
=1) (Gráfico 18).

Gráfico 18: Renda salarial média e uso de protetor solar


100

80

60
%

40

Renda

20 Até 2 s.m

2 a 5 s.m

0 Acima de 5 s.m
Sim Não

Uso de Protetor

Aqui foi testada a hipótese de associação entre a renda média e o


conhecimento acerca do IUVAB. Com o pValor foi menor que 0,05 (α), observa uma
relação de dependência entre essas duas variáveis (p=0,000; α=0,05; g.l =2). O
conhecimento do índice de radiação foi maior à medida que a renda média
declarada aumentou. Houve diferenças significativas na proporção de indivíduos que
afirmaram conhecer o IUVAB comparando as faixas salariais até 2 s.m com 2 a 5
s.m (p= 0,002; α=0,05; g.l =1); a faixa até 2 s.m com acima de 5 s.m (p= 0,000;
α=0,05; g.l =1); e de 2 a 5 s.m com acima de 5 s.m (p= 0,007; α=0,05; g.l =1)
(Gráfico 19).

108
109

Gráfico 19: Renda salarial média e conhecimento do IUV


100

80

60

40
% Renda

20 Até 2 s.m

2 a 5 s.m

0 Acima de 5 s.m
Sim Não

IUVAB

Quanto à associação entre o tipo de profissão e o uso de protetor solar nota-


se a existência de uma relação de dependência entre essas duas variáveis
(p=0,000; α=0,05; g.l =1). Para aqueles indivíduos que relataram desempenhar
atividades sem exposição solar, o uso de protetor foi mais freqüente do que para os
indivíduos expostos ao sol em suas profissões, sendo que tal diferença foi
estatisticamente significativa (Gráfico 20). Como já analisado em estudos em
páginas anteriores quanto maior o grau de instrução maior o conhecimento sobre a
radiação ultravioleta solar, o risco de doenças fotoinduzidas e a importância de uma
fotoproteção adequada.

Gráfico 20: Tipo de profissão e uso de protetor


100

80

60
%

40

Profissão
20

Com exposição solar

0 Sem exposição solar


Sim Não

Uso de Protetor

109
110

Tabela 10 – Tipo de profissão e uso de protetor

Tipo de Profissão

Uso de Com Sem Total


Protetor Exposição Exposição
Solar Solar
Sim 38 (33,6%) 154 (58,6%) 192 (51,1%)

Não 75 (66,4%) 109 (41,4%) 184 (48,9%)

Total 113 (100%) 263 (100%) 376 (100%)


(p=0,000; α=0,05; g.l =1).

A associação entre o tipo de profissão e o conhecimento dos entrevistados a


respeito do IUVAB revelou uma relação de dependência entre essas duas variáveis
(p=0,002; α=0,05; g.l =1). Verificou-se uma maior proporção de indivíduos com
conhecimento sobre o IUVAB entre aqueles que desempenham atividades sem
exposição solar do que entre os que em seu trabalho são expostos a essa radiação,
sendo tal diferença significativa (Gráfico 21). Do ponto de vista profissional a
identificação da exposição solar em diferentes atividades profissionais é desejável,
alertando os profissionais que se expõem diretamente ao sol durante seu regime de
trabalho ou no transporte até sua casa para elaboração de medidas de fotoproteção
como utilização de equipamento de proteção individual (EPI), ou seja, vestimenta
adequada (chapéu, boné, camisa comprida, etc), filtro solar que hoje já é
considerado um EPI; e educação ambiental.

Gráfico 21: Tipo de profissão e conhecimento do IUV

110
111

100

80

60

40

Profissão
20

Com exposição solar

0 Sem exposição solar


Sim Não

IUVAB

Na analise da hipótese de associação entre o tipo de profissão e o grau de


escolaridade dos entrevistados identifica-se uma relação de dependência entre
essas duas variáveis (p=0,000; α=0,05; g.l =3).
Observa-se que a frequência de indivíduos em profissões com exposição à
radiação solar é tanto maior quanto menor for o nível de escolaridade dos mesmos.
Isso pode ajudar a explicar os resultados anteriores que demonstraram um menor
grau de conhecimento sobre o IUVAB e uma menor freqüência de uso de protetor
entre aqueles indivíduos que são expostos à luz solar em suas profissões (Gráfico
22 e Tabela 11, seta).

Gráfico 22: Tipo de profissão e nível de escolaridade


100

80

60

Escolaridade
%

40

Analfabeto

20 Até Fund.Completo

Até Ens. Médio Comp.

0 Até Sup. Completo


Com Exposição Solar Sem Exposição Solar

Profissão

Tabela 11 – Tipo de profissão e escolaridade

111
112

Escolaridade

Tipo de Analfabeto Até Fund. Até Ens. Até Sup. Total


Profissão Completo Médio Comp. Completo

Com 17 (56,7%) 48 (36,4%) 51 (25,5%) 1 (4,2%) 117


Exposição (30,3%)
Solar

Sem 13 (43,3%) 84 (63,6%) 149 (74,5%) 23 269


Exposição (95,8%) (69,7%)
Solar

Total 30 (100%) 132 (100%) 200 (100%) 24 386


(100%) (100%)
(p=0,000; α=0,05; g.l =3).

112
113

5.3 Estudo do questionário clinico dermatológico e biopsia de pele.

5.3.1: Epidemiologia do câncer de pele na cidade de Itabuna

No período de três meses abrangidos neste estudo, foram


diagnosticados 46 casos novos de câncer de pele. A distribuição dos casos novos,
segundo o tipo de câncer cutâneo, foi nessa proporção: 27 casos de CBC,
correspondendo a 58,7% do total; 15 casos de CEC (32, 6,9%) e dois casos de MM
(4,3%), em paciente com mais de uma lesão biopsiada revelou em 2 casos (4,3%)
diagnóstico juntos de CBE e CEC,conforme demonstra o Gráfico 23.
No período de três meses (julho, agosto e setembro/2009) abrangidos
neste estudo, foram diagnosticados 46 casos novos de câncer de pele. A
distribuição dos casos novos, segundo o tipo de câncer cutâneo, foi: 27 casos de
CBC, correspondendo a 58,7% do total; 15 casos de CEC (32, 6,9%) e dois casos
de MM (4,3%), em paciente com mais de uma lesão biopsiada revelou em 2 casos
(4,3%) diagnóstico juntos de CBE e CEC,conforme demonstra o Gráfico 23. Silva
2006 publicou casos novos de câncer de pele, de acordo com a sua tipologia,
registrados na região Oeste do Estado de São Paulo, identificando casos de CBC
73%, CEC 24,5% e MM 2,5%, em uma população conforme já discutida, de maioria
de cor da pele branca (Gráfico 24).

Gráfico 23: Casos novos de Gráfico 24: Casos novos de


câncer de pele de acordo com câncer de pele, de acordo com a
sua tipologia (maio a sua tipologia, registrados na região
julho/2009)
CBC / CEC
Oeste do Estado de São Paulo
4,3%
MELANOMA (MM)
4,3%

CARCINOMA ESPINOCELU

32,6%
CARCINOMA BASOCELULA
58,7%

113
114

Observam-se no Gráfico 25 que os casos de câncer cutâneo registrados em


indivíduos do sexo masculino ocorreram 30 (65,2%) casos com maior freqüência, e
nos indivíduos do sexo feminino 16 (34,8%) com a predominância na sexta década
de idade (Gráfico 25). Todavia, os grupos etários acometidos por essa enfermidade
também se mostraram bem amplos, apresentando casos novos diagnosticados
entre os 20 e 90 anos de idade, para ambos os sexos.

Gráfico 25: Freqüência do câncer de pele em relação ao sexo


40

30
30
Frequencia

20

16

10

0
Feminino Masculino

Genero
Na análise por faixa etária (Gráfico 26) destacou dados alarmantes, uma vez
que a faixa etária de incidência do câncer cutâneo vem diminuindo. Esses resultados
podem estar associados à mudança nos hábitos de exposição ao sol, como, por
exemplo, o uso de bronzeamento e o aumento de atividades realizadas ao ar livre,
conforme afirma Diffey (2000).

Gráfico 26: Freqüência do câncer de pele em relação a faixa etária.


16

14

12

10

0
23 - 33 33 - 43 43 - 53 53 - 63 63 - 73 73 - 83 83 - 93

114
115

No Gráfico 27, temos a predominância do câncer de pele de acordo com a


região cutânea. Vê-se que mais de 69,6% dos casos registrados ocorrem na cabeça.
Provavelmente isso se explica porque, quando expostos ao sol, recebemos a
radiação direta em um ângulo em torno de 90º. A região do tronco deteve 6,5% dos
casos, seguida dos membros inferiores (4,3%) e membros superiores (2,2%). Cerca
de 17,4% dos casos diagnosticados tem múltiplas localizações. Este dado da
pesquisa é semelhante aos publicados por Silva, 2006, sobre a predominância do
câncer de pele de acordo com a região cutânea no Oeste do estado de São Paulo
(Figura 37 )

Gráfico 27 – Localização Primária das Lesões


100

80

60
%

40

20

0
C

Tr

M
ab

em

em

úl
on

tip

co

br

br

la
a

os

os
e

Su

In
Pe

fe
pe
sc

rio

rio

re
o

re

s
s

Figura 37: Predominância do câncer de pele (%), de acordo com a região


cutânea, diagnosticados na região Oeste do Estado de São Paulo (jan/1999 a
dez/2004. (Silva, 2006: Tese de Mestrado).

115
116

Câncer de Pele pode ser facilmente diagnosticado em uma consulta com um


profissional médico que ao analisar uma lesão presente na pele pode definir um
diagnóstico diferenciando as lesões que sejam características de um câncer em
relação a outros tipos que são lesões benignas e não necessitam de tratamento.
A Prevenção pode significar a diferença entre a gravidade das lesões, pois
apesar das altas taxas de incidência do câncer de pele os altos índices de cura
ocorrem principalmente devido ao diagnóstico precoce. Saber como detectar
precocemente os sinais mais comuns de câncer de pele torna importante aliado na
prevenção. O auto-exame (Regra do A B C D) identificando lesões assimétricas,
bordas irregulares, cor variada, dimensões maior que 6 mm e leões que não
cicatrizam sejam na pele ou mucosas a procura pelo médico especialista torna-se
imperiosa para definição diagnóstica e terapêutica. No presente estudo, quanto a
avaliação do tipo de lesão foram identificados 68,4% assimétricas, 63% tinham
bordas irregulares, 68,4 cor variada e 82,1% maiores que 6 mm ( Figura 38).

Figura 38: Tipos de lesões de pele Assimetria, Bordas, Cor e Dimensão.

100
80
90
70
80

60 70

50 60

% 50
%

40
40
30
30
20
20

10 10
0 0
SIMÉTRICA ASSIMÉTRICA REGULARES IRREGULARES

COR DA LESÃO 100


80

70 80

60

50 60
%
%

40
40
30

20
20
10

0 0
UNICA VARIADA MENOR QUE 6mm MAIOR QUE 6mm

116
117

Quanto ao nível de escolaridade dos entrevistados com câncer de pele 34,4%


declaram serem analfabetos; 44,4% estudaram até ensino fundamental completo;
22,2% até ensino médio completo e 8,9% nível superior completo (Gráfico 28).

Gráfico 28 – Nível de escolaridade nos paciente com câncer de pele


50

40
%
30

20

10

0
An

At

At

At
é

é
al

Fu

En

Su
fa
be

nd

s.

p.C
to

M
C

om
éd
om

io

p.
p.

C
om
p.
Quando pesquisado em relação à renda familiar 72,7% dos entrevistados
recebem até 2 salários mínimos, seguidos de 18,2% que declararam receber de 2 a
5 salários mínimos e apenas 9,1% ganham mais de 5 salários mínimos (Gráfico 29).

Gráfico 29 – Renda familiar e câncer de pele


100

80

60
%

40

20

0
Até 2 s.m 2 a 5 s.m Acima de 5 s.m

Estudos revelam o aumento considerável de atividades realizadas a céu


aberto, sejam por lazer, sejam por atividades laborais (DIFFEY, 2000; OMS, 2002;
CORRÊA, 2003).

117
118

No passado, entre as décadas de 1950 e 1970, a população rural era maior


que a população urbana, no município de Itabuna. As atividades realizadas no
campo obrigavam os trabalhadores a ficarem várias horas do dia expostos ao sol,
com risco potencial de desenvolver o câncer de pele. Nos dias atuais, apesar de
ocorrer uma reversão, isto é, a população urbana é maior que a população rural
ocorre diversas atividades em que os trabalhadores também ficam várias horas do
dia expostos à radiação solar, como, por exemplo: vendedores ambulantes,
carteiros, garis etc.;
Nesta amostra de pacientes com câncer de pele quando indagado sobre
exposição ao sol no ambiente de trabalho 57,5% dos entrevistados responderam
que trabalharam expostos ao sol e 42,5% realiza suas atividades laborativas sem
exposição à radiação solar (Gráfico 31). Para os entrevistados com câncer de pele
que ficam expostos ao sol no trabalho, o uso de equipamento de proteção individual
(EPI) apenas 5,1% declara o uso regularmente, e a maioria 74,4% dos entrevistados
não utiliza nenhum material de proteção em suas atividades laborais (Gráfico 30)

Gráfico 30 - Uso USO


de EPI´s
DE EPI´S Gráfico 31 – Exposição ao Sol no Trabalho

REGULARMENTE EXPOSIÇÃO AO SOL NO DE TRABALHO


100

IRREGULARMENTE 80

60
%

40

NÃO 20

0
Sem Exposição Com Exposição

Observar neste grupo de estudo passado de queimaduras de pele pelo sol


significado alta exposição prolongada à radiação tem sua importância relatada pela
literatura, como um dos fatores foto indutivos ao desenvolvimento de doenças
cutâneas entre elas o câncer de pele (OKUNO, 2005; CORREA, 2003).
Quanto ao histórico de queimaduras solares dos 45 participantes desta
amostra, 36 entrevistados (80%) declararam que nunca sofreram queimadura; e 9
(20%) já se queimaram pelo menos uma vez através da exposição a radiação solar
(Tabela 12).

118
119

Tabela 12 – Queimadura solar e câncer de pele

FREQUÊNCIA %
Sim 9 20,0
Não 36 80,0
Total 45 100,0

Dos 45 participantes deste estudo quando questionados a respeito do


conhecimento do índice de radiação ultravioleta A e B, 30 (78,3%) dos entrevistados
com câncer de pele responderam desconhecer este índice e 10 deles (21,7%)
sabem o que índice ultravioleta (Gráfico 32).
Gráfico 32 – Conhecimento do IVU nos paciente com câncer de pele.
CONHECIMENTO DO IUVAB
100

80

60
%

40

20

0
Sim Não

Os efeitos em longo prazo derivam do fato da ação dos UV sobre a pele ser
cumulativa e dependem da dose total de radiação solar recebido e da qualidade da
fotoproteção natural do indivíduo. São a heliodermia ou envelhecimento cutâneo,
que se verifica essencialmente nas áreas foto expostas e a fotocarcinogênese,
provocada por alterações diretas na célula da pele ou em seu DNA causando
mutação genética. Para os tumores epiteliais (exceto para o melanoma) o risco é
dose-dependente. Enquanto os RUVB têm um espectro de eritema e carcinogênese
sobreponível, os RUVA são pouco eritemogênicos, mas têm alto potencial
carcinogênico (OKUNO, 2005; ROELANDTS, 2007).
Partindo deste raciocínio foi perguntado aos indivíduos com câncer de pele
sobre o histórico da exposição solar na infância e 88,1% dos entrevistados
responderam que expuseram ao sol na infância sem proteção e apenas 11,9%
declararam que não ficaram expostos ao sol na infância (Gráfico 33).

119
120

Dados importantes, onde a literatura sustenta esta hipótese dos efeitos


cumulativos da radiação solar na pele humana precipitando carcinogênese cutânea.
Gráfico 33: Exposição Solar na Infância.
100

80

60

%
40

20

0
Sim, sem proteção Não

120
121

121
122

CONCLUSÕES
E
RECOMENDAÇÕES

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

CONCLUSÕES:

O presente trabalho torna-se importante não apenas pela relevância do tema


estudado no âmbito sócio-ambiental, mas também por preencher uma lacuna dada à
raridade de publicações sobre esse tema no Estado da Bahia e por tratar-se de
estudo pioneiro na região Ilhéus-Itabuna. O câncer, seja ele qual for, deve ser
considerado problema de saúde pública, e a tarefa de combatê-lo exigem o
conhecimento da incidência da doença, com suas variações nas diferentes regiões
do País e do mundo.
Através do referencial teórico e da metodologia adotada os resultados obtidos
nesta pesquisa permitiram as seguintes conclusões:
1) As medidas dos índices de RUV na região Ilhéus/Itabuna no ano de 2008
em relação aos valores médios mensais por períodos de 02 horas revelaram em
todos os meses o máximo do valor médio do IUV foi encontrado no período entre as
14:00-16:00,sendo o mês de março o que acusou as medidas mais alta do ano.
Apenas nos meses de junho e julho os valores médios dos índices de UV
foram obtidos abaixo de 6 (limite do IUV médio), possivelmente meses do inverno
com presença de nuvens e aumento da concentração de ozônio atmosférico. O
horário de valores mais altos de IUV médio em todos os meses foi achado no
período entre as 12:00-18:00. Constatou-se, então que os valores médios estão
praticamente acima do limite de maior risco (IUV=6) todo o ano em nossa região.
Quando foi comparado o valor medido máximo e mínimo em cada mês
obtivemos o seguinte: os dados mostram que além de março, setembro e dezembro
também foram meses de atividade UV com maior intensidade na região.

122
123

A pesar de maiores variações no período de horas acima de IUV médio =6, se


confirmou que um horário de segurança geral (com IUV <6), na região é apenas
antes das 12:00h e depois das 18:00h.

123
124

2) No que se refere aos casos de câncer de pele diagnosticadas no


ambulatório dos hospitais públicos de Itabuna, o estudo ainda mostrou que O CBC
foi o câncer de pele de maior prevalência, dentro da amostra analisada, seguido de
CEC depois MM, câncer de pele com alto potencial de metástase e mortalidade,
cerca de 4,3% foram diagnosticados.
A cabeça invariavelmente foi o local anatômico de maior ocorrência do
câncer de pele, sendo responsável por 69,6% dos casos novos diagnosticados. O
perfil epidemiológico ora verificado na cidade de Itabuna apresentou o mesmo
padrão identificado nas estimativas de incidência em publicações nacionais e
internacionais.
Quanto à faixa etária, a população mais atingida pelo câncer cutâneo
fixou-se entre os 60 e 70 anos de idade. Todavia, casos positivos dessa
enfermidade foram diagnosticados a partir da segunda década de vida.
A grande maioria dos entrevistados com câncer de pele relata histórico da
exposição solar na infância e no ambiente de trabalho sem fotoproteção.
Apesar da população estudada ser afrodescente encontramos uma
prevalência significativa de câncer de pele.

3) A avaliação do comportamento e hábitos da população de Itabuna mostrou


que a maioria se encontra na média africana, ou seja, pele negra, com olhos
castanhos escuros e cabelos negros e não utilizam filtro solar e não conhece índice
ultravioleta.
Em relação à exposição à radiação solar demonstrou que, de modo geral,
uma parcela significativa realiza atividades ao ar livre, aproximadamente 30%, sem
necessariamente utilizar medidas de proteção para essa exposição.
Durante a infância e adolescência, pouco mais de 51,4% dos entrevistados
informaram que se expunham à radiação solar de forma prolongada e freqüente,
sem usar barreiras físico-químicas como forma de proteção contra a RUV. Na
população de Itabuna cerca de 40% não usa filtro solar, sendo os fatores que
influenciam o não uso correto da fotoproteção estão a falta de informação e o preço
muito elevado do produto, devido ao perfil econômico e educacional onde 60% dos
entrevistados receberem até 2 salários mínimos como renda familiar e baixo nível de
escolaridade.

124
125

RECOMENDAÇÕES:
As situações de alta vulnerabilidade sócio-ambiental ora apresentada,
apesar de não serem imutáveis, pois essa condição pode ser alterada através de
ações individuais, político-institucionais e sociais, quase que exclusivamente
relegam aos menos favorecidos, portanto com menor capacidade de reação às
situações de risco, menor chance de proteção contra as inúmeras enfermidades
existentes, entre as quais o câncer de pele.
Nesta pesquisa identificamos os fatores inter-relacionados com a
incidência do câncer de pele: a radiação ultravioleta (fator ambiental), o tipo de pele
(fator genético) e os aspectos socioculturais (comportamento à exposição a
radiação), este último é onde poderemos investir esforços preventivos, através de
educação para conhecimento da questão e mudança de atitude em relação a
exposição solar.

Figura 39: Fatores inter-relacionados com câncer de pele

A intervenção do poder público urge no sentido de criar subsídios para


fabricação e até mesmo distribuição de filtro solar para os grupos sociais menos
favorecidos favorecendo a redução dos casos de câncer de pele, no Brasil.

125
126

Não obstante, a existência de outras formas de proteção mais baratas e de


fácil acesso, como, por exemplo, o uso de sombrinhas, chapéus e vestuário que
cobre áreas do corpo expostas ao sol são relegados em detrimento de padrões
culturais e da moda sazonal, devendo ser estimuladas.
O Índice UV, como forma de prevenção dos efeitos deletérios da radiação UV,
ainda é desconhecido pela grande maioria da população. Mais da metade (54,8%)
dos entrevistados sequer ouviram falar sobre o índice, evidenciando a necessidade
de campanhas efetivas e abrangentes de esclarecimento e divulgação do Índice UV,
como maneira de orientação e prevenção de uma série de enfermidades
relacionadas à exposição solar.
Destaca-se ainda, que o melhor modo de divulgação do Índice UV será através
dos boletins meteorológicos divulgados nos meios de comunicação em massa, como
TVs e emissoras de rádio, que conseguem atingir um público maior. Deste modo,
entende-se que a promoção de programas de foto-educação e foto-proteção é
importante na prevenção da redução do câncer de pele, sendo premente a
necessidade de sensibilização não só dos prestadores de cuidados de saúde, mas
também da população em geral, principalmente pais, educadores e as próprias
crianças, para que adquiram hábitos de convívio saudável com o sol.
Finalmente, pelas razões expostas e pelos desafios que se superpõem, nossos
resultados apontam para a necessidade de novos estudos, ampliando o tamanho da
amostra estudada, incluindo todos os grupos de atenção a saúde e realizar medidas
das variações dos índices de RUV a logo prazo.

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145
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ANEXOS
12. EM QUE HORA DO DIA VOCÊ COSTUMA TOMAR BANHO DE SOL?
 Antes das 10h  Entre 10h e 15h  Após as 15h  Não tomo sol.

13. VOCÊ JÁ TEVE QUEIMADURAS DEVIDO À EXPOSIÇÃO AO SOL?


 Nunca tive  Só uma vez  Até 3 vezes  Acima de 3 vezes
ANEXO I: COMPORTAMENTO EM RELAÇÃO À EXPOSIÇÃO AO SOL
14. VOCÊ JÁ APRESENTOU OUTROS PROBLEMAS DE SAUDE RELACIONADOS À EXPOSIÇÃO AO SOL? QUAIS?
 Sim. ____________________________  Não

15. ALGUM FAMILIAR SEU APRESENTA OU JÁ APRESENTOU PROBLEMAS DE SAUDE DECORRENTES DA EXPOSIÇÃO EXCESSIVA
1. IDADE: _________ 2. SEXO:  Feminino  Masculino
AO SOL? QUAL PROBLEMA?
3. ATIVIDADE ECONÔMICA DESENVOLVIDA: _____________________________  Sim. ____________________________  Não

4. NÍVEL DE ESCOLARIDADE:
16. VOCÊ UTILIZA PROTETORES SOLARES NA FORMA DE LOÇÃO?
 Analfabeto  Ensino médio completo 
 Em qualquer época do ano  Somente durante o verão 
Ensino superior completo
Nunca uso
 Ensino fundamental completo  Ensino médio incompleto  Ensino superior incompleto
 Quando vou tomar banho de sol  Somente quando vou à praia/piscina
 Ensino fundamental incompleto

17. QUAL É O FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR (FPS) UTILIZADO?


5. SUA RENDA ECONÔMICA É DE QUANTOS SALÁRIOS MÍNIMOS:
 Não uso protetor  Entre 4 e 8  Entre 15 e 30
 Até 2 s. m.  De 3 a 5 s. m.  Acima de 10 s. m.
 Menor que 4  Entre 8 e 15  Acima de 30
 De 2 a 3 s. m.  De 5 a 10 s. m.

18. VOCÊ PASSA O PROTETOR SOLAR:


6. QUAIS SÃO SUAS CARACTERISTICAS FISICAS?
 Não uso protetor solar  Quando chego à praia, piscina ou local de banho de Sol
COR DA PELE:  Branca  Morena  Mulata  Negra
 30 minutos antes da exposição ao Sol  Quando sinto que o sol está queimando
COR DOS OLHOS:  Negros  Castanhos Escuro  Castanhos Claros  Azuis/Verdes
CABELOS:  Negros  Castanhos  Ruivos  Loiros
19. VOCÊ ACREDITA QUE AS PESSOAS NÃO UTILIZAM LOÇÕES PROTETORAS POR QUAL MOTIVO?
 Preços muito altos  Falta de informação
7. DURANTE SUA INFÂNCIA OU ADOLESCÊNCIA VOCÊ FICA/FICOU EXPOSTO(A) AO SOL POR LONGOS PERÍODOS DO DIA?
 Incômodo  Preguiça
 Sim, mas sempre utilizei medidas de proteção ao Sol  Não fiquei/fico exposto ao sol
 Outro motivo:____________________
 Sim, mas nunca utilizei medidas de proteção ao Sol  Não me recordo

20. EM DIAS ENSOLARADOS, VOCÊ FAZ USO DE OUTRO TIPO DE PROTEÇÃO SOLAR?
8. VOCÊ SE EXPÕE DE FORMA PROLONGADA E FREQÜENTE AO SOL OU TOMA BANHO DE SOL:
 Óculos escuros  Guarda-sol  Não utilizo medias de proteção
 Na sua casa  Na praia ou clube  No sítio ou fazenda  Não me exponho
 Bonés/chapéus  Vestimenta adequada
 No trabalho  Na escola/universidade  Em cidades montanhosas

21. VOCÊ SABE O QUE É ÍNDICE ULTRAVIOLETA?


9. QUANDO VOCÊ SE EXPÔE AO SOL:
 Sim  Não
 Sempre se queima, nunca se bronzeia.  Às vezes se queima, sempre se bronzeia.
 Sempre se queima, eventualmente se bronzeia.  Nunca se queima, sempre se bronzeia.
22. VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTE A DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE OS NÍVEIS DE RADIAÇÃO SOLAR ULTRAVIOLETA
JUNTO COM OS NOTICIÁRIOS DE METEOROLOGIA?
10. DURANTE QUANTO TEMPO VOCÊ SE EXPÕE AO SOL DIARIAMENTE? (POR EXEMPLO, NO TRABALHO, NA ESCOLA,
 Sim  Não
NA CONDUÇÃO, ETC.)
 Menos de 1h/dia  Entre 3h e 6h/dia
 Entre 1h e 3h/dia  Mais de 6h/dia

11. VOCÊ TOMA BANHO DE SOL OU SE BRONZEA ARTIFICIALMENTE:


 Muitas vezes  Regularmente  Poucas vezes  Nenhuma vez

146
147

ANEXO II: Ficha Clinica Dermatológica e Biopsia de Pele

Questionário Geral de Dermatologia

DATA DA ENTREVISTA:----------------------------------------------------PRONTUÁRIO:---------------------------

NOME COMPLETO:--------------------------------------------------------------------------------------------------------

SEXO:
( ) MASCULINO ( ) FEMININO

COR:
( ) BRANCA ( ) NEGRA
( ) PARDA ( ) AMARELA

SITUAÇÃO CONJUGAL ATUAL (NÃO NECESSARIAMENTE ESTADO CIVIL):

( ) SOLTEIRO ( ) CASADO/UNIÃO CONSENSUAL


( ) VIÚVO ( ) DIVORCIADO/SEPARADO

UNIDADE FEDERADA ONDE NASCEU:

( _____ ) (UF) ( ) ESTRANGEIRO NATURALIZADO

NACIONALIDADE:-------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DATA DO NASCIMENTO (DIA/MÊS/ANO):----------------------------------------------------------------------------------------

ENDEREÇO:------------------------------------------------------------------------ TEMPO DE RESIDÊNCIA:---------------

ESCOLARIDADE (CONSIDERE O MAIS ALTO GRAU ATINGIDO):

( ) ALFABETIZADO ( ) PRIMEIRO GRAU INCOMPLETO ( ) PRIMEIRO GRAU COMPLETO


( ) SEGUNDO GRAU INCOMPLETO ( ) SEGUNDO GRAU COMPLETO ( ) SUPERIOR INCOMPLETO
( ) SUPERIOR COMPLETO ( ) PÓS-GRADUAÇÃO

OCUPAÇÃO ATUAL:------------------------------------------------------------------------------------------------------

QUEIXA PRINCIPAL:-----------------------------------------------------------------------------------------------------

HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (TEMPO DE INÍCIO DAS LESÕES; LOCAL DE INÍCIO; DISTRIBUIÇÃO E ARRANJO DAS
LESÕES; TEMPO PARA DISSEMINAÇÃO; SINTOMATOLOGIA LOCAL E GERAL; TRATAMENTO REALIZADO; RESPOSTA
AO TRATAMENTO

147
148

OUTRAS QUEIXAS ASSOCIADAS:-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

ANTECEDENTES PESSOAIS (ESPECIFICAR):

( ) DOENÇAS COMUNS DA INFÂNCIA ( ) OBESIDADE


( ) HIPERTENSÃO ARTERIAL ( ) PNEUMONIA
( ) TUBERCULOSE ( ) DIABETES
( ) INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO ( ) DERRAME, TROMBOSE OU EMBOLIA CEREBRAL
( ) DOENÇA PSIQUIÁTRICA ( ) PROBLEMAS DA TIREÓIDE
( ) CÂNCER ( ) DOENÇAS DA PELE
( ) PROBLEMAS DE COLUNA ( ) PROBLEMAS DO APARELHO DIGESTIVO
( ) DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ( ) DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO
( ) OUTRAS DOENÇAS ( ) NENHUMA DELAS

EM RELAÇÃO AO HÁBITO DE FUMAR:

( ) NUNCA FUMOU
( ) PAROU DE FUMAR
( ) FUMA ATUALMENTE
( ) FUMA EVENTUALMENTE (IRREGULARMENTE OU SOMENTE CIGARROS DE AMIGOS)

COM QUE FREQÜÊNCIA VOCÊ TOMA BEBIDAS ALCÓOLICAS?

( ) DIARIAMENTE OU QUASE TODO DIA (QUATRO OU MAIS VEZES POR SEMANA)


( ) PELO MENOS UMA VEZ POR SEMANA (ATÉ TRÊS VEZES POR SEMANA)
( ) OCASIONALMENTE (PELO MENOS UMA VEZ POR MÊS)
( ) RARAMENTE (MENOS DE UMA VEZ POR MÊS)
( ) PAROU DE BEBER
( ) NUNCA TOMOU BEBIDA ALCÓOLICA

HORÁRIO DE TRABALHO (ESPECIFICAR SE NECESSÁRIO):

[ ] QUATRO HORAS DIÁRIAS [ ] SEIS HORAS DIÁRIAS [ ] OITO HORAS DIÁRIAS

[ ] PLANTÃO DE 12 HORAS [ ] PLANTÃO DE 24 HORAS [ ] OUTRO

[ ] FAZ HORA EXTRA


-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

TEMPO GASTO PARA CHEGAR AO TRABALHO:

[ ] MENOS DE 30 MINUTOS [ ] ENTRE 30 A 60 MINUTOS [ ] ENTRE 60 A 90 MINUTOS

[ ] ENTRE 90 A 120 MINUTOS [ ] OUTRO

MEIOS DE LOCOMOÇÃO UTILIZADOS PARA VIR AO TRABALHO:

[ ] VEM A PÉ [ ] ÔNIBUS [ ] CARRO

[ ] MOTOCICLETA [ ] TREM OU METRÔ [ ] BICICLETA

[ ] BARCA OU SIMILAR [ ] OUTRO MEIO

148
149

LOCAL ONDE EXERCE ATIVIDADE LABORATIVAS

[ ] INTERNA {COBERTO) [ ]EXTERNO (AO AR LIVRE)

USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI):

[ ] SIM, DE MODO REGULAR [ ] SIM, DE MODO IRREGULAR [ ] NÃO

E.P.I. (ESPECIFICAR): TIPO DE MATERIAL:

[ ] BOTAS

[ ] MEIAS 1. BORRACHA

[ ] LUVAS 2. ALGODÃO

[ ] TÊNIS 3. VINIL

[ ] MÁSCARAS 4. COURO

[ ] PROTETOR OCULAR 5. BRIM

[ ] UNIFORME 6. TECIDO SINTÉTICO

[ ] JALECO 7. MATERIAL DESCARTÁVEL

[ ] GUARDA PÓ 8. COM FILTRO

[ ] TOUCA / CHAPÉU 9. SEM FILTRO

[ ] CAPACETE 10. OUTRO MATERIAL

[ ] OUTRO

MATERIAL UTILIZADO PARA HIGIENE PESSOAL (ESPECIFICAR SE NECESSÁRIO):

[ ] SABONETE [ ] DETERGENTE [ ] SABÃO DE COCO

[ ] SABÃO LÍQUIDO [ ] ANTI-SÉPTICOS [ ] OUTRO PRODUTO


---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

MARQUE PRODUTOS QUE COSTUMA UTILIZAR (ESPECIFICAR SE NECESSÁRIO):

[ ] CREMES HIDRATANTES [ ] PERFUMES [ ] CREME DE BARBEAR

[ ] TINTURAS, DESCOLORANTES, ALISANTES [ ] MAQUIAGEM [ ] DESODORANTE

[ ] OUTROS [ ] FILTRO SOLAR


---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ANTECEDENTES FAMILIARES (DOS PROBLEMAS DE SAÚDE ABAIXO RELACIONADOS, QUAIS FORAM
DIAGNOSTICADOS EM SEUS PARENTES CONSANGÜÍNEOS, VIVOS OU FALECIDOS):

( ) OBESIDADE ( ) HIPERTENSÃO ARTERIAL


( ) ALCOOLISMO ( ) DIABETES
( ) INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO ( ) DERRAME, TROMBOSE OU EMBOLIA CEREBRAL
( ) DOENÇA PSIQUIÁTRICA ( ) CÂNCER
( ) PROBLEMAS CARDIOLÓGICOS ( ) TUBERCULOSE
( ) DOENÇAS DA PELE ( ) ALERGIAS
( ) NENHUMA DELAS ( ) NÃO SABE INFORMAR
EXAME FÍSICO

149
150

(TIPO DE PELE]
SOFRE BRONZEIA APÓS
TIPO CARACTERÍSTICA
QUEIMADURAS EXPOSIÇÃO
I. ( ) Sempre Raramente
Pele clara - pouca melanina
II.( ) Usualmente Às vezes
III.( ) Às vezes Usualmente
Pele morena - Qtd intermediária de melanina
IV.( ) Raramente Sempre
V. ( ) Pele mulata (naturalmente)
Pele escura - Muita proteção de melanina
VI.( ) Pele negra (naturalmente)
TIPOS DE LESÕES[REGRA A,B,C e D)
[ ]SIMETRICA [ ]ASSIMETRICA
[ ]BORDAS REGULARES [ ]BORDAS IRREGULARES
[ ]COR ÚNICA [ ]COR VARIADA
[ ]DIMESÃO < 6MM [ ]DIMENSÃO > 6MM
LOCALIZAÇÃO ATUAL DAS LESÕES;
[ ]CABEÇA [ ] FACE [ ]NARIZ [ ]COURO CABELUDO

[ ]PESCOÇO [ } LADO DIREITO [ ] LADO ESQUERDO

[ ]TRONCO [ ] DORSAL [ ] VENTRAL

[ ]MSD [ ]BRAÇO [ ]ANTEBRAÇO [ ]MÃO

[ ]MSE [ ]BRAÇO [ ]ANTEBRAÇO [ ]MÃO

[ ]MID [ ]COXA [ ]PERNA [ ]TORNOZELO [ ]PÉ

[ ]MIE [ ]COXA [ ]PERNA [ ]TORNOZELO [ ]PÉ

ALTERAÇÕES EXTRACUTÂNEAS:

SUSPEITA DIAGNÓSTICA
1.______________________________2._________________________________________3._________________________
CONDUTA:

PROCEDIEMNTO: [ ] PUNÇÃO BIOPSIA [ ]BIOPSIA EXCISIONAL

ANEXO III: Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa:

150
151

APENDICES

151
152

DEFINIÇÃO DOS TERMOS MAIS USADOS EM DERMATOPATOLOGIA:

Termos histológicos:

a) Epiderme
Hiperceratose: Aumento da espessura da camada córnea.
Paraceratose: Corresponde à retenção de núcleos picnóticos na camada córnea.
Disceratose: Ceratinização precoce das células epidérmicas, que mostram
precocemente núcleo picnótico e escuro, com citoplasma eosinofílico.
Hipergranulose: Aumento do número de células da camada granulosa.
Hipogranulose: Diminuição do número de células da camada granulosa.
Hiperplasia: Aumento do número de células da epiderme, que se mostra espessada.
Acantose: Aumento da espessura da camada espinhosa.
Atrofia: Redução das células espinhosas, com afinamento da epiderme.
Espongiose: Edema entre as células (intercelular) espinhosas, podendo resultar na
formação de vesículas intra-epidérmicas.
Balonização: edema intracelular.
Acantólise: Perda da coesão entre as células espinhosas, com formação de
espaços, vesículas ou bolhas intra-epidérmicas. Ao se individualizarem as células
tornam-se arredondadas, o núcleo bem corado e o citoplasma eosinofílico - célula
acantolítica.

b) Derme
Infiltrado celular: Pode ser monomorfonuclear, polimorfonuclear ou misto.
Degeneração do colágeno: Alterações estruturais e tintoriais do colágeno:
hialinização (confluência das fibras e aumento da eosinofilia) ou degeneração
basofílica.
Fibrose: Aumento dos fibroblastos e do colágeno, sendo que este se mostra
desarranjado.
Esclerose: Aumento e desarranjo do colágeno, sendo que este se mostra
eosinofílico, homogêneo, hialinizado e com diminuição do número de fibroblastos.
Papilomatose: É a projeção e alongamento das papilas dérmicas.

152
153

Termos clínicos:
Mácula: Alteração da cor normal da pele. Pode ser hipocrômica, hipercrômica ou
acrômica.
Pápula: Lesão elevada com até 1 cm de diâmetro.
Nódulo: Elevação com mais de 1 cm de diâmetro.
Placa: Lesão elevada e plana, com mais de 1 cm de diâmetro.
Papiloma: Lesão formada por projeções digitiformes, e papilíferas, acima da
superfície da pele, com hiperplasia epidérmica.
Cisto: Cavidade contendo fluido ou material sólido e circundada por epitélio.
Vesícula: Elevação circunscrita, com menos de 1 cm de diâmetro e com líquido no
interior.
Bolha: Elevação circunscrita, com mais de 1 cm de diâmetro e com líquido no
interior.
Pústula: Coleção localizada de pus com até 1 cm.
Abscesso: Acúmulo localizado de pus com mais de 1 cm.
Púrpura: Sangramento na pele que permanece quando se faz vitropressão. Petéquia
quando até 1 cm e equimose quando acima deste tamanho.
Telangiectasia: Dilatação de capilares, vênulas ou arteríolas na superfície cutânea.
Desaparece a vitropressão.
Hematoma: Acúmulo de sangue na derme profunda ou subcutâneo.
Escama: Camada de células cornificadas na superfície cutânea.
Crosta: Placa irregular formada pelo ressecamento de exsudato composto de
serosidade (melicérica) ou sangue (hemática).
Exulceração: Perda parcial ou completa da epiderme (erosão). Não deixa cicatriz.
Úlcera: Perda completa da epiderme e parte da derme, deixando cicatriz.
Fissura: Solução de continuidade linear que vai da superfície da pele até a derme.
Atrofia: Diminuição da espessura da pele, principalmente da derme. Quando
associada à telangiectasia, hipo e hiperpigmentação, chama-se poiquilodermia.
Esclerose: Área de induração detectável pela palpação.
Liquenificação: Aumento da espessura da epiderme com acentuação dos sulcos
cutâneos, podendo estar associada a hiperpigmentação e descamação.

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