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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ____ VARA

DE RECUPERAÇÕES DE EMPRESAS E FALÊNCIAS DA COMARCA DE FORTALEZA,


NO ESTADO DO CEARÁ

PEDIDO DE DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA

CEARÁ ALIMENTOS LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita


no CNPJ sob o n° 03.872.471/0001-65, situada à Av. Borges de Melo, n° 1712, bairro Parreão,
Fortaleza, Ceará, CEP: 60415-510, contrato social devidamente registrado na Junta de Comércio
(JUCEC), vem, respeitosamente, por seus advogados in fine subscritos (procuração em anexo), perante
Vossa Excelência, ajuizar o presente PEDIDO DE DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA em face de
BERLIM SEGUROS E ARRENDAMENTO MERCANTIL LTDA., pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ sob o nº 02.760.163/0001-31, com endereço à Av. Dom Luís, nº 900, Bairro
Aldeota, CEP: 60160-230, em Fortaleza, Ceará, cujo contrato social, devidamente registrado perante
a Junta Comercial desta cidade, com fulcro no art. 94, inciso II, com base nos argumentos fáticos e
jurídicos a seguir delineados:

I - DA OPÇÃO PELA REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO

Inicialmente, insta informar que a parte autora com ânimo de solucionar a


presente demanda de forma pacífica e consensual, em razão do quanto disposto no artigo 319, inciso
VII, do CPC, opta pela realização de audiência de conciliação ou mediação, que assim dispõe:

Art. 319. A petição inicial indicará:


VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou
de mediação.
Assim sendo, após a designação da audiência, requer-se a Empresa Requerente
que seja a parte esta intimada na pessoa de seu patrono, bem como que seja a Ré citada, em inteligência
ao art.334, § 3º e § 5º do CPC/2015, respectivamente.

II – DOS FATOS

Na data de 15 de janeiro do ano de 2015, a partes firmaram contrato de


prestação de serviços, por meio do qual comprometeu-se a Empresa Requerente a fornecer alimentos
para os trabalhadores da empresa requerida, mediante o pagamento de R$ 9.000,00 (nove mil reais).

Conforme firmado em contrato, a parte autora mensalmente preparava a


alimentação de almoço de mil quentinhas, a custo individualizado a R$ 9,00 (nove reais) cada uma
delas.

Ocorre, Excelência, que a partir de janeiro de 2016 a empresa requerida passou


a não cumprir com as suas obrigações. Assim sendo, após 4 (quatro) meses de descumprimento
contratual, a autora ajuizou a ação de execução de título executivo extrajudicial, cobrando pelos
requeridos meses de atraso, assim como ação declaratória de rescisão contratual, tendo assim o
contrato quebrado.

Todavia, no processo de execução, mesmo o julgador tendo determinado a


citação em três dias, após constatada a exequibilidade do título, não obteve êxito no feito, pois a parte
não nomeou bens à penhora, além de, após sucessivas constrições, não terem sucesso as constrições
nas contas bancárias, via SISBAJUD, nem as pesquisas dos bens nos sistemas INFOJUD e RENAJUD,
sendo assim declarada a execução frustrada.

Assim sendo, foi requerida certidão de execução frustrada à vara a qual tinha
andamento o processo de execução, documento esse lavrado e anexado aos autos do presente processo,
para que, desse modo, ocorresse o pedido de falência da empresa devedora

Desse modo, em razão de ser o documento entre as partes, assinado por duas
testemunhas líquido, certo e exigível, constituindo-se como um título executivo nos termos do art. 784,
I, do CPC, bem como por se encontrar a requerida até o presente momento inadimplente, levou a autora
a protestar o referido contrato e, não tendo obtido sucesso, requerido a falência da devedora.
Por tudo isso, tendo a Autora buscado solucionar a lide amigavelmente junto
à Requerida, mas sem êxito, não restou a esta peticionante outra alternativa a não ser pedir pela
Decretação de Falência da Requerida.

III – DO DIREITO

Excelência, como extrai dos fatos narrados, é a Autora credora da quantia


líquida, certa e exigível de R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais), já que prestou efetivamente o
serviço de entrega de alimentos, conforme contratado, como fazem prova os documentos em anexo.
Não obstante, de má-fé, a Demandada não adimpliu o valor firmado em contrato particular de compra
e venda, esquivando-se do cumprimento de suas obrigações contratuais.

A autora buscou de todas as formas resolver o problema, requerendo o que lhe


é devido, tendo, inclusive, ajuizado ação de execução de título extrajudicial em processo de nº
0182563-22.2016.8.06.0001, muito embora, sem ter obtido qualquer êxito.

Assim sendo, é um absurdo, Excelência, a tentativa da autora em evitar de


realizar pagamento por serviço efetivamente prestado em qualidade, repise-se, e grau de zelo de acordo
com às expectativas e solicitações da cliente.

Nesse diapasão, a Lei nº 11.101/05, que regula a recuperação de empresas e a


falência do empresário e da sociedade empresária, disserta que é possível a decretação de falência nos
casos em que o executado por quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens
suficientes dentro do prazo legal. Senão vejamos:

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:


II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal;

Da leitura do dispositivo, infere-se que, nas hipóteses de execução frustrada,


na ausência de pagamento, depósito ou nomeação de bens à penhora, resta-se configurada a insolvência
jurídica da empresa, de modo que é possível solicitar a decretação de falência desta.

Assim, com base no disposto em lei, mostra-se demonstrado no caso em tela a


chamada tríplice omissão do devedor, já que, para além do inadimplemento verificado na
presente lide, resta-se demonstrada a presunção de insuficiência patrimonial da requerida para
honrar com as suas dívidas.
Para que seja comprovada tal asserção. junta-se aos autos do processo certidão
de crédito emitida pelo Juízo em que tramitou a execução ajuizada por este peticionante, a qual é apta
a demonstrar tentativas infrutíferas de adimplemento de crédito, tendo em vista o procedimento de
execução frustrada, pelo pagamento por parte da devedora, pela não localização desta ou de bens para
a garantia do crédito executado.

O entendimento da jurisprudência pátria é nesse sentido:

Pedido de falência. Execução frustrada. Art. 94, II, da Lei nº 11.101/2005.


Necessidade para tanto da presença concomitante de três requisitos no âmbito
da execução singular promovida contra a devedora, todos devidamente
comprovados na espécie: falta de pagamento e a par disso a ausência de
depósito do valor cobrado, bem como de nomeação de bens suficientes à
penhora, sempre dentro do prazo legal. Petição inicial regularmente instruída
com certidão de objeto e pé, extraída da execução de título judicial movida
contra a devedora em atenção à regra do art. 94, § 4º, da Lei nº 11.101/2005,
indicativa do preenchimento dos requisitos necessários, inclusive com
referência expressa à intimação da executada para indicação de bens passíveis
de suportar excussão. Decisão de Primeiro Grau, que decretou a quebra,
mantida. Agravo de instrumento da ré não provido. (Relator(a): Fabio Tabosa;
Comarca: São Paulo; Órgão julgador: 2ª Câmara Reservada de Direito
Empresarial; Data do julgamento: 24/08/2016; Data de registro: 27/08/2016)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.


EXECUÇÃO FRUSTRADA. EXPEDIÇÃO. CERTIDÃO DE EXECUÇÃO
FRUSTRADA. DEVIDA. 1. Nos termos do art. 94, II, da Lei n. 11.101/2005,
o credor pode requerer a falência do devedor quando este, executado por
qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens
suficientes dentro do prazo legal. 2. Neste caso, o § 4º do mesmo diploma legal
orienta que compete ao juízo condutor do processo de execução frustrado
expedir a certidão para fins de instrução do processo falimentar. 3. Agravo de
instrumento provido.
(TJ-DF 07356032920208070000 DF 0735603-29.2020.8.07.0000, Relator:
LEILA ARLANCH, Data de Julgamento: 27/01/2021, 7ª Turma Cível, Data de
Publicação: Publicado no DJE : 19/02/2021 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)

Portanto, demonstrada a inadimplência da obrigação de pagar líquida fundada


em Título, bem como as frutadas tentativas da execução do crédito, deve ser decretada a falência da
requerida, uma vez que resta-se comprovada a tríplice omissão desta, em total atendimento ao art. 94,
II da Lei 11.101/2005.

IV – DOS PEDIDOS

Isto posto, requer-se que Vossa Excelência se digne à:

a) Determinar a citação da Empresa Ré, na pessoa de seu representante, para,


querendo, contestar a ação em 10 (dez) dias, nos termos do art. 98, da Lei
11.101/2005;

b) Determinar, na hipótese de a ré pretender no prazo de contestação o depósito


da quantia correspondente ao crédito reclamado, para elidir o pedido de
falência, conforme parágrafo único do art. 98 da lei em pauta, a inclusão de
correção monetária, juros de mora desde o vencimento, além das custas
processuais, despesas com os protestos no valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

c) Julgar procedente o pedido desta exordial, com a consequente


DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA da Ré com base no art 94, II, Lei
11.101/2005, com todos os efeitos legais decorrentes desta;

d) Condenar a Ré ao pagamento do principal, acrescido de juros de mora e


correção monetária, custas judiciais e extrajudiciais.

e) Condenar a Ré ao pagamento dos honorários advocatícios no percentual de


20% sobre o valor da causa.
Por fim, requer-se que todas as intimações, notificações e publicações sejam
expedidas, exclusivamente, em nome do advogado JOÃO HENRIQUE MOURA
BARCELLOS, inscrita na OAB-CE sob o nº 40.000, com endereço profissional localizado à Rua
Lea Pompeu, nº 102, Bairro Jardim das Oliveiras, Fortaleza, Ceará, CEP: 60.821-490, por
inteligência do art. 272, §§ 1º e 5º, do CPC, sob pena de nulidade.

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito,


notadamente depoimento pessoal das partes, oitiva de testemunhas, exame pericial e juntada
posterior de documentos.

Dá-se à causa o valor de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais)

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Fortaleza - CE, 13 de dezembro de 2021.

JOÃO HENRIQUE MOURA BARCELLOS

OAB-CE 40.000
Comentários

A execução frustrada é aquela na qual o devedor não possui bens penhoráveis, ou se existirem,
os mesmos já estão gravados por outras dívidas, e incapazes de suportar a execução.

Chegando neste estágio, a execução contra pessoa jurídica, independentemente do valor e da


existência de protesto para fins falimentares, pode ser convertida em requerimento de falência contra
o devedor.

Importante ressaltar que ao contrário do art. 94, I, que delimita o valor mínimo de 40 (quarenta)
salários mínimos, o inciso II não traz qualquer limite de valor executado. Ademais, O pedido de
falência do devedor que é executado não se faz nos autos da execução individual e sim através de ação
própria, ajuizada perante o juiz competente.

Assim sendo, é de inferência que não pode haver uma ação com base no art. 94, II, sem que
antes tenha havido uma tentativa de execução do valor devido.

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