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Aula

Cinética enzimática

Estudo da velocidade da reação enzimática e como


ela se altera em função de diferentes parâmetros

Disciplina Biorreatores

Profa. Annamaria Dória


Conclusões relacionadas ao comportamento do km sobre a afinidade do mesmo em relação ao
substrato.

O valor correspondente a concentração de


substrato no momento em que a ação enzimática
atinge metade da sua velocidade máxima, é o
valor de afinidade da enzima pelo substrato
(Km).

Quanto menor o Km, maior é a afinidade da


enzima no substrato.
Reações com inibição
• Nem todas as reações enzimáticas seguem a teoria clássica de Michaelis-Menten;

• A inibição do processo enzimático pode ser ocasionada por:

1. Compostos presentes no meio reacional;


2. Pelo produto formado na reação;
3. Pelo substrato adicionado ao sistema a partir de uma determinada concentração;

A penicilina e amoxacilina, antibióticos, atuam


como inibidores de uma ou mais enzimas da síntese da parede
celular bacteriana.

O captopril, enalapril e lisinopril também


são inibidores, inibem a enzima que catalisa a angiotensina I na
formação de angiotensina II que é um potente vasoconstritor,
fazendo assim que a pressão arterial diminua.
Reações com inibição
• Os inibidores afetam a atividade das moléculas enzimáticas combinando-se com
elas, influenciando negativamente a ligação do substrato ou a velocidade de
reação, sendo classificadas conforme seu modo de ação em:

 Irreversíveis;

 Reversíveis;
 Competitiva
 Não competitiva
 Incompetitiva
Inibição irreversível
O inibidor liga-se a enzima diretamente no seu sítio ativo, formando um complexo EI
inativo, de forma irreversível com a enzima, impedindo que a mesma possa se ligar
ao substrato;

É o caso da aspirina (ácido acetilsalicílico) que inibe irreversivelmente enzimas de catalisação


de prostaglandinas (é um mediador químico que hipersensibiliza os nociceptores deixando-os
capazes de transformar qualquer estímulo em dor).
O somatório de todas as formas presentes de enzima no sistema é:

Não temos como determinar como [EI] varia com o


𝐸 0 = 𝐸 + 𝐸𝑆 + [𝐸𝐼] tempo de forma direta;

d EI 
0
dt

Logo, não há modelo cinético para inibição irreversível pois com o decorrer do
tempo, [EI] estará sendo acumulado e a enzima sendo consumida.
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Reações com inibição
• Os inibidores afetam a atividade das moléculas enzimáticas combinando-se com
elas, influenciando negativamente a ligação do substrato ou a velocidade de
reação, sendo classificadas conforme seu modo de ação em:

 Irreversíveis;

 Reversíveis;
 Competitiva
 Não competitiva
 Incompetitiva
Inibição reversível competitiva

Substrato Inibidor competitivo

Enzima Enzima
Inibição reversível competitiva
Inibição reversível competitiva
Aumentando-se a concentração de substrato esse efeito pode ser revertido.
Inibição reversível competitiva

𝐸 0 = 𝐸 + 𝐸𝑆 + [𝐸𝐼]

𝑑[𝐸𝑆] 𝐸 [𝑆]
= 0 = 𝐸 𝑆 𝑘1 − 𝐸𝑆 𝑘2 − [𝐸𝑆]𝑘3 𝐸𝑆 =
𝑑𝑡 𝑘𝑀

𝑑[𝐸𝐼] 1 𝑘4
= 0 = 𝐸 𝐼 𝑘4 − 𝐸𝐼 𝑘5 𝐸 [𝐼]
𝑑𝑡 = 𝐸𝐼 =
𝑘𝐼 𝑘5 𝑘𝐼
v K 3 .ES 
vmax

K 3 .EO 
 Inibição reversível competitiva
𝐸 [𝑆] [𝑆]
𝑣 [𝐸𝑆] 𝑘𝑀 𝑘𝑀
= = =
𝑣𝑚𝑎𝑥 𝐸 + 𝐸𝑆 + [𝐸𝐼] 𝐸 [𝑆] 𝐸 [𝐼] [𝑆] [𝐼]
𝐸 + + 1+ +
𝑘𝑀 𝑘𝐼 𝑘𝑀 𝑘𝐼
𝑣 [𝑆] [𝑆]
= 𝑣 = 𝑣𝑚𝑎𝑥
𝑣𝑚𝑎𝑥 [𝐼] [𝐼]
𝑘𝑀 + 𝑆 + 𝑘𝑀 𝑆 + 𝑘𝑀 1+
𝑘𝐼 𝑘𝐼

𝐼
[𝐼] [𝑆]
𝑘𝑀 = 𝑘𝑀 1+ 𝑣 = 𝑣𝑚𝑎𝑥 𝐼
𝑘𝐼 𝑆 + 𝑘𝑀
Inibição reversível competitiva

Com
inibidor

Sem
inibidor
Reações com inibição
• Os inibidores afetam a atividade das moléculas enzimáticas combinando-se com
elas, influenciando negativamente a ligação do substrato ou a velocidade de
reação, sendo classificadas conforme seu modo de ação em:

 Irreversíveis;

 Reversíveis;
 Competitiva
 Não competitiva
 Incompetitiva
Inibição reversível não-competitiva

Não compete pelo sítio ativo

Substrato

Inibidor
não-competitivo

Enzima
Inibição reversível não-competitiva

Diminui a velocidade de formação


do complexo ES

• O inibidor se liga a enzima em um ponto diferente do sítio ativo;


• O inibidor não apresenta semelhança estrutural com o substrato;
• Um aumento na concentração de substrato não diminui a inibição;
Inibição reversível não-competitiva

Com
inibidor

Sem
inibidor
Reações com inibição
• Os inibidores afetam a atividade das moléculas enzimáticas combinando-se com
elas, influenciando negativamente a ligação do substrato ou a velocidade de
reação, sendo classificadas conforme seu modo de ação em:

 Irreversíveis;

 Reversíveis;
 Competitiva
 Não competitiva
 Incompetitiva
Inibição reversível incompetitiva

aumento da concentração
de S no sistema?
Inibição reversível incompetitiva

A inibição aumenta com o


aumento da concentração de S no
sistema
Inibição reversível incompetitiva
Inibição pelo substrato

S* é a concentração de substrato
onde começa a ocorrer a inibição
𝑣𝑚𝑎𝑥 [𝑆]
𝑣= 𝑑𝑣
[𝑆]2 =0
𝑘𝑀 + 𝑆 + 𝑑[𝑆]
𝑘𝐼
• Enzima MAO e Ação de Seus Inibidores

• Uma regulação anormal da quantidade de


neurotransmissores pode provocar o quadro característico
de uma doença mental.
• Nós possuimos e sintetizamos as enzimas MAO
(monoamina oxidase), essa enzima oxida monoaminas,
inativando-as. Essas monoaminas são neurotransmissores
excitatórios: dopamina, noradrenalina e serotonina.
• Na fenda sináptica, esses neurotransmissores podem ser
degradados pela ação das enzimas MAO, portanto
inibidores dessa enzima podem provocar um aumento na
concentração dessas monoaminas na fenda sináptica,
podendo ser utilizados para a correção de seu déficit em
um transtorno mental, na melhora dos sintomas da
depressão por exemplo.
• Um aumento da disponibilidade de noradrenalina,
dopamina e serotonina no sistema nervoso central
provoca melhora do humor. Atualmente os inibidores são
utilizados no tratamento de: transtorno do pânico,
transtorno obsessivo-compulsivo, depressão atípica e
alguns tipos de fobias.
Exercício tipo de inibição
A partir dos dados da tabela abaixo determine qual o tipo de inibição ocasionado
pelo inibidor I ao sistema:
Exercício tipo de inibição
O primeiro passo é separar os dados para os sistemas com e sem inibidor. E a
partir daí determinar os gráficos de Lineweaver Burk para cada um dos sistemas
estudados (com e sem a presença de inibidor).
Tubos 1 a 8: Tubos 9 a 16:

[S] mM v0 (após 60 s) 1/[S] 1/v0 Com [I] = 3 mM


12 101 0,0833 0,0099 [S] mM v0 (após 60 s) 1/[S] 1/v0
11 98 0,0909 0,0102 33 98 0,0303 0,0102
10 92 0,1000 0,0109 20 96 0,0500 0,0104
8 90 0,1250 0,0111 13 90 0,0769 0,0111
6 83 0,1667 0,0120 10 83 0,1000 0,0120
5 79 0,2000 0,0127 6 68 0,1667 0,0147
4 71 0,2500 0,0141 4 56 0,2500 0,0179
3 65 0,3333 0,0154 3 48 0,3333 0,0208
2 36 0,5000 0,0278
Sem inibidor Com inibidor
Exercício tipo de inibição
A partir dos dados é possível construir os gráficos dos dados dos inversos de S e
de v0, resultando em:
0,0300
y = 0,038x + 0,0085
0,0250 R² = 0,9975

0,0200
sem I
1/v0

0,0150 com I
y = 0,0216x + 0,0084 Linear (sem I)
0,0100 R² = 0,9868
Linear (com I)
0,0050

0,0000
0,0000 0,1000 0,2000 0,3000 0,4000 0,5000 0,6000
1/[S]
Lembrando que:

Método de Lineweaver-Burk
1 Km 1 1
  
1,6
V0 Vmáx S  Vmáx
1,2 1 1
 0,228   0,3668
1/Vo (L.h/g)

0,8 V0 S 
y = 0,228x + 0,3668 Portanto,
0,4 R2 = 0,9991
1 g
 0,3668  Vmáx  2,73
0,0
Vmáx Lh
0 1 2 3 4 5
Km g
1/[S] (L/g)  0,228  K m  0,622
Vmáx L

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Exercício tipo de inibição
Para o sistema sem inibidor Para o sistema com inibidor
Quando x= 0, o valor da reta corta o eixo y, e esse valor é igual Quando x= 0, o valor da reta corta o eixo y, e esse valor é igual
a 1/vmax, dessa forma: a 1/vmax, dessa forma:

1 1
= 0,0084 → 𝑣𝑚𝑎𝑥 = 119,05 𝜇𝑚𝑜𝑙/𝑚𝑖𝑛 = 0,0085 → 𝑣𝑚𝑎𝑥 = 117,65 𝜇𝑚𝑜𝑙/𝑚𝑖𝑛
𝑣𝑚𝑎𝑥 𝑣𝑚𝑎𝑥

Do valor obtido na reta, para o coeficiente angular temos: Do valor obtido na reta, para o coeficiente angular temos:
𝑘𝑀 𝑘𝑀
= 0,0216 → 𝑘𝑀 = 2,57 𝜇𝑚𝑜𝑙 = 0,038 → 𝑘𝑀 = 4,47 𝜇𝑚𝑜𝑙
𝑣𝑚𝑎𝑥 𝑣𝑚𝑎𝑥

Pelos resultados obtidos, podemos considerar que praticamente não houve uma variação do valor de vmax com a
adição do inibidor, entretanto ocorreu uma alteração no valor de kM; Devido a essa característica, podemos
afirmar que se trata de uma inibição competitiva.

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