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Apelação Cível Nº 1.0000.20.

021018-5/001

<CABBCAADDAABCCBAADDABCAADBACCBDABCAAADDADAAAD>
APELAÇÃO CÍVEL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – NEGÓCIO
JURÍDICO CELEBRADO POR INCAPAZ – PRELIMINAR NULIDADE –
REDISTRIBUIÇÃO ÔNUS DA PROVA – DANOS MORAIS – RETORNO AO
STATUS QUO ANTE. O juiz é o destinatário das provas, cabendo a ele
sua valoração e o exame da conveniência em sua produção. A interdição
somente declara uma situação já existente. O desconto indevido e
expressivo na conta corrente onde é creditado o benefício previdenciário
da parte autora, enseja a presença de lesão a direito de personalidade e,
portanto, de danos morais indenizáveis. O valor da indenização a título
de danos morais deve ter por base os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade. A declaração da nulidade implica o retorno das
partes ao estado em que se encontravam antes da negociação
reconhecida nula.
APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0000.20.021018-5/001 - COMARCA DE JUIZ DE FORA - APELANTE(S): ANA MARIA
PETRONILHO BARBOSA REPDO(A) PELO(A) CURADOR(A) ANDRÉ LUIZ DA SILVA BARBOSA, MINISTÉRIO
PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS - APELADO(A)(S): CREFISA SA CREDITO FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO - INTERESSADO(S): ANDRE LUIZ DA SILVA BARBOSA

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 14ª CÂMARA CÍVEL do


Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da
ata dos julgamentos, em REJEITAR A PRELIMINAR E DAR
PROVIMENTO AOS RECURSOS.

DES. ESTEVÃO LUCCHESI


RELATOR.

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Apelação Cível Nº 1.0000.20.021018-5/001

DES. ESTEVÃO LUCCHESI (RELATOR)

VOTO

Tratam-se de recursos de apelação interpostos por Ministério


Público de Minas Gerais e por ANA MARIA PETRONILHO BARBOSA,
qualificados nos autos, contra sentença proferida pelo juízo da 6 Vara
Cível da comarca de Juiz de Fora, que julgou improcedentes os
pedidos autorais, e ainda, condenou a parte autora ao pagamento dos
honorários advocatícios fixados em 10% do valor da causa e custas
processuais, contudo, suspensa a exigibilidade por estar sob o pálio da
justiça gratuita.

Em suas razões recursais, o Ministério Público sustenta, em


síntese, a nulidade da celebração contratual, visto que a parte autora é
portadora da doença “Mal de Alzheimer” desde o ano de 2012, data
esta anterior à da contratação do empréstimo discutido na lide. Espera
provimento da sentença.

Por sua vez, a parte autora, em razões da apelação defende


que o contrato é nulo, uma vez que foi ludibriada por sua filha adotante
a realizar o contrato de empréstimo, contudo, não estava respondendo
por suas faculdades mentais, em virtude da doença neurológica
diagnosticada em 2012. Requer a reforma quanto à indenização por
danos morais, tendo em vistas os descontos em sua parca
aposentadoria.

Contrarrazões apresentadas à ordem n.98 em prol da


manutenção da sentença.

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Na sequência, os autos foram remetidos à Procuradoria da


Justiça, a qual proferiu parecer favorável à cassação da sentença.

É o relatório.

Conheço dos recursos, porquanto presentes os requisitos de


admissibilidade.

PRELIMINAR DE NULIDADE

A Procuradoria de Justiça suscitou preliminar de nulidade, ao


argumento de que houve ofensa aos princípios constitucionais do
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa diante do
indeferimento da redistribuição do ônus da prova.

Como cediço, o Juiz, destinatário das provas carreadas aos


autos, tem o poder de indeferir as provas sem utilidade ou meramente
protelatórias, em respeito à garantia fundamental à duração razoável
do processo, insculpida no art. 5º, LXXVIII, da Constituição da
República, é esta a regra contida no art. 370 do CPC, verbis:

Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,


determinar as provas necessárias ao julgamento do
mérito.

Sobre a prova assim leciona Humberto Theodoro Júnior:

Toda prova há de ter um objeto, uma finalidade, um


destinatário, e deverá ser obtida mediante meios e
métodos determinados. A prova judiciária tem como
objeto os fatos deduzidos pela parte em juízo. Sua
finalidade é a formação da convicção em torno dos

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mesmos fatos. O destinatário é o juiz, pois é ele que


deverá se convencer da verdade dos fatos para dar
solução jurídica ao litígio. (in Curso de Direito
Processual Civil, Vol. I, 44º Ed., Forense, Rio de
Janeiro - RJ, 2006, p. 457)

Percebe-se, assim, que ao juiz é autorizado, não obstante o


requerimento de produção de determinada prova por uma das partes,
reputá-la inútil ou dispensável, zelando, destarte, pelo bom andamento
da marcha processual.

Neste sentido, do Superior Tribunal de Justiça, confira-se:

RECURSO ESPECIAL - COMERCIAL -


CERCEAMENTO DE DEFESA - INEXISTÊNCIA -
PODER GERAL DE INSTRUÇÃO DO MAGISTRADO
- FALÊNCIA - PEDIDO - SUCEDÂNEO DE AÇÃO DE
COBRANÇA - AUSÊNCIA, NA ESPÉCIE -
INTIMAÇÃO DO PROTESTO - REGULARIDADE -
ENTENDIMENTO OBTIDO PELO EXAME DE
CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO - ÓBICE DA
SÚMULA 7/STJ - - DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL - AUSÊNCIA DE
DEMONSTRAÇÃO - RECURSO IMPROVIDO. I - O
ordenamento jurídico brasileiro outorga ao Magistrado
o poder geral de instrução no processo, conforme
previsão expressa no artigo 130 do Código de
Processo Civil. Outrossim, nos termos do art. 131 do
CPC, o destinatário da prova é o Juiz, cabendo a ele
analisar a necessidade da sua produção ou não.
Neste compasso, cumpre ao Julgador verificar a
necessidade da produção da prova requerida pelas
partes, indeferindo aquelas que se mostrarem inúteis,
desnecessárias ou mesmo protelatórias, rejeitando-
se, por conseguinte, a tese de cerceamento de
defesa. (...) (STJ, REsp 1108296 / MG, Rel. Ministro
Massami Uyeda, j. 07/12/2010)

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO. Sendo o juiz o destinatário final da
prova, cabe a ele, em sintonia com o sistema de
persuasão racional adotado pelo CPC, dirigir a
instrução probatória e determinar a produção das
provas que considerar necessárias à formação do seu

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convencimento. (STJ, REsp 844778/SP, Rel. Ministra


Nancy Andrighi, J. 08/03/2007)
No caso em apreço, o cenário probatório presente nos autos é
suficiente para formar a convicção do julgador, não havendo efetiva
necessidade de retorno da marcha processual para a redistribuição do
ônus probatório.

Dessa forma, rejeito a preliminar de nulidade.

MÉRITO

Inicialmente, impende anotar ser a relação existente entre as


partes inquestionavelmente uma relação de consumo, na medida em
que o demandante é destinatária final dos serviços prestados pela
instituição financeira (artigo 2º, caput, e 3º, caput, e § 2º, do Código de
Defesa do Consumidor).

Nesse diapasão, dispõe o verbete da súmula 297 do STJ que:

O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às


instituições financeiras.

Sendo assim, em se tratando de alegação de dano decorrente


da prestação defeituosa do serviço, a lide deve ser dirimida com
aplicação do disposto no artigo 14 do CDC, in verbis:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.

§ 3º. O fornecedor de serviços só não será


responsabilizado quando provar:

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I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro".


No caso dos autos, não há dúvidas acerca da incapacidade da
autora, que teve a sua interdição decretada por meio de sentença.

Neste contexto, como registrado pelo juízo a quo, a interdição


somente declara uma situação já existente:

Não obstante a discussão sobre a natureza jurídica da


sentença de interdição, a jurisprudência tem admitido
os efeitos ex tunc quando demonstrado que a
incapacidade precede o ato praticado, uma vez que
não é o decreto judicial que cria a incapacidade, que
decorre de situação de demência já existente e que é
unicamente reconhecida em juízo.

Oportuna, a lição de Humberto Theodoro Júnior:

“A causa leal da incapacidade não é a sentença


de interdição, é o deficit mental. O alienado é
incapaz porque não tem condições psicológicas
para vida civil. A sentença apenas verifica e
declara essa situação preexistente. “Não é,
pois, a interdição que determina a
incapacidade, mas, pelo contrário, é a
incapacidade que determina a interdição”.
(Comentários ao novo Código Civil, vol 3, t. 2 –
1ª ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 237)

Nesta toada como o documento de ID. Num.


30298172 - Pág. 1 demonstra que a autora tem
Alzheimer desde o ano de 2012, ou seja, anterior a
celebração do contrato em 2015 e sendo que a
referida doença afeta a capacidade da autora para
atos da vida civil de acordo com o laudo pericial
realizado no processo de interdição (ID. Num.
71189484 - Pág. 2 a ID. Num. 71189484 - Pág. 6),
conclui-se que a sentença de interdição poderá
retroagir para atingir o contrato anterior a decretação
da interdição.

Noutro passo, a documentação carreada aos autos demonstra


que a parte, no momento da contratação (2015), já apresentada

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idade avançada e se encontrava em tratamento médico há anos,


se não vejamos:
Laudo médico:
Atesto, para os devidos fins, que a paciente Ana
Maria Petronilho Barbosa apresenta Doença de
Alzheimer desde julho de 2012, faz
acompanhamento com a Neurologia desde
18∕09∕2013. Não é capaz de gerir pessoas e bens.
(documento ID.30298172)

Sob outro enfoque, ao contrário do registrado na sentença, data


venia, não é nem um pouco crível que a instituição financeira não
tenha percebido a situação da autora, que foi diagnosticada na Ação
de Curatela com “Alzheimer” já em fase grave.

Por oportuno, confira-se o trecho de relatório médico do ano de


2013 e que demonstra a existência de alterações claras no
comportamento da Sra. Ana Maria:
Encaminho a paciente Ana Maria Petronilho Barbosa,
com 70 anos, com quadro de perda de memória,
agressividade, disfunção viscio-espacial (Sol.
Demencial?). TC crânio com sinais de redução
volumétrica de encéfalo, exames laboratoriais não
justificam o quadro. Suspendi Clonazepan pelo
prejuízo da memória que pode ocasionar e troquei
Panrespiridona. Folstein 13 pts (tem 2° grau).
Solicito avaliação neuropsicológica.
Grata!”(documento ID.81928318)

Nessa quadra, vale registrar ser perfeitamente possível a


juntada do mencionado documento em grau recursal, pois este foi
colacionado apenas para corroborar a tese defendia desde a petição
inicial e foi preservado o contraditório.

Ora, a idade avançada da autora e as referidas alterações de


comportamento exigiam da instituição financeira a adoção de maiores

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cuidados a fim de elidir o prejuízo da consumidora, que claramente não


tinha discernimento, tal como registrado pelo MP em 1ª instância:

Insta consignar ainda, que, malgrado as razões


invocadas pela Reqda., é de bom alvitre que
pessoas jurídicas, à vista de evidências a
demonstrar eventual incapacidade da contraparte,
se cerquem de cuidados mínimos antes de
formalizar a contratação, a fim de prevenir a
efetivação de contratos nulos, não sendo justo,
com efeito, que cidadãos incapazes para os atos
da vida civil venham a ser penalizados e
“compelidos” a suportar o ônus pela conduta
negligente e/ou eivada de terceiros, a exemplo do
caso sob análise, onde resta clara a impossibilidade
jurídica do negócio informado na inicial pela autora,
repita-se, absolutamente incapaz à época da
contratação, vez que diagnosticada da doença
incapacitante em 2012, portanto, 3 anos antes à
formalização do contrato de mútuo.

Outrossim, ao revés do decidido, o prejuízo da idosa é mais do


que evidente, pois foi realizado em nome desta empréstimo
consignado sem o seu legítimo consentimento e com JUROS
EXTREMAMENTE ELEVADOS, o que resultou em inúmeros
descontos realizados em seu parco benefício previdenciário.

Assim, a falha na prestação do serviço e nulidade do contrato é


mais do que evidente.

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De igual maneira a existência de lesão a direito de


personalidade é inegável, pois o caso envolve idosa doente e com
baixa renda, tendo sido subtraída quantia que poderia ser utilizada
para sua subsistência, tal como registrado pelo MP em 1ª instância:
No caso em tela, data máxima vênia, não obstante
demonstrada a ausência de discernimento da Reqte.
para praticar e compreender os atos da vida civil, não
há como negar que, tratando-se de pessoa de parcos
recursos, como se trata (doc. de ID 36744384), os
descontos indevidos em seu contracheque acabaram
por causar à Reqte. transtornos de toda ordem,
subtraindo-lhe, mensalmente, valores que
poderiam ter sido destinados à subsistência
básica, como alimentação, medicamento, entre
outros, o que, sem sobra de dúvidas, é suficiente
a acarretar danos, também, de natureza
extrapatrimonial, ante os percalços derivados da
conduta ilícita da Reqda.

Sob outro enfoque, sabe-se que a fixação do valor da


indenização por danos morais é questão tormentosa e constitui tarefa
extremamente difícil imposta ao magistrado.

Sobre o dano moral, Sérgio Cavalieri leciona com maestria:

Em suma, a composição do dano moral realizar-se


através desse conceito - compensação - que, além de
diverso do de ressarcimento, baseia-se naquilo que
Ripert chamava ' substituição do prazer que
desaparece, por um novo'. Por outro lado, não se
pode ignorar a necessidade de se impor uma pena ao
causador do dano moral, para não passar impune a
infração e, assim, estimular novas agressões.
(CAVALIEIRI FILHO, Sérgio. Programa de
Responsabilidade Civil. 2ª edição. Malheiros. página
76)

Nesse diapasão, doutrina e jurisprudência convergem no sentido


de que para a fixação do valor da compensação pelos danos morais

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deve-se considerar a extensão do dano experimentado pela vítima, a


repercussão no meio social, a situação econômica da vítima e do
agente causador do dano, para que se chegue a uma justa
composição, evitando-se, sempre, que o ressarcimento se transforme
numa fonte de enriquecimento injustificado ou seja inexpressivo a
ponto de não retribuir o mal causado pela ofensa.

Em outras palavras, o valor fixado deve observar os critérios da


razoabilidade e proporcionalidade, tal como assentado pelo STJ:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO
MORAL. HERDEIROS. LEGITIMIDADE. QUANTUM
DA INDENIZAÇÃO FIXADO EM VALOR
EXORBITANTE. NECESSIDADE DA REDUÇÃO.
RESPEITO AOS PARÂMETROS E
JURISPRUDÊNCIA DO STJ. PRECEDENTES. (...) 2.
O critério que vem sendo utilizado por essa Corte
Superior na fixação do valor da indenização por danos
morais considera as condições pessoais e
econômicas das partes, devendo o arbitramento
operar-se com moderação e razoabilidade, atento à
realidade da vida e às peculiaridades de cada caso,
de forma a não haver o enriquecimento indevido do
ofendido, bem como que sirva para desestimular o
ofensor a repetir o ato ilícito. (STJ, AgRg no Ag
850273 / BA, Quarta Turma, Relator Min. Honildo
Amaral de Mello Castro, j. 03/08/2010)

Nesse sentido é a lição de Sérgio Cavalieri, senão vejamos:

(...) não há valores fixos, nem tabelas


preestabelecidas, para o arbitramento do dano moral.
Esta tarefa cabe ao juiz no exame de cada caso
concreto, atentando para os princípios aqui
enunciados e, principalmente, para o seu bom senso
prático e a justa medida das coisas. (ob. cit., p. 183)

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E o magistério de Maria Helena Diniz e de Caio Mário da Silva


não discrepa:
(...) na ausência de um padrão ou de uma
contraprestação que dê o correspectivo da mágoa, o
que prevalece é o critério de atribuir ao juiz o
arbitramento da indenização (...). (Caio Mário,
Instituições de Direito Civil", vol II, Forense, 7ª ed..,
pág. 316)

Na reparação do dano moral, o magistrado deverá


apelar para o que lhe parecer eqüitativo ou justo,
agindo sempre com um prudente arbítrio, ouvindo as
razões das partes, verificando os elementos
probatórios, fixando moderadamente uma
indenização. O valor do dano moral deve ser
estabelecido com base em parâmetros razoáveis, não
podendo ensejar uma fonte de enriquecimento nem
mesmo ser irrisório ou simbólico. A reparação deve
ser justa e digna. Portanto, ao fixar o quantum da
indenização, o juiz não procederá a seu bel prazer,
mas como um homem de responsabilidade,
examinando as circunstâncias de cada caso,
decidindo com fundamento e moderação (DINIZ,
Maria Helena. Revista Jurídica Consulex, n. 3, de
31.3.97).

Assim, considerando as peculiaridades da espécie, bem como o


parâmetro adotado por este colegiado para casos semelhantes fixo a
indenização em R$5.000,00 (cinco mil reais) a título de danos morais,
com correção monetária desde a publicação do acórdão e juros de
mora de 1% (um por cento) ao mês a partir da citação
(responsabilidade contratual).

Por derradeiro, diante da declaração da nulidade contratual, as


partes devem retornar ao status quo ante, de sorte que a instituição
financeira deverá restituir o valor descontado, com correção monetária
desde cada desconto e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês a
partir da citação.

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Já a autora deve devolver o valor depositado em seu favor, com


correção monetária desde o depósito, sendo possível a
compensação com os valores a serem pagos pelo banco.

Diante do exposto, DOU PROVIMENTO AOS RECURSOS, para


declarar nulo o negócio jurídico celebrado, condenar a parte requerida
ao pagamento do valor R$5.000,00 (cinco mil reais) a título de danos
morais corrigidos, pela tabela da Corregedoria de Justiça, desde a
publicação deste acórdão e com juros de mora de 1% ao mês a partir
da citação, bem como na restituição dos valores descontados, com
correção monetária, pela tabela da corregedoria de justiça, desde cada
desconto e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês a partir da
citação.

A demandante igualmente deverá restituir o valor depositado em


seu favor, com correção monetária pela tabela da Corregedoria de
Justiça desde o depósito, mediante compensação com os valores a
serem pagos pelo banco.

Custas recursais, processuais e honorários de sucumbência que


fixo em 20% (vinte por cento) da condenação pela instituição
financeira.

DES. MARCO AURELIO FERENZINI - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. VALDEZ LEITE MACHADO - De acordo com o(a) Relator(a).

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SÚMULA: "REJEITARAM A PRELIMINAR E DERAM


PROVIMENTO AOS RECURSOS"
Documento assinado eletronicamente, Medida Provisória nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001.
Signatário: Desembargador ESTEVAO LUCCHESI DE CARVALHO, Certificado: 1706, Belo Horizonte,
16 de julho de 2020 às 15:01:36.
Julgamento concluído em: 16 de julho de 2020.
Verificação da autenticidade deste documento disponível em http://www.tjmg.jus.br - nº verificador:
100002002101850012020733313

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