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Todo esse movimento começa em meados de 1880, com a tradução da Bíblia Sagrada para a
língua Yorubá pelo bispo da Igreja Anglicana chamado Samuel Ajayi Crowther.
Samuel Ajayi Crowther nasceu em 1809, em Oxogum, na Nigéria. Ele era um linguista nigeriano
e o mais conhecido religioso cristão africano da época. Teve cultura e formação cristã após ter
sido cruelmente capturado como escravo ainda criança.
Quase no final de sua vida, ele publicou a tradução da Bíblia Sagrada para a língua Yorubá.
Nesse trabalho, sempre que apareciam as palavras “Satanás” e “Lúcifer”, Samuel traduziu
como “Èṣù”.
A influência cristã na África tenta, até os dias de hoje, relacionar Èṣù com o diabo. As igrejas
que investem na evangelização do povo Yorubá usam a tradução bíblica de Samuel e ensinam
que Èsú é o demônio, um ser ruim, pecador e malévolo.
Dentre muitos exemplos, podemos citar uma das representações de Èṣù: o falo. O falo é a
representação do órgão reprodutor masculino, como símbolo de fertilidade. Como para muitos
cristãos o sexo é visto como um pecado, a tendência foi relacionar Èṣù com o mal.
Nos últimos anos, como forma de resistência a essa deturpação da figura de Èṣù, surgiu na
África um movimento intitulado “Èṣù não é satanás” (em inglês, “Èṣù is not Satan”).
Para nós, povo de orixá, Èṣù é conhecido como “alaṣẹ”, ou seja, o “senhor do axé”, é ele que
distribui todo o axé que emana de Olódùmarè (Deus), ele é o primeiro ser a ser criado, é o
princípio que movimenta toda a energia que vem de Deus.
A importância de Èṣù é muito grande para quem cultua orixá. Não devemos confundir o orixá
Èṣù com a ideia ocidental do diabo, pois são figuras completamente diferentes, cada uma faz
parte de um sistema religioso próprio, sem qualquer tipo de relação.
Laróyè Èṣù!
Axé!