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AULA 1 - ENTENDENDO O ART.

1829 DO CC
Durante todos esse anos trabalhando e ensinando sucessões, vejo que a

dificuldade inicial dos alunos e advogados é entender como funciona a

partilha no Inventário, isso porque muito trazem as regras do Direito de

Família, aquelas usadas na partilha do divórcio, e querem aplica-las aqui,

no Direito Sucessório.

Dentro da temática Inventário a distinção entre dois institutos que causam

muitas confusões na maioria dos advogados, trata- se da diferença entre

Meação e Herança. Esses institutos não compõem a mesma matéria,

todavia causa gigantescas confusões quando de sua diversificação e na

sua aplicação prática.

A herança é o conjunto de bens deixados pelo falecido; é todo o patrimônio

que será herdado diante do falecimento de uma pessoa. Assim, o

recebimento de herança é um direito que decorre do óbito de um indivíduo.

Já a meação pode ser entendida como a metade do patrimônio comum do

casal, sobre a qual tem direito cada um dos cônjuges. O direito à meação,

por sua vez, decorre do regime de bens adotado no casamento (ou união

estável).

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Meação faz referência ao Direito de Familia sendo a efetivação

do direito à metade do patrimônio compartilhado com alguém.

Ela torna se presente quando do findar do casamento, seja por

separação ou morte de um dos cônjuges.

Pode-se dizer que a morte gera dois efeitos distintos:

a) pelo Direito de Família , extingue o casamento. Por isso, cessa o

regime de bens entre os cônjuges, cuja meação do patrimônio comum

seguirá as regras do regime de bens;

b) pelo Direito das Sucessões , o patrimônio do falecido, agora

herança, será imediatamente transmitida a seus herdeiros e legatários

(droit de saisine).

Dica da Dani: Sempre verifique antes de mais nada se no caso que

você vai trabalhar, existe ou não meação. Pois ela deve ser separada

primeiramente.

Tem dúvidas sobre isso? Ainda se sente perdido sobre a diferença de

meação e herança? Quer que eu desenhe para facilitar?

Tudo bem. Assista esse conteúdo extra que separei para você:

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Aula extra: Meação X Herança

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PARTILHA - INVENTÁRIO

A partilha é a divisão do acervo entre os sucessores do falecido

após o inventário, sendo assim cada herdeiro através da partilha

recebe a sua parte da herança.

ESPÉCIES DE PARTILHA
A partilha pode ser:

Partilha Amigável: sendo os herdeiros capazes, poderão fazer

partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do

inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz.

Partilha Judicial: será sempre judicial a partilha se os herdeiros

não entrarem em acordo e se houver algum herdeiro incapaz. Na

partilha deverão ser observados os bens quanto ao seu valor,

natureza e qualidade; para que haja a maior igualdade possível.

Partilha em vida: é válida a partilha feita por ascendente, por ato

entre vivos (doação) ou de última vontade (testamento), contanto que

não prejudique a parte legítima dos herdeiros necessários.

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O artigo mais importante para você entender a partilha no

inventário é o art. 1829 do Código Civil:

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge


sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da
comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art.
1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o
autor da herança não houver deixado bens particulares;

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

III - ao cônjuge sobrevivente;

IV - aos colaterais.

Quando você o artigo assim, nem imagina a confusão que fazem na

partilha. É muita.

Já vi vários casos com erros grave, já vi advogado recorrer de

sentença por não entender este artigo. Isso é real.

A primeira observação é que trata de uma lista excludente, onde a primeira

linha, exclui as demais. Caso não tenha, vamos para a segunda linha, e assim

vai, sempre a de cima excluindo as debaixo.

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Sendo que a ordem sequencialmente conferida à

sucessão legítima deverá observar a seguinte

sequência:

º
1 ) São chamados a suceder os descendentes, em concorrência com

os cônjuges ou companheiros sobreviventes em alguns casos;

º
2 ) na falta de descendentes, chamar-se-á os ascendentes, em

concorrência com os cônjuges ou companheiros sobreviventes;

º
3 ) Caso não haja descendentes ou ascendentes, os cônjuges ou

companheiros sobreviventes herdarão sozinhos;

º
4 ) Por fim, inexistindo descendentes, ascendentes e

cônjuge/companheiro, serão chamados a suceder os colaterais até

quarto grau.

A leitura do caput do art. 1829, combinada com o inciso I, leva à

seguinte interpretação gramatical, conforme se passa a demonstrar:

Os descendentes herdarão em concorrência com o cônjuge

sobrevivente, a totalidade da herança do de cujus nas seguintes

hipóteses:

a) se eram casados no regime da separação convencional de bens.

b) se casado no regime da comunhão parcial de bens, nos bens

particulares, caso tenha.

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NÃO VAI CONCORRER nas seguintes hipóteses:

a) se o falecido era casado sob o regime da comunhão universal;

b) se casado o de cujus sob o regime da separação obrigatória de

bens;

c) se, casado sob o regime da comunhão parcial, e só tiver bens

comuns.

Para facilitar o entendimento, vamos analisar casos que envolvam o

regime da comunhão parcial de bens e dois filhos.

Suponha-se que o autor da herança tenha deixado um patrimônio no valor

de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) e nenhum bem

particular. A divisão do patrimônio deixado seria:

Figura 1 – divisão dos bens comuns do de cujus quando este não deixou nenhum bem particular.

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Suponha-se agora que o consorte falecido tenha deixado, além desses

bens comuns, R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) em bens particulares. Ai

nesse caso o conjugê entraria concorrendo:

Figura 2 – Divisão dos bens comuns do de cujus quando este deixou bens particulares.

Figura 3 – Divisão dos bens particulares do de cujus. A concorrência é só nos particulares

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SUCESSÃO DOS ASCENDENTES
2 ª CLASSE da ordem de Vocação Hereditária.

• Chama se não houver nenhum descendente.


• Concorre com o cônjuge/companheiro em todos os regimes de bens.
• Não há, para os ascendentes, o direito de representação.

Na falta de descendentes do falecido, os ascendentes receberão a

totalidade da herança. Também, neste caso, não há restrição do grau de

parentesco, uma vez que a sucessão se dará em linha reta infinita, isto é,

poderão ser chamados a suceder o autor da herança seus pais, avós, bisavós

e assim sucessivamente.

Como se aplica a regra segundo a qual os parentes de grau mais próximo

excluem o de grau mais remoto, se por ocasião da abertura da sucessão os

pais do autor da herança estiverem vivos, o patrimônio deixado por ele

deverá ser dividido em partes iguais entre seu pai e sua mãe.

Neste caso, descarta-se a possibilidade de concorrência sucessória do

cônjuge a qual será doravante examinada. A situação se modifica em caso

de inexistência de ascendentes em linha reta em primeiro grau, caso em que

a herança será distribuída entre os ascendentes do grau subseqüente.

Opera-se, neste caso, modificação do modo de partilha a qual se dará por linha,

assim entendida como a linhagem materna e a linhagem paterna quando houver

concorrência dos ascendentes do falecido no mesmo grau.

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CÔNJUGE CONCORRENDO COM OS ASCENDENTES:
Na hipótese da inexistência de descendente, o cônjuge sobrevivente

concorrerá com os ascendentes do autor da herança. Essa prerrogativa

conferida ao cônjuge, por sua vez, cônjuge independerá do regime de bens

adotado no casamento.

Conforme determina o artigo 1.837 do Código Civil, o quinhão conferido ao

cônjuge levará em consideração o grau de parentesco que vinculava o

ascendente ao autor da herança. Assim, se o cônjuge concorrer com os

ascendentes em primeiro grau, ou seja, pai e mãe do falecido, a herança será

dividida em cotas iguais, isto é, caberá a cada herdeiro, 1/3 do patrimônio do

autor da herança.

Caso o autor da herança apenas tenha deixado um dos ascendentes em

primeiro grau, a herança também será divida em idênticas frações, ou seja,

terá direito o viúvo à metade dos bens deixados pelo de cujus.

Se maior for o grau de parentesco, o que acontece quando a concorrência

se estabelece, por exemplo, com relação aos avós do autor da herança,

caberá ao cônjuge sobrevivente metade do patrimônio deixado, não

importando se o falecido tinha na ocasião de sua morte todos os seus avós.

Apenas na falta de descendentes e ascendentes o cônjuge receberá a

totalidade da herança. Neste caso, o regime de bens vigente durante o

casamento também se demonstra irrelevante para que o cônjuge adquira a

propriedade dos bens do falecido.

Fala-se que, na linha ascendente, herda-se por linha e não por cabeça.

Neste caso, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a

outra metade a linha materna.

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É o que dispõe o art. 1836, §2°, do CC/02, vale citar:

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os

ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.

(...)

§ 2 o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os

ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra

aos da linha materna.

Em paralelo, é preciso entender o dispõe o art. 1.837 do CC/02.

Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao

cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta

se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.

Observe que o art. 1.837 do CC/02 aponta duas hipóteses de

concorrência com ascendentes.

1. Cônjuge concorre apenas com ascendentes de primeiro grau

2. Cônjuge concorre com apenas 1 ascendente de primeiro ou com

ascendentes de maior grau.

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SUCESSÃO DO CÔNJUGE

3 ª CLASSE da ordem de Vocação Hereditária. Concorre com as Classes

acima

Caso não haja descendentes ou ascendentes, herdará sozinho.

Cônjuge como herdeiro único


Se não houver ascendentes e descendentes ele herda sozinho, independente

do regime de bens, afastando todo e qualquer direito dos colaterais.

Se o regime era da comunhão, cônjuge recebera parte dos bens a título de

meação e o restante como herança.

SUCESSÃO DOS COLATERAIS:

Se no momento da abertura da sucessão, o autor da herança não possuir

qualquer parente em linha reta ou não possuir cônjuge sobrevivo, o seu

patrimônio será destinado aos colaterais, seguindo a mencionada regra de

que o parente de grau mais próximo exclui o de grau mais remoto.

Destarte, se o autor da herança faleceu deixando dois irmãos, a eles será

conferida a herança na proporção de 50% para cada um, porquanto a

partilha deverá ser feita por cabeça.

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