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COMENTÁRIO DE

GÁLATAS
1.6,7
EVANGELHO
PERVERTIDO
Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na
graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há
alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo.

Paulo está espantado com a volatilidade dos Gálatas; como mudaram de


opinião tão rapidamente! O ser humano parece sempre inclinado ao mundo da
fantasia, sobretudo, se tais devaneios o puserem, ainda que utopicamente, em
uma posição privilegiada, segundo sua mente psicótica delirante, pois como
bem diz o antigo provérbio popular: “De médico e louco, todo mundo tem um
pouco”.

“Admira-me que estejais passando tão depressa...”.

Parece ser tão mais fácil


abandonar a fé simples, a fé no
invisível, no abstrato, para
apegar-se ao visível, ao tangível,
ao palpável; onde o que fala mais
alto são os sentidos. Parece mais
fácil crer no que se pode fazer,
do que crer no “já está feito”
do Evangelho da graça de Deus.

Ao contrário do que se imagina,


“o fazer” humano para a
justificação, para sua aceitação diante de Deus, nada valem. Todo tipo de
arrazoado, cujo fim é imputar justiça ao homem através de suas ações
penitenciais, é antes de tudo, uma afronta a penitência única e substitutiva
levada a cabo por Jesus de Nazaré.
“Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me
constituo transgressor […] Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é
mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão. [1]

Em outro lugar, quando Paulo fala sobre justificação pela fé, ele diz:

“Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?

Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém
não diante de Deus. Pois que diz a Escritura?

Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Ora, ao que
trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas,
ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é
atribuída como justiça.

E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem


Deus atribui justiça, independentemente de obras. [2]

“...daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho...”.

Paulo acusa os gálatas de apostasia. Eles, que haviam aprendido que a salvação
era gratuita, um dom de Deus, agora estavam tentando comprar com suas
obras aquilo que já haviam recebido pela simples pregação do Evangelho. O
apóstolo afirma que eles estavam abandonando o próprio Deus, e muito rápido!
O que viviam agora, definitivamente não era o Evangelho.

“.... o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem
perverter o evangelho de Cristo”.

Paulo corrige a própria fala quando diz que não há outro Evangelho. O que na
verdade estava em curso, era uma tentativa desenfreada - daí a afirmação de
que os gálatas estavam sendo perturbados pelos judaizantes - de perverter, de
adulterar (é o significado mais correto aqui) o sentido do que seja Evangelho.

Estratagemas como esses, embora falem de Jesus, e supostamente façam


chover sinais e milagres, de forma alguma deveriam ser chamados de
Evangelho. Algo assim, é por si só, um acinte ao Evangelho de Jesus Cristo.

Wanderley Nunes.

[1] Gl.2.18 e 21

[2] Rm.4.1-6.

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