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PODER JUDICIÁRIO
JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO
Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais de São Paulo
Alameda Jau, 389 - Jardim Paulista - CEP 01420-001
São Paulo/SP Fone: (11) 2766-8911
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TERMO Nr: 9301172036/2021
PROCESSO Nr: 0002375-29.2021.4.03.6301 AUTUADO EM 22/01/2021
ASSUNTO: 040101 - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ (ART.42/7)
CLASSE: 16 - RECURSO INOMINADO
RECTE: JESSICA SANTOS RIBEIRO
ADVOGADO(A)/DEFENSOR(A) PÚBLICO(A): DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL
RECDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - I.N.S.S. (PREVID)
ADVOGADO(A): SP999999 - SEM ADVOGADO
DISTRIBUIÇÃO POR SORTEIO EM 30/08/2021 13:06:18
I – RELATÓRIO
Trata-se de recurso interposto pela parte autora, em face da sentença que julgou parcialmente procedente o
pedido inicial e concedeu à autora o auxílio por incapacidade temporária em período pretérito apenas, não tendo sido
verificada em perícia a manutenção da incapacidade.
Sustenta, em síntese, que a incapacidade persiste até os dias atuais e que foi submetida a nova cirurgia em
julho/2021.
É o relatório.
II – VOTO
Do mérito.
O artigo 46 cc § 5º do art. 82, ambos da Lei nº 9099/95, facultam à Turma Recursal dos Juizados especiais
a remissão aos fundamentos adotados na sentença.
Ademais a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que a adoção dos
fundamentos contidos na sentença pela Turma Recursal não contraria o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal,
vejamos, por exemplo, o seguinte julgado:
INOCORRÊNCIA.
O parágrafo 5º do artigo 82 da Lei nº 9.099/95, dispõe “se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.”
O dispositivo legal prevê, expressamente, a possibilidade de o órgão revisor adotar como razão de decidir os
fundamentos do ato impugnado, o que não implica violação do artigo 93, IX, da Constituição Federal.
Colaciono excerto do r. julgado recorrido, que bem elucida a questão, “in verbis”:
[...]
No caso dos autos, verifico que o perito médico de confiança deste juízo, após examinar a parte
autora, atestou pela ausência de incapacidade atual, porém, com incapacidade total e temporária no
período 03/10/2019 a 03/01/2020. Tal situação foi corroborada pelo laudo de esclarecimento juntado no
arquivo 33.
Eventual discordância da parte autora com os laudos periciais não podem ser consideradas, eis
que as conclusões expostas nos referidos laudos guardam coerência com os documentos médicos
existentes nos autos e estão assentadas em dados objetivos expressamente mencionados.
Os peritos médicos são profissionais qualificados, com especialização nas áreas correspondentes às
patologias alegadas na inicial, sem qualquer interesse na causa e submetidos aos ditames legais e éticos da
atividade pericial, além de serem da confiança deste Juízo. Por estes motivos, devem ser prestigiados os
referidos laudos, resultados dos trabalhos de médicos equidistantes das partes.
Também reputo desnecessária a sua complementação ou renovação , pois os laudos trazem em
seu bojo respostas suficientemente adequadas aos questionamentos essenciais à definição da lide, bem
como o fato de terem sido realizados por profissionais cujas especialidades permitem a adequada
compreensão das enfermidades alegadas na inicial.
O CNIS juntado nos arquivos 34/35 demonstra que a autora usufruiu do NB 31/627.319.913-6, de
02/04/19 a 02/10/19. Desse modo, considerando-se as datas apontadas no laudo pericial, a autora faz jus
ao restabelecimento do NB mencionado, de 03/10/19 a 03/01/2020, coincidindo com a proposta de acordo
do INSS, recusado pela autora (eventos 21 e23).
No que tange à manutenção da qualidade de segurado e da carência, de acordo com a prova
documental produzida, especialmente informações constantes do Cadastro Nacional de Informações
Sociais (arquivo 35), constato que quando do início da incapacidade, a parte autora ostentava tal
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2021/930101097935-89633-JEF
condição.
Por outro lado, ante o caráter temporário da incapacidade observada apenas no interregno supra, não
faz jus a parte autora à aposentadoria por invalidez ou do acréscimo de 25% pleiteado.
Ante o exposto, julgo parcialmente procedente os pedidos da parte autora, extinguindo o feito
nos termos do artigo 487, Inciso I, do CPC e para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social –
INSS, após o trânsito em julgado, ao pagamento das prestações vencidas no valor de R$ 3.687,13 (em 07/
21), referente ao interregno de 03/10/19 a 03/01/2020, nos termos do parecer da Contadoria Judicial que
fica fazendo parte desta sentença, respeitada a prescrição quinquenal, e atualizadas nos termos da
Resolução 267/2013 do CJF em vigência, com desconto de eventuais quantias recebidas no período em
razão da percepção de benefício ou salário.
[...]
De acordo com o perito judicial (eventos 19 e 33), a autora apresentou incapacidade unicamente no período de
03/10/19 a 03/01/2020.
A perícia foi realizada em 02/03/2021, ocasião em que a incapacidade não estava presente.
VIII – DISCUSSÃO:
Periciando apresenta exame físico sem alterações que caracterizem incapacidade laborativa, marcha
com claudicação do membro inferior esquerdo, consegue realizar o apoio nos antepés e calcâneos,
mobilidade da coluna cervical normal e lombar diminuída, exame neurológico (sensibilidade, força
motora e reflexos) normal, manobra de Lasegue negativa, clínica para tendinites, tenossinovites e
bursites negativa, semiologia clínica para fibromialgia negativa, cintura pélvica normal, seus joelhos
sem edema, sem derrame articular, sem sinais de processos inflamatórios, mobilidade presente e
normal, sem crepitação ou dor à palpação, mobilidade dos tornozelos e pés normais, sem edema sem
dor à palpação, cicatriz lateral com 10 cm e medial com 06 cm longitudinais no tornozelo esquerdo, o
exame de RNMG apresenta alterações que não implicam em incapacidade pois o exame atual não
constatou a presença de elementos funcionais incapacitantes, suas funções básicas estão
preservadas, não está caracterizada a incapacidade laborativa. Na avaliação da documentação
anexada verifico que houve incapacidade por 3 meses a partir de 03/10/2019, tempo habitualmente
necessário para completar a reabilitação.
IX – CONCLUSÃO
NÃO HÁ INCAPACIDADE LABORATIVA.
Se de um lado é certo que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, pois a ele é facultado, inclusive,
fundamentar sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos, não é menos exato, de outro, que a
decisão judicial pode adotar integralmente a prova técnica como razões de decidir (STJ, AgRg no Ag 1221249/BA,
Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/11/2010, DJe 12/11/2010).
No caso, foi nomeado perito médico com especialidade adequada para o exame das enfermidades alegadas na
inicial, e o laudo produzido é coerente e enfrentou adequadamente as questões técnicas submetidas a exame,
concluindo, de forma convincente, pela inexistência de incapacidade para o trabalho na data da perícia.
Os documentos juntados pela autora em seu recurso são de julho de 2021, com informação de internação em
24/03/2021 e alta em 14/07/2021.
Em caso de agravamento da doença após a realização da perícia judicial, compete à parte formular novo
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requerimento administrativo.
Recorrente vencido(a) condenado(a) ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da
condenação ou, inexistindo esta, sobre o valor da causa atualizado, no mesmo percentual, em qualquer caso
limitados a 6 salários-mínimos (montante correspondente a 10% do teto de competência dos Juizados Especiais
Federais - art. 3º, “caput”, da Lei 10.259/2001).
Em caso de gratuidade da justiça, deverá ser observado o disposto no § 3º do artigo 98 do CPC/2015 (NCPC),
que prevê a suspensão das obrigações decorrentes da sucumbência.
Na hipótese de não apresentação de contrarrazões, deixo de condenar o(a) recorrente vencido(a) ao pagamento
de honorários advocatícios, segundo prevê o artigo 55 da Lei 9.099/95 c/c artigo 1º da Lei 10.259/2001 c.c. artigo
1.046, § 2º, do CPC/2015, pois, não tendo sido apresentadas contrarrazões ao recurso pelo(a) advogado(a) da parte
recorrida, inexiste embasamento de ordem fática para aplicação do artigo 85, “caput” e seu § 1º do NCPC, em virtude
do que dispõe o § 2º deste artigo.
É o voto.
Visto, relatado e discutido este processo, em que são partes as acima indicadas, decide a Terceira Turma
Recursal do Juizado Especial Federal da 3ª Região – Seção Judiciária do Estado de São Paulo, por unanimidade,
negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator Leandro Gonsalves Ferreira. Participaram do
julgamento o(a)s Sr(a)s. Juíze(a)s Federais: Nilce Cristina Petris de Paiva e David Rocha Lima de Magalhães e Silva.