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O HOMEM E A CIBERCULTURA
Rio de Janeiro
2009
Mara Cecília Maciel Cavalcante
O HOMEM E A CIBERCULTURA
Resumo
Introdução......................................................................................................................................6
1 A fundamentação histórica......................................................................................................... 8
O HOMEM E A CIBERCULTURA..........................................................................................1
O HOMEM E A CIBERCULTURA..........................................................................................2
1.1 Calculando a máquina.........................................................................................................10
1.2 Século começando...............................................................................................................11
1.3 Partindo do digital...............................................................................................................12
2.1 Vamos ao espaço.................................................................................................................15
2.2 - A formação do ciberespaço..............................................................................................17
3.3 - O e-mail............................................................................................................................26
3.4 - Os sites de relacionamento ou redes sociais...............................................................27
3.5 - A notícia e a informação...................................................................................................28
Introdução
Capítulo I
A fundamentação histórica
1
Lemos, André – “Cibercultura – Tecnologia e Vida social na cultura contemporânea” – 2004 pag 40
submetida a uma sociedade onde a oralidade é o meio pelo qual pode passar informação,
perceberemos que desde então a memória sempre foi fundamental para a humanidade.
Determinado pelo ambiente sócio-cultural, cada grupo criava seus símbolos,
suas regras, leis. A tecnologia usada era a palavra, o método, a repetição.2
O armazenamento era feito pela memória humana. Neste momento o homem já
vivia em sociedade tribal, mas nômade. Seus costumes eram memorizados e transmitidos de
geração em geração de forma que os mais velhos tinham a responsabilidade de passar as
informações que lhes pareciam pertinentes aos mais jovens, sempre repetindo palavras,
rituais, contando histórias, levando seu grupo a vivenciar oral e fisicamente os ensinamentos.
A memória já estava virtualizada. Memorizar era fundamental.
Com o surgimento da escrita (3.500 A.C.), o homem passa a documentar seus
conhecimentos e a palavra continua fazendo o mesmo papel de transferir dados, informação,
porém agora escrita, transmitida por símbolos escritos em palavras que dão sentido ao real, de
forma que a memória mítica passa a ter menos possibilidade de se perder. Não é necessário
que o interlocutor esteja no mesmo espaço e tempo em que a mensagem é produzida. É
através da escrita que tomamos conhecimento do mundo da filosofia, dos dogmas. É quando
são formulados os primeiros contratos e o início do armazenamento da memória social. A
documentação passa a existir em grande escala.
Gutenberg, no século XV, 3 nos apresenta a imprensa, ainda na forma de tipos
de chumbo, e esta é considerada uma revolução para a comunicação e transferência de dados.
Agora o homem pode reproduzir em larga escala sua documentação para que vários grupos
sociais passem a tomar conhecimento dos pensamentos, teorias, leis e toda uma gama de
informações de forma impressa facilitando a reprodução cultural de diversos grupos. Começa
a era da reprodução gráfica
Mais a diante o homem cria meios de locomoção mais modernos como a
locomotiva a vapor, resultado da criação da máquina a vapor, principal símbolo da Revolução
Industrial encabeçada pela Inglaterra, na metade do século XVIII.4
A era industrial começa e o avanço das tecnologias modernas desponta de
forma preponderante. Os meios de produção modificam a forma do homem viver em
sociedade. A sociedade burguesa domina e subjuga a maioria da população, como detentora
2
http://www.netkids.com.br/ ( Netkids- Educação com Tecnologia ) – coluna de Lucio Fonseca
Consultor Educacional, especialista em Tecnologia Aplicada à Educação e palestrante em Congressos e
Seminários realizados no Brasil e no exterior
3
História da Imprensa – http://pt.wikipedia.org
4
Pazzinato, Alceu L. & Senise, Maria Helena V. – “História Moderna e Contemporânea” – 2004 – p184;185
dos meios de produção. A manufatura é substituída pela produção industrial que passa a ser
ganho para a burguesia que detinha o capital e explorava a força de trabalho humano. O
desenvolvimento tecnológico é usado pela burguesia para subjugar o trabalhador. Mas o
homem não se intimida. O Marxismo surge no séc. XIX e vai tratar das questões do capital e
da mais-valia.
No final do séc. XIX, Sigmund Freud, ao aprofundar seus estudos sobre o
inconsciente dá partida ao surgimento de uma nova ciência: a Psicanálise. Deste modo
estamos mais uma vez propondo que a memória é fundamental e Freud comprova com sua
teoria que está tudo armazenado no inconsciente. Agora vamos mais longe: memória
armazenada dentro do próprio homem. Fatos, situações, cheiros, sensações armazenados por
décadas pelo inconsciente, podem gerar uma infinidade de resultados no comportamento
humano e é utilizando este armazenamento inconsciente que o homem avança e pesquisa,
desenvolve novos mecanismos para modificar no presente seu relacionamento com o mundo.
Voltando ao mundo material, em 1860, Étienne Lenoir monta o primeiro motor
de combustão interno, o motor que impulsiona o carro.5
No final do séc. XIX, precisamente em 1896, a feira Russa de Nizhi-Novorod
exibiu a mais recente novidade vinda da França: fotografias em movimento, produzidas e
exibidas pelos irmãos Lumière.6 É a tecnologia mais uma vez a serviço da informação. Agora
a memória além de registrada visualmente pelas artes plásticas ou pela fotografia, pode passar
a ter movimento visual no seu armazenamento.
Já iniciando o séc. XX, Santos Dumont, com seu 14 Bis, no dia 12 de
novembro de 1906 faz o primeiro vôo humano oficialmente homologado 7, depois de inventar
o relógio de pulso.
O carro movido à combustão e o avião passam a ser veículos modernos,
capazes de atravessar grandes regiões, levando com mais rapidez o homem e a informação a
povos mais distantes e em um curto espaço de tempo. A memória continua preservada e os
instrumentos de armazenamento, como a escrita impressa, que fica cada vez mais sofisticada e
de possível acesso a maior número de grupos sociais, possibilita um intercâmbio maior entre
culturas. Seguidamente vamos aperfeiçoando as formas de nos comunicar, armazenar,
entender e memorizar . As artes plásticas, a fotografia, o rádio, a imprensa e o cinema vão
5
www.automobilistica.hpg.com.br/
6
Xavier, Ismail – “ O cinema no século” – 1996 – p 21
77
http://www.santos-dumont.net
transmitindo dados de interesse aos diversos grupos sociais. As tecnologias se aperfeiçoam
de acordo com asnecessidades humanas.
8
Aqui as informações sobre a época que o ábaco foi inventado são imprecisas mas variam de 5.500 AC. à
4.000 AC. ( Uma breve história da Informática) & http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm
( História do Computador - parte1 e parte2) & http://pt.wikipedia.org/wiki/Microcomputador
9
Aqui as informações sobre a época que o ábaco foi inventado são imprecisas mas variam de 5.500 AC. à 4.000
AC. ( Uma breve história da Informática) & http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm ( História do
Computador - parte1 e parte2) & http://pt.wikipedia.org/wiki/Microcomputador
10
Idem
Já no início do século XX surge a memória magnética (1900), desenvolvida
pelo dinamarquês Valdemar Poulsen. A válvula e o interruptor eletrônico são inventados
(1906) pelo americano Lee De Forest.11
11
Idem
12
Idem
13
Aqui as informações sobre a época que o ábaco foi inventado são imprecisas mas variam de 5.500 AC. à
4.000 AC. ( Uma breve história da Informática) & http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm
( História do Computador - parte1 e parte2) & http://pt.wikipedia.org/wiki/Microcomputador
14
Idem
15
Idem
processar dados. As válvulas eletrônicas revolucionam o processamento de dados e tarefas
que levariam, até um ano para serem concluídas passam a demorar apenas um dia.16
Neste momento a humanidade está à mercê das políticas de destruição e
dominação do homem pelo homem, onde questões políticas levam à briga pelo território, pelo
poder e pela eliminação do seu espelho, da sua memória. Andreas Huyssen , avalia que este
é um momento em que a humanidade sofre um marco fundamental em sua capacidade de
transmitir e armazenar dados e que o resultado é a discussão pós-moderna do que seja
monumental na memória.17
Em 1945 surge o conceito de armazenamento interno, na memória do
computador. Os EUA e a Inglaterra são os pioneiros. Surge o ENIAC "Electronic Numerical
Integrator and Computer" ( 1946).
A era do computador começa, segundo o www.widesoft.com.br , quando
Maurice Wilkes inventa o EDSAC (inglês) ou primeira “Calculadora Automática com
Armazenamento por Retardo Eletrônico”, primeiro computador operacional em grande escala,
capaz de armazenar seus próprios programas. A memória já está armazenando
eletronicamente.
Com a Guerra Fria a informática se aperfeiçoa. As válvulas já foram
substituídas por transistores. Foram as universidades, tanto nos Estados Unidos quanto na
Inglaterra, que desenvolveram os primeiros projetos de computadores. Pierre Lévy identifica
as instituições públicas, principalmente as entidades governamentais e as universidades, como
os grandes desenvolvedores de acesso às novas tecnologias.
No início da década de 50 as válvulas são substituídas pelos transistores que
entram no mercado em 1954 e é nesta década que começa a produção em larga escala de
computador e sistema, para o mercado consumidor. A televisão é um das novidades no
relacionamento humano. Diariamente e ao vivo no ar. Em 1958 nasce o primeiro “chip”: o
circuito integrado.
A linguagem digital existe desde que o homem calcula usando o método zero e
um (binário). Os indianos, no século V a.c. já usavam regras bastante sistemáticas e técnicas
16
Idem
17
Huyssein, Andreas, Seduzidos pela Memória, 2000. p. 112 -113
em suas gramáticas, dando seqüência a invenção do Ábaco. É dada a partida para a sociedade
digital.
Avançando pelo desenvolvimento tecnológico, especificamente das “máquinas
de computação” o homem vai desenvolvendo novas características e formatos de se
comunicar. É “na passagem do analógico para o digital, com a conversão de toda informação
em códigos binários” 18 que o século XX destrói as fronteiras da comunicação de massa.
Na década de 70, em plena Guerra Fria, assistimos às mídias passarem por uma
evolução tecnológica e de mercado. “Não existe mais fronteira separando televisão, rádio,
cinema,fotografia,imprensa, escrita, informática e telecomunicação”.19 Nesta mesma década a
linguagem LSI (“Large Scale Integration”), desenvolvida para computadores é incorporada a
equipamentos domésticos, como máquinas de lavar, fornos de microondas, televisores, som,
vídeo e automóveis, revolucionando a micro-eletrônica.Começamos a digitalizar nosso dia-a-
dia. É no início da década de 80 que os microcomputadores tornam-se acessíveis ao grande
público. A APPLE lança em 1983 o primeiro computador pessoal com interface gráfica20,
outra revolução: um micro ainda mais fácil de ser utilizado por um leigo. O chip que compõe
o microcomputador, sem dúvida revolucionou o mundo, técnica, e economicamente. O
próprio micro fez revoluções na administração de dados para a sociedade e trouxe para a
modernidade a cultura do digital.
Foi lá na sociedade oral que aprendemos o valor da palavra e de como era
fundamental para a comunicação e perpetuação dos valores da espécie. Na sociedade escrita é
que nos apegamos à noção de cultura, com a pesca, a agricultura, a escrita, a radicalização e
territorialização humana. O homem passa a ter necessidade de limites territoriais e cria
valores que diz fundamentais para seu estabelecimento e auto-reconhecimento. Precisa
política e economicamente estabelecer seus limites de domínio e poder. Valorando a cultura o
homem tornou-se capaz de limitar a si mesmo.
A evolução tecnológica avança sempre apoiada pelas guerras. As grandes
potências econômicas investem belicamente para atacar e tecnologicamente para defender
seus projetos, documentos e estratégias. É nessa atmosfera que vemos nascer o primeiro elo
pós-moderno com a sociedade oral: a Internet, a rede mundial de computadores. O mundo
moderno rende-se a oralidade e passa a desfrutar das benesses da palavra para a comunicação
18
Serra, Cristina;Diniz, Gabriela e Maia, Marta Cury – “ Do Analógico ao Digital” –2002 – trabalho de
conclusão para facom/Ufba p1 - Texto Inicial
19
Idem. ( texto e página)
20
http://pt.wikipedia.org/wiki/Microcomputador
imediata, rápida, fugaz e de interesse determinado pelo público que a consome. É neste
momento especular que refletimos nosso elo com o passado.
NOTA DA AUTORA
Parte das definições e conceitos deste capítulo foram formulados através de pesquisa pelo
ciberespaço. Todas as mídias contribuíram.
Capítulo 2
21
Lévy,Peierre – “Cibercultura” 1999 –p 47
Sem dúvida alguma podemos relacionar o desenvolvimento das tecnologias a
esta necessidade de superação humana. Durante toda a história vemos o pensamento e a
técnica caminharem paralelamente. Na Idade Média as técnicas evoluem e tem incentivo
religioso.São usadas também como instrumento de tortura. No século XVIII elas transformam
a relação social e econômica entre os homens e, unidas à ciência conduzem a humanidade ao
que denominamos progresso. No século XX começam a inverter a relação técnico-social com
o avanço das tecnologias digitais. Para Andréas Huyssen “a partir da década de 1980 o foco
parece ter-se deslocado dos futuros presentes para os passados presentes” 22, principalmente se
pensando em memória, armazenada pelas técnicas.
26
Lévy, Pierre – “ Cibercultura” –1999 – p 14
27
Idem – p 133
28
“Cibercultura” –pierre Lévy – 1999 – P15
29
Lemos, André – “Cibercultura – Tecnologia e vida social na cultura contemporânea”- 2004 p 26
30
Sibilia, Paula – “ O Homem Pós-Orgânico – Corpo, subjetividade e tecnologias digitais” –2003 p24
conhecimentos e interesse pelas “próteses” que o homem precisa utilizar para habitar o mundo
moderno.
31
http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm ( História do Computador - parte1 e parte2)
32
Lévy, Pierre – “ Cibercultura” –1999 – p31
33
http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm ( História do Computador - parte1 e parte2)
Nos anos 70 o microcomputador passa a ser comercializado em grande escala,
após o surgimento do microprocessador, aquele que poderia exercer as mesmas funções com
mais rapidez e ocupando menos espaço físico. Começa então a estruturar-se o ciberespaço.
Com o avanço nas pesquisas fomos aperfeiçoando digitalmente o que seria
memorável e hoje o virtual nos mostra que a condição humana não nos permite dar conta de
tudo que o ciberespaço nos proporciona. As informações crescem aos borbotões e temos então
a possibilidade de escolher em que universo queremos estar presente. A desterritorialização,
como defende Pierre Lévy em “Cibercultura”, é a principal característica deste movimento
sócio-cultural para a comunicação através do mundo digital.34
Com a criação do computador pessoal o uso das máquinas digitais passa a ter
um papel diferente daquele de calcular e fazer planilhas. Ainda movimentadas por interesses
militares e científicos as universidades vão ampliando suas pesquisas e transformando o PC
em um instrumento de comunicação integrada, em rede, entre grupos de estudo e pesquisa. É
no início da década de 80 que surge a Internet como um sistema de interligação de máquinas,
“uma rede de nós” que conecta pessoas em diversos lugares e com interesses diferentes. O
computador passa então a ser um instrumento de criação, de organização, de simulação e de
alguma diversão para alguns grupos de pesquisadores que estavam em países desenvolvidos e
ainda restritos ao âmbito científico ou estatal.35
2.3. A Internet
36
37
http://www.aisa.com.br
UNIVERSIDADE FEDERAL - História
DE SÃOdaCARLOS,
Internet.htm
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE
TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE COMPUTAÇÃO RESUMO SOBRE A HISTÓRIA DA
COMPUTAÇÃO. Prof. Dr. José Hiroki Saito – publicada na Internet
38
Lemos, André – “Cibercultura –tecnologia e vida social na cultura contemporânea” p 104
39
Idem – pag 104
40
idem
41
Lévy, Pierre – “ Cibercultura” –1999
A mesma lógica se deu com a Internet no início da década de 80. Jovens da
contracultura, ideologicamente engajados ou não em uma utopia de difusão da informação,
contribuíram decisivamente para a formação da Internet como hoje é conhecida. Um esquema
técnico denominado Protocolo de Internet (Internet Protocol) permitia que o tráfego de
informações fosse encaminhado de uma rede para outra. Contudo a Internet como hoje
conhecemos, com sua interatividade, como arcabouço de redes interligadas de computadores e
seus conteúdos multimídia, tornou-se possível pela contribuição de cientistas como Tim
Berners-Lee e ao CERN, Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire - Centro Europeu de
Pesquisas Nucleares, que criaram a World Wide Web, inicialmente interligando sistemas de
pesquisa científicas, e mais tarde acadêmicas, à universidades.42 A rede coletiva ganhou uma
maior divulgação pública a partir dos anos 90 quando os computadores pessoais chegaram
mais facilmente aos usuários.
A Internet inicia uma mudança radical na forma do homem relacionar-se e cria
novas possibilidades de comunicação, educação e cultura. Nós hoje somos fruto dasta
sociotecnologia. Estabelece-se assim, mais uma das bases para a Cibercultura. A comunicação
e a informação começam a ter um novo formato. Sociedades são desenvolvidas do
ciberespaço para o ciberespaço, do espaco virtual para o mundo real e vice-e-versa,
derrubando fronteiras antes determinantes de tempo e espaço para a comunicação. Hoje nos
comunicamos com os mais diversos povos em qualquer parte do planeta, instantaneamente
através da Internet. Esta propiciou a criação de espaços públicos de discussão, pesquisa,
relacionamento, jogos, diversão, criação e logísticas antes inexistentes. O acesso a distância
aos diversos recursos que um computador pode oferecer e a transferência de dados (imagens,
sons, textos, vídeos) se estabelece facilmente.
É nesta atmosfera que vemos nascer uma gama variada de instrumentos que
dão formato ao ciberespaço. Linhas de interfaces são desenvolvidas para dar suporte ao novo
espaço de comunicação que surge. Os jogos eletrônicos, a digitalização do som, a telefonia
celular, digitalização da imagem, os hipertextos as inovações constantes nas plataformas de
utilização e transmissão de informação criam uma nova interação cultural. A tecnociência
evoluiu para biotecnologia e a genética hoje pesquisa de forma árdua a possibilidade de
aumentar a sobrevida humana.
Capítulo 3
42
http://www.aisa.com.br - História da Internet.htm
A Cibercultura
43
Lévy, Pierre – “ Cibercultura” –1999 – p 32
44
idem pg 32
45
idem – pg 32
46
Lemos, André – Cibercultura –tecnologia e vida social na cultura contemporânea . p 101
47
“Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Cibern%C3%A9tica,
por Norbert Wiener (1894-1964), “como o nome de uma nova ciência que visava à
compreensão dos fenômenos naturais e artificiais através do estudo dos processos de
comunicação e controle nos seres vivos, nas máquinas e nos processos sociais.” 48 “Wiener foi
(...) um dos primeiros a se interrogar sobre os desafios éticos e os usos sociais”49 dos novos
domínios que aparecem com a microinformática. Ele pretende estabelecer uma relação entre a
individualidade humana e as trocas de informações, que vão estabelecer e determinar a
evolução e sobrevivência humana. Define também que “toda sociedade deve ser analisada a
partir de trocas de informação, porque toda a vida é estruturada a partir de processos de
comunicação”.50
Lá nos anos 60, a “contracultura”se rebelou contra a dominação militar sobre
as tecnologias que se desenvolviam rapidamente. Na Califórnia surgiu o principal movimento
para acabar com a hegemonia militar sobre as novas tecnologias: a miniaturizacão de
componenetes tecnológicos que permitiu o aumento da memória eletrônica e da velocidade no
processamento de informacão, desenvolvendo assim em grande escala as tecnologias digitais,
criando máquinas mais potentes e acessíveis uniu-se à efervescência socio-cultural que lançou
bases nas nossas sociedades contemporâneas digitais. A microinformática baseou-se na
miniaturizacão. Mérito para os Californianos.
Sendo assim, já nos fins dos anos 70, Gilber Hottois, professor belga da
Universidade Livre de Bruxelas, cria o conceito de Tecnociência para designar o conceito
social e tecnológico da ciência51 e distingüir a diferença entre ciência, que consiste num
conjunto de verdades logicamente encadeadas entre si, e tecnologia, que aplica e elabora os
conceitos científicos52. Concluímos que ciência e tecnologia caminham juntas, apesar das
diferenças. Uma completa a outra e devem ser tratadas como uma unidade.
Como nos ensinou Norbert Wiener a informação é a chave mais importante
para definir o ser humano. Também na década de 70 a biotecnologia dita os primeiros passos
para Engenharia Genética embrenhar-se pelas pesquisas sobre a sobrevida humana.
Voltando ao ciberespaço um dos responsáveis por esta movimentação
científica e ideológica é o aumento constante do desempenho do hardware. Ainda neste
momento estes estudos eram desenvolvidos por militares e ninguém podia imaginar os efeitos
sociais que poderiam causar. A virtualização da informação e da comunicação era
48
http://www.das.ufsc.br/gia/computer/node7.html
49
Lemos, André – “Cibercultura –tecnologia e vida social na cultura contemporânea” p 103
50
idem p 102
51
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnoci%C3%AAnciahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnoci%C3%AAncia
52
Idem
impensável. A comercialização do microprocessador proporciona processos econômicos e
sociais até então inexistentes. Neste período Doug Engelbart inventa a interface, ambiente de
resposta, o processador de texto, o “mouse” e as janelas com os menus.
Na Inglaterra dos anos 80 surge o movimento punk: movimento radical de
contestação anarquista que ajuda na nova lógica das tecnologias digitais em expansão. Para
este pensamento a informação deve ser descentralizada, ampla e acessada por todos, onde
quer que estejam, sem limite de território ou político. Simultaneamente aos californianos que
pretendiam acabar com a centralização e a posse da informação pelos militares, cientistas
espalhados pelo mundo fomentam o ideário da microinformática para democratizar o acesso à
informação e principiar a Cibercultura. Diz André Lemos: “O radicalismo californiano, que
deu origem a essa nova configuração sóciotécnica, era então uma mistura de esoterismo Zen,
53
ecologia e ficção-científica”, e completa afirmando que a microinformática além de ser a
base para a Cibercultura é fruto de uma apropriação social.54
É na emergência das modificações sociais causadas pelo processo de
desenvolvimento das tecnologias digitais e todo o fértil momento social que surge a Internet,
hoje rede mundial que interliga computadores em toda parte do mundo com acesso a uma rede
de comunicação digital. A World Wide Web (também conhecida como W.W.W ) é um
sistema de documentos em hipermídia que são interligados e executados na Internet .
O desenvolvimento das tecnologias digitais só avança e em velocidade
imprevista. Esta atmosfera ajuda a confirmar mais parâmetros para a Cibercultura se
concretizar como uma realidade, uma nova forma do homem desenvolver relações com o
mundo. Pierre Lévy analisa que “longe de ser uma subcultura dos fanáticos pela rede, a
Cibercultura expressa uma mutação da própria essência da cultura”.55
3.1 – O Virtual
53
idem p 105
54
idem p 106
55
“Cibercultura”- Lévy, Pierre –1999 - p 247
“A palavra virtual surge no princípio do século XVIII no campo da óptica para
descrever a imagem refratada ou refletida de um objeto (...) e na informática, a palavra virtual
aprece nos anos 70 quando a IBM lança um produto-conceito chamado de memória virtual”.56
O desenvolvimento dos mundos artificiais formados por imagens de síntese nos revela a idéia
de realidade virtual, ou seja, um ambiente simulado que permite interação com o usuário que
recebe etímulos corporais. “O corpo real migra para um mundo de pura informação” 57.
O que seria o virtual na Cibercultura? Este é um conceito que tem trazido
questões relacionadas a “desrealização da experiência” e medo da perda de contatato com o
real. O que nos interessa pensar é que o conceito de virtual está correlato com o de atualizar.
Atualização e virtualização são sinônimos segundo André Lemos e Pierre Lévy, portanto a
dicotomia entre real e virtual inexiste.
Como Platão nos mostrou que no mundo das idéias está a representação
primeira do real, podemos fazer uma analogia e dizer que no mundo virtual está a primeira
idéia do real. Portanto o real seria uma representação do virtual, ou seja, o que está no âmbito
do virtual, se atualizado, transformar-se-ia em real. “A realidade é um consenso mais ou
58
menos estável, produto de virtualizações e atualizações sucessivas” . André Lemos,
basenado em Pierri Lévy e J. Larnier, entre outros, nos faz pensar numa crítica pertinente,
diante do preconceito com o virtual e diz : “ o verdadeiro problema não é dizer que tudo será
virtualizado e que, por isso, vamos perder o senso da realidade , mas apontar com um dedo
arrogante o que é , ou o que deve ser A realidade .”59. Não seria totalitarismo?
56
Lemos, André – Cibercultura - 2004 – p.159
57
Idem - p. 155
58
Lemos, André – Cibercultura – 2004 – p. 160
59
Idem - p 160
3.2 - O Hipertexto e a Hipermídia
60
Lévy, Pierre –“Cibercultura”- 1999
61
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hiperm%C3%ADdia
62
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hiperm%C3%ADdia
25
Entre o Hipertexto e a Hipermídia a diferença pode estar na contextualização
da plataforma. Na medida que atualizamos as tecnologias, as definições vão tembém sendo
atualizadas de tal maneira que conceitos podem se fundir. Este pode ser um exemplo.
3.3 - O e-mail
63
“Cibercultura”- Lévy, Pierre –1999 -p 95
26
trabalho.Trocamos várias mensagens e os links indicados por ela me levaram a vários
assuntos de meu interesse.
65
http://idgnow.uol.com.br/internet/2009/08/31/o-facebook-e-uma-ameaca-a-supremacia-do-orkut-no-brasil/
66
http://idgnow.uol.com.br/internet/2008/06/16/facebook-ultrapassa-myspace-e-se-torna-rede-social-mais-
popular-do-mundo/
67
Dados fornecidos pela editora do Naw! Digital Business Daniela Brau, por e-mail
28
Os blogues ( blogs) ou weblogs são “um sistema de publicação na web
destinado a divulgar informação por ordem cronológica, à semelhança de um diário...
permitem que utilizadores com poucos conhecimentos técnicos de Informática publiquem
facilmente conteúdos na web.” 68. Jornalistas, artistas, políticos, cientistas, escritores, pessoas
comuns em diversos grupos sociais possuem blogs que são alimentados rapidamente via
servidor com as informações que o “blogueiro” quer postar . E esta circula livremente pela
Internet.
3.6 – O celular
68
http://visibilidade.net/tutorial/glossario-informatica.html .
69
Lemos, Andre e Novas, Lorena. Cibercultura e Tsunamis – Tecnologias de Comunicação Móvel, Blogs e
Mobilização Social”, Revista Nova, nº 26, de abril de 2005.
29
governos têm interferência forte neste setor. Hoje no Brasil se pratica a tecnologia 3G para
transferência de dados móveis, ainda engatinhando. Em alguns países da Europa e Ásia já é
possível utilizar a 4G, que oferece ao usuário uma maior velocidade e mais recursos na
transmissão de dados.
CONCLUSÃO
30
Com este trabalho podemos concluir que a Cibercultura ainda está
engatinhando. Independente de toda exposição, que nos levou há 5.000 ac . ou de toda
formulação teórica que possa existir sobre o assunto, ou que esteja em andamento com mais
adeptos desta forma de pensar o relacionamento e a comunicação humana, ainda estamos
começando a vislumbrar os caminhos que a humanidade poderá trilhar modificando, talvez
radicalmente, as regras de comportamento utilizadas hoje em contraste com o que seria
natural ao homem. Mais ainda, seguindo nesta premissa talvez a Cibercultura venha ser o
diferencial, o ponto de ligação para as novas premissas que se colocam na transformação
social do terceiro milênio. Fazemos parte de uma geração que participou do último dia do
segundo milênio e do primeiro do terceiro. As implicações sociais que permeiam esta
passagem são imprevisíveis.
Ao homem é inferida uma responsabilidade da mudança e da permanência da
evolução, seja ela tecnológica ou social e por questões óbvias teremos que arcar com estas
determinações que nos impusemos.
As tecnologias foram, como vimos, criadas e aperfeiçoadas pelo homem ao
longo da sua história. Na verdade o que chamamos hoje de novas tecnologias são apenas
aperfeiçoamento e adaptação das necessidades do homem ao meio social que ele foi
modificando. Percebemos que desde os primórdios do que conhecemos como cultura, foi o
aperfeiçoamento dos objetos e do entorno que trouxe ao homem um certo domínio de espaço,
de pensamento, de território e é o que move a tecnologia. Todo o aparato que o homem se
cercou para estar aqui em 2009, começando o terceiro milênio faz parte da incessante busca
pelo que não saberemos nunca onde chegará a sociabilidade e a forma de viver no planeta
Terra.
Já estamos completamente envolvidos com as chamadas novas tecnologias. As
crianças começam a andar e ao mesmo tempo a dedilhar em teclados, que em breve serão
substituídos por outra prótese. Não sabem utilizar o relógio com ponteiros. Nas escolas,
apesar da resistência de um modelo falido de educação, as máquinas de calcular são material
escolar. O celular reinventa a forma de drible que os jovens sempre ajustam, para dizer “não”
às regras impostas pelo sistema educacional e é o segundo colocado na hierarquia dos
mecanismos da Cibercultura que interligam a rede de comunicação. Na verdade, nos países
em desenvolvimento, mais do que nos países de primeiro mundo, o celular é o maior
31
representante das interferências da Cibercultura no comportamento humano. Foram as
telecomunicações que proporcionaram a intercomunicação pública entre computadores, lá na
no início da década de 90 e hoje se traduz em “rede móvel”.
Grupos e redes sociais são a confirmação do encontro do homem no
ciberespaço. André Lemos em “Cibercultura- Tecnologia e vida social na cultura
contemporânea”, quando se refere ao hacking ético, relembra o CCC (Caos Computer Club),
de Hamburgo, que iniciou sua atividade em 1984 com ataques ao sistema TELEBOX e ao
sistema de BTX. Eles desviaram 135.000 DM da Caixa Econômica de Hamburgo e no dia
seguinte procuraram o Banco para devolver o dinheiro. Este grupo, segundo Lemos reclamava
“o reconhecimento de um novo direito do homem, o direito de uma comunicação livre, sem
entrave e sem controle, através do mundo inteiro, entre todos os homens dotados de
inteligência , sem exceção”70. Usaram o Ciberespeço.
Estamos formalizando a destruição dos territórios, dos guetos culturais
deixando aparente a destruição das barreiras que separam os povos e continentes. As guerras
são acessadas “on-line” desde a Guerra do Golfo. A História é contada instantaneamente e
pode passar a ser deletada se não nos propusermos, como nas sociedades orais a armazenar e
difundir a memória social. As mídias digitais, especialmente as online, nos proporcionam o
formato interativo de comunicação. Hoje podemos falar e ver instantaneamente o outro lado
do mundo. Comunicamo-nos e interferimos online, conectados, em assuntos dos interesses
mais diversos: compramos, vendemos, opinamos, elegemos, adicionamos informação,
destruímos interesses. Como exemplificam muito bem André Lemos e Pierre Lévy, podemos
destruir e construir numa velocidade online. Esta nova forma de agregação determina que não
há espaço impossível para o homem e que este pode ser um dos momentos preciosos da
história da humanidade.
06 de setembro de 2009
70
Lemos, André – “Cibercultura ...” 2004 – p. 210
32
Agradecimentos
33
Bibliografia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Semiótica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Servidores
Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Cibern%C3%A9tica
http://www.aisa.com.br - História da Internet.htm
http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm
(História do Computador - parte1 e parte2) “ VI – Universal sem totalidade,
essência da Cibercultura” em “Cibercultura – Pierre Lévy – 1999 –PS 111 à 122”
34
http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm (História do
Computador - parte1 e http://w.w.w.historiadomundo.com.br/maia/maias Serra,
Cristina;Diniz, Gabriela e Maia, Marta Cury
7
http://www.santos-dumont.net Aqui as informações sobre a época que o
ábaco foi inventado são imprecisas mas variam de 5.500 AC. à 4.000 AC. ( Uma breve
história da Informática) & http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm ( História do
Computador - parte1 e parte2) & http://pt.wikipedia.org/wiki/Microcomputador
TEXTOS
Ciber-Sociedade Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea, André
Lemos
Dogmas da Inclusão Digital – André lemos
Olhares sobre a Cibercultura – André Lemos e Paulo Cunha
“Representação e memória no ciberespaço” - Silvana Drumond Monteiro, Ana
Esmeralda Carelli, Maria Elisa Valentim Pickler – artigo publicado pela revista Ciência da
Informação, n° 35, vol 3 – 2006 , do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Tecnologia –
e publicado no http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/viewArticle/704
– “ Do Analógico ao Digital” –2002 – trabalho de conclusão para facom/Ufba
p1 - Texto Inicial
35
http://www.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm ( História do computador
- parte2)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Microcomputador
http://ftp.mma.com.br/materias/historia3.htm
http://www.historiadomundo.com.br/maia/maias
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