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A Tuberculose Pulmonar (TP) constitui-se, ainda hoje, como um dos problemas de saúde

pública mundialmente mais descurados. Este estudo teve como objectivos avaliar a percepção
de Qualidade de Vida (QDV) e a sua relação com variáveis sócio-demográficas, clínicas e
psicossociais (Ansiedade, Depressão, Afecto Negativo e Satisfação com o Suporte Social) em
indivíduos em tratamento ambulatório para a TP. Para o efeito, foram aplicados um Questionário
Sócio-Demográfico, um Questionário Clínico, o Questionário SF-36 versão 1.0, um Módulo
específico para a avaliação da QDV na TP (criado propositadamente para o estudo), a Hospital
Anxiety and Depression Scale e a Escala de Satisfação com o Suporte Social, a uma amostra
de 95 doentes, pela primeira vez a realizar tratamento nos Centros de Diagnóstico
Pneumológico do Porto e de Vila Nova de Gaia. Estes tinham idades compreendidas entre os 21
e os 65 anos (M=41,60; DP=13,72), sendo 57 (60%) do sexo masculino. Os valores obtidos
sugerem uma baixa QDV, a presença de sintomatologia afectiva clinicamente significativa, bem
como níveis médios de satisfação com o suporte social na amostra estudada. Os indivíduos do
sexo masculino apresentaram estatisticamente melhor QDV em termos de Desempenho
Emocional. A idade correlacionou-se de modo estatisticamente significativo com todos os
indicadores de QDV, à excepção da Dor Corporal. Os indivíduos com TP e patologias
associadas apresentaram uma QDV estatisticamente inferior em termos de Desempenho
Emocional e Dor Corporal. Verificaram-se correlações estatisticamente significativas entre todos
os indicadores de QDV (à excepção da Dor Corporal) e todos os indicadores psicossociais do
estudo, sendo que quanto maior a Ansiedade, Depressão e Afecto Negativo e menor a
Satisfação com o Suporte Social pior QDV. Verificou-se, ainda, que Satisfação Global com o
Suporte Social e a Depressão foram os melhores preditores da QDV, nomeadamente ao nível
da Saúde Mental, Saúde Geral, Função Social e Vitalidade. De futuro, urge conhecer melhor as
relações de causalidade entre os indicadores considerados, uma vez que as relações
constatadas, a ser replicadas e aprofundadas, poderão ter consequências consideráveis ao
nível da prevenção e tratamento biopsicossocial da TP.

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