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Valéria Costa

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Como usar este livro 5


Introdução 8
Atestado de capacidade técnica 19

> o que é um atestado de capacidade técnica?


> Quem pode emitir/fornecer um atestado de capacidade técnica
>capacidade
Como solicitar um atestado de
técnica

A capacidade técnico-operacional 34
A capacidade técnico-profissional 37
Qualificação técnica: inscrição na entidade profissional competente 46
O que é um acervo técnico 51

> De quem é o acervo técnico?


Como identificar a parcela de maior relevância e valor significativo do objeto da
licitação? 60
O atestado de visita técnica 66

> O que é o atestado de visita técnica?


> Do objetivo e justificativa da exigência da visita técnica
> Prazo/Período para vistoria em licitação
> Casos em que a visita técnica deverá acontecer com data e horário determinados em
edital
> Quem deve realizar a visita técnica?
> A visita técnica na licitação é obrigatória ou facultativa?
> Modelo de atestado, termo ou declaração da visita técnica na licitação
Indicação de pessoal técnico especializado, instalações e equipamentos 84
Declaração de anuência ou de disponibilidade do responsável técnico 87
Declaração de compromisso de fornecimento do fabricante 89
Licenças ambientais de operação 92
Licenças setoriais de operação 97
Certificações de qualidade: quando são obrigatórias 100
Bônus - 10 práticas de restrição relacionadas a capacitação técnica e suas respectivas
deliberações realizadas pelo TCU 108
> O que devemos considerar como objeto similar ou compatível
> Soma de atestados de capacidade técnica para terceirização de serviços
> É possível a transferência de capacitação técnica entre diferentes pessoas jurídicas
> Limitações temporais de experiência técnica
> O que diz a Lei 8.666/93 sobre editais de licitação que determinam quantidade de
atestados de capacidade técnica
> Exigência de reconhecimento de firma no Atestado de Capacidade Técnica
> A visita técnica coletiva é possível
> Validade do Atestado de Capacidade Técnica entre Matriz e Filial
> Exigência de atestado de capacidade técnica em locais específicos
> O edital pode exigir limitação de tempo/prazo de validade para o atestado de
capacidade técnica?

Bônus - Modelos de atestado de capacidade técnica 138


Conclusão 140
COMO USAR ESTE
LIVRO
O seu aprendizado e desenvolvimento é diretamente proporcional ao foco
e à imersão no que você quer aprender.
Isso não vale só para Licitações, mas para qualquer coisa que você decida
aprender e empreender.
Logo, se você encontrar dificuldade para assimilar o entendimento de
qualquer leitura, uma coisa que vai te ajudar é a persistência até alcançar
os seus objetivos.
Acredite, isso funciona!
Este ebook vai ser o seu guia sobre atestados de capacidade técnica e
também sobre toda a qualificação técnica da sua empresa.
Mas ler uma pequena parte dele não vai ajudar muito.
Vou ficar muito feliz se você terminar este ebook conseguindo aplicar o
que aprendeu nas múltiplas oportunidades de negócio do governo que
você vai encontrar no futuro.
Além disso, o ebook possui modelos e dicas que vão agilizar seu
entendimento sobre assuntos bem complexos e que eu já apliquei na
minha trajetória empreendedora e de meus clientes.
As dicas que apresento aqui servem para uma infinidade de tipos de
empreendimentos.
Por isso, as mais variadas áreas irão se beneficiar dele, como por exemplo:
Nichos de saúde, consultoria, engenharia (materiais e serviços), mão
de obra especializada ou não, contabilidade, agências de marketing,
alimentação, palestras, venda de equipamentos eletrônicos, conferências,
livros, transportes, agropecuária, assessorias, combustíveis, locações,
equipamentos, serviços especializados, eventos, hospedagem, produtos de
limpeza, segurança, e muitos outros.
Então vamos logo começar!
INTRODUÇÃO
A lista de documentos que deve ser apresentada pelo licitante na fase de
habilitação é um ponto chave que determina sua permanência ou não na
disputa.
Um edital de licitação deve conter exigências de habilitação de acordo
com a natureza e o grau de complexidade ou especialização do objeto.
O objetivo da fase de habilitação é determinar se o licitante:

• É pessoa idônea;
• Se detém experiência anterior naquele objeto;
• Se está em dia com suas obrigações fiscais, previdenciárias e tributárias;
• Se possui condições financeiras para assumir o encargo que lhe será
confiado.

Nos arts. 27 a 31 da Lei nº 8.666/93 encontram-se discriminados os


zocumentos para a sua habilitação.
A lista de documentos é rígida, por isso os editais não podem “inventar”
documentos que não estejam autorizados pela lei.
E dentre todos eles, existe grande possibilidade da qualificação técnica,
em especial o atestado de capacidade técnica, ser a maior causa de
inabilitação em licitações presenciais e eletrônicas.
A qualificação técnica (art. 30, da Lei nº 8.666/93) determina se o licitante
tem experiência na execução daquele objeto.
Se de fato ele tem: instalações, máquinas e ferramentas adequadas, se em
seus quadros de funcionários profissional habilitado e equipe técnica com
formação e experiência necessárias à perfeita execução do contrato (Como
por exemplo: obras e serviços de engenharia, consultorias, etc.).
A qualificação técnica exigida tenta evitar que empresas inexperientes
ou com histórico de negligência quanto ao fornecimento daquele objeto,
participem de licitações livremente.
Por exemplo, nós entendemos que uma empresa que irá realizar uma
reforma numa escola, deverá ser empresa com experiência comprovada
neste serviço, entre outras coisas, são conhecimentos que empresas deste
nicho estão aptas a saber e praticar.
E quando falamos de obras de engenharia “todo detalhe” pode e fará
diferença para a conclusão e uso do objeto contratado.
Coisas como: histórico de cliente que apontou falha na execução de
obra anterior, material de baixa qualidade e custo elevado, falta de
fiscalização da obra, alta rotatividade de mão de obra, etc., são motivos
de alerta ignorados pela Administração Pública, e algumas se tornam de
conhecimento público como este:
O CREA-RJ foi intimado pela
Justiça a periciar e apresentar
parecer sobre o acidente.
A entidade identificou problemas
nos pilares da estrutura, como
pontos de corrosão.
O projeto “esqueceu” de prever o
esforço de rotação causado pelas
fortes ondas do mar.
A falha estava lá desde a
concepção do projeto e causou
vítimas fatais.
Por isso, empresas idôneas e que
possuem experiência no seu nicho
de negócio sabem que os seus
atestados de capacidade técnica
potencializam suas oportunidades
de negócios dentro e fora do
mercado de licitações.
De acordo com a legislação (art. 30, da Lei 8.666/93), podem ser exigidos
os seguintes documentos:
I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade
pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com
o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento
e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização
do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos
membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu
os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhecimento de
todas as informações e das condições locais para o cumprimento das
obrigações objeto da licitação;
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial,
quando for o caso.
§ 1º A comprovação de aptidão referida no inciso II do “caput” deste
artigo, no caso das licitações pertinentes a obras e serviços, será feita
por atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público
ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais
competentes, limitadas as exigências a: - capacitação técnico-
profissional: comprovação do licitante de possuir em seu quadro
permanente, na data prevista para entrega da proposta, profissional
de nível superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade
competente, detentor de atestado de responsabilidade técnica
por execução de obra ou serviço de características semelhantes,
limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e
valor significativo do objeto da licitação, vedadas as exigências de
quantidades mínimas ou prazos máximos;
II - (Vetado).
a) (Vetado).
b) (Vetado).
§ 2º As parcelas de maior relevância técnica e de valor significativo,
mencionadas no parágrafo anterior, serão definidas no instrumento
convocatório.
§ 3º Será sempre admitida a comprovação de aptidão através
de certidões ou atestados de obras ou serviços similares de
complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior.
§ 4º Nas licitações para fornecimento de bens, a comprovação de
aptidão, quando for o caso, será feita através de atestados fornecidos
por pessoa jurídica de direito público ou privado.
§ 5º É vedada a exigência de comprovação de atividade ou de aptidão
com limitações de tempo ou de época ou ainda em locais específicos,
ou quaisquer outras não previstas nesta Lei, que inibam a participação
na licitação.
§ 6º As exigências mínimas relativas a instalações de canteiros,
máquinas, equipamentos e pessoal técnico especializado,
considerados essenciais para o cumprimento do objeto da licitação,
serão atendidas mediante a apresentação de relação explícita e da
declaração formal da sua disponibilidade, sob as penas cabíveis,
vedada as exigências de propriedade e de localização prévia.
§ 7º (Vetado).
I - (Vetado).
II - (Vetado).
§ 8º No caso de obras, serviços e compras de grande vulto, de alta
complexidade técnica, poderá a Administração exigir dos licitantes a
metodologia de execução, cuja avaliação, para efeito de sua aceitação
ou não, antecederá sempre à análise dos preços e será efetuada
exclusivamente por critérios objetivos.
§ 9º Entende-se por licitação de alta complexidade técnica aquela
que envolva alta especialização, como fator de extrema relevância
para garantir a execução do objeto a ser contratado, ou que possa
comprometer a continuidade da prestação de serviços públicos
essenciais.
§ 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins de
comprovação da capacitação técnico-profissional de que trata o
inciso I do § 1º deste artigo deverão participar da obra ou serviço
objeto da licitação, admitindo-se a substituição por profissionais
de experiência equivalente ou superior, desde que aprovada pela
administração.
§ 11. (Vetado).
§ 12. (Vetado).”
A partir de agora você vai conhecer tudo o que é necessário para atender
plenamente as exigências presentes no artigo 30 da Lei nº 8.666/93, e
como elas interferem diretamente na habilitação da sua empresa e nos
seus lucros futuros junto ao governo.
O seu alvo será descobrir se as exigências de qualificação técnica de um
edital estão frustrando o caráter competitivo do processo, como diz o
posicionamento do TCU (BRASIL, TCU, 2009b):

“As exigências relativas à capacidade técnica guardam


amparo constitucional e não constituem, por si só, restrição
indevida ao caráter competitivo de licitações conduzidas
pelo Poder Público. Tais exigências, sejam elas de caráter
técnico-profissional ou técnico-operacional, não podem
ser desarrazoadas a ponto de comprometer o caráter
competitivo do certame, devendo tão-somente constituir
garantia mínima suficiente de que o futuro contratado detém
capacidade de cumprir com as obrigações contratuais. Tais
exigências (sic) ser sempre devidamente fundamentadas,
de forma que fiquem demonstradas inequivocamente sua
imprescindibilidade e pertinência em relação ao objeto
licitado. ”
Toda e qualquer exigência de qualificação técnica deve ser concebida
de modo a não impor custos prévios à celebração do contrato, a teor da
Súmula 272/2012 (BRASIL, TCU, 2012):

“No edital de licitação, é vedada a inclusão de exigências


de habilitação e de quesitos de pontuação técnica para cujo
atendimento os licitantes tenham de incorrer em custos
que não sejam necessários anteriormente à celebração do
contrato”.

Uma coisa eu garanto: a qualificação técnica está no edital para atrair


empresas qualificadas e não para causar restrições de participação.
Agora vamos começar a aprofundar o assunto com a questão de dúvida
mais recorrente: atestados de capacidade técnica.
ATESTADO DE
CAPACIDADE
TÉCNICA
> O QUE É UM ATESTADO DE CAPACIDADE TÉCNICA?
O Atestado de Capacidade Técnica é uma declaração que comprova à
Administração Pública que sua empresa tem experiência similar ao objeto
do edital, pois já realizou fornecimento anterior de produtos ou prestação
de serviços a um cliente.
Este cliente poderá ser uma pessoa jurídica de direito privado ou uma
entidade pública.
O atestado de capacitação técnica para licitação está previsto no inciso
II, do artigo 30 da Lei de Licitações (8.666/93) que dita que ele compõe a
documentação relativa à qualificação técnica de uma empresa:
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade
pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com
o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento
e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização
do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos
membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;
Ele deve ser pertinente e compatível em características, quantidades e
prazos com o objeto da licitação.
Além disso, deve contemplar as instalações, o aparelhamento e o pessoal
técnico adequados e disponíveis para a realização do serviço e membros
da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos.
O atestado de capacidade técnica deverá ser assinado pelo representante
legal da empresa ou órgão público que o forneceu.
A administração pública vai saber através deste documento se sua
empresa possui os requisitos profissionais e operacionais para executar o
objeto indicado no edital.
É este documento que irá comprovar que você possui experiência anterior
na execução de atividade de mesmas características do objeto que está
sendo disputado na licitação.
E também serve para demonstrar que a empresa é mesmo do ramo
pertinente ao objeto.
> QUEM PODE EMITIR/FORNECER UM ATESTADO DE
CAPACIDADE TÉCNICA

O Atestado de Capacidade Técnica é um documento emitido somente por


pessoa jurídica de direito público ou privado.
Ele demonstra que a sua empresa é, de fato, do ramo pertinente ao objeto,
o que confere muito mais segurança na contratação, caso ela seja a
vencedora da disputa.
Essa comprovação é feita por meio de declaração emitida, a favor da sua
empresa, expedida por clientes seus anteriores, relatando que sua empresa
executou de forma satisfatória o contrato anterior.
Mas lembre-se, a legislação não permite a emissão de atestado de
capacidade técnica realizada por pessoa física.
> COMO SOLICITAR UM ATESTADO DE
CAPACIDADE TÉCNICA
Algumas empresas me procuram por que estão com dificuldade em
conseguir a emissão do seu atestado de capacidade técnica junto a seus
clientes.
Porém, quando pergunto o motivo que o cliente alega para não emitir
o atestado, então a resposta vem depois de um breve silêncio e depois
o reconhecimento de que a empresa de fato, não atendeu ao que foi
acordado com o cliente.
Estas empresas não entenderam que a Administração Pública, assim como
todo comprador (pessoa física ou jurídica), precisa saber se, de fato, o que
ela está comprando ou contratando será executado de forma satisfatória.
E uma maneira de ter mais segurança na contratação é ter uma referência.
O atestado de capacidade técnica, a favor do licitante, expedido por
clientes anteriores realmente satisfeitos a ponto de declarar publicamente
isso, funciona até certo ponto como uma garantia de uma compra mais
eficiente.
Veja como se dá na prática a emissão do atestado de capacidade técnica
através de um exemplo de empresa que vende produtos e logo depois
veremos uma empresa que vende serviços:

A CAIXA pretende comprar 500 computadores e exige o atestado de


capacidade técnica na fase de habilitação, de modo que os licitantes
comprovem ter fornecido anteriormente equipamentos de informática.
A empresa interessada que tem essa experiência solicita de seu cliente
(pode ser por e-mail), com quem tem um bom relacionamento e para
quem já realizou venda similar, uma declaração confirmando isso.
Vamos ver um exemplo de como eu enviaria um email fazendo esta
solicitação:
Olá Rubens, tudo bem?
Estou precisando de sua ajuda.
Desejo participar de uma licitação
da Administração Pública, e o edital
possui algumas exigências, uma delas
seria um atestado de capacidade Veja bem, isso aqui é só para
técnica. ilustrar que a sua solicitação
de atestado de capacidade
Por isso, vou precisar que você técnica é uma comunicação
emita uma declaração a respeito do simples, o texto ao lado e
fornecimento dos 300 notebooks que o exemplo de atestado que
fizemos para sua empresa este ano. você verá a seguir não é um
Abaixo te envio um modelo para você documento modelo e nem
preencher. tem nada de obrigatório.
Quando ficar pronta é só avisar que Você mesmo deve e pode
pego aí com você! fazer a sua solicitação a seu
modo.
Muito obrigada e um grande abraço!

Valéria Costa.
ATESTADO DE CAPACIDADE TÉCNICA

Atestamos para os devidos fins que a empresa XXXXXXXXXXXXXXXXX, pessoa jurídica de


direito privado,CNPJ sob o nº CN PJ 00.000.000/0001-00, com sede na Rua 0000000000,
nº 000, Bairro 0000000000, CEP 00.000-000, XXXXX – XX, neste ato representado por
sua Sócia Proprietária a Sr.ª XXXXXXXX, brasileira, casada, portador do RG n.º 0.000.000-0,
SSP-SP e CPF nº 000.000.000-00, detém qualificação técnica para atuar no fornecimento de
equipamentos de informática.
A referida empresa desenvolveu com competência o fornecimento de 300 notebooks, com
garantia de fábrica de 2 anos.
Informamos ainda que, o fornecimento foi realizado seguindo os padrões e prazos exigidos
com qualidade, não tendo havido nada que comprometesse sua reputação ético-profissional e
cumprindo integralmente as disposições contratuais estipuladas”
000000 – 00, 00 de 0000000 de 2018.
_____________________________________
Rubens Garcia Ribeiro
Diretor de Administração e Finanças
Razão Social da Instituição:
Endereço:
CNPJ:
Telefone:
Site:
A comprovação, como você viu, sempre se dará por declarações emitidas
por pessoa jurídica pública ou privada.
E também dá para notar que a execução anterior deve ser compatível com
o objeto da licitação em suas características.
Entende-se por características do objeto a especificidade do mesmo.
O que isso significa?
Características razoáveis e relevantes quanto à quantidade, o volume da
coisa que se pretende contratar, outras especificações técnicas (quando
necessário) e prazo de entrega.
Estes elementos somados presumem que o licitante é capaz de atender
a contratação satisfatoriamente, porém isso não deve ser motivo para
excesso de rigor.
Resumindo, se você trabalha com fornecimento de produtos, você irá fazer
o percurso abaixo para obter o seu atestado de capacidade técnica:
O LICITANTE (SUA EMPRESA) SE INTERESSA PELO EDITAL

COMO O EDITAL EXIGE COMPROVAÇÃO DE APTIDÃO, O LICITANTE


PROCURA UM CLIENTE ANTERIOR E PEDE A EMISSÃO DO SEU ATESTADO

O CLIENTE (QUE PODE SER UM ÓRGÃO PÚBLICO OU UMA EMPRESA


PRIVADA) EMITE O ATESTADO E ENTREGA AO LICITANTE

DE POSSE DO ATESTADO, O LICITANTE SE APRESENTA NA LICITAÇÃO E


A COMISSÃO/PREGOEIRO O EXAMINA JUNTAMENTE COM OS DEMAIS
DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO.
Agora veremos um exemplo de uma empresa que trabalha com prestação
de serviços de mão de obra:
Digamos que a Administração Pública irá contratar serviço de limpeza e
conservação de um prédio com 30 mil m² de área interna.
O que ele deve considerar de início?

• A proporção de área mobiliada e área livre;


• Se o prédio tem ou não área externa;
• Se é alto ou linear;
• Se haverá fornecimento de material de limpeza;
• Se há espaços de área de risco (laboratórios, fábrica de explosivos,
hospitais, etc.)

Aqui considere o seguinte: para empresas que trabalham com prestação de


serviços ou obras de engenharia, o atestado de capacidade técnica por si
só não será suficiente.
As exigências serão maiores devido à prestação de serviços e as obras
envolverem, quase sempre uma atividade profissional vinculada a um
Conselho Profissional.
Portanto, empresas que trabalham com nichos assim, muito antes de se
apresentarem na licitação, elas terão outras obrigações a cumprir.
Por exemplo, se ela possui um atestado referente a uma obra, o mesmo
deverá ser apresentado no CREA.
Uma vez que o atestado é registrado, o Conselho emite uma certidão
chamada de Atestado de Responsabilidade Técnica (ART).
É esta ART também será apresentada no dia da licitação.
O esquema a seguir resume bem a matéria.
Se você trabalha com prestação de serviços, você irá fazer o percurso
abaixo para obter o seu atestado de capacidade técnica:
O LICITANTE (SUA EMPRESA) SE INTERESSA PELO EDITAL

COMO O EDITAL EXIGE COMPROVAÇÃO DE APTIDÃO, O LICITANTE PROCURA UM CLIENTE


ANTERIOR E PEDE A EMISSÃO DO SEU ATESTADO

O CLIENTE (QUE PODE SER UM ÓRGÃO PÚBLICO OU UMA EMPRESA PRIVADA) EMITE O
ATESTADO E ENTREGA AO LICITANTE

O LICITANTE, DE POSSE DO ATESTADO EMITIDO, SE DIRIGE AO SEU CONSELHO REGIONAL E


PEDE REGISTRO DO ATESTADO.

O CONSELHO REGIONAL DA PROFISSÃO EMITE O ART

DE POSSE DO ART, O LICITANTE SE APRESENTA NA LICITAÇÃO E A COMISSÃO/PREGOEIRO O


EXAMINA JUNTAMENTE COM OS DEMAIS DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO.
Como você viu acima a comprovação de aptidão para obras e serviços
possuem duas categorias:

1. Capacidade técnico-operacional;
2. Capacidade técnico-profissional.

Frequentemente, este assunto é objeto de questionamentos no TCU -


Tribunal de Contas da União.
Não é para menos, por ele serão identificadas as condições técnicas do
licitante para executar o objeto que será contratado.
Através da capacidade técnica operacional e profissional, a Administração
Pública deseja uma contratação sem riscos, sob o ponto de vista da
execução técnica do contrato.
Este assunto é rodeado de dúvidas desde a criação da Lei 8.666/93,
devido ao legislador ter dado atenção especial ao nicho de engenharia,
porém de forma resumida.
Enquanto isso muitos outros assuntos relacionados a este nicho e a
outros ainda requerem frequentes análises por parte do TCU: quantidades
exigidas de atestados, legislação aplicada, conselhos profissionais, excesso
de formalismo, etc.
Sobre estes assuntos vamos conversar nos próximos capítulos.
A CAPACIDADE
TÉCNICO-
OPERACIONAL
A capacitação técnico-operacional terá como finalidade a demonstração
de que a sua empresa já teria trabalhado com fornecimento de produtos
ou a execução de serviços ou obras similares, independentemente do
profissional que por ela se responsabilizou.
Capacitação técnico-operacional = capacidade da empresa para execução
Para melhorar a clareza da exposição, é fundamental lembrar que:
A capacidade técnico-operacional, prevista no art. 30, inc. II da Lei
8.666/93, diz respeito à capacidade de operação/realização da empresa
licitante:
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade
pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com
o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento
e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização
do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos
membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;
A capacidade técnico-operacional se refere aos atributos próprios da
empresa, desenvolvidos a partir do desempenho da atividade empresarial.
Aqui se fala sobre a união de diferentes fatores econômicos e de uma
pluralidade de pessoas.
Logo a capacidade técnico-operacional é atributo da pessoa jurídica.
Já a capacidade técnico-profissional visa demonstrar que o licitante tem
em seus quadros, profissional de nível superior detentor de ART - Atestado
de Responsabilidade Técnica, por execução de serviços compatíveis,
segundo previsto no inciso I do §1º do art. 30 da Lei 8.666/93:
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do licitante de
possuir em seu quadro permanente, na data prevista para entrega
da proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente
reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado
de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de
características semelhantes, limitadas estas exclusivamente às
parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto da
licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos
máximos; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
A CAPACIDADE
TÉCNICO-
PROFISSIONAL
Não confunda!
A capacidade técnico-profissional é a capacidade que se relaciona com
a existência de profissionais ( < atenção aqui!) com acervo técnico
compatível com a prestação de serviço a ser licitada.
Ou seja, aqui não será verificado se uma empresa executou determinado
serviço, mas se ela tem em seus quadros um profissional com a experiência
necessária, mesmo que tenha realizado o serviço anterior por outra
empresa.
Capacitação técnico-profissional = capacidade do profissional vinculado à
empresa licitante
É bem comum que alguns órgãos exijam como condição de habilitação
técnica a apresentação de atestado com a demonstração de vínculo
empregatício dos profissionais com a empresa licitante.
Porém, este hábito não representa a finalidade da Lei das Licitações
(8.666/93) e à consolidada jurisprudência do TCU.
Veja que anteriormente no inciso I do §1º do art. 30 da Lei 8.666/93 eu
destaquei “quadro permanente”.
Se valendo disso alguns órgãos da Adm. Pública estipulam como
obrigatório que a empresa deve possuir em seus quadros de funcionários
permanentemente profissional de nível superior ou outro devidamente
reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado de
responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço.
Isso é um grande erro!
Você deve estar se perguntando como isso seria um erro se está ali no
inciso I do §1º do art. 30 da Lei 8.666/93 as palavras “quadro permanente”.
De acordo com as lições do prof. Marçal Justen Filho:

“É inconcebível que as empresas sejam obrigadas a contratar,


sob vínculo empregatício, alguns profissionais apenas para
participar da licitação”.
Com isso, ele quer dizer que este profissional devidamente preparado
para desempenhar seus trabalhos, só precisa “estar” vinculado à empresa
licitante quando chegar o momento da execução do futuro contrato.
De acordo com o TCU, a expressão “quadro permanente” não deve ser
compreendida como o rol de trabalhadores com vínculo empregatício
presentes na empresa.
O dispositivo legal tem como objetivo garantir que os profissionais
indicados possam desempenhar suas funções e assegurar a execução do
objeto licitado.
Nesse sentido, apresentando as razões de decidir de importantes julgados
anteriores, o Acórdão nº 872/2016 – Plenário esclarece que:
A exigência de que as empresas concorrentes possuam vínculo
empregatício, por meio de carteira de trabalho assinada, com o
profissional técnico qualificado mostra-se, ao meu ver, excessiva
e limitadora à participação de eventuais interessados no certame,
uma vez que o essencial, para a Administração, é que o profissional
esteja em condições de efetivamente desempenhar seus serviços no
momento da execução de um possível contrato.
Para o TCU, o profissional só deverá integrar o quadro permanente da
empresa quando estiver disponível para prestar seus serviços de modo
permanente durante a execução do objeto do licitado e, para fins de
comprovação da capacidade técnico-profissional, portanto, é irregular a
exigência de demonstração de vínculo empregatício do profissional com a
empresa licitante.
Explicando com exemplo e sem considerar nenhum jargão seria assim:

Um engenheiro chamado Douglas trabalhou para a empresa A, mas agora


ele está trabalhando com a empresa B.
De repente, a empresa A se interessa por uma licitação, como a empresa A
conhece Douglas e até já trabalharam juntos ela decide convidar Douglas
para ser o responsável técnico do contrato.
Douglas e a empresa A marcam uma reunião para conhecerem melhor
as especificações e confirmar se de fato será possível uma nova parceria
através de um contrato, caso a empresa A seja declarada a vencedora da
licitação.
Após tudo acertado, Douglas volta para seu trabalho com a empresa B,
que está em fase final, enquanto aguarda o andamento e a definição da
licitação que a empresa A pretende participar.

Entendeu como o vínculo do profissional qualificado não precisa ser


trabalhista ou societário?
Já será suficiente a existência de um contrato de prestação de serviços,
regido pela legislação civil comum (veja Acórdão nº 1.842/2013-Plenário).
E mais recentemente o Acórdão 529/2018 – Plenário, reforça isso:
Em caso de exigência de certificação profissional, devidamente
justificada, deve ser facultada às licitantes, na fase de habilitação
do certame, a apresentação de declaração de disponibilidade do
profissional certificado. A comprovação de vínculo empregatício ou
de qualquer outra natureza jurídica deve ser exigida apenas quando
da assinatura do contrato, de modo a não restringir ou onerar
desnecessariamente a participação de empresas na licitação.
Segundo o Ministro Benjamim Zymler, no voto-condutor do Acórdão nº
2.297/2005 – Plenário:

“Atender à letra fria desse dispositivo, sem considerar


os objetivos da Administração e os limites de exigência
de qualificação técnica, suficientes para a garantia do
cumprimento das obrigações, seria desbordar para o
formalismo que se basta em si mesmo, sem ter em vista
qualquer outro objetivo consentâneo com o interesse
público”.

Então, toda vez que você vê uma solicitação de vinculo permanente


estipulada como critério de habilitação para uma licitação, isso configura
restrição indevida ao caráter competitivo da licitação e viola dispositivo
constitucional, que só permite exigências indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.
Resumindo tudo sobre capacidade técnico-operacional e técnico-
profissional:
Prova de capacidade técnico-
operacional: é suficiente comprovar
que a empresa executou, obviamente
por meio de um responsável técnico, Portanto, como decidiu
obra com características compatíveis o TCU, não importa se o
ao objeto a ser executado (aqui profissional não esteja mais
falamos do atestado de capacidade vinculado à empresa no
técnica). momento da licitação, se a
prova é para a capacidade
Prova de capacidade técnico-
técnico-operacional.
profissional: que o profissional (por
exemplo, um engenheiro ) detentor Contudo, se a licitação
do acervo esteja, no momento da exigir capacidade técnico-
licitação, vinculado à empresa licitante, profissional, a empresa
já que o objetivo dessa comprovação deverá apresentar atestado
é assegurar à Administração Pública em nome de profissional a
que a empresa, se contratada, terá à ela vinculado, referente à
sua disposição um profissional com obra ou serviço semelhante
experiência compatível com o objeto a ao licitado, nas parcelas de
ser executado. maior relevância.
QUALIFICAÇÃO
TÉCNICA:
INSCRIÇÃO
NA ENTIDADE
PROFISSIONAL
COMPETENTE
O primeiro item sobre qualificação técnica que o art. 30, da Lei nº
8.666/93 é o que vamos falar agora:
I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;
O motivo pelo qual não começamos por ele, é que eu precisava falar sobre
outros assuntos para facilitar a melhor compreensão sobre este assunto.
Como é o caso do atestado de capacidade técnica, das capacidades
operacionais e profissionais, etc.
Para que seja possível estabelecer a exigência de registro ou inscrição na
entidade profissional competente no instrumento convocatório (edital de
licitação/carta convite) é totalmente necessário que a execução do objeto
exija a inscrição da licitante no respectivo conselho profissional, nos
moldes de lei específica.
A execução do objeto deve deixar clara que é obrigatória a participação
de profissional especializado, cuja profissão, em virtude de lei, é
fiscalizada pelo respectivo órgão/entidade profissional.
A exigência de registro ou inscrição deve se limitar ao conselho que
fiscalize o serviço descrito como objeto da contratação.
Sob pena de comprometer o caráter competitivo do certame em razão
do estabelecimento de condições de qualificação técnica que impeçam
empresas qualificadas de cumprir as regras do edital.
Nesse sentido foi a orientação do Plenário do TCU, expedida no Acórdão
nº 2.769/2014, Plenário, Rel. Min. Bruno Dantas, j. em 15.10.2014:

“a jurisprudência do TCU se consolidou no sentido de que o


registro ou inscrição na entidade profissional competente,
previsto no art. 30, inciso I, da Lei 8.666/1993, deve se limitar
ao conselho que fiscalize a atividade básica ou o serviço
preponderante da licitação”.

Esta decisão do TCU foi resposta à uma representação interposta em


face de pregão eletrônico para a contratação de serviços continuados em
cozinha industrial.
Na ocasião a representante alegou uma restrição à competitividade
do certame em razão das exigências de comprovação de inscrição dos
licitantes no Conselho Regional de Administração – CRA, e de contratação
de profissional com nível superior na área de administração.
Uma exigência confusa!
A licitação era para serviços em cozinha industrial e o edital exigiu
profissional de nível superior em Administração?
De forma justa a representante reclamou que a Administração deveria
exigir apenas a comprovação de contratação de profissional do ramo de
nutrição, devidamente inscrito no respectivo conselho profissional.
Ao avaliar o mérito, o relator concluiu pela ilegalidade das referidas
exigências de habilitação.
De forma razoável a atividade básica a ser contratada estaria centrada
na prestação de serviços de preparo e distribuição de refeições, e não no
fornecimento de mão de obra em si.
Em razão disso, reconheceu:
“na espécie, a desconformidade das exigências de
habilitação constantes […] do edital do pregão […], as quais
podem ser classificadas como impertinentes ou irrelevantes
para o específico objeto a ser contratado, à luz do art. 3º,
§ 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, devendo ser suprimidas do
instrumento convocatório em questão”.

Assim considerando a restrição indevida à competitividade da licitação, o


Tribunal, alinhado ao voto do relator, decidiu fixar prazo para a anulação
do certame.

Então, que fique claro:


Tendo em vista o disposto no art. 30, inc. I da Lei 8.666/93 e a jurisprudência do
TCU, é fato que a exigência de inscrição na entidade profissional competente,
para fins de comprovação de qualificação técnica, deve se limitar ao conselho que
fiscalize diretamente o serviço predominante objeto da licitação.
O QUE É UM
ACERVO TÉCNICO
Antes de tudo vamos falar sobre um principio de base da licitação pública:
o julgamento objetivo.
O julgamento objetivo é aquele baseado em critérios e parâmetros
concretos, precisos, previamente estipulados no instrumento convocatório,
e que afaste qualquer subjetivismos na análise da documentação.
É comum, nesse sentido, a existência de cláusulas genéricas de habilitação
técnica, fazendo restrições de participação por exigir documentos fora
do que é previsto na legislação para licitação, assim deixando de lado o
princípio do julgamento objetivo.
Por isso é muito importante que todos os documentos que possam ser
exigidos, sejam criteriosamente amparados pela legislação que rege as
licitações, do contrário, deverão ser objeto de impugnação ou recurso.
Aqui começamos a falar sobre um dos pontos mais importantes e
discutidos da qualificação técnica: o acervo técnico.
É considerado Acervo Técnico toda a experiência do profissional por ele
adquirida ao longo de sua vida, compatível com as suas atribuições, desde
que registrada a respectiva anotação de responsabilidade técnica – ART
em seu Conselho, que é o órgão consultivo, orientador, disciplinador e
fiscalizador do exercício da profissão que ele exerce.
É obtido por meio de Certidão de Acervo Técnico – CAT.
A CAT é o documento que certifica, para efeito legal, as atividades
registradas pelo profissional em seu Acervo Técnico, comprovando sua
experiência ao longo do exercício da atividade, compatível com sua
competência.
De forma simples, mas não igual sem dúvida, digamos que seria como um
histórico de suas atividades.
Na imagem você percebe a diferença entre a ART e a CAT.
> DE QUEM É O ACERVO TÉCNICO?
As empresas NÃO possuem acervo técnico propriamente dito.
Acórdão 1674/2018 – Plenário
É irregular a exigência de que a atestação de capacidade técnico-
operacional de empresa participante de certame licitatório seja
registrada ou averbada junto ao Crea, uma vez que o art. 55 da
Resolução-Confea 1.025/2009 veda a emissão de Certidão de Acervo
Técnico (CAT) em nome de pessoa jurídica. A exigência de atestados
registrados nas entidades profissionais competentes deve ser limitada
à capacitação técnico-profissional, que diz respeito às pessoas físicas
indicadas pelas empresas licitantes.
Pertence sempre e exclusivamente ao profissional que registroua ART da
obra/serviço realizado e nunca à empresa.
A capacidade técnico-profissional de uma pessoa jurídica é representada
pelo conjunto dos acervos técnicos dos profissionais integrantes de seu
quadro técnico.
Saiba que é uma faculdade do
profissional e somente dele requerer a
Certidão de Acervo Técnico – CAT para
fazer prova da sua capacidade técnico-
profissional, com base nas atividades
desenvolvidas e registradas na
Anotação de Responsabilidade Técnica Sindicatos não são
– ART. entidades profissionais, nem
a elas se equivalem.
Profissões de nível superior, são muitas
vezes exercidas por profissionais sob Por isso, não se pode exigir,
a fiscalização de entidades que têm a para fins de habilitação,
finalidade justamente de acompanhar e comprovante relativo a
fiscalizar o seu exercício. sindicatos patronais ou de
empregados.
Os chamados conselhos regionais
daquela profissão.
Igualmente outras profissões, mesmo
sem a exigência de nível superior,
também são regulamentadas e
fiscalizadas por Conselhos.
É muito comum e determinado pela Lei das Licitações, que a licitante
(quando for o caso) demonstre que está registrada no Conselho
competente: como Conselho Regional de Administração, de Engenharia, de
Contabilidade, de Farmácia e etc., de acordo com o inciso I do art. 30 da
Lei nº 8.666/1993.
Nesse caso, a empresa deverá ter um responsável técnico registrado nesse
Conselho, além dela mesma como pessoa jurídica.
Assim, a licitante deverá ter atenção a três coisas:

1. Quitação da anuidade do profissional;


2. Registro da empresa no Conselho, quando necessário;
3. E a ART (do profissional) devidamente registrado no Conselho, sem
esquecer do Acervo Técnico.

Em relação à habilitação técnica para licitações de obras ou serviços


de engenharia, pois o CONFEA - Conselho Federal de Engenharia e
Agronomiaentende que o que se atesta é o serviço do profissional e não a
mobilização da empresa para a realização do empreendimento.
De acordo com esse
posicionamento, somente poderia
ser cobrada em licitação a
capacitação técnico-profissional,
o que contraria o entendimento A capacitação técnico-
do TCU, conforme anteriormente profissional pode ser
demonstrado. cobrada por meio das
Certidões de Acervo Técnico
Destaco aqui que, dependendo
(CAT)e Anotações de
do ramo do objeto da licitação,
Responsabilidade Técnica
empresas que não são do ramo de
(ART), estabelecendo-se
obras ou serviços de engenharia
quantidades razoáveis em
também poderão apresentar
relação aos itens de maior
registros nos respectivos conselhos
valor significativo e de
de fiscalização e certidões dos
maior grau de importância
profissionais indicados, aos moldes
em relação à obra / serviço
do que foi explicado neste tópico.
de engenharia.
Como exemplo, em algumas
licitações de serviços de limpeza e
conservação está sendo solicitada
a apresentação de registro e
quitação no Conselho Regional de
Administração (CRA). São exemplos de entidades
Aqui o objetivo é conhecer a profissionais, o Conselho
qualificação da empresa quanto Regional de Engenharia
ao recrutamento da mão de obra Arquitetura e Agronomia
necessária a contratação do (Crea), o Conselho Regional
serviço objeto da licitação. de Administração (CRA)
e outros conselhos
Nem todas as empresas vão fiscalizadores das
passar por situações que exijam profissões.
o conhecimento presente neste
ebook, mas certamente toda venda Não se pode exigir
para uma empresa tem seu custo e quitação com as entidades
certamente quem está preparado profissionais, mas, sim,
terá boas condições de vencer. regularidade.
Quanto mais você sabe, maiores chances de ganhar, maiores chances de
participar sem arriscar seu patrimônio presente.
Então, sem me alongar mais, vamos ao próximo assunto.
Você vai saber que além do que você viu até agora tem muitos mais a ser
falado sobre a qualificação técnica.
COMO
IDENTIFICAR
A PARCELA
DE MAIOR
RELEVÂNCIA
E VALOR
SIGNIFICATIVO
DO OBJETO DA
LICITAÇÃO?
Os termos do art. 30, inc. I, § 1º da Lei nº 8.666/93 diz que deverão ser
cobrados somente parcelas de maior relevância e valor significativo do
objeto.
Mas dizer isso parece não ajudar muito, e é normal que muitos
empreendedores se perguntem o que eles podem considerar como maior
relevância e valor significativo do objeto quanto às suas experiências.
Cabe à Administração indicar no edital da licitação, qual é a parcela de
maior relevância técnica e valor significativo, pois é com base nela que o
licitante irá demonstrar sua capacidade técnica.
Mesmo assim o assunto não tem uma definição objetiva e absoluta.
Cada objeto a ser licitado deve ter possuirparâmetros que serão
adequados e suficientespara que as empresas licitantes consigam
identificar as parcelas de maior relevância e valor significativo na prática.
O primeiro passo é colocar o foco dos parâmetros de julgamento em
pontos que revelem características que possam diferenciar o objeto,
deixando claro seus pontos críticos, de grande dificuldade técnica e com
risco elevado para a sua total execução.
Em resumo, restarão caracterizados como sendo parcelas de maior
relevância os serviços identificados como sendo de maior complexidade
técnica e vulto econômico, cuja inexecução importe em risco mais elevado
para a Administração Pública.
Imagine como exemplo os parâmetros considerados como de maior
relevância e valor significativo encontrados para o objeto “estádios de
futebol”.
Segue Súmula e Acórdãos relativos ao assunto:
SÚMULA Nº 263/2011 – TCU: Para a comprovação da capacidade
técnico-operacional das licitantes, e desde que limitada,
simultaneamente, às parcelas de maior relevância e valor significativo
do objeto a ser contratado, é legal a exigência de comprovação
da execução de quantitativos mínimos em obras ou serviços com
características semelhantes, devendo essa exigência guardar
proporção com a dimensão e a complexidade do objeto a ser
executado.”
Acórdão nº 170/2007 – Plenário – TCU
‘2. Exigir-se comprovação de capacidade técnica para parcelas
da obra que não se afiguram como sendo de relevância técnica e
financeira, além de restringir a competitividade do certame, constitui-
se em clara afronta ao estabelecido pelo art. 30 da Lei nº 8.666/93
e vai de encontro ao disposto no art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal”. [VOTO]: Exigir-se comprovação de capacidade técnica
para parcelas da obra que não se afiguram como sendo de relevância
técnica e financeira, além de restringir a competitividade do certame,
se constitui em clara afronta ao estabelecido pelo art. 30 da Lei
nº 8.666/93 e vai de encontro ao disposto no art. 37, inciso XXI,
da Constituição Federal, que preconiza que o processo licitatório
‘somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações’. Quanto
mais exigir-se comprovação de aptidão técnica para execução de
serviços que nem mesmo fazem parte do objeto licitado. Deve-se
ter em conta, também, que referidas parcelas de pouca relevância
referem-se a serviços que não envolvem tecnologias sofisticadas
ou de domínio restrito, como instalações de gases medicinais, laje
pré-moldada beta 12, porta de centro radiológico e revestimento de
argamassa de cimento e barita, o que acentua o caráter restritivo
à competição. Assim, incorporo às minhas razões de decidir a
análise empreendida pela Unidade Técnica, transcrita no relatório
precedente’. (TCU, Acórdão nº 170/2007, Plenário, Rel. Min. Valmir
Campelo, DOU de 16.02.2007.)
Acórdão n° 3.257/2013 – Plenário – TCU
Trata-se de representação contra edital de licitação com vistas à
aquisição de licenças de uso de software e respectivos serviços
de instalação e treinamento. Licitante alegou, entre outras
irregularidades, a falta de identificação das parcelas de maior
relevância do objeto licitado, para fins de julgamento dos atestados
de capacidade técnica. Em síntese, a irregularidade cingia-se à
ausência de justificativa técnica para a indicação de todos os
seis softwares objeto da licitação como relevantes para fins de
julgamento dos atestados de capacidade técnica. Realizadas as
oitivas regimentais, lembrou a Relatora que as exigências devem
recair sobre as parcelas de maior relevância e valor significativo
e “devem ser demonstrados no instrumento convocatório ou no
processo administrativo da licitação, sendo desarrazoada, como
forma de comprovação da qualificação técnica dos licitantes, a
exigência em edital de percentuais mínimos superiores a 50% dos
quantitativos dos itens de maior relevância da obra ou serviço”.
Entretanto, no caso concreto, observou a Relatora que a licitação
em foco tinha por objeto “a aquisição de seis licenças de softwares,
cada qual compondo um item específico do certame e com previsão
de aquisição de uma licença para cada um dos itens licitados”.
Desse modo, “por não se tratar de desenvolvimento de software,
mas da aquisição de licenças já prontas, não há, no caso concreto,
como indicar item de maior relevância para o produto em questão,
que é uno e indivisível”. O Plenário do TCU, acatando a proposta
da Relatora, julgou improcedente a representação nesse ponto.
(TCU, Acórdão nº 3.257/2013, Plenário, Rel. Min. Ana Arraes, DOU de
05.12.2013, Informativo nº 179, período de 02 a 06.12.2013.)
O ATESTADO DE
VISITA TÉCNICA
Hoje, a Administração não deve exigir que a Visita Técnica seja realizada
de forma obrigatória.
A menos que sua solicitação seja por motivo essencial para que a empresa
interessada em participar, possa tomar conhecimento das condições locais
de execução do objeto para o cumprimento das obrigações contratuais.
Mas por muito tempo, a Visita Técnica foi mal utilizada por alguns
Administradores, tendo sido utilizada de forma a restringir a
competitividade entre as empresas.
Por causa disso, se sua empresa pretende participar de um processo que
obriga a visita técnica ou se é um processo que determina que ela será
optativa, então você deve saber até que ponto a decisão de realizar a
visita pode influenciar o seu negócio.
> O QUE É O ATESTADO DE VISITA TÉCNICA?
Segundo a Lei de Licitações, em seu art. 30, inc. III, existe a possibilidade
da Administração Pública solicitar uma comprovação de que o licitante
recebeu os documentos e tomou conhecimento de todas as informações e
condições do local para o cumprimento do objeto licitado:
” Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á
a:
III – comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que, recebeu
os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhecimento de
todas as informações e das condições locais para o cumprimento das
obrigações objeto da licitação”;
Para a Lei das Licitações, o atestado de visita técnica é considerado
documento habilitatório relacionado à comprovação da qualificação
técnica do licitante.
Esse documento comprova que a empresa licitante tomou conhecimento
das condições do(s) local (is) para o cumprimento das obrigações objeto
do certame.
Mas dizer só isso deixa em aberto dúvidas para a Administração e para os
licitantes de como a visita técnica deve acontecer de fato. Por exemplo:

• Quem pode realizar a visita técnica para obter este atestado mencionado
no Art. 30 (inciso III): qualquer funcionário ou só profissional
especializado?
• Qual o período para a realização da visita;
• Quando deverá ser obrigatório ou facultativo realizar a visita para
receber o atestado.

Estas dúvidas devem encontrar respostas objetivas no edital conforme


determina a legislação.
A primeira coisa que você deve observar é: se em razão do objeto licitado
existe uma grande necessidade para que a visita técnica seja exigida.
> DO OBJETIVO E JUSTIFICATIVA DA EXIGÊNCIA DA VISITA
TÉCNICA

Cada visita técnica deverá ter uma razão para ser solicitada, até mesmo
quando é optativa.
Normalmente a empresa licitante recebe informações suficientes sobre
o local da realização para saber qual será o real esforço na execução do
contrato, com a sua previsão adequada dos custos.
Por exemplo: obras de engenharia, serviços de limpeza e conservação,
vigilância, portaria, etc.
Assim, serãoevitadas alegações de desconhecimento por fatos ocultados
sobre o objeto da licitação que influenciem a formulação da proposta.
> PRAZO/PERÍODO PARA VISTORIA EM LICITAÇÃO
Se você já encontrou um edital que determinavaa visita técnica num único
dia e horário, você não está sozinho.
E existem boas razões para o TCU – Tribunal de Contas da União proibir
esta prática.
Quando a administração pública restringe a uma única data e horário, ela
está ao mesmo tempo estabelecendo limites, e isso contraria os princípios
da competitividade e razoabilidade.
Normalmente a administração argumenta que não pode deixar servidor
disponível à disposição dos licitantes, assim sendo, a Administração marca
data única para a visita.
Segundo o TCU deverá ser estabelecido um período flexível de datas
e horários distintos, a fim de dar ampla participação de qualquer
interessado.
Além disso, o TCU também não quer que esta ação dê abertura para que
os potenciais licitantes se encontrem em ato prévio à licitação, o que
poderia resultar em eventual conluio ou fraude.
E caso você seja surpreendido por uma situação dessas, conheça as bases
importantes para que você se posicione seguramente sobre o assunto.
Assim se manifestou o Tribunal de Contas da União no Acórdão nº
3119/2010 – Plenário:
“1.6.2. alertar a (…), para que, nos futuros procedimentos licitatórios
que envolvam recursos públicos federais, haja observância das
seguintes orientações:
(…)
1.6.2.2. estabeleça prazo adequado para a realização de visitas
técnicas, nãorestringindo-a à dia e horário fixos, tanto no intuito
de inibir que os potenciais licitantes tomem conhecimento prévio
do universo de concorrentes, quanto a fim de que os possíveis
interessados ainda contem, após a realização da visita, com tempo
hábil para a finalização de suas propostas”.
O Tribunal de Contas da União também se manifestou a respeito da
limitação de realização de visita técnica em dia e horário único:
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos nº 73:
“Concorrência pública para a contratação de serviços e fornecimento
de materiais:
2 – A realização de vistoria técnica não deve estar limitada a um único
dia e horário.
E ainda os Acórdãos nº 1.332/2006, 1631/2007 e 326/2010, todos do
Plenário.
> CASOS EM QUE A VISITA TÉCNICA DEVERÁ ACONTECER
COM DATA E HORÁRIO DETERMINADOS EM EDITAL

Em situações excepcionais, devidamente justificadas (atenção aqui) que


evidenciem prejuízo à Administração e/ou ao interesse público, tais como:

• Inexistência de servidores suficientes a serem disponibilizados para


acompanharem os representantes das empresas nas visitas técnicas;
• Natureza do local a ser vistoriado que exija procedimentos rigorosos de
vigilância e segurança, como por exemplo: penitenciárias.
> QUEM DEVE REALIZAR A VISITA TÉCNICA?
É possível que você encontre pela frente edital de licitação exigindo que a
visita técnica seja realizada exclusivamente pelo profissional responsável
técnico integrante do quadro da empresa.
Porém, esta exigência tem sido condenada pelo Tribunal de Contas da
União, visto que isso imporia ônus ao licitante já na fase que antecede a
licitação. Conforme previsto em:

• TCU – Acórdão 571/2006 – 2ª. Câmara;


• Acórdão 1264/2010 – Plenário;
• Acórdão n.º 2179/2011-Plenário;
• Acórdão n.º 2299/2011-Plenário.

Se este é o seu caso, você poderá fazer uma impugnação para que esta
cláusula seja retirada do ato convocatório.
A lei não determina a quem compete verificar o local de prestação de
serviços ou execução da obra, ela
deixa essa responsabilidade a cargo da
empresa licitante.
A empresa licitante pode decidir o que
mais lhe convém.
Quanto a isso, o Tribunal de Contas do Assim decidiu também o
Estado de São Paulo traçou diretrizes Plenário do Tribunal, nos
gerais a respeito da matéria, no TC – 000202/013/10,
julgamento do TC nº 333/009/11, nos TC -13464/026/09 e TC
seguintes termos: -16339/026/08.
“Por derradeiro, em relação à
pessoa que deverá ser designada
para o evento, penso que o
encargo é atributo exclusivo da
licitante, cabendo a ela eleger
o profissional responsável que
entenda como o mais adequado
para a tarefa, independente de ser
engenheiro ou não.
> A VISITA TÉCNICA NA LICITAÇÃO É OBRIGATÓRIA OU
FACULTATIVA?

A Administração Pública deve observar que ao impor a vistoria técnica ela


deve se concentrar em situações especiais.
Aqueles objetos cuja complexidade ou sua natureza a justifique.
A maior parte das empresas se preocupa mesmo quando a visita é
opcional.
E por quê?
Se considerarmos como uma decisão do licitante, ele estará aceitando
todas as condições do local de contratação por inteira responsabilidade e
assumindo riscos de possíveis constatações posteriores que poderiam ter
sido verificadas caso tivesse realizado a visita técnica.
Por outro lado, se a Administração disser que é uma obrigação,
automaticamente ela está dizendo que a não realização acarretará na
inabilitação do licitante.
Para ajudar, vou te mostrar o entendimento do especialista Renato Geraldo
Mendes:

“Seguindo a lógica e a determinação prevista na parte final


do inc.”. XXI do art. 37 da Constituição Federal, é possível
resolver a questão de duas diferentes formas.
A determinação constitucional é no sentido de que as
exigências técnicas sejam calibradas pelo objeto (ou pelas
obrigações a serem executadas).
A solução tem de seguir essa lógica necessária.
Portanto, a solução variará de acordo com a complexidade da
obrigação (objeto).
Sendo as condições locais de execução pouco relevantes para
o sucesso da contratação, poderá a Administração apenas
facultar ao licitante direito de realizar a vistoria.
Por outro lado, sendo as condições locais relevantes,
poderá a Administração impor a condição de realização da
vistoria como um dever, cujo não cumprimento acarretará a
inabilitação do licitante“.
Logo, a visita é relevante para indicar condições que não possam
ser expressas de modo claro e específico somente no instrumento
convocatório, então ela deverá ser realizada.
Recorrentemente O TCU tem admitido a realização de visita técnica
facultativa, fazendo uma ressalva:

“No caso de futura licitação e na hipótese de a visita técnica


ser facultativa, faça incluir no edital cláusula que estabeleça
ser da responsabilidade do contratado a ocorrência de
eventuais prejuízos em virtude de sua omissão na verificação
dos locais de instalação e execução da obra”.

Contudo, tal solução já foi questionada.


Nos casos em que a realização de visita for imprescindível a Administração
Pública deveria torná-la obrigatória?
Sim, e apenas deixaria de ser um dever se fosse impossívela realização da
vistoria.
Quero te dizer com isso que a exigência de vistoria técnica é plenamente
justificada quando o local da execução do futuro contrato for ponto
importante a considerar para a elaboração da proposta de preço das
empresas que pretendem participar da licitação.
Dessa forma a Administração evita propostas imprecisas e futuros
aditamentos motivados pela falta de elementos técnicos e financeiros que
a efetiva execução do objeto demanda.
Mas se não é o caso, então deve ser facultativa ou descartada.
> MODELO DE ATESTADO, TERMO OU DECLARAÇÃO DA
VISITA TÉCNICA NA LICITAÇÃO

Resolvi colocar um modelo para demonstrar como é um atestado de visita


técnica.
O modelo abaixo já é disponibilizado em editais e é coerente com as
informações do TCU quanto à obrigatoriedade ou não da visita técnica.
Ele ainda possui a opção de renúncia com as indicações previstas para
esta situação.
Mas você não deve usá-lo em hipótese nenhuma.
Você deve seguir sempre o que estiver no edital do processo pelo qual
pretende participar.
Conclusão: A visita técnica na licitação
deverá acontecer em situações em que
será fundamental esse feito.
Onde o objetivo da visita estará
devidamente justificado como prevê o
TCU, Acórdão nº 2.628/2014:
“A exigência de visita técnica O edital, não poderá obrigar
antes da licitação é admitida, o licitante a realizar a
desde que atendidos os seguintes visita técnica, pois a única
requisitos: finalidade de sua realização
é possibilitar melhor
I. Demonstração da
formulação da proposta.
imprescindibilidade da visita;
i. Não imposição de que a visita
seja realizada pelo engenheiro
responsável pela obra; e
ii. Não seja estabelecido
prazo exíguo para os licitantes
vistoriarem os diversos
locais onde os serviços serão
executados.”
INDICAÇÃO DE
PESSOAL TÉCNICO
ESPECIALIZADO,
INSTALAÇÕES E
EQUIPAMENTOS
Em alguns editais poderá ser exigida, como complementação à
demonstração de qualificação técnica, a indicação da disponibilidade de
recursos materiais e humanos para a realização do objeto.
Como é o caso de licitação para locação de máquinas ou equipamentos
com assistência técnica, contratação de oficina mecânica para manutenção
da frota, etc.
Estes recursos devem ser compatíveis com a execução do objeto de
maneira que possa convencer a Administração de que o licitante terá
condições de suportar o contrato a que se propõe.
Esta exigência está prevista no § 6o do art. 30 da Lei n. 8.666/93 e dever
ser compreendida de acordo com a jurisprudência do TCU, que diz não
ser possívela cobrança da comprovação de propriedade ou de localização
prévia no momento da habilitação.
A Administração somente poderá cobrar das empresas licitantes uma
declaração de disponibilidade destes itens, onde elas devem afirmar que
terão, em momento oportuno o insumo necessário.
Mas é bom estar preparado para o momento em que a Administração
poderá cobrar a comprovação da posse ou contratação desses itens: que é
o momento da assinatura do contrato.
O que foi reiterado pelo Acórdão nº 5900/2010-2ª Câmara 25 do TCU:
“... a qual restringe a competitividade do certame, afrontando o art.
37, inciso XXI, da Constituição Federal, e os arts. 3º, § 1º, inciso I, e
30, § 6º, da Lei nº 8.666/93, sendo por reiteradas vezes reputada
como ilegal por esta Corte (v.g. Acórdãos nos. 1578/2005; 1332/2006;
1631/2007; 2656/2007; 800/2008; 2150/2008; 1495/2009; 935/2010
e 1339/2010, todos do Plenário).”
DECLARAÇÃO DE
ANUÊNCIA OU DE
DISPONIBILIDADE
DO RESPONSÁVEL
TÉCNICO
Se um ato convocatório exigir uma declaração de anuência ou de
disponibilidade do responsável técnico para participação na licitação, não
atenda a este pedido e realize uma impugnação!
A Administração Pública não pode obrigar um profissional a assinar uma
declaração como esta;apenas por motivo de habilitação em uma licitação.
Isso contraria o que diz o §10 do art. 30 da Lei nº 8.666/93, que determina
que os profissionais indicados pelo licitante para fins de comprovação
da capacitação técnico-profissional deverão participar da obra ou
serviço objeto da licitação, admitindo-se a substituição por profissionais
de experiência equivalente ou superior, desde que aprovada pela
administração:
§ 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins de
comprovação da capacitação técnico-operacional de que trata o
inciso I do § 1º deste artigo deverão participar da obra ou serviço
objeto da licitação, admitindo-se a substituição por profissionais
de experiência equivalente ou superior, desde que aprovada pela
administração. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Reiterado pelo Acórdão nº 2934/2011-Plenário24 do TCU.
DECLARAÇÃO DE
COMPROMISSO DE
FORNECIMENTO
DO FABRICANTE
Esta declaração até o momento não encontra base legal.
E isso é compreensível, dado que não haveria motivação que justifique um
“fabricante” firmar compromisso através de uma declaração,cada vez que
seus clientes decidissem participar de uma licitação.
Imagine comigo o caso de uma empresa que fabrica automóvel, por
exemplo, a FIAT.
Certamente a FIAT possui várias outras empresas clientes que compram os
carros dela, isso todo nós sabemos.
No site oficial da FIAT, ela afirma que fabrica algo em torno de 800 mil
carros por ano.
Muitas empresas no Brasil compram carros da FIAT.
Mas porque a FIAT deveria assinar uma declaração de compromisso diante
do governo, quando na verdade ela não possui nenhum vínculo legal com
a decisão de outra pessoa jurídica sobre participar ou não de um processo
licitatório?
Aqui a outra empresa é quem tem interesse na licitação e esta empresa
é quem de fato vai executar o fornecimento de automóvel caso seja a
vencedora do certame.
Portanto, está descartada a exigência de declaração de compromisso
de vinculação entre licitante e fabricante, uma vez que o compromisso
de fornecimento assumido é firmado pela licitante, passando a se
responsabilizar pela execução do objeto, de acordo com oentendimento
firmado pelo TCU por ocasião dos Acórdãos nº 854/2013-Plenário e
1619/2012-Plenário, por exemplo.
Neste exemplo da FIAT, o que seria possível dentro do que a lei prevê é a
declaração de solidariedade, mas só em situações devidamente motivadas
e não livremente:
Art. 7º, inciso IV - solicitar, motivadamente, carta de solidariedade
emitida pelo fabricante, que assegure a execução do contrato, no
caso de licitante revendedor ou distribuidor.
LICENÇAS
AMBIENTAIS DE
OPERAÇÃO
Segundo o Art. 3o da Lei No
8.666/1993, Licitação Sustentável é
aquela que destina-se a garantir a
observância do princípio constitucional
da isonomia, a seleção da proposta
mais vantajosa para a administração
A busca por padrões
e a promoção do desenvolvimento
sustentáveis para o bem-estar
nacional sustentável. (Redação dada
das futuras gerações requer
pela Lei no 12.349, de 2010).
mudanças de hábitos no
O governo brasileiro despende, cotidiano das empresas, dos
anualmente, entre R$ 400 a 700 governos e dos lares.
bilhões de reais com a aquisição de
O conceito de
bens e contratações de serviços (entre
desenvolvimento sustentável
8 a 15% do PIB).
ganhou destaque em 1987
Nesse sentido, direcionar o poder no Relatório “Nosso Futuro
de compra do setor público para a Comum”, da ONU. Após
aquisição de produtos e serviços com 25 anos, o mundo discute
critérios de sustentabilidade implica na comoimplementar seus
geração de benefícios socioambientais princípios.
e na redução de impactos ambientais,
ao mesmo tempo que promove
o mercado de bens e serviços
sustentáveis.
E para isso acontecer a Administração Atenção: a licença ambiental
Pública irá solicitar, quando de operação só pode ser
necessário,a licença ambiental de cobrada no momento da
operação, amparada na previsão do assinatura do contrato.
IV do art. 30 da Lei nº 8.666/93, que
determina que a mesma poderá ser
cobrada no momento da assinatura do
contrato.
As compras sustentáveis começaram a
ser ponto essencial nas licitações com
a criação da Lei nº 12349/2010, que
também mudou a redação do art. 3º da
Lei nº 8.666/93, que segue:
“Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio
constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa
para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade
com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade,
da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.”
Além disso, o TCU vem se decidindo reiteradamente e favoravelmente
no sentido da possibilidade de cobrança de apresentação das licenças
ambientais no momento da habilitação, uma vez que esse tipo de
documento, na prática, pode demorar até 120 dias para a liberação no
órgão competente, o que pode ser verificado no Acórdão nº 2995/2013–
Plenário.
Art. 3º Nas licitações que utilizem como critério de julgamento o tipo
melhor técnica ou técnica e preço, deverão ser estabelecidos no edital
critérios objetivos de sustentabilidade ambiental para a avaliação e
classificação das propostas.
Mas fique atento, um edital não pode exigir licenças ambientais sem a
devida justificativa:
Acórdãos nº 2995/2013 - Plenário
17. A referida instrução ressaltou a natureza estritamente exaustiva
dos artigos 30 e 31 da Lei 8.666/93, ou seja, a Administração
somente poderá exigir os documentos expressamente ali elencados;
nenhum a mais. Além disso, nos termos do inciso XXI do art. 37 da
Constituição de 1988, as exigências relativas à qualificação técnica e
econômica não podem extrapolar aquelas indispensáveis à garantia
do cumprimento das obrigações. Exigências excessivas servem
apenas para comprometer a garantia constitucional de igualdade de
condições a todos os concorrentes.
LICENÇAS
SETORIAIS DE
OPERAÇÃO
Para desenvolver algumas atividades econômicas, as empresas devem
ser fiscalizadas por alguma Entidade ou Agência Reguladora, como por
exemplo, a ANTAQ, INMETRO, e ANVISA.
Empresas destes nichos específicos atuam com uma legislação própria
regulamentada.
Se estas empresas desejam participar de licitações, elas vão precisar de
licenças ou registros nesses órgãos.
A cobrança desses documentos pode ocorrer no momento da habilitação
com base na previsão do inciso IV do art. 30 da Lei 8.666/93:
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial,
quando for o caso.
Contudo, a liberação e renovação destas licenças muitas vezes são
processos demorados, e algumas empresas podem deixar de participar de
um processo de licitação, apenas por estar com uma renovação de licença
em andamento.
Então, mantenha foco em documentos que podem impedir sua
participação por motivo de data de validade.
Se antecipe!
Por outro lado, alguns órgãos da administração pública adiam a solicitação
de licença de operação, tornando-a obrigatória somente para o momento
de assinatura de contrato, assim ela amplia a competitividade e dá
oportunidade às empresas que estão em processo final de obtenção das
licenças participarem do processo.
CERTIFICAÇÕES
DE QUALIDADE:
QUANDO SÃO
OBRIGATÓRIAS
Os sistemas de certificação existem em diversos setores.
Podem ter por objeto a certificação de produtos, de empresas, de
processos produtivos, de impacto ambiental, entre outros.
Elas são como uma autorregulação de determinado setor ou algumas
vezes, de diversos setores simultaneamente.
E para que esses sistemas atinjam suas finalidades pretendidas, é
obrigatório que as entidades certificadoras gozem de respeitabilidade e
confiança extrema.
As certificações são um importante mecanismo de incentivo à adoção
de boas práticas produtivas, comerciais, ambientais, éticas e das mais
diversas ordens.
Primeiramente, cabe observar que a decisão de exigir certificação para
as licitações regidas pela Lei 12.462 não é tão livre para o administrador
público.
Na verdade, deve haver uma certa margem de discricionariedade para a
Administração Pública prever no instrumento convocatório a exigência de
certificação.
Isto é, vai depender de alguns critérios.
A exigência de certificação deve ser
compatível com o objeto licitado e as
necessidades decorrentes da execução
do contrato.
Tudo isso deve ser demonstrado em Exigências de certificação
justificativa técnica. ISO e de registro no INPI
(processo produtivo básico),
Tendo como exemplo casos em que
quando necessárias, somente
a empresa cumpre os requisitos
devem ser estipuladas como
necessários para a obtenção da
critério classificatório.
certificação, mas mesmo assim não
atende às condições essenciais para Acórdão 512/2009 Plenário
a execução do serviço exigido pelo (Sumario)
Poder Público.
Daí você conclui que, em algumas
situações, a certificação poderá não
ser suficiente para, por si só, confirmar
as condições necessárias para a
adequada execução do contrato.
Saiba que nada impede que o
instrumento convocatório venha a
prever a certificação ao lado de outros
mecanismos–como o procedimento
de pré-qualificação previsto no Há de se ter em vista a
artigo 30 da Lei 12.462, por exemplo, diretriz constitucional
atribuindo-se ao licitante a liberdade de que só poderão ser
de opção por uma de várias formas de admitidas em licitações
verificação de qualidade. públicas “as exigências
de qualificação
É possível a possibilidade da técnica e econômica
certificação ser substituída pela indispensáveis à
apresentação de outros documentos. garantia documprimento
É nesse sentido a disciplina da das obrigações”
Instrução Normativa 01/2010, editada (artigo37, inciso XXI, da
pelo Ministério do Planejamento para Constituição Federal).
disciplinar as licitações públicas
federais:
“A comprovação do disposto neste artigo poderá ser feita mediante
apresentação de certificação emitida por instituição pública oficial
ou instituição credenciada,ou por qualquer outro meio de prova
que ateste que o bem fornecido cumpre com as exigências do
edital”(artigo5º, § 1º –sem destaqueno original).
A certificação poderá constituir alternativa também à exigência de
amostras prevista no artigo 7º, inciso II, da Lei 12.462:
III - solicitar a certificação da qualidade do produto ou do processo
de fabricação, inclusive sob o aspecto ambiental, por qualquer
instituição oficial competente ou por entidade credenciada;
A qualidade do produto se refere ao que seráentregue na contratação –ao
conteúdo da proposta apresentada pelo licitante.
Já o processo de fabricação se relaciona aos aspectos de conteúdo da
proposta apresentada quanto acondições e características subjetivas do
próprio licitante.
Neste último caso, a certificação seria como um requisito de habilitação e
o editaldeve informar claramente o motivo de exigência da certificação.
De acordo com o TCU, certificações de qualidade como ISO, PCMAT, Selo
ABIC, etc., somente poderão ser cobradas em licitações do tipo técnica e
preço ou melhor técnica como critério de pontuação técnica:
A Instrução Normativa 01/2010 do Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão, dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na
aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela Administração
Pública Federal direta, autárquica e fundacional.
O referido normativo, em seus arts. 1º, 2º e 3º, estabelece o seguinte:
Art. 1º Nos termos do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
as especificações para a aquisição de bens, contratação de serviços
e obras por parte dos órgãos e entidades da administração pública
federal direta, autárquica e fundacional deverão conter critérios de
sustentabilidade ambiental, considerando os processos de extração
ou fabricação, utilização e descarte dos produtos e matérias-primas.
Art. 2º Para o cumprimento do disposto nesta Instrução Normativa, o
instrumento convocatório deverá formular as exigências de natureza
ambiental de forma a não frustrar a competitividade.
Art. 3º Nas licitações que utilizem como critério de julgamento o tipo
melhor técnica ou técnica e preço, deverão ser estabelecidos no edital
critérios objetivos de sustentabilidade ambiental para a avaliação e
classificação das propostas.
61. Observa-se que esse normativo não estabelece a obrigatoriedade
de se comprovar a sustentabilidade ambiental, nas aquisições
públicas, por meio de certificados, que, conforme exposto
anteriormente, gera restrição indevida à competitividade dos
procedimentos licitatórios. Ao contrário, afirma que o instrumento
convocatório deverá formular as exigências de natureza ambiental de
forma a não frustrar a competitividade.
Como previsto no Acórdão nº 2995/2013 – Plenário:
43. Ao discorrer sobre a exigência da certificação ISO como requisito
de habilitação, Marçal Justen Filho ressalta que o essencial não é a
certificação formal, mas o preenchimento dos requisitos necessários
à satisfação dos interesses colocados sob tutela do Estado. “Se o
sujeito preenche os requisitos, mas não dispõe da certificação, não
pode ser impedido de participar do certame”.
Daqui em diante quando você se encontrar com a exigência de certificados
emitidos pela ABNT ou qualquer outra semelhante,tenha em mente que
esta exigência só deverá ser atendida se devidamente justificada.
Tendo em vista que tal exigência não pode restringir a competitividade
dos processos licitatórios, por ela não ser a única forma de se garantir a
qualidade dos produtos.
Como exemplo, a aquisição de produtos de durabilidade prolongada pode
ser obtida por meio da oferta de garantias maiores de tais produtos pelos
fornecedores.
Se você trabalha em licitações do tipo menor preço, fique tranquilo, estas
não poderão exigir certificações de qualidade, como vemos nos Acórdãos
nº 670/2013 – Plenário32 e 1305/2013–Plenáriodo TCU.
BÔNUS
10 PRÁTICAS
DE RESTRIÇÃO
RELACIONADAS
A CAPACITAÇÃO
TÉCNICA E SUAS
RESPECTIVAS
DELIBERAÇÕES
REALIZADAS PELO
TCU
Com tantas possibilidades, a combinação inadequada ou mal formulada
dos critérios de qualificação técnica poderá acarretar na fuga de
potenciais licitantes ocasionando perda de economicidade nas aquisições
públicas.
Assim, o princípio da razoabilidade deverá estar presente nos atos da
Administração, de modo a se alcançar adequadamente um ponto de
equilíbrio entre exigências e competitividade.
E eu sei que não é uma tarefa fácil assimilar todas as possibilidades dentro
deste assunto.
Mas tenha em vista que seguindo esse passo a passo, a sua missão se torna
uma tarefa mais simples.
Lembre do que eu vou te dizer agora: algumas coisas são simples, mas não
são fáceis.
O seu ponto de vantagem é que aqui você tem as ferramentas para
entender e superar todas as dificuldades que surgirem ao longo da sua
carreira quanto à qualificação técnica dentro do mercado de licitações.
Assim, você tema possibilidade de economizar energia e gastar no
fortalecimento do seu negócio!
Até agora você já muita coisa sobre atestados de capacidade técnica e
outros assuntos relacionados, mas vou te falar a verdade:
Qualificação técnica é um assunto denso e você vai precisar ter atenção
dobrada para reconhecer os casos em que as exigências estão frustrando
a competitividade e desconsiderando princípios basilares da Lei das
Licitações (8.666/93).
E foi pensando nisso que eu separei 10 situações que geram as maiores
dúvidas nas empresas licitantes e até mesmo na Administração Pública
sobre qualificação técnica (especialmente quando se fala de atestados de
capacidade técnica).
> O QUE DEVEMOS CONSIDERAR COMO OBJETO SIMILAR
OU COMPATÍVEL

Prevê o inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal que o procedimento


licitatório “somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações“.
A Lei de Licitações, indica no art. 30 que podem ser exigidos atestados
com o objetivo de comprovar a aptidão para desempenho de atividade
pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o
objeto da licitação, bem como a qualificação da equipe técnica que se
responsabilizará pelos trabalhos.
E ainda temos a Súmula 263 do TCU que indica ser legal para a
comprovação da capacidade técnico-operacional das licitantes, desde que
limitada às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto a
ser contratado:
“a exigência de comprovação da execução de quantitativos mínimos
em obras ou serviços com características semelhantes, devendo essa
exigência guardar proporção com a dimensão e a complexidade do
objeto a ser executado.”
Mesmo com tudo isso ainda esbarramos constantemente em editais
determinando a apresentação de atestado de capacidade técnica que
comprove a execução específica do objeto do certame, sob pena de
inabilitação.
Um edital assim está registrado dentro da análise do TCU no Acórdão
553/2016-Plenário da relatoria do Min. Vital do Rêgo.
Veja como aconteceu...
Um órgão da Adm. Pública que realizou o pregão eletrônico para a
contratação de serviços de secretariado, exigia na qualificação técnica:
“obrigatória a desclassificação de qualquer licitante que não
cumprisse o exigido e não comprovasse, por atestados, na forma,
quantidade e prazo definidos no edital, que já houvesse prestado
serviços de secretariado”.
Ao final, a conclusão do TCU foi que, em licitação para serviços
continuados com dedicação exclusiva de mão de obra (como limpeza,
apoio administrativo, jardinagem, etc.), devem ser exigidos atestados
que comprovem aptidão para gestão de mão de obra, ao invés da
comprovação da boa execução de serviços idênticos.
O TCU destacou que na possibilidade de situações excepcionais deverá ser
requerida a comprovação de capacidade técnica específica do objeto em
disputa.
Mas nessas hipóteses, deverá a exigência ser fundamentada antes de
tornar-se requisito indispensável.
Isso, já foi reiterado várias vezes pelo TCU, conforme é possível constatar
nos seguintes acórdãos relacionados:
“[D]eve-se ter em mente que este Tribunal tem precedentes no
sentido de que a compatibilidade entre os serviços anteriores e o
serviço licitado deve ser entendida como condição de similaridade e
não de igualdade.”
Acórdão 1.140/2005-Plenário.
114. O que importa é perceber que a habilidade das contratadas
na gestão da mão de obra, nesses casos, é realmente muito mais
relevante para a Administração do que a aptidão técnica para
a execução dos serviços, inclusive porque estes apresentam
normalmente pouca complexidade. Ou seja, nesses contratos, dada
a natureza dos serviços, interessa à Administração certificar-se de
que a contratada é capaz de recrutar e manter pessoal capacitado
e honrar os compromissos trabalhistas, previdenciários e fiscais. É
situação muito diversa de um contrato que envolva complexidade
técnica, como uma obra, ou de um contrato de fornecimento de bens,
em que a capacidade pode ser medida tomando-se como referência
a dimensão do objeto – que serve muito bem o parâmetro de 50%
usualmente adotado.”
Acórdão 1.214/2013 – Plenário.
“1.7.1. nos certames para contratar serviços terceirizados, em regra,
os atestados de capacidade técnica devem comprovar a habilidade
da licitante em gestão de mão de obra, e não a aptidão relativa à
atividade a ser contratada, como ocorrido no pregão eletrônico (…);
1.7.2. nos casos excepcionais que fujam a essa regra, devem ser
apresentadas as justificativas fundamentadas para a exigência, ainda
na fase interna da licitação, nos termos do art. 16, inciso I, da IN
02/08 STLI;”
Acórdão 744/2015 – 2ª Câmara.
Diante destas constatações, podemos afirmar que se torna inviável exigir
do licitante, notocante à qualificação técnica, atestados de experiência
anterior na realização de serviço ou referente a objeto idêntico ao que
será contratado.
Exceto nos casos em que a restrição for essencial ao cumprimento da
obrigação.
Este também é o entendimento do TCE/MG, como podemos extrair da
denúncia de nº 812.442. Vejamos trecho da ementa:
“1. Edital de licitação não pode conter exigência de qualificação
técnica que não seja indispensável à garantia do cumprimento das
obrigações contratuais e que não esteja prevista em lei. (…) 3. A
exigência de experiência anterior na execução de objeto idêntico
ao licitado só e possível se houver justificativa razoável e se não
ofender o princípio da competitividade, nem prejudicar a obtenção da
proposta mais vantajosa”.
Também o TRF 4ª Região na AC nº 5019145-37.2012.404.7000, em
resposta a um de seus jurisdicionados:
“Inexistindo tal exigência e, muito
menos, a necessária correlação
entre a habilitação especial e os
serviços a serem desempenhados
pela vencedora, não cabe ao
intérprete ampliar exigências
Exigências relativas à
ao seu talante, assim como não
qualificação técnica devem ser
cabe aos demais licitantes buscar
interpretadas em acordo com
exigências maiores do que as
o disposto no art. 37, XXI da
devidas, até porque, visando a
CF, juntamente com os demais
licitação a maior participação
dispositivos legais, a fim de
possível em homenagem ao
que sejam exigidos somente
princípio da concorrência, as
os requisitos indispensáveis
restrições à participação devem se
ao cumprimento da obrigação
conter em estritos limites”.
e para possibilitar a ampla
participação de licitantes
interessados, assegurar a
economicidade da contratação
e garantir, sempre que
possível, o tratamento
isonômico.
> SOMA DE ATESTADOS DE CAPACIDADE TÉCNICA PARA
TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS

O TCU concluiu reiteradas vezes que a melhor interpretação a ser dada


sobre a soma de atestados de capacidade técnica para terceirização de
serviços, é a que permite a exigência de quantidades mínimas ou prazos
máximos relativamente à comprovação de qualificação técnico-profissional
como é previsto na Lei 8.666/93 (art. 30, § 1º, inc. I).
Considerando o entendimento do TCU somente em casos excepcionais
será possível restringir, mediante previsão editalícia, o somatório de
atestados para efeito de comprovação de qualificação técnica.
Isso pode acontecer em casos onde a complexidade do objeto decorre
da sua dimensão quantitativa, como é na terceirização de serviços, por
exemplo.
Nesses casos, não terá cabimento o somatório de atestados, tendo em
vista que a execução sucessiva de objetos de pequena dimensão não
capacita, necessariamente, a empresa para a execução de objetos maiores.
Mas não se descarta, nessas hipóteses, a possibilidade de somatório de
atestados para contratos executados ao mesmo tempo.
Claramente quando você tiver dúvidas sobre este assunto, nada pode
ser tão objetivo quanto esta decisão do TCU: o Acórdão nº 2.387/2014,
Plenário, Rel. Ministro Benjamin Zymler, j. em 10.09.2014.
Veja-se trechos da decisão:
“[Voto]
(…)
12. Entretanto, o mencionado acórdão não tratou especificamente
da possibilidade de comprovação da experiência técnica mediante a
soma de atestados. É bem verdade que, de acordo com a tradicional
de jurisprudência desta Corte de Contas, em regra, deve haver a
permissão de que os requisitos técnicos exigidos em licitações
públicas sejam comprovados mediante a apresentação de mais de um
atestado.
13. Esse entendimento geral, contudo, não afasta a possibilidade de
que a restrição à soma de atestados ocorra quando o objeto licitado
assim exigir. A respeito, o TCU manifestou-se mediante o Acórdão
2.150/2008 – Plenário, subitem 9.7.2:
(…)
15. Nas situações de terceirização de mão de obra, como já adiantado,
busca-se averiguar a capacidade das licitantes em gerir pessoal.
Nesse sentido, o seguinte trecho do voto condutor do Acórdão
1.214/2013-Plenário:
(…)
16. Sob essa ótica, entendo que admitir a simples soma de atestados
não se mostra o procedimento mais adequado para se aferir a
capacidade técnico operacional das licitantes. Isso porque se uma
empresa apresenta sucessivos contratos com determinados postos
de trabalho, ela demonstra ter expertise para executar somente
os quantitativos referentes a cada contrato e não ao somatório de
todos. Em outras palavras, a demanda por estrutura administrativa
dessa empresa está limitada aos serviços exigidos simultaneamente,
não havendo que se falar em duplicação dessa capacidade
operacional apenas porque determinado objeto executado em um
exercício é novamente executado no exercício seguinte.
17. Em suma, não há porque, e aqui divirjo pontualmente da unidade
técnica, supor que a execução sucessiva de objetos de pequena
dimensão capacite a empresa automaticamente para a execução
de objetos maiores. De forma exemplificativa, a execução sucessiva
de dez contratos referentes a dez postos de trabalho cada não
necessariamente capacita a empresa para a execução de contratos
abrangendo cem postos de trabalho.
18. Não é demais rememorar que a jurisprudência desta Corte,
em regra, é conservadora no sentido de que a exigência técnico-
operacional se limite a 50% do objeto contratado. Ou seja, caso o
objeto seja dimensionado para cem postos de trabalho, as exigências
editalícias devem se limitar a cinquenta postos. Desta feita, ao se
aceitar a simples soma de atestados, estar-se-á se permitindo que
uma empresa com experiência, ainda utilizando do exemplo anterior,
em gerenciar dez postos de trabalho assuma um compromisso dez
vezes maior com a administração pública.
(…)
20. Exceção a esse entendimento deve ser feita quanto os diferentes
atestados se referem a serviços executados de forma concomitante.
Nessa situação, para fins de comprovação de capacidade técnico-
operacional, é como se os serviços fossem referentes a uma única
contratação. Com efeito, se uma empresa executa simultaneamente
dez contratos de dez postos de serviços cada, cabe a suposição de
que a estrutura física da empresa é compatível com a execução de
objetos referentes a cem postos de serviços. Vislumbra-se, inclusive,
nessa situação hipotética, maiores exigências operacionais para
gerenciar simultaneamente diversos contratos menores em locais
diferentes do que gerenciar um único contrato maior (sempre
considerando que haja identidade entre o somatório dos objetos
desses contratos menores e o objeto desse contrato maior).” (TCU,
Acórdão nº 2.387/2014, Plenário, Rel. Ministro Benjamin Zymler, j. em
10.09.2014)
> É POSSÍVEL A TRANSFERÊNCIA DE CAPACITAÇÃO TÉCNICA
ENTRE DIFERENTES PESSOAS JURÍDICAS

A transferência da capacidade técnico-operacional entre pessoas jurídicas


que passaram por processo de reestruturação empresarial é possível não
somente na hipótese de transferência total de patrimônio e acervo técnico
entre tais pessoas, mas também no caso da transferência parcial desses
ativos, como podemos verificar nos Acórdãos nº 1233/2013-Plenário e
2444/2012-Plenário do TCU.
Em tempo, também é admissível a utilização dos acervos pela empresa
incorporadora.
> LIMITAÇÕES TEMPORAIS DE EXPERIÊNCIA TÉCNICA
Se você pretende participar de um edital de licitação, mas encontrou uma
cláusula determinando que o seu atestado de capacidade técnica deveria
possuir um prazo mínimo de validade, então você justificadamente pode
impugnar este edital de imediato baseado no Acórdão nº 10487/2016 -
TCU - 2ª Câmara:
Considerando que, de fato, não é possível a exigência de limitação
temporal sobre os atestados de capacidade técnica, por não
encontrar amparo legal, nem na Jurisprudência desta Corte de Contas
(Acórdão 2205/2014-TCU-2ª Câmara, Relatora Ministra Ana Arraes;
Acórdão 2163/2014-TCU-Plenário, Relator Ministro José Múcio);

Coisas que você precisa saber:


1. A adm. Pública não pode pedir atestados de capacidade técnica determinando em que
data ele deveria começar e terminar;
2. Não é permitido exigir que a data de emissão do atestado tenha acontecido em determinado
período;
3. Não é possível determinar a validade de um atestado de capacidade técnica, isso não está
previsto em lei.
> O QUE DIZ A LEI 8.666/93 SOBRE EDITAIS DE LICITAÇÃO
QUE DETERMINAM QUANTIDADE DE ATESTADOS DE
CAPACIDADE TÉCNICA

A Constituição Federal, ao falar sobre licitações públicas, estabeleceu,


em seu art. 37, XXI (BRASIL, 1988), que somente poderão ser exigidas
qualificações técnica e econômica indispensáveis ao cumprimento das
obrigações:
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo
de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos
os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações. (Regulamento)
Também o TCU reiteradas vezes já se manifestou Acórdão 1095/2018 –
Plenário:
É vedada a imposição de limites ou de quantidade certa de atestados
ou certidões para fins de comprovação da qualificação técnica.
Contudo, caso a natureza e a complexidade técnica da obra ou do
serviço mostrem indispensáveis tais restrições, deve a Administração
demonstrar a pertinência e a necessidade de estabelecer limites
ao somatório de atestados ou mesmo não o permitir no exame da
qualificação técnica do licitante.
> EXIGÊNCIA DE RECONHECIMENTO DE FIRMA NO
ATESTADO DE CAPACIDADE TÉCNICA

Vamos separar a exigência do reconhecimento de firma do atestado


fornecidos por pessoa jurídica de direito público e do direito privado.
I – Da exigência de firma reconhecida de Atestado de Capacidade Técnica
fornecido por pessoa jurídica de direito público:
Quando falamos em atestado fornecido por pessoa jurídica de direito
público, não há o que falar na obrigatoriedade dele ter firma reconhecida,
pois todos os documentos emitidos por servidor público tem fé pública
conforme estabelece nossa Constituição Federal:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
(…)
II – recusar fé aos documentos públicos;
Se foi a Administração Pública que emitiu, então presume-se verdadeiros
os fatos alegados pela Administração.
Assim ocorre com relação ás certidões, atestados, declarações,
informações por ela fornecidos, todos dotados de fé pública.” (in Direito
Administrativo, 23º Ed, São Paulo: Atlas, 2010 p. 198).
II – Da exigência de firma reconhecida de Atestado de Capacidade Técnica
fornecido por pessoa jurídica de direito privado:
Embora seja normal ver esta exigência em mais editais do que eu gostaria,
ela não encontrasentido e muito menos amparo legal.
Veja algumas das decisões que afastam esta exigência:
ACÓRDÃO No 616/2010 – TCU – 2a Câmara
Vistos, relatados e discutidos estes autos que versam sobre
representação formulada por esta Unidade Técnica com o objetivo de
averiguar a regularidade na execução dos contratos de fornecimento
de mão-de-obra terceirizada para a Companhia de Eletricidade do
Acre – Eletroacre.
[…]
9.4.1 na realização de futuros procedimentos licitatórios:
[…]
9.4.1.2 discrimine de forma inequívoca todos os documentos a terem
suas assinaturas com firma reconhecida, evitando, desta forma,
inabilitações pelo descumprimento de formalidades editalícias,
ocasionadas pela interpretação equivocada de suas disposições, bem
como em busca da proposta mais vantajosa para administração, em
conformidade com o art. 3o, caput, da Lei no 8.666/93;
Você percebeu que a jurisprudência em nenhum momento orienta que o
atestado deve ter firma reconhecida e sim orienta que as regras editalícias
devem ser claras, sem informações dúbias afim de evitar interpretações
equivocadas?
É citado também uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ):
“ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. FALTA DE
RECONHECIMENTO DE FIRMA EM CERTAME LICITATÓRIO.
1. A ausência de reconhecimento de firma é mera irregularidade
formal, passível de ser suprida em certame licitatório, em face dos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
2. Recurso especial improvido.” (REsp 542.333/RS, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/10/2005, DJ
7/11/2005, p. 191)
O julgado do STJ também não orienta que o atestado deveter firma
reconhecida e sim que a falta de reconhecimento de firma não deverá ser
motivo para a inabilitação do licitante por considerar mera irregularidade
formal (Isto porque foi exigido no edital).
Por várias vezes a nossa legislação demonstra que a exigência de
reconhecimento de firma no atestado de capacidade técnica é exorbitante,
para não dizer ilegal, veja só:
O TCU já fez inúmeras observações quanto ao atestado e em nenhum
momento cita o reconhecimento de firma dos mesmos:
“Devem os atestados de capacidade técnica ser/estar:
– relacionados ao objeto da licitação;
– exigidos proporcionalmente ao item, etapa ou parcela ou conforme
se dispuser a divisão do objeto;
– fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado, com
identificação do emissor;
– emitidos sem rasuras, acréscimos ou entrelinhas;
– assinados por quem tenha competência para expedi-los;
– registrados na entidade profissional competente, quando for o caso;
Ainda com relação a exigências de atestados, deve ser observado que:
– seja pertinente e compatível em características, quantidades e
prazos exigidos na licitação;
– sempre que possível, seja permitido somatório de quantitativos, de
forma a ampliar a competição;
– não seja limitado a tempo (validade), época ou locais específicos;
– possa ser demonstrada a comprovação de aptidão até a data
de entrega da proposta, não restrita à de divulgação do edital.”
(Licitações e contratos : orientações e jurisprudência do TCU – 4. ed.
rev., atual. e ampl. – Brasília, 2010, pag. 409)
A Lei 9784/1999 que regula o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal disciplina que:
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma
determinada senão quando a lei expressamente a exigir.
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será
exigido quando houver dúvida de autenticidade.
O Código de Processo Civil (Lei 5869/73) disciplina que:
Art. 368. As declarações constantes do documento particular, escrito
e assinado, ou somente assinado, presumem-se verdadeiras em
relação ao signatário.
Por fim e não menos importante o Tribunal de Contas da União já orientou
em sentido similar à Lei 9784/1999, acima citada, da não exigência de
reconhecimento de firma quando não houver lei expressa neste sentido:
“Ressalvada imposição legal, o reconhecimento de firma somente
será exigido quando houver dúvida de autenticidade.”(Licitações e
contratos : orientações e jurisprudência do TCU – 4. ed. rev., atual. e
ampl. – Brasília, 2010, pag. 464)
Depois disso tudo tenho certeza que você não será intimidado com
qualquer exigência de reconhecimento de firma daqui em diante.
> A VISITA TÉCNICA COLETIVA É POSSÍVEL
Entendimento já consolidado no TCU, o acórdão 2672/16 do Plenário
apontou que:
“visita técnica coletiva ao local de execução dos serviços contraria os
princípios da moralidade e da probidade administrativa, pois permite
ao gestor público ter prévio conhecimento das licitantes, bem como
às próprias empresas terem ciência do universo de concorrentes,
criando condições favoráveis à prática de conluio”.
Ainda sobre o tema:
Acórdão 1573/2015 - Plenário:
É incompatível com os princípios norteadores da licitação a exigência,
como requisito de habilitação, de visita técnica ao local da obra em
data pré-determinada, por responsável técnico da licitante.
> VALIDADE DO ATESTADO DE CAPACIDADE TÉCNICA ENTRE
MATRIZ E FILIAL

É possível que o Atestado de Capacidade Técnicada matriz possa ser


utilizado pela filial numa licitação e vice-versa?
Sim, totalmente possível.
O Ministro Relator do Acórdão 1277/2015 – também segue essa mesma
linha de raciocínio, vejamos:
9.2.4.5. Também não há problema na utilização de atestado de
capacidade técnica com CNPJ da matriz, pois, como deixou claro
a Administração em sua resposta ao recurso administrativo da
Representante, “a capacitação técnico-profissional e técnico-
operacional está ligada ao organismo da empresa que são
transmitidas da matriz a todas as filiais ou vice-versa” (peça7, p. 3,
item 27).
O Manual de Licitações & Contratos – Orientações e Jurisprudências do
TCU – 4ª Edição – Revista Atualizada e ampliada – Brasília, 2010 – Pg 461,
é enfático quando diz:
Forma de Apresentação dos Documentos Deve o ato convocatório
disciplinar a forma de apresentar a documentação.
Exige-se usualmente quanto aos documentos que:
estejam em nome do licitante, preferencialmente com o número do
CNPJ(MF) e endereço respectivos, observado o seguinte:
se o licitante for a matriz, todos os documentos devem estar em nome
da matriz;
se o licitante for filial, todos os documentos devem estar em nome da
filial;
na hipótese de filial, podem ser apresentados documentos que, pela
própria natureza, comprovadamente são emitidos em nome da matriz;
Decisões de outros tribunais, que corroboram com o mesmo procedimento
do TCU.
TJ-SC – Reexame Necessário REEX 20130457807 SC 2013.045780-7
(Acórdão) (TJ-SC)
Data de publicação: 09/06/2014
Ementa: Administrativo. Reexame Necessário. Licitação. Pregão
Presencial. Aquisição de equipamentos de informática. Licitante
que participou do certame por meio de sua filial, mas apresentou
Atestado de Capacidade Técnica com indicação do CNPJ da matriz.
Desclassificação indevida para efeito de avaliação da capacidade
técnica, haja vista que a matriz e filial integram a mesma pessoa
jurídica. Sentença confirmada em reexame.
TJ-SP – 21709554020178260000 SP 2170955-40.2017.8.26.0000 (TJ-SP)
Data de publicação: 07/11/2017
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO – MANDADO DE SEGURANÇA
– Pregão Presencial n. 113/17 – Município de Taubaté – Liminar
indeferida – Admissibilidade – Agravante que deixou de cumprir o
item 5.1, do edital – Atestados de capacidade técnica em nome da
matriz, sendo que o objeto do certame seria executado pela filial de
São José dos Campos – Ausentes o fumus boni iuris e o periculum in
mora – Decisão agravada mantida – Recurso improvido.
Ambientais), conforme o modelo: (…)5.1.6. ATESTADOS DE
CAPACIDADE TÉCNICA emitidos por pessoa…, porquanto matriz e
filial são uma só pessoa jurídica e apenas o CNPJ é distinto por razões
fiscais. Afirmou…
> EXIGÊNCIA DE ATESTADO DE CAPACIDADE TÉCNICA EM
LOCAIS ESPECÍFICOS

Por exemplo, a compra do bem, execução da obra ouprestação dos


serviços que tenham sido realizados somente em Brasilia-DF.
É ilegal a exigência de comprovação de atividade ou de aptidão
referente a local especifico que importem em restrição ao caráter
competitivo da licitação, salvo se devidamente justificada sua
necessidade para a perfeita execução do objeto licitado, nos termos
do disposto no § 5o do art. 30 da Lei no 8.666/1993. Acórdão
855/2009 Plenário (Sumário)
> O EDITAL PODE EXIGIR LIMITAÇÃO DE TEMPO/PRAZO DE
VALIDADE PARA O ATESTADO DE CAPACIDADE TÉCNICA?

Por exemplo, datado dos últimos trezentos e sessenta dias?


Exigência de que o objeto tenha sido executado em determinadoperíodo,
a menos que quando a tecnologia a ser adotada só se tornou disponível
apartir do período indicado.
Por exemplo, o prédio será construído com parede pré-moldada ou
concreto de elevado desempenho, não disponíveis antes de 365 dias atrás.
Requeira, ao estabelecer exigências para comprovação de aptidão
para prestarosserviços, a apresentação de atestados ou certidões,
vedadas as limitações deTribunal de Contas da Uniãotempo, época,
locais específicos ou quaisquer outras não previstas em lei, queinibam
a participação da licitação, a exemplo da fixação de experiência
mínima dos profissionais sem justificativa técnica que a ampare,
em cumprimento aodisposto nos §§ 1o, 3o e 5o do art. 30 da Lei no
8.666/1993. Acórdão 890/2007 Plenário (Sumário)
BÔNUS
MODELOS DE
ATESTADO DE
CAPACIDADE
TÉCNICA
É bem fácil encontrar modelos de atestados de capacidade técnica no
Google.
Alguns de órgãos públicos que disponibilizam os que eles já emitiram para
empresas fornecedoras de bens e serviços àquela Administração. Uma
forma de demonstrar transparência nas compras para a sociedade.
Mas se você ainda não viu nenhum modelo, aqui coloco dois para que você
saiba identificar os pontos essenciais e possa adaptá-lo à sua realidade.
O que não pode faltar no seu atestado de capacidade técnica?

1. Dados da pessoa jurídica de direito público ou privado que o emitiu:


CNPJ, razão social, endereço;
2. Dados da sua empresa: razão social, CNPJ, endereço;
3. Quais os serviços foram prestados ou quais produtos foram vendidos;
4. Quantidades, duração do contrato;
5. Emissão com timbre da empresa (A Lei 8.666/93 não menciona esta
exigência, mas é situação que reforça credibilidade e organização).
CONCLUSÃO
Tendo agora em mãos esse guia, você conseguirá construir uma excelente
estratégia para participar das licitações que escolher.
Eu tenho toda certeza que você saberá utilizar o que aprendeu aqui para
ter sucesso e manter uma sólida trajetória para o seu negócio.
Aqui cada informação foi pensada para trazer mais agilidade no seu
aprendizado.
Por isso a linguagem é simples mesmo em momentos tão complexos da
nossa legislação.
E lembre-se: 88% das pessoas financeiramente bem-sucedidas estuda
algo novo ou lê algo diferente relacionado com a sua carreira durante 30
minutos (ou mais) todos os dias. Fonte: RichHabitsInstitute.
Então, leiareleia este conteúdo, porque uma participação mais ou menos
hoje pode trazer um padrão bem abaixo do que você espera no futuro.
Por isso é tão importante apostar em conhecimento.
Um grande abraço!

Valéria Costa.
ALGUMAS REFERÊNCIAS
CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988.

LEI 8.666/93, DE 21 DE JUNHO DE 1993


Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações
e contratos da Administração Pública e dá outras providências.

LEI COMPLEMENTAR Nº 123, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2006


Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera
dispositivos das Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das

Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, da Lei
nº 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar nº 63, de 11 de janeiro de 1990;
e revoga as Leis nos 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999.
Mensagem de veto

Brasil. Tribunal de Contas da União.

Licitações e contratos : orientações e jurisprudência do TCU / Tribunal de Contas da


União. – 4. Ed.Rev., atual. eAmpl. – Brasília : TCU,Secretaria‑Geral da Presidência : Senado
Federal, Secretaria Especial deEditoração e Publicações, 2010.910 p.

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO - Jurisprudência


https://portal.tcu.gov.br/jurisprudencia/inicio/

JUSTEN FILHO, Marçal.


Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 16. ed. rev. atual. eampl. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. 1277 p. ISBN 978-85-203-5145-1.

JUSTEN FILHO, Marçal.


Curso de direito administrativo. 8. ed. rev. ampl. e atual. Belo Horizonte: Fórum, 2012. 1314
p. ISBN 978-85-7700-555-0.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. Obra atualizada por Eurico de
Andrade Azevedo, DelcioBalestero Aleixo e José Emmanuel Burle Filho. 26ª Edição, São
Paulo: Malheiros. P.90.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 39. ed. São Paulo: Malheiros,
2013. 925 p. ISBN 978-85-392-0159-4.

Resolução CONFEA 1.025/2009.

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