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ESTRUTURAS METÁLICAS - UFPR

CAPÍTULO 1
AÇOS ESTRUTURAIS

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INDICE

CAPÍTULO 1 - AÇOS ESTRUTURAIS.................................................................................................1

1 INTRODUÇÃO - HISTÓRICO .................................................................................................... 1

2 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DAS ESTRUTURAS DE AÇO ............................................ 2

3 REFERÊNCIAS NORMATIVAS ................................................................................................. 3

4 CARACTERÍSTICAS DO AÇO ESTRUTURAL ......................................................................... 4


4.1 Composição ....................................................................................................................4
4.2 Propriedades ...................................................................................................................4

5 PRODUTOS SIDERÚRGICOS PARA ESTRUTURAS............................................................... 7


5.1 Barras:.............................................................................................................................7
5.2 Chapas: ...........................................................................................................................7
5.3 Perfis Laminados, com seção I, H, C (ou U): ..................................................................8
5.4 Perfis Laminados, com seção cantoneira (L): .................................................................9

6 CLASSES DE RESISTÊNCIA DOS AÇOS ESTRUTURAIS ...................................................... 9

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CAPÍTULO 1 - AÇOS ESTRUTURAIS

1 INTRODUÇÃO - HISTÓRICO

As primeiras obras de aço surgiram praticamente ao mesmo tempo em que se iniciou a


produção industrial desse material, por volta de 1780 existe registro da aplicação de aço na
escadaria do museu do Louvre, em Paris e Pouco tempo antes, em 1757, na Inglaterra, foi
construída uma ponte em ferro fundido. Com o avanço no processo de fabricação do aço, por
volta de 1880, já existe uma grande aplicação de aço na construção civil dos Estados Unidos.
No Brasil, a primeira obra em estrutura metálica foi a ponte sobre o rio Paraíba do Sul, no
estado do Rio de Janeiro, em 1857.

No Brasil não existem estatísticas específicas de percenual de tipo de estrutura por metro
quadrado. Citando informações do Centro Brasileiro da Construção com Aço – cbca, obtidas
com base em levantamentos junto as fabricantes de estruturas metálicas, verifica-se que,
enquanto nos Estados Unidos 50% das edificações são construídas em aço e, no Reino Unido,
em 70% delas, no Brasil essa participação é de cerca de 15%.

Os dados mais recentes apontam ainda que, de uma demanda total em 2008 superior a 2,8
milhões de toneladas para construção em aço, os principais destaques foram os aços planos
revestidos, destinados a telhas, perfis steel framing e perfis drywall, que passaram de 502 mil
toneladas em 2007, para 729 mil toneladas (+ 45,1%) em 2008; e a demanda dos perfis e tubos
para estruturas que cresceu de 284 mil toneladas para 411 mil toneladas (+ 44,7%) no mesmo
período.

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2 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DAS ESTRUTURAS DE AÇO

Embora seja mais correto conceitualmente referir-se a características do que a vantagens e


desvantagens de um determinado sistema estrutural, vamos relacionar a seguir alguns
aspectos favoráveis e desfavoráveis da utilização do aço em estruturas. Deve-se ressaltar,
contudo, que a aplicação de um ou de outro sistema estrutural é precedida por uma avaliação
das características de cada sistema, optando pelo mais adequado à situação considerada.

Vantagens:

• Alta resistência do material, que possibilita a execução de estruturas comparativamente


leves;

• Processo de fabricação garante dimensões e propriedades homogêneas para o material


e para as peças fabricadas;

• Por tratar-se de estrutura com características de pré-fabricação, a sua aplicação em


campo é rápida e limpa. Possibilidade de reduções em cronogramas;

• Flexibilidade de aplicação em situações especiais, tais como: reformas, reforços,


canteiros exíguos ou estruturas temporárias;

Desvantagens:

• Necessidade de tratamento e cuidados especiais contra corrosão;

• Sensibilidade estrutural em caso de incêndio;

• Por tratar-se, em geral, de estruturas esbeltas, é importante considerar a possibilidade


de vibrações indesejáveis na estrutura;

• Necessidade de mão de obra mais especializada e equipamentos para serviços de


montagem e solda;

• Por tratar-se de estrutura com características de pré-fabricação, o projeto necessita


adaptar-se à disponibilidade do fornecimento e não o contrário.

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3 REFERÊNCIAS NORMATIVAS

Abaixo estão relacionadas as principais normas de referência para projeto de estruturas de


metálicas.

Norma Título

Perfis I e H de abas paralelas, de aço, laminados a


NBR 6008/6009
quente - Padronização

Perfis estruturais de aço formados a frio -


NBR 6355
Padronização

NBR 6657 Perfis de Estruturas de Aço

NBR 8681 Ações e segurança nas estruturas - Procedimento

Proteção de estruturas contra descargas


NBR 5419
atmosféricas

Forças devidas ao vento em edificações -


NBR 6123
Procedimento

Carga para cálculo de estruturas de edificações -


NBR 6120
Procedimento

NBR 5884 Perfil I estrutural de aço soldado por arco elétrico

Dimensionamento de estruturas de aço constituídas


NBR 14762
por perfis formados a frio

Exigências de resistência ao fogo de elementos


NBR 14432
construtivos - Procedimento

Dimensionamento de estruturas de aço em situação


NBR 14323
de incêndio - Procedimento

Projeto e Execução de Estruturas de Aço em


NBR 8800
Edifícios (Métodos dos Estados Limites)

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4 CARACTERÍSTICAS DO AÇO ESTRUTURAL

4.1 Composição
Sob o ponto de vista de sua fabricação, o aço estrutural tem uma grande variação, porém,
pode-se dizer de modo simplificado, que o elemento mais importante na formulação do aço é o
Carbono. As variações no teor desse material determinam principalmente alterações na
resistência e na maleabilidade do aço. Quanto maior o teor de Carbono, maior a resistência e
menos dútil o aço, ou seja, menos capaz de sofrer deformações sem romper. A classificação do
aço conforme o seu teor de Carbono está colocada a seguir:

4.1.1 Aços Carbono:

Classificação Teor de Carbono


Baixo Carbono C < 0,15%
Moderado 0,15% ≤ C < 0,29%
Médio Carbono 0,30% < C < 0,59%
Alto Carbono 0,60% < C < 1,70%

Os aços de teores baixos a moderados são os mais utilizados em estruturas


por não necessitarem de cuidados especiais para serem soldados. Conforme
já mencionado, na medida em que se aumenta o teor de Carbono no aço,
aumenta-se sua resistência e é diminuida sua ductibilidade.

4.1.2 Aços Baixa Liga:

São definidos como Aços Carbono que recebem elementos de liga (Cromo, Colúmbio, Cobre,
Manganês, Molibdênio, Níquel, Fósforo, Vanádio, etc) que melhoram a resistência ou outras
propriedades do aço sem alterar sua soldabilidade.

4.2 Propriedades

4.2.1 As principais propriedades mecânicas gerais do aço estrutural estão relacionadas a seguir
(NBR-8800-4.5.2.8):
a) Módulo de Elasticidade Tangente: E = 200.000 MPa;

b) Módulo de Elasticidade Transversal G = 70.000 Mpa;

c) Coeficiente de Poisson: νa = 0,3;

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d) Coeficiente de Dilatação Térmica: βa = 1,2 x 10-6 oC-1;

e) Massa específica: ρa = 7.850 Kg/m3.

4.2.2 Diagrama tensão deformação:

σa
(kN/cm2)
fu

fy
fp

ductibilidade
encruamento

ε (m/m )

No diagrama: fu - Resistência de ruptura do aço à tração ou limite de resistência à tração;

fy - Resistência ao escoamento do aço à tensão normal ou limite de


escoamento;

fp - Limite de proporcionalidade.

* A NBR 8800 estabelece no item 4.5.2.2 seus limites de aplicabilidade:

Para aplicação da NBR 8800/2008, deve-se obedecer às seguintes condições:

Relação fu /fy>=1,18 e fy<=450MPa e qualificação estrutural assegurada por Norma


Brasileira;
Para aços sem essa qualificação, o responsável técnico deve analisar as diferenças
entre as especificações desses aços e os qualificados por NBR (especialmente no que
se refere a métodos de amostragem para determinação de propriedades mecânicas).
Para esses aços também devem ser respeitadas as relações de tensões e os valores
limite expressos mais acima.
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4.2.3 Particularidades do comportamento tensão deformação do aço:

a) Ductibilidade:
É a propriedade que um material apresenta de se deformar sob ação de cargas. A esta
propriedade está associada a capacidade que estruturas construídas com materiais dúteis
apresentam de se deformar plasticamente, redistribuindo as tensões internas.

b) Ruptura frágil - fragilidade:


Sob certas condições a o metal perde sua característica de ductibilidade podendo apresentar
um comportamento frágil. Essas condições, que devem ser evitadas, ou verificadas com
especial cuidado, são, por exemplo:
estados múltiplos de tensões não previstos no projeto e soldas indequadas;

c) Temperatura:
Ao serem elevadas as temperaturas, os valores de fu, fy e E se reduzem.
Para a temperatura de 500 oC, as grandezas acima são reduzidas pela metade e para uma
temperatura acima desse valor se reduzem a quase zero. A NBR-8800 em seu item 1.6
remete o dimensionamento de estruturas metálicas sob o efeito de incêndio para outra norma,
a NBR 14323;

d) Fadiga:
Quando submetidos a ciclos de carga e descarga, o aço estrutural, como outros materiais pode
sofrer ruptura sob tensões menores que suas resistências nominais, que são obtidas, em geral,
a partir de ensaios estáticos. O anexo K da NBR 8800 trata deste fenômeno.

f) Corrosão:
O processo de corrosão compromete a resistência da estrutura pela redução da seção útil dos
perfis estruturais. O anexo N da NBR 8800 fornece informações gerais sobre o processo de
corrosão e indica alguns procedimentos preventivos.

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5 PRODUTOS SIDERÚRGICOS PARA ESTRUTURAS

Os aços estruturais são fornecidos em forma de perfis, chapas, barras, fios e cordoalhas.
Sendo que os elementos estruturais das estruturas metálicas são constituídos primordialmente
por perfis metálicos. Abaixo estão colocadas as principais características e sua nomenclatura
em linhas gerais. O anexo A da NBR 8800 apresenta diversos tipos normalizados de aços
estruturais.

5.1 Barras:
As barras são produtos obtidos por laminação nas seções: circular, quadrada ou retangular
alongada (chamada “chata”). As barras são referidas pelo seu diâmetro ou pelas dimensões de
sua seção transversal no caso das barras chatas. Por exemplo:

Nomenclatura:

Φ25 – indica barra com diâmetro 25 mm.

127 x 6,4 – indica barra chata com seção 127 mm por 6,4 mm (5”x ¼”)

Classes de resistência:

De acordo com a tabela A.2 da NBR 8800 as barras têm tensão de escoamento variando desde
250 MPa até 450 MPa e tensão de ruptura 400 MPa até 550 MPa.

5.2 Chapas:
As chapas também são elementos laminados com espessuras variadas e resistências variadas.
As chapas finas são as que têm espessuras de até 5,0 mm, acima desse valor estão as chapas
grossas.

Nomenclatura e classes de resistência:

De modo geral, pode-se referir uma chapa por CH 8 (chapa com 8,0 mm de espessura).

A NBR 8800 refere-se também a nomenclatura de acordo com várias classes de resistência,
por exemplo:

Para aços comuns:

CG-26, chapa grossa com fy=255 MPa e fu=410 MPa;

CF-26, chapa fina com fy=260 MPa e fu=400 MPa;

Para aços de baixa liga e alta resistência mecânica:

G-35, chapa grossa, fy=345 MPa e fu=450 MPa;

F-35, chapa fina, fy=340 MPa e fu=450 MPa;

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5.3 Perfis Laminados, com seção I, H, C (ou U):

tf

h d

tf

bf

Os perfis estruturais podem ser laminados, soldados ou de chapa dobrada, esses últimos não
são definidos pela NBR 8800 mas em norma específica, de modo que não serão tratados no
presente texto. Existem inúmeros produtos, fabricados em padrões americanos (série
americana, perfis de faces, em geral, não paralelas) e padrões europeus (série européia, de
faces paralelas) de modo que serão fornecidas apenas denominações mais comuns e
exemplos. Como regra geral, sempre é necessário trabalhar com a tabela do fornecedor para
obter as propriedades do perfil.

A nomenclatura dos perfis I, H e C (ou U) segue uma regra geral, onde é fornecida a indicação
da forma do perfil seguida de sua altura total (d, em mm) e de sua massa linear (kg/m). Por
exemplo:

I 101 x 12,7, perfil I, com d = 101,0 mm e massa linear 12,7 kg/m.

C (ou U) 254 x 22,7, perfil Tipo C (Channel, ou U), com d = 254,0 mm e massa linear 22,7
kg/m.

No caso de perfis soldados, a regra geral de nomenclatura é praticamente a mesma, com os


seguintes nomes para os perfis:

Perfil tipo viga soldada VS – com relação d/bf – 4,0 >= d/bf >= 2,0 (em geral
d/bf~=2,0)

Perfil tipo coluna viga soldada CVS – 1,0 >= d/bf >= 1,5 (em geral
d/bf~=1,5)

Perfil coluna soldada CS – d/bf ~= 1,0

Exemplo: VS 200 x 23, viga soldada com d = 200,0 mm e massa linear 23 kg/m.

Existem diversos complementos possíveis e algumas nomenclaturas alternativas, por exemplo:

Perfil W d x massa linear – perfil I de aba larga (tabela de perfis USIMINAS)

Perfil HP d x massa linear – perfil H de faces paralelas, ou

Perfil HPP d x massa linear – perfil H com faces paralelas e pesado (existem HPL e HPM,
leve e médio, respectivamente).

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Deve-se salientar, também, que a referência à altura do perfil e à sua massa linear é
frequentemente arredondada nos nomes de perfis das tabelas, de modo que deve-se consultar
os valores exatos nas próprias tabelas.

5.4 Perfis Laminados, com seção cantoneira (L):


Os perfis cantoneira podem seguir a mesma regra anterior, porém é mais comum utilizar
nomenclatura própria, conforme está colocado a seguir:

L 102 x 6,4, cantoneira de abas iguais com lado 102,0 mm e espessura 6,4 mm;

L 89 x 64 X 6,4, cantoneira de abas desiguais, com lados 89,0 e 64,0 mm, e espessura 6,4 mm.

6 CLASSES DE RESISTÊNCIA DOS AÇOS ESTRUTURAIS

A NBR 8800 em seu anexo A, tabelas A.1 e A.2, define as classes de resistência dos aços.

Como regra geral, temos pela nomenclatura ABNT:

Aço de média resistência – MR 250, aço com tensão de escoamento, fy=250 MPa e fu=400
MPa;

Aço de alta resistência – AR 350, aço com tensão de escoamento, fy=350 MPa e fu=410 MPa ou
fu=485 MPa.

Existe também o aço com maior resistência à corrosão: COR AR 415, fy=415 MPa e fu=520
MPa.

Abaixo, estão colocadas as tabelas A.1 e A.2 da NBR 8800 para referência de classes
estruturais. A tabela A.2 traz os aços conforme a nomenclatura ASTM, nessa tabela, ressalte-se
o aço A36, equivalente ao MR250, e de larga utilização.

Obs.: As tabelas foram extraídas do projeto de revisão, mas são idênticas às da versão final da
NBR 8800.

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