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ÉTICA CRISTÃ - EBD

INTRODUÇÃO

O mundo em que vivemos é um mundo marcado pelo relativismo, onde o certo


e o errado nunca foram tão banalizados. Para a maioria das pessoas, os
padrões morais e valores sociais ficam a critério de cada um. Por isso, vivemos
num mundo altamente individualista que prevalece nas relações sociais,
educacionais, econômicas, na religião e no trabalho.

A cada dia somos desafiados a viver de tal maneira que a glória de Deus se
manifeste através de nossas vidas, cumprindo assim o propósito de Deus para
cada uma de nós.

Todos nós tomamos diariamente dezenas de decisões. Fazemos escolhas,


optamos, resolvemos e determinamos aquilo que tem a ver com nossa vida
individual; a vida da empresa, da igreja, a vida da nossa família... Enfim, a vida
de nossos semelhantes.

Ao elegermos uma determinada solução em detrimento de outra, o


fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores do que
acreditamos ser certo ou errado. É isso que chamamos de ética.

ETIMOLOGIA

Etimologicamente, ética vem do grego (ethos), e significa originalmente


morada, seja o habitat dos animais, seja a morada do homem, lugar onde ele
se sente acolhido e abrigado. O segundo sentido, proveniente deste, é
costume, rito, procedimento, modo ou estilo habitual de ser. Com o tempo,
passou a designar qualquer conjunto de princípios ideais da conduta humana,
as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros de
uma sociedade.

Segundo o Dicionário Aurélio, “ética é o estudo dos juízos de apreciação


que se refere à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de
vista do bem e do mal”.
DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL

A ética possui normas invariáveis (código ético). A moral como trata dos
costumes, possui normas variáveis Exemplo: o que era imoral no passado
pode não ser hoje. O que é imoral para nós pode ser perfeitamente moral para
outros povos. Um claro exemplo disso são as tribos indígenas. Mesmo que o
mundo resolva declarar guerra à moral e a ética, os verdadeiros crentes não
podem e nem devem imitá-lo. Um cristão autêntico não pode dissociar-se
destes princípios que nosso Senhor valorizou, não basta dizer que isso ou
aquilo é imoral, é preciso deter o avanço da imoralidade que corrói a nação.
Leia atentamente Isaías 5.20-24.

Podemos considerar que a moralidade possui duas esferas:

A moral (do latim moralis que significa costumes) se refere aos costumes,
valores, regras e normas de conduta de uma sociedade ou cultura.
(Dicionário Básico de Filosofia – Japiassú/Marcondes)

A ética (do grego ethike diz respeito a costumes) tem por objetivo
elaborar uma reflexão sobre a moralidade: a finalidade da vida humana,
os fundamentos da obrigação e do dever, a natureza do bem e do mal, o
valor da consciência moral (Dicionário Básico de Filosofia.

Japiassu/Marcondes)

Dessa forma, quando o homem enfrenta uma determinada situação que deverá
decidir o que fazer, e quando utiliza uma norma de conduta aceita pela
sociedade, estamos na esfera moral ou prática. Quando o homem reflete sobre
seus atos, na tentativa de julgar se procedeu certo ou não, com justiça ou não,
estamos na esfera da ética ou da teoria.

Nas relações cotidianas entre os indivíduos, surgem continuamente problemas


como estes:

Devo cumprir a promessa que fiz ontem ao meu amigo, embora hoje perceba
que o cumprimento me causará certos prejuízos?
Se alguém, à noite, se aproxima de mim de maneira suspeita e desconfio que
vá me atacar, devo agredi-lo mas primeiro a fim de não correr o risco de ser
agredido, aproveitando que ninguém descobrirá o meu ato?

Com respeito aos crimes cometidos pelos nazistas durante a Segunda Guerra
Mundial, os soldados que os executaram, cumprindo ordens militares, podem
ser moralmente condenados?

Devo dizer sempre a verdade ou há ocasiões em que devo mentir?

Em todos estes casos, trata-se de problemas práticos, isto é, de problemas que


se apresentam nas relações concretas entre indivíduos ou quando se julgam
certas decisões e ações dos mesmos. Trata se, por sua vez, de problemas cuja
solução não concerne somente à pessoa que os propõe, mas também a outras
pessoas que sofrerão as consequências da sua decisão e da sua ação. As
consequências podem afetar somente um indivíduo (devo dizer a verdade ou
devo mentir?); em outros casos, trata-se de ações que atingem vários
indivíduos ou grupos sociais (os soldados nazistas deviam executar as ordens
de extermínio emanadas de seus superiores?). Enfim, as consequências
podem estender-se a uma comunidade inteira, como a nação (devo guardar
silêncio em nome da amizade, diante do procedimento de meu amigo traidor?).

Em situações como estas que acabamos de enumerar, os indivíduos se


defrontam com a necessidade de pautar o seu comportamento por normas que
se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser cumpridas. Estas normas
são aceitas intimamente e reconhecidas como obrigatórias. De acordo com
elas, os indivíduos compreendem que têm o dever de agir desta ou daquela
maneira.

Nestes casos, dizemos que o homem age moralmente e que neste seu
comportamento se evidenciam vários traços característicos que o diferenciam
de outras formas de conduta humana. Sobre este comportamento, que é o
resultado de uma decisão refletida e, por isto, não puramente espontânea ou
natural, os outros julgam, de acordo também com normas estabelecidas, e
formulam juízos como os seguintes: “X agiu bem mentindo naquelas
circunstâncias”; “Z devia denunciar o seu amigo traidor”, etc.

De um lado, temos atos e formas de comportamentos dos homens em face de


determinados problemas, que chamamos morais. De outro lado, há juízos que
aprovam ou desaprovam moralmente os mesmos atos. Todavia, tanto os atos
quanto os juízos morais pressupõem certas normas que apontam o que se
deve fazer. Assim, por exemplo, o juízo: “Z devia denunciar o seu amigo
traidor”, pressupõe a norma “os interesses da pátria devem ser postos acima
dos da amizade”.

Na vida real, defrontamo-nos com problemas práticos do tipo dos citados


acima, dos quais ninguém pode eximir-se. Para resolvê-los, os indivíduos
recorrem a normas, cumprem determinados atos, formulam juízos e, às vezes,
se servem de determinados argumentos ou razões para justificar a decisão
adotada ou os passos dados.

Tudo isto faz parte de um tipo de comportamento efetivo, tanto dos indivíduos
quanto dos grupos sociais; tanto de ontem quanto de hoje. De fato, o
comportamento humano práticomoral, ainda que sujeito a variação de uma
época para outra e de uma sociedade para outra, remonta até as próprias
origens do homem como ser social.

A este comportamento prático-moral, que já se encontra nas formas mais


primitivas de comunidade, sucede posteriormente, uma reflexão sobre ele. Os
homens não só agem moralmente (isto é, enfrentam determinados problemas
nas suas relações mútuas, tomam decisões e realizam certos atos para
resolvê-los e, ao mesmo tempo, julgam ou avaliam de uma ou de outra maneira
estas decisões e estes atos), mas também refletem sobre esse comportamento
prático e o tomam como objeto da sua reflexão e de seu pensamento. Dáse
assim a passagem do plano da prática moral para o da teoria moral; ou, em
outras palavras, da moral efetiva para a moral reflexa. Quando se verifica esta
passagem, que coincide com o início do pensamento filosófico, já estamos
propriamente na esfera dos problemas teóricos morais ou éticos.

Diferentemente dos problemas práticos morais, os problemas éticos são


caracterizados pela sua generalidade. Se na vida real um indivíduo enfrenta
uma determinada situação, deverá resolver por si mesmo o problema de como
agir de maneira a que sua ação possaser boa, isto é, moralmente valiosa.

Será inútil recorrer à ética com a esperança de encontrar nela uma norma de
ação para cada situação concreta. A ética poderá dizer-lhe, em geral, o que é
um comportamento pautado por normas, ou em que consiste o fim visado pelo
comportamento moral, do qual faz parte o procedimento do indivíduo ou o de
todos. O problema do que fazer em cada situação concreta é um problema
prático-moral e não-teórico ético. Ao contrário, definir o que é o bom não é um
problema moral cuja solução caiba ao indivíduo em cada caso particular, mas
um problema geral de caráter teórico, de competência do investigador da
moral, ou seja, do ético.

DEFINIÇÃO DE ÉTICA

Ética é o conjunto de valores ou padrões pelos quais uma pessoa entende o


que é certo ou errado e toma decisões.

Para o cristão, a ética pode ser entendida como “um conjunto de regras e
condutas, tendo por fundamento a Palavra de Deus”.

Para nós, que temos Jesus Cristo como Senhor e Salvador de nossas vidas, o
certo ou o errado devem ter como base a Bíblia Sagrada, considerada como
“regra de fé e prática”.

Ética, em seu sentido mais amplo, pode ser definida como a sensibilização da
consciência humana por certos valores ou pelo que considera como valor.
Esses valores podem ser representados por normas, as quais são relativas e
culturais em sua formulação. Infere-se, daí, que existem tantas éticas quantas
ideologias, sistemas de pensamento, culturas, interpretações da História, do
Homem e do Mundo. Todavia as éticas têm em comum a interpretação do
homem e seu destino.
A ética religiosa busca viver os valores baseada em uma interpretação
teológica da História.

Assim, a ética cristã é a resposta da comunidade cristã a Deus em um


determinado momento da História. Essa resposta se fundamenta em uma
interpretação da fé. Por isso a vivência concreta dos valores, também na fé
cristã, assume características próprias em cada época e em cada cultura, já
que cada época tem seus problemas e sensibilidade próprios.

Cada um de nós tem uma ética. Cada um de nós, por mais influenciado que
seja pelo relativismo e pelo pluralismo de nossos dias, tem um sistema de
valores interno que consulta (nem sempre, a julgar pela incoerência de nossas
decisões...!) no processo de fazer escolhas. Nem sempre estamos conscientes
dos valores que compõem esse sistema, mas eles estão lá, influenciando
decisivamente nossas opções.

De acordo com Champlin e Bentes, ética é “A teoria da natureza do bem e


como ele pode ser alcançado”. Para Claudionor de Andrade, é o “Estudo
sistemático dos deveres e obrigações do indivíduo, da sociedade e do governo.
(Dicionário Teológico, pg.121).

Os estudiosos desse assunto geralmente agrupam as alternativas éticas de


acordo com o seu princípio orientador fundamental. As principais são:
humanística, natural e religiosa.

ÉTICA HUMANÍSTICA

As chamadas éticas humanísticas são aquelas que tomam o ser humano como
a medida de todas as coisas, seguindo o conhecido axioma do antigo pensador
sofista Protágoras (485-410 a.C.). Ou seja, são aquelas éticas que favorecem
escolhas e decisões voltadas para o homem como seu valor maior.

Hedonismo.

Esse sistema ensina que o certo é aquilo que é agradável (individualismo). A


palavra “hedonismo” vem do grego (hedon = prazer). Como movimento
filosófico, teve sua origem nos ensinos de Epicuro e de seus discípulos, cuja
máxima famosa era “comamos e bebamos porque amanhã morreremos”. O
epicurismo era um sistema de ética que ensinava, em linhas gerais, que para
ter uma vida cheia de sentido e significado, cada indivíduo deveria buscar
acima de tudo aquilo que lhe desse prazer ou felicidade.

Como consequência de sua ética, os hedonistas se abstinham da vida política


e pública, preferiam vficar solteiros, censurando o casamento e a família como
obstáculos ao bem maior, que é o prazer individual. Alguns chegavam a
defender o suicídio, visto que a morte natural era dolorosa.

Como movimento filosófico, o hedonismo passou, mas certamente a sua


doutrina central permanece em nossos dias. Somos todos hedonistas por
natureza. Frequentemente somos motivados em nossas decisões pela busca
secreta do prazer. A ética natural do homem é o hedonismo. Instintivamente,
ele toma decisões e faz escolhas tendo como princípio controlador buscar
aquilo que lhe dará maior prazer e felicidade. O individualismo exacerbado e o
materialismo moderno são formas atuais de hedonismo. Muito embora o
cristianismo reconheça a legitimidade da busca do prazer e da felicidade
individuais, considera a ética hedonista essencialmente egoísta, pois coloca
tais coisas como o princípio maior e fundamental da existência humana.

Utilitarismo.

Sistema ético que tem como valor máximo o que considera o bem maior para o
maior número de pessoas (nazismo). Em outras palavras, “o certo é o que for
útil”. As decisões são julgadas, não em termos das motivações ou princípios
morais envolvidos, mas dos resultados que produzem. Se uma escolha produz
felicidade para as pessoas, então é correta. Os principais proponentes da ética
utilitarista foram os filósofos ingleses Jeremy Bentham e John Stuart Mill.

A ética utilitarista pode parecer estar alinhada com o ensino cristão de


buscarmos o bem das pessoas. Ela chega até a ensinar que cada indivíduo
deve sacrificar seu prazer pelo da coletividade (ao contrário do hedonismo).
Entretanto, é perigosamente relativista: quem vai determinar o que é o bem
da maioria? Os nazistas dizimaram milhões de judeus em nome do bem da
humanidade. Antes deles, já era popular o adágio “o fim justifica os meios”. O
perigo do utilitarismo é que ele transforma a ética simplesmente num
pragmatismo frio e impessoal: decisões certas são aquelas que produzem
soluções, resultados e números.

Pessoas influenciadas pelo utilitarismo escolherão soluções simplesmente


porque elas funcionam, sem indagar se são corretas ou não. Utilitaristas
enfatizam o método em detrimento do conteúdo. Eles querem saber “como” e
não “por quê?”.

Existencialismo.

Ainda podemos mencionar o existencialismo, como exemplo de ética


humanística.

Defendido em diferentes formas por pensadores como Kierkegaard, Jaspers,


Heiddeger, Sartre e Simone de Beauvoir; o existencialismo é basicamente
pessimista. Existencialistas são céticos quanto a um futuro feliz ou bom para a
humanidade; são também relativistas, acreditando que o certo e o errado
são relativos à perspectiva do indivíduo e que não existem valores morais
ou espirituais absolutos. Para eles, o certo é ter uma experiência, é agir; o
errado é vegetar, ficar inerte.

Sartre, um dos mais famosos existencialistas, disse: “O mundo é absurdo e


ridículo.

Tentamos nos autenticar por um ato da vontade em qualquer direção”. Pessoas


influenciadas pelo existencialismo tentarão viver a vida com toda intensidade, e
tomarão decisões que levem a esse querer. Aldous Huxley, por exemplo,
defendeu o uso de drogas, já que as mesmas produziam experiências
acima da percepção normal. Da mesma forma, pode-se defender o
homossexualismo e o adultério.

ÉTICA NATURAL

Esse nome é geralmente dado ao sistema ético que toma como base o
processo e as leis da natureza. O certo é o natural, a natureza nos dá o padrão
a ser seguido. A natureza, numa primeira observação, ensina que somente os
mais aptos sobrevivem e que os fracos, doentes, velhos e debilitados tendem a
cair e a desaparecer à medida que a natureza evolui.

Logo, tudo que contribuir para a seleção do mais forte e a sobrevivência do


mais apto, é certo e bom; e tudo o que dificultar é errado e mau.

A ética naturalística tem alguns pressupostos acerca do homem e da natureza


baseados na teoria da evolução: (1) a natureza e o homem são produtos da
evolução; (2) a seleção natural é boa e certa.

Nietzsche considerava como virtudes reais a severidade, o egoísmo e a


agressividade; vícios seriam o amor, a humildade e a piedade.

Pode-se perceber a influência da ética naturalística claramente na sociedade


moderna. A tendência de legitimar a eliminação dos menos aptos se observa
nas tentativas de legalizar o aborto e a eutanásia em quaisquer circunstâncias.
Os nazistas eliminaram doentes mentais e esterilizaram os “inaptos”
biologicamente. Sade defendia a exploração dos mais fracos (mulheres, em
especial). Nazistas defenderam o conceito da raça branca germânica como
uma raça dominadora, justificando assim a eliminação dos judeus e de outros
grupos. Ainda hoje encontramos pichações feitas por neo-nazistas nos muros
de São Paulo contra negros, nordestinos e pobres. Conscientemente ou não,
pessoas assim seguem a ética naturalística da sobrevivência dos mais aptos e
da destruição dos mais fracos.

Os cristãos entendem que uma ética baseada na natureza jamais poderá ser
legítima, visto que a natureza e o homem se encontram hoje radicalmente
desvirtuados como resultado do afastamento da humanidade do seu Criador. A
natureza como a temos hoje se afasta do estado original em que foi criada.
Não pode servir como um sistema de valores para a conduta dos homens.

ÉTICA RELIGIOSA

São aqueles sistemas de valores que procuram na divindade (Deus ou deuses)


o motivo maior de suas ações e decisões. Nesses sistemas existe uma relação
inseparável entre ética e religião. O juiz maior das questões éticas é o que a
divindade diz sobre o assunto.
Evidentemente, o conceito de Deus que cada um desse sistema mantém,
acabará por influenciar decisivamente o código ético (como se pensa) e o
comportamento a ser seguido.

Como cristãos entendemos que éticas baseadas no homem e na natureza são


inadequadas porque:

a) Não oferecem base bíblica para justificar a misericórdia, o perdão e o amor;

b) Estão em constante mudança e não tem como oferecer paradigma (padrão)


duradouro, fixo. No mundo grego antigo os deuses foram concebidos
(especialmente nas obras de Homero) como similares aos homens, com
paixões e desejos bem humanos e sem muitos padrões morais (muito embora
essa concepção tenha recebido muitas críticas de filósofos importantes da
época). Além de dominarem forças da natureza, o que tornava os deuses
distintos dos homens é que esses últimos eram mortais. Não é de admirar que
a religião grega clássica não impunha demandas e restrições ao
comportamento de seus adeptos, a não ser por grupos ascéticos que seguiam
severas dietas religiosas buscando a purificação.

O conceito hindú de não matar as vacas vem de uma crença do período védico
(1300 a.c) que associa as mesmas a algumas divindades do hinduísmo,
especialmente Krishna. O culto a esse deus tem elementos pastoris e rurais.

O que pensamos acerca de Deus irá certamente influenciar nosso sistema


interno de valores bem como o processo decisório que enfrentamos todos os
dias. Isso vale também para ateus e agnósticos. O seu sistema de valores já
parte do pressuposto de que Deus não existe. E esse pressuposto
inevitavelmente irá influenciar suas decisões e seu sistema de valores.

A ÉTICA CRISTÃ

Á ética cristã é o sistema de valores morais associado ao Cristianismo histórico


e que retira dele a sustentação teológica e filosófica de seus preceitos, regra,
norma.
A ética cristã é o conjunto de valores morais que encontramos unicamente na
Bíblia, é por esse manual que todos nós devemos regular a nossa conduta
nesse mundo, diante de Deus, de todos os semelhantes e de nós mesmos. A
Bíblia não é um conjunto de regras para que o homem possa chegar a Deus,
mas é a norma de conduta pela qual poderá agradar ao Deus que já entregou a
sua vida pela humanidade.

Como as demais éticas já mencionadas acima, a ética cristã opera a partir de
diversos pressupostos e conceitos que acredita estar revelados nas Escrituras
Sagradas pelo único Deus verdadeiro. São estes:

1) A existência de um único Deus verdadeiro, criador dos céus e da terra. A


ética cristã parte do conceito de que o Deus que se revela nas Escrituras
Sagradas é o único Deus verdadeiro e que, sendo o criador do mundo e da
humanidade, deve ser reconhecido e crido como tal e a sua vontade respeitada
e obedecida.

2) A humanidade está num estado decaído, diferente daquele em que foi


criada. A ética cristã leva em conta, na sistematização e sintetização dos
deveres morais e práticos das pessoas, que as mesmas são incapazes por si
próprias de reconhecer a vontade de Deus e muito menos de obedecê-la. Isso
se deve ao fato de que a humanidade vive hoje em estado de afastamento de
Deus, provocado inicialmente pela desobediência do primeiro casal. A ética
cristã não tem ilusões utópicas acerca da “bondade inerente” de cada pessoa
ou da intuição moral positiva de cada uma para decidir por si própria o que é
certo e o que é errado. Cegada pelo pecado, a humanidade caminha sem rumo
moral, cada um fazendo o que bem parece aos seus olhos.

As normas propostas pela ética cristã pressupõem a regeneração espiritual do


homem e a assistência do Espírito Santo, para que o mesmo venha a conduzir-
se eticamente diante do Criador.

3) O homem não é moralmente neutro, mas inclinado a tomar decisões


contrárias a Deus. Esse pressuposto é uma implicação inevitável. As pessoas,
no estado natural em que se encontram (em contraste ao estado de
regeneração) são movidas intuitivamente, acima de tudo, pela cobiça e pelo
egoísmo, seguindo muito naturalmente (e inconscientemente) sistemas de
valores descritos acima como humanísticos ou naturalísticos. Por si só, as
pessoas são incapazes de seguir até mesmo os padrões que escolhem para si,
violando diariamente os próprios princípios de conduta que consideram
corretos.

4) Deus revelou-se à humanidade. Essa pressuposição é fundamental para a


ética cristã, pois é dessa revelação que ela tira seus conceitos acerca do
mundo, da humanidade e especialmente do que é certo e do que é errado. A
ética cristã reconhece que Deus se revela como Criador através da sua
imagem em nós.

Cada pessoa traz, como criatura de Deus, resquícios dessa imagem, agora
deformada pelo egoísmo e desejos de autonomia e independência de Deus. A
consciência das pessoas, embora frequentemente ignorada e suprimida, reflete
por vezes lampejos dos valores divinos. Deus também se revela através das
coisas criadas. O mundo que nos cerca é um testemunho vivo da divindade,
poder e sabedoria de Deus, muito mais do que o resultado de milhões de anos
de evolução cega. Entretanto é através de sua revelação especial nas
Escrituras que Deus nos faz saber acerca de si próprio, de nós mesmos (pois é
nosso Criador), do mundo que nos cerca, dos seus planos a nosso respeito e
da maneira como deveríamos nos portar no mundo que criou.

Assim, muito embora a ética cristã se utilize do bom senso comum às pessoas,
depende primariamente das Escrituras na elaboração dos padrões morais e
espirituais que devem reger nossa conduta neste mundo. Ela considera que a
Bíblia traz todo o conhecimento de que precisamos para servir a Deus de forma
agradável e para vivermos alegres e satisfeitos no mundo presente.

Ali encontraremos os princípios teóricos que regem diferentes áreas da vida


humana. É na interação com esses princípios e com os problemas de cada
geração, que a ética cristã atualiza-se e contextualiza-se, sem jamais
abandonar os valores permanentes e transcendentes revelados nas Escrituras.

É precisamente por basear-se na revelação que o Criador nos deu que a ética
cristã estende-se a todas as dimensões da realidade. Ela pronuncia-se sobre
questões individuais, religiosas, sociais, políticas, ecológicas e econômicas.
Desde que Deus exerce sua autoridade sobre todas as dimensões da
existência humana, suas demandas nos alcançam onde nos acharmos;
inclusive no ambiente de trabalho, onde exercemos o mandato divino de
explorarmos o mundo criado e ganharmos o nosso pão.

É nas Escrituras Sagradas, portanto, que encontramos o padrão moral


revelado por Deus. Os Dez Mandamentos e o Sermão do Monte proferido por
Jesus são os exemplos mais conhecidos. Entretanto, mais do que
simplesmente um livro de regras morais, as Escrituras são para os cristãos a
revelação do que Deus fez para que o homem pudesse vir a conhecê-lo, amá-
lo e alegremente obedecê-lo. A mensagem das Escrituras é fundamentalmente
de reconciliação com Deus mediante Jesus Cristo. A ética cristã fundamenta-se
na obra realizada de Cristo e é uma expressão de gratidão, muito mais do que
um esforço para merecer as benesses divinas.

Por que “estudar” Ética Cristã? Porque todos nós, como cristãos, somos
indivíduos dentro de uma sociedade majoritariamente não cristã. Os valores
cristãos que seguimos devem encontrar correspondência na sociedade em que
vivemos. Na verdade poderíamos dizer que não se “estuda” ética, mas se
concebe e se vive um tipo de ética.

DEFINIÇÃO DE ÉTICA CRISTÃ

Para o cristão, a ética pode ser entendida como um conjunto de regras de


conduta, aceitas pelos cristãos, tendo por fundamento a Palavra de Deus.

Para os que crêem em Jesus Cristo como Salvador e Senhor de suas vidas, o
certo ou o errado devem ter como base a Bíblia Sagrada, considerada como
“regra de fé e prática”, conforme bem a definiram Lutero e outros reformadores.

A ética cristã pode valer-se de argumentos filosóficos, de modo complementar,


mas prescinde deles nas definições do que é certo ou errado.

Os padrões da ética humana mudam conforme as tendências dos valores


morais da sociedade. De país para país, verifica-se que há o fenômeno
chamado de “nova moralidade”, que envelhece em pouco tempo. Entretanto,
na visão de Rudnick, “a nova moralidade” que estamos experimentando desde
os anos sessenta não é o tipo de atualização natural e necessária dos pontos
de vista éticos, com base em nova informação. É, na verdade, uma revolução
ética, na qual os princípios da ética cristã têm sido agredidos e repudiados por
muitos. (Ética Cristã Para Hoje, pág. 18).

Assim, temos que admitir que a ética cristã tem sua própria lógica e
consistência, quando baseada na Bíblia, pois esta é infalível, imutável e
inerrante.

A ÉTICA DO ANTIGO TESTAMENTO

Desde a Criação do mundo, do homem, da mulher e a confiança em ambos


depositada pelo Criador logo definiu qual deveria ser o padrão de conduta para
merecer o recebimento das bênçãos Divinas: um compromisso estabelecido,
uma palavra dada sempre deve ser mantida. Esta é uma entre tantas lições
que se aprende do pecado ocorrido no Éden.

O Dilúvio que devastou o mundo a fim de purificá-lo com suas águas, poupou
um único homem bom e justo, Noé e sua família, fornecendo uma prova ímpar
sobre a importância de quem se conduz com moralidade no mundo.

*Assim como nos dias de Noé – Mateus 24:36-44 (o padrão de Deus salva.
Qualquer outro padrão de moral é assassinato de si)*

O caráter ético de Deus

A religião dos judeus tem sido descrita como “monoteísmo ético”. O Velho
Testamento fala da existência de um único DEUS, o criador e Senhor de todas
as coisas. Esse Deus é pessoal e tem um caráter positivo, não negativo ou
neutro. Esse caráter se revela em seus atributos morais. Deus é Santo (Lv 11,
45; Sl 99, 9), justo (Sl 11, 7; 145, 17), verdadeiro (Sl 119, 160; Is 45, 19),
misericordioso (Sl 103, 8; Is 55, 7), fiel (Dt 7, 9; Sl 33, 4).

A natureza moral do homem

A Escritura afirma que Deus criou o ser humano à sua semelhança (Gn 1, 26-
27). Isso significa que o homem partilha, ainda que de modo limitado, do
caráter moral de seu Criador. Embora o pecado haja distorcido essa imagem
divina no ser humano, não a destruiu totalmente. Deus requer uma conduta
ética das suas criaturas: “Sede santos porque eu sou santo” (Lv 19, 2; 20, 26).
A Lei de Deus

A lei expressa o desejo que Deus tem de que as suas criaturas vivam vidas de
integridade. Há três tipos de leis no Antigo Testamento: cerimoniais, civis e
morais. Todas visavam disciplinar o relacionamento das pessoas com Deus e
com o seu próximo. A lei incluía valores como a solidariedade, o altruísmo, a
humildade, a veracidade, sempre visando o bem-estar do indivíduo, da família
e da coletividade.

*Ao todo, são computados 613 mandamentos no Antigo Testamento. Os


teólogos dividem esses mandamentos em três categorias diferentes:

(1) lei moral – revela a essência de Deus, a natureza boa santa e justa de
Deus;

(2) lei cerimonial – diz respeito aos rituais da Antiga Aliança, e tinha o objetivo
de apontar para o Cristo, o Cordeiro de Deus;

(3) Lei civil ou judicial – tinha o objetivo de regulamentar de forma específica a


vida em sociedade do povo de Israel quando foi dada (mais ou menos 3.400
anos atrás).

Destas três, a única que é eterna, nunca passa, é a lei moral. Por isso,
segundo entendem os cristãos, ela fornece um padrão universal de justiça a
ser seguido em todos os tempos. E vale destacar que a lei moral do Antigo
Testamento é desenvolvida no Novo Testamento, na perspectiva da “lei do
amor” e “da liberdade.”*

Os Dez Mandamentos e a Lei Mosaica

A grande síntese da moralidade bíblica está expressa nos Dez Mandamentos


(Ex 20, 1-17; Dt 5, 6-21). As chamadas “duas tábuas da lei” mostram os
deveres das pessoas para com Deus e para com o seu próximo.

Extratos da Lei Mosaica


- Se um homem der um soco no olho do seu escravo ou da sua serva, e, em
consequência, eles perderem esse órgão, serão alforriados como
compensação.

- Não se punirá o homicida antes de ouvidas as testemunhas. Ninguém será


condenado pelo testemunho de um só.

- Aquele que ferir seu pai ou sua mãe será punido de morte.

- Aquele que ferir um dos seus concidadãos será tratado como o tratou:
receberá fratura por fratura e perderá olho por olho, dente por dente.

Ética nos Profetas

Alguns dos preceitos éticos mais nobres do Antigo Testamento são


encontrados nos livros dos Profetas, especialmente Isaías, Oséias, Amós e
Miquéias. Sua ênfase está não só na ética individual, mas social. Eles mostram
a incoerência de cultuar a Deus e oferecer-lhe sacrifícios, sem todavia ter um
relacionamento de integridade com o semelhante. Ver Isaías 1, 10-17; 5, 7 e
20; 10 1-2; 33, 15; Oséias 4, 1-2; 6, 6; 10, 12; Amós 5, 12-15, 21-24; Miquéias
6, 6-8.

Padrão ético em textos proféticos

Vários textos indicam para o dado incontestável de que os profetas trabalham


com um conceito ético elevado:

- “Fostes vós que devorastes a vinha, o que roubastes do pobre está em


vossas casas. Com que direito esmagais o meu povo e calcais aos pés o rosto
dos pobres?” (Isaías 3,14- 15).

- “Teus chefes são rebeldes, parceiros de ladrões. Todos gostam de suborno e


correm atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão e a causa da viúva não
chega até eles” (Isaías 1,23).

- “Ai dos que decretam leis injustas e editam escritos de opressão: para afastar
os humildes do julgamento e privar do direito os pobres do meu povo, para
fazer das viúvas suas presas e roubar

os órfãos” (Isaías 10,1).


- “Ouvi esta palavra, vacas de Basã, que estais sobre o monte de Samaria, que
oprimis os fracos, explorais os pobres e dizeis aos vossos maridos: Trazei-nos
o que beber” (Am. 4,1).

- “Eles odeiam quem repreende no tribunal e detestam quem fala com


sinceridade. Por isso: porque oprimis o indigente e lhe cobrais um imposto de
trigo, construístes casas de pedra lavrada, mas não as habitareis; plantastes
esplêndidas vinhas, mas não bebereis o seu vinho. “Pois conheço vossos
inúmeros delitos e vossos enormes pecados” (Amós 5,10- 12).

- “Ai do que constrói sua casa sem justiça e seus aposentos sem direito; que
faz trabalhar seu próximo de graça e não lhe paga o salário” (Jeremias 22,13).

- “Eles não sabem fazer o que é reto” (Amós 3,10).

Olhando-se esta pequena listagem de textos, à qual poderiam ser agregados


muitos outros textos, constata-se que os profetas do antigo Israel elaboraram e
trabalharam um conceito ético bastante elevado, que pode ser desdobrado nos
seguintes pontos:

a) críticas ao poder por causa de explorações e opressões relacionadas com o


sistema tributário característico daquela sociedade;

b) ênfase no respeito à ordem comunitária constituída e na prática da justiça;

c) respeito aos direitos dos empobrecidos como correspondente ético-moral da


pertença à fé em Yahveh, o Deus de Israel.

A ÉTICA DO NOVO TESTAMENTO

A ética nos evangelhos, nos escritos paulinos, nos outros escritos:

A ética do Novo Testamento não contrasta com a do Antigo, mas nele se


fundamenta. Jesus e os Apóstolos desenvolvem e aprofundam princípios e
temas que já estavam presentes nas Escrituras Hebraicas, dando também
algumas ênfases novas.
A ética de Jesus está contida nos seus ensinos e é ilustrada pela sua vida. O
tema central da mensagem de Jesus é o conceito do “reino de Deus”. Esse
reino expressa uma nova realidade em que a vontade de Deus é reconhecida e
aceita em todas as áreas. Jesus não apenas ensinou os valores do reino, mas
os exemplificou com a vida e o seu exemplo.

O Sermão da Montanha: uma das melhores sínteses da ética de Jesus está


contida no Sermão da Montanha (Mateus Caps. 5 a 7). Os seus discípulos
devem caracterizar-se pela humildade, mansidão, misericórdia, integridade,
buscar da justiça e da paz, pelo perdão, pela veracidade, pela generosidade e
acima de tudo pelo amor. A moralidade deve ser tanto externa como interna
(sentimentos, intenções): Mt 5, 28. A fonte do mal está no coração: Mc 7, 21-
23.

A vontade de Deus: Jesus acentua que a vontade ou o propósito de Deus é o


valor supremo. Vemos isso, por exemplo, em Mt 19, 3-6. O maior pecado do
ser humano é o amor próprio, o egocentrismo ( Lc 12, 13-21; 17, 33). Daí a
ênfase nos dois grandes mandamentos que sintetizam toda a lei: Mt 22, 37-40.
Outro princípio importante é a famosa “regra de ouro”: Mt 7, 12.

A ética de Paulo baseia-se na realidade da redenção em Cristo. Sua expressão


característica é “em Cristo” (II Co 5, 17; Gl 2, 20; 3, 28; Fp 4, 1). Somente por
estar em Cristo e viver em Cristo, profundamente unido a Ele pela fé, o cristão
pode agora viver uma nova vida, dinamizado pelo Espírito de Cristo. Todavia, o
cristão não alcançou ainda a plenitude, que virá com a consumação de todas
as coisas. Ele vive entre dois tempos: o “já” e o “ainda não”.

Tipicamente em suas cartas, depois de expor a obra redentora de Deus por


meio de Cristo, Paulo apresenta uma série de implicações dessa redenção
para a vida diária do crente em todos os aspectos (Rm 12, 1-2; Ef 4, 1)

Entre os motivos que devem impulsionar as pessoas em sua conduta está a


imitação de Cristo (Rm 15, 5; Gl 2, 20; Ef 5, 1-2; Fp 2, 5). Outro motivo
fundamental é o amor (Rm 12, 9-10; I Co 13, 1-13; 16, 14; Gl 5, 6). O viver
ético é sempre o fruto do Espírito (Gl 5, 22-23).
Na sua argumentação ética, Paulo dá ênfase ao bem-estar da comunidade, o
corpo de Cristo (Rm 12, 5; I Co 10, 17; 12, 13 e 27; Ef 4, 25; Gl 3, 28). Ao
mesmo tempo, ele valoriza o indivíduo, o irmão por quem Cristo morreu (Rm
14, 15; I Co 8, 11; I Ts 4, 6; Fm 16)

Acima de tudo, o crente deve viver para Deus, de modo digno dele, para o seu
inteiro agrado: Rm 14, 8; II Co 5, 15; Fp 1, 27; Cl 1, 10; I Ts 2, 12; Tt 2, 12.

PRINCÍPIOS BÍBLICOS DA ÉTICA CRISTÃ

O Comportamento Cristão

Se a Ética representa o costume ou conjunto de atos que uma comunidade ou


uma pessoa realizam porque os consideram válidos, então a Ética Cristã
responderá pelos costumes ou conjunto de atos praticados pelos cristãos. E se
alguém se preocupa com os bons costumes, os cristãos deverão encontrar-se
na primeira linha de ataque, para o exemplo. Ataque àquilo que é mau e
contrário aos costumes dos cristãos mais antigos. A palavra “ethos” aparece 12
vezes no Novo Testamento (Lucas 1:9; 2:42; 22:39; João 19:40; Atos 6:14;
15:1; 16:2121:21; 25:16: 26:3; 28:17; Hebreus 10:25) e significa estilo de
vida, conduta, costume ou práticas. Em I Coríntios 15,33 quando se diz que
“as más conversações corrompem os bons costumes”.

O cristão não vive de tradições! Ele Apoia-se na Bíblia, que é a sua regra de fé,
busca a direção de Deus para a sua vida através da oração e comunhão com o
Criador. A Bíblia é o Livro do Deus vivo e consequentemente um Livro vivo. Os
seus textos, aparentemente conservadores, encerram mensagens vivas e
atuais para a nossa vida. Há, porém, um aspecto que não se deve perder de
vista; a maneira simples e piedosa de aceitação do Evangelho, o modo de
proceder em cada situação e outras qualidades que foram transitando através
dos tempos entre os filhos de Deus. São esses costumes que constituem a
Ética Cristã.

Devemos considerar que os costumes foram construídos baseados em alguns


princípios, alguns valores por trás deles; são estes valores que devemos
manter e não os costumes em si.
Questões para se pensar:

Por muitos anos nossas igrejas perpetuaram o costume de se reunirem no


domingo as 9:00hs da manhã para Escola Bíblica e Culto e as 19:00hs para o
culto. Seria este costume imutável? Por que a igreja se reúne e sempre se
reuniu aos domingos? Por que a igreja sempre manteve seu culto dominical e
escola bíblica as 9:00hs da manhã? Qual é o verdadeiro princípio que está por
trás destes encontros? O que devemos guardar como valor?

Por muitos anos nossas igrejas não aceitavam a realização de um novo


casamento por parte daqueles que haviam se divorciado. Não se fazia um
segundo casamento para um cristão. Hoje em dia vários casamentos de
cristãos divorciados são realizados em todo mundo. O que mudou? Por que o
costume mudou? Qual era o princípio para que não fosse feito o segundo
casamento? Por que este princípio não vale mais hoje? Mt 5.31-32; Mt 19.9;
Mc 10.2-12;1 Co 7.10-15.

Deus não quer homens e mulheres conformados com este mundo (Rm 12. 2);
é preciso ir além e não tomar a forma dada por uma vida paganizada. Antes
devemos, convertendo- nos para o Senhor, e, deixar renovar a nossa mente.
Essa é a única maneira de discernir a vontade de Deus. Todo aquele que
assume a Fé em Jesus, deve assumi-la incondicionalmente “Aquele que vive e
crê em mim jamais morrerá” (Jo 11, 26) Se somos cristãos, devemos seguir o
exemplo de Jesus. "Aquele que diz que está nele, também deve andar como
ele andou." (1 Jo 2, 6).

Assim, a Ética Cristã não exclui a razão, mas aplica-se à obediência a Cristo.
Na sua essência é normativa, enquanto a Ética secular é descritiva. A Ética
Cristã é também ensino, mandamento, diretriz, enquanto os costumes são
variáveis e flexíveis. Os DezMandamentos constituem o primeiro tratado de
ética dado pelo Senhor com o propósito de regular o comportamento humano
no cumprimento dos seus deveres para com Deus, para com o próximo e para
consigo próprio. A Ética Cristã é normativa porque se baseia em normas
estabelecidas pelo Criador.

Há costumes dos povos que se desatualizam: as modas passam, e até outros
aspectos que caem em desuso devido à sua pouca expressividade. Porém, as
nossas reações, a maneira de proceder, o comportamento, a apresentação e
muitos outros valores próprios de quem vai viver com Jesus por toda a
Eternidade, não devem passar de moda. Os cristãos ficam abismados e
indignados ao ver que essa sociedade de padrões morais supostamente
flexíveis, a qual se recusa a aceitar parâmetros de certo e errado, tende a
condenar veementemente os cristãos que desafiam as suas idéias. “O Deus de
vocês só sabe condenar”, dizem muitos por aí.

Um cristão deverá ser diferente dos não-cristãos? Sim. Refiro-me a ser


diferente para melhor. Não a chamar a atenção imediata por vestir algo muito
antigo ou extravagante, mas pela sua postura. O cristão deverá deixar uma boa
impressão, o bom cheiro de Cristo, como a Bíblia refere. Não basta ser cristão;
é preciso parecer também que o é. Não é suficiente ter uma boa moral; é
necessário não deixar dúvidas a esse respeito. Como deverá ser a atitude de
um cristão face à guerra? E quanto à responsabilidade social? E o sexo? A
Homossexualidade? Como deverá ser visto o controle de natalidade? Qual a
posição de um cristão quanto à eutanásia, suicídio, pena capital e aborto?
Ecologicamente como estamos? Como procedemos? Atendemos às normas
sociais? Agimos segundo as condutas bíblicas?

Para compreender o fervor moral dos cristãos, os não-cristãos precisam


entender que a nossa moral começa não por uma lista de mandamentos, mas
pelo relacionamento com Deus. Em consequência de ter fé em Cristo e de
conhecê-lo, é claro que tentamos segui-lo em nossos atos. As suas leis ajudam
a segui-lo com maior fidelidade e de maneira mais inteligente. Elas dão uma
referência objetiva quando somos assaltados por dúvidas ou desviados pelos
desejos. Como nem sempre queremos obedecer a Deus, as suas leis morais
(normativas) evitam que vivamos segundo os caprichos dos sentimentos.

EVIDÊNCIAS DA ÉTICA CRISTÃ

A vida cristã santa, se evidência no viver dos santos, de uma vida


irrepreensível, tendo características dos ensinos dadas pelo próprio Jesus
Cristo.
Exemplos:

a) Sal da Terra, Mt 5.13. A presença da igreja de Cristo na terra é a razão da


preservação deste mundo. Cada crente individualmente deve conservar esta
característica para não perder a sua identidade.

b) Luz do mundo, Mt 5.14. Sabemos que a função da luz é dissipar as trevas. O


cristão para fazer jus a este título, dado por Nosso Senhor Jesus Cristo, precisa
manter a linha divisória que o distingue do mundo.

c) Uma pessoa nascida de novo, Jo 3.3. Qualquer pessoa que ainda não teve a
experiência do novo nascimento, ainda não é um candidato do Reino de Deus.
O novo nascimento é que dá direito ao homem de ser conhecido cidadão dos
céus.

d) Testemunha de Jesus, Testemunha no contexto bíblico não é somente


presenciar um fato, é muito mais que isso, é ser mártir. Todos os apóstolos
foram realmente testemunhas de Jesus, porque todos foram no mínimo
torturados por amor a Jesus Cristo.

Estas características (sal, luz...) eram vistas na vida dos apóstolos pelo
comportamento. O comportamento fala mais alto do que as palavras, mas só
merecem crédito quando comparadas, medidas e niveladas ao comportamento.

Mas o que é o comportamento? "Comportamento pode ser identificado como


conjunto de ações de um individuo, observáveis objetivamente".

Na área da ética cristã, podemos definir comportamento como o conjunto de


ações que identifica o homem com a vontade de Deus. Em outras palavras, isto
quer dizer que esse comportamento harmoniza-se como a vontade de Deus.

O comportamento está diretamente relacionado com o que fazemos. Se


praticarmos a justiça, a caridade e a misericórdia, os pecadores acreditarão
que somos mesmo filhos de Deus. Pois, o nosso caráter revelará isso.

Enquanto o comportamento tem haver com que fazemos, o caráter com o que
somos. Qual a melhor definição de caráter? Entre muitas citamos este
Conjunto de qualidades que moralmente distingue uma pessoa de outra.
O caráter pode ser moldado progressivamente pelo comportamento. Se o
comportamento for irrepreensível, é evidente que o caráter também o é, na
ética cristã esse comportamento só pode ser irrepreensível se e somente se for
avaliado á luz da palavra de Deus. Sem conhecer a vontade de Deus jamais o
homem poderá ter um comportamento irrepreensível e conseqüentemente um
caráter idem.

ÉTICA NA FAMÍLIA

Relações sexuais antes do casamento

São biblicamente ilícitas. Mesmo quando o casamento já está marcado e os


jovens se encontram noivos. Lemos que quando Isaque encontrou Rebeca,
não a levou para a sua tenda, antes levou-a para a tenda de sua mãe. Só
quando se casaram é que Isaque a levou para a sua tenda (Génesis 24:67).
Relativamente à data do casamento, devemos obedecer às autoridades, pelo
que 2 jovens encontram-se casados perante DEUS, não quando considerem
ou quando haja cerimônia religiosa, mas quando se encontram casados
oficialmente, perante as autoridades. Se contudo houver uma cerimônia
religiosa, devem esperar até à mesma onde ali são apresentados perante
DEUS.

Problemas conjugais

Seria impossível nesse pequeno espaço discutir e encontrar soluções para


todos os problemas enfrentados no âmbito familiar. Quando discutimos os
relacionamentos em sociedade, cobrimos muitas áreas de problemas que
podem também ser aplicadas ao universo familiar. Nesta lição, nós nos
esforçaremos para discutir aqueles problemas que são unicamente familiares e
procuraremos os princípios bíblicos que nos darão orientação em cada
estância. Primeiramente, examinaremos alguns problemas mais sérios que
podem existir entre o marido e a esposa.

Diferenças espirituais

Os problemas surgem em alguns casamentos pelo fato de um dos cônjuges ser


crente e o outro não ser. Muitas vezes as pessoas se casam com um incrédulo,
achando que após se casarem serão capazes de ganha-lo para o Senhor. Uma
outra situação ocorre, quando após o casamento um dos cônjuges se converte
e o outro não.

Os problemas que surgem de tal circunstância são enormes: o cônjuge crente


passa a se interessar pelas coisas de Deus, quer frequentar a Igreja e
desenvolver a maturidade cristã, enquanto o outro permanece atraído, e
envolvido pelos prazeres mundanos. Não há consenso quanto a criação dos
filhos, e as possibilidades desses aceitarem a Cristo, como seu Salvador
pessoal, são muito menores, dado o exemplo antibíblico que recebem do pai e
da mãe incrédulo(a). Às vezes o crente, levado pelo cônjuge que ainda não
aceitou a Jesus, pode até mesmo vir a se desviar de sua fé em Deus e a cair
no pecado. A melhor solução para esse problema e para qualquer outro,
naturalmente, é evitá-lo. O casamento entre o crente e o incrédulo é proibido,
de acordo com a palavra de Deus. (2a Co 6.14-18)

É claro que não pode haver comunhão ou entendimento entre o certo e o


errado, a luz e as trevas, Cristo e Satanás. Além das necessidades humanas
básicas, não há nada em comum entre o crente e o não-crente. O jovem ou a
jovem que deseja de tal forma se casar e que esteja disposto(a) a ignorar este
importante ensinamento bíblico, estará abrindo a porta para uma vida de
sofrimento e de problemas. O modo como Deus espera é, de fato o melhor, e
Ele suprirá todas as nossas necessidades se O obedecermos.

Para o crente que é casado com um incrédulo, possivelmente porque se casou


antes de se converter, o apóstolo Paulo deixou algumas instruções específicas
em 1a Co 7.12-16. O apóstolo Paulo aconselha o crente a permanecer casado
enquanto houver consentimento do outro com o casamento. O crente não deve
nunca abandonar o seu cônjuge. Nesse caso também, Deus é poderoso para
suprir o amor e a graça necessária. E quem sabe o cônjuge não se converterá
um dia? Por que você acha que o crente é instruído a permanecer casado com
o incrédulo, em casos como este que acabamos de citar? (Leia Mt 19.4-6).

Em muitos lares é a mulher quem tem de assumir a responsabilidade da


liderança espiritual em sua família. Isso não agrada a Deus, pois Ele
determinou que o marido fosse o cabeça do lar, e isso abrange, também, a
liderança espiritual. Normalmente os filhos seguem o exemplo do pai; e este
não pode esperar que sua família chegue a um nível espiritual mais elevado do
que o dele próprio. Os problemas espirituais enfrentados em casa só podem
ser resolvidos através da obediência aos princípios bíblicos.

Falta de confiança e respeito mútuo

Existem maridos que tem prazer em humilhar a esposa na presença de outras


pessoas. Também existem mulheres que parece aproveitar todas as
oportunidades que tem para depreciar seu marido, discordando dele ou
corrigindo tudo o que ele diz, na frente dos outros. Talvez estejam agindo
assim para descontar no outro alguma lacuna no comportamento. Essa lacuna
pode ser: omissão de amor e de submissão; entretanto, essa, certamente, não
é a maneira como o crente deve lidar com seus problemas de relacionamento.
O padrão bíblico designa que o marido ame a sua esposa como Cristo amou a
Igreja (Ef 5.25-26) e que a esposa honre e respeite seu marido (Ef 5.33).
Nenhum dos dois deve dar motivos para que o outro sinta ciúme. O casal
cristão que enfrenta esse problema deve discuti-lo junto e abertamente e
ambos devem concordar em evitar situações que propiciem esse tipo de
sentimento. A pessoa que está sempre enciumada, sem que haja um motivo
justo, deve pedir ao Senhor que a ajude a vencer esse sentimento e a
desenvolver confiança em seu cônjuge. O ciúme ocorre quando falta respeito,
submissão, compromisso e confiança.

Falta de comunicação

“Meu marido nunca conversa comigo”. Essa é uma reclamação comum às
mulheres que muito provavelmente passam o dia inteiro cuidando dos filhos
pequenos, e quando chega à noite, estão desejosas de conversar com o
marido. Para que o casamento seja bom, é preciso haver boa comunicação. O
marido e a esposa devem dividir um com o outro, mais do que qualquer outra
pessoa, tanto suas alegrias, tristezas, esperanças e sonhos, quanto os
problemas do dia-a-dia.

Problemas financeiros

O marido e a esposa devem juntos estabelecer um orçamento familiar que


cubra suas despesas essenciais e que evite que fiquem cheios de dívidas
difíceis de serem quitadas. O melhor princípio é o de entregar fielmente a
décima parte da renda familiar ao Senhor, de acordo com o ensinamento
bíblico (Ml 3.8 e Mt 23.23). Acredito firmemente que muitas famílias enfrentam
desnecessariamente problemas financeiros, doenças e gastos não
programados porque não dão com alegria ao Senhor à parte de sua renda que
Lhe é devida.

A Palavra de Deus enfatiza repetidamente que devemos dar. No entanto, por


mais que demos, não poderemos ser mais generosos que o Senhor. Ele
prometeu suprir nossas necessidades se Lhe formos fiéis. (Lc 6.38). O apóstolo
Paulo mencionou ter aprendido a estar contente fosse na fartura, fosse na
escassez (Fp 4.11-12). A felicidade certamente independe das riquezas. O
Senhor não quer que nos preocupemos em acumular tesouros. O que Ele quer
é que confiemos que Ele suprirá nossas necessidades diárias. (Mateus 6:19-
34)

Diferenças na forma de criar os filhos

Muitos problemas surgem porque os pais não conseguem chegar a um


consenso quanto à forma de criar e disciplinar seus filhos. Isso pode ser
evitado se eles obedecerem aos princípios que a Bíblia oferece sobre esse
assunto. Falaremos deles um pouco mais adiante nessa lição. Os pais devem
sempre mostrar unidade nas decisões que dizem respeito aos filhos e devem
discutir suas diferenças de opinião a sós, para que as crianças não tirem
proveito delas e criem mais discórdia entre eles.

Problemas relacionados aos familiares

Ao se casar, o homem deverá deixar seu pai e sua mãe e dedicar-se à sua
esposa (Mt 19.5). Sua responsabilidade é para com ela e seus filhos e,
portanto, não deve permitir que nada desestabilize a unidade de seu
casamento. Entretanto, a Bíblia ensina que se algum membro da família estiver
passando por alguma necessidade séria, não devemos virar as costas para ele.
A Bíblia nos afirma em 1Tm 5.4-8 sobre a dimensão da responsabilidade do
crente incluir os avós, os demais parentes e as viúvas da família.

DIVÓRCIO
Infidelidade

Provavelmente o problema que mais ameaça os casamentos é a infidelidade


(relações sexuais ilícitas ou adultério). Tanto no Velho Testamento quanto o
Novo proíbem categoricamente o adultério.

O divórcio

Estaremos expondo os princípios gerais referentes ao divórcio, que se aplicam


aos crentes. (Ml 2.13-16). Vemos claramente qual é a opinião do Senhor em
relação ao divórcio. Neste trecho das Escrituras, o Senhor explica que a razão
pela qual Ele espera que o marido e a esposa sejam fiéis, um ao outro, é para
que seus filhos sejam, verdadeiramente, parte do povo de Deus. Os filhos
de um casamento cristão são do Senhor num sentido especial. As crianças que
são vítimas do divórcio enfrentam sérios problemas. Conheço um pastor que
passou dois anos lecionando quarenta meninos delinquentes que haviam sido
levados por ordem das autoridades legais para um lar de menores. Foram para
lá porque haviam se envolvido com muitos crimes. Aquele pastor me contou
que a única experiência que todos aqueles garotos tinham em comum era a de
terem pais divorciados. Não estou dizendo que todos os filhos de pais
divorciados se envolvem com a criminalidade; entretanto, a maioria deles
acaba sofrendo de uma forma ou de outra.

Regras gerais referentes ao divórcio são:

1) O divórcio é proibido (vedado) para o crente. (1a Co 7.10-11)

2) É proibido casar-se com pessoas divorciadas. (Lc 16.18; Mt 5.32; Mt 19.9;


1a Co 7.11)

3) Os divorciados não podem se casar novamente. (1a Co 7.10-11)

4) Segundo a opinião de alguns, a única situação em que é possível que um


crente se divorcie e se case novamente é o adultério. Mas mesmo em tal
circunstância, há um preço a ser pago em termos de sofrimento, de danos
emocionais para os filhos e do testemunho cristão.

Por isso, para os casos em que o divórcio já aconteceu e não há nenhuma
possibilidade de renovação dos votos matrimoniais porque um dos cônjuges se
casou novamente, então os irmãos da Igreja devem servir como fonte de apoio
e consolo para os divorciados. Deus não dá as costas a ninguém que clame a
Ele por ajuda. Ele dará a estes a força para reconstruírem sua vida e para
enfrentarem os problemas que o divórcio traz.

ÉTICA NOS DEVERES SOCIAIS E CIVIS

O Estado

O Estado é um organismo político-administrativo que, como nação soberana ou


divisão territorial, é dirigida por governo próprio e se constitui pessoa jurídica de
direito público, internacionalmente reconhecida. O estado é uma sociedade
politicamente organizada.

Para que o Estado possa levar a efeito de modo positivo sua função
ordenadora, é indispensável que disponha de poder soberano. Na verdade, tão
essencial é o poder soberano para o Estado, que este poder é definido como o
órgão da comunidade que baixa leis e as impõe com poder supremo, com o
propósito de favorecer a vida comum.

Numa sociedade alheia aos conceitos ditados pela palavra de Deus, o homem
precisa do Estado como instrumento fiscalizador de suas ações, para garantir a
ordem e a harmonia necessárias ao mútuo desenvolvimento de suas
capacidades e relacionamentos individuais e sociais. É indispensável como
instrumento de preservação da unidade já existente e também para a conquista
de uma comunidade ainda mais perfeita. Na medida em que realiza essas duas
funções, o Estado, uma vez não contrariando os regras das Sagradas
Escrituras, representa a vontade de Deus para o homem natural.

Segundo a posição bíblica, a pretensão do Estado são sempre limitadas pelos


direitos de Deus. O Estado se subordina à vontade e propósitos de Deus.
Sua função é servir às necessidades do homem e o homem deve ser
compreendido como ser espiritual livre, que existe em relação a muitos outros
seres espirituais igualmente livres, com múltiplos interesses e necessidades.

Um Estado que tolhe a autêntica liberdade de seus cidadãos, torna impossível


alcançar a posição de uma comunidade genuína, pois, que priva o homem de
sua dignidade essencial e violenta a sua verdadeira natureza. É o caso dos
Estados que estão sob julgo do ateísmo comunista.

Autoridade Civil

A autoridade civil é própria daquele que exercem funções, administrativas ou


legislativas, seja por escolha do povo através do voto popular, seja através de
nomeação por parte de autoridades superiores democraticamente escolhidas.
Neste particular se destacam o presidente da republica, os governadores de
Estado, os prefeitos municipais, os senadores, os deputados federais e
estaduais e os vereadores.

A respeito da autoridade e da nossa subordinação a ela, escreveu o apostolo


Paulo em Romanos 13.1-7:

Desde ensino do apóstolo Paulo quanto à importância da autoridade civil e do


comportamento do crente diante dela, vamos enfatizar os seguintes aspectos:

1. Devemos viver em submissão às autoridades legalmente constituídas.

2. Todas autoridade legalmente estabelecida foi constituída por Deus.


Romanos 13:1-7, por três vezes designa as autoridades como
“ministros/servos” de Deus.

3. A autoridade existe tanto para louvor do que faz o bem, quanto para
disciplina e castigo do que faz o mal.

4. Aqueles que se insurgem contra a autoridade dão prova de insubmissão a


Deus.

5. Devemos pagar tributos e impostos como forma de dotar o Estado dos meios
necessários de desenvolvimento da nossa comunidade.

É evidente que toda a autoridade corre o risco de se corromper no exercício do


poder, estabelecendo leis para coagir pessoas de bem e até de impedir e
extinguir a obra de Deus no mundo. Ocorrendo isto, o crente não tem
obrigação de obedecer as leis fraudulentas, preferindo antes o castigo do que
transgredir os santos preceitos do seu Deus. Daniel e seus companheiros em
Babilônia, Pedro, Tiago e Paulo em Jerusalém, são exemplos clássicos de
pessoas que sofreram por não se submeterem ao sistema antibíblico de
governantes ímpios, baixando leis injustas.

O crente deve ser exemplo quanto ao cumprimento de deveres para com o


Estado por parte dos seus cidadãos. É interessante lembrar que José e Maria
estavam cumprindo um decreto do Estado, quando Jesus nasceu. Jesus
mesmo, cumpriu Seus deveres para com o Estado. Ver Mt. 17.24-27. Ele
também ordenou “Daí a Cesar o que é de Cesar”. César, aqui é o poder
constituído, o Estado, a Nação. Não temos o dever de obedecer o Estado
quando este contraria a Palavra de Deus, quando corretamente interpretada e
compreendida. (ler Dn 1.8; 3.17,18,18; 6.7-10; At 4.20).

A IGREJA E O ESTADO

Igreja e Estado são organismos distintos. A Igreja é um organismo espiritual,


formada de pessoas tiradas do mundo e separadas para Deus e Seu serviço. O
Estado, como, um organismo político-administrativo e como nação soberana, é
dirigido por governo próprio e se constituir pessoa jurídica de direito público,
internacionalmente reconhecido.

Alguns Pontos a Considerar

Quanto à Igreja, se deve estar ligado ou separada do Estado, temos a


considerar que:

1. A Igreja é separada do Estado, no que diz respeito à sua origem e finalidade.


A Igreja existe em função do interesse de Deus quanto ao destino eterno do
homem, enquanto que o Estado existe em função dos interesses terrestres e
transitórios do homem.

2. A despeito da Igreja ser separada do Estado, ela tem a responsabilidade de


zelar para que o mandamento divino seja observado por ele, denunciando os
pecados que venham a ser cometidos pelas autoridades; defender o povo das
injustiças por elas cometidas, exortá-las a serem fiéis à sua missão de manter
a ordem e requerer delas garantia para que a Igreja possa cumprir a sua
missão.
3. A Igreja deve se tornar uma espécie de consciência do Estado, exortando-o
a agir no estabelecimento e manutenção da ordem e da legalidade. Quando o
Estado que se mostra decadente.

4. A Igreja deve exortar a autoridade a ser fiel no cumprimento da sua missão.


Para ser bem sucedida nisto, é necessário que a Igreja convença a autoridade
a respeito de sua origem divina.

5. A Igreja deve interrogar constantemente o Estado se sua ação é boa,


conduzindo à legalidade e à ordem. Assim, o Estado sentir-se-á
compromissado legitimamente com a Igreja, atenta à sua natureza e missão. A
crítica que a Igreja fizer sobre o estado não será fundamentada em qualquer
ponto ideológico. Importa que a ação do Estado seja conforme o mandamento
divino.

6. A Igreja tem o dever e a responsabilidade diante de Deus, de cumprir para


com o Estado, além do que está escrito em Romanos 13.1-7 e 1Pedro 2.11-17,
estas palavras inspiradas pelo Espírito Santo.

ABORTO

A legislação sobre o assunto

O artigo 128 do Código Penal brasileiro (que é de 1940) permite o aborto


quando há risco de vida para a mãe, e quando a gravidez resulta de estupro.
Porém, apenas sete hospitais nos pais faziam o aborto legal. Esse ano, a
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara dos Deputados, aprovou
a obrigatoriedade do SUS (Sistema Único de Saúde) realizar o aborto nos
termos da lei. O projeto, porém, permite ao médico (não ao hospital) recusar-se
a fazer o aborto, por razões de consciência – um reconhecimento de que o
assunto é polêmico e que envolve mais que procedimentos médicos e
mecânicos. Por exemplo, o ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, 1996 a
1998, Época do presidente Fernando Henrique, disse ser contrário à lei e
comparou aborto a um assassinato.

Além disto, médicos podem ter uma resistência natural, pela própria formação
deles (obrigação de lutar pela vida). "O juiz que autoriza o aborto é co-autor do
crime. Isso fere o direito à vida", disse o desembargador José Geraldo
Fonseca, do Tribunal de Justiça de São Paulo, em entrevista ao jornal Estado
de São Paulo (22/09/97). Segundo ele, o artigo 128 do Código Penal não
autoriza o aborto nesses casos, mas apenas não prevê pena para quem o
pratica. No momento, existem projetos de ampliar a lei, garantindo o aborto
também no caso de malformação do feto, com pouca possibilidade de vida
após o parto.

O ensino bíblico

Era tão inconcebível que uma mulher israelita desejasse um aborto que não
havia necessidade de proibi-lo explicitamente na lei de Moisés. Crianças eram
consideradas como um presente ou herança de Deus (Gn 33.5; Sl113.9;
127.3). Era Deus quem abria a madre e permitia a gravidez (Gn 29.33; 30.22; 1
Sm. 1.19-20). Não ter filhos era considerado uma maldição, já que o nome de
família do marido não poderia ser perpetuado (Dt 25.6; Rt 4.5). O aborto era
algo tão contrário à mentalidade israelita que bastava um mandamento
genérico, "Não matarás" ( Dt 20.13).

Mas os tempos mudaram. A sociedade ocidental moderna vê filhos como


empecilho à concretização do sonho de realização pessoal do casal, da mulher
em especial, de ter uma boa posição financeira, de aproveitar a vida, de ter
lazer, e de trabalhar.

A Igreja, entretanto, deve guiar- se pela Palavra de Deus, e não pela ética da
sociedade onde está inserida.

A humanidade do feto

Há dois pontos cruciais em torno dos quais gira as questões éticas e morais
relacionadas com o aborto provocado. O primeiro é quanto à humanidade do
feto: quando é que, no processo de concepção, gestação e nascimento, o
embrião se torna um ser humano, uma pessoa, adquirindo assim o direito
à vida?

Muitos que são a favor do aborto argumentam que o embrião (e depois o feto),
só se torna um ser humano depois de determinado período de gestação, antes
do qual abortar não seria assassinato. Por exemplo, o aborto é permitido na
Inglaterra até 7 meses de gestação. Outros são mais radicais. Em 1973 a
Suprema Corte dos Estados Unidos passou uma lei permitindo o aborto,
argumentando que uma criança não nascida não é uma pessoa no sentido
pleno do termo, e, portanto, não tem direito constitucional à vida, liberdade e
propriedades. Entretanto, muitos biólogos, geneticistas e médicos concordam
que a vida biológica inicia-se desde a concepção. As Escrituras confirmam
este conceito ensinando que Deus considera sagrada vida de crianças
não nascidas. Veja, por exemplo; Jó 10.8-12; Sl 139.13-16; Jr. 1.5; Mt 1.18; e
Lc 1.39-44.

Os Pais da Igreja, que vieram logo após os apóstolos, reconheceram esta


verdade, como aparece claramente nos escritos de Tertuliano, Jerônimo,
Agostinho, Clemente de Alexandria e outros.

No Império Romano pagão, o aborto era praticado livremente, mas os cristãos


se posicionaram contra a prática. Em 314 o concílio de Ancira (moderna
Ankara) decretou que deveriam ser excluídos da ceia do Senhor durante 10
anos todos os que procurassem provocar o aborto ou fizesse drogas para
provocá-lo. Anteriormente, o concílio de Elvira (305-306) havia excluído até a
morte os que praticassem tais coisas. Assim, a evidência biológica e bíblica é
que crianças não nascidas são seres humanos, são pessoas, e que matá-las é
assassinato.

A santidade da vida

O segundo ponto tem a ver com a santidade/Pureza da vida. Ainda que as


crianças fossem reconhecidas como seres humanos, como pessoas, antes de
nascer, ainda assim, suas vidas estariam ameaçadas pelo aborto. Vivemos em
uma sociedade que perdeu o conceito da santidade da vida. O conceito bíblico
de que o homem é uma criatura especial, feita à imagem de Deus, diferente de
todas as demais formas de vida, e que possui uma alma imortal, tem sido
substituído pelo conceito humanista do evolucionismo, que vê o homem
simplesmente como uma espécie a mais, sem nada que realmente o faça
distinto das demais espécies. A vida humana perdeu seu valor em muitos
lugares.
O direito para continuar existindo não é mais determinado pelo alto valor que
se dava ao homem por ser feito à imagem de Deus, mas por fatores
financeiros, sociológicos e de conveniência pessoal, geralmente, utilitarista e
egoísta.

Em São Paulo, por exemplo, um médico declarou "Faço aborto com o mesmo
respeito com que faço uma cesárea. É um procedimento tão ético como uma
cauterização". E perguntado se faria aborto em sua filha, respondeu: "Faria, se
ela considerasse a gravidez inoportuna por algum motivo. Eu mesmo já fiz sete
abortos de namoradas minhas que não podiam sustentar a gravidez" (A Folha
de São Paulo, 29 de agosto de 1997).

Texto – Por: Rev. Augustus Nicodemus Lopes - 1998

Noções Básicas Sobre Aborto

Definição do que é aborto

Convém definir o que se entende por «aborto». Aborto é a morte espontânea


ou provocada do produto da concepção dentro do ventre materno e antes do
início do parto.

Tipos de aborto

Da definição surge uma primeira distinção: há abortos espontâneos, ou seja,


que surgem por efeitos naturais, exteriores à vontade humanas, geralmente por
doença da mãe ou por deficiências cromossômicas do feto; e os provocados,
quando o aborto é intencionalmente criado.

Relativamente ao primeiro tipo de aborto, não se põe qualquer problema ético


ou bíblico, na medida em que ele surge, geralmente, contra a vontade da mãe
e em circunstâncias naturais. Mas já se põem problemas quanto ao segundo,
sendo dele que importa fazer uma análise bíblica.

É importante saber quais as razões que geralmente são apresentadas para


recorrer ao aborto provocado - violação, incesto, proteção física da mãe,
defeitos físicos da criança. Diremos porém e desde já que segundo as recentes
estatísticas em Portugal e nos EUA, 95% dos abortos são feitos por razões de
conveniência e não pelas anteriores referidas.
Devemos por outro lado notar que mesmo que um bebê seja concebido através
de violação, a sua destruição não apagará o trauma da mulher nem tão pouco
convenserá o criminoso de cometer outra violação. Além disso, o argumento
de que o aborto é um direito da mulher, tem como contrapartida o direito
à vida do bebê, o qual é tão válido como aquele.

Finalmente, é de considerar que quanto mais nova é a mãe, maior é a


probabilidade de que ela fique estéril se fizer um aborto (no Canadá, 30% das
meninas de idade entre 15 e 17 anos que fizeram abortos ficaram estéreis).

Algumas operações abortivas

Sucção - Este é um dos métodos legalmente autorizados para abortar: é


semelhante a um aspirador: o bebê é sugado do ventre da mãe e
posteriormente feito em pedaços.

Embriotomia - É um método que já está em desuso, mas que consiste em o


médico cortar o bebê dentro do ventre da mãe (com instrumentos
especialmente concebidos para este fim).

Operação cirúrgica - É utilizado em estados de maior desenvolvimento do


feto. Consiste em retirar o bebê do ventre materno e matá-lo quando ele já está
fora.

Solução salina (injeção química) - Cada vez em maior uso, consiste em


injetar solução salina no saco embrionário. O bebê morre queimado devido ao
sal da solução.

Além destes métodos, existe hoje a possibilidade de provocar o aborto durante


as primeiras semanas através de um fármaco (medicamento) especialmente
receitado pelos médicos, cujo nome, evidentemente, não nos é lícito nem
conveniente indicar neste artigo.

O que diz a Bíblia

Deus criou o homem e a mulher, abençoou-os e disse-lhes: «Frutificai e


multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a... E viu Deus tudo quanto tinha criado,
e eis que era muito bom» (Gn 1:28, 31). Verificamos desde logo que a
reprodução era um dos propósitos da criação do homem por Deus. Por outro
lado, não lemos em passagem alguma que o homem tenha o direito de matar o
seu semelhante - aliás, um mandamento é «não matarás» (Êxodo 20.13,
Rom.13:9).

Ora, a criança que está no ventre da mãe é um ser com identidade própria.

Sabia que o primeiro órgão a ser formado no feto é o coração? E que o


coração começa a bater 21 dias após a concepção ? Neste sentido, quem
aborta está a assassinar um ser humano criado por Deus.

 A vida: Direito inviolável

Quem tem poder para tirar a vida? É porventura o homem quem pode decidir o
futuro de um outro seu semelhante quanto ao momento da sua morte? Lemos
em 1.a Samuel 2:6 que a autoridade para decidir o momento da morte de
alguém pertence exclusivamente a Deus: «O Senhor é que tira a vida e a dá:
faz descer à terra e faz tornar a subir dela». Lemos por outro lado no Salmo
139:13 que é o Senhor Quem opera a formação de um ser vivo, e que o faz
mover no ventre de sua mãe: «Pois Tu formaste o meu interior; Tu
entreteceste-me no ventre da minha mãe».

Neste verso, a proteção e a possessão de Deus e o Seu poder criativo são


extensivos à vida pré-natal. Este ensino torna impossível considerar o embrião
ou feto como «simples pedaço de tecido». O mínimo que alguém pode dizer é
que no momento da concepção já existe um ser humano em potencial (melhor,
um ser humano com potencial), o qual é sagrado e de valor, à vista de Deus,
evidenciado pelo Seu envolvimento pessoal.

E se... nascer... deformado?

Esta é uma desculpa apresentada para se considerar a hipótese do aborto, que


aliás, a nossa Lei atualmente já prevê.

Em primeiro lugar importa notar que Deus criou o homem com características
tais que, mesmo em condições à primeira vista adversas, consegue sobreviver
e adaptar-se. Por outro lado, quando essa vida é impossível, a morte vem por
si própria. Assim sucede por exemplo quando a criança nasce com
deformações encefálicas anormais (cérebro). Geralmente, a criança morre
passados poucos minutos depois do parto.
Mas, mesmo que haja seguros motivos de que a criança venha a nascer
deficiente, será esse um motivo para se aceitar o aborto? Vejamos o que a
Palavra de Deus nos diz a este respeito: «Quem fez a boca do homem? Ou
quem fez o mudo ou o que vê, ou o cego ? Não Sou Eu, o Senhor?» (Êxodo
4:11). «E passando Jesus, viu um cego de nascença. E os seus discípulos lhe
perguntaram, dizendo: "Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que
nascesse cego ?" Jesus respondeu: "Nem ele pecou nem seus pais, mas foi
assim para que se manifestem nele as obras de Deus"» (S. João 9:1-3).

A resposta da Bíblia é clara. Aceitar a morte de crianças ainda não nascidas,


conduz a aceitar também a eutanásia infantil, isto é, o homicídio de bebês
recém-nascidos que sejam doentes ou deficientes. E ao aceitar isto, não
faltaria muito para aceitar também a eutanásia dos inválidos, idosos e todos os
que, independentemente da sua idade, não possam cuidar de si mesmos ou se
sintam à parte da sociedade.

O CRISTÃO E A EUTANÁSIA

A palavra vem do grego eu, com significado de “boa” e thánatos, que significa
“morte”. Da junção desses termos resulta eutanásia, dando a idéia de “boa
morte”. Tal conceito é aplicado aos casos em que o médico, usando meios a
seu dispor, leva o paciente à “mortes misericordiosa”, aliviando-lhe o
sofrimento. É o caso do doente acometido de uma câncer generalizado,
padecendo dores intensas, ou de outro tipo de enfermidade dolorosa, que
provoca grande sofrimento. Há quem defenda a prática da eutanásia em casos
dessa natureza.

Eutanásia Passiva

Segundo Chaplin: “Na opinião da maioria, é uma medida moralmente aceitável.


Essa forma de eutanásia consiste no desligamento de máquinas e aparelhos,
capazes de manter artificialmente a vida do paciente sem os quais este
morreria. A aplicação de drogas que aliviem as dores é uma prática
universalmente aceita. Porém, há casos em que nenhuma droga surte efeitos,
alem de outras que vão gradualmente perdendo o seu efeito aliviador” (ibidem,
p.598).
Dentro desta visão, há a idéia de que a vida pertence ao individuo, e ele pode
fazer o que bem entender. Os defensores da eutanásia passiva adotam um
termo, talvez eufêmico, para justificar sua posição. Chamam-na de “morte
assistida”, advogando em prol da “dignidade da morte”. Por outro lado, os que
são contra essa prática, chamam-na de “suicídio assistido”, merecendo o
repúdio dos que defendem a ética cristã.

Deve-se salientar que a defesa da eutanásia é feita não apenas em relação a


pacientes terminais, que sofrem de modo penoso, mas também, em relação
aos bebês, recém- nascidos, que são portadores de defeitos genéticos graves,
os quais, segundo os defensores dessa idéia, devem se eliminados, para não
sofrerem e não serem um peso para a sociedade. Seria uma espécie de
“eutanásia social”. É ainda significativo lembrar que os nazistas utilizaram-se
bastante da eutanásia, de modo oficial e programado, para eliminar os
deficientes físicos e mentais.

Posicionamento Cristão Quanto à Eutanásia Passiva

Retirados os aparelhos ou os medicamentos, o paciente vai a óbito em pouco


tempo. É preciso insistir com toda firmeza que nada e ninguém pode autorizar
a morte de um humano inocente, seja ele feto ou embrião, criança ou adulto,
velho, doente incurável ou agonizante. Ninguém, além disso, pode exigir esse
gesto homicida, por si mesmo ou por outrem confiado à sua responsabilidade,
nem pode nisso consentir explícita ou implicitamente. Nenhuma autoridade
pode, legitimamente, impor ou permitir isso. Trata-se, de fato, de uma violação
da lei divina, de uma ofensa à dignidade da pessoa humana, de um crime
contra a vida, de um atentado contra a humanidade (citado em Manual de
Bioética, p.616).

O conceito da misericórdia dado à Eutanásia é equivocado porque implica em


prestar socorro até o fim. Desistir da vida é não crer nos valores eternos.

O suicídio é condenado porque é assassinato de um ser à imagem de Deus


(Gn.1:17;Ex.20:13;Jo.10:10): devemos nos amar (Mt.22:39;Ef.5:29); é falta de
confiar em Deus(Rm.8:38-39); devemos lançar em Deus e não na morte, nossa
confiança (1Jo.1:7 e 1 Pe.5:7). Nosso corpo é propriedade de Deus.
Eutanásia Ativa

Também chamada eutanásia direta. “é a interrupção deliberada da vida


biológica de alguma maneira e não o mero desligamento de aparelhos
médicos”. Já há países em que o médico é autorizado, legalmente, a aplicar
uma injeção letal, que leva o paciente terminal à morte em poucos minutos,
sem que o mesmo sinta efeitos dolorosos.

Quanto a este tipo de eutanásia, Champlin diz: “pessoalmente, não creio que
possuímos conhecimento suficiente, sobre as questões morais, para nos
manifestarmos, com toda segurança, acerca da eutanásia ativa” (ibidem, vol6,
p.71). Vê-se, assim, que o aspecto moral é muito relevante, na hora de uma
decisão crucial, quando o doente sofre de modo cruel, e o médico aconselha o
desligamento dos aparelhos, ou a suspensão dos medicamentos; ou quando a
família assim resolve. É que, em se tratando da vida, que ainda é, e continuará
a ser um mistério para a consciência humana, as implicações morais podem
deixar os médicos ou família em situação crucial, imagine o quê decidir,
levando em conta os aspectos espirituais da questão.

Posicionamento Cristão Quanto a Eutanásia Ativa

Somos de parecer de que o cristão não deve apoiar essa prática, pois consiste
em uma ação deliberada e consciente. A Bíblia diz: “Não matarás...” (Êx 20.13).
O verbo matar, aí, é rasah, que tem o sentido de assassinar intencionalmente
(não se aplica ao caso de matar na guerra, em defesa própria, etc.). A ação do
médico, tirando a vida do paciente, é vista como um assassinato, segundo a
maioria dos estudiosos da ética cristã.

O término da vida provocado pelo homem deve basear-se nas Escrituras.


(1Sm.2:6) - A concessão da vida é de seu proprietário(Deus).

Não é de competência de o homem decidir o momento da vida ser extinta. Não


é de competência de o homem decidir o momento da vida ser extinta. Isso
nos faz entender exatamente que a vida não é nossa e não podemos fazer
o que queremos. Se fizermos algo diferente do que o criador quer,
pagamos caro pelo erro.
Distanásia

É o uso da aparelhagem hospitalar, que mantém vivo um paciente que não tem
mais esperança de recuperação. Em muitas ocasiões, como cristão, somos
chamados a dar opinião sobre o tema da eutanásia, e precisamos nos
posicionar, usando a Bíblia como fonte de nossa argumentação.

Infelizmente, não dispomos, na bibliografia evangélica, de fontes suficientes


para um embasamento maior em nossas idéias.

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