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13/08/2019

GEOLOGIA DE ENGENHARIA – GEO294

MATERIAIS GEOLÓGICOS
“SOLOS”

Prof. Luis de A.P. Bacellar

2019

A matéria desta apresentação


consta em:
- Livro de Mecânica dos Solos;
capítulos 12 e 13 do livro de
Geologia de Engenharia da ABGE
(Oliveira & Brito, 1998)

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1 – PARÂMETROS BÁSICOS

SOLO = SÓLIDOS + ÁGUA+AR / VAZIOS = ÁGUA +AR

Porosidade (n) – relação do volume de vazios (Vv) pelo volume


total da rocha ou solo:

Índice de vazios (e) – relação do volume de vazios (Vv) pelo


volume de sólidos (Vs):

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Umidade natural (w) – relação do peso da água pelo peso do


material sólido:

w=h

Grau se Saturação (G) - relação do volume de água pelo


volume de vazios (Vv):

S=

Massa Específica (M/V) e Peso Específico (W/V)

Massa específica (kg/m3) e Peso Específico Natural (kN/m3):


do Solo  r e g / rd e gd (peso específico aparente seco)
do Grãos  rs e gs
da Água  ra e ga

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g, w e gs - Determinados em laboratório, os demais são


calculados mediante fórmulas e correlações.

Limites de variação usuais:

-1,0 < r > 2,5 g/cm3


- 2,5 < rs > 3,0 g/cm3
- 0 < e > 20
- 0 < n > 100%
- 0 < S > 100%
- 0 < W > 1500%

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2 – FORMAÇÃO DOS SOLOS


Os principais minerais nos solos tropicais são os argilominerais,
o quartzo e os óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio.
A formação do solo se dá através dos processos de intemperismo
e pedogênese:

Intemperismo Físico

Intemperismo Bioquímico:
 dissolução;
 hidratação;
 hidrólise – é o processo normalmente mais importante;
 oxidação e redução.

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Argilomineriais com Argilomineriais com


estrutura 1:1 estrutura 2:1

Unidades estruturais de
alguns argilominerais

Tipos de hidrólise (Pedro & Melfi, 1977):

CLASSIFICAÇÃO MINERALOGIA

Hidrólise parcial Argilominerais 2:1; muita sílica retida e


(bissialitização) eliminação parcial de cátions

Hidrólise parcial Argilominerais 1:1; grande elimina-ção


(monossialitização) de sílica e de cátions
Oxihidróxidos de Fe e Al; eliminação
Hidrólise total total dos cátions e de boa parte da
sílica

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Solos Expansíveis

Comuns em solos com minerais expansivos, como os argilominerais


2:1; apresentam elevado índice de atividade (IA) e são conhecidos como
vertissolos em pedologia.
Ocorrem em áreas: a) com solos pouco lixiviados (semi-árido); b) com
aporte de muitos cátions (alagados); c) ou com material parental rico em
Ca e Mg (rochas básicas)

Exemplos de vertissolos (solos expansíveis).


Fotos de Oliveira et al., 1992)

Vertissolo eutrófico. Mun. Poro Vertissolo. Pantanal. Foto


Franco, MA. Foto de M.N. de J.A.M. do Amaral
Camargo)

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Principais áreas com solos expansíveis no Brasil

Vargas (1993)

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Nos EUA, os solos


expansíveis
causam mais
danos que
terremotos,
enchentes,
furações e
tornados em
conjunto
(Geology, 2011)

Cerca de 25% das casas dos EUA


tem algum tipo de problema
relacionado com solos expansivos
(Geology, 2011)

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3 . PROPRIEDADES GEOTÉCNICAS BÁSICAS DOS SOLOS

3.1) Granulometria ou Textura


3.2) Estrutura
3.3) Limites de Consistência
3.4) Atividade
3.5) Compactação

3.1 - Composição Granulométrica (textura)

Areia grossa

Areia fina
Silte
Argila

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Existem varias classificações granulométricas, com ligeiras


diferenças entre si.

Classificação Escala Wentworth Classificação Escala segundo a ABNT


Argila menor que 0,004 mm Argila menor que 0,002 mm
Silte entre 0,064 e 0,004 mm Silte entre 0,06 e 0,002 mm
Areia entre 2,0 e 0,064 mm Areia entre 2,0 e 0,06 mm
Grânulo entre 4,0 e 2,0 mm
Seixo entre 64,0 e 4,0 mm
Pedregulho entre 60,0 e 2,0 mm
Bloco entre 256,0 e 64,0 mm

Matacão entre > 256 mm

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Malha # mm
4,0 4,75
5 4,0
A análise granulométrica de solos pode
ser feita por uma combinação de 10 2,0
peneiramento e sedimentação. 18 1,0
25 0,71
35 0,5
40 0,425
60 P
E
N
E
2
0
0
0
,
0
7
0,25
8
X
2
"
I 4

80 R
A 0,17
A
S

120 T
M 0,12
200 0,074
ASTM - ABERTURA DA MALHA DE
JOGO DE PENEIRAS

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Sedimentação
Cálculo das partículas finas - Lei de Stokes
A velocidade de queda de uma partícula esférica (< 0,074 mm)
de peso específico g, num determinado fluido, é proporcional
ao quadrado do diâmetro das partículas

DIÂMETRO EFETIVO (D10 ou De): É o diâmetro


correspondente a 10% em peso total de todas as partículas
menores que ele.

D30 e D60: diâmetros correspondentes a 30% e 60% em


peso total das partículas menores que eles.

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GRAU DE UNIFORMIDADE (U ou CU):

Quanto < o grau de uniformidade, mais uniforme é o solo.

U = D60 / D10

Quanto < U, menor a graduação do solo (bem


selecionado, para os geólogos).

COEFICIENTE DE CURVATURA (CC):

CC = (D30)2 / (D10 . D60)

Solos bem graduados têm 1 < CC < 3.

A curva granulométrica permite distinguir tipos de textura


diferentes:

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Exercícios

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3.2) ESTRUTURA DOS SOLOS - é o arranjo geométrico de partículas do


solo, uma em relação as outras. As partículas primárias poderão estar
agregadas por agentes cimentantes, como os óxidos e hidróxidos de ferro,
sílica e matéria orgânica.

Fonte das figuras:


www.bettersoils.com.au/module6/6_2.htm#Figure%201:

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3.3) Limites de Consistência - (capítulo 6)

A consistência (coesão) de um solo varia com o teor


de umidade.
Estados de Consistência e seus limites Limites de
Consistência ou de Atterberg: LC, LL, LP.

Limite de Plasticidade (LP)

Ver vídeo no Moodle

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Limite de Liquidez (LL)

Determinado com
o aparelho de
Casagrande

Ver vídeo no Moodle

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ÍNDICE DE PLASTICIDADE (IP)

O índice de plasticidade é obtido pela expressão:

IP (%) = LL - LP
onde:
IP = índice de plasticidade
LL = limite de liquidez
LP = limite de plasticidade

Quando não for possível determinar o limite de liquidez ou o


limite de plasticidade, ou se for obtido LP maior ou igual à LL,
o solo é não plástico.

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3.4 - ATIVIDADE

IA = IP / (% de argila)

IA < 0,7 0,7 < IA < 1,5 IA > 1,5


Atividade Atividade Atividade
normal média grande –
Comum em
argilas 2:1

A Carta de Plasticidade de Casagrande permite caracterizar


solos finos a partir do IP e do LL:
Acima da linha A situam-se as argilas inorgânicas e abaixo,
argilas orgânicas e siltes. Os solos com LL maior que 50% são
muito compressíveis e abaixo de 40% tem baixa ou nenhuma
(LL<20%) compressibilidade.

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3.5 - COMPACTAÇÃO (capítulo 12 de Caputo, 1988)

http://www.nachi.org/visual-inspection-concrete.htm

ENSAIO LABORATORIAL DE COMPACTAÇÃO – Ensaio Proctor

Determinação experimental da correlação entre a massa


específica aparente seca (γs) de solo, sua umidade (h) e a
energia utilizada para a compactação do mesmo.

Umidade ótima (hot) para compactar o solo, para cada energia


de compactação.

Umidade ótima  densidade máxima (gsmax) do solo atingida


pela sua compactação.

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ENSAIO LABORATORIAL DE COMPACTAÇÃO


– Ensaio Proctor e Proctor Modificado

Ensaio Proctor e Proctor Modificado

Proctor - Num cilindro (1l) compacta-se um solo (3 camadas)


com peso de 2,5 kg (soquete) a 25 golpes.

Proctor Modificado - 5 kg a 45 cm de altura, 5 camadas, 50


golpes.

Uma vez compactado o solo, com uma determinada umidade


determina-se:

-A massa específica aparente γ=P/V (g/cm3)


-A umidade do solo compactado h=Pa/Ps x 100

- A massa específica aparente seca


-do solo compactado na umidade h γs = γ/(1 + w)/100

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Curva de compactação do solo:

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Compactadores de
Campo

3.6 - ADENSAMENTO /COMPRESSIBILIDADE


(capítulo 9 de Caputo, 1988)
Solos argilosos saturados sofrem um tipo de deformação lenta,
explicada pela teoria do adensamento

Solo arenoso Argila mole

kg
De
De
kg

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Abaixo do NA a tensão normal total em um


plano qualquer é a soma de duas parcelas:

• Tensão transmitida pelos contatos entre as


partículas ou
Tensão Efetiva (σ’)

• Pressão na água dos poros (uw) ou


Poro-pressão

A tensão efetiva é a tensão na fase sólida em virtude do


contatos entre as partículas.

A pressão neutra é a pressão a que está submetida a água


nos poros de um solo.

Na prática, define-se tensão efetiva como a tensão atuante


nos contatos grão a grão, influenciando a deformabilidade e
resistência ao cisalhamento.

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Teoria do adensamento:

O princípio das tensões efetivas estabelece que as


variações de volume devido a um carregamento
devem-se às variações nas tensões efetivas

Solo = esqueleto mineral + água nos poros

Como os grãos são praticamente incompressíveis, a


variação de volume se dá pela diminuição dos vazios
do solo (poros)

Solos granulares – a água flui facilmente devido à alta


permeabilidade. Rápida dissipação dos gradientes.

Solos finos - baixa permeabilidade e dificuldades de


percolação da águas e dissipação dos gradientes
formados. A água absorve parte da pressão (surgimento
de pressões neutras).

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Resultado prático da compressibilidade → Recalques

Recalque - deformação vertical de uma superfície qualquer,


resultante da aplicação de cargas ou do próprio peso do terreno.

Empiricamente:
LL> 50 - solos muito compressíveis
LL< 50 - solos pouco compressíveis

O estudo da compressibilidade dos solos envolve a quantificação


das deformações e do tempo que estas se demoram a processar.

Para caracterizar a compressibilidade de um solo recorre-se, em


geral, a ensaios laboratoriais (com oedômetro) em amostras do solo.

ENSAIO DE COMPRESSÃO CONFINADA (ensaio oedométrico)

A compressibilidade dos solos é normalmente determinada com o


oedômetro.

O ensaio consiste na compressão de uma amostra de solo,


compactada ou indeformada, pela aplicação valores crescentes de
tensão vertical, sob a condição de deformação radial nula.

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OEDÔMETRO

No ensaio mantem-se a amostra saturada e utiliza-se duas pedras


porosas (uma no topo e uma na base) de modo a acelerar a
velocidade dos recalques na amostra e diminuir o tempo de ensaio.

Durante cada carregamento, são efetuadas leituras dos


deslocamentos verticais do topo da amostra e do tempo decorrido.

A taxa de deformação do solo no início do ensaio é veloz, mas


decresce com o tempo.

Transcorrido o tempo para que as leituras se tornem constantes, os


resultados de cada estágio são colocados em um gráfico em função
do logaritmo do tempo.

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A curva de compressão do solo é normalmente representada


em função do índice de vazios (e) versus o logaritmo da tensão
vertical.

ef – índice de vazios ao final do estágio de carregamento atual


Δh – variação da altura do corpo de prova (acumulada) ao final do
estágio
h0 – altura inicial do corpo de prova (antes do início do ensaio)
e0 – índice de vazios inicial do corpo de prova (antes do início do
ensaio)

A inclinação em cada ponto da curva de compressão do solo é


dada pelo seu coeficiente de compressibilidade (av ou a) e
representado pela equação

Indica o tempo de adensamento ou consolidação do


solo sob um certo carregamento

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Faixa de variação da compressibilidade (av ou


a):
Material Compressibilidade a (Pa-1)
Argila 10-6 a 10-8
Areia 10-7 a 10-9
Rocha sã 10-9 a 10-11

Exemplos de Solos Compressíveis:


Argilas moles e saturadas em áreas com solos
hidromórficos, como planícies de inundação, terraços
fluviais e planícies litorâneas

Fonte: Milititisky et al. (2005)

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Massad (2007)

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Situação do Lago Texcoco, na Cidade do México, em 1519.

Vilar (1957)

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Exemplo de adensamento devido a


explotação excessiva de água
subterrânea, na Cidade do México.

Waltham (2009)

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Soluções: fundações
profundas, pré-aterro;
drenos de brita, jet
grouting, drenagem à
vácuo

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Alonso (2007)

Drenagem à vácuo por ponteiras


filtrantes (well-points)

• Resumindo, o aumento da densidade de solos


inclui a compactação e a consolidação:
• Compactação é realizada pelo rearranjo das
partículas do solo sem retirada de água. É
realizada pela aplicação de energia mecânica e
não envolve fluxo de água e sim alteração do teor
de umidade.
• Consolidação (adensamento) ocorre com a
retirada de água dos poros de solos argiloso
saturados. Pode ocorrer naturalmente ou ser
induzida pelo homem (bombeamento de água
subterrânea e/ou sobrecarga)

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4 – CLASSIFICAÇÕES DOS SOLOS (senso lato)

4.1 - Classificação Pedológica - baseada nas


características dos horizontes superficiais do solo,
que interessam à agricultura

4.2 - Classificação Geológica (colúvios/elúvios, etc)

4.3 - Classificação Geotécnica

CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS SEGUNDO A ORIGEM


Horizontes A e B/
Residual Maduro

Horizonte C/
Saprolito/
Residual Jovem

Sedimento
transportado

SEDIMENTOS EÓLICOS

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Solo Residual
- Os produtos da rocha intemperizada permanecem no local da
transformação;
- Não há contato ou limite direto e brusco entre o solo e a rocha que o
originou, mas sim uma passagem gradativa.

Segundo o grau de decomposição dos minerais:

S.R Maduro (Solo eluvial)- material não mostra nenhuma relação com
a rocha que Ihe deu origem. Não se consegue observar restos da
estrutura da rocha nem de seus minerais. Solo Eluvial

S.R. Jovem (Saprolito) - ainda mostra alguns elementos da rocha-


matriz, como linhas incipientes de estruturas ou minerais não
decompostos.

S.R Horizonte A
Maduro
Horizonte B

S.R. Jovem/
Saprolito
(Horizonte C)
Rocha alterada

Rocha sã

Fonte: Deere & Patton, 1971

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ELÚVIOS:

Horizontes A e B  denominados solo residual


maduro pelos engenheiros;

Horizonte C ou saprolito  também denominado solo


saprolítico ou solo residual jovem pelos engenheiros.

Horizonte A

Horizonte B água alúvio


elúvio

Saprolito/
Horizonte C
gravidade
colúvio

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Depósito de tálus

4.1 - SISTEMA UNIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS (SUCS)


(Capítulo 13)

Os solos são classificados em 3 grupos e 15 classes.

Grupos
• SOLOS GROSSOS - mais de 50% retidos na fração #200
• SOLOS FINOS - menos de 50% retidos na fração #200
• TURFAS - solos altamente orgânicos, fibrosos, de baixa
densidade e extremamente compressíveis → PT (“peat”)

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Solos Grossos :

• Pedregulhos - G (“gravel”): mais de 50% retidos na fração #4


• Areias - S (“sand”): menos de 50% retidos na fração #4
– com pouco ou sem finos (menos de 5%)
• bem graduados - W (“well graded”): GW, SW
• mal graduados - P (“poor graded”): GP, SP
– com finos (mais de 12%) -
• argiloso - C (“clay”): GC, SC
• siltoso - M (palavra sueca “mo”): GM, SM
– entre 5 e 12% de finos - símbolo duplo. Ex: GW-GM

Solos Finos:

• Argilas - C: acima da linha A no gráfico de plasticidade


• Siltes - M: abaixo da linha A no gráfico de plasticidade
• Solos Orgânicos - O (“organic”): abaixo da linha A (têm
cor e odor característicos)

– baixa compressibilidade (LL < 50%) - L (“low”): CL, ML,


OL
– alta compressibilidade (LL > 50%) - H (“high”): CH, MH,
OH

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SOLOS GROSSOS:
G = gravel (pedregulho)
S = sand (areia)
W = well graded (bem graduado)
P = poorly graded (mal graduado)
C = clay (com argila)
F = fine (com finos)
SOLOS FINOS:
L = low (baixa compressibilidade)
H = high (alta compressibilidade)
M = mo (silte em sueco)
O = organic (silte ou argila, orgânicos)
C = clay (argila inorgânica)
TURFAS (Pt) Solos altamente orgânicos, geralmente fibrosos e
muito compressíveis.

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Propriedades Inferidas a Partir da Classificação SUCS

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