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Metodologias
do Ensino de
HISTÓRIA II
CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA
UDESC/UAB/CEAD
Universidade do Estado de Santa Catarina
Universidade Aberta do Brasil
Centro de Educação a Distância
Conteúdos e
Metodologias
do Ensino de
HISTÓRIA II
FLORIANÓPOLIS
UDESC/UAB/CEAD
1ª edição - Caderno Pedagógico
Conteúdos e Metodologias do Ensino de História II
Governo Federal Presidente da República | Dilma Rousseff
Secretário de Regulação e
Supervisão da Educação Superior | Jorge Rodrigo Araújo Messias
Diretor de Educação a
Distância da CAPES/MEC | João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Chefe de Departamento de
Pedagogia a Distância CEAD/UDESC | Isabel Cristina da Cunha
Subchefe de Departamento de
Pedagogia a Distância CEAD/UDESC | Vera Márcia Marques Santos
Conteúdos e
Metodologias
do Ensino de
HISTÓRIA II
Caderno Pedagógico
1ª edição
Florianópolis
2013
Material Didático
Multi.Lab.EaD
Laboratório Multidisciplinar de Desenho e
Produção de Material Didático para a EaD
Coordenação
Carmen Maria Cipriani Pandini
Vicecoordenação
Lidnei Ventura
Projeto instrucional
Ana Cláudia Taú Caderno Pedagógico
Carla Peres Souza
Carmen Maria Cipriani Pandini
Daniela Viviani Professoras autoras
Melina de la Barrera Ayres Ana Laura Tridapalli
Roberta de Fátima Martins Caroline Jaques Cubas
Josiane Schweitzer
Projeto gráfico e capa
Elisa Conceição da Silva Rosa Design instrucional
Sabrina Bleicher Daniela Viviani
Professor parecerista
Thiago Juliano Sayão
Diagramação
Elisa Conceição da Silva Rosa
Sabrina Bleicher
Revisão de texto
Nilza Goes
Inclui Bibliografia
ISBN: 978-85-64210-84-4
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Programando os estudos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
CAPÍTULO 1
Considerações sobre o ensino de História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Seção 1 - Os usos sociais da História. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Seção 2 - Ensino e Pesquisa em História na sala de aula . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Seção 3 - O diálogo da História com outras disciplinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
CAPÍTULO 2
Outros olhares sobre um passado oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Seção 1 - “A Primeira Missa” e “Independência ou Morte”: sobre a
abordagem de datas comemorativas a partir da imagem. . . . . . . . . . . . . . . . 40
Seção 2 - Indígenas e afrodescendentes na Construção do Brasil Nação . 48
CAPÍTULO 3
Problematizando a História das Organizações Populacionais em Santa
Catarina: a memória como recurso metodológico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Seção 1 - Imigrações constituindo identidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Seção 2 - A história oral e os museus: usos metodológicos da memória. . 72
CAPÍTULO 4
A micro e a macro história: dialogando em sala de aula . . . . . . . . . . . . . . 83
Seção 1 - Memórias e a história local: o eu e o outro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Seção 2 - Articulações da História geral com a História local. . . . . . . . . . . . . 89
Seção 3 - A História de Santa Catarina nos materiais didáticos. . . . . . . . . . . 94
Prezado(a) estudante,
Bons estudos!
Equipe UDESC\UAB\CEAD
Introdução
Ementa
Geral
Específicos
Carga horária
54 horas/aula
12
Anote as datas importantes das atividades na disciplina, conforme
sua agenda de estudos:
DATA ATIVIDADE
Conteúdo da disciplina
Veja, a seguir, a organização didática da disciplina, distribuída em capítulos
os quais são subdivididos em seções, com seus respectivos objetivos de
aprendizagem. Leia-os com atenção, pois correspondem ao conteúdo
que deve ser apropriado por você e faz parte do seu processo formativo.
13
a articulação com outros campos disciplinares serão alguns
dos temas abordados.
14
Considerações sobre o ensino de História
1
Neste capítulo, você refletirá acerca das articulações entre a historiografia no livro didático
e a atividade docente do professor de História. Além do conhecimento teórico sobre os
fundamentos da disciplina, será discutida a importância e o papel do professor ao ministrar
conteúdos históricos. Suas múltiplas possibilidades de atuação e a articulação com outros campos
disciplinares serão alguns dos temas abordados a seguir.
Seções de estudo
Seção 1
Os usos sociais da História
Objetivos de aprendizagem
Para que serve ou por que preciso estudar História? Qual a utilidade da
História para a minha vida? Essas são algumas das questões com as quais
os professores se deparam ao apresentar conteúdos de História em suas
aulas e planejamentos. Tais interpelações denotam, prioritariamente, a
necessidade de se diferenciar a história vivida, constituída por meio de
experiências cotidianas, da história curricular, composta por conteúdos
previamente selecionados e considerados fundamentais para a formação de
um cidadão. A equivocada ideia de uma disciplina aprisionada no passado,
somada ao imediatismo do tempo presente, pode causar dificuldades e
gerar questionamentos nem sempre simples de responder.
16
CAPÍTULO 1
Figura 1.1 Modernidade Líquida
17
CAPÍTULO 1
Para uma compreensão mais ampla acerca da Lei 5692/71 e suas relações com o contexto
brasileiro, em tempos de ditadura militar, vale pontuar a seguinte assertiva de Ana Claudia Urban:
A Lei n° 5692/71 introduziu grandes e profundas mudanças, excluindo a História e a Geografia
como disciplinas independentes no currículo do recém criado 1º grau de oito anos. Nessa direção,
os conteúdos de História e Geografia foram diluídos dando lugar aos Estudos Sociais que, de
certa forma, justificavam o projeto nacional organizado pelo governo militar implantado no País
a partir de 1964.
Você pode perceber, nesse caso, que a história foi voluntariamente destituída
de seu caráter reflexivo e, nos currículos escolares, era prevista apenas como
uma maneira de enaltecer características da nação brasileira. A disciplina
deveria, a partir de então, ressaltar heróis cívicos e conteúdos patrióticos,
que estariam em consonância com o regime político vigente.
Essa perspectiva começou a ser questionada ao longo dos anos 80, durante
o processo de abertura política, redemocratização e reformas curriculares.
A História trazida de volta aos currículos escolares dialogava agora com
18
CAPÍTULO 1
diferentes tendências historiográficas, ressaltando, a partir de então,
abordagens voltadas às questões sociais, culturais e cotidianas. Conforme
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), para o ensino de História,
publicados em 1997, “introduziu-se a chamada História Crítica, pretendendo
desenvolver com os alunos atitudes intelectuais de desmistificação das
ideologias, possibilitando a análise das manipulações dos meios de
comunicação de massas e da sociedade de consumo” (BRASIL, 1997, p. 24).
A partir de então, o aluno deveria ser compreendido e instigado a perceber-
se como sujeito construtor da história.
cor....?
Identidade
Figura 1.2
19
CAPÍTULO 1
20
CAPÍTULO 1
Em um importante trabalho sobre o ensino de História no século XXI, os
professores Marcos Silva e Selva Guimarães Fonseca (2007, p. 22) ressaltam
que, ao abordarmos conteúdos historiográficos na sala de aula, estamos
lidando com a “formação da consciência histórica de crianças e jovens que
experienciam uma realidade marcada por múltiplas diferenças culturais e
enormes desigualdades sociais e econômicas”. Dessa maneira, podemos
afirmar que o estudo da História pressupõe uma postura ética e política
em relação ao mundo.
Seção 2
Ensino e Pesquisa em História na sala de aula
Objetivo de aprendizagem
21
CAPÍTULO 1
22
CAPÍTULO 1
A proposta curricular de Santa Catarina destaca a importância de não se
anteciparem conteúdos na educação infantil, e considerar essa modalidade
de ensino um espaço aberto para a socialização dando lugar as interações
e as brincadeiras.
Atualmente, a educação infantil recebe crianças com até os cinco anos de idade, pois com a Lei
n° 11.274 de 2006, é obrigatória a matrícula das crianças com seis anos de idade no primeiro ano
do ensino fundamental. Vale lembrar que, a partir de 2009, a denominação referente ao ensino
fundamental foi modificada, passando a não falar mais em séries, e sim em anos. Dessa forma, as
séries iniciais do ensino fundamental antes composto por quatro séries, passa a ter cinco anos de
duração, considerando a entrada dos alunos a partir dos 6 anos de idade. O ensino fundamental
completo (anos iniciais e finais) tem nove anos de duração. Você será habilitado para atuar nos
anos iniciais do ensino fundamental, ou seja, do 1° ao 5° ano.
Pré-história
23
período anterior a
invenção da escrita
CAPÍTULO 1
24
CAPÍTULO 1
CONSCIÊNCIA DE ALTERIDADE
Alteridade é a capacidade que temos de apreender o “outro” na plenitude da sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença.
Alteridade, portanto, significa considerar, valorizar, identificar, dialogar com o outro. Diz respeito aos relacionamentos estabelecidos tanto
entre indivíduos como entre grupos culturais. Em uma relação de alteridade, o modo de pensar e de agir são desenvolvidos de maneira
que não exista sobreposição, assimilação ou destruição do “outro”. Alteridade seria, por fim, a capacidade de conviver com o diferente,
reconhecendo o “outro” como sujeito de direitos. (REIS, 2011, p. 104)
CAPACIDADE DE EMPATIA
Ter empatia ou ser empático significa colocar-se no lugar do outro, é o modo mais
humano de compreender uma pessoa. (MONTE, 2011, p. 88)
NOÇÃO DE TEMPO
25
CAPÍTULO 1
O tempo curto são os ‘fatos No final do terceiro ano do ensino fundamental, considera-se que o aluno
e eventos’ que podem durar
dias ou meses; o tempo domine a linguagem escrita, e alguma noção de organização do tempo
de média duração ou das histórico, como ordenação e curta duração. Assim, no segundo ciclo do
‘conjunturas’ pode durar ensino fundamental, podemos utilizar fontes escritas, como jornais e textos
décadas, como por exemplo,
os ciclos econômicos; e o de livros didáticos. É importante que o aluno consiga comparar diversas
tempo de longa duração fontes, construir uma opinião sobre elas e debater com o grupo, a fim de
chamados de ‘estruturas’ entender que um documento escrito nem sempre é uma verdade absoluta,
onde as mudanças
acontecem lentamente e um acontecimento pode ser observado por diferentes olhares.
durando séculos. BRAUDEL,
Fernand. Escritos sobre a Nessa etapa do ensino fundamental os PCNs estabelecem como eixo
historia. 2.ed. São Paulo:
Perspectiva, 1992. temático a ‘História das Organizações Populacionais ’.
26
CAPÍTULO 1
diferentes grupos sociais para a criação desses agrupamentos. Nessa
temática, enfatiza-se a importância de discutir com os alunos as diferenças
de etnias, línguas, religiões e costumes dentro do espaço local, regional e
nacional.
Como você percebeu, existe bastante conteúdo para ser trabalhado nos
primeiros anos do ensino fundamental. É importante fazer alguns recortes
e a escolha de temas mais significativos para os alunos, integrando os
conteúdos da disciplina com outras áreas do conhecimento. Essa integração
pode ser possível mediante a aplicação de um projeto de pesquisa comum
a todas as disciplinas.
27
CAPÍTULO 1
Seção 3
O diálogo da História com outras disciplinas
Objetivos de aprendizagem
28
CAPÍTULO 1
sua relação com o tempo e o espaço. O ensino da História deve buscar o
envolvimento dos alunos no entendimento de sua própria história de vida,
embasando a construção de uma compreensão mais ampla da história local
e do mundo.
29
CAPÍTULO 1
Para Selva Guimarães (2009), a prática interdisciplinar nos leva a pensar sobre
A ideia de se trabalhar o fazer pedagógico, visando obter os princípios básicos para a formação
com projetos não é algo
novo, pois a chamada
do aluno, que seria o desenvolvimento completo de competências e
‘pedagogia de projetos’ habilidades, como o da cognição, o do social, o da política, e ainda as
já era apontada nos dimensões afetivas, estéticas e éticas.
estudos de John Dewey
e William Kilpatrick,
com a denominação Considerando que o ato de ensinar deve se caracterizar numa relação
de “Pedagogia Ativa” e interativa e na construção de saberes que visem à elaboração de representações
“Método de Projetos”,
ainda no início do século pessoais dos processos de conhecimento e de aprendizagem, é importante
XX. Esse método de trabalhar de maneira articulada. Essa articulação não deve acontecer apenas
trabalho através de entre os conteúdos, mas também no trabalho interdisciplinar, objetivando a
projetos chegou ao Brasil
por meio do Movimento da integração da disciplina de História com as demais áreas de conhecimento
Escola Nova e o cotidiano escolar. Para tanto, a proposta metodológica de Projetos de
Trabalho destaca-se como uma tentativa de viabilizar novas possibilidades
de um pleno processo de aquisição de conhecimentos e saberes.
30
CAPÍTULO 1
Na elaboração de um projeto, ou seja, de uma ação
pedagógica com vistas à construção da aprendizagem, devem
ser delineados: o tema, os problemas, as justificativas, os
objetivos, a metodologia de desenvolvimento (as disciplinas, os
conteúdos, as atividades, os passos do trabalho), o cronograma
de execução (o tempo e as ações), os recursos humanos e
materiais necessários ao projeto, as fontes, a bibliografia e a
avaliação. (FONSECA, 2009, p. 110).
Nos currículos atuais, por meio das novas diretrizes para a educação,
encontramos mais possibilidades de organizar propostas interdisciplinares,
através dos temas transversais, que oferecem diferentes perspectivas de
trabalho interligado às disciplinas curriculares: Ética, Pluralidade Cultural,
Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual e Temas Locais.
31
CAPÍTULO 1
32
CAPÍTULO 1
Síntese do capítulo
33
CAPÍTULO 1
Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
34
CAPÍTULO 1
Atividades de aprendizagem
35
CAPÍTULO 1
36
CAPÍTULO 1
Aprenda mais...
37
2
Outros olhares sobre um passado oficial
Caroline Jaques Cubas
Neste capítulo, você terá a possibilidade de repensar datas e acontecimentos “oficiais” da história
do Brasil mediante fontes imagéticas e abordagens questionadoras.
Seções de estudo
Seção 1
“A Primeira Missa no Brasil” e “Independência ou
Morte”: sobre a abordagem de datas comemorativas a
partir da imagem
Objetivos de aprendizagem
40
CAPÍTULO 2
Para início de conversa, você deve estar familiarizado com as noções de
fonte e acontecimento, certo? Lembre-se de que a forma como tratamos
essas duas noções no estudo e ensino da História são fundamentais e
definidoras do sentido que queremos atribuir à própria história.
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A N Á L I S E D E O BRA S DE A RT E
Para que e para quem servem as datas que comemoramos? Existem possibilidades de atribuição de
sentidos diferentes a essas datas? Por que os materiais didáticos enaltecem certos acontecimentos e A
calam outros? Fazer tais questionamentos significa aproximar-se das premissas de Paulo Freire, pois de
“O ato educacional é um ato político.” ob
nã
Primeira missa
Victor Meirelles
A obra Primeira Missa de Victor Meirelles, acima representada, foi desenvolvida na segunda metade
do século XIX, ou seja, em torno de 360 anos depois do “acontecimento” efetivamente retratado, a
obra retrata uma natureza exuberante que serviu de cenário à celebração da primeira missa cristã
realizada em território brasileiro.
Independência ou Morte
Pedro Américo
CAPÍTULO 2
Podemos afirmar que “Primeira Missa no Brasil” é muito mais que uma
ilustração do descobrimento. O quadro, em sua riqueza de detalhes, foi
difundido como a representação oficial do Brasil como nação, retratando as
belezas naturais, as possibilidades de convivência entre europeus e índios
e a preponderância da fé católica, ou seja, os elementos que se desejava
associar à imagem do Brasil pós independência. Essa pintura foi inserida,
portanto, na compreensão de um projeto de nação para o Brasil e na
construção de uma imagem que se desejava disseminar.
45
CAPÍTULO 2
através das artes e da literatura. Até que ponto a forma como o índio é
representado no quadro e nos textos indianistas influenciam nas percepções
dos grupos indígenas que temos ainda hoje? Reflita sobre isso.
Não restam dúvidas sobre o fato de que o artista (Pedro Américo) era
tributário dos princípios gerais que norteavam a “pintura da história”
desde o século XVIII. A iconografia era então interpretada como
recurso para encantar os olhos e emocionar as almas, mobilizando os
sentimentos coletivos para as virtudes cívicas. Essa dimensão do registro
visual não passou despercebida aos políticos do partido conservador
de São Paulo e da Corte, que, na década de 1880, se empenharam em
erguer na colina do Ipiranga, na capital paulista, um monumento que,
simultaneamente, delimitasse o lugar da proclamação da Independência
e reverberasse uma imagem renovada da monarquia, no momento em
que pesadas críticas eram endereçadas às figuras e aos fundamentos do
regime pela campanha republicana. Tendo em vista o caráter simbólico
atribuído àquele espaço, para complementá-lo e dar acabamento à
representação do Sete de Setembro ali inscrita, foi acrescentado ao
projeto do prédio o painel Independência ou morte. Elaborado em
Florença, na Itália, por Pedro Américo, entre 1886 e 1888, ele mede 7,5
por 4,11 metros, e foi idealizado para ocupar lugar de destaque no salão
de honra do Monumento do Ipiranga. (OLIVEIRA, 2007, s/p).
Como você pode perceber, as imagens têm muito mais a nos dizer do que
aquilo que está explícito e é facilmente observado em um olhar descuidado
e descontextualizado. É preciso, portanto, ao usar imagens como fontes de
pesquisa e análise (especialmente ferramentas de discussão em sala de aula),
cruzá-las com outros referenciais e leituras, ater-se ao período e às condições
em que foram produzidas, ou espaços em que estão expostas e circulam, e,
em especial, realizar sempre novas indagações.
47
CAPÍTULO 2
Seção 2
Indígenas e Afrodescendentes na construção do Brasil
Nação
Objetivos de aprendizagem
Figura 2.3
A situação vivida pelos
índios Guaranis Kaiowás,
além de remeter aos
problemas sociais que
assolam muitos grupos
indígenas que atualmente
vivem em reservas ou
regiões conflituosas,
obriga-nos a evidentes
questionamentos:
De acordo com Reis (2011), o conceito de etnocentrismo implica uma perspectiva hierárquica de
conceber a cultura do outro. Nesse caso, quando nos referimos ao termo eurocentrismo, significa
que as características culturais europeias foram consideradas superiores em relação a outras. De
acordo com a mesma autora, essa imposição nasceu, em grande parte, do fato dos homens
verem o mundo por meio de sua própria cultura, “estranhando” desse modo os comportamentos
diferentes do seu. Essa primeira forma de olhar para a diferença cultural teve como consequência
a emergência de um ponto de vista que considerou o modo de vida europeu como o ponto alto
do processo civilizatório. Ao colocar o modo de vida da Europa no centro da humanidade, deu-
se início ao desenvolvimento de uma perspectiva hierárquica de conceber a cultura do “outro”,
denominada de etnocentrismo. Essa forma de perceber a diferença foi responsável, em seus
casos extremos, pela ocorrência de numerosos conflitos sociais, genocídios e etnocídios”.
49
CAPÍTULO 2
“No meio dos homens civilizados, era um índio ignorante, nascido de uma
raça bárbara, a quem a civilização repelia e marcava o lugar de cativo. Embora
para Cecília e D. Antônio fosse um amigo, era apenas um amigo escravo. Aqui,
porém, todas as distinções desapareciam; o filho das matas, voltando ao seio
de sua mãe, recobrava a liberdade; era o rei do deserto, o senhor das florestas,
dominado pelo direito da força e da coragem.”
(O Guarani, José de Alencar, 1964, p. 261-262).
50
CAPÍTULO 2
escravizados e catequizados, eles desaparecem da narrativa, voltando apenas
no século XIX, como o bom selvagem de José de Alencar, que reatualiza a
representação histórica do índio como culturalmente homogênea.
51
CAPÍTULO 2
52
CAPÍTULO 2
que a contribuição dos africanos e afrodescendentes vai muito além da
condição de escravidão. É preciso auxiliar, por meio do incentivo às pesquisas,
da observação de imagens e acesso a fontes diversas, a compreensão da
diversidade e dos diferentes tipos de laços estabelecidos no período que
antecede o tráfico negreiro para o Brasil. Ao estudar as populações africanas,
é necessário, evidentemente, pensar como tais sociedades se organizavam
na África, pois, apenas dessa forma, você estará apto a compreender os
laços e as resistências constituídas em solo brasileiro.
53
CAPÍTULO 2
54
CAPÍTULO 2
impossibilidade de ter a própria roça e, é óbvio, o simples desejo de
liberdade eram as razões mais frequentes que os levavam a escapar
dos senhores. Por vezes os cativos se ausentavam apenas por tempo
suficiente para pressionar o senhor a negociar melhores condições
de trabalho, moradia e alimentação, para convencê-lo a dispensar
um malvado feitor, a manter na mesma fazenda uma família escrava,
a cumprir acordos já firmados ou até para conseguir ser vendido a
outro senhor. (ALBUQUERQUE E FRAGA FILHO, 2006, p. 117).
Síntese do capítulo
55
CAPÍTULO 2
Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
56
CAPÍTULO 2
Atividades de aprendizagem
1. Considerando as leituras efetuadas na seção 1 deste capítulo, acerca do
uso de imagens no ensino História, elabore um plano de aula a respeito do
processo de independência do Brasil a partir do quadro “Independência
ou Morte”. Lembre-se de explicitar seus objetivos, os conteúdos
específicos a serem abordados e, especialmente, a forma como a imagem
será apresentada e interpretada.
57
CAPÍTULO 2
58
CAPÍTULO 2
Aprenda mais...
59
CAPÍTULO 2
60
Problematizando a História das Organizações Populacionais
em Santa Catarina: a memória como recurso metodológico
Ana Laura Tridapalli
3
O presente capítulo propõe a discussão sobre a pluralidade cultural de Santa Catarina, utilizando a
memória como recurso metodológico, e analisa a história de Santa Catarina a partir dos diferentes
grupos sociais que contribuíram para a sua formação. Esse estudo possibilitará a você, educador,
trabalhar a história das organizações populacionais através da memória, utilizando como recurso
metodológico as fontes imagéticas, o patrimônio histórico, a história oral e os museus.
Seções de estudo
Seção 1
Imigrações: constituindo identidades
Objetivo de aprendizagem
Figura 3.1
Vale Europeu
62
CAPÍTULO 3
A menos que você tenha imigrado recentemente de algum país
europeu, provavelmente sua resposta seja não. Então, por que ainda
convivemos com esse imaginário? Você já se questionou sobre isso?
Sabemos que durante todo o século XIX muitos europeus, entre eles
italianos, alemães, poloneses e ucranianos imigraram para o Brasil,
e muitos se estabeleceram em Santa Catarina formando colônias,
cultivando seus costumes e tradições. Na Europa, a população
enfrentava as
consequências da
Mas, antes da chegada desses colonos, não existiam outros grupos revolução industrial,
populacionais em Santa Catarina? Claro que sim: os descendentes como o aumento dos
de portugueses, espanhóis, africanos - muitos ainda na condição de impostos da, pequena,
propriedade, que causou
escravos – e os povos nativos como os índios Xokleng e Kaingang. o endividamento de
Portanto, pode-se questionar a predominância desse imaginário muitos colonos. Sem
europeu, não é mesmo? muitas opções, coube ao
agricultor ser “mão-de-
obra” das indústrias, ou
Ao estudar a história do Brasil, perceba que a grande leva de imigrar para o novo mundo
imigrantes foi legitimada por uma política de Estado que defendia como possibilidade de
o branqueamento da população brasileira. As elites brasileiras continuar no cultivo da
acreditavam que a modernização da nação só seria possível com terra e fugir do processo de
proletarização.
a vinda de colonos brancos europeus. Essa política buscava a
implantação de um novo modelo produtivo baseado no trabalho
assalariado, negando três séculos de trabalho escravo realizado por
nativos, indígenas e afrodescendentes.
63
CAPÍTULO 3
Que tal fazer um exercício? Escolha uma das cidades que aparecem na
figura 3.1. Agora, por um momento, imagine-se professor de uma escola
pública dessa cidade e que esteja trabalhando a história das organizações
populacionais em Santa Catarina. Como você poderia discutir esse tema
sem reproduzir o discurso das campanhas governamentais, que consideram
aquela região um pedaço da Europa no Brasil e o lugar dos descendentes de
italianos e alemães?
64
CAPÍTULO 3
Muitas comunidades em Santa Catarina revivem suas tradições todos os
anos com a realização de festas típicas. No mês de outubro, predominam as
festas alemãs, entre elas a Oktoberfest em Blumenau, que atrai milhares de
turistas do Brasil e do exterior. Tais eventos refletem o processo de imigração
europeia em Santa Catarina, por isso, as propagandas institucionais
acerca dessas comemorações podem ser fontes interessantes para o estudo
histórico. Então, você pode utilizar recortes de jornais, revistas, sites da
internet, enfim, algum material que represente o imaginário das festas
italianas, alemães, portuguesas e austríacas. Observe a imagem a seguir:
65
CAPÍTULO 3
Ao discutir a colonização europeia, você pode refletir com seus alunos sobre
a presença da cultura indígena em Santa Catarina. A fotografia a seguir, por
exemplo, pode ser utilizada para iniciar o debate em torno da relação entre
os colonos europeus e os povos nativos catarinenses.
Eles eram também Ao analisar a imagem anterior, perceba a presença de colonos e povos
conhecidos pelas
denominações Bugre,
nativos, os bugres, assim denominados pelos imigrantes. O estudo da
botocudo, aweikoma, imagem pode começar pelos elementos internos, como por exemplo, que
xokren e kaingang. O etnias estão presentes nessa fotografia? Quem são essas pessoas? Quem
termo bugre é usado no
sul do Brasil para designar produziu a imagem? Qual a intenção de quem a produziu?
indistintamente qualquer
índio, e sua aplicação tem Essa imagem possibilita ainda a problematização acerca da presença de
conotações pejorativas,
pois encerra as noções grupos indígenas em Santa Catarina. Como era a relação entre colonos e
de selvagem e inimigo. indígenas? Houve trocas culturais? Os índios eram passivos ou resistentes
(Santos, 1973,p.30) Para ao processo de colonização? Os indígenas dessa imagem são chamados de
mais informações sobre os
Xokleng em SC, consulte a Xokleng, mas os índios não são todos iguais? Quais são as diferenças?
obra de Silvio Coelho dos
Santos “Índios e brancos no A partir desses questionamentos, você pode abordar com seus alunos o
sul do Brasil: a dramática
experiência dos Xokleng”. estudo dos diferentes grupos indígenas presentes em Santa Catarina. A
pesquisa sobre os índios Xokleng, por exemplo, permite compreender
a existência das Terras indígenas em Santa Catarina. A fundação da Terra
66
CAPÍTULO 3
Indígena Ibirama, em especial, é resultado das relações entre o referido
grupo e os colonizadores europeus no Vale do Rio Itajaí.
Legenda:
Localização das terras
indígenas em Santa Catarina
Curiosidade:
A Terra indígena (TI) Ibirama está situada ao longo dos rios Hercílio (antigo Itajaí do
Norte) e Plate, que moldam um dos vales formadores da bacia do rio Itajaí-açu, e está
cerca de 260 km a noroeste de Florianópolis e 100 Km a oeste de Blumenau. Localizada
em quatro municípios catarinenses, cerca de 70% da área está dentro dos limites dos
municípios José Boiteux e Doutor Pedrinho. Essa TI, inicialmente denominada Posto
Indígena Duque de Caxias, foi criada pelo chefe do governo catarinense, Adolfo Konder,
em 1926, que destinou aos Xokleng uma área de 20.000 hectares. Em 1965, foi
oficialmente demarcada e em 1975 recebeu o nome de Ibirama.
Fonte: http://pib.socioambiental.org/pt/povo/xokleng)
67
CAPÍTULO 3
Como você pôde perceber, em sala de aula o uso da fotografia como recurso
metodológico permite o surgimento de discussões muito significativas para
a construção do conhecimento histórico. Com a Nova História Cultural, a
fotografia é considerada uma fonte de estudos para a compreensão dos
acontecimentos. Segundo Pierre Nora (1984), a fotografia é um “lugar de
memória”, assim como os diários, os jornais, os museus e o patrimônio
histórico cultural. Portanto, “os recursos fotográficos são utilizados como
instrumentos de registros de momentos significativos e podem ser utilizados
nos processos de análise e pesquisa das relações cotidianas do passado,
como modos, costumes e vestuário”. (NONNENMACCHER, 2012, p. 14).
68
CAPÍTULO 3
EVOLUÇÃO POPULACIONAL DE SANTA CATARINA
População Brancos % Escravos
Anos Escravos
Total e Libertos sobre o total
1796 21.013
1797 21.003
1800 21.068
1803 17.843 13.628 4.215 23,5%
1805 18.132 13.489 4.643 25,5%
1810 30.339 23.146 7.203 24,0%
1813 32.949 25.371 7.578 22,5%
1818 44.041 34.869 9.172 21,0%
1819 44.031 34.859 9.859 26,0%
O patrimônio cultural pode ser material e imaterial. O patrimônio material é composto por um
conjunto arqueológico, paisagístico e etnográfico, histórico, belas artes e das artes aplicadas.
Divide-se em bens imóveis como os núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e
bens individuais, e móveis como coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais,
bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos. O patrimônio
imaterial são “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto
com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as
comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante
de seu patrimônio cultural.”
Fonte: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/
portal/montarPaginaSecao.do?id=15481&retorno=paginaIphan. Acesso em: 25 abril 2013.
69
CAPÍTULO 3
70
CAPÍTULO 3
Assim, a invisibilidade desse grupo social na constituição da Identidade
Catarinense é realmente um fato ideológico. A disciplina de história permite
a você, educador, questionar essa e outras ideologias. Entenda identidade “como
o compartilhamento de
convenções e valores,
Por isso, é mais significativo, nas aulas de História, compreendermos a de modos de pensar, de
identidade catarinense como uma construção dinâmica que acontece sentir e de agir mais ou
menos formalizados, que
por meio dos processos de re-significação e apropriações culturais. De distinguem e produzem
acordo com essa visão, podemos refletir sobre a possibilidade de múltiplas a integração de uma
identidades dentro do estado de Santa Catarina, como a regional, a comunidade”. (AZEVEDO,
2003, p. 43)
religiosa, a étnica, entre outras possíveis.
71
CAPÍTULO 3
Seção 2
A história oral e os museus: usos metodológicos da
memória
Objetivo de aprendizagem
72
CAPÍTULO 3
É importante ressaltar que, como metodologia de pesquisa, a história oral
envolve a sistematização das informações, o que a diferencia de uma simples
conversa. Uma boa entrevista envolve a criação de um roteiro de perguntas HISTORIA ORAL como
metodologia de pesquisa:
pré-definido coerente com a temática a ser pesquisada. As entrevistas recomendamos a obra do
devem ser gravadas, e é importante que você, professor, ensine seus alunos historiador Paul Thompson
‘A Voz do passado: história
a utilizar o gravador. Outra possibilidade, com o avanço da tecnologia, é a oral” (1992). No capítulo
filmagem das entrevistas. 7, o autor escreve com
profundidade sobre a
técnica da entrevista.
É importante destacar que a gravação da entrevista deve ser precedida de
autorização por parte do entrevistado. Portanto, você deve orientar seus
alunos sobre esse procedimento e produzir um termo de consentimento
solicitando essa autorização.
73
CAPÍTULO 3
Observe que, para o aprendizado ser mais significativo, você deve valorizar
a realidade dos alunos; sendo assim, você poderia propor às crianças a
realização de entrevistas com familiares, ou pessoas da comunidade que as
ajudem na busca de informações sobre os deslocamentos que envolveram
as suas famílias. Essa pesquisa ajudará o aluno a compreender a história da
sua família, a de seus colegas e de sua cidade, e muitas relações podem
surgir a partir desses depoimentos.
O museu, assim como a história oral, também pode ser uma ferramenta
metodológica na construção do conhecimento histórico, e os museus da
colonização são muito visitados por escolas. Vários professores utilizam
esse recurso para estudar a cultura dos diversos grupos sociais. Mas, qual
a intenção do professor ao visitar um museu? Muitas vezes, os professores
solicitam um relatório da visita como um fim em si mesmo, e depois em sala
de aula pouco problematizam as informações.
75
CAPÍTULO 3
Os alunos devem observar a história que há nos usos dos objetos materiais.
Ramos (2004, p. 21) afirma que o “envolvimento entre o que é dado à visão e
quem vê necessita de atividades preparatórias, com o intuito de sensibilizar
aquele que vai ver. Do contrário, não se vê, ou pouco se vê”.
76
CAPÍTULO 3
Devemos construir nossa prática a partir de uma história-problema que
compreenda o passado como fonte de reflexão acerca do presente, não
como uma simples sucessão de eventos. Assim, na visita ao museu, os
monitores devem dialogar com os estudantes e questioná-los, e não só
reproduzir informações.
Síntese do capítulo
77
CAPÍTULO 3
Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
78
CAPÍTULO 3
Atividades de aprendizagem
1. Considerando o conceito de Patrimônio Cultural estudado no presente
capítulo, realize uma pesquisa, em sua cidade ou região, sobre espaços
ou práticas considerados patrimônios culturais. Em seguida, a partir do
eixo temático a ‘história das organizações populacionais’, construa uma
atividade que possibilite o estudo dos grupos sociais da sua região.
Lembre-se de que a fonte histórica para esse estudo deve ser o Patrimônio
Cultural.
79
CAPÍTULO 3
80
CAPÍTULO 3
Aprenda mais...
Para aprofundar seus estudos sugerimos as seguintes obras:
81
A micro e a macro história: dialogando em sala de aula
Josiane Schweitzer
4
O presente capítulo tratará das abordagens de uma história local (micro) com a história geral
(macro), na tentativa de articular esses conteúdos em sala de aula e possibilitar a apropriação do
conhecimento histórico no contexto cotidiano do aluno.
Seções de estudo
Seção 1
Memória e a história local: o eu e o outro
Objetivos de aprendizagem
84
CAPÍTULO 4
Portanto, o ensino de História deve buscar a compreensão das vivências
das pessoas em seus diferentes espaços e tempos. Pesquisar os diversos
aspectos que perpassam o cotidiano, como a maneira com que as pessoas
se relacionam, trabalham, onde moram, como é ou era o lugar onde viviam,
identificando costumes e regras que faziam parte desse dia-a-dia, permitirá
o conhecimento de diferentes grupos e épocas e a percepção das distinções
com o tempo presente.
85
CAPÍTULO 4
86
CAPÍTULO 4
Nessa abordagem, o aluno pode contextualizar suas experiências, encontrar
sentido nos saberes locais, dimensionar sua existência como ser social e
agente histórico de seu tempo. Particularmente no Brasil, a valorização da
história local como abordagem metodológica ficou claramente evidenciada
na elaboração das novas propostas curriculares, na medida em que os PCNs
trazem, na área de História para o ensino fundamental, um olhar no qual
a História local constitua um eixo teórico que sirva como referência. Isso
porque “o trabalho com a história local pode ser instrumento idôneo para a
construção de uma história mais plural, menos homogênea, que não silencie
a multiplicidade de vozes dos diferentes sujeitos da história”. (SCHMIDT E
CAINELLI, 2004, p. 113).
87
CAPÍTULO 4
Seção 2
Articulações da História geral com a História local
Objetivos de aprendizagem
89
CAPÍTULO 4
90
CAPÍTULO 4
Veja algumas temáticas que você pode trabalhar em sala de aula:
91
CAPÍTULO 4
Outra importante fonte de dados são os relatos orais que podem ser
levantados mediante entrevistas ou diários fornecendo informações sobre
as diferentes visões pessoais das experiências individuais e coletivas. A
dimensão territorial do Brasil possibilita que consigamos estabelecer
diversas comparações dos vários aspectos que permeiam as formas de
representação da vida cotidiana e o quanto eles se interligam ao tempo e
espaço do contexto local.
92
CAPÍTULO 4
BOI-BUMBÁ Figura 4.2 - Boi Bumbá
O Bumba-meu-boi é uma festa tradicional onde a figura
do boi é o elemento central. Reúne também outras
manifestações culturais e, por isso, é chamado de
complexo cultural. Muitas vezes definido como um
folguedo popular, o Bumba-meu-boi extrapola a
brincadeira e se transforma em uma grande celebração
tendo o boi como o centro do seu ciclo vital e o universo
místico-religioso. Profundamente enraizado no
cristianismo e, em especial, no catolicismo popular, o
Bumba-meu-boi envolve a devoção aos santos juninos
São João, São Pedro e São Marçal. Os cultos religiosos
afrobrasileiros do Maranhão também estão presentes na celebração, como o Tambor de Mina e o Terecô,
caracterizando o sincretismo entre os santos juninos e os orixás, voduns e encantados que requisitam um boi
como obrigação espiritual.
BOI DE MAMÃO
Boi de mamão, de origem africana, é uma encenação que
envolve dança e cantoria em torno do tema épico da morte
e ressurreição de um Boi. No litoral catarinense, o auto
incorporou marcas açorianas através da cantoria e dos
instrumentos musicais. Segundo alguns folcloristas,
antigamente, era chamado de Boi-de-Pano, por causa do
material empregado para confeccionar o bicho. Certa vez,
na pressa de fazê-lo, foi usado um mamão verde para servir
de cabeça, então, batizando a brincadeira. Outros alegam o
fato de o brincante "mamar", beber cachaça, antes de vestir
a fantasia do Boi.
Figura 4.3 - Boi de Mamão
Fonte: <http://www.pmf.sc.gov.br/franklincascaes/>.
93
CAPÍTULO 4
Seção 3
História de Santa Catarina nos materiais didáticos
Objetivos de aprendizagem
94
CAPÍTULO 4
ensinar a edificar o próprio ponto de vista histórico significa ensinar
a construir conceitos e aplicá-los diante das variadas situações e
problemas; significa ensinar a selecionar, relacionar e interpretar
dados e informações de maneira a ter uma maior compreensão
da realidade que estiver sendo estudada; ensinar a construir
argumentos que permitam explicar a si próprios e aos outros, de
maneira convincente, a apreensão e compreensão da situação
histórica (KARNAL, p. 77 e 78).
A escolha dos livros didáticos sobre História para as séries iniciais da educação
básica, assim como os da História de Santa Catarina para esses ciclos,
passa por critérios de seleção do MEC e são analisados por historiadores e
professores dessa área. Após a definição dos livros, o Guia do PNLD serve
como referência para o professor escolher o título que trabalhará em sala
de aula e encaminhar os pedidos de compra dos mesmos. Essa definição é O Programa Nacional
do Livro Didático é um
apresentada no Guia de Livros Didáticos do PNLD e ocorre em ciclos trienais programa do Ministério
para cada etapa da educação básica; portanto, geralmente, a cada três anos, da Educação que visa
um novo guia é indicado para as séries iniciais da educação básica. fornecer aos programas
escolares subsídios para
a prática pedagógica dos
Por exemplo, em Santa Catarina, os quatro livros indicados no Guia do professores. Após um
PNLD para o ano de 2013, para trabalhar com a história de nosso Estado, processo de avaliação das
obras indicadas, ocorre
trazem abordagens que pretendem, como princípio, propor a relação entre a distribuição dos livros
a história da região com a macro-história nacional e mundial. Segundo as escolhidos às escolas de
educação básica.
indicações das análises do Guia do PLND de 2013 apresentadas, esses livros
apontam semelhanças nas abordagens dos temas e conceitos.
95
CAPÍTULO 4
De acordo com o guia do PNLD, “essas obras regionais precisam estar atentas
à trajetória escolar dos alunos, tendo em vista a aprendizagem anterior dos
conceitos básicos da História, bem como a seleção dos conteúdos a serem
trabalhados”. (GUIA, 2012, p. 26).
Assim, para o ensino de História de Santa Catarina, você deve primeiro analisar
sua própria compreensão dessa História, uma vez que, como já comentado,
a maneira pela qual você aprendeu essa disciplina foi, provavelmente, muito
voltada para uma abordagem factual e linear, geralmente enfatizando
as ações do Estado ou das chamadas elites. É necessário que você tenha
a iniciativa constante de aprofundar o seu processo de construção de
conhecimento, nesse caso, o da História do território em que mora.
96
CAPÍTULO 4
Redefinir os sujeitos da história e as perspectivas de análise do passado tem
sido a tônica das pesquisas na área de História sobre Santa Catarina nas
últimas décadas. Dessa maneira, você pode enriquecer sua metodologia
didática a partir da análise sobre o que está sendo pensado sobre o assunto.
Os trabalhos de pesquisa dos últimos anos apontam que
Síntese do capítulo
97
CAPÍTULO 4
Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
98
CAPÍTULO 4
Atividades de aprendizagem
99
CAPÍTULO 4
100
CAPÍTULO 4
101
CAPÍTULO 4
Aprenda mais...
102
Considerações
finais
Autoras
Ana Laura Tridapalli
Josiane Schweitzer
106
Comentários
das atividades
Capítulo 1
Comentário:
O objetivo desta questão é treinar o seu olhar para a forma como os
conteúdos de história são abordados em materiais didáticos. Sugerimos
que você selecione conteúdos considerados fundamentais no ensino
da História e tente perceber a forma como os mesmo são trabalhados,
quais os personagens e atitudes ressaltadas, os sujeitos não citados ou
referenciados, quem é responsabilizado pelo acontecimento, como o
processo se desenvolveu, entre outros aspectos.
Comentário:
A escolha do tema deve ser realizada após a leitura da seção 2,
principalmente dos parágrafos referentes aos temas que compõem o
eixo temático “a história das organizações populacionais”. O projeto
de pesquisa deve conter, além do tema, o problema, a justificativa, os
objetivos e a metodologia de desenvolvimento.
Comentário:
Ao elaborar um Projeto de Trabalho que aponte na direção de questões
ambientais, é importante que se estabeleça uma relação interdisciplinar
com outras áreas, especialmente aquelas que apresentam mais
afinidade com o tema, como as disciplinas de Ciências e Geografia.
Capítulo 2
Comentário:
A elaboração de Planos de Aula é uma das práticas cotidianas de um
professor. O objetivo dessa atividade é você treinar a elaboração de
um Plano de Aula utilizando as propostas deste capítulo a respeito da
Independência do Brasil. Retome o item que trata a respeito do quadro
e estabeleça quais objetivos os seus alunos poderiam atingir a partir da
análise dessa imagem. Lembre-se de que a metodologia escolhida, ou
seja, a forma como você vai propor trabalhar o conteúdo, deve estar
diretamente ligada aos objetivos que você pretende atingir.
Comentário:
Essa atividade propõe um exercício de análise, pois depende da
resposta que você obtiver ao fazer o levantamento dos grupos
indígenas que vivem em sua região. Note que as condições sociais em
que os grupos indígenas vivem atualmente devem ter como referência
as características culturais dos grupos indígenas em questão.
108
Capítulo 3
Comentário:
É importante observar que a nova concepção de Patrimônio Cultural
compreende todas as manifestações humanas. Nessa atividade,
estamos privilegiando o Patrimônio Material, por isso sugerimos uma
caminhada por sua cidade que atente para esses espaços históricos.
Uma leitura atenta da seção 1 do presente capítulo elucida a concepção
de Patrimônio Cultural e explica a diferença entre patrimônio material
e imaterial. Também é preciso compreender a temática proposta no
eixo “a história das organizações populacionais”. O estudo da seção
2 do capítulo 1 auxilia o estudante na compreensão dos conteúdos
presentes nesse eixo temático.
Comentário:
Lembre-se de que o roteiro de perguntas deve ser elaborado após o
estudo do tema escolhido. As perguntas guiarão a entrevista, por isso
o levantamento de boas informações está diretamente relacionado à
escolha das questões. Essa atividade exige que você, futuro professor,
conheça a história dos deslocamentos populacionais de seu município.
A partir deste estudo, você irá elaborar um roteiro de perguntas a ser
109
utilizado por seus alunos. Lembre-se: para elaborar o roteiro de perguntas,
você precisa primeiro selecionar as pessoas que vão ser entrevistadas. A
leitura da seção 2 deste capítulo o ajudará na construção dessa ferramenta.
Capítulo 4
Comentário:
A disciplina de História consegue trabalhar com diferentes conceitos que
perpassam o cotidiano dos alunos; assim, pode estabelecer, por meio da
elaboração de atividades que conduzam ao processo de identificação e
pertinência dos alunos em seus contextos históricos, a identificação do
todo com o micro.
Comentário:
O trabalho com música é muito lúdico e favorece a construção do
conhecimento de si e dos outros, aperfeiçoando as concepções de
representação e identidade. No processo de identificação que se constrói
com a utilização de música, os alunos podem estabelecer a relação de suas
características pessoais com as dos outros e elaborarem uma visão mais
contextualizada de seu espaço social.
110
Referências
HOBSBAWN, Eric. Sobre a História. São Paulo: Cia das Letras, 2001.
112
KARNAL, Leandro (org.) História na sala de aula. São Paulo: Contexto,
2007.
113
REIS, Marilise Luiza Martins dos. Antropologia: caderno pedagógico /
Marilise Luiza Martins dos Reis; design instrucional Melina de la Barrera
Ayres – Florianópolis : UDESC/CEAD, 2011.
114
Referências
das figuras
Imagem da Capa
Quadro “Independência ou Morte”,
Pintor Pedro Américo, 1888, Florença (Itália)
117