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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS – UEA

ESCOLA NORMAL SUPERIOR


ATIVIDADE DE LIBRAS
Professor: Sebastião Reis de Oliveira
Aluno: Sandro Lima Branco
PERCEPÇÃO E CONCEPÇÃO SOBRE O SURDO E A SURDEZ AO LONGO DA HISTÓRIA

1. IDADE ANTIGA
Entre os anos 4000 a.C. e 476 d.C. foi o período conhecido como Idade Antiga, período
também da ascensão e declínio do Império Romano.
Os surdos nesse contexto histórico eram considerados sub-humanos e tratados como
besta (SACKS opud GOLDFELD, 2002, pg.15). Entendia-se que a fala e audição seriam
os únicos modos de ouvir e falar com Deus. Pesava-se que estas pessoas haviam sido
castigadas por pecados de sua família ou por desobediência a Deus e a seus
mandamentos. Para o filósofo grego Aristóteles, a pessoa surda, era um corpo sem alma,
ou seja, um ser irracional. Nesse período da história a surdez era considerada doença e
precisava ser curada.

2. IDADE MÉDIA
Nesse período a Igreja Católica Apostólica Romana detinha um poderio tanto religioso
como político. Seu poder ideológico era tão grande e consideravam a pessoa surda como
um não-crente e suas almas não poderiam atingir a vida eterna por não serem capazes
de pronunciarem os sacramentos. A pessoa surda era considerada um ser anormal,
deviam ser afastados do convívio social e recluso em algum mosteiro bem distantes dos
grandes Centros. Eram considerados miseráveis e dignos de receber esmolas eram
comparados aos cegos, coxos e dementes.

3. IDADE MODERNA
Época do Renascimento, o saber religioso é deixado de lado e é dado um valor mais
enfático ao conhecimento científico.
Apesar de se manter a ideia religiosa sobre a pessoa surda, surge nesse período, a
tentativa de normalização dessas pessoas. Surgem as primeiras pesquisas sobre a surdez
sob uma visão patológica, sendo pioneiro o médico e pedagogo francês Jean Marc
Gaspard Itard. O médico, matemático e astrólogo italiano, Girolamo Cardano, concluiu
que a surdez não prejudicava a aprendizagem e eles poderiam aprender a escrever a
expressar o que sentiam. Foi criado pelo Monge Beneditino da Espanha, Pedro Ponce de
Léon, um alfabeto manual que ajudava os surdos a soletrarem as palavras. Em 1770, foi
criada a primeira escola para crianças surdas (estas que perambulavam pelas ruas de
Paris) pelo Abade Charles Michel de L’Épée. Na Alemanha, surgem as primeiras noções
do que hoje constitui o método da fala a partir de técnicas e treinamento orofacial, ideias
de Samuel Heinick. Em Sua concepção o surdo, na condição de ser falante, não teria
problemas de socialização, educação e integração em uma sociedade majoritariamente
ouvinte.
4. IDADE CONTEMPORÂNEA
Em nossa época, as ideologias clínicas e religiosa deram espaço às ideias culturais e de
identidade dos grupos surdos.
Culturalmente, não nos referimos somente ao uso da língua de sinais, mas às várias
formas de manifestá-la por meio da literatura específica para surdos, de representações
teatrais, de livros, de contos e de fatos históricos contados pelos próprios surdos. Mesmo
tendo sua própria cultura o surdo também pode ser inserido nas demais cultura dentro do
ambiente em que vive.
Nesse sentido, a existência de uma cultura surda auxiliará na construção de uma
identidade das pessoas surdas. Essa identidade pode ser definida como: identidade
flutuante, na qual o surdo se espelha na representação hegemônica do ouvinte, vivendo
e se manifestando de acordo com o mundo dos ouvintes; identidade inconformada, em
que o surdo não consegue captar a representação da identidade ouvinte, hegemônica, ele
se sente numa identidade subalterna; identidade de transição, na qual o contato dos
surdos com a comunidade surda é tardio, o que faz passar da comunidade visual-oral (na
maioria das vezes truncadas) para a comunidade visual sinalizada ⸺ o surdo passa
por um conflito cultural; identidade híbrida, reconhecida nos surdos que nascem ouvintes
e se ensurdecem e, portanto, terão presentes as duas línguas, em uma dependência dos
sinais e do pensamento na língua oral; por fim, a identidade surda, na qual ser surdo é
estar no mundo visual e desenvolver sua experiência na Língua de Sinais.

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