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Comentários sobre as recentes mudanças legislativas para o enfrentamento do 03


Covid-19 e seus impactos nas licitações e contratações de obras públicas

Pagamento antecipado nas obras públicas: problema ou solução? 24


Licitações internacionais para a contratação de obras 39
Controle tecnológico em obras públicas
48
Os modelos e desafios para a contratação de serviços de supervisão de obras
57
A contratação de serviços de engenharia segundo o Decreto 10.024/2019
70
Modelos existentes para a contratação de serviços de manutenção e conservação
predial 90

Estudos Técnicos Preliminares em obras públicas, de acordo com a IN 40/2020 138

OFICINAS
O novo Sicro e seu uso para a orçamentação de infraestrutura 154
A implantação do BIM segundo as diretrizes do decreto 10.306/2020 247
Contratação de serviços de engenharia por dispensa e inexigibilidade de licitação 274
A contratação semi-integrada da Lei das Estatais e a possível utilização do instituto no 305
RDC
COMENTÁRIOS SOBRE AS RECENTES
MUDANÇAS LEGISLATIVAS PARA O
ENFRENTAMENTO DO COVID-19 E
SEUS IMPACTOS NAS LICITAÇÕES
E CONTRATAÇÕES DE OBRAS
PÚBLICAS

BENJAMIN ZYMLER
SUMÁRIO

A presente apresentação está dividida nos seguintes tópicos:


1. Introdução
2. Principais inovações normativas de 2020 com impacto nas licitações e contratos de obras
públicas e serviços de engenharia
3. Regime de Contratações Extraordinário para Enfrentamento do Covid-19
4. Impactos da Pandemia nos Contratos Administrativos em Andamento
5. Considerações finais

1. INTRODUÇÃO

Os artigos 37, inciso XXI, e 175 da Constituição Federal dispõem sobre a obrigatoriedade
do procedimento licitatório para a aquisição de bens ou serviços pelo Estado: a licitação é a
regra.
Trata-se de instituto que dá concreção à cláusula republicana, inerente aos regimes demo-
cráticos.
Por outro lado, não se extrai do texto constitucional a necessidade de o certame licitatório
ser excessivamente protocolar e ineficiente.

Constituição Federal
Art. 37. (...)
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações
serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições
a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qua-
lificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
É competência privativa da União legislar sobre normas gerais de licitação e contratação ad-
ministrativa, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas
e fundacionais de todos os entes da Federação (CF, art. 22, XXVII).

Compete ao DF, Estados e Municípios legislar suplementarmente sobre licitações.

Constituição Federal
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...)
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administra-
ções públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mis-
ta, nos termos do art. 173, § 1°, III;

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Com base nesses dispositivos, foram elaboradas as seguintes normas de âmbito na-
cional:

»» Lei 8.666/1993 – que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública;
»» Lei 10.520/2002 – que institui no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
a modalidade de licitação denominada pregão;
»» Lei 12.232/2010 – que dispõe sobre as normas gerais para licitação e contratação pela
Administração Pública de serviços de publicidade ;
»» Lei 12.462/2011 – que institui o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC; e
»» Lei 13.303/2016 - Dispõe sobre o estatuto jurídico das empresas estatais.

Quanto aos demais entes federativos, nota-se um exercício tímido de suas competên-
cias para legislar sobre normas específicas de licitação e contratação.

»» Nesse sentido, editaram normativos apenas os seguintes Estados:


»» Rio de Janeiro (Lei 287/1979)
»» Maranhão (Lei 9.579/2012, revogada pela Lei 10.295/2015);
»» Bahia (Lei 9.433/2005)
»» Sergipe (Lei 5.848/2006)
»» Paraná (Lei 15.608/2007)

2. PRINCIPAIS INOVAÇÕES NORMATIVAS DE 2020 COM IMPACTO NAS LICITAÇÕES E


CONTRATOS DE OBRAS PÚBLICAS

Emenda Constitucional 106, de 7 de maio de 2020, institui regime extraordinário fiscal, fi-
nanceiro e de contratações para enfrentamento de calamidade pública nacional decorrente
de pandemia.
a. A União adotará regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para aten-
der às necessidades decorrentes do estado de calamidade pública nacional reconhecido
pelo Congresso Nacional.
b. O Poder Executivo federal poderá adotar processos simplificados de contratação de pes-
soal, em caráter temporário e emergencial, e de obras, serviços e compras que assegu-
rem, quando possível, competição e igualdade de condições a todos os concorrentes,
dispensada a observância do art. 169, §1º, da CF.
c. Durante a vigência da calamidade pública nacional de não se aplica o disposto no § 3º do
art. 195 da Constituição Federal, ou seja, o Poder Público poderá contratar empresa em
débito com o Sistema de Seguridade Social.
d. Desde que não impliquem despesa permanente, as proposições legislativas e os atos do
Poder Executivo com propósito exclusivo de enfrentar a calamidade e suas consequên-
cias sociais e econômicas, com vigência e efeitos restritos à sua duração, ficam dispen-
sados da observância das limitações legais quanto à criação, à expansão ou ao aperfei-
çoamento de ação governamental que acarrete aumento de despesa e à concessão ou à

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ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de
receita.

»» Lei 13.979/2020, que dispôs sobre as medidas para enfrentamento da emergência de


saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus, cujos impactos
nas contratações governamentais serão abordados adiante.
»» Lei 14.020/2020, dentre outras providências, constitui o Programa Emergencial de Ma-
nutenção do Emprego e da Renda, trazendo medidas como a suspensão dos contratos
de trabalho e a redução proporcional da jornada de trabalho e do salário.
»» Lei 14.025/2020, resultante da conversão da MP 932/2020, que altera excepcionalmente
as alíquotas das contribuições aos serviços sociais autônomos, podendo exigir o reequi-
líbrio dos contratos administrativos com base no art. 65, §5º, da Lei 8.666/1993.
»» Lei 14.035/2020, resultante da conversão da MP 926/2020, altera a Lei nº 13.979/2020,
para dispor sobre procedimentos para a aquisição ou contratação de bens, serviços e
insumos destinados ao enfrentamento da emergência de saúde pública de importância
internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019.
»» Medida provisória 961/2020, que amplia o uso do RDC para todos os órgãos, aumenta
os limites de dispensa de licitação e permite o pagamento antecipado (já aprovada pelo
Congresso Nacional e aguardando sanção do Presidente da República).
»» Decreto 10.306/2020, estabelece a utilização do Building Information Modelling na exe-
cução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia realizada pelos órgãos e pelas
entidades da administração pública federal.
»» IN SEGES 73/2020, dispõe sobre o procedimento administrativo para a realização de pes-
quisa de preços para a aquisição de bens e contratação de serviços em geral, no âmbito
da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.
»» IN SEGES 53/2020, estabelece as regras e os procedimentos para operação de crédito ga-
rantida por cessão fiduciária dos direitos de créditos decorrentes de contratos adminis-
trativos, realizadas entre o fornecedor e instituição financeira, por meio do Portal de Cré-
dito digital, no âmbito da Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional.
»» IN SEGES 40/2020, dispõe sobre a elaboração dos Estudos Técnicos Preliminares - ETP
- para a aquisição de bens e a contratação de serviços e obras, no âmbito da Administra-
ção Pública federal direta, autárquica e fundacional, e sobre o Sistema ETP digital.

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3. O REGIME DE CONTRATAÇÕES EXTRAORDINÁRIO PARA O ENFRENTAMENTO DO CO-
VID-19

3.1 Introdução
O Brasil e o mundo encontram-se em um período absolutamente excepcional que demanda
a adoção de medidas emergenciais para o enfrentamento e contenção da pandemia causa-
da pelo Covid-19.
Assim, a flexibilização das regras para a realização de contratações públicas é uma medida
necessária para possibilitar que governos respondam de maneira célere aos desafios im-
postos pelo atual panorama , especialmente na área da saúde.
Nesse cenário, o Governo Federal brasileiro regulamentou contratações de bens e serviços
para a contenção da COVID-19.
Por meio da Lei 13.979/2020, alterada pela Lei 14.035/2020, foram estabelecidas regras ex-
cepcionais para as contratações emergenciais, tanto com dispensa de licitação, quanto por
pregões abreviados.
O Decreto 10.282/2020 regulamentou a citada lei para estabelecer os serviços públicos e as
atividades essenciais.

3.2 Disposições da Lei 13.979/2020 relacionadas com as Contratações Governamentais


Além da regulamentação dos trâmites de contratação, a legislação federal estabeleceu obri-
gação específica de transparência para as informações relativas às contratações extraordi-
nárias realizadas, conforme previsão do art. 4, § 2º, da Lei 13.979/2020:
§ 2º  Todas as aquisições ou contratações realizadas com base nesta Lei serão disponibilizadas,
no prazo máximo de 5 (cinco) dias úteis, contado da realização do ato, em site oficial específico
na internet, observados, no que couber, os requisitos previstos no § 3º do art. 8º da Lei nº 12.527,
de 18 de novembro de 2011, com o nome do contratado, o número de sua inscrição na Secretaria
da Receita Federal do Brasil, o prazo contratual, o valor e o respectivo processo de aquisição ou
contratação, além das seguintes informações: 
I – o ato que autoriza a contratação direta ou o extrato decorrente do contrato;   
II – a discriminação do bem adquirido ou do serviço contratado e o local de entrega ou de pres-
tação;   
III – o valor global do contrato, as parcelas do objeto, os montantes pagos e o saldo disponível ou
bloqueado, caso exista;  
IV – as informações sobre eventuais aditivos contratuais;   
V – a quantidade entregue em cada unidade da Federação durante a execução do contrato, nas
contratações de bens e serviços.   

Pela referida lei, foi dispensada a licitação para aquisição de bens, serviços, inclusive de
engenharia, e insumos destinados ao enfrentamento da emergência de saúde pública de
importância internacional decorrente coronavírus (art. 4º, caput).
Por sua vez, o art. 4º-B estabelece que nas dispensas de licitação decorrentes do disposto
na Lei, serão presumidas as condições de situação de emergência; de necessidade de pron-

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to atendimento da situação de emergência; da existência de risco a segurança de pessoas,
obras, prestação de serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares; e limi-
tação da contratação à parcela necessária ao atendimento da situação de emergência.
Foi permitida, na situação excepcional de, comprovadamente, haver uma única fornecedora
do bem ou prestadora do serviço, a sua contratação, independentemente da existência de
sanção de impedimento ou de suspensão de contratar com o poder público (art. 4º, §3º).
Pela redação que foi conferida ao dispositivo pela Lei 14.035/2020, foi alterada a redação
original da MP 926/2010, que também permitia a contratação de empresa com inidoneidade
declarada.
Por outro lado, a Lei 14.035/2020 dispôs também que, em caso de necessidade de contra-
tação de empresa sancionada com a pena de suspensão ou impedimento de licitar, torna-se
obrigatória a prestação de garantia nas modalidades previstas no art. 56 da Lei nº 8.666, de
21 de junho de 1993, que não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor do contrato.
O art. 4º-C estabelece que não será exigida a elaboração de estudos preliminares quando se
tratar de bens e serviços comuns.  
Por sua vez, o art. 4º-D dispõe que Gerenciamento de Riscos da contratação somente será
exigível durante a gestão do contrato.
Ainda com o intuito de agilizar as contratações para enfrentamento do Covid-19, o artigo se-
guinte da mencionada Lei permite a utilização de projetos básicos e termos de recebimento
simplificados.

Tais documentos serão constituídos dos seguintes elementos:


I - declaração do objeto;   
II - fundamentação simplificada da contratação;       
III - descrição resumida da solução apresentada;         
IV - requisitos da contratação;        
V - critérios de medição e pagamento;         
VI - estimativas dos preços obtidos por meio de, no mínimo, um dos seguintes parâmetros:        
a. Portal de Compras do Governo Federal;        
b. pesquisa publicada em mídia especializada;          
c. sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo;           
d. contratações similares de outros entes públicos; ou        
e. pesquisa realizada com os potenciais fornecedores; e        
VII - adequação orçamentária.     

Excepcionalmente, mediante justificativa da autoridade competente, poderá ser dispensada


a estimativa de preços da contratação.
Houve também expressa permissão para que o Poder Público faça contratações por valores
superiores os preços pesquisados, decorrentes de oscilações ocasionadas pela variação de
preços, hipótese em que deverão ser observadas as seguintes condições: 

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I – negociação prévia com os demais fornecedores, segundo a ordem de classificação, para
obtenção de condições mais vantajosas; e   
II – efetiva fundamentação, nos autos da contratação correspondente, da variação de preços
praticados no mercado por motivo superveniente.  

Na hipótese de haver restrição de fornecedores ou prestadores de serviço, a autoridade


competente, excepcionalmente e mediante justificativa, poderá dispensar a apresentação
de documentação relativa à regularidade fiscal ou, ainda, o cumprimento de um ou mais
requisitos de habilitação, ressalvados a exigência de apresentação de prova de regularidade
trabalhista e o cumprimento do disposto no inciso XXXIII do caput do art. 7º da Constituição.  
Por força da Emenda Constitucional 106/2020, foi afastada a exigência do art. 195, §3º, da
Constituição Federal, afastando a necessidade de regularidade previdenciária para a contra-
tação com o Poder Público.
Nos casos de licitação na modalidade pregão, eletrônico ou presencial, cujo objeto seja a
aquisição de bens, serviços e insumos necessários ao enfrentamento da emergência, os
prazos dos procedimentos licitatórios serão reduzidos pela metade.
Para auxiliar a celeridade dos certames, a Lei 13.979/2020 estabeleceu que os recursos dos
procedimentos licitatórios somente terão efeito devolutivo, bem como foi dispensada a rea-
lização das audiências públicas previstas no art. 39 da Lei 8.666/1993.
Os contratos regidos Lei 13.979/2020 terão prazo de duração de até seis meses e poderão
ser prorrogados por períodos sucessivos, enquanto perdurar a necessidade de enfrenta-
mento dos efeitos da situação de emergência de saúde pública.
Houve elevação dos limites para suprimento de fundos, quando a movimentação for reali-
zada por meio de Cartão de Pagamento do Governo: (i) até R$ 330.000,00 para a execução
de serviços de engenharia; e (ii) até R$ 176.000,00 para a execução de compras em geral e
outros serviços.
Foi previsto que os contratos celebrados com amparo na Lei 13.979/2020 podem prever que
os contratados fiquem obrigados a aceitar, nas mesmas condições contratuais, acréscimos
ou supressões ao objeto contratado, em até cinquenta por cento do valor inicial atualizado
do contrato. 

3.3 Comentários sobre a Lei 13.979/2020


Faço alguns breves comentários sobre a Lei 13.979/2020, iniciando pela observação de que
não há evidente hierarquia entre a contratação extraordinária instituída pela Lei 13.979/2020
e uma típica contratação emergencial, amparada no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993, pois
as ações destinadas ao enfretamento do Coronavírus provavelmente se amoldariam às hi-
póteses de uma contratação emergencial ordinária.
Nesse aspecto, a intenção do legislador parece ter sido criar uma nova modalidade de con-
tratação emergencial com etapa de planejamento mais flexível e com algumas regras parti-
culares em relação ao prazo de execução contratual e percentual de aditamento admitido.
Ao prever o uso de projetos básicos e termos de referência simplificados, a Lei 13.979/2020
alinhou-se com a jurisprudência do TCU para contratações emergenciais. Em determinadas

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hipóteses, o TCU admite que determinadas exigências sejam mitigadas com o intuito de se
melhor enfrentar a situação emergencial:
“em casos excepcionais e devidamente justificados, poderão ser utilizados projetos bási-
cos que não apresentem todos os elementos do art. 6º, inc. IX da Lei 8.666/1993, devendo
constar do processo de contratação as razões que impossibilitam a elaboração do projeto
completo” (Acórdão 943/2011-Plenário, Rel. Min. Valmir Campelo).

As contratações extraordinárias amparadas na Lei 13.979/2020 também podem prescindir


de alguns requisitos de habilitação, a exemplo de parte dos documentos de regularidade
fiscal, bem como podem se embasar em projeto básico ou termo de referência simplificado,
inclusive com a possibilidade de haver dispensa da elaboração de estudos técnicos prelimi-
nares e do gerenciamento de riscos na fase de planejamento da contratação.
A Lei 13.979/2020 também trouxe a redução nos prazos dos pregões eletrônico ou presen-
cial, cujo objeto seja a aquisição de bens, serviços e insumos necessários ao enfrentamento
da Covid-19, bem como elevou os limites para suprimento de fundos, quando a movimenta-
ção for realizada por meio de Cartão de Pagamento do Governo: (i) até R$ 330.000,00 para
a execução de serviços de engenharia; e (ii) até R$ 176.000,00 para a execução de compras
em geral e outros serviços.
Quanto aos objetos que podem ser licitados com fundamento na Lei 13.979/2020, não há
dúvida da aplicabilidade da lei para a aquisição de aventais, máscaras de proteção e outros
equipamentos de proteção individual para profissionais da área de saúde que hoje estão na
linha de frente do combate à pandemia.
Também não existe dúvida do enquadramento no objeto da lei da aquisição de medicamen-
tes e equipamentos médicos (respiradores, por exemplo) para utilização nos hospitais que
recebem pacientes com coronavírus.
Por outro lado, podem surgir dúvidas sobre a aplicação da nova hipótese de dispensa de
licitação para os serviços e bens contratados por órgãos que não estão diretamente ligados
ao enfrentamento da pandemia. Cite-se o exemplo da aquisição de um sistema de telecon-
ferência para proporcionar o trabalho remoto dos servidores de um órgão de fiscalização
tributária.
Nesses casos, faz-se necessária a interpretação sistêmica do art. 4º, caput, da Lei 13.979/2020
e do art. 3º, caput e §§ 1º e 2º, do Decreto 10.282/2020, o que permite concluir que o objeto
exemplificado acima pode ser adquirido com amparo no regime de contratações extraordi-
nário.
Em termos práticos, entre as medidas que encontram amparo na Lei 13.979/2020 está a
aquisição de “bens, serviços, inclusive de engenharia, e insumos destinados ao enfrentamento”
da pandemia (art. 4º, caput, da Lei 13.979/2020), e para que esse enfrentamento seja efetivo,
faz-se necessário “resguardar o exercício e o funcionamento dos serviços públicos e atividades
essenciais” (art. 3º, caput, do Decreto 10.282/2020), entre os quais se inserem também aque-
les “relacionados à tecnologia da informação e de processamento de dados (data center) para
suporte”, por exemplo, à atividade de “fiscalização tributária e aduaneira federal” (art. 3º, § 1º,
incisos I, XXIII e XXIV, do Decreto 10.282/2020).
Dessa forma, a única hierarquia a ser observada nas contratações fundamentadas pela nova
Lei 13.979/2020 é a impossibilidade de utilização do suprimento de fundos quando os valo-
res do objeto superarem os limites indicados acima.

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Quanto à escolha entre a dispensa e o denominado “pregão express”, eu diria que esta se
encontra na órbita de discricionariedade do gestor. O fato é que o pregão costuma ser um
procedimento de contratação tão ou mais ágil do que uma típica dispensa de licitação, ainda
mais se for adotada a sua forma eletrônica e se os prazos para a apresentação de propostas
forem reduzidos pela metade.
A verdade é que o procedimento de dispensa de licitação acaba tendo sua celeridade con-
dicionada ao prazo dos fornecedores para apresentar suas propostas, bem como por ritos
procedimentais internos do órgão contratante, como a manifestação da área de assessora-
mento jurídico.
A estimativa de preços da dispensa de licitação ou da licitação a ser instaurada deverá pos-
suir no um dos seguintes parâmetros: a) Portal de Compras do Governo Federal; b) pesquisa
publicada em mídia especializada; c) sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo;
d) contratações similares de outros entes públicos; ou e) pesquisa realizada com os poten-
ciais fornecedores.
São referências absolutamente idênticas às que se encontram normatizadas na IN SLTI nº
73/2020.
No caso de obras e serviços de engenharia, o Sinapi, outros sistemas referenciais de preços
e publicações técnicas especializadas poderão ser utilizados como referência para a contra-
tação, nos termos do Decreto 7983/2013.
A pesquisa de mercado, neste ambiente de urgência, deve ser feita com razoabilidade e cele-
ridade, a fim de não retardar o processo de contratação. Assim, em situações excepcionais,
mediante justificativa da autoridade competente, a lei ainda traz importante dispositivo (Art.
4ºE, parágrafo segundo), que permite que se dispense a estimativa de preços.
A lei abriu também a possibilidade de contratações por preços superiores aos estimados
pela Administração, embora consideramos essa possibilidade pouco factível quando utiliza-
do os tradicionais sistemas referenciais de custos da Administração Pública, os quais costu-
mam apresentar uma “margem de gordura” em relação aos preços efetivamente transacio-
nados pelos construtores.
A contratação por preço superior ao estimado é assunto extremamente controvertido para
os gestores públicos e órgãos de controle.
Assim, uma das formas de mitigar o risco jurídico de tal procedimento é realizar pesquisa de
mercado mais específica para o momento vivenciado no mundo.
Certamente, uma licitação para a compra de máscaras de proteção irá resultar em contra-
tação por preço superior ao estimado se a pesquisa de preços tiver sido efetuada há três
meses.
A realidade do mercado era totalmente distinta.
Se a pesquisa de mercado tivesse sido realizada na semana passada, talvez o certame não
produzisse a contratação por preço acima do estimado.
Finalmente, friso que o Código de Defesa do Consumidor considera prática abusiva a eleva-
ção, sem justa causa, do preço dos produtos ou serviços (art. 39, inciso X, da Lei 8.078/1990).
O aumento arbitrário dos lucros e preços, independentemente de culpa, também pode
ser enquadrado como infração à ordem econômica, nos termos do art. 36, inciso III, da Lei
12.529/2011. Ainda nesse aspecto, a Lei 1.521/1951 dispõe ser crime contra a economia
popular “provocar a alta ou baixa de preços de mercadorias, títulos públicos, valores ou sa-

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lários por meio de notícias falsas, operações fictícias ou qualquer outro artifício”.
Assim, se a Administração Pública vivenciar a prática de condições abusivas pelos fornece-
dores, tem o dever de comunicar a ocorrência aos órgãos competentes.

3.4 Outras contratações emergenciais não relacionadas diretamente com o enfrenta-


mento da pandemia
Para as situações emergenciais que não possam ser enquadradas no regime extraordinário
da Lei 13.979, a Lei 8.666/1993 dispensa a licitação quando a demora na realização do cer-
tame for incompatível com a urgência na execução do contrato. Verifica-se essa hipótese no
inciso IV do art. 24 de mencionada lei.
Deve ficar claramente caracterizada urgência de atendimento à situação que possa oca-
sionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e
outros bens, públicos ou particulares.

Lei 8.666/1993:
“Art. 24.  É dispensável a licitação:
(...)
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de aten-
dimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas,
obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens
necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e
serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos
respectivos contratos;”

Observa-se que, de acordo com a lei, a contratação deve servir somente para os bens e ser-
viços necessários ao atendimento de situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas
de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 dias consecutivos e
ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade.
Não é permitida a prorrogação dos contratos respectivos.
Por meio da Decisão 347/1994 – Plenário (Rel. Min. Carlos Átila), proferida em sede de con-
sulta, o TCU firmou entendimento no sentido de que as dispensas de licitação por motivo de
emergência ou de calamidade pública deverão observar, além das formalidades previstas
no art. 26 da Lei 8.666/1993, os seguintes preceitos:
»» a situação adversa, dada como de emergência ou de calamidade pública, não se tenha
originado, total ou parcialmente, da falta de planejamento, da desídia administrativa ou
da má gestão dos recursos disponíveis, ou seja, que ela não possa, em alguma medida,
ser atribuída à culpa ou dolo do agente público que tinha o dever de agir para prevenir a
ocorrência de tal situação;
»» exista urgência concreta e efetiva do atendimento a situação decorrente do estado emer-
gencial ou calamitoso, com vistas a afastar risco de danos a bens ou à saúde ou à vida de
pessoas;

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Posteriormente, por meio do Acórdão 46/2002 – Plenário (Rel. Min. Walton Alencar Rodri-
gues), o Tribunal entendeu que se deve distinguir a situação de emergência “real”, resultante
do imprevisível, daquela decorrente da incúria ou inércia administrativa.
A ambas deve-se dar idêntico tratamento, no que diz respeito à possibilidade de contratação
direta.
Ou seja, reconheceu-se que, caracterizada uma situação grave e excepcional, deve o gestor
buscar atender o interesse público primário e tentar sanar o problema da forma mais efi-
ciente possível, inclusive mediante a realização de contratação direta, se for o caso.
o risco, além de concreto e efetivamente provável, se mostre iminente e especialmente gra-
voso; e
a imediata efetivação, por meio de contratação com terceiro, de determinadas obras, servi-
ços ou compras, segundo as especificações e quantitativos tecnicamente apurados, seja o
meio adequado, efetivo e eficiente de afastar o risco iminente detectado.
As causas que provocaram a situação emergencial deixam, pois, de ter relevância na análise
ou não da possibilidade de contratação direta, o que não impede eventual responsabiliza-
ção daquele que com uma conduta dolosa ou culposa deu causa à situação de emergência.

Veja-se a respeito o seguinte trecho do voto condutor do Acórdão 3.521/2010 - 2ª Câ-


mara, Rel. Min. Benjamin Zymler:
“é possível a contratação direta quando a situação de emergência decorre da falta de pla-
nejamento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos públicos, devendo-se
analisar, para fim de responsabilização, a conduta do agente público que não adotou, tem-
pestivamente, as providências cabíveis.”

Prorrogação das contratações emergenciais:


Consoante entendimento do TCU, “a contratação direta deve se restringir somente à parcela
mínima necessária para afastar a concretização do dano ou a perda dos serviços executados,
devendo a solução definitiva, conforme o caso, ser objeto de licitação formal, baseada em projeto
básico dotado, inexoravelmente, de todos os elementos do art. 6º, inc. IX da Lei nº 8.666/1993”
(Acórdão 943/2011 - Plenário, Rel. Min. Valmir Campelo).

Mediante o Acórdão 3.238/2010, o Plenário do TCU acatou as seguintes ponderações


constantes do voto do relator, Min. Benjamin Zymler:
“os riscos/danos nem sempre estarão afastados após o transcurso de 180 dias. Caso este-
jam, não há maiores questionamentos de que o prazo deve ser respeitado. Entretanto, caso
não estejam, o interesse público primário deve ser atendido. A relevância do interesse coleti-
vo e social do objeto contratado, bem como a urgência em seu atendimento, pode fazer com
que seja colocado em segundo o estrito cumprimento desse dispositivo legal.”
Ou seja, a realidade fática é que ditaria o prazo necessário para afastar os riscos iminentes.

Constou, ainda, do referido voto:


“Cito como exemplo a reconstrução das diversas pontes destruídas pela ação das chuvas.

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Nas hipóteses em que sua reconstrução demorar mais de 180 dias, não seria razoável inter-
romper a execução contratual após esse prazo e celebrar novo contrato com outro executor.
Além do atraso na conclusão da obra, aumentado o isolamento de comunidades e compro-
metendo a segurança e saúde dessas pessoas, haveria prejuízos econômicos em razão dos
custos adicionais de mobilização e desmobilização do empreendimento como um todo.”

Com o mesmo intuito de se preservar o bem maior tutelado pela norma, poder-se-ia
admitir a prorrogação contratual em determinadas situações extraordinárias:
“é possível, em casos excepcionais, firmar termo aditivo para prorrogar contrato oriundo
da dispensa de licitação prevista no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993, por período adicio-
nal estritamente necessário à conclusão da obra ou serviço, além do prazo máximo fixado
nesse dispositivo legal, desde que essa medida esteja fundamentada na ocorrência de fato
excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que impossibilite a execução
contratual no tempo inicialmente previsto” (voto condutor do Acórdão 3.238/2010-Plenário,
Rel. Min. Benjamin Zymler).

A Medida Provisória 961/2020 trouxe três grupos de disposições, a saber:


»» Elevou o limite de dispensa de licitação para obras e serviços de engenharia para até R$
100 mil, ao passo que para outros serviços e compras o limite foi elevado para até R$ 50
mil.
»» Permitiu o uso do RDC para licitações e contratações de quaisquer obras, serviços, com-
pras, alienações e locações.
»» Permitiu a estipulação do pagamento antecipado nos contratos administrativos.

Na verdade, as novas disposições da MP 961/2020 versando sobre o pagamento antecipado


estão compilando a jurisprudência que já era aplicada pelo TCU sobre a matéria.
Nos termos da nova MP, o pagamento antecipado nos contratos requer justificativa especí-
fica em que uma das seguintes condições fique demonstrada:
a. represente condição indispensável para obter o bem ou assegurar a prestação do servi-
ço; ou
b. propicie significativa economia de recursos.

A jurisprudência anterior do TCU considera que a realização de pagamentos antecipados


aos contratados somente pode ocorrer se houver a conjunção dos seguintes requisitos: (i)
previsão no ato convocatório; e (ii) existência no processo licitatório de estudo fundamen-
tado comprovando a real necessidade e economicidade da medida e o estabelecimento de
garantias específicas e suficientes que resguardem a Administração dos riscos inerentes à
operação (v.g.: Acórdãos 1.442/2003 - 1ª Câmara e 1.726/2008 - Plenário).

A MP estabelece que o pagamento antecipado requer os seguintes condicionantes:


a. Estar previsto no instrumento convocatório ou no instrumento de adjudicação direta;

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b. Devolução integral do valor antecipado na hipótese de inexecução do objeto.
A Administração poderá adotar uma série de cautelas, tal como exigência de garantia de até
30% do valor do objeto; a comprovação da execução de parte ou de etapa inicial do objeto
pelo contratado, para a antecipação do valor remanescente; a emissão de título de crédito
pelo contratado; o acompanhamento da mercadoria, em qualquer momento do transporte,
por representante da Administração; e a exigência de certificação do produto ou do forne-
cedor.
Finalmente, convém ressaltar que o pagamento antecipado não pode ser previsto na hipó-
tese de prestação de serviços com regime de dedicação exclusiva de mão de obra.
“Art. 1º Ficam autorizados à administração pública de todos os entes federativos, de todos os Po-
deres e órgãos constitucionalmente autônomos:
(...)
III - a aplicação do Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC, de que trata a  Lei nº
12.462, de 4 de agosto de 2011, para licitações e contratações de quaisquer obras, serviços, com-
pras, alienações e locações.
Art. 2º O disposto nesta Medida Provisória aplica-se aos atos realizados durante o estado de ca-
lamidade reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020.
Parágrafo único. O disposto nesta Medida Provisória aplica-se aos contratos firmados no período
de que trata o caput independentemente do seu prazo ou do prazo de suas prorrogações.
Art. 3º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.”

4. OS IMPACTOS DA PANDEMIA NOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS EM ANDAMENTO

4.1. Impactos da pandemia nos contratos administrativos


Inicialmente, é importante frisar que não houve a instituição de um regime jurídico novo e
excepcional para disciplinar os contratos administrativos em andamento.
Assim, continuam plenamente aplicáveis as regras previstas na Lei 8.666/1993 e na Lei
13.303/2016, conforme o caso.
Em particular, a Lei 13.979/2020 trouxe tão somente algumas regras pontuais sobre os pra-
zos e os aditamentos contratuais nos ajustes celebrados com amparo nesta Lei. Tais disposi-
ções são válidas somente nas contratações extraordinárias para enfrentamento da doença,
não sendo aplicáveis para os contratos em andamento.
Em virtude dos impactos causados pela pandemia do Covid-19, os contratos administrativos
em andamento podem exigir algumas possíveis providências, tais como a suspensão total
ou parcial dos serviços e a realização de alterações qualitativas ou quantitativas para melhor
adequação ao interesse público.
Em outros casos, pode ocorrer inclusive a necessidade de rescisão unilateral do ajuste por
razões de interesse público.
As circunstâncias e particularidades do caso concreto enfrentado é que permitirão estabele-
cer a providência mais adequada a ser adotada pela autoridade competente.

contreinamentos.com.br 15
A Administração tem a prerrogativa de promover alterações quantitativas no objeto contra-
tado, observados os limites legais, a exemplo da modificação dos postos de trabalho ajus-
tados.
Com efeito, alguns serviços não serão mais demandados na mesma intensidade, exigindo a
redução do número de empregados terceirizados, a exemplo de um típico contrato de ser-
viços de recepcionista. Em outra vertente, outros serviços podem se tornar mais frequentes
do que antes, tais como serviços de limpeza e desinfecção hospitalar, fazendo surgir a ne-
cessidade do aumento dos postos de trabalho acordados.
Também é recomendável, em determinadas situações, realizar uma alteração qualitativa do
objeto, que envolve modificações no modo de execução, nas rotinas pactuadas, nas técnicas
empregadas ou na especificação dos materiais utilizados na execução.
Como relevante exemplo dessa opção, cito o caso de serviços terceirizados que eram pres-
tados de forma presencial e, com o fechamento total ou parcial do órgão contratante, po-
dem ser perfeitamente desempenhados de forma remota, tal como um serviço terceirizado
de suporte na área de tecnologia da informação.
Devo ressaltar que tanto alterações qualitativas quanto alterações quantitativas exigem a
celebração de prévio termo de aditamento contratual e estão sujeitas aos limites legais im-
postos no § 1º do art. 65 da Lei 8.666/1993 (ou no § 1º do art. 81 da Lei 13.303/2016, no caso
de contratações realizadas por empresas estatais).
A única ressalva ocorre nas supressões superiores aos limites previstos nos dispositivos
acima citados, que podem ser implementadas desde que o contratado com elas concorde
expressamente (§ 2º do art. 65 da Lei 8.666/1993; § 2º do art. 81 da Lei 13.303/2016).
As normas atinentes aos contratos administrativos continuam vigentes e devem ser aplica-
das levando-se em conta a realidade do que está ocorrendo.
Por isso, em alguns contratos, em virtude da Teoria da Imprevisão, pode ocorrer o reequi-
líbrio econômico-financeiro devido à incorporação de alguns custos que, em geral, não se-
riam incorridos pela empresa.
A aplicação da cláusula rebus sic stantibus necessita dos seguintes pressupostos: (1) impre-
visibilidade, (2) fato alheio à vontade das partes, (3) inevitabilidade e (4) desequilíbrio com
grande impacto no contrato.
Portanto, caracterizando-se os elementos e requisitos acima listados e havendo a demons-
tração inequívoca da relação de causa (pandemia) e efeito (desequilíbrio econômico-finan-
ceiro), a Administração pode promover o reequilíbrio do ajuste, por meio da revisão dos
preços contratados, com todas as evidências e justificativas apensas no processo.
Havendo suspensão do contrato, é provável que seja necessária a posterior prorrogação do
ajuste, nos termos do art. 57, §1º, inciso III, da Lei 8.666/1993, in verbis:
“Art. 57...
(...)
§1º Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega admitem prorrogação,
mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio eco-
nômico-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em
processo:
(...)

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III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no
interesse da Administração;”
A necessidade de posterior prorrogação do contrato, ocasionada por sua suspensão, deve ser
realizada mediante a assinatura de termo de aditamento contratual, nos termos do §2º do art. 57
da Lei 8.666/1993, prevendo que “toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e
previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato”.
Ressalto que a prorrogação do contrato amparada pelo inciso III do dispositivo reproduzido
acima pode ser adotada de ofício pela Administração, prescindindo de qualquer solicitação
formal da contratada.
Uma questão de extraordinária relevância exsurge nos contratos que envolvem o emprego
de mão de obra em regime de dedicação exclusiva.
Ocorre que, nesta época de isolamento devido à pandemia causada pelo Covid-19, muitos
órgãos públicos estão com os servidores trabalhando em home office, o que reduz a deman-
da por muitos serviços terceirizados, tal como algumas atividades de manutenção predial.
Assim, há dúvidas sobre como proceder com esses contratos, bem como se seria possível
suspender os serviços e manter o pagamento ao contratado, pensando na economia e para
evitar o desemprego.
A suspensão do contrato se encontra prevista no art. 78, inciso XIV, da Lei 8.666/1993, abaixo
reproduzido:
“Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
[...] XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Administração, por prazo superior
a 120 (cento e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem
interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo, indepen-
dentemente do pagamento obrigatório de indenizações pelas sucessivas e contratualmente im-
previstas desmobilizações e mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado, nesses
casos, o direito de optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até que seja
normalizada a situação;”
Como já ressaltado anteriormente, não houve a instituição de um regime jurídico novo e
excepcional para disciplinar os contratos administrativos em andamento.
Dessa forma, em situações ordinárias e corriqueiras, de acordo com a legislação federal atu-
almente em vigor, a suspensão da execução do contrato não autorizaria a continuidade do
pagamento da remuneração integral pactuada.
Em caso de suspensão parcial, os pagamentos seriam limitados ao valor correspondente
aos serviços não suspensos. Já na suspensão total, nenhuma remuneração seria devida ao
contratado, salvo as indenizações pelas desmobilizações e mobilizações dos profissionais
terceirizados.
Num cenário de normalidade, é vedada a continuidade dos pagamentos a empresa sem a
correspondente prestação dos serviços contratados, apenas sob o argumento de preserva-
ção da relação empregatícia havida entre a empresa e o terceirizado. A manutenção dos pa-
gamentos no caso de suspensão do contrato implicaria dano ao erário, por haver liquidação
de despesas sem a efetiva contraprestação.
Seria igualmente lesiva aos cofres públicos a continuidade do contrato administrativo, man-
tendo equipes ociosas de funcionários terceirizados, sem que exista a necessidade efetiva

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do serviço contratado pela Administração.
Constatada a desnecessidade do objeto avençado, a equipe de gestão contratual está obri-
gada a adotar medidas visando a suspensão do contrato, sua rescisão ou alterações contra-
tuais, conforme as especificidades da situação.
Entretanto, em face da magnitude da repercussão social e econômica da pandemia em cur-
so, alguma flexibilização pode ocorrer.
Seria interessante que as regras fossem extraídas de lei específica, mas, na sua ausência, um
novo relacionamento contratante/contratado se impõe com o intuito de buscar um equa-
cionamento da situação, principalmente enquanto as medidas governamentais tendentes a
mitigar os problemas acima não produzam efeitos.
Em síntese, alguma flexibilidade por parte do Poder Público pode ser esperada e desejada,
no que se refere a gestão contratual, sem perder de vista a ideia de comutatividade das re-
lações contratuais.
A garantia do emprego e da renda dos terceirizados não é o objetivo primordial do contrato
administrativo. Dito de outra forma, o contrato administrativo não tem como objetivo pri-
mário constituir-se em mecanismo de política social do Estado.
Nesse sentido, ressalto que outras medidas legislativas já foram adotadas pelo Governo
objetivando a manutenção dos empregos ou a complementação de renda do trabalhador
afetado por redução de jornada ou suspensão do contrato de trabalho, em particular a edi-
ção da Lei 14.020/2020.
A empresa contratada pode avaliar e adotar os mecanismos previstos nas aludidas medidas
provisórias, que permitem, dentre outras providências, a antecipação de férias individuais,
o uso do banco de horas, a suspensão do contrato de trabalho ou a redução da jornada dos
trabalhadores terceirizados.
A administração não pode impor ao contratado a adoção de qualquer medida de índole tra-
balhista, o que seria um ato de ingerência indevido nas questões interna corporis da empre-
sa contratada, porém, nada impede que a administração sente com o prestador de serviços
e negocie as bases desses contratos, propondo a antecipação de férias, por exemplo.
Ressalto que o entendimento ora exposto é baseado na legislação federal então em vigor,
porque tiraria o foco na ideia de contratação econômica e eficiente, bem como representa-
ria quebra das regras jurídicas tradicionais que impõem comutatividade nas relações con-
tratuais.
A tese de que os contratos administrativos não devem ser usados primariamente para a
consecução de políticas sociais cede diante de novas leis implementando tais medidas. Cito
como exemplo desse tipo de legislação as disposições hoje existentes que criam quotas
de trabalhadores egressos do sistema prisional na mão de obra empregada nos contratos
(disposição incluída na Lei 8.666/1993 pela Lei 13.500/2017) ou a reserva de cargos prevista
em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social (art. 66-A da Lei
8.666/1993).
Nesse sentido, temos visto algumas leis produzidas pelos entes federativos permitindo a
continuidade dos pagamentos para a empresa contratada que teve a suspensão da execu-
ção do contrato determinada pela Administração. Como exemplo, cito a Lei nº 17.335, de
27.3.2020, editada pelo Município de São Paulo, e Lei Estadual nº 20.170, de 07 de abril de
2020, publicada pelo Estado do Paraná.

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Em síntese, devem ser respeitadas e aplicadas nos entes federativos que adotam por meio
de lei regras transitórias que impõem o pagamento das verbas contratuais mesmo sem a
implementação da contraprestação devida por parte da empresa. 
A superveniência de lei federal com disposição semelhante teria o mesmo efeito. Na ine-
xistência de lei, deve-se manter a uniformidade interpretativa preexistente, sem embargo
de reconhecer que a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e a doutrina
jurídica exigem que a regra de aplicação do direito deve sempre sopesar as circunstâncias
fáticas vivenciadas pelo gestor e as consequências futuras prognosticadas a partir da ação
administrativa. Situações extraordinárias exigem medidas e soluções diferenciadas.
Dentre as consequências práticas do que foi decidido, os gestores públicos devem analisar
a efetiva disponibilidade orçamentária e financeira para a implementação das medidas, vis-
to que os entes federativos estão sofrendo significativos impactos em sua arrecadação de
tributos.
No caso de haver permissivo em lei para a continuidade dos pagamentos aos contratos com
execução suspensas, a equipe de fiscalização contratual e os órgãos de controle devem estar
cientes dos riscos de desvios que esse tipo de legislação transitória, pois a empresa contra-
tada além de receber o valor avençado com a contraprestação dos serviços pode ao mesmo
tempo adotar em relação aos seus trabalhadores as medidas previstas na Lei 14020/2020.
Dessa forma, o governo, em diferentes esferas, estaria suportando em duplicidade o ônus
da manutenção do emprego dos terceirizados, com evidente enriquecimento ilícito da em-
presa intermediadora de mão de obra.
Ainda que o órgão contratante exerça uma rígida fiscalização trabalhista dos empregados
terceirizados, algumas práticas são difíceis de serem detectadas se a empresa realizar algum
tipo de ajuste espúrio com os seus trabalhadores. Ainda deve existir a necessária adequação
dos pagamentos devidos, pois algumas rubricas não estão sendo pagas aos trabalhadores,
tais como o vale transporte.
Faço uma menção ao caráter excepcional dos contratos administrativos de bens, serviços e
obras cujo objeto esteja relacionado com o enfrentamento da pandemia. Em relação a estes,
podem ser admitidas soluções heterodoxas não expressamente previstas em lei (a exemplo
do pagamento antecipado). Tudo para atender a finalidade última da atuação administrativa
na hipótese, que é a preservação da vida humana.
Finalmente, gostaria de fazer uma necessária diferenciação entre os contratos administra-
tivos estrito senso, já abordados na exposição acima, dos contratos administrativos de con-
cessão de serviços públicos.
No caso dos contratos de concessão, em razão do princípio da continuidade do serviço pú-
blico, que ganha especial relevância durante o período de pandemia, entendo ser possível a
adoção de algumas medidas excepcionais, que devem ser expressamente previstas em lei,
a exemplo do que foi procedido pela Lei nº 17.335, de 27.3.2020, editada pelo Município de
São Paulo.
A situação dos contratos de concessão de serviços públicos deve ser destacada porque al-
guns deles – o de serviços aeroportuários, por exemplo, – deverão merecer medidas excep-
cionalíssimas dotadas pelo poder público. A queda de demanda atual é dramática e não
existe perspectiva imediata de se licitar novas concessões, tampouco parece factível relicitar
as antigas concessões com sucesso.
A ideia seria realmente o estado, durante o período de crise, subvencionar os concessioná-

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rios para que estes possam suportar a operação e manutenção das atividades.

4.4. Suspensão dos Contratos Administrativos de Obras Públicas


Nos contratos de execução de obras públicas, a Administração deve indicar nas ordens de
suspensão dos serviços se deve haver ou não desmobilização da empresa contratada ou,
ainda, a eventual permanência de uma equipe mínima para proporcionar a vigilância e ma-
nutenção das instalações da obra.
Neste último caso, a equipe a ser mantida e os gastos de manutenção podem ser conjunta-
mente acordados entre as partes, ensejando a realização de pagamentos pela Administra-
ção referentes aos gastos com a manutenção do canteiro de obras.
Outrossim, recomenda-se que haja um circunstanciado registro no processo de fiscalização
de todo o pessoal e de todos os equipamentos desmobilizados após a emissão da ordem de
suspensão dos serviços, bem como de eventuais integrantes da empresa que permanece-
ram mobilizados no interesse da Administração para a vigilância/manutenção da obra.
Se a Administração contar com o apoio de uma empresa especializada em gerenciamento/
supervisão de obras, igual cuidado deve haver em relação ao contrato de supervisão, evitan-
do-se que exista o descompasso desse ajuste em relação ao andamento da obra fiscalizada.
Trata-se de evitar situação análogo ao que foi apurado pelo TCU por meio do Acórdão
508/2018-Plenário, de minha relatoria, em que sucessivas prorrogações e atrasos em con-
trato de construção de trecho da Ferrovia Norte-Sul fizeram com que o contrato de supervi-
são de obras praticamente quintuplicasse de valor, sendo aditado em aparente desconfor-
midade com os limites legais de aditamento contratual e ensejando processo de instauração
de tomada de contas especial para apuração dos prejuízos observados.
Os atrasos e paralisações no contrato de construção, geraram ociosidades e improdutivida-
des nas equipes do contrato de supervisão, ensejando o pagamento por serviços suposta-
mente não necessários ao Poder Público.
A suspensão da execução contratual de forma ordinária pode ocorrer por até 120 dias, sem
que constitua motivo para a rescisão do contrato.
No caso atual, com a decretação da situação de calamidade pública pelo Congresso Nacio-
nal, o prazo de 120 dias pode ser inclusive ultrapassado sem que a contratada possa pleitear
a rescisão do contrato.
Ainda em situações ordinárias, a melhor interpretação do artigo 78, inciso XIV, da Lei
8.666/1993, é a de que não existe óbice em haver a suspensão do contrato por mais de 120
dias, havendo garantia ao contratado de que ultrapassado tal período, sem concordância
deste, e nos casos narrados no texto normativo, lhe seja concedido o direito de rescindir o
contrato ou suspender os serviços.
Entretanto, é pacífico que o prazo indicado pode ser ultrapassado por mútua concordância
entre as partes, caso em que o contratado aquiesce com a Administração acerca da suspen-
são do ajuste por prazo superior a 120 dias.
Finalmente, no que tange à formalização da suspensão do contrato, A ordem de suspensão
deve ser dada por ato escrito e fundamentado da autoridade competente, que, em geral, é
a mesma que assinou a ordem de início dos serviços.
A suspensão do contrato não exige a celebração de termo de aditamento contratual, mas,

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em alguns casos, o prazo de suspensão pode demandar a posterior prorrogação do contra-
to, nos termos do art. 57, §1º, inciso III, da Lei 8.666/1993, in verbis:
“Art. 57...
(...)
§1º Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega admitem prorrogação,
mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio eco-
nômico-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em
processo:
(...)
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no
interesse da Administração;”

Havendo a necessidade de posterior prorrogação do contrato, ocasionada por sua suspen-


são, esta deverá ser realizada mediante a assinatura de termo de aditamento contratual,
nos termos do §2º do art. 57 da Lei 8.666/1993, prevendo que “toda prorrogação de pra-
zo deverá ser justificada por escrito e previamente autorizada pela autoridade competente
para celebrar o contrato”.
Ressalto que a prorrogação do contrato amparada pelo inciso III do dispositivo reproduzido
acima pode ser adotada de ofício pela Administração, prescindindo de qualquer solicitação
formal da contratada.
A leitura do §2º do art. 57 da Lei 8.666/1993 deve ser interpretada em conjunto com a dispo-
sição do § 5º do art. 79 da mesma Lei, segundo a qual, “ocorrendo impedimento, paralisação
ou sustação do contrato, o cronograma de execução será prorrogado automaticamente por
igual tempo”.
A leitura isolada do disposto no §5º acima permitiria a conclusão de que não seria necessária
a lavratura de um termo de aditamento contratual prorrogando o contrato no caso de sua
suspensão. Ocorre que em algumas situações, precipuamente nos contratos de duração
continuada, não se pode entender como cogente para a Administração a prorrogação do
contrato.
Pacífica jurisprudência do Tribunal de Contas da União, consubstanciada na Súmula 191,
dispõe que é indispensável a fixação dos limites de vigência dos contratos administrativos,
de forma que o tempo não comprometa as condições originais da avença, não havendo,
entretanto, obstáculo jurídico à devolução de prazo, quando a Administração mesma con-
corre, em virtude da própria natureza do avençado, para a interrupção da sua execução pelo
contratante.
Dessa forma, os contratos de obras públicas devem ter um marco final de vigência expres-
samente previsto em suas cláusulas, o que exige a celebração de um termo aditivo para
modificação.
Concluo que o ato de suspensão do contrato não gera imediatamente a necessidade de ce-
lebração de um termo aditivo. Ela deve ser feita por ordem escrita e fundamentada da auto-
ridade competente. Porém, se da suspensão contratual resultar a prorrogação do contrato,
esta deve ser aperfeiçoada posteriormente por meio da celebração de termo de aditamento
contratual.

contreinamentos.com.br 21
4.5. A Administração pode impor ao contratado a adoção das medidas trabalhistas
previstas na Lei 14020/2020?
A Lei 14020/2020, que instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da
Renda como medida de enfrentamento da pandemia, não afasta a aplicação da Lei 8.666/93
ou da Lei 13.303/2016.
Destaco duas medidas de preservação do emprego previstas na norma:
- a redução proporcional de jornada de trabalho e de salário; e
- a suspensão temporária do contrato de trabalho;
Ao adotar uma das duas medidas, a empresa tem redução de custos, pois o empregado fará
jus ao Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, criado pela aludida
Lei.
Importa assentar que os objetivos do Programa referido acima não coincidem com o objeti-
vo do contrato administrativo, qual seja, a execução em concreto do objeto pactuado, com
vistas ao atendimento de uma necessidade legítima da Administração contratante.
Não são objetivos excludentes entre si, mas, não se deve pretender que o contrato adminis-
trativo sirva tão somente como instrumento de transferência de renda; isso implicaria total
desvirtuamento do contrato.
Nessa linha de entendimento, temos que não é legítima a continuidade dos pagamentos à
empresa contratada que deixa de prestar os serviços em virtude da suspensão do contrato
administrativo, invocando-se, para tanto, os objetivos proclamados pela Lei 14020/2020.
Ademais, não está a Administração contratante legitimada a determinar que a empresa con-
tratada reduza a jornada ou suspenda os contratos de trabalho dos empregados desta. Isso
configuraria um ato de ingerência, vedado pelo ordenamento jurídico vigente.
A adoção de uma ou outra medida prevista na Lei 14040/2020 é da exclusiva alçada da em-
presa contratada, única responsável pela gestão dos seus próprios empregados.
Em outros termos, não compete à Administração contratante determinar as medidas que
podem ou devem ser adotadas pela empresa contratada na qualidade de empregadora.
Trata-se de prerrogativa exclusiva da empresa a gestão dos seus empregados, observada a
legislação trabalhista.
A redução de jornada ou a suspensão dos contratos de trabalho dos funcionários da cons-
trutora podem vir a ser adotadas pela empresa, mas não por imposição, ou mesmo pedido,
da Administração contratante; tais medidas podem ser adotadas como consequência de
alteração unilateral ou bilateral do contrato (com fundamento no art. 65 da Lei 8.666/93) ou
de ordem de suspensão da execução do contrato (art. 78, inc. XIV, da Lei 8.666/93).

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No que tange ao regime de contratações extraordinárias para o enfrentamento do Covid-19,


os agentes públicos não devem ter receio de adotar as medidas a seu cargo que sejam
necessárias para o atendimento da população e para mitigar os efeitos da grave crise que
estamos vivendo.
O estado de calamidade pública, consoante reconhecido pelo Congresso Nacional em 20
de março último, atesta a situação de urgência das contratações para enfrentamento da
Covid-19, e certamente isso será reconhecido pelos órgãos de controle.
Algumas cautelas adicionais podem ser necessárias em algumas situações previstas na Lei
13.979/2020, tais como a contratação de licitante suspensa ou impedida de licitar ou nas
situações em que o preço da contratação fique acima do orçamento estimado da Adminis-
tração. Nessas situações, e em outras previstas, a lei exige a devida justificação.
O Direito estabelece uma tensão entre realidade e normas abstratas. A grande verdade é
que, diante da situação emergencial causada pela pandemia ora vivenciada, no limite, ha-
vendo quaisquer dúvidas, estas devem ser eventualmente equacionadas e resolvidas no
sentido da aquisição ou da contratação do serviço.
É óbvio que isso deve ser colocado na motivação dos atos praticados, mas é importante que
não haja pausas, retardos ou freios para a aquisição desses itens e serviços imprescindíveis
para que se possa fazer frente à pandemia.

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O PAGAMENTO ANTECIPADO NAS
OBRAS PÚBLICAS: PROBLEMA OU
SOLUÇÃO?

ANDRÉ P. BAETA
INTRODUÇÃO

Em regra, a Administração contrata, recebe o objeto do contrato, liquida a despesa e paga


(artigo 62 da Lei 4.320/1964). Ou seja, somente depois da execução do objeto do contrato
ocorre o pagamento.
Cabe dizer que, de acordo com o art. 40, inciso XIV, alínea “a”, da Lei 8.666/1993, é prerrogati-
va da Administração contratante realizar pagamentos até trinta dias depois do adimplemen-
to da obrigação por parte da contratada, o que pode ser uma dificuldade do gestor público
em tempos de pandemia.
No caso das obras públicas em geral ocorre o pagamento parcelado, mas atrelado à medi-
ções relativas a etapas já executadas do empreendimento.
A interpretação sistemática dos arts. 40, inciso XIV, alínea “d”, e 65, inciso II, alínea “c”, ambos
da Lei 8.666/1993, c/c o art. 38 do Decreto Federal 93.872/1986, permite a conclusão de que
até a entrada em vigor da MP 961/2020, havia a seguinte orientação normativa acerca do
pagamento antecipado em contratações realizadas pela Administração Pública:
I) para contratos já celebrados, estes poderiam ser alterados, por acordo das partes, com o
objetivo de modificação da forma de pagamento, mantendo-se o seu valor inicial atualizado,
sendo vedada, no entanto, a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma finan-
ceiro fixado, sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução
de obra ou serviço;
II) para novas contratações, o edital de licitação ou o instrumento formal de adjudicação
direta poderia admitir eventuais antecipações de pagamentos, mas somente em duas situ-
ações:
a) condicionadas à concessão de descontos por parte da futura contratada, em relação ao
valor pactuado; ou então
b) mediante a apresentação das devidas garantias, por vezes custosas ao particular e, via de
consequência, à própria Administração contratante.
Nesse mesmo sentido, cabe apresentar os seguintes excertos extraídos da jurisprudência
do Tribunal de Contas da União (TCU):
“O pagamento antecipado em contrato administrativo é procedimento excepcional que so-
mente deve ser admitido quando presentes as devidas justificativas e observadas certas con-
dições, como a prestação de garantia e a concessão de desconto pelo contratado.” (Acór-
dão 817/2018-Plenário).
“São requisitos para a realização de pagamentos antecipados: i) previsão no ato convoca-
tório; ii) existência, no processo licitatório, de estudo fundamentado comprovando a real
necessidade e economicidade da medida; e iii) estabelecimento de garantias específicas e
suficientes que resguardem a Administração dos riscos inerentes à operação.” (Acórdão
2856/2019-Primeira Câmara).
Sobre o tema do pagamento antecipado, a Advocacia Geral da União editou a Orientação
Normativa nº 37:
“A ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO SOMENTE DEVE SER ADMITIDA EM SITUAÇÕES EXCEPCIO-
NAIS, DEVIDAMENTE JUSTIFICADA PELA ADMINISTRAÇÃO, DEMONSTRANDO-SE A EXISTÊNCIA
DE INTERESSE PÚBLICO, OBSERVADOSOS SEGUINTES CRITÉRIOS:

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1) REPRESENTE CONDIÇÃO SEM A QUAL NÃO SEJA POSSÍVEL OBTER O BEM OU ASSEGURAR A
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO, OU PROPICIE SENSÍVEL ECONOMIA DE RECURSOS;
2) EXISTÊNCIA DE PREVISÃO NO EDITAL DE LICITAÇÃO OU NOS INSTRUMENTOS FORMAIS DE
CONTRATAÇÃO DIRETA; E
3) ADOÇÃO DE INDISPENSÁVEIS GARANTIAS, COMO AS DO ART. 56 DA LEI Nº 8.666/93, OU
CAUTELAS, COMO POR EXEMPLO A PREVISÃO DE DEVOLUÇÃO DO VALOR ANTECIPADO CASO
NÃO EXECUTADO O OBJETO, A COMPROVAÇÃO DE EXECUÇÃO DE PARTE OU ETAPA DO OBJE-
TO E A EMISSÃO DE TÍTULO DE CRÉDITO PELO CONTRATADO, ENTRE OUTRAS.”
É fato que uma das consequências do coronavírus tem sido o impacto negativo na atividade
econômica do nosso país, com sérios prejuízos à comercialização de alguns bens e serviços,
ensejando que o pagamento antecipado seja instrumento para garantir inclusive a sobrevi-
vência de muitas empresas.
Ante a nítida percepção de que, no atual cenário de pandemia, o pagamento antecipado
deve ser considerado como solução cabível e, às vezes, até a única forma de se adquirir
determinado item de vital demanda junto a um fornecedor, foi ele autorizado formalmente
no inciso II do art. 1º da MP 961/2020, sem algumas das condicionantes anteriormente ex-
plicitadas.
É de se reconhecer que, ao se aproximar da prática do setor privado, o pagamento antecipa-
do vai ao encontro da orientação consignada no inciso III do art. 15 da Lei 8.666/1993, segun-
do o qual as compras da Administração Pública, sempre que possível, deverão “submeter-se
às condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor privado”.
Ocorre que os riscos do pagamento antecipado são muito altos, pois pode ocorrer de a Ad-
ministração Pública pagar e não receber o objeto que foi contratado ou ainda haver a entre-
ga com inadequações em relação às especificações previstas no projeto básico ou termo de
referência que impossibilitem, no todo ou em parte, o seu recebimento.
Tal situação é particularmente preocupante no caso dos pagamentos antecipados atrelados
às obras públicas, pois pode inviabilizar o poder de coerção da Administração Pública para
que o construtor refaça os serviços defeituosos ou em desconformidade com o projeto, bem
como pode inviabilizar a rejeição de materiais de qualidade inferior pela equipe de fiscaliza-
ção contratual.
Nessas situações é possível que os agentes encarregados da contratação governamental
sejam responsabilizados pelos órgãos de controle, seja porque não justificaram adequada-
mente o pagamento antecipado, seja porque não adotaram as cautelas consideradas neces-
sárias.

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DISPOSIÇÕES DA MP 961/2020

»» Aumenta o limite de dispensa de licitação para obras e serviços de engenharia para até
R$ 100 mil, ao passo que para outros serviços e compras o limite é elevado para até R$
50 mil.
»» Permite o uso do RDC para licitações e contratações de quaisquer obras, serviços, com-
pras, alienações e locações.
»» Permite a estipulação do pagamento antecipado.
»» Na verdade, as novas disposições da MP 961/2020 versando sobre o pagamento anteci-
pado estão compilando a jurisprudência que já era aplicada pelo TCU sobre a matéria.
»» Nos termos da nova MP, o pagamento antecipado nos contratos requer justificativa es-
pecífica em que uma das seguintes condições fique demonstrada:
a) represente condição indispensável para obter o bem ou assegurar a prestação do serviço;
ou
b) propicie significativa economia de recursos; e
»» A satisfação das exigências dispostas nas supracitadas alíneas não precisa ser cumu-
lativa, dado o emprego da conjunção alternativa “ou”. O enquadramento em uma das
alíneas é o suficiente.
»» A alínea “a” do inciso II do artigo 1º exige que o pagamento antecipado seja “condição
indispensável”. Portanto, na hipótese da alínea “a”, não basta alegar que seja mais conve-
niente, que ele possa propiciar resultado melhor para a Administração.
»» Deve-se demonstrar a sua necessidade, que ele é “indispensável”, que sem ele a Adminis-
tração não conseguiria dispor do objeto do contrato.
»» Se o pagamento antecipado não for “condição indispensável”, conforme a alínea “b” do
inciso II do artigo 1º da Medida Provisória 961/2020, é obrigatório demonstrar que ele
propicie economia de recursos, que seja vantajoso sob a ótica econômica, situação que é
bem complexa de ser demonstrada sem uma adequada pesquisa de mercado.
»» Entendo que a dispensa da estimativa dos preços nas contratações sob a égide da Lei
13.979/2020 pode comprometer, irremediavelmente, o juízo de vantajosidade apto a
fundamentar a opção pelo pagamento antecipado na situação de que trata a alínea “b”
do inciso II do art. 1º da MP 961/2020 (“propicie significativa economia de recursos”).
»» A jurisprudência do TCU entendia que a realização de pagamentos antecipados aos con-
tratados somente poderá ocorrer se houver a conjunção dos seguintes requisitos: pre-
visão no ato convocatório, existência no processo licitatório de estudo fundamentado
comprovando a real necessidade e economicidade da medida e o estabelecimento de
garantias específicas e suficientes que resguardem a Administração dos riscos inerentes
à operação (v.g.: Acórdãos 1.442/2003 - 1ª Câmara e 1.726/2008 - Plenário).
»» Adicionalmente, o pagamento antecipado requer os seguintes condicionantes:
a) Estar previsto no instrumento convocatório ou no instrumento de adjudicação direta;
b) Devolução integral do valor antecipado na hipótese de inexecução do objeto.
»» A Administração poderá adotar uma série de cautelas, tal como exigência de garantia de
até 30% do valor do objeto; a comprovação da execução de parte ou de etapa inicial do

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objeto pelo contratado, para a antecipação do valor remanescente; a emissão de título
de crédito pelo contratado; o acompanhamento da mercadoria, em qualquer momento
do transporte, por representante da Administração; e a exigência de certificação do pro-
duto ou do fornecedor.
»» Assim, o pagamento antecipado pode ser autorizado sem a prestação de garantias por
parte dos contratados, o que representa um dos fatores de maior amplificação de riscos.
»» Ainda que se exija a garantia, a limitação de 30% ao valor do objeto não elimina o risco
em sua totalidade, permanecendo sem cobertura os outros 70% do valor passível de ser
adiantado.
»» Em meio à crise provocada pela COVID-19, diante de escassez de dados bens no mer-
cado, é bem possível que fornecedores exijam pagamento antecipado e recusem-se a
prestar garantias. Ou a Administração aceita ou não contrata.
»» Finalmente, convém ressaltar que o pagamento antecipado não pode ser previsto na
hipótese de prestação de serviços com regime de dedicação exclusiva de mão de obra.
»» O administrador público deverá então, conforme o caso concreto, realizando juízo de
conveniência e oportunidade, apresentar a devida motivação quanto à medida (cautela)
eventualmente implementada para reduzir o risco de inadimplemento.
»» Nada obsta a que mais de uma medida seja adotada. Poderá também, obviamente, não
exigir a apresentação de qualquer garantia por parte da contratada, se essa for, por
exemplo, condição imposta pelo mercado. Ou então exigi-la em função do histórico e da
reputação do fornecedor no mercado.
»» Enfim, a decisão que melhor prestigie o interesse público – devidamente motivada – de-
verá ser tomada à luz do caso concreto.
»» Caso a Administração Pública se depare com a necessidade absoluta de adquirir um
determinado bem (aparelhos respiradores, por exemplo) que somente se encontre à
disposição no mercado mediante pagamento antecipado, deve realizar a compra, se ela
for indispensável ao propósito de relevante interesse público – no exemplo, resguardar
a vida humana. Tal conduta estaria amparada no art. 22 da LINDB:
“Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstácu-
los e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem
prejuízo dos direitos dos administrados.
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, proces-
so ou norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem
imposto, limitado ou condicionado a ação do agente.”
»» A MP 961/2020 prescreve regras de caráter transitório, restritas ao período em que viger
o estado de calamidade provocado pela pandemia de COVID-19, tal qual determinado
pelo Decreto Legislativo nº 6/2020.
»» A bem da verdade, o referido Decreto Legislativo afirma a calamidade apenas no tocante
ao cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, mais especificamente ao atingimento
dos resultados fiscais e limitação de empenho.
»» Desse modo, o estado de calamidade, como previsto no DL 6/2020, encerra em 31/12/2020.
Por consequência, as regras da MP 961/2020, ainda que ela seja convertida em lei pelo
Congresso Nacional, perdem sua validade em 31/12/2020. 

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»» Por fim, as inovações trazidas pela MP 961/2020 se aplicam a quaisquer contratações,
ou seja, não estão adstritas à aquisição de bens, serviços, inclusive de engenharia, e in-
sumos destinados ao enfrentamento da situação de pandemia, a que se refere a Lei
13.979/2020.

O PAGAMENTO ANTECIPADO NO CONTRATOS ANTERIORES À MP 961/2020

»» É de se reconhecer que estão surgindo diversas preocupações dos fornecedores e pres-


tadores de serviço da Administração acerca de atrasos nos pagamentos devidos.
»» Em alguns casos a empresa contratada se recusa a fornecer os produtos ou prestar os
serviços sem prévio pagamento por parte da Administração.
»» É de se reconhecer o fundado receio do particular em cumprir o objeto contratado diante
do cenário de insolvência geral que se avizinha, o qual também deve ser sopesado com
o próprio agravamento da situação financeira do contratado. Ademais, pode haver mora
nos pagamentos devidos diante do desfalque dos quadros de fiscalização do contrato.
»» Assim, nas novas licitações, de forma fundamentada, é possível prever em caráter de
exceção que existam pagamentos antecipados ao particular.
»» Como visto, nas novas contratações, há motivação amparada na MP 961/2020 que per-
mite o estabelecimento do pagamento antecipado.
»» Nesses casos, o fornecedor tem que colocar de forma expressa em sua proposta, como
condição de venda, o pagamento antecipado ou imediato.
»» Nos contratos em andamento, nos quais não estava previsto o pagamento antecipado
no instrumento convocatório, a situação é mais delicada devido ao disposto no art. 65,
inciso II, alínea “c” da Lei 8.666/1993, in verbis:
“Art. 65.  Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas
justificativas, nos seguintes casos:
(...)
II - por acordo das partes:
(...)
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de cir-
cunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipa-
ção do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspon-
dente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;”

»» O pagamento antecipado sem a expressa previsão editalícia pode inclusive ser tipificado
no crime previsto no art. 92, exigindo cautela excepcional dos agentes públicos.
»» Portanto, na maior parte dos casos já contratados antes da edição da MP 961/2020, en-
tendo que a antecipação de pagamento nos contratos em andamento pode ser evitada
com uma conversa franca entre as partes e com a garantia de que a Administração liqui-
de imediatamente todos os objetos adimplidos pelo particular.
»» Se o empresário confia nos gestores à frente do órgão, aceitará executar o objeto com a
promessa de pagamento imediato.

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»» Se o empresário não confia na Administração, os seus gestores devem sopesar que tal-
vez tenham alimentado tal desconfiança em sua relação com o particular. E sejamos
claros: se não há confiança recíproca entre a partes, não há de se falar em pagamento
antecipado!
»» Considerando que as justificativas para o pagamento antecipado, insertas nas alíneas “a”
e “b” do inciso II do art. 1º da MP 961/2020, deverão necessariamente constar do proces-
so de contratação;
»» Considerando que, conforme o § 1º do art. 1º da MP 961/2020, é indispensável a autoriza-
ção desse procedimento “em edital ou em instrumento formal de adjudicação direta”; e
»» Considerando que, segundo o parágrafo único do art. 2º da referida MP, o disposto nesta
norma “aplica-se aos contratos firmados no período de que trata o caput”, isto é, “duran-
te o estado de calamidade reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de
2020”, independentemente da vigência contratual ou do prazo de suas prorrogações;
»» É forçoso concluir que as novas diretrizes acerca da antecipação de pagamento só pode-
rão alcançar os futuros editais de licitação (e, por consequência, os subsequentes instru-
mentos de contratação) e os futuros instrumentos de contratação direta, não havendo
assim respaldo, sob a ótica da legalidade estrita, para que seja implementada alteração
contratual (aditivação) com esse propósito específico.

O PAGAMENTO DO MATERIAL “POSTO EM OBRA” QUANDO O CONTRATO ESTIPULA O


PAGAMENTO APENAS APÓS A EXECUÇÃO COMPLETA DO SERVIÇO

»» A prática de pagamento dos materiais denominada “posto em obra” é, na verdade, uma


forma de antecipação parcial dos pagamentos devidos ao construtor.
»» Consoante exposto anteriormente, pode ser admitida se houver expressa previsão no
instrumento convocatório e adotadas outras condicionantes e cautelas previstas na MP
961/2020.
»» Nos contratos em andamento não é possível antecipar os pagamentos pactuados sem
que tenha existido previsão no instrumento convocatório.
»» A esse respeito, vale trazer excerto do relatório do Acórdão 1.620/2012-Plenário:

Acórdão 1.620/2012-Plenário (relatório):


“Esse tipo de pagamento, que contempla a medição de material posto em obra, não é comum
em edificações. Essa técnica é usualmente aplicada a obras em que os materiais representam a
maior parte dos custos de construção. Um exemplo ilustrativo são as obras de adutoras, em que
os tubos correspondem a até 80% do total do empreendimento. Trata-se de elevado desembolso,
sendo desarrazoado o pagamento somente após concluída sua instalação. Em edificações, ao
contrário, a prática comum é o pagamento somente após concluso por completo o serviço, mes-
mo nos casos de empreitada por preço global.
Nas obras de edifícações, o peso financeiro para a contratada, ocasionado pelo transcurso de
tempo entre a aquisição dos insumos e o recebimento pela conclusão da etapa de serviço, é re-
munerado pela taxa de BDI, em específico pelas despesas financeiras. No caso do CIAAR, o BDI do

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contrato prevê a taxa de 1,20% a esse título, não sendo cabível, em princípio, o pagamento pela
simples aquisição de materiais.

Acórdão 1.620/2012-Plenário (relatório):


Além disso, a mudança na norma - por sinal realizada sem a devida formalização por meio
de termo aditivo contratual - implicou uma quebra na isonomia do certame. Os licitantes,
à época da concorrência, tomaram conhecimento de que os pagamentos seriam feitos de
determinada forma. No entanto, no decorrer do contrato, as condições foram modificadas
em benefício da contratada. Pode-se supor, com efeito, que, caso cientes da nova condição,
outros licitantes pudessem oferecer propostas mais vantajosas, dada a melhor forma de
faturamento.

»» Nos casos em que há estipulação do pagamento “posto em obra” dos matérias, a admi-
nistração deve se valer do que dispõe a Lei de Licitações no artigo 40, inciso XIV, alínea
“d”, exigindo desconto por eventuais antecipações de pagamento.
»» Além disso, não deve ocorrer na elaboração da planilha orçamentária a eventual incidên-
cia da rubrica de despesas financeiras possivelmente existente no BDI sobre os mate-
riais cujo critério de pagamento no edital seja o de “posto na obra”

PAGAMENTO ANTECIPADO MEDIANTE A APRESENTAÇÃO DE “TERMO DE FIEL DEPOSITÁ-


RIO” PELO CONSTRUTOR

»» É recorrente a prática de se exigir uma espécie de “Termo de Fiel Depositário” do constru-


tor no momento em que este requer o pagamento de Nota Fiscal relativa a antecipação
de pagamento de determinado material.
»» Como é sabido, o instituto do Depósito, previsto nos artigos 627 e seguintes do Código
Civil, se dá quando o depositário recebe um objeto móvel, para guardar, até que o depo-
sitante o reclame. Ou seja, o depositário recebe um bem móvel infungível (insubstituível)
e, quando requisitado pelo depositante, terá que devolvê-lo, sob pena de responder por
perdas e danos.
»» Assim, o Termo de Fiel Depositário não é uma garantia idônea e eficaz para resguardar a
Administração Pública de eventuais prejuízos ao erário.
»» Vale ressaltar que “dinheiro” não é um bem infungível. É um bem fungível (substituível)
por excelência e por sua própria natureza.
»» Nesse sentido, o art. 645, CC, disciplina que o depósito de coisas fungíveis, em que o
depositário se obrigue a restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade,
regular-se-á pelo disposto acerca do mútuo.
»» Assim, o Termo de Fiel Depositário não é uma garantia idônea e eficaz para resguardar a
Administração Pública de eventuais prejuízos ao erário.
»» Vale ressaltar que “dinheiro” não é um bem infungível. É um bem fungível (substituível)
por excelência e por sua própria natureza.
»» Nesse sentido, o art. 645, CC, disciplina que o depósito de coisas fungíveis, em que o

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depositário se obrigue a restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, re-
gular-se-á pelo disposto acerca do mútuo, previsto no art. 586 do mesmo diploma legal.

Acórdão 5.161/2014-2ª Câmara:


A manutenção dos bens adquiridos pela Administração no estabelecimento do fornecedor,
mesmo que amparada em contrato de depósito, não representa a efetiva entrega dos bens
e não autoriza o correspondente pagamento, nos termos dos arts. 62 e 63 da Lei 4.320/1964,
com recursos do convênio.
Voto: Nesta tomada de contas especial, os responsáveis foram chamados, inicialmente, a
responder pelo total dos valores pagos pelo município de Prudentópolis/PR, com recursos
dos convênios 709494 e 712276/2009, celebrados com o Ministério da Saúde, às empresas
[...], pois se verificou (peças 10/13) :
a) pagamento antecipado de parte dos medicamentos objeto dos ajustes com base em ter-
mos de fiel depositário assinados pelas empresas fornecedoras;
(...)
9. Também não há como acatar as alegações de que o adiantamento dos pagamentos se
deu para garantir aproveitamento dos recursos liberados a fim de atender a demanda de
medicamentos. A jurisprudência deste Tribunal não aceita termos de fiel depositário nessas
condições, porque, nos termos dos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964, os pagamentos so-
mente devem ocorrer após efetiva entrega dos bens, não sendo considerada para tanto sua
manutenção no estabelecimento do fornecedor, mesmo que amparada em contrato de de-
pósito (acórdãos 653/2003 e 7.673/2010, da 1ª Câmara; 570/1997 e 364/1999, da 2ª Câmara;
81/1999, 140/2002 e 955/2012, do Plenário; dentre outros) .
[...]
11. Ainda que os pagamentos tenham sido realizados após assinatura dos termos de “fiel
depositário” (peça 3) , e não antes, de fato, não se pode considerar como falha apenas for-
mal o procedimento adotado, ainda mais levando em conta a ausência de controle de en-
tradas e saídas dos medicamentos no município e a falta de indicação dos lotes nas notas
fiscais, que impediram a verificação da efetiva entrega dos remédios.

Acórdão 7.673/2010-1ª Câmara:


O pagamento antecipado do valor contratado pelo produto, a partir de assinatura de “ter-
mo de fiel depositário” caracteriza a ocorrência de liquidação sem o recebimento do bem,
contrariando o disposto no art. 63, § 2º, inciso III, da Lei nº 4.320/1964, que estabelece ser
indispensável a comprovação da entrega do material para que haja a liquidação da despesa
por fornecimentos feitos.

Acórdão 2.262/2011-Plenário:
O pagamento antecipado de produtos com termo de fiel depositário não está previsto entre
as modalidades de garantia elencadas no art. 56 da Lei 8.666/1993.
Relatório:
Observou-se antecipação de pagamentos no contrato de fornecimento de estruturas me-

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tálicas. Segundo a jurisprudência deste Tribunal, tem sido aceita como excepcionalidade a
compra de matérias-primas essenciais ao processo de fabricação do bem a ser fornecido,
desde que acompanhada das adequadas cautelas e garantias. No entanto, para o caso em
questão, não foi apresentada garantia contratual de forma a resguardar o erário. Como cau-
tela optou-se pela assinatura de um termo de fiel depositário em quantitativo muito inferior
ao correspondente pagamento antecipado. Conclui-se pela inadequação do instrumento
utilizado para resguardar a estatal contratante dos riscos de perda e extravio dos referidos
materiais.
O Contrato [...], referente ao fornecimento de estruturas metálicas, previu como evento ge-
rador de pagamento a compra de matéria-prima (cantoneiras) no valor de R$ 6.158.240,00,
mediante apresentação de nota fiscal e assinatura do Termo de Fiel Depositário. O referido
contrato (valor total de R$ 18.108.000,00) , em sua cláusula 7ª, também prevê a garantia de
cumprimento do contrato, no valor de 5% do total contratado, isto é, R$ 905.400,00.
Entende-se que o pagamento da matéria-prima (cantoneiras) para a execução do serviço con-
tratado (torres metálicas) constitui adiantamento de pagamentos, uma vez que não caracte-
riza prestação efetiva do serviço contratado. Consoante os arts. 62 e 63 da Lei 4.320/1964,
não se admite na administração financeira pública a antecipação de despesas. O art. 38 do
Decreto 93.872/1986 reitera que não será permitido o adiantamento, no entanto, caso ne-
cessário ao interesse público, poderá ser feito pagamento de parcela contratual, desde que
mediante as indispensáveis cautelas ou garantias.
(...)
O referido contrato não exigiu garantia complementar para resguardar o pagamento anteci-
pado de matéria-prima. Como forma de cautela, o gestor, nesse caso, optou por condicionar
o pagamento à assinatura de um Termo de Fiel Depositário.
(...)
Entende-se, portanto, que o termo de fiel depositário firmado não é suficiente para resguar-
dar a estatal contratante de eventuais perdas e extravios das cantoneiras, itens que totali-
zam mais de 30% do valor total contratado.

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES GERAIS

»» Os efeitos ainda incertos do Coronavírus recomendam a adoção de providências extraor-


dinárias pelos órgãos contratantes, a exemplo do pagamento antecipado.
»» No entanto, as condicionantes e as medidas facultativas de mitigação de riscos contidas
na MP 961/2020 não são suficientes para oferecer segurança ao pagamento antecipado.
»» O patrimônio público e os agentes envolvidos com a contratação permanecem vulnerá-
veis, o que se intensifica nas hipóteses em que o pagamento antecipado não é precedido
da apresentação de garantias, como autoriza, repita-se, a Medida Provisória 961/2020. 

Rodigo Pironti e Joel de Menezes Niebuhr apresentam a seguinte recomendação:


“Sob esse contexto, é bastante importante que o pagamento antecipado seja precedido de
efetivo processo de  due diligence, para se determinar de forma objetiva a idoneidade e
capacidade das empresas “beneficiadas” por essa antecipação. Práticas como “know your

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customer” e “know your supplier” deverão ser implementadas de maneira mais efetiva na
Administração Pública. Não se pode admitir, à vista dos inúmeros escândalos vivenciados
no passado e agora potencializados pela pandemia de COVID-19, que a Administração não
estruture um processo organizado de investigação interna de seus fornecedores, que é algo
comezinho em qualquer relação privada de menor potencial econômico e fundamental em
se tratando de contratações que envolvam o pagamento antecipado realizado com recursos
públicos.”
Artigo disponível em: https://www.zenite.blog.br/gestao-de-riscos-de-pagamentos-anteci-
pados/

»» Os dois autores sustentam que não se pode realizar pagamento antecipado a empresas
inidôneas, de fachada, sem estrutura, sem capacidade técnica ou econômico-financeira
e que sequer tenham sido investigadas.
»» Este palestrante acrescenta que o gestor público deve atentar se o objeto social da em-
presa é compatível com o objeto a ser contratado.
»» Se possível, deve inclusive ser realizada uma visita à sede da empresa contratada e pes-
quisa dos seus dados e dos respectivos sócios nos sistemas informatizados da adminis-
tração pública disponíveis para consulta.

»» Alguns órgãos e entidades da Administração não costumam honrar pontualmente seus


compromissos contratuais mesmo em tempos normais, situação que se agrava com a
crise econômica e a consequente frustração de receitas.
»» De alguma forma, tal comportamento traz prejuízos à própria Administração pelo seu
inadimplemento, que fica sem credibilidade por tal prática irresponsável, muitas vezes
oriunda de ingerências políticas estranhas ao interesse público.
»» A falta de confiança de que a administração vá honrar pontualmente os seus compromis-
sos acaba por afastar fornecedores que poderiam oferecer boas propostas.
»» Vislumbrando vários riscos de calote, o empresário pode optar pela apresentação de

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proposta de preço que contenha compensações por eventuais prejuízos, isto é, proposta
com sobrepreço.
»» Assim, a Administração acaba por pagar mais caro porque é inadimplente.
»» Esse modo de agir já foi incorporado na prática dos licitantes e de expressiva parcela da
Administração, alimentando ciclo vicioso que provoca largas perdas para os cofres públi-
cos.
»» O particular não dispõe de instrumentos eficazes de garantia dos pagamentos pelos ser-
viços prestados, haja vista a morosidade do Poder Judiciário.
»» Além disso, é provável que os contratados, depois de pelejarem por décadas, venham a
enfrentar novo inadimplemento do Poder Público, dessa feita em relação ao pagamento
dos precatórios.
»» Outro efeito oriundo da mora da Administração é a corrupção, pois o inadimplemento
força muitas empresas privadas, ainda que a contragosto, a oferecer vantagens indevi-
das às autoridades responsáveis pelos pagamentos, criando espécie de padrão de com-
portamento, de certa forma arraigado em boa parte da Administração.
»» Pode-se dizer assim que combater o inadimplemento da Administração é o mesmo que
combater a corrupção.
»» Assim, a principal recomendação para evitar o pagamento antecipado é que o órgão e
entidade contratante adquira a reputação de ser um bom pagador de suas obrigações.
»» Se o particular entender que não há o risco de tomar calote da administração pública,
aceitará prestar o serviço ou realizar o fornecimento sem o prévio pagamento, como
deveria ser de praxe.
»» A administração, em tempos excepcionais, entendendo as dificuldades financeiras en-
frentadas pelo particular, pode adotar algumas medidas paliativas para mitigar a possibi-
lidade de pagamento antecipado, tal como realizar compras com entregas e pagamentos
parcelados.
»» Em vez de comprar 100 unidades do produto, com previsão do pagamento da totalida-
de ao término do fornecimento, pode prever a entrega de lotes menores do produto,
digamos 10 unidades de cada vez, prevendo no instrumento da contratação que lotes
subsequentes somente serão demandados após a regular liquidação das parcelas já en-
tregues.
»» Nesse aspecto, o uso das atas de registro de preços pode ser instrumento extremamente
ágil para eliminar os riscos de ambas as partes, na medida em que permite o fraciona-
mento do fornecimento de acordo com a capacidade financeira das partes, bem como
de acordo com os limites dos riscos que o contratante e contratado estão dispostos a
aceitar.
»» Ainda que o particular demande o pagamento antecipado para fornecer parte do objeto,
é inegável que a administração estará reduzindo substancialmente o seu risco ao pagar
antecipado por apenas uma fração do volume que deseja contratar.
»» No caso de obras públicas, o uso de tal sistemática pode envolver a diminuição dos perí-
odos de medição.
»» Em vez de realizar a medição mensal dos serviços, o que pode representar elevada quan-
tia para o particular, não disposto a aceitar tal condição e risco, é possível prever medi-

contreinamentos.com.br 35
ções semanais, reduzindo a exposição do construtor ao risco de calote da Administração.
»» Não satisfeita em tempo hábil a medição semanal em tempo hábil, o construtor sempre
terá a opção de condicionar a continuidade do objeto ao pagamento avençado.
»» A previsão do pagamento antecipado na contratação de obras pública requer a corres-
pondente eliminação da rubrica de despesas financeiras no BDI, ou melhor, a utilização
de uma taxa de despesas financeiras negativa, em favor do órgão contratante, já que é a
Administração que está financiando a atividade do particular.
»» Por outro lado, se houver a exigência de garantias em percentual mais elevado (de até
30% do valor do objeto), pode ser necessário considerar o acréscimo de custo com a ele-
vação dos percentuais de garantia no custo com a emissão de cartas de fiança bancária
ou com apólices de seguro garantia.
»» Obra com pagamento postecipado:

ITEM DISCRIMINAÇÃO VALOR (R$) TAXA (%)

1 AC - ADMINISTRAÇÃO CENTRAL R$ 40.000,00 4,00%


2 SG - SEGUROS e GARANTIA R$ 3.000,00 0,30%
3 R - RISCOS R$ 4.000,00 0,40%
4 DF - DESPESAS FINANCEIRAS R$ 2.471,17 0,24%
5 L - LUCRO BRUTO R$ 77.660,87 7,40%
6 I - IMPOSTOS R$ 113.519,63 9,15%
6.1 PIS 0,65%
6.2 COFINS 3,00%
6.3 ISS (CONFORME LEGISLAÇÃO MUNICIPAL) 1,00%
6.4 CONTRIB.PREV. SOBRE REC. BRUTA - CPRB 4,50%
TOTAL DO BDI (R$) R$ 240.651,66
PREÇO DE VENDA (R$) R$ 1.240.651,66
BDI (%) 24,07%

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»» Obra com pagamento antecipado (garantia de 30%):

ITEM DISCRIMINAÇÃO VALOR (R$) TAXA (%)

1 AC - ADMINISTRAÇÃO CENTRAL R$ 40.000,00 4,00%


2 SG - SEGUROS e GARANTIA R$ 18.000,00 1,80%
3 R - RISCOS R$ 4.000,00 0,40%
4 DF - DESPESAS FINANCEIRAS -R$ 2.506,57 -0,24%
5 L - LUCRO BRUTO R$ 78.402,51 7,40%
6 I - IMPOSTOS R$ 114.603,72 9,15%
6.1 PIS 0,65%
6.2 COFINS 3,00%
6.3 ISS (CONFORME LEGISLAÇÃO MUNICIPAL) 1,00%
6.4 CONTRIB.PREV. SOBRE REC. BRUTA - CPRB 4,50%
TOTAL DO BDI (R$) R$ 252.499,66
PREÇO DE VENDA (R$) R$ 1.252.499,66
BDI (%) 25,25%

»» Finalmente, chamamos a atenção para o instrumental criado pela nova IN SEGES 53/2020,
que dispõe sobre as regras e os procedimentos para operação de crédito garantida por
cessão fiduciária dos direitos de créditos decorrentes de contratos administrativos, rea-
lizadas entre o fornecedor e instituição financeira, por meio do Portal de Crédito digital,
no âmbito da Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional.
»» A referida Instrução Normativa representa um instrumento extremamente relevante
para evitar o pagamento antecipado pela administração, pois permite aos fornecedo-
res do governo federal, estados e municípios a utilização dos contratos administrativos
como garantia para fazer empréstimos e financiamentos em instituições financeiras que
serão credenciadas pelo Ministério da Economia.
»» A IN 53/2020 estabelece que o valor da operação de crédito não poderá exceder a 70%
do saldo a receber dos contratos selecionados pelos fornecedores.
»» As empresas que vendem bens ou prestam serviços para o governo federal recebem o
pagamento após o ateste das faturas, ato que comprova a prestação do serviço ou a en-
trega do bem, o que, nos termos legais, pode demorar até 30 dias a contar desse ateste.
»» Para isto ocorrer, os editais e respectivos contratos administrativos celebrados devem
prever a possibilidade de cessão dos créditos decorrentes da contratação.
»» O banco antecipará o pagamento para o fornecedor, com uma taxa de desconto. Quando
o pagamento for feito, o dinheiro será enviado pelo governo ao banco.
»» De acordo com a nova norma, existe uma regra de transição para aqueles contratos
celebrados antes da publicação da IN 53/2020. Neste caso, a alteração nos contratos já
firmados deve ocorrer celebrando-se um termo aditivo.

contreinamentos.com.br 37
»» A operação de antecipação de recebíveis sendo intermediada por uma instituição finan-
ceira resolve os problemas de capital de giro do fornecedor do Poder Público e, também,
contribui para evitar abusos e arbitrariedades na retenção dos pagamentos devidos ao
particular.

contreinamentos.com.br 38
LICITAÇÕES
INTERNACIONAIS PARA A
CONTRATAÇÃO DE OBRAS

JONAS LIMA
CONTEXTO DAS LICITAÇÕES INTERNACIONAIS NAS REGRAS BRASILEIRAS

»» Licitação internacional é o procedimento de contratação obrigatório quando, em razão


de limitações ou condições do mercado nacional, o Estado precisa, necessariamente,
convocar de forma expressa e em meios nacionais e internacionais de divulgação, lici-
tantes estrangeiros a participarem da disputa e cujo edital convocatório é especialmente
preparado para isso.
»» Nas licitações internacionais realizadas com recursos brasileiros devem ser observados
os princípios do caput do artigo 37 da Constituição, as diretrizes do inciso XXI do mesmo
dispositivo e normas infraconstitucionais específicas.
»» Lei nº 8.666/93 – Observar vedações à discriminação pela localidade/sede do licitante
ou entre empresas brasileiras e estrangeiras, nos termos do artigo 3º, § 1º, incisos I e II,
ressalvadas as regras de preferências do § 2º do mesmo dispositivo, considerando as
alterações da Lei nº 12.349/2010 (preferências nacionais).

Lei nº 8.666/93 – Dispositivos básicos a serem considerados:


“Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o edital deverá ajustar-se às diretrizes
da política monetária e do comércio exterior e atender às exigências dos órgãos competen-
tes.
§ 1º Quando for permitido ao licitante estrangeiro cotar preço em moeda estrangeira, igual-
mente o poderá fazer o licitante brasileiro.
§ 2º O pagamento feito ao licitante brasileiro eventualmente contratado em virtude da licita-
ção de que trata o parágrafo anterior será efetuado em moeda brasileira, à taxa de câmbio
vigente no dia útil imediatamente anterior à data do efetivo pagamento.
§ 3º As garantias de pagamento ao licitante brasileiro serão equivalentes àquelas oferecidas
ao licitante estrangeiro.
§ 4º Para fins de julgamento da licitação, as propostas apresentadas por licitantes estrangei-
ros serão acrescidas dos gravames consequentes dos mesmos tributos que oneram exclusi-
vamente os licitantes brasileiros quanto à operação final de venda”.

REGRAS DIFERENCIADAS PARA PROJETOS COM RECURSOS DO BID E DO BIRD

Lei nº 8.666/93 – “Art. 42 (...)


§ 5º Para a realização de obras, prestação de serviços ou aquisição de bens com recursos
provenientes de financiamento ou doação oriundos de agência oficial de cooperação estran-
geira ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte, poderão ser admitidas,
na respectiva licitação, as condições decorrentes de acordos, protocolos, convenções ou
tratados internacionais aprovados pelo Congresso Nacional, bem como as normas e pro-
cedimentos daquelas entidades, inclusive quanto ao critério de seleção da proposta mais
vantajosa para a administração, o qual poderá contemplar, além do preço, outros fatores
de avaliação, desde que por elas exigidos para a obtenção do financiamento ou da doação,
e que também não conflitem com o princípio do julgamento objetivo e sejam objeto de des-
pacho motivado do órgão executor do contrato, despacho esse ratificado pela autoridade
imediatamente superior”.

contreinamentos.com.br 40
»» Nas licitações realizadas com recursos advindos total ou parcialmente de organismo fi-
nanceiro internacional, segue-se as normas procedimentais do referido ente estrangeiro,
mas respeitados princípios gerais da Administração Pública, inseridos no art. 37, caput,
da Constituição Federal, bem como outros princípios licitatórios do inciso XXI do mesmo
dispositivo, ou seja, isonomia e eficiência e alguns princípios da Lei 8.666/93, como o do
julgamento objetivo das propostas, bem como normas elementares, como a de equaliza-
ção de propostas de licitantes brasileiros e estrangeiros e direito a recurso (vide Acórdão
nº 3239/2010 e 1866/2015, ambos do Plenário do TCU).
»» É possível realizar concorrência ou pregão internacional para registro de preços, nas
mesmas bases do Decreto 7.892/2013, solução de gerenciamento para a Administração
Pública também aprovada em licitações realizadas com recursos oriundos de financia-
mentos externos (BID e BIRD), podendo ainda ser consideradas normas locais relativas a
amostras, vistorias, visitas técnicas e testes de conformidade, porque todas são ineren-
tes à segurança da futura contratação, nos termos do inc. XXI do art. 37 da Constituição
Federal.

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento


»» Documentos relevantes:
»» Diretrizes / Guia de Desembolsos
»» Diretrizes / Guias de Relatórios Financeiros e Auditoria Externa de Operações
»» Políticas para Aquisição de Bens e Contratação de Obras Financiados pelo BID – Março
2011
»» Políticas para Seleção e Contratação de de Consultores Financiados pelo BID – Março
2011
BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento e
AID – Associação Internacional de Desenvolvimento
»» Documentos relevantes:
»» Diretrizes: Relatórios Financeiros Anuais e Auditoria de Atividades Financiadas pelo Ban-
co Mundial
»» Diretrizes do BIRD para Aquisição de Bens - Rev Mai/2010
»» Diretrizes do BIRD para Contratação de Serviços de Consultoria - Rev Mai/2010

MODALIDADES DE LICITAÇÕES INTERNACIONAIS PARA OBRAS PÚBLICAS

»» Embora o pregão seja permitido para os serviços de engenharia, no caso de obras isso
não encontra respaldo da Lei nº 10.520/2002, sendo necessário de trabalhar com obras
por aquelas modalidades tradicionais da Lei nº 8.666/93, avaliando enquadramento legal
e custo-benefício.
»» O art. 23, § 3º, da Lei 8.666/93, estabelece que “a concorrência é a modalidade de licita-
ção cabível, qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou alienação de
bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como nas concessões de direito real de

contreinamentos.com.br 41
uso e nas licitações internacionais, admitindo-se neste último caso, observados os limi-
tes deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro
internacional de fornecedores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem ou
serviço no País”.
»» Concorrência foi estabelecida como a modalidade padrão na lei, mas tem sido destinada
quase sempre para bens de obras e serviços de engenharia.
»» Tomada de preços restringe a participação pela necessidade de cadastro prévio de lici-
tantes, inviabilizando uma maior participação de estrangeiros.
»» Convite é uma modalidade ainda utilizada para pequenas demandas internacionais.

HABILITAÇÃO DE LICITANTE ISOLADAMENTE OU EM CONSÓRCIO

»» A participação de empresas estrangeiras, que não possuem presença no Brasil, nas licita-
ções, pode ocorrer isoladamente ou em conjunto (por meio de associações empresariais
– joint ventures).
»» Nos termos do artigo 32, § 4º, da Lei nº 8.666/93 será necessário constituir procurador
com poderes para receber citação, intimação e responder administrativa ou judicialmen-
te (dispositivo interpretado como administrativa “e” judicialmente, pois não poderia ha-
ver exclusão de uma nem de outra).
»» Pessoas físicas residentes ou pessoas jurídicas sediadas no Brasil podem representar
estrangeiras em licitações e contratações internacionais, desde que tenham procuração
lastreada em cadeia de documentos desde a origem, sendo desnecessário ter CNPJ ou
outra forma de presença no Brasil (pode-se exigir garantias até financeiras, como se faz
com as empresas brasileiras, na etapa de execução contratual).
»» Ainda quanto à participação de empresas estrangeiras por intermédio de associações
empresariais (joint ventures), agora na espécie de consórcio, tem-se primeiramente que
considerar a disciplina básica dos arts. 278 e 279 da Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades
Anônimas):
“Art. 278. As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou não,
podem constituir consórcio para executar determinado empreendimento, observado o dis-
posto neste Capítulo.
§ 1º. O consórcio não tem personalidade jurídica e as consorciadas somente se obrigam nas
condições previstas no respectivo contrato, respondendo cada uma por suas obrigações,
sem presunção de solidariedade.
§ 2º. A falência de uma consorciada não se estende às demais, subsistindo o consórcio com
as outras contratantes; os créditos que porventura tiver a falida serão apurados e pagos na
forma prevista no contrato de consórcio”.

Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas):


“Art. 279. O consórcio será constituído mediante contrato aprovado pelo órgão da sociedade
competente para autorizar a alienação de bens do ativo não circulante, do qual constarão:
I. a designação do consórcio se houver;

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II. o empreendimento que constitua o objeto do consórcio;
III. a duração, endereço e foro;
IV. a definição das obrigações e responsabilidade de cada sociedade consorciada, e das
prestações específicas;
V. normas sobre recebimento de receitas e partilha de resultados;
VI. normas sobre administração do consórcio, contabilização, representação das sociedades
consorciadas e taxa de administração, se houver;
VII. forma de deliberação sobre assuntos de interesse comum, com o número de votos que
cabe a cada consorciado;
VIII. contribuição de cada consorciado para as despesas comuns, se houver.
Art. 279. (...)
Parágrafo Único. O contrato de consórcio e suas alterações serão arquivados no registro do
comércio do lugar da sua sede, devendo a certidão do arquivamento ser publicada”.
»» Uma mesma pessoa física ou jurídica pode assinar o contrato de consórcio, sendo co-
mum que o representante da brasileira seja também o procurador pela empresa estran-
geira, assinando pelas duas empresas a constituição do consórcio.
»» O art. 33 da Lei 8.666/93 disciplina a participação em certames licitatórios de empresas
em consórcio, sendo importante anotar que em omissão não há permissão, portanto
deve ser explicitada a possibilidade de consórcio.
»» Observe-se, agora, o teor das regras aplicáveis:
“Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de empresas em consórcio, observar-
-se-ão as seguintes normas:
I - comprovação do compromisso público ou particular de constituição de consórcio, subs-
crito pelos consorciados;
II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que deverá atender às condições de
liderança, obrigatoriamente fixadas no edital;”
III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31 desta Lei por parte de cada
consorciado, admitindo-se, para efeito de qualificação técnica, o somatório dos quantitati-
vos de cada consorciado, e, para efeito de qualificação econômico-financeira, o somatório
dos valores de cada consorciado, na proporção de sua respectiva participação, podendo a
Administração estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos
valores exigidos para licitante individual, inexigível este acréscimo para os consórcios com-
postos, em sua totalidade, por micro e pequenas empresas assim definidas em lei;
IV - impedimento de participação de empresa consorciada, na mesma licitação, através de
mais de um consórcio ou isoladamente;
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos praticados em consórcio, tanto na
fase de licitação quanto na de execução do contrato.
§ 1º No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a liderança caberá, obrigatoria-
mente, à empresa brasileira, observado o disposto no inciso II deste artigo.
§ 2º O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da celebração do contrato, a cons-
tituição e o registro do consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I deste

contreinamentos.com.br 43
artigo.
»» Concessões e Permissões de Serviços Públicos – A Lei 8.987/95, que dispõe sobre o re-
gime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos também prevê uma
série de regras relativas a consórcios.
»» Um ponto em comum entre esta e a Lei 8.666/93, é exigência de mero compromisso de
consórcio para a participação na licitação (essa última sem menção a criar pessoa jurídica
para execução do contrato).
»» Na Lei 8.987/95 (concessões) é facultado ao poder concedente, desde que previsto no
edital, no interesse do serviço a ser concedido, determinar que o licitante vencedor, no
caso de consórcio, se constitua em empresa (uma nova pessoa jurídica) antes da cele-
bração do contrato (por ser importante separar a vida financeira do projeto/concessão
da contabilidade das empresas, vez que esse tipo de contrato envolve tarifa pública e
variáveis diferenciadas, como pedido de reequilíbrio mais complexo que o processo de
reequilíbrio de contrato comum da Administração Pública para suas atividades diárias).
»» Parceria Público-Privada (PPP) – a Lei 11.079/04 possui realidade peculiar, quando prevê
em seu artigo 9º que antes da celebração do contrato, deverá ser constituída uma socie-
dade de propósito específico (SPE), incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria
público-privada.
»» Como regra, as exigências dos artigos 28 ao 31 da Lei nº 8.666/93 devem ser atendidas
por todas as empresas.
»» Mas em razão do disposto no § 4º do artigo 32 da mesma lei:
“As empresas estrangeiras que não funcionem no País, tanto quanto possível, atenderão,
nas licitações internacionais, às exigências dos parágrafos anteriores mediante documentos
equivalentes, autenticados pelos respectivos consulados e traduzidos por tradutor juramen-
tado, devendo ter representação legal no Brasil com poderes expressos para receber cita-
ção e responder administrativa ou judicialmente”.
»» a habilitação das empresas estrangeiras que não funcionem no país é realizada com a
apresentação de documentos equivalentes, na medida do que for possível (em certos
casos não existem documentos equivalentes);
»» Assunto de consularização consta da Lei nº 8.666/93, devendo ser considerado com as
ressalvas de aplicação da Convenção da Apostila de Haia para os países que a integram;
»» Os documentos traduzidos por tradutor juramentado;
»» as empresas estrangeiras que não funcionem no país devem ter representação legal no
Brasil (que pode ser uma pessoa física ou jurídica);
»» a inscrição de estrangeiro no SICAF, por enquanto, somente tem sido liberada para a
participação em pregões eletrônicos no Comprasnet com recursos financiados pelo BID
e pelo BIRD (o sistema ainda não realiza a conversão automática de lances em diferentes
moedas e tem outras limitações, tanto que esses pregões ficam em local separado no
site).

PROPOSTAS E JULGAMENTO COM EQUALIZAÇÃO DE MOEDAS E TRIBUTOS

»» O artigo 42 da Lei nº 8.666/93 é a base específica relativa ao tema das propostas nas

contreinamentos.com.br 44
licitações internacionais, impondo observância às diretrizes da política monetária, às di-
retrizes do comércio exterior e às exigências dos órgãos competentes no edital.
»» No que tange especificamente às propostas e aos pagamentos, os §§ 1º ao 6º do artigo
42 estabelecem que, quando permitido ao licitante estrangeiro cotar preço em moeda
estrangeira, também o será ao brasileiro. O pagamento feito ao licitante brasileiro even-
tualmente contratado em virtude da licitação internacional em que permitida a cotação
de preço em moeda estrangeira, será efetuado em moeda brasileira, à taxa de câmbio
vigente no dia útil imediatamente anterior à data do efetivo pagamento.
»» Proposta em moeda estrangeira deve ser convertida para o Real com base na “taxa de
câmbio de venda” (que é a mais alta), porque, primeiramente, o Estado precisa “com-
prar” a moeda estrangeira (que está “à venda”), para depois “pagar” suas obrigações com
aquela moeda.
»» O art. 42, § 4º, da Lei nº 8.666/93, estabelece que, “para fins de julgamento da licitação,
as propostas apresentadas por licitantes estrangeiros serão acrescidas dos gravames
consequentes dos mesmos tributos que oneram exclusivamente os licitantes brasileiros
quanto à operação final de venda”. Essa é uma regra geral, mas importante lembrar que
em situações de execução de obras no Brasil não existe imunidade ou isenção dos encar-
gos que ocorrem no Brasil.
»» Na realização de obras, prestação de serviços ou aquisição de bens com recursos prove-
nientes de financiamento ou doação oriundos de agência oficial de cooperação estrangei-
ra ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte podem ser admitidas,
na respectiva licitação, as condições decorrentes de acordos, protocolos, convenções ou
tratados internacionais aprovados pelo Congresso Nacional; podem ser admitidas tam-
bém as normas e procedimentos daquelas entidades (agência oficial de cooperação es-
trangeira ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte), inclusive quan-
to ao critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração.

LEGALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS ESTRANGEIROS

»» O artigo 224 do Código Civil dispõe que “os documentos redigidos em língua estrangeira
serão traduzidos para o português para ter efeitos legais no País”.
»» Para ter validade no Brasil, o documento redigido em língua estrangeira não pode ser
livre tradução feita no estrangeiro de outro idioma (não pode ser tradução de tradução,
mas juramentada do original).
»» Embaixadas e consulados do Brasil deixaram de consularizar documentos nos países de
origem. Reconhecimento de firma e autenticações podem ser feitas por notários locais,
com validade pelo apostilamento, que se aplica a 110 outros países da Convenção da
Apostila de Haia. Todos os documentos são apostilados, não apenas os públicos.
»» Sugestão de redação para o edital na parte de legalização:
“Para os documentos públicos estrangeiros, aplicam-se as regras previstas na Convenção
sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros, fir-
mada pela República Federativa do Brasil, em Haia, em 5 de outubro de 1961, e promulgada
pelo Decreto Federal n.º 8.660/2016, salvo para os licitantes de países não signatários, para
esses sendo aplicável a regra de consularização, do art. 32, § 4º da Lei nº 8.666/93”.

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NORMAS DO CONFEA RELATIVAS A EMPRESAS ESTRANGEIRAS

»» Lei nº 5.194 – CONFEA – CREA


»» Resolução nº 1.121 CONFEA, de 13.12.2019 – Consolida e atualiza os procedimentos para
o registro de pessoas jurídicas, de direito público ou privado, inclusive estrangeira auto-
rizada pelo Poder Executivo federal a funcionar no território nacional, que se organizem
para executar obras ou serviços que envolvam o exercício de profissões fiscalizadas pelo
Sistema Confea/Crea.
»» Resolução nº 444 CONFEA, de 14 de abril de 2000 – Dispõe sobre os procedimentos re-
lativos ao consórcio de empresas, participação de empresas estrangeiras em licitações e
acervo técnico de obras e serviços realizados no exterior – Trata da informação prévia de
consórcios, ARTs de serviços executados no exterior e outros aspectos.
»» Em situação de urgência, averbações de documentos estrangeiros pode ser decididas
pelo presidente do CREA local, com ad referendum do Conselho.
»» Documentos em língua estrangeira devem ser legalizados pela autoridade consular bra-
sileira, salvo os casos contemplados pelo Decreto nº 8.660, de 29 de janeiro de 2016, e
traduzidos para o vernáculo por tradutor público juramentado.

REGULAÇÃO SOBRE PROFISSIONAIS E REGISTROS PROVISÓRIOS AOS ESTRANGEIROS

»» Lei nº 5.194 – CONFEA – CREA


»» Resolução nº 1.007 CONFEA, de 05 de dezembro de 2003 – Registro de profissionais, in-
clusive de estrangeiros.
»» Importante equivalência de currículos dos países de origens com os requisitos brasileiros
para cada tipo de validação, de graduação, de engenharia, bem como provas de vínculos
com aquela empresa estrangeira, bem como vinculação para fins de trabalho específico.
»» Em situação de urgência, averbações de documentos estrangeiros pode ser decididas
pelo presidente do CREA local, com ad referendum do Conselho.
»» Documentos em língua estrangeira devem ser legalizados pela autoridade consular bra-
sileira, salvo os casos contemplados pelo Decreto nº 8.660, de 29 de janeiro de 2016, e
traduzidos para o vernáculo por tradutor público juramentado.

PAGAMENTOS A CONTRATADAS ESTRANGEIRAS

»» Reservas em sistemas de orçamento permanecem em reais, sendo deslocadas para ope-


rações de pagamentos a estrangeiros mediante cada momento previsto no contrato.
»» Pagamentos para o exterior são feitos na moeda constante da proposta.
»» Não pode haver pagamento no Brasil em moeda estrangeira.
»» Meio de pagamento internacional mais utilizado é a carta de crédito, mas pode ser reali-
zada transferência, tudo com as devidas atestações e cautelas.
»» Pagamentos antecipados podem ocorrer em casos excepcionais. Exemplo: Acompanhar
desdobramentos da conversão da MP 961/2020.

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GARANTIAS EM CONTRATOS COM ESTRANGEIRAS

»» Definida a regra de garantia no contrato, deve-se colocar previsões como aceitação de


garantias do exterior, com a devida legalização (consularização ou apostilamento) e tra-
dução.
»» Garantias obtidas no exterior são menos dispendiosas que no Brasil.
»» Averiguar na garantia financeira qual é o banco no Brasil que assegura a execução, pois
essa é uma medida de segurança para se conseguir descontar multa de empresa estran-
geira no País.

FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS COM ESTRANGEIRAS

»» Nos trâmites gerais de fiscalização, para fins do artigo 67 da Lei nº 8.666/93, tudo o que
se tem em relação a uma contratada brasileira será necessário em relação a uma estran-
geira.
»» Nessa fiscalização, inclusive, deve ser conferida toda a parte de encargos de serviços exe-
cutados no Brasil e será importante observar observância de normas do CONFEA sobre
o registro da empresa estrangeira, ainda que provisório, bem como profissionais que
forem estrangeiros, seus vistos e outros requisitos legais.
»» Preposto do artigo 68 deve se exigir, normalmente, que não precisa ser a mesma pessoa
do representante legal do artigo 32, § 4º, da Lei nº 8.666/93, pois esse é o responsável
por toda a representação administrativa e até judicial da empresa e tem poderes para
substituir, por exemplo, o preposto.

FUSÕES E AQUISIÇÕES E SEUS IMPACTOS NOS CONTRATOS EM ANDAMENTO

»» Uma alteração societária que não modifique a estrutura da empresa, para fins do artigo
78, inciso XI, da Lei nº 8.666/93, não justificará rescisão de contrato, salvo se causar pre-
juízo à execução do contrato.
»» Assim, fusões e aquisições de construtoras com obras em andamento são normais e até
podem justificar que um contrato iniciado com um determinado CNPJ tenha a substitui-
ção por outro, durante o seu curso, sendo importante alertar que na fusão, pelo artigo
1.119 do Código Civil, duas empresas formam uma sociedade nova que as sucederá nos
direitos e obrigações, portanto, isso incluindo contratos ativos.
»» No Acórdão 634/2007 – Plenário, o TCU entendeu possível manter vigentes contratos
cujas contratadas tenham passado por processo de cisão, incorporação ou fusão, ou
celebrar contrato com licitante que tenha passado pelo mesmo processo, desde que: 1)
sejam observados pela nova pessoa jurídica todos os requisitos de habilitação exigidos
na licitação original; 2) sejam mantidas as demais cláusulas e condições do contrato; 3)
não haja prejuízo à execução do objeto pactuado; e 4) haja a anuência expressa da Admi-
nistração à continuidade do contrato”. Essa a linha de incorporações de empresas.
»» Isso significa que em caso de operação societária o contrato administrativo pode co-
meçar com uma empresa e terminar com outra, que acabará recebendo atestado, por
exemplo, em seu próprio nome.

contreinamentos.com.br 47
CONTROLE TECNOLÓGICO
EM OBRAS PÚBLICAS

ELCI PESSOA JÚNIOR


DA RELEVÂNCIA DO TEMA:

contreinamentos.com.br 49
Antes de tudo: vale mesmo à pena economizar dinheiro com projetos?

Em caso de projeto mais acompanhamento da obra esse percentual, apesar de


variável, costuma não exceder 5%

contreinamentos.com.br 50
RDC Integrado, excelente. Desde que se tenha tempo para um bom projeto

Afinal, como você quer sua obra?

BREVE DETALHAMENTO…

Camada de revestimento em CBUQ

Sonda rotativa - Preço: 6.000,00


Tempo para realização: cerca de 5 minutos para cada amostra

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E mais 11 indicadores de desempenho…
»» Grau de compactação
»» Estabilidade
»» Fluência
»» Resist. à tração por comp. diam.
»» Granulometria
»» Percentual de vazios
»» Vazios com betume
»» RBV
»» % VAM
»» VDR
»» Mancha de areia
»» Grau de compactação
»» Estabilidade
»» Fluência
»» Resist. à tração por comp. diam.
»» Granulometria
»» Percentual de Vazios
»» Vazios com betume
»» RBV
»» % VAM
»» VDR
»» Mancha de Areia

contreinamentos.com.br 52
CAMADAS DE SOLO:

8 indicadores de qualidade…
»» Densidade Máxima e Umidade Ótima (Compactação)
»» Granulometria
»» Limites de Liquidez
»» Limite de Plasticidade
»» Índice de Plasticidade
»» Equivalente de Areia
»» CBR
»» Grau de Compactação

Mesmo com CBR alto e LL e IP aceitáveis, um solo pode vir a ser descartado por
granulometria.

DRENAGEM:

»» Ensaios em tubos
»» Granulometria de agregados em drenos
»» Resistência do concreto aplicado
»» Diversos outros

Foto: NTC Brasil

SINALIZAÇÃO:

»» Retrorrefletividade da sinalização
»» Granulometria das esferas de vidro
»» Conformidades da esferas de vidro
»» Taxa de esferas aplicada
»» Espessura da tinta

contreinamentos.com.br 53
OBRAS DE EDIFICAÇÕES TAMBÉM DEMANDAM ENSAIOS...

»» Equivalente de areia
»» Resistência de blocos
»» Resistência do concreto
»» Conformidades de aplicações
»» Diversos outros

DA IMPLEMENTAÇÃO E GESTÃO DO CONTROLE TECNOLÓGICO

ESTRUTURAS BÁSICAS:
»» Laboratório Próprio - Obras que demandam grande quantidade de ensaios
»» Laboratório terceirizado - Obras com maior diversidade e menor quantidade de
ensaios
»» Avaliação de Certificação e Inspeções de controle nas instalações de fornecedores -
Indústrias de aço, tintas, tubos etc.

ALTERNATIVAS DE IMPLEMENTAÇÃO:
»» Convênios com Universidades - Para utilização de suas instalações - Pode envolver
aquisição de equipamentos complementares
»» Convênios com o Exército - Ex.: TCE-RO
»» Formação de consórcios públicos para montagem de laboratórios

Considerar (em caso de terceitizações e convênios):


»» Investimento inicial x Renovações contratuais
»» Disponibilidade REAL dos equipamentos
»» Atualização dos equipamentos e manut. calibrações
»» Tempo de realização dos ensaios (disponibilidade de pessoal)
»» Confiabilidade dos resultados
»» Custos de manutenção
»» Riscos de descontinuidade

contreinamentos.com.br 54
A IMPLEMENTAÇÃO…
Premissa:
O orçamento final pode ser bem flexível, em conformidade com as disponibili-
dades e pretensões de cada órgão público.

Diretrizes Gerais para implementação:


»» Adequar o espaço já disponível do contratante (estudo das alternativas).
»» Detalhamento das especificidades técnicas para obra desse tipo - isolamento acústico,
rede elétrica, rede hidráulica, segurança etc.
»» Especificação dos equipamentos mais adequados a cada orçamento e estratégia de tra-
balho
»» Estudo da distribuição física mais adequada para os equipamentos

contreinamentos.com.br 55
»» Realização de Pregão com cuidados especiais: Divisão em lotes, conforme Mercado

ATENÇÃO QUANTO A MICROEMPRESAS

»» Atualização do orçamento básico


»» Especificações precisas
»» Cláusulas de avaliação prévia
»» Recepção criteriosa dos equipamentos

MODELOS DE GESTÃO DO LABORATÓRIO:


»» Treinamentos de Operação e Gerenciamento de Laboratório
»» Servidor Concursado - TCDF
»» Função de Confiança - TCE-GO, TCE-TO
»» Empresas de Terceirização de Serviços

Qualquer que seja o modelo adotado, é imprescindível o TREINAMENTO das


equipes para fazerem o controle.

contreinamentos.com.br 56
OS MODELOS E DESAFIOS
PARA A CONTRATAÇÃO DE
SERVIÇOS DE SUPERVISÃO
DE OBRAS

RAFAEL JARDIM
O DEVER DE FISCALIZAR

»» O fiscal é a primeira linha de defesa da lisura e da probidade do contrato.


»» O fiscal é o fiel garantidor da obediência às cláusulas contratuais, devendo imediatamen-
te reportar a seus superiores qualquer desconformidade ou inadimplemento.
»» O fiscal deve garantir que o objeto contratado seja entregue no escopo, na qualidade, no
custo e no prazo pactuados.

Art. 67.  A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representan-


te da Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para
assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
§ 1o  O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrências re-
lacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à regularização
das faltas ou defeitos observados.

Discussão / poder ou dever contratar supervisora?

Sempre que a administração não dispuser de alguém hábil fática e legalmente para a fisca-
lização do objeto, o poder de contratar uma empresa especialista para auxiliá-lo se trans-
forma em um DEVER!

contreinamentos.com.br 58
Posso começar a obra sem o contrato de supervisão?

Acórdão 1399/2014-Plenário
Ministro Relator: Augusto Sherman
9.2. dar ciência ao Dnit acerca das seguintes impropriedades e das seguintes orientações
decorrentes do exame efetuado nestes autos sobre a contratação dos serviços de aplica-
ção e manutenção de dispositivos de segurança e de sinalização rodoviária objeto do Edital
854/2012-00, no Estado de Rondônia:
(...)
9.2.4. o início dos serviços do BR-Legal ocorreu sem que se tenha realizado a licitação das
atividades de supervisão/gerenciamento previstas para o programa, o que pode resultar
em fiscalização insuficiente dos contratos, em afronta ao art. 67, da Lei 8.666/1993, c/c o art.
39, da Lei 12.462/2011;

Acórdão 3042/2010-Plenário
Ministro Relator: Weder de Oliveira
Como demonstra a equipe de auditoria, a designação de apenas um servidor do DNIT para
acompanhar e fiscalizar a obra em questão não supre as reais necessidades de supervi-
são, o que fica patente quando se observa o quadro de 45 profissionais previsto no edital
de contratação para selecionar a empresa de supervisão das obras: sete engenheiros, três
topógrafos, quatro auxiliares de to­pografia, três laboratoristas, quatro auxiliares de labora-
tório, um inspetor de terraplenagem, um inspetor de drenagem/OAC, um inspetor de OAE,
dois inspetores de pavimentação, sendo um de campo e outro de usina, três fiscais de cam-
po e dois calculistas.
Dessa forma, age com imprudência o gestor do DNIT que autoriza início e execução de obra
de grande vulto sem definir, antecipadamente, os instrumentos de controle necessários ao
seu acompanhamento e fiscalização que, como bem apontado pela unidade técnica, pode
“acarretar serviços executados em desconformidade com as normas técnicas e medições
com falhas”. (...)

Quanto à fiscalização da execução das obras, a administração da autarquia, em diversos ní-


veis, parece estar assumindo riscos associados à execução dos empreendimentos maiores
do que os que seriam assumidos se adotadas práticas gerenciais mais prudentes, em nome
do cumprimento dos cronogramas, provavelmente pela crença de que as contratações das
estruturas de fiscalização sejam concluídas a tempo de produzirem os resultados preventi-
vos e corretivos esperados.
Ao assumirem tais riscos, os gestores devem estar cientes da possibilidade de serem res-
ponsabilizados por eventuais falhas que decorram das evidentes fragilidades da estrutura
de fiscalização que está sendo posta em operação nas obras da BR (...).

contreinamentos.com.br 59
Assim, (...) é mais adequado alertar, desde já, o Sr. (...), superintendente do DNIT (...), o di-
retor de infraestrutura rodoviária e o diretor-geral do DNIT no sentido de que poderão ser
considerados solidariamente responsáveis por falhas que decorram diretamente das fra-
gilidades na estrutura de fiscalização, tais como serviços executados em desconformidade
com as normas técnicas e medições com falhas na execução das obras de implantação e
pavimentação do lote 3 da BR (...).

E como licitar um contrato de supervisão? 8.666? Pregão? RDC?

POSSO USAR O RDC?


MP 961/2020
Art. 1º Ficam autorizados à administração pública de todos os entes federativos, de todos os
Poderes e órgãos constitucionalmente autônomos:
(...)
III - a aplicação do Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC, de que trata a Lei nº
12.462, de 4 de agosto de 2011, para licitações e contratações de quaisquer obras, serviços,
compras, alienações e locações.

Lei Geral de Licitações Pregão (Lei 10.520/2002)


Art. 1o  (...) Art. 1º  Para aquisição de bens e serviços co-
Parágrafo único.  Subordinam-se ao re- muns, poderá ser adotada a licitação na moda-
gime desta Lei, além dos órgãos da ad- lidade de pregão, que será regida por esta Lei.
ministração direta, os fundos especiais, Parágrafo único.  Consideram-se bens e servi-
as autarquias, as fundações públicas, ços comuns, para os fins e efeitos deste arti-
as empresas públicas, as sociedades go, aqueles cujos padrões de desempenho e
de economia mista e demais entidades qualidade possam ser objetivamente definidos
controladas direta ou indiretamente pelo edital, por meio de especificações usuais
pela União, Estados, Distrito Federal e no mercado.
Municípios

Decreto 10.024/2019
Art. 1º  Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modali-
dade de pregão, que será regida por esta Lei.
Art. 1º  Este Decreto regulamenta a licitação, na modalidade de pregão, na forma eletrônica,
para a aquisição de bens e a contratação de serviços comuns, incluídos os serviços comuns

contreinamentos.com.br 60
de engenharia, e dispõe sobre o uso da dispensa eletrônica, no âmbito da administração
pública federal.
VIII - serviço comum de engenharia - atividade ou conjunto de atividades que necessitam
da participação e do acompanhamento de profissional engenheiro habilitado, nos termos
do disposto na Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e cujos padrões de desempenho e
qualidade possam ser objetivamente definidos pela administração pública, mediante espe-
cificações usuais de mercado;

Como diferenciar uma obra de um serviço?

OBRA - (Art. 9º, inciso I, da Lei SERVIÇO - (Art. 9º, inciso I, da Lei 8.666/93)
8.666/93) Toda atividade destinada a obter determinada
»» Construção; utilidade de interesse para a Administração,
»» Reforma; tais como: demolição, conserto, instalação,
montagem, operação, conservação, reparação,
»» Fabricação; adaptação, manutenção, transporte, locação
»» Recuperação; de bens, publicidade, seguro ou trabalhos téc-
nico-profissionais
»» Ampliação;

Como definir um serviço comum?

ALGUNS ELEMENTOS INDICIÁRIOS:


»» Número de empresas aptas a oferecer o serviço no mercado;
»» Nos serviços comuns, se duas empresas forem prestar determinado encargo, ao final, o
resultado não será relevantemente diferente;
»» Nos serviços não comuns, prevalece mais a intelectualidade;
»» Nos serviços comuns, existe um nível mínimo de habilidade que, a partir desta, todos os
licitantes entregarão objetos semelhantes. Nos complexos, quanto mais experiência e
melhor for a contratada, melhor será a entrega;

contreinamentos.com.br 61
Acórdão 601/2011-Plenário
Ministro Relator: José Jorge
2. Se o projeto ou estudo a ser elaborado por um profissional ou empresa for similar ao que
vier a ser desenvolvido por outro(a), o serviço pode ser caracterizado como comum. Caso
contrário, se a similaridade dos produtos a serem entregues não puder ser assegurada, o
objeto licitado não se enquadra na categoria de comum.
3. É possível a existência de soluções distintas para o objeto licitado, mas a consequência
advinda da diferença entre elas não deverá ser significativa para o ente público que adota o
pregão. Se, no entanto, os serviços comportarem variações de execução relevantes, a técni-
ca a ser empregada pelos licitantes merecerá a devida pontuação no certame. (grifei)

LEI 8.666/93
Art. 46.  Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técnica e preço” serão utilizados exclusiva-
mente para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elabora-
ção de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consulti-
va em geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos
básicos e executivos, ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior. 

Acórdão 1092/2014-Plenário
Ministro Relator: José Múcio
O emprego da modalidade pregão, como regra para a contratação de serviços de engenha-
ria consultiva, supervisão e elaboração de projetos de obras, não exclui o modelo tradicional
de licitação por melhor técnica ou técnica e preço, para o caso de trabalhos de alta com-
plexidade que não possam ser enquadrados como comuns e, portanto, ter padrões de de-
sempenho e qualidade objetivamente definidos por meio de especificações usuais, segundo
reconhecimento e justificativa prévia do contratante.

Acórdão 3341/2012-Plenário
Ministro Relator: José Jorge
“Os serviços de supervisão de obras devem, em regra, ser licitados na modalidade pre-
gão, uma vez que seus padrões de desempenho e qualidade podem ser, na maioria das
vezes, objetivamente definidos por meio de especificações usuais no mercado.” (Acórdão
3341/2012-Plenário)

contreinamentos.com.br 62
Qual a referência de custo para contratos de supervisão?

ÓRGÃO CONTRATANTE: DATA-BASE:


SERVIÇO: EDITAL:

Quantidade
Função Salário Mensal Custo Parcial
(Homem x Mês)

NÍVEL SUPERIOR

Coordenador Geral 20 30.542,23 610.844,60


Engenheiro de Medição e Planejamento 40 18.933,85 757.354,00
Engenheiro Civil Sênior 20 23.486,70 469.734,00
Engenheiro Mecânico Sênior 10 23.486,70 234.867,00
Engenheiro Eletricista Sênior 10 23.486,70 234.867,00
NÍVEL TÉCNICO

Topógrafo 30 4.310,56 129.316,80


Auxiliar de topografia 90 1.524,90 137.241,00
Laboratorista 20 4.498,40 89.968,00
Auxiliar de Laboratório 40 1.524,90 60.996,00
Desenhista 40 6.729,90 269.196,00
Técnico de Edificações 80 2.168,32 173.465,60
Técnico de Segurança no Trabalho 20 2.168,32 43.366,40
EQUIPE ADMINISTRATIVA/APOIO

Secretária 20 2.479,84 49.596,80


Motorista 20 1.422,08 28.441,60
Auxiliar de escritório 20 724,00 14.480,00
Faxineira 40 724,00 28.960,00
TOTAIS DOS SALÁRIOS DA EQUIPE 3.332.694,80

contreinamentos.com.br 63
FORMAÇÃO DE PREÇO COM BASE NOS QUANTITATIVOS E CUSTOS UNITÁRIOS DOS IN-
SUMOS UTILIZADOS

PV = CDsal x K + CDoutros x TRDE


K = (1+k1+k2)(1+k3)(1+k4)
TRDE = (1+k3)(1+k4)

Sendo:
»» PV: preço de venda total praticado pela empresa de engenharia consultiva
»» CDsal: custo direto de salários
»» K: fator “K”
»» CDoutros: demais custos diretos
»» TRDE: taxa de ressarcimento de despesas e encargos
»» K1: encargos sociais incidentes sobre a mão de obra
»» K2: administração central da empresa de consultoria (ou overhead)
»» K3: remuneração bruta da empresa de consultoria
»» K4: fator relativo aos tributos incidentes sobre o preço de venda, dado pela equação K4
= 1/(1-I), em que “I” são os referidos tributos.

contreinamentos.com.br 64
Acórdão 508/2018-Plenário
Ministro Relator: Benjamim Zymler
9.7. com base no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento
Interno/TCU, determinar à Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que adote as se-
guintes providências:
(...)
9.7.6. na orçamentação de serviços de engenharia consultiva, limite a 20% o percentual ado-
tado para despesas administrativas (overhead) da empresa contratada;

Pagamento por posto ou pagamento por produtos entregues?

Acórdão 860/2012-Plenário
Ministro Relator: Weder de Oliveira
17. Em relação à adoção no contrato nº 1084/2010, para diversos itens, de quantitativos utili-
zados com critérios de mensuração em horas, a argumentação apresentada de que se trata
de serviços de naturezas diversas não inclusos nas tabelas referenciais não justifica a adoção
de critérios baseados em horas, pois essa é uma prática que não incentiva a eficiência na
prestação dos serviços e o foco no resultado a ser obtido.
18. A legislação em vigor (Instrução Normativa MP nº 2 de 30 de abril de 2008) e a jurisprudên-
cia do Tribunal (Acórdão nº 667/2005 TCU-Plenário e Acórdão nº 2.588/2009 TCU-Plenário)
têm caminhado no sentido de inibir a adoção de critérios de mensuração baseados horas.
19. O §1º do art. 11 da referida instrução normativa permite a adoção de critério de remune-
ração com base na quantidade de horas de serviço quando houver inviabilidade de adoção
do critério de aferição dos resultados. Entretanto, o Dnit/PE não demonstrou, em sua respos-
ta, a inviabilidade de adoção de critério de aferição de resultados.
Trecho do Acórdão:
9.1. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte(...):
9.1.2. adotar metodologia de mensuração de serviços prestados que condicione a remunera-
ção da contratada à aferição do resultado pretendido e elimine a possibilidade de remunerar
a empresa com base na quantidade de horas trabalhadas ou por postos de trabalho, nos ter-
mos do art. 11 da IN nº 2, de 30 de abril de 2008, do Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão.

Acórdão 508/2018-Plenário
Ministro Relator: Benjamim Zymler
9.7. com base no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento
Interno/TCU, determinar à Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que adote as se-

contreinamentos.com.br 65
guintes providências:
(...)
9.7.5. em futuras licitações do tipo técnica e preço, se abstenha de adotar critérios de pon-
deração que tornam irrisória a proposta de preço em face da pontuação global ou de prever
metodologia de cálculo da nota de proposta de preços que desestimule a competição entre
os licitantes no critério preço, tendo como resultado prático a fixação de preço mínimo, o
que infringe o princípio da seleção da proposta mais vantajosa e é incompatível com a dire-
triz de evitar operações em que se caracterize sobrepreço ou superfaturamento, nos termos
do art. 31 da Lei 13.303/2016;

Acórdão 508/2018-Plenário
Ministro Relator: Benjamim Zymler
9.7. com base no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento
Interno/TCU, determinar à Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que adote as
seguintes providências:
(...)
9.7.4. nas futuras contratações de serviços de supervisão de obras, evite a previsão de paga-
mentos por homem-mês ou relacionados à mera permanência de mão de obra ou disponi-
bilização de equipamentos, devendo haver previsão de pagamentos estritamente atrelados
a produtos entregues ou resultados alcançados, os quais devem ser previamente definidos
em bases compreensíveis, tangíveis, objetivamente observáveis e comprováveis, com níveis
esperados de qualidade da da prestação do serviço e respectivas adequações de pagamen-
to;

Acórdão 84/2020-Plenário
Ministro Relator: Bruno Dantas
9.1. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) , com
fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, combinado com art. 250, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, que:
9.1.1. apresente, no prazo de 90 (noventa) dias, para os contratos de gerenciamento de
obras em andamento, as memórias de cálculo das equipes e das suas responsabilidades,
observando as atribuições previstas nos termos de referências utilizados na contratação
dessas empresas, descrevendo para cada função o conjunto de tarefas principais e essen-
ciais que serão executadas por cada ocupante dessas funções, devendo, caso constate o
superdimensionamento das equipes técnicas, realizar a alteração unilateral quantitativa do
objeto com vistas a suprimir postos de trabalho, com base no art. 65, inciso I, alíneas ‘a’ e ‘b’,
da Lei 8.666/1993;
9.1.5. apresente, nos próximos processos licitatórios para contratação de serviços de su-
pervisão e gerenciamento de obras, justificativas para a escolha do critério de medição, em
observância ao dever de motivação dos atos administrativos, especialmente nos casos em
que se verifique ser inaplicável a adoção de critérios de medição baseados na entrega de
produtos ou em resultados alcançados;

contreinamentos.com.br 66
9.2.5. revisar a IS DG DNIT 3/2016, para que seja obrigatória a inclusão do PVEGQ nos re-
latórios mensais da empresa supervisora, contendo todos os ensaios realizados tanto pela
empresa executora da obra quanto pela supervisora;
9.2.6. elaborar documento (roteiro, manual, norma, etc.) que oriente os fiscais de obras
quanto aos procedimentos passíveis de serem adotados quando houver dúvida quanto à
fidedignidade dos resultados de ensaios realizados por empresas contratadas, incluindo a
possibilidade de realização de contraprova;
9.2.7. revisar a IS DG DNIT 11/2016, com as seguintes sugestões:
9.2.7.1. exigência de justificativa pelas notas, conceitos e pareceres apresentados no Boletim
de Desempenho Parcial (BDP) , que atualmente é facultativa;
9.2.7.2. inclusão de mecanismos que definam, em bases compreensíveis, tangíveis, obje-
tivamente observáveis e comprováveis, os níveis esperados de qualidade da prestação do
serviço da empresa supervisora, e respectivas adequações de pagamento, a ser formalizado
em instrumento de controle, a exemplo do Instrumento de Medição de Resultado (IMR) ,
previsto na IN-MPDG 5/2017, ou instrumento similar;
9.2.8. promover a padronização das atividades de fiscalização levando em conta os critérios
de avaliação da supervisora, utilizando o IMR, previsto na IN-MPDG 5/2017;

E se houver atraso na obra, o que acontece com o contrato de su-


pervisão?

Acórdão 508/2018-Plenário
Ministro Relator: Benjamim Zymler
9.7. com base no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento
Interno/TCU, determinar à Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que adote as se-
guintes providências:
(...)
9.7.2. em futuros certames para contratação de serviços de supervisão, fiscalização ou ge-
renciamento de obras, faça inserir cláusula contratual ou elemento na matriz de riscos pre-
vista no inciso X do art. 42 da Lei 13.303/2016 que preveja a diminuição ou supressão da re-
muneração da contratada, nos casos, ainda que imprevistos, de enfraquecimento do ritmo
das obras ou de paralisação total, de forma a se manter o equilíbrio econômico-financeiro
dos referidos contratos durante todo o período de execução do empreendimento;
9.7.3. nos contratos de supervisão de obras que estejam em vigor, celebrados à égide da
Lei 8.666/1993, caso seja necessária a prorrogação dos ajustes e estes ainda se encontrem
aquém do limite legal de aditamento contratual, promova alteração unilateral quantitativa
do objeto com vistas a suprimir postos de trabalho, com base no art. 65, inciso I, alínea “b”,
da Lei 8.666/1993 ou, ainda, repactue a forma de pagamento avençada (art. 65, inciso II, alí-

contreinamentos.com.br 67
nea “c”, da mesma lei) , de forma a manter o equilíbrio econômico-financeiro do ajuste para
diminuir ou suprimir a remuneração da contratada, de acordo com a mão de obra mínima
necessária para prestação dos serviços;

Acórdão nº 2000/2010-TCU-Plenário
Ministro Relator: André Luís de Carvalho
Trecho do Acórdão:
9.3.1. em conformidade com o art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993, promova a repactuação do
Contrato nº 51/2005 celebrado com a (...)., garantindo o prévio contraditório à contratada,
de modo a adequar o preço da avença à nova extensão da BR-319/AM a ser pavimentada;

Acórdão 84/2020-Plenário
Ministro Relator: Bruno Dantas
9.1. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) , com
fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, combinado com art. 250, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, que:
(...)
9.1.2. apresente, no prazo de 60 (sessenta) dias, plano de ação para os contratos de super-
visão e de gerenciamento vigentes, com vistas a adequar seu objeto e manter as condições
inicialmente pactuadas e o equilíbrio econômico-financeiro dessas avenças, com base no
art. 65, inciso I, alíneas ‘a’ e ‘b’, e inciso II, alínea ‘b’, da Lei 8.666/1993, em particular nos casos
de enfraquecimento do ritmo das obras, de paralisia total ou de redução do objeto, ainda
que imprevistos. O plano de ação deve conter, no mínimo, as medidas a serem adotadas
(alteração unilateral, repactuação, memórias de cálculo, etc.) , os responsáveis pelas ações
e os prazos previstos para a sua implementação, podendo ser submetida uma amostra de
contratos que deverão ser prioritariamente avaliados, selecionados com base em critérios
de risco, materialidade e relevância, especialmente para os seguintes casos:

Acórdão 84/2020-Plenário
Ministro Relator: Bruno Dantas
9.2.2. incluir, nos próximos editais de supervisão e gerenciamento de obras, cláusula con-
tratual ou elemento no mapa de riscos, previsto no art. 26 da IN-MPDG 5/2017, prevendo a
diminuição ou supressão da remuneração das contratadas, nos casos, ainda que imprevis-
tos, de redução do ritmo das obras ou paralisação total, de forma a manter o equilíbrio eco-
nômico-financeiro dos contratos durante todo o período de execução do empreendimento;
9.1.2.1. contratos de empreitada por preço unitário que possuem como critério de paga-
mento o homem/mês que demandem eventual redução do objeto com supressão de postos
de trabalho;
9.1.2.2. contratos de empreitada por preço global que possuem como critério de pagamento
o percentual de execução da obra, que demandem eventual necessidade de diminuir ou su-
primir a remuneração da contratada, ajustando a mão de obra prevista na equipe mínima,
para a prestação efetiva dos serviços;

contreinamentos.com.br 68
Se a obra atrasar, posso ultrapassar os 25% de aditivos?

Acórdão 508/2018-Plenário
Ministro Relator: Benjamim Zymler
9.7. com base no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento
Interno/TCU, determinar à Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que adote as
seguintes providências:
9.7.1. abstenha-se de aditar contratos de supervisão de obras além do limite legal de 25%
estabelecido no art. 81, §1º, da Lei 13.303/2016, e no art. 65, §1º, da Lei 8.666/1993, no caso
de haver prorrogação de prazo na execução da obra supervisionada, adotando medidas
tempestivas com vistas a realizar nova contratação de supervisão, caso necessário;

Acórdão 84/2020-Plenário
Ministro Relator: Bruno Dantas
9.1. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) , com
fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, combinado com art. 250, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, que:
(...)
9.1.3. abstenha-se de aditar além do limite legal de 25% os contratos de supervisão e ge-
renciamento de obras futuramente celebrados, por estar em desacordo com o estabelecido
no art. 65, §§ 1º e 2º, da Lei 8.666/1993, inclusive quando a modificação do valor ocorrer em
razão da prorrogação de prazo de vigência, adotando medidas tempestivas com vistas a
realizar nova contratação, caso necessário;
9.1.4. apresente, no prazo de 60 (sessenta) dias, plano de ação para os contratos de super-
visão e de gerenciamento vigentes, com vistas a obedecer aos limites de alteração dispostos
no art. 65, §§ 1º e 2º, da Lei 8.666/1993, contendo, no mínimo, as medidas a serem adotadas,
diferenciadas em função das características dos contratos, tais como estágio de execução e
previsão de conclusão da obra fiscalizada, os responsáveis pelas ações e os prazos previstos
para a sua implementação;
9.2.3. incluir nos próximos editais de supervisão e gerenciamento de obras providências
com o intuito para que a contratada realize a transição contratual com transferência de co-
nhecimento, tecnologia e técnicas empregadas, sem perda de informações, podendo exigir,
inclusive, a capacitação dos técnicos da contratante ou da nova empresa que continuará a
execução dos serviços, conforme disposto no art. 69, da IN-MPDG 5/2017;

contreinamentos.com.br 69
A CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE
ENGENHARIA SEGUNDO O DECRETO
10.024/2019

KARINE LÍLIAN MACHADO


1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Pregão é um “procedimento administrativo por meio do qual a Administração Pública, ga-


rantindo a isonomia, seleciona fornecedor ou prestador de serviço, visando à execução de
objeto comum no mercado, permitindo aos licitantes, em sessão pública presencial ou virtu-
al, reduzir o valor da proposta por meio de lances sucessivos” (Jorge Ulisses Jacoby Fernan-
des).
“Pregão é a modalidade de licitação em que a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços
comuns é feita em sessão pública, por meio de propostas de preços escritas e lances ver-
bais” (Decreto 3.555/2000).

São caraterísticas do pregão:


»» utilizado para contratação de bens e serviços comuns;
»» independe do valor da contratação;
»» prazo mínimo de divulgação de 8 dias úteis;
»» inversão das fases de julgamento da habilitação e da proposta;
»» possibilidade de o licitante reduzir o valor da proposta durante a sessão (formulação de
lances);

»» concentração da fase recursal apenas ao final do procedimento.

2. LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA

No âmbito federal, além da Lei 10.520/2002, regulamentam o pregão os Decretos 3.555/2000


e 10.024/2019.
Os decretos são atos normativos expedidos pelo Chefe do Executivo com a finalidade de dar
concreção à lei. Não criam direitos, apenas dizem como eles devem ser executados.
De ver que a Lei 10.520/2002 contém normas gerais, que são obrigatórias para todos os
entes da Federação.
Já os decretos têm incidência restrita ao âmbito de atuação do Chefe do Executivo que o
expede. Assim, os decretos federais não obrigam estados, municípios e DF.

Decreto 10.024/2019
Art. 1º Este Decreto regulamenta a licitação, na modalidade de pregão, na forma eletrônica, para
a aquisição de bens e a contratação de serviços comuns, incluídos os serviços comuns de enge-
nharia, e dispõe sobre o uso da dispensa eletrônica, no âmbito da administração pública federal.
(...)
§ 3º Para a aquisição de bens e a contratação de serviços comuns pelos entes federativos, com a
utilização de recursos da União decorrentes de transferências voluntárias, tais como convênios e
contratos de repasse, a utilização da modalidade de pregão, na forma eletrônica, ou da dispensa
eletrônica será obrigatória, exceto nos casos em que a lei ou a regulamentação específica que
dispuser sobre a modalidade de transferência discipline de forma diversa as contratações com os
recursos do repasse.

contreinamentos.com.br 71
§ 4º Será admitida, excepcionalmente, mediante prévia justificativa da autoridade competente, a
utilização da forma de pregão presencial nas licitações de que trata o caput ou a não adoção do
sistema de dispensa eletrônica, desde que fique comprovada a inviabilidade técnica ou a desvan-
tagem para a administração na realização da forma eletrônica. (...)
Art. 5º O pregão, na forma eletrônica, será realizado quando a disputa pelo fornecimento de
bens ou pela contratação de serviços comuns ocorrer à distância e em sessão pública, por meio
do Sistema de Compras do Governo federal, disponível no endereço eletrônico www.comprasgo-
vernamentais.gov.br. (...)
§ 2º Na hipótese de que trata o § 3º do art. 1º, além do disposto no caput, poderão ser utilizados
sistemas próprios ou outros sistemas disponíveis no mercado, desde que estejam integrados à
plataforma de operacionalização das modalidades de transferências voluntárias. (...)

3. DISPENSA ELETRÔNICA

O sistema de dispensa eletrônica consiste em “ferramenta informatizada, integrante da pla-


taforma do Siasg, disponibilizada pelo Ministério da Economia, para a realização dos pro-
cessos de contratação direta de bens e serviços comuns, incluídos os serviços comuns de
engenharia” (art. 3º, inc. X, do Decreto 10.024/2019).
Na forma do art. 51 do Decreto 10.024/2019, a adoção desse sistema será, como regra, obri-
gatória nas seguintes hipóteses:
I - contratação de serviços comuns de engenharia, nos termos do disposto no inciso I do caput do
art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993;
II - aquisição de bens e contratação de serviços comuns, nos termos do disposto no inciso II do
caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993; e
III - aquisição de bens e contratação de serviços comuns, incluídos os serviços comuns de enge-
nharia, nos termos do disposto no inciso III e seguintes do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de
1993, quando cabível.
§ 1º Ato do Secretário de Gestão da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo
Digital do Ministério da Economia regulamentará o funcionamento do sistema de dispensa ele-
trônica.
§ 2º A obrigatoriedade da utilização do sistema de dispensa eletrônica ocorrerá a partir da data
de publicação do ato de que trata o § 1º.
§ 3º Fica vedada a utilização do sistema de dispensa eletrônica nas hipóteses de que trata o art.
4º.
(...)
Art. 52. Ato* do Secretário de Gestão da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Go-
verno Digital do Ministério da Economia estabelecerá os prazos para implementação das regras
decorrentes do disposto neste Decreto quando se tratar de licitações realizadas com a utilização
de transferências de recursos da União de que trata o § 3º do art. 1º.

*Instrução Normativa 206, de 18/10/2019 - estabelece os prazos para que órgãos e entida-
des da administração pública estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta, utilizem

contreinamentos.com.br 72
obrigatoriamente a modalidade de pregão, na forma eletrônica, ou a dispensa eletrônica,
quando executarem recursos da União decorrentes de transferências voluntárias.

4. BENS E SERVIÇOS COMUNS

Um aspecto fundamental a ser considerado é a impossibilidade da utilização generalizada


do pregão.
Deve haver uma vinculação direta, imediata e insuprimível entre o pregão e a contratação
de bem ou serviço comum.
Consoante dispõe o parágrafo único do art. 1º da Lei 10.520/2002, bens e serviços comuns
são:
“aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos no edi-
tal, por meio de especificações usuais no mercado”.
O Decreto 10.024/2019 assim tratou do tema:
Art. 3º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: (...)
II - bens e serviços comuns - bens cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser obje-
tivamente definidos pelo edital, por meio de especificações reconhecidas e usuais do mercado;
(...)
§ 1º A classificação de bens e serviços como comuns depende de exame predominantemente
fático e de natureza técnica.
§ 2º Os bens e serviços que envolverem o desenvolvimento de soluções específicas de natureza
intelectual, científica e técnica, caso possam ser definidos nos termos do disposto no inciso II do
caput, serão licitados por pregão, na forma eletrônica.

5. OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA

O conceito de obra não é abrangido pelo conceito de “bens e serviços comuns”.


Logo, não é possível valer-se dessa modalidade para contratação de obra, ainda que pu-
desse ser enquadrada no conceito legal de comum.
Contudo, dúvidas surgiram em torno da possibilidade de uso do pregão para contratação

contreinamentos.com.br 73
de serviços de engenharia.
Isso porque o Decreto 3.555/2000, em seu art. 5º, dispõe que “a licitação na modalidade de
pregão não se aplica às contratações de obras e serviços de engenharia”.

Súmula TCU 257


O uso do pregão nas contratações de serviços comuns de engenharia encontra amparo na Lei nº
10.520/2002.
Logo, desde que possam ser enquadrados como comuns, é possível a contratação de serviços de
engenharia por meio de pregão, seja em sua forma eletrônica ou presencial.
O Decreto 10.024/2019 assim tratou do tema:
Art. 1º Este Decreto regulamenta a licitação, na modalidade de pregão, na forma eletrônica, para
a aquisição de bens e a contratação de serviços comuns, incluídos os serviços comuns de enge-
nharia, e dispõe sobre o uso da dispensa eletrônica, no âmbito da administração pública federal.
(...)
Art. 3º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: (...)
VIII - serviço comum de engenharia - atividade ou conjunto de atividades que necessitam da parti-
cipação e do acompanhamento de profissional engenheiro habilitado, nos termos do disposto na
Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser
objetivamente definidos pela administração pública, mediante especificações usuais de mercado;
(...)
Art. 4º O pregão, na forma eletrônica, não se aplica a:
I - contratações de obras;

Dúvida:
Qual a diferença entre obra e serviço de engenharia?

A Lei de Licitações diferencia os conceitos de obras e serviços em seu art. 6º:


Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se:
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execu-
ção direta ou indireta;
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Admi-
nistração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação, repa-
ração, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos
técnico-profissionais;

O Decreto 10.024/2019 assim tratou da matéria:


Art. 3º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: (...)
VI - obra - construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de bem imóvel, realizada

contreinamentos.com.br 74
por execução direta ou indireta; (...)
VIII - serviço comum de engenharia - atividade ou conjunto de atividades que necessitam da parti-
cipação e do acompanhamento de profissional engenheiro habilitado, nos termos do disposto na
Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser
objetivamente definidos pela administração pública, mediante especificações usuais de mercado;

A Orientação Técnica do Instituto Brasileiro de Obras Públicas 2/2009 detalha essas defini-
ções:
Obra de engenharia é a ação de construir, reformar, fabricar, recuperar ou ampliar um
bem, na qual seja necessária a utilização de conhecimentos técnicos específicos envolvendo
a participação de profissionais habilitados conforme o disposto na Lei Federal nº 5.194/66.
Para efeito desta Orientação Técnica, conceitua-se:
3.1 - Ampliar: produzir aumento na área construída de uma edificação ou de quaisquer di-
mensões de uma obra que já exista.
3.2 - Construir: consiste no ato de executar ou edificar uma obra nova.
3.3 - Fabricar: produzir ou transformar bens de consumo ou de produção através de proces-
sos industriais ou de manufatura.
3.4.- Recuperar: tem o sentido de restaurar, de fazer com que a obra retome suas caracterís-
ticas anteriores abrangendo um conjunto de serviços.
3.5 - Reformar: consiste em alterar as características de partes de uma obra ou de seu todo,
desde que mantendo as características de volume ou área sem acréscimos e a função de
sua utilização atual.

Serviço de Engenharia é toda a atividade que necessite da participação e acompanhamen-


to de profissional habilitado conforme o disposto na Lei Federal nº 5.194/66, tais como:
consertar, instalar, montar, operar, conservar, reparar, adaptar, manter, transportar, ou ain-
da, demolir. Incluem-se nesta definição as atividades profissionais referentes aos serviços
técnicos profissionais especializados de projetos e planejamentos, estudos técnicos, pare-
ceres, perícias, avaliações, assessorias, consultorias, auditorias, fiscalização, supervisão ou
gerenciamento.
Para efeito desta Orientação Técnica, conceitua-se:
4.1. Adaptar: transformar instalação, equipamento ou dispositivo para uso diferente daque-
le originalmente proposto. Quando se tratar de alterar visando adaptar obras, este conceito
será designado de reforma.
4.2. Consertar: colocar em bom estado de uso ou funcionamento o objeto danificado; corri-
gir defeito ou falha.
4.3. Conservar: conjunto de operações visando preservar ou manter em bom estado, fazer
durar, guardar adequadamente, permanecer ou continuar nas condições de conforto e se-
gurança previsto no projeto.
4.4. Demolir: ato de por abaixo, desmanchar, destruir ou desfazer obra ou suas partes.
4.5. Instalar: atividade de colocar ou dispor convenientemente peças, equipamentos, aces-
sórios ou sistemas, em determinada obra ou serviço.

contreinamentos.com.br 75
4.6. Manter: preservar aparelhos, máquinas, equipamentos e obras em bom estado de ope-
ração, assegurando sua plena funcionalidade.
4.7. Montar: arranjar ou dispor ordenadamente peças ou mecanismos, de modo a compor
um todo a funcionar. Se a montagem for do todo, deve ser considerada fabricação.
4.8. Operar: fazer funcionar obras, equipamentos ou mecanismos para produzir certos efei-
tos ou produtos.
4.9. Reparar: fazer que a peça, ou parte dela, retome suas características anteriores. Nas
edificações define-se como um serviço em partes da mesma, diferenciando-se de recuperar.
4.10. Transportar: conduzir de um ponto a outro cargas cujas condições de manuseio ou
segurança obriguem a adoção de técnicas ou conhecimentos de engenharia.

Acórdão 592/2016 - Plenário


A terraplenagem constitui uma etapa da obra, não cabendo sua classificação como serviço
comum de engenharia, razão pela qual é irregular sua contratação mediante utilização da
modalidade pregão eletrônico
Na representação que questionara possível restrição à competitividade em pregão eletrôni-
co (...), cujo objeto envolve a contratação da terraplenagem das obras do (...) fora constata-
do indício de irregularidade concernente ao uso do pregão para licitar obra pública, prática
vedada pelo art. 6º do Decreto 5.450/2005. Analisando o ponto, após as oitivas regimentais,
anotou o relator que “o objeto licitado (terraplanagem do terreno em que se edificará a sede
de ...) é claramente uma etapa da obra, não cabendo sua classificação como um serviço co-
mum de engenharia.
Por outro lado, enfatizou, “a utilização do Pregão, no seu formato eletrônico, não trouxe
nenhum prejuízo à competitividade do certame e não impediu a obtenção da contratação
mais vantajosa para a Administração”, razão pela qual entendeu “ser escusável a intepreta-
ção conferida pelos gestores da (...), pois reconheço que existem zonas cinzentas entre os
conceitos de ‘obra’ e ‘serviço de engenharia’, o que torna prescindível a apuração do aspecto
subjetivo da irregularidade em exame”.

contreinamentos.com.br 76
6. SERVIÇOS DE ENGENHARIA “COMUNS” E “NÃO COMUNS”

Decreto 10.024/2019
Art. 1º Este Decreto regulamenta a licitação, na modalidade de pregão, na forma eletrônica, para
a aquisição de bens e a contratação de serviços comuns, incluídos os serviços comuns de enge-
nharia, e dispõe sobre o uso da dispensa eletrônica, no âmbito da administração pública federal.
(...)
Art. 4º O pregão, na forma eletrônica, não se aplica a:
I - contratações de obras; (...)
III - bens e serviços especiais, incluídos os serviços de engenharia enquadrados no disposto no
inciso III do caput do art. 3º. (...)
Art. 3º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: (...)
III - bens e serviços especiais - bens que, por sua alta heterogeneidade ou complexidade técnica,
não podem ser considerados bens e serviços comuns, nos termos do inciso II;

Dúvida:
É possível realizar a contratação de serviços técnicos profissionais es-
pecializados de projetos de engenharia por pregão eletrônico?

Os serviços de supervisão de obras devem, em regra, ser licitados na modalidade pre-


gão, uma vez que seus padrões de desempenho e qualidade podem ser, na maioria das
vezes, objetivamente definidos por meio de especificações usuais no mercado (Acórdão
3341/2012-Plenário).
Os serviços de consultoria devem ser contratados mediante pregão, ressalvadas situações
excepcionais, devidamente justificadas, em que tais serviços não se caracterizem como co-
muns (Acórdão 2.801/2019-Plenário).
“O emprego da modalidade pregão, como regra para a contratação de serviços de enge-
nharia consultiva, supervisão e elaboração de projetos de obras, não exclui o modelo tra-
dicional de licitação por melhor técnica ou técnica e preço, para o caso de trabalhos de alta
complexidade que não possam ser enquadrados como comuns e, portanto, ter padrões de
desempenho e qualidade objetivamente definidos por meio de especificações usuais, se-
gundo reconhecimento e justificativa prévia do contratante.” (Acórdão 1092/2014-Plenário).
“É cabível o uso do pregão para a contratação de empresa de supervisão ou de consultoria,
ressalvando situações excepcionais em que tais serviços não se caracterizam como servi-
ços comuns, caso em que deverá ser justificada a adoção de outra modalidade” (Acórdão
2.932/2011-Plenário).

Como sugestão para embasar o enquadramento de determinado serviço como comum, su-
giro a leitura do Acórdão 1.046/2014-Plenário, no qual foram relacionadas as seguintes con-
siderações :

contreinamentos.com.br 77
»» Os padrões de desempenho e qualidade desses serviços podem ser objetivamente defi-
nidos em edital, por meio de especificações usuais no mercado.
»» Os serviços são executados segundo protocolos, métodos e técnicas conhecidos e deter-
minados em normas expedidas pelas entidades regulamentadoras.
»» A qualidade do trabalho é atestada por meio do confronto com normas técnicas e profis-
sionais pré-estabelecidas e, embora possa haver variações metodológicas, estas não são
determinantes para a obtenção do resultado desejado pela Administração.
O fato de o objeto exigir capacitação técnica específica não é suficiente, por si só, para ex-
cluí-lo do conceito de “serviço comum”.

Dúvida:
A regulamentação contida na Resolução 1.116/2019 do Confea, a qual
convencionou que as obras e serviços de engenharia são, necessaria-
mente, “serviços técnicos especializados”, tem o condão de impedir a
classificação dos serviços de engenharia como comuns para fins de uso
da modalidade pregão?
Como contratar projetos classificados como serviços especiais?

contreinamentos.com.br 78
7. ELABORAÇÃO DO ETP/TR

A Lei do Pregão não exigiu a elaboração de projeto básico para fins de descrição do objeto
pretendido pela administração.
O Decreto 10.024/2019 prevê a elaboração do termo de referência com essa finalidade:
XI - termo de referência - documento elaborado com base nos estudos técnicos preliminares, que
deverá conter:
a) os elementos que embasam a avaliação do custo pela administração pública, a partir dos pa-
drões de desempenho e qualidade estabelecidos e das condições de entrega do objeto, com as
seguintes informações:
1. a definição do objeto contratual e dos métodos para a sua execução, vedadas especificações
excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, que limitem ou frustrem a competição ou a realização
do certame;
2. o valor estimado do objeto da licitação demonstrado em planilhas, de acordo com o preço de
mercado; e
3. o cronograma físico-financeiro, se necessário;
b) o critério de aceitação do objeto;
c) os deveres do contratado e do contratante;
d) a relação dos documentos essenciais à verificação da qualificação técnica e econômico-finan-
ceira, se necessária;
e) os procedimentos de fiscalização e gerenciamento do contrato ou da ata de registro de preços;
f) o prazo para execução do contrato; e
g) as sanções previstas de forma objetiva, suficiente e clara.

A propósito, o aludido decreto inova ao tratar da fase de planejamento da contratação:


Art. 14. No planejamento do pregão, na forma eletrônica, será observado o seguinte:
I - elaboração do estudo técnico preliminar e do termo de referência;
II - aprovação do estudo técnico preliminar e do termo de referência pela autoridade competente
ou por quem esta delegar;
III - elaboração do edital, que estabelecerá os critérios de julgamento e a aceitação das propos-
tas, o modo de disputa e, quando necessário, o intervalo mínimo de diferença de valores ou de
percentuais entre os lances, que incidirá tanto em relação aos lances intermediários quanto em
relação ao lance que cobrir a melhor oferta;
IV - definição das exigências de habilitação, das sanções aplicáveis, dos prazos e das condições
que, pelas suas particularidades, sejam consideradas relevantes para a celebração e a execução
do contrato e o atendimento das necessidades da administração pública; e
V - designação do pregoeiro e de sua equipe de apoio.
O decreto do pregão eletrônico prevê o estudo técnico preliminar - ETP como uma das peças que
deve compor a instrução dos processos de contratação na modalidade pregão.
Art. 8º. O processo relativo ao pregão, na forma eletrônica, será instruído com os seguintes docu-

contreinamentos.com.br 79
mentos, no mínimo:
I. estudo técnico preliminar, quando necessário; (...)

Decreto 10.024/2019
Art. 3º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: (...)
IV - estudo técnico preliminar - documento constitutivo da primeira etapa do planejamento
de uma contratação, que caracteriza o interesse público envolvido e a melhor solução ao
problema a ser resolvido e que, na hipótese de conclusão pela viabilidade da contratação,
fundamenta o termo de referência;
O Decreto do Pregão não dispõe precisamente sobre as diretrizes para a elaboração do es-
tudo técnico preliminar.
No âmbito federal, foi editada a IN 40/2020, que dispõe sobre a elaboração dos ETP para
aquisição de bens e a contratação de serviços e obras, no âmbito da Administração Pública
federal direta, autárquica e fundacional, e sobre o sistema ETP digital.
O sistema ETP digital é uma ferramenta informatizada disponibilizada pela Secretaria de
Gestão da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério
da Economia.

Instrução Normativa 40/2020


Art. 1º Esta Instrução Normativa dispõe sobre a elaboração dos Estudos Técnicos Prelimina-
res - ETP - para a aquisição de bens e a contratação de serviços e obras, no âmbito da Admi-
nistração Pública federal direta, autárquica e fundacional, e sobre o Sistema ETP digital. (...)
Art. 3º No caso da contratação de obras, os ETP serão elaborados de acordo com esta Instru-
ção Normativa, exceto quando lei ou regulamentação específica dispuser de forma diversa.

Acórdão 6.638/2015 - 1ª Câmara


Toda e qualquer contratação, independente da modalidade de licitação a ser adotada, de-
verá ser precedida de estudo técnico preliminar, que servirá de base para a elaboração do
termo de referência ou projeto básico.

8. ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO ESTIMADO

Previamente à realização de qualquer contratação, a administração deve estimar o preço de


referência do objeto licitado.
Essa estimativa é indispensável para a escolha da proposta mais vantajosa. Além disso, faci-
lita sobremaneira o controle do processo licitatório e da execução do contrato.
No âmbito federal, referida estimativa deve ser feita levando em consideração os parâme-
tros definidos na Instrução Normativa 73, de 5/8/2020.
De acordo com a referida IN, a pesquisa de preços será realizada mediante a utilização de
um dos seguintes parâmetros:

contreinamentos.com.br 80
1) painel de preços, disponível no endereço eletrônico gov.br/paineldepreços, desde que as
cotações refiram-se a aquisições ou contratações firmadas no período de até 1 ano anterior
à data de divulgação do instrumento convocatório;
2) aquisições e contratações similares de outros entes públicos, firmadas no período de até
1 ano anterior à data de divulgação do instrumento convocatório;
3) dados de pesquisa publicada em mídia especializada, de sítios eletrônicos especializados
ou de domínio amplo, desde que atualizados no momento da pesquisa e compreendidos no
intervalo de até 6 meses de antecedência da data de divulgação do instrumento convocató-
rio, contendo a data e hora de acesso; ou
4) pesquisa direta com fornecedores, mediante solicitação formal de cotação, desde que os
orçamentos considerados estejam compreendidos no intervalo de até 6 meses de antece-
dência da data de divulgação do instrumento convocatório.
O disposto na IN 73/2020 não se aplica à orçamentação de obras e serviços de engenharia,
que deve observância ao Decreto 7.983/2013.

ACÓRDÃO 2265/2020 – Plenário


Assim, a IN 73/2020 admite prazos de até 1 ano entre as referências pesquisadas e a data
de divulgação do instrumento convocatório, prazo que julgo ser adequado também para a
validade de um orçamento estimativo visando a licitação de uma obra pública.

Acórdãos 1445/2015 e 2637/2015-Plenário


As estimativas de preços prévias às licitações devem estar baseadas em cesta de preços acei-
táveis, tais como os oriundos de pesquisas diretas com fornecedores ou em seus catálogos,
valores adjudicados em licitações de órgãos públicos, sistemas de compras (comprasnet),
valores registrados em atas de SRP, avaliação de contratos recentes ou vigentes, compras e
contratações realizadas por corporações privadas em condições idênticas ou semelhantes.
9.3. dar ciência ao ... que:
9.3.1. no âmbito do Pregão Eletrônico 28/2014, constatou-se que o orçamento estimado foi
elaborado com base tão somente em consulta a fornecedores, contrariando jurisprudência
do TCU no sentido de que, na elaboração de orçamento na fase de planejamento da contra-
tação de bens e serviços, bem como quando da demonstração da vantajosidade de eventual
prorrogação de contrato de serviço contínuo, devem ser utilizadas fontes diversificadas, a
fim de dar maior segurança no que diz respeito aos valores a serem adjudicados;
9.3.2. para fim de orçamentação nas licitações de bens e serviços, devem ser priorizados
os parâmetros previstos nos incisos I e III do art. 2º da IN SLTI/MPOG 5/2014, quais sejam,
“Portal de Compras Governamentais” e “contratações similares de outros entes públicos”,
em detrimento dos parâmetros contidos nos incisos II e IV daquele mesmo art. 2º, isto é,
“pesquisa publicada em mídia especializada, sítios eletrônicos especializados ou de domínio
amplo” e “pesquisa com os fornecedores”, cuja adoção deve ser vista como prática subsidi-
ária, suplementar;

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9. DIVULGAÇÃO DO ORÇAMENTO NO PREGÃO

Na modalidade pregão, a estimativa de preços elaborada pela administração não constitui


um dos anexos obrigatórios do edital, conforme prevê o art. 40, § 2º, inciso II, da Lei de Lici-
tações.
O Decreto 10.024/2019 segue a tendência das mais recentes legislações sobre contratação
pública, a exemplo da Lei do RDC (Lei 12.462/2011) e da Lei das Estatais (Lei 13.303/2016),
para prever a possibilidade de o valor estimado ou valor máximo aceitável para a contrata-
ção ser considerado sigiloso.
Nessa hipótese, o valor será tornado público apenas e imediatamente após o encerramento
do envio dos lances, sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos quantitativos e das
demais informações necessárias para a elaboração das propostas.

Decreto 10.024/2019
Art. 15. O valor estimado ou o valor máximo aceitável para a contratação, se não constar expres-
samente do edital, possuirá caráter sigiloso e será disponibilizado exclusiva e permanentemente
aos órgãos de controle externo e interno.
§ 1º O caráter sigiloso do valor estimado ou do valor máximo aceitável para a contratação será
fundamentado no § 3º do art. 7º da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e no art. 20 do
Decreto nº 7.724, de 16 de maio de 2012.
§ 2º Para fins do disposto no caput, o valor estimado ou o valor máximo aceitável para a con-
tratação será tornado público apenas e imediatamente após o encerramento do envio de lances,
sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos quantitativos e das demais informações neces-
sárias à elaboração das propostas.
§ 3º Nas hipóteses em que for adotado o critério de julgamento pelo maior desconto, o valor es-
timado, o valor máximo aceitável ou o valor de referência para aplicação do desconto constará
obrigatoriamente do instrumento convocatório.

10. PREGÃO E SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS

O SRP é um conjunto de procedimentos formais com o objetivo de registrar preços fixos


para contratações futuras e que poderão ou não ocorrer, de acordo com a necessidade e
conveniência da administração.
Tais procedimentos são sempre precedidos de licitação, em que as empresas vencedoras
assumem o compromisso de fornecer bens e serviços registrados em uma ata específica,
válida por um período não superior a 12 meses.

O SRP está previsto nos seguintes diplomas normativos:


»» art. 15 da Lei 8.666/1993;
»» art. 11 da Lei 10.520/2002;
»» arts. 29 e 32 da Lei 12.462/2011;
»» arts. 62 e 66 da Lei 13.303/2016.

contreinamentos.com.br 82
Além disso, está regulamentado em normas de caráter infra-legal, a exemplo dos Decretos
Federais 7.892/2013 e 7.581/2011.
A existência de preços registrados não obriga a administração a firmar as contratações que
deles poderão advir, facultando-se a realização de licitação específica para a aquisição pre-
tendida.
Nesse caso, assegura-se ao beneficiário do registro a preferência de fornecimento em igual-
dade de condições.
Por essa razão, após publicado o resultado da licitação, o vencedor do certame é convocado
para assinar uma ata de registro de preços e não um contrato, como normalmente ocorre
em outros processos licitatórios.

10.1. Quando utilizar o SRP?


No âmbito federal, o Decreto 7.892/2012, em seu art. 3º, assim dispõe sobre as hipóteses de
utilização do SRP:
Art. 3º. O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado nas seguintes hipóteses:
I. quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações frequen-
tes;
II. quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou contrata-
ção de serviços remunerados por unidade de medida ou em regime de tarefa;
III. quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para atendimento a
mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou
IV. quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o quantitativo a ser
demandado pela Administração.

Acórdão 2.197/2015-Plenário
De ver que o SRP deve ser usado para adquirir com agilidade aqueles bens e serviços par-
celados que a administração costuma adquirir com frequência, mas que antecipadamente
sejam difíceis de serem quantificados ou definidos o momento exato da contratação ao
longo daquele período.

Acórdão 1.068/2011-Plenário
A utilização do Sistema de Registro de Preços é adequada em situações em que a demanda
é incerta, seja em relação a sua ocorrência, seja no que concerne à quantidade de bens a ser
demandada.

Acórdão 1712/2015 – Plenário


Afronta os princípios da razoabilidade e da finalidade a utilização, pelo órgão gerenciador,
do sistema de registro de preços para realização de contratação única e integral do objeto
registrado, ocasionando a extinção da ata na primeira contratação.
Atenta contra os princípios da razoabilidade e da finalidade o ente público valer-se do SRP

contreinamentos.com.br 83
para celebrar contrato com objeto absolutamente idêntico ao da ata que lhe deu origem,
isto é, constituir uma ata de registro de preços para simplesmente firmar contrato pela tota-
lidade do valor da ata. Não se pode aceitar aqui o argumento de que, nesse caso, a ata ainda
teria utilidade para os “caronas”, uma vez que sua finalidade precípua - sua razão maior de
ser - é o atendimento às necessidades do “gerenciador” e dos eventuais “participantes”.
Assim, é inadequada a utilização do SRP quando: (i) as peculiaridades do objeto a ser execu-
tado e sua localização indiquem que só será possível uma única contratação ou (ii) quando
não for possível a contratação de itens isolados em decorrência da indivisibilidade das par-
tes que compõem o objeto, a exemplo de serviços de realização de eventos.
Sempre que não houver demanda de itens isolados, pelo fato de os serviços não poderem
ser dissociados uns dos outros, não havendo, assim, a divisibilidade do objeto, considero
não haver atendimento aos requisitos previstos no art. 3º do Decreto 7.892/13, que regu-
lamenta o SRP. É o caso da contratação de obras, cuja utilização do SRP foi refutada pelo
Acórdão 3.065/2014-TCU-Plenário, ou da própria prestação de serviços de eventos (...), em
que o parcelamento do objeto em itens de serviço é inviável, por resultar na contratação de
dezenas de fornecedores/prestadores de serviço para a realização de um único evento. [...]

Acórdão 2.392/2006 – Plenário


Considerando-se que o SRP é utilizado para a celebração de contratos, de acordo com a de-
manda efetiva da Administração, ao longo de um ano, é possível afirmar que a sua utilização
se volta à contratação de bens e serviços destinados ao seu uso comum/cotidiano e que não
necessitam de descrições complexas. Daí falar-se que, como regra, o tipo de licitação ado-
tado será o de menor preço. Contrario sensu, não terá cabimento a sua utilização quando
a Administração, ao longo do exercício financeiro, tiver a necessidade de uma única contra-
tação. Sendo que o exemplo clássico de inadequação quanto ao uso do SRP diz respeito à
aquisição de uma sala cofre, cuja aquisição seria necessária apenas uma vez durante vigên-
cia da Ata e, muito provavelmente, ao longo de toda a existência da Entidade Adquirente.

Acórdão 1443/2015 – Plenário


É válida a instituição de sistema de registro de preços para a aquisição de bens em quanti-
dades globais estimadas para entrega em diferentes locais da federação.

Acórdão 113/2012-Plenário
“10. Manifesto-me favoravelmente ao posicionamento da unidade técnica de que não há
base legal para o procedimento levado a efeito no âmbito da UFAM, considerando que na
forma como foi concebido o certame só seria possível a contratação uma única vez, para o
serviço ali explicitado, situação que descaracteriza por completo a opção pelo SRP...”

contreinamentos.com.br 84
10.2. SRP PARA OBRAS ESERVIÇOS DE ENGENHARIA

O uso do SRP para obras e serviços de engenharia sempre suscitou muito debate na doutri-
na.
A jurisprudência do TCU caminhou no sentido de entender que não haveria amparo legal
para a utilização do pregão ou a utilização de SRP objetivando a contratação de empresa
para execução de obras e serviços não comuns de engenharia (Acórdão 296/2007 – Segunda
Câmara).

Acórdão 1381/2018 – Plenário


É cabível o registro de preços para a contratação de serviços de engenharia em que a de-
manda pelo objeto é repetida e rotineira, a exemplo dos serviços de manutenção e conser-
vação de instalações prediais, não podendo ser utilizado para a execução de obras.

Acórdão 3605/2014 – Plenário


É possível a contratação de serviços comuns de engenharia com base em registro de pre-
ços quando a finalidade é a manutenção e a conservação de instalações prediais, em que a
demanda pelo objeto é repetida e rotineira. Contudo, o sistema de registro de preços não
é aplicável à contratação de obras, uma vez que nesta situação não há demanda de itens
isolados, pois os serviços não podem ser dissociados uns dos outros.

Acórdão 1238/2019 – Plenário


Nesse diapasão, a jurisprudência deste Tribunal de Contas é no sentido de que o sistema de
registro de preços não é aplicável à contratação de obras, uma vez que nessa situação não
há demanda de itens isolados, pois os serviços não podem ser dissociados uns dos outros
(Acórdão 980/2018-Plenário). Também o Acórdão 1.381/2018-Plenário enuncia que é cabível
o registro de preços para a contratação de serviços de engenharia em que a demanda pelo
objeto é repetida e rotineira, a exemplo dos serviços de manutenção e conservação de ins-
talações prediais, não podendo ser utilizado para a execução de obras.
24. Ainda nesse sentido, conforme Acórdão 3.419/2013-Plenário é admissível a contratação,
mediante registro de preços, de serviços de reforma de pouca relevância material e que
consistam em atividades simples, típicas de intervenções isoladas, que possam ser objetiva-
mente definidas conforme especificações usuais no mercado, e possuam natureza padroni-
zável e pouco complexa. Ora, a própria SED já se pronunciou, conforme item 18 acima, que
os serviços a serem contratados não estão disponíveis a qualquer tempo no mercado pró-
prio, e necessitam de acompanhamento e atuação relevante e proeminente de profissional
de engenharia da área. Conclui-se, portanto, que o objeto da Concorrência SRP 001/2018-
SED se caracteriza como obra, não podendo ser utilizado o sistema de registro de preços
para a sua contratação.

Acórdão 3.419/2013-Plenário [excertos do Voto]


11. Ocorre que, como assinalado pela unidade técnica, o objeto da licitação não se carac-
teriza exclusivamente como execução de obra, embora seja admitida a realização de refor-

contreinamentos.com.br 85
mas de agências, sem ampliações. A maior demanda prevista é de serviços de readequação
de ambientes, sendo que as obras, quando necessárias, são apenas de natureza pontual e
complementar.
12. Como, no caso concreto, os serviços de reforma previstos, além de materialmente pouco
relevantes, estão decompostos em atividades mais simples, típicas de intervenções isoladas,
que podem ser objetivamente definidas, conforme especificações usuais no mercado, e pos-
suem natureza padronizável e pouco complexa, entendo não haver óbice ao emprego do
sistema de registro de preços na sua contratação.
Ante o exposto, afirma-se que, diante do caso concreto, pode ser ventilada a possibilidade
de ser adotado o registro de preços para obras, ainda que não envolva o RDC, desde que
apresentem características simples e uniformes nas quais se possa identificar um padrão
capaz de atender a diversas demandas, o que exigira fundamentada motivação técnica.
O Departamento de Coordenação e Orientação de Órgãos Jurídicos da Consultoria-Geral da
União da Advocacia-Geral da União, através do Parecer n.º 00052/2019/DECOR/CGU/AGU,
cuja ementa transcreve-se abaixo, entendeu:
EMENTA:
DIREITO ADMINISTRATIVO. LICITAÇÕES E CONTRATOS. PREGÃO ELETRÔNICO. SISTEMA DE
REGISTRO DE PREÇOS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ELABORAÇÃO DE PROJETOS EXECUTI-
VOS DE ENGENHARIA E/OU ARQUITETURA PARA FUTURAS REFORMAS E OBRAS. SERVIÇO
TÉCNICO ESPECIALIZADO. NATUREZA DOS SERVIÇOS. SERVIÇO INTELECTUAL. PARECER n.
00051/2019/DECOR/CGU/AGU.
1. É juridicamente viável a utilização de pregão eletrônico (SRP) para contratar sociedade
empresária, sob demanda, para a elaboração de projetos executivos, orçamentos, cronogra-
mas e materiais de apoio para futuras licitações que tenham por objeto edificações novas,
ampliações e reformas.
2. A utilização do Sistema de Registro de Preços para os referidos serviços comuns de enge-
nharia consultiva não encontra óbices jurídicos, sendo fundamentada nos incisos do art. 3º,
I, do Decreto nº 7.892/2013.
3. A ON AGU 54/2014 deve ser compreendida na linha de que o gestor tem a atribuição para,
motivadamente, enquadrar bem ou serviço como comum, para os fins da Lei nº 10.520/02,
no entanto as unidades consultivas não estão proibidas de alertá-lo no sentido de que a
jurisprudência consolidou que determinado bem ou serviço é incomum, a demonstrar que
o assunto é eminentemente técnico, mas com contornos jurídicos. O assunto resta consoli-
dado no Manual de Boas Práticas Consultivas da AGU.
4. O entendimento ora externado supera parcialmente o que consta do ANEXO I do PARE-
CER n. 75/2010/DECOR/CGU/AGU, cuja alínea ‘b’ inseriu – exemplificativamente – na catego-
ria de serviços de engenharia não-comuns (não passíveis de contratação) o de elaboração
de projetos de engenharia.
Contudo, em 2013, uma alteração feita no Decreto 7.581/2011, que regulamenta o RDC,
passou a prever a possibilidade de utilização de SRP para contratação de obras no referido
regime, desde que atendidos determinados requisitos.
Art. 89. O SRP/RDC poderá ser adotado para a contratação de bens, de obras com característi-
cas padronizadas e de serviços, inclusive de engenharia, quando: (Redação dada pelo Decreto nº
8.080, de 2013)

contreinamentos.com.br 86
I - pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações frequentes;
II - for mais conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou contratação
de serviços remunerados por unidade de medida ou em regime de tarefa;
III - for conveniente para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de go-
verno; ou
IV - pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o quantitativo a ser demandado
pela administração pública.
Parágrafo único. O SRP/RDC, no caso de obra, somente poderá ser utilizado:
I - nas hipóteses dos incisos III ou IV do caput; e
II - desde que atendidos, cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) as licitações sejam realizadas pelo Governo federal;
b) as obras tenham projeto de referência padronizado, básico ou executivo, consideradas as re-
gionalizações necessárias; e
c) haja compromisso do órgão aderente de suportar as despesas das ações necessárias à adequa-
ção do projeto padrão às peculiaridades da execução.

10.3. SRP E A ADJUDICAÇÃO POR LOTE OU POR ITEM

A jurisprudência do TCU, amparada, em especial, nos §§ 1º e 2º do art. 23 da Lei 8.666/1993,


consolidou-se no sentido de adotar o parcelamento como regra nas contratações realizadas
pela administração.

Súmula 247
É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos editais das
licitações para a contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja divi-
sível, desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia de
escala, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes que, embora
não dispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou aquisição da totalidade do
objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidades autônomas, devendo as exigências
de habilitação adequar-se a essa divisibilidade.
Como medida de racionalização e com o propósito de preservar a regra do parcelamento, a
administração pode realizar a licitação com o objeto dividido em itens.
Na licitação por item, há a concentração, num único procedimento licitatório, de diferentes
objetos, divididos em itens, que poderiam representar, cada qual, um certame distinto.
De certo modo, está-se realizando “diversas licitações” em um só processo, em que cada
item, com características próprias, é julgado como se fosse uma licitação em separado, de
forma independente.
Outrossim, não deixa de ser incomum a adoção de procedimento licitatório em que o objeto
é dividido em agrupamentos de itens ou lotes.
O critério de julgamento de menor preço por lote somente deve ser adotado quando for
demonstrada inviabilidade de se promover a adjudicação por item e evidenciadas fortes

contreinamentos.com.br 87
razões que demonstrem ser esse o critério que conduzirá a contratações economicamen-
te mais vantajosas, em atenção aos artigos 3º, § 1º, I, 15, IV e 23, §§ 1º e 2º, todos da Lei
8.666/1993 (Acórdão 861/2013-Plenário).

Acórdão 757/2015 – Plenário


“(...) em licitações para registro de preços, é obrigatória a adjudicação por item como regra
geral, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes e seleção das
propostas mais vantajosas. A adjudicação por preço global é medida excepcional que preci-
sa ser devidamente justificada, além de ser incompatível com a aquisição futura por itens”.

Acórdão 4205/2014 – Primeira Câmara


Em licitação para registro de preços, é irregular a adoção de adjudicação por menor preço
global por grupo/lote, concomitantemente com disputa por itens, sem que estejam demons-
tradas as razões pelas quais tal critério, conjuntamente com os que presidiram a formação
dos grupos, é o que conduzirá à contratação mais vantajosa, comparativamente ao critério
usualmente requerido de adjudicação por menor preço por item.

O Plenário do TCU, por meio dos Acórdãos 2.901/2016 e 2.438/2016, voltou a decidir que a
adjudicação por preço global ou lote deve ser vista como medida excepcional que necessita
de robusta motivação, por ser incompatível com a aquisição futura por itens.
Posteriormente, o Acórdão 3.081/2016 – Plenário emitiu determinação no sentido de que a
administração se abstivesse de autorizar a adesão à ata de registro de preços para aquisição
separada de itens de objeto adjudicado por preço global para os quais a licitante vencedora
não tenha apresentado o menor preço, assim como a autorização de caronas a órgãos não
participantes, sem que estes obedeçam aos critérios estabelecidos.
Portanto, em resumo, a regra é que a adjudicação seja realizada por itens, podendo também
optar-se por lotes, desde que devidamente motivado por razões de interesse público, de
acordo com a conveniência e oportunidade.

Acórdão 1.347/2018 – Plenário


Nas licitações para registro de preços, a modelagem de aquisição por preço global de grupo
de itens é medida excepcional que precisa ser devidamente justificada, a ser utilizada ape-
nas nos casos em que a Administração pretende contratar a totalidade dos itens do grupo,
respeitadas as proporções de quantitativos definidos no certame.
Apesar de essa modelagem ser, em regra, incompatível com a aquisição futura de itens iso-
ladamente, admite-se tal hipótese quando o preço unitário ofertado pelo vencedor do grupo
for o menor lance válido na disputa relativa ao item.
9.2.3.1. no âmbito das licitações para registro de preços realizadas sob a modelagem de aquisi-
ção por preço global de grupo de itens, somente serão admitidas as seguintes circunstâncias:
9.2.3.1.1. aquisição da totalidade dos itens de grupo, respeitadas as proporções de quantitativos
definidos no certame; ou
9.2.3.1.2. aquisição de item isolado para o qual o preço unitário adjudicado ao vencedor seja o

contreinamentos.com.br 88
menor preço válido ofertado para o mesmo item na fase de lances;
9.2.3.2. constitui irregularidade a aquisição de item de grupo adjudicado por preço global, de
forma isolada, quando o preço unitário adjudicado ao vencedor do grupo não for o menor lance
válido ofertado na disputa relativo ao item;

Acórdão 1872/2018 – Plenário


Nas licitações para registro de preços, a modelagem de aquisição por preço global de grupo
de itens é medida excepcional que precisa ser devidamente justificada, a ser utilizada ape-
nas nos casos em que a Administração pretende contratar a totalidade dos itens do grupo,
respeitadas as proporções de quantitativos definidos no certame. Apesar de essa modela-
gem ser, em regra, incompatível com a aquisição futura de itens isoladamente, admite-se tal
hipótese quando o preço unitário ofertado pelo vencedor do grupo for o menor lance válido
na disputa relativa ao item.

Acórdão 1.893/2017 – Plenário


É indevida a utilização da ata de registro de preços por quaisquer interessados – incluindo o
próprio gerenciador, os órgãos participantes e eventuais caronas, caso tenha sido prevista a
adesão para órgãos não participantes – para aquisição separada de itens de objeto adjudi-
cado por preço global de lote ou grupo para os quais o fornecedor convocado para assinar
a ata não tenha apresentado o menor preço na licitação.

contreinamentos.com.br 89
MODELOS EXISTENTES PARA A
CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE
MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO
PREDIAL

CLÁUDIO SARIAN ALTOUNIAN


NOTÍCIAS VEICULADAS NA IMPRENSA

Mário Gobbi justifica atraso na entrega do Itaquerão:


“É uma cultura nossa”
(http://radioglobo.globoradio.globo.com)
Gobbi afirmou que a situação é normal, pois “estamos no Brasil”: “Não conheço nenhuma
reforma ou construção que seja, primeiro, entregues no prazo. Segundo, que não haja um
acidente de trabalho. Terceiro, que não haja um estouro do orçamento. Quarto, estamos no
Brasil, e o brasileiro termina tudo em cima da hora. Ele licencia o carro no último dia, entrega
o imposto de renda no último dia. É uma cultura nossa”, concluiu o presidente.

Veja – 06/01/2010
O TCU merece respeito
Para verificar se o TCU cumpria a contento o seu papel constitucional - o de prestar infor-
mações confiáveis aos parlamentares sobre os gastos e contratos oficiais -, VEJA destacou
um dos melhores profissionais da revista na tarefa de checar números e decifrar, entre as
letrinhas miúdas dos papéis governamentais, grandes maracutaias.

PRINCIPAIS IRREGULARIDADES

Projeto executivo/básico malfeito


O primeiro passo para fazer uma obra é analisar o terreno onde ela será erguida. Se essa
etapa não é cumprida com rigor, surgem imprevistos na sua execução que forçam os custos
para além do que foi licitado. Os empreiteiros, portanto, adoram projetos executivos básicos
malfeitos.

Aditamento irregular
Por lei, toda obra no Brasil pode terminar custando 25% mais que o previsto, para evitar que
incidentes travem os trabalhos. O que deveria ser exceção tornou-se regra.

Fraude na licitação
É o golpe clássico: o empresário suborna um político para vencer uma licitação.

Jogo de planilha
A empresa apresenta um orçamento irreal para vencer uma concorrência. Depois de assinar
o contrato, alega que os materiais oferecidos não podem ser usados “por razões técnicas” e
opta por congêneres mais caros.

contreinamentos.com.br 91
Medição “por química
O governo só pode pagar às empresas pelo trecho de obra já realizado. Muitas vezes, o fiscal
nem vai ao canteiro de obras, ou só dá uma passadinha, mas libera o dinheiro mesmo que
nada ou pouco tenha sido executado.

SUPERFATURAMENTO

Lei nº 13.303/2016
Art. 31.  As licitações realizadas e os contratos celebrados por empresas públicas e socie-
dades de economia mista destinam-se a assegurar a seleção da proposta mais vantajosa,
inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto, e a evitar operações em que se carac-
terize sobrepreço ou superfaturamento, devendo observar os princípios da impessoalida-
de, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da eficiência, da probidade administrativa,
da economicidade, do desenvolvimento nacional sustentável, da vinculação ao instrumento
convocatório, da obtenção de competitividade e do julgamento objetivo. 
§ 1º  Para os fins do disposto no caput, considera-se que há: 
I - sobrepreço quando os preços orçados para a licitação ou os preços contratados são ex-
pressivamente superiores aos preços referenciais de mercado, podendo referir-se ao valor
unitário de um item, se a licitação ou a contratação for por preços unitários de serviço, ou ao
valor global do objeto, se a licitação ou a contratação for por preço global ou por empreitada; 
II - superfaturamento quando houver dano ao patrimônio da empresa pública ou da socie-
dade de economia mista caracterizado, por exemplo: 
a) pela medição de quantidades superiores às efetivamente executadas ou fornecidas; 
b) pela deficiência na execução de obras e serviços de engenharia que resulte em diminui-
ção da qualidade, da vida útil ou da segurança; 
c) por alterações no orçamento de obras e de serviços de engenharia que causem o desequi-
líbrio econômico-financeiro do contrato em favor do contratado; 
d) por outras alterações de cláusulas financeiras que gerem recebimentos contratuais ante-
cipados, distorção do cronograma físico-financeiro, prorrogação injustificada do prazo con-

contreinamentos.com.br 92
tratual com custos adicionais para a empresa pública ou a sociedade de economia mista ou
reajuste irregular de preços. 

RESPONSABILIDADE

FASES DE UM PROJETO

Execução
Esforço

Iniciação Planejamento

Encerramento

Controle

Tempo

contreinamentos.com.br 93
INFLUÊNCIA DAS PARTES X TEMPO

contreinamentos.com.br 94
ETAPAS CONTRATAÇÃO

PASSO 1 - FASE PRELIMINAR

»» Programa de necessidades
»» Alinhamento ao Plano Estratégico
»» Estudo de Viabilidade
»» Plano Anual de Contratações
»» Regularidade do terreno e
»» interferências relevantes
»» Restrições legais
»» Disponibilidade de recursos

contreinamentos.com.br 95
PRIMEIRA PÁGINA DO PROCESSO É A DEFINIÇÃO DA NECESSIDADE

PASSO 2 - FASE INTERNA

»» Elaboração de projetos básicos*


»» ou Elaboração do Termo de Referência
»» Formação e treinamento da equipe
»» Licenciamento ambiental
»» Definição do orçamento
»» Inclusão na Lei Orçamentária
»» Elaboração do Edital (definição das regras de julgamento)
*NA INTEGRADA É ANTEPROJETO

PASSO 3 - FASE EXTERNA

»» Nomeação da Comissão de Licitação


»» Observância a prazos
»» Respostas a questionamento
»» Avaliação da habilitação
»» Avaliação das propostas (critérios de aceitabilidade e exequibilidade)
»» Homologação e Adjudicação do Objeto

PASSO 4 - FASE CONTRATUAL

»» Assinatura do contrato

contreinamentos.com.br 96
»» Ordem de serviço
»» Designação da equipe de fiscalização
»» Acompanhamento dos serviços (medição)
»» Aditivos
»» Correção de falhas de projeto
»» Recebimentos

QUESTÃO?
Quais serviços são habitualmente contratados sob o rótulo de ma-
nutenção predial?
Qual a distinção entre serviços contínuos de operação e manuten-
ção preventiva, corretiva e preditiva?
Qual a diferença entre manutenção predial e reforma?

OBJETOS

contreinamentos.com.br 97
LICITAÇÕES - LEI 8.666/93

Art. 6o  Para os fins desta Lei, considera-se:


I  -  Obra  -  toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por
execução direta ou indireta;
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Ad-
ministração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação,
reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou tra-
balhos técnico-profissionais;
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou par-
celadamente;

OBRA

1- relação exaustiva: construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação;


2 - gera acréscimo material significativo;
3 – é permanente;
4 – precisa de profissional habilitado (engenheiro ou arquiteto).

OT 2/2009 IBRAOP

3.1 - Ampliar: produzir aumento na área construída de uma edificação ou de quaisquer di-
mensões de uma obra que já exista.
3.2 - Construir: consiste no ato de executar ou edificar uma obra nova.
3.3 - Fabricar: produzir ou transformar bens de consumo ou de produção através de proces-
sos industriais ou de manufatura.
3.4.- Recuperar: tem o sentido de restaurar, de fazer com que a obra retome suas caracterís-
ticas anteriores abrangendo um conjunto de serviços.
3.5 - Reformar: consiste em alterar as características de partes de uma obra ou de seu todo,
desde que mantendo as características de volume ou área sem acréscimos e a função de
sua utilização atual.
4.2. - Consertar: colocar em bom estado de uso ou funcionamento o objeto danificado; cor-
rigir defeito ou falha.
4.3 - Conservar: conjunto de operações visando preservar ou manter em bom estado, fazer
durar, guardar adequadamente, permanecer ou continuar nas condições de conforto e se-
gurança previsto no projeto.
4.4 - Demolir: ato de por abaixo, desmanchar, destruir ou desfazer obra ou suas partes.
4.5 - Instalar: atividade de colocar ou dispor convenientemente peças, equipamentos, aces-
sórios ou sistemas, em determinada obra ou serviço.
4.6. - Manter: preservar aparelhos, máquinas, equipamentos e obras em bom estado de
operação, assegurando sua plena funcionalidade.

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MANUTENÇÃO

1. Acessos ao prédio e sistemas de segurança


»» funcionamento das câmeras de vigilância;
»» cercas elétricas;
»» segurança dos elevadores;
»» interfones e portaria eletrônica.

2. Prevenção de incêndio
»» Extintores de incêndio, canalização de gás, para-raios, alarmes contra fogo etc.

3. Manutenção da parte hidráulica


»» lavagem dos reservatórios de água;
»» limpeza de tubulações e filtros;
»» checagem de bombas hidráulicas;
»» localização e reparo de vazamentos e infiltrações;
»» manutenção de sistemas de captação de água pluvial;
»» verificação dos encanamentos e limpeza de ralos, sifões, caixas de gordura etc;
»» eliminação de possíveis depósitos de água parada, para prevenir a proliferação de inse-
tos.

4. Higienização de depósitos de resíduos


»» Os depósitos de lixos e resíduos em geral devem ser limpos e desinfectados, periodica-
mente, em nome da saúde e bem-estar das pessoas que circulam no ambiente.

5. Limpeza e jardinagem
»» A manutenção dos jardins inclui podas periódicas, não só para preservar a estética, mas
também para a prevenção de pragas e bichos nocivos, como escorpiões.

6. Climatização
»» Os dutos, reservatórios de água e filtros dos equipamentos de climatização devem estar
sempre limpos, pois podem reter partículas nocivas e disseminar bactérias pelo ambien-
te.

7. Manutenção elétrica
»» Cabos, disjuntores, fiação, lâmpadas

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CURVA PERFORMANCE X TEMPO

LEI DOS 5 OU REGRA DE SITTER

»» mostra que os custos de intervenção crescem em função do tempo e segundo uma pro-
gressão geométrica de razão cinco.
ATENÇÃO: Adiar uma manutenção preventiva pode sair 100x mais caro na manutenção
corretiva.

contreinamentos.com.br 102
CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

SOB A CLASSIFICAÇÃO DE COMUM OU NÃO

ACÓRDÃOS TCU
Serviços de operação e manutenção predial, preventiva e corretiva, não apresentam com-
plexidade, possuindo padrões de desempenho e qualidade que podem ser definidos de for-
ma precisa e suficientemente clara, por meio de especificações usuais no mercado, sendo
enquadrados como serviços comuns e, portanto, passíves de licitação mediante pregão.
Acórdão 2472/2011-Segunda Câmara

O serviço de manutenção predial é considerado serviço comum de engenharia, devendo ser


contratado mediante a modalidade pregão, preferencialmente em sua forma eletrônica.
Acórdão 727/2009-Plenário

Nas licitações e prorrogações contratuais de serviços de manutenção predial, a Administra-


ção deve, em atenção ao art. 6º, inciso IX, alíneas c e f, e art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993, incluir,
nos estudos técnicos preliminares da contratação:
i. estudo e previsão da quantidade de material a ser utilizado;
ii. estudo e definição do tipo e da quantidade de postos de trabalho que serão utilizados; e
iii. estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, devendo documentar o méto-
do utilizado no processo de contratação.
Acórdão 2352/2016-Plenário

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FISCALIZAÇÃO CONTRATUAL

VIGÊNCIA E PRORROGAÇÃO

CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

SOB A CLASSIFICAÇÃO DE ESCOPO OU CONTÍNUO

SERVIÇOS CONTINUADOS OU NÃO (ESCOPO)


Contratos de limpeza, vigilância, recepção, portaria, que, via de regra, requerem disponibili-
zação contínua e permanente dos empregados nas dependências do órgão.

COM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA DE MÃO DE OBRA - serviços nos quais há cessão de mão-de-
-obra pela Contratada, ou seja, se faz necessário que ela mantenha, em período integral e
de forma exclusiva, funcionários à disposição da Administração, para que executem tarefas
de seu interesse.

SEM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA DE MÃO DE OBRA - serviços realizados de forma contínua


mas sem a necessidade da Contratada manter, em período integral e de forma exclusiva,

contreinamentos.com.br 104
os funcionários à disposição da Administração para que executem tarefas de seu interesse.
- consultoria, supervisão, manutenção* preventiva ou corretiva de equipamentos, locação
de máquinas, etc.

SERVIÇOS DEMO IN 5/2017

Dos Serviços com Regime de Dedicação Exclusiva de Mão de Obra


Art. 17. Os serviços com regime de dedicação exclusiva de mão de obra são aqueles em que
o modelo de execução contratual exija, dentre outros requisitos, que:
I - os empregados da contratada fiquem à disposIção nas dependências da contratante para
a prestação dos serviços;
II - a contratada não compartilhe os recursos humanos e materiais disponíveis de uma con-
tratação para execução simultânea de outros contratos; e
III - a contratada possibilite a fiscalização pela contratante quanto à distribuição, controle e
supervisão dos recursos humanos alocados aos seus contratos.
Parágrafo único. Os serviços de que trata o caput poderão ser prestados fora das dependên-
cias do órgão ou entidade, desde que não seja nas dependências da contratada e presentes
os requisitos dos incisos II e III.

QUESTÃO?
O que são facilities?
Essa previsão legal pode alterar a forma como a Administração
contrata a manutenção de seus imóveis?
Como será contratado tal serviço e como vai funcionar esse con-
trato de gestão?

O QUE SÃO FACILITIES E COMO MINHA EMPRESA PODE SE BENEFICIAR COM ISSO?
»» A palavra “Facilities” vem do inglês e significa “facilidades”, e quando tratamos de serviços
em geral, tudo que vem para facilitar nosso dia a dia, com certeza é muito bem-vindo.
»» Essas facilidades podem ser aplicadas de diversas formas dentro de uma empresa, mas
em geral, podemos tratar isso como um conjunto de atividades agrupadas em um só lu-
gar.
»» Facilities é a aplicação de mão-de-obra especializada e dedicada à serviços dentro de uma
empresa. É reunir um conjunto de serviços e valores que, se bem integrados e racionali-
zados, poderão reduzir os custos e aprimorar a qualidade global da organização.
»» Assim, com muitas definições e enfoques, o Facilities nada mais é do que uma terceiriza-
ção ampla e integrada, onde um único provedor se tornará responsável por uma gama
de serviços.
»»

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QUAIS SERVIÇOS SÃO OFERECIDOS EM CONTRATOS DE FACILITIES?
Limpeza
»» Limpeza técnica
»» Limpeza industrial
»» Higienização hospitalar

Manutenção
»» Manutenção de equipamentos e controle de sistemas
»» Manutenção predial
»» Limpeza de fachadas e áreas externas
»» Jardinagem

Logística interna e armazenagem


»» Seleção de materiais
»» Administração
»» Movimentação de materiais

Segurança
»» Escolta Armada
»» Segurança Pessoal
»» Transfer Executivo
»» Vigilância Eletrônica
»» Vigilância Patrimonial

Serviço de suporte administrativo


»» Logística interna e armazenagem
»» Expedição
»» Administração predial
»» Arquivos
»» Copiadoras
»» Transportes
»» Recepção
»» Telefonista
»» Portaria

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LEI Nº 14.011, DE 10 DE JUNHO DE 2020
Aprimora os procedimentos de gestão e alienação dos imóveis da União; altera as Leis nos 6.015,
de 31 de dezembro de 1973, 9.636, de 15 de maio de 1998, 13.240, de 30 de dezembro de 2015,
13.259, de 16 de março de 2016, e 10.204, de 22 de fevereiro de 2001, e o Decreto-Lei nº 2.398,
de 21 de dezembro de 1987; revoga dispositivos das Leis nos 9.702, de 17 de novembro de 1998,
11.481, de 31 de maio de 2007, e 13.874, de 20 de setembro de 2019; e dá outras providências.
Art. 7º A administração pública poderá celebrar contrato de gestão para ocupação de imó-
veis públicos, nos termos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 1º O contrato de gestão para ocupação de imóveis públicos consiste na prestação, em um
único contrato, de serviços de gerenciamento e manutenção de imóvel, incluído o forneci-
mento dos equipamentos, materiais e outros serviços necessários ao uso do imóvel pela
administração pública, por escopo ou continuados.
§ 2º O contrato de gestão para ocupação de imóveis públicos poderá:
I - incluir a realização de obras para adequação do imóvel, inclusive a elaboração dos proje-
tos básico e executivo; e
II - ter prazo de duração de até 20 (vinte) anos, quando incluir investimentos iniciais relacio-
nados à realização de obras e o fornecimento de bens.
§ 3º  (VETADO).
§ 4º Na hipótese de que trata o § 2º deste artigo, as obras e os bens disponibilizados serão
de propriedade do contratante.
§ 5º Ato do Poder Executivo poderá regulamentar o disposto neste artigo.
Art. 7º A administração pública poderá celebrar contrato de gestão para ocupação de imó-
veis públicos, nos termos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 1º O contrato de gestão para ocupação de imóveis públicos consiste na prestação, em um
único contrato, de serviços de gerenciamento e manutenção de imóvel, incluído o forneci-
mento dos equipamentos, materiais e outros serviços necessários ao uso do imóvel pela
administração pública, por escopo ou continuados.
§ 2º O contrato de gestão para ocupação de imóveis públicos poderá:
I - incluir a realização de obras para adequação do imóvel, inclusive a elaboração dos proje-
tos básico e executivo; e
II - ter prazo de duração de até 20 (vinte) anos, quando incluir investimentos iniciais relacio-
nados à realização de obras e o fornecimento de bens.
§ 3º  (VETADO).
§ 4º Na hipótese de que trata o § 2º deste artigo, as obras e os bens disponibilizados serão
de propriedade do contratante.
§ 5º Ato do Poder Executivo poderá regulamentar o disposto neste artigo.

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SOB A CARACTERÍSITCA DA OBRIGAÇÃO

PROJETO – VISÃO SISTÊMICA

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FASES DE UM PROJETO

“TUDO JUNTO E MISTURADO?”

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LICITAÇÃO - IN 40/2020 - SEGES

Art. 1º Esta Instrução Normativa dispõe sobre a elaboração dos Estudos Técnicos Prelimi-
nares - ETP - para a aquisição de bens e a contratação de serviços e obras, no âmbito da
Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional, e sobre o Sistema ETP digital.
Art. 5º Os ETP deverão evidenciar o problema a ser resolvido e a melhor solução dentre as
possíveis, de modo a permitir a avaliação da viabilidade técnica, socioeconômica e ambien-
tal da contratação.
Art. 6º Os ETP serão elaborados conjuntamente por servidores da área técnica e requisitante
ou, quando houver, pela equipe de planejamento da contratação.

LICITAÇÃO - IN 1/2019

Art. 1° Esta Instrução Normativa dispõe sobre o Plano Anual de Contratações – PAC de bens,
serviços, obras e soluções de tecnologia da informação e comunicações no âmbito da Admi-
nistração Pública federal direta, autárquica e fundacional e sobre o Sistema de Planejamen-
to e Gerenciamento de Contratações - PGC.

PARCELAMENTO X FRACIONAMENTO

Facilites é a contratação de um enorme grupo de serviços em apenas 1 bloco. Como fica o


parcelamento?
Art.23, 8.666, § 1o (Parcelamento) As obras, serviços e compras efetuadas pela administra-
ção serão divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente
viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos dis-
poníveis no mercado e à amplicação da competitiivdade, sem perda da economia de escala.
§ 2o Na execução de obras e serviços e nas compras de bens, parceladas nos termos do
parágrafo anterior, a cada etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, há de
corresponder licitação distinta, preservada a modalidade pertinente para a execução do
objeto em licitação.
Art.23, 8.666, § 5o (Fracionamento) É vedada a utilização da modalidade “convite” ou “toma-
da de preços”, conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para
obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta
e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o caso de “to-
mada de preços” ou “concorrência”, respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para
as parcelas de natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de
especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço.

TCU – Acórdão nº 839/09 - Plenário


Em consonância com o disposto nos arts. 3º, § 1º, inciso I, e 23, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.666/1993,
incumbe ao gestor promover o parcelamento do objeto a ser licitado com vistas ao melhor
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade, ou,
na impossibilidade técnica e econômica de fazê-lo, apresentar justificativas fundamentadas
nos autos do procedimento licitatório.

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TCU – Acórdão nº 678/08 - Plenário
Se o parcelamento das obras, no caso concreto, mostra-se prejudicial ao gerenciamento dos
serviços, é admissível a realização de licitação única para contratação da execução de todas
as etapas que compõem o empreendimento.

Dividir o objeto

Qual o entendimento do TCU a respeito de Facilites?

TCU – Acórdão 929/2017-Plenário


Assegurado o atendimento aos princípios que regem as licitações e os contratos públicos,
a contratação de serviços de conservação e manutenção de infraestrutura predial, com a
inclusão de serviços variados, na modelagem conhecida como contratação de facilities, não
configura, por si só, afronta à Lei de Licitações, quando
1. prévia e formalmente motivada,
2. de modo a evidenciar, de forma clara e inequívoca, os benefícios potenciais advindos
dessa modelagem,
3. com destaque para a quantificação das vantagens econômicas e financeiras e dos ga-
nhos advindos da economia de escala.

TCU – Acórdão 2.333/2018-Plenário


É legítima a contratação conjunta de serviços terceirizados, sob gestão integrada da empre-
sa contratada, no regime de empreitada por preço global e com enfoque no controle quali-
tativo ou de resultado, devendo a Administração, na fase de planejamento da contratação,
1. estabelecer a composição dos custos unitários de mão de obra, material, insumos e equi-
pamentos,

contreinamentos.com.br 111
2. bem como realizar preciso levantamento de quantitativos, em conformidade com o art.
7º, § 2º, inciso II, c/c o art. 40, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/1993, o art. 9º, § 2º, do Decreto
5.450/2005 e a Instrução Normativa Seges/MPDG 5/2017.

TCU – Acórdão 10.264/2018-2ª Câmara


Em licitações de serviços diversos em contrato único (Facilities Full), a permissão de forma-
ção de consórcios e a possibilidade de subcontratação de serviços são meios que podem
amenizar a restrição a concorrência decorrente da junção de inúmeros serviços em único
objeto.

Qual a nova estrutura normativa?

LEI Nº 14.011, DE 10 DE JUNHO DE 2020


Aprimora os procedimentos de gestão e alienação dos imóveis da União; altera as Leis nos 6.015,
de 31 de dezembro de 1973, 9.636, de 15 de maio de 1998, 13.240, de 30 de dezembro de 2015,
13.259, de 16 de março de 2016, e 10.204, de 22 de fevereiro de 2001, e o Decreto-Lei nº 2.398,
de 21 de dezembro de 1987; revoga dispositivos das Leis nos 9.702, de 17 de novembro de 1998,
11.481, de 31 de maio de 2007, e 13.874, de 20 de setembro de 2019; e dá outras providências.
Art. 7º A administração pública poderá celebrar contrato de gestão para ocupação de imóveis
públicos, nos termos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 1º O contrato de gestão para ocupação de imóveis públicos consiste na prestação, em um
único contrato, de serviços de gerenciamento e manutenção de imóvel, incluído o forneci-
mento dos equipamentos, materiais e outros serviços necessários ao uso do imóvel pela
administração pública, por escopo ou continuados.
§ 2º O contrato de gestão para ocupação de imóveis públicos poderá:
I - incluir a realização de obras para adequação do imóvel, inclusive a elaboração dos proje-
tos básico e executivo; e
II - ter prazo de duração de até 20 (vinte) anos, quando incluir investimentos iniciais relacio-
nados à realização de obras e o fornecimento de bens.
§ 3º  (VETADO).
§ 4º Na hipótese de que trata o § 2º deste artigo, as obras e os bens disponibilizados serão de
propriedade do contratante.
§ 5º Ato do Poder Executivo poderá regulamentar o disposto neste artigo.
Art. 7º A administração pública poderá celebrar contrato de gestão para ocupação de imóveis
públicos, nos termos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 1º O contrato de gestão para ocupação de imóveis públicos consiste na prestação, em um
único contrato, de serviços de gerenciamento e manutenção de imóvel, incluído o forneci-

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mento dos equipamentos, materiais e outros serviços necessários ao uso do imóvel pela
administração pública, por escopo ou continuados.
§ 2º O contrato de gestão para ocupação de imóveis públicos poderá:
I - incluir a realização de obras para adequação do imóvel, inclusive a elaboração dos proje-
tos básico e executivo; e
II - ter prazo de duração de até 20 (vinte) anos, quando incluir investimentos iniciais relacio-
nados à realização de obras e o fornecimento de bens.
§ 3º  (VETADO).
§ 4º Na hipótese de que trata o § 2º deste artigo, as obras e os bens disponibilizados serão
de propriedade do contratante.
§ 5º Ato do Poder Executivo poderá regulamentar o disposto neste artigo.
Art. 7º A administração pública poderá celebrar contrato de gestão para ocupação de imó-
veis públicos, nos termos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 1º O contrato de gestão para ocupação de imóveis públicos consiste na prestação, em um
único contrato, de serviços de gerenciamento e manutenção de imóvel, incluído o forneci-
mento dos equipamentos, materiais e outros serviços necessários ao uso do imóvel pela
administração pública, por escopo ou continuados.
§ 2º O contrato de gestão para ocupação de imóveis públicos poderá:
I - incluir a realização de obras para adequação do imóvel, inclusive a elaboração dos proje-
tos básico e executivo; e
II - ter prazo de duração de até 20 (vinte) anos, quando incluir investimentos iniciais relacio-
nados à realização de obras e o fornecimento de bens.
§ 3º  (VETADO).
§ 4º Na hipótese de que trata o § 2º deste artigo, as obras e os bens disponibilizados serão
de propriedade do contratante.
§ 5º Ato do Poder Executivo poderá regulamentar o disposto neste artigo.

E se for locado?
Art. 7º A administração pública poderá celebrar contrato de gestão para ocupação de imó-
veis públicos, nos termos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 1º O contrato de gestão para ocupação de imóveis públicos consiste na prestação, em um
único contrato, de serviços de gerenciamento e manutenção de imóvel, incluído o forneci-
mento dos equipamentos, materiais e outros serviços necessários ao uso do imóvel pela
administração pública, por escopo ou continuados.
§ 2º O contrato de gestão para ocupação de imóveis públicos poderá:
I - incluir a realização de obras para adequação do imóvel, inclusive a elaboração dos proje-
tos básico e executivo; e
II - ter prazo de duração de até 20 (vinte) anos, quando incluir investimentos iniciais relacio-
nados à realização de obras e o fornecimento de bens.
§ 3º  (VETADO).

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§ 4º Na hipótese de que trata o § 2º deste artigo, as obras e os bens disponibilizados serão
de propriedade do contratante.
§ 5º Ato do Poder Executivo poderá regulamentar o disposto neste artigo.

DIFERENTE DE CONTRATO CONTÍNUO

Acórdão 477/2010-Plenário
Se à época da prorrogação do contrato de prestação de serviços contínuos, mediante termo
aditivo, a contratada não pleiteou a repactuação a que fazia jus e a Administração decidiu
prorrogar a avença com base neste quadro, não pode a contratada, após a assinatura do
mencionado aditivo, requisitar o reequilíbrio, pois isto implicaria negar à Administração a
faculdade de avaliar se, com a repactuação, seria conveniente, do ponto de vista financeiro,
manter o ajuste.

FUNDAMENTAL GERENCIAMENTO DE RISCOS

IN 5/2017
Seção III - Do Gerenciamento de Riscos
Art. 25. O Gerenciamento de Riscos é um processo que consiste nas seguintes atividades:
I - identificação dos principais riscos que possam comprometer a efetividade do Planeja-
mento da Contratação, da Seleção do Fornecedor e da Gestão Contratual ou que impeçam
o alcance dos resultados que atendam às necessidades da contratação;
II - avaliação dos riscos identificados, consistindo da mensuração da probabilidade de ocor-
rência e do impacto de cada risco;
III - tratamento dos riscos considerados inaceitáveis por meio da definição das ações para
reduzir a probabilidade de ocorrência dos eventos ou suas consequências;
IV - para os riscos que persistirem inaceitáveis após o tratamento, definição das ações de
contingência para o caso de os eventos correspondentes aos riscos se concretizarem; e
V - definição dos responsáveis pelas ações de tratamento dos riscos e das ações de contin-
gência.
Parágrafo único. A responsabilidade pelo Gerenciamento de Riscos compete à equipe de
Planejamento da Contratação devendo abranger as fases do procedimento da contratação
previstas no art. 19.
Art. 26. O Gerenciamento de Riscos materializa-se no documento Mapa de Riscos.
§ 1º O Mapa de Riscos deve ser atualizado e juntado aos autos do processo de contratação,
pelo menos:
I - ao final da elaboração dos Estudos Preliminares;
II - ao final da elaboração do Termo de Referência ou Projeto Básico;
III - após a fase de Seleção do Fornecedor; e
IV - após eventos relevantes, durante a gestão do contrato pelos servidores responsáveis
pela fiscalização.

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QUESTÃO?
Quais as modelagens habitualmente utilizadas para a contratação de
manutenção predial com relação aos serviços habituais, serviços even-
tuais e materiais e equipamentos para os dois tipos de serviços?

QUESTÃO INICIAL: MODELAGEM

FISCALIZAÇÃO CONTRATUAL

Acórdão 2.339/2016-Plenário

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MODELAGENS DE CONTRATAÇÃO

1. Mão de obra por posto + material com base SINAPI (maior desconto linear)
2. Mão de obra por posto para demandas ordinárias + material por demanda com base
no SINAPI (maior desconto linear) + mão de obra para serviços eventuais com base no
SINAPI (maior desconto linear)
3. Contratação apenas de mão de obra por posto (material gerido em contratação à parte)
4. Mão de obra por demanda + material por demanda, com base no SINAPI (maior descon-
to linear)
5. Mão de obra + material por demanda, com base em planilha de quantidade e custos
preparados pela Administração (menor preço – empresas cotaram os custos unitários)

FISCALIZAÇÃO CONTRATUAL

CONFORMIDADE/QUALIDADE
Art. 47. IN 5/2017.
§ 1º Deve ser estabelecido, desde o início da prestação dos serviços, mecanismo de controle
da utilização dos materiais empregados nos contratos, para efeito de acompanhamento da
execução do objeto bem como para subsidiar a estimativa para as futuras contratações.
§ 2º A conformidade do material a ser utilizado na execução dos serviços deverá ser verifica-
da juntamente com o documento da contratada que contenha a relação detalhada destes,
de acordo com o estabelecido no contrato, informando as respectivas quantidades e espe-
cificações técnicas, tais como marca, qualidade e forma de uso.

Anexo I. IN 5/2017.
IX - INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO DE RESULTADO (IMR): mecanismo que define, em bases
compreensíveis, tangíveis, objetivamente observáveis e comprováveis, os níveis esperados
de qualidade da prestação do serviço e respectivas adequações de pagamento.
XVII - PRODUTIVIDADE: capacidade de realização de determinado volume de tarefas, em
função de uma determinada rotina de execução de serviços, considerando-se os recursos
humanos, materiais e tecnológicos disponibilizados, o nível de qualidade exigido e as condi-
ções do local de prestação do serviço.

IN 5/2017. DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO BÁSICO (PB) OU TERMO DE REFE-


RÊNCIA (TR)
2.4. Requisitos da contratação:
d.2. estabelecer a produtividade de referência ou os critérios de adequação do serviço à
qualidade esperada, de acordo com a unidade de medida adotada para a execução do ob-
jeto, sendo expressa pelo quantitativo físico do serviço ou por outros mecanismos capazes
de aferir a qualidade, seguindo-se, entre outros, os parâmetros indicados nos Cadernos de
Logística;

contreinamentos.com.br 117
d.3. identificar os indicadores mínimos de desempenho para aferição da qualidade espera-
da da prestação dos serviços, com base nas seguintes diretrizes:
d.5. O Instrumento de Medição do Resultado (IMR) ou seu substituto, quando utilizado, deve
ocorrer, preferencialmente, por meio de ferramentas informatizadas para verificação do
resultado, quanto à qualidade e quantidade pactuadas;

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QUESTÃO?
Quais as etapas e os documentos de planejamento previstos na IN nº
05/2017 e que podem ser aplicados para a estruturação das contrata-
ções de serviços de manutenção predial?

IN 5/2017
DO PROCEDIMENTO DA CONTRATAÇÃO
Art. 19. As contratações de serviços de que tratam estaInstrução Normativa serão realizadas
observando-se as seguintes fases:
I- Planejamento da Contratação;
II - Seleção do Fornecedor; e
III - Gestão do Contrato.
Parágrafo único. O nível de detalhamento de informaçõesnecessárias para instruir cada fase
da contratação deverá considerar aanálise de risco do objeto contratado.
Art. 20. O Planejamento da Contratação, para cada serviço aser contratado, consistirá nas
seguintes etapas:
I - Estudos Preliminares; (IN 40/2020)
II - Gerenciamento de Riscos; e
III - Termo de Referência ou Projeto Básico.

IN 40/2020
Art. 5º Os ETP deverão evidenciar o problema a ser resolvido e a melhor solução dentre as
possíveis, de modo a permitir a avaliação da viabilidade técnica, socioeconômica e ambiental
da contratação.
Art. 6º Os ETP serão elaborados conjuntamente por servidores da área técnica e requisitante
ou, quando houver, pela equipe de planejamento da contratação.
Art. 7º Com base no documento de formalização da demanda, as seguintes informações de-
verão ser produzidas e registradas no Sistema ETP digital:
I - descrição da necessidade da contratação, considerado o problema a ser resolvido sob a
perspectiva do interesse público;
II - descrição dos requisitos necessários e suficientes à escolha da solução, prevendo critérios
e práticas de sustentabilidade;
III - levantamento de mercado, que consiste na prospecção e análise das alternativas possí-
veis de soluções, podendo, entre outras opções:
a. ser consideradas contratações similares feitas por outros órgãos e entidades, com ob-
jetivo de identificar a existência de novas metodologias, tecnologias ou inovações que
melhor atendam às necessidades da administração; e

contreinamentos.com.br 120
b. ser realizada consulta, audiência pública ou diálogo transparente com potenciais contra-
tadas, para coleta de contribuições.
IV - descrição da solução como um todo, inclusive das exigências relacionadas à manutenção
e à assistência técnica, quando for o caso, acompanhada das justificativas técnica e econô-
mica da escolha do tipo de solução;
V - estimativa das quantidades a serem contratadas, acompanhada das memórias de cálculo
e dos documentos que lhe dão suporte, considerando a interdependência com outras con-
tratações, de modo a possibilitar economia de escala;
VI - estimativa do valor da contratação, acompanhada dos preços unitários referenciais, das
memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão suporte, que poderão constar de anexo
classificado, se a administração optar por preservar o seu sigilo até a conclusão da licitação;
VII - justificativas para o parcelamento ou não da solução, se aplicável;
VIII - contratações correlatas e/ou interdependentes;
IX - demonstração do alinhamento entre a contratação e o planejamento do órgão ou enti-
dade, identificando a previsão no Plano Anual de Contratações ou, se for o caso, justificando
a ausência de previsão;
X - resultados pretendidos, em termos de efetividade e de desenvolvimento nacional sus-
tentável;
XI - providências a serem adotadas pela administração previamente à celebração do con-
trato, inclusive quanto à capacitação de servidores ou de empregados para fiscalização e
gestão contratual ou adequação do ambiente da organização;
XII - possíveis impactos ambientais e respectivas medidas de tratamento; e
XIII - posicionamento conclusivo sobre a viabilidade e razoabilidade da contratação.

IN 5/2017
Art. 30. O Termo de Referência ou Projeto Básico deve conter, no mínimo, o seguinte conte-
údo:
I - declaração do objeto;
II - fundamentação da contratação;
III - descrição da solução como um todo;
IV - requisitos da contratação;
V - modelo de execução do objeto;
VI - modelo de gestão do contrato;
VII - critérios de medição e pagamento;
VIII - forma de seleção do fornecedor;
IX - critérios de seleção do fornecedor;
X - estimativas detalhadas dos preços, com ampla pesquisade mercado nos termos da Ins-
trução Normativa nº 5, de 27 de junhode 2014; e
XI - adequação orçamentária.

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Art. 30. O Termo de Referência ou Projeto Básico deve conter, no mínimo, o seguinte conte-
údo:
I - declaração do objeto;
II - fundamentação da contratação;
III - descrição da solução como um todo;
IV - requisitos da contratação;
V - modelo de execução do objeto;
VI - modelo de gestão do contrato;
VII - critérios de medição e pagamento;
VIII - forma de seleção do fornecedor;
IX - critérios de seleção do fornecedor;
X - estimativas detalhadas dos preços, com ampla pesquisa de mercado nos termos da Ins-
trução Normativa nº 5, de 27 de junho de 2014; e
XI - adequação orçamentária.

Art. 45. Após a assinatura do contrato, sempre que a natureza da prestação dos serviços
exigir, o órgão ou entidade deverá promover reunião inicial para apresentação do plano de
fiscalização, que conterá
»» informações acerca das obrigações contratuais,
»» dos mecanismos de fiscalização,
»» das estratégias para execução do objeto,

contreinamentos.com.br 122
»» do plano complementar de execução da contratada, quando houver,
»» do método de aferição dos resultados e
»» das sanções aplicáveis, dentre outros.

QUESTÃO?
Na contratação de manutenção predial, qual regime de execução, plano
de execução, cuidados de acompanhamento e pagamento devem ser
adotados?
É possível adotar um regime duplo de execução e de medição?

TCU - Acórdão nº 1.631/2011 - Plenário


Enunciado
Sempre que possível, deve se dar preferência ao modelo de contratação de execução indi-
reta baseada na remuneração por resultados, sempre que a prestação do serviço puder ser
avaliada por determinada unidade quantitativa de serviço prestado ou por nível de serviço
alcançado, evitando-se, assim, a mera alocação de mão de obra e o pagamento por hora
trabalhada.

TCU - Acórdão nº 2.062/2012 - Plenário


Enunciado
Em contratos de  terceirização  de mão de obra, os pagamentos devem ter por base parâ-
metros de medição passíveis de serem aferidos por resultados, de forma que a métrica
efetuada por homem-hora deverá ser empreendida somente de forma excepcional, com a
motivação própria da impossibilidade de outra alternativa.

FISCALIZAÇÃO CONTRATUAL

Acórdão 860/2012-Plenário
Em contratos de terceirização de mão de obra, a adoção de critério de remuneração com
base na quantidade de horas de serviço só será possível quando restar comprovada a invia-
bilidade de adoção do critério de aferição dos resultados.

Acórdão 860/2012-Plenário
Em contratos de terceirização de mão de obra, a adoção de critério de remuneração com
base na quantidade de horas de serviço só será possível quando restar comprovada a invia-
bilidade de adoção do critério de aferição dos resultados.

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Acórdão 608/2011-Plenário
Na contratação de prestação de serviços, em que, pelas características do objeto, seja adota-
da a remuneração por horas trabalhadas, em detrimento a remuneração por resultados ou
produtos, a Administração deve providenciar o detalhamento do grau de qualidade exigido
em relação aos serviços e fazer prévia estimativa da quantidade de horas necessárias à sua
execução, justificando quando não for possível ou necessário tal procedimento.

SERVIÇOS DEMO - IN 5/2017


IX - INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO DE RESULTADO (IMR): mecanismo que define, em bases
compreensíveis, tangíveis, objetivamente observáveis e comprováveis, os níveis esperados
de qualidade da prestação do serviço e respectivas adequações de pagamento.
Item 2.5. d) Definir a forma de aferição/medição do serviço para efeito de pagamento com
base no resultado, conforme as seguintes diretrizes, no que couber:
d.1. estabelecer a unidade de medida adequada para o tipo de serviço a ser contratado, de
forma que permita a mensuração dos resultados para o pagamento da contratada e elimine
a possibilidade de remunerar as empresas com base na quantidade de horas de serviço ou
por postos de trabalho, observando que:
d.1.1. excepcionalmente poderá ser adotado critério de remuneração da contratada por
quantidade de horas de serviço, devendo ser definido o método de cálculo para quantidade,
qualificação da mão de obra e tipos de serviços sob demanda, bem como para manutenção
preventiva, se for o caso;

REGIME DE EXECUÇÃO

contreinamentos.com.br 124
Definições – Lei n° 8.666/1993
Execução indireta - o que o órgão ou a entidade contrata com terceiros sob qualquer das
seguintes modalidades:
a) empreitada por preço global - quando se contrata a execução da obra ou do serviço por
preço certo e total;
b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a execução da obra ou do serviço por
preço certo de unidades determinadas;
c) tarefa - quando se ajusta mão de obra para pequenos trabalhos por preço certo, com ou
sem fornecimento de materiais;
d) empreitada integral - quando se contrata um empreendimento em sua integralidade,
compreendendo todas as etapas das obras e dos serviços e as instalações necessárias, sob
inteira responsabilidade da contratada até sua entrega ao contratante em condições de
entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em con-
dições de segurança estrutural e operacional e com as características adequadas às finalida-
des para que foi contratada.

TCU – Acórdão nº 1.977/2013 – Plenário


Acórdão
9.1. determinar à Segecex que oriente às unidades técnicas desta Corte a observarem as
seguintes disposições em suas fiscalizações de obras e serviços de engenharia executadas
sob o regime de empreitada por preço global, a serem aplicadas de acordo com as circuns-
tâncias de cada caso concreto:
9.1.1. a escolha do regime de execução contratual pelo gestor deve estar fundamentada nos
autos do processo licitatório, em prestígio ao definido no art. 50 da Lei 9.784/99;
9.1.2. os instrumentos convocatórios devem especificar, de forma objetiva, as regras sobre
como serão realizadas as medições, a exemplo de pagamentos após cada etapa conclusa do
empreendimento ou de acordo com o cronograma físico-financeiro da obra, em atendimen-
to ao que dispõe o art. 40, inciso XIV, da Lei 8.666/93;

Como escolher?
9.1.3. a empreitada por preço global, em regra, em razão de a liquidação de despesas não
envolver, necessariamente, a medição unitária dos quantitativos de cada serviço na planilha
orçamentária, nos termos do art. 6º, inciso VIII, alínea ‘a’, da Lei 8.666/93, deve ser adotada
quando for possível definir previamente no projeto, com boa margem de precisão, as quan-
tidades dos serviços a serem posteriormente executados na fase contratual; enquanto que
a empreitada por preço unitário deve ser preferida nos casos em que os objetos, por sua
natureza, possuam uma imprecisão inerente de quantitativos em seus itens orçamentários,
como são os casos de reformas de edificação, obras com grandes movimentações de terra
e interferências, obras de manutenção rodoviária, dentre outras;

contreinamentos.com.br 125
TIPOS DE ADITIVOS

E SE OS QUANTITATIVOS DA LICITAÇÃO ESTIVEREM ERRADOS?


TCU – Acórdão nº 1.977/2013 – Plenário
Acórdão
9.1.5. a proposta ofertada deverá seguir as quantidades do orçamento-base da licitação,
cabendo, no caso da identificação de erros de quantitativos nesse orçamento, proceder-se
a impugnação tempestiva do instrumento convocatório, tal qual assevera o art. 41, § 2º, da
Lei 8.666/93;

E PARA PEDIDO NOVO?


TCU – Acórdão nº 1.977/2013 – Plenário
Acórdão
9.1.6. alterações no projeto ou nas especificações da obra ou serviço, em razão do que
dispõe o art. 65, inciso I, alínea ‘a’, da Lei 8.666/93, como também do art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, repercutem na necessidade de prolação de termo aditivo;

O QUE FAZER NA EXECUÇÃO DO RPG SE FOREM DETECTADOS ERROS?


TCU – Acórdão nº 1.977/2013 – Plenário
Acórdão
9.1.7. quando constatados, após a assinatura do contrato, erros ou omissões no orçamento

contreinamentos.com.br 126
relativos a pequenas variações quantitativas nos serviços contratados, em regra, pelo fato
de o objeto ter sido contratado por “preço certo e total”, não se mostra adequada a prolação
de termo aditivo, nos termos do ideal estabelecido no art. 6º, inciso VIII, alínea “a”, da Lei
8.666/93, como ainda na cláusula de expressa concordância do contratado com o projeto
básico, prevista no art. 13, inciso II, do Decreto 7.983/2013;
9.1.8. excepcionalmente, de maneira a evitar o enriquecimento sem causa de qualquer das
partes, como também para garantia do valor fundamental da melhor proposta e da iso-
nomia, caso, por erro ou omissão no orçamento, se encontrarem subestimativas ou supe-
restimativas relevantes nos quantitativos da planilha orçamentária, poderão ser ajustados
termos aditivos para restabelecer a equação econômico-financeira da avença, situação em
que se tomarão os seguintes cuidados:
9.1.8.1. observar se a alteração contratual decorrente não supera ao estabelecido no art. 13,
inciso II, do Decreto 7.983/2013, cumulativamente com o respeito aos limites previstos nos
§§ 1º e 2º do art. 65 da Lei 8.666/93, estes últimos, relativos a todos acréscimos e supressões
contratuais;
9.1.8.2. examinar se a modificação do ajuste não ensejará a ocorrência do “jogo de pla-
nilhas”, com redução injustificada do desconto inicialmente ofertado em relação ao preço
base do certame no ato da assinatura do contrato, em prol do que estabelece o art. 14 do
Decreto 7.983/2013, como também do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal;

Decreto nº 7.983/2013
Art. 13. Em caso de adoção dos regimes de empreitada por preço global e de empreitada
integral, deverão ser observadas as seguintes disposições para formação e aceitabilidade
dos preços:
II - deverá constar do edital e do contrato cláusula expressa de concordância do contratado
com a adequação do projeto que integrar o edital de licitação e as alterações contratuais
sob alegação de falhas ou omissões em qualquer das peças, orçamentos, plantas, especifi-
cações, memoriais e estudos técnicos preliminares do projeto não poderão ultrapassar, no
seu conjunto, dez por cento do valor total do contrato, computando-se esse percentual para
verificação do limite previsto no § 1º do art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993.

contreinamentos.com.br 127
ADITIVOS

O que fazer na execução do RPG se forem detectados erros?

TCU – Acórdão nº 1.977/2013 – Plenário


Acórdão
9.1.8.3. avaliar se a correção de quantitativos, bem como a inclusão de serviço omitido, não
está compensada por distorções em outros itens contratuais que tornem o valor global da
avença compatível com o de mercado;

Quando utilizar os novos REGIMES DE EXECUÇÃO na Lei das Estatais?

contreinamentos.com.br 128
CONTRATAÇÕES PÚBLICAS – SOB A FINALIDADE DA OBRIGAÇÃO

Lei nº 13.303/2016
Art. 43. Os contratos destinados à execução de obras e serviços de engenharia admitirão os
seguintes regimes:
I - empreitada por preço unitário, nos casos em que os objetos, por sua natureza, possuam
imprecisão inerente de quantitativos em seus itens orçamentários;
II - empreitada por preço global, quando for possível definir previamente no projeto básico,
com boa margem de precisão, as quantidades dos serviços a serem posteriormente execu-
tados na fase contratual;
III - contratação por tarefa, em contratações de profissionais autônomos ou de pequenas
empresas para realização de serviços técnicos comuns e de curta duração;
IV - empreitada integral, nos casos em que o contratante necessite receber o empreendi-

contreinamentos.com.br 129
mento, normalmente de alta complexidade, em condição de operação imediata;
V - contratação semi-integrada, quando for possível definir previamente no projeto básico
as quantidades dos serviços a serem posteriormente executados na fase contratual, em
obra ou serviço de engenharia que possa ser executado com diferentes metodologias ou
tecnologias;
VI - contratação integrada, quando a obra ou o serviço de engenharia for:
»» de natureza predominantemente intelectual e de inovação tecnológica do objeto licitado
ou
»» puder ser executado com diferentes metodologias ou
»» tecnologias de domínio restrito no mercado.

Lei nº 13.303/2016
Art. 42. [...]
§ 5º Para fins do previsto na parte final do § 4º, não será admitida, por parte da empresa
pública ou da sociedade de economia mista, como justificativa para a adoção da modalidade
de contratação integrada, a ausência de projeto básico. [...]
Art. 43. [...]
V - contratação semi-integrada, quando for possível definir previamente no projeto básico
as quantidades dos serviços a serem posteriormente executados na fase contratual, em
obra ou serviço de engenharia que possa ser executado com diferentes metodologias ou
tecnologias;
Art. 42. [...]
§ 4º No caso de licitação de obras e serviços de engenharia, as empresas públicas e as so-
ciedades de economia mista abrangidas por esta Lei deverão utilizar a contratação semi-
-integrada, prevista no inciso V do caput, cabendo a elas a elaboração ou a contratação do
projeto básico antes da licitação de que trata este parágrafo, podendo ser utilizadas outras
modalidades previstas nos incisos do caput deste artigo, desde que essa opção seja devida-
mente justificada.
§ 1º [...]
IV - na contratação semi-integrada, o projeto básico poderá ser alterado, desde que de-
monstrada a superioridade das inovações em termos (i) de redução de custos, (ii) de aumen-
to da qualidade, (iii) de redução do prazo de execução e (iv) de facilidade de manutenção ou
operação.
Art. 39. Os procedimentos licitatórios, a pré-qualificação e os contratos disciplinados por
esta Lei serão divulgados em portal específico mantido pela empresa pública ou sociedade
de economia mista na internet, devendo ser adotados os seguintes prazos mínimos para
apresentação de propostas ou lances, contados a partir da divulgação do instrumento con-
vocatório:[...]
III - no mínimo 45 (quarenta e cinco) dias úteis para licitação em que se adote como critério
de julgamento a melhor técnica ou a melhor combinação de técnica e preço, bem como para
licitação em que haja contratação semi-integrada ou integrada.

contreinamentos.com.br 130
contreinamentos.com.br 131
QUESTÃO?
Qual o critério de julgamento mais utilizado para a contratação de ma-
nutenção predial?
Se adotado o maior desconto sobre a tabela Sinapi, quais as cautelas
a serem adotadas e como proceder com relação aos itens de material
não previstos no Sinapi?
Qual a orientação do TCU?

LEI 8.666/93

Art. 45.  O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o


responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios
previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente
nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de con-
trole.
§ 1o  Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade con-
curso:               
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Ad-
ministração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo
com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;
II - a de melhor técnica;
III - a de técnica e preço.

TCU - Acórdão nº 1.238/2016 - Plenário


28. Não obstante compreender que não devem ser acolhidas as justificativas da universida-
de, reconheço que a contratação de serviços em conjunto com os materiais, com a mesma
empresa, na forma realizada pelo pregão ora questionado, é eficiente e está, portanto, de
acordo com o art. 37, caput, da Constituição Federal. Contudo, ao deixar de licitar os mate-
riais, não atende ao princípio da licitação previsto no inciso XXII, do mesmo art. 37. Há que
se conciliar, dessa forma, os princípios mencionados, como passarei a consignar.
29. Mesmo que considere como adequada a contratação de materiais, com base em uma
estimativa de preços e quantidades, nos termos realizados pela administração deste Tribu-
nal, compreendo a pertinência e a eficiência da realização de procedimento licitatório, cuja
adjudicação observaria o maior desconto sobre o valor dos materiais registrados na tabela
Sinapi. Ressalto, por oportuno, que a Lei 12.462/2011, que aprovou o Regime Diferenciado
de Contratações Públicas – RDC, prevê expressamente a possibilidade de contratação com
base no maior desconto. Embora não se aplique ao certame em tela, a evolução legislativa
já demonstra a necessidade de uma maior racionalidade na busca da eficiência.
30. Em primeiro lugar, o procedimento propicia a obtenção do melhor preço, a exemplo da
forma utilizada pelo TCU, e evita o jogo de planilha, em que o licitante oferta maiores preços

contreinamentos.com.br 132
para itens com probabilidade de maior utilização.
Em segundo lugar, evitaria o levantamento desnecessário de quantidades, as quais, em
grande parte, são meramente referenciais.
Em terceiro lugar, o modelo do desconto incluiria todos os materiais existentes naquela
tabela, mesmo que incluídos posteriormente, e evitaria, desse modo, a formalização desne-
cessária de termos aditivos.
Em quarto lugar, o procedimento atende aos princípios da eficiência e da licitação previstos
no art. 37, caput, e seu inciso XXII, da Constituição Federal, e da competitividade de que trata
o art. 3º, da Lei 8.666/93.
31. Há que ser considerada, ainda, a eficiência na gestão dos contratos, no que se refere à
execução dos serviços, às repactuações, às prorrogações, bem como na elaboração da esti-
mativa de preços da licitação.
32. Questiona-se, contudo: qual seria o critério de pagamento para os materiais inexistentes
na tabela Sinapi? Sobre essa questão, o item 4 do anexo I do termo de referência do Pregão
211/2015, ora questionado, determina que, “caso o material, comprovadamente, não faça
parte da tabela Sinapi, a empresa deverá apresentar cotação com um mínimo de três em-
presas da praça de Fortaleza e adquiri-lo conforme a menor cotação”.
33. O procedimento previsto mostra-se razoável, desde que sejam observadas as seguintes
orientações:
I. o contratado apresentaria a proposta, com base em pesquisa realizada junto três forne-
cedores, e a administração, com base em pesquisa por ela realizada, também junto a três
fornecedores, confirmaria ou não o preço proposto;
II. sobre os preços negociados, incidiria o mesmo desconto dado para os materiais constan-
tes da tabela Sinapi, uma vez que regularmente os preços ofertados em licitações estão
abaixo daqueles estimados pela administração.
34. A esse respeito, é pertinente, inclusive, que se determine à universidade que mude o
critério para pagamento dos materiais que não constam da tabela Sinapi, para:
I. contemplar a forma de negociação logo acima descrita; e
II. sobre os preços pesquisados, incida o mesmo desconto dado na tabela Sinapi.

QUESTÃO?
Posso utilizar SRP para manutenção?

Decreto 7.892/13
Art. 3º O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado nas seguintes hipóteses:
I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações
frequentes;

contreinamentos.com.br 133
II - quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou
contratação de serviços remunerados por unidade de medida ou em regime de tarefa;
III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para atendi-
mento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou
IV - quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o quantitativo a
ser demandado pela Administração.

TCU - Acórdão nº 1.381/2018 - Plenário


1. A contratação de serviços comuns de engenharia pode ser realizada mediante pregão
para registro de preços quando padrões de desempenho e qualidade são objetivamente
definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado, e a contratação tenha
por objetivo prover serviços de manutenção predial repetidos e rotineiros.
2. A utilização do critério de julgamento menor preço auferido pela oferta de desconto so-
bre os preços da tabela Sinapi tem amparo no artigo 9º, § 1º, do Decreto 7.892/2013, desde
que os pagamentos dos serviços, durante a validade da ata de registro de preços, ocorram
com base nos valores da tabela Sinapi da data da licitação, tendo em vista o disposto na Lei
8.666/1993 sobre reajustes anuais.
3. O instrumento convocatório de pregões para registro de preços de serviços comuns de
engenharia deve demonstrar que tais serviços serão empregados em atividades de manu-
tenção predial, observados os conceitos do artigo 6º da Lei 8.666/1993 e das normas técni-
cas relacionadas à matéria, de forma que não haja margem de interpretação para a realiza-
ção de obras mediante a contratação.

TCU - Acórdão nº 3.605/2014 - Plenário


É possível a contratação de serviços comuns de engenharia com base em registro de pre-
ços quando a finalidade é a manutenção e a conservação de instalações prediais, em que a
demanda pelo objeto é repetida e rotineira. Contudo, o sistema de registro de preços não
é aplicável à contratação de obras, uma vez que nesta situação não há demanda de itens
isolados, pois os serviços não podem ser dissociados uns dos outros.

QUESTÃO?
Quais especificidades nas alterações dos contratos de manutenção pre-
dial precisam ser conhecidas e quais as cautelas para sua condução?

LINDBDL 4.657/42 - Alterado LEI 12.376/2010ver Lei 13.655/2018


Art. 22.  Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos
e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem pre-
juízo dos direitos dos administrados.    

contreinamentos.com.br 134
§ 1º  Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, proces-
so ou norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem
imposto, limitado ou condicionado a ação do agente.                   
§ 2º  Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração co-
metida, os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agra-
vantes ou atenuantes e os antecedentes do agente.        

MEDIÇÕES

»» aspectos gerais
»» aspectos específicos

contreinamentos.com.br 135
TCU - Acórdão nº 1.574/2015 - Plenário
Enunciado
A  repactuação  de preços aplica-se apenas às contratações de serviços continuados com
dedicação exclusiva de mão de obra e ocorre a partir da variação dos componentes dos
custos do contrato, desde que seja observado o interregno mínimo de um ano das datas
dos orçamentos aos quais a proposta se referir, conforme estabelece o art. 5º do Decreto
2.271/1997, devendo ser demonstrada analiticamente, de acordo com a Planilha de Custos
e Formação de Preços

TCU - Acórdão nº 1.105/2008 - Plenário


Enunciado
A diferença entre repactuação e reajuste é que este é automático e realizado periodicamen-
te, mediante aplicação de índice de preço que, dentro do possível, deve refletir os custos
setoriais. Enquanto que naquela, de periodicidade anual, não há automatismo, pois é ne-
cessário demonstrar a variação dos custos do serviço. Para que ocorra a repactuação, com
base na variação dos custos do serviço contratado, deve ser observado o prazo mínimo de
um ano, mediante a demonstração analítica da variação dos componentes dos custos, devi-
damente justificada, não sendo admissível repactuação com base na variação do IGPM.

TCU - Acórdão nº 1.238/2016 - Plenário


Reajuste dos materiais
35. Nos termos do art. 40, inciso XI, c/c o art. 120, da Lei 8.666/1993, os valores contratados
somente poderão ser reajustados anualmente de acordo com a variação geral dos preços
do mercado no período, podendo ser utilizados índices gerais de preços.
36. Note-se que o Anexo I do termo de referência do edital do Pregão 211/2015 pode ser
interpretado no sentido de que os pagamentos serão efetuados com base nos preços da
tabela Sinapi do mês em que os serviços foram executados. Considerando que essa tabela é
atualizada mensalmente, carece, portanto, de amparo legal o procedimento possivelmente
adotado.
37. Por essa razão, deve ser determinado à universidade que efetue os pagamentos dos
serviços realizados com base nos preços da tabela Sinapi da data da licitação, uma vez que
não foi fixado no edital nenhuma outra tabela como referencial de reajuste para os insumos
e materiais.

TCU - Acórdão nº 2.094/2010 - Plenário


Enunciado
Deve ser observado, por ocasião das repactuações de contratos administrativos para a pres-
tação de serviços de natureza contínua, o interregno de um ano da data da apresentação da
proposta ou do orçamento a que a proposta se referir, conforme previsto no edital, sendo
que, na última hipótese, considera-se como data do orçamento a data do acordo, conven-
ção, dissídio coletivo de trabalho ou equivalente que estipular o salário vigente à época da
apresentação da proposta, ou da data considerada para a última repactuação, se for o caso.

contreinamentos.com.br 136
TCU - Acórdão nº 1.827/2008 - Plenário
Enunciado
Nos  contratos  referentes à prestação de serviços executados de forma contínua, o prazo
dentro do qual poderá o contratado exercer perante a Administração seu direito à repac-
tuação  contratual estende-se da data da homologação da convenção ou acordo coletivo
que fixar o novo salário normativo da categoria profissional abrangida pelo contrato a ser
repactuado até a data da prorrogação contratual subsequente, sendo que se não o fizer de
forma tempestiva e, por via de consequência, prorrogar o contrato sem pleitear a respecti-
va repactuação, ocorrerá a preclusão do seu direito a repactuar.
Enunciado
A partir da data em que passou a viger as majorações salariais da categoria profissional que
dá ensejo à revisão contratual, a contratada passa a ter o direito à repactuação de preços.
Todavia, ao firmar o termo aditivo de prorrogação sem suscitar os novos valores pactuados
no acordo coletivo, ratificando os preços até então acordados, a contratada deixa de exercer
o seu direito à repactuação pretérita, dando motivo à ocorrência de preclusão lógica de tal
possibilidade.

CONTRATOS

LIMITES PARA ALTERAÇÃO - TCU - ALTERAÇÃO QUALITATIVA


Acórdão 591/2011-P
9.2. determinar ao (...) que, para efeito de observância dos limites de alterações contratuais
previstos no art. 65 da Lei nº 8.666/1993, passe a considerar as reduções ou supressões de
quantitativos de forma isolada, ou seja, o conjunto de reduções e o conjunto de acréscimos
devem ser sempre calculados sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada um
desses conjuntos, individualmente e sem nenhum tipo de compensação entre eles, os limi-
tes de alteração estabelecidos no dispositivo legal;

contreinamentos.com.br 137
ESTUDOS TÉCNICOS
PRELIMINARES EM OBRAS
PÚBLICAS, DE ACORDO COM
A IN 40/2020

RAFAEL JARDIM
LEI 8.666/93​

​​Art. 6º (…)
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão
adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da
licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que asse-
gurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendi-
mento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo
de execução, devendo conter os seguintes elementos (...)

Por que uma Instrução Normativa sobre estudos preliminares?

O DILEMA DA COMPRA PÚBLICA...

OS ESTUDOS PRELIMINARES E OS ESTUDOS DE VIABILIDADE SÃO A


MOTIVAÇÃO DA CONTRATAÇÃO!

contreinamentos.com.br 139
MOTIVAR É COMPARAR​

TODO ATO ADMINISTRATIVO DESTINA-SE A RESOLVER DETERMINADO PROBLEMA.

MOTIVAÇÃO
»» Art. 50 da Lei 9.784/97;
»» Princípio da prestação de contas;
»» Accountability da gestão pública;
»» Legitimação do princípio republicano (res rublica)

MOTIVAÇÃO
(O QUE E POR QUE CONTRATAR?)
»» Para atingir os objetivos e estratégias institucionais declarados pela institução (contrata-
ções finalísticas);
»» Para viabilizar a propria atividade o bom funcionamento da institução (contratações de
meio);

A motivação da contratação é sempre devida, como também o dever de eficiência e o de-


ver de prestar contas. MESMO QUE DE FORMA SIMPLIFICADA E PROPORCIONAL AO PRAZO
DISPONÍVEL PARA SE RESOLVER O PROBLEMA, tal meditação preliminar, em viés de plane-
jamento, faz-se necessária.

»» Os estudos preliminares e o estudo de viabilidade representam o embrião do processo


de planejamento.
»» Tais estudos, em verdade, são o dna do próprio planejamento, e consequentemente, da
própria contratação. São a lógica e o pano de fundo de todas as demais decisões, até o
fim da fase interna da licitação.

contreinamentos.com.br 140
ETAPAS DO PROCESSO DE CONTRATAÇÃO

contreinamentos.com.br 141
ESTUDO TÉCNICO PRELIMINAR

DECRETO 10.024/2019
Art. 3º (...)
IV - estudo técnico preliminar - documento constitutivo da primeira etapa do planejamento
de uma contratação, que caracteriza o interesse público envolvido e a melhor solução ao
problema a ser resolvido e que, na hipótese de conclusão pela viabilidade da contratação,
fundamenta o termo de referência;

IN-ME nº 40/2020
Art. 1º Esta Instrução Normativa dispõe sobre a elaboração dos Estudos Técnicos Prelimi-
nares - ETP - para a aquisição de bens e a contratação de serviços e obras, no âmbito da
Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional, e sobre o Sistema ETP digital.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Instrução Normativa, considera-se ETP o documento
constitutivo da primeira etapa do planejamento de uma contratação que caracteriza deter-
minada necessidade, descreve as análises realizadas em termos de requisitos, alternativas,
escolhas, resultados pretendidos e demais características, dando base ao anteprojeto, ao
termo de referência ou ao projeto básico, caso se conclua pela viabilidade da contratação.

ETP
»» Primeira etapa da contratação
»» Caracteriza determinada necessidade
»» Descreve as seguintes análises da contratação:
»» requisitos;
»» alternativas;
»» escolhas;
»» resultados pretendidos;
»» demais características
»» Base do anteprojeto/termo de referência/projeto básico
»» Conclui pela viabilidade da contratação

contreinamentos.com.br 142
A IN 40 se aplica a quais objetos de contratação?
IN-ME 40/2020

IN 40/2020

A norma aplica-se a:
»» aquisição de bens; (não existia norma específica)
»» contratação de serviços (havia previsões na IN 05/2017)
»» contratação de obras (não existia norma específica. A IN 40 vale apenas quando não hou-
ver lei ou regulamentação específica dispondo de forma diversa).

As contratações de soluções de tecnologia da informação não estão no escopo da norma!


Deve-se seguir as regras específicas da IN SGD nº 1, de 4 de abril de 2019.

Qual deve ser o conteúdo dos ETP, segundo a IN nº 40/2020

contreinamentos.com.br 143
Aonde registrar tais informações?
IN-ME 40/2020

IN 40/2020
Com base no documento de formalização da demanda, o órgão/entidade deverá produzir as
informações acima e registrá-las no Sistema ETP digital.

Quem são os responsáveis pela elaboração dos ETP?


IN-ME 40/2020

Os ETP serão elaborados conjuntamente:


»» por servidores da área técnica;
»» por servidores da área requisitante;
»» quando houver, pela equipe de planejamento da contratação
(art. 6º da IN 40/2020)

A elaboração dos estudos preliminares é obrigatória EM TODOS OS


PROCESSOS DE CONTRATAÇÃO?
IN-ME 40/2020

Não, as exceções estão disciplinadas no art. 8º da IN nº 40/2020. São elas:


(i) facultada nas hipóteses dos incisos I, II, III, IV e XI do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho
de 1993:
»» dispensa por valor;
»» guerra ou grave perturbação da ordem;
»» emergência ou calamidade pública; e
»» contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento.

contreinamentos.com.br 144
Nesses casos, o órgão/entidade tem a liberdade de escolher se elabora ou não os ETP,
segundo critério de conveniência e oportunidade.
(ii) dispensada nos casos de prorrogações contratuais relativas a objetos de prestação de
natureza continuada.
Aqui o órgão/entidade está dispensado de realizar os ETP pela própria norma visto que
estes já foram elaborados anteriormente, bastando a comprovação da vantajosidade.

O ETP digital tem uso obrigatório?


IN-ME 40/2020

Sim! O Sistema ETP digital é de uso:


»» obrigatório pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema de Serviços Gerais (Sisg),
isto é, pela Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional;
»» facultativo, para outros órgãos e entidades não integrantes do Sisg. Quem tiver interesse
poderá utilizá-lo.

O sistema é de uso obrigatório para estados e municípios?

IN-ME 40/2020

O uso do sistema não é obrigatório para unidades não integrantes do SISG. Em princípio,
a obrigatoriedade existente no art. 1º, § 3º do Decreto 10.024, de 20 de setembro de 2019,
estabelece a obrigatoriedade da modalidade pregão em sua forma eletrônica para contra-
tações realizadas com transferências voluntárias da União, não alcançando o sistema a ser
utilizado.

contreinamentos.com.br 145
Como obter o perfil de acesso ao Sistema ETP Digital?

IN-ME 40/2020

Para aqueles que já usam o SIASG mediante termo de acesso vigente, não será necessário
um novo termo de acesso, mas tão somente a incorporação dos novos perfis aos usuários
específicos para habilitação do sistema ETP DIGITAL.
A vinculação e relacionamento se dá pela UASG. Então, caso seja usuário, a unidade já possui
uma identificação própria da UASG, bem como possui um cadastrador registrado no sistema
que é responsável pela vinculação dos novos perfis.

Quais servidores terão acesso ao ETP dentro de um mesmo órgão,


até a publicação?
IN-ME 40/2020

Todos os servidores envolvidos no processo de construção do documento poderão ter aces-


so ao sistema, seja demandante/requisitante, área técnica, ou equipe de planejamento.

contreinamentos.com.br 146
DESCRIÇÃO DO
PROBLEMA!

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ESTUDOS DE VIABILIDADE!!!
Comparar as potenciais soluções, em termos téc-
nicos, econômicos, financeiros e ambientais!

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ETP - DIGITAL

A DOCUMENTAÇÃO PROBATÓRIA DAS CONCLUSÕES EXCERTAS NO ETP DIGITAL SÃO A MO-


TIVAÇÃO DAS RESPECTIVAS CONCLUSÕES.
É, PORTANTO, OBRIGATÓRIA!
Devem ser acostadas as informações necessárias e suficientes à conclusão, por terceiros,
das conclusões tomadas.
O PRINCÍPIO É O DO ACCOUNTABILITY

ÚLTIMO CONSELHO
PARÁBOLA DO CONSTRUTOR DA TORRE | Lucas 14:28-30
“Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o
preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la? Pois, se lançar o alicerce
e não for capaz de terminá-la, todos os que a virem rirão dele, dizendo: ‘Este homem
começou a construir e não foi capaz de terminar’”.

contreinamentos.com.br 153
OFICINAS
OFICINA
O NOVO SICRO E SEU USO
PARA A ORÇAMENTAÇÃO DE
INFRAESTRUTURA

ANDRÉ P. BAETA
HISTÓRICO DO SICRO

»» 1946 - Elaboração das primeiras tabelas de preços;


»» 1963 - Implantação da Tabela Geral de Preços;
»» 1972 - Lançamento do Manual de Composições de Custos Rodoviários;
»» 1980 - Atualização e complementação do Manual de Composições de Custos Rodoviários;
»» 1992 - Organização da Gerência de Custos Rodoviários;
»» 1992 - Criação e lançamento do Sicro 1 - Sistema de Custos Rodoviários;
»» 1992 - Início da expansão da pesquisa de preços para outras unidades da federação;
»» 1993 - Regionalização da pesquisa de preços do Sicro 1;
»» 1998 - Lançamento do Manual de Custos do Sicro 2 - Sistema de Custos Rodoviários;
»» 2000 - Implantação do Sicro 2;
»» 2003 - Publicação original do Manual de Custos Rodoviários do Sicro 2;
»» 2006 - Criação da Coordenação-Geral de Custos de Infraestrutura de Transportes - CGCIT;
»» 2013 - Divulgação das tabelas de preços do Sicro 2 para todas as unidades da federação;
»» 2014 - Instauração da Câmara Técnica do SICRO;
»» 2017 - Implantação do Novo Sicro.

RELATÓRIOS DO NOVO SICRO

»» Relatório Analítico de Composições de Custos;


»» Relatório Sintético de Composições de Custos;
»» Relatório Sintético de Equipamentos (com ou sem desoneração);
»» Relatório Sintético de Mão de Obra (com o sem desoneração);
»» Relatório Sintético de Materiais;
»» Relatório de Origens de Preços;

MANUAL DE CUSTOS RODOVIÁRIOS

O Manual de Custos de Infraestrutura de Transportes encontra-se organizado nos seguintes


volumes, conteúdos e tomos:
Volume 01 - Metodologia e Conceitos
Volume 02 - Pesquisa de Preços
Volume 03 - Equipamentos
Volume 04 - Mão de Obra
»» Tomo 01 - Parâmetros do CAGED
»» Tomo 02 - Encargos Sociais

contreinamentos.com.br 156
»» Tomo 03 - Encargos Complementares
»» Tomo 04 - Consolidação dos Custos de Mão de Obra
Volume 05 - Materiais
Volume 06 - Fator de Influência de Chuvas
»» Tomo 01 - Índices Pluviométricos - Região Norte
»» Tomo 02 - Índices Pluviométricos - Região Nordeste
»» Tomo 03 - Índices Pluviométricos - Região Centro-Oeste
»» Tomo 04 - Índices Pluviométricos - Região Sudeste
»» Tomo 05 - Índices Pluviométricos - Região Sul
Volume 07 - Canteiros de Obras
»» Tomo 01 - Módulos Básicos e Projetos Tipo (A3)
Volume 08 - Administração Local
Volume 09 - Mobilização e Desmobilização
Volume 10 - Manuais Técnicos
»» Conteúdo 01 - Terraplenagem
»» Conteúdo 02 - Pavimentação / Usinagem
»» Conteúdo 03 - Sinalização Rodoviária
»» Conteúdo 04 - Concretos, Agregados, Armações, Fôrmas e Escoramentos
»» Conteúdo 05 - Drenagem e Obras de Arte Correntes
»» Conteúdo 06 - Fundações e Contenções
»» Conteúdo 07 - Obras de Arte Especiais
»» Conteúdo 08 - Manutenção e Conservação Rodoviária
»» Conteúdo 09 - Ferrovias
»» Conteúdo 10 - Hidrovias
»» Conteúdo 11 - Transportes
»» Conteúdo 12 - Obras Complementares e Proteção Ambiental
Volume 11 - Composições de Custos
Volume 12 - Produções de Equipes Mecânicas

COMPOSIÇÃO DE CUSTO UNITÁRIO

Classificação
As composições de custos do SICRO são classificadas, quanto a sua utilização nos orçamen-
tos, em dois tipos:
»» Principais;

contreinamentos.com.br 157
»» Auxiliares.
As composições de custos principais representam os serviços essenciais de uma obra e con-
tém o percentual de BDI aplicado e os custos de transportes dos materiais, constando da
relação de serviços que compõem a planilha orçamentária do projeto ou contrato.

Classificação
Em virtude de contar com a taxa de BDI e com custos dos transportes, as composições prin-
cipais podem ser denominadas “Composições de Preços Unitários”.
Já as composições auxiliares contemplam as atividades de produção de insumos ou de par-
tes do serviço. Estes serviços não recebem a incidência do BDI, sendo este aplicado apenas
ao do custo final do serviço principal.
No SICRO, todas as composições de custos podem ser classificadas como principais e são
diferenciadas apenas quando inseridas em um orçamento específico.

Composição Horária
Associa o consumo dos insumos de um serviço à produção horária de determinada equipe
mecânica.
Exemplo: Composições de custos unitários dos serviços de terraplenagem e pavimentação.

Composição Unitária
Define a quantidade dos insumos necessários à produção de uma determinada unidade de
serviço.
Exemplo: Composições de custos unitários dos serviços de drenagem e obras de arte corren-
tes.

Composição Horária

contreinamentos.com.br 158
Composição Unitária

Composição Mista

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Composição Horária
»» Didática e informativa, a composição horária permite identificar a alocação do número
de equipamentos e profissionais necessários à execução do serviço;
»» Adotada, desde sempre, pelos setores técnicos rodoviário, de barragens e de recursos hí-
dricos;
»» A partir da composição horária de um serviço obtém-se a sua correspondente unitária.
Em alguns casos não é possível o caminho inverso por insuficiência de informações.

contreinamentos.com.br 160
ALGUMAS MUDANÇAS METODOLÓGICAS NO NOVO SICRO EM RELAÇÃO AO SICRO-2

Eliminação dos custos indiretos das composições

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ELIMINAÇÃO DA GENERALIZAÇÃO DE ATIVIDADES

Nas composições de base ou sub-base em solo e de reforço do subleito do Sicro 2 prevê-se


a execução de serviços auxiliares de limpeza da camada vegetal e de expurgo de material.
Entretanto, estes serviços nem sempre estão presentes nas condições de obras, como no
caso de exploração de jazidas existentes e de situações em que não há necessidade de lim-
peza do terreno.
No novo SICRO, os referidos serviços auxiliares só são incorporados à composição de custo
principal quando necessários.

contreinamentos.com.br 163
Nas composições de custos de escavação, carga e transporte de materiais de jazida do Sicro
2 sempre estava incluída uma motoniveladora para fins de manutenção dos caminhos de
serviço. Entretanto, essa manutenção mostrava-se necessária apenas em caminhos de leito
natural ou com revestimento primário. Na utilização de caminhos pavimentados, a manu-
tenção mostrava-se desnecessária.
Para corrigir esta inconsistência, o novo SICRO elimina a motoniveladora das composições
de custos citadas e cria novas composições para remunerar a manutenção de caminhos de
serviço.

contreinamentos.com.br 164
contreinamentos.com.br 165
INCLUSÃO DE COMPOSIÇÕES DE CUSTOS DE CARGA, DESCARGA E MANOBRAS

»» Sicro 2 - Tempo fixo presente na Produção da Equipe Mecânica


»» Novo Sicro - Item presente na CCU do serviço

contreinamentos.com.br 166
ELIMINAÇÃO DA DISTINÇÃO ENTRE CCUS DE CONSTRUÇÃO E RESTAURAÇÃO RODOVI-
ÁRIA

Eliminação da distinção entre CCUs de construção e restauração rodoviária

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Inclusão dos modais ferroviário e aquaviário
O novo SICRO apresenta composições de custos que representam a execução de serviços
de superestrutura ferroviária e infraestrutura aquaviária.

contreinamentos.com.br 168
MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO - PREMISSAS

»» Os equipamentos que não puderem se deslocar pelos próprios meios serão mobilizados
por transportadores especializados;
»» As ferramentas e os equipamentos leves ou de pequeno porte, cujo peso individual e
formato permitem que sejam transportados, embarcados ou rebocados, serão transpor-
tados em veículos transportadores autônomos da frota mobilizada;
»» Para todos os equipamentos embarcados na frota devem ser considerados os respecti-
vos custos de embarque e de desembarque;
»» Não serão consideradas improdutividades na mobilização ou desmobilização dos equi-
pamentos;
»» A cada mobilização deverá ser prevista uma desmobilização, com custos exatamente
iguais.

MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO – PRINCIPAIS SERVIÇOS

»» Deslocamento de pessoal especializado;


»» Transporte, carga e descarga de equipamentos a serem utilizados na obra;
»» Transporte, carga e descarga de estruturas físicas a serem instaladas na obra;
»» Despesas de viagem, hospedagem, alimentação, entre outros.

contreinamentos.com.br 169
MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO – DISTÂNCIAS

»» Deverá ser considerada como origem da mobilização o centro da capital estadual mais
próxima e como destino o local do canteiro da obra.
»» Caso a capital selecionada não possua condições de oferecer o equipamento ou a mão
de obra necessária, a distância será a da capital mais próxima, com disponibilidade do
equipamento/profissional, até o local da obra, desde que devidamente justificado.
»» A distância mínima de mobilização será de 50 km.

MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO – EFETIVO A SER MOBILIZADO

O efetivo de mão de obra a ser mobilizado deverá ser composto por todos os profissionais
especializados, técnicos e operadores de equipamentos, bem como pela mão de obra não
especializada alojada.
O efetivo de mão de obra alojado deverá ser estabelecido em função da natureza dos servi-
ços e da qualificação e disponibilidade local de mão de obra.
No caso de impossibilidade de comprovação de mão de obra, na fase de projeto em ques-
tão, serão adotados os seguintes percentuais do efetivo para a condição alojada:
»» Obras rodoviárias e ferroviárias = 50%;
»» Obras hidroviárias e de barragens = 100%;
»» Demais obras = 50%.

O transporte da mão de obra poderá ser realizado de forma aérea ou terrestre, diferencian-
do-se em função da categoria profissional e das condições logísticas locais.
Durante o período de deslocamento do pessoal deverão ser considerados os custos adicio-
nais de diárias de alimentação e eventual pousada, quando necessários.
Transporte Aéreo
»» Profissionais de nível superior;
»» Encarregado geral e encarregados especializados;
»» Técnicos especializados;
»» Operadores de equipamentos pesados e especiais.
Transporte Terrestre por Ônibus
»» O transporte terrestre por ônibus será indicado para todos os demais profissionais.

contreinamentos.com.br 170
Origens recomendadas:

MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO – DESLOCAMENTO DOS EQUIPAMENTOS

Por via terrestre, o deslocamento dos equipamentos da obra poderá ser realizado por ro-
dovias pavimentadas e estradas em revestimento primário ou em terreno natural, por fer-
rovias, por hidrovias ou vias marítimas, utilizando-se, sempre que possível e viável, os cami-
nhões como primeira alternativa de transporte ou o cavalo mecânico com reboque como
segunda alternativa.
Quando houver necessidade de mais de um cavalo mecânico com reboque ou quando o
Peso Bruto Total - PBT exceder 57 toneladas deve-se prever a utilização de veículo de escolta,
em conformidade com as diretrizes preconizadas na Resolução DNIT nº 02/2014.
Nos deslocamentos em rodovias, a cada quatro horas de percurso, deve ser considerada
meia hora de descanso remunerado para motoristas e ajudantes.

contreinamentos.com.br 171
MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO – VELOCIDADES MÉDIAS DE TRANSPORTES

MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO – FATORES DE UTILIZAÇÃO

Os fatores de utilização representam o inverso do número de equipamentos a serem trans-


portados nos diferentes veículos transportadores.

contreinamentos.com.br 172
MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO

Deslocamento de Pessoal
O custo de mobilização da mão de obra é estimado levando-se em consideração as seguin-
tes parcelas:
»» Custos de passagens;
»» Custos de deslocamento de/para terminais (rodoviária, aeroporto, etc.);
»» Custos de diárias no deslocamento;
»» Custos de mudança de altos funcionários, quando necessária permanência por longos
períodos.

Mobilização e Desmobilização – Custo Total

Onde:
CMob representa o custo de mobilização da obra;
DM representa a distância de mobilização da obra, em quilômetros (km) ou em milhas náu-
ticas (mi);
K representa o fator relacionado ao retorno do veículo a sua origem;
FU representa o fator de utilização do veículo;
V representa a velocidade média do veículo;
CH representa o custo horário do veículo transportador.
O fator K deve ser igual a 1 quando prevista a desnecessidade de retorno do veículo trans-
portador e 2 quando o veículo deve retornar ao local de origem.
Já o fator de utilização FU representa o inverso do número de equipamentos a serem trans-
portados nos diferentes veículos transportadores.
Importante destacar que os custos de mobilização e desmobilização devem ainda sofrer in-
cidência da taxa de bonificação e despesas indiretas - BDI.

contreinamentos.com.br 173
Mobilização e Desmobilização – Valores Médios de Referência

CANTEIROS DE OBRAS

Para fins de classificação e definição da administração local e canteiros de obras, o porte re-
mete à relação entre a extensão do segmento onde será realizada a obra e o prazo previsto
para sua execução.
A partir desta relação, as obras são classificadas em função de sua natureza (construção,
restauração ou conservação rodoviária; construção ou reforço de obras de arte especiais;
construção ferroviária) e de seu porte (pequeno, médio ou grande).

Síntese da Metodologia

contreinamentos.com.br 174
Canteiro Tipo - Construção Rodoviária de Médio Porte

Tipos de Instalação
a) Canteiros Montados in Loco (Fixos)
»» Provisórios (tábuas, compensados resinados, sistema LSF, painéis estruturais e painel de
madeira reconstituída).
»» Permanentes (alvenaria de tijolos ou blocos cerâmicos).
b) Canteiros Pré-Fabricados (Móveis - Contêineres)
c) Canteiros Adaptados (Fixos)

contreinamentos.com.br 175
Critérios de Ocupação

Equações de Dimensionamento

contreinamentos.com.br 176
Áreas de Referência

Fatores de Equivalência de Áreas Cobertas

Instalações Industriais
»» Centrais de concreto de 30, 40 e 150 m3/h;
»» Central de britagem de 80 m3/h;
»» Usina fixa misturadora de solos de 300 t/h;
»» Usina de asfalto a quente de 120 t/h;
»» Usina de pré-misturado a frio de 60 t/h;
»» Fábrica de dormentes de concreto protendido;
»» Central de pré-moldagem dos blocos artificiais de concreto;
»» Central de pré-moldagem das aduelas de concreto.

contreinamentos.com.br 177
Canteiros Montados in Loco

Onde:
CCO - custo total do canteiro de obras;
k1 - fator do padrão de construção;
k2 - fator de mobiliário;
k3 - fator da distância do canteiro aos centros fornecedores;
AC e AD - áreas cobertas e descobertas;
FEAC e FEAD - fatores de equivalência de áreas;
CII - custo das instalações industriais;
CMCC - custo médio da construção civil, por unidade da federação.

Instalações Industriais

Onde:
CII - custo das instalações industriais;
k2 - fator de mobiliário;
k3 - fator da distância do canteiro aos centros fornecedores;
ACI - áreas cobertas;
CMCC - custo médio da construção civil;
QCIi - quantidade de contêineres;
CCi - custo dos contêineres;
CDI - custos associados ao tratamento das áreas e às montagens das instalações industriais.

contreinamentos.com.br 178
Conteineres

Onde:
CCC - custo do canteiro em contêiner;
k2 - fator de mobiliário;
k3 - fator da distância aos centros fornecedores;
QCi - quantidade de contêineres;
CCi - custo dos contêineres;
AT - área total do terreno;
FEAT - fator de equivalência de áreas totais;
CMCC - custo médio da construção civil;
CP representa o coeficiente de proporcionalidade (adimensional).

Estudo de Casos

Custos de referência
na metodologia do
SICRO

contreinamentos.com.br 179
O DNIT não dispunha de uma metodologia específica e sistematizada para o cálculo dos
custos de referência dos canteiros de obras de infraestrutura de transportes.
Os custos de referência para canteiros de obras até abril de 2017, com o advento da implan-
tação do SICRO, eram estabelecidos por cada empresa projetista sem um conjunto de
premissas padronizadas nos Manuais de Projetos ou de Custos Rodoviários do Sicro 2.
Há uma tendência inversa dos custos dos canteiros de obras em relação ao porte, ou seja,
quanto maior o porte das obras, menor a representatividade dos custos dos canteiros de
obras em relação aos custos totais dos empreendimentos.

ADMINISTRAÇÃO LOCAL

Metodologia do Sicro 2
Parcela do BDI

contreinamentos.com.br 180
Encarregados de Turma e Especializados

Manutenção de Canteiros de Obras

contreinamentos.com.br 181
Estudo de Casos

Administração Local – Novo Sicro


Para fins de classificação e definição da administração local e canteiros de obras, o porte
remete à relação entre a extensão do segmento onde será realizada a obra e o prazo pre-
visto para sua execução.
A partir desta relação, as obras são classificadas em função de sua natureza (construção,
restauração ou conservação rodoviária; construção ou reforço de obras de arte especiais;
construção ferroviária) e de seu porte (pequeno, médio ou grande).

contreinamentos.com.br 182
»» Parcela Fixa - Gerência Técnica, Gerência Administrativa, Setor de Medicina e Segurança
do Trabalho e Manutenção do Canteiro de Obras e Acampamentos
»» Parcela Vinculada - Encarregados de Produção e Equipe de Topografia.
»» Parcela Variável - Frentes de Serviço, Controle Tecnológico e Manejo Florestal.

Metodologia para definição dos custos de Administração Local

Síntese da Metodologia

contreinamentos.com.br 183
Parcela Fixa
A parcela fixa é constituída pela mão de obra responsável pelo gerenciamento direto da
obra, dos canteiros e dos acampamentos, além dos veículos e equipamentos.
A parcela fixa da administração local encontra-se dividida em gerência técnica (engenheiros,
encarregado geral, auxiliares técnicos, etc.) e gerência administrativa (chefe, auxiliares, se-
cretaria, motorista, porteiros, vigias, etc.
A parcela fixa é sempre dimensionada por “mês”.

Parcela Vinculada
A parcela vinculada relaciona-se às equipes dedicadas a atividades específicas no âmbito da
obra, as quais podem estar associadas à execução dos serviços em campo ou ao setor de
medicina e segurança do trabalho, sendo formada pelos encarregados de produção, pela
equipe de topografia, pelos profissionais dedicados à medicina e segurança do trabalho e
pelos técnicos especializados.
A parcela vinculada é dimensionada por “mês” e sofre influência do cronograma físico pre-
visto para a obra.

Parcela Variável
A parcela variável da administração local corresponde às equipes incumbidas das tarefas de
coordenar as frentes de serviços e realizar o controle tecnológico da obra.
Esses profissionais são ligados diretamente à execução dos serviços em campo e o respecti-
vo dimensionamento das equipes é proporcional à quantidade de serviços.
Com intuito de melhor caracterizar as equipes, a parcela variável foi subdividida em 3 sub-
grupos, a saber:

contreinamentos.com.br 184
»» Acompanhamento das frentes de serviço (encarregados de turma e apontadores);
»» Controle tecnológico (laboratório de solos, de asfalto e de concreto;
»» Manejo florestal (necessidade de técnico para identificação de espécies na área de su-
pressão vegetal).

Manutenção do Canteiro de Obras


Nesta parcela, são computados os custos da mão de obra e dos equipamentos para prover a
manutenção do canteiro de obras, atendendo a requisitos básico de qualidade e segurança
no ambiente de trabalho.
A mão de obra é responsável pela manutenção das instalações cobertas e eventualmente
pode ser utilizada nas áreas descobertas. Já os equipamentos têm vínculo direto apenas
com a manutenção das áreas descobertas.

Estudo de Casos

contreinamentos.com.br 185
Custos de referên-
cia na metodologia
do SICRO

Representatividade das parcelas

contreinamentos.com.br 186
METODOLOGIA PARA DEFINIÇÃO DOS CUSTOS DE REFERÊNCIA DE MÃO DE OBRA

A nova metodologia para definição dos custos de referência da mão de obra consiste na
análise e no tratamento da base do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do
Ministério do Trabalho e Emprego - CAGED/MTE.
Tal inovação permitiu ampliar de forma significativa o número de categorias profissionais
necessárias face ao incremento de composições de custos do novo SICRO e a obtenção de
valores referenciais médios mais aderentes à realidade de mercado.
A referida metodologia permite a apresentação bimestral de todos os custos associados à
mão de obra, divididos em salários, encargos sociais básicos (Grupos A, B, C e D), encargos
complementares (alimentação, transporte, equipamentos de proteção individual - EPI, fer-
ramentas e exames médicos ocupacionais), encargos adicionais e condições especiais de
trabalho, por categoria profissional e unidade da federação.

Mão de Obra Os custos da mão de obra do SICRO consideram condições normais de jornada
e ambiente de trabalho e são definidos em função das seguintes parcelas:
»» Salários;
»» Encargos Sociais;
»» Encargos Complementares;
»» Encargos Adicionais.
Em casos excepcionais, poderão ser aplicados adicionais noturno, de insalubridade e de
periculosidade.

Salários

Classificação Brasileira de Ocupações - CBO / Cadastro Geral de Empregados e Desempre-


gados - CAGED do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE

contreinamentos.com.br 187
Algumas categorias do SICRO não têm equivalência direta com a CBO, razão pelo qual torna-
-se necessária a adoção de outros critérios para formação dos salários.

O SICRO classifica as categorias profissionais nos grupos:


»» Oficiais: armador, blaster, bombeiro, carpinteiro, eletricista, montador, pintor, imperme-
abilizador, pedreiro, serralheiro, soldador, etc.;
»» Ajudantes: ajudante especializado, aplicador, auxiliar de laboratório, auxiliar de topogra-
fia, frentista, jardineiro, nivelador, perfurador de tubulão, pré-marcador, servente, traba-
lhador de ar comprimido, trabalhador de via, etc.
»» Operadores: operador de betoneira, de equipamento especial, de equipamento leve, de
equipamento pesado, de guincho, etc.;
»» Encarregados: encarregado especializado, geral, administrativo, de obras de arte espe-
ciais, de serviços gerais, de finanças, de suprimentos, etc.;
»» Motoristas: motoristas de veículo leve, de veículo especial, de caminhão, etc.
»» Nível Superior: enfermeiro de câmara hiperbárica, engenheiro, geólogo, gerente de pro-
jetos, médico do trabalho, oceanógrafo, etc.;
»» Técnicos: auxiliar de enfermagem, armador de protensão, especialista em estais, labo-
ratorista de asfalto, de concreto, de solos, mergulhador, técnico de controle de meio
ambiente, em enfermagem, em segurança, topógrafo, etc.
»» Administrativos: almoxarife, apontador auxiliar de recursos humanos, de suprimentos,
bombeiro civil, caixa, chefe administrativo, de medição, de pessoal, de segurança, com-
prador, controlador, copeiro, faxineiro, porteiro, secretária, suporte em informática, re-
cepcionista, vigia, etc.

Encargos Sociais
No SICRO, os encargos sociais são diferenciados em função das categorias profissionais e do
regime trabalhista (horista ou mensalista), por unidade da federação.
Os parâmetros utilizados nos cálculos dos encargos sociais originam-se de dados do CA-
GED/MTE, do Anuário Estatístico da Previdência Social e do Instituto Brasileiro de Geografia

contreinamentos.com.br 188
e Estatística - IBGE.

Encargos Complementares
Os encargos complementares estão divididos em:
»» Alimentação;
»» Transporte;
»» Ferramentas manuais;
»» Equipamentos de proteção individual;
»» Exames médicos admissionais, periódicos e demissionais.

Alimentação

contreinamentos.com.br 189
Fonte: Valores da cesta básica (DIEESE - Julho/2014)

Transporte
A maioria das obras do DNIT encontra-se deslocada dos grandes centros urbanos, razão
pelo qual se admitiu, para cálculo dos custos relacionados ao transporte, que os trabalha-
dores passam a semana inteira alojados nos canteiros das obra, sem deslocamentos diários
entre sua residência e o local do trabalho.
Entretanto, nos finais de semana, considerou-se o transporte para a cidade mais próxima
para fins de arejamento, sem pernoite.

Ferramentas Manuais
As ferramentas manuais são aquelas em que somente se exige o esforço humano para sua
utilização.
São normalmente diferenciadas em função da natureza dos serviços e das categorias que
as utilizam.
No SICRO, foram definidos conjuntos de ferramentas para cada categoria profissional, em
função da sua frequência média de utilização diária, da vida útil e do seu custo.

contreinamentos.com.br 190
EPI

Encargos Complementares – Ferramentas Manuais e EPI

contreinamentos.com.br 191
Encargos Complementares – Exames Médicos Ocupacionais

Condições Especiais de Trabalho


De acordo com as necessidades da obra e com respeito às diretrizes técnicas, pode-se apli-
car custos adicionais à mão de obra na elaboração dos orçamentos de obras de infraestru-
tura nas seguintes condições especiais:
»» Trabalho extraordinário;
»» Trabalho noturno;
»» Trabalho insalubre;
»»  Trabalho perigoso.

contreinamentos.com.br 192
Metodologia para definição dos custos de referência de mão de obra

Materiais
O  custo  dos  materiais  para fins de elaboração de um orçamento é  normalmente o  pre-
ço de aquisição, geralmente “posto em obra”. O preço, conforme a metodologia adotada,
pode ser desagregado em função do custo de aquisição, impostos e transporte (frete).
O custo do transporte dos materiais, quando necessário, deve ser incluído por meio de par-
celas específicas de carga e descarga e momento de transporte nas composições de custos
dos serviços afetos.

Alteração na metodologia de pesquisa de Mercado


A ampliação do universo amostral da pesquisa de preços realizada pela Fundação Getulio
Vargas resultou na necessidade de alteração da metodologia para definição e cálculo dos
custos de referência dos insumos.
Em substituição ao critério de menor preço, introduziu-se tratamento estatístico à base de
dados ampliada, com exclusão de extremos, definição de preços médios e preenchimento
de falhas por meio de extrapolações e imputações.

Sicro 2 SICRO
Tratamento
Menor preço estatísticos

Preço médio

contreinamentos.com.br 193
Requisitos da Pesquisa de Mercado
Os preços dos materiais levantados pela pesquisa do SICRO devem atender aos seguintes
requisitos:
»» Preços refiram-se a condições de pagamento à vista;
»» Preços que contenham toda a carga tributária sobre eles incidentes (ICMS e IPI) e frete;
»» Preços pesquisados em produtores, atacadistas ou representantes comerciais de fábri-
cas;
»» Preços para fornecimento a grande consumidor, evitando-se o varejo.

Local das Pesquisas


A pesquisa de preços dos materiais, particularmente dos agregados em condição comercial
e dos insumos mais relevantes na Curva ABC, deve ser obrigatoriamente realizada no local
da obra.
Ao se realizar as cotações locais devem ser informadas as quantidades de projeto, atentan-
do-se para o cronograma e a capacidade de fornecimento dos estabelecimentos.

Requisitos das Pesquisas de Mercado


Os preços dos materiais do SICRO são coletados nas capitais de todas as unidades da fede-
ração.
Os estabelecimentos credenciados para pesquisa de preços devem comercializar com re-
gularidade os materiais pesquisados e se constituírem em fornecedores expressivos para o
comércio local.
No caso específico dos materiais pétreos (areias e britas), os preços pesquisados do SICRO
referem-se às condições de mercado nas proximidades das capitais.
Os custos dos materiais não incluem fretes para seu transporte até o local da obra, já que os
preços se destinam à inclusão nas tabelas de referência do SICRO, para uso genérico, e não
para uma obra em particular.
O engenheiro, durante a elaboração do orçamento do projeto, deve analisar os materiais
mais relevantes da obra, proceder a pesquisa local de preços e utilizar, quando necessário,
as composições de custos de carga e descarga e de momentos de transporte.
O preço é determinado primeiramente junto aos fornecedores mais próximos à obra. For-
necedores alternativos podem ser consultados, no caso de inexistência do material na re-
gião ou de grandes disparidades em relação ao preço médio de mercado.
No caso de cotações realizadas por telefone, o pesquisador deve apresentar relatório deta-
lhado com todas as informações descritas.
»» Necessidade de realização de, pelo menos, três cotações por insumo;
»» Identificação clara do fornecedor;
»» Registro das razões ou motivos da ocorrência de um número menor ou insuficiente de
fornecedores;
»» Pesquisa em estabelecimentos credenciados, preferencialmente no comércio atacadis-

contreinamentos.com.br 194
ta, que comercializem os materiais pesquisados e que sejam expressivos para o comér-
cio local.

Relatório de Origens dos Preços

Extrapolado (E) – Preços obtidos por meio da aplicação da metodologia padrão de extrapo-
lação, considerando os itens liderados, conforme previsto no Manual de Custos do SICRO.
Imputado (I) – Preço obtido por meio de metodologia padrão de imputação, considerando
os itens líderes em todas as Ufs e liderados nas Ufs RJ e SP, conforme previsto no Manual
de Custos do SICRO.
Preço (P) – Preço obtido a partir de dados coletados em campo.
Imputação Metodológica (IMMDO) – Preços que derivam diretamente de dados coletados
em campo, sendo aplicadas à estes metodologias pontuais, tal como ocorre para os itens de
mão de obra, que tem seus preços calculados através das informações obtidas do CAGED
e/ou de Convenções Coletivas. A Fundação Getulio Vargas registra que os preços referen-
ciais classificados como “Imputação Metodológica (IMMDO)” derivam diretamente de dados

contreinamentos.com.br 195
coletados em campo e/ou de dados oficiais, devendo ser considerados, para todos os fins,
portanto, como insumos integralmente pesquisados.
Imputação Metodológica (IMDMT) – Preços que derivam diretamente de dados coletados
em campo, sendo aplicadas à estes metodologias pontuais, tal como ocorre para os itens
dos equipamentos, componentes e/ou insumos, que derivam da Metodologia de Custo de
Transporte (Estimativa de Fretes), a qual utiliza como base o preço coletado na Unidade da
Federação do fabricante, acrescendo à este apenas a parcela denominada “parcela-frete”. A
Fundação Getulio Vargas registra que os preços referenciais classificados como “Imputação
Metodológica (IMDMT)” derivam diretamente de dados coletados em campo e/ou de dados
oficiais, devendo ser considerados, para todos os fins, portanto, como insumos integralmen-
te pesquisados.
Zerado (Z) – Insumos cuja referência de preço é determinada de forma específica, cuja es-
pecificação é ampla ou que são destinados, exclusivamente, a permitir a remuneração das
operações de transportes. Ressalta-se que nesta classificação não se trata de falta de pes-
quisa de preços.
Estimado – Preços estimados por meio de metodologias diversas, tais como: por meio de da-
dos divulgados em outras fontes e/ou sistemas referenciais; por intermédio de informações
obtidas para outros itens da mesma família; e/ ou derivados de pesquisa pontual, podendo
a estes ser aplicada a Metodologia de Custo de Transporte (Estimativa de Fretes). Os itens
com códigos identificados na cor “verde” encontram-se estimados pois estão em fase de
implantação, representando 3,01% do total de preços entregues (1.782 posições).
Pesquisado com Tratamento (PCT) – Preços pesquisados junto aos respondentes que neces-
sitaram de algum tipo de tratamento para se adequar aos critérios de formação de preço
referencial, ordenamento de famílias e variações entre pesquisas sucessivas.
Extrapolado com Tratamento (ECT) – Preços extrapolados que necessitaram de algum tipo
de tratamento para se adequar aos critérios de formação de preço referencial, ordenamen-
to de famílias e variações entre pesquisas sucessivas.

Operações de Transportes
A produção mecânica de um equipamento de transporte encontra-se diretamente asso-
ciada ao tipo de rodovia (pavimentada, em revestimento primário ou em leito natural), aos
tempos fixos de carga, descarga e manobras e à distância efetivamente percorrida.
Ou seja, os custos de transportes dos materiais em uma obra mostram-se fortemente de-
pendentes do tipo de veículo utilizado e do revestimento da via, o que tende a determinar a
velocidade média de trajeto.

Acórdão 1.213/2019-Plenário (a planilha considerava o transporte em via não pavi-


mentada, mas ele foi realizado em rodovia asfaltada):
O transporte de materiais é o componente de custos mais relevante em qualquer obra ro-
doviária, representando expressiva parcela do custo total do empreendimento. Por isso, os
sistemas de custos de obras rodoviárias, tais como o Sicro e a própria tabela do Deinfra/SC,
costumam diferenciar não apenas as distâncias de transporte, mas também as condições
em que este é realizado, segregando a composições de acordo com o tipo e com a capaci-
dade do caminhão; o uso de transporte comercial e local; a velocidade de transporte; ou o

contreinamentos.com.br 196
tipo de revestimento em que o serviço é realizado. No caso de insumos betuminosos ainda
existe diferenciação relevante no custo do serviço se o material é transportado a quente ou
a frio.
Tais fatores implicarão em significativa variação nos custos unitários dos serviços, de forma
que considero que os transportes sejam caracterizados como uma obrigação de meio em
obras rodoviárias, estando a empresa construtora obrigada a seguir as premissas utilizadas
no orçamento-base da contratação ou, caso inaplicáveis ou passíveis de serem aprimoradas
ante a situação fática da obra, deve obrigatoriamente haver alteração contratual para man-
ter o equilíbrio econômico-financeiro da avença, sob pena de enriquecimento sem causa de
uma das partes.
Remansosa jurisprudência desta Corte de Contas aponta a necessidade de diferenciar as
condições dos serviços de transporte nos orçamentos de obras rodoviárias, a exemplo dos
Acórdãos Plenários 2.986/2016, 753/2015, 2.777/2014, 3.631/2013, 923/2013, 982/2012,
1.466/2016 e 705/2016.  
Assim, a menos que reste indubitavelmente comprovada a impossibilidade de utilização
da metodologia de execução de melhor custo-benefício, o TCU adota como referencial de
mercado, para fins de apuração de sobrepreço ou superfaturamento, o preço correspon-
dente ao serviço cuja metodologia executiva seja mais econômica e tecnicamente viável, in
casu, aquela que considera o transporte de materiais em rodovia pavimentada.
O Sicro 2 diferenciava a natureza dos transportes dos materiais de uma obra basicamente
em local e comercial.
Eram considerados transportes locais aqueles realizados exclusivamente no âmbito da obra,
e comerciais, aqueles associados ao deslocamento de fora dos limites da obra.
Entretanto, aferições de campo realizadas identificaram que as condições reais de operação
são mais fortemente influenciadas por outros fatores, tais como a condição de rolamento
do caminho de serviço ou o clima, do que pela simples relação de origens e notas fiscais dos
materiais.
No novo SICRO, o fator de eficiência inicial adotado nas composições de custos dos momen-
tos de transporte passou a ser único em todas as operações de transporte, e com valor igual
a 0,83 (50/60), admitindo-se, entretanto, a aplicação do Fator de Interferência de Tráfego -
FIT.
De forma complementar, foram desenvolvidas várias de composições de custos para carga
e descarga de materiais sob diferentes condições de transporte e de rolamento.
O Fator de Interferência de Tráfego - FIT, proposto no SICRO, contempla todas as obras, in-
cidindo de forma similar sobre os transportes locais e comerciais.

contreinamentos.com.br 197
Uso de Equações de Transportes
Para os transportes locais, o custo unitário em reais por tonelada (R$/t) é dado pela expres-
são:

2 × CHO CHO × T
Custo unitário em R$/t = Y = ×X +
V ×C × E C×E

Onde:
Y = Custo unitário em R$/t
X = distância percorrida em km
CHO = Custo Horário Operativo do Equipamento
V = velocidade média em km/h
C = capacidade útil do caminhão em t
E = fator de eficiência
T = tempo total de carga, descarga e manobras, em h
 
A equação acima pode ser escrita na forma:

Y = aX + b
A parcela a.X representa o custo unitário correspondente ao transporte propriamente dito
e a parcela “b” representa o custo unitário correspondente aos custos de carga, descarga e
manobras.
A produção horária do caminhão é dada pela expressão:

PH = produção horária em t/h;


C = capacidade útil do caminhão em toneladas;
E = fator de eficiência;
X = distância de transporte, em km;
V = velocidade média, em km/h;
T = tempo total de carga, descarga e manobras, em horas.

contreinamentos.com.br 198
Velocidades Médias

Tempos Fixos

contreinamentos.com.br 199
Terraplenagem
Os serviços relacionados à terraplenagem são geralmente remunerados por faixas de dis-
tância, levando-se em consideração velocidades médias na operação dos caminhões, con-
forme tipificação apresentada abaixo:
»» Caminhão basculante de 14 m³ (20 toneladas) para materiais de 1ª e 2ª categoria;
»» Caminhão basculante para rocha 12 m³ (18 toneladas) para materiais de 3ª categoria;
»» Caminhão basculante de 6 m³ (11,5 toneladas) para solos moles.

Nas operações de transporte da terraplenagem, são definidas faixas de transporte pelas se-


guintes razões:
»» Em função de reduzidas distâncias de transporte, os caminhões não atingem uma velo-
cidade de cruzeiro plena;
»» O número de caminhões mostra-se dependente da interação dos demais equipamentos
da patrulha em um ciclo considerado ótimo de operação;
»» Os tempos de carga, descarga e manobras são bastante relevantes nos serviços de ter-
raplenagem.

contreinamentos.com.br 200
Terraplenagem
Velocidades - (Caminhão carregado)

contreinamentos.com.br 201
Velocidades - (caminhão vazio)

Fator de Interferência de Tráfego


Durante a execução de obras em rodovias já existentes, o volume de tráfego é um fator re-
conhecido de redução de produção dos serviços. As restrições ao tráfego se acentuam e se
mostram mais relevantes quando se trata de obras mais próximas aos perímetros urbanos.
Em função dessa interferência, o Sicro 2 adotava uma redução de 11,0% no fator de efici-
ência dos serviços de restauração em relação ao de construção rodoviária. Entretanto, nem
sempre a interferência ocorria de forma a justificar a magnitude do referido fator de efici-
ência.
Com objetivo de qualificar a utilização dos fatores de eficiência, o SICRO propõe a utilização
de um Fator de Interferência de Tráfego - FIT a ser aplicado no orçamento da obra para ade-
quação dos preços a essa situação.
A aplicação do FIT só é possível na fase de elaboração do projeto, com o conhecimento do
volume médio diário de veículos e a ocorrência dos centros urbanos. Nesse momento, tor-
nar-se possível a aplicação do FIT sobre o custo unitário dos serviços (equipamentos e mão
de obra), mantendo-se inalterados os custos dos materiais.

contreinamentos.com.br 202
O FIT será aplicado às obras rodoviárias em cuja execução haja necessidade de interditar
faixas de rolamento ou desenvolver medidas adicionais de segurança para prevenção de
acidentes. Dentre estas obras, destacam-se:
»» Obras de restauração rodoviária;
»» Construção de terceira faixa;
»» Melhoramentos e adequação de capacidade;
»» Duplicação, quando a nova pista for contígua à pista original;
»» Obras de conservação na pista.

Fator de Interferência de Tráfego

contreinamentos.com.br 203
Parâmetros Necessários
O Fator de Interferência de Tráfego - FIT a ser aplicado no orçamento de um determinado
projeto pode ser estimado por meio do conhecimento de três informações:
»» Volume Médio Diário de Tráfego;
»» Regiões sob Influência de Centros Urbanos;
»» Extensões das Áreas Urbanizadas.

Volume Médio Diário (VMD)


O volume médio diário de tráfego consiste no registro médio da movimentação de veículos
em uma determinada seção de uma rodovia no período de 1 dia (24 horas).
O conhecimento deste parâmetro de tráfego, no momento de elaboração do anteprojeto ou
projeto, constitui parâmetro imprescindível para a avaliação da distribuição de tráfego, para
a definição da demanda de uma via e também para a programação de melhorias básicas.

contreinamentos.com.br 204
Nos orçamentos elaborados com a metodologia do SICRO, a magnitude do volume médio
diário de tráfego de uma determinada rodovia resulta na aplicação de um Fator de Interfe-
rência de Tráfego variando entre 0,0% e 15,0%.
As faixas de volume médio diário de tráfego foram determinadas em função dos resultados
de contagem de tráfego realizada pelo CENTRAN em rodovias de todo o território nacional
no final do ano de 2005.
O volume médio diário de 2.000 veículos corresponde ao movimento de quase 1 veículo
por minuto, o que resulta em uma baixa interferência do tráfego na execução dos serviços.
Nestas situações, os custos da interferência do tráfego de veículos foram considerados ir-
relevantes.
Para as situações em que os segmentos das rodovias registram movimentações médias
superiores a 11.000 veículos por dia, admite-se a ocorrência de alta interferência do tráfego
na execução dos serviços, o que resulta na aplicação de um FIT de 15,0%.

Proximidade de Centros Urbanos


As observações e as aferições de campo realizadas pelo CENTRAN/EB apontaram para a
ocorrência de perdas de produção de diversos serviços executados em regiões sob influên-
cia de centros urbanos no entorno das rodovias.
Com intuito de compensar a influência negativa das interferências de tráfego, em função da
proximidade de centros urbanos, foram estimados, de forma cumulativa e proporcional ao
volume médio diário, em um percentual a ser definido entre 0 a 5,0%.
A redução da produção de alguns serviços em centros urbanos e áreas urbanizadas no en-
torno das rodovias pode ocorrer em função de congestionamentos, tráfego de pedestres,
bicicletas e motocicletas, vandalismos e roubos, restrições aos horários e locais de trabalho
e as diversas interferências com as redes locais de água, esgoto, energia, telefonia e cabea-
mento óptico.
A ocorrência de redução das velocidades médias e de perda de produção de serviços em
obras rodoviárias executadas em áreas urbanas já foram reconhecidas inclusive em relató-
rios de órgãos de controle.
O Acórdão nº 2450/2009-TCU-Plenário, por exemplo, entendeu como justificável a redução
das velocidades médias dos caminhões basculantes, quando comparadas às condições de
execução dos serviços em uma rodovia rural e em regiões próximas de áreas urbanas.

Metodologia
O Fator de Interferência de Tráfego deve ser calculado pelo projetista a partir do volume
médio diário de tráfego da região em que será executada a obra e das extensões dos cen-
tros urbanos no entorno, conforme abaixo.

contreinamentos.com.br 205
contreinamentos.com.br 206
Aplicação
No Sicro 2, a redução da eficiência era aplicada nas obras de restauração e conservação
apenas nos serviços de drenagem, de obras de arte correntes, de obras de arte especiais, de
sinalização e de obras complementares.
No SICRO, a aplicação do FIT incidirá sobre os serviços que estejam sujeitos à interferência
do tráfego. Para esse fim, as composições de custo indicarão com sinal “FIT ” quando a inci-
dência do FIT for aplicável ao serviço, cabendo ao orçamentista sua definição em função do
volume médio diário e da ocorrência de centros urbanos.

contreinamentos.com.br 207
PRODUÇÃO DE EQUIPE MECÂNICA

No planejamento de um serviço, a ação mais importante consiste seguramente no dimen-


sionamento de uma equipe mecânica que seja compatível ao tipo de obra e que contenha
equipamentos de desempenho similar. Esta medida tem por objetivo reduzir a ociosidade
de um equipamento em relação a outro ou ao líder da patrulha.
A produção de equipe mecânica de um serviço sempre corresponde a de seu equipamento
principal ou líder da patrulha, a qual condiciona a atuação dos demais, em função das dife-
rentes capacidades e produções.
Os métodos teóricos de cálculo de produção mecânica compreendem a utilização de fór-
mulas e ábacos específicos por tipo de equipamento. As fórmulas consideram diversas va-
riáveis intervenientes e que são função das características dos equipamentos e do serviço.
As principais variáveis intervenientes são: capacidade, velocidade, tempo de ciclo, consu-
mos, espessura, afastamento, espaçamento, profundidade e fatores de correção, cuja finali-
dade é ajustar os resultados teóricos às condições reais em que os serviços são executados.

Tempo de Ciclo
Os equipamentos geralmente realizam operações repetitivas, ou seja, trabalham em ciclos.
Entende-se por ciclo o conjunto de ações ou movimentos que o equipamento realiza desde
a sua partida, de uma determinada posição, até seu retorno.
Ou seja, o tempo decorrido entre essas duas situações é denominado “duração do ciclo” ou
“tempo total do ciclo”, o que determina um intervalo de tempo, durante o qual um equipa-
mento realiza certa quantidade de serviço.
A quantificação do serviço durante um ciclo e seu tempo total de duração são elementos
fundamentais para a determinação da produção unitária do equipamento, para o dimensio-
namento e o equilíbrio do restante dos equipamentos da patrulha, bem como para o cálculo

contreinamentos.com.br 208
da produção da própria equipe mecânica como um todo.

Equilíbrio das Equipes


O equilíbrio de uma patrulha de equipamentos consiste na seleção e quantificação de cada
um deles, de tal forma que a harmonia do conjunto resulte em uma produção de equipe
otimizada, ou seja, que tire o melhor partido de suas capacidades individuais.
Em primeiro lugar, é preciso definir quais tipos de equipamentos devem ser reunidos para
realizar a tarefa. Note-se que nem sempre este problema oferece uma única solução, sendo
a situação mais comum se dispor de várias opções, inclusive com diferenciação tecnológica.
Embora normalmente se disponha de mais de uma possibilidade de solução, as patrulhas
mecânicas adotadas como referência no SICRO são definidas em função de critérios técni-
cos e econômicos.
Em termos práticos, o equilíbrio da patrulha ocorre em torno do equipamento definido
como líder ou principal.
Em função disso, se obterá sempre maior economicidade no trabalho da patrulha mecânica
quando o equipamento escolhido for aquele de maior custo horário.
Definido o equipamento principal ou líder e conhecidas os seus parâmetros formadores e
o seu tempo de ciclo, deve ser calculada sua produção horária, o que também representa
consequentemente a produção do serviço.
O coeficiente obtido será utilizado na composição de custo unitária para o equipamento
principal da patrulha.
Para os demais equipamentos, os coeficientes unitários serão obtidos por meio da relação
entre a produção do equipamento principal e dos demais.

Variáveis Intervenientes
»» Afastamento - Distância, medida em metros, entre duas linhas de furos sucessivos ou da
face livre do plano de fogo necessário ao desmonte de rocha;
»» Capacidade - Volume nominal de material escavado (produzido) ou transportado por um
equipamento, medido em metros cúbicos;
»» Consumo - Quantidade de material aplicado pelo equipamento em uma unidade de me-
dida de serviço (m³/m², t/m³, l/m², etc.);
»» Distância - Espaço percorrido por um equipamento na execução de um serviço, medido
em metros.
»» Espaçamento - Distância entre furos sucessivos da mesma linha do plano de fogo neces-
sário ao desmonte de rocha, medida em metros;
»» Espessura - Altura de camadas em serviços de terraplenagem, de pavimentação ou de
superestrutura ferroviária, sendo normalmente medida em metros;
»» Fator de Carga - Relação entre a capacidade efetiva do equipamento e sua capacidade
nominal;
»» Fator de Eficiência - Relação entre o tempo de produção efetiva e o de produção nominal
de determinado equipamento.

contreinamentos.com.br 209
»» Fator de Conversão - Relação entre o volume medido ou pago, que obedece a um critério
objetivo de medição, e o volume efetivamente manipulado pelos equipamentos que dis-
põem de caçambas, reservatórios ou implementos equivalentes;
»» Largura de Operação - Espaço definido pelos implementos dos equipamentos, medido
em metros. Exemplo: largura da lâmina do trator, largura do tambor do rolo, largura da
caçamba de distribuidor de lastro, etc;
»» Largura de Superposição - Espaço superposto entre duas passadas de um mesmo equi-
pamento, medido em metros.
»» Largura Útil - Espaço nominal definido pelos implementos dos equipamentos, medido
em metros;
»» Número de Passadas - Repetição de passadas de um equipamento por uma mesma faixa
de camada, visando atingir as condições previstas em projeto;
»» Profundidade - Espessura máxima recomendada de uma camada de material a ser atin-
gida pela energia de compactação de um rolo compactador. No plano de fogo para des-
monte de rocha, representa a altura atingida na perfuração pela broca do equipamento
de perfuração, medida em metros.
»» Tempo Fixo - Tempo, medido em minutos, necessário às operações de carga, descarga e
manobras de um equipamento;
»» Tempo de Percurso - Intervalo de tempo, medido em minutos, gasto pelo equipamento
para ir carregado, do ponto de carregamento até o local de descarga;
»» Tempo de Retorno - Intervalo de tempo, medido em minutos, gasto pelo equipamento
para retornar vazio do local de descarga até o local inicial;
»» Tempo de Ciclo - Soma dos tempos fixos, dos tempos de percurso e de retorno, medido
em minutos.
»» Velocidade de Ida - Velocidade média, calculada em m/min, de um equipamento na ope-
ração de ida;
»» Velocidade de Retorno - Velocidade média, calculada em m/min, de um equipamento na
operação de retorno.

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Perdas de Produção
»» Além dos fatores referentes ao tempo e à capacidade dos equipamentos, perdas de pro-
dução também podem ocorrer em função de agentes externos à obra, a saber:
»» Chuvas excepcionais;
»» Interferências do tráfego;
»» Interferências do ambiente urbano.

Chuvas
O regime de chuvas da região tem grande importância na produção dos serviços de obras,
principalmente nos serviços de terraplenagem e pavimentação.
Os caminhos de serviço também são diretamente afetados pelas chuvas, impedindo inclusi-
ve o transporte temporário de materiais para as frentes de serviço.
As chuvas impõem paralisações que se prorrogam além do período de ocorrência, em fun-
ção da saturação do solo.

Interferências do Tráfego
Em obras de infraestrutura, o tráfego consiste em um importante fator de redução da pro-
dução dos serviços, em função de sua interferência com a operação dos equipamentos e do
próprio tráfego de caminhões da obra.
A interferência do tráfego ocorre pela restrição de velocidade de manobra das máquinas,
tempo de espera dos caminhões e tempo de preparação da sinalização e de desvios que
antecedem o início dos trabalhos.

Perdas de Produção
Interferência do Ambiente Urbano
A execução de obras em áreas urbanas sempre apresenta um nível de dificuldade superior
à construção em áreas rurais, sendo frequentes nestas situações a ocorrência de atrasos,
paralisações e aumento dos custos de execução.
Dentre os fatores que interferem nas atividades em áreas urbanas destacam-se os conges-
tionamentos, o tráfego de pedestres, de bicicletas e motocicletas e interferências com redes
de serviços (água, esgoto e energia).

Fatores de Correção
Os sistemas de custos referenciais do DNER/DNIT (Sicro 2 e SICRO) sempre utilizaram fa-
tores de correção para adequar as produções das equipes mecânicas, calculadas de forma
teórica, às condições mais próximas da realidade de execução dos serviços e obras.
No SICRO, são adotados os seguintes fatores de correção:
»» Fator de Eficiência;
»» Fator de Conversão;

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»» Fator de Carga.

Fator de Eficiência
O Fator de Eficiência consiste na relação entre o tempo de produção efetiva e o tempo de
produção nominal de determinado equipamento.
A aplicação do Fator de Eficiência mostra-se necessária para incorporar ao modelo das com-
posições de custos tempos de paradas incorridos naturalmente na execução dos serviços,
tais como alterações não programadas, preparação e manutenção das máquinas, desloca-
mento do equipamento entre frentes de trabalho, necessidades fisiológicas de operadores,
entre outras razões diversas.
No Sicro 2, as composições de custos eram diferenciadas pela natureza das obras por meio
da aplicação dos seguintes Fatores de Eficiência:
»» Construção rodoviária (50 min / 60 min = 0,83);
»» Restauração, melhoramentos e adequação de capacidade (45 min / 60 min = 0,75);
»» Conservação rodoviária (40 min / 60 min = 0,67).

No SICRO, os custos dos serviços de restauração rodoviária são calculados inicialmente com
o mesmo fator de eficiência do que as obras de construção (0,83), permitindo-se, entretan-
to, a diferenciação posterior por meio do Fator de Interferência de Tráfego - FIT, quando da
elaboração do orçamento do projeto.
De forma similar, para os serviços de conservação, foi definido um fator de eficiência inicial
de 0,75, com possibilidade também de ajustes por meio do FIT.

Fator de Conversão
O Fator de Conversão é utilizado com objetivo de ajustar as capacidades nominais dos equi-
pamentos, definidas em unidades de volume, às unidades de medida e critérios de paga-
mento dos serviços referenciais.
O Fator de Conversão é obtido a partir da relação entre o volume medido ou pago, que obe-
dece a um critério objetivo de medição, e o volume manipulado pelos equipamentos que
dispõem de caçambas, reservatórios ou implementos equivalentes.
Nos serviços de terraplenagem e de pavimentação, o Fator de Conversão consiste na relação
entre o volume do material em sua condição natural ou compactada e o volume deste mes-
mo material quando manipulado.
Nas operações de escavação, carga e transporte, o Fator de Conversão representa a relação
entre o volume do corte e o volume do material transportado. Nestas condições, o inverso
do Fator de Conversão representa o Fator de Empolamento do material.
Nos demais serviços do SICRO, o Fator de Conversão é utilizado para compatibilização das
capacidades dos equipamentos às unidades de medida dos serviços.
No SICRO, são adotados os seguintes Fatores de Conversão:
Materiais de 1ª Categoria

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»» FC = 1,0 m3 / 1,25 m3 = 0,80;
Materiais de 2ª Categoria
»» FC = 1,0 m3 / 1,39 m3 = 0,72;
Materiais de 3ª Categoria
»» FC = 1,0 m3 / 1,75 m3 = 0,57.

Fator de Carga
O Fator de Carga consiste na relação entre a capacidade efetiva de um equipamento e a sua
correspondente capacidade geométrica ou nominal.
No SICRO, foram adotados os seguintes Fatores de Carga:
»» Materiais de 1ª Categoria = 0,90;
»» Materiais de 2ª Categoria = 0,80;
»» Materiais de 3ª Categoria = 0,70.

No caso dos caminhões basculantes utilizados nos serviços de escavação, carga e transpor-
te, as aferições de campo indicaram a necessidade de ajustes aos fatores de carga destes
equipamentos, conforme apresentado abaixo:
»» Materiais de 1ª Categoria = 1,00;
»» Materiais de 2ª Categoria = 1,00;
»» Materiais de 3ª Categoria = 1,00;
»» Solos Moles = 0,80.

Em consonância às aferições de campo realizadas durante o processo de revisão do SICRO,


também identificou-se a necessidade de se proceder ajustes aos fatores de carga das esca-
vadeiras hidráulicas, conforme abaixo:
»» Materiais de 1ª Categoria = 1,00;
»» Materiais de 2ª Categoria = 0,80;
»» Solos Moles = 0,80.

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AJUSTES NOS FATORES DE CORREÇÃO

MASSAS ESPECÍFICAS

Solos e Agregados
Os solos podem se apresentar em três condições, a saber:
»» Solo no estado natural, com massa específica natural referida ao corte;
»» Solo solto é aquele que, logo após o corte ou desmonte, sofre expansão de volume, com
massa específica solta;
»» Solo compactado é aquele que sofre redução volumétrica pela diminuição dos índices
de vazios, realizada por meio do emprego de equipamentos, com massa específica dita
compactada.
Quando se procede a escavação de um terreno, os solos que anteriormente se encontra-
vam em condição natural e sujeitos a um estado de compactação inicial, em função de seu
próprio processo de formação, tendem a sofrer expansão volumétrica, denominada empo-
lamento.
De forma similar, os solos escavados e em condição solta, quando submetidos à ação de
equipamentos especiais, sofrem diminuição de volume e redução do índice de vazios, em
operação denominada compactação.
A compactação tem por objetivo aumentar a resistência dos solos sob ação de cargas exter-
nas, reduzir possíveis variações de volume advindas das cargas ou da percolação de água,
além de impermeabilizar os solos.

contreinamentos.com.br 216
Em virtude de suas características granulométricas, das partículas sólidas e da consequente
interação com as partículas de água, os solos naturais apresentam variações volumétricas
diferentes.
Quanto maior a presença de finos, maior será a tendência dos solos apresentarem expan-
são volumétrica quando submetidos à escavação em sua condição natural.
Em que pese a reconhecida ocorrência destas variações, o SICRO requer a definição de
referências de massas específicas de materiais que permitam a conversão dos volumes nas
operações de escavação, carga e transporte dos solos e agregados, particularmente no cál-
culo dos momentos extraordinários de transporte.

Misturas
As camadas dos pavimentos rodoviários são normalmente executadas por meio da confec-
ção de misturas envolvendo diversos materiais, notadamente solos, agregados, produtos
britados, cimento, cal, aditivos, estabilizantes químicos e ligantes asfálticos.

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Materiais Diversos

FATOR DE INFLUÊNCIA DE CHUVAS

Os efeitos das chuvas nas obras rodoviárias dependem das propriedades do solo, tais como
textura, granulometria, permeabilidade, declividade do terreno, cobertura vegetal, etc.
Com intuito de compensar a influência negativa da chuva e de condições climáticas desfavo-
ráveis sobre a produção dos equipamentos e da mão de obra, o novo SICRO adotou o Fator
de Influência de Chuvas - FIC a ser aplicado sobre o custo unitário de execução de alguns
serviços.
Por se tratar de um fator médio calculado por unidade da federação (26 estados e o Distri-
to Federal), as diferenças climáticas entre as mesorregiões dentro de uma mesma unidade
não foram passíveis de qualificação.
Nesse sentido, recomenda-se ao orçamentista avaliar, ainda durante a fase de elaboração
dos projetos, se a região das obras apresenta comportamento pluviométrico aderente ao
respectivo FIC calculado e sugerido para a unidade da federação correspondente.

Metodologia
A metodologia do SICRO estabelece que o FIC é calculado em função dos seguintes fatores:
FIC = fa x fp x fe x nd
onde fa representa o fator da natureza da atividade; fp representa o fator de permeabi-
lidade do solo; fe representa o fator de escoamento superficial; nd representa o fator de
intensidade das chuvas, que expressa o percentual médio de dias efetivamente paralisados
em função das chuvas.

contreinamentos.com.br 218
Fator da Natureza da Atividade
Os serviços classificados no SICRO com fatores da natureza da atividade iguais a 0,25, 0,50,
1,00 e 1,50 sofrem influência da chuva durante a sua execução.
Os serviços com fator igual a 1,50 sofrem maior influência das chuvas regulares em relação
à condição normal, enquanto aqueles classificados com fator 0,25 sofrem menor influência
das chuvas.

Fator de Permeabilidade dos Solos


A permeabilidade consiste na propriedade que representa a maior ou menor dificuldade
com que a percolação da água ocorre nos poros dos solos.
Nos materiais granulares não coesivos, como as areias, há uma grande porosidade o que
facilita o fluxo de água através dos solos, enquanto que nos materiais finos e coesivos, como
as argilas, ocorre exatamente o inverso.
Na ausência de informações a respeito da composição granulométrica do subleito ou dos
materiais constituintes dos aterros e das camadas de pavimentação, deverá ser adotado
um fator de permeabilidade igual a 0,75, que representa a ocorrência de solos argilo-areno-
sos ou areno-argilosos, de grande distribuição espacial em praticamente todo o território
nacional.

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Fator de Escoamento Superficial
O escoamento superficial pode ser definido como o movimento das águas na superfície
terrestre, em função da intensidade e do período das chuvas terem ultrapassado a taxa de
infiltração os solos.
A presença da cobertura vegetal em campos ou em áreas gramadas, contribui para diminuir
o escoamento superficial. Na maioria das obras de infraestrutura, o terreno encontra-se
livre da presença vegetal.
A parcela de infiltração dos solos é inversamente proporcional à declividade do terreno, ou
seja, regiões mais baixas tendem a sofrer mais influência das chuvas.
A declividade, no sentido longitudinal, tem um efeito neutro sobre o fator de escoamento
superficial, pois facilita a movimentação da água nas partes elevadas e dificulta nas partes
inferiores do terreno.
A influência do escoamento superficial mostra-se menos efetiva que a causada pela nature-
za da atividade ou pela permeabilidade dos solos.
Considerando que as declividades ocorrem de forma simultânea e que a declividade trans-
versal das obras de infraestrutura situa-se na faixa entre 1% e 5%, sugere-se, na ausência de
informações mais detalhadas de projeto, a adoção de um fator de escoamento superficial
de 0,95.

Fator de Intensidade de Chuvas


Da precipitação inicial que atinge o solo, parte da água sofre infiltração, parte fica retida em
depressões, parte fica aderente às partículas sólidas como película, sujeita à evaporação, e
parte se escoa pela superfície.
Durante as chuvas, ocorre a paralisação dos serviços em função de sua intensidade. Tão logo
as chuvas se encerram, as atividades são retomadas. Chuvas de maior intensidade tendem
a influenciar mais a dinâmica dos serviços em função da ação da água absorvida pelo solo.

Com intuito de minimizar os efeitos, medidas podem ser adotadas para aumentar o escoa-
mento superficial:
»» Adoção de inclinações adequadas dos subleitos, plataformas de trabalho e de valas de
drenagem. Inclinações de 1% a 2% podem garantir que parcelas mínimas da chuva sejam
absorvidas;

contreinamentos.com.br 220
»» Adoção de proteção das pistas de trabalho e dos depósitos de materiais com coberturas
de lona ou plástico.

O Fator de Intensidade de Chuvas é definido em função do valor médio dos dias paralisados
e calculado a partir das intensidades diárias das chuvas, em períodos de oito horas de traba-
lho, descontando-se os domingos.
Em função do registro da intensidade diária das chuvas em diferentes postos, torna-se pos-
sível calcular o fator de intensidade relativo aos dias paralisados em função das chuvas, para
todas as unidades da federação.

Fator de Intensidade de Chuvas

onde nd é a média da soma das parcelas dos dias efetivamente paralisados no mês; xi re-
presenta a intensidade da chuva em 8 horas do dia (chuva diária / 3), em mm; n é o número
de dias no período considerado.

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Acórdão 971/2020-Plenário (Apreciou auditoria do TCU no Sicro):
III.5 – Do Fator de Influência de Chuvas (FIC)
Trato agora do monitoramento do subitem 9.1.7 do Acórdão 98/2011-Plenário, para que fos-
se desenvolvida metodologia para a adequada consideração da influência de chuvas excep-
cionais sobre a realização dos serviços e obras de engenharia rodoviária. A meu ver, trata-se
da questão de maior complexidade técnica a ser monitorada, de forma que, para melhor
entendimento da matéria, exporei sucintamente a metodologia adotada pelo novo Sicro.
(...)
Feita essa breve exposição sobre a metodologia envolvida no cálculo do FIC, em análise pre-
liminar, cabe a mesma observação que tive ao apreciar o FIT no sentido de que as premissas
adotadas para o fator de chuvas, embora estejam aparentemente adequadas do ponto de
vista qualitativo, precisam ser validadas do ponto de vista quantitativo.
Contudo, no caso do FIC, vejo outros aspectos conceituais mais importantes que devem ter
o exame aprofundado. Inicialmente, o exemplo acima demonstra que o referido fator está
incidindo sobre o custo horário de execução do serviço, que é em sua maior parte composto
pelos custos horários produtivos dos equipamentos. De plano, tal incidência me parece ina-
propriada, pois a ocorrência de chuvas ocasiona a ociosidade das equipes e equipamentos,
que ficam parados, com motor desligado e sem incidirem em típicos custos operativos, tais
como gastos com manutenção e com combustível.
Assim, a eventual ocorrência de chuvas deveria repercutir apenas sobre o custo improdutivo
do maquinário, situação em que não há consumo de combustíveis, lubrificantes e outros
gastos com manutenção.
O terceiro e mais importante aspecto relacionado ao novo FIC é conceitual. Meu entendi-
mento preliminar da matéria é que a ocorrência de chuvas e outras condições climáticas são

contreinamentos.com.br 224
típicas situações impossíveis de se prever devendo ser tratadas como risco ou contingência
na taxa se BDI do orçamento, e não como um fator a ser incluso sobre o custo direto de
execução dos serviços.
No exemplo acima, é fácil observar essa inadequação conceitual do FIC, visto que a compo-
sição de custo unitário versa sobre o serviço de escavação executado no Estado do Rio de
Janeiro. Ora, se o serviço for executado em um típico período de estiagem, sem a ocorrência
de chuvas, o FIC de R$ 0,08/m3 estaria onerando indevidamente o valor do serviço, já que
não ocorreram precipitações. Por outro lado, tal valor pode ser insuficiente para custear os
gastos oriundos de chuvas em um típico mês chuvoso no Rio de Janeiro.
A incerteza inerente não apenas quanto ao período de execução do serviço, mas também
quanto a outros fatores (tipo de solo, declividade, período do dia em que a chuva ocorre,
etapa da obra em execução etc.), me fazem crer que as despesas com ocorrências climáticas
não podem ser tratadas como custo direto da obra, devendo estar contempladas na taxa de
risco do BDI.
No âmbito dos Acórdãos 2.514/2015-Plenário e 1.637/2016-Plenário, de minha relatoria, o
TCU acolheu a tese de que não é aceitável a inclusão do “fator chuva” nos orçamentos de
obras rodoviárias, pois a precipitação de chuvas ordinárias não repercute de modo significa-
tivo sobre os custos dos empreendimentos, além de ser contrabalanceada por fatores não
considerados pelo Sicro na formação do preço de referência, como fator de barganha, eco-
nomia de escala, valor residual subestimado no cálculo das depreciações dos equipamen-
tos, produtividades ultrapassadas, entre outros. Na ocasião, assinalei que “desde a prolação
do Acórdão 2.061/2006-Plenário, em 8/11/2006, o Tribunal passou a rejeitar a inclusão do
‘fator chuva’ nos orçamentos de obras rodoviárias”. Esse entendimento baseou-se no fato
de que a mera ocorrência de chuvas ordinárias não deveria repercutir sobre os custos con-
signados no Sicro, “porque a influência das precipitações seria pouca sobre o total contrata-
do e seria contrabalançada por outros fatores não considerados pelo sistema orçamentário
(fator de barganha e fator de escala para compra dos insumos, valor residual subestimado
no cálculo das depreciações dos equipamentos, produtividades ultrapassadas, etc.)”.
Cabe aqui observar que a deliberação ora monitorada, presente no acórdão 9.1.7 do Acór-
dão 98/2011-Plenário, versou sobre chuvas excepcionais, ao passo que o Dnit foi além e de-
senvolveu metodologia para chuvas ordinárias, incluindo o FIC em toda e qualquer situação
no orçamento de obra rodoviária.
Ainda que fosse admitida a incidência de tal fator, é discutível que seu cálculo ocorra segun-
do a metodologia adotada pelo novo Sicro, pois, como já enfatizado, as chuvas não podem
repercutir sobre o custo horário produtivo das equipes mecânicas. As precipitações causam
aumento apenas dos custos improdutivos dos equipamentos em virtude dos períodos ocio-
sos.
Nos processos de controle externo, com frequência é refutado o argumento de aplicação de
um fator redutor (ou “fator chuva”) nos fatores de eficiência, para fins de compensação das
horas paradas em virtude de clima adverso. Ao admitir tal fator redutor, na prática significa
remunerar os períodos em que os equipamentos estão parados em virtude de chuvas pelos
seus custos operativos, que consideram gastos com combustíveis, com manutenção e com
operação dos equipamentos, o que foge à realidade, visto que as máquinas se encontram
paradas, aguardando melhores condições de trabalho. Nesse sentido, cito trecho do rela-
tório que fundamentou o  Acórdão 1.537/2010-Plenário, cuja relatoria foi conduzida pelo
Ministro José Múcio Monteiro:

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(...)
No mesmo sentido, cito os Acórdãos 859/2009, 1.922/2011, 278/2008 e 396/2011, todos do
Plenário. Portanto, fica claro que as chuvas influenciam apenas no custo improdutivo da
patrulha mecânica, e de maneira alguma no custo operativo.
Reconheço que a inclusão do FIC no novo Sicro ocorreu em virtude da determinação cons-
tante do subitem 9.1.7 do Acórdão 98/2011-Plenário, mas penso que tal determinação po-
deria ser revista, visto que está longe de ser uma unanimidade entre os ministros desta Cor-
te de Contas. Além da jurisprudência colacionada acima, faço menção à recente discussão
havida na apreciação do TC 027.712/2006-8, na qual a Ministra Ana Arraes proferiu o voto
vencedor do Acórdão 528/2020-Plenário com quórum apertado, refutando a aceitação de
qualquer margem de aceitação em orçamentos de obras rodoviárias em virtude da ocorrên-
cia de chuvas ordinárias. A votação ocorrida naquele feito terminou empatada e teve que
ser decidida por meio do voto do Ministro-Presidente do TCU.
Também é oportuno relembrar a situação observada no Acórdão 2.007/2017-Plenário, de
minha relatoria, que tratou do exame da denominada “verba de chuva” incluída nas con-
tratações realizadas pela Petrobras. No aludido decisum, foi determinado à estatal que se
abstivesse de prever, em seus instrumentos contratuais, o pagamento de indenização às
contratadas em virtude da ocorrência de chuvas e descargas atmosféricas, tendo em vista o
farto histórico de ineficiências e sobrepreços verificados nos contratos que contemplaram
tal metodologia.
Embora a metodologia que era adotada pela Petrobras seja distinta da empregada pelo
novo Sicro, entendo que as conclusões e lições aprendidas naquele feito possam ser extra-
poladas para o caso concreto ora em exame.
A metodologia usada pela Petrobras tornava a não execução da obra muito mais rentável
para as construtoras do que o regular faturamento de serviços prestados. Na prática, a enti-
dade contratante assumiu o risco decorrente da ocorrência de chuvas e descargas elétricas,
o que impediu que houvesse competição entre os licitantes quanto ao preço da administra-
ção desses riscos pelos próprios contratados e aumentou a burocracia havida na fiscaliza-
ção dos ajustes e no controle dos pagamentos. A metodologia do Dnit também acaba por
aumentar a dificuldade de realizar a estimativa de custo da contratação.

METODOLOGIA DE CÁLCULO DO CUSTO HORÁRIO DOS EQUIPAMENTOS

• Custos de Propriedade
Depreciação (Dh)

• Custo de oportunidade do capital (Jh)


Seguros e impostos (Ih)

• Custos de Manutenção
Material/rodante pneus
Partes de desgaste

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Reparos em geral

• Custos de Operação
Combustível (Cc)
Filtros e lubrificantes
Mão de obra de operação (Cmo)

Custo Horário Produtivo:


CHP = Dh + Jh + Mh + Cc + Cmo + Ih

Custo Horário Improdutivo


CHI = Cmo + Ih + Dh + Jh

O Sicro 2 considerava apenas o custo da mão de obra de operação (Cmo) para o custo ho-
rário improdutivo.

REVISÃO DOS COEFICIENTES DE DEPRECIAÇÃO E VALOR RESIDUAL DOS EQUIPAMENTOS

Por meio do Acórdão 534/2003-2ª Câmara, o TCU determinou que o Dnit realizasse estudos
para rever os valores residuais, vida útil e as taxas de depreciação dos equipamentos, o que
foi reiterado pelo Acórdão 98/2011-Plenário.
O novo Sicro alterou de fato a sistemática de cálculo dos custos horários do equipamento,
realizando a revisão de diferentes parâmetros, tais como vida útil, horas trabalhadas por
ano, valor residual, custos de manutenção e consumo de combustível.
Para exemplificar algumas das mudanças ocorridas, o equipamento E9579 - Caminhão bas-
culante com capacidade de 10 m³, equipamento amplamente empregado em obras rodo-
viárias e de maior representatividade nos seus orçamentos, tem o custo horário calculado
pelo novo Sicro a partir dos seguintes parâmetros (Manual de Custos de Infraestrutura de
Transportes, volume 3, página 48):
 Vida útil (anos): 6,00
»» Valor residual (%): 40,00
»» HTA (h/ano): 2.000,00
No antigo sistema Sicro-2, o equipamento semelhante tinha o custo horário de depreciação
apropriado com base nos seguintes fatores (Manual de Custos Rodoviários, volume 1, pági-
nas 57 e 62):
»» Vida útil: 6,00 anos (condições leves de operação); 5,3 anos (condições médias); ou 4 anos
(condições pesadas)
»» Valor residual (%): 20,00
»» HTA (h/ano): 2.000,00

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O que se percebe é que o valor de horas trabalhadas por ano ficou inalterado para esse equi-
pamento, assim como a vida útil, no caso de condições leves de operação, que eram predo-
minantes em obras rodoviárias. O valor residual do equipamento utilizado como exemplo
sofreu alteração de 20% para 40%, o que deve resultar na diminuição do custo horário de
depreciação.
Idade média da frota de caminhões em circulação no Brasil. Segundo dados compilados
pela ANTT, a idade média deste tipo de veículo é de 12 anos, conforme indicado na tabela a
seguir (disponível em http://portal.antt.gov.br/index.php/content/view/20272/Idade_Media_
dos_Veiculos.html), que demonstra que o valor da depreciação horária do caminhão pode
estar superestimado pelo novo Sicro em virtude do parâmetro de vida útil aparentemente
reduzido em relação à realidade brasileira

METODOLOGIA PARA CÁLCULO DA DEPRECIAÇÃO E DO CUSTO DE OPORTUNIDADE

O Sicro-2 adotava como premissa que o único custo improdutivo do equipamento corres-
pondia ao salário do seu operador acrescido dos respectivos encargos sociais.
No novo Sicro também foram inclusos no custo improdutivo do maquinário a parcela de
depreciação e de custo de oportunidade, utilizando uma equação que, em juízo preliminar,
apresenta uma inconsistência matemática, nos termos a seguir explicitados.
O Sinapi, embora considere os custos de oportunidade e depreciação nos custos improdu-
tivos dos equipamentos, adota metodologia de cálculo com uma importante diferenciação
da utilizada pelo novo Sicro, dividindo o valor de reposição do equipamento pelo número
total de horas disponíveis, composto pela soma das horas trabalhadas e improdutivas do
maquinário.
Por sua vez, o novo Sicro faz a simples divisão do valor de reposição do equipamento pelas
horas trabalhadas, o que gera uma aparente inconsistência matemática ao computar tal de-
preciação tanto para as horas produtivas quanto para as horas improdutivas das máquinas.
A fórmula utilizada pelo Dnit no âmbito do antigo Sicro-2 para o cálculo da depreciação era
a seguinte:

contreinamentos.com.br 228
Em que os termos “Dh”, “Va”, “R”, “n” e “HTA” representam, respectivamente, a depreciação
horária do equipamento, o seu valor de aquisição, o valor residual, a vida útil em anos e a
quantidade de horas trabalhadas por ano pelo maquinário. O numerador da fórmula acima
é usualmente definido como o valor de reposição do equipamento.

A equação adotada pelo Sinapi difere ligeiramente da utilizada pelo antigo sistema do Dnit:

Na equação acima, extraída do Manual de Metodologias e Conceitos do Sinapi, o termo


HDA corresponde às horas disponíveis do equipamento por ano, considerada pelo sistema
como 125% das horas trabalhadas por ano (HTA). Dito de outra forma, as horas produtivas
dos equipamentos do Sinapi (HTA) correspondem a 80% das horas de máquina disponíveis
(HDA).
Assim, embora o Sinapi considere os custos de propriedade (depreciação e juros) tanto nos
custos operativos quanto nos custos improdutivos, houve um ajuste nas equações de cál-
culo.
Se tal ajuste não fosse realizado, ao término da vida útil do equipamento teria sido apropria-
do um montante de depreciação superior ao necessário para a reposição do equipamento.
Tal fato ocorre porque a vida útil do equipamento é composta por horas operativas e impro-
dutivas, que somadas representam as horas disponíveis da máquina (HDA), mas a equação
do Sicro-2 dividia o valor de reposição do equipamento (Va – R) apenas pelas horas efetivas
de trabalho (HTA) e, por isso, considerava a depreciação incidente apenas no custo operati-
vo do equipamento.
A fórmula de cálculo da depreciação utilizada pelo novo Sicro é idêntica àquela empregada
pelo antigo sistema, conforme se observa no Manual de Custos de Infraestrutura de Trans-
portes, volume 1, página 108), porém, a depreciação é incluída tanto no custo operativo
quanto no custo improdutivo dos equipamentos, ocasionando uma evidente superestima-
tiva da depreciação.
Sem sombra de dúvidas, é possível afirmar que, seguindo a metodologia preconizada pelo
novo Manual de Custos de Infraestrutura de Transportes, ao final da vida útil do equipamen-
to, haverá o pagamento de um custo total de depreciação superior ao valor de reposição da
máquina.
A metodologia empregada pelo novo Sicro, de incluir a parcela de depreciação também nos
custos improdutivos, exigiria novo cálculo dessa rubrica tanto nos custos operativos quanto
nos custos improdutivos dos equipamentos.
Se por um lado a inclusão da depreciação no custo improdutivo dos equipamentos elevará o
seu valor, por outro lado, haverá igual redução no correspondente custo operativo. Lembro
que, ao final da vida útil, o valor acumulado de depreciação deve corresponder efetivamente
ao custo de reposição do maquinário.

contreinamentos.com.br 229
Assim, a depreciação horária terá um determinado valor se for considerada apenas no custo
horário operativo do equipamento, mas, se for apropriada tanto na hora improdutiva quan-
to produtiva da máquina, seu valor será amortizado em uma quantidade maior de horas,
resultando em um menor valor horário de depreciação.

Observa-se que a metodologia do


novo Sicro gera um valor matema-
ticamente incoerente no valor total
de depreciação ao longo da vida útil
do equipamento, pois o montante
da depreciação é R$ 225.000,00, ao
passo que o valor de reposição do
mesmo é R$ 180.000,00. Seria mais
adequado que o novo Sicro tivesse
seguido a mesma metodologia de
cálculo do custo horário do equipa-
mento empregada atualmente pelo
Sinapi, conforme ilustrado na tabe-
la a seguir, em que se observa que
o valor total da depreciação na vida
útil está aderente ao valor de reposi-
ção do maquinário:

contreinamentos.com.br 230
PRODUTOS ASFÁLTICOS

Os produtos asfálticos necessários à pavimentação rodoviária são classificados e comercia-


lizados em 4 (quatro) formas distintas, a saber:
»» Cimentos asfálticos de petróleo - CAP (CBUQ, PMQ, tratamentos superficiais, etc.);
»» Asfaltos diluídos de petróleo - ADP (imprimação);
»» Emulsões asfálticas - EA (pintura de ligação e tratamentos superficiais);
»» Asfaltos modificados.

Fonte: Consolidação do Sicro 2018/DNIT

contreinamentos.com.br 231
A aquisição e o transporte de produtos asfálticos nas obras rodoviárias constituem serviços
relevantes dos orçamentos, a saber:
»» De 8 a 12% nas obras de implantação e de pavimentação;
»» De 10 a 20% nas obras de conservação rotineira;
»» De 15 a 20% nas obras de restauração;
»» De 25 a 35% nas de revitalização de pavimentos.

Formação de Preços na Base da ANP


»» De forma a atender à determinação contida no Acórdão 2649/2007-TCU-Plenário e tam-
bém consubstanciada nas Resoluções nº 27 e 28, ambas de 18 de setembro de 2008, a
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP iniciou o acompa-
nhamento da série de preços de distribuição dos produtos asfálticos.
»» A partir dos dados enviados pelas distribuidoras, preços médios são calculados, inicial-
mente apenas por região, ponderados por volume comercializado, de uma cesta consti-
tuída por 23 produtos asfálticos.

A partir de janeiro de 2013, por determinação do Acórdão nº 3081/2012-TCU-Plenário, a


ANP passou a divulgar os resultados do acompanhamento de preços realizados de duas
formas, a saber:
»» Publicação dos preços médios regionais;
»» Publicação dos preços médios e ponderados dos produtos asfálticos, consolidados por
unidade da federação, sempre que houver informação de, no mínimo, três empresas do
ramo, em atendimento ao subitem 9.2.2 do referido acórdão.

contreinamentos.com.br 232
Em virtude da adesão das empresas concessionárias ao Regime Especial de Incentivos para
o Desenvolvimento da Infraestrutura - REIDI, o que lhes permitiu suspender o recolhimento
de PIS e COFINS, ocorreram distorções na base de preços da ANP. Para solucionar esta ques-
tão, foi publicada a Resolução ANP nº 35/2016, por meio do qual foram excluídas as parcelas
referentes aos tributos PIS e COFINS dos preços informados pelas distribuidoras de asfaltos
e dos preços médios divulgados em seu endereço eletrônico a partir de outubro de 2016.

Portaria DNIT nº 1977/2017


Os produtos asfálticos terão seus preços de referência definidos em função do binômio
“aquisição + transporte”, definindo-se a solução mais vantajosa em função do conhecimento
do acompanhamento de preços realizado e divulgado pela ANP e da natureza do transporte.
Os produtos asfálticos terão seus preços de aquisição definidos em função do acompanha-
mento realizado pela ANP, acrescidos das respectivas alíquotas de ICMS, PIS/PASEP, COFINS
e do BDI diferenciado.
Os custos de referência para o transporte rodoviário dos produtos asfálticos serão calcula-
dos a partir das equações tarifárias apresentadas na tabela abaixo e definidas em função da
natureza do transporte, das condições do pavimento e das distâncias de transporte envol-
vidas.

contreinamentos.com.br 233
Equações tarifárias de transporte fluvial dos materiais asfálticos
A Portaria DNIT nº 434 2017 publicada no DOU de 15 de março de 2017 complementou a
Portaria DNIT nº 1078 2015 ao propor metodologias e apresentar equações tarifárias para o
transporte fluvial de materiais asfálticos
O estudo desenvolvido apontou para duas alternativas de transporte fluvial, a saber:
Transporte com utilização de empurrador e balsas com tanques isotérmicos (Alternativa 01)
Transporte com utilização de empurrador e balsa de convés com cavalo mecânico e semi
reboques com tanques isotérmicos (Alternativa 02)

Portaria DNIT nº 1977/2017


As referidas equações tarifárias são constituídas por duas parcelas definidas, a saber: uma
parcela fixa, relacionada aos tempos de carga, descarga e manobras, e uma outra parcela
variável relacionada ao momento de transporte.
A origem do cimento asfáltico de petróleo e do asfalto diluído de petróleo será sempre
definida no local das refinarias da Petrobras ou nas cidades caracterizadas como polos de
distribuição dos estados.
No caso das emulsões asfálticas e dos asfaltos modificados, sua origem será definida nas
distribuidoras mais próximas à localização das obras. A adoção deste critério objetiva redu-
zir as distorções na ponderação de preços e quantidades na base de preços da ANP.
Os custos dos produtos asfálticos serão obtidos por estudo comparativo com, pelo menos, 3
(três) origens diferentes, definindo-se como referência a condição mais vantajosa em função
do binômio “aquisição + transporte”.
O estudo comparativo em questão constitui parte integrante do projeto e deverá constar,
para fins de comprovação, da documentação mínima necessária à aprovação dos projetos
e anteprojetos.
Na inexistência de preço de algum produto asfáltico na unidade da federação, deverão ser
utilizados os preços regionais da ANP, adotando-se como referência a localização das refina-

contreinamentos.com.br 234
rias mais próximas à obra.
Caso ainda persista a impossibilidade de definição dos preços de algum produto asfáltico,
deverão ser utilizados os preços nacionais da ANP, adotando-se como referência a localiza-
ção da refinaria mais próxima.
Para os demais produtos asfálticos não contemplados no acompanhamento de preços da
ANP, a definição dos preços de referência será realizada por meio de cotações realizadas
junto a distribuidoras de asfaltos.

BDI NO NOVO SICRO

Fatores Condicionantes
»» Prazo da obra;
»» Porte da obra;
»» Porte da empresa;
»» Tipos de obra;
»» Localização e características especiais;
»» Problemas operacionais;
»» Situações conjunturais;
»» Prazos e condições de pagamento.

Parcelas Constituintes
As parcelas que constituem a taxa de benefícios e despesas indiretas no SICRO são apresen-
tadas abaixo:
»» Despesas Indiretas
»» Administração Central; Despesas Financeiras; Seguros e Garantias Contratuais;
Riscos
»» Benefícios (Lucro)
»» Tributos

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Lucro

Administração Central

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Despesas Financeiras

Seguros e Garantias Contratuais

Riscos

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ISS

CPRB

Natureza e Porte das Obras

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BDI – OBRAS NÃO DESONERADAS

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BDI REDUZIDO

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contreinamentos.com.br 241
COMPARATIVO SICRO X SINAPI PARA ORÇAMENTAÇÃO DE INFRAESTRUTURA

Apresentação de Estudo de Caso


Para esse exemplo prático, será adotado o projeto-padrão de pavimentação asfáltica do
Sinapi que contempla as seguintes características:
»» Área de pavimentação: 1.146,32 m²
»» Extensão da via: 150,00m
»» Largura da via: 7m

Descrição: pavimentação asfáltica com terraplenagem e compactação do subleito (20 cm),


base e sub-base com brita graduada simples (15 cm cada) e capa asfáltica em Concreto Be-
tuminoso Usinado a Quente - CBUQ (4 cm) com capa selante. Inclui drenagem superficial
em loteamento com área total inferior a 10 hectares.
Sistema construtivo: terraplenagem tipo corte em caixão sem reforço de subleito, sub-ba-
se solo-brita (50/50), base solo-brita (50/50), imprimação, pintura de ligação, capa 1 CBUQ,
capa 2 selante e sinalização horizontal.
Ponto de Iluminação Pública contendo luminária LED, relé fotoelétrico e braço em aço gal-
vanizado.
Os desenhos a seguir ilustram o projeto a ser orçado:

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SICRO X SINAPI NA INFRAESTRUTURA

Opiniões do Instrutor

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OFICINA
A IMPLANTAÇÃO DO BIM SEGUNDO
AS DIRETRIZES DO DECRETO
10.306/2020

HAMILTON BONATTO
INTRODUÇÃO

»» A construção civil brasileira: evolução e a comparação com outros setores da economia;


»» As revoluções industriais e a construção civil.

BUILDING INFORMATION MODELING – IMPLANTAÇÃO E CONTRATAÇÃO

»» LONDRES SÉCULO XIX 

contreinamentos.com.br 248
O MUNDO JÁ PASSOU POR 3 (TRÊS) REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS.

»» 1ª - tecnologia a vapor, com o uso do carvão como fonte de energia com uma transfor-
mação radical do transporte, facilitado pelos trens;
»» 2ª - avanços da indústria química, elétrica e do aço, a utilização dos derivados de petróleo
como fonte de energia e o uso dos maquinários em diversas atividades industriais;
»» 3ª - da informática, elevando totalmente a velocidade das informações, das comunica-
ções e das transações, o surgimento da Internet of Thinks – IoT, a interconecção digital
de objetos cotidianos com a internet.
»» Já se atribui uma 4ª revolução industrial – fruto das 3 anteriores, o conceito está ligado ao
de Indústria 4.0, modelo empresarial que já tinha como objetivo utilizar todas as tecnolo-
gias atualmente disponíveis para gerar conhecimento e produtividade.

contreinamentos.com.br 249
A indústria da construção civil, no entanto, não teve o mesmo desenvolvimento tecnológico.
Em que pese haver certa modernização, cerca de 99% da base construtiva é a mesma de 100
anos atrás (SEHABSP, 2020). Além de não incorporar grandes mudanças no último século,
sua produtividade decresceu.
Um relatório da instituição Mackenzie concluiu que nos últimos 15 anos a produtividade da
construção civil, que é comparada com Malázia, Nigéria, Tailândia, cresceu somente 1%, en-
quanto que a produtividade da economia foi 6 (seis) vezes maior. Esse delta gera uma perda
de 1,6 trilhões de dólares, o que daria para atender metade de toda necessidade mundial de
infraestrutura (BARBOSA, 2017).
A construção civil também passou e passa por problemas que precisam encontrar uma solu-
ção. Assim como a tecnologia e a evolução salvaram as cidades de se afundar no caos ante-
riormente descrito, ao que parece, precisam também solucionar o caos perene da constru-
ção civil, caracterizado pelos projetos mal elaborados, pela baixa produtividade, pelo longo
tempo de execução das obras, pelos materiais ultrapassados, pelos sistemas construtivos
obsoletos e pelas metodologias arcaicas.

contreinamentos.com.br 250
ALGUNS PROBLEMAS FREQUENTES NA CONSTRUÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS

»» Incompatibilidade entre os projetos


»» Falta de detalhamento
Erros de cotas,
Cortes sem detalhes,
Cálculos errados de áreas
»» Projetos que não são compreendidos pelos executores
»» Falta de comunicação entre os projetistas, e entre os projetistas e a Administração
»» Orçamento desatualizado e incompleto
»» Incompatibilidade entre projetos e planilha de Serviços

CONSEQUÊNCIAS

»» Divergências relevantes entre os projetos básico e executivo entre os projetos e a obra


»» Excesso de Aditivos

»» Não cumprimento de prazos e contrato encerrado com objeto inconcluso


»» Extrapolação, quanto aos acréscimos ou supressões de serviços, dos limites definidos
em Lei
»» Prorrogação de prazo sem justificativa
»» Qualidade da obra;
»» (In)sustentabilidade ambiental:
resíduos da Construção Civil
emissão de CO2

contreinamentos.com.br 251
O IDEAL
»» Projetos consistentes
»» Obras compatíveis com os projetos
»» Precisão nos quantitativos
»» Obras com qualidade
»» Cumprimento dos prazos
»» Análise célere
»» Diminuição de aditivos
»» Transparência

FASES DE EM EMPREENDIMENTO PÚBLICO: DO PLANEJAMENTO À PÓS-OCUPAÇÃO

»» Estudo de Viabilidade
»» Termo de Referência para Elaboração de Projetos
»» Licitação de Projetos
»» Contratação de Projetos
»» Licitação de Obras
»» Contratação de Obras
»» Pós-ocupação

BUILDING INFORMATION MODELING: UMA SOLUÇÃO DISRUPTIVA

O QUE NÃO É BIM


1. Modelos que só contém dados em 3D, sem atributos de objetos
2. Modelos em suporte para comportamento;
3. Modelos que são compostos de múltiplas referências a arquivos CAD 2D que devem ser
combinados para definir a construção;
4. Modelos que permitem modificações de dimensões em uma vista que não são automati-
camente refletidas em outras vistas.

contreinamentos.com.br 252
O QUE É BIM

O QUE É BIM?
A plataforma BIM é uma junção de informações de edificação que remete ao produto final
desejado de uma obra e/ou serviço de engenharia.
O modelo gerado é composto por todas as disciplinas do edifício (ou apenas as desejadas)
durante todo o ciclo de vida dessa obra.
Possibilita uma previsão da realidade, uma percepção dos problemas antes de licitar a obra
e antes de ir ao canteiro.

Como a plataforma BIM, pode gerar to-


das as fases de uma edificação, formam-
-se pontos de um sistema maior, que é
a edificação de maneira integral. Técnica,
social, economica e ambientalmente.

contreinamentos.com.br 253
PARAMETRIA E INTEROPERABILIDADE

PARAMETRIA - é a característica que permite um modelo BIM alterar diversas características


e formas de um objeto de maneira automática em todos os documentos gerados atrelados
a ele.

INTEROPERABILIDADE - Por ser uma previsão da realidade, vários softwares que utilizam
da plataforma BIM, quando combinados, tem possibilidade de gerar todas essas fases da
vida útil da obra, desde o estudo de viabilidade até o pós-ocupacional ou demolição.
O consórcio BuildingSMART2 é uma organização internacional voltada ao desenvolvimento
do formato IFC (Industry Foundation Classes), um esquema padronizado que permite o livre
intercâmbio de dados entre os aplicativos compatíveis. A grande maioria de desenvolve-
dores BIM participa ou apoia de alguma forma este esforço para interoperabilidade e seus
principais aplicativos são certificados pela BuildingSMART.
O arquivo IFC permite que diferentes projetistas utilizem diferentes plataformas de projeto
sem que isso impeça o trabalho conjunto e integrado. Todos os aplicativos certificados po-
dem exportar seus dados no formato IFC e assim compor o arquivo federado para análise e
coordenação do projeto. Além disso, existem aplicativos específicos para algumas análises
e simulações cujo arquivo de trabalho também é o IFC, como os aplicativos voltados para a
verificação de modelos BIM (Model Checker).
Entretanto, nenhum aplicativo de projeto adota o IFC como padrão nativo, pois ele não in-
corpora recursos de desenvolvimento de projeto, entre outros pontos. De certa forma, o
IFC se comporta como um PDF, um formato bloqueado, extremamente útil para troca de
informações e também como repositório, mas com restrições para edição direta. Ou seja,
os projetistas sempre utilizarão algum software proprietário, mas podem e devem exportar
para IFC. O sistema OpenBIM tem como premissa esse modelo, em que a integração é feita
pela montagem de um arquivo federado (ver Guia 1), composto por diversos, às vezes mais
de uma centena, de arquivos IFC.

DIMENSÕES BIM

O BIM hoje, é separado em etapas chamadas dimensões:


»» 3D - condições existentes ou volumes futuros (geometria);
»» 4D - cronogramas e estimativas (tempo);
»» 5D – extrações de informação, quantitativos (dinheiro);
»» 6D – análises ecológicas (sustentabilidade);
»» 7D – pós-ocupacional (manutenção);

ALGUMAS POSSIBILIDADES E VANTAGENS PRÁTICAS

BENEFÍCIOS NA PRÉ-CONSTRUÇÃO PARA O PROPRIETÁRIO


»» Aumento da qualidade e do desempenho da construção
»» Desenvolver um modelo esquemático antes de gerar o modelo detalhado da construção

contreinamentos.com.br 254
permite uma avaliação mais cuidadosa do esquema proposto para determinar se ele
cumpre os requisitos funcionais e de sustentabilidade da construção.
»» Avaliações de alternativas de projeto feitas mais cedo usando ferramentas de análise/
simulação incrementam a qualidade da construção como um todo.
Manual do BIM

BENEFÍCIOS NO PROJETO
»» Visualização antecipada e mais precisa do objeto;
»» Correções automáticas de baixo nível quando mudanças são feitas no projeto;
»» Geração desenhos 2D precisos e consistentes em qualquer etapa do projeto;
»» Colaboração antecipada entre múltiplas disciplinas de projeto;
»» Verificação facilitada das intenções de projeto;
»» Extração de estimativas de custo durante a etapa de projeto;
»» Incrementação da eficiência energética e a sustentabilidade.
Manual do BIM

CRIAÇÃO DE CONCEITOS
»» Fácil criação de volumes com ferramentas 3D;
»» Desenho 2D extremamente flexível/alterável, sem gasto excessivo de tempo;
»» Fácil visualização em planta e em perspectiva;
»» Agilidade processual como todo;
»» Grande variedade de materiais e formas;
»» Entre outros.

PROJETOS ARQUITETÔNICOS
»» O uso de parâmetros reais geram modelos inteligentes que podem exportar documen-
tos fiéis e confiáveis;
»» A modelagem é relativamente simples e há ganho de produtividade;
»» Prevê erros de difícil percepção em arquivos CAD (2D);
»» A alteração de um parâmetro muda esse ponto em todos os documentos gerados de
maneira automática (plantas, cortes, elevações, modelo 3D, etc);
»» Fácil demonstração dos projetos criados para investidores e clientes;
»» Fácil modelagem de malha de terreno e curvas de nível;
»» Entre outros.

contreinamentos.com.br 255
PROJETOS EXECUTIVOS
»» O uso de parâmetros reais possibilitam a exportação de quantitativos e orçamentários
confiáveis;
»» É possível descrever técnicas de execução dentro dos objetos do modelo;
»» O detalhamento do objeto é preciso e de fácil modificação;
»» Existem softwares que, a partir do modelo, criam previsões para quantidade de maqui-
nário e custos de aluguel (Trimble);
»» Entre outros.

PRÉ-EXISTÊNCIAS
»» Possibilita o uso de laser-scan para a modelagem 3D de edifícios que já estão construí-
dos;
»» Faz planejamento e acompanhamento de obras em seu pós-ocupacional;
»» Em obras de infraestrutura, é possível utilizar imagens aéreas da pré-existência para tra-
çar novas rodovias e pontes;
»» Faz levantamento de edifícios históricos em seu estado atual e torna possível sua mode-
lagem de maneira fiel a que se encontra;
»» Entre outros.

ORÇAMENTOS
»» Os softwares de modelagem possuem bancos de dados com espaços para inserção de
preços ou códigos (que possibilitam exportação e conexão em tabelas xlsx., como a ta-
bela SINAPI)
»» É possível unir as tabelas orçamentárias de softwares de modelagem com softwares de
planejamento para avaliar o custo de cada etapa de maneira automática;
»» Os quantitativos são extremamente fiéis aos modelos, tornando o orçamento preciso e
confiável;
»» Entre outros.

PLANEJAMENTO
»» Possibilita planejamentos confiáveis, levando em conta detalhes macro e mínimos do
processo da construção civíl, desde o potencial da força de trabalho até verba disponível
para a elaboração de uma determinada etapa;
»» Leva em conta a possibilidade de simultaneidade de elaboração de etapas;
»» Os planejamentos, assim como a modelagem, podem ser alterados e gerar novos plane-
jamentos em todos os documentos gerados instantaneamente;
»» Entre outros.

contreinamentos.com.br 256
CHECAGEM
»» Possibilita a conferência da acuracidade e confiabilidade do modelo;
»» Gera quantitativos a partir de modelos conferidos;
»» Possibilita integração de regras e normas padrão para sua conferência (como normas
técnicas dos bombeiros e NBRs);
»» Aponta elementos sobrepostos de maneira automática;
»» Entre outros.

PROJETO ESTRUTURAL
»» Possibilita a modelagem de projetos estruturais já em cima dos projetos arquitetônicos,
minimizando erros de compatibilidade;
»» Tira quantitavos e orçamentários usando dos volumes e unidades modeladas;
»» Torna mais fácil a comunicação entre arquiteto(a) e engenheiro(a) estrutural;
»» Faz análises estruturas e mecânicas do edifício;
»» Entre outros.

PROJETOS MEP (Mechanical, Electrical and Plumbing)


»» Possibilita a criação simultânea de projetos elétricos, de ar-condicionado e hidráulicos,
minimizando erros de compatibilidade;
»» Facilita comunicação entre arquiteto(a), engenheiro(a) estrutural e engenheiros comple-
mentares;
»» Faz análises energéticas e mecânicas do edifício;
»» Entre outros.

BENEFÍCIOS Á CONSTRUÇÃO E À FABRICAÇÃO


»» Sincronização de projeto e planejamento da construção.
»» Descoberta de erros de projeto e omissões antes da construção (detecção de interferên-
cias)
»» Reação rápida a problemas de projeto ou do canteiro;
»» Uso do modelo de projeto como base para componentes fabricados;
»» Melhor implementação e técnicas de construção enxuta;
»» Sincronização da aquisição de materiais com o projeto e a construção.
Manual BIM

BENEFÍCIOS PÓS-CONSTRUÇÃO
»» Melhor gerenciamento e operação das edificações;

contreinamentos.com.br 257
»» Integração com sistemas de operação e gerenciamento de facilidades;
Manual BIM

PILARES DA METODOLOGIA BIM NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Para garantir o sucesso de sua implementação, é importante que a metodologia BIM fique
estruturada em 6 pilares, considerados pré-requisitos para o desenvolvimento e incorpora-
ção do BIM aos processos institucionais dos órgãos e entidades públicas:
1. Meta de Governo – o BIM requer alinhamento com as políticas do Governo do Estado.
A proposta de tal implantação deve ser uma meta idealizada e definida pelo governo
vigente.
2. Mudança de paradigma – a metodologia BIM promove uma mudança de paradigmas
que demanda um aculturamento interno, devendo haver, portanto, a capacitação dos
técnicos que utilizarão esta nova metodologia de trabalho, bem como a reorganização
dos procedimentos adotados.
3. Colaboração – o uso da metodologia BIM demanda um trabalho desenvolvido em equi-
pe, devendo ocorrer em um ambiente colaborativo.
4. Etapas bem definidas – os processos internos devem ser bem definidos para que a
metodologia possa ser aplicada em consonância com os objetivos previamente estabe-
lecidos.
5. Normatização dos procedimentos – o uso da metodologia BIM requer a elaboração
de guias, com diretrizes de modelagem, para orientação das empresas prestadoras de
serviços.
6. Processo vivo – a metodologia BIM envolve procedimentos dinâmicos que não devem
ser engessados, a fim de permanecer em constante processo de evolução.

A implantação do BIM constitui um processo complexo e que, portanto, exige um etapea-


mento que deverá estar atrelado aos objetivos almejados com tal metodologia.
Sendo assim, a primeira fase de implantação do BIM, pode ser dividida em duas grandes
frentes, com os seguintes objetivos:
»» Melhorar tecnicamente a qualidade de projetos e obras; e
»» Melhorar a gestão de projetos e obras

contreinamentos.com.br 258
PLANO DE FOMENTO BIM NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Um Plano de Fomento BIM tem como objetivo estabelecer as linhas estratégicas e atividades
a serem desenvolvidas para a implantação do BIM no âmbito do órgão ou entidade.

As estratégias definidas pelo Plano de Fomento BIM abarcam 6 linhas estratégicas de atua-
ção:
»» Fomentar e promover o aprendizado coletivo no órgão ou entidade;
»» Ampliar e promover parcerias e convênios institucionais;
»» Promover e apoiar o aculturamento interno;
»» Fomentar e promover a ampliação da Rede BIM na esfera pública do ente;
»» Fomentar e promover o diálogo técnico com a Cadeia Produtiva, Entidades Classe e Aca-
demia da AEC;
»» Apoiar, acompanhar e monitorar ações dos órgãos e entidades parceiros para implanta-
ção do BIM.

REQUISITOS PARA PROJETOS EM BIM


1. Plano de Execução BIM
2. Desenvolvimento projetual utilizando BIM
3. Entregáveis
4. Critérios de Medição
5. Comunicação
6. Checagem de modelos
7. Sistema da Classificação da Informação da Construção – NBR
8. Codificação dos elementos e componentes BIM
9. Fluxo de trabalho CONTRATANTE e CONTRATADA

PLANO DE EXECUÇÃO BIM


O BEP, BIM  Execution Plan  (em português, Plano de Execução BIM), ou BIM  Mandate  é o
desenvolvimento de um plano, criado para facilitar o gerenciamento de informações de um
projeto BIM.

DESENVOLVIMENTO PROJETUAL UTILIZANDO BIM


»» Para definição das disciplinas que deverão ser modeladas e a exigência quanto aos níveis
de detalhe e informação referentes aos seus respectivos elementos e componentes,
Para o desenvolvimento projetual com BIM devem ser considerados os seguintes fato-
res, no mínimo:
(i) o nível de desenvolvimento de softwares BIM para as diferentes disciplinas;

contreinamentos.com.br 259
(ii) escassez de ferramentas populares que atendam às normativas brasileiras;
(iii) a atual dificuldade de acesso aos cursos de aperfeiçoamento aplicados às disciplinas de
instalações prediais.
Exemplos de usos BIM pretendidos a serem elencados no Termo de Referência do objeto a
ser licitado:
»» Compatibilização de projetos (Detecção de conflitos);
»» Validação qualitativa do modelo; Extração de quantitativos e link externo para orçamen-
tação; Atendimento ao programa de necessidades;
»» Informações para planejamento da obra e simulação da execução;
»» Automatização na geração de documentação técnica;
»» Planejamento da operação e manutenção;
»» Atendimento às normas de prevenção e combate a incêndio e pânico; Atendimento às
normas de acessibilidade; Rastreabilidade das informações;
»» Controle na etapa de execução de obra;
»» Análise da construtibilidade e desconstrutibilidade; Desenvolvimento do modelo As Built.

ENTREGÁVEIS
Entregáveis são todos os itens necessários para atingir o objetivo do projeto. Esses itens são
tangíveis, mensuráveis e o seu desenvolvimento pressupõe uma subsequente interação de
um ou mais participantes do projeto, ou seja, uma entrega.

CRITÉRIOS DE MEDIÇÃO – Recomendação


Entrega de documentação por disciplina, contendo o arranjo geral com as respectivas pran-
chas de detalhamentos necessários para execução da obra, acompanhadas dos memoriais
descritivos e tabela de quantidades e, nos casos em que se aplica, também deverá ser entre-
gue a memória de cálculo.
Por exemplo:
Documento 1 - Projeto Arquitetônico
Compõem o documento da disciplina de projeto arquitetônico:
a) Modelos nativos, federados e respectivos IFC’s;
b) Arranjo geral: Plantas, cortes e elevações;
c) Detalhamentos:
1) Prancha de esquadrias;
2) Prancha de paginação de piso e forro;
3) Prancha de detalhamento de divisórias;
4) Todos os detalhamentos que se façam necessários para a execução, conforme proposto
pelo projetista.

contreinamentos.com.br 260
Uma vez que o processo de modelagem utilizando a metodologia BIM segue lógica totalmente
distinta, se comparada ao método tradicional em 2D, a forma como ocorre a medição para fins
de pagamento também deverá ser ajustada. O percentual de desembolso das etapas de projeto
deverá considerar a proporcionalidade de esforço relativo que a metodologia imprime, conjuga-
da com as exigências do edital de contratação dos serviços.

COMUNICAÇÃO
A fim de facilitar a comunicação entre CONTRATANTE e CONTRATADA, deverá ser adotado
o procedimento de elaboração de relatórios em formato BCF (Bim Collaboration Format).

Esquema exemplificativo de formato de comunicação (CPTM, 2017). Fonte: Caderno BIM –


Caderno de Especificações Técnicas para a Contratação de Projetos em BIM – Edificações:
Curitiba, 2018.

CHECAGEM DE MODELOS
Para facilitar a análise qualitativa do modelo, a CONTRATANTE poderá utilizar quaisquer sof-
twares de checagem disponíveis no mercado, como, por exemplo, o Solibri Model Checker
ou o Tekla BIMsight, a fim de validar os produtos entregáveis.

SISTEMA DA CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO DA CONSTRUÇÃO


A classificação da informação da construção consta nas tabelas da NBR 15965.

CODIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS E COMPONENTES BIM


Para fins de orçamentação e planejamento de obra, se exige a inserção de códigos de ser-
viço e códigos de Estrutura Analítica de Projetos (EAP), a fim de utilizá-los em posterior link
externo, facilitando a orçamentação no padrão da CONTRATANTE, bem como a simulação
do planejamento de obra.

FLUXO DE TRABALHO CONTRATANTE E CONTRATADA


»» Aprovação do Plano de Execução BIM;

contreinamentos.com.br 261
»» Aprovação do Estudo Preliminar;
»» Aprovação do Anteprojeto (nos casos em que se aplica);
»» Aprovação do Projeto Legal (não necessariamente nesta ordem);
»» Aprovação do Projeto Executivo.

O ESTADO DA ARTE DO BIM NO MUNDO

ESTADOS UNIDOS

»» Utilização do BIM na fase de projetos.


»» Novos edifícios públicos federais projetados em BIM.
»» O BIM é obrigatório em todos os projetos custeados pela General Services Administra-
tion - GSA (prédios civis federais) e nas edificações militares (US Army Corps of Engineers;
US Department of Veteran Affairs e US Coast Guard).

REINO UNIDO
»» Não há norma que estabeleça um valor mínimo de projeto especificado pelo governo
para a aplicação do BIM no setor público, desde que seja evidenciada sua vantagem no
caso concreto.

ITÁLIA
»» O Decreto Ministerial prevê obrigatoriedade gradativa nas obras públicas, iniciando em
2019 para obras acima de 100 milhões de Euros. Em 2025 o decreto prevê a exigência
para todas as obras públicas.

contreinamentos.com.br 262
FINLÂNDIA
»» A estatal Senate Properties, obriga o uso do BIM em seus Projetos desde 2007;
»» A Finish Transport Agency exige que todos os grandes projetos de infraestrutura sejam
realizados em BIM

AUSTRÁLIA
»» Recomendação para que o governo exija BIM LOD500 em todos os projetos de infraes-
trutura acima de 50 milhões de dólares financiados pelo governo australiano

FRANÇA
»» A França não possui legislação que obrigue a utilização do BIM

ESPANHA
»» Na seção 6 da décima quinta disposição adicional da Lei 9/2017, prevê que para contra-
tos públicos de obras, para a concessão de obras, serviços e concurso de projetos, e em
contratos mistos que combinam aqueles elementos, os órgãos de contratação podem
exigir o uso de ferramentas eletrônicas específicas, como ferramentas de modelagem
digital. Informações de construção (BIM) ou ferramentas similares.

CHINA
»» A adoção de padrões BIM é sugerida e não obrigatória, porém os projetos com mais de
20.000 m2, financiados pelo governo, agora precisam usar o BIM.

SINGAPURA
»» Criou um repositório central de códigos de construção, regulamentações e circulares
publicadas por várias agências regulatórias;
»» Desde 2015, estas submissões eletrônicas de BIM são obrigatórias para projetos com
mais de 5000 m².
»» Desde 2013 é obrigatório que os projetos arquitetônicos de Singapura para obras novas
maiores que 20.000 m2;
»» Desde 2014 para os projetos típicos de engenharia para obras novas maiores que 20.000
m2;
»» Desde 2015 é obrigatório para todos os projetos acima de 5.000 m2.

NORUEGA
»» Desde 2007, é obrigatório que os projetos federais e aqueles que sejam realizados com
pelo menos 50% de recursos públicos são em BIM;
»» Desde 2012 o seu uso é obrigatório para obras municipais e estaduais depois de deter-
minado valor.

contreinamentos.com.br 263
DINAMARCA
»» A primeira legislação do BIM foi aprovada em 2007. Ela é referida como o regulamento
de Tecnologia da Informação e Comunicação - “TIC”;
»» Desde abril de 2013, o BIM aberto é obrigatório em projetos estaduais, regionais, muni-
cipais e de habitação social.
»» Obrigatório o uso do BIM para obras acima de 5 milhões de kroners (aprox. 800 mil dó-
lares americanos) para projetos nacionais e acima de 20 milhões de kroners (aprox. 3,2
milhões de dólares americanos) para projetos regionais e municipais.

HOLANDA
»» A partir de novembro de 2011 foi decretado que o BIM e o IFC fossem requeridos em
todos os projetos centrais do governo com valores contratuais maiores que 10 milhões
de euros. 
»» Em 2012 o Dutch Ministry of the Interior (RGD) obriga o uso do BIM para uso na manu-
tenção de projetos grandes.

IRLANDA
»» Não há ainda legislação governamental para implementar o BIM;
»» Órgãos públicos como a Agência Nacional de Financiamento e Desenvolvimento (NDFA),
que é responsável pelos investimentos públicos, exige o BIM

ALEMANHA
»» De acordo com o Ministério Federal de Transportes e Infraestrutura Digital da Alemanha,
a introdução do BIM não exigirá uma ampla reforma na estrutura legal de planejamento
e construção da Alemanha;
»» O Ministro Federal de Transportes e Infraestrutura Digital, anunciou oficialmente que o
uso do BIM será obrigatório para todos os projetos de transporte até o final de 2020

CANADÁ
»» Não há nenhuma política formaL que obrigue a utilização do BIM no Canadá.

HONG KONG
»» A Hong Kong Housing Authority exige, que todos os novos Projetos utilizem o BIM desde
2014.

COREIA DO SUL
»» O Public Procurement Service obrigou o uso compulsório do BIM a partir de 2016 para
projetos superiores a 50 milhões de dólares (setor privado) e para todos os edifícios pú-
blicos.

contreinamentos.com.br 264
CHILE
»» Desde 2011 o Ministério de Obras Públicas exige BIM em licitações de hospitais;
»» O programa Construye 2025, do governo federal chileno, obriga todos os projetos licita-
dos a utilizar BIM em 7 dimensões, no intuito de reduzir os custos com construção em
até 20%

O ESTADO DA ARTE DO BIM NO BRASIL

Decreto 9.983, de 22 de agosto de 2019


»» Dispõe sobre a Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modelling e
institui o Comitê Gestor da Estratégia do Building Information Modelling.
»» O Decreto nº 9.983, de 2019 revogou o Decreto nº 9.377, de 2018 que “Instituiu a Estra-
tégia Nacional de Disseminação do Building Information Modeling”.

Decreto 9.983, de 22 de agosto de 2019

OBJETIVOS DA ESTRATÉGIA BIM


I - difundir o BIM e os seus benefícios;
II - coordenar a estruturação do setor público para a adoção do BIM;
III - criar condições favoráveis para o investimento, público e privado, em BIM;
IV - estimular a capacitação em BIM;
V - propor atos normativos que estabeleçam parâmetros para as compras e as contratações
públicas com uso do BIM;
VI - desenvolver normas técnicas, guias e protocolos específicos para adoção do BIM;
VII - desenvolver a Plataforma e a Biblioteca Nacional BIM;
VIII - estimular o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias relacionadas ao BIM; e
IX - incentivar a concorrência no mercado por meio de padrões neutros de interoperabilida-
de BIM.

Decreto 9.983, de 22 de agosto de 2019

INSTITUI O COMITÊ GESTOR DA ESTRATÉGIA DO  BUILDING INFORMATION MODELLING 


PARA:
I - definir e gerenciar as ações necessárias para o alcance dos objetivos da Estratégia BIM BR;
II - elaborar anualmente o seu plano de trabalho, que conterá cronograma e estabelecerá as
ações prioritárias para o período;
III - atuar para que os programas, os projetos e as iniciativas dos órgãos e das entidades pú-
blicas que contratam e executam obras públicas sejam coerentes com a Estratégia BIM BR;

contreinamentos.com.br 265
IV - promover o compartilhamento de informações e analisar o impacto das iniciativas se-
toriais relacionadas a BIM, com vistas à harmonização e à promoção de eficiência e sinergia
entre as ações dos órgãos e das entidades públicas;
V - acompanhar e avaliar periodicamente os resultados da Estratégia BIM BR e subsidiar as
atividades de articulação e de monitoramento de programas de governo da Presidência da
República, quando solicitado;
VI - articular-se com instâncias similares de outros países e dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios; e
VII - deliberar sobre a atualização e a revisão periódica da Estratégia BIM BR.

Decreto 10.306, de 2 de abril de 2020.


»» Estabelece a utilização do Building Information Modelling na execução direta ou indireta
de obras e serviços de engenharia realizada pelos órgãos e pelas entidades da adminis-
tração pública federal, no âmbito da Estratégia Nacional de Disseminação do Building In-
formation Modelling- EstratégiaBIMBR, instituída pelo Decreto nº 9.983, de 22 de agosto
de 2019.
»» Estabeleceu que o BIM será implementado de forma gradual.
Ficam vinculados às ações de disseminação do BIM previstas no Decreto:
I - Ministério da Defesa, por meio das atividades executadas nos imóveis jurisdicionados ao
Exército Brasileiro, à Marinha do Brasil e à Força Aérea Brasileira; e
II - Ministério da Infraestrutura, por meio das atividades coordenadas e executadas:
a) pela Secretaria Nacional de Aviação Civil, para investimentos em aeroportos regionais; e
b) pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, para reforço e rea-
bilitação estrutural de obras de arte especiais.
Os demais órgãos e entidades da administração pública federal poderão adotar as ações de
implementação do BIM nos termos do disposto no Decreto, independentemente da finali-
dade do uso do BIM, prevista ou não no Decreto, em quaisquer das fases de implantação do
BIM.
Para o Decreto considera-se:
Building Information Modelling-BIM ou Modelagem da Informação da Construção - conjunto
de tecnologias e processos integrados que permite a criação, a utilização e a atualização de
modelos digitais de uma construção, de modo colaborativo, que sirva a todos os participan-
tes do empreendimento, em qualquer etapa do ciclo de vida da construção;

contreinamentos.com.br 266
contreinamentos.com.br 267
FASES DE IMPLEMENTAÇÃO

I - primeira fase - a partir de 1º de janeiro de 2021, o BIM deverá ser utilizado no desenvolvi-
mento de projetos de arquitetura e engenharia, referentes a construções novas, ampliações
ou reabilitações, quando consideradas de grande relevância para a disseminação do BIM, e
abrangerá, no mínimo:
a) a elaboração dos modelos de arquitetura e dos modelos de engenharia referentes às
disciplinas de:
1. estruturas;
2. instalações hidráulicas;
3. instalações de aquecimento, ventilação e ar condicionado; e
4. instalações elétricas;
b) a detecção de interferências físicas e funcionais entre as diversas disciplinas e a revisão
dos modelos de arquitetura e engenharia, de modo a compatibilizá-los entre si;
c) a extração de quantitativos; e
d) a geração de documentação gráfica, extraída dos modelos.

II - segunda fase -
A partir de 1º de janeiro de 2024, o BIM deverá ser utilizado na execução direta ou indireta
de projetos de arquitetura e engenharia e na gestão de obras, referentes a construções no-
vas, reformas, ampliações ou reabilitações, quando consideradas de grande relevância para
a disseminação do BIM, e abrangerá, no mínimo:
a) os usos previstos na primeira fase;
b) a orçamentação, o planejamento e o controle da execução de obras; e
c) a atualização do modelo e de suas informações como construído (as built), para obras
cujos projetos de arquitetura e engenharia tenham sido realizados ou executados com apli-
cação do BIM;

III - terceira fase -


a partir de 1º de janeiro de 2028, o BIM deverá ser utilizado no desenvolvimento de projetos
de arquitetura e engenharia e na gestão de obras referentes a construções novas, reformas,
ampliações e reabilitações, quando consideradas de média ou grande relevância para a dis-
seminação do BIM, e abrangerá, no mínimo:
a) os usos previstos na primeira e na segunda fase; e
b) o gerenciamento e a manutenção do empreendimento após a sua construção, cujos pro-
jetos de arquitetura e engenharia e cujas obras tenham sido desenvolvidos ou executados
com aplicação do BIM.
Quando as características técnicas do empreendimento não comportarem uma ou mais
disciplinas dos modelos de arquitetura e engenharia de estruturas, instalações hidráulicas,
instalações de aquecimento, ventilação e ar condicionado e instalações elétricas, a aplicação

contreinamentos.com.br 268
do BIM poderá se restringir às disciplinas compatíveis com o empreendimento.

Deverá observado o seguinte quanto à implementação do BIM:


I - na execução direta de obras e serviços de arquitetura e engenharia, a aplicação do BIM
será realizada em uma ou mais etapas do ciclo de vida da construção; e
II - na execução indireta, por meio de contratação de obras e serviços de arquitetura e en-
genharia, o edital e o instrumento contratual deverão prever a obrigação de o contratado
aplicar o BIM em uma ou mais etapas do ciclo de vida da construção.

Os instrumentos de repasse firmados entre órgãos ou entidades da administração pública


federal, vinculados às ações de disseminação do BIM, e órgãos ou entidades, de quaisquer
esferas de governo, consórcio público ou entidade sem fins lucrativos deverão condicionar a
transferência de recursos financeiros oriundos do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social
da União à execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia por meio da apli-
cação do BIM, nos termos do disposto neste Decreto.

REGRAS GERAIS DO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO E DO CONTRATO


A obrigação de o contratado utilizar o BIM deverá abranger, no mínimo:
I - os usos do BIM obedecidas as suas fases de disseminação;
II - a disponibilização dos arquivos eletrônicos, que deverão conter os modelos e os docu-
mentos técnicos que compõem o projeto de arquitetura e engenharia, em formato aberto
(não proprietário) e em outro formato exigido pela contratante no edital de licitação;
III - o atendimento das exigências do órgão ou da entidade contratante em relação aos níveis
de detalhamento e de informação requeridos nos projetos de arquitetura e engenharia;
IV - a manutenção das condições de habilitação e qualificação X
V - a execução dos serviços com o cumprimento do programa de necessidades e das diretri-
zes do projeto de arquitetura e engenharia referencial, elaborado direta ou indiretamente
pelo órgão ou pela entidade contratante, durante a fase preparatória da licitação da obra,
sem prejuízo do disposto na legislação nas normas técnicas;
VI - a obtenção de autorizações governamentais e o pagamento de despesas referentes a
taxas, alvarás e registros em entidades públicas considerados necessários à execução dos
serviços contratados;
VII - a responsabilidade pelo treinamento e pela capacitação dos profissionais alocados para
executar os serviços sem quaisquer ônus adicionais para o órgão contratante;
VIII - a correção das deficiências apontadas pelo órgão contratante na execução dos servi-
ços, em particular, aqueles decorrentes de vícios ou falhas; e
IX - a declaração de que os direitos autorais patrimoniais disponíveis, decorrentes da elabo-
ração dos projetos e modelos BIM de arquitetura e engenharia e das obras, serão cedidos,
sem qualquer limitação, ao respectivo órgão ou entidade contratante, no ato da contratação.
»» Os profissionais escolhidos pelo contratado para executar os serviços deverão estar ha-
bilitados e comprovar experiência, conhecimento ou formação em BIM.

contreinamentos.com.br 269
»» Os órgãos e as entidades vinculados à coordenação e à implementação do BIM poderão
contratar serviços de engenharia para adaptar ao BIM os projetos de arquitetura e enge-
nharia, em qualquer nível de detalhamento, anteriormente elaborados com emprego de
outros processos ou tecnologias.

PL 1292, de 1995
Art. 19. Os órgãos da Administração com competências regulamentares relativas às ativida-
de de administração de materiais, de obras e serviços e de licitações e contratos deverão:
(...)
V – promover a adoção gradativa de tecnologias e processos integrados que permitam a
criação, utilização e atualização de modelos digitais de obras e serviços de engenharia.
(...)
§3º Nas licitações de obras e serviços de engenharia e arquitetura, sempre que adequa-
da ao objeto da licitação, será preferencialmente adotada a Modelagem da Informação da
Construção (Building Information Modeling - BIM), ou de tecnologias e processos integrados
similares ou mais avançados que venham a substituí-la.

EXEMPLOS DE APLICAÇÕES DO BIM

»» Edificações
»» Infraestrutura de transportes rodoviários
»» Infraestrutura de transportes ferroviários
»» Aeroportos
»» Obras de saneamento
»» Facilities

LICITAÇÃO E CONTRATAÇÃO DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA EM BIM

REGIMES DE EMPREITADA
»» Empreitada por preço global
»» Empreitada por preço unitário
»» Regime por tarefa
»» Empreitada integral
»» Contratação integrada
»» Contratação semi-integrada

contreinamentos.com.br 270
Tanto a forma DBB ou DB são passíveis da adoção do BIM, tendo em vista que o BIM por
si só já gera as vantagens já expostas anteriormente. Portanto, a adoção do BIM deve ser
sempre feita.
Porém, a abordagem Design-Build, no caso brasileiro a Contratação Integrada, “proporciona
uma oportunidade excelente para explorar a tecnologia BIM, porque uma única entidade é
responsável pelo projeto e pela construção, e ambas as áreas participam da fase de projeto”.
(EASTMAN et. al., 2014)

EDITAL BIM

TERMO DE REFERÊNCIA
Em relação ao BIM sugere-se:
a. a justificativa da adoção do BIM;
b. os usos BIM pretendidos;
c. as dimensões BIM a serem entregues;
d. o nível de maturidade exigida;
e. o plano de execução BIM;

contreinamentos.com.br 271
Em relação ao BIM sugere-se:
f. a exigência de um gerente BIM ou BIM manager;
g. a definição de como serão acompanhados os projetos em BIM;
h. os entregáveis em BIM e a forma de ser entregue os documentos;
i. as diretrizes a serem seguidas (ex. Caderno BIM - Caderno de Especificação Técnica para
Contratação de Projetos de Edificações em BIM)

OBJETO
»» Quando se licita projetos arquitetônico e/ou complementares não se vê a necessidade de
a metodologia BIM ser o próprio objeto.
»» O objeto são os projetos.
»» O BIM faz parte da forma que devem ser entregues os projetos.
»» Porém, nada impede que ao se descrever o projeto, como alguns órgãos têm feito, acres-
cer projetos com BIM.

CAPACIDADE TÉCNICA-OPERACIONAL E CAPACIDADE TÉCNICA-PROFISSIONAL


»» A capacidade técnico-operacional deve ser comprovada mediante a apresentação de
atestado, fornecido por pessoa jurídica de direito público ou privado ao licitante e certifi-
cado pelo CREA ou CAU, que comprove que este executou obras ou serviços de engenha-
ria de aptidão para desempenho de atividade compatível com o objeto da licitação, em
características, quantidades e prazos.
»» A demonstração da capacidade técnico-profissional é realizada através de certidões que
atestem que os profissionais da empresa têm experiência de atuação em obras ou servi-
ços de engenharia, de igual ou superior complexidade dos serviços de maior relevância e
valor significativo do objeto que está sendo licitado.

As exigências de capacidade técnica-operacional e capacidade técnica-profissional têm sido


feitas de diversas formas nos editais de licitação em que o produto a ser entregue deve ser
feita com a metodologia BIM. As formas mais verificadas são as seguintes:
a. Exigência de capacidade técnica-operacional (atestado) e de capacidade técnica-profis-
sional (Certidão de Acervo Técnico – CAT);
b. Exigência apenas de capacidade técnica-profissional (Certidão de Acervo Técnico – CAT);
c. Sem exigência de capacidade técnica-operacional (atestado) ou de capacidade técnica-
-profissional (Certidão de Acervo Técnico – CAT), possibilitando a subcontratação da me-
todologia BIM;
Em relação ao BIM, deve ser analisado o caso concreto para verificar qual das alternativas é
mais indicada.
Nem sempre é necessário exigir capacidade técnica-operacional, de fora que a capacidade
técnica-profissional já é suficiente para garantir que os entregáveis BIM sejam suficiente
para a realização de um bom trabalho. Um gerente BIM (ou BIM maneger), na maioria das
vezes, é suficiente para ter garantida a capacidade técnica-profissional.

contreinamentos.com.br 272
Deve-se lembrar que quando se contrata um projeto, antes de tudo se quer, evidentemente,
um bom projeto, com todas as qualidades que este produto deve oferecer.

contreinamentos.com.br 273
OFICINA
CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE
ENGENHARIA POR DISPENSA E
INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO

KARINE LÍLIAN MACHADO


1. NOÇÕES GERAIS

Os artigos 37, XXI, e 175 da Constituição Federal dispõem sobre a obrigatoriedade do proce-
dimento licitatório: a licitação é a regra.
Art. 37. (...)
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações
serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições
a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qua-
lificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Da redação do dispositivo constitucional, é possível concluir que:


»» a licitação, em princípio, é obrigatória; e
»» lei infraconstitucional poderá estabelecer exceções a essa regra, permitindo a contrata-
ção direta – sem licitação prévia – em algumas hipóteses.

A contratação direta pode ocorrer nas seguintes hipóteses, expressamente previstas


na Lei 8.666/1993:
»» licitação dispensada (art. 17):
»» licitação dispensável (art. 24); e
»» licitação inexigível (art. 25).

É competência privativa da União legislar sobre normas gerais de licitação e contratação ad-
ministrativa, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas
e fundacionais de todos os entes da Federação (CF, art. 22, XXVII).

contreinamentos.com.br 275
Dúvida:
Estados e municípios podem criar novas hipóteses de dispensa e inexi-
gibilidade de licitação?

Acórdão 3195/2014- Plenário


As entidades do Sistema S não podem instituir em seus regulamentos novas hipóteses de
contratação direta, haja vista que a matéria deve ser disciplinada por norma geral, de com-
petência privativa da União.

Distinções entre as hipóteses de contratação direta:


a) a licitação é inexigível quando for inviável a disputa pelo contrato. É uma situação fática,
por isso as hipóteses de inexigibilidade são relacionadas pela lei de forma exemplificativa;
b) a inviabilidade de competição pode ser ocasionada por diversos fatores, tais como ausên-
cia de pluralidade de alternativas ou de mercado concorrencial;
c) a dispensa de licitação e a licitação dispensável pressupõem a possibilidade de compe-
tição. A licitação é considerada dispensável ou dispensada de acordo com a vontade do
legislador. Assim sendo, as respectivas hipóteses são indicadas na lei de forma exaustiva;
d) diferentemente da Lei 8.666/1993, a Lei 13.303/2016 não separou em artigo distinto as
hipóteses de licitação dispensada (art. 17 da Lei de Licitações). Ao contrário, optou por agru-
par todas as situações sob a denominação de “licitação dispensável”;
e) a licitação dispensada se refere a casos nos quais a administração pública aliena seus
bens móveis ou imóveis, por meio de venda, doação, dação em pagamento, cessão de di-
reito real de uso, entre outras modalidades de negócios jurídicos. Já a licitação dispensável
está relacionada à aquisição de bens ou serviços pela administração;
f) mesmo diante de um caso de licitação dispensada ou dispensável, o gestor pode optar
por licitar, desde que esse certame comprovadamente atenda ao interesse público.

2. LICITAÇÃO DISPENSÁVEL

O art. 24 da Lei de Licitações e art. 29 da Lei das Estatais prevê as hipóteses em que a licita-
ção é dispensável.
A relação é exaustiva. Não é permitido ao administrador criar hipóteses não autorizadas
pelo legislador.
Nos casos em que a licitação é dispensável, admite-se que a administração contrate direta-
mente sem licitação, mesmo quando há possibilidade de competição.
Entre as hipóteses de licitação dispensável previstas no art. 24 da Lei de Licitações e art. 29
da Lei das Estatais, merecem destaque as seguintes situações, verificadas com mais frequ-
ência em contratos envolvendo obras e serviços de engenharia.

contreinamentos.com.br 276
2.1. Licitação Dispensável em Razão do Valor
A Lei 8.666/1993, nos incisos I e II do art. 24, dispensa a licitação por considerar que o valor
da contratação não justifica os custos com a realização do certame.
Art. 24. (...)
I – para obras e serviços de engenharia de valor até 10% do limite previsto na alínea “a”, do inciso
I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda
para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta
e concomitantemente;
II – para outros serviços e compras de valor até 10% do limite previsto na alínea “a”, do inciso II
do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a
parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de
uma só vez;

Medida Provisória 961, de 6/5/2020


Art. 1º Ficam autorizados à administração pública de todos os entes federativos, de todos os Po-
deres e órgãos constitucionalmente autônomos:
I - a dispensa de licitação de que tratam os incisos I e II do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21
de junho de 1993, até o limite de:
a) para obras e serviços de engenharia até R$ 100.000,00 (cem mil reais), desde que não se refi-
ram a parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou, ainda, para obras e serviços da mesma natu-
reza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente; e
b) para outros serviços e compras no valor de até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) e para
alienações, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de
maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;

Lei 13.979/2020
Em decorrência da pandemia provocada pelo coronavírus declarada pela Organização Mun-
dial da Saúde, o Estado brasileiro adotou uma série de medidas normativas, administrativas
e econômicas para o enfrentamento da crise.
Dentre as medidas normativas editadas, destaca-se a Lei 13.979/2020, que “dispõe sobre as
medidas que poderão ser adotadas para enfrentamento da emergência de saúde pública de
importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019”.

Dispensa de Licitação
Art. 4º É dispensável a licitação para aquisição ou contratação de bens, serviços, inclusive de
engenharia, e insumos destinados ao enfrentamento da emergência de saúde pública de impor-
tância internacional de que trata esta Lei.
§ 1º A dispensa de licitação a que se refere o caput deste artigo é temporária e aplica-se apenas
enquanto perdurar a emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do
coronavírus.

contreinamentos.com.br 277
Lei 13.303/2016 (art. 29)
I - para obras e serviços de engenharia de valor até R$ 100.000,00 (cem mil reais), desde que não
se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda a obras e serviços de mesma na-
tureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
II - para outros serviços e compras de valor até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) e para aliena-
ções, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço,
compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizado de uma só vez; (...)
§ 3º Os valores estabelecidos nos incisos I e II do caput podem ser alterados, para refletir a varia-
ção de custos, por deliberação do Conselho de Administração da empresa pública ou sociedade
de economia mista, admitindo-se valores diferenciados para cada sociedade.

Sobre essa hipótese de dispensa, deve ser observado que:


»» a execução de obras ou prestação de serviços deve ser programada em sua totalida-
de, com previsão de custos atual e final e dos prazos de sua execução (art. 8º da Lei
8.666/1993);
»» o valor relativo à estimativa da despesa deve corresponder ao total da compra, obra ou
do serviço, a fim de que o objeto da licitação não venha a ser fracionado para enquadrar-
-se na hipótese de dispensa.
Busca-se, assim, evitar que o objeto da licitação venha a ser fracionado para se enquadrar
na hipótese de dispensa, o que caracterizaria fuga ao regular certame licitatório.

Acórdão 2.157/2011 - Plenário


Em relação à mesma matéria [contratações diretas], colhe-se da instrução o fato de o (...)
haver expedido orientação normativa interna sobre a aplicação do inciso II, do art. 24, da Lei
8.666/93. Segundo o ato normativo, formulado em consulta, o limite de dispensa de licitação
para a realização de compras não deve estar atrelado a grupos ou a classe de despesas em
gênero, mas ao próprio item ou serviço a ser contratado. Nessas condições, o órgão contra-
tante poderia promover, por exemplo, diversas aquisições diretas para objetos de mesma
natureza, uma para resmas de papel de ofício, outra para canetas, ao invés de categorizar
todas essas compras em grupo mais abrangente, tais como materiais de expediente, para,
assim, realizar o devido procedimento licitatório.
Assim, deve ser dada ciência ao (...), para adequar a norma interna de licitações e contratos
às disposições do art 24, inciso II, da Lei nº 8.666/1993, para evitar o desvirtuamento do
dispositivo legal acerca do fracionamento indevido de despesas da mesma natureza com
dispensa de certame licitatório.
Consoante a jurisprudência do TCU, a totalidade do objeto deve ser verificada de acordo com as
necessidades de todo o exercício financeiro.
No caso de serviços contínuos, deve-se levar em consideração, para a definição da modali-
dade, as possíveis prorrogações, se previstas (Acórdãos 2.753/2005-1ª Câmara, 2.372/2007-
1ª Câmara e 11.150/2011-2ª Câmara).

Orientação Normativa AGU 10


“... para fins de escolha das modalidades licitatórias convencionais (concorrência, tomada de pre-

contreinamentos.com.br 278
ços e convite), bem como de enquadramento das contratações previstas no art. 24, I e II, da Lei nº
8.666/1993, a definição do valor da contratação levará em conta o período de vigência contratual
e as possíveis prorrogações”.

Segundo a jurisprudência do TCU, as contratações fundamentadas nos incisos I e II do art.


24 da Lei de Licitações devem ser precedidas de consulta ao maior número possível de po-
tenciais interessados (Acórdãos 21/2006 e 682/2006, ambos da 2ª Câmara).
Referida consulta tem por objetivo aperfeiçoar os parâmetros de comparação quanto à es-
colha do fornecedor, do objeto a ser executado e também quanto à razoabilidade dos pre-
ços cotados.
No mesmo sentido, já houve determinação do Tribunal para que ente jurisdicionado deixas-
se de:
concentrar processos de dispensa de licitação em um número restrito de fornecedores, ten-
do em vista que a baixa prospecção do mercado torna menos garantida a obtenção da
proposta mais vantajosa para a Administração, além de comprometer a observância do
princípio constitucional da isonomia (Acórdão 626/2012-Plenário).

Decreto 10.024/2019
Art. 51. As unidades gestoras integrantes do Sisg adotarão o sistema de dispensa eletrônica, nas
seguintes hipóteses:
I - contratação de serviços comuns de engenharia, nos termos do disposto no inciso I do caput do
art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993;
II - aquisição de bens e contratação de serviços comuns, nos termos do disposto no inciso II do
caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993; e
III - aquisição de bens e contratação de serviços comuns, incluídos os serviços comuns de enge-
nharia, nos termos do disposto no inciso III e seguintes do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de
1993, quando cabível.
§ 1º Ato do Secretário de Gestão da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo
Digital do Ministério da Economia regulamentará o funcionamento do sistema de dispensa ele-
trônica.
§ 2º A obrigatoriedade da utilização do sistema de dispensa eletrônica ocorrerá a partir da data
de publicação do ato de que trata o § 1º.
§ 3º Fica vedada a utilização do sistema de dispensa eletrônica nas hipóteses de que trata o art.
4º.

contreinamentos.com.br 279
Dúvidas:
Na realização da pesquisa de preços, foi verificado que, entre as propos-
tas de preço obtidas, uma apresenta o valor no limite previsto no art.
24, inc. II, da Lei 8.666/1993, e todas as outras têm valores superiores a
esse limite. É possível contratar a proposta de menor valor por dispensa
de licitação com fundamento no inciso II do art. 24, ainda que a média
das propostas ultrapasse o limite fixado no referido dispositivo legal?
É possível afastar a regularidade fiscal nas contratações das estatais re-
alizadas por dispensa de licitação em razão do valor?

Acórdão 2.743/2017 - Plenário


9.2. firmar entendimento de que os serviços sociais autônomos sujeitam-se a seus regulamentos
próprios devidamente publicados e consubstanciados nos princípios gerais do processo licitató-
rio, conforme Decisão 907/1997 – Plenário, e, salvo na aquisição de bens e serviços de pequeno
valor, nos termos definidos naqueles regulamentos, deverão exigir comprovação da regularidade
com a seguridade social tanto nas contratações decorrentes de licitação quanto nas contratações
diretas, realizadas mediante dispensa ou inexigibilidade de licitação;

Lei 8.666/1993
Art. 5º. (...)
§ 3º Observados o disposto no caput, os pagamentos decorrentes de despesas cujos valores não
ultrapassem o limite de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do que dispõe seu parágrafo
único, deverão ser efetuados no prazo de até 5 (cinco) dias úteis, contados da apresentação da
fatura.

Lei Complementar 123/2006


Art. 49. Não se aplica o disposto nos arts. 47 e 48 desta Lei Complementar quando: (...)
IV - a licitação for dispensável ou inexigível, nos termos dos arts. 24 e 25 da Lei nº 8.666, de 21 de
junho de 1993, excetuando-se as dispensas tratadas pelos incisos I e II do art. 24 da mesma Lei,
nas quais a compra deverá ser feita preferencialmente de microempresas e empresas de peque-
no porte, aplicando-se o disposto no inciso I do art. 48.

2.2. Contratação Emergencial


Lei 8.666/1993
Art. 24. (...)
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de aten-
dimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas,
obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens
necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e
serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos
respectivos contratos;

contreinamentos.com.br 280
Lei 13.303/2016
Art. 29. (...)
XV - em situações de emergência, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que
possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamen-
tos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento
da situação emergencial e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no
prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contado da ocorrência
da emergência, vedada a prorrogação dos respectivos contratos, observado o disposto no § 2º;

2.2.1. Requisitos da Contratação Emergencial


Por meio da Decisão 347/1994-Plenário, proferida em sede de Consulta, o TCU firmou en-
tendimento no sentido de que as dispensas de licitação por motivo de emergência ou de
calamidade pública deverão observar, além das formalidades previstas no art. 26 da Lei
8.666/1993, os seguintes preceitos:
»» a situação adversa, dada como de emergência ou de calamidade pública, não se tenha
originado, total ou parcialmente, da falta de planejamento, da desídia administrativa ou
da má gestão dos recursos disponíveis, ou seja, que ela não possa, em alguma medida,
ser atribuída à culpa ou dolo do agente público que tinha o dever de agir para prevenir a
ocorrência de tal situação;
»» exista urgência concreta e efetiva para o atendimento à situação decorrente do estado
emergencial ou calamitoso, com vistas a afastar risco de danos a bens, à saúde ou à vida
de pessoas;
»» o risco, além de concreto e efetivamente provável, se mostre iminente e especialmente
gravoso;
»» a imediata efetivação, por meio de contratação com terceiro, de determinadas obras,
serviços ou compras, segundo as especificações e quantitativos tecnicamente apurados,
seja o meio adequado, efetivo e eficiente de afastar o risco iminente detectado.
Posteriormente, por meio do Acórdão 46/2002-Plenário (relator Ministro Walton Alencar Ro-
drigues), o Tribunal entendeu que se deve distinguir a situação de emergência “real”, resul-
tante do imprevisível, daquela decorrente da incúria ou inércia administrativa.
A ambas deve-se dar idêntico tratamento, no que diz respeito à possibilidade de contratação
direta. O que não impede eventual responsabilização daquele que com uma conduta dolosa
ou culposa deu causa à situação de emergência.

Lei 13.303/2016 (art. 29)


§ 2º A contratação direta com base no inciso XV do caput não dispensará a responsabilização
de quem, por ação ou omissão, tenha dado causa ao motivo ali descrito, inclusive no tocante ao
disposto na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992.

Acórdão 3.521/2010-2ª Câmara


é possível a contratação direta quando a situação de emergência decorre da falta de planeja-
mento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos públicos, devendo-se analisar,
para fim de responsabilização, a conduta do agente público que não adotou, tempestivamente,

contreinamentos.com.br 281
as providências cabíveis.

Orientação Normativa AGU 11


A contratação direta com fundamento no inc. IV do art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993, exige que,
concomitantemente, seja apurado se a situação emergencial foi gerada por falta de planejamen-
to, desídia ou má gestão, hipótese que, quem lhe deu causa será responsabilizado na forma da
lei.

Verifica-se, assim, que a contratação amparada no inciso IV do art. 24 da Lei 8.666/1993 e no


inciso XV do art. 29 da Lei 13.303/2016 depende, essencialmente, dos seguintes pressupos-
tos objetivos:
»» situação emergencial ou calamitosa;
»» urgência de atendimento;
»» risco; e
»» contratação como meio adequado para afastar o risco.

Dúvidas:
A administração tem contrato de prestação de serviços de manutenção
predial cuja vigência terminará em 30 dias. O contrato já atingiu o prazo
máximo de 60 meses. Também já foi realizada a prorrogação excepcio-
nal prevista no art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993 – mais 12 meses, prazo
este que se encerra dentro de um mês. Como a administração deve
proceder para dar continuidade à avença até que a nova licitação seja
finalizada?

Acórdão 1.796/2018 - Plenário


9.2. encaminhar cópia da presente deliberação:
9.2.1. à Seges/MP para que avalie a conveniência e a oportunidade de adotar medidas para: […]
9.2.1.2. implantar controles para mitigar riscos que possam resultar na realização de contrata-
ções emergenciais indevidas, que afrontem o inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666/1993, a exemplo
de mecanismo para controlar o nível mínimo de estoque para materiais essenciais, bem como
para alertar a necessidade de tomada de decisão quanto à prorrogação de um contrato de servi-
ços de duração continuada em vigor ou à realização de uma nova licitação;

Consoante entendimento do TCU,


a contratação direta deve se restringir somente à parcela mínima necessária para afastar a con-
cretização do dano ou a perda dos serviços executados, devendo a solução definitiva, conforme
o caso, ser objeto de licitação formal, baseada em projeto básico dotado, inexoravelmente, de
todos os elementos do art. 6º, inc. IX da Lei nº 8.666/1993 (Acórdão 943/2011-Plenário).

contreinamentos.com.br 282
2.2.3. Extrapolação do Prazo de 180 Dias
Acórdão 3.238/2010 - Plenário
esses riscos/danos nem sempre estarão afastados após o transcurso de 180 dias. Caso estejam,
não há maiores questionamentos de que o prazo deve ser respeitado. Entretanto, caso não este-
jam, o interesse público primário deve ser atendido. A relevância do interesse coletivo e social do
objeto contratado, bem como a urgência em seu atendimento, pode fazer com que seja colocado
em segundo plano o estrito cumprimento desse dispositivo legal. (...)
Cito como exemplo a reconstrução das diversas pontes destruídas pela ação das chuvas. Nas
hipóteses em que sua reconstrução demorar mais de 180 dias, não seria razoável interromper
a execução contratual após esse prazo e celebrar novo contrato com outro executor. Além do
atraso na conclusão da obra, aumentado o isolamento de comunidades e comprometendo a
segurança e saúde dessas pessoas, haveria prejuízos econômicos em razão dos custos adicionais
de mobilização e desmobilização do empreendimento como um todo.

2.2.4. Prorrogação Contratual


Com o mesmo intuito de se preservar o bem maior tutelado pela norma, poder-se-ia admitir
a prorrogação contratual em determinadas situações extraordinárias:
é possível, em casos excepcionais, firmar termo aditivo para prorrogar contrato oriundo da
dispensa de licitação prevista no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993, por período adicio-
nal estritamente necessário à conclusão da obra ou serviço, além do prazo máximo fixado
nesse dispositivo legal, desde que essa medida esteja fundamentada na ocorrência de fato
excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que impossibilite a execução
contratual no tempo inicialmente previsto (voto condutor do Acórdão 3.238/2010-Plenário).

2.2.5. Mitigação de Exigências Legais


Em determinadas hipóteses, o TCU admite que certas exigências sejam mitigadas com o
intuito de melhor se enfrentar a situação emergencial:
»» em casos excepcionais e devidamente justificados, poderão ser utilizados projetos bá-
sicos que não apresentem todos os elementos do art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993,
devendo constar do processo de contratação as razões que impossibilitam a elaboração
do projeto completo (Acórdão 943/2011-Plenário);
»» no caso das obras rodoviárias emergenciais do Petse, o projeto básico elaborado com
a finalidade de caracterizar os serviços a serem realizados pode constituir-se de plani-
lha estimativa, devidamente fundamentada em relatório técnico, sempre que tais servi-
ços tenham natureza emergencial e baixa complexidade executiva (ementa do Acórdão
2.049/2010-Plenário).

2.2.6. Término do Exercício


De acordo com o entendimento proferido pelo TCU na Decisão 524/1999-Plenário, a des-
centralização de recursos no final do exercício financeiro, sem possibilidade de finalizar um
procedimento licitatório, não autoriza a contratação direta mediante dispensa de licitação
com fulcro no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993.

contreinamentos.com.br 283
Havendo dotação orçamentária, cabe ao administrador promover gestões junto à setorial
contábil com vistas a garantir a exequibilidade do procedimento licitatório.

2.3. URGÊNCIA CONTROLADA

Acórdão 513/2013-Plenário
A ausência ou precariedade de equipamentos e serviços públicos, que podem ser entendi-
das como ‘urgência controlada’, não caracterizam por si sós a imprevisibilidade e a excep-
cionalidade exigidas para a contratação direta fundamentada no inciso IV do art. 24 da Lei
8.666/1993, a qual, ainda, deve se restringir aos itens estritamente necessários ao afasta-
mento de riscos iminentes à segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros
bens, públicos ou particulares.
Em tomada de contas especial decorrente de representação para apuração de irregulari-
dades nas obras de reforma do Estádio João Cláudio de Vasconcelos Machado (Machadão),
em Natal/RN, os responsáveis foram ouvidos pela contratação direta do objeto com funda-
mento em situação emergencial. A dispensa de licitação foi justificada com base em laudo
do Corpo de Bombeiros, que indicara a necessidade da interdição do estádio. Contudo, para
o relator, “no caso concreto, para mitigar o risco decorrente das más condições estruturais
do estádio, bastaria a interdição do local, como se depreende do relatório do Corpo de Bom-
beiros”.
Acrescentou, adiante: “O anseio pela utilização do estádio em evento esportivo que se apro-
ximava não caracteriza a urgência na realização dos serviços. Não há que se questionar a
necessidade de interdição do estádio, sobejamente indicada nos laudos técnicos emitidos
antes da contratação. No entanto, extrai-se dos autos que a interdição seria suficiente para
mitigar os riscos, sem que restasse prejudicada ou inviabilizada a realização do processo lici-
tatório”. Concluiu asseverando que “o enquadramento em situação emergencial tendente a
dispensar a realização de licitação deve ser natural, evidente, e não forçado ou provocado ...
a reforma do estádio pode ser considerada como de “urgência controlada”, não enquadrável
em hipótese motivadora de dispensa e, por tanto, sendo obra licitável. Entender como re-
gular a contratação direta nos casos de “urgência controlada” poderia levar a uma aplicação
generalizada da dispensa de licitação sob tal motivação, mormente em um contexto geral de
deficiência de equipamentos públicos”. O Tribunal, ao acolher proposta do relator, rejeitou
as razões de justificativa quanto à irregularidade em questão e a utilizou como fundamento
para aplicação de multa aos responsáveis.

Acórdão 1.020/2008-1ª Câmara


[Voto] 4. Também não há como aceitar o frágil parecer jurídico no qual o responsável teria
se apoiado para dispensar a licitação, partindo da infundada premissa de que as despesas
advindas da paralisação das obras durante o tempo necessário à licitação justificariam uma
situação de emergência.
5. É óbvio que a licitação é uma regra que se sobrepõe a dificuldades como a alegada, que
figuram dentro da rotina administrativa, sem importar em risco para pessoas ou bens. Não é
à toa que a lei, quando supõe a possibilidade de dispensa de licitação em caso emergencial,
coloca-o em paralelo com a ocorrência de uma calamidade. Então, não serão transtornos
normais ao desafio de administrar que poderão impedir o processo licitatório.

contreinamentos.com.br 284
6. Note-se, por outro lado, que toda obra pública, por essência, é necessária sem demora,
sobretudo num País de tantas carências e poucas disponibilidades financeiras, que está
sempre em dívida para com o bem-estar da população. Mas evidentemente que essa “ur-
gência controlada”, por assim dizer, não carrega a imprevisibilidade e a extraordinariedade
envolvidas no inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666/93. 

Lei 8.666/1993
Art. 24. (...)
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser
repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preesta-
belecidas;

Lei 13.303/2016
Art. 29. (...)
III - quando não acudirem interessados à licitação anterior e essa, justificadamente, não puder
ser repetida sem prejuízo para a empresa pública ou a sociedade de economia mista, bem como
para suas respectivas subsidiárias, desde que mantidas as condições preestabelecidas;

São requisitos legitimadores dessa hipótese de contratação:


»» licitação anteriormente realizada;
»» ausência de interessados;
»» inexistência de falhas no edital que poderiam causar a fuga dos possíveis licitantes;
»» risco de prejuízos para administração, se o processo licitatório vier a ser repetido;
»» manutenção das condições previstas no ato convocatório anterior.
Segundo o TCU, para a validade dessa hipótese de contratação direta, devem ser observa-
dos todos os requisitos constantes do edital da licitação deserta, não apenas em relação
às especificações do objeto licitado, mas também em relação às exigências de habilitação
(Acórdão 56/2000-2ª Câmara).

Na seguinte situação concreta, a contratação direta foi considerada indevida e foi aplicada a
pena de multa ao responsável:
somente pode ser empregado no caso de não acudirem interessados à licitação anterior e
se o certame, justificadamente, não puder ser repetido sem prejuízo para a Administração
(...) havia tempo hábil para a repetição do certame, pois o prazo para a execução do objeto
pactuado era até 31/05/2003 e a declaração de licitação deserta se deu em 13/11/2002, por-
tanto, à época, dispunha-se de mais de seis meses para refazer o torneio licitatório (Acór-
dão 342/2011-1ª Câmara).

A ausência de interessados mencionada na legislação pode restar configurada nas seguintes


situações:
a) não comparecimento de licitantes interessados (“licitação deserta”);

contreinamentos.com.br 285
b) comparecimento somente de licitante sem a habilitação necessária ou de licitante habili-
tável que não apresentou proposta válida (“licitação fracassada”).
A contratação direta é admissível em ambas as situações acima descritas, desde que este-
jam presentes os demais requisitos que legitimam a aplicação dessa dispensa.

Nesse sentido, o TCU já decidiu que:


Estabelece o art. 24, inciso V, da Lei nº 8.666, de 1993, a possibilidade de dispensa de licitação
pública se satisfeitas simultaneamente as seguintes condições:
(a) falta em certame anterior de proposta reputada válida (interpretação extensiva dada por este
Tribunal à expressa hipótese de não-comparecimento de interessados);
(b) impossibilidade justificada de repetição do certame sem que haja prejuízo para a Adminis-
tração, mantidas, neste caso, todas as condições pré-estabelecidas. (Acórdão 4.748/2009 - 1ª
Câmara)

2.3. Licitação Deserta na Modalidade Pregão


Considerando que a Lei 10.520/2002 não trata de contratação direta, os dispositivos da Lei
8.666/1993 relativos a esse assunto aplicam-se em sua integralidade.
Ademais, também na modalidade pregão não seria razoável forçar a administração a repe-
tir indefinidamente uma licitação para a qual não se apresentaram interessados ou para a
qual todos os interessados foram inabilitados ou desclassificados, em prejuízo do interesse
público.

Dúvidas:
Restando deserta licitação para registro de preços, seria possível for-
malizar ata de registro de preços com base no inciso V do art. 24 da Lei
8.666/1993 ou no inciso III do art. 29 da Lei 13.303/2016?
Instaurada licitação para construção de creche adotando metodologia
inovadora, por duas vezes, não se obteve nenhuma proposta. Diante
da impossibilidade de ficar sem esse objeto por mais tempo, a adminis-
tração pode celebrar contratação direta, com fundamento no inciso V
do art. 24 da Lei 8.666/1993, de construção de creche pela metodologia
tradicional?

contreinamentos.com.br 286
2.4. Propostas com Preços Superiores aos Praticados no Mercado

Lei 8.666/1993
Art. 24. (...)
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores
aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos
oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, per-
sistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não
superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços;

Lei 13.303/2016
Art. 29. (...)
IV - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos
praticados no mercado nacional ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais com-
petentes;

Referida contratação pressupõe a observância das seguintes condições:


»» apresentação, no certame licitatório, de propostas com preços excessivos frente aos pra-
ticados no mercado;
»» desclassificação de todas as propostas;
»» adoção, sem sucesso, da providência prevista no § 3º do art. 48 da Lei de Licitações; e
»» existência de particular interessado na contratação por preço adequado.
A Lei 13.303/2016 não prevê a solicitação de novas propostas.
Ademais, na aplicação da Lei 13.303/2016, o orçamento estimado para a contratação (art.
56, inc. IV) representa o limite máximo para a análise de aceitabilidade das propostas.
Em relação ao estabelecimento do montante a partir do qual o preço proposto pelo licitante
deve ser considerado manifestamente superior ao praticado no mercado, o TCU tem enten-
dido que:
Em procedimento de dispensa de licitação, devem constar, no respectivo processo adminis-
trativo, elementos suficientes para comprovar a compatibilidade dos preços a contratar com
os vigentes no mercado ou com os fixados por órgão oficial competente, ou, ainda, com os
que constam em sistemas de registro de preços. (Acórdão 1.607/2014-Plenário).
Em relação à habilitação, deve-se atentar que:
a Administração deve exigir da empresa contratada a comprovação das condições de habili-
tação e da proposta estipuladas no edital da licitação precedente, salvo motivo devidamente
comprovado (Acórdão 1.315/2004 – Plenário).

contreinamentos.com.br 287
DIFERENÇA ENTRE AS HIPÓTESES DE DISPENSA PREVISTAS NOS INCISOS V E VII DO ART.
24

Inciso V Inciso VII

Licitação fracassada pela ausência de Licitação fracassada pela apresentação


licitantes. reiterada de propostas com preços
superiores aos de mercado.
Há risco de prejuízo na repetição da Não é necessária a caracterização de risco
licitação. para a administração na repetição.
Não é obrigatório solicitar novas É obrigatório, em princípio, pedir novas
propostas. propostas.

Dúvidas:
A administração realiza uma licitação, com objeto dividido em lotes, po-
rém um dos lotes restou fracassado tendo em vista os valores propos-
tos estarem muito superiores aos da estimativa de preços. Há a neces-
sidade de repetir o certame apenas para esse lote?
Na hipótese de um pregão restar fracassado em virtude das propostas
cotadas se apresentarem excessivas, é possível celebrar contratação di-
reta com base no art. 24, inc. VII, da Lei 8.666/1993?

contreinamentos.com.br 288
2.5. Remanescente de Obra, Serviço ou Fornecimento

Lei 8.666/1993
Art. 24. (...)
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência
de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e
aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço,
devidamente corrigido;

Lei 13.303/2016
Art. 29. (...)
VI - na contratação de remanescente de obra, de serviço ou de fornecimento, em consequ-
ência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação ante-
rior e aceitas as mesmas condições do contrato encerrado por rescisão ou distrato, inclusive
quanto ao preço, devidamente corrigido;

Nessas situações, a administração pode convocar os demais participantes da licitação, na


ordem de classificação, para verificar se têm interesse em contratar o remanescente, nas
mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor ou do contrato encerrado, inclusive
quanto ao preço, devidamente corrigido.

Acórdão 4.852/2010-2ª Câmara


O TCU considerou irregularidade grave a utilização do art. 24, inciso XI, da Lei 8.666/1993,
sem que as condições quanto ao preço oferecido pelo licitante vencedor fossem respeita-
das. In casu, aplicou-se multa ao responsável.

Acórdão 2.830/2016-Plenário
A contratação direta de remanescente de obra, serviço ou fornecimento decorrente de res-
cisão contratual requer a manutenção das condições oferecidas pelo licitante vencedor, in-
clusive quanto aos preços unitários, e não apenas o mesmo preço global.

Acórdão 552/2014-Plenário
É ilegal a contratação, mediante a dispensa de licitação prevista no art. 24, inciso XI, da Lei
8.666/93, de remanescente de obra com base em condições diversas daquelas que vence-
ram o processo licitatório. Não estão obrigados nem o gestor público a aproveitar o certa-
me, nem os demais licitantes a aceitar os termos da proposta vencedora. No entanto, para
legitimar a contratação direta, devem ser adotadas as condições vencedoras do processo
concorrencial.
A contratação de remanescente de obra pressupõe que o proponente estudou a equação
inicial antes de assinar o ajuste e analisou e aceitou uma proposta de preços baseada em
dados que entendeu exequíveis em condições de equilíbrio econômico-financeiro.

contreinamentos.com.br 289
Acórdãos 7.979/2017-2ª Câmara e 1.443/2018-Plenário
A contratação direta de remanescente de obra, serviço ou fornecimento decorrente de resci-
são contratual requer a manutenção das condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclu-
sive quanto aos preços unitários, devidamente corrigidos, e não apenas a adoção do mesmo
preço global.
No caso, verificou-se que, embora a contratação do remanescente da obra mantivesse o
valor global oferecido pela licitante vencedora, descontada a parcela já executada, os preços
unitários da nova contratada não guardavam relação com os apresentados pela anterior
contratada.
Em paralelo, dez meses após ser contratada, a empresa pleiteou – e obteve – o “realinha-
mento” de preços (nomenclatura utilizada no aditivo) com fundamento na grande defasa-
gem dos preços no orçamento original.

Considerações adicionais:
a) é imprescindível que a execução do objeto tenha sido iniciada. Se o licitante vencedor
assinou o contrato mas não deu início à execução, o contrato pode ser rescindido e con-
vocado o segundo licitante, na forma prevista no art. 64, § 2º, da Lei 8.666/1993 (Acórdão
740/2013-Plenário);
Art. 64. A Administração convocará regularmente o interessado para assinar o termo de contrato,
aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições estabelecidos, sob pena
de decair o direito à contratação, sem prejuízo das sanções previstas no art. 81 desta Lei. (...)
§ 2º É facultado à Administração, quando o convocado não assinar o termo de contrato ou não
aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos, convocar os
licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas
condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços atualizados de con-
formidade com o ato convocatório, ou revogar a licitação independentemente da cominação
prevista no art. 81 desta Lei.
b) para as estatais, o tema foi assim disciplinado art. 75 da Lei 13.303/2016:
Art. 75. A empresa pública e a sociedade de economia mista convocarão o licitante vencedor ou
o destinatário de contratação com dispensa ou inexigibilidade de licitação para assinar o termo
de contrato, observados o prazo e as condições estabelecidos, sob pena de decadência do direito
à contratação.
§ 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado 1 (uma) vez, por igual período.
§ 2º É facultado à empresa pública ou à sociedade de economia mista, quando o convocado não
assinar o termo de contrato no prazo e nas condições estabelecidos:
I - convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e
nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços atuali-
zados em conformidade com o instrumento convocatório;
II - revogar a licitação.
c) a legislação não faz menção à causa da rescisão do contrato, que pode decorrer de ato da
administração, de culpa do contratado ou até de caso fortuito ou força maior que inviabilize
a prestação do objeto pelo contratado;

contreinamentos.com.br 290
d) nada obstante, deve-se atentar para a possível ocorrência de sobrepreço na proposta
vencedora (Acórdãos 2.240/2018 e 930/2019-Plenário);
d) quando houver necessidade de corrigir, emendar, substituir parcelas executadas incor-
retamente pelo contratante anterior, deverá realizar-se nova licitação, visando a sanar tais
defeitos (Acórdão 2.830/2016-Plenário);
f) não é possível utilizar essa hipótese quando apenas um licitante compareceu ao certame
que precedeu à celebração do contrato ora rescindido.

Acórdão 2.132/2016-Plenário
No caso de remanescente de obra, não havendo classificados na licitação anterior que acei-
tem as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, o
administrador não pode optar pela contratação direta, com fundamento no art. 24, inc. XI,
da Lei 8.666/1993, de empresa que não participou da licitação, devendo promover novo
certame.
Em sua defesa, a responsável alegou que a contratação foi devidamente subsidiada por pa-
recer jurídico e que o valor da avença foi o mesmo da empresa vencedora da licitação.
Em seu voto, o relator ressaltou que o gestor público, no caso de remanescente de obra, tem
a discricionariedade de optar em promover novo certame ou adotar a contratação direta,
mas, ao optar por esta alternativa ao revés daquela, deve seguir estritamente os comandos
veiculados no dispositivo legal que autorizam a dispensa (art. 24, inc. XI, da Lei 8.666/1993).
Em não havendo classificados (e somente para os classificados) na licitação anterior que
aceitem as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço,
a solução necessária que sobressai do ordenamento jurídico é única: promover nova licita-
ção.
A modalidade pregão tem regra própria e diversa da prevista no art. 64, § 2º, da Lei 8.666/1993.

Lei 10.520/2002
Art. 4º. (...)
XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta, não cele-
brar o contrato, aplicar-se-á o disposto no inciso XVI.
XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante desatender às exigências habilitatórias, o prego-
eiro examinará as ofertas subseqüentes e a qualificação dos licitantes, na ordem de classificação,
e assim sucessivamente, até a apuração de uma que atenda ao edital, sendo o respectivo licitante
declarado vencedor;

contreinamentos.com.br 291
A Lei 13.303/2016, no § 1º do art. 29, permite, ainda, outro caminho caso nenhum dos licitan-
tes aceite contratar nas mesmas condições da avença encerrada.

Lei 13.303/2016
Art. 29 (...)
§ 1º Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a contratação nos termos do inciso VI do caput,
a empresa pública e a sociedade de economia mista poderão convocar os licitantes remanescen-
tes, na ordem de classificação, para a celebração do contrato nas condições ofertadas por estes,
desde que o respectivo valor seja igual ou inferior ao orçamento estimado para a contratação,
inclusive quanto aos preços atualizados nos termos do instrumento convocatório.

Dúvidas:
Na contratação de remanescente de serviços, a vigência contratual fica
vinculada à data final informada no contrato rescindido?
Em contrato de serviço de natureza continuada, ao celebrar a contrata-
ção do remanescente de contrato anterior rescindido, a possibilidade
de prorrogação prevista no ajuste original vale para a contratação fir-
mada com fundamento na dispensa de licitação?

Acórdão 412/2008-Plenário
A possibilidade de prorrogação prevista no ajuste original alcança a contratação firmada
com fundamento no inciso XI do art. 24 da Lei 8.666/1993.

contreinamentos.com.br 292
Não se pode reclamar a realização de novo certame quando a legislação permite a contra-
tação direta. Ademais, no caso concreto, seria desarrazoado exigir que o órgão funcionasse
sem receber os serviços de conservação e limpeza enquanto outra licitação fosse realizada.

Acórdão 1.134/2017-Plenário
O contrato rescindido, de prestação de serviço de natureza continuada, encontrava-se no
segundo ano de vigência. Assim, defendeu a unidade técnica não ser possível a contratação
por dispensa com fundamento no inciso XI do art. 24 da Lei 8.666/1993, pois não haveria
remanescente a ser contratado.
Nada obstante, o Colegiado entendeu, acompanhando o relator, estarem atendidos os re-
quisitos legais para a dispensa de licitação amparada na aludida hipótese.
No caso, faltavam seis dias para o término do ajuste então vigente e o novo contrato foi ce-
lebrado mantendo a vigência do anterior, sendo posteriormente assinado um aditivo para
prorrogá-lo por 12 meses, de modo a garantir a continuidade da prestação dos serviços.
No mesmo processo, o TCU examinou a legalidade de se de proceder a acréscimos contra-
tuais em ajustes firmados com amparo no inciso XI do art. 24 da Lei 8.666/1993.

Acórdão 819/2014-Plenário
A ausência de interesse da contratada em prorrogar avença de prestação de serviços de
natureza continuada não autoriza a realização de dispensa de licitação para contratação
de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, de que trata o art. 24, inciso XI, da Lei
8.666/93, nem a convocação prevista no art. 64, § 2º, do mesmo diploma legal.

Dúvidas:
É possível atualizar/reajustar os preços para fins de contratação com os
licitantes remanescentes?
No caso de inexecução de contrato decorrente de ata de registro de
preços, é possível falar em contratação direta de remanescente?

Decreto 7.892/2013
Art. 10. Após o encerramento da etapa competitiva, os licitantes poderão reduzir seus preços ao
valor da proposta do licitante mais bem classificado.
Parágrafo único. A apresentação de novas propostas na forma do caput não prejudicará o resul-
tado do certame em relação ao licitante mais bem classificado.

contreinamentos.com.br 293
3. INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO

A competição é um dos fundamentos básicos da licitação, procedimento que tem por fim a
seleção da proposta mais vantajosa para a administração.
Logo, quando não há competitividade em relação ao objeto pretendido, impõe-se afastar a
licitação.
A principal característica da inexigibilidade de licitação é, portanto, a inviabilidade de com-
petição, conforme dispõe o art. 25 da Lei 8.666/1993 e o art. 30 da Lei 13.303/2016.

Lei 8.666/1993
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por pro-
dutor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a
comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do
comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federa-
ção ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular,
com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços
de publicidade e divulgação;
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de em-
presário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

Lei 13.303/2016
Art. 30. A contratação direta será feita quando houver inviabilidade de competição, em especial
na hipótese de:
I - aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor,
empresa ou representante comercial exclusivo;
II - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados, com profissionais ou empresas de
notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação:
a) estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

Além da inviabilidade de competição referida no caput do art. 25 da Lei 8.666/1993, a inexi-


gibilidade pode ser utilizada na contratação de:

contreinamentos.com.br 294
a. fornecedor exclusivo (inciso I);
b. serviços técnicos prestados por profissionais de notória especialização (inciso II);
c. profissional do setor artístico (inciso III).
Diferentemente da Lei 8.666/1993, a Lei 13.303/2016 não menciona, expressamente, a inexi-
gibilidade de licitação para a contratação de profissional do setor artístico, embora o rol do
art. 30, conforme já dito, não seja exaustivo.
A licitação também pode ser considerada inexigível nas hipóteses em que inexiste possibili-
dade de seleção objetiva entre as diversas alternativas existentes. É o caso, por exemplo, do
credenciamento de médicos e hospitais (Decisão 126/1998 – Plenário).

3.1. Serviços Técnicos a serem Prestados por Profissionais de Notória Especialização


O inciso II do art. 25 da Lei 8.666/1993 ou inciso II do art. 30 da Lei das Estatais relaciona-se à
contratação de serviços técnico-profissionais especializados prestados por profissionais ou
empresas de notória especialização.

Lei 8.666/1993
Art. 25.  É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial: (...)
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular,
com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços
de publicidade e divulgação;

Na Lei 8.666/1993, essa hipótese de contratação direta depende cumulativamente de três


condições:
a) enumeração do serviço no art. 13 da Lei de Licitações;
b) natureza singular desse serviço. Não basta que o serviço esteja enumerado no art. 13 da
Lei, é necessário que o objeto se destaque em face de sua complexidade e relevância;
c) notória especialização do profissional, na forma do § 1º do art. 25 da Lei.

O art. 13 da Lei de Licitações não conceituou “serviço técnico profissional especializado”,


optando por fornecer um rol de situações. Mas é possível traçar características que deverão
somar-se para a composição do conceito legal:
»» serviço técnico: importa a aplicação de conhecimento teórico e científico e de habilidade
pessoal para transportá-lo para a vida prática;
»» serviço profissional: constitui-se no objeto de uma profissão, ou seja, apresenta objeto
próprio e se desenvolve segundo regras inconfundíveis;
»» serviço especializado: significa a capacitação para o exercício de uma atividade com habi-
lidades que não estão disponíveis para qualquer profissional comum.

contreinamentos.com.br 295
Lei 13.303/2016
Art. 30. A contratação direta será feita quando houver inviabilidade de competição, em especial
na hipótese de: (...)
II - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados, com profissionais ou empresas de
notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação:
a) estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

Essa hipótese de contratação direta depende cumulativamente de:


a) enumeração do serviço no inciso II do art. 30 da Lei 13.303/2016; e
b) notória especialização do profissional, na forma do § 1º do art. 30 da Lei.
§ 1º Considera-se de notória especialização o profissional ou a empresa cujo conceito no
campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiência, pu-
blicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou outros requisitos relacionados
com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o
mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
Diversamente da Lei 8.666/1993, a Lei 13.303/2016 não faz menção à natureza singular des-
ses serviços técnicos.
Todavia, entende-se que não basta que o serviço esteja enumerado no art. 30 da Lei, sendo
necessário que o objeto se destaque em face de sua complexidade e relevância.
Sobre a natureza singular da contratação, vale destacar que a singularidade não significa
ausência de pluralidade de sujeitos em condições de desempenhar o objeto.
A respeito do tema, cita-se o Acórdão 1.074/2013-Plenário (Rel. Min. Benjamin Zymler):
“15.(...) o conceito de singularidade não está vinculado à ideia de unicidade. Para fins de
subsunção ao art. 25, inciso II, da Lei 8.666/93, entendo não existir um serviço que possa
ser prestado apenas e exclusivamente por uma única pessoa. (...) A existência de um único
sujeito em condições de ser contratado conduziria à inviabilidade de competição em relação
a qualquer serviço e não apenas em relação àqueles considerados técnicos profissionais
especializados, o que tornaria letra morta o dispositivo legal.
16. (...) unicidade pressupõe complexidade e especificidade. Dessa forma, a natureza singu-
lar não deve ser compreendida como uma situação de ausência de pluralidade de sujeitos
em condições de executar o objeto, mas sim como uma situação diferenciada e sofisticada
que exige grande nível de segurança, restrição e cuidado.”

contreinamentos.com.br 296
Súmula TCU 252
A inviabilidade de competição (...) decorre da presença simultânea de três requisitos: serviço téc-
nico especializado, entre os mencionados no art. 13 da referida lei, natureza singular do serviço
e notória especialização do contratado.

Súmula TCU 264


(...)somente é cabível quando se tratar de serviço de natureza singular, capaz de exigir, na seleção
do executor de confiança, grau de subjetividade insuscetível de ser medido pelos critérios obje-
tivos de qualificação inerentes ao processo de licitação, nos termos do art. 25, inciso II, da Lei nº
8.666/1993.

Dúvidas:
O que se deve entender por serviço de natureza singular? A existência
de dois ou mais prestadores do serviço desejado pela administração
afasta a possibilidade de utilização da hipótese prevista no inciso II do
art. 25 da Lei 8.666/1993?

Acórdão 1.183/2010-Plenário
Em contratações de projetos de arquitetura e urbanismo com inexigibilidade de licitação,
na forma do inc. II do art. 25 da Lei nº 8.666/1993, devem ser obrigatoriamente licitados os
projetos de instalações e serviços complementares (cálculo estrutural, água fria, esgoto sa-
nitário, águas pluviais, instalações elétricas, cabeamento estruturado, circuito fechado de te-
levisão, controle de acesso, antena coletiva de televisão, sonorização, detecção e alarme de
incêndio, supervisão, comando e controle de edificações, ar-condicionado central, ventilação
mecânica, prevenção e combate a incêndios, gás liquefeito de petróleo, acústica, ambiente
de segurança, irrigação, coleta de lixo, aspiração central e outros), conforme preveem o art.
2º da Lei nº 8.666/1993 e o inc. XXI do art. 37 da Constituição Federal, salvo se cabalmente
demonstrada a inviabilidade técnica ou econômica da dissociação, nos termos do § 1º do art.
23 da Lei nº 8.666/1993

Acórdão 1.826/2017-Plenário
Contratação de empresa, por inexigibilidade de licitação, para a atualização de projeto ar-
quitetônico sem que houvesse o atendimento do requisito notória especialização do profis-
sional/empresa contratado.
In casu, foi contratado por inexigibilidade de licitação o escritório de um renomado arquiteto
para elaboração do projeto básico de uma edificação.
Na sequência foi realizada a licitação para a execução da obra, que não chegou a ser conclu-
ída em razão de diversos questionamentos de ordem técnica gerados em função de proble-
mas encontrados nos projetos, que não foram satisfatoriamente respondidos pelo escritório
do renomado arquiteto. Este, posteriormente, veio a falecer.

contreinamentos.com.br 297
Para realizar o serviço, contratou-se, por inexigibilidade de licitação, um arquiteto que fazia
parte da equipe liderada pelo autor do projeto.

Em procedimento de inexigibilidade de licitação que vise contratar a prestação de serviços


técnicos especializados, o licitante que apresentar relação de integrantes de seu corpo técni-
co como elemento de justificativa da contratação ficará obrigado a garantir que os técnicos
indicados realizarão pessoal e diretamente os serviços objeto do contrato.

4. INSTRUÇÃO DO PROCESSO

Lei 8.666/1993
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as
situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento
previsto no final do parágrafo único do art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3
(três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de
5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos.
Parágrafo único.  O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste
artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o
caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
III - justificativa do preço.
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados.

O processo administrativo de contratação direta por dispensa de licitação, com base nos
incisos III a XXIV do art. 24 da Lei 8.666/1993, e por inexigibilidade de licitação, ao amparo do
art. 25 da mesma lei, deve ser instruído com as seguintes informações:
»» justificativa da situação que ensejou a dispensa ou a inexigibilidade de licitação;
»» razões de escolha do fornecedor; e
»» justificativa do preço contratado.
As justificativas exigidas pela lei variam conforme o caso em que se fundamentar a contra-
tação. De qualquer forma, deve sempre ficar demonstrado o preenchimento de todos os
requisitos legais.
Além da motivação dos atos, devem integrar o processo os documentos em que o adminis-
trador se baseou para firmar sua convicção.

Nos mesmos moldes da Lei 8.666/1993, a Lei 13.303/2016, em seu art. 30, prevê que:
§ 3º O processo de contratação direta será instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o
caso;

contreinamentos.com.br 298
II - razão da escolha do fornecedor ou do executante;
III - justificativa do preço.

Dúvidas:
É obrigatória a análise da assessoria jurídica nos processos de contra-
tação direta?
Art. 38.  O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de
processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numera-
do, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto
e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportu-
namente: (...)
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa
ou inexigibilidade; (...)
Parágrafo único.  As minutas de editais de licitação, bem como as dos
contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente exa-
minadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração.

Orientação Normativa AGU 46


Somente é obrigatória a manifestação jurídica nas contratações de pequeno valor com fun-
damento no art. 24, I ou II, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, quando houver minuta
de contrato não padronizada ou haja, o administrador, suscitado dúvida jurídica sobre tal
contratação. aplica-se o mesmo entendimento às contratações fundadas no art. 25 da Lei nº
8.666, de 1993, desde que seus valores subsumam-se aos limites previstos nos incisos I e II
do art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993.

4.1. Justificativa do Preço


Previamente à realização de qualquer contratação, a administração deve estimar o valor de
mercado do objeto pretendido.
Essa estimativa é indispensável para a escolha da proposta mais vantajosa. Além disso, faci-
lita sobremaneira o controle da execução do contrato.
Também é necessária para a verificação da cobertura orçamentária (arts. 7º, § 2º, III, 14 da
Lei 8.666/1993).
Por força do § 9º do art. 7º da Lei 8.666/1993, a verificação do valor estimado da contratação
aplica-se também aos casos de dispensa e inexigibilidade de licitação.
No âmbito federal, referida estimativa deve ser feita levando em consideração os parâme-
tros definidos no Decreto 7.983/2013 e na IN 73/2020.
De acordo com a referida IN, a pesquisa de preços será realizada mediante a utilização de
um dos seguintes parâmetros:

contreinamentos.com.br 299
1) painel de preços, disponível no endereço eletrônico gov.br/paineldepreços, desde que as
cotações refiram-se a aquisições ou contratações firmadas no período de até 1 ano anterior
à data de divulgação do instrumento convocatório;
2) aquisições e contratações similares de outros entes públicos, firmadas no período de até
1 ano anterior à data de divulgação do instrumento convocatório;
3) dados de pesquisa publicada em mídia especializada, de sítios eletrônicos especializados
ou de domínio amplo, desde que atualizados no momento da pesquisa e compreendidos no
intervalo de até 6 meses de antecedência da data de divulgação do instrumento convocató-
rio, contendo a data e hora de acesso; ou
4) pesquisa direta com fornecedores, mediante solicitação formal de cotação, desde que os
orçamentos considerados estejam compreendidos no intervalo de até 6 meses de antece-
dência da data de divulgação do instrumento convocatório.

Dúvidas:
Nos casos de contratação por inexigibilidade de licitação, como a admi-
nistração pode justificar o preço?

Acórdão 2280/2019 Primeira Câmara


A realização de cotação de preços junto a potenciais prestadores dos serviços demandados,
a fim de justificar que os preços contratados estão compatíveis com os praticados no mer-
cado, afasta a hipótese de inexigibilidade de licitação, por restar caracterizada a viabilidade
de competição.

Instrução Normativa 73/2020


Art. 7º Os processos de inexigibilidade de licitação deverão ser instruídos com a devida justi-
ficativa de que o preço ofertado à administração é condizente com o praticado pelo merca-
do, em especial por meio de:
I - documentos fiscais ou instrumentos contratuais de objetos idênticos, comercializados
pela futura contratada, emitidos no período de até 1 (um) ano anterior à data da autorização
da inexigibilidade pela autoridade competente;
II - tabelas de preços vigentes divulgadas pela futura contratada em sítios eletrônicos espe-
cializados ou de domínio amplo, contendo data e hora de acesso.
§1º Poderão ser utilizados outros critérios ou métodos, desde que devidamente justificados
nos autos pelo gestor responsável e aprovados pela autoridade competente.
§2º Excepcionalmente, caso a futura contratada não tenha comercializado o objeto ante-
riormente, a justificativa de preço de que trata o caput pode ser realizada com objetos de
mesma natureza.
§3º Caso a justificativa de preços aponte para a possibilidade de competição no mercado,
vedada está a inexigibilidade.

contreinamentos.com.br 300
§ 4º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, às hipóteses de dispensa de licitação,
em especial as previstas nos incisos III, IV, XV, XVI e XVII do artigo 24 da Lei nº 8.666, de 21 de
junho de 1993.

Dúvidas:
É obrigatória a elaboração do projeto básico/termo de referência nas
contratações efetivadas com dispensa ou inexigibilidade de licitação?

“42. (...) projeto básico é a peça fundamental para a demonstração da viabilidade e conveniência
da contratação. Por meio do projeto básico é que a administração discrimina o objeto pretendi-
do, os resultados esperados, tempo e forma de execução. (...) os procedimentos licitatórios devem
ter sempre o mesmo início. Identifica-se a necessidade, motiva-se a contratação, para, então, par-
tir-se para a verificação da melhor forma de sua prestação. Ou seja, a decisão pela contratação
direta, por inexigibilidade ou dispensa, é posterior a toda uma etapa preparatória que deve ser
a mesma para qualquer caso. A impossibilidade ou a identificação da possibilidade da contrata-
ção direta, como a melhor opção para a administração, só surge após a etapa inicial de estudos”
(Acórdão 994/2006-Plenário).
(...) 11. Além disso, a contratação ocorreu sem que houvesse detalhamento preciso e claro do que
se pretendia. As alegações no sentido de que a técnica era novidade à época e, por conta disso,
não teria condições de detalhar melhor o objeto, não se presta a justificar tal fato. A Lei de Lici-
tações e Contratos dispõe que as obras e serviços somente podem ser licitados quando houver
projeto básico (art. 7º, § 2º, inciso I). (...) Ademais, a alegação de que o objeto da contratação era
novo, fato que impossibilitava seu melhor detalhamento, choca-se com a contratação por inexigi-
bilidade de licitação escorada no inciso II do art. 25. Afinal, se o objeto é impreciso torna-se difícil
afirmar que sua execução seria indiscutivelmente melhor realizada por determinada empresa.
(Acórdão 1.166/2005-2ª Câmara)

4.2. Documentos de Habilitação


Nas contratações efetuadas pela Administração Pública, em qualquer modalidade, inclusive
por dispensa e inexigibilidade de licitação, é obrigatória a verificação da regularidade do
fornecedor junto à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, devida-
mente documentada nos autos.
Nesse sentido, Decisão 705/1994-Plenário e Acórdãos 260/2002-Plenário, 1467/2003-Plená-
rio e 2465/2003-1ª Câmara.
A regularidade do fornecedor poderá ser verificada por consulta ao Sistema de Cadastra-
mento Unificado de Fornecedores - Sicaf.
Dúvida:
A Administração deve exigir do particular, em caso de dispensa ou inexigibilidade de licita-
ção, a comprovação de atendimento de todas as condições de habilitação previstas nos arts.
27 e seguintes da Lei 8.666/1993?

contreinamentos.com.br 301
4.3. Ratificação e Publicação na Imprensa Oficial
As dispensas, exceto por valor, e as situações de inexigibilidade previstas na Lei de Licitações
deverão ser comunicadas dentro de três dias à autoridade superior para ratificação e publi-
cação na imprensa oficial, no prazo de cinco dias, como condição para eficácia dos atos (art.
26 da Lei 8.666/1993).
A ratificação serve ao controle hierárquico da legalidade e da conveniência ou oportunidade
do ato.
De acordo com o art. 49, § 3º, da Lei de Licitações, a autoridade superior, ao receber os au-
tos, poderá:
»» anular o procedimento, caso constate alguma ilegalidade;
»» revogá-lo em razão de fato superveniente que altere o interesse público na contratação;
ou
»» ratificá-lo, se ele for lícito e a contratação ainda se mostrar oportuna e conveniente.
Nesse sentido, pode-se dizer que o ato de ratificação de dispensas e inexigibilidades produz
efeitos equivalentes aos da homologação da licitação.
Já a publicação destina-se a permitir o controle externo e difuso das decisões administrati-
vas.

Responsabilidade Ratificação
No julgamento do Acórdão 835/2009-Plenário, o TCU entendeu que embora o art. 26 estabe-
leça que cabe à autoridade superior ratificar as dispensas e inexigibilidades de licitação, não
há impedimentos para que a comissão de licitação funcione como órgão consultivo dessa
autoridade máxima.
Nessas condições, não haveria óbices à responsabilidade conjunta desses agentes pelas di-
ferentes irregularidades constatadas nas contratações diretas da entidade.
No julgamento do Acórdão 537/2016-Plenário, o TCU condenou solidariamente a autoridade
superior e a empresa contratada por superfaturamento em contrato emergencial celebrado
para restauração de uma ponte.
Pelo que restou apurado, o responsável deixou de seguir normativos internos da entidade
que determinavam critérios para apuração dos preços de mercado nos casos de contrata-
ção direta por emergência.
Dúvida
É necessária a publicação do extrato dos contratos decorrentes de contratação direta por
dispensa (exceto pelo valor) e inexigibilidade?

Lei 8.666/1993
Art. 61 (...)
Parágrafo único.  A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na
imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Admi-
nistração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de
vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto

contreinamentos.com.br 302
no art. 26 desta Lei.
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as
situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento
previsto no final do parágrafo único do art. 8º desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3
(três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de
5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos.  

Orientação Normativa AGU 33


O ato administrativo que autoriza a contratação direta (art. 17, §§ 2º e 4º, art. 24, inc. III e seguin-
tes, e art. 25 da Lei nº 8.666, de 1993) deve ser publicado na imprensa oficial, sendo desnecessária
a publicação do extrato contratual.

Dúvidas:
Os contratos decorrentes de contratações diretas realizadas por dis-
pensa ou inexigibilidade de licitação com fundamento nos arts. 24 (in-
cisos III a XXIV) e 25 da Lei 8.666/1993, quando prorrogados, devem ser
comunicados à autoridade superior para ratificação da prorrogação?
A prerrogativa prevista no § 1º do art. 65 da Lei 8.666/1993 pode ser
aplicada a contratos decorrentes de dispensa ou inexigibilidade de lici-
tação?

Art. 65. (...)


§ 1o  O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou
supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do va-
lor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento,
até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos.

contreinamentos.com.br 303
5. COMPOSIÇÃO DO PROCESSO

Diante do contido no art. 26 da Lei 8.666/1993 e, guardadas as peculiaridades de cada hi-


pótese legal, tem-se que o processo de contratação direta será instruído com os seguintes
documentos:
a) requisição da área demandante, com justificativa da necessidade do objeto;
b) termo de referência, projetos básico e executivo, no que couber;
c) indicação dos recursos necessários para a cobertura da despesa;
d) pesquisa de mercado;
e) ato de autorização para contratar, exarado pela autoridade competente;
f) documentos contendo as informações necessárias a demonstrar que a hipótese de con-
tratação direta prevista na lei está caracterizada no caso concreto;
g) proposta de preço, acompanhada da planilha de quantitativos e preços unitários, se for
o caso;
h) razões da escolha do fornecedor do bem, executante da obra ou prestador do serviço;
i) justificativa do preço;
j) documentos comprovando que o futuro contratado detém condições habilitatórias, ou
seja, além de idôneo, é capaz de executar o objeto pretendido, nos termos dos art. 27 a 31
da Lei;
k) parecer jurídico e, eventualmente, técnico, se for o caso;
l) ratificação da contratação pela autoridade competente;
m) publicação da ratificação, conforme art. 26 da Lei;
n) nota de empenho;
o) instrumento contratual.

contreinamentos.com.br 304
OFICINA
A CONTRATAÇÃO SEMI-INTEGRADA
DA LEI DAS ESTATAIS E A POSSÍVEL
UTILIZAÇÃO DO INSTITUTO NO RDC

RAFAEL JARDIM
POR QUE FALAR DA CONTRATAÇÃO SEMI-INTEGRADA?

LEI 13.303/2016​
Art. 42. Na licitação e na contratação de obras e serviços por empresas públicas e socieda-
des de economia mista, serão observadas as seguintes definições:      
(...)
V - contratação semi-integrada: contratação que envolve a elaboração e o desenvolvimento
do projeto executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realiza-
ção de testes, a pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes para a entre-
ga final do objeto, de acordo com o estabelecido nos §§ 1º e 3º deste artigo;
VI - contratação integrada: contratação que envolve a elaboração e o desenvolvimento dos
projetos básico e executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a
realização de testes, a pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes para a
entrega final do objeto, de acordo com o estabelecido nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo;

LEI 12.462/2011​
Art. 9º. (...)
§ 1º A contratação integrada compreende a elaboração e o desenvolvimento dos projetos
básico e executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização
de testes, a pré-operação e todas as demais operações necessárias e suficientes para a en-
trega final do objeto.

PL 1292/1995​
Art. 6º  (...)
XXXII – contratação integrada: regime de contratação de obras e serviços de engenharia em
que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver os projetos básico e executivo,
executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e rea-
lizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes para a
entrega final do objeto;
XXXIII – contratação semi-integrada: regime de contratação de obras e serviços de enge-
nharia em que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver o projeto executivo,
executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e rea-
lizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes para a
entrega final do objeto;

contreinamentos.com.br 306
RDC – REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Lei 8.666/93

Acórdão 3011/2012-Plenário
Quero deixar claro que entendo ser o RDC um avanço histórico em matéria licitatória. Con-
tratos por desempenho, inversão de fases, fase recursal única, disputa aberta, pré-qualifi-
cação permanente, sustentabilidade... Incluiu-se um arsenal de mecanismos para melhor
dotar os gestores de instrumentos para contratações que mais atendam o interesse público.
Delinearam-se outros meios para objetivar o que vem a ser a melhor proposta. Nessa mi-
ríade de possibilidades, entretanto, com incremento na discricionariedade aos gestores, o
contraponto é um maior dever motivador. Com mais caminhos, aumenta-se a necessidade
de transparência quanto à escolha da trilha mais adequada a ser seguida. (...)

Por que optar pelo RDC?


»» Em licitações de bens e serviços de até R$ 50.000,00 (e até R$ 150.000,00 para obras),
faz-se dispensada a publicação do extrato da licitação do Diário Oficial (art. 15, §2º, da Lei
12.462/2011)
»» Modos de disputa aberto, fechado e misto (e modo aberto inclusive para técnica e preço!)
(art. 10 da Lei 12.462/2011)
»» Para obras e serviços faz-se possível prever uma remuneração variável vinculada ao
desempenho da contratada, até o limite orçamentário fixado pela Adm. (art. 10 da Lei
12.462/2011)
»» Pré-qualificação permanente. No RDC, pode-se pré-qualificar fornecedores ou produtos
que exijam as condições pré-definidas pela administração. O procedimento ficará per-
manentemente aberto aos interessados, com validade de um ano. Posteriormente, a
administração pública poderá realizar licitação restrita aos pré-qualificados (art. 30 da
Lei 12.462/2011)

contreinamentos.com.br 307
»» Contratação simultânea. No RDC, a administração pública poderá, mediante justificativa
prévia, contratar mais de uma empresa ou instituição para executar o mesmo serviço,
desde que não implique em perda de economia de escala (art. 11 do RDC)
»» Contratos de eficiência. NO RDC, é possível adotar o critério doe julgamento de maior
retorno econômico. Tal será feito nos chamados “contratos de eficiência”, que terão por
objeto a prestação de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento
de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, na forma de redução
de despesas correntes, sendo o contratado remunerado com ase em um percentual da
economia gerada.

E PRA OBRAS?
»» Licitação eletrônica! Em tempos de pandemia, trata-se de uma vantagem importantíssi-
ma!. Existe no Comprasnet um módulo pronto para a licitação eletrônica; inclusive para
os modos fechados (sem disputa aberta competitiva)
»» Inversão de fases da licitação. A fase de julgamento das propostas e da habilitação é in-
vertida. Só se analisa a habilitação da vencedora (art. 12). Não teremos mais que analisar
previamente a habilitação de todas as concorrentes!
»» Fase de negociação! Finda a fase competitiva, existe a possibilidade de a comissão de lici-
tação “negociar” condições mais vantajosas com a “vencedora”. Isso pode eviar licitações
fracassadas ou a desclassificação da primeira colocada por vícios formais (art. 26).
»» Diminuição do prazo entre a publicação do edital e a abertura das propostas. No caso de
obras que teriam que ser licitadas por concorrência, a demandar 30 dias entre a publica-
ção do edital e a abertura dos envelopes, no RDC são apenas 15 dias! (art. 15)
»» Julgamento pelo maior desconto! Para obras, apesar de alguns entendimentos jurispru-
denciais e doutrinários acolhendo o julgamento de licitações pelo maior desconto ofer-
tado em relação ao valor estimado da obra, o tema ainda gera controvérsias. No RDC tal
possibilidade está claramente definida. Isso dificulta a ocorrência do jogo de planilhas!
»» Lances abertos! É possível se utilizar de lances abertos, inclusive para obras e serviços
complexos (à semelhança do pregão!)
»» CONTRATAÇÃO INTEGRADA! Em algumas obras, desde que justificado, faz-se possível
estimular a concorrência técnica e metodológica entre as empreiteiras. Licita-se com o
anteprojeto de engenharia e as contratadas é que serão as responsáveis pela elaboração
do projeto básico (art. 9°)
»» E A CONTRATAÇÃO SEMI-INTEGRADA NO RDC?

A CONTRATAÇÃO INTEGRADA

O que é?
A contratação integrada é a forma de ajuste, utilizada exclusivamente para a contratação
de obras e serviços de engenharia em que o projeto básico é elaborado pela contratada, no
decorrer da execução do objeto (art. 9º, caput e § 1º, da Lei 12.462/2011).
Lei 12.980/2014 retirou a obrigatoriedade da técnica e preço como critério de julgamento;

contreinamentos.com.br 308
Quando utilizar?
Art. 9º  Nas licitações de obras e serviços de engenharia, no âmbito do RDC, poderá ser utili-
zada a contratação integrada, desde que técnica e economicamente justificada e cujo objeto
envolva, pelo menos, uma das seguintes condições:      
I - inovação tecnológica ou técnica;            
II - possibilidade de execução com diferentes metodologias; ou           
III - possibilidade de execução com tecnologias de domínio restrito no mercado. 

Precisão orçamentária

contreinamentos.com.br 309
Corolário da ciência econômica:

Por que, então, pagar mais caro?

A qualidade do que se está adquirindo pode ser melhor. As empresas devem verdadeira-
mente concorrer em termos metodológicos/ metodológicos, caso em que deverá se pontu-
ar tecnicamente as propostas oferecidas.
Ao permitir uma disputa metodológica/tecnológica, estimulam-se as empresas a “projetar”
soluções mais econômicas. As empresas são instigadas a “fazer engenharia”.
Existe uma maior tendência de “manutenção” do preço inicial ofertado; uma maior previsi-
bilidade orçamentária.
A qualidade do que se está adquirindo pode ser melhor. As empresas devem verdadeira-
mente concorrer em termos metodológicos/ metodológicos, caso em que deverá se pontu-
ar tecnicamente as propostas oferecidas.
Ao permitir uma disputa metodológica/tecnológica, estimulam-se as empresas a “projetar”
soluções mais econômicas. As empresas são instigadas a “fazer engenharia”.
Existe uma maior tendência de “manutenção” do preço inicial ofertado; uma maior previsi-
bilidade orçamentária.

contreinamentos.com.br 310
Acórdão 1510/2013-Plenário
Ministro Relator: Valmir Campelo
Trecho do Acórdão:
9.1.1.2. tendo em vista que uma obra licitada com base no anteprojeto já carrega em si a
possibilidade de a contratada desenvolver metodologia e/ou tecnologia própria para a fei-
tura do objeto, no caso de a motivação para a utilização da contratação integrada estiver
baseada nessa viabilidade de emprego de diferenças metodológicas, nos moldes do art. 20,
§ 1º, inciso II, da Lei 12.462/2011, justifique, em termos técnico-econômicos, a vantagem de
sua utilização, em detrimento de outros regimes preferenciais preconizados no art. 8º, § 1º
c/c art. 9º, § 3º da Lei 12.462/2011;

Trecho do voto:
Portanto, a existência de metodologias diversas de execução da obra que possam ser esco-
lhidas pelo contratado é parte da própria ideia de contratação integrada. (...)
De modo geral, as características do objeto devem permitir que haja a real competição entre
as contratadas para a concepção de metodologias/tecnologias distintas, que levem a solu-
ções capazes de serem aproveitadas vantajosamente pelo Poder Público.
Em algum termo, entendo similaridade na conclusão a que chegou o TCU no Acórdão
601/2011-Plenário, de relatoria do Ministro José Jorge, quando entendeu legal a utilização
de pregão para licitar um projeto, tido como de natureza simples. Não haveria o porquê de
se utilizar uma “técnica e preço” em objeto tão corriqueiro (e, em consequência, excluir o
pregão):

contreinamentos.com.br 311
2. Se o projeto ou estudo a ser elaborado por um profissional ou empresa for similar ao que
vier a ser desenvolvido por outro(a), o serviço pode ser caracterizado como comum. Caso
contrário, se a similaridade dos produtos a serem entregues não puder ser assegurada, o
objeto licitado não se enquadra na categoria de comum.
3. É possível a existência de soluções distintas para o objeto licitado, mas a consequência
advinda da diferença entre elas não deverá ser significativa para o ente público que adota o
pregão. Se, no entanto, os serviços comportarem variações de execução relevantes, a técni-
ca a ser empregada pelos licitantes merecerá a devida pontuação no certame. (grifei)
O raciocínio pode ser aplicável ao presente caso. Os ganhos advindos da utilização da con-
tratação integrada devem compensar esse maior direcionamento de riscos aos particulares.
Essa demonstração é o cerne para a motivação da vantagem para utilizar o novo regime.

Acórdão nº 1399/2014-TCU-Plenário
Ministro Relator: Augusto Sherman
Trecho do Acórdão:
9.2. dar ciência ao Dnit acerca das seguintes impropriedades e das seguintes orientações
decorrentes do exame efetuado nestes autos sobre a contratação dos serviços de aplica-
ção e manutenção de dispositivos de segurança e de sinalização rodoviária objeto do Edital
854/2012-00, no Estado de Rondônia:
(...)
9.2.3. para o enquadramento da obra ou serviço de engenharia ao disposto no inciso II do
art. 9º da Lei 12.462/2011, a “possibilidade de execução mediante diferentes metodologias”
deve corresponder a diferenças metodológicas em ordem maior de grandeza e de qualida-
de, capazes de ensejar uma real concorrência entre propostas envolvendo diversas metodo-
logias, de forma a propiciar ganhos reais para a Administração, trazendo soluções que pos-
sam ser aproveitadas vantajosamente pelo Poder Público, de modo que os ganhos advindos
da utilização da contratação integrada compensem o maior direcionamento de riscos aos
particulares, não se prestando tal enquadramento em situações nas quais as diferenças me-
todológicas são mínimas, pouco relevantes ou muito semelhantes, como ocorre nos casos
de serviços comuns, ordinariamente passíveis de serem licitados por outras modalidades,
ou outros regimes;

Acórdão nº 2725/2016-TCU-Plenário
Ministro Relator: Walton Rodrigues
Trecho do Acórdão:
9.2. dar ciência ao Dnit que a opção pelo regime de contratação integrada, nos termos do
inciso II e caput do art. 9º da Lei 12.462/2011:
9.2.1. se restringe às situações em que as características do objeto permitam que haja a real
competição entre as licitantes para a concepção de metodologias e tecnologias distintas,
que levem a soluções capazes de serem aproveitadas vantajosamente pelo Poder Público,
no que refere à competitividade, ao prazo, ao preço e à qualidade, em relação a outros regi-
mes de execução, especialmente a empreitada por preço global;

contreinamentos.com.br 312
9.2.2. deve estar fundamentada em análise comparativa com contratações já concluídas ou
outros dados disponíveis, procedendo-se à quantificação, inclusive monetária, das vanta-
gens e desvantagens da utilização do regime de contratação integrada, sendo vedadas justi-
ficativas genéricas, aplicáveis a qualquer empreendimento, e sendo necessária a justificativa
circunstanciada no caso de impossibilidade de valoração dos parâmetros citados;

Acórdão nº 1388/2016-TCU-Plenário
Ministro Relator: Ana Arraes
Trecho do Acórdão:
9.1. dar ciência ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil de que:
9.1.1. a opção pelo regime de contratação integrada com base no inciso II do art. 9º da Lei
12.462/2011 deve ser fundamentada em estudos objetivos que a justifiquem técnica e eco-
nomicamente e considerem a expectativa de vantagens quanto a competitividade, prazo,
preço e qualidade em relação a outros regimes de execução, especialmente a empreitada
por preço global, e, entre outros aspectos e quando possível, a prática internacional para o
mesmo tipo de obra, sendo vedadas justificativas genéricas, aplicáveis a qualquer empreen-
dimento;
9.1.1.1. mediante análise comparativa com contratações já concluídas ou outros dados dis-
poníveis, deve-se proceder à quantificação, inclusive monetária, das vantagens e desvan-
tagens da utilização do regime de contratação integrada, sendo necessária justificativa cir-
cunstanciada no caso de impossibilidade de valoração dos parâmetros;
9.1.2. nas licitações pelo regime de contratação integrada enquadradas no inciso II do art. 9º
da Lei 12.462/2011, é obrigatória a inclusão nos editais de critérios objetivos de avaliação e
julgamento de propostas que contemplem metodologias executivas diferenciadas admissí-
veis, em observância ao §3º daquele artigo;

Acórdão nº 1850/2015-TCU-Plenário
Ministro Relator: Benjamim Zymler
Trecho do Voto:
27. Também deve haver justificativa de cunho técnico para a utilização da contratação inte-
grada, dada a redação do art. 9º, caput, da Lei 12.462/2011, que prevê a utilização da con-
tratação integrada, “desde que técnica e economicamente justificada”. O voto condutor do
Acórdão 1.977/2013-Plenário abordou tal questão com maestria:
77. Existe na contratação integrada, entretanto, outros objetivos e vantagens. Como inscrito
no voto condutor do Acórdão 1.510/2013-Plenário, de minha relatoria, “as características do
objeto devem permitir que haja a real competição entre as contratadas para a concepção de
metodologias/tecnologias distintas, que levem a soluções capazes de serem aproveitadas
vantajosamente pelo Poder Público”. Ainda, “Os ganhos advindos da utilização da contrata-
ção integrada devem compensar esse maior direcionamento de riscos aos particulares. Essa
demonstração é o cerne para a motivação da vantagem para utilizar o novo regime”.
28. Ou seja, quanto à motivação de ordem técnica, a contratação integrada teria como obje-
tivo possibilitar ao contratado a incorporação de novas soluções e metodologias construti-
vas. Seria uma verdadeira licitação do tipo “melhor engenharia”, em que a empresa licitante

contreinamentos.com.br 313
com soluções técnicas mais adequadas e metodologias inovadoras estaria apta a ofertar as
propostas com condições mais vantajosas para a Administração. As empresas competiriam
tanto em termos de custos e margens de lucro utilizados em suas propostas quanto em ter-
mos de eficiência e tecnologia aplicada à execução do objeto.

Lei das Estatais


Art. 42  (...)
§ 5º Para fins do previsto na parte final do § 4º, não será admitida, por parte da empresa
pública ou da sociedade de economia mista, como justificativa para a adoção da modalidade
de contratação integrada, a ausência de projeto básico.

E se somente parte da obra viabilizar uma efetiva concorrência


entre as contratadas?

VINCULAÇÃO x LIBERDADE
Obrigações de meio x Obrigações de fim
Controle de meios x Controle de resultado

OBRAS DE PEQUENA COMPLEXIDADE E PORTE PODEM SER CONTRATADAS MEDIANTE


CONTRATAÇÃO INTEGRADA?
MARÇAL JUSTEN FILHO
É razoável que, para contratações mais simples (como considerável parte daquelas regidas
pela Lei 8.666/93), a Administração assuma para si a maior parcela dos riscos (...) Nesses
casos, ela poderá prever e mensurar, com maior segurança e precisão, as variáveis e riscos
inerentes á execução de determinada prestação contratual. Contudo, para prestações de
maior complexidade, é igualmente razoável que a Adm. Pública busque a expertise do par-
ticular e remeta a ele parcela dos riscos ligados à concepção do que será contratado. É essa
ratio que inspira os contratos administrativos acima referidos e a contratação integrada no
RDC.
Mas, pelo menos em tese, pode-se idealizar uma obra, sob o regime de contratação integra-
da, com deslocamento muito tênue de riscos para a contratada. Basta definir, tal condição,
na matriz de riscos. Ainda, com anteprojeto muito próximo do projeto básico.
Tal situação é possível. Então, opinamos, é prematura a prefixação de entendimento de um
tipo de obra ser ou não ser indicado para contratar mediante o regime.
Tudo é uma questão de modelagem (obra x anteprojeto x matriz de risco x seguros).
Quanto menos liberdade se dá ao contratado, mais a contratação integrada se aproxi-
ma da empreitada global!!!!!!!!!!!

contreinamentos.com.br 314
Deve haver coerência entre o nível de precisão do anteprojeto e a liberdade conferida ao
particular. Quanto mais condições de meio, mais o anteprojeto se parece com o projeto
básico.

E A CONTRATAÇÃO SEMI-INTEGRADA?

PL 1292/1995​
Art. 6º  (...)
XXXII – contratação integrada: regime de contratação de obras e serviços de engenharia em
que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver os projetos básico e executivo,
executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e rea-
lizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes para a
entrega final do objeto;
XXXIII – contratação semi-integrada: regime de contratação de obras e serviços de enge-
nharia em que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver o projeto executivo,
executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e rea-
lizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes para a
entrega final do objeto;

Sem complicar…
Em verdade, na contratação semi-integrada as empresas igualmente compete metodologi-
camente, mas em vez de a administração licitar com um anteprojeto de engenharia, licita-se
com o projeto básico completo. Permite-se, em subsistemas específicos da empreitada – as-
sim delimitados no edital – que as empresas apresentem soluções alternativas, distintas da
pré-concebidas no projeto que pautou a licitação (desde que “superiors”, nos termos defini-
dos no instrumento convocatório).

Lei das Estatais​


Art. 42  (...)

contreinamentos.com.br 315
§1º (...)
IV - na contratação semi-integrada, o projeto básico poderá ser alterado, desde que de-
monstrada a superioridade das inovações em termos de redução de custos, de aumento da
qualidade, de redução do prazo de execução e de facilidade de manutenção ou operação.

Sem complicar…
A vantagem é a diminuição de riscos para as licitantes, na medida em que, com mais in-
formações sobre o objeto, as empresas tenham maiores condições de oferecerem “preços
responsáveis” e na diminuição de um “prêmio de risco” associado nas suas propostas. A
administração também conseque melhor estimar o seu “preço justo”.

Lei das Estatais​


Art. 42  (...)
§ 4º No caso de licitação de obras e serviços de engenharia, as empresas públicas e as so-
ciedades de economia mista abrangidas por esta Lei deverão utilizar a contratação semi-
-integrada, prevista no inciso V do caput , cabendo a elas a elaboração ou a contratação do
projeto básico antes da licitação de que trata este parágrafo, podendo ser utilizadas outras
modalidades previstas nos incisos do caput deste artigo, desde que essa opção seja devida-
mente justificada.
Ganha-se intigando a competição , sem os “efeitos colaterais” em face das incertezas provin-
das de um anteprojeto com lacunas de informação, a impacta os riscos globais da propria
obra ou serviço de engenharia.
Por essa razão, alias, a Lei 13.303/2016 a considerou “preferencial” em relação aos demais
regimes de execução contractual, mormente a própria contratação integrada (art. 42, §4ª da
Lei das Estatais)

E A CONTRATAÇÃO SEMI-INTEGRADA?

A QUESTÃO É QUE A CONTRATAÇÃO SEMI-INTEGRADA É UMA CRIAÇÃO DA LEI DAS ESTA-


TAIS, NÃO HAVENDO PREVISÃO ALGUMA DO SEU USO NO RDC!
DIANTE DISSO, PODE-SE UTILIZAR A CONTRATAÇÃO SEMI-INTEGRADA SEM QUE O ÓR-
GÃO OU ENTIDADE SEJA UMA ESTATAL?
EM NOSSA OPINIÃO, SIM! PODE-SE UTILIZAR A CONTRATAÇÃO SEMI-INTEGRADA NO RDC!
Quem pode mais, pode menos! Não obstante o projeto completo – com mais informações
aos licitantes e com mmenores riscos para a contratação –, e caso a obra viabilize (por sua
complexidade ou características peculiares) uma real competição metodológica/tecnológica,
nada impede que se faça uma “contratação integrada” com projeto completo. O que a lei do
RDC regra em seu art. 9º, §2º, inciso I, são os elementos mínimos de anteprojeto, mas não –
por óbvio – os máximos, não se opondo a que se produzam mais informações que o mínimo
requisitado.
Quando se empreende uma contratação integrada com o projeto completo, está se fazendo,
na prática, uma contratação semi-integrada!

contreinamentos.com.br 316
E COMO DISTRIBUIR OS RISCOS?

Quais os elementos mínimos do anteprojeto EM UMA CONTRATAÇÃO INTEGRADA para ga-


rantir uma licitação isonômica e de forma a viabilizar a obtenção da proposta mais vantajo-
sa?
EM QUAIS SUBSISTEMAS PERMITIR A ALTERAÇÃO DO PROJETO NAS CONTRATAÇÕES SEMI-
-INTEGRADAS?

Decreto 7.581/2011
§2º Caso seja permitida no anteprojeto de engenharia a apresentação de projetos com me-
todologia diferenciadas de execução, o instrumento convocatório estabelecerá critérios ob-
jetivos para avaliação e julgamento das propostas. 
§3º  O anteprojeto deverá possuir nível de definição suficiente para proporcionar a compa-
ração entre as propostas recebidas das licitantes.

»» Adentrando nos elementos para viabilização de comparação entre as propostas

contreinamentos.com.br 317
Acórdão nº 1510/2013-Plenário
Ministro Relator: Valmir Campelo
Trecho do Voto:
9.1.4. no caso de obra de edificação, em regra, faz-se necessário que o anteprojeto preveja
a arquitetura consistente do empreendimento, tendo em vista ser essa a informação defini-
dora do produto a ser entregue à Administração e constituir-se em elemento fundamental
para a avaliação de eventuais metodologias diferenciadas para o seu adimplemento, como
também para a elaboração dos demais projetos de engenharia a serem desenvolvidos à
época do projeto básico;

contreinamentos.com.br 318
MATRIZ DE RISCOS

»» Se as condições reais da obra forem diferentes das condições de anteprojeto (sonda-


gens, por exemplo)?
»» Se houver modificação de DMTs, de quem é o risco?
»» Se forem descobertas novas jazidas?
»» Se houver modificação da solução de projeto?

1) A MATRIZ DEVE CUIDAR PARA GARANTIA DA VANTAJOSIDADE DA PROPOSTA (ISONOMIA);


2) DEVE SER INSTRUMENTO DE SEGURANÇA JURÍDICA;
3) CADA RISCO DEVE SER CONCEBIDO A QUEM MELHOR PUDER “GERENCIÁ-LO”.

Acórdão nº 1510/2013-Plenário
Ministro Relator: Valmir Campelo
Trecho do Voto:
9.1.3. a “matriz de riscos”, instrumento que define a repartição objetiva de responsabilidades
advindas de eventos supervenientes à contratação, na medida em que é informação indis-
pensável para a caracterização do objeto e das respectivas responsabilidades contratuais,
como também essencial para o dimensionamento das propostas por parte das licitantes, é
elemento essencial e obrigatório do anteprojeto de engenharia, em prestígio ao definido no
art. 9º, § 2º, inciso I, da Lei 12.462/2011, como ainda nos princípios da segurança jurídica, da
isonomia, do julgamento objetivo, da eficiência e da obtenção da melhor proposta;

Acórdão nº 2980/2015-TCU-Plenário
Ministro Relator: Ana Arraes
Trecho do Voto:
Nesse contexto, nas contratações integradas, para evitar dúvidas durante a execução
contratual, o TCU já se manifestou pela imprescindibilidade de serem registradas nos instru-
mentos convocatórios as matrizes de risco detalhadas, com alocação a cada signatário dos
riscos inerentes ao empreendimento.
O edital 91/2013 e o contrato 879/2013 foram omissos nesse aspecto, e apenas a partir das
fiscalizações do TCU, com o objetivo de viabilizar a continuidade da avença, o Dnit assinou
termo aditivo com o Consórcio Ivaí – Aterpa para incluir no contrato uma matriz de riscos.
Riscos importantes em obras rodoviárias, como os geotécnicos e os geológicos, foram alo-
cados ao particular sem que houvesse aumento do valor global do ajuste.

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MATRIZ DE RISCOS

ANTEPROJETO X MATRIZ DE RISCOS


Deve haver coerência entre as informações dispostas no anteprojeto e a matriz de riscos do
empreendimento.
Os elementos mínimos de anteprojeto (tal qual os elementos de projeto básico nas conces-
sões), dependem da modelagem do empreendimento.

Eventualmente, somente uma parcela da obra possui maior complexidade!!!

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Acórdão nº 2745/2013-TCU-Plenário
Ministro Relator: Valmir Campelo
Trecho do Voto:
Acredito, pelo que expus, que a contratação integrada tenha criado um novo cenário factual
e mercadológico, então não coberto pelas possibilidades então previstas pelo art. 56 da Lei
de Licitações, em seu rol de garantias. Desde que devidamente motivado e proporcional aos
riscos assumidos, pode-se superar aqueles limites. Nesse ponto, entendo não haver repri-
mendas ao instrumento editalício criticado.

Lei das Estatais​


Art. 42  (...)
§ 3º Nas contratações integradas ou semi-integradas, os riscos decorrentes de fatos super-
venientes à contratação associados à escolha da solução de projeto básico pela contratante
deverão ser alocados como de sua responsabilidade na matriz de riscos.
Art. 42  (...)
§ 3º Nas contratações integradas ou semi-integradas, os riscos decorrentes de fatos super-
venientes à contratação associados à escolha da solução de projeto básico pela contratante
deverão ser alocados como de sua responsabilidade na matriz de riscos.
(...)
Art. 81 (...)
§ 8º É vedada a celebração de aditivos decorrentes de eventos supervenientes alocados, na
matriz de riscos, como de responsabilidade da contratada.
Art. 42  (...)
X - matriz de riscos: cláusula contratual definidora de riscos e responsabilidades entre as
partes e caracterizadora do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, em termos
de ônus financeiro decorrente de eventos supervenientes à contratação, contendo, no míni-
mo, as seguintes informações:
a) listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura do contrato, impactantes no
equilíbrio econômico-financeiro da avença, e previsão de eventual necessidade de prolação
de termo aditivo quando de sua ocorrência;
b) estabelecimento preciso das frações do objeto em que haverá liberdade das contratadas
para inovar em soluções metodológicas ou tecnológicas, em obrigações de resultado, em
termos de modificação das soluções previamente delineadas no anteprojeto ou no projeto
básico da licitação;
c) estabelecimento preciso das frações do objeto em que não haverá liberdade das contrata-
das para inovar em soluções metodológicas ou tecnológicas, em obrigações de meio, deven-
do haver obrigação de identidade entre a execução e a solução pré-definida no anteprojeto
ou no projeto básico da licitação.

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E COMO ORÇAR UMA CONTRATAÇÃO INTEGRADA?

RDC
Art. 9º (...)
II - o valor estimado da contratação será calculado com base nos valores praticados pelo
mercado, nos valores pagos pela administração pública em serviços e obras similares ou
na avaliação do custo global da obra, aferida mediante orçamento sintético ou metodologia
expedita ou paramétrica.
Art. 40 [do Decreto 7.581/2011)
Art. 40 [do Decreto 7.581/2011] (...)
§ 3º No caso da contratação integrada prevista no art. 9º da Lei nº 12.462, de 2011, o licitante
que ofertou a melhor proposta deverá apresentar o valor do lance vencedor distribuído pe-
las etapas do cronograma físico, definido no ato de convocação e compatível com o critério
de aceitabilidade por etapas previsto no § 5º do art. 42. (Incluído pelo Decreto nº 8.080, de
2013)
Art. 42. (...)
§ 5º No caso de adoção do regime de contratação integrada, deverão ser previstos no ins-
trumento convocatório critérios de aceitabilidade por etapa, estabelecidos de acordo com
o orçamento estimado na forma prevista no art. 9º da Lei nº 12.462, de 2011, e compatíveis
com o cronograma físico do objeto licitado. (Redação dada pelo Decreto nº 8.080, de 2013)

E os critérios de aceitabilidade de preços? As referências do Sicro e do Sinapi ainda continu-


am válidas?

Acórdão nº 1510/2013-TCU-Plenário
Ministro Relator: Valmir Campelo
Trecho do Acórdão:
9.1. notificar a Infraero, com base no art. 179, §6º, do Regimento Interno do TCU, em razão
de os futuros instrumentos convocatórios que venha a publicar, tendo em vista as irregula-
ridades encontradas no Edital RDC Presencial nº 013/DALC/SBCT/2012, observe os seguintes
requisitos para as licitações baseadas no regime de contratação integrada:

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(...)
9.1.5. sempre que o anteprojeto, por seus elementos mínimos, assim o permitir, as estima-
tivas de preço a que se refere o art. 9º, §2º, inciso II, da Lei nº 12.462/2011 devem se basear
em orçamento sintético tão detalhado quanto possível, balizado pelo Sinapi e/ou Sicro, devi-
damente adaptadas às condições peculiares da obra, conforme o caso, devendo a utilização
de estimativas paramétricas e a avaliação aproximada baseada em outras obras similares
serem realizadas somente nas frações do empreendimento não suficientemente detalhadas
pelo anteprojeto, em prestígio ao que assevera o art. 1º, §1º, inciso IV c/c art. 8º, §§3º e 4º,
todos da Lei nº 12.462/2011;
9.1.6. quando utilizada metodologia expedita ou paramétrica para abalizar o valor do em-
preendimento — ou fração dele —, consideradas as disposições do subitem anterior, dentre
duas ou mais técnicas estimativas possíveis, utilize a que viabilize a maior precisão orçamen-
tária;

Acórdão nº 877/2016-TCU-Plenário
Ministro Relator: Weder de Oliveira
Trecho do Acórdão:
9.3. dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes e à sua Superin-
tendência na Bahia de que, na contratação integrada:
9.3.1. sempre que o anteprojeto permitir, as estimativas de preço a que se refere o art. 9º,
§2º, II, da Lei 12.462/2011 devem se basear em orçamento tão detalhado quanto possível,
referenciado em bases de dados de preços universalmente aceitas, tal como Sicro e Sinapi,
devidamente adaptadas às condições da obra, conforme o caso;
9.3.2. a utilização de estimativas paramétricas e a avaliação aproximada baseadas em obras
similares somente podem ser realizadas nas frações do empreendimento não suficiente-
mente detalhadas pelo anteprojeto, conforme dispõe o art. 1º, §1º, IV c/c art. 8º, §§3º e 4º,
todos da Lei 12.462/2011;
9.3.3. quando utilizado o método expedito ou paramétrico para balizar o valor do empreen-
dimento – ou fração dele –, consideradas as disposições do subitem anterior, dentre duas
ou mais técnicas estimativas possíveis, deve ser utilizada a que produzir maior precisão do
orçamento;

Acórdão nº 2725/2016-TCU-Plenário
Ministro Relator: Walton Rodrigues
Trecho do Acórdão:
9.1. Determinar ao DNIT que, no prazo de 60 dias:
9.1.1. inclua em norma específica sobre os atos preparatórios das licitações no regime de
contratação integrada do RDC a exigência de justificativa para que a obra seja licitada por
esse regime, em conformidade com o art. 9º, incisos I, II e III da Lei 12.462/2011, bem como a
exigência de indicação de critérios objetivos para avaliação e julgamento das propostas, caso
a condição escolhida tenha sido a possibilidade de execução com diferentes metodologias,
em cumprimento ao art. 9º, §3º, da Lei 12.462/2011 c/c Art. 74, §2º, do Decreto 7.581/2011;

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9.1.2. apresente ao Tribunal plano de ação contendo, no mínimo, as medidas a serem ado-
tadas, os responsáveis pelas ações e o prazo previsto para a sua implementação, com vistas
a exigir que todos os anteprojetos, sejam eles elaborados pelo DNIT, recebidos por meio de
contrato ou por meio de doação, contenham as informações a seguir:
(...)
9.1.2.2. orçamento sintético tão detalhado quanto possível, balizado pelo Sicro, devidamen-
te adaptado às condições peculiares da obra, conforme o caso, devendo a utilização de es-
timativas paramétricas e a avaliação aproximada baseada em outras obras similares serem
realizadas somente nas frações do empreendimento de menor materialidade, em prestígio
ao que assevera o art. 1º, §1º, inciso IV c/c art. 8º, §§3º e 4º, todos da Lei 12.462/2011;

Acórdão nº 2136/2017-TCU-Plenário
Ministro Relator: Aroldo Cedraz
Trecho do Acórdão:
9.7. dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes das seguintes
impropriedades:
(...)
9.7.3. a falta de apresentação, por parte das empresas contratadas, de planilha de serviços,
quantidades e preços unitários, mesmo em contratação por preço global, na modalidade de
contratação integrada do RDC, contraria o que estabelece a Lei 12.462/2011 e a jurisprudên-
cia desta Corte;

RDC
Art. 9º
§ 5º Se o anteprojeto contemplar matriz de alocação de riscos entre a administração pública
e o contratado, o valor estimado da contratação poderá considerar taxa de risco compatível
com o objeto da licitação e as contingências atribuídas ao contratado, de acordo com meto-
dologia predefinida pela entidade contratante.  (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015)
»» A contratação integrada é mais rápida?
»» De quem deve ser a responsabilidade pelas desapropriações?
»» O projeto básico ainda precisa ser aprovado?
»» Se se a administração não aprovar o projeto?
»» De quem é o risco pelo atraso na emissão das licenças ambientais?
»» De quem é o risco da prospecção de jazidas?
»» Deve-se exigir as composições de custo unitário após terminado o projeto básico? (ou a
nova solução de projeto)

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