Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
[http://3.bp.blogspot.com/-pPqw54VqXhc/VNy7ak-
5nxI/AAAAAAAAOmg/FEHYw609FNg/s1600/0001.jpg]
Epicuro, nascido de uma família de expatriados gregos de Samos, estabeleceu-se em Atenas por volta de 306 a.
C. e aí viveu até à sua morte, em 271. Os seus discípulos no Jardim, que incluíam mulheres e escravos, viviam
humildemente e mantinham-se afastados da vida pública. Epicuro escreveu 300 livros, mas tudo se perdeu, à
excepção de algumas cartas. Alguns fragmentos do seu tratado Da Natureza foram soterrados em lava vulcânica
em Herculano, aquando da erupção do Vesúvio em 79 d. C.; nos tempos modernos foram cuidadosamente
desenrolados e decifrados. Até hoje, contudo, o nosso conhecimento das doutrinas de Epicuro continua a apoiar-
se sobretudo num longo poema latino escrito no primeiro século da era cristã pelo seu discípulo Lucrécio, intitulado
Da Natureza das Coisas (De Rerum Natura).
O objectivo da filosofia de Epicuro é tornar possível a felicidade pela eliminação do seu grande obstáculo: o medo
da morte. É o temor da morte que leva o homem a procurar riqueza e poder, na esperança de a adiar, e a lançar-se
em frenética actividade para esquecer a sua inevitabilidade. O medo da morte é instilado em nós pela religião, que
prenuncia uma vida depois da morte cheia de sofrimentos e punições. Mas tal perspectiva é, para Epicuro, ilusória.
Lucrécio clarifica eloquentemente este aspecto: não precisamos de temer a morte, a sobrevivência ou a
reencarnação.
https://divagacoesligeiras.blogspot.com/2013/12/epicurismo.html 1/3
28/12/2021 23:10 EPICURISMO | Divagando
Foi para eliminar o medo da morte e para demonstrar que os terrores da religião não passavam de fantasias que
Epicuro concebeu a sua ideia da natureza e da estrutura do mundo.
Adoptou, com algumas modificações, o atomismo de Demócrito. Os átomos, unidades indivisíveis e imutáveis,
deslocam-se no vazio e no espaço infinito; inicialmente, todos se deslocam em sentido descendente a uma
velocidade constante e igual, mas por vezes mudam de direcção e colidem uns com os outros. Dessas colisões
resulta tudo o que existe nos céus e na terra. Como todas as outras coisas, também a alma é constituída por
átomos, que diferem dos outros por serem mais pequenos e subtis. Com a morte, os átomos da alma dispersam-
se e tornam-se incapazes de sentir, porque já não ocupam o seu lugar apropriado num corpo. Os próprios deuses
são constituídos por átomos, tal como os seres humanos e os animais; mas, visto viverem em regiões menos
turbulentas, encontram-se a salvo dos perigos da dissolução.
Epicuro não era ateu, mas estava convencido que os deuses não se interessavam pelos assuntos deste mundo,
vivendo a sua própria vida em ininterrupta tranquilidade. Por este motivo, defendia que a crença na providência
divina era uma superstição e que os rituais religiosos eram, na melhor das hipóteses, inúteis.
Ao contrário de Demócrito, Epicuro pensava que os sentidos eram fontes seguras de informação e desenvolveu
uma ideia atomista acerca do seu funcionamento. Todos os corpos expelem finas películas dos átomos que os
constituem, películas essas que retêm a sua forma original, servindo assim como imagens (eidola) dos corpos
originais. A percepção ocorre quando estas imagens entram em contacto com os átomos da alma. As aparências
que atingem a alma nunca são falsas; correspondem sempre exactamente à sua fonte. Se nos enganamos quanto
à realidade, é porque usamos estas aparências genuínas como base para falsos juízos. Se as aparências são
contraditórias, como quando um remo parece dobrado dentro da água e recto quando fora dela, as duas
aparências devem ser entendidas como testemunhos honestos sobre os quais o espírito deve ponderar para
chegar a um juízo. Nos casos em que as aparências são insuficientes para esclarecer uma disputa entre teorias
rivais (sobre a verdadeira dimensão do Sol, por exemplo), o espírito deverá abster-se de qualquer juízo e
demonstrar igual tolerância para com todas as hipóteses.
A pedra basilar da filosofia moral de Epicuro é a doutrina segundo a qual o prazer é o princípio e o fim da vida feliz.
Contudo, Epicuro traça uma distinção entre os prazeres que resultam da satisfação dos desejos e os prazeres que
surgem uma vez satisfeitos todos os desejos. Os prazeres que resultam da satisfação dos nossos desejos ligados
à comida, à bebida e ao sexo são prazeres inferiores, já que estão ligados à dor: o desejo que satisfazem é em si
próprio doloroso, e a sua satisfação leva à renovação do desejo. Devemos procurar, pois, os prazeres tranquilos,
tais como o da amizade privada.
Embora fosse um atomista, Epicuro não era determinista; pensava que os seres humanos gozavam de livre-
arbítrio e procurou explicá-lo recorrendo às arbitrárias mudanças de direcção dos átomos. Sendo livres, somos
senhores do nosso próprio destino: os deuses não impõem necessidade nem interferem nas nossas escolhas. Não
podemos escapar à morte, mas se a olharmos de uma perspectiva verdadeiramente filosófica, ela deixa de ser um
mal.
https://divagacoesligeiras.blogspot.com/2013/12/epicurismo.html 2/3
28/12/2021 23:10 EPICURISMO | Divagando
[http://3.bp.blogspot.com/-
F5Yc2Zar1-E/VNy7pB-s2FI/AAAAAAAAOmo/nLdl1JpOD2U/s1600/00000002.jpg]
0
Adicionar um comentário
Comentar como:
umatrupeamen Sair
Visualizar
Publicar
Notifique-me
https://divagacoesligeiras.blogspot.com/2013/12/epicurismo.html 3/3