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Condicionador de ar residencial 1

Instalação de

Condicionador

de ar

Residencial
Condicionador de ar residencial 2

Cálculo de carga térmica


Condicionador de ar residencial
Como você já estudou na unidade anterior, o objetivo do uso de um condicionador de
ar é proporcionar conforto térmico às pessoas que freqüentam o ambiente no qual o
aparelho está instalado. Para que isso aconteça, porém, é necessário que a capacidade
de refrigeração do aparelho seja proporcional às necessidades estabelecidas a partir
das condições físicas do ambiente, como por exemplo, tamanho da sala, a espessura
das paredes, nível de insolação, quantas pessoas estarão no local etc.
Mas, você que é muito esperto, já deve estar se perguntando:
Puxa! Como é que a gente faz isso?!! Deve ser um bocado complicado!
Bem, para obter esse dado, você vai ter que fazer o que chamamos de cálculo de carga
térmica.
Por meio dele, a gente faz um levantamento de todas as condições do local em que o
condicionador de ar será instalado, coloca todos os dados em uma planilha, faz alguns
cálculos com eles e obtém com precisão a capacidade de refrigeração do aparelho para
aquele ambiente. E não é nada complicado como você poderá ver mais adiante.

Carga térmica: o que é?


Bem, a primeira coisa que você tem que aprender é o que é carga térmica. Vamos lá,
então:
Denomina-se carga térmica ao calor (sensível ou latente) a ser fornecido ou extraído do
ar, por unidade de tempo, para manter o recinto dentro das condições adequadas de
conforto térmico. Essa quantidade de calor é calculada para duas condições (verão e
inverno) a fim de que nunca existam condições de desconforto térmico nas épocas
críticas do ano. Quer dizer, a carga térmica corresponde a quanto calor o condicionador
de ar tem que tirar ou colocar no ambiente para que as pessoas se sintam confortáveis
dentro dele, tanto no inverno quanto no verão.
Outra coisa que você deve aprender é que a carga térmica é calculada considerando-
se duas fontes de calor: fontes de calor externo e fontes de calor interno.

São fontes de calor externo:


a) calor do sol
- Transferência de calor por insolação pelas janelas e por condução através das janelas,
paredes e tetos.
b) calor fornecido pela infiltração de ar externo,
c) calor fornecido pela renovação natural do ar.
São fontes de calor interno:
a) pessoas,
b) iluminação elétrica,
c) equipamentos elétricos.
Além disso, você tem que saber que a carga térmica varia de acordo com a estação do
ano:
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- carga térmica de verão,


- carga térmica de inverno.
Isso acontece porque, como você acabou de ler, a carga térmica é calculada em função
das fontes de calor (externa e interna) que apresentam variação da temperatura, de
acordo com a estação do ano. É por essa razão que a carga térmica é calculada sempre
para o verão.

Calculando a carga térmica

Agora, vamos ao cálculo propriamente dito, pois a esta altura, você já deve estar super
curioso para saber como é que ele é feito, não é mesmo?
Na verdade, você não vai fazer exatamente os cálculos porque eles são bastante
complicados e uma porção de engenheiros já trabalhou nisso para facilitar a vida de
profissionais como você. O que nós vamos lhe ensinar é como usar a planilha (ou
formulário padrão) desenvolvida pela ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) e apresentada na Norma NBR-5858 (Condicionador de Ar Doméstico).
Essa planilha foi criada justamente para facilitar o trabalho do técnico que tem que
auxiliar o cliente a escolher o condicionador de ar que melhor atenda às necessidades
do ambiente a ser climatizado.
Veja, no quadro 1, um modelo de formulário baseado na Norma NBR 5858
(Condicionador de Ar Doméstico).
Essa planilha é utilizada para estimar a carga térmica de conforto na instalação de
condicionadores de ar em locais que não requeiram condições específicas de
temperatura e umidade, tais como salas de estar, quartos de dormir, escritórios,
consultórios, restaurantes.
Para que você possa aprender como usar essa planilha, vamos apresentar um exemplo
que vai descrever passo-a-passo, tudo o que tem que ser considerado e calculado para
a obtenção dos dados que, colocados nesse formulário, vão fornecer a carga térmica
correta para o ambiente escolhido. Vamos supor, então, que você precise fazer o cálculo
da carga térmica de um determinado ambiente.
Como você pode observar, além do cabeçalho com os dados de identificação do cliente
e da pessoa responsável pelo cálculo, o formulário pede uma série de informações
sobre as fontes de calor externo e interno do ambiente no qual o aparelho deverá ser
instalado: insolação pelas janelas, condução de calor pelas janelas, paredes, teto, piso;
calor fornecido pelas pessoas e equipamentos.
Isso é necessário porque, como já dissemos, essas fontes têm que ser consideradas
quando se quer saber a carga térmica desse mesmo ambiente.
Isso significa que, após preencher o cabeçalho identificando seu cliente, e antes de
começar o preenchimento do formulário propriamente dito, você precisará recolher
dados sobre:
 as dimensões (medidas) do ambiente;
 as quantidades de janelas, as portas e os vãos livres com as respectivas
dimensões;
 o tipo de parede: leve (espessura até 15 cm) ou pesada (espessura maior do
que 15 cm);
 a localização geográfica das paredes e janelas, ou seja, se elas estão ao norte,
sul, leste, oeste, etc.;
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 a quantidade de lâmpadas com as respectivas potências elétricas;


 a quantidade de aparelhos elétricos e suas respectivas potências elétricas;
 a quantidade de pessoas que freqüentarão o local;
 o tipo de teto: telhado ou laje;
 o piso: sobre o chão ou entre andares.
Para obter esses dados, você deve, inicialmente, inspecionar a sala e, em seguida, fazer
a medição do piso, paredes e aberturas do local. Depois disso, você vai representar, em
uma folha, os contornos do ambiente em um desenho chamado de croqui e que conterá
todos os detalhes que você mediu: paredes e aberturas, portas e janelas. Vai, também,
determinar a orientação solar, indicando os pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste) e
identificando o lado norte com uma seta.
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Observação:
Para encontrar o lado norte faça o seguinte:
1- No ambiente no qual será instalado o condicionador de ar, localize o lado onde o sol
nasce (nascente).
2- Aponte seu braço direito para o nascente.
3- O norte estará sempre à sua frente.
4- O sul estará às suas costas.
5- O oeste estará na mesma direção de seu braço esquerdo.
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Proceda sempre dessa maneira para localizar o norte e transporte essa localização para
seu desenho.
Digamos, então, que você terá que instalar um condicionador de ar em uma sala com 8
m de comprimento, 4 m de largura e 3,20 m de altura, localizada no segundo andar de
um prédio na cidade de São Paulo e que possui três janelas de 2,0 m por 2,5 m,
protegidas por cortinas, sendo uma delas voltada para a direção Norte e as outras duas
para a direção Oeste. Veja como o seu desenho ficaria:

observação: pd = altura da parede = pé direito

Como você pode perceber, além do croqui, você deve anotar, também, todos os dados
relativos ao ambiente: quantidade de pessoas, quantidade de lâmpadas e respectiva
potência consumida, equipamentos com as respectivas potências.
Agora é o momento de passar os dados para o formulário. Faça isso na seqüência em
que são apresentados. Comece, portanto, pelos dados de insolação (incidência de sol)
das janelas que recebem os raios solares diretamente. Veja a seguir.
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1 - Janelas (insolação)

Inicialmente, você calcula a área da cada janela. Lembre-se de que, para fazer isso, é
necessário multiplicar a medida da largura da janela pela medida da altura. Assim, por
exemplo, se a janela tiver 2 m de largura por 2,50 m de altura, você multiplica 2 x 2,50
e obtém 5 m2.
Se houver mais de uma janela no recinto, e elas estiverem na mesma parede e, portanto,
na mesma posição em relação ao sol, você soma todas as áreas das janelas dessa
parede que você calculou.
No croqui que você desenhou no papel, existem três janelas que estão em paredes
diferentes em relação à direção do sol. Após calcular as respectivas áreas e antes de
transportar os valores para a planilha, é necessário somar as áreas das duas janelas
que estão na mesma parede.
Assim, na parede voltada para o norte, você tem uma janela de 5 m2. Na parede voltada
para oeste, você tem duas janelas com uma área somada de 10 m2. Esses valores são
transportados para o formulário nas linhas norte e oeste.

Esses dois valores que você anotou serão agora multiplicados pelos fatores de
multiplicação (colunas A, B ou C), de acordo com a condição da janela em relação ao
sol. O resultado, você escreve na coluna D. No nosso exemplo, as janelas têm cortinas.
Assim, a área da janela na parede norte terá como fator de multiplicação 480 e a área
das janelas da parede oeste terá como fator de multiplicação 920. Seu formulário ficará
assim:
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Agora, você considere somente o maior valor da coluna e escreva o resultado na coluna
kJ/h (lê-se: quilo Joule/hora).
O que você calculou até aqui, refere-se ao calor recebido diretamente do sol pelas
janelas (Insolação pelas Janelas).
No formulário, observe que as janelas voltadas para o sul têm o fator de correção igual
a 0 (zero), pois não recebem insolação. É o mesmo caso das janelas constantemente
sombreadas por construções adjacentes e que, por isso, são consideradas como sendo
voltadas para o sul já que não recebem insolação direta. Nesse caso, também, o fator
de multiplicação é 0 (zero).

2 - Janelas (condução)

O que você vai ter que considerar, agora, é o calor ganho por condução através de
todas as janelas. Isso tem relação com a quantidade das janelas e a espessura do vidro
dessas mesmas janelas.
Nesse cálculo já não se considera o fator insolação (direção do sol) e as áreas de todas
as janelas são somadas. Vamos supor, então, que as três janelas (15 m2) estejam
dotadas de vidro comum. O fator de multiplicação, nesse caso é 210. O formulário ficará
assim:

3 – Paredes

O dado seguinte refere-se às paredes. Você deve calcular a área das paredes, incluindo
portas (que devem sempre estar fechadas em ambientes climatizados), mas excluindo
as janelas, porque elas já estão calculadas nos itens 1 (Janelas - Insolação) e 2 (Janelas
- Condução).
Além disso, você deve verificar se há paredes:
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 externas voltadas para o sul. Isso você faz consultando o croqui que você
desenhou na folha,
 constantemente sombreadas por prédios que ficam próximos. Essas devem ser
consideradas como se estivessem voltadas para o sul,
 contíguas a ambientes com condicionadores de ar, pois essas não devem ser
consideradas.
No desenho do nosso exemplo, não há parede externa voltada para o sul, e a parede
leste fica ao lado de um ambiente com condicionador de ar. Calculando:
 Parede norte: 4 x 3,2 = 12,8 m2
Desse valor (12,8) subtrai-se a área da janela (2 x 2,5 = 5 m2): 12,8 - 5 = 7,8 m2
Parede sul (interna): 4 x 3,2 = 12,8 m2
 Parede leste (interna): não é considerada pois é contígua a um ambiente
condicionado.
 Parede oeste: 8 x 3,20 = 25,6 m2
Desse valor (25,6) subtrai-se a área das duas janelas (5 + 5 = 10 m2): 25,6 - 10 =
15,6 m2

Resumindo:
 Paredes externas (norte e oeste) = 7,8 m2 + 15,6 m2 = 23,4 m2.
 Paredes internas (somente parede sul, pois a parede leste não será
considerada) = 12,8 m2.
Lembre-se de que se existir alguma parede constantemente sombreada por
construções adjacentes, estas não devem ser consideradas já que isso é como se
parede fosse voltada para o sul.

Todos esses valores são transportados para a planilha e depois multiplicados pelo fator
de multiplicação correspondente. Observe que, para as paredes externas, os fatores de
multiplicação correspondem ao tipo de parede:
 leve (parede com menos de 15 cm de espessura): fatores de correção 55
(direção sul) ou 84 (outras direções)
 pesada (parede com 15 cm ou mais de espessura): fatores de correção 42
(direção sul) ou 50 (outras direções).
No nosso exemplo, consideramos as paredes externas como sendo leves. O resultado
é anotado na coluna kJ/h. Na planilha, teremos, então:

4 – Teto

O item seguinte na planilha refere-se ao teto. Você deverá calcular sua área e classificá-
lo segundo os seguintes tipos:
 Laje exposta ao sol (sem isolação).
 Laje exposta ao sol (com isolação térmica de 2,5 cm ou mais).
 Entre andares.
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 Sob telhado sem isolação.


 Sob telhado com isolação.
No exemplo apresentado a área do teto é 32 m2 (4 x 8). Lembre-se de que essa sala
está no segundo andar de um prédio. Sua planilha ficará assim:

5 – Piso

O próximo item da planilha é o piso. Se ele estiver diretamente sobre o solo, não deverá
ser considerado. No nosso exemplo, trata-se de uma sala no segundo andar, portanto,
a área de 32 m2 será multiplicada pelo fator 55:

Até agora, reunimos os dados sobre as fontes de calor externo. Os próximos itens
referem-se às fontes de calor interno, ou seja: as pessoas, iluminação artificial,
aparelhos elétricos.

6 - Número de pessoas

O item 6, por exemplo, refere-se ao número de pessoas que freqüenta o ambiente no


qual o condicionador será instalado.
No nosso exemplo, vamos considerar que se trata de um escritório no qual trabalham 4
pessoas. A planilha ficará assim:

7 - Iluminação e aparelhos elétricos

Outra fonte de calor interno, como já vimos, são as lâmpadas, os motores, os aparelhos
elétricos.
No escritório de nosso exemplo existem:
 Quatro luminárias com duas lâmpadas fluorescentes de 40 watts cada uma:
totalizando 320 W
 Quatro computadores: 800 W
 Uma impressora: 55 W
 Uma cafeteira elétrica: 450 W
 Um aparelho de fax: 30 W
 Uma copiadora: 300 W
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320 + 800 + 55 + 450 + 30 + 300 = 1955 W


Transportando os valores para a tabela e multiplicando pelos respectivos valores:

8 - Portas e vãos

As portas e vãos sempre abertos para ambientes nos quais não há aparelho
condicionador de ar são considerados neste item. Portanto, sua área deve ser calculada.
Se o vão for de largura superior a 1,50 m, aberto para um ambiente não-condicionado,
ele precisa ser considerado nesse cálculo.
No nosso exemplo, o ambiente vizinho para onde a porta se abre, é condicionado,
portanto essa porta não será considerada. Observe a planilha:

9 – Subtotal

Após fazer todos os cálculos parciais, deve-se somar todos os resultados obtidos. Esse
subtotal é lançado na coluna kJ/h. No nosso exemplo, o resultado dessa soma é.
9200 + 3150 + 1965,6 + 422,4 + 1760 + 1760 + 2520 + 7820 = 28598 kJ/h.

Esse resultado deve, então, ser multiplicado pelo fator climático da região.

Brasil é um país muito grande e suas regiões apresentam condições climáticas


diferentes entre si. Por isso, foram calculados coeficientes de correção, chamados de
fator geográfico para cálculo de carga térmica de resfriamento, correspondentes a cada
uma das regiões climáticas do país. Veja os coeficientes e sua distribuição no mapa a
seguir.
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10 . Carga térmica total

Esses coeficientes têm que ser considerados no cálculo de carga térmica para que seja
garantido que o aparelho apresente um desempenho de acordo com as necessidades
dos clientes de cada região. Como no nosso exemplo, a sala a ser climatizada está
localizada na cidade de São Paulo, o fator de correção é 0,85. O resultado é:
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E o formulário totalmente preenchido ficará assim:


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Determinação dos equipamentos


Antes de determinarmos que tipo de equipamento será instalado no ambiente do nosso
exemplo, você deve saber que a capacidade térmica de um aparelho condicionador de
ar pode ser expressa por várias unidades de medida:
. BTU/h,
. kcal/h,
. kW,
. W,
. TR.
No Brasil, as unidades de medida adotadas são aquelas do Sistema Internacional (SI).
Por esse sistema, as unidades de capacidade térmica são dadas em W, kW, kJ/seg ou
kJ/h. Essa última unidade (kJ/h) é a que se refere ao valor total obtido na planilha:
24.308,3 kJ/h.
Apesar dessa recomendação técnica, contudo, muitos fabricantes de aparelhos
condicionadores de ar continuam a caracterizar a capacidade térmica dos aparelhos
que comercializam por meio do antigo Sistema Britânico (SB) com a unidade de medida
BTU/h.
Então, comercialmente, os condicionadores de ar são encontrados nas seguintes
capacidades térmicas:

. 7000 BTU/h
. 7500 BTU/h
. 10000 BTU/h
. 12000 BTU/h
. 15000 BTU/h
. 18000 BTU/h
. 21000 BTU/h
. 30000 BTU/h

O problema é que a planilha que você preenche para determinar a carga térmica do
aparelho a ser instalado dá um resultado em kJ/h. Como resolver esse problema?
É fácil, já que uma das habilidades que você deve desenvolver neste curso é ser capaz
de transformar kJ/h (a unidade de capacidade térmica de sua planilha) em BTU/h. Para
isso, você deve multiplicar o resultado obtido na sua planilha por 0,948. Seu cálculo
ficará assim:

O resultado desse cálculo nos diz que, teoricamente, o aparelho que você deveria
instalar no ambiente do nosso exemplo deve ter uma capacidade térmica de 23044,26
BTU/h.
Porém, como você viu na lista de capacidades térmicas dos aparelhos comercializados
em nosso país, não existe nenhum aparelho com essa capacidade. O que se deve fazer,
nesse caso, é utilizar um ou mais aparelhos cuja capacidade seja igual ou
aproximadamente superior àquela do valor calculado.
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Observação:
Convém salientar que alguns fabricantes de origem européia, asiática e americana, já
comercializam seus aparelhos em W (Watt), unidade de capacidade térmica do
Sistema Internacional. Portanto, se você precisar transformar o valor de sua planilha
(em kJ/h) para W, basta multiplicar seu resultado pelo fator de conversão 0,278. Com
o resultado do nosso exemplo, você teria:
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Condições físicas e requisitos elétricos


do local de instalação
Muito bem, você já fez o cálculo da carga térmica e identificou quantos aparelhos terá
que instalar no ambiente e qual a capacidade de refrigeração de cada um. O passo
seguinte para a instalação do aparelho é verificar as condições físicas e das instalações
elétricas do ambiente a fim de decidir:
 qual é o melhor local para a instalação;
 se haverá necessidade de adequar as instalações elétricas
 como orientar o outro profissional (pedreiro, serralheiro, eletricista) que vai
preparar esse local para a instalação.
Para isso, além das informações que você já obteve com o cálculo da carga térmica,
você terá que obter mais informações, para que o aparelho apresente um rendimento
de acordo com as necessidades do cliente. Nesse momento, algumas coisas devem ser
consideradas. Assim, por exemplo, o aparelho deverá:
 ser instalado em um local que permita a livre circulação do ar.
 ficar longe de cortinas, divisórias ou móveis que possam impedir a circulação do
ar refrigerado.
 ser instalado em local onde não incidam os raios solares ou onde não haja fontes
de calor.
 ser protegido por um toldo ou proteção similar, se não for possível instalar o
aparelho na sombra.

 ficar longe de cantos que dificultem o acesso aos comandos do aparelho e,


conseqüentemente, a sua manutenção.
Se houver necessidade de instalação de dois ou mais aparelhos, eles devem:
 ser instalados de modo que o fluxo de ar não interfira com o de outro
condicionador de ar e crie condições anormais de funcionamento.
 ser instalados de modo a não ficarem muito próximos um do outro.
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Além disso, sempre que possível, o aparelho deve ser posicionado de frente para a
maior dimensão do ambiente a ser refrigerado, ou seja, em uma das paredes mais
estreitas. Observe a ilustração a seguir.

Outro ponto a ser observado é a altura em que o aparelho ficará. Geralmente, os


fabricantes recomendam uma altura (em relação ao piso) entre 76 cm e 1,50 m. Lembre-
se de que o ar quente sobe, enquanto o ar frio desce. Portanto, essa altura leva em
conta a melhor convecção do ar, já que, se o aparelho for instalado muito próximo do
chão, não cumprirá satisfatoriamente a função de refrigerar o ambiente. Essa altura
também considera o fácil acesso ao painel de controles.
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Além disso, o aparelho deve ficar a uma distância mínima de 50 cm das paredes laterais
a fim de facilitar as tarefas de manutenção.

Requisitos físicos de instalação


Um condicionador de ar pode ser instalado em:
 um vão de parede, especialmente construído para tal,
 uma janela ou
 um vitrô.

Após a escolha da parede, respeitando as orientações que você acabou de estudar,


esta deve ser marcada para a indicação do local no qual o aparelho será instalado. O
pedreiro que vai abrir o vão na parede deve ser orientado no sentido de que a parede
escolhida esteja livre de pilares, vigas ou tubulações. O vão deverá ter as dimensões
corretas para permitir o encaixe perfeito e a ventilação necessária para o funcionamento
eficiente do produto. O que você deverá encontrar após a realização do serviço, é algo
semelhante à ilustração a seguir.
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Um caixilho de madeira para auxiliar na fixação do condicionador de ar na parede


também deve ser construído e instalado. Suas dimensões devem ser proporcionais ao
tamanho do aparelho.

O caixilho de madeira é instalado no vão da parede, observando uma inclinação de 6 a


8 mm em direção ao lado externo para facilitar o escoamento da água condensada e,
ao mesmo tempo, evitar a entrada de água de chuva no ambiente. Neste caixilho será
fixado o gabinete do aparelho com parafusos para madeira. Veja ilustração a seguir.

O fundo e as laterais do aparelho devem ficar livres de quaisquer obstáculos. As laterais


do aparelho devem ficar a uma distância mínima de 150 mm das paredes laterais a fim
de manter livres as venezianas do aparelho. Assim, um chanfro com um ângulo
aproximado de 45 deve ser feito em paredes muito grossas, como mostra a ilustração
a seguir.
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Quando for necessária a instalação em janelas, recomenda-se apoiar o aparelho sobre


o peitoril da janela para melhor fixação e segurança. Além disso, para melhorar a
fixação, devem ser utilizados suportes de ferro a serem presos na parte externa da
parede e sobre os quais o aparelho deve ser apoiado.

Para a instalação em vitrôs, é necessário construir uma estrutura de ferro no qual o


aparelho deverá ficar firmemente apoiado.
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Na maioria dos casos, será necessário cortar ou substituir vidros, bem como soldar as
novas molduras metálicas. Esse serviço deverá ser feito por um serralheiro.

Requisitos para instalação elétrica


O responsável pela instalação, neste caso, você, deve examinar cuidadosamente a rede
elétrica que irá alimentar o aparelho a ser instalado. Ela deverá ter capacidade de
suportar o aumento de carga que essa instalação acarretará. Isso evitará muitos
problemas que acontecem devido à sobrecarga do circuito causada pela instalação de
um aparelho condicionador de ar, já que esses aparelhos apresentam potência elétrica
de até 2500 W.
É preciso lembrar que o fabricante do aparelho não é responsável por sua instalação e
que a responsabilidade por esse serviço é totalmente sua. Se o aparelho estiver sob
garantia, o fabricante não reporá peças que sejam danificadas por defeitos do circuito
de alimentação do condicionador de ar.

Portanto, para garantir que os requisitos técnicos do circuito para a instalação sejam
atendidos, primeiramente consulte o manual do fabricante. Consulte, também, as
seguintes normas específicas:
 NBR 6675 (Instalação de Condicionadores de Ar de Uso Doméstico. Tipo
Monobloco ou Modular) que se refere à execução de instalações de aparelhos
condicionadores de ar domésticos.
 NBR-5410 (Instalações Elétricas de Baixa Tensão) que se refere aos requisitos
técnicos de instalações elétricas residenciais.
O ideal é que haja um circuito específico para alimentar o aparelho e que esse circuito
esteja dimensionado para o consumo indicado na etiqueta do produto. Isso significa que
a queda de tensão no circuito, no instante da partida do compressor, não deverá ser
superior a 10%.

Uma das exigências técnicas se refere à bitola do fio da rede, que deve ser proporcional
à distância entre a tomada do aparelho e o local onde está o medidor (relógio) do imóvel.
Veja, no quadro a seguir, essas medidas.
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Os fios ou cabos condutores devem ser revestidos de película antichama.


Para garantia de contato perfeito, a tomada elétrica para a ligação do condicionador de
ar deve ser aquela certificada pelo Inmetro. Essa tomada (polarizada) deve ser instalada
em uma posição tal que permita o encaixe do plugue sem torção do cabo.

É obrigatória a instalação de um disjuntor térmico exclusivo para o aparelho. Esse


disjuntor deve estar localizado a uma distância máxima de 2 metros do condicionador
de ar. Para condicionadores de ar com alimentação de 127 V, deve ser utilizado um
disjuntor na fase.

Para condicionadores de ar com alimentação de 220 V, deve-se instalar um disjuntor


bipolar nas fases.
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A corrente elétrica do disjuntor deve ser de 50% a 100% da amperagem anotada na


placa do aparelho.
Assim por exemplo, para um condicionador de ar de 10 A, o disjuntor deverá ser de 15
ou 20 A.

Além disso, deve-se, também, conectar o fio terra a um terra instalado de acordo com a
norma brasileira NBR 5410, que se refere a aterramento. O esquema das conexões é
mostrado a seguir.

A ilustração a seguir mostra exemplos de como o disjuntor e a tomada polarizada podem


ser posicionados em relação à posição do condicionador.
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Se for constatado que o circuito não atende aos requisitos técnicos mínimos que
acabamos de resumir, você deverá recomendar ao seu cliente que contrate um
eletricista e faça as modificações necessárias na instalação elétrica. Isso garantirá que
o aparelho possa ser corretamente instalado e tenha o rendimento esperado por seu
cliente.

Como você pode ver, há muitos detalhes técnicos que é preciso conhecer para que
possa orientar os outros profissionais que vão fazer o trabalho preparatório de
instalação. É um conhecimento importante pois são esses detalhes que garantirão a
qualidade do seu trabalho.
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Instalação do condicionador de ar
Como você viu até agora, a instalação de um aparelho condicionador de ar exige uma
série de etapas preparatórias que você, como técnico, tem a responsabilidade de
orientar, supervisionar e realizar.
Para descrever todas as etapas do processo de instalação, nós vamos partir do princípio
de que todo o trabalho preparatório já foi realizado. Esse trabalho, como já foi estudado
na sessão anterior, envolve:
 Abertura do vão na parede e construção e instalação de caixilho de madeira, sob
a responsabilidade de um pedreiro, ou
 Construção e instalação de suporte de ferro na janela (se for este o local de
instalação), sob a responsabilidade de um serralheiro, ou
 Adaptação do vitrô (se for esse o local de instalação) e instalação de suporte de
ferro, sob a responsabilidade de um serralheiro e de um vidraceiro.
 Adequação da rede elétrica, sob a responsabilidade de um eletricista e
 Cálculos para levantamento de carga térmica, sob sua responsabilidade.
Observe que o processo de instalação não se resume à colocação do aparelho no local
escolhido e sua conexão à rede elétrica. Você deverá, também, fazer testes para
verificar se o aparelho está funcionando com a eficiência técnica para a qual foi
projetado.

Etapas da instalação
A partir de agora, você terá a descrição detalhada do processo de instalação de um
aparelho condicionador de ar. Procure ler com muita atenção cada passo, pois ele
contém importantes orientações que muito poderão ajudá-lo em sua vida profissional.
Os passos são numerados a fim de facilitar a sua compreensão da seqüência das
etapas.

1- Separe as seguintes ferramentas, instrumentos, equipamentos e materiais:


 Planilha de levantamento de carga térmica
 Manual do fabricante do aparelho
 Trena
 Nível de bolha
 Chave de fenda
 Multímetro (analógico ou digital)
 Termômetro
 Feltro ou espuma sintética para vedação.

2- Antes de iniciar a instalação, leia o manual do fabricante para verificar se há


orientações especiais que devem ser atendidas na instalação.

3- Com o auxílio do nível de bolha, verifique se o caixilho de madeira está bem nivelado
e com a inclinação (para baixo) de 6 a 8 mm em direção à parte externa da parede.
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Retire o aparelho da embalagem e verifique se ele não sofreu nenhum dano durante o
transporte.

Em caso de algum dano, entre em contato com o serviço de assistência técnica


autorizado pelo fabricante. Não tente consertar o dano, nem instale o aparelho nessas
condições.

5- Retire o aparelho do gabinete, se essa for a orientação do fabricante. Siga as etapas


descritas no manual do aparelho.
6- Com o auxílio da chave de fenda, fixe o gabinete ou, em alguns modelos, o aparelho
completo, no caixilho de madeira; use parafusos auto-atarrachantes.

7- Para evitar a passagem do ar, coloque uma vedação de feltro grosso ou espuma
sintética entre o caixilho e o gabinete.
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8- Instale o condicionador de ar no gabinete, quando for o caso.

Observação:
Verifique se a hélice do ventilador gira livremente, sem tocar no difusor.

9- Coloque o filtro de ar no suporte.


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10- Instale a grade frontal.

11- Com a chave seletora do condicionador de ar na posição Desligado, posicione o


multímetro para fazer a verificação da tensão da rede elétrica.

Observação:
Se a oscilação de tensão for superior a 10% deve-se utilizar um estabilizador de tensão
com potência proporcional à potência consumida pelo aparelho. Veja tabela a seguir.
Condicionador de ar residencial 29

13- Faça a medição da corrente e compare o valor obtido com o valor indicado pelo
manual do fabricante, ou pela plaqueta de identificação no condicionador de ar.

14- Ajuste os controles do aparelho e, com o auxílio do termômetro colocado na frente


da grade defletora, verifique se a temperatura corresponde àquela indicada pelo
manual do fabricante.

15- Ajuste o termostato e verifique se o aparelho liga e desliga conforme a regulagem


efetuada.

16- Faça a limpeza do ambiente, recolhendo todo o material descartado durante o


processo de instalação do aparelho, deixando-o o mais limpo possível.

Como você pode ver, seguir a seqüência de instalação não é uma coisa muito
complicada. No entanto, como em qualquer profissão você só terá o domínio completo
de cada operação após um bom período de prática.
Condicionador de ar residencial 30

Referências bibliográficas
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Cônsul. Manual de serviço: condicionadores de ar Air Máster. s.d.

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SENAI. CBS. Mecânico de refrigeração. 2a ed., 1982.

SENAI. SP. DRD. Refrigerador convencional. 2a ed. São Paulo:1997.

SENAI. SP. DRD. Sistema básico de refrigeração doméstica. 2a ed. São Paulo:
1997.

White-Westinghouse. Grupo de Engenharia de Campo. Manual de Serviço:


condicionador
de ar. s.d., 79 p.

Ziedas, Selma. Mecânico de refrigeração e ar condicionado. São Paulo, SENAI,


1989.

Código de defesa do consumidor. Disponível em


<www.abradee.com.br/codigo.htm>.

Atendimento ao consumidor. Disponível em <www.klavier.com.br/ombudsman/


atendimento.html>.
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