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e Interdisciplinaridade em Pediatria
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação.................................................................................................................................. 4
Introdução.................................................................................................................................... 7
Unidade I
INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO........................................................................................ 9
Capítulo 1
Introdução à interdisciplinaridade................................................................................... 9
Capítulo 2
Fragmentação do conhecimento e suas implicações................................................. 21
Unidade iI
Compreendendo o processo de Humanização ......................................................................... 27
Capítulo 1
Humanismo e processo de humanização hospitalar..................................................... 27
Capítulo 2
Atendimento humanizado................................................................................................... 35
Unidade iII
Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica......................................... 42
Capítulo 1
Construção de um processo interdisciplinar de humanização................................. 42
Capitulo 2
Humanização no ambiente de trabalho........................................................................... 50
Capítulo 3
A assistência pediátrica sob olhar da humanização e interdisciplinaridade............. 57
Referências................................................................................................................................... 85
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
Pensar em Interdisciplinaridade implica em analisar este conceito a partir da epistemologia
e da educação, ou seja, com ênfase na definição destes conceitos e suas implicações na
prática profissional, e também na estrutura dos currículos por meio da inserção da
interdisciplinaridade no processo de ensino-aprendizagem na área da saúde.
Objetivos
»» Analisar criticamente o conceito de Interdisciplinaridade.
7
8
INTERDISCIPLINARIDADE E Unidade I
O CONHECIMENTO
Capítulo 1
Introdução à interdisciplinaridade
9
UNIDADE I │ INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO
pode ser determinada pelo contexto em que está inserida e é sujeita à temporalidade,
essa estrutura de produção do conhecimento tem mostrado sinais de esgotamento e,
com isso, algumas questões foram levantadas. Apesar disso, muitos aspectos ainda
persistem, o que ainda influencia a maneira como estruturamos os processos de
ensino-aprendizagem e, consequentemente, reproduzimos na prática profissional.
Dessa forma, o século XIX foi marcado pela influência do modelo cartesiano, o que
levou ao nosso modelo de ciência fragmentada e com cultura de isolamento disciplinar,
e, mais adiante, resultou na dicotomização dos saberes. Claro que o problema não reside
na fragmentação para uma aplicação didática de conteúdo ou na especialização, mas
no fato que passaram da fragmentação para o isolamento quase total, o impactou na
integração dos saberes e, por sua vez, interferiu na prática profissional e na integralidade
do cuidado.
Fonte: autor.
10
INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO │ UNIDADE I
à prática. Vimos que a ciência tem uma característica temporal. Sendo assim, podemos
afirmar que nem todos os conceitos ou práticas serão verdades absolutas e o progresso
implica em novas abordagens para produção de conhecimento, bem como novas formas
de organizá-lo.
11
UNIDADE I │ INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO
Nesse ponto é importante a definição de alguns conceitos para determinar o que queremos
dizer quando falamos sobre interdisciplinaridade, que representações e configurações
apresentam em nossa mente e como seria possível sua prática e desenvolvimento.
Somente a integração de conteúdos e práticas de diversas disciplinas seria suficiente?
É uma prática coletiva? Seria o conjunto de disciplinas? A atuação conjunto de diferentes
sujeitos em busca de um objetivo comum?
O agrupamento de diversos sujeitos não parece levar a uma busca de objetivo comum
ou a transpor os limites de cada especialidade. Uma das principais exigências da
13
UNIDADE I │ INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO
Práticas multidisciplinares: pode ser entendida como uma gama de campos propostos
simultaneamente, um diálogo paralelo entre dois ou mais especialistas, mas sem que
as relações existentes entre eles apareçam. Geralmente é um sistema de um nível com
objetivos únicos e nenhuma cooperação. A figura abaixo é utilizada para caracterizar um
processo multidisciplinar, os retângulos representam uma disciplina ou especialidade,
fica claro que não há uma interligação entre elas. Outro exemplo comum é a atuação
de profissionais em um ambulatório ou hospital convencional, onde profissionais de
diferentes áreas geralmente trabalham de forma isolada sem cooperação ou troca
de informações entre si. As informações ficam restrita a uma troca relacionada à
organização administrativa.
Fonte: autor.
ENFERMEIRO
MÉDICO
FISIOTERAPEUTA
Fonte: autor.
14
INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO │ UNIDADE I
ENFERMEIRO
NUTRICIONISTA MÉDICO
Fonte: autor.
15
UNIDADE I │ INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO
médico
fisioterapeuta enfermeiro
Fonte: autor.
16
INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO │ UNIDADE I
A divisão pode ser e foi um ponto que possibilitou inúmeros avanços, no entanto, a
ruptura de uma visão holística, a crescente especialização e levaram ao isolamento e a
uma abordagem em unidades. Isso é contrário ao conceito que buscamos que pode ser
sintetizado como a totalidade como reconstituição do todo. Uma unidade de diversas
disciplinas e práticas com conexões, integrados e com objetivos comuns.
Importante lembrar, ainda sobre a palavra disciplina, que em sua história está
justificada como um importante objeto para cada profissão, mas será que
o problema é que esse conhecimento, principalmente na área da saúde, está
representado por uma fragmentação de saberes? Ainda sobre a proposta e
solução, seria sim o trabalho em equipe multidisciplinar uma solução para a
solução desse problema?
Que relações são estabelecidas entre os sujeitos para que seja possível um projeto
interdisciplinar?
17
UNIDADE I │ INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO
Esse tipo de organização é mais complexo do que, alguns conceitos levam a acreditar
que, a simples presença de diversos sujeitos em um mesmo ambiente. É importante
destacar esse ponto, pois, o termo interdisciplinaridade é extensamente utilizado e, na
maioria das vezes, não representa de forma adequada o termo. Se aproxima muito do
modelo multidisciplinar que é muito diferente em sua organização e, consequentemente,
com resultados distintos. Temos que levar em consideração as implicações de uma
abordagem interdisciplinar, pode nos proporcionar a possibilidade de rever o antigo
e torná-lo atual, um processo constante que não deve ser transitório para possibilitar
uma prática generalizada.
Até o momento não houve nenhuma definição clara e precisa sobre interdisciplinaridade,
foram apresentadas as principais características, alguns elementos essenciais para a
uma possível prática interdisciplinar e o contexto em que se desenvolveu. A disciplina
é uma característica comum das quatro palavras apresentadas: multi e pluri remetem
a ideia de juntar uma ao lado da outra, inter e trans são no sentido de articulação e
estabelecer uma relação recíproca e acrescentando a trans o conceito de ir além
ultrapassando os próprios limites. Essa síntese dos conceitos mostra que existe uma
tentativa de romper o caráter estagnado das disciplinas em diferentes níveis, talvez isso
ocorra pelo esgotamento ou pelo desenvolvimento alcançado até o momento.
18
INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO │ UNIDADE I
19
UNIDADE I │ INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO
Com isso, deixamos como proposta de reflexão para a esse tema a importância
do trabalho em equipe na área da saúde e principalmente dentro de um ambiente
hospitalar, onde seus trabalhadores e representantes legais podem seguir e construir
um pensamento interdisciplinar, pois o objetivo é pensar, refletir e principalmente
trabalhar sobre os diferentes fatores que interferem no contexto social onde a equipe
de trabalho está inserida. Podemos com isso lembrar que uma ação transdisciplinar
tem como pressuposto a possibilidade da prática de um profissional se reconstruir e se
integrar na prática do outro, onde ambos são transformados interferindo assim em uma
realidade contextualizada. Assim cada profissional deve agir e pensar de forma ética e
isolada sobre suas atribuições dentro de um contexto em saúde, mas essencialmente
deve sempre pensar e refletir de forma coletiva, pois é esse pensamento profissional
coletivo que muitas vezes vai atribuir mais conhecimento e propriedade ao cuidado e
assistência à saúde de um indivíduo e comunidade.
20
Capítulo 2
Fragmentação do conhecimento e
suas implicações
Isso significa que esse modelo analítico está em crise? Não, significa que, com todos os
avanços, o contexto histórico e social que nos encontramos e os novos desafios, hoje é
uma abordagem insuficiente se levarmos em consideração todos os fatores citados. É
necessário reconhecer os resultados e todo progresso que este modelo proporcionou,
no entanto, a tendência reducionista e mecanicista levou a uma hiperespecialização e
ao consequente isolamento quase completo das disciplinas. Como resultado temos uma
realidade parcelada, compartimentos, mecanicista e reducionista, uma prática que
rompe a complexidade em fragmentos disjuntos, fracionando os problemas e tornando
unidimensional um contexto multidimensional.
De uma maneira geral temos uma prática institucionalizada que permitiu grandes
avanços e conquistas, mas não é suficiente para lidar com a complexidade das relações
que criou. Um modelo, método ou prática que não responde às necessidades de uma
comunidade entra em crise e dá lugar ao surgimento de novas práticas. Para refletir
sobre os conceitos estudados até o momento temos o fragmento de um texto,
talvez um dos mais críticos, sobre as consequências da constante especialização e
suas implicações.
21
UNIDADE I │ INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO
É um dos textos mais radicais e críticos sobre a ciência moderna, no entanto, notem a
data que foi escrito – para quem achava que estávamos discutindo um tema recente,
em construção e com pouco referencial teórico. Isso evidencia que os pensadores desse
período já se preocupavam com o rumo que a ciência estava tomando:
Até o momento temos uma discussão ampla sobre o modelo e as práticas interdisciplinares
e ao processo de formação, divisão e especialização das disciplinas.
O problema é que nessa síntese temos todos os conceitos, que são reproduzidos, e
impedem uma prática mais flexível que leve em consideração a diversidade, complexidade
22
INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO │ UNIDADE I
Devemos ainda lembrar que somos sujeitos ativos nesse processo, estamos inseridos no
contexto social e histórico atual e é essencial que uma abordagem que supere o esgotado
modelo vigente. Assim se faz necessário um esforço nesse sentido para obter práticas
mais participativas e integradoras, principalmente no sentido de levantar problemas,
analisá-los e propor soluções, onde dentro de um contexto em saúde uma importante
ferramenta é o levantamento de um diagnóstico situacional em saúde.
Dentro desse sentido, para entender como esse processo se desenvolveu na área da
saúde é necessário um breve estudo sobre como o ensino da Medicina no Brasil.
Como a maioria dos cursos relacionados à área da saúde que foram influenciados e
seguiram diretrizes do ensino médico, apresentam disciplinas e algumas metodologias
em comum é essencial entender o processo de institucionalização que levaram a
formação de profissionais e sua atuação na sociedade.
O ensino das ciências médicas no Brasil será abordado a partir do final da década de 1970
quando houve uma reformulação universitária e o modelo de ensino médico no Brasil
passou a ser fundamentado nos princípios baseados na reforma flexneriana. A reforma
Flexner ocorreu em 1910, nos Estados Unidos e desencadeou um processo de profundas
transformações na educação médica e influenciou a estrutura de ensino baseado no
estudo Medical Education in the United Statesand Canada– A Reporttothe Carnegie
Foundation for the Advancementof Teaching, mais conhecido como Relatório Flexner.
Foi considerado como um grande reformista e transformador da educação médica, no
entanto, seus críticos consideram como o principal responsável pela consolidação de
um modelo de formação que nunca conseguiu atender ás necessidades da saúde e dos
indivíduos onde foi implantada. De fato, os conceitos estabelecidos em seu relatório
já estavam em curso e podemos fazer um paralelo com as principais correntes de
pensamento já estudadas.
23
UNIDADE I │ INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO
1. Fase pré-paradigmática.
3. Crise do paradigma.
4. Revoluções científicas.
5. Mudança de paradigma.
Vimos que existe uma estrutura e uma sucessão de períodos, mas qual a definição de
um paradigma?
24
INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO │ UNIDADE I
Fonte: autor
Toda essa descrição pode dar uma falsa impressão de um processo de evolução
cumulativo de conhecimento. Contudo uma vez que o processo começa a entrar em crise,
o paradigma não responde as questões o modelo entra em crise e existe a necessidade
de um novo paradigma. A substituição de um paradigma por outro não ocorre de
forma simples e automática com a aceitação de uma nova abordagem, o processo não é
cumulativo e linear, o processo de evolução implica a perda ou substituição, completa
ou parcial, do conhecimento no período de crise. No entanto, quando o modelo entra
em crise a transição não ocorre de forma automática e natural, há uma competição entre
o antigo e o atual pela preferência da comunidade científica com diferentes concepções
do problema para fundamentar sua prática.
25
UNIDADE I │ INTERDISCIPLINARIDADE E O CONHECIMENTO
Assim o modelo flexneriano passou a ser associado a um ensino rígido que privilegiou
e estimulou a especialização profissional com um enfoque cientificista sem considerar
uma abordagem humanista.
Novos modelos vêm sendo elaborados com a ideia de formular um novo paradigma
que contrapõem o modelo reducionista, onde o modelo hospitalocêntrico surge com
a proposta de uma abordagem mais contextualizada aos novos desafios que surgiram.
Um modelo que busca a integralidade considerando as dimensões sociais, econômicas
e culturais. Assim a partir dos conceitos adquiridos até o momento podemos fazer uma
reflexão: Quais seriam as barreiras e fragilidades de uma estrutura interdisciplinar?
Qual impacto da estrutura de ensino implementada baseada na reforma flexneriana?
26
Compreendendo
o processo de Unidade iI
Humanização
Capítulo 1
Humanismo e processo de
humanização hospitalar
Até este capítulo, vimos que o modelo de atenção à saúde foi estruturado com base
no conceito de saúde, no qual a ausência de doença era considerada como sinônimo
de saúde. Isso conduziu a prática profissional a ser basear na unicausalidade e se
desenvolver de maneira tecnicista, individualista e curativista. A atenção foi direcionada
ao corpo biológico em detrimento da consideração da singularidade do sujeito e sua
inserção social. Este paradigma resultou em um processo de contínua fragmentação do
conhecimento e, consequentemente, com a especialização precoce, retroalimentação
esse processo.
Vale enfatizar que a epidemiologia está, também, preocupada com a evolução e o desfecho
da história natural das doenças nos indivíduos e nos grupos populacionais, em que a
aplicação dos princípios e métodos epidemiológicos no manejo de problemas encontrados
na prática médica com pacientes, levou ao desenvolvimento da epidemiologia clínica.
Assim a epidemiologia se desenvolveu a partir do estudo dos surtos de doenças
27
UNIDADE II │ Compreendendo o processo de Humanização
Portanto, uma reflexão mais complexa e crítica do processo saúde e doença só poderá
ser alcançada com a formação de um profissional de saúde com:
No contexto hospitalar, temos alguns fatores que tornam o cenário mais complexo.
Um ambiente destinado ao atendimento de pacientes críticos, que necessitam de
cuidados especializados e de alta complexidade submetidos a mudanças súbitas no
quadro clínico, a alta complexidade tecnológica e um ambiente tenso caracterizam um
ambiente com uma dinâmica pouco favorável para reflexões. Temos um ambiente de
isolamento, profissionais que convivem diariamente com o pronto atendimento, morte
e a tensão de todos os fatores associados.
28
Compreendendo o processo de Humanização │ UNIDADE II
Que estratégias podem ser adotados para uma prática com múltiplos olhares visando um
exercício profissional harmonizado com as múltiplas dimensões da existência humana?
A resposta a essas questões será abordada nos parágrafos seguintes. Lembrando que
se trata de um processo em constante construção e por esse motivo não teremos uma
única resposta ou uma estrutura comum de definições. Partimos com os conceitos
adquiridos até o momento e proponho uma reflexão, um posicionamento crítico a todos
os argumentos fechados em apenas uma definição.
29
UNIDADE II │ Compreendendo o processo de Humanização
Devemos, nesse sentido fazer uma reflexão sobre a importância desse tema
Humanização, o que ele nos traz, uma vez que nos parece absolutamente
natural “ser humano”. Contudo o tema vem sendo cada vez mais discutido,
principalmente em virtude da necessidade hoje de resgatarmos valores éticos
perdidos ao longo dos anos.
A partir disso, o cuidado em pediatria não significava apenas cuidar da criança com
ênfase na doença. O processo de cuidar, assistir, acolher deve abarcar outros fatores e
30
Compreendendo o processo de Humanização │ UNIDADE II
Para alcançar os objetivos propostos, o referido programa, prevê várias formas de ação
com avaliação periódica da satisfação dos usuários e dos profissionais e envolve três
aspectos fundamentais:
31
UNIDADE II │ Compreendendo o processo de Humanização
O que fazer quando o profissional julga saber o que é o melhor para o indivíduo
e tenta satisfazer essas expectativas?
32
Compreendendo o processo de Humanização │ UNIDADE II
Como e quais mecanismos podem dar voz ao paciente para facilitar a verbalização
de suas demandas?
Para responder essas questões podemos buscar o conceito ou o que é considerado como
tratamento humanizado que responda às demandas. Embora constitua o alicerce de
toda estrutura do programa e um amplo conjunto de iniciativas, o conceito humanização
na assistência ainda carece de uma definição clara e precisa.
Lembrar que a interação entre os sujeitos é influenciada pelo contexto social e cultural,
organizando um conjunto de referências compartilhadas que podem contribuir para a
construção de um modelo de saúde que permita ações que respondam às expectativas
centradas na ética no diálogo e na negociação dos sentidos e rumos.
Essas ações podem levar a constituição de novos parâmetros para ação introduzindo
mudanças na cultura de assistência a saúde.
No artigo “Rethinking higher education and its relationship with social inequalities:
past knowledge, present state and future potential” temos algumas questões relevantes
33
UNIDADE II │ Compreendendo o processo de Humanização
34
Capítulo 2
Atendimento humanizado
Com isso alguns aspectos chamam a atenção quanto a avaliação dos serviços de saúde,
em que ainda existe um despreparo dos profissionais para lidar com a dimensão
subjetiva que toda prática de saúde supõe, a presença de modelos de gestão centralizados
e verticais desapropriando o trabalhador de seu próprio processo de trabalho e falta de
maturidade emocional de gestores. Nesse sentido existe um cenário que indica, então,
a necessidade de mudanças no modelo de atenção que não se farão sem mudanças no
35
UNIDADE II │ Compreendendo o processo de Humanização
»» trabalhadores da saúde;
»» usuários e profissionais;
»» hospitais e comunidade.
36
Compreendendo o processo de Humanização │ UNIDADE II
Nesse sentido vale enfatizar que a Humanização é a valorização dos diferentes sujeitos
implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores.
Os valores que norteiam esta política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a
corresponsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a participação
coletiva no processo de gestão.
Nesse contexto, vale ressaltar que o acolhimento pode ser considerado uma importante
ação, pois traz a possibilidade de mudanças na relação do profissional e usuário com
sua rede social, utilizando ferramentas de cunho técnico, ético, humanitário e de
solidariedade. Vale lembrar que dessa forma é possível reconhecer o usuário como
sujeito e participante ativo no processo de produção da saúde, uma vez que o acolhimento
atende a todos que procuram os serviços, ouvindo seus pedidos e assumindo uma
postura capaz de acolher, escutar e dar a resposta mais adequada ao usuário.
Figura 7.
DAR A MELHOR
ouvir escutar
RESPOSTA
Fonte: autor.
37
UNIDADE II │ Compreendendo o processo de Humanização
Ouvir refere-se ao sentido da audição, onde a pessoa ouve apenas, mas pode ou
não interpretar o processo de comunicação e escutar requer mais que ouvir, ou
seja, a pessoa deve prestar atenção ao o que se está sendo discutido, entender
do que se trata, perceber o que foi falado e assim opinar.
Vamos nesse sentido discutir e refletir sobre a importante dimensão assistencial, que
envolve a forma de organização tecnológica do trabalho hospitalar. Devemos ainda nessa
dimensão considerar o modelo clínico aplicado, principalmente em virtude da dinâmica
e constantes mudanças na tecnologia hospitalar. Com isso o grande desafio colocar em
prática a integralidade do cuidado ao indivíduo, promovendo articulação do trabalho das
diversas equipes e ao mesmo tempo promovendo a humanização do cuidado, ou seja,
uma qualificação das relações entre equipes de saúde e usuários do sistema, com base em
valores como respeito às singularidades e defesa dos direitos dos usuários.
Sistema Único de Saúde e a Saúde Suplementar por meio dos Planos de Saúde trabalham
sob a regulamentação de políticas próprias na gestão desses equipamentos em Saúde.
Acesse o endereço eletrônico a seguir e leia matéria sobre o papel dos hospitais
na Rede de Atenção a saúde.
Assim, uma preocupação real para a gestão hospitalar tem sido a forma de relação de seus
trabalhadores e seus usuários. Com isso o tema Humanização Hospitalar vem ganhando
força e se transformando em uma ação importante e presente no processo de trabalho
diário dentro das Instituições Hospitalares. Contudo sabemos que para o aprimoramento
do processo de trabalho, esse deve estar pautado no respeito e na valorização das
pessoas, tornando as ações de assistência hospitalar muito mais humanizada. Nesse
sentido ainda, importante lembrar que programas de humanização fazem parte dos
contratos de gestão entre as Instituições Públicas e organizações sociais, onde as ações
de humanização dentro do ambiente hospitalar estão estabelecidas como meta. Dessa
forma o gestor hospitalar deve conscientizar-se sobre a necessidade de organização dos
serviços fundamentada em programas e ações de Humanização Hospitalar.
Vale destacar que, para o bom funcionamento das Instituições Hospitalares é necessário
sim estabelecer algumas regras, contudo é sabido que se a gestão busca ações de
humanização para a organização do serviço, essas regras devem ser constantemente
avaliadas. O paciente que se encontra em regime de internação e também seus
familiares esperam sempre ter problema de saúde resolvido. O problema é que sem um
acolhimento adequado por parte dos profissionais que representam a Instituição, os
conflitos certamente ocorrerão. Contudo sabemos e como já dito anteriormente, que a
Instituição Hospitalar é muito complexa em regras e normas, criando assim, uma certa
dependência dos pacientes com os profissionais onde o paciente percebe, por vezes,
que perdeu a sua individualidade e privacidade. Assim a solução para esse problema é a
implantação de ações dentro da Política e programas de humanização, considerada uma
importante estratégia de gestão hospitalar e comprometida com a defesa da vida, onde
todos os sujeitos, gestores de saúde, trabalhadores e usuários devem estar envolvidos.
Importante destacar que ações com base em programas de humanização tem como
proposta a troca de saberes que inclui os trabalhadores da saúde, seus usuários e
principalmente os gestores. Com isso, dentro das Instituições Hospitalares se faz
39
UNIDADE II │ Compreendendo o processo de Humanização
Cabe a partir desse momento, enfatizar alguns dos princípios norteadores da Política
Nacional de Humanização (PNH) que, como dito anteriormente, quando utilizados
como estratégia de gestão, podem colaborar com a melhoria e construção de uma
assistência hospitalar humanizada, são eles:
40
Compreendendo o processo de Humanização │ UNIDADE II
41
Humanização
e Trabalho Unidade iII
Interdisciplinar na
Assistência Pediátrica
Capítulo 1
Construção de um processo
interdisciplinar de humanização
42
Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
No final do capítulo anterior temos um texto sobre o ensino superior, em geral os estudos
mostram a importância de iniciar a construção e a inserção dos temas relacionados a
interdisciplinaridade na formação profissional. Enfatizam que é essencial o incentivo
às práticas interdisciplinares nas universidades e instituições de ensino superior com
propostas de formação acadêmica híbrida, incorporando gradualmente os conceitos
básicos para uma profissionalização mais complexa que atenda as demandas e desafios
do contexto social atual.
Essa forma de organização nos leva a uma quebra parcial das identidades profissionais e
das especialidades propiciando formas mais complexas de organização e a possibilidade
de construção de dispositivos e formas de atendimento que não se limitem a concepção
tradicional de atenção à saúde foca no processo curativista em que o foco principal é
a doença e sua cura sem levar em consideração as múltiplas facetas e dimensões do
indivíduo e o contexto que está inserido.
Até o momento a discussão está centrada na formação dos profissionais de saúde, uma
possível alteração dos currículos como solução para o problema da fragmentação e
impessoalidade no processo de ensino. Supondo que essa mudança será incorporada
na prática profissional.
Como mudar toda uma estrutura se não temos nem uma definição precisa sobre
interdisciplinaridade e humanização?
Uma reconstrução não é tarefa fácil, se lembrarmos do processo e das etapas que
ocorrem para a substituição de um paradigma vigente. Temos um processo que envolve
uma resistência inicial, o estabelecimento de novas metodologias e práticas exige
comprometimento, reflexão e um ambiente sustentável para a prática.
43
UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
Uma abordagem interdisciplinar pode ser considerada uma fonte de inovação e uma
forma plausível para responder problemas complexos. Apesar de décadas, vimos que
não é um tema recente, de discussão e teorização sobre interdisciplinaridade e suas
possibilidades inovadoras, os possíveis impactos na sociedade em longo prazo incluindo
os usuários finais no processo para garantir que suas necessidades sejam atendidas
ainda não temos uma estrutura que possibilite essa atuação. Talvez pela resistência
dos indivíduos, pela formação baseada nos princípios positivistas, na dificuldade de
estruturar uma metodologia que abarque todos os aspectos e nas relações entre os
profissionais envolvidos.
Em síntese temos diversos elementos que contribuem para uma prática melhor, mas
as barreiras são persistentes. Esse é um ponto importante, as barreiras não se limitam
somente há relação entre as disciplinas ou os profissionais envolvidos. Temos que levar
em consideração que ao estreitar as fronteiras novos conceitos surgem e é necessária
uma nova organização. Essa “nova organização” está muito distante ou já temos um
esboço de ações voltadas para uma prática interdisciplinar?
Ficando somente no campo da formação, temos uma grade curricular que estimula o
debate. Neste curso estamos discutindo o tema e buscando novas formas de organização
e práticas. Mas analisem de forma crítica, de acordo aos conceitos estudados e
respondam se isso é suficiente e se realmente estamos em uma prática interdisciplinar
ou é uma prática mais semelhante a uma abordagem multidisciplinar? Para ilustrar
e relembrar um ponto importante observe as figuras a seguir e reflita: Na primeira
imagem temos um esquema da organização na qual se tem a impressão de um processo
que vai se desenvolvendo, uma continuidade. O pluri ou multidisciplinar implica em
uma coordenação, passas uma noção de conjunto, estabelece algum tipo de relação, mas
não existe uma combinação. Essa relação pode levar ao mesmo sentido, mas não temos
pontos de convergência. Podemos observar que a prática inter implica diretamente
em uma combinação. É uma estrutura que requer convergência uma combinação do
conjunto de forma ordenada.
44
Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
COORDENAÇÃO PLURIDISCIPLINARIDADE
COMBINAÇÃO INTERDISCIPLINARIDADE
FUSÃO TRANSDICIPLINARIDADE
Fonte: autor.
As ilustrações são interessantes para notar a diferença entre estar no mesmo sentido
e estar em convergência. A discussão vai ser limitada a multi/pluridisciplinaridade e
interdisciplinaridade em entrar em detalhes sobre transdisciplinaridade.
Em outras palavras: uma reunião para discutir um caso clínico entre os profissionais
contribui para avaliar qual a melhor conduta. No entanto, se analisarmos com mais
detalhes temos uma estrutura hierárquica entre os sujeitos, existe um objetivo comum,
mas as trocas são relacionadas a uma estrutura burocrática. Não existe um estreitamento
nas relações, as relações de poder persistem e as fronteiras entre os profissionais são
bem delimitadas.
45
UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
PARALELISMO Coordenação
Pluridisciplinaridade
PERSPECTIVISMO/
/CONVERGÊNCIA
Combinação
Interdisciplinaridade
HOLISMO/ Fusão
/UNIFICAÇÃO Transdiciplinaridade
Fonte: autor
Essa revisão dos conceitos foi necessária para rever pontos importantes e relembrar
que apesar de uma ampla teorização e a possibilidade de implementar os conceitos na
prática clínica ainda temos diversas barreiras.
46
Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
Para que uma ação interdisciplinar em saúde ocorra existe uma condição
importante, a socialização de conceitos e de conhecimentos de todas as
áreas envolvidas. Dessa forma é possível a construção de novas propostas de
tratamento e conduta clínica, para cada caso, tornando a assistência à saúde mais
humanizada e resolutiva, facilitando a comunicação da equipe multidisciplinar.
Contudo para que o trabalho interdisciplinar ocorra algumas condições são
necessárias para a inclusão da interdisciplinaridade, ou seja, os gestores precisam
investir no trabalho em equipe interdisciplinar, a equipe de profissionais precisa
aprimorar relações, com ela própria, com os pacientes e familiares.
Para chegar até esse ponto foi fundamental compreender a dimensão histórica que
todo o processo se desenvolveu, e que todo o processo se desenvolveu, mesmo com
resistências, por meio do diálogo reflexivo. É importante refletir que, o diálogo permite
a problematização, o desafio e uma possível alternativa para transformação de uma
realidade, não é um ato passivo, pelo contrário exige que entre em campos inexplorados
para compreender as necessidades do outro, entender o contexto histórico e social que
47
UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
Essa postura será crucial para entender a dinâmica profissional que se desenvolve em
um processo de constante transformação. Um profissional que conhece o contexto social,
histórico e institucional tem a capacidade de construir, visualizar e encontrar estratégias
de ação para enfrentar os problemas e, consequentemente, práticas mais humanizadas.
Sabemos que a frase “sempre fiz assim, não vou mudar” ainda faz parte do
pensamento de alguns profissionais dentro de Instituições Hospitalares,
dificultando no dia a dia do trabalho dos serviços o avanço de novas propostas
para melhoria, principalmente quando se pensa em implantar ações de
humanização. Podemos dizer que enfrentar esse tipo de desafio com a equipe
de trabalho é um dos obstáculos que os gestores enfrentam quando decidem
investir na Humanização do serviço de saúde e qual seria a melhor medida para
minimizar esse tipo de problema e provocar mudanças no serviço?
Podemos usar como exemplo uma ação que ocorreu em 2013, na ala de oncologia
pediátrica, hospital A.C Camargo, que foi decorada com super-heróis e as embalagens
utilizadas para a quimioterapia foram cobertas com cápsulas temáticas dos super-heróis
escolhidos pelas crianças. O objetivo, a ideia principal, é que ao receber uma superfórmula
se tornarão mais fortes para combater o “vilão”. Houve uma ressignificação da
experiência, uma maneira de abordar uma situação complexa de forma lúdica e
humanizada. Mudando a concepção de abordar o tema quimioterapia e transformando
o remédio em algo bom, isso pode trazer diversos benefícios para a criança, o estímulo
a sua imaginação, explorar o lado lúdico e sentir que faz parte de algo em um ambiente
hostil é uma grande diferença de uma abordagem tradicional.
48
Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
Esse tema deixa mais questões do que conclusões. Não podemos esquecer que é um
processo em construção, apesar do tempo que remontam as discussões, somente agora
alguns espaços estão sendo ocupados. Podemos observar um aumento de programas
de pós-graduação abordando o tema interdisciplinaridade e se pensarmos no propósito
da universidade, dos institutos superiores de formação, relacionado à transformação
é provável que esse processo avance cada vez mais. Muitas questões irão surgir,
metodologias e formas para responder aos anseios e algumas serão substituídas, é
importante ter essa noção de continuidade e de mudanças constantes nas necessidades
das comunidades envolvidas para melhor atendê-las.
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Capitulo 2
Humanização no ambiente de trabalho
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Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
Estamos falando de confortabilidade, pois não podemos discutir ambiência sem citar
e associar ao conceito de confortabilidade, que é buscar criar um ambiente favorável
não somente para a saúde do usuário, mas principalmente para o bem-estar dos
trabalhadores. Importante lembrar que, alguns trabalhadores da área hospitalar
passam muitas vezes até doze horas dentro de um mesmo setor desempenhando suas
funções, assim a confortabilidade deve existir para que o trabalhador desempenhe
adequadamente suas atribuições, não somente dentro de aspectos ergonômicos/legais,
mas também dentro de aspectos de humanização e conforto.
»» cor – no geral temos a ideia de que cores claras devem sempre fazer parte
de um ambiente hospitalar, contudo devemos adequar as cores com o
tipo de atividade realizada;
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O problema é que em muitas instituições hospitalares o que ainda existe são desenhos
organizados e representados por meio de organogramas que indicam diversas áreas e
cada uma com um responsável, com cargos de chefia ou coordenação. Assim, pensar em
uma gestão participativa é sem dúvida propor grandes mudanças não somente na forma
como está desenhada a linha de mando de uma Instituição hospitalar, mas também e
principalmente como deveriam seus processos de trabalho ocorrer.
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DIRETOR
PRESIDENTE
DIRETOR DIRETOR
ADMINISTRATIVO CLINICO
Fonte; autor.
Contudo sabemos que, esse tipo de gestão ainda é um grande desafio para muitos gestores
dentro das Instituições Hospitalares, pois são Instituições onde encontramos diversas
categorias profissionais e que desempenham suas funções de forma autônomas, isso em
virtude não somente da formação acadêmica, mas também da lei do exercício profissional
que rege cada profissão. Lembramos que, muitos Hospitais preocupados com a Política
de qualidade interna e o cumprimento de metas, divulgam incessantemente a missão
da Instituição, contudo sabemos que isso ainda não é o suficiente para aprimorar a
comunicação entre as equipes e aprimorar os processos de trabalho.
Nesse sentido, cabe ressaltar a importância do perfil do gestor hospitalar, em que sua
forma de liderança deve permitir condições para que os processos de trabalho estejam
articulados de maneira a garantir os resultados esperados, na qual cada trabalhador
reconheça sua importância e responsabilidade nesse processo a tomada de decisão
compartilhada. Assim, podemos citar uma técnica para aprimorar os processos
de trabalho e principalmente a forma de comunicação entre as equipes, os momentos de
reflexão e discussão dos profissionais envolvidos.
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Contudo sabemos que, o gestor em saúde deve repensar sobre seu verdadeiro papel dentro
das Instituições Hospitalares e buscar alternativas que auxiliem, colaborem e abram
caminho para a gestão compartilhada e assim humanizar os processos de trabalho.
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Assim, uma ação importante é por meio da equipe multidisciplinar que presta
assistência direta ao paciente internado, realizando um levantamento de informações
das condições físicas e emocionais do familiar em permanecer ao lado do paciente
como acompanhante e participativo do tratamento. Devemos lembrar que, tanto para
hospitais públicos do Sistema Único de Saúde como para hospitais do Sistema de Saúde
Suplementar. Existem legislações e programas que norteiam e regulamentam os direitos
de usuários e acompanhantes. Podemos citar como exemplo a Política Nacional de
Humanização que em 2007 cria a cartilha de visita aberta e direito de acompanhantes
dentro do Sistema Único de Saúde e ainda, dentro da Saúde Suplementar os Hospitais
conveniados por meio de suas políticas internas de qualidade, cada vez mais
aprimoram e investem em programas de orientação quanto a horários de visitas e a
permanência de acompanhantes durante o período de internação do paciente, uma vez
que essa ação também valoriza os hospitais quanto a conquista de selos de qualidade e
acreditação hospitalar.
Assim podemos ainda enfatizar que, como dito anteriormente, o Programa de Humanização
da Assistência Hospitalar, trouxe como proposta uma importante iniciativa na tentativa de
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Capítulo 3
A assistência pediátrica sob olhar da
humanização e interdisciplinaridade
Para muitas mulheres ter um filho hospitalização representa uma experiência difícil e
de muito sofrimento. Esse sofrimento pode estar relacionado não somente a condição
de saúde instável do filho hospitalizado, mas também ao fato de ter deixado outros
filhos que ficaram em casa ou até mesmo afastamento do emprego. São muitas histórias
e relatos que a equipe de saúde vivencia no dia de uma criança internada.
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É muito importante promover uma relação de harmonia entre a equipe de saúde, criança
e seu acompanhante, pois normas e rotinas são necessárias, mas podem ser flexibilizadas
e muitas vezes repensadas. Para tal é necessário por parte da equipe medica, enfermagem
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Criança
Mãe
Médico
Fonte própria.
Cabe lembrar que esse processo de melhoria e direitos para a infância e juventude teve
início por meio da publicação em 1991 do Estatuto da Criança e adolescente – ECA.
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Vamos dar início pelo processo de acolhimento em pediatria, lembrando que para os
pais que recebem a notícia da necessidade de internação de um filho, apresentam um
alto grau de ansiedade e preocupação. O primeiro contato da família e da criança com
a equipe do setor de internação deve ser o mais acolhedor possível, pois dessa forma
esse processo irá minimizar traumas e auxiliar no período de permanência no hospital.
Cabe enfatizar que, o momento da admissão na unidade de internação é considerado
um momento importante, contudo o mecanismo de acolhimento deve existir durante
todos os dias até o momento da alta hospitalar.
Dentro de uma Unidade Pediátrica as atividades lúdicas podem ser representadas por
meio dos jogos, brincadeiras, dança, música e até mesmo peças teatrais. Cabe enfatizar
que cada um deles deve promover sentimentos de alegria e prazer, pois é dessa forma
que a criança se sentirá acolhida durante o período de internação. O problema é que
mesmo com todas as vantagens do brinquedo terapêutico, sabemos que ainda existem
Instituições Hospitalares que encontram dificuldade para implantar ambientes com
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UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
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Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
Cabe lembrar que, existem nos serviços de assistência pediátrica as especialidades como
no cuidado do adulto, assim podemos exemplificar a importância de algumas como,
nefro pediatria, oncologia pediátrica, gastro pediatria. Todas essas subespecialidades
exigem dos serviços uma organização específica e própria, onde os gestores e equipes
de trabalho devem conhecer e respeitar não somente a assistência pediátrica mas tem
o que ela tem especificidade.
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UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
Sabemos que ainda existe um o problema a ser resolvido, é que existem Instituições
Hospitalares onde o cuidado em saúde é realizado de forma fragmentada por meio
da assistência prestada por cada um dos profissionais da equipe isoladamente.
Podemos exemplificar aquela criança que durante todo seu período de internação
recebe tratamento e cuidados por parte dos serviços, médico, nutrição, enfermagem,
fisioterapia, psicologia e serviço social, porém toda essa assistência é realizada de forma
isolada, ou seja, por departamentos, seguindo uma linha vertical.
É necessário enfatizar que, ainda muitos hospitais nos dias de hoje, estão representados
em sua estrutura organizacional por organogramas com muitas linhas verticalizadas,
gerando vários departamentos e consequentemente isso possibilita a existência de uma
assistência mais fragmentada. Isso em virtude de modelos clássicos de gerenciamento
e administração de recursos humanos. Assim para a assistência pediátrica, se faz
necessária mudanças na gestão de recursos humanos.
Nesse sentido para que o trabalho em equipe aconteça dentro das Instituições
Hospitalares e principalmente na assistência pediátrica, isso só será possível quando
os profissionais que compõe a equipe multidisciplinar, construírem juntos estratégias
de interação e comunicação entre si, trocando conhecimentos e articulando ações para
a produção do cuidado aos pequenos pacientes, pois sabemos que mesmo com todas as
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Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
O problema é que ainda nos deparamos no dia a dia do cotidiano hospitalar com unidades
pediátricas que precisam amadurecer a ideia e propor discussões acerca do trabalho
interdisciplinar, pois muitos profissionais encontram dificuldades de compreendê-lo e
praticá-lo, em virtude da existência da forte cultura de uma assistência fracionada.
Podemos apontar como solução para esse problema, a reorganização de novos modelos
de assistência pediátrica hospitalar, onde os principais objetivos são: promoção de
novas formas de organização das equipes, aprimorando de seus processos de trabalho,
redefinir novas relações da equipe multidisciplinar. Assim, à medida que cada objetivo
é alcançado o resultado é o trabalho interdisciplinar na assistência pediátrica. Devemos
ainda ressaltar que, uma estratégia para gestores e os profissionais que representam a
equipe de trabalho dentro desse contexto é a organização de espaços para discussão e
reflexão sobre o dia a dia da unidade, isso significa dizer que, será necessário investir
na pratica de processos educativos como ferramenta de gestão e de organização dos
processos inovadores de dentro dos serviços de pediatria.
Cabe enfatizar que todo processo educativo com base na Educação Permanente
em Saúde dentro de uma Unidade Pediátrica constitui a criação de possibilidade
de mudanças no espaço de trabalho, pois ultrapassa as barreiras do tecnicismo, da
assistência fragmentada, do isolamento dos vários profissionais que compõe a equipe
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UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
Para que essa proposta seja efetiva e inovadora na assistência pediátrica, esses espaços
devem ser institucionalizados, uma vez que todo processo educativo no formato
de roda de conversa tem um disparador importante que é a partir, muitas vezes, de
conhecimentos já construídos, isso se faz necessário para motivar um processo
de compreensão e de criação para compreender o mundo do trabalho nas unidades
pediátricas, onde podemos usar um problema real para dar início ao processo de
reflexão da equipe e assim, o surgimento de propostas e soluções. Quando a equipe
se dispõe a sentar e a discutir um problema da unidade de internação, o importante é
que isso ocorra sob a mediação de uma discussão com novas informações. Portanto, a
roda de conversa é uma forma de se trabalhar incentivando a participação e a reflexão
de todos, buscando construir condições para um diálogo entre os membros da equipe
multidisciplinar, por meio de uma postura de escuta e movimentação de palavras e
falas, promovendo sempre uma cultura de reflexão.
Médico Enfermeiro
Nutricionista Fisioterapeuta
Fonte: autor.
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Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
Nesse sentido, devemos ressaltar que, a educação em saúde tem uma característica
relevante que são os espaços de produção e troca de saberes, pois existe uma importante
relação entre estes dois campos, onde os profissionais envolvidos se utilizam de um ciclo
permanente de ensinar e de aprender. Com isso, vale enfatizar que, os trabalhadores
da saúde precisam buscar constantes espaços de reflexão sobre a prática, a atualização
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Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
Devemos considerar que toda Instituição Hospitalar deve contar na sua estrutura
e gestão de Recursos Humanos com um profissional responsável pelo serviço de
Educação Continuada. Importante ressaltar que, na grande maioria dos Hospitais
o serviço de Educação Continuada é de responsabilidade dos profissionais
enfermeiros, pois são considerados os mais preparados e experientes nesse
tipo de abordagem e processo educativo. Ainda vale destacar que, dentro de
um ambiente hospitalar as equipes de enfermagem são os profissionais que
mais participam dos treinamentos, em virtude da carga horária dispensada e
proximidade na assistência direta ao paciente hospitalizado. Contudo, cabe
uma reflexão importante, pois todos os profissionais que participam direta
ou indiretamente da assistência hospitalar deveriam receber treinamentos e
capacitações de forma permanente e periódica.
Assim, para alguns estudiosos sobre esse tipo de processo educativo, a Educação
Continuada deve ser utilizada como um importante mecanismo de desenvolvimento
de recursos humanos e da instituição, preparando os profissionais para fazer melhor
aquilo que ele já faz e principalmente para desempenhar suas funções e atribuições na
realidade do momento. Podemos então dizer que, esse modelo de educação continuada
compreende a aplicação do conhecimento teórico especializado, contudo estudos
científicos já demonstraram que esse tipo de investimento na capacitação de recursos
humanos é necessário porem em algumas situações não tem se traduzido em mudanças
de melhoria dos processos de trabalho hospitalar.
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UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
Assim cabe enfatizar que esse tipo de processo educativo pode ser utilizado e implantado
não somente nas instituições prestadoras de assistência à saúde, mas também em
Instituições de Ensino. Devemos enfatizar ainda que em Educação Permanente em
Saúde é considerada um importante mecanismo de gestão, pois cria condições de
reconhecimento de uma realidade em saúde, promovendo assim espaços de reflexão e
de intervenção.
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Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
Nesse contexto é muito importante lembrar que o trabalho em saúde demonstra cada
vez mais a necessidade de um esforço coletivo no cotidiano das Instituições em Saúde,
onde os sujeitos envolvidos na assistência precisam ter a condição de compreensão
de novas propostas educativas, tendo como propósito a reorganização de serviços e
processos de trabalho, ampliação de espaços democráticos de discussão de decisão e a
implementação de gestão participativa.
Nesse sentido devemos enfrentar novos desafios, pois a proposta de um processo educativo
fundamentada na Política de Educação Permanente em Saúde, faz pensar em uma nova
pedagogia, pois relacionar essa concepção de educação com a assistência hospitalar,
nos remete a possibilidade de reconhecimento da demanda, crescimento profissional
e consequentemente melhorias dos processos de trabalho, existindo assim um grande
desafio para os profissionais envolvidos, na busca de uma construção coletiva do saber,
mudança de postura de suas práticas. Assim a educação permanente possa efetivamente
acontecer dentro das Instituições Hospitalares, os processos de trabalho não podem
acontecer a partir de organogramas com de funções hierárquicas pré-estabelecida e
determinadas, mas sim por meio do encontro dos profissionais no reconhecimento de
uma realidade existente com propostas de intervenção fundamentada no saber coletivo.
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UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
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Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
Para que a qualidade da assistência hospitalar seja uma realidade dentro das Instituições,
é necessário, para a organização e gestão dos serviços, a observação de alguns princípios
importantes.
Figura 13. Princípios da Administração Hospitalar.
PLANEJAMENTO ORGANIZAÇÃO
GESTÃO
HOSPITALAR
DIREÇÃO CONTROLE
Fonte: autor.
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UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
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Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
Devemos lembrar alguns fatores que podem interferir de forma benéfica ou ser
prejudicial no trabalho da equipe dentro de um ambiente hospitalar, como a estrutura
organizacional que é o modo como às atividades da organização são divididas,
organizadas e coordenadas. Quando a estrutura é definida adequadamente, ela propicia
a organização das funções e responsabilidades, a identificação de tarefas necessárias,
as medidas de desempenho compatíveis com os objetivos pré-estabelecidos e ainda as
condições motivadoras.
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UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
Cultura Híbrida – mescla os dois primeiros perfis, critérios técnicos (expertise) mais a
representatividade (de partidos políticos, grupos de interesse) e o critério da confiança
(lealdade pessoal e afinidades na nomeação).
Devemos lembrar que, uma pesquisa organizacional deve levar em consideração vários
aspectos, entre eles, a liderança, a comunicação, o investimento em treinamento e
desenvolvimento, a satisfação dos colaboradores. A liderança baseia-se no poder
de influenciar pessoas e norteá-las, a comunicação, além de ser considerado um
instrumento facilitador para a motivação, favorece a obtenção de dados importantes.
objetivos destes com os objetivos da organização, e ainda medidas para oferecer boas
condições de trabalho, ambiente de cooperação entre seus membros e gerenciamento
de possíveis conflitos.
Importante enfatizar nesse sentido que é por meio da comunicação que os fluxos de
informação percorrem todos os setores, colaboradores e usuários dos serviços. Existem
a princípio quatro níveis hierárquicos de comunicação nas organizações:
Assim cabe lembrar que, a liderança pode ser centrada nas atividades ou centrada
nas pessoas.
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UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
Fonte: autor .
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Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
Para garantir que os resultados do que foi planejado, organizado e dirigido sejam
alcançados conforme os objetivos pré-definidos, deve seguir quatro etapas:
Com isso, o Controle pode ser feito por três níveis: nível institucional, denominado
controle estratégico, com foco na organização como um todo, obtenção de resultados em
longo prazo. Nível intermediário, chamado controle tático, focaliza o desempenho das
unidades ou departamentos com resultados em médio prazo e ainda o Nível operacional,
chamado controle operacional, utiliza mecanismos de controle mais específicos para
abordar as atividades operacionais e obter resultados em curto prazo. Assim devemos
lembrar as principais ferramentas do Controle:
Nos dias atuais para que uma Instituição Hospitalar alcance a qualidade não basta
exercer as atividades da melhor forma possível, é preciso buscar a excelência dos serviços
prestados, atendendo as necessidades de seus dos clientes e muitas vezes, superando suas
expectativas. Com isso, devemos ressaltar que os princípios da qualidade devem fazer
parte dos objetivos estratégicos da organização hospitalar e para isso se faz necessária a
participação de todos os membros na busca do aperfeiçoamento contínuo das operações
focalizando, acima de tudo, as necessidades dos clientes. Importante enfatizar que
existem várias técnicas que estão relacionadas à gestão de qualidade na área hospitalar
e que auxiliam os gestores na tomada de decisões para a resolução de problemas e
melhoria dos processos. Podemos citar os Círculos de Controle de Qualidade – CCQ,
que consistem em reuniões com grupos de vários profissionais que compõe as equipes e
que, voluntariamente se reúnem com regularidade para resolver problemas e melhorar
a qualidade dos serviços. Para Unidades de Pediatria podemos citar uma técnica
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UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
O Benchmarking não deve ser realizado apenas para demostrar bom desempenho,
mas também para identificar maneiras de modificar sua prática a fim de melhorar
expressivamente o seu desempenho.
Nesse sentido, importante discutir sobre o tema qualidade total que significa fazer com
que os princípios da qualidade façam parte dos objetivos estratégicos da organização
e para isso se faz necessária a participação de todos os membros na busca do
aperfeiçoamento contínuo das operações focalizando, acima de tudo, as necessidades
dos clientes. Existe um conjunto de princípios comuns e interdependentes: o foco no
cliente, a organização como processo contínuo e a melhoria contínua.
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Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
ONA 3
ONA 2
ONA 1
Fonte: autor.
Devemos lembrar que nos últimos anos as organizações hospitalares, tanto públicas
como privadas, passaram a valorizar e inovar mais a gestão interna, onde no caso das
empresas privadas, as exigências eram e ainda são em virtude da própria sobrevivência
e conformidade com a competitividade no mercado. Quanto às empresas públicas o
motivo está justificativo através de compromissos com o cumprimento de políticas
e programas de saúde e ainda o cumprimento de metas estipuladas em contratos de
gestão. Portanto, falar de gestão do conhecimento nos remete a compreensão do tema
sob dois aspectos importantes, são eles:
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UNIDADE III │ Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica
Nesse sentido vale ressaltar que, empresas hospitalares sob boa liderança e com
tecnologias adequadas abrem caminho para a promoção do processo da gestão do
conhecimento, que o gestor em saúde precisa buscar sempre inovar e criar condições
adequadas para sua liderança. Portanto, esses dois termos inovação e criatividade estão
presentes dentro do processo de governança em uma Instituição Hospitalar.
Inovar significa mexer com padrões culturais, tirar as pessoas da zona de conforto,
enfrentar medos e inseguranças, promover mudanças, que muitas vezes estão
atrelados aos sentimentos e atitudes próprias dos seres humanos.
Contudo sabemos que um problema real quando se trabalha com gestão do conhecimento,
a preocupação é como enfrentar e ainda solucionar problemas, o que muitas vezes
pode ser feito com as próprias pessoas que compõe a empresa, mas é comum gestores
contratar ou buscar fora da instituição Hospitalar serviços de consultoria para solução
de problemas internos. Porem sabemos que, muitas vezes a solução dos problemas e o
conhecimento está mais próximo que se imagina. A proposta da gestão do conhecimento
é a de dar valor à informação e facilitar o fluxo dos processos de trabalho nas empresas,
e quando usada adequadamente, se torna um instrumento estratégico e operacional de
gestão, pois o objetivo é aproveitar recursos existentes na empresa.
Nesse sentido, podemos lembrar sobre a importância dos processos educativos em saúde
e especialmente a Educação Permanente que constitui uma possibilidade de mudanças
no espaço de trabalho, em razão de abrir espaços de diálogo com formas diferenciadas
de educar e aprender, pois a participação ativa dos sujeitos com o desenvolvimento de
sua capacidade crítica, gera conhecimentos instituídos para contribuir no mundo do
trabalho. O conhecimento adquirido e valorizado no ambiente de trabalho hospitalar
representa uma estratégia de gestão na reorganização de processos de trabalho, pois
funciona como um dispositivo de aproximação entre o cotidiano do profissional,
a organização e principalmente as necessidades do usuário, além disso, convoca
a participação de todos os profissionais envolvidos com o objetivo de aumentar a
qualidade dos serviços prestados.
Assim após toda essa reflexão realizada até esse momento sobre a assistência pediátrica
à luz da humanização e do trabalhado interdisciplinar. Devemos lembrar que, dentro
de um ambiente hospitalar a humanização deve ser mais do que um ato humanitário,
pois é necessário a implementação de um processo interdisciplinar reflexivo sobre os
aspectos éticos que norteiam a prática dos diferentes profissionais que compõe a equipe
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Humanização e Trabalho Interdisciplinar na Assistência Pediátrica │ UNIDADE III
Nesse sentido cabe ressaltar que, os profissionais que compõe a equipe de trabalho
em uma Instituição Hospitalar devem compreender sobre o processo de construção
de um trabalho interdisciplinar com base na humanização, pois isso significa dizer o
mesmo que prestar uma assistência com competência técnica cientifica e ainda com
ternura humana. Devem ainda compreender que a humanização estabelece espaços de
solidariedade, respeito, diálogo, preocupação com o próximo, promovendo relações mais
harmônicas entre os membros da equipe. Devemos sempre lembrar que os pacientes
dentro de uma Unidade Hospitalar são a razão de ser da existência do hospital, assim,
a conscientização é fundamental para humanizar as relações dos profissionais entre si
e por consequências estes com os pacientes.
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Referências
Brasília, 2003.
acompanhantes durante a hospitalização do filho. Revista Escola Anna Nery, vol 17,
n 4, pp.690/697 2013.
MERHY, E.E.; A Cartografia do trabalho Vivo, editora Hucitec, São Paulo, 2007.
NESPOLI, G.; RIBEIRO, V.M.B.; Discursos que formam saberes: uma análise das
concepções teóricas e metodológicas que orientam o material educativo de formação de
facilitadores de Educação Permanente em Saúde; Rev. Interface Comunicação Saúde
Educação, Botucatu v.15, n.39, pp.985-96, out./dez. 2011.
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Referências
PRIMO, L. A Leitura crítica da palavra escrita Luckesi ( 1987 ) Leitura tecnologias Texto
Metodologia de leitura crítica proposições. p. 1987, 1987.
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Referências
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