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APRENDIZAGEM
ATIVA
Introdução
A educação híbrida tem revolucionado as formas de promoção de ensino
e aprendizagem ao redor do mundo, sendo vista como a vanguarda dos
movimentos educacionais contemporâneos. É seu mérito romper com
as ideias cristalizadas sobre a educação realizada somente em sala de
aula, por meio da exposição de conteúdos pelo professor, fazendo com
que o aluno se aproprie do conhecimento em sua casa, a partir do uso
de tecnologias digitais, estudos on-line no ambiente virtual escolar, pela
prática destes na escola e pela realização das atividades planejadas e
propostas pelos professores. Isso exige que o professor conheça e planeje
suas atividades ativas em sala de aula, utilizando modelos educacionais
típicos do blended learning como a rotação por estações, que dispõe de
diferentes formatos e possibilidades a serem adaptadas aos objetivos de
aprendizagem requeridos.
Neste capítulo, você irá estudar sobre as possibilidades de utilização
da rotação por estações na educação híbrida. Conhecerá as estratégias e
os recursos a serem utilizados em cada tipo de estação proposto, assim
como aprenderá a planejar os desafios das estações a partir da interdisci-
plinaridade e do uso da dramatização.
2 Rotação por estações e dramatização
Estação da pesquisa.
Estação de brainstorming.
Estação mão na massa.
Estação de representação.
Estação de apresentação.
Rotação por estações e dramatização 3
Para que possa visualizar melhor o funcionamento da rotação por estações, acompanhe
este exemplo que uma professora de uma turma de 5º ano do ensino fundamental
preparou para a aprendizagem da unidade temática de matéria e energia, da disciplina
de Ciências, na qual trabalha, seguindo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), os
objetos de conhecimento sobre consumo consciente e reciclagem com seus alunos.
Segundo a BNCC (BRASIL, 2018, p. 341), os alunos deverão desenvolver as seguintes
habilidades: “[...] Construir propostas coletivas para um consumo mais consciente e
criar soluções tecnológicas para o descarte adequado e a reutilização ou reciclagem
de materiais consumidos na escola e/ou na vida cotidiana”. Acompanhe no esquema
abaixo como a professora estruturou sua rotação por estações.
Estação 1
Sensibilizando
para o tema
Estação 2
Estação 4
Sustentabilidade
Dramatizando
na prática
Estação 3
Afinal o que
é
degradação
ambiental?
Perceba que a professora optou pela construção de quatro estações para utilizar
durante o período de um dia de aula, sendo que montou seu cronograma da seguinte
maneira.
Dividiu a turma em seis grupos de cinco alunos.
Estruturou o espaço físico da estação 1 no laboratório de informática da escola
para que os alunos pudessem ter contato com o material que havia previamente
selecionado e pudessem pesquisar on-line.
Definiu a estação 2, de caráter prático, prevendo a realização de atividades de
separação e classificação de resíduos e ideias criativas para os temas envolvidos, e
a estação 3, com caráter de brainstorming e análise das informações já adquiridas.
As estações foram estruturadas dentro da sala da professora.
Rotação por estações e dramatização 5
Podemos perceber que a rotação por estações é um modelo que pode ser
adaptado às características da turma, aos recursos e espaços que a escola
oferece, bem como aos conteúdos e habilidades que são requeridos dos alunos,
fornecendo uma excelente opção para que os professores possam tornar suas
aprendizagens mais dinâmicas e significativas.
alunos;
objetivos;
recursos;
conteúdos;
tempo;
procedimentos;
avaliação.
A partir desses itens, podemos entender com mais clareza como iremos
estruturar as estações que farão parte da rotação que estamos planejando.
Vamos exemplificar com uma rotação por estações para a educação infantil.
Rotação por estações e dramatização 7
Alunos
Os alunos são de uma turma de educação infantil da pré-escola, tendo em
média cinco anos de idade. A turma conta com 18 alunos, sendo 12 destes
meninos e seis meninas. Todos demonstram certo nível de autonomia e não
apresentam grandes conflitos de relacionamento. Um colega apresenta trans-
torno do espectro autista.
Objetivos
A proposta da rotação por estações busca desenvolver alguns dos objetivos
de aprendizagem e desenvolvimento elencados nos seguintes campos de
experiência da BNCC (BRASIL, 2018): O eu, o outro, o nós e o corpo, gestos
e movimento. Os principais objetivos perseguidos são: “ampliar as relações
interpessoais, desenvolvendo atitudes de participação e cooperação” (BRA-
SIL, 2018, p. 45) e “demonstrar controle e adequação do uso de seu corpo em
brincadeiras e jogos, escuta e reconto de histórias, atividades artísticas, entre
outras possibilidades” (BRASIL, 2018, p. 47). Perceba que os objetivos estão
diretamente implicados com o formato que as estações irão tomar, pois são
eles que deverão ter sido apreendidos pelos alunos durante sua participação
nas estações.
Recursos
Os recursos devem ser planejados para cada tipo de estação específica. Neste
caso, a professora planeja utilizar três estações: uma do tipo pesquisa, uma
mão na massa e uma de representação/apresentação. Para que pudesse prever
os recursos necessários para cada estação, a professora construiu o Quadro 1.
8 Rotação por estações e dramatização
Conteúdos
Por se tratar da educação infantil, os conteúdos irão se alinhar com os campos
de experiência que a professora está focando, permitindo que alcance seus
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, como comunicação entre as
pessoas, bons hábitos de educação no relacionamento (palavras mágicas:
com licença, obrigado, por favor, me desculpe), jogos e brincadeiras, escutar
e recontar histórias, entre outros.
Tempo
A distribuição do tempo também é um item fundamental para o sucesso da
rotação por estações. Neste caso, perceba na tabela dos recursos que o tempo
foi dividido entre os espaços antes e depois do lanche dos alunos, que costuma
ocorrer no refeitório da escola, em horário fixo. Para turmas de ensino fun-
damental, ensino médio ou, ainda, na educação superior, as estações podem
ser divididas em períodos de aula ou horas.
Procedimentos
Este item ajuda o professor a perceber como irá agir em cada estação. Por
exemplo, quando os alunos chegarem à estação navegando na internet, serão
recebidos pela monitora da turma, que explicará a proposta a todos. Depois
disso, irá explicar aos alunos que eles têm cinco possibilidades de vídeos e
animações e deverão escolher entre elas, chegando a um consenso do grupo
(lembre que um dos objetivos aqui é a participação e a colaboração). Após
a escolha, os alunos irão assistir ao vídeo selecionado. Em seguida, irão
acessar a uma plataforma de jogos que se relaciona com o tema deste vídeo
e, ao interagirem entre si e com o quiz, irão responder juntos. Ao pensar nos
procedimentos, o professor deve prever atividades que possam ser realizadas
caso um grupo apresente um ritmo diferente dos demais (mais lento ou mais
rápido) para que, em todos os casos, os objetivos sejam atingidos. Lembre
que, quando descrevemos o perfil dos alunos, comentamos que há um colega
autista. Neste caso, quais adaptações serão necessárias para que este aluno
passe pelas estações? Isso deve ser levado em conta.
10 Rotação por estações e dramatização
Avaliação
Para cada uma das estações, deverão ser previstos formatos de avaliação, de
acordo com a etapa de educação que está sendo aplicada à rotação de estações.
No caso da educação infantil, a professora e sua monitora (auxiliar) irão se
basear na observação e no registro dos grupos, assim como nos aspectos indi-
viduais mais pertinentes para comporem seus portfólios de avaliação da turma.
Inovação e motivação
Considerando ainda uma das funções didáticas importantes no contexto da
utilização das metodologias ativas na educação híbrida, gostaríamos de destacar
a inovação e a motivação. Conforme salientam Camargo e Daros (2018) em
suas conversas com alunos da educação básica e do ensino superior sobre os
modos de ensinar e aprender, constataram que:
Dessa forma, para que exista motivação, é necessário que em toda estação
iniciada pelos alunos existam mecanismos desafiadores e criativos, que possam
trazer sua atenção para os temas que serão trabalhados, despertando o interesse
e os motivando a seguir em frente. Boas técnicas de introdução e motivação
costumam envolver um desafio, um enigma, um problema pertinente ao tema,
um disparador para pensar, um videoclipe, um vídeo curto chocante, a letra
de uma música ou, ainda, uma encenação por parte do professor, entre tantas
outras técnicas.
Rotação por estações e dramatização 11
Quando formos utilizar uma estação do tipo brainstorming, devemos trabalhar com os
alunos as regras básicas que cercam esta técnica de dinâmica grupal. Estas normalmente
giram em torno dos seguintes itens: cada um deve falar de uma vez; a quantidade
importa, deve-se procurar criar o máximo de ideias possíveis sobre o tema; construa
sobre a ideia dos outros; encoraje as ideias excêntricas; seja visual; mantenha o foco,
fique no assunto proposto inicialmente; não faça críticas ou julgamentos, todas as
participações são bem-vindas.
Que possamos nos sentir desafiados a romper com os moldes nos quais
fomos escolarizados para nos tornarmos professores melhores, mais dinâmicos
e atualizados com as modificações que hoje são consideradas como os novos
paradigmas educacionais, entre eles a interdisciplinaridade e a utilização das
metodologias ativas e da educação híbrida.
A educação híbrida, a partir de seus modelos educacionais, proporciona
que as operações de pensamento possam se realizar de forma inovadora,
quebrando os padrões tradicionais ao incluir ações dessa natureza. Ao analisar
os processos de inovação que surgem a partir da educação híbrida, Camargo
e Daros (2018) chamam atenção para o fato de que
O teatro [...] pode ser a brecha que se abre na nova perspectiva da ciência e
ensino-aprendizagem, pois envolve essencialmente o que o soberanismo da
lógica clássica e do modelo racional excluía; o ilógico, as possibilidades (o
“vir a ser”), a intuição, a intersubjetivação, a criatividade... enfim, elementos
existentes nas relações dessa manifestação artística e que são princípios para
a concepção de Inteligência na Complexidade e vice-versa.
Dessa forma, tal como a educação híbrida surge para renovar a educação
contemporânea, quebrando paradigmas anteriores, também a utilização do
teatro remete ao uso de outras lógicas para a aprendizagem, que podem pro-
mover novos ganhos de criatividade e inovação sobre os objetos que estão
sendo estudados, partindo das manifestações artísticas dos alunos.
Ao se referir ao teatro espontâneo em pequenos grupos, Davoli (1999, p. 81)
comenta sobre alguns passos interessantes que devem ser utilizados, a título
de aquecimento anterior às práticas de dramatização. São eles:
1. ambientação;
2. grupalização;
3. preparação para o papel de ator;
4. preparação para o papel de autor;
5. preparação da plateia.
Quadro 2. Operações de pensamento que podem se realizar a partir da rotação por es-
tações
Operação de
Conceito/relações
pensamento
Imaginação Imaginar é ter alguma ideia sobre algo que não está
presente, percebendo mentalmente o que não foi
totalmente percebido. É uma forma de criatividade,
liberta dos fatos e da realidade. Socializar o imaginado
introduz flexibilidade às formas de pensamento.
(Continua)
16 Rotação por estações e dramatização
(Continuação)
Quadro 2. Operações de pensamento que podem se realizar a partir da rotação por es-
tações
Operação de
Conceito/relações
pensamento
Acesse o link a seguir e observe, pelas expressões das crianças, como a aplicação de
oficinas de teatro pode fazer a diferença nos processos de ensino e aprendizagem.
Esta também é uma excelente técnica a ser utilizada para compor uma das estações
do modelo de rotação por estações.
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