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TEMPO DE STREAMING
BRASILEIRO
Ligia Prezia Lemos, Maria Immacolata Vassallo de Lopes
Equipe:
Larissa Leda Rocha (https://orcid.org/0000-0002-6930-3435)
Mariana Lima (https://orcid.org/0000-0002-4010-9225)
Tissiana Pereira (https://orcid.org/0000-0002-1972-1348)
Lucas Martins Néia (https://orcid.org/0000-0003-1638-796X)
Andreza Almeida Santos (https://orcid.org/0000-0001-6628-8340)
Gabriela Torres (https://orcid.org/0000-0001-8296-816X)
Anderson Luiz Melo (https://orcid.org/0000-0003-3614-5976)
Introdução
No ano de 2019, em que a World Wide Web (www) fez 30 anos, a internet ainda
não se afirmou como um direito na “sociedade em rede” (Castells, 2009), e seu balanço
acena para a ampliação tanto de oportunidades quanto de ameaças.
Outro fato que marcou o ano foi a queda do rating como um fenômeno global
que desafia a indústria televisiva. Mudança de hábitos e busca de novos modelos de
negócio. A integração de plataformas e a geração de conteúdos de qualidade aparecem
como os pilares da transformação do audiovisual em todo o mundo. E as mudanças se
manifestam com um certo grau de diversidade, de acordo com as características
econômicas e culturais de cada sociedade, com processos mais ou menos disruptivos.
O que analisamos como tendência em anuários passados, podemos afirmar que
no contexto audiovisual no Brasil em 2019 se consolida cada vez mais como um mix de
produção e de consumo nas múltiplas plataformas, praticado no país principalmente
pela Globo, através de uma estratégia que combina, de maneira própria, a TV aberta, a
TV paga e o VoD, e que será descrita adiante. Parece ter assomado na indústria
audiovisual a consciência de ser este o momento para investir na transição dos hábitos
de consumo de conteúdos brasileiros, de integrar nesses hábitos novos formatos e novas
serialidades, experimentando vários segmentos além da TV aberta.
1
A equipe do Obitel Brasil agradece à Kantar Ibope Media, cujas informações gentilmente cedidas
possibilitaram a realização das análises apresentadas.
Obitel 2020
Audiência Share
Emissora
domiciliar (TLE)
Globo 12,72 36,01
SBT 5,39 15,27
Record 4,99 14,14
Band 1,17 3,31
Rede TV! 0,56 1,59
TV Brasil 0,27 0,76
Outros2 0,15 0,43
Canais pagos 6,36 18,00
OCA3 0,82 2,32
TOTAL 32,43 _
2
Outros: dados de Record News, TV Câmara, TV Justiça, TV Senado.
3
OCA: Outros Canais Abertos: emissoras abertas que não têm audiência publicada individualmente.
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Brasil: Tempo de Streaming Brasileiro
posição de audiência. Não é possível comparar esse índice aos dos canais abertos, uma
vez que se refere à soma das audiências de todos os canais de TV paga.
Quanto ao share domiciliar dos televisores ligados em canais de televisão (TLE)
– também conhecido como “audiência pura” da TV –, observamos uma queda de 1,61%
de audiência da Globo sobre o TLE de 2018 (de 37,62% para 36,01%), de 1,14% dos
canais pagos (de 19,14% para 18%), e de 2,23% para os demais canais abertos (OCA),
que passaram de 4,55% para 2,32%. As demais emissoras mantiveram-se estáveis –
suas oscilações no TLE para mais ou para menos não chegam a meio ponto.
Em relação à penetração dos meios 4, a audiência no ano caiu em 2,97% para
revistas, 2,95% para rádio, 2% para jornais, 1,91% para TV paga e 1,65% para cinema.
Porém, houve aumento de 3,46% para internet, que superou a TV aberta. Mídia
extensiva (+0,05%) e TV aberta (-0,08%) mantiveram-se estáveis, com pequenas
oscilações. A internet é atualmente o meio de maior audiência, com 86,12%, seguida
pela TV aberta, com 86,08%, e mídia extensiva, com 82,52%. Seguem, pela ordem,
rádio (58,50%), TV paga (37,50%), cinema (14,83%), jornais (11,96%) e revistas
(9,83).
Gráfico 2. Gêneros e horas transmitidos na programação de TV 5
Gêneros Horas de
%
transmitidos exibição
Informação 32850,73 31, 05
Entretenimento 24702,00 23, 34
Religioso 13575,95 12, 83
Ficção 12493,35 11, 81
Esporte 3861,03 3, 65
Educativo 3559,20 3, 36
Político 4,30 0,004
Outros 14764,05 13, 95
Total 105810,6 100
4
Índice de penetração dos meios de 2018 para 2019: TV aberta, 86,16% para 86,08%; mídia extensiva,
82,47% para 82,52%; internet, 82,66% para 86,12%; rádio, 61,45% para 58,80%; TV paga, 39,41% para
37,50%; jornais, 13,96% para 11,96%; cinema, 16,48% para 14,83%; e revistas, 12,8% para 9,83%. A
internet continua o meio de maior alta. Fonte: Target Group Index BR TG 2019 II.
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Gêneros: Informação: debate, documentário, entrevista, jornalismo, reportagem; Entretenimento:
auditório, carros e motores, culinário, feminino, game show, humorístico, infantil, moda e beleza,
musical, premiação, reality show, show; Esporte: esporte, futebol; Ficção: filme, minissérie, novela, série;
Outros: não consta, rural, saúde, sorteio, televendas, viagem e turismo; Educativo; Político; Religioso.
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Obitel 2020
somam 54,39% de toda programação. Ficção, que ocupava o terceiro lugar até 2018,
teve uma queda de 13,6% para 11,81%, passando para a quarta posição. Em terceiro
lugar agora está o gênero religioso, que teve crescimento de 2,83% (de 10% para
12,83%). A maior queda do ano ocorreu na categoria outros, que passou de 20% para
13,95 – baixa de 6,05%. Esporte teve queda de 0,75% (4,4% para 3,65%). E conteúdo
educativo teve um salto de 3,16% (de 0,2% para 3,36%), passando o conteúdo político,
agora em última posição.
1.2. TV paga
Em 2019, a TV paga perdeu aproximadamente 10% de seus assinantes6, no
quinto ano consecutivo de reduções. No ano anterior, a queda foi de 3%. Se em 2018
havia 17,5 milhões de assinantes, com uma perda de 550 mil; em dezembro de 2019
esse número caiu para 15,78 milhões, com perda de 1,72 milhão de assinantes. As
razões para queda tão expressiva segundo estudos anteriores do Obitel são: a
concorrência com serviços de acesso a conteúdo OTT que não dependem de horários e
grades e ainda são mais baratos; a implantação da TV digital, que oferece melhor
qualidade de som e imagem para os canais da TV aberta, anteriormente só acessíveis
por assinatura em determinadas localidades; a queda de poder aquisitivo da população
brasileira; e a pirataria de conteúdo via equipamentos facilmente encontrados no
mercado formal e informal. Assim, depois de uma significativa série histórica de
crescimento, a TV paga brasileira fecha 2019 com menos assinantes do que possuía em
2012.
Ficções na TV paga
No ano de 2019, 13 canais pagos exibiram ficção televisiva brasileira, um a
menos do que no ano anterior. Destes, quatro são nacionais e nove internacionais (foram
dez em 2018). Houve pequeno aumento no número de ficções inéditas - de 24 para 26.
Estas foram majoritariamente do gênero drama, com temas policiais, criminais, dois
biográficos, além de algumas ficções que abordaram questões existenciais, como vida,
morte, ética, casamento e relações interpessoais. Destacamos Pico da Neblina, sobre a
legalização da maconha, e Santos Dumont, sobre o “pai da aviação”, ambas da HBO.
Dentre as comédias, citamos o Porta dos Fundos7 com a produção Homens? para o
6
http://bit.ly/2x4tgjW
7
Porta dos Fundos é uma produtora de vídeos que possui o sexto maior canal brasileiro no YouTube.
4
Brasil: Tempo de Streaming Brasileiro
Comedy Central, que após a estreia foi para a plataforma on-demand do canal e, em
seguida, passou para o catálogo do serviço de streaming Prime Video. Mencionamos,
ainda, a série do gênero terror Liberto, do canal nacional Prime Box Brasil, com
exorcismos e possessões; e o docudrama Em Nome da Justiça (AXN), com
dramatizações sobre casos de pessoas punidas por delitos que não cometeram.
8
Parceria entre a emissora e uma rede de varejo de móveis que oferecia possibilidade de compra de
móveis e itens da trama.
5
Obitel 2020
O unitário Juntos a Magia Acontece (Globo, 2019), primeira ficção a ter somente
atores negros como protagonistas, mesclou mensagem antirracismo a uma ação
comercial inédita de marca de refrigerante. A trama uniu merchandising e
merchandising social e apontou possíveis caminhos para os canais abertos diante da
diminuição de receitas.
9
http://bit.ly/39UipX9
10
http://bit.ly/34s6zSP
11
Fonte: Relatório Digital 2019, We Are Social, Hootsuite. http://bit.ly/34kYuPO
6
Brasil: Tempo de Streaming Brasileiro
12
http://bit.ly/2UTWCu9
13
Consulta feita à Ancine por meio de atendimento digital em jan. 2020.
7
Obitel 2020
8
Brasil: Tempo de Streaming Brasileiro
14
Sigla para Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Audiovisual Brasileiro.
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Obitel 2020
Pelo terceiro ano consecutivo, a oferta de séries foi maior que a de telenovelas.
Em 2019, os formatos de curta serialidade (séries, minisséries e um docudrama exibido
em capítulos) correspondem a 50% do total de ficções nacionais inéditas exibidas na TV
aberta. Desde 2015 não se via tamanha diversificação nos formatos das produções
10
Brasil: Tempo de Streaming Brasileiro
11
Obitel 2020
audiência a figurar na lista havia sido Além do Tempo (Globo, 2015), com 21,9 pontos.
Os números de share das quatro últimas colocadas no ranking, por sua vez, são os mais
baixos dentre os dez títulos mais vistos de toda a série histórica do Obitel.
Faixa etária %
Títulos Canal
4 a 11 12 a 17 18 a 24 25 a 34 35 a 49 50+
1 A Dona do Pedaço Globo 5,3 4,8 7,1 13,1 24,8 44,9
2 O Sétimo Guardião Globo 4,5 4,3 6,8 12,4 24,6 47,5
3 Bom Sucesso Globo 5,8 5,1 6,7 12,0 23,2 47,1
4 Amor de Mãe Globo 5,3 4,9 6,8 12,2 24,1 46,7
5 Verão 90 Globo 5,4 4,9 6,9 11,9 23,5 47,3
6 O Tempo Não Para Globo 4,7 4,7 6,8 11,0 22,4 50,4
7 Órfãos da Terra Globo 5,4 4,9 7,0 11,9 22,8 48,0
8 Cine Holliúdy Globo 5,5 5,4 8,1 14,7 26,0 40,3
9 Éramos Seis Globo 5,5 5,2 7,1 11,5 22,5 48,2
10 Sob Pressão Globo 5,4 5,8 8,4 15,1 26,6 38,6
Fonte:Kantar Ibope Media-15 Mercados
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Brasil: Tempo de Streaming Brasileiro
PLATAFORMAS TOTAL
VoD vinculado a
Globoplay (da Globo), SBT Vídeos (do SBT), PlayPlus (da Record),
cadeias de TV 05
EBC Play (da TV Brasil), Sara Play (da TV Gênesis)
aberta
AXN Play, +Bis, A&E play, Canal Sony, Cinemax GO, Cartoon
Network Go, Esporte Interativo Plus, FishTV, Fox Play, Globosat
Play, Premiere Play, Multishow Play, Sport TV Play, HBO GO,
Netmovies, NET Now, Planet Kids, History Play, Sky Online, Space
VoD vinculado a
GO, Telecine On, TNT GO, WatchESPN, A&EBrasil (YouTube), 41
cadeias de TV paga
Sexy Hot Play, LifeTime (YouTube), CineBrasil Já, Combate Play,
Discovery KidsOn, Nickelodeon Play, NOGGIN, Tamanduá TV,
MaxGO, Canal Brasil (YouTube), Arte1 Play, BET Play, Box Brazil
Play, Cennarium, WatchESPN, Fox Sports, Comedy Central Brasil
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http://glo.bo/2xheJBp
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O quadro apresenta levantamento das novas redes, janelas e conexões de distribuição do serviço de
VoD no Brasil.
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Obitel 2020
VoD vinculado a
Clarovideo, iTunesStore, Oi Play, Vivo Play, VID+, Brisa Play, NET
empresas de 07
Now (Claro)
telecomunicação
TOTAL: 85
Fonte: Obitel Brasil
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http://bit.ly/34kX2Nm
18
http://bit.ly/2XjNMrj
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Brasil: Tempo de Streaming Brasileiro
País Títulos %
NACIONAL (total) 23 46
PAÍSES OBITEL (total) 25 50
Argentina 3 6
Brasil 23 46
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Chile 0 0
Colômbia 2 4
Espanha 7 14
EUA (produção hispânica) 3 6
México 10 20
Peru 0 0
Portugal 0 0
Uruguai 0 0
Venezuela 0 0
COPRODUÇÕES (total) 2 4
Coproduções brasileiras 0 0
Coproduções entre países OBITEL 2 4
TOTAL GERAL 50 100,00
Fonte: Obitel Brasil
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Brasil: Tempo de Streaming Brasileiro
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Apesar da importância da disponibilização da telenovela brasileira Órfãos da Terra pelo Globoplay,
por questões metodológicas, inclusive por integrar o top ten, a telenovela consta no presente capítulo
como obra da TV aberta.
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Obitel 2020
Total de
Ficções Canal Tweets (000)
Impressões
1 A DONA DO PEDAÇO GLOBO 2.677
487.953
2 GAME OF THRONES (8ª TEMP.) HBO 1.727
270.031
3 BOM SUCESSO GLOBO 779
140.767
4 AVENIDA BRASIL (REPRISE) GLOBO 590
114.517
5 ÓRFÃOS DA TERRA GLOBO 498
67.432
6 AMOR DE MÃE GLOBO 439
105.307
7 ESPELHO DA VIDA GLOBO 346
54.980
8 VERÃO 90 GLOBO 324
59.769
9 AS AVENTURAS DE POLIANA SBT 251
29.545
10 MALHAÇÃO - TODA FORMA DE AMAR GLOBO 243
53.241
Fonte: Kantar Ibope Media
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Fonte: Kantar Ibope Media 15 Mercados.
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http://bit.ly/2xVLG6u
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Brasil: Tempo de Streaming Brasileiro
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Obitel 2020
Brasil de tal forma que passou a se caracterizar como uma verdadeira narrativa da
nação (Lopes, 2009).
A emissora, no entanto, reservou ao broadcasting a primeira exibição dos
últimos cinco capítulos da trama. Ou seja, apesar de Órfãos da Terra alcançar índices
de audiência satisfatórios na TV aberta e registrar um aumento de 40% de audiência no
Globoplay22, optou-se por privilegiar a lógica tradicional de oferta do conteúdo
televisivo quando a narrativa chegou a seus momentos decisivos.
De qualquer modo, o modelo adotado para a distribuição de Órfãos da Terra
revela o atual quadro de transformação digital vivenciado pelo audiovisual no Brasil e
no mundo, com o VoD se constituindo rapidamente como uma das partes mais
dinâmicas do setor televisivo ao subverter o engessamento da grade horária e propiciar
novas formas de recepção e de participação, mais individualizadas (Richeri, 2017).
Ciente deste movimento, a Globo ofereceu, no streaming, uma telenovela nacional e
inédita mesclando a matriz cultural melodramática (Martín-Barbero, 2003) a uma
problemática emergente no cenário global: a questão das diásporas forçadas e dos
refugiados (Néia & Santos, 2020).
Ao circular primeiramente pelo ambiente on-line, em meio a pressões
mercadológicas e a novas lógicas de produção e consumo de produtos audiovisuais,
Órfãos da Terra viabilizou outras formas de espectatorialidade (Richeri, 2017) e
possibilitou a uma audiência múltipla e cada vez mais multifacetada novos rearranjos
quanto à assistência fora da rigidez da grade horária fixa com fluxo unidirecional.
Pesquisas recentes apontam que o espectador fã de telenovelas ainda tem a TV como
principal fonte de entretenimento, porém cada vez mais se conecta principalmente pelo
smartphone23.
Williams (2018) argumenta que a noção de serialidade não supõe somente a
descontinuidade e a fragmentação narrativa idealizadas pelos autores de determinada
obra: dependente de uma relação particular com o tempo, ela também envolve a
experiência da fruição do texto por parte do espectador. As ritualidades (Martín-
Barbero, 2003) da assistência também influirão nessa equação: o público, em maior ou
menor grau, está apto a construir a serialidade de um produto conforme as estratégias de
distribuição adotadas pela esfera produtora. Tal fenômeno exige um receptor cada vez
mais ativo na condição de agente, expandindo o escopo das práticas características da
22
http://bit.ly/2x2AO6J
23
http://bit.ly/2JTjnbe
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Brasil: Tempo de Streaming Brasileiro
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Na plataforma de VoD, contudo, o telespectador se encontra livre dos breaks comerciais, apesar de as
vinhetas que indicam a ida e a volta para esses intervalos permanecerem. Também não há as cenas do
capítulo anterior que, tradicionalmente, são exibidas no início de cada transmissão na TV aberta.
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Obitel 2020
Considerações finais
As transformações tecnológicas aceleraram o processo de mudanças na exibição
e no conteúdo de programas televisivos (Mittell, 2015). Fatores como o surgimento do
DVD, a popularização da transmissão a cabo e o advento da internet e de outras
tecnologias digitais abriram espaço para novas possibilidades de participação e fruição
dos mundos ficcionais – que agora vão além do fluxo unilateral da televisão tradicional
(Gray & Lotz, 2012). Em meio a esse quadro, também a ficção televisiva nacional passa
a buscar e encontrar no diálogo com novas plataformas de produção, compartilhamento
e distribuição de conteúdos um modo de manter sua centralidade no cenário audiovisual
brasileiro.
Por meio de sua narrativa mestiça e por despontar como a primeira ficção de
longa serialidade da Globo a privilegiar o VoD em detrimento da TV aberta durante a
maior parte de sua exibição, Órfãos da Terra demonstra que a telenovela brasileira
constitui, de fato, um espaço estratégico de construção de identidades que refletem uma
perspectiva transnacional (Lopes & Lemos, 2019). Inseridas no contexto das práticas
digitais e dos fenômenos de globalização da cultura, as ficções de TV no Brasil
acompanham um movimento de desterritorialização da produção e do consumo sob a
condição de combinar o melodrama e os traços identificadores das narrativas nacionais
às novas possibilidades tecnológicas.
A experiência realizada com Órfãos da Terra nos permite afirmar que o modelo
narrativo convencionalmente atribuído às telenovelas brasileiras tem aberto espaço para
experimentações e inovações que desafiam regras anteriores. Trata-se de mais um
sintoma do atual cenário de (re)arranjos narrativos e tecno-mercadológicos que, no
âmbito do audiovisual nacional e global, tensionam cada vez mais as fronteiras entre
novas mídias e mídias tradicionais.
Referências
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Brasil: Tempo de Streaming Brasileiro
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