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Metodológicos do Ensino
de História e Geogra a
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
Bem vindo(a)!
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
Introdução
Você já parou para se perguntar qual a importância do ensino de história e
geogra a na formação dos indivíduos? Longe da premissa que acredita que decorar
datas, nomes de pessoas importantes ou saber todos os estados e capitais
brasileiras são os objetivos centrais de tais disciplinas, gostaria de convidar para você
repensar alguns pressupostos que sempre estiveram no imaginário popular.
Na segunda parte de nossa unidade, você poderá ter noções básicas para o ensino
de História e Geogra a. Para isso, partimos de de nições básicas destas disciplinas,
apontando para seus objetos, limites e possibilidades. Abordaremos também a
importância de tais disciplinas para a prática educativa.
Hoje, entende-se que noções como de tempo, espaço, são categorias chaves para as
disciplinas de História e Geogra a. Mas como fazer com que crianças em processo
de formação de suas identidades, em um turbulento desenvolver do conhecimento
de si, estejam a par de conceitos tão abstratos? Como trazer isso ao nível da prática,
articulado com a teoria? Veremos isso, nos tópicos 3 de nossa Unidade. E, por m,
podemos pensar juntos, em possibilidades metodológicas, ou seja, em atividade
práticas que podem ser aplicadas em sala de aula.
Bons estudos!
O Ensino da Geogra a, da
História e dos Estudos
Sociais na História da
Educação Brasileira
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
O Ensino de História e Geogra a no Brasil
Pós Independência
Atualmente, as disciplinas de História e Geogra a constituem-se como campos
distintos e autônomos do conhecimento, ou seja, cada disciplina possui objetos,
conteúdos e metodologias distintas e isso também é resultado da constituição de
cada no âmbito do ensino. Para que você entenda melhor as particularidades do
desenvolvimento histórico do ensino de cada disciplina, vamos fazer alguns
apontamentos sobre o ensino de História, bem como faremos uma abordagem
histórica sobre o ensino de Geogra a, mas sem deixar de lado suas interconexões.
Ainda no século XIX, passagem para o século XX, a Geogra a tradicional – que
trataremos na Unidade II – encontrava lugar no ensino tradicional, marcada para
transmissão acrítica e mnemônica da realidade natural e suas relações com o ser
humano (STRAFORINI, 2001).
CONCEITUANDO
Mnemônico: relativo à memorização.
Neste ponto da discussão, caro (a) estudante, gostaria que re etisse sobre como o
Estado brasileiro, sob a égide do regime autoritário, entre 1964 e 1985, se preocupou
especialmente com o ensino das humanidades na educação básica. Selva
Guimarães Fonseca (2015) infere que isso não diz respeito apenas a uma mudança
curricular, mas atendeu ao ideário de Segurança Nacional e também a um projeto
de desenvolvimento econômico.
SAIBA MAIS
A Lei 5.692 de 1971, promulgada durante o governo de Médici, trouxe
mudanças signi cativas para a estrutura do ensino no Brasil. Ela não
apenas denomina o período de escolaridade obrigatória como 1º grau –
o que conhecemos hoje como ensino fundamental, como também
torna obrigatório o ensino pro ssionalizante no 2º grau atual ensino
médio, mas também foi especialmente prejudicial para o ensino das
humanidades, que tiveram sua carga horária diminuída (GUIMARÃES,
2015).
ACESSAR
É fato que houve muita resistência por parte de professores de História e Geogra a
quanto a inserção da disciplina de Estudos Sociais, bem como resistência a
formação de professores destinados exclusivamente para este m. Como demonstra
Guimarães (2015), diante da resistência e mobilização dos docentes e alunos dos
cursos de História e Geogra a, o governo recuou:
REFLITA
Educação ou funciona como um instrumento que é usado para facilitar
a integração das gerações na lógica atual do sistema e trazer
conformidade com ele, ou ela se torna a “prática da liberdade”, o meio
pelo qual homens e mulheres lidam de forma crítica com a realidade e
descobrem como participar na transformação do seu mundo. (Paulo
Freire).
ACESSAR
Noções Básicas para a
Construção do
Conhecimento Histórico e
Geográ co
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
Noções Básicas para a Construção do
Conhecimento Histórico
Para dialogarmos juntos sobre a construção do conhecimento histórico, é preciso
imprescindível nos lançarmos a perguntas básicas que envolvem essa construção.
Primeiro, o que é História? O que estuda História? Por que ensinar História? E,
nalmente, qual o papel da História para nossas vidas? A primeira vista parecem
perguntas simples de serem respondidas, porém uma boa de nição, delineada por
Marc Bloch (2001) é de que a história é a ciência dos homens no tempo. Essa
de nição evoca alguns limites e possibilidades da História, como veremos a seguir.
A segunda perspectiva aponta para uma ciência dos homens e mulheres, ou seja, as
transformações inerentes a ação do ser humano como cultura, sociedade,
linguagem, religião, relação com o meio ambiente, religião, podem se constituir em
campos da História. Isso acontece na medida em que há intervenção humana e a
construção de relações ao longo do tempo.
Mas por que ensinar História? A História como disciplina, desde o século XIX, tem
sofrido modi cações em suas abordagens e isso re ete em como é ensinada. Sobre
isso é necessário quebrar alguns paradigmas. Com base nos pressupostos de
Guimarães (2015), podemos dizer que a História não é universal e nem linear, ela
acontece de modos distintos em sociedades distintas, ou seja, ela é fragmentada
por excelência.
Além disso, precisamos nos afastar da ideia que ensinar História é fazer uma
narrativa compromissada apenas com a transmissão de informação. A História deve
permitir a troca de experiências, pois é a partir deste processo que estudante e
professor constroem as suas narrativas. Portanto, a missão do (a) professor (a), ao
lecionar a disciplina, é para Guimarães (2015) “salvar” a História e isso signi ca “[...]
fazer crescer a consciência dos jovens por meio de um trabalho de re exão e de
reconstrução da experiência humana” (GUIMARÃES, 2015, p. 52).
A partir desta descrição tem-se a ideia de que a Geogra a faz um bom diálogo com
a História, no entanto Geogra a “é a ciência dos lugares e não dos homens, ela se
interessa pelos acontecimentos históricos à medida que os acentuam e a os
esclarecem” (SANTOS, 2003, p.24). Portanto, apesar de haver um diálogo entre as
duas disciplinas é necessário resguardar suas diferenças.
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
Entre Teoria e Prática: Propostas para o
Ensino de História e Geogra a
Uma queixa muito comum entre professores e professoras do ensino básico,
especialmente do ensino infantil e séries iniciais, é que a teoria do foi aprendido na
faculdade se desvincula da prática. Esta postura é sintomática, quando pensamos no
fazer educativo. Ela revela que professoras e professores se veem com poucos
instrumentos para lidar com seus alunos, por motivações diversas, bem como infere a
necessidade de trabalharmos a teoria a partir da vivência prática. Por isso,
Pensemos, agora, em uma ideia que, de tão repetida, parece ter esvaziado
seu sentido: “o professor que atua [...] [no nível] fundamental [...] não deve
assumir-se como aplicador passivo das orientações geradas pela re exão
acadêmica”. Além disso, mesmo reconhecendo que essas orientações
costumam ser valiosas e bem elaboradas, convém lembrar que sua
aplicação na prática docente vai depender, sempre da compreensão que
o professor tiver delas (MICELI, 2009, p. 41).
Os planos curriculares que chegam até nós de forma horizontal trazem a necessidade
de trabalhar conceitos como cidadania, respeito à diferença, percepção entre
diferenças e semelhanças, que recaem na apreensão teórico-metodológica dos
conceitos de tempo e espaço. É importante dizer que o (a) professor (a) não é o (a)
único agente responsável pela construção do conhecimento, família e sociedade
cumprem papel fundamental, pois também é da onde o (a) estudante retira suas
experiências que serão fundamentais para o início do trabalho docente (MICELI, 2009).
Sobre o ensino de História para crianças de três a oito anos, Cooper (2006) diz que as
crianças já vêm com concepções fragmentadas sobre o passado e, por vezes, ao
escalarem para os níveis mais avançados de ensino, acabam por entender que História
ensinada no espaço formal tem pouco valor. Por isso, é importante empreender uma
“aprendizagem ativa”, que as incentivem, mesmo que em nível elementar, constituir
um pensamento histórico genuíno, pautado pela investigação.
Para isso, a autora se mune das concepções de Piaget sobre como as crianças
desenvolvem seu raciocínio:
Segundo Piaget, o desenvolvimento do raciocínio se processa a partir de
tentativas-e-erros intuitivas, por meio de habilidades de produzir uma
premissa racional e sustentá-la com um argumento, em direção à
habilidade, no nível formal, de considerar todas as variáveis em um
argumento. Isso sugere que as crianças podem ser capazes de
desenvolver argumentos sobre fontes históricas, se as ensinarmos como
fazê-lo (COOPER, 2006, p. 176).
O diálogo entre o (a) professor (a) e a criança mostra-se fundamental neste quesito.
Santos e Souza (2012), com base nas ideias Vygotsky, deixam claro que a conversação
das crianças com adultos ou colegas mais velhos é essencial na “formação e na
organização do pensamento complexo e abstrato individual” (SANTOS; SOUZA, 2012,
p.39).
Como já dissemos, é possível conhecer o passado por meio das fontes, que são os seus
vestígios. Neste sentido, o trabalho do docente pode ser direcionado para as fontes
visuais, como as pinturas, as fotogra as, etc., para as músicas – como canções
populares da infância das avós e avôs. A apresentação das fontes sempre deve vir
acompanhada das seguintes questões: quem as fez? Porque as zeram? Como eram
usadas na época em que foram feitas? (COOPER, 2006).
A partir das indagações do (a) docente, as respostas são variadas e cabem no nível da
imaginação das crianças. O papel do (a) professor (a) neste momento é perguntar “e
se?” (COOPER, 2006). Em outras palavras, quando o (a) estudante inferir uma
interpretação sobre o porquê, por exemplo, se utilizava determinado tipo de roupa em
uma dada época, o (a) docente deve conduzir a criança a criar outras interpretações.
SAIBA MAIS
Sabe-se que trazer a ludicidade para o ensino de História e Geogra a é
um desa o para os (as) docentes, por outro lado, é importante reconhecer
o papel que o brincar, o processo de construir, traz para o processo de
aprendizagem da criança. Nestes novos tempos, o recurso lúdico aliado
com as novas tecnologias pode ser um bom instrumento pedagógico. Por
isso, recomendamos que você se veja os jogos como alternativa
metodológica e, para isso, deixamos o site Jogos na Escola com diversas
opções de jogos online que podem ser utilizados com os alunos.
ACESSAR
Abordagem
Aplicação
Metodológica
O espaço vivido é aquele que a criança delimita por meio das brincadeiras, aquele que
aos poucos descobre e organiza de acordo com seus interesses. O importante
categorizar dois tipos de apreensão do espaço: aquele que se dá por meio da
percepção, no plano sensório motor, e aquele que se instaura no nível da
representação, ou seja, da possibilidade intelectual articulada com a linguagem.
(SANTOS; SOUZA, 2012)
Você acabou de ver como teoria e prática são indissociáveis para o ensino de História e
Geogra a, especialmente quando falamos da aplicação dos conceitos de tempo e
espaço para as crianças. Ainda pensando nisso, seguiremos nossa discussão
apresentando algumas propostas de atividades.
Propostas de Atividades
Atividades para o Ensino de Geogra a
Como já dissemos, a noção de espaço da criança ocorre primeiro do reconhecimento
do próprio corpo, partindo depois para a representação simbólica por meio da
linguagem. Neste sentido, algumas atividades podem auxiliar a criança neste
processo.
Esta atividade, proposta por Santos e Souza (2012), pode ser aprimorada trabalhando
também a lateralidade, pedindo que se a mão esquerda, o pé direito, o joelho
esquerdo e assim por diante. Além disso, pode ser trabalhada de forma interdisciplinar,
articulando Educação Física e Artes, por exemplo. A aplicação da atividade ajuda a
criança a entender a noção de proporcionalidade, fundamental para que seja
desenvolvida nos posteriores a linguagem cartográ ca, que envolve a correta leitura
de mapas.
Produz
Aprendizado
Instrumentos Local de algum
Pro ssão para exercer Ganho
de trabalho trabalho bem?
a pro ssão
Qual?
A atividade vai ao encontro do que dispõe a lei 10.639/03 e promove uma oportunidade
de introduzir questões relativas a história afro-brasileira. Essa atividade pode ser
desenvolvida com alunos entre o 3º e 5 º ano do ensino fundamental.
Conclusão - Unidade 1
Caro (a) estudante, no decorrer de nossa Unidade podemos ver como alguns dos
paradigmas que rondam as disciplinas de História e Geogra a para o ensino infantil e
séries iniciais são articulados e como estes, por vezes precisam ser rompidos para que
de fato se promova uma educação libertadora.
Isso nos levou a pensar em como trabalhar metodologicamente com as crianças, que
possuem formas de apreensão de espaço e tempo diferente da dos adultos. Por isso, a
necessidade do (a) professor (a) ter ciência das disposições teóricas, que possam dar
embasamento para a sua prática diária. Com base nisso, a nível de exemplo,
elencamos algumas atividades, nas quais você pôde visualizar algumas apreensões
práticas das disciplinas.
Livro
Filme
Acesse o link
BITTENCOURT, Circe Maria F. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo:
Cortez, 2004.
BLOCH, Marc. Apologia da história, ou, O ofício de historiador. trad. André Telles. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
LACOSTE, Yves. A geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra.
Disponível em: http://geograf ia I inks.com/site/wp
content/uploads/2008/06/geograf iayveslacoste.pdf. Acesso em: 27/09/79.
MICELI, Paulo. Uma pedagogia da História? ln: PINSKY, Jaime (Org.). O ensino de
História e a criação do fato. São Paulo: Contexto, 2009. p. ll-52.
Referências On-line
https://www72.senado.leg.br/noticias/materias/2077/03/03/reforma-do-ensino-medio
fracassou-na-ditadura. Acesso em: 28/08/79
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
Introdução
Você sabia que nenhum conhecimento transmitido aos alunos é escolhido por
acaso? Os conteúdos, seja em uma aula de História ou Geogra a, obedecem a
preceitos que se ligam a suas abordagens de origem. Se ligam, antes de mais nada,
a interesses e épocas especí cas que na constituição cientí ca de cada disciplina
entenderam quais temáticas, quais métodos e quais objetos de pesquisa seriam os
mais importantes. Neste sentido, o (a) professor (a) deve assumir uma postura crítica
com relação ao conteúdo que chega à suas mãos e começar a re etir a sobre a
origem de certos pressupostos, isso você verá em linhas gerais no primeiro tópico.
Bons Estudos!
Diferentes Abordagens
Historiográ cas e da
Geogra a
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
Há certo distanciamento das práticas pedagógicas com o que é produzido pela
academia, no sentido de que a dinamicidade das re exões teóricas tem di culdades
para sair dos muros das universidades e atingir os bancos escolares. Consequência
disso é produção e reprodução de verdades prontas e acabadas de disciplinas que
estão abertas a reconstruções e interpretações no que se pese especialmente a
Geogra a e a História.
Porém, já há algum tempo têm surgido outros pontos de vista, com sólida
investigação documental, que contestam tais visões. Por isso, com relação às
abordagens historiográ cas é seguro dizer, com base em Certeau (1982), que
correspondem, para além do método, à tradição, aos costumes de uma época, as
crenças de um povo e aos interesses de quem está a produzir História.
Desde do século XIX, quando a História se constituiu como ciência, ela tem
mostrado encaminhamentos metodológicos que vão desde do que chamamos de
História Tradicional (ou dita positivista) até a Nova História, com novos temas,
problemas e objetos. A busca por novas abordagens, não depende apenas da
subjetividade de cada indivíduo, seja ele historiador ou geógrafo:
Cada vez que as condições gerais de realização da vida sobre a terra se
modi cam, ou a interpretação de fatos particulares concernentes à
existência do homem e das coisas conhece evolução importante, todas
as disciplinas cientí cas cam obrigadas a realinhar-se para poder
exprimir, em termos de presente e não mais de passado, aquela parcela
de realidade total que lhes cabe explicar (SANTOS, 2004, p. 18).
A partir da citação acima podemos inferir que conferir um olhar diferenciado para
aquele ou outro fato com o passar do tempo, no âmbito da ciência, é um processo
natural que implica na multiplicidade de interpretações na História e na Geogra a.
Até este momento é importante que entenda que História e Geogra a são
disciplinas dinâmicas que estão sujeitas a diferentes abordagens, diferentes formas
de enxergar um mesmo fenômeno da realidade humana.
Por isso, enquanto professores (as) é preciso ter consciência que o conhecimento a
ser compartilhado está sujeito a revisões e novas hipóteses, desde possuam suporte
teórico-metodológico. Disso implica a necessidade de conhecermos mais
detalhadamente algumas abordagens históricas e geográ cas, a m de estimulá-lo
a entender a pluralidade de posturas.
A História Tradicional
Positivista, o Materialismo
Histórico e a História Nova
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
A Escola Metódica “Positivista”
A chamada escola metódica teve origens no século XIX na Europa, na Alemanha
especialmente com Leopold Von Ranke. Foi um momento que se passou entender a
História como uma ciência, ou seja, longe de concepções metafísicas da realidade,
sejam elas advindas da religião ou da loso a idealista, calcados na ideia de que
nossos sentidos nos enganam. O século XIX também é conhecido por ser um
momento de estruturação das ciências naturais, físicas e matemáticas, o que
também vai in uenciar na constituição desta corrente historiográ ca (REIS, 1996).
A seguir vemos um quadro que sintetiza alguns dos pilares desta abordagem:
Quadro 1 - Características da Escola Positivista
O historiador
Não cabe ao historiador julgar, mas sim narrar a
apenas narra os
história tal como ela se apresenta.
fatos
Cabe ao
historiador apenas
Os fatos estão dados nos documentos, cabendo ao
reunir os
historiador reuni-los.
documentos que
falam por si.
A escola metódica positivista teve expressão também na França, por meio das
publicações da Revue Historique, revista cientí ca considerada das mais relevantes
para o movimento:
O Materialismo Histórico
Uma das in uências mais marcantes para a História e para as ciências humanas
como um todo foi o materialismo histórico no século XIX, corrente que tem como
fundador o alemão Karl Marx, com grande contribuição de Friedrich Engels,
também alemão. Na verdade, o materialismo histórico é apenas um aspecto da
ampla contribuição de Marx para pensar o constructo social e entender a
complexidade das relações humanas, bem como estabelecer um pensamento
crítico nas interpretações sobre a sociedade.
Primeiramente, é preciso dizer que Marx e Engels eram materialistas, ou seja, todas
as formas de pensamento, como as leis, as artes, as ciências, derivavam das formas
que o ser humano encontrou para manipular a natureza e satisfazer suas
necessidades: pela economia e pelas trocas econômicas. Marx e Engels (1998)
chamam este “mundo material” de estrutura (ou infraestrutura) que determinam o
que acontece no “mundo das ideias”, a superestrutura. A isso chamamos de
interpretação dialética, em outras palavras de materialismo histórico dialético.
Mas, dentro do quadro que identi ca as contradições sociais, qual seria o papel do
historiador que segue esta abordagem?
Dessa maneira, seria fundamental ao historiador identi car como o ser humano
estabeleceu uma relação intrínseca com a natureza no decorrer do tempo para a
sua subsistência e as implicações disso entre os indivíduos, na manipulação, na
apropriação e distribuição do fruto do trabalho humano. (ZANIRATO, 2011). O
materialismo histórico, portanto, foi adotado por diversos historiadores que
re etiram como a luta de classes, o con ito de interesses entre dominantes e
dominados se instaurou em cada sociedade de acordo com o modelo de produção a
que estava enquadrada.
Marc Bloch e Lucien Febvre, da primeira geração dos Annales, faziam uma crítica
ferrenha à Escola Metódica e defendiam a ampliação do campo do historiador. Cabia
ao historiador fazer perguntas aos documentos, porque um texto por si só não diz
nada. Essa perspectiva era dada porque ambos defendiam que era possível
compreender o passado a partir de uma visão vinda do presente (ZANIRATO, 2011).
Além disso, Bloch e Febvre advogavam por um alargamento dos objetos da história,
pensando que todos os fatos humanos poderiam ser considerados históricos, no que
tange os modos de agir e pensar dos indivíduos e das mentalidades coletivas. Para
isso, se muniam de um diálogo com outras áreas das ciências humanas e
ampliaram a noção de documento:
Assim como as demais abordagens historiográ cas, a Escola dos Annales e seu
desdobramento para a Nova História, sofreu críticas quanto a seu aspecto cientí co
em face a sua capacidade representativa, de interpretação dos fatos, que
supostamente a aproximariam da cção. (ZANIRATO, 2011)
Caro (a) estudante, a discussão acima representa apenas uma fração das
problemáticas que envolvem algumas das diferentes correntes historiográ cas. De
fato, a noção de que o conhecimento histórico não é algo dado e está sujeito a
diversas interpretações, tradições e postulados, deve ser um pressuposto para o (a)
professor (a), que deseja incorporar novos métodos e teorias em sua prática.
A História Regional, Local
e do Cotidiano
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
Em outros momentos destacamos a importância de trazer a História para a
realidade local e cotidiana do aluno, isso efetivamente pode trazê-lo mais próximo a
construção da noção de sujeito histórico. Bittencourt (2004) analisa que a História
Regional é um campo que vem crescendo desde da década de 1970 principalmente
no Brasil, país de grandes dimensões. Em diálogo com a Geogra a, o conceito de
região deixa ser aquele de nido apenas por um conjunto de elementos naturais,
como relevo, clima, vegetação e hidrogra a e passa ser composto por como os seres
humanos organizam o seu espaço.
Com relação à História do cotidiano, podemos dizer que ela quase sempre foi
tratada de forma contextualizada dentro dos recortes tradicionais. A reconstituição
dos gestos, hábitos, afetos e dia a dia dos personagens acontece tendo como
panorama aspectos de formação econômica, política, cultural de forma mais ampla
(BITTENCOURT, 2004). Assim, o estudo do cotidiano signi ca a análise da:
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
A Gênese da Geogra a
A Geogra a moderna nasceu como disciplina organizada apenas no século XIX, no
entanto, Andrade (2008) se permite em pensar o desenvolvimento do pensamento
geográ co muito antes deste período. Mais especi camente, o autor localiza a
gênese da geogra a, não como disciplina em si, mas nas constantes intervenções
do ser humano na natureza, a partir do que se convencionou chamar de pré-história.
Ainda que fosse pouco expressiva a modi cação da natureza que os indivíduos que
viviam da caça e da coleta realizavam, é possível observar uma série de
conhecimentos sobre o meio que intervenham. Estes retiravam da oresta os
materiais para suas habitações, em alguns casos para construir pequenas
embarcações, também para fabricar utensílios. Além disso, conheciam o mecanismo
das estações, escolhendo a melhor época de migrar, seja para acompanhar animais
que serviam de alimento, como para colher frutos de estações e regiões especí cas.
Tal in uência também foi vista durante o Império Romano, pois dado seu
crescimento urbano, extensão e contato com outros povos, a construção da
Geogra a se mostrava cada vez mais presente e necessária. (ANDRADE, 2008)
Já na Idade Média, durante a expansão muçulmana, foi possível ver o orescimento
de cidades, obras de irrigação e desenvolvimento da cultura. Bem como, se
estabelece o estudo de condições naturais, recursos e costumes dos povos a serem
conquistados, evidenciando a sistematização de um conhecimento geográ co.
Enquanto isso, na Europa medieval, o cristianismo dava a tônica dos estudos sobre a
natureza, se posicionando, por exemplo, contrariamente a teoria de esfericidade da
terra para adequar a ciência a preceitos bíblicos. (ANDRADE, 2008)
Outro estudo pioneiro do século XVII foi o do médico holandês Bernardo Varenius
intitulado Geogra a Geral. Nele, o pensador abordou a geogra a matemática,
entendendo a Terra como astro em relação aos demais planetas, contemplou
aspectos da geogra a física, como relevo, rios, clima e chegou até mesmo a esboçar
a relação e intervenção do ser humano em seu meio. (ANDRADE, 2008)
Até o século XVIII o conhecimento geográ co se resumia a saberes não
sistematizados como os elencados acima, bem como em relatos de viajantes, dentro
do contexto da expansão marítima europeia e contato com demais povos. Assim
somente depois de concretizado o processo de conhecimento do globo terrestre é
que são formadas as condições históricas para o desenvolvimento de uma ciência
como a Geogra a no século XIX. (MORAES, 2005)
A Geogra a Tradicional
A importância de Humboldt e Ritter na constituição da Geogra a liga-se ao
contexto da época de ascensão do positivismo como modelo explicativo para
sociedade. Assim como aconteceu com a História, a Geogra a também foi
impactada por esta abordagem losó ca, que trouxe para a disciplina o empirismo,
ou seja, fazendo da Geogra a uma ciência apoiada na observação e no
conhecimento por meio dos sentidos.
A Geogra a tradicional, pautada sob os princípios do positivismo, se fundamentava
por um único método de investigação, seja para os fenômenos da natureza ou
humanos. (MORAES, 2005). Isso advinha de uma grande força que as ciências
naturais tinham no século XIX, basta lembrar, por exemplo, das descobertas de
Darwin e sua repercussão para esta área, fazendo com que as demais ciências, na
premissa de dominação da natureza pelo ser humano, pautassem suas
investigações nas descobertas de leis que regeriam tanto a natureza, como a
humanidade. (SANTOS, 2008)
Princípio da
A Terra é um todo que só pode ser entendida em
unidade
conjunto.
terrestre
Princípio da Cada lugar tem uma característica, que não pode ser
individualidade reproduzida modo igual em outros lugares.
Estes princípios por mais estivessem sendo empregados de maneira a-crítica foram
responsáveis por legitimar a disciplina enquanto campo autônomo de
conhecimento. Apesar disso, Moraes (2005) faz críticas a essa corrente alinhada ao
positivismo, por colocar a Geogra a como uma “ciência síntese”, sustentada por
Humboldt, que faria a ponte entre um campo extenso de abordagens cientí cas,
tratando de maneira indiscriminada tudo o que acontece na superfície da terra.
Humboldt entendia a Geogra a como a parte terrestre da ciência do
cosmos, isto é, como uma espécie de síntese de todos os
conhecimentos relativos à Terra. Tal concepção transparece em sua
de nição do objeto geográ co, que seria: “A contemplação da
universalidade das coisas, de tudo que coexiste no espaço concernente
a substâncias e forças, da simultaneidade dos seres materiais que
coexistem na Terra”. Caberia ao estudo geográ co: “reconhecer a
unidade na imensa variedade dos fenômenos, descobrir pelo livre
exercício do pensamento e combinando as observações, a constância
dos fenômenos em meio a suas variações aparentes”. (MORAES, 2005,
p. 16).
Ainda assim, na obra de Humboldt não aparece de maneira tão clara a pretensão de
se fundamentar uma ciência. Já na obra de Ritter Geogra a Comparada, é de nido
o conceito de “sistema natural” de uma área delimitada com uma individualidade e
vemos sua preocupação em propor uma Geogra a, dessa maneira a disciplina
“deveria estudar estes arranjos individuais, e compará-los. Cada arranjo abarcaria um
conjunto de elementos, representando uma totalidade, onde o homem seria o
principal elemento.” (MORAES, 2005, p.16)
Mas é com o alemão Friedrich Ratzel que a ênfase da Geogra a no caráter humano
é mais evidenciada. Sustentado pelos pressupostos de Darwin, Ratzel procurou
empregar a ideia de evolução e de seleção natural à dimensão humana, supondo
que haveria uma disputa entre as nações e aquelas mais aptas teriam o controle dos
recursos naturais: “Daí a idéia da superioridade dos europeus, povos com uma
civilização mais dinâmica frente aos coloniais, ditos selvagens, bárbaros e com
civilizações estagnadas.” (ANDRADE, 2008, p.84).
A concepção de Ratzel de que o ser humano era produto do seu meio cou
conhecida por “determinismo geográ co” e foi utilizada como justi cava para a
dominação dos europeus sobre os demais povos do globo no contexto do
imperialismo europeu.
Com enfoque na Geogra a Política, Ratzel atestou que o Estado era a forma
organizada de uma sociedade sobre um território, com isso a noção de espaço
ganhava muita importância, já que a conservação ou expansão do território era
fundamental para a sobrevivência do Estado:
Geogra a Crítica
O impacto da Segunda Guerra Mundial sobre as ciências humanas foi intenso e
decisivo no direcionamento das disciplinas. Na Geogra a constatava-se a falência da
Geogra a Tradicional, isso porque ao car restrita à observação empírica, os
geógrafos estavam preparados apenas para dar diagnósticos da realidade e não
prognósticos, ou seja, não conseguiam com base em suas análises antever eventos
futuros que poderiam impactar a sociedade. (ANDRADE, 2008)
ATENÇÃO
Isso não quer dizer que esta abordagem, que não chega a ser uma
corrente homogênea, tenha apenas geógrafos marxistas. Alguns
geógrafos não eram marxistas, mas preocupados com questões sociais,
outros tinham orientação anarquista. (ANDRADE, 2008).
Ele a rma que todas as ciências foram utilizadas pelos nazistas para
justi car a sua ação, e da mesma forma que existe uma geopolítica dos
governos ditatoriais, das classes dominantes para justi car a expansão
das fronteiras dos grandes Estados e a dominação interna, existe
também uma geopolítica dos povos para fazerem a libertação nacional,
no plano externo, e a libertação interna. (ANDRADE, 2008, p. 206).
Uma ciência digna desse nome deve preocupar-se com o futuro. Uma
ciência do homem deve cuidar do futuro não como mero exercício
acadêmico, mas para dominá-lo. Ela deve tentar dominar o futuro para
o Homem, isto é, para todos os homens e não só para um pequeno
número deles. (SANTOS, 2004, p. 261, grifo do autor).
REFLITA
“A verdade, [...] é que tudo está sujeito à lei do movimento e da
renovação, inclusive as ciências. O novo não se inventa, descobre-se.”
(SANTOS, 2004, p.17-18)
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
Nada do que você viu até agora desliga-se da prática diária da sala de aula. Por mais
que haja um distanciamento inegável das concepções formuladas na academia, das
particularidades e desenvolvimento teórico de cada disciplina, é preciso que o (a)
professor (a) esteja ciente que os conceitos trabalhados cotidianamente com os
alunos têm propósito. Os propósitos, além das exigências curriculares – que veremos
na próxima unidade – vão ao encontro da junção das concepções teóricas com as
práticas pedagógicas. Neste sentido, o domínio de conceitos como tempo, espaço,
território, sociedade e trabalho toma como pressuposto o conhecimento destes
preceitos e suas aplicações.
Tempo
O conceito de tempo, categoria base do campo histórico, por mais que nos
acompanhe cotidianamente, assume uma forma abstrata e, por vezes, parece ser
estranho à compreensão infantil. A apreensão do tempo perpassa por algumas
problemáticas:
Mas, o que supõe-se entender o tempo? Esse desenvolvimento não é inato e envolve
algumas capacidades que devem ser inseridas paulatinamente:
É preciso que o (a) professor (a) esteja apto (a) para desenvolver habilidades de
ordem dos eventos históricos, a sucessão, a duração de cada e a simultaneidade
entre os eventos, por isso, é importante trabalhar da individualidade para a
coletividade, da vivência do aluno para vivência de grupos maiores (SCALDAFERRI,
2008). Daí reside a importância da trabalhar a história local com os alunos maiores,
de forma que estes possam se compreender como agentes ativos da sociedade.
Vivemos também em uma sociedade onde tudo se mede, ainda mais o tempo com
instrumentos como calendário e datações. Em certa medida isso é importante,
porque é a partir da marcação de datas e da nossa relação com o calendário, que a
experiência humana pode ser contada de forma mais acessível. A compreensão do
calendário, por parte do aluno, sempre deve vir acompanhada da ciência de que
este é um instrumento de criação humana e não um dado natural (SCALDAFERRI,
2008).
Podemos dizer sem hesitação que uma das grandes di culdades dos
alunos nos anos iniciais do Ensino Fundamental ao trabalhar com
História é a de medir o tempo, principalmente localizar séculos e
períodos e trabalhar datas em relação ao referencial do Calendário
Cristão (a.C e d. C). Quando os passados se distanciam, o raciocínio
infantil requer um trabalho operatório matemático de abstração e
generalização complexo, mas não impossível. (SCALDAFERRI, 2008, p.
59).
Espaço e Território
Em primeiro lugar é preciso salientar que espaço e território não são sinônimos, é
importante distinguir suas acepções e suas relações. De fato, é uma tarefa árdua
de nir espaço e território, pois estes conceitos estão ligados ao seu lugar de
produção a depender da abordagem geográ ca. Muitos autores discorrem sobre
estes conceitos, em especial, Milton Santos sob o viés da Geogra a crítica:
Partindo do espaço que se intui para o espaço representativo, é um meio pelo qual a
criança, em seus diferentes estágios de desenvolvimento, consegue entender que a
organização do espaço vai de um nível individual para um nível coletivo. (SANTOS;
SOUZA, 2012). Dessa forma, fazer com que a criança saia do seu egocentrismo e
entenda formas mais abstratas de organização de espaço, fornece suporte para que
compreenda as relações de trabalho e poder inerente à este.
Sociedade e Trabalho
Sociedade e Trabalho são conceitos substanciais que atravessam tanto a disciplina
de História como de Geogra a. De acordo com Pacheco e Mendonça (2012), o
trabalho é um aspecto inerente ao ser humano, é aquilo que o diferencia dos demais
animais. A partir do momento em que o ser humano deixou de ser caçador-coletor,
ele passou a intervir na natureza, por meio do trabalho, para conseguir sobreviver.
Uma das características desse processo é que os indivíduos deixam a vida nômade e
passam a ser sedentário, domesticando plantações e animais.
O trabalho como atividade vital é a condição básica do toda a vida humana, assim, a
relação que o indivíduo cria com a natureza é sempre mediada por signos e
ferramentas a m de transformá-la. (CENCI, 2012)
Não é por acaso, portanto, que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996,
classi ca que a preparação para o mercado de trabalho e para o exercício da
cidadania – essa de forma individualizada, com cada um fazendo sua parte – são as
nalidades da educação:
Cara (o) aluna (o), durante nossas discussões foi possível a você enxergar que todo
conhecimento produzido é fruto de postulados cientí cos, que estão sempre em
constante modi cação. A nal de contas, o conhecimento não deve ser tomado como
algo estático e mesmo quando apresentamos de nições especí cas de cada área
esperamos que você tenha ciência que sua prática não está desligada de tais
preceitos, que mesmo de modo indireto na seleção de conteúdos está implícita a
marca das abordagens históricas e geográ cas.
Por isso, abordamos a Escola Metódica como forma de mostrar que apesar de ser
uma corrente proveniente da Europa do século XIX, ela ainda se mostra importante,
pois foi a partir dela que a história se torna de fato uma ciência. Já com a
apresentação do materialismo histórico, deixamos claro que suas construções
teóricas se ligam principalmente ao contexto de desigualdades sociais e acontece por
consequência um alinhamento da História à estas demandas. Já na Nova História
conseguimos entender a pluralidade, seja de fontes ou objetos e com isso fazer do
conhecimento algo mais abrangente e democrático.
Dado isso, alguns conceitos nos saltam aos olhos: tempo, espaço, território, trabalho e
sociedade Veja, são eixos norteadores que estão de maneira explícita ou implícita em
cada abordagem que apresentamos. Assim, você pôde ter a oportunidade de
instrumentalizá-los para sua futura prática docente.
Livro
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Filme
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SCALDAFERRI, Dilma C. M. Concepções de tempo e ensino de história. História &
Ensino, Londrina, v. 14, p.53-70, 2008.
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
Introdução
Nossas ações, tudo o que fazemos em comunidade, são norteadas por leis, regras e
normas de convívio, não poderia ser diferente na educação, certo? Nosso objetivo
nesta unidade é mostrar alguns dos principais documentos que podem nortear sua
prática nas aulas de História e Geogra a.
Bons estudos!
Os Parâmetros
Curriculares Nacionais
(PCNs) E Referencial
Curricular (RCNEI):
Educação Infantil E Séries
Iniciais Do Ensino
Fundamental
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
Ao adentrarmos nas discussões com relação aos referenciais curriculares,
reconhecemos a importância de reforçarmos com você, professor (a) em formação,
as etapas de ensino do Educação Infantil e do Ensino Fundamental – Séries Iniciais
para tenha um pouco mais de clareza quanto aos direcionamentos curriculares das
disciplinas que estamos a estudar e o sobre o público-alvo.
Até 3 anos de
Creche
idade
Educação Infantil -
De 3 a 5 anos
Pré-escola
de idade
Turmas de 6
1º ano
anos
Turmas de 7 1º
2º ano
anos Ciclo
Turmas de 9
4º ano
anos
2º
Ciclo
Turmas de 10
5º ano
anos
Apresentamos o quadro acima para introduzir a noção de que cada etapa de ensino
obedece a orientações curriculares, conteúdos e dimensões especí cas a serem
trabalhadas. Vamos abordar em linhas gerais dois documentos: Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) e os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN’s), no que tangem a construção dos pensamentos históricos e
geográ cos.
Um dos eixos discutidos no RCNEI é a relação da criança com a natureza, a qual é
apresentada paulatinamente tanto pela sua curiosidade como pelo oferecimento
dos adultos. Primeiro a criança se baseia na própria lógica de explicação do mundo,
por conseguinte,
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
O currículo é componente fundamental da gestão escolar, ele se revela por meio das
políticas públicas para a educação e se desdobra – ou a intenção é essa – para a sala
de aula. Mas, em linhas gerais, o que é currículo?
Para reconhecer o espaço e seus sujeitos algumas perguntas devem servir de guia
no processo didático, quando se direciona as crianças a pensar a localização de
pessoas e objetos. As perguntas são: “onde se localiza?”, “por que se localiza?”, “como
se distribui?” e “quais são as características socioespaciais?”.
“Onde se localiza?” é uma indagação que as leva a mobilizar o
pensamento espacial e as informações geográ cas para interpretar as
paisagens e compreender os fenômenos socioespaciais, tendo na
alfabetização cartográ ca um importante encaminhamento. “Por que
se localiza?” permite a orientação e a aplicação do pensamento
espacial em diferentes lugares e escalas de análise. “Como se
distribui?” é uma pergunta que remete ao princípio geográ co de
diferenciação espacial, que estimula os alunos a entender o
ordenamento territorial e a paisagem, estabelecendo relações entre os
conceitos principais da Geogra a. “Quais são as características
socioespaciais?” permite que reconheçam a dinâmica da natureza e a
interferência humana na superfície terrestre, conhecendo os lugares e
estabelecendo conexões entre eles, sejam locais, regionais ou
mundiais, além de contribuir para a percepção das temáticas
ambientais (BRASIL, 2017, p. 367-368).
O currículo para cada etapa de ensino prevê habilidades a serem desenvolvidas nas
crianças, conforme veremos nos quadros abaixo, que é referente ao 1º ano:
Quadro 2 - Currículo de Geogra a do 1º ano das séries iniciais
Unidades Objetos de
Habilidades
Temáticas Conhecimento
Formas de
Crias mapas mantais com itinerários e
representação
Pontos de elaborar mapas simples da sua
e
referência localidade, usando como referência
pensamento
(esquerda, direita, frente e atrás).
espacial
Natureza,
Condições de Descrever os ritmos da natureza no
ambientes e
vida no lugar local de vivência e associar mudanças
qualidade de
de vivência de hábitos aos ritmos da natureza.
vida
Utilizamos esse quadro como exemplo, mas é importante que saiba que para as
séries iniciais (1º ao 5º ano) a BNCC atribui as mesmas unidades temáticas com
objetos de conhecimento diferentes e que, consequentemente, requerem
habilidades diferentes. Isso serve para Geogra a, mas para a História é diferente.
Veremos a seguir os componentes curriculares da disciplina a seguir.
Nos anos iniciais, o ensino de História é voltado para a construção do sujeito. Não é
uma tarefa simples. Reconhecer um “Eu” e um “Outro, requer tanto autonomia do
sujeito quanto a percepção de pertencimento a sociedade. Mais do que isso, além
do conhecimento do “eu” e do “outro” implica na construção de noção do “nós”
(BRASIL, 2017).
Após isso,
Entender que cada povo deixa vestígios munidos de uma linguagem especí ca,
insere os alunos na perspectiva de diversidade. Sua noção de sujeito coletivo,
portanto, aparece mais descentralizada, o que de certa forma se alinha as
apreensões contemporâneas do mundo globalizado (BRASIL, 2017).
Unidades Objetos de
Habilidades
Temáticas Conhecimento
Mundo
As diversas formas de
pessoal: Relacionar a sua história e de sua
organização da
meu lugar família com a história de sua
família e da
no mundo comunidade.
comunidade.
A vida em cada e na
escola: os jogos e as Perceber a diferença e as
brincadeiras na semelhanças entre jogos antigos,
interação social e de outros locais para os atuais.
espacial.
Mundo
pessoal: eu,
meu grupo A vida na família e Conhecer a história da família e o
social e seus vínculos. papel dos indivíduos na sociedade.
meu tempo
A escola, seu espaço,
Reconhecer o signi cado das
sua história e seu
festas escolares, diferenciando-as
papel na
de outras ocasiões.
comunidade.
ACESSAR
Conteúdos Básicos para o
Ensino de História e
Geogra a
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
A discussão sobre a seleção de conteúdos é delicada, pois envolve propostas
curriculares preliminares e a prática docente cotidiana:
O documento toma como pressuposto, com base nos estudos da história local e do
tempo presente, o desenvolvimento de capacidades de diferenciação e
identi cação, ou seja, reconhecer-se como sujeito que compõe uma comunidade e
reconhecer outras comunidades. (BRASIL, 1997).
Já falamos na Unidade I sobre os instrumentos que podem ser utilizados pelo (a)
professor (a) neste processo. Nos PCN’s a necessidade de se trabalhar com a História
concreta e próxima ca evidente:
Você, como professor (a), ou professor (a) em formação, já pensou nas possibilidades
de trabalho com a História local da comunidade em que vive? Já pensou na
quantidade de possibilidades que a sua cidade reserva? Fluxos migratórios,
constituição das relações de trabalho, constituição da História o cial, construção de
monumentos civis, militares, religiosos, relatos de pessoas mais velhas, tudo isso é
manifestação histórica, e recai na seleção de conteúdos voltados para a História
local.
Mas, o (a) professor (a) precisa se munir de certos cuidados quando se trata da
História local, para não reproduzir discursos que não intervenham diretamente na
vida do aluno e não ajudem na constituição de sua própria identidade:
O papel do ensino de História na con guração identitária dos alunos é
um dos aspectos relevantes para considerar ao proporem-se estudos
da história local [...] A história local pode simplesmente reproduzir a
história do poder local e das classes dominantes, caso se limite a fazer
os alunos conhecerem nomes de personagens políticos de outras
épocas, destacando a vida e obra de antigos prefeitos e demais
autoridades. Para evitar tais riscos, é preciso identi car o enfoque e a
abordagem de uma história local que crie vínculos com a memória
familiar, do trabalho, da migração. (BITTENCOURT, 2004, p. 168-169,
grifo nosso).
No segundo ciclo das séries iniciais do ensino fundamental o eixo temático proposto
nos PCN’s é História das Organizações Populacionais. Como no primeiro ciclo
ainda prevalecem os estudos comparativos e se acrescentam a percepção de outras
coletivas, que ocupam espaços diferentes e não apenas o local. Neste grande
espectro, cabem conteúdos diversos:
Por isso, a tendência deste eixo temático é favorecer re exões críticas, desligar-se de
concepções homogêneas e lineares da História, expondo as permanências,
mudanças, as diferenças e semelhanças. É desejável que nesta fase os (as) alunos
(as) compreendam a procedência de suas famílias e as histórias envolvidas nestes
uxos migratórios; demais deslocamentos para território brasileiro e dentro deste,
em contextos variados; re itam sobre as lutas sociais; identi quem organizações
urbanas em outros espaços e tempos; entendam a relação política da sua localidade
com as demais; e, tenham consciência dos instrumentos de medição do tempo,
como calendários, linhas do tempo, periodizações, dentre outros.
Categorias como espaço geográ co, território, paisagem e lugar são tomados na
seleção de conteúdos elementos importantes para compreensão de fenômenos em
diferentes espaços e temporalidades.
Essas categorias precisam ser pensadas em sua totalidade, ou seja, apontando para
os processos naturais e sociais na construção do espaço. (BRASIL, 1997) Inclusive,
tomar a compreensão do espaço como totalidade é uma bandeira de Milton Santos
(2004), ao considerar as relações políticas, econômicas e sociais fundamentais para
entender a apropriação da natureza pelos seres humanos.
Tudo é natureza: esta abordagem tem como intuito fazer com que o aluno perceba
que natureza está em tudo e que não é algo distante, está em seu bairro, nas
atividades econômicas da sua comunidade, na forma como as pessoas consomem.
Além disso, é possível pensar com os alunos como o trabalho modi ca a natureza.
O lugar e a paisagem: esta temática busca aproximar o (a) aluno (a) do lugar em que
vivem. A partir das inferências do (a) professor (a) sobre a motivação de viverem
naquele local, como são as condições do lugar, se há uma estrutura básica, dentre
outros aspectos. O compartilhamento destas informações entre os alunos faz com
que cada um veja as particularidades do lugar do colega.
No segundo ciclo, o ensino de Geogra a deve estar voltado para “as diferentes
relações entre as cidades e o campo em suas dimensões sociais, culturais e
ambientais e considerando o papel do trabalho, das tecnologias, da informação, da
comunicação e do transporte.” (BRASIL, 1997, p.93).
Os aspectos centrais desta discussão recaem sobre as diferenciações entre
paisagens rurais e urbanas, conferindo a amplitude destas categorias ao analisar o
território brasileiro. Para além dos aspectos econômicos e naturais que caracterizam
o urbano e o rural, busca-se compreender os modos de vida, de relações de trabalho
e como são impostos os ritmos cronológicos e naturais em ambos. (BRASIL, 1997)
Ao abordar a tecnologia, o (a) professor (a) deve versar sobre como a humanidade
buscou se relacionar com a natureza, superando problemas cotidianos, criando a
tecnologia. Trabalhar a tecnologia e suas dimensões na constituição da sociedade,
permite falar das transformações desta no mundo do trabalho, ampliando a
concepção de que este se constitui apenas como pro ssão. (BRASIL, 1997).
Em suma, de acordo com os PCN’s, o eixo temático que norteia o segundo ciclo é a
con guração das paisagens rurais e urbanas, com quatro temáticas centrais: “o
papel das tecnologias na construção de paisagens urbanas e rurais”, “informação,
comunicação e interação”, “distâncias e velocidades no mundo urbano e rural” e
“urbano e rural”. Veja com mais detalhes o desenvolvimento destes temas:
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
A seguir veremos alguns objetivos do ensino de História e Geogra a para o Ensino
Fundamental – séries iniciais e para a Educação Infantil. É importante ressaltar que
este tópico traz como objetivos pontos contemplados tanto nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (1997), como no Referencial Curricular para a Educação Infantil
(1998). Isso quer dizer que são metas do Estado – que induzem os componentes
curriculares – para nortear o trabalho do (a) professor (a).
Sobre os objetivos a serem alcançados com alunos (as) do segundo ciclo, (4º e 5º ano)
os PCN’s sugerem os seguintes pontos a serem assimilados:
REFLITA
“A educação, qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do
conhecimento posta em prática.” (Paulo Freire)
Conclusão - Unidade 3
Não foi nossa pretensão esgotar todas as possibilidades que o Referencial Curricular e
os Parâmetros Curriculares oferecem. É essencial que você busque sempre mais
informações sobre estes documentos de caráter e o cial e esteja disposto a se atualizar
sobre os novos caminhos da educação no país com olhar crítico.
Ao nal, elencamos os objetivos a serem atingidos junto aos alunos nas disciplinas de
História e Geogra a, mais uma vez de acordo com cada etapa e ciclo de ensino.
Esperamos que você tenha tido um bom proveito da leitura destas páginas e que possa
pesquisar sobre outros documentos que incidem nas disciplinas que terá de ministrar.
Livro
Filme
Acesse o link
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais {PCNs}. História e Geografia. Ensino
Fundamental. Primeiro e segundo ciclos. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro05l.pdf. Acesso em: 03/11/2019
SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova: da crítica à Geografia à uma Geografia
Crítica. 6ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
Para que o processo de ensino e aprendizagem tenha êxito é necessário
orientarmos nossas práticas em sala de aula. Este repensar a prática indica
selecionar novas fontes e linguagens, se permear por caminhos que superem o
ensino tradicional e tecer re exões sobre os principais caminhos da História e da
Geogra a na atualidade. Para isso que esta unidade de encerramento foi pensada.
Bons Estudos!
Diferentes Fontes e
Linguagens no Ensino de
História e Geogra a
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
É de conhecimento geral que um dos desa os da educação atual é superar as
barreiras que nos colocam nos modelos tradicionais de ensino. Ao fazer isso, é
importantíssimo pensar em novas possibilidades educativas a nível de fontes e
linguagem. Note que em outros momentos das nossas discussões já pontuamos
sobre as diversas fontes para o ensino de História e Geogra a, tais como imagens,
objetos, lmes, dentre outros.
O leitor imersivo, típico do século XXI, navega em telas e programas, que estão
sempre ao seu alcance, ele mesmo constrói os caminhos que sua leitura vai
percorrer, a ordem que as informações vão aparecer. Há ainda o “leitor ubíquo”,
aquele que após a incorporação de tecnologias como os smartphones, não tende a
separar o espaço físico do virtual.
Ao ler estas páginas, por exemplo, você está assimilando o que está
escrito (objeto do conhecimento), conforme vai estabelecendo relações
com as idéias e os conhecimentos que já possui. As idéias e os
conceitos do texto são organizados e estruturados a partir do que você
já conhece. Só assim o texto tem algum sentido para você. (FONTANA,
1997, p. 45).
É fato que estamos no século XXI e que nossos alunos em potencial são nativos
digitais e que a linguagem utilizada na prática docente deve levar isso em
consideração. Quando se trata de compreender conceitos tão abstratos que
relacionam sociedade/natureza no tempo e espaço, a instrumentalização da
linguagem do (a) professor (a), como critério metodológico, não depende de
categorizações totalizantes. Depende, antes de tudo, da sensibilidade e senso de
oportunidade em compreender as necessidades dos alunos de acordo com os
recursos disponíveis.
Por isso,
As perguntas podem ser: em qual local esta foto foi tirada? O que eles estão
fazendo? Como era o trabalho no campo naquela época? Toda a família participava?
Sobre o cenário, é uma plantação de que? O que esta atividade signi cava naquele
período? En m, várias perguntas podem ser feitas com base em uma fotogra a.
Nesta foto temos também a colheita de café no interior do Paraná, mas dessa vez a
fotogra a é de 2019. Mostrando as diferenças e permanências reveladas pelas fotos,
é possível ver a permanência deste tipo de cultura, mas também notar as diferenças
como a substituição da mão de obra pelo maquinário, dentre outras características.
O (a) professor (a) deve contextualizar não apenas a letra da música, mas também
chamar atenção para os instrumentos utilizados e as melodias. Em primeiro lugar,
Costa (2011) aponta que é necessário conhecer a cultura musical dos (as) estudantes,
ou seja, o estilo de música que mais atrai os (as) alunos (as). As músicas escolhidas
sempre devem estar relacionadas com o tema e/ou período histórico o qual se está
discutindo. Todos os (as) alunos (as) devem ter acesso à letra da música e ouvi-la
atentamente. Em seguida, alguns questionamentos podem ser feitos aos alunos
após a apresentação da música:
[...]
Ainda temos a possibilidade de lidar com outros elementos por vezes ignorados
pelos (as) professores (as), mas que são recursos interessantes para o ensino de
história; como a história da alimentação e utensílios. São objetos do cotidiano e de
fácil identi cação por parte dos alunos. No caso da história da alimentação, o (a)
professor (a) pode versar, além da história em si dos alimentos, sobre sua produção e
seu consumo. (MEDEIROS, 2005).
A alimentação é uma das características mais vitais da sociedade e não deveria ser
de estranhar que estudá-la, até porque um prato de comida pode revelar, em seus
ingredientes, modos de preparos e ocasiões em que é servido, muito da
mentalidade e cultura de um povo. Conhecer mais detalhes da gastronomia de um
povo, pode incentivar o aluno a conhecer mais sobre a cultura dos outros e a própria
(MEDEIROS, 2005). Pode servir, por exemplo, para desconstruir alguns paradigmas
sobre alguns povos e consequentemente sobre seus costumes alimentares, como é
o caso do acarajé, que longe de ser apenas um prato turístico, conta uma longa
história sobre a presença africana no Brasil e o exercício da religiosidade.
São variadas as linguagens e fontes que podem ser utilizadas para o ensino de
História para além das que citamos. Entendemos que utilizar as novas tecnologias
constitui-se como recurso válido, desde que essa não venha descompromissada
com a prática pedagógica e desorientada de sentido. Desse modo, o (a) professor (a)
deve ser sensível com relação ao seu público e ao conteúdo que está lecionando.
Diferentes Fontes e Linguagens para o
Ensino de Geogra a
A Geogra a Crítica, voltada para o âmbito do ensino, traz a concepção de que o (a)
aluno (a) não é um mero receptáculo de informações, mas também agente de
transformação da realidade. Em consequência disso, o (a) professor (a) é estimulado
a buscar novas formas de ensinar que rompa com a perspectiva tradicional de
ensino e busque novas linguagens, mais articulada com a vivência dos (as)
estudantes. (FERREIRA, 2017)
A linguagem cartográ ca, que diz respeito a leitura de mapas, deve começar a ser
desenvolvida logo nos primeiros anos escolares, pois a representação grá ca dos
locais se “constitui uma atividade mental que conduz ao conhecimento do planeta
que habitamos e do qual dependemos para sobreviver, e que teremos que habitar
ainda por um longo tempo.” (OLIVEIRA, 2007, p.40 apud COSTA; LIMA, 2012, p.109).
A linguagem cartográ ca não se restringe aos mapas, ela também está presente em
cartas, globos, fotogra as, maquetes, textos, dentre outros. A linguagem
cartográ ca é importante “tanto para que o aluno tenha a capacidade de analisar o
espaço em que vive quanto para atender as necessidades do dia a dia.” (COSTA;
LIMA, 2012, p.109). Neste sentido, Santos e Souza (2012) propõem uma atividade
interessante que versa sobre este tipo de linguagem.
Figura 3 - Sugestão de atividade para linguagem cartográ ca
De acordo com Gonçalves e Costa Filho (2014), o uso da imagem, para além de servir
apenas como ilustração, não servindo apenas para embelezar o conteúdo
ministrado em sala:
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
Tanto o planejamento escolar quanto a avaliação são processos importantíssimos na
prática docente. Eles constituem momentos em que o (a) professor (a) re ete e age
na prática, por isso, é essencial que discutamos sobre estes dois aspectos a m de
que as tenhamos uma postura mais compromissada com o processo de ensino-
aprendizagem.
[...] uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades
didáticas em termos de sua organização e coordenação em face dos
objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do
processo de ensino. O planejamento é um meio para se programar as
ações docentes, mas também é um momento de pesquisa e re exão
intimamente ligado à avaliação. (LIB NEO, 2006, p. 221).
ATENÇÃO
O planejamento é um instrumento, pelo qual, em seus objetivos,
conteúdos e métodos, implicam questões sociais, econômicas e
políticas. Isso porque a elaboração do planejamento incide na
compreensão das problemáticas social e econômica na qual estão
inseridos comunidade, escola e alunos (as). (LIB NEO, 2006) Quer dizer
que no planejamento, o (a) professor não deve assumir uma postura
desconectada com a realidade dos alunos, que desconsidere suas
origens e vivências.
Explicitar vínculos
entre:
Estas três instâncias devem car claras no
posicionamentos
planejamento, bem como sua relação com
losó cos, político-
objetivos, conteúdos, métodos e organização do
pedagógicos e
ensino.
pro ssional com a
prática
Garantir a
racionalização,
A previsão do que vai ocorrer em sala de aula evita
coordenação e
improvisações e rotina.
organização do
trabalho docente
Série: 1º ano
Duração: 2 h/aula
Objetivo geral:
Metodologia:
Este é um exemplo simples de plano de aula, que pode compreender uma duração
menor, maior, variedade de conteúdos, en m, tudo que possa guiar o (a) professor
(a) em sua prática.
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
A organização disciplinar, como um conjunto de saberes sistematizados e
institucionalmente orientados, deixa implícito o caráter normativo, que ultrapassa o
ensino-aprendizagem e impõe um currículo especí co. Atualmente, a visualização
de fenômenos interpostos, não permite uma visão mutiladora da realidade e recaem
no entrecruzamento dos mais variados campos do conhecimento para resolução de
problemas (PAVIANI, 2008).
Problematização: como estudar o tema escolhido? Quais são as ideias prévias dos
alunos?
Divulgação: vislumbrar a divulgação dos resultados com demais colegas, com escola
e comunidade.
Como se pode ver, a partir de dois conceitos centrais, em muito relacionados com a
História e Geogra a, foram desenvolvidas atividades referentes a diversas áreas do
conhecimento como Artes, Linguagem, Educação Física, dentre outros. As principais
atividades desenvolvidas neste projeto foram: pesquisa das palavras de origem tupi-
guarani, confecção de um álbum coletivo com ilustrações; uso de mapa para
identi car na América do Sul e no Brasil a Amazônia, bem como a representação da
extensão territorial deste bioma por meio de colagens e desenhos; manipulação de
argila, fazendo referência aos costumes indígenas. (SCHEIBEL, 2013)
Já nos anos iniciais do ensino fundamental, mais especi camente no primeiro ano,
Scheibel (2013) apresenta uma proposta de projeto interdisciplinar que envolveu as
Artes, as Ciências Naturais, Educação Religiosa, Linguagem, História, Geogra a e
Matemática, tendo como tema em comum “eu e o mundo”, que tinha como
objetivo desenvolver a identidade nos estudantes. Para os nossos propósitos
apontaremos os conteúdos trabalhados em História e Geogra a:
Quadro 2 - Projeto interdisciplinar séries iniciais
História Geogra a
Identidade
Minha vida, minha idade e minha família
Memória Espaço
Fases: Infância Geográ co
Infância: pais e avôs Casa
Imaginário
O brincar no presente
Cultura
Caracterização da época atual: moradia,
alimentação e lazer
Espaço
Espaço representado
Minha casa Noção de
espaço
Tempo
Noção de tempo: ordenação sucessão e
simultaneidade
O que você sabe sobre temas transversais? Eles são unidades temáticas
presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que visam atender as
dimensões afetivas, motoras, de inserção e atuação social, buscando
uma interconexão do currículo com o cotidiano, que podem ser
trabalhados de forma concomitante em várias disciplinas. . Os temas
transversais são distribuídos em seis áreas: ética, orientação sexual,
meio ambiente, pluralidade cultural e trabalho e consumo. Lembrando
que o desenvolvimento destas temas deve estar sempre vinculado a
linguagens e especi cidades de cada faixa etária.
ACESSAR
Diagnóstico e Análise
Crítica da Atual Realidade
do Ensino de Geogra a e de
História
AUTORIA
Maria Helena Azevedo Ferreira
A quantas anda o ensino de História e Geogra a na atualidade? No século XXI vemos
um mundo em ebulição, de mudanças de centros de referências e construções de
novas identidades. Assim, como vimos, o ensino não está desarticulado com as
demandas sociais:
Por isso, carece de certo sentido continuar se pautando por práticas que servem
apenas para legitimar a conservação e legitimação de poder de poucos, em vez de
privilegiar a centralidade do aluno no processo de ensino-aprendizagem. Para
Schmidt (2009) se a História, por exemplo, é uma ciência humana, ela se pauta por
critérios objetivos, que garantem sua legitimidade como ciência, mas ao valer-se da
subjetividade constrói o sujeito em sua orientação cultural.
Esse sentido do ensinar história não signi caria não ter conteúdos para
serem ensinados, mas olhar para esses conteúdos a partir da
possibilidade de construir com os alunos novas questões diante de
conteúdos/temas postos pela historiogra a. Aprender história é discutir
evidências, levantar hipóteses, dialogar com os sujeitos, os tempos e
espaços diversos. (SCHMIDT, 2009, p. 20).
A Geogra a, por sua vez, como aquela ciência que busca a totalidade, ou seja, a
relação da sociedade com natureza na transformação do espaço,
O raciocínio geográ co só é construído pelos alunos se for um processo
deles, que parta e se desenvolva deles, sem desconsiderar o papel do
conhecimento cientí co e da mediação do professor, alienados a
atividades dinâmicas, que envolvam um processo empírico social com
outras áreas e pessoas. Como as atividades de cooperação e de
intercâmbio que são importantes para o processo de socialização, para
o desenvolvimento de habilidades entre os alunos, o debate entre
conhecimentos e visões diferentes sobre o mesmo objeto. (BARBOSA;
ARAÚJO, 2013, p.10).
REFLITA
“Cada geração deve numa relativa opacidade descobrir sua missão,
executá-la ou traí-la.” (FANON, 1968, p.171)
ACESSAR
Conclusão - Unidade 4
Nesta unidade nal você viu como as imagens, as músicas, as histórias em quadrinhos,
dentre outras, podem servir para aproximar o (a) aluno (a) da aprendizagem dos conteúdos,
constituindo-se, assim, em novas linguagens. A preocupação de promover novas linguagens
e fontes em sala de aula vem ao encontro de que o aluno ocupa papel central no processo
de ensino e aprendizagem.
Dada centralidade do aluno, nossa prática enquanto professores (as), ou professores (as) em
formação, deve ser orientada por princípios claros. Nisto reside a importância do
planejamento e do estabelecimento de critérios avaliativos que superem o mero caráter
classi catório. Dessa maneira, entendemos que a organização é aspecto fundamental para
orientação do trabalho docente.
Esta organização se faz ainda mais necessária quando trabalhamos em uma perspectiva
interdisciplinar. Não se trata de um modismo, mas sim de entender que o aluno, os
elementos que dão signi cado à sua vida cotidiana, não cabem na divisão curricular
tradicional. Não se trata também de renunciar completamente a divisão disciplinar, mas sim
empreender no âmbito escolar uma visão coletiva, de diálogo e entendimento do outro.
As mudanças trazidas pelo novo século fazem com que sejam urgentes as formas pelas
quais pensamos as disciplinas de História e Geogra a. Emerge um tipo de discurso que
valoriza as identidades étnicas, a diversidade, o respeito, o diálogo e que acima de tudo se
comprometa com uma educação de fato libertadora.
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Considerações Finais
Prezado(a) aluno(a),